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Ministério da Ciência e Tecnologia Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Núcleo de Pesquisas de Roraima Detecção e distribuição espacial de áreas alteradas nas savanas (Lavrado) de Roraima através do aplicativo Google Earth TM Reinaldo Imbrozio Barbosa INPA/CPEC – Base de Roraima [email protected] Ciro Campos ISA-Roraima [email protected] 24.06.2010 Boa Vista - Roraima INPA - Núcleo de Pesquisas de Roraima Rua Coronel Pinto, 315 – Centro 69301-150 Boa Vista – Roraima – Brasil 0xx-95-3623 9433 / 3623 6515

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Ministério da Ciência e Tecnologia

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Núcleo de Pesquisas de Roraima

Detecção e distribuição espacial de áreas alteradas nas savanas (Lavrado) de Roraima através do aplicativo Google EarthTM

Reinaldo Imbrozio Barbosa INPA/CPEC – Base de Roraima

[email protected]

Ciro Campos ISA-Roraima

[email protected]

24.06.2010 Boa Vista - Roraima

INPA - Núcleo de Pesquisas de Roraima Rua Coronel Pinto, 315 – Centro

69301-150 Boa Vista – Roraima – Brasil 0xx-95-3623 9433 / 3623 6515

Resumo

O objetivo deste estudo foi detectar áreas alteradas e avaliar a distribuição espacial dos diferentes usos do solo nas savanas (lavrado) de Roraima, identificando os principais vetores envolvidos na alteração da paisagem. Os dados foram obtidos a partir da interpretação visual de imagens de satélites de alta (Ikonos e QuickBird entre 2001 e 2007) e baixa (Landsat TruEarth® - mosaico de 1999-2002) resolução disponibilizadas pelo aplicativo Google EarthTM versão 5.1.3533.1731. A interpretação visual resultou na geração de polígonos que representavam categorias de alteração do uso do solo. A análise espacial dos polígonos foi cruzada com camadas temáticas de divisão municipal, unidades de conservação e terras indígenas. Foram realizadas quatro verdades de campo, utilizando os principais eixos rodoviários do lavrado, para checar as definições das categorias de uso do solo. Dos 42.706 km2 definidos como área biogeográfica do lavrado, 1986,7 km2 (4,65%) foram considerados como alterados, sendo 17,8% em sistemas florestais (florestas de contato e aluviais) e 82,2% em não-florestais (diferentes tipologias de áreas abertas). O município com maior área antropizada foi o de Boa Vista (773,74 km2), representando 38,9% das alterações na área definida como Lavrado. As alterações detectadas em terras indígenas (18,53%) e unidades de conservação (0,01%) foram menores do que em outras categorias fundiárias (81,46%). Cultivo temporário nos sistemas não-florestais (611,32 km2) foi o uso do solo mais observado (30,8%). Os resultados demonstram que as alterações no lavrado são caracterizadas por um padrão de distribuição associado a áreas próximas dos grandes eixos rodoviários que cortam a cidade de Boa Vista.

Palavras-chave: savana, Lavrado, desmatamento, uso do solo, Google Earth Abstract The objective of this study was to detect clearing areas and evaluate the spatial distribution of the different land use in the savannas (lavrado) of Roraima, identifying the main vectors involved in the landscape alteration. The data were obtained from the visual interpretation of satellite images with high (Ikonos and QuickBird between 2001-2007) and low (Landsat TruEarth® - mosaic of 1999-2002) resolution from web tool Google EarthTM version 5.1.3533.1731. The visual interpretation resulted in the generation of polygons that represented alteration categories of the original soil use. The spatial analysis of the polygons was crossed with thematic layers asf municipality division, preservation areas and indian lands. Four field excursions were accomplished, using the main roads of the lavrado to check definitions of the land use categories. In total 42.706 km2 were defined as biogeographycal area of the lavrado, with 1986.7 km2 (4.65%) considered as altered: 17.8% in forest systems (contact and alluvial forests) and 82.2% in non-forest (different open typologies). The lowest alteration were detected in the the Indian lands (18.53%) and protected areas (0.01%) while areas in other possession category were the largest one (81.46%). The municipality with larger antropized area was Boa Vista (773.74 km2), representing 38.9% of alteration in the area defined as lavrado. Shift cultivation in the non-forest systems (611.32 km2; 30,8%) was the land use most observed in the total of altered areas. The results show that clearing in lavrado is characterized for a distribution pattern associated to areas close to the road axes that cross Boa Vista city.

Key words: savanna, Lavrado, clearing, land use, Google Earth.

1. Introdução A área dos remanescentes de vegetação aberta (savanas e outras tipologias campestres)

ocupa 4,28% do bioma Amazônia (178.821,2 km2) (FUNCATE, 2006). A savana situada no nordeste do estado de Roraima é o maior bloco contínuo de áreas abertas do bioma, representando a parte brasileira de um grande complexo de savanas estabelecido no extremo norte da Amazônia, entre Brasil, Guiana e Venezuela (Eden, 1970; Barbosa et al., 2007). Em Roraima esta região é denominada como lavrado, um termo derivado do português arcaico, muito utilizado pela população local (Vanzolini & Carvalho, 1991). O lavrado de Roraima possui uma vegetação peculiar composta por áreas abertas e fechadas que dão identidade regional e condicionam a presença de fauna e flora adaptadas a este ambiente do norte amazônico (Carvalho, 2009). A heterogeneidade de habitats, relevo, clima, solo e hidrografia tornam o Lavrado uma região de especial interesse para a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos (Barbosa et. al, 2007).

Desde o final dos anos 1970 o lavrado vem sofrendo um contínuo processo de alteração derivado do estabelecimento e ampliação de eixos rodoviários que servem de suporte para projetos de expansão agrícola e pecuária associados ao crescimento populacional local (Barbosa, 1993; Barros, 1995). A população de Roraima era de aproximadamente 80 mil habitantes ao fim dos anos 70, passando para aproximadamente 395 mil em 2007 (IBGE, 2010). Cerca de 75% dessa população está concentrada no lavrado, onde se encontra a maior parte dos grandes planos de expansão para o setor de agronegócios (cana de açúcar, soja, silvicultura, etc). Este processo é semelhante ao que vem ocorrendo em todo o bioma Cerrado (Brasil Central) desde o início da década de 1970, com grandes extensões de terra demandadas para geração de emprego e aumento da exportação de commodities (WWF, 1995).

A ampliação e consolidação de projetos agropecuários tecnificados no lavrado de Roraima possui um forte apelo econômico regional devido às restrições legais de uso do solo em áreas florestais depois da promulgação da lei de crimes ambientais (Brasil, 1998). Outra condicionante importante para o futuro aceleramento do uso de sistemas abertos fora e dentro da Amazônia é o fechamento dos acordos internacionais para entrada em vigor do mecanismo REDD (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation). Este mecanismo pode ter um efeito negativo para savanas e outros sistemas camprestes, devido ao aumento da pressão antrópica causada pelo crescimento da demanda por alimentos e biocombustíveis, podendo levar a perdas dos serviços ambientais como o estoque de carbono natural (Miles e Kapos, 2008; Sutherland et al., 2009).

De forma geral, avaliações sobre áreas alteradas e vetores do desmatamento em ecossistemas de vegetação aberta (savanas, campinas, etc) do bioma Amazônia são raras, embora devam ser parte integrante de políticas de ordenamento territorial. Para Roraima, estudos sobre alteração do uso do solo no lavrado são, em geral, focados em contextos muito específicos, como os de Melo e Almeida-Filho (1996) e Almeida-Filho e Shimabukuro (2002) investigando a dinâmica temporal da alteração do uso da terra na serra do Tepequém, e o de Xaud et al. (2000) estudando as áreas impactadas nas matas ciliares de alguns rios locais. Contudo, planos governamentais para o ordenamento do uso do solo no Lavrado devem conter informação de cunho geral, visando identificar padrões e estabelecer critérios para reduzir os impactos regionais sobre os recursos hídricos, a perda da diversidade biológica e as mudanças nos ciclos biogeoquímicos.

O objetivo deste estudo foi avaliar o estado de alteração da paisagem do Lavrado de Roraima e a distribuição espacial dos diferentes tipos de uso do solo através da interpretação visual de imagens de alta e baixa resolução espacial disponibilizadas pelo aplicativo Google EarthTM. Este aplicativo é uma ferramenta web livre, de uso crescente e rotineiro, que vem

sendo utilizada em diferentes áreas do conhecimento (Sheppard & Cizek, 2009), como detecção de habitats ecológicos (Mawdsley, 2008), análise global de áreas cultivadas alimentadas exclusivamente por chuvas (Biradar et al., 2009) e vetorização de ambientes e prédios urbanos (Elshehaby & Taha, 2009). Dentro da resoluções (espacial e temporal) abrangidas pelas imagens deste aplicativo, foram formuladas as seguintes questões: (1) qual a área do Lavrado atingida por alterações antrópicas? (2) quais os principais tipos de uso do solo? (3) quais os municípios com menor e maior área de alterações antrópicas? (4) em que intensidade as Terras Indígenas e as Unidades de Conservação são atingidas por alterações antrópicas? (5) quais os vetores de impacto e os agentes sociais relacionados às alterações?

2. Material e Métodos 2.1 Descrição Geral do Lavrado de Roraima

O Lavrado de Roraima é uma paisagem que faz parte da ecorregião das Savanas das Guianas, que compreende três grandes áreas de vegetação aberta do Bioma Amazônia, distribuídas entre o leste do Amapá, região da Serra de Tumucumaque e o sul da Venezuela (Capobianco et al., 2001; WWF, 2004, Figura 1). Neste estudo nós estamos definindo ecorregião como “... uma unidade de terra relativamente grande contendo distintas assembléias de comunidades e espécies naturais com limites que se aproximam de sua extensão original antes das recentes e grandes mudanças no uso da terra” (Olson et al., 2001). Desta forma, os limites do lavrado são estabelecidos pelas áreas de baixa altitude (80-100 m) dos rios Branco e Rupununi (Eden, 1970), e por parte das terras altas da Formação Roraima (> 2000 m), que se estendem pela Gran Sabana venezuelana (Brasil, 1975).

Figura 1 – Ecorregião das Savanas das Guianas no norte da América do Sul (destaque para o Lavrado de Roraima).

O clima de toda esta região é o Awi pela classificação de Köppen, com os meses mais secos estabelecidos entre dezembro-março, e os mais chuvosos entre maio-agosto. A média da precipitação anual é de 1600-1700 mm medidos na estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) estabelecida em Boa Vista, capital de Roraima (Barbosa, 1997; Araújo et al., 2001). As fitofisionomias dominantes do lavrado são tipicamente não-florestais (savana graminosa, savana parque, etc). Entretanto, feições florestais também fazem parte do lavrado são caracterizadas pelas ilhas de mata (encraves semideciduais), matas ciliares (florestas aluviais de rios e igarapés) e várias linhas florestadas derivadas da fragmentação da floresta de contato. Todas são constantemente impactadas por extrativismo intensivo, desmatamento para cultivo agrícola itinerante e fogo fora de controle. 2.2 Base Geoespacial

Toda a base geográfica para análise das alterações e da distribuição dos diferentes usos do solo no Lavrado de Roraima foi elaborada entre maio/2009 e janeiro/2010 a partir das imagens disponibilizadas no sitio do aplicativo Google EarthTM versão 5.1.3533.1731 (http://earth.google.com). Este aplicativo é um Sistema de Informação Geográfica (SIG) disponibilizado gratuitamente na rede mundial de computadores com imagens de toda a superfície terrestre. Todas as imagens disponibilizadas pelo aplicativo estão adequadas à Projeção Cilíndrica simples (latitude / longitude) pelo Datum WGS84.

O Google Earth integra informações de dados de satélites de diferentes resoluções, o que permite ampla cobertura espacial, mas limita as possibilidades de análise. A base primária de recobrimento de todo o globo é um mosaico de imagens de satélites de baixa resolução, como o NOAA-AVHRR. Esta base é recoberta por um mosaico denominado Landsat TruEarth®. Este é um produto gerado pela TerraMetrics® (http://www.truearth.com) com resolução espacial de 15 m derivado do projeto GeoCover 2000 da NASA (https://zulu.ssc.nasa.gov) que usou imagens Landsat 7 ETM+ (1999-2002). Trinta cenas de alta resolução espacial estão total ou parcialmente disponíveis para a área do Lavrado de Roraima: 14 do satélite Ikonos/GeoEye (resolução de 0,82 m) e 16 do QuickBird/DigitalGlobe (resolução de 0,60 m). Embora não haja cobertura espacial e temporal para toda a região do lavrado, o nível de informação visual destas imagens é muito superior ao produto TruEarth.

Neste estudo não realizamos nenhum tipo de importação/exportação de imagens do aplicativo para qualquer nova reinterpretação por outro SIG. O uso das images do TruEarth e das de alta resolução Ikonos e QuickBird teve como fim específico o reconhecimento visual e a vetorização dos limites do Lavrado, da ecorregião das savanas e das alterações antrópicas.

2.3 Delimitação Geográfica da Ecorregião das Savanas das Guianas A ferramenta de criação de polígonos do Google Earth foi utilizada para a

determinação dos limites da porção da ecorregião das Savanas das Guianas compartilhada entre Brasil, Venezuela e Guiana. Este trabalho de delimitação foi realizado manualmente ao longo de toda a área de contato entre a vegetação aberta (não florestal) e o sistema contínuo de áreas florestais utilizando altitude máxima de observação remota de ~1500 m entre o alvo terrestre e o observador (~1:4000). Quando possível, as cicatrizes dos antigos limites da floresta de contato que foi alterada e hoje faz parte do contínuo da savana foram respeitados para evitar superestimativas de áreas abertas naturais em detrimento de desmatamentos recentes ocorridos nas florestas de contato.

O critério de corte (exclusão) para os contínuos lineares de florestas adentrando nas áreas abertas foi de 100 m de largura. Isto foi feito para evitar que cursos d’água (rios e

igarapés) com matas de galeria e/ou ciliares, sob influência ecológica das áreas abertas, fossem excluídos da área da ecorregião. Ilhas de mata e demais fragmentos florestais sem nenhuma ligação com a floresta contínua foram mantidos dentro da ecorregião das savanas. Desta forma, o polígono delimitador da ecorregião continha notadamente ecossistemas não-florestais permeado por florestas de galeria/ciliares, ilhas de mata e fragmentos florestais de maior porte. Por fim, os encraves de vegetação aberta postados ininterruptamente a mais de 5 km da linha limítrofe do contato floresta-savana foram desconsiderados, com exceção da Serra do Tepequém (~10 km) por representar um importante refúgio de altitude e possuir um histórico socioambiental ligado ao lavrado de Roraima. Isto foi feito para evitar que fragmentos de savanas (encraves) sob influencia predominante do contínuo de formações florestais fossem incluídos nos limites da ecorregião das savanas.

Os polígonos gerados para a ecorregião foram salvos no formato KML (Keyhole Markup Language), sendo em seguida convertidos em SHP (shape) pelo programa ExpertGPS versão 3.81, também disponibilizado gratuitamente (http://www.expertgps.com).

2.4 Delimitação das Áreas Alteradas

A detecção de alterações na paisagem foi feita por varredura exclusiva nos limites da

ecorregião definida como o lavrado de Roraima. As áreas alteradas foram detectadas por interpretação visual e vetorizadas individualmente (geração de polígonos). A escala de vetorização variou em função do tamanho da área alterada, procurando-se sempre fazer o máximo de aproximação possível para tentar diminuir os erros da vetorização manual. Cada polígono representou uma área contínua, com sua cobertura vegetal alterada, definida de acordo com uma das categorias de uso do solo definidas abaixo. Os polígonos gerados também foram salvos no formato KML e convertidos no formato SHP pelo programa ExpertGPS versão 3.81.

2.5 Definição das Categorias de Uso do Solo

Dentro do processo de análise das imagens de alta e baixa resolução, as áreas que não

apresentavam alteração aparente em sua cobertura vegetal original foram usadas como controle para a determinação das áreas alteradas. Todas as que apresentavam sinais de supressão ou substituição da cobertura vegetal original foram identificadas como áreas alteradas e caracterizadas sob um uso do solo específico. Impactos do fogo no lavrado não foram incluídos nesta investigação devido a curta permanência temporal das cicatrizes (Krug et al., 2004). As áreas alteradas foram agrupadas em oito categorias de uso do solo, aplicando uma modificação de IBGE (2005), de acordo com as características descritas abaixo:

(i) Culturas Temporárias: (a) lavouras estabelecidas e (b) áreas sob colheita, em fase

de preparo do solo ou antigas áreas de cultivo aparentemente abandonadas; (ii) Culturas Permanentes: (a) Silvicultura empresarial (Acacia mangium Wild., além

de pequenas áreas de Eucalyptus spp. e Anacardium occidentale L. derivadas do antigo FISET – Fundo de Investimentos Setoriais e (b) Fruticultura (cultivo de árvores e arbustos frutícolas como manga, acerola, abacaxi, etc.);

(iii) Edificação Rural: (a) casas isoladas, (b) sedes de fazendas e (c) galpões e outras construções rurais, todos com suas áreas de vida incluídas (arboricultura familiar, área de passeio e transito humano, além de pequenos cultivos do lar como hortas caseiras).

(iv) Desmatamento: cicatrizes exclusivamente determinadas em (a) floresta de contato (alteração da cobertura florestal de pequenas “ilhas de mata”, fragmentos florestais de grande

porte e borda da floresta contínua em contato com as áreas abertas do lavrado) e (b) florestas aluviais (alteração da cobertura florestal ao longo de cursos d’água; matas ciliares e galeria);

(v) Centro Urbano: (a) cidades e (b) vilas (indígenas e rurais) representando aglomerados humanos estabelecidos em áreas com arruamento e serviços públicos;

(vi) Acúmulo Artificial de Água: (a) barragem de cursos d’água (igarapés barrados para fins diversos, exceto piscicultura), (b) açudes/cacimbões (escavações no solo com destinação à criação animal) e (c) piscicultura (escavações no solo ou barragem em cursos d’água para criação específica de peixe em cativeiro);

(vii) Extração mineral: (a) caixa de empréstimo (revolvimento do solo para aterro de estradas), (b) extração de material para construção civil (areia, barro, rochas) e (c) mineração (vestígios de garimpo);

(viii) Alterações Diversas: cicatrizes de revolvimento exclusivamente determinadas na vegetação do lavrado por maquinário pesado (trator e grade), além de impactos associados à pecuária extensiva ou alterações de origem indeterminada em diferentes estágios de sucessão.

2.6 Delimitação das Áreas de Cobertura de Alta e Baixa Resolução Para determinação das áreas cobertas pelas imagens de alta e baixa resolução foram

traçados polígonos que delimitavam as imagens dos satélites Ikonos e QuickBird, salvando-os no formato KML e convertendo-os em SHP. Todos os polígonos foram identificados pelo nome do satélite e a data do imageamento (2001-2007). As áreas de recobrimento das cenas mais antigas que foram cobertas pelas imagens mais recentes foram eliminadas para evitar sobreposição de informações. Por eliminação, toda área sem imageamento pelos satélites de alta resolução foi classificada como de baixa resolução correspondente ao mosaico TruEarth (1999-2002). Desta forma, o lavrado foi recoberto por um mosaico de imagens de alta e baixa resolução definidas pelo ano de imageamento e tipo de satélite.

2.7 Distribuição Espacial e Cálculo de Área

Todos os polígonos gerados no formato shape foram processados no programa

ArcView 3.2 (ESRI, 1996) para a determinação da área (km2) da ecorregião e do lavrado, da cobertura das imagens de alta e baixa resolução e das diferentes categorias de uso do solo. Para verificar a distribuição espacial das alterações na paisagem, os polígonos foram sobrepostos às camadas temáticas de diferentes bases de dados: divisão municipal (IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), terras indígenas (FUNAI – Fundação Nacional do Índio) e unidades de conservação (SISCOM/IBAMA – Sistema Compartilhado de Informações Ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável). Os dados foram exportados para uma planilha do programa Microsoft Excel, onde foram realizados os cálculos absolutos e relativos dos totais dentro das camadas temáticas utilizadas, com o objetivo de responder às questões estabelecidas.

2.8 Verdade de Campo Entre 11 e 30.09.2009 foram realizadas quatro excursões de campo terrestres com o

intuito de verificação e refinamento das definições das categorias de uso do solo (verdade de campo). Os trabalhos de campo foram concentrados nos quatro principais eixos rodoviários que cortam a cidade de Boa Vista, capital de Roraima e principal centro urbano e econômico do Estado (Figura 2).

Figura 2 - Imagens do aplicativo web Google EarthTM (esquerda) e verdade de campo (direita). (A) cultivo permanente de citrus (limão) na RR 205 (02o 53’ 03,40” N / 60o 53’ 10,07” W); (B) cultivo temporário de milho na BR 401 (03o 07’ 48,55” N / 60o 17’ 17,61” W); (C) cultivo permanente de caju na BR 174, trecho sul (02o 42’ 41,10” N / 60o 50’ 25,59” W); (D) cultivo temporário (arroz de várzea) na BR 174, trecho norte (04o 01 09,07” N / 61o 02’ 37,98” W). (Imagens Google Earth: A e C - janeiro/2003; B – março/2007; D – dezembro/2007).

(i) RR 205: rodovia estadual que liga a cidade de Boa Vista à de Alto Alegre (setor oeste). Foram percorridos 98 km em 11.09.2009. Este trecho é caracterizado por cultivos permanentes (fruticultura de citrus e silvicultura empresarial de A. mangium), cultivos temporários (sorgo, soja e áreas em descanso), vários desmatamentos em florestas ciliares do rio Cauamé, aldeias indígenas ocupando pequenas áreas e diversas sedes de fazendas com suas áreas de vida (Figura 1A). (ii) BR 401: rodovia federal que liga o Brasil à Guiana. Foram percorridos 115 km entre Boa Vista e Bonfim (setores leste e nordeste) em 21.09.2009. Região caracterizada por cultivos temporários (cana de açúcar, soja, arroz de várzea, milho e áreas em descanso), cultivos permanentes (fruticultura de caju e silvicultura empresarial de A. mangium), além de grandes sedes de fazendas com silos e galpões (Figura 1B).

(iii) BR 174 sul: Foram percorridos 54 km entre Boa Vista e Mucajaí (setor sul) em 23.09.2009. Trecho rodoviário caracterizado por cultivos permanentes (fruticultura de caju e silvicultura empresarial de A. mangium), sedes de fazenda e vários pequenos sítios ao longo dos igarapés e rios de porte mediano que servem como área de lazer à população de Boa Vista e Mucajaí (Figura 1C). Áreas de lavrado com uso de maquinário pesado (sem uso definido) também foram observados.

(iv) BR 174 norte: Foram percorridos 185 km entre Boa Vista e a aldeia indígena Boca da Mata (setor norte) em 30.09.2009. Região caracterizada por cultivos temporários (arroz de várzea, milho e áreas em descanso), cultivos permanentes (silvicultura empresarial de Eucalipytus spp. e A. mangium), sedes de fazendas, assentamentos humanos para agricultura familiar e terras indígenas (Figura 1D).

3. Resultados e Discussão

3.1 Área do Lavrado e da Ecorregião das Savanas das Guianas

A área do bloco da ecorregião das Savanas das Guianas estabelecido entre Brasil, Venezuela e Guiana foi estimada em 68.145 km2, sendo que a parte brasileira, conhecida como Lavrado, representou 62,7% (42.706 km2) deste total (Tabela 1). Considerado o total de áreas abertas (savanas e outras formações campestres) derivadas do estudo da FUNCATE (2006) - 178.821,2 km2 - , o lavrado de Roraima representa 23,9% de todas as tipologias abertas do bioma Amazônia. Esta relativização aponta para sua importância ecológica dentro do contexto dos sistemas abertos amazônicos.

Tabela 1 - Área (km2) da Ecorregião das Savanas das Guianas compreendida entre Brasil, Guiana e Venezuela.

Ecorregião Área (km2) Municípios

Área Município

(km2)

Área de Lavrado

km2 %

Brasil-Lavrado 42705,9 Boa Vista 5711,9 5672,5 99,3 Normandia 7007,9 6800,6 97,0 Bonfim 8131,5 7363,0 90,5 Pacaraima 8063,9 6615,3 82,0 Uiramutã 8090,7 6138,3 75,9 Amajari 28598,4 5507,7 19,3 Alto Alegre 26109,7 3136,4 12,0 Cantá 7691,0 569,5 7,4 Caracaraí 47623,6 900,0 1,9 Mucajaí 11981,5 2,6 0,02

Guiana e Venezuela 25438,9 - - - -

Total 68144,9 - - - -

Dez dos quinze municípios do Estado possuem limites estabelecidos dentro do lavrado, sendo Boa Vista (99,3%), Normandia (97,0%) e Bonfim (90,5%) os que concentram as maiores extensões desta paisagem (Figura 3). Mucajaí, Caracaraí e Cantá são os de menor representatividade porque possuem suas áreas de lavrado situadas nas bordas da floresta de contato.

Figura 3 - Área da Ecorregião das Savanas das Guianas compreendida entre Brasil, Venezuela e Guiana e a respectiva representação do lavrado de Roraima dentro dos limites municipais. 3.2 Cobertura de Imagens de Alta e Baixa Resolução

A cobertura de imagens de alta resolução espacial é de apenas 32,5% em todo o lavrado, considerando as imagens disponíveis no Google Earth (Tabela 2). Os municípios de Cantá e Boa Vista são os que possuem o maior percentual de área de Lavrado coberto por imagens de alta resolução (96,8% e 87,7%). A cobertura por imagens de alta resolução é menor em outros municípios com grandes áreas de Lavrado, como Uiramutã (3,2%), Amajari (11,5%), Pacaraima (19,3%), Normandia (40,3%) e Bonfim (44,5%) (Figura 4A). Pacaraima e Normandia possuem a sede municipal e seus arredores cobertos por imagens de alta resolução, enquanto Amajari, Uiramutã e Normandia possuem cobertura restrita à zona rural.

Tabela 2 - Cobertura de imagens de alta (Ikonos e QuickBird) e baixa (Landsat TruEarth®) resolução espacial, nos municípios do lavrado de Roraima, disponibilizadas pelo aplicativo Google EarthTM.

Município Ano de Cobertura

Alta Resolução

(km2)

% Cobertura

Baixa Resolução

(km2)

% Cobertura Total (km2)

Alto Alegre 1999-2002 0 0,00 2963,4 94,48 2963,4 2002 8,824 0,28 0 0,00 8,824 2003 99,994 3,19 0 0,00 99,994 2005 9,135 0,29 0 0,00 9,135 2006 55,107 1,76 0 0,00 55,107Amajari 1999-2002 0 0,00 4873,154 88,48 4873,154 2002 196,167 3,56 0 0,00 196,167 2003 22,528 0,41 0 0,00 22,528 2006 87,455 1,59 0 0,00 87,455 2007 328,342 5,96 0 0,00 328,342Boa Vista 1999-2002 0 0,00 697,174 12,29 697,174 2001 0,27 0,00 0 0,00 0,27 2002 1127,45 19,88 0 0,00 1127,45 2003 2916,884 51,43 0 0,00 2916,884 2004 311,485 5,49 0 0,00 311,485 2005 292,803 5,16 0 0,00 292,803 2007 325,407 5,74 0 0,00 325,407Bonfim 1999-2002 0 0,00 4083,191 55,45 4083,191 2003 308,401 4,19 0 0,00 308,401 2004 63,098 0,86 0 0,00 63,098 2005 817,06 11,10 0 0,00 817,06 2007 2092,168 28,41 0 0,00 2092,168Cantá 1999-2002 0 0,00 18,112 3,18 18,112 2002 44,177 7,76 0 0,00 44,177 2003 46,237 8,12 0 0,00 46,237 2004 35,747 6,28 0 0,00 35,747 2005 424,967 74,66 0 0,00 424,967Caracaraí 1999-2002 0 0,00 899,995 100,00 899,995Mucajaí 2003 0,624 24,36 0 0,00 0,624 2005 1,938 75,64 0 0,00 1,938Normandia 1999-2002 0 0,00 4011,001 58,97 4011,001 2007 2791,04 41,03 0 0,00 2791,04Pacaraima 1999-2002 0 0,00 5340,108 80,73 5340,108 2003 396,188 5,99 0 0,00 396,188 2004 18,506 0,28 0 0,00 18,506 2007 859,674 13,00 0 0,00 859,674Uiramutã 1999-2002 0 0,00 5940,21 96,78 5940,21 2003 197,893 3,22 0 0,00 197,893Total geral - 13879,57 32,50 28826,345 67,50 42705,91

A maior concentração de imagens de alta resolução se encontra nas circunvizinhanças

da cidade de Boa Vista, onde estão estabelecidos os eixos rodoviários de grande circulação, como BR 174 e BR 401, além da RR-205, que liga Boa Vista ao município de Alto Alegre. Os anos com maior área de cobertura de imagens de alta resolução foram 2007 (6397 km2) e 2003 (3989 km2), distribuídas principalmente entre os municípios de Boa Vista, Normandia e Bonfim, que são aqueles com maior percentual de lavrado. O problema da cobertura por

imagens de diferentes resoluções espacial e temporal, é quanto a impossibilidade de realização de análises mais profundas sobre a dinâmica espaço-temporal das alterações do uso do solo. Entretanto, isso foi minimizado neste estudo porque a maioria das imagens de alta resolução está situada nas circunvizinhanças da cidade de Boa Vista, onde estão concentradas as maiores áreas de produção agrícola empresarial do lavrado de Roraima.

Do total de área coberta por imagens de alta resolução, 43,7% está nas “terras indígenas” e 56,3% nas “outras áreas”. (Figura 4B). Considerando apenas as imagens de alta resolução, a cobertura nas “terras indígenas” é de 24,7%. Na categoria “outras áreas” (propriedades rurais, posses, assentamentos, cidades e outras áreas públicas) a cobertura é de 42,9%.

Figura 4 - Cobertura de imagens de alta (Ikonos e QuickBird) e baixa (Landsat EarthTru®) resolução espacial na área do lavrado de Roraima, disponibilizada pelo aplicativo web Google EarthTM. Distribuição espacial da cobertura sobre a área dos (A) municípios e (B) Terras Indígenas; (1) Boa Vista, (2) Cantá, (3) Bonfim, (4) Normandia, (5) Uiramutã, (6) Pacaraima, (7) Amajari, (8) Alto Alegre, (9) Mucajaí e (10) Caracaraí.

3.3 Área Alterada no Lavrado 3.3.1 Cálculo Geral das Alterações

O total das áreas alteradas mapeadas no lavrado, levando em consideração as imagens dos diferentes anos e resoluções espaciais disponíveis no Google Earth foi estimado em 1986,72 km2 ou 4,65% de toda a área biogeográfica delimitada (Tabela 3 e Figura 5). Deste total, 82,2% foi derivado de alterações em sistemas não-florestais (diferentes tipologias de savanas) e 17,8% em florestais (ilhas de mata, florestas de galeria, etc). O diagnóstico de Campos et al. (2008) apresenta uma estimativa mais restrita, indicando cerca de 650 km2 de lavrado alterado até 2008, levando em consideração apenas os grandes projetos de desenvolvimento, mas ressaltando a necessidade de estudos mais detalhados que complementassem essa informação.

Tabela 3 - Distribuição das áreas alteradas no lavrado de Roraima por sistema de vegetação original, município, categoria fundiária e resolução das imagens (km2).

Sistema Original Município

Categoria de Conservação e Resolução das Imagens Total geral Não Conservadas Terra Indígena Unidade Conservação

Alta Baixa Alta Baixa Alta Baixa Alta Baixa Total %

Florestal Boa Vista 15,689 10,792 3,735 1,54 - - 19,424 12,332 31,756

17.79

Bonfim 89,745 53,831 27,428 29,998 - - 117,173 83,829 201,002 Alto Alegre 3,521 53,117 0,184 2,509 0,002 0 3,707 55,626 59,333 Normandia 0,002 0,034 1,613 - - - 1,615 0,034 1,649 Pacaraima - - 1,553 14,318 - - 1,553 14,318 15,871 Cantá 13,073 0,447 0,947 - - - 14,02 0,447 14,467 Amajari 5,242 16,077 1,566 0,239 0,075 0 6,883 16,316 23,199 Uiramutã - - 0,283 5,793 0,03 0 0,313 5,793 6,106 Caracaraí - - - - - - 0 0 0 Mucajaí - - - - - - 0 0 0Sub-total (km2) 127.272 134,298 37,309 54,397 0,107 - 164.688 188,695 353,383 353,383

Não-florestal Boa Vista 695,22 31,665 14,921 0,177 - - 710,141 31,842 741,983

82.21

Bonfim 335,666 26,619 10,663 2,162 - - 346,329 28,781 375,11

Alto Alegre 8,71 82,963 0,061 1,838 - - 8,771 84,801 93,572

Normandia 0,747 30,953 101,334 17,619 - - 102,081 48,572 150,653

Pacaraima 0,071 - 6,196 107,207 - - 6,267 107,207 113,474

Cantá 96,475 0,001 6,638 - - - 103,113 0,001 103,114

Amajari 10,253 37,055 2,522 3,926 0,001 0 12,776 40,981 53,757

Uiramutã - 0,457 0,046 1,17 - - 0,046 1,627 1,673

Caracaraí - - - - - - 0 0 0

Mucajaí - - - - - - 0 0 0Sub-total (km2) 1147,142 209,713 142,381 134,099 0,001 0 1289,52 343,812 1633,336 1633.336

Total Individual 1274,414 344,011 179,69 188,496 0,108 0 1454,21 532,507 - -

Geral 1618,42 368,19 0,11 1986,72 -

% 81.46 18.53 0.01 100 -

Dentro das limitações espaciais e temporais da ferramenta do Google Earth, o valor de

4,65% pode ser considerado baixo em relação aos > 30% detectados por Mantovani & Pereira (1998) e os 39,5% delimitados por Sano et al. (2008), ambos no bioma Cerrado utilizando imagens Landsat do início dos anos 1990 e de 2002, respectivamente. Vieira et al. (2006) indicaram, até 2005, 4,4% dos sistemas florestais de toda a ecorregião das Savanas das Guianas na Amazônia brasileira (Amapá, Serra do Tumucumaque, Roraima) já haviam sofrido algum tipo de alteração. O valor desmembrado de nosso estudo (0,82%), exclusivamente para os sistemas florestais do lavrado, é inferior por um fator superior a 5 ao de Vieira e colaboradores, sugerindo que grandes áreas alteradas podem não ter sido detectadas no Google Earth devido a falta de imagens recentes de alta resolução espacial em todo o lavrado.

A concentração de áreas alteradas foi maior na categoria fundiária de “outras áreas” (81,46%), e menor nas “terras indígenas” (18,53%) e “unidades de conservação” (0,01%). As terras indígenas apresentam apenas 1,5% de alteração em suas áreas de lavrado, enquanto que na categoria “outras áreas” esse percentual subiu para 8,9%. O padrão de proteção e menor impacto em terras indígenas também foram observados por Rodrigues et al. (2007), quando foi verificada a retração das savanas e expansão das florestas em um período de 9 anos (1986-

2005) de observação através de interpretação de imagens Landsat, na área dos índios Tiriyós (Serra do Tumucumaque, fronteira do Brasil com o Suriname).

Figura 5 - Distribuição das alterações detectadas no lavrado de Roraima nas Unidades de Conservação, Terras Indígenas e “Outras Áreas”.

3.3.2 Municípios e Tipo de Imagem

Foi verificado que os municípios com a maior área alterada foram Boa Vista (773,74

km2) e Bonfim (576,11 km2), respectivamente, 38,9% e 29,08% de toda a área alterada de lavrado. Em Caracaraí e Mucajaí não foram registradas alterações, sendo que ambos são os que possuem as menores áreas de lavrado em seus limites.

Foi observada uma maior concentração de áreas alteradas nas imagens mais recentes e de alta resolução (1454,21 km2; 73,2%). Nas imagens de baixa resolução foram observados 26,8% de áreas alteradas (532,51 km2). Nestas áreas é esperado que as alterações tenham sido subestimadas, devido ao critério conservador utilizado nos casos onde a interpretação das feições era dificultada pela baixa resolução.

Grande parte das imagens de alta resolução está alocada nos principais eixos rodoviários que atravessam Boa Vista e suas circunvizinhanças. Ao redor de toda esta área estão concentrados quase 75% dos habitantes da região, além dos grandes empreendimentos agrosilvipastoris empresariais de Roraima, em especial os plantios de A. mangium, cultivos de soja e antigas lavouras de arroz de várzea e de sequeiro (este último com várias cicatrizes no centro-sul do lavrado).

3.3.3 Terras Indígenas

As regiões cobertas apenas por imagens de baixa resolução abrigam a maior parte das

alterações nos sistemas florestais por conta da agricultura de corte e queima (floresta de contato) e das grandes alterações nas margens dos rios (florestas aluviais) devido aos cultivos de arroz irrigado nas terras indígenas, que ainda estavam ativos na época do imageamento.

Foi observado que as terras indígenas abrigam apenas 18,5% do total das alterações no Lavrado (mesmo ocupando 57% da região) e apresentam somente 1,5% de sua área territorial alterada, revelando seu importante papel na conservação do lavrado (Tabela 4 e Figura 6). Entretanto, como a cobertura de imagens de alta resolução nas terras indígenas é de apenas 25%, é esperado que as alterações nas TI tenham sido mais subestimadas do que nas “outras áreas”, onde a cobertura de alta resolução foi de 43%. Os maiores percentuais de alteração foram observados nas TI Moskow (20,7%), Canauanim (14,4%), Manoá-Pium (6,9%) e Muriru (6%). Nas outras 23 TI o percentual de áreas alteradas ficou abaixo de 5%.

Tabela 4 - Alterações detectadas nas áreas de Lavrado das terras indígenas de Roraima, e cobertura por imagens de alta resolução (Ikonos e QuickBird).

Terra Indígena (TI) Área da TI inserida no lavrado (km2)

Área alterada (km2)

Área alterada (%)

Cobertura em alta resolução (%)

Moskow 140,4 29,0 20,7 99,8 Canauanim 21,8 3,1 14,3 96,5 Manoá-Pium 449,1 30,7 6,8 31,8 Muriru 30,6 1,8 6,0 0,0 Jaboti 139,8 6,0 4,3 99,7 Bom Jesus 8,9 0,36 4,1 99,4 Malacacheta 53,9 1,9 3,6 96,1 Tabalascada 73,1 2,5 3,4 98,7 Truaru 56,8 1,9 3,3 10,0 Serra da Moça 119,9 3,7 3,1 90,6 Barata-Livramento 122,4 2,4 2,0 39,5 Mangueira 20,6 0,3 1,5 0,1 Raposa - Serra do Sol 15005,1 213,9 1,4 22,8 Aningal 69,4 1,0 1,4 40,2 Ponta da Serra 158,5 2,2 1,4 74,7 São Marcos* 5424,2 58,5 1,1 31,2 Anaro 319,6 3,1 1,0 19,7 Súcuba 62,4 0,46 0,7 0,0 Raimundão 18,1 0,1 0,6 0,0 Boqueirão 162,5 0,8 0,5 0,0 Pium 45,5 0,19 0,4 0,0 Araçá 506,5 1,9 0,4 0,0 Jacamin 1148,9 1,9 0,2 0,0 Ouro 155,8 0,24 0,2 6,6 Anta 31,0 0,04 0,1 0,0 Ananás 25,2 0,0 0,0 0,0 Cajueiro 48,0 0,0 0,0 0,0 Santa Inês 86,8 0,0 0,0 0,0

Total 24504,9 368,2 1,5 24,8

100 18,5

80 43,7 57,2

60%

81,5 40

56,3 42,420

0Área alterada Área do Lavrado Imagens de alta

resolução

Terras Indígenas Outras Áreas

Figura 6. Distribuição das áreas alteradas, da área total do Lavrado e da área coberta por imagens de alta resolução nas terras indígenas e “outras áreas”.

3.4 Categorias de Uso do Solo O cultivo temporário nos sistemas não-florestais (611,32 km2 ou 30,77%) foi o uso do solo mais observado dentro do total de áreas detectadas como alteradas no lavrado (Tabela 5). Deste total, 166,06 km2 (39,23%) foram contabilizados nas “terras Indígenas”, e 425,26 km2 (60,76%) nas “outras áreas”. Quase a totalidade dos cultivos temporários mapeados nas terras indígenas se refere às grandes plantações de arroz de várzea (irrigado) que ainda estavam estabelecidos nas TI até 2009.

O padrão de uso do solo no lavrado de Roraima é semelhante ao observado em estudos realizados no bioma Cerrado. As avaliações de Machado et al. (2004), com imagens do sensor MODIS (resolução de 1 km) para todo o bioma, de Ferreira et al. (2009) (MODIS; 0,25 km) para o estado de Goiás e de Sano et al. (2008) (Landsat 7 ETM; 25 m) também para todo o bioma Cerrado, indicam como uso mais abrangente os cultivos temporários. Naquele bioma, estes cultivos são caracterizados especialmente pela agricultura tecnificada de larga escala (soja e demais grãos de exportação) e menos pela agricultura de subsistência de agricultores familiares e indígenas. Os cultivos temporários das populações indígenas são tradicionalmente pequenos e de difícil visualização. Em nosso estudo, a maior parte das terras indígenas e unidades de conservação estavam cobertas apenas por imagens de baixa resolução. Este fato traduz uma das dificuldades para a caracterização por sensoriamento remoto da cobertura natural do solo e de alterações antrópicas em ambientes de vegetação aberta (savanas/cerrados): a baixa resolução espacial que assemelha os padrões de reflectância entre áreas alteradas e feições naturais da cobertura vegetal pouco densa (Sano et al., 2007). Qualquer que seja o método de avaliação (vetorização manual ou digital), há uma natural dificuldade na definição/detecção das alterações antrópicas, podendo gerar erros de mapeamento e categorias com pouco

detalhamento da cobertura do solo (Mantovani e Amaral, 1998; Mantovani e Pereira, 1998). Por exemplo, Sokolonski et al. (2005) tentaram detectar os padrões de uso da terra em todo o estado de Roraima a partir da análise de imagens Landsat, não conseguindo êxito devido a escala de trabalho não ter se adequado à realidade de campo, em especial nas áreas de lavrado. Tabela 5 - Distribuição das áreas alteradas no lavrado de Roraima por tipo de uso do solo, categoria fundiária e resolução das imagens.

Sistema Original Categoria de Uso

Categoria de Conservação e Resolução das Imagens Total geral

Outras Áreas Terra Indígena Unidade Conservação

Alta (km2)

Baixa (km2)

Alta (km2)

Baixa (km2)

Alta (km2)

Baixa (km2) Alta (km2)

Baixa (km2)

%

Florestal Acúmulo de Água 0.387 0.225 0.387 0.225 0.03 Extração Mineral 1.495 1.495 0 0.08 Centro Urbano 1.246 1.094 1.246 1.094 0.12 Edificação Rural 1.457 0.023 0.101 0.958 1.558 0.981 0.13 Cultivo Temporário 27.201 3.68 0.372 27.573 3.68 1.57 Desmatamento 96.732 130.37 35.59 52.345 0.107 0 132.429 182.715 15.86Sub-total 127.272 134.298 37.309 54.397 0.107 0 164.688 188.695 - Não-florestal Acúmulo de Água 7.919 1.583 0.392 0.208 8.311 1.791 0.51 Extração Mineral 8.33 10.356 2.004 0.16 10.334 10.516 1.05 Edificação Rural 32 7.036 11.503 8.122 43.503 15.158 2.95 Centro Urbano 142.145 11.085 18.45 13.581 160.595 24.666 9.32 Cultivo Permanente 216.956 6.042 0.203 0.124 217.159 6.166 11.24 Alterações Diversas 368.368 99.777 19.665 36.011 388.033 135.788 26.37 Cultivo Temporário 371.424 73.834 90.164 75.893 0.001 0 461.589 149.727 30.77Sub-total 1147.142 209.713 142.381 134.099 0.001 0 1289.52 343.812 -

Total Geral 1274.41 344.01 179.69 188.50 0.11 0.00 1454.21 532.51 - % 64.15 17.32 9.04 9.49 0.01 0.00 73.20 26.80 100

Quanto as demais categorias de uso, as maiores proporções foram as alterações

diversas (26,37%) e os cultivos permanentes (11,24%) no sistema não-florestal, e os desmatamentos (15,86%) nos sistemas florestais. As alterações diversas no lavrado representam várias cicatrizes de maquinário pesado (trator e grade) sem um histórico definido. Estas alterações diversas permeiam grande parte das imagens de alta e baixa resolução e estão presentes tanto nas “terras indígenas” (10,6%) quanto nas “outras áreas” (89,4%). A grande área de cultivos permanentes em sistemas não-florestais representa o esforço de projetos frutícolas municipais e estaduais (em especial no município de Boa Vista) estabelecidos em maior número desde o início dos anos 1990. Apenas ~0,15% destes cultivos se encontram em área indígena e representam iniciativas das próprias comunidades.

Cultivos temporários e desmatamentos representaram 69% das alterações nas terras indígenas (Tabela 6). Nas unidades de conservação (ESEC Maracá e PARNA Monte Roraima) foram observados apenas 0,01% das alterações devido, principalmente, à presença de apenas alguns pequenos encraves de lavrado cobertos por imagens de alta resolução, não sendo possível uma análise mais detalhada.

Os desmatamentos nos sistemas florestais do lavrado representam várias cicatrizes sem histórico conhecido e sob diferentes categorias de regeneração sem possibilidade de identificação do uso anterior. Considerando a dinâmica de alterações em sistemas florestais na Amazônia, este estudo deveria interpretar estes desmatamentos como ações dos diferentes atores locais para estabelecer agricultura de corte e queima ou implantação de pastagens em sistemas florestais. Desta forma, juntamente com os cultivos temporários, esta categoria representa (i) a agricultura familiar praticada nas terras indígenas (25,5%), além (ii) do cultivo

mais tecnificado realizado em propriedades privadas rurais (sítios, assentamentos, fazendas, etc.) seja para agricultura familiar ou para cultivo de arroz de várzea onde partes das florestas aluviais foram suprimidas (74,5%).

Tabela 6 - Número de polígonos (N) e área alterada (km2) nas terras indígenas de Roraima inseridas no Lavrado, de acordo com a categoria de uso do solo.

Uso do Solo Polígonos de Alteração Área Alterada N % km2 %

Cultivo Temporário 667 27,1 166,4 45,2 Desmatamento 541 22,0 87,9 23,9 Alterações Diversas 554 22,5 55,7 15,1 Centros Urbanos 27 1,1 34,4 9,3 Edificação Rural 473 19,2 20,7 5,6 Extração Mineral 177 7,2 2,2 0,6 Acúmulo de Água 13 0,5 0,6 0,2 Cultivo Permanente 6 0,2 0,3 0,1

Total 2458 100 368,2 100 A definição das categorias de uso do solo pode conter erros de interpretação que

poderiam ser reduzidos com a intensificação das atividades de verdade de campo. Estes erros podem estar embutidos, por exemplo, na detecção das antigas áreas desmatadas em regiões com atividades agrícolas consolidadas, que podem ser interpretadas como alterações em sistema não florestal. Áreas detectadas como alteradas, com cicatrizes de maquinário pesado ainda visíveis nas imagens de alta resolução de 4-5 anos passados, podem estar em estado de regeneração tão avançado que sua caracterização como alterada pode ser dificultada em uma análise de campo atual devido à total reconstituição (estrutura e composição) da vegetação nativa. Nas imagens de baixa resolução, as alterações causadas pelo fogo podem acompanhar cercas, estradas ou aceiros, formando alterações geométricas semelhantes a áreas preparadas, cultivos.antigos ou alterações diversas (Figura 7A). Entretanto, este padrão pode representar apenas a passagem de fogo mais intenso na data em que o local foi imageado, não representando efetivamente uma alteração no uso original do solo.

Figura 7 - Áreas detectadas como alteradas (linhas vermelhas) no município de Alto Alegre, em imagens de baixa resolução do aplicativo web Google EarthTM. (1) desmatamento em floresta de contato; (2) cultivos temporários ou áreas em preparo do solo; (3) cicatrizes de fogo; (A) 3º 00’ 59,28 N; 61º 11’ 38.37 W e (B) 2º 56’ 22,16 N; 61º 02’ 31.28 W. (Mosaico TruEarth 1999-2000). 4. Conclusões

. As alterações antrópicas no lavrado possuem um padrão de distribuição associado

aos grandes eixos rodoviários que cortam a cidade de Boa Vista. Este cenário é semelhante ao que acontece nas áreas de floresta da Amazônia brasileira, onde os grandes eixos rodoviários são os vetores que impulsionam o desmatamento e a perda dos recursos naturais.

. As terras indígenas exercem um importante papel para a conservação do lavrado, com valores de alteração inferiores aos observados em outras categorias fundiárias. As alterações são mais frequentes nas TI menores e densamente povoadas, porque estes agentes sociais utilizam mais intensamente os recursos naturais e estão mais suscetíveis às pressões vindas de seu entorno.

. O padrão de uso das áreas não-florestais do lavrado está associado (i) aos cultivos temporários derivados da implantação de culturas de grande escala para o agronegócio (soja, arroz irrigado e cana-de-açúcar) e (ii) aos cultivos silviculturais, em especial aqueles derivados dos grandes plantios de A. mangium.

O padrão de uso das áreas florestais do lavrado está associado aos desmatamentos de florestas aluviais e ilhas de mata, em geral com o objetivo de implantação de cultivos agrícolas de subsistência (na maioria dos casos em terras indígenas).

. O uso do aplicativo web Google EarthTM pode ser útil para exercícios que façam abordagens preliminares sobre a distribuição espacial dos recursos naturais e os padrões de alteração da paisagem. Entretanto, alguns fatores exigem que sua utilização como ferramenta de informação geográfica seja feita com ressalvas ou, de preferência, associada a aplicativos especializados. Entre as limitações estão a perda da assinatura espectral das imagens e a falta de padronização dos sensores e das datas de captura das imagens.

5. Referências Bibliográficas Almeida-Filho, R.; Shimabukuro, Y.E. 2002. Digital processing of a Landsat time series for maping and monitoring degraded áreas caused by independent gold miners, Roraima State, Brazilian Amazon. Remote Sensing, 79: 42-50. Araújo, W.F.; Andrade Júnior, A.S.; Medeiros, R.D.; Sampaio, R.A. 2001. Precipitação pluviométrica mensal provável em Boa Vista, Estado de Roraima, Brasil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 5(3): 563-567. Barbosa, R.I. 1993. Ocupação humana em Roraima. II. Uma revisão do equívoco da recente política de desenvolvimento e o crescimento desordenado. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (série Antropologia), 9(2): 177-197. Barbosa, R.I. 1997. Distribuição das chuvas em Roraima. In: Barbosa, R.I.; Ferreira, E.; Castellón, E. (eds.), Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. Manaus, INPA. p. 325-335. Barbosa, R.I.; Campos, C.; Pinto, F.; Fearnside, P.M. 2007. The “Lavrados” of Roraima: Biodiversity and Conservation of Brazil’s Amazonian Savannas, Functional Ecosystems and Communities, 1(1): 29-41. Barros, N.C.C. 1995. Roraima: paisagens e tempo na Amazônia Setentrional. Recife, Editora da Universidade Federal de Pernambuco. 272p. Biradar, C.M.; Thenkabail, P.S.; Noojipady, P.; Li, Y.; Dheeravath, V.; Turral, H.; Velpuri, M.; Gumma, M.K.; Gangalakunta, O.R.P.; Cai, X.L.; Xiao, X.; Schull, M.A.; Alankara, R.D.; Gunasinghe, S.; Mohideen, S. 2009. A global map of rainfed cropland areas (GMRCA) at the end of last millennium using remote sensing. International Journal of Applied Earth Observation and Geoinformation, 11: 114–129 Brasil 1975. Projeto RADAMBRASIL, Levantamento de Recursos Naturais – v.8. Rio de Janeiro, Ministério das Minas e Energia. 475 p. Brasil 1998. Lei de Crimes Ambientais. Lei no 9605 de 12 de fevereiro de 1998. Publicado no Diário Oficial da União em 13/02/1998 (seção 1, página 1). Campos, C.; Pinto, F. Barbosa, R.I. 2008. O Lavrado de Roraima: importância biológica, desenvolvimento e conservação na maior savana do Bioma Amazônia (Diagnóstico). Boa Vista/Roraima, junho de 2008. 8p. Disponível em: http://agroeco.inpa.gov.br/reinaldo/RIBarbosa_ProdCient_Usu_Visitantes/2008Diagnostico_LAVRADO_MMA.pdf. Capobianco, J.P.R.; Veríssimo, A.; Moreira, A.; Sawyer, D.; Santos, I.; Pinto, L.P. 2001. Biodiversidade na Amazônia Brasileira. São Paulo, Estação Liberdade / Instituto Socioambiental. 540 p. Carvalho, C.M. 2009. O lavrado da Serra da Lua em Roraima e perspectivas para estudos da herpetofauna na região. Revista Geográfica Acadêmica, 3(1): 4-17.

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