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Página 1/165 30-10-2008/16:52:04/MINAG_anteprojecto.doc/PPG Ministério da Agricultura ANTEPROJECTO DE LEI DAS FLORESTAS, FAUNA SELVAGEM E ÁREAS DE CONSERVAÇÃO TERRESTRES Lei nº ..../06 De ...... A Lei Constitucional estabelece no número 2 do artigo 24º que cabe ao Estado adoptar “as medidas necessárias à protecção do meio ambiente e das espécies da flora e fauna nacionais” e “à manutenção do equilíbrio ecológico”. Dispõe ainda, no número 2 do artigo 12º, que o Estado deve promover “a defesa e conservação dos recursos naturais, orientando a sua exploração e aproveitamento em benefício de toda a comunidade”. Estes princípios da Lei Constitucional têm vindo a ser concretizados em legislação sobre ambiente e recursos naturais como a Lei de Bases do Ambiente (Lei nº 5/98, de 19 de Junho), a Lei do Ordenamento do Território (Lei nº 3/ 04, de 24 de Junho), a Lei de Terras (Lei nº 9/04, de 9 de Novembro) e a Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos (Lei nº 6A/04, de 8 de Outubro). Para além disso, Angola aderiu a convenções internacionais de grande importância na definição dos regimes jurídicos dos recursos biológicos, das quais se destacam as Convenção sobre a Diversidade Biológica, a Convenção sobre o Combate à Desertificação e a Convenção sobre as Espécies Migratórias da Fauna Selvagem, das quais decorrem obrigações internacionais do Estado angolano no domínio da protecção da flora silvestre e da fauna selvagem. Ora a legislação sobre florestas e fauna selvagem em vigor em Angola, em especial os decretos nº 40040, de 9 de Fevereiro de 1955, e nº 44531, de 22 de Agosto de 1962 (Regulamento Florestal), bem como o Diploma Legislativo nº 2873, de 11 de Dezembro de 1957 (Regulamento de Caça), está manifestamente desactualizada face às exigências da conservação e gestão sustentável destes recursos, em especial as que decorrem da Lei Constitucional e dos tratados internacionais de que Angola é parte.

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Ministério da Agricultura

ANTEPROJECTO DE LEI DAS FLORESTAS, FAUNASELVAGEM E ÁREAS DE CONSERVAÇÃO TERRESTRES

Lei nº ..../06De ......

A Lei Constitucional estabelece no número 2 do artigo 24º que cabe ao Estadoadoptar “as medidas necessárias à protecção do meio ambiente e das espécies daflora e fauna nacionais” e “à manutenção do equilíbrio ecológico”.

Dispõe ainda, no número 2 do artigo 12º, que o Estado deve promover “a defesa econservação dos recursos naturais, orientando a sua exploração e aproveitamento embenefício de toda a comunidade”.

Estes princípios da Lei Constitucional têm vindo a ser concretizados em legislaçãosobre ambiente e recursos naturais como a Lei de Bases do Ambiente (Lei nº 5/98, de19 de Junho), a Lei do Ordenamento do Território (Lei nº 3/ 04, de 24 de Junho), a Leide Terras (Lei nº 9/04, de 9 de Novembro) e a Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos(Lei nº 6A/04, de 8 de Outubro).

Para além disso, Angola aderiu a convenções internacionais de grandeimportância na definição dos regimes jurídicos dos recursos biológicos, das quais sedestacam as Convenção sobre a Diversidade Biológica, a Convenção sobre o Combateà Desertificação e a Convenção sobre as Espécies Migratórias da Fauna Selvagem,das quais decorrem obrigações internacionais do Estado angolano no domínio daprotecção da flora silvestre e da fauna selvagem.

Ora a legislação sobre florestas e fauna selvagem em vigor em Angola, emespecial os decretos nº 40040, de 9 de Fevereiro de 1955, e nº 44531, de 22 de Agostode 1962 (Regulamento Florestal), bem como o Diploma Legislativo nº 2873, de 11 deDezembro de 1957 (Regulamento de Caça), está manifestamente desactualizada faceàs exigências da conservação e gestão sustentável destes recursos, em especial asque decorrem da Lei Constitucional e dos tratados internacionais de que Angola éparte.

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Assim, a presente lei visa assegurar que o uso das florestas e da fauna selvagemterrestre se paute pelos princípios constitucionais e do Direito Internacional relevantes,em especial os princípios do desenvolvimento sustentável e da protecção do ambiente.Estabelece os princípios e objectivos a que deve obedecer o uso e exploração dosrecursos florestais e faunísticos, bem como da diversidade biológica terrestre, e osinstrumentos para a sua gestão sustentável. Regula ainda as actividades relativas aosrecursos florestais e faunísticos e estabelece os regimes de concessão de direitos aeles relativos, no quadro da salvaguarda da igualdade de oportunidades e daparticipação de todos os cidadãos no processo de desenvolvimento económico e socialdo País.

Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 88º da Lei Constitucional, aAssembleia Nacional aprova o seguinte:

LEI DAS FLORESTAS, FAUNA SELVAGEM E ÁREAS DE CONSERVAÇÃOTERRESTRES

TÍTULO IDisposições Gerais

Capítulo IDisposições comuns

Artigo 1.ºObjecto

Na presente lei são estabelecidas as normas que visam garantir a conservação euso sustentável das florestas e fauna selvagem terrestres existentes no territórionacional, bem como a criação e gestão de áreas de conservação e, ainda, as basesgerais do exercício de actividades com elas relacionadas.

Artigo 2.ºÂmbito de aplicação

A presente lei é aplicável às florestas e fauna selvagem terrestres, bem como àsua diversidade biológica, e às actividades com eles relacionadas.

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Artigo 3.ºDefinições

As expressões, termos e conceitos utilizados na presente Lei, se não resultar ocontrário do respectivo contexto, têm o significado constante das definições seguintes:

Acompanhamento - a recolha, compilação, análise e prestação de informaçãosobre os recursos florestais e faunísticos e actividades com eles relacionadas, incluindosobre a sua transformação e comercialização.

Arboreto - a floresta de plantação para fins exclusivamente científicos, deeducação e de lazer.

Área de conservação - uma área geograficamente delimitada que tenha sidoclassificada e regulamentada para atingir objectivos específicos de conservação,também designada terreno reservado.

Caça - a espera, perseguição, captura, apanha, mutilação, abate, destruição ouutilização de espécies de fauna selvagem, em qualquer fase do seu desenvolvimento,ou a condução de expedições para aqueles fins.

Caçador especialista - pessoa singular autorizada a exercer a caça comoprofissão e que se dedica à caça para fins de exploração de recursos faunísticos,incluindo a condução de excursões de caça ou o acompanhamento de turistas queestejam autorizados a caçar ou que desejem contemplar, fotografar ou filmar animaisselvagens nos seus habitats naturais.

Comunidades locais - um grupo social coerente de pessoas residentes numalocalidade com interesses ou direitos relativos aos recursos florestais ou faunísticos aíexistentes, que essas pessoas possuem ou relativamente aos quais exercem direitosnos termos da lei, do costume ou de contrato.

Comunidades rurais - comunidades de famílias vizinhas ou compartes que, nosmeios rurais, têm direitos colectivos de posse, gestão e de uso e fruição dos meios deprodução comunitários, designadamente os terrenos rurais comunitários por elasocupados e aproveitados de forma útil e efectiva, segundo os princípios de auto-administração e auto-gestão, quer para sua habitação, quer para o exercício da suaactividade, quer ainda para a consecução de outros fins reconhecidos pelo costume epela legislação em vigor.

Conhecimentos tradicionais - os conhecimentos, inovações, práticas etecnologias acumulados que são essenciais para a conservação e uso sustentável dosrecursos florestais e faunísticos naturais ou que tenham valor socio-económico e queforam desenvolvidos ao longo do tempo por comunidades ou por pessoas residentesnuma dada localidade.

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Conservação - a protecção, manutenção, reabilitação, restauração emelhoramento das florestas e fauna selvagem, e seus recursos genéticos, bem comotodas as medidas visando o seu uso sustentável.

Conservação ex situ - a conservação de componentes da diversidade biológicaterrestre fora dos seus habitats naturais.

Conservação in situ - a conservação dos ecossistemas terrestres e dos habitatsnaturais dos recursos florestais e faunísticos e a manutenção e recuperação depopulações viáveis de espécies no seu meio natural.

Corte - o abate de recursos florestais para fins de exploração comercial.

Desflorestação - a destruição ou corte indiscriminado de árvores sem a devidareposição.

Degradação de terras - a redução ou perda da produtividades biológica oueconómica e da complexidade das terras agrícolas de sequeiro, das terras agrícolasirrigadas, das pastagens naturais, das pastagens semeadas, das florestas e das matasnativas devido aos sistemas de utilização da terra ou a um processo, ou combinaçãode processos, incluindo os que resultem das actividades humanas e das suas formasde ocupação do território;

Derruba - o arranque ou corte de árvores e arbustos para quaisquer fins, emespecial agrícolas, mineiros ou de construção, nomeadamente de estradas e outrasinfraestruturas.

Desertificação - o processo de degradação de terras, natural ou provocado pelaremoção da cobertura vegetal ou pela utilização predatória que pode transformar essasterras em zonas áridas ou desertos.

Domínio público – bens propriedade do Estado que são inalienáveis,imprescritíveis e impenhoráveis, sem prejuízo da sua concessão temporária para arealização de fins de interesse público. Inclui os bens do domínio público dasautarquias locais.

Ecossistema - qualquer processo complexo dinâmico de comunidades vegetais,animais e de microrganismos e o seu ambiente não vivo, que interage como umaunidade funcional;

Ecossistema frágil - aquele que, pelas suas características naturais elocalização geográfica, é susceptível de rápida degradação dos seus atributos e dedifícil recomposição.

Empresa - toda a organização ou empreendimento cujo objecto é a exploraçãode recursos florestais ou faunísticos.

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Espécies ameaçadas de extinção - as espécies, subespécies, variedades ouraças que não estão em extinção mas enfrentam um risco muito elevado de extinçãono seu ambiente natural num futuro próximo inclui as espécies cujos números setenham reduzido drasticamente a um nível crítico ou cujos habitats tenham sidodegradados de forma tal que ponha em perigo a sobrevivência da espécie.

Espécies domesticadas ou cultivadas - espécies cujo processo de evoluçãotenha sido influenciado pelos seres humanos para satisfazer as suas necessidades.

Espécies em extinção - as espécies, subespécies, variedades ou raças queenfrentam um risco extremamente elevado e eminente de extinção no seu ambientenatural.

Espécies endémicas - espécies que apenas ocorrem em território angolano.

Espécies exóticas - as espécies que não são indígenas em uma área específica.

Espécies invasoras - qualquer espécie que constitui ameaça para ecossistemas,habitats e outras espécies.

Espécies migratórias - as espécies que migram sazonalmente de uma zonaecológica para outra.

Espécies vulneráveis - as espécies, subespécies, variedades ou raças que, deacordo com a melhor prova disponível, são consideradas como em risco elevado deextinção no seu ambiente natural, em especial cujas populações, comparadas comníveis históricos, se tenham reduzido a níveis que ponham em causa a suasustentabilidade.

Exploração - a colheita ou corte de recursos florestais ou a caça de recursosfaunísticos para fins lucrativos, ainda que relativos a actividades de pequena escala.

Fauna selvagem - conjunto de animais terrestres selvagens, vertebrados einvertebrados, mamíferos, anfíbios, aves e répteis, de qualquer espécie, em qualquerfase do seu desenvolvimento, que vivem naturalmente, bem como as espéciesselvagens capturadas para fins de pecuarização, excluindo os recursos aquáticos.

Fiscalização - a inspecção, supervisão e vigilância das actividades relativas arecursos florestais e faunísticos com vista a garantir o cumprimento da legislaçãoaplicável, bem como as correspondentes medidas de gestão.

Floresta - qualquer ecossistema terrestre contendo cobertura de árvores, ou dearbustos ou de outra vegetação espontânea inclui os animais selvagens emicrorganismos nela existentes.

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Floresta de plantação - cobertura vegetal arbórea, contínua, obtida através doplantio de árvores de espécies indígenas ou exóticas.

Habitat - o local ou o tipo de sítio onde um organismo ou população ocorremnaturalmente.

Inventário florestal - a recolha, medição e registo de dados sobre a qualidade eo volume de recursos florestais, o estado de sua dinâmica, a sua regeneração e osprodutos que se podem obter por unidade de superfície, de forma a fornecerinformação para a gestão sustentável de uma dada região ou floresta, em particular.

Inventário faunístico - a recolha, medição e registo de dados sobre acomposição por espécie ou número de animais, a densidade por unidade de superfície,a densidade por grupo etário e por sexo e o estado da densidade da população, deforma a fornecer informação para a gestão sustentável da fauna selvagem.

Lei de Terras - a Lei nº 9/04, de 9 de Novembro, ou lei que a venha a substituir.

Mancha florestal - cobertura de árvores e/ou arbustos num dado terreno rural.

Ordenamento florestal - o conjunto de medidas de natureza legal eadministrativa específicas destinadas a assegurar a utilização racional, auto-renovaçãoe sustentabilidade dos recursos florestais.

Período de defeso - período do ano que coincide com a reprodução dasespécies faunísticas, durante o qual as actividades de caça são proibidas ou limitadasem todo o país, ou em certas localidades ou de certas espécies.

Período de repouso vegetativo - período do ano que coincide com a reproduçãoflorestal e crescimento de determinadas espécies florestais, durante o qual sãoproibidas ou limitadas as actividades de exploração florestal.

Produto florestal - qualquer recurso florestal que é colhido, ou de qualquer outromodo removido do seu estado natural, para uso humano; inclui os produtosmanufacturados ou derivados de um recurso florestal.

Recurso florestal - qualquer coisa ou benefício derivado das florestas, de valoractual ou potencial para a humanidade;inclui os recursos genéticos florestais e aenergia derivada das florestas.

Recurso faunístico - qualquer coisa ou benefício derivado da fauna selvagemterrestre, de valor actual ou potencial para a humanidade inclui os recursos genéticosda fauna selvagem.

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Recurso genético - qualquer material de origem de vegetal, animal ou demicrorganismo que contenha unidades funcionais de hereditariedade e que tenha valoractual ou potencial para a humanidade.

Terrenos comunitários - terrenos utilizados por uma comunidade rural segundoo costume relativo ao uso da terra, abrangendo, conforme o caso, as áreascomplementares para a agricultura itinerante, os corredores de transumância paraacesso do gado às fonte de água e as pastagens e os atravessadouros, sujeitos ou nãoao regime da servidão, utilizados para aceder à água ou às estradas ou caminhos deacesso aos aglomerados urbanos.

Terrenos florestais - terrenos rurais aptos para o exercício das actividadessilvícolas, designadamente para a exploração e utilização racional de florestas naturaisou plantadas, nos termos dos planos de ordenamento rural e da respectiva legislaçãoespecial.

Troféu - as partes duráveis dos animais selvagens, nomeadamente a cabeça,crânio, cornos, dentes, coiros, pêlos e cerdas, unhas, garras, cascos e ainda cascos deovos, ninhos e penas desde que não tenham perdido o aspecto original por qualquerprocesso de manufactura.

Uso sustentável - a gestão e aproveitamento dos recursos florestais e faunísticosde tal modo que sejam mantidas as funções ecológicas das florestas e da faunaselvagem e que não seja prejudicado o valor ecológico, económico, social e estéticodos seus ecossistemas para as gerações actuais e futuras.

Uso de subsistência - a colheita ou corte de recursos florestais ou a caça derecursos faunísticos para fins de consumo próprio do autor dessas acções e de suafamília, sendo os recursos excedentários apenas esporadicamente comercializados.

Artigo 4.ºFinalidades

As finalidades da presente lei são as seguintes:

1. Promover a protecção do ambiente e da diversidade biológica, em especial dasflorestas e fauna selvagem e dos ecossistemas terrestres;

2. Assegurar a contribuição das florestas, da fauna selvagem e da diversidadebiológica terrestres, bem como das actividades a elas relativas, para o desenvolvimentoeconómico e social sustentável, para a segurança alimentar e para o bem-estar equalidade de vida dos cidadãos, tendo em consideração os múltiplos usos destesrecursos;

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3. Estabelecer os princípios e regras gerais de conservação dos recursos florestais efaunísticos terrestres e seus ecossistemas, assegurando que sejam utilizados eexplorados de forma sustentável e responsável;

4. Estabelecer os princípios e critérios gerais de acesso aos recursos florestais efaunísticos e da sua gestão sustentável, ordenamento e desenvolvimento, tendo emconsideração os aspectos biológicos, tecnológicos, económicos, sociais, culturais eambientais pertinentes;

5. Promover a investigação científica relativa aos recursos biológicos, diversidadebiológica e ecossistemas terrestres.

Artigo 5.ºPrincípios gerais

1. As florestas e fauna selvagem de Angola são um património nacional cujaprotecção, preservação e conservação constituem obrigações do Estado, das pessoassingulares e colectivas que realizam actividades económicas e dos cidadãos.

2. Os recursos florestais e faunísticos terrestres de Angola, com excepção dasespécies domesticadas e cultivadas e dos exemplares resultantes da pecuarização deanimais selvagens, bem como de melhoramento de variedades de plantas e de raçasde animais realizados por particulares, são propriedade do Estado e integram odomínio público.

3. Para além dos princípios referidos nos números anteriores, para os efeitosprevistos nesta lei e seus regulamentos devem ainda ser observados os seguintesprincípios:

a) Do desenvolvimento sustentável;

b) Da realização dos direitos, liberdades e garantias fundamentais;

c) Do mínimo de existência, incluindo o direito à alimentação e o correlativo acessoa recursos florestais e faunísticos para fins de subsistência;

d) Da não discriminação, da igualdade de oportunidades, da livre iniciativaeconómica e da defesa da concorrência;

e) Do respeito pelos direitos de propriedade intelectual e pelos conhecimentostradicionais relacionados com os recursos biológicos terrestres;

f) Da participação de todos os interessados;

g) Da conservação da diversidade biológica nos seus diversos níveis;

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h) Do uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos;

i) Da prevenção e da precaução;

j) Da gestão integrada dos recursos naturais;

k) Do ordenamento do território;

l) Da cooperação institucional;

m) Da valorização dos recursos florestais e faunísticos e da diversidade biológica edo utilizador pagador;

n) Do aproveitamento útil e efectivo dos recursos sob concessão e da capacidadeadequada;

o) Do poluidor pagador;

p) Da responsabilização;

q) Da segurança jurídica.

4. Os princípios estabelecidos neste artigo são de cumprimento obrigatório paratodos os intervenientes na gestão e uso de recursos florestais e faunísticos.

Artigo 6.ºPatrimónio florestal

1. Para os efeitos previstos nesta lei e seus regulamentos, as florestas sãoclassificadas em florestas naturais e florestas plantadas.

2. O património florestal nacional, de acordo com o seu potencial, localização e formade utilização, pode ser classificado como:

a) Florestas de conservação: as florestas constituídas por formações vegetais querealizam funções de conservação, manutenção e regeneração e que estãosujeitas a regimes de gestão especiais;

b) Florestas de produção: as florestas constituídas por formações vegetais deelevado potencial económico florestal, localizadas fora das áreas deconservação, e destinadas a exploração;

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c) Florestas para fins especiais: as florestas constituídas por formações vegetaislocalizadas fora das áreas de conservação e utilizadas para fins especiais, comode defesa nacional, conservação ambiental, experimentação científica, deprotecção de paisagens, de lazer, e culturais.

3. Constituem ainda património florestal as árvores classificadas como de valorhistórico ou outro de natureza cultural.

4. As espécies florestais são classificadas em função da sua raridade e valorecológico, económico e sócio-cultural por listas de espécies a serem estabelecidas pordiploma próprio.

Artigo 7.ºPatrimónio faunístico

O património faunístico é constituído pela fauna selvagem terrestre e éclassificado em função da sua raridade e valor económico e sócio-cultural por listas deespécies a serem estabelecidas por diploma próprio.

Artigo 8.ºObrigações do Estado

Cabe ao Estado assegurar a conservação das florestas, da fauna selvagem e dadiversidade biológica e, em especial:

a) Assegurar a boa execução da presente lei e seus regulamentos;

b) Adoptar as medidas de ordenamento das florestas e da fauna selvagem visandoa sua gestão e uso sustentável;

c) Conceder direitos sobre recursos florestais e faunísticos, nos termos desta lei eseus regulamentos, bem como da legislação em vigor, em especial sobreprotecção do ambiente, ordenamento do território, terras e águas;

d) Assegurar a conciliação entre usos de florestas e da fauna selvagem e usos deoutros recursos naturais, incluindo a gestão integrada dos recursos naturais e acoordenação institucional;

e) Assegurar que são devidamente avaliados os impactos de actividadeseconómicas nas florestas, fauna selvagem e nos ecossistemas terrestres;

f) Assegurar a protecção e conservação in situ ou ex situ de espécies ouecossistemas em extinção, ameaçados de extinção e vulneráveis ou de qualquermodo necessitando de medidas especiais de protecção;

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g) Assegurar a criação e gestão sustentável de áreas sujeitas a regimes especiaispara conservação in situ das florestas, fauna selvagem e seus ecossistemas;

h) Tomar as medidas necessárias para assegurar a conservação ex situ dosrecursos florestais e faunísticos, incluindo promovendo a criação e manutenção,por diversos tipos de interessados, em especial autarquias locais e instituiçõescientíficas, de jardins botânicos e zoológicos e de bancos de genes;

i) Assegurar a recuperação de habitats e ecossistemas degradados;

j) Promover a regeneração de espécies em extinção, ameaçadas de extinção ouvulneráveis e dos respectivos habitats;

k) Adoptar as medidas necessárias à preservação de solos e de recursos hídricose à prevenção da degradação de terras;

l) Promover a identificação e classificação das espécies florestais e faunaselvagem terrestre, em especial das espécies que necessitam de especialprotecção;

m) Criar e manter o cadastro florestal, bem como as bases de dados relativas aoestado dos recursos florestais e faunísticos necessárias à sua gestãosustentável;

n) Promover a investigação científica sobre as florestas e fauna selvagem, emespecial o estudo da diversidade biológica angolana;

o) Promover a investigação tecnológica com vista à utilização óptima e sustentáveldos recursos florestais e faunísticos e ao aumento da sua contribuição para odesenvolvimento económico e social;

p) Promover a introdução de novas tecnologias ambientalmente saudáveis;

q) Promover a educação e formação profissional nos diferentes domíniosrelacionados com as florestas, fauna selvagem, diversidade biológica terrestre esua gestão sustentável;

r) Assegurar a implementação das medidas de fiscalização do cumprimento destalei e seus regulamentos, bem como das pertinentes disposições doordenamento.

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Artigo 9.ºDireitos e obrigações das empresas

1. As pessoas singulares ou colectivas que pretendam exercer actividadeseconómicas relativas a recursos florestais e faunísticos têm o direito de lhes seremconcedidas as necessárias concessões ou autorizações, no caso de serem exigidas, edesde que tal seja permitido por esta lei e seus regulamentos, pelos planos deordenamento ou por outros instrumentos visando a gestão sustentável dos recursos.

2. As pessoas referidas no número anterior têm ainda direito de acesso àinformação sobre:

a) Os princípios e exigências da conservação e gestão sustentável dos recursosflorestais e faunísticos;

b) As medidas de ordenamento florestal ou faunístico adoptadas;

c) O estado dos recursos, em especial das espécies sujeitas a regimes especiaisde protecção;

d) Os perigos para a saúde humana do uso de certas espécies, os perigos para osecossistemas de certas acções e substâncias e a bio-segurança alimentar;

e) As medidas higienosanitárias que devem ser tomadas para evitar doenças depessoas, animais e plantas.

3. As pequenas e médias empresas locais, incluindo as empresas comunitárias,gozam de especial protecção, tendo, nomeadamente, direito aos incentivos previstosnesta lei e seus regulamentos, nos quais se incluem a prestação, pelo Estado, deassistência técnica à gestão sustentável dos recursos florestais e faunísticos e oacesso ao crédito para exploração desses recursos.

4. Todas as pessoas singulares ou colectivas que exerçam actividades relativas aosrecursos florestais e faunísticos devem:

a) Utilizar os recursos de forma sustentável, cumprindo as obrigações decorrentesdesta lei e seus regulamentos, bem como da legislação de ordenamento doterritório;

b) Cumprir as condições estabelecidas nos títulos de concessão ou nas licençasprevistas nesta lei, se for caso disso;

c) Respeitar os direitos validamente constituídos de utilizadores de outros recursosnaturais, nomeadamente dos titulares do domínio útil consuetudinário;

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d) Realizar as suas actividades de modo a minimizar os impactos negativos dasactividades realizadas nos ecossistemas;

e) Abster-se de colher, cortar, caçar ou comercializar, ou de qualquer modo causardanos, as espécies em extinção, ameaçadas de extinção e vulneráveis ou aosseus habitats;

f) Adoptar as medidas necessárias à preservação de solos e de recursos hídricose à prevenção da degradação de terras;

g) Colaborar com os órgãos centrais e locais do Estado na implementação demedidas de regeneração de espécies e de reabilitação de ecossistemasdegradados;

h) Prestar, nos termos da legislação aplicável, as informações necessárias aoacompanhamento e avaliação do estado dos recursos, à realização deactividades de investigação científica a eles relativas e à verificação documprimento desta lei;

i) Contribuir, directamente ou através de associações profissionais ou outras dedefesa dos seus interesses, com as suas sugestões, propostas e informaçõespara a elaboração e aplicação das medidas de ordenamento, em especial emconsultas públicas;

j) Participar em acções de formação relacionadas com o exercício das suasactividades e que sejam promovidas pelo Ministério que superintende o sectorflorestal ou pelo Ministério que superintende a política ambiental;

k) Sujeitar-se à fiscalização do Estado nos termos previstos nesta lei e seusregulamentos.

5. Deve ser promovida a adopção, pelos interessados, de códigos de condutaespecíficos de certas categorias titulares de direitos sobre recursos florestais efaunísticos, em especial dos madeireiros, carvoeiros e caçadores.

6. Devem ser promovidas as actividades económicas que visem assegurar o usosustentável dos recursos florestais e faunísticos e o combate à desertificação e à seca,bem como a transformação dos produtos florestais e faunísticos no País e, se possível,na localidade onde foram colhidos, cortados ou capturados.

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Artigo 10.ºDireitos e obrigações dos cidadãos

1. Todos os cidadãos têm o direito aos benefícios resultantes do uso sustentável dosrecursos florestais e faunísticos.

2. São, em especial, neste domínio, direitos dos cidadãos:

a) O acesso livre e gratuito aos recursos florestais e faunísticos necessários à suasubsistência e das suas famílias;

b) A utilização dos recursos florestais e faunísticos para fins medicinais,energéticos, de construção de habitações e mobiliário, de criação de artesanatoe outros fins culturais;

c) O uso das áreas de conservação para fins de turismo, educação e investigaçãonos termos definidos nesta lei e seus regulamentos;

d) A participação nas decisões sobre recursos florestais e faunísticos que possamafectar os seus interesses, incluindo culturais, relativos a estes recursos;

e) A informação sobre os princípios e exigências da conservação e gestãosustentável dos recursos florestais e faunísticos, as medidas de ordenamentoadoptadas, o estado dos recursos, em especial das espécies sujeitas a regimesespeciais de protecção, os perigos para a saúde humana do uso de certasespécies, os perigos para os ecossistemas de certas acções e substâncias, bio-segurança alimentar e sobre as medidas higieno-sanitárias que devem sertomadas para evitar doenças de pessoas, animais e plantas;

f) À educação e formação profissional sobre matérias relacionadas com osrecursos florestais e faunísticos, em especial sobre os seus usos e gestãosustentável.

3. São obrigações dos cidadãos:

Abster-se da prática de actos que previsivelmente possam ter impactos negativos nasflorestas e fauna selvagem e nos seus ecossistemas;

Cumprir a legislação sobre conservação e uso sustentável das florestas, da faunaselvagem e da diversidade biológica;

Colaborar nas actividades de avaliação do estado dos recursos e de investigaçãocientífica sobre florestas e fauna selvagem, se tal lhes for solicitado nos termos da lei.

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Artigo 11.ºDireitos e obrigações das comunidades rurais

1. Os titulares do domínio útil consuetudinário nos termos estabelecidos na Lei deTerras têm os direitos colectivos de uso e fruição, nos termos definidos nesta lei e seusregulamentos e no direito costumeiro das comunidades em causa, dos recursosflorestais e faunísticos do domínio público que se encontrem nos terrenos comunitários.

2. Os titulares do domínio útil consuetudinário têm ainda os direitos de participar napreparação dos instrumentos de ordenamento dos recursos florestais e faunísticos, emespecial os relativos ao combate à desertificação e seca, bem como nas acções deordenamento do território relacionadas com estes recursos.

3. Os titulares dos direitos previstos neste artigo têm as obrigações estabelecidas nonúmero 4 do artigo 9º.

Artigo 12.ºCooperação internacional

1. Cabe ao Estado promover a procura de soluções concertadas a nível bilateral emultilateral, internacional, regional e subregional visando a conservação e usosustentável dos recursos florestais e faunísticos e da diversidade biológica, em especialdos recursos partilhados e das espécies migratórias.

2. O Estado deve assegurar que Angola beneficie da cooperação internacional a quetem direito como país em desenvolvimento, em especial nos domínios relativos àidentificação, classificação e conservação das florestas e fauna selvagem, bem comoda sua diversidade biológica, do uso de tecnologias apropriadas à sua conservação euso sustentável, do combate à desertificação e à seca e da investigação científica,educação e formação profissional.

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Capítulo IIDas medidas gerais de conservação das florestas e fauna selvagem terrestre

Secção IDisposições gerais

Artigo 13.ºFinalidades

São objectivos das medidas de protecção das florestas, fauna selvagem eecossistemas terrestres e da sua diversidade biológica previstas nesta lei e, emespecial, neste título:

a) Proteger a diversidade biológica e manter os processos ecológicos essenciais àvida e aos sistemas de apoio à vida;

b) Assegurar a conservação e exploração sustentável e óptima das florestas, dafauna selvagem e da diversidade biológica terrestres a nível nacional;

c) Contribuir para assegurar a conservação a longo prazo das florestas, da faunaselvagem e da sua diversidade biológica, em especial dos ecossistemas frágeis,a nível subregional, regional e mundial;

d) Contribuir para assegurar a qualidade, diversidade e disponibilidade de recursosflorestais e faunísticos;

e) Contribuir para assegurar a segurança alimentar, a satisfação de necessidadesbásicas, a geração de rendimentos e emprego e a progressiva melhoria daqualidade de vida das gerações actuais e futuras;

f) Contribuir para a conservação e sustentabilidade dos recursos hídricos;

g) Contribuir para a conservação e aumento de produtividade dos solos;

h) Contribuir para assegurar a qualidade do ar e minimizar as alterações climáticas,em especial as secas;

i) Contribuir para a utilização e transformação no País dos produtos florestais efaunísticos, para a promoção das empresas angolanas e para a criação deemprego a nível local;

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j) Assegurar a protecção, utilização e disseminação de conhecimentos tradicionaissobre florestas, fauna selvagem, ecossistemas e diversidade biológicaterrestres;

k) Prevenir e/ou minimizar os impactos negativos, directos ou indirectos, dasactividades económicas nas florestas e fauna selvagem, nos ecossistemas e nadiversidade biológica terrestres;

l) Promover a regeneração de espécies em extinção, ameaçadas de extinção evulneráveis, bem como de ecossistemas degradados;

m) Promover a resposta rápida a situações de emergência que ponham em perigoas florestas, a fauna selvagem, os ecossistemas e a diversidade biológicaterrestres;

n) Promover a investigação científica relativa a florestas, fauna selvagem,ecossistemas e diversidade biológica terrestres e a disseminação dosconhecimentos dela resultantes.

Artigo 14.ºRelatórios científicos

1. As medidas previstas neste capítulo devem ser fundamentadas em relatóriosbaseados na melhor informação científica disponível que identificarão as espécies eecossistemas terrestres necessitando de especial protecção, bem como as causas quelevam à diminuição do número de populações de recursos florestais e faunísticos e àdegradação dos ecossistemas incluídos nas listas previstas no artigo

2. Periodicamente, pelo menos cada cinco anos, o Ministro que superintende osector florestal e o Ministro que superintende a política ambiental devem apresentar aoGoverno relatório sobre o estado das florestas, da fauna selvagem e da diversidadebiológica terrestres.

3. Dos relatórios referidos neste artigo devem constar, em especial:

a) A avaliação das populações e comunidades;

b) As características biológicas das populações, em especial os requisitos para asua reprodução;

c) As características dos habitats;

d) Os níveis históricos das populações e comunidades, se possível;

e) A identificação de riscos para espécies e ecossistemas que não integram aslistas previstas nesta secção;

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f) A descrição dos factores que afectam a sustentabilidade dos recursos em causa.

Secção IIDas espécies e ecossistemas terrestres

Artigo 15.ºConservação de espécies e ecossistemas

1. Com base na melhor informação científica disponível, o Estado deve adoptar asmedidas necessárias à conservação de espécies, subespécies e variedades dasflorestas, da fauna selvagem e dos ecossistemas terrestres no caso, em especial, de:

a) Ecossistemas em extinção, ameaçados de extinção ou vulneráveis;

b) Espécies raras;

c) Espécies em extinção;

d) Espécies ameaçadas de extinção;

e) Espécies vulneráveis;

f) Espécies endémicas ou de grande valor económico, social ou cultural.

2. O Governo, ou o Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro quesuperintende a política ambiental, aprovarão, consoante os casos, as listas dasespécies e ecossistemas referidos no número 1 deste artigo.

3. As listas referidas neste artigo devem ser aprovadas e revistas pelo menos de dezem dez anos.

4. Na elaboração das listas referidas no número anterior, o Governo deve ter emconsideração as convenções internacionais, de que Angola é parte, relativas aespécies e ecossistemas internacionalmente protegidos.

5. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem assegurar, nos termos a definir em regulamento, aparticipação dos cidadãos e das associações de defesa do ambiente no procedimentode aprovação das listas previstas neste artigo e no artigo 21º.

6. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem assegurar a ampla divulgação das listas referidas neste artigobem como dos correspondentes regimes especiais.

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Artigo 16.ºEcossistemas protegidos

1. Sem prejuízo do disposto no Título IV desta lei, o Governo deve aprovar, pordecreto, lista dos ecossistemas ameaçados ou sujeitos a um regime de protecçãoespecial.

2. Podem ser incluídos nas categorias referidas no número anterior:

a) Os ecossistemas em extinção em que tenha ocorrido degradação significativa daestrutura ecológica ou das suas funções ou composição em resultado deintervenção humana e que estão sujeitos a um risco extremamente elevado detransformação irreversível;

b) Os ecossistemas ameaçados de extinção em que tenha ocorrido degradação daestrutura ecológica ou das suas funções ou composição em resultado deintervenção humana embora não estejam em extinção;

c) Os ecossistemas vulneráveis que estejam em risco de vir a ter uma degradaçãosignificativa da sua estrutura ecológica ou das suas funções ou composição emresultado de intervenção humana embora não estejam em extinção ouameaçados de extinção;

d) Os ecossistemas protegidos nos termos do Título IV devido à sua importâncianacional ou provincial, embora não constem das listas referidas no artigo 15º.

3. Das listas de ecossistemas protegidos nos termos deste artigo constará alocalização dos ecossistemas protegidos, bem como as medidas de regeneração dosreferidos ecossistemas.

Artigo 17.ºEspécies raras, em extinção ou ameaçadas de extinção

1. O Governo deve aprovar, por decreto e com a mesma periodicidade dos planosde ordenamento florestal referidos no artigo 68º desta lei, a lista das espécies florestaise da fauna selvagem terrestre raras, em extinção ou ameaçadas de extinção.

2. São proibidas, quanto às espécies constantes das listas referidas no númeroanterior:

a) A colheita, corte ou caça ou a tentativa de colheita, corte ou caça de qualquerexemplar dessas espécies;

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b) A posse, armazenamento e transporte de qualquer exemplar dessas espécies;

c) A compra e venda, exposição para venda, a exportação, a importação ou atransformação industrial ou não, de qualquer exemplar dessas espécies ou partedele.

3. O decreto que aprova a lista de espécies raras, em extinção ou ameaçadas deextinção pode incluir outras medidas de conservação para além das previstas nesteartigo.

4. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem adoptar as medidas de regeneração in situ e ex situ dasespécies previstas neste artigo, bem como a recuperação dos seus habitats.

5. Enquanto não forem publicadas as listas referidas neste artigo, os órgãoscompetentes para a concessão de direitos relativos a recursos florestais ou faunísticosnão devem atribuir tais direitos relativamente a espécies que previsivelmente venham aser incluídas nessas listas.

Artigo 18.ºEspécies vulneráveis

1. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem, quando da elaboração das medidas de ordenamentoflorestal, identificar as espécies vulneráveis devendo as medidas de protecção destasespécies constar dos planos de ordenamento florestal.

2. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental, aprovam, por decreto executivo conjunto, as listas das espéciesvulneráveis, a nível nacional ou local, bem como o regime especial de protecção emque se enquadram.

3. O regime especial das espécies vulneráveis pode incluir:

a) A suspensão da colheita, corte ou caça dessas espécies, ainda que previamenteautorizada, por um período determinado, quer a nível nacional quer local;

b) A redução das quantidades de colheita, corte ou caça constantes dos títulos deconcessão, das licenças de caça ou dos planos de exploração previstos nestalei;

c) A proibição temporária de actividades que comprovadamente tenham umimpacto negativo na sobrevivência dessas espécies;

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d) A proibição da exportação e/ou da importação de exemplares dessas espécies;

e) A imposição de obrigações de repovoamento adicionais a quaisquer titulares dedireitos sobre recursos dessas espécies.

4. Do diploma referido no número 2 deste artigo constarão ainda as medidas deregeneração in situ e ex situ das espécies previstas neste artigo, bem como arecuperação dos seus habitats, se necessário para a regeneração das referidasespécies.

Artigo 19.ºEspécies endémicas

O Ministério que superintende o sector florestal deve identificar as espéciesflorestais e da fauna selvagem terrestre que apenas ocorrem no território nacional eelaborar lista dessas espécies para fins de avaliação do seu estado e sujeição aregimes de protecção especiais, em especial de restrição de quantidades a seremcolhidas, cortadas ou caçadas, nos termos que vierem a ser definidos em regulamentoaprovado pelo Governo.

Artigo 20.ºRecursos genéticos

O Estado deve promover e assegurar a conservação in situ de germoplasma dasespécies florestais e da fauna selvagem terrestre e criar e manter bancos de genes,nacionais e provinciais, nos termos definidos nesta lei e seus regulamentos.

O Estado deve promover e assegurar a manutenção do grau de variação e daintegridade genética das colecções de germoplasma referidas no número anterior.

Artigo 21.ºÁrvores protegidas

1. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental aprovam, por decreto executivo, listas de árvores cujo corte, nasdiferentes localidades, é proibido devido ao seu valor ecológico, estético, histórico oude outro modo cultural.

2. Salvo no caso de reconhecido interesse público, é proibido o corte de quaisquerárvores em terrenos urbanos públicos.

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3. É proibido o corte de árvores em terrenos urbanos privados, salvo no caso deautorização do órgão competente da Administração local.

4. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem promover a plantação de árvores nas zonas urbanas eperiurbanas, com vista em especial à constituição ou reforço de zonas verdes e/ou decinturas verdes de zonas urbanas ou urbanizadas.

Artigo 22.ºManchas florestais

1. Os titulares de direitos fundiários sobre terrenos rurais são obrigados a manter,nas percentagens a definir em regulamento, as manchas florestais existentes dentrodos terrenos concedidos.

2. O corte de exemplares das manchas florestais referidas no número 1 deste artigoobedece ao regime das derrubas previsto no artigo 36º.

Artigo 23.ºPeríodos de repouso vegetativo e de defeso

1. O Ministro que superintende o sector florestal estabelece anualmente, por decretoexecutivo, os períodos de repouso vegetativo para as diferentes espécies florestais quese encontrem a ser exploradas.

2. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental estabelecem anualmente, por decreto executivo conjunto, o períodode defeso em que é proibida a caça em todo o país e os períodos em que é proibida acaça apenas de certas espécies ou em certas localidades.

Artigo 24.ºQuantidades e dimensão dos recursos

1. O Ministro que superintende o sector florestal estabelece anualmente, por decretoexecutivo e tendo em consideração o disposto nos planos florestais, as quantidadesmáximas de produtos florestais que podem ser colhidos ou cortados para fins deexploração.

2. O Ministro que superintende o sector florestal estabelece, por decreto executivo,as dimensões mínimas que devem ter certas espécies florestais sob exploração.

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3. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental estabelecem, por decreto executivo conjunto, os tamanhos e pesosmínimos dos exemplares da fauna selvagem cuja caça seja permitida.

Artigo 25.ºColheita, corte, caça, posse, armazenamento

e comercialização de certas espécies

Sem prejuízo das medidas relativas a espécies raras, em extinção ou ameaçadasde extinção, é proibida a colheita, corte, caça, posse, armazenamento, transporte ecomercialização de recursos florestais ou faunísticos:

a) Nos períodos de repouso vegetativo ou de defeso;

b) Para além das quantidades estabelecidas nos planos de exploração dosdiferentes titulares de direitos sobre recursos florestais do domínio público ounas licenças de caça;

c) Com dimensões e pesos mínimos inferiores aos estabelecidos nos termos doartigo 24º;

d) Previstos no artigo 21º.

Artigo 26.ºImportação, exportação e reexportação

O Governo deve adoptar as medidas necessárias para o controlo da importação,exportação e reexportação de exemplares das espécies referidas nos artigos 17º e 18º,bem como das espécies sujeitas a restrições do seu comércio internacional por forçade convenções internacionais de que Angola seja parte.

Artigo 27.ºMedidas relativas a doenças e pragas

1. O Ministério que superintende o sector florestal deve identificar, prevenir econtrolar as pragas, doenças e seus vectores que afectem as florestas e a faunaselvagem terrestre.

2. O Ministério que superintende o sector florestal deve estabelecer sistemas dealerta rápido das pragas e doenças referidas no número anterior, bem como planos deerradicação dessas pragas e doenças, que poderão incluir a quarentena de espécies ea delimitação das áreas afectadas pelas medidas de erradicação da praga ou doença.

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3. O Ministério que superintende o sector florestal deve assegurar a rápidadivulgação de ocorrências de pragas ou doenças e a comunicação aos países dasubregião e organizações internacionais interessados.

4. No caso de ocorrência de doença ou praga que obrigue à não utilização dosterrenos por titulares de direitos sobre recursos florestais ou faunísticos afectados peladoença ou praga, deve o órgão competente proceder, caso tal seja possível nos termosdos planos territoriais e dos planos de ordenamento florestal, à concessão de direitosrelativos ao recursos florestais ou faunísticos em terrenos não afectados pela praga oudoença em causa.

5. Para os efeitos previstos nesta lei, considera-se praga qualquer animal ou plantaque estando presente em número excessivo, apresenta uma probabilidade nãonegligenciável de provocar prejuízos e outros impactos negativos em outrosorganismos ou na saúde e actividade humanas.

Artigo 28.ºSituações de emergência

1. O Governo deve adoptar planos de resposta a situações de emergência parafazer face a situações que, de qualquer modo, causem danos a florestas e à faunaselvagem terrestre ou ponham em perigo a conservação de ecossistemas, espécies eda diversidade biológica terrestres, em especial planos de combate a incêndiosflorestais.

2. No caso de situações referidas no número anterior terem efeitos transfronteiriços,o Ministério que superintende o sector florestal deve comunicar, logo que tenhaconhecimento da situação de emergência, tal ocorrência aos países limítrofesinteressados, envidando esforços para que sejam adoptadas medidas conjuntas oupara, se necessário, receber assistência desses países na resposta à situação deemergência.

Artigo 29.ºAvaliação de impacte ambiental

1. No caso de projectos que possam vir a ter impactos negativos significativos nasflorestas, na fauna selvagem e nos ecossistemas terrestres, devem ser realizadasavaliações de impacto ambiental nos termos da legislação em vigor.

2. O Ministério que superintende o sector florestal, bem como o Ministério quesuperintende o sector dos recursos hídricos, devem dar parecer na fase de instruçãodos procedimentos de avaliação de impacto ambiental previstos neste artigo.

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3. A decisão do Ministro que superintende a política ambiental relativa às avaliaçõesde impacto ambiental previstas neste artigo deve ser comunicada ao Ministério quesuperintende o sector florestal e ao Ministério que superintende o sector de recursoshídricos.

Artigo 30.ºConservação in situ

A conservação in situ das florestas e da fauna selvagem em áreas deconservação rege-se pelo disposto no Título IV desta lei e seus regulamentos.

Artigo 31.ºConservação ex situ

1. O Estado deve assegurar que, após a realização dos pertinentes estudoscientíficos, sejam criados jardins botânicos, jardins zoológicos, viveiros, estaçõesexperimentais, arboretos e bancos de genes para conservação ex situ de recursosflorestais e faunísticos.

2. Os jardins botânicos, os jardins zoológicos, as estações experimentais e osarboretos integram o domínio público ou podem ser propriedade das pessoascolectivas, públicas, privadas, mistas ou comunitárias, em especial instituições denatureza científica como universidades, que os tenham criado e assegurem a suamanutenção.

3. Os jardins botânicos, os jardins zoológicos, as estações experimentais e osarboretos do domínio público podem ser geridos por organismos da Administraçãocentral ou da Administração local do Estado, nos termos constantes do seu diploma decriação.

4. O Estado ou as autarquias locais podem celebrar com instituições universitárias,públicas ou privadas, ou com associações de defesa do ambiente, nacionais,estrangeiras ou internacionais, contratos de gestão de jardins botânicos, jardinszoológicos, estações experimentais ou arboretos do seu domínio público.

5. Os viveiros podem ser públicos, privados ou comunitários.

6. Os bancos de genes integram o domínio público.

7. Os bancos de genes podem ser geridos por organismos da Administração centralou da Administração local do Estado, e, ainda, por instituições científicas públicas,como universidades, nos termos constantes do seu diploma de criação.

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Secção IIIDa protecção de habitats

Artigo 32.ºEspécies exóticas

1. Cabe ao Estado controlar a introdução de espécies exóticas no ambienteterrestre, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

2. É proibida a introdução no ambiente terrestre de espécies invasoras.

3. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental devem aprovar, por decreto executivo conjunto, as listas de espéciesinvasoras, cuja introdução no ambiente terrestre é proibida nos termos do número 1deste artigo.

4. A introdução de espécies exóticas para florestas de plantação e fazendasagrícolas e de pecuarização de fauna selvagem carece de autorização prévia conjuntado Ministério que superintende o sector florestal e do Ministério que superintende apolítica ambiental, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

5. Quaisquer autorizações concedidas nos termos deste artigo podem ser revogadasno caso de novos conhecimentos científicos assim o aconselharem.

Artigo 33.ºOrganismos geneticamente modificados

1. É proibida a introdução no ambiente terrestre de organismos geneticamentemodificados, salvo no caso de autorização conjunta do Ministro que superintende osector florestal e do Ministro que superintende a política ambiental e nos termos quevierem a ser definidos em regulamento.

2. São proibidos a importação, exportação e trânsito em território nacional deorganismos geneticamente modificados, salvo no caso de autorização conjunta doMinistro que superintende o sector florestal e do Ministro que superintende a políticaambiental, bem como do Ministro que superintende o sector da Saúde.

3. Os procedimentos de autorização referidos nos números 1 e 2 deste artigoobedecem ao princípio do consentimento prévio fundamentado, devendo o interessado

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prestar aos órgãos competentes, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento, toda a informação necessária, incluindo a avaliação de risco, sobre osimpactos positivos e negativos da acção que pretende realizar no ambiente, na saúdehumana e na diversidade biológica.

4. Quaisquer autorizações concedidas nos termos deste artigo podem ser revogadasno caso de novos conhecimentos científicos assim o aconselharem.

5. O Governo deve elaborar, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento,planos de resposta a situações de emergência resultantes da libertação acidental oudolosa no ambiente terrestre de quaisquer organismos geneticamente modificados quepossam ter impactos negativos no ambiente, na saúde humana e na diversidadebiológica.

6. O disposto nos números anteriores não é aplicável aos organismosgeneticamente modificados destinados a alimentação humana e a rações de animais,bem como ao processamento de materiais para fins industriais, que se regem porlegislação especial.

7. Para os efeitos previstos na presente lei e seus regulamentos, considera-seorganismo geneticamente modificado qualquer organismo vivo que possui umacombinação nova de material genético obtida através da biotecnologia moderna, talcomo definida no Protocolo de Cartagena sobre Bio-Segurança.

Artigo 34.ºPoluição de solos

1. É proibida a introdução nos solos de substâncias classificadas como perigosas.

2. O Governo deve aprovar, por decreto, a lista das substâncias classificadas comoperigosas para os efeitos previstos no número 1 deste artigo.

3. A introdução nos solos de substâncias que, embora não estejam incluídas naslistas referidas no número anterior, possam, de qualquer modo, causar danos àprodutividade dos solos, à diversidade biológica, à saúde humana e a águas, estásujeita a autorização prévia conjunta do Ministro que superintende o sector florestal, doMinistro que superintende a política ambiental e do Ministro que superintende o sectordos recursos hídricos, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

4. Nos casos em que é exigida licença ambiental, a autorização referida no númeroanterior deve constar da licença ambiental.

5. O Governo deve aprovar, por decreto, as normas sobre as quantidades limite dassubstâncias referidas no número 3 deste artigo.

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6. Quaisquer autorizações concedidas nos termos deste artigo podem ser revogadasno caso de novos conhecimentos científicos assim o aconselharem.

Artigo 35ºProtecção de águas

1. Na concessão de direitos ou em autorizações de exercício de actividade previstasna presente lei e seus regulamentos, o órgão competente deve verificar se o uso dosrecursos florestais ou faunísticos ou o exercício da actividade vai ter comoconsequência:

a) A contaminação ou perigo de contaminação de águas, em especial pelassubstâncias referidas no artigo 34º;

b) Danos à capacidade de autodepuração dos corpos de água ou de qualquermodo degradem o domínio público hídrico.

2. No caso de se constatar na instrução do pedido do requerente que o uso dosrecursos florestais ou faunísticos ou o exercício de actividade com eles relacionadaterá, ou poderá ter, as consequências referidas no número anterior, os direitoscorrespondentes apenas podem ser concedidos ou o exercício de actividade pode serautorizado após parecer favorável do Ministério que superintende o sector dos recursoshídricos.

Artigo 36.ºDerrubas e desmatamento

1. É proibida a realização de derrubas e desmatamento em terrenos classificadoscomo florestais nos termos desta lei e seus regulamentos e da legislação deordenamento do território.

2. A realização de derrubas ou desmatamento para quaisquer fins, em especialagrícolas e mineiros, carece de autorização prévia do Ministério que superintende osector florestal, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

3. As derrubas ou desmatamento para agricultura realizados por pequenas ou microempresas, incluindo empresas comunitárias, estão sujeitos a um regime de autorizaçãoprévia simplificado, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

4. O disposto neste artigo não é aplicável às derrubas ou desmatamento realizadospara fins agrícolas de subsistência.

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Artigo 37.ºUtilização de fogo e incêndios florestais

1. Não é permitida a realização de queimadas, em especial para abertura decaminhos nas florestas, para caça, para a preparação de terrenos para agricultura epor razões de natureza cultural, salvo nos casos autorizados nos termos da presente leie seus regulamentos.

2. Apenas será autorizado o uso de fogo e queimadas para gestão florestal, defauna selvagem e de áreas de conservação, bem como para agricultura tradicional, nostermos que vierem a ser definidos em regulamento.

3. O Governo deve promover e aprovar planos de prevenção e combate deincêndios florestais.

4. Os planos referidos no número anterior serão elaborados nos termos a definir emregulamento, devendo prever a participação das comunidades locais na prevenção ecombate de incêndios florestais.

5. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem promover a educação dos cidadãos em matéria de prevençãoe combate de incêndios florestais.

Artigo 38.ºRecuperação de áreas degradadas

1. O Estado deve promover a recuperação de áreas degradadas, em especial emresultado de incêndios florestais, de poluição, de catástrofes naturais e da realizaçãode actividades económicas.

2. No caso de degradação causada pela realização de actividades económicas, arecuperação das áreas degradadas é efectuada pelas empresas que exercem taisactividades, nos termos a definir em regulamento.

3. A recuperação de áreas degradadas deve ser incluída nas operaçõesordenamento do território.

4. Deve ser dada prioridade à recuperação de áreas degradadas que:

a) Sejam habitadas por comunidades locais ou rurais;

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b) Incluam ecossistemas em extinção, ameaçados de extinção ou vulneráveis;

c) Sejam adjacentes a águas em cuja qualidade e quantidade a degradação possater impactos negativos;

d) Estejam sujeitas a processos de erosão significativa;

e) Estejam classificadas como áreas de conservação.

5. O Ministério que superintende o sector florestal deve adoptar as medidas deprevenção fitossanitária que se mostrem necessárias nas áreas degradadas, emespecial promovendo a extracção imediata do arvoredo queimado por incêndio florestale procedendo à imediata reflorestação da área queimada.

6. Deve ser promovida a participação dos cidadãos, comunidades locais erurais, associações de defesa do ambiente na recuperação de áreasdegradadas.

Artigo 39.ºRepovoamento florestal

1. O Governo deve assegurar que seja feito o repovoamento florestal de áreasdegradadas ou em que tenham, ou presumivelmente venham a ter, lugar derrubas oudesmatamento para a realização de actividades económicas, em especial deexploração madeireira e energética, agrícola, mineiras e petrolíferas.

2. O Estado deve promover a plantação de árvores e arbustos para fins deconservação, em especial para:

a) A recuperação da cobertura florestal de dunas e de florestas de protecção defontes de água;

b) O fortalecimento ou recuperação da cobertura florestal em sectores sensíveisdas bacias hidrográficas;

c) A recuperação de áreas sujeitas a erosão;

d) A recuperação de zonas verdes e de cinturas florestais em áreas urbanas ouperiurbanas.

3. No caso de exploração madeireira e de combustíveis lenhosos, a obrigação derepovoamento florestal deve constar, se for caso disso, do respectivo título deconcessão, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

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4. No caso de projectos sujeitos a avaliação de impacto ambiental a obrigação derepovoamento florestal deve constar do parecer que finaliza o procedimento deavaliação de impacto ambiental e das pertinentes licenças de exercício de actividadeou títulos de concessão.

5. A obrigação de repovoamento florestal deve ainda constar dos planos, seexigidos, de abandono de sítio quando terminam as actividades económicas quelevaram à realização de derrubas ou desmatamento.

6. O Governo deve adoptar um regime de incentivos para a plantação de florestas,em especial das espécies florestais que venham a ser definidas em regulamento.

7. Deve ser promovida a participação dos cidadãos, comunidades locais e rurais eassociações de defesa do ambiente no repovoamento florestal, em especial na criaçãoe gestão de plantações florestais e de polígonos florestais.

Artigo 40.ºRepovoamento faunístico

1. O Governo deve assegurar que seja feito o repovoamento faunístico de áreas deconservação degradadas ou de áreas em que, em resultado da realização deactividades económicas, as populações das diversas espécies da fauna selvagemterrestre se tenham reduzido, ou se possam vir a reduzir, significativamente.

2. O Governo deve adoptar um regime de incentivos para a pecuarização dasespécies da fauna selvagem que venham a ser definidas em regulamento.

3. Deve ser promovida a participação dos cidadãos, comunidades locais e rurais eassociações de defesa do ambiente no repovoamento faunístico, em especial nacriação e gestão de fazendas de pecuarização.

Capítulo IIIDa investigação científica e tecnológica

Artigo 41.ºObjectivos da investigação científica e tecnológica

1. A utilização e gestão sustentável das florestas e fauna selvagem terrestre, bemcomo as pertinentes medidas de ordenamento, devem basear-sena melhor informação científica disponível.

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2. São, em especial, objectivos da investigação científica e tecnológica sobreflorestas, fauna selvagem e diversidade biológica terrestres:

a) O estudo, identificação, classificação, conservação, acompanhamento eavaliação das espécies e ecossistemas terrestres;

b) A identificação e classificação dos recursos genéticos das florestas e da faunaselvagem;

c) O estudo das relações entre os recursos florestais e faunísticos e os recursoshídricos e solos;

d) O estudo dos impactos ecológicos das actividades previstas na presente lei eseus regulamentos, bem como dos impactos de outras actividades económicas,nas florestas, fauna selvagem, ecossistemas e diversidade biológica terrestres;

e) O estudo dos processos que conduzem à desertificação e à seca e dos métodosadequados para o seu combate;

f) O desenvolvimento da investigação aplicada na silvicultura;

g) A descoberta e desenvolvimento de recursos florestais e faunísticos que sejamsusceptíveis de aproveitamento económico;

h) O desenvolvimento da investigação aplicada para utilização de bensalimentares, medicamentos e matérias-primas de origem florestal e faunísticanacional;

i) O desenvolvimento de tecnologias para aproveitamento industrial de recursosflorestais e faunísticos nacionais, tendo e consideração os impactos sociais,culturais, económicos e ambientais dessas tecnologias;

j) A substituição de combustíveis lenhosos por outras fontes de energia;

k) A fundamentação científica das medidas de ordenamento e de gestãosustentável e integrada dos recursos florestais e faunísticos;

l) O desenvolvimento das capacidades nacionais de investigação.

Artigo 42.ºPrincípios da investigação científica e tecnológica

A investigação científica prevista neste capítulo obedece aos seguintesprincípios:

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a) Da liberdade de investigação;

b) Da precaução;

c) Do respeito pelos direitos de propriedade intelectual e pelos conhecimentostradicionais das comunidades rurais;

d) Da partilha dos benefícios resultantes da investigação científica e tecnológicaprevista nesta lei;

e) Da participação de instituições e/ou cidadãos nacionais nos projectos deinvestigação realizados por instituições estrangeiras ou internacionais ou porcidadãos estrangeiros relativos aos recursos biológicos previstos nesta lei;

f) Do acesso do Estado angolano à informação resultante da investigaçãocientífica sobre recursos florestais e faunísticos colhidos ou capturados emAngola, ou realizada em Angola, sem prejuízo do respeito dos direitos depropriedade intelectual que incidam sobre essa informação;

g) Da cooperação internacional;

h) Do uso para fins pacíficos dos resultados da investigação;

i) Da difusão dos resultados da investigação científica referida neste capítulo,salvo nos casos previsto na lei.

Artigo 43.ºDa inventariação e classificação das espécies e seus habitats

1. O Estado deve promover, em colaboração com instituições científicas nacionais,internacional e estrangeiras, a elaboração dos inventários florestal e faunístico.

2. O Estado deve assegurar a realização de projectos de investigação visando aidentificação e classificação das espécies da flora silvestre e da fauna selvagem, bemcomo dos seus ecossistemas.

Artigo 44.ºDa inventariação de recursos genéticos florestais e da fauna selvagem

1. O Estado deve promover, em colaboração com instituições científicas nacionais,internacional e estrangeiras, a identificação e classificação dos recursos genéticos daflora silvestre e da fauna selvagem, bem como das suas propriedades.

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2. O Estado deve assegurar a realização de projectos de investigação sobre osrecursos genéticos da flora silvestre e da fauna selvagem, bem como sobre os seusecossistemas.

Artigo 45.ºAcompanhamento e avaliação do estado dos recursos

O Estado deve promover o acompanhamento e avaliação do estado deconservação das florestas e fauna selagem, incluindo do número de indivíduos quecompõem as diversas populações e do estado fito e zoo sanitário das diferentesespécies, bem como do estado de conservação de recursos com elas relacionados,incluindo as águas e os solos.

Artigo 46.ºLevantamento e registo de conhecimentos tradicionais

1. O Estado deve, em colaboração com instituições científicas nacionais,internacionais ou estrangeiras, se necessário, promover a recolha dos conhecimentostradicionais das comunidades rurais sobre recursos florestais e faunísticos.

2. O Estado deve promover o registo dos conhecimentos tradicionais, do qualconstará a descrição do conhecimento e suas aplicações e a identificação dacomunidade, ou comunidades, possuidora desses conhecimentos.

3. O Governo deve empreender os estudos necessários à protecção dosconhecimentos tradicionais e à garantia da partilha justa e equitativa dos benefíciosque advenham do seu uso comercial.

4. O Estado deve adoptar, se necessário em colaboração com as organizaçõesinternacionais competentes, medidas no sentido de que qualquer produto ou processoprotegido por um direito de propriedade intelectual em que sejam utilizadosconhecimentos tradicionais faça menção desse uso.

5. Sem prejuízo das competências de instituto público que venha a ser criado para oefeito, o Ministério que superintende o sector florestal deve:

a) Promover a recolha de conhecimentos tradicionais sobre recursos florestais efaunísticos, em especial através dos sistemas de extensão rural e defiscalização florestal;

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b) Promover a formação de todos os seus funcionários que venham adesempenhar as tarefas referidas no número anterior;

c) Criar e gerir base de dados dos conhecimentos recolhidos.

Artigo 47.ºLevantamento de propriedades e aplicações industriais

O Estado deve promover a realização de projectos de investigação científicavisando identificar as propriedades dos recursos florestais e faunísticos e aferir da suasusceptibilidade de aplicação industrial, dando prioridade aos projectos que possam vira ter um impacto significativo a nível local.

Artigo 48.ºFundamentação das medidas de gestão

1. Todas as medidas de ordenamento florestal e faunístico, em especial as medidasde classificação de espécies e ecossistemas como em extinção e ameaçadas deextinção e sujeição aos respectivos regimes, bem como a criação, delimitação eclassificação de áreas de conservação, apenas podem ser adoptadas apósapresentação de relatórios científicos que fundamentem a adopção dessas medidas.

2. Os relatórios científicos referidos neste artigo podem ser elaborados pelasinstituições de investigação do Estado ou estas podem celebrar, com instituiçõescientíficas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, acordos para a realização dessesestudos.

3. Os relatórios científicos referidos neste artigo devem sempre ser avaliados porinstituição científica de reconhecida competência na área a que se refere ainvestigação.

Artigo 49.ºBases de dados

1. O Estado deve promover a criação da base de dados do inventário florestal e dabase de dados do inventário faunístico.

2. Todos os interessados, em especial investigadores científicos, devem ter acessoàs bases de dados referidas no número anterior, sem prejuízo do pagamento de taxade acesso que venha a ser estabelecida nos regulamentos das bases de dados.

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3. O Estado deve ainda promover a ligação de postos de recepção no país a redesde bases de dados similares, em especial as dos sistemas mundiais, regionais esubregionais de informação sobre florestas, fauna selvagem e seus recursos genéticos,bem como sobre a desertificação e a seca, a fim de facilitar o acesso de interessados,em especial investigadores, à informação contida nessas bases de dados.

Artigo 50.ºInformação do público

O Estado deve promover, sem prejuízo dos direitos dos autores e da classificaçãolegal de informação como confidencial, a publicação dos estudos sobre os recursosflorestas e fauna selvagem, bem como sobre a diversidade biológica, que tenham aqualidade científica considerada adequada.

Artigo 51.ºEducação e formação profissional

Para os fins previstos neste capítulo, o Estado deve promover a formaçãoprofissional adequada de todos os trabalhadores que realizam actividades deinvestigação científica ou que prestem serviços em instituições de investigaçãocientífica.

Artigo 52.ºCooperação internacional

O Estado deve envidar todos os esforços para que as instituições e cidadãosangolanos beneficiem das medidas de assistência internacional à educação e formaçãocientíficas e para criação de capacidades científicas, em especial mediante:

a) Facilitação do acesso à informação sobre os recursos florestais e faunísticos ediversidade biológica, incluindo a participação em conferências científicas deespecialidade;

b) Participação em projectos de investigação realizados por instituições científicasestrangeiras ou internacionais;

c) Reforço dos equipamentos de investigação instalados;

d) Transferência de tecnologias relacionadas com a conservação e uso sustentávelde recursos florestais e faunísticos.

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TÍTULO IIDa Gestão Sustentável das Florestas

Capítulo IDisposições Gerais

Artigo 53.ºFinalidades

Para além das finalidades previstas nos artigos 4º e 13º, são objectivos dasmedidas de gestão:

a) Assegurar a conservação das florestas e seus ecossistemas;

b) Assegurar a exploração sustentável e óptima dos recursos florestais, emespecial o equilíbrio no longo prazo entre os recursos disponíveis e a suaprocura;

c) Contribuir para o combate à desertificação e à seca, em especial pelarecuperação de terras degradadas;

d) Assegurar a contribuição dos recursos florestais nacionais para a satisfaçãocontínua e suficiente das necessidades dos cidadãos, em especial em matériade alimentação, saúde, energia, construção, mobiliário, artesanato, lazer,educação e formação e investigação científica;

e) Assegurar a contribuição dos recursos florestais para o abastecimento daindústria nacional em produtos florestais e a geração de emprego nestasindústrias e nas actividades de exploração florestal;

f) Contribuir para o desenvolvimento rural mediante a integração nas actividadesde exploração florestal das empresas comunitárias e familiares, bem como deoutras pequenas e micro empresas;

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g) Promover a integração das comunidades rurais na economia formal, com vista aassegurar o seu próprio desenvolvimento e a aumentar a sua contribuição parao desenvolvimento económico e social do País;

h) Assegurar a coordenação institucional em matéria de protecção do ambiente ede gestão de recursos naturais, em especial a compatibilização das medidas deordenamento florestal com as medidas de ordenamento do território e de gestãode solos e de águas;

i) Assegurar a exploração responsável dos recursos florestais;

j) Contribuir para o controlo das exportações de produtos florestais;

k) Assegurar a participação de todos os interessados, em especial as comunidadeslocais, na gestão sustentável dos recursos florestais e na sustentável dasflorestas e dos recursos genéticos florestais;

l) Partilha justa e equitativa dos benefícios que advêm da gestão sustentável e daexploração desses recursos.

Artigo 54.ºPrincípios de gestão sustentável das florestas

e dos recursos genéticos florestais

Para além dos princípios gerais previstos no artigo 5º desta lei, são princípiosespecíficos de gestão das florestas:

a) As actividades relativas a recursos florestais realizam-se no âmbito do ordenamentoflorestal;

b) O ordenamento e gestão dos recursos florestais devem assegurar simultaneamentea justiça social, o bem-estar e participação dos cidadãos, o desenvolvimento daeconomia nacional e a conservação dos recursos e ecossistemas florestais nolongo prazo;

c) As florestas devem ser mantidas em níveis ecologicamente viáveis que asseguremo equilíbrio de longo prazo entre a oferta e a procura de recursos florestais;

d) A exploração florestal deve ser gerida de modo a limitar os seus impactos negativosnos ecossistemas no longo prazo, em especial sendo assegurada a preservação ourecuperação de habitats das espécies colhidas ou cortadas e de espéciesassociadas ou dependentes;

e) As relações entre as espécies colhidas ou cortadas e as espécies associadas oudelas dependentes devem ser preservadas;

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f) As medidas de gestão dos recursos florestais devem fundamentar-se na informaçãocientífica disponível;

g) Sempre que o conhecimento científico sobre florestas e seus ecossistemas forincompleto, em especial sobre as consequências de uma determinada acção ouomissão relativa à gestão de recursos florestais, devem ser tomadas as medidaspreventivas adequadas;

h) As medidas de gestão de recursos florestais devem ter em consideração asmedidas de protecção do ambiente e de gestão de outros recursos naturais, emespecial a compatibilização entre o ordenamento florestal e o ordenamento doterritório;

i) A gestão dos recursos florestais deve ser realizadas compatibilizando asactividades económicas a jusante e a montante, de modo a prevenir situações decriação de capacidades de transformação de produtos florestais incompatíveis coma manutenção no longo prazo das florestas;

j) A gestão dos recursos florestais deve ser realizada mediante a criação ouresponsável reforço da coordenação entre todas as instituições competentes emmatéria de gestão ambiental e dos recursos naturais, em especial no que respeitaao planeamento e à atribuição ou reconhecimento de direitos sobre recursosflorestais, direitos fundiários e direitos sobre recursos hídricos;

No caso de florestas partilhadas devem ser criados mecanismos que assegurem acoordenação das medidas de gestão com as dos países limítrofes interessados;

Devem ser estabelecidos mecanismos que asseguram a exploração dos recursosflorestais, por:

a) Promoção da adopção de códigos de conduta pelos exploradores florestais;

b) Promoção e implementação de incentivos para a exploração florestalresponsável;

c) Implementação progressiva do regime de certificação de florestas;

d) Reforço da fiscalização e participação das comunidades na fiscalização;

e) A gestão sustentável das florestas deve ser realizada com a participação detodos os interessados.

Artigo 55.º

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Tipos de florestas

1. Para efeitos de atribuição de competências de tutela, superintendência e degestão de recursos florestais, as florestas podem ser:

Nacionais;

Provinciais;

Municipais.

2. As florestas podem ainda ser classificadas como transfronteiriças quando seestendam para países limítrofes e estejam sujeitas a um regime de gestão especial derecursos partilhados, a ser aprovado pelo Governo por decreto.

3. As florestas de plantação podem, segundo a sua forma de propriedade, ser:

Públicas;

Privadas;

Cooperativas;

Comunitárias.

4. Para efeitos de aplicação dos regimes relativos à sua exploração, as florestas deprodução são classificadas, segundo os tipos da sua exploração em:

Florestas para exploração madeireira;

Florestas energéticas;

Florestas de produção não madeireira.

5. As florestas para fins especiais visam, nomeadamente:

A conservação de espaços verdes em áreas urbanas ou urbanizadas;

A conservação de paisagens de valor estético;

A protecção de valores culturais, incluindo históricos, nacionais e locais;

A protecção de objectos e locais estratégicos de interesse económico ou militar.

6. Cabe ao Governo a classificação das florestas, sob proposta do Ministro quesuperintende o sector florestal tendo em consideração o inventário florestal e os planosterritoriais, e após parecer do Ministro que superintende a política ambiental.

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Artigo 56.ºFlorestas de conservação

1. O Estado deve assegurar, após a realização dos pertinentes estudos científicos,que sejam definidas áreas de florestas de conservação.

2. As florestas de conservação visam, em especial:

a) A conservação da diversidade biológica e a protecção de fontes dearmazenamento de água;

b) A protecção de bacias hidrográficas e de recursos hídricos, em especial aprotecção de nascentes e margens de cursos de água e de lagos, lagoas,albufeiras e barragens;

c) A protecção de solos, a protecção dos ventos e contra a movimentação deareias, em especial a protecção de terrenos agrícolas e de pastagem, e aprotecção de vias de comunicação, em especial estradas.

3. As florestas de conservação podem ser naturais ou plantadas.

4. As florestas de conservação incluem, em especial:

a) As florestas de ecossistemas frágeis;

b) As florestas dotadas de grande diversidade biológica;

c) As florestas de protecção de bacias hidrográficas;

d) As florestas de montanha;

e) Os ecossistemas de terras húmidas protegidas internacionalmente e aquelasque vierem a ser definidas como áreas de conservação em legislação nacional;

f) Os mangais;

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g) As florestas das cinturas verdes de zonas urbanas ou periurbanas.

5. As florestas de conservação serão integradas nas áreas de conservação previstasno Título IV ou, no caso de se destinarem a exploração madeireira, no regime deflorestas certificadas que se refere o artigo 61º.

6. São desde já classificadas como áreas de conservação, cabendo ao Governodeterminar, por decreto, em que tipo de área de conservação se integram:

a) As florestas de montanha;

b) Os mangais;

c) As florestas de cinturas verdes de zonas urbanas ou periurbanas.

7. As florestas de conservação integradas em áreas de conservação são reguladaspelo disposto no Título IV da presente lei e seus regulamentos.

8. As florestas de conservação em exploração para produção madeireira devem serprogressivamente integradas no regime de florestas certificadas.

Artigo 57.ºFlorestas de fins especiais

As florestas de fins especiais podem vir a ser integradas nas áreas deconservação previstas no Título IV da presente lei e nos seus regulamentos.

Artigo 58.ºOrdenamento florestal

O uso e gestão dos recursos florestais, incluindo a concessão ou reconhecimentode direitos sobre recursos do domínio público do Estado ou das autarquias locais,devem obedecer ao que vier estabelecido nas medidas de ordenamento florestalprevistas na presente lei e seus regulamentos e na legislação sobre ordenamento doterritório e gestão de recursos hídricos.

Artigo 59.ºRegimes de autorização prévia

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A realização de actividades económicas relacionadas com o uso de recursosflorestais está sujeita a controlo pelos organismos competentes do Estado segundoregimes de contrato de concessão, declaração prévia e licença de exercício deactividades, nos termos definidos nesta lei e seus regulamentos.

Artigo 60.ºAvaliação de impacte ambiental

No caso de projectos de exploração florestal de grande dimensão que tenhamimplicações significativas na sustentabilidade dos recursos florestais, nos seusecossistemas ou na sua diversidade biológica, bem como nos interesses dascomunidades locais, não serão celebrados os contratos ou emitidos quaisquer títulosprevistos nesta lei sem que seja previamente realizada, pelo organismo competente doEstado, avaliação de impacto ambiental nos termos da legislação em vigor e desta lei eseus regulamentos.

Artigo 61.ºCertificação de florestas em exploração

O Ministério que superintende o sector florestal deve promover a progressivainserção das florestas naturais ou plantadas em exploração, ou destinadas aexploração, no regime de certificação de gestão sustentável de florestas, sendoprioritária a integração neste regime das florestas de conservação em, ou destinadas a,exploração.

O regime especial de florestas certificadas é estabelecido em regulamento.

Para efeitos de integração de florestas no regime de florestas certificadas, oMinistério que superintende o sector florestal deve promover a realização de auditoriasde gestão sustentável de florestas naturais ou plantadas em exploração, nos termos adefinir em regulamento.

Artigo 62.ºSistemas de registo de direitos sobre recursos florestais

O Ministério que superintende o sector florestal deve organizar o cadastro florestalbem como, sem prejuízo de outros registos exigidos, o registo dos direitos relativos arecursos florestais, quer sob concessão quer sob certificado de floresta de plantação.

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Artigo 63.ºObrigações do Governo

São obrigações do Governo no domínio dos recursos florestais:

a) Assegurar o uso sustentável e a gestão integrada dos recursos florestais;

b) Assegurar a coordenação institucional, em especial no que respeita àcompatibilidade das medidas de gestão de recursos florestais com as medidasde ordenamento do território e de gestão de recursos hídricos, bem como com oexercício de actividades económicas com impactos na sustentabilidade dosrecursos;

c) Assegurar a adopção de medidas de ordenamento florestal e de ordenamentodo território com elas relacionadas e garantir a sua execução;

d) Aprovar os planos florestais nacionais e os programas de acção nacional decombate à desertificação;

e) Assegurar que seja realizada a inventariação e classificação do patrimónioflorestal e genético e a avaliação periódica do estado destes recursos;

f) Aprovar os relatórios de execução dos planos florestais nacionais e os relatóriossobre o estado das florestas e promover a divulgação destes;

g) Assegurar a contingentação das espécies florestais que podem ser colhidas oucortadas em cada período;

h) Adoptar as medidas de incentivo à criação de florestas de plantação e àplantação de árvores com vista a aumentar as áreas de cobertura florestal;

i) Promover a adopção de tecnologias que assegurem a melhor utilização possíveldos recursos florestais;

j) Assegurar o financiamento do sistema de conservação e gestão de florestas;

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k) Prevenir os riscos de a sustentabilidade dos recursos florestais e da diversidadebiológica ser prejudicada por excesso de colheita ou corte ou por degradação dehabitats;

l) Assegurar a fiscalização das actividades económicas relativas a recursosflorestais;

m) Assegurar a participação dos cidadãos na preparação das decisões sobreflorestas;

n) Assegurar a cooperação com outros Estados na protecção dos recursosflorestais, em especial no que respeita à gestão conjunta de recursos partilhadose à compatibilização das medidas de conservação e ordenamento a nívelnacional com as medidas tomadas por outros Estados ou organizaçõessubregionais, regionais e/ou mundiais;

o) Assegurar a cooperação com outros estados na prevenção, fiscalização erepressão de actividades ilícitas, em especial o comércio ilegal de madeiras e derecursos fitogenéticos.

Capítulo IIDo ordenamento florestal

Artigo 64.ºFinalidades do ordenamento

O ordenamento florestal visa a prossecução das finalidades e a realização dosprincípios estabelecidos na presente lei e seus regulamentos, em especial a produçãosustentável dos bens e serviços florestais que não ponha em risco o valor intrínsecodas florestas, não comprometa a sua produtividade no longo prazo e não tenhaimpactos negativos significativos no ambiente físico e social.

Artigo 65.ºPrincípios do ordenamento florestal

O ordenamento florestal rege-se pelos princípios estabelecidos nos artigos 5º e54º da presente lei.

Artigo 66.ºMedidas de ordenamento florestal

São medidas de ordenamento florestal:

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a) A classificação das florestas e dos recursos florestais nos termos dos artigos 6º,15º a 19º e 55º a 57º;

b) A elaboração e execução de planos florestais nacionais e de planos de gestãopor espécie e por ecossistema;

c) A elaboração e execução de planos de repovoamento florestal e dedesenvolvimento das florestas de plantação;

d) A elaboração e execução de programas nacionais de combate à desertificação eseca;

e) A elaboração das listas dos ecossistemas e espécies terrestres em extinção,ameaçados de extinção ou vulneráveis, bem como a execução das medidasnecessárias à sua regeneração;

f) A definição dos critérios e indicadores para integração de florestas no regime deflorestas certificadas;

g) A determinação dos períodos de repouso vegetativo;

h) A definição dos tamanhos das diferentes espécies que podem ser colhidas oucortadas;

i) A contingentação das espécies florestais que podem ser exploradas e a suadesagregação por províncias;

j) A definição dos métodos e tecnologias a serem utilizados nas actividadesrelativas a recursos florestais, em especial na exploração florestal;

k) A definição dos padrões a que devem obedecer os produtos florestais lenhosose não lenhosos;

l) A concessão ou reconhecimento de direitos relativos a recursos florestais dodomínio público;

m) As medidas de incentivo às actividades de povoamento e repovoamentoflorestal, bem como de conservação ex situ de recursos florestais;

n) As medidas de incentivo às empresas angolanas que se dediquem à exploraçãoflorestal sustentável e à prossecução de outros objectivos previstos na presentelei;

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o) Os planos de emergência para fazer face a situações imprevistas que ponhamem perigo os recursos florestais, em especial de combate a fogos e incêndiosflorestais;

p) A promoção da formação profissional dos diversos intervenientes nasactividades relativas a recursos florestais;

q) A definição de regras de segurança e higiene no trabalho específicas do sectorflorestal;

r) O acompanhamento e avaliação do estado dos recursos florestais;

s) As medidas de investigação científica de base e aplicada sobre os recursosflorestais e seus ecossistemas;

t) A divulgação de tecnologias apropriadas, bem como as medidas de incentivopara a sua aplicação, com vista a assegurar o uso sustentável dos recursosflorestais;

u) A promoção de formas de concertação social, em especial com os exploradoresde recursos florestais, os utilizadores de produtos florestais, as associaçõesprofissionais e de defesa do ambiente interessadas, bem como as organizaçõescomunitárias, com vista a assegurar a realização dos objectivos doordenamento.

Artigo 67.ºPlanos florestais

1. Os planos florestais são de nível nacional e são desagregados em planosprovinciais ou municipais.

2. Os planos florestais incluem os planos faunísticos referidos nos artigos 133º e134º.

3. Os planos florestais nacionais são aprovados pelo Governo.

4. Os planos florestais têm a duração de cinco anos.

5. Os planos florestais podem ser desagregados em planos de gestão por espécie,em especial espécies ou ecossistemas em extinção, ameaçados de extinção ouvulneráveis, ou em planos de gestão de certas áreas degradadas ou de ecossistemasvulneráveis.

6. Os planos florestais são elaborados e executados pelo Ministério quesuperintende o sector florestal.

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7. Os titulares de direitos de exploração florestal elaboram e executam planos deexploração florestal e os titulares de direitos de exploração de coutadas ou fazendas depecuarização elaboram e executam planos de exploração faunística.

8. O Estado deve prestar assistência técnica, às comunidades rurais e pequenas emicro empresas que exerçam direitos de exploração florestal ou que administremcoutadas ou fazendas de pecuarização, para a elaboração do plano de exploraçãoflorestal ou do plano de exploração faunística, conforme os casos, bem como para asua execução e para apresentação do respectivo relatório anual.

9. No caso de planos de gestão das espécies e ecossistemas previstos no número 2deste artigo, quaisquer pessoas singulares ou colectivas interessadas, em especialinstituições científicas e associações de defesa do ambiente, podem apresentar aoMinistério que superintende o sector florestal um projecto de plano, para aprovação poreste.

Artigo 68.ºConteúdo dos planos florestais

Os planos florestais têm o conteúdo que vier a ser definido em regulamento,devendo incluir, em especial:

a) A superfície, incluindo em percentagem, do território, coberta pelos diversostipos de florestas;

b) A superfície, incluindo em percentagem, do território que será afectada aflorestas de produção naturais e de plantação, com a discriminação das áreasocupadas por florestas certificadas;

c) As áreas de florestas afectadas, ou que serão afectadas, a usos não florestaispermanentes, por cada tipo de florestas;

d) A superfície de florestas, incluindo em percentagem do território nacional, queestará sob o regime de áreas de conservação;

e) A superfície de florestas destinadas essencialmente à protecção de solos e deáguas;

f) A superfície de florestas sob exploração para as quais está definido o valor eprotecção das bacias (hidrográficas) de recepção;

g) As áreas destruídas em resultado de actividades humanas que serão objecto demedidas de recuperação;

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h) As áreas do território sujeitas a processos de seca;

i) As áreas de florestas destruídas por causas naturais que serão objecto demedidas de recuperação;

j) Os processos de prevenção e controlo de fogos e incêndios florestais, depastagem e de controlo da exploração ilegal de produtos florestais que serãoadoptados;

k) As medidas de quarentena e fitossanitárias que serão adoptadas;

l) As medidas de prevenção de introdução de espécies exóticas e espéciesinvasoras, bem como de organismos geneticamente modificados potencialmentenocivos;

m) As medidas relativas à utilização de produtos químicos nas florestas;

n) A superfície de florestas que irão ser inventariadas ou objecto de prospecção;

o) As áreas de florestas abrangidas por planos florestais e planos de exploraçãoflorestal;

p) A previsão das quantidades e valor de produção madeireira e não madeireira;

q) A previsão das quantidades e valor das exportações de produtos florestais,madeireiros e não madeireiros;

r) A previsão das quantidades e valor de produtos florestais para abastecimentodas indústrias nacionais de transformação de produtos florestais madeireiros enão madeireiros;

s) As espécies florestais em extinção, ameaçadas de extinção, ou vulneráveis,raras ou endémicas;

t) As áreas da floresta original ocupadas pelas espécies referidas na alíneaanterior;

u) O número de empregos directos e indirectos no sector florestal.

Artigo 69.ºElaboração dos planos florestais

1. Os planos florestais devem ser elaborados com base nos dados dos inventáriosflorestal e faunístico e, ainda, na melhor informação científica disponível.

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2. Na elaboração dos planos florestais devem ser tidas em consideração, emespecial:

a) As Principais Opções do Ordenamento do Território Nacional;

b) As estratégias e políticas aprovadas pelos órgãos competentes do Estado, emespecial as relativas à erradicação da pobreza, à conservação da diversidadebiológica, das florestas e da fauna selvagem e às águas;

c) O Programa Nacional de Combate à Desertificação e Seca;

d) As recomendações do Conselho Técnico do Ministério que superintende osector florestal;

e) As recomendações do Conselho Nacional da Protecção das Florestas e daFauna Selvagem;

f) As recomendações constantes dos relatórios científicos referidos no artigo 14º;

g) As informações resultantes de procedimentos de avaliação de impactoambiental;

h) As informações e pareceres emitidos, no âmbito da cooperação institucional, pororganismos da Administração central e local do Estado, bem como porinstituições científicas estaduais;

i) As opiniões emitidas por associações de defesa do ambiente, associações dedefesa de interesses profissionais, sindicatos do sector florestal ou dasindústrias de transformação de produtos florestais e por comunidades locais erurais;

j) As recomendações e informações de natureza técnico-científica que sejamcomunicadas no âmbito da cooperação internacional, em especial regional esubregional quanto a recursos partilhados;

k) As recomendações de eventos de natureza científica promovidos pelo Ministérioque superintende o sector florestal ou em que este participe.

3. Os planos florestais devem basear-se nos critérios e indicadores de ordenamentosustentável de florestas que vierem a ser estabelecidos em regulamento.

4. Os métodos de elaboração dos inventários florestal e faunístico são definidos emregulamento.

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Artigo 70.ºCoordenação com outros planos

1. A elaboração dos planos florestais é um processo de gestão integrada, pelo quedeve ser assegurada, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento, acoordenação destes planos com, em especial:

a) Os planos territoriais, em especial os planos de ordenamento rural;

b) Os planos gerais de desenvolvimento e utilização dos recursos hídricos dasbacias hidrográficas;

c) O Programa Nacional de Gestão Ambiental.

2. O Ministério que superintende o sector florestal deve ser ouvido quando daelaboração dos planos territoriais.

3. Os projectos de planos florestais devem ser submetidos, nos termos que vierem aser definidos em regulamento, a parecer do Ministério que superintende o ordenamentodo território, do Ministério que superintende a política ambiental, do Ministério quesuperintende a administração do território e do Ministério que superintende o sector daságuas.

Artigo 71.ºConsultas obrigatórias

1. O projecto de plano florestal deve ser submetido à apreciação do ConselhoConsultivo do Ministério que superintende o sector florestal.

2. Antes da sua apresentação ao Conselho de Ministros o projecto de plano florestaldeve ser submetido à apreciação, para parecer, do Conselho Nacional de Protecçãodas Florestas e Fauna Selvagem.

Artigo 72.ºPublicidade dos planos florestais

1. Deve ser dada ampla publicidade aos planos florestais, em especial empublicações promovidas pelo Ministério que superintende o sector florestal.

2. Qualquer interessado tem direito à informação tanto de conteúdo como dealterações dos planos florestais, podendo consultar os planos, obter cópias e requerera passagem de certidões de peças documentais dos planos.

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Artigo 73.ºAlteração dos planos florestais

Os planos florestais podem ser alterados durante a sua vigência pelo Governo, eapós terem sido ouvidas as entidades com direitos de consulta obrigatória sempre quenovos dados científicos ou factores de natureza económica ou social assim o exijam.

Artigo 74.ºRelatório de execução dos planos florestais

O Ministério que superintende o sector florestal deve apresentar anualmente aoGoverno o relatório de execução do plano florestal em vigor e de outras medidas deordenamento florestal.

Artigo 75.ºAcesso à informação sobre planos florestais

1. Os particulares têm direito à informação sobre o conteúdo dos planos florestais efaunísticos e dos programas nacionais de combate à desertificação, tanto na fase dasua elaboração como da sua execução, bem como à informação sobre as alteraçõesdestes planos e programas.

2. Os particulares podem consultar os planos florestais e faunísticos e o programanacional de combate à desertificação e obter a passagem de certidões de peçasdocumentais destes planos e programas.

Capítulo IIIDa promoção do combate à desertificação e à seca

Artigo 76.ºObjectivos e medidas de combate à desertificação e à seca

1. O Governo deve adoptar estratégias de longo prazo e programas nacionais decombate à desertificação e de mitigação dos efeitos de secas.

2. As estratégias de combate à desertificação visam:

a) A prevenção e/ou redução da degradação de terras;

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b) A recuperação de terras, águas e florestas degradadas;

c) A erradicação da pobreza e a garantia de segurança alimentar.

3. O combate à desertificação e seca rege-se pelos princípios estabelecidos nosartigos 5º e 54º da presente lei e, em especial, pelos princípios:

a) Da prevenção;

b) Da precaução;

c) Da gestão integrada;

d) Da cooperação institucional;

e) Da participação;

f) Da cooperação internacional.

4. As estratégias de combate à desertificação compreendem medidas integradas de:

a) Aumento da produtividade dos solos;

b) Reabilitação, conservação e gestão integrada dos recursos florestais efaunísticos terrestres, dos solos e dos recursos hídricos;

c) Melhoria das condições de vida das comunidades locais e rurais, erradicação dapobreza e aumento da participação dos interessados na definição e execuçãodas medidas de combate à desertificação e à seca;

d) Reforço das capacidades institucionais.

5. Cabe ao Governo criar, por decreto, um órgão nacional de coordenação dasmedidas de combate à desertificação e à seca.

6. A composição e funcionamento do órgão referido no número anterior sãoestabelecidos por regulamento a aprovar pelo Governo.

7. O órgão referido no número anterior deve integrar representantes do Ministérioque superintende o sector florestal, do Ministério que superintende a política ambiental,do Ministério que superintende o sector das águas e do Ministério que superintende aadministração do território.

Artigo 77.ºConteúdo dos programas nacionais

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Os programas nacionais de combate à desertificação e seca terão o conteúdo quevier a ser definido em regulamento, devendo incluir, em especial:

a) A definição das competências dos diversos órgãos da Administração central elocal do Estado, em especial dos serviços de extensão rural, na prevenção ecombate à desertificação e à seca;

b) A especificação das responsabilidades de empresas, comunidades locais eutilizadores de terras na prevenção e combate à desertificação e à seca;

c) As medidas destinadas à conservação dos recursos naturais;

d) As medidas de recuperação de terras degradadas, em especial através demedidas de povoamento e repovoamento florestal;

e) As medidas de prevenção de degradação de terras, em especial quanto a terrasque se encontrem na fase inicial de um processo de degradação;

f) As medidas de prevenção de secas, tendo em consideração as previsõesclimáticas sazonais e interanuais;

g) As medidas de criação e reforço de sistemas de segurança alimentar incluindoinstalações de armazenamento, em especial nas zonas rurais mais vulneráveis asecas;

h) Os projectos para criação de fontes alternativas de rendimentos nas zonas maisvulneráveis a secas;

i) Os programas de irrigação sustentáveis destinados ao apoio à agricultura,silvicultura e à pecuária;

j) As medidas de promoção de práticas agrícolas sustentáveis;

k) Os projectos visando o desenvolvimento e uso eficiente de fontes de energiadiversificadas, em especial renováveis;

l) As medidas de implementação de sistemas de alerta rápido, a nível local enacional, de variações climáticas adversas e de situações de seca;

m) As medidas de reforço da capacidade de avaliação e observação sistemáticados fenómenos da desertificação, seca e alterações por parte organismos daAdministração central e local do Estado competentes;

n) As medidas de recolha da informação necessária à avaliação da degradação deterras;

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o) As medidas de promoção da investigação científica e de melhoria dascapacidades nacionais de investigação nos domínios da desertificação, seca ealterações climáticas;

p) Os recursos humanos, materiais e financeiros afectados ao combate àdesertificação e à seca, incluindo os provenientes da cooperação internacional;

q) As medidas de formação profissional nas diferentes áreas relacionadas com ocombate à desertificação e seca;

r) As medidas de educação e sensibilização do público para as questõesrelacionadas com a prevenção e combate à desertificação e à seca.

Artigo 78.ºElaboração dos programas nacionais

1. Os programas nacionais são elaborados pelo Ministério que superintende o sectorflorestal, pelo Ministério que superintende a política ambiental e pelo Ministério quesuperintende o sector das águas.

2. A elaboração dos programas nacionais deve basear-se em:

a) As informações constantes dos relatórios científicos referidos no artigo 14º, emespecial os estudos de identificação dos factores que contribuem para adesertificação e/ou seca e de avaliação dos efeitos da seca;

b) A Estratégia Nacional de Combate à Pobreza;

c) A Estratégia Nacional de Conservação da Diversidade Biológica;

d) A Política Nacional de Florestas;

e) A Política Nacional de Águas;

f) As recomendações dos conselhos técnicos dos ministérios referidos no número1 deste artigo;

g) As informações e pareceres emitidos, no âmbito da cooperação institucional, pororganismos da Administração central e local do Estado, bem como porinstituições científicas estaduais;

h) As opiniões emitidas por instituições científicas, nacionais, estrangeiras ouinternacionais, associações de defesa do ambiente, associações de defesa deinteresses profissionais ou locais, associações de utentes da terra e de águas epor

i) comunidades locais ou rurais;

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j) As recomendações do Conselho Nacional de Protecção das florestas e FaunaSelvagem;

k) As recomendações e informações de natureza técnico-científica que sejamcomunicadas no âmbito de cooperação internacional.

Artigo 79.ºCoordenação com planos relacionados

Deve ser assegurada, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento, acompatibilização dos programas nacionais de combate à desertificação e seca com, emespecial:

a) Os planos territoriais, em especial os planos de ordenamento rural;

b) Os planos gerais de desenvolvimento e utilização dos recursos hídricos dasbacias hidrográficas;

c) Os planos florestais;

d) O Programa Nacional de Gestão Ambiental.

Artigo 80.ºConsultas obrigatórias

1. As medidas incluídas nos programas nacionais devem ser previamente objecto deconsultas públicas a nível nacional e local, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

2. O projecto de programa nacional deve ser submetido à apreciação de:

a) Os conselhos técnicos do Ministério que superintende o sector florestal, doMinistério que superintende a política ambiental, do Ministério que superintendeo sector das águas e do Ministério que superintende a administração doterritório;

b) Os governos provinciais;

c) Conselho Nacional de Protecção das Florestas e Fauna Selvagem.

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Artigo 81.ºAprovação dos programas nacionais

1. Os programas nacionais têm a duração de cinco anos e são aprovados peloGoverno.

2. Deve ser dada ampla publicidade ao Programa Nacional.

Artigo 82.ºAvaliação e alteração do programa nacional

1. O órgão previsto no número 5 do artigo 76º deve realizar o acompanhamento e aavaliação da execução do programa nacional, de acordo com os critérios e indicadoresque vierem a ser estabelecidos em regulamento.

2. As comunidades locais e rurais devem participar no acompanhamento daexecução do programa nacional.

3. O órgão referido no número 1 deste artigo deve apresentar anualmente aoGoverno o relatório de execução do programa nacional de combate à desertificação eseca.

4. O programa nacional pode ser alterado durante a sua vigência pelo Governo,após terem sido ouvidas as entidades com direitos de consulta obrigatória, sempre quenovos dados científicos ou factores de natureza económica ou social assim o exijam.

Capítulo IVDos direitos sobre recursos florestais

Artigo 83.ºFinalidades do uso dos recursos florestais

O uso de recursos florestais tem os objectivos previstos no artigo 53º e, em especial:

a) Contribuir para a segurança alimentar e para a satisfação das necessidadesbásicas dos cidadãos;

b) o Contribuir para o desenvolvimento económico e social do país, em especialdas zonas rurais, pela geração de emprego e de rendimentos;

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c) Contribuir para o desenvolvimento da indústria transformadora nacional;

d) Assegurar a utilização óptima e sustentável dos recursos florestais.

Artigo 84.ºDireitos sobre recursos florestais propriedade do Estado

1. Os direitos sobre os recursos florestais do domínio público são os seguintes:

Direito de uso de subsistência;

Direito de uso e fruição comunitários;

Direito de uso para fins especiais;

Direito de exploração florestal.

2. Os titulares dos direitos previstos neste artigo são os proprietários dos produtosflorestais obtidos no exercício destes direitos.

3. Os direitos sobre recursos genéticos florestais são regulados por lei especial.

Artigo 85.ºDireito de uso de subsistência

2. As pessoas singulares têm direito de uso de subsistência de recursos florestaisdestinados ao seu consumo e de suas famílias.

3. O direito de uso de subsistência integra os direitos de abate e colheita nosterrenos rurais para fins alimentares, medicinais, de habitação, energéticos e culturais.

4. Considera-se uso de subsistência o abate de árvores destinado à realização detrabalhos de artesanato por residentes na localidade onde se encontram os recursosflorestais.

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5. Sem prejuízo das disposições relativas ao ordenamento florestal e ao regime deáreas de conservação, o uso de subsistência não está sujeito a qualquer autorizaçãoprévia e é gratuito.

6. Os titulares do direito de uso de subsistência estão sujeitos às obrigaçõesprevistas no número 3 do artigo 10º, devendo, em especial, cumprir as normas sobreprotecção de espécies, ecossistemas e diversidade biológica.

Artigo 86.ºDireito de uso e fruição comunitário

1. O direito de uso e fruição comunitário, estabelecido no artigo 11º da presente lei,de comunidades rurais titulares do domínio útil consuetudinário nos termos da Lei deTerras, inclui os direitos de corte e colheita de recursos florestais para fins alimentares,medicinais, de habitação, energéticos e culturais, em especial de criação deartesanato, dos membros da comunidade, nos termos definidos nesta lei e seusregulamentos e nas normas consuetudinárias da comunidade em causa.

2. O direito de uso e fruição comunitário integra ainda o direito de exploraçãoflorestal nos termos estabelecidos nos artigos 101º e 111º.

3. Os titulares do direito de uso e fruição comunitário têm as obrigações previstas nonúmero 4 do artigo 9º e, no caso de exploração florestal, no artigo 102º.

4. O direito de uso e fruição comunitário compreende todos os recursos florestaisexistentes nos terrenos comunitários.

5. O exercício do direito de uso e fruição comunitário não está sujeito a qualquerautorização prévia, salvo no caso dos planos de exploração florestal previstos no artigo103º.

6. O uso e fruição comunitários são gratuitos.

7. Sem prejuízo do regime de exploração florestal, o direito de uso e fruiçãocomunitário tem a duração do domínio útil consuetudinário e é intransmissível,imprescritível e impenhorável.

8. No caso de desafectação do domínio útil consuetudinário ou de expropriação porutilidade pública de terrenos comunitários, o direito de uso e fruição comunitárioextingue-se, tendo a comunidade em causa tem o direito à atribuição de indemnização,

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que incluirá a entrega de terrenos dotados de cobertura vegetal idêntica ou semelhanteà dos terrenos desafectados ou expropriados.

9. Cabe ao Ministério que superintende o sector florestal proceder oficiosamente aocadastro das áreas sob o regime de uso e fruição comunitários.

Artigo 87.ºDireito de exploração florestal

1. O direito de exploração florestal integra os direitos de uso e fruição para finslucrativos de recursos florestais do domínio público, de recursos florestais sob uso efruição comunitário ou resultantes do exercício da actividade de plantação de florestas.

2. A exploração florestal pode ser madeireira e não madeireira.

3. A exploração não madeireira inclui, em especial, a apicultura e a colheita ou cortepara fins de:

a) Produção de carvão ou de outros biocombustíveis;

b) Abastecimento de matérias-primas principais ou subsidiárias para as indústriastransformadoras, em especial alimentar, farmacêutica e química.

4. A exploração florestal de recursos do domínio público obedece ao disposto nosartigos 89º e seguintes.

5. A exploração florestal de recursos integrados no domínio útil consuetudináriorege-se pelo disposto nos artigos 101º e seguintes e 110º e seguintes.

6. A exploração privada ou cooperativa de florestas de plantação rege-se pelodisposto nos artigos 110º e seguintes.

7. Sem prejuízo dos regimes especiais referidos nos números 4, 5 e 6 deste artigo,os titulares de direitos de exploração florestal têm as obrigações previstas no número 4do artigo 9º.

Artigo 88.º

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Direito de uso para fins especiais

1. O direito de uso para fins especiais inclui os direitos de colheita ou abate derecursos florestais do domínio público para os seguintes fins especiais:

a) Consumo próprio das pessoas singulares ou colectivas que sejam titulares dedireitos fundiários sobre terrenos rurais;

b) Próprios de autarquias locais;

c) Realização de projectos de interesse público por organismos da Administraçãocentral ou local do Estado, ou suas contratadas, e de associações;

d) Conservação;

e) Investigação científica.

2. O direito de uso para fins especiais constitui-se mediante licença emitida peloMinistério que superintende o sector florestal, nos termos que vierem a ser definidosem regulamento.

3. O direito de uso para fins especiais tem a duração máxima de cinco anos,renováveis nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

4. Os titulares do direito de uso para fins especiais têm as obrigações previstas nonúmero 4 do artigo 9º, para além das obrigações específicas que vieram a serestabelecidas em regulamento e na licença de uso de recursos florestais.

Capítulo VDa exploração de recursos florestais do domínio público

Secção IDo direito de exploração florestal

Artigo 89.ºTitularidade do direito de exploração florestal

1. Podem ser titulares do direito de exploração florestal dos recursos do domíniopúblico as pessoas singulares ou colectivas angolanas que demonstrem capacidadeadequada para o tipo de exploração que se propõem realizar.

2. As pessoas singulares ou colectivas estrangeiras ou internacionais quepretendam exercer actividades de exploração florestal apenas o podem fazer emassociação com pessoas singulares ou colectivas angolanas.

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3. Têm direito de preferência na concessão do direito de exploração florestal:

a) As pessoas singulares residentes e colectivas com sede na localidade onde seencontram os recursos;

b) As pessoas singulares ou colectivas que comprovem possuir instalações detransformação ou comercialização no município ou província onde se situa oterreno florestal;

c) As pessoas singulares ou colectivas que se proponham realizar a exploraçãoflorestal em zonas definidas como prioritárias para a exploração florestal ou parao desenvolvimento económico e social;

d) As pessoas singulares ou colectivas que se proponham realizar investimentosde valor igual ou superior aos montantes que vierem a ser estabelecidos emregulamento;

e) No caso de pedidos para quantidades superiores a 500 metro cúbicos, aspessoas que se proponham construir instalações de transformação junto de oudentro da área da concessão;

f) As pessoas que dêem garantias de abastecimento do mercado nacional ou quese proponham celebrar contratos com empresas de transformação nacionais.

4. No caso de concessões para áreas superiores a 1000 hectares ou para volumessuperiores a 500 metros cúbicos, o direito de exploração florestal apenas seráconcedido às pessoas singulares ou colectivas que possuam instalações detransformação.

Artigo 90.ºÁrea da concessão de exploração florestal

1. A determinação da área da concessão obedece ao estabelecido nos instrumentosde ordenamento do território e à capacidade demonstrada pelo candidato ao direito deexploração florestal para o tipo de exploração que se propõe realizar.

2. A determinação da área da concessão obedece ainda aos seguintes critérios, nostermos que vierem a ser definidos em regulamento:

a) O potencial qualitativo e quantitativo da floresta objecto de exploração;

b) O crescimento volumétrico anual dos recursos florestais a conceder econsequente corte anual permitido;

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c) A capacidade de exploração e processamento demonstrada pelo requerente;

d) As exigências do uso sustentável dos recursos florestais a conceder.

3. As áreas de concessões florestais não podem ser superiores a 10000 hectaressalvo no caso de ponderoso interesse nacional, em especial de projectos deinvestimento de valor superior aos montantes que vierem a ser definidos emregulamento.

4. Cabe ao Conselho de Ministros aprovar concessões para áreas superiores aolimite estabelecido no número anterior.

Artigo 91.ºConstituição do direito de exploração florestal

1. O direito de exploração florestal constitui-se por contrato de concessão deexploração florestal.

2. No caso de concessões para áreas superiores a 1000 hectares ou que visem aexploração de volumes superiores a 500 metros cúbicos, o contrato de concessão deexploração florestal é celebrado entre o Ministério que superintende o sector florestal eo concessionário, salvo nos casos previstos nos números 3 e 4 do artigo anterior e nonúmero seguinte.

3. No caso de concessões para áreas inferiores a 1000 hectares ou para volumesinferiores a 500 metros cúbicos, o contrato de concessão é celebrado entre o órgãoprovincial ou autárquico competente e o concessionário, nos termos que vierem a serdefinidos em regulamento.

4. O contrato de concessão de exploração florestal obedece ao modelo que vier aser estabelecido em regulamento, devendo incluir, em especial:

a) A identidade e domicílio do concessionário;

b) A descrição da área de exploração florestal;

c) O tipo de exploração a realizar;

d) As espécies e subespécies para as quais os direitos são concedidos;

e) As quantidades máximas anuais de colheita ou corte das espécies previstas nostermos da alínea anterior;

f) Os direitos e obrigações do concessionário;

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g) A duração do direito de exploração florestal;

h) A indicação das instalações de transformação a utilizar;

i) Cláusula de alteração unilateral de condições do contrato nos casos previstos noartigo 97º;

j) Cláusula de rescisão unilateral do contrato nos termos do artigo 98º.

Artigo 92.ºDireitos do concessionário

São direitos do titular do direito de exploração florestal de recursos dodomínio público:

a) O direito ao exercício da actividade de exploração florestal, designadamente acolheita ou corte das espécies previstas no contrato de acordo com o plano deexploração aprovado pela entidade concedente;

b) O direito de propriedade dos recursos florestais colhidos ou cortados no âmbitoda concessão.

Artigo 93.ºDireitos acessórios

São direitos acessórios do titular do direito de exploração florestal:

a) O direito de superfície dos terrenos necessários à exploração florestal, nostermos a definir em regulamento;

b) A comercialização dos produtos florestais obtidos no âmbito da concessão,incluindo a exportação de percentagem dos produtos florestais nos termos quevierem a ser definidos em regulamento;

c) A transformação e comercialização dos produtos florestais obtidos no âmbito daconcessão;

d) O direito de uso das águas necessárias à exploração florestal, nos termosdefinidos na legislação sobre recursos hídricos;

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e) O direito de abertura de vias de acesso à área da concessão florestal;

f) O direito de edificação das instalações necessárias à exploração florestal;

g) O direito de constituir as servidões de águas e de passagem necessárias aoexercício do direito de exploração florestal;

h) O direito de acesso à informação sobre a área, sobre os recursos florestais efaunísticos nela existentes e sobre as exigências da gestão sustentável dessesrecursos que se encontre na posse da Administração Pública.

Artigo 94.ºObrigações do concessionário

1. Os titulares do direito de exploração florestal têm as obrigações genéricas de usosustentável dos recursos florestais constantes do artigo 9º e, em especial, as seguintesobrigações:

a) O cumprimento da legislação em vigor, em especial do disposto na presente leie seus regulamentos, na legislação sobre águas e ordenamento do território,bem como das condições constantes do contrato de concessão;

b) O respeito pelos direitos de terceiros, em especial das comunidades rurais e detitulares de outros direitos sobre recursos naturais, designadamente quanto aservidões de águas e de passagem e às servidões mineiras existentes;

c) O cumprimento do plano de exploração florestal e do plano de repovoamento, sefor caso disso;

d) O aproveitamento integral dos produtos florestais, nos termos definidos no planode exploração;

e) A aplicação dos métodos e processos de colheita ou corte e de repovoamentoconstantes das normas técnicas que venham a ser adoptadas;

f) O pagamento periódico das taxas de exploração florestal e de caução a favor doEstado, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento;

g) O financiamento de projectos sociais na localidade onde se realiza a exploraçãoflorestal, nos termos estabelecidos no contrato de concessão;

h) A garantia abastecimento mercado nacional, nos termos estabelecidos nocontrato de concessão;

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i) A preferência, no recrutamento e formação, de angolanos, se possível deresidentes na área da concessão;

j) O cumprimento das normas de segurança e higiene no trabalho gerais eespecíficas da exploração florestal;

k) A adopção e implementação de planos de prevenção e combate a incêndiosflorestais;

l) A preferência de empresas angolanas no fornecimento de bens e serviçosnecessários à exploração florestal;

m) A prestação de informações necessárias ao acompanhamento e avaliação doestado dos recursos florestais, bem como do cumprimento do plano deexploração, em especial a apresentação anula do relatório de execução doplano de exploração florestal;

n) A sujeição a fiscalização do Estado.

2. As pequenas e micro empresas que se proponham realizar investimentos podemser isentas do pagamento de taxas florestais por um período de cinco anos, nos termosque vierem a ser definidos em regulamento.

Artigo 95.ºDuração do direito de exploração florestal

1. O direito de exploração florestal tem a duração que vier estabelecida no contratode concessão não podendo ser superior a vinte e cinco anos.

2. determinação da duração do direito de exploração florestal deve obedecer aosseguintes critérios, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento:

a) A dimensão da área;

b) O potencial florestal da área;

c) A capacidade do candidato para a exploração que se propõe realizar;

d) As exigências de uso sustentável dos recursos florestais concedidos.

Artigo 96.ºTransmissão do direito de exploração florestal

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1. O direito de exploração florestal é transmissível por morte e por acto entre vivos.

2. A transmissão do direito de exploração por acto entre vivos carece de autorizaçãoprévia do órgão concedente, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento,para verificação da idoneidade e capacidade adequada do adquirente do direito.

3. A transmissão do direito de exploração florestal implica a cessão da posiçãocontratual no contrato de concessão.

4. Com a transmissão do direito de exploração florestal transmitem-se também, nostermos da legislação aplicável, os direitos sobre terrenos rurais e de uso privativo deáguas do titular do direito de exploração florestal.

Artigo 97.ºAlteração das condições da concessão

1. O contrato de concessão pode ser alterado:

a) Por mútuo acordo entre o concedente e o concessionário, a pedido de um deles,em especial invocando alteração de circunstâncias que afectem o equilíbrioeconómico-financeiro do contrato ou no caso de medidas de ordenamentoflorestal supervenientes que determinem a alteração de cláusulas contratuais;

b) Unilateralmente pelo Estado quando novos conhecimentos científicos ou dadosrelativos ao ordenamento florestal assim o exigirem, tendo em consideração osprincípios da prevenção e da precaução, em especial em situações de risco paraa saúde humana ou para as espécies e ecossistemas florestais, incluindo nocaso de pragas que tornem necessária medidas de contenção que limitem ouimpeçam o exercício do direito de exploração florestal.

2. No caso de medidas de contenção de pragas que exijam a colheita ou abate deum número significativo de exemplares de espécies florestais incluídas no título deconcessão, o Estado providenciará no sentido de serem atribuídas ao titular do direitode exploração novas áreas de igual valor, caso tal seja possível nos termos dos planosflorestais.

Artigo 98.ºExtinção do direito de exploração florestal

1. O direito de exploração florestal extingue-se por:

a) Caducidade;

b) Mútuo acordo;

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c) Renúncia;

d) Rescisão unilateral do contrato de concessão;

e) Expropriação por utilidade pública.

2. O contrato de concessão do direito de exploração florestal pode ser rescindidounilateralmente pelo concedente ou pelo concessionário nos seguintes casos:

a) Abuso de direito;

b) Não exercício do direito por período superior a um ano, salvo em caso de forçamaior;

c) Incumprimento do contrato ou da legislação aplicável à exploração florestal;

d) Alteração de circunstâncias que modifique de modo substancial o equilíbrioeconómico-financeiro do contrato se o concedente e o concessionário nãochegarem a acordo sobre a sua alteração;

e) Comprovado risco de extinção ou não renovação sustentável das espécies aque se refere o direito;

f) Comprovado perigo para a saúde humana ou para os ecossistemas florestaisem resultado da exploração florestal.

3. Em caso de expropriação por utilidade pública, o titular do direito de exploraçãotem direito a indemnização justa.

4. No caso de rescisão do contrato de concessão com os fundamentos previstos nasalíneas e) e f) do número 2 deste artigo e se não for possível alterar as condiçõescontratuais, é atribuída ao titular do direito de exploração extinto nova concessãonoutra área, ou relativa a outras quantidades ou outras espécies, se tal for possível nostermos das medidas de ordenamento florestal e do território em vigor.

5. No caso de não ser possível dar cumprimento ao disposto no número anterior, otitular do direito de exploração tem preferência na atribuição do direito de exploraçãoflorestal quando as medidas de ordenamento assim o permitirem e/ou à concessão deincentivos para reconversão das suas actividades.

Artigo 99.ºAquisição de novos direitos de exploração florestal

O direito de exploração florestal pode ser concedido para novas áreas por novocontrato de concessão desde que o titular do direito faça prova da exploração florestal

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efectiva no âmbito da concessão em vigor, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

Artigo 100.ºSobreposição de direitos

1. A titularidade do direito de exploração florestal não implica a aquisição dequaisquer direitos sobre outros recursos naturais, salvo no caso dos direitos acessóriosreferidos no artigo 93º.

2. A atribuição do direito de exploração florestal numa dada área não impede oexercício de direitos igualmente válidos, anteriores ou posteriores, de terceiros sobrerecursos naturais da mesma área.

3. O direito de exploração florestal deve ser exercido com respeito dos direitos deterceiros relativos a recursos naturais existentes dentro da área de exploração, emespecial de acesso de comunidades locais a recursos naturais que não estejamabrangidos pelo direito de exploração florestal.

4. No caso de incompatibilidade no exercício dos diferentes direitos sobre recursosnaturais, cabe ao Governo decidir quais os direitos que devem prevalecer e em quecondições, sem prejuízo das indemnizações que sejam devidas aos titulares do direitospreteridos.

Secção IIDa exploração florestal em terrenos do domínio consuetudinário

Artigo 101.ºDireito de exploração florestal comunitária

1. As comunidades rurais podem ser titulares do direito colectivo de exploraçãoflorestal dos recursos florestais do domínio público sobre os quais têm direitos de uso efruição nos termos dos artigos 11º e 86º da presente lei.

2. O direito de exploração florestal referido no número anterior integra os direitosprevistos nos artigos 92º e 93º da presente lei e, ainda;

3. O direito a assistência técnica do Estado no que respeita à gestão sustentável dorecurso, incluindo para elaboração do plano de exploração a que se refere o artigo 103ºe na celebração de contratos com compradores dos produtos florestais;

4. O direito de acesso ao crédito em condições bonificadas a serem definidas emregulamento.

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5. A atribuição, pela comunidade, de direitos de exploração de recursos florestaissob uso e fruição comunitários, às famílias ou a membros singulares da comunidaderural, faz-se nos termos do direito consuetudinário da comunidade em causa.

Artigo 102.ºObrigações das comunidades rurais

1. As comunidades rurais que se dediquem à exploração florestal têm as seguintesobrigações:

a) O cumprimento da legislação em vigor, em especial do disposto na presente leie seus regulamentos, na legislação sobre águas e ordenamento do território,bem como das condições constantes do plano de exploração;

b) O respeito pelos direitos de terceiros, em especial de titulares de outros direitossobre recursos naturais, designadamente quanto a servidões de águas e depassagem e às servidões mineiras existentes;

c) O cumprimento do plano de exploração florestal, nos termos previstos no artigo103º da presente lei e nos seus regulamentos;

d) A realização do repovoamento florestal, se for caso disso;

e) O aproveitamento dos desperdícios na percentagem que vier a ser definida noplano de exploração;

f) A aplicação dos métodos e processos de colheita ou corte e de repovoamentoconstantes das normas técnicas que venham a ser adoptadas;

g) O cumprimento das normas de segurança e higiene gerais e específicas daexploração florestal;

h) A prestação de informações, em especial aos extensionistas rurais e aos fiscaisflorestais, necessárias ao acompanhamento e avaliação do estado dos recursos,bem como de outras exigidas por lei;

i) A sujeição à fiscalização do Estado.

2. A comunidade que realize exploração florestal, deve afectar pelo menos 25 porcento dos lucros resultantes dessa exploração à realização de fins de interessecolectivo da comunidade em causa, em especial os relacionados com a educação,formação profissional, saúde e saneamento.

Artigo 103.ºPlano de exploração

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1. As comunidades rurais que realizem exploração florestal devem cumprir um planode exploração, cujo modelo lhes será facultado pelos extensionistas rurais.

2. O plano de exploração referido no número anterior consta de modelo aprovadopor decreto executivo do Ministro que superintende o sector florestal.

3. O plano de exploração deve incluir o repovoamento florestal que, em cada caso,seja considerado necessário.

4. O plano de exploração deve ser aprovado pela comunidade de acordo com asnormas costumeiras de formação de decisões comunitárias em vigor na comunidadeinteressada.

5. Para os efeitos previstos no número anterior, deve estar presente o representantedo órgão central, local ou autárquico competente a fim de prestar informações sobre omodelo de plano de exploração.

6. O plano de exploração deve ser aprovado pelo órgão central, local ou autárquicocompetente, tendo em consideração os planos territoriais e florestais em vigor e alegislação aplicável em matéria de espécies objecto da exploração florestal.

Artigo 104.ºTítulo de exploração florestal comunitária

1. As comunidades rurais que pretendam dedicar-se à exploração florestal devemcomunicar a sua pretensão ao órgão central, local ou autárquico competente.

2. Após a aprovação do plano de exploração referido no artigo anterior, o órgãocompetente emite o título que reconhece o direito de exploração florestal comunitária.

3. O título de exploração florestal comunitária tem o conteúdo que vier a ser definidoem regulamento, devendo incluir em especial:

a) A designação da comunidade rural e da comuna em que está sedeada;

b) A descrição da área de exploração florestal;

c) As espécies e subespécies que podem ser exploradas;

d) As quantidades máximas das diferentes espécies que podem ser exploradasanualmente;

e) As instalações de transformação, se existirem.

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4. A emissão do título de exploração florestal é gratuita.

Artigo 105.ºRecusa de emissão do título de exploração florestal comunitária

O órgão central ou local competente nos termos do número 6 do artigo 103ºapenas pode recusar a emissão do título de exploração florestal comunitária com osseguintes fundamentos:

a) Quando a comunidade rural não seja titular do direito de domínio útilconsuetudinário sobre os terrenos em que se encontram os recursos florestais;

b) Quando o terreno tenha outra classificação nos termos do ordenamento doterritório;

c) Quando a exploração florestal pretendida se referir a espécies raras, emextinção ou ameaçadas de extinção;

d) Quando resulte do ordenamento florestal não ser sustentável a colheita ou cortedas espécies ou nas quantidades, ou a exploração com uso de métodos etécnicas ou na área pretendida, em especial tendo em consideração os limitesde quantidades máximas que podem ser exploradas nos termos dos planosflorestais;

e) Quando da exploração florestal resultem comprovados riscos para a saúdehumana ou para os ecossistemas da área pretendida.

Artigo 106.ºRegisto do direito de exploração florestal comunitária

Sem prejuízo de outros registos exigidos por lei, o Ministério que superintende osector florestal deve proceder ao registo oficioso dos terrenos comunitários sobexploração florestal.

Artigo 107.ºIncentivos do Estado à exploração florestal comunitária

O Estado deve promover a exploração florestal comunitária, adoptando emespecial os seguintes incentivos para as comunidades rurais que se dediquem àexploração florestal sustentável:

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a) Assistência técnica, em especial nos domínios da elaboração de planos deexploração florestal e de repovoamento, da organização da contabilidade dasunidades de exploração, do acesso ao crédito e da comercialização de produtosflorestais;

b) Prestação de formação profissional;

c) Prestação das informações necessárias, em especial sobre legislação aplicávelà exploração florestal, mercados e preços;

d) Apoio à comercialização de produtos florestais;

e) Concessão de subsídios ou crédito bonificado para aquisição de equipamentos emateriais necessários à exploração florestal.

Artigo 108.ºParcerias de comunidades com outros particulares para exploração florestal

2. As comunidades podem estabelecer parcerias com entidades públicas, privadasou cooperativas para a exploração florestal comunitária.

3. As parcerias referidas no artigo anterior constarão de contrato celebrado entre acomunidade rural interessada e os seus parceiros, nos termos que vierem a serdefinidos em regulamento.

4. Os contratos referidos neste artigo devem ser aprovados pelas comunidades queos celebram de acordo com as regras costumeiras de formação de decisõescomunitárias em vigor na comunidade interessada.

5. O representante do órgão central, local ou autárquico competente deve estarpresente no acto de aprovação do contrato referido no número anterior, para prestaçãode informações sobre o contrato em causa.

6. O contrato referido no número anterior está sujeito a aprovação do órgão central,local ou autárquico competente.

Artigo 109.ºResolução de litígios

1. Os conflitos entre comunidades rurais e o Ministério que superintende o sectorflorestal em matéria de conteúdo do plano de exploração florestal, de emissão do títulode exploração florestal comunitária ou de aprovação dos contratos de parceria referidosno artigo anterior são resolvidos nos termos dos artigos 77º a 81º da Lei de Terras.

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2. Os conflitos entre membros da comunidade rural relativos à exploração florestalsão resolvidos nos termos do artigo 82º da Lei de Terras.

Capítulo VIDas florestas de plantação

Artigo 110.ºFinalidades e princípios

1. Para além das finalidades previstas no artigo 53º, as florestas de plantação visam:

a) A conservação de manchas florestais, a recuperação de áreas degradadas e opovoamento e repovoamento florestais para, em especial, o combate àdesertificação e seca, e a realização de actividades turísticas, de investigação ede educação e formação;

b) A exploração florestal para fins industriais e energéticos.

2. A realização de actividades relativas a florestas de plantação obedece aosprincípios estabelecidos no artigo 54º.

3. A actividade de plantação de florestas beneficia de incentivos especiais, a seremdefinidos por diploma próprio, do qual constarão em especial:

a) A preferência na concessão de direitos fundiários previstos na Lei de Terras,sem prejuízo do estabelecido nos planos territoriais;

b) A preferência na concessão de direitos de uso privativo de águas, sem prejuízodos usos comuns;

c) A isenção de pagamento de taxas de exploração florestal;

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d) Os incentivos fiscais e outros incentivos previstos na legislação de investimentoprivado.

Artigo 111.ºPlantações florestais

Todas as pessoas singulares ou colectivas, nacionais, estrangeiras ouinternacionais, públicas, mistas, privadas ou cooperativas, em especial as comunidadeslocais ou rurais e associações, podem exercer as actividades de plantação florestal nostermos da presente lei e seus regulamentos desde que sejam titulares de direitosfundiários sobre os terrenos onde pretendem exercer actividades.

Artigo 112.ºDireitos e obrigações do titulares de florestas de plantação

Sem prejuízo do regime de titularidade de direitos sobre solos, em especialdireitos fundiários, os titulares de florestas de plantação têm o direito de propriedadedos recursos florestais plantados e os direitos previstos no artigo 9º.

No caso de florestas de exploração, os seus titulares têm ainda os seguintesdireitos acessórios:

a) A comercialização, incluindo exportação, dos produtos florestais obtidos noâmbito das suas actividades;

b) A transformação e comercialização dos produtos florestais obtidos no âmbito daexploração florestal;

c) O uso dos terrenos necessários à exploração florestal e a instalações com elarelacionadas;

d) O uso das águas necessárias à exploração florestal;

e) O direito de abertura de vias de acesso à área da exploração florestal;

f) O direito de edificação das instalações necessárias à exploração florestal;

g) O direito de constituir as servidões de águas e de passagem necessárias aoexercício do direito de exploração florestal;

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h) O direito de acesso à informação sobre a área, sobre os recursos florestais efaunísticos nela existentes e sobre as exigências da gestão sustentável dessesrecursos que se encontre na posse da Administração Pública.

3. Os titulares de florestas de plantação têm as obrigações previstas no número 4 doartigo 9º e no artigo 94º.

Artigo 113.ºPlantações florestais de conservação

Para efeitos de verificação da compatibilidade da actividade com os planos deordenamento florestal e do território, as pessoas interessadas em estabelecerplantações florestais de conservação devem requerer, nos termos que vierem a serdefinidos em regulamento, ao Ministério que superintende o sector florestal, que lhesseja passado o certificado de floresta de plantação para fins de conservação.

Caso a realização da actividade seja compatível com os planos de ordenamentoflorestal e do território, o Ministério que superintende o sector florestal deve emitir ocertificado referido no número anterior.

O conteúdo de certificado de floresta de plantação para fins de conservação édefinido em regulamento.

Artigo 114.ºPlantações florestais de exploração

As pessoas singulares ou colectivas interessadas em estabelecer plantaçõesflorestais de exploração devem requerer ao órgão central, local ou autárquicocompetente que lhes seja emitido o certificado de floresta de plantação para fins deexploração.

O pedido referido no número anterior deve ser acompanhado pelos seguintesdocumentos:

a) A descrição da área;

b) A discriminação das espécies e subespécies que pretendem cultivar;

c) O estudo de viabilidade técnico-económica;

d) O plano de exploração;

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e) O estudo de impacto ambiental no caso de projectos para áreas superiores a100 hectares;

f) Prova de titularidade de direitos fundiários, se for caso disso;

g) Plano de edificação de instalações de produção e de transformação.

3. Nos termos a definir em regulamento, as pequenas e micro empresas, emespecial comunitárias e familiares, estão isentas da apresentação do estudo deviabilidade no caso de plantações em áreas inferiores a 1000 hectares.

4. O órgão competente verifica a compatibilidade da exploração de floresta deplantação com os planos florestais e territoriais, bem como com a legislação sobreespécies florestais e, ainda, se as instalações previstas obedecem aos requisitoslegais.

5. No caso de preenchimento dos requisitos referidos no número anterior, o órgãocompetente deve emitir o certificado de exploração de floresta de plantação.

Artigo 115.ºVistoria de instalações

1. Terminadas as obras de construção de instalações destinadas à exploração defloresta de plantação, deve ser efectuada vistoria das instalações pelo Ministério quesuperintende o sector florestal e pelo Ministério que superintende o sector industrial, noprazo de trinta dias contados a partir da data do pedido de realização de vistoria.

2. A vistoria destina-se apenas a verificar se as instalações obedecem aos requisitosprevistos na legislação aplicável.

3. Se resultar da vistoria a necessidade de efectuar qualquer alteração nasinstalações, quando esta estiver executada deve ser efectuada nova vistoria.

4. Quando se concluir das vistorias referidas neste artigo que as instalaçõesobedecem aos requisitos legais, estas podem começar a ser utilizadas.

Artigo 116.ºRegisto das florestas de plantação de exploração

Sem prejuízo de outros registos que se mostrem devidos, as florestas deplantação de conservação e de exploração estão sujeitas a registo nos termos quevierem a ser definidos em regulamento.

Artigo 117.º

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Polígonos florestais

1. Para os efeitos previstos nesta lei, polígono florestal é uma floresta de plantaçãodo domínio público, gerida pelo Ministério que superintende o sector florestal ou peloórgão autárquico competente e que se destina, em especial, ao estabelecimento decortinas de protecção e de zonas verdes, à fixação de dunas e ao abastecimento deindústrias e da população, designadamente em combustíveis lenhosos.

2. O Governo deve promover a criação e assegurar a manutenção de polígonosflorestais para fins de produção de carvão, recuperação de solos, combate àdesertificação e melhoria da qualidade de vida dos habitantes da zona em que seencontra o polígono.

3. Os polígonos florestais são criados por decreto executivo conjunto do Ministro quesuperintende o sector florestal e do Ministro que superintende o ordenamento doterritório.

4. Os polígonos florestais podem estar sob gestão da Administração central ou localdo Estado ou da administração autárquica, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

5. Os órgãos centrais ou locais da Administração do Estado ou os órgãosautárquicos interessados em criar polígonos florestais devem apresentar o respectivoprojecto ao Ministério que superintende o sector florestal, para verificação documprimento das normas técnicas aplicáveis e realização de avaliação de impactoambiental, se for caso disso.

Artigo 118.ºCessão da exploração de polígonos

1. Os órgãos da Administração central ou local do Estado ou autárquicos queadministram polígonos florestais podem ceder a exploração de polígonos a pessoassingulares ou colectivas, nacionais estrangeiras ou internacionais, mediante contrato decessão de exploração nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

2. Na cessão de exploração de polígonos florestais é dada preferência às pessoascom residência ou sede no município em que se encontra o polígono.

CAPÍTULO VIIDo comércio de produtos florestais

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Artigo 119.ºCertificado de origem

Todos os produtos florestais provenientes de concessões, de exploraçõescomunitárias ou de plantações florestais são identificados por documentocomprovativo, nos termos a definir em regulamento, de que provêm de exploraçãoflorestal legal.

O certificado de origem referido no número anterior é emitido pelo concessionário,ou pelo representante da comunidade interessada ou pelo titular da plantação florestale visado pelo agente de fiscalização florestal da localidade mais próxima.

Nenhum produto florestal pode circular para fora da área da concessão de exploraçãoflorestal, ou do terreno comunitário sobre exploração ou da plantação de exploraçãoflorestal sem o respectivo certificado de origem.

O certificado de origem tem o conteúdo que vier a ser definido em regulamento,devendo indicar em especial:

a) O nome ou firma do proprietário do produto florestal;

b) As espécies a que se referem os produtos florestais;

c) As quantidades dos produtos florestais indicados no certificado.

O certificado de origem dos produtos florestais destinados a exportação deveobedecer, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento, às especificaçõesconstantes dos instrumentos internacionais aplicáveis.

A inclusão no certificado de origem de informações incorrectas constitui crime defalsas declarações punível nos termos da legislação em vigor.

Artigo 120.ºObrigatoriedade de exibição de certificado

Os transportadores e vendedores de produtos florestais devem exibir o certificadode origem dos produtos florestais sempre que tal lhes seja solicitado pelas autoridadesflorestais, policiais ou aduaneiras ou pelos compradores.

As empresas que, directa ou indirectamente, utilizem produtos florestais, emespecial as empresas de venda ou transformação de produtos florestais, devem

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conservar em arquivo cópia dos certificados de origem dos produtos florestais queadquirem.

As empresas referidas no número anterior devem apresentar as cópias doscertificados de origem às autoridades competentes sempre que tal lhes seja solicitadonos termos da legislação em vigor.

Só é permitida a exportação de produtos florestais mediante a apresentação docertificado de origem do produto florestal.

Artigo 121.ºComércio ilegal de produtos florestais

1. É proibida a venda, ou exibição para venda, armazenamento e transporte deprodutos florestais que não sejam provenientes de concessões, de terrenos sobexploração comunitária ou de plantações florestais constituídas nos termos desta lei eseus regulamentos.

2. O Ministério que superintende o sector florestal pode autorizar a venda,armazenamento e transporte das quantidades de produtos florestais para finsenergéticos ou de construção que venham a ser definidas em regulamento emlocalidades em que não existam órgãos da Administração local do Estado ou comércioorganizado.

TÍTULO IIIDa Gestão e Uso Sustentável da Fauna Selvagem

Capítulo IDisposições gerais

Secção IDisposições gerais

Artigo 122.ºFinalidades e princípios

1. São objectivos da gestão sustentável da fauna selvagem os previstos nos artigos13º e 53º da presente lei.

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2. A gestão dos recursos faunísticos obedece aos princípios previstos nos artigos 5ºe 54º, com as necessárias adaptações.

Artigo 123.ºObrigações do Estado

São obrigações do Governo no domínio dos recursos faunísticos:

a) Assegurar o uso sustentável e a gestão integrada dos recursos faunísticos;

b) Adoptar e assegurar a aplicação de legislação sobre caça e sobre o comércio deprodutos da caça;

c) Assegurar a adopção de medidas de ordenamento faunístico e das medidas deordenamento florestal e do território com elas relacionadas e garantir a suaexecução;

d) Aprovar os planos faunísticos nacionais;

e) Assegurar que seja realizada a inventariação e classificação do patrimóniofaunístico e genético e a avaliação periódica do estado destes recursos;

f) Assegurar a definição das espécies da fauna selvagem que podem ser caçadasem cada período;

g) Prevenir os riscos de a sustentabilidade dos recursos faunísticos e da suadiversidade biológica ser prejudicada por excesso de caça ou por degradação dehabitats;

h) Adoptar as medidas de incentivo à criação de fazendas de pecuarização comvista a contribuir para o repovoamento faunístico e a gestão sustentável dosrecursos faunísticos;

i) Assegurar a coordenação institucional, em especial no que respeita àcompatibilidade das medidas de gestão de recursos faunísticos com as medidasde ordenamento do território e florestal e de gestão de recursos hídricos, bemcomo com o exercício de actividades económicas com impactos nasustentabilidade dos recursos;

j) Assegurar o financiamento do sistema de conservação e gestão de faunaselvagem;

k) Assegurar a participação dos cidadãos na preparação das decisões sobre faunaselvagem;

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l) Assegurar a fiscalização das actividades económicas relativas a recursosfaunísticos;

m) Assegurar a cooperação com outros Estados na protecção dos recursosfaunísticos, em especial no que respeita à gestão conjunta de recursospartilhados, à conservação de espécies migratórias e à compatibilização dasmedidas de conservação e ordenamento a nível nacional com as medidastomadas por outros Estados ou organizações subregionais, regionais e/oumundiais;

n) Assegurar a cooperação com outros Estados na prevenção, fiscalização erepressão do actividades ilícitas relativas aos recursos faunísticos, em especial otráfico ilegal de espécies protegidas.

Artigo 124.ºDos recursos faunísticos partilhados

O Governo deve assegurar a cooperação com os países limítrofes na gestão derecursos faunísticos e seus habitats partilhados e na prevenção, fiscalização erepressão de actividades ilícitas, em especial de caça e de comércio ilegal, nos termosda legislação dos países interessados.

Artigo 125.ºDas espécies migratórias

O Estado deve assegurar a conservação das espécies migratórias da faunaselvagem terrestre e de habitats adequados nas suas rotas de migração, nos termosestabelecidos nos planos de ordenamento faunístico.

Artigo 126.ºOrdenamento faunístico

O uso e gestão dos recursos faunísticos, incluindo a concessão oureconhecimento de direitos sobre recursos do domínio público, devem obedecer ao quevier estabelecido nas medidas de ordenamento faunístico previstas na presente lei eseus regulamentos e na legislação sobre ordenamento do território.

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Artigo 127.ºRegimes de autorização prévia

A realização de actividades económicas relativas a recursos faunísticos, emespecial a caça, está sujeita a controlo pelos organismos competentes do Estadosegundo regimes de contrato de concessão, declaração prévia e licença de exercíciode actividades, nos termos definidos nesta lei e seus regulamentos.

Artigo 128.ºAvaliação de impacte ambiental

No caso de projectos que tenham implicações significativas na sustentabilidadedos recursos faunísticos, nos seus habitats ou na sua diversidade biológica, bem comonos interesses das comunidades locais, não serão celebrados os contratos ou emitidasas autorizações previstos nesta lei sem que seja previamente realizada, peloorganismo competente do Estado, avaliação de impacto ambiental nos termos dalegislação em vigor e desta lei e seus regulamentos.

O disposto no número anterior é ainda aplicável a projectos de grande dimensãorelativos a coutadas e fazendas de pecuarização, nos termos a definir em regulamento.

Artigo 129.ºSistemas de registo de direitos sobre recursos faunísticos

O Ministério que superintende o sector florestal deve organizar o registo dosdireitos sobre recursos faunísticos, quer o registo dos direitos de caça quer dos direitosexploração de coutadas ou de fazendas de pecuarização.

Secção IIDo ordenamento faunístico

Artigo 130.ºFinalidades do ordenamento

O ordenamento faunístico visa a prossecução das finalidades e a realização dosprincípios estabelecidos na presente lei e seus regulamentos, em especial aconservação e uso sustentável dos recursos faunísticos.

Artigo 131.ºPrincípios do ordenamento faunístico

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O ordenamento faunístico rege-se pelos princípios estabelecidos nos artigos 5º e54º da presente lei.

Artigo 132.ºMedidas de ordenamento faunístico

São medidas de ordenamento faunístico:

a) A classificação das espécies nos termos dos artigos 7º, 15º a 19º e no número 3do artigo 137º;

b) A elaboração e execução de planos faunísticos nacionais e de planos de gestãopor espécies da fauna selvagem, incluindo espécies migratórias, e porecossistemas terrestres;

c) A elaboração e execução de planos de repovoamento faunístico e dedesenvolvimento de coutadas e fazendas de pecuarização;

d) A elaboração das listas dos ecossistemas e espécies terrestres em extinção,ameaçados de extinção ou vulneráveis e elaboração e execução das medidasnecessárias à sua regeneração;

e) A determinação dos períodos de defeso;

f) A determinação das quantidades anuais das diferentes espécies e subespéciesde recursos faunísticos que podem ser objecto de caça e a sua desagregaçãopor províncias, tipos de caça e quotas de titulares de direitos de caça;

g) A definição dos tamanhos, sexo e idade das diferentes espécies que podem sercaçadas;

h) A definição dos métodos e tecnologias a serem utilizados nas actividadesrelativas a recursos faunísticos, em especial na caça;

i) A definição de zonas de caça;

j) O licenciamento das actividades e a concessão ou reconhecimento de direitosrelacionados com usos de recursos faunísticos;

k) As medidas de incentivo às actividades de povoamento e repovoamentofaunísticos, bem como de conservação ex situ de recursos faunísticos;

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l) As medidas de incentivo às empresas angolanas que se dediquem à exploraçãofaunística sustentável e à prossecução de outros objectivos previstos napresente lei;

m) Os planos de emergência para fazer face a situações imprevistas que ponhamem perigo a fauna selvagem, em especial de combate a incêndios florestais;

n) A promoção da formação profissional dos diversos intervenientes nasactividades relativas a recursos faunísticos;

o) A definição de regras de segurança e higiene no trabalho específicas do sectorfaunístico;

p) O acompanhamento e avaliação do estado dos recursos faunísticos;

q) As medidas de investigação científica de base e aplicada sobre a faunaselvagem e seus ecossistemas;

r) A promoção de formas de concertação social, em especial com os caçadores eempresas que se dediquem a actividades de aproveitamento de recursosfaunísticos, com as associações profissionais e de defesa do ambienteinteressadas, bem como as organizações comunitárias, com vista a assegurar arealização dos objectivos do ordenamento.

Artigo 133.ºPlanos faunísticos

Os planos faunísticos são parte integrante dos planos florestais e obedecem aodisposto nos artigos 67º e seguintes, com as necessárias adaptações.

Artigo 134.ºConteúdo dos planos faunísticos

Os planos faunísticos têm o conteúdo que vier a ser definido em regulamento.

O conteúdo e execução do plano de exploração faunística a que se refere onúmero 7 do artigo 67º, bem como o conteúdo do respectivo relatório de execuçãoanual, obedecem às normas que vierem a ser definidas em regulamento.

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Secção IIIDos direitos de uso dos recursos faunísticos

Artigo 135.ºFinalidades do uso de recursos faunísticos

O uso dos recursos faunísticos tem, para além dos objectivos definidos nos artigo13º e 53º, os seguintes objectivos específicos:

a) Contribuir para a segurança alimentar a para a satisfação de necessidadesbásicas dos cidadãos;

b) Contribuir para o desenvolvimento económico e social do País, em especial daszonas rurais, pela geração de emprego e de rendimentos;

c) Assegurar a utilização óptima e sustentável dos recursos faunísticos.

Os recursos faunísticos do domínio público podem ser utilizados para os seguintesfins:

a) Subsistência;

b) Investigação científica;

c) Exploração faunística;

d) Turismo e recreação;

e) Prevenção e controlo de doenças por razões de saúde pública humana ouanimal.

3. A exploração dos recursos faunísticos refere-se, em especial, a:

a) Turismo ecológico;

b) Turismo cinegético;

c) Pecuarização de animais selvagens para fins de venda de carne, de troféus eturísticos.

Artigo 136.ºTipos de turismo ecológico e cinegético

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1. Considera-se turismo ecológico o que visa a observação, fotografia ou filmagemde animais selvagens nos seus habitats naturais ou os safaris de caminhadas.

2. Considera-se turismo cinegético o que visa a caça de animais selvagens com finsrecreativos, desportivos e de exploração faunística.

3. O turismo ecológico e cinegético tem lugar em:

a) Coutadas;

b) Fazendas de pecuarização;

c) Áreas de conservação;

d) Em zonas de caça não previstas nas alíneas anteriores.

Artigo 137.º

1. Para efeitos de aproveitamento de recursos faunísticos, a caça pode ser:

a) De subsistência;

b) Desportiva e recreativa;

c) De investigação;

d) Especializada.

2. Relativamente ao tipo de animais objecto da caça, esta pode ser:

a) Caça grossa;

b) Caça miúda.

3. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental aprovam, por decreto executivo conjunto, as listas das espécies queintegram os dois tipos de caça referidos no número anterior.

4. Quanto ao local onde é realizada, a caça pode ter lugar apenas em terrenos ruraise, nestes:

a) Terrenos rurais do domínio público;

b) Terrenos comunitários;

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c) Terrenos rurais sob concessão de direitos fundiários para diversos fins;

d) Terrenos privados;

e) Coutadas;

f) Fazendas de pecuarização.

5. A caça em áreas de conservação é regulada no Título IV desta lei.

6. Cabe ao Ministro que superintende o sector florestal e ao Ministro quesuperintende a política ambiental definirem, por decreto executivo, as zonas de caça,se tal for considerado necessário em termos de ordenamento faunístico.

Artigo 138.ºDireitos de uso de recursos faunísticos

Os direitos de uso de recursos faunísticos são os seguintes:

a) Direito de caça de subsistência;

b) Direito de caça desportiva e recreativa;

c) Direito de caça de investigação;

d) Direito de caça especializada;

e) Direito de exploração de coutadas;

f) Direito de exploração de fazendas de pecuarização;

g) Direito de exercício de actividades de turismo ecológico ou cinegético.

Artigo 139.ºDireitos de caça

1. Os direitos de caça incluem os direitos de perseguição de animais feridos, acaptura e abate de recursos faunísticos, bem como a propriedade dos recursos, ousuas partes, capturados ou abatidos nos termos previstos nesta lei e seusregulamentos.

2. Para além das obrigações previstas no Título I desta lei, o titular de direitos decaça tem as seguintes obrigações específicas:

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a) Apenas caçar os animais constantes da licença de caça, se for caso disso, efora das zonas referidas no artigo 167º;

b) Tentar, por todos os meios, abater os animais que tenha ferido, em especial osque pertençam a espécies potencialmente perigosas para vida e saúdehumanas;

c) Abster-se de causar danos a espécies não incluídas na licença de caça ou aosseus habitats;

d) Realizar o aproveitamento óptimo dos produtos da caça obtidos, devendodistribuir pelos habitantes da localidade em que se realiza a caça a carne quenão seja consumida por si, pelos seus auxiliares ou acompanhantes, ou que nãose destine a venda;

e) Não comercializar carne fresca ou seca salvo, nos casos e nas condiçõesprevistas nesta lei e seus regulamentos e na legislação sanitária em vigor;

f) Registar diariamente os animais abatidos, salvo no caso de caça desubsistência;

g) Estar munido da respectiva licença no acto de caça e exibi-la às autoridadescompetentes quando tal lhe seja solicitado;

h) Pagar as taxas de caça relativas às diferentes espécies e quantidadesconcedidas, se for caso disso;

i) Abater, ou colaborar no abate de, animais selvagens em defesa de quaisquerpessoas singulares contra ataques actuais ou eminentes;

j) Colaborar nas actividades de acompanhamento e avaliação do estado derecursos, em especial fornecendo ao Ministério que superintende o sectorflorestal os relatórios de execução do plano de exploração faunístico, se for casodisso;

k) Colaborar na fiscalização da caça, participando às autoridades competentes asinfracções, em especial de caça, de que tenha conhecimento.

3. Os titulares de direitos sobre terrenos onde se refugie animal ferido são obrigadosa facilitar a entrada do caçador no terreno para os fins previstos na alínea b) do númeroanterior e, no caso de o animal se encontrar morto, a fazer a sua entrega ao caçador.

4. O disposto no número 1 deste artigo não é aplicável aos recursos genéticos dafauna selvagem terrestre que se regem por lei especial.

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Artigo 140.ºDireito de caça de subsistência

1. As pessoas singulares têm, na localidade da sua residência, o direito de caça desubsistência dos recursos faunísticos.

2. O direito de caça de subsistência integra o uso de recursos faunísticos nosterrenos rurais para fins alimentares, de vestuário, medicinais, e culturais.

3. O direito de caça de subsistência tem por objecto apenas a caça miúda.

4. Quando o ordenamento faunístico o permita, pode ser autorizada a caça desubsistência de espécies de caça grossa apenas no caso de comunidades rurais cujosmeios de subsistência se baseiem na caça e recolecção.

5. O direito de caça de subsistência constitui-se mediante a realização da caçareferida nos números anteriores.

6. Sem prejuízo das disposições relativas ao ordenamento florestal e faunístico e aoregime de áreas de conservação, o exercício de direitos de caça de subsistência nãoestá sujeito a qualquer autorização prévia e é gratuito.

7. Os titulares do direito de caça de subsistência estão sujeitos às obrigaçõesprevistas no número 3 do artigo 10º, no número 2 do artigo 139º e no artigo 167º,devendo em especial cumprir as normas sobre protecção de espécies, ecossistemas ediversidade biológica.

Artigo 141.ºDireito de caça e de exploração em terrenos comunitários

1. O direito de uso e fruição comunitário, estabelecido no número 1 do artigo 11º,das comunidades rurais titulares do domínio útil consuetudinário nos termos da Lei deTerras, inclui:

a) O direito de caça de subsistência dos membros da comunidade em causa, nostermos definidos nesta lei e seus regulamentos e nas normas consuetudináriasda comunidade em causa;

b) O direito colectivo de exploração de coutadas e de fazendas de pecuarizaçãonos termos estabelecidos nesta lei e seus regulamentos.

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2. O exercício do direito de exploração de coutadas ou de fazendas de pecuarizaçãopelas comunidades referidas neste artigo obedece ao disposto no número 3 do artigo148º e nos artigos 151º e seguintes, 157º e seguintes e 179º e seguintes.

3. Os membros das comunidades previstas neste artigo têm:

a) No caso de caça de subsistência, as obrigações previstas no número 7 do artigo140º;

b) No caso de exploração de coutadas ou de fazendas de pecuarização, asobrigações previstas no número 4 do artigo 9º, no número 2 do artigo 139º, noartigo 167º e no artigo 179 e seguintes;

c) No caso de caça especializada, as obrigações previstas no número 5 do artigo143º.

4. Salvo nos casos de caça grossa das espécies previstas em regulamento, não édevido o pagamento de qualquer taxa pelo exercício dos direitos de das comunidadesrurais previstos neste artigo.

5. Sem prejuízo do disposto no número 1 do artigo 163º, a caça nos terrenoscomunitários que não se destine à subsistência dos membros da comunidade estásujeita a licença emitida pelo órgão competente.

6. A exploração de coutadas ou de fazendas de pecuarização dentro de terrenoscomunitários depende da aprovação de plano de exploração faunística pelo órgãocompetente nos termos do número 6 do artigo 103º.

Artigo 142.ºDireitos de caça desportiva, recreativa e de investigação

Os direitos de caça desportiva, recreativa e de investigação constituem-semediante licença de caça emitida nos termos dos artigos 179º e seguintes.

Artigo 143.ºDireito de caça especializada

O direito de caça especializada compreende o uso de recursos faunísticos nosterrenos rurais para exercício da actividade caçador especialista, incluindo para fins deprestação de serviços turísticos ecológico e cinegético e/ou de venda de troféus e deanimais capturados.

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Os direitos de caça especializada têm o conteúdo e constituem-se nos termosdos artigos 179º e seguintes.

A caça especializada pode referir-se a recursos faunísticos do domínio público, dodomínio comunitário ou resultantes exploração de fazendas de pecuarização.

Os titulares de direitos de caça especializada têm as obrigações previstas nonúmero 4 do artigo 9º, no número 2 do artigo 139º e no artigo 167º.

Artigo 144.ºDireito de exploração de coutadas

O direito de exploração de coutadas compreende os direitos de uso e fruição parafins comerciais, em especial de turismo cinegético e ecológico, de recursos faunísticosdo domínio público bem como dos recursos faunísticos que se encontrem nos terrenoscomunitários.

Artigo 145.Direito de exploração de fazendas de pecuarização

O direito de exploração de fazendas de pecuarização compreende o direito aoexercício de actividades de pecuarização de animais da fauna selvagem bem como deactividades de turismo ecológico e cinegético.

Capítulo IIDa exploração de recursos faunísticos

Secção IDisposições gerais

Artigo 146.ºFinalidades

Para além das finalidades previstas nos artigos 122º e 135º, a exploração derecursos faunísticos visa:

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a) A conservação e exploração sustentável de recursos faunísticos;

b) A segurança alimentar;

c) O repovoamento faunístico;

d) O desenvolvimento local, em especial pelo desenvolvimento do turismoecológico.

2. A realização de actividades de exploração de recursos faunísticos em coutadas efazendas de pecuarização obedece aos princípios estabelecidos nos artigos 54º e aoprevisto nos artigos 147º e seguintes.

3. A realização de actividades de exploração de recursos faunísticos em coutadas efazendas de pecuarização beneficia de incentivos especiais, a serem definidos pordiploma próprio, do qual constarão em especial:

A preferência na concessão de direitos fundiários previstos na Lei de Terras, semprejuízo do previsto nos planos territoriais e florestais;

A preferência na concessão de direitos de uso privativo de águas, sem prejuízo dosusos comuns;

Os incentivos fiscais e outros incentivos previstos na legislação sobre investimentoprivado.

Secção I – Das coutadas

Artigo 147.ºTipos de coutadas

1. As coutadas são terrenos rurais do domínio público ou terrenos comunitários ondese realizam actividades de exploração de recursos faunísticos para turismo cinegético eecológico, em especial mediante caça limitada às pessoas singulares que obtenhamautorização do titular do direito de exploração de coutada para caça nos termos darespectiva licença de caça e do plano de exploração faunística da coutada.

2. As coutadas em terrenos do domínio público podem ser:

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a) Públicas, se forem administradas por pessoas colectivas públicas;

b) Privadas, se estiverem sob concessão a pessoas singulares ou a pessoascolectivas privadas ou cooperativas;

c) Comunitárias, se forem administradas por comunidades rurais titulares dodomínio útil consuetudinário.

3. As coutadas públicas são criadas mediante decreto executivo conjunto do Ministroque superintende o sector florestal e do Ministro que superintende a política ambiental,nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

4. As coutadas privadas são concedidas nos termos do artigo 150º e seguintes.

5. As coutadas comunitárias são autorizadas nos termos do artigo 151º.

Artigo 148.ºGestão de coutadas

1. A criação de coutadas obedece aos planos territoriais, florestais e faunísticos.

2. O direito de exploração de coutadas privadas apenas pode ser concedido apósaprovação, pelo órgão competente, do plano de exploração faunística apresentadopelos interessados.

3. As coutadas comunitárias apenas podem ser criadas pelos interessados apósaprovação, pelo órgão competente, do plano de exploração faunística apresentadopelos interessados.

Artigo 149.ºCoutadas públicas

1. As coutadas públicas visam o desenvolvimento local, em especial do turismo,bem como o repovoamento faunístico.

2. As coutadas públicas podem ser administradas por:

a) Por órgãos da Administração central ou local do Estado, ou daAdministração autárquica, nos termos definidos no seu diploma de criação eno plano de exploração faunística;

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b) Por instituto público especializado na gestão de recursos florestais efaunísticos, do qual constituirão um centro de custos e receitas, nos termosdefinidos no seu diploma de criação e no plano de exploração faunística.

3. Os órgãos da Administração central ou local, bem como os órgãos autárquicos,podem propor ao Ministério que superintende o sector florestal a criação de coutadaspúblicas municipais ou provinciais, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

4. Os órgãos do Estado que tutelam ou administram coutadas públicas podem cedera exploração de uma coutada a pessoas singulares ou colectivas angolanas,estrangeiras ou internacionais, dotadas de capacidade adequada para a gestão dacoutada, mediante contrato de cessão de exploração nos termos que vierem a serdefinidos em regulamento.

5. A cessão da exploração de coutada deve ser objecto de concurso público.

6. Na cessão de exploração referida no número anterior têm preferência as pessoassingulares com residência ou colectiva com sede no município em que se encontra acoutada.

Artigo 150.ºCoutadas privadas

1. Podem ser titulares do direito de exploração de coutada as pessoas singulares oucolectivas angolanas que demonstrem capacidade adequada para o tipo de exploraçãoque se propõem realizar.

2. As pessoas singulares ou colectivas estrangeiras ou internacionais quepretendam exercer actividades de exploração de coutada apenas o podem fazer emassociação com pessoas angolanas.

3. Têm direito de preferência na concessão do direito de exploração de coutada:

a) As pessoas singulares residente e colectivas com sede na localidade onde sesitua a coutada;

b) As pessoas que comprovem possuir instalações turísticas no município ouprovíncia onde se situa a coutada;

c) As pessoas que se proponham realizar a exploração de coutada em zonasdefinidas como prioritárias para o repovoamento faunístico ou para o turismoecológico ou cinegético ou, ainda, para o desenvolvimento económico e social;

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d) As pessoas que se proponham construir instalações turísticas dentro da área dacoutada.

4. No caso de concessão do direito de exploração de coutada para áreas superioresa 1000 hectares, o direito de exploração apenas será concedido às pessoas singularesou colectivas que possuam ou se proponham construir as instalações adequadas.

5. A concessão do direito de exploração de coutada, incluindo as matérias relativaao contrato de concessão, à sua duração, à alteração de condições da concessão e àextinção do direito, obedece ao disposto nesta secção e, com as necessáriasadaptações, nos artigos 91º a 100º, 139º e 167º, nos termos que vierem a ser definidosem regulamento.

Artigo 151.ºCoutadas comunitárias

O exercício de actividades de exploração de coutadas comunitárias obedece, comas necessárias adaptações, ao disposto nos artigos 101º a 109º, 139º, 141º e 167º enesta secção, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

Artigo 152.ºDireito de exploração de coutadas

Os titulares de direitos de exploração de coutadas privadas e comunitárias têm osseguintes direitos:

O direito ao exercício da actividade de turismo ecológico e cinegético medianteexploração de coutada, de acordo com o plano de exploração faunística aprovado peloórgão concedente;

O direito de propriedade dos recursos faunísticos abatidos ou capturados, semprejuízo dos direitos de caçadores recreativos ou desportivos que sejam autorizados acaçar na coutada em causa.

Artigo 153.ºDireitos acessórios

São direitos acessórios do titular do direito de exploração de coutadas:

a) O direito fundiário de superfície do terreno em que se realiza a exploraçãofaunística, se for caso disso;

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b) De comercialização, incluindo exportação, dos produtos da caça obtidos noâmbito da exploração da coutada;

c) O direito de uso das águas necessárias à exploração da coutada, nos termos dalegislação sobre recursos hídricos em vigor;

d) O direito de abertura de vias de acesso à área da coutada;

e) O direito de edificação das instalações necessárias à exploração da coutada;

f) O direito de constituir as servidões de águas e de passagem necessárias aoexercício do direito de exploração da coutada;

g) De recrutamento de caçadores especialistas para realização da caça dentro daárea da coutada;

h) O direito de acesso à informação sobre a área, sobre os recursos florestais efaunísticos nela existentes e sobre as exigências da gestão sustentável dessesrecursos que se encontre na posse da Administração Pública.

Artigo 154.ºObrigações do concessionário

1. Os titulares do direito de exploração de coutadas têm as obrigações genéricasprevistas no número 4 do artigo 9º em especial de uso sustentável dos recursosfaunísticos e florestais existentes na área da coutada e, em especial, as seguintesobrigações:

a) O cumprimento da legislação em vigor, em especial do disposto na presente leie seus regulamentos, na legislação sobre terras, águas e ordenamento doterritório, bem como das condições constantes do contrato de concessão;

b) O respeito pelos direitos de terceiros, em especial das comunidades rurais e detitulares de outros direitos sobre recursos naturais, designadamente quanto aservidões de águas e de passagem e às servidões mineiras existentes;

c) O cumprimento do plano de exploração faunística e do plano de repovoamentofaunístico, se for caso disso;

d) O aproveitamento integral dos produtos da caça, nos termos definidos no planode exploração faunística;

e) A aplicação dos métodos de caça e de repovoamento constantes das normastécnicas que venham a ser adoptadas;

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f) O pagamento das taxas de exploração faunística;

g) A preferência, no recrutamento e formação, de trabalhadores angolanos, sepossível de residentes na área da concessão;

h) O cumprimento das normas de segurança e higiene no trabalho gerais eespecíficas da exploração faunística e da caça;

i) A adopção e implementação de planos de prevenção e combate a incêndiosflorestais;

j) A preferência de empresas angolanas no fornecimento de bens e serviçosnecessários à exploração da coutada;

k) A prestação de informações necessárias ao acompanhamento e avaliação doestado dos recursos faunísticos, bem como do cumprimento do plano deexploração, em especial a apresentação anual do relatório de execução doplano de exploração faunística;

l) A sujeição a fiscalização do Estado.

2. As pequenas e micro empresas que se proponham realizar investimentos podemser isentas do pagamento das taxas de exploração faunística por um período de cincoanos, nos termos a definir em regulamento.

Artigo 155ºÁrea de coutada

1. A determinação da área da coutada obedece ao estabelecido nos instrumentos deordenamento do território e à capacidade demonstrada pelo candidato ao direito deexploração de coutada para a exploração que se propõe realizar.

2. A determinação da área da coutada obedece aos seguintes critérios, nos termosque vierem a ser definidos em regulamento:

a) O potencial qualitativo e quantitativo da fauna selvagem existente na áreapretendida;

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b) A capacidade de exploração faunística demonstrada pelo requerente;

c) As exigências do uso sustentável dos recursos concedidos.

3. As áreas das coutadas não podem ser superiores a 10000 hectares salvo no casode ponderoso interesse nacional, em especial de projectos de investimento de valorsuperior aos montantes que vierem a ser definidos em regulamento.

4. Cabe ao Conselho de Ministros aprovar as concessões para áreas superiores aolimite estabelecido no número anterior.

Artigo 156ºAquisição de novos direitos de exploração de coutada

Não pode ser concedido o direito de exploração para novas áreas desde que ototal de áreas utilizadas por um só titular de direitos de exploração seja superior a10000 hectares.

Secção IIDas fazendas de pecuarização

Artigo 157ºFazendas de pecuarização

1. Todas as pessoas singulares ou colectivas, nacionais, estrangeiras ouinternacionais, públicas, mistas, privadas ou cooperativas, em especial as comunidadeslocais ou rurais e associações, podem exercer as actividades de pecuarização deanimais da fauna selvagem nos termos da presente lei e seus regulamentos desde quesejam titulares de direitos fundiários sobre os terrenos onde pretendem exerceractividades.

2. Os titulares do direito de exploração de fazendas de pecuarização realizam aactividade de criação de animais da fauna selvagem para fins de turismo ecológico ecinegético, repovoamento faunístico e venda de produtos da caça.

3. Todas as pessoas singulares ou colectivas que se proponham explorar fazendasde pecuarização têm preferência na concessão de direitos fundiários, nos termos dosplanos territoriais e florestais aplicáveis.

Artigo 158ºDireitos e obrigações do titulares de direitosde exploração de fazendas de pecuarização

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1. Sem prejuízo do regime de titularidade de direitos sobre terrenos, em especialdireitos fundiários, os titulares do direito de exploração de fazendas de pecuarizaçãotêm os seguintes direitos:

a) O direito de exercício de actividades de pecuarização e de turismo ecológico ecinegético;

b) O direito de propriedade dos recursos faunísticos criados no âmbito dapecuarização;

c) O direito de caça dos recurso faunísticos pecuarizados, desde que a caça sejarealizada por titulares de direitos de caça nos termos do artigos 179º eseguintes.

2. Os titulares de direitos de exploração de fazendas de pecuarização, têm ainda osseguintes direitos acessórios:

a) A comercialização, incluindo exportação, dos produtos faunísticos obtidos noâmbito da exploração da fazenda de pecuarização;

b) A transformação e comercialização dos produtos faunísticos obtidos no âmbitoda exploração da fazenda de pecuarização;

c) O uso dos terrenos necessários à pecuarização e a instalações com elarelacionadas;

d) O direito de uso das águas necessárias à exploração dos recursos faunísticos,nos termos da legislação sobre recursos hídricos em vigor;

e) O direito de abertura de vias de acesso à área da fazenda de pecuarização;

f) O direito de edificação das instalações necessárias ao exercício da actividade deexploração de fazenda de pecuarização;

g) O direito de constituir as servidões de águas e de passagem necessárias aoexercício das actividades de exploração de fazenda de pecuarização;

h) O direito de acesso à informação sobre a área, sobre os recursos florestais efaunísticos nela existentes e sobre as exigências da gestão sustentável dessesrecursos que se encontre na posse da Administração Pública.

3. Os titulares do direito de exploração de fazendas de pecuarização têm asobrigações previstas nos artigos 9º, 139º, 167º e 154º, este com as necessáriasadaptações.

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Artigo 159ºAutorização de fazendas de pecuarização

1. As pessoas singulares ou colectivas interessadas em estabelecer fazendas depecuarização devem requerer ao Ministério que superintende o sector florestal que lhesseja emitido o certificado de fazenda de pecuarização.

2. O pedido referido no número anterior deve ser acompanhado pelos seguintesdocumentos:

a) Descrição da área;

b) A discriminação das espécies e subespécies que pretendem criar;

c) O estudo de viabilidade técnico-económica;

d) O plano de exploração faunística;

e) O estudo de impacto ambiental no caso de projectos para áreas superiores a100 hectares;

f) Prova de titularidade de direitos fundiários, se for caso disso;

g) Licenças de caça especializada, se for caso disso;

h) Plano de edificação de instalações.

3. Nos termos a definir em regulamento, as pequenas e micro empresas, emespecial comunitárias e familiares, estão isentas da apresentação do estudo deviabilidade no caso de fazendas de pecuarização em áreas inferiores a 100 hectares.

4. O Ministério que superintende o sector florestal verifica a compatibilidade daexploração da fazenda de pecuarização com os planos florestais, faunísticos eterritoriais, bem como com a legislação sobre espécies faunísticas e sobre caça e,ainda, se as instalações previstas obedecem aos requisitos legais.

5. No caso de preenchimento dos requisitos referidos no número anterior, oMinistério que superintende o sector florestal deve emitir o certificado de exploração defazenda de pecuarização.

Artigo 160ºVistoria de instalações

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1. Terminadas as obras de construção de instalações destinadas à exploração derecursos faunísticos em fazendas de pecuarização, deve ser efectuada vistoria dasinstalações pelo Ministério que superintende o sector florestal no prazo de trinta diascontados a partir da data do pedido de realização de vistoria.

2. A vistoria destina-se apenas a verificar se as instalações obedecem aos requisitosprevistos na legislação aplicável.

3. Se resultar da vistoria a necessidade de efectuar qualquer alteração nainstalação, quando esta estiver executada deve ser efectuada nova vistoria.

4. Quando se concluir das vistorias referidas neste artigo que as instalaçõesobedecem aos requisitos legais, podem começar a ser utilizadas.

Artigo 161ºRegisto das fazendas de pecuarização

Sem prejuízo de outros registos que se mostrem devidos, as fazendas depecuarização estão sujeitas a registo nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

Capítulo IIIDo regime de caça

Secção IDisposições gerais

Artigo 162ºCaça de recursos faunísticos do Estado

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1. Sem prejuízo do direito de caça de subsistência, os direitos de caça constituem-se mediante licença de caça.

2. Podem ser titulares de direitos de caça de recursos faunísticos do domínio públicoas pessoas singulares, nacionais ou estrangeiras, que preencham os requisitosexigidos para a realização do tipo de caça que se propõem realizar.

3. Têm preferência na concessão de direitos de caça as pessoas singularesangolanas e, dentre estas, as pessoas residentes ou com sede na localidade onde seencontram os recursos faunísticos que se propõem caçar.

4. Têm preferência na concessão de direitos de caça especializada as pessoassingulares que se proponham explorar coutadas ou fazendas de pecuarização ouexercer actividades de turismo ecológico ou cinegético em outras zonas de caça.

Artigo 163ºCaça em terrenos comunitários

1. A realização de actividades de caça desportiva, recreativa, de investigação ouespecializada em terrenos comunitários depende de autorização da comunidade titulardo domínio útil consuetudinário, a ser concedida de acordo com o disposto na presentelei e seus regulamentos, em especial de acordo com o plano de exploração faunísticareferido no número 7 do artigo 67º.

2. A autorização da comunidade a que se refere o número anterior apenas é exigívelse a delimitação do terreno comunitário estiver devidamente assinalada.

Artigo 164ºCaça em terrenos sob concessão de direitos

fundiários ou privados

1. A realização de actividades de caça desportiva, recreativa, de investigação ouespecializada em terrenos sob concessão de direitos fundiários ou propriedade departiculares depende de autorização do titular do direito, a ser concedida de acordocom o disposto na presente lei e seu regulamentos, em especial de acordo com o planode exploração faunística referido no número 7 do artigo 67º.

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2. A autorização do titular de direitos referida no número anterior não prejudica aobrigatoriedade de obtenção de licença de caça nos termos desta lei e seusregulamentos.

3. A autorização do titular de direitos sobre os terrenos a que se refere o número 1deste artigo apenas é exigível se a delimitação do terreno estiver devidamenteassinalada.

Artigo 165ºCaça de recursos faunísticos em fazendas

de pecuarização

A realização de actividades de caça desportiva, recreativa, de investigação ouespecializada em fazendas de pecuarização depende de autorização do proprietáriodos recursos, a ser concedida de acordo com o disposto na presente lei e seuregulamentos, em especial de acordo com o plano de exploração faunística referido nonúmero 7 do artigo 67º.

Artigo 166ºIncentivos à captura de animais vivos

1. O Estado deve adoptar incentivos para a captura de animais selvagens vivosquando estes prejudiquem actividades agrícolas ou pecuárias realizadas nos terrenosrurais.

2. Dos incentivos referidos no número anterior destacam-se a compra, por pessoassingulares ou colectivas, dos exemplares capturados para repovoamento de áreasdegradadas, para conservação ex situ ou para fazendas de pecuarização, nos termosque vierem a ser definidos em regulamento.

Artigo 167ºProibições relativas à caça

1. Para além das proibições de caça de espécies raras, em extinção, ameaçadas deextinção ou vulneráveis a que se referem os artigos 17º e 18º, bem como de proibiçõesrelativas a espécies endémicas que venham a ser estabelecidas no regulamento a quese refere o artigo 19º, é ainda proibida a caça nos seguintes locais:

a) Nas áreas de conservação salvo o disposto no Título IV;

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b) Nos ecossistemas protegidos nos termos do artigo 16º;

c) Nas florestas a que se referem as alíneas a), c), e), f) e g) do número 4 do artigo56º;

d) Nos habitats protegidos das espécies migratórias a que se refere o artigo 125º;

e) Numa área de 500 metros circundante ao perímetro de queimadas;

f) Nos terrenos que, por efeito de inundações, encontrem completamente cercadosde água;

g) Nas dormidas preferidas de aves.

2. É ainda proibida:

a) A caça de fêmeas acompanhadas de crias;

b) A caça de animais de tamanho e peso inferior aos que vierem a serestabelecidos nos termos do artigo 24º.

Artigo 168ºQualificações para certos tipos de caça

1. Só é permitida a caça das espécies perigosas que venham a constar de listasaprovadas por decreto executivo do Ministro que superintende o sector florestal e doMinistro que superintende a política ambiental às pessoas singulares que estejammunidas da carteira de caçador.

2. A obtenção da carteira de caçador obedece às normas que vierem a serestabelecidas em regulamento, devendo sempre ser precedida de um período deformação específica.

3. A carteira de caçador apenas é concedida após o candidato ficar aprovado emexame comprovativo da sua formação específica.

4. São competentes para emitir a carteira de caçador as comissões venatóriasreferidas no número 4 do artigo 179º.

Secção IIDas armas e métodos de caça

Artigo 169ºObrigações do Estado

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1. O Estado deve adoptar as medidas necessárias para que as actividades de caçanão causem danos aos recursos faunísticos e seus habitats.

2. O Ministério que superintende o sector florestal e o Ministério que superintende apolítica ambiental devem, em especial, promover o estudo dos impactos ambientais,em especial nos recursos faunísticos e seus habitats, da caça e dos métodos e armasde caça utilizados.

3. Cabe ao Governo determinar, por decreto, quais os métodos e armas de caçaproibidos ou limitados a certas espécies.

Artigo 170ºPeríodo da caça

1. É proibida a caça durante os períodos de defeso a que se refere o artigo 23º.

2. Apenas é permitida a caça diurna, entendendo-se esta como a caça no períodoque medeia entre o amanhecer e o sol posto, salvo no caso de excepções relativas acertas espécies a serem definidas em regulamento.

Artigo 171ºArmas de caça

1. O licenciamento de armas de fogo é regulado por legislação especial.

2. É proibido o uso de explosivos na caça.

Artigo 172ºArmadilhas

1. É proibida a caça com armadilhas, redes, ratoeiras e laços, salvo nos seguintescasos:

a) Para captura de animais vivos para repovoamento faunístico nos termos a definirem regulamento;

b) Para defesa de pessoas e bens, nos termos a definir em regulamento.

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2. Cabe ao Ministro que superintende o sector florestal e ao Ministro quesuperintende a política ambiental determinar, por decreto executivo conjunto, quais ostipos de armadilhas, redes, ratoeiras e laços que podem ser utilizados na caça dasdiferentes espécies da fauna selvagem.

3. O diploma referido no número anterior deve ter em consideração os pertinentesrelatórios científicos, em especial sobre as práticas tradicionais de caça.

Artigo 173ºCaça com fontes luminosas

1. É proibido o uso na caça de fontes luminosas artificiais ou dispositivos parailuminar os alvos.

2. É proibido o uso na caça de dispositivos de visão para tiro nocturno que incluamum conversor de imagem ou um amplificador de imagem electrónico.

3. É também proibido na caça o uso de espelhos e outros instrumentos destinados aperturbar os alvos.

Artigo 174ºCaça com substâncias venenosas

1. É proibida a caça com iscas e substâncias venenosas ou com armas que utilizemsubstâncias venenosas.

2. É proibida a caça com iscas e substâncias anestesiantes ou com armastradicionais que utilizem substâncias anestesiantes, salvo para fins de captura deanimais vivos devidamente autorizada nos termos da licença de caça.

3. Cabe ao Ministro que superintende o sector florestal, ao Ministro quesuperintende a política ambiental e ao Ministro da Saúde aprovar, por decretoexecutivo conjunto, a lista das substâncias venenosas e anestesiantes para efeitos dodisposto neste artigo.

Artigo 175ºCaça com animais vivos

É proibida a caça com uso de animais vivos como isco.

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Artigo 176ºCaça com aparelhos eléctricos

É proibido o uso na caça de aparelhos eléctricos que possam matar ou perturbaro alvo.

Artigo 177ºCaça com fogo, gases ou fumos

É proibido o uso de fogo, gases ou fumos na caça.

Artigo 178ºMétodos de caça

No exercício da caça é proibido:

a) Atear qualquer incêndio;

b) Perseguir os animais selvagens a cavalo, em veículos automóveis, aviões ououtros veículos aéreos, salvo no caso de perseguição para captura de animaisvivos devidamente autorizada nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

Secção III Daslicenças de caça

Artigo 179ºDas licenças de caça

1. O exercício de caça apenas é permitido a titulares de direitos de caça queestejam munidos da respectiva licença de caça, salvo nos casos de caça desubsistência referidos no número 6 do artigo 140º.

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2. A licença de caça apenas é concedida a pessoas singulares, nacionais ouestrangeiras, maiores de idade, dotadas de idoneidade e de capacidade adequadapara o tipo de caça que se propõem realizar.

3. As licenças de caça podem ser:

a) Licença de caça recreativa e desportiva;b) Licença de caça de investigação;c) Licença de caça especializada.

4. As licenças de caça são concedidas por comissão venatória provincial, cujaorganização e funcionamento são definidos em regulamento.

5. O procedimento de concessão de licença de caça é estabelecido em regulamentoaprovado por decreto.

6. Apenas pode ser titular de licença de caça quem previamente tenha obtido alicença de uso e porte de arma, se for caso disso.

Artigo 180ºLicença de caça especializada

A licença de caça especializada é concedida para os fins previstos nas alíneas b), c) ed) do número 2 do artigo 135º.

Podem ser titulares de direitos de caça especializada os angolanos ou estrangeirosresidentes que tenham obtido a carteira de caçador.

Os requisitos para a aquisição do estatuto de caçador especialista, bem como orespectivo regime de realização de actividades, são definidos em regulamento.

Os residentes na província ou município em que se realiza a caça têm direito depreferência na concessão de licença de caça especializada.

Artigo 181ºConteúdo da licença de caça

As licenças de caça têm o conteúdo e obedecem aos modelos que vierem a serdefinidos em regulamento, devendo incluir, em especial:

A identificação do titular dos direitos de caça;

A duração dos direitos de caça;

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O tipo de caça;

As espécies, subespécies ou grupos de espécies a que se referem os direitos decaça, bem como as quantidades de cada espécie, subespécie ou grupos deespécies que podem ser caçadas;

As zonas onde a caça pode ser exercida;

Os períodos do ano em que pode ser exercida a caça relativamente a cada espécie,subespécie ou grupos de espécies;

As armas que podem ser utilizadas;

Cláusula de alteração unilateral das condições da licença nos casos previstos noartigo 184º;

A assinatura do titular do órgão concedente dos direitos de caça.

As quantidades de espécies, subespécies e grupos de espécies constantes daslicenças de caça são estabelecidas em função das medidas de ordenamento faunísticoadoptadas, em especial as medidas previstas nas alienas f), g) e j) do artigo 132º.

As infracções de caça praticadas pelo titular da licença serão averbadas na licença decaça.

Artigo 182ºDuração das licenças de caça

As licenças de caçador especialista e de caça recreativa, desportiva e de investigaçãotêm a duração que vier a ser definida em regulamento.

As licenças de caça são renováveis, salvo nos casos previstos nas alíneas e) e f) donúmero 2 do artigo 185º e no caso de condenação pelas infracções previstas nosartigos….

Artigo 183ºRecusa de concessão de licença de caça

A licença de caça pode ser recusada com os seguintes fundamentos:

Quando o requerente não preencher os requisitos para o tipo de caça que sepropõe realizar;

Quando o pedido se refira a espécies cuja caça é proibida ou limitada nos termosdos artigos 17º e 18º;

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Quando o requerente pretenda exercer as actividades de caça em zonas deecossistemas previstos no artigo 16º e nas zonas previstas no número 1 doartigo 167º;

Quando resulte do ordenamento faunístico a impossibilidade de concessão dedireitos de caça para as espécies pretendidas por já se ter atingido os limites,em especial de quantidades, a que se refere o artigo 132º;

Quando o requerente tenha sido condenado pelas infracções previstas nos artigos...

Artigo 184ºAlteração das condições de licença

de caçador especialista

As licenças de caçador especialista apenas podem ser alteradas nos seguintescasos:

Por acordo entre o concedente e o caçador, a pedido de um deles, em especialinvocando alteração de circunstâncias que afectem o equilíbrio económico-financeiro das actividades desenvolvidas no âmbito da licença;

Por acordo entre o concedente e o caçador no caso de adopção de medidas deordenamento faunístico, em especial as previstas na alínea d) do artigo 132º,que determinem alteração nas espécies, subespécies ou grupos de espéciesconstantes da licença ou nas quantidades que o titular está autorizado a caçar;

Unilateralmente pelo Ministério que superintende o sector florestal se novosconhecimentos científicos ou dados relativos ao estado dos recursos faunísticosassim o exigirem, tendo em consideração os princípios da prevenção, daprecaução e da proporcionalidade.

Artigo 185ºExtinção de direitos de caça

São causas de extinção dos direitos de caça:

A caducidade;A renúncia;A revogação da licença.

A licença de caça pode ser revogada nos seguintes casos:

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a) Abuso de direito;

b) Incumprimento desta lei e seu regulamentos ou das condições da licença;

c) Alteração de circunstâncias que afectem o equilíbrio económico-financeiro dasactividades desenvolvidas no âmbito da licença no caso de não se chegar aacordo nos termos da alínea a) do artigo anterior;

d) Não exercício dos direitos por período superior a dois anos, salvo em caso deforça maior:

e) Comprovado risco de extinção ou não renovação sustentável das espécies ousubespécies a que se referem os direitos de caça que determine a adopção demedidas de ordenamento faunístico, em especial as previstas na alínea d) doartigo 132º, a proibição ou suspensão de caça de espécies, subespécies ougrupos de espécies constantes da licença;

f) Comprovado risco para a saúde humana ou animal, para a ordem e segurançade pessoas e bens, ou para os ecossistemas, em resultado da realização deactividades de caça.

No caso de revogação da licença com os fundamentos previstos nas alíneas e) e f) donúmero anterior, pode ser atribuída nova licença para outra zona de caça ou paraespécies ou subespécies diversas, se tal for possível nos termos das medidas deordenamento faunístico, florestal ou do território.

Secção IVDo comércio de produtos da caça

Artigo 186ºControlo do comércio de produtos da caça

1. Apenas podem ser comercializados produtos de caça capturados ou abatidos nostermos desta lei e seus regulamentos.

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2. É proibida a comercialização de produtos de caça de subsistência, desportiva,recreativa e de investigação.

3. Todos os produtos de caça são identificados por certificado de origemcomprovativo de que provêm de actividades de caça legais.

4. No caso de caça em terrenos do domínio público, em terrenos comunitários ouem terrenos de particulares, o certificado de origem referido no número anterior éemitido pela autoridade competente, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento após verificação do averbamento na licença de caça a que se refere oartigo .... (Título VI).

5. No caso de caça em coutadas ou em fazendas de pecuarização, o certificado deorigem referido neste artigo é emitido pelo titular do direitos de exploração da coutadaou da fazenda de pecuarização e visado pelo fiscal florestal da localidade maispróxima.

6. O certificado de origem previsto neste artigo obedece ao modelo que vier a serestabelecido em regulamento e não substitui qualquer certificado de sanidade exigidopela legislação em vigor.

7. A inclusão no certificado de origem informações incorrectas constitui crime defalsas declarações punível nos termos da legislação em vigor.

Artigo 187ºObrigatoriedade de apresentação do certificado

1. Os caçadores, os transportadores e os vendedores de produtos de caça devemexibir o certificado de origem previsto no artigo anterior sempre que tal lhes sejasolicitado pelas autoridades florestais, policiais, aduaneiras ou pelos compradores.

2. As empresas que, directa ou indirectamente, comercializem ou utilizem produtosda caça devem conservar em arquivo cópia dos certificados previstos nesta secção.

3. Apenas é permitida a exportação de produtos de caça após a apresentação docertificado referido nesta secção às autoridades competentes.

Secção VDa prestação de serviços de turismo cinegético ou ecológico

fora de coutadas ou de fazendas

Artigo 188º

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Actividades de turismo cinegético e ecológico relativasà fauna selvagem terrestre

1. Sem prejuízo da realização de actividades em coutadas e fazendas depecuarização, a exploração de recursos faunísticos pode ser realizada em terrenos,classificados como zonas de caça, do domínio público ou do domínio útilconsuetudinário, para fins de turismo ecológico e/ou cinegético, em especial aorganização de safaris, caça desportiva e recreativa, excursões para fotografia,filmagem ou observação de fauna selvagem terrestre.

2. As pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que pretendamdedicar-se ao exercício de actividades de turismo ecológico e/ou cinegético nos termosdo número anterior devem obter uma licença de exercício de actividades nos termosque vierem a ser definidos em regulamento.

3. As pessoas singulares ou colectivas angolanas residentes ou com sede naprovíncia onde se irão realizar as actividades têm preferência na atribuição daslicenças de exercício de actividades de turismo ecológico ou cinegético.

4. A concessão da licença de exercício de actividades referida no número anterior apessoa colectiva não prejudica a exigência de licença de caça seus aos empregadosou clientes que se dediquem à caça desportiva, recreativa, de investigação ouespecializada.

Artigo 189ºCaça especializada fora de coutadas e de

fazendas de pecuarização

1. Para além da caça em coutadas e fazendas de pecuarização, a exploração derecursos faunísticos pode ser realizada por caçadores especialistas nos termos dosartigos 135º e 143º, incluindo para fins de turismo cinegético, sem necessidade deobtenção da licença de exercício de actividades referida no artigo anterior.

2. As pessoas singulares que pretendam dedicar-se à exploração de recursosfaunísticos referida no número anterior, devem obter a licença de caça especializadaprevista no artigo 179º e nos termos dos artigos 180º e seguintes.

TÍTULO IVDas Áreas de Conservação Terrestres

Capítulo I

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Disposições gerais

Secção IDisposições gerais

Artigo 190ºFinalidades e princípios

1. As áreas de conservação terrestres visam assegurar a conservação dadiversidade biológica e, em especial:

a) A conservação de ecossistemas, em especial em extinção, ameaçados deextinção ou vulneráveis, bem como dotados de maior diversidade biológica ouque existam apenas no território nacional;

b) A conservação de espécies, em especial as espécies raras, em extinção,ameaçadas de extinção ou vulneráveis, de grande valor científico ou estético, ouendémicas, bem como dos habitats essenciais à sobrevivência dessas espécies;

c) A conservação in situ de recurso genéticos da flora silvestre e da faunaselvagem;

d) A preservação de valores culturais, em especial estéticos;

e) A conservação de paisagens de valor estético ou de outro modo cultural;

f) A investigação científica;

g) A recreação e o turismo;

h) A gestão sustentável de certas espécies ou ecossistemas;

i) A recuperação de áreas degradadas;

j) Contribuir para o desenvolvimento económico e social, em especial local, pelapromoção do turismo e da participação das comunidades locais nos benefíciosresultantes das actividades relacionadas com a gestão de áreas deconservação.

2. A constituição e gestão de áreas de conservação terrestres obedecem aosseguintes princípios:

a) Do desenvolvimento sustentável;

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b) Da prevenção;

c) Da precaução;

d) Da gestão integrada;

e) Da cooperação institucional;

f) Do ordenamento do território e do ordenamento florestal e faunístico;

g) Da propriedade estadual dos terrenos reservados para áreas de conservação;

h) Da participação;

i) Da cooperação internacional.

Artigo 191ºObrigações do Estado

1. O Estado deve criar, manter ou reabilitar uma rede de áreas de conservaçãovisando a preservação da paisagens e da diversidade biológica para as geraçõesactuais e futuras e para aplicação de medidas especiais de gestão de ecossistemas,espécies e paisagens.

2. Cabe ao Governo assegurar, em especial:

a) A identificação das áreas de importância para a realização dos objectivosprevistos no número 1 do artigo 190º;

b) A compatibilização entre o ordenamento do território e o ordenamento florestal efaunístico e a criação de áreas de conservação;

c) A classificação e reclassificação de áreas de conservação;

d) A adopção de programas de reabilitação de áreas de conservação degradadas ede criação de novas áreas de conservação;

e) A gestão sustentável de áreas de conservação;

f) A adopção de planos de gestão das diferentes áreas de conservação;

g) A formação dos trabalhadores que prestam serviço nas áreas de conservação;

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h) A informação e a participação dos cidadãos, em especial das comunidadesrurais, na constituição e gestão de áreas de conservação;

i) A cooperação internacional, em especial na identificação, classificação ereclassificação de áreas de conservação, na formação de gestores de áreas deconservação e na gestão de áreas de conservação transfronteiriças;

j) A fiscalização das áreas de conservação.

Artigo 192ºDireitos e obrigações dos cidadãos

1. Os cidadãos têm o direito de acesso a áreas de conservação para fins deeducação, formação, investigação e recreação nos termos definidos em regulamento.

2. Para além das obrigações previstas no artigo 10º, os cidadãos devem, nas áreasde conservação, abster-se da prática de actos proibidos pelos regimes dos diferentestipos de áreas de conservação.

Secção IITipos de áreas de conservação

Artigo 193ºTipos de áreas de conservação terrestres

1. Segundo o seu regime de conservação de recursos florestais ou faunísticos, asáreas de conservação terrestres podem ser reservas totais ou parciais.

2. Segundo o seu regime jurídico, as áreas de conservação são as seguintes:

a) Reservas naturais;

b) Parques;

c) Monumentos naturais,

d) Paisagens ou sítios protegidos.

3. Segundo o seu regime jurídico as reservas naturais podem ser:

a) Reservas naturais integrais;

b) Reservas naturais parciais;

c) Reservas naturais especiais.

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4. Segundo o âmbito da sua gestão, as áreas de conservação podem ser Nacionais:

a) Provinciais;

b) Municipais;

c) Transfronteiriças.

5. Para a realização das finalidades previstas na presente lei, o Governo podeestabelecer, por decreto lei, outros tipos de áreas de conservação para além dasreferidas neste artigo.

6. As florestas de conservação a que se referem os números 5 e 6 do artigo 56º e oartigo 57º são integradas, após classificação, nas categorias referidas nos númerosanteriores.

Artigo 194ºÂmbito de áreas de conservação terrestres

1. São de âmbito nacional as áreas de conservação que, pelo seu especial valor, oupor se estenderem por várias províncias limítrofes, são tuteladas por órgãos daAdministração central do Estado.

2. São de âmbito provincial as áreas de conservação de interesse especial de umadada província e que são tuteladas por órgãos provinciais.

3. São de âmbito municipal as áreas de conservação de interesse especial para umdado município e que são tuteladas por órgãos da Administração municipal.

4. São de âmbito transfronteiriço as áreas de conservação que se estendem peloterritório nacional e o território de um ou mais estados.

Artigo 195ºÁreas de conservação terrestres e aquáticas

1. As águas continentais que se encontram dentro de áreas de conservaçãoterrestres têm o estatuto dessa área de conservação, salvo se diploma especial sobreáreas de conservação aquáticas lhes atribuir um estatuto diverso, com maior grau deprotecção.

2. As águas continentais que constituem limites geográficos de áreas deconservação terrestres estão sujeitas ao regime da área de conservação em causa.

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3. Os terrenos que circundam áreas de conservação aquáticas têm o estatuto daárea em causa, num limite definido no diploma de criação da área de conservaçãoaquática.

Artigo 196ºÁreas contíguas

1. Todas as áreas de conservação são rodeadas por áreas contíguas, terrenos comregime especial visando a protecção de áreas de conservação.

2. As áreas contíguas têm o estatuto de reserva natural parcial nos termos definidosno diploma de criação ou de reclassificação da área de conservação que circundam.

3. O diploma referido no número anterior deve definir quais as actividades proibidasna área contígua a cada área de conservação.

4. Os cidadãos residentes nas áreas contíguas devem respeitar o seu regimejurídico e colaborar nas actividades visando a realização dos objectivos da área deconservação em causa.

5. O Estado deve promover a participação dos cidadãos residentes nas áreascontíguas, bem como das comunidades rurais e empresas que aí realizem actividadeseconómicas, nas medidas de protecção da área em causa, em especial adoptandoincentivos para que se abstenham de exercício de actividades nocivas à realização dosobjectivos da área de conservação em causa.

Artigo 197ºTerras húmidas

1. Os ecossistemas de terras húmidas protegidas internacionalmente a que se referea alínea e) do número 4 do artigo 56º serão integrados nas diferentes categorias deáreas de conservação mediante decreto.

2. O disposto no número anterior é aplicável aos habitats de espécies migratórias.

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Artigo 198ºClassificação e reclassificação

1. O Governo aprova, por decreto e sob proposta do Ministério que superintende osector florestal e do Ministério que superintende a política ambiental, a classificação ereclassificação de áreas com especial aptidão para a realização dos objectivosprevistos no artigo 190º.

2. A proposta referida no número anterior deve basear-se nos planos territoriais,florestais e faunísticos.

3. Cabe ao Ministério que superintende a política ambiental, em colaboração com oMinistério que superintende o sector florestal, com o Ministério que superintende aadministração do território e com o Ministério que superintende o ordenamento doterritório, elaborar a proposta de classificação e reclassificação a que se refere onúmero anterior.

4. As propostas de classificação e reclassificação apenas podem ser apresentadasao Governo após parecer do Conselho Nacional de Protecção das Florestas e FaunaSelvagem.

5. Deve ser dada prioridade à realização dos estudos necessários para areclassificação das áreas de conservação existentes, bem como da classificação dasflorestas de conservação referidas no artigo 56º.

6. O Estado deve incentivar a realização, por instituições nacionais, estrangeiras ouinternacionais, em especial instituições científicas e associações de defesa doambiente, dos estudos necessários à classificação e reclassificação de áreas deconservação.

7. Os órgãos da administração local do Estado, bem como as associações dedefesa do ambiente ou de interesses locais, podem apresentar propostas declassificação e reclassificação de áreas de conservação.

8. Após classificação ou reclassificação, as áreas de conservação devem constar deplanos territoriais especiais, nos termos definidos na legislação em vigor.

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Artigo 199ºRelatório científico

Todas as medidas de classificação e reclassificação de áreas de conservação sãofundamentadas nos relatórios científicos previstos no Título I, em especial no artigo14º.

Secção IIIDas reservas naturais integrais

Artigo 200ºDefinição e objectivos

1. As reservas naturais integrais são áreas de conservação em virtude de possuíremespécies e/ou ecossistemas raros ou endémicos ou características geológicas oufisiológicas de especial importância.

2. As reservas naturais integrais visam a realização dos seguintes fins:

a) A conservação de habitats, ecossistemas e espécies num estado que tenha amínima intervenção humana possível durante um período de tempo longo;

b) A manutenção dos recursos genéticos num estado dinâmico e evolutivo;

c) A manutenção de determinados processos ecológicos;

d) A preservação de características estruturais da paisagem e de formaçõesrochosas;

e) A conservação do ambiente natural para fins de investigação científica, deacompanhamento e avaliação contínua do estado do ambiente, de educação eformação.

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Artigo 201ºRegime

1. As reservas naturais integrais são constituídas em terrenos do domínio público ouem terrenos expropriados para os fins de utilidade pública da reserva.

2. Nas reservas naturais integrais é proibido:

a) Colher, cortar, caçar, captar ou extrair qualquer recurso natural;

b) Praticar qualquer acção ou omissão que possa perturbar o ambiente natural;

c) Introduzir quaisquer espécies;

d) Entrar ou transitar, em especial em veículos motorizados, sem autorização doorganismo que administra a reserva, nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

3. A realização de actividades de investigação científica e de avaliação do estadodos recursos nas reservas naturais integrais obedece a um plano de gestão aprovadoanualmente pelo Ministério que superintende a política ambiental.

4. Podem ser estabelecidas restrições de acesso às reservas naturais integrais quedevem constar do seu diploma de constituição, com a indicação das categorias depessoas cuja entrada e permanência na reserva é permitida.

5. O regime das reservas naturais integrais é estabelecido em regulamentoaprovado pelo Governo.

Secção IVDos parques

Artigo 202ºDefinição e objectivos

1. Os parques são áreas que são conservadas para proteger a integridade ecológicade um ou vários ecossistemas para as gerações actuais e futuras e para finsrecreativos.

2. Os parques visam a realização dos seguintes fins:

a) Proteger áreas naturais ou paisagísticas de significado nacional ou internacionalpara fins de recreação, educativos, científicos, espirituais e de turismo;

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b) Garantir às actuais e gerações futuras a possibilidade de conhecerem eusufruírem, no estado o mais natural possível, de exemplos representativos deregiões fisiográficas, comunidades bióticas, espécies e recursos genéticos cujaestabilidade ecológica e diversidade biológica seja preservada;

c) Conservar no longo prazo as qualidades e elementos naturais essenciais doambiente, incluindo as características ecológicas, geomorfológicas, estéticas ousagradas;

d) Proporcionar a realização de actividades de turismo ecológico, recreação,educação e investigação científica;

e) Permitir às comunidades residentes no parque a utilização dos recursos parafins de subsistência na medida em que esta não tenha impactos negativos nosobjectivos do parque natural.

Artigo 203ºRegime

1. Os parques são constituídos em terrenos do domínio público ou em terrenosexpropriados para os fins de utilidade pública do parque.

2. Nos parques é proibido:

a) Colher, cortar, caçar, captar ou extrair qualquer recurso natural, salvo para finsde subsistência de comunidades e de trabalhadores do parque nele residentesou de controlo de populações da flora e da fauna;

b) Exercer actividades económicas para além das necessárias para a realizaçãodos objectivos do parque;

c) Introduzir quaisquer espécies;

d) Entrar ou transitar, em especial em veículos motorizados, sem autorização doorganismo que administra o parque nos termos que vierem a ser definidos emregulamento.

3. A realização, nos parques, de actividades de turismo ecológico, de investigaçãocientífica e de avaliação do estado dos recursos, bem como de controlo de populações,obedece a um plano de gestão aprovado anualmente pelo Ministério que superintendea política ambiental.

4. A colheita, corte ou caça de recursos florestais ou faunísticos dentro dos parquespara fins de subsistência é regulada pelo disposto nos artigos 85º e 140º.

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5. Todos os cidadãos têm o direito de acesso aos parques nos termos que vierem aser definidos em regulamento.

6. O regime dos parques é estabelecido em regulamento aprovado pelo Governo.

Secção VDas reservas naturais especiais

Artigo 204ºDefinição e objectivos

1. As reservas naturais especiais são áreas de conservação, intactas ou poucoalteradas, que conservaram o seu carácter e influência naturais, desprovidas deconstruções permanentes ou significativas, que são conservadas para preservar o seuestado natural.

2. As reservas naturais especiais visam a realização dos seguintes fins:

a) Garantir às gerações actuais e futuras a possibilidade de conhecerem eusufruírem de áreas preservadas, durante um período longo, de actividadeshumanas que as alterem;

b) Conservar no longo prazo as qualidades e elementos naturais essenciais doambiente;

c) Proporcionar aos cidadãos espaço para recreação em harmonia com aNatureza;

d) Permitir às comunidades locais a vida em áreas de fraca densidade populacionale em harmonia com recursos disponíveis mantendo as suas tradições de vida.

Artigo 205ºRegime

1. As reservas naturais especiais são constituídas em terrenos do domínio públicoou em terrenos expropriados para os fins de utilidade pública da reserva.

2. O regime das reservas naturais especiais é estabelecido por regulamentoaprovado pelo Governo, tendo em consideração o regime dos parques previsto noartigo 203º.

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Secção VIDas reservas naturais parciais

Artigo 206ºDefinição e objectivos

1. As reservas naturais parciais são áreas que são conservadas essencialmentepara manutenção de certas características geomorfológicas, hidrológicas, de habitatse/ou de espécies particulares, bem como para recuperação de espécies em extinção,ameaçadas de extinção ou vulneráveis.

2. As reservas naturais parciais visam a realização dos seguintes fins:

Assegurar e manter as condições de habitats necessárias para proteger certasespécies, grupos de espécies, comunidades bióticas ou características físicas doambiente quando tal exija a intervenção humana;

a) Proteger fontes de recursos hídricos;

b) Promover a investigação científica e o acompanhamento e avaliação do estadodos recursos florestais e faunísticos com a simultânea gestão sustentável dosrecursos naturais;

c) Promover a educação ambiental, em especial quanto aos habitats protegidos eàs medidas tomadas para proteger as espécies visadas ou as fontes de águaprotegidas;

d) Permitir às comunidades residentes na reserva parcial a utilização dos recursospara fins de subsistência na medida em que esta não tenha impactos negativosnos objectivos da reserva;

e) Prevenir qualquer tipo de ocupação ou exploração incompatível com os fins dareserva parcial.

3. Podem ser integrados no regime de reservas naturais parciais os habitats ecorredores de passagem de espécies migratórias, bem como os santuários paraconservação e/ou recuperação de espécies em extinção, ameaçadas de extinção ouem perigo.

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Artigo 207ºRegime

1. As reservas naturais parciais são constituídas em terrenos do domínio público ouem terrenos expropriados para os fins de utilidade pública da reserva parcial.

2. Nas reservas naturais parciais pode ser proibido o corte, colheita, caça e/oucaptação dos recursos protegidos nos termos dos diplomas de constituição da reserva.

3. Nas reservas naturais parciais é proibido ocupar terrenos ou exercer actividadeseconómicas para além das necessárias para a realização dos objectivos da reserva,bem como introduzir quaisquer espécies.

4. A realização, nas reservas naturais parciais, de actividades de turismo ecológico,investigação científica e de avaliação do estado dos recursos obedece a um plano degestão aprovado anualmente pelo Ministério que superintende a política ambiental.

5. A colheita, corte ou caça de recursos florestais ou faunísticos dentro das reservasnaturais parciais para fins de subsistência são reguladas pelo disposto nos artigos 85ºe 140º.

6. Todos os cidadãos têm o direito de acesso às reservas naturais parciais nostermos que vierem a ser definidos em regulamento.

7. O regime das reservas naturais parciais é estabelecido em regulamento aprovadopelo Governo.

Secção VIIDos monumentos naturais e paisagens protegidas

Artigo 208ºDefinição e objectivos dos monumentos naturais

1. Os monumentos naturais são áreas de conservação que contêm um ou várioselementos naturais particulares, de importância excepcional ou única, preservadosdevido à sua raridade, às suas qualidade estéticas ou à sua importância culturalintrínseca.

2. Os monumentos naturais visam a realização dos seguintes fins:

a) Proteger ou preservar, perpetuamente, elementos naturais específicos,excepcionais devido à sua importância natural e/ou carácter único erepresentativo, e/ou conotação espiritual;

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b) Proporcionar a realização de actividades de turismo ecológico, recreação,educação e investigação científica, desde que compatíveis com o objectivo parao qual foi constituído o monumento natural;

c) Prevenir ou eliminar qualquer forma de ocupação ou exploração incompatívelcom o objectivo do monumento natural;

d) Contribuir para o desenvolvimento económico e social local, pela promoção doturismo e da participação das comunidades locais nos benefícios resultantesdessas actividades.

3. São também consideradas monumentos naturais as árvores de valor ecológico,estético, histórico ou de outro modo cultural referidas no número 1 do artigo 21º.

Artigo 209ºDefinição e objectivos das paisagens protegidas

1. As paisagens protegidas são áreas terrestres, abrangendo por vezes o litoral eáguas adjacentes, onde a interacção entre a acção humana e a natureza modelaram apaisagem com qualidades estéticas, ecológicas ou culturais específicas e excepcionaise que, por vezes, têm grande diversidade biológica.

2. As paisagens protegidas visam a realização dos seguintes fins:

a) Manter uma interacção harmoniosa da natureza e da cultura, protegendo apaisagem e garantindo formas tradicionais de ocupação do solo e de construção,bem como de expressão de valores sócioculturais;

b) Encorajar modos de vida e actividades económicas em harmonia com anatureza, bem como a preservação de valores culturais das comunidades locaise/ou rurais interessadas;

c) Manter a diversidade da paisagem e do habitat, bem como as espécies eecossistemas associados;

d) Prevenir e eliminar qualquer forma de ocupação do solo e actividadesincompatíveis, devido à sua dimensão ou natureza, com os objectivos daconstituição da paisagem protegida;

e) Proporcionar aos cidadãos espaços de lazer ao ar livre respeitandosimultaneamente as qualidades essenciais da área de conservação;

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f) Contribuir para o desenvolvimento económico e social local, pela promoção doturismo e da participação das comunidades locais nos benefícios resultantesdessas actividades, em especial através da criação de emprego e acesso aserviços criados para realização de formas de turismo duradouro, como oacesso água potável e saneamento básico.

Artigo 210ºRegime

1. Os monumentos naturais e as paisagens protegidas integram o domínio público esão constituídos em terrenos do domínio público ou em terrenos expropriados para osfins de utilidade pública que estas áreas de conservação visam realizar.

2. O regime dos monumentos naturais e das paisagens protegidas é estabelecidoem regulamento aprovado por decreto do Governo.

3. A realização, nas áreas de monumentos naturais e paisagens protegidas, deactividades de turismo, educação e investigação científica e de avaliação do estadodos recursos obedece a um plano de gestão aprovado anualmente pelo Ministério quesuperintende a política ambiental.

4. Todos os cidadãos têm o direito de acesso aos monumentos naturais e àspaisagens protegidas nos termos que vierem a ser definidos em regulamento.

Secção VIIIDas áreas de conservação transfronteiriças

Artigo 211ºDefinição e objectivos

1. As áreas de conservação transfronteiriças são qualquer tipo de áreas deconservação que, por razões de equilíbrio ecológico ou de interesse de turismoecológico, devam abranger terrenos situados noutros estados.

2. Os objectivos das áreas de conservação transfronteiriças são a cooperaçãointernacional na gestão de recursos partilhados e os objectivos de cada tipo de área deconservação referidos nos artigos anteriores.

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Artigo 212ºRegime

1. As áreas de conservação transfronteiriças são constituídas por acordosinternacionais celebrados e aprovados pelos órgãos competentes do Estado.

2. O regime das áreas de conservação transfronteiriças deve constar do instrumentointernacional referido no número anterior.

Capítulo IIDa gestão das áreas de protegidas terrestres

Artigo 213ºEstatuto das áreas de conservação

1. As áreas de conservação integram o domínio público.

2. Dadas as suas finalidades de conservação de longo prazo, as áreas deconservação não podem ser desafectados do domínio público nem objecto dereclassificação, salvo no caso de autorização expressa da Assembleia Nacional,qualquer que seja o órgão competente para a sua constituição.

3. As áreas de conservação podem estar sob administração directa ou indirecta deórgãos da Administração central ou local do Estado, ou da Administração autárquica,nos termos definidos no seu diploma de criação.

4. A prestação de serviços nas áreas de conservação está sujeita, nos termos quevierem a ser definidos em regulamento, ao pagamento de taxas, salvo no caso deprestação de serviços para fins de educação e formação.

5. A administração de áreas de conservação obedece a um plano de gestão.

Artigo 214ºCessão de exploração para fins turísticos

1. O Governo pode autorizar a cessão da exploração para fins turísticos de zonasdelimitadas de áreas de conservação a pessoas singulares ou colectivas, nacionais,estrangeiras ou internacionais, dotadas de capacidade adequada para a realização dasactividades turísticas que se propõem realizar.

2. A exploração é transmitida mediante contrato de cessão de exploração nostermos que vierem a ser definidos em regulamento.

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3. A cessão da exploração de área de conservação deve ser objecto de concursopúblico.

4. Na cessão de exploração referida neste artigo têm preferência as pessoassingulares ou colectivas angolanas e, dentre estas, as pessoas singulares comresidência ou as pessoas colectivas com sede no município em que se encontra a áreade conservação.

Artigo 215ºConstituição de áreas de conservação

1. As áreas de conservação de âmbito nacional, salvo as reservas naturais parciais,são criadas por resolução da Assembleia Nacional.

2. As áreas de conservação de âmbito provincial e as reservas naturais parciais deâmbito nacional são criadas por decreto do Governo.

3. As áreas de conservação de âmbito municipal e as reservas naturais parciais deâmbito provincial são criadas por resolução do Governo Provincial.

4. A resolução ou decreto que aprova a constituição de uma área de conservaçãodeve indicar a sua delimitação geográfica bem como as finalidades da sua criação.

5. A proposta de criação de áreas de conservação de âmbito provincial e municipalcabe ao órgão provincial que superintende a política ambiental, sem prejuízo dainiciativa de órgãos centrais ou locais e de particulares interessados nos termos dalegislação em vigor.

6. A proposta de constituição de área de conservação de âmbito nacional ouprovincial deve ser acompanhada de relatório científico.

7. O Conselho Nacional da Protecção das Florestas e Fauna Selvagem deve emitirparecer prévio sobre a constituição de área de conservação de âmbito nacional ouprovincial.

8. Deve ser dada publicidade à constituição de área de conservação em jornais degrande tiragem e nos meios de comunicação social da província em que se situa a áreade conservação.

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Artigo 216ºPlano de gestão de área de conservação

1. O plano de gestão de cada área de conservação referido no número 5 do artigo213º divide-se em planos de gestão por zonas situadas dentro da área, consoante asactividades de conservação, turismo e outras que sejam aí realizadas, bem como nasáreas contíguas.

2. O zoneamento de cada área de conservação é aprovado pelo Ministro quesuperintende a política ambiental com base no relatório científico referido no artigo199º.

3. O plano de gestão da área de conservação é acompanhado do respectivoorçamento.

Artigo 217ºParticipação comunitária na gestão

de área de conservação

1. O Governo deve incentivar a participação das comunidades residentes na degestão da área de conservação em que residem, em especial mediante:

a) Garantia, salvo no caso de reservas naturais integrais, do acesso dos membrosdas comunidades rurais aos recursos naturais existentes na área deconservação, desde que tal não ponha em causa os objectivos da constituiçãoda área de conservação;

b) Preferência no recrutamento para postos de trabalho necessários à gestão daárea de conservação;

c) Afectação de uma percentagem das receitas da área de conservação àpromoção do bem estar da comunidade rural interessada.

2. Em casos devidamente justificados o Estado pode ceder, nos termos do artigo214º, à comunidade ou comunidades rural interessada, a exploração de uma área deconservação.

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TÍTULO VDos órgãos e serviços de administração da flora e fauna selvagem

Capítulo IDisposições gerais

Artigo 218ºPrincípios da gestão integrada e

da coordenação institucional

As actividades da Administração Pública relativamente à conservação e gestãosustentável das florestas e da fauna selvagem obedecem aos princípios previstos nestalei e na legislação sobre a Administração Pública e, em especial, ao:

a) Princípio da legalidade;b) Princípio da segurança jurídica;c) Princípio da proporcionalidade;d) Princípio da confiança;e) Princípio da imparcialidade;f) Princípio da coordenação institucional;g) Da participação dos cidadãos e da colaboração da Administração com os

cidadãos.

Artigo 219ºÓrgãos e serviços do sistema de protecção

de florestas e fauna selvagem

O Estado assegura a conservação e gestão das florestas e da fauna selvagematravés de órgãos de direcção política, órgãos consultivos e órgãos e serviços daAdministração Pública, directa e indirecta, central e local.

Artigo 220ºÓrgãos de direcção política

São órgãos de direcção política, em matéria conservação e gestão das florestas eda fauna selvagem, o Governo, o Ministério que superintende o sector florestal e oMinistério que superintende a política ambiental.

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Artigo 221ºGoverno

1. O Governo define a política geral de conservação e utilização das florestas e faunaselvagem tendo em consideração, em especial, os dados científicos disponíveis sobreo seu estado e sobre as exigências da sua gestão sustentável.

2. Cabe ao Governo, para os fins referidos no número anterior, em especial:

a) Adoptar os regulamentos necessários à boa execução da presente lei, bemcomo as medidas adequadas para que nas actividades administrativas previstasna presente lei sejam observados os princípios da legalidade, da prossecuçãodo interesse público, da proporcionalidade, da imparcialidade, da colaboração daadministração com os particulares, da participação, da decisão e do acesso àjustiça;

b) Aprovar as medidas de ordenamento florestal e faunístico da sua competência,em especial os planos florestais nacionais e assegurar a sua execução;

c) Aprovar os programas nacionais de combate à desertificação e seca;

d) Aprovar a classificação de florestas;

e) Aprovar a classificação ou reclassificação de áreas de conservação;

f) Constituir áreas de conservação cuja criação seja da sua competência;

g) Aprovar as listas de ecossistemas e espécies florestais e da fauna selvagem aque se referem o número 1 do artigo 16º e o número 1 do artigo 17º;

h) Aprovar a lista de substâncias perigosas a que se refere o número 2 do artigo34º, bem como as normas sobre as quantidades limite de substâncias previstasno número 3 do mesmo artigo;

i) Aprovar os planos de emergência a que se refere o artigo 28º, bem como osplanos de prevenção e combate a incêndios florestais;

j) Assegurar o efectivo funcionamento dos sistemas de concessão, dereconhecimento de direitos, de declaração prévia e de licenciamento deactividades previstos nesta lei;

k) Conceder direitos de exploração florestal e de coutadas para áreas previstas nonúmero 4 do artigo 90º;

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l) Adoptar sistemas de incentivos ao repovoamento florestal e faunístico, emespecial à promoção de florestas de plantação, coutadas e fazendas depecuarização, bem como ao aumento da participação das comunidades locais erurais nas actividades de exploração de recursos florestais e faunísticos;

m) Promover as actividades de investigação científica e tecnológica necessáriasnecessários à realização das finalidades da presente lei;

n) Promover a recolha dos conhecimentos tradicionais sobre recursos biológicosterrestres;

o) Assegurar os recursos humanos, materiais e financeiros necessários à execuçãoda presente lei;

p) Promover a formação e adequada qualificação de todos os trabalhadoresenvolvidos em actividades relativas a recursos florestais e faunísticos e a áreasde conservação;

q) Assegurar a informação dos cidadãos sobre as diversas matérias de interessepúblico relacionadas com as florestas, fauna selvagem, áreas de conservação emedidas com elas relacionadas;

r) Garantir o cumprimento da presente lei e seus regulamento, em especialassegurando o funcionamento adequado dos serviços de fiscalização dasactividades relacionadas com recursos florestais e faunísticos, bem como dasáreas de conservação;

s) Assegurar a cooperação internacional na gestão de recursos partilhados;

t) Assegurar que Angola beneficia efectivamente da assistência internacional paraa conservação e gestão sustentável das florestas e da fauna selvagem a quetem direito como país em desenvolvimento dotado de grande diversidadebiológica, em especial assistência técnica e científica.

Artigo 222ºMinistro que superintende o sector florestal

1. Cabe ao Ministro que superintende o sector florestal a supervisão e coordenaçãoda execução da política de florestas e fauna selvagem, bem como das medidas deordenamento florestal e faunístico.

2. Os Governadores Provinciais são responsáveis a nível local pela coordenação eexecução da política de florestas e fauna selvagem, bem como das medidas deordenamento florestal e faunístico a nível local.

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Artigo 223ºMinistro que superintende a política ambiental

Cabe ao Ministro que superintende a política ambiental a supervisão ecoordenação das medidas de política de florestas e fauna selvagem relativas àprotecção do ambiente, à conservação de ecossistemas e espécies, bem como aexecução da política relativa às áreas de conservação.

Artigo 224ºConselho Nacional de Protecção das Florestas

e da Fauna Selvagem

1. O Conselho Nacional de Protecção das Florestas e da Fauna Selvagem Terrestreé o órgão consultivo do Governo em matéria de coordenação das medidas deprotecção e conservação de florestas e fauna selvagem.

2. O Conselho Nacional visa ainda assegurar a participação dos diversosinteressados e contribuir para a coordenação institucional na preparação de decisões,em especial de ordenamento florestal e faunístico, relativas à protecção e conservaçãode florestas e fauna selvagem.

3. A composição, organização e regras de funcionamento do Conselho Nacional sãoestabelecidas por decreto lei, a aprovar no prazo de seis meses4. após a entrada em vigor desta lei.

5. Nas províncias e municípios devem ser progressivamente criadas delegações doConselho Nacional de Protecção das Florestas e Fauna Selvagem Terrestre queexercem funções consultivas junto dos competentes órgãos locais.

Artigo 225ºÓrgãos e serviços executivos

1. O Ministro que superintende o sector florestal e o Ministro que superintende apolítica ambiental coordenam e tutelam, no âmbito das respectivas atribuições, osórgãos autónomos e os serviços públicos aos quais cabe a elaboração, execução,supervisão e controlo da execução das medidas de protecção e conservação deflorestas e fauna selvagem.

2. Os serviços referidos no número anterior compreendem, em especial:

a) O instituto especializado sob tutela do Ministério que superintende o sectorflorestal e que executa as medidas de gestão sustentável das florestas e dafauna selvagem;

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b) O instituto especializado sob tutela do Ministério que superintende a políticaambiental e que executa as medidas de conservação de recursos naturais;

c) Os organismos da administração indirecta do Ministério que superintende apolítica ambiental que venham a ter atribuições de administração de áreas deconservação;

d) Os serviços de fiscalização do Ministério que superintende o sector florestal e doMinistério que superintende a política ambiental;

e) Os institutos que realizam, ou venham a realizar, actividades de investigaçãocientífica.

Artigo 226ºFiscalização

1. Cabe ao Ministro que superintende o sector florestal, sem prejuízo dascompetências do Ministro que superintende a política ambiental em matéria defiscalização ambiental e de áreas de conservação, coordenar a execução das acçõesde avaliação e acompanhamento do estado dos recursos florestais e faunísticos, bemcomo de fiscalização das actividades com eles relacionadas.

2. Os poderes referidos no número anterior podem ser delegados em órgãosautónomos sob tutela do Ministério que superintende o sector florestal.

Artigo 227ºÓrgãos de investigação

1. O Governo deve criar os necessários órgãos autónomos de investigação sobtutela do Ministério que superintende o sector florestal e/ou do Ministério quesuperintende a política ambiental aos quais caberá assegurar a realização dasactividades de investigação científica e tecnológica previstas nesta lei.

2. Os órgãos referidos no número anterior podem realizar as suas actividades emcolaboração com outras instituições científicas, nacionais, estrangeiras ouinternacionais.

Artigo 228ºServiço de registo de conhecimentos tradicionais

O Governo deve criar um órgão autónomo que assegurará a recolha e registo dosconhecimentos tradicionais sobre recursos florestais e faunísticos.

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Artigo 229ºDas instituições de emissão de certificados

de florestas sustentáveis

O Governo deve promover a constituição de, ou adesão a, instituiçãoindependente que promova a emissão de certificados de florestas sustentáveis tendoem consideração os instrumentos internacionais aplicáveis.

Capítulo IIDo financiamento do sistema de protecção das

florestas e fauna selvagem

Artigo 230ºFontes de financiamento

O sistema de protecção das florestas e fauna selvagem é financiado por:

a) Dotações do Orçamento Geral do Estado;

b) As receitas da exploração de recursos florestais, em especial provenientes detaxas florestais e de multas por infracções previstas na presente lei;

c) As receitas do uso dos recursos faunísticos, em especial provenientes de taxasde caça e de multas por infracções previstas na presente lei;

d) As receitas de polígonos florestais e coutadas;

e) As receitas de áreas de conservação;

f) As doações;

g) As receitas provenientes de assistência internacional à conservação dadiversidade biológica, das florestas e da fauna selvagem.

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Artigo 231ºTaxas florestais

1. As taxas florestais são estabelecidas por decreto.

2. A fixação de taxas florestais obedece aos seguintes critérios:

a) O valor de mercado das espécies e subespécies objecto dos direitos deexploração florestal;

b) As quantidades de recursos florestais a colher ou cortar ou dos recursosfaunísticos a caçar;

c) O tipo de floresta em que se realiza a exploração;

d) A rentabilidade da exploração florestal, aferida em função das espéciesconstantes dos títulos de concessão.

3. O valor das taxas florestais constitui receita do instituto a que se refere a alínea a)do número 2 do artigo 225º.

4. O Governo pode, nos termos que vierem a ser definidos em regulamento,estabelecer que uma dada percentagem das receitas das taxas florestais devem seraplicadas em benefício das comunidades das localidades em que se realiza aexploração florestal.

5. Não é devido pagamento de taxas florestais por produtos provenientes deflorestas de plantação.

Artigo 232ºTaxas de caça

1. As taxas de caça são estabelecidas por decreto.

2. A fixação de taxas de caça obedece aos seguintes critérios:

a) O valor de mercado das espécies e subespécies objecto dos direitos de caça oudo direito de exploração de coutada;

b) A quantidade de exemplares a caçar;

c) O tipo de caça a que se refere a licença ou o direito de exploração de coutada;

d) A rentabilidade da caça profissional, se for caso disso, aferida em função dasespécies e quantidades a caçar.

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3. Não é devido pagamento de taxas de caça no caso de produtos provenientes defazendas de pecuarização.

4. O valor das taxas de caça, bem como as receitas da concessão do direito deexploração de coutadas, constituem receitas do instituto a que se refere a alínea a) donúmero 2 do artigo 225º.

Artigo 233ºConsignação especial de receitas

1. Os saldos positivos da exploração de áreas de conservação constituem receita doinstituto a que se refere a alínea b) do número 2 do artigo 225º.

2. Os saldos positivos da exploração de polígonos florestais, viveiros e de coutadaspúblicas constituem receita do instituto a que se refere a alínea a) do número 2 doartigo 225º.

Artigo 234ºDo Fundo de Fomento Florestal e Faunístico

1. Sem prejuízo da legislação financeira e orçamental aplicável, o Governo deveinstituir um fundo autónomo sob tutela do Ministro que superintende o sector florestal,do Ministro que superintende a política ambiental e do Ministro que superintende asfinanças públicas, para financiamento dos planos, programas e projectos que visem arealização dos objectivos previstos na presente lei.

2. Constituem, em especial, receitas do Fundo de Fomento Florestal e Faunístico:

a) As receitas das multas cobradas por infracções à presente lei e à legislaçãoambiental, nas percentagens que vierem a ser definidas em diploma próprio;

b) As doações e legados para os fins a que se destina o fundo;

c) As receitas provenientes de assistência internacional à conservação e usosustentável da diversidade biológica, das florestas e da fauna selvagem.

3. As receitas do fundo referido neste artigo destinam-se, entre outros, aosseguintes fins:

a) Financiamento de actividades e projectos que visem a conservação in situ e exsitu e uso sustentável da diversidade biológica, das florestas e da faunaselvagem, incluindo a recuperação de áreas degradadas e o repovoamentoflorestal e faunístico;

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b) Financiamento de projectos de investigação científica e programas de formaçãoprevistos nesta lei;

c) Financiamento do reforço de meios disponíveis para acompanhamento doestado dos recursos e fiscalização.

TÍTULO VIDa responsabilização

Capítulo IDa fiscalização

Secção IDisposições Gerais

Artigo 235ºFinalidades da fiscalização florestal e ambiental

A fiscalização florestal e ambiental visa:

a) Contribuir para assegurar o cumprimento da legislação sobre florestas, faunaselvagem e ambiente;

b) Contribuir para a conservação de ecossistemas e espécies da flora silvestre e dafauna selvagem;

c) Contribuir para a protecção e conservação da diversidade biológica;

d) Contribuir para a gestão sustentável dos recursos florestais e faunísticos;

e) Contribuir para a protecção da saúde e qualidade de vida dos cidadãos;

f) Contribuir para a educação e informação dos cidadãos sobre as normasprevistas na presente lei e seus regulamentos, bem como sobre as actividadesde fiscalização;

g) Assegurar a informação das comunidades locais e rurais sobre os seus direitose obrigações previstos na presente lei e seus regulamentos, bem como nalegislação ambiental aplicável;

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h) Contribuir para assegurar a informação das comunidades locais e rurais sobre aimportância da preservação e protecção dos seus conhecimentos tradicionais;

i) Contribuir para a promoção da participação dos cidadãos e das comunidadeslocais e rurais prevista nesta lei e seus regulamentos, bem como, em geral, nadefesa do ambiente.

Artigo 236ºExecução da fiscalização

1. As actividades de fiscalização previstas na presente lei são executadas por:

a) Os serviços de fiscalização florestal;

b) Os serviços de fiscalização ambiental.

2. São auxiliares das actividades de fiscalização previstas na presente lei:

a) Os observadores comunitários;

b) Os fiscais honorários.

Artigo 237ºDever de colaboração

1. Os titulares de direitos relativos a recursos florestais e faunísticos devem prestaraos agentes de fiscalização a colaboração necessária ao eficaz cumprimento das suasfunções.

2. Todas as autoridades devem prestar aos agentes de fiscalização o auxílionecessário ao eficaz desempenho das suas funções.

3. Têm o dever especial de colaboração obrigatória com os agentes de fiscalizaçãoas seguintes autoridades:

o As autoridades locais e tradicionais;o A Polícia Nacional;o As forças de defesa, segurança e ordem interna;o As alfândegas;o As capitanias.

4. Em caso de urgência, os agentes de fiscalização podem requisitar o auxílio daautoridade policial mais próxima da localidade em que se encontram.

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5. Todo o agente da Polícia Nacional que, quando solicitado o seu auxílio por agentede fiscalização, injustificadamente não o prestar está sujeito às sanções previstas nalegislação aplicável.

6. Todo o cidadão que constate infracções à presente lei, seus regulamentos edemais legislação sobre ambiente e recursos naturais, ou ainda que presuma que taisinfracções estejam na eminência de ocorrer, tem a obrigação de informar asautoridades competentes, em especial os agentes de fiscalização.

Artigo 238ºFiscalização florestal

1. Cabe ao Ministério que superintende o sector florestal a fiscalização documprimento das normas que regulam a gestão sustentável das florestas e faunaselvagem, nos termos a definir em regulamento.

2. A fiscalização do uso e gestão de recursos florestais e faunísticos dentro deterrenos reservados para fins de defesa e segurança cabe aos órgãos de defesa esegurança, em colaboração com o Ministério que superintende o sector florestal.

Artigo 239ºFiscalização ambiental

1. A fiscalização do cumprimento das normas ambientais e, em especial, sobreconservação da diversidade biológica terrestre cabe ao Ministério que superintende apolítica ambiental, nos termos a definir em regulamento.

2. A vigilância e guarda das áreas de conservação previstas na presente lei cabe aocorpo de guarda das áreas de conservação.

Artigo 240ºAuditorias ambientais

Se em resultado das actividades de fiscalização florestal ou ambiental se concluirque uma dada instalação ou actividade causa, ou pode causar, danos ao ambiente, oMinistério que superintende a política ambiental deve ordenar a realização de auditoriaambiental.

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Secção IIDos agentes de fiscalização

Artigo 241ºAgentes de fiscalização

1. São agentes de fiscalização:

a) Os fiscais florestais e da fauna selvagem;

b) Os fiscais do ambiente;

c) Os guardas das áreas de conservação.

2. A organização e funcionamento do corpo de guarda referido na alínea c) donúmero anterior obedecem às normas que vierem a ser estabelecidas por decreto.

3. Podem ainda exercer actividades de fiscalização previstas nesta lei, para alémdos agentes referidos no número anterior, os agentes da Polícia Nacional e membrosde outros órgãos de defesa e segurança, das capitanias, das alfândegas e dos serviçossanitários, bem como os agentes de fiscalização de outros órgãos do Estado, quandodevidamente identificados e quando for necessário, em especial por ausência numdado local dos fiscais florestais ou ambientais competentes.

4. No caso referido no número anterior os agentes que tenham realizado uma acçãode fiscalização do cumprimento desta lei e seus regulamentos devem, no mais curtoprazo possível, comunicar ao órgão de fiscalização florestal ou ambiental competenteos resultados da sua acção de fiscalização.

Artigo 242ºFunções dos agentes de fiscalização

Cabe, em especial aos agentes de fiscalização referidos no número 1 do artigoanterior:

a) Garantir o cumprimento das normas legais estabelecidas na presente lei e seusregulamentos e demais legislação aplicável;

b) Verificar se as pessoas que realizam as actividades previstas nesta lei estãodevidamente autorizadas a fazê-lo;

c) Participar na preparação das medidas de ordenamento florestal e faunísticoprevistas na presente lei;

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d) Colaborar nas actividades de avaliação e acompanhamento do estado dosrecursos, bem como na elaboração dos respectivos relatórios, e na investigaçãocientífica sobre florestas e fauna selvagem;

e) Participar no controlo de ecossistemas e espécies em extinção, ameaçados deextinção, vulneráveis, raros e endémicos ou de grande valor económico, social ecultural;

f) Informar os órgãos competentes sempre que tenha conhecimento da existênciade pragas, doenças e seus vectores que afectam as florestas e a faunaselvagem;

g) Propor, sempre que necessário, as medidas de formação especializada queconsidere necessárias para o eficaz desempenho das suas funções;

h) Participar na difusão de informações relativas ao uso sustentável de florestas efauna selvagem e correlativas obrigações de cidadãos e empresas;

i) Inspeccionar as explorações florestais, coutadas e fazendas de pecuarização;

j) Visar os certificados de origem de produtos florestais e faunísticos a que sereferem os artigos 119º e 186º;

k) Solicitar a apresentação, pelos seus titulares, de licenças de caça, doscertificados de origem de produtos florestais e dos certificados de caça legal.

Artigo 243ºCompetências e poderes dos agentes de fiscalização

1. Compete, em geral aos agentes de fiscalização florestal e do ambiente oseguinte:

a) Solicitar e examinar todos os documentos pertinentes ao controlo das acções defiscalização, podendo extrair deles cópias ou amostras necessárias;

b) Solicitar e receber auxílio de qualquer autoridade, ou agente de autoridade, parao desempenho das missões que lhe forem incumbidas;

c) Ordenar a identificação e interrogar qualquer pessoa suspeita da prática dequalquer infracção prevista na presente lei;

d) Ordenar a paragem e inspeccionar qualquer veículo, embarcação ou aeronaveque suspeitem ser utilizado na caça realizada com violação do disposto napresente lei ou no transporte de quaisquer produtos florestais que nãoprovenham de explorações legais;

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e) Proceder à apreensão, requisição ou reprodução de documentos na posse detitulares de licenças, de concessões e autorizações ou outros documentos,sempre que houver suspeitas de falsificação dos mesmos ou se houversuspeitas de exploração dos recursos com violação da presente lei e seusregulamentos;

f) Havendo fortes indícios de prática de infracção florestal ou de caça, proceder àapreensão dos produtos florestais ou faunísticos obtidos com presumívelviolação da presente lei;

g) Recolher todas as provas necessárias à instrução de infracções, incluindodepoimentos de testemunhas;

h) Proceder ao registo de cada inspecção realizada, incluindo o registo fotográfico;

i) Levantar auto de notícia das infracções por si presenciadas e auto de ocorrênciadas infracções que chegarem ao seu conhecimento através de informaçõesprestadas pelos observados comunitários, cidadãos ou as pessoas referidas nonúmero 3 do artigo 241º;

j) Inspeccionar todos os equipamentos, instrumentos, produtos, armas e outrosmeios de caça, bem como as instalações de exploração florestal, as coutadas eas fazendas de pecuarização;

k) Adoptar as medidas cautelares e de polícia necessárias e urgentes para recolhermeios de prova ou evitar o seu extravio.

2. No exercício das suas funções, os agentes de fiscalização têm acesso e livretrânsito em todos os locais onde sejam exercidas as actividades previstas na presentelei e seus regulamentos.

Artigo 244ºUso de força adequada

Sempre que qualquer presumível infractor não acatar uma ordem dada pelosagentes de fiscalização no exercício das suas funções, podem os agentes defiscalização referidos no número 1 do artigo 241º utilizar a força adequada para deter afuga ou alcançar objectivos da acção de fiscalização.

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Artigo 245ºDireitos dos agentes de fiscalização

1. Para além do previsto no regime da função pública, os agentes de fiscalizaçãotêm os seguintes direitos:

a) o Ao uso de cartão de identificação próprio dos serviços a que pertencem, cujomodelo constará de regulamento a aprovar pelo Governo;

b) o Ao uso e porte de arma de defesa pessoal no exercício das suas funções e,excepcionalmente, quando autorizado pelas autoridades competentes porsituação de ameaça à sua integridade física;

c) o A comunicar, quando em serviço fora da área da sua jurisdição, com todas asautoridades e pessoas, singulares ou colectivas, sobre matérias da suacompetência;

d) o A remuneração adicional por risco e comparticipação em multas cobradas porinfracções que detectem, nos montantes definidos na legislação aplicável.

2. Dado o risco e especificidade das funções dos agentes de fiscalização florestal eambiental estes são titulares, para além de direitos previstos nesta lei e na legislaçãosobre a função pública, de direitos especiais relacionados com o desempenho das suasfunções que serão estabelecidos em diploma próprio, que incluirá, em especial:

a) O direito a habitação de função do Estado no caso de desempenharem funçõesem zonas não urbanizadas;

b) O direito a veículo motorizado para as suas deslocações em serviço;

c) O direito ao uso de equipamento de comunicação rápida;

d) O direito a formação profissional contínua.

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Artigo 246ºObrigações dos agentes de fiscalização

Para além do previsto no regime da função pública, são obrigações dos agentesde fiscalização:

a) Identificar-se como agente de fiscalização sempre que interpelar qualquerpessoa ou que tal lhe seja solicitado;

b) Usar farda própria cujo modelo constará de regulamento a aprovar peloGoverno;

c) Manter o sigilo das informações classificadas a que tenha acesso no exercíciodas suas funções, sem prejuízo da sua transmissão aos seus superioreshierárquicos;

d) Participar na prevenção e detecção de incêndios florestais e colaborar no seucombate;

e) Investigar as causas de fogos florestais;

f) Submeter, no final de cada missão, ao seu superior hierárquico, um relatórioescrito resumindo toda a informação recolhida considerada relevante.

Artigo 247ºCarreira dos agentes de fiscalização

1. Podem ser agentes de fiscalização os cidadãos angolanos maiores de idade quepossuam as qualificações exigidas nos termos do diploma que aprova a respectivacarreira.

2. Os agentes de fiscalização florestal e ambiental têm uma carreira de regimejurídico especial a ser aprovada pelo Governo.

3. Os guardas das áreas de conservação são integrados na carreira dos agentes defiscalização.

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Secção IIIDos observadores comunitários

Artigo 248ºObservadores comunitários

1. Os observadores comunitários são pessoas singulares, membros de umacomunidade rural ou local, que colaboram nas actividades de fiscalização previstasnesta lei, seus regulamentos e demais legislação sobre ambiente e recursos naturaisna área da comuna ou do bairro da sua residência.

2. Podem ser observadores comunitários os cidadãos angolanos que:

a) Sejam maiores de idade;

b) Residam na comuna ou bairro em que exercem funções;

c) Tenham idoneidade;

d) Tenham as qualificações necessárias, em especial saibam ler e escrever econheçam adequadamente a geografia da área da comuna em que exercemfunções de observador;

e) Os observadores comunitários são designados pelo órgão da Administraçãolocal competente, sob proposta da comunidade a que pertencem.

Artigo 249ºFunções dos observadores comunitários

São funções dos observadores comunitários:

a) Colaborar na fiscalização desta lei e seus regulamentos, bem como dalegislação ambiental;

b) Exercer funções de vigilância nas comunas ou bairros em que residem;

c) Participar na prevenção, detecção e combate a incêndios florestais;

d) Recolher provas da prática de infracções à presente lei e seus regulamentos nalocalidade da sua residência;

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e) Comunicar aos agentes de fiscalização competentes qualquer infracção aodisposto nesta lei e seus regulamentos de que tomem conhecimento, bem comoa informação relevante para a conservação e uso sustentável de florestas efauna selvagem;

f) Participar nos foros locais, provinciais e nacionais sobre matérias ambientaissempre que convidados.

Artigo 250ºDireitos dos observadores comunitários

1. Os observadores comunitários têm direito a:

a) o Cartão de identificação emitido pelos órgãos locais competentes;

b) o Informação e formação necessárias ao desempenho das suas funções;

c) o Comparticipação nas multas cobradas pelas infracções que detectem nostermos da legislação em vigor;

d) o Ao uso dos meios materiais necessários para o eficaz desempenho das suasfunções.

2. O Ministério que superintende o sector florestal e/ou o Ministério que superintendea política ambiental, conforme os casos, deve fornecer aos observadores comunitáriosos meios técnicos necessários ao desempenho das suas funções.

3. O cartão de identificação referido na alínea a) do número 1 deste artigo consta demodelo aprovado por decreto executivo conjunto do Ministro que superintende o sectorflorestal e do Ministro que superintende a política ambiental.

Artigo 251ºFiscais honorários

1. Os fiscais honorários são pessoas que se tenham evidenciado pelo auxílioprestado à fiscalização florestal, da fauna selvagem e ambiental e às quais sejaatribuído esse título pelo Ministro que superintende o sector florestal ou pelo Ministroque superintende a política ambiental, conforme os casos.

2. Os fiscais honorários exercem, dentro das suas comunidades, as funções deobservadores comunitários tendo os direitos destes.

3. Os fiscais honorários dependem dos serviços de fiscalização florestal.

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Capítulo IIDas Infracções

Secção IDas Infracções Administrativas

Artigo 252ºNatureza Das Infracções

1. Constituem infracções de natureza administrativa os actos e omissões praticadosem violação as disposições da presente lei e dos seus regulamentos.

2. O Governo pode, tipificar como infracção administrativa outras condutas nãoprevistas na presente lei, que violem as suas disposições e regulamentos aplicáveis.

3. As infracções previstas na presente lei são puníveis com multa e medidasacessórias de punição, salvo se nos termos da legislação penal fôr tipificado comocrime.

4. As multas não podem ser convertidas em prisão.

Artigo 253ºInfractores

Respondem pelas infracções administrativas as pessoas singulares e colectivasque as praticarem.

Artigo 254ºInfracções

Constituem infracções à presente lei:

a) A introdução de espécies exóticas para as plantações florestais e fazendas depecuarização sem a necessária autorização;

b) A introdução nos solos e águas sem a necessária autorização das substâncias aque se refere o número 3 do artº.34º;

c) A colheita ou abate de recursos florestais do domínio público sem a necessárialicença de uso para fins especiais;

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d) O corte de árvores em terrenos urbanos privados, salvo no caso de autorização;

e) A comercialização e transportação de produtos florestais e de caça sem emissãodo necessário certificado de origem;

f) A caça de subsistência de espécies de caça grossa;

g) A cessão de direitos concedidos ou reconhecidos ao abrigo desta lei sem anecessária autorização;

h) Os que sem autorização entrarem e circularem nas áreas de conservação, salvonos casos previstos na Lei;

i) A comercialização de produtos florestais ou de caça, obtidos no exercício dedireito de uso de subsistência.

Artigo 255ºInfracções graves

1. Constituem infracções graves à presente lei:

a) A colheita, o corte, a caça ou a tentativa de colheita, corte ou caça de qualquerexemplar de espécies raras, em extinção ou ameaçadas de extinção;

b) A posse, armazenamento, transporte e comercialização de qualquer exemplarde espécies raras, em extinção ou ameaçadas de extinção;

c) A compra e venda, exposição para a venda, a exportação, a importação, atransformação industrial ou artesanal, de qualquer exemplar de espécies rarasem extinção ou ameaçadas de extinção ou parte delas;

d) A prática de quaisquer acções ou omissões relativas as espécies vulneráveis ouendémicas que venham a ser proibidas nos termos dos artºs. 18º. e 19º.

e) O corte de árvores de valor ecológico, estético, histórico ou cultural constantesdas listas a que se refere o artigo 21º, número 1.

f) O corte de quaisquer árvores em terrenos urbanos privados, salvo nos casos deprévia declaração de interesse público;

g) A introdução no ambiente terrestre de espécies invasoras;

h) A introdução no ambiente terrestre de organismos geneticamente modificados,salvo no caso de autorização prevista na lei;

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i) A importação, exportação e trânsito em território nacional de organismosgeneticamente modificados sem a necessária autorização;

j) A introdução nos solos e águas de substâncias classificadas como perigosas;

k) A realização de derrubas e desmatamento em terrenos classificados comoflorestais, salvo nos casos de subsistência ou autorização nos termos doartº.36º;

l) A realização de queimadas para quaisquer fins, salvo nos casos de autorizaçãonos termos do artº.37º;

m) A exportação de produtos florestais ou de caça sem a apresentação docertificado de origem;

n) A exportação de madeira em toro, salvo nos casos de autorização;

o) A colheita, corte, abate ou caça de recursos florestais ou faunísticos sem queestejam concedidos ou reconhecidos os direitos a eles relativos ou sem quetenha havido autorização prévia das actividades quando exigida;

p) A venda, ou exibição para a venda, armazenamento e transporte de produtosflorestais ou de caça que não sejam provenientes de concessões, de terrenoscomunitários ou de plantações florestais ou fazendas de pecuarização,constituídas nos termos da presente lei e seus regulamentos.

q) A colheita, corte ou caça por titulares de direitos concedidos não reconhecidosno âmbito desta lei de espécies não previstas nos respectivos títulos deconcessão;

r) A colheita, corte ou caça por titulares de direitos concedidos no âmbito desta leide quantidades de recursos florestais ou faunísticos superiores as previstas nosrespectivos títulos de concessão ou nos

s) pertinentes planos de exploração florestal ou faunístico;

t) A construção ou transformação de instalações em plantações florestais efazendas de pecuarização sem a necessária autorização;

u) A colheita ou corte de espécies vegetais durante o período de repousovegetativo.

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2. Constitui ainda infracção grave nos termos da presente lei:

a) A realização de caça sem a necessária licença de caça, salvo nos casosprevistos no artº.140º., número 6;

b) A caça fora dos locais previstos no artº.137º., número 4;

c) A caça de fêmeas em idade reprodutiva, prenhas ou acompanhadas de crias;

d) A caça de animais de tamanho e peso inferior a que se refere o artº.24º;

e) A caça durante os períodos de defeso das espécies;

f) O uso de explosivos na caça;

g) A caça com armadilhas, redes, ratoeiras e laços;

h) O uso na caça de fontes luminosas artificiais ou dispositivos para iluminar osalvos;

i) O uso na caça de dispositivos de visão para tiro nocturno que incluam umconversor de imagem ou um amplificador de imagem electrónico;

j) O uso na caça de espelho e outros instrumentos destinados a perturbar osalvos;

k) A caça com iscas e substâncias venenosas ou com outras tradicionais queutilizam substâncias venenosas;

l) A caça com iscas e substâncias anestesiantes ou com outras tradicionais queutilizem substâncias anestesiantes;

m) A caça com uso de animais vivos como isco;

n) Caçar a espera ou emboscada, especialmente em sítios de abeberamento;

o) Perseguir os animais selvagens usando os meios previstos no artº.178º;

p) Uso de armas automáticas de calibre superior ao estabelecido por Decreto;

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Artigo 256ºPunição Das Infracções

1. As infracções a que se refere as alíneas a), b), c), d), f), e), i) e g), do artº.254º.,são puníveis com um mínimo de 100 UCF e um máximo de 1000 UCF.

2. As infracções previstas no nº.1 do artº.255º., são puníveis com multa graduávelentre um mínimo igual ao valor da taxa florestal ou de caça anual que seria devida e omáximo equivalente a 100 vezes aquele mínimo e as medidas acessórias previstas noartº.257º.

3. As infracções previstas no nº.2 do artº.255º., são puníveis com multa graduávelentre um mínimo de 1000 UCF e um máximo de 200 vezes deste valor e as medidasacessórias previstas no artigo 257º.

4. As multas aplicáveis às infracções cometidas no exercício de direitos de uso desubsistência de recursos florestais ou faunísticos são fixados por Decreto.

Artigo 257º.Medidas de punição acessória

1. Podem, em função do dano ou perigo de dano para o ecossistema e dascircunstâncias da infracção cometida, ser aplicadas, como medidas acessórias damulta:

a) A perda a favor do Estado de todos os meios, incluindo os de transporte eequipamentos na posse dos infractores que tenham servido de instrumento daprática da infracção;

b) A perda a favor do Estado dos recursos florestais e faunísticos apreendidos;

c) A perda a favor do Estado de todos os meios encontrados em posse dosinfractores, que possam servir de instrumentos para a prática da infracção.

2. As medidas acessória previstas no número anterior são aplicáveis:

a) A prevista na alínea a), do número anterior, a todas infracções graves;

b) A prevista na alínea b), ao exercício de exploração florestal e de caça sem aconcessão dos respectivos direitos ou apôs estes caducar;

c) a cessão de direitos concedidos ou reconhecidos sem a necessária autorização;

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d) a exploração florestal ou caça nas áreas de conservação em que tal sejaproibido;

e) o corte de árvores em terrenos urbanos e privados sem autorização;

f) as infracções previstas no número 2 do artº.255º.

3. As infracções previstas no artigo 254 podem ser aplicadas as medidas acessóriasprevistas neste artigo, mas só em caso de reincidência.

Artigo 258ºEfeitos legais da aplicação da multa

A aplicação das multas pela prática de uma infracção grave determina:

a) A revogação dos direitos de concessão de licenças de exercício de actividades,incluindo licenças de caça e da carteira de caçador;

b) A obrigação de indemnizar os lesados pelos prejuízos causados com a práticada infracção;

c) A obrigação de pagar as custas do processo, nos termos dos regulamentosaplicáveis e as despesas decorrentes da prática da infracção.

Artigo 259ºReincidência

1. Há reincidência quando, nos 12 meses posteriores à aplicação de uma sanção,pela prática de uma infracção, o infractor comete outra igual e com gravidade.

2. Em caso de reincidência os limites mínimo e máximo das multas e das medidasacessórias aplicáveis são aumentados para o dobro ou o triplo, conforme se trate desimples infracção ou infracção grave..

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Artigo 260º.Graduação Das Medidas Aplicáveis

1. Na determinação das sanções a aplicar deve levar-se em consideração o dano ouperigo de dano causados pela infracção, o grau de intenção ou de negligência com quefoi cometida, as características técnicas e económicas da infracção, o beneficioestimado que o autor da infracção retirou ou poderia ter retirado da sua prática e todasas circunstâncias relevantes.

2. São circunstâncias agravantes, entre outras, a reincidência e a acumulação deinfracções.

3. Em caso de concurso de infracções só é aplicável a multa correspondente àinfracção mais grave.

4. O disposto do número anterior não prejudica a aplicação de medidas acessóriasadequadas nos termos do disposto no artigo 257º.

Artigo 261ºCompetências para aplicação de multas e medidas acessórias

1. Cabe ao Ministro que superintende o sector florestal ou por delegação depoderes, aplicar as multas e medidas acessórias às infracções previstas nas alíneas a),c), d), f) e i), do artº.254º. e as previstas nas alíneas a), b), c), d), e), f), k), l), m), n), o),p), q), r), s) e t) do número 1 do artº.255º. e as previstas no número 2 do mesmo artigo.

2. Cabe ao Ministro que superintende a política ambiental ou por delegação depoderes aplicar as multas e medidas acessórias às infracções previstas nas alíneas b)e n) do artº.254º. e as previstas nas alíneas g), h), i) e j) do número 1 do artigo 255º.

3. Os Ministros podem, para efeitos do disposto no presente artigo, avocar qualquerprocesso administrativa.

Artigo 262ºPagamento da multa

1. A multa é paga em moeda nacional, salvo nos casos em que tenha sidoestabelecida a obrigação especial de proceder ao pagamento em moeda convertível.

2. As multas por infracção à presente lei e regulamentos aplicáveis devem ser pagasnum prazo máximo de 30 dias, a contar da notificação da decisão que as aplicou.

3. O prazo estabelecido no número anterior pode ser prorrogado pela entidade queaplicou a multa, mas não mais de uma vez, por igual período.

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4. A certidão da decisão definitiva que aplicou a multa é título executivo bastante.

5. Havendo outros bens apreendidos, o mesmo mantêm-se até ao pagamento damulta e das despesas suportadas pelo Estado sem prejuízo do disposto do artigo 281º.

6. A título de comparticipação uma parte do valor das multas é atribuída aosautuantes, guias e outros intervenientes no processo de transgressão nos termos aregulamentar por decreto executivo dos titulares dos órgãos competentes.

Artigo 263ºPrescrição

O procedimento administrativo para aplicação das multas e medidas acessóriasprescreve nos prazos de 1 ano e de 2 anos, contados da prática da infracçãoconsoante se trate de outras infracções ou infracções graves, respectivamente.

Secção IIDo Procedimento

Artigo 264ºAutos de notícia e ocorrência

1. Os fiscais investidos de poderes de fiscalização e autuação que presenciaremqualquer infracção descrita na secção anterior devem levantar auto de noticia de todosos factos que a constituem, o dia, a hora, o local e as circunstancias em que foicometida, identificar o infractor, e fazer menção de tudo o que for relevante paracaracterizar a infracção.

2. O auto de noticia é assinado pelo fiscal que o levantou, por duas testemunhas,havendo-as, e pelo infractor, querendo fazê-lo.

3. Quando a prática de uma infracção chegar ao conhecimento dos agentes defiscalização ou do organismo do Ministério competente a quem incumbe a fiscalizaçãodas actividades florestais e faunísticas, por qualquer outra via, nomeadamente atravésde participações dos observadores comunitários, deve ser levantado um auto deocorrência que é elaborado nos termos do número 1, com as necessárias adaptações.

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Artigo 265ºValor do auto de notícia

1. O auto de notícia elaborado de acordo com o número 1 do artigo anterior tem ovalor de instrução, dispensa esta fase do procedimento e deve ser apresentado àentidade competente para aplicar a multa, com o parecer a que se refere o número 1do artigo 294, no prazo de 24 horas.

2. O disposto do número anterior não obsta a que a entidade competente paraaplicar a multa e as medidas de punição acessórias ordene a instrução complementarnecessária para apurar a verdade e decidir com justiça.

Artigo 266ºInstrução

1. A instrução inicia-se com o auto de ocorrência ou com o auto de notícia, sempreque seja ordenada a sua instrução complementar e pode fazer-se com qualquer meiode prova não proibido por lei.

2. Podem ser admitidas como provas, além das testemunhas, declarações,peritagens, fotografia com indicação da hora e da posição geográfica, acompanhadassempre que seja possível de certificação emitida em anexo à fotografia, daidentificação do agente que a tirou, do nome, da marca e modelo de máquina, relógioou outro instrumento capaz de fornecer a data e a hora, com a menção de que estavama trabalhar correctamente de qual o grau da sua precisão e da distancia máxima entreo objectivo fotografado e a máquina e respectiva direcção e outras previstas na lei.

3. As testemunhas não são obrigadas a prestar juramento.

4. A não comparência do presumido infractor não impede a instrução do processo ea aplicação das sanções estabelecidas na presente lei, mas tanto ele como osresponsáveis solidários pelo pagamento da multa podem fazer-se representar poradvogado.

Artigo 267ºPrazo de instrução

O prazo máximo para instrução dos processos relativos a infracções é de 15 dias,contado da recepção do auto de ocorrência pela entidade instrutora.

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Artigo 268ºCompetência para a instrução de processo

1. Sem prejuízo do que vier a ser disposto nos regulamentos e outras normasaplicáveis, cabe aos Serviços de Fiscalização do Ministério competente, através dorespectivo departamento especializado, proceder a instrução dos processos detransgressão administrativa.

2. A competência a que se refere o número anterior pode ser delegada nasrespectivas direcções provinciais.

Artigo 269ºMedidas de coação

1. A prisão preventiva é proibida, salvo em flagrante delito por crime que a admita,cometido em concurso com uma infracção administrativa.

2. Não havendo meios para conservar o produto apreendido, deve ser vendido pelopreço de mercado e o produto da venda depositado a ordem do Ministério competenteaté o processo findar, ou doado a uma instituição de assistência social.

3. Não sendo possível aplicar o disposto no número anterior pode o infractor serconstituído fiel depositário.

4. Se no processo vier a concluir-se que o apreendido não foi obtido em infracção àsdisposições da presente lei e dos seus regulamentos, são ele ou o produto da suavenda e todos os bens apreendidos restituídos ao seu proprietário.

5. Não havendo condições para aplicar o previsto no número 2 o Estado Angolanonão é responsável nem pelos prejuízos derivados da deterioração do produto, nempelos preços de venda obtidos, nem por quaisquer outros danos causados aoproprietário ou ao titular dos direitos de exploração florestal e faunístico.

Artigo 270ºOutras medidas de coação

1. Havendo fundado receio de que os infractores cometam novas infracções, podemo autuante, em caso de flagrante delito, o instrutor ou a entidade competente paraaplicar a multa ordenar uma ou mais das seguintes medidas de carácter preventivo:

a) A suspensão do exercício da actividade;

b) A suspensão do título ou licença.

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2. A medida de coação aplicada ao abrigo do disposto no número anterior mantém-se até o processo findar, sem prejuízo de poder ser, nomeadamente em instância derecurso, dispensada ou reforçada, consoante venha a revelar-se desnecessária ouinsuficiente.

Artigo 271ºCaução

1. A entidade competente para conhecer da infracção e aplicar a multa e medidas depunição acessórias pode autorizar, a requerimento do interessado, a entrega dos bensapreendidos, antes de findar o processo, mediante a prestação de caução suficiente.

2. A caução pode ser prestada por depósito bancário à ordem do Ministériocompetente ou por garantia bancária.

3. O pedido deve ser decidido, no prazo máximo de 48 horas após a suaapresentação.

4. O valor da caução é restituído a quem a prestou, cessando a garantia bancáriacom o arquivamento do processo ou quando, sendo aplicada a multa, se mostrarempagas ela e todas as despesas devidas ao Estado.

5. O montante depositado deve ser restituído no prazo máximo de oito dias e nomesmo prazo, comunicada ao Banco que a concedeu a desnecessidade e cessação dagarantia bancária e da sua consequente desoneração.

6. O pagamento da caução não prejudica a medida de suspensão da actividade deque corresponda ao caso.

Artigo 272ºContraditória

1. Elaborado o auto de noticia ou concluída a instrução, quando haja lugar a ela, oprocesso é apresentado à entidade competente para aplicar a multa, com o parecer doautuante ou do instrutor responsável pelo processo, conforme for o caso, sobre aexistência e enquadramento legal da infracção, das circunstâncias em que foicometida, da multa aplicável e da que achar que deve ser aplicada.

2. O parecer é notificado ao presumido infractor e aos responsáveis pelo pagamentoda multa, se tiverem domicilio conhecido na localidade onde o processo foi autuado ecorre seus termos ou nas mesmas condições, aos respectivos representantes,nomeadamente forenses, havendo-se, para no prazo de cinco dias, alegarem o queentenderem, com a informação do local exacto onde o processo pode ser consultado.

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Artigo 273º.Decisão

1. Não se ordenando instrução complementar, a decisão é tomada nos oito diasseguintes ao termo do prazo estabelecido número 2 do artigo anterior.

2. Realizando-se instrução complementar, o prazo para decidir contasse do diaseguinte àquele em que a última diligência foi realizada.

3. A decisão que aplicou a multa e qualquer das medidas acessórias previstas noartigo 257º. é notificada ao transgressor, aos responsáveis solidários pelo pagamentoda multa, aos destinatários das medidas acessórias e aos respectivos advogados,havendo-os, no prazo de 48 horas.

4. Não podendo a notificação ser feita por serem desconhecidos os domicílios daspessoas mencionadas no número anterior, devem elas ser notificadas por edital afixadoà porta do edifício onde funciona a entidade que tomou a decisão.

5. Se na decisão se entender que não há infracção ou que ela não estásuficientemente provada, deve ordenar-se a libertação dos bens apreendidos,notificando-se igualmente os interessados no prazo estabelecido no número anterior.

Artigo 274ºDecisões recorríveis

1. São impugnáveis mediante recurso contencioso as decisões finais que apliquemmultas e medidas acessórias de punição.

2. É obrigatório nos recursos a constituição de advogados.

Artigo 275º.Recurso das decisões do ministro

1. Das decisões finais do Ministro competente ou das entidades em quem eledelegou que apliquem multas e medidas acessórias de punição cabe recursocontencioso para a Câmara do Cível e Administrativo do Tribunal Supremo, semnecessidade de reclamação.

2. O prazo de recurso é de 30 dias, a contar da data da notificação ou da afixaçãoedital a que se referem os números 3 e 4 do artigo 273º.

3. O recurso é interposto, processado e julgado nos termos da legislação em vigoraplicável em Angola ao recurso contencioso administrativo.

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4. O recurso tem efeito suspensivo, mas mantêm-se as medidas de coaçãoprevistas no artigo 270º., sem prejuízo do disposto no seu número 2.

Artigo 276ºRecurso das decisões finais do titular dos Serviços de fiscalização

1. Das decisões finais do titular dos Serviços de Fiscalização do Ministériocompetente ou das entidades em quem tenha delegado cabe recurso contencioso paraa Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial territorialmente competente, semnecessidade de recurso hierárquico.

2. É territorialmente competente para conhecer do recurso o Tribunal Provincial dolugar em que a multa foi aplicada.

3. Aplicam-se ao recurso previsto neste artigo as disposições dos números 3 e 4 doartigo anterior.

Artigo 277ºExecução das multas e despesas em dívida

1. Transitada em julgado a decisão que aplicou a multa e findo o prazo do seupagamento sem que o infractor ou os responsáveis solidários a tenham pago, aentidade que a aplicou deve promover a respectiva execução.

2. A execução segue a forma da execução por custas, nos termos do Regulamentodo Processo Contencioso Administrativo, e tem por base um certidão passada peloMinistério competente comprovativa dos montantes da multa e das despesas em queincorreu o infractor e os responsáveis solidários ainda não liquidadas.

3. À certidão referida no número anterior deve o Ministério competente juntar oprocesso administrativo e uma relação dos bens apreendidos não perdidos a favor doEstado e de outros bens conhecidos pertencentes aos executados suficientes parapagamento da dívida exequenda, por forma a poderem ser nomeados à penhora peloagente do Ministério Público junto do Tribunal competente.

4. Tendo sido prestada caução, por depósito ou garantia bancária, por ela devecomeçar a nomeação.

5. O tribunal competente para a execução é tanto o Tribunal Provincial comjurisdição sobre a localidade em que a multa foi aplicada ou respectiva Sala do Cível eAdministrativo, se a houver, como o Tribunal Provincial da área do domicílio dequalquer dos executados.

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Artigo 278ºCrime de desobediência

Praticam o crime de desobediência, punível com pena de prisão até um ano,aqueles que procederem em contravenção das medidas acessórias da suspensãoprevistas nas alíneas d) e e) do artigo 257º., número 1 que lhes tenham sido aplicadas.

Capítulo IIIDa Responsabilidade civil

Artigo 279º.Responsabilidade por dano

1. Todos aqueles que, independentemente de culpa, tenham causado danos a faunae a flora, nos termos da presente lei e seus regulamentos são obrigados a reparar osprejuízos ou indemnizar o Estado ou terceiros.

2. As reparações ou indemnizações por danos não abrangidos no número anterior,causados pelas actividades reguladas pela presente lei e seus regulamentos, aplicam-se os preceitos da lei geral.

Artigo 280ºResponsabilidade civil conexa com a criminal

1. Os danos provocados aos recursos faunísticos e a flora previstos no artigo doCódigo Penal obrigam solidariamente os seus autores, o titular da licença, havendo-a,repará-los ou indemnizar os lesados nos termos da legislação em vigor.

2. O pedido cível de indemnização a que se refere o artigo 29º. do Código doProcesso Penal pode ser deduzido não só contra os agentes do crime como contra asrestantes entidades mencionadas no número anterior.

Artigo 281ºIndemnização por danos causados pela prática de infracções

1. As acções de indemnização por danos causados ao ambiente pela prática de umainfracção administrativa prevista na presente lei e seus regulamentos são intentados noforo do lugar onde foi instruído o processo de transgressão e aplicada a respectivamulta.

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2. Nas acções intentadas pelo Estado deve o Ministério competente dar a conhecerao agente no Ministério Público junto do Tribunal competente a existência dos danosambientais e fornecer-lhes todos os elementos necessários à propositura da acção,que tenha reunido durante a instrução do processo administrativo de transgressão.

TÍTULO VIIDisposições Finais e Transitórias

Artigo 282ºInterpretação e aplicação

A presente lei é aplicada e interpretada em conjugação com a legislação nacionalaplicável, em especial a Lei de Base do Ambiente, Lei nº 5/98, de 19 de Junho, a Lei doOrdenamento do Território e do Urbanismo, Lei nº 3/ 04, de 25 de Junho, a Lei deÁguas, Lei nº 6/02, de 21 de Junho, a Lei de Terras, Lei nº 9/04, de 9 de Novembro, aLei dos Recursos Biológicos Aquáticos, Lei nº 6A/ 04, de 8 de Outubro, bem como asconvenções internacionais de que Angola é parte, designadamente a Convenção sobrea Diversidade Biológica e seu Protocolo, a Convenção de Combate à Desertificação, aConvenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna (CITES) eo Protocolo sobre Energia da SADC.

Artigo 283ºDúvidas e omissões

As dúvidas e omissões suscitadas pela interpretação e aplicação da presente leisão resolvidas pela Assembleia Nacional.

Artigo 284ºExecução da lei pelo Governo

Com vista à conveniente execução da presente lei o Governo deve:

a) Aprovar e publicar, no prazo de seis meses contados a partir da data da entradaem vigor da presente lei, os regulamentos florestal, de caça, de áreas deconservação e de fiscalização;

b) Aprovar e publicar, no prazo de seis meses contados a partir da data da entradaem vigor da presente lei, o diploma de criação do Conselho Nacional deProtecção das Florestas e Fauna Selvagem Terrestre;

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c) Aprovar, no prazo de seis meses contados a partir da data da entrada em vigorda presente lei, o regulamento do(s) fundo(s) previsto(s) no artigo 255º e dotá-lo(s) dos meios financeiros necessários;

d) Aprovar e publicar, no prazo de seis meses contados a partir da data da entradaem vigor da presente lei, o decreto sobre taxas florestais e taxas de caça;

e) Aprovar e publicar, no prazo de seis meses contados a partir da data da entradaem vigor da presente lei, o decreto sobre multas por infracções a esta lei;

f) Apresentar à Assembleia Nacional, no prazo de doze meses contados a partir dadata da entrada em vigor da presente lei, os projectos de leis de acesso aosrecursos genéticos e de protecção dos conhecimentos tradicionais associados;

g) Aprovar e publicar outros diplomas necessários à boa execução da lei;

h) Adoptar os mecanismos de fiscalização adequados e dotar os serviços defiscalização dos meios necessários ao cumprimento da presente lei.

Artigo 285ºGarantia de direitos adquiridos

Os direitos sobre recursos florestais concedidos no âmbito do Dec. nº 44531, bemcomo as licenças de caça concedidas ao abrigo do Diploma Legislativo nº 2973,mantêm-se em vigor, devendo no prazo de um ano contado a partir da data dapublicação dos pertinentes regulamentos a esta lei, os titulares desses direitos requerera concessão dos direitos nos termos da presente lei e seus regulamentos.

Artigo 286ºRevogação de legislação

É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei,nomeadamente os decretos nº 40040, de 9 de Fevereiro de 1955, e nº 44531, de 22 deAgosto de 1962 (Regulamento Florestal) e o Diploma Legislativo nº 2873, de 11 deDezembro de 1957 (Regulamento de Caça).