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ouro, comércio e abastecimento James William Goodwin Jr.

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Minas Gerais Setecentistas. ouro, comércio e abastecimento. James William Goodwin Jr. I – Garimpo e Mineração. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Minas Gerais Setecentistas

ouro, comércio e abastecimento

James William Goodwin Jr.

Page 2: Minas Gerais Setecentistas

“A mineração foi a principal atividade econômica durante o século XVIII. A atividade extrativa deu forma à ocupação do território, fez surgir um mercado consumidor para produtos agrícolas, manufaturas, artesanato e artigos de luxo. A mineração era a atividade nuclear, que impulsionou o comércio, a lavoura e outras atividades de produção.”

MARTINS, p. 23

Page 3: Minas Gerais Setecentistas

A descoberta e exploração das jazidas minerais exigiuda Coroa a reorganizaçãodo aparato colonizador.Além da formação da Capitania – das Minas do Ouro e de São Paulo em 1709, das Minas Geraes em1720 – e do aparato adminis-trativo decorrente (governa-dor, bispo, tropas etc.), o ouro levou à criação de um mecanismo de divisão das lavras e seus lotes, as datas; um sistema de cobrança deImpostos; e um aparato fisca-lizador, e também repressivo.

Page 4: Minas Gerais Setecentistas

“A pequena extração realizada por indivíduos isolados, empregando basicamente a bateia, o carumbê e umas poucas ferramentas, tinha ampla difusão e estava muitas vezes associada à mineração ilegal – a garimpagem. Da faiscação e da garimpagem participavam tanto homens livres como escravos, sendo que os cativos deviam a seus senhores uma quantia semanal combinada – geralmente uma oitava – , podendo fazer uso livre do excedente que conseguissem apurar.”

MARTINS, p. 24

Garimpo atual na região de Diamantina, MG

Page 5: Minas Gerais Setecentistas

“Já as lavras eram estabeleci-mentos fixos que dispunhamde algum aparelhamento, reunindo vários trabalhadoressob uma direção única e trabalhando em conjunto. A lavra correspondeu à época de auge da mineração, quando havia recursos e produção abundante, que tornavam possível a exploração em larga escala e obras de vulto, como o desvio de rios. Não era incomum encontrar nas lavras número considerável de trabalhadores livres assalariados.”

MARTINS, p. 25

Page 6: Minas Gerais Setecentistas

RUGENDAS, Villa Rica, 1835

Page 7: Minas Gerais Setecentistas

Para controlar o fluxo da riqueza mineral, a circulação de ouro em pó foi proibida, a partir de 1720. Foram implantadas casas de fundição em locais estratégicos, onde o ouro era fundido em barras e lingotes, recebendo o selo oficial. A Coroa retinha 20% do total – um quinto, que deu nome ao tributo.

Page 8: Minas Gerais Setecentistas

A exploração de diamantes exigiu um outro mecanismo, tanto pela impossibilidadede marcar as pedras, quanto pela facilidade de ocultá-las. A delimitação de uma área sob regime especial – a Demarcarção Diamantina –, o regime de Contrato, depois o sistema de monopólio: estratégias da Coroa para lutar contra o constante contrabando dos diamantes.

RUGENDAS, Comboio de diamantes passa por Caeté, 1835

Page 9: Minas Gerais Setecentistas

A constante preocupação daCoroa em coibir os desvios e contrabandos, debelar os levantes e rebeliões, e aindagarantir a boa administraçãoda Capitania - bem como oslimites dessas políticas - podem ser exemplificados na tentativa de controle dos caminhos e rotasem Minas Gerais.Os caminhos oficiais e suasVariações, os descaminhos e suaslendas, formam a base históricado recente produto turístico denominado Estrada Real.

Page 10: Minas Gerais Setecentistas

a) Agricultura: subsistência, redução do custo de vida, economia para outros investimentos necessários (escravos, equipamentos, etc.)- região de difícil acesso torna mais interessante a produção local;- relação agricultura/mineração: uma sustenta e permite a expansão da outra;- início do século XVIII: mercado de terras – doações, testamentos, legados; posse da terra, além de status, confere fortuna e poder.

b) Pecuária: ocupação da região do Vale do S. Francisco ainda antes da região mineradora (BA); no Sul, expansão das áreas pastoris paulistas.

Page 11: Minas Gerais Setecentistas

RUGENDAS, Campos às bordas do Rio das Velhas, 1835

Page 12: Minas Gerais Setecentistas

Expansão das terras agrícolas acompanha região mineradora, mas também vai além (ver MARTINS):a) bacia do Médio São Francisco: margem direita, Comarca do Serro Frio; Comarca do Rio das Velhas; margem esquerda, Comarca de Paracatu – gado bovino, eqüino, couro e peles, carne e peixes, sal, algodão; comércio com as minas e com a Bahia;b) Médio Paraopeba: Rio Pará, Alto S. Francisco, planaltos de Araxá e Patrocínio – gados, tb suíno, algodão; comércio com as minas, São Paulo e Rio de Janeiro;c) Comarca do Rio das Mortes: Sul de Minas, Caminho de São Paulo – milho, feijão e arroz, fumo, gados, tb caprino, laticínios: Caminho do Rio – idem, além de toucinho, açúcar e rapadura; Minas, Rio e SP;d) Minas: milho, feijão, arroz, mandioca, cana, algodão, açúcar, aguardente; gado bovino e suíno;e) Jequitinhonha: Comarca do Serro Frio – milho, mandioca, feijão, fumo, cana e algodão, cachaça, rapadura e açúcar, tecidos, gado e laticínios; Minas e Bahia;

Ocupação da quase totalidade do território mineiro; 2/3 da população economicamente ativa envolvida com agropecuária e/ou comércio.

Page 13: Minas Gerais Setecentistas

B

C

D

E

A

Divisão regional da produção agropecuária de Minas Gerais Setecentista(cf. MARTINS, sobre mapa da Província de Minas Gerais de 1868)

Page 14: Minas Gerais Setecentistas

Comércio: rotas de tropeiros interligavam as regiões agropastoris entre si, com os mercados urbanos, e com outras áreas da colonização portuguesa; rotas estabelecidas e frequentes;- Vale do São Francisco: gado, escravos do NE;- Rio de Janeiro: fazendas, gêneros alimentícios, escravos africanos, azeite, bacalhau, trigo, manufaturas, armas, pólvora, ferramentas, artigos de luxo; porto oficial de exportação de ouro e diamante;- São Paulo: muares e gêneros alimentícios, vindos até da fronteira Sul.

Page 15: Minas Gerais Setecentistas

RUGENDAS, Caravana de mercadores chega ao Tijuco, 1835

Page 16: Minas Gerais Setecentistas

Tropeiros “autônomos” convivem com grandes mercadores, donos de “companhias” de tropas.

RUGENDAS, Habitantes das Minas, 1835

Page 17: Minas Gerais Setecentistas

Núcleo urbano (freguesia, arraial, vila) - mercado para compra de produtos para abastecimento de acampamentose fazendas (gêneros alimentícios, ferramentas, armas, etc.); -ponto de confluência das rotas de tropeiros e das regiões agropastoris circunvizinhas (cf. MENESES, 2000).

Page 18: Minas Gerais Setecentistas

“O certo é que, no final do período setecentista, os mineiros já não tinham mais ‘sua melhor bodega nos matos e rios’, como os paulistas que ocuparam a região e os nativos dos primeiros anos do século. Há uma rede comercial que lhes oferta uma maior diversidade de produtos e há, sobretudo, uma produção local que responde à demanda da população. Se a fome era a companheira constante da aventura paulista dos primeiros anos de colonização, a subsistência foi garantida e aperfeiçoada com o processo de sedentarização no decorrer de todo o período da mineração.”

MENESES, 2000, p. 112

Page 19: Minas Gerais Setecentistas

População crescente gera grande demanda por abastecimento, produtos e serviços; gêneros alimentícios, mas também alimentos (quituteiras, por exemplo); escravos, mas também jornaleiros; construções; etc.;- companhias de comércio com ligações e representantes em vários pontos da Capitania e até além (cf. FURTADO)- comércio intenso de obras de arte: confrarias religiosas (ver próximas aulas).

Page 20: Minas Gerais Setecentistas

73 vendas, 63 lojas e 2 farmácias; açougues, sapateiros, alfaiates, barbeiros e ofícios manuais; comércio: população livre ou escrava, branca ou negra

DEBRET, Botica, 1827

Page 21: Minas Gerais Setecentistas

CHAVES, Cláudia Ma. Perfeitos negociantes: mercadores das Minas setecentistas. São Paulo, Annablume. 1999. (Selo Universidade)

FURTADO, Junia. Homens de negócio: a interiorização da metrópole e do comércio nas Minas setecentistas. São Paulo, Hucitec, 1999.

MARTINS, Marcos Lobato. Da Bateia à Enxada: Minas Gerais nos Séculos XVIII e XIX. Diamantina, FAFIDIA/FEVALE, 2000.

MENESES, José Newton Coelho. O Continente Rústico: abastecimento alimentar nas Minas Gerais Setecentistas. Diamantina, Maria Fumaça Editora, 2000.

MENESES, José Newton Coelho. O gosto e a necessidade – em torno da cozinha mineira do século XVIII. Caderno de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte, FAHL-UNICENTRO Newton Paiva, ano VI, n.º 10, abril 1998, p. 18-3