8/14/2019 Meu Velho Chico - Artigo no Correio Braziliense

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24 CORREIOBRAZILIENSE Braslia, domingo, 24 de janeiro de 2010

GISELA CABRAL

Percorrer todaa extenso do SoFrancis-coabordodeumasimplescanoa.Amis-so movidapelavontade deconhecera fundo cada detalhedo famosorio, que

banha nadamenosdo quecinco estadosbrasi-leiros pode parecer impossvel, mas o am-bientalista Joo Carlos Figueiredo, 60 anos,nos a realizou, como transformoua aven-tura solitriaem alertaparaa sociedade so-brea situao de umecossistemaque neces-sitade cuidados.

A jornada,iniciadaem setembropassa-do,durou 99 dias.Figueiredopercorreu 2,5mil quilmetrosmunido apenas de itensbsicos de sobrevivncia, com exceo deum aparelho de GPS para localizao ecmerasde fotografiae vdeo. O ambien-talista pode ver de perto a situao dafaunae daflorado rio considerado omais importante caminho de ligaodas regies Sudeste e Centro-Oestecom a Nordeste , alm das condi-es devidadas populaes quevi-vems margens doVelhoChico. Tu-

do registradoem milhares de fotos,horasde fil-magem e muitaspginasescritas.O material foipublicado em um blogna internetpeloprprioFigueiredo, querecebeupatrocnio paraalimen-tao e paraa cmera fotogrfica queutilizou.

Durante os mais de trs mesesde aventura,ele iniciava o dia por volta das 4h, remava porat 10horase sparava nofimda tarde,para sealimentar e descansar.Ele conta queteve o pri-

vilgiode observarbelaspaisagens e encontrargente simples e hospitaleira,alm de conheceriniciativas bem-sucedidas de preservao dorio.Porm,a expedioreveloutrechos ondeapoluio e o desrespeito natureza eram vis-veis. A destruio das matas ciliares fez comquebarrancos enormesdesmoronasseme pro-vocassem o fenmenodo assoreamento no rio.Isso semcontar como grave problema do desa-parecimentoda faunanativa, afirma.

Deacordocomoviajante,jnoinciodoriopossvel sentiro cheirodo esgoto.Asituaovaise agravando medidaque povoados maioresvo surgindo. Depois de Trs Maria (MG), porexemplo, ho esgotoque vemde Belo Horizon-te (MG) e desce pelo Rio dasVelhas, um dosafluentesdo So Francisco.Tambm falta edu-

caoambiental s populaesribeirinhas,queacabam jogando lixo e dejetos na gua. Essaspessoas no imaginam que a situao ruimpara elas e para o planeta, explica Fi gueiredo.Indstriase grandes agricultores tambm lan-am resduosno rio,como agrotxicosutiliza-dos nas lavouras.

Caractersticasprprias

Os contrastesencontradosao longodo per-cursotambmchamarama ateno de Figueire-do. Apesar de o curso dgua ser o mesmo, eleaponta quecada regio apresentacaractersticasprprias.Em Alagoas, por exemplo, predominaa plantaode coco.Numtrecho prximoa Pia-abuu, cheiode curvas, conheci um verdadeiroparaso ecolgico, repleto de animais. Pareciaum osis, conta. Trechos prximos a Sergipe,ondepredominam plantaesbem cuidadasediversificadas,tambm no passaramdesperce-bidas. Almdisso,segundoele, impossvelfalardoRio SoFranciscosemmencionar a obra detransposioimplantada pelogoverno, devidoao agravamentoda crisedo abastecimento h-drico do Nordeste, em1999. Porm,o temaain-da divide opinies, pois consideradopor mui-tosuma agressoao ecossistema.

A previso queseja concludaa implantao

de umconjunto de canais,adutoras,tneis,esta-esde bombeamento e reservatriosfeitoa par-tirdosdoiseixosque saem dorio,entre asbarra-gens de Sobradinho e Itaparica, na Bahia. Atransposio temde servistasobredois pontosdevista: o ambientale o social. O grandeproble-ma,na minha opinio, quea gua dorio estsendolevadapara abasteceroutroslugarese po-de descobrir outrosque tambmnecessitam deajuda, avaliaFigueiredo, que agoratrabalha nacompilaodas informaescoletadasao longo

dostrsmesesemquepassounorioparaolan-amentode umlivro.

Ambientalistaviajasozinho pelo So Francisco

e fazlevantamentoambiental dorio

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Oua entrevista com o ambientalista

Joo Carlos Figueiredo

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