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CORREIO B RAZILIENSE SUPLEMENTO ESPECIAL Brasília, segunda-feira, 25 de junho de 2012 Terra da alegria O CEARÁ VIVE UM MOMENTO ÚNICO NO SETOR DE TURISMO, COM FORTE INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA E EM ÁREAS DE LAZER E EVENTOS.ESTE SUPLEMENTO ESPECIAL MOSTRA POR QUE O ESTADO ENCANTATANTO OS BRASILEIROS Fotos: Jarbas Oliveira/Esp. CB/D.A. Press, Igor de Melo/Esp.CB/D.A Press, Ananda Rope/CB/D.A Press, Patrícia Banuth/CB/D.A Press, Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil

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Suplemento Especial do jornal Correio Braziliense sobre a economia do Ceará, publicado segunda-feira, 25 de junho de 2012

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Page 1: Correio Braziliense - Suplem Espec Economia CE 2

CORREIOBRAZILIENSESUPLEMENTOESPECIAL

Brasília, segunda-feira, 25 de junho de 2012

Terra da alegriaO CEARÁVIVE UM MOMENTO ÚNICO NO SETOR DETURISMO, COM FORTE INVESTIMENTOEM INFRAESTRUTURA E EM ÁREAS DE LAZER E EVENTOS. ESTE SUPLEMENTO ESPECIAL

MOSTRA POR QUE O ESTADO ENCANTA TANTO OS BRASILEIROS

Fotos: Jarbas Oliveira/Esp. CB/D.A. Press, Igor de Melo/Esp.CB/D.A Press, Ananda Rope/CB/D.A Press, Patrícia Banuth/CB/D.A Press, Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil

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Prioridadepara o turismo

Oturismo no Ceará vive o seumomento his-tóricomais importante.Vocação econômi-ca do estado, a atividade, que respondepor10,8% do Produto Interno Bruto (PIB) cea-rense, ganhou nos últimos anos status deprioridade, ao lado de políticas públicasfundamentais, como saúde e educação.

Ainda bafejado pelos bons ventos da economia nacional, quenos últimos anos permitiram o aumento do poder aquisitivodas classes C e D e fizeram com quemilhões de brasileirospassassem a consumir viagens de lazer, o estado viu crescer aparticipação do setor na geração de suas riquezas a uma taxamédia anual de 2,8%, entre 2006 e 2011.Deacordo comosecretáriodeTurismodoCeará, Bismarck

Maia, já na primeira campanha, em 2006, o governador CidGomes (PSB)ressaltou que o turismo seria prioritário naagenda do Executivo. “Ao tomar posse, ele reafirmou isso emseu discurso, assim como o fazem diversos candidatos e ges-tores que acabam deixando o turismo em segunda, e até ter-ceira prioridade. Só que, de fato, o governo desenhouuma es-tratégia para poder tornar isso uma realidade”, ressaltaMaia.O secretário lembra que o primeiro passo oficial foi habili-

tar política e institucionalmente a Secretaria de Turismo(Setur), para fazer do segmento uma prioridade. “Ele deu su-porte institucional de secretaria de primeiro escalão. Além davalorização institucional, reforçouoorçamento”, afirma.De acordo comBismarckMaia, a Setur passou a ter condi-

ções de atuar na busca de recursos externos, comgarantia dascontrapartidas e parcerias necessárias por parte do estado,“in-dependentementede valores percentuais”. Alémdisso, a orien-tação foi a de traçar umplanopara implantarmacroestruturasfundamentais e poder dar aoCeará sustentabilidadeno cresci-mento turístico e, assim, proporcionar umdiferencial ao perfildo setor emrelaçãoaosoutrosdestinosbrasileiros.Amudançadeposturadeu resultados.“Nenhumoutroesta-

do—e eu conheço todos— investe na infraestrutura turísticacomooCeará. Só para se ter ideia, temos hoje emcurso, entreobras inauguradas, em execução e prestes a ser entregues,R$ 1,83 bilhão sendo investido”, apontaMaia. A essemontante,

somados ainda saldos de contratos já garantidos noBanco In-teramericano deDesenvolvimento (BID) e no Banco de De-senvolvimento da América Latina (CAF), o Ceará chega a qua-se R$ 2,3 bilhões aplicados em infraestrutura turística, valorcusteadoegerenciadodiretamentepelaSetur.Nos últimos cinco anos emeio, por exemplo, o governo lo-

cal direcionou seus investimentos turísticos para a ampliaçãoe recuperação de estradas de acesso aos destinos. Símbolodisso foi a duplicação de 44,5km da CE-040, entre osmunicí-piosdeAquiraz eBeberibe, no litoral leste, regiãoondese loca-lizam as praias de Cascavel, Fortim, Aracati e Icapuí. A obracustou R$ 93milhões e o estado já corre para duplicar maisum trecho da rodovia, de Beberibe até Aracati. O valor previs-to para a licitação é deR$ 110milhões, com recursos doBID.Aomesmo tempo, já foi assinada a ordem de serviço para

as obras do trecho 2 da duplicação da CE-085, que dá acessoao litoral oeste. Orçado emR$ 21milhões—dinheiro do CAFmais a contrapartida do estado—, o trecho terá 12,56km deextensão duplicados do entrocamento com a CE-085, emCaucaia, ao contorno do Complexo Industrial e Portuário doPecém (CIPP).SegundoMaia, a duplicação vai começar pelo segundo tre-

cho devido à “urgência em fazer o contorno do complexo,umaobradeextrema importânciaparaoCeará”.O trecho1, jáem fase de análise das propostas, vai da ponte do Rio Cauípeaté o entrocamento com a variante do Pecém— como seráchamado o contorno do porto—, e o último termina no en-trocamento comaCE-341, na entradadeParacuru, a 91kmdedistância da capital. A previsão é que até o início de 2014 a es-trada esteja duplicada de Fortaleza a Paracuru.Além de aplicar recursos na duplicação dessas rodovias, o

estado trabalha na recuperação de acessos a diversos outrosmunicípios turísticos emvárias regiões. BismarckMaia desta-ca ainda que outro foco dos investimentos feitos nos últimosanos tem sido o plano de recuperação de pequenos aeropor-tos e implantação de dois grandes aeroportos, umno polo deCanoaQuebrada, emAracati, e outro nopolo de Jericoacoara,nomunicípio deCruz, a 245kmdaCapital, no litoral oeste.Noprimeiro, prestes a ser inaugurado, foram aplicados

SEGMENTO REPRESENTA 10,8% DO PIB CEARENSE. GOVERNOLOCAL INVESTE R$ 2,3 BILHÕES EM INFRAESTRUTURA PARARECEBER OS MILHÕES DEVISITANTES QUE CRESCEM A CADA ANO

O estadoreforçou apolítica deturismopara atrairinvestimentose melhorar ainfraestruturado setor

2 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

Patrícia Banuth/CB/D.A Press -26/11/2010 -

R$ 22milhões. O segundo teve investimento de R$ 44milhõesna primeira etapa, e a segunda, já emexecução, custará R$ 9,2milhões. Projetado para ser um dos principais vetores do tu-rismonoCeará, o Aeroporto de Jericoacoara, comcapacidadede 1,2mil voos/ano, deve incrementar o fluxo turístico do Li-toral Oeste. Além disso, encurtará o tempo de viagem entreFortaleza easbelaspraiasda região, passandodas atuais cincopara apenas umahora.Ainda na área de infraestrutura, o governo está aplicando

dinheiro na construção de sistemas de água e esgoto nas co-munidades de diversas praias do estado.“Oobjetivo é dar sus-tentabilidade e garantir que essas praias sejam balneáveis pa-ra o resto da vida”, explica BismarckMaia. Cerca de 30 comu-nidades terão obras como pavimentação de ruas, calçadas eoutrasmelhorias nomobiliário urbano.Com o objetivo de proporcionar um diferencial, o Ceará

aposta no Centro de Eventos e no Acquario Ceará, ambos emFortaleza, para ancorar a atração de turistas durante o ano in-teiro. Juntas, as duas obras deverão consumir recursos da or-demde R$ 800milhões e contribuirão para consolidar o esta-donomapa turísticonacional.OutrosCentros deConvençõesestão sendo construídos no centro sul e no Cariri como formadepotencializar o turismode eventos no interior.Paralelamente ao trabalho de infraestrutura, o estado

contratou, através de licitação internacional, empresas pa-ra atuar na elaboração de um estudo de mercado. “Partin-do dessa nova realidade, o documento vai poder dizer queproduto nós somos e quais são os nichos de mercado po-tenciais que desejamos e o que o Ceará tem”, detalha o ti-tular do Turismo. Em seguida, deu-se início à confecção deum planejamento de marketing, que deve ficar pronto atésetembro. “Esse plano vai deixar o Ceará blindado para ospróximos 15 anos, 20 anos em relação ao que os setorespúblico e privado devem fazer diante dessa nova realidadede infraestrutura. Dessa forma, o Ceará será posicionadono mercado internacional de forma científica, e não pormeio do famoso ‘chutômetro’”, avalia Maia, ao acrescentarque o estado também desenvolve um amplo programa dequalificação profissional e empresarial na área do turismo.

SOMENTE EM DUPLICAÇÃO DE RODOVIAS ESTÃO SENDO INVESTIDOS R$ 224 MILHÕES

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NÚMERO DETURISTAS QUE CHEGAM AO ESTADOVIAFORTALEZA CRESCEU 38% EM SEIS ANOS, PASSANDO PARA 2,8MILHÕES. IMPACTO NA ECONOMIA LOCAL VAI A 10,8% DO PIB

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 04/01/2010

CORREIOBRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • Suplementoespecial • 3

CANINDÉ RECEBE 2 MILHÕES DE ROMEIROS POR ANO.MUITOS CHEGAM A PÉ

Juazeiro do Norte, terra de Padre Cícero, recebe anualmente cerca de 2,5 milhõesde visitantes. Cidade homenageou o religioso com uma estátua de 25 metros

A busca por destinos religiosos estimula a economia demais de 300 cidades brasileiras. No Ceará, o turismo religiosotememJuazeirodoNorte eCanindéosmaiorespolosdepere-grinação de fiéis. Segundo o secretário deTurismo eRomariasda prefeitura de Juazeiro, José Carlos dos Santos, a cidade, co-nhecida em todo o Brasil e atémundialmente por ser a terrado Padre Cícero, recebe aproximadamente 2,5milhões de ro-meiros, turistas e visitantes por ano. “É reconhecida como osegundo centro de peregrinação do Brasil, ficando atrás ape-nas deAparecida”, afirma.As romarias são as fontes da identidade domunicípio, que

temna fígura do padre Cícero RomãoBatista amaior referên-cianoquediz respeito aoprocessodedesenvolvimento cultu-ral, social, econômico e religiosodo lugar.Tidopelos romeiroscomo santo popular doNordeste, o Padim Ciço —– represen-tadoporumaestátuade25metrosdealtura—éalvodediver-sasmanifestações de devoção e simbologia de fé e esperançado povo sertanejo. Entre as romarias, destacam-se a daMãedas Dores, a de Finados, a do Ciclo Natalino, a de São Sebas-tião e a dasCandeias.Localizado a 600km de Fortaleza, Juazeiro do Norte, que

completounoanopassado100anosdeemancipaçãopolítica,tem no comércio e no turismo os responsáveis por 69,6% doseuPIB.Terceiropolo calçadista doBrasil, omunicípio experi-menta forte desenvolvimento do setor imobiliário, além decontar comumpolouniversitário formadopor 11 instituiçõesde ensino superior e 70 cursos de graduação. A cidade dispõeainda de 25 hotéis de grande porte, com 1.749 leitos e 697

apartamentos, 319 ranchos e pousadas de romeiros e 11 pou-sadas demédio porte com 620 leitos em 308 apartamentos.São aproximadamente 165 restaurantes e bares. O aeroportoregional do Cariri registra movimentação superior a 300milembarques/desembarques por ano.O orçamento anual da prefeitura é de R$ 320milhões, mas

o secretário deTurismo e Romarias diz que é impossível cal-cular o quanto a cidade fatura com o turismo religioso. “Nósnão temos esse cálculoporque90%daeconomiamovimenta-da pelos peregrinos é informal, mas posso dizer com certezaque são as romarias que impulsionam o nosso desenvolvi-mento”, explica JoséCarlos.Assim como Juazeiro, omunicípio deCanindé, a 120kmda

capital, tambémvive do fervor dos fiéis. A devoção a São Fran-ciscodasChagaséomotivoparaaperegrinaçãode2milhõesdepessoas por ano, principalmente nos fins de setembro e iníciodeoutubro. ABasílica de SãoFrancisco, construídano início doséculo20,éparadaobrigatóriaparaosperegrinos,quechegamàcidadedecarro, ônibus eaté apé. Emhomenagemaosantopa-droeirodacidade, foi erguidaumaestátuade30metros.O Caminho de Assis, percurso que se inicia em Maran-

guape, na região metropolitana de Fortaleza, e termina naBasílica de Canindé, recebeu investimentos de mais deR$1,5 milhão do governo do estado. Todas as cinco esta-ções agora contam com espaços dedicados às orações eao recolhimento espiritual, dormitório coletivo, banhei-ros, refeitório, oratório e obelisco, todos aptos a tornar opercurso mais confortável e seguro para os romeiros.

A fé quemobilizamilhões

Os investimentos em infraestrutura turísti-ca e a construção de grandes equipamen-tos deverão impactar significativamenteno turismo cearense já a partir de 2012,coma inauguração, por exemplo, doCen-tro de Eventos (CEC). Entretanto, nos úl-timos anos, o estado vem apresentando

números significativos que indicam o crescimento do setor.Entre 2006 e 2011, o impacto do turismo sobre o Produto In-terno Bruto (PIB) do estado passou de 9,4% para 10,8%, au-mento de 14,8% no período. Em seis anos, o fluxo de viajan-tes via Fortaleza subiu 38%, de 2 milhões para 2,84 milhõesde turistas, enquanto a receita turística direta, obtida a par-tir do produto entre gasto per capita e demanda turísticaaumentou 80%, variando de R$ 2,4 bilões em 2006 para R$4,5 bilhões em 2011.Ao se analisar a estrutura e distribuição dos gastos turísti-

cos entre 2006 e 2011, verifica-se que 28% das despesas dosturistas que vão ao Ceará correspondem a compras. A recei-ta gerada com elas saltou de R$ 686 milhões para R$ 1,3 bi-lhão em seis anos. Alimentação está em segundo lugar, com21,5%, seguida de hospedagem (19,2%), diversão/passeio(16,5%) e transporte (10,2%), enquanto outros gastos cor-respondem a 4,5%. Segundo a pesquisa Demanda Turísticavia Fortaleza nos meses de julho a novembro de 2011, reali-zada pela Secretaria deTurismo do estado (Setur), os princi-pais produtos adquiridos pelos turistas são artesanatos/su-venires (45,9%), confecções/roupas (42,9%), castanhas(26,5%), calçados (18,6%), bebidas (16,8%) bijuterias(16,7%), bolsas (15,9%), doces (13,6%) e redes (11,5%). Apesquisamostrou ainda que oMercadoCentral, com67,9%,e a Feirinha da Avenida Beira-Mar, ambos em Fortaleza, sãoos locais preferidos para compras.Dados de 2010 indicamque opasseio é a principalmotiva-

ção de quemvisita o Ceará, com47,4%do total (1,2milhão depessoas). Embora tenha a segundamaior média de perma-nência (10,9 dias), esse tipode turista representa apenas o ter-ceiromaior gasto per capta, com R$ 1.498,22, despendendoemmédia R$ 137,45 por dia. Em segundo lugar no quesitomotivação, estão as pessoas que vão a negócios ou a trabalho(570mil em 2010, 21,2% do total), perfil que apresentamaiorgasto individual (R$ 1.825,56).Visita a parente/amigo vem lo-go em seguida, em terceiro, com 19,3% (519mil) do númerode turistas, e omenor valor em despesa por pessoa (R$ 84,85

pordia).Naquarta colocaçãoemvolume (somente6,5%e218mil visitantes em 2010), o turista de congressos e eventos é osegundo público com maior gasto per capita no estado(R$ 1.712,04). Ele permanece emmédia 6,5 dias em solo cea-rense, ondedespende em tornodeR$ 263,39por dia.Tal perfiltende a ter seu percentual ampliado a partir da inauguraçãodoCentro deEventos, estemês.No que diz respeito à movimentação turística dentro do

estado, a partir da capital, os destinos litorâneos justificama vocação do Ceará para o turismo de sol e praia. As praiasdo litoral são os lugares preferidos por 80,4% dos turistas, fi-cando 13,9% para o sertão e apenas 5,7% para as serras. Omercado interno nacional é o principal emissor de turistaspara a terra de José de Alencar. Dos 2.848.459 turistas queaportaram em 2011, apenas 8% (220.098) foram de outrospaíses. A Região Sudeste, com mais de 1 milhão, foi a quemais enviou visitantes ao Ceará, seguida dos outros estadosdo próprio Nordeste, com cerca de 940 mil pessoas. Norte(262mil), Centro-Oeste (258mil) e Sul (124mil) completama lista. Itália, com 58 mil, e Portugal, com 44 mil, foram osprincipais mercados emissores internacionais.Apesar de não representar o fluxo turístico direto, mais

um dado reflete o bom desempenho do setor no estado: ocrescimento de 12,4% no número de desembarques noAeroporto Internacional Pinto Martins em 2011, em rela-ção ao ano anterior. Segundo levantamento da Infraero, ocrescimento superou o da Região Nordeste. O Ceará está àfrente de Rio Grande do Norte (6%), Bahia (7,6%) e Per-nambuco (8%). Os estados com maior evolução no qua-dro geral — Maranhão, Paraíba, Sergipe e Piauí — ou nãotêm ou apresentaram decréscimo no número de desem-barques internacionais.Em 2010, foram 2.658.315 desembarques entre domés-

ticos e internacionais, contra 2.989.218 no ano passado,330.903 mil pessoas a mais chegando ao Pinto Martins. Amovimentação maior foi de voos domésticos, com2.874.232 desembarques, ante 2.546.269 de 2010, uma va-riação positiva de 2,6%. No que diz respeito ao fluxo inter-nacional, o estado permaneceu com o segundo maior nú-mero absoluto de desembarques internacionais na re-gião. Foram 114.986 operações — crescimento de 2,6%—,atrás apenas da Bahia, com 178.703 (crescimento de1,7%) e à frente de Pernambuco, com 113.949 (elevaçãode 15,7%). Este é o melhor resultado desde 2008.

Um setorcada vezmais forte

Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte (CE)/Divulgação

Cerca de 258mil turistas que visitaram oCeará no ano passado saíram doCentro-Oeste

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Com o objetivo de estruturar as bases dodesenvolvimentodo setor turísticonoCeará,incluindoa redehoteleira, a SecretariadeTu-rismo (Setur) conclui até setembroumplanodemarketing que deve servir comoparâme-tro para os próximos 20 anos. Juntamente àexecução e à finalização das obras dos equi-

pamentos indutores (duplicaçãoe recuperaçãode rodovias, ae-roportos de Jericoacoara e Aracati, Centro de Eventos e Acqua-rio), o estado aposta nesse estudo demercado. “É uma baseconsolidada de diagnóstico que serve de suporte à confecçãodoplanodemarketing.Comele, independentementedogestorque o turismo tiver daqui para a frente, não será preciso inven-tara roda.Bastapegaroplanodemarketing, feitosobreessano-va realidade”, explicao titulardaSetur,BismarckMaia.Segundo o executivo, será possível saber quem, de fato, são

osconsumidoresdoturismocearenseapartirdessesnovospro-dutos, orientandoqual caminhopossibilitará omelhor retorno.Éessaestratégiaque irá reposicionaroestadonosmercadosna-cional e internacional. “Aindanão somosdestino internacional.Nós recebemos turistas internacionais”, comparaMaia.Osdados já levantadospelaconsultoriadoplano, conformea

Setur,mostramqueoBrasil eaAméricadoSul sãoas regiõesquedevemapresentar omaior crescimentopercentual dos seus flu-xos turísticos até o ano 2030. Em2011, amédia de crescimentodo setor turísticono continente foi de 5,3%, abaixodamédia deregiões consolidadas, comoEuropa (6%) eÁsia (5,6%), o que re-velapotencialnãoaproveitado.AOrganizaçãoMundialdoTuris-mo(OMT)prevêque,em2030,onúmerodeviajantesnomundoserá de 1,8 bilhão de pessoas, superior aos atuais 980milhões.Outros índices semostrampromissores: a participaçãoda ativi-dade no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é de 7% a 8%, oque tornao turismoo importante gerador de riquezas.NaAmé-ricaLatina ,amédiaéde6,5%eamundial,deapenas2,8%.No Ceará, os quase 3milhões de turistas de 2011 geraram

receita direta de R$ 4,5 bilhões. Umdos elosmais importantesda cadeiaprodutivado turismo, o setorhoteleiro cearense temexperimentado nos últimos anos um crescimento significati-vo, quedeve ser aceleradocomaCopadoMundo.Entre 2006e2011, a demanda hoteleira de Fortaleza saltou 44%, de 1,082milhão para 1,560milhão de pessoas. No período, a oferta deunidades habitacionais (apartamentos/suítes) no Ceará cres-ceu 14,6%, de 24.294 para 27.836, o que dá um total aproxima-

do de 70mil leitos, segundo dados da Setur. Já o número deempregos gerados pelos setores de hotelaria e alimentaçãopassoude 117.997 para 129.990 vagas, alta de 10,2%.A taxa de ocupação hoteleira de Fortaleza, por outro lado,

mostra o aquecimento do turismo no estado. “O Ceará prati-camente deixou de ter o que se convencionou chamar de bai-xa estação. Estamos crescendomês amês em relação ao anoanterior.Vivíamos tão somente dosmeses de julho e de janei-ro, com as férias de verão, e umpoucomelhor no segundo se-mestre. Agora, temos alta e altíssima estações”, comemoraBismarckMaia. Na comparação, as curvas da taxa de ocupa-ção hoteleira em todos osmeses dos anos de 2006 e 2011 nãose tocam. Em janeiro do ano passado, a taxa foi de 84,5%, caiupara 54,2% emmaio (menor taxa do primeiro semestre), e su-biu para 81,2% em julho. De agosto a dezembro, oscilou entre66,1% e 68,8%, compico de 71% emoutubro. Em 2006, os nú-meros foramde 81,2% em janeiro, 46,2% emmaio e 63,2% emjulho, ficando entre 54%e 56,2%entre agosto e dezembro.O aquecimento domercadohoteleiro por conta daCopado

Mundo já começaa ser sentido.Umtotal de70%dos leitosde55dos 63hotéis filiados àAssociaçãoBrasileira da Indústria deHo-

téis no Ceará (Abih-CE) foi bloqueado pelaMatchHospitalitypara operíododaCopadoMundode 2014. A empresa recebeudaFederação Internacional de Futebol (Fifa) a delegaçãopara avendadeingressosepacotesoficiais relativosaos jogos.Segundoo novo presidente da Abih-CE, DarlanTeixeira Leite, os hotéispoderão comercializar apenas os 30% restantes comodeseja-rem.Alémdisso, acrescentaqueoperadorasde turismodoBrasile do exterior tambémestão fazendo seus bloqueios à hotelarialocal, negociando comcada hotel em separado. Darlan revelaque o preçomédio da diária desembolsado pela Fifa é deUS$250dólaresporapartamento.A entidademáxima do futebol considera satisfatório o nú-

mero de leitos disponíveis em Fortaleza como subsede da Co-pa. A capital conta com 26,3mil leitos, dos quais 16,5mil per-tencemaos associados àAbih-CE.LevantamentodoFórumdeOperadoresHoteleirosdoBrasil

(FOHB) elaborado pela empresa de consultoria Hotel Invest edivulgado estemês aponta que,mesmodepois daCopa, a ocu-paçãohoteleira de Fortaleza deve continuar alta. EmBeloHori-zonte, Brasília, Cuiabá,Manaus e Salvador é alto o risco de nãohaver turistas suficientesdepoisdoevento, segundooestudo.

Temporadasempre alta

OFERTA DE LEITOS AUMENTOU 14,6% NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS.TAXA DE OCUPAÇÃO FORA DOS MESES TRADICIONAIS DEFÉRIAS TAMBÉM REGISTROU CRESCIMENTO NO PERÍODO

O litoralcearense contacom dezenasde opções dehotéis de luxo,administradospor gruposnacionais eestrangeiros

4 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

FIFA CONSIDERA SATISFATÓRIO NÚMERO DE LEITOS EM HOTÉIS PARA A COPA

Resorts à beira-marDe acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira

da Indústria de Hotéis no Ceará (Abih-CE), Régis Medeiros,cincoprojetos dehotéis estão emestudopara construçãonaspraias do Futuro, do Meireles, de Iracema e no entorno doCentro de Eventos. Ele diz não saber se ficarão prontos até aCopa doMundo, e defende a qualificação dos serviços pres-tados como foco principal.Alémdaspousadas e depequenoshotéis, o litoral cearense

se destaca comdezenas de opções de resorts e hotéis de luxo,e tem sido alvo de investimentos de grandes grupos hotelei-ros. Caso dos portugueses doVilaGalé. O grupo, que já dispõede umhotel na Praia do Futuro, em Fortaleza, investiu R$ 100milhões na construção doVila Galé Cumbuco, um resort dealto nível nomunicípio deCaucaia, perto de Fortaleza.Com 255 funcionários, 80% dos quais oriundos do pró-

prio município, o resort, que funciona no sistema all inclu-sive (alimentação e bebidas inclusas no pacote de hospe-dagem), conta com 465 unidades habitacionais entre apar-tamentos e chalés, e tem capacidade para receber 1.200hóspedes ao mesmo tempo. Quatro restaurantes funcio-nam dentro do resort, que disponibiliza um clube paracrianças, centro de convenções com capacidade para 700pessoas, complexo aquático com três piscinas descobertas,academia de ginástica e SPAmédico com 3.500metros qua-drados. O Vila Galé Cumbuco abriu em outubro de 2010.Em 2011, a taxa de ocupação foi acima da prevista, e o em-preendimento atingiu umamédia de 31%.De acordo com o gerente CarlosMaia, a meta para 2012 é

de42%deocupaçãoede65%daqui adois anos. Equempensa

que o resort é direcionado apenas para o público classe A, en-gana-se. Emperíodos de baixa estação, a diária para um casalcomcriançanoapartamento standardcustaR$560, preçoquesobe para R$ 800 na alta. “Temos hóspedes em variados seg-mentos. Hoje em dia, as operadoras facilitam em termos depagamento e conseguemmontar pacotes atrativos o suficien-te para outro tipo de público que normalmente não viria paraum empreendimento desses”, afirma o gerente. OVila GaléCumbuco deverá hospedar uma oumais seleções durante aCopa doMundo, e os planos de ampliação do grupoVila Galésão ode transformar a região emumcomplexo turístico.

Outra iniciativa de grande vulto está localizada na praia deMarambaia, emAquiraz, a 35kmdeFortaleza.OAquirazRivieraé omaior empreendimento turístico de padrão internacionaldoBrasil, comvalor total estimado emUS$ 350milhões. A áreade285heestádivididaemsetor residencial,hoteleiraedeprote-ção ambiental, com58hectares de fauna e flora locais, alémde1.800metros de frente para omar. As 102 unidades de aloja-mentodoHotelDomPedroLagunaestãodivididas em64apar-tamentos, com varanda ou terraço; 22WaterVillas (com umquarto); oito PresidentialWaterVillas (comdois quartos) e ou-trasoitoRoyalVillas, compiscinaprivadaemfrenteàpraia.

Igor de Melo/Esp. CB/D.A. Press

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Paralelamente às ações de infraestrutura tu-rística em andamento em diversos pontosdo estado, o Ceará aposta em duas grandesobras que irão diferenciá-lo em relação aoutros destinos, tanto no Nordeste quantono Brasil: o Acquario Ceará e o Centro deEventos (CEC). As atrações somam investi-

mentos da ordem de R$ 800milhões e prometem colocar acapital cearense e o estado no roteiro turístico nacional eaté internacional de forma consolidada.Um dos maiores projetos estruturantes em curso no es-

tado, o Acquario Ceará está sendo erguido pela Secretariade Turismo do estado (Setur) na Praia de Iracema, em For-taleza, com investimentos de aproximadamente R$ 250milhões e previsão de conclusão em 2014. Para financiar aobra, o governo buscou recursos no Eximbank, instituiçãofinanceira norte-americana de fomento. O prazo de paga-mento do empréstimo é de 10 a 15 anos, a partir do fun-cionamento do Acquario, com juros subsidiados pelo go-verno dos Estados Unidos.Com 21,5 mil metros quadrados distribuídos por quatro

pavimentos, o equipamento terá 15milhões de litros de água,o terceiromaior em volume de água de exposição domundo.São 38 tanques-recinto, entre eles 25 aquários, sendo ummaster, um de tubarões, um de pinguins e outros aquáriosmenores. A obra contará ainda comdois cinemas 4D, simula-doresde submarino, equipamentosqueproporcionamintera-ção entre público e aquário e túneis submersos que permiti-rão aos visitantes observar os tanques, onde estarão 500 espé-cies de animais diferentes e um total aproximadode 35mil or-ganismos vivos.A Secretaria de Turismo (Setur) prevê que o Acquario

Ceará receba anualmente 1,2 milhão de pessoas. A receitadireta gerada deve ser de pelo menos R$ 22 milhões. Para aeconomia local, o impacto no mercado de trabalho será de150 empregos diretos, 1,6 mil indiretos e 18 mil empregosna cadeia produtiva.A outra grande obra que alavancará o turismo cearense, o

CentrodeEventosdoCeará, teráum impactode1%noProdu-to Interno Bruto (PIB) local, segundo estimativa da Setur. Per-centual considerável diante da força que o turismo representano total do PIB estadual, que é de 10,8%.“OCentro de Eventosé atémaior do que o prometido pelo governador Cid Gomesemcampanha. Ele vai inserir o Ceará no circuitomais forte doturismo, que é o segmento de feiras, congressos e exposições”,promete o secretário deTurismodo estado, BismarckMaia.Localizado ao lado do atual Centro de Convenções, cuja

área total é de 15mil metros quadrados, o CEC já está pron-to e é o segundo maior espaço para realização de eventosdo Brasil e o primeiro doNordeste. Seu primeiro teste acon-tece no próximo sábado, quando o local recebe o Arte MusicFestival, com shows da norte-americana Jennifer Lopez eda baiana Ivete Sangalo. O centro poderá abrigar até 30 milpessoas em um único evento. A construção, iniciada emagosto de 2009, teve orçamento de R$ 467 milhões e possuiprojeto arquitetônico inspirado em aspectos típicos da pai-sagem e do artesanato cearenses.Ao todo, são 152,694mil m² de área construída em terre-

no de 17he; 21 mil m² de jardins, e 3,2 mil vagas de estacio-namento. Além disso, serão instalados vestiários, refeitó-rios, ambulatórios, banheiro e fraldário, salas para produ-ção de eventos, administração, segurança, brigada de in-cêndio, juizado de menores, Vigilância Sanitária e ouvido-ria. Em tamanho, o CEC ficará atrás apenas do Riocentro,no Rio de Janeiro, cuja área total é de 571 mil m², com esta-cionamento para 7 mil veículos.Em funcionamento, o centro deverá oferecer 400 em-

pregos diretos e 2 mil indiretos, capacidade que poderáaumentar de acordo com o porte do evento. O projetopriorizou aspectos relacionados à sustentabilidade, noque diz respeito a refrigeração, iluminação, sanitários eacessibilidade. Para se ter ideia, o sistema de climatizaçãopresente em todos os setores possui central de água gela-da e tanque de termoacumulação. A tecnologia reduz deforma considerável o consumo de energia e prolonga a vi-da útil do sistema, enquanto os sanitários possuem siste-mas de escoamento de dejetos a vácuo, ocasionando re-dução do consumo de água.Tendo em vista o impacto que o CEC irá causar em seu

entorno, o governo do estado promoveu uma série de in-tervenções nos acessos ao equipamento. As obras objetiva-ram a melhoria do tráfego na região por meio da constru-ção de quatro trincheiras (túneis) subterrâneas de 9,5 me-tros de largura. Estes túneis vão eliminar dois semáforos eagilizar a entrada e a saída para o local e equipamentos vi-zinhos. Com valor de R$ 94 milhões, os túneis deverão serliberados também no próximo fim de semana.

Viagem aofundo domar

AQUÁRIO COM 21,5 MIL M² VAI IMPULSIONAR AINDA MAIS OTURISMO CEARENSE. CENTRO DE EVENTOS, COM CAPACIDADEPARA 30 MIL PESSOAS, SERÁ INAUGURADO NO DIA 30

OsecretárioespecialdePortos,LeônidasCristino,assinouemmarçoaordemdeserviçoparaoiníciodasobrasdoterminalma-rítimodepassageirosdoPortodoMucuripe, emFortaleza.Orça-doemR$150milhões, o empreendimentodeve estar concluídono fimde2013.DuranteaCopadoMundo,o terminalpode fun-cionarcomoumcomplementoàredehoteleiradeFortaleza.O novo terminal vai fomentar o desenvolvimento da voca-

ção turística da capital cearense. Com ele, navios de grandeportepassarãoaatracarnoportodeFortaleza, oque trará ain-damais turistas à cidade, com impacto namovimentação daeconomia local. Na condição de equipamento turístico, o ter-minal estará aberto ao público local para visitação. Além daimportância para o turismo, deverá proporcionar a concreti-zaçãodenovos negócios.Os investimentos incluemos custos das obras civis, do for-

necimento de equipamentos como sistemas de ar-condicio-nado, escadas rolantes e elevadores. A nova estação de passa-geiros disporá de infraestrutura semelhante à dos terminais

de aeroportos, com restaurante, Correios, Polícia Federal, An-visa, Receita Federal, lojas de conveniências e suvenires.O cais de atracação terá 350metros de extensão e 13me-

tros deprofundidade, preferencial paranavios depassageiros.O equipamento atende ao que foi definido no Plano de De-senvolvimentoeZoneamentodoPortodeFortaleza (PDZ)pa-ra os próximos 30 anos. A obra contempla, alémda nova esta-ção e do novo cais, uma retroárea de 40mil m² para armaze-nagem de carga seca, no caso, contêineres— o que garantesua viabilidade econômica, tendo em vista que o cais poderáser utilizado o ano inteiro para atender a crescente demandadenavios de carga neste porto.Em uma estimativa otimista, o novo terminalmarítimo de

passageiros deverá receber, a partir de 2014, 39 navios de cru-zeiros com um total de cerca de 25mil passageiros, númeroque deve saltar para 34mil com as 52 embarcações previstaspara 2020, de acordo com o Plano de Desenvolvimento e Zo-neamento doPorto de Fortaleza.

Setur-CE/Divulgação

CORREIOBRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • Suplementoespecial • 5

Para navios de grande porte

ACQUARIO DEVE RECEBER 1,2 MILHÃO DE PESSOAS POR ANO

No Porto do Mucuripe vão poder atracar grandes navios de cruzeiros

Igor de Melo /Esp. CB/D.A. Press

Acquario (acima e ao lado) terá 38tanques espalhados pelos seusquatro pavimentos. A obra deveráficar pronta em 2014. Centro deEventos (abaixo) abrirá com

show de Jennifer Lopez

Igor de Melo /Esp. CB/D.A. Press

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A CULINÁRIA É UMA DAS ATRAÇÕES CEARENSES QUE MAIS ENCANTAMOSTURISTAS DE TODO O PAÍS. DO BAIÃO DE DOIS AOS FRUTOS DO MAR,O CARDÁPIO LOCAL GARANTE RESTAURANTES SEMPRE CHEIOS

6 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

OCeará, ao longodo tempo, vem incrementan-do seu perfil culinário— e, em especial, osseus negócios de gastronomia. A galinha-cai-pira, a carne bovina e caprina com seus deri-vados, o cuscuz, amandioca e omilho comsuas possibilidades, tudo faz parte do cardá-pio associadoaoNordeste. Comoutros diver-

sificados ingredientes, sãoorgulhoda regiãoe fazemsucessoen-tre os próprios nordestinos e os visitantes.OCeará segue essa li-nha,masvaialém.Nacapital,Fortaleza,enascidadespraianas,aproximidade comomar e a ascendência do turismo internacio-nalpossibilitaramachegadadenovosconceitosdegastronomia,mantendoabasedaculináriamais tradicional.O presidente Associação Brasileira de Bares e Restaurantes

doCeará (Abrasel-CE), IvanAssunção, lembraqueoextenso li-toral influencia muito na culinária voltada, principalmente,para os frutos domar. Contundo, ele ressalta a grande impor-tância da tradição do interior. “Varia de acordo comoperfil dopróprio restaurante e do público. Geralmente, a comida regio-nal (baiãodedois, frutosdomar, carnedo sol) fazmuito suces-so comos turistas. Atualmente, a culinária nos polos gastronô-micos de Fortaleza émuitomais vasta (comida contemporâ-nea, italiana, oriental), commuitas opções para os clientesbrasileiros e estrangeiros”, explica.“A cozinha cearense, especificamente, émuito bemvista no

mercadonacional. O turista chega, experimenta e saimuito en-cantado. Para nós que somos do setor, sabemos as diferenças.Temosmelhores eoutrosnemtanto. Apesar de sermuitoboa, agastronomianoNordeste comoumtodo,quandose fala emne-gócios, ainda requermuita profissionalização”, cobra FredericoSoaresFernandes, sóciodoRestauranteCocoBambuSul.Estão filiados àAbrasel-CE cercade 300 restaurantes. Amé-

dia de crescimento do setor tem sido de 12% a 15% por ano. Ameta da entidade é dobrar o número de associados, comoob-jetivo de fortalecer mais ainda os negócios e, paralelamente,intensificar a capacitação profissional e atualizar a profissio-nalização administrativa desses estabelecimentos.Aspiração antiga de empreendedores do BairroVarjota, a

transformaçãoda região emumpolo gastronômico foi efetiva-mente formalizada. O pleito era para a prefeitura desenvolveruma sistemática que incluísse controle do tráfego, estaciona-mentos e fiscalização das atividades, além da divulgação dopolo. Pormeio de umprojeto aprovado pela Câmara deVerea-dores em 2009 e sancionado pela prefeita Luizianne Lins, a leifora aprovada. No entanto, apesar dos benefícios que a novaregra poderia trazer aosmoradores, empresários e trabalhado-res do local, ainda há dificuldade de implantação de algunsdos itens daproposta.A Abrasel nacional representa um setor com cerca de 1mi-

lhãodeempresas equegera 6milhõesdeempregosdiretos emtodo o país. Desde a sua criação, em 1986, vem tentando con-tribuir para o desenvolvimento do segmento de alimentaçãofora do lar, que representa 2,4% do PIB nacional. O hábito decomer fora de casa corresponde a 26% dos gastos dos brasilei-ros comalimentos.“A associação conquistou o apoio de parceiros de peso, co-

mo oMinistério do Turismo, o Sebrae (Serviço Brasileiro deApoio àsMicro e Pequenas Empresas), a Ambev e outras em-presas que apoiam um conjunto de ações estratégicas que es-tão revelando todo o potencial da gastronomia, tanto para osetor de turismo como para a economia brasileira”, informaAssunção. Entre as ações citadas pelo empresário, estão o Pro-gramaCaminhos do Sabor e o Festival Bar emBar.

Ao sabordos bonsnegócios

Zuleika, daVignoli: pizzapara comercom as mãos,ultilizandoluvinhas.Sucesso queestá sendoexportado

Frederico, doCoco Bambu:“A cozinhacearense émuito bemvista nomercadonacional”

Da pizzaao camarãoApós inaugurar ahoje reconhecida

pastelariaDomPastel, o engenheiroeempresárioAfrânioBarreira resolveuformar sóciosparaabrir outrosempreendimentos.ChegouaoconceitodoCocoBambu,queofereceumambiente rústico, comculináriaquevariado simples regional ao sofisticado.Já sãooito lojasdamarcaemquatroestadoseemBrasília.EmFortaleza, umdeles é oCoco

BambuSul, que funcionahádois anos ejá faz parte da paisagemdoBairroParqueManibura, onde é referênciapara a população dos bairros próximos.“Aqui servimos pizzas, crepes, pastéis,tapiocas, frutos domar, carnes e peixes.O cardápio possui 36 páginas. São 81sabores de pizzas e 51 sabores decrepes”, relata Frederico SoaresFernandes, umdos sócios. Ele lembraque o forte da casa é oprato chamadoCamarão Internacional, que custaR$ 77,60 e serve bemquatro pessoas.Outro empreendimento cearense

que vemganhandooBrasil é a PizzaVignoli, que chegou ao cenário local em2004.O estabelecimento fornece pizzasfinas e crocantes quepodemsersaboreadas comasmãos, utilizando-seluvinhas plásticas. O ambiente é deumacantina italiana, compeças originais emuitas antiguidades.A PizzaVignoli passou a contar com

três endereços emmenos de três anos.Noprimeiro anode funcionamento, dejunhode 2004 a junhode 2005, houveincremente de 200%nas vendas.Nosegundo, a alta foi de 350%,impulsionadapela abertura de umanova loja, que ampliou a capacidade deatendimento.O crescimento em2007foi de 400%, graças à instalação de outraloja. As cidades de Salvador (BA), SãoLuiz (MA) eTeresina (PI) já recebemapizza cearense.A gerente-geral do empreendimento,

Zuleika Poggialli, diz que já existe umagrandeprocura nacional e internacionalpelo formato donegócio. “A gente querse estruturar bempor aqui antes decrescermais, para não fazer nadanoescuro”, diz.Mas Zuleika garante que,empouco tempo, aVignoli, quenasceunoCeará, vai ganhar omundo.

COMER FORA CORRESPONDE A 26% DOS GASTOS DOS BRASILEIROS COM ALIMENTAÇÃO

Fotos: Igor de Melo/Esp. CB/D.A. Press

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Aservidora pública LarissaMarques, 41anos, gosta muito de viajar. Por ano,conhece de três a quatro estados.Mastem carinho especial por um: oCeará.Para lá, foi cinco vezes. As últimas fo-ram em 2011, em que passou 10 dias,e fevereiro deste ano, com 15 dias de

descanso. E não é só Larissa. Os brasilienses são fãs doestado. A entusiasta das cidades cearenses foi de aviãocom o marido e a mãe, alugou um carro e, por contaprópria, organizou toda a programação. Mas quem pre-fere recorrer aos pacotes, as agências de viagens ofere-cem ainda mais opções voltadas para eventos, como oFortal (micarê de Fortaleza) e o tradicional revéillon dohotel Marina. E não apenas em datas especiais o lugarfaz sucesso. “Vendemos pacotes durante todo o ano.Claro que emalta temporada as cidades lotam,mas temgente que quer ir no verão e no inverno. Não tem temporuim”, comentaMarcelo Rhormens, diretor da operado-ra Interline.Além disso, a Interline também tem parceria com o

parqueaquáticoBeachPark.Odiretor diz queo lugar quemais encanta os turistas é a capital cearense, mas locaismais afastados também são atraentes. É o caso de Jeri-coacoara eCanoaQuebrada (300kme170km, respectiva-mente, distantes de Fortaleza). O segredo do turismo em

alta no estado, para Rhormens, não são as praias comoimaginado,mas a boa estrutura turística commuitos ho-téis, restaurantes, baladas. “É o que diferencia o Cearádos outros estados”, analisa.E LarissaMarques concorda. O quemais gosta no es-

tado é o clima, a comida, a recepção das pessoas e a tem-peratura da água. “Sou brasiliense, masmorei no Rio deJaneiro e sei bem que omar lá é bem gelado. Posso com-parar, e épor issoquegosto tantodoNordeste”, conta. Elaressalta que também vale a pena financeiramente. “Ogastomédio para três pessoas em 15 dias ficou emR$ 3,1mil, sempassagens de avião. Ficoumais emconta doqueemoutros lugares da região que eu visitei”.A servidora acredita que essemotivo contribui para a

escolha dos brasilienses pelo destino, mas que não é oprincipal. A beleza do lugar, a facilidade de comérciopor perto, restaurantes e lojinhas a beira mar são carac-terísticas peculiares da capital. E visitar parece ser nãomais suficiente para Larissa. Na última ida ao Ceará,ano passado, ela voltou decidida amorar lá e começou aanalisar o preço dos apartamentos em Fortaleza. Masdesistiu, “por enquanto”, lembra. “Quando eu me apo-sentar, quem sabe?” O plano é morar na capital e teruma casa em Jericoacoara para passeios. “A cidade émais rústica, de difícil acesso e tem menos pessoas.Uma delícia”, comenta.

Destinopreferido

BOA PARTE DOS BRASILIENSES QUEVIAJAM AO NORDESTE ALAZER PREFEREM AS BELEZAS, AS BADALAÇÕES E A ESTRUTURATURÍSTICA CEARENSES. PROCURA SE ESTENDE PORTODO O ANO

Larissa tem um carinho muito grandepelo Ceará. “Quem sabe no futurome mudo para lá”

Adriana Magalhães, servidora pública, responsávelpelo blog atravessarfronteiras.blogspot.com.br. Confi-ra a postagem sobre o Ceará:

“O Ceará erameu destino de férias do verão em todosos anos.Maso tempopassou, euperdi o encantopor For-taleza e as minhas visitas ao Ceará começaram a rarear.Este ano de 2012, eu, inexplicavelmente, desisti de ir paraSalvador no carnaval. Preferi passar o feriado prolongadocomoBruno (meumarido) e osmeninos numapraia, e aescolhida ficava o Ceará. Minhamãe já tinha dito que ocalçadão da Praia de Iracema estava uma festa. Eles estãoreformando, temmuitapolícia, estábembonito, edenoi-tinha começamaalugar patins para opessoal se divertir.

As barracas da Praia do Futuro continuam com umasuperestrutura, principalmente para crianças. No parqueaquático da Itapariká, os meninos só saíram da piscinaporque foramobrigados pelos pais a comer e tomar águade coco.Mas um grande problema da Praia do Futuro é adistância para o centro de Fortaleza: um táxi até a barracaItapariká, por exemplo, custa R$ 25.Como gosto muito de ficar ‘pé na areia’, resolvemos

permanecer algunsdias emumapraiapequena. Escolhe-mos a Prainha, a cerca de 30kmde Fortaleza. É umapraiadeliciosa, bemsimples, depescador, sematrativos turísti-cos. Mas é DEZ e ainda tem uma lagoa gostosa que eraonde osmeninos gostavamde ficar. Comdireito até a an-dar de jangada.OCearáme reconquistou.”

Patrícia Banuth/CB/D.A Press

CORREIOBRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • Suplementoespecial • 7

Vistaparcial dacosta deFortaleza.Beleza dacidade atraimuitosbrasilienses

O Ministério do Turismo lança cam-panha para orientar turistas brasilei-ros em viagens domésticas. As dicasestão no rádio, na internet, em revis-tas e em mídias segmentadas divul-gadas por todo o país pelo projetoViaje Legal. Dúvidas, como o queconsiderar na hora da escolha dodestino turístico, como optar pela em-presa contratada e quais os canaispara fazer reclamações, estão expli-cadas no guia. Faça o download doguia de bolso completo pelo sitewww.viajelegal.turismo.gov.br

■CVCwww.cvc.com.brTel.: 3044-4646

FortalezaDuração: oito dias.Inclui: passagens aéreas, traslados, setenoites de hospedagem no Hotel IracemaTravel, café da manhã, city tour e passeio pelapraia do Beach Park (Ingresso não incluído).Preço: a partir de R$ 1.248* por pessoa emapartamento duplo, para saída em 14/07.

Fortaleza com JericoacoaraDuração: oito diasInclui: passagens aéreas, traslados, cinconoites em Fortaleza no Ponta Mar Hotel eduas noites em Jericoacoara, na Pousada doNorte, café da manhã, city tour, passeio pelapraia do Beach Park (Ingresso não incluído)e pela Lagoa do Paraíso, em Jericoacoara.Preço: a partir de R$ 2.248* por pessoa emapartamento duplo, para saída em 14/07.

Beach Park FortalezaDuração: oito diasInclui: transporte aéreo, traslados, sete noitesde hospedagem no Beach Park Acqua Resort,meia pensão e city tour.Preço: a partir de R$ 4.448 por pessoa emapartamento duplo, para saída em 14/07.

■ INTERTRAVEL OPERADORAwww.interlineturismo.com.brTel.: 3962-4035

FortalData: 18 a 23 de julhoInclui: passagem aérea, hospedagem,café da manhã, traslados e city tourPreço: a partir de R$1.582*, por pessoa emquarto duplo

■ INTRAVELwww.intravel.com.brTel.: 2626.3241

CumbucoDuração: oito diasInclui: passagem aérea, sete noites dehospedagem, café da manhã, traslados,assistência personalizada com guias locaise bolsa de viagem.Preço: a partir de R$ 2.060* por pessoa emapartamento duplo

FortalezaDuração: oito diasInclui: passagem aérea, sete noites dehospedagem, café da manhã, traslados, citytour, passeio a Cumbuco ou Beach Park(sem ingresso), assistência personalizadacom guias locais e bolsa de viagem.Preço: a partir de R$ 1.303* por pessoaem apartamento duplo

Praia das FontesDuração: oito diasInclui: passagem aérea, sete noites dehospedagem, café da manhã, traslados,assistência personalizada com guias locaise bolsa de viagem.Preço:R$ 1.609*, por pessoa emapartamento duplo

JericoacoaraDuração: oito diasInclui: passagem aérea, sete noites dehospedagem, café da manhã, traslados,assistência personalizada com guias locaise bolsa de viagem.Preço: a partir de R$ 1.956*, por pessoa emapartamento duplo

Fortal 2012 / FortalezaDuração: quatro dias. Período: 19 a 22 de julhoInclui: passagem aérea,hospedagem, café da manhã,traslados, city tour na praia deCumbuco ou Beach Park (sem ingresso),assistência com guias locaisPreço: a partir de R$ 868*,por pessoa em apartamento duplo

■ INOVARwww.inovarturismo.com.brTel.: 3022-4516

FortalezaDuração: sete diasInclui: hospedagem, café da manha,passagem aérea, translado e city tourPreço: R$ 1.450*, por pessoa, em julho

FortalDuração: sete diasInclui: hospedagem, café da manha epassagem aéreaPreço:R$ 1.100* por pessoa,sem os ingressos

■ VISUALTURISMOwww.visualturismo.com.brTel.: (11) 3235-2000

Fortaleza e JericoacoaraDuração: sete noites com saída em 26 dejulho. Inclui: passagens aéreas, traslados,hospedagem no hotel Oasis Atlântico e naPousada Blue Jeri e city tour.Preço: a partir de R$ 2.498*, por pessoaem apartamento duplo

FortalezaDuração: quatro dias com saída em 28 dejulho. Inclui: passagens aéreas, hospedagemno hotel Rah Villa Costeira, café da manhã,city tour e passeio pela Praia de Cumbuco.Preço: a partir de R$ 1.278*, por pessoaem apartamento duplo

* Preços podem ser alteradospelas agências sem aviso prévio.

DEPOIMENTO

PACOTESPLANEJE SUAVIAGEM

ITÁLIA E PORTUGAL SÃO OS PAÍSES QUE MAIS ENVIAMTURISTAS AO CEARÁ

Arquivo pessoal

Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press

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RECONHECIDO NACIONALMENTE, O FESTIVAL CINE CEARÁ ESTÁ NA SUA 22ª EDIÇÃO

APRESENTAÇÕES DE HUMORISTAS, ESPETÁCULOS TEATRAISE FESTIVAL DE CINEMA MOSTRAM QUE A PRODUÇÃOARTÍSTICA DO ESTADOTAMBÉM ATRAI QUEM CHEGA DE FORA

Caldeirão cultural

Em meio à valorização da indústria audiovisual brasileira,o Cine Ceará é um dos principais festivais de cinema do país.O diretor executivo,Wolney Oliveira, fala dos méritos do cine-ma cearense.

Aquantas anda a produção audiovisual do estado?Alémdos inúmeros prêmios nos festivais nacionais e inter-

nacionais, o cinema cearense vem respondendo positivamen-te na produção do nosso audiovisual, ganhando os editais deB.O. (baixoorçamento)doMinistériodaCulturaeoutras insti-tuições. Filmes comoHomens com cheiro de flor, de Joe Pi-mentel;O grão”, de Petrus Cariry; Rânia, de RobertaMarques;Cine Hollíudy, de Halder Gomes; Linz, de AlexandreVeras;Osúltimos cangaceiros, de minha direção; e Cego Aderaldo – OCantador e o Mito, de Rosemberg Cariry, são exemplos disso,revertendo omontante de aproximadamente R$ 10milhões àeconomia cearense nos últimos cinco anos. Não podemos es-quecer ainda o filão de filmes espíritas, que surgiu no Cearáatravés da iniciativa do produtor Luis Eduardo Girão, como aproduçãoBezerra de Menezes – Diário de um espírito, de JoePi-mentel eGlauber Filho.

OCineCeará contribui de que formapara a geração de empregoe rendano estado?OCineCeará, que este ano completou sua 22ª edição, é um

dos responsáveis por toda a efervescência cinematográfica vi-vidanoCeará, sejanaáreadadocência, daproduçãoedadifu-são do audiovisual, inclusive abrindo espaço para trazer aonosso público um grande número de produções ibero-ameri-canas. O Festival criou a necessidade dessas demandas tantona produção quanto no surgimento dos cursos de graduaçãonas Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade deFortaleza (Unifor), ou o curso sequencial daVila das Artes, daprefeitura de Fortaleza. Tem papel fundamental também nadifusão, com o surgimento de outros eventos audiovisuais noestado—que já totalizamquasedez festivais.Dopontode vis-ta econômico, o festival movimenta a cadeia turística cearen-se, criando demandas para a rede hoteleira, aluguel de veícu-los, gastronomia, contratação de técnicos da área do audiovi-sual e artistas, serviços demídia, agências de publicidade, en-tre outros setores.

Quemmais é beneficiado como festival?Alémdopúblico cearense—estudantes, cinéfilos e apopula-

ção emgeral, que frequenta gratuitamente o eventodesde a suacriação, em1991—, tambémse beneficiamos patrocinadores,que têmumexcelente retornodemarketing,bemcomoacadeiada produção, difusão e formação. Ganha como festival ainda aclasse artística emgeral e, emespecial, o governodoestado, queéoúnicoparceiroque temonomeincorporadoaoevento.

LC Galetto,“Papudim” e

Glayco Sales:humor inspirado

também nosgrandes mestres

cearense dogênero

10 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

Airreverência cearense não tem limite.Tanto que um dos seus personagensfolclóricos é umbode, chamado Ioiô.Ocaprino percorria sempre o mesmotrajeto nas ruas do Centro da capital,Fortaleza, na década de 1920. Acompa-nhava escritores e boêmios, chegando

a ser citado em livros de historiadores e poetas. Descansa,hoje, empalhado noMuseu do Ceará. Mas o cúmulo daqualidade de ser irreverente— ou em bom cearês, fulêro—,aconteceu em30de janeiro de 1942. Emmeio ao climade guerra e futebol, um grupo de pessoas, em umunísso-nogrito, vaiao sol.Ora, vejam,o sol sendovaiadoéaprovade queChicoAnysio, RenatoAragão,TomCavalcante, Fal-cão eRossicléa não foram tãopioneiros assim.Alémdos humoristas conhecidos nacionalmente e dos

que atuam no estado, o Ceará apresenta um dos princi-pais festivais de cinema do país, o Cine Ceará, e oferece àpopulação e aos visitantes um circuito bastante diversifi-cado de festivais de teatro. O caldeirão cultural cearensemostra a diversidade de umpovoque acende a luz dopal-co, abre as cortinas eprovaque vai alémda importante re-presentaçãomusical típica doNordeste—o forró.QuemconhecebematrajetóriadohumornacionaléBe-

nedito José Barbosa, conhecido pelo personagem“Papudim”—umcronista bêbado formado em filosofia.Nascidona cidade de Sobral, queria ser ator. Chegou a tra-balhar comooffice boy na RedeGlobo, aos 16 anos.Mas avontade naquele período eramesmode trabalhar no pro-gramadoChicoAnysio.“Sótinhaduaspossibilidades.OueumesindicalizavanoSindicatodosArtistaseTécnicosemEs-petáculos deDiversões, o que era impossível para umcaracom19anos, vindodoCeará; oumedesvinculariadaGlobopara fazer figuração.Eupedidemissãoedeidecaracomumprodutor que disse que eu teria que pagar 50%domeu ca-chêparaumaagência. Eudisse‘não, eunãoquero sóapare-cerna televisão, euquero fazerdissoumaprofissão.’”Apóso insucessonoRio, voltou à terranatal e começou

a trabalhar na produção do palhaço — cearense — eatualmentedeputado federal pelo estadodeSãoPaulo,Ti-ririca. Apesar do êxito comTiririca, aindanão estava satis-feito.Umconvite para um festival de piadas emumapiza-ria iriamarcar sua carreira. “Escrevi um texto na segunda,na terça eu ensaiei pelo telefone comoZéModesto (outrohumorista cearense), eleme deu uns toques e eu tirei pri-meiro lugar na eliminatória. Tirei segundo lugar geral dofestival”, relembra Papudim, orgulhoso.Decidiu que iria enveredar para o rumo do humor de

personagem, o grande trunfo da primeira geração de hu-moristas cearenses. “Eu nunca tivemuita pressa. O fato deeu ter trabalhado comoTiriricame deu uma coisamuitolegal que foi você ter a compreensãodo tempo.Você sópo-de estar prontodepois deumcerto período.OTiririca já ti-nhamais de 20 anos de carreira. Esse tempo dematurida-de que amaioria de nós não tem paciência para esperar,acaba nos levando para um caminho que émuito ruim,que éo caminhodo imediatismo”, argumenta.Sobre o humor no estado, ele analisa ser preciso uma

revisitaçãodosque fazemaprofissão.“Nós temosumpro-dutomaravilhoso. Aquilo que émais difícil de conseguirem relação a umproduto é uma coisa chamada reconhe-cimento. Precisa ter uma nova visão em criação de perso-nagem, criação de texto. A gente precisa enxergar isso co-mo produto e dar acabamento de produção, além de teressa preocupação de não ser imediatista”, cobra o expe-riente e reconhecido artista.

Em 2008, uma famosa forma norte-americana defazer comédia chega ao Ceará. O stand up, humor decara limpa, sempersonagem, sem fantasia, contando acomédia do dia a dia, passa a figurar como a promessada profissão de fazer rir. Deu certo e os pioneiros noestado, Glayco Sales e Luis Carlos de Freitas – o LCGaletto (comdois “t”mesmo) passam a ficarconhecidos pelo estilo.“Começamos a fazer humor na faculdade de

jornalismo, escrevendopara as rádios internas.Nãoandouporque tínhamosmuito projeto. A gente tambémnunca se viu de personagem.Mas aí apareceu essa coisado standup. Emagosto de 2008, o espetáculoComédiaemPé veio para Fortaleza. Eumandei ume-mail comumtexto. Eles acabaram respondendodizendoque o textoestava legal e pedirampara fazer. Omais interessante éque tem tido aceitação emummercado consagradopelohumor depersonagens”, comenta LCGaletto.Glayco lembra que a produção de textos eramuito

grande e aquele acúmulo de produção o estavaincomodando. “Fazemos crônicas como olhar cômico.Comum tempo, a gente conversou e disse umpro outro:‘vamos fazer nósmesmos’. Aí começou. Estamos hápouco tempo nomercado,mas já passamos pormuitacoisa legal”, comenta o humorista.

Cara limpa TRÊS PERGUNTAS PARAWOLNEY OLIVEIRA, DIRETOR EXECUTIVO DO CINE CEARÁ

Igor Melo/Esp.CB/D.A Press

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Exclusividade, atendimento diferenciado,instalações superconfortáveis, além depreço que acompanha a soma do quevale o produto, e osmimos oferecidos.Assim é omercado premium, que sefortalece no Ceará emdiversos ramos. OGrupoNer Land é um exemplo desse

segmento seletivo e crescente aomesmo tempo. Atuano ramo de veículos e iniciou as atividades no estadoem 1992, com a primeira revenda damarca deautomóveis japonesaToyota.“AToyota, naquela época,mais do que é hoje, era

considerada umamarca de veículo premium, umveículo top. Eram carros importados do Japão. De lá pracá, verificamos a identificação do público cearense comprodutos que oferecemumvalor agregado amais.Percebemos que o cliente daqui é exigente, ele querrealmente o que formelhor. Se você temprodutosdistintos, amaior atenção vai ser para os da linha top,que sãomais complexos,mais requintados, que têmmais acessórios”, comenta umdos sócios doGrupoNewLand, RonaldoMunhoz.O retorno positivo da empresa levou à iniciativa

de abrir mais lojas no Ceará e no Brasil. Hoje, sãocinco estabelecimentos no estado: duas lojas plenas(vendas e pós-vendas) em Fortaleza, uma plena emJuazeiro, além de duas que fazem somenteprestação de serviço”, informa o empresário. Eleconta ainda que está ampliando a atuação paraTeresina, João Pessoa e para Brasília.Amais nova investida deMunhoz e seu sócio Rodrigo

Carvalho foi a diversificação, em 2011, no segmento decarros luxuosos, com as lojas daMercedes-Benz e daChrysler. “Isso vem reforçando a nossa aposta nessemercado.Muitas vezes, esse segmento não sofre comoscilações de crise, como outras atividades. Émaisconsistente”, diz Carvalho.Emnúmeros absolutos de vendas, a loja daMercedes

emFortaleza, que consumiu investimentos de R$ 5milhões, ficou, emmaio, na 8ª colocação entre todas asconcessioárias do país. Levando-se em consideração asvendas em todo o Ceará, somando com todas as lojasque vendem amarca, o estado ficou na 4ª posição.“O Ceará sempre foi diferenciado do resto do Brasil. É

um estado que vendemuitomais carros de luxo do queamaioria dos outros estados, em termos proporcionais.Por exemplo, aToyota temparticipação nomercado de3%. Aqui, chega a termeses que alcança 5%”, informaCarvalho. O empresário explica que o perfil dos clientesé principalmente profissional liberal— comomédico eadvogado—, alémde empresários emuita gente dointerior. O sócio afirma que cerca de 50% das comprassão realizadas à vista. É umbelo investimento paraquempode descolar R$ 126mil emumaMercedes C180ou R$ 480mil emummodelo C63 AMG.Mas o consumo de luxo no Ceará não se restringe a

automóveis de alto padrão. O ramo de joias também sedestaca entre a clientela exigente e abastada. Exemplodisso pode ser constatado naVivara, que lança por anoduas coleções de brincos, anéis e colares. A lojalocalizada no Shopping Iguatemi foi, dentro do grupo, aquemais cresceu no país nomês demaio, chegando aofaturamento de R$ 1milhão, conta a gerente LauraSonntag. O pagamento é parcelado em até dez vezes eas peças partemde R$ 1,2mil a R$ 20mil. “AVivara deFortaleza é considerada uma das 10melhores entre as121 lojas no Brasil”, garante Laura.

EM FORTALEZA, COMÉRCIO DE LUXO NÃOTEM DO QUE SEQUEIXAR. NÚMERO DE LOJAS QUEVENDEM CARROS DEALTO PADRÃO, JOIAS E ROUPAS CRESCE A CADA DIA

RodrigoCarvalho eRonaldo Munhoz(ao fundo):“Consumidorcearense querrealmente o quefor melhor”,diz Munhoz

Nas lojasroupas degrife, oatendimentoé diferenciado

Mercado pralá de premium

CORREIOBRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • Suplementoespecial • 11

CONSUMO SOFISTICADOTAMBÉM É FORTE ENTRE MORADORES DO INTERIOR DO ESTADO

Produtos que enchem os olhos“Nossas clientes têm condição de viajar e comprar roupas

fora do Brasil. No entanto, cada vezmais, elas sentem a ne-cessidade de ficar por aqui noCeará para consumir, primeiroporque a vida fica cada vezmais apertada, depois porque te-mosprodutos demuita qualidade”.O comentário édeMauroMendonça, gerente daAnimale, loja de roupas femininas.ParaMauro, o diferencial não é só na peça de roupa, mas

no atendimento exclusivo que amarca oferece ao seu púbicoA e B. A Animale é carioca e está no Ceará há cerca de trêsanos emeio. Oferece bolsas, calçados e acessórios, com valo-res que vão de uma peça básica de R$ 79 até um vestido de

R$ 2mil. “Temos clientes magrinhas, gordinhas, mas todascombompoder aquisitivo. Buscamos despertar o fetiche nasclientes”, ressalta o gerente.Tambémdirecionada aopúblicoA eB, a Brooksfield enche

osolhosdosmarmanjosquegostamde roupasmais exclusivas.Domesmotipo,cadalojasórecebe15peças.“Amarcapatrocinagrandesnovelaseseriados.Osartistasrealmenteusam”,comen-taGeorgeBarroso, gerente de umadas filiais de Fortaleza. EmtodooBrasil, são90 lojasdagrifedeorigemportuguesa—algu-masdoprópriofundador,CarlosAntunes,eoutrasfranqueadas,comoéocasodoempreendimentoemFortaleza.

Igor de Melo /Esp. CB/D.A. Press

Page 12: Correio Braziliense - Suplem Espec Economia CE 2

OCeará é reduto de empresas tradicionais,inovadoras e de alcance nacional. Negóciosno ramodemassa, drogaria, têxtil e bebidasfirmamhistórias de sucessono empreende-dorismodopaís.Umexemplodisso é o eco-nomista Deusmar Queirós, que passou decomerciante de frutas, na década de 1950, a

donodeumadasmaiores redesde farmáciasdopaís.Deusmar trabalhou em grandes empresas, onde ganhou

experiência para abrir seu próprio negócio aos 30 anos. Teveinício, então, a PAX Corretora deValores e Câmbio Ltda. Qua-tro anosmais tarde, no fim da década de 1970, havia conquis-tadoumpatrimôniodeUS$1milhão. Enquanto trabalhavanomercado financeiro, passou duas temporadas nos EstadosUnidos, período emque conheceu as drugstores americanas eseumodelo diferenciado, com grande variedade de produtosofertados, além dosmedicamentos, o que chamou a atençãodo empresário. Resolveu, então, investir no setor.Em 19 de maio de 1981, inaugurou a primeira farmácia

PagueMenos em umbairro de periferia de Fortaleza, tendocomo base o modelo das drogarias americanas. A farmáciacomeçou a mostrar que tinha um aspecto diferente dasconcorrentes. “Foi a primeira a colocar gôndolas no meioda loja com produtos de higiene, beleza e conveniência.Também foi a primeira a manter as portas abertas nas far-mácias 24 horas, além de ser pioneira no serviço de corres-pondente bancário”, conta o empresário.Já consolidada no Nordeste e em parte da Região Norte,

em 2002, a rede desembarcou na cidade de São Paulo. Con-forme o plano estratégico, havia chegado o momento deexpandir e também se consolidar nas regiões Sul e Sudeste.O plano de “ocupação” de São Paulo foi forte. Para tornar afarmácia mais conhecida pelos paulistas, Deusmar desen-volveu a ideia de distribuir milhares de sacolas, com a lo-

gomarca e telefone da empresa, para os vendedores ambu-lantes de diferentes áreas daquela capital.“Começamos, então, a incomodar os grandes players dessas

regiões, tantoqueumdeles chegouaabrir duas filiais emForta-leza, comentrega gratuita para os bairrosmais distantes e des-contos bastante agressivos. Não houve êxito e, empouco tem-po, as duas filias fecharam”, relata o fundador do grupo. Em2006, a redede farmácias se tornaaprimeiradopaís emvolumede vendas e em número de lojas pelo ranking da AssociaçãoBrasileiradeRedesdeFarmácias eDrogarias (Abrafarma).Faz parte do sucesso dos negócios um rigoroso planeja-

mento de expansão. A rede abriumais de 150 filiais nos últi-mos dois anos. Em 2012, foram inauguradasmais de 30 lojas.O programa de expansão cumpriu as seguintes etapas. De1981 a 2001, ameta era estar presente em todos os estados doNordeste e Pará. Foram 30 cidades, 200 lojas e 4,5mil funcio-nários. De 2002 a 2007, chegou ao Sul, Sudeste, Centro-Oeste,Pará e Amazonas, com 65 cidades cobertas, 290 lojas e 7 milfuncionários. Por fim, na terceira etapa, de 2008 a 2012, expan-diu a presença para todo o Brasil, com 200 cidades, 530 lojas,alémde 14mil funcionários.A terceira etapa termina no fim deste ano, quando a Pague

Menos deverá ter 600 lojas, faturamento de R$ 3 bilhões e ten-do aberto seu capital. As ações desenvolvidas hoje vão perpe-tuar a PagueMenos, que este ano completou 31 anos. Outropasso importante que aPagueMenos está prestes a dar é reali-zar o seu IPO (Oferta Pública Inicial) na bolsa de valores. OConselho de Administração aprovou oferta primária e secun-dária de ações, prevista para julhopróximo.Na lista das grandes empresas cearenses ou que têmcadas-

tro de pessoa jurídica no Ceará que estão na bolsa de valores(BM&FBovespa) figuram aVicunhaTêxtil, Grendene, Compa-nhia Energética do Ceará (Coelce), Companhia de Água e Es-goto doCeará (Cagece), JMacêdo eMDias Branco.

Empresas cearensesganham o Brasil

GRANDES GRUPOS SURGIDOS NO ESTADO LEVAM SUAS MARCASE PRODUTOS PARA TODO O PAÍS. REDE DE FARMÁCIAS, POREXEMPLO, É UMA DAS LÍDERES EM SEU SEGMENTO

DeusmarQueirós, da

Pague Menos,espera terminaro ano com 600lojas no país eum faturamentode R$ 3 bilhões

A tradicionalYpióca foi

vendida para ofabricante do

uísque JohnnieWalker

Fábricas da M.Dias Branco eda J.Macedo:produtos nossupermercadosdo Brasil

Comcincocentrosdedistribuição,doisescritórios, seisescri-tórios de vendas, sete unidades fabris e três de faturamento, a J.Macedo é uma dasmaiores empresas no ramo alimentício dopaís. É considerada líder demercadonos segmentos de farinhade trigo doméstica e demistura para bolos e a segundamaiorempresanacional no segmentodemassas alimentícias. Produz,distribui e comercializa vários tipos deprodutos que fazempar-tedocotidianodosbrasileiros, comoa farinhasDonaBenta, Sol,Brandini, Boa Sorte, Lili,Veneranda, Flor e Jauense e asmassasDonaBenta Sítio doPicapauAmarelo, Petybon,Brandini, Paraí-ba,Madremassas, Favorita, Familiar ePremiata.No começo do ano, a J Macedo obteve aprovação de fi-

nanciamento de R$ 52,8 milhões no Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objeti-vo é utilizar o recurso para melhorar a armazenagem detrigo e o empacotamento de biscoitos nas unidades de Sal-vador e Simões Filho, ambas na Bahia.

Quem também figura entre as grandes companhias cearen-ses que ganharam o Brasil é o grupoM. Dias Branco. No pri-meiro trimestre de 2012, atingiu um lucro líquido de R$ 106,5milhões.O resultado é 29,6%superior ao alcançadonomesmoperíodode 2011.Osdados comprovamaampliaçãodapartici-pação do grupo cearense, que segue com suasmarcas, entreelas omacarrão e o biscoito Fortaleza, na liderança desses seg-mentos, abocanhando 26,6%domercado de biscoitos e 25,8%dodemassas, conformenúmeros da consultoria ACNielsen.OgrupoécapitaneadopeloempresárioIvensDiasBranco,que

entrouparaorankingdoshomensmaisricosdomundo,publica-dopela revistanorte-americanaForbes. Ivens éonúmero290nomundoeononolugarnoBrasil,comumafortunade US$3,8bi-lhões.Obilionário está investindo emprojetos eprodutos, alémde iniciaracomercializaçãodenovas linhasdebolosesnacks.Notrimestre, os investimentos foramdeR$25,6milhões, namanu-tençãoe naampliaçãodacapacidadeprodutivadas fábricas.

Liderança emmassas e biscoitos

Cachaçamultinacional

12 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

EMPRESÁRIO DO RAMO ALIMENTÍCIO ENTROU PARA O RANKING DOS HOMENS MAIS RICOS DO MUNDO

A cachaça faz parte da tradição nordestina. No Ceará,não é diferente. Apesar de estudos recentes afirmaremqueo aumento da renda dos brasileiros está fazendo comqueo consumo de uísque e de cerveja cresca, a aguardentesegue com força na região, expande-se para o Brasil e,agora, para omundo. Uma prova disso foi a compra datradicional cachaça cearenseYpióca pelo grupoDiagel,por R$ 900milhões.A empresa britânica é lídermundial no segmento de

bebidas alcoólicas chamadas premium e detémmarcascomo Smirnoff e JohnnieWalker. O processo de compraestá em fase de finalização e a operação inclui umadestilaria emParaipaba (CE), uma engarrafadora emFortaleza e um centro de distribuição emGuarulhos (SP).O presidente daDiageo América Latina e Caribe, Randy

Millian, afirma que a aquisição é uma excelenteoportunidade de negócios, em função do visívelcrescimento do Brasil, além da expansão dosconsumidores de classemédia. Para o presidente daYpióca, EverardoTelles, a venda trouxe uma grandesatisfação. Telles segue atuando comoutras empresas,tambémno ramo de bebidas.

Rede PagueMenos/divulgação

Igor Melo/Esp.CB/D.A Press

Igor Melof/Esp.CB

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Tida comonova dimensão de desenvolvimento, ainclusão digital está entre as ferramentas que po-dem ajudar o país a superar o abismo social quedivide a sociedade brasileira. Segundo o PlanoNacional de Barda Larga do governo federal, lan-çadoem2010,a importânciadeseestabeleceren-tre os desafios domilênio asmedidas rumo à so-

ciedade da informação foi temadaCúpulaMundial sobre a So-ciedade da Informação (CMSI), em 2003, emGenebra, e em2005, emTúnis, naTunísia. Nos eventos, foi firmado umcom-promisso comumde construção de uma sociedade da infor-mação, centrada na integração dos indivíduos e orientada parao progresso, emque todos possam consultar, criar e comparti-lhar a informaçãoeoconhecimento.Diante disso, o Ceará tem implantado nos últimos anos um

projeto que já o coloca comodetentor damaior rede de bandalargapúblicadopaís. Inauguradoemnovembrodoanopassado,oCinturãoDigital (CDC), que recebeu investimentos da ordemdeR$58milhões, consisteemuma infraestruturade3mil kmdecabosde fibra óptica conectando92 cidades, comcobertura ini-cial instaladanasedede53municípios,oquecorrespondea85%dapopulaçãourbanadoestado.Osoutrosmunicípios por ondeo cabonãopassa estão sendo interligados aoCinturãopelas an-tenasWimax, comconexãovia rádioemcadacidade.De acordo comaEmpresa deTecnologia da Informação do

Ceará (Etice), a determinação do governadorCidGomes de darao CDC a importância de projeto estratégico para o estado le-vouàconstruçãodeumarededetransmissãodedadospioneirae que já é vista comomodelo para outras unidades da Federa-ção.“Bemmaisdoqueagarantiadeacessoà internetbanda lar-ga para osmunicípios que concentramamaioria da populaçãourbana, o CDC levarámais qualidade de vida paramilhões decearenses”, afirmaogovernador.A implantação do Cinturão foi dividida em três fases. A

primeira, já finalizada, consistiu na interligação de toda aestrutura e os equipamentos do governo do estado, o que,segundo as autoridades locais, vai aumentar a agilidade equalidade dos serviços prestados à sociedade e economi-zar recursos públicos. A previsão é que, em três anos, o in-vestimento feito para a instalação seja revertido pela dimi-nuição dos gastos com telefonia e transmissão de dados.

Em abril, na segunda etapa do CDC, um edital foi lançadopara formalização de parcerias comprefeituras, comoobjetivodequeelaspassemadisponibilizarbanda larganas redesdeen-sino e unidades de saúde. Alémdisso, as administraçõesmuni-cipais vão firmar compromissodepermitir o acessopúblico emlocais de grande concentração. A Etice adianta que essa etapaestá emprocesso de finalização. O edital garante até 2 gigabitspor segundoparaosmunicípios.A terceira fase do CinturãoDigital deve começar no segun-

do semestre, com a realização do leilão de concessão do usocomercial. O presidente da Etice, Fernando Carvalho, afirmaqueoprocesso já estápreparadoeaexpectativa éde recuperaro valor investido na implantação da rede de fibra óptica. Osprovedores têmaté 180diasparaoperar, quandoamaiorpartedas cidades já deverá estar sendo atendida. Serão disponibili-zados três lotes, com lancemínimo individual estimado emR$ 15milhões, mas o estado aposta em ágio. A concessão é de15 anos e cada empresa poderá arrematar apenas um lote.“Nós temos umas seis empresas nomercado,mas precisamosde concorrência”, explica. O presidente da Etice acrescentaque os resultados das concessões serão analisados por cercade dois anos antes dos leilões de outros lotes.A cláusula social da licitaçãoprevêo estabelecimentode tari-

fasmáximasdeR$29,90mensaispara consumidoresdo interiordo estado, para pacotes comvelocidade de 1megabyte por se-gundoe até três gigas de tráfegodedados.Nos anos seguintes, aestimativaéqueovalor caiaparaR$10.Alémdopreçopela con-cessãoedacláusulasocial, asempresasdeverãoarcarcomama-nutençãoda infraestrutura, inclusive dos cabos que sãousadospelogovernodoestado,quenão terácustocomamanutenção.Como projeto, a população terá acesso a serviços digitais,

como internet, videoconferência,TV digital e telefonia celular.EmFortaleza, oCinturãoDigital se integraà redemetropolitanaGigafor, utilizando infraestrutura doMinistério da Ciência eTecnologia, já existente, o que permite o acesso dos órgãos dogovernocomvelocidadedeaté2Gbps.De acordo com Cid Gomes, o esforço do governo cea-

rense está sendo executado em parceria com a Telebras eem consonância com o Plano Nacional de Banda Larga. “OCinturão Digital é hoje uma realidade e é um pouco do fu-turo que chega agora ao Ceará.”

Pioneirismona bandalarga

GOVERNO IMPLANTA 3 MIL QUILÔMETROS DE CABOS DEFIBRA ÓPTICA NO ESTADO E LEVA PARA A POPULAÇÃOSERVIÇOS COMO INTERNET RÁPIDA E TV DIGITAL

Fortaleza edezenas de

outras cidadesse beneficiamcom a bandalarga. Em

Tauá, acesso àinternet

gratuita épossível em

qualquer áreado município

Na pequenaTauá,todos conectados

Jarbas Oliveira/Esp. CB/D.A. Press

CORREIOBRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • Suplementoespecial • 13

COMUNIDADES DO INTERIOR TERÃO ACESSO A BANDA LARGA A PREÇOS REDUZIDOS

OSertãodos InhamunsdoCeará, regiãoonde chovepouco eque enfrenta grave ameaça de desertificação, abriga uma dascincocidadesdaAméricaLatinanorankingdecombateàexclu-sãodigital e umadas 10mais digitalizadas dopaís.Das cincodorankingna categoriaReduçãodaExclusãoDigital, no estudoCi-dades Digitais 2011, elaborado pela empresaMotorola Solu-tions, somenteTauá, a360kmdeFortaleza, ébrasileira. Jáo Índi-ce Brasil de CidadesDigitais, organizado pelaMomento Edito-rial epeloCentrodePesquisaeDesenvolvimentoemTelecomu-nicações,elegeuomunicípioentreos10maisexitososempolíti-casdeuniversalizaçãodoacessogratuitoà internet.Ahistória deTauá comomunicípiodigital data de 2006.“A ci-

dade vivia basicamente da agricultura familiar. Na época, sepensouumprojeto quenãodependesse de águapara dar opor-tunidadesaoshabitantes”, relembraotitulardaSecretariaMuni-cipal de DesenvolvimentoTecnológico (Sedete), ElvisMaciel.Como apenas 0,72%da população dispunha de acesso a com-putador, no início, o projeto focou emampliar esse benefício edisponibilizar conexãoparaosmoradores.O tempopassou ehojeTauá, comcerca de 55mil habitantes,

tem86%da sua área, inclusive zona rural, comcobertura de in-ternet gratuita, que deve chegar a 100% até agosto. Ao todo, 14mil jovens já foram capacitados na área de tecnologia da infor-mação,noCentrodeCapacitaçãoTecnológicadacidade.A insti-tuição, estruturada comdezenasde computadores, ficanoCen-tro deDesenvolvimentoTecnológico eCientífico, umdos frutosda incubadoradeempresascriadapelaprefeitura.Lá, sãominis-trados cursos de alfabetização digital, profissionais emanuten-ção de computadores, assim comodesenvolvidos softwares co-mercializadosparaempresasdeFortalezaedeoutros estados.“Tambémcriamos soluções para omunicípio e reciclamos o

nosso lixo eletrônico”, afirma Elvis, referindo-se ao projeto demetarreciclagem, que retira lixo eletrônico gerado por equipa-mentos de informática emdesuso para recondicionamento oureutilizaçãopormeio dacriaçãodeprodutos artesanais. Segun-doele,Tauá trabalhaos eixosde inclusão, acessibilidade anovastecnologias,desenvolvimentosustentáveleempreendedorismonodirecionamentode suasaçõesnaárea.Umadas iniciativasdemaiordestaqueéoTeleTauá, sistema

de comunicação baseado na tecnologiaVoip. Em cabines tele-fônicas, chamadas de “Bode Fone”, o cidadão tauaense podefazer ligações gratuitas (comduraçãomédiade 3minutos), pa-ra qualquer lugar domundo. Já os QuiosquesDigitais, minilanhouses fundadas em 2007, promovem a inclusão digital atra-vés da acessibilidade gratuita. Instalados empontos estratégi-cos da cidade (Centro Comercial, Estação Rodoviária e Cam-pus daUniversidade Estadual doCeará), funcionamde segun-da a domingo. Cada quiosque dispõe de quatro computadorese disponibiliza acesso grátis à internet, comum tempo estipu-lado em40minutos por pessoa.Tauá também inovou ao criar emparceria comoMinistério

das Comunicações oTauánet, primeiro provedor público deacesso à internet em sistemade banda larga, que atua no ofere-cimento de inclusão digital para organizações governamentais,não governamentais e cidadãos. Outra novidade interessanteemTauáéoTelessaudade,quedisponibilizacomputadoresparaos cidadãos entrarememcontato com familiares e amigos queresidememoutras localidadesdoestado,dopaís edomundo.Ocontato ser dápormeiodebate-papo escrito, falado (audiocon-ferência) e/ouvideoconferênciapormeiodosistemaSkype.

Após atrair a atenção dos diretores daMicrosoft por seusavanços em inclusão digital, Tauá comemora a confirma-ção da parceria com a empresa, que resulta em investimen-to de cerca de US$ 100mil em disponibilização de softwa-res. O dinheiro será usado pela Secretaria Municipal de De-senvolvimento Tecnológico na capacitação dos tauaenses.A ideia é incentivar jovens como a estudante do município,Jeovânia Dávila (foto), que foi selecionada com mais doiscolegas brasileiros para representar o país no evento Inovarpara o bem (Innovate4Good@Microsoft), ocorrido de 13 a15 deste mês nos escritórios daMicrosoft noMéxico. Omo-vimento, liderado pela empresa de Bill Gates e que visa pro-mover o desenvolvimento de jovens talentos em todo omundo, reuniu 100 estudantes da América Latina que tive-ram a oportunidade de compartilhar ideias, conhecer no-vos programas e recursos, além de opinarem sobre como aMicrosoft pode continuar apoiando a juventude global.

JOVEM SE DESTACA

Prefeitura de Tauá/ divulgação

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Na rota dosmedicamentos

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ SERÁ A INSTITUIÇÃO ÂNCORADO POLOTECNOLÓGICO DA SAÚDE. INTERESSE DE OUTRASEMPRESAS PELO EMPREENDIMENTO JÁ É GRANDE

Pesquisadoresda FioCruzproduzirãovacinas emlaboratóriodo Ceará

Sede dafundação no

Rio de Janeiro:expansão paraoutros estados

brasileiros

Vacina contraa febre amarela

A Fundação Oswaldo Cruz vai instalar no futuro PoloIndustrial e Tecnológico da Saúde uma unidade de produçãode vacina contra a febre amarela. Segundo o secretário daSaúde do Ceará, Arruda Bastos, será o primeiro laboratóriode vacinas da Fiocruz fora do Rio de Janeiro. A instituiçãoproduzirá imunizantes contra a doença aproveitando umanova tecnologia que utiliza a plantaNicotiana benthamiana,espécie de tabaco cultivado por meio de hidroponia. Aespécie possui folhas com genes que codificam a principalproteína do vírus que causa a febre amarela. A fundaçãotambém será responsável pela formação e capacitação deprofissionais da saúde.

As instalações no município de Eusébio são parte dosplanos de expansão da Fiocruz, que também pretende abrirrepresentações em Rondônia, Mato Grosso do Sul e Piauí. Opresidente, Paulo Gadelha, lembra que em algumas regiõesainda é escassa a integração científica e tecnológica, bemcomo a discussão sobre temas importantes ligados à saúde.A proposta de Gadelha é fazer com que essas questõesestejam mais presentes em todo o país.

Para o polo cearense, a fundação já fez o acordo detransferência de tecnologia com o Centro Fraunhofer paraBiotecnologia Molecular, sediado nos Estados Unidos, como objetivo de fabricar a vacina contra a febre amarela. Aentidade garante que o novo imunizante é mais seguro epossui baixíssimo índice de reações adversas.

A Fiocruz produz cerca de 24 milhões de doses da vacinacontra a febre amarela, das quais vende 3,7 milhões para 70países. São fabricadas pela Fiocruz 140 milhões de doses deoito tipos de imunizantes distintos. Segundo a instituição,existem hoje 25 projetos de pesquisa em andamento para odesenvolvimento de sete imunizantes bacterianos, seisvirais, entre os quais contra os quatro sorotipos da dengue.

Fotos: Fiocruz/Divulgação

14 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junho de 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

OCeará vai entrar para o mapa da fabricaçãode produtos na área da saúde no Brasil. Estásendo planejado e desenvolvido o Polo In-dustrial e Tecnológico da Saúde, no municí-pio do Eusébio, Região Metropolitana deFortaleza (RMF). Com o empreendimento,o estado vai contribuir com a estratégia do

governo federal de amenizar os gastos com importação de me-dicamentos, insumos e outros materiais. Somente com a com-pra no exterior de um remédio contra o câncer, por exemplo, opaís gasta cerca de R$ 200 milhões por ano.

As obras devem começar no final de 2012, com a instalação deuma unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituiçãoâncora do projeto. As informações são do coordenador da im-plantação da Fiocruz no Ceará, Carlile Lavor. Já está sendo feito oprojeto arquitetônico das edificações da fundação, que vão ocu-par 10,9ha. A licitação para o projeto foi de R$ 3,7 milhões.

Segundo Carlile, a Fiocruz reservou R$ 20 milhões para o Cea-rá neste ano, recurso garantido no Orçamento Geral da União(OGU). O investimento até 2015 é da ordem R$ 170 milhões, apartir de 2013. Além da Fiocruz, o Centro de Tecnologia da Infor-mação (CTI), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), seráoutra âncora e vai aplicar R$ 11 milhões na sua instalação.

O cercamento da área da Fiocruz e as contratações dos ser-viços do polo da saúde já foram iniciados. Por meio de pregãoeletrônico, a instituição ligada ao Ministério da Saúde (MS) fir-mou contrato com a Construtora Silveira Salles para a ativida-de, que vai colocar 1,4 mil metros de cerca no terreno.

Além das obras de cercamento, foi contratada a empresa Ac-quatool Consultoria para realizar o Estudo de Impacto Ambien-tal/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) da área total dopolo — cerca de 50ha. O responsável pelo EIA/Rima, o enge-nheiro em recursos hídricos Pedro Antônio Molinas, calcula queo trabalho deve ficar pronto em três meses.

Em maio deste ano, o projeto ganhou força a partir da defi-nição da nova diretoria da Câmara Setorial da Saúde. Segundoo presidente reeleito da Câmara, Augusto Guimarães, a im-plantação do empreendimento é de alta complexidade, poisnão se trata apenas de um distrito industrial. “Há o aspecto dainovação em tecnologia da saúde, o que aumenta muito a res-ponsabilidade”, afirma.

Outra iniciativa envolvendo o empreendimento foi a for-mação do Comitê Gestor do Polo Industrial da Saúde, que tempor objetivo realizar reuniões periódicas e trabalhar em sinto-nia com a Câmara Setorial. José Dias Vasconcelos Filho, presi-dente do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas

do Ceará (Sindiquímica), considera que o ritmo de implanta-ção do projeto está sendo mais intenso e célere em função dofoco mais efetivo da Agência de Desenvolvimento do Estadodo Ceará (Adece), responsável pela atração das empresas.Além das âncoras, José Filho ressalta que para empreendimen-tos como esse é necessário, por exemplo, contar com fábricasde embalagens especiais e de tintas de parede feitas especifica-mente para hospitais.

O polo não funciona ainda, mas a ampliação já está em an-damento. “As primeiras conversas eram para trazer somente aFiocruz. Depois, a proposta foi ampliada e começou a envolveruma série de grupos empresariais. Inicialmente, era um centrode formação profissional e uma fábrica de vacinas. Agora, tam-bém vão se instalar fabricantes de insumos para a saúde”, afir-ma o secretário da Saúde do Ceará, Arruda Bastos.

Em função da grande procura de empresas por terrenosnas imediações do polo, o secretário informou que a Procura-doria Geral do Estado (PGE) analisa a proposta de se ampliar aárea do complexo para 100he. Outro aspecto que está sendoresolvido pelo governo do estado é a montagem da infraestru-tura de água, esgotamento sanitário, drenagem e energia elé-trica no local. Segundo Bastos, a responsabilidade é da Secre-taria da Infraestrutura, que já desenvolve os projetos.

ALÉM DA FÁBRICA DEVACINAS, A FIOCRUZVAI ADMINISTRAR UM CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

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Agronegócio sustentável

EMBRAPA ESTIMULA SURGIMENTO DE EMPRESAS A PARTIRDE TECNOLOGIAS DESENVOLVIDAS EM SEUS LABORATÓRIOS.PROGRAMA DE INCUBAÇÃO É SUCESSO NO ESTADO

CORREIOBRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • Suplementoespecial • 15

Commais de 90%do seu território encravadonosemiárido, onde as chuvas se distribuem demaneira irregular no espaço eno tempo, oCea-rá vive sob o constante dilema de aliar cresci-mento econômico e desenvolvimento socialdiante da escassez de água, realidade que atin-ge diretamente milhares de comunidades ru-

rais. O desafio, portanto, é encontrar alternativas para a convi-vência com a seca que proporcionemo desenvolvimento sus-tentável e includente da produção local com o aumento daprodutividade no campo e a consequentemelhoria da quali-dade de vida dapopulação.Nesse contexto, o estado tem no conhecimento uma arma

importante para vencer os desafios. Umdos exemplos princi-pais é o da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em-brapa). No Ceará, a Embrapa Agroindústria Tropical, uma dasduas unidades temáticas da instituição, viabiliza, pormeio depesquisa, desenvolvimento e inovação, soluções para a sus-tentabilidade de cadeias produtivas da agroindústria tropical.“Nossa intenção é fazer a utilização de toda a potencialida-

dedamatéria-primaexistente, o que chamamosde aproveita-mento integral da biodiversidade do semiárido”, define Gené-sioVasconcelos, supervisor de Prospecção e Avaliação de tec-nologias da empresa. Segundo ele, a Embrapa Agroindústriatrabalha na agregação de valor aos recursos genéticos existen-tes no semiárido, proporcionando o surgimento de novasoportunidades de crescimento econômicopara a sociedade.Um dos principais desafios da pesquisa científica é fazer

com que as tecnologias sejam apropriadas por empresas, go-vernos e instituições em benefício da coletividade. Pensandonisso, a instituição desenvolve desde 2005 uma iniciativa queestimula o surgimento de novas empresas a partir de tecnolo-gias iniciadas ou desenvolvidas em seus laboratórios. O proje-to, que nasceu como experiência-piloto nas unidades de For-taleza, São Carlos (SP) e Brasília (DF), foi ampliado em 2008para todas as Embrapas do país, e ganhou o nome de Progra-made IncubaçãodeAgronegócios da Embrapa (Proeta).Com quatro anos de existência, o programa começa a co-

lher frutos noCeará. No últimomês de abril, as empresas cea-renses BioCclone e SaborTropical, incubadas na Embrapa, fo-ram“graduadas” em sessão solene. A Bioclone, por exemplo,

acaba de instalar nomunicípio de Eusébio, regiãometropoli-tana de Fortaleza, a primeira biofábrica de produção demu-das clonadas do estado. Com capacidade de produção de 5milhões de mudas por ano, a empresa recebeu aporte deR$ 1,2 milhão do Criatec, fundo de investimentos de capitaldestinado à aplicação emempresas emergentes inovadoras.A empresa virouumaS.A. e agora temoCriatec comosócio.

Com 80% do capital do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) e 20% do Banco do Nordeste(BNB), o fundo tem como objetivo obter ganho de capital pormeiode investimentode longoprazo emempresas emestágioinicial (inclusive estágio zero), com perfil inovador e que pro-jetemumelevado retorno.“O Criatec coloca recursos e profissionais para alavancar o

negócio, e depois de alguns anos vende a parte dele dentro daempresa”, acrescentaVasconcelos.A história da BioClone se confunde comado seu fundador,

Roberto Caracas, e começou há alguns anos, quando ele fezmestrado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia(Cenargen), em Brasília, período em que iniciou o trabalho

coma tecnologia de clonagemdemudas. Após umperíodonaSecretaria de Agricultura do Ceará, Caracas trabalhou namaior produtora de bananas do Brasil. “Lá, tivemos que plan-tarmaisdemil hectaresdebananaeabacaxi, tudocommudasde fora do país, porque não tinha quem fornecesse”, conta ele,que teve então a ideia de abrir umnegócio no ramo.A Bioclone deu tão certo que nos últimos anos captoumais

de R$ 1,5milhão emprojetos de pesquisa subvencionados porinstituições comoaFundaçãoCearense deApoio aoDesenvol-vimento Científico eTecnológico (Funcap). Com21 funcioná-rios e cincopesquisadores, aBioCloneproduzmudasdeabaca-xi (ornamental e comestível), cana-de-açúcar, banana e algu-mas espécies de flores tropicais, vendidas para todoopaís. Paraesteano, aprevisãoéqueo faturamento fiqueentreR$800mil eR$ 1milhão, comperspectivas de crescimento de 20% para opróximoano. SegundoRobertoCaracas, a estimativa édequeoBrasil temumdeficit de 64milhões demudas/ano de banana,que importa de países comoCosta Rica, Israel e África do Sul.“Antes de a gente entrar nomercado, o Ceará importava quase80%dasmudasclonadasde foradopaís”, lembraCaracas.

Corante produzido a partir do cajuA cajucultura sempre se destacou entre as pesquisas

realizadas pela Embrapa AgroindústriaTropical. E a SaborTropical é outro exemplo de sucesso bem interessante. Aempresa, que produzia cajuína no sistema tradicional, fezuma consultoria técnica na Embrapa para o desenvolvimentodo processo de industrialização do produto. Paralelo a isso, ainstituição ajudou a SaborTropical a obter um selo orgânicopara a cajuína, que passou a ser a primeira certificada pelaIBD Inspeções e Certificações Agropecuárias e Alimentícias,maior certificadora da América Latina e a única certificadorabrasileira de produtos orgânicos com credenciamentointernacional.A parceria foi azeitada quando umpesquisador da

Embrapa descobriu um enorme potencial no bagaço do cajuutilizado para a extração do suco e produção da cajuína. O

bagaço, que antes ia para o lixo, é rico emumpigmentonatural chamado carotenoide,que, extraído e purificado,permite a produção de um corante amarelo natural de altovalor agregado. “O corante é hoje altamente procuradopelas indústrias alimentícias e de bebidas”, explica GenésioVasconcelos, supervisor de prospecção e avaliação detecnologias da Embrapa. De acordo com ele, a Europaproibiu o uso do corante artificial amarelo tartrazina, quecausa diversas reações alérgicas, e a tendênciamundial é que ele seja banido.A SaborTropical, sediada em SãoGonçalo do Amarante,

está construindo uma nova fábrica nomunicípio deHorizonte. Também graduada pelo Proeta, ela exploracomercialmente o processo de extração de carotenoidesa partir do bagaço do caju, já patenteado pela Embrapa.

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Nosúltimosanos, oCeará temredescober-to em uma das principais vocações pro-dutivas, a pesca, a oportunidade de de-senvolver ainda mais a sua economia.Histórico líder nacional na produção eexportação de lagosta, o estado vemapostando nos potenciais dos cativei-

ros de tilápia e camarão para a geração de riquezas. Anco-radas nas excelentes condições existentes no Nordesteem termos de clima, água, solo e incidência solar em pra-ticamente o ano inteiro, hoje a criação de tilápias e a car-cinicultura (criação de camarão) cearenses apresentamos maiores volumes produtivos entre todos os estados.Juntos, as duas atividades geram cerca de 18 mil empre-gos diretos e movimentam em torno de R$ 340 milhõespor ano no estado.Organizados em associações de criadores, os dois setores

passaram por um processo de estruturação e vêm se articu-lando com o estado e com as demais instituições correlatas.Exemplo disso foi a criação das câmaras setoriais da tilápia edo camarão no âmbito da Agência do Desenvolvimento doEstado do Ceará (Adece), nos últimos dois anos. Entre osobjetivos das áreas envolvidas estão os de identificar e discu-tir gargalos para o desenvolvimento dessas atividades.O potencial de expansão da produção de tiápias e da car-

cinicultura no Ceará é grande. O presidente da AssociaçãoCearense dos Aquicultores (Aceaq), Camilo Diógenes, lem-bra da previsão da Adece de o estado saltar das atuais 35milpara 240mil toneladas de tilápia produzidas anualmente.Mas, segundo ele, é necessário que o governo federal

agilize a questão da legislação ambiental no acompanha-mento de outorgas pela Agência Nacional das Águas(ANA), no sentido de eliminar a postura restritiva à práti-ca da atividade nos açudes federais e ampliar as áreas cul-tiváveis. “Pelo menos 70% do potencial aquícola cearenseestá em açudes da União”, explica Camilo, cuja entidade,reorganizada há cerca de dois anos, congrega 35 associa-dos que concentram 70% da produção estadual.Segundo a Aceaq, a tilapicultura gera 3 mil empregos

diretos no estado. São aproximadamente 1 mil produto-res, em sua maioria associativistas, e entre 20 e 30 produ-tores de médio porte. O Ceará tem no Açude Castanhão oúnico caracterizado como parque aquícola e o maiorprodutor local. Envolve os municípios de Jaguaribara, Ja-guaretama e Alto Santo.Dentro dodiagnóstico do setor elaboradopela Aceaq com

base nas bacias da Companhia de Gestão dos Recursos Hí-dricos do Estado (Cogerh) e na representatividade da produ-ção, o Ceará está dividido em seis polos produtores. O Casta-nhão está situado na região doMédio Jaguaribe. Com as re-giõesMetropolitana (Aquiraz, Itaitinga, Caucaia, Aracoiaba,Guaiúba), do Alto Jaguaribe (açude Orós), e do Curu, ele res-pondepor 85%daprodução cearense.

A riqueza quevem da água

O ESTADO SEMPRE FOI EXPORTADOR DE LAGOSTA. AGORA, SE DESTACA NAPRODUÇÃO DETILÁPIA E CAMARÃO CRIADOS EM CATIVEIRO. EM RELAÇÃO AOCRUSTÁCEO, MERCADO JÁ SUPEROU O RIO GRANDE DO NORTE

Fazendas de camarãoComfortes investimentos emmanejo, a carciniculturado

Ceará acabade tomar apontado vizinhoRioGrandedoNorteno cenáriodaproduçãonacional de camarão.Cento eoitentafazendas atuamnos 5.760hectares ondeo crustáceo éproduzido, e empregamcercade 15mil pessoas. Aproduçãosaltoude 24mil toneladas em2009para 29mil em2010, atéchegar a 31.270 em2011.“O sucessodomanejo está emasfazendas trabalharemcommais água, aeração (melhoria dosolo), oxigênio ebombeamento”, diz opresidentedaAssociaçãoCearensedeCriadores deCamarão (ACCC), CristianoMaia.Amadurecido, o setor conseguiu superar duas crises

vividas da década passada. Primeiro, em 2005, os EstadosUnidos acusaram os produtores brasileiros de dumping eimpuseramuma taxação entre 35% e 50% ao camarão para láexportado. Isso quase inviabilizou o setor a partir de 2006,quando ele voltou-se para a Europa — emespecial aFrança—, e para o consumo interno. Entre 2008 e 2009, ocamarão brasileiro começou a perder terreno europeu parapaíses comoVietnã, Tailândia e Equador, que apresentamcustosmenores de cultivo. “Nomomento, não estamosexportando, e omercado nacional absorveu toda a produção.Apesar de o preço de comercialização estar baixo no país,compensa investir na atividade”, esclareceMaia.O camarão de cativeiro no Ceará é criado nos estuários de

rios, ambiente aquático de transição entre o rio e omar, quetêm as condições ideais para o cultivo da espécie.

Lagosta sob riscoOutrora primeiro itemdapauta de exportações doCeará, a

lagosta já foi conhecida como“ouro domar”, por ser vendida apreço superior ao de qualquer outro pescado.Nos últimosanos, a atividade temdeclinadono estado,maior produtor docrustáceonoBrasil, emdecorrência da pesca predatória e dafalta de umadefinição clara de competências quanto àfiscalização.Umsintomadessa queda é a reduçãodonúmerode empresas exportadoras—que chegarama 20 e hoje sãoapenas oito —, devido à crise da atividade. Alémdisso, o preço,que já chegou aR$ 120 oquilo, caiu para cerca deR$ 30.Oestado sempre produziu lagosta para vender para omercadonorte-americano, na formade cauda congelada, que emtamanho representa apenas um terço dopeso total da espécie.Para o engenheirodepesca e analista ambiental do Instituto

Brasileiro deMeioAmbiente eRecursosNaturais Renováveis(Ibama)Paulo Lira,medidasdeordenamentopara a atividadeestão sendo tomadasdesdeos anos 60,mas as frequentesmudançasnosórgãosde controle e fiscalização eumalegislaçãodúbia têmsidoprejudicial à atividade.“Outra coisaque caracteriza apescada lagosta é a tendência de tolerânciacomapesca ilegal e a vulnerabilidadedosórgãos competentesapressões. Atéhojenão sedeixoudepescar comrede”, aponta.Ele cita tambémograndenúmero de barcos ilegais,muitos

deles pescando comapetrechos proibidos, como rede caçoeirae compressor para pesca demergulho. “Hoje se captura lagostapequena e durante o períodododefeso. Lagostas ovadascontinuamdesembarcando e onúmero de barcos atuandosempermissão émaior do que os permissionados”, acrescentaPaulo Lira. Comumaárea antes restrita aos estados doCeará,Piauí eMaranhão, a pesca da lagosta se expandiu e hoje érealizada doAmapá aoEspírito Santo.Atualmente, algumas ações estão sendo desenvolvidas

no sentido de recuperar a produção da lagosta no estado.Uma delas é o projeto LagostaViva, uma parceria daUniversidade Federal do Ceará com oMinistério da Pesca,que consiste na instalação demódulos de recepção delagosta viva nas praias de Redonda (Icapuí), Sucatinga(Beberibe), Mundaú (Trairi) e Itarema.

EXPEDIENTE

16 • Suplementoespecial • Brasília, segunda-feira, 25 de junhode 2012 • CORREIOBRAZILIENSE

Diretor de Redação: Josemar Gimenez ([email protected]); Editora-chefe: Ana Dubeux ([email protected]); Editor executivo:Carlos Alexandre ([email protected]);Editor de Suplementos:RenatoFerraz ([email protected]);Editor de arte:Amaro Jr.Editor de Fotografia:LuísTajes ([email protected]);Coordenação e edição:RicardoNobre, especial para oCorreio;Reportagens:Andreh Jonathas Alexandrino,Marcel Bezerra, especiais para oCorreio, eVerônicaMachado; Diagramação: Andréa Paracat;Revisores:FernandaMourão,Gabriela Artemis e SandroXavier

A carcinicultura do Ceará é desenvolvida em 180 fazendas e emprega

15mil pessoas. A criação de tilápias gera 3mil empregos diretos no Cea-

rá. São aproximadamente 1mil produtores, em sua maioria associativistas,

e entre 20 e 30 produtores de médio porte. A produção nacional de pescado

em 2010 foi de 1.264 mil toneladas, sendo 780mil toneladas (62%) vindas

da pesca e 479,3 toneladas (38%) da aquicultura.

O Ceará produz 35 mil toneladas de tilápia anualmente, e a previsãoé de que esse número se multiplique nos próximos anos

Crise que afeta a pesca da lagosta reduziu de 20 para oito o númerode empresas exportadoras do crustáceo

EM NÚMEROS

Fotos: Jarbas Oliveira/Esp.CB/D.A Press

PRODUTORES DE CAMARÃO SUPERARAM DUAS CRISES NA DÉCADA PASSADA

A produção de camarão criado emcativeiro saltou de 24 mil toneladasem 2009 para 29 mil em 2010