métodos de pesquisa survey

Download Métodos de Pesquisa Survey

If you can't read please download the document

Upload: daiani-damm-tonetto-riedner

Post on 04-Apr-2016

584 views

Category:

Documents


210 download

DESCRIPTION

Métodos de Pesquisa Survey

TRANSCRIPT

  • Metodos de Pesquisas de ~

    Ear I

  • _. da. oIIfeto de ,.rnun.nt -'Ia mlotlflca~o .

    dot -.... do -ovo dedlca-

    ........ WDT dI.euu6e. de ... __ do confronto do

    _rtf' con lap ancien ... - enqUllnto fIn_ ........ ntlvo de nosso 0ci6-

    e .. antlatH politico. continua a ......... ,., ..... mpl.monto .oj. polo

    WI I II 8110 ..... por relatoa .m que ,. .... _ anelftlea it freqOentemante

    em vIrtude. reel.mando.... uma ,.rspectlve -hl.torlogr.fica"

    .................... ou .......... 1 ...... II.tice" .

    ........ ,. a urn tempo .ingela como. do feljio-com-arroz envolvido que vela a .ar a forma mai

    ... W ..... _. b._ do_ cline'" nocIaln. au meja. a peaquisa tlpo sUl1fey. o. tema. cobartos eatandem de In .. ~io do surv.y no

    DOI.t ato da pe.qui.a clentifica ao do,,,,,ho ou a coneeHio do. projetos.

    coleta e a proc m.nto dOl dado. 0Ii I'8CW'8OI .1 utlllzadon. ate a instru ..

    anvolvldo na anen apropriada materl., coletodo.

    S. 0 trelnamanto na anan de de sUl1fey repr enta. por si provavelmente a melhor forma

    Irallo.olho clentlflco em g.ral. alem de .... IhII .... com urn conjunto e.pecffico _. 0 IIvro de Babble tom

    ... 6rlto de dar 'nfa.. ju.tamente a ~lIcitlltJ- culdodooe do 100Ica "'.ica

    .ane.ra .'mp.e. e ac lvel. a a -:::=': eartament. fornece 80

    ~ um _uro ponto d. partida o eatudo poeterior de tecnics. mai

    ... "' ..... _ mama IInhs a boa refe-erftle. p.ra a avalia~io da ~ .... ctll" titenlca. alternativas.

  • -METODOS DE PESQUISAS DE SURVEY

  • I \ ~

    Earl8abbie

    -METODOS DE PESQUISAS DE SURVEY

    Tradu~ao de Guilherme Cezarino

    2 ' reimpressao

    Belo Horizonte Editora UFMG 2003

  • nlverlldade de Brasilia I

    ~,OO

    o -0

    4

    Copyrighl 1997 by intern:ltion:II Tho mson Publishing Inc. Titulo original: SIII1-'CY i(es('(lrcb .1/C'1bods (scnmd !.:dilion) CopyrighlC 1999 (hi tr:tdu\:10 br;J:-;i[cira by Edito r:1 UI'MG

    2001 - '" rdmrn:s .. ~() 2003 - 24 n:impn:5s:io

    Todos as direitos Tl!St.:TV:ldus Nt'nhum:1 p:lftt' (kstt' IiVTO rode SL'T rcprodu7.itLl ou tr:lsmili(b por

  • A el(olha do livro Survey ReJeorch Me/hodr, de fori Bobbie, para publicatoo em lingua

    poriuguelo, deu-Ie a poriir de umo preocupotoa (omporfilhoda por algunl (olegO! loci610gO!

    que, no (onditoo de prolellorel, lenliam folia de um molerial didoli(o moil (amplelo pora 0

    enlino do pelquila quonlilolivo nO! ciencial locioil, em elpe(ial 0 IUrvey. Porlonlo, 0 livro

    vila olender 0 uma expedafivo claromenle didofi(o, lendo lido ovaliado (omo um bom

    monual de lUrvey, que abordo diverlol olpedol melodologi(ol do modelo e (onlem

    exemplifi(o(oel a(ompanhadO! de boo iluilrotoo (gr6li(01, figurol , lobelal l. flpero que

    lenhamO! leilo umo el(olho de fola ulil poro umo orea de pelquilO de re(onhe(ida validade e

    re(orrenle UIO nal cienciO! lo(ioi!. fila !rodutoo que Ie olere(e 00 publi(o de

    linguo parluguela e relUllado de um prajelo do Deporiomenlo de lo(iologia e An!ropologio e do Mdrado em lo(iologia, do Univerlidode

    federol de Minai Gerail - UfMG, (om financiomenlo do [hPtl, a!ravel do Progroma PROIN/ 97, e lob gerenciamenlo finon(eiro do

    fundatoo de Delenvolvimenlo do Pelquila -fUNDfP. Agradeto 01 voriol pellool que diveram envolvidal no prO(eIlO, em

    porli(ular 0 profa. lolange de Deul limoel, pelol canlolO! ini(iail e enlendimenlol quonla

    00 direilo de !radutoo.

    o coorclenaclor

  • Dedicodo a Sam Slouffe r, Paul lozordeld, Charier Glock e oar velhol lurcol

  • s u m , a

    LillA DE lABELhl """'''''''''' ",, ",,", "'",'',,''''''''''''''''''''''' "" ' '' '''' '' '' ''' ,,'' 17 LillA DE FIGURAl "'''''''''''''''' """" """ " " """,," """""'"'''''''''' " "'"'' "'" 19 PREFhC I 0 """" ' ''''''''',,''''''''''''''''''''''' '' ' '' '' '''''''''''' ,""""""'" 21 PREFhclO A PRIMEIRA EOI(hO ,",," ",,",'"'''''''''''''''' "' ''' ",",,", 29

    o CON lEXIO CIENliFICO OA PEIQUIIA DE SURVEY",,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,35

    CAPilULO 1 A L6GICA DA CIENCIA """"""" "", .. ,," ,.,., .. . ,,"'" 37

    A Perspectiva Tradicional """""""""."" ""."".""" 37 A Des1l1istifica"ao da Ciencia """"".",,"" '" 39 A Ciencia na Prarica .. ............................................... 41

    o que E Ciencia' """ """""""."""""" .. """""""",,. 43 Resumo"""""""""""""""""""."". """""" """""" 54 Leitu ras Aciicionais ........ ......................................... 55

    CAPilULO 2 A CIENCIA E AS CIENCIAS SOCIAlS """" .. "" 57 A Busca de Regularidades Sociais """"""""'" 58 As Caracteristicas das Ciencias Socia is ................... 62 Metodos de Pesquisas Cientifico-Sociais """"'" ,," 67 Resumo "",."""""",,,,,,,,,, ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.,,,.,' 75 Leiruras Aciicionais ......................... 76

    CAPilULO 3 PESQUISA DE SURVEY COMO METODO DAS CIENCIAS SOCIAlS """""""""."""",",, "" 77 Breve Hist6ria da Pesquisa de Survey" """""" 78

    r o

  • CaracCCflsticas Cientfficas cia Pesquisa de Survey .. 82 Compara
  • Op,oes Posta is e CustoS Relativos ................... ...... 249 Monitorando os Retornos ....................................... 250 Corresponciencias de Acompanhamento ...... 251

    .. ... 253

    ..... 254 Taxas Aceita veis de Resposta , ...... . Um Caso de Pesqu isa ................... . Reslllno ............................................ . ............ 257

    .258 Leitu ras Aciicionais .. .

    CAPiTU LO 10 SUlWEYS POR ENTREVISTAS ............ . ........... 259

    .. .... 259 ....... 261

    ..................... 266

    lmponancia do Entrevistador ........ Regras Gerais para Entrevistar Treinamento clo Entrevistador.

    A Opera,ao de Entrevisrar ..................................... 270 ReSlllTIO ......................... . ............................ 275 Leituras Aciicionais . ...... ........................................ 276

    CAPiTULO 11 PROCESSAMENTO DOS DADOS ............ 279 Computadores na Pesquisa de SlIIvey . . .. ........... 280 Codifica,iio ...................................... . ..288 Constru,ao do Livro de C6digos ........ .. ........ 291 Op,oes de Codifica,ao e lnser,jo de Dados ........ 293

    Pn~-Codifica,ao para a Inser,ao de Daclos ............ 297 Limpeza clos Daclos ...... .. ................. 299 Resumo ......................... ...300 Leicura Aclicionais ....... . .. .. 301

    CA PiTU LO 12 PRE-TESTES E ESTUDOS-PILOTO Fazendo os Pre-Testes .......................... ..

    ..... 303 .303

    Fazenclo Estuclos-Piloto ...... . ....................... 310 Avalianclo Pre-Testes e Estudos-Piloto ................... 313 Resun10 ..................... . . ................... 321

    ANALISE DA mQUISA DE SURVEy ...................... .. ..................................... 323

    CAPiTULO 13 L6GlCA DA MEDI

  • Analise de Vari5.ncia ..... Analise Discriminante . Modelos Log-Lineares .......... .. Resumo .............. .

    .. ............. H .... 421 H 424

    H ... 428 H'"'' ... 430

    Leituras Aciicionais ............................. . . .. 432

    CAPi lULO 18 o RELAT6R10 DA I'ESQUlSA DE SURVEYH .... , .. ,433 Algumas Considera,oes Basicas Organiza,ao do Relat6rio ........ HH ... Diretrizes rara RelataI' as Analises Resumo ................ .

    ... 433 ..436

    ..... 441 .. .. 443

    Leituras Adicionais. .., ........ H"H443

    A PSQUI IA D SURVEY NO cONlmo IOClhl. ...... H ...... H ................ H ..... 445

    chPilULO 19 A ETICA NA PESQUISA DE SUlWI'Y .. , ...... 447 ParticilXl)":ao Voluntaria ........... .. Sem Prejulzo para os Entrevist,ldos

    .448 ,450

    Anonimato e Sigilo .......... H . .... . H ........... .451

    ldentifica,ao da Finalidade e do i'atrocinador ..... 454 Am\lise e Rclat6rio ... H .. H ......... H.455 Um C6digo de Etica Profissional ......... Erica - llust,"l,oes Relevantes ResuI11o ........ H ..... HH lei[Uras Aciicionais

    CAP iTULO 20 o CONSUMIDOR INFORMADO DE PESQUISA

    .456 .. 460 .463 .463

    DE SURVEy...... ......... "..... ... 465 Desenho da l'esquisa. . .... H........ HH466 Medic;:ao H........... HH .. .467 Amostragem ....

    Analise dos Dados ... Reiar6rio dos Dados. Leiruras Aciicionais

    469 H470

    . .. 471 .171

    BI BLIOG RAflA .............................. ........................................... H .... 'HHH. 473 APEND IC 1 H ....... HHH .. H.H .. HHH.'.HH.HHHH .. HHHHHH...HHHHHHH...H.HH 481

    A. Tabela de Numeros Aleat6rios HH ... .. .. B. Er1'o Estimado de Amostragem para lima l3inomial (Nivel de Confian,a de 95%) ... C. Distribui,ao do Qui-Quadrado

    ... 482

    ,486 ... , .. .488

    D. Areas Nonnais de Curva H ......... 490

    G LOllAR I 0 HHHH ... 'HH.HHHHHH"H ... H ... H .. HH'HHH.H . .,.,"H'H"'H"H H.,.HH.HH 491 iNDI C R MIIIIVO H H ....... ' .. H ................ H .. HH .. 'H ........... H .. HH .... H ... H ............ 511

    15

  • L s t a d T

    TABELA 5-1. Resultaclos clas pesquisas cle boca de urna: novembro de 1988 .......................... 116

    TABELA 5-2. Pesquisas cle opindo politica antes cia eleil'iio cle 1988 .............. .

    TABELA 6-1. Forma usacla na lista clas igrejas TABELA 6-2. Estratifica,iio cle quarteiroes com crescimento

    . ... 117

    ... 163

    na 3rea de pobreza 0 ...... . . ....... 171

    -I"ABELA 6-3. Proceclimento cle sele,iio clos quarteiroes .. .. 172

    TA13ELA 6-4. Amostra cle folha de listagem .................... .. 173

    TA13ELA 8-1. Validal'ao do indice de orienta,iio ciemmca. . .... 230

    TA13ELA 8-2. Esca lonamento da orienta,iio cientifica ..... . ... 237

    TA13ELA 8-3. Escores de indice e escala ... 239

    TA13ELA 8-4. Uma tipologia politica ....................... .

    TABELA 8-5. Nove estilos cle vida americanos ...... .

    TABELA 14-1 Uma iluslnl\=ao de an{ilise univariada TA13ELA 14-2. Atitucle com rela,iio as Na(:oes Uniclas:

    "Como a ONU esta resolvenclo os problemas que ela tem que enfrentar?" .............. .

    TABELA 14-3. Funclinclo categorias extremas .

    TABELA 14-4. Omitinclo as "nao sei" ............... .

    TA13ELA 14-5. "Voce concorda ou discorda cia proposi,iio de que homens e mulheres clevem ser tratados

    ....... 240

    ..242

    .... 339

    ...... 346

    347

    .349

    igualmente em toclos os aspectos'" ...... 350

    ThBELA 14-6. Dire,iio oposta da porcentagem .............. 350

    TABELA 14-7. '"Voce aprova ou clesaprova a proposi,iio geral de que homens e Illulheres clevcm ser tratados igualmente em toclos os aspectos?" ................. 357

    4

    a b a s

  • TA13ELA 14-8. "Voce aprova au desaprova a proposi\:~o geral de que homens e mlilheres devem ser tratados igllalmeme em lodos os aspeclos?" ... 359

    TA13ELA 14-9. "Voce concorda ou discorda da proposi~;10 geral de que homens e mulheres devem ser trmados igualmente em welos os aspectos(' ....... 360

    TABELA 15-1. Resllmo clos cbelos cle Slouffer sobre escolaridade e aceim):~lo do recrutamento

    TABELA 15-2. Reb,ao hipotclica entre escolarielacle e dispensa de amigos

    ...... 366

    ...... 367

    TABELA 15-3. Rela,ilO hipolelica entre a dispensa cle amigos e a aceita~ao do pr6prio recruta menlO ............... 368

    TABELA 15-4. Daclos hiroteticos rebcionando escolariclacle it aceit~H;;IO do recruramento, pelo fator de tel' amigos dispensados .............................. .

    TABELA 15-5.0 p,uacligma cia elabora,ao .............. ..

    .369

    .... 371

    TABELA 15-6. Regiao de origem, regiao de treinamento e alilllcies para com 0 Medicare.. __ .... ______ ... __ 373

    TABELA 15-7. Classe social e cnvolvimenro medio corn a igreja entre Illulheres episcopais ......... . ... 375

    TABELA 15-8. Classes sociais e a ocupa,iio de ca rgos em organiza~oes seculares.. .. ............ 375

    TABELA 15-9. Envolvimento na igreja par classe socbl e oClllX1):iio de cargos seculares ............ . __ 376

    TABELA 16-1 . Malriz de daclo, brlltos pareiais . ... 384

    TAl3ELA 16-2. Daclos brulos hipoteticos sobre escoLtriciade e preconceilo ..

    TABELA 16-3. Dados hipoteticos relacionanclo sexo e emprego

    TABELA 16-4. Dados hipoteticos relacionando classe social c preconceiro

    TABELA 16-5. Escala cle cliferencia"iio sem'1I11ica .

    TABELA 16~6. Associa~ocs gJmma entre os itens de direrenci~lIl:aO semantica cia escala de S~I mifica~ao ..

    TABELA 16-7. lIustra""o hipolelica de qui-quaclraclo

    ............... 386

    ...... . 388

    .. .. __ . 390

    ...390

    .... 401

    TABELA 17-1 Analise falorial: OliOS cle delinqliencia (brancos) . __ . 420

    L s t a

    FIGURA 5-1. Porcentagem ele alunos que aprovam 0 c6digo eSllIdantil

    d

    FlGURA 5-2. Porcentagem de alunos que aprovam o c6e1igo estuelantil .

    FIGURA 5-3. Porcenmgem de alunos que aprovam 0 c6e1igo eSllIciantil ....

    FIGURA 7-1. Formalos de respostas .

    e f

    ...... 127

    ............ 127

    .... 127

    .200

    FIGURA 7-2. Voce j{l fez parte cia associa,,'o local da API" ....... 201 FIGURA 7-3. Voce ja ollviu fala r clo Programa Ciclacle Modelo' .. 202 FIGURA 7-4. Voce trabalhou algllma vez clurante a

    semana passad

  • FIGURA 11-5. I1ustra~flo cia pre-codifica~ao de um quesrion{lrio ...................... .

    ................... 298 FIGURA 13-1. A imagcm tradicional cia ciencia ................ .

    ... 329 FIGURA 13-2. A intercambialidade de indices

    FIGURA 14-1. Tres 'med ias" .... .... 332

    . .. 341 FIGURA 14-2. Percenluanclo uma labela ....

    . ............... 354 FIGURA 15-1

    FIGURA 15-2

    FIGURA 16-1. Uma popula,iio hipotetica de homens e Illulheres que s:1o favoraveis ou se opoem " igualclade sexual ........ .

    FIGURA 16-2. Uma amostra representativa .................. ..

    .......... 370

    .370

    .... 395

    396 FIGURA 16-3. Uma amostr:! nao represemariva ......................... 398

    FIGURA 16-4. Uma amostra representativa de uma popula~ao na qual as vari{lveis se rehlcionam .... 399

    FIG URA 17-1. Mapa simples dos valores de x e y ....................... 4 I 0

    FIGURA 17-2. Grafico dos valores de duas vari{lveis com linha de regressao (h ipotetica) ............. 4 I 1

    FIGURA 17-3. Diagrama das fontes religiosas do anti-semitismo.

    FIGURA 17-4. Dois padroes de distribui"io de rend" de Republicanos e Democratas

    FIGURA 17-5. Seis escritores: tres escrevem a mao e lreS com computadores .......

    FIGURA 17-6. Proje,ao grafica dos seis escritores em

    . ..... 417

    ..... 422

    ..425

    termos de idade e renda ....................................... 425

    FIGURA 17-7. Apenas rend" e suficiente para predizer 0 metodo de esc rever ............................ .

    FlGURi\ 17-8.PadrJo ligeiramente mais compJicado

    FIGURA 17-9. Separando caneras dos complltadores

    FIGURA 17-10. Proje~ao dos seis escritores em nova ciin1ensilo ........................................... .

    FIGURA 19-1.C6digo de etica e pniticas profissionais.

    . .... 426

    ..... 426

    .......... 427

    . .. 428

    .. 456

    p f , a r

    Este livro e a segunda edi,ao do original publicado ha dezesseis anos. Foi meu primeiro manual e sempre ocupou lim lugar especial no meu cora~ao, apesar de ha muito tempo nao lhe dedicar aten~ao.

    Comecei a lecionar pesquisa de sll1veyem 1968, na Un i-versidade clo Havai. Na epoca, aprendi 0 que outros professores cia materia ja sabiam: nao havia nenhum manual realmenre bom para se dar este curso. Escolhi usa!' um livro britflI1ico cle C. A. Moser, mas meus alunos frequentemente nao consegu iam se iden-tificar com os exemplos britfmicos, nem com 0 modo esquisito clos britanicos usarem a lingua inglesa! (56 bem mais tarde me ocorreu que estuclanres nao-americanos poderiam tel' problema semelhame ao usarem textos americanos.)

    Quando comecei a conhecer ourros professores da mesma clisciplina (e incrlvel 0 nl1l11erO c1estes professores que passam pelo Havai a caminho de algum outro lugar), fUi clescobrindo um padrao interessante. 5empre nos faziamos duas perguntas, e quase sempre as respostas eram as mesmas.

    A primeira era: "Voce vai fazer pesquisa na sua sala de aula este ano?" A respos[J em geral era uma versao de: "Nao. Fiz LIma recentemente e tao cedo nao quero passar peln mesma experiencia. "

    Segunda pergunta: "Que manual voce esta usanda?" Os !ivros ate que variavam, mas a res posta sempre terminava com: " ... porem nao gosto dele."

    Minh" pr6pria frusrra,ao neste aspecto fez com que, certa vez, passasse lim dia inteiro imaginanclo 0 indice "ideal" de um manual sobre pesquisas de survey. a indice que entao esbocei e essencialmente 0 mesmo deste livr~.

    a trtulo que clei aquela obra imaginaria reflete uma frustra~ao mais especffica minha com 0 acervo mais amplo de tex[os publicados sobre pesquisas de survey. Alguns eram

    (

  • bem abstraros, ficando a lei lor perdido sobre como de fato fazer lima pesquisa. Outros er.1m justa mente 0 contr:iria, danclo receitas concreras de passos a serem dados na realizas;:10 de lima pesquisa especffica. Tudo bern COIll esra (Ii rima abordagcll1, contanto que voce qllisesse fazer exatameme a mesma pcsqllisa que 0 alltor do [exto. Mas se sellS c1esejos e/oll circlInstancias fossem c1iferenres, voce fica ria perdido.

    Intitulei mcu livro ficticio cle A SlIrvey Researeb Cookbook alld Otber Fables (Livro cle Receitas cle Pesquisas cle Survey e Outras Fabulas), titulo que apareceu em esbo~os cle capitulos e corresponciencias que troquei durante a cri:ls;;1o do livro. Quando 0 manuscrito fin::dmente foi para a grafica, 0 titulo ji fora enrerraclo no eemiterio clas prosas nunCl lIsadas - 0 qual, na minha cxperieneia, e 0 merecic.lo descanso final de lim aCllmulo qllasc infinito de desperdfcio verbal.

    Entao ell ja havia imaginacJo 0 fnclice de lim livro :linda ficrfeio, Com um tirulo lim tanto jacoso. Pus tudo isto de Iado por um clia s6, pois no clia seguinte rccebi uma carta cle Jack Arnolcl, eclitor cle Sociologia cia Wadswortb Pllblisbing Company, clizenclo clo interesse cia eclitora em publicar um manual cle pesquisas de survey, Alcm clo mais, lim de seus consultores ediroriais, Rod Stark, havia sugerido que Fosse eu 0 autor clestc livro.

    Dois anos ames, Rod e eu eramos amicfssimos no curSQ cle p6s-gracllla~ao cia Universiclade cia Calif6rnia, em Berkeley, e consiclcrei a hip6tese de que a carta cle .lack nao passasse cle uma brincadeira. Scmpre clesconfiei que Rod era 0 tipo capaz cleste tipo cle piacla, embora nunca houvesse feito nenhllma assim comigo. Apesar cia clesconfian~a, responcli ,t carra cia Wadsworrh, anexanclo 0 inclice que havia imaginaclo para 0 livro. POLICO tempo ciepois, assinei 0 contrato do livr~ e me lancei ao trabalho cle escrevcr os capitulos, seguindo 0 fndice esbo~Jdo.

    Escrever 0 livro foi ullla expericncia ambiv~i1ente. As vezes, as p~tlavras pareciam fluir r5.pida e naturalmenre, basrando apenas colocar papel em branco na maquina darilografica. Nestas ocasioes, me senria mais lenclo do qlle escrevendo 0 livro. No dia mais produtivo, em meio ~lS minhas atividacles normais como diretor clo Escrit6rio de Pes-quisas de Survey, recligi dois capftulos, sem qU3se nenhuma necessiclacle cle ecli~ao.

    Ja recligir Olltros capftllios mais parecia lima [onura. Gasrava horas, garimpanclo dolorosamente as palavras, como um bebado proclIrando por lim pc arras do ourro nllm

  • Publica do em meados de 1973, 0 livro foi muite bem recebido. Logo, a \X1adsworth cstava recebendo sugestoes de instrutores para que eu escrevesse um manual metodol6gico mais geral sobre pesquisas, e nao somente pesquisas de sll1'vey. Foi assim que publiquei, em 1975, The Practice a/Social Researcb, que se tornou 0 foco de meus escritos sobre metodos de pesquisa nos anos subseqUentes.

    Muiros dos instrurores que inicialmente adolaram Slllvey Researcb Metbods mudaram para Tbe Practice a/Social i?esearcb, como espenivamos, mas as vendas do primeiro livr~ conti-nuaram boas nos anos seguintes. Pel'iodicameme, a WaclswOIth e eu considenivamos revisal' 0 livro, mas scm pre um outro projcto acabava sendo prioritario. Finalmente, em 1988, nos compro1l1e-temos a fazer a revisao no ano seguinte, apesar do que mais pudesse acontecer.

    o primeiro obstaculo foi tecnol6gico. Ha dez anos eu redigia em microcomputadores, com toelos os maleriais em disquete, para facilitar a revisao, mas Sllrvey Research Methods fora escrito nllma maqllina c1atilografica antiga, sem memoria, antes do advento dos sistemas de processamenro de texto.

    Inicialmente, a Wadswonh concordoll que um digitador passasse 0 livro original para disqlletes, para eu poder fazer a l'evisao num processador de rexto. Acabamos tentanclo urn:!

    solu~ao ma is high-Iech: escanear eletronicamente a livro. Neste processo, cada pagina serio elctronicamcnte fotogl"lfacla, mas, cnquanto uma fotocopiadora imprimiria a foto em papel, o sca11.neras armazenava em c1isquete. Um programa de rradw;ao converteria len'as e palavras nUI11 texto que puclesse ser eclitado como qualquer arquivo cle processamento de texto.

    Escaneamento cle lextos, clo tipo que acabei cle clescrever, cenamenre sera uma c1as tecnologias mais imrorlantes no futuro. Mas clescobrimos que ainda nao era llma recnologia clo presente. A eclitora contratou uma empresa para 0 trabalho. Uma vez prontos, os arquivos tinham, no clizer orgulhoso clesta empresa, "85% de exatic1ao". Vale clizer, lim setimo cia texto sarra erradol (Posreriormeme, descobri que outras empresas e sistemas sao mais exaros, mas mesmo assim cscaneamento de texeos ainda nao pode SCI' consicleraclo ~'Lllna ciencia exara".)

    Os her6icos esfor~os de minha secreta ria, Adrienne Alexander, final mente me permitiram tel" em ] 988 um conjunlo de disquetes com a versao de 1973 do livro, me permitincio iniciar a revisao. Caso 0 leitor tcnhn rrabalhado com a ecli~ao anrerior do livro, aqui vao alguns comenrarios sobre as principais mudanc;as nesta eclic;ao.

    o livro de 73 foi um produto cia epoca, repleto cle Iinguajar sexista. Mais especificamente, 0 uso de pronomes masculinos na rerceira pessoa quando 0 genero era indefiniclo. Exemplo do rexto original: "Um pesquisador usa amostragem estratificada quando elequer. .. " Eu estava consciente deste pro-blema na ecii~ao de 73, mormeme ao escrever sobre entrevisra-dores e perfuradores de cartao, clois grupos predominantemente femininos nas pesquisas de survey. Ousadamente, lIsei pro-nomes femininos em rela~ao a estes dois grupos, chamando os diretores cle pesquisas de "ele", acrescenlando uma longa nota de raclape explicanclo 0 procedimento e criticando a exclusao geral de mulheres cia dire~ao de prajetos.

    Nos anos subseqUentes, a questao da linguagem sexista csquentou c, as vezes, eu culpava "eles" por haverem criado a

    conven~ao cia terceira pessoa masculina. Curiosa de saber quem eram "eles", c\escobri nao haver nenhllm grupo formal com 0 pocler cle legislar sobre a lingua inglesa (como a Academia Francesa, encarregada de manter a pureza linguistica do fr(ln~(lis). No caso do ingles, estas questoes sao mais ou menos frouxa-mente controladas por professorcs de ingles, por edirores em geral e editores cle clicioniirios em particular e, bem, pOI' pessoas como eu. ConseqUentemente, me compromeri a eliminar linguagem sexista dos meus (extos.

    Descle 1973, me tem siclo facil evitar linguagem sexista. Oferer;o abaixo algumas solw;,:oes e 0 incentivo a adora-las. Antes, eis algumas "solur;oes" das quais nao gosto e que tenho evitaclo:

    Substituir be (ele) por sbe (eta) nacla resolve, pois sim-plesmente tfoca um problema cliscritninat6rio por outro.

    Fazel' usos aleat6rios ou alternativos de e/e e ela acaba confundindo, sugerinc\o haver uma razao para se usaI' 0 feminino ou 0 masculino.

    Usar repetitivamente 'ele Olf eta' e clesajeiwdo, embora seu uso parcimonioso possa ser bam.

    Mutantes lingUfsticos como ele/a (em ingles, slhe) sao horrorosos, alem de impronunciaveis. Alem do mais, parecem uma concessao sarcastic;} ao que 0 escritor poderia consiclerar uma preocupar;ao irrazoavel: como referencias sardisricas a persollagemenl em lugal" de management, persolllla/ em vez de manual etc.

  • Eis 0 que para mim tem funcionado. Usar a primeira e / Oll segllncla pessoa, evitando a terceira, procluz uma comllnic~\(~:ao mais pessoal e evita a clilema sexista. "Se quisermos, voce c eu podemos escolher uma amostragem sistematica ... " e um exemplo. Quando preciso acrescenrar llma terceira pessoa, lisa names andr6ginos como Jan e Par. Qutm solu~ao ':;:10 os pronomes plurais. como: "pesquisadores optam pOl' amostragem siste-matica quando they desejal11 ... " Ctbeye tanto eles ou e1us).

    A linguagel11 sexista tal11bem pode ser evitacb pelo uso coloquial, geralmenre aceito no ingles oral, c.la rerceira pessoa do plural (tbem), quando 0 genero e indefinido. Por excmplo: "quando chega uma pessoa a meu gabincte, fa,o com que tbelll sentem numa cadeira", se bem que revisorcs c.lificilmenre c.leixam passor desapercebida esta constru,ao.

    Depois de encomrar esta e outra.:; solu~ocs para evitar linguajar sexista, finalmente descobri a melhor solur;ao: parar de pellsarem termos sexistas. Quando pensava num pesqui-

    sad~r, nao mais pensava na figura de um homem - nem s6 em mlliheres para entrevistadoras. Conseqi..ienremenrc, j:l quase nao me meto mais em armadilhas sexistas que exigem acrobacias Iingi..Hsricas para delas escapar.

    Al6n de eiiminar 0 linguajar sexisra cia edi,ao de 73, tive tambem de lidar com algllns exemplos clesatllalizaclos de pes-quiS3S. Exemplo: em vez de falar do Sllecsso dos pesqllisaclores qlle previr.:ul1 a elei,ao de Richard H Nixon para a presidcncia dos EUA em 1968, llsei dados de boca dc uma cia elei,ao presi-dencial cle 1988 para ilusrrar 0 pocler da amostragem de suruey.

    o fato de s6 haver com prado meL! primciro computador pessoal seis anos ap6s a p"blica,ao cia primeira edi,ao indict a atualiz:1\=ao necessaria na area de tecnologia de pesquis:1. A e(li~ao :1lual nao mais supoe pesquisacJores usanclo GlrrOeS pcrfurac\os nem comaclores-classificadorcs OU C0l11putadores ';queimadorcs de lenha". 0 foco agora e no lisa de microcompu-tadores, enrrcvistas assistidas pOl' computaclor e coisas assim. Ate diria qlle minha descri,ao da recnologia de survey est:] provavelmente um pOll co a frente clas normas atuais - contucio. por POllCO lempo. 0 qlle hoje parece de ponta, bem logo ser:r de lIS0 geral e, em POUCD tempo, se desarualizara.

    Alem do iJardware de informatica lIsaclo em pesquisas, l1luir;J.s outras coisas l11uclaram nos clezcsseis :lnos descle a primeira edi~ao. Pesquisaciores aprenderam rruqucs novos, clesenvolveram novas lecnicas etc. Embora seja imposslve! fazer jus{i~a a [acia ela num s6 livro, rcntei aborclar a maioria cia nova iireratura.

    Ensinando e escrevenclo, acho que, com 0 tempo, melhorei as cxplica~6es de c1iversos aspectos do proccsso de pesquisa, e esra nova edi~ao me cia oponunidade de com par-rilhar 0 que aprendi. Particularmente, as novas lecnologias cia informatica me auxiliaram a mosrrar graficamente muitos conceitos, que c a rorma como os compreendo mentalmenle. Sempre conveni imagens e cliagram3s em paiavras, mas hoje estou mais apto a apresenta-las (lll rIatllrel.

    Finalmente. 0 livro novo cl5. mais aten

  • ,

    a Primeira Pref6cio

    Pesqllisa de slI1"veye hoje provavelmente 0 metodo de pesquisa mais conhecido e amplamenre usaclo nas ciencias sociais. Cresce ciiariamenre sell usc no munclo acae!emico. E lecionacla e usada em departamentos de socio!ogia, ciencia poifric3, psico!ogia, aclministra~ao de empresas, sallde pllblica e geografia, c1entre Olltros. Cada vez l11ais, alunos de p6s-gracluac;no nas ciencias socia is sao incemivaclos a fazer surveys como requisito de pesquisa original para teses e disserta~oes. ES[lIdantes de gradlla"ao freqOentemente fazem SlI1wys, e pro-fessores anualmente publicam relat6rios de cemenas de sUJveys.

    Fora do munclo academica, quase toclo mundo ollviu falar de pesquisas de opiniao pLlblica, de previsoes eleirorais, de estudos do mercacio de consumo e de censos. Praticamenre rodo mllndo ja foi aferado por pesqllisas. Campanhas e sonhos polfticos deslancham eu sao destrufclos com base em pesqui-sas eieitorais. Empresas produzelll em massa ou imerrolllpelll produ"ao baseadas em pesquisas de mercado. Programas sociais de ajuda federalmuitas vezes dependem dos resulrados de esrudos de popula"ao em cidades e estados carenres. Arivi-dades lanto profissionais como nao profissionais de pesquisas sao freqllentes. Clubes pesquisam seus s6cios sobre poliricas a seguir e daras de piqueniques. Bibliotecas e lanchoneres levantam preferencias dos usuarios sobre servi~os e hor5rios.

    Esta~oes de radio convidam auvintes a telefonarem votando em temas comunitarios.

    o usa tao difunclida e a aceita~ao tao ampla da pesquisa de survey parece indicar que se rrata de recnica de f{tei!

  • aprenclizaclo e u[ilizac;ao. Toclos que leram um relat6rio cle pesquisa de opiniao no jornal local provave!mente
  • escala, enquanto mllita aten~ao e c1evotacla a constnu;ao de indices simples. Discllssoes de analise de survey sao primor-dialmenre focalizaclas em cabelas de percentagens. Hj cillas razoes para esta orienta~ao. A literatllra metodol6gica existente cobre extensamente tecnicas avan\=aclas, enqllanto as tecnicas mais b:isicas tem sido abordadas men os extensamente. Mais inlpol1anre, uma base Finne na l6gica e nas capacita\=oes para a pesquisa de surveye pre-requisito para 0 pleno entendimento de tecnicas mais avan\=adas. Assim, se 0 !eitor consegllir com-preender plenameme a 16gica de analise atlaves de tabelas de percentagens, simo que estara mais equipacio para lidar com correla\=oes, regressoes, analise fatorial e assim por cliame. Lamentavelmeme, hoje em ciia, muitos ailinos saltam ciireramente para formas mais complicadas de analise, sem emenderem bem a l6gica clas pesquisas em geral.

    (omo Este livro Pode Ser Usado Este livre foi feito para uma ampla faixa cle leitores:

    qualquer pessoa imeressacla em realizar um sltrvey ou em usaI' e/ou avaliar os resultados de um survey. Mais especificamente, destina-se a (reS aucliencias distintas: estucbntes de mctodologia, pesquisadores principiantes e consumidores de pesqujsas.

    Primeiro, 0 livro se dirige a ~t!unos de gradu3\=ao cursando pela primeira vez metoclos cle pesquisas. Enquanto diversos professores preferem enfatizar pesquisa de survey no curso geral, outras metodologias podem ser ::\crescen tadas . Por isso o livro e publicaclo em capa mole, para permitir lim lIS0 flexivel clos materia is. A organiza~ao do material surgiu de minhas pr6prias experiencias em sala de aula, lecionando metodologias de survey e um esbo~o preliminar clo texto foi restado neste ambiente. Al6n dos materiais no corpo cia obr:1, a maioria dos capftulos vem acompanhacla de uma lista de leituras adicionais, que poc!elll ser usadas para um exame mais detalhado de t6picos especfficos.

    Em segundo lugar, 0 livro pretencle ser um guia pratico e realista para 0 pesquisaclor principiame, sem muita experieneja em pesquisas de survey. 0 livro aborcla os provaveis problemas, decisoes e compromissos que constiwem a substancia quotidiana cia pesquisa de campo. Procurei oferecer 0 leque mais amplo possivel de exemplos tirados de minhas proprias pesquisas e consultorias, numa ampla varieclade de projetos e condi~oes de pesquisa, bem como clas experiencias de colegas C outros pesquisadores. Espero que 0 numero de exemplos 3umente a

    probabilidade de lim pesquisaclor encomrar orient3\=3.0 no texto. Simliitancamente, bllsquei apresentar wis exemplos dentro cia J6gica basica cia investiga\=ao cientifica. Em vez cle pedir que 0 leitor memorize tecnicas especificas - mesmo um leqlle varjado de lecnicas -, pe~o que emenda por que determinadas tecnicas sao recomendadas e usadas. Assim, quando 0 pesquisador precisar aceitar um compromisso ou aproxima~ao, deve estar apto a saber 0 que esta comprometencio e que conseqi.."H~:ncias este provavelmente acarretara.

    Finalmente, espero que os consumiciores de pesquisa de survey encontrem neste livro 0 solo metoclol6gico que os ajude a fazer avalia~6es cr!licas e esc1arecidas. Espero tel' apre-senraclo um quadro suficientemente completo das realidades praticas da pesquisa de campo, para melhorar a perspectiva dos crfticos do survey. Discutinclo honestamente os meritos e usos possfveis da pesquisa cle survey, espero convelter alguns crlticos em apoiaclores esc1areciclos. Tambem cliscuto as c1esvantagens, insuficiencias e maus usos clas pesquisas de survey, com a esperan\=a cle ajudar alguns usuarios ardentes demais a se tornarem um POllCO mais criticos.

    ~gradecimento s Tive muita sone ao ter a oportuniclade de aprender

    pesquisa cle slIrvey nllm ambiente cle aprenclizaclo, tlltelaclo por Charles Glock. Numa epoca em que professores sao aClIsacios de explorar eswciantes, Charlie consistememente me tratava C0l110 um col ega mais jovem, me incentivando a embarcar em projetos pr6prios e me tornar mais independente, podendo recorrer a ele para orienta~ao mais avan\=acla. Um reconhecimemo rotineiro num prefacio de livro e muito poueo para a clivida que tenho com Charlie Glock. Apes"r cle clepois ter aprencliclo eois"s sabre pesquisa cle survey que ele nao me ensinou, ainda me simo um constrangido ao afirmar que este livro e meu.

    Ao mesmo tempo, clevo muito a outros professores e colegas, principalmente a Hod Stark, que agia como irmao mais velho nos meus primeiros anos na Un iversiclade de Berkeley. Mais tarde, em Berkeley, rive a sone de conhecer Gertrude Selznick, que me obrigou a examinar ainda mnis prafllndamente os alieerces l6gicos da ana lise de slIruey, e Ilossas compara~oes de anota~oes sobre pesquisa empirica me c1eram um entendimento bem melhor clo que e de fato inves-tiga~ao cientffica. Outros mestres e colegas que aprimoraram

  • minha compreensao cia pesqllis(l de survey enqllamo ciencia inciuem George von I3ekesy, Lin Freeman, Dave Gold, H.en Likert, Bill Nicholls, Jay Palmore, Steve Steinberg e Charlie Yarbrough. Sou especialll1ente grato pelos cOll1entarios detalhados e profundos de tres revisores do manllscrito: Andy Anderson, Joseph Spaeth e Billy J. Franklin.

    Igu:tlmente reconhe~o minha dfvida para com 0$ mllitos pesquisadores com quem U

  • o Capitulo 2 aborda 0 t6pico ainda mais complicado da ciencia social, sabre 0 qual muiro se escreveu nos dltimos anos. Alguns autores insisrem que a ciencia social e lao "cien-[ifiea" quanto a ciencia natural. Outros nao aceitam tal no~ao. Ainda outros pensam que a pesquisa socia l estn progredindo fumo ao SIal us de ciencia, mas ainda nao chegou 15..

    Sugiro que este debate nao faz senrido. Assim como e impassivel uma afirma~ao definiriv:l sabre 0 que "ciencia" realmente e, e igualmente impassivel afirmar que a ciencia social e ou nao cientffica. 0 que faremos c considerar as

    c1 i feren~as e semelhan~as entre ciencias sociais e naturai.s, explorando as impliGl,6es destas diferenps e semelhanps para a 16gica e as tecnicas cia pesquisa dentinGI socia l.

    o Capitulo 3 e dedicado a um exame especifico da pes-quisa de survey. 0 capitulo come,,1 com um apanhado historico dos surveyse passa a abordar modos como a pesquisa de survey se encaixa nas normas gerais de ciencia e de cieneia social.

    o proposito principal desles capitu los e preparn-lo para o entenclimento das bases 16gicas subjacentes as competencias e tecnicas especificas da pesquisa de survey. Em termos mais gerais, espero que voce aclquira um embasamento melhor na logica da cienc ia per se. Isto e parricularmente imporranre porque tocla pesquisa cienrifica e um compromisso entre 0 ideal e 0 possive!. A maior parte c1este livro lic1a com estes compromissos.

    Inicialmente exan1inamos 0 que cleve ser feito em cir-cunstancias icleais, consideramos em seguida quais compro-miss os sao mais apropriac1os quando 0 ideal nao pode ser atingido. A menos que voce compreenda plenamenre a logica basica cia cH~ncia, nao conseguira entencler por que um COI11-promisso e aceito no lugar de urn outro. Compreendenclo esta logical ao come~ar sua propria pesquisa voce sera capaz de conseguir 0 melhor compromisso passivel dentro das rea is condi,6es de campo.

    Capltu I 0 1

    L d a , o c a 9

    Ciellcia e Ulna palavra caseira. Toclos a usam, pelo menos ocasionalmente, mas imagens cia hciencia" cliferem muira. Para alguns, e sinonimo de matematic3, para outros significa aventais brancos e laboratorios, outros a confundem com tecnologia, e hft aqueles para quem a palavra equivale a l11arerias diffceis em cursos colegiais au universirarios.

    Evidentemenre, ciencia nao e nenhuma destas coisas per se. Porem e dificil espec ificar exatamenre 0 que e ciencia. Este capitulo come

  • um grao de arroz e mais duro que oLaro, 0 que delermina caminho dos cameras au 0 que causa cancer. Entao, eles examinam rigorosamentc esse topico e esrru[Ura em termos 16gicos e abstratos.

    Eles idenrificam toclos os fenomcnos relevantes ao assunta esrudado. Com base no conhecimento exisrcme, inter-relacionam estes fenomenos numa recle cle l'e/ar;oes causais l - quais elementos causam all infillenciam outros elementos. Deste modo, clesenvolvem uma leo ria, lim conjllnro de proposit;oes 16gicas, intcr-relacionadas, que explicam a natureza do fenomeno estudado.

    Para testa I' a validacle eta teoria, supostameme clerivarn l::np6teses, que sao prcdir;oes sabre 0 que acontccenl. em concli\=6es especificadas. Muitas vezes, essas hip6teses sao cia forma se - entao. Se 0 Even(o A acontecer, segue-sc entao o Evento B. Por exemplo, se voce esruclar bem neste curso, ter{1 lima vida 11111ito feliz. (E lima hip6tese, len1bre-se, nao necessaria mente 0 que as coisas sao.) J5 que esta reia,no causal e sustentada pela teoria geral, se 0 Evento B nao se seguir ao Evento A, a validacle cia pr6pria teo ria seria questionacla.

    Operaci anal izo~ao Teorias por natureza sao abstraras e gerais. Hip6reses,

    embora mais espedficas, sao tambem em geml um tanto abstratas. (No exemplo ac ima, nno especifiquei que tipo de esruclo ou quc tipo de feliciclacle.) Assim, hip6reses clevem se r convertici::ts em termos operacionais, is[o e, nas opera\=6es concreras feitas para testa-las - processo chamado de opera-cioIlCllizClr:ao. Voce cleve especificar quais fenomcnos no munclo real consrituem 0 Evenro A c quais constiruern 0 Evento B.

    Se a hip6tese e sobre 0 efeito cia temperatura na raxa de crescimento cle uma planta, voce especifica como temperatura e crescimento serao mediclos, au seja, que opera\=oes correspon-clem a esses conceitos abstratos. Especificadas as opcrar;6es, voce descreve um e:x.perimento para testar a hip6tese, especificando a dura\=ao do experimento, a freqUencia de medi\=:1o clo cresci-mento e da temperatura, se c como a temperatura sera artificial-mente controlacla, ou se varia\=oes naturais serao anotadas, e como a mcdi\=ao sera registrada e analisacla e assim por dianrc.

    Baseado na sua hip6tesc, voce pode preyer taxas de cres-cimento corrcsponclentes a c.liferenres remperaturas e especificar

    o quanto as predit;:6es devem ajustar-se as taxas observadas de crescimento para confirmar ou rejeitar a hip6tese. Deixar claro tudo isso de antemflO pocle evitar muita discussao mais tarde.

    hperimento Finalmente, as operar;6es especificadas sao efelUadas.

    Daclos sao coleraclos e manipulaclos como prescritos e a hip6rese e testacla. Se 0 experimenro confirmar a hip6tese, valida-se a teoria geml da qual ela foi clerivada. Se a hip6tese nao for confinnacla, a teoria geral e questionada. Qualquer que seja 0 resultaclo, presume-se que voce publicara seus achados, 0 mundo se tornanl. um lugar um pouco melhor para se viver e voce come\=ara a pensar noutros t6picos para conquistar.

    ImaginaC;;ao e brilho parecem necessarios para consrl"uir uma teoria, mas nao para a coleta e analise de dados. Especifi-cados de anrem:1o os metodos experimenrais e as operar;oes, assisrenres tecnicos suposramente podem realizar c interpretar o experimento.2

    Resumo ]

  • Cliitos e panelinhas clo munclo eientffico tem siclo mostraclos ao publico. Afirma-se que um trabalho cientifico apresentado para publica,ao pode ser julgado mais com base no pedigree academico do pesquisador (diplomas, escola etc.) do que nos meritos intrfnsecos do pr6prio trabalho. Um editor de peri6dico que estudou com 0 Professor X pode rejeitar todos os trabalhos apresentados por alunos do Professor Y.

    Alem do mais, frequentemente se enfatiza que "icleias aceitas" nas clisciplinas cientificas muito dificilmente poclem ser questionadas. Um trabalho de pesquisa apresentando lima perspectiva raclicalmente nova sobre lim assunro antigo e supostamente jn decidido pode nunca ser publicado.

    Tambem cliz-se que muitos pesquisaclores avaliam a pers-pectiva de lllll projeto de pesquisa mais pela probabilidade de receber financiamentos clo que por sua possivel contribui~ao ao conhecimento.

    Ja que tanta pesquisa cientifica e realizacla nas universi-clades, e relevante anotar as critieas a norma "pllblique ou

    pere~a", arribuicla a mllitos clepartamentos acaciemicos. A acu-sa,ito e que professores que se destacam no magisterio pod em ser clespedidos se nao realizarem e pllblicarem pesquisas sufi-cientemente. Pesquisas efetuadas sob tais condi,6es de pressito provave!mente nao manifestam a cliriosidade intelectllal e a busca cia verdade que associamos a imagem idealizada cia ciencia.

    Alem do mais, pesquisar por coer,ilO as vezes produz fraudes cientificas. Ocasionalmente, voce Ie na imprensa reportagens sobre aigum pesquisador que falsificou dados para parecer um estudioso produtivo. Aiem de en-ado, este tipo de trapa~a as vezes desorienta pesqllisas de ourros, desper-

    c1i~anclo reClIrsos, arrasando c1escobertas cientificas) alem de outras pertlJrba~oes causadas ao process a de pesquisa.

    As criricas :1 ciencia foram alimemadas pOl' diversas narrativas francas de pesquisas, publicaclas nos Liltimos nnos por cientistas cle renome.~ Cada vez mais cientistas procuram apresentar honesramente sells projetos de pesquisa, por seus achados numa perspectiva adequada e oferecer melhor orienra~ao a aspiranres a pesqllisaciores. Como estas narra-tivas revelam erros, omiss6es e outros problemas praricos, muiros crlticos contemporaneos da ciencia as rOI11am como confissoes de que esra nao passa de misrifica~ao.

    Alguma clesmis(ifica~ao cia ciencia e ate boa de vez em quando. E facil pensar na ciencia como um empreenclimemo mistico e as ciemistas como praticantes-magicos infaliveis. Se a ciencia e funclamemalmeme uma atividade racionai e objeriva, cleve ser capaz de resistir a uma avalia~ao racionai e objetiva.

    Os aspectos que nao sobreviverem a crfrica provavelmente nao deverao continuar fazenclo parte clo empreenciimemo ciemifico.

    o grande perigo na critica a pesquisas malfeitas e ate desonestas e oferecer uma fuga fOci! it difjculdade de entender a ciencia como esta deve ser. Estucianres as vezes aeham mais simples ignorar a ciencia, como se ela Fosse uma bobagem rirualista, clo que aprencler estatfstica au a 16giea da pesquisa cientifica. E mais facil considerar toda a ciencia rllim do que se tornar um bom cientista.

    Evidentemenre, neste t6pico sou tendencioso. Acredito que a ciencia e uma atividade humana significativa. Enquanto muitas atividacies rotuladas cle j'cientfficas" de fato nao 0 sao, em minha opiniao muitas atividacles cientrficas cliferem de formas importantes cle outms atividacles humanas. E importante entender estas diferen~as, tanto para quem pesquisa como para quem Ie sobre elas e tem suas viclas afetadas por elas.

    o problema primordial tem a ver com a inexatidao da pe rspectiva tradicional do metodo cienrifico, tal como e convencionalmente apresentacla a alunos principiantes de ciencia, tanto nas ciencias socia is como nas natura is. Na pratica, a ciencia nao corresponde exatamente a sua imagem trac1icional) mas, ao meSIllO tempo, nao e rao ruim como argumemam seus eriticos mais severos. A se~ao seguinre procura descrever a ciencia na pratica, que e distinta de sua perspectiva tradicional. Em segllicla, aborclarei os aspecros que ciistinguem a ciencia das outras atividades humanas.

    h Ciencio no Pratico A perspectiva tradicional sugere que os cientistas passam

    ciiretamente de lima curiosiclacle intelectual sobre alguns feno-menos para a deriva~ao de uma teoria. RaramemeJ ralvez nllnca, isto acontece. 0 interesse inicial num fenorneno muitas vezes se origina em alguma pesquisa empirica anterior, talvez em alguns achados inconsistentes geraclos pela sua pr6pria pesqllisa ou no trabalho de outros. De cerro modo, voce poele comepr com a "resposra" e paltir pam a deseobelta da "questao".

    Voce pode iniciar com lima observa~ao espedfica: crian-,as de lares sem pai e/ ou mae tem taxa de deiinqliencia mais alta do que as outras. Em seguida, voce tenta desenvolver um enrendimenro mais geml de par que isto acontece.

    Quase nunca teorias resultam de processos toralmenre dedutivos. Mais comumente, leorias sao 0 resultado final de um3 longa cacleia de cledu~iio e inciufiio. Em ceno ponto,

  • voce pode tef uma explica~l.o preli rninar de uma reb\=ao empfrica , pode testar esta expJicac;ao prcliminar all-aves cia coleta de mais dad os, usar os novos resultados para modificar a explicac;ao, col:tar novos dados e assim por diante_ Consrrw;,:ao de reoria , entao, envolve intera~ao de observac;oes e explicac;oes.

    Porranto, raramente as teorias sao confirmadas num detemlinado momento. Na ciencia, sao relativamente poucos os "experimentos criticos", ou seja, experimentos que levam toda a teoria a se sustentar ou clesabar. Ao conrrario, eviclencias mon-raclas POllCO a POllCO ap6iam uma teoria continuamente mociificada. Em algul1l momento, alguma forma da teoria poele se tarnar geralmeme aceita, mas raramente e passivel iclentificar o momenta exato em que a teoria foi "provacla" ou aceita. Alem do mais, (ada teo ria continua a passar por mociificac;bes. Nenhum cientista ja clcscobriu ou descobrira "A Verclade".

    A operacionaliza~ao de cOllceilos nunca e rao clara e direra como sugere a imagem traclicional cia ciencia. Esre assunro sera abordado mais profundamenre no Capitulo 7, mas deve-se observar que a maioria dos conceiros cicmificos sao passiveis de diversas interpreta~oes. Assin\ voce pode especificar opera-cionaliza~bes prelim ina res desses conceitos e LIsaI' os resultados dos experimentos tamo para avaliar [ais operacionaliza

  • certas carac(erfs(icas Oll eventos. Ass im, por exemplo, voce pode no(ar que pressao atmosferica se correlaciona Com altitude ou que a aplicar;ao de for~a a um objeto resllim na

    modifica~ao de sua velocidade. Terceiro, cientistas tentam /onnalizar e ge1leralizar as

    regulmiciacies descobeltas em teorias e leis. Sao exemplos disto a lei cia graviclacle de Newton e as teorias gerais e especiais cia relarivielacie ele Einstein. Teorias e leis sao, em geml, enunciaclos l6gicos cle rela~oes entre caracteristicas e eventos que oferecem explicar;oes para lima ampla faixa ele ocorrencias empfricas.

    Vale a pena observar que Ilao-cienristas buscam estas mesmas rres metas. Toelos n6s observamos e elescrevemos 0 munclo ao redor. Procuramos achar regulariclacles: 0 fun-cionario cle escrit6rio pode clescobrir que chegar atrasaclo ao trabalho resulta em repreensao. Tenramos formular leis e teorias que ofere;am orienta;.ao geml na viela ciiaria, tais como perspectivas religios3s que sustentam que aclerir a ensinamentos religiosos resultara em recompensas neste el ou no outro mundo.

    Para enfatizar este ponto, vejamos as semelhanr;as nas respectivas ativiclades de um cientista descuidado e de lim racista. Ambos fazem observa~oes sobre 0 munclo e podem relara-las a outros. POl' exemplo, 0 cientista observa que mem-bros de uma determinada tribo primitiva gozam de saucle dental relarivamenre boa; 0 racista observa que um IOjista chines trapaceou numa transar;ao comercial. 0 cientist:1 conclui preliminarmente que a cliera da tribo pode ser responsa-vel peb sallde dental dos seus membras, enquanto 0 racista conc1ui que a ras;a clo lojista e respons{lvel pelas praticas comercia is antiecicas.

    Tanto 0 cienrist3 como 0 racista procuram novas obser-va~oes para refor;:u suas conclusoes preliminares. 0 cientista checa a saude dental de outras tribos primitivHs com clietas semelhantes, enquanro 0 racista fica de olho em lojistas chineses. E importante notal' que tanto 0 cientista como 0 racista sao seleliuos em suas obscrva;oes subseqOentes. Con-centrando-se nn dieta, 0 cientista pode ignorar a ambiente climarico cia tribo, a estrutura econ6mica e assim por diante. Por sua vez, 0 racista nao chua aten;ao a educavao dos lojisras, sua classe social etc.

    Alem do mais, tanto 0 cientista descuidaclo como 0 racista pod em tencler a ignorar observa~oes que contradizem as COI1-clusoes a que chegaram. 0 cientista pode ignol1lr rebt6rios de boa saude dental em tribos com dietas radicalmente diferenres e relat6rios sobre tribos que seguem a dieta em questao,

    mas cujoS dentes apodrecem e caem. 0 racista pode ignorar (odos os lojistas chineses hones(os e todos os nao-chineses desones(os.

    o cientista descuidado pode justificar 0 fato de ignorar wis relat6rios mribuindo-os a trabalho de campo maifeito. (Eviclentemente, 0 cientist3 cuidadoso Iidaria com tais casos.) o racista pode referir-se vagamente as "excer;oes que provam a regra". S

    Ao se depararem com um excesso de observa~oes que desconfirmam suas hip6teses, tanto 0 cientista c1escllidado como 0 racista procurarao informar;oes aclicionais que possam alin har as observa~6es perturbacloras as suas conclusoes. No caso da tribo com dentes bons mas dieta diferente, 0 cientista pode intensificar 0 trabalho de campo na tentativa de descobrir que a dieta desra tribo e mais semelhanre aquela em questao do que parecia inicialmenre. Confrontaclo a um iojista nao-chines desonesto, 0 racista poderia comes;ar a buscar um avo chines do bisavo deste lojista ou paixao por comicla chines".

    Apcsar de anomalias emplricas, nosso cientista pode acabar com uma teoria relacionando llma cerra dieta a sallde dental, e 0 racista, uma [eo ria de que chineses sao c1esones-tos. As duas teorias serao aparentemente corroboradas por

    observa~oes empiricas e explica~oes l6gicas. A compara~ao acima visa salientar dois pontos. Primeiro,

    nao ha diferen~a magica entre atividades cientfficas e nao cientfficas. Vimos dUllS linhas de investiga~ao bem semelhantes. Segundo, as atividacles de "cientistas" variam em qualidade "cientifica". Faz mais senrielo falar c1e atividades mais ou men os cientfficas do que dicotomizar entre atividacles cientfficas e nao cientIficas. Assil11, uma linha de investigas;ao conduzida POl' um ffsico profissional pode ser relativamente nao cientifica, enquanto um bombeira hidraulico pocle fazer pesquisas clo mais alto ca libre cientifico.

    No restante desta sec;ao, elaremos atenr;ao as Caracte-rlsticas que rornam lima eleterminacla ativiclaele mais ou menos cientific:l. Procuraremos compreeneler as caracteristicas idea is da cienc ia, entendendo que nenhuma atividade esta de pleno

    ~l.Cordo com estes icieais, seja conduzida pOl' lim cientista profissional ou por um leigo.

    (iencia f logica Ciencia e funciamentalmente uma atividade racional, e explica~oes cientificas clevem fazer sent iclo. Religioes podem se funclar em revela~oes, costumes, tracii;oes, aposrar na fe. A ciencia, porem, cleve se fundamentar na razao 16gica.

  • L6gica e um ramo c1ificil e cOl11piexo cia filosofia, e um delineamento completo dos sistemas cia l6gica ex cede em muiro o escopo deste Iivro. Talvez alguns exemplos ilustrem 0 que significa a ciencia ser l6gica. Por exemplo, um cle[erl11inaclo even[o nflo pocle lagicamente causar um outro que ocorreu antes dele. 5uas aritucles saciais com rela)":ao a, digamos, reIa)":oes raciais nao podem derermjnar a regiao clo pais onde voce nasceu, mas o inverse pode ser verdacle.

    Assin\ a ciencia adora uma abordagcm diferente das visoes leleol6gicas de algumas religioes. POI' exemplo, alguns cristaos acrcdimm que Jesus esrava clestinaclo a ser crucificaclo e que, ponanro, este destino fez com que cle fosse tlido c julgaclo. Toll ponto de vista nao pode ser aceito clcnno cia logica cia ciencia.

    Na 16gica cia ciencia e impassivel um objeto tel' cluos qualidadcs 11l1lfliamellfe eXc/lldenles. Ao jogar lima moedinha, nao pode dar simultaneamente cara c coroa. Em contraste, podemos notar que l11uitas pessoas preconceituasas dizem que os armcnios sao "clanicos" (recllSal11 mistllrar-se com outras nacionaliclacles) e "caras-de-pau" (impoem sua presenp aos naO-arl11enios). Face a essas asscrtivas conflitanles, a logica cia ciencia sugere que ou uma ou outra, ou ambas, clcstas caracteriza)":oes clos armenios nao e verclacleira ou que as duas caracteristicas estao definidas de tal forma que n,10 sao mutuamente excluclentes.

    Um evento tal11bem nao pode ter resultados l11utuamenrc excludentes. Assim, educa):ao superior n~o pode fazer lima pessoa mais rica e mais pobre ao mesmo tempo. Educa~?to universitaria pode fazer lima pessoa mais rica e Oll tra pesson mais pobre, assim como alguns armenios podem ser descritos como cl5nicos e outros como caras-de-pall, mas resultados ou clescri~oes contradirorias nao rem susteI1l:1)":fio iogica e sao intolen.'ivcis para a ciencia.

    Nacla disro eliz que, na prarica, a ciencia esta roraimenre isenta de enunciaclas il6gicos. Voce cleve saber que os fisicos arualmente consideram a luz como particulas e como onclas, apesar de estas descri~oes cia natureza da luz serem conrra-ditorias. Esta contracli)":ao particular existe na ciencia porque a iuz se campona como parrfculas sob certas condi~6es e como ondas sob outras. Conseqi.ientcmentc, ffsicos continuam a usar as cluas conceitllap;)es contraclirorias segundo parecem npro-priaclas em concli)":oes cbclas. Toclavia, isto representa lima

    tens~lO para a l6gica cia ciencia. Indo um pouco aiem cia no

  • Kepler, disse que Copernico nao conseguiu visillmbrar as riquezas ao seu alcance, contentando-se em inrerpreraf Pto-lomeu em vez de interprerar a natureza."7 Kepler, pOl' outro Iado, estava determinado a interpretar a natureza sob a forma de volumosos dados empfricos que herdara clo asrronomo dinamarques Tycho Brahe. Continua Butterfield:

    Sabcmos com que coloss:tl g:15l0 dc energia ell' (estOll hip6rese ap6s hip6tese, dt!SCartando-as :1te alcln0-lr 0 ponto em que ja tinha um vago conhecimcnlo d:l forma exigida -ai decidindo que, para fins de dlculo, uma elipse poderia lhe dar resultados aproximados e dcscobrindo que de faro uma elipse dava ceno.8

    Este exemplo ilustra 0 surgimento da 16gica indutiva na ciencia. Dramas semelhantes ocorreram em outros campos de investigac;ao durante os ferteis seculos XVI e XVII. Mais ou menos um seculo mais tarde, a pesquisa indutiva e cientifica de Charles Darwin entrOll em canflita com outra tradic;ao.

    Nao se deve concluir destes exemplos hist6ricos que a l6gica dedlltiva e inerentemente incarrera au est{l llirrapassada. Um exercfcio de 16gica dedutiva e tao bom quanto sua consis-tencia interna e a verdade de seus supostos iniciais. POI' outro iado, a 16gica indutiva e tao boa quanta sua consistencia inrerna e a exatidao de suas observac;oes.

    Na pnltica, ::t pesquisa ciemffica envolve ramo 0 raciocinio indlltivo quamo 0 declutivo, na meclicla em que os cientistas va~ e vem incessantemente entre teo ria e observac;oes empfricas.

    A (iencia f Dderminislica A ciencia se baseia no suposto cle que todos os eventos

    tem causas antecedentes sujeitas a identificac;ao e ao entendi-mento l6gico. Para 0 ciemisra nada "simplesmente acontece" -acontece por uma razao. Se alguem gripa, se chove hoje, se lima bola parece rolar morro acima, 0 cienrista supoe que cada um desres eventos e susceptive! de explica,iio racional.

    Como veremos no capftulo seguinre, esra caracreris[ica cia ciencia rraz uma dificuldade especial para as ciencias socia is, que competem com noc;oes de senso comum sobre comportamento social. Voce pode afirmar que fez aJguma coisa, por exemplo, vorou num candida to, simplesmente porqlle decidiu agir assim, mas 0 ciemista social provavelmente argu-mentaria que seu voto foi cieterminaclo pOl' varios eventos e condi

  • com menos de 100% de entendimento, se pudermos enrender comportamento eleitoral em geral.

    Este e sentido em que 0 cientism e 0 historiador c1iferem em suas abordagens do mesmo tema. 0 historiador procura emencler tudo sobre um determinado evemo especffico, enquamo 0 cientista se imeressa mais no entenclimemo geral de uma c1asse de eventos semelhantes, mas nao identicos. Assim tambem 0 psic610go e 0 terapeuta diferem na abordagem do comportamemo humano. 0 psic6Jogo examina 0 componameoro esquizofrenico de varios indivicluos, procurando chegar a uma compreensao geral cla esquizofrenia, enquanro 0 terapeura aproveita 0 conhecimento geral ja existente para procurar ajudar um individuo especffico.

    Portanto, a capacidac1e de ge neraliza~ao e llma carac-terlsrica importante tlas tlescobertas cientfficas, Descobrir que bolas vermelhas caem na Terra a uma certa acelerar;ao e menos uti! do que descobrir que bolas de todas as cores fazem isso, Tambem e menos (ltil saber que bolas caem com uma c1eterminada acelerar;ao ao nivel do mar do que saber que a acelera,ao de todas as bolas em queda pode ser determinada por sua altitude.

    ~ (iencio Porcimonioso Ponamo, os cientistas procuram ciescobrir rarores deter-

    minantes de tipos de eventos. Ao me~mo tempo, procuram clescobrir os fatores nc70 dererminantes de eventos. Assim, ao c1eterminarmos a acelerar;ao de um objeto em quecia, ciescar-tamos sua cor como irrelevance.

    Em terrnos mais gerais, os cientistas tentam descobrir as !"azoes dos eventos L1sando 0 minimo possivel de fatores expli-cativos. Na pratica, e claro, 0 n(lmero de farores explicativos considerados aumenra caracreristicamentc 0 grau de clerermi-na,ao consegLiida. Um cientista politiCO pode consegLlir Lim celto grau de explicar;.ao clo comportamenro eleitoral usando apenas dois fatores, por exemplo, filia,ao parridaria e classe socia l. Outro cientista politiCO poderia alcanc;,:ar lim entenclimcnto mais complero levando em considera,iio OLitros fatores, como ra,a, regiao ooclc a pessoa foi criada, sexo, eclucar;ao etc. Freqi.iente-mente, cientistas sao fon;aclos a escolher entre simpliciclade de um lado e grau de explica,ao de OLitro. Em Cdtima analise, [cmam otimizar 0 equilibrio entre expliGI\,ao e simplicidacle, a fim de conseguir 0 maximo de explicar;ao com lllll nlll11erO minimo de fatores. Esta pClrcim01fiCi e um:l. quaJiciacie bem ilustrada pcla elegflOcia cia famosa equac;ao de Einstein: e = l1u;1.

    --l1/.\"cnmTIO t t:)pe\.IIU.u

    Ja observamos que a ciencia e geral, no senticlo de procurar chegar a descobertas e I~is de ap~ica~ilicbd~ .gera~, Eorrewnto, a maioria clos conceltos gerais sao sUJeltos a di\'crsidade de interpreta~6es. Par exemp)o, ao procurar c:xplicar as fontes clo preconceito em g~ral, voce per~ebe quc o preconceito assume muiras form~s chfer;ntes .. ponant~, .ao desenhar, realizar e relarar sua pesqll1sa, voce preclsa sec pleClso em seus metodos de medir 0 conceito.

    Ao realizar um projeto cle pesquisa sobre preconceito, voce tem de operacionalizar especificamente 0 conceito _de preconceito, por exempJo, concol,'cla?cia com varia~ afirma~o~s num questionario que parecem mellear preconcelto. No Iela-t6rio da pesquisa, voce cleve ter cuiclaclo ao c1escr~ver s~as operacionalizac;oes detalhadamente, para que a leHor salba exatamente como a conceito foi mediclo. Mesmo que alguns leitores possam discordar cle sua operacionaliza,ao, pelo menos saberao qLlal ela e.

    Frequentemente, a genera lizabiliclade de uma descobel1a c alcanpda pelo uso de diversas operacionaliza,oes diferentcs dos conceitos envolvidos. Se determinado conjunto de fatores causa preconceito, independenrememe de como 0 preconceito c medido, voce pode concluir que estes fatores resuJtam em preconceito em geral.

    ~ (iencio mpiricomente Verificavel No clpice de sua elegancia, a cieneia resulta na formulac;ao

    de leis ou equa,oes gerais, descrevendo 0 mundo ao redor. Mas rais formular;oes s6 sao (ltcis se puc\crem ser vcrificadas peln coleta c manipula,ao de dados empiricos. Uma teoda geral do preconceito scria inutil se nao sugerisse modos atraVes dos quais clados pudessem ser coletaclos e nao previsse os resultados qLle scriam obtidos na am\lise dos dados.

    H{l, POI-em, outra forma de ver esta caracterisricCl. De cerro mocio, nenhuma teoria cien[ifica pode ser provada. Consicleremos 0 exemplo da gravidade. as fisicos dizem que um corpo cai para baixo pOl' causa cia atrar;tio geral entre os corpos fisicos e que esta rela,ao e aferada pela massa dos COI-pOS envolvidos. Ja que a massa tcrrestre e vasta, uma bola lans;ada de uma janela se movimenta em clirer;ao a Terra.

    Tal explicar;ao cia graviciade e empiricameme verifica~el. Um pesquisador poele jogar uma bola pela janela e observa-la cnindo. Mns isto nao prouCl a verclaclc cia teoria da gravidacle.

  • o que 0 pesquisador faz e especificar que se a bola Ilao cair, a teoria cia graviclade e incorreta. Ja que se observa a bob se comportanclo como esperaclo, a teoria cia gra viclacle !laO foi ciescolI!i rl17ada.

    Assim sendo, quando afirmall10s que uma explica~ao cienrffica cleve sujeitar-se ao testc empfrico, queremos clizer, mais exatamente, que 0 pesquisador deve ser capaz cle especificar as conciic;oes nas quais a teo ria seria desprov~\CIa. Neste senriclo e que cienristas falam cia descolljirmabilidade clas reorias. Se voce falha consistentemenre em desprova r sua reoria, fica crescentemenre confianre na correc;ao deb. Mas e importante entender que voce nunca vai conseguir provcl-Ia.

    Continuando com 0 exemplo anterior, outro tc6rico poc!eria notal' que a bola experimental era da mesma cor do chao no qual cala, sugerindo que corpos cia mesma cor sao mutuamente atrafclos po r qualquer razao que ele puclesse pensar. 0 experimento inicial daria confirmac;ao ~ts cluas reorbs em comperic;ao. A "teoria cia atrac;ao pela cor" sugere, po rem, que se uma bola ele cor diferellie clo ch"o fo r atiraela pela jane!a, nao deveria cair. Um experimento apropriaclo resuiraria (esperamos) na clesconfinnac;ao empfrica cia teoria.

    A (iencia e Intersubjetiva Com freqliencia se afirma que a ciencia e "objeriva", mas

    tal afirmac;ao tipicamente resulta em muita confusao qU~l.I1to ao que seja "objetividacle". Alem do mais, nota-se crescentemente nos ultimos anos que nenhum cientista e completamente obje-tivo em seu trabalho. Todos os cientistas sao "subjetivos" ate certo ponto - influenciados pOl' Suas motivac;oes pessoais. Ao afirmar que a ciencia e il1lersubjetiva, queremos clizer que dois cientisras com orientac;oes subjerivas diferentes chega riam a mesma conclusao se caela um deles conduzisse 0 mesmo experimento. Urn exemplo de ciencia pO!ltica deve esclarecer este conceito .

    A tendencia dos inrelectuais nos EUA se alinharcm mais com 0 Partido Democrata do que com 0 Republicano leva muitas pessoas a supor que as Democratas, como grupo, sao mais escolarizados clo que as Republicanos. E razoavel supor que esta afirmaC;ao satisfaria um cientista Democrata e abor-receria um Republicano. Mesmo assim, seria posslvel que as dois cientistas concorebssem sobre 0 clesenho de LIm projero de pesquisa para coletaI' dados no eleitorado america no, referenre a filiac;ao panidaria e nivel educacion::t1. Os dais cientisr;'ls o()dpri:ln1 pnt?it'l H"'~li7~" pc:r"rln(; inrlpnpnrlp'"HP";

    desse assunto, e ambos clescobririam que os Republicanos, como um todo, tem um nlvel educacional mais alto do que os Democratas. (Deviclo ao fato de que a Partido Democrata tambem arrai Ulna propon;ao maior dos eleitores da classe rra-balhadora, enquanro os homens de neg6cios sao mais mrafcios peJo Partido Republicano.) Os do is cientistas politicos -com orienrac;oes subjetivas opostas - chegariam a mesma conclusao empirica.

    Cienrisr}s muitas vezes discordam entre si. Podem oferecer explicac;oes c1aramenre diferenres de um evento. Mas, em geral, rais desacordos envolvem questoes de conceituac;ao e definic;ao. Assim, um cientista social pocle relatar que religiosi-dade se relaciona positivamente com preconceito, enquanto outro discorda. 0 que discorda provavelmente sugerira que uma ou ambas as varaveis fo ram incorretamente 111edidas. VOce poderia realizar seu pr6prio estudo, medindo cliferen-ten1enre as duas variaveis, e relatar uma rela~ao negativa e ntre elas. Mas, se os primeiros pesquisac!ores houvessem relataclo precisa e cleralbaelamente 0 clesenbo e a execu~ao dos seus estudos e voce conseguisse replica-los exaramente, chegaria ao mesmo achado. E isto que significa a intersub-jetividade cia ciencia.

    b. (iencia f b.beda a Modifica~6e s A sec;ao anterior cleve tel' cleixaclo claro que a "ciencia"

    nao oferece uma seqUencia de eta pas fftceis para atingir "A Verdade". Dois cientistas, ambos aclerindo as caracteristicas previa mente discuticias de ciencia, podem chegar a explicac;oes bem diferentes de Ull1 fen6meno. Alem clisso, poele nao haver, num dado momento, como avaliar os meriros relativos delas. Se duas explicac;oes sc contradizem, as duas nao podem, presumivelmente, estar corretas. Ou se clemonsrra que uma das duns ou ambas estao incorretas ou se descobre que as duas explicac;oes, nao sao, afinal de comas, mutua mente exclu-dentes, deviclo a lima mudanc;a de paradigma, pOI' exemplo.

    Inllmeras teorias "cienrfficas" clo passado foram mais tarde clesprovadas e sllbstituicias par novas reorias. Tudo que "sa be-mos" hoje era antes previamenre "conhecicio" diferentemel1le e, as vezes, consideramos ingenuas, tolas ou estlljlicias estas antigas visoes. Vale a pena lembrar, porem, que tudo que "con he-cemos" hoje provavelmente sera l1luclaclo no futuro e 0 povo do futuro - nossos a rrogantes c1escendentes - nos consicle-rarao ingenu~s, to los OU estupidos. (Se isto 0 perturba, talvez 0 console lembrar-se de que eles rambem safrerao a mesma sorre.)

  • A . nao busca a verclacle definitiva, mas a "(iliclade. Teorias cientificas nao c1evem ser julgaclas por sua verclaclc relativa, mas pela medicia de sua uriliclacle em melhorar nosso conhecimento do muncio ao redor.

    Em ltltima amllise, as caracteristicas cia ciencia discLHicias neste capitulo oferecem um conjunto de c1iretrizes que aumen~ tam a utiliclacle cle clescobertas e teorias. [nvestigac;oes que procllram se pautar por tais caracreristicas proc!uzirao, a longo prazo, mais descobenas Greis do que investiga~oes de outros tipos. Assim, uma pessoa pode ser capaz de prever 0 tempo com mais exatidao baseada no seu joelho reum:ltico do que (odos os meteorologistas cientfficos do mundo, mas, a longo prazo, os cientistas cont ribuirao mais para 0 nosso conheci-mento geral cia natureza do clima.

    Resumo Este capItulo comec;ou revenclo a imagell1 tradiciona t

    cia ciencia, prill1ariall1enre como urn conjunto de eta pas que ineviravelmente conduzem ~l "Verdacle". Esta visno roi contrastada com outra, mais recente, crltica cia ciencia, que sLlgere que cientis(as nao sao (ao diferentes clos leigos. Na parte principal do capitulo, tentamos mostrar que, ell1bora a investiga~ao cientlfica nao seja infallvel, ela eli/ere em aspectos impo rtantes de outras ativiclacles humanas. Cien[i stas estao ccrtamente sujeitos :1 toclas as fraquezas humanas clas clemais pessoas, mas a ciencia prove um conjunto de cliretrizes que pode aumentar a utilidacle clas su::ts invesriga\oes .

    Este ca pItulo aborclou a ciencia en1 gerai eo proximo focalizara especificamenre a cifjllcia social. Veremos que a ciencia soc ial esnl presa as mesmas regra s que as outros tipos cle investiga~ao cicnrffica. Ao mesmo tempo, po rem, a tematica especial das cj(~ncias soc iais apresenta problemas especiais - e oportuniciades especiais.

    Nolos I Palavras c fr:lses em "it5Iico" s:10 definid:ls c di.scutidas no Glossilrio no rim do l ivro. Se voce n~o enLCnder bem lllll lerma, V:lle :1 pen:! verificar imec!i:Hamenle no Glossflrio.

    ! Em minh:l experiencia, isto C mais (fpico cia psicologia do que da socioiogia, como Sl: VC, por exemplo, em propO!)l;.lS de teses de doutorado. Um estuc!:lntc de p6s~gradu:l~ao em psicoiogia cuja propost:l de PhD roi aC

  • WATSON, James D. The Double Helix. New York: The New American LibralY, Inc., 1968.

    WHITEHEAD, Alfred North. Sciencealld theA/odem World. New York: The MacMillan Company, 1925. Capitulo 2

    (iencia as (iencias

    Urn dos mais vivos debates academicos dos ultimos aIlOS diz respeito ao statlls "cientifico" das disciplinas englobadas sob a IUbtica de ciencias socia is - tipicamente incluindo sociologia, ciencia politica, psicologia social, economia, antropologia, pesquisa de mercado e, as vezes, areas como geografia, hisroria, comuni-car;6es e outros campos compostos ou especiaJizacios. A questao basica e se 0 comportamento humane pode ser submetido ao esnlClo "cientifico". Ja que 0 capItulo antelior chamal! a aten~o para a confusao sobre 0 tenna ciencia em gemJ, nao e de sllJpreencier que os acacienlicos c1iscoroem wmrem sobre as ciencias socia is.

    Oposi~o a ideia de ciencias sociais tern surgido tanto dentro como fora dos campos c1as ciencias socia is. Denrro clos campos, 0 movimento para as ciencias socia is [em signifiC'dclo um redireciona-memo e, em alguns casos, uma renomear;ao cia traclir;ao acaciemica estabelecida. Cada vez mais, departamentos de Governo tem sido substirufdos por depaltamentos de Ciencia PolitiC'l, depaltamentos de Fala se tornam de Comunicar;ao. Em muitos casos, 0 movi-mento para as ciencias socia is significa uma passagem cia enfase na descri910 para a expJicar;ao sistenutica. Na ciencia politica, isto significa maior enfase em explicar compoltamento polftico do que em descrever ins[itui~Oes politicas. Em antropologia, rem repre-sentado diminuir;ao na enfase em emografia. 0 crescimento de sub-campos como a econometIia tem tide efeito semelhante na econontia, como ocone com a historlografia na historia. Alguns geografos vem mudando cia etJumera~ao de imponat;oes e exportat;oes para modelos matemfiticos de migra~ao. Compreensivelmenre, profissionais lreinados e com experiencia nos metoclos mais tradicionais c1estes campos objeram as novas orientac;oes.

    So ciais

  • Fora dos clepaJtamenros de ciencia social, oposiyio semelhante vem cbs dGncias fisicas - de fisicos, bi6logos, qllfmicos etc. Gui:1c1os pela imagem tr~ldicional cia ciencia clisclltida acirn"l, alguns cientistas fisicos objeral11 que 0 "metodo cienrifico" nao p
  • em candidatos Republicanos do que Democrntas. Professores universitarios tendem a ganhar mais dinheiro do que traba-lhadores niio especializados. Mulheres tendem a ser mais religiosas do que homens.

    Relatos de regularidades pOl' cientistas sociais esulo freqi.ien-temente sujeitos a tn~s tipos de crftica. Primeiro, 0 relato pode ser acusado de trivialidade, de que todo mundo ja sabia disso. Segundo, podem ser citados casos contradit6rios, indicando que a observa0\o nao e totalmente verdadeira. Terceiro, pode-se argumentar que as pessoas envolvidas podem, se real mente quiserem, perturbar a regularidade observada.

    A acusa~ao de que muitas descobertas feitas pOl' cientisras socia is sao triviais ou ja bem conheciclas levou l11uitos aspirantes a cientistas a procurarem clescoberras esorcricas ou obscuras que provassem que a ciencia social c mais do que senso COl11um pretensioso. Esta resposta e inapropriada sob diversos pontos de vista. Para come~ar, mnras contradi~6es sao evidenres no vasto corpo do "senso comum", que se torna essencial expurgar sistematicamenre os elTos nele existenres. Mesl110 quando uma proposi,iio nao e questionada pelos leigos, ela deve ser testada empiricamenre.

    Muitos instrutores de metodologia clas ciencias socia is iniciam suas aulas revelanclo lllll conjunto de I'clescobeltas impor-tantes" das ciencias socia is, cieri vadas de estuclos concluzidos pOl' Samuel A. Stouffer durante a II Guerra Mundia!.! Tais "desco-berras" induern os seguintes achaclos:

    Soldaclos negros ficavam mais felizes em campos de trci-namento no NOlte do que no Sui dos Estados Unidos.

    Soldados cia For~a Aerea americana, anc!e as pro-mo~6es eram rapidas, tinham mais probabiliclade de achar que seu sistema de promo,oes era justo do que os solc!ados cia PoJrcia Militar, oncle elas eram muito lentas.

    Soldados mais escolarizados tinham mais probabili-dade de se ressenrir com 0 alistamenro militar for~ado do que soldados menos escolarizados.

    Quando os alunos com~1l1 a fazer pouco caso cia obvieclade das "descobertas imporrantes", 0 instrutor revela que cada lImtl delas foi desprovada pela pesquisa de Stoufrer e ex plica pOl' que a rela~ao observada faz sentido quando examinada abaixo

    do nlvel das apan~ncias.l Em suma, "documentar 0 6bvio" e uma fun~ao valiosa de qualquer ciencia, fisica ou social, e nao e uma crftica legitima de qualquer empreendimemo cienrifico. (Datwin cunhou 0 termo "experimento de {olo" numa referencia ironica a grande pane de sua pr6pria pesquisa.)

    A o'ftica de que certas generaliza~6es da ciencia social esrao sujeiras a desconfimla~lo em casos espedficos rambem nao e um des.:'lfio suficiente ao car-arer Ucientffico" das invesriga~6es. Assim, nao basta notm que um celto homem e mais religioso do que uma cena mulher. Regulalidades sociais represenram padr6es probabi-listicos, e uma relaylo geral entre duas variaveis nao precisa scr verdadeira em 100010 dos casos observaveis.

    A ciencia fisica nao esta isenta desta crltica. Na genetica, pOl' exemplo, 0 cruzamenro de uma pessoa de olhos azuis com outra de olhos castanhos provavelmellie resultarii numa crian,a de oIhos castanhos. Mas se a crian

  • porque tenclem a fazer senticlo para os inclivfduos nelas envolvidos. Podemos sllgerir que e 16gico esperar que um celto tipo de pessoa aja de cel1a maneira e esta pessoa pode muito bem concordar com a base 16gica desta expectativa. Assim, mesmo se clireitistas brancos podem votar num negro radical de esqllercia, eles acham estupido votar assim, assim como eleitores negros de esquerda acham estupido votar num candidato cia Ku Klux Klan.

    Cria(oo de teorias Sociais Cientistas socia is aincla nao criaralll teorias de comporta-

    mento social compar{lveis as teorias desenvolvicias pelos cientistas ffsicos. Inl1I11eraS [eoIias de compoitalllento social for~lm elaboraclas ha ja varios seculos, mas sua adeqLla~ao nao e mais ciefendicla seriamente. Evidentememe, muitas teorias sobre 0 muncio fisico foram tambem c1escal1adas. 0 abanclono cia teoria dos epiciclos de Ptolomeu na~ nega 0 car~l.ter cientffico cia astronolllia contelllpo-ranea. Nem saber que as teorias contemporaneas da fisica serao n1ais tarde superadas nega 0 status cientffico desse campo.

    De qualqller maneira, atualmeme as ciencias sociais nao tem teorias fonnais comparaveis as existentes em outros campos. Em parte, isto se cleve ao fato cle que llletoclos sistematicos, "cientificos", nao tem sido aplicados ao comportamento social tanto tempo quanto aos fenomenos ffsicos. Ao mesmo tempo, a relutancia em admiti r a susceptibiliclacle clo comportamento social ao estudo cientffico tem limitaclo os recu rsos disponfveis para 0 desenvolvimento clas ciencias socia is.

    Alell1 clo mais, este livro tem origem na convic\-,30 de que a desenvolvimento cientlfico clas ciencias socia is foi seriamenre prejuclicado pela incompreensao cia natureza 16gica cia ciencia em geral, especificamente pel a compromisso com a imagem traclicional, exc1usivamente dedutiva, cia ciencia, oposta a com-preensao da ciencia na pdtica . Em vista disto, discutiremos agora as caracterfsticas clas ciencias socia is, paralelamente a c1iscussao do CapItulo 1, que abordou a ciencia em gera l.

    ~s Caraderisticas dos Ciencias Sociais

    A Ciencia Social f l6gica As ciencias socia is visam entender racionalmente a compor-

    tamento social. 15to nao sign ifica dizer que tocio comportamemo social e raciona!. Cenos compoltamentos sociais sao i n~cionais,

    alguns sao nao racionais, mas os cientistas socia is clevem ser relativameme racionais ao procura r compreencier tocias as formas de compoltamento.

    o cientista social esta preso a muitas das mesmas restri

  • maior a utilidade. Assim, uma teoria do eomportamcnto do eonsllmidor aplicavel apenas a jovens e menos uti! do que outra aplieavel a eonsumidores de todas as iclades. Uma teoria do comportamento politico aplicavel apenas a americanos e menos (nil que outra apliclvel aos povos de toclas as n'J(;oes.

    Embom muitas vezes possamos comer;ar temanclo explicar uma faixa mais limitacla cle comportamento social ou 0 comportamento cle um subconjunto limitaclo cia popula.io, nossa meta, nom1almente, e expanclir 0 pocler explicativo cle nessas clescobeltas a ouO

  • desacordos sobre 0 desenho mais apropriado da pesquisa -incluindo defini~ao e medi~ao de conceitos - do que de resul-tados obtidos com um mesmo desenho.

    Isto e valido tanto para pesquisas sobre t6picos altamenre emocionais como religiao, politica e preconceito quanta para 0 estudo da acelera~ao de objeros em queda. Evidentemcnre, na prarica, pesquisaclores raramente realizam estucios quando acreditam que sell desenho e incorreto. POI' exemp!o, 0 cientista social consetvaclor provavelmente nao ciefinira conselvadorismo ete forma negativa para os conservaclores.

    A Ciencia Sociol f Aberla a Modifica,oes Provavelmente nenhuma teoria social sobrevivera incieFi-

    niclamente. Ou um crescenrc peso de eviciencias conrrarias a derrubara au se encomrara uma substituta, mais nova e parcimo-niosa. Em qualquer casD, nao se pade esperar que lim achado de ciencia social, a lango prazo, resista ao (Csre do tempo.

    Claro que, na priitica, 0 cientisra sociallida com fenomenos wmbem aferados por ideologias - religiosas, poliricas, fi!os6-ficas -, e ideologias sao menos aberras a modifica~oes que a ciencia. Quando cientistas socia is explicam religiosiclade em termos de variaveis estruturais, eles clcsafiam cren~as religiosas basicas sabre comportamento moral, sistemas religiosos de recompensas e castigos etc. Quando cientistas polfticos (011-c1uem que a classe opera ria nos EUA e mais autor it~'irja do que a classe meciia, ciesafiam a ideologia polflica ua esquercla. A postura determinism das ciencias socia is em gerai nao aceita a imagem filos6fica clo livre arbitrio c10s seres humanos, de tao antiga hist6ria nn civilizayao ociclemal.

    o perigo e que alguns cientistas socia is possam esrar tao pessoalmente compromeridos com cerras posi~6es ideol6gicas, que esre compromisso as impe~a de manter aberta sua pnhica cientifica. Assim, 0 cientista polftico comprometic!o com a esquerda pode nao estar disposro a considerar, realizar ou aceitar pesquisas que possam levar ~I conclus:1o de que a classe opera ria e mais autoritaria do que a classe media.

    .fa foi comentado que esta sitllac;ao nao ~ privilegio clas cH~ncias sociais. Investigac;oes nas ciencias ffsicas desafia-ram e continllam desafiando sistemas cstabeleciclos de crenc;as icleol6gicas e alguns cientisras fisicos rem sido prejudicados por compromissos ideol6gieos qlie recluziram a abertura de SU3S atividades cientificas.

    Metodos de Pesqu isas Cientifico-Sociois Apesar desre Iivro abordar especificamente um s6 metodo

    de pesquisa social, e uti! colocar esre merodo no contexro dos outros metoclos disponiveis ao cientista social. Fac;o isto, em parte, para sugerir que 0 exame de um determinado fenomeno social frequenremente e mais bem-sucedido usando-se varios merodos diferentes - ponto parricularmente importante a enfatizar numa epoca em que a pesquisa de survey goza de rao grande popularidade. A pesquisa de slirueyrem vanragens especiais, mas veremos neste livro que tambem rem lilnitac;oes c n:1o e 0 metoda apropriado para estudar certos tapicos. Pesquisadores saciais que se resrringem a um s6 metodo, slflvey ou qualqller outro, Iimitam gravemente sua capacidacle de entender 0 mundo ao seu redor.

    Ao mesmo tempo, e imporranre compreender que rodos os metodos de pesquisa social sao noneacios pelas caracteristicas gerais da ciencia c1elineadas nesre e no capirulo anterior. E util, portanto, examinar as forc;as e fraquezas relativas de cada merodo.

    a X perimento Conholado Em muitos aspectos, 0 experimento cOl1rrolado repre-

    senta 0 exemplo mais claro de pesquisa cientifica, pelo menos na imagem popular da ciencia. 0 desenho experimental rem l11uitas variac;oes, mas aqui nos limitarernos ao desenho antes/ depois com um (mico grupo de controle.

    Suponha que voce esreja inreressado em merodos para reduzir 0 preconceito racial. Suponha tambem que voce acredita na hip6rese de que 0 preconceiro anrinegro poderia ser reduzido COll1 uma consciencia maior do papel importante dos negros na Hist6ria americana. Para testar est a hipa[ese, voce pode alugar Oll mesmo prodllzir LIm filme docllmenrando a hisr6ria dos negros nos EUA. Esre filmc represenraria 0 eSlfrnlllo para 0 experimenro.

    Em seguida, voce seleciona dois grupos de sujeiros. Na pratica, voce provavelmente procura voluntarios e pode paga-Ios para paniciparem clo experimento. Se voce for pcsquisador universitario, provave!menle estes participantes serao alunos universitarios. 0 mais importante na seleC;ao dos participantes e erial' dois grupos empare lhados, isro e, dois grupos de sujeiros tao parecidos urn com 0 outro quanto

  • possive!. Voce pode consegllir isto pelo emparelhamento cuicladoso de caracrelisticas (sexo, iclade, ra~a etc.), Oll designanclo os sujeitos aos dois glUpos aleatoriall1ellte.

    Um clos gmpos sera chamaclo gmpo expelilllelltal eo Olltro grupo de cOlllrole. Os clois grupos serao testaclos para meclir os nfveis iniciais de preconceito comra negros. Por exemplo, ambos preencherao lim question. rio clo tipo concorclo/ cliscorclo a diversas frases manifestanclo preconceiro anti negro. Espera-se que os dais grupos alcancem aproximadamente 0 mesmo escore geral neste pre-teste.

    Em seguida, 0 grllpo experimental assistira ao filme docllmemario da historia dos negros nos EUA. 0 grllpo de con-trole nao "ssistira ao Filme. Depois, os dois grllpos serao novamente testaclos quanta a preconceiro contra negros. A hip6-tese do pesqllisador sera eonfirmada se 0 grllpo experimenral demonstrar preconceito significativamenre menor do que 0 grllpo de comrole no pas-teste.

    o papel do gmpo de comrale em tal experimenro c critico. Serve a fun~ao de isolar 0 estfmulo experimenrai como (mica fonre da mlldan~a nos sujeitos do experimenro. Se clecorrer lim longo tempo entre 0 pre e 0 pos-teste, 0 preconceito dos slljeitos pode ciiminuir gra~as a fatores e?aernos ao experimenro. 0 filme pocieria entao ser irrelevante para a redu~ao observacla clo preconceito. Se isto oeoner, 0 preconceito clo grupo de con trole cleve climinuir tambem. A hip6tese sera confirmacla somenre se 0 preconceito do grupo experimental diminuir mais do que 0 clo grupo de controle.

    De forma semelhante, 0 grupo de controle ajuda 0 pesquisador a se precaver contra 0 efeito do experimento por si mesmo. t possivel que 0 ato cle testar e retestar tome as sujeiros mais sensiveis aos prop6sitos do estudo. Enquanto eles poclem parecer relativamente preconceituosos no pre-teSte, o pr6prio teste pocle alelta-Ios para 0 faro de que 0 pesquisador quer descobrir quae preconceituosos sao. )a que pouca gente quer ser identificada como racista, os sujeitos podem ter mais cuidado ao responderem 0 questionario p6s-teste, procuranc!o responder de forma a evitar aparecerem como racistas. Mas este fator cleve operar igualmente no grllpo de centrale e no experimental, e 0 c1eclfnie diferencial no prcconceito observado e 0 teste cia hipotese.

    IsolaI' as variaveis experimentais e a vantagem chave do experimento centrolaclo. Ele apresenta tambem diversas desvan-tagcns, contlldo. Primeiro, 0 experimenro controbclo ripicamente

    nao fornece daclos descritivos (,re is. Se 20% dos dois gru pos concordarem com uma afirma~ao preconceitllosa, nada aprcndemos sobre 0 percentual da popula~ao em geral que concorclaria com eia, ja que os sujeitos nao sao, via de regra, selecionados dessa popula~ao por metodos de amostragem aleatoria. Se eles forem tirados de lima subpopula~ao especial, como esrudanres, sell valor clescritivo se reduz ainda mais.

    Segundo, 0 experimento controlado representa um teste rlltificiai cia hip6tese. A relevancia do experimento para 0 munclo real esta sempre sujeita a questionamenro. No exemplo anterior, suponhamos que 0 filme clocumentario pares;a reduzir significativamente 0 preconccito antinegros quando assis:i(~O como parte de um experimento cientffico num laboratono especial) com os sujeitos conscientes de participarem de t~m experimento. 0 filme nao teria necessariamente a mesmo efelto se assistido pelo grande publico na televisao ou em cinemas.

    Finalmente, os achados podem l1ao ter aplicabilidade generaliz;lvel a OlltroS grupos da popula~ao. t concebivel que 0 mme reduzisse preconceito entre universitarios - se os slljeitos forem extraidos de esrudantes -, mas nao ceria impacto em nao-estudantes. Um exemplo nao-experimental ilustra esta possibili-clade. Durante anos, acreditou-se que, enquanto 0 preconceito contra negros era maior na classe opera ria do que nas classes media e alta, 0 anti-selni tismo aumentava a medicla que se subia na escala social. Tal conclusao se baseava numa serie de estudos sabre preconceito realizaclos com estudantes universitarios. Estuclantes de famllias de classe alta p3reciam consistentemenre lim POLICO mais anti-semitas do que os de classes sociais relati-vamente mais baixas. Esse achado se deveu ao faro de que os alunos nos estudos provinham (odos de uma faixa relativamente estreita de familias de classes mais altas. 0 verdadeiro achaclo seria entao que esrudantes de classes mais altas emm ligeira-

    men~e mai~ anti-semitas do que alunos de c1asse media-alta. Estudos subsequentes da popula~ao em geral indicaram, porem, que os responcienres de classe opera ria eram mais anti-semitas, assim como eram tambem mais antinegros.

    As carencias clo experimento controlado poclem ser reduziclas peb sofistica~ao das pesquisas, varia~ao clo desenho experimental e replica~ao em grllpos muito cliferemes de paIti-cipantes. Alem do n1ais, 0 experimemo controlaclo pode ser especialmente valioso quando combin:1do com outros metodos, visanclo a um (mica t6pico de pesquisa.

  • Analise de Conteudo Alguns t6picos de pesquisa sao sllscepriveis ao exame

    sistematico de documentos, como romances, poemas, publicac;6es governamentais, musica etc. Esre metoda de pesquisa chama-se alicilisedecolllelido. A titulo cle ilustra

  • cleve ser 0 mais especffico possivel na cria\=ao, execu\=ao e relata cia sistema cle eScore. Os leitores cia seu rclar6rio cia pesquisa clevem saber, relo menos, 0 que os escores representam exatamente, meslllo se cliscordarem cia adeqllabilidade cia sistema usa do.

    Anali se dos Dodos fxistentes Pesquisa cientifica nao e igual a coleta e analise de dados

    originais. De faro, alguns t6picos de pesquisa podem ser estudados analisando dados jii colelados e compilaclos. 0 exemplo dassico e 0 esrudo do suicfclio de Emile Durkheim .. ' lnteressado em descobrir as razoes prirnarias do sllicfdio, Durkheim conduZiu sua investiga~ao sem coletaI' um s6 dado original. Ele testoll um amplo espectro de hip6teses examinanclo laxas publicadas de suicidio em cliferentes areas geograficas. POl' exemplo, examinou taxas diferentes de slliddio de protestantes e cmalicos, comparando as taxas cle areas predominantemente protcstantes Com as de areas preclominantemente cat6licas. Examinoll os efeitos do dima, comparando taxas de regioes quenres com as de regioes mais frias.

    A analise de dados agregados existentes rem a g