metodologia para minimizar efluentes na fonte a partir da

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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO PROFISSIONAL GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO SALVADOR 2004 Salvador Ávila Filho Metodologia para minimizar efluentes na fonte a partir da investigação de anormalidades operacionais

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Page 1: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO PROFISSIONAL GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

SALVADOR2004

Salvador Ávila Filho

Metodologia para minimizar efluentes na fonte a partir da investigação de

anormalidades operacionais

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TERMO DE APROVAÇÃO

SALVADOR ÁVILA FILHO

METODOLOGIA PARA MINIMIZAR EFLUENTE NA FONTE A PARTIR DA INVESTIGAÇÃO DE ANORMALIDADES OPERACIONAIS: CASOS DA INDÚSTRIA QUÍMICA

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Gerenciamento e Tecnologias

Ambientais.

Salvador, 17 de março de 2004

Aprovação - _____/ _____/ 2004

Banca Examinadora:

____________________________________________________________

Ricardo de Araújo Kalid (Orientador) – Universidade Federal da Bahia

_____________________________________________________________

Fernando Luiz Pellegrini Pessoa - Universidade Federal do Rio De Janeiro

_____________________________________________________________

Maurício Moreno - Universidade Federal da Bahia

_____________________________________________________________

José Célio de Andrade - Universidade Federal da Bahia

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

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1

METODOLOGIA PARA MINIMIZAR EFLUENTES NA FONTE A PARTIR DA INVESTIGAÇÃO DE ANORMALIDADES OPERACIONAIS

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Araújo Kalid

Salvador

2004

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A958m Ávila Filho, Salvador Metodologia para minimizar geração de efluentes na fonte a partir da

investigação de anormalidades operacionais/ Salvador Ávila Filho. --- Salvador-Ba, 2004.

334 f. il.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Araújo Kalid Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo) – Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal da Bahia, 2004.

Inclui apêndice e referências.

1. Processos químicos. 2. Industrias químicas – Aspecto ambiental. I.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Kalid, Ricardo de Araújo III. Título.

CDD 661

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Dedicatória

Dedico este trabalho à minha família pelo estímulo em superar os desafios próprios de uma dissertação de mestrado e pela compreensão de que as ausências se impunham como necessidade ao desenvolvimento da pesquisa.

Page 6: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

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Agradecimentos

Agradeço aos amigos do curso de Gerenciamento e Tecnologias Ambientais na Indústria, pelo privilégio da convivência e troca de experiências durante aquele período.

Agradeço ao TECLIM, aos professores, ao coordenador do Programa Dr. Asher Kiperstok e, especialmente, ao meu orientador - Dr. Ricardo de Araújo Kalid - pelas valiosas contribuições que muito ajudaram no processo e conclusão deste trabalho.

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Resumo

Esta dissertação apresenta o desenho de um sistema cujo interesse está voltado para minimizar a geração de efluentes na fonte. A metodologia para desenvolvimento da pesquisa baseou-se no estabelecimento e uso de um banco de dados das anormalidades de rotina da operação de plantas industriais. A partir de uma reflexão crítica sobre os instrumentos convencionais adotados para o acompanhamento e monitoramento dos processos, criaram-se novos instrumentos gerenciais viabilizando, dessa forma, a geração de conhecimentos a partir de dados provenientes das atividades operacionais na indústria. Este é um trabalho de pesquisa e investigação sobre anormalidades o qual, tendo se transformado em aprendizado organizacional, vem a viabilizar o processo de auto-gestão nas empresas.

O método de investigação utilizando compilação de dados indicativos de anormalidades constantes do livro de ocorrência de operação do turno, junto à interpretação de processos e à análise estatística de anormalidades facilitará a montagem de um mapa demonstrativo de cadeia causal, incluindo causas originárias (raiz) e fatores operacionais. Pretende-se, com tal encaminhamento, entre outros benefícios, evitar a recorrência desses problemas. Os resultados de aplicação desta metodologia dependem da participação e da aceitação da equipe de Produção. Assim, ela se inicia com um diagnóstico preliminar sobre os impactos ambientais na empresa. O diagnóstico de processo, etapa a seguir, mostrará o comportamento de parâmetros operacionais e quais os seus motivos. Nesta etapa será feito um acompanhamento intensivo das variáveis de processo.

A interpretação dos dados será feita conjuntamente com os operadores através de discussões sobre os dados contidos no painel de controle resultando em um diagnóstico operacional que indicará as técnicas apropriadas para investigação de anormalidades, com base na rotina de trabalho da operação. Nesta metodologia, a questão ambiental é concebida de forma sistêmica, ou seja, vincula-se diretamente ao processo, à operação da planta e ao comportamento da equipe. A última fase do diagnóstico é a ambiental, sendo-lhe pertinente sinalizar quais os pontos mais críticos da planta quanto ao impacto de anormalidades operacionais. A investigação de anormalidades indicará itens de controle, ações localizadas e procedimentos operacionais a serem revisados.

A implantação desta metodologia depende de diretrizes da administração da empresa quanto a treinamento, educação ambiental e vontade na mudança de cultura. Tais premissas são desenhadas através de técnicas específicas na área organizacional e que são apenas citadas por não comportarem abordagem mais ampla nesta dissertação.

Para finalizar, torna-se necessário atuar com melhorias do equipamento e áreas de apoio em decorrência de: acompanhamento dos itens de controle, investigações de anormalidades e padronização dos procedimentos.

Este estudo demonstra que, aplicando a metodologia de investigação de anormalidades operacionais, é possível, com pequeno ou nenhum investimento em equipamentos, minimizar a geração de efluentes na fonte em indústrias químicas.

Palavras-chave: Minimizar efluentes na fonte. Estabilizar Processos. Procedimentos Operacionais. Análise de risco ambiental. Autogerenciamento. Diagnóstico Ambiental.

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Abstract

This dissertation will present a way to minimize waste generation at source. The methodology intends to study routine events records (bugs) from industry operation, creating new managerial techniques from a critical analyze about actual process control procedures. These techniques create knowledge from practice database. The methodology is an applied research about abnormalities that becoming an organizational education resulting in a self-management process in company.

This investigation method will separate abnormal occurrence information from “shift book” and, together with statistic process interpretation and statistic abnormal occurrence analysis, will synthesize a map that will sign causal chains and operation factors that help to avoid reoccurrence of troubles. The application methodology depends of a team validation after technical meetings. Then, it begins with a preliminary diagnosis about environmental aspects impacts. Abnormal aspects investigation will indicate control parameters, focused activities and operational procedures to be reviewed. Process diagnosis is next step and will show variables performance and root causes of abnormalities. Implementation of intensive statistic follow-up process will be done. Data interpretation is done together with operation team at control panel. Operation diagnosis will indicate appropriated techniques to abnormal occurrences and environmental risk analyses based on routine historic records.

Environmental concerns, in this methodology, will be studied in a wide spectrum and deeply. These concerns are directly related with process, operation and team behavior. Environmental diagnosis that will finish diagnosis phase, intends to show critical aspects from field and environmental impacts.

With process parameters under control, with operation bugs investigation and, with procedures standardization, it is fundamental to promote equipments improvement and integration with support area. Finally, management aspects will guarantee improvements with good training program, educational environment program and cultural changes wish. These management criteria’s are designed using specific techniques from organizational subject and will be regarded in dissertation. This work was applied in a real situation, in different sites.

Keywords: Waste minimization at source. Process Stabilization. Operational

procedures. Environmental Risk Analysis. Self-management. Environmental Diagnosis.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

1.1. ANTECEDENTES 1.2. ASPECTOS GERAIS 1.3 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS 1.4 CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS DA METODOLOGIA 1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA 2 ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA 2.1 ESTADO DA ARTE 2.2 MOTIVAÇÃO 2.3 INVESTIGAÇÃO DE OCORRÊNCIAS ANORMAIS 2.3.1 Dissecação de Processos a partir de Eventos Anormais - DIPEA 2.3.2 Análise Estatística de Eventos Anormais 2.3.3 Avaliação de Risco 2.4 ACOMPANHAMENTO DE PROCESSOS 2.4.1 Atividade de Acompanhamento de Processos 2.4.2 Técnica de Controle Estatístico de Processos - CEP 2.5 DIAGNÓSTICO OPERACIONAL 2.5.1 Procedimentos Operacionais 2.5.2 Padronização de Procedimento Operacional 2.5.3 Investigação de Incidentes e de Acidentes 2.5.4 Testes em Operação Normal 2.6 AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ROTINA 2.6.1 Ações Localizadas (ALO) 2.6.2 Interfaces da Operação 2.7 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 2.7.1 Mapa de Controle Ambiental 2.7.2 Análise de Risco Ambiental 2.7.3 Tratamento de Efluentes Líquidos 2.7.4 Tratamento de Emissões Fugitivas 2.7.5 Controle de Resíduos Sólidos 2.7.6 Auditorias Ambientais 3 METODOLOGIA: MINIMIZAR EFLUENTES NA FONTE 3.1 CONHECIMENTO DO PROCESSO 3.1.1 Conhecimento da Equipe 3.1.2 Conhecimento Documentado e Registrado 3.1.3 Avaliação do Perfil da Equipe de Produção 3.2 AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR 3.3 INVESTIGAÇÃO DE OCORRÊNCIAS ANORMAIS NA ROTINA 3.3.1 Estudo do Processo 3.3.2 Fluxogramas Específicos para Estudo 3.3.3 Levantamento de Anormalidades 3.3.4 Construção do Mapa de Eventos Anormais - MEA 3.3.5 Preparação da Cadeia de Anormalidades

13

13 14 16 17 18

21

21 22 24 25 26 27 28 29 30 33 33 35 37 38 39 39 39 41 42 42 43 44 44 45

47

52 53 57 59 61 63 65 72 75 79 83

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3.3.6 Tratamento Estatístico das Anormalidades - EVA 3.3.7 Preparação do Relatório de Anormalidades 3.3.8 Consenso do Relatório na Equipe de Produção 3.3.9 Conclusão da Investigação 3.4 FASE 2: DIAGNÓSTICO 3.4.1 Aspecto Temporal 3.4.2 Processo 3.4.3 Diagnóstico Operacional 3.4.4 Diagnóstico Ambiental 3.5 ACOMPANHAMENTO E CONTROLE 3.5.1 Procedimentos Operacionais 3.5.2 Medição de Resultados 3.5.3 Método de Medição quanto a Resultados por Ação 3.5.4 Recomendações de Acompanhamento e Controle 3.6 EXECUÇÃO 3.6.1 Ações Localizadas - ALO 3.6.2 Manutenção do Padrão 3.7 REVISÃO DOS ITENS DE CONTROLE E MELHORIAS 3.7.1 Cadeia de Anormalidades - DIPEA 3.7.2 Variáveis de Processo (AEP) 3.7.3 Procedimentos Operacionais - PADOP 3.7.4 Diagnósticos e Ações Ambientais - AUDIP, EMIFU, AUDIL 3.7.5 Padrões de Trabalho -PADOP 3.7.6 Campanhas Motivacionais e Educação Ambiental 4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA 4.1 CASO 2: AMINAS AROMÁTICAS 4.2 CASO 3: POLÍMEROS 5 RESULTADOS PROJETADOS E ALCANÇADOS 5.1 RESULTADOS PROJETADOS 5.2 MÉTODOS DE CÁLCULO 5.3 RESULTADOS ALCANÇADOS 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA APÊNDICE A – Caso 1: Aminas Alifáticas APÊNDICE B – Caso 2: Aminas Aromáticas APÊNDICE C – Caso 3: Polímeros

92 99

101 101 103 104 106 112 119 133 138 139 146 148 148 149 153 157 158 159 159 160 160 161

162 171 185

204 204 209 210

216

221

228

240

282

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Carta de controle (CEP) e gráfico de acompanhamento de processos (AEP) 32

Figura 2 – Trilogia – minimizar efluentes 47

Figura 3 – Cenário anormal 48

Figura 4 – Fluxograma das atividades da metodologia 49

Figura 5 – Fluxograma da metodologia da Fase 1 - Reconhecimento 52

Figura 6 – Fluxo de informações na produção 55

Figura 7 – Conhecimento ideal para o desafio ambiental 60

Figura 8 – Mapa de Controle Ambiental em planta química - MCA 62

Figura 9 – Mapa de Eventos Anormais - MEA 81

Figura 10 – Cadeia de anormalidades 84

Figura 11- Relação entre fatores na cadeia de causa e conseqüência 91

Figura 12– Diagnóstico: fase 2 103

Figura 13 – Exemplo de aplicação: Cenário e ENVOP 118

Figura 14 – Mapa de Controle Ambiental – MCA 130

Figura 15 – Fase 3 – Acompanhamento e medição 134

Figura 16 – Fase 4 – Ação sobre o processo, procedimentos e equipe. 149

Figura 17 – Fase 7 – Revisão crítica da metodologia 158

Figura 18 - Diagrama de aplicação da metodologia 168

Figura 19 - Fluxograma simplificado 1 172

Figura 20 - Fluxograma simplificado 2 173

Figura 20 - Processo de produção - P 186

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição do tempo por função e área de trabalho 57

Tabela 2 – Componentes que são afetados com as anormalidades 88

Tabela 3 – Critérios para a estatística de anormalidades 197

Tabela 4 – Aspecto temporal nas aplicações práticas 105

Tabela 5 - Rotinas operacionais que provocam incidentes e que impactam o meio ambiente

117

Tabela 6 – Relação entre ação localizada – ALO e investigação, hipótese e melhoria 137

Tabela 7 – Relação entre evento, área e objetivo local 138

Tabela 8 – Medição de resultados, por objetivo 141

Tabela 9 – Processo UPI 173

Tabela 10 – Processo UA 174

Tabela 11 – Processo de P no Caso 3 187

Tabela 12 – Cadeia de anormalidades no Caso 3 191

Tabela 13 – Itens de controle para acompanhamento no Caso 3 192

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Revisão de procedimentos Quadro 2 – Etapas para a revisão de procedimentos no horário de turno e no administrativo Quadro 3 - Atitudes e situações corretas e incorretas operacionais Quadro 4 - Custos ou perdas na operação devido a anormalidades no processo Quadro 5 – Cronograma de implantação da metodologia Quadro 6 – Cronograma de implantação dos casos 2 e 3 Quadro 7 – Tópicos para manutenção do padrão Quadro 8 – Resultados da metodologia de caso

114

115

130

156

169

170

202

215

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AEP Acompanhamento Estatístico de Processos

ALO Ações localizadas - Ações realizadas após análise das anormalidades apresentadas no REA. Ações diretas sobre a planta industrial.

AUDIL Auditoria de Ordem e Limpeza, onde são levantados aspectos importantes da rotina da operação que podem impactar o meio ambiente e a higiene no trabalho. Uso de MCA.

AUDIP Auditoria de efluente em canaletas, onde são feitas análises químicas para definir os componentes das correntes de efluente orgânico e, através de balanço de massa, verificar os principais contribuintes para provocar efluente fora de padrão.

AUDIP-O Auditoria pontuada em canaletas de sistemas orgânicos

AUDIP-P Auditoria pontuada em canaletas de sistemas pluviais

CEP Controle estatístico de processos - Regras e procedimentos para controlar o processo. Envolve a implantação de cartas de controle

DIPEA Dissecação de processo a partir de eventos anormais

DQO Demanda química de oxigênio

EDUC Programa de educação ambiental no “chão de fábrica”

EMIFU Tratamento de emissões fugitivas

ENVOP Environmental operation - Procedimento criado por Isalski (BP) e adaptado na dissertação para análise de risco ambiental.

EVA Estatística de eventos anormais - Técnica que identifica o número de eventos anormais por setor, por equipamento, ou por turno.

EVOP Evolutionary operation - Método apresentado por Juran e adaptado para desenvolvimento de testes em operação normal

MCA Mapa de controle ambiental

MEA Mapa de eventos anormais - Forma de registrar anormalidades de processo em árvores com relações entre si

MP Matéria-prima para o processo, entrada, input

MS Matéria sólida

MULT Programa de preparação de multiplicadores de conhecimento

PADOP Padronização da operação - Critérios e procedimentos prevendo padrões ideais e manutenção dos padrões

PDCA Técnica para a solução de problemas que inclui Planejamento (P), Ação (D), Controlar (C), Padronizar (A)

REA Relatório de eventos anormais - Relatório que apresenta as várias cadeias de anormalidade com fatores causais, cíclicos,...

RES Matriz de responsabilidade sobre resíduos, técnica para gerenciamento de resíduos sólidos.

ROTLIM Rotinas limpas - Procedimento para avaliar quais as rotinas operacionais que impactam o ambiente e tratar das ações preventivas

SO Sistema de efluente orgânico.

TA Treinograma de Azoubel - Metodologia que visava acompanhar o desenvolvimento dos empregados da RLAM /Petrobrás.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. ANTECEDENTES

Esta dissertação de mestrado - “Metodologia para minimizar efluente na fonte

a partir da investigação de anormalidades operacionais: casos da indústria

química” - foi desenvolvida e sistematizada junto a um grupo de profissionais de três

empresas do Pólo Petroquímico da Bahia (Casos 1, 2 e 3) envolvendo as áreas de processo,

operação e controle ambiental e teve como objetivos mais emergentes o desenvolvimento de

metodologia específica com vista a conscientização e mobilização de profissionais da

indústria para aplicação prática em plantas químicas e petroquímicas a partir da identificação

de eventos anormais.

Investigar é a palavra-chave deste estudo onde se pretende revelar uma proposta de

mudança que, se adotada por empresas, impulsionará a qualidade de vida em direção a

melhores dias. Os mapas, as tabelas, os gráficos, os diagnósticos e os relatórios serviram para

sistematizar os controles advindos das investigações de anormalidades, embasando o agir no

processo de busca a solução de problemas identificados.

A dissertação está organizada em seis capítulos e se encontra estruturada da seguinte

forma: uma introdução em que constam os objetivos gerais e específicos e as características

da metodologia usada na pesquisa; a análise crítica da literatura contendo o estado da arte; em

seguida apresenta-se a metodologia diferenciada a qual foi criada pelo autor vindo a

constituir-se em objeto da dissertação. O quarto capítulo traz a aplicação da metodologia e,

em seguida, apresentam-se os resultados da investigação. Finalmente, o capítulo que contém

as considerações finais e as recomendações.

Ao longo da dissertação encontram-se as citações bibliográficas e várias ilustrações,

formando um total de 20 figuras, 13 tabelas, 8 quadros e, ainda, um apêndice com a descrição

de três casos.

Page 16: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

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1.2. ASPECTOS GERAIS

Imagine que a vida é uma viagem no tempo e no espaço e que o Planeta Terra é o

meio de transporte que propiciará ao homem recursos para se construir caminhos.

Considerando o transcorrer da vida uma viagem, a humanidade dela depende como de

um bem único, daí porque a necessidade de rever valores que impliquem em melhoria das

políticas de convivência.

Há fontes gerando energia para todo o planeta e o ser humano é o seu maior

beneficiário. A água é das mais preciosas e, mal utilizada, tem destino conhecido, implicando

na sua falta em futuro próximo. Adotar um comportamento socialmente adequado em termos

ambientalistas poderá evitar maiores danos ao prejuízo já instalado.

A degradação e o comprometimento dessa fonte foram intensificados, ao longo do

tempo, pelo uso descontrolado em sociedades cujas economias têm um cunho individualista e,

portanto, agressivo com o coletivo. Após tantos anos sem a convivência ambiental, depois de

tantos problemas criados pelas economias selvagens, como alterar este quadro?

Compete ao homem manter a natureza viva, inclusive a sua própria espécie, este é o

desafio!

O que existe não pode e nem deve ser esquecido, carece, sim, de registro, estudo e

avaliação buscando-se novas proposições que possam reverter ou que impeçam o estancar da

vida. Neste sentido, surgem opções técnicas para melhorar a qualidade de vida, tais como:

ecologia industrial, turismo verde, desenvolvimento sustentável, selos ecológicos,

certificações voluntárias, tecnologias limpas, técnicas de remediação de áreas degradadas,

políticas globais, consciência ecológica e social, e outras. Entretanto, a diversidade dos

problemas e das culturas existentes no planeta Terra exige maneiras simples de se trabalhar

para corrigir o que não se pode parar (plantas em operação) e criar novas formas para o que

deve funcionar (plantas em projeto).

Ora, se toda atividade tem um ciclo processual onde se inicia, se transforma, se

agregam valores, se movimenta mercadoria, se consome e, se dispõe o produto após

utilização, é natural que eventos ocorram na rotina destas atividades. O conhecimento da

rotina destes eventos é que irá facilitar o desenvolvimento de métodos voltados para oferecer

soluções a situações que impactam o meio ambiente.

Page 17: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

15

A sociedade está cada vez mais crítica na escolha por produtos e na convivência com o

meio produtivo; assim, a mesma passou a ser o terceiro elemento ativo nas avaliações

necessárias para um desenvolvimento econômico com menos impactos ao espaço físico em

que habita.

Para lançar um produto no mercado, o projeto de processo e do produto acabado é

obrigado a atender requisitos ambientais e deve ser viável economicamente, garantindo

resultados para os investidores.

Aplicar projetos de tecnologias limpas para processos produtivos é campo de atuação e

pesquisa de muitas universidades e empresas prestadoras de serviço e envolve,

principalmente, a criação de sistemas e de equipamentos que atendem à função desejada com

um mínimo de impacto ao meio-ambiente.

Paralelo ao conhecimento das leis que regem o lançamento de um produto no mercado

e a aplicabilidade de tecnologias limpas para processos produtivos, os empreendedores da

indústria precisam estar atentos para o fato dos sistemas e equipamentos serem operados por

seres humanos sujeitos a comportamentos e culturas peculiares.

O produto gerado e decorrente da utilização de habilidades e conhecimentos desses

profissionais deveria ser, no projeto, o seguimento natural dos princípios de minimização de

efluentes.

Muitas metodologias têm sido desenvolvidas e aplicadas para o projeto de novos

sistemas a partir de dados coletados nos processos e de modelos matemáticos

fenomenológicos, contudo, pouca atenção é dispensada aos relatórios operacionais, gerando

evasões desnecessárias e perda de tempo.

Para comparar eventos ocorridos na rotina com o que é programado pela tecnologia de

processo e de produto, visa-se identificar distúrbios que podem tratados e ou corrigidos.

Assim, pretende-se inserir, neste trabalho, com base em informações geradas pelos

operadores durante a sua rotina de trabalho, aspectos investigativos que resultam em

conhecimento utilizável para sustentar os projetos de produção limpa e, dessa maneira

valorizar as soluções internas advindas da rotina de operação da indústria.

Uma questão impõe-se: E se, por exemplo, um pacote tecnológico, com garantia

desejada de performance desejada em termos de lançamentos dos efluentes for instalado?

Page 18: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

16

Para atender às expectativas de produção limpa, é necessário atuar sobre o processo e

sobre o homem. É necessário criar tecnologia de experiências baseadas na rotina operacional

e no conhecimento da prática. Este é o caminho mais curto e mais seguro para resultados

efetivos do meio industrial em relação ao meio ambiente.

Além disto, atuar no desenvolvimento de tecnologias dentro desse âmbito, torna-se

sensivelmente mais barato do que comprar pacotes tecnológicos que nem sempre são

customizados para o cliente, ou seja, quando aplicados não trazem os resultados esperados.

1.3. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

O principal objetivo do presente trabalho é apresentar uma nova metodologia

desenvolvida no bojo desta dissertação (DIPEA) que promova a minimização de efluentes na

fonte. Baseada em técnicas, que foram testadas e aplicadas em casos reais da indústria, tais

como a construção do mapa de eventos anormais (MEA), a estatística de eventos anormais

(EVA), o acompanhamento estatístico de processos (AEP), a ação localizada no campo

(ALO), a revisão de procedimentos operacionais e definição de padrões por função ou por

atividades (PADOP). Pretende-se, também, aprofundar a análise de literatura na área

incluindo temas relativos ao acompanhamento de processos, gerenciamento da rotina,

diagnóstico ambiental.

Para a academia, contribui-se com a criação de método investigativo das

anormalidades onde as informações oriundas da rotina são consideradas como fragmentos de

uma história a ser compreendida e contada.

Para as instalações industriais que aplicarem esta metodologia, os objetivos

específicos a serem alcançados são: estabilizar o processo, melhorar a qualidade do produto

acabado, aumentar a continuidade e carga da planta, suavizar os custos de produção, acrescer

a disponibilidade dos equipamentos, diminuir os custos de manutenção, melhorar a qualidade

do efluente líquido e do ambiente de trabalho, reduzir o refazimento do trabalho, melhorar a

imagem da empresa, ampliar a satisfação dos clientes e minimizar os impactos ambientais

negativos.

Page 19: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

17

1.4. CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS DA METODOLOGIA

Esta é uma metodologia que pretende atingir seus objetivos a partir de ações de baixo para

cima (down-top), ao contrário das metodologias gerenciais que trabalham na linha de

definição de políticas e diretrizes. Uma vez estabelecido o compromisso com o pessoal de

chão de fábrica, a efetividade dos resultados fica garantida.

A anormalidade de processo é o insumo para o trabalho de pesquisa, divergente o bastante

das metodologias clássicas concentradas na normalidade. A anormalidade é estudada sob

ângulos diversos e algumas técnicas são desenvolvidas para promover a construção de um

conhecimento a partir da história não formalizada.

A cadeia de anormalidades no processo não existe formalmente ou visivelmente, pois a

equipe de operação, ou de engenharia, está preocupada em estudar o problema a partir de

sua normalidade perdendo a oportunidade de entender toda a história ou etiologia do

problema. A metodologia pretende tornar formalizado o que é informal, ou trazer para o

campo do visível o que está no emaranhado das diversas opiniões dos operadores e

engenheiros.

A intenção com o desenvolvimento desta metodologia é deixar clara a causa-raiz,

justificando a razão do acontecimento da anormalidade e viabilizando então a preparação de

uma matriz preventiva, dando tratativas devidas ao problema identificado, e não apenas o

tratamento em relação às conseqüências do problema.

Enquanto no PDCA (planejar, executar, controlar e auditar) tratam-se os sintomas

buscando a ponta do “iceberg”, no DIPEA busca-se o conhecimento do corpo do “iceberg”

promovendo a sua remoção. No DIPEA faz-se uma investigação sobre as causas originárias

do problema.

A visão conquistada com a implementação da metodologia inclui aspectos educacionais e

culturais respeitando-se os valores dos indivíduos inseridos no contexto do trabalho.

Page 20: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

18

1.5. METODOLOGIA DE PESQUISA

Procedimentos:

A principal técnica de pesquisa utilizada para desenvolver esta dissertação é a

Pesquisa-Ação. Os passos iniciais dão-se pelo conhecimento das informações disponíveis,

pela aplicação de algumas hipóteses levantadas e verificação do resultado dessa intervenção.

Constituída a base, reinicia-se outro ciclo de pesquisa na conquista de novos conhecimentos

(Szenészi, 1982). O feedback contínuo e a aplicação da técnica na forma experimental criam

consistência na metodologia e tornam possível a correção de problemas durante a aplicação.

Na sua dissertação, Szenészi informou que o método de Pesquisa-Ação era originariamente

utilizado para se buscar a solução de problemas enfrentados por grupos sociais, e, para tanto,

necessitavam de pesquisas cujos resultados de fato concorressem para as soluções. Szenészi

lançou-se então a pesquisar sistemas sociais reais no lugar de sistemas criados

experimentalmente. Revela-se assim, vantagem do método: aprender o processo social a partir

de intervenções na realidade.

Esta dissertação foi preparada com base em levantamentos e estudos que já duram

mais de uma década. Durante este período, foram levantados dados e criadas técnicas que

aparentemente pareciam isoladas, mas não, pois o dia-a-dia mostrou o contrário. Tais técnicas

formavam uma metodologia que inicialmente atendia à meta de estabilizar os processos de

plantas industriais. Para desenvolver a metodologia e as técnicas aqui utilizadas foi necessário

acrescer outras formas de pesquisa.

Todas as técnicas desenvolvidas foram testadas em plantas químicas e petroquímicas.

As condições dos testes foram diversas e o autor da dissertação atuou como funcionário nas

empresas onde foi implantada referida metodologia. Sendo assim, existem certos limites

quanto ao uso de dados reais e apresentação dos resultados com vistas a manter o sigilo

necessário.

A fase inicial, constituída do levantamento estatístico e conhecimentos de processo,

envolveu principalmente pesquisa em literatura técnica, levantamento de artigos em

seminários e congressos, entrevista a consultores, gerentes e técnicos no intuito de serem

esclarecidas as dúvidas.

Em etapa posterior, envolvendo pesquisa de ocorrências anormais, foi desenvolvido

método para levantar, processar e interpretar os dados. Denominado de mapeamento de

Page 21: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

19

anormalidades, possibilita recompor fragmentos de fatos ocorridos no tempo e que tendem a

se perder nas análises pontuais. A pesquisa sobre as anormalidades de processo e operacional

foi potencializada a partir de ocorrências fragmentadas obtendo-se, através da recomposição,

o real fluxo das histórias.

O acompanhamento estatístico de processo contribui sobremaneira na pesquisa das

relações entre os parâmetros de processo para verificar mudanças de variáveis buscando

melhorias. Por outro lado, a pesquisa de campo foi marcante quanto à definição de ações

direcionadas a encaminhamentos mais ativos e eficazes, concluindo-se que as pesquisas de

processo e operação estão intrinsecamente ligadas. A estabilidade do processo trouxe, como

conseqüência, redução dos impactos ambientais.

Nesta etapa, foram utilizados métodos de pesquisa de campo direcionados à questão

ambiental. Exemplo disso é a técnica de auditoria em efluente orgânico, que se baseia em

coleta de amostras, análise de efluente e balanço de massa utilizando premissas de processo.

No caso de emissões fugitivas, a coleta de informações no campo envolve tanto conhecimento

pleno das atividades operacionais, quanto - precedida de testes e mudanças de procedimento -

nova definição de pontos no processo onde são coletadas as informações sobre contaminação

ambiental.

O rastreamento visual utilizando mapa de controle ambiental facilita as auditorias de

ordem e limpeza e a organização dos resíduos sólidos em áreas preparadas e pavimentadas

(BOX) para recebê-los.

Utiliza-se, em toda a pesquisa de campo, a interação entre fatores alterados e respostas

do processo que, por sua vez, alteram o ambiente que está sendo pesquisado, sendo

necessários novos fatores para que se coletem novas respostas.

Para atingir o conhecimento dos perfis existentes na equipe de operação e de como a

comunicação é trabalhada por esta equipe, foi necessário o desenvolvimento de pesquisa das

informações a partir de simulação de sinais (informações simuladas) cujo objetivo era avaliar

a sua trajetória junto à equipe de produção. Este método de pesquisa baseia-se em testes não

programados e dá uma idéia de como funciona a rede informal de comunicação na equipe de

operação.

Para finalizar, a pesquisa na Internet foi intensa e auxiliou na construção do banco de

dados e do corpo de informações necessárias para a construção do presente trabalho.

Page 22: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

20

Sendo bastante amplo o tema desta dissertação e atento ao risco de se estender ou

divagar em assuntos que não estariam acrescentando saber à ciência e à tecnologia atuais foi

escrita, de forma resumida uma lauda sobre os tópicos diversos da dissertação dando-se

direcionamento, pelo correio eletrônico, para endereços nacionais e internacionais de pessoas

envolvidas com a área de processo, operação e ambiental. Significativas foram as respostas

oriundas do Brasil e Europa e contribuíram positivamente na construção da dissertação.

Page 23: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

21

2. ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA

2.1 ESTADO DA ARTE

Para compor o estado da arte da metodologia de minimizar efluentes na fonte faz-se

necessário articular assuntos diversos da administração de produção, gerenciamento de

equipe, qualidade, estatística e meio ambiente. O levantamento bibliográfico é extenso e

composto de livros, monografias e artigos coletados através de colaboradores e sites na

Internet.

A análise inicia-se pela apresentação de uma literatura motivadora e tecnicamente

apropriada para desenvolver o tema. Em seguida, são apresentados textos relacionados à

investigação de ocorrências anormais: método de investigação de problemas “espinha de

peixe”, teoria apresentada no livro Síndrome do Palheiro (Goldratt, 1991), método de

investigação de problemas de segurança HAZOP - árvore de falhas e textos sobre as

ferramentas estatísticas utilizadas na implantação de programas de qualidade.

No item referente ao acompanhamento estatístico de processos, apresentam-se a teoria

do Controle Estatístico de Processo e as funções do engenheiro de acompanhamento de

processos. E, em diagnóstico operacional, textos sobre o tipo de trabalho executado na

operação do chão de fábrica. Também são citados métodos diversos de avaliação de

incidentes e acidentes na operação de fábrica.

No trabalho de rotina da produção, são apresentados textos sobre as funções e

responsabilidades dessa equipe, tais como avaliar as necessidades de melhoria no perfil da

equipe de produção; os princípios apresentados pelo método TPM (Total Productivity

Maintenance) quanto à interface entre os serviços de manutenção e de operação; alguns

princípios básicos sobre Tecnologias Limpas na produção e determinados métodos que

seguem a melhoria na rotina (Total Quality Control).

Na abordagem de técnicas de diagnóstico ambiental, alguns textos apresentados no

Curso de Gestão Ambiental da UFBA são discutidos, entre os quais se encontram: o uso de

mapas para o estudo de licenciamento ambiental; a análise de risco ambiental apresentada

pela British Petroleum (Isalki, 1995); diversos métodos para controle e minimização do

Page 24: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

22

efluente líquido na indústria; alguns artigos sobre emissões fugitivas na indústria; casos sobre

o controle de resíduos sólidos e, finalmente, várias técnicas de auditoria ambiental.

A manutenção dos padrões atingidos é descrita através de textos diversos inclusive de

casos apresentados pela Petrobrás Outro tema analisado é a formação de lideranças na equipe

onde são citadas várias regras e implicações (Juran, 1990). Sobre trabalho de equipe,

consultaram-se vários textos a respeito da técnica Processo Modulado de Auto-implantação –

PMA, da Qualidade Total.

2.2 MOTIVAÇÃO

Os operadores que executam tarefas na indústria são condutores de cargas de material

modificado pelas tecnologias e manipulam gradientes de temperatura e pressão. Ou seja, estes

profissionais podem provocar atos com grandes efeitos sobre a natureza. A sua participação é

fundamental para minimizar e conter os efeitos negativos que o progresso pode provocar no

meio ambiente. As empresas dependem sobremaneira de suas rotinas operacionais para

garantirem produção limpa, com geração mínima de efluentes líquidos, sólidos e gasosos.

Se fosse estimado o impacto causado ao meio ambiente pelas operações de rotina ter-

se-iam surpresas positivas e negativas. Uma seria que o controle sobre a emissão de poluentes

depende principalmente do homem que opera a planta industrial; a outra, que a emissão de

poluentes de qualquer tipo, em qualquer estado, é maior do que se apresenta na literatura

(Ávila e Santos, 1998).

Mas não é só o operador o responsável pela performance das unidades industriais; os

operadores executam suas atividades a partir de diretrizes gerenciais, de procedimentos

operacionais, utilizando sistemas e equipamentos através da aplicação de ferramenta

estatística de processo. As ações desenvolvidas para minimizar efluentes na fonte dependem

de líderes e estes precisam estar qualificados para exercer este papel.

Os engenheiros químicos, como cidadãos e profissionais que estão face a face com a

evolução social, devem estar cientes de suas responsabilidades (Mendes, 1986) no momento

de planejar, projetar, operar e controlar processos químicos que interagem diuturnamente com

o meio ambiente. Mendes evidencia, além disso, que o planejamento de processos tem tanta

importância quanto à execução.

Page 25: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

23

Segundo Deming, (1982), na administração de empresas, a estatística demonstra como é

possível alcançar a otimização de sistemas. O gerenciamento de um sistema exige o conhecimento

das inter-relações entre os seus diversos componentes e das pessoas que trabalham nele. Diz ainda

que, para haver otimização da organização enquanto sistema, a mudança de seus objetivos é

esperada, podendo, por conseguinte, influenciar na mudança das funções dos componentes.

Toda e qualquer transformação requer o estabelecimento de novas metas, diretrizes e

princípios. No caso das mudanças que dependem do trabalho dos executores é um bom

começo adotar as idéias apresentadas por Deming.

O Controle de Processo é a essência do gerenciamento em todos os níveis hierárquicos

da empresa, desde o presidente até os operadores Para atingir o controle, é necessário

compreender o relacionamento causa-efeito das anormalidades e é fundamental que o

empregado da empresa possa assumir suas próprias responsabilidades, criando assim as bases

para o gerenciamento participativo (Falconi, 1992).

O mesmo autor incentiva o rompimento com o passado no senti de promover a

melhoria contínua, sem fim. Ele afirma que romper é abandonar práticas gerenciais

ultrapassadas.

Embora Falconi considere que o lucro imediato é uma prática ultrapassada, a maioria das

empresas não considera assim, e vem desenvolvendo formas cada vez mais rápidas de auferir

lucros crescentes. A filosofia de gerenciamento baseada somente em lucros pode provocar ações

gerenciais que afetem negativamente o meio ambiente Embora o lucro seja meta de todo

empreendimento, não deve ser obtido a qualquer custo e há que se pautar por princípio ético.

Todo trabalho de Gerenciamento da Rotina consta do estabelecimento, manutenção e

melhoria dos padrões de qualidade, de processo e de procedimentos da operação (Falconi,

1992). Assim, é essencial que se mantenha um sistema de padronização montado na

organização.

Algumas empresas utilizam o sistema de padronização baseado na Norma

Internacional da ISO (International Standardization Organization) ou da BS (British

Standardization). A utilização de normas voluntárias como requisitos para transações

comerciais no mercado globalizado não garantem o resultado econômico e o respeito ao meio

ambiente.

Page 26: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

24

A implantação dos Programas de Qualidade baseados na literatura de Deming ou de

Falconi depende do nível de integração entre os valores do indivíduo que trabalha e a cultura

da empresa. Uma organização em pleno crescimento reflete os valores do homem, enquanto

as atitudes do mesmo se igualam à política e procedimentos da organização. O resultado é a

instalação de uma sinergia satisfatória de ambas as partes, concluindo-se que “o homem é a

organização”, (Ávila, 1995a).

2.3 INVESTIGAÇÃO DE OCORRÊNCIAS ANORMAIS

Utilizaram-se, na elaboração desta dissertação, alguns princípios e ferramentas da

qualidade apresentadas por vários autores em momentos diferentes do desenvolvimento

científico e tecnológico. Dentre as ferramentas, o diagrama de causa-efeito (Nalco, 1992), que

apresenta semelhanças com o Mapa de Eventos Anormais - MEA, cujo mérito é o de atribuir

importância a experiências passadas que influenciam a procura das causas.

Dentre as várias técnicas apresentadas por Brassard (1985), foram utilizados o

Fluxograma, o Diagrama de Pareto, o Diagrama de Causa e efeito ou Diagrama de Ishikawa, a

Lista ou Folha de verificação, a Carta de tendência e as Cartas de controle. Em relação a

Fluxograma de processo, Brassard cita que, além de representar graficamente todos os passos

e suas inter-relações, esta ferramenta auxilia na identificação de problemas relacionando o

fluxograma atual ao de etapas a serem seguidas.

Os fluxogramas podem ter uma infinidade de símbolos para descrever suas etapas e a

construção do fluxograma de processo deve ser feita durante a identificação das suas etapas

(Grimaldi, 1996). Seu uso é destinado à formalização dos processos, bem como nos

momentos de análise e melhoria, quando se busca a padronização, o evitar a sobreposição de

papéis, a diminuição de registros e controle excessivos, a análise do valor agregado, a redução

do tempo de ciclo e a eliminação das variações.

Neste ponto vale a pena ressaltar que os fluxogramas de processos auxiliares facilitam

a interpretação dos problemas; assim, muitas vezes as utilidades, a inertização, as linhas de

reciclo, que são considerados processos auxiliares, também são responsáveis por várias das

anormalidades investigadas.

Page 27: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

25

O diagrama de Pareto é utilizado para ressaltar a importância relativa entre os vários

problemas - condições, ações -, no sentido de se escolher o ponto de partida para a solução,

para avaliar um progresso ou identificar a causa básica. Serve, inclusive, para escolha de

prioridades onde o maior percentual de erros e seu custo são originados de poucas causas

(Brassard, 1985).

A folha de verificação é uma tabela simples de contagem que indica a freqüência em

que certos eventos ocorrem (Brassard, 1985). Por seu intermédio sabe-se dos erros no sistema

e colhem-se subsídios para reflexões conclusivas a cerca da importância de cada evento.

Importa, de igual modo, no uso que se lhe faça para sensibilização das equipes envolvidas

com o Programa da Qualidade (Grimaldi, 1996).

2.3.1. Dissecação de processos a partir de Eventos Anormais - DIPEA

Retomando a abordagem a respeito de ferramentas estatísticas, o Diagrama de

Ishikawa ou Espinha de Peixe ou Causa-efeito (Brassard, 1985) foi desenvolvido para

representar a relação entre o efeito e um elenco de possíveis causas que podem contribuir para

o resultado em questão. O Diagrama desenhado ilustra claramente as várias causas que afetam

um processo, tanto por classificação, como por relação das causas. Para cada efeito existem,

seguramente, inúmeras categorias de causas.

Embora o Diagrama de Ishikawa contribua na investigação de problemas na operação,

não se presta à análise temporal. Caso a situação problemática seja complexa, cíclica, com

eventos interligados, sua aplicação torna-se inviável.

As dificuldades de garimpar (identificar) informações confiáveis num oceano de dados

são acentuadas e, para dificultar a situação, a diferença entre dados e informes baseia-se na

sua relação com a decisão requerida, intuitivamente, significando isto que a informação é uma

parcela do que é importante para as decisões a serem tomadas (Goldratt,1992). Outra vertente

é a utilização, nas áreas de engenharia e administração, de técnicas de análise

multidimensional com um número elevado de dados. O mesmo autor discute a forma de

identificar a restrição de um sistema e trabalha com análises abstratas difíceis de serem feitas

na realidade. Ele confirma que é um desafio contínuo a busca pela redução das perturbações

de processo cujas ocorrências se dão de forma diferente em cada período e em cada situação.

Page 28: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

26

Sendo um desafio, faz-se necessário criar meios de proteção que garantam as metas de fluxos

e resultados através do uso inteligente e sensível do conhecimento e utilizando os recursos

disponíveis de forma responsável. Desafios solicitam contemplação e análise, reajustes, re-

elaboração de metas, mudanças que impliquem na não repetição de erros e, obviamente,

resultados. É valioso, portanto, estar-se atento e aberto às variações pois são elas fortes

chamados ao investimento adequado em inovações tecnológicas.

O Mapa de Eventos Anormais - MEA é uma técnica que ajuda a entender as variações

que fazem parte do processo (Ávila, 1994a). O formato deste Mapa quando elaborado foi

baseado no formato da espinha de peixe de Ishikawa, mas, à medida que foi sendo aplicado,

notou-se a necessidade de complementar os eventos com as possíveis relações causais ou

cíclicas ou de sinergia, bem assim situar onde adequar o mapa para que se viabilize a

interpretação da cadeia de anormalidades.

O MEA, depois de finalizado, assemelha-se a uma teia com fios que se cruzam

formando, ou não, conexões, ou talvez a uma rede neural com energias pulsantes que são

geradas na ordem do caos, permitindo, ou não, a previsão das anormalidades e das

probabilidades (Souza, 1999).

Os líderes bem sucedidos costumam ter adequado pensamento sistêmico. Eles se

preocupam menos com os fatos do dia-a-dia e mais com as tendências e forças de subjacentes

mudanças (Senge, 1993). Ele sugere que os líderes aprendam a distinguir as complexidades

dinâmicas das complexidades de detalhes. A complexidade de detalhe existe quando há

muitas variáveis. As anormalidades são consideradas fragmentos de informação de uma

história e, podem ser partes complexas do detalhe. A história construída a partir das

anormalidades, indica a complexidade dinâmica (Ávila, 1994a).

2.3.2. Análise Estatística de Eventos Anormais

A palavra “estatística” tende a conduzir o pensamento para taxas de acidente, índices

de consumo, e outros. Esta parte da estatística é denominada descritiva e compreende a

organização, o resumo e, em geral, a simplificação de informações que podem ser muito

complexas A finalidade é tornar mais simples o discutir, o entender e o relatar das coisas, para

facilitar a tomada de decisão. A estatística de probabilidade está relacionada à avaliação de

Page 29: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

27

situações que envolvem o acaso. Um outro ramo da estatística é a inferência que diz respeito à

análise e interpretação de dados amostrais (Stevenson, 1986).

No caso da Estatística de Eventos Anormais, conforme indicado nesta dissertação, faz-

se avaliação de tendências e probabilidades. Utiliza-se, portanto, da estatística descritiva e de

probabilidade, cuidando em se avaliar a anormalidade, localizando as áreas e equipamentos

onde ocorre maior quantidade de eventos.

2.3.3. Avaliação de Risco

HAZOP é uma técnica de análise de sistemas que, baseada em um procedimento e de

maneira estruturada, produz questionamentos através de um conjunto apropriado de palavras-

guia. É uma técnica desenvolvida com a finalidade de identificar e avaliar perigos (problemas

de segurança) em uma planta de processos, além de problemas de operabilidade que poderiam

comprometer a habilidade da planta em atingir a produtividade prevista no projeto (Pinto

Leite, 1998).

Nesta pesquisa HAZOP é comparada com a metodologia de Dissecação de Processos a

partir de Eventos Anormais - DIPEA, que é a essência desta dissertação. Em termos

conceituais, os métodos têm finalidades semelhantes, mas quando se consideram os

procedimentos adotados, notam-se diferenças acentuadas entre as duas. A técnica de HAZOP

separa, completamente, cada evento de falha no processo como sendo único, sem interligação

com os demais. A DIPEA, por outro lado, faz a análise da relação entre os fatores

operacionais de eventos, afastado-os por período de tempo.

É importante afirmar que os dados necessários para desenvolver o HAZOP, em

determinada área ou operação, também são utilizados no desenvolvimento da DIPEA, muito

embora que, para implantar este segundo método, sejam necessários mais dados e de forma

abrangente em função do tempo.

Conclui-se, por conseguinte, que HAZOP é uma ferramenta que avalia os problemas

de processo isoladamente, enquanto que a DIPEA é uma metodologia processual que

investiga os problemas de forma global e procura sugerir ações diversas para minimizar os

problemas. A maior parte das ações na DIPEA é de natureza processual, de acompanhamento,

de identificação; embora haja ações executivas identificáveis com o método HAZOP.

Page 30: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

28

Ainda com referência à metodologia HAZOP, a decisão sobre a necessidade sobre

alteração de processo ou de procedimento está baseada no risco de cada causa de desvio. No

caso da DIPEA, os critérios de análise quanto às prioridades de ação incluem o risco de

impacto ambiental; contudo levam em conta fatores como eventos ligados à reação química

ou a linhas de reciclo que influenciam diretamente todos os demais amarrando, assim, uma

relação de fatores sinérgicos.

Outra técnica utilizada abundantemente na área de segurança é a análise de árvore de

falhas ou FMEA, cujo objetivo é identificar as deficiências de projeto e operação por meio de

modelagem de falhas relacionadas a análise de suas ocorrências. Uma análise dessa árvore

inclui a identificação do evento principal, a simulação de todas as fontes que possam provoca-

lo, a definição das taxas de falha apropriadas para todas as fontes, o cálculo de freqüência do

evento em foco e avaliação da aceitação de freqüência desse mesmo evento.

Na análise da árvore de falhas há preocupação em quantificar, simular, modelar, mas

esquecimento que os processos são dinâmicos e os problemas não se repetem sempre da

mesma forma. Por outro lado, a análise de Dissecação de Processos a partir de Eventos

Anormais - DIPEA é metodologia processual, analítica, que envolve a identificação e

discriminação da causa - raiz dos eventos principais e secundários interligados.

2.4. ACOMPANHAMENTO DE PROCESSOS

O campo de atuação do engenheiro de processos é amplo e diversificado. Ele atua na

linha de operação, controle de produção e acompanhamento de processos. O grupo de

operação preocupa-se com a execução, com o estudar e elaborar procedimentos; elaborar

planejamento e instruções para liberação e retorno da planta à produção; gestão e treinamento

de pessoal; acompanhamento dos serviços de manutenção e outros (Saraiva, 1990). O grupo

de processo é capaz de usar dados cumulativos da planta e processá-los para obter tendências,

médias e conclusões. Estes dados são base para desenvolvimento de melhorias de processo

para novos projetos ou de ajustes no projeto atual. O engenheiro de cada grupo é responsável

pela garantia da continuidade operacional, aumento de produtividade, redução do consumo de

energia e segurança ocupacional e de equipamentos.

Page 31: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

29

Não existe, porém, divisão clara entre processo e operação; as atividades são

desenvolvidas pelo engenheiro da planta, ou engenheiro de produção, confirmando a

tendência de análise do problema de forma multidisciplinar.

2.4.1 Atividade de Acompanhamento de Processos

A principal atividade de acompanhamento de processos na indústria é coletar dados e

informações que permitam o monitoramento adequado das variáveis operacionais e

recomendar medidas para melhoria de desempenho (Saraiva, 1990).

Esta atividade poderia desenvolver-se dentro de parâmetros ideais não houvesse a

política interna entre pessoas, setores ou departamentos, a trazer entraves na comunicação

entre a área operacional e de processo. A falta de definição de prioridades do grupo prejudica

sensivelmente o trabalho de acompanhamento de processo (Ávila, 1994a). Para algumas

empresas, a principal atividade do acompanhamento é a preparação de relatórios mensais que

tentam demonstrar melhorias muitas vezes inexistentes, com abordagens distanciadas e à

revelia da necessidade constante de melhorias na operação (chão de fábrica) que podem não

ser conhecidas por falta de comunicação ou problemas de política interna.

Em documento administrativo de Empresa Y (1990), foram descritas as atribuições e

atividades do engenheiro de acompanhamento de processo da qual fazem parte: fazer análise

crítica da unidade envolvendo ocorrências relevantes da rotina, observar carga e limites da

planta, motivos de inter-rompimentos e sugestões; registrar principais variáveis de processo e

dar o tratamento estatístico devido; acompanhar estatisticamente as principais variáveis

analíticas da planta e qualidade de insumos e produtos; acompanhar índices de consumo e

eficiência de equipamentos, e outros.

Esta descrição de acompanhamento de processos é incompleta. A atividade, por ser

dividida funcionalmente, acaba perdendo o “corpo” do todo que é o processo. O importante

não é manter o acompanhamento sobre todos estes itens; o essencial é percorrer o “site” e

investigar no processo pontos de descontrole, visando a obtenção de dados e informações

coletados na rotina e que favoreçam, de forma específica, focar a atenção em testes com

objetivo claro de melhoria.

Page 32: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

30

2.4.2 Técnica de Controle Estatístico de Processos – CEP

Uma poderosa ferramenta de apoio utilizada para manter o processo controlado e

estável é Controle Estatístico de Processos, que seguindo sugestão contida na sua

denominação, significa a aplicação de técnicas estatísticas para medição e análise da variação

dos processos. Também acessível encontra-se o Controle Estatístico da Qualidade que vem a

ser a aplicação de técnicas estatística para medição e melhoria da qualidade dos processos

(Juran, 1988), ver a Figura 01.

Na verdade, quando se avalia a variabilidade dos processos, informações são reunidas

objetivando a promoção de melhorias da rotina de execução, que podem ser grandes ou

pequenas, mas significativas. As melhorias podem vir compor novos processos provenientes

da análise estatística de restrições no antigo processo.

Existem dois tipos de variações: as inerentes ao processo e as variações intermitentes

provenientes de eventos específicos (Juran apud Shewhart, 1988). As cartas de Shewhart,

apelidadas de cartas de controle, foram amplamente utilizadas a partir de 1940. Estas cartas

descrevem o comportamento da média dos limites estatísticos no gráfico principal. Já no

gráfico auxiliar é plotada a variação da faixa dos valores ou range encontrados na medição.

Apesar das cartas de controle representarem o processo com suas variações,

comportamento, tendências e restrições, Ávila (1994a) acredita que esta carta é de difícil

implantação e análise na rotina da operação. Além disto, ele prefere utilizar o desvio padrão

ao invés de faixa para descrever a variabilidade em função do tempo.

Quanto ao parâmetro plotado, existem regras diferenciadas para cada tipo. Assinala-se,

todavia, que as regras estatísticas prejudicam as avaliações devido à imutabilidade do modelo

(Juran, 1988). Os operadores perdem a sensibilidade quando “matematizam” demais o

controle de processo. Na verdade, o que se busca na operação é o acompanhamento das

tendências e variabilidades sem muita preocupação com matemática ou “gráficos completos”.

Segundo Grimaldi (1996), o importante do CEP não é realizar cálculos estatísticos

complexos, mas levar os processos a satisfazerem as especificações. Afirma, ainda, que

envolver as pessoas que trabalham no processo é uma estratégia eficaz de implantação do

CEP. Os resultados deste esforço estarão relacionados com a manutenção dos limites de

controle estatístico do processo, os quais devem se estabilizar dentro do requerido pela

clientela.

Page 33: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

31

Os gráficos no CEP indicarão ou não controle estatístico, sendo tal fato de

fundamental valia para a definição de seu uso (Wortman apud Deming, 1991). Segundo Ávila

(1994a) o CEP é uma técnica focada para processos cujas variáveis possuem distribuição

normal. Quando existem descontroles indicando efeito serrote, tendências convergentes ou

divergentes, o CEP e as suas regras são difíceis de serem implantadas.

Após os anos 80, as ferramentas da técnica de CEP foram mais utilizadas nos controle

de processos e para certos aspectos gerenciais. O movimento do CEP também resultou no

treinamento de muitos supervisores e trabalhadores em ferramentas estatísticas básicas (Juran,

1992).

Apesar dos treinamentos, a dificuldade em conduzir os trabalhadores a pensarem com

visão estatística é desafiante; razão pela qual Ávila (1994a) sugere técnicas mais simples de

acompanhamento, conforme descrito na Figura 01.

O ideal é que a responsabilidade pelos resultados das atividades esteja ajustada ao

controle dos processos (Juran, 1992). O maior percentual de desajustes detectados na

operação (chão de fábrica) é controlável pela área de gerenciamento.

Sobre o assunto Ávila (1994b) concorda com Juran quando noticia que, em

levantamento de prioridades em unidade citada no caso 2 desta dissertação, os itens relativos

ao trabalho de gerenciamento, staff e supervisão alcança 45%; execução direta pelos

trabalhadores, 7%; questões técnicas ou tecnológicas carentes de estudo 23% e outras

questões incluindo serviços auxiliares, 25%. Ampliando o sentido, a empresa que quiser

melhorar a sua qualidade deve se concentrar principalmente nas questões gerenciais tais

como: planejamento, gerenciamento da rotina, definição de funções, políticas e diretrizes.

Corrobora o que afirmou Deming (1990) ao colocar que as causas dos problemas dependem

80% da gestão.

Um dos aspectos principais controlados pela gerência é a produtividade (Noernberg,

1994) medida através da redução de serviços refeitos; quantidade de erros; desperdício

(homens /hora, tempo/ máquina, insumos e entrega de material). A outra face complementar

situa-se na maior motivação das pessoas. Sobre a variabilidade do processo, o mesmo autor

afirma que o importante é definir até que ponto ela pode ser considerada normal, ou até

quando esta variabilidade não afetará a qualidade do produto e os custos de produção. E

informa também que a variabilidade nunca pode ser eliminada, somente pode ser reduzida.

Page 34: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

32

Avaliando a parte prática de implantação do CEP, existe um erro que se repete qual

seja, a utilização de “receita de bolo”. A metodologia do CEP apresenta soluções (modelos)

para casos específicos de empresas e é focada em passos rígidos, não tendo a flexibilidade

necessária para o processo de mudança.

Figura 01 - Carta de controle (CEP) e gráfico de acompanhamento de processos (AEP) Fonte: construção do autor

Acompanhamento Estatístico de Processos AEP Definição: é a aplicação de técnicas estatísticas para medir e analisar as

variações no Processo com a aplicação de gráficos de acompanhamento

de Processos

Obs: Para que haja o AEP o Processo não precisa estar estabilizado

Parâmetros envolvidos: média; desvio padrão; limite superior e inferior estatístico; limites de especificação; fator de

variabilidade.

Regras de acompanhamento: Acompanhar as tendências (convergente, divergente, ascendente ou não).

Regras de implantação: Escolha dos itens de controle; Coleta de dados; Processamento estatístico dos dados; Plotar gráficos;

apresentar comportamento do processo; propor mudanças para melhorias.

Gráfico de controle: ε1 LES

LE = M (+/-) 3* DP M

F = DP / M ε2

Controle Estatístico de Processos CEP Definição: é a aplicação de técnicas estatísticas para medir e analisar as

variações no Processo

Obs: Para que haja o CEP é necessário que o Processo esteja estabilizado - o comportamento das variáveis sejam representados

pela Curva de Gauss

Parâmetros envolvidos: média; range; Limite superior e inferior da média; limite superior do range.

Regras de acompanhamento: Acompanhar regras conforme descrito na dissertação na parte sobre CEP

Regras de implantação: Implantar AEP; Estabilizar Processos; Implantar Gráficos de pré-controle; Implantação de gráfico de controle

Gráfico de controle: LES LES

M RANGE m

LEI

Para cada tipo de processo existe um cálculo específico

Page 35: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

33

2.5. DIAGNÓSTICO OPERACIONAL

A definição operacional é a instrução através da qual os homens podem desenvolver

atividades e fazer negócios (Deming, 1990). Uma definição operacional segura e confiável, ou

com uma outra qualidade, precisa ser comunicável e ter o mesmo significado tanto para um

quanto para o outro turno de trabalho, valendo para todos os operários, ontem e hoje.

Deming pretende, então, evidenciar o fato de que uma definição operacional, ou

comunicação ou instrução para a operação, deve ser clara e com a linguagem adequada ao

público que se pretende atingir.

Por outro lado, na reengenharia de processos, Hammer (1994) defende que os

trabalhadores, de uma equipe de processo, são coletivamente responsáveis pelos resultados

dos processos, e não individualmente responsáveis por tarefas. Eles compartilham, com os

colegas de suas equipes, a responsabilidade pela realização do processo inteiro, e não apenas

de uma parcela. Desta maneira, o senso de propriedade e integração aumenta e, caso as

definições operacionais estejam de acordo com uma estratégia gerencial de produção e

vendas, a empresa tende a ter resultados cada vez mais positivos.

2.5.1 Procedimentos Operacionais

Para entendimento do objetivo desta dissertação é importante esclarecer a respeito do

conceito sobre procedimento operacional. Concebe-se este termo como uma instrução

específica de ações a serem executadas para atender ao processo industrial, funcionando sob a

égide de um conjunto de procedimentos que favorecem o controle da produção. As instruções,

por sua vez, ficam disponibilizadas nos postos de trabalho da área de operação. Além disso,

cada procedimento dirige-se ao profissional qualificado a executá-lo (Empresa Y, 1994).

Antes dos procedimentos operacionais, a equipe de operação precisa conhecer os

detalhes de processo e o funcionamento dos equipamentos. Aos procedimentos referenciados

seguem-se os dados de qualidade, segurança e questões relacionadas ao meio ambiente da

planta industrial em estudo.

Page 36: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

34

Ávila (1998), na monografia Rotinas Limpas na Indústria, realiza análise estatística de

enquêtes aplicadas sobre indústrias petroquímicas em Camaçari /BA, sua conclusão é de que,

para manter as rotinas operacionais de “forma limpa”, ou seja, minimizando o impacto ao

meio ambiente, é necessário para a área de operação: manter o gerenciamento de rotina das

ações executadas na operação; manter revisão dos procedimentos que envolvem trocadores de

calor (mudanças no processo); desenvolver, através de treinamento, a habilidade dos

operadores no trato com equipamentos e a maneira correta de operar; criar procedimentos de

autorização de serviços que permita a garantia da qualidade nos serviços executados;

desenvolver treinamento quanto aos riscos de manuseio de resíduos e implantar controle

através de auditorias quanto a procedimentos, ordem e limpeza na área, qualidade de serviços

e relatórios de ocorrência no campo. Baseado nestes aspectos, conclui-se que a revisão de

procedimentos operacionais serve para evitar que as rotinas provoquem impacto ao meio

ambiente.

Torna-se à questão: se a tecnologia é a mesma, e a equipe mudou pouco, porque

revisar procedimentos operacionais?

Ainda segundo Ávila (1998), é necessário revisá-los para evitar que a oscilação do

processo afete a produtividade da planta industrial. Existem fatores que provocam variações:

novos e antigos operadores necessitando treinamento; novas exigências ambientais; vícios

“urgenciando” correção; equipamentos antigos com perda de eficiência; ou novos com

eficiência superior àqueles; nova diretoria trazendo novas visões; processo automatizado

exigindo padrões diferentes em seu acompanhamento; clientes mais exigentes ou menos

exigentes demandando flexibilidade no processo; mudanças nos métodos ou na equipe de

manutenção; aquisição de materiais e peças com qualidade superior ou inferior; falta de

insumos de processo; alteração meteorológica influenciando no perfil de temperatura da

planta; instrumentos de controle de processo mais confiáveis; mudança de catalisador ou de

fornecedor de matéria-prima; alteração na qualidade das utilidades (pressão de água, vapor e

nitrogênio); período de campanha salarial com as pressões e preocupações naturais da época;

mudanças no sistema de documentação da fábrica - ISO-9000/14000, descontrole no processo

dos fornecedores de matéria-prima com qualidade assegurada prejudicando equipamento,

processo e produto; cargas altas para a planta limitando certos sistemas, campanhas de

produtos críticos variando as condições de processo, campanhas muito curtas ou muito longas

prejudicando a mudança dos parâmetros de operação, ações imediatas ou corretivas não

adequadas à solução de problemas operacionais; enfim, existem motivos vários para provocar

Page 37: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

35

variações no processo e é muito importante que o acompanhamento seja feito de maneira

correta para evitar que provoquem prejuízos diversos.

A não revisão de certos procedimentos operacionais pode provocar problemas sérios

de produtividade (índices de consumo) e de qualidade (pureza do produto acabado). Portanto,

na operação, o senso crítico e a discussão técnica sobre a solução de problemas devem ser

incentivados.

Na maioria das áreas operacionais existem procedimentos que são rotineiros, tais

como: informar-se do que ocorreu quando ausente; permanecer no posto de operação; avisar

operador líder no caso de ausência; fazer patrulhamentos rotineiros; avisar o operador de

painel caso haja anormalidades; zelar pelos equipamentos e precaver-se de executar manobras

incorretas; acompanhar trabalho de manutenção em andamento; cumprir a rotina de

amostragem; ler manuais técnicos; discutir e sugerir idéias sobre assuntos da sua área;

pertinente ter iniciativa (Empresa Y, 1985).

Por estes e outros aspectos que podem comprometer a segurança e resultados dos

processos, o operador precisa de treinamentos que lhe permitam estar a par e passo dos

procedimentos de rotina e os denominados especiais. Ciente do que se espera do seu trabalho,

o operador se sente mais seguro referente às suas ações.

Conhece-se a existência de dois horários eficientes para revisão de procedimentos na

operação: a realizada no horário administrativo, diurno e aquela efetuada no horário de

trabalho de turno (Ávila, 1994a).

É importante, quando se fala em procedimentos operacionais, a boa intenção de

escrever aquilo que se faz e que traz resultados produtivos. Uma das grandes dificuldades

quando se fala em revisar procedimentos, é a postura de certos trabalhadores escondendo “o

pulo do gato” com medo de perder o emprego ou o prestígio de ser o único a solucionar

questões.

2.5.2 Padronização de Procedimento Operacional

A padronização dos procedimentos assegura que processos de trabalhos iguais sejam

realizados da mesma maneira, o que não quer dizer que devem ser feitos de igual modo

indefinidamente (Grimaldi, 1996).

Page 38: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

36

A uniformização dos procedimentos, pois, aliada à constante análise e melhoria,

permite que a organização alcance os padrões de desempenho projetados.

Quando uma organização se defronta com uma situação em que o desempenho

(situação atual), verificado através de indicadores, é inferior ao ideal (situação desejada) ou o

procedimento de operação em uso é diferente do padrão estabelecido pode-se dizer que ela,

organização, tem um desvio ou uma falha.

Citando Falconi (1992), toma-se o PDCA como exemplo, em que o P - significa

planejar, estabelecer metas e os caminhos para atingi-las; D – executar tarefas como previsto

no plano, como escrito nos procedimentos; C – verificar os dados coletados e comparar o

resultado alcançado com a meta desejada; A – atuar corretivamente de tal modo que, caso

tenham ocorrido desvios, estes não voltem mais a acontecer. Esta é uma técnica utilizada para

manutenção do nível de controle quando o processo é repetitivo. O Plano (P) consta de uma

meta que é uma faixa aceitável de valores e de um método que compreende os

“procedimentos padrão de operação”. Portanto, o trabalho executado através do ciclo PDCA

consta, essencialmente, do cumprimento dos “procedimentos padrão de operação”. O método

Pesquisa – Ação tem rotinas semelhantes ao PDCA embora neste a intenção não seja

padronizar, mas descobrir a solução para os problemas através de quem pratica a ação.

Segundo Ávila, a falta de flexibilidade na implantação é uma característica inerente ao PDCA.

Nas empresas em que houve a implantação do TQC (Total Quality Control) não era permitido

adaptar as regras para o local e para a empresa específica porque a técnica não prevê que se

implantem programas locais com soluções para os vários problemas da empresa, tendo em

vista a perda de tempo na tentativa de implantar sistemas completamente novos quando o

melhor é fazer uma adaptação aos antigos, já existentes.

Em relação ao controle da qualidade, em se aplicando o TQC, todas as pessoas da

empresa assume as responsabilidades sobre os resultados e a autoridade do seu processo,

diretriz básica para o gerenciamento participativo. Esta prática de gerenciamento participativo

é difícil de ser atingida, principalmente quando o método não permite flexibilização.

Page 39: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

37

2.5.3 Investigação de Incidentes e de Acidentes

Investigação de incidentes

Segundo Fitzgerald (1985), em partida de plantas industriais pode-se afirmar que os

defeitos ou falhas operacionais acontecem independente do processo encontrar-se estável, da

planta ter sido bem projetada ou os procedimentos serem bem planejados. Os defeitos sempre

aparecem e, para os mesmos, devem ser encontradas soluções rápidas.

A investigação de incidentes e falhas operacionais é um dos aspectos instigantes da

operação da planta e, o diagnóstico dos defeitos de operação requer grande experiência de

projeto e de operação. Mesmo com a experiência requerida, a investigação de incidentes e

defeitos é uma “arte” que precisa ser trabalhada por profissionais competentes, criativos e que

possuam visão global do processo e do trabalho da operação.

As falhas operacionais podem ser ocasionadas em função de uma ou da combinação

das seguintes causas: falhas de equipamento; inadequação do equipamento para o processo

(projeto inadequado) e falha no processo. Também podem ocorrer falhas na preparação ou na

execução de procedimentos operacionais (Fitzgerald, 1985).

Diversos autores afirmam que as falhas de processo são as menos prováveis. Neste

ponto, a incidência delas no processo depende da filosofia adotada na empresa quanto ao

conhecimento da tecnologia na montagem, partida, operação e parada da planta.

Detectadas que as causas dos incidentes sejam originadas de procedimentos errôneos

ou uso inadequado de equipamento operado, algumas mudanças nas condições de operação e

mudanças nos equipamentos podem ser feitas para eliminar rapidamente a dificuldade. Um

benefício deste procedimento é que no processo de realizar pequenas alterações podem ser

obtidos dados adicionais valiosos que permitirão apontar, posteriormente, a mesma distorção.

Investigação de acidentes

Segundo a Norma Técnica da Empresa Y (1997), acidente é um evento não desejado,

resultando em dano à pessoa, à propriedade ou perda no processo ou meio ambiente,

incluindo o entorno da empresa.

Page 40: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

38

A Investigação dos incidentes e acidentes indicados por esta Norma Técnica é

composta de: descrição do ocorrido; fatos ocorridos antes do evento; causa provável ou causa

principal; causas contributivas ou causas secundárias e recomendações.

2.5.4 Testes em Operação Normal

A técnica de testes em operação normal criada por G.E.P.Box, por nome Evolutionary

Operation - EVOP, consiste de um projeto de experimento simples que, se realizado

repetidamente, fornece uma rotina de pequenas mudanças sistemáticas em processo produtivo

(Juran, 1988). O objetivo desta técnica é intensificar a fabricação de informações sobre o

próprio processo enquanto, simultaneamente, resultam produtos dentre os padrões normais.

Somente pequenas mudanças nos fatores de processo são permitidas e as conseqüências

dessas mudanças devem ser detectadas através de variabilidades provocadas no próprio.

São passos propostos para implantação do EVOP: pesquisar relatórios da empresa e

estudar a literatura sobre o processo; analisar o processo da planta; selecionar dois ou três

fatores controláveis que podem influenciar a resposta mais importante; obter a concordância

da área responsável; mudar estes fatores gradativamente de acordo com um plano; depois da

segunda repetição do plano, estimar os efeitos; quando um ou mais destes efeitos for

significante, mudar para a melhor condição de operação e começar um novo programa de

EVOP, talvez com novas faixas ou novos fatores. Após oito ciclos, se nenhum fator puder ser

efetivo, mudar as faixas ou selecionar novas variáveis; continuar movendo o ponto médio do

EVOP e ajustar as faixas sempre que necessário; quando um resultado máximo for obtido, ou

a taxa de ganho for muito lenta, alterar os fatores atuais do plano e rodar um novo plano com

fatores diferentes.

Esta técnica funciona efetivamente desde que haja negociação com os líderes de

processo. Muitas vezes, as mudanças são feitas sem a consulta ao pessoal da execução, sob o

risco de serem consideradas algumas ressalvas ou percepções importantes baseadas na prática

e, bem assim, suas conseqüências. O processo de convencimento dos líderes facilita a

implantação, não só desta, mas também de outras mudanças.

Page 41: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

39

2.6 AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ROTINA

2.6.1 Ações Localizadas - ALO

Melhorias focadas por Suzuki, (1992) são descritas como atividades que incluem

maximização da efetividade global de equipamentos, processos e plantas através da

eliminação de perdas (em equipamentos, falha no controle de processo, defeito nos materiais

de processo, rendimento na partida, energia, vazamento ou emissões etc.) e melhoria de

performance. Mas como corrigir estas perdas? Qual o método que viabilizará esta ação? Que

tipo de estudo seria feito? Estas perguntas não são devidamente respondidas por este autor

porque não é somente através de ações na manutenção que será possível alcançar a

estabilidade de processo. Cuidar dos equipamentos e da área é uma mensagem que aparece no

TPM e é sugerida nesta dissertação.

2.6.2 Interfaces da Operação

É com base nas mudanças de procedimentos defendidas ao longo deste trabalho que se

traz mais uma idéia – a de interfaces da operação. Havendo um trabalho articulado entre os

departamentos passa-se a um novo patamar na experiência de trabalho da empresa em que a

cooperação oportuniza a todos os trabalhadores lidar com variadas etapas do processo. As

pessoas envolvidas com a produção devem abandonar a prática “Eu faço – você conserta”,

assumindo, por conta própria, os cuidados com os equipamentos e se responsabilizando pela

prevenção quanto à deterioração (Suzuki, 1994). Aqueles trabalhadores vinculados ao

departamento de manutenção devem descartar a idéia de que o seu trabalho é simplesmente

fazer reparos.

As atividades de: limpar filtros, desobstruir equipamentos, instalar dispositivos

alternativos que têm sido normalmente realizadas pela manutenção, sendo assumidas pela

operacional, passam a demandar menor tempo e baixo risco de erros na operação. Os serviços

de apoio, em compensação, passam a desenvolver atribuições específicas para aumentar a

Page 42: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

40

produtividade quais sejam: treinamento, mudança de sistemas de selagem, melhoria de

performance em equipamentos rotativos, avaliação de corrosão em linhas e outros.

Aspectos da manutenção

Existem implicações internas e externas que facilitam ou dificultam o trabalho de

manutenção (Ávila, 1994a). Entre os aspectos externos, citam-se o conhecimento de sistemas

e processos pela engenharia e operação; confiabilidade dos sistemas produtivos; condições de

operação dos sistemas; contrato de manutenção; acessibilidade e facilidades para os reparos

em equipamentos; disponibilidade de peças sobressalentes; disponibilidade da documentação

para manutenção dos instrumentos, equipamentos e sistemas; capacidade do diagnóstico pela

operação dos problemas; agilidade e garantias da operação na liberação de sistemas e

equipamentos; critérios para a definição de prioridades.

Em aspectos internos, encontram-se: disponibilidade de mão de obra treinada e de

equipamentos de testes; aspectos de administração e organização dos serviços; controle sobre

os serviços de manutenção; agilidade na desmontagem; assertividade no diagnóstico do

problema encontrado; agilidade na aquisição de peças de reposição, na realização dos serviços

de manutenção e na montagem; teste e liberação do equipamento; programa de manutenção

preventiva.

Aspectos do laboratório

Dentre os itens principais de controle no contato com o laboratório a operação deve

(Ávila, 1994a):

1. Tratar dos dados no caso de resultados analíticos não confiáveis

2.Rever as amostras ou métodos de amostragens não confiáveis

3.Conhecer os limites do método analítico

4.Verificar mudanças no processo ou partida de planta

5.Treinamento para o laboratório e a operação.

A operação passa, assim, a absorver serviços da rotina de cuidados com equipamentos,

como também a manter um laboratório de campo para serviços de acompanhamento da rotina.

Page 43: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

41

2.7 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Segundo Block (1991) o objetivo de um diagnóstico é mobilizar esforços para a ação

sobre um determinado problema, ação esta favorável ao melhor funcionamento da

organização. O objetivo é investigar para tomar ações possam ser efetivas.

Para realizar o diagnóstico de um problema faz-se necessário cercar-se de um

ambiente informativo e elementos a serem corrigidos; fluxogramas e esquemas para

visualização, espírito ativo para que as soluções não estejam atadas a atendimentos

particulares, sejam pessoais, setoriais ou de empresas.

Diz-se que o diagnóstico requer idéias sobre os problemas “insight” com demanda de

tempo ou, ao invés tempo reduzido. Outra abordagem é que a trajetória de um caminho pode

não ser lógica e nem seguir linhas científicas. Pelo exposto, importa o uso da técnica e ao

mesmo tempo da arte em atividades organizacionais.

A técnica é referida como uma das primeiras etapas do estudo de impacto ambiental e

sua realização se dá sob determinada área de influência do projeto, complementando a

descrição e a análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como se manifestam, de

modo a caracterizar a situação ambiental da área antes da implantação do projeto (Lacerda

Apud Queiroz, 1998).

Continuando, que a elaboração do diagnóstico ambiental é feita com de fatores

dinâmicos do processo e, por isso, o atendimento não é restrito a uma única demanda, mas

com as anormalidades da rotina dos aspectos operacionais e de processo, e conhecimento das

atividades e da equipe envolvida na planta em questão (Op Cit).

Para se detectar as causas da geração de efluentes na fonte é necessária a realização de

diagnósticos em que participe a equipe de operação de plantas industriais (Freire, 1998). Fala

ainda que as ações preventivas e corretivas do controle na fonte da geração de efluentes são

estudos de processos produtivos de empresas que procedem a identificação das fontes e

oportunidades visando um controle. Ele sugere a elaboração de diagnósticos, o que está de

pleno acordo com a idéia apresentada por esta dissertação.

Atuar na fonte é a forma mais eficaz e efetiva de corrigir problemas operacionais, fixar

conhecimento prático, aumentar envolvimento da equipe e diminuir custos para a adequação

de processo e ambiental.

Page 44: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

42

2.7.1 Mapa de Controle Ambiental

Lacerda apud Mc Harg (1969) recomenda, para a investigação de impactos

ambientais, elaboração de um levantamento ou inventário dos fatores ambientais, destacando-

se a causalidade dos mesmos dentro do propósito de compreender a natureza como processo.

Indica-se também interpretar os dados desse levantamento em relação às atividades objeto de

interesse, compondo-se mapas de capacidade intrínseca para cada uma das atividades.

Este levantamento mapeado pode ser adaptado para descrever os principais impactos

negativos ambientais e sua localização física como meio de acompanhamento e controle das

melhorias realizadas nas diversas áreas. O mapa de controle ambiental (MCA) mostra o

cenário das conseqüências de atividades de processo no ambiente objeto de estudo.

2.7.2 Análise de Risco Ambiental

A técnica ENVOP, definida por Isalski (1995) é um procedimento que pode ser

aplicado tanto para as plantas em operação quanto para as novas e tem como principal

característica, a busca de soluções para reduzir o efluente na fonte e não no final do processo.

Tem origem no HAZOP - método citado anteriormente - tendo sido modificados os termos

para processos ambientais.

Ávila, 1998, adequou a técnica para utilização na rotina do processo, incluindo itens

novos para avaliação. As planilhas com a descrição da análise de risco ambiental baseada na

ENVOP de Isalski podem ser analisadas na Figura 12 - Exemplo de aplicação de EVOP e

cenário.

Page 45: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

43

2.7.3 Tratamento de Efluentes Líquidos

Segundo Freire (1998), o Programa de Controle na Fonte, da CETREL, mostra o

tamanho de sua abrangência porque inclui na sua amplitude a contaminação do meio hídrico

superficial. Ele afirma que para isto é necessário conhecer os comportamentos dos poluentes

no meio ambiente e nos processos produtivos.

A RLAM/Petrobrás (1998), pelo contrário, tem investido muito no sistema de

tratamento de efluentes, considerado final de tubo, muito embora tratem de forma

diferenciada os efluentes básicos (pluvial limpo, sanitário, contaminado e oleoso). Pode-se

dividir o sistema de tratamento de efluente em três grupos, quais sejam: tratamento

preliminar, tratamento primário e tratamento secundário. Quanto aos aspectos importantes no

sistema de tratamento, a RLAM define-os em: redução drástica da carga poluidora,

preocupação com a saúde ocupacional dos empregados, incorporação de tecnologias

avançadas e sistema automatizado (SDCD).

Assinala-se, como reforço, a imperativa necessidade de se adequar os procedimentos

de rotina antes de se projetar e montar estruturas de trato dos efluentes gerados. Deve-se

acreditar na filosofia do controle na fonte e sugere-se que anterior ao ato de se investir em

tecnologias e equipamentos, como realizado pela RLAM, invista-se no desenvolvimento dos

líderes e ampliação da consciência quanto às responsabilidades dos impactos ambientais.

As tecnologias disponíveis para tratamento de efluentes líquidos são variadas.

Segundo comentário de Sharratt (UMIST – 1999), as universidades seguem atualmente na

linha de parceria com empresas na busca de fomentar pesquisas e práticas em tecnologias

limpas. O que não ocorre, mas que na estrutura vigente é de fundamental importância é o

incentivo quanto aos métodos de controle na fonte que se voltem a procedimentos, estatística

de processo, motivação do operador e funcionamento de equipamentos.

Ávila, (1995b), apresenta trabalho sobre controle de processo na geração de efluente

orgânico e confirma que se pretende, através de auditorias de canaleta (AUDIP) e realizando

cálculos de balanço de massa, chegar a prováveis fontes de contaminantes, acrescentando

aspectos ao trabalho apontado. A referida proposição revela observações importantes que, se

avaliadas superficialmente, podem falsear a interpretação do processo.

Page 46: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

44

2.7.4 Tratamento de Emissões Fugitivas

Emissão de poluentes significa qualquer tipo de perda de produto para fora do

processo segundo visão de Mattos (1998). Quanto à emissão atmosférica dispersa considera-a

fugitiva. Esclarece ainda que as principais emissões fugitivas em bombas, compressores,

válvulas e flanges originam-se de projetos mal estruturados operados indevidamente.

Encontra-se em Ávila (1996a) trabalho específico sobre eliminação de emissões

fugitivas de aminas em planta petroquímica, desenvolvido em conjunto com a equipe de

operação e higiene ocupacional da fábrica. Para conseguir uma redução de 90% da

contaminação da atmosfera por amina foi necessário aplicar metodologia que inclui os

seguintes tópicos: avaliação de processo e operação para localização dos pontos;

monitoramento; avaliação estatística e de fontes – causa e efeito; programação de testes;

comparação de resultados; treinamento de pessoal.

2.7.5 Controle de Resíduos Sólidos

Os resíduos, classificados pela ABNT, 1987, como perigosos (I), não inertes (II) e

inertes (III) podem ou não apresentar riscos à saúde humana, dependendo das características

de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Diversos autores descrevem a técnica dos três R onde a tônica é a conscientização das

pessoas quanto ao reaproveitamento, ao máximo, do resíduo gerado. Esta técnica defende que

antes de dispor, mesmo que adequadamente, os resíduos em aterros, deve-se incentivar a

população a outras iniciativas que primam pela consciência e criatividade: REUTILIZAR e

RECICLAR materiais; REDUZIR a quantidade de lixo.

Para minimizar resíduos nas plantas em operação Mendes (1998), recomenda as etapas

seguintes: preparação da auditoria de resíduos, inspeção preliminar e geral da planta,

investigação e seleção de correntes de resíduos, utilizando-os como premissa e embasamento

à indicação de alternativas, classificação e relatório final.

Page 47: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

45

Com se depreende, é possível minimizar grande parte dos problemas na gestão de

resíduo quando se possui uma matriz de responsabilidade sobre cada tipo de resíduo e sua

área de disposição temporária.

2.7.6 Auditorias Ambientais

Várias são as metodologias para avaliação de impactos ambientais. Andrade (2002),

cita que a primeira etapa a ser realizada nesta avaliação é identificar os impactos selecionando

categorias de atividades, produtos ou serviços que têm aspectos significantes. Na seguinte

etapa é necessário selecionar critérios de avaliação envolvendo condições normais e anormais

de operação. Só então torna-se viável avaliar impactos ambientais.

Segundo a BVQI, defendida por Marinho (1994), Auditoria Ambiental é entendida

como um moderno instrumento de gestão empresarial complementar das avaliações objetiva,

sistemática e periódica do sistema de gerenciamento ambiental.

Dentro desse assunto é recomendado que se estabeleça e mantenha na organização

procedimentos para auditorias (BS-7750, 1994), com o objetivo de esclarecer se as atividades

de gerenciamento ambiental estão afinadas com o manual, programa ambiental,

procedimentos e instruções de trabalho do sistema de gestão ambiental. De igual modo,

confirma-se se a implantação do programa ambiental é efetiva.

Para este propósito, um programa de auditoria é montado e segue procedimentos e

protocolos pré-estabelecidos. Baseado em experiência na implantação de sistemas de

qualidade e ambiental nota-se que, para o sucesso do empreendimento é necessária a

preparação de procedimentos simples, executáveis, “enxutos” e de fácil entendimento pois,

quanto mais burocrático e “complexo”, maior o trabalho para mantê-lo em conformidades.

Em BS-7750 (1994) está determinado que, para estabelecer uma auditoria

independente, as organizações (gerentes de linha) deverão desenvolver, junto aos auditores

internos, auto-avaliações sobre aspectos da área ambiental na empresa mantendo a

neutralidade.

Em Furtado (1998), encontra-se que a auditoria ambiental não é privativa de normas

técnicas e envolve procedimentos distintos para diferentes tipos de atividades. Oferece campo

Page 48: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

46

a novas reflexões ao afirmar que as organizações pretendem alcançar objetivos e metas

ambientais face ao que investe com consumidores, clientes, empregados, investidores e

seguradoras, organizações governamentais e, bem assim, diversos grupos de interesses

específicos. utilizando-se a metodologia de auditoria ambiental alcança-se vantagem na

certificação e nas atividades de rotina.

A auditoria de sistemas para gestão ambiental dirige o seu foco às várias partes

interessadas. Se o objetivo é atender ao governo, a auditoria se preocupar com a legislação, se

o objetivo é comercial, a auditoria avalia a demanda dos clientes, se o objetivo é conseguir o

selo verde, os requisitos são concentrados no ciclo de vida do produto.

Vale a pena citar a Auditoria de Ordem e Limpeza (Ávila, 1997). O aspecto em que se

encontra a área é reflexo da importância que os líderes e responsáveis por cada atividade ou

cada divisão, em suas diversas amplitudes, dispensam aos comportamentos e atitudes dos

colaboradores que têm como resultado, o estado de ordem e limpeza da planta. Assim, é

necessário que se proceda, com o auxílio de um mapa de controle ambiental e por uma equipe

com perfis diversificados, a verificação da área quanto ao estado de ordem e limpeza.

A análise crítica da literatura informa a existência de muitas conjecturas filosóficas e

métodos que possuem baixa amplitude sobre a análise de anormalidades. A técnica de

pesquisa-ação foi utilizada em, praticamente, todas as etapas da metodologia de minimizar

efluentes. No caso da análise de riscos HAZOP, embora o objetivo seja semelhante em

relação à metodologia para minimizar geração de efluentes e trate também dentro das suas

ações de ajustes nas operações de rotina e ajustes de projeto, esta técnica não detalha as

relações entre os vários fatores e a temporalidade dos eventos.

Nota-se que se escreve muito pouco acerca da análise de anormalidades operacionais

na indústria e sobre técnicas para evitar o impacto ambiental das anormalidades. Os

congressos técnicos, os trabalhos de pesquisa em universidades, os artigos publicados em sites

da Internet não apresentam os temas comentados. As consultas realizadas a técnicos e

professores da área industrial apresentam que minimizar efluente na fonte tem sido um

assunto pouco discutido e desenvolvido em pesquisa aplicada. O local onde se encontrou

bastante material na área de métodos para minimizar efluentes foi no TECLIM/ UFBA .

O próximo capítulo traz o detalhamento da metodologia onde serão discutidos os

passos para se atingir o controle ambiental através da minimização de efluentes na fonte.

Page 49: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

47

3. METODOLOGIA: MINIMIZAR EFLUENTES NA FONTE

Ao se buscar soluções para os problemas ambientais verifica-se que as medidas

corretivas sem os estudos de operação e processo são “cosméticas”, ou seja, ineficazes quanto

à efetividade dos resultados. Em vista disso, torna-se necessária, a atuação direta sobre o

processo e sobre a equipe, não se esquecendo da melhoria nas instalações físicas

(equipamentos).

A redução dos aspectos negativos atuando sobre o meio ambiente virá como

conseqüência das atuações sobre o processo junto à equipe de produção.

Figura 2 – Trilogia – minimizar efluentes Fonte: construção pelo autor

A metodologia de diagnóstico para minimizar efluentes na fonte, que é representado

por uma trilogia (Figura 2), iniciará sua aplicação conhecendo as cadeias de anormalidades de

processo e operação, seguindo após, para atividades de acompanhamento de processo, focadas

nas anormalidades. Avançando, deverá avaliar os procedimentos operacionais e somente

então estará em condições de realizar os diagnósticos ambientais e as ações direcionadas para

a minimização de fatores impactantes ao meio ambiente.

Geração de efluentes na fonte

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Controle AmbientalMinimização de

efluentes na fonte

Page 50: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

48

Normalmente as investigações de processo, na indústria química, são realizadas

acompanhando-se o fluxo normal dos produtos no processo e, a partir da entrada de matéria-

prima. Seguem-se-lhe: a reação química com seus controles de vazão e de reagentes, a

purificação do produto final com a remoção de solventes, reagentes em excesso ou

contaminantes e as correntes de reciclo existentes processo para maximizar a eficiência das

operações unitárias. Estes estudos de processo são realizados com base na tecnologia “books”

e nos manuais específicos constantes dos equipamentos. Por outro lado, existe um know-how

implícito, e não explorado baseado na prática e nos procedimentos do dia a dia. Este

conhecimento encontra-se registrado através de relatórios de ocorrência (relatórios de turno) e

não são devidamente tratados para produzir o conhecimento e inovação sobre esta tecnologia.

As anomalias são vistas como “bugs”, ou distúrbios no processo, e são ocorrências da rotina

operacional. Os eventos ocorrem seguindo nexo causal como indicado no cenário anormal da

planta (Cenário apresentado na Figura 3).

P R O C E S S O - C E N Á R I O A N O R M A L

Figura 3 – Cenário Anormal Fonte: construção própria

Para levantar estas informações é essencial o registro de dados na produção, tais como:

ocorrências do trabalho de rotina, variáveis coletadas do processo produtivo, relatórios

gerenciais com índices que descrevem a produtividade do processo, resultados analíticos de

Pressão oscilante

Descontrole de vazão

Reação incompleta

Obstrução no filtro da bomba

Separação incompleta

Problemas no vácuo

Baixa continuidade na purificação

DIAGRAMA EXPLICATIVO DE FLUXO DE ANORMALIDADES NO PROCESSO

Page 51: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

49

avaliação da qualidade do processo e do produto e, principalmente, o relatório de turno com a

lista de anormalidades operacionais.

Este trabalho apresenta uma nova maneira de investigar o processo a partir de eventos

anormais que são levantados nos relatórios de ocorrência.

A implantação desta metodologia é descrita em fluxograma simplificado, Figura 3.

Na Fase 1 é feita uma análise preliminar da situação envolvendo visitas, entrevistas e

conhecimento real e ideal do processo. Nesta fase também ocorre o diagnóstico das

anormalidades. A construção de um novo diagrama de processo, é iniciada, onde, ao invés de

operações unitárias como etapas, tem-se a história das anormalidades, desde a causa raiz até

as conseqüências finais.

Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5 Fase 6 Fase 7

Figura 4 – Fluxograma das atividades da metodologia Fonte: construção própria

A história a ser descoberta, objeto de interesse e investigação, não está formalizada.

Na operação de plantas industriais é fácil visualizar as conseqüências mas a composição das

relações que vão construir o evento anormal depende de interpretação de processo tendo por

base as rotinas operacionais. Para facilitar esta interpretação prática do processo, utiliza-se

uma metodologia desenvolvida e testada em plantas industriais, denominada mapa de eventos

anormais. Referido método é o pivô desta pesquisa.

O mapa de eventos anormais (MEA) vai compilar informações que estão registradas

em documentos diferentes reportando-a para um mapa único que reúne anormalidades durante

um tempo específico. Esta metodologia facilita a visão global de um longo período de

Analise Preliminar

Diagnóstico de anormalidades

DIPEA

Diagnóstico de Processo

Diagnóstico operacional

Ações localizadas

Acompanhamento e medição

Diagnóstico ambiental

Ações sobre a equipe

Manutenção de padrão

Melhorias na instalação física

Melhorias de aspectos humanos e gerenciais

Analise crítica

Page 52: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

50

produção, permite a análise de eventos consecutivos e identificação do tipo de relação entre os

eventos e fatores (causal, sinérgica, falso, variável antecipada) e identifica os eventos cíclicos.

Depois de realizada a interpretação do processo, prepara-se um relatório de

diagnóstico que servirá de base para discussões com a equipe de operação e também para o

início dos testes e ações localizadas. Esta metodologia é apelidada de DIPEA – Dissecação de

Processo a partir de Eventos Anormais. Por outro lado, a metodologia DIPEA é validada pela

estatística de eventos anormais, na qual, são levantadas as quantidades de ocorrências por

seção, por turno, por horário e outros fatores similares.

Na Fase 2, em continuidade ao diagnóstico das anormalidades, seguem-se etapas

investigativas e de intervenções, tanto nas áreas de processo quanto nos procedimentos

operacionais.

O diagnóstico de processo é desenvolvido a partir do acompanhamento estatístico de

processo de itens selecionados a partir do DIPEA. Também nesta etapa são feitos testes

mapeadores de melhores condições operacionais.

Pretende-se responder as seguintes perguntas: Qual a melhor condição de operação do

processo? Quais são as tendências? Que mudanças devem ser feitas no processo original?

O diagnóstico dos procedimentos operacionais será feito a partir do levantamento de

rotinas da operação e análise de risco operacional ambiental com os respectivos cenários. De

posse da descrição dos procedimentos de rotina críticos em relação ao impacto ao meio-

ambiente, será possível definir ações ou revisar procedimentos operacionais e diretrizes

gerenciais.

É deste momento o cuidado em desenvolver programa de treinamento para cobrir as

falhas da equipe de produção.

Na Fase 3 é feito o acompanhamento de processo e das mudanças na operação.

Duas perguntas básicas devem ser formuladas. Uma refere-se ao padrão de produção

ambientalmente correto. A outra indaga do perfil do profissional voltado ao atendimento das

necessidades de manutenção do sistema operacional no padrão ambientalmente mais

adequado.

Pretende-se desenvolver esboços indicativos quanto aos padrões da produção e quanto

ao programa de treinamento com vistas a ajustar o perfil do profissional à área operacional

específica.

Page 53: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

51

Durante todo o acompanhamento de processo - AEP e a revisão de procedimentos

operacionais são desenvolvidas ações localizadas sobre sistemas e equipamentos específicos e

são registrados os incidentes operacionais - aprender com os erros. A medição dos resultados

das ações é feita a partir de itens específicos do controle de custos na produção e dos impactos

ambientais.

Dando continuidade à metodologia de minimização de efluentes, inicia-se a etapa de

diagnóstico sobre os impactos ao meio-ambiente inserida na Fase 2. Para evitar contaminação

das águas proveniente de lançamentos de efluentes orgânicos e pluviais fora de padrão,

desenvolve-se a técnica de auditoria pontuada em efluentes líquidos. Para evitar

contaminações na atmosfera proveniente de emissões fugitivas desenvolve-se a técnica de

eliminação dessas emissões. De igual modo, no que tange a gerenciamento incorreto de

resíduo sólido e ambiente de trabalho sujo ou desorganizado, aplicam-se, respectivamente, as

técnicas qualificadas de matriz de responsabilidade sobre resíduo (RES) e auditoria de ordem

e limpeza (AUDIL). É importante lembrar que as técnicas descritas acima utilizam ferramenta

básica mais conhecida pelo nome de Mapa de Controle Ambiental - MCA.

A partir deste ponto, continuam as atividades de acompanhamento da Fase 3 - medição

dos resultados e da Fase 4 - de treinamento e manutenção dos padrões. Para desenvolver as

atividades acima se faz necessária a participação da equipe na confirmação do diagnóstico,

nas ações localizadas na Fase 4 e no conhecimento dos resultados alcançados. As Fases 5 -

melhoria na instalação física e a 6 - melhoria de aspectos humanos e gerenciais, não são

objetos de detalhamento nesta dissertação.

Page 54: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

52

3.1 CONHECIMENTO DO PROCESSO

A Fase 1 da metodologia cuida do reconhecimento e depende de se conhecer o

processo, a análise preliminar ambiental e o diagnóstico baseado no registro das

anormalidades, conforme descrito na Figura 5, a seguir.

Figura 5 – Fluxograma da Fase 1 da metodologia - Reconhecimento Fonte: construção própria

Por isso a tarefa de acompanhar um processo químico está estreitamente ligada ao

conhecimento desse projeto que também é denominado projeto básico. Explica-se: tanto a

necessidade de solucionar problemas de processo ocorridos no dia a dia de uma planta, como

a implantação de soluções que devem resultar em melhorias que conduzem, obrigatoriamente,

à tomada de decisões e providência, quais seja, verificação de equipamentos e sistemas, no

primeiro caso e melhorias de projeto de processo, no segundo.

Além disso, julga-se necessário verificar e comentar projetos de novas unidades onde

o conhecimento do processo, sedimentado através do acompanhamento, deverá servir de

suporte ou subsídio a esse trabalho.

Somente é possível melhorar um processo se houver conhecimento sobre o histórico e

a tecnologia neles envolvidos. Considera-se, entretanto, de vital importância, que se conheça

previamente o projeto básico ou pacote tecnológico, onde são dadas as informações básicas

para a operação da planta.

Conhecimento do processo

Avaliação preliminar de impacto ambiental

Investigação de ocorrências anormais

Equipe Registros Documentos

Visitas Entrevistas MCA – Mapa de Controle Ambiental

DIPEA MEA – Mapa de Anormalidades EVA – Estatística de Anormalidades REA – Relatório de Eventos

Page 55: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

53

3.1.1 Conhecimento da Equipe

O conhecimento da equipe da área de produção em relação à tecnologia e aos dados do

processo deve ser denso respectivamente ao acompanhamento de processo e de operação,

além da área ambiental e de segurança. Dessa forma haverá maior facilidade para construção

de um banco de dados que subsidiará as atividades confirmando ou não as tendências. Os

dados, quando processados, transformam-se em informações que serão úteis na formalização

de relatórios e documentos. O conhecimento sobre o fluxo de informações permite maior

exatidão nas decisões que deverão ser adotadas por supervisores e gerentes.

a) Banco de dados

O sucesso de qualquer melhoria na produção depende da confiabilidade dos dados

coletados indicando a consistência física da medida. A rapidez com que estes dados são

resgatados de arquivos aumenta a probabilidade de sucesso. Quando no estabelecimento de

um sistema de medição, compete à equipe definir o responsável pela coleta de dados, a

freqüência com que os mesmos serão levantados, em que formato deve ser organizado, e

como e em que situação serão utilizados. A escolha de quem coleta informações depende do

tipo de dados e do sistema usado. Nesse aspecto, os fatores mais importantes são: atribuição

de responsabilidade, exatidão e uso das informações.

Fluxo de informações

Um sistema de informação é um método ordenado de coleta, guarda, relatos e análises.

Segundo Kiefer, (1993), a disponibilidade e o fluxo de informação configuram

potentes estruturas organizacionais. Neste caso, as questões cruciais são: Como as pessoas

obtêm a informação de que precisam para realizar seu trabalho? Elas dispõem de livre acesso

a todas as informações? De que forma as pessoas contribuem com a informação e com o

fluxo?

Page 56: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

54

Existem tipos de dados diferenciados que circulam na indústria e que precisam ser

classificados e tratados para facilitar a tomada de decisões. O sistema selecionado ou

construído deve estar formato com o objetivo de manter as informações de forma organizada

para minimizar o tempo de análise e auxiliar na tomada de decisões em todos os níveis para

manter a planta operando de forma adequada.

Recomenda-se que os líderes de equipe explicitem os motivos de se manter

determinada coleta de dados, fornecendo o entendimento básico do que se pretende realizar,

aliviará tensões quanto ao excesso de informações e inspirará o senso de responsabilidade e

propriedade para com o projeto.

As informações coletadas, por sua vez, devem ser precisas, para que a equipe de

projeto possa acompanhar o progresso e determinar quando necessária seja manutenção ou

mesmo mudança das ações. Dados imprecisos podem iludir a equipe na falsa idéia de

segurança ou, ainda, levar seus membros à “frenética caça a fantasmas” junto à produção;

significando, em outras palavras, a suposição da existência de eventos inconsistente. Portanto,

deve-se considerar como importante a incorporação de um ou mais membros da equipe de

operação em auditorias periódicas no sistema de medição e nos dados coletados. Essa

verificação oferece um quadro elucidativo quanto à eficácia de seu esforço.

A divulgação dos trabalhos, preparados a partir das informações de processo e de

operação deve seguir princípios e critérios específicos e os relatórios para a área de produção,

por visarem compreensão imediata da realidade, devem apresentar-se em linguagem clara e

acompanhados de gráficos e tabelas. Todo relatório deve proceder à análise sobre situações e

prescrever recomendações lúcidas e incluir conclusões. A mudança dos valores de operação e

de teste além de divulgada através de relatório deve, também, ser abordada pessoalmente para

que as dúvidas possam ser afloradas e desfeitas. Os relatórios que circulam na produção, entre

os operadores, devem conter o estritamente necessário visando rapidez na a leitura dinâmica

durante o horário de trabalho.

Apresentam-se, a seguir, recomendações sobre o fluxo de informações, contendo

discriminação da origem, do tipo de documento ou relatório a que se destinam: o banco de

dados deve ser fidedigno e que atenda ás necessidades de rotina e de trabalhos especiais (nem

mais, nem menos); o relatório do supervisor deve ser claro o suficiente para não deixar

margem de dúvidas à respeito dos eventos ocorridos; qualquer interrupção ou perfil viciado

Page 57: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

55

no fluxo de informações deve ser detectado e examinado o mais rápido possível para evitar

tomada de decisão incorreta (Figura 6).

Figura 6 – Fluxo de Informações na produção Fonte: construção própria

Bacia de efluentes

9

11

3

Campo

Sutur - Laboratório 11

4 6 710

Painel de controle

11

2

5

Sutur - operação

1

TRG8

PROCESSO ROTINA

TESTES ESTUDOS OPERAÇÃO PROCESSO

OPERAÇÃO ROTINA

MEIO AMBIENTE

DOCUMENTOS - RELATÓRIOS

Page 58: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

56

Em algumas ocasiões, devido ao excesso de trabalho ou falha na administração, dá-se

pouca importância à forma como são coletados dados e informações; local onde estão

arquivados; tratamentos apropriados; preparação de análise crítica quanto ao excesso ou falta

na coleta e destino dos relatórios resultados da análise de dados e informações.

b) Conhecimento prático

O profissional da área administrativa, normalmente, permanece a maior parte do

tempo no escritório. Porém, quem trabalha ligado à área de produção deve conhecer “in loco”

o sistema que acompanha. O trabalho da produção exige contato contínuo com a realidade

física das ocorrências no momento em que se vai processando e que pode expressar-se em

tempo real e imagem instantânea. Este conhecimento, que muitas vezes não se encontra

documentado, mas presente na lembrança das pessoas mais antigas da organização, chama-se

memória primária ou conhecimento prático1.

O registro dessa memória (dados e informações geradas na rotina do processo) deve

sempre ser estimulado para facilitar o seu armazenamento e posterior recuperação,

revitalizando e transformando o trabalho em conhecimento, servindo como elemento para

reflexão aos trabalhadores ligados ao setor, ampliando o aprendizado.

As diferenças entre as descrições da literatura tecnológica e a realidade de campo

inúmeras vezes são amplas e isto se deve aos seguintes fatores:

a) Modificações nas atividades de campo sem as devidas atualizações na documentação.

b) Soluções alternativas e temporárias que se transformam em soluções finais e não são

registradas ou normatizadas, transformando-se “gambiarras”.

c) Erros no projeto de detalhamento ou montagem com indicação documental diferente

do que ocorre na realidade.

d) Como já foi dito, anteriormente, o conhecimento da área (campo) com as suas

características e peculiaridades é de fundamental importância para evitar decisões

incorretas. Se a decisão for baseada somente em cálculos e projetos de engenharia sem

haver a consulta à equipe operacional podem ocorrer diversos prejuízos à empresa.

1 Este termo “memória primária” ou “conhecimento prático” foi definido pelo autor no bojo da dissertação.

Page 59: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

57

Para ilustrar o quanto é importante conhecer a área (campo), apresenta-se a seguir uma

estimativa de distribuição de tempos em funções distintas para cada área ou trabalho

específico.

Tabela 1 - Distribuição do tempo por função e área de trabalho

Função / Tempo

Planejamento Adm /Técnico

Treinamento Instrutor/ Aluno

Análises

Área Painel e campo

Reuniões

Engenheiro de operação 30% 15% 15% 35% 5% Engenheiro de Processo 10% 20% 40% 20% 10% Técnico de operação 20% 20% 15% 40% 5% Supervisor de turno 20% 10% 18% 50% 2% Operador 5% 10% 13% 70% 2% Média 17% 15% 20% 43% 5% Fonte: construção própria

O conhecimento gerado a partir do trabalho em campo (leia-se painel também) vai

compor o banco de dados necessário à aplicação desta metodologia presente nesta dissertação.

3.1.2 Conhecimento Documentado e Registrado

Toda empresa possui documentos e registros gerenciais e técnicos. Ás vezes, estas

informações encontram-se devidamente classificadas e localizadas. Em outras vezes, os

documentos técnicos e organizacionais não obtêm o devido cuidado.

Para desenvolver o trabalho de minimização de efluentes a partir do registro de

anormalidades, é essencial que os documentos e registros estejam organizados e disponíveis

para consultas, dêem suporte à preparação de material de treinamento, se tornem registros

históricos. Como dito anteriormente, é a partir destes documentos que se constrói importante

base de conhecimento para a equipe de produção. Entretanto, a informação de campo, ou seja,

ocorrências e interpretações sobre o processo preparado pela equipe de operação são uma

outra parte necessária para se compor o conhecimento.

Page 60: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

58

a) Empresa

Inicialmente, precisa-se ter acesso aos Manuais da Gestão da Qualidade, Segurança e

Meio Ambiente. Nestes Manuais encontram-se as políticas e procedimentos que norteiam o

trabalho de gerenciamento da organização. A partir de informações sobre o Gerenciamento

Estratégico da Empresa, tem-se uma idéia do clima organizacional e do compromisso da

cúpula administrativa.

Os relatórios da diretoria e da área comercial apresentam os seguintes aspectos

importantes: custos, atendimento ao cliente, fornecedores, estrutura de recursos humanos e

serviços contratados.

Os relatórios gerenciais de produção apresentam índices e os principais componentes

que afetam a produtividade da indústria. O estudo dos fatores operacionais prepara o sujeito

para, entre outras funções, avaliar o nível de controle sobre o processo da planta. Como

fatores incluem-se: continuidade global ou por seção, carga das unidades, lotes de produtos

não conformes, paradas programadas e não programadas, faltas ao trabalho, problemas

ambientais e de segurança.

b) Processo

O processo é formulado tendo como base o conhecimento documentado e registrado a

partir de aspectos da tecnologia ou know-how da organização e o histórico da planta.

Entende-se como tecnologia - um corpo de conhecimentos relacionados com a

transformação de recursos. Estes são o mais diverso que se possa imaginar: plantas,

equipamentos e materiais e formas de energia que são requeridas pelos sistemas de produção.

A depender da tecnologia existem algumas dificuldades e facilidades encontradas para

a operação normal da planta. Daí, porque, tanto a compra da tecnologia quanto a utilização

deve ser bem feita.

O conhecimento histórico da planta é essencial para a análise de sistemas e a tomada

de decisões. Também ocupa lugar de destaque o reconhecimento que a engenharia possa ter

sobre os seguintes itens:

Page 61: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

59

• Relatórios de processo que apresenta histórico de parâmetros operacionais e de lotes de

produto.

• Relatórios de testes e trabalhos especiais na operação com descrição de experimentos.

• Histórico de carga / continuidade / produção, apresenta a análise de causas de parada e o

histórico de rendimento da planta.

• Investigação de eventos anormais com detalhamento do levantamento histórico de

experiências anteriores da operação e do processo.

• Análise de sistemas e estudos contendo o histórico de trabalho na operação / processo /

projeto da planta; desempenho da equipe de operação, onde é apresentado o histórico da

equipe quanto a promoções, rotatividade no turno, falta e treinamento.

• Histórico da análise de custo fixo / variável, para facilitar a análise de melhorias e

enxugamentos.

A partir de um conhecimento mais profundo dos itens acima, tem-se a estrutura

facilitadora para a contínua normalização do processo.

3.1.3 Avaliação do Perfil da Equipe de Produção

Entende-se conhecimento básico como o essencial permitido para se atender às

funções da produção. O perfil ideal da equipe de operação envolve competência, tanto em

aspectos práticos como teóricos; formação profissional, atualização das informações técnicas

e atualização quanto às exigências do mercado globalizado.

a) Conhecimento ideal para o novo desafio ambiental

O conhecimento básico inclui tanto procedimentos da fábrica quanto os inerentes à

formação dos operadores.

A equipe de operação possui um diferencial técnico quando apresenta os seguintes

aspectos mais importantes:

• Visão prática das questões operacionais, facilitando a solução de problemas.

Page 62: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

60

• Facilidade para lidar com as questões sobre qualidade de cada operação unitária (a

boa qualidade é definida pela necessidade do cliente, neste caso, o cliente passa a ser

a operação seguinte que utiliza o fluido com características específicas).

• Demonstra conhecer os principais contribuintes em termos de custos envolvidos com

a operação unitária em estudo - preço de utilidades, energia elétrica, peças

sobressalentes, manutenções não-programadas etc.

• Realiza pequenas manutenções, tornando possível minimizar a indisponibilidade de

equipamentos e de sistemas.

Também são considerados necessários para o perfil do operador conhecimentos na

área de processo, equipamentos, acompanhamento e controle de processos, sistemas digitais

de controle e procedimentos operacionais. A gestão da qualidade, segurança e aspectos

ambientais são considerados indispensáveis à equipe de produção.

Figura 7 – Conhecimento ideal para o desafio ambiental

Fonte: construção própria

Equipe de operação com ótimo nível técnico e preparada para atuar na rotina operacional da planta

A questão ambiental Atuação Responsável ISO-14000 Tratamento de efluentes Manuseio resíduos Comunicação

Procedimentos de Operação Comissionamento Operação branca e testes Partida da planta Operação Normal Parada da Planta Emergência na planta

Acompanhamento e Controle processos

Acompanhamento e controle de processos Filosofia das malhas de controle Descrição dos instrumentos de painel

Intertravamento

Processo Controle da qualidade Reações químicas Descrição de processos Balanço de massa Sistema de aquecimento e de resfriamento

Treinamento profissionalizante Noções básicas Polímeros Escoamento de fluidos Bombas Absorção / Extração Trocadores de calor Destilação Cristalização Separação Instrumentação Vácuo Operações com sólidos Utilidades industriais Segurança para operadores

Analise de risco Árvore de falhas Plano de fuga Prevenção de Acidentes A Questão Segurança

As ferramentas da Estatística MASP – Metodologia de solução de problemas Introdução ao ISO-9000 Introdução ao Controle Estatístico de Processos-CEP Qualidade

Introdução a sistemas digitais de controle distribuído Descrição e exercícios práticos dos controle do painel do SDCD Descrição e exercícios práticos dos controle do painel do PLC Sistemas Digitais de Controle

Equipamentos de processo Sistemas específicos Equipamentos especiais

Equipamentos

Visão prática de questões operacionais Visão de Qualidade em Operações Unitárias Visão de Custos vs Economia Pequenas Manutenções diminuir indisponibilidade (Diferencial técnico) Treinamento profissionalizante

Page 63: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

61

O diagrama de peixe, representado na Figura 7, traz o conhecimento ideal para o novo

desafio ambiental conforme programa de treinamento apresentado por Ávila (2000).

3.2 AVALIAÇÃO AMBIENTAL PRELIMINAR

Inicialmente, é recomendável que o analista do processo de mudança na área ambiental

passe por estágio no turno em que irá atuar para conhecer o clima organizacional e de trabalho

(envolvimento de supervisores, de operadores, da engenharia, enfim, da equipe de produção).

Este instrumento, em conjunto com entrevistas a operadores de campo e de painel, facilita a

avaliação preliminar ambiental. Referida avaliação não tem o intuito de esclarecer as causas

dos eventos que provocam vazamentos e que impactam o meio ambiente e o homem. A

avaliação terá aplicabilidade na primeira definição das prioridades e onde há necessidade de

envidar esforços. Assim, deve constar dos seguintes procedimentos:

a) Visitas ou estágio no turno

O estágio no turno favorecerá levantamento de aspectos e impactos ambientais, além de

preparo e preenchimento do Mapa de Controle Ambiental – MCA.

O que surgir de anormalidade na área é preenchido no referido mapa e desse modo,

registram-se os eventos detectados durante o estágio. Citam-se como exemplos: vapores de

orgânicos e sujeira de pó na área, vazamento de gaxetas e de líquidos em tubulações de

processo, ruídos anormais em equipamentos rotativos e outros.

Acresce-se ao que foi exposto, a verificação do comportamento dos sujeitos em termos

de higiene, cuidados com equipamentos, linguajar no cotidiano, formas de supervisionar a

equipe e outras observações consideradas de valor.

b) Entrevistas

Nas entrevistas e estudos de relatórios de processo e de produção são levantados os

fatores que afetam o meio ambiente.

As entrevistas a técnicos de operação ou a supervisores de turno são feitas após o

entrevistador ter estudado o processo e ter estagiado ou visitado a planta. A entrevista é aberta

Page 64: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

62

e busca respostas para as perguntas sobre o processo, partindo de dúvidas levantadas nos

estudos anteriores baseados no campo e nos relatórios já lidos e analisados. Algumas vezes,

para aferir melhor as afirmações dos líderes da produção, é interessante entrevistar os

operadores, os mecânicos, os instrumentistas, os analistas na sua área de trabalho.

c) Construção do Mapa de Controle Ambiental – MCA

Fig. 8 – Mapa de Controle Ambiental em planta química -MCA Fonte: construção própria

Matéria-Prima

PISO 4

TRG/Sis. Frio

PISO 3

PISO

PISO 1

UPI

UPI

UPI

UPI

UPF

UPF

UPF

UPF

Produto

UA VasosPainel de

controle

UTE

Bomba/PH

Compressor

Lavador

SIMBOLOGIA-CONTAMINAÇÕES GASES AC2 AC G LÍQUIDO AC A PI PF Z CR TAMBOR F. SÓLIDO ORGÂNICO EFLU RUÍDO

(a)

(f)

(c)

(d)

(b)

(g)

(e)

Page 65: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

63

O Mapa de Controle Ambiental é um croqui de localização física dos prováveis pontos

de vazamentos, ou geração de efluentes geradores de impacto ambiental (Figura 8).

Cada planta é representada por um retângulo e os principais equipamentos são

simbolizados por círculos. Além das instalações de campo, localizam-se as áreas

administrativas, os pontos de disposição provisórios de resíduos, as áreas de efluentes,

matéria-prima, insumos, produto acabado, painel de controle, pontos de fuga em situação de

emergência e outros.

Os efluentes, no mapa, são identificados e diferenciados por tipo gerado. Assim, para

efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões fugitivas usam-se cores com simbologia

específica. O MCA é utilizado, nesta dissertação, para confecção do diagnóstico ambiental

nas várias técnicas aqui relatadas.

3.3 INVESTIGAÇÃO DE OCORRÊNCIAS ANORMAIS NA ROTINA

Muitas vezes a rapidez que se tem para iniciar uma atividade produtiva resulta em falta

de planejamento nos sistemas, redundando, por conseguinte, na ausência de controle do

processo em questão. Toda atividade produtiva planejada é descrita através de cadeias de

processo, por isso, cada etapa recebe o devido cuidado, diante do qual providências devem ser

adotadas. Outro aspecto importante citado como exemplo, diz respeito ao trabalho de redução

de perdas e aumento de produtividade dependente do conhecimento adquirido sobre o

processo dessas atividades.

Após o início da operação da planta, no estabelecimento das rotinas, é comum

surgirem problemas. Assim são eles classificados: estruturais - depende da tecnologia,

metodológicos – depende do modo de trabalho, gerencial - depende de diretrizes ou decisões

estabelecidas e de fornecimento - variações nas quantidades e qualidade da matéria-prima e,

também, do serviço recebido.

O conhecimento das entradas e saídas do processo e o registro adequado das suas

variáveis e das ocorrências do dia á dia vão facilitar o entendimento das cadeias de

anormalidades que necessitam de correção.

Page 66: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

64

A escolha do projeto ou sistema a ser implantado e o planejamento são etapas

importantes na estabilização de processos industriais e contribui para a melhoria da qualidade

total. Caso haja um erro com referência a este item prevêem-se algumas conseqüências: perda

de tempo, perda de capital, descrédito das áreas administrativas e de apoio em relação à

produção; falta de motivação da equipe de produção e problemas de produtividade e

qualidade.

Nesta dissertação, métodos para dissecação de processos, a partir de eventos anormais

na operação, serão aqui descritos, por sua particular importância e abrangência.

Há um bloco de questões preliminares a serem investigadas cujas respostas darão

suporte ao trabalho. Antes de se iniciar a construção do Mapa de Eventos Anormais - MEA,

as perguntas abaixo apresentadas foram formuladas para serem respondidas pelos líderes das

atividades produtivas:

• O conhecimento do processo pela equipe é adequado?

• O histórico da atividade encontra-se documentado ou apenas na memória individual?

• Quais os meios de comunicação utilizados na empresa que possibilitem a execução e o

gerenciamento das atividades?

• Existem desenhos, croquis, esquemas que representam o processo ou sistemas

específicos? Existem manuais que descrevem o processo, os equipamentos e os

métodos?

• Como funciona o organograma da empresa?

• Como funcionam as lideranças informais?

• O pessoal de execução tem abertura? Resiste a mudanças? Quais as principais barreiras?

• Como funciona a interface do pessoal da execução em relação às áreas de apoio da

atividade? Existe sobreposição de papéis na atividade?

• Existem trabalhos realizados por duas pessoas diferentes ao mesmo tempo?

• Existem trabalhos realizados por duas pessoas em tempos diferentes?

Ao responder estas perguntas, entre outras possíveis formulações, o gerente ou analista

de processos se posiciona para suprir informações úteis às investigações sobre anormalidades

no processo: necessidades de treinamento, início de acompanhamento de alguns itens do

Page 67: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

65

processo produtivo ou de serviços para construção do histórico, identificar pessoas que,

atuando na liderança, vão facilitar a investigação e a provável mudança etc.

3.3.1 Estudo do Processo

Espera-se que o profissional de engenharia, antes de agir sobre determinado processo,

possa fazer uma avaliação da situação diagnosticada em termos gerais, procurando pelas

seguintes respostas:

Como foi iniciada a situação encontrada em termos de - tempo, local, turno, hora,

pessoa, turma, área?

É a primeira vez que ocorre o evento? Se não, qual foi a última vez? Quem

acompanhou? Quais os registros do evento? Quais as variáveis do processo, relatório de

ocorrências, cartas e comunicações, relatórios?

Após responder a estas perguntas, o engenheiro procura redesenhar o processo, desde

a matéria-prima até a entrega do produto buscando a interpretação dos problemas. A

“contemplação” do processo, sem a obrigação de encontrar respostas imediatas, facilita a

frutificação das idéias.

Escrever, desenhar, descrever o evento, entrevistar as pessoas envolvidas, percorrer

o(s) local(s) onde ocorreu o problema e acompanhar o processo são exercícios obrigatórios

para ter uma visão global do processo.

Mas, o envolvimento direto e por tempo integral do engenheiro nas múltiplas questões

operacionais de investigar, planejar, fazer e controlar prejudica todo um planejamento visando

manter os processos sob controle.

A tecnologia do processo produtivo é documentada na forma de manuais (books)

divididos por assuntos tais como: processos, equipamentos, dados de engenharia, balanço de

massa, dados sobre instrumentos, trouble-shouting etc. O processo também pode ser

apresentado em forma de fluxogramas, desenhos de equipamentos e outros.

A leitura destes manuais deve ser cuidadosa e atenta, fazendo-se por hábito, registro

de observações e dúvidas; criação de diagramas de blocos auto-explicativos; e

desenvolvimento de fluxogramas de processo simplificados.

Page 68: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

66

Controle da qualidade do insumo e da matéria-prima - existe variações na

qualidade da matéria-prima e dos insumos que não implicam em mudança de equilíbrio das

reações químicas. É essencial conhecer essas limitações. Os métodos analíticos críticos

podem indicar anormalidades que não existem no processo. Para acompanhar a performance

da reação química com segurança deve-se caminhar para o conhecimento desses métodos.

Reação química – a reação química é o coração do processo e, por isso precisa ser

bem entendida. As reações secundárias podem acontecer no processo de forma a

desestabilizar-se ou apresentar distúrbios menores, cumulativos ou não.

Sobre o assunto algumas reflexões precisam ocorrer se o objetivo é conhecer o cerne

do processo. Seriam algumas: reações principais e secundárias; os produtos indesejados;

identificação dos contaminantes para a reação química; condições ideais para a ocorrência da

reação na direção desejada; conversão e rendimento da reação química.

O conhecimento do funcionamento interno do reator com as direções de fluxo e os

princípios de transferência de massa envolvidos são importantes para a investigação da

anormalidade. As malhas de controle da reação química são instrumentos críticos e precisam

estar bem sintonizadas, optando-se, neste caso, por não dar by-pass de válvula de controle

nestas malhas.

A precisão do fluxo de matéria-prima e de insumos para a reação define se o seu

processo, como um todo, alcançará ou não a estabilidade. Outros parâmetros importantes são

o controle de temperatura (reação ideal) e o controle de pressão (principalmente para reações

com pressão positiva).

Muitas vezes, o que é gerado na reação não pode ser re-processado devido ao risco de

contaminar significativo índice de produto acabado. Outras vezes, é possível re-processar esse

mesmo produto “off-spec” em proporções definidas por testes de diluição e análise das

propriedades físicas e químicas do produto misturado ou diluído com produto “off-spec”.

Purificação - a função principal desta seção no processo é remover contaminantes

presentes nos insumos, antes da reação, e, nos produtos, depois da reação. Dependendo da

quantidade a ser removida, indica-se determinada operação de purificação.

Se o rendimento da purificação, por qualquer motivo, flutuar ou, simplesmente, baixar,

o produto terá suas propriedades físico-químicas alteradas prejudicando sua comercialização e

aumentando sensivelmente o custo de produção.

Page 69: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

67

Neste estudo do processo importa avaliar quais princípios físico-químicos regem as

operações de purificação. Conhecer como os fluidos se movimentam dentro do equipamento,

mesmo de forma esquemática, facilitará o diagnóstico de eventos anormais nestes

equipamentos.

Ás vezes, a escolha do material para construção de equipamentos e tubulações provoca

contaminações do processo, aparentemente inexistente.

Há de se realçar também, o valor de se conhecer as condições ótimas da purificação

como um todo. Existem, às vezes, limitações de certos equipamentos, mas que são

compensadas por outros. No momento em que se inicia o estudo do balanço de massa da

planta, ajustam-se valores de processo baseado em rendimentos de projeto; estes dados são

interligados na forma de planilhas a indicarem a direção do processo e as planilhas são

esquemáticas e não repetem o comportamento físico-químico dos fluidos no processo

(equações que simulam comportamentos).

Equipamentos rotativos, selos - o conhecimento de como funcionam internamente os

equipamentos rotativos é requisito para análise de eventos a envolverem vazamentos ou

distúrbios na compressão e no bombeamento. Equipamentos como compressores de bombas

alternativas, bombas de vácuo, extratores rotativos e outros equipamentos contendo uma parte

estática e outra dinâmica, precisam ser abertos fisicamente ou no papel (de forma

esquemática) para identificar as partes importantes e críticas.

O cuidado com estes equipamentos é importante para o processo, pois podem ser

causa de contaminação da atmosfera e do produto, além de perda de eficiência na reação ou

na purificação.

Válvulas e malhas de controle – é essencial uma boa “controlabilidade” (conforme

apresentado na reação e na purificação) dessas malhas de controle. As condições especiais de

operação têm formas de controle específicas (a depender da malha de controle e do processo).

Por isso, devem-se conhecer, pela importância que se lhe atribui, cada uma das etapas do

funcionamento das malhas críticas de controle na operação à baixa e alta carga, parada

programada e de emergência.

Algumas válvulas controlam o fluxo de insumos tóxicos e corrosivos e o sistema de

gaxeta e a proteção destas válvulas possui características específicas que precisam ser

conhecidas.

Page 70: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

68

Controle de efluentes e de resíduos gerados - a tendência atual nas tecnologias de

processo é a geração mínima de efluentes líquidos, a não geração de efluentes gasosos e a não

geração de resíduos sólidos afastando-se cada vez mais e o mais rápido possível, do inverso.

Existem alguns condicionantes para que a geração de efluentes e de resíduos seja mínima; ou

seja, tecnologia de processo bem assimilada pela engenharia e pela equipe de produção; os

materiais de construção dos equipamentos, tubulações e instrumentos adequados ao uso; as

matérias-primas, insumos e catalisadores especificados conforme indicado pela tecnologia. Há

resultados favoráveis quanto ao exposto: a qualidade das utilidades não varia com o tempo; os

operadores mantêm um padrão básico de comportamento e compreendem as rotinas a serem

realizadas.

Sabe-se que nem sempre é possível manter todas as variáveis anteriores sob controle.

Caso ocorra geração de efluentes e resíduos é muito importante conhecer a caracterização do

mesmo e as condições de disposição (para resíduos sólidos), as condições de transferência

para ETE (para efluentes líquidos) e a comunicação para os empregados e vizinhos, em caso

de efluentes gasosos.

Utilidades e sistemas auxiliares - em uma investigação de processos, normalmente os

engenheiros não dão a devida importância aos sistemas de utilidades e aos sistemas auxiliares.

Se não for considerada a qualidade das utilidades, do colchão de nitrogênio, do

sistema de venteio, incorre-se no erro de “arranjar” explicações para cobrir lacunas não

explicáveis, ou para explicar eventos “fantasmas”.

Os distúrbios ligados à área de utilidades podem afetar toda a fábrica devido à

interligação desse sistema em forma de rede. Assim, para avaliar qual o melhor projeto no

fornecimento de vapor para uma planta industrial é necessário rodar programas de integração

energética.

A obstrução de trechos da linha de nitrogênio pode provocar a oxidação do produto

acabado e, conseqüentemente, tirá-lo de especificação por cor alta (controle de qualidade em

produto).

Sistema de segurança de processo “intertravamento” - o conhecimento da essência

do sistema de intertravamento pelo analista de processo é imprescindível porque, em caso de

parada de emergência, garante o mínimo de risco para o homem, equipamentos, produto

(especificação) e meio ambiente. Uma válvula de segurança - PSV descalibrada pode ser

responsável pela parada não programada de uma planta ou, ainda, após a parada de

Page 71: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

69

emergência, algumas válvulas de controle deixam de responder ao sinal enviado e se mantêm

na posição de segurança.

OS VÁRIOS TIPOS DE RELATÓRIOS DE PROCESSO

Existem vários tipos de relatórios que devem ser consultados na etapa de estudo de

processo.

O registro da história da fábrica, através de relatórios, é uma prática recomendável

para se evitar a perda do conhecimento, com o decorrer do tempo. Eventualmente, um

componente da equipe está ausente, de forma temporária ou definitiva, e o histórico da planta

é perdido nas memórias pessoais dos não presentes. É a partir do relatório de processo, do

relatório de produção e das entrevistas, que será escolhido o período para a investigação de

anormalidades.

Relatório de processo - este documento apresenta as variáveis de processos

provenientes de medições realizadas no campo e indicações no campo e em painel de

controle; análises de laboratório, campo, qualidade do produto, insumos e matérias-primas.

Para facilitar a análise, os dados encontrados são apresentados em forma de tabelas e

gráficos variados, escolhidos de acordo com o tipo das indicações estatísticas.

Nesta primeira etapa de estudo de investigação de anormalidades, busca-se investigar

tendências das variáveis críticas, indicações de estabilidade ou não do processo, mudança

temporal da média e do desvio padrão.

Mesmo que o relatório perca a validade após o decorrer de dois anos, alerta-se para a

fundamental importância da preparação de um relatório de processo anual permitindo que, o

relatório de processo possa ser descartado.

Relatório de produção - o relatório de processo e o relatório de produção podem ser

peça única, a depender da empresa. Ele consta das variáveis de quantidade produzida por mês,

continuidade da planta, índice de re-trabalho pela manutenção e pela operação, motivos de

parada, problemas da ordem de recursos humanos, acidentes e incidentes por mês, enfim, as

variáveis que tenham a haver com controle de produção. Fazem parte deste controle, as

Page 72: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

70

leituras de totalizadores com os respectivos consumos e o cálculo do índice de consumo.

Neste relatório, também são relatados eventos ligados à segurança e ao meio-ambiente.

Relatório de não conformidade – o setor de qualidade da fábrica normalmente

acompanha e dá o tratamento adequado para as não conformidades. Á depender do local onde

tenha ocorrido e do tipo de não conformidade, existe uma classificação específica. Nesta etapa

do estudo estamos interessados nas não conformidades - NC’s ligadas ao produto e ao

processo e em conferir estatisticamente quais são as áreas críticas e quais os tipos de NC’s.

Relatório gerencial - este relatório detecta qual o estilo gerencial aplicado nessa indústria, que

tipo de relato se faz, qual o nível de exatidão entre o que realmente ocorreu e o que está escrito porque se

sabe que nem sempre um relatório gerencial reflete a realidade imediata.

Relatório comercial - este relatório indica a qualidade aparente aceita pelos clientes e

é usado para conhece-los uma vez que muitas vezes não os conhecemos como deveria. A

qualidade aparente vai definir a qualidade intrínseca que define as condições de processo

como um todo e principalmente relativo à purificação.

A TÉCNICA DE ENTREVISTAS

Para conhecimento do processo, o uso da técnica de entrevistas passa a ser uma

constante. Pretende-se, com este procedimento, sanar as dúvidas evitando registrar ou

transferir o que se considera incorreto.

O que se torna mais profícuo, entrevista ou reunião de equipe? Não importa. Tem-se

que sintonizar as idéias e hipóteses que são levantadas com a prática da equipe de produção

nos vários níveis. A entrevista visa esclarecer dúvidas sobre o processo e o entrevistado pode

ser o engenheiro, o técnico ou operador.

SISTEMATIZAÇÃO DA ENTREVISTA

Conteúdo

Nome e função do entrevistado.

Local, dia e hora da entrevista.

Convite esclarecendo o motivo e as dúvidas a serem dirimidas.

Solicitar que sejam trazidos desenhos esquemáticos, croquis de processo e localização dos pontos.

Page 73: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

71

Para cada

tema

a ser

esclarecido:

CONTROLE DE CAMPO

A tecnologia e os relatórios registrados são documentos que precisam ser lidos e

decifrados. Entretanto, parte desses relatórios inexiste ou não é verificado, mesmo sendo

considerado tecnicamente de máxima importância. Sejam os relatórios de campo ou de

operador de campo, registram os itens controlados e as observações e testes realizados, tais

como: avaliação visual de amostra, Ph de efluente ou corrente de processo, teste da reação

utilizando bancada no campo, vazamentos detectados no campo indicando emissões fugitivas,

aparência física do efluente gerado, aparência visual da massa reacional e outros controles de

campo.

BALANÇO DE MASSA

É necessário que o analista prepare o balanço de massa usando fluxograma

simplificado para identificar os vários itens de controle de processo. Neste exercício ou

simulação, é provável que vazões atuais sejam muito diferentes das de projeto e não exista a

exigência de fechar o balanço, pois a intenção é de conhecer o processo com as vazões atuais.

Conferir no campo e nos manuais as informações levantadas nas entrevistas.

Levar essas considerações para serem questionadas nas demais entrevistas.

Fazer cálculos e mudar fluxogramas caso haja alteração no que foi pesquisado.

Questionar os fundamentos da explicação dada.

Avaliar, junto ao entrevistado, dados sobre: procedimentos operacionais, detalhes de equipamentos, confiabilidade dos resultados analíticos, qualidade dos serviços de manutenção e de suprimentos.

Page 74: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

72

Itens de controle

do processo

3.3.2 Fluxogramas Específicos para Estudo

Os fluxogramas de processo e de engenharia existentes no material fornecido pelo

detentor de tecnologia não são suficientes para permitir a interpretação das anormalidades de

processo.

Estes desenhos apresentam as condições básicas de funcionamento da planta sem a

visão de prováveis falhas existentes.

Assim, muitas vezes, precisam-se preparar fluxogramas específicos para o estudo a ser

realizado. Por exemplo: a anormalidade de processo pode estar relacionada ao sistema de

aquecimento, usando-se vapor em camisa de tubulações; obstruções repetidas indicam a

existência de provável falha no aquecimento. Assim, é necessário preparar um fluxograma

que envolva o controle da qualidade do vapor fornecido e, ao mesmo tempo, o processo onde

este vapor está sendo aplicado - local onde ocorrem os problemas.

a) Preparação geral de fluxogramas ou croquis

Em termos gerais afirma-se que é necessário preparar fluxogramas específicos ou

croquis nas seguintes áreas:

Onde existem problemas de obstrução, deve-se envolver o fluxograma da seção e do

controle de utilidades (vapor).

Rendimento por operação unitária e da reação química (conversão).

Condições de pressão e de temperatura nas operações críticas.

Presença de contaminantes.

Identificação de malhas de controle críticas.

Balanço de massa de correntes importantes para o processo de reciclo.

Balanço de massa das correntes efluentes do processo.

Alterações do processo em relação ao projeto original.

Condições de operação e balanço de equipamentos específicos (exemplo compressor).

Page 75: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

73

Onde existem problemas de contaminação da água e /ou do produto, deve-se preparar

fluxograma envolvendo as seções dos equipamentos de refrigeração em conjunto com o

fluxograma de AGR.

Onde existem flutuações no processo resultando em variações no nível de vasos

separadores, deve-se preparar fluxograma específico envolvendo as linhas de equalização

de pressão no processo.

Para os eventos ocorridos em sistema de selagem externo e que ocorram

repetidamente em determinados pontos do processo, preparam-se fluxogramas específicos

envolvendo seções e o respectivo sistema de distribuição de líquido de selagem.

Falhas no aquecimento de equipamentos reduzindo temperatura tem relação com

fluxograma específico desta seção relacionado à utilidade.

Para eventos que envolvam distúrbio no padrão de efluentes em períodos de chuva

prepara-se fluxograma ou croqui básico de contaminação da pluvial.

Para eventos que envolvam condensação em linhas de venteio (refrigeradas) de

reatores prepara-se fluxograma ou croqui envolvendo água gelada e sistema de venteio de

reatores.

Para eventos que envolvam controle de temperatura na neutralização versus saturação

de trocadores de calor e concentração de sal da corrente vinda da reação e linhas de

reciclo da separação, prepara-se um fluxograma envolvendo estes sistemas.

b) Reciclo

Em estudos de processo, normalmente, não é dada a devida importância à influência

que a corrente de reciclo tem sobre a estabilização do processo, de forma global ou localizada.

Este fluxograma é fundamental para o estudo quanto a prováveis flutuações de

processo provocadas por retorno indevido de material (composição, pressão, temperatura) em

corrente de reciclo. A linha de reciclo sempre afeta a planta provocando anormalidades que, a

depender do processo, podem causar impacto total ou, apenas, à seção que recebe a corrente.

No processo existem várias linhas de reciclo, é importante estudar as principais com

profundidade. Isto significa que a preparação de fluxograma específico para o reciclo é

obrigatória e, a abrangência deste depende do tipo de anormalidade que será estudada.

Page 76: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

74

O estudo da linha de reciclo requer também o fechamento de balanço de massa e de

energia, pelo menos estimativo. Ás vezes é necessário instalar ponto de amostragem nesta

linha para viabilizar levantamento de dados, da mesma forma pode ser necessária a instalação

de manômetros ou termômetros de campo para facilitar este entendimento.

c) Equipamentos e sistemas específicos

Muitas vezes, para entender o funcionamento de alguns equipamentos, é importante a

preparação de croquis ou fluxogramas detalhando aspectos não apresentados no manual do

equipamento ou sistema específico.

Esta necessidade se faz presente principalmente no caso de equipamentos rotativos e

de sistemas auxiliares na área de utilidades. Normalmente, aproveita-se oportunidade em que

a planta está parada, em manutenção, para observar o equipamento aberto.

Alguns dos sistemas que precisam ser detalhados em estudos de processo estão abaixo

listados:

Compressor centrífugo e sistemas auxiliares Sistema de aquecimento por oleum Sistema de ativação e recuperação de catalisadores Sistema de limpeza e recuperação de filtros Adsorção de gases finais de processo Sistema de desuperaquecimento de vapor Bombas de vácuo e ejetores, incluindo sistemas auxiliares Sistema fechado de água gelada, ciclo térmico Extratoras centrífugas e auxiliares Vaporizadores rotativos a vácuo Lavadores cáusticos e sistemas auxiliares Analisadores Separação criogênica

Page 77: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

75

3.3.3 Levantamento de Anormalidades

As anormalidades, em geral, aparecem no dia-a-dia das atividades e não são

registradas de forma adequada. Indaga-se desse procedimento, pois a ação contrária poderá

embasar outras análises pertinentes aos eventos.

Provavelmente os líderes das atividades procuram amenizar o impacto de

anormalidades sobre o resultado da empresa buscando a sua correção imediata, em seu

horário de trabalho, sem se preocupar com o registro do evento. O medo de que a imagem

profissional possa ser afetada pelo julgamento de outros quanto ao fato de não conseguir

concluir com êxito suas atividades faz com que o ideal - que de fato não aconteceu - seja

relatado como acontecido e, o que de fato aconteceu seja omitido, pois, equivocadamente,

imagina-se que a ação imediata compensa o não registro da anormalidade.

Os líderes de atividade precisam tomar consciência que o adiamento de um provável

problema em andamento pode, momentaneamente, diminuir o peso da responsabilidade sobre

o problema no seu turno, mas vai recair no resultado global da atividade. Durante a etapa de

levantamento de anormalidades foram encontrados vários tipos de registro, assim definidos:

• Completos e neutros, apresentando inclusive relatório separado para anormalidade

específica.

• Incompletos e neutros, falta de tempo para organizar e registrar os dados devido ao

tratamento corretivo da não conformidade.

• Completos e tendenciosos, existindo preocupações do líder de turno para amenizar o

problema. Este comportamento é indevido, mas a depender da forma de

gerenciamento e da cultura da empresa, passa a ser prática comum.

• Incompleto e tendencioso, baixa qualidade no que é registrado.

Entre os turnos, a diferença na forma de gerenciar vai ser apresentada no tipo de

registro de ocorrências das atividades.

O levantamento de anormalidades no processo é uma etapa que exige paciência e o

máximo de atenção, podendo ser registrado, inicialmente, em forma de rascunho para

posterior transferência para a planilha.

Page 78: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

76

a) Anormalidade - fragmentos de uma história

As anormalidades são vistas junto aos fragmentos de dados, perdidos em um oceano e

com eles confundidas. O papel do analista de processos é pescar estes dados e discriminá-los,

separando-os, para construir as complexas cadeias de anormalidades.

Saber qual dado é considerado como fragmento de história dessa ou daquela

anormalidade depende do “feeling” de processo desse analista. Considera-se que o

levantamento citado anteriormente sobre o estudo de processo, é determinante ao bom

levantamento dos fragmentos de anormalidades.

Essas anormalidades são pinçadas, principalmente, do relatório de ocorrências da

rotina do turno; dos resultados analíticos de insumos, matéria-prima, processo e produto; dos

parâmetros operacionais que, na visão do analista, compõe um todo importante de ser

interpretado; de incidentes e acidentes ocorridos no período definido para análise.

b) Escolha do período apropriado para o levantamento de dados

A necessidade de tempo para proceder à investigação dependerá da quantidade de

problemas que ocorrem na planta e, os períodos de atuação, devem adotar os seguintes

critérios:

Plantas com baixa continuidade (<75%) e baixa carga (<75%)

Período de três meses; ocorrência de incidentes de operação com muitas

anormalidades; ocorrência de produção de produto não conforme.

Plantas com continuidade e carga médias (entre 76% e 90%)

Período de quatro meses; ocorrência de incidentes de operação com anormalidades.

Plantas com continuidade e cargas altas (>91%)

Período de cinco meses; ocorrência de produção de produto não conforme;

ocorrência de carga e continuidade oscilantes.

Page 79: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

77

c) Relatório de ocorrências

Extrai-se do relatório de ocorrências somente as anormalidades, ou eventos que

indicam o aparecimento de anormalidade. Os registros destes eventos seguem a ordem

temporal e, em conjunto com resultados analíticos e outras informações importantes,

compõem os dados para a construção do Mapa de Eventos Anormais -MEA.

Compete, neste momento, esclarecer o que significa anormalidade de processo ou de

operação. Conforme indicado no glossário, qualquer indício ou sinal do início de uma cadeia

de anormalidades é considerado anormalidade de processo; ou seja, se um filtro sujou ou, se

uma bomba cavitou, o fato pode ser considerado um evento isolado, mas deve ser examinado

porque também pode estar inserido em uma cadeia complexa de anormalidades.

Alguns gerentes de planta não aceitam este tipo de interpretação. Eles consideram que

se uma planta opera com continuidade e cargas altas e se os registros indicam que os clientes

reclamam pouco em relação ao produto acabado, deve-se considerar que não existem

anormalidades neste processo.

Outros gerentes consideram que cavitação de bombas, sujeira de filtro, saturação de

trocadores etc são eventos normais de processo.

Consideram-se anormalidades de processo as conseqüências aparentes das cadeias de

anormalidades. Seguem-se abaixo exemplos de anormalidades que complementam o que

acabou de ser dito.

Parâmetros de processo fora de controle; Produto fora de especificação; Trancamento ou desarmes de equipamentos rotativos; Selagem defeituosa de equipamentos rotativos; Falta de produto ou matéria-prima / cavitação de bomba; Excesso de produto ou matéria prima / transbordo de tanques; Filtros sujando rapidamente; Obstrução em linhas; Consumo elevado de óleo de lubrificação; Tomada de instrumentos obstruída; Vazamento em gaxeta de válvulas; Geração de excesso de vapor de baixa no sistema de condensado.

Page 80: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

78

d) Resultados analíticos

Normalmente existem pelo menos duas variáveis analíticas que representam praticamente

todo o processo da planta. Estas variáveis escolhidas serão lançadas na construção do MEA,

como indicado na figura 8 abaixo – neste caso, foram escolhidos o índice de fluidez e a

viscosidade do polímero. A seleção aborda, prioritariamente, os seguintes tipos de variáveis

para a composição requerida:

• Teor de contaminante no produto acabado;

• Teor de contaminante no processo (presente nas seções críticas);

• Propriedade física ou química que é afetada pela flutuação do processo.

As outras variáveis de processo são estudadas de forma específica, uma vez que se

avalia que, ao saírem do padrão são consideradas anormalidades.

Toda variável analítica está amarrada a parâmetros operacionais e podem ou não

provocar anormalidades. O analista de processos precisa, a partir deste momento, verificar

quais são as prováveis relações das variáveis analíticas com os parâmetros operacionais e com

os procedimentos e testes realizados.

e) Parâmetros operacionais

Inicialmente o estudo do processo será feito considerando-se a necessidade de

acompanhamento básico. As variáveis estudadas estão relacionadas às etapas críticas no

processo e algumas serão escolhidas para compor as anormalidades de processo.

É normal escolher-se como variável para o estudo a temperatura; pressão na reação

química; temperatura nas etapas de purificação mais críticas; pressão de descarga de certas

bombas da reação ou sistemas de transferência críticos; e outras a depender do tipo de

processo e o grau de conhecimento inicial.

f) Incidentes e acidentes no período

Antes de partir para a construção do MEA, o analista de processo deve conhecer os

incidentes e acidentes registrados nos últimos 12 meses e a composição deste histórico

facilitará a interpretação das anormalidades.

Page 81: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

79

3.3.4 Construção do Mapa de Eventos Anormais - MEA

O MEA vai concentrar informações registradas em diversos documentos, em

momentos variados, para um mapa único reunindo um inventário de anormalidades durante

um período específico. Este estudo é realizado tomando-se como base os meses problemáticos

identificados a partir do livro de ocorrências, sobre a atividade produtiva que está sendo

analisada.

a) Principais características do MEA

O MEA facilita a visão global de um período longo de produção, vindo a significar

que este mapa permite verificar vários eventos ocorridos sem que para isto se recorra ao

manuseio de uma grande quantidade de papel. A verificação, por sua vez, oportuniza a análise

de eventos consecutivos e suas relações causais. O método também avalia o que é causa e o

que é conseqüência em eventos de natureza complexa e, bem assim, quais os níveis de

causalidade e de efeito. Observe-se que eventos fechados têm tratamentos diferentes dos

eventos abertos, sendo que o MEA facilita a construção de matrizes corretivas e preventivas

de processo. Conhecendo as causas e conseqüências dos eventos, além de distinguir quais os

fatores sinérgicos, fatores falsos e fatores antecipados, preparam-se tabelas objetivando evitar

a repetição da mesma anormalidade.

Em resumo, o MEA identifica quais são os eventos cíclicos, suas relações e os

períodos destes ciclos.

b) Construção do MEA

Busca-se com o MEA identificar o período em que a planta esteve com performance

baixa e onde provavelmente a maior parte dos problemas ocorreu. Para tal desempenho, há de

se reunir os dados necessários durante o período determinado - o livro do supervisor de turno,

ou livro de ocorrências, resultados analíticos, leitura de painel e outros, organizando o banco

de dados, anteriormente citado. (Ver Figura 9)

Page 82: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

80

Dos registros de ocorrência e outros dados de processo deve-se retirar somente

registros de eventos anormais ou referente a anormalidades no processo, relacionando-os com,

no mínimo, duas variáveis de especificação do produto ou do serviço fornecido. Outros passos

pertinentes dizem sobre a importância de reunir estes registros em caderno de anormalidades,

no período de tempo em investigação; para cada dia relatado sobre os eventos anormais,

descrever as principais variáveis do produto e do processo e as relações prováveis.

A construção da árvore de eventos do MEA tem uma representação gráfica específica,

para facilitar a leitura das informações. Desenham-se dois traços horizontais equivalentes à

base onde os eventos serão expostos; para cada dia constante no MEA desenha-se uma linha

perpendicular na base, evidenciando a diferença através da altura da linha para registro das

ocorrências anormais. Algumas vezes várias ocorrências correspondem a apenas uma e,

quando isso ocorre é necessário agrupa-las. Na parte superior do mapa faz-se o registro das

duas variáveis que medem a qualidade do produto.

A árvore de eventos anormais pode ser organizada sem a preocupação inicial quanto a

formação da cadeia de causa e conseqüência. A freqüência de ocorrência, a sinergia entre os

elementos e os outros tipos de eventos esclarecerá, paulatinamente, a relação causa e efeito.

A tentativa de interpretar os eventos colocando as causas acima das conseqüências pode

redundar em futuro erro de diagnóstico. Quando as causas do evento não forem

imediatamente encontradas, o espaço deve permanecer vazio até que se chegue, relacionando

os eventos dos dias anteriores com o evento atual, ao evento causador.

As várias interpretações são “livremente” desenhadas no MEA e o analista não deve

temer em construir interpretações errôneas em um primeiro momento, pois estas informações

são validadas num segundo momento pelos executores do processo.

Os eventos que tem relação entre si devem ser identificados através de código escrito e

colorido e, posteriormente, interligados entre si usando retas e/ou setas a depender da relação

correspondente. O MEA deve ter como base o período de três meses e, após sua construção, o

analista com o fluxograma de processo simplificado à sua frente, interpretará os eventos

buscando encontrar as prováveis relações causais que podem estar explicitas ou não nos

eventos anormais.

Page 83: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

81

Figura 9 – Mapa de Eventos Anormais - MEA Fonte: construção própria

Page 84: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

82

c) A relação entre os fatores

O processo de um sistema pode ser considerado uma rede complexa de sistemas

menores, com relações de troca contínuas e com intensidades variáveis.

Um sistema de produção na indústria é formado por vários fluxos de processo que

operam em paralelo ou de forma serial. Assim, distúrbios no processo são indicados

constantemente no meio do sistema produtivo, de forma fragmentada e de difícil

interpretação.

Ao tentar mudar a forma convencional de avaliar processos produtivos, objetivando

conectar as informações que se apresentam incompletas e ininteligíveis - serão levantadas

hipóteses sobre comportamentos antes não formalizados. As informações identificadas têm

origem na rotina da produção e são agora descritas como anormalidades de processo.

Cada anormalidade indica uma história que está sendo contada. A função principal

baseia-se nos conhecimentos práticos e teóricos, em que se busca a explicação para o

acontecimento que, sabe-se, não ocorre de forma isolada.

Quando a história se repete seguindo um ciclo de tempo, ou de cadência do processo,

afirma-se que o fator envolvido é cíclico sendo fácil identificar quando este evento anormal se

repetirá, podendo ser após um certo tempo, ou posterior à realização de acontecimentos que

são requisitos para o fator cíclico.

Muitas vezes acredita-se que a relação causa-conseqüência é facilmente identificada e

explicada; porém, a depender da complexidade e dos diversos níveis em que estão ambas

envolvidas, poderá haver dificuldade para se tomar uma decisão acertada. Assim, uma anormalidade

no processo pode ter várias causas e conseqüências que podem ou não se fechar em ciclo. A

pergunta fundamental é: - qual é a causa mãe ou causa raiz desta cadeia de anormalidades?

Para cada cadeia de anormalidades no processo, existem fatores que potencializam

negativamente os resultados; busca-se então identificar estes fatores para isolar a sua ação. O

conhecimento permite, desta forma, a estabilização dos processos sendo nomeado este fator de

SINÉRGICO.

Uma anormalidade de processo pode acontecer de forma repetitiva, denominada de cadeia

fechada; ocorrendo de forma única identifica-se com o nome de cadeia aberta.

Page 85: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

83

Várias anormalidades de processo podem se interconectar formando uma teia de difícil

interpretação e exigindo, por isso mesmo, a dissecação do processo anormal por cadeia,

isoladamente, para que depois se possa viabilizar a interpretação do processo como um todo.

Muitas vezes aparecem fatores que, pela lógica, ocupariam o processo em etapas

posteriores, mas que vêm a surgir naquela etapa. Não importa muito fixar-se na razão desses

acontecimentos, mas a inclusão dessa possibilidade favorece o entendimento do que se esteja

analisando.

Para finalizar, é importante também o estudo de fatores que existem de forma figurada, ou

por erro de interpretação, ou por qualquer outro erro. A estes fatores apelidamos de FALSOS. A

importância que lhes é dada levará a ações sem eficácia sobre o problema estudado. Assim,

pretende-se entrar no emaranhado de redes com a finalidade de identificando as

anormalidades, se extraiam os fragmentos de uma história a ser relatada.

3.3.5 Preparação da Cadeia de Anormalidades

Neste caso, inicia-se a preparação de diagrama de blocos que representa a cadeia de

anormalidades no processo. É neste diagrama que se descobre o tipo de eventos e de fatores

envolvidos na cadeia de anormalidades (Figura 10 ).

O MEA passa a ser estudado e nele são desenhadas - usando simbologias específicas - as

relações entre eventos diferentes, indicando o tempo em que ocorreram. As relações são interligadas

no diagrama de blocos através de setas cuja direção indica a causa para a conseqüência.

a) Freqüência

Uma das formas de classificar o nível de prioridade na tomada de ações é verificando qual é

a freqüência que estas anormalidades acontecem no período estudado.

Eventos com freqüência abaixo de 5%, e com baixo impacto nos custos ou no meio

ambiente, são desconsiderados na avaliação de eventos anormais porque não são considerados

como prioridades para estudo. No entanto, se mesmo estando abaixo dos 5% provocarem impactos

ambientais e nos custos, devem constar da relação dos eventos a serem estudados.

Page 86: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

84

Se esta freqüência apresentar período fixo, ou seja, se ocorrer a cada 15 dias,

classifica-se este evento como cíclico e tem-se uma relativa segurança dos períodos em que

volta a ocorrer com as mesmas características.

Figura 10 – Cadeia de anormalidades

Fonte: construção própria

b) Conceitos e tipos de relações causais

Evento anormal

Define-se como evento anormal o incidente que ocorre em equipamento ou etapa do

processo e que rotula a cadeia no momento em que toma corpo. Observa-se que embora não

sejam evidentes todas as conseqüências, o evento anormal pode estar ocorrendo em momento

específico.

INTERMEDIÁRIO OSCIL. ALTO PM NÃO

ENQUADRADO

SEPARAÇÃO DIFÍCIL VASO-TORRE

EVENTO 1

EVENTO 3

PROBLEMAS NO TRATAMENTO

PROBLEMAS NA SECAGEM

ESPECIFICAÇÃO DE P

MÁ SEPARAÇÃO NA EXTRAÇÃO

CONDUTIVIDADE ALTA

OSCILAÇÃO DO PESO, SOLVENTE E ÁGUA

OSCILAÇÃO AMPERAGEM E TEMPERATURA NA SECAGEM

OSCILAÇÃO VAPOR P/ TROCADOR

SOLIDIFICA VASO

PERDA DE SOLVENTE PARA ATMNão Enquadramento do polímero

PESO MOLECULAR Íons PONTO PRETO MFI CONTAMINANTES

CORREÇÃO NAS CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO: *VAZÃO TERMINADOR *REL B/A *CONC DE POLÍMERO *VAZÕES DE ÁGUA P TR.

OSCILAÇÃO VAZÃO TERMINADOR

OSCILAÇÃO NA/DOS REAG / REAG+

EVENTO 5

Oscilação de B

PRESSÃO VAZÃO

Header de B Fornecedor

Malha de controle oscilante

FALTA DE CONTROLE INTRÍNSECO

PRESENÇA DE CONTAMINANTE

ÁCIDO EM B CONTAMINANT.EM A CONTAMINANT.EM B

Page 87: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

85

Chama-se evento anormal também uma série de fatores que ocorrem de forma

característica, provocando conseqüências. Assim, de forma serial, ocorre primeiro a causa, depois,

o evento é caracterizado e, finalmente, aparecem todas as conseqüências, das mais impactantes até

as menos impactantes.

Evento 4 do Caso 3 – Oscilações no intermediário, relação mássica B/A e pressão B

O evento é caracterizado nas análises de processo e, após o seu mapeamento, o evento

anormal pode ser acompanhado, etapa por etapa, incluindo as causas e as conseqüências.

Assim, o evento é dado como prognóstico, após certo período de avaliação. Por isso é que se

identifica a metodologia como investigação de eventos anormais e não diagnóstico de eventos

anormais.

Considera-se Evento aberto quando não existe realimentação entre o final da cadeia -

última conseqüência - e o início da cadeia - causa raiz - ou qualquer outra causa do evento.

Evento fechado, ao contrário, é quando se detecta que há realimentação entre a

conseqüência secundária e a causa, qualquer que seja ela, causa raiz, secundária de nível 1 ou

2. Ou seja, a conseqüência funciona como causa, embora seja a causa, mantendo o evento

anormal ativo.

Ás vezes o evento é bastante complexo e envolve outros eventos como causa ou como

conseqüência; necessitando que sejam realizados testes simulados (EVOP) para confirmar se

no evento cíclico, o fator é ou não é uma causa, tendo em vista a observação de que, em

alguns casos, este fator pode ser conseqüência.

Evento cíclico é aquele que ocorre em períodos de tempo definidos e constantes ou

período de tempo definidos e variáveis dentro de uma faixa de aceitação. Ele é aberto quando

a causa raiz é intermitente e depende de fatores externos como o ambiente, o horário do turno,

e a turma de turno; neste caso, quando o fator externo intermitente perde força - muda a

temperatura - o evento deixa de ocorrer e a causa raiz desaparece.

Os eventos cíclicos podem ser fechados quando as conseqüências realimentam o

processo. A preocupação é detectar qual é a causa raiz para eliminar o mal na sua origem.

Dependem de taxas no processo as quais incrementam ou reduzem o efeito do evento com o

tempo formando, assim, um ciclo com período definido.

Exemplos: Taxa de saturação volumétrica de equipamentos; taxa de acúmulo de sólidos taxa

de transferência de calor; taxa de fadiga humana ou material.

Page 88: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

86

c) Causas

A relação causal é aquela que envolve causas e conseqüências. O fator que é causa de

determinados eventos são denominados fatores causais. Ou seja, algo só acontece se antes

ocorrer o fator causal, dentro da seguinte lógica: só vou ao cinema se tiver dinheiro; só

namoro se tiver namorada; o Ph é 2 só se houve 1 componente com caráter ácido.

Os fatores causais podem ser classificados em:

1. Causa principal ou raiz

Também chamada de causa iniciadora do evento anormal. É a principal responsável

pela existência da anormalidade.

Toda investigação de anormalidades, quando feita de forma “apressada” (vide

qualidade na produção) pode detectar como causas raiz outras causas secundárias.

Por isso, ao investir contra as causas secundárias, o evento anormal continua ativo

alterando a sua força, ou o seu ciclo, ou mudando algumas conseqüências de imediato.

Mas, como a causa raiz continua ativa, o evento tomará a sua forma original.

A causa raiz pode também fazer parte de um ciclo fechado.

CR

A principal vantagem do uso do MEA é a certeza de se atuar na causa raiz do

evento.

2. Causa secundária em ciclo aberto

São causas isoladas que se interligam diretamente ao evento anormal.

Neste caso, não são consideradas causas principais. Se houver a correção neste

ponto, o evento não deixará de existir. Momentaneamente poderá tomar formas diferentes,

incompletas.

CSA

CR CR

CSA EV

Page 89: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

87

Estas causas deixam de existir no caso de se detectar e tratar a causa raiz do evento

porque elas não têm força suficiente para alimentar o evento.

3) Causa secundária em ciclo fechado

Quando a causa é realimentada por fatores provenientes das conseqüências

promovendo assim o fechamento do ciclo. O ciclo é realimentado e o evento mantém a

característica cíclica.

Simples

CSF

Causa secundária de nível 1

CSF1

Causa secundária de nível 2

CSF2

d) Conseqüências

São fatores que ocorrem devido à cadeia de anormalidade estar ativa, inclusive com os seus

fatores causais atuando e provocando anormalidades que são as conseqüências.

1) Conseqüências primárias - antes da configuração do evento

O fator conseqüente, quando ainda não é possível caracterizar o evento que se apresenta em primeiro grau e é chamado de conseqüência primária. QP

2) Conseqüências secundárias abertas – depois da configuração do evento

O fator conseqüente que ocorre isoladamente, depois de caracterizado o evento, denominada de conseqüência secundária aberta. Esta conseqüência não realimenta a causa, fechando o ciclo. QSA

EV QSA

CS EV

CS CSF1 EV

CS CSF1 CSF2 EV

EV QP

Page 90: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

88

3) Conseqüências secundárias fechadas – depois da configuração do evento

O fator conseqüente que ocorre após caracterizar o evento e que realimenta as causas de qualquer tipo é chamado conseqüência secundária fechada. a) Simples Se o fator conseqüente ocorre sozinho e retorna para o início da cadeia, é considerado simples. A depender do ponto de retorno, se na causa mãe, se na causa primária, se na causa secundária, existem complicadores ou facilitadores para serem analisados permitindo o bloqueio do ciclo e a anulação das causas do evento. QSF

b) Conseqüências secundárias fechadas – depois da configuração do evento

Conseqüências secundárias fechadas de nível 1

O fator conseqüente, quando acontece após a primeira conseqüência (ou primária), é considerado conseqüência secundária de nível 1. Além do mais faz parte de um ciclo fechado. QSF1, em nível 1 Conseqüências secundárias fechadas de nível 2 O fator conseqüente quando acontece após a segunda conseqüência (ou secundária) é considerado conseqüência secundária de nível 2. Ciclo fechado. QSF2, em nível 2

A depender do tipo de conseqüências do evento anormal pode haver prejuízo ou danos

a alguns dos componentes listados abaixo.

Tabela 02 – Componentes que são afetados com as anormalidades

Componentes apresentados Equipamento Homem Meio ambiente Produto Produção Consumo Imagem

Equipamento parado por defeito precisando trocar peças de reposição

Re-trabalho na operação e diminuição da auto-estima

Afeta o ecossis-tema mais pró-ximo e altera as condições ambi-entais originais

Produção de produto fora de especificação ou re-classificado como de 2ª

Redução de carga ou pa-rada de plan-ta ou parada de seção

Aumento do consumo de forma geral alterando os índices

Comunicação visual /falada inadequada ou atraso na entre-ga do pedido

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 Criticidade

Fonte: construção própria

EV QSF

EV QSF1 CS

CM QP QSF2

EV QSF1CS

CMQP

Page 91: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

89

A criticidade do evento depende do tipo de potencial de impacto sobre quaisquer dos

itens apresentadas acima. Assim, a prioridade na tomada de ações depende da freqüência e da

criticidade das conseqüências.

e) Tipos de Fatores

CAUSAL

Os exercícios abaixo são ilustrativos sem base matemática, simulando situações virtuais.

Causa - conseqüência simples

Se CM ocorre, irá ocorrer QP, EV, QS – existe uma relação lógica entre estes fatores.

Para mensurar as relações entre os diversos fatores, pretende-se identificar os itens

representativos de cada fator. Exemplo: Caso a contaminação atinja 100 ppm (K) haverá uma

geração de sólidos que no filtro Z provocará uma saturação em 4 horas podendo ocorrer uma

situação de parada de seção em (P) uma semana. SATP = K * CICLOSATZ

Causa - conseqüência de nível 1

Se CM ocorre, irá ocorrer CSA, QP, EV, QS – existe uma relação lógica entre estes

fatores. Exemplo: Caso a contaminação atinja 100 (K) ppm haverá uma geração de sólidos

que no filtro Z provocará uma saturação em 4 horas (vazão de acúmulo de sólidos: (V) 10

gramas / minuto), podendo ocorrer uma situação de parada de seção em (P) uma semana.

V = K * VAZÃO; SATP. = V * CICLOSAT

Causa - conseqüência de nível 2

Se CM ocorre, irá ocorrer CSF, CSF2, QP, EV, QS, QSF2 – existe uma relação lógica

entre estes fatores. Exemplo: Caso a contaminação atinja 100 ppm (K) haverá uma geração de

sólidos que no filtro Z provocará uma saturação em 4 horas (vazão de acúmulo de sólidos: (V)

10 gramas / minuto) e possivelmente, após (D) 2 dias de troca de filtros (1 vez por turno),

Page 92: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

90

ocorrerá cavitação da bomba e, após (E) 10 dias, a pressurização do vaso pulmão, podendo

ocorrer uma situação de parada de seção em (P) uma semana.

V= K * VAZÃO; SATD.= V * TAXACUM; SATE.= V * TAXAVOL; SATP.= V* CICLOSAT

Causa - conseqüência com loop’s internos

Dentro de cada seqüência de fatores pode ocorrer um ou vários loops internos que

representam sub-eventos. Matematicamente, pode haver elementos que promovem o link nas

relações entre fatores.

NÃO CAUSAL

Fator sinérgico

São fatores que multiplicam ou potencializam os efeitos. O resultado pode ser atingir a

mesma conseqüência em tempos sensivelmente menores ou provocar efeitos em quantidades

absolutas bem maiores. Alguns fatores sinérgicos são: equipamento ou sistema com

tecnologia antiga (TANT > 5 anos), pessoal da operação sem treinamento ou orientação

devida (OPE > 20 %), inspeção inadequada atingindo (APLIC<) 5% das ações do programa

de inspeção e outros. V = K * VAZÃO

Tecnologia SATD. = V * (TAXACUM) TANT

Treinamento / orientação SATE. = V * TAXAVOL * OPE /10

Inspeção SATP. = V * 100 (CICLOSAT) / APLIC

Para evitar este efeito sinérgico deve-se:

1º) Não deixar acumular vários problemas de Processo sem serem resolvidos;

2º) Caso haja vários problemas, atacar os de máxima prioridade, conforme já descrito;

3º) Quanto maior o número de problemas, necessário torna-se um estudo profundo sobre a

relação CAUSA /EFEITO dos mesmos.

Page 93: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

91

Fator antecipado

São fatores que, segundo a lógica da seqüência do evento, estariam ocorrendo em

tempo posterior. Como as causas raiz podem aparecer durante certo período e desaparecer por

algum motivo, pode ocorrer que certo fator do mesmo evento ocorra em tempos fora de

lógica, ou seja, este evento está ocorrendo no mesmo sistema duas vezes com defasagem de

tempo.

É importante identificar este fator para não atrapalhar a interpretação da cadeia de

eventos anormais.

Fator falso

São fatores que, segundo a lógica da seqüência do evento, não estariam ocorrendo em

tempo algum. Ocorrem de maneira isolada e, fundamentalmente, não provocam maiores

conseqüências e não geram eventos anormais.

É importante identificar este fator para não atrapalhar a interpretação das cadeias de

eventos anormais.

f) Considerações sobre tipos de relações não causais Relação do fator sinérgico na cadeia causa conseqüência O ponto onde o fator sinérgico potencializa; depende do processo e da cadeia de anormalidade. Se o fator sinérgico potencializa na causa, o ciclo é reduzido ou o timing da cadeia aumenta. Se o fator sinérgico atua na conseqüência, pode ocorrer o aparecimento de outras conseqüências ou pode aumentar o impacto desta conseqüência.

Relação do fator antecipado na cadeia causa conseqüência

EV QSF1CS

CMQP QSF2

FS FS

EV-F4 QSF1 – F5

CS – F1

CM – F2 QP – F3 QSF2-F6

QSF2-F6

Fator antecipado

Page 94: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

92

Relação do fator falso na cadeia causa conseqüência Figura 11 - Relações entre fatores na cadeia de causa e consequência Fonte: construção própria g) Outros tipos de eventos não causais

Entende-se que existem diversas possibilidades de relações entre os vários fatores

operacionais. Se o processo possui uma rede distribuída com seções de inteligência artificial,

provavelmente existem outras relações apelidadas agora de mecanismos de defesa, com

fatores apelidados de fatores operacionais orgânicos.

Estas interpretações e um aprofundamento nos fatores causais e não causais já

levantados farão parte de projetos de pesquisa posteriores que serão liderados pelo autor.

3.3.6 Tratamento Estatístico das Anormalidades - EVA

A ESTATÍSTICA NO CHÃO DE FÁBRICA

A operação de fábrica é composta por pessoas que produzem materiais a partir de

matérias primas e, para tal, controlam sistemas e equipamentos com padrões e procedimentos

pré-estabelecidos.

O conhecimento do processo é essencial para viabilizar o seu controle. Assim, a

disponibilidade de informações técnicas, a experiência da rotina na operação da planta e a

visão global do equipamento e do sistema que está sendo operado, são importantes para

atingir o resultado da produção de produto acabado com qualidade e quantidade desejadas.

EV–F4 QSF1-F5

CS – F1

CM– F2 QP– F3 QSF2-F6

Fator falso

Page 95: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

93

O operador está constantemente envolvido com números padrões a indicarem a

condição que o sistema, setor do processo ou equipamento está funcionando. Assim, faz-se

necessário o manuseio de dados e informações através de métodos estatísticos.

Para interpretar os dados corretamente é preciso organizar e sumarizar os números,

representar os mesmos através de gráficos, fazer avaliações de média e de variabilidade destes

dados e correlacionar com outros dados e informações inventariadas no processo.

Grande quantidade de números tende a confundir tendo em vista a abrangência e

variedade de detalhes inerentes a amplos conjuntos de informação, tendendo a confundir o

analista com os pequenos detalhes.

O operador tem resistência em interpretar gráficos e números, pois sua visão está

ocupada com dados e informações de uso imediato, o agora é mais forte do que o antes e o

depois. Percebe-se existir o empenho para se saber o que está acontecendo, buscando-se

soluções para os problemas, mas a falta de visão do todo prejudica a administração de

conflitos processuais.

A manipulação de dados de forma automatizada é outra armadilha que prejudica a

interpretação do processo a partir da estatística dos eventos e das variáveis. O excesso de dados para

serem registrados, indicativos de falta de organização do gerenciamento em relação ao controle de

processo, prejudica o senso de propriedade sobre o resultado desta coleta.

A equipe da área de operação precisa estar acostumada com a estatística em todas as

etapas do processo. A interpretação dos dados apresentados em forma de gráficos e de

números, os quais sumariza o todo, depende da liderança e de treinamento sobre a equipe.

Imagine-se que as informações apresentadas em gráficos ou em médias ou em desvios

são líderes naturais para o processo de mudança. Da mesma forma, imagine-se que as pessoas

com perfil de liderança participam ativamente no convencimento e treinamento da equipe em

relação à interpretação do processo. Ou seja, a estatística funciona como líder e o líder

funciona como a estatística. Este é o princípio a ser adotado.

No método descrito nesta dissertação, os líderes estão empenhados em interpretar a

estatística das ocorrências anormais e relaciona-la com os diagramas de causa-efeito

construídos ou com os MEAs. Esta interpretação deve ser feita em público, como uma

apresentação de artistas que querem demonstrar os seus produtos.

Page 96: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

94

A estatística no chão de fábrica é um trabalho de conquista para que o hábito de interpretar

passe a ser difundido uniformemente e as carências por conhecimento na área de estatística sejam

gradativamente supridas pelo gerenciamento e pelas lideranças formais e informais da fábrica.

As etapas da estatística do chão de fábrica importam nos seguintes passos:

• Classificação dos eventos

• Levantamento dos dados

• Processamento dos dados

• Classificação das prioridades

• Análise comparativa do mapa de eventos

• Planejamento

a) Classificação dos eventos

Existem cinco modos de classificar estatisticamente os eventos anormais, cada um

com a devida forma, importância e função na investigação de anormalidades. São eles:

• A forma geral que apresenta o número de eventos sem preocupação quanto ao tipo.

• A forma por seção de processo quando se pretende descrever onde se concentra a

maior quantidade de eventos.

• A forma por número de alterações na carga da planta ou no procedimento de batelada,

quando existem muitos ajustes;

• Por especialidade de manutenção e tipo de evento, o que oportuniza a idéia específica

se ocorre mais obstruções ou vazamentos ou problemas mecânicos do tipo desarme;

• Por tipo de vazamento, onde são apresentadas estatísticas de qual é o produto que mais

causa vazamento no período.

Inicialmente classifica-se o evento forma geral com os seguintes números:

• Total de eventos por período dando uma idéia de problemas com o tempo.

• Total de eventos por período e por turno, confirmando se existem turnos que

registram ou que trabalham de forma diferente em relação a anormalidades.

Page 97: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

95

• Total de turnos sem eventos anormais para se ter a idéia de períodos sem

anormalidades, “procura-se repetir!”.

• Total de acidentes por período, representando a preocupação em relação à

segurança por período e por turno.

• Total de eventos por turma de turno, dando uma idéia da administração e da

forma de registro.

Quando se classifica o evento por seção de processo, verifica-se, por turma de turno

em que seções se concentram as anormalidades, facilitando as interpretações do porquê em

determinados períodos existem mais anormalidades na seção de reação e, no outro período,

foi deslocada para a purificação. Por outro lado, o item - número de alterações na carga,

indica o erro na definição técnica ou gerencial durante determinado período. Diante dessas

constatações, pergunta-se: Qual o motivo das alterações em demasia? Quando a campanha é

complicada ou o tempo de campanha é curto?

A forma de classificação por especialidade de manutenção dá uma idéia do tipo de

ação corretiva necessária para sanar este evento. Assim, se os eventos relacionarem-se com

intervenção da instrumentação, é devido a indicações falsas de nível (sujeira), indicações

falsas de vazão, válvulas de controle operando de forma anormal pelo by-pass ou sem

controle ou restringida a montante.

Se a intervenção for na área mecânica ocorreram mais eventos anormais em bombas

(selo vazando, falta de óleo ou, eficiência baixa), ou ocorreram mais eventos em

compressores (temperatura ou pressão inadequadas, ar utilizado para selagem). Podem ter

havido muitas intervenções na área de caldeiraria, ou seja, em tubulações, filtros e trocadores.

No caso de obstruções e furos, existem problemas específicos de processo que afetam a

transferência de fluido; quando se fala em filtro sujo, principalmente de campo, considera-se

como evento normal em planta estável, mas o alarme toca quando se limpa insistentemente

certos filtros de processo; algumas vezes existem muitas intervenções da caldeiraria em

trocadores de calor; porque? Por outro lado, válvulas de campo também dão muito trabalho,

principalmente em eventos insistentes de passagem e de vazamento. O número de vazamentos

por tipo de produto nos dará uma idéia, por período e por turno, de como intervir no processo.

O vazamento pode ser de produtos gasosos mais complicados, ou de solvente de processo de

forma generalizada (erro de projeto em juntas?), ou o vazamento pode ser devido ao caráter

Page 98: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

96

ácido do fluido, erro de projeto ou de procedimento operacional (transferências de produtos

ácidos quentes).

b) Levantamento dos dados

Ao fazer a lista das não conformidades por dia, no final do período de três meses ou

mais, este registro é o banco de dados para a preparação da estatística (EVA) assim como do

mapa (MEA).

A planilha de levantamento estatístico deve ser preenchida com a contagem direta dos

eventos ocorridos no período específico.

c) Processamento e apresentação gráfica

Para que sejam apresentadas as interpretações estatísticas no turno é necessário que os

gráficos preparados sejam auto-explicativos e atraiam a atenção do público da operação. A

preferência foi utilizar gráficos de “torta” e de linha para expor o assunto. Quando se fala de

estatística geral por setor, por especialidade, por número de eventos em cada período, utiliza-

se gráfico do tipo “torta” dando uma idéia das proporções finais de cada tipo de evento. Os

gráficos do tipo linha são usados fixando-se, na abscissa, os períodos e, na ordenada, o

número de eventos, ou o número de eventos por cada turma de turno, ou o número de eventos

por horário de turno. Também é utilizado o gráfico de linha nas apresentações de tipos de

anormalidades em cada especialidade de manutenção.

d) Classificação das prioridades, interpretação e relatório

A classificação de prioridades depende de critérios baseados na experiência da

operação e no “feeling” do analista de processo.

Citam-se abaixo alguns critérios para a priorização dos eventos anormais quanto à

tomada de ações corretivas e ou preventivas. Para cada critério existem as exceções

dependendo do tipo de equipamento.

A classificação quanto à tomada de ação é: A (urgente); B (preocupante) e C

(administrável).

Page 99: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

97

Tabela 03 – Critérios para a estatística de anormalidades

CRITÉRIOS INDICADORES Classificação al Exceção

A maior que 6 maior que 2 B entre 3 e 6 entre 1 e 2

Bombas – selagem e desarme

C abaixo de 3 0 evento Exceção Lavador, frio e UPF

A maior que 3 pelo menos 1 B entre 1 e 2

Linhas – obstrução e furos

C ao menos 1 Exceção Tanque de ácido

A Maior que 4 Pelo menos 1 B Entre 2 e 4

Trocadores, válvulas e tanques Obstruções e furos

C Abaixo de 2 Exceção SLG

A Maior que 4 S B Entre 2 e 4

Linhas – obstruções e furos Planta DELTA

C Abaixo de 2 Exceção Sem exceção

A Maior que 3 Pelo menos 1 B Entre 2 e 3

Trocadores e bombas Obstruções, furos ou trincas

C Menor que 2 Exceção Equipamento que usa ácido Legenda - A (urgente); B (preocupante); C (administrável). Fonte: construção própria

Algumas interpretações possíveis de serem extraídas da análise da estatística de

anormalidades estão abaixo relacionadas e podem ser examinadas, com maior riquezas de

detalhes, no apêndice desta dissertação:

Uma certa bomba apresenta acima de 50% das anormalidades. Bombas com baixa performance devido a desarmes insistentes. Mês com pior e com melhor performance. Seção com mais eventos em equipamentos rotativos. Problema que mais envolve os rotativos. Desarmes provocando contaminação ambiental. Localização dos eventos prioritários por equipamento. Necessidade de mudanças de procedimentos na seção. Inspeção quanto às questões de corrosão e vazamento por junta. Acompanhamento cronológico de furos no período. Especificação das correntes em linhas obstruídas. Acúmulo de sólidos em tanques.

Page 100: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

98

Existem outras interpretações que podem ser feitas dependendo do tipo de processo:

Campanha de produção com período acima de 14 dias, número de eventos. Tipo de campanha com menor número de alterações de carga. Problemas típicos por campanha de produção. Performance da turma de turno por período. Efeito serrote no número de evento para 1º horário.

O relatório do EVA contém as informações acima e os gráficos, de forma a validar a

análise qualitativa através do MEA. Este relatório é dividido conforme a classificação e tipo

de estatística utilizada. São elas:

i. Geral

ii. Por especialidade de manutenção

iii. Por seção do processo

iv. Por tipo de produto com vazamento

v. Por alteração na carga

e) Análise comparativa - MEA e planejamento

A análise comparativa da estatística com o mapa servem para validar as conclusões

analíticas e estatísticas. Pode ocorrer de o analista de processo levantar falsas hipóteses no

mapa de eventos anormais, as quais vêm a ser rejeitadas na análise estatística de eventos.

A análise relacional entre os dois estudos tem como resultado comum as seguintes

constatações:

• Avaliação da localização das cadeias de anormalidades em relação análise estatística; • Contagem ou estimativa de número de eventos devido à instabilidade da reação

química; • Conseqüências da instabilidade da reação para as outras seções e confirmação

estatística; • Causa dos problemas na purificação.

Page 101: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

99

Cada constatação dessas é registrada em forma de relatório e, tanto o MEA quanto o EVA

são discutidos e analisados em conjunto com a equipe de operação (líderes). A junção da

análise estatística (EVA) com a análise de anormalidades, pelo mapa de eventos anormais

(MEA) gera um relatório de anormalidades. Neste documento é que são escritas as

recomendações, as indicações de parâmetros a serem acompanhados (AEP) e a sugestão de

algumas ações localizadas (ALO).

3.3.7 Preparação do Relatório de Anormalidades

A partir deste momento, iniciam-se as discussões – reuniões, com a equipe de

operação sobre o estudo realizado, as árvores de eventos isolados, as prioridades definidas, os

prováveis parâmetros a serem acompanhados e, em consenso, programar os TESTES na

operação e as modificações a serem realizadas.

Também como conseqüência das ações descritas acima, será necessária a REVISÃO

de procedimentos operacionais e até dos PADRÕES DE OPERAÇÃO.

O primeiro relatório preparado sobre a dissecação do processo - análise do mapa de

eventos - poderá ser composto utilizando-se a seguinte estrutura:

a. Aspectos sobre banco de dados de onde foram coletadas as informações para este estudo;

b. Identificação de eventos por seção da planta;

c. Cadeia de anormalidades com relações causais e não causais.

Para cada cadeia de anormalidade:

a. Interpretação geral das anormalidades;

b. Identificar os tipos de fatores;

c. Freqüência no período;

d. Comentários sobre as causas, principalmente sobre a causa raiz;

e. Comentários sobre os fatores sinérgicos;

f. Comentários sobre as conseqüências;

g. Recomendações para evitar a re-ocorrência do evento;

h. Escolha dos itens de controle para acompanhamento estatístico de processos (AEP);

i. Sugestão de algumas ações localizadas (ALO) sobre o processo e a operação.

Page 102: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

100

Finalmente, faz-se o acompanhamento das modificações dos parâmetros

operacionais relacionando-os sempre aos efeitos na planta. O trabalho importante a ser feito é

dissecar o processo e atuar sobre as “causas RAIZ” ou causas principais dos eventos.

a) Recomendações

Entre os vários eventos identificados e isolados, deve-se priorizar como de máxima

importância os envolvidos com melhoria da qualidade do produto final, minimização na

geração de efluentes na fonte e redução no custo de produção. Utilizam-se os seguintes

critérios para classificação dos eventos:

• Relativos à qualidade da corrente de reciclo retornado para a reação;

• Os que envolvem a reação química tais como: temperatura, pressão e procedimentos;

• Idem, emissão fugitiva de produtos tóxicos ou inflamáveis;

• Relativos à qualidade ou quantidade de matéria-prima.

b) Indicação dos itens de controle

Normalmente, em toda planta de processo, já existe um programa de

acompanhamento de processo em andamento. A investigação de anormalidades fará uma

modificação neste acompanhamento. Provavelmente, numa primeira vista, será feito um

acompanhamento mais completo para num segundo momento dar-se providências para que

ocorram as depurações e reduções necessárias.

Para cada cadeia de anormalidade são escolhidos os itens de controle de campo,

painel de controle, gerencial e de suprimento que precisam ser implantadas.

c) Sugestão de ações localizadas

As ações são localizadas sobre um equipamento, ou uma malha de controle, ou um

sistema de processo, ou um sistema de utilidades, ou sobre o processo que envolve a linha de

reciclo, enfim, o importante é que as ações sejam realizadas com foco na solução para as

causas raiz dos eventos anormais. Para cada planta, as ações localizadas se concentram em

determinada área deficiente. No caso 3, por exemplo, as áreas localizadas foram as seguintes:

Page 103: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

101

• Funcionamento de alimentadores de matéria prima no estado sólido;

• Condições de fornecimento de B (anormalidades);

• Bombas alternativas (selagem e eficiência);

• Plano de fuga devido a vazamentos na própria planta e em plantas vizinhas;

• Redução de perdas de solvente no processo e operação;

• Campanhas de produção de produtos mais complicados (grades);

• Enquadramento de viscosidade e peso.

3.3.8 Consenso do Relatório na Equipe de Produção

As informações e conclusões dos relatórios de eventos anormais - REA, e de

estatística de eventos (EVA), desenvolvem linhas de pensamento e hipóteses que têm um

nível de certeza de 80% em relação à verdade, pois os líderes da equipe de produção entram

em consenso sobre o relatório de anormalidades. O procedimento utilizado para se fazer esta

revisão é semelhante ao utilizado na revisão de procedimentos operacionais. Neste caso, é

importante reunir operadores com nível de conhecimento e de experiência diferentes entre si.

A partir do resultado deste consenso é que aparecerá a correção das hipóteses

levantadas. Os itens de controle escolhidos têm uma justificativa com base na validação da

operação, facilitando assim a sua implementação. O planejamento das ações localizadas

oferece maior segurança quanto à efetividade dos resultados pois decorre da confiança na

operação porque participa.

3.3.9 Conclusão da Investigação

Realmente existem anormalidades acontecendo a todo o momento, algumas de

peso, outras mais leves. É importante conhecer esta rede intrincada e abrir possibilidades de

soluções para os problemas. Este trabalho de investigação de anormalidades está baseado em

prognósticos. Na verdade não existe a forma definida das anormalidades não se sabendo de

imediato se esta ou aquela anormalidade tem impacto direto sobre a questão ambiental. Sabe-

se, entretanto, que ela existe e precisa ser tratada.

Page 104: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

102

A validação estatística é importante quando os eventos são muitos e a certeza é

pequena quanto à priorização do tratamento para as anormalidades. Se a direção dos trabalhos

está bem definida e os maiores problemas desta planta estão relacionados a flutuações no

processo, talvez somente o estudo do MEA afirme hipóteses convergentes com a verdade. A

validação da equipe é obrigatória, pois as interpretações podem estar envolvidas em vícios do

analista de processo. Ou existem eventos complexos que indiquem uma direção mas que, de

fato, a coisa encaminha-se para outra direção. A equipe constrói a diferença quando investe na

certeza de êxito deste método.

A Fase 1 de Reconhecimento do problema, ou do processo, termina neste

momento. O engenheiro ou analista de processos tem condições de traçar um programa de

ações localizadas a partir do conhecimento das cadeias de anormalidades. Mas nem tudo é o

que parece ser, vez que o conhecimento prático não consegue resolver ou indicar as

verdadeiras causas para os problemas ambientais e para a estabilização dos processos. Assim,

torna-se necessário, realizar o diagnóstico de processo com a técnica AEP, o diagnóstico de

operação com as técnicas de avaliação de procedimentos e de padrões (PADOP) e o

diagnóstico ambiental com as diversas técnicas de auditoria ambiental que interagem com o

processo e a operação. Todas estas técnicas utilizam a estatística para a validação dos

resultados.

Page 105: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

103

3.4 DIAGNÓSTICO

A Fase 2 desta metodologia é representada pelo fluxograma na Figura 12, abaixo.

Assim, fala-se de três diagnósticos em um.

Figura 12 –– Diagnóstico da Fase 2 Fonte: construção própria

Diagnóstico Operacional

Procedimentos e Padrões

PADOP

INVOP

ROTLIM

Investigação de incidentes

Analise de cenário e de risco - ENVOP

Diagnóstico Ambiental MCA

Gases

Líquido

Sólido

EMIFU Emissões fugitivas

Auditoria de canaleta

Controle de resíduos

AUDIP

RES

AUDIL Auditoria de ordem e limpeza

Diagnóstico de Processo REA

Itens de controle AEP

Teste em operação normal EVOP

Acompanhamento de processos

Testes em operação normal

Page 106: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

104

Diagnóstico de processo é a necessidade de acompanhar o processo durante período

determinado para interpretá-lo e comparar com as hipóteses levantadas pelo REA faz com que

se desenvolva o acompanhamento estatístico de processos (AEP). Este acompanhamento terá

como resultado um relatório mensal e uma avaliação anual sobre o processo da empresa,

tendências e riscos.

Diagnóstico operacional A realização de testes em operação normal é uma atividade

que envolve os procedimentos desta planta e as condições imediatas de processo. O

aprendizado sobre este obriga a revisões de procedimentos consecutivos com a depuração do

seu controle. Estas revisões vão definir também possibilidades de melhoria e necessidades de

ações localizadas.

O relatório de diagnóstico operacional envolve resumos das atividades desenvolvidas

pela operação no período.

Diagnóstico ambiental Somente após o diagnóstico de processo e operacional é

possível realizar o ambiental. Embora a questão ambiental seja melhorada como conseqüência

dos trabalhos no processo e na operação, é necessário focar a atenção para identificação,

testes, ajustes operacionais e de processo prevendo a diminuição do impacto de forma direta.

Assim o diagnóstico ambiental envolve pesquisa para se descobrir o que aparentemente está

difuso. Pretende-se responder às seguintes perguntas: Quais as causas principais das emissões

fugitivas na planta? Quais as origens do efluente líquido fora de padrão? Porque o efluente

pluvial não mantém o Ph controlado? Qual o motivo da planta ter uma aparência tão

carregada em termos de sujeira? Quais as responsabilidades sobre o controle de efluentes de

cada função na equipe de produção? Enfim, são perguntas respondidas após a aplicação de

técnicas específicas viabilizadas como propostas.

3.4.1 Aspecto Temporal

Os diagnósticos de processo, operacional e ambiental, são aplicados conforme a

demanda de cada planta de processo. O tempo gasto para a realização deste diagnóstico inicial

e das necessidades de constatações anuais dependem do nível de conhecimento da equipe, do

êxito na etapa de investigação de anormalidades e das características intrínsecas da

tecnologia.

Page 107: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

105

Na Tabela 4, a seguir, comparam-se detalhes do aspecto temporal de implantação da

etapa de diagnóstico para o caso.

Tabela 04 – Aspecto temporal nas aplicações práticas

Fonte: construção própria

ETAPA DIAGNÓSTICO INICIAL MESES MOTIVO ACOMPA-NHAMEN-

TO Caso 2 – Aminas aromáticas

Ocorrência anormal

Preparação do MEA e do REA e sugestão de itens de controle e de ações localizadas

4

Planta instável, necessidade de

correções básicas

Cadeia de anormalidad

es, Estatística de eventos anormais

Processo Relatório de diagnóstico das variáveis de processo escolhidas para acompanhamento (1

ano de AEP)

3

Performance da purificação influencia

reação

Acompanhamento

Estatístico de Processos

(AEP) Operação Programa de testes e de revisão de

procedimentos

2 Revisão de

procedimento, paradas

Incidentes operacionais

Ambiental Levantamento das necessidades através do mapa de controle ambiental (MCA)

6

Variação de efluente orgânico

Controle de efluentes

Caso 3 - Polímeros

Ocorrência anormal

Preparação do MEA e do REA com divulgação na sala de controle

2

Planta com relativa

estabilidade

Cadeia de anormali-

dades Processo Relatório de processo com todas as variáveis

de processo escolhidas

6 Processo flutuante

devido à reação e linha de

reciclo

Acompanhamento

Estatístico de Processos

(AEP) Operação Verificação no campo de melhorias nos

padrões

4 Conhecimento de processos e adaptação de

melhores padrões

Auditoria de Ordem e limpeza

(AUDIL)

Ambiental Investigação quanto a perdas de M no processo e nos procedimentos operacionais

4

Efluente fora de padrão e

elevação nos custos de produção

Programa de redução de

M

Page 108: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

106

3.4.2 Processo

Em uma planta industrial, a aquisição de dados possíveis de serem processados e

analisados, disponíveis para uso conclusivo, se constitui em instrumento capaz de conduzir

resultados que possam ser utilizados no dia a dia desta unidade de processamento.

Para cada seção do processo deve ser feito acompanhamento estatístico de parâmetros

operacionais, de qualidade de produto em processamento, de qualidade do produto acabado,

de índices de consumo e do perfil do efluente líquido, gasoso e sólido gerado no processo.

Este acompanhamento é feito mensalmente através de gráficos.

3.4.2.1 Acompanhamento estatístico de processos (AEP)

O Acompanhamento de Processo (setor ou engenheiro) deverá ser capaz de usar dados

acumulados da planta e manipulá-los para obter tendências, médias, conclusões, etc, que serão

bases de projeto de processo para modificações, soluções, alternativas, ampliações e também

valores máximo e mínimo em especificação de produto. Equipado com dados e conclusões

reais, decorrentes de histórico da própria planta, o engenheiro de acompanhamento de

processo será capaz de opinar nas decisões do processo produtivo, ou de seus sistemas

auxiliares fundamentais, em assuntos de curto, médio e longo prazo. Do mesmo modo é capaz

de propor medidas que redundem em garantia de continuidade operacional, aumento de

produtividade, redução do consumo de energia e segurança pessoal ou das instalações.

É essencial para o acompanhamento de processo o uso de gráficos que indiquem

tendências ou divisão de eventos por classes denominados, por sua especificidade - gráficos

de acompanhamento.

GRÁFICOS DE ACOMPANHAMENTO

A ferramenta de AEP é usada normalmente para acompanhar o dia a dia do processo

sem maiores preocupações com as interpretações inerentes de um processo que se enquadra à

curva normal. Para a construção dos gráficos de acompanhamento torna-se necessário seguir

as seguintes etapas:

Page 109: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

107

1º) Certificar-se de que o parâmetro escolhido para acompanhamento pode indicar falhas no

sistema ou na qualidade dos produtos finais.

2º) Levantar dados para, construir a planilha computando parâmetro de processo no eixo do Y

e tempo no eixo do X.

3º) Recomenda-se reunir um mínimo de 30 e um máximo de 50 dados para o gráfico de

acompanhamento, caso haja mais de 50, agrupar os mesmos em números iguais para cada

grupo, ou por critério de tempo estabelecido, e calcular a média que representa cada grupo.

4º) Após a coleta dos dados, calcular a média aritmética global dos valores do parâmetro de

processo.

5º) Levantar, junto aos clientes u histórico - os valores máximo e mínimo admissíveis para os

dados e a meta a ser alcançada.

6º) Plotar os dados de processo no gráfico, desenhar as seguintes linhas de referência:

a. Média de processo

b.Meta do processo

c. Valor máximo admissível

d.Valor mínimo admissível

7º) Identificar o gráfico com os seguintes dados:

a) Título

b) Subtítulo / período

c) Legenda

d) Escala dos Y

e) Título eixo X e eixo Y.

INTERPRETAÇÃO.

Deve ser registrado, no relatório de acompanhamento de processo, e em período de

tempo definido por cada seção da planta, comentário relativo aos parâmetros de processo.

Estes comentários descrevem fenômenos tais como: afastamento da média em relação à meta

e ao histórico anterior; tendências e comportamentos anormais; normalização do processo;

Page 110: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

108

classificação dos dados plotados - descrição; interpretação dos dados em relação aos eventos

de operação; variabilidade dos pontos, oscilações, avaliação da sensibilidade do processo

(intuitiva) ou avaliação baseada em valores tais como: intervalo; variância; desvio padrão. As

regras de acompanhamento de processo para a interpretação dos gráficos estão descritas em

tópico subseqüente intitulado - acompanhamento e controle.

DIFERENÇA ENTRE CEP e AEP

A tendência de todo engenheiro é buscar um sistema ou programa que facilite os

cálculos e que se integre facilmente ao processo. Automatiza-se, assim, a geração de gráficos

e de parâmetros estatísticos, encaminhando de imediato material base para a análise. Os

pacotes prontos, aplicados por diversas consultorias, possuem falhas devido à consideração de

sistemas ideais ou processos com comportamentos semelhantes que nem sempre têm a

repetibilidade desejada.

A percepção adquirida pelo engenheiro ou operador - quando na plotagem de gráficos

de variáveis chaves - é essencial para o entendimento global do processo. A tentativa de

relacionar os movimentos do gráfico com as ações de campo promove esclarecimento

essencial para investigações de anormalidade de operação.

O Controle Estatístico de Processos - CEP é uma ferramenta potente quando o sistema

indica que a variável analisada pode ser enquadrada numa curva normal ou curva de Gauss, o

que nem sempre ocorre.

No momento em que o processo sai de controle, é a sensibilidade estatística do

profissional que vai sinalizar o período provável do início do descontrole. Este

comportamento é semelhante às ações de um engenheiro acostumado a calcular trocadores de

calor por sistemas computacionais e que, em certos momentos, precisam ser interpretados e

calculados manualmente, admitindo-se que partes do conhecimento foram perdidos por falta

de uso.

Com o AEP acompanha-se a dança dos números. As regras dependem do tipo de

processo e são escritas pelo profissional responsável pela estatística. Definição de tendências,

patamares, mudanças de média, convergências ou divergências, efeito serrote, efeito reta,

eventos cíclicos, enfim, cada um desses aspectos são definidos em função das necessidades e

peculiaridades do comportamento da seção específica na planta industrial.

Page 111: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

109

O CEP nos exige um “matematicismo” que prejudica a sensibilidade de processo, ou

seja, fórmulas para cada tipo de processo, regras fixas e pré-estabelecidas, interpretações

esperadas para cada comportamento, dificuldades na implantação quando as variáveis se

encontram fora de controle estatístico mudando média, ou mudando variabilidade.

No AEP desenvolve-se o acompanhamento da história do processo e, através de

“riscos e rabiscos” tenta sinalizar as interpretações das variáveis.

Comparar sempre os limites estatísticos com os limites de especificação através da

dança dos números, e não através de um número apenas, vai permitir desenvolver testes,

mudar procedimentos, testar novos insumos de processo, enfim, buscar um equilíbrio que

permita estabilizar a planta na melhor condição possível de operação.

A Estabilidade de Processo tem como conseqüência produção mais limpa embora isto

não signifique obrigatoriedade em altos investimentos em tecnologia.

Acompanhamento e controle de processo

Para cada seção do processo deve ser feito acompanhamento estatístico de parâmetros

operacionais, qualidade de produto em processamento, qualidade do produto acabado, índices

e perfil do efluente líquido, gasoso e sólido gerado no processo. Este acompanhamento é feito

mensalmente através de gráficos. Não se recomenda implantar a metodologia de CEP ou

SIGMA em processos que ainda possuem flutuações não aceitáveis. Assim, para este trabalho

de diagnóstico, propõe-se o acompanhamento das variáveis estatísticas citadas acima.

3.4.2.2 Definição de Testes em Operação Normal - EVOP

Essencialmente, teste em operação normal é um simples projeto de experimento que é

realizado repetidamente e onde é mantido uma rotina de pequenas mudanças sistemáticas em

um processo de produção em parâmetro escolhido.

O objetivo é induzir o processo à produção de informações sobre si próprio enquanto,

ao mesmo tempo, mantém-se a produção de produto especificado.

Somente pequenas mudanças nos parâmetros de processo são promovidas e as

conseqüências de tais mudanças devem ser detectadas e analisadas. Por exemplo, acompanhar

Page 112: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

110

o valor médio e a variabilidade da qualidade do produto de uma planta mantendo a sua

estabilidade.

PASSOS

a. Conhecer o Processo, correlações das variáveis, experiências anteriores.

b. Estudar a seção que vai ser “mexida”, detalhes e histórico.

c. Obter autorização e suporte do gerente de produção.

d. Selecionar dois ou três fatores manipuláveis que devem influenciar na

característica da qualidade em estudo.

e. Manter a equipe da operação ciente do teste, dos riscos e intenções,

possibilitando clareza suficiente para que a equipe de operação (especificamente o

operador de painel) perceba o que se faz necessário e confie no teste.

f. Mudar um dos fatores (ex: temperatura) em pequenos degraus, registrar

mudança e acompanhar a característica (variável) de resposta. Realizar estas mudanças

conforme plano gradativo e constante (ex: -2º C a cada três dias).

g. Manter as mudanças e acompanhar a produção (característica da qualidade): se

houver melhora, diminuir degraus de mudanças (ex: -1ºC/ a cada 3 dias) e continuar teste;

se mantiver a mesma coisa, aumentar os degraus de mudança (ex: -2º C a cada 1 dia) e

continuar o teste; se houver agravamento, parar o teste e escolher outro fator para analisar.

h. Registrar o teste: parâmetros que estão sendo movimentados; características da

qualidade que sofrem com a modificação destes parâmetros; eventos na operação da área

em estudo; observações dos operadores sobre o teste.

i. Após qualquer conclusão, manter a equipe de operação informada através de:

1) contatos pessoais através de painel e campo; 2) relatórios específicos de conclusão do

teste ou instrução de operação.

j. Manter a equipe informada sobre os novos parâmetros de operação e as

melhorias alcançadas nas características da qualidade do produto.

Page 113: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

111

3.4.2.3 Diagnóstico e Prognóstico com Plano de Trabalho

O relatório de processo pode ser preparado para vários fins, acompanhamento mensal

das variáveis de processo e de produção, diagnóstico quanto a controle de processo da planta

e as definições de metas e plano de trabalho e prognóstico do que ocorreu na planta durante

uma certa quantidade de meses de operação.

O diagnóstico preparado após investigação de anormalidades serve para indicar os

itens de controle, as prováveis ações localizadas e os procedimentos críticos. Este diagnóstico

de processo se confunde com o diagnóstico operacional e auxilia a preparação de um plano de

trabalho mínimo que pode ser corrigido com a sua implantação.

O prognóstico, elaborado decorrido seis meses ou um ano de atividades na área de

minimização de efluentes, pretende corrigir valores padrões e preparar testes para adequá-los

à operação normal.

As principais variáveis de processo são escolhidas inicialmente de forma a cobrir todas

as áreas críticas do processo. Sendo assim, existe excesso de variáveis a serem analisadas num

primeiro momento (por exemplo, 25 variáveis).

Esta quantidade de variáveis é reduzida gradualmente com o foco estabelecido no

trabalho de acompanhamento de processos (por exemplo, reduz-se para 20 variáveis).

O relatório de processo mensal é composto por descritivo geral (apresentação dos

principais fatores que contribuíram para a performance do mês); variáveis da qualidade de

insumos e de matéria-prima (no caso, são escolhidos poucos e importantes itens, no máximo

cinco); variáveis de processo por seção da planta (onde se verifica a necessidade de

acompanhamento devido a flutuações do processo); variáveis da qualidade do produto final

(também são escolhidos poucos itens que representam o processo como um todo em termos

de nível de contaminação e qualidade da reação química); variáveis de produção (onde se

avalia a produtividade representada por continuidade ou rendimento da planta, a quantidade

produzida e o custo de produção através dos índices de consumo).

O relatório de processo inserindo diagnóstico das variáveis selecionadas indica os

motivos e as variações esperadas, além, de apresentar as prováveis causas de flutuação.

Referido relatório contendo os prognóstico destas variáveis apresenta o histórico

construído com as respectivas ações tomadas e testes executados.

Page 114: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

112

3.4.3 Diagnóstico Operacional

O grupo de operação deve ter como preocupação maior os aspectos de execução,

conforme discriminado: estudar e elaborar procedimentos que permitam obter os resultados

previstos pelo projeto, ou pela engenharia de processo, ou venham a reduzir os riscos às

pessoas, equipamentos e meio ambiente etc; elaborar planejamento e instruções para a

liberação e retorno da planta à produção; treinamento de pessoal, gestão de pessoal; controle

de solicitações à manutenção, inspeção, projetos; elaborar estudo para evitar ocorrência de

desvio de especificações; desenvolvimento de procedimentos de operação preventiva etc.

As diretrizes quanto ao instrumento de comunicação utilizado pela operação se

diferenciam a depender do objetivo a ser atingido, seja instruir, gerenciar ou executar.

3.4.3.1 Estudo sobre incidentes operacionais

Não importa quão completamente tenha sido desenvolvido o processo, ou quanto

cuidadosamente a planta tenha sido projetada, os incidentes (defeitos) aparecerão e devem ser

encontradas soluções rápidas para os problemas gerados.

O diagnóstico dos incidentes (defeitos) de operação requer levantamento histórico de

eventos, experiência de operação e coleta de informações junto à equipe.

As falhas podem ser ocasionadas em função de uma causa ou da combinação dos

seguintes fatores:

i. Falhas de equipamento, isto é, avaria elétrica ou mecânica do equipamento. Afora

problemas óbvios como vazamentos, quebra de agitadores e curtos-circuitos, esta categoria de

defeitos inclui tubulações com entupimentos devido à entrada de ar nos selos.

ii. Inadequação do equipamento devido a projeto imperfeito ou à deficiência de

manutenção.

iii. Falha no funcionamento quanto a concordância com os dados previstos de projeto ou de

laboratório.

iv. Falhas em procedimentos operacionais ocasionadas por falta de conhecimento básico,

displicência do profissional, falta de definições claras.

Page 115: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

113

PASSOS:

1º) Definição do incidente (conseqüência aparente).

2º) Isolar sistema a ser estudado - identificar relações prováveis causas /efeito sobre o

processo.

3º) Levantamento de histórico /dados: eventos anormais; resultados analíticos; parâmetros

operacionais.

4º)Tratamento dos dados; confecção de gráficos e tabelas; organização e conclusões iniciais

(tabela e exemplo anexo).

5º) Discussão com a operação sobre essas conclusões, correção das falsas interpretações.

6º) Conclusões finais e lista de ações corretivas e preventivas.

3.4.3.2 Revisão de procedimentos

Como a área de produção é altamente dinâmica há sempre novas condições de

operação a depender de mudanças:

i. No processo, mudanças provocadas voluntariamente através de testes ou melhorias

devido a anormalidades conhecidas e às anormalidades desconhecidas.

ii. No equipamento, ou de equipamento, devido a melhorias realizadas, ou seja, itens

conhecidos; há outros não esperados, embora de conhecimento dos analistas, e itens

totalmente desconhecidos, carentes de investigação aprofundada.

iii. Nos instrumentos de medida, ou do instrumento de medida devido a melhorias; a itens

não esperados - conhecidos e desconhecidos.

iv. Nos métodos e na filosofia, sendo exemplos: maior cuidado com relação a segurança e

meio ambiente, originário de nova filosofia gerencial.

Assim, pelos motivos acima descritos, é realizada revisão constante de procedimentos

operacionais.

Para facilitar o trabalho da operação são sugeridos dois métodos de REVISÃO com as

respectivas vantagens e desvantagens.

Page 116: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

114

PERFIL DA EQUIPE

A equipe se constituirá de no mínimo de três pessoas: coordenador (engenheiro ou

ATO); operador (antigo - painel); operador (novo - campo). O perfil de cada profissional deve

estar revestido de qualidades inerentes a sua função. O do coordenador deve ter a intenção de

trocar informações importantes e facilitar o trabalho da operação. O do antigo operador de

painel - conhecer bem a planta, todos os procedimentos, ser criativo, flexível a mudanças, ter

boas intenções, ser experiente. O do novo operador envolve conhecer a planta, um número

significativo dos procedimentos, ser criativo, ter boas intenções. (ver Quadro 1)

Quadro 1 – Revisão de procedimentos operacionais

REVISÃO DE PROCEDIMENTO

VANTAGENS

DESVANTAGENS

DO ADMINISTRATIVO

Maior discussão sobre problemas de processo.

Maior contato dos operadores quanto a problemas administrativos no turno.

Maior rapidez na revisão.

Maior número de homens hora (HH) gasto para esta revisão.

Pouca participação dos outros operadores do turno nestas revisões.

DO TURNO

Quem coordena é o supervisor do turno que tem visão mais próxima dos problemas que afetam a área.

O controle geral sobre os trabalhos no turno fica mais dificultado; conseqüentemente, a revisão é mais demorada.

Fonte: construção própria

Observa-se que é importante após a revisão de procedimentos, tanto no método um

quanto no dois manter, em consenso com a equipe, todos os procedimentos durante a rotina de

trabalho registrando o consenso; realizar treinamento para reciclagem os operadores

envolvidos nos procedimentos. (Quadro 2).

Page 117: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

115

Quadro 2 - Etapas para a revisão de procedimentos no turno e no administrativo

Fonte: construção pelo autor

3.4.3.3 Rotinas limpas na operação

A preocupação neste método é focalizar as ações de operação da fábrica buscando, em

conjunto com a equipe, resultados garantidos e cada vez maiores ou que envolve diretamente

o operador. Este precisa ser informado e treinado sobre as questões de processo, exigências

ambientais, custos de produção e tecnologias mais limpas. Uma parcela importante dos

eventos que impactam o meio ambiente tem a sua origem em ações mal planejadas na rotina

da operação. (Ávila e Santos, 1998)

REVISÃO NO TRABALHO DO ADMINISTRATIVO

Etapas 1º. SINTONIA OPERAÇÃO * PROCESSO, onde a Engenharia passa para os operadores informações de processo, tais como: pacote tecnológico (informa existência e características gerais); visitas da assistência técnica; pastas de projetos básicos (o mesmo acima); pastas de documentos técnicos. Estas informações são baseadas na análise de investigação de anormalidades já apresentadas nesta dissertação. Existe uma análise da operação quanto aos resultados do REA. 2º. AVALIAÇÃO DA OPERAÇÃO QUANTO AO PROCESSO. Esta avaliação deve ser feita na ausência do coordenador durante período especificado. Itens analisados: eventos, causas, recomendações, conseqüências. Realizar as seguintes análises para cada item: as interpretações estão corretas? Cortar as que não estão corretas; corrigir as interpretações; acrescentar as que faltam; confeccionar matriz de ações corretivas /preventivas para a área em estudo. 3º. CONHECIMENTO DOS PROCEDIMENTOS EXISTENTES, Dividir os procedimentos que estão sendo revisados pelos dois operadores, leitura e comentários. 4º. REVISÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS * a discussão é travada entre os dois operadores e são verificados itens no painel e na área; * à medida em que vão sendo concluídas as revisões, o coordenador deve aprová-las. 5º. VERIFICAR FACILIDADES, modificações de projeto para permitir a realização dos procedimentos.

REVISÃO NO TRABALHO DE TURNO Etapas 1º- Responsabilizar um coordenador para os trabalhos junto à equipe de turno. 2º- Dividir os procedimentos a serem revisados pelos cinco supervisores de turno. 3º- Estimar tempo para que cada supervisor revise os procedimentos durante horário normal de turno, em conjunto com sua equipe de trabalho. 4º-Reunir estas revisões e redigir, com as correções necessárias, os procedimentos usando horário administrativo.

Page 118: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

116

Esta dissertação trata da identificação das rotinas que impactam o meio ambiente,

construção dos cenários, análise de risco e recomendações.

Manter as rotinas limpas nas operações da indústria é uma atividade auxiliar na

estabilização dos processos e deve envolver toda a equipe de operação em mudanças de

padrão e de procedimentos. O compromisso com o meio ambiente deve ser implementado no

“chão de fábrica” e defendido pela cúpula administrativa.

Levando em conta que os vários programas de controle ambiental não conseguem

envolver o “chão de fábrica”, boa parte das emissões de poluentes não é contabilizada ou

comunicada ou mensurada adequadamente, fazendo com que se subestime as quantidades

perdidas para o meio ambiente. Outras situações que podem conduzir a conseqüências

comprometedoras são as perdas geradas pelo não acompanhamento e monitoramento

contínuo, potencializando a incidência dos acontecimentos à noite e nos fins de semana.

Percebem-se, portanto, falhas nas comunicações da operação no turno para efeito de controle

das operações no administrativo – têm-se informações não confiáveis ou omissões em várias

situações e, também, que a maioria das investigações de incidentes operacionais é superficial

e não reflete a ocorrência real. (Ver Tabela 5)

a) Aplicação da enquête – prioridades

IDENTIFICAÇÃO DAS ROTINAS

Para que os resultados reflitam mais verdadeiramente a realidade deve ser aplicado

questionário a dez operadores, atentando-se para que a amostra inclua profissional entre três e

vinte anos de experiência. Este questionário é respondido em duplas e o teor das perguntas

envolve os seguintes aspectos:

• Nível de impacto das rotinas no meio ambiente. Foram atribuídos os seguintes valores:

baixo impacto, valor 0.5; médio impacto, valor 8.0 e; alto impacto, valor 30.0.

• Áreas de maior probabilidade de ocorrência das rotinas operacionais. Estas são

divididas em: estocagem / armazenamento; processo, incluindo o sistema de transporte de

fluidos e utilidades / efluentes. A classificações utilizadas neste aspecto foram: baixa

probabilidade (valor 1), média probabilidade (valor 2) e alta probabilidade (valor 3)

• Turno onde ocorrem as rotinas impactantes, por área: Identificou-se a probabilidade de

ocorrência destas rotinas nos turnos de 0 a 8 horas, de 8 a 16 horas e 16 a 24 horas.

Page 119: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

117

• Local iniciador do evento: painel de controle ou campo.

Tabela 05 -Rotinas operacionais que provocam incidentes e que impactam o meio ambiente

Rotinas operacionais Peso (%) Vazamento por flange de tubulação 3,74 Vazamento em bombas – selagem, manutenção e lubrificação 3,32 Vazamento em válvulas de bloqueio 3,25 Gerenciamento de resíduos 3,04 Furo em trocadores de calor 2,99 Operação de chaminés e lavadores de gases 2,96 Drenagem de equipamentos 2,86 Vazamento por ataque externo de tubulação 2,84 Descontrole de pressão 2,72 Descontrole do sistema de vácuo 2,71 Descontrole do tempo de resposta nas malhas de controle 2,70 Descontrole de nível 2,68 Descontrole em sistemas de decantação e separação 2,64 Vazamento em equipamentos enterrados 2,58 Geração de resíduo por descontrole de reação química – temperatura 2,50 Procedimentos de parada de planta 2,47 Vazamentos no manuseio de produtos acabados 2,42 Sujeiras em trocadores de calor 2,40 Vazamento através de válvulas de alívio e de segurança 2,24 Aquecimento deficiente de tubulações 2,22 Vazamento no corpo ou gaxeta das válvulas de controle 2,16 Procedimentos de partida de planta 2,16 Bombeamento de fluidos , líquido ou gás 2,16 Regulagem na queima de fornos 2,16 Falhas na medição de vazão de matéria prima 2,16 Limpeza de filtros 2,16 Geração de efluentes por descontrole de reação química-agitação e contaminação 2,08 Steam-out de equipamentos e tubulação 2,01 Formação de efluentes por descontrole de reação química-estequiometria 1,99 Controle do sistema de resfriamentos 1,98 Vazamento em misturadores 1,89 Contaminação através de sistemas de venteio 1,89

Fonte: construção própria

b) Preparação dos cenários (acompanhar pela Figura 13)

AVALIAÇÃO DOS CENÁRIOS CRÍTICOS

No estudo dos cenários críticos, anteriormente identificados, são considerados os

seguintes fatores: equipamento /tecnologia envolvida, nível de conhecimento da equipe,

procedimentos executados na prática, diretrizes gerenciais, atividades de manutenção,

disposição final e outros.

Page 120: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

118

c) Análise de risco ambiental nas principais rotinas (acompanhar pela Figura 13)

DESCRIÇÃO DOS CENÁRIOS

Desenho sim plificado Cenário : Vazam ento por Flange de Tubulação

Refers : Tubulações Industriais ( Pedro Silva Telles )

Descrição : Pequenos vazam entos não param fábrica portanto são m ais fáceis de conv iver.

Este pensam ento favorece os vazam entos por flange de tubulação que surgem dev ido, principalm ente,

aos seguintes fatores : *Junta inadequada - m aterial não apropriado ou junta "m ordida"na m ontagem

; * Corrosão ou erosão do fluido na tubulação dev ido a m aterial inadequado ou dev ido a tem po de v ida

ultrapassado para o serv iço ; * Montagem inadequada provocando níveis elevados de tensão no m aterial .

Os vazam entos por flange de tubulação usualm ente são classificados com o em issões fugitivas no

no processo e podem ,após vazar, flashear na form a de gás im pactando a atm osfera da planta, ou,

pingar na form a líquida e ser lavado / carreado para as canaletas do sistem a orgânico ou inorgânico

(depende da posição da tubulação na área ).

Aspectos Tecnológicos Conhecim ento da Equipe Procedim ento Operacional Aspectos de Manutenção Diretrizes Gerenciais Disposição FinalServiços realizados correta- Supervisionar serviços de Perm issão de Trabalho (PT)e Serviços realizados correta- Acom panhar retrabalho e MS e DQO altera-m ente : pessoal, juntas, caldeiraria corretam ente acom panham ento de serviços m ente adequar m anutenção e ope- dos no Efluente m aterial de tubulação – liberação e fecham ento são atividades fundam entais Materiais adequados disponí- ração quando necessário orgânico e pluvial Projeto realizado corretam en- Saber avaliar o nível de vaza- executadas pela operação. veis para uso Acom panhar intervenções em – depende do local te : lay-out para evitar tensões m ento de flanges de tubula- A PT é um a autorização escri- Conhecim ento do histórico de trechos de tubulação para re- que vaza, m ateriais adequados para ção e conhecer o histórico de ta para execução das tarefas trechos de tubulação visar o projeto e tom ar açõesevitar corrosões ou erosões, trechos de tubulação , inclui serviços em tubulação Conhecim ento do processo preventivas para evitar novos

para sanar vazam entos. quanto a variações do fluido e vazam entos.O acom panham ento de rotina existência de contam inantes da operação perm ite a locali-zação de eventuais vazam ent.

Fatores Sinergéticos Inspeção deficiente - o não conhecim ento do histórico da planta e dos trechos de m aior Participantes : Salvador Áv ila e Luiz Santosrisco, fazem com que os vazam entos apareçam na form a de "loteria".Equipam entos antigos - é necessário renovar os equipam entos e tubulações antigasquando o custo de m anutenção ultrapassar o custo de investim ento. Responsável : Salvador Áv ila

Data : #######

FORMULÁRIO - ENVOP - ANALISE DE RISCO AMBIENTALTítulo/No do Projeto : Fluxograma No : Genérico Unidade: Fase do Processo Transferência de fluidos Página: 01/01Vazamento por Flange de Tubulação

Ítem Ref. Ação iniciadora do RISCO Objetivos Investigação Comentários Ação1 2 3 4 5 6

01/O Nor PT Serviço (sem) Permissão de Trabalho X X O O O X Através de auditorias no Campo e nos serviços A PT deve ser mais que um registro Sup. Produção

02/O Ger Rt Ronda da operação (sem) qualidade e periodicidade X X O O O X Auditoria nos relatórios de ocorrência e campo Por medo ou displicência ou indiciplina Sup. Produção

03/M Procd Serviços de manutenção (sem) qualidade adequada X X O O O X Acompanhamento -índices de retrabalho em tubul. Considerar perc.mx=4% e ideal=1,5% Sup. Manutenç

04/M Mater Material (não) disponível ou (não) adequado X X O O O X Auditoria no Controle de Estoque vs ocorrências Consultar a operação qto a exis. Mater. Sup. Suprim

05/G Procd Treinamento na Rotina da operação (inadequado) X X O O O X Avaliar e Revisar programa de treinamto Os índices de node ocorrências indicam Sup. Produção

06/G Vazmt (Sem) política clara quanto a vazamentos em geral X X O O O X Entrevistar operadores de campo e painel-Política Entrevista feita por "pessoas chaves Técnic/planta vz

07/I Prog (Não) execução do Programa de Inspeç. e recomen X X O O O X Acompanhamento -índices de retrabalho em tubul. Considerar perc.mx=4% e ideal=1,5% Sup. Manutenção

08/I Mater (Não) inspeção de materiais adquiridos X X O O O X Acompanhamento -índices de retrabalho em tubul. Considerar perc.mx=4% e ideal=1,5% Sup. Manutenç

09/P Com/c (excesso) de componentes corrosivos na corrente X X O O O X Estatística de resultados analíticos no processo Fazer análise de espessura extra Engen Prod

10/P Temp (excesso)de tempert. fluido afetando material da tub. X X O O O X Verific. do termopar e Estatística de temperaturas Verificar na literatura limites de Temp/t Engen Prod

11/PrLayout Lay-out(inadequado) provocando stress na tubulação X X O O O X Prog.Parada e desmontar para avaliar desvio Acima de 2% no alinhamto, corrigir desvio Engen Proj

12/P Com/e (excesso) de componentes erosivos na corrente X X O O O X Estatística de resultados analíticos no processo Fazer análise de espessura extra Engen Prod

Pessoal envolvido : Preparado por : Salvador Ávila Data : Aprovado por : #/O–operação;#/P–processo;#/G–gerenciam.

#/M-manutenção;#/I-inspeção;#/Pr-Projeto Figura 13 – Exemplo de aplicação: Cenário e ENVOP Fonte: adaptação do autor

Page 121: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

119

ANÁLISE DE RISCO AMBIENTAL

Para cada um dos cenários críticos identificados no “paper” referenciado acima (Ávila e

Santos, 1998), foram feitas análises de risco ambiental com o auxílio dos técnicos de

operação, através de entrevistas. Como resultado, foram listadas sugestões sobre os

procedimentos mais adequados a serem seguidos para cada caso. Avaliam-se também os

principais itens para cálculo de perdas em anormalidades operacionais que afetam o meio

ambiente.

3.4.4 Diagnóstico Ambiental

Conforme trabalho publicado referente ao Processo de Educação Ambiental na

Indústria de Ávila (1999a), para iniciar um processo de melhoria ambiental na indústria é

necessário ter conhecimento das relações entre os operadores e a direção da empresa. Ajustes

normalmente são necessários para tornar possível a efetiva implantação deste processo.

A identificação dos padrões da empresa é elemento decisivo para inicio de mudança

da consciência ambiental da equipe. Nesta dissertação vamos utilizar a etapa de avaliação da

metodologia de Ávila (1999a), como sendo a primeira etapa do diagnóstico ambiental na

dissertação.

Vale a pena citar que o processo de educação ambiental envolve os seguintes fatores

que não serão detalhados neste momento: definição do modelo ideal de operação e sua

adequação à realidade da empresa trabalhada; inserção de fatores ambientais motivadores no

corpo de operadores; definição de aspectos e impactos.

Procura-se estabelecer relações claras entre as atividades e os respectivos impactos no

meio ambiente e na lucratividade da empresa: classificação dos operadores de acordo com seu

nível de adequação ao modelo ideal; identificação de líderes que servirão de agentes

multiplicadores para as etapas seguintes; implantação do treinamento incluindo a preparação

do material necessário; implementação das atividades educativas visando mudanças

comportamentais na equipe de operação com inclusão de palestras e campanhas motivadoras;

implantação de auditorias de ordem e limpeza; internalização do nível de desempenho da

Page 122: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

120

empresa a partir de trocas de informações com agentes externos; consideram-se, neste item, os

órgãos ambientais, universidades e outras empresas.

Detalhamento da Avaliação inicial de valores entre empresa e operador

Neste momento procura-se responder às seguintes perguntas: Até que ponto os

operadores respeitam ou aceitam como desafio as diretrizes apresentadas pela indústria?

Como resgatar certos valores básicos para que esta dinâmica seja favorável para a educação

ambiental?

3.4.4.1 Funções do Mapa de Controle Ambiental e Referências -MCA

Segundo Harg (1969), apresentado anteriormente quando da análise de literatura, entre

as técnicas utilizadas na avaliação de impactos ambientais encontra-se a superposição de

mapas. Esta técnica propõe uma abordagem sistêmica e recomenda o levantamento dos

fatores ambientais, destacando-se a causalidade dos mesmos. Indica também que, ao

interpretar os dados desse levantamento em relação às atividades objeto de localização,

elaboram-se mapas para cada uma das atividades. O mapa de controle ambiental é preparado

da mesma forma e visa, em sua meta, a representação gráfica sob abordagem sistêmica dos

principais impactos ambientais indicados na visita à área.

A novidade é que retrata o impacto ambiental das atividades de rotina através de

símbolos coloridos conforme indicado no caso de aplicação desta metodologia de minimizar

fluentes na fonte. O MCA já foi descrito na etapa de avaliação ambiental preliminar e é

utilizado de forma intensa nas técnicas de diagnóstico ambiental.

Page 123: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

121

3.4.4.2 Auditoria Pontuada de Canaletas - AUDIP

As empresas têm investido continuamente em melhorias no processo para alcançar o

estágio de tecnologia limpa, o que significa produzir sem efeitos negativos para o meio

ambiente. A principal área na indústria com infra-estrutura pertinente ao inicio destes

investimentos é o “chão da fábrica”, pois é o local onde são detectadas as melhores

oportunidades para se alcançar a tecnologia limpa. A metodologia utilizando auditoria

pontuada pretende definir, no “chão da fábrica”, quais as ações adequadas.

a) Efluente orgânico – aplicação descrita no apêndice, caso 2

O trabalho de investigação ou diagnóstico, quanto a oscilações na composição de

efluentes orgânicos (comparado ao padrão interno estabelecido para envio para a ETE), é

desenvolvido para ser aplicado em plantas onde o efluente líquido tenha influência decisiva

nos objetivos ambientais da empresa. O número de auditorias e a quantidade de pontos de

coleta dependem da complexidade - SO.

Este trabalho busca o conhecimento das prováveis fontes de contaminação dos

efluentes com excesso de orgânicos (DQO), volume (V), material sólido (MS) e outros

contaminantes.

A Metodologia que está sendo apresentada recebe a nome a denominação de AUDIP e

segue as seguintes etapas:

i. Identificação das regiões próximas às fontes geradoras.

ii. Avaliação das condições de amostragem - distúrbios que falseiam resultados.

iii. Levantamento das vazões medidas e estimadas de efluentes.

iv. Amostragem nas canaletas e bacias do sistema de efluentes orgânicos.

v. Análise destas amostras.

vi. Realização de balanço de massa baseado na diluição das correntes.

vii. Cálculo do acúmulo de orgânico e sólidos na bacia de efluentes.

viii. Principais gráficos comparativos.

ix. Comentários e programa de ação.

Page 124: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

122

Identificação das regiões próximas às fontes geradoras

Com base nos eventos anormais da operação, são escolhidos os pontos para

amostragem dos efluentes.

Os critérios adotados para a escolha dos pontos são: cuidado quanto a operações de

limpeza na rotina – contribuição de DQO e MS; possibilidade de acúmulo de sólidos na

canaleta e na bacia – problemas intermitentes que dificultam o relacionar problemas na ponta

com motivos na fonte; contaminações por águas pluviais, principalmente onde existem

resíduos sólidos dispostos de forma inadequada; vaporização ou outras reações provocadas

por mistura de efluentes incompatíveis ou com temperaturas elevadas ou ainda quando a

temperatura ambiental é alta e existem contaminações de produtos voláteis – dificuldade em

conciliar os dados do balanço de massa.

Avaliação das condições de amostragem quanto à distúrbios que possam falsear resultados

Sem chuva no dia da auditoria (chorume da área de tambores ou de qualquer área = 0);

Considera-se, a princípio, que não existe acúmulo de materiais nas canaletas;

Para o cálculo das vazões, considera-se o efeito da diluição das correntes ácidas;

Todos os cálculos são feitos em relação à vazão e auditoria pontual de Ph, DQO e MS;

Consideram-se as canaletas em condições estáveis e homogêneas quanto ao seu perfil;

Considera-se que o ar atmosférico não afeta a acidez do efluente na canaleta;

São feitas três amostragens em horários diferentes para garantir a confiabilidade dos

resultados.

Levantamento das vazões medidas e estimadas de efluentes

As vazões são medidas e estimadas através de medidores de vazão, estimativa de

diluição com água e mudança de Ph, comparação entre concentrações de elementos chaves

em pontos diferentes. Estes dados forneceram subsídios ao balanço de massas.

Page 125: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

123

Amostragem nas canaletas e bacias do sistema de efluentes orgânicos

É recomendável que as amostragens sejam feitas pelas mesmas pessoas seguindo

procedimentos padrões. Normalmente se faz a mesma amostragem em horários distintos: pela

manhã (8 h), à tarde (16 h) e à noite (22 h) objetivando evitar erros sistêmicos devido às

influências ambientais.

Análise das amostras

É recomendável que as amostras sejam analisadas pelas mesmas pessoas seguindo

procedimentos padrões orientando-se também para o cuidado com alguns contaminantes que

podem intervir na análise de DQO, modificando os resultados entre uma e outra auditoria.

Realização de balanço de massa baseado na diluição das correntes

O balanço de massa é feito baseado nas vazões medidas e estimadas, nos resultados

analíticos e em algumas considerações para efeito de cálculo.

Cálculo do acúmulo de orgânico e sólidos na bacia de efluentes

No caso da bacia de efluentes, o balanço de massa é feito isolando-se o sistema e

considerando as entradas, as saídas e o acúmulo de material. É importante fazer as

compensações no balanço de massa da bacia de efluentes para evitar conclusões incorretas. A

bacia trabalha como um liquidificador formando coquetel em transformação física e química.

Conclusões e Programa de ação

Baseados nos gráficos de PARETO descrito no apêndice, caso 2, nota-se que, pela

combinação entre as auditorias, as maiores preocupações são: volume da planta de ácido; MS

na canaleta (ponto 2); DQO na canaleta (ponto1) e volume na canaleta (ponto1).

Assim, foi proposto o seguinte programa de ação: redução do volume do efluente da

área ácida; eliminar obstruções nos sistemas que envolvem produtos intermediários; eliminar

a drenagem de orgânicos devido à movimentação de dispersores/ filtros; não drenagem de AC

diluído na planta; avaliar a contribuição da área de tambores em DQO e MS.

Page 126: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

124

b) Efluente pluvial – aplicação descrita no apêndice, caso 2

O descontrole de Ph do sistema de águas pluviais na área industrial pode ser

provocado por vários fatores. A identificação da(s) causa(s), quando existem várias

possibilidades de anormalidades em rede, só é possível com base em auditorias e na

construção do mapa de controle ambiental.

Os principais problemas causadores do descontrole de Ph podem vir de eventos que

envolvendo equipamentos e linha de unidades industriais que processem produtos ácidos, tais

como vazamentos em linhas de transferência, transbordo de tanques, vazamento em selos de

bombas e lavagens diversas devido à chuva. Assim, para evitar multas devido à contaminação

ambiental, foi desenvolvido método para mapeamento e identificação de causas do

descontrole do perfil de Ph em redes do sistema de águas pluviais.

Baseados em histórico de operação da planta industrial, são escolhidos pontos a serem

monitorados próximos às prováveis fontes de descontrole do Ph. Estes pontos de

monitoramento (que normalmente são caixas fechadas com abertura lateral) foram

devidamente preparados para a medição de Ph no turno. O número de medições e os pontos a

serem acompanhados dependem da extensão do problema.

Para a tomada de ações é realizado um estudo profundo seguindo as seguintes etapas:

1. Plotar gráficos de acompanhamento de Ph por tempo para os pontos e a saída da rede

pluvial.

2. Acompanhar ocorrências que possam provocar distúrbios na rede pluvial.

3. Realizar reuniões semanais com a equipe de operação e nomear um operador por turno

responsável pelo monitoramento.

4. Manter a equipe ciente dos resultados do trabalho através de relatórios e reuniões.

5. No cruzamento das informações de um a quatro, retirar do monitoramento pontos que

não auxiliam na investigação (após dois meses de monitoramento).

6. Realizar análise temporal das fontes baseado em critério de seu nível de influência

sobre o resultado de Ph na saída da rede pluvial.

7. Preparar matriz de responsabilidades para acompanhar trabalhos realizados.

Page 127: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

125

Algumas possíveis ações a serem tomadas a partir do estudo acima são:

1. Estanqueidade de válvulas que interligam diques de tanques de processo ao sistema

pluvial.

2. Estudo sobre selagem de bombas problemáticas.

3. Mudança de material e /ou redução de temperatura e /ou diminuição de velocidades

nas linhas de processo para evitar vazamentos.

4. Correção de vazamentos em estações de carregamento de ácidos.

5. Troca/ neutralização da terra em taludes contaminados.

6. Evitar tambores abertos e acúmulo de resíduos que podem gerar chorume ácido ou

básico.

7. Avaliação quanto à limpeza e /ou recomposição de manilhas da rede pluvial.

3.4.4.3 Eliminação de Emissões Fugitivas – EMIFU2

Para a detecção de áreas contaminadas deve-se monitorar a área afetada com a

metodologia mais adequada para o produto pesquisado. Este monitoramento pode ser feito

diariamente em locais diferentes, dependendo do nível de contaminação, da área atingida e da

quantidade de pontos a serem monitorados.

A definição das prioridades das fontes de emissões fugitivas baseia-se na classificação

do teor de contaminante detectado pelos aparelhos de medição, por exemplo, no caso

(Aminas): situação crítica - acima de 20 ppm, situação instável - entre dois e 20 ppm e

situação sob controle - abaixo de dois ppm.

Para a definição das ações, são realizados estudos de processo e, em conjunto com a

equipe de operação, é preparado programa de testes e acompanhamentos na área tendo, como

instrumento de controle, matriz de responsabilidades.

2 Esta aplicação encontra-se descrita no apêndice, caso 2

Page 128: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

126

Entre ações a serem desenvolvidas, podem ser apresentadas:

a) Testes para identificação de melhorias no sistema - tratamento de águas residuais.

b) Acompanhamento do sistema de selagem da bomba de reação.

c) Acompanhamento do procedimento de sopragem nas linhas do sistema de vácuo.

d) Detectar furos em linhas provocando contaminação com água em vasos.

e) Acompanhamento e controle da alimentação de reagentes e catalisador na reação.

f) Estudo sobre a selagem de bombas críticas e gaxeta de válvulas.

Os resultados esperados:

Redução do nível de contaminação da atmosfera (por exemplo, redução de pontos com

>2 ppm por aminas no caso => 1991- 43,4 % => 1992- 28 % => 1993 - próximo a 0 %).

Para atingir estes resultados, a divulgação e co-responsabilidade destes trabalhos pelo

turno facilitam iniciativas, descentralizam as ações e tornam possível a manutenção do

programa.

No caso, após três anos de trabalho conjunto entre processo, operação e controle

ambiental, houve redução sensível da contaminação ambiental por aminas na planta.

A metodologia para tratar as emissões fugitivas se resume nas seguintes etapas:

1) Avaliação de processo e operação para localização dos pontos a serem monitorados.

2) Monitoramento por no mínimo 6 meses e no máximo 1 ano.

3) Avaliação estatística e definição de prioridades a partir de diagrama de PARETO.

4) Avaliar fonte de emissões fugitivas prioritárias, causas e efeitos.

5) Programar testes e estudos dos sistemas responsáveis pelas causas das emissões.

6) Continuar monitoramento acompanhando efeito dos testes em relação aos resultados.

Page 129: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

127

7) Realizar, em todas as etapas, trabalho conjunto entre as áreas de operação, processo e

meio ambiente (utilizando a matriz de responsabilidades como instrumento de

acompanhamento).

8) Avaliar resultados e divulgar para a equipe na forma de treinamento.

9) Comparar resultado com padrão ideal e reiniciar as atividades na etapa 1, caso o padrão

não seja alcançado.

Utilizando metodologia baseada em avaliações de processo, dados estatísticos das

medições de contaminação e testes em unidades industriais identificaram a fonte de emissões

fugitivas por prioridade. A esta conquista junta-se outra, qual seja, indicação de ações

corretivas e preventivas que devem ser tomadas para que o resultado final seja a eliminação

dessas emissões.

3.4.4.4 Controle de Resíduos Sólidos – RES3

A gestão de resíduos foi classificada como aspecto prioritário na enquête aplicada pela

equipe de operação, às ações de rotina para evitar impacto ambiental (Ávila e Santos, 1998).

Os operadores confirmaram que a geração de resíduos, quando acontece, deve ser cuidada do

começo ao fim, ou seja, da geração à disposição e tratamento final do resíduo.

A má gestão de resíduos provoca contaminação de solo, contaminação das águas, risco

de incêndio e, principalmente, afeta a saúde do homem, dos animais e das plantas. Muitas

vezes a variedade de resíduos sólidos que são manuseados na fábrica implica em dificuldades

no controle, prejudicando o ambiente.

Assim, procura-se classificar os resíduos, definir a destinação temporária em área

pavimentada localizada na planta, avaliar e definir a destinação final e, para melhor garantia,

cada BOX deve ter um responsável ao qual competirá apresentar relatório mensal sobre a

situação do resíduo que está sendo controlado. Assim, conseguem-se manter todas as

embalagens, resíduos químicos perigosos e resíduo inerte sob controle e devidamente

3 Esta aplicação se encontra descrita com maior detalhe no apêndice, caso 3.

Page 130: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

128

disposto. Nomeia-se este item de gerenciamento de resíduos ou matriz de responsabilidades

sobre resíduos.

Apresentam-se como tipos de resíduos acompanhados: sucata metálica, bag´s, aparas,

pallet´s, sacos, borra, lixo doméstico, tambores, produto moído, resíduo de efluente, produto

off-spec, resíduos de reação e recicláveis.

Para saber se o resíduo químico é perigoso, a empresa deve analisar química e

fisicamente o mesmo. Na lista acima, os resíduos que podem ser classificados como perigosos

são resíduos de efluente e os provenientes de reação.

As áreas temporárias precisam ser adequadas ao uso, em forma de Box adaptado para

receber resíduo (identificação, proteção contra chuva, destinação do chorume, filtragem do

chorume).

Para as áreas temporárias é importante designar tempo máximo e capacidade máxima

de permanência do resíduo em cada Box. De igual maneira, definir a destinação final de cada

resíduo:

Vendas (cadastrar comprador e informar órgão ambiental);

Reciclagem, moagem, re-processo e re-uso na própria fábrica (caracterizar);

Reciclagem, moagem, re-processo e re-uso em outra instalação (caracterizar e

providenciar transporte);

Enviar para incineração (caracterizar e providenciar transporte);

Delegar responsabilidades.

3.4.4.5 Auditoria de ordem e limpeza - AUDIL4

A AUDIL deve ser realizada trimestralmente seguindo etapas distintas, como descritas

a seguir:

1) Escolha de perfis para execução da auditoria - Perfil operacional – desenvolverá

atividades anteriores à auditoria e processar os dados coletados para reunião posterior sobre

planejamento e metas. Este perfil deve estar ligado à produção. Perfil da alta administração –

4 Aplicação descrita com maior detalhe no apêndice, caso 3

Page 131: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

129

participará ativamente durante a auditoria e na definição de planejamento e metas. Este perfil

dará peso e aumentará os compromissos dos líderes em relação às questões de ordem e

limpeza. Perfil do administrativo – será um representante da área administrativa, “leigo” em

termos de conhecimento na área de produção, com visão mais crítica em relação a estes

problemas.

2) Classificação da área conforme avaliação do auditor e registrado no mapa em cores

Verde – SIGA, está na direção correta. Amarelo – ATENÇÃO, se não forem corrigidos ou

avaliados certos problemas, a situação estará descontrolada. Vermelho – PARE, reavaliar os

aspectos de ordem e de limpeza, a situação está descontrolada.

3) Preparação de matriz de responsabilidades com prazos e ações semelhante à matriz de

responsabilidades no gerenciamento de resíduos citado no item sobre gerenciamento de

resíduos sólidos.

4) Execução da auditoria.

Abaixo apresentamos mapa ilustrativo sobre auditoria virtual em certa fábrica

virtual.

De forma semelhante a auditorias de qualidade e auditoria ambiental, a auditoria de

ordem e limpeza é dividida em três atividades principais:

Planejamento (escolha das áreas que serão auditadas, preparação de check-list,

avaliação dos critérios); comunicação (comunicar por escrito, com uma semana de

antecedência, às áreas que serão auditadas); auditoria (reunião de abertura, auditoria, reunião

de encerramento e de planejamento); acompanhamento (verificar cumprimento de ações e

prazos), (ver Figura 12).

Figura 14 – Mapa de Controle Ambiental - MCA Fonte: construção própria

M A N U T E N Ç Ã O

A D M 2

A D M 3

V A S O 1

B 1

2

R E A G E N T E

B O X

L

1

2

P A I N E L

A D M

A R M A Z É M

P R O C E S S O

F Í S I C O

Á r e a 1

2

3

4 5

6

Á r e a 2

B O X B O X

B O X

B O X

B O XB O X

B O XB O X

Page 132: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

130

PONTUAÇÃO QUANTO A AUDITORIA DE ORDEM E LIMPEZA – AUDIL Os critérios adotados quanto a atitudes e situações são relacionados no quadro abaixo:

Quadro 3 - Atitudes e situações corretas e incorretas

Atitudes e situações corretas Atitudes e situações incorretas Área limpa Sujeira na área Área organizada Materiais estranhos e locais indevidos Colaborador limpo e organizado Desorganização Identificação clara das áreas e dos itens Falta identificação de itens e áreas Áreas sem vazamentos Colaboradores com posturas inadequadas Uso mínimo de papel e de registros Colaboradores com roupas sujas Postura adequada de colaboradores Vazamentos Excesso de papel e de registros

Fonte: construção própria

3.4.4.6 Diagnóstico com plano de trabalho

Cada uma das técnicas apresentadas anteriormente pode ser aplicada de forma

independente e para maior clareza quanto a sua utilidade, lista-se todas, definindo a sua

aplicação e plano de trabalho resultante, o que torna o conjunto extremamente rico não só

pelo conhecimento em si mesmo, mas também por tornar-se ponto de referência segura de

procedimentos voltados à melhoria da qualidade do trabalho na indústria e,

conseqüentemente, de vida.

MCA permite uma visão global do nível de contaminação. Esta ferramenta pode ser

aplicada em avaliação ambiental preliminar, nas auditorias de canaleta orgânica e pluvial,

eventualmente nas emissões fugitivas (embora, se a área atingida for grande, talvez não seja

aplicável) e nas auditorias de ordem e limpeza da planta. O Plano de trabalho resultante é a

utilização de uma das outras técnicas citadas.

AUDIP–O (orgânico), amarra critérios apropriados para fazer balanço de massa em

efluentes. Esta ferramenta é aplicada quando existem perdas de processo que contaminam o

efluente orgânico. O Plano de trabalho resultante é diversificado e exige a preparação de

testes em operação (EVOP) e a preparação de novos procedimentos operacionais.

Page 133: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

131

Dentre os vários itens que compõem este plano de trabalho, citam-se:

reduzir volume do efluente em áreas específicas;

eliminar obstruções nos sistemas que envolvem produtos intermediários;

eliminar a drenagem de orgânicos devido a procedimentos de limpeza na área;

impedir drenagem de ácido na planta;

avaliar a contribuição da área de tambores em DQO e MS.

AUDIP–P (pluvial), amarra critérios apropriados para investigar contaminações por

vazamento de ácidos. Esta ferramenta pode ser aplicada em qualquer evento que provoque

descontrole da rede pluvial, por exemplo: vazamento de ácidos e lavagem de resíduos por

chuva.

O Plano de trabalho resultante se resume, neste caso, em reavaliações de materiais de

equipamentos e adequação de procedimentos operacionais.

EMIFU - devido a características de espalhamento das emissões fugitivas, esta técnica

tem um tempo de aplicação mais prolongado em relação às outras. Em compensação, após a

descoberta dos principais fatores de contaminação, a correção é rápida e incisiva para

derrubar este nível de contaminação. Esta ferramenta pode ser aplicada em casos de

vazamentos em flanges, válvulas, bombas, vents.

Dentre os vários itens que compõem este plano de trabalho, destacam-se:

a) Testes para identificação de melhorias no sistema de tratamento de águas residuais;

b) Acompanhamento do sistema de selagem da bomba de reação;

c) Acompanhamento do procedimento de sopragem nas linhas do sistema de vácuo;

d) Detectar furos em linhas provocando contaminação com água em vasos;

e) Acompanhamento e controle da alimentação de reagentes e catalisador na reação;

f) Estudo sobre a selagem de bombas críticas e gaxeta de válvulas.

Page 134: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

132

RES - esta forma de gerenciar o resíduo por responsável e por Box (área delimitada)

facilita o controle no caso de fábrica que manipula vários tipos de resíduos (aplicação da

técnica).

Dentre os vários itens que compõem este plano de trabalho, destacam-se: organizar as

áreas temporárias por box; definir qual a destinação final de cada resíduo; delegar

responsabilidades; acompanhar através de auditoria de ordem e limpeza o cumprimento desta

gestão.

AUDIL permite, com a visita de auditores na área, inclusive de leigos, classificar a

organização e limpeza de cada área específica. Esta ferramenta pode ser aplicada nas fábricas

que precisam melhorar e manter seu nível de limpeza e organização, inclusive com avaliação

visual da área.

Page 135: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

133

3.5 ACOMPANHAMENTO E CONTROLE

As técnicas de acompanhamento e controle apresentadas foram intensivamente

experimentadas no campo, tendo sido implementadas em plantas de tecnologias e formas de

gerenciar múltiplas. As principais características que envolvem estes procedimentos são:

• Avaliação quanto aos valores da empresa em relação aos do empregado (este fator

pode dificultar qualquer trabalho que envolva a operação).

• Alto envolvimento dos operadores (revisão de procedimentos e testes).

• A utilização da estatística para diagnóstico e acompanhamento dos itens de

controle. Visualização clara obtida através de MCA e dos gráficos de controle.

• Os resultados alcançados são de baixo custo, porque o investimento maior é

dirigido às tecnologias de gerenciamento.

• Divulgação contínua dos resultados em forma de treinamento.

• Padronização das novas formas de operar, com revisão de procedimentos ou

criando procedimentos novos.

Em termos de prazo para implementação das técnicas, ficam definidas as seguintes

limitações:

Valores do operador e da empresa – diagnóstico com durabilidade de três meses.

MCA - uso imediato como ferramenta de outras técnicas.

AUDIP-O – tempo mínimo de seis meses para aplicação de duas auditorias; as ações

levam tempo relativo que pode necessitar do prazo de um ano para a implementação

completa.

AUDIP-P - a implementação completa leva seis meses se os investimentos a serem

feitos estiverem dentro do orçamento do setor.

EMIFU - a aplicação e correção dos fatores contaminantes necessitam do prazo de até

dois anos, dependendo do número de pontos detectados e da complexidade das soluções.

RES - técnica utilizada em conjunto com a AUDIL. A implantação é imediata e como

passa a fazer parte do gerenciamento de rotina, sua implementação é contínua.

AUDIL – depende de auditorias trimestrais para acompanhamento das ações de forma

contínua.

Page 136: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

134

Percebe-se que a Fase 2 da metodologia atinge seus objetivos quando consegue

sistematizar os itens de controle e de verificação a serem acompanhados, viabiliza a revisão

de padrões e procedimentos com a participação dos executores da operação e torna possível a

análise estatística de impactos ambientais emitidos pelo processo na forma gasosa, líquida e

sólida. O diagnóstico apresenta o estado atual da fábrica, mas é na Fase 3 da metodologia que

é possível realizar o acompanhamento.

Gerenciamento da rotina – procedimentos de acompanhamento e medição

Toda melhoria, porque envolve investimento e avaliação, precisa de acompanhamento

e controle para cumprir com êxito suas metas, no tempo previsto. Mas, para que isto ocorra, a

que considerar o gerenciamento da rotina como um procedimento prioritário á manutenção

dos novos padrões.

Nesta dissertação apresentam-se regras de acompanhamento estatístico de processos –

AEP, com vistas a facilitar o entendimento das tendências a partir da “dança” dos números.

Os casos aplicados possibilitam a releitura quanto a aspectos de definição e acompanhamento

das ações localizadas - ALO. A revisão de alguns procedimentos de manutenção, padrões de

trabalho e formas de gerenciamento são abordadas nesta dissertação. Opta-se por distinguir

padronização de criatividade nas rotinas da operação, o que resulta em mudanças de

parâmetros e qualidade nos resultados da produção.

Para manter as melhorias sob controle e dar continuidade ao trabalho de minimização

de efluentes na fonte, é necessário medir os resultados da ação realizada no campo através da

redução dos custos de produção.

Criou-se o fluxograma para melhor visualização dos procedimentos de

acompanhamento e medição de que trata a Fase 3 da metodologia de minimização de

efluentes na fonte. Ver Figura 15.

Figura 15 – Acompanhamento e medição

Acompanhamento

AEP

PADOP

INVOP

Medição dos resultados

Page 137: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

135

Acompanhamento estatístico de processos Os números que são acompanhados estatisticamente têm vida própria e seguem a

história definida pelos equipamentos, pela tecnologia de processo, pelas ações de rotina e

pelas diretrizes gerenciais em geral. Saber interpretar como “dançam” estes números faz parte

do trabalho do analista de processos que pode ser o engenheiro, o técnico ou o operador

envolvido neste trabalho.

a) Regras de acompanhamento

No acompanhamento estatístico de processos torna-se necessário acompanhar a

“dança” dos números objetivando conhecer a existência de fenômenos típicos e atípicos e,

além disso, manter a mente aberta às possibilidades de surgimento de novos fenômenos no

trabalho e nos processos. Entre os fenômenos de processo identificados, destacam-se os

seguintes:

Distanciamento da meta detectado através da comparação com o histórico anterior.

Afastamento da média em relação aos valores, máximo e mínimo, admissíveis.

Agrupamento de dados indicando mudança na média do processo ou a existência de

ciclo.

Existência de dados ou série de dados oscilantes a indicar amostragem de dois

pontos.

Tendências ascendentes ou descendentes indicando: ou ocorrência de problemas no

processo, se houver afastamento em relação à meta ou, normalização do processo se a

tendência for de proximidade.

A freqüência de dados reunida em determinado valor indica mudança da média do

processo.

A seqüência de dados alternando para cima e para baixo sugere amostragem

sistemática de diferentes locais.

Vários pontos consecutivos com um mesmo valor decorrem por insensibilidade de

instrumento ou bloqueios resultantes de insegurança pessoal na ação. Existe uma

variabilidade inerente quando o processo está sob controle.

Registro de motivos fora do padrão no gráfico de acompanhamento.

Page 138: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

136

Colocação de parâmetros de processo de mesma origem, ou fortes relações entre si,

plotados em gráficos sobrepostos, ou em gráficos separados, mas na mesma folha.

Classificação dos dados plotados em PERÍODO DE TEMPO definido, facilitando o

acompanhamento de mudanças repentinas.

Classificação dos dados plotados em FAIXAS DE CONTROLE DO PARÂMETRO

DE PROCESSO, facilitando a interpretação do fenômeno físico ou químico em

execução.

Marcação de tendências à convergência ou divergência de pontos no gráfico.

b) Definição de ações localizadas durante acompanhamento e controle

Um dos resultados da investigação de anormalidades é a sugestão de itens de controle

e de ações localizadas sobre a planta. Com o diagnóstico operacional e de processo se

confirma a necessidade de testes, revisão de procedimentos ou treinamento para a equipe.

As atividades que continuam sendo executadas para manter os trabalhos de melhoria

na produção são:

• Acompanhamento Estatístico de Processos – AEP.

• Investigação de incidentes - INVOP e avaliação das rotinas da operação – ROTLIM.

• Adequação dos padrões de operação de acordo com as melhorias de processo -PADOP.

• Treinamento e tarefas educativas para a equipe de produção – TREINOP.

• Medição dos resultados da implementação desta metodologia.

• Manutenção da imagem da empresa – abrir a empresa de forma bidirecional em relação

à comunidade - IMAGE.

Todas as atividades descritas acima podem ser acompanhadas de ação localizada na

área - ALO. Na escolha destas ações, o analista de processos busca a confirmação de

hipóteses levantadas nos estudos diversos. As ações são realizadas para atingir metas pré-

estabelecidas em busca do objetivo global de estabilização do processo da planta industrial. A

tabela 6 abaixo apresenta algumas ações localizadas e o estudo que demandou esta

confirmação na área.

Page 139: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

137

c) Definição de itens a serem melhorados nas áreas de apoio

A melhoria de condições de operação é conseqüência garantida dos trabalhos já

detalhados anteriormente. Estes dependem, cada vez mais, de interfaces com áreas de apoio

ou fora do limite de bateria da fábrica. Assim, à medida que a metodologia descrita nesta

dissertação é implantada, as atividades passam a envolver áreas funcionais e fornecedores.

Relacionam-se na Tabela 6 os principais eventos e o objetivo específico que se deseja

com o trabalho de interface.

Tabela 6 – Relação entre ação localizada – ALO e investigação, hipótese e melhoria

Fonte: construção própria

Caso

Ação Localizada

Investigação que originou ALO

Hipótese

Melhoria

2 Teste de temperatura na purificação

Investigação de ocorrências anormais Qualidade da linha de reciclo

Maior estabilidade na reação

2 Teste de bancada para a reação química

Acompanhamento Estatístico de Processo

Controle de vazão na alimentação

Maior estabilidade na reação

2 Teste de inversão de fases e condições na neutralização

Investigação de Incidentes operacionais – sal

Separadores com mudança densidade

Estabilidade na purificação

2 Composição de sólidos na matéria-prima

Acompanhamento Estatístico de Processo

Alimentação de MP composição varia

Composição constante da vazão

2 Recirculação na bomba de reação

Estatística de Eventos anormais Variação na pressão de selagem

Não obstruir e não danificar bomba

2 Ejetor após a reação – inspecionar e trocar partes

Investigação de Incidentes Baixa eficiência do ejetor

Estabilidade na neutralização

3 Reduzir temperatura de solvente

Investigação de ocorrências anormais Vaporização excessiva nos vasos

Diminuir perdas de solvente

3 Separação após a reação Investigação de ocorrências anormais Variação nas composições

Diminuir os problemas no efluente

3 Alimentador de MP sólida

Acompanhamento Estatístico de processos

Dosagem inconstante de MP

Mudança do controle de vazão

3 Selagem de bombas alternativas

Investigação de incidentes operacionais Pressão de selagem incorreta

Mudança de condições de operação

3 Linha de reciclo Acompanhamento Estatístico de Processos

Flutuações no nível com composição

Estabilizar composição na purificação

3 Extratores Investigação de ocorrências anormais Condição de operação instável

Remoção mais estável de íons

Page 140: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

138

Tabela 7 – Relação entre evento, área e objetivo local

Evento

Área relacionada Objetivo local

Composição, condições de operação e procedimento de transferência de MP

Fornecedor de MP Manter uma boa relação e melhorar qualidade da MP

Falta de peças sobressalentes ou peças inadequadas Compras e suprimento

Manter uma boa relação e melhorar qualidade de Serviço

Uso de peças inadequadas nas manutenções

Manutenção Diminuir re-trabalho

Procedimento de montagem, desmontagem e correção de problemas inadequados

Manutenção Diminuir re-trabalho

Resultados analíticos incorretos devido a erros no método de análise

Laboratório Controlar o processo

Projeto inadequado ou condição de operação inadequada em relação ao projeto

Projeto Rendimento na operação

Mudança nas campanhas de produção ou programação de produção

Programação de Produção

Otimizar recursos

Falta de comunicação vertical e horizontal

Gerência

Facilitar o entendimento de melhorias - comunicação mais clara

Fonte: construção própria

3.5.1 Procedimentos Operacionais

Os procedimentos padronizados e as diretrizes operacionais servem para impedir

variações na maneira de operar a planta, evitando prejuízos para o processo. Entretanto, é

inerente de todo processo a variação. Os fatores abaixo podem ser aventados como causas:

Contratação de novos operadores que precisam ser treinados.

Novas exigências ambientais, mudando o “modus operandis” da planta.

Alguns operadores antigos com hábitos que precisam ser reciclados.

Equipamentos antigos que quebram ou perdem eficiência.

Equipamentos novos que têm eficiência superior aos antigos.

Nova diretoria com uma nova visão de operação.

Processo automatizado com padrões diferentes em seu acompanhamento.

Clientes mais ou menos exigentes aumentando ou diminuindo a flexibilidade do processo.

Mudanças nos métodos ou na equipe de manutenção.

Compra de materiais e peças com qualidade superior ou inferior.

Falta de insumos de processo (por exemplo: água).

Page 141: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

139

Alteração climática, por exemplo chuvas fortes mudando o perfil de temperatura na

planta.

Instrumentos de controle de processo mais confiáveis (por exemplo: micro-motion).

Mudança de fornecedor de matéria-prima ou de catalisador.

Mudança da qualidade das utilidades (pressão de água, vapor e nitrogênio).

Período de campanha salarial com as pressões e preocupações naturais da época.

Mudanças no sistema de documentação da fábrica, por exemplo: ISO-9000/14000.

Descontrole no processo dos fornecedores de matéria-prima com qualidade assegurada

prejudicando equipamento, processo e produto.

Cargas altas para a planta limitando certos sistemas de processo.

Campanhas de produtos críticos variando as condições de processo.

Campanhas muito curtas ou muito longas prejudicando a mudança dos parâmetros de

operação.

Ações imediatas ou corretivas não adequadas à solução de problemas operacionais.

Enfim, existem inúmeros motivos para provocar variações no processo e é muito

importante que o acompanhamento seja feito de maneira assertiva evitando, dessa forma,

prejuízos diversos. O operador de fábrica deve conhecer as principais fontes de variação e

saber avaliar quais as conseqüências de suas ações sobre o processo como um todo. Para

tomar iniciativa com vistas a corrigir as variações inerentes de cada processo, é importante

que o operador seja estimulado a pensar e não simplesmente agir.

A implementação da metodologia para minimizar geração de efluentes na fonte

viabiliza a análise operacional dos eventos anormais a partir da equipe de operação, tornando

possível que a mesma planeje para evitar impactos em diferentes situações da rotina.

3.5.2 Medição de Resultados

Como esta é uma metodologia de amplo espectro de ação, o resultado depende dos

objetivos principais a serem atingidos, entretanto, há objetivos secundários que não podem ser

relegados. Dentre os principais encontram-se:

Page 142: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

140

• Minimizar geração de efluente na fonte - foco desta dissertação.

• Estabilizar os processos da fábrica - onde as variáveis de processo são submetidas a

controle e mantêm um comportamento descrito pela curva normal.

• Melhorar a qualidade do produto acabado - com o processo estabilizado, as

composições de suas correntes na indústria se enquadram em situações confortáveis

permitindo, assim, uma melhor performance na qualidade do produto final.

Encontram-se entre os objetivos secundários:

• Aumentar a continuidade operacional e a carga da planta - este é um item de fácil

controle; é suficiente ter a totalização das cargas da planta e a medição de tempo

estagnado no processo.

• Diminuir custos de produção - existem alguns índices de consumo que contribuem

de forma marcante para o custo de produção (exemplo, custo de matéria prima e de

solventes). Diminuir os custos de manutenção - existem alguns itens de peças de

reposição que podem ser acompanhados para verificação.

• Melhorar a qualidade do efluente industrial - se o processo está mais estável, e se

as correntes têm composições mais regulares, as unidades de purificação do efluente

industrial terão um trabalho menor e produzirão um efluente de maior qualidade.

• Aumentar a disponibilidade dos equipamentos de processo - provavelmente cada

um dos equipamentos principais da planta é investigado para a melhoria da sua

performance. Aumentar a motivação pelo trabalho bem realizado - o envolvimento

dos empregados em cada etapa desta metodologia leva a que se sintam responsáveis

pela melhoria alcançada. Melhorar a imagem da empresa para a comunidade

interna e externa - o receio de apresentar a empresa para a comunidade externa

(público, governo, universidades, vizinhos), por ser pequeno, torna-se inócuo; a planta

atinge uma estabilidade favorável garantindo a repetição da performance anterior, sem

surpresas.

• Aumentar a satisfação do cliente - produto acabado de melhor qualidade, entrega no

prazo, diminuição de custos podendo promover redução nos preços são fatores que

contribuem para a satisfação do cliente.

Page 143: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

141

• Melhorar o ambiente de trabalho - este objetivo é conseqüência direta da nova

condição de operação da planta; os produtos devem percorrer as tubulações e

equipamentos de processo e não atravessar estes limites atingindo o meio externo, o

meio ambiente.

• Diminuir re-trabalho da operação e da manutenção – este é também conseqüência

de um rendimento maior do trabalho de operação e de manutenção. Apresenta-se

abaixo a tabela 8 que descreve os resultados que são acompanhados, a freqüência

desta medição e os objetivos nela envolvidos, as dificuldades na coleta de dados, e os

tipos de gráfico a serem utilizados na apresentação para e sensibilização da equipe.

Tabela 8 – Medição de resultados, por objetivo

Resultados Freqüência Objetivos Coleta de dados Tipos de gráfico

Inventário de efluentes

Medição M e relatórios (R) mensais

Minimizar efluentes

Totalização – efluente líquido, pesagem – resíduos sólidos e, balanço de massa – efluentes gasosos

Custo do tratamento do resíduo em gráfico (torta); Quantidade de efluentes gerados por mês

Variáveis de processo

(M)-pr hora (R)- pr mês

Estabilizar processos

Variáveis analíticas, leitura de painel, leitura de campo, medição específica

Gráfico de linha

Itens de qualidade do produto

(M)- pr lote (R)- mensal

Qualidade de produto

Variáveis analíticas e variáveis de processo na purificação

Gráfico de linha e diagrama causa /conseqüência

Continuidade e Carga geral

(M)-pr hora (R)- pr mês

Continuidade e Carga

Totalização de vazões de produto acabado, contagem de horas parada

Gráfico de linha

Índices de consumo

(M)- pr dia (R)- pr mês

Custos de produção

Totalização das vazões de MP e insumos, inventário e balanços de massa. Controle de hora extra e de serviços re-trabalhados.

Tabelas e gráficos de linha Gráfico do tipo torta quando comparar os custos de produção

Consumo de peças de reposição, hora extra, re-trabalho

(M)- pr dia (R)- pr mês

Custos de manutenção

Contagem de peças utilizadas em serviços por unidade e por valor

Tabelas e gráficos de linha Gráfico do tipo torta quando comparar os custos de manutenção

Variáveis de acompanhamento

(M)-pr hora (R)- pr mês

Qualidade do Efluente

Variáveis analíticas e variáveis de processo na Estação de tratamento

Gráfico de linha e diagrama causa /conseqüência

Horas paradas por equipamento

(M)- pr dia (R)- pr mês

Disponibilidade de equipamentos

Enquanto o processo não produz é considerado parado. Contagem de horas no relatório de ocorrências

Tabelas e gráficos de linha Gráfico do tipo torta quando comparar os equipamentos

Participação das atividades internas e externas

(M)- pr dia (R)- pr mês

Motivação pelo trabalho

Medição da participação do pessoal em atividades voluntárias e treinamentos

Gráfico de linha

Integração positiva com atividades em conjunto com a comunidade, notícias positivas

(M)- pr mês (R) semestral e anual

Imagem da empresa

Ponderar a participação da comunidade interna e externa, de forma direta ou indireta, nas atividades da empresa Ponderar a representação de empregados em atividades externas

Gráfico de linha e diagrama causa /conseqüência Gráfico do tipo torta quando comparar os fatores que influenciam na imagem da empresa

Enquête para medir nível de satisfação

(M)- pr mês (R)- semestral e anual

Satisfação do cliente

Através de enquête verificar o nível de satisfação do cliente quanto à preço, prazo de entrega, qualidade do produto e do atendimento

Gráfico de linha e diagrama causa /conseqüência Gráfico torta - comparar fatores q influenciam a satisfação cliente

Acidentes e incidentes

(M)- pr dia (R)- pr mês

Ambiente de trabalho

Medição de acidentes e incidentes, definir critérios de pesos e medidas

Gráfico de linha e Pareto

Page 144: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

142

Resultados Freqüência Objetivos Coleta de dados Tipos de gráfico

Horas de serviços re-trabalhados, parada

(M)- pr dia (R)- pr mês

Re-trabalho de operação e manutenção

Verificação de serviços re-trabalhados e avaliação da responsabilidade (horas e valores)

Gráfico de linha e Pareto

Hora extra (M) pr dia (R) pr mês

Redução de hora extra

Controle de hora extra Gráfico de linha

Fonte: construção própria

Custos de produção

É importante que a equipe de operação saiba quais são os principais custos de

produção. Em certos momentos, os líderes de processo fazem escolhas que podem ser

melhores ou piores, a depender dos custos diretos e indiretos envolvidos. Por isso, os custos

de produção são classificados por nível de impacto na formação de preço do produto acabado,

pois existem certos custos que, por si só, impactam no preço do produto e do ambiente e ainda

outros, necessários para se evitar danos a equipamentos e pessoas.

A gerência e/ ou a supervisão da operação, envolvendo os líderes de processos

responsáveis pelas ações, precisam conhecer o produto a ser introduzido no processo e

analisá-lo juntamente aos custos e efeitos sobre as ações a serem executadas, para maior

segurança quanto aos riscos na sua utilização.

Classificação dos custos por impacto de valor monetário direto

Esta classificação leva em conta características inerentes as plantas industriais que

percorridas pelo autor desta dissertação, nela atuou como engenheiro, consultor ou estagiário.

O impacto medido e comentado refere-se a valores agregados aos itens que estão sendo

discutidos. Um dos impactos de difícil medição é o da imagem da empresa.

a) Custos de produção com alto impacto

Consumo de matéria prima e de insumos por tonelada de produto - é necessário o

atento cuidado e o bom senso da gerência no sentido de incentivar procedimentos que

resultem em impedimento de perdas e que tragam, por conseguinte, maior controle do

processo e pequenas melhorias na área.

Page 145: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

143

Custos ambientais de tratamento de efluentes - caso a geração de efluentes na fonte

seja contínua e sem controle, é necessário avaliar os custos ambientais para tratar e dispor,

temporariamente, o resíduo. Havendo, com este procedimento, impacto em outras áreas,

verificar os custos legais envolvidos.

Custos de parada de planta fora de programação - a parada de emergência

prejudica qualquer controle de custos. Para evitar problemas mais sérios com pessoal e com

os equipamentos, as ações podem gerar custos ambientais e de parada de planta. O principal

custo é o tempo perdido tanto para adequar a planta, quanto para ajustar o processo e a

qualidade do produto final.

Custos de devolução de produto por baixa qualidade – muitas vezes enviam-se

para o cliente um produto de qualidade média quando sua expectativa é receber o conhecido

de entregas anteriores. A devolução de produto implica em gastos dobrados com transporte,

re-processo e outros itens de custo de produção.

Custos devido a diretrizes gerenciais incorretas - o gerente ou o supervisor pode

esquecer que sua função é transformar a matéria com a ajuda da equipe, dos equipamentos e

de métodos. Quando isto acontece é porque ele está centralizando as ações e impedindo o

desenvolvimento de senso crítico na equipe. Este comportamento afeta diretamente os custos

de produção.

b) Custos de produção com médio impacto

Custo fixo de mão de obra - para manter as plantas operando é necessário o trabalho

do homem em maior ou menor escala. O nível de automatização vai definir se este custo é

alto, médio ou baixo. Com base nas tecnologias atuais, considera-se que o custo fixo de mão

de obra tem médio impacto na planilha de custos de produção.

Custo de horas extras e serviços não programados - existem fatores que provocam

a realização de serviços não programados e, conseqüentemente, a necessidade de hora extra

na produção (inclusive manutenção). Dentre tais fatores citam-se: a falta de programação de

produção; as tentativas de forçar situações que a tecnologia não suporta; são exemplo carga

alta em certos equipamentos que já operam no limite, a baixa qualidade dos serviços de

manutenção ou das peças de reposição, testes em operação arriscando situações indevidas e

qualidade duvidosa de matéria-prima.

Page 146: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

144

Custos do re-trabalho (baixo rendimento da equipe) - a equipe desmotivada para

desenvolver o melhor trabalho e sem interesse para alcançar a produtividade gera, em

decorrência, baixo rendimento, desatenção, riscos de acidentes, baixa auto-estima e outros

efeitos negativos no trabalho.

Custos de parada programada de planta - a planta industrial não deve parar. Em

alguns casos existe o grupo permanente de parada (GPP) cuja função é manter organizada a

interrupção seguinte. A depender dos serviços a serem realizados, do pessoal envolvido e do

tipo de equipamento a sofrer intervenção, a parada programada pode ter um custo variado,

constituindo-se este em fator de médio impacto.

Consumo de peças de reposição – a incidência de reposição dessas peças indica

existir excesso de intervenção em certos equipamentos. As causas da reposição podem ser:

processo inadequado, procedimento operacional incorreto, projeto inadequado de

equipamento ou instrumento para o processo atual, especificação incorreta de peças de

reposição ou, ainda, falta de peças de reposição forçando o uso de soluções alternativas para

se manter a planta operando.

c) Custos de produção com baixo impacto

Muitas vezes, por ser considerado item de baixo impacto, a engenharia de processo e

de operação não valorizam estes custos de produção, mas analisa-se que podem ocorrer

problemas em cadeia por falta de cuidado com os citados itens. Exemplo disso é o vapor de

aquecimento de determinada linha provocando a obstrução da mesma forçando a planta a uma

parada de emergência de três dias. Indiretamente, a utilidade pode ser a responsável pelos

custos dessa parada.

Consumo de utilidades - a utilidade, como se depreende, pode vir a onerar mais ou

menos o custo da produção, pois depende da quantidade consumida e da criticidade de uso no

processo. São algumas: vapor - se forem plantas que processam produtos de alta viscosidade;

nitrogênio - se forem plantas que processam produtos e insumos que oxidam facilmente e/ ou

se contaminam na presença de oxigênio e umidade; água - é considerada uma utilidade barata,

mas, tornar-se-á, em breve, muito cara, conforme previsões técnicas atuais; a tendência é a

redução do seu consumo; ar de serviço - utilidade de baixo custo.

Page 147: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

145

Custos de transporte e de alimentação - é um custo básico que depende menos da

tecnologia e mais do comportamento da equipe em busca ou não a minimização de gastos na

produção.

Classificação dos custos por impacto sobre a imagem da empresa

A imagem da empresa é melhorada como conseqüência da execução de ações

desenvolvidas nesta metodologia. A mesma depende de aspectos abstratos e relativos, ou seja,

da correlação de forças quanto às impressões que as partes interessadas têm em relação à

empresa.

A queda nas vendas pode ser ocasionada pela falsa visão de que a empresa tem uma

postura anti-ética em relação ao mercado ou em relação à comunidade, o que se torna

exemplo de conseqüência direta do impacto negativo sobre a imagem da empresa.

Classificação dos custos por origem

Se os custos têm origem no fornecedor, na empresa contratada, na nova condição da

macroeconomia, na demanda dos clientes, considera-se que, neste caso, o custo tem origem

externa.

Se os custos têm origem na falta de diretrizes gerenciais, nos procedimentos

operacionais inadequados, na falta de conhecimento sobre a tecnologia e o processo atual da

planta, no projeto inadequado em relação à nova condição de operação, considera-se então

que o custo tem origem interna.

Causas e responsabilidade pela elevação de custos

É usual buscar-se as causas, o setor ou o profissional responsável quando os resultados

da produção acusam imprevista elevação de custos para a empresa. A metodologia de

minimização de efluentes trabalha sem direcionar a responsabilidade, mas apreciando os

custos de forma global, ou seja, envolvendo todos os setores porque o setor industrial é

movido por uma complexidade de causas e conseqüências.

Page 148: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

146

3.5.3 Método de Medição quanto a Resultados por Ação

Para cada ação desenvolvida na metodologia é essencial monitorar e medir o fator

conseqüente desta ação. Portanto, para cada ação existe uma reação no processo. De vez que

são ações estudadas e direcionadas para um determinado fim, espera-se que as reações sejam

medidas e que seus resultados confirmem ou não as expectativas levantadas pela investigação.

Cita-se exemplo de minimização de consumo de solvente para um determinado processo.

a) Processo – modificação de parâmetros

Algumas variáveis de processo foram alteradas nos testes para melhorar performance

da planta. Para cada variável existe um resultado a ser medido. Assim, quando se altera a

temperatura da purificação de efluente líquido (vaporização de M), mede-se qual o teor de M

no efluente; quando se altera a temperatura do líquido de selagem (M) de equipamentos

rotativos, têm-se menos intervenções nestes equipamentos e uma composição mais estável no

processo para a purificação do produto acabado; quando são alterados os níveis de vasos

separadores, espera-se aumentar a capacitância desses vasos e, em contrapartida, diminuir as

flutuações nas correntes de reciclo, melhorando então certas composições em correntes de

processo.

A quantidade exata de M para o processo depende dos teores desse solvente após a

mistura; sendo assim, algumas medições de nível e outras composições de correntes de

processo podem ser acompanhadas para facilitar a elaboração do balanço material desse

insumo.

b) Operação – revisão de procedimentos

Alguns procedimentos precisam ser alterados para viabilizar uma condição de

operação menos crítica e diminuir as perdas de M para o meio ambiente. A utilização de

dispositivo de campo que acusa a existência de contaminação por M no processo é um

procedimento que indica quando o processo está ou não saindo de controle. A análise de

riscos ambientais e a avaliação de cenários críticos são procedimentos que, ao serem

utilizados, diminuem os riscos de contaminação ambiental. A correção dos procedimentos

Page 149: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

147

operacionais dando uma condição nova e mais segura para o processo e para a planta deve

fazer parte da rotina da operação.

Pergunta-se: quais os resultados dessas mudanças operacionais? Fazer a mesma coisa

de forma mais segura e menos custosa; alcançar resultados positivos na mesma proporção da

satisfação do empregado em fazer o trabalho bem feito.

c) Ajuste Ambiental

Aumentar a refrigeração do sistema de vent da reação deve diminuir a contaminação

por gases provenientes de processo na atmosfera. A mudança no procedimento de limpeza de

vasos e equipamentos deve melhorar as condições do efluente, amenizando problemas de

efluente fora de padrão durante os procedimentos de parada da planta.

A mudança de parâmetros de processo indicados pelo diagnóstico ambiental vai,

provavelmente, modificar o nível de contaminação da área.

d) Revisão de Procedimentos da Manutenção

Ao montar adequadamente a bomba de reação, a possibilidade de haver resíduo devido

à presença de umidade é mínima contribuindo, assim, para que a condição operacional da

planta seja restabelecida sem maiores problemas. Os instrumentos da medição e do controle

que sofrem manutenção retornam com os mesmo valores de sintonia e as mesmas condições

de saída, facilitando o controle de processo na partida da planta.

3.5.3.1 Conclusões quanto à Medição de Resultados

Um fator importante para a medição de resultados e que não foi considerado neste

trabalho é a exatidão dos instrumentos de medição. Para cada ação programada no processo é

importante medir os resultados. Ás vezes é necessário um timing diferente para cada teste que

está sendo acompanhado. Pode acontecer que o resultado daquele teste - daquela ação

localizada ou daquela mudança de variável de processo - apareça em outro setor ou em

momentos após o esperado. Os teste são imprescindíveis; assim, mesmo havendo demanda de

tempo para que os resultados se concretizem, é importante aguardar.

Page 150: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

148

3.5.4 Recomendações de Acompanhamento e Controle

Conforme explanado anteriormente, o acompanhamento e controle de todas as ações

implementadas podem resultar em alterações nas condições do processo. Portanto, torna-se

valioso tanto intervir e agir, mas também medir os resultados objetivando verificar a validade

das ações. Assim, as atividades de acompanhamento e controle devem estar relacionadas com

diversos resultados para que, de posse das informações, o analista possa manter-se atualizado

quanto ao comportamento do processo.

A atenção para os problemas e ou variáveis de processo deve ser de forma flutuante e,

quando necessário, a atenção do analista deve pousar e aprofundar, entender e dissecar,

envolver a equipe e treinar, buscar informações e continuar com a planta operando.

Acompanhar e controlar são atividades que exigem visão global, atenção flutuante e

profundidade de conhecimento das ocorrências anormais.

A Fase 3 é concluída com êxito quando os itens a serem acompanhados e medidos, e

que são de conhecimento da equipe de operação, indicam o comportamento de um processo

estável. A possibilidade de identificar novas cadeias de anormalidade deixa a equipe de

execução confortável para fazer o seu trabalho seguindo o pré-estabelecido e mantendo o

espírito crítico para as mudanças necessárias.

Page 151: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

149

3.6 EXECUÇÃO

Investigar, diagnosticar, planejar, executar, acompanhar e controlar são os principais

objetivos da metodologia para minimizar efluentes na fonte. Analisando o ciclo do PDCA,

conclui-se que a investigação anteriormente ausente do processo, passa a estar inserida em

posições variadas - PIDCA, PDICA ou ainda PDCAI.

O método preconiza mudança quanto à forma de lidar com Para se fazer algo é

necessário ter coragem, principalmente sabendo que, este algo, pretende mudar e transformar

uma realidade em outra. Toda mudança requer cuidados especiais. A transparência na

comunicação, a intenção bem definida, o acreditar na política da empresa, são características

importantes para que a mudança tenha êxito.

Inicia-se uma explanação da etapa de execução desta metodologia descrita na

dissertação sobre como minimizar efluentes na fonte.

Primeiramente trata-se de como as ações localizadas (ALO) são desenvolvidas e os

cuidados á serem tomados para cada caso. Logo após, trata-se das ações gerenciais sobre a

equipe e o método de trabalho. Quais são os principais itens para execução e controle pelo

gerente e pelo supervisor de turno?

Vai fazer parte desta etapa da dissertação a discussão sobre como manter os padrões

atingidos e o que fazer para melhorar continuamente estes padrões. O conhecimento de como

avaliar a imagem da empresa na comunidade e como agir para melhorar cada vez mais esta

imagem é assunto que será discutido também no tópico de execução.

Esta discussão que se inicia faz parte da Fase 4 de agir sobre o processo e a equipe.

Para tal apresenta-se abaixo um fluxograma explicativo sobre a implementação desta fase.

(Ver Figura 16)

Figura 16 – Fase 4 – Ação sobre o processo, procedimentos e equipe.

Ação localizada - ALO

Ação geral

PROCESSO

PROCEDIMENTO

EQUIPE

PADRÃO

Page 152: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

150

3.6.1 Ações Localizadas - ALO

Normalmente as ações localizadas podem ser aplicadas sobre sistemas de processo,

quando o problema é abrangente e a mudança proposta vai alterar o funcionamento deste

sistema – sistema de compressão, por exemplo; ou a ação localizada pode ser sobre um

equipamento específico, por exemplo, sobre a coluna de remoção de solvente do efluente; ou

ainda a ação localizada pode ser sobre uma variável de processo que não envolve,

necessariamente um sistema ou um equipamento.

Por outro lado, ainda existe a opção de a ação localizada estar focada em

procedimentos operacionais que podem afetar o funcionamento tanto do processo quanto de

sistemas e de equipamentos. Neste trabalho descreve-se os exemplos do Caso 2 e 3.

a) Sistemas

As ações localizadas envolvem o sistema como um todo porque o evento anormal

envolve toda seção ou sistema.

No Caso 2 A parada da reação, é um evento que envolve desde a linha de reciclo

retornando para tanque de matéria-prima até todas as seções do processo, principalmente a

reação. Assim, a intervenção ou a ação localizada foi sobre a temperatura de vaporização para

diminuir contaminação da matéria-prima, evitando assim parada de reação. Por outro lado, a

inversão de fases, envolve toda a seção de separação e a sua solução não se restringe a uma

área específica. Para finalizar ainda tem-se a recirculação na purificação que é provocada

pela presença de componentes indesejados provenientes tanto da reação quanto da

neutralização e separação. Assim, as ações focadas podem ser em quaisquer áreas que causam

o evento anormal.

No Caso 3, os distúrbios na Purificação 2 são resultados de falha no controle da

reação provocando descontrole na separação e passando polímeros para a purificação 2. Este

também é um caso onde a ação localizada envolve o sistema ou a seção como um todo. A

baixa eficiência no tratamento é conseqüência da variação de composição da corrente de

processo oriunda da reação prejudicando esta seção. Conseqüentemente toda e qualquer ação

localizada envolverá o sistema de reação e de tratamento na purificação 4.

Page 153: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

151

b) Equipamentos e instrumentos

Para equipamentos e instrumentos fica mais fácil executar as ações. Muitas vezes a

correção do problema é imediata, mas, em alguns casos um equipamento ou instrumento se

transforma em sistema envolvendo uma rede complexa de fatores.

No Caso 2, problemas na medição de B, envolvem correção direta na malha de

controle para evitar reação indesejável. Para finalizar ainda tem-se a serpentina furada em

vaso da neutralização que é provocada por presença de sal e água em excesso no vaso. Até

que se corrija o problema de processo, é importante atuar localmente sanando furo e

preparando procedimentos específicos para evitar este evento.

No Caso 3, alimentação indevida de E - provoca oscilação da concentração à

montante da reação. A ação localizada envolve principalmente o instrumento de vazão de E

para a reação. Problemas na lubrificação da unidade de tratamento, provavelmente

contaminação do tanque de lubrificação por água. Limpar sistema de lubrificação e controlar

melhor a extratora para evitar contaminação. A alimentação de S oscila com o tempo, a

bomba de S não segura o stroke especificado sendo necessário revisão neste método de

alimentação.

c) Processo

Já quando se fala em processo, a alteração de variáveis pode influenciar fortemente a

estabilidade do processo e dos equipamentos. As ações localizadas no processo da planta

devem ser feitas de forma lenta e relacionadas com o painel de controle para evitar perda do

equilíbrio anterior.

No Caso 2, temperatura alta na reação, é um evento que envolve a recirculação do

1º reator. Por outro lado, a oscilação da viscosidade de PI, envolve a distribuição nuclear do

polímero produzido e a diluição em solvente desta corrente do processo. Para melhorar este

evento, as intervenções são feitas nos parâmetros de processo.

No Caso 3, a presença de B no L afeta diretamente a reação de polimerização. As

ações serão focadas na purificação 1 e no controle de reação 1. A oscilação da diluição dos

Polímeros afeta a separação em V-3.

Page 154: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

152

d) Procedimentos

As ações quando localizadas se restringem a alterar o procedimento ou criar um novo,

é necessário acompanhar o processo para ver as alterações provocadas por esta mudança.

No Caso 2, a drenagem dos reatores, é um evento sem complicações quando se

segue um procedimento correto. A bomba de reação, quando está operando bem, sua

recirculação, a selagem e o final da reação são concluídos com êxito, sendo mantida a fluidez

da massa reacional. Obstrução de trocador em SP é resultado de procedimento incorreto de

limpeza quando trocador está saturado.

No Caso 3, os Distúrbios no Q-1 ocorre porque o procedimento de manutenção deste

alimentador não é seguido à risca.

3.6.1.2 Revisão dos Padrões de Trabalho

Padrão ambiental do trabalho de turno

Existem alguns itens básicos que fazem parte do trabalho de mudança de padrão e que

devem ser colocados arduamente, no ombro a ombro para todos os operadores de campo ou

painel, supervisor ou técnico. Ao sistematizar estes itens, esclarece-se para a equipe de turno o

que se considera como padrão, ambientalmente, correto para a operação.

Dimensão Individual (onde cada operador adota comportamentos apropriados)

Uso adequado de EPI’s; linguajar utilizado no trabalho; forma de pensar sem

bloqueios; entendimento sobre sua função e a função da equipe; pensar limpo contribui para

representar bem a empresa (não adotar política de fachada).

Dimensão Coletiva (onde o grupo adota comportamentos adequados)

Comunicação horizontal (colegas) e vertical (chefia) de qualidade; manter boas

relações no trabalho; contribuir com o colega que conhece menos (não esconder o pulo do

gato, pode ser a 7ª vida); conhecer procedimentos coletivos de trabalho; conhecer

procedimentos de emergência; analisar e conhecer histórico documentado da planta.

Page 155: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

153

Dimensão de Equipamento (onde a equipe cuida do equipamento e preserva)

Conhecer os princípios dos equipamentos que estão sendo operados; manter o

equipamento em bom estado – a limpeza e organização fazem parte do trabalho da operação;

saber fazer pequenas manutenções para evitar parada no turno; conhecer suas limitações;

dividir o que não sabe com mais experientes para evitar tomar decisões errôneas

Dimensão de Processo (onde o operador deve conhecer sobre as anormalidades de processo)

Conhecer o processo e saber interpretar problemas que ocorrem na rotina; conhecer

sobre cadeia de anormalidades e seus fatores; entender a influência das operações nas

anormalidades de processo; difundir conhecimento sobre processo no turno.

Dimensão ambiental (onde o operador conhece os aspectos e impactos ambientais)

Conhecer os conceitos ambientais; conhecer o básico da legislação ambiental;

conhecer quais os principais procedimentos de controle operacional para impactos ambientais;

conhecer alguns detalhes importantes sobre tecnologias limpas e produção limpa; saber fazer

uma análise de risco ambiental e de segurança nas operações de rotina; conhecer as

características toxicológicas dos produtos manipulados na empresa; explicar para o público

leigo os riscos da área de processo quando necessário; saber preparar relatório de incidente ou

anormalidades ambientais ou de processo; comunicar incidentes e ou acidentes ambientais

para os órgãos competentes; conhecer as principais fontes de contaminação ambiental na

empresa.

Dimensão Organizacional (onde o operador conhece a organização)

Conhecer as políticas da empresa; conhecer as limitações da empresa; ter acesso a

informações sobre perspectivas de crescimento; conhecer os programas organizacionais; saber

manusear documentos da qualidade e ambiental; manter canal aberto de comunicação.

Dimensão Global (onde o operador conhece os acontecimentos globais ambientais)

Conhecer os riscos globais relacionados à questão ambiental; conhecer os principais

acidentes de segurança e ambientais; saber representar a empresa em ambiente externo.

Page 156: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

154

3.6.2 Manutenção do Padrão

O que é padrão na atividade industrial?

Considera-se padrão na atividade industrial fazer aquilo que é solicitado pela instrução

de operação sem muitos questionamentos, ou talvez, tentar fazer e explicar porque não foi

possível ser feito.

Na realização de melhorias, questionar o feito antes de realizá-lo pode, muitas vezes,

prejudicar o tempo disponível para a concretização de certos procedimentos. Fazer análise de

risco das rotinas críticas de operação, este pode ser o padrão.

Após as melhorias, é recomendável seguir os procedimentos operacionais e, caso haja

variação desconhecida do processo, realizar análise crítica sobre a atividade em questão.

Para manter o padrão ideal, de rapidez nas ações, qualidade e efetividade nos

resultados e senso crítico nas variações, é necessário manter treinamento na rotina, manter as

lideranças motivadas pelo resultado e adotar o autogerenciamento.

Criados os padrões, após o domínio do conhecimento e motivação da equipe, é

importante escrever a experiência, buscando transforma-la em um manual sobre as atividades

de melhoria, a identificação e manutenção dos padrões alcançados e as regras de

autogerenciamento.

Para manter as melhorias alcançadas é necessário desenvolver:

Programa de Multiplicadores (MULT) para evitar gastos com treinamento e motivar

pessoal para reproduzir o conhecimento.

Treinamento Técnico para operadores (TREINOP). Adequar o perfil para atender

às dimensões citadas em 4.1.1.1.

Mudança de Padrões e revisão de procedimentos na operação (PADOP) onde existe

a necessidade do realinhamento dos padrões de tempos em tempos.

Programa Educacional Participativo - reuniões, campanhas e eventos (EDUC) cujas

demandas iniciais não são discutidas nesta dissertação.

Melhorias e ajustes direcionados na parada que não será discutido nesta dissertação.

Page 157: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

155

3.6.2.1 Construção de histórico com metas

È importante manter o registro histórico disponível para analisar o processo e tomadas

de ações para corrigir ou alterar o mesmo. A etapa de manutenção de padrão precisa de

referências que demonstrem como as oscilações de processo foram corrigidas com o tempo.

Isto significa que a equipe além de ter aprendido com os erros, ela manteve o registro do que

aconteceu para consultas futuras.

Entre os documentos históricos que vão auxiliar a equipe a manter os padrões antigos

e que devem ser disponibilizados para consulta, encontram-se: relatório sobre investigação de

anormalidades – REA, com o respectivo estudo – qualitativo, mapa de eventos anormais -

MEA e quantitativo, estatística de eventos anormais - EVA; relatório histórico sobre

acompanhamento estatístico de processos - AEP; registro das investigações de operação -

INVOP e registro dos testes em operação - EVOP; registro das análises de risco (segurança e

ambiental) e descrição dos cenários - ENVOP; registro de situação da planta nos vários

estudos de diagnóstico ambiental -MCA; registro das auditorias de ordem e limpeza da planta

- AUDIL; Relatórios críticos sobre qualidade de produto acabado na planta.

3.6.2.2 Preparação de palestras e treinamento

Além das funções auxiliares de consulta e recurso preponderante à manutenção de

padrões, pode o histórico ser utilizado para instrumentalizar cursos, seja através de manuais,

seja formando turmas em sala de aula, viabilizando assim, treinamento dos novos operadores

e reciclagem de antigos.

3.6.2.3 Levantamento de índices e custos

O Conhecimento dos principais índices de consumo de matéria-prima e de insumos

possibilitam perceber e demonstrar as tendências e conquistas históricas as quais trazem por

conseqüência menor custo de produção.

Page 158: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

156

É necessário, todavia, que as informações sobre os custos sejam repassadas a todos os

profissionais desde o pessoal da operação, pois, de posse desses informes a tomada de

decisões, quando ocorrer, estará embasada em uma das realidades da meta. Há que existir,

portanto, o conhecimento dos principais contribuintes em termos de custos envolvidos com a

operação unitária em estudo, preço de utilidades, energia elétrica, peças sobressalentes,

manutenções não-programadas etc.

Neste projeto de minimização de efluentes, enumera-se os itens relacionando-os aos

custos ou perdas que devem ser melhorados. Eles podem ser analisados no quadro 4, a seguir.

Quadro 4 - Custos ou perdas na operação devido a anormalidades no processo ITEM Custos e perdas na operação Prod perda de produção provocada por parada Cfix custo fixo devido a parada não programada por erro operacional Rep reprocesso de produto não especificado Pre perda de preço por produzir produto de baixa qualidade Cli perda de cliente por não cumprir prazos e não oferecer preços competitivos Peça gastos com peças de reposição Mpr perdas de matéria-prima por problemas na reação Insu perdas de insumos ou solvente por baixa eficiência dos sistemas ou operações de recuperação Carg redução de carga por baixa eficiência nas operações Util gastos com utilização indevida das diversas utilidades: vapor, energia elétrica, nitrogênio e água Mu1 multas provocadas por lançamento de efluentes fora do padrão Mu2 multas provocadas por causas trabalhistas ou questões contratuais na justiça Ima1 perda de imagem devido a acidente ou evento ambiental ocorrido dentro da fábrica Ima2 perda de imagem devido a problemas de aplicação do produto no usuário final Seg custos decorrentes das dificuldades na renovação de seguro da fábrica Eflu custos decorrentes dos efluentes industriais Proj custos devido a projetos inadequados de sistemas e resultados não atingidos (projeto não banca seu

custo) Out e muitos outros custos que é importante que a operação tome conhecimento.

Fonte: construção própria

A conclusão da Fase 4 se dá quando existem ferramentas para atuar no processo (itens

de controle e testes) nos procedimentos (revisar quando obsoletos). De forma geral, é

importante atuar em melhoria de padrões e no treinamento da equipe.

Como não serão detalhadas as Fases 5 (melhoria física) e 6 (melhoria de aspectos

humanos e de gerenciamento), importa apresentar como é feita a análise crítica da

implementação desta metodologia discutindo-se a Fase 7.

Page 159: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

157

3.7 REVISÃO DOS ITENS DE CONTROLE E MELHORIAS

Um processo de transformação, ambiente limpo na indústria

A administração tem papel fundamental na definição do padrão que será adotado pela

empresa em relação ao meio ambiente. A falta de conhecimento nesta área força a empresa a

preparar pessoal internamente para difundir técnicas e princípios de produção limpa.

Nos casos em que somente o treinamento não resolve, são contratadas consultorias

específicas focadas em resolução de problemas técnicos imediatos, ou mesmo pesquisa-se as

formas de promover educação ambiental para esta empresa.

A prática gerencial de buscar soluções em sistemas fechados, através de consultores,

pode não trazer resultados efetivos para os problemas de qualidade e de meio ambiente que

ocorrem na fábrica devido ao distanciamento provável que possa ocorrer entre as duas

realidades: profissional externo e interno.

Baseado na experiência de implantar sistemas gerenciais na linha de qualidade e de

meio ambiente, é mais importante desenvolver um senso crítico nos líderes que vão ser os

facilitadores na implantação dos processos de adequação ambiental. Estes líderes podem ser

formais ou informais tendo ou não tendo cargo de chefia na empresa.

Assim, para atingir ambiente limpo na indústria, deve-se priorizar o treinamento da

equipe em métodos processuais que terão como conseqüência, durante a sua implantação,

solução de problemas diversos.

O importante é desmistificar os métodos processuais e deixar livre a equipe de líderes

(pretendentes à mudança dos padrões ambientais) para escolher as técnicas aplicáveis às

metas e situação atual da indústria.

O método de minimização de efluentes na fonte é essencialmente flexível, prioriza o

estudo e a investigação de anormalidades durante o trabalho da operação na indústria e se

preocupa com o monitoramento dos resultados somente após o desenvolvimento de senso

crítico de investigação de eventos anormais.

A Fase 7 que se inicia cuida da análise crítica e melhorias para reiniciar as atividades

de diagnóstico, de acompanhamento e de ação. A Fase 7 é representada pelo fluxograma da

figura 17, a seguir.

Page 160: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

158

Figura 17 – Fase 7 – Revisão crítica da metodologia

3.7.1 Cadeia de Anormalidades - DIPEA

Conforme explanado anteriormente, o processo muda com o tempo devido a motivos

diversos, alterações no equipamento, no método de trabalho, na qualidade da matéria-prima e

dos insumos, na qualidade do produto acabado exigida pelo mercado, nas exigências

voluntárias do mercado externo, nas mudanças das prioridades em termos de necessidades dos

empregados, no perfil gerencial dos líderes formais da organização e devido a mudanças nas

condições econômicas locais e internacionais.

Todas estas mudanças podem provocar alterações nas cadeias de anormalidades de

processo e de operação. Sendo assim, é necessário, a depender da demanda por novas

explicações para eventos anormais, realizar estudos investigativos baseados nas

anormalidades.

Estes estudos, necessariamente, não terão a complexidade do estudo original, mas

complementará o mesmo identificando a mudança de rota na cadeia e indicando a variável

que foi alterada. O MEA pode se concentrar em eventos específicos e em períodos de tempos

mais curtos.

DIPEA AEPPADOP

AUDIP EMIFU RES AUDIL TREINOP

ANÁLISE CRÍTICA MCA

Page 161: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

159

3.7.2 Variáveis de Processo - AEP

O Acompanhamento estatístico de processos é uma atividade contínua e ininterrupta.

A quantidade de variáveis e as correlações é que vão se alterando com o tempo.

A sugestão é que, inicialmente, numa planta química ou petroquímica, o

acompanhamento seja feito em 40 variáveis podendo, decorrido um ano, ser reduzido para 30

e, após outro, ser reduzido mais uma vez para 20 variáveis de processo. Resumindo, tudo

depende da estabilidade dos processos e da interdependência de correlações para evitar a

medição e/ ou registro de variáveis que, de certa forma, se repetem.

É importante afirmar que os relatórios de AEP para formatar estudos e investigações

são completos e inclui todas as variáveis acompanhadas (inclusive os gráficos gerados deste

acompanhamento). Já no caso de divulgação do relatório mensal de AEP para o turno, as

informações devem ser enxutas (não existe tempo para ler um relatório completo). O analista

de processo ou o engenheiro de processo ou, ainda, o engenheiro de operação que prepara o

relatório de processo, deve ser preocupar em transferir informações, conclusões e

recomendações que são importantes para o conhecimento do turno.

Como, provavelmente, a planta se encontra com seu processo estável, é importante

manter um acompanhamento mais próximo da abertura das válvulas de controle – esta

variável define condições dinâmicas de processo sob controle. As principais válvulas que

precisam ser acompanhadas são: controle de vazão na reação; temperatura ou pressão na

reação; nível em separadores ou decantadores importantes; controle de temperatura ou de

vazão em colunas de estripagem ou de destilação; pressão em vasos e equipamentos na

purificação; enfim, nos vários pontos do processo onde os valores individuais indicam

estabilidade; variabilidade da abertura das válvulas de controle é que vão confirmar se a

estabilidade aparente é uma estabilidade real.

3.7.3 Procedimentos Operacionais - PADOP

O excesso de procedimentos retira as possibilidades de flexibilização do trabalho de

tal forma que não admite, em caso de mudanças de comportamento da planta, situações

criativas por parte do operador ou líder da operação levando a que eles ajam de forma

padronizada e equívoca. Á medida que os processos e as anormalidades acontecem, quando

acontecem, é necessário revisar procedimentos, principalmente, no início do diagnóstico

Page 162: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

160

operacional. Já no período de revisão da metodologia são poucos os procedimentos a serem

revisados.

3.7.4 Diagnósticos e ações ambientais - AUDIP, EMIFU, AUDIL

Algumas são as situações em que, muito provavelmente, não surgirão novos impactos

ambientais: processo sob controle, operações sem anormalidades, procedimento escrito igual

ao procedimento executado. As anormalidades, quando acontecem, devem ser estudadas e

rastreadas para evitar a re-ocorrência.

É recomendável, uma vez por ano - a planta permanecendo estável sem emissões

aparentes - realizar auditorias nos efluentes líquidos e nas emissões fugitivas.

Trimestralmente, realizar a auditoria de ordem e limpeza na área. Mensalmente, avaliar os

impactos já estudados e remediados quanto à efetividade dos controles.

O redesenho do MCA deve ser realizado, pelo menos, duas vezes ao ano, sendo a sua

divulgação contínua.

As ações ambientais devem ser executadas diariamente e conter visão crítica do

operador e o cuidado adotado em relação a cada ação. Todo procedimento escrito e, bem

assim o executado, leva em conta aspectos ambientais, de segurança e de qualidade.

O operador inclui na prática de sua rotina a análise de risco ambiental com a descrição

do cenário detectado toda vez que se fizer necessário, tendo consciência de que as tarefas das

simples as mais complexas devem ser bem cuidadas.

3.7.5 Padrões de trabalho -PADOP

Todo ano o analista de processos verifica o nível alcançado em relação aos padrões

adotados pela equipe de produção. Na dimensão individual, na própria auditoria de ordem e

limpeza, é verificado o tipo de comportamento adotado por cada operador. Na dimensão

coletiva, onde se verifica como cada turno entende a questão ambiental, de qualidade e de

segurança na rotina do trabalho; na dimensão de equipamento, também através da auditoria de

ordem e limpeza, são verificados os estados dos equipamentos de processo e os cuidados que

a operação toma para evitar danos com o tempo; na dimensão de processo, com a

performance da planta, no turno e no administrativo, verifica-se como funcionam certos itens

Page 163: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

161

de controle; na dimensão ambiental, onde o operador demonstra o conhecimento adquirido

sobre aspectos e impactos ambientais da empresa; na dimensão organizacional, onde o

profissional conhece a organização e seus programas, políticas e diretrizes; e, finalmente, na

dimensão global, onde o profissional conhece os acontecimentos ambientais por inteiro.

3.7.6 Campanhas motivacionais e educação ambiental

Apesar do tópico – educação ambiental - não ter sido considerado na dissertação,

validam-se algumas considerações passíveis de apresentação. Com a planta estabilizada em

termos de processo e ambiental, fica mais simples a implantação de programas que despertem

o interesse por campanhas e educação ambiental.

O processo de conscientização da operação sobre as questões ambientais depende de

campanhas educativas e envolve aspectos motivacionais e gerenciais. Tanto a alta cúpula,

como o operador precisam estar convencidos e motivados sobre a importância dos aspectos

ambientais para a empresa.

A questão ambiental na indústria ganha importância e, se não forem implementados

programas de educação ambiental no “chão da fábrica”, não existirão resultados práticos de

minimização de efluentes.

Ajustes são normalmente necessários para tornar possível a efetiva implantação deste

processo. O processo de educação ambiental na indústria implica na realização de atividades

ou avaliações organizacionais para facilitar a fixação das questões ambientais.

O objetivo desta dissertação não é apresentar uma campanha de educação ambiental

embora a mesma seja parte valiosa do processo.

Page 164: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

162

4. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Esta metodologia é simples e modulada. A depender do estágio em que se encontre a

empresa, não é necessária a aplicação de todas as técnicas. Divide-se a aplicação em sete

fases:

Fase 1 - Reconhecimento

Fase 2 - Diagnóstico

Fase 3 - Acompanhamento

Fase 4 - Ação

Fase 5 - Investimento sobre as estruturas físicas

Fase 6 - Manutenção buscando o autogerenciamento

Fase 7 - Revisão crítica das atividades e mudança de direção onde necessário.

Estas fases estão descritas no diagrama de aplicação, na figura 16 e a aplicação da

metodologia é apresentada em forma de caso em planta de aminas aromáticas a seguir.

Assim, para implantar a metodologia descrita nessa dissertação, tendo como principal

técnica a DIPEA, é necessário que o líder do processo tenha características que atendam à

demanda das áreas de processo, de operação e também de qualidade e meio ambiente.

DETALHAMENTO DAS FASES

O cronograma de aplicação da metodologia é descrito no quadro 5, por etapa, em cada

fase da metodologia. O prazo ideal previsto para que o trabalho se complete é de três anos.

Os cronogramas executados para os Casos 2 e 3, produção de aminas aromáticas e de

polímeros, estão descritos no quadro 6. O Caso 1, produção de aminas alifáticas não foi

detalhado.

Fase 1 – Reconhecimento

Em um primeiro momento a metodologia é implantada sem foco estabelecido

pretendendo-se definir um diagnóstico quanto ao clima no turno, quanto ao nível de

Page 165: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

163

conhecimento do processo, quanto aos aspectos e impactos ambientais imediatos e claramente

aparentes, e quanto à investigação das anormalidades de processo. Não existem definições

nesta etapa; existe, sim, levantamento de hipóteses a serem confirmadas com testes e

acompanhamentos. Neste momento não há como mensurar as conquistas advindas da

implantação da metodologia em termos de redução de custos ou minimização na geração de

efluentes. Esta primeira fase de reconhecimento é feita por analista de processo sem a

necessidade de interação com a equipe de operação buscando o consenso. As consultas feitas

nesta fase cuidam de confirmar algumas hipóteses e independem de validação. São feitas

entrevistas e estágios durante o turno além de estudos e investigações de dados já existentes

na literatura da operação.

Nesta fase estão incluídas as atividades introdutórias (1), avaliação quanto ao

conhecimento de processos da equipe e do analista (2), avaliação preliminar de clima e

impactos ambientais (3), e a investigação de ocorrências anormais (4). As entrevistas, estudos

de processo, e estágios iniciais podem levar até dois meses (T1) e indicam aspectos a serem

considerados na investigação de anormalidades. Como produto resultante desta primeira

atividade será preparado relatório preliminar sobre aspectos importantes para a investigação

de anormalidades. A atividade de investigação de anormalidades dura de dois a quatro meses

(T2), dependendo da complexidade da rede de cadeias anormais encontradas na planta e se

ocorrem itens relacionados a conhecimento da tecnologia. O Relatório de Eventos Anormais

(REA) será o produto resultante desta atividade. Conforme indicado no apêndice desta tese.

Fase 2 – Diagnóstico

A partir deste momento existe a interação contínua entre as hipóteses levantadas e a

comprovação prática através da participação da equipe nos testes, na revisão dos

procedimentos e na validação dos diagnósticos preparados pelo analista de processos.

O diagnóstico de processo (6) e o diagnóstico operacional (7) são atividades pontuais

que continuam na forma de rotina de acompanhamento e controle das atividades de processo e

de operação. Já o diagnóstico ambiental (8) é um estudo pontual que é repetido para permitir a

validação estatística e confirmação dos resultados, mas não faz parte das atividades de rotina

da equipe de produção.

O diagnóstico de processo é preparado quase em paralelo com o diagnóstico

operacional. O relatório de acompanhamento de processos do período de 3 meses, com os

Page 166: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

164

itens propostos pelo REA e validados pela equipe, é o produto resultado deste primeiro

diagnóstico.

O diagnóstico operacional inclui uma revisão inicial de alguns procedimentos, uma

investigação dos incidentes operacionais e a avaliação dos padrões atuais de operação da

planta. O relatório da operação dos últimos 3 meses de estudos operacionais é o produto desta

atividade. Assim, o desenvolvimento da atividade de diagnóstico de processo e operacional

necessita de um tempo que vai de três a quatro meses (T3).

Ainda na fase de diagnóstico se encontra a avaliação ambiental e a construção dos

mapas de controle ambiental nos casos de maior impacto ao meio ambiente. Este diagnóstico

é elaborado durante quatro a cinco meses (T5), dependendo da complexidade do problema

encontrado e das necessidades de monitoramento externo que envolve custos maiores no

programa de minimização de efluentes. O produto resultante desta atividade é, normalmente,

um relatório de auditoria com o programa de ações proposto.

Fase 3 e 4 – Ações sobre o processo de atividades, acompanhamento e controle

Esta atividade é contínua e seu desenvolvimento se processa em etapas que duram três

meses em um percurso de um ano e meio (T4). A certeza maior sobre a efetividade das ações,

o estabelecimento de regras claras para o acompanhamento dos processos, a revisão de

procedimentos durante o trabalho de turno e administrativo, a descrição de cenários de risco e

a conseqüente análise de riscos, a medição de itens que representam o sucesso da implantação

da metodologia, o teste em operação normal com os limites admissíveis para evitar a perda da

qualidade do produto ou a parada da planta etc., todas estas são atividades desenvolvidas no

período previsto e fazem parte do gerenciamento da rotina da planta ou da fábrica onde está

sendo implementada a metodologia. O produto resultante desta fase é o relatório semestral.

Vale a pena lembrar que nesta fase estão disponíveis todas as ferramentas para

implantar ações localizadas na planta: através do diagnóstico de processo e do AEP, tem-se

idéia da correlação entre as variáveis de processo; através do diagnóstico operacional e das

atividades de rotina acessa-se com segurança indicações das áreas com riscos maiores e

menores devido à estrutura física ou ao conhecimento da equipe de operação; através do

diagnóstico ambiental, o acompanhamento de itens ambientais de controle nas várias áreas

torna-se viável.

Page 167: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

165

Fase 5 – Investimento sobre as estruturas físicas

Embora esta fase não esteja descrita detalhadamente na dissertação, algumas

considerações sobre a sua aplicação são apresentadas. Após atuar nas fases descritas

anteriormente (procedimentos em novos padrões de operação e nas variáveis de processo) faz-

se necessário investir nas estruturas físicas melhorando a qualidade das operações unitárias do

processo, quais sejam: instalação de facilidades físicas para viabilizar certas operações;

mudanças de condições de projeto de equipamentos e de instrumentos; instalação de novos

pontos de amostragem; melhoria de sistemas de aquecimento ou de resfriamento de linhas de

processo; mudança de tipo de instrumento ou de válvula de controle para viabilizar a

controlabilidade em novas condições de processo; mudança do tipo de selagem ou

engaxetamento de válvulas e bombas de processo; instalação de separadores com capacitância

maior ou menor prevendo novas condições de processo baseado na influência das linhas de

reciclo; e, enfim, mudanças físicas nas operações unitárias que viabilizem melhores

possibilidades de controle do processo.

A fase 5 pode ser dividida em: a) melhorias realizadas na rotina de manutenção da

fábrica e que não impliquem em suspender a planta; b) pequenas melhorias na instalação,

realizadas em pequenas interrupções ou durante a operação normal da planta ou; c) melhorias

maiores que envolvam suspensão mínima de uma semana e testes específicos durante a

partida da planta.

No caso das melhorias na rotina de manutenção, considera-se que esta atividade é

realizada durante o período de acompanhamento das atividades da operação (T4). No caso de

pequenas melhorias que envolvam baixo investimento, normalmente são realizadas após um

ano da investigação de anormalidades de processo (T6). No caso de investimentos maiores e

que seja necessária a parada da planta por mais de uma semana, normalmente só se tem a

certeza dos pontos a serem melhorados após um ano e meio da investigação de anormalidades

de processo (T7).

Fase 6 – Manutenção da metodologia buscando o autogerenciamento

Esta fase não está descrita detalhadamente na dissertação, mas apresentam-se algumas

considerações sobre a sua aplicação. Alguns gerentes acreditam que somente com o

Page 168: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

166

treinamento contratado externamente será possível motivar a equipe e formar líderes que

conduzam o autogerenciamento. Abordam-se formas de como o treinamento pode ser

efetivamente utilizado na preparação de material didático por agentes multiplicadores de

treinamento (MULTI), dentro de um programa específico ao atendimento das necessidades e

como, após o treinamento, possa ser feita a análise da efetividade do mesmo (TREINOP).

Consideram-se de fundamental importância os programas motivacionais e educacionais

para a equipe de produção (EDUC). Para completar, este sistema quando funciona de forma

descentralizada, valorizando os líderes tanto formais quanto informais e divulgando de forma

ampla o conhecimento das questões técnicas e administrativas, promove o autogerenciamento das

atividades de rotina. A preparação de multiplicadores tem inicio no momento em que os dados de

processo estão organizados, os manuais elaborados para apresentação e os líderes informais

identificados. Uma boa estimativa de sua prontidão é o prazo de um ano e meio, correspondente

também à conclusão das atividades previstas na aplicação da metodologia de minimização da

geração de efluentes na fonte (T5). No caso do treinamento para a operação, existe a necessidade

anterior, desde a etapa de acompanhamento de processos e da revisão de procedimentos e padrões

operacionais, ou seja, após oito meses do início das atividades (T3). As campanhas motivacionais

ou educacionais se iniciam quando o investimento na instalação física já foi realizado, em torno

de dois anos após o início das atividades (T6). O Autogerenciamento só é possível ser alcançado

quando os líderes formais e informais acreditam na capacidade de modificar, com os recursos

disponíveis, a realidade existente. Esta etapa envolve interdependência de empresa para empresa

podendo demandar até três anos (T7) e depende da cúpula administrativa, no sentido de acreditar

nesta possibilidade.

Fase 7 – Revisão crítica das atividades

A metodologia apresentada nesta dissertação tem sustentação e efetividade na prática

porque prepara as pessoas para mudar a direção das atividades quando a realidade assim o

exige sempre buscando a sobrevivência e o crescimento. É necessário acompanhar e controlar

as várias atividades de rotina descritas nesta dissertação (T8).

Consideram-se as atividades que devem ser reavaliadas: investigação de

anormalidades – DIPEA – sempre pode haver novas situações provocando a implantação de

novas cadeias de anormalidade ou até novos fatores sinérgicos da mesma cadeia; variáveis de

processo – AEP - podem estar bem resolvidas através de correlações sendo necessário

Page 169: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

167

diminuir a quantidade de monitoramento, ou pode ser necessário monitorar mais uma seção

específica; procedimentos operacionais são alterados conforme a variação do processo ou dos

métodos de produção -PADOP; necessidades de rastrear novos pontos de vazamento na planta

faz com que o mapa de controle ambiental – MCA - seja modificado com o tempo e, a partir

deste diagnóstico, é ativado técnica específica para corrigir os problemas; funcionamento das

atividades de motivação da equipe e a imagem da empresa nos aspectos ambientais.

Page 170: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

168

1. Introdução 2. Conhecimento de Processo

4. Avaliação preliminar de Impacto am-biental/ clima de trabalho

5. Investigação de Ocorrências Anormais

6. Diagnóstico de Processo

7. Diagnóstico Operacional

10. Acompanhamento

3.Sensibilização

8. Ações localizadas

8. Ações localizadas

9. Treinamento 9. Treinamento

11 Alterações de manutenção

12. Ações sobre a equipe

13. Formação de grupos de trabalho : Operação, Processo, Meio-ambiente e Multiplicadores

14. Diagnóstico Ambiental

15. Medição de resultados

8. Ações localizadas

16. Alterações de Projeto e de manutenção

17. Manutenção de Padrão

15. Medição de resultados

18.Análise

Crítica e

revisão

Acompanhamento contínuo – AEP Incidentes operacionais

Efetividade das ações Produtividade Quantidade e Qualidade Rotinas limpas Imagem

Treinamento contínuo no turno – Multiplicadores Sistema de auto-gerenciamento Grupos de trabalho para ALO

DIA

GN

ÓST

ICO

CO

NTR

OLE

EXEC

ÃO

MEL

HO

RIA

N

A

INST

ALA

ÇÃ

O

FÍSI

CA

MEL

HO

RIA

S de

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S H

UM

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OS

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EREN

CIA

IS

T 1 T 2 T 3 T 4 T 5 T 6 T 7T 8

REV

ISÃ

O

Figura 18 - Diagrama de aplicação da metodologia

Page 171: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

169

Quadro 5 - Cronograma de Implantação da Metodologia Cronograma Etapas

T

Téc

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

Fase 1 - Reconhecimento Análise preliminar 1 Conhecimento do processo 1 Investigação de ocorrências - DIPEA 2

Fase 2 – Diagnóstico Diagnóstico de processo 3 Consenso do REA 3 AEP – Acompanhamento estatístico 3 EVOP – Teste em operação normal 3 Diagnóstico operacional 3 PADOP Revisão procedimentos e padrões 3 INVOP – Investigação de incidentes oper. 3 ROTLIM Análise de rotinas operação 3 Diagnóstico ambiental 5 MCA – Mapa de controle ambiental 5 AUDIP – Auditoria efluentes líquidos 5 EMIFU Tratamento Emissões fugitiva 5 AUDIL Auditoria de ordem e limpeza 5 RES – Gerenciamento de sólidos 5

Fase 3 e 4 – Ações e Controle ALO – Ações localizadas 4 AEP, PADOP, ROTLIM, EVOP 48 Medição de itens de controle 6

Fase 5 – Investimento Físico Rotina operacional e manutenção 4 Investimentos menores 6 Parada de planta 7

Fase 6 Motivação auto-gestão MULTI – Agentes multiplicadores 5 TREINOP – Treinamento da operação 3 EDUC – Programas motivacionais 6 Autogerenciamento 7

Fase 7 – Análise crítica 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 Investigação de Anormalidades DIPEA Diagnóstico de Processo – AEP Diagnóstico operacional – PADOP Diagnóstico ambiental – MCA Medição dos resultados Investimento na estrutura física Motivação e autogerenciamento

Observação: As etapas são descritas por fase sendo indicada a aplicação das técnicas específicas, na fase 7 o cronograma inicia no 24o mês.

Page 172: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

170

Quadro 6 - Cronograma de implantação dos casos 2 e 3

Cronograma Etapas

T T

écni

cas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

26

28

30

32

34

36 Observações finais

CASO 2 – Aminas Fase 1 – Reconhecimento Análise preliminar Investigação de ocorrências - DIPEA

Reconhecimento da situação mais demorado do que no caso 3

Fase 2 – Diagnóstico

Diagnóstico de processo Diagnóstico operacional Diagnóstico ambiental

Espaçamento muito grande entre diagnóstico operacional e ambiental

Fase 3 – Ações e Controle Ações bem delineadas Fase 4 – Investimento Físico

Fase 5 Motivação auto-gestão Houve programa Fase 6 – Análise crítica Houve análise crítica Comentários: Neste caso o maior problema foi a defasagem no conhecimento tecnológico e o acúmulo de prejuízos inviabilizando o funcionamento da empresa apesar das melhorias marcantes. Os líderes formais e informais sentiam os movimentos e antecipavam ações preventivas cobrindo as necessidades e potencializando os resultados mesmo em cenários não favoráveis. Os investimentos realizados foram pequenos em comparação com os resultados alcançados. A equipe de operação cuidou da planta inclusive nas paradas coordenando e executando os serviços de forma nunca vista.

CASO 3 – Polímeros Fase 1 – Reconhecimento Análise preliminar Investigação de ocorrências - DIPEA

A etapa de reconhecimento foi rápida, a tecnologia nesta planta era conhecida

Fase 2 – Diagnóstico Diagnóstico de processo Diagnóstico operacional Diagnóstico ambiental

Foi gasto muito tempo na etapa de diagnóstico de processo. Existiam muitas falhas de interpretação

Fase 3 – Ações e Controle Fase 4 – Investimento Físico Realizado indevidamente Fase 5 Motivação auto-gestão A idéia não foi aceita pela

Diretoria Fase 6 – Análise crítica Falha – sem lideranças na

etapa final Comentários: A Diretoria desta empresa apostou no início mas devido a mudanças na estratégia, a metodologia não pode ser implantada até a auto-gestão. A maior dificuldade encontrada foi pelo autor desta dissertação, na época, ser empregado da empresa, e devido a Diretoria ter anulado as ações após atingir certa redução nas perdas, houve uma mudança nas diretrizes dificultando a manutenção da metodologia.

LEGENDA (Quadro 5 e 6)

Indica qual é o tempo indicado no diagrama de aplicação - T

Indica a utilização de técnicas apresentadas na dissertação

Indica o cronograma de aplicação por tipo de diagnóstico

Indica o cronograma de aplicação por atividade ou técnica

Page 173: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

171

4.1 CASO AMINAS AROMÁTICAS

Introdução

Para efeito desta dissertação foram estudados dois casos especificamente o de Aminas

Aromáticas (Caso 2) e o de Polímeros (Caso 3). O Caso 1, a que o autor se refere no

apêndice, foi estudado no curso de especialização em consultoria organizacional (UCSAL) e

as teorias desenvolvidas serviram de referencial para esta dissertação.

Os nomes das empresas, por questões de sigilo empresarial não serão revelados; a do

caso 1 não será nomeada no texto, a do caso 2 e caso 3 de empresa Y e Z, respectivamente.

A empresa Y é uma indústria de médio porte, com capacidade de produzir 100.000

toneladas de produtos na área química, por ano; quando as pesquisas eram iniciadas. A planta

industrial, de processo contínuo, é subdividida em unidade de produto intermediário (amina),

unidade de produto final (isocianato), unidade de ácido e unidade de tratamento das águas

residuais.

A partir de agora se nomeiam as suas unidades de UPI (unidade de produtos

intermediários), UPF (unidade de produto final), UA (unidade de ácido), UTE (unidade de

efluentes).

Logo de início notou-se que a fábrica possuía problemas básicos de tecnologia

refletindo na especificação dos produtos acabados, na baixa continuidade, nos altos custos de

produção (principalmente manutenção) e com dificuldades de controle no efluente.

Foi aplicada a metodologia nesta fábrica de químicos pelo período de quatro anos. O

sistema de controle era do tipo analógico para a UPI, UTE e UA. No caso da UPF, o sistema

de controle era do tipo SDCD. Descreveremos somente o processo da UPI e UA.

Processo

O PI (produto intermediário) e o PF (produto final) são resultados de uma

polimerização com distribuição nuclear, marcadamente mais seletiva para a formação de

dímeros – daí a característica mais para químico do que para polímero. Abaixo descreveremos

os processos da UPI, UPF, UA e UTE.

Page 174: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

172

Descrição de Processo da UPI

Para produzir o PF (produto final com grupo isocianato) era necessário produzir

inicialmente o PI (produto intermediário com grupo amina). O PI vinha como resultado da

reação entre A (amina) e B (aldeído), sob meio ácido (AC). Esta reação ocorre em bateria de

reatores de mistura e recebe, na alimentação de A, a linha de reciclo (R1) proveniente da

purificação.

Depois de completada a reação (SR), é promovida a neutralização da mistura aquosa e

orgânica (SN), sendo o elemento neutralizante denominado S, na seção seguinte, ocorre a separação

das fases – a fase aquosa vai para a seção de águas (SA) e a fase orgânica segue para a purificação

(SP).

A matéria prima A, que não participou da reação (excesso), é extraída na seção de

purificação que funciona em duas etapas. Inicialmente, adicionando calor e pressão negativa,

A e água são removidos e retornam para o início do processo através da linha de reciclo (R1).

Daí então o PI segue para a segunda etapa de purificação (SP2) onde ocorre a secagem e

purificação final do PI. Toda a purificação funciona sob pressão negativa.

Unidade de produto intermediário (UPI) Figura 19 - Fluxograma simplificado 1

A fase líquida da SD retorna para a reação sendo apelidada como corrente de reciclo

R1. A fase líquida da SS segue para a purificação em três etapas, todas sob pressão negativa.

A

B

AC

SR 123

SN

S

SA

p/ UTE

SP1

R1

SP2

R2

PI p/ UPF

vácuo

R3

Page 175: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

173

Em SP1 ocorre destilação com retorno de corte intermediário passando a ser a segunda

corrente de reciclo constituída, principalmente, do solvente Z (R2). Em SP2 é complementada

a remoção de Z. O PF é obtido no fundo de SP2, com viscosidade elevada, sendo necessário

sistema de aquecimento nas tubulações. PF se dirige após a purificação para a estocagem de

produto final.

Tabela 9 – Processo UPI

Processo Sistemas Entradas Químico Físico Laboratório Mecânico Instrument. Tubu-

lação

Saídas

Efluente

B A Ácido AC Base S

Reação 1 Reação 2 Reação 3

Separação água / orgânico

Purificação

*remoção de A e água ;

* remoção de dímeros

de PI

Vácuo

Proporção de reagente em R1

*Bomba reator *Agitador neutraliz. *Bomba PI *Bomba de vácuo

Vazão de: A; B; HC Temperatura SN Vácuo: SP

Filtro sujo

Produto Interm. (PI)

Off-gas do vent

Águas residuais

Fonte: construção própria

Descrição – Processo da UA

A unidade de produção UA tem como objetivo fornecer ácido para preparação de

Aminas. Esta unidade remove água de ácido diluído. Para que a remoção se dê, faz-se

necessário operar com equipamentos especiais que resistam à temperatura alta e vácuo.

Ácido diluído com certo teor de orgânicos é estocado e posteriormente enviado para a

seção de purificação, SP1, onde são removidos os gases e parte dos orgânicos. A corrente

gasosa se dirige para SA, onde os gases são abatidos e formam solução diluída de ácido. A

corrente líquida vai para SP2, onde temperatura alta e vácuo promovem a remoção de água e

reconcentrando, assim, o ácido. O ácido reconcentrado é estocado em tanques e transferido

para a produção de aminas.

Unidade de ácido (UA)

Figura 20 - Fluxograma Simplificado

AC1

SA

ST SP1

SP2

água

AC2 p/ est.

Recuperação de orgânico

ACR p/ est.

Page 176: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

174

Tabela 10 – Processo UA

Processo Sistemas Entrada Químico Físico Laborat. Mecânico Instrumentos Tubulação

Saídas Efluente

AC1

-

Separação Estripagem SP1 Purificação Flash SP2 Vácuo Absorção SA

Teor de orgânico no ácido

*Bomba purificação *Bomba de vácuo

Vazão de: AC1 Temperatura: SP1; SP2 Vácuo: SP

Obstrução de linhas e equipamentos com orgânico Furo de linhas e equipamentos

ACR AC2

OrgânicoGases de ACR, AC2 Efluente líquido ácido

Fonte: construção própria

Aplicação

Nesta etapa apresentaremos uma idéia geral de como foi aplicada a metodologia na

fábrica (principalmente na UPI) e, logo em seguida, serão detalhados cada item com a

explicação da atividade desenvolvida no período, com os respectivos resultados.

Um dos principais resultados alcançados foi o enquadramento do PF para os melhores

padrões de qualidade do mercado deste produto.

a) Introdução

Neste caso, foi essencial a visitação da planta em horário aleatório no turno, sem aviso

prévio, e durante período mínimo de um mês. O contato com os operadores de campo, sem o

filtro da supervisão e dos operadores de painel, facilitou a detecção de falhas e a interpretação

dos processos no dia a dia e nos incidentes anormais.

b) Conhecimento do processo

Nota-se que os operadores tinham acesso somente às informações básicas de

procedimentos operacionais da partida da planta. Não existia, então, o conhecimento global de

processo prejudicando a interpretação dos problemas.

Uma vez que os pacotes tecnológicos não têm resposta para todas as questões sobre

anormalidades do processo, as repostas têm que ser obtidas a partir de empenho da equipe

local. Em vista disso, foi desenvolvido treinamento para os operadores: preparação de

material (conteúdo) adaptado a realidade da empresa; preparação dos instrutores (a princípio

os engenheiros tinham esta função) e programação do treinamento.

Page 177: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

175

Quanto ao aspecto de geração de conhecimento a partir do turno, notou-se que:

a. Eram levantados muitos dados que não contribuíam para a geração de informações.

b.Parte das informações não eram geradas.

c. Informações importantes não eram analisadas de forma global no processo.

d.Poucos se preocupavam em analisar o processo ou a operação de forma abrangente em

termos de tempo.

c) Sensibilização

Devido ao acúmulo de funções, o Engenheiro de Produção e, em alguns casos, o

consultor deve sensibilizar a Gerência/Diretoria quanto à necessidade de conhecimento das

cadeias de anormalidade no processo. Para a geração deste conhecimento é necessário

desenvolver investigação durante certo período, buscando-se resultados de incremento na

produtividade, redução de custos e melhoria da qualidade do produto e ambiental.

Sensibilizou-se a equipe a partir dos quatro níveis de funções na empresa: Gerência e

Diretoria – para permitir a utilização de recursos visando iniciar investigação e realizar testes

na área; Técnicos e supervisores de turno – para facilitar as informações para a execução da

investigação e para auxiliar na execução dos testes; Operadores de painel – para conquistar a

sua confiança, investir no momento de modificar certos parâmetros operacionais, e ainda,

manter os testes solicitados sob controle (sendo necessário para tal, negociações);

Operadores de campo – para relatar anormalidades que afetam os fatores operacionais da

instalação, sendo chamados de “olhos de investigação do processo”, pelas suas atribuições.

d) Avaliação preliminar ambiental

Durante as visitas e “estágios” realizados no turno, fez-se levantamento de aspectos e

impactos ambientais e preencheu-se o MCA, já indicado anteriormente.

Este instrumento, em conjunto com entrevistas a operadores de campo e de painel,

facilitou a avaliação preliminar ambiental. Foram encontradas várias fontes de emissões

fugitivas e resíduos sólidos resultantes da falta de controle no processo.

Page 178: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

176

Esta avaliação não teve o intuito de esclarecer as causas dos eventos que provocam os

vazamentos e que impactam o meio ambiente e o homem. Na verdade, a avaliação auxilia na

definição das primeiras prioridades e onde os esforços precisavam ser aplicados.

e) Investigação de Ocorrências anormais

A aplicação deste método foi acidental, não seguiu uma prévia formulação de

questões. A idéia era anotar os eventos anormais em ficha específica para avaliar qual o

impacto e o desenrolar do mesmo em período longo de quatro meses de operação. O hábito de

registrar as anormalidades de processo criou a sensibilidade para correlacionar os vários

fatores. Após o lançamento de quatro meses de anormalidades operacionais, de qualidade e de

processo, notou-se que o mapa construído era muito complexo e ainda não fornecia

informações bastantes para tomar as decisões adequadas. Os fluxogramas de processo e a

descrição formal não serviram muito neste momento, pois constatou-se a existência de

eventos com ausência de explicações quanto à correlação. Daí a necessidade de desenvolver

fluxos de processo auxiliares com ocorrência na prática, mas que não se encontram descritos

na documentação tecnológica.

Depois de selecionadas as correlações através de simbologias específicas, iniciou a

escrita do relatório de eventos anormais –REA, o qual veio a subsidiar o início dos debates

ocorridos com três equipes de operadores vindos do turno, com funções e tempos diversos na

empresa.

O resultado foi a preparação de relatório com indicação de itens de controle e de ações

localizadas no campo. Como resultado, foi apresentada a necessidade de revisar certos

procedimentos operacionais.

f) Diagnóstico de Processo

No início da aplicação da metodologia, os esforços envolvidos para acompanhamento

de processos eram maiores, pois o relatório de eventos anormais (REA), quando o processo

está estabilizado, indica sempre uma quantidade de parâmetros acima da necessidade real.

Page 179: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

177

O acompanhamento estatístico de processos - AEP tem funções importantes, como se

seguem:

i. “Indicador” de melhorias em cada seção;

ii. Manuseio de valores de operação e limites buscando otimização na qualidade global do

processo e do produto (testes em operação normal);

iii. Avaliação de tendências do processo em tempos diversos, quanto à média e à

variabilidade.

O AEP é atividade contínua e foi realizado em período médio de um ano, da forma

mais completa possível. Depois dos testes serem realizados e de alguns procedimentos

operacionais terem sido revisados, constatou-se que a quantidade de dados avaliada é

reduzida.

O primeiro diagnóstico realizado sobre a produção vem a confirmar algumas ações

localizadas, vindo a funcionar na solução das causas principais dos problemas operacionais.

g) Diagnóstico Operacional

Neste momento, certos procedimentos precisam ser alterados para possibilitar a

estabilização do processo e, conforme pode ser observado na descrição mais detalhada deste

trabalho, constante do apêndice, em anexo, a massa reacional apresentou instabilidades

constantes que foram sendo reduzidas com os testes visuais de bancada da mistura reacional.

O procedimento de operação da bomba de recirculação da reação precisava ser corrigido para

evitar intervenções inócuas neste equipamento. O controle de temperatura na neutralização

(SN) precisava ser otimizado devido ao efeito do acúmulo de sal no trocador na capacidade da

planta. Os procedimentos de drenagem dos equipamentos de vácuo precisavam ser revistos;

ao mesmo tempo, notou-se que existiam operadores e supervisores de variadas performances

atuando nos aspectos de mudança de processo e operacionais:

1) Supervisores e operadores que executavam sem questionar e ou participar.

2) Supervisores e operadores que se diziam executando mas que, na verdade, não o

faziam e também não deixavam que os outros fizessem – por desconhecimento ou falta de

negociação ou, ainda, por resistência real;

Page 180: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

178

3) Supervisores e operadores que aceitaram o desafio de tentar melhorar os processos da

fábrica;

4) Supervisores e operadores que eram vencidos facilmente por dificuldades na mudança

para melhorias do processo.

Neste período apareceram as dificuldades de escolha da metodologia mais indicada

para revisar os procedimentos operacionais sem interrupção das atividades e com gastos

mínimos neste processo.

Formaram-se alguns núcleos de pessoas que aceitaram o desafio. E, à medida que o

êxito acontecia, os operadores se interessavam em participar desta melhoria.

Foi muito válido criar o canal de comunicação alternativo para o aceite de sugestões

vindo da equipe e, também, foi fundamental esclarecer a equipe quanto à velocidade de

atendimento ou não atendimento das sugestões. Todos os incidentes ocorridos na fábrica

foram documentados e, posteriormente, transformados em manual sobre fatos ocorridos e

avaliação das prováveis causas.

h) Ações localizadas

As ações localizadas foram demandadas após o diagnóstico de ocorrências anormais.

Com a revisão de alguns procedimentos e a mudança de algumas variáveis de

processo, formaram-se grupos de trabalho. Para cada teste realizado foi preparada planilha de

acompanhamento e foram feitas correlações entre as variáveis de processo. A metodologia

para realização dos testes em operação normal foi adaptada à cultura da empresa, sendo esta

resultado de equipe oriunda dos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia.

As ações foram direcionadas para um equipamento, ou uma malha de controle, sistema

de processo, sistema de utilidades, ou sobre o processo que envolve a linha de reciclo, enfim,

a meta prevista é de que as ações se direcionassem à solução das causas matrizes dos eventos

anormais.

i) Treinamento

Por que o treinamento é importante? Em primeira instância, porque atende a

necessidades internas que, por sua vez, podem ser acionadas por fatores ou demandas

Page 181: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

179

externas. Por exemplo, treina-se para atualizar os procedimentos revisados, divulgar os testes

realizados e seus resultados, apresentar os gráficos e interpretações de acompanhamento

estatístico de processos dos parâmetros operacionais e dos resultados analíticos, modificar os

padrões de trabalho dos operadores.

A necessidade de treinar a equipe surgiu como conseqüência imediata das ações

anteriores e a maior dificuldade encontrada foi manter um programa de treinamento contínuo,

com custo reduzido. Esta restrição foi vencida através do desenvolvimento do treinamento no

turno, sendo instrutores os líderes de processo de melhoria.

j) Acompanhamento operacional e de processo

As principais atividades do acompanhamento operacional foram:

a. Registro de incidentes e acidentes com interpretação das prováveis causas.

b. Atualização dos procedimentos operacionais.

c. Levantamento dos custos de produção para evitar perdas.

d. Acompanhamento da qualidade ambiental aparente da unidade fabril.

e. Relacionamento interpessoal na equipe.

f. Atualização de perfil dos supervisores para superação de desafios.

No acompanhamento de processo foi dada importância à geração de conhecimentos a

partir dos gráficos e de suas tendências de média e de variabilidade. As áreas acompanhadas

foram referentes aos dados analíticos oriundos do laboratório - qualidade da matéria-prima,

controle das seções operacionais, qualidade das águas residuais e efluentes, qualidade do

produto acabado; oriundos da operação de fábrica - variáveis de processo, pressões e

temperaturas de campo e abertura das válvulas de controle; custos de produção - índices de

consumo das principais matérias-primas e insumos, peças de reposição para a manutenção de

equipamentos, hora extra por área e por período, re-trabalho em serviços realizados de

manutenção e de operação.

Page 182: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

180

k) Alterações de manutenção

A padronização do acompanhamento de processo e das atividades operacionais levou

um certo tempo para ser implantada. De igual maneira ocorreu com as alterações de

manutenção, a melhoria da interface entre operação e manutenção, com a adoção de padrões

adequados de trabalho para a manutenção.

Outra abordagem a merecer destaque dentro das alterações próprias ao ajuste e

manutenção para atender a necessidade de controle de processo e operacionais, e bem assim

objetivando o meio ambiente mais limpo e o homem mais consciente da sua responsabilidade

no trabalho, diz respeito a: mudança de sistemas de selagem de bombas críticas; a instalação

de linhas de drenagem com lay-out modificado; utilização de materiais mais adequados ao uso

em alguns sistemas operacionais; tipos de teste preventivos durante operação normal para

equipamentos críticos.

l) Ações sobre a equipe

As ações ocorrem quando os líderes do processo de melhoria já classificaram o perfil

da equipe de produção (incluindo manutenção e laboratório) e também identificaram o perfil

ideal para se manter as melhorias alcançadas e atingir o autogerenciamento. Por opção

própria, alguns operadores e supervisores deixaram a empresa por outra oportunidade.

Em outros casos, o gerente da fábrica, após investimento em todas as etapas de

treinamento técnico e comportamental, transferiu supervisores e operadores para outras áreas

que não prejudicassem o processo de melhoria. Em último caso, alguns perfis resistentes

foram convidados a se retirar da equipe.

Após a identificação dos perfis dos componentes das equipes, provoca-se uma

movimentação de pessoal que permite que alguns líderes informais se transformem em

supervisores.

m) Formação de grupos de trabalho

A formação dos grupos de trabalho também depende do perfil necessário para a

atividade técnica ou comportamental e ainda o tempo para a sua execução, podendo ser de

curta ou de longa duração.

Page 183: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

181

Foram consideradas atividades de curta duração - testes em operação normal, revisão

do relatório de eventos anormais, testes para revisão de procedimentos operacionais,

investigação de incidentes, treinamentos específicos, divulgação de palestras e seminários

internos e externos para a equipe de produção, e outras. E de longa duração -

acompanhamento de processos, treinamento contínuo, campanhas educacionais, melhorias

ambientais, acompanhamento de custos na produção, adequação para realização de pequenos

serviços de manutenção e outras.

A experiência demonstrou que cada grupo de trabalho conhecendo claramente a

motivação do seu trabalho e ferramentas de comunicação simples e diretas, o líder do grupo

ficava mais livre para criar novos caminhos sem necessitar de intervenção prática do gerente

da empresa.

Este conhecimento implicava em definição de linhas mestras do processo de melhoria,

que eram baseadas em: estabilização do processo da planta industrial; diminuição dos custos

de produção; melhoria do meio ambiente local, da vizinhança, da higiene pessoal e mental.

n) Diagnóstico Ambiental

Após 24 meses de trabalho desenvolvido nas áreas de investigação /dissecação de

eventos anormais - DIPEA, acompanhamento estatístico de processos - AEP e revisão de

procedimentos operacionais -PADOP, os resultados práticos em termos ambientais começam

a surgir. O ambiente estava mais limpo conforme detalhado no apêndice – caso 2, em anexo,

mas existiam pendências que não se resolviam porque careciam-se de investigação focada em

resultados ambientais.

A área de meio ambiente, antes deste período, sofreu modificações e passou a cobrar

resultados sobre alguns itens que ainda saíam de controle, ou seja, ultrapassavam os limites

permitidos.

Os principais eventos ocorridos e que motivaram a aplicação de novas técnicas foram

as emissões fugitivas de A na UPI; Ph fora de padrão no efluente pluvial proveniente de

vazamentos de AC1 na UA e problemas de DQO, sólido e solvente Z nos efluentes líquidos,

os quais reúne águas residuais de processo das UPI, UPF e UA, após tratamento na UTE.

Page 184: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

182

Tecem-se, a seguir, comentários de como foi a aplicação destas técnicas no período,

levando em consideração a descrição geral, os recursos envolvidos e os resultados alcançados.

São os seguintes:

1) Emissões fugitivas de A na UPI

O componente A era medido regularmente pelos técnicos ambientais da empresa para

que se pudesse comprovar o quanto a empresa estava dentro ou fora dos limites estabelecidos,

ou seja, a área de produção não adequava esforços á busca de alternativas para melhoria. A

partir de uma visão de conjunto e multidisciplinaridade, foi proposto um trabalho conjunto

onde a produção focasse as ações com base nas medições da área ambiental. Foram escolhidas

regiões para a tomada de medidas de contaminação ambiental por A. Durante períodos

aleatórios colheu-se cinco amostras características de ambiente aparentemente contaminado

por emissões de A, com dois meses de intervalo. Várias ações ligadas à revisão de

procedimentos operacionais foram tomadas e o principal resultado alcançado foi a redução de

contaminação por emissões fugitivas de A acima de 50%.

2) Ph fora de padrão no efluente pluvial proveniente de vazamentos de AC1 na UA

Constatou-se que são produtos de difícil manuseio, quanto à corrosividade de linhas e

equipamentos, os ácidos de média concentração, com temperaturas elevadas por calor

ambiente, sólidos e gases que circulam nas linhas de transferência e tanques entre unidades à

distância de até 300 metros. Além disso, que o sistema de transferência de ácidos entre os

fornecedores e consumidores da UA envolve linhas de transferência e tanques de ácido

diluído e concentrado e que os vazamentos existentes contaminavam os taludes e sistemas

pluviais, afetando principalmente o ponto de amostragem apelidado como ponto K.

Devido às constatações foi feita, em conjunto com o setor de meio ambiente, uma série

de monitoramentos em ações localizadas em sistema de estocagem e transferência.

A identificação das principais fontes da contaminação da pluvial só foi possível após

campanhas de monitoramento no turno e a identificação de falhas na rede que provocaram

falseamento dos resultados (empoçamento de efluentes).

Page 185: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

183

3) Problemas de DQO, sólidos, solvente Z e Ph nos efluentes líquidos.

Para esta parte do estudo, recorreu-se ao fluxograma simplificado em UTE.

Constatando-se que as canaletas de efluentes vindas das diferentes áreas

desembocavam na bacia de efluente orgânico, o trabalho principal nesta bacia, ou na unidade

de tratamento de efluentes, era sedimentar o sólido, ajustar o Ph e transferir o efluente para ser

tratado em outra unidade externa.

Num primeiro momento, verificou-se incompatibilidade entre o efluente ácido de UA

e o efluente orgânico de UPI, formando um sólido que, não sedimentando veio a prejudicar

sensivelmente o tratamento na bacia de efluentes.

Após a separação do efluente ácido, deu-se inicio a investigação das causas de

variação no DQO, sólidos sedimentáveis, teor de Z e Ph utilizando-se a técnica AUDIP -

auditoria pontuada em canaletas de efluentes. Após aplicação dessa, tornou-se evidente que

cada atividade realizada na rotina pode ter impacto sobre os efluentes líquidos, cujo exemplo

pode ser lavagem de equipamentos.

p) Alterações de Projeto

Neste momento apresentou-se a necessidade de modificar certos itens de projeto.

O controle de vazão de B necessitava de maior precisão. As linhas de drenagem dos

reatores em SR deviam ter seu lay-out modificado. A capacidade dos trocadores de calor da

SN deveria ser aumentada. Existia a forte necessidade de adaptar um laboratório de campo

com bancada para acompanhar a reação e as diferenças de densidade em SA.

Todos estes pequenos projetos foram estudados durante os testes, as revisões de

procedimentos operacionais, a sinalização de melhorias ou não melhorias proveniente dos

itens de controle de processo, dos testes e aplicação das técnicas de ajuste ambiental

resultando sempre em alguma necessidade de modificação na estrutura física da planta. O

papel do engenheiro e facilitador foi verificar se esta necessidade era real ou virtual através de

outros estudos de validação.

Outra importante fonte para alteração do projeto foi o programa de sugestões que

estava em plena atividade.

Page 186: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

184

q) Manutenção de padrão

Para manter o padrão ideal de rapidez nas ações, qualidade e efetividade nos

resultados e senso crítico nas variações, era necessário manter treinamento na rotina,

lideranças motivadas pelo resultado e autogerenciamento.

A experiência indicou a necessidade de escrever um pequeno manual sobre as

atividades de melhoria, a identificação e manutenção dos padrões alcançados e as regras de

autogerenciamento.

Page 187: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

185

4.2 CASO POLÍMEROS

Introdução

A empresa Z é uma indústria de médio porte, com capacidade de produzir 50.000

toneladas por ano de produtos na área de polímeros. A planta industrial é de processo

contínuo e é subdividida em seção de reação (SR), seção de separação (SS), seção de

purificação (SP) e seção de tratamento de efluentes (STE). Esta fábrica possuía problemas de

variação do processo baixando a sua capacidade de produção e prejudicando a qualidade do

produto final. A tecnologia deste processo indicava situação de maior conforto quanto a

continuidade da planta, existindo um potencial para a redução dos custos de produção,

inclusive com a redução de consumo de M (slv.). Para esta atividade utilizou-se painel de

controle do tipo analógico para a planta de polímeros.

O período em que foi aplicada a metodologia nesta fábrica de polímeros foi de dois

anos.

Processo

O produto final da reação de polimerização – P -, muda as suas características físicas a

depender da quantidade de T, elemento finalizador da reação. Cada tipo de P produzido

possui características físicas diferentes e implicações na cadeia produtiva.

A resina P produzida nesta planta é um polímero condensado de L e E que apresentam

excelentes propriedades físicas.

L é o reagente limitante proveniente de uma reação na fase gasosa entre A e B. Para

utilizar A na reação 1 é necessário promover a sua purificação através de processos físicos. A

preparação de P envolve reação de condensação em duas etapas (reação 2 e 3). Inicialmente E

reage com L em meio básico. Nesta reação L é totalmente consumido. Após estas reações, os

processos de separação passam a ocorrer somente na fase líquida.

A fase orgânica é separada e enviada para a reação 3 de polimerização. A fase

inorgânica será enviada para separadores que retornam com P e M para a reação 3, e enviam

Page 188: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

186

água residual de processo para a purificação 2. Na purificação 3 o solvente M é recuperado

para o processo. Na reação 3 a viscosidade e as concentrações de P são acompanhados para

evitar problemas no tratamento e na secagem - Purificação 4. São necessários ajustes de

viscosidade injetando M provocando a diluição de P.

Figura 20 - Processo de Purificação

M

L

E

REA

ÇÃ

O 2

Separação 1

Separação 2

PURIFICAÇÃO 2

M

EFLUENTE

REA

ÇÃ

O 3

Separação 3

Tratamento

H

Secagem 1

Secagem 2

Produto - P

Vác

uo 1

Vác

uo 2

PURIFICAÇÃO 3

Líquido

Gas

Sólido

Rot

RotRot

Rot

Rot

Rot

REAÇÃO 1

A B

T

PURIFICAÇÃO 1

PURIFICAÇÃO 4

A impuro

PROCESSO QUÍMICO

PROCESSO FÍSICO

Fase gasosa

Produto - PF

SR

SR

SR

SS

SP

SP

STE

STE

STE

STE

SS

STE

Page 189: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

187

Construção própria

A resina P quando sai da reação 3 está com a cadeia formada mas possui

contaminantes que afetam a qualidade e precisam ser removidos através da etapa de

purificação 4. Neste momento são removidos íons contaminantes, água e solvente M que

acompanham a fase orgânica do processo dirigindo-se, posteriormente, á seção de tratamento para

remoção de íons na molécula de P, através de equipamentos rotativos que misturam a fase aquosa

e a fase orgânica. Também nesta seção é feita a separação da água em excesso e P, após o

tratamento, libera os íons presos à molécula para reduzir a umidade, restando M que será

removido na secagem. Para esta operação utilizam-se equipamentos rotativos que operam com

aquecimento para remover H (umidade) e M (solvente). Ver Fluxograma de P – Figura 20.

O produto P é inicialmente flasheado na secagem 1 promovendo a sua concentração

até o estado pastoso. P é então transferido para equipamentos rotativos que, com aquecimento

e com vácuo, promovem a remoção quase que total de M e H, saindo depois da secagem na

forma de pó.

O solvente (M) e a água (H) provenientes da secagem são condensados e

redistribuídos: M retorna para o tanque de estocagem e H é reutilizada na seção de tratamento

e enviada para o separador de águas residuais. O M que não for condensado vai para a coluna

de abatimento usando o princípio da criogenia. P é transportado para os silos de estocagem e

então enviadao para a transformação física. Nesta etapa são adicionados máster com aditivos

específicos para atender características comerciais.

Tabela 11 – Processo e sistemas de P no Caso 3

Processo Sistemas Entradas Químico Físico Labora-

tório Mecânico Instrumen-

tação Tubu-lação

Saídas

Efluente

A gás B gás L gás ácido M solvente E líquido, base T reagente H água S base Ac ácido

Reação 1 gasosa Reação 2 Gás/líquid Reação 3 líquido

Separação Água /orgânico Água / sólido

Purificação

*remoção M e H;

*remoção de íons

* recuperar M /H

Vácuo * bombas

Conc E Rel L/E Conc M Conc H/P

*Bomba alternativa *sistema de frio *Secadores rotativos *Bombas engrenage

*alimentador de E; Vazão de: T; M; H Temperatura: Reação 2, 3 Purific 2,4,3 Vácuo: Purific 4 Interface: Separação 1,2,3 Pressão: M

Obstruções equipamento e tubulação Corrosão: Sistemas e reatores da reação 2

Pro- duto P

Off-gas da torre Águas residuais Sólidos da área física

Fonte: construção própria

Page 190: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

188

Aplicação da metodologia

a) Introdução

Nesta etapa apresentaremos uma idéia geral de como foi aplicada a metodologia na

fábrica e, logo em seguida, será detalhado cada item, incluindo-se a explicação da atividade

desenvolvida no período, e respectivos resultados. Um dos principais resultados alcançados

foi o aumento da carga da planta e a redução de perda de M para efluente.

Neste caso, foi realizada uma série de entrevistas com técnicos de operação e a

participação do turno durante um mês facilitou os entendimentos da rotina operacional.

b) Conhecimento do processo

A equipe, como um todo, conhecia o processo geral desta planta e os procedimentos

operacionais, embora o conhecimento sobre as anormalidades não estivesse sistematicamente

escrito.

As oscilações do processo não provocaram, necessariamente, a parada de planta, mas,

prejudicaram a qualidade do produto final provocando reclamações de clientes. Outras

conseqüências maiores das oscilações de processo foram: o aumento no consumo de solvente

M por tonelada de P, aumento de consumo de peças de reposição para equipamentos

rotativos, geração de resíduos sólidos provocado pelas oscilações de processo e reclamações

do órgão controlador de efluente quanto à qualidade real em relação a padrão do mesmo.

Os registros de processo e de operação foram revistos pois existia desequilíbrio entre o

material excedente e o pouco uso do mesmo. O processo era acompanhado com vistas a

atender a necessidade de relatórios mensais, até então incompatíveis com as reais

necessidades das plantas.

Notou-se que poucos operadores tinham capacidade de análise crítica do processo e

que estes poucos profissionais passaram a ser aliados na multiplicação de conhecimentos

sobre o processo da planta. Para desenvolver o diagnóstico de eventos anormais foi necessário

desenvolver estudos de processo os quais envolveram quatro meses críticos de operação da

planta com problemas de qualidade do produto final e de carga da planta. Assim, faz-se as

seguintes recomendações:

Page 191: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

189

a. Estudar o processo usando fluxogramas convencionais e balanço de massa e de energia.

b. Verificar o processo através de entrevistas e estágios no turno (observar o cenário que se

apresenta, respeitando-se a opinião dos líderes de fato).

c. Estudar os principais equipamentos e as principais operações unitárias com detalhes

físico-químicos e constituição física (simular fluxo e reação ao longo do equipamento).

d. Calcular índices de rendimento por reação ou por equipamento ou por operação sem que,

na verdade, estes índices tenham utilidade.

e. Preparar fluxogramas alternativos para explicar o funcionamento físico e químico das

operações.

f. Estudar relatórios e documentos de acompanhamento de processo e de produção, e

qualidade no produto.

g. Acompanhar a rotina da operação no painel de controle verificando quais os controles

estão ativos ou passivos.

c) Sensibilização

Instalou-se um clima de curiosidade, insegurança, medo e dúvida na operação quando

um novo profissional passou a integrar a equipe realizando entrevistas, estudando os

processos, organizando e divulgando gráficos, realizando estágio no turno e observando as

rotinas no painel de controle.

Foi necessário trazer todos os trabalhos para a sala de controle para que os

profissionais do regime de turno soubessem quais as intenções da investigação. Com o

esclarecimento da proposta atenuaram-se as barreiras em relação às resistências.

A diretoria estava sempre atenta a respeito do tempo entre o inicio das mudanças e os

resultados do trabalho de investigação dos processos. No caso desta planta que já possuía

grande parte da tecnologia conhecida, instalação completa da sua capacidade e com condição

de equilíbrio razoável, estimou-se que a partir do oitavo mês iriam surgir os primeiros indícios

nos itens de controle, mas que, só a partir do 15º mês, os resultados que indicassem

minimização de custos seriam marcadamente sentidos. O desafio se fez presente quando se

constatou a necessidade de se conversar com cada profissional para apresentação do que era

pertinente realizar em cada etapa.

Page 192: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

190

Inicialmente, a manutenção e o laboratório não foram incluídos nos trabalhos, mas o

aclaramento das questões propostas sensibilizou para o que se pretendia.

d) Avaliação Ambiental Preliminar

Durante o estágio no turno foi facilmente detectado o cenário da questão ambiental na

fábrica. A preparação de croqui com esquema da planta e observações levantadas no estágio

preliminar forneceram os elementos adequados a se detectar prováveis fatores impactantes

ambientais.

A metodologia de investigação de anormalidades no processo e operação não precisa

ser iniciada pela questão ambiental ou de custos de produção. Há outras possibilidades que

podem ser eleitas para se iniciar a investigação, por exemplo, ao avaliar as anormalidades de

processo nas entrevistas e estudos de relatórios de processo e de produção são apresentados os

indícios de afetamento na questão ambiental e de custos.

Assim, notaram-se claramente: vapores de orgânicos na área, gaxetas vazando, sujeita

de pó na área, vazamentos de líquidos em tubulações de processo, ruídos anormais em

equipamentos rotativos e outros. É importante também verificar o comportamento pessoal em

termos de higiene, cuidados com equipamentos, linguajar no cotidiano, formas de

supervisionar a equipe e outras observações importantes.

e) Investigação de Ocorrências Anormais

A aplicação desta metodologia, no caso – Polímeros - foi feita de forma profissional

porque já se conhecia, por antecipação, cada timing e desafio a ser superado.

O processo de construção do mapa de eventos anormais foi acompanhado de perto

pelo técnico de operação que era líder de equipe. À medida que o mapa foi tomando forma,

passou-se a trabalhar, eventualmente, na sala de controle.

Para escolher os meses mais problemáticos em termos de operação, levou-se em conta

os seguintes fatores:

• Período de baixa continuidade.

• Período de baixa carga.

• Problemas de qualidade do produto final durante o mês seguinte aos eventos.

Page 193: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

191

• Efluente fora de padrão.

• Ausência de consenso na equipe.

• Registro de ocorrência de eventos diferentes do que o ocorrido de fato.

Notou-se que a aparência do mapa foi semelhante no caso 1 e 2. Ou seja, pode-se aplicar

o mapa de eventos anormais em processo de indústria química em geral, química fina ou

polímeros.

O balanço de massa, os fluxogramas esquemáticos (reciclo, reações, inertização,

transporte de sólidos), o estudo sobre constituição interna de equipamentos, e o manual de

operação possibilitaram melhor entendimento da relação entre os eventos.

As cadeias de anormalidades foram de diversas naturezas e se encontram abaixo

identificadas quanto à função principal e tipo de processo envolvido.

Tabela 12 – Cadeia de anormalidades no Caso 3

Item Nome da cadeia Função principal Processo 1 Distúrbios Purificação 2 Remover orgânico do efluente Vaporização controlada 2 Operação Purificação 3 Reter M do off-gas da planta Adsorção 3 Polímero afeta Separação Separar orgânico / inorgânico Separação 4 Oscilações na reação 2 Reação de polimerização Reação 5 Alimentação de E Vazão de alimentação Mistura e alimentação de E 6 Falta óleo na refrigeração Refrigerar Frio para a planta 7 Anormalidades em Purificação 1 Purificar A Separação 8 Anormalidades em Purificação 3 Purificar off-gas Abatimento por reação 9 Alimentação de S Meio básico Alimentação

10 Alimentação de Ac Neutralizar efluente Reação 11 Lubrificação no tratamento Remover íons Extração 12 Correias no tratamento Remover íons Extração 13 Eficiência no tratamento Remover íons Extração 14 Pressão de M Solvente e selagem Bombas 15 Obstrução de linha de ar Transporte de fluido Bombas 16 Internos das dosadoras Transporte de fluido Bombas 17 Problemas em Secagem 1 Secagem de P Flasheamento 18 Anormalidades no vácuo Transporte de pó Transporte pneumático 19 Temperatura da água Refrigeração Utilidades 20 Distúrbios no alimentador Vazão de alimentação Alimentação de E (sólido) 21 Deficiência de vácuo M Vácuo Off-gas 22 B em L Reação 1 Reação 23 Anormalidades em T Alimentação de T Bomba

Fonte: construção própria

No caso 1 constaram 9 eventos; no caso 2 foram 11 eventos e no caso 3, 23 eventos.

Acredita-se que o método fica mais depurado com a sua aplicação continuada.

Page 194: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

192

f) Diagnóstico de Processo

Na planta de produção de P já existia a prática de acompanhamento de processos e de

registro de parâmetros operacionais. Com a investigação das anormalidades houve uma

revisão dos itens de controle que continuavam sendo acompanhados, com identificação dos

novos daqueles que não mais receberiam acompanhamento. Nota-se que, devido à quantidade

de cadeias de anormalidades detectada, inicialmente, o processo inicialmente foi

acompanhado de forma intensa, chegando-se a 22 itens de controle. Apresenta-se, na Tabela

13, um rápido descritivo sobre as variáveis.

As variáveis de processo funcionam como indicadores de funcionamento de um

sistema e é possível que mesmo havendo mudanças, o sistema mantenha a sua eficiência.

Assim, avaliar o número enquanto movimento e não de forma absoluta é importante.

Tabela 13 – Itens de controle para acompanhamento no Caso 3

No Item Área Seção Acompanhamento 1 Produção P Produção Geral Carga e continuidade da planta, qualidade de P 2 Consumo M Produção Geral Perdas de M no processo 3 Pressão B Fase gasosa Fornecedor Qualidade no fornecimento 4 Razão B/A Fase gasosa Reação 1 Controle de reação 1 5 Nível Separador 1 Área química Separação 1 Controle operacional da reação 2, depois 6 Intermediário na reação Área química Reação 2 Controle operacional da reação 2, durante 7 E na reação Área química Reação 2 Controle operacional da reação 2, durante 8 S na reação Área química Reação 2 Controle operacional da reação 2, durante 9 Razão M / P Área química Reação 3 Controle operacional da reação 3, durante

10 ∑desvios vazão Área química Reação 3 Controle operacional da reação 3, durante 11 Peso de P Área química Reação 2/3 Controle operacional da reação 2/3, durante 12 M para Purificação 4 Área química Tratamento Extração de íons 13 Viscosidade P Área química Secagem Controle operacional da reação 2/3, depois 14 Nível Tratamento 1 Área química Tratamento Controle operacional do tratamento / secagem 15 ∑desvios vazão Área química Tratamento Controle operacional do tratamento / secagem 16 Pressão H Utilidades Tratamento Controle operacional do tratamento / secagem 17 Nível Tratamento 2 Área química Tratamento Controle operacional do tratamento / secagem 18 Condutividade Área química Tratamento Eficiência remoção de íons 19 Vapor Secagem 2 Utilidades Secagem 2 Controle de vaporização 20 Amperagem Secagem 2 Área física Secagem 2 Controle operacional da secagem 21 Temperatura Secag. 2 Área física Secagem 2 Controle operacional da secagem 22 Temperatura M frio Área física Separação 3 Eficiência do vácuo e da condensação

Fonte: construção própria

Vários são os movimentos que indicam normalidades ou anormalidades ou

simplesmente indicam comportamentos de um ou outro equipamento, ou de uma seção.

Além de acompanhar os 23 itens de processo por um ano e seis meses, foram

controlados itens da qualidade do produto final do processo químico e do processo físico,

Page 195: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

193

além de efluentes. Recomenda-se incluir os índices de consumo que eram atualizados

diariamente através inventário da planta (a avaliação era diária com base em dados

cumulativos).

Repetindo o procedimento aplicado no caso 2, os gráficos de tendências foram

expostos e muitas foram as críticas e acentuadas as dificuldades para tornar única a linguagem

e interpretação do processo.

A maior vantagem do método expositivo aberto é que, à medida que a compreensão do

assunto conquista espaço, muitos operadores passam a ser líderes do processo de mudança.

Outrossim, é importante afirmar que, decorrido um ano de acompanhamento de

processos, as quantidades de variáveis foram reduzidas; além disso, a revisão completa dos

registros trouxe a constatação de que o trabalho de avaliação ficou reduzido possibilitando

maior empenho na prevenção.

g) Diagnóstico Operacional

O diagnóstico operacional revelou que praticamente todas as atividades eram

desenvolvidas com base em procedimentos atualizados por pessoal técnico, familiarizado com

a planta desde a partida. Entretanto, constata-se a existência de um desafio quanto a proposta

de redução dos índices de consumo principalmente de M que era perdido para o efluente

líquido na Purificação 2 e para efluente gasoso na Purificação 3.

Notava-se que as interrupções de bombas alternativamente eram uma constante devido

a entupimento por polímeros. Outro item que variava era a performance dos equipamentos

rotativos na secagem, com grande variação na amperagem e, eventualmente, desarmes e

obstruções de equipamentos.

A merecer referência são os relatórios que, de certa forma, eram completos,

demonstrando existir o conhecimento operacional da planta. Era certo haver necessidade de

melhorias operacionais na planta mas, devido a oscilações no processo, tornava-se difícil

identificar os fatores que garantiriam a estabilidade.

Quanto ao trabalho de definição de cadeias de anormalidades deu-se inicio a uma série

de estudos operacionais liderados pelos engenheiros e técnicos seguidos de desenvolvimento

pelo pessoal do turno.

Page 196: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

194

h) Ações localizadas

As hipóteses sobre a cadeia causal das anormalidades, não tinham necessariamente

identificado quais as áreas críticas da planta. Esta avaliação é feita de forma difusa e é

considerado um investimento para resultados em curto prazo.

Com um maior conhecimento das anormalidades de processo e operacionais, a escolha

dos itens de controle a serem acompanhados e, o próprio acompanhamento das variáveis

interpretando a dança dos números, veio a favorecer o inter-relacionamento junto aos setores

de processo. Na fase de acompanhamento de processos torna-se possível focar melhor o

objetivo do trabalho.

Embora existissem os procedimentos operacionais e as equipes fossem bem treinadas,

havia oscilação do próprio processo levando a que fosse necessário atuar de forma localizada

sobre alguns itens de processo e operacionais para diminuir as inconstâncias.As ações

localizadas foram executadas conforme descrito abaixo.

1. Funcionamento de alimentadores de matéria prima no estado sólido;

2. Condições de fornecimento de B (anormalidades);

3. Bombas alternativas (selagem e eficiência);

4. Plano de fuga devido a vazamentos na própria planta e em plantas vizinhas;

5. Redução de perdas de M no processo e operação;

6. Campanhas de produção de produtos mais complicados (grades);

7. Enquadramento de viscosidade e peso.

i) Treinamento

Inicialmente, após a etapa de investigação de anormalidades de processo e de

operação, procurou-se apresentar, através de palestras, os motivos e as interpretações do

trabalho que estava sendo proposto e em fase de realização.

No caso da produção de P, foram priorizadas palestras na sala de controle sobre o

processo, e a abordagem versou sobre importância da estatística, a interpretação dos gráficos e

a relação do processo com as ações operacionais. É importante salientar a avaliação diária

Page 197: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

195

sobre os índices de consumo de M e as possíveis causas no processo. Esta atividade também é

considerada treinamento de campo, painel, sobre operações e ações sobre o processo. Nesta

fase em questão a antiga apresentada pelos operadores foi de vital importância: qual é o

padrão operacional (técnico e comportamento) considerado correto pela organização? A

resposta adveio em forma de treinamento específico sobre critérios para o gerenciamento de

manutenção e operação. Foi também ministrado treinamento sobre padrões de trabalho para o

operador de turno.

O interessante é que o conteúdo apresentado, apesar de atingir o objetivo de esclarecer

os padrões operacionais, foi modificado diversas vezes e, através da participação dos

operadores foram refeitos certos conceitos técnicos e comportamentais.

A contribuição feita pela equipe foi de extrema riqueza, servindo antes de tudo mais,

como facilitadora para romper com as resistências pessoais e antecipação de mudanças

favoráveis ao projeto na sua totalidade.

A alta administração deve entender que o treinamento sobre processo, procedimentos

operacionais e padrões adequados precisa constituir-se em uma constante na rotina de

trabalho, que é um investimento com retorno garantido, devendo acontecer de forma contínua

conforme demande o processo de conhecimento. Não adianta se fixar em programas e

planejamentos anuais com conteúdos pré-fixados porque as regras mudam continuamente e

os objetivos de treinamento também.

j) Acompanhamento operacional e de processo

Os relatórios de processo foram reduzidos, apresentando apenas itens de suma

importância para o resultado na produção de P. Os índices de consumo eram acompanhados,

diariamente, principalmente M / P. Após seis meses de apresentação das interpretações de

processo em sala de controle, o acompanhamento operacional passou a ser marcante.

Há um passo para o qual todo cuidado deve ser tomado, pois dele advêm decisões

norteadoras. Refere-se ao motivo da queda ou do incremento do índice de M / P diário ou da

semana para o qual toda a equipe de turno, desde supervisor até operador, era mobilizada até

que as hipóteses fossem formuladas para os testes seguintes. Muitas vezes, providenciava-se o

teste comprobatório para confirmar que naquela condição a perda de M aumenta de forma

muito acentuada.

Page 198: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

196

Entre outras conquistas, a internalização das atividades de pesquisa operacional

buscando a otimização dos processos passou a ser uma constante e a meta de preparar líderes

tornou-se mais uma vez importante.

Os incidentes operacionais, registrados e analisados, produziam conhecimento e

padronizavam procedimentos, evitando problemas futuros. Entre os principais eventos

analisados estavam o descontrole de reação e perda de M, a campanha de P com grade

específica e perda de controle no peso molecular.

k) Tratamento das Interfaces

O envolvimento dos profissionais das áreas de laboratório e de manutenção passou a

ser automático, pois existia o interesse de todos em participar do processo de mudança.

A principal dificuldade nesta fase foi a relação com o fornecedor de A e B porque

eram várias as falhas de fornecimento tanto em termo de diminuição da quantidade fornecida,

quanto em relação à qualidade da matéria-prima (pressão e contaminantes). Somente após

reuniões, procedimentos de interface, investigações documentadas, é que houve mudança de

atitude, atendendo à principal requisição: melhor comunicação quanto a anormalidades de

fornecimento.

l) Alterações de Manutenção

A equipe de manutenção envolveu-se, principalmente, em relação as seguintes

atividades de melhoria:

A) Funcionamento de alimentadores de matéria prima no estado sólido - controle de

alimentador com princípio gravimétrico, condições ideais para medição e operação do

alimentador.

B) Bombas alternativas (selagem e eficiência) - pressão de selagem conforme

tecnologia, oscilações de pressão no header de M, liberação ou troca de bombas alternativas,

quantidade de selos trocados a cada dois meses.

C) Redução de perdas de M no processo e operação - para tornar esta redução

possível, era necessário melhorar o sistema de refrigeração de M através de melhorias e

recondicionamento do sistema de frio (equipamentos estáticos e dinâmicos em ciclo térmico).

Page 199: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

197

D) Enquadramento de viscosidade e peso - para o enquadramento deste item seria

necessário empenho de processo e de manutenção, onde o conhecimento da performance de

operação dos secadores rotativos a vácuo era essencial.

A qualidade do serviço de manutenção passou a ser administrada através de índices e

do acompanhamento do contrato de manutenção. Como existissem muitos problemas de

decorrentes da ausência de diretrizes gerenciais, foi implantado o documento “Critérios para o

gerenciamento da manutenção e da operação”, o que veio a facilitar o aclaramento de

quaisquer dúvidas quanto ao que se esperava do serviço de manutenção. A operação também

avaliou novos procedimentos quanto a prioridades da manutenção na rotina e melhorias a

serem executadas conforme indicada por indicação ou não do contrato.

m) Ações sobre a equipe

A meta central era facilitar a participação da equipe no processo de mudança. Atentos

às limitações ocasionadas pelas diferenças de horário e de posse do aval da administração,

foram efetuados gastos limitados, com vistas à melhoria.

A equipe atualizava-se, constantemente, a respeito dessas melhorias projetadas e

alcançadas era constantemente atualizada através de:

i. Treinamento formativo sobre princípios de processo e da operação;

ii. Palestra sobre cadeia de anormalidades na operação e processo;

iii. Palestra mensal sobre interpretação de gráficos de processo e de índices de consumo e

de acompanhamento de efluentes líquidos;

iv. Palestra sobre atividades desenvolvidas na linha de frente (testes, performance de

equipamentos e de sistemas, melhorias na manutenção de equipamentos);

v. Investigações específicas sobre anormalidades no processo;

vi. Treinamento sobre padrões adequados para a operação e a manutenção em termos

técnicos, gerenciais e comportamentais.

Assim considera-se que, após 12 meses do início das atividades, as equipes de

operação, manutenção e laboratório estavam cientes das necessidades inerentes à manutenção

da planta operando de forma satisfatória. Foi possível identificar quem detinha conhecimentos

Page 200: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

198

adequados para qual ou tal tarefa, quem precisam de mais conhecimentos, de mais habilidades

ou de ajustes na questão comportamental.

Foi feita uma classificação da equipe com base em quatro itens principais:

• Teoria de processo e da qualidade do produto final;

• Conhecimento prático, habilidades de campo;

• Conhecimento e aplicação nas áreas de meio ambiente e segurança;

• A questão comportamental no trabalho.

Com base nesta classificação foi revisada a constituição das equipes de turno

fortalecendo turnos com baixa competência em processo ou em habilidades práticas,

promovendo palestras e cursos sobre as questões relacionadas a meio ambiente e segurança e

fazendo-se reuniões com líderes para tratar da questão comportamental no turno.

A comunicação sempre foi colocada como sendo essencial para a transparência da

gestão ambiental. Por isso, buscou-se assegurar a idéia e o propósito da não punição se

houvesse a comunicação com responsabilidade. Entretanto, um certo evento ocorrido na

planta, com perdas consideráveis de M para efluente líquido, inibiu três turmas de turno à

comunicação do fato, provavelmente temerosas que ficaram das conseqüências pessoais. A

investigação técnica trouxe o fato às claras e foi preciso adoção de atitudes punitivas para

evitar reprodução da ocorrência.

n) Formação de grupos de trabalho

Seguindo a experiência do caso 2, a distribuição das pessoas das equipes se deu

conforme o perfil para cada atividade ou em função da necessidade de desenvolvimento

pessoal. Houve a necessidade de reduzir a presença da diretoria no chão da fábrica por

identificar-se a intimidação por ele provocada.

As principais equipes atuaram nas seguintes atividades:

• Redução de perdas de M no processo de M.

• Revisão da pressão da selagem de bombas alternativas.

• Revisão de procedimentos de operação e de manutenção do alimentador de L.

• Condições de processo na secagem vs operação de secadores na purificação 4 vs procedimentos de manutenção destes equipamentos rotativos.

Page 201: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

199

• Elaboração do plano de fuga.

• Procedimentos de fornecimento de A e B, questões de qualidade e de comunicação.

• Revisão dos registros de processo e de operação.

As linhas mestras do processo de melhoria devem ser conhecidas pelas lideranças, são elas:

• Estabilização do processo da planta industrial.

• Diminuição dos custos de produção.

• Melhoria do meio ambiente local e vizinho.

• Melhoria da higiene pessoal e mental quanto à abertura de novos horizontes.

A fase seguinte a ser aplicada refere-se à formação dos multiplicadores de

conhecimento e agentes de mudança. Nesta empresa, não foi possível realizá-la devido a

alterações na administração, que desautorizou a continuidade dos trabalhos e sua conclusão.

o) Diagnóstico Ambiental e de Segurança

O diagnóstico ambiental e de segurança traz as seguintes constatações: existência de

uma consciência quanto aos riscos de vazamentos da planta e a importância do sistema de

comunicação quando da presença de eventos. A aparência dos operadores, sua higiene pessoal

e comportamental também era satisfatória, não indicando problemas nesta área.

Apesar das constatações acima, o conhecimento dos problemas da planta era

insuficiente, provocando insegurança seja quando as cobranças externas feitas pelos órgãos

ambientais aumentam ou quando ocorrem anormalidades de risco elevado na planta.

Relacionado ao diagnóstico foram desenvolvidos: redução no índice de perdas de M

no processo, gerenciamento de resíduos sólidos, plano de fuga em caso de vazamentos,

auditoria de ordem e limpeza na planta.

Apresenta-se uma breve descrição geral da aplicação destas técnicas no período,

levando em consideração os recursos envolvidos e os resultados alcançados.

Page 202: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

200

1) Redução no índice de perdas de M no processo

Esta etapa tem a sua própria complexidade porque envolve todo tipo de atividade, desde a

investigação de anormalidades (cadeias 1, 2, 14, 19, 21); acompanhamento estatístico de processos

(variáveis 2, 9, 10, 12, 22); revisão de procedimentos/ estudos operacionais (itens 3, 5, 7).

Para maior clareza, divide-se este item em dois períodos: junho a dezembro e janeiro a

junho.

A) Entre junho e dezembro:

1) Acompanhamento Estatístico de Processos (índice e teor de M).

2) Projeto: Ajustes na Purificação 2 - ajustes operacionais na Purificação 2 (P2).

3) Redução de pressão para selagem de bombas alternativas - controle de

temperatura em automático em P2.

4) Reuniões de interface com fornecedor para evitar paradas repentinas.

5) Serviços diversos de manutenção na secagem.

6) Revisão nos procedimentos para campanha com grade específica (peso

molecular). Nesta etapa, o índice consumo de M / P passou de 550 para 152 (kg/ton) e

o teor de M no efluente passou de +/-1560 para 160 (ppm).

B) Entre Janeiro a Junho:

1) Trabalhos de melhoria na alimentação de E e de S.

2) Revisão de procedimentos operacionais na alimentação das matérias primas.

3) Melhoria e ajustes na planta durante a parada.

4) Treinamento sobre novos Padrões de operação e processo.

5) Acompanhamento dos índices de efluente.

6) Projeto: Sistema de recuperação de solvente – Purificação 3.

7) Melhorias no sistema de refrigeração.

8) Trabalhos preventivos e apoio à operação.

9) Cobrança dos novos padrões estabelecidos.

Page 203: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

201

10) Acompanhamento do aquecedor da Purificação2. Nesta etapa, o índice consumo

de M / P passou de 152 para 58 (kg/ton) e o teor de M no efluente passou de 160 para

+/- 140 (ppm).

2) Gerenciamento de resíduos sólidos

A diversidade de tipos de resíduos sólidos que eram manuseados na fábrica implicava

na dificuldades de controle prejudicando a gestão ambiental. Realizou esta etapa iniciando

pela classificação dos resíduos e definindo a destinação temporária em BOX localizado na

planta. A destinação final foi garantida após a designação de um responsável por cada BOX

que apresentava relatório mensal sobre cada posição. Desta forma, conseguiu-se manter toda

embalagem, resíduo químico perigoso, resíduo inerte sob controle e devidamente disposto.

Este item de gerenciamento foi chamado de matriz de responsabilidades sobre resíduos.

Exemplo de resíduos acompanhados:

Sucata metálica Bag’s de E Aparas Pallets, sacos, borraLixo doméstico Tambores Produto moído Resíduo de efluente Equipamentos /

projeto Produto off-spec

3) Plano de fuga em caso de vazamentos

A equipe de operação preparou um plano de fuga e um programa de adequação para

viabilizar o procedimento de fuga. Os principais itens foram:

• Adequação de sistemas de ar mandado e de ar autônomo.

• Revisão de máscaras e cilindros analisando aspectos de ergonomia e risco.

• Instalação de sistemas para indicar e amortecer a presença de gases tóxicos.

• Instalação e manutenção preventiva de sistema de comunicação para emergência.

• Revisão de procedimentos da brigada de emergência.

• Revisão de procedimento de parada de emergência.

• Preparação de procedimento para evasão da área.

• Treinamento e palestras educativas sobre plano de fuga.

Page 204: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

202

4) Auditoria de ordem e limpeza na planta.

À auditoria cabe avaliar como as áreas se encontram em termos de ordem e limpeza

entendendo-se que este aspecto é reflexo da qualidade da importância que os líderes e

responsáveis, por cada atividade ou divisão, dispensam aos comportamentos e atitudes dos

colaboradores, apresentando como um dos resultados o estado de ordem e limpeza.

p) Alterações de Projeto

Á medida que as etapas foram sendo concluídas, houve a necessidade de revisar

alguns projetos antigos e elaborar novos projetos. Dentre os projetos antigos revisados estão:

a)Pressão na Selagem para Bombas alternativas no processo; b)Armazenamento e

alimentação de matéria prima E, no estado sólido; c)Sistema de refrigeração da planta

(relação direta com temperatura de M); d)Vazões de M e de H para a reação e a purificação.

É de se notar que esta planta estava bem estruturada em termos de projeto básico. As

oscilações de processo eram provocadas por flutuações encobertas nas linhas de reciclo e na

provável capacidade limitada dos vasos, principalmente separadores.

q) Manutenção de padrão

Em todas as palestras de sensibilização, os operadores entendiam a preocupação da

questão ambiental, mas não sabiam ao certo o que a empresa esperava deles. Os seguintes

tópicos foram discutidos e questionados em atividades de treinamento e conscientização da

gestão ambiental:

Quadro 7 - Tópicos para manutenção do padrão

TÓPICOS Expectativas reais Credibilidade na comunicação Plano de fuga Contratados e segurança Registros sem acesso Desmistificar não Conformidade Transparência Reunião de Supervisor Investigação profunda Técnicos em áreas burocráticas Ressuprimento Sugestões com feed-back Política de avaliação Riscos toxicológicos dos produtos Treinar máscaras Brigada de Emergência

Fonte: construção própria

Page 205: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

203

r) Análise Crítica e Revisão

Os resultados do trabalho acima descrito vêm enumerados a seguir, mas estão detalhados no

anexo desta dissertação.

1. Redução do índice de consumo de M por P.

2. Redução da contaminação do efluente líquido por M.

3. Estabilidade maior no processo da planta aumentando a carga máxima.

4. Redução nas intervenções de manutenção e no consumo de peças de reposição para

equipamentos.

5. Relação sem atritos com a manutenção devido à melhor qualidade dos seus serviços.

6. Diminuição das reclamações de clientes quanto à qualidade do produto final.

7. Melhor aspecto geral da área de produção e do comportamento dos operadores.

8. Campanha de produção de P com grade W, sem problemas operacionais.

Os resultados eram medidos através dos seguintes índices e valores:

• Consumo de M por tonelada.

• Teor de M no efluente líquido.

• Continuidade e carga máxima média da planta, Consumo de H, S, e outros insumos.

• Horas parada não programada, para manutenção.

• Número de reclamações de cliente por qualidade no produto.

• Boa classificação nas auditorias de ordem e limpeza.

• Tempo de campanha de W.

Foi recomendada, na época, a continuidade do programa de treinamento através da

preparação de elementos multiplicadores e líderes de processo para garantir o

autogerenciamento. A diretoria da empresa, em desacordo com a recomendação, interrompeu

o processo de mudança na etapa acima descrita.

Page 206: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

204

5. METAS PROJETADAS E RESULTADOS ALCANÇADOS

A medição de resultados foi apresentada na Figura 21 . Para tal, utilizou-se tabela

descritiva dos vários resultados, freqüência da medição, os objetivos, tipo de coleta de dados e

tipo de gráfico útil à medição. Por ora são feitas considerações sobre cada tipo de meta

projetada para a implantação desta metodologia e, bem assim, o efeito considerando-se a

peculiaridade de cada empresa e da filosofia gerencial que a move. Os resultados alcançados

são, portanto, a interação da metodologia que já tem projetado certos resultados e a realidade

da empresa (tecnologia de processo, clima organizacional e estilo gerencial).

Pode-se dividir as metas em globais e específicas. As globais envolvem todo o

processo e as específicas somente partes do processo. Entre as metas globais se encontram

minimizar efluentes na fonte, melhorar a qualidade do produto acabado, aumentar a carga e a

continuidade, melhorar os índices de consumo, melhorar a imagem da empresa interna e

externamente, aumentar a satisfação do cliente. Já as metas específicas tratam de estabilizar

variáveis de processo, diminuir consumo de peças de reposição, diminuir gastos com hora

extra e com horas re-trabalhadas, melhorar a qualidade do efluente, aumentar a

disponibilidade dos equipamentos, melhorar a motivação para o trabalho, diminuir número de

acidentes e de incidentes.

5.1 Metas Projetadas

DETALHAMENTO DAS METAS PROJETADAS - ESPECÍFICOS

a) Estabilizar as Variáveis de Processo

Com a implantação da AEP e da EVOP, em conjunto com a revisão de procedimentos

operacionais e mudança de padrões de trabalho, surgiu uma tendência à estabilização das

médias e desvios padrões. É possível medir a estabilização selecionando variáveis de processo

que pulsavam constantemente (média variável) e calculando mensalmente seu fator de

variabilidade (DP / média). Após atingir a estabilidade no processo, espera-se alcançar o

Page 207: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

205

índice de 99% dos pontos medidos dentro da faixa de (média +/- 3 DP) dentro dos 80% das

variáveis escolhidas.

b) Melhorar a Qualidade do Efluente Líquido

Com a adoção das novas medidas espera-se alcançar índice mais promissor em

quantidade e qualidade de efluente líquido, relativamente aos padrões anteriores de aspectos e

impactos ambientais.

O conhecimento do que provoca mudanças no efluente líquido faz com que seja feita

análise crítica de risco em ações potencialmente poluidoras.

Pretende-se atingir o seguinte resultado:

1) 100% das variáveis com 95 % dos pontos dentro da faixa de (média +/- 3 DP).

2) Ocorrendo valores elevados de contaminantes no efluente, este será tratado no tempo

máximo de 12 horas e com comunicação imediata do evento e do controle do evento – caso

seja necessária a transferência do efluente, para se evitar impactos maiores, requer reuniões

técnicas para ajuste da estação de tratamento.

c) Aumentar a Disponibilidade dos Equipamentos

Alguns equipamentos críticos são acompanhados quanto à disponibilidade após

implantada a metodologia indicada na dissertação. Assim, compressores, sistemas de vácuo,

seção de separação, bombas de reação, trocadores e outros, são exemplos de equipamentos

utilizados para se medir a disponibilidade. Pretende-se alcançar uma redução mínima de 50%

na indisponibilidade atual do equipamento. Assim, se A está indisponível 3% do tempo,

passará a estar indisponível 1,5% do tempo.

Este resultado é alcançado porque, através desta metodologia, se integram as funções

do processo, os procedimentos do trabalho de equipe, as particularidades dos equipamentos e

as aspirações do trabalhador na equipe de produção.

Page 208: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

206

d) Reduzir Consumo de Peças de Reposição

O envolvimento da equipe de manutenção nas melhorias promovidas pela e na

operação fazem com que se busquem novas formas de trabalhar ou estudos técnicos

específicos sobre equipamentos. A vontade de participar de melhorias no seu ambiente de

trabalho, funciona com efeito dominó quando os resultados são “democratizados na equipe”.

Não existe dono para este ou aquele resultado. Todos são os responsáveis, pois toda a equipe

colaborou nas atividades.

A equipe de manutenção é impelida, de forma natural, para atuar conjuntamente com a

operação em busca de melhores resultados. Espera-se uma redução de até 30% no consumo de

peças de reposição em equipamentos críticos.

e) Reduzir Gastos com Hora Extra

Esta é uma conseqüência direta dos resultados globais a serem descritos e dos

resultados específicos já apresentados. O nível de conhecimento sobre o processo, os

equipamentos e as relações causais e não causais das anormalidades, além, é claro, do

desenvolvimento de lideranças informais que participam de forma espontânea na

implementação desta metodologia fazem com que não sejam necessários gastos excessivos

com hora extra. Assim,pretende-se atingir o patamar de 0,5% de hora extra sobre hora normal

de trabalho. Numa equipe de 70 pessoas, isto equivale a (total de homem hora normal =

13230 horas) em média de 70 horas, ou pode-se afirmar que a meta é atingir no máximo 1 HE

por empregado no mês.

f) Horas re-trabalhadas pela Operação e pela Manutenção

O fundamental neste caso é medir as horas re-trabalhadas. Para tal é necessário que a

equipe esteja consciente de que a medição volta-se para melhorar e não para acusar ou punir

alguém. Espera-se reduzir pelo menos 70% da hora re-trabalhada junto às equipes de

operação e de manutenção. Então, se a operação tem 5% de re-trabalho e a manutenção tem

10% de re-trabalho, espera-se que a implantação da metodologia atinja 1,5% e 3%

respectivamente para manutenção e operação.

Page 209: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

207

g) Melhorar Motivação para o Trabalho

As atividades realizadas a partir da metodologia indicada têm a equipe e, em

particular, os líderes informais como participantes o que significa acreditar no resultado e se

unir àqueles que trabalharam corretamente. Espera-se uma participação em treinamentos e

palestras de 90% da equipe e a participação em eventos sociais e culturais de 85% da equipe.

h) Diminuir o Número de Incidentes e de Acidentes

Neste caso, a meta a ser atingida não significa a continuidade dos índices. Assim, é

necessária a implementação do programa de agentes multiplicadores (MULTI) e das

campanhas motivacionais e educacionais (EDUC) para garantir que a meta atingida seja

melhorada gradativamente. Esperam-se índices de um acidente com afastamento a cada dois

anos e dois incidentes operacionais por ano. Isto significa, em termos estimativos, pelo menos

redução de 50% dos índices atuais.

DETALHAMENTO DOS RESULTADOS PROJETADOS - GLOBAIS

a) Minimizar a Geração de Resíduos na Fonte

Este resultado é o objetivo principal desta metodologia. Espera-se com a

implementação das técnicas descritas na dissertação, atingir uma redução de 50% nas

perdas de insumos e de matéria-prima e, conseqüentemente, uma redução maior (70%)

na geração de resíduos na fonte.

b) Melhorar a Qualidade do Produto Acabado

Como as variáveis de processo ou estão instáveis ou tendem à estabilização é certo que

a qualidade do produto acabado deve melhorar sensivelmente. Espera-se atingir a meta de

95% dos lotes enquadrados para o cliente mais restritivo em termos de qualidade.

Page 210: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

208

c) Aumentar a Carga e a Continuidade

Com os processos mais estáveis, os equipamentos que estavam em condições mais

críticas passam a ter uma folga maior vindo a possibilitar um aumento de carga de 20% em

relação à carga média anual. Em relação à descontinuidade espera-se uma redução de 50% da

descontinuidade média anual.

d) Melhorar os Índices de Consumo

Com um maior controle sobre as anormalidades de processo, com a revisão de

procedimentos e com o acompanhamento através de auditorias no efluente líquido, pretende-

se atingir a meta citada em (a), ou seja, reduzir em 50% as perdas de insumos e de matérias-

primas.

e) Melhorar a Imagem da Empresa Interna e Externamente

A participação da equipe em todas as atividades citadas promove ainda, internamente,

melhoria da imagem da empresa. A abertura da empresa para visitação pública e a prática da

comunicação, em casos de emergência, fazem com que os órgãos externos estejam afinados

com a empresa. Espera-se atingir a meta de pelo menos uma premiação pública de órgãos

externos em relação à empresa por ano e a participação de empregados em trabalhos de

congressos e seminários na base de 3% per capta anual.

f) Aumentar a Satisfação do Cliente

Com a melhoria da qualidade do produto acabado, com a diminuição dos custos de

produção e com a melhoria da imagem da empresa, a satisfação do cliente nas relações

comerciais é uma certeza. Espera-se, como resultado, que acima de 95% dos clientes estejam

satisfeitos com o produto e com os serviços oferecidos pela empresa. Esta satisfação é

contabilizada através de somatório de pesos no relatório anual de satisfação dos clientes.

Page 211: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

209

5.2 MÉTODOS DE CÁLCULO

As variáveis de processo e do efluente são acompanhadas por parâmetros estatísticos

de média e desvio padrão. A média é lançada em gráfico de linha e no final de cada mês se faz

o cálculo do desvio padrão e dos limites estatísticos para comparar com os limites de

especificação (Média+/- 3*DP). Daí se verifica quantas variáveis atingem o comportamento

esperado.

Baseado em dados mensais da manutenção se calcula: a indisponibilidade de

equipamentos (número de horas parado / número de horas total * 100), a redução de horas re-

trabalhadas ((hora re-trabalhada hoje – hora re-trabalhada antes)/ hora total).

O consumo mensal de peças de reposição é dado por ((número de peças hoje – número

de peças antes)/ número de peças antes)*100.

Anualmente é feita uma contagem de acidentes e incidentes na empresa e pretende-se

atingir a meta de ter no máximo um acidente com afastamento a cada 730 dias e um incidente

operacional a cada 180 dias. Sustenta-se sobre a meta um percentual de redução onde (real-

meta)/meta*100.

Baseado no inventário de solvente tem-se que a perda de solvente (medição dos

tanques e vasos de processo) representada pela quantidade diária estocada do insumo.

Comparando o inventário do dia anterior com o posterior, de forma cumulativa, tem-se a

perda de insumo por dia (que varia bastante) ou cumulativa (que varia menos) ou mensal (que

tem boa qualidade de dados). Comparando a entrada e a saída de insumo (hipoteticamente a

saída deveria ser zero por ser solvente), tem-se a perda estimada. Pretende-se reduzir esta

perda em 50%. Da mesma forma se calcula a redução na geração de resíduos. Calcula-se o

inventário mensal, compara-se com a meta e verifica-se qual o percentual de redução.

Na carteira específica de clientes existe a categoria dos que são mais restritivos em

termos de qualidade do produto acabado. Pretende-se que o número de lotes enquadrados

atinge 95% do número de lotes fornecidos para este cliente.

A carga da planta depende da vazão de alimentação de matéria-prima limitante para a

reação. Assim, sustenta-se um valor como meta e compara-se com o valor atual de vazão de

alimentação. Pretende-se atingir um aumento de carga de 20%. Em relação à continuidade,

compara-se o número de dias que a planta esteve parada no mês atual com o número de dias

Page 212: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

210

de parada meta. Espera-se uma redução de 50% da descontinuidade (100-continuidade) após a

implantação.

A mensuração da melhoria de imagem da empresa quanto a questões ambientais é uma

medida relativa. A ideal contagem de prêmios públicos para a empresa, na área de qualidade e

de meio ambiente, situa-se na ordem de um por ano e a participação de um em cada 100

empregados em três eventos públicos voltados para a gestão ambiental. Também se considera

desejável a participação de três em cada 100 empregados em um evento público.

5.3 RESULTADOS ALCANÇADOS

A descrição dos resultados alcançados com a etapa de implantação é detalhada no

apêndice da dissertação, em anexo. A Figura 21 apresenta uma síntese do detalhamento.

DETALHAMENTO DOS RESULTADOS ALCANÇADOS - ESPECÍFICOS

a) Estabilizar as Variáveis de Processo

Caso 2 - Das 19 variáveis escolhidas para AEP, em 15 delas os dados coletados

estiveram 95% de acordo com os limites de especificação, portanto, um pouco abaixo dos

99% considerados como meta.

Caso 3 - Das 22 variáveis escolhidas para AEP, em 15 delas os dados coletados

estiveram 99% de acordo com os limites de especificação, considerados ideais, pois dentro da

meta.

b) Melhorar a Qualidade do Efluente Líquido

Caso 2 - No caso do efluente, das 5 variáveis escolhidas para acompanhamento apenas

3 estiveram 95% de acordo com os limites de especificação estabelecidos.

Quanto à ação corretiva para um problema de efluente, necessita-se de 24 horas em

média para se ter solucionado o problema, portanto, acima da meta de 12 horas.

Page 213: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

211

Caso 3 – Na planta de polímeros, das nove variáveis escolhidas para

acompanhamento, oito estiveram com 95% de acordo com os limites de especificação

estabelecidos.

Neste caso, a ação corretiva para um problema de efluente demanda 12 horas em

média para se obter a solução.

c) Aumentar a Disponibilidade dos Equipamentos

Caso 2 - O sistema de vácuo nesta planta tinha uma indisponibilidade de 5% do tempo

(em torno de 1,5 dia ou 36 horas) sendo reduzido para 18 horas no mês. No caso da bomba de

reação a indisponibilidade era de 3% e baixou para 1%, portanto, sete horas de equipamento

inoperante no mês. Na média dos equipamentos escolhidos, a redução da indisponibilidade foi

de 60%.

Caso 3 - O bombeamento no processo feito por equipamentos alternativos tinha uma

indisponibilidade de 10% do tempo (em torno de três dias ou 72 horas) sendo reduzido para

22 horas no mês – não significando parada de planta.

d) Reduzir Consumo de Peças de Reposição

Caso 2 - Eram consumidos em média 24 selos de bomba de determinado tipo.

Alcançou-se uma redução para 19 selos consumidos por mês. A meta era chegar a 17 selos

por mês.

Caso 3 - Eram consumidos em média dez selos de bomba de determinado tipo.

Alcançou-se uma redução para seis selos consumidos por mês. A meta era chegar a sete selos

por mês.

e) Reduzir gastos com Hora Extra

Caso 2 - Para cada 70 empregados (13.230 horas trabalhadas), a meta seria 0,5% (+/-

70 horas). Na verdade, com a implantação da metodologia, atingiu-se 1,5%, ou, para cada 70

empregados, três horas extras por empregado no mês. Como referência, antes da implantação

da metodologia, a hora extra representava 5%.

Page 214: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

212

Caso 3 - Para cada 70 empregados (13.230 horas trabalhadas), a meta seria 0,5% (+/-

70 horas). Na verdade, com a implantação da metodologia, atingiu-se 1%, ou, para cada 70

empregados, duas horas extras por empregado a cada mês. Como referência, antes da

implantação da metodologia, a hora extra era 4%.

f) Horas re-trabalhadas pela Operação e pela Manutenção

Caso 3 – A hora re-trabalhada só foi possível ser acompanhada no contrato de

manutenção, reduzindo de 8% para 5%. Observou-se que se aproximou da meta de redução de

50%.

g) Melhorar Motivação para o Trabalho

Caso 2 - A equipe, neste caso, marcou presença em 75% nos eventos sociais e nos

treinamentos.

Caso 3 - A equipe, neste caso, marcou presença em 65% nos eventos sociais e nos

treinamentos.

h) Reduzir o Número de Incidentes e de Acidentes

Caso 2 - Pelo acompanhamento da área de segurança e de operação da empresa

registrou-se um acidente por 365 dias e um incidente operacional por 180 dias, não se

atingindo a meta.

Caso 3 – Não foi acompanhado.

DETALHAMENTO DOS RESULTADOS ALCANÇADOS - GLOBAIS

a) Minimizar a Geração de Resíduos na Fonte

Caso 2 - Gerava-se em torno de 20 toneladas por mês de resíduo sólido (todo). Após a

implantação da metodologia esta geração foi reduzida para 10 toneladas por mês.

Page 215: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

213

Caso 3 - Gerava-se em torno de 1 tonelada por mês de resíduo sólido (todo). Após a

implantação da metodologia esta geração foi reduzida para 500 quilos por mês.

b) Melhorar a Qualidade do Produto Acabado

Caso 2 - Os clientes classe A só recebiam o produto com 50% de satisfação gerando

problemas comerciais de perda econômica e do cliente. Em seis meses, o cliente K recebeu

dez lotes de produto acabado e aprovou o boletim de qualidade em oito dos dez lotes. No

geral, este índice atingiu 85%.

Caso 3 - Os clientes classe A só recebia o produto com 80% de satisfação gerando

problemas comerciais de perda econômica e do cliente. Em 6 meses, se o cliente K recebesse

10 lotes de produto acabado e aprovaria o boletim de qualidade em 9 dos 10 lotes.

c) Aumentar a Carga e a Continuidade

Caso 2 - A carga da planta estava limitada em 85% do projeto. Com a implementação

das ações resultantes da investigação sobre anormalidades no processo, a carga foi para 98%

da nominal de projeto. Já a descontinuidade reduziu na proporção dada como meta (50%). Ou

seja, a planta ficava parada 20% do tempo, passando para 10% do tempo devido a motivos

operacionais.

Caso 3 - A carga da planta estava limitada em 95% do projeto. Com a implementação

das ações resultantes da investigação sobre anormalidades no processo, a carga foi para 110%

da nominal de projeto. Já a descontinuidade reduziu na proporção dada como meta (50%).

d) Melhorar os Índices de Consumo

Caso 2 - Estima-se uma perda de solvente de 8% antes de implantar a metodologia.

Depois, esta perda caiu para 6%, demonstrando a eficácia do método.

Caso 3 - Estima-se uma perda de solvente de 2% antes de implantar a metodologia.

Depois, esta perda caiu para 0,5% demonstrando a eficácia do método.

e) Melhorar a Imagem da Empresa Interna e Externamente - não foi acompanhada

Page 216: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

214

Caso 2 – O reconhecimento do trabalho ambiental veio da participação da empresa em

eventos externos com palestras, demonstrando mudança de cultura. Os operadores foram

incentivados a participar de eventos externos.

f) Aumentar a Satisfação do Cliente

Caso 2 - A satisfação do cliente foi externada através de pesquisa anual e atingiu 80%,

o que, antes da metodologia, não chegava a 60%.

Caso 3 - A satisfação do cliente foi externada através de pesquisa anual e atingiu 95%,

o que, antes da metodologia, não chegava a 80%.

Page 217: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

215

Quadro 8 – Resultados projetados e alcançados (caso 2 e 3) da metodologia

Técnicas Resultado D

IPE

A

AE

P +

EV

OP

PAD

OP

RO

TL

IM

MC

A+

AU

DIP

AU

DIL

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Res

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o C

aso

2 –

Am

inas

Res

ulta

do d

o C

aso

3 –

Polím

eros

Resultado Específico a) Estabilizar variáveis de processo 80% das variáveis

99% = M+/-3 DP 80% das variáveis 95%

70% das variáveis 99%

b) Melhorar qualidade do efluente líquido

100% var 95% = M+/- 3DP; 12 horas

70% var 95% dentro; 24 hs.

90% var 95% 12 horas

c) Aumentar disponibilidade dos equipamentos

Redução de 50% na indisponibilidade

Redução de 60%

Redução de 70%

d) Diminuir consumo de peças de reposição

Redução de 30% nas peças de sobres.

Redução de 20%

Redução de 40%

e) Diminuir gastos com Hora Máximo de 1 HE p funcionário (0,5%)

1,5% 1%

f) Diminuir Horas re-trabalhadas Redução de 70% da hora re-trabalhada

50%

g) Melhorar motivação -trabalho Participação de 85%

75% 65%

h) Diminuir acidentes e incidentes 1 acidente ca 2 anos e 2 incidentes p/ ano

1 acidente ano e 4 incidentes ano

Resultado Global a) Minimizar efluentes na fonte Redução de 70% Redução de

50% Redução de 50%

b) Melhorar qualidade do produto 95% dos lotes OK para Clientes A

85% 90%

c) Aumentar carga e continuidade Carga +20% e descontinuidade -50%

Carga +15% Descont.-50%

Carga +10% Descont-30%

d) Melhorar índices de consumo Redução 50% perdas

20% 15%

e) Melhorar a imagem da empresa 1 premiação anual e trabalhos 3% anual

1 premiação trabalhos 1%

f) Aumentar satisfação Cliente 95% satisfeito 80% satisfeito

90% satisfeito

DADOS ESTIMADOS

Fonte: construção própria

Page 218: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

216

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O método foi criado e intensivamente experimentado no campo, tendo sido

implementado em plantas de operação e sob diversas formas de gerenciar.

As primeiras atividades da investigação proporcionaram o contato pessoal entre o autor

e profissionais da indústria, utilizando-se de entrevistas e visitas de campo para realização de

análise preliminar. Estes procedimentos, por sua vez, vieram a facilitar a elaboração do

diagnóstico de anormalidades – DIPEA e tornado possível a elaboração do mapa de eventos

anormais – MEA para, e só então, ser possível construir a etiologia das anormalidades.

Algumas técnicas foram criadas e outras adaptadas, porém todas experimentadas ao

longo do trabalho, buscando-se sistematizar a metodologia.

As informações transpuseram a fala e anotações se transformaram em realidade

numérica, valorizada em gráficos, mapas, tabelas, relatórios e diagnósticos. Embora a

estatística apresente números e estes possam suscitar a idéia de impessoalidade, é um recurso

que oportuniza a concretude, sempre suscitando desafios e apontando possibilidades, sendo,

portanto, uma forma objetiva, transparente e segura de se disponibilizar dados e adentrar na

realidade da planta instalada em relação ao tempo.

Pensando nos aspectos gerais e nas áreas específicas - inter-relações e acompanhamento

- é que se utilizou a estatística de eventos anormais - EVA, tornando possível a confirmação

dos aspectos, áreas e detalhes a serem modificadas através de intervenções gerais e

localizadas.

O que poderia, portanto, suscitar uma idéia, apresenta uma dinâmica favorecendo a que,

no acompanhamento estatístico, nas visões de tendências, patamares, divergência, por

exemplo, se possa antecipar decisões. A possibilidade de análise permite ainda incorrer em

menor índice de erros, seja pelas correlações possíveis, pelo acompanhamento das variáveis

ou, ainda, pela percepção que se possa obter no tocante às variáveis e suas tendências de

estabilidade ou instabilidade.

Destaca-se que para a indústria, o principal objetivo foi atingido com a implantação

prática desta metodologia em plantas químicas e petroquímicas com validação das técnicas

Page 219: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

217

utilizadas conforme apresentado em capítulo específico na dissertação e em resumo no quadro

8 – Resultados projetados e alcançados da metodologia.

É possível que no futuro seja desenvolvido um sistema computacional de análise das

anormalidades (SCAA) onde, durante a inserção e classificação das anormalidades, estaria

sendo construída, automaticamente, a rede de cadeias causais e não causais.

A estatística de eventos anormais - EVA confirmou as áreas a serem modificadas

através de intervenções localizadas sendo destaque a reação dos indivíduos, item que

apresentou maior índice de dificuldade uma vez que a metodologia tem como base principal o

gerenciamento de processo no “chão da fábrica”.

Sendo aplicado o relatório de eventos anormais - REA, o engenheiro ou analista de

processos evita perda de tempo, pois, caso contrário, buscaria respostas em trilhas não

existentes ou trilhas que não levam ao foco do problema.

A estatística baseada na hipótese da estacionaridade oferece números estáticos. No

momento em que se analisa a estatística na sua forma dinâmica (AEP) apresenta-se uma idéia

real do que acontece na planta em relação ao tempo. O Acompanhamento estatístico e,

principalmente, as visões de tendência, patamares, divergências e outros, permitem antecipar

comportamentos. As variáveis de processo escolhidas foram correlacionadas com outras,

diminuindo-se o número de variáveis acompanhadas. A análise de processo anual deu uma

boa visão da tendência à estabilidade das variáveis envolvidas.

Agir após a investigação, mesmo que, por força de contingências, seja necessário

utilizar mais tempo para a resolução dos problemas; ainda assim, esta é a melhor opção. As

ações localizadas – ALO, implantadas depois do DIPEA e AEP, tiveram sucesso e trouxeram

necessidades diferenciadas de revisão ou criação de procedimentos e padrões - PADOP. Ao

mesmo tempo, estes procedimentos geraram necessidade de testes em operação normal -

EVOP e em outros itens de controle -AEP.

De acordo com a metodologia proposta, as técnicas ambientais só são aplicadas depois

de certo conhecimento em anormalidades, processo e operação, possibilitando assim a análise

estatística de dados ambientais e maior responsabilidade quando da tomada de ação no

processo e na operação visando reduzir a contaminação acusada pelos monitoramentos. Os

resultados advindos da aplicação das técnicas comprovam a eficácia e a efetividade da

metodologia.

Page 220: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

218

Eficácia porque atinge as metas estabelecidas de forma bastante satisfatória, por

exemplo, na minimização de efluentes constatou-se a redução de 50% (72% da meta); na

melhoria da qualidade do produto, 85% ; no aumento de carga e continuidade - carga 75% da

meta (+20%) e continuidade 80% da meta (-50% da descontinuidade); no índice de consumo

houve uma melhoria de 40% da meta (redução de perdas em 50%) e, no item satisfação do

cliente, uma melhoria de 84% da meta (95% de cliente satisfeito).

Efetividade quando se aplica a metodologia em unidades industriais e se atinge as metas

projetadas seja em plantas iguais ou diferentes (tecnologias diversificadas), seja em tempos

diversos.

A indústria pode utilizar esta forma de investigar anormalidades que, aparentemente,

não tem foco estabelecido mas, em aplicando as técnicas, paulatinamente irá firmando decisão

e direcionando ações para o objetivo final que é minimizar efluentes na fonte.

Os resultados alcançados demonstraram que a metodologia funciona. A maior

dificuldade é convencer a administração da empresa que deve-se investir mais tempo na

investigação das causas das anormalidades sem dar ênfase à soluções mais rápidas que apenas

atua sobre o sintoma. Quando se atacam apenas os sintomas, não se resolve profundamente o

problema. Amenizar o sintoma é uma forma de ganhar fôlego para que não ocorram eventos

mais impactantes no faturamento e no meio ambiente (Ex: perda de qualidade do produto ou

baixa carga). È necessário ter o discernimento para atuar com as duas visões, privilegiando a

busca das causas, e para que isso ocorra é importante estimular a atenção e, ao mesmo tempo,

responsabilizar as pessoas e equipes pelas suas ações no processo como um todo e,

principalmente, quando da investigação de anormalidades.

É necessário ainda explorar o cenário de ocorrência do problema com vistas a

desenvolver competência e, assim, gerar conhecimentos suficientes para, após formalizá-los,

atuar com clareza e segurança.

Refletindo sobre o valor desta dissertação para a universidade, conclui-se que o

desenvolvimento da pesquisa bibliográfica e as indagações sobre o tema em sala de aula e

seminários favoreceram discussões salutares entre os alunos e professores do mestrado, além

de enriquecer a elaboração da mesma.

A metodologia proposta apresenta uma nova forma de ver com profundidade o objeto

investigado. Para desenvolver um processo de trabalho com esta perspectiva deve-se investir

em um tipo de habilidade que, em geral, as escolas de engenharia - tanto em nível médio

Page 221: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

219

como na graduação – não possuem porque seguem formando profissionais com ênfase nos

pensamento que valoriza os conteúdos aprendidos e isolados em relação ao processo, ou seja,

gerando saberes fragmentados e estáticos. Isto implica em adotar-se a noção de que o

processo de conhecimento é um continuum conquistado através da formação de redes

complexas, dinâmicas e plenas de significado.

Outra novidade para a academia é a utilização de mapas para estudos de cenários de

rotina e suas relações, constituindo-se em uma técnica bastante eficaz e pouco utilizada na

engenharia de processos e de operação.

A metodologia que se apresenta nesta dissertação demonstra que os problemas são

efetivamente solucionáveis quando não se tem o fator tempo como predominante e impedindo

a investigação mais profunda das questões. Como foi apresentado no mapa de eventos

anormais -MEA, em dado momento, a anormalidade de processo toma uma dimensão de

desorganização. Isto leva a uma sensação de impossibilidade e incerteza embora o desenrolar

da metodologia forneça como resultado algumas possibilidades e certezas.

Esta desordem pode ser formalizada a partir da aplicação de metodologias, mas isto não

elimina a possibilidade do surgimento contínuo de novas situações. No caos existe uma ordem

que pode ser explicada, uma harmonia que pode ser ouvida, uma cadência que pode ser

acompanhada. Entender o processo e seguir na busca de organização pressupõe conhecimento

da realidade em suas diversas instâncias.

Acreditar na existência de uma resposta simples e única inviabiliza o encontro das

melhores soluções e ampliação permanente do conhecimento sistematizado; o desafio, neste

caso específico, é dar-se a chance de perceber o fluir de energias pulsantes a sinalizar

permanentemente o surgimento de novas anormalidades de processo e alimentar a busca das

soluções ideais.

Dando continuidade aos estudos na linha da dissertação sugerem-se os seguintes temas

de pesquisa a serem desenvolvidos pela universidade através de debates, seminários,

dissertações e monografias:

• Comprovar cientificamente as relações causais e não causais nas anormalidades operacionais.

• Estudar o comportamento humano na interação com sistemas, processos e máquinas.

• Preparar modelos matemáticos e estatísticos que simulem situações de anormalidade.

Page 222: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

220

• Desenvolver aspectos gerenciais buscando a formação de equipes voltadas à prevenção de impactos ambientais na atividade de operação na indústria.

• Reavaliar o conceito de normalidade na indústria de processos.

• Diagnosticar um problema baseado na construção de sua história, no tipo de fator operacional envolvido e no conhecimento da tecnologia.

• Identificar a influência das lideranças informais na resolução de problemas.

• Identificar oportunidades e melhorias na instalação física com base processual e estatística.

O Engenheiro necessita acrescentar, a seu saber fragmentado, visão sistêmica e

multidisciplinar, envolvendo aspectos gerenciais e humanos. Esta visão possui as referências

acadêmicas dos grandes gerenciadores, tornando-se essencial para a formação do Engenheiro

o perfil criativo e investigador. Também é necessário inserir ao currículo, as disciplinas de

Filosofia e de Métodos para Investigação Científica na formação acadêmica deste profissional

visando o exercício da reflexão e da pesquisa.

Page 223: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

221

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Page 227: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

225

METODOLOGIA PARA MINIMIZAR EFLUENTES NA FONTE A PARTIR DA INVESTIGAÇÃO DE

ANORMALIDADES OPERACIONAIS

APÊNDICE

Page 228: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

226

SUMÁRIO

APÊNDICE A - CASO 1: Aminas Alifáticas

1 AMINAS ALIFÁTICAS

1.1 CADEIA DE ANORMALIDADES.

1.2 INTERPRETAÇÃO ESTATÍSTICA

1.3 ESCOLHA DOS ITENS DE CONTROLE E DE AÇÕES LOCALIZADAS

1.4 ESTATÍSTICA DE EVENTOS ANORMAIS

APÊNDICE B – CASO 2: Aminas Aromáticas

2 AMINAS AROMÁTICAS

2.1 CADEIA DE ANORMALIDADES UPI

2.2 CADEIA DE ANORMALIDADES UA

2.3 INTERPRETAÇÃO DA ESTATÍSTICA DE ANORMALIDADES UPI, UPF, UA

2.4 ACOMPANHAMENTO ESTATÍSTICO DE PROCESSOS (AEP)

2.5 AÇÕES LOCALIZADAS (ALO)

2.6 REVISÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

2.7 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

2.8 PREPARAÇÃO DE AGENTES MULTIPLICADORES DE TREINAMENTO

2.9 MUDANÇAS DE PROJETO

2.10 AUTO-GERENCIAMENTO

2.11 CONCLUSÃO

Page 229: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

227

APÊNDICE C - CASO 3: Polímeros

3 POLÍMEROS

3.1 CADEIAS DE ANORMALIDADES

3.2 INTERPRETAÇÃO DA ESTATÍSTICA DE ANORMALIDADES

3.3 ACOMPANHAMENTO ESTATÍSTICO DE PROCESSOS (AEP)

3.4 AÇÕES LOCALIZADAS (ALO)

3.5 INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTES OPERACIONAIS

3.6 REVISÃO DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

3.7 PROCEDIMENTOS GERENCIAIS E ADMINISTRATIVOS

3.8 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

3.9 PREPARAÇÃO DE AGENTES MULTIPLICADORES DE TREINAMENTO

3.10 PARADA PARA MANUTENÇÃO E PROJETOS

3.11 MEDIÇÃO DE RESULTADOS

3.12 AUTOGERENCIAMENTO

3.13 CONCLUSÃO

Page 230: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

228

APÊNDICE A - CASO 1: Aminas Alifáticas

1 AMINAS ALIFÁTICAS - Detalhamento

1.1 CADEIAS DE ANORMALIDADES

Podemos reunir as cadeias de anormalidades em áreas específicas, assim, facilitará a interpretação

das cadeias de anormalidade e a sua inter-relação com as demais da mesma área. Áreas escolhidas:

Flutuação no processamento das campanhas (a, b e c).

Problemas mecânicos afetam a performance no processamento das campanhas (a, d, e).

Efeitos negativos de baixa qualidade na água de refrigeração (f).

Contaminação pelo flare, falta de inertização em vasos, ou em linha de equalização de sistemas (g).

Efeitos da sujeira provocada pelo catalisador no processo (h).

Influência na programação de produção sobre índices alcançados nas campanhas (i).

Cadeias de anormalidade: a) Carga de matéria-prima para a reação – se refere a ajustes excessivos de controle de vazão e de stroke

das bombas de carga para matéria-prima.

b) Flutuações na batelada – descontrole de reação, perda de rendimento das bombas de carga, oscilações de pressão do compressor provoca flutuações.

c) Flutuações na purificação – devido às flutuações descritas em (b) haverá carga oscilante para as colunas.

d) Bombas de carga – a falha na atividade de reposição de óleo.

e) Compressor – sensibilidade do compressor à presença de corpo estranho.

f) Efeitos negativos da refrigeração – baixa qualidade da água de refrigeração provoca aquecimento excessivo.

g) Contaminação do sistema – produto para o flare, sujeira nos tanques de carga e nível falso nos vasos.

h) Passagem do catalisador provocando sujeira na purificação – filtros não retém o catalisador.

i) Influência da programação de produção sobre índices alcançados nas campanhas.

EVENTO (a) Cargas de matéria-prima

Refere-se a ajustes excessivos de controle de vazão e de stroke das bombas de carga para matéria-

prima. A contra-pressão do header de matéria-prima, principalmente nas campanhas de fase gasosa afeta a

performance das bombas de carga de matéria-prima. Lembra-se que estas bombas não sofrem oscilação

de pressão a montante (não são reciclo), mas são as responsáveis pela correção da estequiometria da

reação (Figura 1).

Page 231: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

229

Figura 1 - Controle de vazão e de stroke das bombas de carga para matéria-prima

EVENTO (b) Flutuações na batelada

Devido ao não controle da conversão na reação, ocasionado por perda de rendimento das

bombas de carga, tempo de vida do catalisador e, oscilações de pressão provocadas pelos compressores, e

conseqüente dificuldade de especificação das colunas da purificação, as flutuações persistem em todo o

processo sem que prejudique a especificação do produto final ou que provoque parada de planta, mas

implicando em menor produção por tempo de campanha. Esta cadeia de processo globaliza quase todos

os equipamentos críticos da planta (Figura 2).

Figura 2 - Cadeia de processo e equipamentos críticos da planta

EVENTO (c) Flutuações na purificação

Vazamentos

Baixa Eficiência

Perdas de óleo

Pulsação nas garrafas PSV

Bombas de carga

Filtros sujos

Funcionamento das bombas álcool

Ajustes stroke Ajustes válvula Subst. bombas

Corrigir oscilações para reação

Contrapressão do header MP

Excesso de MP na reação

Ajuste N/R Nível vaso reciclo

Ajuste de reação

PARTIDA DE PLANTA

Aumentar Amônia Álcool

Falta reciclo para reação

Diminuir Aminas do reciclo

Excesso de MP corrigido

Corte de MP-Alcool

Corte de MP-Amônia

Flutuações Compress.

Excesso de álcool no reciclo

Excesso Amina p/ batelada

Aumentar Amônia

Aumentar reciclo amina

Page 232: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

230

Devido a flutuações descritas em (b), a carga para a coluna de amônia passa a ser oscilante em

quantidade e composição, dificultando os controles de pressão no topo, prejudicando o trabalho da

condensação e provocando oscilações nos vasos (Figura 3).

Esta variação de performance da coluna não é aparente, mas provoca variações no teor de amônia

na corrente de reciclo.

Figura 3 - Variações no teor de amônia na corrente de reciclo

EVENTO (d)Bombas de carga

A atividade de reposição de óleo faz parte da rotina de operação, embora seja um trabalho

repetitivo que envolve riscos que podem provocar baixo rendimento da bomba ou até parada de planta.

A partida e/ou alinhamento destas bombas de carga para o processo é crítica e se os

procedimentos não forem seguidos podem afetar a calibração das garrafas de pulsação (Figura 4).

Figura 4 – Reposição de óleo

EVENTO (e) Compressor

Flutuações na composição de carga de amônia

Controle de temperatura nas colunas

Controle de pressão–topo da coluna de amônia

Válvula de controle de pressão restringida no campo (amônia) Problemas de pressurização dos vasos de amônia Vazamentos na bomba de condensáveis, selo/vent

Ajustes de vapor procurando especificação Problemas de oscilação nos perfis de temperatura (trocas de termopar)

Reposição de óleo - serviços repetitivos

Falta ocasional de óleo

Risco do eixo da bomba

Perda de óleo aumentada

Alinhamento incorreto Contra-pressão

Na fase gasosa, situação + crítica

Afeta garrafa de pulsação

PSV descalibrada

Passagem PSV

Baixa eficiência das bombas

Necessidade de aumentar stroke ou aumentar vazão

Flutuações na reação e na purificação

Page 233: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

231

O compressor trabalhava em três estágios e, devido ao serviço ser crítico, não foi recomendada a realização da

operação por estar o mesmo alarmando ou interlocando por pressão, temperatura ou analisador de O2.

As válvulas de sucção e de descarga são muito sensíveis e não suportam presença de corpo

estranho, tais como: pó, condensado. Caso ocorram problemas com as válvulas do compressor poderá

afetar o mancal do redutor e conseqüentes riscos de parada (Figura 5).

Figura 5- Válvulas do compressor e a presença de corpo estranho

EVENTO (f) Efeitos negativos da baixa qualidade na água de refrigeração

Os problemas de baixa qualidade na água de refrigeração (sólidos, pressão ou temperatura) podem

provocar aquecimentos excessivos dos internos de equipamentos rotativos, não sendo um problema

crítico de imediato, mas, que breve, pode afetar o processo.

É fundamental que nestes casos se investigue a causa real do problema para evitar atuar na

conseqüência (restringir água para consumidores, colocar bomba reserva em paralelo) mantendo assim a

causa latente (Figura 6).

Pó vindo do fornecedor

Oscilação de pressão Qualquer elemento estranho

Sensibilidade das válvulas do compressor

Válvula presa

Pressão alta no cilindro

Tempera-tura alta

Afeta viscosidade do óleo lubrificação

Aumenta circulação do óleo - lubrificação

Encharca internos – não forma filme desejado

Provoca desgaste dos internos

Suja filtro óleo

Afeta mancal do redutor

Para evitar temperat. alta

Correção na circulação – óleo de lubrificação(baixar)

Aumentar água para resfriador de óleo

Temperatura baixa

Condensação no cilindro

Page 234: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

232

Figura 6 – Efeitos negativos da baixa qualidade na água de refrigeração

EVENTO (g) Contaminação do sistema

Durante o período em que foi realizado o presente estudo, houve os seguintes tipos de

contaminações: (1) passagem de produto para o sistema de tocha (flare); (2) sujeira dos tanques de carga;

(3) nível falso de vasos de processo (Figura 7).

Figura 7 – Contaminações do sistema

EVENTO (h) Passagem do catalisador provocando sujeira na purificação

Limpeza dos trocadores e sistema de refrigeração

Colocar 3 bombas de água p/ operar

Restringir água para resfriador da retífica de gás

üêi

Sujeira no circuito de óleo - filtro

Desgaste dos internos

Desregulagem de vazão de óleo

Aumento de T no sist. de lubrificação

Tratamento água – sujeira

Baixa vazão Alta temperat.

Problemas sist. de água

Refrigeração bombas reação Refrigeração da bomba top bat. Refrig. Bomba de reciclo

Aquecimento excessivo rompendo selo e outros

Bombas

Compress

Trocador compressor Trocador serpent. sujo Inter cooler Compressor Trocador compres.MP

Aquecimento na descarga

T descarga X estágio alta

Cor

reçã

o do

trat

amto

V

azão

, res

fria

mto

, Tor

re

Flare

Sólidos

Tanque de produto

Vaso interm.

Qualidade de M-Prima

Inertização

Descontrole ou pressurização de sistemas

Sujeira dos tanques de carga

Nível falso – régua presa

Nível falso – drenagem do LG

Sujeira no tanque da tocha Água no tanque da tocha

Bomba de carga anormal Filtros sujando LG do vaporizador sujando

Presença de ferrugem

Page 235: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

233

Aparentemente os filtros do sistema de reação na fase líquida não retinham o catalisador

provocando obstruções diversas, tendo como conseqüência o transbordo de vasos de processo e

atolamento de colunas.

Figura 8 - Passagem do catalisador e sujeira na purificação

EVENTO (i) Índices de produção influenciados pela Programação

As maiores limitações de tempo de campanha são: capacidade de planta devido às flutuações do processo,

comercialização de quantidades pequenas por venda, espaço de estocagem baixo, flutuações iniciais para atingir ou

“steady-state” (condições normais) e desativação do catalisador. Assim deveriam ser feitos estudos para melhorar o

tempo de cada campanha promovendo seu melhor desempenho.

Figura 9 - Índices de produção influenciados pela Programação

1.2 INTERPRETAÇÃO ESTATÍSTICA

Transbordo do vaso de refluxo – coluna de amina

Bóia de nível prende-refluxo Nível falso

Presença de catalisador no topo da coluna

Nível da coluna de amônia c/ dificuldade de controle

Obstrução do ponto de amostra

Sujeira dos filtros ( gás, amônia)

Sujeira passa para purificação

Obstruções linha gás e fundo reator

Oscilações de pressão de gás

Carga para reator

Obstruções no tanque - catalisador

Mistura de catalisador

Presença de catalisador no fundo coluna de amônia

Oscilações na carga da coluna ou nível falso

Atolamento da coluna de amônia

CAPACIDADE DA PLANTA

PREVISÃO DE VENDAS

ESPAÇO DE ESTOCAGEM

Menos flutuações devido tempo de campanha maior

Desengargalamento Aumentar produção com menor custo

Comercialização de maiores quantidades por vendas

Aumentar tempo de campanha

Avaliação: aluguel ou redistribuição do espaço disponível

Aumentar tempo de campanha

PROGRAMAÇÃO DE PRODUÇÃO

Início de campanha

Flutuações iniciais para atingir steady-state

Continua as flutuações tempo curto

Final de campanha

Perda de eficiência do catalisador

Dim

inui

r per

das

Estudo de tempo de desativação do catalisador

Estudo de troca alternativa – carga catalisador

Page 236: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

234

Tabela 1 – Indicadores estatísticos de manutenção, turmas e horário Manutenção Turmas Horário Período

No de eventos

Turno s/ eventos

Altera-ção carga

Mecânic Instrum. Caldei A B C D E 0-8 8-16 16-0

1)15-31 mai 60 13 13 13 5 8 5 7 8 11 6 13 12 13 2)1-15 jun 61 11 22 16 14 16 10 7 16 12 4 8 22 15 3)16-30 jun 45 22 30 16 3 14 9 4 16 2 6 6 25 6 4)1-15 jul 49 17 18 16 8 10 2 4 4 9 13 15 16 7 5)16-31 jul 59 13 35 24 10 10 3 13 16 10 12 7 33 13 6)1-15 ago 57 8 22 43 3 12 10 9 10 10 6 15 18 12 7)16-30 ago 64 11 22 30 5 13 7 10 16 8 9 10 19 21 8)1-15 set 84 9 10 31 19 15 16 18 14 5 14 20 30 17

Fonte – construção própria Tabela 2- Indicadores estatísticos de seção da planta e tipo de campanha

SEÇÃO DA PLANTA CAMPANHA (períodos difer) Período ANC REA. GAS X Y Z W Y TIPO DIAS NoEVT

1) 15-31 mai 5 17 8 3 1 2 6 0 C4 7 5

2) 1-15 jun 17 20 3 1 3 1 0 0 C2 12 4 3) 16-30 jun 9 15 3 5 4 3 1 1 C3 15 6 4) 1-15 jul 4 25 5 1 1 4 0 3 C1 19 4 5) 16-31 jul 6 25 13 7 7 6 1 2 C4 10 5 6) 1-15 ago 3 30 8 4 1 1 1 1 C5 7 7 7) 16-30 ago 4 38 1 10 2 1 0 5 C1 14 6 8) 1-15 set 4 38 2 14 1 7 0 5 C4 13 5

X X X X X X X X X C2 15 4 X X X X X X X X X C3 9 6 Fonte – construção própria

Gráfico 1- Número de eventos anormais por período

Número de eventos anormais

40

50

60

70

80

90

1)15-31 mai

2)1-15 jun

3)16-30 jun

4)1-15jul

5)16-31 jul

6)1-15 ago

7)16-30 ago

8)1-15 set

Período

Even

tos

No deeventos

Fonte – construção própria

Page 237: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

235

Gráfico 2 – Número de turnos sem eventos anormais no período

Número de eventos anormais

0369

12151821242730

1)15-31mai

2)1-15 jun

3)16-30jun

4)1-15jul

5)16-31 jul

6)1-15 ago

7)16-30 ago

8)1-15 set

Período

Even

tos No de

turnos s/eventos

Fonte – construção própria

Gráfico 3 – Performance das campanhas de produção

Número de eventos anormais

369

121518

C4 C2 C3 C1 C4 C5 C1 C4 C2 C3

Campanha

Even

tos Dias

No eventos

Fonte – construção própria

Page 238: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

236

Gráfico 4 – Número de eventos anormais por horário de trabalho por período

Número de eventos anormais por horário

36912

1518212427303336

(1)15-31 mai

(2) 1-15jun

(3)16-30 jun

(4) 1-15jul

(5)16-31 jul

(6) 1-15ago

(7)16-30 ago

(8) 1-15set

Período

Even

tos

0-8 8-16 16-0

Fonte – construção própria

1.3 ESCOLHA DOS ITENS DE CONTROLE E AÇÕES LOCALIZADAS - ALO

a. Carga de matéria-prima para a reação

Ações localizadas

Oscilação de pressão no header de matéria-prima, passagens na psv das garrafas de pulsação e

reposição no nível de óleo.

b. Flutuações na batelada

Itens de controle

Matéria-prima não reagida; teor de álcool no reciclo, teor de amina no fundo da coluna, abertura

da PCV – coluna de amônia, abertura da PCV – coluna de gases, teor de amônia no reciclo – compressor,

pressão de sucção e descarga do compressor de M-P.

Ação localizada

Procedimento de recebimento de amônia fresca.

c. Flutuações na purificação

Visto nas cadeias de anormalidade anteriores e posteriores.

d. Bombas de carga

Ações localizadas

Page 239: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

237

Estudo quanto a desgaste prematuro do eixo das bombas de carga, estudo quanto a mudança de

procedimentos ou sistema com bombeamento contínuo de óleo.

e. Compressor

Ação localizada

Formar grupo de trabalho para identificar os melhores itens de controle e acompanhamento.

f. Efeitos negativos da refrigeração

Itens de controle

Temperatura da água à montante dos consumidores, teor de aditivos na água; pressão a montante

dos consumidores críticos.

g. Contaminação do sistema

Ações localizadas

Manter manutenção preventiva nas PSV’s críticas e estudar casos de contaminação, monitorar

suprimento de N2 para equipamentos críticos, estudar casos de contaminação pela linha de equalização,

linha de fundo ou água pelo instrumento de nível.

Item de controle

Acompanhar sólidos nas Matérias-Primas.

h. Passagem do catalisador provocando sujeira na purificação

Item de controle

Acompanhar teor de sólido a jusante do filtro.

Ações localizadas

Revisar procedimento de mistura do catalisador; acompanhar oscilações ou paradas repentinas de

fornecimento de gás para evitar obstruções do reator, rever projeto dos filtros do sistema de reação.

i. Influência da programação de produção sobre índices nas campanhas;

Ações localizadas

Estudo do tempo de desativação do catalisador, estudo de troca alternativa de carga do

catalisador; esforço para comercialização de maiores quantidades por venda; avaliação quanto a aluguel ou

redistribuição do espaço de estocagem de produto.

Page 240: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

238

INVESTIGAÇÃO DO PROCESSO A PARTIR DE OCORRÊNCIAS ANORMAIS

1.4 ESTATÍSTICA DE EVENTOS ANORMAIS

i. Número total de eventos

Em campanhas com período prolongado, acima de 14 dias, o número de eventos diminui – campanhas

inseridas nos períodos (3) e (4).

ii. Número de turnos sem eventos

Também aumento o número de turnos sem eventos anormais em campanhas acima de 14 dias.

iii. Alterações de carga, de reciclo e na purificação

Os períodos com menor número de alterações de carga (1) e (6) coincidiu com as campanhas de fase

líquida.

iv. Campanhas

C2 – muitos problemas na tancagem

C4 – muitos eventos anormais quando próximo à campanha C1

C3 – semelhante a C4

C1 – 2a campanha com problemas no compressor, aumentou número de eventos anormais.

v. Manutenção

Caldeiraria – muitas obstruções na tancagem devido à qualidade da matéria-prima (período 1-2; 7-8);

Mecânica – no período (5) houveram muitos problemas de compressor e bombas e no período (6), os

compressores foram os responsáveis pela baixa performance;

vi. Seções

Reação – acompanhou estatisticamente o mesmo comportamento dos eventos mecânicos no período

estudado. Geral – a performance das seções Y e Z é muito oscilante.

vii. Turma – performance por período

Quadro 1- Número de eventos anormais

Período Média Puxa cima Uniforme “desunida” Não-uniforme

(1) 7,4 D X D - (2) 9,8 C X - - (3) 7,4 C X C - (4) 6,4 E - - X (5) 10,8 B,C,E X A - (6) 9,0 - X - - (7) 10,0 D X D - (8) 13,4 A,B,C,E X D -

Fonte - construção própria

Page 241: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

239

É bom lembrar que o interessante é reduzir o número de eventos anormais. As turmas que

induzem estes números para baixo têm melhor performance. As causas deste comportamento não foram

analisadas.

viii. Horário

As seguintes informações precisam ser avaliadas:

0-8 = o número de eventos anormais funciona como efeito serrote;

8-16 = imprevisível

16-0 = suave tendência crescente no número de eventos

Page 242: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

240

APÊNDICE B – CASO 2: Aminas Aromáticas

2 AMINAS AROMÁTICAS (Detalhamento)

I. Cadeias de Anormalidades - UPI

Neste relatório as cadeias não foram descritas em forma de diagrama de bloco, somente foram

apresentadas as causas, conseqüências, freqüência e recomendações.

A construção do Mapa de Eventos Anormais (MEA) e a preparação do Relatório de Eventos

Anormais (REA) estão apresentados no corpo da monografia.

Áreas detectadas:

SR – Eventos (1), (2), (3), (4), (8), (9), (11)

SN – Evento (5) SA – Evento (6) SP – Evento (7), (10)

Cadeias de anormalidade: EVENTOS

(1) Temperatura alta na reação

(2) Transbordo do 6o Reator

(3) Parada da reação

(4) Oscilação da viscosidade de PI

(5) Serpentina furada em vaso da Neutralização

(6) Inversão de fases

(7) Recirculação da purificação

(8) Aquecimento dos reatores

(9) Drenagem dos reatores

(10) Obstrução de trocador em SP

(11) Problemas na medição de B

Detalhamento: Quadro 2 - EVENTO (1) Temperatura alta na reação – SR Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 17%

Baixa vazão de selagem bomba Baixa eficiência da bomba

Carga alta – deficiência térmica Vazão baixa de recirculação

Maior viscosidade de PI Viscosidade oscila Amperagem alta

Corrigir vazão de selagem Operar com 2 bombas para carga alta

Fonte: construção própria

Page 243: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

241

Quadro 3 - EVENTO (2) Transbordo do 6o Reator Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 6%

Baixa eficiência do trocador neutralização SN

Massa de reação parada 4 dias Corrosão no sistema de transferência

Pressurização no SN com retorno de massa Obstrução pescante Desarmes da bomba Obstrução do trocador

Sanar problemas que provocam temperatura alta Evitar massa de reação parada mais de 3 dias Evitar sólidos na massa de reação

Fonte: construção própria

Quadro 4 - EVENTO (3) Parada da reação

Fonte: construção própria Quadro 5 - EVENTO (4) Oscilação da viscosidade de PI

Fonte: construção própria Quadro 6 - EVENTO (5) Serpentina furada em vaso da SN

Fonte: construção própria Quadro 7 - EVENTO (6) Inversão de fases

Fonte: construção própria

Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações

%

Transbordo do reator

Níveis falsos tanq Recirculação SP Diluição de B em SR

Parada da reação Aferir níveis tanques Manter relação diluição de B Nível em SP

Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 17%

Descontrole da razão A/B

Indicador de B preso

Variação da qualidade de PI

Aferição vazão B By-pass e verificar vazão de B

Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 4%

Excesso de S prejudicando separação

Inversão de fases, inorgânico para orgânico

Baixa eficiência em SA Corrosão equipamento Obstrução de filtros

Verificação mensal nível Acompanhar processo em SN

Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 8%

Reação SN incompleta

Presença de intermediários

Controlador de interface obstruído Linhas obstruídas PI com cor alta

Verificação periódica dos controladores Não transferir massa de reação incompleta

Page 244: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

242

Quadro 8 - EVENTO (7) Recirculação da purificação através de R3

Fonte: construção própria Quadro 9 - EVENTO (8) Aquecimento dos reatores

Fonte: construção própria Quadro 10 - EVENTO (9) Drenagem dos reatores

Fonte: construção própria Quadro 11 - EVENTO (10) Obstrução de trocador em SP

Fonte: construção própria Quadro 12- EVENTO (11) Problemas na medição de B

Fonte: construção própria

Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 38%

Oscilações na composição carga para purificação

Sal para purificação por inversão de fases Vaporização excessiva SP Vaporização deficiente SP Saturação de trocador

Sobrecarga para SP Obstrução de filtro e trocador ent SP Obstrução no siste. vácuo de SP A para 2o estágio SP

Maior controle SR e SN Baixar temp 1o est. SP Verificar vazão ent SP Revisar proced. regener trocador em SP Verificar 2o estágio SP Perfil temp. vs vaporiz.

Freqüência Causa mãe Outras causas

Conseqüências Recomendações

2%

Reação incompleta

Presença de intermediários prejudicando neutralização e purificação

Fazer teste de bancada e de laboratório sobre reação Manter níveis de SP controlados

Freqüência Causa mãe Outras causas

Conseqüências Recomendações

2% Transferência incorreta da massa dos reatores

Neutralização incompleta

Diminuir carga da reação temporariamente

Freqüência Causa mãe Outras causas Conseqüências Recomendações 2%

Vaporização excessiva de PI em SP

Baixa eficiência de vácuo no 2o estágio

Diminuir temperatura Desobstruir trocadores

Freqüência Causa mãe Outras causas

Conseqüências Recomendações

2%

Sujeira no tanque de B

Qualidade de PI (-) Baixa eficiência em SN, SA e SP

Instalar filtro

Page 245: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

243

2.2 CADEIAS DE ANORMALIDADES - UA

No caso da Unidade de Ácidos, foi construída a tabela abaixo de avaliação de anormalidades.

Tabela 3 – Avaliação de Anormalidades

Anormalidade Conseqüência Causas prováveis Ações Recomendações

Quebra de tubo em trocador de vidro – SP1

Elevação de temperatura

Pressurização do header de águaChoque térmico, água com AC1

Evacuar área; Cortar água e baixar vazão de AC1

Avaliar cabeçote do trocador para evitar aumentar vazamentos na parada

Pressurização de tanques – AC1

Deformação no teto Obstruções por orgânico Indicação falsa

Interromper sopragem, ou equalização ou carregamento

Atenção nos procedimentos operacionais

Falta ou queda de vazão para SP1

Parada da UA Desarme da bomba de AC1 Obstruções na válvula de vazão

Cortar AC1 para SP1 Controlar nível da coluna

Aquecimento para tanques Transferir - fornecedor direto

Perda de nível na coluna – SP1

Parada da UA Perda de vácuo, se 0

Indicação falsa de nível Falha - malha de controle vazão AC1 não especificado

Bloquear AC1 para coluna – painel e campo

Aferir malha de nível Conferir indicação painel vs campo

Nível muito alto na coluna – SP1

Quebra de recheio Falha de procedimentos

Descontrole nas malhas de vazão e de nível

Bloquear AC1 para coluna, painel e campo

Checar alinhamentos e malhas de controle - partida

Pressão alta na coluna– AS

Rompimento de RO na coluna

Obstrução de condensador SA - coluna opera atolada; furos

Informar sobre pressurização

Manter condensador disponível

Nível no tubo de fundo – SP2

Quebra do tubo Quebra da coluna

Entrada de ar através da selagem de vácuo, sólido

Reduzir carga;Parar planta; reduzir vácuo gradativo

Evitar sólido no AC1 Evitar orgânico no tubo

Vazamento de AC1 na SP1

Corrosão, perdas, risco de acidentes

Choque térmico, aumento de vazão, aperto de flange inadequad

Avaliar extensão, parar planta e corrigir problema

Torque adequado no aperto em flange

Vazamento de ácido na SP2

Corrosão, perdas, risco de acidentes

Aperto inadequado nos flanges de linhas e equipamentos

Avaliar extensão, parar planta e corrigir problema

Torque adequado no aperto em flange

Transbordo de tanques

Perda de produto, risco de acidentes

Indicação falsa de nível, transferência incorreta, alinhament

Parar operação, informar, isolar área, lavar

Maior cuidado na transferência, rotina check de nível

Furo nos trocadores SP2

Corrosão do sistema de condensado

Uso de vapor superaquecido, martelo hidráulico

Informar painel, parar, cortar vapor (painel e campo)

Operar sempre com vapor saturado

Trinca da coluna de vidro SP1

Parada de planta, risco acidentes

Choque térmico, flange tensionado, impacto mecânico

Informar painel, parar, drenar coluna, isolar área

Aquecer lentamente a coluna

Vazamento de água para UA

Choque térmico Corrosão em linhas de água, falta de proteção contra chuvas

Colocar reparos para evitar respingos

Furo na linha de ACR

Contaminação, per-das, corrosão linhas

Temperatura alta, concentração de ácido

Parar transferência e trocar de linha

Manter T saída da planta em 45oC

Trinca ou quebra na serpentina Trocador

Concentração de ácido, perda, furo

Maior pressão de água Choque térmico

Informar, parar, bloquear água e drenar equipamento

Checar alinhamento de água antes da partida.

Fonte: construção própria 2.3 INTERPRETAÇÃO DA ESTATÍSTICA DAS ANORMALIDADES – UPI, UPF, UA

Esta técnica é complementar à construção do MEA e irá validar suas interpretações através da

estatística dos eventos anormais.

A intenção foi construir a estatística das anormalidades, ocorrida durante quatro meses para

avaliar quais equipamentos ou sistemas precisavam de mais atenção para estudo. É importante que o

período avaliado inclua aquele em que foi construído o MEA.

Page 246: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

244

Tabela 4 – Dados estatísticos na UPI (rotativos com anormalidades por mês) D = desarme S = selagem BSR1 = bomba 1 da seção de reação BVSP1 = bomba de vácuo 1 da seção de purificação BA = bomba que transfere A para SR FRIO = sistema de água gelada

Equipamento Total Maio Junho Julho Agosto BSR1 12S 1D 2 S 4 S 2 S 1 D 4S BSR2 1S - - 1S - BSN1 1S - 1S - - BSN2 2S 1S - - 1S BSP1 2S 1S - - 1S

Tot. bomb. Trans 18S 1D 4S 0D 5S 0D 3S 1D 6S 0D BVSP1 2S - - 2S - BVSP2 12D 1D 9D 2D - BVSP2 3D 1D 1D 1D - Tot bomb vacuo 2S 15D 0S 2D 0S 10D 2S 3D 0S 0D BA 1S - - - 1S BAC 1D - - - 1D FRIO 1D - - - 1D Total 21S 18D 4S 2D 5S 10D 5S 4D 7S 2D

Tabela 5– Dados estatísticos na UPF (rotativos com anormalidades por mês) D = desarme S = selagem BSR1 = bomba 1 da seção de reação BVSP1 = bomba de vácuo 1 da seção de purificação BA = bomba que transfere A para SR FRIO = sistema de água gelada BSD1 = bomba 1 da seção de degaseificação BSP1.2 = bomba 2 da seção de purificação 1 ESP2.1 = Equipamento rotativo 1 da seção de purificação 2 Equipamento Total Maio Junho Julho Agosto BSR1 1D - - - 1D BSR2 4S 1S 2S - 1S BSR3 8S 1S - 2S 5S BSS1 1D - 1D - - BSD1 1S - 1S - - BSD2 1S - 1S - - BSP1.1 1D - - 1D - BSP2.1 1S - - - 1S BSP2.2 4S - 2S 2S - BUD1 1D - - - 1D ESP2.1 3S - 1S 1S 1S Tot. equip rotat 22S 4D 2S 0D 7S 1D 5S 1D 8S 2D BVSP1 1S 1D - - - 1S 1D BVSP2 1D - - - 1D BVUD1 1D - 1D - - BVUD2 3S - 1S 1S 1S Tot bomb vacuo 4S 3D - 1S 1D 1S 0D 2S 2D

Fonte: construção própria

Tabela 6– Dados estatísticos na UA, UTE (rotativos com anormalidades por mês) D = desarme S = selagem BLG1 = Bomba 1 do lavador de gases SLG1 = Soprador 1 do lav.gases Equipamento Total Maio Junho Julho Agosto

BLG1 1D - - - 1D SLG1 1D 1D - - - BUTE1 1D - - - 1D BUTE2 1S 1D - - 1D 1S BUA1 2D 1D - - 1D Total 1S 6D 2D - 1D 1S 3D

Fonte: construção própria

Page 247: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

245

Tabela 7 – Classificação das prioridades Critérios: A (urgente) B (preocupante) C (administrável) Geral: A (> 6 eventos) B (entre 3 e 6 eventos) C (abaixo de 3 eventos) Para SLG (lavagem de gases); UPF (BSR3, BSD) ; BUTE; FRIO – critério específico Específico: A (maior que 2 eventos) B (entre 1 e 2 eventos) C ( 0 evento)

Equipamentos Equipamentos Área TAG

Selagem Desarme Prioridade Área TAG

Selagem Desarme Priori- dade

UPI BSR1 12 1D A UPI BVSP1 2 - C

BSR2 1 0 C BVSP2 - 12 A

BSN1 1 0 C BVSP2 - 3 B

BSN2 2 0 C BA 1 - C

BSP1 2 0 C BAC - 1 C

FRIO - 1 B

UPF BSR1 - 1 C UPF BVSP1 1 1 C

UPF BSR2 4 - B UPF BVSP2 - 1 C

BSR3 8 - A BVUD1 - 1 C

BSS1 - 1 C BVUD2 3 - B

BSD1 1 - B UTE BLG1 - 1 B

BSD2 1 - B SLG1 - 1 B

BSP1.1 - 1 C BUTE1 - 1 B

BSP2.1 1 - C BUTE2 1 1 B

BSP2.2 4 - B UA BUA1 - 2 B

BUD1 - 1D C

ESP2.1 3S - B

Fonte: construção própria Tabela 8– Dados estatísticos na UPI (furos e obstruções em linhas e equipamentos) F = furos ou trincas O = obstruções Critério = A (maior que 4) B (entre 2 e 4) C (abaixo de 2) TAG Linhas Total Maio Junho Julho Agosto Prioridade

LDSR linha dreno reação 6O 2O 1O 3O - A LSR linha entre reatores 5O 1O 1O 2O 1O A R1, R2 tubo do reator 8O - - 4O 4O A R5 vent do reator 1O - - - 1O C LB linha de B 2O - - 1O 1O B

LSA1 Linha 1 da sep de água 1O - - 1O - C

LSA2 Linha 2 da sep de água 2O 1O 1O - - B

LSP1 Entre flashes 2O 1O - 1O - B

pTP Perna bar. Trocador P 1O - - 1O - C

sEP Linha selo evaporador 2O 2O - - - B

LSP2 Fundo vaso 1O 1O - - - C

LUPI/F Linha entre UPI/UPF 2O 1O - - 1O B

LSP3 Trocador off-g p vaso 3O 1O - 1O 1O B Total 36O 10O 3O 14O 9O

Critério = A (maior ou igual 3) B ( 2 ) C ( 1 ) Para tanque de ácido A ( pelo menos 1)

Equipamentos TSR1 Trocador da reação 3O - 1O 2O - A TSN1 Trocador neutralização 1O 1O - - - C TSP1 Trocador purificação 1O 1O - - - C BSP Bomba da purificação 1O 1O - - - C TAC Tanque de ácido 1F 1F - - - A Total 6O 1F 3O 1F 1O 2O - Instrumentos

Page 248: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

246

Equipamentos vSR1c Válvula -campo reação 1F - - 1F - C SFSR1 Selo vazão reação 6O - 4O - 2O A lcSA1 Nível interface águas 1O - 1O - - C lcSA2 Nível interface águas 1O 1O - - - C lcSA3 Nível interface águas 1O 1O - - - C TFSN1 Tomadas vazão neutral 1O 1O - - - C VclSP1 Válv. cont. nível Purific 1O 1O - - - C VclSP2 Válv. cont. nível Purific 1O 1O - - - C VcpSP1 Válv. cont. press Purific 1O 1O - - - C Total 13O 1F 6O 5O 1F 2O

Fonte: construção própria

Tabela 9– Dados estatísticos na UPF (furos e obstruções em linhas e equipamentos) F = furos ou trincas O = obstruções Critério geral= A (maior que 4) B (entre 2 e 4) C (abaixo de 2) Critério específico = A (pelo menos 1) - SLG TAG Linhas Total Maio Junho Julho Agosto Prioridade

LUD1 Fundo de vaso 1O - - - 1O C LUD2 Tube de vaso 1O - - 1O - C LUD3 Mangote de vaso 1O - - - 1O C LUD4 Linha vaso p vaso 2O - 1O 1O - B LUD5 Linha vaso p vaso 2O - 1O - 1O B LUD6 Linha p vaso produto 4O - 1O 2O 1O B LUD7 Linha vaso p vaso 3O - 1O 1O 1O B LUD8 Linha evaporador 1O - 1O - - C LUD9 Linha condens trocad 1O - - 1O - C LSD1 Linha de fibra 1F - - - 1F A LPF Linha de produto fin. 1O - - 1O - C Total 17O 1F - 5O 7O 5O 1F

Critério = A (maior ou igual 3) B ( 2 ) C ( 1 ) A Para equipamento /instrumento ácido e trocador furado( pelo menos 1) TAG Equipamentos Total Maio Junho Julho Agosto Prioridade DSR3 dispersor 1O - 1O - - C TSP1 Trocador purificação 1F 1F - - - A VUD1 Vaso de UD 1O 1O - - - C VUD2 Vaso de UD 1O 1O - - - C LG1 Lavador gases 1O 1O - - - C Total 4O 1F 3O 1F 1O - - Instrumentos vclSD1 Válv. cont nível degas 1F - 1F - - A vcfSD1 Válv. cont. vazã degas. 1F - - 1F - A VcfSP1 Válv. cont. flux

Purifica 1O 1O - - - C

TclUD1 Transmissão cont nível

1O - - - 1O C

Total 2O 1F 1O 1F 1F 1O Fonte: construção própria Tabela 10– Dados estatísticos na UA e UTE (furos /obstruções em linhas /equipamentos) F = furos ou trincas O = obstruções Critério geral= A (maior que 4) B (entre 2 e 4) C (abaixo de 2)

TAG Linhas Total Maio Junho Julho Agosto PrioridadeLaAC1 Linha alimenta AC1 6F 31O 1O 4F 4O 1F 10O 1F 16O A LSP1 Linha no stripping 1F 6O - 1F 2O 3O 1O A LSP2 Linha ácido fim purific. 4F 10O 1O 1F 4O 1F 2O 2F 3O A LSA Linha da seção absorção 1O - - - 1O C

Page 249: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

247

TAG Linhas Total Maio Junho Julho Agosto PrioridadeLbSP2 Linha após bomba 4F - - 2F 2F B LACR Linha de ácido reconcen 2F 1F - - 1F B LUTE1 Linha de efluentes 2F - - - 2F B Total 19F 48O 1F 2O 6F 10O 4F 15O 8F 21O

Fonte: construção própria Tabela 11 - Dados estatísticos na UA e UTE – linhas, equipamentos e instrumentos Critério = A (maior ou igual 3) B ( 2 ) C ( 1 ) A Para equip/inst ácido e trocador furado( pelo menos 1)

Equipamentos Total Maio Junho Julho Agosto PrioridadeTSP2.1 Trocador flash1 1F 1F - - - A TSP2.2 Trocador flash2 1O 1O - - - C TaSP1.1 Trocador alim strip. 1F 1O - 1F 1O - - A BSP2 Bomba flash 1F - 1F - - A TAC2 Vaso de AC2 1O - - 1O - C BAC1 Bomba de AC1 2O - - - 2O B BACR Bomba de ACR 2O - - - 2O B Total 7O 3F 1O 1F 2F 1O 1O 4O Instrumentos Ph Phmetro 1O - - - 1O C

Fonte: construção própria

Interpretação dos indicadores Estatísticos de Eventos Anormais:

Tabela 4 – Dados estatísticos na UPI - rotativos

Notamos que a bomba 1 na seção de reação apresentou mais de 50% das anormalidades. Estes

eventos estavam igualmente distribuídos no período de quatro meses.

Hipótese - Reação fora de controle.

Já no caso dos rotativos do sistema de vácuo, notamos que a bomba de vácuo 2 da seção de

purificação apresentou baixa performance principalmente no mês de junho com 9 desarmes.

Hipótese - Excesso de vaporização.

Durante o período que foi acompanhado notamos a melhor performance no mês de maio (6

anormalidades) contra a pior performance no mês de junho (15 anormalidades).

Tabela 5 – Dados estatísticos na UPF - rotativos

A seção de reação nesta unidade foi a que apresentou mais eventos anormais que envolveu

equipamentos rotativos (13 eventos). Sendo que a bomba de recirculação da reação foi a de pior

performance no período (8 eventos de selagem).

Notamos que o principal problema que envolve rotativos na UPF é de selagem de bombas, sendo

importante a revisão dos sistemas existentes.

Hipótese - Produto atacando material da selagem ? pressão alta ?

Page 250: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

248

O pior mês foi agosto com 14 ocorrências anormais nos equipamentos rotativos.

O melhor mês foi maio com apenas 2 ocorrências anormais nas seção de reação.

Tabela 6 – Dados estatísticos na UA e UTE - rotativos

No caso destes equipamentos na unidade de ácidos e de tratamento de efluentes, o principal

evento foi desarme, com 6 eventos; e a selagem, com 1 evento.

Preocupou bastante os desarmes na seção de lavagem de gases que pode provocar contaminação

atmosférica séria.

Tabela 7 – Classificação das prioridades - rotativos

Prioridade A - urgente

Na UPI, BSR1 – bomba de recirculação da reação e BVSP2 – bomba de vácuo

Na UPF, BSR3 – bomba de recirculação da reação

Na UA e UTE – nenhum equipamento rotativo

Tabela 8 – Dados estatísticos na UPI – linhas, equipamentos e instrumentos

Notou-se que na UPI, só ocorreram eventos do tipo obstrução nas anormalidades de trechos de

tubulação.

A seção de reação foi a responsável por mais de 40% dos eventos. Isto mostra que as

instabilidades da reação química provocam obstruções diversas.

As linhas com prioridade de ação urgente (A) são a linha de dreno do reator, a linha entre os

reatores, e o tubo do reator. É fundamental a mudança de procedimentos nesta região.

O mês de julho foi o que teve mais eventos de obstrução (14) e o mês de junho menos (3).

Nos equipamentos e instrumentos repetiu-se a performance em relação aos trechos de tubulação,

a seção de reação foi a responsável pelos eventos com prioridade A.

Neste período houve também furo em tanque de ácido – Hipótese – corrosão; problema nas

juntas.

Notou-se que para os equipamentos e instrumentos os meses de julho e agosto tiveram uma boa

performance (1 e 2 eventos).

Page 251: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

249

Tabela 9 – Dados estatísticos na UPF – linhas, equipamentos e instrumentos

Para a UPF, a preocupação não é mais a reação química.

Os eventos que foram classificados como prioritários estão localizados em equipamentos e linhas

que furaram no período. Linha de fibra na SD, válvulas na SD e trocador na SP1.

Os furos na SD provocam contaminação ambiental com emissões de G.

O furo no trocador da SP1 pode contaminar o processo com umidade e provocar obstruções

graves na seção de reação e outros furos no processo.

Em termos de furo e obstruções em linhas, a melhor performance foi no mês de maio. Nos

outros meses, o número de eventos foi praticamente o mesmo.

Ao realizar acompanhamento cronológico de furos no período, notou-se que:

• Primeiro furo ocorreu n o trocador na purificação (maio)

• O segundo furo na válvula de controle de nível na SD (junho)

• O terceiro furo na válvula de controle de vazão na SD (julho)

• Para finalizar, o quarto furo na linha de fibra na SD (agosto)

Observou-se que os eventos estão, aparentemente, interligados.

Tabela 10 - Dados estatísticos na UA e UTE – linhas, equipamentos e instrumentos

A linha de alimentação de AC1 é responsável por quase 75% dos eventos de obstrução nestas

unidades. O principal motivo é a quantidade de orgânico que vem com AC1 e acumula no tanque,

prejudicando assim a transferência.

Houve um aumento gradativo mês a mês do número de obstruções nestas unidades. No mês de

maio, 2 obstruções; no mês de junho, 10 obstruções (4 na linha de alimentação); no mês de julho, 15

obstruções (10 na linha de alimentação); e finalmente, no mês de agosto, 21 obstruções (16 na linha de

alimentação).

Observou-se, também, que o maior número de furos sempre ocorreu do final da seção de

purificação até a linha de transferência de ACR. Maio (1 furo), junho (1furo), julho (3 furos) e agosto(7

furos). Neste caso também houve um aumento gradativo do número de furos.

Hipótese - Existe alguma correlação das obstruções na entrada com os furos na saída ?

Os equipamentos que tiveram classificação A foram os seguintes: trocador de SP2(1 f), trocador

de alimentação SP1 (1 f), bomba de recirculação de SP2 (1 f). Neste caso, o critério foi mais rigoroso

devido a vazamento por ácido poder provocar acidente grave.

Page 252: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

250

Analise do Relatório de Eventos Anormais (REA) e Estatística de Eventos Anormais (EVA)

para identificação dos itens de controle na UPI

Dos 11 eventos apresentados no REA, 6 ocorreram na seção de reação.

Todos os eventos da SR (exceto 11) foram provocados por distúrbios na reação química.

As linhas e equipamentos que sofreram mais foram também da seção de reação (principalmente

devido a selagem de bombas e obstrução de linhas).

Assim, iniciamos nossas necessidades em termos de AEP, pela massa reacional.

A massa reacional instável pode provocar os outros eventos na SN, SA e SP.

O evento anormal que teve maior freqüência foi a recirculação da purificação com 37%.

Um dos motivos principais de haver esta recirculação foi excesso de sal, ou mudança de

composição na carga da purificação. Notou-se também que, devido a muitos eventos de desarme nas

bombas de vácuo da SP, é possível que esteja havendo excesso de vaporização nesta seção.

Definiu-se por iniciar os acompanhamentos pela massa reacional e vaporização na purificação.

2.4 ACOMPANHAMENTO ESTATÍSTICO DE PROCESSOS -AEP

As atividades de acompanhamento de processo no período foram as seguintes abaixo discriminadas:

a. Acompanhamento de parâmetros de processo (coleta de dados, lançamento nas planilhas,

cálculos diversos, correlações e interpretação dos gráficos).

b. Acompanhamento de resultados analíticos do processo, da matéria prima e do produto

acabado (coleta de dados, lançamento nas planilhas, cálculos diversos, correlações e interpretação dos

gráficos).

c. Acompanhamento da produção (quantidade produzida, continuidade, causas de parada e

performance das campanhas).

d. Acompanhamento dos efluentes e monitoramento ambiental.

e. Definição, realização e avaliação de testes (em operação normal (EVOP) e específicos em

condição especial).

f. Acompanhamento dos índices de consumo de matéria prima, insumos e utilidades.

Pode-se re-agrupar a avaliação destes itens de processo da seguinte maneira:

I. Acompanhamento dos parâmetros de laboratório e de operação (AEP).

Page 253: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

251

II. Acompanhamento da produção (apesar de melhora sensível no período, não será detalhado

neste trabalho – de 50 para 85%).

III. Acompanhamento de efluentes (AEP, exceto monitoramento ambiental).

IV. Definição e acompanhamento de testes (descritas nas ações localizadas ALO).

V. Acompanhamento de índices de consumo (não será detalhado neste trabalho).

Este trabalho pretende descrever as atividades de acompanhamento de processo resultante do

diagnóstico de eventos anormais (DIPEA) apresentado nos itens anteriores. Assim, a concentração será

dirigida ao acompanhamento de processos da Unidade de Produtos Intermediários (UPI).

I. Acompanhamento dos parâmetros de laboratório e de operação (AEP)

Como resultado do diagnóstico citado acima, foram escolhidos os seguintes itens de controle para

serem acompanhados:

Quadro 13 – Itens de acompanhamento de diagnóstico

a)Resultados analíticos Matéria prima Processo Produto Pureza de A PI em A Pureza de AC

Razão AC / A %S em SN PI em R1 (reciclo 1) Sal em PI para SP

AG em PI A em PI Viscosidade de PI 2Ø em PI Cor em PI

b)Parâmetros de processo Temperatura nas reações - R1, R2, R3 Temperaturas na SP c)Produção Quantidade produzida Horas paradas e motivos d) Índices

Consumo de A/ produção Consumo de B / produção Consumo de AC/ produção

Fonte: construção própria

Neste período acompanhou-se a média, desvio padrão, limites estatísticos superior e inferior.

Interpretação de processo quanto às anormalidades:

Opta-se por manter acompanhamento diário sobre a massa reacional por procedimento específico

de teste na bancada do lado do reator para evitar que ocorram problemas sérios do tipo “engrossar a

massa”, transbordar os reatores, solidificar a massa, desarmar agitador e bombas de reação. Baseado na

hipótese de que a corrente de reciclo R1 esteja muito rica em PI, partiu-se para realizar testes na

Page 254: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

252

temperatura de SP1. Apresentam-se os dados de três meses de acompanhamento de itens de controle (PI

em A; Razão AC/A; PI em R1; T em SP1; 2Ø em PI; Cor em PI).

Quadro 14 - Acompanhamento de itens de controle por três meses

MÊS X

Parâmetros 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

PI em A 3.3 2.0 4 3 0.6 0.5 2.4 2.4 6.6 1.8 4.9 4.2 4.3 4.9 1.9 1.5 3 2 4 5 1.8 4.1 2.8 2.6Razão AC/A 81 63 67 71 113 78 70 65 72 66 68 65 62 66 64 65 62 63 69 68 68 PI em R1 24 11 6 23 17 12 13 8 12 12 19 T em SP1 60 60 71 70 72 60 60 60 60 60 60 60 60 60 2Ø em PI 71 68 55 67 63 61 61 66 65 66 64 65 63

Cor em PI 16 16 16 16 16 16 16 16 16 9 16 9 16 16

Mês X+1 Parâmetros 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

PI em A 2,3 2,8 1,2 2,1 1,3 1,2 2,2 3,0 0,6 1,2 5,9 5,9 2,0 2,3 2,0 2,6 1,7 4,9 2,0 2,0 2,1 2,4 0,8 3,5 1,4 2,1 1,9Razão AC/A 65 61 63 64 65 65 64 61 62 60 65 72 70 62 65 62 61 62 61 42 63 62 62 66 PI em R1 12 15 11 11 12 13 13 17 14 14 14 15 14 9

T em SP1 60 60 60 59 58 58 58 58 58 59 58 58 58 58 60 58 58 2Ø em PI 62 62 64 65 65 63 60 67 66 63 62 64 61 63 65 65 62 64

Cor em PI 16 16 9 9 16 16 6 6 6 9 16 7 16 8 8 7 16 16

Fonte: construção própria ,

Gráfico 5 - PI em A – Mês X e X+1

01234567

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

PI em A mXPI em AmX+1

Fonte: construção própria

Média Mês X e Mês X + 1

Parâmetros Média MÊS X

Desvio padrão

Limite EI Limite ES Média MÊS X+1

Desvio padrão

Limite EI Limite ES

PI em A 3.1 1.5 0.5 6.6 2.3 1.3 0.6 5.9 RazãoAC/A 70 11 62 113 63 05 42 51 PI em R1 14 6 0 32 13 2 7 19 T em SP1 62.4 4.7 48.3 76.7 58.6 0.9 55.9 61.3 2Ø em PI 64.3 3.8 52.9 75.7 63.5 1.7 59.8 66.9 Cor em PI 15 2 9 16 11 4 6 16 Fonte: construção própria

Page 255: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

253

Gráfico 6 - Razão AC/A– Mês X e X+1

405060708090

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Razão AC/AmXRazão AC/AmX+1

Fonte: construção própria

Gráfico 7 - PI em R1– Mês X e X+1

49

1419

24

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

PI em R1mXPI em R1mX+1

Fonte: construção própria

Gráfico 8 - (T em SP1) e (2Ø em PI) – Mês X e X+1

55

60

65

70

75

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

T emSP1mXT emSP1mX+12Ø em PImX2Ø em PImX+1

Fonte: construção própria

Gráfico 9 - Cor em PI

579

11131517

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

Cor em PImXCor em PImX+1

Fonte: construção própria

Interpretação dos gráficos

PI em A

Notamos que a média de PI reduziu do mês X para X+1 (3,1% para 2,3%), isto pode ter sido

resultado de um controle maior sobre a massa reacional e o excesso de vaporização em SP1. A

variabilidade de PI em A diminuiu também (1,5 para 1,3).

Page 256: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

254

O gráfico demonstra que no período de 2 a 12 do mês X+1 ocorreu uma estabilidade na

performance deste item, onde a média teve uma tendência de redução de 3 para 1%. O “grande lance” é

manter as condições da planta semelhante ao período de melhor performance.

Razão AC/A

Notou-se uma redução na variação deste item de controle do mês X para X+1 (11 para 5),

provavelmente devido a um maior controle na reação química.

A média deste item diminuiu para faixas mais confiáveis (70 para 63), embora no dia 22 do mês

X+1 tenha dado 42 que é considerado baixo.

Como será apresentado em revisão de procedimentos operacionais, o teste de bancada para a

massa reacional aumentou a rapidez do controle sobre a reação (é importante neste caso avaliar a

tendência e não o comportamento exato), evitando problemas mais graves de reação.

PI em R1

Notou-se que houve uma melhora do mês X para X+1, onde, a variabilidade em X(6) diminuiu

para 2 no mês X+1.

O interessante é que a média auferida foi semelhante, significando que, apesar nas mudanças na

SP1, não ocorreu uma diminuição de PI retornando na corrente de reciclo R1.

T em SP1

A média desta temperatura reduziu de 62,4 oC para 58,6 oC.

Estes valores devem ter auxiliado, também, na diminuição de eventos de desarme das bombas de

vácuo de SP1 e de SP2.

A redução de PI na corrente de reciclo A é esperada com a redução desta temperatura.

Por outro lado, é esperada também uma maior estabilidade em SR, com uma distribuição de peso

molecular mais estável, também provocando uma melhora na qualidade de PI na saída da planta.

Com certeza, os eventos de recirculação em SP, indicados pela DIPEA, ocorreram menos.

Notou-se, também, diminuição na variabilidade deste item (4,7 oC para 0,9 oC).

2Ø em PI

Embora a média de 2Ø em PI se mantenha bem próxima do mês X para X+1 (em torno de

63,8%), ocorreu melhora sensível na variabilidade (era 3,8% e passou para menos da metade, 1,7%), desta

forma, indicando melhora sensível na estabilidade da reação química.

Cor em PI

Neste item de controle, o aumento de variabilidade foi interessante para a qualidade do produto

final. Na verdade, a Cor vinha dando o valor máximo continuamente, passando então a variar e, as

amostras coletadas passaram a ter cor de “mel”, provocando contentamento na equipe de operação.

Page 257: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

255

A média que era de 15 no mês X passou para 11 no mês X+1.

A variabilidade que era 2 no mês X passou para 4 em X+1.

III. Acompanhamento de efluentes (AEP, exceto monitoramento ambiental);

Itens de controle

Os principais itens de controle acompanhados no período foram os seguintes: vazão, DBO ou

DQO, MS. Baseados em acompanhamento de processo e em procedimentos operacionais pode-se

descrever os seguintes fatores contribuintes dos itens de controle citados acima:

Vazão

Selagem de bombas, lavagem de tanques, drenagens do dispersor e lavagens de planta.

DQO/DBO

Operação do lavador cáustico (perda de solvente por psv’s para lavador cáustico), troca de

dispersores, troca e limpeza de filtros e transbordo de vasos.

Matéria Sólida (MS)

Troca dos dispersores e filtros, teor de sódio alto no lavador cáustico, reação entre efluentes (UPF

e UA).

Vamos localizar as prováveis causas através do Mapa de Controle Ambiental (Fig. 9 - MCA), onde

Selagem de bombas – (a); Lavagem de tanques – (b); Drenagens e limpezas dos dispersores e

filtros – (c); Lavagens de planta – (d); Operação do lavador cáustico - (e); Transbordo de vasos

– (f); Reação entre efluentes – (g)

Tabela 12 - Acompanhamento 1- volume, vazão DBO e MS

Mês Ano Volume (m3)

Vazão (m3/h)

DBO (kg) MS (kg)

Nov Y0 23213 32 69926 15126 Dez 9808 13 29947 4982 Mar Y1 3651 5 1938 1172 Abr 4174 5,6 26433 876 Mai 23412 32,5 50716 12050 Jun 18549 25 59655 16246 Jul 2768 4 11403 6785 Ago 2464 3,3 11768 3689 Set 3718 5,2 16936 1192 Nov 8102 11,2 37413 5327 Jan Y2 18730 26 0 0 Fev 8093 11,6 18328 3691 Mar 7991 11 38948 6147 Abr 8420 11,3 33039 4007 Mai 5692 8 14773 2939 Fonte: construção própria

Page 258: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

256

Gráfico 10 - Acompanhamento do volume (m3/mês) e do MS (kg/mês)

PERFIL DO EFLUENTE

05000

10000150002000025000

Novembro

Dezem

broAbril

MaioJu

nhoJu

lho

Agosto

Setembro

Novembro

Fevere

iro AbrilMaio

MÊS

m3/

mês

; kg

/mês

VazãoMS

Fonte: construção própria

Gráfico 11 – Acompanhamento do DBO (kg/mês)

PERFIL DO EFLUENTE

0

20000

40000

60000

80000

Novembro

Dezem

broAbril

MaioJu

nhoJu

lho

Agosto

Setembro

Novembro

Fevere

iroAbril

Maio

MÊS

Kg/

mês

DBO

Fonte: construção própria

Tabela 13 - Acompanhamento 2

Vazão (m3/h) DQO (kg/h) MS (kg/h) Mês/Ano Média Desvio Média Desvio Média Desvio

Observações

Dez /Y3 4,5 1,6 5 2,9 1,3 1,4 Jan/Y4 3,8 2,2 0,7 0,4 Fev/Y4 5,3 5,9 3,3 0,5 0,2 Mar/Y4 6,6 2,5 1,8 1,3 0,4 0,2

Fonte: construção própria

Page 259: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

257

Gráfico 12 - Média e desvio padrão

PERFIL DO EFLUENTE

01234567

Dezembro Janeiro Fevereiro MarçoMÊS

Kg/

h

MédiaDQODesvioDQOMédiaMSDesvioMS

Interpretação dos gráficos

Notou-se ao analisar os gráficos 10 e 11 que as tendências se repetiram para volume, dbo e

sólidos. Provavelmente as causas de cada um dos itens de controle são as mesmas.

No gráfico 10, entre Novembro e Março/Y1 e entre Maio e Julho/Y1, ocorreram reduções de

aproximadamente 20 000 para 5 000 m3/mês no volume e Kg/mês no MS.

A partir da finalização da investigação de ocorrências anormais, foram executados ações

localizadas e revisados procedimentos operacionais, tendo conseqüências na melhora do perfil de

efluentes.

Com alguns dos problemas resolvidos e controlados como indicado no período de Agosto /Y1 à

Maio /Y2, o perfil do efluente foi mantido na seguinte condição: Volume = 7000 m3/mês (9,7 m3/h);

DBO = 28000 Kg /mês (39 Kg /h); MS = 4000 Kg/mês (5,6 Kg/h).

No gráfico 12, entre os anos Y3 e Y4, depois de realizadas outras ações localizadas e

padronizados os procedimentos operacionais, conseguiu-se redução para: DQO = 5 Kg/h (fator

aproximado de 3,5) ou seja DBO = 17,5 Kg/h; (tabela 2) Volume = 5 m3/h; MS = 0,5 Kg/h. Ou seja,

redução de período, volume, DBO e MS.

Período Volume DBO MS Maio/Y2 9,7 39 5,6 Janeiro/Y4 5 17,5 0,5

Proporção 51,5% 49,9% 8,9%

Considerado um ótimo resultado da aplicação da metodologia de investigação de processos para

minimizar resíduos na fonte.

É importante confirmar que os métodos para análise de efluentes devem ser constantemente

aferidos, pois, com a melhora de performance da planta pode ocorrer “mascaramento” dos resultados

analíticos, para cima ou para baixo.

Page 260: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

258

Analisando o gráfico 3, apresenta-se o seguinte comportamento em relação ao desvio padrão: para

o DQO e MS houve redução para abaixo de 50% no desvio padrão, significando uma estabilidade do

processo como um todo da planta.

2.5 AÇÕES LOCALIZADAS - ALO

As ações localizadas são executadas em paralelo com o Acompanhamento Estatístico de

Processos (AEP) e a Revisão de procedimentos da operação (PADOP).

Podem ser realizadas ações para auxiliar na revisão de procedimentos para confirmar mudanças

em parâmetros operacionais e, finalmente, para auxiliar no diagnóstico de impactos ambientais.

LISTA DE AÇÕES TOMADAS NO PERÍODO

UPI

Inicialmente foi feita a revisão ou preparação dos procedimentos descritos nos itens de 1 a 20 da

tabela: Lista de procedimentos revisados e preparados.

As ações localizadas executadas foram as seguintes:

• Revisão do sistema de frio quanto a capacidade, manutenção e operação.

• Revisão dos níveis máximos de trabalho dos vasos e tanques da SR, SN (parada reação) e SP.

• Avaliar erosão na transferência de SR para SN.

• Acompanhar temperatura da SN para evitar obstruções.

• Aumentar diluição com água do reagente B.

• Avaliar presença de sólidos no tanque de B – especificação inadequada.

• Acompanhar inversão de fases – aumentou com estabilização da reação.

• Reduzir temperatura da primeira etapa da SP1.

• Revisar método de amostragem na SR para evitar resultados falsos de análise.

• Revisão nas folhas de leitura de campo e de painel a partir dos resultados e das melhorias –

incluído abertura de válvulas de controle.

• Acompanhamento dos sistemas de vapor e de condensado – avaliar qualidade e quantidade.

• Operação a 100% vs formação de intermediários na SR.

• Avaliar descarregamento de soda para tanque – provoca distúrbio na SN.

• Acompanhar temperatura dos vasos separadores na SA.

Page 261: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

259

UA

Inicialmente foi feita a revisão ou preparação dos procedimentos descritos nos itens de 1 a 9 da

tabela: Lista de procedimentos revisados e preparados.

As ações localizadas executadas foram as seguintes:

• Investigação quanto à qualidade de AC1.

• Arraste de ácido em SP2.

• Matriz de anormalidades, conseqüência, causas prováveis, ações e recomendações (apresentado

em Investigação de ocorrências anormais).

TESTES EM OPERAÇÃO NORMAL

UPI

1)Temperatura na SP1

Foram realizados testes baixando a temperatura do 1o estágio (indicado em AEP) saindo de 80oC

até 58oC. Como conseqüência, foram obtidos valores mais altos no teor de A - recuperado em R1 (linha

de reciclo).

A negociação do teste, com a equipe de operação, demonstra que é necessário respeitar a

experiência dos operadores de painel e realizar as modificações em incrementos ou reduções menores para

evitar desacordo e não efetivação da mudança.(Fig. 11 – Teste negociado com resultado efetivo).

2) Inversão de fases - SA

Na SA, foram acompanhadas as densidades das fases de cada vaso separador e avaliados

incrementos ou diminuições de água para estabilizar possíveis inversões de fase.

Foi detectado que o controlador de interface de um dos vasos estava subdimensionado.

Também foi testado procedimento para regularizar a SA em caso de inversão de fases.

UA

1) Mudança de filosofia de operação em SP1

Devido aos sucessivos eventos de quebras de equipamentos de vidro - problemas diversos

provocando baixa continuidade e alguns problemas de queimadura por AC1 - foi organizada uma força

tarefa com o seguinte propósito: revisar procedimentos na UA, mudar o fardamento para operadores da

UA, treinar operadores para os novos procedimentos, treinar equipe para cuidados gerais na operação

com equipamentos de vidro e outros materiais especiais, desenvolver procedimentos específicos para a

manutenção na UA, avaliar em conjunto com fornecedor qualidade de AC1 e operações de transferência.

Page 262: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

260

Para o acompanhamento dos testes em operação normal, são registrados dados de interesse para

validação de novas condições de processo, novo perfil da equipe e novos procedimentos.

Utilizou-se a tabela de acompanhamento de testes para este fim.

Tabela 14 - Acompanhamento dos resultados de teste AÇÕES REALIZADAS EFLUENTE DIA

/MÊS ANO

EVENTOS ANORMAIS

Desligar

bomba

Treinar pessoal

no procedim

to

Baixar tem

peratura

Mudar

tempo

de rea ção

Mudar

catalisador

Instalar linha adicional

By-passar válvula

de controle

Aquecer

linha com

vapor

Vazão

(m3/h)

DQ

O (ppm

)

15/5/0 Vaso transbordou

12 5000

16/5/0 Vaso transbordou

7 3000

17/5/0 Chaminé fumou

8 4500 Fonte: construção própria

Depois de identificada data do início de testes, foram modificadas as condições de processo

(ações realizadas) e são monitorados alguns resultados no efluente e marcados aqueles testes na qual foram

obtidos resultados que podem ser classificados (êxito ou falha).

2.6 REVISÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Os principais itens apresentados neste tópico são:

2.6.1 Lista dos procedimentos que foram revisados no período com aspectos de melhoria detalhados

(PADOP).

2.6.2 Avaliação sucinta das investigações de Incidentes Operacionais (INVOP).

Detalhamento

Tabela 15 - Lista dos procedimentos que foram revisados no período com aspectos de melhoria

detalhados (PADOP)

Unidade

No Procedimento Responsabilidade Resultado esperado

1 Partida da UPI sem recirculação na SR Operação Menor risco de massa parada 2 Revisão de métodos analíticos da SR Laboratório Resultado confiável 3 Parada de planta – corte de B Operação Reação estável na parada 4 Mudança no padrão de cor para o PI Laboratório Acompanhamento visual 5 Procedimento de retro-lavagem de filtro SN Operação Melhorar eficiência SN 6 Procedimento regeneração de trocador na SN Operação Melhorar eficiência SN 7 Itens que indicam parada preventiva de reação - Operação Parada de reação preventiva 8 Teste de bancada quanto a massa reacional Operação Correção rápida /segura da massa 9 Desobstrução dos trocadores da SR Operação Preparativo adequado de partida 10 Inversão de fases na AS Operação Evitar perdas para UTE 11 Partida da SA – limpeza visores Operação Melhorar controle de fase 12 Procedimento retorno de A para Tanque Operação Homogeneização de A no tanque 13 Sopragem e steam-out no sistema de vácuo Operação Evitar líquidos ou sólidos 14 Procedimento de drenagem de líquido Operação Evitar líquidos ou sólidos 15 Regeneração de trocador – vácuo Operação Evitar líquidos ou sólidos

UPI

16 Evitar obstrução de linha na SP2 Operação Evitar líquidos ou sólidos

Page 263: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

261

Unidade

No Procedimento Responsabilidade Resultado esperado

17 Procedimento remoção de borra mensal SA Operação Melhorar controle de fase 18 Tabela de carga Processo Melhorar controle da reação 19 Alinhamento de produto especificado (PF) Operação Praticidade /não recircular demais 20 Aferição de malha de vazão de B – tabela Operação Corrigir tabela de carga 1 Teste de bolha Operação Evitar perda de vácuo 2 Tabela de anormalidades vs ação Operação Agilidade na solução problemas 3 Partida da planta Operação Evitar obstruções 4 Partida da SP1 Operação Evitar problemas na stripper 5 Alimentação de AC1 Operação Evitar obstruções 6 Parada de planta Operação Evitar choques térmicos 7 Liberação de equipamentos críticos Operação Riscos de acidentes 8 Procedimentos de segurança Operação Evitar acidentes

UA

9 Cuidados gerais no manuseio de equip. de vidro e misturas Operação Evitar choque térmico, quebras Fonte: construção própria

2) Avaliação sucinta das Investigações de Incidentes Operacionais -INVOP

Para desenvolver as investigações de incidentes operacionais, utilizamos duas planilhas básicas que

são descritas abaixo.

Tabela 16 - Planilha para investigação cronológica do incidente – SAL na UPI

EFLUENTE

DIA

CA

RG

A

SAL

Vaso 2

SAL

Vaso 4

Dren

agem

Vaso 3

Dren

agem

Vaso 5

Inversão ou

LC

ob

struíd

o Vaso 2

Inversão ou

LC

ob

struíd

o Vaso 4

Bom

ba vaza

cavita B2SA

Ou

tras

Con

trole nível -

SP1

Bom

ba B

3SP2

cavita

Desarm

e bom

ba

de vácu

o SP1

Bom

ba SP

2 cavita com

sal

Matéria sólid

a M

S

DQ

O -

organico

1 0 - - - - - - - - - - - - 29 5980 2 0 - - - - - - - - - - - - 1027 7724 3 60 - - S - - - - - - - - - - -

4 60 - - - - - S - - - - - - - - 5 60 - - - - - - - - - - - - 188 6700 6 60 - - - - - - - - - - - - 155 6331 7 60 - - - - - - - - - - - - 78 6163 8 60 - - - - - - - - - - - - 143 7656 9 60 - - S - S - - PI verde - - - - 88 6225 10 60 - - - - - - - - - - - - - - 11 60 - - - - - - - - - - - - - - 12 80 - - - - - - - - - - - - - - 13 80 - - - - - - - - - - - - 503 9100 14 80 - - - - - - - - - - - - 972 2054 15 80 - - - - - - - - - - - - 327 8554

16 80 - - - - - - - - - - - - 161 9249 17 80 - - - - - - - - - - - - - . 18 80 - - - - - - S - - - S - 2493 14151 19 80 - - - - - - S - - - - - 94 4527 20 80 - - - - - - - - - - - - 1077 9059 21 80 - - - - - S - - - - S - 370 8586 22 80 S - - - - - S - - - - - 151 3068 23 80 S - - - - - - - - - - - - - 24 80 - - - - - - - - - - - - - - 25 60 - - - - - - - - - - - - - - 26 60 - - - - - - - - - - - - - - 27 0 - - - - - - - - - - S S 256 3358 28 0 - - - - - - - - - - S S 108 3602 29 0 - - - - - - - - - - - - - - 30 80 - - S - - - - - - - - S - - 31 80 - - S S - - - - - - S - - - 01 80 - - S - - S - - - - S - - -

Page 264: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

262

EFLUENTE

DIA

CA

RG

A

SAL

Vaso 2

SAL

Vaso 4

Dren

agem

Vaso 3

Dren

agem

Vaso 5

Inversão ou

LC

ob

struíd

o Vaso 2

Inversão ou

LC

ob

struíd

o Vaso 4

Bom

ba vaza

cavita B2SA

Ou

tras

Con

trole nível -

SP1

Bom

ba B

3SP2

cavita

Desarm

e bom

ba

de vácu

o SP1

Bom

ba SP

2 cavita com

sal

Matéria sólid

a M

S

DQ

O -

organico

02 0 - - - - - - - Trocador furado SP1

- - - - 345 5389

03 0 - - - - S - - Trocador furado SP1

- - - - - -

04 60 - S - S - - - - - - - - 202 2487 05 0 - S S - - - - - S S S S 464 2201 06 0 - S - - - - - - - - - S 317 4570 07 0 - - - - - - - - - - - S - - 08 0 - - - - - - - - S - - S - - 09 0 - - - - - - - - - - - S - - 10 0 - - - - - - - - - - S - 464 2201 11 0 - - - - - - - - - - - - - - 12 60 - - - - - - - - - - - - - - 13 80 - - - - - - - - - - - - - - 14 100 - - - - - - - - - - - - - - 15 80 - - S S S - - - - - - - - -

Fonte: construção própria

Esta tabela utiliza o mesmo princípio do mapa de eventos anormais, mas busca a investigação de

incidente operacional específico. Assim, é possível identificar se o evento é cíclico, qual a causa, a

conseqüência, quais os períodos com maior criticidade e quando o incidente passou a não existir.

Algumas anormalidades são registradas nas colunas da tabela: carga da planta, condições do

efluente, tudo relacionado com a data em que ocorreu o incidente operacional. Normalmente esta

avaliação é feita para no mínimo um mês e no máximo dois meses de produção.

Tabela 17 – Modelo de Planilha 2 para tratamento de dados para investigação de incidentes

operacionais

DIA 1 DIA 2 DIA 3 DIA 4 Características da qualidade Características do produto Itens de utilidade >consumo ; >qualidade

Bombas/equipamentos Estado

Lista de ocorrência Planta ou seção anterior

Lista de ocorrência Planta ou seção do incidente

Observações Fonte: construção própria

Esta tabela é apropriada para incidentes operacionais mais simples.

Na planta de produtos intermediários foram investigados os seguintes incidentes operacionais,

com base na metodologia de investigação de processos para minimizar resíduos na fonte:

a) Inversão de fases na SA – Vaso 6

b) Distúrbios na massa de reação em SR

c) Excesso de água na SN

Page 265: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

263

d) Sal na SP1 e SP2 (vide planilha de investigação apresentada acima)

e) Qualidade de PI

UPF

Na planta de produtos finais foram investigados os seguintes incidentes operacionais seguindo a

metodologia de Investigação de Processos para minimizar resíduos na fonte :

contaminação do HEADER de N2 com PF.

UA

Na planta de ácidos foram investigados os seguintes incidentes operacionais seguindo a

metodologia de Investigação de Processos para minimizar resíduos na fonte:

a) AC1 com baixa concentração

b) Qualidade de AC1 fora de controle

2.7 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

2.7.1 Emissões fugitivas de A na UPI

Para a detecção das áreas contaminadas foi utilizado monitoramento com “tubitos” de analise

instantânea em dois períodos: 143 medições no ano de 1991 e 135 medições no ano de 1992/93 . A

definição das prioridades das fontes de emissões fugitivas foi baseada na classificação do teor de aminas

detectado pelos tubitos: situação crítica -acima de 20 ppm, situação instável -entre 2 e 20 ppm e situação sob

controle -abaixo de 2 ppm.

Para a definição das ações foram realizados estudos de processo e em conjunto com a equipe de

operação foi preparado programa de testes e acompanhamentos na área tendo como instrumento de

controle, matriz de responsabilidades.

Dentre as ações tomadas pode-se descrever as seguintes:

a) Testes para identificação de melhorias no sistema de tratamento de águas residuais;

b) acompanhamento do sistema de selagem da bomba de reação;

c) acompanhamento do procedimento de sopragem nas linhas do sistema de vácuo;

d) detectado furo em linha provocando contaminação com água em vaso barométrico;

e) acompanhamento e controle da alimentação de reagentes e catalisador na SR;

f) iniciado estudo sobre a selagem de bombas críticas e gaxeta de válvulas.

Page 266: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

264

Os resultados alcançados foram: Redução do nível de contaminação da atmosfera (>2 ppm) por

aminas: 1991- 43,4 %; 1992- 28 %; 1993 - próximo a 0 %.

Para atingir estes resultados, a divulgação e co-responsabilidade destes trabalhos pelo turno

facilitaram iniciativas, descentralizou as ações e tornou possível a manutenção do programa. Após três

anos de trabalho conjunto entre processo, operação e controle ambiental reduzimos sensivelmente a

contaminação ambiental por aminas na planta.

A metodologia utilizada seguiu as etapas abaixo descritas:

1) Avaliação de processo e operação para localização dos pontos a serem monitorados.

2) Monitoramento por no mínimo 6 meses e no máximo 1 ano com tubitos de analise

instantânea dos pontos escolhidos.

2) Avaliação estatística e definição de prioridades a partir de diagrama de pareto;.

3) Avaliar fonte de emissões fugitivas prioritárias, causas e efeitos.

5) Programar testes e estudos dos sistemas responsáveis pelas causas das emissões.

6) Continuar monitoramento acompanhando efeito dos testes em relação aos resultados.

7) Realizar em todas as etapas trabalho conjunto entre as áreas de operação, processo e meio

ambiente (utilizando a matriz de responsabilidades como instrumento de acompanhamento).

8) Avaliar resultados e divulgar para a equipe na forma de treinamento.

9) Comparar resultado com padrão ideal e reiniciar as atividades na etapa 1) caso o padrão não

seja alcançado.

Os resultados desta metodologia são apresentados na forma de gráfico como indicado abaixo:

Gráfico 13 – Contaminação por A

Contaminação por A

01020304050

Ano 1991 Ano 1992 Ano 1993

% acima de2ppm

Fonte: construção própria

Page 267: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

265

Gráfico 14 – Região com maior contaminação por A

% acima 2 ppm vs local

01020304050

Águaoeste

separad.

Ventreatores

Aminasvent vaso

Bombascríticas

Águaresid vent

vasos

Aminastopo vaso

ÁguaNorte sep.

Bomba dereação

Local

Fonte: construção própria

Conclui-se que fazendo uso de metodologia baseada em avaliações de processo, dados estatísticos

de analise instantânea em tubitos e testes em unidades industriais, é possível identificar a fonte de emissões

fugitivas por prioridade. Após esta identificação, as ações corretivas e preventivas devem ser tomadas e o

resultado final é a eliminação de emissões fugitivas na planta.

Este é um trabalho de grupo que envolve as áreas de processo, operação e controle ambiental.

2.6.1.1 Ph fora de padrão no efluente pluvial proveniente de vazamentos de AC1 na UA

O descontrole de PH do sistema de águas pluviais na área industrial onde se encontram as

unidades em estudo - UPI; UPF; UA; UTE - foi provocado por vários fatores. A identificação da (s)

causa(s) só foi possível com base em auditorias e na construção de mapa de controle ambiental. Os

principais problemas causadores do descontrole de PH vieram de eventos que envolvem equipamentos da

UA, tais como, vazamentos em linhas de transferência, transbordo de tanques, vazamento em selos de

bombas e lavagens diversas devido à chuva.

Assim, para evitar multas devido à contaminação ambiental, foi desenvolvido e aplicado método

para mapeamento e identificação de causas do descontrole do perfil de PH em redes do sistema de águas

pluviais.

Baseados em histórico de operação da planta industrial, foram escolhidos 11 pontos a serem

monitorados próximos às prováveis fontes de descontrole do PH.

Estes postos de monitoramento (que normalmente são caixas fechadas com abertura lateral)

foram devidamente preparados para a medição de PH no turno.

Page 268: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

266

Inicialmente realizamos as 11 medições 3 vezes por dia, após 2 semanas reduzimos para 1 vez por

dia e à tardinha. O monitoramento final do PH era feito na saída da cx 8, que possui 3 ramais de entrada

principais.

Para o estabelecimento de ações foi realizado um estudo profundo seguindo as etapas abaixo:

1. Plotar gráficos de acompanhamento de PH por tempo para os 11 pontos e a saída da cx 8.

2. Acompanhar ocorrências que possam provocar distúrbios na rede pluvial.

3. Realizar reuniões semanais com a equipe de operação e nomear um operador por turno responsável

pelo monitoramento.

4. Manter a equipe ciente dos resultados do trabalho através de relatórios e reuniões.

5. No cruzamento das informações de 1,2,3,4 retirar do monitoramento pontos que não auxiliam na

investigação (após 1,5 mês de monitoramento).

6. Realizar analise temporal das fontes baseado em critério de seu nível de influência sobre o resultado

de PH na saída da cx 8.

7. Reparar matriz de responsabilidades / acompanhar trabalhos realizados.

Ações incrementadas a partir do estudo acima:

1. Estanqueidade de válvulas que interligam diques de tanques de processo ao sistema pluvial.

2. Estudo sobre selagem de bombas problemáticas.

3. Mudança de material e ou redução de temperatura e /ou diminuição de velocidades nas linhas de

processo para evitar vazamentos.

4. Correção de vazamentos em estações de carregamento de ácidos.

5. Troca/ neutralização da terra em taludes contaminados.

6. Evitar tambores abertos e acúmulo de resíduos que podem gerar chorume ácido ou básico.

7. Avaliação quanto à limpeza e /ou recomposição de manilhas da rede pluvial.

Como resultado deste trabalho que durou um ano conseguiu-se enquadrar quase totalmente o PH

da rede pluvial para a faixa de 6-9 durante 100 % do tempo.

Page 269: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

267

Figura 10 - Mapa de controle ambiental – PH no efluente pluvial

3)Problemas de DQO, sólido e solvente Z nos efluentes líquidos

(que reúne águas residuais de processo das UPI, UPF e UA, após tratamento na UTE)

As empresas têm investido continuamente em melhorias no processo para alcançar o estágio de

tecnologia limpa, que significa produzir sem impactos negativos ao meio ambiente. A principal área na

indústria onde devem ser iniciados estes investimentos é o “chão da fábrica” em que podem ser detectadas

as melhores oportunidades para alcançar a Tecnologia Limpa.

A metodologia em que se usa a auditoria pontuada tem como objetivo definir no “chão da

fábrica” quais as ações adequadas.

Este trabalho foi desenvolvido em planta petroquímica do Pólo de Camaçari / BA, em duas

etapas, sendo as conclusões apresentadas por etapa. Este trabalho prevê o conhecimento das condições

TRG/Sis. Frio

SIMBOLOGIA - CONTAMINAÇÃO TERRA CONTAMINADA COM AC1 INFLUENCIA DE CAL OU CALCITA CHORUME DE TAMBORES FONTES DE CONTAMINAÇÃO PONTO DE MONITORAMENTO

Matéria-Prima (b)

PISO 1

UPI

UPF

Tanq AC1

UA

Vasos

UTE

Bomba/PH

Compressor

(f) (d)

(g) Lavador

(e)

Carret

Bacia2( 11 )

( 10 )

(9)

( 7 )

( 6 )

( 4 ) ( 2 )

( 3 ) ( 8 )

( 3 )

Page 270: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

268

quanto à contaminação dos efluentes com excesso de orgânicos (DQO), volume (V), material sólido (MS)

e outros prováveis contaminantes.

A metodologia que se apresenta é apelidada de AUDIP, e segue as seguintes etapas apresentadas

abaixo:

1) Identificação das regiões próximas às fontes geradoras.

2) Avaliação das condições de amostragem quanto à distúrbios que possam falsear resultados.

3) Levantamento das vazões medidas e estimadas de efluentes.

4) Amostragem nas canaletas e bacias do sistema de efluentes orgânicos.

5) Analise destas amostras.

6) Realização de balanço de massa baseado na diluição das correntes.

7) Cálculo do acúmulo de orgânico e sólidos na bacia de efluentes.

8) Principais gráficos comparativos.

9) Comentários / programa de ação.

Identificação das regiões próximas às fontes geradoras.

Baseados nos eventos anormais de operação, foram escolhidos os pontos descritos abaixo para

amostragem dos efluentes:

Figura 11 – Amostragem dos efluentes

Critérios adotados para a escolha dos pontos a serem analisados :

1) DQO na região da troca dos dispersores e balanço de massa; 2) acúmulo de sólido na canaleta e balanço de massa; 3) acúmulo de sólido na canaleta e balanço de massa 4) acúmulo de sólido na bacia e balanço de massa; 5) DQO e sólido vindo da área de tambores;

5

29 8

6

1

7

UA UTE

UPI

Page 271: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

269

6) perda de solvente e neutralização da bacia vinda do lavador cáustico.

Avaliação das condições de amostragem quanto à distúrbios que possam falsear resultados

=> sem chuva no dia da auditoria (chorume da área de tambores = 0);

=> considerando, a princípio, que não existe acúmulo de materiais nas canaletas;

=> para o cálculo das vazões considerando o efeito da diluição das correntes ácidas;

=> todos os cálculos são feitos em relação à vazão média e auditoria pontual de PH, DQO e MS;

=> considerando as canaletas em condições estáveis e homogêneas quanto ao seu perfil;

=> considerando que o ar atmosférico não afeta a acidez do efluente na canaleta;

=> realizando três amostragens em horários diferentes para garantir a confiabilidade dos resultados.

Quadro 15 - Resultado dos cálculos de balanço de massa

Dado calculado Auditoria 1 Auditoria 2

M-Kg/h 1)3830 2)88 3)3918 4)6185 5)2267 6)6250 7)1525 9)65

1)1543 2)3336 3)4879 4)6927 5)2048 6)7000 7)1226 9)73

M(DQO)- g/h 1)2440 2)101 3)4219 4)2354 5)113 6)9438 7)358 9)1224

1)4342 2)5688 3)3215 4)6017 5)4180 6)12943 7)808 9)1317

M(MS)- g/h 1)345 2)16 3)0 4)5473 5)36 6)1431 7)11 9)653

1)435 2)1812 3)161 4)2196 5)2244 6)868 7)18 9)366

PROPORCÃO (M) PF 61.28 UD 0.26 AC 36.27 TANQ. 24.40

PF 22.04 UD 25.88 AC 29.25 TANQ.17.51

GERAÇÃO (MS) DISP./FILTRO 334 REAC. FCS+ACIDO 5076 ACUM. BACIA EF. 29 T/3M (g/h)

DISP./FILTRO417 REAC. FCS+ACIDO -2295 ACUM.BACIA EF. 26 T/3M

GERAÇÃO (DQO) DISP./FILTRO 2082 ACUM. BACIA EF. –5859 (g/h)

DISP./FILTRO 3534 ACUM. BACIA EF. -5610

PARETO (CUSTO)(%)

VOL1 25.46 DQO1 18.39 VOL7 16.84 VOL5 25.04 MS1 14.27 VOL2 0.94 DQO2 0.87 MS2 0.69

VOL1 1.38 DQO1 12.33 VOL7 5.35 VOL5 8.93 MS1 7.03 VOL2 14.56 DQO2 19.85 MS2 30.56

Fonte: construção própria

Page 272: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

270

Gráficos comparativos entre Auditoria 1 e 2 Gráfico 15 – Vazão de efluente

VAZAO EFLUENTE(Kg/h)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1 2 3 4 5 6 7 9

PONTO AM.

VAZA

O(K

g/h)

AUDITORIA 2AUDITORIA 1

Fonte: construção própria

Gráfico 16 – Vazão de DQO

VAZAO DQO (g/h)

0

5000

10000

15000

20000

25000

1 2 3 4 5 6 7 9

PONTO AM.

VAZA

O (g

/h)

AUDITORIA 2AUDITORIA 1

Fonte: construção própria

Page 273: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

271

MAT.SOL.(g/h)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

1 2 3 4 5 6 7 9

PONTO AM.

VAZA

O M

S(g/

h)

AUDITORIA 2AUDITORIA 1

Gráfico 17 – Vazão de matéria sólida

Fonte: construção própria

Gráfico 18 – Vazão adicional

VAZAO ADICIONAL (%)

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

TANCAGEM FCS PURO ACIDO

AREA

%

AUDITORIA 2 (%)AUDITORIA 1 (%)

Fonte: construção própria

Page 274: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

272

PARETO-CUSTO-EFLUENTE-%

0

5

10

15

20

25

30

35

VO

L1

DQ

O1

VO

L7

VO

L5

MS

1

VO

L2

DQ

O2

MS

2

ITEM DE CUSTO

%

AUDITORIA 2AUDITORIA 1

Gráfico 19 – Comparação entre Auditoria 1 e 2

Fonte: construção própria

Comentários sobre os Gráficos

VAZÃO

• Existe muita perda com volume na área de tancagem (7) com PH 1,9.

• Entre a tancagem (7) e o ponto (1) na planta, houve acréscimo elevado de volume.

• Estima-se que ocorre perda em torno de 1,6 m3/h de drenagem da planta de ácido (5).

• Houve uma mudança no perfil de proporção de vazão da auditoria 1 para a 2 para os pontos de

amostragem (2) e (3), estes resultados indicam mudanças no perfil de PH, mas para serem

considerados como valores reais as canaletas devem estar em condições estáveis.

DQO - matéria orgânica

• Entre o ponto (7) e o ponto (1) houve um acréscimo excessivo de DQO devido à limpeza de

dispersores e filtros.

• Na segunda auditoria nota-se um escurecimento da amostra, provavelmente obstruções na bomba

de tancagem (7).

• Comparando a auditoria 1 e 2, nota-se aumento no teor de DQO no ponto de amostragem (7).

Page 275: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

273

MS - material sólido

• O procedimento de movimentação dos dispersores entre os pontos (7) e (3) causa acréscimo MS.

• É necessário limpar as canaletas principalmente no ramal (3) e (4).

• Avaliar hipótese de geração de sólido no ponto (4).

• Avaliar acúmulo de sólido na bacia entre (4),(8), (9) e (6).

Conclusões

Nota-se, com base no gráfico de PARETO, que se comparando as duas auditorias,

identificam-se as seguintes situações mais preocupantes: volume da planta de ácido, (5); MS na

canaleta (2); DQO na canaleta (1) e volume na canaleta (1).

Propões-se o seguinte programa de ação com acompanhamento e correções:

=>Redução do volume do efluente da UA, 5) : modificação de processo envolvendo absorção de

AC2 e orgânico; =>Eliminar obstruções nos sistemas que envolvem PI;

=> eliminar a drenagem de orgânicos devido à movimentação de dispersores/ filtros;

=> não drenagem de AC diluído na planta; =>Avaliar a contribuição da área de tambores (8) em

DQO e MS.

2.8 PREPARAÇÃO DE AGENTES MULTIPLICADORES E TREINAMENTO

Para buscar a manutenção dos resultados é essencial a multiplicação dos conhecimentos

adquiridos. Para isto, contrata-se um instrutor que tomando como base o último levantamento

dos dados, irá ministrar os cursos A e B durante no período X.

Pergunta-se: Este é o procedimento mais correto?

A experiência demonstra que durante o período em que se estava envolvido com a

produção de PI e PF, foi necessário resgatar o conhecimento das demais pessoas da equipe para

somar à investigação de ocorrências anormais, manter um acompanhamento estatístico de

processos e testar e revisar muitas vezes para apreender com os erros.

A grande vantagem do autor foi manter a preocupação com a documentação e a história

construída com o tempo. Para cada atividade um elemento era delegado para escrever a história

com palavras de fácil entendimento na operação.

Se fosse adotado o indicado para treinar a equipe, encontrar-se-ia o seguinte quadro:

Page 276: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

274

a) Treinar a equipe em áreas falsas apenas para atender a necessidade gerencial de estar agindo frente

a um problema.

b) Material de treinamento sem o conhecimento prático que precisa ser apresentado após um

processo de mudança de procedimentos.

c) Gastos elevados com hora extra, transporte, instrutor, material didático, etc.

Dentre os materiais diversos que foram utilizados para formar os manuais de

treinamento, citam-se os seguintes:

• Investigação de ocorrências anormais • Cadeias de anormalidades • Relatório de eventos anormais • Programas institucionais • Relatórios acompanhamento estatístico

processo • Relatórios Gerenciais (índices, carga, continuidade)

• Relatórios de Acompanhamento de Efluentes

• Procedimentos operacionais revisados

• Registro de Testes durante Operação Normal

• Relatórios de Incidentes Operacionais

• Relatório de não conformidade na Produção • Informações sobre segurança e meio ambiente • Registros de Seminários e Congressos • Manuais de equipamentos • Manuais de processo

Durante o período em que o método foi aplicado, construiu-se uma biblioteca para uso

da operação. O controle era de um operador de turno e mudava uma vez por mês. Cada turma

tinha metas a serem cumpridas em termos de leitura e existia o incentivo para a participação de

eventos externos pela equipe de operação.

Detalhamento de alguns dos módulos para multiplicação de conhecimento:

REGRAS BÁSICAS

1) Preparar manuais a partir de pessoal interno e baseado na experiência prática e absorção de novos

conhecimentos.

2) Amarrar as metas a serem atingidas de treinamento, tempo e aproveitamento.

3) Preparar logística para realizar o treinamento, ou seja, sala, xerox, outros materiais.

4) Preparar liberação a baixo custo – treinamento em época de baixas vendas, por exemplo.

5) Preparar árvore de treinamento em vários níveis e acompanhar qualidade deste treinamento.

Page 277: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

275

ADMINISTRATIVO, COMPORTAMENTAL E DOCUMENTOS

ISO-9000 • Elaboração de documentos pela operação • Introdução • Documentos normativos e controle dos

mesmos • Verificação interna pela operação

• Tratamento das não conformidades • Treinamento operacional • Consultas telefônicas • Auditorias internas • Gerenciamento da rotina Tecnologias limpas • Contaminação ambiental • Drenagem e limpezas indevidas • Comportamento indevido • Sujeira dos equipamentos e da área • Acúmulo de materiais • Organização de material individual • Organização de documentos e materiais de uso

coletivo • Motivação para higiene mental – acreditar

no trabalho

Padrões de comportamento na liderança • Competição e concorrência • A Competência técnica e o Trabalho • Evitar conflitos internos e externos • União de equipe – reuniões • Informações na organização • Desenvolvimento de perfis da equipe • Trocar pessoas que jogam em time contrário • Delegação de atividades na operação • Transformar habilidades em treinamento • Exercitar a liderança • Informações sobre qualidade para os líderes • Relatório sobre atividades • Planejamento Estratégico de Metas • Controle de Custo Variável na Produção

O comportamento do operador no trabalho • Desenvolvimento de senso crítico • Organização de espaço individual • Coleguismo no trabalho • Profissionalismo no trabalho • Auto-desenvolvimento • Multifuncionalismo • Desenvolvimento de funções não correlatas • Perspectiva de crescimento no trabalho

Atuação Responsável • Segurança de Processos • Proteção ambiental • Transporte

e distribuição • Diálogo com a comunidade • Gerenciamento do produto • Saúde e Segurança do trabalhador • Princípios para operação • Relação entre Princípios e Práticas Gerenciais

Técnico • Sistema de frios • Compressores • Cuidados na operação com ácidos na UA • Métodos analíticos no campo • Informática • Destilação para UPF • Itens de controle, porque e para que • Acompanhamento de Processos • Pequenos Serviços de Manutenção • Segurança de Processo

Page 278: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

276

2.9 MUDANÇAS DE PROJETO

Abaixo está descrito alguns dos itens de mudança de projeto original resultante do

trabalho de analise de processos seguindo os passos da metodologia descrita nesta dissertação.

UPI

• Instalação de malhas de vazão utilizando princípio “micro-motion”.

• Malha de temperatura da reação com revisão quanto a capacidade.

• Novo sistema de selagem para as bombas da SR.

• Mudança de alguns purgadores no aquecimento na SP.

• Instalar bloqueio no fundo do Reator.

• Modificar linhas para drenagem da massa reacional.

• Modificar rotâmetro para medição de B.

• Revisar Projeto do Sistema de Frio.

• Revisar Projeto de linha de vent dos reatores.

• Revisar material das curvas e linhas do trocador da reação.

• Revisar sistema de nitrogênio para reatores

• Duplo bloqueio na bomba de SA.

• UA

• Solucionar problemas de indicação nas malhas de AC1

• Otimizar transferência de AC1 para UA

• Revisar Projeto de Vapor saturado para UA

• Estudar alternativas para suprimento de água

Page 279: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

277

2.10 AUTOGERENCIAMENTO

O autor se constituiu na liderança deste processo e buscou motivar os indivíduos para que

pudessem desempenhar suas atividades na estabilização dos Processos das Plantas.

As diferentes formas de comportamento não foram motivadas pelos mesmos impulsos e

necessidades. Assim, é preciso salientar que o homem é um ser complexo, um complexo sistema, com

diferentes padrões de necessidades, valores, percepções, um sistema individual com características únicas.

O respeito aos valores existentes dentro da empresa foi o primeiro passo a ser dado.

A certeza nos objetivos a serem alcançados é que permite a automotivação do líder principal do

processo.

O líder do processo de transformação não mede esforços para manter a motivação dos seus

empregados, pois, um trabalhador altamente motivado é mais produtivo, eficiente e seguro. A motivação

individual pode ser contagiosa, influenciando, freqüentemente toda a equipe de trabalho.

A identificação de líderes do processo de transformação foi o que definiu a certeza de alcançar o

autogerenciamento nas atividades da operação.

Envolvimento da equipe nos Projetos

A participação da equipe no melhoramento da qualidade foi voluntária, assim, foi necessário

conquistar a confiança dos profissionais para obter resultados reais.

O obstáculo mais sério a participação do pessoal na mudança é a apreensão quanto à segurança

no emprego.

Nota-se que o pessoal da produção se comporta conforme os seguintes perfis:

Passivo - indivíduos que faziam o que era definido sem perguntar e nem participar.

Passivo marginal ou Ativo latente - indivíduos que diziam que faziam, mas na verdade não

faziam e não deixavam os outros fazer por desconhecimento ou falta de negociação.

Passivo resistente - indivíduos que diziam estar realizando a atividade, mas na verdade não

faziam e não deixavam os outros fazer, por resistência real.

Ativo real - indivíduos que aceitaram o desafio de tentar melhorar os processos da fábrica.

Ativo vascilante - indivíduos que eram vencidos facilmente por dificuldades na mudança para

melhorias do processo.

Page 280: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

278

Multiplicadores de Conhecimento

Todo o processo investigativo provocou uma ativação geral da equipe, pois, todos foram

convidados a participar.

Inicialmente, o autor sozinho analisava os gráficos. Posteriormente buscou apoio na Gerência e

na equipe. Com o passar do tempo, a Gerência deu carta branca e a equipe valorizou o trabalho.

A prática da escrita facilitou o registro dos testes e a transformação em informação para

treinamento.

A escolha de pessoas que inicialmente não tinham nenhum cargo oficial de liderança motivou

líderes informais que estavam à margem do trabalho existente.

Assim, o fato de preparar material para treinamento baseado na prática da rotina movimentou

toda a equipe e tornou possível a identificação dos mantenedores do processo de mudança.

Ações sobre a equipe

É natural que no transcorrer deste trabalho alguns antigos líderes se sentissem desprestigiados por

não conseguir fazer com naturalidade aquilo que os outros líderes informais estavam fazendo.

Provavelmente uma grande resistência ocorria e era motivo de reuniões para solucionar estes

problemas. Alguns destes indivíduos detectavam as falhas e as corrigiam. Outros indivíduos resistiam a

mudança e, após tentativas em conjunto com os líderes de processo, era convidado a se retirar da

organização.

Toda saída de um empregado era desconfortável tanto para a empresa quanto para os

empregados. Assim, apesar da comunicação anterior e das tentativas de melhora na performance do

empregado, era promovida a modificação na equipe.

Esta ação provocava um atraso no trabalho da equipe. Dependendo do caso, o atraso era mais

curto (15 dias) ou mais longo (1,5 mês).

Considera-se estes atrasos como administráveis em um processo de mudança.

Se não houvesse várias tentativas e reuniões de equipe, direta ou indiretamente, para tratar deste

assunto, o atraso poderia ser fatal e bloquear o processo de mudança.

Planejamento e administração da produção no turno

A busca por solução de problemas procurava diminuir o trabalho “braçal” para viabilizar o

planejamento das equipes no administrativo e no turno.

A avaliação e discussão sobre os vários problemas e as várias soluções faziam parte de reuniões

diárias ocorridas na frente do painel de controle.

Page 281: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

279

Os líderes de equipe eram incentivados para planejar o crescimento do seu turno através de

treinamento programado ou espontâneo.

As pessoas mais adiantadas em certos assuntos eram orientadas a auxiliar aqueles que eram mais

fracos nestes assuntos.

Foi preparado manual sobre planejamento e administração da produção no turno, e, diariamente

eram tratados os seguintes assuntos:

• Valores em Sistema Produtivo • A Motivação no trabalho • Obstáculos e ferramentas motivacionais • Necessidade de Comunicação • Mitos Gerenciais • Participação e envolvimento • Disciplina vs Responsabilidade vs Profissionalismo • Escolha de pessoas chaves • Recuperação e manutenção de credibilidade • Ressentimento – herança do passado • Formação de grupos de estudo por assunto • Administração da Produção • Planejamento para a produção • Área de trabalho e interfaces • Conhecimento da equipe • Trabalho de rotina • Estudos e melhorias • Papel do líder • Papel do supervisor de turno • Características de operador padrão • Programas motivacionais • Interface com a Manutenção • Interface com o Laboratório • Plano e Programa de Treinamento

• Formação de agentes multiplicadores • Implantação de Programas Institucionais

Definição de Prioridades em equipe

Na UA foi desenvolvido treinamento para a operação quanto a novos procedimentos. Este se

iniciou com uma palestra de sensibilização sobre os 14 princípios do Deming (op cit.) aplicado à produção

e continuou com a definição de prioridades em equipe para minimizar problemas de baixa continuidade e

de baixa qualidade. Após a etapa de sensibilização é que foram apresentados os procedimentos

operacionais.

Neste momento apresenta-se a experiência ocorrida na UA quanto à definição de prioridades em

equipe.

Existem vários tipos de medidas que foram indicadas neste trabalho para atingir o objetivo de

melhoria da qualidade ou da produtividade.

A produtividade pode ser traduzida no caso da UA como, continuidade operacional, menor custo

de produção e, segurança no produto e no processo.

Os tipos de medidas que foram sugeridas são:

Gerencial, Técnico (Manutenção, Operação, Processo, Laboratório), Projeto, Segurança e

Meio ambiente, Mercado de Produto e Fornecedor.

Muitas vezes a definição de prioridades é feita por um número restrito de pessoas que não

equivale à opinião global – às vezes fica-se surpresos do que as pessoas pensam que seja prioridade para

Page 282: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

280

elas. Para provocar uma mudança no sistema produtivo é importante a participação do grupo na definição

das prioridades, pois assim é fácil de implantar a mudança em curto espaço de tempo.

Notou-se um comportamento não uniforme da estatística levantada por turma de turno indicando

existência de problemas específicos de cada turma que pode não ser refletido no resultado global.

Como exemplo do que foi executado apresenta-se, a seguir, um gráfico de Pareto com as

prioridades definidas pela equipe de turno.

Gráfico 20 – Definição de prioridades pela equipe de turno

Prioridades em equipe - produtividade/UA

0

2

4

6

8

10

12

14

% Pareto prioridade

%

Planejamento Manutenção prevent. Uniformizar proced.

Corrosão na Tancag. Rotina operacional Eliminar sal

Treinamento Organizaçao/limpeza Cabeçote trocador

Especif.material linh Comunicação op=ch Risco de acidente

Falta de água proc. Caldeiraria p Turno Acomp.Técnico Eng.

Selagem das bombas Trabalho de equipe Qualidade de AC1

Condições Trabalho

Fonte: construção própria

Desenvolvimento de senso crítico, independente da motivação da Empresa

O profissional ideal para atuar de forma ambientalmente correta é aquele que consegue ver o

global apesar de realizar tarefas específicas. Entende que a sua função faz parte de um sistema maior e que

a sua influência em relação às questões ambientais tem peso no ar que seus filhos respiram.

Provocar a automotivação para assuntos ambientais ou o autogerenciamento de atividades na

indústria é um trabalho difícil que aparentemente não compensa, tem haver com atividades voluntárias

sem fins lucrativos.

Questionamentos surgidos: Por que faço isto? Alguém observa a minha performance? Será que

estou jogando meu tempo fora?

Mas, depois de descobrir que alguém reparou no trabalho da equipe e que produziu melhoria no

humor, é motivador.

Pode=se afirmar que as políticas das empresas mudam com o tempo e que as pessoas também

mudam sua forma de pensar.

Oferecendo-se segurança e equilíbrio provoca-se o aumento ou redução da participação em

questões polemicas na empresa? De qual empresa faço parte? A empresa me faz ou eu faço a empresa?

Quais são as propostas que se tem para melhorar a questão ambiental?

Page 283: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

281

Realmente, ser crítico é difícil devido à cultura empresarial, ao estilo gerencial, e ao medo de se

lançar com base em pensamentos críticos e construtivos.

Retorno da Empresa para valorizar o Senso Crítico

A empresa precisa de profissionais com senso crítico?

Porque os desafios para a sobrevivência dependem mais do trabalho em equipe do que da

tecnologia em si.

A multifunção está presente em todos os setores da empresa, e, normalmente, só tem capacidade

de desenvolver várias atividades ao mesmo tempo, quem tem senso crítico.

2.11 CONCLUSÃO

Este trabalho foi iniciado com o propósito de investigar e analisar as anormalidades, ou seja,

aquilo que foi considerado errado no processo de produção em planta de empresas químicas. Também se

verificou qual o nível de conhecimento da equipe sobre os conteúdos de interesse ao trabalho.

Aproveitando estatísticas já existentes e criando novos itens de controle, foi possível entender a

dança dos números, as variações, as tendências, as teorias e hipóteses.

A partir da estatística iniciou-se a fase de testes, mudanças de variáveis de processo, revisão de

procedimentos operacionais.

Desde cedo a participação e o envolvimento da equipe nos trabalhos foi preocupação contínua e

considerada de fundamental importância para as descobertas de líderes informais que auxiliaram no

processo de mudança.

Precisou-se agir de forma localizada para melhorar o resultado global. O acompanhamento foi

constante e a construção de uma equipe crítica define a participação do indivíduo e da empresa no grande

desafio ambiental para o novo século.

Após os estudos e analises acima foi possível entender quais eram os principais problemas

sabendo-se, no entanto, que não é possível resolver todas as questões identificadas. Conclui-se sobre a

necessidade de realizar um diagnóstico das atividades impactantes para o meio ambiente.

Page 284: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

282

APÊNDICE C – CASO 3: Polímeros

3 POLÍMEROS

3.1 CADEIAS DE ANORMALIDADES

Neste relatório as cadeias foram descritas em forma de diagrama de bloco.

A construção do Mapa de Eventos Anormais - MEA e a preparação do Relatório de Eventos

Anormais - REA são apresentados nos conteúdos da monografia sendo relatadas as 23 cadeias de

anormalidades detectadas no processo.

Áreas detectadas:

SR – Eventos (4), (5), (9), (20), (22), (23)

SS – Evento (3), (6), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (19), (21)

SP – Evento (7), (17), (18)

STE – Evento (1), (2), (8), (10)

Cadeias de anormalidade: EVENTOS

(1) Polímeros para Purificação 2 (2) Operação e distúrbios na Purificação 3 (3) Polímero afetando V-3/P-3 (4) Oscilações no intermediário, Relação B/A (SR) (5) Alimentação indevida de E e S (6) Falta de óleo no compressor (7) Anormalidades na Purificação 1 (8) Anormalidades no Lavador (9) Alimentação de S para o processo (10) Alimentação de HC para o processo (11) Problemas na lubrificação (remoção de íons) (12) Correia da extratora (13) Baixa eficiência no tratamento (14) Pressão de M para bombas (15) Obstrução da linha de ar (16) Problemas nos internos das bombas (17) Problemas na secagem (18) Anormalidades no Vácuo - Purificação (19) Temperatura da água (20) Distúrbios no Q-1 (21) Deficiência de vácuo no header de M (22) B no L (23) Anormalidades na P-04

Page 285: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

283

Tabela 18 - Detalhamento da Cadeia de Anormalidades:

N0 Nome do Evento

Pareto %

Freqüên-cia

Detalhamento

1 Polímeros para Purificação 2

3,26 6 Esta operação tem relação com o índice de consumo elevado de M na planta. Existe neste caso a hipótese de os vasos de separação estarem sub-dimensionados pois , recebem o retorno da corrente gasosa que provoca flutuação nas interfaces de separação.

2 Operação e distúrbios na Purificação 3

4,35 8 Devido a flutuação no processo desde a reação química, a concentração de M muda na corrente orgânica provocando distúrbios diversos.

3 Polímero afetando V-3/P-3

2,17 4 A alimentação de matéria prima e de insumos determina esta ocorrência. A vazão de E sólido e de T se não for contínua e confiável provoca oscilações na reação química e na separação do reator. A campanha de W é mais complicada devido a interface de separação ficar difusa. Assim, quando produzir W deve-se tomar cuidados adicionais.

4 Oscilações no intermediário, Relação B/A (SR)

4,35 8 As oscilações de pressão de entrega (eventualmente de vazão) do gás A são transferidas para a reação de polimerização provocando distúrbios no processo.

5 Alimentação indevida de E e S

5,98 11 Falhas na inertização do pó E ou problemas no manuseio desta matéria-prima ou, ainda, carga inadequada do alimentador podem provocar vazões oscilantes que à depender da quantidade, o vaso de diluição pode não suportar e transferir fluidos com composições diferentes para a reação.

6 Falta de óleo no compressor

5,43 10 Devido à falta de cuidado operacional e de manutenção do compressor de frios, pode haver perda de rendimento nesta área provocando falta de óleo no compressor.

7 Anormalidades na Purificação 1

3,26 6 Problemas de qualidade de entrega de A e pressão podem provocar oscilações na purificação 1 que, devido ao baixo nível de capacitância de processo pode ser retransmitido para a reação de polimerização.

8 Anormalidades no Lavador

2,72 5 As condições de operação do sistema de abatimento de gases, as composições oscilantes da corrente de off-gas podem provocar obstrução da coluna de lavador.

9 Alimentação de S para o processo

4,89 9 Para manter a planta operando de forma contínua e com composições oscilantes na alimentação do reator, é necessário corrigir constantemente a vazão de S. Esta bomba não está preparada para sofrer tantas intervenções.

10 Alimentação de HC para o processo

1,63 3 Necessidade de manutenção neste sistema e de maior atenção no re-suprimento. Talvez seja necessário aumentar o tamanho do tanque devido aos riscos de faltar produto puro no momento certo.

11 Problemas na lubrificação (remoção de íons)

2,72 5 As oscilações de composição no tratamento provocam passagem de sólidos para o lado do óleo prejudicando a lubrificação das extratoras.

12 Correia da extratora

1,09 2 A partida da planta requer cuidados em determinados equipamentos para evitar a fadiga. Adaptar a extratora para melhor trabalhar durante a partida.

13 Baixa eficiência no tratamento

8,15 15 A variação da composição para o tratamento e as possibilidades de parada em equipamentos com baixa capacitância provocam problemas na secagem e purificação 4. A capacidade das bombas e o equilíbrio mecânico dos fluidos de processo no tratamento também influenciam este problema.

14 Pressão de M para bombas

5,98 11 A condição de selagem inadequada das bombas do processo provoca perda dos selos e distúrbios na pressão de M provocando oscilações diversas.

15 Obstrução da linha de ar

2,17 4 Os distúrbios que ocorrem nas bombas do processo que usam M na selagem podem obstruir os balões amortecedores provocando parada da bomba e mais oscilações no processo.

16 Problemas nos internos das bombas

2,72 5 As oscilações de processo provocam falhas mecânicas nas partes internas das bombas alternativas.

Page 286: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

284

N0 Nome do Evento

Pareto %

Freqüên-cia

Detalhamento

18 Anormalidades no Vácuo – Purificação

12,5 23 As anormalidades na secagem provocam a geração de off-gas com perfil flutuante prejudicando o trabalho do sistema de vácuo.

19 Temperatura da água

1,09 2 Baixa eficiência no sistema de frio e tratamento de água inadequado provoca temperatura alta da água e off-gas muito carregado de M no processo.

20 Distúrbios no Q-1

2,72 5 Algumas características intrínsecas do alimentador de E precisam ser melhoradas para garantir as vazões requisitadas.

21 Deficiência de vácuo no header de M

2,17 4 Devido à sobrecarga de M no off-gas, o header de M perde vácuo prejudicando outras utilizações.

22 B no L

0,54 1 A oscilação da qualidade de B e a falta de controle operacional ou analítico (a confiança que B é 100% confiável) provocaram massa reacional esverdeada.

23 Anormalidades na P-04

6,52 12 Existem algumas limitações na alimentadora de T que devem ser corrigidas levando em conta as oscilações do processo e o balanço de pressão.

Fonte: construção própria

3.2 INTERPRETAÇÃO DA ESTATÍSTICA DAS ANORMALIDADES

As anormalidades não foram analisadas estatisticamente porque o objetivo de trabalho já estava

bem definido, não sendo necessárias validações das hipóteses das cadeias de anormalidade. A investigação

das anormalidades foi feita com a participação contínua da operação e eventualmente com confirmações

de campo. O técnico responsável pela área corrigia as interpretações errôneas levantadas pelo relatório de

anormalidades - REA.

Para definir o nível de prioridade utilizaram-se dois fatores:

a) Freqüência na ocorrência dos eventos.

b) Eventos ocorridos que afetam diretamente a perda de M para o ambiente provocando aumento

de custos na produção e impactos ambientais (peso 1,2).

Tabela 19 – Avaliação de Anormalidades

Evento Anormalidade Freqüência Consumo M Resultado Cor %

Ordem Evento

01 Polímeros para Purificação 2 3,26 S 3,90 3,42 16,14 18 02 Distúrbios na Purificação 3 4,35 S 5,22 4,57 14,29 17 03 Polímero afetando V-3/P-3 2,17 S 2,60 2,28 8,57 13 04 Oscilações no intermediário 4,35 S 5,22 4,57 6,29 5 05 Alimentação indevida de E e S 5,98 S 7,18 6,29 6,29 14 06 Falta de óleo no compressor 5,43 S 6,52 5,71 5,71 06 07 Anormalidades Purificação 1 3,26 N 3,26 2,86 5,71 23 08 Anormalidades no Lavador 2,72 N 2,72 2,38 4,57 02 09 Alimentação de S 4,89 N 4,89 4,28 4,57 04 10 Alimentação de HC 1,63 N 1,63 1,43 4,28 09 11 Problemas na lubrificação 2,72 S 3,26 2,86 3,42 01

Page 287: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

285

Evento Anormalidade Freqüência Consumo M Resultado Cor %

Ordem Evento

12 Correia da extratora 1,09 N 1,09 0,96 2,86 07 13 Baixa eficiência no tratamento 8,15 S 9,78 8,57 2,86 11 14 Pressão de M para bombas 5,98 S 7,18 6,29 2,38 08 15 Obstrução da linha de ar 2,17 N 2,17 1,90 2,38 16 16 Problemas no interno bomba 2,72 N 2,72 2,38 2,38 20 17 Problemas na secagem 13,59 S 16,31 14,29 2,28 03 18 Anormalidades no Vácuo 12,5 S 15,00 16,14 2,28 21 19 Temperatura da água 1,09 N 1,09 0,96 1,90 15 20 Distúrbios no Q-1 2,72 N 2,72 2,38 1,43 10 21 Deficiência de vácuo header M 2,17 S 2,60 2,28 0,96 12 22 B no L 0,54 N 0,54 0,47 0,96 19 23 Anormalidades na P-04 6,52 N 6,52 5,71 0,47 22

Total = 114,12 Fonte: construção própria

Pela estatística levantada acima, ter-se-ia que priorizar as ações nas cadeias de anormalidades 18,

17 e 13.

O levantamento estatístico é frio e apesar das tentativas deve-se valorizar o consenso de equipe.

As prioridades executadas foram diferentes das prioridades estatisticamente levantadas.

3.3 ACOMPANHAMENTO ESTATÍSTICO DE PROCESSOS - AEP

Constata-se o quanto é difícil separar atividades de acompanhamento de processo das atividades

de operação. O resultado esperado no processo só é possível com ações diretas sobre o campo e o painel.

No período em que foi implantada a metodologia descrita na dissertação os itens de controle no processo

envolveram as seguintes áreas de acompanhamento:

a) Parâmetros de processo

b) Efluentes

c) Produção (incluindo índices de consumo e produção)

d) Qualidade do produto final

e) Amostras de processo para treinamento

Este trabalho pretende descrever as atividades de acompanhamento de processo resultante do

diagnóstico de eventos anormais (DIPEA) apresentado nos itens anteriores.

Foram vários os relatórios emitidos de acompanhamento de processos. Apresenta-se estes dados

demonstrando os resultados de implantação da metodologia.

Dividiu-se esta apresentação em três etapas. Inicialmente apresenta-se o histórico das variáveis de

processo no período de março do ano X a agosto do ano X+1. Logo após demonstra-se os efeitos

Page 288: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

286

positivos no efluente das ações realizadas no período. Para finalizar descreve-se através de um estudo

rápido sobre qualidade do produto final.

a)Acompanhamento dos parâmetros de processo (AEP)

Como apresentado na introdução desta temática, as variáveis de processo foram escolhidas para

representar as anormalidades e tentar rastrear quais são as causas principais e se existem fatores sinérgicos

para estas cadeias.

Tabela 20 - Acompanhamento de Processos – Período entre ano X e X+1

Ano X Ano X+1

Parâmetros/Mês 03 04 07 08 09 10 11 12 01 02 04 05 06 07 08

DP Produção 6,20 4,76 4,49 6,55 2,08 3,18 6,80 3,60 3,41 6,37 4,27 6,62 0,32 2,59 1,42

Consumo M 3826 4786 4708 4730 4836 3414 1794 1009 726 2660 3146 1546 2116 1247 1290

Índice M 0,181 0,208 0,292 0,234 0,176 0,200 0,151 0,125 0,082 0,068 0,135 0,072 0,098 0,060 0,063

Pressão B 6,70 6,60 5,51 6,07 5,84 5,32 4,53 4,86 4,86 4,68 4,59 4,71 4,75 4,71 4,69

DP Pressão B 0,31 0,29 0,57 0,80 0,91 0,64 0,16 0,18 0,18 0,10 0,23 0,03 0,09 0,02 0,03

DP Razão B/ A 0,018 0,026 0,023 0,035 0,022 0,126 0,045 0,020 0,015 0,012 0,025 0,029 0,034 0,025 0,011

DP Nível V03 11,6 8,6 8,6 9,6 8,9 6,9 8,5 9,6 7,4 6,8 7,3 109 6,2 7,3 6,5

Intermediário 0,65 0,67 0,67 0,60 0,62 0,64 0,66 0,66 0,65 0,67 0,64 0,67 0,64 0,65 0,63

DP % E 5,8 8,5 5,9 6,3 5 6,4 6,6 4,8 3,5 4,1 6,6 4,6 3,2 3,7 4,4

DP S em R2 0,08 0,10 0,12 0,12 0,08 0,08 0,10 0,07 0,07 0,08 0,08 0,07 0,08 0,06 0,07

E em R2 X X 21,6 21 22,1 22,3 24,2 24 24,2 25,1 23,2 24,1 24,9 24,9 24,6

F Razão M / P X X 0,036 0,035 0,015 0,061 0,063 0,067 0,018 0,003 0,012 0,011 0,018 0,028 0,011

∑DP Q R2 X X 284 277 208 255 271 136 143 78 175 155 200 139 126

PM - Desvio 3070 3316 2649 3460 4277 2741 2713 2579 1991 2562 3470 3212 3245 3439 3457

PM – F 0,139 0,148 0,134 0,147 0,188 0,130 0,115 0,123 0,085 0,123 0,171 0,144 0,149 0,154 0,164

DP M p/ Pur 281 427 255 310 490 295 298 215 266 362 377 342 278 323 226

DP Viscosid. 19,2 24,4 23,1 18,1 23,4 15,1 16,2 11,2 14,5 13,6 19,2 18,9 18,3 17,4 16,4

∑DP Q H 359 597 626 618 561 461 452 183 270 179 X X X X X Pressão AD 5 4,5 4,3 4,5 4,2 4,4 4,2 4,7 5,1 5,2 X X X X X DP Nível V5 tra 4,1 4,6 6,2 4,6 3,8 4,8 4,8 6,3 4,1 3,8 4,9 4,8 3,5 2,6 3,2

Condutivid. 6,8 11,5 37,3 18,4 16 7,9 10,7 4,7 8,1 4,8 7,7 4,6 3,7 2,7 3,8

DP vapor Tr. 79 55 83 80 60 78 78 72 82 67 80 144 67 59 49

DP Amp. Q-01 10,1 11,8 7,8 28,5 11,2 8,6 4,6 5,2 7,4 6,4 8,2 11,6 8,6 13,4 10

DP Temp Q-04 1,8 3,1 4,5 1,9 1,5 2,1 2,7 1,6 1,2 1,5 2,2 5,5 1 1,4 2

Temp.M off-gas 8,2 7,6 7,8 9,4 6,2 6,2 5 5,2 7 6,5 2,8 3,4 3 3,4 5,6

Fonte: construção própria

Para cada variável foi escolhido um parâmetro de acompanhamento que melhor traduzisse

mudanças naquela seção. Por exemplo, a média era acompanhada para indicar tendências de mudança ou

de estabilização e tipos de comportamento como o efeito serrote. O desvio padrão foi escolhido quando a

dispersão da variável era mais importante do que a média em si. A soma dos desvios padrões para um

mesmo sistema provoca vazões, indicando assim, prováveis oscilações amplificadas se a soma dos desvios

for incrementada. Para finalizar, caso o fator de variabilidade mantenha valores próximos em relação ao

tempo, há um indicativo de estabilidade na média e no desvio padrão.

Page 289: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

287

Gráfico 21 - PRODUÇÃO

PRODUÇÃO P(ton/dia) - DP

0

2

4

6

8

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Produção

CONSUMO M (Kg/dia)

0100020003000400050006000

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

ÍNDICE DE M

0

0,1

0,2

0,3

0,4

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Gráfico 22 - MATÉRIA-PRIMA

PRESSÃO DE B (kg/cm2)

4

5

6

7

8

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP PRESSÃO DE B (kg/cm2)

00,20,40,60,8

1

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Page 290: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

288

DP Razão de B/A

00,010,020,030,040,05

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Gráfico 23 - REAÇÃO

DP Nível V-03 (%)

5

7

9

11

13

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Intermediário na reação

0,560,580,6

0,620,640,660,68

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP %E

2

4

6

8

10

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP S em R2 (%)

0,050,070,090,110,130,15

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Page 291: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

289

E em R2 (%)

18

20

22

24

26

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

F Razão M/P

0

0,02

0,04

0,06

0,08

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Soma DP Q R2

050

100150200250300

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Gráfico 24 - SEPARAÇÃO

DP do PM

2000250030003500400045005000

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

F do PM

0,05

0,1

0,15

0,2

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Page 292: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

290

DP M para Tratamento

0100200300400500600

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP da Viscosidade

10

15

20

25

30

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Soma DP Vazão de H

0

200

400

600

800

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Pressão Agua Desmi

33,5

44,5

55,5

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP Nível V5 tratamento

234567

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Page 293: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

291

Condutividade no tratamento

05

1015202530

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Gráfico 25 - PURIFICAÇÃO

DP Vapor de trocador

507090

110130150

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP Amperagem Q-1

05

1015202530

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

DP Temperatura Q-4

0123456

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Temp. M off-gas

02468

10

3 4 7 8 9 10 11 12 1 2 4 5 6 7 8

Page 294: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

292

Interpretação dos gráficos

PRODUÇÃO

• Desvio padrão – produção mensal

Nota-se uma melhoria na variabilidade deste item, entre o mês seis e oito do ano X+1.

É recomendável programar a produção com mudanças de grade suaves e manter o mesmo PM,

pelo tempo mínimo de três dias.

Recomenda-se mudança da bomba de T, para aumentar a confiabilidade.

• Consumo de M

A partir de maio do ano X+1 notou-se uma melhoria no consumo de M, sendo a constatação

observada entre os meses de setembro de X e janeiro de X+1.

• Índice de Consumo M/P

O decréscimo de índice de consumo foi marcante entre julho de X e agosto de X+1, indicando

reduções da 3ª ordem. As ações e detalhes para redução do consumo de M encontram-se descritas em

diagnósticos e programas ambientais.

MATÉRIA-PRIMA

• Pressão de B

Nota-se uma redução gradativa dos valores entre os meses de março (X) a janeiro (X+1), sendo

resultado de reuniões de interface entre a empresa e seus fornecedores.

• Desvio Padrão da pressão de B

Com as mudanças ocorridas no procedimento para recebimento de B, entre novembro (X) a

agosto (X+1), notou-se uma redução significativa na variabilidade.

• Desvio Padrão da Razão mássica B/A

Entre março e setembro /X; dezembro /X e maio /X+1, o desvio padrão oscilou em torno de

0,025. Entre setembro /X e novembro /X+1 ocorreu incremento neste valor indicando instabilidade no

fornecimento de B ou A.

Finalmente, no final do período analisado, notou-se tendência à redução na variação até

aproximadamente zero. Este comportamento é resultado das mudanças de procedimento em relação ao

fornecimento de A e B.

Page 295: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

293

REAÇÃO

• Desvio padrão – Nível V-03, reação.

Após várias mudanças de procedimento e alterações no modo de operar do alimentador de E para

o processo, notou-se que houve uma redução do desvio padrão entre abril e dezembro /X, ou seja, o

valor médio deste desvio foi 9% e, no período de janeiro a agosto /X+1, o valor do desvio reduziu para

7%.

Para melhores resultados deste item de controle foi importante revisar a performance das bombas

de S no processo.

• % Intermediário após polimerização

Notaram-se, também, mudanças neste item de controle. Inicialmente os valores eram altos em

torno de 0,66. Entre agosto e dezembro de X, a percentagem de intermediário sofreu incremento

gradativo saindo da faixa de 0,6% até 0,66% (valor anterior). No ano X+1 notou-se incremento na

variabilidade e tendência para decréscimo do valor absoluto, chegando a 0,64%. Este comportamento

pode ser explicado como efeito das ações para o controle de A e B, e maior controle na reação de

polimerização.

• Desvio Padrão % de E

A variação do % de E para a reação passou por três etapas de decréscimo: 1) entre abril e

setembro de X, reduziu de 8% para 5%; 2) entre outubro de X e janeiro de X+1, redução de 6 para 4% e,

finalmente; 3) entre abril e agosto de X+1, redução de 6 para 3% na variabilidade. Este comportamento

indicou mudanças de procedimentos e de padrões com melhorias consideráveis (3% de desvio padrão).

• Desvio Padrão – S em R2

A variabilidade de S na reação de polimerização foi reduzida em duas etapas, média de 0,10% no

ano X e média de 0,07% no ano X+1 (com valores menos oscilantes e mais estáveis). Os padrões de

operação foram alterados entre o ano X e X+1.

• % E em R2

Observou-se que, para melhoria da estabilidade do processo, o %E foi alterado gradativamente de

21% para 24% em média. Este resultado também foi conseqüência de um maior controle da dosagem de

E para o processo.

• Fator de variabilidade – Razão M /P

O fator de variabilidade é a impressão digital da variável de processo. Notaram-se quatro

alterações deste valor no período. Entre julho e setembro de X (0,03); entre outubro e dezembro de X

(0,06); entre janeiro e maio de X+1 (0,01) e, entre junho e agosto, de X+1 (0,02).

O interessante é quando este fator estabiliza em faixa menos variável. Existem ainda ações a

serem realizadas para fixar o fator.

Page 296: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

294

• Somatório dos desvios padrões das Vazões para R2

A diminuição do somatório dos desvios padrões das várias vazões que alimentam R2 indica uma

maior estabilidade no processo. Houve redução de 300 kg/h para em torno de 100 kg/h. Isto indica uma

maior estabilidade na operação da secagem, ou seja, da purificação de P.

SEPARAÇÃO

• Desvio padrão do Peso Molecular

Provavelmente, devido à programação de produção (grades programadas), existe um acréscimo

repentino do desvio padrão indicando mudança de comportamento. Em agosto de X (2500 para 4000) e

em fevereiro de X+1 (2000 para 3500).

Por que o desvio padrão aumentou de 3000 (X) para 3500 (X+1)? Provavelmente devido à maior

estabilidade na diluição (menos M na mistura), aumento de carga na planta e menor temperatura média

dos processos na planta. Vale a pena investigar a conseqüência desta mudança de processo.

• Fator de variabilidade do Peso Molecular

Pode-se descrever dois comportamentos desta variável. Inicialmente, o fator se manteve em torno

de 0,15 no período de março a outubro (X); o valor desta variável foi reduzida para 0,12 no período de

outubro (X) a fevereiro de X+1; o fator de variabilidade aumentou para 0,15 no período de abril a agosto

de X+1.

É provável que este fator se mantenha em 0,15, caso o processo se estabilize. Para isso é

importante realizar melhorias na bomba de T.

• Desvio Padrão – M para purificação

Esta variável se manteve estável durante o período estudado.

No início do período houve alterações no DP e no ano de X+1 existiu uma leve tendência para

diminuir o DP (200 kg/h). Esta redução na variação de M gerando diluição se deveu a bombas alternativas

operando de forma mais estável na seção de separação.

• Desvio Padrão Viscosidade

Observou-se uma redução na variação da viscosidade de P na seção de separação em duas etapas.

Na primeira, a viscosidade, que variava 25 cp (março de X), passou para 13 cp (fevereiro de X+1). Na

segunda, o desvio padrão reduziu de 20 cp (abril de X+1) para 15 cp (agosto de X+1) de forma

totalmente estável. Este valor não indicou a manutenção de certo patamar, assim esperou-se atingir de

novo valores como 13 cp de variabilidade. O comportamento refletiu melhor controle da diluição de P no

processo.

Page 297: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

295

• Pressão de Água desmineralizada para a separação

Esta variável ainda não foi totalmente ajustada. A pressão de água desmineralizada, que no início

do período era em torno de 5 kg/cm2 (março /X), alcançou o valor mínimo de 4,3 kg/cm2 (novembro

/X) e, posteriormente, retornou para o patamar inicial de 5 kg/cm2 (agosto /X+1).

Houve um trabalho de manutenção sobre os separadores de íons que utilizaram a água

desmineralizada. Este incremento, no final do período, pode indicar maior disponibilidade de água para o

processo.

• Somatório do Desvio Padrão das vazões de H para separação

A soma dos desvios padrões das vazões de água para a seção de separação reduziu gradativamente

entre os anos X e X+1, indicando maior estabilidade nesta seção. A manutenção e o processo devem

continuar os trabalhos nos separadores.

• Desvio Padrão – Nível V5 para separação

Notou-se uma mudança de comportamento nesta variável: comportamento tipo serrote no ano de

X (4 a 6% e de 6 a 4%) e redução suave do desvio padrão no ano de X (5% p 3%).

• Condutividade de P

É notável a diminuição da condutividade dos patamares de 15 para 3 em agosto de X+1. Isto

indicou que os resultados na qualidade de P podem ser positivos (onde os principais contaminantes são os

íons não separados nesta etapa do processo).

PURIFICAÇÃO

• Desvio Padrão da vazão de vapor para aquecedor - purificação

De março de X a abril de X+1, notou-se um comportamento de controle da vazão de vapor com

variações em torno de 70 Kg/h. Entre junho e agosto de X+1 houve uma diminuição na variabilidade

desta vazão, indicando o alcance de patamares de 40 Kg/h.

• Desvio Padrão Amperagem da Q-01

Houve duas variações no período: a) reduziu de 10 para 5 amperes, provavelmente devido às

melhorias do processo (Ano X) e; b) aumentou de 5 para 10 amperes, provavelmente devido ao aumento

de carga na purificação.

• Desvio Padrão Temperatura da Q-04

Esta variável mostrou comportamento de ondas do mar até o mês de junho do ano X+1, onde

aparentemente tendeu a estabilizar com valores acima de 20 C. Recomendou-se acompanhar a sobrecarga do header

de off-gas com M e observou-se a importância de se otimizar os trocadores de off-gas para reduzir o trabalho das

bombas de vácuo.

Page 298: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

296

• Temperatura de M no off-gas

Observou-se que houve, no período, redução gradativa de 8 para 3ºC. Recomendou-se

acompanhar a sobrecarga do header de off-gas com M e observou-se a importância de se otimizar os

trocadores de off-gas para minimizar o trabalho das bombas de vácuo.

b) Acompanhamento de efluentes

Itens de controle

Os itens de controle acompanhados pela empresa no período (dezembro de X a dezembro de

X+1) foram: Temperatura, Ph, Condutividade, Na2CO3, Cloretos, Concentração de M, Sólidos Suspensos,

DBO ou DQO.

Com os dados levantados acima, tem-se uma análise sobre variações e melhorias do perfil do

efluente referente ao tempo.

No caso das analises realizadas pela ETE, os itens acompanhados no período (setembro de X a

novembro de X+1) foram: Vazão, DBO, Sólidos, Produção no mês, Custo no mês.

Com os dados apresentados pela ETE tem-se a capacidade de fazer análise de custos quanto aos

principais contribuintes do custo de efluente.

Baseados em acompanhamentos de processo e em procedimentos operacionais pode-se descrever

os seguintes fatores contribuintes dos itens de controle citados acima:

Vazão (ETE) - Consumo de água de processo para a remoção de íons na seção de separação

DQO/DBO (Empresa e ETE) - Perda de M para o efluente líquido

Lavagem de equipamentos

Limpeza de filtros

Matéria Sólida (Empresa e ETE) - Pó em válvula de transferência de produtos acabados

Temperatura - Temperatura de fundo da Purificação 2

Ph - Variação de concentração de S no processo

Eficiência na homogeneização e neutralização

Condutividade - Presença de íons diversos provenientes da seção de separação

Na2CO3 - Abatimento de gases ácidos na purificação 3

Cloretos - Presença de contaminantes de B e reação de neutralização no processo

Concentração de M - Perda de solvente do processo para efluente.

Page 299: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

297

Tabela 21 - Acompanhamento 1 - Empresa

Mês Temp. Ph Condut Na2CO3 Cl - M SS DQO

(oC) Mv % % ppm % ppm Dez/X 49 7 53 0,14 2,2 100 0,2 1200

Jan 47 7,2 52 0,12 2 150 0,16 650 Fev 48 6,2 47 0,09 2,2 80 0,10 Mar 54 6,5 40 0,12 2,32 80 0,02 560 Abr 49 6,5 48 0,12 2,2 300 0,10 2500 Mai 49 6,8 47 0,13 2,2 350 0,11 650 Jun 49 6,8 45 0,12 2,1 110 0,07 670 Jul 49 6,5 38 0,10 1,8 20 0,16 680

Ago 51 6,7 45 0,10 1,9 50 0,07 680 Set 53 6,9 46,5 0,11 2,1 50 0,03 1300 Out 51 7 47 0,13 2,2 60 0,07 1250 Nov 50 6,9 47 0,14 2,35 70 0,07 850

Dez/X+1 7 46 Fonte: construção própria

Tabela 22 - Acompanhamento 2 – ETE

Mês Volum DBO Sólidos R$ Produção R$/Prod Min

(m3/h) (Kg/h) (Kg/h) % ppm % Set/X 15,05 3,65 0,450 3040,07 821,04 3,7027 157,8 Out 14,48 3,36 0,380 2956,93 803,11 3,6818 154,4 Nov 12,26 4,89 0,140 2873,16 625,67 4,5922 120,3 Dez 12,55 3,56 0,223 2682,67 593,42 4,5207 114,1

Jan/X+1

12,23 3,98 0,250 1877,00 520,17 3,6085 100,0

Fev 11,60 2,99 0,211 2171,92 608,33 3,5703 117,0 Abr 11,77 6,24 0,340 3264,87 585,20 5,5791 112,5 Mai 13,10 4,65 0,372 3126,16 662,38 4,7196 127,3 Jun 12,86 4,22 0,436 3692,30 649,60 5,6840 124,9 Jul 14,69 4,96 0,196 3327,30 643,75 5,1686 123,8

Ago 14,00 5,18 0,348 3375,50 629,89 5,3589 121,1 Set 15,12 8,64 0,720 4499,00 753,13 5,9737 144,8 Out 16,22 7,93 0,874 4670,27 831,02 5,6200 159,8

Nov/x+1

15,18 5,33 0,844 3692,30 798,10 4,6264 153,4

Fonte: construção própria

Page 300: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

298

Gráfico 26 – Variação da temperatura, Ph, Condutividade, %Na2CO3,,Cloro, M, SS e DQO na empresa

GRÁFICO A1 (Temperatura) - Empresa

46

47

48

49

50

51

52

53

54

55

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

MÊS

oC

GRÁFICO A2 (Ph) - Empresa

5,65,8

66,26,46,66,8

77,27,4

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iro Abril

MaioJu

nho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

MÊS

GRÁFICO A3 (Condutividade - mV) - Empresa

30

35

40

45

50

55

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroMarç

oAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

MÊS

GRÁFICO A4 (Na2CO3 - %) - Empresa

0,080,09

0,10,110,120,130,140,15

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroMarç

oAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

MÊS

Page 301: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

299

GRÁFICO A5 (Cl- - %) - Empresa

1,51,61,71,81,9

22,12,22,32,4

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroMarç

oAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

MÊS

GRÁFICO A6 (M - %) - Empresa

050

100150200250300350400

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroMarç

oAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

MÊS

GRÁFICO A7 (SS - %) - Empresa

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

Dezembro

Janeir

o

Fevere

iroMarç

oAbri

lMaio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezembro

MÊS

GRÁFICO A8 (DQO - %) - Empresa

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Dezembro

Janeir

o

Fevere

iroMarç

oAbri

lMaio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezembro

MÊS

Page 302: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

300

Gráfico 27 - Variação de Volume, DBO e R$/ T on P em ETE

GRÁFICO B1 (Volume e DBO) - ETE

02468

10121416

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

MÊS

m3/

h ; k

g/h

VolumeDBO

GRÁFICO B2 (Sólidos) - ETE

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezembro

Janeir

o

Fevere

iroAbri

lMaio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

MÊS

kg/h

GRÁFICO B3 (R$/Ton P) - ETE

22,5

33,5

44,5

55,5

66,5

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

Jane

iro

Fevere

iroAbri

lMaio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

MÊS

R$/

ton

Page 303: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

301

Interpretação dos gráficos

Dados coletados e analisados na empresa

Gráfico A1 - Temperatura

Provavelmente, devido a temperaturas mais altas na purificação 2 a partir de agosto de X+1,

ocasionado por perfil mais estável no processo, e também devido a planta estar operando com cargas mais

elevadas, a média de temperatura foi alterada no período (48 para 50ºC).

Gráfico A2 - Ph

Ph enquadrado entre 6 a 9 estabilizando em 7 no final do período devendo ser indicado maior

controle no processo.

Gráfico A3 -Condutividade

Inicialmente sob efeito serrote (variações entre meses), este item estabilizou a partir de setembro

de X+1 com valores em torno de 46 mV.

Gráfico A4 – %Na2CO3

Valores oscilantes entre 0,1 e 0,14%, indicando perfil do processo merecedor de atenção.

Gráfico A5 - %Cloro

Valores oscilantes entre 1,8 e 2,4 %. Acompanha o mesmo perfil do carbonato. Isto indica as

oscilações na dosadora de S para o processo.

Gráfico A6 - M

A média no início da faixa era de 100 ppm no efluente.

Nos meses de maio e junho de X+1 ocorreu um pico elevando a média para 300 ppm (parada?).

No final do período esta média foi reduzida para 60 ppm.

Esta grande oscilação mereceu investigação quanto à possibilidade de vaporização indevida de M

na canaleta antes de atingir a bacia de efluentes.

Gráfico A7 - SS

Tendência à estabilização em torno de 0,07% (inicialmente com valores elevados – 0,2%).

Provavelmente, este resultado foi devido à implantação da auditoria de ordem e limpeza e à

matriz de responsabilidades sobre sólidos na área.

Gráfico A8 - DQO

Page 304: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

302

Os valores de DQO estavam equilibrados em torno de 600 ppm, exceto no mês de abril quando

alcançou 2500 ppm. A partir de setembro de X+1, os valores médios aumentaram para 1000 ppm.

Perguntam-se: Por que motivo? Esta é a nova realidade do efluente? Seriam necessários novos ajustes na

purificação 2?

Dados coletados na fábrica e analisados na ETE

Gráfico B1 – Volume e DBO

Não existe nenhuma relação aparente entre volume e DBO.

Nota-se um aumento no valor de DBO da amostra da ETE de 4 Kg/h para 7 Kg/h. O efluente

da fábrica aparentemente está mudando de perfil. Porque?

Gráfico B2 – Sólido

De setembro a julho/ X+1 houve uma diminuição dos valores de sólidos (0,5 Kg/h para 0,2

Kg/h). De agosto a novembro de X+1 a tendência foi aumentar o envio de sólidos até 0,8 Kg/h. Porque?

Gráfico B3 – R$ Efluente / ton de P

Notou-se uma tendência de incremento dos custos com tratamento de efluentes por tonelada de

P. Inicialmente R$ 3,5 / ton para R$ 6,0 / ton de P. No final do período esta tendência foi invertida para

redução até R$ 4,5 / tonelada de P.

Recomendou-se acompanhar o processo, verificando-se os reflexos no efluente quanto a DQO,

volume e sólidos.

c) Acompanhamento da produção

Diariamente o inventário da planta eram atualizados e calculados os índices de consumo diários e

acumulados. Este acompanhamento permitia verificar o efeito de cada ação operacional sobre o consumo

de matérias primas, insumos e utilidades.

Ocorriam interpretações falsas devido a oscilações instantâneas dos níveis de tanque, quando o

índice era acompanhado diariamente.

As intervenções feitas no sistema de refrigeração por brine foram acompanhadas de forma intensa

pelo índice de M/P. Para cada ação realizada eram controladas as conseqüências durante por, pelo menos,

cinco dias.

Page 305: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

303

Estas interpretações eram discutidas na sala de controle e no campo. Buscou-se dar resposta para

cada comportamento do processo como resultado de uma ação diferente do que normalmente era feito

nos procedimentos operacionais.

Os índices, objeto de controle diário, estão listados por área do processo. Assim:

Reação

(E / P) (M / P) (S / P) (HC / P) (A / P) (B / P) Separação Purificação Continuidade (H / P) (Efluente líquido / P) (Energia / P) (Vapor / P) (Horas parada / P)

d) Acompanhamento da qualidade do produto final

Todo lote de polímero era fechado e analisado conforme o tipo e esta análise indicava o resultado

do processo. Os principais itens controlados indicavam:

PM - a formulação do produto estava correta (insumos e matérias primas).

VISCOSIDADE - o polímero era puro ou tinha contaminantes.

CLORETO - a separação teve êxito ou deixou passar íons cloretos para a purificação.

Condutividade – presença de outros íons.

Analise do Produto final – sujeira, tonalidade, material estranho e tamanho.

e) Amostras de processo – museu para treinamento

Estas amostras representam anormalidades ocorridas no processo e serviram para treinamento e

referência de casos ocorridos. Constatou-se a importância da definição de padrões operacionais sem

perder de vista os objetivos.

01 Material estranho em dosador 02 Impelidor equipto em vaso 03 Plástico no tanque de E 04 Resto de sacaria em tanque 05 Sais depositados na R-1 06 Sólido em costado - tanque 07 Carvão de bomba 08 Polímero na purificação 2 09 Carvão na separação 10 Polímero preso no vaso 11 Carvão virgem 12 Bambo em vaso 13 Polímero duro no secador 14 Polímero antes/depois M 15 Polímero preso em secador 16 Sujeira de polímero – purif. 4 17 Sujeira de polímero – purif.4 18 Mel queimado sólido 19 Escama no tanque produto 20 Pedras de P – área física 21 Pedras de P – área física 22 Sujeira obstrução ln vácuo 23 Tela da extrusora 24 Tela com sujeira de P 25 Tela com sujeira de P 26 Tela com sólidos sujeita à furar 27 Polímero com umidade 28 Faca de corte cega e c dente 29 Sujeira da área física 30 P normal 31 Calço equipamento operando 32 Carvão da bomba purif.3 33 Fissura em faca 34 Sólido da área física 35 Gaxeta mais dura que pistão 36 P retirado de tela 37 Tela operação normal 38 Tela após tentar limpeza c M 39 Barra de aço moída – trava 40 Selo de separador rotativo

Page 306: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

304

3.4 AÇÕES LOCALIZADAS -ALO

As ações localizadas são executadas em paralelo com o Acompanhamento Estatístico de

Processos (AEP) e a revisão de procedimentos da operação (PADOP). Podem ser realizadas para auxiliar

na revisão de procedimentos, para confirmar mudanças em parâmetros operacionais e, finalmente, para

auxiliar no diagnóstico de impactos ambientais.

LISTA DE AÇÕES EXECUTADAS NO PERÍODO

1. funcionamento de alimentadores de matéria prima no estado sólido; 2. condições de fornecimento de B (anormalidades); 3. bombas alternativas (selagem e eficiência); 4. redução de perdas de M no processo e operação; 5. campanhas de produção de produtos mais complicados (grades); 6. enquadramento de viscosidade e peso.

Detalhamento:

1. Funcionamento de alimentadores de matéria prima no estado sólido

A cadeia de anormalidade 20 apresenta a hipótese de eventos que ocorrem neste caso.

Existem algumas características que, se alteradas, podem provocar falhas na medição de vazão de

sólidos. Dentre elas pode-se citar:

• Densidade de sólido constante

• Ausência de materiais estranhos

• Partes mecânicas de controle e de manuseio de sólidos operando alinhadas, sem folgas

• Inertização de tanque de matéria prima para evitar aglomeração de sólido e oxidação

• Vibração apropriada para transporte do sólido por gravidade

Os setores de operação e manutenção trabalharam em revisão de procedimentos, inspeções,

mudanças de projeto e neste sistema muitas situações foram sendo descobertas.

2. Condições de fornecimento de B (anormalidades)

Devido a problemas (eventos 3, 4, 22) que indicam falhas no fornecimento de B para a planta,

foram realizados estudos históricos e de investigações de campo sobre o assunto.

Notou-se que o maior problema encontrado foi em relação à falta de comunicação do fornecedor

quando a qualidade (contaminantes, pressão) ou quantidade (vazão) de matéria prima B, não atendiam aos

Page 307: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

305

requisitos mínimos esperados. Ou ainda, o cliente não comunicava ou insistia nestes fatos devido ao

tamanho da empresa fornecedora, ao fato de ser parceira antiga, além de haver complicações entre os

acionistas quando ocorriam atritos.

Estas ações localizadas foram disparadas principalmente após incidentes que provocaram perda

de tempo e geração de resíduos, além de riscos de acidentes. As recomendações desta investigação

referem-se as ações localizadas para este caso.

3. Bombas alternativas (selagem e eficiência)

Como já foi dito anteriormente, uma atividade instituída para realização diária foi percorrer a área

para investigar pontos de perda indicados pela diminuição de inventário de M e pela contaminação de

efluente líquido por M. Esperava-se que esta atividade fosse desenvolvida também pelo setor de

manutenção.

Os técnicos da área, preocupados com a situação, iniciaram investigação nos reparos constantes

em bombas alternativas (selos) e notaram que a pressão de selagem externa com M era muito grande em

relação ao projeto. Ao ser apresentado este fato, o staff da operação resolveu limitar a pressão a valores

intermediários entre o projeto e o valor atual de operação.

O histórico da planta indicava que se a pressão de M para estas bombas fosse muito baixa, o

polímero vindo da reação provocava obstruções. Como a condição de estabilidade no processo era outra,

resolveu-se atuar em cada uma separadamente na mudança de pressão de selagem das bombas.

O resultado foi positivo e o sistema foi alterado 100% em oito meses em operação normal,

sempre substituindo a pressão de selagem nas bombas reserva.

4. Redução de perdas de M no processo e na operação

O trabalho de redução nas perdas de M envolveu praticamente todas as áreas e todas as etapas

desta metodologia. Inicialmente foi detectada através da investigação de anormalidades a necessidade de

realizar estudos específicos. O fato de haver perdas de M no processo indicava que o papel de solvente de

M era prejudicado pelas perdas provocando oscilações no processo como um todo.

As cadeias de anormalidades (1), (2), (6), (11), (13), (14), (15), (16), (17), (21) estavam envolvidas

com oscilações provocadas pela perda de M do processo.

A descrição detalhada de todas as atividades, para reduzir as perdas, está apresentada no item

diagnóstico ambiental.

Page 308: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

306

5. Campanhas de produção de produtos mais complicados (grades W)

Foi iniciado estudo quanto à eficiência das campanhas de produção de W, grade específica na

produção de P.

A descrição dos problemas que ocorrem na produção de W é apresentada na cadeia de

anormalidades (3) e (4).

Na investigação de incidentes operacionais faz-se um relato mais completo quanto aos eventos

que envolvem a campanha de W e quanto às recomendações que a partir de então foram implantadas.

6. Enquadramento de viscosidade e peso

Para enquadrar viscosidade e peso foi essencial diminuir as oscilações de processo provocadas por

variações na concentração de M na planta como um todo.

Com esta estabilidade foi possível realizar atividades específicas para prevenir problemas com

viscosidade e peso de P. As cadeias de anormalidades envolvidas neste caso foram: (13), (14), (17), (18) e

(23).

Na cadeia (13) existe a indicação evidente de que se o tratamento na separação de íons não for

bem feito, as conseqüências atingirão a seção de purificação 4.

Na cadeia (14) existe a indicação de variações de M para o processo através da selagem de bombas

alternativas e isto, conseqüentemente, afeta a qualidade de P.

Na cadeia (17) é demonstrada etapa por etapa dos problemas possíveis de ocorrer por

vaporização irregular na purificação 4.

Na cadeia (18) são apresentadas as conseqüências para as linhas de vácuo no caso de vaporização

irregular de M no processo.

Na cadeia (23) é indicado que, se a bomba de T estiver variando na sua performance, será difícil

garantir que o PM do produto será sempre o mesmo. Isto tem implicações sérias em todo o processo.

TESTES EM OPERAÇÃO NORMAL

Como já foi apresentado no Caso 2 e na análise de literatura, os testes em operação normal

servem para aplicar as mudanças propostas por investigação de incidentes e anormalidades que podem

resultar em revisão de procedimentos.

Os testes são feitos de modo a não atrapalhar a produção e a rotina de operação.

Toda a equipe de operação teve interesse e curiosidade em atuar nesta pesquisa operacional.

Page 309: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

307

Sistema de refrigeração (frio)

O sistema de venteio de tanques e vasos foi aberto para viabilizar a perda por via atmosférica de

M, caso o fluido que estava sendo movimentado atingisse temperaturas acima de 40ºC.

Assim, foi necessário corrigir a temperatura média dos vasos de processo e do tanque de M. Para

tal, o estudo do sistema de frio e comparação com o projeto original foi essencial.

Notou-se que o controle deste sistema era falho por não funcionarem parte dos sensores e

válvulas controladoras. O sistema de frio por estar sendo mal controlado, sofreu intervenções que

atrapalharam a operação da planta em movimento. Assim, foi necessário reconstituir o sistema de frio e

instalar um novo compressor para evitar diminuição de oferta de frio por não haver atendimento aos

requisitos da planta em termos de manutenção.

Todos os testes de temperatura, em relação aos novos procedimentos, controladores, sensores,

manutenções programadas e instalação de equipamentos, foram acompanhados sob a forma de etapas

contínuas e espaçadas para dar o “timing” da modificação.

Perda de M para efluente líquido

Este trabalho envolveu todas as etapas da metodologia. A perda de M para efluente líquido foi

tratada na investigação de anormalidades, no acompanhamento de processos, na revisão de

procedimentos, nas ações localizadas, na medição contínua dos resultados, na investigação e diagnóstico

ambiental, enfim, todas as etapas trataram deste assunto.

Além disso, foram feitos muitos testes em operação normal para conseguir êxito na diminuição de

perdas de M no processo. Estas ações envolveram perdas também para a atmosfera, como foi dito acima

na descrição do sistema de frio.

Considera-se mais apropriado detalhar este tema no diagnóstico ambiental onde serão

apresentados, por etapa e por período de tempo, os resultados alcançados de todo o trabalho de redução

de perdas de M.

3.5 INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTES OPERACIONAIS -INVOP

A finalidade central deste trabalho foi a preparação de documentos para que fossem estudados

pela operação quanto a cuidados e melhorias a serem realizadas. Portanto, foram explicitados nas

investigações de incidentes operacionais os custos financeiros e ambientais de paradas repentinas,

descontroles na reação e campanhas de produção problemáticas.

No caso da parada por corte de B, envolveu o fornecedor e qualidade no fornecimento.

Page 310: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

308

No caso da campanha de produção de W, houve envolvimento de questões tecnológicas e

estudos específicos de processo.

No caso de descontrole na reação 2, ocorreram falhas no gerenciamento da supervisão durante o

turno, na comunicação interna e, nas decisões técnicas para evitar impacto nos custos e ambientais.

Corte de B

O fornecedor de B, no turno, promoveu o corte de fornecimento desta matéria-prima sem

comunicação preliminar. Por causa deste corte repentino, ocorreram problemas na reação causando

obstrução de equipamentos, vasos e linhas de processo. Houve também perda de matéria-prima, de

insumos, hora parada da produção e custos de manutenção e de peças de reposição para colocar os

equipamentos disponíveis para nova operação.

Os custos dessa parada foram contabilizados e, a título de demonstração, são descritos em

percentual na tabela abaixo.

Tabela 23 – Custos de parada

Indicador % Perda de Matéria-prima - E 1,90% Perda de Insumo HC 0,60% Produto off-spec 27,80% Custo adicional no efluente - DBO 0,80% Notificação pelo CRA 15,90% Reclamações de Cliente 5,00% Perda de Insumos M 25,00% Perda de Produção 13,60% Danos em equipamentos 1,60% Custo adicional no efluente - MS 0,80% Hora extra 2,00% Imagem da empresa 5,00%

Fonte: construção própria

Descrição das ações imediatas visando reduzir os problemas relativos a este evento:

a) Lavagem dos equipamentos com solvente.

b) Confirmação quanto à regularização do fornecimento de B.

c) Comunicação para o fornecedor das conseqüências desta parada sem comunicação.

d) Avaliação das medidas a serem tomadas de forma conjunta para que o mesmo não aconteça

de novo.

e) Avaliação quanto a sinalização automática através de alarme e interloque do fornecedor para a

empresa.

A partir deste evento passou a ser prática habitual a realização de reunião entre as equipes

operacionais do fornecedor e da empresa, diminuindo assim os problemas de interface.

Page 311: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

309

Campanha de W

A investigação sobre as campanhas de produção de P do tipo W chegou às seguintes conclusões:

• Presença de coloração anormal nos reatores.

• Alta condutividade na fase inorgânica.

• Má separação nos vasos de processo.

• Produto apresentando cor irregular e fora de especificação na aparência e propriedades físicas.

A tabela de carga para esta campanha foi alterada, sendo preparado procedimento específico para

acompanhamento dos seguintes itens de controle:

Ph na reação Separação no reator Interface no vaso

Ph na separação Oscilação na condutividade Transbordo de decantadores na separação

Descontrole na reação 2

Devido a problemas operacionais consecutivos iniciados por descontrole na reação 2, houve

perda para efluente líquido de quantidades consideráveis de M, além da planta de produção precisar parar

pelo período de três dias.

A análise crítica dos eventos demonstrou que a equipe de turno precisava estar sensível quanto

aos impactos ambientais de eventos operacionais e, o staff técnico administrativo disponível em forma de

plantão para atender eventuais necessidades da operação da planta.

Dentre os vários fatos analisados apresenta-se resumidamente os seguintes:

1. As ações realizadas no turno mostram que o histórico da Planta não é de conhecimento de todos.

2. A equipe de turno deve ter um Plantão de apoio que atenda emergências (durante a semana à noite

também).

3. O Plantão de apoio também deve existir na equipe de manutenção.

4. Faltou ferramental para tratamento de emergências no turno.

5. Não foi feita análise de risco e nem consulta a outros técnicos quanto a operações provocadoras de

impacto ambiental.

6. O prosseguimento do processo com corrente ácida fora de especificação provocou furos em

equipamentos.

7. Não foi feita análise de processo para a partida após a parada, a reação química estava fora de controle

na partida.

8. Descontrole das concentrações de S para a reação por conseqüência da parada anterior.

Page 312: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

310

9. A planta foi encharcada com M, bombas cavitaram, equipamentos com excesso de vaporização,

demonstrando que a equipe de operação deveria solicitar apoio para analisar o processo antes da

partida da planta.

10. Os Critérios de parada de planta não estavam estabelecidos deixando esta interpretação para o

supervisor de turno.

11. Devido à perda excessiva de M, e devido ao estoque baixo deste insumo, faltou solvente para partir

a planta (revisar estoque para situações de emergência).

12. Procedimentos de lavagem acabaram deixando alguns equipamentos mais sujos (é necessário

planejamento nas ações da operação).

13. Borbulhamento do efluente e vaporização excessiva de M – a operação deveria assumir as

responsabilidades e agir de forma correta em caso de perda real de M para a atmosfera.

14. Não foram feitas comunicações dos eventos e, o relato do supervisor de turno foi pouco denso em

relação ao ocorrido.

Desta forma, as conclusões desta investigação indicaram as seguintes necessidades:

a. Preparação de treinamento para situações já ocorridas no histórico da planta.

b. As novas tecnologias devem ser acompanhadas por análise de risco de processo amplamente

divulgado.

c. O papel do encarregado de turno deve incluir planejamento das ações em situações de emergência

(de fato).

d. As limitações do turno devem ser trabalhadas para evitar recorrência de eventos desta natureza.

e. O apoio de turno deve ser oficializado para a rotina do dia a dia e deve ser acionado pelo

encarregado do turno.

f. Comunicação escrita sobre eventos que afetam negativamente o meio ambiente deve ser prioridade

para o operador chefe.

g. A co-responsabilidade dos operadores nas ações realizadas é um fato e a cobrança dos resultados

deve ser feita sobre a equipe como um todo, incluindo os operadores.

3.6 REVISÃO DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

No Caso 3, como dito anteriormente, os procedimentos operacionais estavam atualizados para as

condições de processo e para a tecnologia em uso.

Page 313: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

311

O planejamento do turno quanto a situações de risco na planta e o registro de histórico de fatos

ocorridos no passado precisavam ser explicitadas nos procedimentos já existentes.

Os operadores e encarregados de turno solicitaram também que fossem descritos, de forma clara,

quais os padrões ambientalmente corretos requisitados pela empresa para a nova condição de produção

limpa.

Programa de Sugestões

O interesse em contribuir para sugestão de melhorias fez com que a administração implantasse o

livro de sugestões. A parte introdutória do livro apresentava as seguintes informações e procedimentos:

Este livro será de uso da operação, onde serão descritas as sugestões, desenhos anexos, pareceres

do STAFF quanto à viabilidade técnica e ou financeira e acompanhamento pelo operador delegado (as

sugestões também podem ser realizadas pelas áreas de manutenção, laboratório e compras).

Entende-se que, no ambiente de trabalho saudável, a equipe se sentirá motivada para sugerir

mudanças e melhorias tanto quanto aos aspectos técnicos de rotina, como os relacionados aos recursos

humanos.

Cada sugestão será avaliada e será emitido parecer conforme a prioridade:

P1 – Esta sugestão será responsável pela redução de perdas estimados em R$, ou, a sugestão evita riscos

de contaminação ambiental e de acidentes com afastamento – melhorar a imagem da empresa para a

comunidade externa e interna.

P2 – Esta sugestão será responsável pela redução de perdas estimadas em R$ e, a sugestão, evita quebra de

equipamentos e gastos indevidos com peças de reposição.

P3 – A sugestão será também responsável pela redução de perdas estimadas em R$, ou, a sugestão

aumenta a integração da equipe e motiva a auto-estima.

O procedimento de apresentação da sugestão segue as seguintes etapas: descrição da sugestão

(número, título, descrição, benefício, desenhos, prioridade), o engenheiro ou técnico avaliará ou delegará

avaliação sobre viabilidade da sugestão, será definido prazo de implantação caso seja aprovada, será

realizado relatório bimensal sobre cumprimentos do programa.

A maior preocupação do autor da dissertação deveu-se ao grande número de sugestões em relação

ao número de pessoas que constituíam o STAFF e até pela operação. Constatou-se a importância da

realização de reuniões apresentando pareceres sobre as sugestões viáveis para não causar redução da

expectativa quanto ao atendimento das sugestões.

Page 314: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

312

Definição de prioridades em manutenção corretiva “Pendências de Manutenção”

O funcionamento do livro sofreu descrédito devido à demora da realização dos serviços levando a

que, muitas vezes, as pendências não fossem registradas.

Com a estabilização dos processos foi possível valorar este meio de comunicação e, foi

acrescentado como vincular as prioridades de manutenção, facilitando o gerenciamento das prioridades

pela operação e execução dos serviços pela manutenção.

O procedimento, em linhas gerais, recomendava o levantamento e registro de pendências por

turno, a preparação das ordens de serviços e, se possível, a liberação do equipamento para a manutenção e

avaliação das prioridades conforme critérios abaixo.

P1 – Itens que provocam: parada de planta, situações inseguras que possam provocar acidentes

graves, contaminação ambiental grave, contaminação elevada do produto.

P2 – Itens que provocam: perda de M no processo, diminuição de carga, outras contaminações do

produto.

P3 – Itens que possam ser realizados sem a interrupção do processo de produção e que

mantenham ou facilitem a operação normal da planta.

P4 – Itens que somente podem ser realizados com a planta parada e não provocam maiores

impactos ambientais e nos custos.

As prioridades seriam então confirmadas em reunião de manutenção diária ou de dois em dois

dias, sendo feita avaliação quanto ao cumprimento das manutenções realizadas.

Padrão ambiental do trabalho de turno

Existem alguns itens básicos que foram colocados arduamente, no ombro a ombro para todos os

operadores de campo ou painel, supervisor ou técnico, chefe ou pião. Procurar-se-á sistematizar estes itens

abaixo apresentados, devido ao esclarecimento necessário para a equipe de turno do que seja o padrão

ambientalmente correto para a operação.

Dimensão Individual

• Uso adequado de EPI’s

• Linguajar utilizado no trabalho

• Forma de pensar sem bloqueios

• Entendimento sobre sua função e a função da equipe

• Pensar limpo contribui para representar bem a empresa (não adotar política de fachada)

Page 315: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

313

Dimensão Coletiva

• Comunicação horizontal (colegas) e vertical (chefia)

• Manter boas relações no trabalho

• Contribuir com o colega que conhece menos (não esconder o pulo do gato, pode ser a 7ª vida)

• Conhecer procedimentos coletivos de trabalho

• Conhecer procedimentos de emergência

• Analisar e conhecer histórico documentado da planta

Dimensão de Equipamento

• Conhecer os princípios dos equipamentos que estão sendo operados

• Manter o equipamento em bom estado – a limpeza e organização fazem parte do trabalho da

operação

• Saber fazer pequenas manutenções para evitar parada no turno

• Conhecer suas limitações

• Dividir o que não sabe para evitar tomar decisões errôneas

Dimensão de Processo

• Conhecer o processo e saber interpretar problemas que ocorrem na rotina

• Conhecer sobre cadeia de anormalidades e seus fatores

• Entender a influência das operações nas anormalidades de processo

• Difundir conhecimento sobre processo no turno

Dimensão ambiental

• Conhecer os conceitos ambientais

• Conhecer o básico da legislação ambiental

• Conhecer quais os principais procedimentos de controle operacional para impactos ambientais

• Conhecer alguns detalhes importantes sobre tecnologias limpas e produção limpa

• Saber fazer uma analise de risco ambiental e de segurança nas operações de rotina

• Conhecer as características toxicológicas dos produtos manipulados na empresa

Page 316: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

314

• Explicar para o público leigo dos riscos da área de processo quando necessário

• Saber prepara relatório de incidente ou anormalidades ambientais ou de processo

• Comunicar incidentes e ou acidentes ambientais para os órgãos competentes

• Conhecer as principais fontes de contaminação ambiental na empresa

Dimensão Organização

• Conhecer as políticas da empresa

• Conhecer as limitações da empresa

• Ter acesso a informações sobre perspectivas de crescimento

• Conhecer os programas organizacionais

• Saber manusear documentos da qualidade e ambiental

• Manter canal aberto de comunicação

Dimensão Global

• Conhecer os riscos globais relacionados à questão ambiental

• Conhecer os principais acidentes de segurança e ambientais

• Saber representar a empresa em ambiente externo

3.7 PROCEDIMENTOS GERENCIAIS E ADMINISTRATIVOS

Como a parte técnica de procedimentos estava bem administrada, verificou-se a necessidade de

revisar ou criar certos procedimentos gerenciais e administrativos.

Parte destes procedimentos trata de critérios adotados na atividade de gerenciamento e

administração da empresa.

Critérios para Gerenciamento da Operação e da Manutenção

Neste caso o procedimento atende a necessidade de uniformização de critérios para a

administração que os supervisores, engenheiros e técnicos das áreas de operação e de manutenção,

desenvolvem na fábrica.

Page 317: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

315

Para facilitar o gerenciamento de manutenção são definidos critérios a serem cumpridos pelas

várias partes envolvidas (operação, manutenção, compras,...).

Certos sistemas críticos da operação merecem importância devido a:

• Afetar a qualidade do produto final

• Provocar parada de planta – interrupção da produção

• Descontinuidade nos índices – perda de M e de S

• Problemas de segurança e ambiental que possam provocar acidentes ou incidentes com ou

sem prejuízo ao homem, à máquina e ao meio ambiente

• Problemas em instrumentos críticos que facilitam o monitoramento quanto a vazamentos

para atmosfera e ou para o efluente líquido.

Baseado no critério acima e nos procedimentos operacionais de uso comum dividiu-se as ações

em relação à manutenção da seguinte maneira:

1. Obrigações da operação

2. Obrigações da manutenção

3. Obrigações da área de compras

4. Condições para parada de planta

Ambientais Segurança Geral

5. Condições para a redução de carga

Qualidade Ambiental Segurança

6. Condições de operação

7. Papel do Técnico de operação

Questões administrativas da operação – ferramentas e logística

Algumas questões administrativas que suscitavam dúvidas tiveram que ser esclarecidas durante a

implantação da metodologia que é base desta dissertação de mestrado.

Dentre as várias questões citam-se:

1. Programação de férias (critérios)

2. Controle de hora extra (controle, programação e registro)

Page 318: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

316

3. Uso do telefone de painel (em caso de horário administrativo)

4. Necessidade de sala do operador chefe (planejamento das turmas de turno)

5. Diretrizes para a produção (definir modo de operar durante um mês ou período maior)

6. Papéis da operação (esclarecimentos)

7. Registros da operação e uso do computador (revisão dos registros e forma de uso)

8. Índices, comunicações, relatórios, leitura de painel e de campo, relatório de não conformidade,

controle de movimentação de produtos, tabela de carga.

9. Acompanhamento de projetos (disponibilizar homem hora para tal atividade)

10. Gerenciamento da rotina (definir procedimentos de)

11. Analise da troca de turno (avaliar critérios)

Definição de padrões comportamentais para a equipe de operação

O comportamento considerado saudável do operador no seu ambiente de trabalho envolve os

seguintes tópicos citados em procedimento específico.

• Ser crítico e ao mesmo tempo ser construtivo.

• Não deixar de organizar o espaço pessoal depois.

• Facilitar o trabalho do colega que o está substituindo passando informações necessárias.

• O trabalho é necessário, importante e exige resultados – o operador deve ser responsável

para atender a sua função.

• Vontade de desenvolvimento próprio deve ser cultivada em cada um.

• Não existe mais a separação de função nas atividades, o trabalho passa a ser global – na

área de trabalho basta haver conhecimento, competência e tempo para desenvolver as funções não

correlatas (limpeza, pequenas manutenções, treinamento, pequenas pinturas, pequenas mudanças em

malha de controle, organizar material de uso comum).

Acompanhamento da qualidade dos serviços de Manutenção

Para acompanhar os serviços de manutenção, era preenchido diariamente o relatório de

manutenção e semanalmente realizada reunião de avaliação das prioridades em que também se verificava a

qualidade dos serviços. Assim, eram levantados os seguintes itens:

1. Se a equipe estava completa;

2. Para cada ordem de serviço aberta ou pendente:

Page 319: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

317

• Data de abertura • Área e tag do equipamento • Especialidade (Caldeiraria, mecânica, instrumentação e elétrica) • Serviço realizado • Re-trabalho (sim ou não) • Status (Concluído, material pendente, mão de obra pendente, liberação pendente

pela operação, serviço em andamento) • Causa (manutenção inadequada, processo inadequado, projeto inadequado,

operação inadequada)

A título de exemplo apresenta-se tabela resumida sobre os itens de controle descritos acima.

Avaliação do período de dois meses.

Tabela 24 – Resumo dos itens de controle

ITENS % Equipe completa 17,86%Equipe não completa 82,14%

Purificação 1 4,60%Reação 27,7%Separação 27,8%Purificação 4 0,0Efluente 16,7%Área Física 10,0%Geral 13,2%ESPECIALIDADES %Calderaria 36,70%Mecânica 36,30%Elétrica 19,90%Instrumentação 7,10%STATUS %Concluído 69,80%Mão de obra pendente 10,90%Materiais pendentes 7,60%Em andamento 3,40%Liberação operação pende 8,40%Índice de Re-trabalho 8,66%

Fonte: construção própria

Planejamento Estratégico

O autor desta dissertação, antes da reunião geral dos líderes da empresa sobre o Planejamento

Estratégico desenvolveu, em conjunto com a equipe de operação, uma série de observações a serem

levantadas.

O objetivo do Planejamento Estratégico era a manutenção e crescimento da empresa na próxima

década. Ou seja, com o programa preparado a partir desta reunião gerencial, pretendeu-se atender a

continuidade operacional, qualidade no produto final, baixo custo de produção e manutenção da qualidade

ambiental.

Os tópicos propostos para a reunião de Planejamento Estratégico foram os seguintes:

1. Política e rotina de suprimentos. 2. Manutenção (gestão, engenharia, inspeção e pendências).

Page 320: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

318

3. Melhorias na planta (operacionabilidade, diminuição de reprocesso, diminuição de custos de produção, controle de efluentes).

4. Segurança (plano de fuga e rotina). 5. Operação (padronização, treinamento, cultura ambiental, sistema da qualidade e implantação do

CEP). 6. Projetos (interface com a operação e a manutenção e pendências de sistemas). 7. Questões estratégicas (ISO-14000; limpeza da planta; movimentação de resíduos, acesso à

informação). 8. Programa motivacional e de promoções. 9. Movimentação de pessoal (operação). 10. Funções e responsabilidades na produção. 11. Programas de Metas.

Planos de Ação

Na (1) política de suprimentos foram apresentados problemas quanto ao controle de peças

sobressalentes e também sobre a interface com a manutenção.

No item (2), manutenção, apresentada crítica sobre o tipo do contrato fechado e o estilo de

gerenciamento que atrapalham os resultados. Também foi apresentada a deficiência da engenharia de

manutenção quanto a conhecimento sobre confiabilidade de equipamentos.

No item (3), melhorias na planta, apresenta a falta de facilidades para o turno planejar suas

atividades.

No item (4), segurança, existe uma avaliação da postura de segurança da empresa desde os

empregados até os programas institucionais e foi sugerida a criação de plano de fuga.

No item (5), operação, apresentada a preocupação quanto a ausência dos treinamentos e das

melhorias na planta podendo resultar em retornar à condição anterior. Os principais aspectos

apresentados neste documento são relacionados às deficiências existentes na padronização do trabalho de

turno.

No item (6), comentou-se sobre a incorreção das seguintes práticas: compra de equipamentos

sem consulta prévia ao setor de operação, implantação de nova tecnologia sem análise de risco, pouco

treinamento para implantação de novos sistemas, falta de documentos para viabilizar a implantação de

sistemas.

No item (7), em questões estratégicas, houve comentários sobre o estilo gerencial centralizador

(atual) e o estilo gerencial por delegação para aumentar a competitividade (futuro). Levanta-se a

importãncia dos requisitos necessários para implantação da ISO-14000 na empresa do Caso 3.

No item (8) são feitas sugestões de como manter motivada a equipe.

No item (9) são apresentadas necessidades de movimentação de pessoal.

No item (10) é feita sugestão quanto a definição das funções e responsabilidades,

principalmente na operação.

Page 321: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

319

No item (11) é apresentado um programa de metas por departamento para corresponder ao

desafio ambiental. Em (12), são apresentados os planos de ação.

3.8 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Em termos de diagnóstico ambiental foi detectado, através da investigação de anormalidades, que

a perda de M para atmosfera é um problema que envolve praticamente toda a Planta e todas as atividades.

Sendo assim, após o estabelecimento do Acompanhamento estatístico de processos (AEP), o

autor dessa dissertação precisou dirigir o foco das atividades para a redução das perdas de M. Se o

trabalho fosse feito isoladamente, como é feita a investigação de anormalidades a partir do relatório de

turno, as ações seriam baseadas em hipóteses e perderiam força com a aplicação das mudanças propostas

na área. Ou seja, o trabalho realizado teve como base a validação pela equipe de operação, desde os líderes

formais, líderes informais e interessados pelas melhorias.

A Tabela abaixo descreve as atividades realizadas, o período, o efeito esperado e o efeito atingido

no inventário, o efeito esperado e o efeito atingido no efluente.

Usar-se-á códigos que definem se as ações tomadas foram de Projeto (P), Operação (O),

Processo (Pr), Manutenção (M), Gerenciamento (G), Fornecedor(F).

Tabela 25 - Atividades realizadas, período, efeito esperado e efeito atingido no inventário; efeito esperado e efeito atingido no efluente.

Índice de Perdas de M Teor de M no efluente

CÓD Atividades realizadas Período Efeito esperado

(Kg de M/tonP)Efeito atingido (Kg de M/tonP)

Efeito esperado (ppm na STE)

Efeito atingido (ppm na STE)

Abr/X 550 2400 1Pr Diagnóstico preliminar Mai/X 430 970

2P Purificação2 - novo equipam Jun/X 390 280 650 854 3P Ajustes no perfil da purif. 2 Jul/X 347 285 575 830 4P Controle de temperatura Ago/X 225 430 5M Reduzir pressão p bombas Set/X 320 350 520 468 6F Reuniões com fornecedor Out/X 246 210 380 330 7M Serviços em tubulações,

bombas de vácuo e equipamentos na purificação 4

Nov/X 236 200 318 305

8O Revisão procedimentos p W Dez/X 206 152 300 160 9O 200 100 300 215 10O

Alimentação de E e S Jan/X+1 200 90 300 110

11M Parada da planta – melhorias Fev/X+1 180 110 300 120 12G Treinamento dos operadores Mar/X+1 180 173 300 400 13P Novo equipamento para purif 3 14Pr Acompanhamento de processos 15M Manutenção do sistema de frio

Abr/X+1 100 94 250 513

16O Trabalhos preventivos apoio O Mai/X+1 100 58 250 150

Fonte: construção própria

Page 322: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

320

As outras atividades que atuaram para reduzir e manter as perdas de M no processo nos valores

mínimos são descritas abaixo.

• Acompanhamento de processos (qualidade de produto vs operação).

• Acompanhamento da qualidade dos serviços de manutenção.

• Adoção de novos padrões quanto a limpeza e organização da área.

• Planejar as paradas da planta.

• Acompanhamento diário dos índices pelo encarregado.

Comentários:

Geral – Notou-se as dificuldades de correlacionar reduções ou aumentos dos índices em relação

às ações tomadas, dia a dia, assim, fez-se as alterações necessárias no processo, projeto, gerenciamento,

fornecedor e manutenção e, somente quatro dias depois, alterou-se para nova condição de operação.

A – No início tinha-se resultados muito altos (acima de 2000 ppm) no efluente. Talvez a falta de

cuidado promovesse uma contaminação maior. O fato de ter pessoas envolvidas para reduzir a

contaminação proporcionou cuidados mais precisos na operação do sistema.

B – A entrada de novo equipamento em operação contribui para que houvesse maior redução.

C – A forma de operar a seção de purificação 2 viabilizou alcançar esta redução durante dois

meses.

D – Houve distúrbios que provocaram este comportamento. Provavelmente algum sistema fora

de controle, parada de planta, transbordo de equipamento com material no efluente (falta de equalização).

E – Notou-se que a tendência de redução no início do processo foi mais drástica. No efluente

queda de 500 ppm entre abril a setembro. Nos intermédios (setembro a janeiro) esta queda foi de 300

ppm. Na fase final (janeiro a maio) a queda foi diminuída para 120 ppm. Redução da queda com o tempo.

Para haver grandes mudanças devem-se investir em novas tecnologias e/ou mudança de cultura na

empresa.

F – Semelhante a F, entre abril a setembro queda de 500 Kg/ton de P, entre setembro a janeiro a

queda foi de 70 Kg/ton e, para finalizar, entre janeiro e maio a queda foi de 30 Kg/ton de P.

G – Notou-se que a maior conquista deste processo de redução de perdas foi o desejo dos

operadores em manter este item sob controle. Alcançou-se conforme indicado pela curva de tendência,

para o teor de M no efluente – 140 ppm (esperado 250 ppm) e para a perda contabilizada pelo inventário

– 100 Kg/ton de P (esperado 100 Kg/ton) – atingindo o alvo.

Page 323: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

321

Gráfico 28 - Perdas de M e contaminação no efluente

-100

100

300

500

700

900

1100

1300

1500

1Pr-Abr

1Pr-Mai

2P-Jun

3P-Jul

4P-Ago

5M-Set

6F-Out

7M-Nov

8O-Dez

9O-Jan

10O-Jan

11M-Fev

12G-Mar

13P-Abr

16O-MaiMÊS

Kg

de M

/ to

n P;

ppm

MPERDAS

Esperado Kg/tonAtingido Kg/ton

EFLUENTEEsperado ppmAtingido ppm

A

B

C

D

E

F

G

H

Page 324: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

322

1) Gerenciamento de resíduos sólidos

Neste item não existe o que detalhar.

2) Plano de fuga em caso de vazamentos

Os cenários de risco analisados são cinco e serviram como base para a preparação do plano de

fuga. Estes cenários estão descritos no mapa.

Cenário 1 – Vazamento na área do fornecedor.

Cenário 2 – Vazamento na área de reação da empresa em estudo.

Cenário 3 – Vazamento de B na área da empresa.

Cenário 4 – Vazamento nas tubulações de entrega de A e B do fornecedor para a empresa.

Cenário 5 – Vazamento da reação vindo do fornecedor.

Detalham-se pontos do Plano de Fuga considerados importantes.

a) Adequação de sistemas de ar mandado e de ar autônomo

Em caso de emergência o pessoal do turno usa ar autônomo independente e com baixa

capacidade. Aumentar a capacidade com a adequação do ar mandado na planta.

b) Revisão de máscaras e cilindros analisando aspectos de ergonomia e risco

Uso de máscaras que cubram toda a visão evitando reações de prováveis contaminantes com a

umidade dos olhos.

c) Instalação de sistemas para indicar e amortecer a presença de gases tóxicos

Instalação de analisadores adicionais para indicar a presença de gases ácidos e instalação de cortina

de água para amortecer o avanço destes gases em caso de vazamento.

d) Instalação e manutenção preventiva de sistema de comunicação para emergência

É primordial o bom funcionamento do sistema de auto-falantes na área. A instalação de novos

equipamentos em áreas não atendidas e a manutenção preventiva das existentes assegura o

tratamento adequado das situações de emergência.

Page 325: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

323

e) Revisão de procedimentos da brigada de emergência

Devido a problemas de comunicação torna-se necessário revisar os procedimentos (alarme,

comunicação com portaria, atendimento a pessoas afetadas, comparecimento, pós-atendimento).

f) Revisão de procedimento de parada de emergência

Existem falhas no procedimento de parada de emergência. É necessário inicialmente revisar o

sistema de intertravamento da planta, inclusive com novas válvulas para sistema de vapor na

purificação.

g) Preparação de procedimento para evasão da área

Foram revisados os seguintes procedimentos de emergência: atendimento ao pessoal afetado,

evasão da área (objetivo, descrição, funções e responsabilidades, modo de detecção,

procedimentos de uso de EPI’s, busca de pessoas remanescentes, procedimento de fuga).

h) Treinamento e palestras educativas sobre Plano de Fuga

Tópicos envolvidos: informações gerais, uso de máscara de fuga, uso de máscara autônoma, plano

de fuga, simulados, procedimentos de interface com áreas vizinhas.

Page 326: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

324

Figura 11 – Plano de fuga

Fonte – construção própria

4) Auditoria de ordem e limpeza na planta (AUDIP)

A AUDIP deve ser realizada trimestralmente.

Detalha-se as etapas da auditoria de ordem e limpeza na área.

1) Escolha dos três perfis para execução da auditoria

Perfil operacional – desenvolverá atividades anteriores a auditoria, processará os dados

coletados para reunião posterior sobre planejamento e metas. Este perfil deve estar ligado à

produção.

Page 327: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

325

Perfil da alta administração – participará ativamente durante a auditoria e na definição de

planejamento e metas. Este perfil dará peso e aumentará os compromissos dos líderes em relação às

questões de ordem e limpeza.

Perfil do administrativo – será um representante da área administrativa e como “leigo” em

termos de conhecimento na área de produção deverá ter visão mais crítica em relação a estes

problemas.

2) Classificação da área conforme avaliação do auditor e registrado no mapa em cores

Verde – SIGA, está na direção correta.

Amarelo – ATENÇÃO, se não forem corrigidos ou avaliados certos problemas, a situação estará

descontrolada.

Vermelho – PARE, reavalie os aspectos de ordem e de limpeza, a situação está descontrolada.

Apresenta-se, a seguir, mapa ilustrativo sobre auditoria virtual em fábrica virtual.

3) Preparação de Matriz de responsabilidades com prazos e ações

Semelhante à matriz de responsabilidades no gerenciamento de resíduos citado no item 2)

Gerenciamento de resíduos sólidos.

4) Execução da Auditoria

De forma semelhante a auditorias de qualidade e auditoria ambiental, a auditoria de ordem e limpeza

é dividida três atividades principais:

• Planejamento (escolha das áreas a serem auditadas, preparação de check-list, avaliação dos

critérios);

• Comunicação (comunicar por escrito com uma semana de antecedência às áreas que serão

auditadas);

• Auditoria (reunião de abertura, auditoria, reunião de encerramento e de planejamento)

• Acompanhamento (verificar cumprimento de ações e prazos).

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326

Os critérios adotados quanto a atitudes e situações são relacionados no quadro abaixo:

Quadro 16 - Critérios adotados quanto a atitudes e situações corretas e incorretas

Atitudes e situações corretas Atitudes e situações incorretas

Área limpa Sujeira na área Área organizada Materiais estranhos e locais indevidos Colaborador limpo e organizado Desorganização Identificação clara das áreas e dos itens Falta identificação de itens e áreas Áreas sem vazamentos Colaboradores com posturas inadequadas Uso mínimo de papel e de registros Colaboradores com roupas sujas Postura adequada de colaboradores Vazamentos diversos Vazamentos críticos Excesso de papel e de registros

Fonte: construção própria

3.9 PREPARAÇÃO DE AGENTES MULTIPLICADORES E TREINAMENTO

No período apropriado para a preparação de multiplicadores, de material e implantação de

treinamento no turno, a diretoria congelou o Programa de Estabilização de processos iniciado pelo autor

desta dissertação. Por mais que se argumentasse sobre os riscos de parar o processo antes da implantação

do autogerenciamento, a decisão gerencial de interromper foi mantida. Como conseqüência não foram

preparados os agentes multiplicadores nem os manuais de treinamento específicos sobre os temas

apresentados como itens importantes nesta dissertação.

Figura 12 - Mapa de pontuação - auditoria de ordem e limpeza

MANUTENÇÃO

ADM 2

ADM 3

VASO 1

B 1

2

REAGENTE

BOX

L

1

2

PAINEL

ADM

ARMAZÉM

PROCESSO

FÍSICO

Área 1

2

3

4 5

6

Área 2

BOX BOX

BOX

BOX

BOXBOX

BOXBOX

Page 329: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

327

3.10 PARADA PARA MANUTENÇÃO E PROJETOS NOVOS OU ALTERADOS

PARADA

A parada para manutenção da planta foi feita praticamente dois anos após o início dos trabalhos

de estabilização de processos.

É interessante que, atribuindo responsabilidade a todos os envolvidos na parada, o resultado se

torna mais efetivo.

A primeira atividade foi uma reunião geral de todos os envolvidos apresentando: o que seria feito,

em quanto tempo, quais os recursos necessários e quais os riscos de segurança e ambientais. Além disso,

levantou-se as atividades paralelas que não estavam diretamente ligadas à parada em questão.

É importante salientar que os órgãos ambientais e a ETE foram avisados antecipadamente quanto

ao início da parada e quanto à importância de alguns destes serviços para promover uma condição mais

segura de operação.

Dentre os serviços realizados descreve-se abaixo aqueles intrinsecamente ligados ao programa de

estabilização de processos que faz parte desta dissertação.

Serviços de tubulação

Limpeza de trocadores com baixa performance (lavador, aquecedor da purificação 4).

Limpeza e substituição de trechos de linhas (vazamentos).

Serviços em Instrumentos de processo

Ph de Efluente, viscosidade de produto acabado, alimentador de E, sistema de frio.

Serviços de Mecânica

Compressor de frio, secador da purificação 4.

Serviço de Elétrica

Alimentador de E.

Dentre os treinamentos realizados durante a parada lista-se:

• Padrões de operação

• ISO-9000 na Produção

• Titulação no turno por operadores

• Instrumentação e Controle de processos

• Gerenciamento da rotina

Page 330: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

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Dentre os serviços gerais que foram realizados na parada, lista-se:

• Mutirão de limpeza no prédio de alimentação de E

• Limpeza da bacia de efluentes

• Serviços em canaletas

PROJETO

Os projetos realizados envolvendo mudanças de equipamentos e investimentos mais elevados

foram:

1) Remoção de M do efluente líquido da planta após separação

2) Abatimento de solvente M na corrente gasosa

Entre os projetos antigos que foram revisados, lista-se os mais importantes:

1) Pressão na Selagem para Bombas alternativas no processo

2) Armazenamento e alimentação de matéria prima E, no estado sólido

3) Sistema de frio da planta (relação direta com temperatura de M)

4) Vazões de M e de H para a reação e a purificação

Notou-se que a planta estava bem estruturada em termos de projeto básico e, como foi

apresentado em documento sugerido como base para discussão do planejamento estratégico, configurou-

se que existiam algumas correções na forma de implantação dos novos projetos.

Dentre os principais itens citam-se a necessidade de envolver a equipe de operação no projeto;

elaboração de documentação suficiente para desenvolver o treinamento com a equipe antes da partida de

sistemas; e de treinamento desenvolvido e aprofundado à medida da necessidade da partida destes

sistemas.

Page 331: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

329

3.11 MEDIÇÃO DE RESULTADOS

As variáveis que foram acompanhadas em termos exatos quanto aos resultados da aplicação da

metodologia formam a base para desta dissertação, são elas: índice de consumo de M no processo e teor

de contaminação do efluente líquido por M. As demais variáveis de custos foram estimadas com base em

custos apresentados em reuniões de manutenção e reuniões gerenciais.

Assim, os números apresentados oferecem a dimensão da ordem de grandeza quanto a números

reais. Para exame deste material, os leitores devem levar em consideração este critério.

Quadro 17 – Medição: custos de melhoria devido a método Item de custo Área Redução

pretendida Redução real estimada

Perdas de matéria-prima ou solvente ou insumos matéria-prima 10% 75% Perdas de produção provocada por parada operação 10% 40% Redução na utilização de horas extras operação e

manutenção 20% 50%

Diminuição de gastos com peças de reposição compras 10% 30% Diminuição dos custos com utilidades utilidades 4% 6% Diminuição de reprocesso de produtos off-spec processo 15% 25% Aumento de carga por maior eficiência produção 5% 10% Diminuição de gastos com efluentes off-spec efluentes 15% 30% Diminuição de custos por projetos inadequados projetos 10% 20% Incremento de vendas – melhor produto e imagem vendas 15% 20%9

3.12 AUTOGERENCIAMENTO

O autor que liderou o processo descrito acima buscou motivar os indivíduos para que pudessem

desempenhar suas atividades na estabilização dos Processos das Plantas.

Como o autogerenciamento não conseguiu ser atingido, apesar das melhorias técnicas alcançadas,

o autor da dissertação e também líder do processo de mudança, preparou documento para subsidiar o

Planejamento Estratégico da Empresa.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – NA PRODUÇÃO

A manutenção do novo padrão e a implantação de Controle Estatístico de Processo são

necessárias para obtenção dos resultados do trabalho desenvolvido na Estabilização de Processos.

Os serviços de apoio à operação (Manutenção, Suprimentos) precisam readequar o atendimento e

trabalhar com metas reais e de comum acordo com o setor de operação.

Page 332: Metodologia para Minimizar Efluentes na Fonte a Partir da

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O processo de padronização requer programas de treinamento, avaliação dos perfis e ajuste dos

valores presentes na equipe.

A equipe deve entrar em um processo de conscientização. Aqueles com atitudes mais dinâmicas

são valorizados e aqueles que por deficiência ou por opção se mantém no padrão antigo devem ser

mudados de função ou trocados por outros operadores disponíveis no mercado de trabalho.

As questões ambientais e de segurança devem ser prioritárias prevendo treinamento em situações

de anormalidades, como por exemplo: fuga em caso de grandes vazamentos e contaminação dos efluentes

industriais orgânicos.

É importante salientar que treinamento é investimento e que se a operação não mantiver uma

melhoria contínua, ter-se-á problemas sérios em futuro próximo (cinco meses). Para manter o treinamento

na rotina normal a custos baixos é necessário montar estrutura com multiplicadores no turno.

Para atingir as intenções de manutenção da continuidade operacional, qualidade no produto final,

custo de produção baixo e qualidade ambiental, é necessário fazer alguns ajustes na equipe de produção.

Os engenheiros e os técnicos devem ser melhores utilizados. A área da qualidade deve ter mais penetração

nas questões da planta e não ficar somente na ponta do ice-berg (itens de controle). Os técnicos de operação

e supervisores de turno devem ser instrutores para os treinamentos. A política de valorização do

empregado deve existir e ser explícita através de atividades de reconhecimento e prêmios. Estes trabalhos

não devem ser feitos aleatoriamente, deve ser coordenado com regras e metas a serem atingidas.

O desenvolvimento das atividades na produção deve ser dividido entre rotina (ações corretivas e

diárias) e melhoria (ações preventivas e programadas). Para cada atividade deve ter um coordenador com

objetivos e prazos estabelecidos.

3.13 CONCLUSÃO

Com o trabalho desenvolvido na planta de polímeros, conseguiu-se profissionalizar a aplicação de

metodologia que agrega investigação de anormalidades, estatística de variáveis de processo e

procedimentos operacionais da rotina com a única intenção de estabilizar os processos da planta para,

com isto, promover a minimização de resíduos na fonte.

Inicialmente o trabalho foi desenvolvido com muita profundidade e velocidade, posteriormente,

com as metas sendo atingidas, as questões de processo e de operação foram colocadas em segundo plano

e, o processo de melhoria foi interrompido.

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O homem é que movimenta a máquina. Se ele aprende a trabalhar melhor com a máquina, não

quer dizer que essa máquina vai ficar estável pela eternidade. Muitas são as variáveis que podem implicar

em mudanças no processo. Para garantir que a máquina, apesar das mudanças ocorridas com o tempo,

continue melhorando seus padrões, é necessário que haja multiplicadores de treinamento, líder pensante,

verificadores atuantes, interpretadores de processo com ‘visão preventiva’, profissionais com alta

criatividade e com formação de análise de risco. Enfim, uma equipe que atue na forma de

autogerenciamento.

Assim, para que um programa de melhoria tenha êxito é necessária a VISÃO. A atuação de

administradores que consigam pensar de forma global e agir de forma local. O administrador é aquele

jogador que usa suas peças e consegue protegê-las mantendo o fogo aceso e evitando a cristalização de

vícios que um dia podem tornar-se barreiras para o processo de mudança.

As questões ligadas à causa ambientalista são globais e exigem da alta administração, inserção de

novos comportamentos que misturam reengenharia, alta engenharia e engenharia de campo.

A operação consegue, quando bem direcionada, criar opções viáveis mantendo a competitividade

da empresa e permitindo a reprodução de perfis proativos dentro da estrutura enxuta e composta por

satélites de competência circulando e sendo acionados quando necessário.

Concluí-se que a metodologia desenvolvida e aplicada nesta fábrica teve êxito ate o ponto

permitido pela alta administração, perdendo a parte mais importante do método que é a garantia da equipe

multiplicar conhecimentos e gerenciar melhorias de forma automática, sem atrapalhar as estratégias da

empresa e se movimentando de acordo com a demanda dos novos desafios empresariais.

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GLOSSÁRIO AEP – Acompanhamento Estatístico de Processos

Regras e procedimentos para acompanhar o processo de forma simplificada e de fácil aplicação

Agentes multiplicadores de treinamento

Profissionais que possuem habilidades para reproduzir o conhecimento em texto e apresentar em palestras e cursos

ALO - Ações localizadas Ações realizadas após análise das anormalidades apresentadas no REA. Ações diretas sobre a planta industrial.

Analista de processos Profissional com conhecimentos profundos em investigação de processos, conhecimentos razoáveis sobre os processos investigados e conhecimentos adicionais sobre ferramentas da qualidade e diagnóstico ambiental. Sabe avaliar o trabalho de equipe.

Anormalidade de processo e de operação

Indício ou sinal do início de uma cadeia de anormalidades.

AUDIL Auditoria de Ordem e Limpeza, onde são levantados aspectos importantes da rotina da operação que podem impactar o meio ambiente e a higiene no trabalho. Uso de MCA.

AUDIP Auditoria de efluente em canaletas, onde são feitas análises químicas para definir os componentes das correntes de efluente orgânico e, através de balanço de massa, verificar os principais contribuintes para provocar efluente fora de padrão.

AUDIP-O Auditoria pontuada em canaletas de sistemas orgânicos

AUDIP-P Auditoria pontuada em canaletas de sistemas pluviais

Auto-gerenciamento Estágio alcançado na equipe quando são desenvolvidos líderes do processo de mudança e que não dependem de orientações do que deve ser feito para enfrentar os novos desafios

Cadeia aberta Quando a conseqüência não realimenta a causa

Cadeia de anormalidades Diagrama de bloco com conexões da causa para a conseqüência, demonstrando quando os fatores são cíclicos, sinérgicos e outros.

Cadeia fechada A conseqüência realimenta a causa

Causa mãe, Causa raiz, Causa principal

O mesmo conceito de causa-raiz ou causa principal, responsável pela origem ou inicio da anormalidade.

CEP - Controle estatístico de processos

Regras e procedimentos para controlar o processo. Envolve a implantação de cartas de controle

DIPEA - Dissecação de processo a partir de eventos anormais

Metodologia que inclui o Mapeamento de eventos anormais e a Estatística de Eventos anormais para identificação da causa-raiz das anormalidades de processo e operacionais

DQO Demanda química de oxigênio

EDUC Programa de educação ambiental no “chão de fábrica”

EMIFU Tratamento de emissões fugitivas através de técnica que envolve: conhecimento das rotinas da operação, monitoramento de emissões fugitivas e testes após intervenção no processo ou nos procedimentos.

Empresa Y O Caso 2 foi experimentado nesta empresa, que, para manter sigilo, foi codificado e os processos foram alterados.

Empresa Z O caso 3 foi experimentado nesta empresa, que, para manter sigilo, foi codificado e os processos foram alterados.

ENVOP - Environmental operation

Procedimento criado por Isalski (BP) e adaptado na dissertação para análise de risco ambiental.

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Equipe de operação A equipe de operação é responsável pela execução das operações no campo e no painel, além de realizar pequenas manutenções e análises químicas simples.

Equipe de produção A equipe de produção envolve o pessoal de operação, do laboratório, da manutenção e o STAFF técnico de apoio.

EVA - Estatística de eventos anormais

Técnica que identifica o número de eventos anormais por setor, por equipamento, ou por turno.

EVOP - Evolutionary operation Método apresentado por Juran e adaptado para desenvolvimento de testes em operação normal

Fator antecipado Fator que se encaixa em etapas posteriores na cadeia de anormalidades é antecipado para o início desta cadeia

Fator falso Na interpretação da cadeia de anormalidades, a posição do fator não tem nexo causal.

Fatores causais Causas que compõem eventos anormais

Fatores conseqüentes Conseqüências que compõem anormalidades de processo

Fatores sinérgicos Fatores que potencializam os efeitos negativos ou positivos dos problemas de processo, operacionais e ambientais.

MCA - Mapa de controle ambiental

Croqui da área que se pretende analisar quanto a impactos ambientais – visão geral do problema. Este mapa detalha o tipo de impacto e a localização esquemática da área, em croqui.

MEA - Mapa de eventos anormais

Forma de registrar anormalidades de processo em árvores com relações entre si

MP Matéria-prima para o processo, entrada, input

MS Matéria sólida

MULT Programa de preparação de multiplicadores de conhecimento

PADOP - padronização da operação

Critérios e procedimentos prevendo padrões ideais e manutenção dos padrões

Padrões de operação Resultado das ações da operação. Comportamentos e atitudes, ações de campo, questões relativas à higiene mental e física.

Partes interessadas Partes envolvidas com os aspectos e impactos das ações da empresa sobre o meio ambiente

PDCA Técnica para a solução de problemas que inclui Planejamento (P), Ação (D), Controlar (C), Padronizar (A)

Procedimentos operacionais Documentos escritos que descrevem o que deve ser feito na rotina diária da operação

PROJETO

Nesta dissertação projeto significa novos equipamentos ou sistemas podendo em alguns casos se igualar ao termo utilizado como melhoria de operação

REA - Relatório de eventos anormais

Relatório que apresenta as várias cadeias de anormalidade com fatores causais, cíclicos,...

RES Matriz de responsabilidade sobre resíduos, técnica para gerenciamento de resíduos sólidos.

Resíduos Materiais produzidos pelo processo e que não são considerados produtos. Efluentes.

ROTLIM - Rotinas limpas Procedimento para avaliar quais as rotinas operacionais que impactam o ambiente e tratar das ações preventivas

SO Sistema de efluente orgânico.

TA - Treinograma de Azoubel Metodologia que visava acompanhar o desenvolvimento dos empregados da RLAM /Petrobrás.

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APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Salvador Ávila Filho é graduado em Engenharia Química pela Universidade

Federal da Bahia - (UFBA), em 1988. Na pós-graduação fez os seguintes cursos:

Especialização em Processamento Petroquímico pela PETROBRÁS, em 1989; Consultoria

Organizacional pela UCSal, em 1993; Engenheiro da Qualidade pela ASQ/EUA, em 1994 e

Especialização em Gestão Ambiental pela UFBA, em 1998.

Possui trabalhos publicados em revistas e anais de congressos.

Durante quinze anos trabalhou em indústrias do Pólo Petroquímico de Camaçari,

tendo ainda gerenciado a TECPLAST, indústria de sopro.

Hoje, atua como pesquisador pelo grupo do TECLIM na UFBA desenvolvendo

projetos voltados a minimizar efluentes na fonte.

Endereço para contatos: rua Graciliano de Freitas, 43 Roma, CEP: 40.410-340, Salvador BA

Telefone: 71-3127641 ou 9123-7855 E-mail: [email protected]

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UFBAUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

Rua Aristides Novis, 02, 4º andar, Federação, Salvador BACEP: 40.210-630

Tels: (71) 235-4436 / 203-9798Fax: (71) 203-9892

E-mail: Home page:

[email protected]://www.teclim.ufba.br