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MENSAGEIRO DO CORAÇÃO DE JESUS FEVEREIRO | 2016 O CUIDADO DA CRIAÇÃO DAR DE BEBER A QUEM TEM SEDE pág. 10 O SEGREDO PARA ESTA QUARESMA pág. 8

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MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

FEVEREIRO | 2016

O CUIDADO DA CRIAÇÃO

DAR DE BEBERA QUEM TEM SEDE

pág. 10

O SEGREDO PARA ESTA QUARESMA

pág. 8

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Fevereiro 2016 // Ano CXLI n.º 2

DiretorAntónio Valério, s.j.

AdministraçãoRua S. Barnabé, 32, 4710-309 BRAGA (Portugal)

Contactos:Geral: 253 689 440Revistas: 253 689 442Livraria: 253 689 443Fax: 253 689 441E-mail: [email protected]: www.revistamensageiro.pt www.apostoladodaoracao.pt

Direção de arte e produção gráficaFrancisca Cardoso

PaginaçãoEditorial A.O.

Impressão e acabamentosEmpresa Diário do Minho, Lda. Rua de Santa Margarida, 4, 4710-306 BRAGA Contr. nº 504 443 135

Redação, Edição e PropriedadeSecretariado Nacional do Apostolado da Oração Província Portuguesa da Companhia de Jesus (Pessoa Coletiva Religiosa – N.I.F. 500 825 343)

Depósito Legal 11.762/86ISSN 0874-4955Isento de Registo na ERC, ao abrigo do Decre to Regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12º, nº 1 aTiragem: 9.000 exemplares

ASSINATURA PARA 2016

Portugal(incluindo as Regiões Autónomas): 14,00€

Portugal (2 anos): 27,00€Europa: 20,00€ 25,00 Fr. SuíçosFora da Europa: 26,00€ 40,00 USD 40,00 CADPreço por exemplar: 1,30€

ATENDIMENTO AO PÚBLICO

Horário: 9h-12h30 / 14h30-19h

Pagar por transferência bancária: De Portugal: IBAN – PT50 – 0033 0000 0000 5717 13255(Millennium.BCP – Braga);Do Estrangeiro: IBAN – PT50 – 0033 0000 0000 5717 13255 Swift/Bic: BCOMPTPL (Millennium.BCP – Braga).

MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

Agradecemos o envio do comprovativo da transferência bancária (data, valor, titular da conta e número de assinante).

Pedidos: Secretariado Nacional do A.O.Rua de S. Barnabé, 32, 4710-309 Braga mail: [email protected]; tel: 253689443www.livraria.apostoladodaoracao.ptEnvio feito mediante pagamento prévio

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Antes e depois das obras de misericórdia

Na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2016, o Papa Francisco retoma um dos temas que tem atravessado o seu pontificado, o alerta cons-tante para o perigo da globalização da indiferença e como esta constitui uma ameaça à paz mundial. Este desafio já seria suficiente para ser uma linha orientadora deste ano que está nos seus inícios.

Nesta Mensagem, porém, encontramos um acres-cento que nos faz um apelo ainda mais profundo na questão da indiferença. Esta expressão poder-se-á, eventualmente, ter tornado num slogan que se repete porque fica bem? Foi dita pela primeira vez, em 2013, na primeira saída do Papa Francisco, numa visita a Lampedusa, após mais uma terrível tragédia com imigrantes mortos no mar. Três anos depois, o que mudou no nosso olhar?

Por isso, esta Mensagem faz a provocação de passar do slogan para a vida, numa lógica profundamente

SumárioABERTURA - Antes e depois das obras de misericórdiaP. António Valério, s.j. ................................................................ 1

INTENÇÕES DO PAPA Org: António Coelho, s.j. ............................................................ 2

DESTAQUE A Fé Viva de uma MinoriaDa Exortação Apostólica Ecclesia in Asia .......................................... 4

TIRAR A BÍBLIA DA ESTANTE - Para ler S. LucasEntranhas de MisericórdiaMiguel Gonçalves Ferreira, s.j. .................................................. 7

INformar - O segredo para esta QuaresmaAntónio Valério, s.j. ....................................................................8

ANO DA MISERICÓRDIADar de beber a quem tem sedeAlexandre dos Santos Mendes, s.j. ........................................10

FOTOS: Capa: © Casa Velha; pág. 5: © Anthony Suralta; pág. 6: © Lusa/ EPA/ Dennis M. Sabangan; págs. 8 e 9: ©Elizabeth Lies; págs. 10 e 11: © Alexandre dos Santos Mendes, s.j.; págs. 13-20: © Casa Velha; pág. 27: © Lusa / EPA / Made Nagi; pág. 29: © Lusa / EPA / Daniel Dal Zennaro e © Lusa / EPA / Andrew Medichini / Pool;págs. 30 e 31: © Todos os direitos reservados; Arquivo A.O.

P. António Valério, s.j.

OPINIÃO - Gostei de verIsabel Figueiredo ....................................................................... 12

DOSSIER - Natureza e EspiritualidadeVasco Pinto de Magalhães, s.j., Margarida Alvime Luísa Franco ............................................................................13

CRESCER COM JESUSA nossa casa é uma casa de DeusDomingas Brito e José Maria Brito, s.j. ................................... 21

ESQUEMA DE REUNIÃO E DE ORAÇÃO DE GRUPO Manuel Morujão, s.j. .................................................................22

LIVRARIA ....................................................................................24

NOTÍCIAS Cláudia Pereira e Elisabete Carvalho ......................................25

MÃOS À OBRA... Voluntário por nascimento ou por gratidãoCarmo Rodeia ............................................................................30

espiritual: a da conversão do coração. Diz Francisco: «A misericórdia é o coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas suas criaturas».

A misericórdia não pode ser um sentimento de pena, é um bater forte do coração, que não descansa enquanto as injustiças estiverem a acontecer, em particular as que ocorrem dentro de nossa casa, no nosso trabalho e nas nossas relações. Converter o nosso coração não se faz apenas com bonitos ideais, que lhe dão direção, mas é deixar que o nosso coração tenha verdadeiramente no seu centro a misericórdia do coração do Pai. A partir daqui, as nossas obras acontecem, sem necessitar de palavras.

ABERTURA

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INTENÇÃO PELA EVANGELIZAÇÃO PARA QUE AS FAMÍLIAS, DE MODO

PARTICULAR AS QUE SOFREM,

ENCONTREM NO NASCIMENTO DE JESUS

UM SINAL DE ESPERANÇA SEGURA.

INTENÇÃO UNIVERSAL PARA QUE CUIDEMOS DA CRIAÇÃO, RECEBIDA COMO DOM GRATUITO, A CULTIVAR E PROTEGER PARA AS GERAÇÕES FUTURAS.

INTENÇÃO PELA EVANGELIZAÇÃOPARA QUE CRESÇAM AS OPORTUNIDADES DE DIÁLOGO E DE ENCONTRO ENTRE A FÉ CRISTÃ E OS POVOS DA ÁSIA.

INTENÇÕES DO PAPA

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INTENÇÃO UNIVERSAL PARA QUE CUIDEMOS DA CRIAÇÃO, RECEBIDA COMO DOM GRATUITO, A CULTIVAR E PROTEGER PARA AS GERAÇÕES FUTURAS.

INTENÇÃO PELA EVANGELIZAÇÃOPARA QUE CRESÇAM AS OPORTUNIDADES DE DIÁLOGO E DE ENCONTRO ENTRE A FÉ CRISTÃ E OS POVOS DA ÁSIA.

Neste vasto continente, no qual convivem grande variedade de culturas, a Igreja está chamada a ser criativa no seu testemunho do Evangelho, por meio do diálogo e da abertura a todos. Isto representa um desafio. Na verdade é uma parte essencial da missão da Igreja na Ásia (cf. Ecclesia in Asia, 29). Mas ao empreen-der o caminho do diálogo com pessoas e culturas qual deve ser o nosso ponto de partida e o nosso ponto de referência fundamental para chegar à nossa meta? Certamente há de ser o da nossa identidade, a nossa identidade de cristãos. Não podemos comprometer--nos propriamente a um diálogo se não temos clara a nossa identidade. Não se pode começar a dialogar a partir do nada, a partir de uma autoconsciência nebu-losa. E, por outro lado, não pode haver diálogo autên-tico se não somos capazes de ter a mente e o coração abertos àqueles com quem falamos, com empatia e sincero acolhimento. Trata-se de ter atenção ao outro e o Espírito Santo guia-nos nesta atenção. Ter clara a própria identidade e ser capazes de empatia são, portanto, o ponto de partida para todo o diálogo. Se queremos falar com os outros com liberdade, aberta e

frutuosamente, temos que ter bem claro o que somos, o que Deus fez por nós e o que espera de nós. E se a nossa comunicação não quer um monólogo, temos de ter abertura de mente e coração, para aceitar as pessoas e as culturas. Sem medo: o medo é inimigo destas aberturas. (...).

Juntamente com a própria identidade cristã, um autêntico diálogo requer também uma capacidade de empatia. Para que haja diálogo tem que dar-se esta empatia. Trata-se não só de escutar as palavras que o outro profere, mas também a comunicação não verbal das suas experiências, das suas esperanças, das suas aspirações, das suas dificuldades e dos seus interes-ses mais profundos. Esta empatia deve ser fruto do nosso discernimento espiritual e da nossa experiên-cia pessoal que nos leva a ver os outros como irmãos e a «escutar», nas suas palavras e obras, e para além delas, aquilo que os seus corações querem dizer.

Papa Francisco,Encontro com os Bispos da Ásia, 17 de agosto de 2014

«Laudato si’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor», cantava S. Francisco de Assis. Neste belo cântico nos recordava que a nossa casa comum é como uma irmã com a qual partilhamos a existência e como uma mãe que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta, governa e produz diversos frutos de cores variegadas, flores e erva».

Esta irmã clama pelo mal que lhe infligimos, por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, podendo explorá--la. A violência que existe no coração humano, ferido pelo pecado, também se manifesta nos sintomas de doença que encontramos no solo, na água, no ar e em todos os seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, está a nossa oprimida e devastada terra «que geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemos que também nós somos terra (cf. Gen 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elemen-tos do planeta, o seu ar é aquilo que nos permite respi-rar e é a sua água que nos vivifica e restaura. (...).

Cuidar da Criação

Diálogo com os povos da Ásia

A noção do bem comum abarca também as gerações futuras. As crises económicas internacionais manifes-taram com crueza os efeitos contidos nodesconhecimento do bem comum, do qual não podem ser excluídos os que virão depois de nós. Já não se pode falar de desenvolvimento sustentável sem uma solidariedade intergeracional. Quando pensamos na situação em que se deixa o nosso planeta às futuras gerações, entramos noutra lógica, a do dom gratuito que recebemos e comunicamos. Se a terra nos foi dada, não podemos pensar somente a partir de um crité-rio utilitarista de eficiência para benefício pessoal. Não falamos de uma atitude opcional, mas de uma questão básica de justiça, uma vez que a terra também pertence aos que hão de vir. Os bispos de Portugal exortaram a assumir este dever de justiça: «O ambiente situa-se na lógica da receção. É um empréstimo que cada geração recebe e deve transmitir à geração seguinte». Um ecologia integral possui este caráter amplo.

Papa Francisco, Encíclica Laudato Si’, nn. 1-2.159

ORG.: ANTÓNIO COELHO, S.J.

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DESTAQUE

A Fé Viva de uma Minoria

Uma vez que Jesus nasceu, viveu, morreu e ressus-citou dos mortos na Terra Santa, esta pequena porção da Ásia Ocidental tornou-se uma terra de promessa e de esperança para todo o género humano. Jesus conheceu e amou esta terra. Assumiu como próprios a história, os sofrimentos e as espe-ranças do seu povo. Amou a sua gente e abraçou as tradições e herança judaicas (n. 1).

A Ásia é o continente mais vasto da terra e a casa de aproximadamente dois terços da população mundial, contando a China e a Índia quase metade da população total do globo. A característica mais notável do Continente é a variedade das suas popu-lações, que são «herdeiras de antigas culturas, reli-giões e tradições». Não podemos deixar de ficar maravilhados perante a imensidão da população da Ásia e o complexo mosaico das suas múltiplas culturas, línguas, crenças e tradições, que abrangem uma parte substancial da história e do património da família humana.

A Ásia é também o berço das maiores religiões do mundo: judaísmo, cristianismo, islamismo e hinduísmo. É a terra natal de muitas outras tradi-ções espirituais como o budismo, taoísmo, confu-cionismo, zoroastrismo, jainismo, sikhismo e xintoísmo. São milhões também os que vivem comprometidos com religiões tradicionais ou tribais, com variados graus de um complexo ritual e de ensino religioso formal. A Igreja nutre o mais profundo respeito por estas tradições e deseja

A Ásia, onde Deus «deu início à revelação e cumprimento do seu desígnio de salvação», é um complexo mosaico de culturas, línguas, crenças e tradições. Em muitos lugares, «a liberdade religiosa é negada ou sistematicamente restringida». Ideias expressas na Exortação Apostólica Ecclesia in Asia, do Papa São João Paulo II, em que se fala da importância do diálogo ecuménico e do diálogo inter-religioso, que «é parte da missão evangelizadora da Igreja».

empenhar-se num diálogo sincero com os seus seguidores. Os valores religiosos, que ensinam, aguardam pelo seu pleno cumprimento em Jesus Cristo (n. 6).

Uma análise das comunidades católicas na Ásia mostra uma variedade magnífica, quer pela sua origem e desenvolvimento histórico, quer por causa das diferentes tradições espirituais e litúrgi-cas dos vários ritos. Mas todas elas estão unidas na proclamação da Boa Nova de Jesus Cristo através do testemunho cristão e das obras de caridade e de solidariedade humana. Enquanto algumas Igrejas particulares cumprem a sua missão em paz e liber-dade, outras encontram-se em situações de violên-cia e conflito ou sentem-se ameaçadas por grupos vários, por motivos religiosos ou de outra espécie. No mundo cultural imensamente diversificado da Ásia, a Igreja enfrenta múltiplos desafios filosóficos, teoló-gicos e pastorais. A sua missão torna-se mais difícil pelo facto de ser uma minoria, com a única exceção das Filipinas, onde os católicos são a maioria.

Independentemente das circunstâncias, a Igreja na Ásia encontra-se no meio de pessoas que mostram um forte anseio de Deus. A Igreja reconhece que este anseio só pode ser plenamente satisfeito por Jesus Cristo, a Boa Nova de Deus para todas as nações (n. 9).

A Igreja sabe que o testemunho silencioso de vida permanece ainda o único meio de proclamar o Reino de Deus em muitos lugares da Ásia, onde é proibido o anúncio explícito, e a liberdade religiosa

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é negada ou sistematicamente restringida. A Igreja abraça conscientemente este tipo de testemunho, considerando-o como parte da cruz que deve carre-gar (cf. Lc 9, 23), embora não cesse de implorar e incitar os Governos a reconhecerem a liberdade reli-giosa como um direito humano fundamental (n. 23).

Diálogo ecuménico e inter-religioso Apesar de incluir nela homens e mulheres pecado-

res, a Igreja deve ser vista como o lugar privilegiado de encontro entre Deus e o homem, onde Deus escolheu revelar o mistério da sua vida íntima e realizar o seu plano de salvação do mundo. […].

Com efeito, o serviço da Igreja a favor da unidade tem uma relevância específica na Ásia, onde existem muitas tensões, divisões e conflitos, provo-cados por diferenças étnicas, sociais, culturais, linguísticas, económicas e religiosas. Num contexto

assim, as Igrejas locais da Ásia, em comunhão com o Sucessor de Pedro, têm necessidade de fomentar uma maior comunhão de mente e coração, através duma estreita colaboração entre elas próprias. De importância vital para a sua missão evangelizadora, são também as suas relações com as outras Igrejas Cristãs e Comunidades Eclesiais, e com os seguido-res de outras religiões (n. 24).

A história mostra como as divisões feriram às vezes a comunhão das Igrejas na Ásia. Ao longo dos séculos, as relações entre Igrejas particulares com jurisdições eclesiásticas, tradições litúrgicas e estilos missionários diferentes foram, por vezes, tensas e difíceis (n. 26).

É essencial um novo tempo de anúncio do Evangelho. […]. Quase por todo o lado, há tendên-cia para se criar progresso e prosperidade sem qual-quer referimento a Deus e para reduzir a dimen-são religiosa da pessoa humana à esfera privada.

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Uma sociedade, privada da verdade mais basilar sobre o homem, nomeadamente a sua relação com o Criador e com a redenção trazida por Cristo no Espírito Santo, pode somente extraviar-se cada vez mais das verdadeiras fontes da vida, do amor e da felicidade (n. 29).

O diálogo ecuménico é um desafio e um apelo à conversão lançado a toda a Igreja, e de modo espe-cial à Igreja da Ásia onde o povo espera dos cris-tãos um sinal mais claro de unidade. Para todas as pessoas se reunirem sob a graça de Deus, é necessá-

rio restabelecer a comunhão entre aqueles que, pela fé, aceitaram Jesus Cristo como Senhor. […].

A Igreja Católica da Ásia sente-se particular-mente impelida a trabalhar pela unidade com os outros cristãos, sabendo que a busca da comunhão plena requer, de cada um, caridade, discernimento, coragem e esperança (n. 30).

O contacto, diálogo e cooperação com os seguido-res de outras religiões foi um dever que o Concílio Vaticano II legou a toda a Igreja como uma obrigação e um desafio. […]. Do ponto de vista cristão, o diálogo inter-religioso é mais do que um simples meio para favorecer o conhecimento e enriquecimento mútuos; é uma parte da missão evangelizadora da Igreja, uma expressão da missão ad gentes. O que move os cris-tãos ao diálogo inter-religioso é a firme convicção de que a plenitude da salvação vem apenas de Cristo, e que a Igreja, comunidade à qual a mesma está entre-gue, é o meio ordinário de salvação. […].

Só pessoas dotadas duma fé cristã madura e convicta é que são qualificadas para se empe-nharem num diálogo inter-religioso autêntico. [...]. Por conseguinte, é importante que a Igreja da Ásia proporcione modelos idóneos de diálogo inter-religioso – evangelização em diálogo e diálogo para a evangelização – conveniente instrução a quantos nele estão envolvidos. […].

Visto que a Igreja está sondando novos caminhos de encontro com as outras religiões, apraz-me mencio-nar formas de diálogo já efetuadas com bons resulta-dos: intercâmbio de estudos entre peritos nas diver-sas tradições religiosas ou representantes destas tradições, iniciativas comuns em prol do desenvol-vimento humano integral e em defesa dos valores humanos e religiosos. Volto a afirmar a grande importância que tem, para o processo de diálogo, a revitalização da oração e da contemplação. Homens e mulheres de vida consagrada podem contribuir real e significativamente para o diálogo inter-reli-gioso, dando testemunho do vigor das grandes tradi-ções cristãs de ascetismo e misticismo (n. 31).

Dia a dia, novas violências são infligidas a indiví-duos e nações inteiras, estando esta cultura de morte ligada com o recurso injustificado à violência como meio para resolver as tensões. Frente à situação de terríveis conflitos em tantas partes do mundo, a Igreja é chamada a empenhar-se profundamente nos esforços internacionais e inter-religiosos para se alcançar a paz, a justiça e a reconciliação. Ela conti-nua a insistir na resolução negociada e pacífica dos conflitos, e aguarda o dia em que as nações deixa-rão de lado a guerra como instrumento para fazer reivindicações ou meio para resolver divergências. A Igreja está convencida de que a guerra cria mais problemas do que resolve, que o diálogo é o único caminho justo e nobre para se chegar a acordo e à reconciliação, e que a arte paciente e sábia de fazer a paz é particularmente abençoada por Deus (n. 38).

Aqueles que creem em Cristo são ainda uma pequena minoria neste Continente tão vasto e popu-loso. Mas, apesar de serem uma tímida minoria, eles possuem uma fé viva, estão cheios de esperança e vitalidade que só o amor pode originar. […]. Os povos da Ásia necessitam de Jesus Cristo e do seu Evangelho. A Ásia está sedenta de água viva, que só Jesus lhe pode dar (cf. Jo 4, 10-15) (n. 50).

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Entranhas de MisericórdiaMiguel Gonçalves Ferreira, s.j.

A misericórdia – que o Papa convida a redescobrir neste ano de graça – é um tema chave no Evangelho de S. Lucas. No Novo Testamento, a misericórdia é nomeada sobretudo pelo termo «éleos», que tem múltiplos derivados, entre os quais aquele que rezamos na missa, quando dizemos «Kyrie eleison!» (Senhor, misericórdia!). O nosso tempo baniu a misericórdia da linguagem quotidiana, pelo descon-forto que sente com esta palavra, associando-a a um sentimento de pena que alguém possa nutrir por nós de forma altiva e distante. Nada mais longe daquilo que aprendemos com a leitura do Evangelho de Lucas! Sobretudo quando à misericórdia o evan-gelista associa a compaixão, usando o termo «splá-chna» (literalmente traduzido por «entranhas»).

As chamadas «parábolas da misericórdia», no capí-tulo quinze, mais do que dar uma definição, ajudam--nos a compreender a atitude de Deus diante de quem está perdido, desorientado, morto. Quando o evangelista nos diz que o pai que vê regressar o seu filho corre para ele e o abraça, porque se «encheu de compaixão» (15, 20), diz-nos literalmente que se lhe «revolveram as entranhas». Apercebemo-nos então que a misericórdia evangélica é «visceral»: vem de dentro e não prescinde de uma proximidade que toca. Esta proximidade não se importa de correr desalinhada para um encontro que restitui a vida e a dignidade perdidas pelo pecado. E não guarda a alegria para si, tem que fazer uma festa (15, 23)! O capítulo quinze é muitas vezes considerado o coração do Evangelho de S. Lucas, por revelar a profundidade do amor de um Deus que Se alegra em perdoar e em encontrar os pecadores, manifestando assim a sua salvação. Na verdade, o sentimento é

mútuo, pois este capítulo começa por nos dizer que se aproximavam de Jesus «todos os cobradores de impostos e pecadores para O ouvirem» (15, 1).

Vemos então que a misericórdia evangélica nada tem de sentimento vago ou distante. Quando Jesus Se compadece, Ele faz algo: torna-Se próximo, visita, cura, perdoa, dá vida. São assim as «entranhas de misericórdia do nosso Deus, que das alturas nos visita como o sol nascente» (1, 78). Esta misericórdia «estende-se de geração em geração» (1, 50), procu-rando tocar a todos, como diz Maria! A santidade que Jesus sonha para nós é a de sermos misericor-diosos como o Pai celeste (6, 36). O próprio Jesus é disso exemplo vivo quando, movido pela compai-xão, toca o caixão do filho morto de uma viúva, para o trazer à vida (7, 13-14). É Ele o Samaritano que ia de viagem e que – por se compadecer (10, 33) – altera os seus planos para ligar as feridas do homem caído à beira do caminho. Por isso os leprosos, impedidos de entrar no conforto da cidade, se dirigem a Jesus invocando misericórdia (17, 13). Por isso o cego de Jericó, impedido de ver o caminho, lhe grita com insistência orante: «Jesus, Filho de David, tem mise-ricórdia de mim» (18, 38-39)!

A vida de Cristo é toda ela a manifestação de um amor e de uma ternura que não têm medo de tocar a miséria humana, da doença ao pecado. A mise-ricórdia é a ternura de Deus posta em prática que nos convoca a agir: «vai e faz tu também o mesmo» (15, 37). Por essa razão, a misericórdia é «a trave-mestra que suporta a vida da Igreja». E o evangelista Lucas – a quem Dante chama «o escritor da mansi-dão de Cristo» – compreendeu-o bem!

TIRAR A BÍBLIA DA ESTANTEPARA LER S. LUCAS

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O tempo da Quaresma começa com a indicação de um programa para o viver, a partir do Evangelho lido na Quarta-Feira de Cinzas, onde, no sermão da montanha, Jesus fala sobre a prática cristã, que se expressa na esmola, na oração e no jejum. Estas três práticas muito concretas servem, assim, de guia para uma maior perceção de um modo de vida transfor-mado por Cristo, tendo sempre como última referên-cia o Mistério Pascal, para onde a Quaresma conduz.

É habitual que estas três práticas assumam um lugar de destaque e cada um procure concretizá--las no dia a dia. Porém, corre-se o risco de reduzir o essencial deste tempo a quarenta dias e a três atitudes, quando o que está em jogo é algo muito mais profundo. Por isso, sugerimos que, no início da Quaresma, possamos ler seguido todo o Sermão da Montanha (Mt 5, 1 – 7, 29), para repararmos e nos surpreendermos no modo como a esmola, a oração e o jejum constituem o seu núcleo. Ainda a maior surpresa será, como veremos, que a meio da apre-sentação destas três ações, apareça nem mais nem

menos que a oração do Pai-Nosso. O Sermão da Montanha tem o seu início com a

descrição da cena: Jesus está sentado num monte, como o novo Moisés, para ensinar o povo que vem dos quatro pontos cardeais (Galileia, Decápole, Jerusalém, Judeia e além do Jordão); entre os que veem, há uma enorme quantidade de pessoas que sofrem de males e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos (cfr. Mt 4, 24 – 5, 1). Cada um de nós também está ali, entre os ouvintes.

O discurso começa com a chave para a felicidade ao modo de Cristo, nas bem-aventuranças, mostrando que ser feliz ao modo do reino dos Céus é uma felici-dade duradoura e profunda, para sempre, sem estar agarrada ao prazer imediato e aparente. É o nosso destino, o futuro é a bem-aventurança da comu-nhão com Deus, pois «será grande a vossa recom-pensa nos Céus», cujo gozo começamos a viver desde já, no nosso presente (cfr. Mt 5, 1-12).

Segue-se um convite, a porta de entrada na vida que nos vai definir como discípulos de Jesus: ser sal

António Valério, s.j.

O segredo para esta Quaresma

INformar

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da terra e luz do mundo (cfr. Mt 5, 13-16). E como o fazemos? Não apenas cumprindo os mandamen-tos, o que é suposto fazer, o que está mandado, mas vivendo na lógica da superação, de ser mais. Segue-se assim uma série de leis óbvias com os respetivos desafios de não ficar por aí, mas levá-las mais longe, o que quer dizer mais concreto, a fim de sermos perfeitos como o Pai celeste é perfeito (cfr. Mt 5, 17-48).

E chegamos ao núcleo, ao segredo, ao que está escondido. O que muda a nossa vida? O que é que verdadeiramente converte? Não o exterior, mas sim o que se passa no oculto, onde o Pai do Céu dará a recompensa. A caridade (esmola), o domínio das próprias paixões (jejum) e a oração íntima (não só a pública) vestem-se aqui de uma nova luz e condu-zem ao núcleo deste segredo: que somos filhos do mesmo Pai, chamados a realizar o Reino atrás descrito, radicalmente fundado na experiência do perdão. O perdão, a misericórdia, é o núcleo do ensinamento de Jesus: «Se perdoardes aos homens

as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós» (cfr. Mt 6, 1-18). Em pleno Ano Jubilar da Misericórdia, não é necessário ir mais longe neste ponto.

Aproximando-nos do fim do sermão, vamos perce-bendo os frutos que nascem do segredo da mise-ricórdia: um tesouro que não se pode roubar nem destruir, uma confiança a toda a prova, que nos tira toda a inquietação, faz-nos ver a realidade com olhos radicalmente novos, e a certeza que Deus nos dará tudo o que lhe pedirmos (cfr. Mt 6, 19 – 7, 12).

E, por fim, a escolha: o que queremos da nossa vida? Por que porta queremos entrar? A porta larga da facilidade, do acumular, ou a porta estreita do essencial? Neste contexto, a palavra «conversão», que significa literalmente voltar (verter-se) ao caminho certo, adquire um sentido muito esclare-cedor. E, escolhendo este caminho, veremos que pelos frutos das nossas ações se conhecerá a árvore que somos (cfr. Mt 7, 13-23).

O ponto final do discurso é a parábola da casa fundada sobre a areia e a casa fundada sobre a rocha. A rocha da nova Lei, que tem no seu centro a misericórdia. A rocha que faz coincidir as palavras e as ações, que dá consistência, coerência e força a toda a nossa vida cfr.. Mt 7-24-29).

Comecemos, assim, esta nossa Quaresma com uma meditação atenta e orante destes três capítulos do Evangelho de Mateus e esforcemo-nos por entrar pela Porta Santa do perdão, que nos leva à intimi-dade com o Senhor e a nada mais desejar que ser como Ele, instrumentos da sua misericórdia junto dos irmãos e irmãs que mais precisam. Não fique-mos por preceitos abstratos, fazendo oração porque tem de ser, jejuando porque é obrigatório e até faz emagrecer, dando esmola porque se fica de cons-ciência tranquila. Se a nossa justiça ficar por aqui, estaremos aquém da novidade do Evangelho, da sua força e da sua alegria.

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Alexandre dos Santos Mendes, s.j.

DAS OBRAS DE MISERICÓRDIA CORPORAIS

Dar de beber a quem tem sede

ANO DA MISERICÓRDIA

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terra, é água, a sua água na humanidade da nossa terra. Finalmente, o Centurião junto da cruz recebe o chuveiro da verdade, e Pedro, no barco, veste a roupa para saltar para o lago, no desejo de se encontrar com o Senhor Ressuscitado.

Descobri também que foi aqui, em África, de onde saímos da água há milhares de anos. Quisemos pensar nessa altura que seríamos mais felizes sendo pó, mas na verdade nunca deixamos de ser água. Talvez pensássemos que o estado sólido nos fosse mais vantajoso, que seríamos mais fortes e resistentes, mas a água, que é mole e tanto bate, acabou mesmo furando essa dura pretensão. E depois de a termos abandonado, alegramo-nos em saber que os nossos sentimentos e sensações mais autênticas, como seres humanos, expressamo-los usualmente com a nossa parte aquosa, lágrimas salgadas e suor dos corpos que se amam.

Por alguma razão o nosso planeta é misericordio-samente água, e água em abundancia. E os dife-rentes estados em que se encontra não são senão adaptações para irem ao encontro de todos sem exceção. De bons e de maus.

Termino com uma recordação de outras para-gens. De um monge budista que nos visitou, a nós, os jovens padres jesuítas em formação, na cidade de Guadalajara, no México. Na altura, sentou-se à mesa para partilhar connosco a essência da sua filo-sofia. Demos-lhe um copo de água para começar, talvez inconscientemente nos movesse o desejo de o servir com o melhor dos nossos ensinamen-tos católicos. Ele olhou-nos, pegou no copo com as duas mãos, elevou-o à altura do rosto, fechou o olhos e, durante o que talvez tenha sido um ou dois minutos, rezou profundamente pela eterni-dade dessa dádiva. Esse copo agradecido e elevado a sacramento resumia tudo o que depois pronun-ciaria durante uma hora e meia, que um pouco de água pode ser um pouco de todo o Deus.

Talvez esta minha busca de entender as coisas por dentro tarde demasiado, como a água tarda para ferver e entrar em ebulição. Só sei que me sinto continuamente uma máquina a vapor, mesmo quando escrevo um texto como este. Porque creio que não sou eu apenas que falo mas que todas as moléculas de água que existem em mim pensam e escrevem, e que aquecidas no micro-ondas divino ganham vida e acabam aquecendo o coração daqueles que me leem ou me saboreiam.

«Somos pó e ao pó voltaremos», diz a Bíblia. Mas estaria mais correto se dissesse: «Somos água e à água volta-remos». Na verdade, não morremos, desaguamos!

Quando pedimos um copo de água, não pedimos mais que o nosso mesmo ser. Fazemos justiça à nossa pessoa, enchemo-nos do que somos, da parte do universo que nos toca. Por isso é justiça vazar e canalizar água. Não a reter, não a engarrafar.

Aqui em África não posso deixar de me revoltar quando vejo uma mãe ou uma criança de tenra idade caminharem quilómetros com um bidão à cabeça para irem buscar água ao rio. Sinto-o como uma injustiça que brada aos céus, como se milha-res de pessoas tivessem que passar metade das suas vidas a garantir o nível de água que lhes garanta a sua humanidade, evitarem diariamente essa desidratação que o mal provoca, esse sorvedouro de líquidos, ou ralo de vida, que é a morte.

Jesus insiste na nossa ligação à água, instrui-nos aquaticamente em tudo o que é fundamental. Pela água do batismo faz-nos participar do seu caudal, pela água da Eucaristia (a pequena gota que o padre junta ao vinho no cálice) dissolve-nos no seu Corpo, pela água aspergida sobre a sepultura eleva o leito do rio que nos conduz à vida eterna. E depois há o primeiro milagre, em Caná da Galileia, o mesmo milagre que acon-tece e volta a acontecer continua-mente no seio da família, a água que somos vai-se transformando no vinho que Ele é, a vida decantada em nossas vidas decanta em vidas novas e assim a frescura da imagem e semelhança perpetua-se eterna-mente. No diálogo com a samaritana, Jesus saboreia o estar a sós e o matar a sede a uma mulher. E a saliva com que cura o cego, misturando-a com

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Gostei de verIsabel Figueiredo

Gostei de ver a dificuldade com que se abriu a Porta Santa na Basílica de São Pedro, em Roma. Como se naquele empurrar lento estivesse o peso de toda a humanidade. Gostei de ver as portas floridas, abertas com cânticos, cantados em todas as línguas, tornando universal este desejo de transformar o mundo. Porque acredito que o Ano da Misericórdia é uma proposta radical de transformação de vida.

O Papa Francisco fala-nos de perdão, de amor, de compaixão, mostra-nos as misérias do mundo, sublinha a existência da violência, da raiva, da inveja, da vingança e insiste na coragem da esperança, no bálsamo da misericórdia, na força da ternura. Mas a «nossa» vida de todos os dias revela-se, tantas vezes, tão pequena, tão longe deste desejo que nos enche o coração, quando lemos e relemos o que nos é proposto viver ao longo deste ano.

É difícil o exercício do perdão, o olhar da miseri-córdia. Porque a justiça parece andar de mãos dadas com a injustiça. Porque a razão pesa tanto como o coração. Porque a memória nos prega partidas, e esquecemos o que não queremos e recordamos o que não devíamos. Quantas vezes nos sentimos cheios de razão, injustiçados, justificados por recor-dações. O que incomoda é pensar se não será preci-samente nesse momento que nos pode atravessar esta inquietação do perdão, da compaixão, da cons-ciência de que Deus espera sempre o melhor de cada um de nós.

O ano está a começar e apesar das guerras, das fomes, das misérias e do pecado, como é extraor-dinário vivermos um tempo em que alguém vai à nossa frente, abrindo portas e iluminando caminhos que nos falam de perdão e misericórdia. Um tempo em que as «nossas» vidas podem dar lugar à Vida. Um mero desejo de ano novo? Pode ser que sim, mas também pode ser aquele passo que nos irá revelar o mistério do amor de Deus por cada um de nós – nunca estamos sozinhos, vivemos acompanhados por Jesus Ressuscitado.

É DIFÍCIL O EXERCÍCIO DO PERDÃO, O OLHAR DA MISERICÓRDIA. PORQUE A JUSTIÇA PARECE ANDAR DE MÃOS DADAS COM A INJUSTIÇA. PORQUE A RAZÃO PESA TANTO COMO O CORAÇÃO. PORQUE A MEMÓRIA NOS PREGA PARTIDAS, E ESQUECEMOS O QUE NÃO QUEREMOS E RECORDAMOS O QUE NÃO DEVÍAMOS.

OPINIÃO

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Natureza e Espiritualidade

MENSAGEIRO | DOSSIER 13

Vasco Pinto de Magalhães, s.j.Margarida Alvim

Luísa Franco

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A raiz cristã da palavra espiritual tem qualquer coisa a ver com «vento que nasce do amor», com sopro, e, por isso, verdadeiramente espiritualidade é todo o movimento que me leva a sair de mim. O que distingue a pessoa humana é que ela é capaz de se descentrar, é capaz de pôr o seu centro de gravidade fora de si própria. Portanto, espiritualidade é bem di-ferente de vida interior, de capacidade de reflexão, ou de mero pensamento, ou mesmo de interiorida-de. Na verdade, todos os outros seres vivos também têm a sua interioridade, também têm «alma» ou vida própria, no seu «grau», vegetal, animal, espi-ritual… Todos têm uma organização interna, todos estão «em processo», mas o que distingue a pessoa é «ser espiritual», à maneira daquilo que poderíamos imaginar que Deus é: descentrado em amor. Nós ainda estamos em processo, em caminho, em construção dessa semelhança, mas somos capazes de pôr o centro de gravidade fora de nós. E espiritualidade, fundamentalmente, é isso: capacidade de sair de nós próprios, de nos transcendermos. Assim, espi-ritualidade tem necessariamente a ver com amor, que é exatamente isso. E, para dar uma definição, diria: espiritualidade é sair de si para uma relação pes-soal com o bem, mas o Bem com letra grande. Por-tanto, muito diferente de qualquer espiritualismo e diferente de um qualquer esoterismo.

Ecologia é uma palavra grega, que vem de «Oikos», que quer dizer «casa», mais «logos», discurso, trata-do. Assim temos o «tratado da casa». E o mundo é a nossa casa, a casa comum, uma casa velha (!) o nos-so mundo, com bastante idade… mas sempre nova. É preciso cuidar dela, não é? E também a palavra cuidado (e o cuidar) merece atenção: é uma palavra--chave que indica o modo certo de agir. É uma pala-vra muito rica. De onde vem a palavra cuidar? Repa-rem na frase: «eu cuido que a palavra cuidar…». O que estou eu a dizer?! É que cuidar, na origem, vem do latim cogitare, refletir, pensar. Cuidar é pensar; não é só ir à cabeceira do doente, não é só continuar a regar a horta a horas certas, não é só defender das intempéries, não é só o tratar dos cuidados pa-

Cuidar da Casa Comum – Ecologia e EspiritualidadeVasco Pinto de Magalhães, s.j.membro da Direção da Associação Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade

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liativos, não é só… «Cuidar», na origem, é refletir, é pensar, pensar criticamente. Às vezes usamos a palavra parecendo que estamos um bocadinho inseguros: «cuido que isto se podia fazer assim», mas deve ser «creio» (estou convencido) que deve ser assim… Então o cuidar leva-me ao cuidado.

A verdade é que usamos estes conceitos todos sem muito «cuidado», sem rigor. Mas fiquemos assim: tomemos ecologia como tratado do cuidado, do cuidado da casa, do mundo, não só conservar, não só não deixar adoecer, não só estar ali com uns paninhos quentes… mas realmente como um compromisso a desenvolver. E, para de-senvolver, às vezes, é preciso podar. Como diz o Evangelho, cuidar da videira às vezes passa por podá-la nos momentos certos, e, eventualmente, arrancar algumas vides. Esta é a ideia de que o mundo é a nossa casa comum, onde nos movemos e somos como uma orquestra, onde todos estamos à procura do nosso lugar e de tocar bem o nosso instrumento. Envolve, pois, o con-junto de todas as vocações! Por isso é mui-to pobre entender a ecologia apenas como uma questão ambiental, o cuidar dos ani-mais e das plantas, ou da geografia, dos rios e da poluição, ou de regular as cheias, ou de perceber o que se passa com o mar, cujas ondas grandes, nestes últimos tem-pos, nos têm atormentado, dando cabo da nossa costa. Não, a ecologia também tem a ver com a qualidade de vida huma-na, também é uma experiência interior! Sou ecológico comigo próprio, também! Há um cuidar da relação (não só como coi-sa exterior: «vamos lá pôr o mundo boni-to e limpinho»), que pede, exatamente, essa capacidade de não ficarmos fecha-dos dentro de nós próprios e que pede para criarmos condições para que se viva com mais justiça e dignidade, sem escravidões.

Uma Ecologia cristã leva-nos a ponde-rar como estar e tratar do mundo à ma-neira de Jesus Cristo.

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A Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’, sobre o Cuidado da Casa Comum, pu-blicada em julho de 2015, põe em paralelo o grito da Terra com o grito dos mais pobres e fragilizados deste Mundo, os mais vulneráveis às crises ambientais e, pa-radoxalmente, os menos responsáveis pelas emissões de gases com efeitos de es-tufa, as quais se devem sobretudo aos países mais industrializados. Um grito que temos ouvido cada vez mais forte por parte dos refugiados que chegam à Europa, desafiando-nos a alargar as nossas casas, o nosso coração. Desafiando a aceitar viver verdadeiramente numa Casa Comum, cuidando de toda a Família Humana, cuidando da nossa Terra.

A Encíclica, que surgiu na antecipação da Cimeira do Clima de Paris, realizada em dezembro de 2015, marcou e continuará a marcar com muita força a agenda política

do combate às alterações climáticas e desequilíbrios ambientais. Mas a sua força vai muito para lá do ambiente. A sua força e luz está no conceito de Ecologia que nos apresenta – Ecologia Integral – que não concebe o respeito pelo ambiente desligado da justiça social e do cuidado com a Pessoa, em especial com os mais pobres. A sua força está na forma como, ao mesmo tempo que marca a política internacional, apela a um processo de con-versão ecológica a que todos somos chamados. A sua força reve-lou-se pela mobilização sem precedentes da sociedade civil e da própria Igreja na preparação desta Cimeira, bem como na forma como esteve presente no coração das negociações, referência para muitos políticos de todos os quadrantes, a começar pela Presidência francesa, a quem coube liderar este diálogo entre o Mundo, tentando levar a bom porto um barco cheio de interesses e poderes tão antagónicos.

Os apelos e a força da Encíclica Laudato Si’

Margarida AlvimPresidente da Direção da Associação

Casa Velha - Ecologia e Espiritualidade

“Diálogo, é talvez essa a dimensão mais forte desta Carta tão simples e tão profunda que o Papa escreve a todos,sem exceção”.

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Diálogo, é talvez essa a dimensão mais forte desta Carta tão simples e tão profunda que o Papa escreve a todos, sem ex-ceção. Diálogo entre religiões, entre governos, sociedade civil, empresas, países, setores. A imagem que nos sugere é impres-sionantemente simbólica e aplicável a qualquer nível e con-texto. Nos últimos tempos, tenho sido desafiada a falar deste Cuidado da Casa Comum em escolas e atividades para famílias da Associação Casa Velha. É bom perceber como a mensagem é apreendida pelos mais pequenos, a partir da imagem da Casa de Família, onde também todos desempenhamos diferentes papéis, onde também é preciso cuidar e por vezes é tão difícil dialogar.

O diálogo proposto pelo Papa segue o percurso do Ver, Julgar e Agir do Pensamento Social da Igreja, bem como o percurso inaciano de Conversão para mais seguir Jesus na construção e cuidado do Reino: conhecer melhor a realidade (o que está

a acontecer à nossa casa), através de um diálogo com a Ciência e com a Fé (que completa e alarga a nossa visão da realidade), para perceber melhor as raízes (humanas) da crise ecoló-gica, dos desequilíbrios estruturais, dinâmicas de injustiça e ciclos viciosos de pobreza que marcam o nosso Mundo. O seu apelo é que nos deixemos tocar por esta realidade, refletindo em nós mesmos o que fazer, quer a nível individual, quer coletivo. Os dois últimos capítulos da Encíclica dão pistas muito concretas e abrem o caminho da educação e espiritualidade ecológicas.

É engraçado como há uma sensação generalizada de que se o programa dos governos, das cimeiras, os planos estra-tégicos das empresas e ins-tituições tivessem por base esta agenda, o Bem Comum seria de facto assegurado e a Casa Comum seria bem cui-dada, por todos e para todos. No meio da complexidade dos tempos que vivemos e até da nossa vida, a boa no-tícia é que há agora a sen-sação de uma retaguarda/referência comum, que nos mobiliza, nos defende, nos permite ousar estilos de vida mais sustentáveis e desper-tos para a justiça, a boa terra onde podem germinar cada vez mais e melhor políticas globais e locais mais justas e inclusivas.

“...a boa notícia é que há agora a sensação de uma retaguarda/referência comum, que nos mobiliza, nos defende, nos permite ousar estilos de vida mais sustentáveis e despertos para a justiça...”

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A Associação Casa Velha é uma organização sem fins lucrativos de identidade católica, constituída em setembro de 2012. Tem como missão promover o desenvolvimento humano e espiritual através da experiência de uma vida simples e comunitária, do contacto com a natureza, do trabalho rural e da ora-ção. Realiza atividades de formação, de reflexão, de acompanhamento espiritual, de animação cultural e de encontro, para crianças, jovens e adultos, de forma individual ou em grupo. Tem sede na Quinta da Casa Velha, Vale Travesso, Ourém.

A Casa Velha fala-me sobretudo de um Deus que é simples. Fala-me da grandeza das pequenas coisas. Fala-me de reparação, crescimento, transformação. Fala-me de paciência, con-fiança e perseverança na maneira como me relaciono com os tempos da minha vida. O que tenho experimentado ao longo des-tes últimos anos na Casa Velha é sobretudo a maneira curiosa como Deus me descom-plica através da natureza e dos outros e me (re)lança para a vida.

Conheci a Casa Velha quando entrei para o grupo de voluntários dos Atravessados. Este grupo é para mim símbolo do que a casa velha é: casa aberta à diversidade. Diversidade que é riqueza e que, ao mes-mo tempo, nos desafia e desconstrói, nos redefine e abre o nosso olhar. É também nesta experiência de comunidade que va-mos vivendo este pôr em comum de es-paços, de tempos e de vidas, em momen-tos de partilha na oração, de trabalhos na horta e de estar simplesmente.

Os trabalhos na horta e na casa são tempos muito concretos para pôr as mãos na terra, para passar da teoria à ação. Nestas manhãs de Atravessados tenho muitas vezes a impressão de que saio mais leve, mesmo que tenha estado

com a enxada na mão ou a carregar toros de madeira. Saio mais leve porque, durante umas horas, pude contribuir para algo maior do que eu. Porque no gesto de plantar uma alface, pe-quena e frágil, pus toda a minha atenção. Por-que experimento que para verdadeiramente cuidar do que me foi pedido preciso de estar inteira e é nesta expe-riência que percebo a quantidade de tralha em mim que preciso de deitar fora. Neste aspeto, re-zar na Casa Velha ajuda-me a descomplicar, a des-trinçar o que está a mais e ao mesmo tempo a ir dando força àquilo que são as minhas raízes. Rezar na Casa Velha, debaixo de um carvalho centenário, remete-me sempre para a simplicidade e para o tempo de Deus que não é o meu, das agendas e dos calendários.

O serviço que se vive na Casa Velha tem vindo a estender-se dos trabalhos na horta e na casa à co-munidade local. O grupo dos Atravessados tem con-tribuído para esta missão no Vale Travesso e Ourém, através das visitas às casas, ao lar de Ourém e à Casa da Criança. Nestas missões percebe-se o impacto que a Casa Velha desde sempre teve e tem na vida destas pessoas. Do mesmo modo, e especialmente na missão das visitas, as histórias destas pessoas, marcadas por uma enorme simplicidade e entrega, têm impacto em nós, não nos deixam indiferentes e desinstalam-nos. Desinstalam-nos porque nos falam precisamente desta enorme força que vem da fragili-dade. Esta missão na comunidade de Vale Travesso e Ourém transforma-se assim num sair fora de portas levando connosco e pondo em prática o que vivemos dentro da Casa Velha.

Luísa Francodoutoranda em Arquitetura Paisagista, membro da Associação Casa Velha

Uma maneira muito concreta de dar resposta aos desafios de Cuidar da Casa Comum

“Rezar na Casa Velha, debaixo de um carvalho centenário, remete-me sempre para a simplicidade e para o tempo de Deus que não é o meu, das agendas e dos calendários”.

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Também o projeto aTerra tem sido um exemplo muito claro des-ta «Casa Velha em saída». O aTerra é um projeto que envolve as escolas de Ourém e os agricultores, com o objetivo de pensar e definir estratégias de desenvolvimento rural. Este projeto marca de uma forma especial porque nos fala da força do diálogo e de como um verdadeiro mergulho na realidade local pode gerar di-nâmicas que nunca esperaríamos ver acontecer, como presenciar um debate entre agricultores e políticos no meio de um eucaliptal ou assistir a um grupo de alunos de Ourém que vem fazer a sua apresentação na Gulbenkian.

Por fim, não poderia falar da Casa Velha sem referir a família Alvim, que é a raiz deste projeto. Neste aspeto, a Casa Velha é tam-bém inspiração, no sentido em que me ajuda a perceber como pos-so construir a partir daquilo que é a minha história, a partir das minhas raízes. A Casa Velha vai-me ensinando, assim, a ver com confiança, e tantas vezes com a necessária paciência, como Deus trabalha a partir daquilo que somos. A aceitar as nossas fragilida-des e ainda assim lançar a semente confiando que dará fruto.

Para mais informações sobre a Associação Casa Velha:

www.casavelha.orgfacebook.com/projectoCasaVelha

[email protected]

“A Casa Velha vai-me ensinando, assim, a ver com confiança, e tantas vezes com a necessária paciência, como Deus trabalha a partir daquilo que somos”.

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CRESCER COM JESUS

Os olhos arregalados querem guardar tudo. Os choros mais ou menos intermináveis são modo de aprender a lidar com necessidades (da comida ao afeto). A presença de cada pessoa é reconhecida e pressentida. Os espaços em que se começa a passear vão sendo conquistados e neles se respira. Como conseguir que o bebé que se vai fazendo criança pressinta a presença de Deus na sua vida, na casa em que habita?

Os braços dos pais acolhem-no com amor, as mãos afagam-no com carinho, os rostos sorriem serenos, os olhos brilham de alegria, os lábios louvam e bendizem o Senhor da vida! Sem artificialismos, em gestos simples e quotidianos.

É na experiência de valores humanos como: a verdade, a amizade, o perdão, a partilha, a beleza, o respeito e a justiça transmitidos pelo exemplo que a criança vai descobrindo a dimensão do transcendente. O horizonte que liberta de tricas e impaciências.

«Poesias» à parte, como é que isto se faz?

✎ É a rezar em família (refeições, ao acordar ou deitar, diante de uma paisagem que deslumbra, em viagem), a ir à missa, a batizados, comunhões. É observando com curiosidade, nos mais velhos, gestos e atitudes de silêncio, recolhimento e sere-nidade quando estão com Deus que a criança, por imitação, vai despertando para uma relação pessoal com Jesus.

✎ A abertura da criança ao mistério de Deus faz-se mais por esta iniciação a gestos e a atitudes do que pela memorização de fórmulas incompreensíveis. O Pai-nosso só foi ensinado aos discípulos depois

de um caminho percorrido. Inicia-se a criança na oração com palavras simples do dia a dia, as mesmas que ela usa para falar com familiares e amigos.

✎ Os símbolos também captam a atenção e despertam a curiosidade. A criança pequena aprende interagindo com objetos e símbolos. Os objetos religiosos presentes no meio familiar podem motivar a atitude religiosa. É importante que estejam em lugares que assinalem a sua impor-tância e que possam ser respeitados. Interagir com objetos religiosos não é brincar com eles. Uma imagem ou objeto religioso (terço, medalha, cruz, etc.) não é um brinquedo. Talvez até pudessem ter uma etiqueta: não usar durante a missa para entre-ter crianças irrequietas.

✎ No quarto da criança, as imagens religiosas devem estar num lugar apropriado, o «Cantinho do Jesus» ou «Cantinho de Oração», e não no meio dos brinquedos. É muito bom que a criança possa ir desenvolvendo uma relação própria com esse lugar: colocar uma flor, um desenho, um trabalho espe-cial ou um símbolo importante que queira oferecer a Jesus. O Livro da Palavra de Deus (a Bíblia) deve ter um lugar próprio, digno e de destaque, nunca no meio dos livros de histórias ou para colorir da criança.

✎ A fé não é uma «história com moral» que se transmite às crianças. A fé é um estilo de vida, uma relação de confiança que a criança vai apreendendo pelo exemplo, pelo ar que respira. Transmite-se a fé vivendo-a. Transmite-se a fé convidando Jesus a habitar a nossa casa, os nossos gestos e as nossas conversas.

A nossa casa é uma casa de DeusDomingas Brito e José Maria Brito, s.j.

Ilustração: www.damadearroz.com Dos 0-6 anos

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Em qualquer encontro ou reunião, o meu centro deve estar no grupo do qual faço parte. Se eu me considero o centro, entrincheirado nas minhas ideias e preferências, nos meus gostos e planos, acabo por ser um obstáculo para os outros, pois ninguém é proprietário ou senhor de um conjunto de pessoas, mesmo que tenham pouca expe-riência, idade e formação.

A nossa atitude, ao participar num grupo, deverá ser sempre a de Jesus, que faz dos outros o centro do seu mundo: «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22, 27). Este é o critério que devo usar para intervir ou calar, e para estar sempre atento, pois Deus pode reve-lar-Se por todos, mesmo por aqueles que são mais novos e com menos preparação e experiência.

Oração inicial – Oração do Oferecimento(com a fórmula tradicional ou com outra)

1.ª Parte Intenções do Papa para o mês de fevereiro

O responsável, ou outra pessoa do grupo, poderá fazer uma apresentação da intenção universal e da intenção pela evangelização do Papa Francisco para este mês de fevereiro. Poderá servir-se do que vem nas primeiras páginas desta revista.

A intenção universal refere-se ao cuidado que todos devemos ter pela terra onde habitamos, ao cuidado com a criação: «Que cuidemos da criação, recebida como dom gratuito, a cultivar e proteger para as gerações futuras». O Papa Francisco escre-veu uma Carta Encíclica sobre o cuidado da criação, «Louvado sejas», que teve grande acolhimento, mesmo por presidentes de grandes nações. O que não fizermos agora para proteger a casa onde habi-tamos, o planeta Terra, terá certamente graves consequências no amanhã dos homens e mulheres

das futuras gerações. A intenção pela evangeliza-ção faz votos: «Que cresçam as oportunidades de diálogo e de encontro entre a fé cristã e os povos da Ásia». Este imenso continente é onde a Igreja tem crescido mais nos últimos anos. Por outro lado, é onde também os cristãos têm sofrido mais falta de liberdade e perseguições, onde tem havido mais mártires. Importa seguir em frente pelos caminhos do respeito mútuo que leva ao diálogo e ao encontro.

2.ª ParteOs grupos do AO são grupos de oração e de ação

Depois da apresentação das intenções do Santo Padre, dar algum tempo para partilhar o que os membros do AO poderão fazer, na linha do que o Papa Francisco nos propõe, talvez respondendo às seguintes perguntas:

– Que poderemos fazer, na nossa vida quotidiana, para cuidar melhor da criação, que é a casa comum a todos?

– Que aplicação será oportuno fazer a esta afir-mação do Papa Francisco no n.º 79 da sua Encíclica «Louvado sejas»: «A Igreja, com a sua ação, procura não só lembrar o dever de cuidar a natureza, mas também e sobretudo proteger o homem da destruição de si mesmo»?

3.ª ParteAssuntos práticos do grupo do AO

Terminar com uma leitura da Palavra de Deus (por exemplo, o Evangelho do domingo seguinte à reunião) e com uma oração ou um cântico. Em seguida propomos um esquema de oração em grupo, que poderá ser feita no início ou no fim desta reunião, ou noutro contexto e ocasião.

REUNIÃO DE GRUPO

Esquema de reunião e de oração de grupo

Manuel Morujão, s.j.

Reunião

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Oração

1ª SEXTA-FEIRA

WWW.APOSTOLADODAORACAO.PT

Pode encontrar esta secção escrita pelo padre Dário Pedroso no site do Apostolado da Oração.É uma versão mais longa e completa, fácil de descarregar e de ler!

(poderá ser feita por ocasião da reunião, no começo ou no fim, ou noutra ocasião oportuna, numa sala ou numa igreja/capela, com ou sem sacerdote)

Presidente: Que Deus, rico em misericórdia, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, estejam sempre convosco.

Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

Presidente: entrámos no Ano Jubilar da Misericórdia, a que o Santo Padre nos convocou. Todos precisa-mos de receber de Deus o precioso presente do seu amor misericordioso. E os outros necessitam de encontrar em nós um coração generoso para ofere-cer misericórdia. Escutemos o que Deus nos diz nesta passagem de uma carta do apóstolo Paulo.

Leitor: Leitura da carta de São Paulo aos Efésios (Ef 2, 4-8)Deus, que é rico em misericórdia, pelo amor

imenso com que nos amou, precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo – é pela graça que vós estais salvos – com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Cristo. Pela bondade que tem para connosco, em Cristo Jesus, quis assim mostrar, nos tempos futuros, a extraordinária riqueza da sua graça. Porque é pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus.

Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Presidente: Fazendo eco à Palavra de Deus que foi proclamada, em sintonia com o Ano Jubilar da Misericórdia, que o Papa Francisco nos convida a celebrar, unidos a toda a Igreja, particularmente aos membros do Apostolado da Oração, digamos com fé e esperança:

– Deus rico em misericórdia, ouvi a nossa oração.

Leitor: Unidos ao Sucessor de Pedro e Pastor da Igreja universal, rezemos para que todos «cuidemos da criação, recebida como dom gratuito, a cultivar e proteger para as gerações futuras». Com confiança, oremos ao Senhor.

Leitor: No mês de fevereiro, na festa da apre-sentação do Senhor, celebra-se o Jubileu da Vida Consagrada. Peçamos ao Senhor da messe que não faltem vocações de consagração nas ordens e congregações religiosas e nos institutos seculares. Com fé e esperança, oremos ao Senhor.

Leitor: Abramo-nos à intercessão de Nossa

Senhora, Mãe da misericórdia, para que saibamos aproveitar a graça deste Ano Santo da Misericórdia, abrindo-nos à misericórdia do Senhor e oferecendo misericórdia em palavras, gestos e ações. Oremos confiantes ao Senhor.

Outras intenções espontâneas…

Presidente: Acolhei, Pai Santo, as nossas preces, que, inspiradas nas intenções do Papa Francisco, Vos dirigimos com confiança filial, para bem da Igreja e salvação do mundo, por Jesus Cristo nosso Salvador e unidos no amor do Espírito Santo.

– Ámen.

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AO É NOTÍCIA

O Padre Eurico Sousa é, desde outubro de 2015, o novo diretor diocesano do Apostolado da Oração (AO) de Viseu. Foi ordenado sacerdote em 5 de julho de 1998, no Caramulo, diocese de Viseu, e atual-mente é pároco de Carvalhais, Santa Cruz da Tapa, São Cristóvão de Lafões e Candal.

Para o Padre Eurico Sousa, esta nomeação repre-senta um grande desafio, sobretudo numa altura em que o AO está num processo de recriação. No desempenho das funções de diretor diocesano, assume como prioridade recuperar a devoção da Primeira Sexta-Feira e formar o maior número de pessoas, tendo por base a espiritualidade do AO. Neste momento, a Diocese de Viseu tem 37 grupos do Apostolado da Oração.

Enquanto diretor diocesano pretende também renovar a pastoral e recuperar a religiosidade popular. Neste sentido, está a concluir um curso de Teologia Prática em Salamanca.

Dia 5 de dezembro de 2015 decorreu uma tarde de formação na paróquia da Falagueira, Patriarcado de Lisboa. Foi promovida pelo Apostolado da Oração (AO) e direção local e orientada pelo Diretor Diocesano, Padre Dário Pedroso, sj.

Preparando a celebração do Ano da Misericórdia, este encontro incluiu duas conferências, tempo de reflexão pessoal e celebração da Eucaristia. Procurámos rezar o modo como o AO e os seus membros, com a sua rica espiritualidade, podem assumir a graça da vivência do Ano Santo, viver mais intensamente unidos ao Papa e serem apósto-los da misericórdia.

Dia 12 de dezembro, num dos salões da paróquia do Coração de Jesus, na cidade, houve um encontro em que participaram cerca de 90 pessoas, vindas de 26 paróquias.

De manhã houve duas conferências sobre o AO e

NOTÍCIAS

Novo diretor diocesano de Viseu

Encontros de formação em Lisboa

o Ano Santo. À tarde realizou-se uma reunião geral para delinear aspetos e atividades da vida do AO no Patriarcado. Foi do consenso geral que seria bom o encontro do Advento ser na cidade, mas o da Quaresma ser noutros locais, para que pessoas do Apostolado da Oração de zonas mais periféricas e de Vigararias mais distantes pudessem participar, tendo sobretudo em conta toda a Zona do Oeste. Houve um convite veemente para que os presen-tes participassem na reunião mensal de janeiro, na Capela dos Milagres, e fossem contactando as paró-quias que não costumam estar presentes, convidan-do-as a participar.

O Padre Dário Pedroso fez uma terceira conferên-cia, focada na vivência do Ano Santo, de modo espe-cial na celebração da Reconciliação e da Eucaristia como «refeição de pródigos». Terminámos com a celebração eucarística, na igreja paroquial.

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28 | Mensageiro

NOTÍCIAS

Na casa de Retiros do Vilar, realizou-se, a 28 de novembro de 2015, o já tradicional encontro de Advento dos membros do Apostolado da Oração da Diocese do Porto. Por convite do Diretor Diocesano, Cónego Peixoto, e da sua Equipa, o P. Dário Pedroso, sj, orientou este dia de reflexão e formação baseado no tema: «Misericordiosos como o Pai».

Estiveram presentes cerca de 350 pessoas, vindas de muitas paróquias da Diocese. Foi, segundo os

Reflexões sobre a misericórdia no Encontro Diocesano do Portoparticipantes, uma profunda preparação para a vivência do Ano da Misericórdia nos diversos Centros do AO e respetivas paróquias.

De manhã, o Padre Dário proferiu duas confe-rências, seguindo-se um tempo de Adoração, que se prolongou até às 14h30. Depois da Bênção do Santíssimo, teve lugar outra conferência, também proferida pelo Padre Dário. O Encontro terminou com a celebração da Eucaristia.

Na última sexta-feira de novem-bro de 2015 realizou-se uma reunião da Direção Diocesana de Lisboa do Apostolado da Oração, em que esteve presente o Diretor Diocesano, Padre Dário Pedroso, sj, e cerca de 35 zelado-res de algumas paróquias da cidade.

A reunião teve lugar na Capela dos Milagres, junto ao Mosteiro das Irmãs Clarissas da Estrela, capela onde foi fundado o Apostolado da Oração (AO) em Lisboa e de onde partiu para as outras dioceses e para outros países. Foi bom termos podido começar a reunir naquele local, por ser o lugar da fundação do AO em Portugal, como consta de uma lápide em pedra colocada numa das paredes da capela.

Durante este encontro, houve tempo para abordar as intenções do Papa para o mês de dezembro e preparar o Ano da Misericórdia. A reunião incluiu a celebração da Eucaristia.

Direção diocesana de Lisboa reúne no localde fundação do AO

Capela dos Milagres

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fevereiro 2016 | 29

O Papa pede que se faça «do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida» no sentido de transformar «o nosso coração de pedra num coração de carne, capaz de se abrir aos outros com autêntica solidariedade».

Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, Francisco recorda os momentos marcantes de 2015, «guerras e atos terroristas com trágicas consequências», ao ponto de assumir os contornos de uma «terceira guerra mundial por pedaços», mas assinala que, neste contexto, também se verificaram aconteci-mentos que «representam a capacidade de a huma-nidade agir» contra o mal.

O Papa fala da necessidade de vencer a indiferença, que considera «uma ameaça para a família humana».

A «globalização da indiferença» perante as

IGREJA É NOTÍCIA

Amor, misericórdia e solidariedadecomo «programa de vida»

tragédias, diz o Papa, tem rosto: «Há quem esteja bem informado, ouça o rádio, leia os jornais ou veja programas de televisão, mas fá-lo de maneira entorpecida, quase numa condição de rendição: estas pessoas conhecem vagamente os dramas que afligem a humanidade, mas não se sentem envolvi-das, não vivem a compaixão».

«Este é o comportamento», aponta Francisco, «de quem sabe, mas mantém o olhar, o pensamento e a ação voltados para si mesmo». «Infelizmente», constata, «o aumento das informações, próprio do nosso tempo, não significa, por si, aumento de atenção aos problemas».

Na Mensagem, o Santo Padre refere-se também ao cuidado com a Criação e enaltece «o esforço feito para favorecer o encontro dos líderes mundiais, no

Mensagem Dia Mundial da Paz 2016

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30 | Mensageiro

Cuidar dos doentes é caminho de santificaçãoCuidar e permanecer junto dos doentes «que

precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavarem, vestirem e alimentarem», pode «tornar-se cansativo e pesado», especialmente quando este serviço se prolonga no tempo, mas é um «grande caminho de santificação». Quem o diz é o Papa, na sua Mensagem para o Dia Mundial do Doente, que se celebra a 11 de fevereiro.

Francisco afirma que é preciso «sabedoria do coração» para estar com os irmãos doentes. Por isso, «com fé viva, peçamos ao Espírito Santo que nos conceda a graça de compreender o valor do acom-panhamento, muitas vezes silencioso, que nos leva a dedicar tempo a estas irmãs e a estes irmãos que, graças à nossa proximidade e ao nosso afeto, se sentem mais amados e confortados».

«Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão. Às vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do

Madre Teresa de Calcutá vai ser canonizadaMadre Teresa de Calcutá, beatificada por S. João

Paulo II, em 2003, vai ser canonizada. A celebração ainda não tem data marcada, mas deverá acontecer durante as celebrações do Jubileu da Misericórdia.

A Congregação para a Causa dos Santos concluiu, em julho de 2015, as investigações no Brasil sobre o milagre para a cura inexplicável de um homem em Santos, São Paulo, em meados de 2008.

O caso da cura milagrosa chegou ao Vaticano no início de 2015 e foi logo considerado válido por apre-sentar elementos contundentes para a instauração

de um processo. O Promotor de Justiça no processo local, Padre Caetano Rizzi, afirmou que tudo acon-teceu muito rapidamente porque os factos são evidentes.

Madre Teresa nasceu em 1910 em Skopje, terri-tório albanês, atualmente capital da Macedónia, e morreu em 1997, em Calcutá, na Índia. Anjezë Gonxhe Bojaxhiu, nome de batismo de Madre Teresa, recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1979 pelo seu serviço a favor dos mais necessitados.

doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frene-sim do fazer e do produzir, esquecemos a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro», afirma o Papa, chamando a atenção para a «mentira que se esconde por trás de certas expres-sões que insistem muito sobre a “qualidade da vida” para fazer crer que as vidas gravemente afetadas pela doença não mereceriam ser vividas».

Francisco fala também da importância da caridade. «A verdadeira caridade é partilha que não julga, que não tem a pretensão de converter o outro; está livre daquela falsa humildade que, fundamentalmente, busca aprovação e se compraz com o bem realizado»·

Segundo o Papa, «mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade levam a melhor sobre a nossa vida de doação, a experiência do sofrimento pode tornar-se lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a sabedoria do coração».

âmbito da Conferência do Clima, a fim de se procu-rar novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra, a nossa casa comum».

O Papa aproveita para se dirigir aos líderes dos Estados para que realizem gestos concretos a favor daqueles que «sofrem pela falta de trabalho, terra e teto».

Elogiando as organizações que trabalham a favor do alívio das dificuldades dos mais frágeis, o Papa volta a lançar fortes críticas ao «cancro social» da corrupção, «profundamente radicada em muitos países – nos seus governos, empresários e insti-tuições – seja qual for a ideologia política dos governantes».

«Os agentes culturais e dos meios de comunicação social deveriam também vigiar por que seja sempre lícito, jurídica e moralmente, o modo como se obtêm

e divulgam as informações», acrescenta.Francisco termina a Mensagem com um «triplo

apelo» aos Estados, solicitando-lhes que se abstenham «de arrastar os outros povos para conflitos ou guerras que destroem não só as suas riquezas mas também – e por longo tempo – a sua integridade».

Pede também o «cancelamento ou gestão susten-tável da dívida internacional dos Estados mais pobres» e ainda a adoção de políticas que sejam respeitadoras dos valores das populações locais e, «de maneira nenhuma, lesem o direito fundamental e inalienável dos nascituros à vida».

Esta Mensagem do Papa foi enviada para os Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todos os países e designa a linha diplomática da Santa Sé para o novo ano.

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Jubileu da Misericórdia exige abertura ao amor e ao perdão

Papa pede Paz na visita a África

O Jubileu da Misericórdia, que se iniciou a 8 de dezembro de 2015, exige que cada católico procure uma vida de abertura ao outro, ao amor e ao perdão, recorrendo mais ao sacramento da Confissão. Segundo o Papa Francisco, «a misericórdia e o perdão não podem ser meras palavras, mas têm de realizar-se na vida diária: amar e perdoar são o sinal concreto e visível de que a fé transformou os nossos corações e nos permite exprimir em nós a própria vida de Deus».

Para este Ano Santo, o Bispo de Roma apresenta como «programa de vida» para todos os fiéis, sem «interrupções ou exceções», o objetivo de «amar e perdoar como Deus ama e perdoa». Francisco

admitiu que perdoar nem sempre é «fácil», mas apelou a todos para que saibam «abrir-se e acolher a misericórdia de Deus».

O Papa apresenta ainda a Confissão como um «sinal importante» do Jubileu, para fazer a «expe-riência direta» da misericórdia de Deus.

«Deus compreende-nos também nos nossos limites e contradições. Não é só isso: Ele, com o seu amor, diz-nos que precisamente quando reconhe-cemos os nossos pecados está ainda mais próximo de nós», assinala.

O Ano Santo da Misericórdia conclui-se a 20 de novembro, Solenidade de Cristo Rei.

Missa celebrada no Campus da Universidade de Nairobi, no Quénia

Visita ao Monumento aos Mártires Anglicanos, em Kampala, Uganda

Visita ao campo de refugiados de Bangui, República Centro-Africana

Catedral de Bangui, República Centro-Africana

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Lurdes, Ilda, Albano e João… apenas nomes para uma causa: o Plano de São Lucas, um projeto de luta contra a pobreza que nasceu com a «cola» do Centro Social e Paroquial de São José, uma das paróquias do coração da cidade açoriana de Ponta Delgada.

«Nasce-se voluntário, não há outra explicação». Ilda Brás, engenheira e professora, já perdeu a conta aos projetos que ajudou a formar. Neste, «vim para fazer um donativo e fiquei como voluntária».

«Nunca me falta tempo para dar tempo aos outros, até porque desde muito pequena que estive sempre envolvida em vários projetos, que começa-ram de uma forma espontânea», diz esta profes-sora aposentada.

Foi assim que nasceu o Plano São Lucas, hoje coor-denado pelo Centro Social e Paroquial de São José,

MÃOS À OBRA...

Voluntário por nascimento ou por gratidão

Plano São Lucas, em Ponta Delgada,transformou beneficiários em voluntários

Carmo Rodeia

presidido pelo Padre Duarte Melo.«Trata-se de uma resposta a uma emergência

social que é gritante nesta paróquia e muito em particular fruto dos tempos que vivemos, em que há inúmeras pessoas que passam imensas privações», diz o sacerdote.

O Plano de São Lucas nasceu a 18 de outubro de 2011, apoia mensalmente 140 pessoas, integradas em 40 agregados familiares, que vão desde os oito elementos até uma pessoa sozinha. É um projeto de apoio local, que congrega a ação de vários volun-tários que acompanham famílias em dificulda-des, dotando-as de competências com vista a uma progressiva autonomização.

A alma deste projeto, com quase cinco anos de idade, é Lurdes Resendes, antiga funcionária dos

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Correios, aposentada há 19 anos e desde essa altura voluntária.

O projeto já teve mais de 150 beneficiários, mas cerca de 10 autonomizaram-se. Um dos casos é o de uma senhora que, ao fim de dois anos a beneficiar, criou o seu próprio negócio, que «vai de vento em popa»: um gabinete de estética; «mas há mais», diz Vitória Furtado, psicóloga, coordenadora do projeto.

«A lógica aqui é que as pessoas se sintam úteis, reconquistem autoestima e com isso possam mudar as suas vidas» sublinha, questionando: «afinal, todos nós precisamos de ter compaixão uns pelos outros e precisamos de ser aceites».

Foi o que aconteceu com uma família que hoje é «gestora» da horta biológica do projeto ou com «um outro senhor» que, depois de ter perdido o emprego, reconquistou a autoestima suficiente e resolveu emigrar para o Canadá .

João Leite e Albano Matos são os mais novos no projeto, mas nem por isso os menos empenhados.

«Sempre andei metido em associações, mas nunca tinha feito nada semelhante. Sentia que tinha vontade de ajudar, mas a vida era muito atarefada», diz Albano Matos. João Leite diz que «os contra-tempos naturais» são a principal causa de tanto altruísmo nos Açores. Sobretudo nas ilhas do grupo central, onde a terra treme com mais frequência,

«temos sido apanhados em contrapé e de um momento para o outro ficamos sem nada. Se não fossemos solidários como é que viveríamos?»

A proximidade e o sentido de vizinhança fazem o resto.

«Quem é que é capaz de não dar meia hora ou uma hora por dia para fazer os outros felizes?», interroga--se Ilda Brás; «se não o fizer, eu é que fico infeliz», remata. «Os nossos beneficiários também ajudam e quando não precisam de receber estão disponíveis para dar», acrescenta.

«Estas pessoas aprendem facilmente o sentido da partilha», diz Vitória Furtado. «Organizamos workshops de cozinha, para ensinar a cozinhar os alimentos; workshops de economia doméstica para ajudar a poupar e a transformar o pouco em muito», diz João Leite.

«Conseguimos empregar algumas pessoas nos projetos PROSA e FIOS» (programas ocupacionais para pessoas desintegradas) e hoje «já temos pessoas a trabalhar connosco ao abrigo desses programas», sublinha Vitória Furtado.

O próximo passo é «disponibilizar apoio geriátrico e de saúde aos nossos idosos», diz o Padre Duarte Melo. «Já temos voluntários» mas, como as necessi-dades são muitas, «precisamos de mais».

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Fátima10-12 junho 2016

Celebrando o Centenário das Aparições de Fátima

Viver a Eucaristiafonte de Misericórdia

Santuário de Fátima

Informações sobre o programa e InscrIções:Santuário de Fátima: 249 539 600 | Apostolado da Oração: 253 689 446 site: www.congressoeucaristico.pt | mail: [email protected]

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Santuário de Fátima: 249 539 600 | Apostolado da Oração: 253 689 446 site: www.congressoeucaristico.pt | mail: [email protected]

ATIVIDADES INACIANAS fevereiro / marçoEm Soutelo (Vila Verde): CEC – Casa da Torre Av. dos Viscondes da Torre, 80 – 4730-570 SOUTELO – Tel. 253 310 400; Fax: 253 310 401; E-mail: [email protected]

No Porto: CREU – Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de LoyolaR. Oliveira Monteiro, 562 – 4050-440 PORTO– Tel. 226 061 410; E-mail: [email protected]

NO RODÍZIO – Casa de Exercícios de Santo InácioEstrada do Rodízio, 124 – 2705-335 COLARES – Tel. 219 289 020; Fax: 219 289 026; E-mail: [email protected]

04-10 fev. Exercícios Espirituais – P. António Vaz Pinto05-07 fev. Rever para ver – P. Sérgio Diz Nunes05-09 fev. Relações Humanas II – PP. Alberto Brito e Vasco Pinto de Magalhães05-10 fev. Exercícios Espirituais – Alzira Fernandes14 fev. Exercícios Espirituais na vida corrente (em colaboração com CVX e ACI)18-26 fev. Exercícios Espirituais – P. António Costa Silva20-21 fev. Escola de Pais (Formação e Oração) – P. Carlos Carneiro [Inscrições no CREU]25-28 fev. Exercícios Espirituais – P. Vasco Pinto de Magalhães [Inscrições no CREU]25-28 fev. Exercícios Espirituais (Leigos para o Desenvolvimento) – P. José Eduardo Lima [Inscrições no CREU]26-28 fev. Como viver o Ano Santo da Misericórdia – P. Dário Pedroso05 mar. A Bíblia no feminino – Alzira Fernandes e Mariana Abranches Pinto05-06 mar. Fim de Semana para Noivos – PP. Rui Nunes e Miguel Almeida e grupo de casais10-13 mar. Exercícios Espirituais (para universitários) – P. Marco Cunha [Inscrições no CAB : Tel. 253.215.592]11-13 mar. Lições Inacianas de Liderança – P. Hermínio Rico11-13 mar. Rezar com Daniel Faria e Maria Gabriela Llansol – P. Mário Garcia13 mar. Exercícios Espirituais na vida corrente (em colaboração com CVX e ACI)15-23 mar. Exercícios Espirituais – P. Sérgio Diz Nunes17-20 mar. Exercícios Espirituais – P. Carlos Carneiro 24-26 mar. Páscoa em Soutelo – PP. António Valério e Marco Cunha e Filósofos, sj

12-13 fev. 1 Noite & 1 Dia (Formação Humana e Religiosa) – A Força das Convicções. O Homem disperso e a vontade frágil. Como conseguir o que queremos? – P. Carlos Carneiro04-06 mar. “Café” – Curso de Aprofundamento da Fé – PP. Filipe Martins e Carlos Carneiro04-06 mar. Crisma para adultos – P. Vasco Pinto de Magalhães17-20 mar. Exercícios Espirituais “pé descalço” – P. Pedro Rocha Mendes

Em Lisboa: CUPAV – Centro Universitário Padre António VieiraEstrada da Torre, 26 – 1769-014 LISBOA – Tel. 217 590 516; E-mail: [email protected]

02-09 fev. Exercícios Espirituais – P. Mário Garcia04-07 fev. Exercícios Espirituais – P. Gonçalo Eiró05-09 fev. Exercícios Espirituais – P. José Carlos Belchior 20 fev. Retiro de Quaresma – P. Gonçalo Eiró27 fev. Rezar: falar pouco e ouvir muito (Primeiros passos na oração inaciana) – Ana Guimarães05-06 mar. Fim de Semana para Noivos – P. Carlos Azevedo Mendes e grupo de casais 11-13 mar. Receber e Oferecer Misericórdia – P. Manuel Morujão11-13 mar. Desafios do Meio da Vida – P. Vasco Pinto de Magalhães17-20 mar. Exercícios Espirituais – P. Domingos de Freitas17-24 mar. Exercícios Espirituais – P. Francisco Correia 24-27 mar. Tríduo Pascal – P. Hermínio Rico

Em Coimbra: CUMN – Centro Universitário Manuel da NóbregaR. Almeida Garrett, 4 – 3000-021 COIMBRA – Tel. 239 829 712; E-mail: [email protected]

16 fev. Orar, comer e gostar25-28 fev. Exercícios Espirituais – P. Miguel Gonçalves Ferreira10-13 mar. Exercícios Espirituais “pé descalço” – P. Nuno15 mar. Orar, comer e gostar

04-10 fev. Exercícios Espirituais – P. Carlos Azevedo Mendes13 fev. Dia de Retiro de Quaresma – P. João Goulão14 fev. Dia de Retiro de Quaresma – P. João Goulão16 fev. Encontro de Quaresma I18-20 fev. Experiência de Oração – P. Carlos Azevedo Mendes18-21 fev. Exercícios Espirituais “pé descalço”(Cernache) – P. Pedro Rocha Mendes19-21 fev. Curso de Eneagrama (para casais e/ou namorados) – Clara e João Pedro Tavares23 fev. Encontro de Quaresma II24 fev. Encontro Mensal. “Pequei? Qual é o mal?”25 fev. Encontro Mensal. “Pequei? Qual é o mal?”01 mar. Encontro de Quaresma III10 mar. O que é o Eneagrama? Uma noite para explicar esta dinâmica. – P. Gonçalo Eiró11-13 mar. Curso de Relações Humanas e comunicação interpessoal – P. Gonçalo Castro Fonseca e João Aires de Campos16 mar. Encontro Mensal. “O que é o Reino de Deus?”17 mar. Encontro Mensal. “O que é o Reino de Deus?”18-20 mar. Experiência de Oração – P. Carlos Azevedo Mendes31 mar.-03 abr. Pré-EE “pé descalço” – P. João Goulão

Page 36: MENSAGEIROrevistamensageiro.pt/.../2016/01/leve_mensageiro_fevereiro_final.pdf · Vasco Pinto de Magalhães, s.j., Margarida Alvim e Luísa Franco ... em particular as que ocorrem

PAPA FRANCISCO, CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’, N. 228

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O cuidado da natureza faz parte de um estilo de vida que implica capacidade de viver juntos e de comunhão. Jesus lembrou-nos que temos Deus como nosso Pai comum e que isto nos torna irmãos. O amor fraterno só pode ser gratuito, nunca pode ser uma paga a outrem pelo que realizou, nem um adiantamento pelo que esperamos venha a fazer. Por isso, é possível amar os inimigos. Esta mesma gratuidade leva-nos a amar e aceitar o vento, o sol ou as nuvens, embora não se submetam ao nosso controle. Assim, podemos falar de uma fraternidade universal.