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MENSAGEIRO DO CORAÇÃO DE JESUS MAIO | 2016 DOSSIER: A URGêNCIA DO TRABALHO E A EMERGêNCIA DA FAMíLIA págs. 13-20 CELEBRAR O CONGRESSO EUCARíSTICO pág. 8 REINVENTAR A ORAÇÃO EM FAMíLIA

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MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

MAIO | 2016

Dossier: A urgênciA Do trAbAlho e A emergênciA DA fAmíliApágs. 13-20

celebrAr o congresso

eucArístico pág. 8

REinvEntAR A ORAÇÃO Em fAmíliA

maio 2016 | 3

Nova proximidade

na sua mensagem para o 50º Dia das comunicações sociais, o Papa francisco afirma que «comuni-car significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento. escutar é muito mais do que ouvir. ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade». estamos diante de uma regra básica da comunicação: quando duas pessoas comunicam, não transmitem apenas informação, mas criam entre si uma atitude de escuta, deixam--se interpelar e dizem, por sua vez, aquilo que têm a dizer. esperando, naturalmente, da outra parte, a mesma atitude.

mas, por vezes, aquilo que é básico, não é óbvio. confundimos a força de um bom argumento com um aparato sonante, um peso de autoridade, espe-rando que o outro simplesmente aceite o que temos a dizer porque somos nós que o dizemos e temos

SumárioAberturA - nova proximidadeP. António Valério, s.j. ................................................................ 1

intenções Do PAPA org: António coelho, s.j. ............................................................ 2

DestAque redescobrir o rosário para trazer Deus à família elisabete carvalho ............................................................................. 4

tirAr A bíbliA DA estAnte - Para ler S. Lucasmovidos pelo espíritomiguel gonçalves ferreira, s.j. .................................................. 7

informar - celebrar o congresso eucarísticoAntónio Valério, s.j. ....................................................................8

Ano DA misericórDiA«Assistir aos enfermos»Alexandre dos santos mendes, s.j. ........................................10

fOtOS: Pág. 30: © todos os direitos reservados; Arquivo A.o.

P. António Valério, s.j.

oPinião - Ainda oiço o silêncio do amanhecer...isabel figueiredo ....................................................................... 12

Dossier - A urgência do trabalho e a emergência da famíliaJoaquim Azevedo, cláudia Pereira, elisabete carvalho .......13

crescer com JesusA festa da VidaDomingas brito e José maria brito, s.j. ................................... 21

esquemA De reunião e De orAção De gruPo manuel morujão, s.j. .................................................................22

liVrAriA ....................................................................................24

notíciAs elisabete carvalho .....................................................................25

mãos À obrA... «sou um felizardo por Deus me ter chamado»cláudia Pereira ..........................................................................30

sempre razão. esquecemo-nos de nos pergun-tar se o que dizemos é pertinente, se abre algum horizonte. como igreja, é necessário perguntarmo--nos se o nosso conteúdo interessa. Diríamos: é o evangelho, interessa sempre! mas como falamos dele? De forma abstrata, repetitiva, deslocada? o evangelho, muito mais que um conjunto de frases interpeladoras, é uma vida, Jesus, que veio habitar no meio de nós.

Palavra feita carne, proximidade realizada entre Deus e o homem. comunicar, hoje, é movermo--nos aqui. É um mundo desgraçado que temos diante de nós, mas são as suas feridas que temos que tocar. ter uma comunicação de proximidade, pois a humanidade tem coisas muito sérias a dizer--nos antes de lhe darmos a vida que temos a dar, o tesouro da presença de Jesus.

maio 2016 // Ano cXli n.º 5

DiretorAntónio Valério, s.j.

Administraçãorua s. barnabé, 32, 4710-309 brAgA (Portugal)

Contactos:geral: 253 689 440revistas: 253 689 442livraria: 253 689 443fax: 253 689 441e-mail: [email protected]: www.revistamensageiro.pt www.apostoladodaoracao.pt

Direção de arte e produção gráficafrancisca cardoso

Paginaçãoeditorial A.o.

impressão e acabamentosempresa Diário do minho, lda. rua de santa margarida, 4, 4710-306 brAgA contr. nº 504 443 135

Redação, Edição e Propriedadesecretariado nacional do Apostolado da oração Província Portuguesa da companhia de Jesus (Pessoa coletiva religiosa – n.i.f. 500 825 343)

Depósito legal 11.762/86iSSn 0874-4955isento de Registo na ERC, ao abrigo do Decre to Regulamentar 8/99 de 9/6, artigo 12º, nº 1 atiragem: 9.000 exemplares

AssinAturA PArA 2016

Portugal(incluindo as regiões Autónomas): 14,00€

Portugal (2 anos): 27,00€Europa: 20,00€ 25,00 fr. suíçosfora da Europa: 26,00€ 40,00 usD 40,00 cADPreço por exemplar: 1,30€

AtenDimento Ao PÚblico

Horário: 9h-12h30 / 14h30-19h

Pagar por transferência bancária: De Portugal: ibAn – Pt50 – 0033 0000 0000 5717 13255(millennium.bcP – braga);Do estrangeiro: ibAn – Pt50 – 0033 0000 0000 5717 13255 swift/bic: bcomPtPl (millennium.bcP – braga).

MENSAGEIRODO CORAÇÃO DE JESUS

Agradecemos o envio do comprovativo da transferência bancária (data, valor, titular da conta e número de assinante).

Pedidos: Secretariado Nacional do A.O. | Rua de S. Barnabé, 32, 4710-309 Braga mail: [email protected]; tel: 253 689 443 | www.livraria.apostoladodaoracao.ptEnvio feito mediante pagamento prévio

GPS DO PEREGRinO

AnSElm GRünfARmáCiA ESPiRitUAl

stellA morrAPAlAvRAS Em REDOR DO POÇO

Para levar numa peregrinação a um santuário mariano ou a santiago de compostela sem correr o risco de se perder espiritualmente nalguma

dobra do caminho.

Para lidar de modo cristão com os pensamentos negativos

que a todos assaltam, à luz da sabedoria dos antigos

monges do deserto.

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a acontecer em lugares sempre diferentes.

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Preço: Portugal: 10,50€; europa: 12,57€;

fora da europa: 12,57€.

AberturA

maio 2016 | 54 | Mensageiro

intEnÇÃO PElA EvAnGElizAÇÃO PArA que As fAmíliAs, De moDo

PArticulAr As que sofrem,

encontrem no nAscimento De Jesus

um sinAl De esPerAnçA segurA.

intEnÇÃO UnivERSAl PArA que, em toDos os PAíses Do munDo, As mulheres seJAm honrADAs e resPeitADAs, e seJA VAlorizADo o seu imPrescinDíVel contributo sociAl.

intEnÇÃO PElA EvAnGElizAÇÃOPArA que se DifunDA nAs fAmíliAs, comuniDADes e gruPos A PráticA De rezAr o sAnto rosário PelA eVAngelizAção e PelA PAz.

«À luz [da Palavra de Deus], quero perguntar-vos, queridas famílias: rezais alguma vez em família? Algumas sim. mas muitos me dizem: mas como se faz? faz-se como o publicano, está claro: humilde-mente diante de Deus. cada um com humildade se deixa ver pelo senhor e pede-lhe a sua bondade, que venha a nós. mas em família, como se faz? Porque parece que a oração seja algo pessoal e além disso nunca se encontra o momento oportuno, tran-quilo, em família… sim, é verdade, mas também é uma questão de humildade, reconhecer que temos necessidade de Deus; todos, todos. necessidade da sua ajuda, da sua força, da sua bênção, da sua misericórdia, do seu perdão. requer-se simplici-dade. Para rezar em família necessita-se simplici-dade. rezar o Pai nosso à volta da mesa não é algo

fora do comum: é fácil. e rezar juntos o rosário em família é muito bonito, dá muita força. e também rezar um pelo outro: o marido pela esposa, a esposa pelo marido, os dois pelos filhos, os filhos pelos pais, pelos avós… rezar um pelo outro. isto é rezar em família. rezar um pelo outro. É isto rezar em família e isto torna a família forte.

«Dou graças convosco ao senhor pelas obras que este centro tem levado a cabo no campo da forma-ção e promoção humana e pelo testemunho que tem dado sobre o papel da mulher na sociedade e na comunidade eclesial. com efeito, no decurso destes últimos decénios, como outras obras culturais e sociais, também a identidade da mulher, na família, na sociedade e na igreja sofreu mudanças notáveis e, em geral, foi crescendo a participação e a respon-sabilidade das mulheres.

neste processo, foi também importante o discer-nimento por parte do magistério dos Papas. Deve mencionar-se de modo particular a carta apostólica Mulieris dignitatem de 1988, de s. João Paulo ii, sobre a dignidade e vocação da mulher, documento que, na linha do ensinamento do Vaticano ii, reconhe-ceu a força moral da mulher e a sua força espiritual (cf. n. 30). e recordamos também a mensagem para a jornada da paz de 1995 sobre o tema “A mulher, educadora para a paz”.

Respeitar o valor da Mulher

O Rosário como meio de evangelização

recordei a indispensável contribuição da mulher na sociedade, particularmente pela sua sensibili-dade e intuição para com o outro, fraco e indefeso. Alegra-me ver como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais com os sacerdotes, no acompanhamento de pessoas, famílias, grupos, bem como na reflexão teológica, e desejo que se ampliem os espaços para uma presença feminina mais ampla e incisiva na igreja».

Org.: AntóniO COELhO, S.j.

Papa Francisco às participantes no Congresso Nacional do Centro

Italiano Feminino (25 de janeiro de 2014).

Papa Francisco no encerramento da Peregrinação das famílias do mundo, em Roma, no Ano

da Fé (27 de outubro de 2013)

intenções Do PAPA

maio 2016 | 76 | Mensageiro

não há muito tempo, na geração dos nossos avós, o terço rezava-se todos os dias. Acontecia quase sempre no final de jantar e reunia todos os elemen-tos da família, desde as crianças de tenra idade aos anciãos. era uma prática obrigatória, indiscutível, tal como comer ou trabalhar, mas foi-se perdendo, com as alterações dos modelos familiares e com a secula-rização da sociedade. hoje esta oração, a «predileta» de João Paulo ii e de tantos outros Papas, parece estar em desuso. mas a importância que assume, do ponto de vista religioso e antropológico, impõe que se recupere, em família e nas comunidades, tal como pede, este mês, o Papa francisco na sua intenção pela evangelização: «para que se difunda nas famílias, comunidades e grupos a prática de rezar o santo rosário pela evangelização e pela paz».

A irmã Ângela de fátima coelho, postuladora da causa de canonização dos pastorinhos de fátima, citando D. José Policarpo, assinala que «a maioria dos portugueses aprendeu a rezar rezando o terço, o

que faz com que esta oração seja um traço da nossa espiritualidade. e o facto de nossa senhora o pedir, em fátima, torna-o uma missão do povo português».

«A oração é importante. A oração em família é cada vez mais importante, seja uma lectio divina, uma oração espontânea ou o rosário. o que importa é que as famílias rezem, recuperem a oração nas suas vidas», sustenta, acrescentando que, «na maior parte das famílias contemporâneas, famílias católi-cas, com fé, Deus deixou de fazer parte da família, deixou de estar, passou a ser Alguém que se visita na missa de domingo, quando se tem tempo».

A irmã Ângela refere que «a fé de muitas famílias está circunscrita à missa dominical, quando está. esta perda de consciência da presença de Deus na família tem consequências» bem visíveis. Por isso, «é fundamental retomar a consciência de que Deus faz parte da família e que o encontro acontece através da oração, sempre que as famílias puderem, uma ou duas vezes por semana, conforme o tempo e as circunstâncias».

«também neste aspeto temos de ser realistas, pragmáticos, objetivos. As famílias sem uma prática de oração não podem passar do zero para todos os dias», devem ir ao seu ritmo. o importante é criar um ritual de oração, comenta a consagrada da Aliança de santa maria.

O ROSáRIO E OS jOvENS o rosário, em particular, é uma oração muito inte-

ressante para ser contemplada em família, «permite que os laços familiares se estabeleçam e a família se torne mais sólida», refere a irmã Ângela, reco-mendando às famílias que deem vivacidade a esta

por: Elisabete Carvalho

Redes cob ir o Rosário pa a trazer Deus à Família

A oração é importante. A oração em família é cada vez

mais importante, seja uma “lectio divina”, uma oração espontânea ou o rosário.

oração, experimentem torná-la mais dinâmica, mais atrativa, por exemplo, pondo as crianças a ler passagens do evangelho, a cuidar das meditações.

«usem a criatividade, estabeleçam previamente um tempo para a oração. o terço não tem que ser longo, tem que ser rico», afirma, explicando que «o terço, mais que vocal, é contemplativo», tal como dizia são João Paulo ii.

são João Paulo ii confiava «à eficácia» da oração do terço «a causa da paz no mundo e a causa da família». na carta Apostólica “o rosário da Virgem maria”, menciona: «oração pela paz, o rosário foi desde sempre também oração da família e pela família. outrora, esta oração era particularmente amada pelas famílias cristãs e favorecia certa-mente a sua união. É preciso não deixar perder esta preciosa herança. importa voltar a rezar em família e pelas famílias, servindo-se ainda desta forma de oração».

no texto, João Paulo ii realça que «a família que reza unida, permanece unida» e o «santo rosário» é «uma oração onde a família se encontra». fala ainda da importância de «rezar o rosário pelos filhos e, mais ainda, com os filhos, educando-os desde tenra idade neste momento diário de “paragem orante” da família».

João Paulo ii considera que o facto de o rosário parecer «uma oração pouco adaptada ao gosto das crianças e jovens de hoje» tem a ver com «a forma muitas vezes pouco cuidada de o rezar. ressalvada a sua estrutura fundamental, nada impede que a recitação do rosário para crianças e jovens, tanto em família como em grupos, seja enriquecida com

atrativos simbólicos e práticos, que favoreçam a sua compreensão e valorização».

o Papa santo acreditava que, se o rosário for bem apresentado, «os próprios jovens serão capazes até de surpreender os adultos, assumindo esta oração e recitando-a com o entusiasmo típico da sua idade».

o rosário, segundo João Paulo ii, é também «uma oração orientada para a paz, precisamente porque consiste na contemplação de cristo, Príncipe da paz e ‘nossa paz’» e «pelos frutos de caridade que produz». em suma, «torna-nos construtores da paz no mundo, pelas características de petição insis-tente e comunitária».

Irmã Ângela de Fátima Coelho

maio 2016 | 98 | Mensageiro

UMA ORAçãO UNIvERSAl

o rosário era a oração preferida de são João Paulo ii. «oração maravilhosa na sua simplicidade e profun-didade. nesta oração repetimos muitas vezes as palavras que a Virgem maria escutou da boca do anjo e de sua prima isabel. A estas palavras toda a igreja se associa», dizia.

Para o antecessor de bento XVi, «o nosso coração pode encerrar nestas dezenas do rosário todos os atos que compõem a vida de cada indivíduo, de cada família, de cada nação, da igreja e da humanidade: os acontecimentos pessoais e os do próximo e, de modo particular, daqueles de quem mais gostamos. Assim, a simples oração do rosário pulsa no ritmo da vida humana».

A irmâ Ângela destaca esta universali-dade do rosário na igreja. A propósito,

recorda um momento marcante na sua vida. Aquando da renúncia de bento XVi ao pontificado, estava em roma, a fazer o curso de postu-ladora romana. quando se iniciou o período de sede vacante, decidiu ir para a Praça de são Pedro, rezar pelo próximo Papa. A praça ia-se enchendo de gente e, para não estar sozinha, decidiu aproximar- -se de um grupo de ameri-canos que avistou. estavam a fazer uma lectio divina em que a palavra bíblica medi-tada era a passagem do evangelho em que cristo diz a simão Pedro: «tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja». um texto que considera «lindíssimo». mas não conseguiu envolver--se na oração. Do outro lado da praça, estava um outro

grupo. Decidiu juntar-se a este último. quando percebeu

que falava francês, desanimou, porque não dominava a língua. entretanto, ouviu «je vous salue marie, pleine de grâce». Percebeu logo que era o terço e o terço sabia rezar. ficou. curiosamente, com o passar do tempo, este grupo cresceu

imenso. «era a Avé-maria em francês, a santa maria em português, em espanhol, em polaco, em alemão». todos rezavam na sua língua, mas todos sabiam o que estavam a rezar. A língua não foi uma barreira à oração, porque o terço tem esta parti-cularidade: é universal. o grupo de americanos manteve-se sempre com os mesmos elementos. quando perguntam à irmã Ângela porque se deve rezar o terço, ela responde «porque sim, porque exprime a obediência a Deus através da Virgem maria». Porque «o rosário é a oração que faz igreja, que congrega».

no que respeita à obediência, a irmã Ângela dá como referência os pastorinhos. rezavam sempre o terço em família e tinham um grande sentido de obediência, como era típico das crianças daquela época. quando os pais mandavam rezar, rezavam. mas também queriam brincar. Por isso, arranja-ram uma estratégia que consistia em rezar dez vezes “Avé-maria”, “santa maria” e solenemente “Pai-nosso”. Apenas o enunciado. quando começam as aparições e nossa senhora lhes pede que rezem o terço todos os dias, eles imediatamente começa-ram a rezar as orações completas. Por obediência, mudaram a forma de rezar, aderiram ao pedido sem questionar. «esta é a grande experiência do rosário, exprime a nossa obediência a Deus», aponta a postu-ladora e vice-postuladora da causa de canonização dos Pastorinhos.

A irmã Ângela lembra que nossa senhora apare-ceu seis vezes, na cova da iria, e seis vezes repetiu: rezem o terço todos os dias. este pedido não pode ser esquecido, sobretudo no país onde foi feito reite-radamente. Para além da sua particular eficácia em trazer Deus à família e paz ao mundo.

É fundamental retomar a consciência de que Deus

faz parte da família e que o encontro acontece

através da oração.

Movidos pelo EspíritoMiguel gonçalves Ferreira, s.j.

os capítulos terceiro e quarto do evangelho de s. lucas apresentam-nos a figura de João batista e o modo como a sua vida se cruza com a de Jesus, iniciando depois a narrativa da vida pública do senhor. mas para além destas duas grandes perso-nagens, há uma terceira que corre o risco de nos passar desapercebida: o espírito santo. É o evange-lista lucas, mais do que qualquer outro, quem nos fala d’ele e da sua ação. A palavra «espírito», que em grego se diz «pneuma» tem a particularidade de ser um nome de género neutro (nem masculino, nem feminino). e, segundo o contexto, designa tanto o elemento espiritual presente no ser humano como a força divina que está presente desde a criação do mundo (génesis 1, 2).

o espírito divino tem a particularidade de ser uma presença que preenche, age e move à ação. no batismo de Jesus, o espírito desce sobre ele em forma corpórea, como uma pomba (3, 22). João batista já tinha afirmado, numa imagem cheia de força, que Jesus vinha para batizar «no espírito santo e no fogo» (3, 16). o espírito de Deus move em direções por vezes surpreendentes. Pelo evangelho de lucas ficamos a saber que as tentações fazem parte do caminho espiritual, pois «cheio do espírito santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo» (4, 1-2). o mesmo espírito que faz atravessar a tentação move à missão, pois é também «impelido pelo espírito» (4, 14) que Jesus volta à galileia para falar de Deus de uma forma nova. na sinagoga de nazaré, ele há de revelar-se como enviado pelo espírito, dizendo que «o espírito do senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a boa-nova aos pobres»

(4, 18). Por fim, não deixa de ser sintomático que o primeiro milagre deste senhor cheio do espírito de bondade seja precisamente expulsar o espí-rito maligno de um homem que se sente acos-sado pela presença do próprio Jesus. os presen-tes ficam surpreendidos e dizem: «que palavra é esta? ordena com autoridade e poder aos espíritos malignos, e eles saem!» (4, 35-36).

A referência ao espírito santo estende-se a outros capítulos e a momentos cruciais do evangelho de lucas. o espírito não leva ao «espiritualismo», mas sim a que o corpo – a pessoa – se mova e corres-ponda! o espírito vem sobre maria na Anunciação (1, 35) e enche isabel ao ser visitada por sua prima (1, 41). tal como João batista salta de alegria no seio da mãe, também o velho simeão é impe-lido pelo espírito a vir ao templo (2, 27), ele que era habitado e ensinado pelo espírito (2, 25-25). o próprio Jesus, ao acolher os discípulos regressados da missão, «estremeceu de alegria sob a ação do espírito santo» (10, 21). o espírito não está parado, é para ser dado e comunicado. o senhor diz-nos que o devemos pedir com confiança, em oração insistente, pois se até nós sabemos dar coisas boas, «quanto mais o Pai do céu dará o espírito santo àqueles que lho pedem!» (11, 13). na morte, o próprio Jesus entrega ao Pai a sua realidade espi-ritual (23, 46). e na ressurreição promete mandar o espírito, para revestir os discípulos com «a força do Alto» (24, 49). esta é a força e a presença que anima a igreja, como bem descreverá lucas nos Atos dos Apóstolos. Possamos também nós, neste tempo de Páscoa e Pentecostes, deixar-nos mover pelo espírito que dá a verdadeira vida e alegria!

tirAr A bíbliA DA estAntePArA LEr S. LuCAS

maio 2016 | 1110 | Mensageiro

entre os dias 10 e 12 de junho, a igreja em Portugal celebrará o iV congresso eucarístico nacional. A iniciativa é da conferência episcopal Portuguesa, com as parcerias do santuário de fátima e do secretariado nacional do Apostolado da oração.

A realização de um congresso eucarístico nacional é algo excecio-nal, pois não há uma regularidade fixa. os bispos, em ocasiões especiais, promovem a realização deste evento de âmbito nacional. o último acon-teceu em 1999, como preparação do grande Jubileu do ano 2000, o Jubileu da encarnação. Passados 16 anos, as circunstâncias concorreram para que, uma vez mais, voltasse a acontecer. na verdade, juntam-se uma série de comemorações que se constituem como um momento de grande graça para a igreja Portuguesa.

Por um lado, estamos a preparar o centenário das Aparições de fátima e, por isso, o congresso eucarístico faz já parte destas comemorações, coinci-dindo neste ano com as aparições do Anjo de Portugal, nas quais o misté-rio da eucaristia está muito presente. Por outro lado, vivemos em pleno Ano Jubilar da misericórdia, procla-mado pelo Papa francisco. estes dois

António Valério, sj.

Celebar o Congresso Eucaístico

motivos fazem com que o iV congresso eucarístico seja um marco importante na vida da igreja em Portugal, para além da ajuda que certamente dará às pessoas que nele vierem a participar.

na verdade, um congresso euca-rístico destaca-se sobretudo pela sua dimensão formativa, que ajuda os participantes a melhor aprofundarem determinados aspetos da fé e da vida da igreja.

o tema deste congresso é: Viver a Eucaristia, fonte de Misericórdia. os vários conferencistas aprofundarão as diversas dimensões deste tema. A eucaristia, como o sacramento da presença real de Jesus, alimenta o nosso estilo de vida cristã. A co- munhão com ele identifica-nos e dá-nos uma missão: ser como cristo. neste ano jubilar, a missão cristã é orientar a vida segundo a prática das obras de misericórdia. o misté-rio pascal de cristo, a sua morte e ressurreição, é a grande obra de misericórdia de Deus em relação aos seus filhos. Jesus entrega-se na cruz por nosso amor, para nos dar a vida e deixar-nos o novo mandamento do amor, amar até ao fim, como ele nos amou. A eucaristia, como memo-rial desta entrega de Jesus, torna

presente, cada dia, esta ação salvadora de Deus. e torna-nos participantes nela: acolhemos o dom de Deus e somos enviados a fazer na nossa vida os mesmos gestos de Jesus.

É por isso que a eucaristia, centro da vida cristã, é a fonte da misericórdia e é nela que vamos buscar a força e o sustento para amar ao jeito de Jesus, mesmo quando não é fácil, mesmo quando custa perdoar e sair do nosso conforto.

este congresso realiza-se em fátima, na comemo-ração do centenário das Aparições. maria é modelo perfeito de uma vida eucarística. Ao abandonar-se à vontade de Deus, no meio das suas dúvidas, ela aceita ser a mãe de Jesus e dar-nos o seu filho. É com maria que aprendemos a viver a fecundidade de quem acolhe Jesus na própria vida e, assim, é capaz de a dar aos outros. neste congresso eucarístico, ter-se-á, por isso, a oportunidade de aprofundar a relação profunda que existe entre a eucaristia e a figura de nossa senhora, assim como o lugar central que a eucaristia ocupa dentro da mensagem de fátima.

são imensos os motivos que nos levam a querer aproveitar a grande riqueza que nos é dada a viver nestes dias, em fátima. se não for possível estar presente nos dias do congresso, todos estão convi-dados a participar na eucaristia conclusiva, no dia 12 de junho, para viver este momento de celebra-ção e ação de graças. os centros do Apostolado da oração também se estão a organizar, em grande número, para participarem nesta eucaristia.

informações sobre o programa e inscrições:

www.congressoeucaristico.pte-mail: [email protected]

249 539 600 (santuário de fátima)

informar

maio 2016 | 1312 | Mensageiro

Alexandre dos Santos Mendes, s.j.

DAs obrAs De misericórDiA corPorAis

não há tempo mais lento que o tempo da doença. Porque o relógio somos nós. e quando uma peça se desgasta, os fluidos se densificam e entopem, então deixamos de bombar com ritmo, sucumbimos à tenta-ção do vazio de movimento, fumegamos, rangemos, esperamos que termine de vez. nesse tempo desen-contrado da pressa da saúde, dilata-se o espaço do pensamento, começamos a mover-nos sobretudo pelo que pensamos, pela rapidez com que tudo nos assalta, pela força com que a memória empurra imagens e curtas metragens ao presente dorido. o tempo da doença é o tempo do retorno ao caos de onde saímos, é a viagem de regresso aos elementos que fomos e se juntaram algures… é o tempo de desatar nós e de desdobrar hélices. e é o nosso ADn que mais range, pois não há outras correntes nem outras rodas denta-das dentro de nós. neste tempo de dor (a dor é a experiência humana de caos mais autêntica), sentimos como dói criar e destruir. somos sujeitos e espectadores privilegiados da natureza mesma, do que ela tem de criação, de transformação, do que ela tem de mistério autorregenerador.

Por isso, ninguém quer voluntariamente acompanhar este tempo. Pois não se pode acompanhar este tempo sem que se sinta do que ele é capaz. o tempo desacelerado deforma o corpo, liberta odores inte-riores, escondidos, torna-nos exacerbadamente carne, ruído. o espírito agita-se para retomar os movi-mentos de outrora, dirigir os membros no sentido dos quatro eixos… em vão. sujeitos ao tempo desacele-rado, tornamo-nos facilmente objetos, perdemos a capacidade de fugir quando queremos, de evitar o outro que se acerca. É então que, imóveis e secos, uma palavra pode ecoar nesta criação enferma. essa palavra sublime e incontornável do homem-saliva. Jesus tocou o surdo-mudo com saliva, no evangelho de marcos, e tocou o cego de nascimento com saliva, no evangelho de João. usou a mesma pasta de barro húmido com que nos fez, o homem e mulher, essa mistura de humano e divino, de terra e pneuma. Ao tocar com saliva, Jesus lubrificou o relógio, induziu-lhe batimento. Vida. sentido.

não há tempo mais lento que o tempo daquele que sofre numa cama. o horizonte perdido tem o tamanho do quarto e, não se saindo de lá, é-se vítima de tudo. o tempo da doença é o tempo da vítima, desse cordeiro inquieto condenado à quietação. Deitado numa cama, o doente só aspira a uma saliva sem pala-vras, essa saliva que é suor numa mão que não larga, que é lágrimas num olhar que não se desprende, mesmo quando o do outro esteja vazio e perdido. infelizmente, faltam a muitos dos que sagradamente deviam assistir aos homens de tempo retardado, esse suor e essas lágrimas. Pensam que fazem milagres, com garrafas de soro e injeções de morfina. substituem os seus dedos por cateteres e o olhar pela vigia monótona de máquinas e de bips.

Visitar os doentes é suar e chorar, dar corda. É deixar-se levar pelo tempo do outro sem medo. isso sim, ancorado na saúde que lhe foi dada como dom… que ainda tem. Visitar os doentes é ser sabor de amoras silvestres, frescura do manancial.

Deitado junto da manuela, naquela noite de natal de 1989, no hospital Pediátrico de coimbra, vi a menina apagar-se, pensei que dormia finalmente, retirei-me para a entregar à mãe. Voltei a pé para o noviciado, de noite, fora de todas as regras, excomungado. sabia, no entanto, que finalmente tinha conseguido escutar Deus. Alguém me tinha desacelerado. na sua candura e eterna fragilidade, a menina agonizante tinha-me revelado o verdadeiro rosto do homem-saliva, por quem valia a pena dar a vida, «relojoar».

“Assistir aos enfermos”

Ano DA misericórDiA

maio 2016 | 1514 | Mensageiro

Ainda oiço o silêncio do amanhecer...isabel Figueiredo

Ainda oiço o silêncio do amanhecer de sexta- -feira santa.

A Vigília da noite tinha aberto as portas às crian-ças da catequese, aos jovens dos grupos de vida, às equipas de casais, a todos os que servem a vida de uma pequena comunidade, reunida à volta de Jesus.

quando regressei ao velho salão, depois de ter descansado algum tempo, o dia amanhecia. não se via ninguém nas ruas e empurrei devagar a porta que separava a normalidade de um mundo que teima em passar sem Deus, para outro, em que Jesus é adorado com cânticos, orações e silêncios. num simples estrado de madeira tinha sido colocada uma mesa e, sobre essa mesa, a brancura de uma toalha recebia a urna do santíssimo. As velas tinham ilumi-nado a noite e permaneciam acesas. cadeiras, almo-fadas e dois genuflexórios mantinham o convite à Adoração. ninguém cantava, ninguém tocava, ninguém rezava em voz alta. Apenas duas mulhe-res ajoelhadas faziam companhia a Jesus, presente na reserva do santíssimo sacramento. o sol entrava, com aquela beleza dos começos, e ouviam-se alguns pássaros lá fora.

Deixei-me ficar quieta e só conseguia lembrar- -me daquela passagem em que os discípulos pedem para ficar com Jesus, no monte, a orar. foi cheia de significado a missa da ceia, foi intensa a Via-sacra

na sexta-feira… foi linda a Vigília Pascal, com a presença de uma menina quase criança, mas tão séria e crescida na proclamação da sua fé, na decisão do seu pedido para ser batizada… mas desta Páscoa o que nunca poderei esquecer foi aquele amanhecer.

como já escrevi um dia: «sempre gostei do amanhecer, da luminosidade do dia que começa, do silêncio do céu; lembro-me daquela manhã e da paz que senti. era o despontar da vida nova que a tua ressurreição trouxe para todos».

nÃO SE viA ninGUém nAS RUAS E EmPURREi DEvAGAR A PORtA qUE SEPARAvA A nORmAliDADE DE Um mUnDO qUE tEimA Em PASSAR SEm DEUS, PARA OUtRO, Em qUE JESUS é ADORADO COm CântiCOS, ORAÇõES E SilênCiOS.

joaquim Azevedo / Cláudia Pereira / Elisabete Carvalho

MEnSAgEirO | Dossier 16

A urgência do trabalho e a emergência

da família

oPinião

16 | Mensageiro

não é fácil viver conciliado em tempos de crise, de crescentes desi-gualdades sociais, tempos que são também de grande mudança cultural. Poder viver e ser inteiro é uma arte a que poucos acedem, uma graça que se tornou quase inacessível, quando devia ser o centro da vida.

o trabalho reconfigura-se profunda-mente, a relação laboral liquefaz-se e individualiza-se, a inteligência artifi-cial diminui drasticamente o número e o tipo de empregos disponíveis, pela via de uma maior robotização asso-ciada, a política revela-se incapaz de gerar novos modos de encarar e gerir o emprego e o trabalho humano.

As famílias sofrem com os horários de trabalho longamente prolongados, com os contratos de trabalho escan-dalosamente precarizados, com um desemprego que é estrutural e que atinge todas as franjas da população, sobretudo os menos instruídos e os mais pobres, com as cidades cons-truídas para os automóveis e para os dormitórios e pouco preparadas para propiciar uma vida quotidiana serena.

corremos, corremos todos, uns para acumular e explorar, outros para ganhar o pão, outros para gozar ao máximo os prazeres do presente, já que não há futuro previsível, outros correm sem saber porquê, apenas porque estão dentro da gaiola, a girar na roda do rato.

tranquilidade, serenidade, paz! mas onde? como? quando? cada vez é mais escasso o tempo para parar e poder olhar atentamente o outro, a mulher, o marido, os outros, os filhos, a si mesmo(a), admirar as liberda-des que não a nossa e sentir a nossa liberdade nelas enleada, é de facto escasso o tempo de, olhando assim,

A ate de viver inteiroJoaquim Azevedo

com atenção, poder colocar o nosso coração ao lado da miséria que nos rodeia e daqueles que amamos.

o trabalho tornou-se pouco amigo da humanidade que nos habita: empre-sários, gestores e capital “liofilizam” o trabalhador retirando-lhe a perso-nalidade que o habita, tratando-o como um ausente de si e dos seus. ora, é nesta mesma humanidade que mora o projeto familiar, a participa-ção social e cívica, a solidariedade, é nesta presença em si e nos outros que se pode ser algo do que desejamos ser, já hoje. De outro modo, somos sobretudo projetos humanos adiados. Precisamos de um presente diferente e muito mais humanizado. ramos rosa dizia que não podemos adiar o amor para outro século, «ainda que a noite pese séculos sobre as costas / e a aurora indecisa demore (...) não posso adiar o coração».

felizmente há empresas que perce-bem onde está o essencial da vida e apostam em contar com trabalhado-res que sejam pessoas inteiras, pois só pessoas que se desenvolvem com harmonia, em casa, com a família, com os amigos, na vida da cidade, atentos aos mais necessitados, são igualmente bons profissionais.

A família, em geral, pode pouco contra a desumanização do traba-lho e da vida nas cidades. ela é o elo mais fraco, apesar de ser nela, nos seus “laços frágeis”, que se concen-tram as maiores forças do mundo.

isto anda tudo ligado, somos intei-ros ou não somos. Por isso, a conci-liação entre estes tempos humanos e sociais é um problema político de primeiríssima importância, que tem de ser trazido e debatido no espaço público, como agora se faz.

Conciliar a vida profissional e familiar é uma equação difícil de

resolver num país sem reais políticas a favor da família e onde

a cultura empresarial vigente não reconhece a estabilidade fami-

liar como um valor acrescentado para a motivação e empenho

profissionais. A solução passa, em muitos casos, por abdicar – em

parte ou na totalidade – de uma em favor de outra. Foi exata-

mente o que fizeram três casais que o “Mensageiro” dá a conhecer

nesta edição. De cidades diferentes e com situações profissionais

e familiares distintas, os casais Magalhães, Portela e Villar têm

uma característica em comum: a defesa da estabilidade familiar.

Porque ainda há casos em que o amor e os valores se sobrepõem

ao trabalho e às pressões laborais.

maio 2016 | 1918 | Mensageiro

A vida tem colocado constantemente Joana e Xavier Villar perante um grande desafio: «o ter contra o ser». Desde sempre, ainda namorados, que dialogam muito sobre esta questão. hoje, casados há mais de vinte anos e pais de cinco filhos, continuam a procu-rar pontos de equilíbrio entre o trabalho e a família.

«As opções fazem-se desde muito cedo, os percur-sos constroem-se», afirma Joana, decoradora, agora totalmente dedicada à família, depois de diagnos-ticada uma doença oncológica a um dos filhos e do atropelamento com consequências graves de uma filha.

Xavier sempre teve trabalhos muito exigentes, do ponto de vista da responsabilidade e horários. mesmo assim, sempre tentou organizar-se no sentido de estar o maior tempo possível em família, de parti-cipar nas reuniões de escola, nas idas ao médico, de partilhar algumas das tarefas do dia a dia com a mulher. e é ponto de honra não trabalhar aos fins de semana, nem levar trabalho para casa, mesmo agora enquanto administrador de empresas.

se as horas de trabalho forem devidamente apro-veitadas e rentabilizadas, não faz sentido prolongar o trabalho noite dentro ou fins de semanas, a não ser em situações muito excecionais, comenta Xavier Villar, confessando que este entendimento acerca da organização laboral não é nada consensual e particularmente difícil quando não se tem cargos de chefia. mesmo interpares, ao nível dos cargos de topo, é muito comum a família ser relegada para segundo plano.

Joana realça que «a estabilidade no emprego depende da estabilidade em casa e vice-versa», sendo que «a segunda vale mais que a primeira». e aqui entra a importância do diálogo, de modo a «clarificar bem as prioridades e fazer escolhas conscientes».

A formação pessoal e espiritual de Joana e Xavier está muito vincada pelos princípios do movimento schoenstatt, para além da ligação que mantêm, desde jovens, às irmãs missionárias da caridade, também conhecidas por irmãs de madre teresa de calcutá.

Para Joana, o tempo de qualidade é junto dos filhos. «Para nós, nunca faria sentido ter filhos só para usarem laços na cabeça», antes «estruturar pessoas para que, através delas, se construa um mundo melhor»; «formar gente através dos valores sentidos e vividos».

«quanto mais acompanharmos e procurarmos os nossos filhos, mais eles se abrem», maior é a relação de confiança, diz Joana, assinalando que «é impor-tante haver espaço e tempo para expressar os senti-mentos, os afetos».

A cumplicidade, o respeito e partilha são evidentes no casal. Xavier não poupa elogios a Joana: «é uma grande companheira». também Joana enaltece o esforço de Xavier em prol da família. A valorização um do outro é uma constante, particularmente perante os filhos, para que eles também aprendam a valo-

rizar os outros, desde logo, os pais, pela dedi-cação familiar e pelo esforço e empenho profissional. A vida tem

ensinado aos Villar que «mais vale ter menos e viver em paz». o tempo que Xavier sempre dedicou à família nem sempre foi bem entendido pelas chefias e até mesmo pelos pares. também por isso já mudou várias vezes de trabalho. mas não só por isso. Xavier não sabe estar onde as pessoas não são ouvidas, acolhidas devidamente. nas empresas, grande parte do seu tempo é investido na gestão de relações humanas. Acredita que pequenas coisas podem fazer grandes diferenças.

Joana conta que «as dificuldades ajudaram-nos a ter ginástica mental para reequacionar a vida», capacidade para se adaptarem às circunstâncias, ao imprevisível e a gerir bem o tempo. «o bom dos desafios é que nos desprendemos e aprendemos a ir ao encontro», a não ter grandes expectativas, mas «a tirar partido do que nos acontece, a viver as coisas com alegria».

Joana destaca ainda a importância de adotar «uma atitude positiva» perante a vida e «torná-la numa pedagogia». «temos de ser nós a levar a vida e não a vida a nós», conclui, de sorriso aberto e franco.

Joana e Xavier Villar

Uma vida de diálogo e de opção pelos valores

«O bom dos desafios é que nos desprendemos e aprendemos a ir ao encontro», a não ter grandes expectativas, mas «a tirar patido do que nos acontece, a viver as coisas com alegria».

maio 2016 | 2120 | Mensageiro

eugénia e fernando magalhães são pais biológicos de João, com 14 anos, e pais adotivos de Ana Paula, uma jovem de 23 anos, com deficiência e múltiplas exigências derivadas da doença. gerir o dia a dia em família e em sociedade, a relação entre irmãos e a vida profis-sional não é nada fácil, mas é possí-vel quando se coloca «o amor acima de tudo». e o amor a uma filha, uma «filha do coração», implica inclusiva-mente interromper a atividade profis-sional para estar presente e totalmente disponível nos momentos mais críti-cos, como foi o caso de eugénia.

eugénia e fernando magalhães

O amor acima de todas as dificuldades

É um dia a dia, que é isso mesmo, «dia» a «dia», «hora» a «hora», mas com o amor colocado acima de tudo.

- Como é o dia a dia com uma filha deficiente?É um dia a dia próprio de um pai e de uma mãe

que amam muito os seus filhos, mas, de facto, com algumas particularidades: educar uma jovem com 23 anos, mas com características psicológicas e de autonomia muito inferiores a essa idade; viver a imprevisibilidade total do dia a dia (a oscilação dos humores da Ana que passam por vários estados ao longo do mesmo dia, a regressão súbita das mais básicas aprendizagens de vida, o começar tudo de novo, os descontrolos…); gerir as emoções de todos a este nível (de nós próprios, da Ana, do outro filho), assegurando um forte equilíbrio emocional, terno, confiante, sereno e seguro. É um dia a dia, que é isso mesmo “dia” a “dia”, “hora” a “hora” mas com o amor colocado acima de tudo.

- Como gerem a relação com o outro filho?gere-se como se gere normalmente a educação de

outros filhos – tentando manter uma relação muito equilibrada – mas com os cuidados particulares e muito adaptados a esta realidade. Alguns exemplos: gerir as emoções ocultas e silenciadas pelo outro filho; equilibrar as formas exteriores de amor pelos dois (face aos desequilíbrios que se podem natural-mente gerar, por maior condescendência, tolerância ou dedicação de um em relação ao outro), sem nunca converter isso em compensações, criando espaços comuns a todos e espaços próprios de exclusividade para um e para outro.

- E a relação em sociedade? É um processo de luta constante de afirmação da

Ana e de conquista do lugar que é o dela. É assim desde que a Ana chegou até nós e cremos que será assim até ao fim.  foi-o na escola regular (onde não tinha lugar), nos apoios a que tinha direito (mas que eram negados e que, sendo de pleno direito, tiveram de ser reclamados e conquistados de forma tenaz, persistente,...), foi-o nos outros ambientes educacionais (a ginástica, a educação nas artes, a que ela, como qualquer outro, tem direito), foi-o na igreja (onde a Ana tem o seu habitat natural), foi-o na relação com os pais dos seus pares (convencen-do-os da importância da sociabilização: da ida à praia, da saída para o jardim, do lanchar fora, da ida – hoje, autónoma! – ao cinema, terminando com

receios descabidos e estereotipados em relação ao modo «como eles vão ser olhados»), foi-o no embate com as instituições de acolhimento (listas de espera intermináveis, instituições com características inimagináveis, nossa incapacidade financeira face a valores solicitados, atipicidade do problema da Ana face à especificidade da instituição, etc…). É-o na procura constante de uma solução que concorra para a felicidade atual e futura da Ana, que lhe garanta – com as suas características – a sua inte-gração na sociedade e uma resposta que perdure para lá, um dia, da nossa incapacidade física de resposta ou da nossa morte.

- Certamente já tiveram de ajustar a vida profis-sional aos cuidados de que a Ana Paula necessita?

sem dúvida que sim. A situação acrescida de o fernando ter uma vida profissional com muitas deslocações para fora da região e do país a isso obrigou de modo constante. A inexistência de fami-liares a residirem próximos ainda obrigou mais a esse ajuste.

- Alguma vez se sentiram discriminados no traba-lho pelo facto de terem uma filha com deficiência?

Profissionalmente, nunca vivemos situações de discriminação. Achamos que a isso também ajudou a nossa atitude responsável, nunca abusadora, nem reivindicativa, nem vitimizada.

- A Eugénia, em particular, sente-se penalizada em termos de carreira?

tive de interromper a minha vida profissional para prestar o apoio necessário à Ana Paula, em diferen-tes momentos da sua vida. sem prejuízo de outros momentos, a situação grave da Ana Paula, há cerca de seis anos, e a ausência completa de respostas institucionais para a Ana (por sobrelotação, por não conformidade das suas características em relação às da instituição, por….) fizeram com que tivesse de me dedicar integralmente à Ana Paula. Depois, quando a situação da Ana começou a estabilizar, pude reiniciar alguma atividade profissional. mas tive de condicionar completamente as minhas opções profissionais às exigências de disponibili-dade para a Ana Paula.

maio 2016 | 2322 | Mensageiro

«A relação mais importante na família é a do casal e isso tem que ser construído sempre e alimen-tado». A ideia é defendida por catarina e Pedro Portela, casados há quase 19 anos e pais de quatro filhos. residentes em braga, catarina (médica onco-logista) e Pedro (professor universitário) têm procu-rado viver regularmente momentos a dois, nem que seja a arrumar a cozinha, descascar favas ou fazer a cama um de cada lado. Por isso, as opções tomadas no dia a dia têm permitido criar rotinas, «no bom sentido, de encontro. e se não há tempo para pasmar a dois, há tempo para trabalhar a dois e vamos conversando e falando das nossas vidas».

neste sentido, acreditam que o testemunho enquanto casal, inclusive ao nível da relação com Deus, é a melhor forma de educar os filhos. «não adianta estarmos com grandes discursos se eles não virem, não experimentarem. Deus entra na nossa família porque está nas nossas vidas e é tudo muito natural», adianta catarina.

A centralidade de Deus na vida do casal fê-los aceitar, há alguns anos, o desafio de cola-borar em atividades de formação espiritual de namorados, noivos e casais. «quem procura minimamente respon-der aos apelos que vai sentindo no interior acaba por ter que sair de si. nós sentimos que isso seria um apelo para nós enquanto casal», explica Pedro.

o tempo que dedicam à preparação destas ativida-des acaba por se repercutir na vida do próprio casal. «Por causa disso, andamos sempre a repensar a nossa vida de casal. A repensar no sentido de reava-liar, não de mudar tudo ou pôr tudo em causa. mas de perceber como é que a nossa vida vai andando», explica Pedro.

Para catarina, de 44 anos, e Pedro, de 45, a família é uma «prioridade. É a nossa vida. É a nossa principal missão; tudo o resto é em função disso», afirmam. Por isso, quando se viram confrontados com a possibilidade de terem situações profissionais que lhes proporcionariam mais rendimentos, mas que teriam implicações práticas que não estavam no seu projeto, disseram “não” e privilegiaram a esta-bilidade familiar.

catarina e Pedro procuram desenvolver as ativida-des em que se envolvem com espírito de missão. e

procuram incutir esse espírito nos filhos: maria (16 anos), carolina (14), João (10) e Ana (7). esta postura levou Pedro a aceitar, há mais de seis anos, o convite para colaborar nas gravações do Passo-a-rezar. há 30 anos, Pedro começou a fazer rádio e desenvol-veu uma boa capacidade de locução. quando foi convidado para colaborar com o Passo-a-rezar, não hesitou em dizer “sim”. «estava mesmo à procura de uma maneira de usar esta capacidade no sentido de missão», explica.

Para conciliar a vida pessoal, profissional e fami-liar, catarina e Pedro dizem que foram aprendendo a «fazer só uma coisa de cada vez». e depois a «agir por prioridades absolutas». «Aprendemos a relativi-zar. com calma, tudo se faz. e se não se faz tudo, faz-se menos. o meu esforço tem sido tentar sabo-rear os momentos. estar com eles», explica catarina.

testemunhar Cristo no meio laboral

«É fácil assumirem-se como cristãos no meio académico e no âmbito da medicina?». Perante esta pergunta, Pedro responde que, ao nível universitário, «é fácil

assumir. não sei é se é fácil ser aceite. mas nunca tive nenhum episódio de confrontação por causa disso. não preciso de andar a dizer quais são as minhas convicções religiosas, ainda que de vez em quando as verbalize, porque a situação o exige. mas nunca senti hostilidade».

Por seu turno, catarina diz que, na relação com os doentes, esta «questão é fácil». no caso de pessoas em fases avançadas da doença, «às vezes abordo esse tema, quando os vejo muito angustiados; e vejo claramente que para as pessoas que têm fé, na fase final da vida tudo é mais simples, mais tranquilo. com os colegas, volta e meia ouço uma brincadeira ou outra, mas sempre me considerei respeitada».

A propósito de realidades como a eutanásia ou o aborto, catarina sublinha que «os valores médicos são os valores da vida». «e se decidirem que se pode matar quem não for eficaz, não sei quem é que o vai fazer», afirma catarina, que, caso a eutanásia seja legalizada, invocará a objeção de consciên-cia para não dar seguimento a um possível pedido nesse âmbito.

catarina e Pedro Portela, casados e pais de quatro filhos

«A relação mais importante na família é a do casal»

crescer com Jesus

A luz solar traz uma nova transparên-

cia. A temperatura dá-nos energia sem nos abafar. o

colorido das flores abre-nos os olhos às surpre-sas de cada dia. A vida vai desabrochando, convi-dando à dança sem nos obrigar os passos. se a chuva não vier e se vivemos no hemisfério norte, é assim que experimentamos o mês de maio. A igreja não podia ter escolhido melhor mês para maria.

As crianças vivem abertas ao mistério e até compreendem o que parece incompreensível. mas, na hora dos porquês e das perguntas, o grande desafio é ser simples e verdadeiro.

Antes das perguntas é provável que já alguém tenha falado de maria. se a criança tem Jesus como o seu maior amigo, dizer-lhe que maria é a mãe de Jesus e que ele a partilha connosco é essencial para que a sinta como sua mãe e como uma grande amiga.

Como era a vida de Maria quando era pequenina? Para responder a esta pergunta não podemos

recorrer diretamente à bíblia ou a dados biográficos comprovados. Podemos recorrer aos conhecimen-tos culturais e religiosos que temos daquele tempo e dar uma resposta que corresponda à verdade do que sabemos de maria.

maria era uma menina judia que, como o seu povo, esperava ansiosamente que o enviado de Deus chegasse. era uma menina como as outras. brincava, fazia jogos e gostava de ajudar, em casa ou na aldeia, idosos ou crianças que precisassem. gostava de todas as pessoas. Às vezes, também era capaz de fazer traquinices. mas de certeza que nunca quis magoar ou fazer mal a alguém.

maria tinha uma amizade muito especial com Deus. todos os dias conversava com ele, no silêncio do seu quarto.

num desses momentos maria recebeu, através do anjo, o convite de Deus para ser a mãe de Jesus. maria ficou muito espantada mas disse que sim e, cheia de amor, aceitou ser a mãe do filho de Deus.

maria fez tudo o que Deus lhe pediu. Ainda hoje ajuda toda a gente a conhecer e a amar melhor Jesus. maria quer ver-nos muito próximos de Jesus. como uma forma de respeito, também podemos tratar maria por nossa senhora.

nossa Senhora? Mas eu já ouvi falar em várias… de Fátima, da Lapa, do Sameiro… e elas têm roupas e caras tão diferentes!

É mesmo assim. há muitos lugares onde nos podemos aproximar mais de maria, igrejas ou santuários onde se reza para que ela peça a Jesus pelas nossas necessidades. cada um desses lugares fica em sítios muito diferentes e as pessoas gostam que maria se vista e se pareça com as pessoas daquele sítio. maria tem vários vestidos. se olhar-mos para as fotografias da nossa mãe, ela também não está sempre vestida da mesma maneira, mas é sempre a mãe.

E Maria apareceu aos pastorinhos em Fátima? É verdade que eles falavam muito com ela e que ela

lhes pediu para rezarem muito para que as pessoas fossem mais parecidas com Jesus e deixassem de se tratar mal.

Através de maria, Deus ofereceu-nos o melhor dos presentes: Jesus. maio é um mês cheio de cor e alegria, em que celebramos a vida que recebemos através de maria.

A Festa da VidaDomingas Brito e josé Maria Brito, s.j.

ilustração: www.damadearroz.com Dos 0-6 anos

maio 2016 | 2524 | Mensageiro

reunião De gruPo

Esquema de reunião e de oração de grupo

Manuel Morujão, s.j.

Reunião «A virtude está no meio», afirma um antigo ditado latino, sublinhando o equilíbrio e a justa medida que devemos pôr em tudo. não podemos ter a pretensão de que uma reunião corra otimamente: presentes todos os que deve-riam aparecer; participação excelente sem espectado-res; todos os assuntos tratados e com profundidade, etc. Pretender reuniões ideais pode ser o primeiro passo para o fracasso e a deceção. Se é de evitar o maximalismo, de que falámos, também há que evitar o minimalismo, não desistindo de dar a qualidade possível a uma reunião, tendo em conta as várias circunstâncias. «A virtude está no meio».

Oração inicial – Oração do Oferecimento(com a fórmula tradicional ou com outra)

1.ª Parte Intenções do Papa para o mês de maio

o responsável, ou outra pessoa do grupo, poderá fazer uma apresentação da intenção universal e da intenção pela evangelização do Papa francisco para este mês de maio.

A intenção universal refere-se ao respeito devido às mulheres, que todas são nossas irmãs: «que, em todos os países do mundo, as mulheres sejam honradas e respeitadas, e seja valorizado o seu imprescindível contributo social». bem sabemos que as mulheres são as principais visadas no criminoso tráfico de seres humanos e na violência doméstica. reabilitar e revalorizar a sua pessoa e contributo é um ato de justiça e de caridade cristã.

A intenção pela evangelização recorda a oração

mariana do terço ou rosário: «que se difunda nas famílias, comunidades e grupos, a prática de rezar o santo rosário pela evangelização e pela paz». baste mencionar que todos os Papas recentes têm recomendado esta prática milenar e que nossa senhora inculcou esta oração, em cada uma das aparições em fátima.

2.ª ParteOs grupos do AO são grupos de oração e de ação

Depois da apresentação das intenções do santo Padre, dar algum tempo para partilhar o que os membros do Ao poderão fazer, na linha do que o Papa francisco nos propõe, talvez respondendo às seguintes perguntas:

– que sugerimos para que seja valorizado o contri-buto das mulheres na nossa sociedade e na nossa igreja e para que a sua dignidade seja respeitada?

– que podemos fazer para valorizar a prática da oração do terço ou rosário, tanto a nível familiar como paroquial?

3.ª ParteAssuntos práticos do grupo do AO

terminar com uma leitura da Palavra de Deus (por exemplo, o evangelho do domingo seguinte à reunião) e com uma oração ou um cântico. em seguida propomos um esquema de oração em grupo, que poderá ser feita no início ou no fim desta reunião, ou noutro contexto e ocasião.

Oração

1ª SExtA-fEIRA

www.apostoladodaoracao.pt/materiais-para-grupos-ao/

Pode encontrar esta secção escrita pelo padre Dário Pedroso, sj no site do Apostolado da oração.É uma versão mais longa e completa, fácil de descarregar e de ler!

Presidente: graça, paz e misericórdia de Deus estejam convosco em abundância, para bem da igreja e salvação do mundo.

todos: bendito seja Deus que nos reuniu no amor de cristo.

Presidente: o presente mês de maio é dedicado especialmente a nossa senhora, que nós costu-mamos invocar como «mãe de misericórdia» e que queremos honrar, de um modo particular neste Ano jubilar da Misericórdia, a que o santo Padre francisco nos convocou. escutemos o que Deus nos quer dizer por estas palavras do sucessor de Pedro e Pastor da igreja universal.

leitor: leitura de uma passagem da bula do Papa francisco proclamando o Ano jubilar da Misericórdia (n. 24):

«o pensamento volta-se agora para a mãe da misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano santo, para podermos todos nós redes-cobrir a alegria da ternura de Deus. ninguém, como maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A mãe do crucificado ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor.

Ao pé da cruz, maria, juntamente com João, o discí-pulo do amor, é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de Jesus. o perdão supremo oferecido a quem o crucificou, mostra-nos até onde pode chegar a misericórdia de Deus. maria atesta que a misericórdia do filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém. Dirijamos-lhe a oração, antiga e sempre nova, da Salve-rainha, pedindo-lhe que nunca se canse de volver para nós os seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, seu filho Jesus».

Palavra da igreja de cristo! – graças a Deus.

Presidente: caríssimos irmãos e irmãs, como membros do corpo da igreja universal, unidos a todos e especialmente aos que pertencem ao Apostolado da oração, rezemos com confiança filial:

– Por intercessão da Mãe de Misericórdia, ouvi-nos Senhor.

leitor: Pelo nosso querido Papa francisco, que recen-temente nos exortava a praticarmos a «carinhotera-pia», a fim de que sigamos os seus bons exemplos de aproximação e afeto para com aqueles que mais precisam da nossa solicitude e ajuda, oremos irmãos.

leitor: Para que cresça nas nossas famílias e comunidades o amor e devoção a nossa senhora, a fim de que sejamos misericordiosos e compassi-vos como ela sempre o foi na terra e agora intercede maternalmente no céu por cada um dos seus filhos e filhas, oremos irmãos.

leitor: unamo-nos às intenções que o santo Padre

nos propõe para este mês de maio: «que, em todos os países do mundo, as mulheres sejam honradas e respeitadas, e seja valorizado o seu imprescindí-vel contributo social». rezemos também para «que se difunda nas famílias, comunidades e grupos, a prática de rezar o santo rosário pela evangelização e pela paz», oremos irmãos.

Outras intenções espontâneas…

Presidente: senhor Deus, nosso Pai de infinita misericórdia, atendei as nossas preces que Vos diri-gimos, inspiradas nas intenções do Papa francisco, para bem da igreja e salvação do mundo, por nosso senhor Jesus cristo, vosso filho, na unidade do espírito santo.

– Ámen.

maio 2016 | 2726 | Mensageiro

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AO é NOtíCIA

jANEIROPela Evangelização: Por todos os cristãos, para que,

fiéis ao ensinamento do senhor, se empenhem com a oração e a caridade fraterna no restabelecimento da plena comunhão eclesial, colaborando para responder aos desafios atuais da humanidade.

fEvEREIROUniversal: Por todos os que vivem em provação,

sobretudo os pobres, os prófugos e os marginaliza-dos, para que encontrem acolhimento e conforto nas nossas comunidades.

MARçOPela Evangelização: Pelos cristãos perseguidos,

para que experimentem o apoio de toda a igreja na oração e através da ajuda material.

ABRIlUniversal: Pelos jovens, para que saibam responder

com generosidade à própria vocação, considerando seriamente também a possibilidade de se consagra-rem ao senhor no sacerdócio ou na vida consagrada.

notíciAs

MAIOPela Evangelização: Pelos cristãos em áfrica, para

que deem um testemunho profético de recon-ciliação, de justiça e de paz, à imagem de Jesus misericordioso.

jUNHOUniversal: Pelos responsáveis das nações, para que

se empenhem decididamente em pôr fim ao comér-cio de armas, que provoca tantas vítimas inocentes.

jUlHOPela Evangelização:  Pelos nossos irmãos que se

afastaram da fé, para que, através da nossa oração e do nosso testemunho evangélico, possam redes-cobrir a proximidade do senhor misericordioso e a beleza da vida cristã.

AGOStOUniversal: Pelos artistas do nosso tempo, para que,

através das obras do seu engenho, ajudem todas as pessoas a descobrir a beleza da criação.

intenções de Oração do Papa confiadas ao APOStOLADO DA OrAÇÃO - rEDE MunDiAL DE OrAÇÃO DO PAPA

para o ano 2017

maio 2016 | 2928 | Mensageiro

SEtEMBROPela Evangelização:  Pelas nossas paróquias, para

que, animadas pelo espírito missionário, sejam lugares de comunicação da fé e testemunho de caridade.

OUtUBROUniversal: Pelo mundo do trabalho, para que sejam

assegurados a todos o respeito e a tutela dos direi-tos e seja dada aos desempregados a possibilidade de contribuírem para a edificação do bem comum.

Dia 27 de fevereiro realizou-se, na igreja do santíssimo coração de Jesus, o encontro de quaresma para os membros dos centros do Apostolado da oração (Ao) do Patriarcado de lisboa.

contou com a presença do diretor diocesano, padre Dário Pedroso, sj, e do secretário nacional do Ao, padre António Valério, sj, que orientou os temas desse dia, centrados na vivência do Ano Jubilar da misericórdia e em ajudas para viver a quaresma neste ano.

os temas foram meditações inacianas sobre a conversão e o perdão – o percurso espiritual proposto por santo inácio de loiola – que são caminhos para

A Jornada Diocesana do Apostolado da oração (Ao) de Évora realizou-se dia 5 de março, no seminário maior de Évora. no encontro participaram cerca de cem zeladores e associados da arquidiocese. os trabalhos foram orientados pelo P. marco cunha, sj, do secretariado nacional do Ao.

nas palavras de abertura, o Diretor Diocesano, cónego fernando marques, agradeceu a presença de todos. seguiram-se dois momentos de reflexão, centrados na recriação do Apostolado da oração – rede mundial de oração do Papa, atendendo ao atual contexto da igreja e da sociedade, e no Jubileu da misericórdia. foram abordados os fundamentos teológicos e espirituais sobre a misericórdia, com referência a alguns hinos da igreja antiga, de efrém, o sírio, e tendo por base o ícone do Ano da misericórdia.

NOvEMBROPela Evangelização: Pelos cristãos na ásia, para

que, testemunhando o evangelho com palavras e obras, favoreçam o diálogo, a paz e a compreensão recíproca, sobretudo com aqueles que pertencem a outras religiões.

DEZEMBROUniversal: Pelos idosos, para que, sustentados

pelas famílias e pelas comunidades cristãs, colabo-rem com a sua sabedoria e experiência na transmis-são da fé e na educação das novas gerações.

Encontro de Quaresma do AO em Lisboa

jornada Diocesana do AO em Évora

viver melhor o tempo da quaresma. os participan-tes refletiram também sobre as obras de misericór-dia e os desafios que o Ano Jubilar coloca aos movi-mentos da igreja, em particular ao Ao.

neste contexto, houve tempo para falar dos desa-fios da recriação do Apostolado da oração, das propostas de renovação dos grupos e suas ativi-dades, que foram recebidas com muito interesse e vontade de as aplicar nas circunstâncias concretas de cada grupo.

o encontro terminou com a celebração da eucaristia.

o Arcebispo de Évora, D. José Alves, concluiu os trabalhos da manhã com umas palavras de incen-tivo aos representantes de cada centro local, ressal-tando a importância e necessidade de a igreja viver em oração, e destacando o dever que compete a cada membro de divulgar e estimular a prática orante no seio das comunidades e instituições.

Da parte da tarde, o P. marco cunha, sj, aprofun-dou o sentido e a vivência das obras de misericórdia, abordando as consequências práticas da misericór-dia na vida de cada um, ou seja, como viver as obras de misericórdia espirituais e corporais.

A Jornada culminou às 16h30, com a celebração da eucaristia, na igreja Paroquial de s. mamede – Évora.

Vaticanista Andrés Beltramo, nas ii jornadas de Comunicação Digital

igreja e media têm de alinhar agendas e interesses

o vaticanista Andrés beltramo considera que a igre-ja e os meios de comunicação social têm de alinhar agendas e interesses, no sentido de combater o «diá-logo de surdos» dos últimos 50 anos.

«há uma enorme incapacidade de alinhar no mes-mo sentido a igreja e os meios de comunicação so-cial. isso não é culpa nem da igreja nem dos media, mas o resultado da realidade», afirmou o jornalista e colaborador do site Vatican insider, um dos oradores das ii Jornadas Práticas sobre comunicação Digital, que decorreram em fátima, por iniciativa do Apos-tolado da oração – rede mundial de oração do Papa.

segundo Andrés beltramo, a igreja e os media en-frentam o desafio de fazer com que o distanciamen-to «seja mais pequeno» e de respeitar o «realismo» e a identidade de cada uma das partes, procurando «encontrar-se antes da rutura».

Para o vaticanista é necessário «fazer alinhar os interesses da igreja com os interesses da próxima hora ou dos próximos minutos que têm os meios de comunicação».

A igreja tem de transmitir «mensagens claras», «estudar os métodos de comunicação» e «respeitar o profissionalismo dos jornalistas» sem querer «im-por uma forma de fazer jornalismo desde a sua tor-re de marfim», realçou Andrés beltramo.

As Jornadas prosseguiram com marc Argemí, da con-sultora Sibilare, que falou sobre “big Data e comunica-ção em redes sociais”. na sua intervenção, sublinhou a importância de analisar e mensurar resultados dos sites e páginas de facebook e twitter para melhor de-cidir e orientar tempos, conteúdos e públicos-alvo.

Juan Della torre, ceo da La Machi revelou que as aplicações que triunfam são as que têm uma só proposta a comunicar. no âmbito da sua comuni-cação, com o tema “thanks god for the marketing”, apresentou alguns dados estatísticos sobre o Click to Pray, que já conta com 61 mil descargas.

“misericórdia como chave da comunicação cató-lica: as lições de francisco” foi o assunto explorado por Austen ivereigh, cofundador das Vozes Católicas. ivereigh asseverou que, na relação com os media, «só é possível apresentar o ensinamento e a doutri-na da igreja depois de se demonstrar a misericórdia de Deus» em cada situação. falou também da impor-tância de a igreja comunicar com misericórdia, o que significa «defender primeiro a vítima e depois a dou-trina», indicou.

As apresentações institucionais couberam ao secre-tário nacional do Apostolado da oração, P. António Valério, sj e ao diretor internacional da rede mundial de oração do Papa, P. frédéric fornos, sj.

30 | Mensageiro

Comunicação digital pode ser «autêntica» e «humana»

«emails, sms, redes sociais, chats podem ser formas de comunicação plenamente humanas. não é a tecnologia que determina se a comunica-ção é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor», afirma o Papa na Mensagem para o Dia mundial das comunicações sociais, que se assinala a 8 de maio, domingo da Ascensão.

no texto intitulado “comunicação e misericórdia: um encontro fecundo”, francisco sustenta que as redes sociais são capazes de «favorecer as relações e promover o bem da sociedade» e de ajudar na cons-trução de «uma verdadeira cidadania», mas alerta também para a possibilidade de uma «maior polari-zação e divisão entre as pessoas e os grupos».

«o ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, reali-zar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral», assinala o santo Padre.

este ano, a celebração do Dia das comunicações sociais é enquadrada no Ano santo da misericórdia e, neste contexto, o Papa faz votos de que todos consigam ser «mais abertos ao diálogo».

«gosto de definir este poder da comunicação como “proximidade”. o encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acom-panha e faz festa», explica.

Para francisco, «comunicar com misericórdia signi-fica contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade».

o santo Padre lembra, no entanto, que o acesso às redes digitais implica «uma responsabilidade pelo outro», por alguém que, mesmo não sendo visível, «é real» e «tem a sua dignidade que deve ser respeitada».

neste sentido, aconselha todos a escolher «cuida-dosamente» palavras e gestos para superar «incom-preensões» e construir «paz e harmonia».

notíciAsIGREjA é NOtíCIA

A conferência episcopal Portuguesa (ceP) contesta uma eventual legalização da eutanásia no país, rejei-tando soluções que coloquem em causa a «inviola-bilidade» da vida. «não pode justificar-se a morte de uma pessoa com o consentimento desta. o homicí-dio não deixa de ser homicídio por ser consentido pela vítima: a inviolabilidade da vida humana não cessa com o consentimento do seu titular», referem os bispos numa nota, divulgada na final da última reunião do conselho permanente da ceP, que resul-tou também na criação de um guia sobre o tema.

A nota pastoral, intitulada “eutanásia: o que está em causa? contributos para um diálogo sereno e humanizador”, começa por recordar o debate em curso na Assembleia da república e na sociedade sobre estas matérias.

os bispos criticam a «atitude simplista e anti- -humana» de quem embarca em soluções tidas como «fáceis», sublinhando que «não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre».

«Pode afirmar-se que a eutanásia é uma forma fácil e ilusória de encarar o sofrimento, o qual só se enfrenta verdadeiramente através da medicina paliativa e do amor concreto para com quem sofre», sustentam.

Para a ceP, a legalização da eutanásia e do suicídio assistido seria uma mensagem com «graves impli-cações sociais» na forma de encarar a doença e o sofrimento. «há o sério risco de que a morte passe a ser encarada como resposta a estas situações, já que a solução não passaria por um esforço solidário de combate à doença e ao sofrimento, mas pela supres-são da vida da pessoa doente e sofredora, pretensa-mente diminuída na sua dignidade. e é mais fácil e mais barato. mas não é humano!», acrescentam.

os bispos assinalam que alguns doentes, de modo particular os mais pobres e débeis, poderiam sentir-se

«socialmente pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem “a mais” ou “um peso”».

os bispos católicos equiparam a eutanásia ao suicí-dio assistido, distinguindo estas práticas da «obsti-nação terapêutica».

«É bem diferente matar e aceitar a morte. quer a eutanásia, quer a obstinação terapêutica, consti-tuem uma ingerência humana antinatural nesse momento-limite que é a morte: a primeira antecipa esse momento, a segunda prolonga-o de forma arti-ficialmente inútil e penosa», precisam.

segundo a ceP, subjacente à legalização da euta-násia e do suicídio assistido está «a pretensão de redefinir tomadas de consciência éticas e jurídicas ancestrais» relativas ao respeito e à sacralidade da vida humana. «o valor intrínseco da vida humana em todas as suas fases e em todas as situações está profundamente enraizado na nossa cultura e tem, inegavelmente, a marca judaico-cristã», referem.

os bispos recordam ainda que a própria constituição Portuguesa o reconhece, ao «afirmar categoricamente que “a vida humana é inviolável”» (artigo 24º, nº 1). com a eutanásia, acrescenta a nota, «nunca é absolu-tamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa», dado que este pedido pode repre-sentar «um estado de espírito momentâneo».

«o estado e a ordem jurídica, ao autorizarem tal prática, estão a tomar partido, estão a confirmar que a vida permeada pelo sofrimento, ou em situa-ções de total dependência dos outros, deixa de ter sentido e perde dignidade, pois só nessas situações seria lícito suprimi-la», lamentam.

A ceP apela a um «vasto trabalho de esclareci-mento» para que a sociedade opte por «ajudar a viver até ao fim» e «não a matar ou a ajudar a morrer».

Fontes: Ecclesia / renascença / www.news.va

madre teresa de calcutá vai ser canonizada no dia 4 de setembro. na mesma data vai ser cele-brado o Jubileu dos Voluntários e trabalhadores da misericórdia. A decisão foi tomada pelo Papa francisco depois de um consistório ordinário para votar cinco causas de canonização.

Para além de madre teresa, no dia 5 de junho são canonizados estanislau de Jesus maria da Polónia (1631-1701), fundador da congregação dos marianos da imaculada conceição da beatíssima Virgem maria; e maria elisabeth hesselblad (1870-1957), fundadora da ordem do santíssimo salvador de santa brígida.

A 16 de outubro, o Papa preside às canonizações de José sánchez del río, mexicano (1913-1928), martirizado aos 14 anos durante a perseguição reli-giosa no méxico, e José gabriel del rosario brochero (1840-1914), conhecido como o “cura brochero”, que no século XiX percorreu a Argentina numa mula para levar a mensagem do evangelho.

Madre teresa de Calcutá canonizada a 4 de setembro

igreja rejeita legalização da eutanásia e generalização de respostas de morte

maio 2016 | 3332 | Mensageiro

mãos À obrA...

«Sou um felizado por Deus me ter chamado»

por: cláudia Pereira

João Almiro, de 89 anos, nascido no concelho de tondela, distrito de Viseu, tem uma vida longa, com muitas histórias para contar. há mais de 50 anos fundou um laboratório farmacêutico, que chegou a ser dos maiores do país, abriu uma farmá-cia e criou várias empresas. esteve em diferentes zonas do mundo, desde o Polo norte à Austrália. com condições para ter uma vida tranquila e sem grandes preocupações, optou por estender a mão àqueles que mais precisavam de ajuda. na casa onde criou os filhos, acolhe cerca de 30 pessoas, com histórias de vida ligadas ao álcool, prostituição, toxicodependência e abusos sexuais. uma missão cujo sucesso atribui à «graça de Deus». A casa, para a qual escolheu o nome “As Andorinhas”, é uma iniciativa totalmente privada.

campo de besteiros, concelho de tondela. uma

manhã tranquila. um edifício como tantos outros, à face da estrada que atravessa a localidade. álvaro, 48 anos, com um passado ligado ao consumo de álcool, vem-nos receber. É um dos “filhos” acolhidos por João Almiro, que considera um pai. tal como o consideram António, de 51 anos, e fábio, de 23. os três partilham histórias de vida marcadas por dificul-dades, pelo acolhimento n’ “As Andorinhas” e pelo desejo de sair e abraçar uma vida digna.

álvaro leva-nos por umas escadas, onde uma imagem do menino Jesus, acompanhada de uma

joão Almiro, 89 anos

mensagem, faz apelo à humildade. «segui a humil-dade deste rei. À maria foi recusado um espaço para o rei dos reis poder nascer; no entanto foi no palácio do amor e da humildade que nasceu Deus menino...».

Ao cimo das escadas, conhecemos João Almiro. mãos trémulas e voz um pouco sumida, mas perfeita-mente lúcido. numa pequena sala, vai-nos contando a sua história de vida. «Éramos oito irmãos. o meu pai era médico da aldeia e eu era o quinto filho da casa». quis ser micro-cirurgião, mas o pai não deixou e “empurrou-o” para farmácia. «o meu pai morreu e eu fui para farmácia porque ele queria».

«Vivi a minha vida académica e isso deu-me muita experiência. ensinou-me muito, onde está o mal, onde está o bem, e qual é o caminho de Deus. tudo o que estou a fazer não sou eu; sou um instrumento de Deus. quando ele me quiser levar...».

teve sete filhos. um faleceu quando era bebé e outros dois, os únicos que formou, também morre-ram novos. ficou viúvo aos 37 anos. «fiquei só com os filhos [com idades entre os 2 e os 14 anos] e com Deus. tive uma fase da minha vida em que pensei ir para uma missão, mas quando criei os filhos não tive coragem de os deixar e fiz a minha missão cá».

há cerca de 50 anos recebeu uma bebé de seis meses, com trissomia 21, filha de pais alcoólicos, que entretanto já faleceu. foi a primeira pessoa a ser recebida n’ “As Andorinhas”, um nome que escolheu porque este “filhos adotivos” também «vão e vêm».

«As andorinhas vão para áfrica e depois voltam». na sua casa é igual. Depois de levantar vôo, as suas ando-rinhas acabam por regressar, umas para recordar o “pai” que as acolheu, outras para «pedir socorro». «A porta está sempre aberta».

João Almiro não se considera um herói. «não sou polícia nem juiz, mas um pai ou irmão mais velho. nunca os acuso; posso é defendê-los, sem mentir». enquanto olha as fotografias, recorda vidas que passaram pelas suas mãos. histórias de sucesso, que o deixam realizado; e vidas que, apesar da ajuda, não encontraram o rumo certo e deixam alguma mágoa.

entre os casos com final feliz está o de uma jovem de 23/24 anos que se prostituía e da qual cuidou. «era a vergonha da terra e tornou-se uma mulher digna». lembra também uma jovem de 14 anos, raptada durante 15 dias por dois indivíduos, que abusa-ram dela sexualmente. casou com um rapaz, que também estava na casa do farmacêutico, e acabou por emigrar. há tempos, enviou uma fotografia, com uma mensagem de gratidão, onde se pode ler «meu herói, meu amigo, meu professor, meu pai». «isto vale dinheiro. o meu caixão com dinheiro não me interessa nada. quero é amor».

«salvei muita gente, e perdi outros, porque não tive capacidade de os salvar. fiz o que pude. também tenho que falhar. faz parte da natureza humana. faço o que posso e o que é a vontade de Deus. se não o fizer em nome de Deus, não estou a desempenhar a minha missão».

A casa “As Andorinhas” tem sido sustentada com o dinheiro que João Almiro obtém através da farmá-cia, com ajudas particulares, de pessoas que ofere-cem bens alimentares ou dinheiro, e com o que é produzido nas duas quintas, que os residentes ajudam a cuidar.

embora já tenha alguma dificuldade de locomoção, João Almiro vai com frequência visitar pessoas que

conheceu e acolheu, mas que, por circunstâncias várias, foram detidas. «nem imagina o que eles ganham e eu também» nessas visitas. «sou feliz. não tenho medo de nada. tenho Deus atrás de mim e com ele vou a qualquer parte do mundo».

questionado sobre o futuro da casa, João Almiro mostra mais uma vez a confiança em Deus. “As Andorinhas” estão «nas mãos de Deus». Aliás, a relação com Deus é fundamental para gerir esta iniciativa. Antes das principais refeições, todos rezam em conjunto. e no final do jantar, “pai” e “filhos” rezam um mistério do terço.

«quero ser um seguidor de Deus. Vivo à sombra de Deus. em tudo o que faço hoje em dia procuro, dentro da minha fraqueza humana, estar em nome de Deus. É essa a graça que eu tenho. É a minha riqueza. eu sinto que Deus vai ser débil comigo quando eu lá chegar».

Fátima

Programa:

10h00 – recitação do TerçoCapelinha das aparições

11 h00 – eucaristia, presidida pelo Cardeal d. João Braz de aviz

esplanada do santuário

Convidam-se os Centros do apostolado da oração e os Núcleos

da Liga eucarística a levarem os respetivos estandartes e bandeiras,

para dar mais destaque a esta manifestação de amor ao Coração de Jesus, em pleno ano Jubilar da

misericórdia.

iNformações:

Tel: 253 689 446mail: [email protected]

No Encerramento do iV Congresso eucarístico Nacional

12 junho 2016

Peregrinaçãodo aPosToLado da oração

AtiViDADES inACiAnAS maio / junhoEm Soutelo (vila verde): CEC – Casa da torre Av. dos Viscondes da torre, 80 – 4730-570 soutelo – tel. 253 310 400; fax: 253 310 401; e-mail: [email protected]

no Porto: CREU – Centro de Reflexão e Encontro Universitário inácio de loyolar. oliveira monteiro, 562 – 4050-440 Porto– tel. 226 061 410; e-mail: [email protected]

nO RODíziO – Casa de Exercícios de Santo inácioestrada do rodízio, 124 – 2705-335 colAres – tel. 219 289 020; fax: 219 289 026; e-mail: [email protected]

05-08 mai. receber e oferecer misericórdia – P. manuel morujão07-08 mai. fim de semana para noivos – PP. rui nunes e miguel Almeida e grupo de casais12-15 mai. exercícios espirituais – P. carlos carneiro12-15 mai. orar, discernir, crescer – P. sérgio Diz nunes12-20 mai. exercícios espirituais – P. manuel morujão15 mai. exercícios espirituais na vida corrente (em colaboração com cVX e Aci)20-22 mai. rezar com os ícones – Alzira fernandes e P. José carlos belchior 20-22 mai. introdução à oração – P. António Valério26-29 mai. exercícios espirituais – teresa olazabal27-29 mai. rezar com o Padre António Vieira ii – P. mário garcia27-29 mai. taichi e espiritualidade – Diogo sant’Ana03-05 jun. retiro para casais – P. mário garcia03-05 jun. ecologia: génesis e Apocalipse – P. Vasco Pinto de magalhães09-12 jun. exercícios espirituais – P. João carlos onofre Pinto09-16 jun. exercícios espirituais “pé descalço” (leigos para o Desenvolvimento) – P. José eduardo lima (inscrições no creu)09-17 jun. exercícios espirituais – P. luís maria da Providência10-12 jun. exercícios espirituais na vida corrente (em colaboração com cVX e Aci)16-19 jun. exercícios espirituais – P. filipe martins18 jun. A bíblia no feminino – Alzira fernandes e mariana Abranches Pinto 18-19 jun. o relógio da família ii – P. álvaro balsas e equipa de casais 22-30 jun. exercícios espirituais – P. José carlos belchior23-26 jun. exercícios espirituais – P. luís maria da Providência30 jun.-03 jul. exercícios espirituais – samuel beirão, sj30 jun.-03 jul. exercícios espirituais temáticos – “este é o tempo favorável” – mariana Abranches Pinto30 jun.-08 jul. exercícios espirituais – P. José eduardo lima

10 mai. “btt” (“bamos ter teoria”) – A história da igreja. factos, mitos e Preconceitos – P. António Júlio trigueiros 19 mai. “sal & Pimenta” (escola para Pais) – educar na fé. impor ou propor? Porque abandonam os adolescentes a igreja? – P. carlos carneiro31 mai. serão inaciano – nossa senhora e a santidade do quotidiano – buscar e encontrar Deus em todas as coisas (P. José eduardo e convidado)

10 mai. orar, comer e gostar 25 mai. Prós e contras ii – Duelos entre universitários 09-16 jun. exercícios espirituais “pé descalço” (para universitários) – P. nuno branco14 jun. orar, comer e gostar

03 mai. o que é o eneagrama? uma noite para explicar esta dinâmica. – P. gonçalo eiró 05-08 mai. exercícios espirituais “pé descalço” – P. João goulão18 mai. encontro mensal. “encontrar a Deus em todas as coisas.”19 mai. encontro mensal. “encontrar a Deus em todas as coisas.” 17-19 jun. fim de semana de noivos 23-26 jun. exercícios espirituais para casais – P. António Vaz Pinto

05-08 mai. exercícios espirituais – P. António Júlio trigueiros (inscrições no cuPAV)05-08 mai. exercícios espirituais – P. Vasco Pinto de magalhães20-22 mai. retiro teilhard de chardin – P. Vasco Pinto de magalhães21-22 mai. fim de semana para noivos – P. carlos Azevedo mendes e grupo de casais26-29 mai. exercícios espirituais – P. manuel morujão26-29 mai. exercícios espirituais – P. hermínio rico26-29 mai. exercícios espirituais – P. António Vaz Pinto04-05 jun. “quem é que Jesus vê quando se vê ao espelho: o filho de Deus ou o filho do carpinteiro?” – cristologia para principiantes – P. José frazão correia06-13 jun. exercícios espirituais – P. Domingos de freitas09-12 jun. exercícios espirituais – P. gonçalo eiró09-13 jun. exercícios espirituais – P. António Júlio trigueiros25-26 jun. fim de semana para noivos – P. carlos Azevedo mendes e grupo de casais

Em lisboa: CUPAv – Centro Universitário Padre António vieiraestrada da torre, 26 – 1769-014 lisboA – tel. 217 590 516; e-mail: [email protected]

Em Coimbra: CUmn – Centro Universitário manuel da nóbregar. Almeida garrett, 4 – 3000-021 coimbrA – tel. 239 829 712; e-mail: [email protected]

PAPA frAnciscohomiliA nA soleniDADe

DA Assunção, 15 De Agosto De 2013

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maria acompanha-nos, luta connosco, sustenta os cristãos no combate contra as forças do mal. A oração com maria, especialmente o terço – atenção: o terço! Rezais o terço todos os dias? (...) A oração com maria, especialmente o terço, também tem essa dimensão “agonística”, ou seja, de luta, uma oração que dá apoio na luta contra o maligno e seus aliados. O terço também nos sustenta nesta batalha.