memórias literárias

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Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID - UEPB Escola Estadual CAIC José Joffily Coordenadora de área: Magliana Rodrigues Supervisora: Alessandra Magda de Miranda Professores: Fernanda Félix; Joseilma Pereira; Roberlânia Alves; Rogério Marcelino MEMÓRIAS LITERÁRIAS (PRODUÇÃO FINAL DOS ALUNOS) Determinação para mudar (Milena Rebeca Pereira Rocha) Recordo-me de quando eu trabalhava como carregador de frutas na Ceasa, em plena década de 70, eu me punha de pé no serviço antes do sol nascer me sentia cansado, mas era minha única alternativa de sobrevivência, pois eu não tinha leitura. Possuía marcas nas minhas mãos como consequência do trabalho pesado e a pele queimada do por causa do sol. Como se não bastasse tanto sofrimento ainda tínhamos que pagar à administração uma parte do que recebíamos, mas numa sexta-feira dia de pagamento, cansei-me do trabalho quase escravo e decidi que iria fazer alguma coisa para aquela situação mudar, botei a boca no trombone e fui até a

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Page 1: Memórias literárias

Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID - UEPB

Escola Estadual CAIC José Joffily

Coordenadora de área: Magliana Rodrigues

Supervisora: Alessandra Magda de Miranda

Professores: Fernanda Félix; Joseilma Pereira; Roberlânia Alves; Rogério Marcelino

MEMÓRIAS LITERÁRIAS (PRODUÇÃO FINAL DOS ALUNOS)

Determinação para mudar

(Milena Rebeca Pereira Rocha)

Recordo-me de quando eu trabalhava como carregador de frutas na Ceasa, em

plena década de 70, eu me punha de pé no serviço antes do sol nascer me sentia

cansado, mas era minha única alternativa de sobrevivência, pois eu não tinha leitura.

Possuía marcas nas minhas mãos como consequência do trabalho pesado e a pele

queimada do por causa do sol.

Como se não bastasse tanto sofrimento ainda tínhamos que pagar à

administração uma parte do que recebíamos, mas numa sexta-feira dia de pagamento,

cansei-me do trabalho quase escravo e decidi que iria fazer alguma coisa para aquela

situação mudar, botei a boca no trombone e fui até a diretoria para reivindicar os nossos

direitos como trabalhadores. Para a minha surpresa tive apoio de todos os outros que

estavam na mesma situação que eu e percebi que nós na realidade só precisávamos de

alguém com iniciativa e determinação para tentar mudar as coisas. O diretor nos ouviu

calado e na segunda nos deu a notícia que a partir daquele dia não seria mais cobrado

nada do nosso salário, por parte da empresa e receberíamos auxílio para refeição.

Ficamos muito felizes, pulamos de alegria e todos gritavam: - Bentivi...

Bentivi...Bentivi! Que era meu apelido para eles.

Page 2: Memórias literárias

Na época não tínhamos condições de pagar o INSS, hoje os trabalhadores de lá

tem, antigamente tínhamos que trabalhar de uniforme ainda por cima pago por nós, hoje

nem é nem necessário, antes o lugar se chama Ceasa, hoje se chama Empasa.

E assim depois de muita garra, não só minha, mas como de todos os outros,

conseguimos transformar o lugar em um ambiente melhor para os futuros funcionários.

Minha vida

(Tâmara de Lima)

Eu nasci, no ano de 1996 na cidade de Campina Grande, na cidade linda, e lá foi

onde nasci e mim criei. Eram tempos bons e marcaram a minha vida. Minha infância

foi onde vivi minha história lugar onde, eu morava perto de um rio de águas azuis e

perto havia muitas larangeiras, cajueiros, goiabeira, bananeira,e muitos outros,

marcavam uma casinha simples e humilde com uma rede no terraço. A duas pamelas

telhadas aveludado. Minha casa terá amarelo e branco e ficava peto da floresta, ao som

dos pássavos a assobiar.

Certo dia eu fui à cidade com minha avó para conhecer o shaapem e passear mas

acabei mim perdendo na volta para casa da minha avó para conhecer ó minha encontrei

uma senhora que conhecia ela dai mim levou pra casa bom tudo foi resolvido graças à

Deus todo mundo ficou feliz.

Comunidade do Grilo

(Thiago Crystian)

Recordo-me quando eu morava na comunidade Grilo, nos éramos muito unidos

como uma grande família a gente cuidava um dos outros com humildade e respeito.

Morávamos em uma serra, o terreno era muito ruim, alejado sofrido para a plantação

pois o solo não vingava.

Page 3: Memórias literárias

Lembro-me quando ia na escola, os bons momentos que vivi na minha

comunidade onde nasci e cresci. Recordo-me que no recreio brincávamos: ciranda,

pular corda, jogar bola, pega pega entre muitas outras coisas, brincava muito muito com

meus amigos bons momentos da minha infância e adolescência.

Recordo-me a dificuldade do caminhão pipa ao subir a serra, tinha seus porém

pois a dificuldade era conseguir adquirir cisternas para o abastecimento de água.

O tempo muda se eu fosse contar as diferenças de hoje pra antigamente pessia

muito pois as brincadeiras de antigamente eram muito diferentes a linguagem as

músicas e etc.

Meu Amor ao Treze

(Cristian Nogueira)

Em 1968 não era muito comum mulheres gostarem de futebol , mas eu não

perdia nem um jogo na rádio Tupi. Meus dias eram até comuns, como dias de qualquer

mulher. Eu me levantava às 5 horas da manhã para fazer o café e comprar pão na

padaria da esquina, lá eu saudava minha amiga Maria e voltava as pressas para varrer

minha calçada, pois a conversa com dona Maria as vezes se estendia muito. As onze

horas eu preparava o almoço, era feijão com arroz e carne de charque, logo depois eu

lava os pratos apressadamente para não perder a narração do jogo, meu marido até

gostava desse meu jeito.

Liguei o rádio e sintonizei na estação do jogo, João Teodoro era o narrador da

partida , Roberto Guamam era o árbitro que mais roubava. Treze e Campinense já

estavam em campo, depois de muita luta o jogo terminou e meu treze ganhou por 3X2.

O jogo foi pegado, ouve muitas raças das duas equipes, foi um espetáculo de

futebol, logo no começo o treze levou um gol de falta do Rodrigo, mas aí depois o Treze

se acordou e fez um gol de escanteio com Marcelo, daí o jogo foi muito emocionate,

houve outro gol do Campinense no final do 1º tempo. No 2º tempo as duas equipes

vinheram mais concentradas , o empate do galo só aconteceu aos 20 minutos. O jogo

Page 4: Memórias literárias

ficou bem melhor, mas numa bobeira da raposa, o galo virou com uma pancada aos 46

minutos.

Eu também era fã de Garrincha , se o mais fanáticos dos trezeanos, fosse ao

calçadão da Cardoso Vieira de Campina Grande e dissesse que dali a 6 anos, a maior

estrela do Brasil da copa de 1962, Garrincha, estaria vestindo a camisa número 7 do

galo, seria motivo de gozação, mas isso aconteceu. Em 1968 quem vestia a camisa

número 7 do treze era o Garrincha, já dando sinais de decadência física, atacado pelo

álcool.

Ainda hoje eu gosto de futebol, assisto pela TV e escuto pelo rádio, ainda minha

paixão pelo futebol é muito grande.

Minha comunidade, minha vida

(José Henrique Silva)

Lembro-me da dificuldade do meu passado na minha comunidade Grilo. Eu

passava fome, ía atráz da melhoria para aquele lugar.

Tudo era muito difícil naquele lugar. Para conseguir ir ao hospital , porque não

tinha estrada, tiamos levar as pessoas em uma rede. Um dia eu fui atraz das autoridades

para fazer uma estrada para passar carros.

Viajei as 4 horas da manhã para Brasília , com o objetivo de conhecer a

presidente Dilma, pedir ajuda para melhorar a comunidade Grilo.

Hoje me sinto muito feliz e agradeço muito a ajuda dela, pois ela deixou as

estradas e melhorias nos hospitais.

Lembranças

Page 5: Memórias literárias

( Alberto Leal)

A comunidade do grilo lembro-me quando eu era criança e ia a escola, quando

encontrava na frente do colégio e o pessoal do Riachão. Eles começavam a nós tratar

mal com preconceito, pois a gente era da comunidade do grilo e por nossa cor ser negra.

Na comunidade do grilo nós sofríamos com a falta de água porque os pipeiros

de Serra Talhada, não podiam levar água para nossa comunidade, pois não tínhamos

uma estrada para subir o caminhão.

A comunidade pouco a pouco foi melhorando em sua infraestrutura com um

bom recurso das pessoas que lá moravam conseguimos melhorar a comunidade.

Nós como muito esforço conseguimos um pouco de recurso do governo como

sementes de milho e feijão e nos reunimos para fazer com que todos participassem da

plantação e também do cultivo em nossa comunidade dessa forma conseguimos nos

manter e sobreviver nos dias atuais.

Início mal, meio bom e final maravilhosos

(Edson Carlos)

Lembro-me como se fosse hoje, chegando nestas terras maravilhosas. Fugindo

do perigo que me rondava, andei para conhecer onde meus pés pisavam, foi ali que

encontrei um buraco e neste buraco havia muitos grilos cantando, ao ver pensei quem

sabe construir uma comunidade em homenagem a esses grilos, a partir desse momento

comecei a trabalhar nestas terras, faltando materiais, fui em busca de pessoas que

tivessem me ajudar, quando consegui a ajuda, comecei a construir as casas, onde meu

povo e familiares pudessem morar.

Numa ladeira onde só existia mato, consegui expandi-la com ajuda da minha

comunidade, e nessas ladeiras construímos um calçamento, onde carros e motos

pudessem finalmente passar sem problema.

Page 6: Memórias literárias

Um ano depois consegui trazer minha família para comunidade. Não paramos de

trabalhar nas construções pois os materiais não era suficientes para terminar o muito das

coisas que faltava como cimento, tijolos, areia e telhas, materiais que considero o mais

importante nas construções das casas.

Nossa comunidade Grilo recebe pessoas novas a cada dia que passa, sendo muito

agradecido os recebo de mãos abertos.

Quando eu era criança

(Tamires Virgínio dos Santos)

Lembro-me de quando eu era criança e não tinha uma boa condição de vida.

Passei por muitas dificuldades, trabalhei bastante, para ter uma condição de vida melhor

e ajudar minha família.

Passei por muitas coisas para conseguir algo, pedi muito a Deus para me ajuda,

fui denunciada por conta que trabalhava vendendo dim dim e tapioca e nada foi muito

fácil para mim. Tive que morar em outra cidade, na casa do meu avô e tive que trabalhar

duro no roçado.

Andava bastante para chegar a escola, pois não tinha ônibus no lugar onde eu

morava e também não tinha assistência médica, tudo era muito difícil. Tinha que

carregar água para casa. Depois de um tempo tive que voltar para Campina Grande e

comecei a trabalhar novamente.

A minha vida melhorou mais um pouco, mas fiquei triste pois o trabalho

atrapalha bastante os meus estudos.

Memórias- Natural de Quilombolas

(Kathlyn Fernanda Santos Gomes)

Page 7: Memórias literárias

Era uma manhã insolada, estava em minha casa fazendo minhas panelas de barro

quando fui surpreendida por uma visita, um vizinho e amigo da comunidade onde vivo

me chamou e relatou que lá fora estavam muitos alunos que queriam conhecer a minha

história, e com isso fizeram recordar a melhor época da minha vida.

Meus avós vieram fugidos , quilombolas, eles sofreram e conseguiram encontrar

este lugar onde vivem muitos familiares descendentes dos quilombos, eu muito criança

na época, cresci e sempre vivi aqui, não presenciei o que os meus avós passaram mas sei

de todo trajeto feito para que eles conseguissem encontrar seu refúgio, hoje chamado

Riachão.

Na minha infância, nós brincávamos bastante, sempre fazíamos as cirandas que

são tradicionais e acontecem até hoje, a gente brincava na rua e não havia preocupações,

foi tudo muito bom.

E essa visita me fez lembrar de como foi bom, lembrar de como tudo começou

muito difícil, mas conseguimos construir o lugar onde nós moramos hoje, um lugar de

paisagens sem igual , agora só me recordo e agradeço a Deus por me fazer presente,

cirandeira, desde criança e quilombola nas veias, sinto muito amor por este lugar e aqui

é onde quero viver.

Meu quilombo, minha história

( Luíza Fernanda)

Não quero esquecer daquela sexta-feira ensolarada, daquele meu cantinho

ventilado, a espera de uma visita, avistei lá do meu terreiro bem varrido os pássaros a

cantar, um belo cenário verde onde os galhos balançavam minha vista, e quando abri

bem a vista vi aquele povo bonito e alegre vindo em minha direção, juntos festejando a

chegada na comunidade.

Ah! Quanta alegria entrava dentro de mim naquele momento, levantei-me para

recebe-los, acariciando todos com abraços apertados, ali não demonstraria tamanha

alegria que havia dentro de mim, e na mente, as confusas lembranças que eu poderia

Page 8: Memórias literárias

escolher para conta-los, como eram jovens, lembrei daquele velho amor meu, que não

tive a permissão de ter aqui comigo.

Aquele amor, velho e grande amor de jovem, um negro, também quilombo, que

tanto me arrancou os melhore sorrisos e lágrimas, ao lembrar das dificuldades passadas

por nós, meus olhos ainda lacrimejam, vem as lembranças da minha história de amor

não sucedida, onde ele, arrastado para longe de mim, me deixou sem esperanças.

Hoje vivo com o que herdei da minha mãe, aquele velho aprendizado que ela

ensinou, sou artesão, faço panelas de barro, cirandeira, uma das mais velhas

quilombolas, e com muito orgulho, nasci e me criei aqui, apagando jamais as boas

lembranças que tenho dentro de mim.

Tempo de Criança

(Matheus Felipe)

Me recordo dos meus tempos de menina dos povos da comunidade que ali

povoaram o grilo eram escravos que vinham fugidos de fazendas era muita gente

castigada e sofrida mas as pessoas eram todas generosas, humildes e carinhosas. Minha

avó me contava antigamente que a comunidade recebeu esse nome por conta do local

que onde se pegava água pois lá havia uma grande quantidade de grilo.

Quando criança eu gostava de brincar com meus primos de toca-toca, barra

bandeira e de baleada quando chegava a noite era a melhor parte, meu pai e a ao nosso

quarto e contava histórias de terror, comadre flozinha , mula sem cabeça entre outros.

Meu sonho era ser professora para ajudar as crianças da comunidade a ser alguém na

vida e ajudar os seus familiares por muitas vezes brinquei de escolinha de baixo de um

pé de manga com meus irmão e primos, cada um com um sonho em mente. Lembro-me

que meu irmão queria ser policial, meus primos alcançaram seus objetivos.

Page 9: Memórias literárias

Hoje sou a representante da comunidade e os meus primos, assim como todos

aqueles que brincaram comigo conseguiram alcançar metas com muito esforço e

dedicação, conseguimos chegar onde sonhamos.

Comunidade Grilo

(João Vitor)

Lembro-me das dificuldades que passamos antigamente na comunidade. Eu

tinha dificuldades para ir ao hospital porque não havia um caminho. Tínhamos que levar

os mais doentes em redes com duas pessoas segurava em cada lado.

Eu tinha que quebrar com picareto das pedras porque não tinha dinheiro

suficiente e o dinheiro que eu tinha gastei em uma máquina para tirar as pedras e com

isto fazer um caminho para poder passar carro e motos.

Também lembro que a gente da comunidade fomos bastante discriminados por

sermos negros. Pois aqui na nossa comunidade não existe moreno ou neguinho é negro

e pronto.

Antigamente a comunidade era muito pequena mas fomos nos ajudando como

uma família, todos nós ajutando o que tinha e construímos uma linda igreja, com o

passar do tempo uma escola também para as crianças.

E tivemos que comprar 20 sacos de cimento para fazer a estrada, que com a

chuva quase tudo foi embora.

Hoje conheço a presidente Dilma Ruceff que com ajuda dela resultou nos

beneficil da comunidade , que hoje está evoluindo aos poucos. Conheci ela com muito

esforço, com ajuda dos governadores passei por muitas dificuldades até falar com ela,

perdi muitas noites de sono e fome mas graças a Deus consegui. A comunidade me deu

muita força.

Com nossos esforços já temos até transporte escolar. Eu amo a comunidade

Grilo, não vou deixa-la por nada.

Page 10: Memórias literárias

Minha História de Vida

(Simone)

Recordo-me bem da minha infância das brincadeiras que eu mais gostava. Eu

brincava de boneca de pano, pular corda e jogar bola, principalmente quando minha

mãe nos chamava dizendo para entrarmos porque tinha feito um bolo que teria acabado

de sair do forno, logo minha mãe me convencia que estava na hora da brincadeira

acabar.

Às vezes quando nós fugíamos para ter um certo tipo de liberdade, mas já me

preparava para as chineladas que iria levar, pois ela me orientava que o mais importante

era estudar. – Você tem que ser alguém na vida! Dizia minha linda mãe.

Eu ficava chateada com ela por que não entendia que ela só queria o meu bem.

Por muitas vezes meu pai tomava suas dores e logo vinha com o cinturão na mão, e

quando me batia, ah, aquilo me revoltava, deixava-me muito furiosa. Mas tudo na vida

passa, era o que dizia minha mãe que falava pra eu obedecê-la se não eu apanhava do

meu pai.

Vejo que tudo mudou, as crianças não tem a infância que eu tive, as brincadeiras

não são mais tão saudáveis como aquelas de antigamente. Vejo muitos adolescentes

engravidando cedo, agora entendo o que o meu pai e minha mãe queria: era realmente o

meu bem. Hoje agradeço a eles por tudo, pois agora que sou é realmente o que eu mais

queria ser.

Passado Recordado

(Matheus Luiz Ramos)

Me recordo bem o primeiro dia que descobri a importância de ser uma moradora

do quilombo, foi onde consegui dar meus primeiros passos, pronunciar as primeiras

Page 11: Memórias literárias

falas, me apaixonar pelos primeiros amores e foi lá também onde cometi as primeiras e

inesquecíveis loucuras da minha vida. Eu não saiu do quilombo por nada, apesar de já

ter sofrido preconceito de morar aqui, por ter a cor mais escura, mas não saiu do

quilombo nunca, herdei a paixão pelo quilombo do meu avô que gostava muito de falar

sobre o que ele aprendeu ao logo da vida. Um certo dia ele me falou que o quilombo é

paz e sossego na vida dele.

Meu avô tinha o corpo marcado por feridas de sofrimento, mas me disse que

aqui estava as melhores memórias e que eu deveria lutar para esse lugar continuasse

sendo um lugar de paz. Graças a ele hoje tenho uma origem e tenho do que falar para os

membros da comunidade em frente de casa.

A falta d´água na comunidade Grilo

(Mikaela dos Santos Silvino)

Na comunidade Grilo sofríamos com a falta D´água , principalmente nos

hospitais que ficaram sem funcionar por causa da situação com crianças, adultos e

idosos doentes.

Tíamos que ir para outras cidades onde tinham hospitais funcionando, pois onde

moro os hospitais não tinha condições de atender os pacientes, pois a falta d´agua era

muito grande.

Se tivéssemos a ajuda do governo, a nossa situação até que seria diferente a crise

na nossa cidade melhoraria , nós não iriamos sofrer tanto a falta d´a gua, pois se o

governo criasse armazenamentos de água não sofreríamos com a seca.

Sofriamos muito com a escassez tínhamos que fazer as tarefas de casa com

baldes d´agua. Mas hoje a nossa situação tem mudado muito , pois o governo nos

ajudou, os hospitais agora , estão atendendo e muito melhor, o governo construiu

cistenas colocaram caixas d´aguas em hospitais e hoje a nossa situação melhorou e

agora estamos vivendo melhor.

Page 12: Memórias literárias

Pibid

(Regina Renally Farias de Souza)

Quando em recordo dos tempos passados quando não tínhamos escolas

para educar nossas crianças e adultos, percebi que muitas vezes o governo tinha nos

esquecido por causa do tamanho da nossa comunidade. Não tínhamos ajuda de quem

tanto falava na educação e que prometia e iria mudar a nossa situação, mas nada

acontecia e tudo não passava de mentiras.

A comunidade precisava de pessoas que estivesse disposta a nos ajudar

para poder mudar a nossa situação. Precisávamos dos políticos para ver se a nossa

situação teria um final feliz, e que os nossos habitantes tivessem educação de qualidade.

Só pedíamos que nos ajudassem a mudar nossa comunidade; apesar de estar melhor

nossa situação ainda precisamos de apoio não dele, mas de todos os interessados em

ajudar a nossa comunidade.

A busca pela identidade local

(Myrley Guedes de Oliveira)

Olhei para o céu e vi as estrelas brilharem diante da escuridão serena, olhei para

os lados e percebi que não enxergava nada, acendi a lanterna e caminhei...

Depois de um bom tempo de caminhada, escutei um som de grilos, percebi que o

barulho vinha do poço. Olhei e vi muitos grilos, o que é comum por onde eu vivo.

Certo dia, estava pensando em um nome para a comunidade e achei que Grilo

seria um bom nome, pois o número desses insetos é grande.

Hoje sei onde nasci, onde cresci e onde vivo. Foi num paraíso chamado Grilo.

Bato no peito e assumo com orgulho pois minhas raízes eu não nego.

Aqui era de difícil acesso, era impossível passar carro. Pois era só uma estrada

tínhamos que passar com as mãos apoiadas nas rochas. Por causa disso, a comunidade

era esquecida por todos, nem escola, nem igreja, nem nada.

Page 13: Memórias literárias

A estrada que antes era escura, agora ficou clara. Agora, não precisarei caminhar

mil léguas para chegar até meu destino, pois agora passam carros. Crianças acordam

cedo para ir a escola e as famílias vão para à missa. A comunidade que nem sequer tinha

nome, hoje tem o de mais valor: o conhecimento, temos acessibilidade e o carinho dos

nossos visitantes, admiradores de nossa história. Pois tudo isso é resultado do suor

derramado pelos quilombolas.

Minha luta

(Ewerllen Pereira da Silva)

Nasci na comunidade Grilo: lugar de refúgio de muitos negros que fugiam da

escravidão. Lugar de sofrimento, não tinha água e nem luz, e a distância da cidade era

enorme. Tudo era longe. Ir á escola? Nossa!! Era uma viagem de duas horas, eu e meus

irmãos chegávamos com sede e muito cansados.

Lembro-me de quando surgiram oportunidades de sair da comunidade,

oportunidades boas e incríveis, que iriam mudar minha vida, oportunidades de emprego

e de moradia em cidades grandes. Mas me recordei que tinha prometido a minha mãe

que não sairia daquele lugar, que iria viver ali e criar meus filhos dentro da comunidade.

Então rejeitei tudo e todas as propostas feita que haviam surgido. Porém me veio

a ideia de mudar minha comunidade e a vida das pessoas que ali viviam. Comecei correr

atrás de tudo, da documentação para legalizar o quilombo e de benefícios para ajudar

todos.

A luta foi grande, pois o preconceito com uma mulher e ainda por cima negra

era muito grande, mas não desiste, lutei até conseguir tudo. Consegui construir uma

escola, uma capela e a associação da comunidade Grilo e continuei lutando ao de meus

filhos, meu marido e amigos deram forças.

E hoje continuo a lutar, não só pela minha família mais pelas pessoas que

acreditam em mim e na minha força de vontade de fazer aquele lugar crescer a cada dia

que passa.

Page 14: Memórias literárias

SEM TÍTULO

(João Diego Castro)

Recordo-me que vivi a infância intensamente junto aos meus irmãos Carlos e

Joaquim. Naquele tempo não tinha, celulares, computadores e etc. A gente brincava na

rua de esconde-esconde, jogávamos e brincávamos de várias outras coisas.

Um dia em uma dessas brincadeiras, não me recordo qual era, meu irmão Carlos,

que era mais alto e mais forte que eu, caiu por cima de mim e me deixou desacordado.

Se fosse hoje em dia eu teria um acompanhamento médico ou algo do tipo, mas naquela

época não tínhamos acesso a saúde. Fui obrigado a me recuperar usando remédios

caseiros que minha mãe fazia. Meu pai como era muito ignorante falava que aquilo era

manha da minha parte e eu estava bem. Na verdade, o ocorrido me ocasionou várias

sequelas, que se fossem nos tempos de hoje não estaria. Naquele tempo os mais velhos

dessas pessoas era a minha avó. Lembro que ela fez uma promessa para eu andar de

uma cidade a outra descalço. Ela fez um pedido a todos os santos de sua religião, que

era católica, para que eu ficasse melhor. Nos dias de hoje as pessoas não tem a mesma

fé que antes, estão pensando mais em coisas mundanas, como festas, curtição e etc, e

estão esquecendo do mais importante, a fé. Á sua fé pode mover montanhas, se não

fosse a fé talvez eu não estivesse aqui.

Minha querida comunidade

(Tainá Natielly de Oliveira Batista)

Recordo da minha maravilhosa infância, onde brincava de pega-pega no alto da

serra, esconde-esconde e amarelinha. Minha mãe sempre preparava chás feitos de

urtigas e ervas, pois o hospital se encontrava bem distante e ela era a minha enfermeira.

No lanche da escola me lembro que levávamos sempre bolacha e água, porque o

caminho era bem longe.

Page 15: Memórias literárias

Na comunidade sempre tive vários amigos e foi com eles que passei os melhores

momentos, pois sempre nos divertíamos bastante e inventávamos várias brincadeiras.

Meus pais me passaram todos os valores possíveis e com eles aprendi bastante; valores

estes que iam dos costumes da nossa cultura, até a nós aceitarmos do jeito que somos,

pois o preconceito das pessoas sempre existiu e temos que erguer nossa cabeça para

lutar.

Muitas vezes nos deparamos com preconceito por sermos negros. Naquela época

não entendia bem o que era discriminação, mas sempre via minha mãe falando com

lágrimas nos olhos que precisávamos ser fortes para lidar com esse fato.

Nos dias atuais muita coisa mudou: a igrejinha que antes estava muito velha foi

reformada, uma nova escola construída, crianças cresceram, pessoas envelheceram,

havia antes poucas casas e eram bem distantes uma da outra, casas foram construídas.

Mas quando subo nas pedras que ficam no alto da serra onde temos uma bela vista da

comunidade; fecho meus olhos e sinto o vento bater levemente em meus cabelos me

vejo novamente como uma criança, penso nas mulheres fazendo panela de barro, os

meninos jogando futebol e as meninas brincando de boneca de pano, senhores jogando

dominó e ouço os meus amigos me chamando mais uma vez para brincar de amarelinha.

Garota sonhadora que rir e sonha!!!

(Genilda Cryslaine Lima Laureano)

Olhando pela janela do meu quarto lembro-me com muita saudades de minha

infância. A cada lugarzinho desse uma lembrança, uma história para contar. Recordo-

me quando eu e uns amigos brincávamos de pique-esconde, nunca brigamos, sempre

unidos, como uma família.

Minha comunidade, um lugar simples e pequeno, que para muitas pessoas é

insignificante, mas para mim é tão valioso quanto um diamante lapidado.

Tenho uma vida escolar diferente dos outros jovens, escola com o ensino médio

aqui não tem, então por isso tenho que estudar em outro lugar um pouco distante.

Page 16: Memórias literárias

Muitas vezes já pensei em desistir de estudar e de fazer faculdade, pelo fato de ser longe

e de ter que ficar longe dos meus familiares. Sempre que vou a outro lugar fora da

comunidade sinto saudade do meu povo. É muito difícil, o ônibus não chega até aqui na

comunidade, por isto tenho que andar duas horas de casa até a escola.

Os colegas de classe me faziam acreditar que não iria conseguir o médio e nem

muito menos ser professora, pelo fato de morar longe, e por ser negra. Toda noite eu

chorava e pensava: Acho que eles estão certos não vou conseguir. Mas, um dia, parei

para pensar que eles todos estavam errado, e que não importa a distância ou a minha

cor, o importante é eu acreditar em mim, nos meus sonhos, ideias, sejam elas os mais

loucos e absurdos, e que a partir daquele momento passei a acreditar que o poder

realizador reside no interior de cada um de nós seres humanos.

Aprendi que não devo deixar alguém me dizer que meus planos não vão dar

certo, e que a única pessoa que devo confiar é em mim mesma, pois quem acredita

sempre alcança.

Tempos passaram e muitas coisas mudaram. Hoje cedo me olhei no espelho e já

não vi mais aquela criança, com um cabelo de tranças que só pensava em brincar e que

não queria estudar. Vi uma garota crescida, com um brilho lindo no olhar, que aos seus

estudos deve se dedicar, para um futuro brilhante alcançar.

Quinze anos agora tenho, uma garota sonhadora sou eu, meu objetivo é concluir

o ensino médio e a faculdade fazer, e professora quero ser.

Minhas recordações de infância

(Layanne Mirela Albuquerque de Souza)

Eu me recordo da minha infância como se fosse ontem, lembro-me dos tempos

em que eu brincava com meus amigos sempre num mesmo local, um terreno baldio

onde só existia mato. Era um esquisito muito grande.

Minha mãe sempre naquela bela cadeira de balanço, fazendo seus pontos de cruz

e meu pai, lendo sempre seus jornais, a acompanhava numa bela cadeira de balanço.

Page 17: Memórias literárias

Certo dia, sentada e conversando com meus pais, perguntei ao meu pai que lia

seu velho jornal: - Qual foi a história ou criação mais importante da cidade? E ele com

sua leveza, já tão velho e com tantas experiências de vida, uma pessoa de bom caráter

respondeu – com toda essa minha idade tanta coisa foi importante... me lembro quando

foi criado os tropeiros dessa cidade; eles foram muito importantes pois sua história

representou muito para Campina Grande, foi através do trabalho deles que ela cresceu e

desenvolveu.

Passado algum tempo aqueles dois velhinhos começaram a pensar em todas as

suas experiências de vida e como a cidade tinha mudado de uns tempos pra cá, a

quantidade de carros não é a mesma do tempo deles, as festas não são as mesmas,

porque a violência está por todos os lados. Mais ficou claro que as histórias antigas são

as que prevalecem e continuam sendo as mais contadas e importante para nossa cidade

e, ficarão guardados pra sempre em nossa memórias.

Histórias de criança

(Éfeson Alehandro B. Nóbrega)

Recordo-me de quando eu era criança, eu jogava bola, brincava de esconde-

esconde e toca-toca com meus amigos na rua, sem ter medo de nada. Ficava alegre de

quando passava das 22:00 horas da noite e minha mãe não reclamava e deixava-me

brincar até mais tarde.

Lembro-me que uma dessas brincadeiras me machuquei, quebrei os dois braços

e uma perna, quando estava correndo e tropecei em uma pedra. Estava uma dor

insuportável até na hora que minha mãe chegou e levou-me para o hospital para que eu

me recuperasse com o passar do tempo... me recuperei e voltei com meus amigos, mas

depois do incidente o ocorrido, minha mãe me proibiu de brincar de algumas coisas.

Naquele tempo era muito bom ser proibido pela mãe de brincar de algo, porque era a

única coisa que tinha para fazer, mas mesmo assim eu era uma criança feliz.

Mas com o passar do tempo observo que algumas brincadeiras foram

esquecidas, as crianças não querem brincar mais, trocaram as brincadeiras pela

tecnologia como os jogos virtuais, e dizem que se sentem felizes com aquilo. As

Page 18: Memórias literárias

brincadeiras que realmente deixavam as crianças de antigamente felizes não são mais

lembradas, mas não sabem elas o que estão perdendo, então perdem a infância, a

liberdade de ser criança, a liberdade de ser criança, porque naquele tempo eu era muito

feliz.

Meus quinze anos

(Camila Henriques)

Hoje é sexta-feira, dia 21 de Novembro, tudo na minha vida está preparado e

arrumado para a festa da consciência negra, hoje tem ciranda brincadeiras de roda, com

todos da vila, unidos dançando e cantando.

Lembro-me dos meus 15 anos, eu corria com as meninas da vila, brincava com

minha irmã. Não só nos meus 15 anos de mocinha mas desde meus 9 anos eu aprendia a

fazer panela de barro.

Eu me sentia totalmente livre quando colocava as mão no barro, meu mundinho

de lama. Era bom demais sentir o barro ganhando forma nas minhas mãos.

Eu estava criando algo naquele momento, podia fazer e ser quem eu quisesse, eu

era só uma criança que criança inventava. Meus tempos de criança, meus tempos de

moça “ah, meus 15 anos”.

Mas hoje é dia de alegria, hoje tem ciranda, mesmo passando por tantas

dificuldades e por tanta alegria, hoje eu canto, danço e sorrio no meio de tanta

felicidade, a tristeza não tem vez.

Noite de setembro

(Yasmim Pimentel Rodrigues)

Page 19: Memórias literárias

Era noite de setembro e eu estava na janela. Estava frio, o vento soprava leve. Da

janela da sala eu conseguia ver a rua, que estava deserta, sem um sinal de movimento,

além do farfalhar das folhas.

Eu estava entediada, sem ter o que fazer, decidi apenas debruçar-me na janela,

afinal, eu não tinha muitas oportunidades de fazer isso, pois trabalhava o dia inteiro e a

noite cuidava de casa. Comecei a olhar o céu, era lindo, cheio de estrelas. As estrelas...

Olhei para o horizonte e avistei um pequeno ponto de luz, mas não era um ponto

de luz qualquer, estava se mexendo. Quanto mais eu olhava, maior ficava e eu comecei

a me assustar, porém, apesar de me assustar, também me encantava. De repente, ela

brilhou tão forte que tive que fechar os olhos, e depois, simplesmente apagou.

Aquela foi a coisa mais linda que eu havia visto em toda a minha vida. Com

certeza passaria na TV no dia seguinte, e eu poderia descobrir o que era. Estrela ou não,

jamais esquecerei desta experiência, daquela simples noite de setembro em Campina

Grande.

A resistência e bravura dos quilombolas

(Vitória da Silva Correia)

Recordo-me dos anos passados na comunidade Grilo, onde os escravos refugiados

como eu se abrigavam. Nós trabalhávamos para que a nossa comunidade resistisse às

opressões dos senhores. Diariamente, várias pessoas assim como eu chegavam pedindo

abrigo; notávamos o medo nos olhos de pupilas negras e lacrimejadas.

Certo dia, acordei com batidas na porta de palha. Levante assustada, olhei e me

deparei com um homem bastante desesperado, com fome, sede, e precisando deum

abrigo. O acolhi e dei um parto de comida. Perguntei o seu nome, ele tremia, não

conseguia falar direito, deixei quieto. Ele adormeceu na esteira. No outro dia perguntei

novamente como ele se chamava e de onde tinha vindo, então ele contou sua história,

que era bastante parecida com a minha, e de tantos outros na comunidade. Ele contou

Page 20: Memórias literárias

que sofreu muito nas mãos dos seus senhores, levou incontáveis chicotadas e agora

tinha a esperança de mudar de vida e encontrar paz.

À procura de um lar

(Thaylane Isabella Martins Santos)

Recordo-me de minha jornada. Estava à procura de um lar para minha gente

sofrida, que carregava um passado de muita dor.

Passei por muitas cidades, mas sentia que ali não era meu lugar., mas não cansei

de procurar , pois a vontade do meu povo ter um lar era maior que o cansaço que

habitava me meu corpo.

Por um instante percebi que já estava a léguas de distância de onde saí, porém me

sentia próximo do meu destino final.

Quando decidi parar para descansar percebi que tudo aquilo que estava ao meu

redor era nosso lar, percebi que um lar não se faz de um determinado local e sim com

pessoas que amamos, percebi que meu lar era meu povo, que sofreu assim como eu e

agora queria descansar.

Chegando à comunidade fui acolhido por um casal de idosos que morava em uma

casinha muito humilde, eles me trataram muito bem e perguntaram por que eu estava

ali, contei minha história e eles decidiram ajudar a mim e a meu povo.

No início, foi bem difícil nos estruturar, pelas más condições da comunidade,

assim como as estradas era de difícil acesso, também não tínhamos educação escolar.

Hoje apoio-me na minha janela e vejo como tudo mudou, percebo que todo

esforço valeu a pena, vejo também as criancinhas frequentando a escola e os idosos

caminhando pelas estradas, coisa que antes não conseguiam. Hoje tenho orgulho de ter

lutado pelo meu povo.

Page 21: Memórias literárias

Minha melhor lembrança

(Juliana Freire Lima)

Recordo-me perfeitamente do dia em que cheguei em Campina Grande. Éramos

eu, papai, que era carpinteiro, mamãe era costureira e meus quatro irmãos.

Valdo e Neide eram os mais velhos, Antônio e Maria, os filhos caçulas, e eu a

filha do meio. Morávamos em Pernambuco e nos mudamos para Campina no auge dos

meus 18 anos.

Para mim, falar de Campina me remete muitas coisas boias, lembranças do tempo

em que tudo era simples e verdadeiro, as amizades, os amores, as pessoas. Antigamente,

acordávamos cedo e íamos à feira central, íamos no centro da cidade, no parque do povo

para festejar, como hoje, mas íamos sem nos preocupar com a falta de segurança. Em

Campina, antigamente, era tudo mais pacato, pois o respeito era o que sempre

prevalecia.

Mas a melhor lembrança que tenho de Campina foi o grande amor da minha vida,

ele era um moreno alto, simples, mas de boa índole. Nos apaixonamos, nos casamos e

juramos nos amar eternamente, até mesmo se a morte nos separasse, e nos separou, mas

esse eterno amor resultou na maior preciosidade de nossas vidas, a nossa família.

Infância e cotidiano na comunidade Grilo

(Fernanda Silva Sousa A. da Silva)

Lembro-me sempre da infância que vivi em minha comunidade. Com brincadeiras

de pique esconde e queimado nos divertíamos, era um tempo bastante divertido e

encantador. Eu amava bastante a comunidade e o meu povo.

Page 22: Memórias literárias

Antes era muito difícil ter acesso ao quilombo, pois as estradas eram de barro

vermelho, pedras nos caminhos machucavam nossos pés. Um dia eu estava caminhando

até a cidade em busca de remédio, quando tropecei com meu filho no colo e caímos no

chão. Nos ferimos na cabeça, não consegui livrar o João da queda. Por dificuldades

como a que passei, foi preciso que todos do quilombo se reunissem para arrecadar

dinheiro e construir algumas partes das estradas. Quando viajávamos para outros

lugares, ficávamos com o coração apertado para voltar ao nosso lugar. Éramos pessoas

guerreiras e não desistíamos facilmente de lutar. Sempre buscávamos realizar nossos

objetivos.

Hoje continuo sendo feliz, meu coração é impregnado nesta comunidade, que está

com as estradas melhoradas graças à nossa luta. Fico muito contente em ver várias

pessoas de diversas cidades em minha comunidade Grilo. Hoje tenho 28 anos, faço

ensino médio e pretendo cursar faculdade, é um dos meus sonhos.

Quero dar um aconchego melhor para a minha família. Não vou esquecer todos os

valores que a comunidade me ensinou.

História da convivência de Seu Marcos

(Harrison Silva Barros)

Bem, vou contar um pouco da minha história na cidade de Campina Grande, onde

nasci. Comecei com 7 anos de idade a trabalhar na roça junto com meu avô e meu pai.

Enquanto eles cuidavam das plantações, fruteiras, eu cortava pastos para dar ao gado, e

assim fui crescendo, fazendo sempre essa mesma atividade até os meus 198 anos de

idade.

Já de maior, meu pai Antônia me disse: - Meu filho, vá até a feira e fale com D.

Rosinha para ela dar uma oportunidade de trabalho a você. Aceite qualquer coisa que

estiver disponível por lá, pois seu pai já está velho e não vai aguentar muito tempo

fazendo a mesma coisa. Irei contratar novos empregados para cuidar de nosso gado e

também da nossa plantação.

Page 23: Memórias literárias

Chegando lá consegui. Numa sorte danada, D. Rosinha estava realmente

esperando uma pessoa chegar e perguntar se havia algum trabalho a ser que lhe

interessasse. Parei para conversar com ela sobre como ia ser meu trabalho toda semana,

discutimos também a respeito do meu salário, que por mês seria 500 contos de réis.

Logo no dia seguinte ia começar, chegando em casa disse ao meu pai: - meu velho,

amanhã já irei começar meu novo trabalho, pois chegando lá tinha um disponível;

conversei tudo com ela de como será, e na semana seguinte, cedinho começarei.

Passei 10 anos separando as frutas, de seção em seção, e também vendendo-as. Lá

dentro passei por experiências incríveis, e a cada vez sentia o desejo de aprender mais e

mais, foras as brincadeiras que D. Rosinha fazia comigo; eu não aguentava e logo caía

na gargalhada. Ela sempre me dava bom dia, perguntava se eu estava bem, e também se

estava precisando de alguma coisa. Esse trabalho foi maravilhoso, por isso jamais quis

esquecê-lo.

Com já 30 anos de idade, me aposentei, comprei uma casa, uma moto e um

cãozinho, que por um longo tempo convivi com ele. Com 45 anos casei; conheci uma

mulher linda, e hoje já estamos com 80 anos de idade, vivendo uma vida bela, e cheia de

experiências e histórias para contar.

Minha infância

(Alexandra Cristina Pereira Batista)

Eu lembro da minha infância como se fosse hoje, uma infância boa, sem maldade,

posso dizer que foi a melhor fase da minha vida, mas passou tão rápido e não volta

mais.

Eu tinha 6 anos, tinha os cabelos loiros e longos, uma criança que gostava de

estudar, de brincar com meus queridos amigos que se chamavam Maria, Ana, Luis,

Thayse e Fernando. Todos eles moravam na mesma rua que eu.

Page 24: Memórias literárias

Ah, que saudades dos bons e velhos tempos. Lembro-me de todos os meus amigos

de sala de aula. Quando chegava a noite nos reuníamos na rua estreita e escura para

brincarmos, até nossos pais nos chamarem para entrar para dormir.

Quando nós entrávamos em casa, suados e sujos de tanto correr e pular, nós íamos

tomar banho para jantar e colocávamos para dormir nas redes velhas coloridas. Que

pena que o tempo passou e não voltou. Um dia temos que amadurecer e aprender a nos

manter longe do colo das nossas mães, nós temos que voar com nossas próprias asas.

A infância de antigamente era sadia. Nós saíamos para a rua para brincar de várias

brincadeiras, como esconde-esconde, pula-corda, polícia e ladrão, baleada, queimado e

entre outras. Já hoje em dia as crianças não fazem nada disso, agora elas só querem

saber das modernidades, como celular, computador, tablets e outras mais. A diferença

entre hoje e naquele tempo é muito grande. Hoje em dia não podemos mais sair nas ruas

com tranquilidade por causa da violência que frequentemente acontece. Naquele tempo

havia tranquilidade e coisas sadias, que não preocupavam tanto os nossos pais. Os

tempos mudaram muito.

Hoje, com a violência, os pais têm medo de acontecer alguma coisa com os seus

filhos nas ruas ou em qualquer lugar, por isso o medo de deixarem brincar lá fora, de

liberar tais coisas. Na verdade, são coisas que antes não aconteciam, e se aconteciam,

não era frequente. Antes não precisava de tantos cuidados como nos dias de hoje.