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MEMÓRIA, JUVENTUDE E IDENTIDADE: A FOTOGRAFIA COMO FORMA DE (RE) CONHECIMENTO COMUNITÁRIO Luciane Raupp. Programa de pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais – Unilasalle. Email: [email protected] Resumo: Este trabalho apresenta resultados preliminares de uma investigação de cunho etnográfico que implementou uma Oficina de Fotografias voltada a jovens moradores de um Território de Paz na cidade de Canoas-RS como dispositivo de acesso as suas representações sobre cotidiano, identificações e projetos, compreendendo a fotografia como uma forma de acesso a memórias e um meio para construir um olhar crítico. Fotos resultantes da oficina são apresentadas ao longo do trabalho. Palavras-chave: juventude; identidade; memória social. Abstract: This paper presents preliminary results of an ethnographic research that implemented a Photography Workshop for young residents of a Territory of Peace in the city of Canoas-RS as a way of access to their representations of everyday life, identifications and projects, including photography as a way to access their memories and to build a critical understanding. Photos resulting from the workshop are presented throughout the work. Key-words: youth; identity; social memory.

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MEMÓRIA, JUVENTUDE E IDENTIDADE: A FOTOGRAFIA COMO FORMA DE (RE) CONHECIMENTO COMUNITÁRIO

Luciane Raupp. Programa de pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais – Unilasalle.

Email: [email protected]

Resumo: Este trabalho apresenta resultados preliminares de uma investigação de cunho etnográfico que implementou uma Oficina de Fotografias voltada a jovens moradores de um Território de Paz na cidade de Canoas-RS como dispositivo de acesso as suas representações sobre cotidiano, identificações e projetos, compreendendo a fotografia como uma forma de acesso a memórias e um meio para construir um olhar crítico. Fotos resultantes da oficina são apresentadas ao longo do trabalho. Palavras-chave: juventude; identidade; memória social. Abstract: This paper presents preliminary results of an ethnographic research that implemented a Photography Workshop for young residents of a Territory of Peace in the city of Canoas-RS as a way of access to their representations of everyday life, identifications and projects, including photography as a way to access their memories and to build a critical understanding. Photos resulting from the workshop are presented throughout the work. Key-words: youth; identity; social memory.

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INTRODUÇÃO

Como se dão os processos de construção de identidades entre jovens

moradores de bairros periféricos, estigmatizados como violentos? Como seus

projetos de vida e visões de mundo se articulam com as instâncias de memória

social? Essas e outras questões guiaram o processo de construção de uma

pesquisa de cunho etnográfico (ainda em andamento) que tem como tema central a

busca de compreensão dos efeitos da implementação do projeto Território de Paz do

bairro Guajuviras situado em Canoas-RS sobre a memória social, os projetos de

vida e a construção de identidades de jovens residentes no bairro.

Como forma inicial de acesso a essas questões desenvolvemos em um dos

equipamentos sociais do Território de Paz, a Casa de Juventudes, uma ação

intitulada “Memória social, juventude e identidade: a fotografia como forma de (re)

conhecimento comunitário”, desenvolvida como uma Oficina de Fotografia oferecida

aos jovens. A ação foi elaborada como um dispositivo para facilitar o acesso a suas

representações sobre cotidiano, identificações e projetos, compreendendo a

fotografia como uma forma de acesso a estas memórias e como um meio para a

construção de um olhar crítico sobre suas vivências comunitárias.

Durante este trabalho fotos resultantes da Oficina de fotografias serão

expostas, todas de autoria dos jovens participantes.

Figura 1 - Jovens interagindo durante saída do grupo para fotografar.

Fonte: Acervo do autor.

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MEMÓRIA, JUVENTUDE E FOTOGRAFIA

Para pensar a relação entre memória, juventude e fotografia faz-se

necessário aludir ao conceito de Memória Coletiva, proposto por Halbwachs (1990),

referindo-se aos quadros sociais que a compõem. Para o autor, não existe memória

puramente individual, pois os sujeitos estão constantemente interagindo e sofrendo

a ação dos demais, através dos contextos e instituições com os quais interagem.

Pollak (1992) destaca que, apesar de os estudos sobre a memória parecerem

referir-se a processos individuais, a mesma deve ser compreendida como fenômeno

social, construído coletivamente e sujeito a variações.

Dessa forma, acontecimentos vividos pessoalmente ligam-se aos vividos

pelas coletividades, incluindo elementos que não foram vivenciados no mesmo

espaço-tempo, mas que marcaram um passado coletivo (POLLAK, 1992). Assim

nossas lembranças são coletivas e reforçadas pelos outros, mesmo se tratando de

acontecimentos nos quais estávamos sozinhos, dado que temos grupos sociais

internalizados, constituindo nossas subjetividades (HALBWACHS, 1990).

Considerando juventude uma categoria social complexa fundada em

representações sociais que atribuem sentidos ao pertencimento a uma faixa etária

(ULBRA, 2009), faz-se necessário reconhecer as diferenças que compões as

‘juventudes’, atravessadas por processos de socialização ligados a relações de

classe social, gênero, etnia, etc. Nesse sentido, as escolhas dos jovens e suas

expressões culturais se originam no campo da memória, instância que coaduna

passado e futuro, orientando valores, normas e experiências oriundas de contextos

familiares e sociais que se unem, conformando um sentido de identidade pessoal

(MARTINS, 2011). Segundo Martins (2011, p. 219): “Ao participar da memória, o

jovem entra em contato consigo mesmo, pois se re-conhece e se encontra com o

seu espaço social de referência, na sua individualidade”.

Sob a perspectiva da sociologia urbana das sociedades complexas, Velho

(2003) reflete sobre a construção de identidades na atualidade supondo uma

implicação mútua entre as instâncias herdadas de identidade (nação, linhagem,

família) e as que são construídas no contato dos jovens com diferentes meios e

influências sociais. Para o autor, a consciência e valorização de uma identidade,

baseada em uma memória que dá consistência à biografia, seria o que possibilita a

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formação de projetos de vida. Portanto, se a memória permite uma visão

retrospectiva da biografia, o projeto é a antecipação dessas trajetórias. Assim, na

constituição da identidade memória e projeto articulam-se ao dar significado a vidas

e ações, processo permeado pelas características de cada momento histórico.

Aludindo às especificidades da contemporaneidade Ratto (2014) enfatiza a

onipotência das imagens, formando uma cultura da imagem que desempenha um

importante papel na manutenção das formas de existência úteis ao capital. Neste

contexto, inaugurado pela emergência da arte fotográfica e exacerbado pelas mídias

televisas “[...] tudo deve fazer-se signo visual para comunicar algo e para atrair o

olhar de alguém” (RATTO, 2014, p. 167).

Levando em conta tais questões, esse projeto buscou uma forma de

aproximação da realidade e das representações dos jovens por meio de algo

atraente para eles, as fotografias digitais. Por esse meio poderiam captar imagens

que proliferam em seu cotidiano, construindo coletivamente novas formas de

significá-las e reconstruindo memórias.

Figura 2 - Vista de uma das ruas do bairro.

Fonte: Acervo do autor.

Considerando a memória como constituída por imagens que afloram,

mesclando tempos diversos e presentificando sentimentos e acontecimentos, a

fotografia pode constituir-se como uma forma privilegiada para captar tais fluxos.

Para Proust (2004), a fotografia deflagrava a necessidade da narrativa, assim como

era uma aliada da memória, colaborando com a imaginação. Além disso,

considerava a fotografia como uma ferramenta para a fixação da memória, pois esta

resgata o tempo mediante as imagens.

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Na Oficina de Fotografia os jovens exercitaram formas de expressão e de

representação da realidade usando a fotografia como meio para disparar novas

formas de ver, sentir e lembrar, as quais alimentaram e suas memórias, sendo por

estas influenciadas.

Figura 3 - Jovem tirando fotos durante saída do grupo para fotografar.

Fonte: Acervo do autor.

O bairro Guajuviras: entrelaçando passado e projetos de vida O bairro Guajuviras tem uma história de surgimento semelhante a outras

comunidades de baixa renda, surgindo da tensão entre o descompromisso dos

governantes e a necessidade de efetivar o direito à moradia. Seu início de deu a

partir de uma ocupação do Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti, da então

Companhia de Habitação do Estado do Rio Grande do Sul (COHAB), em 1987. Este

conjunto habitacional havia sido planejado para contar com 30.000 unidades

residenciais, as quais foram posteriormente reduzidas para 6.000 (PENNA, 1998).

Após a ocupação o bairro cresceu para além do plano original com a ocupação de

áreas verdes, as quais produziram fragmentações e conflitos internos na região

(GAMALHO & HEIDRICH, 2012).

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Figura 4 - Vista do Bairro Guajuviras.

Fonte: Acervo do autor.

Em um estudo realizado no bairro na década de 1990 a violência já era uma

questão fortemente associada ao bairro, motivo de preocupação, divergências e

estigmatização dos moradores, vistos pela população da cidade como provenientes

de um “local não confiável” (PENNA, 1998, p. 52). Esse estudo mostrou a existência

de uma divisão interna ao bairro que atribuía às práticas dos habitantes das

subocupações a causa da violência local. Desde esta época já existiam projetos de

prevenção á violência que conduziram apenas á instalação de uma unidade policial

no bairro.

Criado no ano de 2007 pelo Ministério da Justiça, o programa Território de

Paz visava à melhoria de indicadores de violência em bairros vulnerabilizados com

altos índices de mortes violentas, sob uma ótica preventiva (Silvério e Medeiros,

2009). Este paradigma de segurança comunitária consiste em uma nova concepção

de atuação policial visando fortalecer laços comunitários em locais vulneráveis.

Canoas foi contemplada com dois Territórios de Paz devido aos elevados índices de

criminalidade e tráfico de drogas, sendo o bairro Guajuviras o primeiro onde ocorreu

esta implantação. Atualmente o programa foi extinto no âmbito federal, mas continua

em andamento com recursos municipais.

No Guajuviras a implantação do Território de Paz seguiu a metodologia

básica do programa, contando com ações integradas entre as polícias locais

(Brigada Militar e Polícia Civil) e setores comunitários e de assistência social para a

contenção da violência associada principalmente aos jovens. Dentre as ações

efetuadas destacam-se a implementação de policiamento ostensivo, a instalação de

câmeras de vigilância e detectores de tiros, de programas voltados a ações sobre a

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questão da violência de gênero, além do estímulo à participação civil nas políticas

municipais.

Além destas ações, um Centro de Referência para as Juventudes a Casa de

Juventudes - foi criado em 2010, tendo por objetivo desenvolver a inclusão social de

jovens entre 12 e 29 anos, o qual acolheu a realização da pesquisa. Este Centro de

Referência visa à ampliação da qualidade de vida dos jovens na perspectiva da

coletividade, orientada pelo paradigma da segurança comunitária, por meio do

oferecimento de um espaço protegido de convivência e da participação em diversas

oficinas culturais, atendimento psicossocial e acesso a um Telecentro Comunitário e

a um estúdio público.

OFICINA DE FOTOGRAFIA COMO DISPOSITIVO DE ACESSO Á MEMÓRIA

Na Casa de Juventudes desenvolvemos o projeto intitulado “Memória social,

juventude e identidade: a fotografia como forma de (re) conhecimento comunitário”,

projeto vinculado ao projeto maior de pesquisa citado acima. Executado na forma de

uma Oficina de Fotografia oferecida aos jovens que frequentam a ‘Casa’, a ação foi

elaborada como uma via de acesso aos mesmos, dadas as dificuldades iniciais

sentidas pelos pesquisadores em se aproximar efetivamente dos jovens. A equipe

era constituída pela pesquisadora e duas bolsistas de Iniciação Científica, além de

contar com a participação de um fotógrafo voluntário.

A oficina ocorreu de outubro a dezembro de 2015, com periodicidade semanal

e duração de 1h30. A adesão dos jovens era voluntária e flutuante, pois nem todos

participavam de todos os encontros, tendo em vista que em algumas semanas

ocorreram atividades concomitantes, tais como, a gravação de um vídeo clipe.

Inicialmente 10 jovens se inscreveram, com idades entre 12 e 24 anos, os quais

utilizavam seus telefones celulares para fotografar. Em alguns momentos - como em

uma atividade na qual o grupo saiu da Casa para fotografar o bairro - jovens que não

estavam inscritos se integravam ao grupo. Compreendemos que a presença

‘flutuante’ nas atividades se devia á dinâmica da ‘Casa’, a qual tinha por princípio a

participação livre dos jovens nas atividades.

Para estimular a participação e divulgar as fotos registradas pelos jovens

foram utilizadas redes sociais (WhatApp, Facebook), inclusive com a criação de uma

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página onde podiam compartilhar e ‘curtir’ as fotos. Na tabela abaixo estão expostas

as atividades e datas de cada encontro.

Tabela 1 - Cronograma de atividades presenciais do projeto. Data Atividade 03/09/2015 III Conferencia das Juventudes - Casa de Juventudes 10/09/2015 Visita Casa das Juventudes e projeto Mulheres da Paz

17/09/2015 Entrevista com o diretor de projetos da Fundação LaSalle. 19/10/2015 Inicio da Oficina de Fotografias: divulgação e lista participantes 26/10/2015 Oficina de Fotografias: Presença do fotógrafo / Livro Zoom. 17/11/2015 Oficina de Fotografias: Troca e discussão sobre as fotos. 24/11/2015 Oficina de Fotografias: Caminhada pelo bairro para fotografar. 01/12/2015 Oficina de fotografias: Reflexão sobre o fotografar (vídeo e fotos). 08/12/2015 Oficina de Fotografias: Fotografar algum lugar da Casa. 15/12/2015 Oficina de Fotografias: Escolha de fotos para exposição no Sarau.

18/12/2015 Sarau Casa das Juventudes: exposição das fotos selecionadas.

Fonte: Acervo do autor.

Durante os encontros estimulávamos o exercício do estar em grupo, trocando

experiências e olhares sobre o bairro. Nos deparamos com uma timidez inesperada

quando os jovens eram chamados a expor seus relatos, a qual contrastava com

suas formas grupais de interação, levando a equipe a se reinventar no processo no

esforço de compreender e se adaptar as suas formas de socialização, o que foi

parte fundamental da produção de conhecimento obtida com o grupo.

Os momentos em que foram passadas novas informações, tais como quando

esteve presente um fotógrafo fornecendo noções básicas de fotografia e o contato

com o Livro Zoom (BANYOI, 1995) foram particularmente ricos. Por meio deste livro

trabalhamos de forma provocativa os efeitos do deslocamento do olhar a partir de

uma pergunta inicial: O que você vê? Também foram ricos os momentos de saída da

Casa para fotografar, provocando novas formas de percepção do cotidiano.

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Figura 5 e 6 - Caminhada pelo bairro para fotografar.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 6 e 7 - Jovens fotografando.

Fonte: Acervo do autor.

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CONSIDERAÇÕES

Na realidade complexa e multifacetada da atualidade a temática da juventude

tende a ganhar destaque a partir da emergência de situações-problema, quando

jovens se envolvem em episódios violentos, compreendidos assim como uma

categoria de risco ou, por outro lado, como consumidores passivos expostos ao um

bombardeio de imagens fugazes.

Buscando um outro olhar sobre a juventude, compreendemos a importância

de uma aproximação para além da mercantilização das culturas juvenis, enfocando

na riqueza e diversidade de formas de socialização e de produção de cultura

(MARTINS, 2011). Nas observações efetuadas na Casa de juventudes encontramos

grupos geradores de cultura que têm no local um ponto de organização e de

incitação à criação, formando uma comunidade afetiva ligada pelo pertencimento

comum a um mesmo território, colaborando para o fortalecimento de uma

convivência pacífica e criativa. A temática da violência surgia como uma presença

constante e naturalizada, reflexo da memória e do cotidiano do bairro, mas as

oportunidades de socialização criadas nesse espaço atuavam como formas

possíveis de resistência ao que muitas vezes se impõe como um ‘destino’ aos

jovens.

Nesse contexto a Oficina de Fotografias procurou atuar como mais um

dispositivo para a circulação de palavras, histórias e memórias. Apostamos na idéia

de que por meio de uma tarefa comum o trabalho em grupo pode potencializar

lembranças, caracterizando pontos de identificação e de memória coletiva

(MARTINS, 2011).

Durante o percurso da Oficina, o qual não se deu isento de dificuldades e

dúvidas, podemos gradualmente experimentar a construção de uma relação de

proximidade com os jovens e com seu universo de representações comunitárias e

sociabilidades. Além disso, desfrutamos juntos do percurso efetuado, finalizado com

a realização de um Sarau no qual fotos selecionadas pelos jovens foram impressas

e expostas, deixando nas paredes da Casa de Juventudes um pouco das memórias

(re) construídas nesse processo.

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REFERÊNCIAS BANYOI, Istrain. Zoom. São Paulo: Editora Brinque Book, 1995. HALBWACHS, Maurice. 1990. A memória coletiva. São Paulo, Vértice. MARTINS, Carlos Henrique dos Santos. Juventude e memória: lembranças de tempos recentes. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 7, n. 3, p. 218-227, 2011. PENNA, Rejane. Canoas – para lembrar quem somos: Guajuviras. Canoas: Editora do Unilasalle, 1998. POLLACK, Michel. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5 n. 10, p. 200-212, 1992. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL (ULBRA). Sociologia da juventude. Curitiba: IBPEX, 2009. RATTO, Cleber Gibbon. Enfrentar o vazio na cultura da imagem – entre a clínica e a educação. Pro-Posições, 25(73), pp. 161-179, 2014 VELHO, Gilberto. Memória, identidade e projeto. In: VELHO, Gilberto. Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2003. PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.