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Melhoria do Sistema de Gestão de Energia implementado na
Refinaria de Sines de acordo com a ISO 50001
Inês Sofia da Silva Santos
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Química
Orientadores: Engª Maria Antónia Guerreiro
Profª. Drª Maria Cristina Fernandes
Júri
Presidente: Profª. Drª Maria Filipa Ribeiro
Orientador: Engª Maria Antónia Guerreiro
Vogal: Profª. Drª Maria Fátima Rosa
Dezembro 2014
Agradecimentos
Em primeiro lugar, quero agradecer às minhas orientadoras, Prof. Cristina Fernandes e Engª Maria Antónia
Guerreiro, pelo apoio, orientação e dedicação prestados ao longo desta dissertação. Quero agradecer,
igualmente, à Prof. Filipa Ribeiro por me ter concedido a oportunidade de realizar o meu estágio na Galp
Energia.
Quero agradecer a todos os colaboradores da Galp que contribuíram para o meu sucesso, em especial ao
Guilherme Gonçalves e à Cláudia Cabral, que tantas vezes me indicaram o caminho a seguir.
Um agradecimento especial aos meus pais e irmã pelo apoio incondicional prestado ao longo de toda a minha
vida, sem eles nada teria sido possível.
Agradeço a todos os meus amigos que tornaram esta etapa da minha vida mais fácil, principalmente a Inês,
Marisa, Tânia, Filipa, Diana, Raquel e Miguel, por tudo o que fizeram por mim.
Por último, mas não menos importante, ao Tomás, por sempre me encorajar, apoiar e ter a palavra certa no
momento certo.
Resumo
O sector energético tem vindo a apresentar um papel de destaque relativamente ao desenvolvimento social e
económico da sociedade. De acordo com as previsões da Agência Internacional da Energia, o consumo mundial
energético irá crescer 56% nos próximos 30 anos, acompanhando a expansão económica e o crescimento
populacional dos países não pertencentes à OCDE [1].
Em Portugal, o consumo de energia encontra-se estagnado, desde o ano de 2000, rondando os 25 Mtep, sendo
o petróleo, a principal fonte de energia. As Refinarias do Grupo Galp Energia têm um impacto de 6% sobre o
consumo total. No ano de 2012, os custos de energia da Refinaria de Sines (combustíveis, vapor e energia
eléctrica) representaram 75% dos custos totais de funcionamento da instalação [2]. Assim, é do interesse da
empresa reduzir esta grande fatia que além de se repercutir a nível económico traz benefícios ambientais [3,
4]. Neste sentido, foi implementado o Sistema de Gestão de Energia de acordo com a Norma NP EN ISO 50001,
que requere uma avaliação energética onde se identificam os usos significativos de energia [5]. A presente
dissertação teve o objectivo de construir baselines para dois dos usos significativos da Refinaria de Sines
(consumo total de vapor de 3,5 barg e consumo de combustíveis no processo de destilação atmosférica), bem
como de apresentar propostas de oportunidades de melhoria para os mesmos. A baseline referente ao
primeiro uso explica 83% da variabilidade do consumo total de vapor, por outro lado, a baseline associada ao
segundo uso não pode ser considerada válida por não respeitar um dos critérios-base teóricos.
O trabalho realizado pode contribuir para melhorar o desempenho energético da Refinaria de Sines.
Palavras-chave: baseline energética, desempenho energético, oportunidade de melhoria, consumo de vapor,
consumo de FOE, Galp Energia, ISO 50001.
Abstract
The energy sector has been showing a prominent role in the social and economic development of society.
According to the forecasts of the International Energy Agency, the world energy consumption will grow 56%
over the next 30 years, in line with the economic expansion and population growth in non-OECD countries [1].
In Portugal, the energy consumption has stagnated since 2000, with a consumption of about 25 Mtep, being
the petroleum the main source of energy. The Galp Energia refineries have a 6% impact on total consumption.
In 2012, energy costs of Sines refinery (fuel, steam and electricity) accounted for 75% of the total costs [2].
Thus, it is the Galp's best interest the reduction of this large slice of costs since it leads to economic and
environmental benefits to the company [3, 4]. In this sense, an Energy Management System was implemented,
according to NP EN ISO 50001, in which an energy assessment, in which significant energy uses are identified, is
required [5].
The present work aims to establish baselines for two of the significant energy uses of Sines refinery (total
steam consumption of 3.5 barg and consumption of fuels of the atmospheric distillation process), as well as
provide opportunities for improvement in energy performance. The baseline of the first use explains 83% of
the variability of the total consumption of steam; on the other hand, the baseline associated with the second
use is not valid because it does not comply the theoretical fundamentals.
The work developed may contribute to improving the energy performance of the Sines refinery.
Key words: Energy baseline, energy performance, performance improvement opportunity, steam
consumption, FOE consumption, Galp Energia, ISO 50001.
Índice
1. Introdução ...................................................................................................................................................... 1
1.1. Âmbito e Motivação .............................................................................................................................. 1
1.2. Objectivos .............................................................................................................................................. 1
1.3. Estrutura do trabalho ............................................................................................................................ 2
2. Enquadramento da Empresa .......................................................................................................................... 3
2.1. História da Refinaria de Sines ...................................................................................................................... 3
2.1. Descrição processual ............................................................................................................................. 4
3. Energia ............................................................................................................................................................ 8
3.1. Consumos de Energia .................................................................................................................................. 8
3.2. Norma Portuguesa 50001 .......................................................................................................................... 11
3.3. NP 50001 aplicada à Refinaria de Sines ..................................................................................................... 14
4. Análise linear múltipla .................................................................................................................................. 17
4.1. Metodologia da análise de resultados do tratamento estatístico ............................................................. 19
4.1. Minitab® Statistics Software ................................................................................................................ 22
5. Análise energética do processo de destilação atmosférica ......................................................................... 23
5.1. Descrição do processo de destilação atmosférica ..................................................................................... 23
5.2. Recolha de dados ....................................................................................................................................... 27
5.3. Consumos de vapor e combustível no processo da destilação atmosférica ....................................... 35
6. Estudo pormenorizado do consumo de vapor ............................................................................................. 40
6.1. Coluna CC-V1 ............................................................................................................................................. 40
6.1.1. Análise base diária – 21 Março de 2013 a 30 de Junho de 2014 ........................................................ 41
6.1.2. Análise base horária - 19 de Maio a 21 de Julho de 2014 .................................................................. 46
6.1.3. Análises base horária regime diurno e nocturno – 19 de Maio a 13 de Julho de 2014 ..................... 47
6.1.4. Análise com referência ao tempo - 19 de Maio a 20 de Agosto de 2014 ........................................... 48
6.1.5 Análise base horária - 1 a 10 de Julho de 2014 ................................................................................... 49
6.1.6. Análise base de 5 minutos – 19 de Maio a 29 de Agosto de 2014 ..................................................... 50
6.1.7 Análise por tipo de mistura de crudes................................................................................................. 50
6.1.7.1. Consumo específico para o run correspondente à mistura de crudes 1 ......................................... 56
6.1.8. Análise T90 – 1 de Maio a 26 de Agosto de 2014 ................................................................................ 57
6.2. Stripper CC-V2 ............................................................................................................................................ 59
6.3. Stripper CC-V3 ............................................................................................................................................ 61
6.4. Stripper CC-V4 ............................................................................................................................................ 62
6.5. Coluna CC-V17 ........................................................................................................................................... 64
6.6. Coluna CC-V22 ........................................................................................................................................... 67
6.7. Consumo de vapor total de 3,5 barg no processo de destilação atmosférica (PDA) ................................. 77
7. Análise ao consumo de combustíveis ............................................................................................................... 80
7.1. Consumo de combustíveis obtido a partir da RTDB .................................................................................. 86
7.2. Consumo Específico obtido a partir da RTDB ............................................................................................ 87
7.3. Consumo Específico obtido pelo balanço de utilidades ............................................................................ 87
8. Conclusões e trabalho futuro ............................................................................................................................ 88
Bibliografia ............................................................................................................................................................ 90
Apêndice A ................................................................................................................................................................i
Apêndice A.1 – Análise de 1 a 10 de Julho ...........................................................................................................i
Validação do modelo estimado ...................................................................................................................... iv
Apêndice A.2 - Consumo de vapor total de 3,5 barg no processo de destilação atmosférica (PDA) ............... viii
Índice de Figuras
Figura 1 – Produção da Refinaria de Sines [9]. ........................................................................................................ 4
Figura 2 - Diagrama geral de processo da refinaria de Sines [10]. .......................................................................... 5
Figura 3 – Consumo mundial total de energia, 1990-2040 [11].............................................................................. 8
Figura 4 – Consumo energético vs população mundial, 1900-2100 [12]. ............................................................... 8
Figura 5 – Consumo mundial de energia por combustível [1]. ............................................................................... 9
Figura 6 – Consumo de energia em Portugal [2]. .................................................................................................... 9
Figura 7 - Consumo de energia por sector no ano de 2009 [2]. ............................................................................ 10
Figura 8 - Sistema de Gestão de Energia [5]. ........................................................................................................ 11
Figura 9 - Diagrama geral de um planeamento energético [15]. .......................................................................... 12
Figura 10 – Ciclo “PDCA” [16]................................................................................................................................ 14
Figura 11 - Esquema da metodologia de regressão linear múltipla [24]. ............................................................. 18
Figura 12 – Diagrama descritivo da destilação atmosférica [42]. ......................................................................... 23
Figura 13 - Esquemático do pré-aquecedor do ar dos fornos [43] ....................................................................... 24
Figura 14 – Imagem ilustrativa de um Stripper [44]. ............................................................................................. 25
Figura 15 – Esquemático referente ao fraccionamento da destilação atmosférica [43]. ..................................... 26
Figura 16 - Comparação entre os caudais do corte de gasolina SR (ton/h) obtidos da RTDB e do balanço de
produção, de 1 de Janeiro de 2012 a 26 de Agosto de 2014. ............................................................................... 28
Figura 17 - Comparação entre os caudais de crude (ton/h) obtidos da RTDB e do balanço de produção, de 1 de
Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014. ........................................................................................................... 28
Figura 18 - Comparação entre os caudais de resíduo atmosférico (ton/h) obtidos da RTDB e do balanço de
produção, de 1 de Janeiro de 2012 a 22 de Outubro de 2014. ............................................................................. 28
Figura 19 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V1 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, no
período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014. ................................................................................ 29
Figura 20 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V2 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, no
período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014. ................................................................................ 30
Figura 21 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V3 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, no
período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014. ................................................................................ 30
Figura 22 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V4 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, de
a de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014. ................................................................................................... 31
Figura 23 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V17 (m3/h) obtidos por diferentes fontes, de
1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014. ................................................................................................... 31
Figura 24 - Consumo específico (m3
vapor/ton carga) obtido com os dados de balanço de Janeiro 2012 até à
paragem. ............................................................................................................................................................... 32
Figura 25 – Caudal da corrente de vapor condensado da coluna CC-V17, e a respectiva abertura de válvula. ... 32
Figura 26- Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V22 (m3/h) obtidos por diferentes fontes. . 33
Figura 27 – Exemplo de uma incorrecta medição do caudalímetro, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 15 de
Março de 2014. ..................................................................................................................................................... 34
Figura 28 - Exemplo de um problema no caudalímetro de vapor, no período de 7 de Julho a 22 de Outubro de
2014. ..................................................................................................................................................................... 35
Figura 29 – Vapor de 3,5 bar consumido nos diferentes equipamentos no processo de destilação atmosférica.36
Figura 30 – Distribuição do consumo de vapor médio obtido da RTDB, de 1 de Maio a 29 de Outubro de 2014.
.............................................................................................................................................................................. 37
Figura 31 – Relação entre o caudal de vapor consumido (kg/h) representado a rosa, temperatura de saída do ar
do CC-E52 (oC) representado a vermelho e o caudal de ar (ton/h) a azul, no período de 1 de Maio a 1 de Junho
de 2014. ................................................................................................................................................................ 37
Figura 32- Consumo de vapor (kg/h) no pré-aquecedor de ar, CC-E52, entre 1 de Janeiro de 2012 a 26 de Agosto
de 2014. ................................................................................................................................................................ 38
Figura 33 – Consumo específico (kg de FOE/ton de crude) obtido por duas fontes de 1 de Maio a 11 de
Setembro de 2014. ................................................................................................................................................ 39
Figura 34 - Esquemático da destilação atmosférica [43]. ..................................................................................... 40
Figura 35 – Relação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à direita, e os caudais de gasolina SR (ton/h), de
crude (ton/h), e de RAT (m3/h), eixo à esquerda. ................................................................................................. 42
Figura 36 – Relação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à direita, pressão de topo (bar), eixo à esquerda, e
massa volúmica (kg/l), eixo à esquerda. ............................................................................................................... 43
Figura 37 - Relação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à direita, temperatura de entrada do crude (oC),
eixo à esquerda, temperatura do corte de GOP SR (oC), eixo à esquerda. ........................................................... 43
Figura 38 - Regressão linear múltipla para o período compreendido de 21 de Março de 2013 a 30 de Junho de
2014. ..................................................................................................................................................................... 44
Figura 39 – Relação entre o consumo específico (ton vapor/ ton crude). ............................................................ 45
Figura 40 - Relação entre a pressão de topo e o caudal de crude. ....................................................................... 45
Figura 41 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers. ................................................................................ 45
Figura 42 – Consumo de vapor na CC-V1, pela RTDB, de 19 de Maio a 21 de Julho de 2014. .............................. 46
Figura 43 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers. ................................................................................ 46
Figura 44 – Comparação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à esquerda, com o consumo específico de
vapor (ton vapor/10 ton de crude), eixo à direita, a pressão de topo (bar), eixo à direita, e temperatura
ambiente (oC), eixo à esquerda, no regime diurno. .............................................................................................. 47
Figura 45 - Comparação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à esquerda, com o consumo específico de
vapor (ton vapor/ 10 ton de crude), eixo à direita, a pressão de topo (bar), eixo à direita, e temperatura
ambiente (oC), eixo à esquerda, no regime nocturno. .......................................................................................... 47
Figura 46 - Regressão linear múltipla para o regime diurno, excluindo os outliers. ............................................. 48
Figura 47 – Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers. .............................................................. 49
Figura 48 – Consumo de vapor na unidade CC-V1 (ton/h), durante 1 de Maio a 21 de Julho de 2014. ............... 49
Figura 49 - Regressão linear múltipla, excluídos os outliers. ................................................................................ 50
Figura 50 – Consumo de vapor (ton/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min). ................................... 51
Figura 51 - Pressão de topo da coluna (bar) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min). ........................... 51
Figura 52 – Consumo de vapor diferenciando-se o regime diurno e nocturno para a mistura de crude 1, sendo
dia entre o traço azul e o amarelo e noite entre o amarelo e o azul. ................................................................... 52
Figura 53 - Temperatura ambiente (oC) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min). .................................. 52
Figura 54 - Caudal mássico de crude (ton/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min). .......................... 53
Figura 55 - Caudal volumétrico de resíduo atmosférico (m3/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
.............................................................................................................................................................................. 53
Figura 56 - Caudal mássico do corte de gasolina SR (ton/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min). .. 54
Figura 57 - Análise de regressão linear múltipla. .................................................................................................. 56
Figura 58 – Análise de regressão linear múltipla, excluídos os outliers. ............................................................... 56
Figura 59 – Curvas de destilação atmosférica dos produtos obtidos no run 9 (2 de Julho de 2014). ................... 57
Figura 60 – Temperatura à qual 90% do GOP SR evaporou para uma amostra do run 9 (2 de Julho de 2014). .. 58
Figura 61 – Percentagem volumétrica destilada de RAT para a Temperatura dos 90% do GOP do run 9 (2 de
Julho de 2014). ...................................................................................................................................................... 58
Figura 62 – Fracção de GOP SR no RAT. ................................................................................................................ 58
Figura 63 – Relação entre a injecção de vapor e o T90 (cada run é representado por um símbolo diferente). ... 58
Figura 64 – Análise de regressão linear múltipla. ................................................................................................. 59
Figura 65 – Relação entre o consumo de vapor no stripper CC-V2 (ton/h), eixo à esquerda, e o caudal de fundo
do GOP SR (m3/h), eixo à direita, e temperatura de entrada do GOP SR (
oC), eixo à direita. ............................... 60
Figura 66 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers. ................................................................................ 61
Figura 67 – Relação entre o caudal de vapor (ton/h), eixo à direita, temperatura de entrada do GOL SR (oC), eixo
à esquerda, e caudal de fundo da CC-V3 (m3/h), eixo à esquerda. ....................................................................... 62
Figura 68 - Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers. ............................................................... 62
Figura 69 – Relação entre o caudal de vapor (ton/h), eixo à esquerda, caudal de petróleo SR (m3/h),
temperatura de inflamação (oC), temperatura do corte de petróleo SR (
oC) da coluna CC-V1 e nível do CC-V4,
todos no eixo à direita. ......................................................................................................................................... 63
Figura 70 - Análise de regressão linear múltipla, excluídos os outliers. ................................................................ 63
Figura 71- Esquemático da coluna desetanizadora, CC-V17 [43].......................................................................... 64
Figura 72 - Relação entre o caudal de condensado no permutador CC-E33 (m3/h), eixo à direita, e carga à coluna
(m3/h), caudal de LPG (m
3/h) e temperatura de entrada da carga na coluna CC-V17 (
oC), todas no eixo à
esquerda. .............................................................................................................................................................. 65
Figura 73 – Relação entre o caudal de condensado no permutador CC-E33 (m3/h), eixo à direita, e o caudal de
refluxo (m3/h) e pressão de topo na coluna CC-V17 (bar), ambos no eixo à esquerda. ...................................... 66
Figura 74- Regressão linear múltipla, excluídos os outliers. ................................................................................. 67
Figura 75 - Esquemático da coluna desisopentanizadora, CC-V22 [43]. ............................................................... 68
Figura 76 – Vapor condensado (m3/h) ao permutador da coluna CC-V22, eixo esquerda, e taxa de refluxo, eixo
direita, com indicação das linhas de tendência nos períodos antes e após na paragem. .................................... 69
Figura 77 – Relação entre o caudal de vapor condensado (m3/h), caudal de carga (m
3/h) e abertura da válvula
de integração energética (OP). ............................................................................................................................. 69
Figura 78 – Caudal de vapor condensado (m3/h) no CC-E49, eixo esquerda, e carga à coluna (m3/h), eixo direita.
.............................................................................................................................................................................. 70
Figura 79 - Caudal da corrente de vapor condensado da coluna CC-V22, e a respectiva abertura de válvula. .... 70
Figura 80 – Comparação entre o caudal de condensado no CC-E49 (m3/h), eixo à esquerda, e o refluxo da
coluna CC-V22 (m3/h), eixo à direita, para o período de 1 de Maio a 24 de Outubro de 2014. ........................... 71
Figura 81 - Fracção volumétrica de iC5 na gasolina ligeira. .................................................................................. 71
Figura 82 - Fracção volumétrica de iC5 na gasolina despentanizada. ................................................................... 71
Figura 83 – Comparação entre a temperatura de HVGO (oC), eixo à esquerda, abertura da válvula de integração
energética (%), eixo à esquerda, e caudal volumétrico do fundo da coluna ao CC-E54 (m3/h), eixo à direita. .... 72
Figura 84 – Comparação entre o caudal de condensado do CC-E49 (m3/h) e abertura da válvula de condensado
ambos no eixo à esquerda, e caudal de fundo ao CC-E49 (m3/h), eixo à direita. ................................................. 72
Figura 85 – Distribuição da posição de abertura da válvula de integração energética de 8/6 a 24/10 de 2014. . 73
Figura 86 - Comparação entre o caudal de condensado no CC-E49 (m3/h), eixo à direita, e os caudais de fundo
aos permutadores CC-E49 e CC-E54 (m3/h), caudal de refluxo (m
3/h), caudal de HVGO ao permutador CC-E54
(m3/h) e a carga à coluna CC-V22 (m
3/h), todos no eixo à esquerda. ................................................................... 75
Figura 87 – Regressão linear múltipla, excluídos os outliers. ................................................................................ 75
Figura 88 - Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers. ............................................................... 76
Figura 89 – Relação entre o consumo total de vapor de 3,5 bar (ton/h), eixo à esquerda, e a carga de crude
(ton/h), caudal de RAT (m3/h) e caudal de refluxo da coluna CC-V22 (m
3/h), todas à direita. ............................. 78
Figura 90 - Relação entre o consumo total de vapor de 3,5 bar (ton/h), eixo à esquerda, e a temperatura
ambiente (oC), eixo à esquerda, e pressão de topo (bar), eixo à direita. .............................................................. 78
Figura 91 - Relação entre o consumo total de vapor de 3,5 bar (ton/h), eixo à esquerda, temperatura de HVGO
que vai ao permutador CC-E54 (oC) e caudal de fundo que vai ao CC-E49 (m
3/h), tudo à direita. ....................... 78
Figura 92 – Regressão linear múltipla para o consumo total de vapor 3,5 barg, para uma base diária, sem
outliers. ................................................................................................................................................................. 79
Figura 93 – Esquemático referente ao forno CC-H1A [43]. ................................................................................... 80
Figura 94 – Densidade do crude vs % de vaporização [48]. .................................................................................. 81
Figura 95 – Comparação entre o consumo específico de FOE, CE (kg/ton), eixo à esquerda, caudal de RAT
específico (kg RAT/ton crude), eixo à direita, e massa volúmica x 10 (kg/l), eixo à esquerda. ............................. 82
Figura 96 - Comparação entre o consumo específico de FOE (kg/ton), eixo à esquerda, e a temperatura do
crude ganha nos fornos (oC), eixo à direita, e a temperatura de fumos (
oC), eixo à direita. ................................ 83
Figura 97 - Comparação entre o consumo específico de FOE (kg/ton), eixo à esquerda, e a percentagem de
oxigénio nos gases de combustão, eixo à direita, e a depressão no topo dos fornos (mmH2O), eixo à direita. .. 84
Figura 98 – Relação entre a depressão no topo dos fornos e a % de oxigénio nos gases de combustão............. 84
Figura 99 - Relação entre o consumo específico (kg FOE/ton crude) e a % de oxigénio nos gases de combustão.
.............................................................................................................................................................................. 84
Figura 100 - Relação entre o caudal de FOE (ton/h) e a % de oxigénio nos gases de combustão, para uma
amostra tratada. ................................................................................................................................................... 85
Figura 101 – Relação entre o rácio (caudal de FOE/ (caudal de crude x incremento de temperatura)) e o teor de
oxigénio nos gases de combustão......................................................................................................................... 85
Figura 102 – Distribuição da concentração de CO (ppm) nos dois fornos. ........................................................... 85
Figura 103 - Relação entre o consumo específico de FOE obtido pelo balanço de utilidades (kg/ton) e a
percentagem de oxigénio nos gases de combustão. ............................................................................................ 86
Figura 104 – Análise de regressão linear múltipla, excluídos os outliers. ............................................................. 86
Figura 105 - Regressão linear múltipla. ................................................................................................................. 87
Figura 106 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers. .............................................................................. 87
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Rendimentos das diferentes fracções, com os respectivos pontos de ebulição [9]. ............................. 5
Tabela 2 Principais matérias primas [9]. ................................................................................................................. 6
Tabela 3 – Tabela ANOVA. .................................................................................................................................... 20
Tabela 4 – Consumo específico para o período estudado antes e depois de 21 de Março de 2013 calculado por
duas fontes. ........................................................................................................................................................... 29
Tabela 5 – Leituras da abertura de válvula e da medição de caudal em diferentes dias. ..................................... 34
Tabela 6 – Abertura e respectivo caudal do permutador CC-E49. ........................................................................ 35
Tabela 7 – Médias das variáveis estudadas em dois períodos diferentes. ........................................................... 37
Tabela 8 – Lista das variáveis seleccionadas. ........................................................................................................ 41
Tabela 9 – Período correspondente a cada tipo de mistura de crudes. ............................................................... 51
Tabela 10 – Média das variáveis estudadas para cada crude. [Valores confidenciais] ......................................... 54
Tabela 11 - Resultados estatísticos para os 5 crudes estudados. ......................................................................... 55
Tabela 12 – Lista das variáveis seleccionadas no estudo do stripper CC-V2. ........................................................ 60
Tabela 13 – Lista de variáveis seleccionadas. ....................................................................................................... 61
Tabela 14 – Lista de variáveis seleccionadas para o estudo do stripper CC-V4. ................................................... 63
Tabela 15 – Lista de variáveis analisadas. ............................................................................................................. 65
Tabela 16 – Comparação dos caudais de vapor, carga e refluxo e abertura da válvula da linha de HVGO para
dois períodos. ........................................................................................................................................................ 69
Tabela 17 – Parâmetros relativos à coluna CC-V22. ............................................................................................. 73
Tabela 18 - Lista de variáveis analisadas na coluna CC-V22. ................................................................................. 74
Tabela 19 – Lista de variáveis seleccionadas para o PDA. ..................................................................................... 77
Tabela 20 – Lista das variáveis estudadas. ............................................................................................................ 82
Tabela 21 – Médias da temperatura de fumos e caudal de combustível para determinados intervalos de tempo.
.............................................................................................................................................................................. 83
Simbologia e Definições
BBP - Barris por dia
CCR – Continuous catalytic regeneration;
DA - Destilação Atmosférica;
DCS – Distributed Control System;
EII - Rácio entre o consumo real de energia e o consumo padrão definido pela Solomon Associates;
FCC – Fluidized Catalytic Cracking;
FOE – Fuel Óleo Equivalente;
GEE - Gases de efeito de estufa;
GOL – Gasóleo ligeiro;
GOP – Gasóleo pesado;
GPL - Gás de Petróleo Liquefeito;
HC – Hydrocracking;
HCN – Heavy Cracked Naphta;
HN – Dessulfuração da nafta pesada;
HVGO – Heavy vacum gas oil;
HT – Dessulfuração de gasolina de cracking;
IDE - Indicador de Desempenho Energético;
ISO - Organização Internacional de Normalização;
LCN – Light Cracked Naphta;
LIMS – Laboratory Information Management System;
MG – Merox de LPG;
ML – Merox de gasolina ligeira;
MP – Merox de isopentano;
PDA – Processo de destilação atmosférica;
PP – Platforming;
RAT - Resíduo atmosférico;
RLM – Regressão linear múltipla;
RTDB - Real time data base;
SGE - Sistema de Gestão de Energia;
SR - Straight Run;
Tep – Tonelada equivalente de petróleo;
USE - Uso Significativo de Energia;
VIF – Variance Inflation Factor;
Base de referência energética (energy baseline) - referência quantitativa que fornece uma base de comparação
do desempenho energético. A base de referência energética é também utilizada para calcular poupanças
energéticas, uma vez que constitui uma referência antes e depois da implementação das melhorias;
Consumo Energético – Quantidade de energia aplicada - p.e. Consumo Bruto (ton fuelóleo eq);
Eficiência Energética – Rácio ou outra relação quantitativa entre um output de desempenho, serviço, produto
ou energia e um input de energia - p.e. Consumos Específicos (ton fuelóleo eq/ ton carga tratada);
Energia – Electricidade, Fuel, Vapor, Ar comprimido e outros tipos de energia (incluí renováveis, comprada,
armazenada, tratada, utilizada em equipamentos ou processos ou recuperada);
Indicador de Desempenho Energético - valor ou medida que quantifica resultados relacionados com a
eficiência, uso e consumo energéticos, em instalações, equipamentos, sistemas e processos que a organização
pretenda monitorizar.
Intensidade Energética – Rácio entre consumo real de energia (tendo em conta os rendimentos das
transformações e produções energéticas) e um determinado padrão;
Revisão de Energia – Determinação do desempenho energético da organização baseada em dados ou outra
informação, que conduza à identificação de oportunidades de melhoria;
Uso Significativo da Energia – Usos de energia que representam consumos ou produções substanciais e/ou que
apresentam potenciais melhorias consideráveis em relação ao desempenho energético (p.e. Equipamentos -
Compressores, Bombas e Turbinas, Fornos e Caldeiras, aeroarrefecedores e misturadores).
Utilização de Energia – Forma ou tipo de aplicação da energia.
1
1. Introdução
1.1. Âmbito e Motivação
Actualmente, o sector energético ocupa uma posição de grande relevo no desenvolvimento social e económico
da nossa sociedade. Na verdade, de acordo com a Agência Internacional da Energia (EIA), o consumo mundial
energético irá aumentar 56% nos próximos 30 anos, acompanhando o crescimento populacional. Este
crescimento energético será maioritariamente impulsionado pelos combustíveis líquidos, carvão e gás natural
que se espera que forneçam mais de três quartos do consumo total de energia mundial, em 2040. O petróleo e
outros combustíveis líquidos continuarão a ser a maior fonte de energia, porém, a sua quota irá decrescer,
passando de 34% registados em 2010, para 28% em 2040 [1]. Considerando o panorama energético, têm vindo
a ser estudadas e desenvolvidas novas soluções para alterar este cenário, uma vez que, além dos custos
económicos da energia, também estão associados outros custos adicionais para a sociedade, tais como os
intrínsecos ao meio ambiente [3]. No entanto, a sua integração nas empresas demora algum tempo e
apresenta custos bastante elevados. Globalmente, têm sido tomadas medidas governamentais para tentar
reduzir as emissões prejudiciais ao meio ambiente [4, 6].
Em Portugal, o consumo de energia tem permanecido relativamente estável, desde o ano de 2000, rondando
os 25 Mtep, sendo o petróleo a principal fonte de energia. As Refinarias do Grupo Galp Energia têm um
impacto de 6% sobre este consumo. No ano de 2012, os custos de energia da Refinaria de Sines, combustíveis,
vapor e energia eléctrica representaram 75% dos custos totais de funcionamento da instalação [2]. Como
referido, tendo em conta as vantagens apresentadas a nível económico e ambiental, é do maior interesse da
Galp a diminuição desta factura energética.
Neste sentido, é muito importante a implementação de um sistema de gestão de energia (SGE) de acordo com
a Norma NP EN ISO 50001 que induz a um maior enfoque nas questões energéticas e na preocupação
constante na procura da melhoria contínua. O SGE requere uma avaliação energética de onde se conseguem
identificar as áreas de uso significativo de energia - consumo igual ou superior a 5% do total para cada tipo de
energia; desempenho negativo ou oportunidade de melhoria. Para cada uso significativo de energia é
necessário estabelecer uma baseline onde é possível avaliar as alterações do desempenho energético ao longo
do tempo e, eventualmente quantificar o retorno das melhorias aplicadas.
1.2. Objectivos
O objectivo desta dissertação consiste na determinação de baselines energéticas para dois dos usos
significativos de energia identificados aquando da análise realizada pela Refinaria de Sines, em 2013. Estes usos
dizem respeito ao processo de destilação atmosférica e definem-se pelo consumo total de vapor de 3,5 barg e
pelo consumo de fuel gás, gás natural, resíduo processual e off-gas.
Nesta dissertação são, ainda, discutidas algumas propostas de melhoria para os referidos usos.
2
1.3. Estrutura do trabalho
A presente dissertação encontra-se dividida em oito secções:
Na primeira secção é explicado o âmbito do trabalho, clarificando o problema e os objectivos do
mesmo.
Na segunda secção é apresentado o enquadramento da empresa referindo-se a sua história e a
descrição processual.
A terceira secção descreve a problemática de energia a nível mundial e nacional.
O quarto capítulo expõe os pressupostos subjacentes à técnica utilizada na análise estatística aplicada.
O quinto capítulo consiste na explicação da análise energética do processo de destilação atmosférica.
A sexta secção é referente às diferentes unidades consumidores de vapor 3,5 barg no processo de
destilação atmosférica, realizando-se um estudo detalhado destas, com recurso a análise estatística.
No final deste capítulo, apresenta-se o consumo total de vapor 3,5 barg no processo de destilação
atmosférica.
O sétimo capítulo descreve o estudo dos fornos, recorrendo a análises estatísticas para a
determinação do consumo de fuel gás, gás natural, resíduo processual e off-gas.
Por fim, no capítulo oito, expõem-se as principais conclusões retiradas desta dissertação, referindo-se,
igualmente, algumas oportunidades de melhoria para optimizar o desempenho energético.
3
2. Enquadramento da Empresa
O grupo Galp Energia é constituído pela Galp Energia e empresas subsidiárias, entre elas, a Petróleos de
Portugal – Petrogal, S.A., a GDP – Gás de Portugal, SGPS, S.A., a Galp Power, SGPS, S.A. e a Galp Energia, S.A..
A Galp Energia é a empresa portuguesa líder do sector energético, com actividades a nível mundial,
controlando cerca de 50% do comércio de combustíveis nacionais e detendo a totalidade de capacidade
refinadora Portuguesa [7].
É um grupo integrado, cujas actividades se podem dividir em três segmentos [7]:
• Exploração e produção de petróleo e gás natural, a nível mundial, predominantemente no
Brasil, Angola e Moçambique.
• Refinação e distribuição de produtos petrolíferos, onde o petróleo é transformado nas
refinarias de Sines e Matosinhos em produtos refinados que são posteriormente distribuídos
principalmente na Península Ibérica e, mais recentemente, em África. A capacidade de refinação total
é de 330 mil barris de petróleo bruto por dia.
• Distribuição e vendas de Gás Natural e geração de energia eléctrica (power), na Península
Ibérica e em mercados internacionais. A actividade de power está em crescimento e consiste na
multigeração de energia, conseguida por via eólica ou por centrais de cogeração.
2.1. História da Refinaria de Sines
A Refinaria de Sines iniciou a sua produção em 1978. Está estrategicamente localizada em Sines pois, além de
se situar relativamente próximo de Lisboa, reúne as condições ideais a nível do porto oceânico.
A refinaria inicialmente construída era do tipo hydroskimming com uma unidade Isomax, que consiste numa
unidade de hydrocracking de naftas, produzindo propano, butano e componente de gasolina. A sua capacidade
de processamento era de 10 milhões de toneladas de crude por ano.
A oferta não cobria toda a procura e o país era importador de combustíveis. Com o intuito de inverter esta
situação, em 1992, foi iniciada a construção de novas unidades de cracking catalítico e térmico, de uma
unidade de alquilação e de uma unidade de destilação de vácuo adicional, conseguindo-se, desta maneira,
aumentar a produção de gasolinas. O novo complexo passa então de hydroskimming para tipo cracking.
Em 1997, foi construído um pipeline multiproduto até Aveiras, a fim de se conseguir obter uma maior
independência do terminal portuário. Este pipeline, de 150 km, transporta propano, butano, gasolinas 95 e 98,
gasóleo rodoviário e combustível para aviação de uma maneira segura e conseguindo preservar as
características de cada produto de acordo com as especificações legais.
Em 2008, em resposta à crescente procura de gasóleo no mercado ibérico, a Galp Energia inicia o projecto de
construção de um hydrocracker e de uma nova unidade de produção de hidrogénio, passando assim a ser uma
refinaria de elevado grau de complexidade e de integração, do tipo hydrocracking. Esta nova unidade entrou
em funcionamento em 2013, com uma capacidade de processamento de 43000 BPD. Em 2009, foi construída
uma central de cogeração, fruto do compromisso ambiental e da necessidade do aumento de eficiência
energética [8].
4
Actualmente, a refinaria de Sines produz: gasóleo (41,5%), gasolina (28,7%), fuelóleo (17,2%), nafta, jet fuel
(combustível de aviação) (9,6%), LPG (gás de petróleo liquefeito) (2,7%), jet fuel (combustível de aviação)
(9,6%) e enxofre (0,3%) [9].
A refinaria de Sines possui a segunda maior área de armazenagem da Europa com 320 hectares, tem uma
capacidade de 3 milhões de m3, dos quais 1,5 milhões de petróleo bruto e o restante em produtos intermédios
e finais [9].
Na Figura 1 apresenta-se a evolução da produção da refinaria de Sines ao longo dos últimos anos.
Figura 1 – Produção da Refinaria de Sines [9].
Através da Figura 1, é visível a diminuição progressiva da produção de betumes. Em 2013, é notório o aumento
de produção da refinaria de Sines, impulsionado pelo incremento da produção de gasóleo resultante da nova
unidade de hydrocracking.
2.1. Descrição processual
A Refinaria de Sines é um complexo composto por 34 unidades processuais que envolvem operações de
separação física, tratamento químico e conversão da estrutura molecular de algumas famílias de
hidrocarbonetos.
A unidade de destilação atmosférica, primeira etapa na refinação do crude, serve de base a toda a Refinaria,
alimentando as restantes unidades. Naquela e nas unidades de destilação de vácuo faz-se a separação inicial
das fracções de gases, nafta, petróleo, gasóleo, fuelóleo, gasóleo de vácuo e resíduo de vácuo provenientes do
petróleo bruto.
As unidades onde se produzem produtos mais leves, de conversão molecular, são as unidades de cracking
catalítico de gasóleo de vácuo (FCC), hydrocracking (HC), cracking térmico de resíduo de vácuo (Visbreaker) e
hydrocracking de nafta (Isomax). Esta última, actualmente não se encontra em funcionamento por não ser
economicamente rentável.
As unidades de reforming catalítico (Platforming) têm o objectivo de produzir componente de gasolina de
elevado índice de octano, produzindo simultaneamente hidrogénio. Na alquilação é produzida uma gasolina
sem aromáticos nem olefinas a partir de butileno e isobutano em presença do catalisador de ácido fluorídrico.
No steam reformer produz-se hidrogénio a partir de Gás Natural.
Na Figura 2, introduz-se o diagrama geral de processo da Refinaria de Sines e seguidamente realiza-se uma
breve descrição das unidades referenciadas ao longo da dissertação [10].
5
Figura 2 - Diagrama geral de processo da refinaria de Sines [10].
Unidade de destilação atmosférica
Como mencionado anteriormente, nesta unidade ocorre a separação de produtos constituintes do petróleo
bruto. Actualmente, a carga nominal da unidade é de 31 000 toneladas por dia, sendo produzidas cinco
fracções: resíduo atmosférico, gasóleo pesado SR, gasóleo ligeiro SR, petróleo SR e gasolina SR, por ordem
decrescente de intervalos de ponto de ebulição.
Dependendo das qualidades de crude a tratar, apresenta-se na Tabela 1, a gama de rendimentos e pontos de
ebulição para as várias fracções obtidas.
Tabela 1 – Rendimentos das diferentes fracções, com os respectivos pontos de ebulição [9].
Fracção Rendimentos das
fracções Ponto de ebulição
(oC)
Resíduo Atmosférico 34 - 48 % >360
GOP SR (Gasóleo Pesado) 12 - 19 % 300-360
GOL SR (Gasóleo Ligeiro) 9 - 16 % 230-300
Petróleo SR 12 - 14 % 180-230
Gasolina SR 16 - 20 % <180
6
Os crudes a tratar podem designar-se por sweet e sour, consoante tenham menor ou maior teor em enxofre,
respectivamente.
A Tabela 2 apresenta as proporções de utilização de cada tipo de crude, bem como as principais
características.
Tabela 2 Principais matérias primas [9].
Tipo de Rama Indicador 2010 2011 2012 2013
SWEET
Proporção de utilização 73 65 71 71
Densidade da carga (oAPI) 36,88 36,25 36,34 34,34
Enxofre (%m/m) 0,29 0,28 0,29 0,47
SOUR
Proporção de utilização 27 35 29 29
Densidade da carga (oAPI) 37,18 37,39 37,68 35,65
Enxofre (%m/m) 1,26 1,25 1,05 1,92
Unidade de fraccionamento
A gasolina SR proveniente da destilação atmosférica é sujeita a várias destilações em diferentes colunas,
designadas por desbutanizadora, desetanizadora, fraccionamento de naftas e desisopentanizadora, de modo a
obterem-se as fracções: fuel gás (constituído, maioritariamente, por metano e etano), GPL (propano e butano),
isopentano, gasolina ligeira, nafta química, nafta pesada e nafta média [10].
Unidades de destilação de vácuo I e II
O resíduo proveniente da coluna de destilação atmosférica segue novamente para destilação, desta vez a uma
pressão mais baixa para obtenção de gasóleo de vácuo que será enviado como carga ao hydrocracking de
gasóleo de vácuo (HC) e ao cracking catalítico de gasóleo de vácuo (FCC), passando parte deste por uma
unidade de dessulfuração do gasóleo de vácuo (HV) e para obtenção também de destilado de vácuo (no caso
da destilação de vácuo II) que seguirá para a unidade de dessulfuração de gasóleos pesados (HG).
Os resíduos destas duas unidades poderão seguir para produção de betumes asfálticos, produção de fuelóleo
directo (no caso da destilação de vácuo I), carga à unidade de Visbreaker (VB) para produção de componente
fuelóleo com menos viscosidade (no caso da destilação de vácuo II) [10].
Platforming –HN e PP
O reformer catalítico é constituído por duas unidades, a primeira é a unidade de dessulfuração e preparação da
nafta pesada (HN) que será enviada ao platforming (PP), segunda unidade, que funciona com regeneração
contínua de catalisador (CCR).
A dessulfuração da nafta no HN consiste na eliminação de compostos sulfurados e azotados, em presença de
catalisador e em atmosfera de hidrogénio, de modo a obter uma carga de acordo com as especificações no
platforming.
7
No PP, através de varias reacções químicas, na presença de um catalisador de platina, consegue-se uma
gasolina de elevado índice de octano, um dos componentes de excelência dos blendings de gasolina. Além
desta gasolina, é obtido hidrogénio que é utilizado nas unidades de dessulfuração da Refinaria [10].
Unidades de MEROX
Uma vez que os derivados de petróleo têm mercaptanos na sua constituição e estes são indesejáveis, dado que
a sua presença afecta a qualidade dos produtos: odor, estabilidade, teor de enxofre total, torna-se necessário o
seu tratamento. Este tratamento pode ser realizado por duas vias: adoçamento e extracção. O adoçamento de
mercaptanos é definido como a conversão destes em dissulfuretos que permanecem na fracção destilada sem
que haja uma redução do teor de enxofre. A extracção é uma dessulfuração parcial de fracções de petróleo que
consiste na remoção de mercaptanos em presença de soluções alcalinas, soda cáustica.
As unidades de merox de LPG e de isopentano removem os compostos de enxofre mercaptânicos.
A unidade de merox de gasolina promove o seu adoçamento. A merox de petróleo adoça a fracção de petróleo
da destilação atmosférica, permitindo obter um combustível de qualidade para aviação militar e comercial [10].
Unidade de dessulfuração de gasolina de cracking – HT
Esta unidade recebe a totalidade da gasolina produzida na unidade de FCC. Depois das diolefinas serem
hidrogenadas para evitar gomas nos reactores de hidrotratamento, a gasolina é separada em LCN (light cracked
naphta) e HCN (heavy cracked naphta), promovendo a dessulfuração do HCN, de modo a obter-se uma
gasolina após blending com um teor de enxofre máximo de 10 ppm. O isopentano obtido na unidade de
fraccionamento pode fazer carga a esta unidade para ser dessulfurado juntamente com o HCN [10].
Unidades de fraccionamento de LPG
Todo o LPG produzido nas unidades de destilação atmosférica, platforming, Isomax, FCC e hydrocraker é
fraccionado em propano e butano (propileno e butileno, no caso do FCC) nas três unidades de fraccionamento
de LPG existentes na refinaria [10].
8
3. Energia
3.1. Consumos de Energia
Actualmente, o sector energético ocupa uma posição de destaque no desenvolvimento social e económico da
nossa sociedade. Na verdade, de acordo com a Agência Internacional da Energia (EIA), o consumo mundial de
energia irá aumentar 56% nos próximos 30 anos, sendo mais de 85% deste crescimento potenciado pelos
países não pertencentes à Organization for Economic Cooperation and Development (OCDE). O aumento de
consumo por parte destes países deve-se, sobretudo, à sua forte expansão económica e populacional. No
entanto, este crescimento não é acompanhado pelos países membros da OCDE, uma vez que estes apresentam
um consumo energético maduro, com um ritmo de crescimento económico baixo e com um pequeno ou
mesmo inexistente aumento de população [1]. Globalmente, a situação pode ser descrita pela Figura 3.
Figura 3 – Consumo mundial total de energia, 1990-2040 [11].
Figura 4 – Consumo energético vs população mundial, 1900-2100 [12].
Analisando a Figura 3, é possível observar um crescente consumo energético mundial, com uma média de
crescimento de 15,8% por década. Este crescimento, tal como referido e apresentado pela Figura 4, está
fortemente relacionado com o crescimento da população mundial.
Embora a procura de energia de muitos países tenha sofrido um forte decaimento devido à crise económica
mundial sentida entre 2008 e 2009, prevê-se que o consumo de todas as fontes de energia aumente nos
próximos anos, tal como a Figura 5 indica [13].
354,8 406,0
523,9
629,8
729,2 819,6
1990 2000 2010 2020 2030 2040
Quadrillion Btu
History Projections
9
Figura 5 – Consumo mundial de energia por combustível [1].
Como é possível observar da Figura 5, estima-se que em 2040, os combustíveis líquidos, carvão e gás natural
forneçam mais de três quartos do consumo total de energia mundial. O petróleo e outros combustíveis líquidos
continuam a ser a maior fonte de energia, no entanto, a sua quota irá diminuir, passando de 34% registados
em 2010, para 28% em 2040. Em termos mundiais, o aumento do consumo de combustíveis líquidos deve-se
apenas aos sectores industrial e de transporte. Os sectores residencial e de produção de electricidade estão a
substituir o consumo de combustível líquido por fontes de energias alternativas. Na verdade, dadas as
expectativas de que o preço do petróleo permanecerá a níveis altos relativamente aos dados históricos, o
petróleo e outros combustíveis líquidos apresentam um crescimento mundial de energia mais lento face aos
restantes. Enquanto a previsão da necessidade média de energia aumenta 1,5% ao ano, a do aumento do
consumo de combustíveis líquidos é de apenas 0,9%/ano, entre 2010 e 2040 [1].
Em Portugal, o consumo de energia tem permanecido relativamente estável, entre 2000 e 2009, rondando os
25 Mtep (1 tep=10 Gcal). Na Figura 6, apresenta-se o consumo total de energia primária, em Portugal, bem
como os valores correspondentes a cada fonte de energia utilizada de 2000 a 2009. A última barra é referente
ao consumo de energia, das duas refinarias (Refinaria de Sines e Refinaria de Matosinhos), em 2009 [2].
Figura 6 – Consumo de energia em Portugal [2].
10
Considerando os dados da Figura 6, é possível perceber que a maior parte da energia consumida em Portugal é
proveniente do petróleo. É ainda de notar, desde 2005, um crescimento no consumo de energias renováveis
em oposição à diminuição do consumo de carvão.
O consumo energético em Portugal pode ser analisado segundo os seus sectores de aplicação, como revela a
Figura 7.
Figura 7 - Consumo de energia por sector no ano de 2009 [2].
Analisando a Figura 7, observa-se que o sector dos transportes é o principal responsável pelo consumo de
energia em Portugal, com 38% desse consumo. A energia despendida no consumo doméstico e nos serviços
representa 17% e 11% do consumo total. Através da Figura 7, é, ainda, possível verificar que o grupo Galp
Energia, no ano de 2009, consumiu cerca de 6% de toda a energia consumida em Portugal. De facto, as
refinarias da Galp Energia corresponderam a 20% do total da energia consumida da Indústria Portuguesa, no
ano de 2009.
No ano de 2013, a refinaria de Sines, em conjunto com a cogeração da Sinecogeração, consumiram 70,6 kton
FOE/mês (Fuel Óleo Equivalente: 1kg FOE = 9840 kcal). No ano de 2012, os custos de energia da Refinaria de
Sines e cogeração, combustíveis, vapor e energia eléctrica, representaram 75% dos custos totais de
funcionamento da instalação [2].
Considerando o panorama energético, a subida constante dos preços da energia num ambiente económico
cada vez mais instável, bem como a crescente preocupação com as questões ambientais, tem-se assistido a um
grande desenvolvimento na procura de alternativas. Na verdade, têm vindo a ser estudadas e desenvolvidas
novas tecnologias para o sector de energias renováveis, no entanto, a sua integração nas empresas demora
algum tempo e apresenta custos bastante elevados.
Além dos custos económicos da energia numa empresa, também estão associados outros custos adicionais
para a sociedade, tais como os intrínsecos ao meio ambiente, com a geração de resíduos poluentes e a emissão
de gases de efeito de estufa, como os SOX, NOx e CO2, que além de potenciarem problemas a nível do ambiente
e saúde, também contribuem para o aquecimento global do planeta e para as chuvas ácidas [3, 4]. Grandes
11
esforços têm sido realizados para reduzir as emissões de CO2, tal como refere o Protocolo de Quioto.
Actualmente, vive-se uma situação de alguma instabilidade relativamente à implementação de novas metas
para combater as alterações climatéricas. Recentemente, alguns progressos foram conseguidos através do
Acordo de Copenhaga onde se promoveu a estabilização das emissões de GEE. Neste acordo não foi
estabelecido qualquer limite de emissões para os países signatários mas foi, designado um objectivo global [6].
Em Portugal, várias medidas têm sido tomadas tendo em vista a optimização do consumo energético. De facto,
em 2008, foi promulgado o Plano Nacional de Eficiência Energética que pretende implementar medidas de
eficiência energética equivalentes a 9,8% do total do consumo de energia final até 2015 [14].
Como referido, a redução do consumo energético além de trazer benefícios directos, tal como a diminuição da
factura energética, conduz igualmente a benefícios indirectos, uma vez que a redução da queima de
combustível leva à diminuição da emissão de gases que contribuem para o efeito de estufa, cuja emissão para a
atmosfera é paga, como é o caso do CO2. Na refinaria de Sines, por uma tonelada de fuel queimado são
produzidas cerca de três de CO2, cujo custo adicional relativamente ao limite de emissões se situa em cerca de
6€/ton [2].
Pelas razões apontadas é muito importante a implementação de um sistema de gestão de energia de acordo
com a Norma NP EN ISO 50001 que induz a um maior enfoque nas questões energéticas e na preocupação
constante na procura da melhoria contínua [5].
3.2. Norma Portuguesa 50001
A Norma Portuguesa 50001 foi publicada em 2011 e foi desenvolvida pela Organização Internacional de
Normalização (ISO) que é a entidade responsável pela normalização de 170 países de todo o mundo. A norma é
referente a sistemas de gestão de energia e fornece os requisitos e linhas de orientação para a sua utilização.
A adopção desta norma deverá conduzir à redução dos custos energéticos, das emissões de gases com efeito
de estufa e de outros impactos ambientais relacionados, à promoção de boas práticas na execução de tarefas,
aumentando a competitividade organizacional e promovendo a melhoria contínua.
Para a implementação do sistema de gestão de energia ser bem-sucedido terá de haver um compromisso de
todos os níveis e funções da organização, especialmente, da gestão de topo. O Sistema de Gestão de Energia
pode ser esquematizado como o representado na Figura 8 [5].
Figura 8 - Sistema de Gestão de Energia [5].
Sistema para a Gestão da Energia
Responsabilidade da Gestão
Responsabilidades e autoridades
Revisão pela gestão
Planeamento energético
Metas e objectivos energéticos
Formação e comunicação
Controlos Operacionais
Desenvolvimento e aquisições
12
Os responsáveis pela gestão devem apoiar o SGE e fomentar a melhoria contínua do desempenho energético
através da implementação de uma política energética ajustada à organização e que inclua o compromisso de
cumprimento das exigências legais aplicáveis, da comunicação da importância da norma a todos os elementos
da organização, da garantia que os objectivos e metas são cumpridos, bem como que os indicadores de
desempenho energético sejam adequados e, por fim, da condução das revisões pela gestão [5].
O planeamento energético deve ter em conta a política energética estabelecida e deve avaliar as actividades da
organização susceptíveis de afectarem o desempenho energético. A Figura 9 fornece uma ideia geral do que é
pretendido num planeamento energético [5].
Figura 9 - Diagrama geral de um planeamento energético [15].
Devem ser avaliados todos os processos da instalação. Para cada um devem ser analisados todos os tipos de
energia. No final, de acordo com critérios previamente definidos conseguem definir-se as áreas de utilização
significativa de energia e identificar acções e oportunidades de melhoria.
Para cada uso significativo de energia é necessário estabelecer uma baseline que defina esse uso e que possa
ser utilizada para [5]:
Estabelecer uma base para uma análise concreta do desempenho ao nível de cada processo, bem
como, de instalações e equipamentos;
Avaliar as alterações do desempenho energético;
Medir as melhorias e resultados atingidos de acordo com a variação em relação ao referencial e assim
permitir uma medida real do retorno do investimento realizado.
Os indicadores de desempenho energético, IDE, quantificam os resultados relacionados com a eficiência, uso
ou consumo energéticos de processos que a organização considere importantes monitorizar.
Relativamente à formação, a organização sabe que é necessário, por parte de quem executa as tarefas
relacionadas com aspectos energéticos significativos, ter competências que poderão ter sido adquiridas na
escola, acções de formação ou por experiência. Competência, formação e sensibilização em energia são as
acções transversais que uma organização deve fornecer a todos os colaboradores que realizem tarefas
13
relacionadas com aspectos energéticos significativos para que se consiga a conformidade com a política
energética, procedimentos e requisitos. Estes colaboradores devem saber o impacto que as suas actividades e
acções (actuais, potenciais e futuras) têm no consumo e uso de energia e as consequências de potenciais
desvios aos procedimentos especificados [5].
Quanto à comunicação, a organização deverá estabelecer e implementar um sistema em que todos os
colaboradores possam contribuir para a melhoria contínua através de comentários ou sugestões e comunicar
internamente, e eventualmente externamente, as informações relativas ao desempenho energético [5].
O controlo operacional visa a identificação e planeamento das actividades de operação e manutenção
relacionadas com os usos significativos e que estejam de acordo com a política energética, objectivos, metas e
planos de acção. Uma abordagem comum ao estabelecimento do controlo operacional inclui [5]:
Selecção de critérios de operação e manutenção adequados à realidade da organização, incluindo
edifícios, processos, sistemas e equipamentos;
Definição de procedimentos, quando necessário, que definam de que modo as operações
identificadas são planeadas, conduzidas e controladas;
Garantir que esses procedimentos estão documentados e comunicados, a todos os envolvidos.
No que diz respeito à aquisição ou concepção de instalações, equipamentos, sistemas e processos, novos,
modificados ou renovados, que tenham ou possam vir a ter impacto significativo no desempenho energético, a
organização deverá considerar as oportunidades de melhoria do desempenho energético e do controlo
operacional. Assim, aquando da aquisição de algum destes, a organização deverá informar os fornecedores que
a contratação é parcialmente avaliada de acordo com o desempenho energético. Para esta avaliação do
desempenho energético ao longo da vida útil, previsto ou planeado, a organização deverá estabelecer e
implementar os critérios de avaliação [5].
Os principais requisitos base são requisitos gerais de definição do âmbito e objectivos, definição das
responsabilidades da gestão, política energética, planeamento energético (deve incluir uma análise das
actividades da organização), abordagem por processos, auditorias, não conformidades e plano de acções e, por
fim, revisão pela gestão e gestão de risco [5].
Esta Norma segue a metodologia PDCA – “Plan, Do, Check, Act” e integra a gestão de energia nas práticas
quotidianas das organizações que a adoptem, segundo as várias etapas [5]:
Plan (planear) – consiste na avaliação energética e estabelecimento da linha de base - baseline,
indicadores de desempenho energético (IDE), objectivos, metas e planos de acção necessários a fim de
melhorar o desempenho energético, de acordo com a política de energia adoptada pela organização.
Do (fazer) - põe em prática os planos de acção de gestão de energia.
Check (verificar) – consiste na monitorização e medição dos processos e das características chave das
operações que determinam o desempenho energético relativamente à política energética e aos objectivos, e à
comunicação dos resultados.
Act (Actuar) – realização de acções que permitam a melhoria contínua do desempenho energético do
Sistema de Gestão de Energia.
14
Na Figura 10 apresenta-se um esquema do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) a aplicar segundo a norma 50001.
Figura 10 – Ciclo “PDCA” [16].
A norma 50001 pode ser usada para obtenção de certificação, registo e autodeclararão do Sistema de Gestão
de Energia de uma organização, conseguidos por uma entidade externa. Não prescreve critérios específicos de
desempenho no que respeita à energia, além dos compromissos assumidos na política de energia da
organização e a sua obrigação de cumprir as exigências legais e outros requisitos aplicáveis [5].
3.3. NP 50001 aplicada à Refinaria de Sines
A implementação desta norma é realizada através do princípio de abordagem por processos, isto é, para cada
processo são identificados os factores que o influenciam, tais como requisitos normativos, legais, entre outros,
organizando as práticas e modos de actuar de forma a garantir a conformidade total. A norma 50001 foi
integrada na Refinaria de Sines ao mesmo tempo que a da qualidade, 9001, por isso a definição e selecção dos
processos foi realizada em parceria.
Relativamente à revisão energética periódica, a refinaria de Sines realizou um estudo aos aspectos energéticos
significativos, cujos objectivos foram [17]:
a identificação e caracterização dos processos e aspectos energéticos;
a análise e classificação dos aspectos energéticos;
a avaliação e apuramento dos Usos Significativos Energéticos, USEn;
a definição de indicadores de desempenho energético, de objectivos e metas, o estabelecimento de
uma baseline energética, e a implementação de acções de melhoria.
15
Identificação e caracterização dos processos e aspectos energéticos
Esta etapa é composta pela descrição do local; instalação; processo; equipamento (se relevante); tipo de
energia utilizada, onde a Refinaria considera: combustíveis, energia eléctrica ou vapor; forma de utilização da
energia (produção ou consumo); identificação dos factores que afectam a forma de utilização e os custos;
identificação de medidas de melhoria implementadas e por fim, legislação, regulamentação e boas práticas
aplicáveis, caso existam [17].
Análise e classificação dos aspectos energéticos
A classificação dos aspectos energéticos tem em linha de conta, no mínimo, três parâmetros, sendo eles: a
relevância, o desempenho e a existência de oportunidades de melhoria.
No parâmetro relevância está considerada a quantidade de energia usada em cada um dos processos, face ao
total, para cada forma de energia considerada.
O desempenho está relacionado com a avaliação dos processos através dos indicadores do SGE, no período
anterior à data de revisão dos USEn. O desempenho é positivo quando foi atingida a meta relativa ao objectivo
definido e negativo, caso contrário.
O critério oportunidade de melhoria representa um uso que, embora possa não apresentar um consumo ou
produção relevante, ou mau desempenho, pode ser alvo de um potencial de implementação de acções de
melhoria de desempenho energético [17].
Avaliação e apuramento dos Usos Significativos Energéticos, USEn
Na base da selecção dos usos significativos de energia está o cumprimento de pelo menos um dos critérios de
significância: uso igual ou superior a 5% do total para cada tipo de energia; desempenho negativo ou
oportunidade de melhoria. Estes critérios foram definidos tendo como objectivo que cerca de 80% de todos os
tipos de energia estivessem considerados como USEn. Além do critério de uso igual ou superior a 5%, também
são sujeitos a um olhar mais crítico os usos entre 3 a 5%, podendo posteriormente ser considerados como
USEn [17].
Definição de indicadores de desempenho energético
Relativamente ao último ponto do âmbito da gestão dos aspectos energéticos, os indicadores de desempenho
foram identificados de forma integrada, ou seja, o seu modo de definição, análise, revisão, medição e avaliação
de resultados é comum a todos os indicadores. Estes são documentados por processo, instalação e
equipamento. A sua medição e análise são da responsabilidade das entidades envolvidas na gestão de cada
processo, instalação ou equipamento [17].
Na verdade, existe uma grande diversidade destes indicadores de desempenho sendo que estes devem ser o
mais precisos possível e seguir os padrões internacionais. A maioria das empresas associadas ao sector da
refinaria, entre as quais se inclui a Galp Energia, utiliza o sistema desenvolvido pela Solomon Associates, que
estabelece um Índice de Intensidade Energético (EII®) [18]. Este índice compara o consumo de fontes primárias
de energia de uma refinaria com uma refinaria de referência de igual complexidade e mede o seu desempenho
energético. A redução do EII® implica menos consumo de energia para o mesmo patamar de produção e
16
representa directamente uma redução relativa de emissões de GEE e de poluentes regulados [19]. A Refinaria
de Sines está empenhada em reduzir o EII® e, assim acompanhar as refinarias de melhor performance da
Europa Ocidental.
Todos os usos significativos apresentam objectivos e metas, cujo acompanhamento é efectuado através da
monitorização, medição e análise do SGE. De modo a assegurar uma melhoria contínua do desempenho
energético da Refinaria, deve ser efectuado o levantamento de acções de melhoria [17].
Após a selecção dos aspectos energéticos significativos, é necessário analisar o uso de cada aspecto para um
período de referência, a fim de se adoptar a melhor forma de representação para se definir a baseline
energética. Após esta etapa, são analisadas as variáveis independentes que melhor se relacionam com o uso de
energia. A baseline é acompanhada mensalmente, procedendo-se ao cálculo do uso ajustado, tendo em conta
as variáveis independentes e compara-se com os usos reais, permitindo identificar as poupanças e os desvios
[17].
Os aspectos energéticos devem ser revistos anualmente, com o intuito de ser avaliado o impacto que as
melhorias implementadas tiveram nos usos significativos, à luz dos critérios de significância [17] [5].
Nesta dissertação pretende obter-se uma nova baseline do consumo de vapor do processo de destilação
atmosférica e uma outra para o consumo de combustíveis através de um tratamento estatístico de regressão
linear múltipla, cujos fundamentos teóricos se apresentam no capítulo 4.
17
4. Análise linear múltipla
A estimativa do consumo de energia é conseguida através de uma análise estatística com o intuito de se
determinar a contribuição específica de cada variável num processo multicausal com uma única variável
resposta.
A análise muti-variável é uma ferramenta revolucionária no tratamento de dados numerosos e complexos nos
sectores de investigação e desenvolvimento, bem como no campo da engenharia. Baseada no método de
projecção estatística, a análise multivariável apresenta uma amplitude de gráficos e projecções rápidas de
séries complexas de dados [20].
A técnica de regressão linear multivariável, RLM, é uma extensão da regressão linear simples, para o caso em
que existe uma única variável de resposta, Y, e diversas variáveis explicativas, X’s. O objectivo é obter uma
correlação entre Xi (variável preditora) e Y em termos de direcção (positiva ou negativa) e magnitude (forte ou
fraca) dessa relação. Matematicamente, a relação pode ser traduzida [21]:
𝑌 = 𝛽0 + 𝛽𝑖𝑋𝑖 + ⋯ + 𝛽𝑝𝑋𝑝 + 𝜀
Onde 𝛽𝑜 diz respeito à intercepção na origem, 𝛽𝑖 aos coeficientes parciais de regressão e ε à componente
estocástica do modelo. A intersecção na origem representa o valor de Y quando todas as variáveis
independentes tomam o valor zero, ou seja, representa o valor da média esperada de Y. O coeficiente de
regressão parcial, 𝛽𝑖, representa a alteração sentida em Y, quando a variável Xi aumenta uma unidade [22, 23].
Relativamente à componente estocástica, representa o erro em explicar Y a partir de Xi. Tecnicamente, ε é a
diferença entre os valores observados e os valores ajustados de Y, ou seja, os resíduos do modelo. Poderá
afirmar-se que um modelo é tanto mais ajustado à realidade, quanto menor os seus resíduos [24]. Assim,
recorre-se à técnica dos mínimos quadrados que minimiza os erros de estimativa entre os valores observados e
os valores ajustados. Os pressupostos subjacentes a esta técnica são [25, 26, 27, 28]:
Relação linear entre a variável dependente e as variáveis independentes;
Não existência de erros sistemáticos na obtenção dos dados (Y e Xi);
Valor esperado do termo de erro (ε) ser zero, para qualquer valor das variáveis independentes;
Homocedasticidade, isto é, a variância dos resíduos ser constante para todos os valores de cada
variável independente. Caso contrário, a confiabilidade dos testes de significância e os intervalos de
confiança do modelo obtido são afectados [29].
Os resíduos apresentarem uma distribuição normal.
Processo Genérico
Variáveis associadas ao que
entra no processo (x) Variáveis associadas ao
que sai do processo (y)
18
Ausência de auto correlação entre os resíduos, ou seja, o valor de uma observação medida num
determinado tempo (t1) não influência o valor de uma observação medida num tempo posterior (t2). O
teste Durbin-Watson detecta a presença de auto correlação, através da análise do parâmetro D. Este
pode tomar valores compreendidos entre 0 e 4. Quanto mais próximo estiver de 0, maior é a auto
correlação positiva e quanto mais próximo de 4, maior a auto correlação negativa. Valores no
intervalo de 1,5 a 2,5 indicam que não há dependência entre as observações [30, 31].
As variáveis independentes não apresentem elevadas correlações entre si - efeito da
multicolinearidade [32].
Tamanho adequado da amostra face ao número de variáveis independentes.
A metodologia geral de Regressão linear múltipla segue o esquema apresentado na Figura 11.
Figura 11 - Esquema da metodologia de regressão linear múltipla [24].
Estudo estatístico (etapa 1)
O primeiro passo consiste na familiarização dos dados. Para tal, recorre-se às ferramentas de estatística
descritiva como médias, desvios padrões, mínimos, máximos, para todas as variáveis estudadas, a fim de
analisar a amostra. Examina-se a matriz de correlação de Pearson que avalia a relação linear entre duas
variáveis estudadas, independente ou dependente, medindo a força e a intensidade dessa relação, tomando
valores entre -1 e 1 [33]. Averiguam-se e examinam-se os outliers (observações que não se enquadram nos
padrões normais da dispersão) através dos gráficos de caixa, boxplots. Estes gráficos de caixa exprimem de uma
forma eficiente um conjunto de dados, evidenciando os valores atípicos, a mediana e os quartis. O
comprimento da caixa é proporcional à variação dos dados [34]. Devem ser construídos gráficos de dispersão
para todas as combinações das variáveis independentes e da variável dependente. Se os dados forem
recolhidos ao longo do tempo, também se deve analisar a sua relação. Tecnicamente, a análise gráfica é o
procedimento mais eficiente para melhor compreensão dos dados [24] [25].
Formulação do modelo (etapa 2)
A formulação do modelo, passo 2, é baseada no conhecimento prévio que se tem acerca do sistema e também
pela relação entre as variáveis independentes e a dependente observada nos gráficos de dispersão e/ou de
tempo [24].
Passo 1
Estudo estatístico e de gráficos
Passo 2
Formulação
do modelo
Passo 3
Estimativa do modelo
Passo 4 Validação do modelo
Passo 5
Apresentação de resultados.
Utilização do modelo.
Ajuste não satisfatório
Bom ajuste
19
Estimativa do modelo (etapa 3)
O passo 3 consta da análise aos resultados obtidos que consiste no estudo dos coeficientes de regressão, bem
como de outros parâmetros como o valor-p, valor-F, valor-t, na avaliação da qualidade do ajuste através do
coeficiente de determinação ajustado e na verificação da possível existência de multicolinearidade entre as
variáveis independentes, através do Variance Inflation Factor (VIF) [24, 23].
O estudo dos coeficientes de regressão passa pela análise ao seu sinal, verificando se estes têm a relação
teórica expectável. Deve também interpretar-se a magnitude dos coeficientes estimados para aferir quais as
variáveis de entrada mais significativas na explicação da variabilidade da variável resposta. O primeiro
coeficiente a ser analisado é 𝛽0, embora não tenha tanta importância quanto os outros porque em grande
parte dos modelos estimados, o valor desta constante não tem uma interpretação. O valor de 𝛽0 poderá ter
significado físico, apenas quando existem observações que tomam o valor nulo para todas as variáveis
independentes. A razão pela qual se deve incluir a constante no modelo é que ela garante um dos pressupostos
do modelo, todos os resíduos terem média de zero [35].
Relativamente aos outros coeficientes, deve avaliar-se o valor-p correspondente, e se este for inferior ao nível
de significância pretendido, α, é corroborado o efeito positivo ou negativo dessa variável sobre Y. Caso o valor-
p de um dado regressor seja sensivelmente superior ao nível de significância α, não é possível rejeitar com
segurança a hipótese nula de que 𝛽𝑖 = 0 [23].
Validação do modelo (etapa 4)
A validação do modelo estimado passa pela análise aos resíduos que consiste na construção de gráficos para
verificar se algum dos pressupostos subjacentes ao modelo de regressão linear múltipla está a ser violado. Os
gráficos a serem construídos são [24]:
Resíduos vs. valores ajustados, para verificar se a variância dos resíduos não depende do nível de Y;
Gráficos de probabilidade normal para resíduos, a fim de verificar o pressuposto da normalidade dos
resíduos;
Resíduos vs. ordem de observação, para verificar o pressuposto de auto correlação;
(Padrões não aleatórios são indicativo de um modelo não adequado).
Apresentação do modelo (etapa 5)
Por fim, na apresentação dos resultados e utilização do modelo, sintetizam-se os resultados para o modelo
desenvolvido, se este for satisfatório [24].
4.1. Metodologia da análise de resultados do tratamento estatístico
Através da tabela de análise de variância (ANOVA) reportam-se os resultados das somas dos quadrados
associados ao ajuste do modelo. A variabilidade total do conjunto de dados (SSt) é dada pela soma da
variabilidade explicada pelo modelo de regressão (SSreg) e pela variabilidade não explicada pelo modelo (SSr).
Esta última diz respeito à parte estocástica do modelo de regressão. Adicionalmente, a tabela ANOVA, ainda,
20
apresenta os valores das estatísticas de testes importantes para a análise do modelo, nomeadamente, o teste
F, ou teste à significância da regressão, e os testes individuais para cada parâmetro de regressão [24, 23].
Teste à significância da regressão, onde 𝐻𝑜diz respeito à hipótese nula (não haver nenhum coeficiente de entre
os avaliados diferente de zero) e 𝐻1é referente à hipótese alternativa (haver pelo menos um coeficiente
diferente de zero).
𝐻0: 𝛽𝑖 = ⋯ = 𝛽𝑝 = 0
𝐻1: ∃𝑗 𝛽𝑖 = ⋯ = 𝛽𝑝 ≠ 0
Testes individuais para cada parâmetro de regressão.
Considere-se um 𝛽𝑖:
𝐻0: 𝛽𝑖 = 0
𝐻1: 𝛽𝑖 ≠ 0
A tabela ANOVA em regressão linear múltipla é, em geral, apresentada pela Tabela 3 [24].
Tabela 3 – Tabela ANOVA.
Fontes de variação Variações (Soma de
quadrados) Graus de liberdade
Média das somas
dos quadrados
Estatística de Teste
(F)
Regressão SSreg P MSreg
𝑀𝑆𝑟𝑒𝑔
𝑀𝑆𝑟
Residual SSr n-p-1 MSr -
Total SSt N-1 - -
Onde p é o número de variáveis de entrada (regressores) ou número de parâmetros -1.
O coeficiente de determinação, R2, é uma medida da qualidade do modelo obtido e é quantificado entre 0 e a
unidade. Este coeficiente é obtido pela razão entre a variabilidade explicada pelo modelo (através dos
regressores) e a variabilidade total.
𝑅2 =𝑆𝑆𝑟𝑒𝑔
𝑆𝑆𝑡
= 1 −𝑆𝑆𝑟
𝑆𝑆𝑡
De cada vez que se implementa uma nova variável, o seu valor aumenta mesmo que esta não esteja
relacionada com a resposta. Isto acontece, porque há sempre uma pequena parte da sua variabilidade que
ajuda a explicar a variável resposta, por alinhamentos aleatórios com Y. Na verdade, a introdução destas
variáveis tem uma acção prejudicial e desestabilizadora em termos de previsões futuras. Como tal, para aferir
realmente a qualidade do modelo, penaliza-se a métrica de qualidade com o número de variáveis utilizado.
Assim, o coeficiente de determinação ajustado, R2
ajust penaliza a introdução de termos adicionais ao modelo e
previne o overfitting e a utilização de regressores com pouco potencial explicativo da variabilidade da resposta.
𝑅𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡.2 = 1 −
𝑆𝑆𝑟 (𝑁 − 𝑝 − 1)⁄
𝑆𝑆𝑡 (𝑁 − 1)⁄= 1 −
(𝑁 − 1)
(𝑁 − 𝑝 − 1)(1 − 𝑅2)
Por estas razões, aquando da análise de regressão linear múltipla deve avaliar-se o coeficiente de
determinação ajustado e não o simples [24].
21
Associado ao coeficiente de determinação, há o erro padrão da regressão, S, que representa a distância média
entre os valores observados e a regressão obtida. Este erro padrão indica o quão ajustado é o modelo aos
dados observados. Quanto menor é S, mais próximas estão as observações do modelo alcançado [36].
No tipo de processo em questão, industrial, o pressuposto da multicolinearidade pode estar em causa, por isso
há que analisar os dados obtidos. Esta pode ser identificada através da análise dos gráficos de dispersão onde
são evidenciadas as relações bivariáveis ou pela matriz de correlação de Pearson, quando o coeficiente desta
correlação toma valores superiores a 0,80 (valor absoluto) significa que poderão existir problemas de
multicolinearidade. A detecção da multicolinearidade passa também pelo conhecimento rigoroso do processo,
verificando se alguns coeficientes têm sinal contrário ao esperado, se as variáveis que se consideram
importantes têm uma magnitude considerável ou se a eliminação de uma linha ou coluna de dados traz uma
alteração significativa do modelo. Pode, ainda, ser averiguada através do teste F baseado na ANOVA ser
significante mas os coeficientes individuais não o serem [24]. O VIF é um parâmetro estatístico que poderá dar
indicação da existência de multicolinearidade. Se o seu valor for inferior a 5, a variável não apresenta
problemas de multicolinearidade, se estiver compreendido entre 5 a 10, está considerado na “zona cinzenta” e
poderá ter problemas, por fim, se o valor for superior a 10, a multicolinearidade é um problema. Para
ultrapassar esta questão, utilizam-se os métodos de selecção de variáveis: de entre as variáveis independentes
redundantes, seleccionam-se as que mais explicam a variabilidade da variável resposta, e retiram-se todas as
que não acrescentem capacidade explicativa. Nesta dissertação recorreu-se ao método de selecção Stepwise
que escolhe automaticamente o modelo com as variáveis independentes que melhor explicam a variabilidade
da variável dependente. Neste teste, as variáveis seleccionadas podem vir a ser removidas caso se tornem
redundantes aquando da introdução de outras, prevenindo, deste modo, a multicolinearidade [24, 23].
Uma outra análise que deve ser efectuada, além da validação do modelo, é aos outliers e às observações
influentes. Os outliers são observações que não se enquadram nos padrões normais da dispersão e as
observações influentes são aquelas que têm muito peso na estimativa do modelo; quanto mais díspares as
observações face à sua média, maior a sua contribuição [24]. Ambos podem ser identificados através de uma
análise aos resíduos.
A estatística padrão para detectar resíduos elevados na regressão são os standardized residuals, que são
obtidos dividindo o resíduo pela estimativa do seu desvio padrão. Se os standardized residuals forem maiores
que 2 em valor absoluto, poderão ser considerados um outlier [37].
O deleted t residual de uma observação é calculado dividindo o deleted residual pela estimativa do seu desvio
padrão. O deleted residual, di, é a diferença entre Yi e o seu valor ajustado no modelo omitindo a observação i
dos seus cálculos. A observação é removida para determinar como se comporta o modelo sem esse potencial
outlier. Caso a observação tenha um deleted t residual elevado (o seu valor absoluto seja maior que 2,
sensivelmente), a observação i poderá ser um outlier [37].
As observações cujos valores de X ou Y se afastem do “normal”, isto é, a distância entre cada valor de X ou Y e a
média de todos os valores de X ou Y é elevada, têm uma grande influência na estimativa da recta de regressão.
Estes pontos são denominados de high leverage. Estas observações podem ser identificadas através dos
22
valores dos chamados hat values (Hi) que variam entre 0 e 1, sendo que tomam valores de 0 quando a
observação não influência o modelo e, 1 quando influência completamente [24].
As Distâncias de Cook representam a importância de cada observação para a estimativa dos coeficientes de
regressão, combinando valores anormais de X e os valores anormais de Y. Esta distância corresponde a uma
medida da distância entre os valores ajustados, contemplando a observação em causa e excluindo-a. Devem
comparar-se e verificar-se se existem distâncias muito elevadas, observações influentes, caso existam, pode
ajustar-se um modelo sem estes valores [24] [38].
Relativamente ao “DFITS”, é dado pela diferença entre o valor observado de Yi e o seu valor correspondente
ajustado, �̂�𝑖, com e sem a inclusão da observação i. Quando este valor é superior à unidade poderá ser
indicativo da observação i ser um outlier [38, 39].
Aquando da análise aos resíduos, caso estes parecerem não seguir uma distribuição normal, poder-se-á utilizar
um outro modelo ou tentar usar uma transformação da variável resposta à luz da ferramenta Box-Cox [40].
4.1. Minitab® Statistics Software
O Minitab® 17 é um software estatístico, provido de uma interface intuitiva de fácil utilização e com poderosos
gráficos que permite importar dados de base de dados, como o Microsoft Excel. Parâmetros estatísticos como o
número de observações, mínimo, máximo, média, mediana, desvio padrão, histograma de frequência são
usados como funções integradas neste software para visualização de dados [41].
Aquando da selecção dos termos do modelo, as variáveis de entrada são normalizadas subtraindo a média e
dividindo-se pelo desvio padrão. O modelo final devolve as variáveis de entrada tal como o utilizador as
introduziu no sistema. A normalização de X’s visa compatibilizar, de algum modo, variáveis que possam ter
escalas e dispersões muito diferentes. A comparação da influência relativa das diversas variáveis, com base nos
parâmetros estimados, só faz sentido se as variáveis forem normalizadas [21].
O Minitab® 17 identifica as observações inusuais a partir das técnicas de diagnóstico de resíduos,
anteriormente referidas e, aquando da realização da regressão linear múltipla, o software indica os outliers e
as observações influentes.
23
5. Análise energética do processo de destilação atmosférica
5.1. Descrição do processo de destilação atmosférica
Da análise energética realizada pela Refinaria de Sines no final de 2013 e referida no capítulo 3, foram
identificados vinte e dois usos significativos de energia, dos quais serão estudados nesta dissertação:
o consumo total de vapor de 3,5 barg no processo da destilação atmosférica, pois apresenta um
consumo superior a 5% do consumo total de vapor da instalação, um desempenho positivo e
oportunidades de melhoria;
o consumo de combustíveis no processo da destilação atmosférica, que apresenta um consumo
superior a 5% do consumo total de combustíveis da instalação, desempenho positivo e não apresenta
oportunidades de melhoria significativas.
Assim, para melhor compreensão do problema descreve-se em detalhe a unidade de destilação atmosférica,
cujo diagrama processual se apresenta nas Figuras 12 e 15.
Figura 12 – Diagrama descritivo da destilação atmosférica [42].
O crude proveniente dos tanques de armazenagem, OP-T-1 a 16, divide-se em dois ramais, onde em cada um, o
crude é pré-aquecido em cinco permutadores de calor, a fim de atingir a temperatura de dessalinização,
trocando calor com:
corrente de gasolina de circulação, CC-E60A, CC-E60B, CC-E1A e CC-E1B;
24
petróleo para armazenagem, CC-E2 e CC-E3;
gasóleo ligeiro para armazenagem, CC-E5A e CC-E5B ;
gasóleo pesado para armazenagem, CC-E61A e CC-E61B
Para diminuir o consumo de combustível nos fornos CC-H1A/B, o crude já dessalinizado, é pré-aquecido em
três permutadores de integração energética com:
gasóleo ligeiro de circulação, CC-E4A e CC-E4B;
gasóleo pesado para armazenagem, CC-E6A e CC-E6B;
resíduo atmosférico, CC-E7A e CC-E7B.
Na coluna de pré-flash, CC-V6, dá-se a expansão das fracções mais leves de crude, com passagem à fase gasosa,
e envio para a coluna de destilação atmosférica CC-V1, entrando na zona de flash. O produto de fundo do pré-
flash é novamente aquecido por dois permutadores de calor através das correntes de gasóleo pesado de
circulação, CC-E62A/B, e resíduo atmosférico, CC-E8A/B e, por fim, entra nos fornos, onde vai atingir a
temperatura desejada de 360 a 380ºC.
O ar necessário à queima do combustível é fornecido pelos compressores CC-C2A/B, como se pode observar na
Figura 13. Entra no CC-E52 onde é aquecido por permuta com vapor de 3,5 bar. Posteriormente vai ao
permutador CC-E51, para receber calor dos gases de combustão provenientes dos fornos, CC-H1A/B. O
incremento de temperatura nesta permuta é da ordem dos 100ºC.
Figura 13 - Esquemático do pré-aquecedor do ar dos fornos [43]
O crude, após aquecimento e parcial vaporização nos fornos, entra na coluna CC-V1, na zona de flash. Na
coluna de destilação atmosférica, o resíduo atmosférico (RAT) sofre um processo de stripping com vapor de 3,5
barg, para baixar a pressão parcial dos hidrocarbonetos e assim vaporizar os componentes leves presentes no
RAT – baixando o seu rendimento. O RAT que vai para armazenagem passa por vários permutadores, cedendo
calor ao crude (tal como foi referido), gerando vapor de 3,5 bar e aquecendo a água de alimentação aos
25
geradores de vapor e a do circuito de água temperada. O RAT pode, ainda, seguir para os Vácuos I e II, como
carga quente.
Parte do gasóleo pesado SR (GOP) extraído na CC-V1 é usado como produto de circulação (removendo calor à
coluna), dividindo-se em duas correntes, uma para servir de fonte térmica ao reboiler da desbutanizadora e
outra para aquecer o crude, como anteriormente referido. O restante gasóleo pesado vai ao stripper CC-V2
reduzir a fracção de leves, sendo posteriormente arrefecido, e, por fim, enviado para armazenagem de
componentes ou para armazenagem intermédia para carga à unidade de dessulfuração. Os leves libertados
voltam a entrar na coluna, acima da extracção do produto de circulação.
O corte de gasóleo ligeiro SR (GOL) tem utilização semelhante à do gasóleo pesado. Parte do gasóleo ligeiro é
usada como circulação, servindo como fonte térmica ao reboiler do splitter de naftas e também na permuta
com crude. O restante gasóleo leve vai ao stripper CC-V3 onde, após serem retirados os leves, é arrefecido e
enviado para armazenagem de componentes, com o qual pode ser misturado gasóleo pesado, ou enviado para
armazenagem intermédia para carga às unidades de dessulfuração.
O petróleo SR sai da CC-V1, passa no stripper CC-V4, onde sofre uma injecção de vapor para retirar as fracções
leves que voltam à CC-V1. O produto de fundo do stripper, depois de arrefecido, segue para armazenagem de
componentes e/ou para a unidade de Merox de Petróleo. Em alternativa, pode ser misturado com o GOL.
O stripping dos produtos é realizado nas colunas, CC-V2 a CC-V4, e no fundo da própria coluna, CC-V1. O efeito
da adição de vapor de água é baixar as pressões parciais de todos os outros componentes na mistura. As
fracções revaporizadas e o vapor de água voltam à coluna atmosférica. O vapor de água é condensado no topo
da coluna CC- V1 juntamente com a fracção gás+gasolina e separado por decantação no balão de refluxo.
Figura 14 – Imagem ilustrativa de um Stripper [44].
O stripper tem o objectivo de ajustar o ponto de inflamação do produto a tratar, sendo a temperatura de
inflamação, vulgarmente designada por Flash Point, a temperatura à qual é necessário levar um produto
petrolífero líquido para que ele liberte, em condições PTN, vapores em quantidade suficiente para que estes
inflamem quando em presença de uma chama.
O corte da gasolina SR é a primeira saída lateral como produto de circulação (refluxo externo), permutando
calor com o crude. A gasolina SR e os gases que saem pelo topo da coluna CC-V1 passam pelos
aeroarrefecedores para condensarem e seguem para o balão CC-V5. A fase orgânica deste balão vai ser dividida
em duas correntes, uma que vai alimentar a secção de fraccionamento da gasolina SR e outra responsável pelo
26
caudal de refluxo, ao qual se junta gasolina de circulação antes de entrar na coluna. A corrente que segue para
a secção de fraccionamento, entra na estabilizadora, CC-V14, onde serão retirados os hidrocarbonetos mais
leves. A fase gasosa, que sai pelo topo da desbutanizadora, será parcialmente condensada, sendo esse
condensado reenviado parcialmente à coluna CC-V14 e o restante, que pode misturar-se com a carga do
platforming, enviado para um outro balão, CC-V16. A fracção líquida da desbutanizadora constitui a gasolina
estabilizada que segue para o splitter de naftas, CC-V19.
O produto líquido proveniente do balão CC-V16 é enviado para a desetanizadora, CC-V17, para remoção de
hidrocarbonetos C2 e inferiores.
A fase líquida do balão, CC-V18, a jusante da coluna desetanizadora é remetida totalmente para o topo da
coluna (CC-V17), enquanto a fase gasosa do balão vai para tratamento de aminas e para ser alimentado à rede
de fuel-gás. A fase líquida da CC-V17, constituída por LPG, segue para a Merox, MG.
No splitter de naftas, CC-V19, o produto de fundo, nafta pesada, é enviado para carga do Hydrobon de Nafta ou
para armazenagem intermédia. Do corte lateral obtém-se nafta média que vai para armazenagem intermédia
ou para carga da unidade Isomax de LPG. Do topo obtém-se um produto rico em pentano, que é combinado
com o produto de topo da coluna de reciclo do Isomax de LPG. A mistura resultante, designada de nafta ligeira,
vai à desisopentanizadora, CC-V22.
Figura 15 – Esquemático referente ao fraccionamento da destilação atmosférica [43].
Na desisopentanizadora vai ser removido o iso-pentano, devido às suas qualidades anti-detonantes,
conseguindo valorizar-se desta maneira um produto sem tratamentos mais dispendiosos. No balão CC-V23,
receptor dos gases condensados da coluna CC-V22, o iC5 pode ser enviado à unidade de dessulfuração de
gasolina de cracking (HT) e à Merox de isopentano (MP), sendo o principal objectivo alimentar o HT.
27
A gasolina ligeira, corte lateral da desisopentanizadora, segue para tratamento de Merox, ML, ou para
armazenagem de nafta química. No fundo da coluna, sai a gasolina despentanizada que é um dos componentes
da nafta química.
O aquecimento na base da coluna pode ser realizado por dois permutadores de calor, CC-E54 e CC-E49, ver
Figura 75. O CC-E54 funciona por integração energética, utilizando a corrente quente de gasóleo pesado de
vácuo (HVGO) proveniente da Coluna de Vácuo I para permutar calor com a corrente de fundo da CC-V22. Esta
integração é realizada de forma a aquecer a corrente de fundo da CC-V22 à custa do arrefecimento do
pumparound da corrente de HVGO proveniente da Coluna de Vácuo I.
Uma vez que o calor trocado pelo permutador de integração energética não é o suficiente para aquecer a
corrente de saída do fundo da desisopentanizadora na grande maioria dos casos, recorre-se ao permutador CC-
E49 para fornecer o restante calor, utilizando vapor de 3,5 barg A quantidade de vapor necessária ao reboiler é
ajustada de modo a ser atingida a temperatura desejada da corrente de fundo que retorna à coluna.
5.2. Recolha de dados
A análise pormenorizada à unidade inclui, numa primeira etapa, a compreensão do diagrama processual e
posteriormente a recolha de dados do processo. Consoante o tipo de dados, estes podem ser obtidos a partir
de quatro fontes diferentes: por monitorização online, através dos balanços de produtos e de utilidades ou
ainda por análises realizadas no laboratório.
A recolha de dados por monitorização online é feita através do software Aspen Process Explorer versão 2006.5.
A empresa desenvolveu uma interface gráfica simples e eficaz cujo acesso é conseguido através do Aspen
Process Explorer. Em conjunto com a interface gráfica, o software permite a pesquisa de diferentes variáveis no
histórico da Real Time Database, RTDB, fornecendo um gráfico dessas mesmas variáveis em função do tempo,
ajudando a compreensão do comportamento das mesmas. Os dados recolhidos por este software podem ser
recolhidos directamente no Microsoft Excel, facilitando o tratamento dos dados. A RTDB é a base de dados em
tempo real onde estão armazenados os dados processuais, tais como, caudais mássicos e volumétricos, massas
volúmicas, temperaturas, pressões e outros parâmetros susceptíveis de serem monitorizados. Esta base de
dados integra dados do Distributed Control System (DCS) e do Laboratory Information Management System
(LIMS). O DCS é o sistema de controlo distribuído disponível para controlo das unidades processuais e contém
um maior leque de variáveis e sistemas integrados de controlo. Relativamente ao LIMS, é o sistema de gestão
de informação de laboratório onde são armazenados os resultados das análises realizadas em laboratório.
A historização das variáveis não é realizada em simultâneo, isto é, existem variáveis cujos valores são
registados em intervalos de hora a hora, outros de minuto a minuto, consoante a previsão da variação da
variável estudada, sendo necessário fazer interpolações e médias para conseguir associar os dados em
períodos correspondentes.
Relativamente aos balanços de produção e de utilidades são realizados numa base de tempo diária. Como seria
de esperar, os valores destes, quando comparados com os de medidores em linha não são exactamente os
mesmos, apresentando desvios.
28
Nas Figuras 16 a 18, são comparados alguns dos caudais referentes a produtos da coluna CC-V1 que podem ser
obtidos a partir dos balanços de produção e da RTDB.
Figura 16 - Comparação entre os caudais do corte de gasolina SR (ton/h) obtidos da RTDB e do balanço de produção, de 1 de Janeiro de 2012 a 26 de Agosto de 2014.
Figura 17 - Comparação entre os caudais de crude (ton/h) obtidos da RTDB e do balanço de produção, de 1 de Janeiro de
2012 a 29 de Outubro de 2014.
Figura 18 - Comparação entre os caudais de resíduo atmosférico (ton/h) obtidos da RTDB e do balanço de produção, de 1
de Janeiro de 2012 a 22 de Outubro de 2014.
Como é visível nas três Figuras acima, o andamento dos caudais obtidos pela RTDB e pelo balanço de produção
é muito similar, sobretudo o caudal de crude que apresenta desvios muito reduzidos, quase que inexistentes.
Relativamente ao caudal médio de resíduo atmosférico obtido pelo balanço de produção é observável que
embora apresente o mesmo andamento face ao dado pela RTDB, apresenta uma tendência de valores
ligeiramente mais baixos e detecta dois problemas operacionais na unidade que os balanços de produção não
registam.
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RTDB Balanço de produção
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O consumo de vapor na refinaria pode ser obtido a partir dos balanços de utilidades e da RTDB. As Figuras 19 a
23 ilustram as comparações entre o consumo de vapor para as várias unidades do processo de destilação
atmosférica obtidas pelas duas fontes.
Consumo de vapor na coluna CC-V1
Na Figura 19 ilustra-se o consumo de vapor obtido pelas duas fontes para a coluna CC-V1, no período de 1 de
Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
Figura 19 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V1 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
Como é possível observar na Figura 19, a partir de Março de 2013, os consumos de vapor medidos online e pelo
balanço de utilidades são muito similares. Antes desta data, o consumo de vapor obtido pelo balanço toma
sempre valores inferiores comparativamente ao da outra fonte. A média do consumo de vapor obtida pela
RTDB de 1 de Janeiro de 2012 até 21 de Março de 2013 é de [valor confidencial] ton/h e pelo balanço de
utilidades é de [valor confidencial] ton/h. A partir deste dia até 30 de Junho de 2014 (excluindo os dias de
paragem), a média obtida pela RTDB foi de [valor confidencial] ton/h e pelos balanços de utilidades foi de
[valor confidencial] ton/h. A Tabela 4 evidencia a média do consumo específico para estes períodos obtido
pelas duas fontes.
Tabela 4 – Consumo específico para o período estudado antes e depois de 21 de Março de 2013 calculado por duas fontes.
RTDB Balanços
Antes 21 de Março de 2013 Confidencial Confidencial
Após 21 de Março de 2013 Confidencial Confidencial
Delta +0,0032 -0,0044
O desvio obtido pela RTDB é menor do que o obtido através dos balanços, podendo indicar que o primeiro
possa ser a fonte mais fidedigna. De ressalvar que o maior ou menor consumo de vapor não se deve apenas à
carga processada na coluna.
Consumo de vapor no stripper CC-V2
Como é possível observar pela Figura 20, os consumos de vapor no stripper CC-V2 recolhidos pelos dois
métodos são muito similares, divergindo apenas numa situação, onde a RTDB identifica um consumo nulo de
vapor e o balanço de utilidades não.
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Figura 20 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V2 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
É visível também que a injecção de vapor apresenta vários patamares, e alguns pontos onde a injecção de
vapor decai a pico, podendo ser interpretados como paragens da unidade. No período de Junho a Dezembro de
2013, ocorreram várias oscilações na injecção de vapor na unidade, tornando-se novamente constante a partir
desta data.
Consumo de vapor no stripper CC-V3
Relativamente ao stripper CC-V3, o consumo de vapor obtido pelas duas fontes é muito semelhante em todo o
período estudado, sendo identificada uma paragem da unidade apenas nos registos da RTDB.
Figura 21 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V3 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
O andamento do consumo desta unidade é muito semelhante ao da CC-V2, registando-se as maiores oscilações
nos mesmos períodos, bem como as mesmas paragens, o que faz sentido, pois um problema ocorrido na
coluna CC-V1 influência as unidades a jusante. No entanto, o consumo de vapor a partir de Junho de 2013 até
actual data não apresenta mais patamares.
Consumo de vapor no stripper CC-V4
A Figura 22 apresenta os consumos de vapor obtidos pela RTDB e pelo balanço de utilidades para o stripper CC-
V4, para o período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
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RTDB Balanço util Paragem Geral
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Figura 22 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V4 (ton/h) obtidos por diferentes fontes, de a de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
O stripper CC-V4 relativamente aos últimos dois, além de apresentar um consumo maior, evidencia mais
oscilações. Tal facto deve-se ao acerto do ponto de inflamação do petróleo que é uma das especificações do
produto. Relativamente às duas fontes de consumo de vapor, denota-se que os seus valores são muito
idênticos, dando uma grau de confiança aos registos online do consumo de vapor.
Consumo de vapor na coluna desetanizadora CC-V17
Na Figura 23 é evidenciada novamente a relação entre o consumo de vapor obtido pelas duas fontes para a
coluna desetanizadora CC-V17, numa base diária, entre 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
Figura 23 - Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V17 (m3/h) obtidos por diferentes fontes, de 1 de
Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
A Figura 23 evidencia três períodos diferentes. De Janeiro a Dezembro de 2012, primeiro período, as duas
bases de dados são coerentes, no entanto o valor do caudal obtido da RTDB é sistematicamente maior,
enquanto, no terceiro período, após paragem, o valor de RTDB é sempre menor do que o obtido por balanço.
No segundo período, de Janeiro de 2013 até à paragem, o valor do caudal obtido pela RTDB fica estagnado no
valor de, aproximadamente, [valor confidencial] m3/h, significando que o caudal é superior ao range máximo
de medição do medidor de caudal.
Do ponto de vista do consumo de vapor, evidenciam-se duas fases bastante distintas. Antes da paragem, onde
o consumo de vapor é muito superior, sendo a média registada pela RTDB de [valor confidencial] m3/h e pelo
balanço de utilidades de [valor confidencial] m3/h e após paragem, a média obtida pela RTDB é de apenas
[valor confidencial] m3/h. Esta redução de vapor deve-se ao facto do permutador de calor da coluna acumular
muito fouling ao longo do ciclo entre paragens, o que leva ao aumento do consumo. Como referido
anteriormente, no balão CC-V16 (balão de carga à desetanizadora) pode juntar-se LPG proveniente do
Platforming, carga essa com cloretos devido à adição de cloro para fazer a reactivação do catalisador do
Platforming. Além disto, a carga do fraccionamento contém sempre ácido sulfídrico que em contacto com o
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Balanço util RTDB Paragem Geral
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ferro (presente nas ligas metálicas das quais são feitas as tubagens) provoca corrosão. Os produtos de corrosão
(sulfureto de ferro) ficam nos pontos mortos, permutadores de calor e nos pratos da coluna, embora nesta
última o seu efeito não seja tão significativo.
Na Figura 24 evidencia-se o aumento do consumo específico entre 1 de Janeiro de 2012 a 15 de Março de
2014. Para este cálculo, foram utilizados os dados obtidos pelos balanços, uma vez que os valores da RTDB não
são representativos, tal como anteriormente verificado, através da Figura 23, e claramente evidenciado na
Figura 25.
Figura 24 - Consumo específico (m
3 vapor/ton carga) obtido com os dados de balanço de Janeiro 2012 até à paragem.
Através da Figura 24, observa-se que o consumo específico de vapor aumenta 38% ao ano durante o ciclo de
funcionamento entre paragens do permutador CC-E33. Na verdade, o aumento do consumo não se deve
exclusivamente ao fouling do permutador, mas poderá ser a maior contribuição.
O facto do valor do historizado do caudal ser constante durante 2013 poderia ser indicativo de uma eventual
falha no medidor, no entanto, pode verificar-se que em Agosto de 2013, aproximadamente, o valor de caudal
obtido pelo balanço de utilidades decai e o registado pelo medidor também, significando que o medidor de
caudal está a medir efectivamente. Para testar os valores de caudal, compararam-se os valores de caudal
obtidos online com a abertura da válvula do circuito, como se pode observar na Figura 25.
Figura 25 – Caudal da corrente de vapor condensado da coluna CC-V17, e a respectiva abertura de válvula.
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A TAG CCF342 representa o condensado à saída do permutador de calor CC-E33 e a TAG CCF342_OP, a
abertura da válvula. Quando esta apresenta valores negativos, significa que está totalmente fechada e valores
superiores a 100% significam que está totalmente aberta. Da análise à Figura 25, observa-se que o andamento
das duas TAGS é semelhante e que o caudal tem o valor de [valor confidencial] m3/h quando a válvula está
mais aberta, indicando, assim, que o caudal é superior ao range do medidor no período anteriormente
identificado.
Consumo de vapor na coluna CC-V22
Na Figura 26, apresentam-se os consumos de vapor, obtidos da RTDB e do balanço de utilidades, para a coluna
CC-V22, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro de 2014.
Figura 26- Comparação entre os consumos de vapor na coluna CC-V22 (m
3/h) obtidos por diferentes fontes.
Como é possível observar na Figura 26, os valores de vapor registados pela RTDB quando comparados aos
provenientes do balanço de utilidades apresentam, por vezes, desvios muito significativos, na ordem de 70%,
verificando-se nalguns casos que a média diária pela RTDB é [valor confidencial] m3/h e pelo balanço é 0.
Da comparação entre o consumo de vapor obtido pelas duas bases de dados, sobressai o período entre Março
a Maio de 2013, onde o consumo de vapor registado pela RTDB aumenta muito. Avaliando a abertura da
válvula representada na Figura 27 para esse mesmo período, pode constatar-se que foi um erro do medidor de
caudal. Na Figura 27 estão representados o valor medido pelo medidor de caudal de condensado, CCF540, à
saída do permutador de calor CC-E49 e a abertura da respectiva válvula, CCF540_OP.
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balanço util RTDB Paragem Geral
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Figura 27 – Exemplo de uma incorrecta medição do caudalímetro, no período de 1 de Janeiro de 2012 a 15 de Março de
2014.
Através da comparação das duas TAGS pode inferir-se que embora os andamentos sejam próximos, existem
vários períodos em que se registam discrepâncias, tal como em Maio de 2012 ou o período alargado de
Fevereiro a Maio de 2013.
Tabela 5 – Leituras da abertura de válvula e da medição de caudal em diferentes dias.
Abertura da válvula vapor (%) Q vapor (m3/h)
13/5/2012 29,71 Confidencial
3/3/2013 29,18 Confidencial
1/11/2013 29,60 Confidencial
16/1/2014 39,81 Confidencial
Através das três primeiras linhas da Tabela 5, verifica-se que valores de abertura de válvula semelhantes
conduzem a registos de caudal com um desvio de 38,5%. Pode observar-se, ainda, que no dia 16 de Janeiro de
2014, a abertura da válvula é superior face às demais apresentadas e o registo do medidor de caudal é o
menor, não dando confiança aos valores recolhidos da RTDB para o vapor condensado do reboiler da CC-V22,
no período estudado.
Na Figura 26, observa-se que o consumo de vapor obtido pelo balanço de utilidades, nos primeiros meses de
2012, é nulo e, no entanto, pela Figura 27, verifica-se que a válvula do caudalímetro não está fechada,
revelando que o consumo obtido por esta fonte também não corresponde à realidade.
No seguimento da figura anterior, apresenta-se na Figura 28, a relação entre as duas variáveis analisadas mas
referentes a um período pós paragem.
35
Figura 28 - Exemplo de um problema no caudalímetro de vapor, no período de 7 de Julho a 22 de Outubro de 2014.
Na Figura 28 e Tabela 6 observa-se que para três posições onde a abertura da válvula é -5, o registo de vapor
condensado é diferente. Por outro lado, para posições mais abertas da válvula, o caudal registado é inferior do
que para posições mais fechadas.
Tabela 6 – Abertura e respectivo caudal do permutador CC-E49.
Abertura da
válvula (%) 16,00 13,00 -5,00 -5,00 -5,00 0,00 0,00
Caudal (m3/h) Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial
Assim, conclui-se que os dados referentes ao consumo de vapor na coluna desisopentanizadora não são
consistentes.
De frisar que devem ser excluídos os dados referentes a situações em que, por qualquer motivo, a unidade foi
obrigada a parar. Nesta dissertação pretende-se analisar exclusivamente os períodos de funcionamento
normal, pois as situações de arranque e paragem deverão ser alvo de um estudo à parte.
5.3. Consumos de vapor e combustível no processo da destilação
atmosférica
O vapor na destilação atmosférica é necessário para injecção nos strippers, consumo em permutadores,
atomização de fuelóleo, sopragem dos fornos e em turbinas de compressores. Consoante as suas utilizações, o
vapor pode ser de baixa, média e alta pressão, isto é, 3,5; 10,5 e 24 barg, respectivamente.
Na paragem, de Março a Abril do corrente ano, alterou-se parte do combustível dos fornos. Deixou-se de
consumir fuelóleo, passando a usar-se só fuel-gás, por este ser uma fonte de energia mais limpa, conseguindo-
se uma redução das emissões de gases de efeito de estufa. Além desta vantagem, a queima de fuel-gás não
conduz ao consumo de vapor de 10,5 e 24 bar, necessário para atomizar o fuelóleo nos queimadores e para a
sopragem dos fornos respectivamente. A atomização do fuelóleo tem o objectivo de tornar a queima mais
efectiva, uma vez que o produto é muito viscoso. A sopragem dos fornos é necessária para remoção das cinzas
36
acumuladas nas serpentinas na zona de convecção, uma vez que estas provocam perdas da transferência de
calor e na tiragem dos fornos.
O CC-C1, compressor do topo da coluna CC-V1, consome vapor de 24 bar, na sua turbina de accionamento. Esta
turbina produz energia por extracção de vapor de 24 para 10,5 bar. Deste modo, para simplificar os cálculos,
não é contabilizado como um consumidor de vapor. Idealmente, deveria ser considerado o consumo relativo à
diferença de entalpias dos vapores de 24 e 10,5 bar. No entanto, apenas vai ser estudado o consumo de vapor
de 3,5 bar para o processo de destilação.
O consumo de vapor de 3,5 bar serve essencialmente duas funções: vapor de stripping das colunas CC-V1, CC-
V2, CC-V3 e CC-V4 e reboiler da coluna desetanizadora (CC-V17) e da coluna desisopentanizadora (CC-V22),
bem como no pré-aquecedor do ar que vai alimentar as fornalhas.
O vapor de 3,5 barg consumido no processo de destilação atmosférica referente ao período de 1 de Janeiro de
2012 a 29 de Outubro de 2014 é ilustrado na Figura 29.
Figura 29 – Vapor de 3,5 bar consumido nos diferentes equipamentos no processo de destilação atmosférica.
Com base na análise das Figuras anteriormente apresentadas em 5.2, foi seleccionada a fonte que melhor
descreve o consumo de vapor de cada equipamento. Para os equipamentos CC-E52 e CC-V17 utilizaram-se os
consumos obtidos pelo balanço de utilidades e para os restantes os da RTDB. No caso da CC-V22, ambas as
fontes apresentam erros, no entanto, de acordo com a Figura 27, nos primeiros meses de 2012, a válvula está
aberta e o consumo de vapor obtido pelo balanço é nulo, vide Figura 26. Assim o consumo obtido pelo balanço
apresenta um erro maior do que considerando o consumo de vapor da RTDB, mesmo que este apresente um
desfasamento face à abertura da válvula do caudalímetro.
Da Figura 29, conclui-se que os maiores consumos de vapor no processo em estudo verificam-se nas colunas
CC-V1 e CC-V22 e no pré-aquecedor de ar, CC-E52. Após a paragem geral, os consumos de vapor distribuem-se
de acordo com a Figura 30.
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CC-V1 CC-V2 CC-V3 CC-V4 CC-V17 CC-V22 CC-E52
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Figura 30 – Distribuição do consumo de vapor médio obtido da RTDB, de 1 de Maio a 29 de Outubro de 2014.
O pré-aquecedor do ar que vai alimentar as fornalhas tem o objectivo de reduzir o consumo de combustível.
Não existe controlo automático sobre a válvula reguladora do caudal de vapor consumido no CC-E52, apenas
no exterior. Esta válvula é aberta mais ou menos consoante o caudal de vapor que se considere o óptimo. O
consumo de vapor no permutador varia entre [valor confidencial] a [valor confidencial] toneladas horárias, no
entanto, já foi alvo de estudo e constatou-se que [valor confidencial] toneladas horárias é o valor optimizado,
sendo este o objectivo. As oscilações verificadas dizem respeito às flutuações do colector de vapor de 3,5 barg.
Figura 31 – Relação entre o caudal de vapor consumido (kg/h) representado a rosa, temperatura de saída do ar do CC-E52 (
oC) representado a vermelho e o caudal de ar (ton/h) a azul, no período de 1 de Maio a 1 de Junho de 2014.
Na Figura 31, destaca-se o dia 8 de Maio, onde existe uma viragem do andamento das variáveis estudadas.
Para um aumento do consumo de vapor, existe uma diminuição da temperatura do ar à saída do permutador
CC-E52, explicada pelo aumento do caudal de ar ao processo. Este aumento deve-se à maior quantidade de
crude processada nos fornos.
A Tabela 7 resume as oscilações verificadas antes e após dia 8 de Maio de 2014.
Tabela 7 – Médias das variáveis estudadas em dois períodos diferentes.
Q ar (ton/h) Q crude (ton/h) Q vapor (ton/h) T ar saída (ºC) T ambiente (ºC)
P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1 P2
Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial
P1 – de 1 a 8 de Maio de 2014
P2 –de 8 a 31 de Maio de 2014
35%
1%
2% 4%
27%
7%
24%
CC-V1
CC-V2
CC-V3
CC-V4
CC-E52
CC-V17
CC-V22Consumo total de vapor na DA
(ton/h) = [valor confidencial]
38
Como é visível na Tabela 7, embora o consumo de vapor aumente, o caudal de ar aumenta (devido ao aumento
do caudal de crude) e a temperatura ambiente diminui, levando a uma temperatura de saída do ar do
permutador mais baixa.
Foi questionada a não utilização deste permutador, no entanto, no Inverno e à noite, poderão surgir
problemas, se a temperatura dos gases de combustão à saída do CC-E51 for inferior a 150ºC, o ar terá de by-
passar o permutador, tendo de ser os fornos a fornecer este acréscimo de temperatura, fazendo aumentar o
consumo de fuel-gás.
Figura 32- Consumo de vapor (kg/h) no pré-aquecedor de ar, CC-E52, entre 1 de Janeiro de 2012 a 26 de Agosto de 2014.
Como é possível observar na Figura 32, desde 1 de Janeiro de 2012 até 15 de Abril de 2012, o consumo de
vapor neste permutador variou entre [valor confidencial] a [valor confidencial] ton/h. Estas oscilações podem
ser explicadas por problemas na fábrica de utilidades que conduzem a uma redução do vapor disponível na
rede. A partir do dia 15-4-2012, o pré-aquecedor de ar deixou de estar em funcionamento devido à ocorrência
de perda de contenção, registando-se, no entanto, um consumo de [valor confidencial] ton/h, devido a uma
falha da medição do medidor de caudal. Na paragem geral, o permutador foi reparado.
Relativamente ao consumo de combustível nos fornos, apenas se irá estudar o período após paragem geral,
dado que se alterou parte do combustível, tendo-se passado de queima mista para fuel-gás. Na verdade,
poder-se-ia analisar também o período em que o combustível era fuel-óleo, pois o que se considera é o
consumo entálpico. No entanto, na paragem, o trem de permuta de pré-aquecimento foi limpo, conduzindo a
uma redução da energia necessária. Desta forma, apenas serão tratados os dados a partir de 1 de Maio de
2014. O consumo específico de 1 de Maio a 11 de Setembro de 2014 é ilustrado na Figura 33. Embora os
consumos específicos obtidos pelas duas fontes apresentem desvios, havendo, de facto, períodos onde o seu
comportamento é o contrário, para a maioria dos dados o andamento é o mesmo. Esta diferença pode ser
justificada por diferentes registos do consumo de combustível ou de caudal de crude pelas duas fontes. No
entanto, como se pode verificar da Figura 17, o caudal de crude obtido pelas duas fontes é muito semelhante,
39
sendo portanto o consumo de combustível medido a razão da diferença. Este desvio poderá ser devido aos
acertos realizados aquando da realização do balanço de utilidades.
Figura 33 – Consumo específico (kg de FOE/ton de crude) obtido por duas fontes de 1 de Maio a 11 de Setembro de 2014.
Entre 2 a 5 de Junho, a RTDB regista uma paragem da unidade que os balanços não detectam, que poderá ser
explicada pelo medidor ter ficado fora de serviço. Nos dias 23 e 24 de Junho, a diminuição do consumo
específico da RTDB é justificada pelo forno A não ter funcionado. Ora, o não funcionamento do forno leva a um
menor caudal de crude processado. Pela Figura 17, é possível notar que para estes dias existem quebras no
caudal de crude ao nível das duas fontes, dando suporte aos dados recolhidos pela RTDB.
7
9
11
13
15
17
19
21
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago 18-set 8-out
Co
nsu
mo
esp
ecí
fico
(kg
FO
E/to
n c
rud
e)
Balanço util
RTDB
40
6. Estudo pormenorizado do consumo de vapor
Neste capítulo serão abordadas as várias unidades que consomem vapor de 3,5 barg no processo de destilação
atmosférica e para cada umas delas serão descritas:
as variáveis mais significativas no consumo de vapor;
a evolução no tempo das diversas variáveis consideradas e a sua relação com o consumo de vapor;
a análise estatística referente às variáveis consideradas significativas para as unidades consumidoras
de vapor.
Será, ainda, realizado um estudo ao consumo total de vapor de onde se obtém a baseline energética.
De referir que foi realizada uma análise estatística detalhada ao período de 1 a 10 de Julho (secção 6.1.5) que
pode ser consultada no apêndice 1.
6.1. Coluna CC-V1
Nesta secção apresenta-se a análise realizada ao consumo de vapor da coluna CC-V1 obtido pela RTDB, em
função das variáveis seleccionadas obtidas igualmente pela mesma fonte. Recorrendo a uma análise estatística,
conseguem saber-se as variáveis mais significativas no consumo de vapor de 3,5 barg necessário para a
remoção do gasóleo pesado do resíduo atmosférico. Na Figura 34 mostra-se o esquemático da unidade CC-V1.
Figura 34 - Esquemático da destilação atmosférica [43].
As variáveis mais interessantes para o estudo desta coluna são o caudal de crude, o caudal de resíduo
atmosférico, a temperatura do corte de gasóleo pesado, identificado no esquemático pela TAG CCT57, a
temperatura de entrada do crude, a pressão do topo da coluna, o caudal de gasolina SR da coluna, a massa
volúmica do crude, a temperatura ambiente e o gasóleo pesado que sai da coluna CC-V1 para o stripper CC-V2
que é monitorizado à saída do CC-V2.
41
Foram estudadas ainda outras variáveis, tais como a pressão e temperatura da coluna na zona de flash (zona
de entrada da carga), mas como era expectável, a pressão nesta zona apresenta uma relação muito forte com a
pressão de topo e sendo esta a mais importante, eliminou-se a pressão e temperatura de flash. A percentagem
de leves e a percentagem de resíduo no crude também foram analisadas, no entanto, estas variáveis são mais
de caracter informativo do que explicativo, uma vez que é a quantidade de leves e de resíduo que é
determinante para o consumo de vapor. Por exemplo, um crude cuja percentagem de resíduo atmosférico seja
maior do que a de outro, mas com um caudal de crude a destilar menor, pode requerer menos vapor.
Uma outra variável estudada foi a taxa de utilização da coluna de destilação atmosférica, no entanto esta está
directamente relacionada com o caudal de crude alimentado à coluna.
De referir que existe um plano de fabrico para cada tipo de mistura de crudes alimentada à CC-V1 (run), onde
são previstos os valores de algumas destas variáveis apresentadas, tal como a carga que deverá ser processada
diariamente, a temperatura a que o crude deverá entrar na coluna CC-V1, os caudais volumétricos e
temperaturas de cada corte da coluna. Ainda no plano são referidos os cortes que se pretendem maximizar ou
minimizar. A duração de cada tipo de run varia, em média, entre 3 a 5 dias.
Todas as variáveis seleccionadas para as análises descritas nesta secção encontram-se listadas na Tabela 8.
Tabela 8 – Lista das variáveis seleccionadas.
CE Consumo específico horário de vapor por crude (ton vapor/ton crude)
d Massa volúmica do crude corrigida a 15 oC (kg/l)
P Pressão topo da coluna (bar)
Qc Caudal mássico de crude (ton/h)
Q GOP Caudal volumétrico horário de gasóleo pesado que sai do stripper CC-V2 (m3/h)
Ql Caudal mássico horário do corte de gasolina SR (ton/h)
QRAT Caudal volumétrico horário de resíduo atmosférico (m3/h)
Qv Consumo horário de vapor (ton/h)
Qv(t-1) Consumo de vapor no instante anterior (ton/h)
T amb Temperatura ambiente (oC)
Tc Temperatura de corte do GOP (oC)
Te Temperatura de entrada do crude na coluna de destilação atmosférica (oC)
T90 % vol. destilada de RAT à temperatura à qual 90% de GOP destilado
%Ql % do corte de gasolina SR face ao crude
6.1.1. Análise base diária – 21 Março de 2013 a 30 de Junho de 2014
Foi realizado um estudo ao consumo de vapor na coluna CC-V1 a partir de 21 de Março de 2013 até 30 de
Junho de 2014, pois como evidenciado na Figura 19, a partir desta data há uma maior concordância entre os
dados do consumo de vapor recolhidos pela RTDB e pelos dos balanços de utilidades, dando um maior grau de
confiança à fonte usada, RTDB. A base desta análise é diária e não contempla a paragem geral de Março e Abril,
bem como, os períodos em que a unidade não funcionou normalmente.
42
Nas Figuras 35 à 37, representa-se a evolução no tempo, de algumas das variáveis consideradas no estudo da
CC-V1 e a sua comparação com o consumo de vapor.
Figura 35 – Relação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à direita, e os caudais de gasolina SR (ton/h), de crude (ton/h), e de RAT (m
3/h), eixo à esquerda.
Da Figura 35 pode observar-se que o caudal de crude tem uma certa influência no caudal de vapor consumido
à coluna. Poder-se-á prever que seja possível, através da análise estatística, encontrar uma relação positiva
entre estas duas variáveis, pois quanto maior o caudal processado na coluna, maior deverá ser a quantidade de
vapor para fazer o ajuste do fraccionamento entre o resíduo atmosférico e o gasóleo pesado. No entanto,
poderá não corresponder sempre à realidade, uma vez que a Refinaria de Sines processa vários tipos de crude
com diferentes rendimentos. O processamento de mais caudal de um determinado crude, não significa
necessariamente um maior caudal de resíduo atmosférico.
Analisando a Figura 35, verifica-se que há períodos onde se registam andamentos entre estas duas variáveis
opostos, como é o caso de Outubro e Novembro de 2013 e Junho de 2014, para um aumento substancial do
caudal de crude, regista-se uma diminuição do consumo de vapor.
A relação entre o resíduo atmosférico e o consumo de vapor deverá ser positiva, pois quanto mais resíduo,
mais fracções leves de gasóleo pesado serão arrastadas por este. Pela análise da Figura 35, pode observar-se a
influência do resíduo atmosférico no consumo de vapor: de 7 a 25 de Junho de 2014 regista-se uma quebra do
consumo de vapor para um aumento do caudal de crude e, uma parte dessa redução deve-se à diminuição do
caudal de RAT. No dia 7 de Outubro de 2013, verifica-se o oposto, um pico no consumo de vapor explicado pelo
aumento do caudal de RAT, quando o caudal de crude processado se reduz.
Por fim, o caudal de gasolina SR deveria ter uma relação contrária com o vapor, não a nível processual mas sim
devido a limitações do equipamento. Quanto maior o teor de hidrocarbonetos leves, mais elevada a pressão de
topo da coluna. Na Figura 36 apresenta-se a evolução ao longo do tempo do caudal de vapor, da massa
volúmica do crude e da pressão de topo.
6
8
10
12
14
16
18
20
0
200
400
600
800
1000
1200
mar-13 mai-13 jun-13 ago-13 out-13 nov-13 jan-14 mar-14 abr-14 jun-14
Q v
ap
or
(to
n/h
)
Q c
ort
e g
as. S
R (
ton
/h),
Q
RA
T (m
3 /h
) e
Q c
rud
e (
ton
/h)
Q corte gas. SR Q RAT Q crude Q vapor
43
Figura 36 – Relação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à direita, pressão de topo (bar), eixo à esquerda, e massa volúmica (kg/l), eixo à esquerda.
A pressão de topo é uma das variáveis mais influentes no que diz respeito ao consumo de vapor no fundo da
coluna. O aumento da pressão de topo conduz ao aumento da temperatura de ebulição, o que, caso se deseje
manter o fraccionamento, leva a um incremento da temperatura de saída do crude do forno e por conseguinte,
a um maior consumo energético. Na operação é desejável evitar esta situação, mantendo-se sempre a pressão
de topo no valor mais baixo praticável, isto é, na capacidade máxima de arrefecimento, conseguida pelo
controlador normal que é o retorno do CC-C1 para a entrada nos aeroarrefecedores. No entanto, no Verão,
devido à temperatura ambiente ser superior, a capacidade de arrefecimento do topo da coluna é afectada pelo
facto de a unidade não possuir aeroarrefecedores necessários, pondo em causa a condensação dos produtos
leves e, por conseguinte, a pressão de topo.
Para planos de fabrico com cargas superiores, a pressão de topo terá de ser maior do que para um menor
caudal de crude processado. Quando a pressão de topo atinge o valor máximo estabelecido, uma das primeiras
medidas a ser tomada é a redução do caudal de vapor injectado no fundo na coluna. Assim, pressões altas
tendem a induzir um menor consumo de vapor. Os períodos indicados anteriormente de Outubro a Novembro
de 2013 e Junho de 2014, onde um aumento substancial do caudal de crude provocou uma diminuição do
consumo de vapor, coincidem com períodos onde efectivamente se assinala um aumento muito significativo do
valor da pressão.
A massa volúmica do crude varia para cada tipo de crude, dependendo da composição dos hidrocarbonetos
(parafínicos, nafténicos ou aromáticos) e das resinas e asfaltenos. Um crude mais denso não significa
necessariamente que tenha um rendimento maior em RAT do que um crude menos denso. No entanto, um
crude com elevado teor em resíduo tem uma massa volúmica considerada alta. Por esta razão será difícil obter
uma relação entre o consumo de vapor e a massa volúmica.
Figura 37 - Relação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à direita, temperatura de entrada do crude (oC), eixo à
esquerda, temperatura do corte de GOP SR (oC), eixo à esquerda.
6
8
10
12
14
16
18
20
0,4
0,6
0,8
1
1,2
mar-13 mai-13 jun-13 ago-13 out-13 nov-13 jan-14 mar-14 abr-14 jun-14
Q v
ap
or
(to
n/h
)
P t
op
o (
bar
) e
mas
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volú
mic
a (k
g/l)
Massa volúmica P topo Q vapor
6
8
10
12
14
16
18
20
200
250
300
350
400
mar-13 mai-13 jun-13 ago-13 out-13 nov-13 jan-14 mar-14 abr-14 jun-14
Q v
ap
or
/to
n/h
)
T e
ntr
ada(
oC
) e
T d
e
cort
e (
oC
)
T entrada T corte Q vapor
44
Relativamente à temperatura do crude à saída do forno, genericamente, quanto mais alta, mais fácil é o
fraccionamento entre o GOP e o RAT, conduzindo a um menor consumo de vapor. Após a paragem, o set point
da temperatura de entrada do crude é cerca de [valor confidencial] oC e antes rondava [valor confidencial]
oC.
No entanto, uma vez que a composição dos crudes é diferente, nem sempre se consegue que a temperatura
seja a pretendida. A temperatura de saída de um crude com maior rendimento em compostos pesados poderá
ser maior do que a de um crude com maior rendimento em leves porque vaporiza menos no forno, havendo
uma maior troca de calor sensível. Assim, uma temperatura de saída maior poderá corresponder a um crude
com maior rendimento em RAT, que necessita de maior caudal de vapor. No entanto, há sempre vantagem em
que a temperatura de entrada na coluna seja mais elevada qualquer que seja o tipo de crude.
Por fim, a temperatura de corte deve ser ajustada consoante a qualidade do produto (gasóleo pesado) que se
deseja obter. Esta qualidade está prevista no plano de fabrico de cada run e é dada pela percentagem
volumétrica de GOP evaporada a 360oC que é controlada por análises laboratoriais no decurso de cada run. A
previsão da percentagem volumétrica de GOP evaporada a 360oC saída do stripper CC-V2 é obtida através de
um inferencial no DCS que tem em conta o caudal de resíduo e a temperatura de corte do gasóleo pesado e é
comparada com as amostras que seguem para laboratório, para posterior ajuste dos cálculos. O ajuste da
percentagem volumétrica de GOP evaporada a 360ºC é feito à custa da temperatura do corte entre o gasóleo
pesado e o RAT.
Recorrendo ao software Minitab®, para realizar a análise estatística, introduziram-se as variáveis descritas na
Figura 38, e através do teste Stepwise, que escolhe automaticamente as variáveis mais significativas na
explicação do consumo de vapor, obtém-se a regressão linear múltipla apresentada na mesma.
Figura 38 - Regressão linear múltipla para o período compreendido de 21 de Março de 2013 a 30 de Junho de 2014.
O software Minitab® não considerou, como variáveis explicativas para o modelo, o caudal de gasolina SR e a
massa volúmica. A pressão de topo é a variável com maior peso, tendo uma relação negativa com o aumento
do consumo de vapor. Relativamente ao caudal de crude, apresenta uma relação negativa com o caudal de
vapor, o que não seria expectável. A Figura 39 revela a tendência do consumo específico face ao aumento do
caudal de crude e a Figura 40 ilustra a influência do caudal de crude na pressão de topo.
Qv (ton/h) Ql (ton/h) d (kg/l) Q RAT (m
3/h)
Qc (ton/h)
T amb (ºC) P (bar) Te(ºC) Tc (ºC)
45
Figura 39 – Relação entre o consumo específico (ton vapor/ ton crude).
Figura 40 - Relação entre a pressão de topo e o caudal de crude.
Através da Figura 39, observa-se que o consumo específico diminui com o aumento do caudal de crude.
Possíveis causas poderão ser o aumento da pressão de topo, quando é imposta mais carga à coluna e a melhor
eficiência da coluna para maiores cargas. Pela Figura 40, é possível verificar a influência do caudal de crude
sobre a pressão de topo que poderá justificar a relação negativa entre o caudal de crude e o caudal de vapor
obtida na regressão linear múltipla, uma vez que o operador terá de diminuir o caudal de vapor para não
exceder a pressão de topo.
As temperaturas, ambiente e de entrada do crude na coluna apresentam uma relação negativa tal como era
esperada. Finalmente, a temperatura do corte de GOP tem uma relação positiva com o consumo de vapor e tal
como foi mencionado anteriormente não se podem tirar conclusões quanto à sua validade, uma vez que o seu
valor é optimizado em função da qualidade de cada tipo de crude.
Removendo os 31 outliers e observações influentes do conjunto de dados (382) indicados pelo software,
alcança-se a RLM apresentada na Figura 41.
Figura 41 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
O valor e o sinal dos coeficientes mantêm-se constantes comparativamente à análise anterior que incluía todos
os pontos. Neste caso o Minitab® inclui a variável correspondente ao caudal de gasolina SR, representada por
Ql, apresentando um coeficiente positivo, contrário ao que seria de esperar.
Quanto ao modelo, através do valor-p da regressão bem como o respectivo de cada variável, que pode ser
consultado na Figura B 3 em apêndice CD, conclui-se que os dados traduzem evidência para a rejeição da
hipótese nula, 𝐻0, para níveis de significância de α=5 e α=10%. O valor VIF respeitante a cada variável é inferior
a 5, não indicando a presença de multicolinearidade.
Relativamente à análise de resíduos, ilustrada na Figura B 5, verifica-se que os resíduos seguem uma
distribuição normal, tanto no gráfico de probabilidade normal como no histograma. No diagrama de resíduos
vs. valores ajustados, verifica-se que a distribuição de resíduos é aleatória em torno da linha de base
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
700 800 900 1000 1100 1200
CE
( to
n v
apo
r /t
on
cru
de
)
Q crude (ton/h)
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
700 800 900 1000 1100 1200
P t
op
o (
bar
)
Q crude (ton/h)
Qv (ton/h) Ql (ton/h) d (kg/l) Q RAT (m
3/h)
Qc (ton/h)
T amb (ºC) P (bar) Te (ºC) Tc (ºC)
46
correspondente a um valor de resíduo zero, validando o pressuposto da homocedasticidade. E no último
diagrama, resíduos vs. ordem de observação, evidencia-se que existe auto correlação entre as observações 50
a 100, sensivelmente.
6.1.2. Análise base horária - 19 de Maio a 21 de Julho de 2014
Na análise estatística, após a paragem, de 19 de Maio a 21 de Julho de 2014, uma vez que o intervalo de tempo
é muito inferior, houve a necessidade de usar os dados numa base horária. O período de estudo é desde 19 de
Maio a 21 de Julho de 2014.
A Figura 42 mostra que o consumo de vapor tem uma gama de variação entre 10 a 19 ton/h. De notar que, os
pontos onde o consumo de vapor foi nulo não foram considerados, pois correspondem a paragens da unidade.
Figura 42 – Consumo de vapor na CC-V1, pela RTDB, de 19 de Maio a 21 de Julho de 2014.
Através do teste Stepwise, e utilizando as variáveis descritas na legenda da Figura 43, obtém-se a regressão
linear múltipla, excluídos os outliers.
Figura 43 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Com a remoção dos 99 outliers da amostra de 1420 observações, o R2
ajustado passa de 18,99 para 27,52% e as
variáveis consideradas explicativas para o modelo mantêm-se, bem como o sinal dos seus coeficientes.
A priori pensar-se-ia que a introdução de x1 e x2 pudesse conduzir a problemas de multicolinearidade, no
entanto o software Minitab® identifica o elevado grau de dependência entre as duas variáveis e selecciona a
variável x2, Ql, porque tem maior capacidade explicativa sobre o consumo de vapor. Nesta regressão são
excluídas também as variáveis correspondentes ao caudal mássico de crude e ao caudal volumétrico de gasóleo
pesado que sai do stripper CC-V2. Embora o caudal mássico de crude seja à partida uma variável bastante
importante para o consumo de vapor, o Minitab® rejeita-a. Relativamente à variável x8, QGOP, provavelmente
o motivo da sua exclusão é por esta ser medida a jusante da coluna de destilação atmosférica, não interferindo
directamente no consumo de vapor.
Através dos valores VIF de cada variável e do valor-p obtido para a regressão e variáveis, que pode ser
consultado em apêndice, na Figura B 8, conclui-se que o modelo pode ser aceite. Relativamente à análise de
0
5
10
15
20
19-mai 29-mai 8-jun 18-jun 28-jun 8-jul 18-jul
Q v
apo
r (t
on
/h)
y – Qv (ton/h) x1 – %Ql x2 – Ql (ton/h) x3 – d (kg/l) x4 – Q RAT (m
3/h)
x5 – Qc (ton/h) x6 – T amb (ºC) x7 – P (bar) x8 – Q GOP (m
3/h)
x9 – Tc (ºC)
47
resíduos, verifica-se neste caso que o critério da normalidade, da homocedasticidade e auto correlação não
foram cumpridos, vide Figuras B 9 e B10.
6.1.3. Análises base horária regime diurno e nocturno – 19 de Maio a 13 de Julho de 2014
Tal como já referido, no Verão, devido à temperatura ambiente ser superior, a capacidade de arrefecimento do
topo da coluna é afectada pelo facto de a unidade não possuir aeroarrefecedores necessários, o que reduz a
condensação e faz aumentar a pressão. Para resolver este problema, a injecção de vapor durante o dia é
inferior à da noite, no entanto não sendo este procedimento o suficiente para reduzir a pressão, diminui-se a
carga admitida à coluna.
A pressão de topo tem, então, uma relação directa com a temperatura ambiente que conduz a uma maior
pressão no regime diurno e menor no regime nocturno. O regime diurno considerado foi entre as 8h e as 20h e
o regime nocturno consiste nas restantes horas.
Nas Figuras 44 e 45 demonstram-se as relações entre o consumo de vapor, consumo específico de vapor (ton
de vapor/10 ton de crude), pressão de topo e temperatura ambiente, entre 19 de Maio a 13 de Julho de 2014.
Figura 44 – Comparação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à esquerda, com o consumo específico de vapor (ton vapor/10 ton de crude), eixo à direita, a pressão de topo (bar), eixo à direita, e temperatura ambiente (
oC), eixo à
esquerda, no regime diurno.
Figura 45 - Comparação entre o consumo de vapor (ton/h), eixo à esquerda, com o consumo específico de vapor (ton vapor/ 10 ton de crude), eixo à direita, a pressão de topo (bar), eixo à direita, e temperatura ambiente (
oC), eixo à
esquerda, no regime nocturno.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
19-mai 29-mai 8-jun 18-jun 28-jun 8-jul 18-jul
CE
e P
to
po
(bar
)
T am
b (
ºC)
e Q
vap
or
(to
n/h
)
T amb Vapor P topo CE*
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
19-mai 29-mai 8-jun 18-jun 28-jun 8-jul 18-jul
CE
e P
to
po
(b
ar)
T am
b (
ºC)
e Q
vap
or
(to
n/h
)
T amb Vapor P topo CE*
48
Das análises às Figuras 44 e 45, é visível a forte dependência da pressão de topo com a temperatura ambiente
e a relação negativa destas variáveis com o consumo de vapor, verificando-se que para os picos de maior
pressão na coluna, se regista uma redução de injecção de vapor. O consumo específico segue o mesmo
andamento que o consumo de vapor, indicando que o caudal de crude para cada regime é mantido
sensivelmente constante. No início de Junho, regista-se uma quebra do registo de dados por ter ocorrido um
problema na unidade. Nas Figuras 44 e 45 estão representadas as médias das variáveis estudadas, sendo
possível verificar que para o regime nocturno, o consumo de vapor é cerca de 6,5% superior face ao do regime
diurno, enquanto a temperatura ambiente e a pressão de topo decrescem, respectivamente, 15 e 8%. No
entanto, o consumo específico aumenta 4,5%, do regime nocturno para o diurno.
Utilizando a lista de variáveis consideradas na legenda da Figura 46, foi realizada uma análise estatística e
recorrendo ao teste Stepwise, que conduziu, por exclusão dos outlier à RLM, apresentada na mesma figura.
Figura 46 - Regressão linear múltipla para o regime diurno, excluindo os outliers.
Com a remoção dos 43 outliers das 610 observações, consegue-se um coeficiente de determinação ajustado
superior (o inicial era de 25,68%) e a inclusão da massa volúmica que passa a ter a maior contribuição para o
modelo.
As variáveis removidas foram a percentagem de caudal do corte de gasolina SR e a pressão do topo da coluna
respectivamente. A variável x1 é excluída pelo mesmo motivo referido na análise anterior. Relativamente à
variável x7, a sua exclusão poderá ser explicada pelo facto de se estar apenas a considerar o período diurno,
onde a temperatura, e por conseguinte, a pressão embora oscilem, não apresentam variações significativas,
embora a temperatura ambiente esteja contemplada no modelo.
Através da Figura B 13, é possível concluir que o efeito estimado destas variáveis em Y é diferente de zero, uma
vez que os dados traduzem evidência para a rejeição de H0 para níveis de significância de α=1%, α=5% e
α=10%.
A análise de resíduos, que pode ser consultada na Figura B 15, apresenta problemas ao nível da variância e
auto correlação, no entanto, o critério de normalidade é respeitado.
A análise estatística para o regime nocturno apresentou resultados semelhantes, embora com coeficientes de
determinação menores e como tal, não vai ser apresentada nesta dissertação.
6.1.4. Análise com referência ao tempo - 19 de Maio a 20 de Agosto de 2014
Foi também realizada uma outra análise estatística, não com o intuito de definir uma baseline, mas sim para
verificar o facto do consumo de vapor em cada instante t estar dependente do valor da injecção de vapor no
instante anterior (1h antes). O período de análise foi de 19 de Maio a 20 de Agosto de 2014, sendo registada
numa base horária.
y – Qv (ton/h) x1 – %Ql x2 – Ql (ton/h) x3 – d (kg/l) x4 – Q RAT (m
3/h)
x5 – Qc (ton/h) x6 – T amb (ºC) x7 – P (bar) x8 – Q GOP (m
3/h)
x9 – Tc (ºC)
49
A lista de variáveis implementada no software é a apresentada na legenda da
Figura 47 e realizando o teste Stepwise, obtém-se a regressão linear múltipla contemplada na mesma, tendo-
se excluído os outliers.
Figura 47 – Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Removendo os 170 outliers indicados pelo software do conjunto de dados constituídos por 2119 observações,
alcança-se um R2
ajustado de 95,87%, ao invés do primeiro de 89,24%. Como se pode verificar na Figura 47, todas
as variáveis estudadas foram consideradas como relevantes na explicação do sistema. A contribuição do vapor
no instante anterior para a explicação da variabilidade do consumo de vapor no instante t é positiva e embora
seja alta não é a variável com maior capacidade explicativa deste.
Os dados traduziram evidência para a não rejeição da hipótese nula para níveis de significância de α =1, α =5, e
α =10% e o valor VIF de todas as variáveis indicam que não se registam problemas a nível de
multicolinearidade, como pode ser observado na Figura B 18. Relativamente à análise de resíduos, vide Figura B
20, cumpre os critérios relativos à homocedasticidade e auto correlação, tendo um valor correspondente ao
teste de Durbin-Watson de 1,377, indicando que não há correlação entre as variáveis independentes. No
entanto não respeita o critério da distribuição normal dos resíduos.
6.1.5 Análise base horária - 1 a 10 de Julho de 2014
Na tentativa de encontrar uma melhor regressão entre as variáveis, realizou-se uma nova análise apenas para
os intervalos onde o consumo de vapor teve menos oscilações.
Figura 48 – Consumo de vapor na unidade CC-V1 (ton/h), durante 1 de Maio a 21 de Julho de 2014.
Como se observa pela Figura 48, há dois períodos onde é possível identificar menores variações de injecção de
vapor na coluna de destilação atmosférica: de 16 a 21 de Maio e de 1 a 10 de Julho. No entanto, apenas o
segundo intervalo pode ser estudado, pelo facto de ter havido um problema na historização do caudal
volumétrico de resíduo atmosférico entre 1 a 19 de Maio, levando à inexistência de dados.
Esta análise encontra-se realizada em detalhe podendo ser consultada no apêndice A.1.
5
10
15
20
1-mai 11-mai 21-mai 31-mai 10-jun 20-jun 30-jun 10-jul 20-jul
Q v
apo
r (t
on
/h)
Y – Qv (ton/h) x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – QRAT (m
3/h)
x4 – Qc (ton/h)
x5 – T amb (ºC) x6 – P (bar) x7 – Te(ºC) x8 – Tc (ºC) x9 – Qv(t-1) (ton/h)
50
6.1.6. Análise base de 5 minutos – 19 de Maio a 29 de Agosto de 2014
Esta análise foi realizada para o período entre 19 de Maio a 29 de Agosto, numa base de 5 minutos não com o
intuito de encontrar uma baseline para o consumo de vapor na CC-V1, mas para testar a relação com um maior
conjunto de pontos. A regressão linear múltipla obtida, excluídos os outliers, é a representada na Figura 49.
Figura 49 - Regressão linear múltipla, excluídos os outliers.
Com a remoção dos 1405 outliers referentes à amostra de 28362 observações, alcançou-se um R2
ajust de
24,04%, face ao anterior considerando todas as observações de 18, 19%.
Em ambas as análises (com e sem outliers), foram incluídas todas as variáveis estudadas e os dados obtidos
traduziram evidência para a rejeição da hipótese nula para níveis de significância de α = 1%, α=5% e α=10%.
Uma vez mais, a RLM revela uma influência negativa do caudal de crude no consumo de vapor. A relação entre
o caudal de RAT é positiva o que representa o esperado teoricamente e o caudal de gasolina SR apresenta uma
relação positiva com o consumo de vapor.
Relativamente à análise de resíduos excluindo os outliers, não cumpria os critérios respeitantes a uma
regressão linear múltipla, como pode ser visível através da Figura B 25.
6.1.6.1. Análises base de 5 minutos com atraso na variável resposta de 5 e 10 minutos
Para ter em consideração o tempo que o operador demora a tomar uma decisão e o tempo que o equipamento
leva a responder, considerou-se um atraso na variável de 5 e 10 minutos na injecção de vapor. O impacto desta
alteração na análise não foi significativo, uma vez que o coeficiente de determinação ajustado embora
aumente face à última análise permanece baixo para ambas as análises, sendo de 25,11% e 25,65%, para um
atraso de 5 e 10 minutos, respectivamente. Estas análises também apresentam uma relação negativa entre o
consumo de vapor e o caudal de crude admitido na coluna e positiva entre o consumo de vapor e o caudal de
gasolina SR.
6.1.7 Análise por tipo de mistura de crudes
Esta análise tem o objectivo de comparar a injecção de vapor ao longo do tempo com o comportamento de
algumas das variáveis estudadas para cinco runs, não tendo os dados sofrido qualquer tipo de tratamento
prévio. A base de tempo desta análise foi de 5 minutos.
Os crudes seleccionados são os descritos na Tabela 9.
Y – Qv (ton/h) x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – QRAT (m
3/h)
x4 – Qc (ton/h) x5 – T amb (ºC) x6 – P (bar) x7 – Te(ºC) x8 – Tc (ºC)
51
Tabela 9 – Período correspondente a cada tipo de mistura de crudes.
Mistura Período
M1 19 a 27 de Maio
M2 27 de Maio a 1 de Junho
M3 5 a 12 de Junho
M4 12 a 16 de Junho
M5 16 a 19 de Junho
Não foi estudado a mistura de crude correspondente ao período de 1 a 5 de Junho porque houve uma paragem
da unidade.
Figura 50 – Consumo de vapor (ton/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
Figura 51 - Pressão de topo da coluna (bar) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
A pressão de topo é uma das variáveis mais importantes no controlo da injecção de vapor à coluna. Tal como
referido na análise diária entre 21 de Março de 2013 a 30 de Junho de 2014, uma coluna de destilação com
pressão superior apresenta consumos energéticos maiores.
Da Figura 51, destaca-se a pressão do run 3 que, inicialmente, encontra-se muito baixa, no entanto, a par com
o aumento da injecção de vapor, ela sobe e fica estável entre [valor confidencial] a [valor confidencial] bar.
Esta situação corresponde ao arranque da unidade após a paragem de 1 a 5 de Junho.
4
9
14
19
0 2000 4000 6000 8000 10000
Q v
apo
r (t
on
/h)
Mistura1 Mistura2 Mistura3 Mistura4 Mistura5
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
0 2000 4000 6000 8000 10000
Pre
ssão
(b
ar)
Mistura1 Mistura2 Mistura3 Mistura4 Mistura5
52
Inicialmente o consumo de vapor está a [valor confidencial] ton/h, passando para [valor confidencial], depois
aumenta e fica a oscilar entre [valor confidencial] a [valor confidencial] ton/h, descendo novamente para
[valor confidencial] ton/h, apresentando sempre grandes variações, eventualmente explicadas pelo efeito da
temperatura ambiente. Na Figura 52 é evidenciada a relação entre o consumo de vapor e os regimes diurno (8-
20h e nocturno (21-7h).
Figura 52 – Consumo de vapor diferenciando-se o regime diurno e nocturno para a mistura de crude 1, sendo dia entre o traço azul e o amarelo e noite entre o amarelo e o azul.
No primeiro intervalo assinalado, correspondente ao regime diurno, é possível verificar que o consumo de
vapor diminui ao longo do dia. Já para o segundo intervalo é visível o crescente consumo. Durante o
processamento da mistura na coluna são visíveis estas relações, excepto para o dia 25 de Maio cuja injecção de
vapor foi constante. Analisando as Figuras 53 a 56, não se consegue explicar à luz das variáveis estudadas o
motivo desta situação.
Na Figura 51, pode observar-se que nos picos de maior pressão de topo da mistura 1, a injecção de vapor à
coluna é menor. Esta evidência acontece nos minutos 2500 e 4500, sensivelmente. Para os outros registos, não
existe relação.
Relativamente ao run 2, a Figura 50 apresenta oscilações do caudal de vapor ao longo do tempo, no entanto, a
pressão de topo só varia nos primeiros instantes, a partir dos 1000 minutos sensivelmente, a pressão
permanece na ordem de [valor confidencial] bar, não mostrando absolutamente nenhuma relação com a
injecção de vapor.
A relação verificada para o run 4, é mais notória, pois cerca do minuto 1000, a pressão decai um pouco,
possibilitando que o caudal de vapor aumente, depois a pressão baixa em [valor confidencial] bar e o vapor
consumido também, e cerca do minuto 2000, o caudal de vapor varia enquanto a pressão do topo fica
estabilizada.
Figura 53 - Temperatura ambiente (
oC) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
6
9
12
15
18
21
19-mai 20-mai 21-mai 22-mai 23-mai 24-mai 25-mai 26-mai 27-mai
Qva
po
r (t
on
/h)
10
20
30
40
0 2000 4000 6000 8000 10000
Tem
p. a
mb
ien
te (
ºC)
Mistura1 Mistura2 Mistura3
53
Na Figura 53, apresentam-se os valores da temperatura ambiente registados para cada crude. Relacionando
esta figura com a Figura 51, observa-se que o comportamento da pressão de topo é bastante influenciado
pelas temperaturas sentidas ao longo dos dias.
Figura 54 - Caudal mássico de crude (ton/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
Uma vez que o caudal de crude não é fortemente afectado por outras variáveis, as oscilações registadas na
Figura 54 poderão ser explicadas por pressões elevadas no topo da coluna.
Figura 55 - Caudal volumétrico de resíduo atmosférico (m3/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
Uma vez que cada série apresentada na Figura 55 é relativa apenas a um run, era expectável um andamento
mais constante do resíduo atmosférico.
Relativamente ao run 3, concluiu-se que este teve problemas no início do processamento e a partir do instante
2000, verifica-se que a coluna estabiliza e o caudal de resíduo é sensivelmente mais baixo do que o das
restantes misturas, embora o caudal de crude seja elevado. Tendo em conta esta situação, este crude deveria
consumir menos vapor face aos restantes, no entanto, pela Figura 50, este cenário não se observa.
O caudal de RAT referente ao run 4 apresenta dois comportamentos distintos tendo uma média de [valor
confidencial] m3/h para os primeiros 2495 minutos processados e de [valor confidencial] m
3/h para os
restantes, enquanto a carga processada não revela este desfasamento. O vapor consumido na coluna também
não revela qualquer relação com esta diferença de caudal resíduo atmosférico.
600
800
1000
1200
1400
0 2000 4000 6000 8000 10000
Q c
rud
e (
ton
/h)
Mistura1 Mistura2 Mistura3
0
200
400
600
0 2000 4000 6000 8000 10000
Q R
AT
(m3 /
h)
Mistura1 Mistura2 Mistura3 Mistura4 Mistura5
54
Figura 56 - Caudal mássico do corte de gasolina SR (ton/h) para 5 runs estudados ao longo do tempo (min).
Na Figura 56, destaca-se o run 4 por ter uma quebra do caudal de gasolina SR no minuto 1000. No entanto, a
carga, para este intervalo de tempo em que se registou a quebra do caudal de gasolina SR, foi mantida e o
caudal de RAT também. A pressão de topo foi afectada pela quebra de caudal de gasolina SR, o que possibilitou
o aumento do consumo de vapor.
Na Figura 56, observa-se que existe maior instabilidade nos primeiros minutos, referentes à estabilização da
carga, o que é comum a todas as outras Figuras.
Da análise destas variáveis, conclui-se que efectivamente, estas não apresentam o comportamento expectável,
revelando assim a complexidade da unidade e a dificuldade em encontrar relações entre as mesmas.
Na Tabela 10, apresentam-se os valores médios calculados para as variáveis estudadas relativos a cada crude.
Tabela 10 – Média das variáveis estudadas para cada crude. [Valores confidenciais]
Q vapor
(ton/h)
P topo
(barg)
T amb
(oC)
Q crude
(ton/h)
Q RAT
(m3/h)
Ql
(ton/h)
Densidade
(API)
T corte
(oC)
T entrada
(oC)
Crude 1
Crude 2
Crude 3
Crude 4
Crude 5
Da análise à Tabela 10, pode observar-se que a pressão de topo do crude 2 é muito mais baixa face às
restantes. Este facto pode ser explicado devido ao baixo caudal de crude admitido na coluna, bem como à
temperatura ambiente ser baixa.
Relativamente aos crudes 4 e 5, apresentam elevados caudais de crude e de resíduo atmosférico, no entanto a
injecção de vapor não foi mais alta face às restantes. Isto pode ser explicado pela temperatura ambiente e pela
pressão de topo serem bastante elevadas.
Tratamento estatístico para os runs de 1 a 5
O objectivo desta análise é conseguir uma equação para cada tipo de mistura de crudes, pois as suas
características, como a massa volúmica e o teor em resíduo e leves, levam a um desempenho diferente da
coluna. Tal como já referido, cada run tem uma duração média de 3 a 5 dias e para saber exactamente quando
houve mudança de carga da coluna, consultou-se o plano de fabrico da Refinaria. De notar que, uma vez
0
100
200
300
0 2000 4000 6000 8000 10000
Ql (
ton
/h)
Mistura1 Mistura2 Mistura3 Mistura4 Mistura5
55
alterada a carga, existe sempre um intervalo de tempo em que esta não está estabilizada, não devendo ser
considerado esse intervalo de tempo na análise estatística. Quanto maior a diferença de qualidades, maior será
esse intervalo de tempo. O mesmo acontece para o fim da carga porque o crude é um blending cujas
propriedades não são exactamente as mesmas e no tanque de armazenagem a mistura pode não estar
homogénea.
A base temporal utilizada nestas análises foi de 5 minutos, de modo a não ter problemas com o tamanho da
amostra.
A Tabela 11 resume os resultados estatísticos dos crudes estudados, apresentando a regressão linear múltipla
para o conjunto de dados excluídos os outliers, bem como o coeficiente de determinação ajustado.
Tabela 11 - Resultados estatísticos para os 5 crudes estudados.
Misturas Regressão linear múltipla final R2
ajust. (%) Resíduos/Amostra
M1 𝑄𝑣 = 307,17 + 0,01445 𝑄𝑙 − 208,39 𝑑 + 0,00761𝑄𝑅𝐴𝑇 − 0,3628𝑇𝑒
+ 0,0419𝑇𝑐 78,41 248/2266
M2 𝑄𝑣 = −768,9 + 0,15527 𝑄𝑙 + 898,4 𝑑 − 0,04182𝑄𝑅𝐴𝑇 − 0,03714𝑄𝑐
+ 71,98 𝑃 + 0,0591𝑇𝑐 31,12 55/1236
M3 𝑄𝑣 = −125,3 + 0,0374 𝑄𝑙 + 127,65 𝑑 − 0,011763𝑄𝑅𝐴𝑇 − 0,0967 𝑇𝑎𝑚𝑏
− 0,0254𝑇𝑒 + 0,0433𝑇𝑐 47,56 98/1858
M4 𝑄𝑣 = −286,5 + 0,00529 𝑄𝑙 + 286,6 𝑑 + 0,005057𝑄𝑐 − 0,0927 𝑇𝑎𝑚𝑏
− 7,008 𝑃 + 0,3126 𝑇𝑒 + 0,1848 𝑇𝑐 86,18 50/871
M5 𝑄𝑣 = −170,6 + 0,01527 𝑄𝑙 + 361,9 𝑑 − 0,001564 𝑄𝑐 − 0,3125𝑇𝑎𝑚𝑏
− 0,3051𝑇𝑒 59,49 49/744
Nota: as variáveis consideradas são: Qv (ton/h), Ql (ton/h), d (kg/l), Q RAT (m3/h), Qc (ton/h), Tamb (oC), P (bar), Te (oC), Tc (oC).
Em todas as regressões, o software contempla o caudal de gasolina SR, apresentando uma relação positiva com
o caudal de vapor, o que pode ser explicado por não haver muito gás incondensável no topo da coluna e,
portanto, a pressão de topo ser baixa.
A mistura 2 tem uma relação positiva entre a pressão de topo e o caudal de vapor consumido na coluna, o que
não acontece em todas as outras regressões em que a pressão de topo é considerada significativa para o
modelo. Este facto pode ser explicado pela média da pressão de topo ser apenas de [valor confidencial] barg,
não alcançado o tal valor limite que conduz à diminuição da injecção de vapor de stripping.
Segundo as regressões encontradas, apenas nos casos das misturas 2, 4 e 5, se considera o caudal de crude
tratado na coluna como uma variável importante no consumo de vapor. Quanto ao caudal de RAT, observa-se
que, nos casos das misturas 1 e 3, se considera mais explicativo para a variabilidade do caudal de vapor do que
o caudal de crude e, apenas o run 1 apresenta uma relação positiva com o vapor.
Para a mesma mistura, a sua temperatura de entrada deverá ter uma relação negativa com o consumo de
vapor, o que é verificado em todos os casos, excepto no 4.
Seria expectável que a análise realizada para cada tipo de crude originasse coeficientes de determinação
ajustados maiores, como para o caso dos runs 1 e 4, porque o funcionamento da coluna depende muito
56
fortemente das características da mistura de crudes processada. No entanto, como referido e mostrado na
comparação das variáveis mais relevantes com a injecção de vapor, é difícil conseguir uma relação entre estas.
Todas as análises estatísticas referentes a cada run são aceites através do valor-p referente à regressão e do
valor VIF referente a cada variável. As análises de resíduos apresentam problemas ao nível da variância,
normalidade e auto correlação.
Em apêndice, será apresentada unicamente a análise estatística do primeiro run, ver Figuras B 28 a B 32.
6.1.7.1. Consumo específico para o run correspondente à mistura de crudes 1
Foi igualmente realizado um tratamento estatístico ao run 1, utilizando o valor do consumo específico de
vapor. A base desta análise é de 5 minutos. Através do teste Stepwise, selecciona-se as variáveis mais
explicativas para o run 1.
Figura 57 - Análise de regressão linear múltipla.
Como é visível, as variáveis seleccionadas são exactamente as mesmas que na análise anterior. Removidos os
239 outliers do conjunto de dados de 2177, obtém-se a regressão linear múltipla demonstrada na Figura 58.
Figura 58 – Análise de regressão linear múltipla, excluídos os outliers.
Com a remoção dos outliers, o coeficiente de determinação ajustado aumentou, de 60,64 para 75,62%. No
entanto, comparativamente ao consumo normal, diminuiu ligeiramente (de 78,41%) com a alteração da
variável dependente de consumo para consumo específico.
Esta análise respeita o pressuposto da multicolinearidade e o valor-p indica que o modelo encontrado é
significativo para o nível de significância de α=1%, como pode ser observado na Figura B 35. A análise de
resíduos revela problemas a nível da variância, normalidade e auto correlação, vide Figuras B 36 e B 37 em
apêndice CD.
Foi igualmente concretizada uma outra análise muito similar, apenas com a diferença da base de análise, sendo
agora horária, para o mesmo run 1. As variáveis consideradas como significativas nesta análise foram apenas as
x2, x7 e x8, respeitantes à massa volúmica do crude, temperatura média de entrada do crude na CC-V1 e
temperatura de corte do GOP. O coeficiente de determinação ajustado obtido depois da exclusão dos outliers
foi de 60,64%. Uma vez que esta análise é pior do que a anterior não será contemplada nesta dissertação.
Y – CE x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – Q RAT (m
3/h)
x5 – T amb (ºC) x6 – P (bar) x7 – Te (ºC) x8 – Tc (ºC)
Y – CE x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – Q RAT (m
3/h)
x5 – T amb (ºC) x6 – P (bar) x7 – Te (ºC) x8 – Tc (ºC)
57
6.1.8. Análise T90 – 1 de Maio a 26 de Agosto de 2014
Cada crude tem uma curva de destilação típica, pois a composição varia. Na Figura 59 estão apresentadas as
curvas de destilação reais dos vários produtos obtidos a partir da mistura de crudes alimentada à coluna de
destilação, do dia 2 de Julho de 2014, às 7h, correspondente ao run 9. Na Figura 59 são identificados os cortes
de cada produto. O perfil de destilação de cada fracção é dado por índices como T10, T50 e T90, onde T1 e T2 são
temperaturas de corte para um dado produto. Por exemplo, T90 do gasóleo pesado SR representa a
temperatura em que 90% do gasóleo pesado evapora, nas condições da sua destilação [45].
Em condições ideais, o conjunto das destilações dos vários produtos seria uma curva contínua desde os
produtos mais leves até ao resíduo atmosférico, indicando que a separação entre os produtos era perfeita. No
entanto, não se consegue que a destilação seja perfeita, havendo sempre mistura de produtos para cada corte.
Uma vez que o ponto inicial da destilação é um ponto com um erro relativamente grande associado, para cada
produto apenas se considera o valor de 5% do evaporado (T5), pois é quando a análise já tem maior precisão.
Por esta razão, as curvas de destilação para os diferentes produtos não se chegam a sobrepor.
Figura 59 – Curvas de destilação atmosférica dos produtos obtidos no run 9 (2 de Julho de 2014).
Na Figura 59, embora não haja sobreposição das curvas de destilação pode observar-se que relativamente a
dois produtos seguidos, a T5 do composto mais pesado é menor do que a T100 do composto mais leve.
Todas as fracções, à excepção do RAT, são analisadas de acordo com o método ASTM 7345. Este método de
ensaio é utilizado para determinar as características de destilação de produtos com ponto de ebulição entre 20
a 400oC, à pressão atmosférica, utilizando um equipamento de micro destilação automática, sendo necessária
uma quantidade reduzida de amostra [46]. A fracção de RAT é analisada de acordo com o método ASTM D-
1160. Este método destina-se à análise de produtos com pontos de ebulição máximos de 400oC, sob vácuo
[47].
O objectivo da injecção de vapor na CC-V1 é de melhorar o fraccionamento entre o GOP SR e o RAT. O vapor
permite que hidrocarbonetos de massa molecular menor que estão misturados no RAT vaporizem e sejam
recolhidos na zona superior onde é extraído o GOP. Assim, uma das características importantes para
determinar o valor de injecção de vapor necessário para se obter uma melhor separação entre o GOP SR e o
resíduo atmosférico é a fracção de destilado existente no resíduo atmosférico à temperatura dos 90% de
destilado do GOP SR. Quanto menor este valor, melhor o fraccionamento. Para se determinar este valor, retira-
se a T90 da curva de destilação do GOP.
0
100
200
300
400
500
600
0 100 200 300 400 500
Tem
pe
ratu
ra (
oC
)
% volumétrica evaporada de cada fracção 100
100 100 100
Gas. Kero.
GOL
GOP
RAT
58
Figura 60 – Temperatura à qual 90% do GOP SR evaporou para uma amostra do run 9 (2 de Julho de 2014).
Figura 61 – Percentagem volumétrica destilada de RAT para a Temperatura dos 90% do GOP do run 9 (2 de Julho
de 2014).
A temperatura obtida foi de [valor confidencial] oC. Com esta temperatura e a partir da curva de destilação do
resíduo atmosférico, Figura 61, retira-se a percentagem volumétrica de resíduo atmosférico. A percentagem
correspondente ao GOP SR no resíduo atmosférico é de [valor confidencial], vulgarmente designado por T90.
As análises de destilação não têm uma frequência certa. A duração do run pode variar entre 3 a 11 dias.
Normalmente, na fracção RAT só é caracterizada no parâmetro destilação uma vez por semana. A fracção GOP
é analisada todos os dias úteis, pois é necessária para avaliar o corte praticado.
Na Figura 62 são apresentados, a título ilustrativo, os “T90” desde 1 de Maio até 26 de Agosto de 2014. De notar
que estes valores são determinados apenas quando se têm os resultados das análises de GOP SR e RAT em
simultâneo.
Figura 62 – Fracção de GOP SR no RAT.
Pode notar-se que a fracção de gasóleo pesado presente no resíduo (T90) varia entre [valor confidencial] a
[valor confidencial] %, para as diferentes observações.
A Figura 63 mostra a relação entre o consumo de vapor e o T90 para diferentes runs.
Figura 63 – Relação entre a injecção de vapor e o T90 (cada run é representado por um símbolo diferente).
0
100
200
300
400
0 20 40 60 80 100
Tem
pe
ratu
ra (º
C)
% volumétrica recuperada
GOP SR
0
200
400
600
0 20 40 60 80 100
Tem
pe
ratu
ra (º
C)
% volumétrica arrastada
RAT
0
5
10
15
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago
T90
0
2
4
6
8
10
12
9 11 13 15 17 19 21
T90
Injecção de vapor (ton/h)
59
Esta relação visa evidenciar o efeito do aumento do caudal de vapor na redução da fracção de GOP arrastada
no resíduo atmosférico. Através da Figura 63 é visível esta relação para três dos seis runs estudados.
Na realidade, além desta análise fazer sentido para um tipo de run, onde as características deste são as
mesmas, deveriam ser mantidas “constantes” outras variáveis, tais como, a carga à coluna, temperatura de
corte do GOP, pressão de topo (dentro do possível) e a temperatura do crude à saída do forno. A relação
esperada entre a injecção de vapor e a fracção de GOP no RAT seria inversamente proporcional até um certo
caudal de vapor, a partir do qual o T90 se manteria constante, mesmo com um aumento de vapor. Se fosse
realizado um test run a vários tipos de mistura de crudes, onde fossem mantidas estáveis todas as restantes
variáveis e, o caudal de vapor fosse aumentando progressivamente, conseguir-se-ia saber, através da
determinação do T90 correspondente a cada estágio de injecção de vapor, qual o caudal óptimo para o melhor
fraccionamento entre GOP e RAT. Durante o estágio na Refinaria não foi possível, por vários factores, realizar-
se o test run à coluna, uma vez que é necessário reunirem-se condições favoráveis à sua prática. Dado que no
Verão, a capacidade de arrefecimento da coluna é reduzida, sendo necessário aumentar caudal de crude de
noite e reduzir de dia, provocando alterações em variáveis que se pretendiam constantes, o test run só poderá
ser efectuado para um plano de fabrico com carga mais reduzida, ou durante o Inverno.
Realizando a análise estatística, contemplando o T90 como uma variável independente, bem como todas as
outras variáveis referidas na Figura 64, e recorrendo ao teste Stepwise, obtém-se a RLM descrita na mesma
Figura.
Figura 64 – Análise de regressão linear múltipla.
Como é possível observar pela análise de RLM apresentada na Figura 64, a T90 não tem um impacto significativo
sobre o consumo de vapor, não sendo integrada na regressão obtida. Apenas as variáveis respectivas à massa
volúmica, temperatura ambiente, pressão de topo e temperatura de corte foram incluídas no modelo, tendo a
temperatura ambiente um sinal contrário ao expectável.
Na análise apresentada foram excluídos os 2 outliers, da amostra de 21 observações, tendo-se conseguido um
R2
ajust. de 71,12%, ao invés do primeiro de 49,26%, sendo consideradas as mesmas variáveis significativas.
Da análise à Figura B 40, em apêndice CD, conclui-se que o modelo encontrado é significativo para o nível de
significância de α=1% e que não apresenta problemas de multicolinearidade. Relativamente à análise de
resíduos, os pressupostos de variância, normalidade e auto correlação são cumpridos, como pode ser
verificado nas Figuras B 41 e B 42.
6.2. Stripper CC-V2
Nesta secção será realizado um estudo ao stripper CC-V2, semelhante ao anteriormente realizado à CC-V1. O
objectivo deste stripper é remover as fracções mais leves que são arrastadas no corte de gasóleo pesado (GOP).
Qv (ton/h) Ql (ton/h) d (kg/l) Q RAT (m
3/h)
Qc (ton/h)
T amb (oC)
P (bar)
Te (oC)
Tc (oC)
T90
60
A nível de controlo, as variáveis mais interessantes controladas na coluna CC-V2 são: o caudal de fundo de
gasóleo pesado, dado pela soma das TAGS CCF87 e CFF88 (ver Figura 34) e a temperatura de corte do gasóleo
pesado na coluna CC-V1, TAG CCT57.
A percentagem de recuperado do GOP a 360oC é importante no que diz respeito ao corte praticado da coluna
CC-V1 e não ao stripping da coluna CC-V2, pois o stripping está directamente relacionado com o teor de
hidrocarbonetos mais leves, que pode ser relacionado com a parte inicial da curva de destilação.
Uma outra variável que poderia a priori ser interessante seria a massa volúmica do gasóleo pesado, no entanto,
esta é uma propriedade dependente da natureza de cada crude, não estando directamente relacionada com o
teor em compostos mais leves, não podendo ser relacionada com o consumo de vapor.
Para o presente estudo, seria interessante conhecer-se o caudal de leves removido no stripper que volta à
coluna CC-V1, porém não há registo desse caudal, porque não é uma variável importante.
A lista de variáveis consideradas como as mais explicativas para o modelo são as indicadas na Tabela 12.
Tabela 12 – Lista das variáveis seleccionadas no estudo do stripper CC-V2.
Y Consumo de vapor (ton/h)
X1 Caudal volumétrico à saída do stripper CC-V2 (m3/h)
X2 Temperatura do corte de gasóleo pesado à saída da coluna CC-V1 (oC)
Pela Figura 20 pode constatar-se que o consumo de vapor, entre 1 de Janeiro de 2012 a 15 de Março de 2014,
apresenta vários patamares não sendo pertinente o estudo da relação com as suas variáveis independentes.
Assim, apenas foi estudada a relação para o período compreendido de 1 de Maio a 20 de Agosto de 2014,
numa base horária. Na Figura 65 apresenta-se a relação entre o andamento das variáveis independentes com o
consumo de vapor no stripper CC-V2.
Figura 65 – Relação entre o consumo de vapor no stripper CC-V2 (ton/h), eixo à esquerda, e o caudal de fundo do GOP SR (m
3/h), eixo à direita, e temperatura de entrada do GOP SR (
oC), eixo à direita.
A injecção de vapor nesta unidade não apresenta uma grande variação ao longo do tempo, apresentando um
valor médio de [valor confidencial] ton/h. Pode notar-se que a variável independente com maior relação com
o consumo de vapor é o caudal de fundo do stripper CC-V2, apresentando uma relação positiva. No período de
10 a 26 de Junho, existem variações bruscas no caudal da CC-V2 e o vapor injectado segue o mesmo
comportamento. A temperatura de entrada do GOP no stripper CC-V2 não apresenta muitas oscilações, não
tendo uma contribuição muito significativa na injecção de vapor, rondando sempre o valor de [valor
confidencial] oC.
50
150
250
350
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago
Q C
C-V
2(m
3 /h
) e
T
en
trad
a (o
C)
Q v
ap
or
(to
n/h
)
Vapor injectado Caudal da CC-V2 Temp entrada
61
O controlo do funcionamento do stripper não é muito importante porque estes compostos são tratados
posteriormente nas dessulfurações onde também são removidas as fracções mais leves.
Implementadas as variáveis no Minitab®, obtém-se a regressão linear múltipla, apresentada na Figura 66.
Figura 66 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Ambas as variáveis estudadas são contempladas no modelo, tendo-se obtido um coeficiente de determinação
ajustado de 53,71%. Através da Figura B 45, verifica-se que o valor-p da regressão é inferior ao nível de
significância pretendido, α=10%, traduzindo evidencia para a rejeição da hipótese nula e os valores VIF
respectivos a cada variável indicam que não existem problemas de multicolinearidade. A análise de resíduos,
Figuras B 46 e B 47, revela problemas a nível de variância, da normalidade e auto correlação.
Com a remoção dos 196 outliers da amostra de 2258 observações, obtém-se uma RLM que integra igualmente
as duas variáveis, porém o R2
ajustado decresce para 46,68%.
6.3. Stripper CC-V3
O stripper CC-V3 tem o objectivo de remover os hidrocarbonetos leves do gasóleo ligeiro. As variáveis mais
interessantes de serem estudadas são o caudal de gasóleo que sai do fundo do stripper que é conseguido pela
soma das TAGS CCF111 e CCF112 (ver Figura 34) e a temperatura correspondente ao corte da fracção de
gasóleo ligeiro, TAG CCT56. Tal como o CC-V2, o controlo do funcionamento do stripper não é muito
importante porque estes compostos são tratados posteriormente nas dessulfurações onde também são
removidas as fracções mais leves.
No estudo da coluna CC-V3, são analisadas as variáveis indicadas na Tabela 13.
Tabela 13 – Lista de variáveis seleccionadas.
Y Consumo horário de vapor (ton/h)
X1 Caudal volumétrico horário de GOL à saída do stripper CC-V3 (m3/h)
X2 Temperatura do corte de GOL à saída da coluna CC-V1 (oC)
Através da Figura 21 da secção 5.2, pode observar-se que o consumo de vapor neste stripper também
apresenta vários patamares, rondando [valor confidencial] ton/h. Porém, a partir de Setembro de 2013,
verifica-se que a injecção de vapor apresenta mais oscilações. Na Figura B 48 em apêndice, é possível observar
a relação entre as variáveis independentes com a injecção de vapor. A análise estatística correspondente a este
período de tempo encontra-se igualmente em apêndice, nas Figuras B 49 a B 54. Para manter o critério da
análise ao stripper CC-V2 apenas serão apresentadas as relações entre as variáveis seleccionadas para o
período de 1 de Maio a 20 de Agosto de 2014, excluindo-se os intervalos em que a unidade parou. A Figura 67
evidencia essas relações numa base horária.
62
Figura 67 – Relação entre o caudal de vapor (ton/h), eixo à direita, temperatura de entrada do GOL SR (oC), eixo à
esquerda, e caudal de fundo da CC-V3 (m3/h), eixo à esquerda.
Como seria expectável, a variável com maior impacto na injecção de vapor ao stripper CC-V3 é o caudal de
fundo da coluna, tendo uma relação positiva. Verifica-se que caudais de GOL superiores conduzem a maiores
caudais de vapor injectados na coluna. A temperatura de corte tem o valor médio de [valor confidencial] ºC,
não apresentando muitas oscilações.
Implementadas as variáveis no software Minitab® e recorrendo ao teste Stepwise, obtém-se a regressão linear
múltipla indicada na Figura 68, já sem os outliers.
Figura 68 - Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Com a remoção de 7% das observações correspondentes aos outliers, alcança-se uma RLM que integra as duas
variáveis estudadas, ao contrário do conseguido para todas as observações, onde apenas a variável
correspondente ao caudal de GOL é contemplada. O coeficiente de determinação ajustado alterou-se de
62,93% para 80,47%.
Pela Figura B 57, em apêndice, verifica-se que a RLM sem outliers não apresenta problemas de
multicolinearidade e o modelo é significativo para o nível de significância de α=1%, como é comprovado pelo
valor-p da regressão. Da figura B 59, observa-se que os resíduos não se distribuem de acordo com uma
distribuição normal, a variância não é aleatória em torno de uma linha de base correspondente ao valor de
resíduo de zero e a estatística de Durbin-Watson é próxima de 0.
6.4. Stripper CC-V4
O stripper CC-V4 tem a função de remover os leves do petróleo SR, de modo a cumprir o ponto de inflamação.
Nesta coluna, além de serem analisadas a temperatura de corte do petróleo SR, representada na Figura 34 pela
TAG CCT55 e o caudal total de fundo do stripper, representado pelas TAGS CCF128 e CCF5204, também foi
estudado o nível do stripper dado pela TAG CCL118, bem como a temperatura de inflamação, representado
pela TAG CCA126, pois é a especificação do produto. O petróleo tem de cumprir a temperatura de inflamação
mínima de [valor confidencial] oC.
Uma outra especificação deste produto é o ponto de congelação, temperatura à qual começam a precipitar os
cristais de parafinas, referenciado pela TAG CCA4001. A especificação que o petróleo tem de cumprir para
poder ser utlizado como combustível de aviação, Jet A1, é [valor confidencial] oC No entanto, esta
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
50
150
250
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago
Q v
ap
or
(to
n/h
)
Q C
C-V
3(m
3/h
) e
T
en
trad
a (o
C)
Q CC-V3 T entrada Q vapor
63
característica está mais relacionada com o corte e não com o fraccionamento, ou seja, com a existência de
leves.
As variáveis consideradas para a análise deste equipamento foram as descritas na Tabela 14.
Tabela 14 – Lista de variáveis seleccionadas para o estudo do stripper CC-V4.
Y Consumo horário de vapor (ton/h)
X1 Caudal volumétrico horário de petróleo SR à saída do stripper CC-V4 (m3/h)
X2 Temperatura de inflamação do queroseno (oC)
X3 Nível do stripper CC-V4
X4 Temperatura do corte de petróleo SR à saída da coluna CC-V1 (oC)
Pela Figura 22 verifica-se que o consumo de vapor neste stripper tem um caracter mais oscilante relativamente
aos restantes. Assim, foi realizada uma análise para o período respeitante a 1 de Janeiro de 2012 a 15 de Março
de 2014, podendo ser consultada em apêndice, através das figuras B 60 a B 66. Para manter o critério da
análise dos outros strippers, apenas serão apresentadas as relações e análises das variáveis seleccionadas para
o período de 1 de Maio a 20 de Agosto de 2014. As relações entre a injecção de vapor e as variáveis
independentes do stripper CC-V4, para o período de 1 de Maio a 20 de Agosto de 2014, numa base horária, são
ilustradas na Figura 69.
Figura 69 – Relação entre o caudal de vapor (ton/h), eixo à esquerda, caudal de petróleo SR (m3/h), temperatura de
inflamação (oC), temperatura do corte de petróleo SR (
oC) da coluna CC-V1 e nível do CC-V4, todos no eixo à direita.
Nesta análise, o vapor injectado apresenta uma menor relação com o caudal de fundo do stripper CC-V4,
comparativamente aos outros strippers, para o mesmo intervalo temporal. Tal facto, poderá ser explicado
devido à especificação do ponto de inflamação do petróleo, pois também contribui para o maior ou menor
consumo de vapor.
O nível do stripper do petróleo SR relaciona-se com a injecção de vapor apenas quando este está em situações
limite. Quando o nível está muito alto, a injecção de vapor aumenta para remover os leves e quando está
baixo, diminui-se a injecção para não perder nível no stripper.
Implementadas as variáveis no software Minitab®, obtém-se a RLM ilustrada na Figura 70, removidos os outliers.
Figura 70 - Análise de regressão linear múltipla, excluídos os outliers.
10
40
70
100
130
160
190
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago
Q C
C-V
4(m
3 /h
), F
lash
po
int
(oC
) T
en
trad
a (o
C)
e n
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l C
C-V
4
Q v
ap
or
(to
n/h
)
Vapor injectado Qv stripper CC-V4 Flash point Temp entrada Nível de CC-V4
64
Com a remoção dos 231 outliers referentes a este conjunto de dados (1988), obtém-se um coeficiente de
determinação ajustado de 31,54% ao invés do inicial, 21,70%, que também incluía as quatro variáveis
estudadas.
A relação obtida entre o caudal de petróleo SR, X1, e a injecção de vapor, é positiva, o que está de acordo com
o esperado, pois quanto mais petróleo, maior a quantidade de leves arrastada, necessitando de mais vapor
para a sua remoção. O sinal do coeficiente respectivo ao ponto de inflamação, X2, é negativo o que
corresponde à realidade. Se o ponto de inflamação for baixo, a injecção de vapor terá de aumentar para
colmatar este facto e assim remover a fracção mais leve incorporada no petróleo. O nível de stripper, X3, tem
uma relação positiva, o que é coerente com o acima referido. Por fim, a temperatura de corte, x4, apresenta
uma relação positiva com o consumo de vapor, o que uma vez mais, não se consegue relacionar com o
consumo de vapor.
Da análise à Figura B 69, analisando o valor–p da regressão e os valores VIF de cada variável, respectivamente,
conclui-se que o modelo é significativo e que não apresenta problemas de multicolinearidade. Na análise de
resíduos, vide Figura B 71, observa-se que este modelo não cumpre os critérios de variância, normalidade e
auto correlação.
6.5. Coluna CC-V17
A Figura 71 apresenta o esquemático onde se pode ter uma visão global do funcionamento da coluna
desetanizadora. O vapor consumido nesta coluna serve o propósito de fornecer energia à mesma a fim de se
conseguir o fraccionamento entre o etano e o LPG.
Figura 71- Esquemático da coluna desetanizadora, CC-V17 [43].
Nesta unidade as variáveis relevantes para uma análise ao consumo de vapor são a pressão do topo da coluna
identificada no esquemático pela TAG CCP348, o caudal de refluxo representada pela TAG CCF343, a carga à
coluna indicada na TAG CCF333, a temperatura de entrada antes de passar pelo permutador de integração
energética CC-E30, identificada no esquemático pela TAG CCT517. Quanto maior o caudal de refluxo, menor
65
será a temperatura no interior da coluna pois toda a fase orgânica do balão CC-V18 retorna à coluna, obrigando
a um maior consumo de vapor para manter as condições operatórias. A taxa de refluxo garante a rectificação
dos produtos. A incorporação de C2- no LPG é regulada pela especificação do propano comercial. Como a
corrente de topo, depois de tratada é usada como combustível interno na refinaria, Fuel gás, há interesse
económico em reduzir o teor de propano na fracção de topo. A baixa taxa de refluxo propícia a existência de
propano no fuel-gás.
A TAG relativa ao caudal de vapor condensado, à saída do permutador CC-E33 é a CCF342.
Como ilustrado na Figura 24, o consumo específico aumenta muito devido ao fouling acumulado no
permutador de calor CC-E33 ao longo do tempo de funcionamento, razão pela qual o tratamento estatístico só
foi realizado para o período após paragem, numa base horária, desde 6 de Maio a 21 de Julho de 2014.
A injecção de vapor à desetanizadora é influenciada por diferentes variáveis sendo necessário um estudo
aprofundado às mesmas para compreender quais as que mais influenciam o sistema. As variáveis analisadas
são as listadas na Tabela 15.
Tabela 15 – Lista de variáveis analisadas.
P Pressão de topo (bar)
Qc Caudal volumétrico horário de carga à desetanizadora (m3/h)
Q LPG Caudal volumétrico horário de LPG (m3/h)
Qr Caudal volumétrico horário de refluxo (m3/h)
Qv Consumo horário de vapor no permutador da CC-V17 (m3/h)
Te Temperatura de entrada da carga na coluna antes de passar no permutador CC-E30 (oC)
Nas Figuras 72 e 73 são mostradas as relações entre as variáveis estudas ao longo do tempo, aquando do
funcionamento normal da unidade. Estas análises foram realizadas entre o período de 6 de Maio a 21 de Julho
de 2014, uma vez que houve um problema na historização da temperatura de entrada da carga, levando à
inexistência de dados entre 1 a 6 de Maio.
Figura 72 - Relação entre o caudal de condensado no permutador CC-E33 (m3/h), eixo à direita, e carga à coluna (m
3/h),
caudal de LPG (m3/h) e temperatura de entrada da carga na coluna CC-V17 (
oC), todas no eixo à esquerda.
A Figura 72 descreve a relação entre a carga à coluna CC-V17, o caudal de LPG, a temperatura de entrada antes
de permutar calor com o permutador CC-E30 e o vapor consumido no permutador CC-E33. Como é possível
constatar a relação entre a carga e o caudal de LPG é muito próxima, revelando que o rendimento de LPG em
diferentes crudes não é muito variável.
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
10
20
30
40
50
60
70
6-mai 16-mai 26-mai 5-jun 15-jun 25-jun 5-jul 15-jul
Q v
ap
or
(m3 /
h)
Q c
arga
(m3 /
h),
T e
ntr
ada
(oC
) e
Q L
PG
(m
3 /h
)
Carga à coluna CC-V17 Temp entrada LPG Vapor
66
Até sensivelmente 13 de Junho, o vapor consumido no permutador segue a carga à coluna, apresentando
depois desta data algumas diferenças. No período entre 28 de Junho a 5 de Julho (processamento de dois
runs), a carga à coluna aumentou, o que levou a um acréscimo significativo no consumo de vapor no
permutador. No entanto, de 5 a 11 de Julho, a carga (em conjunto com o caudal de LPG) diminuiu e o consumo
de vapor manteve-se. A partir de 11 de Julho, a situação inverteu-se, para a mesma carga, registou-se uma
diminuição do consumo de vapor.
Relativamente à relação entre a temperatura de entrada da carga e o consumo de vapor, pode constatar-se
que uma temperatura mais elevada induz a um menor consumo de vapor. Na Figura 72, identifica-se o período
de 13 a 17 de Junho, onde se regista um menor consumo de vapor para uma temperatura de entrada superior.
Embora esta não seja a principal causa, tem alguma influência.
Na Figura 73 apresenta-se a relação entre o caudal de refluxo, pressão de topo e o vapor consumido na coluna
CC-V17, para o funcionamento normal da unidade, para o mesmo período.
Figura 73 – Relação entre o caudal de condensado no permutador CC-E33 (m3/h), eixo à direita, e o caudal de refluxo (m3/h) e pressão de topo na coluna CC-V17 (bar), ambos no eixo à esquerda.
A pressão de topo é mantida constante, não variando significativamente ao longo do tempo. Esta não deverá
ultrapassar um certo limite, pois caso o atinja os gases serão descarregados para a flare.
Relativamente ao refluxo e ao vapor consumido, é visível uma relação muito estreita entre eles, seguindo o
mesmo andamento. Pode verificar-se que a diminuição de vapor entre 13 a 17 de Junho é justificada
maioritariamente pela diminuição do caudal de refluxo. No entanto, no intervalo de 28 de Junho a 11 de Julho
as duas variáveis não seguem a mesma tendência. Assim, o período respectivo de 5 a 11 de Julho, não tem uma
explicação para o aumento do consumo de vapor, uma vez que as variáveis explicativas estudadas não têm o
mesmo andamento. Seria necessário realizar uma análise mais detalhada às qualidades do fraccionamento
entre os produtos de topo e fundo para verificar qual a sua influência no consumo de vapor.
À semelhança da Figura 24, também se tentou relacionar o consumo específico ao longo do tempo desde a
paragem, excluindo o período compreendido de 5 a 11 de Julho por falta de fiabilidade dos dados. No entanto,
o intervalo de estudo resume-se a 2 meses, o que não é significativo para avaliar o impacto do fouling no
consumo. Na verdade, este consumo até diminuiu. O valor do consumo específico determinado após paragem
foi de [valor confidencial] ton vapor /ton carga.
Implementando as variáveis no programa Minitab® para realizar a análise estatística e recorrendo, de igual
forma, aos testes para encontrar um modelo com as variáveis mais relevantes do sistema, obteve-se a RLM
descrita na Figura 74, com a exclusão dos outliers.
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
15
25
35
45
55
6-mai 16-mai 26-mai 5-jun 15-jun 25-jun 5-jul 15-jul
Q v
ap
or
(m3 /
h)
Q r
efl
uxo
(m
3/h
) e
Pto
po
(b
ar)
Refluxo P topo Vapor
67
Figura 74- Regressão linear múltipla, excluídos os outliers.
Removendo os outliers identificados pelo software, cerca de 129 das 1552 observações, consegue-se um
coeficiente de determinação ajustado de 74,82%, ao invés do inicial de 49,73%. A baseline apresentada integra
todas as variáveis estudadas, contrariamente à anterior que não contempla o caudal de pesados (LPG).
A carga da coluna, Qc, e o caudal volumétrico de refluxo, Qr, apresentam uma relação positiva com o consumo
de vapor, o que corresponde à realidade. A temperatura de entrada, Te, apresenta uma relação negativa, o que
também corresponde à realidade do sistema. A pressão tem uma relação positiva com o consumo de vapor, e
tal como referido na CC-V1, pressões de topo superiores, conduzem a maiores consumos energéticos para se
manter o fraccionamento.
Avaliando a tabela referente à RLM na Figura B 75, pode observar-se que os valores VIF respectivos aos caudais
de carga à coluna e de LPG estão compreendidos entre 5 a 10, indicando que poderão existir problemas de
multicolinearidade entre eles, embora o teste Stepwise as inclua na regressão. O valor-t determina que entre
estas duas variáveis, a mais relevante deve ser o caudal de carga. Relativamente ao valor-p da regressão, os
dados traduzem evidência para a rejeição da hipótese nula para níveis de significância de α=1%, α=5% e
α=10%, como pode ser verificado pela Figura B 75. Da análise do diagrama de resíduos vs valores previstos,
vide Figura B 77, verifica-se que a distribuição de resíduos é aleatória em torno de uma linha de base
correspondente ao valor de resíduo zero. Relativamente à normalidade dos resíduos, observa-se que tanto no
histograma, como no gráfico de probabilidade normal, os resíduos não se distribuem segundo uma distribuição
normal para valores de resíduos positivos. Por fim, avaliando o efeito de auto correlação entre as observações,
verifica-se que existe auto correlação.
6.6. Coluna CC-V22
O objectivo do vapor nesta unidade é fornecer a energia necessária para se conseguir separar as três fracções
produzidas. A Figura 75 ilustra o esquemático referente à coluna desisopentanizadora com alusão às variáveis
monitorizadas.
68
Figura 75 - Esquemático da coluna desisopentanizadora, CC-V22 [43].
Esta coluna tem a particularidade de o aquecimento poder ser realizado por dois permutadores de calor, CC-
E49 e CC-E54. O primeiro funciona com vapor a 3,5 barg, e o outro funciona através de integração energética
com uma corrente de gasóleo de vácuo (HVGO) proveniente da coluna de destilação de vácuo I. Neste último,
monitoriza-se a abertura da válvula da corrente quente, bem como a sua temperatura. Apenas quando a
válvula está completamente aberta é possível determinar o caudal correspondente à corrente quente (HVGO)
que passa no CC-E54. Para as outras posições da válvula não se consegue quantificar efectivamente o calor
cedido.
Assim, as variáveis mais interessantes nesta coluna são a carga que é dada pela TAG CCF394, o caudal do corte
de fundo composto pela gasolina despentanizada indicada pela TAG CCF395, o caudal respeitante ao corte
lateral composto pela gasolina ligeira representada pela TAG CCF443, o caudal respeitante ao corte de topo
constituído pelo isopentano que pode ir à unidade de HT, identificado pela TAG CCF10001 ou para
armazenagem (TAG MPF1), o caudal volumétrico de fundo que é aquecido no permutador de calor CC-E49,
representado por CCF541, a temperatura de entrada da carga na coluna antes de passar pelo permutador CC-
E43, representado por CCT398, o caudal de refluxo que é dado pela TAG CCF426, a pressão de topo que é dada
pela CCP427, o caudal volumétrico de fundo que é aquecido no permutador de integração energética CC-E54,
dado pela TAG CCF4021 e, por fim, a temperatura de entrada do HVGO da coluna de vácuo I, que no
esquemático acima não se encontra representada. A TAG CCT4032_OP referente à coluna de vácuo I dá a
indicação da percentagem da abertura da válvula da corrente quente que está a permutar calor no permutador
de calor CC-E54.
Na Figura 76, apresenta-se o consumo de vapor numa base diária, desde 1 de Janeiro de 2012 a 29 de Outubro
de 2014, e a sua relação com a taxa de refluxo, evidenciando a tendência do consumo de vapor para os
períodos antes e após paragem.
69
Figura 76 – Vapor condensado (m3/h) ao permutador da coluna CC-V22, eixo esquerda, e taxa de refluxo, eixo direita,
com indicação das linhas de tendência nos períodos antes e após na paragem.
Através da Figura 76, é visível a redução progressiva do consumo de vapor entre 2012 a 2014, justificada
maioritariamente pela diminuição da taxa de refluxo ao longo do tempo.
Nesta figura, foi removido o período referente a Fevereiro - Maio de 2013, devido a problemas de medição do
caudal de vapor detectados na Figura 27 e o período da paragem geral, de Março a Maio de 2014.
Além da forte dependência da taxa de refluxo no consumo de vapor, também a integração energética entre a
coluna CC-V22 e a coluna de vácuo I tem uma grande influência. A Figura 77 evidencia essa relação apenas para
o período antes da paragem geral, uma vez que será realizado um estudo detalhado após Maio de 2014.
Figura 77 – Relação entre o caudal de vapor condensado (m
3/h), caudal de carga (m
3/h) e abertura da válvula de
integração energética (OP).
Pela Figura 77, verifica-se que nem sempre a relação entre a abertura da válvula da linha de HVGO e o caudal
de vapor têm sentidos contrários. No intervalo entre 18 de Julho a 28 de Agosto de 2012, verificou-se que não
havendo integração energética e para um caudal de carga elevado e de refluxo relativamente constante, ver
Tabela 16, o caudal de vapor não aumentou substancialmente face ao período anterior, de 29 de Junho a 17 de
Julho, em que a válvula de integração energética esteve aberta.
Tabela 16 – Comparação dos caudais de vapor, carga e refluxo e abertura da válvula da linha de HVGO para dois períodos.
Q vapor (m3/h) Q carga (m
3/h) Q refluxo (m
3/h) OP Int. energética (%)
29/6/2012 – 17/7/2012 Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial
18/7/2012 – 28/8/2012 Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial
Nesta coluna há muitas variáveis envolvidas que influenciam o consumo de vapor, entre as quais, o caudal de
HVGO que permuta calor com o caudal de fundo da coluna CC-V22 no permutador CC-E54 cujo registo apenas
é conseguido quando a integração energética é total.
0
200
400
600
0
10
20
30
40
50
jan-12 abr-12 jul-12 out-12 fev-13 mai-13 ago-13 dez-13 mar-14 jun-14
Taxa
de
re
flu
xo
Q v
ap
or
(m3
/h)
Q vapor Taxa de refluxo
-10
20
50
80
110
jan-12 abr-12 jul-12 out-12 fev-13 mai-13 ago-13 dez-13 mar-14
Q v
apo
r (m
3 /h
), Q
car
ga
(m3 /
h)
e O
P
Abertura válvula integração energética Q vapor Q carga
70
Dada a complexidade do sistema, o facto dos valores do caudal de condensado não terem a relação esperada
com a respectiva abertura de válvula, como pode ser verificado através da Figura 27 e, ainda, o facto de não
existir uma relação directa entre o caudal de condensado e a integração energética, verificada na Tabela 5,
inviabiliza uma análise isenta de erros, sendo apenas realizada para o período após paragem.
O consumo de vapor para o período após paragem foi realizado com base nos dados obtidos pela RTDB, num
regime horário, desde o dia 1 de Maio a 30 de Outubro do corrente ano.
Figura 78 – Caudal de vapor condensado (m3/h) no CC-E49, eixo esquerda, e carga à coluna (m3/h), eixo direita.
Na Figura 78, pode observar-se que o consumo de vapor tem várias oscilações, variando entre 0 a [valor
confidencial] m3/h. A carga à coluna também sofre variações, tomando o valor nulo quando existem problemas
a montante desta.
Os pontos respeitantes ao consumo de vapor nulo para quando existe carga admitida à coluna poderão indicar
que a energia fornecida pelo permutador CC-E54 é suficiente para o funcionamento da coluna. A fim de testar
a validade dos valores obtidos para o caudal de condensado, apresenta-se, na Figura 79, a relação entre o
caudal de vapor e a respectiva abertura da válvula do circuito de vapor.
Figura 79 - Caudal da corrente de vapor condensado da coluna CC-V22, e a respectiva abertura de válvula.
Da observação da Figura 79 é possível concluir que efectivamente após a paragem, o caudal de vapor continua
a não ter o mesmo andamento que a abertura de válvula. De 1 a 14 de Maio, a válvula está aberta e o caudal
de vapor é nulo na grande maioria do tempo, e entre 11 a 21 de Setembro, a válvula de vapor está fechada e
há registo de caudal de vapor condensado. Deste modo, estes dois períodos não podem ser integrados na
análise estatística apresentada a jusante. Relativamente aos outros períodos, regista-se que existe
inconsistência entre os dados, sobretudo para posições mais fechadas da válvula. Pode observar-se que há
períodos em que a válvula está fechada, mas há registo de vapor e, o contrário também acontece.
0
40
80
120
0
10
20
30
40
50
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago 18-set 8-out 28-out
Q c
arga
(m3 /
h)
Q c
on
d. v
ap
or
(m3 /
h)
vapor injectado CC-E49 Carga
-10
10
30
50
70
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago 18-set 8-out 28-out
Q v
apo
r(m
3 /h
) e
Ab
ert
. vá
lv.
Abertura válvula vapor Q vapor
71
Relativamente à Figura 78, o facto de não haver carga, não significa necessariamente que a unidade não esteja
a funcionar, pode estar a refluxo mínimo, requerendo consumo energético na mesma. A Figura 80 apresenta a
evolução do consumo de vapor e o caudal de refluxo.
Figura 80 – Comparação entre o caudal de condensado no CC-E49 (m3/h), eixo à esquerda, e o refluxo da coluna CC-V22
(m3/h), eixo à direita, para o período de 1 de Maio a 24 de Outubro de 2014.
Da comparação entre as Figuras 78 e 80, constata-se que os valores nulos de refluxo são coincidentes com os
valores de carga nula à coluna, evidenciando que para esses períodos não é necessário o fornecimento de
calor, pois esta não se encontra a fraccionar. A Figura 80 demonstra, ainda, a forte relação positiva entre o
caudal de refluxo à coluna e o consumo de vapor. A variação do refluxo na coluna deve-se, essencialmente, à
rectificação pretendida do iso-pentano. Actualmente, têm sido realizados muitos esforços para reduzir o
consumo de vapor, sendo um deles, a diminuição da taxa de refluxo desta coluna. Nas Figuras 81 e 82, mostra-
se o efeito da taxa de refluxo sobre o fraccionamento da coluna com base nas análises realizadas no mês de
Agosto (mês onde se registou uma maior fiabilidade dos dados) para a gasolina ligeira e para a gasolina
despentanizada.
Figura 81 - Fracção volumétrica de iC5 na gasolina ligeira.
Figura 82 - Fracção volumétrica de iC5 na gasolina despentanizada.
Através da análise às Figuras 81 e 82, é possível verificar que, tendencialmente, taxas de refluxo maiores
conduzem a menores fracções de isopentano no caudal do corte lateral e no de fundo, respectivamente.
A abertura da válvula da linha de HVGO para o permutador CC-E54 indica a ocorrência de integração energética
com a corrente de fundo da CC-V22. A Figura 83 apresenta a evolução das três variáveis que determinam a
integração energética, desde 1 de Maio a 24 de Outubro de 2014.
0
50
100
150
200
250
0
10
20
30
40
50
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago 18-set 8-out 28-out
Q r
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uxo
(m
3/h
)
Q v
apo
r co
nd
. (m
3/h
)
Q vapor Q refluxo
100
150
200
250
300
5 15 25 35
Taxa
de
Re
flu
xo
% volumétrica de iC5 na gasolina ligeira
Gasolina ligeira
100
150
200
250
300
0 2 4 6 8 10
Taxa
de
re
flu
xo
% volumétrica de iC5 na gasolina despentanizada
Gasolina despentanizada
72
Figura 83 – Comparação entre a temperatura de HVGO (oC), eixo à esquerda, abertura da válvula de integração
energética (%), eixo à esquerda, e caudal volumétrico do fundo da coluna ao CC-E54 (m3/h), eixo à direita.
Através da Figura 83, observa-se que até ao dia 14 de Maio, a válvula esteve completamente fechada e a
temperatura do HVGO rondava os 20-30ºC, correspondente à temperatura ambiente, indicando que não houve
integração energética, ainda que o caudal ao CC-E54 tenha um valor médio de [valor confidencial] m3/h. Pela
Figura 79, constata-se que o caudal de vapor para este intervalo foi inexistente na maioria do tempo,
provando-se efectivamente que a abertura da válvula de condensado do CC-E49 retrata a realidade.
De 14 de Maio a 7 de Junho, a abertura da válvula e a temperatura do HVGO têm um comportamento muito
instável e o caudal de fundo ao CC-E54 não segue a mesma tendência, sendo máximo em períodos em que a
válvula está fechada. Por esta razão, também este intervalo não foi considerado na análise estatística. De 8 de
Junho a 2 de Agosto, o andamento das três variáveis é mais homogéneo. No entanto, a partir desta data, a
abertura da válvula da linha de HVGO toma valores muito baixos, para temperaturas de HVGO elevadas, e o
caudal de fundo ao CC-E54 continua muito elevado. Assim, pode constatar-se que existe inconsistência entre os
dados. Em apêndice CD, pode ser consultada a Figura B 78 respeitante à abertura da válvula do CC-E54, onde
se verifica que o medidor de caudal regista correctamente excepto para o período entre 1 a 14 de Maio.
De referir, ainda, que o caudal da corrente de fundo ao permutador CC-E54 encontra-se fora de range a partir
de [valor confidencial] m3/h, o que não permite conhecer o valor do caudal.
Na Figura 84 apresentam-se os caudais de condensado e de fundo ao permutador de calor CC-E49 e a abertura
da válvula do caudalímetro de vapor, de 1 de Maio a 24 de Outubro de 2014.
Figura 84 – Comparação entre o caudal de condensado do CC-E49 (m3/h) e abertura da válvula de condensado ambos no
eixo à esquerda, e caudal de fundo ao CC-E49 (m3/h), eixo à direita.
Da análise à Figura 84, observa-se que o caudal de fundo ao permutador CC-E49 apresenta vários patamares,
enquanto o caudal de condensado tem um comportamento mais oscilante.
0
100
200
300
-10
90
190
290
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago 18-set 8-out 28-out
Q v
ao
CC
-E5
4(m
3 /h
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T H
VG
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ºC)
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lv.
Temp HVGO Abertura da válvula Qv ao CC-E54
0
100
200
300
400
500
-10
10
30
50
70
1-mai 21-mai 10-jun 30-jun 20-jul 9-ago 29-ago 18-set 8-out 28-out
Q f
un
do
CC
-E4
9 (
m3 /
h)
OP
vap
or
e Q
vap
or(
m3 /
h)
OP vapor Q vapor Qfundo CC-E49
73
Entre 8 a 19 de Junho, o caudal de vapor é nulo (corroborado pela respectiva abertura de válvula) e, através da
Figura 83, pode observar-se que o caudal de fundo que vai ao CC-E54 é muito elevado, o que implica que o
calor trocado neste permutador seja suficiente para o funcionamento da coluna. No entanto, para este período
regista-se um caudal de fundo médio da coluna ao permutador CC-E49 de [valor confidencial] m3/h.
No período de 11 a 21 de Setembro, a carga e o refluxo à coluna são nulos e o caudal de fundo ao permutador
CC-E49 regista, em média, [valor confidencial] m3/h, o que poderá implicar que este caudalímetro não esteja
correcto. Porém, relacionando o caudal de fundo ao CC-E49 com a abertura da válvula de vapor, é possível
observar que, embora o valor em si não esteja correcto, o seu andamento segue, aproximadamente, o da
abertura da válvula de condensado, excluindo-se o intervalo de 14 de Maio a 7 de Junho. Efectivamente, nos
períodos de 8 a 19 de Junho e 11 a 21 de Setembro, o registo do caudal de fundo ao CC-E49 é menor face a
aberturas da válvula diferentes de zero (ou negativas). Assim, na análise estatística, fez-se uso deste caudal
porque o seu desvio dá indicação do caudal de fundo ao permutador CC-E49.
A Figura 85 mostra a abertura da válvula da linha de HVGO ao longo do período de 8 de Junho a 24 de Outubro
de 2014. De frisar que, para este estudo, foram retiradas as observações referentes ao intervalo de 11 a 21 de
Setembro e a períodos cuja energia fornecida à coluna era insuficiente face aos caudais de carga e de refluxo
existentes. O intervalo de posição da válvula varia de -6,9 a 105%, sendo estas respectivas ao fecho e abertura
totais.
Figura 85 – Distribuição da posição de abertura da válvula de integração energética de 8/6 a 24/10 de 2014.
Da Figura 85 pode observar-se que, para o período em causa, 18% do funcionamento normal da coluna foi
realizado com integração energética total com a coluna de vácuo I e não se registaram períodos onde a coluna
funcionou apenas com energia proveniente de utilidade (posição -6,9 da válvula). No entanto, para os
intervalos de posição de válvula seleccionados, a maior fatia corresponde à posição mais fechada.
Na Tabela 17, relaciona-se a abertura da válvula com o consumo específico médio de vapor, necessário ao
funcionamento da coluna CC-V22, e calcula-se a consequente redução de vapor.
Tabela 17 – Parâmetros relativos à coluna CC-V22.
Abertura da válvula
Int. Energética %
Caudal médio de condensado
no permutador CC-E49 (m3/h)
Consumo específico de vapor
(m3 vapor/ m
3 carga)
Redução de vapor
(%)
-6,8 – 34,9 Confidencial Confidencial -
35 - 69,9 Confidencial Confidencial 29
70 – 104,9 Confidencial Confidencial 31
105 Confidencial Confidencial 41
37%
20%
25%
18% _6,8 - 34%
35 - 69%
70 - 104%
105%
74
Através da Tabela 17, é possível verificar o efeito que a abertura da válvula tem sobre o caudal médio de
condensado. Quanto maior a integração energética, menor o consumo específico de vapor. Com uma
integração total consegue-se uma redução de 41% do consumo específico face ao cenário de menor integração
energética, gama compreendida entre -6,8 a 34,9%. As duas gamas intermédias da posição da válvula
apresentam um consumo específico muito próximo devido ao caudal de refluxo das observações do intervalo
compreendido entre 70 a 104,9% ser substancialmente superior ao outro intervalo.
A lista de variáveis integradas nas análises estatísticas é a representada na Tabela 18.
Tabela 18 - Lista de variáveis analisadas na coluna CC-V22.
P Pressão no topo da coluna (bar)
Qc Carga à coluna CC-V22 (m3/h)
Qf CC-E49 Caudal de fundo admitido ao permutador de calor CC-E49 (m3/h)
Qf CC-E54 Caudal de fundo admitido ao permutador de calor CC-E54 (m3/h)
Q HVGO Caudal de HVGO ao permutador de calor CC-E54 (m3/h)
Qr Caudal volumétrico de refluxo (m3/h)
Qv Vapor condensado de 3,5 bar no permutador CC-E49 (m3/h)
Te carga Temperatura de entrada da carga à coluna CC-V22 (oC)
Te HVGO Temperatura de entrada de HVGO que permuta calor no CC-E54 (oC)
% abert. válv. Abertura da válvula de HVGO admitido ao CC-E54 (%) - integração energética
Uma vez que, quando a abertura da válvula é completa é possível conhecer o valor de caudal de HVGO que
passa no permutador CC-E54, foram analisados três cenários:
Válvula completamente fechada:
A válvula indicadora de integração energética apenas esteve fechada no intervalo entre 1 a 14 de Maio e dado
que os dados obtidos não são consistentes, não será realizada a análise.
Válvula completamente aberta:
Para o período em que a válvula de integração energética está totalmente aberta, foram implementadas todas
as variáveis descritas na Tabela 18, com exclusão da variável correspondente à abertura da válvula de HVGO,
dado que esta toma sempre o mesmo valor. O intervalo desta análise foi de 8 de Junho a 24 de Outubro de
2014, sendo removidas as observações que não são consistentes.
A Figura 86 evidencia os dados em que há integração total com o caudal de HVGO da coluna de vácuo I e a sua
relação com a carga à unidade CC-V22, os caudais de fundo aos permutadores CC-E49 e CC-E54, o caudal de
refluxo e o caudal de vapor condensado.
75
Figura 86 - Comparação entre o caudal de condensado no CC-E49 (m3/h), eixo à direita, e os caudais de fundo aos
permutadores CC-E49 e CC-E54 (m3/h), caudal de refluxo (m
3/h), caudal de HVGO ao permutador CC-E54 (m
3/h) e a carga
à coluna CC-V22 (m3/h), todos no eixo à esquerda.
Pela Figura 86 verifica-se que existe uma relação entre as variáveis estudadas. No último conjunto de dados, a
carga sofre um decréscimo, que provoca uma redução do caudal de fundo ao CC-E49 e, que por conseguinte,
conduz a uma redução do consumo de vapor condensado, mantendo-se o caudal de fundo da coluna ao CC-
E54, o caudal de refluxo e o caudal de HVGO ao permutador CC-E54.
A regressão linear obtida para este conjunto de dados está indicada na Figura 87.
Figura 87 – Regressão linear múltipla, excluídos os outliers.
As variáveis referentes à carga da coluna desisopentanizadora e à temperatura da mesma não foram
consideradas relevantes para a análise. Neste caso, a carga à coluna não tem um caracter muito explicativo
porque uma grande parte do caudal de fundo da coluna vai ao permutador CC-E54. O caudal de fundo que
entra no permutador CC-E49 e o caudal de refluxo apresentam uma relação positiva com o vapor, tal como era
de esperar. A pressão de topo é uma variável muito importante para o consumo de vapor e, tal como
anteriormente explicado, não é vantajoso energeticamente uma pressão de topo elevada. O sinal do
coeficiente é positivo porque, pressões altas conduzem a um maior consumo de energia para manter o
fraccionamento. Quando a pressão de topo atinge valores superiores a [valor confidencial] bar,
aproximadamente, reduz-se o consumo de energia da coluna, primeiro actuando no caudal de vapor e caso,
não seja suficiente, no caudal de HVGO. Relativamente ao caudal de fundo da CC-V22 que vai permutar calor
no CC-E54, à temperatura de HVGO e ao caudal de HVGO, todos têm uma relação negativa com o vapor
condensado, tal como era expectável.
Com a remoção dos 25 outliers das 507 observações, a variável pressão de topo é excluída e o sinal do
coeficiente da variável representativa do caudal de fundo ao CC-E54 passa para positivo, não tendo significado
físico. Assim, esta análise não é contemplada na dissertação, embora o R2
ajustado tenha aumentado para 85,32%.
Quanto à análise de resíduos, vide Figura B 83, não são respeitados nem o critério da normalidade dos resíduos
tanto no gráfico de probabilidade normal como no histograma nem o critério de variância. O teste de Durbin-
Watson, Figura B 82, evidencia problemas de auto correlação entre as variáveis.
0
5
10
15
20
0
200
400
600
8-jun 28-jun 18-jul 7-ago 27-ago 16-set 6-out 26-out
Q v
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or
con
d. (
m3
/h)
Q (
m3 /
h)
CC-E54 CC-E49 carga Q refluxo Q HVGO ao CC-E54 Qcondensado
76
Todas as posições da válvula:
Para esta análise foram contempladas todas as variáveis listadas na Tabela 18, à excepção do caudal de HVGO
por não haver registo. Na Figura 88 é apresentada a RLM final, isto é, excluídos os outliers.
Figura 88 - Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Nesta regressão todas as variáveis implementadas no software foram consideradas explicativas para o modelo,
e removendo os 155 outliers da amostra de 2488 observações, passa-se de um R2
ajustado de 88,78 para 92,38%.
A pressão de topo da coluna, em ambas as análises, apresenta uma relação negativa com o caudal de vapor
consumido, o que poderá ser explicado para situações em que a pressão atinja valores superiores a [valor
confidencial] bar.
O caudal de gasolina despentanizada que é aquecida no permutador CC-E54 apresenta uma relação positiva
com o consumo de vapor que, eventualmente poderá ser explicada por não variar de acordo com a abertura de
válvula respectiva à integração energética. No entanto, a temperatura do gasóleo de vácuo e abertura da
válvula indicadora de integração energética apresentam um coeficiente negativo, tal como era expectável.
Da análise da Figura B 86 em apêndice, pode observar-se que o modelo é validado de acordo com o valor-p.
Através da análise de resíduos presente em apêndice, Figura B 88, pode referir-se que o critério da
normalidade dos resíduos não é respeitado tanto no gráfico de probabilidade normal como no histograma, e os
pressupostos da homocedasticidade e auto correlação também não.
77
6.7. Consumo de vapor total de 3,5 barg no processo de destilação
atmosférica (PDA)
Através das análises anteriormente realizadas, foi possível determinar os vários subprocessos da destilação
atmosférica mais consumidores de vapor de 3,5 barg, CC-V1, CC-V22 e CC-E52, bem como as variáveis mais
significativas para cada uma delas. Assim, na Tabela 19, apresenta-se a lista das variáveis seleccionadas para a
análise do consumo total no PDA.
Tabela 19 – Lista de variáveis seleccionadas para o PDA.
d Densidade do crude (API)
P Pressão de topo da coluna CC-V1 (bar)
Qc Caudal de crude à coluna CC-V1 (ton/h)
Qf CC-E49 Caudal de fundo ao permutador CC-E49 respeitante à coluna CC-V22 (m3/h)
Qvt Consumo de vapor total de 3,5 barg (ton/h)
Qr Caudal de refluxo da coluna CC-V22 (m3/h)
Q RAT Caudal volumétrico de Resíduo Atmosférico (m3/h)
T amb Temperatura ambiente (oC)
T HVGO Temperatura de entrada de HVGO que permuta calor no CC-E54 respeitante à coluna CC-V22 (oC)
A variável independente associada ao pré-aquecedor de ar é o caudal de crude, pois quanto maior o seu
caudal, mais ar terá de ser admitido aos fornos.
Nesta análise, usar-se-á a densidade em grau API que é apenas uma forma de expressar a massa volúmica do
crude, através de um índice adimensional. Quanto maior a massa volúmica do crude, menor será o seu grau
API. A conversão é dada por:
𝐴𝑃𝐼 =141,5
𝑑𝑟 (6060
)− 131,5
Onde dr (60/60) é a densidade da amostra a 60ºF, em relação à densidade da água a 60ºF [45].
O período estudado na presente análise é de 8 de Junho a 29 de Outubro de 2014, exceptuando os dias 11 a 21
de Setembro. A razão pela qual o intervalo começa a 8 de Junho, e não a 1 de Maio, deve-se à falta de
consistência dos dados recolhidos para a coluna desisopentanizadora principalmente nesse período, sendo esta
uma das unidades mais importantes do consumo de vapor 3,5 barg.
As Figuras 89 a 91 pretendem comparar os vários andamentos das variáveis independentes seleccionadas com
o consumo de vapor total de 3,5 barg no processo de destilação atmosférica. Os gráficos foram construídos
numa base horária porque ilustram melhor as relações entre as variáveis comparativamente aos de base diária,
porém a análise estatística foi realizada tendo como base esta última, a fim de colmatar as oscilações sentidas
durante um dia de funcionamento. Por outro lado, a utilização da baseline horária não é uma solução realista.
78
Figura 89 – Relação entre o consumo total de vapor de 3,5 bar (ton/h), eixo à esquerda, e a carga de crude (ton/h), caudal de RAT (m
3/h) e caudal de refluxo da coluna CC-V22 (m
3/h), todas à direita.
Figura 90 - Relação entre o consumo total de vapor de 3,5 bar (ton/h), eixo à esquerda, e a temperatura ambiente (oC),
eixo à esquerda, e pressão de topo (bar), eixo à direita.
Figura 91 - Relação entre o consumo total de vapor de 3,5 bar (ton/h), eixo à esquerda, temperatura de HVGO que vai ao permutador CC-E54 (
oC) e caudal de fundo que vai ao CC-E49 (m
3/h), tudo à direita.
Através das Figuras, observa-se efectivamente que a combinação das diferentes variáveis explica a
variabilidade do consumo de vapor neste processo. A pressão de topo da coluna CC-V1 está relacionada com o
consumo de vapor, verificando-se que os picos de maior pressão correspondem a alguns dos picos de menor
caudal de vapor. O caudal de RAT também acompanha o andamento do consumo de vapor, relacionando-se
positivamente, tal como o período compreendido entre 20 a 27 de Julho, que para um menor caudal de
resíduo verifica-se um menor consumo total de energia. O caudal de crude revela uma relação positiva com o
vapor, embora não tão notória através da Figura 89, quanto a do caudal de RAT. O caudal de refluxo da coluna
CC-V22 apresenta, igualmente, uma relação positiva com o caudal de vapor consumido em todo o processo,
visível de 27 de Junho a 6 de Julho, onde um maior caudal de refluxo conduz a maiores consumos energéticos.
Relativamente à temperatura de HVGO verifica-se um comportamento contrário ao do consumo de vapor,
revelando o peso da integração energética da coluna de vácuo I face ao consumo total de vapor 3,5 barg no
0
500
1000
10
30
50
70
7-jun 27-jun 17-jul 6-ago 26-ago 15-set 5-out 25-out
Q c
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Q R
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(m3
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m3
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Q v
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n/h
)
Vapor total Carga crude Q RAT Q refluxo CC-V22
0
0,5
1
1,5
10
30
50
70
7-jun 27-jun 17-jul 6-ago 26-ago 15-set 5-out 25-out
P t
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C-V
1 (
ba
r)
Tam
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C)
e Q
vap
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tota
l (t
on
/h)
Temp. ambiente Vapor total P topo CC-V1
0
100
200
300
400
500
10
30
50
70
7-jun 27-jun 17-jul 6-ago 26-ago 15-set 5-out 25-out
T H
VG
OºC
) e
Q f
un
do
CC
-E4
9 (
m3 /
h)
Q v
ap
or
(to
n/h
)
Vapor total T HVGO Qfundo CC-E49
79
PDA. O caudal de fundo da desisopentanizadora ao CC-E49 revela uma relação negativa face à temperatura do
gasóleo de vácuo e positiva com o consumo de vapor, tal como é possível identificar na Figura 91.
Sendo este vapor, a soma de todos os consumos das unidades constituintes do processo em causa, torna-se
bastante complexo conseguir avaliar-se o efeito de uma variável face ao consumo de vapor total, porque na
verdade é a influência de todas estas e das outras descritas ao longo do estudo de cada unidade que
influenciam o seu consumo.
Implementando as variáveis no Software Minitab®, sem recorrer ao teste Stepwise, obteve-se a RLM descrita
na Figura 92, já sem os outliers.
Figura 92 – Regressão linear múltipla para o consumo total de vapor 3,5 barg, para uma base diária, sem outliers.
Com a remoção dos 5 outliers identificados pelo software da amostra de 117 observações, o R2
ajustado passou de
80,40 para 83,43% e os sinais correspondentes às estimativas dos regressores mantiveram-se.
Do ponto de vista do processo, todos os sinais dos coeficientes da RLM correspondem à realidade, tendo a
pressão de topo da coluna CC-V1, o papel mais importante na explicação da variabilidade do consumo de
vapor, seguida da densidade do crude.
No entanto, avaliando a Figura A 14 que pode ser consultada no apêndice A.2, observa-se que o caudal de
crude e a temperatura ambiente não traduzem evidência para a não rejeição de H0 para níveis de significância
de α=1%, α=5% e α=10%. Relativamente ao valor VIF, este é inferior a 5 para todas as variáveis preditoras,
indicando que não existem problemas de multicolinearidade.
Quanto à análise de resíduos, vide Figuras A 15 e A 16, pode observar-se que estes se distribuem
aleatoriamente em torno de uma linha base de resíduo de zero, segundo uma distribuição normal e não
apresentam indícios de auto correlação. O teste Durbin-Watson devolve um valor muito próximo da unidade
indicando a existência de ténues correlações positivas entre as observações. A análise efectuada à relação
entre os resíduos e as variáveis independentes, ver Figura A 17, confirma que não existem termos não lineares
envolvendo as variáveis de entrada. E, finalmente, a análise estatística da variação entre os valores de Y
obtidos pelo modelo, �̂�, e os valores de Y reais demonstram que não existem outliers e observações influentes
entre a amostra analisada, como pode ser observado na Figura A 18.
Esta análise foi realizada para a densidade em API, visto que é uma medida da densidade exclusiva para os
derivados do petróleo. Foi, ainda, realizada a mesma análise com os valores em dr (60/60), verificando-se que
os resultados obtidos são muito idênticos: o sinal do coeficiente correspondente à massa volúmica passa para
negativo e, regista-se uma ligeira redução de 3 centésimas no valor do coeficiente de determinação ajustado.
A análise em dr foi também realizada numa base horária, obtendo-se resultados muito semelhantes, R2
ajustado
de 80,41% excluídos os outliers, coeficiente respectivo à densidade negativo e, com os mesmos problemas em
relação ao valor-p das variáveis em causa. Assim sendo, opta-se por apresentar a análise em base diária que
além de precisar de menos pontos, alcança valores mais ajustados do consumo de vapor face aos reais.
80
7. Análise ao consumo de combustíveis
Para o estudo do consumo de fuel-gás nos fornos apresenta-se na Figura 93 o esquemático referente ao forno
CC-H1A.
Figura 93 – Esquemático referente ao forno CC-H1A [43].
Como referido na secção 5.1, o produto de fundo da coluna CC-V6, coluna de pré-flash, após ser pré-aquecido
com produtos extraídos da coluna de destilação atmosférica, entra primeiro nos dois fornos para atingir a
temperatura desejada e posteriormente, na coluna CC-V1 na zona de flash.
Os fornos da destilação atmosférica, CC-H1A e CC-H1B, são ambos constituídos por duas câmaras de
combustão, secções A e B, têm zona de convecção comum e conduta de fumos, onde se localiza a válvula de
borboleta que regula a depressão no forno. Os gases de combustão seguem para a chaminé passando
previamente no CC-E51.
O crude proveniente do fundo da coluna pré-flash é dividido em dois ramais, cada um para um forno diferente.
O crude entra no forno pela zona de convecção e depois passa para a zona de radiação, entrando, por fim, à
temperatura desejada, na coluna de destilação. Cada secção tem 18 queimadores.
O consumo de fuel-gás é convertido para uma unidade equivalente, designada por FOE (Fuel Oil Equivalent),
para permitir a comparação entre consumos de diferentes combustíveis. O fuel-gás é constituído,
essencialmente, por hidrocarbonetos C1 e C2 e hidrogénio. O poder calorífico do fuel gás no período de 1 de
Maio a 11 de Setembro de 2014 teve um valor médio de [valor confidencial] kcal/kg.
As variáveis mais relevantes na análise ao consumo de combustível são o caudal de crude que entra nas
serpentinas representado no esquemático pelas TAGS CCF632 a CCF639, o caudal de RAT, massa volúmica do
crude, a temperatura de entrada do crude nas serpentinas que no esquemático não se encontra representada,
e as temperaturas de saída do crude identificadas pelas TAGS CCT31B e CCT879A. De frisar que uma
81
temperatura mais baixa à saída do forno, não significa necessariamente que houve menor troca de calor do
que uma temperatura superior, tal facto pode acontecer se houver maior vaporização do crude na serpentina,
tendo em conta o tipo de crude. A Figura 94 mostra que quanto maior a densidade do crude, menor a
percentagem de vaporização nas serpentinas.
Figura 94 – Densidade do crude vs % de vaporização [48].
Uma vez que a Refinaria de Sines processa vários tipos de crude, a percentagem de vaporização do crude nas
serpentinas apresenta um intervalo bastante alargado.
A depressão para cada forno é registada, encontrando-se identificada no esquemático como TAG CCP734. Esta
variável é afectada pela abertura da válvula de borboleta no topo do forno.
A temperatura de fumos é registada à saída do permutador CC-E51, pela TAG CCT742. Quanto mais baixa for
esta temperatura, melhor foi a troca de calor efectuada entre os fumos e o ar admitido aos fornos.
Por fim, a variável percentagem de oxigénio nos gases de combustão é dada, para este forno, pela TAG
CCA456. O registo desta variável é da máxima importância, uma vez que está relacionada com a eficiência
térmica dos fornos. Para que ocorra combustão completa, torna-se necessário operar com um excesso de
oxigénio de modo a garantir um teor suficiente de comburente até ao final da chama. Caso o excesso de ar seja
baixo, a combustão pode ser incompleta e haver formação de monóxido de carbono e fumos. Assim, o valor
óptimo do excesso de ar é aquele que permite a combustão completa, mas com um valor de perdas de calor
mínimo [49]. A percentagem de oxigénio em excesso ideal deve ser superior a 1% e inferior a 3 a 4%, pois para
percentagens inferiores a estas, o forno teria de estar muito bem afinado para se atingir uma combustão
completa [2].
Todas as variáveis seleccionadas nesta secção para as análises estatísticas encontram-se listadas na Tabela 20.
82
Tabela 20 – Lista das variáveis estudadas.
CE Consumo específico horário de FOE por crude processado (kg FOE/ton crude)
d Massa volúmica do crude corrigida a 15oC (kg/l)
dep Depressão nas chaminés (mm H2O)
Eff Eficiência dos fornos (%)
Qc Caudal mássico de crude (ton/h)
QFOE Consumo de fuel-gás equivalente, FOE (kg/h)
Q RAT Caudal mássico de RAT (ton/h)
Tf Temperatura de fumos (oC)
% O2 % de oxigénio nos gases de combustão
ΔT Aumento de temperatura do crude (Tsaída forno –Tentrada forno)
As Figuras 95 a 97 ilustram as relações entre algumas das variáveis estudadas e o consumo específico de FOE
(kg FOE/ton de crude) ao longo do tempo, de 19 de Maio a 11 de Setembro de 2014.
Figura 95 – Comparação entre o consumo específico de FOE, CE (kg/ton), eixo à esquerda, caudal de RAT específico (kg
RAT/ton crude), eixo à direita, e massa volúmica x 10 (kg/l), eixo à esquerda.
A relação entre o consumo específico de FOE e o caudal específico de RAT poderá ser negativa porque quanto
menos resíduo atmosférico o crude tiver, mais hidrocarbonetos leves terá, o que conduz a maiores consumos
de FOE, pois são as fracções leves que vaporizam nas serpentinas, tal como pode ser evidenciado na Figura 94.
Além deste factor, quanto mais compostos pesados, maior será a integração energética entre os produtos mais
pesados à saída da coluna CC-V1 e o crude que entra nos fornos. Ora, se o crude recebe menos calor por
integração energética (por ser um crude mais leve), tem de receber mais no forno. Estes dois factores, levam a
uma relação contrária entre estas duas variáveis.
De 6 a 13 de Junho, verifica-se uma quebra do caudal de resíduo atmosférico que não é acompanhada pelo
aumento do consumo específico. De 27 de Junho a 5 de Julho, observa-se que estes dois caudais apresentam o
mesmo andamento. E na mesma figura, destaca-se ainda o período entre 17 a 31 de Julho, onde o crude
processado tem maior rendimento em resíduo atmosférico, conduzindo a uma diminuição do consumo
específico. Os dois primeiros períodos vão ser explicados à luz de outras variáveis.
Relativamente à massa volúmica, embora a escala não seja a mais adequada, são visíveis as oscilações
correspondentes ao processamento de diferentes runs. A massa volúmica poderá estar relacionada com o
caudal de RAT, maiores caudais conduzem, tendencialmente, a maiores massas volúmicas.
0
200
400
600
800
8
10
12
14
16
16-mai 5-jun 25-jun 15-jul 4-ago 24-ago 13-set
Q R
AT
esp
ecíf
ico
(kg
R
AT/
to
n c
rud
e)
CE
(kg
FOE/
ton
cru
de
) e
m
assa
vo
lúm
ica
(kh
/l)
CE Massa Volúmica Q RAT esp
83
Figura 96 - Comparação entre o consumo específico de FOE (kg/ton), eixo à esquerda, e a temperatura do crude ganha nos fornos (
oC), eixo à direita, e a temperatura de fumos (
oC), eixo à direita.
Através da Figura 96, observa-se que, globalmente, a temperatura de fumos apresenta o mesmo andamento
que o consumo específico. Quando a temperatura de fumos é maior (indicando que houve menor integração
energética entre os gases de combustão e o ar admitido aos fornos), o consumo específico também é maior,
pois será necessária mais energia para aquecer o ar. Esta relação é contrariada nos períodos entre 6 a 19 de
Junho e 17 a 31 de Julho. O segundo intervalo referido é explicado pela Figura 95, em que o elevado caudal de
RAT conduz à diminuição do consumo específico, tendo assim esta uma contribuição mais forte face à menor
integração de calor entre os gases de combustão e o ar. No entanto, neste período pode notar-se uma ténue
redução do incremento da temperatura do crude. Relativamente ao primeiro intervalo, coincidente em parte
com o intervalo identificado na figura anterior, verifica-se que a temperatura de fumos é alta, o consumo
específico é baixo e embora o ganho de temperatura seja mais baixo não é o suficiente para contrabalançar o
facto de o caudal específico de RAT ser menor e a temperatura de fumos maior.
Quanto ao intervalo de 27 de Junho a 5 de Julho identificado na Figura 95, verifica-se que neste período existe
uma forte integração energética mas que vai diminuindo. Este facto não explica totalmente o andamento
semelhante entre o consumo específico e o caudal de RAT mas poderá ter influenciado de certa maneira.
A fim de quantificar a relação entre o consumo específico e a temperatura de fumos, consideraram-se dois
intervalos de tempo onde, o caudal específico de RAT e o incremento de temperatura foi sensivelmente o
mesmo.
Tabela 21 – Médias da temperatura de fumos e caudal de combustível para determinados intervalos de tempo.
Período Temperatura fumos
(oC)
Consumo esp. (kg
FOE/ton crude)
Q RAT esp.
(kg RAT/ ton crude) ΔT (
oC)
19 de Maio a 1 de Junho Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial
24-29 de Junho Confidencial Confidencial Confidencial Confidencial
A Tabela 21 evidencia o impacto no consumo específico, da integração energética entre os gases de combustão
e o ar admitido. Uma baixa temperatura de fumos conduz a um consumo específico inferior.
Actualmente, o set-point da temperatura de saída do crude é de [valor confidencial], estando esta operação no
controlo avançado. Assim, a maior ou menor temperatura ganha pelo crude está mais relacionada com a
integração energética deste com os compostos destilados mais pesados à saída da CC-V1.
100
150
200
250
10
12
14
16
18
16-mai 5-jun 25-jun 15-jul 4-ago 24-ago 13-set
Tem
p. (
ºC)
Co
nsu
mo
esp
ecíf
ico
(k
g/t
on
)
CE T ganho Tfumos
84
Figura 97 - Comparação entre o consumo específico de FOE (kg/ton), eixo à esquerda, e a percentagem de oxigénio nos gases de combustão, eixo à direita, e a depressão no topo dos fornos (mmH2O), eixo à direita.
Através da Figura 97, verifica-se que a depressão e o consumo de combustível seguem a mesma tendência,
quando a depressão aumenta (toma valores mais negativos), o consumo de combustível também aumenta.
A percentagem de oxigénio tem uma relação estreita com a depressão dos fornos. Quando a depressão
aumenta, o teor de O2 nos gases de combustão também aumenta. Não é desejável que a depressão seja
elevada, porque quanto maior, maior quantidade de ar “parasita” para o forno. Assim, a introdução deste ar
conduz ao aumento do consumo de combustível e, como tal, baixa a eficiência do forno. Além deste facto, a
depressão alta conduz a um registo falacioso do medidor de oxigénio, visto que pode estar a medi-lo em
excesso na zona de convecção e não existir oxigénio em excesso na queima.
A Figura 98 ilustra a relação entre a percentagem de oxigénio e a depressão, uma vez que na Figura 97 não é
possível visualizar essa correspondência e a Figura 99 apresenta a relação existente entre o consumo específico
de FOE e o teor de oxigénio nos gases de combustão.
Figura 98 – Relação entre a depressão no topo dos fornos e a % de oxigénio nos gases de combustão.
Figura 99 - Relação entre o consumo específico (kg FOE/ton crude) e a % de oxigénio nos gases de combustão.
A relação negativa evidenciada na Figura 99 não está de acordo com a explicação teórica referida
anteriormente. Como tal, da amostra total de dados, foram seleccionadas as observações cujos caudais de
crude e temperaturas de entrada e de saída do mesmo eram muito semelhantes, a fim de avaliar a influência
efectiva da percentagem de oxigénio nos gases de combustão, no caudal de combustível. Esta relação é
apresentada na Figura 100. A Figura 101 mostra a mesma relação, porém usando todas as observações,
dividindo o caudal de combustível pela carga de crude e pelo incremento de temperatura dado pelo forno. É de
esperar que haja alguma dispersão dado que a qualidade dos crudes processados é diferente.
-30
-20
-10
0
10
5
10
15
20
16-mai 5-jun 25-jun 15-jul 4-ago 24-ago 13-set
% O
2 e
De
pre
ssão
(m
m
H2O
)
Co
nsu
mo
esp
ecíf
ico
(kg
FO
E/to
n c
rud
e)
CE Depressão %O2
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0 0 1 2 3 4 5 6 7 8
De
pre
ssão
(m
mH
2O)
% de O2
8
10
12
14
16
18
0 1 2 3 4 5 6 7 8
CE
(kg
FOE/
ton
cru
de
)
% de O2
85
Figura 100 - Relação entre o caudal de FOE (ton/h) e a % de oxigénio nos gases de combustão, para uma amostra
tratada.
Figura 101 – Relação entre o rácio (caudal de FOE/ (caudal de crude x incremento de temperatura)) e o teor de
oxigénio nos gases de combustão.
Relativamente à Figura 100, a relação entre o consumo de FOE e a percentagem de oxigénio é positiva, para
este conjunto de dados, tal como seria expectável teoricamente. No entanto, as observações que respeitam
esta relação não são significativas face ao número total da amostra, 22/2688.
Na Figura 101, uma vez mais, a relação evidenciada é negativa, o que significa que nesta amostra existem
variáveis mais representativas que o teor de oxigénio.
À saída de cada forno é também analisada a concentração de monóxido de carbono presente na corrente
gasosa de combustão. Ao longo do intervalo de 19 de Maio a 11 de Setembro de 2014, a concentração de CO
variou entre 0 e 102,9 ppm (valor máximo medido pelos analisadores) indicando que houve períodos em que a
queima não foi completa.
Figura 102 – Distribuição da concentração de CO (ppm) nos dois fornos.
Através da Figura 102, verifica-se que apenas 55%, em média, do período normal de funcionamento dos fornos,
regista concentrações de CO abaixo de 10 ppm. Teoricamente, este valor deveria ser zero, porém considerou-
se 10 devido à existência de desvios à idealidade.
Como evidenciado na Figura 33, na secção 5.3, os consumos específicos obtidos pelas duas fontes são
diferentes, divergindo, em média, 9,3%, sendo esta diferença a necessária para alterar a relação entre o
consumo medido e o teor de oxigénio. Na Figura 103 é apresentada essa relação para o período respeitante a
19 de Maio a 17 de Outubro de 2014.
y = 713,01x + 11261 R² = 0,1979
13,2
13,4
13,6
13,8
14,0
14,2
3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
Q F
OE
(kg/
h)
Milh
are
s
% de O2
y = -0,003x + 0,1064 R² = 0,1399
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 2 4 6 8
Rác
io (
kg/(
ton
x o
C)
% de O2
57% 12%
7%
24%
Forno A
0-9,9
10-39,9
40-79,99
80-102,9
54% 21%
6% 19%
Forno B
0-9,9
10-39,9
40-79,9
80-102,9
86
Figura 103 - Relação entre o consumo específico de FOE obtido pelo balanço de utilidades (kg/ton) e a percentagem de oxigénio nos gases de combustão.
A relação obtida entre o consumo específico recolhido pelo balanço de utilidades e o teor de oxigénio nos
gases de combustão é ligeiramente positiva, tendo-se relacionado todos os dados recolhidos numa base diária.
Porém, tal como evidenciado e explicado na Figura 33, os consumos específicos obtidos pelas duas fontes
embora, no geral, apresentem o mesmo andamento, registam valores diferentes, sendo o do balanço de
utilidades sistematicamente superior. Verificou-se, ainda, que no período de 23 a 24 de Junho, a RTDB
evidencia uma queda do consumo que é justificada e os balanços não a detectam. Este facto fornece mais
credibilidade aos registos da RTDB do que aos do balanço.
7.1. Consumo de combustíveis obtido a partir da RTDB
Implementadas as variáveis no software Minitab®, no período de 19 de Maio a 11 de Setembro de 2014, e
aplicando o teste Stepwise, obtém-se a RLM apresentada na Figura 104, excluídos os outliers.
Figura 104 – Análise de regressão linear múltipla, excluídos os outliers.
Todas as variáveis implementadas no programa foram integradas no modelo obtido e com a exclusão dos 140
outliers da amostra de 2663 observações, o coeficiente de determinação ajustado aumentou de 87,74 para
89,08%, tendo-se mantido o sinal dos coeficientes das variáveis.
Através da avaliação da magnitude dos coeficientes da análise de regressão obtida conclui-se que a variável
com maior contribuição é a massa volúmica, d, tendo uma relação negativa com o consumo de fuel-gás nos
fornos. O teor de oxigénio nos gases de combustão tem uma relação negativa com o consumo de fuel-gás. A
temperatura de entrada do crude apresenta um sinal negativo, pois quanto menor a temperatura do crude,
mais energia terá de ser fornecida. Quanto à temperatura de saída, não se pode concluir nada acerca do seu
sinal devido ao efeito de vaporização do crude nas serpentinas. A variável depressão, tem um sinal negativo, o
que faz sentido porque quanto menor o valor da pressão, mais combustível é necessário. Quanto ao sinal das
outras variáveis estão de acordo com o expectável.
Relativamente à análise de resíduos, a variância é aleatória em torno de uma linha de base de resíduo de zero,
segue uma distribuição normal, porém existe auto correlação entre as observações 1800 a 2000, vide Figura C3.
y = 0,5572x + 13,405 R² = 0,0356
10
12
14
16
18
20
2,3 2,5 2,7 2,9 3,1 3,3 3,5 3,7 3,9 4,1 4,3
CE
(kg
fue
l/to
n c
rud
e)
% de O2 gases combustão
87
7.2. Consumo Específico obtido a partir da RTDB
Esta análise foi realizada para as mesmas variáveis da análise anterior, alterando-se apenas o consumo de
combustível, para consumo específico. Esta alteração é realizada, uma vez que a Refinaria tem vindo a utilizar
na sua baseline, o consumo específico. A RLM obtida é a ilustrada na Figura 105.
Figura 105 - Regressão linear múltipla.
Como é possível observar na Figura 105, o coeficiente de determinação ajustado baixou de 87,74 para 75,88%.
Tal facto, deve-se à forte relação entre o caudal de crude ao forno e o consumo de combustível que nesta
análise está considerado no consumo específico. Relativamente ao sinal dos coeficientes, verifica-se que se
mantêm. Com a remoção dos 162 outliers, o R2
ajustado diminui para 72,15%, sendo apresentada apenas a RLM
com todas as observações.
Através da Figura C7, em apêndice, pode observar-se que os valores VIF e valor-p indicam que o modelo
proposto não indica a existência de problemas de multicolinearidade e ajusta-se aos dados reais,
respectivamente. A análise de resíduos, Figura C 9, mostra que a variância é aleatória em torno de uma linha
de base de resíduo de zero, os resíduos seguem uma distribuição normal e existe auto correlação entre as
observações 1800 a 2000.
7.3. Consumo Específico obtido pelo balanço de utilidades
Na tentativa de alcançar uma baseline com uma relação positiva entre o consumo específico e a percentagem
de oxigénio nos gases de combustão, recorreu-se ao consumo específico obtido pelo balanço de utilidades.
Esta análise foi realizada numa base diária e apenas foram contemplados os registos respectivos ao normal
funcionamento dos fornos, entre o período de 19 de Maio a 17 de Outubro de 2014, excluindo os incidentes
ocorridos em Junho que esta fonte não detecta.
Implementadas as variáveis no software, obteve-se a RLM apresentada na Figura 106, excluídos os outliers.
Figura 106 - Regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Nesta análise, o programa não considera o caudal mássico de RAT e a massa volúmica como variáveis
explicativas do sistema. Com a remoção de 15 outliers da amostra de 132 observações, alcança-se um R2
ajustado
de 32,72% ao invés do 28,84%. Nesta análise todas as variáveis apresentam uma relação de acordo com o
esperado teoricamente.
As análises estatísticas, podendo ser consultado na Figura C 17, revelam que os critérios de distribuição normal
e homocedasticidade dos resíduos e auto correlação das observações são respeitados, estando o valor do teste
Durbin-Watson entre 1,5 e 2,5.
88
8. Conclusões e trabalho futuro
O presente trabalho surge em resposta à subida dos preços de energia num ambiente económico cada vez mais
instável, bem como à crescente preocupação relativamente às emissões dos gases com efeito de estufa.
Através de uma gestão sistemática de energia, é possível reduzir as emissões de GEE e de outros impactos
relacionados, bem como diminuir os custos energéticos, contribuindo para o aumento da competitividade da
empresa. Esta gestão sistemática é conseguida através da implementação da Norma 50001 que visa melhorar a
eficiência, uso e consumo energéticos. Esta dissertação teve como objectivo o estudo do consumo de energia
de referência em algumas unidades (baseline energética) contribuindo para a implementação do SGE na
Refinaria de Sines.
Da avaliação energética realizada à Refinaria de Sines em 2013, foram identificados vinte e dois usos
significativos de energia, entre os quais o consumo de vapor total de 3,5 barg no processo da destilação
atmosférica e o consumo de combustíveis no mesmo processo. Esta dissertação consistiu na determinação de
uma baseline referente a cada uso significativo de energia.
O consumo total de vapor de 3,5 barg é composto pela soma dos vários consumos dos equipamentos no
processo da destilação atmosférica. Para cada um dos equipamentos foi construída uma baseline, onde através
do software Minitab®, foram seleccionadas as variáveis independentes mais importantes para a sua explicação.
O estudo ao pré-aquecedor de ar dos fornos, CC-E52, não foi realizado, uma vez que não existe controlo sobre
este através de monitorização online. Verificou-se que os equipamentos que registam um maior consumo são a
CC-V1, a CC-V22 e o CC-E52, sendo os dois primeiros alvo de um estudo mais aprofundado.
Relativamente à coluna CC-V1, foram realizadas várias análises a diferentes variáveis e períodos de tempo. A
análise do crude 1, apresenta resultados concordantes ao comportamento teoricamente expectável da
unidade. O coeficiente de determinação obtido bem como a análise de resíduos corroboram o modelo
alcançado. No entanto, globalmente, os resultados estatísticos que não estão em conformidade com o
conhecimento teórico da unidade traduzem as diferentes condições operatórias associadas às diversas
misturas de crudes estudadas. Isto é, o facto do caudal de crude apresentar uma relação negativa com o
consumo de vapor na maioria das análises, poderá ser devida à forte influência da pressão de topo no consumo
de vapor, tal como pode ser verificado através do elevado valor do seu coeficiente em todas as análises. A
insuficiente correlação encontrada nas análises deve-se ao facto de não se saber exactamente qual o caudal
optimizado para o melhor fraccionamento entre o GOP SR e o RAT. Como tal, futuramente, deverá ser
realizado um test run à coluna CC-V1, onde se devem estabilizar a carga, temperatura de corte e temperatura
de entrada e verificar-se o caudal a partir do qual a maior injecção de vapor não se traduz numa redução do T90
do resíduo atmosférico.
Da análise à coluna CC-V22, verifica-se que o consumo de vapor tem diminuído progressivamente à custa da
redução da taxa de refluxo, o que compromete o fraccionamento do iso-pentano. Tendo em conta a
inconsistência verificada entre o caudal obtido pelo medidor de vapor condensado ao permutador de calor CC-
E49 e a sua respectiva abertura de válvula, bem como no caudal obtido pelo medidor de gasolina
despentanizada admitida ao mesmo permutador, uma oportunidade de melhoria seria a revisão desta
89
instrumentação. Verifica-se, ainda, como seria de esperar, que ocorre uma redução significativa de vapor
quando a integração energética à coluna de vácuo I é total, face a um cenário de mínima integração.
Apesar da coluna desetanizadora não revelar um consumo significativo de vapor, esta apresenta um consumo
de vapor crescente ao longo do tempo devido grande parte ao fouling acumulado no permutador CC-E33.
Desta maneira, uma possível oportunidade de melhoria seria a colocação de outro permutador de calor de
modo a permitir a limpeza deste.
Considerando as principais variáveis das unidades mais consumidoras de vapor, construiu-se a baseline global
referente ao uso significativo de vapor de 3,5 barg.
𝑄𝑣𝑡 = 22,34 + 0,00491𝑄𝐶 + 0,483 𝑑 + 0,01443𝑄𝑅𝐴𝑇 − 10,72𝑃 − 0,149 𝑇𝑎𝑚𝑏 + 0,09409 𝑄𝑅 − 0,08324 𝑇𝐻𝑉𝐺𝑂
+ 0,00879𝑄𝑓 𝐶𝐶−𝐸49
A baseline representativa deste uso explica 83% da variabilidade do consumo total de vapor, sendo a pressão
de topo da coluna CC-V1 a variável que mais o influencia. Esta baseline apresenta uma análise de resíduos que
respeita os pressupostos da técnica dos mínimos quadrados.
O uso significativo de consumo de combustível, convertido para FOE, levou ao estudo aprofundado dos fornos
onde se verificou que a concentração de monóxido de carbono é, em aproximadamente metade do intervalo
de tempo analisado, superior a 10 ppm, embora o teor de oxigénio nos gases de combustão seja, em média,
3,21%. Uma das explicações, que justifica a ocorrência destes dois factos antagónicos, poderá ser a deficiente
distribuição de oxigénio nos queimadores. Assim, uma oportunidade de melhoria seria a colocação de mais
analisadores de oxigénio mais próximos da zona de combustão. Com o intuito de aumentar a eficiência dos
fornos poderão, ainda, aplicar-se outras medidas que passam pela redução dos períodos de inoperacionalidade
do pré-aquecedor de ar e pela realização periódica de limpeza de alguns permutadores de calor do trem de
pré-aquecimento.
Deste modo, as baselines energéticas alcançadas para o consumo normal e específico de combustível obtido
pela RTDB traduziram uma relação negativa entre estes consumos e o teor de oxigénio nos gases de
combustão, o que não pode ser considerado válido. De seguida, é evidenciada a baseline referente ao consumo
específico.
𝐶𝐸 = 28,951 − 0,1916 %𝑂2 − 0,06853 𝑇𝑒 + 0,07249 𝑇𝑠 − 32,299 𝑑 − 0,00033 𝑄𝑅𝐴𝑇 − 0,06278 𝑇𝑎𝑚𝑏 + 0,015713 𝑇𝑓
− 0,01363 𝑑𝑒𝑝
Por fim, todas as sugestões de melhoria futura propostas visam a optimização do consumo energético, sendo
repercutidas na baseline. Algumas destas sugestões são decisivas na determinação de uma baseline mais
ajustada à realidade de ambos os usos significativos de energia.
Nos últimos anos tem-se verificado um crescente compromisso por parte da Galp Energia na melhoria do seu
desempenho energético, conduzindo à minimização do EII®. Deste compromisso fez parte a adopção do
Sistema de Gestão de Energia que visa colocar, a longo prazo, a Galp Energia entre as Refinarias de melhor
performance na Europa Ocidental.
90
Bibliografia
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relationships for petroleum fractions.
i
Apêndice A
Apêndice A.1 – Análise de 1 a 10 de Julho
Na Tabela A 1 apresenta-se a lista de variáveis consideradas para a análise estatística efectuada.
Tabela A 1 - Lista de variáveis estudadas na presente análise.
Y Consumo horário de vapor (ton/h)
X1 Caudal mássico horário do corte de gasolina SR (ton/h)
X2 Massa volúmica do crude corrigida a 15ºC (kg/l)
X3 Caudal volumétrico horário de resíduo atmosférico (m3/h)
X4 Caudal mássico de crude (ton/h)
X5 Temperatura ambiente (oC)
X6 Pressão topo da coluna (bar)
X7 Temperatura de entrada do crude na coluna de destilação atmosférica (oC)
X8 Temperatura de corte do GOP (oC)
Após implementação dos dados entre 1 a 10 de Julho de 2014 no programa Minitab ®, consegue extrair-se a
estatística descritiva da amostra.
[Figura confidencial]
Figura A 1 - Resultados da estatística descritiva.
Figura A 2 - Matriz de correlação de Pearson.
Da matriz pode aferir-se que as variáveis mais contributivas para a injecção de vapor são o caudal de resíduo
atmosférico, identificado pela variável X3, apresentando uma relação positiva e a temperatura de entrada do
crude, variável X7, que apresenta uma relação negativa. Da matriz é possível também verificar a forte
ii
correlação entre as variáveis independentes: x1 e x4, respectivas ao caudal de gasolina SR e caudal de crude;
ou x5 e x6, correspondentes à temperatura ambiente e pressão de topo, respectivamente.
Na Figura A 3, evidencia-se o gráfico de dispersão que traduz a relação entre as diversas variáveis.
Figura A 3 - Gráfico de dispersão para a combinação de todas as variáveis.
Através da análise à Figura A 3, é possível observar que a relação entre as variáveis independentes e a
dependente não é muito clara, porém é notória uma relação com declive positivo entre a variável X3 (caudal de
RAT) e o consumo de vapor e negativa entre a X5 (temperatura ambiente) e o consumo de vapor. Ainda na
mesma Figura, são notórias as relações entre algumas das variáveis independentes, tais como X5 e X6,
respectivas à temperatura ambiente e pressão de topo da coluna ou x3 e x4, referentes ao caudal de resíduo e
de crude, respectivamente. Ambas apresentam uma tendência linear com declive positivo.
Na Figura A 4 são representados os outliers respectivos a cada variável, a fim de conhecer-se a qualidade da
amostra.
iii
Figura A 4 - Diagrama de quartis com evidência de outliers.
Através da observação da Figura A 4, podem destacar-se as variáveis X2, X4, x5 e x7, referentes à massa
volúmica, caudal de crude, temperatura ambiente e temperatura de entrada de crude na coluna,
respectivamente, por apresentarem mais outliers.
Aplicando o teste Stepwise, alcança-se a análise de regressão linear múltipla.
~
Figura A 5 - Análise de regressão linear múltipla utilizando o teste Stepwise.
Analisando os valores VIF dados na Figura A 5, parâmetro relativo à indicação de multicolinearidade entre as
variáveis, é possível verificar que este é inferior a 5 para todas elas, indicando que não existem problemas.
O modelo obtido traduz evidência para a rejeição de H0 para níveis de significância de α=1%, α=5% e α=10%. De
entre as variáveis estudadas, a estimativa do regressor X8 é a única que apresenta um valor-p com um nível de
significância ligeiramente superior a 10%, não permitindo rejeitar a hipótese nula com segurança.
O coeficiente de determinação ajustado para esta regressão é de 60,67%, sendo que todas as variáveis
estudadas foram integradas pelo software.
y – Qv (ton/h) x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – QRAT (m
3/h)
x4 – Qc (ton/h)
x5 – T amb (oC)
x6 – P (bar) x7 – Te (
oC)
x8 – Tc (oC)
iv
Com base no conhecimento existente a priori, a variável X1, caudal de corte de gasolina SR, deveria ter uma
relação negativa com o consumo de vapor, devido a limitações do equipamento.
A variável x3, caudal de resíduo atmosférico, tem uma relação positiva com o vapor, o que está de acordo com
o esperado. Relativamente à variável x4, caudal de crude, o coeficiente obtido pela RLM é negativo.
Comparativamente, o sinal do coeficiente da variável x4 obtido através da matriz de Pearson é positivo,
evidenciando-se que o efeito da variável x4 na variável resposta tem uma influência positiva, porém quando se
analisam as contribuições de todas as variáveis para a variabilidade do consumo de vapor, a contribuição do
caudal de crude acaba por ser negativa.
As variáveis x5 e x7, temperatura ambiente e temperatura de entrada do crude na coluna respectivamente,
apresentam um coeficiente negativo, o que corresponde à realidade. Da análise dos coeficientes pode também
aferir-se que os preditores x2 e x6, referentes à massa volúmica do crude e pressão no topo da coluna, são os
que apresentam a maior contribuição na variabilidade de Y.
Eliminando os 9 outliers discriminados pelo Software da amostra de 246 observações, consegue-se uma
regressão linear mais ajustada.
Figura A 6 - Análise de regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Como se pode observar na Figura A 6, a actual regressão linear múltipla tem um coeficiente de determinação
ajustado de 68,16 % e contempla as mesmas variáveis. Os sinais dos coeficientes de cada variável mantêm-se e
a sua magnitude é muito semelhante.
A estatística Durbin-Watson tem o objectivo de verificar se existe auto correlação entre as observações. Uma
vez que o valor obtido é inferior a 1,5 revela que existe auto correlação positiva no conjunto de dados.
Validação do modelo estimado
Alguns dos critérios de validação de um modelo obtido por regressão linear múltipla tem como base a análise
de resíduos.
y – Qv (ton/h) x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – QRAT (m
3/h)
x4 – Qc (ton/h)
x5 – T amb (oC)
x6 – P (bar) x7 – Te (
oC)
x8 – Tc (oC)
v
Figura A 7 - Análise de resíduos: técnicas de diagnóstico.
Destes quatro gráficos apresentados na Figura A 7, é possível denotar que existem problemas na variância dos
resíduos pois no diagrama de resíduos vs. valores ajustados, os resíduos não estão distribuídos aleatoriamente
em torno de uma linha de base correspondente a um valor de resíduo zero.
O histograma de resíduos, bem como o gráfico de probabilidade normal não apresenta uma distribuição
normal para os resíduos inferiores a 0. A solução talvez passe por transformar a variável resposta através da
ferramenta Box-Cox.
Relativamente ao gráfico resíduos vs. ordem de observação é possível notar que entre as observações 80 a 100,
aproximadamente, existe auto correlação positiva entre os dados, como tal, essas mesmas observações
deverão ser removidas.
A análise, excluindo as observações 80 a 100, é evidenciada na Figura A 8.
Figura A 8 - Análise de regressão linear múltipla, excluindo as observações 80 a 100.
y – Qv (ton/h) x1 – Ql (ton/h) x2 – d (kg/l) x3 – QRAT (m
3/h)
x4 – Qc (ton/h)
x5 – T amb (oC)
x6 – P (bar) x7 – Te (
oC)
x8 – Tc (oC)
vi
Com a remoção das observações não houve uma alteração significativa nos testes estatísticos, bem como na
estimativa dos regressores. Relativamente à estatística Durbin-Watson aumentou, revelando que a auto
correlação entre as observações diminuiu.
Figura A 9 - Análise de resíduos, excluindo as observações 80 a 100.
Na Figura A 9, observa-se que a remoção das observações 80 a 100 conduziram a uma melhoria da
normalidade tanto no histograma como no gráfico de distribuição normal, não sendo necessário recorrer-se à
transformação de Box- Cox.
Deve também relacionar-se os resíduos com as variáveis independentes, para assegurar que não existem
termos não lineares envolvendo as variáveis de entrada.
Figura A 10 - Análise estatística dos valores dos resíduos com as variáveis independentes.
Como é possível averiguar através da Figura A 10, a distribuição das variáveis independentes é aleatória em
torno de um valor base de resíduo de zero.
vii
Na Figura A 11 é apresentada a análise estatística feita aos valores dos resíduos com o objectivo de se
compararem os valores de Y reais com os valores de Y ajustados pelo modelo, �̂�.
Figura A 11 - Análise estatística da variação dos valores de Y obtidos pelo modelo,�̂�, relativamente aos valores de Y reais. RES1 – Residuals; SRES1- Standardized residuals; TRES1- Deleted t residuals; HI1 – leverages; COOK1 – Cook’s distance;
DFIT1- DFFITS.
Através da Figura A 11, pode concluir-se que não existem observações influentes ou outliers entre o conjunto
de dados analisados. Este facto verifica-se, uma vez que os valores absolutos dos resíduos são baixos, estando
os resíduos, os resíduos normalizados e os “deleted studentized residuals” compreendidos na gama de valores
entre -3 e 4 e os restantes gráficos, com medidas de distância muito próximas de zero.
viii
Apêndice A.2 - Consumo de vapor total de 3,5 barg no processo de
destilação atmosférica (PDA)
[Figura confidencial]
Figura A 12 – Resultados da análise descritiva.
Figura A 13 - Matriz de correlação de Pearson.
Figura A 14 - Tabela referente à regressão linear múltipla, excluindo os outliers.
Figura A 15 - Estatística Durbin-Watson.
ix
Figura A 16 – Análise de resíduos.
Figura A 17 - Análise estatística dos valores dos resíduos com as variáveis independentes.
Figura A 18 - Análise estatística da variação dos valores de Y obtidos pelo modelo,�̂�, relativamente aos valores de Y reais.
RES1 – Residuals; SRES1- Standardized residuals; TRES1- Deleted t residuals; HI1 – leverages; COOK1 – Cook’s distance; DFIT1- DFFITS.