melhores práticas na logística empresarial

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2006 Associao Brasileira de Logstica

MELHORES PRTICAS NA LOGSTICA EMPRESARIAL

*Por Luiz Manoel AguileraJoo Carlos PintoOscar Salviano Silva FilhoMiguel Juan Bacic

A iniciativa da ASLOG de criar os comits tcnicos para discusso das Melhores Prticas aplicadas Logstica suscita um debate que j se mostrava presente em temas acadmicos e que agora,oportunamente, se estende rea empresarial. A busca de melhores prticas reconhecidamentequesto imperativa para que as organizaes possam se tornar mais competitivas ou manter suaposio no mercado. Igualmente importante a definio dos critrios para a avaliao de taisprticas. Por isso, a estruturao dos indicadores de desempenho e o modelo utilizado paraclassificar e organizar os dados levantados devem ser criteriosamente definidos, para conferirconsistncia e confiabilidade aos resultados obtidos. Esse trabalho resultado da cooperao entre aASLOG e o Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA), unidade de pesquisa do Ministrio daCincia e Tecnologia contando com apoio do Instituto de Economia (IE/UNICAMP). O objetivo contribuir com as atividades dos Comits Tcnicos da ASLOG, atravs de um estudo dos conceitosenvolvidos, e de uma breve reviso sobre os modelos utilizados em processos de benchmarking ecritrios de avaliao das Melhores Prticas. Nesse contexto, so propostas diretrizes de umametodologia para a organizao dos dados levantados pelos referidos comits, visando sMelhores Prticas aplicadas Logstica.

Conceitos sobre Melhores Prticas (Benchmarking)Em sua definio mais abrangente, o Benchmarking pode ser considerado a busca de melhoresprticas que conduzam a um desempenho superior (CAMP, 1996). As empresas o adotam comoinstrumento para a correo de rota, utilizando as informaes obtidas para adicionar valor a seunegcio e ganhar mais competitividade. Como processo baseado em comparao, a realizao doBenchmarking deve responder a duas perguntas bsicas: i) O que comparar?; ii) Com quemcomparar? Cada uma dessas questes oferece uma classificao para os tipos de benchmarkingexistentes.

Quanto a o que comparar Benchmarking de desempenho compara nveis de desempenho da empresa com outras

empresas. Benchmarking de processo alm do desempenho, compara as prticas da empresa com outras

empresas. Benchmarking de produto baseado na prtica de engenharia reversa, onde os produtos so

desmontados para identificar e absorver novas tecnologias ou materiais. Benchmarking estratgico compara decises estratgicas da empresa, relativas a recursos,

investimentos, mercado.

Quanto a com quem comparar Benchmarking interno compara processos similares de diferentes unidades de uma mesma

organizao. Benchmarking funcional ou genrico compara processos ou funes similares de empresas do

mesmo setor ou no. Benchmarking competitivo compara produtos, processos ou desempenho da empresa com

concorrentes ou empresas lderes.

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Uma das metodologias mais usadas para a aplicao do benchmarking o processo de dez passos(CAMP, 1996), que divide suas atividades em quatro etapas. A primeira, planejamento, inclui ospassos: 1) Identificar o objeto do benchmarking; 2) Identificar empresas comparativas; 3) Determinaro mtodo de coleta de dados; e 4) Coletar os dados. A segunda etapa, Anlise: 5) Determinar adiferena competitiva; e 6) Comunicar resultados. A terceira, Integrao: 7) Estabelecer metasfuturas; e 8) Desenvolver planos de ao. E a ltima etapa, Ao, inclui: 9) Implementar aes emonitorar o progresso; e 10) Recalibrar os benchmarks.

Panorama sobre metodologias e modelos de avaliao de desempenhoExiste grande quantidade e diversidade de sistemas de avaliao do desempenho, cuja difuso geroufarta literatura sobre metodologias, classificaes e contedos diversos. As aplicaes variam entrequestionrios para definir critrios de premiao, sistemas comerciais (softwares) para a avaliao dodesempenho organizacional, modelos-referncia de classificao de processos e outros. Apesar dasdiferentes aplicaes, h conceitos e tendncias comuns, que podem ser usadas no desenvolvimentode um modelo especfico que atenda s necessidades e particularidades das empresas de Logstica.

Entre os vrios modelos de auto-avaliao usados como referncia para premiaes, os critrios deexcelncia adotados para o Prmio Nacional da Qualidade (PNQ) mostram-se adequados anliseaqui proposta. De fato, eles baseiam-se em outros critrios para premiaes internacionais, como oMalcolm Baldrige National Quality Award, European Quality Award, Prmio Ibero-Americano daQualidade e outros. Os critrios de excelncia do PNQ expressam conceitos reconhecidosinternacionalmente, traduzidos nas prticas encontradas em organizaes lderes de Classe Mundial,resumidos nos seguintes fundamentos: viso sistmica, aprendizado organizacional, proatividade,inovao, liderana e constncia de propsitos, viso de futuro, foco no cliente e no mercado,responsabilidade social, gesto baseada em fatos, valorizao das pessoas, abordagem porprocessos, orientao para resultados.

O Balanced Scorecard (BSC) uma das estruturas de avaliao de desempenho mais conhecidas eutilizadas atualmente, englobando indicadores estratgicos operacionais e financeiros. Baseia-se emquatro perspectivas: 1) Perspectiva financeira (como vemos nossos acionistas?); 2) Perspectivainterna ao negcio (no que devemos ter excelncia?); 3) Perspectiva do cliente (como nos vemnossos clientes?); e 4) Perspectiva de aprendizado e inovao (como podemos continuar a melhorare a criar valor?). Para cada uma dessas perspectivas so estabelecidas metas e adotadosindicadores especficos de modo a atingir tais metas.

O Process Classification Framework (PCF) um modelo de classificao de processosdesenvolvido pela APQC, como padro aberto para facilitar melhorias atravs do benchmarking e dagesto de processos. O PCF traz mais de 1500 processos, que podem ser aplicados indistintamentedo porte, setor, ou localizao da indstria. Sua estrutura considera doze diferentes reas deatividades, classificadas em processos e servios. As reas relativas aos processos operacionais so:definio da viso e estratgia; projeto e desenvolvimento de produtos e servios; marketing evendas de produtos e servios; entrega de produtos e servios; e gerenciamento do servio aocliente. As reas relativas aos servios de suporte e gerenciamento incluem: desenvolvimento egerenciamento do capital humano; gerenciamento da tecnologia da informao; gerenciamento derecursos financeiros; aquisio, construo e gerenciamento de propriedades; gerenciamento desegurana, sade e meio ambiente; gerenciamento de relaes externas; e gerenciamento doconhecimento, melhorias e mudanas.

O Supply Chain Operations Reference-model (SCOR) um modelo-referncia de processos,desenvolvido pelo Supply-chain Council, visando uma comunicao eficaz entre parceiros dentro deuma cadeia de suprimentos. As mtricas padronizadas permitem a medio do desempenho dacadeia e a aplicao do benchmarking. Sua metodologia inclui as etapas: 1) Levantar a situao atual


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de um processo (como est) e derivar da a situao desejada (como dever ser). 2) Quantificar odesempenho operacional de empresas similares e estabelecer metas internas baseadas nosresultados best-in-class. 3) Anlise das melhores prticas - Caracterizar as prticas gerenciais eoutras solues que resultem num desempenho best-in-class. O SCOR preconiza tambm aimportncia da definio das fronteiras do modelo e sua necessidade de possuir recursos deconfigurabilidade.

O Programa Melhores Prticas para Excelncia Industrial (PMPEI) - um programa de mbitonacional formado por uma rede de instituies para a aplicao do Benchmarking Industrial,visando fortalecer e ampliar a sustentabilidade e a competitividade da indstria nacional. O PMPEI coordenado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL)-SC, com apoio da FINEP/MCT, e tem como um dosexecutores regionais o CenPRA/MCT e a UNICAMP.

O Benchmarking Industrial baseia-se em processo de auto-avaliao de diversas funes daempresa, que posteriormente so comparadas a um banco de dados internacional, com informaesde empresas de diversos setores. A estrutura de informaes do Benchmarking Industrial baseia-sena anlise das respostas de um questionrio que analisa sete reas da empresa: qualidade total;desenvolvimento de novos produtos; logstica; produo enxuta; meio ambiente, sade e segurana;gesto da inovao; e organizao e cultura. Cada uma dessas reas abriga indicadores relativos a i)prticas (conjunto de ferramentas gerenciais e tecnolgicas) e ii) performance (resultadosmensurveis obtidos pela empresa). Aps aplicao do questionrio, os resultados so comparadoscom as lderes mundiais, podendo ainda fornecer os resultados comparativos de forma regional (pas)ou setorial (concorrentes).

Definio de uma metodologia para as Melhores Prticas aplicadas LogsticaOs modelos apresentados tm particularidades definidas por objetivos especficos. Em seu conjuntorenem tendncias e conceitos que sendo aplicveis ao setor de Logstica, devem ser consideradosna elaborao do modelo a ser desenvolvido. Nesse processo, devem ser preservadas ascaractersticas do setor, suas necessidades e os objetivos almejados pela ASLOG nesseempreendimento.

A metodologia a ser proposta para as Melhores Prticas aplicadas Logstica encontra noprocesso de dez passos de CAMP (1996) uma forte alternativa de apoio, pois se trata de um processoutilizado globalmente com sucesso em diversos modelos, como por exemplo, o Programa MelhoresPrticas para Excelncia Industrial (INSTITUTO EUVALDO LODI-SC, 2005). Esse programa j foi aplicadoem mais de 140 empresas industriais instaladas no pas, e o envolvimento do CenPRA e aexperincia adquirida sero certamente teis para os objetivos propostos. Num primeiro momento,pode-se adaptar a metodologia proposta, limitando-a s suas fases de planejamento e anlise,suficientes para os propsitos mais imediatos da pesquisa, ou seja, o levantamento das melhoresprticas. Futuramente, as fases posteriores de integrao e ao traro grande benefcio rea deLogstica, pois podero ser implementadas individualmente, em nvel de empresa.

Em relao organizao dos indicadores dos modelos analisados, mostrou-se uma tendncia emclassific-los em indicadores relativos ao desempenho e indicadores relativos s prticas. Isso apontapara a adoo do Benchmarking de Processo, que avalia exatamente essas duas dimenses, almde ser mais abrangente e adequado aos objetivos da pesquisa. Quanto aos outros tipos debenchmarking apresentados, o Benchmarking Competitivo aquele que mais se alinha com olevantamento das melhores prticas, pois pode comparar processos e desempenho, comconcorrentes ou empresas lderes. Alm disso, aquele que, certamente, fornece informaes commaior capacidade de agregar valor aos negcios da empresa.


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Geralmente, o agrupamento dos indicadores em diferentes reas busca sua uniformizao em termosde importncia. Definir reas igualmente importantes permite definir tambm uma mesma quantidadede indicadores dentro de cada uma delas, sem a necessidade de fazer ajustes atravs de diferentespesos. Alm disso, uma classificao criteriosa minimiza a possibilidade de indicadores de reasdiferentes, conflitarem entre si. As reas relativas aos Comits Tcnicos criados pela ASLOG surgemaqui como um ponto de partida natural para essa classificao.

Concluindo, a considerao das prticas, modelos e tendncias globais tem por objetivo contribuircom a construo de uma metodologia consistente e confivel para abrigar os dados sobre asMelhores Prticas aplicadas Logstica, reforando seus aspectos de padronizao ecomparabilidade.

BibliografiaAMERICAN PRODUCTIVITY AND QUALITY CENTER HOME PAGE. Benchmarking. Disponvel em

. Acesso em fevereiro de 2006.CAMP, R C. Benchmarking dos processos de negcios: descobrindo e implementando as melhores

prticas. Rio de Janeiro, Qualitymark, 1996.INSTITUTO EUVALDO LODI - SC Programa Melhores Prticas para Excelncia Industrial - Manual

Treinamento Terico Benchmarking Industrial. Florianpolis, 2005.PINTO, J.C.; AGUILERA, L.M.; SILVA FILHO, O. S. Proposta de Metodologia para as Melhores Prticas

Aplicadas Logstica. Documento interno do Centro de Pesquisas Renato Archer CenPRA,Campinas, 2006.

Outras refernciasCenPRA - www.cenpra.gov.brPMPEI - www.portalbmk.org.brASLOG - www.aslog.org.brPNQ - www.fnq.org.brAPQC - www.apqc.orgSCOR - www.supply-chain.org

*Luiz Manoel Aguilera, Joo Carlos Pinto, Oscar Salviano Silva Filho,Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA/MCT)

Fone: (019) 3746 6000 Fax:- (019) 3746 6028E-mails: [email protected], [email protected] , [email protected]

*Miguel Juan BacicInstituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP)

E-mail:- [email protected]


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