meditação o coração do budismo

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Meditação: O Coração do Budismo Por Ajaan Brahmavamso Somente para distribuição gratuita. Este trabalho pode ser impresso para distribuição gratuita. Este trabalho pode ser re-formatado e distribuído para uso em computadores e redes de computadores contanto que nenhum custo seja cobrado pela distribuição ou uso. De outra forma todos os direitos estão reservados. Quero hoje falar em profundidade sobre a natureza do Budismo. Com freqüência leio nos jornais e livros algumas coisas estranhas que são apresentadas como sendo o Budismo. Portanto gostaria de identificar qual é de verdade o coração do ensinamento Budista, não como uma teoria, mas como uma experiência. O que não é o Coração do Budismo? Psicoterapia. Sei que algumas pessoas ainda pensam que o Budismo é uma forma de psicoterapia, uma forma de empregar atitudes sábias, ou meios hábeis, para viver mais em paz neste mundo. Na verdade no rico tesouro dos ensinamentos Budistas há muitas coisas que de fato ajudam as pessoas a viver a vida com menos problemas. Usando atitudes sábias e intenções compassivas o Budismo ensina uma maneira eficaz de lidar com os problemas do mundo. Quando esses métodos Budistas realmente funcionam isso cria nas pessoas fé e confiança de que nesse caminho Budista há realmente algo que tem valor. Costumo com freqüência refletir sobre as razões pelas quais as pessoas vêm até a Sociedade Budista numa sexta-feira à noite. É porque elas obtêm algum benefício. O que elas obtêm dos ensinamentos é um estilo de vida mais pacífico, um sentimento mais feliz em relação a si mesmas, e uma maior aceitação das outras pessoas. Nesse sentido é uma terapia para os problemas da vida que realmente funciona. No entanto, isso na verdade não é o Budismo, isso é só um dos seus efeitos secundários. Filosofia. Algumas pessoas conhecem o Budismo e se deparam com uma filosofia encantadora. Depois de uma palestra elas são capazes de sentar numa mesa de café e ficar conversando por horas e ainda assim sem nem chegar perto da iluminação. Muitas vezes essas pessoas são capazes de discutir coisas muito sofisticadas; os seus cérebros são capazes de falar e pensar sobre assuntos tão sublimes. Depois, quando vão embora, no caminho de casa, xingam o primeiro carro que de repente para à sua frente. Tudo de bom é perdido imediatamente. Ritual. Ou, em vez de olhar para o Budismo como uma filosofia muitas pessoas o tomam como uma religião. Os rituais no Budismo

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Meditao: O Corao do BudismoPorAjaan BrahmavamsoSomente para distribuio gratuita.Este trabalho pode ser impresso para distribuio gratuita.Este trabalho pode ser re-formatado e distribudo para uso em computadores e redes de computadorescontanto que nenhum custo seja cobrado pela distribuio ou uso.De outra forma todos os direitos esto reservados.

Quero hoje falar em profundidade sobre a natureza do Budismo. Com freqncia leio nos jornais e livros algumas coisas estranhas que so apresentadas como sendo o Budismo. Portanto gostaria de identificar qual de verdade o corao do ensinamento Budista, no como uma teoria, mas como uma experincia.O que no o Corao do Budismo?Psicoterapia.Sei que algumas pessoas ainda pensam que o Budismo uma forma de psicoterapia, uma forma de empregar atitudes sbias, ou meios hbeis, para viver mais em paz neste mundo. Na verdade no rico tesouro dos ensinamentos Budistas h muitas coisas que de fato ajudam as pessoas a viver a vida com menos problemas. Usando atitudes sbias e intenes compassivas o Budismo ensina uma maneira eficaz de lidar com os problemas do mundo. Quando esses mtodos Budistas realmente funcionam isso cria nas pessoas f e confiana de que nesse caminho Budista h realmente algo que tem valor.Costumo com freqncia refletir sobre as razes pelas quais as pessoas vm at a Sociedade Budista numa sexta-feira noite. porque elas obtm algum benefcio. O que elas obtm dos ensinamentos um estilo de vida mais pacfico, um sentimento mais feliz em relao a si mesmas, e uma maior aceitao das outras pessoas. Nesse sentido uma terapia para os problemas da vida que realmente funciona. No entanto, isso na verdade no o Budismo, isso s um dos seus efeitos secundrios.Filosofia.Algumas pessoas conhecem o Budismo e se deparam com uma filosofia encantadora. Depois de uma palestra elas so capazes de sentar numa mesa de caf e ficar conversando por horas e ainda assim sem nem chegar perto da iluminao. Muitas vezes essas pessoas so capazes de discutir coisas muito sofisticadas; os seus crebros so capazes de falar e pensar sobre assuntos to sublimes. Depois, quando vo embora, no caminho de casa, xingam o primeiro carro que de repente para sua frente. Tudo de bom perdido imediatamente.Ritual.Ou, em vez de olhar para o Budismo como uma filosofia muitas pessoas o tomam como uma religio. Os rituais no Budismo tm significado, e no devem ser descartados s porque pensamos que estamos acima disso. Sei que as pessoas s vezes so muito orgulhosas, arrogantes mesmo, e pensam no precisar de rituais. Mas a verdade que os rituais tm um poder psicolgico. Por exemplo, na sociedade quando duas pessoas decidem viver juntas benfico que elas passem por algum tipo de cerimnia de casamento, porque nessa cerimnia h algo que acontece com a mente, algo que acontece com o corao. H um compromisso assumido que ecoa l no fundo com o conhecimento de que algo importante aconteceu. Nas cerimnias e rituais de morte, todos os cnticos, palavras amveis e para reflexo, realmente tm significado para as pessoas envolvidas. Isso as ajuda aceitar com elegncia a perda de um ente querido. Isso as ajuda a reconhecer a verdade do que aconteceu, que ocorreu a separao definitiva daquela pessoa. E com essa aceitao elas ficam em paz.Da mesma forma no nosso monastrio a fim de perdoar outra pessoa e abrir mo da dor do passado muitas vezes utilizada uma cerimnia de perdo. Na Igreja Catlica h a cerimnia da confisso. Os detalhes precisos de uma cerimnia de perdo realmente no importam, mas o importante que o perdo seja dado, atravs de algum meio fsico, atravs de algum ritual ou cerimnia. Se algum acabou de dizer: "Me desculpe," no seria muito melhor tambm dar um presente, ou um ramo de flores? Ou no seria muito melhor ir at a pessoa e dizer "olha, o que eu fiz no outro dia foi realmente imperdovel, mas lhe convido para jantar comigo esta noite", ou "aqui tem um par de ingressos para o teatro". muito mais profundo e mais eficaz quando elaborada uma bela cerimnia de perdo ao invs de apenas murmurar algumas palavras.At mesmo o ritual de se curvar ante uma esttua do Buda tem um grande significado. um ato de humildade. A pessoa est dizendo - no sou iluminado e no entanto h algo que est alm de mim pelo qual aspiro. a mesma humildade que uma pessoa sente quando vai para a escola, ou para a universidade, e ela reconhece que os professores e os palestrantes sabem muito mais do que ela. Humildade no subservincia, que nega o valor que a pessoa tem. Humildade respeitar as diferentes qualidades das pessoas. s vezes, o ato de se curvar, se for feito com ateno plena, uma cerimnia, um ritual, que pode gerar um grande sentimento de alegria. Como monge, muitas pessoas se curvam ante mim, e eu me curvo ante muitos outros. H sempre algum para quem se curvar, no importa o quo snior algum seja. No mnimo, sempre se pode curvar ante o Buda. Eu gosto de me curvar. Quando h um monge mais snior, curvar-se uma bela maneira de superar o ego. Esse um ritual que se for feito da maneira correta pode produzir muitos benefcios.Assim, esses rituais Budistas so teis, mas o Budismo muito mais do que isso.Meditao e IluminaoQuando algum pergunta o que realmente o Budismo, essa uma pergunta difcil de ser respondida em poucas palavras. Temos que pensar no processo de meditao, porque nisso est o ponto crucial, o fulcro do Budismo, o corao do Budismo. Como todos aqueles que j tiveram algum contato com os ensinamentos Budistas sabem, o Buda foi um homem que se tornou iluminado enquanto meditava sob uma rvore. Essa iluminao do Buda foi o que na verdade criou essa religio chamada Budismo. o seu sentido, o seu centro. No Budismo tudo diz respeito iluminao; no se trata apenas de viver uma vida mais saudvel, ou uma vida mais feliz, ou aprender a ser sbio e dizer coisas inteligentes para os amigos num jantar. Novamente, o Budismo tem tudo a ver com iluminao.Primeiro de tudo necessrio ter alguma noo ou indicao do que a iluminao realmente . s vezes, algumas pessoas me procuram e dizem: "Eu sou iluminado", e s vezes recebo cartas de pessoas dizendo "obrigado pelos seus ensinamentos, pois saiba que agora estou iluminado." E s vezes ouo outras pessoas dizerem de professores ou gurus "Ah sim, com certeza eles so iluminados", sem realmente saber o que isso significa. A palavra iluminao significa uma certa sabedoria, uma certo tipo de compreenso que cessa todo o sofrimento. A pessoa que no abandonou todo o sofrimento no iluminada. O fato de uma pessoa ainda sofrer significa que ainda lhe falta abandonar todos os seus apegos. As pessoas que ainda esto preocupadas com as suas posses, que ainda choram com a morte de um ente querido, que ainda sentem raiva, e que ainda esto desfrutando dos prazeres dos sentidos, tais como o sexo, elas no esto iluminadas. A iluminao algo que est alm e livre de tudo isso.Algumas vezes, quando um monge fala dessa forma, as pessoas podem ser facilmente desestimuladas. Monges podem parecer puritanos ao extremo. Eles no vo ao cinema, no praticam nenhum tipo de sexo, no tm amizades, no viajam de frias, no tm nenhum tipo de prazer. Que bando de estraga-prazer! Mas a coisa interessante que muitas pessoas notam que algumas das pessoas mais tranqilas e felizes que algum poder conhecer so os monges e as monjas que vm aqui dar as palestras nas sextas-feiras noite. Monges so bem diferentes dos puritanos estraga-prazer, a razo sendo que h uma outra felicidade que os monges conhecem e que o Buda lhes indicou. Cada um de vocs pode desfrutar dessa mesma felicidade no momento em que a sua meditao comece a decolar.Abrir MoO Buda ensinou que o apego a causa para o sofrimento; abrir mo a causa para a felicidade e o caminho para a iluminao. Abrir mo! Muitas vezes as pessoas perguntam: como voc consegue abrir mo? O que elas realmente querem dizer : por que voc abre mo? uma pergunta difcil de responder e que nunca ser respondida com palavras. Em vez disso respondo a essa pergunta dizendo: "Agora o momento para meditar, cruzem as pernas, estejam no momento presente", porque assim como as pessoas so ensinadas a abrir mo. Alm disso, os momentos finais da meditao so os mais importantes. Por favor, lembrem-se sempre disso, nos ltimos minutos perguntem a si mesmos: "Como me sinto?" "Como essa sensao, e por que?" "Como aconteceu?"As pessoas deveriam meditar porque divertido, agradvel. Elas no devem meditar para "obter algo", muito embora ao meditar podem ser obtidos alguns bons benefcios para a sade ou para a reduo do estresse. Atravs da meditao a pessoa se torna menos intolerante, menos irritada. Mas h mais do que isso - pura diverso! Foi isso que fez com que eu me tornasse um Budista. Era inspirador ler os livros, mas isso no era suficiente. Quando meditava e experimentava a paz, muita tranqilidade, incrivelmente pacfico, algo me dizia ser essa a mais profunda experincia da minha vida. Eu queria experimentar aquilo de novo. Eu queria investigar mais. Por que? Porque uma profunda experincia de meditao vale mil palestras, ou discusses, ou livros, ou teorias. As coisas que lemos nos livros so as experincias das outras pessoas, no so as nossas. So palavras e elas podem nos inspirar, mas a experincia em si verdadeiramente comovente. De fato faz a terra tremer porque despedaa aquilo sobre o qual nos apoiamos por tanto tempo. Seguindo esse caminho da meditao ns de fato aprendemos o que realmente o desapego.Reconhecer, Perdoar e Abandonar (RPA)Aqueles que ainda enfrentam dificuldades ao meditar porque ainda no aprenderam a abrir mo. Por que no somos capazes de abrir mo de coisas simples como o passado e o futuro? Por que estamos to preocupados com aquilo que algum fez ou disse hoje? Quanto mais pensamos sobre isso mais estpido . Vocs conhecem o velho ditado: "Quando algum nos chama de idiota, quanto mais vezes nos lembramos disso, tantas vezes mais estaremos sendo chamados de idiota!" Se abrirmos mo imediatamente nunca mais pensaremos nisso novamente. Ele s nos chamou de idiota no mximo uma vez. Passou! Terminou. Estamos livres.Por que nos aprisionamos ao passado? Por que no somos capazes de abrir mo pelo menos disso? Voc realmente quer ser livre? Ento reconhea, perdoe e abandone, qualquer coisa que tenha lhe ferido, quer seja algo que algum fez ou disse, ou algo que a vida tenha feito. Por exemplo, algum na sua famlia morre e voc fica argumentando consigo mesmo que ela no deveria ter morrido. Ou voc perdeu o emprego e pensa sem parar que isso no deveria ter acontecido. Ou simplesmente algo deu errado e voc est obcecado que isso no justo. Se quiser voc poder se crucificar numa cruz de sua prpria autoria pelo resto da vida, mas ningum lhe est forando a fazer isso. Em vez disso, voc pode reconhecer, perdoar e aprender com o perdo. O aprendizado est em abrir mo. Abrir mo oferece a liberdade para que o futuro transcorra facilmente, sem estar preso ao passado.Recentemente estive conversando com algumas pessoas sobre a comunidade Cambojana aqui em Perth, com a qual, por ser uma comunidade Budista, tenho tido muito contato. Igual a todos Budistas tradicionais eles procuram os monges quando enfrentam algum problema. Isso o que fazem h sculos. O monastrio e os monges so o centro social, o centro religioso, e o centro de aconselhamento da comunidade. Quando os maridos discutem com as esposas, eles vm para o monastrio.Certa vez, quando eu era um jovem monge na Tailndia, um homem veio at o monastrio e perguntou: "Posso ficar no monastrio por alguns dias?" Pensei que ele quisesse meditar, assim eu disse: "Ah, voc quer meditar?" Ele respondeu: "Ah no, quero ficar no monastrio porque tive uma discusso com a minha mulher." Assim ele ficou no monastrio. Trs ou quatro dias depois ele veio e disse: "Agora me sinto melhor, posso ir para casa." Que coisa mais sbia foi aquilo. Em vez de ir para o bar e ficar bbado, em vez de procurar os amigos e dizer-lhes todas as coisas ruins que ele pensava sua esposa ter feito, assim reforando sua m vontade e ressentimento, ele foi ficar com um grupo de monges que no falaram nada sobre a sua esposa, que apenas foram gentis e pacficos. Naquele ambiente pacfico, solidrio, ele pensou sobre o que havia acontecido, e depois de um tempo se sentiu muito melhor. Algumas vezes para isso que serve um monastrio: um centro de aconselhamento, um refgio, um lugar onde as pessoas vm para abrir mo dos seus problemas. Isso no melhor do que permanecer no passado, especialmente quando estamos com raiva de algo que aconteceu? Quando reforarmos o ressentimento ser que estamos realmente vendo o que est acontecendo? Ou ser que estamos vendo atravs dos culos distorcidos da nossa raiva, olhando para as falhas da outra pessoa, focando apenas nas coisas terrveis que elas fizeram, sem nunca realmente ver o quadro completo?Uma das coisas que observei na comunidade Cambojana foi que todos haviam sofrido durante o regime de Pol Pot. Conheo um senhor Cambojano cuja esposa foi baleada na sua frente pelo Khmer Vermelho por ter pego uma manga. Ela estava com fome e por isso pegou uma manga de uma rvore. Um dos oficiais do Khmer Vermelho a viu e, sem qualquer julgamento, puxou a arma e a matou na frente do marido. Enquanto ele contava essa histria, olhando para o seu rosto, observando os seus movimentos corporais, foi incrvel notar que no havia raiva, no havia nenhum ressentimento, no havia nem mesmo dor. Houve uma aceitao pacfica daquilo que tinha acontecido. Aquilo no deveria ter acontecido, mas aconteceu.Deixemos de lado o passado para que possamos desfrutar do presente, de modo que o futuro possa ser livre. Por que sempre carregamos o passado conosco? Apego ao passado no uma teoria, uma atitude. Podemos dizer: "Ah, eu no tenho apego". Ou podemos dizer: "Eu estou to desapegado que nem tenho apego ao desapego", que parece muito inteligente e soa muito bem, mas um monte de lixo. A pessoa sabe que tem apego quando incapaz de abrir mo daquelas coisas importantes que so a causa do sofrimento, que impedem a liberdade. O apego como uma corrente com uma bola de ferro que prendemos nas nossas prprias pernas. No h ningum mais que a prende. Ns temos a chave para nos livrarmos, mas no a usamos. Por que nos limitamos dessa forma e por que no podemos abrir mo do futuro, de todas as ansiedades e preocupaes? Voc se preocupa com o que poder acontecer em seguida, amanh, na prxima semana, no prximo ano? Por que fazer isso? Quantas vezes j nos preocupamos com algum exame, ou algum teste, ou uma consulta com o mdico, ou uma consulta com o dentista? Podemos ficar doentes com tanta preocupao ... e prontos para ir ao dentista descobrimos que a consulta foi cancelada e que no precisaremos ir!As coisas nunca acontecem de acordo com as nossas expectativas. Ainda no aprendemos que o futuro to incerto que no vale pena que nos preocupemos? Ns nunca sabemos o que vai acontecer em seguida. Quando abrimos mo do passado e do futuro estamos no caminho da meditao profunda. Estamos realmente aprendendo como estar em paz, como ser livres, como sentir contentamento.Esses so indcios do que significa a iluminao. Significa ver que muitos dos nossos apegos so baseados em pura estupidez. Ns simplesmente no precisamos disso. medida que desenvolvemos a meditao mais profunda, abrimos mo cada vez mais. Quanto mais abrimos mo, mais desfrutaremos de felicidade e paz. Por isso que o Buda chamou este caminho de treinamento gradual. o caminho que nos conduz adiante, um passo de cada vez, e a cada passo recebemos um prmio. Por isso um caminho muito agradvel e quanto mais avanamos os prmios ficam cada vez mais deliciosos e valiosos.Ainda me lembro da primeira vez que meditei. Lembro-me do quarto. Foi na Universidade de Cambridge, na Sala Wordsworth, no Kings College. Eu nunca tinha feito nenhum tipo de meditao antes, naquela ocasio sentei por cinco ou dez minutos com alguns dos meus colegas. Foram apenas dez minutos, mas eu pensei "Ah, isso foi bom", ainda me lembro desse sentimento. Havia algo que ressoava dentro de mim, dizendo-me que esse era um caminho que levava a algum lugar maravilhoso. Eu j tinha conversado com os meus amigos, numa mesa de caf ou tomando cerveja, sobre todos os tipos de filosofia, mas as "discusses" sempre terminavam em pontos de vista opostos que nunca me deixavam mais feliz. Mesmo os grandes professores da universidade, que com o tempo acabamos conhecendo muito bem, no pareciam felizes. Essa foi uma das razes pelas quais no continuei minha carreira acadmica. Eles eram brilhantes no seu campo, mas em outros aspectos eram to estpidos como as pessoas comuns. Eles tinham dvidas, preocupaes e estresse, igual a todos os outros. E isso realmente me surpreendeu. Por que em uma universidade to famosa, onde as pessoas so to inteligentes, elas no eram felizes? Qual a vantagem de ser inteligente, se isso no traz a felicidade? Quero dizer a verdadeira felicidade, real contentamento e verdadeira paz.Verdadeiro Contentamento e PazA primeira pessoa que conheci com verdadeiro contentamento e paz foi Ajaan Chah, meu professor na Tailndia. Havia algo especial naquele homem! Eu vi como ele era e disse para mim mesmo: "Quero isso tambm, quero esse entendimento, essa paz." Pessoas de todo o mundo vinham para v-lo. S porque ele era um monge no significa que todos eram subservientes, servis, e sempre dizendo elogios. Algumas pessoas vinham e discutiam com ele e tentavam coloc-lo numa situao difcil, ou mesmo gritavam com ele. Lembro-me de uma histria sobre a primeira vez em que ele viajou para a Inglaterra com Ajaan Sumedho. Ele foi fazer a coleta de comida esmolada em Hampstead e enquanto caminhava, isso foi h mais de vinte anos, um jovem hooligan foi ao encontro desse asitico vestido de um modo engraado e lhe deu um soco que por pouco no acertou o seu nariz. Ajaan Chah no sabia que ele estava errando o golpe de propsito. Em seguida, ele tentou chut-lo e tambm errou. Ele s estava tentando enfurecer aquele pequeno monge asitico com roupas engraadas. Ajaan Chah no tinha idia quando acabaria sendo atingido. Ele no foi golpeado, pois se manteve tranqilo, com calma, sem nunca expressar raiva. Depois do incidente ele disse que a Inglaterra era um lugar muito bom, e que ele gostaria de mandar para l todos os seus monges seniores para realmente test-los. fcil dizer "Eu sou iluminado", mas ento algo desse tipo acontece e a pessoa sai correndo em disparada. Naquela mesma ocasio, em Hampstead, outro monge estava caminhando no final da tarde quando passou por um pub. Ele no percebeu que havia uma importante partida de futebol entre a Inglaterra e a Esccia. A partida j tinha terminado e os torcedores escoceses estavam bebendo no pub. Nessa poca havia um seriado de TV popular sobre um monge Kung Fu que era chamado "Gafanhoto". Aqueles torcedores escoceses bbados olharam pela janela do bar e disseram: "Haha, o pequenino gafanhoto", e aquele monge ficou assustado, pois aqueles escoceses eram grandes e estavam muito bbados. Assim, ele comeou a correr, e eles o perseguiram por todo o caminho de volta para o Templo. O "pequenino gafanhoto" correu para salvar a vida. Ele a perdeu. Mas o abrir mo prtico que Ajaan Chah demonstrou em Hampstead algo que nos d a sensao de que estamos no caminho para a iluminao.Um Caminho GradualO Corao do Budismo um caminho gradual, um passo aps o outro, e os resultados aparecem. Algumas pessoas dizem que no se deve meditar para obter resultados. Isso um monte de besteira! Medite para obter resultados! Medite para ser feliz. Medite para obter a paz. Medite para obter a iluminao, pouco a pouco. Mas se algum estiver buscando resultados, seja paciente. Um dos problemas com os ocidentais que ao estabelecer objetivos eles no so pacientes o bastante. por isso que ficam desiludidos, deprimidos e frustrados. Eles no do tempo suficiente para que naturalmente a prtica amadurea para a iluminao. Leva tempo, talvez at mesmo algumas vidas, por isso no tenha pressa. Ao dar cada passo, sempre h algo que pode ser obtido. Abra a mo um pouco e ser experimentada um pouco de liberdade e paz. Abra a mo muito e ser experimentada muita liberdade e paz. Assim como ensino meditao, tanto no meu monastrio, como aqui. Encorajo os meditadores a direcionar-se para esses estgios de abrir mo, esses estados de felicidade chamadosjhanas.JhanasTodos querem ser felizes, e osjhanasso como a felicidade pode ser alcanada, quero dizer a verdadeira felicidade, a felicidade profunda. O nico problema que esses estados no duram muito tempo, apenas algumas horas, mas ainda assim so muito atraentes. Osjhanassurgem ao abrir mo, abrir mo de verdade. Em particular osjhanassurgem ao abrir mo da vontade, da escolha, do controle. A experincia de uma meditao profunda e entender como esta acontece fascinante. Atravs dessa experincia percebemos que quanto mais controle, mais h desejos devido aos apegos, e menos paz ser alcanada. Mas quanto mais abrimos mo, quanto mais abandonamos, mais samos da frente, mais felizes iremos nos sentir. Agora, esse um ensinamento de algo muito profundo, muito mais profundo do que pode ser lido num livro, ou ouvido numa palestra e, certamente, muito mais til do que discutir sobre essas coisas. Algo est realmente sendo experimentando. Isso vai na direo do corao da religio, aquilo que as pessoas chamam de misticismo. A pessoa experimenta isso por ela mesma. Em particular a pessoa deixa de lado o "controlador", o "fazedor". Sendo que esse o principal problema para os seres humanos. No podemos parar de interferir com as coisas. Muitas vezes deveramos simplesmente deixar as coisas estar, mas somos incapazes, no conseguimos. Em vez disso fazemos uma baguna. Por que no podemos simplesmente relaxar e nos divertirmos em vez de sempre ter que fazer alguma coisa? difcil parar na meditao, mas quanto mais paramos mais recompensas teremos, mais paz desfrutamos. Quando abrimos mo na meditao, abrimos mo da vontade, abrimos mo do controle, quando paramos de dialogar com ns mesmos obtemos o silncio interior. Quantos de vocs no esto fartos com todo esse rudo dentro das suas cabeas o tempo todo? Quantos de vocs s vezes no conseguem dormir noite, mesmo sem nenhum rudo dos vizinhos, pois ainda h algo mais alto soando nos seus ouvidos. Bl, bl, bl, preocupao, preocupao, preocupao, pense, pense, pense! Esse o problema dos seres humanos, quando hora de pensar no somos capazes de pensar com clareza, e quando hora de parar de pensar no conseguimos ficar em paz. Quando aprendemos a meditar temos essa sensao de sermos mais equilibrados pois sabemos como abrir mo. Ns sabemos como abrir mo at o ponto em que todos os pensamentos desaparecem. Esses pensamentos so apenas comentrios, eles so apenas descries. A diferena entre o pensamento e a realidade a diferena entre, digamos, a leitura de um livro sobre Nova York e visitar Nova York. Qual mais real? Estando l, sentimos o cheiro do ar, sentimos a atmosfera, sentimos o carter, coisas que no podem ser descritas em um livro. A verdade sempre silenciosa. A mentira sempre com palavras.Quando o Corpo DesapareceLembrem-se dos "vigaristas". Um vigarista capaz de lhe vender qualquer coisa! H um deles habitando a sua mente agora, e voc acredita cada palavra que ele diz! Seu nome "pensamento". Abrimos mo da conversa interior e ficamos em silncio, nos sentimos felizes. Depois, quando abrimos mo do movimento da mente e ficamos apenas com a respirao, sentimos ainda mais felicidade. Depois, abrimos mo do corpo, todos estes cinco sentidos desaparecem e sentimos uma enorme felicidade. Esse o Budismo original. Viso, audio, olfato, paladar e tato desaparecem completamente. como estar em uma cmara de privao sensorial, s que muito melhor. Mas no apenas silncio, voc simplesmente no ouve nada. No apenas escurido, voc simplesmente no v nada. No apenas uma sensao de conforto no corpo, no h corpo de modo algum.Quando o corpo desaparece isso realmente produz uma sensao excelente. Vocs j ouviram falar sobre pessoas que tm experincias fora do corpo? Quando o corpo morre, todas pessoas tm essa experincia, elas flutuam para fora do corpo. E uma das coisas que as pessoas que tiveram experincias de quase morte sempre dizem ser to calmo, to bonito, to bem-aventurado. igual na meditao, quando o corpo desaparece to calmo, to bonito, to feliz ao nos libertamos deste corpo. O que resta? No h nenhuma viso, audio, olfato, paladar, tato. Isso o que o Buda chamou a mente em meditao profunda. Quando o corpo desaparece o que resta a mente.Outra noite mencionei um smile para um dos monges. Imaginem um imperador que est vestindo longas calas e uma grande tnica. Ele est calando sapatos, tem um leno ao redor da metade inferior de sua cabea e um chapu na metade superior da cabea. No possvel v-lo de nenhum modo porque ele est completamente coberto com cinco peas de vesturio. o mesmo com a mente. A mente est completamente coberta pela viso, audio, olfato, paladar e tato, e assim as pessoas no a conhecem. As pessoas apenas conhecem o vesturio. Ao verem o Imperador, elas s vm as vestimentas. Elas no sabem o que h dentro. E assim no de admirar que estejam confusas sobre o que a vida, o que a mente, o que isto aqui dentro, de onde eu vim? Por que? O que eu deveria estar fazendo com esta vida? Quando os cinco sentidos desaparecem como tirar a roupa do Imperador e ver o que realmente h ali dentro, o que est realmente comandando o espetculo, quem est ouvindo estas palavras, quem est vendo, quem est sentindo a vida, o que isso. Quando os cinco sentidos desaparecem estamos nos aproximando das respostas a essas perguntas.O que vemos numa meditao profunda o que chamamos de "mente" (cittaem pali). O Buda usou um belo smile. Numa noite nublada com lua cheia, muito embora seja lua cheia, dificilmente seremos capazes de v-la. s vezes, quando as nuvens no so to carregadas podemos ver vagamente uma forma brilhante nebulosa. Sabemos que ali h algo. igual na meditao, um pouco antes de entrar nesses estados profundos. Sabemos que ali h algo, mas no conseguimos distinguir exatamente do que se trata. Ainda restam algumas "roupas". Ainda estamos pensando e fazendo, sentindo o corpo ou ouvindo sons. Mas pode acontecer, e esse o smile do Buda, que a lua se liberte das nuvens, e l no cu, com a noite clara, somos capazes de ver o belo disco completo da lua brilhando de forma intensa, e ns sabemos que a lua. A lua est l, a lua real, e no apenas algum tipo de efeito colateral das nuvens. Isso o que acontece na meditao quando vemos a mente. Vemos claramente que a mente no um efeito colateral do crebro. Vemos a mente e compreendemos a mente. O Buda disse que a mente liberta bela, brilhante, luminosa. Portanto, essas experincias no so somente permeadas de felicidade mas tambm so experincias permeadas de significado.Quantas pessoas podem ter ouvido falar sobre o renascimento mas ainda realmente no acreditam nisso? Como pode acontecer o renascimento? Com certeza o corpo no renasce. Por isso, quando as pessoas me perguntam: para onde vamos quando morremos? "Um de dois lugares", eu digo, "Fremantle ou Karrakatta para onde vai o corpo!" [1] Mas a mente vai para esses lugares? Algumas vezes as pessoas neste mundo so to estpidas, elas acham que o corpo tudo que existe, que no h mente. Ento, quando algum cremado ou enterrado isso tudo, est terminado. A nica maneira que se pode argumentar com essa viso atravs do desenvolvimento da meditao que o Buda realizou sob a figueira-dos-pagodes. Assim a pessoa pode ver a mente por si mesma com a conscincia lcida - no em algum tipo de transe hipntico, no num estado de embotamento - mas com a conscincia clara. Isso compreender a mente.Conhecendo a MenteQuando conhecemos a mente, quando vemos a mente por ns mesmos, um dos resultados ser o insight de que a mente independente do corpo. Independncia significa que com a dissoluo e morte do corpo, quando o corpo cremado, ou quando enterrado, ou de qualquer forma que seja destrudo aps a morte, isso no ir afetar a mente. Sabemos que assim porque vemos a natureza da mente. Essa mente que vemos ir transcender a morte do corpo. A primeira coisa que vemos por ns mesmos, o insight que to claro como o nariz no rosto, que h algo mais na vida do que este corpo fsico que tomamos como sendo o eu. Em segundo lugar, reconhecemos que essa mente, essencialmente, no diferente do processo de conscincia presente em todos os seres. Quer sejam seres humanos, ou animais, ou at mesmo insetos, de qualquer sexo, idade ou raa, vemos que aquilo que comum a todas as vidas essa mente, essa conscincia, a fonte do fazer.Depois de ter visto isso, voc ter muito mais respeito por seus semelhantes. No apenas respeito pela sua prpria raa, sua prpria tribo, ou a sua prpria religio, e no apenas pelos seres humanos, mas por todos os seres. uma idia maravilhosa da mente superior. "Que todos os seres sejam felizes e que desfrutem de bem-estar, e que possamos respeitar todas as naes, todos os povos, at mesmo todos os seres." Pois assim que esse estado alcanado! De fato sentimos compaixo apenas quando vemos que os outros so fundamentalmente iguais a ns mesmos. Se achamos que uma vaca completamente diferente, ento ser fcil abater e comer uma vaca. Mas voc seria capaz de comer a sua av? Ela muito parecida com voc. Voc seria capaz de comer uma formiga? Talvez voc mate uma formiga achando que as formigas no so como voc. Mas se olharmos cuidadosamente para as formigas, elas no so diferentes. Em um monastrio na floresta, vivendo no meio do mato, prximo natureza, uma das coisas que ficamos convencidos que os animais tm emoes e, principalmente, sentem dor. Comeamos a reconhecer a personalidade dos animais, dos ratos, das formigas, e das aranhas. Cada uma dessas aranhas tem uma mente igual que ns temos. Uma vez tendo visto isso podemos entender a compaixo do Buda por todos os seres. Tambm podemos entender como pode ocorrer o renascimento entre todas as espcies - e no apenas de seres humanos para seres humanos, mas de animais para seres humanos, de seres humanos para animais. Tambm conseguimos entender como a mente a fonte de tudo isso.A mente pode existir at mesmo sem um corpo, como por exemplo em alguns dos mundos dos devas. Torna-se muito claro como eles existem, porque eles existem, o que eles so. Esses so insights e entendimentos que tm origem na meditao profunda. Mas mais do que isso, quando conhecemos a natureza da mente, ento sabemos a natureza da conscincia. Sabemos a natureza da quietude. Sabemos a natureza da vida. Compreendemos aquilo que faz esta mente dar voltas sem fim, o que faz esta mente buscar o renascimento. Entendemos a lei deKamma.Os Trs ConhecimentosO Primeiro Conhecimento. Segundo a tradio, enquanto meditava sob a figueira-dos-pagodes o Buda obteve trs conhecimentos. O primeiro conhecimento foi a recordao de vidas passadas. Quando chegamos perto da mente, h certos poderes que vm junto com a experincia. Os poderes so nada mais do que uma habilidade, uma destreza no uso da mente. como a diferena entre um co selvagem e um co que foi bem treinado. Voc pode dizer para o co treinado pegar o jornal. Ele abana o rabo e vai pegar o jornal. Algumas pessoas tm ces to bem treinados que eles so capazes de pegar o telefone. Talvez eles tambm possam atender o telefone, isso realmente lhes economizaria muito tempo!Quando algum alcana esses estados profundos de meditao com freqncia, a mente se torna bem treinada. Uma das coisas que o Buda fez (e que todos podem fazer quando entram numa meditao profunda) dizer para a mente para voltar no passado. Qual a lembrana mais antiga? Volte mais e mais e mais. Monges que fazem isso podem relembrar memrias da sua infncia. Eles podem at relembrar memrias do momento em que nasceram. s vezes as pessoas dizem que ao nascer no h conscincia porque os neurnios ainda no esto desenvolvidos, ou algo assim. Mas algum descobre que isso no verdadeiro quando volta a ter a experincia do seu prprio nascimento. Quando a memria do prprio nascimento aparece como se voc estivesse l e voc experimenta todas as sensaes daquele nascimento. Em seguida voc pode perguntar a si mesmo sobre uma memria ainda mais antiga, e assim poder voltar para suas vidas passadas. Isso o que o Buda fez sob a figueira-dos-pagodes. Atravs da meditao voc compreende o renascimento, voc conhece as suas prprias vidas passadas. Isso o que simplesmente acontece com a mente, e voc sabe como isso acontece. Esse foi o primeiro conhecimento que o Buda realizou.O Segundo Conhecimento. O segundo conhecimento foi o processo de renascimento. Por que algum renasce? Onde renasce ? Essa a Lei deKamma. Algum me mostrou hoje um livro que, infelizmente, tnhamos para distribuio gratuita, mas que eu nunca tinha visto antes. Esse livro tinha algumas idias realmente estranhas sobre a Lei deKamma. Creio que dizia que se algum ler um dosSuttasdeitado no cho, ir renascer com um problema nas costas, ou algo assim. Apenas idias tolas!Kamma muito mais complexo do que isso e em grande parte depende da qualidade da inteno. O movimento da prpria mente o que determinaKamma, no apenas o ato, mas a sua motivao e como teve origem.O Terceiro Conhecimento. O terceiro conhecimento foi o fim do sofrimento. Com a compreenso das Quatro Nobres Verdades o Caminho realizado com a compreenso do que a iluminao realmente significa. Significa liberdade! A mente libertada, libertada particularmente do corpo, libertada no apenas do sofrimento do corpo, mas libertada tambm da felicidade do corpo. Isso significa que no h mais inclinao para a sexualidade, no h mais medo da dor, no h tristeza pela destruio do corpo, nenhuma m vontade e nenhum medo de crticas. Por que as pessoas ficam preocupadas com as ms palavras que so ditas? S por causa do ego. Imaginem por um momento estar livre de todas essas coisas. Como seria isso, sem medo, sem desejo, sem ter que mover-se deste momento - em outras palavras nada falta, nada para ser feito, nenhum lugar para ir, porque voc est completamente feliz aqui, no importa o que acontea! Isto o que queremos dizer com a iluminao. Esta meditao a fonte da iluminao do Buda e a fonte da iluminao de cada um.O Buda foi uma pessoa notvel, sua paz, compaixo e sabedoria, so lendrias. H algo sobre a iluminao que muito atraente. Da mesma forma, h algo sobre a liberdade que no podemos ignorar. por isso que, pouco a pouco, as pessoas vo entendendo o alcance do Budismo. O Budismo no pode ser entendido partir dos livros e nem vai ser entendido daquilo que eu digo. Voc s vai compreender o Budismo atravs das suas prprias experincias pacficas na meditao. assim que o Budismo ensinado. Ento divirtam-se com a sua meditao e no tenham medo da iluminao. Cheguem l, desfrutem, e vocs no tero arrependimentos.Isso o Budismo. Esse o seu corao - a meditao e iluminao. Esse o seu significado.