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NOTAS SOBRE O BUDISMO TIBETANO O budismo tibetano possui muitas técnicas meditaçionais poderosas. Entretanto, todo este conhecimento antigo da India e do Tibet, vem sendo muitas vezes desvirtuado sobremaneira. Este conhecimento é tido como secreto desde aantiguidade, e se elaboramos estas anotações tiradas aqui e ali da sabedoria dos grandes mestres tibetanos, foi para que as pessoas em geral saibam de alguma forma do que se trata e adquiram interesse em pesquisar mais estes conhecimentos muito profundos, que em verdade, em 2600 anos não serviram nunca de pretexto para guerras e outras coisas do gênero, mas apenas para pacificar os seres humanos e demais seres, conduzindo-os ao final à iluminaçâo e a viver paulatinamente uma vida plena de paz. Nesta era degenerada, e na atual circusntância do país, faz-se importante a presença de textos simples em português que ajudem as pessoas a empreender um estudo mais detalhado sobre estes conhecimentos, que são também um estudo so bre o nosso estado de paz mais fundamental e profundo e de que sempre fomos capazes, seja por livros, internet, meditação ou diretamente através dos Mestres . MANTRAS PODEROSOS E REFLEXÔES SOBRE A MENTE Kalú Rimpochê O MANTRA OM MANI PEME HUNG OM MANI PADME HUM - SÂNSCRITO OM MANI PEME HUNG -TIBETANO

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NOTAS SOBRE O BUDISMO TIBETANO

O budismo tibetano possui muitas técnicas meditaçionais poderosas. Entretanto, todo este conhecimento antigo da India e do Tibet, vem sendo muitas vezes desvirtuado sobremaneira. Este conhecimento é tido como secreto desde aantiguidade, e se elaboramos estas anotações tiradas aqui e ali da sabedoria dos grandes mestres tibetanos, foi para que as pessoas em geral saibam de alguma forma do que se trata e adquiram interesse em pesquisar mais estes conhecimentos muito profundos, que em verdade, em 2600 anos não serviram nunca de pretexto para guerras e outras coisas do gênero, mas apenas para pacificar os seres humanos e demais seres, conduzindo-os ao final à iluminaçâo e a viver paulatinamente uma vida plena de paz. Nesta era degenerada, e na atual circusntância do país, faz-se importante a presença de textos simples em português que ajudem as pessoas a empreender um estudo mais detalhado sobre estes conhecimentos, que são também um estudo so bre o nosso estado de paz mais fundamental e profundo e de que sempre fomos capazes, seja por livros, internet, meditação ou diretamente através dos Mestres .

MANTRAS PODEROSOS E REFLEXÔES SOBRE A MENTE

Kalú Rimpochê

O MANTRA OM MANI PEME HUNG

OM MANI PADME HUM - SÂNSCRITO

OM MANI PEME HUNG -TIBETANO

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OM MANI PEME HUNG é o coração da sabedoria de todos os Budas. É a quintessência das cinco famílias de Budas e dos mestres do segredo. As instruções que cada uma das seis sílabas encarna são a fonte de todas as qualidades e da beatitude, a raiz de toda realização proveitosa e feliz, o grande caminho em direção às existências superiores e à libertação."Ouvir, ainda que uma única vez, as seis sílabas da palavra perfeita, o coração de todo o Dharma, permite atingir o estado sem retorno e tornar-se o barqueiro que libera os seres". Além disso, se um animal ou inseto, mesmo que seja ele uma formiga, escutar este mantra antes de morrer, renascerá, uma vez livre dessa existência, no Campo da Beatitude. Recordar uma só vez estas seis sílabas elimina - assim como o sol derrete a neve - toda as faltas e todos os véus dos atos nefastos acumulados no ciclo das existências em toda a eternidade, e conduz ao renascimento no Campo da Beatitude. Tocar apenas as letras do mantra é obter a iniciação dos Budas e dos inumeráveis Bodhisattvas. Contemplá-lo uma única vez torna efetivas a escuta, a reflexão e a meditação. As aparências revelam-se como o dharmakaya, e abre-se o tesouro da atividade para o bem dos seres." Os mantras são freqüentemente os nomes verdadeiros de budas, Bodhisatwas ou de divindades". OM MANI PEME HUNG nada mais é que uma maneira de nomear TCHENREZI, o Buda Senhor da Compaixão ( cuja forma humana principal - nirmanakaya - é a do Dalai Lama ). De um ponto de vista absoluto, TCHENREZI não tem nome, mas, no domínio do relativo, da realidade guia, ele é designado por nomes, que são o vetor da sua compaixão, da sua graça e do poder das aspirações que formula para o bem dos seres. Assim, a recitação de seu nome transmite as qualidades de sua mente. Aqui reside a explicação do poder benéfico de seu mantra, que é também o seu nome. Assim como assimilamos nosso nome, tornamo-nos um com ele, da mesma maneira, no relativo, o mantra é idêntico à divindade. Eles constituem uma única e mesma realidade. O mantra recitado nada mais é que a própria divindade. Pela recitação, recebe-se a graça da divindade; pela visualização, recebe-se a mesma graça, sem diferença. Considera-se, em primeiro lugar, que cada uma das seis sílabas permite fechar a porta dos renascimentos dolorosos em um dos seis mundos da existência cíclica.

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OM Representa o corpo de todos os Budas; é também o começo de todos os mantras; fecha a porta dos renascimentos no mundo dos deuses (devas); purifica os véus das delusões ( ilusões advindas das visões errôneas) do corpo; é a prece dirigida aos corpos dos Budas; corresponde à paramita (ou virtude) da generosidade; corresponde ao Buda Ratnasambhava; relaciona-se à sabedoria da equanimidade. MA As sílabas Ma e Ni - MANI - significam "jóia" em sânscrito. Esta sílaba fecha a porta dos renascimentos para o mundo dos semi-deuses (asuras); purifica os véus da palavra; é a prece dirigida à palavra dos Budas; corresponde à paramita da ética; corresponde ao Buda Amoghasiddhi e relaciona-se à sabedoria das atividades iluminadas. NI Fecha a porta dos renascimentos no mundo dos homens (manushyas); purifica os véus de obscurecimento da mente; é a prece dirigida à mente dos Budas; corresponde à paramita da paciência; corresponde ao Buda Vajradhara; relaciona-se à sabedoria nascida de si mesma. PE (PAD) As sílabas Pe e Me - PEME - segundo a pronúncia tibetana, ou PADME, segundo a pronúncia sânscrita, significam LÓTUS; fecham a porta dos renascimentos ao mundo dos animais e purificam os véus das emoções conflituosas; é a prece dirigida às qualidades dos Budas; corresponde à paramita da diligência; ou de como rapidamente e bem fazer qualquer coisa, corresponde ao Buda Vairochana; relaciona-se à sabedoria nascida do Dharmadatu. ME Fecha a porta dos renascimentos no mundo dos espíritos ávidos (pretas); purifica os véus dos condicionamentos latentes; é a prece dirigida à atividade dos Budas; corresponde à paramita da concentração. corresponde ao Buda Amitabha; relaciona-se à sabedoria da discriminação

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HUNG Representa a mente de todos os Budas e freqüentemente conclui os mantras fecha a porta dos renascimentos no mundo dos infernos ; purifica o véu que cobre o conhecimento; é a prece que reúne a graça do corpo, da palavra, da mente, das qualidades e da atividade dos Budas; corresponde a paramita do conhecimento trascendental. corresponde ao Buda Akshobya. relaciona-se à sabedoria semelhante ao espelho Gerando a mente compassiva. À nossa frente, o céu se preenche de magníficas nuvens claras, arco-íris e chuva de flores. No centro, encontra-se Tchenrezig, o Sr. da compaixão, manifestando-se como uma luz radiante que ofusca nossa visão. Ao nosso redor está uma multidão de pessoas amigas, inimigas e aqueles que nos são indiferentes. Observe como todos os seres estão olhando para a luz infinita e se beneficiam da mesma. Com concentração direcionada para a luz, fale mentalmente ou em voz alta o mantra OM MANI PEME HUNG. Num segundo momento reflitamos: "Todos estes seres de alguma forma colaboraram para o meu bem-estar e o de minha família. Todos estão cada qual ao seu modo procurando a felicidade; o seu único desejo verdadeiro é fazer com que seu sofrimento acabe; porém, eles não sabem como fazer e, procurando a saída, sofrem ainda mais." Após ter refletido desta forma, faça nascer em seu coração o desejo de consagrar nem que seja ao menos cinco minutos por dia para pensar e fazer benefícios a todos os seres, e então repita mentalmente: "Este é o meu desejo - que todos eles encontrem seu caminho para a luz." 1. Que a luz invada seus corações e que pais e filhos, irmõos e irmãs, parentes, amigos, inimigos, parem de brigar, para sempre. OM MANI PEME (PADME) HUNG. 2. Que esta luz clareie suas mentes para que encontrem as soluções para seus problemas.

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OM MANI PEME HUNG. 3. Que esta luz penetre em cada uma de suas células e elimine todas as suas doenças. OM MANI PEME HUNG. 4. Que esta luz ajude a todos os doentes e dotados de visões errôneas a se recuperar imediatamente; OM MANI PEME HUNG. 5. Que esta luz ajude todos aqueles que estão morrendo neste momento a passar para o além sem dor nem sofrimento, em perfeita paz e felicidade. OM MANI PEME HUNG. 6. Que esta luz ajude a fazer parar o sofrimento de todos aqueles que neste momento estão nas mãos de torturadores e qualquer tipo de criminoso ou animal ou de qualquer fenômeno da natureza. OM MANI PEME HUNG. 7. Que esta luz mostre o caminho da paciência e da misericórdia a todos os líderes mundiais. OM MANI PEME HUNG. Depois de ficar assim durante os seus cinco minutos, visualize a luz unindo-se profundamente com você, penetrando em seu coração, tornando-se uma pequena esfera brilhante de luz e, por fim, desaparecendo. Descanse um pouco na natureza da sua mente iluminada e continue seu dia em paz. OM MANI PEME HUNG!!

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MANTRA, A PALAVRA SAGRADA

No mundo humano as emanações dos Budas e Bodhisatwas realizam uma grande atividade através de seus ensinamentos, devido à causa das características evolutivas dos seres e sua sensibilidade.

O nascimento humano representa, com efeito, a situação mais favorável para o desenvolvimento e o incremento para a ocasião dos ensinamentos mais profundos. Em particular os ensinamentos tântricos que possibilitam uma transformação profunda da estrutura física, verbal e mental do indivíduo.

A transformação física se efetua através da identificação completa com a aparência da divindade, a transformação verbal pela recitação dos mantras e a transformação mental por estabelecer finalmente a mente em "samadhi" ou mente iluminada.

Isto não é realmente possível, a não ser que se haja renascido no mundo dos humanos e é neste mundo que os Budas e Bodhisatwas podem aparecer e oferecer efetivamente seus ensinamentos.

No que se refere ao mantras, há de dois tipos. Um primeiro grupo pode ser criado por seres que possuem inteligência e sabedoria transcendentes. Se chamam de "Mantra Nome" pois a parte central dos mesmos está constituída pelo nome da divindade ou do ser divino ao qual se implora e sobre o qual se medita. Por exemplo, o mantra de Milarepa ( o maior ser divino ou "santo" do Tibet ) é:

"OM AH GURU HADZA BENZRÁ HUNG".

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As sílabas OM e Ah estão colocadas ao princípio, e a sílaba HUNG ao final; elas representam respectivamente o corpo a palavra e a mente dos Budas e são comuns a todos os mantras.

A sílaba OM está associada ao corpo "vajra" ou seja, o corpo imutável dos Budas que é como o próprio espaço.

A sílaba AH está associada à palavra "vajra" que tudo penetra e a sílaba HUNG à mente vajra., que tudo permeia.

Gurú significa mais que Lama, ou sinal de Grande Mestria espiritual, HADZA BENDZRÁ ou HADZA VAJRA é um termo sânscrito traduzido em tibetano por "Shempa Dorgee". Hasa significa alegria ou júbilo maravilhoso e Vajra significa imutável, este era o nome tântrico de Milarepa.

Desta maneira, só pela repetição deste mantra se está invocando ao próprio Milarepa, e após a recitação do mantra estamos realmente em sua presença.

Para citar outro exemplo, podemos tomar o mantra de Vajrapani:

OM VAJRAPANI HUNG

Em sânscrito, ou "OM BENZRA PANI HUNG". Aqui estão escritas somente as sílabas do corpo e da mente imutáveis, e no meio o nome da divindade (Buda) Vajrapani como o componente da palavra.

Existem numerosos exemplos deste tipo de mantras do tipo que poderíamos chamá-los como tendo sido "fabricados" por Grandes Mestres espirituais ou Gurús. Isto

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não quer dizer de forma alguma que nós, pessoas ordinárias, possamos começar a criar mantras, pois não possuímos ainda a sabedoria suficiente para tal.

Um Grande Mestre espiritual pode criar estes tipos de mantras que serão completamente válidos, pois estão compostos unicamente a partir de sílabas existentes e do nome da divindade ou santo que é invocado.

No caso do segundo tipo de mantras, estes, podem ser criados apenas por Bodhisatwas da oitava, nona ou décima terra, ou seja, aqueles completamente iluminados.

Esta categoria de mantras provêem somente deste alto nível de experiência. E impossível que um ser de realização inferior a esta pudesse criar este tipo de mantras, e se isto ocorresse, coisa que será muito rara, o mantra não funcionará a contento em absoluto.

Com efeito, um indivíduo que não tenha esta profunda realização, nem a compreensão da natureza intrínseca dos fenômenos, da natureza da realidade, é simplesmente incapaz de criar um mantra específico, com um fim específico e que seja eficiente.

Pelo contrário, para um Bodhisatwa de excelentes qualidades é possível gerar este tipo de mantras que serão eficazes em relação à finalidade planejada.

Este ser possui, com efeito, uma compreensão total e precisa de todos os elementos envolvidos em cada situação. Um ser que tem realizado a primeira terra de Bodhisatwa é muito diferente de nós, não é um ser ordinário dado que tem uma compreensão muito precisa da natureza da mente. Mesmo que a sua compreensão possivelmente não seja total, já é porém, muito estável. Possui uma grande liberdade e júbilo interior que lhe permite se expressar com total independência e alegria.

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Neste nível, que poderíamos chamar inicial de realização, a mente pode manter num só instante cem estados de concentração meditativa, sem ser perturbada ou extraviada. Assim, mesmo este ser pode encontrar num só instante cem Budas, experimentar cem terras puras, emanar-se de cem formas diferentes, trabalhar para o bem de cem seres diferentes simultaneamente, lembrar-se de cem vidas passadas e olhar cem estados de existências futuros, etc. Todo isso o pode fazer num só instante. Porém incluso com este extraordinário nível de realização muito avançado, não pode criar mantras desta segunda categoria, pois lhe falta ainda a sabedoria necessária.

Os poderes e qualidades inerentes à primeira terra de Bodhisatwa, multiplicam-se por dez no nível da segunda terra de Bodhisatwa e se desenvolve a capacidade de manter mil estados de concentração num só momento. As qualidades e poderes multiplicam-se por dez em cada terra, porém, incluso a realização ligada à sétima terra não permite que um mantra apareça espontaneamente, quer dizer, não se pode ainda criar um mantra, inclusive à partir deste estado de consciência.

Na oitava, nona e décima terra de Bodhisatwas, chamadas de "as três terras puras", são obtidas as qualidades que se denominam a capacidade de controle ou poder.

Estas capacidades são dez. O Bodhisatwa começa a ter domínio sobre a duração da sua vida, as condições do renascimento, o karma, a riqueza, o poder de realizar atos puros, etc.

Por exemplo, um ser de qualquer destas três terras puras tem controle sobre seu renascimento. Isto significa que pode renascer no mundo que deseje, seja dentro ou fora do samsara ou em qualquer reino puro, aí donde seja necessário.

Assim, só o que tem que fazer é tomar a decisão de renascer nesse lugar particular e o renascimento automaticamente se produz. Ter o poder de realizar desejos puros significa que pode realizar imediatamente o anseio que aparece na sua mente.

O Bodhisatwa que tem o poder sobre as riquezas possui a capacidade de produzir uma chuva contínua de riquezas. onde quer sejam estas necessárias.

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E quanto ao poder sobre o karma, este ser tem a capacidade de eliminar, ou pelo menos diferir o karma negativo de um indivíduo de tal maneira que este não experimente o resultado kármico de suas ações negativas imediatamente nesta vida como deveria fazê-lo.

É fato que se todo o karma acumulado em vidas passadas caísse repentinamente sobre nós, de uma só vez, teríamos imensas dificuldades neste mundo e mais provavelmente, passaríamos para o outro bardo ( ou estado) rapidamente, sofrendo todas as penas possíveis.

Então, é necessário que, para que esta nossa vivência na terra com a eliminação dos karmas seja paulatina, que tenhamos a proteção dos Budas que nos escondem de nosso próprio Karma, por causa isso.

Tais são as bençãos do Buda da Medicina, Tara, Chenrezi, Amitayus, Amitaba, Nangyalma e Tröma, por exemplo.

Este tipo de poderes começa a ser manifestado a partir da oitava terra e se desenvolve ao longo da nona e décima terra ( níveis de iluminação) . Estas qualidades se tornam mais vastas e profundas a medida que o bodhisatwa progride. Para os seres que tenham atingido estas terras puras, se efetivam para sempre os quatro estados de consciência puros e preciosos, dos quais não há mais retorno.

1) Este é um conhecimento puro e precioso dos fenômenos do samsara e do nirvana, de todas as formas de experiência.

2) Este é um conhecimento puro e precioso da causalidade, é dizer, das causas e condições que produzem o samsara e o nirvana. Este Bodhisatwa pode observar claramente como são os diferentes fatores de uma situação que levam a um resultado particular. Pode olhar o sentido da situação em seu conjunto e ao mesmo tempo ser consciente de todas as suas das partes.

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3) Este conhecimento refere-se à comunicação através do som e da linguagem, e a capacidade de produzir uma ação benéfica pelo emprego habilidoso do som. Graças a este particular estado de consciência, os sons e as palavras que emite um Bodhisatwa agem eficazmente em todas as esferas de existência.

4) Este tipo de conhecimento permite reconhecer o processo kármico, o resultado de uma ação cometida, tem a capacidade de olhar o vínculo entre a causa e o efeito a cada instante.

Alguns mantras originaram-se da palavra de um Buda completamente desperto. Por exemplo, quando Buda Sakyamuni enunciou um mantra pela primeira vez este se converteu num instrumento infalível para a prática espiritual, pois surgia de um estado de consciência completamente desperta.

Em outras ocasiões, um Buda pode sugerir um mantra através de uma meditação, transmitindo sua benção ou sua influência espiritual a um ser especial que pronunciará o mantra. Se ocorrer realmente assim, o mantra surgido desta inspiração converte-se num instrumento autêntico para a prática espiritual.

Noutros casos, se diz que os mantras não surgem da boca de um Buda e sim de diferentes partes de seu corpo, como, por exemplo, da sua protuberância craniana ou ushinisha.

Desta maneira, algumas pessoas podem escutar o som do mantra que surge do corpo de um Buda, porém não de sua boca. Estas vibrações ou sons são considerados como instrumentos autênticos e infalíveis para o progresso espiritual pois provém da mente iluminada de um Buda.

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Alguns mantras associados a certas divindades (Budas e Bodisatwas) não tem sido transmitidos em forma verbal senão através da vibração sonora produzida pelo Buda em meditação. Este som é muito doce e melodioso como o canto de um pássaro.

O nome das divindades às quais referem-se estes mantras habitualmente começam com a palavra "Ushinisha" em sânscrito ou "Tsulktor" em tibetano.

Sabe-se que existem cinco ou seis divindades deste tipo. Por exemplo, "Namgyalma", uma divindade de longa vida, tem como nome "Ushinisha Vijaya" em sânscrito e "Tsulktor Namgyalma" em tibetano. Ushinisha alude à protuberância craniana de Buda, como também à origem miraculosa deste mantra. Ou seja, não é um mantra que um Buda tenha pronunciado verbalmente.

Também em alguns sutras encontram-se mantras. No Sutra da Grande Libertação há um mantra longo que começa com a invocação "Namo Budhaya, Namo Dharmaya, Namo Sanghaya" que foi enunciado por Buda quando ensinou este Sutra e reconpilado como parte dos discursos que Buda pronunciou. Existe também o famoso mantra conhecido com o nome de "Mantra Gatê", ou da Prajnaparamita – ou conhecimento transcendental - que é muito célebre nas tradições Budistas tibetanas e japonesas;

"TEIATÁ OM GATÊ GATÊ PARAGATÊ PARA SAM GATÊ BODHI SOHA(RRA)".

Foi pronunciado quando o Buda abençoava ao Bodhisatwa da compaixão Arya Avalokiteswara em sânscrito ou Tchenrezi em tibetano, inspirando-lhe este mantra.

É tido como o MAHA MANTRA ou o mantra insupeável, capaz de dissolver todos os karmas.

A cena está descrita no Sutra do Coração: o Buda estava em Samadhi e através de sua influência espiritual inspirou ao Bodhisatwa Avalokiteswara para que ensinasse a este mantra aos outros. Assim ouve uma transmissão direta do Buda através deste

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Bodhisatwa. Em todos estes casos trata-se de mantras autênticos surgidos da plena realização de Buda.

Uma introdução ao Tantra

Os ensinamentos e práticas conhecidas como tantras budistas podem ser encontrados desde cerca de 2500-2800 anos atrás, época em que possivelmente viveu o Buda Shakyamuni. Estes ensinamentos, conhecidos em sânscrito como Dharma ( aquilo que nos afasta do sofrimento e suas causas), contém milhares de métodos de yoga diferentes para superar obstáculos físicos e mentais à nossa felicidade e bem estar e todos se encaixam nas duas categorias conhecidas como sutras e tantras. Fala-se assim num total de 84.000 tipos de yogas, ensinadas pelo Buda, ou 84.000 tipos de ensinamentos diferentes, um para cada tipo de klesha ou não virtude básica.

Diz-se que estes ensinamentos sempre estiveram presentes na humanidade, desde eras e cilcos anteriores ao kalapa atual. Buda Shakyamunim entretanto, foi o único que passou e revelou os meios tântricos para se alcançar rapidamente a iluminação.

Há diferenças entre estes dois veículos ou yanas (em sânscrito), mas a base comum, de ambos, sutrayana e tantayana, é a natureza pura da mente, ou seu estado primordial.

A Pureza Fundamental da Mente

Segundo os ensinamentos budistas, não importa o quanto estamos confusos ou enganados no momento, a natureza subjacente e essencial do nosso ser é clara e pura. Assim como as nuvens podem obscurecer temporariamente mas não podem prejudicar o poder de doação de luz do sol, assim também as aflições temporárias de corpo e mente – nossa ansiedade, confusão, e o sofrimento que causam – podem temporariamente obscurecer mas não podem jamais destruir nem mesmo tocar a

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natureza fundamentalemente clara, pura e iluminada de nossa consciência primordial.

No mais profundo de nossos corações, e nos corações de todos os serem sem exceção, há uma fonte inexaurível de compaixão e sabedoria. E o propósito supremo de todas as práticas espirituais, budistas ou não é desvelar e contatar até manter cada vez mais presente em si mesma esta natureza essencialmente pura, estabelecendo o perfeito fluxo com ela.

Quando tivermos desenvolvido a nossa própria pureza interna, compaixão interna e amor interno, poderemos então ver o reflexo desta pureza e bondade amorosa nos outros. Mas, se não tivermos contatado estas qualidades em nós mesmos, veremos todos os seres como feios e limitados. Pois, o que quer que vejamos todos os dias na realidade externa, nada mais é do que a projeção de nossa própria realidade interna.

A existência desta natureza profunda e essencialmente pura da mente não é uma questão de crença ou aceitação cega de dogma. É uma questão de experiência.

Incontáveis pessoas através da história e dos tempos já descobriram este grande tesouro de paz, compaixão, amor e de sabedoria em si mesmos. E incontáveis grandes mestres e guias mostraram aos outros, com habilidade, como eles também podem descobrir sua própria natureza mais profunda e experimentar a felicidade insuperável que esta descoberta traz imediatamente.

Entre estes guias espirituais bondosos, está o Buda Shakyamuni, e a meta de todos os seus ensinamentos e métodos é a realização do nosso mais elevado potencial humano, ou a iluminação e a paz, ou ausência completa de sofrimento.

Segundo tal assertiva, a meta suprema de nossa evolução humana individual é a iluminação ou estado de Buda. Este estado, que pode ser conseguido por todos os

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seres, sem distinção, é alcançado quando todos os estados enganosos ou deludidos da mente – ganância, ódio, raiva, ciúmes, orgulho e arrogância, apêgo e desejo, ignorância ou cegueira e coisas assim ( conhecidos no budismo como os três ou cinco ou seis ou oito ou dez venenos da mente) que atualmente estão obscurecendo a nossa mente.

Quando tiverem sido totalmente transformados nas cinco sabedorias, que são o seu estado real de existência e não advindo da ilusão fabricada pelas dualidades das visões errôneas, o que ocorre quando todas as nossas qualidades positivas tiverem sido inteiramente desabrochadas.

Este estado de total realização, de pleno despertar, é caracterizado pela sabedoria ilimitada, compaixão ilimitada e habilidade ilimitada para realizar o que quer que seja necessário para levar todos os seres a este mesmo estado, ou o poder para fazê-lo.

Este é o poder de praticar sem parar, sem limites, o maior poder do Dharma.

O que é um mantra

Man é mente e Tra significa basicamente, proteção. Mantra, significa, pois, literalmente, aquilo que protege a mente.

Função dos mantras

A primeira função que cumprem os mantras é a de purificar-nos do véu da negatividade da ignorância, e por outra parte desenvolver em nos qualidades positivas. Acrescentar o mérito e nos acercar ao despertar.

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Alguns mantras estão particularmente associados aos vários aspectos de nossa existência.

Seja ao prolongamento de nossa vida, à purificação de nossas enfermidades, ao impedir a mente de cair nos estados inferiores, ou a eliminar o medo e a ansiedade, etc... ( mantras de Tara, p. ex.), os mantras tem a sua aplicação, em nos libertar da dor, renascientos como humanos comuns, ou seres inferiores ou superiores, doenças,velhice, morte e do seu conseqüente sofrimento e da permanência samsárica, levando-nos até a iluminação e ao nirvana.

Portanto, em geral podemos dizer que todos os mantras tem o mesmo objetivo, eliminar o sofrimento e a confusão, e nos conduzir até o despertar ou iluminação, mas aplicam-se em situações particulares, eventualmente.

Por exemplo, existe um mantra muito longo, o de Amitayus;

Este tipo de mantra é chamado de "Dharani" que em sânscrito quer dizer mantra longo e que possui uma estrutura gramatical própria.

No Sutra de Amitayus, "O Buda da Vida Infinita", se diz que seu Dharani tem sido enunciado por Amitayus mesmo, em seu aspecto de "Corpo de Perfeita Felicidade", ou Corpo de Radiância plena, ou Sambogakaya ( sânscrito).

Outorga um grande benefício para aquele que o recita, pois purifica as pessoas do karma que poderia resultar num renascimento nos estados inferiores de existência, ou ter uma vida curta ou com muitas enfermidades, etc. É muito benéfico recitá-lo para que o escutem os animais selvagens e domésticos, e inclusive insetos, pois se eles o escutam obtém um grande proveito espiritual.

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Sua mente se purifica de tendências kármicas que os retém neste estado inferior animal ou mais inferior e que poderiam levá-los ainda a estados mais inferiores num futuro. Por tanto, só fato de escutar o som é muito benéfico para os seres a um nível ou outro, inclusive se não são conscientes, certo é que experimentarão grandes benefícios num futuro próximo.

Tomemos como exemplo o mantra de cem silabas de Vajrasatwa. Estas cem sílabas são as sílabas geradoras das cem divindades "pacificas e coléricas" do Bardo Tödol ( O Livro Tibetano dos Mortos, ou Livro do Viver e do Morrer) correspondendo a palavra "Bardo" ao estado “entre dois”, em tibetano, ou seja, aos seis tipos de estados de consciência possíveis para os humanos, estados como o bardo do sonho, da meditação, da vida, do instante antes de morrer, do depois de morrer e do renascimento.

Desta maneira, as cem divindades que aparecem nos 49 dias após a nossa morte, ( 7 semanas) até o renascimento ou não, estão representadas potencialmente nas cem sílabas deste mantra. O mantra tem uma certa estrutura gramatical e uma pessoa versada na língua sânscrita e sua sintaxe podem traduzí-lo como uma prece a Vajrasatwa, ou Vajrasatto, o Buda da purificação de todos os karmas.

ASSIM SE PRONUNCIA O MANTRA DAS 100 SÍLABAS DE VAJRASATTO

OM BENZRASATTO SAMAYÁ, MANUPALAYÁ, BENZRASATTO TENOPÁ, TRIKSTRA DRIDHO ME BAUÁ, SUTOKAYO ME BAUÁ, SUPOKAYO ME BAUÁ, ANURAKTO ME BAUÁ, SARVA SIDDHI ME PRAYATSA SARVA KARMA TSUTSA ME, CHITTAM SHRIAM, KURU HUM, HAHAHAHAHAHO, BAHAGAVAN, SARVA TATÁGATA BENZRA MA ME MUNTSA BENZRA BHAVA MAHA SAMAYÁ SATTO AH HUM PÊ (21 a 25 VEZES)

Dizem que 100.000 recitações contínuas deste mantra tem o poder de curar (dissipar) todos os karmas de vidas passadas e desta vida e também remover todos os obstáculos e doenças.

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Entretanto, se tal não ocorrer, que não se desanime por isso; se tal não ocorrer, deve-se fazer mais 100.000 vezes até alcançar o efeito desejado. Ao cabo de algumas centenas de vezes de repetição dos 100.000 mantras é certo que qualquer coisa desejada seja alcançada. Isso pode demorar muitas vidas, tal é o efeito do mau karma.

Porém, o significado último destes sons, além do nível conceitual, sonoro, sensorial, perceptivo e gramatical, pode somente ser compreendido por um ser que tem a sabedoria de um Buda, completamente iluminado. O sentido destas sílabas permanece impenetrável para aquele que não tem realizada ainda a experiência do despertar. Porém, recitar o mantra com fé e confiança permite receber seus benefícios, ainda que não se tenha uma compreensão intelectual ou uma percepção direta do mesmo.

Tem se dito que o mantra de cem sílabas de Vajrasatwa tem o poder de nos purificar de qualquer falta cometida inclusive crimes de morte e contra os vínculos iniciáticos, se o recitamos vinte uma ( em algumas escolas) ou vinte e cinco ( em outras) vezes por dia sem interrupção. Ademais pode purificar as infrações cometidas conscientemente ou inconscientemente, nestas e em outras vidas passadas.

Vejamos agora o mantra "OM MANI PEME HUNG" que é o de Avalokiteswara (sânscrito ou Chenresig em tibatano), o Bodhisatwa da compaixão( KuanYin, na China).

Recitar este mantra é importante em vários níveis. As seis sílabas do mantra podem eliminar os "seis venenos" das seis emoções perturbadoras da mente, fechar as portas dos renascimentos nos seis estados de retorno para a existência samsárica quando no bardo do renascimento ( evitando assim de se renascer no 1 - reino dos infernos, 2- no dos espíritos famintos 3- reino dos animais, 4- no reino humano, 5 - no dos titãs ou no dos semi deuses, e 6 - no dos deuses ) aumentar muito nossos méritos, diminuindo até eliminar todo o nosso karma, desenvolver e aperfeiçoar as seis Paramitas ( doação, paciência, moralidade, contentamento jubiloso, concentração, atenção, conhecimento transcendental, etc..) .

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A recitação destas seis sílabas é eficaz em todos estes níveis. Estar em contato com este mantra "OM MANI PEME HUNG" seja pela audição, pela visão, a recitação, o pensamento, ou tato - por exemplo, por um mala ou rosário, tocar as formas de suas letras gravadas – ou mesmo suas telas ( rodas do Dharma) rodando em seu computador, numa roda virtual do Dharma ( anexa) transmite uma grande benção a você e a todos aos seu redor e outorga os benefícios que provém do poder inerente deste mantra.

Coloque-as ( leia o arquivo) no seu browser e deixe-a rodar. Isso estará fazendo o mantra OM MANI PEME HM na velocidade do seu hd, de 7-12.000 rpm.

Sua Santidade o Dalai Lama disse que isso é verdadeiro.

Incluso se um animal escuta o som do mantra, isso terá ao nível de sua consciência uma influência muito libertadora deste estado animal. Este ser será libertado dos estados inferiores, e estabelecido num renascimento humano, onde entrará em contato com o Dharma e na sua compreensão; e progredirá no caminho da iluminação.

O Buda tem dito: "Pode-se pegar todos os grãos de areia contido em todos os oceanos e em todos os rios do mundo, e o Buda poderia contá-los, porém não se pode conceber e nem contar os benefícios de uma só recitação deste mantra".

Existem textos onde estão compilados numerosos mantras e dharanis provenientes de diferentes fontes, sejam eles Sutras ou Tantras, etc. Um destes textos é conhecido com o nome de "Ngak Bum" que em tibetano quer dizer "cem mil mantras".

Ainda que na realidade não tenha cem mil mantras é um nome genérico para significar que nele encontram-se os mantras mais importantes, pronunciados e

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inspirados por Buda e suas emanações, ou que tem aparecido de uma maneira autêntica. Para aqueles que estejam interessados em praticar sua recitação, com todos os benefícios possíveis, lhes proponho receber um "lung" ou “wang” ( tibetano) ou iniciação de um Lama qualificado.

Podem gravá-los e escutá-los na sua casa da mesma maneira que escutam música, porque também é tudo isso muito benéfico.

Um dos principais discípulos de Buda era um Arhat chamado Shariputra. Sua mãe ainda estava com vida quando ele atingiu a realização do estado de Arhat. Porém sua mãe não possuía nem compreensão nem vontade de estudar o Dharma ( a doutrina do Buda, que conduz a liberação do sofrimento, e a iluminação, pelo bem de todos os seres), e seu filho ficou muito preocupado por esta situação.

Ele queria que sua mãe estuda-se e se interessasse pelo Dharma a fim de obter todos os seus benefícios. Porém o estudo não lhe gostava. Então Shariputra colocou em andamento um meio hábil: suspendeu um sino sobre a porta de entrada de sua casa em uma altura que fazia a pessoa soá-lo quando entrasse nela; e lhe falou a sua mãe: "tenho colocado uma nova regra a partir de hoje nesta casa, cada vez que alguém entre em nossa casa e escutar o som deste sino, deverás falar "Om Mani Peme Hung" e todos aqueles que escutarem o som deste sino deverão fazer o mesmo".

A partir daquele momento, cada vez que alguém entrava na casa e fazia soar o sino "ding", a mãe falava "Om Mani Peme Hung". Desta forma ela criou este hábito pelo resto de sua vida.

Ao morrer, suas tendências kármicas predominantes eram muito negativas, a tal ponto que ela renasceu num mundo infernal. Encontrou-se aí muito perto de um enorme caldeirão que continha metal fundido fervente e onde ia ser jogada e queimada viva. Um demônio que se encontrava ao seu lado mexendo no líquido com uma enorme concha golpeou com violência a borda do caldeirão produzindo o som

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igual ao do sino que ele tanto escutara; "ding" – imediatamente, devido ao hábito que ela tinha adquirido, falou o mantra "Om Mani Peme Hung" e foi num instante conscientizada de que estava morta e acordou, com a consciência do fato, se lembrando deste mantra, sendo assim liberta desse estado infernal ilusório e retomou a seguir por força de sua vontade consciente, a um renascimento num reino superior.

Esta é uma maneira de ajudar diretamente a um ser humano, animal ou outro ser qualquer.

Escuta-se o som do mantra "Om Mani Peme Hung" e outros e isto não pode lhes fazer nenhum dano, senão pelo contrário, lhes será de grande beneficio.

Desta forma, podemos ajudar muitos a todos os seres e contribuir muito rapidamente para o seu desenvolvimento espiritual.

Podemos dizê-los silenciosamente em pensamentos apenas para eles, também.

Mantras específicos:

"OM AH GURU HADZA BENZRÁ HUNG"

Mantra de Milarepa, este é o grande santo que atingiu o completo despertar numa vida. Sua recitação desenvolve a diligência e o fervor na prática.

"OM BENDZRA PANI HUNG"

Mantra de Vajrapani, que é a personificação do poder dos Budas. Sua recitação permite desenvolver a coragem na ação para o bem de todos os seres.

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"NAMO BUDHAYA - NAMO DHARMAYA - NAMO SANGHAYA"

Recitando este mantra de homenagem ao Buda, o Dharma e a Sangha, tomamos refugio para nos proteger dos sofrimentos do samsara.

"TEYATA OM GATÊ GATÊ PARAGATÊ PARA SAM GATÊ BODHI SÔHA(RRA)"

PS - A letra H tem sempre o som de R ou RR.

É o mantra da Prajnaparamita ou conhecimento transcendental, ou da vacuidade. Sua recitação aumenta a inteligência, permite eliminar o apego ao ego como uma entidade individual dotada de existência própria e realizar que os fenômenos estão vazios de natureza própria.

"OM MANI PEME HUNG"

O Mantra de Avalokiteswara, ou Chenrezig, ou Tchenrezig, personificação da compaixão. Sua recitação elimina os sofrimentos e permite atingir a completa paz mental.

"TEYATA OM MUNI MUNI MAHA MUNAYE SHAKYAMUNIE SOHA "

O mantra de Sakyamuni, o Buda histórico. Tem sido dito que se uno recita este mantra uma só vez os atos negativos de 80.000 kalpas são purificados.

PS - 1 kalpa equivale a inúmeros éons.

"OM AMI DEWA HRI (TIA) "

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O Mantra do Budha Amitabha, permite desenvolver um amor infinito por todos os seres.

Amithaba é o Buda da Luz Infinita.

"OM AMARANI(AI) DIVANTAIYE SÔHA(RRA)"

O mantra de Amitayus, o Buda da Longa Vida que permite obter longevidade e saúde para poder ajudar a todos os seres.

" OM ARÁ PATSÁ NADHI DHI DHI" ( DIRIDIRIDIRDIRIDIRI........)

E o mantra de Manjursi, personifica a sabedoria dos Budas. Sua recitação permite realizar as qualidades desta sabedoria.

"OM HÁ HUNG BENZRÁ GURU PEMA SIDHI HUNG"

Mantra de Padmasambhava ( Guru Rimpoche) que permite afastar os obstáculos e receber os benefícios ordinários e último; o insuperável despertar.

"OM BENZRÁ SATO HUNG"

É o mantra curto de Vajrasatwa, o aspecto purificador dos Budas. A recitação deste mantra e a prática de sua meditação formam às práticas "preliminares específicas" ou Nondro do Vajrayana. Permite purificar rapidamente os véus que cobrem a natureza pura da mente e dissolver as visões errôneas.

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A IMPERMANÊNCIA

A meditação sobre a impermanência tem o poder de diminuir nosso apego a esta vida e de estimular a prática da virtude.

A impermanência do Universo.

O Universo se nos apresenta como sólido e firme, porém ao termino de um ciclo cósmico será destruído gradualmente pelo fogo, água e ar.

A impermanência manifesta-se igualmente na evolução do tempo, com a mudança progressiva das quatro estações. Na primavera, a terra de cor morena avermelhada, se enternece e brotam árvores e plantas; quando chega o verão, o terreno de cor verde azulado, torna-se úmido; expandem-se flores e folhas; depois a força do outono fortalece o solo, que se torna de cor ocre, e os frutos maduram; finalmente, ao aparecer o inverno, a terra se congela e torna-se cinza, as arvores e plantas se secam e tornam-se quebradiças (condições no Tibet).

Nada há que seja permanente; o sol e a lua aparecem e desaparecem continuamente; o dia é claro e transparente, porém depois vem a noite que é escura e fosca.

Tudo muda de hora em hora, minuto a minuto, de instante a instante, como o curso de uma cascata que, ainda que nos pareça sempre o mesmo, está porém mudando continuamente ao se renovar incessantemente à água.

A impermanência de todos os seres

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Todos os seres do universo são mortais; os que pertencem ao passado estão mortos, os que pertencem ao presente morrerão, os que pertencem ao futuro morrerão.

Do mesmo modo, de ano em ano, hora após hora, minuto após minuto, nos aproximamos do momento de nossa morte. Por muito valentes que sejamos não poderemos evitar o medo e desconforto de pensar em sua companhia. Por muito rápido que sejamos ao correr não poderemos fugir dela; por muito eruditos que possamos ser, mesmo com nossas hábeis palavras, nossa inteligência que pode ser como a de um raio ou nossa profunda eloqüência e facilidades verbais, nosso poder material, não mudarão em nada esta realidade.

Nem o heroísmo de um exército, nem a influência dos poderosos, nem nenhuma arma refinada, nem a astúcia dos espertos, nem o corpo de uma mulher bela, saberiam como evitar a morte, da mesma maneira que ninguém saberia deter, nem sequer reduzir, a marcha do sol quando desaparece por de trás das montanhas.

Ninguém sabe quanto tempo viverá; alguns morrem no ventre de sua mãe; outros ao nascer, outros na infância, alguns na sua juventude, outros na sua velhice.

Também é incerto o que ocasionará nossa morte, e ninguém sabe qual será a sua causa; ela poderia sobrevir mediante o fogo, a água, o vento, o raio, a queda num abismo, um desprendimento, o afundamento de uma casa, uma arma, um veneno, um demônio, uma crise repentina, uma enfermidade... .

Esta vida é frágil como a chama de uma vela no vento, como uma borbolha de ar na água, ou um pingo de orvalho na erva.

Quando a morte vem para nós, sem ser este o nosso desejo, nos vemos obrigados a abandonar tudo sem pretendê-lo na mais mínima vontade: nossa terra, nossa casa, nossas riquezas, nossos parentes, nossos pais, amigos, filhos, cônjugue; e, tendo incluso abandonado nosso próprio corpo, todas nossas idéias e vãs filosofias, nos encontramos sozinhos, sem liberdade e sem amigos, neste espaçoso lugar chamado Bardo. (o estado intermediário entre uma vida e uma morte ou um estado diferente

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do estado lúcido vivo e acordado – que também é um dos bardos - ou o estado antes do renascimento, ou o estado do sonho, ou da meditação, por exemplo).

E uma vez mortos, incluso aqueles que nos amavam negar-se-ão a que nosso cadáver permaneça diante de seus olhos por mais de um dia ou dois; olhando-o não experimentarão mais do que desgosto, certo pejo e temor. Seremos transladados pelas pessoas para o mais longe possível pois estaremos exalando mal cheiro, e uma vez tendo saído de nossa casa nosso corpo será cremado, ou enterrado e ninguém nunca jamais voltará a nos olhar nesta forma transitória.

É preciso pensar que tudo isto também chegará eventualmente, mas inexoravelmente, a nós. Desde agora devemos aplicar-nos na prática do Dharma de uma maneira perfeitamente pura, porque nesse momento os únicos amigos que nos poderão ajudar e proteger são o Gurú, o Buda, o Lama e as Três Jóias.

Pensemos que além destes nossos amigos estaremos sob a influência do Karma, benéfico ou prejudicial segundo proceda da virtude ou do vício.

Este karma em última análise nem é real, mas, devido aos enlaces das muitas vidas, é como uma intensa cola, que se aderiu a nossa mente, e dificilmente se poderá libertar dele sem a ajuda e mestria dos Mestres puros e dos tantras e mantras, após a morte.

Deuses e orações apenas não nos poderão ajudar aí, pois pertencem ao samsara.

A impermanência do todo o que nos rodeia.

Em geral todo o composto é impermanente; também nosso corpo o é pelo fato de ser o resultado da união de diferentes elementos; bons ou maus Karmas, semente

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paterna e sangue materno, os quatro elementos, espaço e princípios conscientes ( 8 consciências).

Assim: .

O que está acima vai para baixo E o que está abaixo vai para cima. O rico chega a ser pobre, E o pobre a ser rico. O inimigo torna-se amigo, O amigo se torna em inimigo. Nada existe cuja natureza seja permanente; E, tomar como permanente, o que é transitório, Não é mais do que uma ilusão de loucas proporções.

A Doutrina dos três corpos de Buda

Todos os Budas tem três corpos, obtidos a partir da imensa quantidade das duas acumulações de karma positivo e supremo conhecimento que tem reagrupado ao ter o espírito do despertar e ao praticar as seis virtudes transcendentais.

Destes três Corpos dois são formais: O Sambogakaya ( Lit. Corpo de Gozo ) e o Nirmanakaya ( Lit. Corpo de emanação ). Estes dois corpos formais são particularmente o fruto em plena madureza kármica, de toda acumulação de karma positivo que foi reagrupado pela fé nos seres superiores e a compaixão para com os inferiores e iguais.

O Terceiro corpo dos Budas é informal; é o Dharmakaya ( Lit. corpo do Dharma). É mais particularmente, o fruto imaculado da acumulação de supremo conhecimento

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que se fez, meditando sem nenhuma distração, num estado de absorção desprovido de toda concepção dualista mental.

O Dharmakaya reside no palácio do Domínio infinito que o abrange tudo (Dharmadatu) chamado Omine. Penetra tudo, tanto o Samsara como o Nirvana e transcende todas as categorias emanadas do espírito ou consciência.

O Sambhogakaya aparece por intermédio de um suporte formal (o aspeto de uma divindade) ou radiante diante dos Bodhisatwas do décimo grau. Devido à conjunção de dois fatores, a própria aparição dos Budas e o karma positivo dos Bodhisatwas, recebem o nome de Sambhogakaya.

O Nirmanakaya pode ser de tres tipos. Primeiramente estão às emanações que disciplinam neste mundo, (segundo o Dharma) aos seres que devem sê-lo, por meio de diferentes atividades tradicionais. Recebem o nome de emanações que se manifestam num ofício.

Logo estão as emanações de nascimento que disciplinam aos seres tomando formas variadas; humanas para os homens, animais para os animais. Finalmente estão as supremas emanações que são as que operam ( como o próprio Shakyamuni) para o beneficio de todos os seres através dos doze atos que manifestam-se da seguinte forma.

Os doze feitos de um Buda :

1) Abandonar o céu de Tushita, de onde veio, 2) entrar numa matriz, 3) nascer, 4) estudar as ciências e artes tradicionais, 5) tomar uma mulher, 6) renunciar ao mundo, 7) praticar o ascetismo, 8) sentar-se embaixo da arvore Bodhi, 9) ser o general que derrota e assume o comando dos exércitos de Mara, 10) atingir a iluminação, 11) Girar a Roda do Dharma, 12) Ir para o Nirvana.

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As qualidades dos Budas

O espírito (consciência, em verdade, não há espíritos realmente aqui nestes conceitos) dos Budas tem qualidades incomparáveis, onde não existe nenhum objeto de conhecimento do samsara, do nirvana ou do caminho que conduz do primeiro ao segundo, que não conheçam intuitivamente nem vejam diretamente através de seu supremo conhecimento.

Os Budas também tem um intenso amor (na realidade compaixão desimpedida ) não discriminante que continuamente mantém seu olhar sobre todos os seres com uma compaixão tal que os toma a seu cargo, qualquer que seja e estejam onde estiverem, sem nenhuma parcialidade nem apego.

A isto se chama de Amor Compassivo.

Ademais, as atividades divinas de todos os Budas manifestam-se sem fim e sem interrupção, disciplinando a todos os seres com o emprego de todos os meios apropriados para cada um e operando para benefício de todos eles, tanto se a relação que tiveram com eles tenha sido positiva ou negativa.

Pelo poder da graça desta atividade divina, a fé, a devoção, o amor bondoso, a compaixão, etc, se acrescentam no espírito de todos os seres, chegando a conhecer a vacuidade ( vacuidade não é o vazio, ou vácuo, pois sua natureza é a plena e compaixão e a sabedoria, berço de todos os possíveis da mente, mas para fins de compreensão, a chamamos de vacuidade - Nagarjuna ) de todo Dharma, tanto objetivo como subjetivo. Estes percebem assim o caráter ilusório de todas as coisas e deixam de se apegar as mesmas.

Aplicando-se a deixar permanecer o espírito no estado de tranqüilidade ( meditação Shinê em tibetano ou Shamatha em sânscrito) e a reconhecer sua verdadeira natureza por meio do olhar ou “insight” penetrante (Vipásyana em sânscrito ou Lakthong em tibetano) – que consiste no repousar na natureza da própria mente

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iluminada, sem nenhum esforço, atravessam as seis e dez virtudes transcendentes (ou Paramitas) os dez graus de Bodhisatwas e as cinco vias da realização, atingindo assim o estado de Buda.

A este poder que tem os Budas, graças a sua atividade divina, de dar refúgio aos seres que temem o sofrimento do ciclo de existências e de estabelecê-los no estado de Buda, se lhes chama o Poder de Refúgio.

Outras qualidades dos Budas e dos grandes Bodhisatwas

a) Podem viver tanto tempo quanto quiserem. Este é seu poder sobre a vida.

b) Podem permanecer em qualquer tipo de Samadhi. Este é seu poder sobre o espírito ou consciências.

c) Podem fazer cair sobre os seres preciosas chuvas de riquezas e manjares. Este é seu poder sobre os bens materiais.

d) Podem afastar temporalmente um karma que deveria ser experimentado. Este é seu poder sobre o Karma.

e) Permanecendo no estado de Dhyana podem nascer desprovidos de toda mancha no mundo dos desejos. Este é seu poder sobre o nascimento.

f) Se quiserem podem transmutar qualquer dos quatro elementos em não importa qual dos demais. Este é seu poder da Vontade.

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g) Para o bem de todos os seres e o seu próprio bem, podem fazer que se realizem seus sublimes desejos. Este é seu poder de preces e desejos.

h) Podem manifestar, para o bem de todos os seres incomensuráveis milagres. Este é seu poder sobre os milagres.

i) Possuem este conhecimento imediato que lhes proporciona certeza total enquanto ao sentido do Dharma e segurança perfeita enquanto à sua expressão. Este é o seu poder do supremo conhecimento.

j) Finalmente, tendo formulado o Dharma ou corpo de ensinamentos dos Budas como um sistema de letras e palavras, podem satisfazer plenamente o espírito dos seres lhes ensinando a todos, simultaneamente, e na língua que lhes convém a cada um.

Este é o poder do seu Dharma.

Comparadas a estas qualidades dos grandes Bodhisatwas as dos Budas são ainda mais elevadas. Ademais destes poderes, seus corpos possuem os trinta e duas marcas maiores e os oitenta sinais ou marcas menores de realização. Sua palavra possui sessenta qualidades características e tem também as dez forças, as quatro ausências de medo, as dezoito não confusões, etc.

Em conjunto possuem dez milhões de qualidades que provem do fato de que seu espírito ou consciência está livre de todo véu de apreensão conceitual, assim como da maturação kármica de sua virtude.

Os 4 estados sublimes da mente

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Diz o Buda:

Da

Benevolência ou bondade:

"Com pensamentos cheios de benevolência, preenche primeiro uma direção, logo uma segunda direção, depois uma terceira direção, logo uma quarta direção, logo acima, abaixo e todo redor, assim em todas as dez direções. Ao se identificar com o todo, o discípulo preenche o universo inteiro com pensamentos de benevolência, com o coração que se tem tornado grande, amplo, ilimitado, e purificado de toda e qualquer má vontade"

Compaixão:

"Com pensamentos cheios de compaixão, preenche primeiro uma direção, logo uma segunda direção, depois uma terceira direção, logo uma quarta direção, logo acima, abaixo e todo redor. Ao se identificar com o todo, o discípulo preenche o universo inteiro com pensamentos de compaixão, com o coração que se tem tornado grande, amplo, ilimitado, e purificado de toda e qualquer má vontade"

Gozosa simpatia ou Júbilo Incomensurável:

"Com pensamentos cheios de gozosa simpatia, preenche primeiro uma direção, logo uma segunda direção, depois uma terceira direção, logo uma quarta direção, logo acima, abaixo e todo redor. Ao se identificar com o todo, o discípulo preenche o universo inteiro com pensamentos de gozosa simpatia, com o coração que se tem tornado grande, amplo, ilimitado, e purificado de toda e qualquer má vontade"

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Equanimidade: "Com pensamentos cheios de equanimidade ( tratar todos os seres, os próximos e distantes. amigos ou inimigos igualmente, sem apego e sem aversão), preenche primeiro uma direção, logo uma segunda direção, depois uma terceira direção, logo uma quarta direção, logo acima, abaixo e todo redor. Ao se identificar com o todo, o discípulo preenche o universo inteiro com pensamentos de equanimidade, com o coração que se tem tornado grande, amplo, ilimitado, e purificado de toda e qualquer má vontade".

Assim o discípulo:

"Exercita a prática da Bondade, pois pela sua prática toda inimizade será abandonada".

"Exercita a prática da Compaixão, pois assim todo vexame será abandonado."

"Exercita a prática da Simpatia, pôs assim todo desgosto e maus entendidos serão abandonados."

"Exercita a prática de Equanimidade, pois assim toda repulsa será abandonada."

O precioso corpo humano

Diz-se que o corpo humano é precioso porque possui todas as qualidades que se necessitam para consagrar-se à prática do Dharma; tais qualidades se classificam em oito liberdades e dez aquisições. ( 18 condições que tem de ocorrer simultaneamente para se tomar um corpo humano precioso e ter um renascimento precioso)

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As oito liberdades

Dizer que o precioso corpo humano tem oito liberdades significa que deve estar livre dos oitos estados de existência no qual não há tempo para treinar o Dharma.

Livre dos três estados onde somente existe sofrimento: o dos estados infernais, o dos espíritos ávidos, e o dos animais.

Livre da condição dos ateus que não conhecem nenhum Dharma.

Livre da condição dos deuses de longa vida que estão continuamente distraídos pelos desejos dos sentidos, e que ao perderem o seu karma positivo, renascem em condição quase sempre, inferior, tendo conhecimento e sofrendo antecipadamente por esta queda. Livre da condição dos que não podem ter confiança na Lei do Karma ou, em geral, no Dharma e cujas crenças se opõem a este.

Livre do nascimento numa era escura, ou obscura, quer dizer, na qual não apareceu nenhum Buda.

Livre do estado de simples de espírito ou dos cegos e surdos mudos que quanto à faculdade de compreender o Dharma, tem no fundamento a sua própria enfermidade.

As 10 aquisições.

Para ter um precioso corpo humano é necessário ademais ter adquirido outras dez qualidades.

Cinco que as caracterizam propriamente:

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1)A obtenção da condição humana.

2) Um nascimento num centro, quer dizer, num pais onde o Dharma esteja difundido.

3) Possuir os cinco sentidos assim como a faculdade de compreender o que é ensinado.

4) A ausência de atividades que se contradigam com o Dharma.

5) Ter fé nas Três Jóias ( Buda, Gurú, Dharma e a Sangha )

Outras cinco que estão relacionadas com fatores exteriores a ele.

1) Deve ter aparecido um Buda 2) Este Buda deve ter ensinado o Dharma 3) Sua doutrina deve estar viva em nossos dias. 4) Deve ter numerosos adeptos. 5) E graças a sua bondade e a sua fé, deve-se poder gozar de condições favoráveis para a prática.

Dificuldade de se obter um corpo humano precioso

O corpo humano segundo o budismo só é precioso mesmo quando são preenchidas estas 18 condições, que permitem conduzir à iluminação.

Senão, é dito que nossa vida não vale mais que a de um cão. O raro deste precioso corpo humano se ilustra de três formas.

1) Considerando sua causa kármicas: Ter sabido manter uma conduta ética perfeitamente pura, são raros os que tem sido capazes.

2) Por relações quantitativas que indicam que entre todas as possibilidades de existência, o número de estados infernais é comparável ao dos grãos de pó que há em cima da terra .

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3) O número de espíritos ávidos ao de grãos de areia do rio Ganges.

4) O numero de animais aos de flocos de neve.

5) O numero de seres dos três estados de existência superior é comparável ao de estrelas da noite.

6) O numero dos que possuem um corpo humano precioso são tão raros como as estrelas que brilham ao pleno dia.

7) O Raro se ilustra com um exemplo; uma tartaruga cega que, vivendo no grande oceano, sai à superfície uma só vez a cada cem anos, teria mais possibilidades de introduzir sua cabeça no buraco de um pedaço de madeira à deriva que as que há para obter este precioso corpo humano.

Seu verdadeiro sentido

Assim este precioso corpo humano é tão raro que se agora que o temos obtido não nos consagramos a desprendermos de todo sofrimento do Samsara seguindo a via da liberação obtendo assim a beatitude eterna do estado de Buda, nosso comportamento será ainda pior que o de um homem necessitado que despreza tirar proveito de um enorme tesouro que acaba de descobrir.

Pelo contrário, se renunciamos agora a todas as atividades do Samsara, que trazem grandes preocupações muito pouco justificadas e, sem pretender ou fingir conhecer a doutrina e meditação, obtemos o elixir do Dharma de um Lama realizado que se converta em nosso mestre espiritual, poderemos, quando tenhamos assimilado os pontos essenciais do Dharma, levar até seu termo as duas acumulações de Karma positivo e de Supremo conhecimento, assim como a purificação dos diferentes véus que escurecem nosso espírito e uma vez concluída as práticas das duas fases do processo de meditação conseguir que este precioso corpo humano chegue a ser suporte de nossa liberação e assim lhe dar seu verdadeiro significado.

Estudo sobre a Mente

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Temos uma certa noção superficial do que é a mente. Para nós, é o que experimenta o sentimento de existir, o que pensa "sou eu", "eu existo". É ainda o que é consciente dos pensamentos e sente os movimentos emotivos, aquilo que, segundo as circunstâncias, tem o sentimento de estar feliz ou infeliz. Fora disso, não sabemos o que é, verdadeiramente a mente. Talvez seja mesmo provável que nunca nos tenhamos feito essa pergunta.

A mente sente, não os órgãos

É evidente, em primeiro lugar, que a mente não tem existência material. Não é um objeto que se possa definir a cor, o tamanho, o volume ou a forma. Nenhuma dessas características é aplicável à mente. Não podemos apontar a mente com o dedo, dizendo: "É isso". Nesse sentido, a mente é vazia. Entretanto, quer a mente seja desprovida de forma, de cor, etc, não é suficiente para concluir sobre sua não-existência, pois os pensamentos, os sentimentos, as emoções conflituosas que ela sente e que produz provam que alguma coisa funciona e existe, e que a mente não é, portanto, somente vazia.

Logo, o que é esse sentimento de existir? Onde ele se situa ? No exterior, ou mesmo no interior do corpo ? Se ele se situa no interior do corpo, quem o sente ? A carne, o sangue, os ossos, os nervos, as veias, os pulmões, o coração ? Se vocês refletirem atentamente, irão admitir que nenhum membro, nem nenhum órgão reivindica sua própria existência, dizendo "eu". Assim, a mente não pode ser assimilada a uma parte do organismo. Tomemos o exemplo do olho. O olho não proclama sua própria existência.

Ele não diz para si mesmo: "Eu existo", ou ainda: "É preciso que eu olhe uma determinada forma exterior; esta é bonita, aquela não o é; eu me apego a primeira e rejeito a segunda". O próprio olho não tem nenhuma vontade, não experimenta nenhum sentimento, nem apego, nem aversão. É a mente que tem o sentimento de existir, que percebe, julga, se apega ou rejeita. O mesmo vale para o ouvido e os sons, o nariz e os odores, a língua e os sabores, a pele e os contatos, o órgão mental e os fenômenos. Não são os órgãos que percebem, mas a mente.

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O carro tem necessidade de um condutor. Os órgãos, inconscientes por natureza, não são a mente, são como uma casa na qual se mora. Os moradores são o que se chama de consciências:

1) consciência visual

2)consciência auditiva

3)consciência olfativa

4)consciência gustativa

5) consciência tátil

6) consciência mental.

Essas consciências não existem de maneira autônoma. Elas nada mais são do que a mente.

Pode-se dizer ainda que o corpo é como um carro e a mente o seu condutor. Quando o carro está desocupado, apesar de possuir todos os equipamentos para rodar - o motor, as rodas, o combustível, etc, - e de encontrar-se em perfeito estado de funcionamento, ele não pode ir a nenhum lugar. Do mesmo modo, um corpo desprovido de mente, mesmo que possua a totalidade dos órgãos, não passa de um cadáver. Apesar de ter olhos, ouvidos, um nariz, ele não pode ver, nem ouvir, nem cheirar.

Alguns pensarão que a morte não atinge apenas o corpo, mas também a mente: o primeiro torna-se cadáver, a segunda deixa simplesmente de existir. Mas não é o que ocorre. A mente não nasce, não morre, e não é atingida pela doença. É eterna. O que percebe as formas vistas pelo olho, os sons ouvidos pelo ouvido e os outros objetos através dos outros órgãos dos sentidos, o que é consciente, o que não é interrompido pela morte do corpo é, portanto, a mente. Como vimos, considerando-se que ela é destituída de qualquer característica material, não é possível designá-la como uma coisa visível e facilmente reconhecida, caso contrário alguém poderia mostrá-la para nós.

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De fato, possuindo uma mente, todos devemos consultar a nós mesmos e, guiados por um mestre, proceder a uma investigação que nos leve até a descoberta de que ela é verdadeiramente. Qual é sua forma, sua cor, seu volume? Ela está situada no exterior ou no interior do corpo? São questões que necessitam de uma resposta verificada pela experiência, mesmo se tivermos recebido previamente explicações teóricas como estas dadas aqui.

Escuta, reflexão, meditação. A prática do dharma compreende sempre três etapas, chamadas escuta, reflexão e meditação. A escuta consiste em receber ensinamentos teóricos e instruções. Seu corolário indispensável é lembrar-se com fidelidade do que foi dito ou lido.

A reflexão consiste em proceder a um exame discursivo dos dados que recebemos ou ainda a uma investigação para tentar responder às questões colocadas. No caso presente, por exemplo, pesquisar a forma e a cor da mente, sua localização, seu grau de existência, etc.A meditação acontece quando são alcançadas as conclusões pela reflexão. Ela deve ser não-discursiva e sem descontinuidade.

Essas três etapas constituem uma sucessão obrigatória. O que é exposto aqui pertence à fase da escuta. É necessário retê-la antes de abordar as etapas seguintes.

Para descrever a mente consideramos três aspectos:

sua essência: a vacuidade;

sua natureza: claridade;

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seu modo de funcionamento: inteligência.

Vacuidade

A essência da mente é ser vazia. O que significa, como já foi dito, que ela não tem nenhuma existência material. Não tem forma, cor, volume, tamanho. É impalpável e indivisível, semelhante ao espaço.

Claridade

Todavia, a mente não é como um espaço obscuro que nem o sol, a lua ou as estrelas clareia sim, mas como o espaço diurno ou ainda como o espaço de uma sala iluminada.

Isso claro que é apenas uma comparação, e apenas aproximada. Significa que a mente possui um certo poder de conhecer. Não é o próprio conhecimento, mas a claridade, a faculdade consciente, que o torna possível. Esse poder compreende, além disso, a faculdade de produzir a manifestação. Quando vocês pensam na América ou na Índia, sua mente tem a possibilidade de fazer nascer a imagem interior desses locais. Esse poder de conhecer e a faculdade de evocar são a claridade da mente. Graças à luz, vocês podem ver os objetos dentro da sala onde se encontram, estar conscientes da presença deles. Graças à claridade, a mente tem, do mesmo modo, a faculdade de conhecer.

O que entendemos por claridade da mente é ligeiramente diferente da claridade no sentido comum. Esta, de fato, permite unicamente o exercício da função visual, enquanto que a claridade da mente dá a possibilidade não somente de ver, mas também de ouvir, de sentir, de degustar, de tocar e estar consciente dos prazeres ou desprazeres do mental. Portanto, é uma claridade cujo campo de aplicação é extremamente mais vasto.

Inteligência sem obstrução

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A sala onde vocês estão sentados contém vacuidade (o espaço da peça) e claridade (a iluminação). No entanto, não é suficiente para atribuir-lhe uma mente. Portanto, devemos encontrar um terceiro elemento de descrição. Para que a mente exista, deve-se acrescentar à vacuidade e à claridade, a inteligência sem obstrução. É esta inteligência que permite conhecer efetivamente cada coisa sem confusão. Não somente a mente tem consciência dos fenômenos - o que é a claridade - mas ela os reconhece sem confusão - o que é a inteligência. No espetáculo do que ela vê, por exemplo, ela sabe o que é o céu, o que é uma casa, o que é um homem, etc.

Sobre o suporte da vacuidade e da claridade, surge a inteligência sem obstrução. É a faculdade que identifica, avalia, compreende. É quem diz, por exemplo: "Isto é um objeto; ele é bonito ou ele é feio", identificação que se aplica também aos sons, dos quais se percebem a potência e a qualidade, aos odores agradáveis ou repugnantes, aos sabores e suas diferentes nuanças, às experiências mentais agradáveis ou desagradáveis.

Assim, a mente é conjuntamente vacuidade, claridade e inteligência. Uma tal mente é pequena? Não, já que possui a faculdade de fazer aparecer e de abraçar todo o universo. Então, ela é grande? Também não podemos afirmá-lo, visto que, ao sentirmos uma dor muito localizada, num local do corpo preciso, provocada, digamos por uma picada, assimilamos nossa mente a esse local minúsculo, dizendo:

"Sinto dor".

Cada um identifica-se com seu corpo e a mente o penetra por inteiro: para um elefante, numa grande escala, para um inseto, numa pequena escala. De fato, a própria mente, fora de toda assimilação, não é nem pequena, nem grande. Escapa desse gênero de conceitos.

Essa mente fundamental é a mesma para todos os seres. Caso se reconheça o seu modo de ser, neste caso ela nada mais é do que o Despertar:

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A vacuidade é o corpo absoluto (sânsc. dharmakaya); a claridade é o corpo de glória ou radiância (sânsc. sambhogakaya); a inteligência, o corpo de manifestação (sânsc. nirmanakaya).

A unidade dos três componentes - vacuidade, claridade e inteligência - é o que se chama de "mente". É ainda o que se chama de tathagatagarbha, o potencial do Despertar.

Quando os três componentes não são reconhecidos pelo que são, é quando se está no estado de ser ordinário.

A vacuidade se exprime então como mental, a claridade como palavra, a inteligência sem obstrução como corpo.

Os três componentes da mente pura se condensam nos três componentes da personalidade temporáriaou samsárica. Pela meditação do mahamudra, a natureza verdadeira da mente é reconhecida e os três componentes se revelam como os três corpos do Despertar. Na verdade, um Buda e um ser ordinário são idênticos.

Possuem fundamentalmente a mesma natureza. Um Buda a reconhece, um ser ordinário não. É a única diferença.

Seria muito longo examinar detalhadamente todas as implicações de natureza da mente, do ciclo das existências e da liberação, aqui, neste pequeno escrito.

Para resumí-las citamos Gampopa:

A mente sem criação artificial, é felicidade.

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A água sem poluição é pura.

Quando se deixa a mente permanecer tal qual em sua própria natureza, ocorre a felicidade interior. A água deixada em repouso é sem agitação e pura. A mente agitada por muitos pensamentos torna-se agitada; livre de uma superabundância de pensamentos, guarda sua limpidez própria. Nossa mente, enquanto vacuidade, claridade e inteligência, é perfeitamente boa em si mesma, naturalmente livre de sofrimentos. Mas nós entretanto não a reconhecemos. Pensamos: "Sou eu", e nós mesmos nos prendemos com a corda do ego, pensando então: "É preciso que eu seja feliz, que eu evite tudo o que é desagradável". Imobilizada nesta atitude, a mente torna-se como que contraída e cria seu próprio sofrimento.

Os quatro véus

Ainda que possuindo tathagatagarbha, ainda que sendo Buddha por natureza, por que não experimentamos as qualidades desta natureza, e somos afetados por todas as limitações de um ser ordinário? Isto se deve aos "véus". Quando apareceram esses véus? De fato, eles não têm origem, recobrem a mente desde que ela existe, ou seja, desde sempre.

Como num sonho.

O véu da ignorância

A mente fundamental é ainda chamada "o potencial da partida para a felicidade". Pertence a todos os seres. Não reconhecê-la é a ignorância e constitui o principal véu que recobre a mente. Nossos olhos permitem que vejamos, claramente, os

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objetos exteriores; entretanto, não podem ver nosso rosto nem ver a si mesmos. Da mesma maneira, a mente não se vê a si mesma, não se reconhece pelo que é. É este fato que chamamos o véu da ignorância.

O véu dos condicionamentos latentes

A primeira conseqüência da ignorância é a dualidade. Ali onde só há vacuidade, a mente concebe falsamente um eu, centro de toda experiência. Ali onde só há claridade, ela concebe objetos percebidos como outros. Este fenômeno pode ser compreendido mais facilmente se nos referirmos ao sonho. Não percebendo a verdadeira natureza do mundo onírico, nós o cindimos em dois: um sujeito ao qual nós nos assimilamos, e objetos que constituem um universo exterior. Dividindo a mente única em dois, vivemos no universo da dualidade sujeito-objeto. Este é o segundo véu, o dos condicionamentos latentes.

O véu das emoções conflituosas

Da noção de eu procede necessariamente a esperança de obter o que é agradável e que conforte o eu em sua existência, assim como o medo de não obter o que se deseja e viver situações ameaçadoras. Sobre o pólo eu se introduzem assim a esperança e o medo. O outro pólo da dualidade, a noção de outro, engloba todos os objetos dos sentidos: formas, sons, odores, sabores, contatos ou objetos mentais.

Todo objeto percebido como agradável cria a alegria e todo objeto percebido como desagradável, o descontentamento, sentimentos que se transformam em apego e em aversão. Da dualidade eu-outro emanam portanto, a esperança e o medo, assim como o apego e a aversão. De fato, eles não vêm de nenhum lugar senão da vacuidade da mente e não têm, portanto, nenhuma existência material, nem nenhuma entidade própria. Não os reconhecendo, do mesmo modo que não reconhecemos a verdadeira natureza dos fenômenos, conferindo-lhes uma realidade indevida; é o que chamamos cegueira ou ainda opacidade mental.

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Assim, chegamos a um grupo de três emoções conflituosas de base: apego, aversão e cegueira, de onde procedem três outras:

do apego, a cobiça; da aversão, o ciúme; da opacidade mental, o orgulho.

Isto resulta em seis emoções conflituosas principais. Todavia, considera-se que as três emoções conflituosas de base podem se subdividir de muitas maneiras. Assim, atribui-se ao apego 21 mil ramificações relacionadas aos tipos de objetos aos quais ele se aplica: apego a uma pessoa, a uma casa, a um veículo, etc.

Do mesmo modo, desmembramos 21 mil variantes da aversão e da cegueira, assim como 21 mil emoções conflituosas compostas de um amálgama das três precedentes.

Obtemos um total tradicional de 84 mil emoções conflituosas. Nossa mente é habitada, assim, por uma grande quantidade de emoções conflituosas, que constituem um véu suplementar.

O véu do karma

Sob o domínio das emoções conflituosas, cometemos todos os tipos de atos negativos com o corpo, a palavra e a mente, que formam o véu do karma.

Portanto, temos assim quatro véus que se engendram sucessivamente:

o véu da ignorância: a mente não reconhecendo a si mesma; o véu dos condicionamentos latentes: a dualidade, ou seja, a cisão entre o eu e o outro; o véu das emoções conflituosas: as 84 mil perturbações oriundas da dualidade; o véu do karma: os atos negativos cometidos sob o poder das emoções conflituosas.

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Pureza e desabrochar

Os véus que recobrem a mente fazem com que sejamos seres ordinários. Os Buddhas e os Bodhisatvas do passado também eram, na origem, seres comuns. Eles seguiram mestres espirituais dos quais receberam instruções sobre a natureza da mente, meditaram e realizaram o mahamudra. Tendo se desfeito dos quatro véus, eles se tornaram puros e todas as qualidades inerentes à mente desabrocharam. Em tibetano, puro se traduz por sang e desabrochar por gye. A conjunção das duas sílabas forma a palavra que significa Buddha: Sang-gye, pureza e desabrochar. É uma via que está aberta para nós: podemos receber instruções, meditar e obter a realização do mahamudra, isto é, o Despertar. A exemplo de Milarepa, é possível percorrermos o caminho em uma única vida.

Sinais da vacuidade

Aquele que realiza a verdadeira natureza da mente compreende ao mesmo tempo em que todos os fenômenos, as coisas e os seres, os universos e todos aqueles que os povoam, são apenas uma produção da mente, vazia em sua essência.

Um certo número de sinais nos indicam a vacuidade da mente e a ausência de entidade própria dos fenômenos, mas, geralmente, não prestamos atenção neles.

No momento da concepção, quando a mente entra no ventre da mãe, os pais não podem vê-la. Nenhum efeito materialmente perceptível permite revelar sua vinda. No momento da morte, do mesmo modo, mesmo que o moribundo esteja rodeado de muitas pessoas, ninguém vê a mente sair do corpo. Ninguém poderia dizer:

"Ela saiu por aqui", ou ainda: "Ela saiu por ali".

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Talvez vocês tenham estudado durante muitos anos e armazenado muitos conhecimentos. No entanto, eles não estão dentro de um armário, de uma casa ou do peito. Não estão em parte alguma, pois são desprovidos de existência em si mesmos.

Eles estão armazenados na vacuidade.

À noite, adormecidos, sonhamos e vemos um mundo inteiro, com paisagens, cidades, homens, animais, e todos os objetos dos sentidos, aos quais adicionamos um movimento emocional feito de desejo, de aversão, etc. Durante o próprio sonho, somos persuadidos da existência real de todos os fenômenos oníricos.

Entretanto, uma vez acordados, eles desaparecem. Não existem em parte alguma fora da mente daquele que sonha. É o mesmo processo que se desenvolve durante o bardo do vir-a-ser. Formas, sons, odores, sabores, etc são percebidos como reais.

As aparências manifestadas durante a vida que se completou não têm mais existência. Depois, quando a mente entra de novo em uma matriz, são então as aparências do bardo que se desfazem e não existem mais em parte alguma.

Três suportes de existência

A vigília, o sonho e o bardo de fato não têm realidade em si: são apenas manifestações da mente aos quais conferimos, erroneamente, uma entidade própria.

Esses três estados são descritos como três corpos:

O "corpo de maturidade kármica" designa o corpo e o ambiente percebidos durante o estado de vigília, que são o resultado, depois de um longo processo de amadurecimento, de karmas acumulados em vidas passadas.

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O "corpo dos condicionamentos latentes" se refere ao corpo e ao ambiente do sonho.

O "corpo mental", enfim, designa o corpo e a experiência do bardo, regidos unicamente pelo pensamento.

Pela sucessão contínua desses três corpos se desenvolve nossa experiência no ciclo das existências, falsamente tomada como real.

Consciência primordial, consciência individualizada

O fundamento da mente é bom em si mesmo. É a natureza do Despertar, semelhante à água pura.

O Buda assim disse:

"Todos os seres são Buda, ou possuem a sua natureza.

Mas a mente deles é obscurecida por impurezas adventícias;

Dissipadas as impurezas, eles são verdadeiramente Buda."

A ignorância é o não reconhecimento da natureza Desperta da mente. Dela procedem todas as emoções conflituosas (desejo, cólera, ciúme, etc) , assim como o fluxo dos pensamentos em modo dual. A natureza de Buda da mente é ainda chamada potencial de consciência primordial.

Entretanto, por causa da ignorância e da apreensão dual, seu funcionamento perturbado torna-se um potencial de consciência individualizado. Quando uma água pura é misturada com lama, ela perde sua qualidade de pureza e torna-se suja. Do

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mesmo modo, por causa das impurezas, a consciência primordial torna-se consciência individualizada, dualizando-se.

Consciências diferenciadas

Essa consciência individualizada é, enquanto modo de funcionamento, uma unidade designada pelo termo "potencial de consciência individualizada". Dessa unidade, procedem, entretanto, sete consciências individualizadas diferenciadas, assim como os dedos são diferenciações de uma única mão.

Elas são: a consciência visual, que percebe as formas; a 1 - consciência auditiva, que percebe os sons; 2 - a consciência olfativa, que percebe os odores; 3 - a consciência gustativa, que percebe os sabores; 4 - a consciência tátil, que percebe os contatos; 5 - a consciência do paladar, 6- a consciência mental, que identifica os fenômenos pelo pensamento; 7 - a consciência perturbada, que interpreta as percepções em termos de desejo, aversão, ciúme, etc , 8 - a consciência da vontade.

Os órgãos oriundos das consciências.

Da faculdade de manifestação da mente surge o corpo. Os dois estão, portanto, estreitamente ligados. A existência das oito consciências na mente origina a existência no corpo dos suportes físicos correspondentes que são os órgãos dos sentidos. Os órgãos são semelhantes às casas, inertes em si, e as consciências aos homens que as habitam.

Temos então: os olhos como suporte da consciência visual; os ouvidos como suporte da consciência auditiva; o nariz como suporte da consciência olfativa; a língua e o paladar como suportes da consciência gustativa; a epiderme como suporte da consciência tátil; o órgão mental como suporte da consciência mental, ainda que aqui o órgão e a consciência se confundam na prática.

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Quanto ao potencial de consciência individualizada e à consciência perturbada, elas não possuem órgão correspondente que lhes seja próprio. Pode-se dizer que o primeiro tem como suporte o corpo em geral e a segunda, o conjunto dos órgãos dos sentidos.

Os objetos dos sentidos

Enfim, as consciências encontram seu reflexo, do ponto de vista exterior, nos objetos dos sentidos:as formas são o objeto da consciência visual; os sons, o objeto da consciência auditiva; os odores, o objeto da consciência olfativa; os sabores, o objeto da consciência gustativa; os contatos, o objeto da consciência tátil; os fenômenos mentais (os pensamentos), o objeto da consciência mental.

Os fenômenos exteriores podem também ser vistos como objetos do potencial de consciência individualizada, e os fenômenos, enquanto objetos das emoções conflituosas, como reflexos exteriores da consciência perturbada.

Quando a mente é obscurecida pela ignorância, seu modo de funcionamento e de reação com o mundo é regido, assim, por um processo em três níveis: interiormente: as consciências individualizadas; no nível intermediário: os órgãos dos sentidos; exteriormente: os objetos dos sentidos.

E resumindo, ao chegar ao final deste pequeno resumo, perguntamos : - O que você quer da vida ou da morte e após ? Se você quer milagres, não procure o budismo. O supremo milagre para o budismo é você lavar seu prato depois de comer. Se você quer curar seu corpo físico, não procure o budismo. O budismo só cura os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados. Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o budismo. Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais. Não confunda, porém, desapego com renúncia

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Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o budismo. Para o budismo, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo. Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o budismo. Para o budismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo. Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o budismo, pois ele matará seu ego aqui e agora. Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o budismo. A casa de Buda não é a casa da inflação dos egos. Se você quer a proteção divina, não procure o budismo. Ele lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo. Se você quer um caminho para Deus, não procure o budismo. Ele o lançará no vazio. Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o budismo, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda. Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o budismo. Ele aumentará suas dúvidas. Se você quer uma crença cega, não procure o budismo. Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça. Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o Budismo. Ele lhe dirá que o papel é muito útil para limpar o lixo acumulado no intelecto. Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o Budismo. Ele só revelará a verdade sobre você mesmo. Se você quer se comunicar com espíritos, não procure o Budismo. Ele só pode ensinar você a se comunicar com a sua verdadeira natureza iluminada. Se você quer conhecer suas encarnações passadas, não procure o Budismo. Ele só pode lhe mostrar sua miséria presente. Se você quer conhecer o futuro, não procure o Budismo. Ele só vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda. Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o Budismo. Ele só tem o silêncio a lhe oferecer. Se você quer ser sério e austero, não procure o Budismo. Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.

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Se você quer brincar e se divertir, não procure o Budismo. Ele o ensinará a ser sério e austero. Se você quer viver, não procure o Budismo, pois ele o ensinará a morrer. Se você quer morrer, não procure o budismo, pois ele o ensinará a viver.

Se ficou confuso com o que foi dito aqui acima, isso é ótimo.

A confusão é o começo de todo entendimento. Você já é um budista

Apenas pratique mais. Isso vale para todos, para todo mundo, aliás.

FIM