mecanismos fisiológicos de ajuste da pressão arterial
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Mecanismos fisiológicos de ajuste da pressão arterial
Prof. Dr. Wagner de Jesus Pinto
Esfigmomanômetro de Riva-Rocci, 1896.
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INTRODUÇÃO
Pressão arterial (PA) pode ser entendida como sendo a força que o sangue impõe sobre as paredes das artérias.
A unidade de medida dessa pressão é milímetros de mercúrio (mmHg). Há diversos mecanismos para o controle da PA.
Os mecanismos neurais compreendem: O mecanismo de baroceptores, o mecanismo isquêmico do sistema nervoso
central e o mecanismo de quimioceptores. Desse modo a primeira linha de defesa contra pressões arteriais anormais é
formada por mecanismos neurais para o controle da pressão arterial. Em minutos outros mecanismos de controle
começam a atuar tais como o mecanismo vasoconstritor renina-angiotensina, as variações de relaxamento por estresse
da vascularização e o desvio de líquidos dos tecidos para os capilares, entrando ou saindo da circulação para ajustar a
pressão conforme for necessário. Esses mecanismos estão totalmente ativos em cerca de 30 ou em algumas horas, em
contraste com os mecanismos neurais que estão ativos em cerca um minuto apenas. O sistema nervoso controla a
circulação quase que inteiramente por meio do sistema nervoso autonômico. Sendo que o ramo simpático é de longe o
mais relevante no controle da pressão arterial. O sistema nervoso,parassimpático é mais relevante no controle do
desempenho cardíaco, tendo papel quase irrelevante no controle da pressão arterial.
ANATOMO-FISIOLOGIA DAS ARTÉRIAS E VEIAS
Convencionou-se chamar artéria todo vaso que leva sangue do coração ao resto do organismo; e veia, todo
vaso que leva o sangue do resto do corpo ao coração. Artérias de pequeno calibre são chamadas arteríolas e veias de
pequeno calibre, vênulas. Ainda menores que arteríolas e veias, existem os capilares, que se relacionam mais
intimamente com os tecidos, realizando a troca de gases, nutrientes e metabólitos.
A parede dos vasos é dividida em três camadas:
a) Túnica Interna (ou Íntima) - Encontra-se forrando o vaso internamente, em contato com o sangue circulante.
b) Túnica Média - A túnica média é formada basicamente por células musculares lisas, envoltas por colágeno e
elastina.
c) Túnica Adventícia - na túnica adventícia há grande quantidade de fibras colágenas e elásticas. Essas fibras
penetram no tecido conjuntivo adjacente, tornando o limite externo do vaso não muito definido.
ARTÉRIAS
Artérias de grande calibre: artérias de grande calibre geralmente são artérias elásticas. Elas têm grande importância
no controle da pressão arterial, pois não deixam que a pressão abaixe no período de diástole do ventrículo esquerdo. As
artérias elásticas se caracterizam por ter uma túnica interna bem desenvolvida, com grande quantidade de fibras
elásticas. Na túnica média, é pequeno o número de células musculares lisas e também há bastante substância elástica. A
camada adventícia é pouco desenvolvida.
Artéria de Médio Calibre: geralmente, são artérias musculares, que apresentam túnica média bastante desenvolvida.
Também estão presentes fibras elásticas, cuja presença vai aumentado com o calibre da artéria até que seja considerada
uma artéria elástica e não mais muscular.
Arteríolas: possuem mais ou menos a mesma estrutura das artéria de médio calibre, mas geralmente as membranas
limitantes elásticas interna e externa estão ausentes. Também a túnica adventícia é pouco desenvolvida.
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VEIAS
Veias de Grande Calibre: as veias de grande calibre costumam apresentar túnica interna bastante desenvolvida,
de onde costumam sair as válvulas, responsáveis pelo direcionamento do sangue ao coração. A túnica média é muito
pouco desenvolvida, apresentando pouco tecido muscular. Já a adventícia é muito desenvolvida. Nela, costumam
aparecer os vasa vasorum, pequenos vasos que levam nutrientes à túnica adventícia e à parte mais externa da túnica
média. Os vasa vaosrum também ocorrem nas artérias, mas em menor quantidade, devido ao melhor potencial
nutricional do sangue arterial que por elas circula. Além disso, nas artérias, os vasa vasorum têm abrangência restrita à
adventícia. As outras túnicas recebem nutrientes por difusão.Veias de Médio Calibre: as veias de médio calibre
caracterizam-se por uma túnica adventícia mais desenvolvida que as demais camadas. Vênulas: nas vênulas, a túnica
íntima é formada apenas pelo endotélio. A túnica média pode ser inexistente ou muito pouco desenvolvida. A camada
adventícia é a mais desenvolvida e participa na troca de gases e metabólitos entre o sangue e os tecidos.
Figura 1 – Em “A” Corte de uma artéria mostrando as camadas de tecido que a compõe. Em “B” corte de uma veia
mostrando suas estruturas, note a válvula presente na luz desse vaso, o que promove fluxo unidirecional de sangue.
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CAPILARES
Os capilares são vasos extremamente finos que participam ativamente nas trocas de gases e diversas outras
substâncias entre o sangue e os tecidos. Diferentemente das artéria e das veias, não são formados de três túnicas, mas
apenas de uma única camada endotelial cuja parede tem apenas duas ou três células. Observam-se três tipos de
capilares: Capilares Contínuos: quando a parede endotelial do capilar é contínua. Capilares Fenestrados: quando as
paredes das células do endotélio não estão sempre unidas, aparecendo espaços vazios, responsáveis pela grande
comunicação entre o sangue e os tecidos, nesse tipo de endotélio. Sinusóides: encontram-se no fígado (ao longo dos
cordões de hepatócitos), no tecido hemopoético e no endométrio (próximo ao local de implantação do embrião).
Caracterizam-se por seguir um percurso sinuoso, com um calibre um pouco maior que o dos outros capilares. Também
sua parede não é contínua, contendo grande quantidade de poros.
O CENTRO VASOMOTOR
O centro vasomotor localiza-se bilateralmente na substância reticular do bulbo e no terço inferior da ponte.
Esse centro transmite impulsos parassimpáticos através dos nervos vagos para o coração ao mesmo tempo em que
transmite impulsos simpáticos através da medula e dos nervos simpáticos periféricos para todos os vasos do organismo.
Embora a organização total do centro vasomotor ainda não tenha sido completamente elucidada, experimentos
mostram duas áreas de extrema importância (Figura 1):
a) Área vasoconstritora → Localizada bilateralmente nas porções ântero-laterais do bulbo superior. Os neurônios que
se originam nessa área enviam suas fibras para todos os níveis da medula espinhal onde excitam os neurônios
vasoconstritores do sistema nervoso simpático.
b) Área vasodilatadoras → Localizada bilateralmente nas porções ântero-laterais da metade inferior do bulbo. As
fibras desses neurônios projetam-se para cima da área do centro vasomotor e inibem a atividade vasoconstritora dessa
área, promovendo assim a vasodilatação. Sob condições normais, a área vasoconstritora do centro vasomotor transmite
potenciais de ação continuamente para as fibras nervosas vasocosntritoras simpáticas em todo o corpo, causando
descargas lentas e contínuas dessas fibras com freqüência que é de cerca meio a dois impulsos por segundo. Essa
descarga contínua é chamada de tônus vasoconstritor simpático. Normalmente, esses impulsos mantêm um estado de
contração parcial nos vasos sanguíneos chamado de tônus vasomotor.
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FUNÇÃO DO SISTEMA NERVOSO NO CONTROLE RÁPIDO DA PRESSÃO ARTERIAL
Uma das funções mais importantes no controle nervoso da pressão arterial é sua capacidade de promover
aumentos rápidos da pressão. Para tanto, todas as funções vasocosntritoras e cardioaceleradoras são estimuladas como
uma unidade. Ao mesmo tempo, as vias parassimpáticas cardíacas sofrem inibição. Em conseqüência ocorrem três
grandes alterações :
1- Contração de todas as arteríolas, aumentando assim a resistência periférica.
2- Forte contração das veias, aumentando o retorno venoso às câmaras cardíacas.
3- Aumento da freqüência cardíaca em função da forte estimulação simpática
Esses três fatores promovem o aumento da pressão arterial.
BULBO
Centro vasomotor
Centro
vasoCONSTRITOR
Centro
vasoDILATADOR
-
- -
-
MEDULA ESPINHAL
Cadeia de gânglios
simpáticos
Vasoconstrição
Nor-adrenalina
Figura 2 – Mecanismo de controle do tônus
vascular. Note que o efeito vasodilatador é
conseguido pela simples inibição do centro
vasoconstritor.
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ABOLIÇÃO EXPERIMENTAL DO TÔNUS VASOCONSTRITOR
A administração da anestesia espinhal em um animal experimental é capaz de abolir o tônus vasoconstritor
simpático, uma vez que bloqueia a transmissão de impulsos nervosos simpáticos da medula espinhal para a periferia.
Como resultado a pressão arterial cai de aproximadamente 100 mmHg pata 50 mmHg (Figura 3). Se
adminstrar-se alguns minutos mais tarde pequena quantidade de noreprinefrina (que mimetiza o efeito simpático
abolido) verifica-se restauração do tônus vascular até que a droga sofra metabolização.
MEDULA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS E SUA RELAÇÃO COM O SISTEMA VASOCONSTRITOR
SIMPÁTICO
Os impulsos simpáticos são também transmitidos até a medula das adrenais. Assim, ao mesmo tempo em que
as fibras simpáticas inervam vasos periféricos também inervam a medula das adrenais. Como as terminações simpáticas
secretam nor-adrenalina, a vasoconstrição é imediata e direta.Por outro lado, a vasoconstrição é potencializada pela
estimulação simpática da medula das adrenais que secretam adrenalina e nor-adrenalina, que quando atingem a corrente
sanguínea promovem vasocosntrição.
MECANISMOS REFLEXOS NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL – O REFLEXO BAROCEPTOR
Os baroceptores são receptores de estiramento, ou seja, terminações nervosas do tipo buquê, situados nas
paredes das grandes artérias torácica, cervical, no arco da artéria aorta e também nas paredes das artérias carótidas
(seios carotídeos). Sua estimulação se dá por distenção de modo que os sinais provenientes dos baroceptores dos seios
carotídeos são transmitidos ao nervo glossofaríngeo e daí para o feixe do trato solitário na área bulbar do tronco cerebral
por meio do nervo de Hering. Enquanto que os sinais enviados pelos baroceptores do arco aórtico são levados a essa
mesmo área bulbar por meio dos nervos Vagos (Figura 4). Os baroceptores do seio carotídeo são bastante responsivos
por pressões acima de 60 mmHg, sendo que sua resposta torna-se cada vez mais pronunciada a medida que este valor de
pressão arterial vai aumentando, atingindo um pico em 180 mmHg. O fator mecânico diretamente responsável pela
atividade baroceptora não é a pressão em si, mas o diâmetro da artéria. A variação de pressão distende o vaso; esta
distenção estira os baroceptores e desencadeia sua atividade.
Figura 3– Efeito da administração espinhal total
sobre o tônus vascular simpático em um animal
experimental. Note a perda do tônus vasomotor,
posteriormente recuperado com a administração
de nor-epinefrina.
150
125
100
75
50
25
2 6 10 14 18 22 26 30 34 38
mm
Hg
Tempo min.
Administração de
anestésico
espinhal
Administração de
noradrenalina
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A atividade baroceptora estimula atividade
parassimpática e inibe a simpática. Quando os reflexos
baroceptores entram no feixe solitário do bulbo sinais
secundários inibem o centro vasoconstritor ao mesmo
tempo que excitam o centro parassimpático. A
estimulação simpática provoca elevação da pressão
arterial por meio do aumento da resistência vascular
periférica (RVP), aumento da freqüência cardíaca
(FC) e aumento do volume sistólico (VS), enquanto a
estimulação parassimpática provoca redução da PA
por meio da redução FC. As respostas dos
baroceptores aórticos são semelhantes a dos
baroceptores carotídeos, exceto que esse, operam em
geral a níveis de pressão de cerca de 30 mmHg mais
altos. Após os sinais dos baroceptores terem chegado
ao feixe solitário do bulbo, sinais secundários inibem
o centro vasoconstritor do bulbo e excitam o centro
vagal. Os efeitos finais são: vasodilatação de veias e
arteríolas por todo o sistema circulatório periférico,
diminuição da freqüência cardíaca e da força de
contração do coração. Por essa razão a excitação dos
baroceptores desencadeada pela elevação da PA nas
artérias promove redução reflexa da PA devido a
diminuição da resistência periférica e do débito
cardíaco. Inversamente a queda da PA tem efeitos
opostos, fazendo a pressão se elevar reflexamente a
níveis normais.
ADAPTAÇÃO DOS BAROCEPTORES
O sistema de controle de pressão por meio de baroceptores tem pouco ou mesmo nenhuma relevância na
regulação em longo prazo da P.A. Isto porque os próprios baroceptores se adaptam em um a dois dias a qualquer nível
de pressão que sejam expostos. Dessa forma, se a PA se elevar, por exemplo, 100% acima dos níveis normais
inicialmente os baroceptores irão transmitir um número muito alto de sinais (potenciais de ação). Nos segundos que se
seguem a freqüência de descargas diminui de modo considerável. Essa redução de sinais pelos baroceptores vai
ocorrendo de forma gradual sendo que ao final de cerca de dois dias a freqüência volta praticamente a níveis normais.
Em contrapartida, se a PA cai a um nível muito baixo, os baroceptores não transmitem inicialmente qualquer impulso,
mas, gradualmente (em 1 a 2 dias) a freqüência de descargas volta ao normal. Assim o mecanismo baroceptor é bastante
eficiente para impedir as alterações rápidas de PA que ocorrem de instante a instante, mas não é capaz de regular a PA
em longo prazo.
IMPORTANTE
A função dos baroceptores não é manter a pressão arterial normal, mas mantê-la dentro de uma faixa constante.
Figura 4 – Mecanismo reflexo baroceptor. Grande quantidade
de baroceptores localizam-se no arco da artéria aorta e nos seios
carotídeos.
nervo
glossofaríngeo
Nervo de
Hering
Nervo
vago
BULBO
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QUIMIOCEPTORES
Os quimioceptores são receptores envolvidos com a percepção dos teores de O2 CO2 e H+ . São divididos
quanto a localização anatômica em periféricos e centrais. Os centrais estão localizados no bulbo e são banhados pelo
líquido cefalorraquidiano. Os quimioceptores periféricos por sua vez são divididos anatomicamente em carotídeos e
aóricos, embora fisiologicamente desempenhem a mesma função. Os quimioceptores periféricos são formações
altamente vascularizadas (tem o maior fluxo sanguíneo por grama de tecido em todo o organismo). Os receptores
carotídeos localizam-se bilateralmente na bifurcação da artéria carótida comum, ao passo que os aórticos estão
localizados ao redor das porções iniciais da aorta.Os quimioceptores excitam fibras nervosas que seguem juntamente
com as fibras baroceptoras até o centro vasomotor pelos nervos de Hering e Vago promovendo aumento da pressão
arterial. ELES ESTÃO SEMPRE EM CONTATO COM O SANGUE ARTERIAL, DESSA FORMA QUANDO A PRESSÃO
ARTERIAL CAI ABAIXO DOS VALORES NORMAIS ISSO PROVOCA UM “DÉFICIT” DE SANGUE QUE ALIMENTA
ESSES QUIMIOCEPTORES, ESSE FALTA DE SANGUE DIMINUI A DISPONIBILIDADE DE OXIGÊNIO E O ACÚMULO
EXCESSIVO DE DIÓXIDO DE CARBONO DE ÍONS HIDROGÊNIO NÃO REMOVIDOS PELO LENTO FLUXO DE
SANGUE. Os sinais transmitidos dos quimioceptores para o centro vasomotor excitam esse centro e fazem elevar a
pressão arterial. Evidentemente esse reflexo ajuda a PA a voltar a valores normais somente quando a queda significativa
da PA, de modo que os quimioceptores não são eficientes para controlar a PA na faixa da normalidade. Isso porque os
quimioceptores não são fortemente estimulados senão após a pressão arterial cair a valores abaixo de 80 mmHg. Assim
nas pressões mais baixas esse reflexo torna-se importante para impedir uma queda ainda maior da PA.
REAÇÃO DE CUSHING NO CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL
A chamada reação de Cushing é um tipo especial de resposta isquêmica do SNC que resulta da pressão
aumentada do líquido cefalorraquidiano em torno do cérebro, dentro da cavidade craniana. Por exemplo, quando a
pressão do líquido cefalorraquidiano aumenta até o valor igual do da pressão arterial, há compressão da rede de vasos
que irrigam o cérebro. Esse evento dá início à resposta isquêmica por parte do SNC que promove aumento da pressão
arterial sistêmica até valores acima dos observados no líquido cefalorraquidiano. Essa resposta faz com que o aporte de
sangue ao cérebro seja restaurado. A resposta de Cushing pode ser verificada experimentalmente quando se infunde por
meio de uma bomba que infunde líquido sob pressão no interior da cavidade craniana de um cão, por exemplo.
REFLEXO DE COMPRESSÃO ABDOMINAL E O CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL
Quando o reflexo baroceptor ou quimioceptor é evocado ou sempre que qualquer outro fator estimula o sistema
vasoconstritor simpático, sinais nervosos são transmitidos simultaneamente através dos nervos que inervam os
músculos esqueléticos, particularmente para os músculos abdominais. Isso aumenta o tônus basal desses músculos que
comprimem todos os reservatórios venosos do abdome, ajudando a deslocar o sangue para fora dos reservatórios
abdominais em direção ao coração. Como resultado, quantidades maiores de sangue tornam-se disponíveis para
bombeamento cardíaco.
OS RINS COMO ÓRGÃOS REGULADORES DA PRESSÃO ARTERIAL – O SISTEMA RENINA-
ANGIOTENSINA
Os rins são os órgãos responsáveis pelo controle da pressão arterial a longo prazo, e o fazem por meio da
excreção renal de água, processo conhecido por diurese de pressão, ou então pela excreção renal de sódio, natriurese
de pressão. Assim sendo os rins também funcionam como órgãos endócrinos, uma vez que esse órgão, por meio de sua
células justaglomerulares sintetiza e armazena (na forma inativa) uma enzima, a renina. As células justaglomerulares
são células musculares lisas modificadas, que se localizam nas paredes das arteríolas aferentes renais, em local
imediatamente próximo aos glomérulos. Quando a pressão arterial cai, a ocorrência de reações intrínsecas nos rins faz
com que muitas moléculas de pró-renina sejam clivadas no interior das células justaglomerulares, liberando no sangue a
renina ativa. A renina então converte uma proteína plasmática (uma globulina) denominada angiotensinogênio em
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Angiotensina I. quando o sangue passa pelos pulmões a angiotensina I é convertida em angiotensina II por uma
enzima de conversão (ECA) produzida por células endoteliais pulmonares. A angiotensina II é um dos mais potentes
vasoconstritores conhecidos (Figura 5). A ECA é uma enzima carboxipeptidase, que cliva o par C-terminal da
angiotensina I. Seu sítio ativo apresenta uma átomo se zinco. A indústria farmacêutica tem elaborado fármacos que
inibem a ECA de modo a controlar quadros de hipertensão arterial, um desses fármacos é o captopril. O
desenvolvimento do captopril foi um dos primeiros exemplos bem-sucedidos de planejamento de fármacos baseado na
arquitetura da molécula alvo. O captopril apresenta um grupo sulfidrila apropriadamente posicionado para ligar-se ao
átomo de zinco, acoplado a um resíduo de prolina que, normalmente acomoda a leucina terminal da angiotensina I
(Figura 6 ). Atualmente dispõem-se de vários inibidores da ECA tais como, o enalapril, lisinopril, ramipril, perindopril e
trandolapril. Esses inibidores diferem na sua duração, porém compartilham a maioria dos efeitos farmacológicos.
PARTICULARIDADES DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA
A cascata do sistema renina-angiotensina-aldosterona
São cinco os elementos da cascata: (1) Angiotensinogênio, (2) Renina, (3) Angiotensina I, (4) Angiotensina II
(5) Angiotensina III
Angiotensinogênio
É uma alfa-2 globulina produzida pelo fígado em presença de glicocorticóides e estrógenos, que circula no
plasma como um peptídeo biologicamente inativo, sobre o qual irá atual a renina, gerando uma seqüência de substâncias
ativas. Em condições como síndrome de Cushing e durante o uso de anticoncepcionais orais, a ocorrência de
hipertensão arterial sistêmica volume-dependente é possível por um efeito de ação de massas: como nos ensina as leis
do equilíbrio químico, o aumento na produção de angiotensinogênio (substrato) faz com que os níveis de angiotensinas
sejam elevados para uma mesma quantidade de enzima renina.
Renina
É a enzima proteolítica que converte angiotensinogênio em angiotensina I (convertendo uma substância de 411
aminoácidos em outra de 10 aminoácidos), sendo assim responsável pela etapa limitante da síntese de angiotensinas. A
pró-renina é o precursor inativo da renina, que usualmente é encontrado em baixas concentrações plasmáticas mas, em
diabéticos (tipo I e II) têm sido encontrados níveis elevados a ponto de ter sido proposto como marcador de nefropatia
diabética. Convém lembrar que a nefropatia diabética é um exemplo de hiperaldosteronismo hiporeninêmico, tendo sido
sugerido que os diabéticos com renina baixa seriam os casos de extrema capacidade de converter a pró-renina em re-
nina. Por outro lado, o aparelho reprodutor feminino é outra fonte importante de pró-renina, sendo sua produção
regulada pelo nível de gonadotropinas circulantes. Por tudo isso, aceita-se que níveis plasmáticos elevados de pró-
renina podem ser marcadores de anormalidades vasculares em diabéticos, de modificações fisiológicas durante o ciclo
menstrual e de tumores produtores de renina, que são raros mas foram descritos. A liberação de renina é
cuidadosamente controlada pelo aparelho justaglomerular, composto de mácula densa da primeira porção do túbulo
contorcido distal, de células contíguas do mesângio e de células especializadas que fazem parte da parede da arteríola
aferente. Além de monitorizar o teor de sódio no sangue que penetra no glomérulo via arteríola aferente, as células
intraglomerulares são mecanorreceptores sensíveis à distensão, de modo que deflagram a liberação de renina sempre
que a pressão sangüínea ou natremia estiver baixa. Já as células que compõem a mácula densa são osmoreceptores, que
reagem a um aumento no teor de sódio presente no ultrafiltrado que segue em direção ao túbulo distal; de fato, a
quantidade de sódio que passa pela mácula densa sob condições fisiológicas é muito pequena, pois no segmento
imediatamente anterior (alça ascendente de Henle) há expulsão ativa de NaCl, persistindo pouco sódio no líquido
tubular.
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A inibição da bomba Na+K+/Cl (dita "bomba de Cloreto")m provocada pelos poderosos diuréticos de alça
(furosemida, bumetamida) sobre a alça de Henle, interfere com o mecanismo multiplicador de contracorrente renal,
responsável pela hipertonicidade medular. A isso se soma a oferta de quantidades muito elevadas de NaCl ao túbulo
distal, superando sua capacidade de reabsorção, a despeito de intensa troca de Na+ por H+ e K+, resultando em diurese
volumosa, natriurese, e intensa secreção de potássio e hidrogenionte. O resultado final do uso dessas drogas é diurese
intensa com espoliação de potássio e indução de alcalose metabólica. Assim, a ativação do sistema RAA intra-renal,
pelo excessivo aporte de sódio à mácula densa, induz produção local de renina. As prostaglandinas renais também
podem participar desse processo, através da indução de alterações no nível da filtração glomerular.
A Enzima de Conversão de Angiotensina (ECA)
A angiotensina I (de 10 aminoácidos) é convertida em angiotensina II (de 8 aminoácidos) pela enzima de
conversão (ECA), uma dipeptidil-carboxilase. Descrita inicialmente em 1956 (1), a ECA passou a se procurada como
uma enzima capaz de eliminar do sangue tanto a angiotensina I quanto a bradicinina e a serotonina. No Brasil, foi
possível bloquear a conversão de angiotensina I e a eliminação de bradicinina empregando-se veneno da cobra jararaca,
logo a seguir, foi demonstrado que a cininase II (enzima que inativa a bradicinina) e a enzima de conversão (ECA) são
uma mesma substância. A enzima de conversão de angiotensina I tem sido encontrada no endotélio vascular pulmonar e
sistêmico, que assim se mostra capaz de inativar um vasodilatador (a bradicinina) e ativar um vasoconstrictor
(angiotensina II). O uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina I (captopril, enalapril, lisinopril) não
apenas bloqueia os efeitos vasoconstrictores (e hipervolêmicos) da angiotensina, mas também potencializa a
vasodilatação induzida pela bradicinina. Embora tenha efeito vasoconstrictor menos prolongado que o obtido com doses
equivalentes de endotelina e de tromboxane A2, a angiotensina II é considerada a mais poderosa substância
vasoconstrictora sistêmica, enquanto aqueles exercem seus efeitos mais intensamente nos próprios locais onde são
formados.
A angiotensina II exerce várias ações e efeitos atuando principalmente em nível de:
(1) vasos sangüíneos;
(2) coração;
(3) rins;
(4) sistema endócrino.
Sobre os vasos - A este nível, a angiotensina determina contração das artérias como aorta, coronárias, femoral e
carotídeas, através tanto do aumento de AMP cíclico quanto ativação da fosfolipase C, com geração de inositol-
trifosfato (IP3). Participa, também do processo que resulta em hipertrofia vascular. Sobre o coração - Atuando sobre
seus receptores de superfície, a angiotensina II causa um aumento dose-dependente da força de contração miocárdica,
de modo que independe de seus efeitos hemodinâmicos sobre as condições de carga imposta ao coração; esta melhoria
no estado inotrópico também é independente da potencialização adrenérgica. A maior contratilidade decorre do
aumento na intensidade da corrente lenta de cálcio. A despeito desse efeito inotropo positivo, a angiotensina II não
altera o cronotropismo cardíaco, ou seja, não determina taquicardia. Por outro lado, como o efeito vasoconstrictor
coronariano supera o estímulo vasodilatador (visto em todo e qualquer aumento da força de contração miocárdica), o
fluxo sangüíneo coronariano é relativamente reduzido. Do mesmo modo que no músculo liso vascular, tudo indica que a
angiotensina II participa do processo de hipertrofia cardíaca.
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Sobre os rins - A angiotensina II exerce efeitos importantes na hemodinâmica intra-renal e na homeostase hidrossalina.
A vasoconstricção renal, predominantemente exercida sobre a arteríola aferente, aumenta a pressão de filtração
glomerular mesmo com grande decréscimo na perfusão renal. Ao nível do túbulo distal, a angiotensina ativa
diretamente a bomba eletrogênica de prótons, que troca Na+ tubular por H+ da célula, e indiretamente (via aldosterona)
ativa a bomba Na+/K+. A somatória dos efeitos hemodinâmicos e sobre a membrana basal glomerular resulta em efeito
proteinúrico, o qual pode ser bloqueado por inibição da enzima de conversão. O Kf (coeficiente de ultrafiltração
glomerular) aumenta, enquanto que a área de superfície disponível para a filtração glomerular é reduzida, mediante
contração das células mesangiais. Quando a vasoconstricção induzida pela angiotensina II sobre a arteríola aferente é
exagerada, a nutrição dos túbulos renais fica prejudicada, uma vez que os capilares peritubulares são oriundos do
sistema porta renal, especificamente, da arteríola aferente. Para evitar a necrose tubular aguda, que seria inevitável toda
vez que os níveis de angiotensina II atingissem um valor crítico, os rins passam a produzir vasodilatadores locais
(prostaglandinas) que determinam insensibilidade parcial aos vasoconstrictores sistêmicos, de modo a adequar a
perfusão renal com a sobrevivência tubular.
Angiotensina III
Componente do Sistema RAA circulante, angiotensina III é poderoso indutor da secreção de arginina-
vasopressina-ADH, potencializadora da atividade simpática e indutora da secreção de aldosterona, além do efeito
vasoconstrictor similar ao da angiotensina II. A angiotensina III ocorre fisiologicamente no plasma em baixas
concentrações. Ela é oriunda de vários órgãos, sobretudo cérebro, rins e coração. A proporção dos componentes do
Sistema RAA é:
Angiotensina I: 67%
Angiotensina II: 30%
Angiotensina III: 3%
Isso equivale dizer que o nível de angiotensina II corresponde a 45% do nível de angiotensina I e o de angiotensina III
corresponde a 4% do nível de angiotensina II circulante.
Os estímulos para a formação de angiotensina II são os mesmos que para angiotensina I e II. Angiotensina III
pode ser formada a partir da angiotensina I por ação de peptidases plasmáticas. Sua importância fisiológica reside em
seu papel modulador da função autonômica, da secreção de ADH e secreção de aldosterona. Além disso, ela atua em
nível do complexo vagal/gânglio solitário induzindo modificações na sensibilidade de reflexos baroceptores de modo
eqüipotente ao obtido com angiotensina II. O fato interessante é que a produção de angiotensina III não é totalmente
bloqueada com o uso de inibidores da enzima de conversão (ECA), uma vez que há outras vias metabólicas através das
quais a angiotensina III pode ser produzida.
O sistema renina-angiotensina-aldosterona local
Ao que parece, o S-RAA circulante até aqui descrito serve primariamente para manter a estabilidade
hemodinâmica diante de um estresse imediato como a queda súbita no débito cardíaco; o sistema atua regulando
simultaneamente o débito (ao otimizar a pré-carga através da indução de hipervolemia) e a RPT (via arteríolo-
constricção). Logo, a atividade do S-RAA retorna ao normal durante o estado latente ou compensado da ICC, porque a
normalização do volume sistólico no estado de hipervolemia bloqueia a ativação sustentada do sistema. Diz-se, então
que a resposta temporal do S-RAA frente a uma estabilidade hemodinâmica é tal que, após a ativação aguda durante a
descompensação, há normalização ao longo da fase crônica compensada. Entretanto, o S-RAA local vai se tornando
progressivamente mais ativo nessa fase compensada; quando se exaure esse recurso, sobrevém reativação sustentada do
S-RAA circulante, com manutenção dessa vez transitória da estabilidade hemodinâmica, quando então se estabelece a
descompensação típica da ICC.
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A ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona local permite a obtenção dos efeitos benéficos (aumento
da contratilidade miocárdica, redistribuição do fluxo sangüíneo, hipervolemia) sem os desfavoráveis efeitos resultantes
da ativação do sistema RAA sistêmico, os quais, em última análise, são os responsáveis diretos pela sombria evolução
natural dos pacientes com ICC. Pelo menos quatro sistemas S-RAA foram identificados até o momento:
1) Vascular 2) Cardíaco 3) Renal 4) Encefálico
A relevância do sal nos valores de pressão arterial
A ingestão de sal tem maiores probabilidades de elevar a pressão arterial do que a ingestão de água pura. A
razão disso é que a água é excretada pelos rins quase tão rapidamente quanto é ingerida, o que não acontece com o
sódio. Ao acumular-se no organismo o sódio aumenta a pressão arterial de duas formas indiretas
1 – A ingestão de sal aumenta a osmolaridade dos líquidos corporais, o que estimula o centro da sede no hipotálamo,
que por sua vez envia sinais para aumentar a ingestão de água.
2 - A ingestão de sal aumenta a osmolaridade dos líquidos corporais, estimulando osmoceptores hipotalâmicos que
detectam o desbalanço entre soluto e solvente. Ocorre secreção de ADH (hormônio antidiurético) por parte da
neurohipófise, que por sua vez aumenta a retenção de água por parte dos túbulos renais.
Queda da pressão arterial
Secreção renal de renina
Clivagem do angiotensinogênio em angiotensina I
Clivagem da angiotensina I pela enzima conversora pulmonar
ANGIOTENSINA II
Agem nas adrenais, que secretam aldosterona que promove aumento da reabsorção de Na+ e água pelos túbulos renais.
Vasoconstrição rápida aumentando a resistência periférica.
Aumento do retorno venoso por leve aumento da constrição venosa.
Aumenta a constrição dos vasos sangüíneos renais, em conseqüência menor quantidade de líquido é filtrada pelos
glomérulos, isso permite aumento da reabsorção de água e sódio culminando na redução do débito urinário.
AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL
Figura 5 – Cascata desencadeada pelo sistema renina-angiotensina que conduz ao aumento da pressão arterial.
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Figura 6 - Em “A”, o sítio ativo da ECA (enzima conversora de angiotensina) enzima que converte a angiotensina I em
angiotensina II por meio da clivagem de um dipeptídeo terminal da angiotensina I. Em “B” a interação da ECA com a
angiotensina I, a seta indica a região da clivagem. Em “C”, Ligação do inibidor da ECA (captopril), que é um análogo do
dipeptídeo terminal da angiotensina I.
C
O CH CH3CH3
CH2
Zn ++
NN
CHN
H
NH
CHCH2
C
O
CO
O-
H
X
C
NH
NH2NH2
H
X
C
NH
NH2NH2
C
O CH2CH3
Zn ++
C NCH
CH2
C
O
CO
O-
HS
H2C
NH2
COOH
Em destaque o
sítio ativo da
renina
Extremidade C
terminal da angiotensina
Captopril
A A
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O óxido nítrico como agente vasodilatador
Em 1980 Furchgott e Zawadsky alteraram significativamente o conceito sobre a regulação do tônus vascular
quando propuseram que a havia um fator relaxador derivado do endotélio, posteriormente identificado como sendo o
óxido nítrico (NO). Até então se acreditava que a constrição e a dilatação vascular era unicamente dependente de
agentes neuro-humorais sobre a musculatura lisa da camada média vascular. Desde então o NO, um radical livre gasoso,
considerado até então como um poluidor atmosférico foi reconhecido como o mais potente vasodilatador formado pelas
células do corpo humano. Estudos mostraram que o NO está envolvido em diversas atividades biológicas vitais, tais
como, neurotransmissão no sistema nervoso central e periférico, defesa imunológica, inespecífica e regulação da
atividade leucocitária e plaquetária contribuindo, assim, para a manutenção da homeostase do sistema cardiovascular.
Biossíntese do óxido nítrico no endotélio vascular
O óxido nítrico é produzido por meio da clivagem do terminal nitrogênio-guanidina da L-arginina através da
enzima óxido nítrico sintase (NOs), numa reação que requer diversos cofatores enzimáticos e a presença do oxigênio
molecular que atua como substrato (Figura 7). O óxido nítrico é liberado pelo endotélio vascular em resposta,
principalmente, à deformação do endotélio vascular conseqüente à pressão mecânica do sangue contra a contra a parede
do mesmo (“shear stress”), considerado o estímulo fisiológico mais potente para induzir a sua síntese in vivo. O óxido
nítrico, após sua síntese no endotélio vascular, difunde-se para as células do músculo liso vascular onde ativa a enzima
solúvel guanilato-ciclase através de sua ligação ao sítio Ferro-heme dessa enzima. A guanilato ciclase, então, converte a
guanidina trifosfato (GTP) em guanidina monofosfato cíclico (GMPc), um segundo mensageiro para diversos efeitos
biológicos, dentre os quais o relaxamento da musculatura liso-vascular (Figura 8).
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H2N NHOH
C
NH
CH2
CH2
CH2
H3N+ ⎯ C ⎯ C00-
H
H2N NH2
C
NH
CH2
CH2
CH2
H3N+ ⎯ C ⎯ C00-
H
L-arginina
L-hidroxiarginina
½ NADP+
O=O H2N O
C
NH
CH2
CH2
CH2
H3N+ ⎯ C ⎯ C00-
H
L-citrulina
Figura 7 – Biossíntese do óxido nítrico. Em negrito os átomos
que irão unir-se para formar a molécula de óxido nítrico.
Adaptado de Knowles & Moncada .
½ NADPH + H+
H2O
NO
NADPH+
NADP+ BH4
O=O
H2O
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Ca+2 [Ca+]
Ca+2
Calmodulina
Clivagem da
L-arginina
GTP
GMPc
Relaxamento
da camada
musculai lisa
do vaso.
Células endoteliais
Células
musculares lisas
Lúmem
vascular
Estímulos
“Shear stress” , substâncias vasoativas
(adenosina, trombina, ADP, bradicinina,
acetilcolina) se ligam a seus receptores na
membrana da célula endotelial
Internalização de cálcio na célula via bomba
com conseqüente aumento dos níveis
intracelulares desse íon.
Ligação do cálcio a calmodulina
Ligação do complexo cálcio-
calmodulina à NO
Ativação da NOs e clivagem do terminal
nitrogênio guanidina da L-arginina
Formação do óxido nítrico e de um
subproduto, a L-citrulina
Difusão do óxido nítrico para a
camada muscular do vaso
Ativação da enzima Guanilato ciclase
Clivagem do GTP em GMPc pela
Guanilato ciclase
Vasodilatação
Figura 8 - Biossíntese de óxido nítrico no endotélio vascular. O “shear
stress” é o principal estímulo para a síntese de N.O
Efe
ito
do
“sh
ear
stre
ss”
no
end
oté
lio
vas
cula
r p
rom
ov
e
cap
taçã
o d
e cá
lcio
Ativação da
NO sintase
NO
L-citrulina
Ativação da
Guanilato
ciclase
Vasodilatação
.
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Mensuração da pressão arterial de forma indireta
A pressão arterial é medida com um esfigmomanômetro. A pressão do sangue dentro da artéria é equilibrada
pela pressão externa exercida pelo ar contido no manguito aplicado em volta do braço. Realmente, o que se mede é a
pressão dentro do manguito. As etapas empregadas para medição da pressão arterial com manguito são as seguintes:
1 – O manguito é colocado bem seguro no braço, acima da prega do cotovelo.
2 – O ar é bombeado para o manguito com o auxílio de uma pêra de borracha até que a pressão seja suficiente para
estancar o fluxo de sangue pela artéria braquial. Nesse ponto o pulso braquial desaparece. A pressão dentro do manguito
é mostrada sobre a escala do esfigmomanômetro.
3 – O observador coloca o estetoscópio sobre a artéria braquial acima do cotovelo e gradualmente libera o ar de dentro
do manguito por meio de uma válvula. A diminuição da pressão do a, permite que o sangue flua, enchendo a artéria
abaixo do manguito. Sons cadenciados correspondentes aos batimentos cardíacos são ouvidos. Logo que o primeiro som
é ouvido, o observador deve olhar a pressão que o manguito marca. Esta é a pressão sistólica do sangue.
4 – A medida que o ar é liberado do manguito, os sons tornam-se progressivamente mais altos. Então os sons mudam de
qualidade, de alto para baixo, e finalmente desaparecem. No ponto onde os sons mudam de um tom para o outro, a
leitura no manômetro corresponde à pressão diastólica. A pressão arterial é expressa como proporção – 120/80, por
exemplo, representando a sistólica 120 mmHg e a diastólica 80 mmHg.
Referências Bibliográficas Básicas
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GUYTON, A.C.; HALL, J.E. - Tratado de Fisiologia Médica. Nona edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000.
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HOUSSAY & Cols. – Fisiologia Humana 7º edição, atualizada e ampliada . Editora Artmed 2004.
TAVARES, PAULO. - Fisiologia Humana. São Paulo: Livraria Atheneu, 1984.
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LOSSOW, J.F. - Anatomia e Fisiologia Humana, Quinta edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000.
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TEPPERMAN J, TEPERMAN HM. - Metabolic and Endocrine Physiolgy. 5th edition. Ghicago: Year Book Medical Publishers,Inc, 1989.
WILLIANS – Textbook of Endocrinology. 7th edition. Printed in Japan: Igaku-Shoin / W. B. Saunders Company, 1985.