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Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano
Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos
A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano
Patricia Magno
Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano
De onde se fala?
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Defensor(a) = “Jurista revoltado(a)” comprometido com a “construção existencial dos DH”
Compromisso com a “reinvenção do acesso à justiça” = “justiça descolonial” (DECOLONIALIDADE)
“A função da Defensoria Pública nesse processo é criar espaços para que esses vitimizados,
subintegrados ou subalternos possam falar e ser ouvidos, ainda que em processos judiciais, com cujas
linguagens, tradicionalmente, erigem-se novos obstáculos para o acesso à justiça. Deve a Defensoria
Pública criar condições para que mulheres, crianças, índios, negros, homossexuais, encarcerados, pessoas
com deficiência, idosos e sem-direitos em geral toquem os sinos quando se deva anunciar aos quatros
cantos do mundo que a justiça esteja sendo assassinada.” (p. 82)
Marco Teórico:
Caio Jesus Granduque José.
Reinventar o acesso à justiça
em tempos de transição
paradigmática:...
online
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- “O “direito” dos direitos humanos é, portanto, um meio – uma técnica –, entre muitos outros, na hora de garantir o
resultado das lutas e interesses sociais.” (HF, p. 18)
- “Para nós é urgente mudar de perspectiva. Os conceitos e as definições tradicionais já não nos servem. Por isso,
nosso livro se estrutura em torno da seguinte premissa teórica: falar de direitos humanos é falar da ‘abertura de
processos de luta pela dignidade humana’”. (HF, p. 21)
- Aspectos: (1) complexidade dos DH; (2) metodologia relacional (diamante ético) + aproximação intercultural para
compreender a força emancipatória do direito; (3) critério axiológico (DH como processos de luta por dignidade)
Joaquin Herrera Flores
A (re) invenção dos direitos
humanos.
Florianópolis: Fundação Boiteux,
2009.
DIDH. Conceito.
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Defensor Público eLC 132/2009 + EC 80/2014
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LC 80/94 modificada pela LC 132/09 – art. 1º.
EC 80/14 = “Emenda das Comarcas”
• CRFB, 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
• Vide Glauce Franco: DP como expressão contra-hegemônica de democracia direta.
Marco Teórico:
Glauce Franco e Patricia Magno.
I Relatório Nacional de Atuação
em Prol de Pessoas e/ou Grupos
em Condição de Vulnerabilidade.
E-book. ANADEP.
Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano
Proteção Internacional dos DH
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Os Sistemas Internacionais de Proteção e Defesa
dos Direitos Humanos (SIPDH) são compostos por
NORMAS + MECANISMOS.
Mecanismos = órgãos + procedimentos
Marco Teórico:
Claudio Nash.
Sistema internacional de
protección de derechos
humanos.
Material preparado para o curso
de pós graduação.
SIPDH
PROCEDIMENTOS
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Proteção Internacional dos DH
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SISTEMAS INTERNACIONAIS:
Global: ONU
Regionais: destaca-se a OEA
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
1ª função: quase jurisdicional (ex. Casos contenciosos)
2ª função: política (ex. Relatorias)
Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) – é corte internacional.
Função jurisdicional individual (Casos Contenciosos)
Função jurisdicional coletiva (Opiniões Consultivas)
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Implementação Decisões em âmbito nacional.
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Como se dá a luta por dignidade (DH) a partir de uma sentença internacional?
Força vinculante das decisões de mecanismos internacionais DH:
1. Força jurídica interna da jurisprudência internacional: a interpretação dos direitos constitucionais
deve ser guiada pela jurisprudência internacional dos órgãos de controle. Diálogo das Cortes.
2. Força jurídica interna de decisões concretas contra o EE: Teoria do Duplo Grau ou do Duplo
Controle (ACR) – “permite a convivência entre normativas justapostas na defesa dos DH”.
Rodrigo Uprimny.
A Força Vinculante das Decisões
dos Órgãos Internacionais de
Direitos Humanos na Colômbia: um
exame da evolução da jurisprudência
constitucional.
In: CEJIL: dezembro, 2007
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ACR, p. 213:
“De que adiantaria a Constituição pregar o respeito a tratados internacionais de direitos
humanos se o Brasil continuasse a interpretar os direitos humanos neles contidos
nacionalmente?
(...)
Essa interpretação nacional desconectada da interpretação internacional destrói a própria
essência da internacionalização dos direitos humanos, que consiste em impedir que as
paixões de momento das maiorias – mesmo aquelas entronizadas nos órgãos judiciais
máximos – possam sacrificar os direitos de todos. Por isso, a proteção de direitos humanos
passou a ser tema internacional, em especial após a Carta da Organização das Nações
Unidas de 1945 e a Declaração Universal de Direitos Humanos (1948).”
Implementação Decisões em âmbito nacional.André de Carvalho Ramos.
Crimes da ditadura militar: a ADPF
153 e a Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
In: GOMES, Luiz Flávio e MAZZUOLI,
Valério de Oliveira. Crimes da Ditadura
Militar: uma análise à luz da
jurisprudência atual da Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
São Paulo: RT, 2011.
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Questão da natureza jurídica da sentença da Corte IDH
o 1ª corrente: sentença estrangeira – CR, 105, I, “i”
o 2ª corrente: melhor doutrina = sentença internacional
• Cabe ação de cumprimento de sentença (ex- ação executiva por quantia certa) da parte dispositiva que
determina pagamento de indenização.
Brasil: desde 2004, previsão orçamentária própria sob a rubrica “pagamento de indenizações a vítimas de
violações das obrigações contraídas pela União por meio de adesão a tratados internacionais”.
Projeto de Lei 4667-D/2004: Dispõe sobre os efeitos jurídicos das decisões dos Organismos Internacionais de
Proteção aos Direitos Humanos e dá outras providências.
EC 45/04: questão da federalização de graves violações de DH (CR, 109, §5º).
Implementação Decisões em âmbito nacional.
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A Questão da parte da sentença referente à
obrigação de adotar medidas.
o CADH, 65
o CADH, 69
o VK, p. 34-35: “Entretanto, é possível sustentar que a Corte não vem utilizando plenamente as prerrogativas
que lhe outorga a Convenção para potencializar a garantia coletiva dos Estados. Entre as alternativas
adicionais à disposição da Corte que podem ser aplicáveis à CIDH, esta poderia, da mesma forma,
recomendar que se iniciem gestões diplomáticas para analisar as possibilidades de cumprir com as
obrigações, solicitar cooperação internacional para facilitar reformas estruturais ou o pagamento de
indenizações, pedir aplicação da Carta Democrática Interamericana, entre outras. Adicionalmente, a
Assembleia também está autorizada a efetuar uma série de recomendações aos Estados membros –
sem caráter vinculante – como, por exemplo, a imposição de sanções econômicas ao Estado que
descumpre, que os Estados incluam o pagamento das indenizações ou o cumprimento das sentenças como
uma condição para os processos de integração ou para a conclusão de acordos econômicos ou
empréstimos, por exemplo.”
Implementação Decisões em âmbito nacional.Viviana Krsticevic
Reflexões sobre a Execução das Decisões do Sistema
Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos.
Implementação das Decisões do Sistema Interamericano de
Direitos Humanos: jurisprudência, instrumentos normativos e
experiências nacionais.
CEJIL: dezembro, 2007
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p. 40: “Não obstante, ao contrário do que se pode supor, a existência de uma política previamente estabelecida, de
normas, de mecanismos ou grupos de trabalho não garante, necessariamente, a execução plena, oportuna e
satisfatória das decisões adotadas pelos órgãos do sistema interamericano. Isso é observado quando se revisa os
dados relativos aos Estados da região que se encontram em cumprimento de sentenças da Corte: quase perfeitos
com relação ao pagamento de indenizações, sem maiores dificuldades nos reconhecimentos públicos de
responsabilidade, na publicação das sentenças, na concessão de liberdade ou nas reformas legislativas.
Entretanto, ressalta-se a incapacidade de dar cumprimento à obrigação de investigar e punir os
responsáveis, materiais e intelectuais, pelas violações de direitos humanos, e a dificuldade para reabrir
processos e aplicar outras medidas gerais de não repetição, como a educação, a capacitação ou a
modificação de políticas”.
Implementação Decisões em âmbito nacional.
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Caso Ximenes Lopes.
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Fato: 1-4 de outrubro de 1999, na Casa de Repouso Guararapes, Ceará. (Município de Sobral)
Data da petição: 22 de novembro de 1999 (e o esgotamento dos recursos internos?)
O Estado não respondeu à comunicação. Que virou caso em 2002.
Out. 2003: Justiça Global ingressa como co-peticionária.
Data da sentença: 04 julho 2006.
Direitos violados:
Vida (CADH, 4,1 c/c 1.1)
Integridade pessoal (CADH, 5.1 e 5.2 c/c 1.1)
Garantias judiciais (CADH, 8.1 e 25.1 c/c/ 1.1)
Nadine Borges.
Damião Ximenes: primeira
condena;áo do Brasil na
Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
Rio de Janeiro: Revan, 2009.
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O que o Estado fez no curso do caso no SIDH:
241. Para efeitos de uma desculpa pública aos familiares da vítima, a Corte acata e aprecia o reconhecimento parcial de
responsabilidade internacional realizado pelo Estado na audiência pública realizada em 30 de novembro de 2005.
242. Ademais, este Tribunal destaca o fato de que em 3 de novembro de 2005 o Estado deu ao Centro de Atenção Psicossocial de
Sobral (CAPS), instalado na cidade de Sobral no âmbito da criação da Rede de Atenção Integral à Saúde Mental, o nome de
“Centro de Atenção Psicossocial Damião Ximenes Lopes”. O Estado também deu à sala em que se realizou a Terceira Conferência
de Saúde Mental o nome do senhor Damião Ximenes Lopes. Isso contribui para conscientizar quanto à não-repetição de fatos
lesivos como os ocorridos neste caso e manter viva a memória da vítima.
243. A Corte também reconhece que o Estado adotou internamente uma série de medidas para melhorar as condições da
atenção psiquiátrica nas diversas instituições do Sistema Único de Saúde (SUS). Algumas dessas medidas foram adotadas
pelo Município de Sobral, a saber: (...) convênio entre o Programa Saúde na Família e a Equipe de Saúde Mental do Município de
Sobral; (...) leitos em hospital geral de Sobral; CAPS e CAPSaD; o Serviço Residencial Terapêutico; (...). O Estado também
adotou várias medidas no âmbito nacional, entre as quais estão a aprovação da Lei nº 10.216, em 2001, conhecida como
“Lei de Reforma Psiquiátrica”; (...) seminários e a Terceira Conferência Nacional de Saúde Mental em dezembro de 2001; a
criação a partir de 2002 do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares Psiquiátricos; a implementação em
2004 do Programa de Reestruturação Hospitalar do Sistema Único de Saúde; a implementação do “Programa de Volta para Casa”;
e a consolidação em 2004 do Fórum de Coordenadores de Saúde Mental.
Caso Ximenes Lopes.
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Dispositivo da sentença:
O Estado deve garantir, em um prazo razoável, que o processo interno destinado a investigar e sancionar os responsáveis
pelos fatos deste caso surta seus devidos efeitos.
O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro jornal de ampla circulação nacional, uma só vez, o
Capítulo VII relativo aos fatos provados desta Sentença.
O Estado deve continuar a desenvolver um programa de formação e capacitação para o pessoal médico, de psiquiatria e
psicologia, de enfermagem e auxiliares de enfermagem e para todas as pessoas vinculadas ao atendimento de saúde
mental, em especial sobre os princípios que devem reger o trato das pessoas portadoras de deficiência mental, conforme
os padrões internacionais sobre a matéria e aqueles dispostos nesta Sentença. (capacitação e sensibilização)
O Estado deve pagar em dinheiro para a mãe e a irmã, a título de indenização por dano material, a quantia de U$ 10.000,00 e
para a a mãe, a irmã, o pai e o imão, no prazo de um ano, a título de indenização por dano imaterial, a quantia de U$ 50.000,00.
A título de custas e gastos gerados no âmbito interno e no processo internacional perante o sistema interamericano de
proteção dos direitos humanos, a quantia de U$ 10.000,00 para a mãe.
Supervisionará o cumprimento íntegro desta Sentença e dará por concluído este caso uma vez que o Estado tenha dado cabal
cumprimento ao disposto nesta Sentença. No prazo de um ano, contado a partir da notificação desta Sentença, o Estado deverá
apresentar à Corte relatório sobre as medidas adotadas para o seu cumprimento.
Caso Ximenes Lopes.
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Luta Antimanicomial: conceito, panorama histórico, Lei 10.216/01 e luta que segue.
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Conceito
“A luta antimanicomial definia o movimento pela saúde mental como um processo
cultural no qual a produção social da qualidade da vida não corresponde a um território
exclusivo de tecnocracias, mas a um campo aberto aos cidadãos; a ideia central de que
as pessoas com transtorno mental integram o coletivo da cidade se estabelece então
como parâmetro de inclusão, essencial a todo e qualquer projeto terapêutico. Nessa
concepção, um sistema terapêutico deve ser um centro organizador de pessoas,
saberes e práticas que visam à qualidade de vida do coletivo comunitário, a partir do
ponto de vista daqueles que são usuários do sistema, seus sujeitos primordiais, e na
perspectiva de uma ação contínua, crítica e transformadora das realidades pessoais,
sociais e institucionais”. (p. 20)
Marco Teórico:
MPF. Procuradoria
Federal dos Direitos dos
Cidadãos.
Parecer sobre Medidas
de Segurança e HCTPs
sob a perspectiva da Lei
n. 10.216/2001.
Brasília – DF, 2011.
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Luta Antimanicomial
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Panorama histórico
1978: Lei italiana 178, chamada Lei Basaglia, que aboliu os manicômios.
1978 – Rio de Janeiro recebeu Basaglia, Szasz, Goffman, Castel, Guattari no I Simpósio
Brasileiro de Psicanálise de Grupos e Instituições.
1979 – Câmara dos Deputados realizou o I Simpósio de Saúde daquela Casa
1985 – Brasil, no período de redemocratização e os rumos do movimento nos primeiros
anos de construção do SUS.
1987 – I Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM)
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1987 – II Congresso Nacional de Trabalhadores de Atenção Psicossocial em Bauru, com o
lema: “Por uma sociedade sem Manicômios”.
oProposta central:
superação radical do modelo psiquiátrico tradicional, expresso tanto na estrutura
manicomial quanto no saber médico sobre a loucura.
o Dia Nacional da Luta Antimanicomial: 18 de maio é escolhido em Bauru.
o Bauru é marco ainda da Articulação Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA).
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o MNLA significa: “Movimento – não um partido, uma nova instituição ou entidade,
mas um modo político peculiar de organização da sociedade em prol de uma causa;
Nacional – não algo que ocorre isoladamente num determinado ponto do país, e
sim um conjunto de práticas vigentes em pontos mais diversos do nosso território;
Luta – não uma solicitação, mas um enfrentamento, não um consenso, mas algo
que põe em questão poderes e privilégios; Antimanicomial – uma posição clara
então escolhida, juntamente com a palavra de ordem indispensável a um combate
político, e que desde então nos reúne: por uma sociedade sem manicômios”.
Marco Teórico:
Lígia Lüchmann e
Jefferson Rodrigues
O movimento
antimanicomial no Brasil
Ciência & Saúde Coletiva,
12(2):399-407, 2007.
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1988 – C.R.F.B.
1990 – OMS - DECLARAÇÃO DE CARACAS (adotada pela Organização Mundial de
Saúde em Caracas, Venezuela, em 14 de novembro de 1990): As organizações,
associações, autoridades da saúde, profissionais de saúde mental, legisladores e juristas
reunidos na Conferência Regional para a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica dentro
dos Sistemas Locais de Saúde.
1991 - ONU - Resolução 49/119 de 17 dez 1991 dispõe sobre Princípios Para A Proteção
Das Pessoas Com Doença Mental E Para O Melhoramento Dos Cuidados De Saúde
Mental.
1992 – Lei Estadual RS n. 9.216 é a 1ª lei de reforma psiquiátrica do Brasil.
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1993 - III Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Familiares da Luta Antimanicomial
(Santos) – “Carta de Direitos e Deveres dos Usuários e Familiares dos Serviços de Saúde
Mental”
Corte IDH, Caso Ximenes Lopes vs. Brasil – processo internacional que durante sua tramitação
alavancou o PL da Lei 10216/01. Fato ocorrido em outubro de 1999, a sentença é de 2007.
2000 – Portaria n. 106 do MS institui os Serviços Residenciais Terapêuticos (RT).
2001 – Lei Antimanicomial (Lei n. 10.216 de 06.04.01) dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.
2001 – PAI-PJ (TJ MG) oficializado pela Resolução n. 25 de dezembro de 2001 e hoje regulado
pela Resolução n. 663/2010 (Programa Novos Rumos).
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2002 – PNDH 2 instituído pelo Decreto n. 4.229, de 13 de maio (revogado pelo PNDH3)
Saúde Mentalo 365. Apoiar a divulgação e a aplicação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, com vistas à desconstrução do aparato
manicomial sob a perspectiva da reorientação do modelo de atenção em saúde mental.
o 366. Estabelecer mecanismos de normatização e acompanhamento das ações das secretarias de justiça e cidadania nos
estados, no que diz respeito ao funcionamento dos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico.
o 367. Promover esforço intersetorial em favor da substituição do modelo de atenção dos hospitais de custódia e
tratamento por tratamento referenciado na rede SUS.
o 368. Promover debates sobre a inimputabilidade penal das pessoas acometidas por transtornos psíquicos.
o 369. Criar programas de atendimento às pessoas portadoras de doenças mentais, apoiando tratamentos alternativos à
internação, de forma a conferir prioridade a modelos de atendimento psicossocial, com a eliminação progressiva dos
manicômios.
o 370. Criar uma política de atenção integral às vítimas de sofrimento psíquico na área da saúde mental, assegurando o
cumprimento da carta de direitos dos usuários de saúde mental e o monitoramento dos hospitais psiquiátricos.
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2003 - Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003, que publica o
Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP) – revogada pelo PNAISP,
que aprimorou o Plano e o transformou em POLÍTICA em 2014.
o“Em decorrência de suas especificidades, os Hospitais de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico, Manicômios Judiciários e Sanatórios Penais serão objetos de normas
próprias, que deverão ser definidas de acordo com a Política de Saúde Mental,
preconizada pelo Ministério da Saúde.”
oArt. 8º. § 3.° Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico serão beneficiados
pelas ações previstas nesta Portaria e, em função de sua especificidade, serão objeto de
norma própria.
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2004 – CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária) aprova a
Resolução nº 05, de 04 de maio de 2004, que “dispõe a respeito das Diretrizes para o
Cumprimento das Medidas de Segurança, adequando-as à previsão contida na Lei nº
10.216 de 06 de abril de 2001”.
2004 – PNAS (Política Nacional de Assistência Social) é aprovada pelo CNAS (Conselho
Nacional de Assistência Social) pela Resolução n. 165, 15.10.2004.
2006 – PAILI (GO), criado pelo Ministério Público de GO e premiado com o Innovare, a
Portaria SES n. 019/2006 abraçou formalmente o programa, dentro do SUS.
2009 – Decreto 6949, 06.08.09 ratificou a Convenção Internacional sobre Direitos das
Pessoas com Deficiência com quorum de emenda constitucional!!! C. Formal!!!
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2009 – PNDH3 instituído pelo Decreto n. 7.037 de 21.12.2009.
o Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência.
Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas
alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário.
Objetivo Estratégico III: Tratamento adequado às pessoas com transtornos mentais
• Ações Programáticas:
a) Estabelecer diretrizes que garantam tratamento adequado às pessoas com transtornos mentais em
consonância com o princípio de desinstitucionalização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
Recomendação: Recomenda-se aos estados, Distrito Federal e municípios mobilizar os serviços da
rede de atenção à saúde mental para oferta do tratamento especializado dos portadores de transtornos
mentais, após o cumprimento das medidas de segurança, com o devido encaminhamento aos serviços
substitutivos à internação.
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2009 – PNDH3 instituído pelo Decreto n. 7.037 de 21.12.2009. (cont.)
b) Propor projeto de lei para alterar o Código Penal prevendo que o período de cumprimento de
medidas de segurança não deve ultrapassar o da pena prevista para o crime praticado, e estabelecendo a
continuidade do tratamento fora do sistema penitenciário quando necessário.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
Recomendação: Recomenda-se ao Poder Judiciário a realização de mutirões periódicos para revisão
dos processos que envolvam aplicação de medidas de segurança, analisando a necessidade de sua
manutenção.
c) Estabelecer mecanismos para a reintegração social dos internados em medida de segurança
quando da extinção desta, mediante aplicação dos benefícios sociais correspondentes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome.
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2010 – Conselho Nacional de Justiça: Resolução CNJ nº 113, de 20 de abril de 2010, que,
entre outras providências, dispõe sobre o procedimento relativo à execução de pena privativa
de liberdade e medida de segurança, determinando que se aplique, no que couber, as
diretrizes da Lei 102106/01.
2010 – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária: Resolução CNPCP nº 04, de 30
de julho de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais de Atenção aos Pacientes
Judiciários e Execução da Medida de Segurança (ATUALIZA A DE 2004, AINDA EM VIGOR).
2011 – Audiência Pública de apresentação do Parecer do MPF no INQUÉRITO CIVIL
PÚBLICO n. 1.00.000.004683/2011-80, junho de 2011.
2011 – Conselho Nacional de Justiça: Recomendação CNJ nº 35, de 12 de julho de 2011, que
na execução da Medida de Segurança, sejam adotadas políticas antimanicomiais.
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2011 - Portaria nº 3.088/GM/MS, de 23 de dezembro de 2011, que institui a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS, e as estratégias de
desinstitucionalização, no âmbito do SUS.
2012 – Norma Operacional do SUAS (Resolução CNAS nº 33, de 12 de dezembro de 2012, que
dispõe sobre a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social)
2014 – Portaria Interministerial MJ e MS n. 01 de 2014 institui o PNAISP!!!!o Art. 2º É considerada beneficiária do serviço consignado nesta norma a pessoa que, presumidamente ou comprovadamente,
apresente transtorno mental e que esteja em conflito com a Lei, sob as seguintes condições: com inquérito policial em curso,
sob custódia da justiça criminal ou em liberdade; ou, com processo criminal, e em cumprimento de pena privativa de liberdade
ou prisão provisória ou respondendo em liberdade, e que tenha o incidente de insanidade mental instaurado; ou em
cumprimento de medida de segurança; ou sob liberação condicional da medida de segurança; ou, com medida de segurança
extinta e necessidade expressa pela justiça criminal ou pelo SUS de garantia de sustentabilidade do projeto terapêutico
singular.
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Como continuar promovendo a luta antimanicomial no nosso cotidiano?
Como levar a sentença do Caso Ximenes Lopes para dentro do
processo penal e dos HCTPs?
Como fazer rede com a Rede?
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