módulo direitos humanos

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Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano [email protected] www.patriciamagno.com.br Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano Patricia Magno www.patriciamagno.com.br [email protected]

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Page 1: Módulo Direitos Humanos

Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano

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Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos

A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano

Patricia Magno

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De onde se fala?

2

Defensor(a) = “Jurista revoltado(a)” comprometido com a “construção existencial dos DH”

Compromisso com a “reinvenção do acesso à justiça” = “justiça descolonial” (DECOLONIALIDADE)

“A função da Defensoria Pública nesse processo é criar espaços para que esses vitimizados,

subintegrados ou subalternos possam falar e ser ouvidos, ainda que em processos judiciais, com cujas

linguagens, tradicionalmente, erigem-se novos obstáculos para o acesso à justiça. Deve a Defensoria

Pública criar condições para que mulheres, crianças, índios, negros, homossexuais, encarcerados, pessoas

com deficiência, idosos e sem-direitos em geral toquem os sinos quando se deva anunciar aos quatros

cantos do mundo que a justiça esteja sendo assassinada.” (p. 82)

Marco Teórico:

Caio Jesus Granduque José.

Reinventar o acesso à justiça

em tempos de transição

paradigmática:...

online

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Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano

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- “O “direito” dos direitos humanos é, portanto, um meio – uma técnica –, entre muitos outros, na hora de garantir o

resultado das lutas e interesses sociais.” (HF, p. 18)

- “Para nós é urgente mudar de perspectiva. Os conceitos e as definições tradicionais já não nos servem. Por isso,

nosso livro se estrutura em torno da seguinte premissa teórica: falar de direitos humanos é falar da ‘abertura de

processos de luta pela dignidade humana’”. (HF, p. 21)

- Aspectos: (1) complexidade dos DH; (2) metodologia relacional (diamante ético) + aproximação intercultural para

compreender a força emancipatória do direito; (3) critério axiológico (DH como processos de luta por dignidade)

Joaquin Herrera Flores

A (re) invenção dos direitos

humanos.

Florianópolis: Fundação Boiteux,

2009.

DIDH. Conceito.

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Defensor Público eLC 132/2009 + EC 80/2014

4

LC 80/94 modificada pela LC 132/09 – art. 1º.

EC 80/14 = “Emenda das Comarcas”

• CRFB, 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a

orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e

extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na

forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.

• Vide Glauce Franco: DP como expressão contra-hegemônica de democracia direta.

Marco Teórico:

Glauce Franco e Patricia Magno.

I Relatório Nacional de Atuação

em Prol de Pessoas e/ou Grupos

em Condição de Vulnerabilidade.

E-book. ANADEP.

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Proteção Internacional dos DH

5

Os Sistemas Internacionais de Proteção e Defesa

dos Direitos Humanos (SIPDH) são compostos por

NORMAS + MECANISMOS.

Mecanismos = órgãos + procedimentos

Marco Teórico:

Claudio Nash.

Sistema internacional de

protección de derechos

humanos.

Material preparado para o curso

de pós graduação.

SIPDH

PROCEDIMENTOS

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Proteção Internacional dos DH

6

SISTEMAS INTERNACIONAIS:

Global: ONU

Regionais: destaca-se a OEA

Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)

1ª função: quase jurisdicional (ex. Casos contenciosos)

2ª função: política (ex. Relatorias)

Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) – é corte internacional.

Função jurisdicional individual (Casos Contenciosos)

Função jurisdicional coletiva (Opiniões Consultivas)

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Implementação Decisões em âmbito nacional.

7

Como se dá a luta por dignidade (DH) a partir de uma sentença internacional?

Força vinculante das decisões de mecanismos internacionais DH:

1. Força jurídica interna da jurisprudência internacional: a interpretação dos direitos constitucionais

deve ser guiada pela jurisprudência internacional dos órgãos de controle. Diálogo das Cortes.

2. Força jurídica interna de decisões concretas contra o EE: Teoria do Duplo Grau ou do Duplo

Controle (ACR) – “permite a convivência entre normativas justapostas na defesa dos DH”.

Rodrigo Uprimny.

A Força Vinculante das Decisões

dos Órgãos Internacionais de

Direitos Humanos na Colômbia: um

exame da evolução da jurisprudência

constitucional.

In: CEJIL: dezembro, 2007

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Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano

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ACR, p. 213:

“De que adiantaria a Constituição pregar o respeito a tratados internacionais de direitos

humanos se o Brasil continuasse a interpretar os direitos humanos neles contidos

nacionalmente?

(...)

Essa interpretação nacional desconectada da interpretação internacional destrói a própria

essência da internacionalização dos direitos humanos, que consiste em impedir que as

paixões de momento das maiorias – mesmo aquelas entronizadas nos órgãos judiciais

máximos – possam sacrificar os direitos de todos. Por isso, a proteção de direitos humanos

passou a ser tema internacional, em especial após a Carta da Organização das Nações

Unidas de 1945 e a Declaração Universal de Direitos Humanos (1948).”

Implementação Decisões em âmbito nacional.André de Carvalho Ramos.

Crimes da ditadura militar: a ADPF

153 e a Corte Interamericana de

Direitos Humanos.

In: GOMES, Luiz Flávio e MAZZUOLI,

Valério de Oliveira. Crimes da Ditadura

Militar: uma análise à luz da

jurisprudência atual da Corte

Interamericana de Direitos Humanos.

São Paulo: RT, 2011.

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Questão da natureza jurídica da sentença da Corte IDH

o 1ª corrente: sentença estrangeira – CR, 105, I, “i”

o 2ª corrente: melhor doutrina = sentença internacional

• Cabe ação de cumprimento de sentença (ex- ação executiva por quantia certa) da parte dispositiva que

determina pagamento de indenização.

Brasil: desde 2004, previsão orçamentária própria sob a rubrica “pagamento de indenizações a vítimas de

violações das obrigações contraídas pela União por meio de adesão a tratados internacionais”.

Projeto de Lei 4667-D/2004: Dispõe sobre os efeitos jurídicos das decisões dos Organismos Internacionais de

Proteção aos Direitos Humanos e dá outras providências.

EC 45/04: questão da federalização de graves violações de DH (CR, 109, §5º).

Implementação Decisões em âmbito nacional.

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A Questão da parte da sentença referente à

obrigação de adotar medidas.

o CADH, 65

o CADH, 69

o VK, p. 34-35: “Entretanto, é possível sustentar que a Corte não vem utilizando plenamente as prerrogativas

que lhe outorga a Convenção para potencializar a garantia coletiva dos Estados. Entre as alternativas

adicionais à disposição da Corte que podem ser aplicáveis à CIDH, esta poderia, da mesma forma,

recomendar que se iniciem gestões diplomáticas para analisar as possibilidades de cumprir com as

obrigações, solicitar cooperação internacional para facilitar reformas estruturais ou o pagamento de

indenizações, pedir aplicação da Carta Democrática Interamericana, entre outras. Adicionalmente, a

Assembleia também está autorizada a efetuar uma série de recomendações aos Estados membros –

sem caráter vinculante – como, por exemplo, a imposição de sanções econômicas ao Estado que

descumpre, que os Estados incluam o pagamento das indenizações ou o cumprimento das sentenças como

uma condição para os processos de integração ou para a conclusão de acordos econômicos ou

empréstimos, por exemplo.”

Implementação Decisões em âmbito nacional.Viviana Krsticevic

Reflexões sobre a Execução das Decisões do Sistema

Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos.

Implementação das Decisões do Sistema Interamericano de

Direitos Humanos: jurisprudência, instrumentos normativos e

experiências nacionais.

CEJIL: dezembro, 2007

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p. 40: “Não obstante, ao contrário do que se pode supor, a existência de uma política previamente estabelecida, de

normas, de mecanismos ou grupos de trabalho não garante, necessariamente, a execução plena, oportuna e

satisfatória das decisões adotadas pelos órgãos do sistema interamericano. Isso é observado quando se revisa os

dados relativos aos Estados da região que se encontram em cumprimento de sentenças da Corte: quase perfeitos

com relação ao pagamento de indenizações, sem maiores dificuldades nos reconhecimentos públicos de

responsabilidade, na publicação das sentenças, na concessão de liberdade ou nas reformas legislativas.

Entretanto, ressalta-se a incapacidade de dar cumprimento à obrigação de investigar e punir os

responsáveis, materiais e intelectuais, pelas violações de direitos humanos, e a dificuldade para reabrir

processos e aplicar outras medidas gerais de não repetição, como a educação, a capacitação ou a

modificação de políticas”.

Implementação Decisões em âmbito nacional.

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Caso Ximenes Lopes.

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Fato: 1-4 de outrubro de 1999, na Casa de Repouso Guararapes, Ceará. (Município de Sobral)

Data da petição: 22 de novembro de 1999 (e o esgotamento dos recursos internos?)

O Estado não respondeu à comunicação. Que virou caso em 2002.

Out. 2003: Justiça Global ingressa como co-peticionária.

Data da sentença: 04 julho 2006.

Direitos violados:

Vida (CADH, 4,1 c/c 1.1)

Integridade pessoal (CADH, 5.1 e 5.2 c/c 1.1)

Garantias judiciais (CADH, 8.1 e 25.1 c/c/ 1.1)

Nadine Borges.

Damião Ximenes: primeira

condena;áo do Brasil na

Corte Interamericana de

Direitos Humanos.

Rio de Janeiro: Revan, 2009.

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O que o Estado fez no curso do caso no SIDH:

241. Para efeitos de uma desculpa pública aos familiares da vítima, a Corte acata e aprecia o reconhecimento parcial de

responsabilidade internacional realizado pelo Estado na audiência pública realizada em 30 de novembro de 2005.

242. Ademais, este Tribunal destaca o fato de que em 3 de novembro de 2005 o Estado deu ao Centro de Atenção Psicossocial de

Sobral (CAPS), instalado na cidade de Sobral no âmbito da criação da Rede de Atenção Integral à Saúde Mental, o nome de

“Centro de Atenção Psicossocial Damião Ximenes Lopes”. O Estado também deu à sala em que se realizou a Terceira Conferência

de Saúde Mental o nome do senhor Damião Ximenes Lopes. Isso contribui para conscientizar quanto à não-repetição de fatos

lesivos como os ocorridos neste caso e manter viva a memória da vítima.

243. A Corte também reconhece que o Estado adotou internamente uma série de medidas para melhorar as condições da

atenção psiquiátrica nas diversas instituições do Sistema Único de Saúde (SUS). Algumas dessas medidas foram adotadas

pelo Município de Sobral, a saber: (...) convênio entre o Programa Saúde na Família e a Equipe de Saúde Mental do Município de

Sobral; (...) leitos em hospital geral de Sobral; CAPS e CAPSaD; o Serviço Residencial Terapêutico; (...). O Estado também

adotou várias medidas no âmbito nacional, entre as quais estão a aprovação da Lei nº 10.216, em 2001, conhecida como

“Lei de Reforma Psiquiátrica”; (...) seminários e a Terceira Conferência Nacional de Saúde Mental em dezembro de 2001; a

criação a partir de 2002 do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares Psiquiátricos; a implementação em

2004 do Programa de Reestruturação Hospitalar do Sistema Único de Saúde; a implementação do “Programa de Volta para Casa”;

e a consolidação em 2004 do Fórum de Coordenadores de Saúde Mental.

Caso Ximenes Lopes.

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Dispositivo da sentença:

O Estado deve garantir, em um prazo razoável, que o processo interno destinado a investigar e sancionar os responsáveis

pelos fatos deste caso surta seus devidos efeitos.

O Estado deve publicar, no prazo de seis meses, no Diário Oficial e em outro jornal de ampla circulação nacional, uma só vez, o

Capítulo VII relativo aos fatos provados desta Sentença.

O Estado deve continuar a desenvolver um programa de formação e capacitação para o pessoal médico, de psiquiatria e

psicologia, de enfermagem e auxiliares de enfermagem e para todas as pessoas vinculadas ao atendimento de saúde

mental, em especial sobre os princípios que devem reger o trato das pessoas portadoras de deficiência mental, conforme

os padrões internacionais sobre a matéria e aqueles dispostos nesta Sentença. (capacitação e sensibilização)

O Estado deve pagar em dinheiro para a mãe e a irmã, a título de indenização por dano material, a quantia de U$ 10.000,00 e

para a a mãe, a irmã, o pai e o imão, no prazo de um ano, a título de indenização por dano imaterial, a quantia de U$ 50.000,00.

A título de custas e gastos gerados no âmbito interno e no processo internacional perante o sistema interamericano de

proteção dos direitos humanos, a quantia de U$ 10.000,00 para a mãe.

Supervisionará o cumprimento íntegro desta Sentença e dará por concluído este caso uma vez que o Estado tenha dado cabal

cumprimento ao disposto nesta Sentença. No prazo de um ano, contado a partir da notificação desta Sentença, o Estado deverá

apresentar à Corte relatório sobre as medidas adotadas para o seu cumprimento.

Caso Ximenes Lopes.

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Luta Antimanicomial: conceito, panorama histórico, Lei 10.216/01 e luta que segue.

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Conceito

“A luta antimanicomial definia o movimento pela saúde mental como um processo

cultural no qual a produção social da qualidade da vida não corresponde a um território

exclusivo de tecnocracias, mas a um campo aberto aos cidadãos; a ideia central de que

as pessoas com transtorno mental integram o coletivo da cidade se estabelece então

como parâmetro de inclusão, essencial a todo e qualquer projeto terapêutico. Nessa

concepção, um sistema terapêutico deve ser um centro organizador de pessoas,

saberes e práticas que visam à qualidade de vida do coletivo comunitário, a partir do

ponto de vista daqueles que são usuários do sistema, seus sujeitos primordiais, e na

perspectiva de uma ação contínua, crítica e transformadora das realidades pessoais,

sociais e institucionais”. (p. 20)

Marco Teórico:

MPF. Procuradoria

Federal dos Direitos dos

Cidadãos.

Parecer sobre Medidas

de Segurança e HCTPs

sob a perspectiva da Lei

n. 10.216/2001.

Brasília – DF, 2011.

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Luta Antimanicomial

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Panorama histórico

1978: Lei italiana 178, chamada Lei Basaglia, que aboliu os manicômios.

1978 – Rio de Janeiro recebeu Basaglia, Szasz, Goffman, Castel, Guattari no I Simpósio

Brasileiro de Psicanálise de Grupos e Instituições.

1979 – Câmara dos Deputados realizou o I Simpósio de Saúde daquela Casa

1985 – Brasil, no período de redemocratização e os rumos do movimento nos primeiros

anos de construção do SUS.

1987 – I Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM)

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Luta Antimanicomial

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1987 – II Congresso Nacional de Trabalhadores de Atenção Psicossocial em Bauru, com o

lema: “Por uma sociedade sem Manicômios”.

oProposta central:

superação radical do modelo psiquiátrico tradicional, expresso tanto na estrutura

manicomial quanto no saber médico sobre a loucura.

o Dia Nacional da Luta Antimanicomial: 18 de maio é escolhido em Bauru.

o Bauru é marco ainda da Articulação Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA).

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Luta Antimanicomial

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o MNLA significa: “Movimento – não um partido, uma nova instituição ou entidade,

mas um modo político peculiar de organização da sociedade em prol de uma causa;

Nacional – não algo que ocorre isoladamente num determinado ponto do país, e

sim um conjunto de práticas vigentes em pontos mais diversos do nosso território;

Luta – não uma solicitação, mas um enfrentamento, não um consenso, mas algo

que põe em questão poderes e privilégios; Antimanicomial – uma posição clara

então escolhida, juntamente com a palavra de ordem indispensável a um combate

político, e que desde então nos reúne: por uma sociedade sem manicômios”.

Marco Teórico:

Lígia Lüchmann e

Jefferson Rodrigues

O movimento

antimanicomial no Brasil

Ciência & Saúde Coletiva,

12(2):399-407, 2007.

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Luta Antimanicomial

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1988 – C.R.F.B.

1990 – OMS - DECLARAÇÃO DE CARACAS (adotada pela Organização Mundial de

Saúde em Caracas, Venezuela, em 14 de novembro de 1990): As organizações,

associações, autoridades da saúde, profissionais de saúde mental, legisladores e juristas

reunidos na Conferência Regional para a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica dentro

dos Sistemas Locais de Saúde.

1991 - ONU - Resolução 49/119 de 17 dez 1991 dispõe sobre Princípios Para A Proteção

Das Pessoas Com Doença Mental E Para O Melhoramento Dos Cuidados De Saúde

Mental.

1992 – Lei Estadual RS n. 9.216 é a 1ª lei de reforma psiquiátrica do Brasil.

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Luta Antimanicomial

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1993 - III Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Familiares da Luta Antimanicomial

(Santos) – “Carta de Direitos e Deveres dos Usuários e Familiares dos Serviços de Saúde

Mental”

Corte IDH, Caso Ximenes Lopes vs. Brasil – processo internacional que durante sua tramitação

alavancou o PL da Lei 10216/01. Fato ocorrido em outubro de 1999, a sentença é de 2007.

2000 – Portaria n. 106 do MS institui os Serviços Residenciais Terapêuticos (RT).

2001 – Lei Antimanicomial (Lei n. 10.216 de 06.04.01) dispõe sobre a proteção e os direitos

das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em

saúde mental.

2001 – PAI-PJ (TJ MG) oficializado pela Resolução n. 25 de dezembro de 2001 e hoje regulado

pela Resolução n. 663/2010 (Programa Novos Rumos).

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2002 – PNDH 2 instituído pelo Decreto n. 4.229, de 13 de maio (revogado pelo PNDH3)

Saúde Mentalo 365. Apoiar a divulgação e a aplicação da Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, com vistas à desconstrução do aparato

manicomial sob a perspectiva da reorientação do modelo de atenção em saúde mental.

o 366. Estabelecer mecanismos de normatização e acompanhamento das ações das secretarias de justiça e cidadania nos

estados, no que diz respeito ao funcionamento dos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico.

o 367. Promover esforço intersetorial em favor da substituição do modelo de atenção dos hospitais de custódia e

tratamento por tratamento referenciado na rede SUS.

o 368. Promover debates sobre a inimputabilidade penal das pessoas acometidas por transtornos psíquicos.

o 369. Criar programas de atendimento às pessoas portadoras de doenças mentais, apoiando tratamentos alternativos à

internação, de forma a conferir prioridade a modelos de atendimento psicossocial, com a eliminação progressiva dos

manicômios.

o 370. Criar uma política de atenção integral às vítimas de sofrimento psíquico na área da saúde mental, assegurando o

cumprimento da carta de direitos dos usuários de saúde mental e o monitoramento dos hospitais psiquiátricos.

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2003 - Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003, que publica o

Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP) – revogada pelo PNAISP,

que aprimorou o Plano e o transformou em POLÍTICA em 2014.

o“Em decorrência de suas especificidades, os Hospitais de Custódia e Tratamento

Psiquiátrico, Manicômios Judiciários e Sanatórios Penais serão objetos de normas

próprias, que deverão ser definidas de acordo com a Política de Saúde Mental,

preconizada pelo Ministério da Saúde.”

oArt. 8º. § 3.° Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico serão beneficiados

pelas ações previstas nesta Portaria e, em função de sua especificidade, serão objeto de

norma própria.

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2004 – CNPCP (Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária) aprova a

Resolução nº 05, de 04 de maio de 2004, que “dispõe a respeito das Diretrizes para o

Cumprimento das Medidas de Segurança, adequando-as à previsão contida na Lei nº

10.216 de 06 de abril de 2001”.

2004 – PNAS (Política Nacional de Assistência Social) é aprovada pelo CNAS (Conselho

Nacional de Assistência Social) pela Resolução n. 165, 15.10.2004.

2006 – PAILI (GO), criado pelo Ministério Público de GO e premiado com o Innovare, a

Portaria SES n. 019/2006 abraçou formalmente o programa, dentro do SUS.

2009 – Decreto 6949, 06.08.09 ratificou a Convenção Internacional sobre Direitos das

Pessoas com Deficiência com quorum de emenda constitucional!!! C. Formal!!!

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2009 – PNDH3 instituído pelo Decreto n. 7.037 de 21.12.2009.

o Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência.

Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas

alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário.

Objetivo Estratégico III: Tratamento adequado às pessoas com transtornos mentais

• Ações Programáticas:

a) Estabelecer diretrizes que garantam tratamento adequado às pessoas com transtornos mentais em

consonância com o princípio de desinstitucionalização.

Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde

Recomendação: Recomenda-se aos estados, Distrito Federal e municípios mobilizar os serviços da

rede de atenção à saúde mental para oferta do tratamento especializado dos portadores de transtornos

mentais, após o cumprimento das medidas de segurança, com o devido encaminhamento aos serviços

substitutivos à internação.

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Luta Antimanicomial

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2009 – PNDH3 instituído pelo Decreto n. 7.037 de 21.12.2009. (cont.)

b) Propor projeto de lei para alterar o Código Penal prevendo que o período de cumprimento de

medidas de segurança não deve ultrapassar o da pena prevista para o crime praticado, e estabelecendo a

continuidade do tratamento fora do sistema penitenciário quando necessário.

Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde

Recomendação: Recomenda-se ao Poder Judiciário a realização de mutirões periódicos para revisão

dos processos que envolvam aplicação de medidas de segurança, analisando a necessidade de sua

manutenção.

c) Estabelecer mecanismos para a reintegração social dos internados em medida de segurança

quando da extinção desta, mediante aplicação dos benefícios sociais correspondentes.

Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome.

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Luta Antimanicomial

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2010 – Conselho Nacional de Justiça: Resolução CNJ nº 113, de 20 de abril de 2010, que,

entre outras providências, dispõe sobre o procedimento relativo à execução de pena privativa

de liberdade e medida de segurança, determinando que se aplique, no que couber, as

diretrizes da Lei 102106/01.

2010 – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária: Resolução CNPCP nº 04, de 30

de julho de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais de Atenção aos Pacientes

Judiciários e Execução da Medida de Segurança (ATUALIZA A DE 2004, AINDA EM VIGOR).

2011 – Audiência Pública de apresentação do Parecer do MPF no INQUÉRITO CIVIL

PÚBLICO n. 1.00.000.004683/2011-80, junho de 2011.

2011 – Conselho Nacional de Justiça: Recomendação CNJ nº 35, de 12 de julho de 2011, que

na execução da Medida de Segurança, sejam adotadas políticas antimanicomiais.

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Luta Antimanicomial

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2011 - Portaria nº 3.088/GM/MS, de 23 de dezembro de 2011, que institui a Rede de Atenção

Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades

decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS, e as estratégias de

desinstitucionalização, no âmbito do SUS.

2012 – Norma Operacional do SUAS (Resolução CNAS nº 33, de 12 de dezembro de 2012, que

dispõe sobre a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social)

2014 – Portaria Interministerial MJ e MS n. 01 de 2014 institui o PNAISP!!!!o Art. 2º É considerada beneficiária do serviço consignado nesta norma a pessoa que, presumidamente ou comprovadamente,

apresente transtorno mental e que esteja em conflito com a Lei, sob as seguintes condições: com inquérito policial em curso,

sob custódia da justiça criminal ou em liberdade; ou, com processo criminal, e em cumprimento de pena privativa de liberdade

ou prisão provisória ou respondendo em liberdade, e que tenha o incidente de insanidade mental instaurado; ou em

cumprimento de medida de segurança; ou sob liberação condicional da medida de segurança; ou, com medida de segurança

extinta e necessidade expressa pela justiça criminal ou pelo SUS de garantia de sustentabilidade do projeto terapêutico

singular.

Page 28: Módulo Direitos Humanos

Curso de Introdução ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos – A Luta Antimanicomial e o Sistema Interamericano

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Como continuar promovendo a luta antimanicomial no nosso cotidiano?

Como levar a sentença do Caso Ximenes Lopes para dentro do

processo penal e dos HCTPs?

Como fazer rede com a Rede?

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