matrix realidade ou ficção

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 "Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora" (Neemias 9.6).  A realidade existe? Nossas vidas não passam de um programa de computador que roda nas nossas mentes? Nossas imagens são apenas uma projeção mental do nosso "eu digital"? Apenas sonhamos enquanto damos um duro medonho no trabalho? Adormecidos, nos entregamos em amor, enquanto as máquinas que dominam o mundo se alimentam das nossas energias? Com o lançamento do filme Matrix Revolutions, o último da trilogia Matrix  dos irmãos Wachowsky, essas perguntas voltam a povoar o consciente da humanidade. No primeiro episódio da série, o personagem Morfeu nos esclareceu o que é Matrix: Morfeu: A Matrix é um mundo dos sonhos gerado por computador... Feito para nos controlar... para transformar o ser humano nisso aqui (Morfeu mostra uma bateria).  Neo: Não. Eu não acredito. Não é possível!  Morfeu: Eu não disse que seria fácil, N eo. Eu só disse que seria a verdade.  A questão da verdade de Matrix  em contraposição com a verdade do cristianismo já foi abordada anteriormente no artigo "Matrix e sua filosofia pós-moderna". Não é só a trilogia Matrix  que afirma que nosso mundo é virtual. Outros filmes são regidos pela mesma cartilha. Em 1999, no mesmo ano em que foi lançado o primeiro filme da série Matrix , também chegava aos cinemas o 13º Andar, de Josef Rusnak, com Craig Bierko. No décimo terceiro andar do prédio de uma grande companhia, cientistas recriaram a Los Angeles dos anos 30 de forma tão realista que os habitantes nem desconfiavam que não existiam de fato – eram apenas um programa de computador. No final, ficamos sabendo que o nosso mundo contemporâneo também não passa de uma simulação. Em 2002, foi lançado S1m0ne (com um 1 no lugar do i e um zero no lugar do o. É a abreviação de "Simulation One"), de Andrew Niccol, com Al Pacino e Catherine Keener. Pacino interpreta Victor Taranski, cineasta de pretensões artísticas, que consegue criar uma linda estrela de cinema virtual e com isso atinge inesperado poder e popularidade. Essa mulher virtual chama-se S1m0ne.  A civilização contemporânea está cada vez mais submersa no cyberespaço. A internet é um fenômeno A realidade existe? Nossas vidas não passam de um programa de computador que roda nas nossas mentes? Nossas imagens são apenas uma projeção mental do nosso "eu digital"? Página 1 de 3

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"Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nelahá, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus teadora" (Neemias 9.6). 

 A realidade existe? Nossas vidas não passam de um programa de computador que roda nas nossasmentes? Nossas imagens são apenas uma projeção mental do nosso "eu digital"? Apenas sonhamosenquanto damos um duro medonho no trabalho? Adormecidos, nos entregamos em amor, enquanto asmáquinas que dominam o mundo se alimentam das nossas energias? 

Com o lançamento do filme Matrix Revolutions, o último da trilogia Matrix  dos irmãos Wachowsky, essasperguntas voltam a povoar o consciente da humanidade. 

No primeiro episódio da série, o personagem Morfeu nos esclareceu o que é Matrix: 

Morfeu: A Matrix é um mundo dos sonhos gerado por computador... Feito para nos controlar...para transformar o ser humano nisso aqui (Morfeu mostra uma bateria). 

Neo: Não. Eu não acredito. Não é possível! 

Morfeu: Eu não disse que seria fácil, Neo. Eu só disse que seria a verdade. 

 A questão da verdade de Matrix  em contraposição com a verdade docristianismo já foi abordada anteriormente no artigo "Matrix e sua filosofiapós-moderna". 

Não é só a trilogia Matrix  que afirma que nosso mundo é virtual. Outrosfilmes são regidos pela mesma cartilha. 

Em 1999, no mesmo ano em que foi lançado o primeiro filme da sérieMatrix , também chegava aos cinemas o 13º Andar, de Josef Rusnak,com Craig Bierko. No décimo terceiro andar do prédio de uma grandecompanhia, cientistas recriaram a Los Angeles dos anos 30 de forma tãorealista que os habitantes nem desconfiavam que não existiam de fato –eram apenas um programa de computador. No final, ficamos sabendoque o nosso mundo contemporâneo também não passa de umasimulação. 

Em 2002, foi lançado S1m0ne (com um 1 no lugar do i e um zero no lugardo o. É a abreviação de "Simulation One"), de Andrew Niccol, com AlPacino e Catherine Keener. Pacino interpreta Victor Taranski, cineasta depretensões artísticas, que consegue criar uma linda estrela de cinema virtual e com isso atinge inesperadopoder e popularidade. Essa mulher virtual chama-se S1m0ne. 

 A civilização contemporânea está cada vez mais submersa no cyberespaço. A internet é um fenômeno

A realidade existe? Nossas vidasnão passam de um programa de

computador que roda nas nossasmentes? Nossas imagens são

apenas uma projeção mental do

nosso "eu digital"?

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perfeitamente real, que faz parte do nosso mundo e está afetando nossas subjetividades, nossascosmovisões e nossos modos de ser e viver. A dinâmica da tecnociência é nossa aliada e passamos a viverfortemente influenciados por esses ambientes digitais. Até aí tudo bem, pois continuamos diferenciando oreal do irreal, o fato da ficção, o verdadeiro do imaginário. 

O problema é perdermos o senso crítico e acreditarmos que o nosso mundo é uma ilusão. Nesse pontopassamos a fazer parceria com a trilogia Matrix, o hinduísmo e o budismo, entre outras visões de mundo.  

O hinduísmo 

No hinduísmo, acredita-se que o deus Brahman teve um sonho em que gotículas saíam do seu corpo comogotículas de suor. Elas foram crescendo, transformando-se e evoluindo no cosmo, nas galáxias, nosplanetas, nos homens, nos animais, na natureza... e tudo o que hoje conhecemos como o mundofisicamente real não passa de um sonho do deus Brahman. Portanto, a única realidade seria apenasBrahman. 

Vivemos, então, supostamente em uma ilusão (maya) criada por Brahman. Para que Brahman criou essailusão? Os hinduístas respondem que Brahman a criou para sua própria diversão (lila). Resumindo, nohinduísmo, nosso complexo mundo físico, com todos os seus ecossistemas, e nosso sofisticado corpohumano não passam de uma realidade virtual, como um joguinho de computador, semelhante ao The Sims,Sim City  ou Age of Empires. 

O budismo 

No budismo, aprendemos que Gautama Buda era um príncipe hinduísta queabandonou seu castelo, sua esposa e seu filho para descobrir a causa de tantosofrimento. Meditou embaixo de uma figueira e descobriu que a razão dosofrimento seria, resumidamente, o apego e o desejo. A solução budista estáem cada pessoa descobrir a sua própria "não-existência". 

Segundo o budismo, o homem simplesmente deve entender que não existe o"eu". As últimas palavras de Buda, aos oitenta anos e antes de morrer de

disenteria, foram: "tudo é impermanente". 

O cristianismo 

O ensinamento de Jesus é que o homem existe e deve "negar-se a si mesmo",negar o seu "eu" e tomar a sua cruz (veja Marcos 8.34). No cristianismo, o "eu"existe e deve ser subjugado, morto, e não enaltecido. 

Quando o apóstolo Paulo falou aos filósofos gregos no Areópago, em Atenas, fez referência ao altar quetinha a inscrição: "Ao Deus Desconhecido" (Atos 17.23). Paulo disse que estava anunciando esse Deuspara os atenienses. Na verdade, o altar "ao Deus desconhecido" tinha uma história, de que tanto Pauloquanto aqueles filósofos tinham conhecimento. 

 Ao mencionar que em Deus "vivemos, e nos movemos, e existimos" (Atos17.28), Paulo estava citando o poeta Epimênides de Creta (do sexto século a.C.).Conta-se que Epimênides foi convocado de Knossos, na ilha de Creta, para

 Atenas, quando os habitantes da cidade enfrentavam uma terrível peste. Nenhumdos deuses de Atenas tinha sido capaz de livrá-los dessa praga e o oráculo deDelfos indicava a existência de um Deus que não estava sendo agradado pelosatenienses. Epimênides sabia como agradar a esse Deus "ofendido edesconhecido". Quando chegou a Atenas, soltou um rebanho de ovelhas no

 Areópago, orientando a população a erguer um altar "ao Deus desconhecido" nolocal onde elas parassem para repousar. Vários altares foram construídos e apraga cessou. 

Epimênides talvez seja um exemplo do homem pagão que, mesmo em trevas

espirituais, "apalpou" e encontrou o Deus verdadeiro "que não está longe decada um de nós" (Atos 17.27). 

 A vida espiritual também é assim. Enquanto os homens não conhecem o Deus deIsrael, a vida é sem motivo e sem razão, a esperança no porvir é tão escura comoo breu, a existência é uma ilusão doentia e a morte eterna é seu destino final (pois

A solução budista está emcada pessoa descobrir a sua

própria "não-existência".

Quando Jesus se faz

conhecido, uma luzilumina as trevas, comoum farol que norteia osmarinheiros em umatempestade, e cessa apestilência espiritual queparecia não ter mais fim.

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sofrem de um flagelo espiritual). Sem Deus, a humanidade enfrenta uma epidemia espiritual caracterizadapela mortandade. 

Quando, porém, Jesus se faz conhecido, uma luz ilumina as trevas, como um farol que norteia osmarinheiros em uma tempestade, e cessa a pestilência espiritual que parecia não ter mais fim. Ele é acerteza de que chegaremos à bonança do lar eterno após uma vida sofrida. Jesus nos dá a convicção deque não tateamos mais no escuro. Com Cristo, marchamos firmes e certos de que um dia estaremos para

sempre no descanso do Senhor, pois "nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (Atos 17.28). 

Conclusão 

Nosso mundo é tão real como uma rocha. Uma rocha é constituída por átomos, como outros objetos domundo. E os átomos, formados por quarks. Os quarks podem ser produzidos por supercordas. Seprosseguirmos além disso, entramos em terreno cientificamente desconhecido. A fronteira entre aexistência e a inexistência pode não ser muito bem determinada nas ciências humanas (especialmente nafilosofia), mas é clara na Bíblia Sagrada: quando saímos da existência física, passamos para umaexistência espiritual, invisível, mas também real. 

Sim, a realidade existe tanto na dimensão física (visível e palpável) como na espiritual (invisível eimpalpável). Somos reais e criaturas do Deus vivo. Como afirma Todd Charles Wood, geneticista doInstitute for Creation Research (Instituto de Pesquisa da Criação): "Deus criou o organismo no Gênesis emum estado maduro, e o genoma é o banco de dados que garante sua continuidade no estado maduro". Ou,como relata o profeta Isaías: "Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou aterra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada. Eu sou oSenhor, e não há outro" (Isaías 45.18). Essa é a emersão da nossa realidade! É o nosso devir! E Deusseja louvado! Amém. (Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa - http://www.chamada.com.br/) 

Extraído da revista Chamada da Meia-Noite, novembro de 2003 

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