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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO MATHEUS OLIVEIRA DE BRITO SIMULAÇÃO E CONTROLE DO TIPO SOFTWARE IN THE LOOP PARA MOTOR CC: Aplicações em PID e MPC Salvador 2015

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

MATHEUS OLIVEIRA DE BRITO

SIMULAÇÃO E CONTROLE DO TIPO SOFTWARE IN THE

LOOP PARA MOTOR CC: Aplicações em PID e MPC

Salvador

2015

2

MATHEUS OLIVEIRA DE BRITO

SIMULAÇÃO E CONTROLE DO TIPO SOFTWARE IN THE LOOP

PARA MOTOR CC: Aplicações em PID e MPC

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado à Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Controle e

Automação.

Orientador: Prof.º Marcus Vinicius Americano da

Costa Filho.

Salvador

2015

3

MATHEUS OLIVEIRA DE BRITO

SIMULAÇÃO E CONTROLE DO TIPO SOFTWARE IN THE LOOP PARA MOTOR

CC: Aplicações em PID e MPC

Trabalho de conclusão de curso submetido ao corpo docente do colegiado do curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de Controle e Automação.

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Prof. André Pires Nóbrega Tahim, Dr.

_____________________________________________________

Prof. Márcio André Fernandes Martins, Dr.

________________________________________________ Prof. Marcus Vinícius Americano da Costa Filho, Dr.

Aprovada em, Salvador, _____ de ___________________ de ________.

4

Dedicatória: À Deus, pelo cuidado

com minha vida; aos meus pais e

familiares, pelas orações, ensinamentos e

apoio; aos amigos que contribuíram em

todo período acadêmico.

5

AGRADECIMENTOS

À Deus por minha vida e por tudo quem tem me proporcionado durante a minha

trajetória.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Aos meus amigos, pelo companheirismo e comprometimento durante todo o curso.

À Universidade Federal da Bahia, pela excelente formação acadêmica a mim

proporcionada.

Ao professor Marcus Vinicius Americano da Costa Filho, pela orientação, apoio e

confiança.

6

“Que os vossos esforços desafiem

as impossibilidades, lembrai-vos de que

as grandes coisas do homem foram

conquistadas do que pareciam

impossível”.

Charles Chaplin

7

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso apresenta estratégias de controle para

um motor de corrente contínua (CC) em ambiente virtual, levando em consideração

o comportamento da corrente de armadura, principalmente em sua partida. Primeira

mente será comentado a importância do controle de motores elétricos CC,

representando também o seu comportamento dinâmico no domínio da

frequência e do tempo através da transformada de Laplace e da forma diferencial.

Na implementação do trabalho foi realizado um software-in-the-loop entre o

Matlab/Simulink/Simscape, onde foi simulado o equipamento estudado, e o

LabVIEW onde foi implementado o controle proporcional, integral e derivativo (PID)

além de ser utilizado como ferramenta para a construção de um pequeno

supervisório. A comunicação entre as ferramentas se deu via OPC (OLE for Process

Control), com intuito de estabelecer uma comunicação em tempo real. O trabalho

também expõe um comparativo de desempenho entre as estratégias de controle PID

e o controle preditivo, através de análises gráficas e quantitativas.

Palavras-Chaves: Motor de Corrente Contínua. Software-In-The-Loop. Controle

Preditivo. PID. Simscape. Labview. Matlab. Simulink.

8

ABSTRACT

This course conclusion work presents control strategies for a direct current motor

(DC) in a virtual environment, taking into account the armature current behavior,

especially in his departure. First mind will be discussed the importance of controlling

DC motors, also representing their dynamic behavior in the frequency domain and

time by Laplace transform and differential form. The implementation of the work was

carried out a software-in-the-loop between Matlab / Simulink / Simscape where was

simulated the study equipment and LabVIEW which was implemented proportional

control, integral and derivative (PID) as well as being used as tool for construction of

a small supervisory. Communication between the tools occurred via OPC (OLE for

Process Control), aiming to establish a real-time communication. The paper also sets

out a comparison of performance between the PID control strategies and predictive

control, through graphical and quantitative analysis.

Keywords: Motor current continues. Software-In-The-Loop. Predictive Control. PID.

Simscape. Labview. Matlab. Simulink.

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Motores CC ............................................................................................... 21

Figura 2 - Circuito Equivalente de um Motor CC ....................................................... 23

Figura 3 - Resposta do processo para a entrada degrau unitário ............................. 28

Figura 4 - Resposta do processo para a entrada impulso unitário ............................ 28

Figura 5 - Interface de monitoramento do Motor CC em LabVIEW ........................... 29

Figura 6 - Blocos OPC em Simulink para comunicação com o Supervisório. ........... 31

Figura 7 - Representação em diagrama de blocos de um PID .................................. 32

Figura 8 - Representação em diagrama de blocos de uma malha fechada com um

PID ............................................................................................................................ 32

Figura 9 - Estrutura de um Controlador Preditivo. ..................................................... 43

Figura 10 - Horizontes de Previsão ........................................................................... 43

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros do Motor

CC...........................................................................25

Tabela 2 – Parâmetros de

Sintonia.............................................................................34

Tabela 3 – Resultados dos Testes com combinação entre

intervalos..........................44

Tabela 4 – Resultados com parâmetros MPC em Matlab/Simulink

®..........................47

Tabela 5 – Testes

1.....................................................................................................50

Tabela 6 – Testes

2.....................................................................................................52

11

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Resultados PID em Matlab na plataforma

Simscape.................................35

Gráfico 2 – Corrente PID em Sintonia

Ótima...............................................................36

Gráfico 3 – Corrente Malha

Aberta..............................................................................36

Gráfico 4 – Resultados PID em Matlab na plataforma LabVIEW ...............................

37

Gráfico 5 – Corrente PID - LabVIEW

..........................................................................38

Gráfico 6 –Velocidade

LabVIEW.................................................................................39

Gráfico 7 – Corrente

LabVIEW....................................................................................40

Gráfico 8 – Velocidade e MV – Controlador MPC (Antes)

...........................................45

Gráfico 9 – Corrente Controlador MPC (Antes)

..........................................................46

Gráfico 10 – Velocidade e MV – Controlador MPC (Depois)

.......................................46

Gráfico 11 – Corrente Controlador MPC (Depois)

......................................................47

12

Gráfico 12 – Testes

1..................................................................................................49

Gráfico 13 – Testes

2..................................................................................................51

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 16

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 17

1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 17

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 17

1.3 REVISÃO DO ESTADO DA ARTE ............................................................... 18

2 MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA ................................................................ 19

2.1 HISTÓRIA: A Origem do Motor CC .............................................................. 19

2.2 MODELAGEM DO MOTOR CC ................................................................... 23

2.2.1 EQUAÇÕES DO SISTEMA ................................................................... 23

13

2.2.2 TRASFORMADA DE LAPLACE ............................................................ 25

2.2.3 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA .......................................................... 25

2.2.4 PARÂMETROS DO MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA .................. 25

3 SOFTWARES E COMUNICAÇÃO ..................................................................... 26

3.1 MATLAB ....................................................................................................... 26

3.2 SIMULINK/SIMSCAPE ................................................................................. 27

3.3 LABVIEW ..................................................................................................... 28

3.3.1 SUPERVISÓRIO ................................................................................... 29

3.4 OPC ............................................................................................................. 30

4 CONTROLE ........................................................................................................ 31

4.1 PID ............................................................................................................... 31

4.1.1 SINTONIA .............................................................................................. 33

4.2 SIMULAÇÃO ................................................................................................ 34

4.2.1 MATLAB ................................................................................................ 34

4.2.2 LABVIEW ............................................................................................... 37

4.3 MPC ............................................................................................................. 41

4.3.1 PARÂMETROS ...................................................................................... 45

4.3.2 SIMULAÇÃO.......................................................................................... 46

4.4 SIMULAÇÃO ILUSTRATIVA ........................................................................ 49

4.4.1 TESTE 1 ................................................................................................ 50

4.4.2 TESTE 2 ................................................................................................ 52

5 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 55

5.1 CONCLUSÃO .............................................................................................. 55

5.2 TRABALHOS FUTUROS ............................................................................. 56

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57

14

1 INTRODUÇÃO

A alta competitividade do mercado, principalmente no segmento industrial,

tem exigido cada vez mais, o controle automático dos processos. Este por sua vez,

tornam os processos mais seguros, eficazes e eficientes, por meio de malhas de

controle automatizados. Para a obtenção de melhores desempenhos do processo

industrial e consequentemente maiores lucros, foi observado a necessidade da

minimização de custos, aumentando assim consideravelmente os ganhos e redução

dos impactos ambientais. A consciência da importância de ações com

responsabilidade ambiental vem fazendo parte das escolhas das técnicas de

controle utilizadas pelas indústrias. (Silva, 2009).

Os controles preditivos são normalmente embasados em modelos lineares,

onde os seus parâmetros atuam diretamente no processo através de algoritmos

recursivos, os controladores preditivos possuem grande popularidade devido a

aspectos essenciais para aplicações em tempo real, assim como: robustez, eficácia

e eficiência. (Mejía, 2003).

15

Na literatura, existem algumas aplicações do controle

preditivo multivariável em acionamento de máquinas elétricas rotativas, como é o

caso do controle de posição de motores brushless CC, implementado

experimentalmente e com sucesso por Low et al (1997); os resultados obtidos

mostram a robustez da estratégia de controle a ser estuda onde o desempenho

atende as especificações, ainda que o torque de carga e inercia variem. (Santana,

Bim, Amaral, 2008).

O controle model predictive control (MPC) será utilizado para estabelecer um

melhor acionamento, além de proporcionar o controle de velocidade do rotor.

Geralmente, para tornar o acionamento mais robusto e barato, empregam-se

estimadores de estado (velocidade), como por exemplo, o filtro de Kalman estendido

(Valdenebro, 2001).

Para aplicar o controle preditivo multivariável no equipamento em estudo, está

sendo utilizado ferramentas que simulem o motor além da possibilidade de se

desenvolver algoritmos de controle, para isso, os

softwares Matlab/Simulink/Simscape e Labview estão sendo estudados para a

viabilidade do projeto. Faz-se necessário obter a comunicação entre os dois

softwares para que haja a integração da simulação com o controle e monitoramento

do processo. Para a comunicação entre os diversos sistemas e equipamentos de

automação foram desenvolvidos diversos padrões de transferência de pacotes,

dentre os quais o padrão OPC é o mais utilizado atualmente, devido a sua

arquitetura e velocidade de transferência dos dados (Perazzo, 2009).

A finalidade da aplicação do controle preditivo multivariável é obter um ganho

de desempenho significativo quando comparado ao controle clássico PID.

Atualmente, novos desafios nos controladores preditivos para o tratamento de

processos multivariáveis têm ocorrido na área de controle de processos devido a

elevada demanda mundial por estratégias de controle robustas multivariáveis (Mejía,

2003).

Os volumosos investimentos, realizados pelas grandes empresas, estão

direcionados para os avanços tecnológicos, estimulados pela alta competitividade

mercadológica, contribuindo para alcançar a liderança nesse segmento. Os

resultados são às melhorias contínuas na produção industrial, especialmente nas

16

áreas de controle, automação e otimização de processos. A escolha do melhor

controle para um determinado sistema deve considerar também, fatores ambientais

e de segurança operacional por possuírem grande influência na implementação e no

resultado.

O mercado do controle preditivo está “crescendo a uma taxa anual de 18%, e

a maioria destas aplicações se concentra na indústria química e do petróleo,

segundo a Automation Research Corporation (2000), tendo em vista que esta

estratégia de controle assegura a operação da planta no seu limite mais lucrativo”.

Processos com alta complexidade exigem a utilização de estratégias de

controle avançado, principalmente em plantas industriais que têm restrições de

acoplamento das suas variáveis de entrada e saída.

1.1 JUSTIFICATIVA

O presente estudo foi conduzido pelo interesse em contribuir na formação

acadêmica de engenheiros agregando conhecimentos práticos em sistemas de

controle de uso comercial/industrial; e ainda, permite também a obtenção de

informações sobre a integração desses sistemas com ferramentas de modelagem e

simulação objetivando viabilizar a efetivação de testes que não seriam permitidos

em plantas industriais em operação.

Durante a formação de engenheiros em suas instituições de ensino, é

perceptível a falta de conhecimento prático pelos alunos, esse tipo de lacuna tenta

ser preenchido através de estágios que por sua vez não são tão práticos quando se

imagina. Essa situação causa em alguns alunos o sentimento de frustração, pois

não é possível visualizar seus conhecimentos teóricos em uma industrial.

Tentando minimizar esse problema, uma pequena solução pode ser a

utilização de ambientes virtuais que simulem processos industriais, dando total

liberdade ao aluno de interagir com uma planta e analisar o comportamento da

mesma propondo melhorias e verificando seu desempenho de forma segura e

experimental.

17

A utilização de um sistema supervisório e um planta simulada, proporcionara

ao aluno a possibilidade de realizar testes e avaliar o desempenho do controlador e

sua sintonia para o caso de um motor CC.

Considerando o lado industrial, esse tipo de exercício pode proporcionar

melhorias contínuas na produção industrial, especialmente nas áreas de controle,

automação e otimização de processos. A escolha do melhor controle para um

determinado sistema deve considerar também, fatores ambientais e de segurança

operacional por possuírem grande influência na implementação e no resultado.

Outro fator preponderante, na conclusão deste estudo será na oportunidade

de incentivar futuras implementações de controle preditivo multivariável em demais

equipamentos elétricos da interface Matlab/Simscape e sua interação no uso

comercial, permitindo também aos docentes; de disciplinas no segmento de

modelagem e simulação, automação e controle de processos; utilizarem uma

plataforma prática em sala de aula, despertando o interesse do aluno por esse ramo

da engenharia.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Diante do cenário atual, este trabalho tem como objetivo geral a construção

de uma plataforma computacional do tipo software in the loop onde será possível

ilustrar resultados de estratégia de controle como PID e MPC, para o desempenho

de velocidade angular de um motor de corrente contínua, com o auxílio das

plataformas Matlab e Labview.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estudar a ferramenta Matlab/Simscape.

18

Estabelecer uma comunicação entre softwares distintos.

o Utilizar a ferramenta Matlab/Simscape;

o Utilizar o software Labview e a comunicação OPC;

Controle de velocidade angular, com monitoramento da corrente

de armadura, de um motor de corrente contínua.

o Realizar estudo sobre as condições de operação de um

motor CC;

o Modelagem do sistema;

Ilustrar o desempenho da estratégia clássica (PID) e do controle

preditivo (MPC).

o Implementar controle PID com sintonia ótima;

o Implementar algoritmo de controle preditivo MPC;

.

1.3 REVISÃO DO ESTADO DA ARTE

A alta competitividade do mercado, principalmente no segmento industrial,

tem exigido cada vez mais, o controle automático dos processos. Este por sua vez,

tornam os processos mais seguros, eficazes e eficientes, por meio de malhas de

controle automatizados. O resultado observado vem através da minimização de

custos, aumento considerável dos ganho e redução dos impactos ambientais. A

consciência da importância de ações com responsabilidade ambiental vem fazendo

parte das escolhas das técnicas de controle utilizadas pelas indústrias. (Silva, 2009).

O Controle Preditivo Multivariável foi desenvolvido através da necessidade de

processos com alta complexidade que dentre a sua variada aplicabilidade, se

sobrepõe a enorme eficácia no controle de plantas multivariáveis diante das diversas

variáveis de entrada e saída do sistema e da existência de restrições. (Silva, 2009).

Embasados geralmente, em modelos lineares, onde os parâmetros podem ser

considerados através de algoritmos recursivos os controladores preditivos possuem

grande popularidade devido a aspectos essenciais para aplicações em tempo real,

assim como: robustez, eficácia e eficiência. (Mejía, 2003).

19

Na literatura, existem algumas aplicações do controle preditivo multivariável

em acionamento de maquinas elétricas rotativas, como é o caso do controle de

posição de motores brushiess DC, implementado experimentalmente e com sucesso

por Low et al (1997); os resultados obtidos mostram a robustez da estratégia de

controle a ser estuda onde o sistema fica dentro das especificações, ainda que o

torque de carga e inercia variem. (Santana, Bim, Amaral, 2008).

O controle MPC será utilizado para estabelecer um melhor acionamento, além

de proporcionar o controle de velocidade do rotor. Geralmente, para tornar o

acionamento mais robusto e barato, empregam-se estimadores de estado

(velocidade), como por exemplo, o filtro de Kalman estendido (Valdenebro, 2001).

Para aplicar o controle preditivo multivariável no equipamento em estudo, está

sendo utilizado ferramentas que simulem o motor além da possibilidade de se

desenvolver algoritmos de controle, para isso, os softwares

Matlab/Simulink/Simscape e Labview estão sendo estudados para a viabilidade do

projeto. Faz-se necessário obter a comunicação entre os dois softwares para que

haja a integração da simulação com o controle e monitoramento do processo.

Na comunicação entre os diversos sistemas e equipamentos de automação

foram desenvolvidos diversos padrões de transferência de pacotes, dentre os quais

o padrão OPC é o mais utilizado atualmente, devido principalmente, sua arquitetura

e velocidade de transferência dos dados (Perazzo, 2009).

A finalidade da aplicação do controle preditivo multivariável é obter um ganho

de desempenho significativo quando comparado ao controle clássico PID.

Atualmente, novos desafios nos controladores preditivos para o tratamento de

processos multivariáveis têm ocorrido na área de controle de processos devido a

elevada demanda mundial por estratégias de controle robustas multivariáveis (Mejía,

2003).

2 MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

2.1 HISTÓRIA: A Origem do Motor CC

20

Pelo período de quase três séculos de estudos, pesquisas e invenções de

importantes cientistas contribuíram para que em 1886 o cientista alemão Werner von

Siemens apresentasse a máquina elétrica, invento considerado como o primeiro

gerador de corrente contínua auto-induzido.

O cientista Siemens criou um gerador que não utiliza ímã permanente,

evidenciando que a tensão para o magnetismo poderia ser retirada através da auto

excitação da máquina. A invenção de Siemens não operava somente como um

gerador elétrico, mas inclusive podia funcionar como um motor, devendo aos seus

bornes ser aplicado uma corrente contínua.

O inovador equipamento de corrente contínua demonstrava vantagens em

relação à máquina a vapor, a roda d’água e à força animal. Paradoxalmente, eram

notórias as desvantagens tais como: o alto custo de fabricação e a sua

vulnerabilidade em serviço. Com isso, diversos cientistas direcionaram suas

pesquisas para o desenvolvimento de um motor elétrico mais robusto e de menor

custo de aquisição e de manutenção. Os esforços desenvolveram o motor de

corrente contínua, e ainda, sistemas de corrente alternada.

As partes que constituem o motor de corrente contínua são:

Rotor, trata-se da parte localizada sobre o eixo da máquina, constituído de

ferro magnético envolto a um enrolamento de armadura (responsável pelo transporte

da energia oriunda da fonte de energia).

O anel comutador, por sua vez, possui a incumbência de promover a

inversão do sentido das correntes que circulam no enrolamento de armadura de

forma mais adequada, sua composição anelar de material condutor, e segmentos de

material isolante de modo a fechar o circuito entre cada uma das bobinas do

enrolamento de armadura e as escovas no momento apropriado. O anel é acoplado

ao eixo da máquina girando concomitantemente com a mesma. A comutação, entre

os circuitos dos enrolamentos, é produzida a partir do movimento de rotação do eixo.

Há ainda o Estator, elemento estático do equipamento, posicionado ao redor

do rotor, de modo que seja possível girar internamente. Constituído de

ferromagnético, coberto por um enrolamento de baixa potência responsável em

produzir um campo magnético fixo que interaja com o campo da armadura.

21

Por fim as Escovas que são componentes de grafite que tem a função de

transportar a energia para o circuito do rotor.

A máquina corrente contínua pode produzir força mecânica rotativa, motor, ou

gerar energia elétrica CC a partir de uma forca mecânica rotativa, gerador. (Carvalho

2011).

Os Motores de corrente contínua (CC) são motores que precisam de uma

fonte de corrente contínua, como uma pilha ou bateria, ou de um dispositivo que

converta a corrente alternada comum em contínua.

Figura 1 - Motores CC

Fonte: WEG, 2007

Quanto à classificação, os motores de corrente contínua apresentam-se:

- Motor série;

- Motor shunt;

- Motor composto adicional;

- Motor composto diferencial;

- Motor CC sem escovas.

Entre as vantagens dos Motores CC encontram-se:

- Operação em 4 quadrantes com custos relativamente mais baixos;

- Ciclo contínuo mesmo em baixas rotações;

- Alto torque na partida e em baixas rotações;

- Ampla variação de velocidade;

- Facilidade de controlar a velocidade;

22

- Os conversores CA/CC requerem menos espaço;

- Confiabilidade;

- Flexibilidade (vários tipos de excitação);

- Relativa simplicidade dos modernos conversores CA/CC.

Por outro lado, as desvantagens são:

- Os motores CC são maiores e mais caros que os motores de indução

para uma mesma potência;

- Maior necessidade de manutenção (devido aos comutadores);

- Arcos e faíscas devido a comutação de corrente por elemento

mecânico (não pode ser aplicado em ambientes perigosos);

- Tensão entre lâminas não pode exceder 20V (motores CA podem ser

alimentados com milhares de volts);

- Necessidade de medidas especiais de partida, mesmo em máquinas

pequenas.

Em muitos segmentos os motores CC estão sendo substituídos por motores

CA acionados por inversores de frequência. Contudo, ainda está sendo vantajoso

sua aplicação em algumas máquinas como: máquinas de papel, bobinadoras e

desbobinadoras, laminadores, máquinas de impressão, extrusoras, prensas,

elevadores, movimentação e elevação de cargas, moinhos de rolos, indústria de

borracha, mesa de testes de motores, movimentação dos hds, cds e dvds, vant’s

(veículo aéreo não tripulado) e entre outros.

O principal objetivo na aplicação do motor CC, está ligada aos sistemas de

controle, pois suas características de velocidade e torque podem ser precisamente

controladas, sendo assim, excelentes escolhas quando necessitamos manter certos

padrões de operação influenciados pelo desempenho do motor.

A partida e aceleração de motores CC, é um dos problemas mais frequentes

e importantes em acionamentos elétricos, pois ao ser alimentado, e em um período

curto de tempo, sua corrente inicial se eleva de forma abrupta chegando a valores

muito maiores que o da corrente nominal. Esse fenômeno pode causar diversos

problemas no motor, na máquina acionada, no sistema de transmissão, na rede

elétrica e instalações, como por exemplo um forte aquecimento causando dilatações

e perda de isolamento.

23

2.2 MODELAGEM DO MOTOR CC

A identificação das equações que descrevem a dinâmica do motor de corrente

contínua, podem ser obtidas através do seu modelo eletromecânico que será de

suma importância para as futuras simulações desenvolvidas nos softwares

𝑀𝐴𝑇𝐿𝐴𝐵/𝑆𝑖𝑚𝑢𝑙𝑖𝑛𝑘®, 𝑀𝐴𝑇𝐿𝐴𝐵/𝑆𝑖𝑚𝑠𝑐𝑎𝑝𝑒® e 𝐿𝑎𝑏𝑣𝑖𝑒𝑤® mostradas no decorre deste

trabalho.

2.2.1 EQUAÇÕES DO SISTEMA

Para a realização da modelagem do motor CC, foi utilizado um circuito

equivalente, mostrado na figura 2, nela temos representado todo o circuito de

armadura, onde foi aplicado a lei de Kirchhoff, resultando no seguinte

comportamento da malha.

Figura 2 - Circuito Equivalente de um Motor CC

Fonte: Gopal, 2009.

𝑉(𝑡) = 𝑒(𝑡) + 𝐿𝑑

𝑑𝑡𝑖(𝑡) + 𝑅𝑖(𝑡) (1)

Onde:

𝑉(𝑡) Fonte de tensão;

𝑖(𝑡) Corrente;

𝑒(𝑡) Força eletromotriz;

𝑅 Resistencia da armadura;

24

𝐿 Indutância da armadura;

Conforme (Salah 2009), o torque do motor, está relacionada basicamente

com a corrente do induzido por um factor constante Kt, já a força eletromotriz está

relacionada com a velocidade de rotação através do factor Ke, como mostra as

equações seguintes:

𝑇(𝑡) = 𝐾𝑡𝑖(𝑡) (2)

𝑒(𝑡) = 𝐾𝑒𝑤(𝑡) (3)

𝑤(𝑡) =𝑑

𝑑𝑡𝜃(𝑡) (4)

Onde:

𝑇(𝑡) Torque do motor;

𝑤(𝑡) Velocidade angular;

𝜃(𝑡) Posição angular;

𝐾𝑡 Constante de torque do motor;

𝐾𝑒 Constante da força contra eletromotriz;

As constantes 𝐾𝑒 e 𝐾𝑡 são dependentes dos parâmetros construtivos do motor

de corrente contínua e se unidades consistentes forem utilizadas, elas possuem o

mesmo valor numérico (GARCIA 1997), portanto, adotando o sistema Internacional

(SI) de unidades:

𝐾𝑡 = 𝐾𝑒 = 𝐾 (5)

A dinâmica do sistema de carga do motor CC, pode ser expressa como:

𝑇(𝑡) = 𝑇𝑖(𝑡) + 𝑇𝑝(𝑡) (6)

Sendo,

𝑇𝑖(𝑡) = 𝐽𝑑

𝑑𝑡𝑤(𝑡) (7)

𝑇𝑝(𝑡) = 𝑏𝑤(𝑡) (8)

Onde:

𝑇𝑖(𝑡) Torque inercial do motor;

25

𝑇𝑝(𝑡) Torque de outras perdas;

𝑏 Atrito viscoso;

𝐽 Momento de inercia;

Com algumas manipulações algébricas, obtém-se:

𝑉(𝑡) = 𝐾𝑤(𝑡) + 𝐿𝑑

𝑑𝑡𝑖(𝑡) + 𝑅𝑖(𝑡) (9)

𝑇(𝑡) = 𝐽𝑑

𝑑𝑡𝑤(𝑡) + 𝑏𝑤(𝑡) (10)

2.2.2 TRASFORMADA DE LAPLACE

Aplicando a transformada de Laplace nas equações (2), (5), (9) e (10), as

mesmas são expressas no domínio da frequência como:

𝑇(𝑠) = 𝐾𝐼(𝑠) (11)

𝑉(𝑠) = 𝐾𝑊(𝑠) + 𝐿𝑠𝐼(𝑠) + 𝑅𝐼(𝑠) (12)

𝑇(𝑡) = 𝐽𝑠𝑊(𝑠) + 𝑏𝑊(𝑠) (13)

2.2.3 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA

O motor de corrente contínua possui como saídas a corrente de armadura

I(s), a velocidade angular W(s) ou posição angular, 𝜃(s), sendo a entrada do sistema

a tensão de alimentação V(s), conforme as equações montadas anteriormente.

Relacionando as variáveis manipuladas com as controladas foi obtida as funções de

transferências correspondentes.

𝐼(𝑠)

𝑉(𝑠)=

(𝑏+𝑠𝐽)

(𝑅+𝑠𝐿)(𝑏+𝑠𝐽)+𝐾.𝐾 (14)

𝑊(𝑠)

𝑉(𝑠)=

𝐾

(𝑅+𝑠𝐿)(𝑏+𝑠𝐽)+𝐾.𝐾 (15)

2.2.4 PARÂMETROS DO MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

26

Alguns dos parâmetros do modelo aqui utilizado foram retirados do datasheet

de um motor real (GM8X24). A tabela a seguir, apresenta os valores referenciados:

Tabela 1 – Parâmetros do motor CC utilizado

Momento de inercia 𝐽 = 1,62 𝑥 10−6[𝑁 𝑚 𝑠2/𝑟𝑎𝑑]

Resistencia da armadura 𝑅 = 4,33[Ω]

Indutância da armadura 𝐿 = 2,34 𝑥 10−3[𝐻]

Atrito viscoso 𝑏 = 1,36 𝑥 10−6[𝑁 𝑚 𝑠/𝑟𝑎𝑑]

Constante da força contra

eletromotriz 𝐾𝑒 = 21,9 𝑥 10−3[𝑉 𝑠/𝑟𝑎𝑑]

Constante de torque do motor 𝐾𝑡 = 21,9 𝑥 10−3[𝑁 𝑚/𝐴]

Fonte: Próprio Autor

3 SOFTWARES E COMUNICAÇÃO

3.1 MATLAB

Desenvolvida pela MathWorks, o MATLAB possui uma linguagem de

programação de quarta geração em um ambiente de computação numérica bastante

difundido, inclusive utilizado para inúmeras aplicações, tais como: processamento de

sinal e imagem, comunicação, design de controle, teste e medição, modelagem e

análise financeira, e biologia computacional. MATLAB é uma ferramenta muito

utilizada entre os engenheiros desde a vida acadêmica. (ENOCKSSON, 2011).

O Matlab pode ser completamente integrado ao Simulink que por sua vez

poderá dirigi-lo ou até mesmo realizar o script do mesmo. Enocksson (2011)

apropriadamente conceitua: “Simulink é uma ferramenta comercial para modelagem,

simulação e análise de sistemas dinâmicos e embutidos multi-domínio, fornecendo

um ambiente gráfico interativo e um conjunto personalizável de bibliotecas de

blocos”.

27

3.2 SIMULINK/SIMSCAPE

O Simulink é uma ferramenta de simulação disponível na plataforma Matlab e

é empregado regularmente para projetar, simular e implementar testes de variedade

de sistemas de variáveis no tempo, tais como comunicação, teoria de controle,

processamento de sinal digital etc. (ENOCKSSON, 2011).

Por sua vez, o Simscape, extensão do software para MathWorks, apresenta

uma linguagem de modelagem fundamentada em MATLAB e dirigida a elemento

físico para utilização no ambiente Simulink e seu acesso se dá através de uma

biblioteca dentro do próprio ambiente Simulink. Dentre suas funcionalidades

destacam-se: um conjunto de blocos funcionais e recursos para simulação e

modelagem de sistemas físicos e ainda, fornece ferramentas para modelar sistemas

de mecânica, elétrica, hidráulica, e outros domínios físicos, a exemplo de válvulas

hidráulicas e mecanismos de roquete. A partir destes domínios físicos distintos que

será possível criar modelos personalizados de seus componentes. (ENOCKSSON,

2011).

A planta do motor de corrente contínua assim como os seus sensores, foi

realizada com a ferramenta Simscape, onde foi possível a simulação do

equipamento a ser estudado, porém a comunicação do Simulink e o Simscape não é

de forma direta, ou seja, a informação emitida pela planta não poderia ser conectada

diretamente a função do meu controlador, sendo necessário uma comunicação entre

eles através de um bloco conversor de sinal.

Utilizando-se de alguns parâmetros do motor GM8X24 foi possível a

realização de testes sobre a dinâmica do motor CC. A figura 3 e a figura 4, mostram

as respectivas respostas do equipamento para as entradas unitárias de degrau e

impulso.

28

Figura 3 - Resposta do processo para a entrada degrau unitário

Fonte: Próprio autor

Figura 4 - Resposta do processo para a entrada impulso unitário

Fonte: Próprio autor.

3.3 LABVIEW

O LabVIEW é uma plataforma de desenvolvimento que utiliza uma linguagem

de programação visual de nome “G”, muito utilizada na engenharia e desenvolvida

pela National Instruments.

O software é comumente aplicado em aquisição de dados, controle e

automação industrial, sendo compatível com os mais variados sistemas operacionais

incluindo o Microsoft Windows, Linux e Mac OS X.(Hans-Petter, 2012).

29

3.3.1 SUPERVISÓRIO

O sistema supervisório, e os sistemas SCADA (Supervisory Control and Data

Aquisition), tem como objetivo absorver e armazenar as informações provenientes

de sensores colocados no processo, em um banco de dados para posteriormente

serem manipulados, analisados e apresentados ao usuário. As informações

capturadas são de crucial importância para um bom monitoramento e avaliação do

processo estudado, pois através delas o operador pode intervir ou não no processo

de forma rápida e precisa.

No trabalho apresentado foi elaborado um pequeno supervisório para o motor

de corrente contínua estudado, no intuito de simular uma situação industrial e

também disponibilizar uma pequena planta didática. A figura 5 mostra a interface

realizada no Labview, onde ocorrerá a monitoração dos dados e a aplicação de um

controle PID para testes de comunicação entre a planta em Matlab/Simscape e o

supervisório desenvolvido.

Figura 5 - Interface de monitoramento do Motor CC em LabVIEW

Fonte: Próprio Autor

30

Os testes realizados serão apresentados no capítulo 4.2.2.

3.4 OPC

O padrão desenvolvido pela OPC Foundation é baseado na tecnologia OLE

(Object Linking and Embedding) / DCOM (Distribuited Component Object Model) , e

teve como objetivo o acesso de dados em tempo real dentro de um sistema

operacional Windows, este padrão estabelece as regras para que sejam

desenvolvidos sistemas com interfaces padrões para comunicação dos dispositivos

de campo (CLPs, sensores, balanças, etc.) com sistemas de monitoração,

supervisão e gerenciamento (SCADA, MES, ERP, etc.). (Fonseca, 2002).

Como já foi dito anteriormente, foi necessário estabelecer uma comunicação

para transferência de dados entre as plataformas LabVIEW e Matlab. A escolha do

padrão OPC (OLE for Process Control) teve vários motivos, alguns deles foram : o

sistema operacional utilizado nos computadores para a realização desde trabalho e

o forte crescimento do padrão no meio industrial.

Através do OPC toolbox disponível em Matlab, foi possível realizar a troca de

informações entre a planta e o supervisório desenvolvido e realizar testes

significativos. A figura 6 mostra dois dos três blocos utilizados para a realização da

comunicação entre plataformas, sendo eles:

- O bloco OPC configuration, onde se configura, basicamente, quem e

onde se disponibilizará as informações e o tempo de aquisição e envio de dados

configurado para tempo real.

- OPC read é o bloco responsável por ler as informações provenientes

do supervisório, ou seja, no caso da implementação do PID em LabVIEW o sinal de

controle será transportado para o Simscape através deste bloco.

- OPC write, bloco que efetua a leitura dos dados disponíveis pela

planta em Simscape e os disponibiliza para a LabVIEW, ele é responsável pela

atualização das variáveis do processo que são importantíssimas para a ação de

controle.

31

Figura 6 - Blocos OPC em Simulink para comunicação com o Supervisório.

Fonte: Próprio autor

4 CONTROLE

Neste capítulo são apresentadas as simulações em malha fechada, com o

objetivo de se controlar a velocidade angular do motor CC. Como dito anteriormente,

a corrente de armadura pode sofrer surtos que alçam até oito vezes o valor da

corrente nominal, logo o desafio de controle será levar a PV (Process Variable, ou

variável de processo em português), ao setpoint (valor de referência) sem que

ocorra um surto de corrente que prejudique os aspectos físicos do equipamento.

A análise dos controladores utilizados nas simulações e suas sintonias,

também serão discutidas nesta seção do trabalho. Primeiramente, foi implementado

um controlador linear em feedback para que fosse possível controlar a velocidade do

motor CC através da MV (Mannipulated Variable, ou variável manipulada) tensão.

Posteriormente, foi implementado o controle MPC (Model Predictive Control),

com o mesmo objetivo já citado, porém a técnica utilizada por esse tipo de controle é

muito mais robusta e moderna, logo espera-se um desempenho mais eficiente.

Por fim, os controladores terão suas performances comparadas através da

análise dos resultados obtidos nas simulações.

4.1 PID

32

O controlador linear PID é o mais utilizado na indústria devido a sua

aplicabilidade geral, segundo (Ogata, 2010). Esse tipo de controlador possui grande

aplicabilidade em processos de variadas áreas da engenharia.

A combinação de três controladores, determinam a formação de um PID:

P - Proporcional;

I - Integrador;

D - Derivativo;

Figura 7 - Representação em diagrama de blocos de um PID

Fonte: Matas, 2012

Neste trabalho, o controlador PID foi implementado com a estratégia

feedback, onde a PV será medida para o cálculo do erro, com posterior atuação do

controlador, esse tipo de estratégia relaciona uma MV com uma PV. A figura 8

mostra a malha de controle para o PID em feedback.

Figura 8 - Representação em diagrama de blocos de uma malha fechada com um PID

Fonte: Matas, 2012

O modelo matemático do controlador PID por ser expresso como:

𝑢(𝑡) = 𝐾 [𝑒(𝑡) + 1𝑇𝑖

⁄ ∫ 𝑒(𝑠)𝑑𝑠 + 𝑇𝑑𝑦

0

𝑑𝑒(𝑡)

𝑑𝑡] (18)

33

𝑒(𝑡) = 𝑟(𝑡) − 𝑦(𝑡) (19)

Onde:

𝑢(𝑡) - Variável de controle;

𝑒(𝑡) - Erro de controle;

𝑦(𝑡) - Valor medido da saída;

𝑟(𝑡) - Valor de referência;

A atuação de PID’s em motores CC, é muito comum, quando utilizados para o

controle de velocidade angular, porém o controle fica limitado a apenas uma saída

do processo, sendo assim a corrente de armadura fica sem ação de controle direto.

Como já foi visto, a corrente de armadura na partida de motores sofre mudanças de

grande amplitude em um pequeno espaço de tempo, causando danos a partes

físicas do motor, logo deve-se levar em consideração o comportamento desta

variável, para a determinação dos parâmetros do controlador.

4.1.1 SINTONIA

A utilização do PID no controle de processos, em sua maioria, é ajustada em

campo, normalmente o operador que possui uma certa sensibilidade do processo

fica responsável por esse ajuste, porém diferentes tipos de regras surgem na

literatura, já que o desempenho do controlador é diretamente afetado por essa

sintonia.

A definição dos parâmetros proporcional, integrativo e derivativo do

controlador devem satisfazer a algumas premissas como a estabilidade da malha

fechada, razão de declínio e tempo de resposta em malha fechada. Para se obter

uma boa sintonia é necessário se conhecer o processo, ou seja, ter modelos que

representem bem o comportamento do processo. (FONTES, et. al, 2014)

Neste trabalho foi utilizado o método da sintonia ótima para a determinação

dos parâmetros do controlador clássico, devido a flexibilidade do método quanto a

estrutura da função de transferência do processo e pelo objetivo da comparação de

desempenho com o MPC, já que agora as duas estratégias de controle serão

baseadas em problemas de otimização.

34

A sintonia ótima visa a minimização do erro, ou seja, o valor entre a variável

controlada e o valor desejado devem ser o menor possível. Esta função e

representada como:

𝑚𝑖𝑛(𝑃,𝐼,𝐷)(𝛼(𝑒(𝑡))) (15)

A função objetivo (𝛼) normalmente é descrita por integrais de erro, as quatro

principais são:

𝐼𝑆𝐸(𝑡) = ∫ 𝑒(𝑡)2𝑑𝑡𝑡

0 (16)

𝐼𝑇𝑆𝐸(𝑡) = ∫ 𝑡. 𝑒(𝑡)2𝑑𝑡𝑡

0 (17)

𝐼𝐴𝐸(𝑡) = ∫ 𝑒(𝑡)𝑑𝑡𝑡

0 (18)

𝐼𝑇𝐴𝐸(𝑡) = ∫ 𝑡. 𝑒(𝑡)𝑑𝑡𝑡

0 (19)

Para a sintonia do controlador foi utilizado o critério ISE que se utiliza do erro

quadrático para a avaliação de desempenho da malha de controle, pois o MPC, que

será tratado posteriormente na secção 4.3, também utiliza métodos quadráticos para

o controle do sistema, sendo assim, uma melhor comparação entre as duas

estratégias. Após a definição do critério de desempenho, foram realizados diversos

testes para alcançar os melhores parâmetros de sintonia, como mostra a tabela

abaixo:

Tabela 2: Parâmetros de Sintonia.

Variável Controlada

Ação Proporcional (K)

Ação Integral (𝑇𝑖) Ação Derivativa

(𝑇𝑑)

𝑤 0.4760 33.6700 0.0001 Fonte: Próprio Autor

4.2 SIMULAÇÃO

Para verificar a comunicação e a controlabilidade do processo, foi aplicado

um setpoint de 800 rad/s para a velocidade angular do motor CC já em sua partida,

para que possa ser analisada também a corrente de armadura. Assim, foram

analisados os gráficos de cada plataforma separadamente.

4.2.1 MATLAB

35

Primeiramente, o PID sintonizado foi testado em Matlab, já que a planta do

motor CC está sendo executada na mesma plataforma através do Simscape. Os

resultados encontrados estão ilustrados nos gráficos 1 e 2.

Gráficos 1 – Resultados PID em Matlab na plataforma Simscape

Fonte: Própria Autor

Percebe-se que o comportamento da variável manipulada foi muito parecido

com a da variável controlada. O controle foi efetuado sem qualquer tipo de

oscilação, evidenciando uma ação precisa e suave do controlador levando assim o

sistema ao seu setpoint.

36

Gráfico 2: Corrente – PID com sintonia ótima

Fonte: Própria Autor

A corrente de armadura reagiu de forma rápida, na partida do motor,

chegando a um valor muito mais alto que a corrente em regime estacionário, porém

obteve uma melhor performance quando comparada ao sistema em malha aberta,

este por sua vez obteve um pico de corrente acrescido em torno de duas o valor

obtido com a utilização do controle clássico, como mostra o gráfico 3.

Gráfico 3: Corrente- malha aberta

37

Fonte: Própria autor

4.2.2 LABVIEW

A aplicação do mesmo controle PID sintonizado, em Matlab na plataforma

labVIEW, gerou respostas um pouco diferentes das anteriormente obtidas, como

pode ser visto no gráfico 4.

Gráfico 4 – Resultados PID em Matlab na plataforma LabVIEW

38

Fonte: Própria autor

Apesar do controlador conseguir levar a PV ao seu setpoint, o comportamento

do mesmo mostrou-se muito mais agressivo, gerando oscilações tanto na PV quanto

na MV. Este comportamento oscilatório do sinal de controle também gerou

problemas na corrente de armadura, que apresentou valores negativos

representando uma força contraria ao sentido de rotação do motor, como ilustra o

gráfico 5:

Gráfico 5: Corrente – PID LabVIEW

39

Fonte: Própria autor

Percebeu-se então que as informações entre os softwares eram trocadas de

forma correta, porem essa transferência de dados não era em tempo real, similar ao

que acontece na indústria. Com a identificação do problema, foi buscado na

literatura algo que pudesse sanar este entrave. Em Pastorello (2008), também foi

verificado a existência desse problema.

Na tentativa de se conseguir um melhor controle do processo através do

supervisório, verificou-se que o LabVIEW atuava de forma mais rápida que a

disponibilidade de dados via OPC do Matlab, isto ocorre por diversos fatores entre

eles, o meio de transporte da informação (caso industrial) e a velocidade de

processamento do computador ser diferente para cada software, essa

incompatibilidade variava de acordo com a configuração das máquinas em que eram

testadas, porém o LabVIEW sempre possuía um ciclo mais rápido, assim foi

realizado um atraso no loop de processamento de controle para tentar se aproximar

do Matlab.

Gráfico 6 – Velocidade LabVIEW

40

Fonte: Própria autor

Diferentemente da simulação anterior, o atraso realizado no processamento

do LabVIEW gerou uma ação de controle mais suave e sem muitas oscilações. A

corrente também apresentou um comportamento mais aceitável, porém de valores

muito mais altos que o controle realizado no Simulink.

Gráfico 7 – Corrente LabVIEW

41

Fonte: Própria autor

O desempenho do novo controlador em LabVIEW apresentou melhor

resultado que o anterior em mesma plataforma, evidenciando assim, o problema

descrito em Pastorello (2008), porém o cálculo da diferença de tempo entre os

softwares não foi possível, devido as diversas causas que podem atrasar ou não o

processamento de uma máquina, como: configuração, sistema operacional e etc.

4.3 MPC

Os controladores preditivos (MPC, em inglês, Model Predictive Control) são

tipos de controladores que possuem larga aceitação em aplicações industriais, por

conferir alto desempenho ao sistema e operar sem intervenções dos engenheiros

por logos períodos de tempo. (Barão, 1997).

A metodologia do uso de controladores do tipo preditivo é direcionada para

sistemas multivariáveis de forte interação entre as variáveis manipuladas e

controladas. O MPC é uma técnica moderna de controle que possui a capacidade de

perceber o sistema como um todo, diferentemente do controle clássico, onde a

percepção do controlador se dá apenas entre uma PV e uma MV, porém existem

42

estratégias de controle clássico que superam essa relação forçando o controlador a

perceber outra PV a exemplo do controle em cascata, porém o MPC possui melhor

compreensão em sistemas MIMO, pois este, utiliza apenas uma malha de controle,

onde todas as variáveis controladas do sistema são analisadas e comparadas aos

seus respectivos setpoints, gerando a ação de controle das variáveis manipuladas,

podendo atuar no sistema de forma antecipatória devido ao já conhecimento dos

distúrbios causados entre as variáveis do processo e suas respectivas restrições.

Almeida (2011) determina os principais elementos para a estrutura básica do

MPC:

Trajetória de Referências - representa o comportamento do

sinal desejado para a saída no futuro. É o conhecimento prévio desta

trajetória que garante ao controlador uma característica antecipativa.

Modelo - modelo matemático do processo que deve ser capaz

de representar o seu comportamento dinâmico de forma suficientemente

precisa. Conforme a necessidade este modelo pode ser linear ou não-linear e

podendo, ainda, ser atualizado através de métodos de identificação on line

conferindo ao controlador uma característica adaptativa.

Preditor - fornece através do modelo matemático uma previsão

da saída futura com base na informação atual da planta.

Otimizador - minimiza a função custo a cada período de

amostragem de forma a obter uma ação de controle que garanta um

desempenho adequado ao sistema. A função a ser minimizada pode

contemplar, além de parcelas associadas ao erro futuro e ao incremento no

sinal de controle, outros termos que forneçam ao controlador propriedades

que melhorem o seu desempenho frente às particularidades do processo.

Quando da utilização de uma função custo quadrática, modelos lineares e na

ausência de restrições o problema de otimização apresenta uma solução

analítica, caso contrário, algum método de otimização numérica deve ser

empregado.

43

Figura 9 - Estrutura de um Controlador Preditivo.

Complementa ainda Almeida (2011), que o MPC realiza previsões do

comportamento futuro do processo para o cálculo do sinal de controle, onde estas

são feitas através de um modelo matemático do processo sobre um intervalo de

tempo denominado “horizonte de previsão” ilustrado na Figura 10:

Figura 10 - Horizontes de Previsão

OTIMIZADOR

MODELO

PROCESSO

PREDITOR

controle

erro de previsão

previsão da saída

saída

+

TRAJETÓRIA DE

REFERÊNCIAS

Fonte: Almeida,2011

Tempo

t

t+Nu-1 t+N2

t-1

Futuro Passado

u

y Saída prevista

Controle futuro

Referência futura

t+1 t+Nu

Fonte: Almeida,2011

44

Onde o horizonte de previsão final (N2) representa o intervalo futuro da PV

que será prevista, e o horizonte de controle (Nu) corresponde ao número de ações

de controle consideradas.

Para a implementação moderna de controladores preditivos lineares, segundo

Silva (2014), os MPC se baseiam no seguinte problema de otimização:

min𝑢

𝑉𝑘 = ∑[𝑒𝑘+𝑗𝑇 ]𝑄[𝑒𝑘+𝑗]

𝑝

𝑗=0

+ ∑ [ 𝑢𝑘+𝑗𝑇 ]𝑅[ 𝑢𝑘+𝑗]

𝑚−1

𝑗=0

(18)

Sujeito a:

𝑗 ≥ 0

𝑢𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑢𝑘+𝑗 ≤ 𝑢𝑚𝑖𝑛

| 𝑢𝑘+𝑗| ≤ 𝑢𝑚𝑎𝑥 …

Onde:

k é o instante atual do sistema controlado;

p é o número de instantes de tempo no futuro que o controlador deve

analisar a resposta do sistema. Ele é denominado horizonte de predição do

controlador;

m é o número de instantes de tempo no futuro que o controlador deve

realizar ações de controle sobre o sistema. Ele é denominado horizonte de

controle do controlador. Para 𝑝 ≤ 𝑘 + 𝑗 < 𝑚, 𝑢𝑘+𝑗 = 0;

𝑢𝑘+𝑗 é a diferença entre o vetor de variáveis manipuladas no instante

𝑘 + 𝑗 e no instante 𝑘 + 𝑗 − 1;

𝑒𝑘+𝑗 é a diferença entre o vetor de controladas do sistema no instante k+j e os

set-points do controlador;

Q é denominada matriz de ponderação das variáveis controladas. A

matriz determina a importância relativa das variáveis controladas para o

controlador;

45

R é denominada matriz de ponderação das variáveis manipuladas. A

matriz determina a importância relativa das variáveis manipuladas para o

controlador.

Esta técnica irá possibilitar o controle de velocidade do motor de corrente

contínua levando-se em conta a restrição em outra PV, a corrente de armadura, esta

não deve obter valores muitos altos devido aos problemas já citados no capitulo 2,

forçando o motor a partir de forma mais suave para que não ocorram os picos de

corrente prejudiciais.

4.3.1 PARÂMETROS

O controle MPC, assim como o controle clássico, também deve ter seus

parâmetros sintonizados para melhor desempenho. Para escolha destes valores foi

realizado uma análise de sensibilidade, que consistia em uma variação dos

parâmetros.

Primeiramente foi atribuído um conjunto inicial e aleatório de parâmetros

iniciais para a sintonia, após a definição desses dados iniciais e a realização de

alguns testes, as especificações do controlador foram variadas de forma isolada,

encontrando assim uma certa faixa de valores possíveis para cada parâmetro,

posteriormente foram realizados mais alguns testes, que envolveram combinações

entre esses intervalos, já adquiridos para cada item, resultando assim nos dados

representados na tabela 3, sem que todas as possibilidades de combinações

tenham sido testadas devido ao grande número de possibilidades e a pequena

melhora ou não da resposta do sistema.

Tabela 3 – Resultado dos testes com combinações entre intervalos.

Parâmetros Antes Depois

Horizonte de predição 100 560

Horizonte de controle 8 71

Matriz de Importância [ 3 1 ] [ 1 1.6]

Matriz de supressão de movimentos

[1] [5]

Fonte: Própria do Autor

46

Para uma avaliação quantitativa das sintonias a serem ilustradas na próxima

seção deste capítulo, foram utilizados os critérios ISE para a análise das PV’s,

valores máximos de corrente, velocidade e MV, o tempo para estabilização e a

variância do sinal de controle, este último utilizado por Pinto (2014), que permite

avaliar o esforço de controle sobre os atuadores, onde estes devem ter o menor

valor possível para uma maior vida útil do elemento atuador, conforme a expressão

abaixo.

𝑠 ∝𝑢2 (𝑡) =

1

𝑛 − 1∑[𝑢(𝑘) − ]2

𝑛

𝑘=1

Onde:

- Média do sinal de controle = 1

𝑁∑ 𝑢(𝑘)𝑁

𝑘=1

4.3.2 SIMULAÇÃO

Nesta seção se apresenta os gráficos obtidos na sintonia do MPC em

Matlab/simulink com uma restrição na corrente de armadura, foi realizada também

uma análise quantitativa, mantendo a mesma configuração do setpoint realizado no

caso PID.

Gráfico 8 – Velocidade e MV – Controlador MPC (Antes).

47

Fonte: Própria Autor

Gráfico 9 – Corrente: Controlador MPC (Antes)

Fonte: Própria Autor

48

Gráfico 10 – Velocidade e MV – Controlador MPC (Depois).

Fonte: Própria Autor

Gráfico 11 – Corrente: Controlador MPC (Depois)

Fonte: Própria Autor

49

Tabela 4 – Resultados parâmetros MPC em Matlab/simulink.

Critério Antes Depois

ISE 1.2377e+04 1.3385e+04

Max. Velocidade 799.9992 800.0504

Max. Corrente 1.0548 1.0472

Tempo de Est. Velocidade

0.0877 0.2365

Tempo de Est. Corrente 0.0870 0.2030

Critério Antes Depois

Max. valor de MV 20.2010 17.7362

Tempo de Est. 0.0909 0.2355

Variância 24.395969 21.693643

Fonte: Própria Autor

Os resultados exibidos, evidenciaram alguns aspectos importantes entre as

duas sintonias. A maioria dos critérios utilizados para a análise de desempenho,

demostraram-se um pouco diferentes, porém o máximo valor da MV foi bem menor

na sintonia posterior, como pode ser visto nos gráficos das MVs, o que gerou uma

maior variância na sintonia anterior. O erro quadrático foi menor na primeira sintonia,

apesar da mesma ter tempos de estabilização menores, o que mostrou uma maior

agressividade do controlador. Em relação aos valores máximos da PVs, a análise

mostrou uma similaridade muito grande entre ambas as sintonias, portanto, o

desempenho mais suave do segundo controlador foi muito satisfatório já que

estamos querendo um bom controle de velocidade sem que o atuador e a corrente

sejam sacrificados.

Com a análise dos dados mostrados, visivelmente percebe-se diferenças de

desempenho entre as duas sintonias, evidenciando assim que a análise de

sensibilidade foi satisfatória devido ao desempenho suave do segundo controlador,

quando comparado a primeira sintonia testada. Através da análise quantitativa foi

comprovado a melhor estabilidade do sistema com a segunda sintonia,

apresentando uma menor variância do sinal de controle e pico de corrente.

4.4 SIMULAÇÃO ILUSTRATIVA

50

Nesta seção é apresentada ilustrações comparativas dos dois tipos de

controladores estudados. O objetivo a ser alcançado aqui é auxiliar um projeto de

controle com características similares a desde trabalho, através de dados gráficos e

numéricos.

Com os resultados obtidos no controle clássico e no MPC, foram ilustrados,

através de dois novos testes, o desempenho dos controladores somente na

plataforma Matlab, devido ao atraso de comunicação da plataforma com o Labview,

como já foi relatado anteriormente.

4.4.1 TESTE 1

O teste consiste em uma variação do setpoint na velocidade angular do

motor CC, este teste tem como intuito analisar o comportamento do sistema caso

seja necessária uma mudança no processo sem que seja necessária uma

interrupção do mesmo.

Com a utilização da função degrau, a variação no setpoint foi realizada da

seguinte forma: o sistema iniciara com uma referência de 800 rad/s como já foi feito

anteriormente, e no tempo 0,4 segundos a referência será modificada para o valor

de 1000 rad/s. As respostas dos sistemas estão ilustrados no gráfico 14.

Gráfico 12 – Testes 1

51

Fonte: Própria do Autor

Tabela 5 – Testes 1

Critério PID MPC

ISE 1.0434e+04 1.4078e+04

Max. Velocidade 1000.0000 999.9507

Max. Corrente 1.8795 1.0472

Tempo de Est. Velocidade

0.6246 0.6195

Tempo de Est. Corrente 0.5646 0.5575

52

Critério PID MPC

Max. valor de MV 22.1689 22.1678

Tempo de Est. 0.6046 0.5885

Variância 28.994657 20.788871

Fonte: Própria do Autor

Através da análise gráfica e dos dados obtidos, é notório o melhor

desempenho do MPC na maioria dos critérios de avaliação apesar de possuir um

erro quadrático maior que o PID, porém fatores importantes como o valor máximo de

corrente e variância da MV demonstraram valores muito mais satisfatórios para o

objetivo deste trabalho.

4.4.2 TESTE 2

No segundo teste, foi aplicado mais um degrau no setpoint da velocidade

angular, sendo o que o valor inicial aplicado no tempo 0 segundos foi de 600 rad/s,

no tempo 0.4 segundos esse valor foi alterado para 700 rad/s e por fim mais um

degrau aos 0,7 segundos chegando aos 950 rad/s.

53

Gráfico 13 – Testes 2

Fonte: Própria do Autor

54

Tabela 6 – Testes 2

Criterio PID MPC

ISE 6.6454e+03 7.6560e+03

Max. Velocidade 949.9887 949.9799

Max. Corrente 1.4095 1.0473

Tempo de Est. Velocidade

0.9281 0.9125

Tempo de Est. Corrente 0.8687 0.8635

Criterio PID MPC

Max. valor de MV 21.0603 21.0600

Tempo de Est. 0.9081 0.8955

Variancia 30.552006 16.959824

Fonte: Própria do Autor

Mesmo com uma maior variação dos setpoint, o MPC continuou a apresentar

um melhor desempenho quando comparado ao controle clássico, repetindo a sua

superioridade nos mesmos critérios do teste anterior.

55

5 CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROS

5.1 CONCLUSÃO

O presente trabalho de conclusão de curso, propôs uma ilustração de

desempenho entre dois tipos de controladores, o PID e o MPC, aplicados a um

motor de corrente contínua para o controle de velocidade sem que ocorressem

abruptos valores na corrente de armadura, também foi proposto neste trabalho a

utilização de ferramentas específicas como o Simscape do Matlab e um supervisório

na plataforma LabVIEW para simular uma situação real de comunicação e através

do último software citado, realizar o controle da planta montada.

No primeiro capítulo foi realizada uma introdução sobre motores de corrente

contínua e exibido algumas das problemáticas existentes neste tipo de processo.

Após entendido a problemática, no segundo capítulo foram mostradas a modelagem

do sistema para que o mesmo pudesse ser simulado.

No capitulo posterior foram exibidas as ferramentas utilizadas neste trabalho.

Nelas foram feitas algumas simulações e pequenos testes para comprovação de

funcionamento. Nesta secção, também foi mostrado a tela principal do supervisório

realizado com intuito didático, além de explanar sobre o problema de comunicação

encontrado no OPC.

A seção sobre controle, foi mostrado as estratégias que seriam utilizadas e

comparadas. Nesta parte do trabalho foram exibidas algumas simulações para teste

de sintonia tanto do controle clássico como o do controle preditivo, realizando

também o controle PID via LabVIEW.

Por fim, foi realizada a comparação entre as duas estratégias e verificado de

forma simulada o melhor desempenho do controle preditivo, como já era esperado

para esse trabalho, já que o mesmo consegue enxergar o sistema como um todo

além de possuir a habilidade de prever a resposta do sistema e se antecipar a ela,

como já foi dito.

56

5.2 TRABALHOS FUTUROS

Apesar do resultado deste trabalho ter exibido o melhor desempenho do MPC

para o controle de um motor CC, os testes foram estritamente virtuais, e

provavelmente nem todas as variáveis foram levadas em consideração, além disso

existe o fato que o controle preditivo exige um maior esforço computacional que

talvez na prática, possa gerar complicações. Com isso um trabalho a ser realizado

seria a implementação desse controle em um motor real.

A implementação de um supervisório tem como perspectiva de um trabalho

futuro, a sua implementação na prática, com utilização de controladores lógicos

programáveis e utilização de outros protocolos já disponíveis no mercado, de forma

a conseguir estabelecer uma comunicação entre operador, controle e planta em

tempo real, além de ser mais uma ferramenta de auxilio didático para o curso de

engenharia.

Um outro desafio despertado pelo o trabalho desenvolvido, e os a serem

desenvolvidos, é que os mesmos possam ajudar em um futuro projeto de mestrado

na área de controle.

57

REFERÊNCIAS

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