material de apoio de direito cambiário - 1a avaliação

44
PARTE I – TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO Títulos de Crédito I Conceito – artigo 887 do código civil - Título de crédito é o documento/instrumento necessário para o exercício de um direito literal e autônomo inscrito na cártula. Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. - Documento/instrumento Documento meio que possa servir para comprovar um fato. Instrumento é um documento que foi confeccionado com a exata finalidade de constituir prova. - Título O termo título possui duas acepções, uma ampla, outra estrita. O direito cambiário utiliza a acepção estrita do termo. Diz respeito ao instrumento que veicula o crédito, presumindo-se que o seu possuidor é o legítimo credor do valor nele inscrito. - Cártula Cártula é a forma diminutiva de carta, papel. Em sentido literal, significa “papel pequeno”, ou papel para fazer anotações. - legislação – código civil a partir do artigo 887 - Lei uniforme – decreto n. 57.663 I. Classificação dos títulos de crédito 1. Quanto ao modelo a) Vinculados: 1. Não há liberdade escolha na disposição formal dos elementos essenciais que compõem título..

Upload: roberto-dias

Post on 01-Feb-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

direito

TRANSCRIPT

Page 1: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

PARTE I – TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Títulos de Crédito

I Conceito – artigo 887 do código civil

- Título de crédito é o documento/instrumento necessário para o exercício de

um direito literal e autônomo inscrito na cártula.

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

- Documento/instrumento

Documento meio que possa servir para comprovar um fato.

Instrumento é um documento que foi confeccionado com a exata finalidade de

constituir prova.

- Título

O termo título possui duas acepções, uma ampla, outra estrita. O direito

cambiário utiliza a acepção estrita do termo. Diz respeito ao instrumento que veicula

o crédito, presumindo-se que o seu possuidor é o legítimo credor do valor nele

inscrito.

- Cártula

Cártula é a forma diminutiva de carta, papel. Em sentido literal, significa “papel

pequeno”, ou papel para fazer anotações.

- legislação – código civil a partir do artigo 887

- Lei uniforme – decreto n. 57.663

I. Classificação dos títulos de crédito

1. Quanto ao modelo

a) Vinculados:

1. Não há liberdade escolha na disposição formal dos elementos essenciais que compõem título..

Page 2: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

2. Cheque (papel do próprio banco) e duplicata (normas de padronização do Conselho Monetário Nacional [art. 27 da LD])

b) Livres

1. O emitente pode dispor livremente os elementos essenciais do título;

2. Letra de câmbio e nota promissória

2. Quanto à estrutura

a) Ordem de pagamento: três figuras

1. Sacador ou emitente (quem ordena o pagamento) 2. Sacado ou pagador: quem obedece a ordem, se

atendidos os requisitos 3. Tomador ou Beneficiário 4. Cheque, duplicata e letra de câmbio.

b) Promessa de pagamento: duas situações

1. Promitente 2. Beneficiário da promessa 3. Nota promissória

3. Hipóteses e emissão

a) Causais:

1. Somente podem ser emitidos nas hipóteses previstas em lei;

2. Duplicata mercantil: somente para documentação de crédito de compra e venda mercantil

b) Limitados

1. As hipóteses de emissão são limitadas pela lei. 2. Letra de câmbio (compra e venda mercantil)

c) Não-causais (ou abstratos)

1. Podem ser emitidos em qualquer hipótese. 2. Cheque e nota promissória.

4. Quanto à circulação

Page 3: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

a) Ao portador

1. Os títulos ao portador não ostentam o nome do credor, sendo transferidos pela mera tradição.

2. A entrega do documento, portanto, transfere a sua titularidade do crédito.

3. Duplicata mercantil

b) Nominativos à ordem

1. Ostentam o nome do credor, e são transferidos através do Endosso.

2. Letra de câmbio (compra e venda mercantil)

c) Nominativos não à ordem

1. Também identificam o titular do crédito, e são transferidos por cessão civil de créditos.

2. Cheque e nota promissória.

II. Princípios de Direito Cambiário

1. Conceito

Art. 887 do Código Civil

Título de crédito é um documento necessário, somente produzindo efeito

quando preencha os requisitos da lei.

- O título de crédito é, pois, um instrumento, isto é, um documento

especialmente confeccionado para fazer prova de um crédito.

2. Princípio da Cartularidade

O princípio da cartularidade exige que o credor apresente o título original para a

cobrança- trata-se de documento necessário para o exercício do direito.

É em razão do princípio da cartularidade, pois, que o papel, a cártula, funciona

como elemento viabilizador da circulação do crédito – excluindo dessa lógica as

relações comerciais feitas de forma virtual.

Page 4: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

- Cópia do Título de Crédito

Recurso Especial 296.796/RS

"a execução de contrato firmado em escritura pública pode ser aparelhada mediante

cópia autenticada do instrumento. Hipótese que não se equipara à execução de

cambial, cujo original eleve ser exigido em face do princípio da circulação da letra.

Precedentes do STJ (R£sp's n£* 11,725-RN e 57365-3/MG)".

- Funções da apresentação do original:

a) certificar a autenticidade do título;

b) afastar a possibilidade de a cártula ter circulado – isto é, que esteja em posse de

terceiros.

- Presunção de que o titular é o credor: quem paga mal, paga duas vezes.

Isso implica dizer, também, que o devedor do título, ao realizar o pagamento,

deve exigir a entrega do instrumento, recebendo assim a “quitação”. A quitação dada

em documento em separado não exime o devedor do pagamento a terceiro de boa-

fé – não se aplica, portanto, a regra do artigo 309, do código civil (pagamento

putativo)

Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.

Os titulos de crédito são títulos de apresentação e títulos de resgate (Pontes de

Miranda).

Primeiro, porque o credor só pode exigir o valor correspondente ao devedor

mediante a apresentação do documento. Segundo, porque o devedor deve exigir que

se lhe entregue o título.

Importante lembrar, ainda, que a apresentação de cópia do título na execução

não invalida o processo, desde que o credor apresente a original, afastando a hipótese

de endosso (circulação).

Page 5: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

3. Princípio da Literalidade

O título de crédito é um documento necessário para o exercício de um direito

literal.

Literal vem de littera, letra. Isso significa que a literalidade advém do que está

escrito no título.

O direito é literal porque tem suas implicações jurídicas estritamente relacionadas

ao que se lê no título; ”fundamentalmente, o título de crédito é a expressão Iiteral de

uma obrigação, pois o que não está no título não está no mundo (quod non est in

cambio non est in mundo). (MAMEDE, 20)

Literal, portanto, no sentido de que a obrigação, em todo o seu contorno, está

ali expressa, por escrito (litteris).

Isso significa dizer, outrossim, que qualquer disposições acertadas pelas partes de

um negócio jurídico que dá ensejo ao título, se não escritas na cártuia ou escritas

fora dos limites que a lei autoriza, simplesmente não compõem o universo do título

e não podem ser opostas a terceiros.

Por exemplo, a quitação do título só será válida se dada no próprio título, na

hipótese em que a cártula não possa ser entregue ao devedor.

Qualquer aspecto relacionado ao título somente poderá ser comprovado por

meio de inscrição no próprio título, senclo descabida a produção de prova

testemunhal em razão de sua literalidade.

A literalidade pode ser limitada pela própria lei, seja outorgando efeitos à uma

simples assinatura isolada na frente (aval) ou no verso (endosso) do título, ou ainda,

tornando sem efeito qualquer estipulação colocada em um cheque modificando seu

vencimento (à vista).

4. Princípio da Autonomia

O título de crédito contém um direito autônomo.

- ato jurídico unilateral – quase contratos

Page 6: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Os títulos de crédito são encartados, no código civil, no plano dos atos jurídicos

unilaterais, considerados, no direito obrigacional, como quase-contratos.

Não há um acordo de vontades, não é necessário que as partes envolvidas na

relação cambial concordem com o ato, tampouco se faz necessária a reciprocidade

ou equilibrio.

Os títulos, de uma maneira geral, originam-se de um negócio jurídico –um

contrato de compra e venda, um mútuo, uma prestação de serviços, etc.

(considerando que existem cambiais causais e não-causais: estas podem se originar de

um negócio jurídico; aquelas devem, isto é, só podem ser emitidas se houver um

determinado negócio jurídico subjacente).

- governo de si (auto + nomos)

O termo Autonomia tem sua origem etmológica nas palavras gregas Nomo

(norma) e Auto (a si próprio). Portanto, sua origem está ligada à ideia de governo

de si, governo próprio.

Assim, mesmo que exista um negócio jurídico que lhe subjaz, onde houve uma

manifestação bilateral de vontades, o título de crédito é considerado um ato

unilateral de vontades, correspondendo a um regime jurídico próprio.

Abrangência da autonomia: o título é autônomo em relação ao negócio jurídico

que lhe dá origem, bem como em relação ao negócio jurídico que dá origem às

obrigações cambiais nele lançadas. Ainda, estas obrigações são autônomas entre si.

A autonomia do título de crédito também se traduz em autonomia de cada uma

das declarações cambiais. A autonomia é tomada, portanto,

(1) em relação às demais declarações cambiárias e

(2) em relação (a) ao negócio subjacente à emissão do título em si e (b) ao

negócio subjacente à própria emissão da obrigação cambiária, a exemplo do aval e do

endosso.

Page 7: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, os vícios que

comprometem a validade de uma relação jurídica, documentada em

título de crédito, não se estendem às demais relações abrangidas no

mesmo documento.

Art. 16 da lei uniforme (parte final): se uma pessoa foi por qualquer maneira desapossada de uma letra, o portador dela, desde que justifique o seu direito pela maneira indicada na alínea precedente, não é obrigado a restitui-la, salvo se a adquiriu de má-fé ou se, adquirindo-a, cometeu uma falta grave.

4.1. Princípio cambiário da inoponibilidade das exceções

pessoais

É na circulação do título que essa autonomia se revela mais forte, pois impede

que ao terceiro de boa-fé, que não conhece eventuais vícios do negócio originário,

nem tenha a obrigação de os conhecer em virtude de sua posição negocial, sejam

opostas exceções (defesas) que digam respeito ao negócio fundamental, aquele que

está na raiz da formação do título de crédito.

- artigo 906, do Código Civil

Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação.

- artigo 17 da Lei Uniforme:

Art. 17 - As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.

Por isso se pode falar que tal princípio se revela ou se fala em autonomia

cambiária a partir do momento em que o título é colocado em circulação.

- Exceção

Exceção é interpretado como defesa (exceptio). O princípio é considerado de

cunho processual, justamente por limitar a matéria de defesa do executado,

Page 8: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

impedindo que sejam opostas outras que não estejem relacionadas à nulidade do

título (aspectos formais) ou à direitos pessoais contra o próprio exequente.

- Boa-fé

Para que possa ser aplicado, outrossim, é necessário que o terceiro esteja de boa-

fé. Trata-se de boa-fé objetiva, sendo que basta que o terceiro tenha conhecimento

do vício para a aplicação da regra.

4.2. Princípio da Abstração

- Característica da abstração (títulos não causais)

A abstração é uma característica dos títulos de crédito que não se confunde com

a autonomia, sendo considerada por alguns autores como um subprincípio.

A abstração está ligada à ausência de causa necessária para a emissão da cártula

que, destarte, pode decorrer de qualquer tipo de negócio jurídico e não de um

negócio em especial.

O título de crédito abstrato dá origem a obrigações desvinculadas da causa que o

gerou, pouco importando a relação fundamental que motivou a sua emissão.

Em oposição aos títulos de crédito abstratos estão os causais, que existem em

função do antecedente jurídico originário da obrigação cartular.

- subprincípio da abstração

Pelo subprincípio da abstração, o título de crédito, quando posto em circulação,

se desvincula da relação fundamental que lhe deu origem.

0 negócio fundamental, aquele que deu origem à cártula é para o terceiro que

possui o título, assumindo a condição cle credor da obrigação ali inscrita, uma coisa

passada entre outros, a qual apenas irá vincular-se se tiver participado do negócio ou

tiver conhecimento (ou devesse ter) de seus vícios, e mesmo assim, aceitar o título.

A abstração como subprincípio pressupõe a circulação do título,não se

desvinculando da relação que lhe dá origem se o portador (credor) é o mesmo que

realizou negócio com o emitente.

Page 9: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Quando o título de crédito é posto em circulação, diz-se que se opera a abstração, isto é, a desvinculação do ato ou negócio jurídico que deu ensejo à sua criação (Coelho, ) .

III. Regime de Direito Cambiário

1. Introdução

Princípio do formalismo tem grande importância para o direito cambiário, de

modo que os títulos de crédito devem atender a determinados requisitos. A não

observância destes requisitos, no entanto, não constitui crime, tampouco retira a

validade do negócio jurídico que lhe deu origem (artigo 888, CC); apenas lhe retira a

cambiariedade, remetendo-o ao plano das relações jurídicas reguladas pelo direito

comum.

Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.

Como os títulos de crédito são atos unilaterais, o documento apenas afirma a

obrigação do devedor, a ela se limitando, não se atrelando ao negócio jurídico que

lhe deu origem.

Na falta de algum dos elementos essenciais do título, a cambial deixará de seguir

o regime próprio de direito cambiário, com executoriedade específica e regime de

circulação simplificado.

2. Requisitos gerais e específicos dos títulos de crédito

2.1. Agente capaz, objeto lícito, possível e determinável

- Requisitos do artigo 104 do Código Civil

Trata-se dos requisitos gerais dos atos jurídicos, estabelecido no artigo 104 do

código civil:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Page 10: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

a

- artigo 105

A incapacidade do beneficiário, evidentemente, não afeta a validade do ato, mas

o emitente ou sacado deve sempre se referir a quem possui capacidade e legitimidade

para tanto. Vale observar, ainda, que o devedor não poderá opor a invalidade do

negócio jurídico originário para se livrar da obrigação, conforme a regra geral do

artigo 105 do mesmo código, não podendo a parte se valer da incapacidade da outra

em benefício próprio.

Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

2.1.1. Capacidade

- Representação – artigo 118 (comprovação)

A capacidade não diz respeito tão somente à capacidade para os atos civis em

geral, mas há também a capacidade-legitimidade. É o caso do representante

empresarial (preposto), que deve possuir poderes especificos para emitir um título

em nome de outra pessoa.

O patrimônio que se vincula não é o do representante, mas o da pessa que está

sendo representada.

A regra do artigo 118 corrobora com a assertiva, devendo comprovar a qualidade

e extensão de seus poderes.

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.

- Excesso na Representação

Vale notar que assinatura do emitente o vincula ao conteúdo da cártula, de

maneira que aquele que age fora dos limites dos poderes que possui assume a

obrigação criada. Trata-se de regra expressa do artigo 892 do código civil:

Page 11: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante ou representado.

2.1.2. Objeto

- Licitude

A emissão lícita depende da análise de uma série de requisitos trazidos pelo

código civil de 2002. Por exemplo, a ocorrência de algum dos vícios do negócio

jurídico (erro, dolo, coação, lesão, fraude), assim como o rol do artigo 166 e 167, e

ainda a norma do artigo 122.

Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

Também não é exigível a obrigação cambial assumida em decorrência de jogo ou

aposta, conforme o artigo 814 e 815

Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. § 1o Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé. § 2o O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos. § 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares.

Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar.

As nulidades dos negócios jurídicos, no entanto, não podem ser opostas a

terceiro de boa-fé, em se tratando de títulos de crédito, por estarem submetidos aos

princípios da autonomia, abstração e inoponibilidade.

Page 12: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

- Possível

Deve, ainda, se tratar de objeto possível. É impossível aquele título emitido, por

exemplo, em moeda extinta ou fictícia; em valor considerado astronômico; por

quem já falaceu na data de emissão, etc.

- Determinado

Por fim, o objeto deve ser determinado ou ddeterminável. Deve-se lembrar que a

executoriedade depende de certeza e liquidez do título. A cártula deve indicar a exata

quantia a ser paga pelo devedor, sendo facilmente identificável. O valor seria

determinável se incidisse sobre ele juros e correção monetária, e eventualmente,

multa moratória.

3. Forma Prescrita Em Lei: requisitos específicos

3.1. Tipicidade

Ainda quanto aos requisitos gerais, é importante observar que os títulos de

crédito devem obedecer à tipicidade ou legalidade, não sendo o emitente livre para

criar novo título como bem entender. Isto é, não basta que não exista proibição para

a emissão do título, mas este título deve corresponder a uma das formas prescirtas

em lei.

Mesmo que o emitente faça constar na cártula que um determinado documento

seja título de crédito, ele terá valor apenas dentro do direito contratual ou como

documento unilateral de prova, não se submetendo ao regime de direito cambiário.

Aplicando-se o conteúdo do artigo 170 do código civil:

Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.

Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.

Page 13: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

3.2. Requisitos legais (código civil)

O artigo 889 do código civil e o artigo 1º da lei uniforme estabelecem os

requisitos míminos exigidos para os títulos de crédito.

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

4. Letra de Câmbio

A letra de câmbio como título de crédito “geral”, “modelo”

- Origem histórica

A Letra de Câmbio está as origens do direito cambiário, tendo surgido na Itália, a

partir do desenvolvimento mercantil que se dá no início da idade moderna. Tem-se

um período de transição entre o modo de produção feudal, quando o poder era

exercido de forma descentralizada e pontual, dando lugar ao Estado moderno, cujos

poderes são exercidos de forma centralizada e por grandes extensões.

Nessa época, era comum que ainda existissem uma grande variedade de moedas e

medidas para comercialização e troca, fato que dificultava bastante a prática

mercantil. Além disso, as cidades e feiras comerciais se conectavam por estradas que

eram percorridas por longos períodos, trazendo sérios riscos para os mercadores que

levavam seus produtos e valores. É dessa época que surge a lenda de Robin Hood,

que corresponde à figura do “larápio” que abordava os mercadores em seus trajetos

para roubá-los.

Via-se, então, um quadro que exigia o desenvolvimento de novas formas de

circulação de riquezas, de forma mais segura e prática. A littera cambii foi o

instrumento criado para tal função.

Page 14: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Este título de crédito originário era nada menos que uma carta, cunhada por um

banqueiro de uma feira e enviado a outro que se localizava na feira seguinte. O

comerciante, então, entregava uma determinada quantia ao primeiro, recebendo o

valor correspondente do segundo – frequentemente, em moeda local, diferente da

anterior.

Com o desenvolvimento destas práticas, outros títulos vão surgindo, assim como

a utilização da letra se populariza, até que os Estados percebem a necessidade de

regulamentar e padronizar seu uso. O diploma mais importante criado nesta matéria

é a Lei Uniforme de Genebra, decorrente de Convenção internacional, datada de

1930.

No Brasil, já existe desde o início do século XX uma norma regulamentar para as

cambiais, o Decreto n. 2.044/1908. A Convenção de Genebra, outrossim, foi

assinada pelo país, sendo que veio a ser promulgada somente em 1966, por meio do

Decreto n. 57.663/1966. Conquanto ainda houvessem dúvidas sobre sua aplicação, o

Supremo Tribunal Federal reconheceu a sua vigência no Brasil, com reservas, em

1970.

O Código Civil, vale ressaltar, não revogou a Lei Uniforme, já que o artigo 903

desta lei faz a ressalva quanto a sua apiicabilidade.

Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.

4.1. Conceitos

Letra de câmbio ou simplesmente letra é uma ordem de pagamento, de modelo

livre, não-causal (ou limitada), nominativa à ordem. O saque o ato por meio do

qual a letra é criada.

Criação e emissão são considerados atos distintos, por parcela da doutrina.

Assim, a criação seria o ato de confecção da cártula, do papel, a inscrição dos

elementos ou requisitos essenciais; a emissão seria o ato de entrega – enquanto o

sacador não entregasse o título ao seu destinatário, ele não seria exigível, porquanto

Page 15: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

não haveria propriamente sua emissão. Caso se arrependesse, por qualquer motivo, o

criador do título deixava de emití-lo, retendo sua entrega até o momento oportuno.

Entretanto, para Coelho (200-), tal distinção não possui efeitos práticos

relevantes, tendo em vista o artigo 16 da Lei Uniforme, que condiciona o exercício

do direito de crédito constante da cártula à boa-fé do seu portador.

Como Ordem de pagamento, a Letra dá origem a três situações jurídicas distintas:

Sacador – quem dá a ordem Sacado – quem recebe a ordem Tomador – o beneficiário

Obs.: é possível que a mesma pessoa ocupe mais de uma posição simultaneamente.

4.2. Requisitos da Letra – artigos 1º e 2º da lei Uniforme

São sete os requisitos da letra de câmbio:

a) Cláusula cambiária as palavras 'letra de câmbio", insertas no próprio texto do título, na língua empregada para a sua redação; b) uma ordem incondicional de pagar quantia determinada; c) o nome da pessoa que deve pagar (sacado); d) o nome da pessoa a quem, ou à ordem de quem, deve ser feito o pagamento (tomador); e) a assinatura de quem dá a ordem (sacador); f) data do saque; g) lugar do pagamento ou a menção de um lugar ao lado do nome do sacado;

4.2.1. Cláusula cambiária

Trata-se não apenas da necessidade de inclusão do nome do título, para que seja

possível identificar a natureza cambiária do documento, mas a denominação (e.g.

“Letra de Câmbio”) deve estar inscrita no próprio texto da ordem de pagamento ou

promessa de pagamento (no caso da nota promissória, por exemplo).

Aos vinte e três dias do mês de julho do presente ano, (sacado), por esta única via de letra de câmbio, pagará a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) à (tomador ou beneficiário). Manaus,23 de junho de 2015.

Page 16: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Não se confunde a cláusula cambiária, esta devendo estar expressa no texto do

título, com a cláusula à ordem.

A cláusula à ordem é a disposição mediante a qual o emissor do título autoriza o

beneficiário ou legítimo portador do título a fazer circular o documento no regime

de circulação cambiária.

Na letra de Câmbio a cláusula à ordem é implícita. Isso significa que não é

necessária a sua menção expressa.

Aos vinte e três dias do mês de julho do presente ano, (sacado), por esta única via de letra de câmbio, pagará a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) à (tomador ou beneficiário) ou à sua ordem. Manaus,23 de junho de 2015.

Obs.: Uma única via.

Os títulos de crédito em geral são emitidos em apenas uma única via. Isso decorre

do princípio da cartularidade, pois no regime cambial o documento é indispensável

para a cobrança do crédito nele consubstanciado, da mesma forma que a posse do

título pelo devedor é a prova de sua quitação.

A lei uniforme, porém, em seu artigo 64, possibilita a emissão de letra em várias

vias, sendo imprescindível a indicação no próprio título da existência de outras vias.

A sua falta, destarte, implicará que cada cópia represente um crédito diferente.

Art. 64 - A letra pode ser sacada por várias vias. Essas vias devem ser numeradas no próprio texto, na falta do que, cada via será considerada como uma letra distinta. O portador de uma letra que não contenha a indicação de ter sido sacada numa única via pode exigir à sua custa a entrega de várias vias. Para este efeito o portador deve dirigir-se ao seu endossante imediato, para que este o auxilie a proceder contra o seu próprio endossante e assim sucessivamente até se chegar ao sacador. Os endossantes são obrigados a reproduzir os endossos nas novas vias.

4.2.2. Declaração de pagamento certo e incondicional

- estrutura da letra: promessa de pagamento por conta e ordem de terceiro

Page 17: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, no que diz respeito a sua

estrutura. O sacador, então, declarará uma promessa de pagamento por conta de um

terceiro – o sacado.

- ausência de condições

Esta declaração, destarte, não poderá estar sujeita, pelo saque, ao implemento de

qualquer condição, suspensiva ou resolutiva.

Não é letra de câmbio, portanto, um documento redigido da seguinte forma:

"aos trinta e um de janeiro de ...., pagará V. S -, desde que lhe sejam entregues as

mercadorias solicitadas, por esta única via de letra de câmbio, a importância de

(etc.)".

- Certeza

A declaração deve se referir a um pagamento certo, isto é, que a quantia

declarada seja facilmente compreensível pela leitura da cártula, sendo possível

determinar o quantum devido em razão do título.

- moeda estrangeira

É possível o uso de moeda estrangeira para expressar o valor da letra, mas o

decreto-lei n. 857/69 restringe aos seguintes casos:

contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias;

contratos de financiamento ou de prestação de garantia relativos às operações cie exportação de bens de produção nacional vendidos a crédito para o exterior;

contratos de compra e venda de câmbio em geral; empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou

devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior; excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional;

contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país.

- discrepância entre número por extenso e algarismos

Page 18: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Havendo discrepância entre a indicação da quantia por extenso ou expressa em

algarismos, prevalecerá aquela; havendo mais de uma indicação, por extenso ou por

algarismos, prevalece a de menor valor.

Art. 6º - Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos, e houver divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso. Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações, prevalecera a que se achar feita pela quantia inferior.

4.2.3. Quem deve pagar - sacado

Deve haver ainda a indicação de quem deve pagar a quantia: o sacado.

- pessoa física ou jurídica

O sacado é qualquer pessoa física ou jurídica indicada ao pagamento da letra pelo

sacador.

- o pagamento depende do aceite, que não é obrigatório.

Entretanto, a sujeição do sacado à obrigação cabial não é automática nem

impositiva, dependendo da realização de um ato cambial pela pessoa indicada: o

aceite.

- domicílio do sacado

O domicílio do sacado poderá ser indicado com a menção de local ao lado do seu

nome, sendo este o local indicado para a apresentação da letra para aceite.

Presumivelmente, este será também o local do pagamento. à sua falta, como se

verá adiante, considera-se o local da emissão.

- saque sobre si mesmo

Nada impede que uma pessoa figure em mais de uma posição jurídica na letra de

câmbio. Poderá, portanto, o sacador ocupa a posição de sacado, e mesmo o

tomador. A utilidade do título, nesses casos, encontra-se justamente na possibilidade

de circulação do título

- Certeza sobre a pessoa

Page 19: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Basta a indicação do nome do sacado, identificando-o e diferenciando-o de

outras pessoas.

Erros materiais que não impeçam a identificação da pessoa não geram a

invalidade ou retiram a cambiariedade do título. Essencialmente, é necessário haver a

identificação inequívoca do sacado. A omissão de termos como júnior ou filho não

constitui mera irregularidade, pois se presta a diferenciar parentes.

- art. 27, I, da lei n. 9.294 - protesto

Cabe observar, porém, que o artigo 27, I, da lei n. 9.294/1997 (protesto) exige

que se informe o nome completo, RG ou CPF e o número de Cadastro Geral de

contribuintes (CGC), se pessoa jurídica.

4.2.4. Identificação do tomador

- Não existe letra “ao portador”

De acordo com a Lei Uniforme, a indicação na letra de câmbio do nome da

pessoa a quem ou à ordem de quem eleve ser paga constitui requisito essencial da

letra de câmbio.

Deve haver certeza em relação àpessoa do beneficiário, da mesma maneira que o

sacado.

- saque à própria ordem

Nada impede que o saque seja realizado em favor do próprio sacador, podendo

inclusive levar o título a protesto em caso de recusa do aceite pelo sacado.

- O endosso em branco, porém, torna a letra um título ao portador

- Cláusula “não à ordem” – é permitido (art. 11, segunda alínea – objetiva não

circular

Art. 11 - Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.

Page 20: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro co-obrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra.

4.2.5. Local e Data de emissão

- requisitos essenciais

O local e a data de emissão configura requisito essencial à sua validade de uma

cambial como título executivo.

- preenchimento posterior (artigo 10º da lei uniforme e artigo 891, Código Civil)

Assim, se um título for emitido sem a indicação destes requisitos, deverá o

portador de boa-fé preenchê-lo, para que possa cobrar o valor correspondente em

juízo, conforme autorização do artigo 10 da Lei uniforme e do artigo 891 do código

civil [letra em branco].

Art. 10 - Se uma letra incompleta no momento de ser passada tiver sido completada contrariamente aos acordos realizados não pode a inobservância desses acordos ser motivo de oposição ao portador, salvo se este tiver adquirido a letra de má-fé ou, adquirindo-a, tenha cometido uma falta grave.

- Prescrição/aplicação de certas regras (artigo 22 - não é possível proibir a

apresentação da letra pagável em domicílio de terceiro)

A data do título tem importância vital para a prescrição, assim como o local de

sua emissão tem grande importância para a aplicação de certas normas, como o

artigo 22 da Lei Uniforme de Genebra, segundo o qual não se permite a proibição da

apresentação ao aceite quando se tratar de uma letra pagável em domicílio de

terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado.

O contrato que deu origem ao título pode servir como meio de prova para o

exequente, caso haja dúvidas quanto a estes elementos.

Caso contrário, não sendo possível preencher ou comprovar o preenchumento

no momento da execução, poderá utilizar o mesmo como documento escrito para a

cobrança via ação monitória, ou ainda, exigir seu cumprimento por meio de ação de

cobrança (ação de conhecimento).

Page 21: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

4.2.6. Assinatura do sacador

É o ato final que, diante do preenchimento dos demais requisitos, arremata a

declaração da existência do crédito e a promessa jurídica cle que o sacado irá saldá-la,

no lugar e no tempo indicado para os vencimentos.

- art. 2º do Dec. N. 2.044/1908: assinatura por mandatário

Vale observar que, no Brasil, não é exigível a assinatura de próprio punho, por

ressalva à Convenção, desde que por uma declaração autêntica escrita na letra se

possa constatar a vontade daquele que deveria ter assinado. O artigo 2º do Decreto n.

2.044 permite que a letra seja assinada por mandatário com poderes especiais para

tanto.

- Cláusula mandato

É possível o saque por procurador (art. 8º)

- assinatura por quem não tem poderes

Ressalte-se, ainda, que a assinatura daquele que realiza o ato como representante

de uma pessoa em relação a qual não possuia poderes, se obriga ao que assinou.

Art. 8º - Todo aquele que apuser a sua assinatura numa letra, como representante duma pessoa, para representar a qual não tinha de fato poderes, fica obrigado em virtude da letra e, se a pagar, tem os mesmos direitos que o pretendido representado. A mesma regra se aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes.

É com a assinatura que o sacador constitui o crédito cambiário, tornando-se co-

devedor (art. 9º, LEI UNIFORME)

A cláusula mandato nos Contratos bancários i. A instituição financeira ou coligada a ela possuiria poderes

para, em nome do contratante, emitir um título cujo beneficiário era ela mesma.

ii. Em outros termos, o mutuário (devedor) constituía o mutuante (credor) seu procurador, para que ele emitisse um título (nota promissória, em geral) em nome do primeiro e em seu próprio favor. Essa autorização contratual foi denominada "cláusula-mandato".

Page 22: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

iii. "É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste " (Súmula 60 do STJ). – artigo 51, CDC

- artigo 889, do código civil

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. § 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. § 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

- assinatura do representante: deve constarno título que o ato foi realizado por

representação

4.2.7. O local do pagamento

- requisito não essencial

A maiora da doutrina o considera um requisito não essencial, em vista do que

dispõe o artigo 2º da Lei Uniforme (“Na falta de indicação especial, a lugar designado ao

lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo

tempo, o lugar do domicílio do sacado”).

- aceite modificativo

O local do pagamento indicado pelo sacador, no entanto, não obriga o sacado,

como veremos adiante (aceite modificativo, artigo 27)

O sacador poderá, então, mencionar um local ao lado do nome do sacado, o

local do saque, que é ao mesmo tempo o local do domicílio do sacado.

4.2.8. Época do pagamento (requisito não essencial)

- não essencial

Page 23: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

A época do pagamento é o vencimento da letra, o momento a partir do qual ela

se torna exigível. A indicação da época de pagamento pode ser omitida, sem que o

título perca a característica da cambiariedade.

- omissão (artigo 2º, da Lei Uniforme)

A omissão do vencimento implica o pagamento à vista, isto é, a ser realizado no

momento da apresentação do instrumento (artigo 2º da Lei Uniforme).

Art. 2º - O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Na falta de indicação especial, a lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do sacado. A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador.

- modalidades de vencimento

A letra pode ser sacada (artigo 33, da Lei Uniforme):

(1) a vista;

(2) a um certo termo de vista;

(3) a um certo termo de data;

(4) pagável num dia fixado.

- Prazo para apresentação (artigo 34, da Lei Uniforme)

O artigo 34 da Lei Uniforme prescreve o prazo de um ano para apresentação da

letra pagável à vista, podendo o sacador estipular prazo mais longo ou mais curto. Os

endossantes somente poderão estipular prazo mais curto.

- Cláusula não aceitável

Pela cláusula não aceitável, o sacador proíbe a apresentação da letra de câmbio ao

sacado antes do dia designado para o seu vencimento. Sua utilidade é preservar os

coobrigados do título contra a antecipação do vencimento, que decorreria de

eventual recusa do aceite.

Page 24: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Também é lícito ao sacador, por força do mesmo artigo 34, estipular que a letra

pagável a vista não seja apresentada a pagamento antes de certa data, hipótese na qual

o prazo para a apresentação conta-se dessa data,

Art. 34 - A letra à vista é pagável a apresentação. Deve ser apresentada a pagamento dentro do prazo de um ano, a contar da sua data. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser encurtados pelos endossantes. O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação conta-se dessa data.

- cláusula de juros-letra à vista ou a certo termo da vista (art. 5º)

Vale observar, não obstante, que é possível a inserção de cláusula de juros e

correção monetária, sendo admitida nas hipóteses de emissão da letra à vista ou a

certo termo da vista, da data de emissão ou outra indicada no próprio título (cf.

artigo 5º da Lei Uniforme)

Art. 5º - Numa letra pagável à vista ou a um certo termo de vista, pode o sacado estipular que a sua importância vencerá juros. Em qualquer outra espécie de letra a estipulação de juros será considerada como não escrita. A taxa de juros deve ser indicada na letra; na falta de indicação, a cláusula de juros considerada como não escrita. Os juros contam-se da data da letra, se outra data não for indicada.

- Vencimento à certo termo da vista significa que o prazo para o vencimento só

começa a contar desde a sua apresentação para o sacado ou do protesto do título

(artigo 35, da lei uniforme).

Art. 35 - O vencimento de uma letra a certo termo de vista determina-se, quer pela data do aceite, quer pela do protesto. Na falta de protesto, o aceite não datado entende-se, no que respeita ao aceitante, como tendo sido dado no último dia do prazo para a apresentação ao aceite.

- Vencimento a certo termo da data significa que o prazo para vencimento

começa a contar de uma certa data (termo).

- contagem do prazo (artigo 36)

Page 25: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

O prazo se conta dia a dia, mês a mês. Então, caso se estipule o vencimento a 1

(um) mês do dia 31 de agosto de 2015, vencerá no dia correspondente do mês

seguinte (como setembro só tem 30 dias, considera-se o vencimento no dia 30).

- oito dias = oito dias; meio mês = 15 dias;

- Princípio, meado, fim = 01, 15, último

Art. 36 - O vencimento de uma letra sacada a um ou mais meses de data ou de vista será na data correspondente do mês em que o pagamento se deve efetuar. Na falta de data correspondente o vencimento será no último dia desse mês. Quando a letra é sacada a um ou mais meses e meio de data ou de vista, contam-se primeiro os meses inteiros. Se o vencimento for fixado para o princípio, meado ou fim do mês, entende-se que a letra será vencível no primeiro, no dia quinze, ou no último dia desse mês. As expressões "oito dias" ou "quinze dias" entendem-se não como uma ou duas semanas, mas como um prazo de oito ou quinze dias efetivos. A expressão "meio mês" indica um prazo de quinze dias.

4.3. Títulos em branco

- relações de consumo

- boa-fé (art. 3º, dec. 2.044)

- artigo 891, do Código Civil: preenchimento em conformidade ao que foi

ajustado.

- Título que circulou: autonomia

Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.

"A cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto " (Súmula 387 do STF).

DECRETO Nº 2.044, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1908. (art. 3º)

Page 26: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Art. 3º Esses requisitos são considerados lançados ao tempo da emissão da letra. A prova em contrário será admitida no caso de má-fé do portador.

- Responsabilidade pelo extravio

5. Aceite

5.1. Conceito

- ato unilateral do sacado

O aceite é ato unilateral do sacado,mediante o qual este se obriga ao pagamento

da letra. É imprescindível, para que seja cobrado, que o pagador concorde com isso,

manifestando sua vontade por meio deste ato cambial.

Deve-se ressaltar que o aceite não é obrigatório, sendo o sacado livre para dar ou

não o aceite.

5.2. Prazo:

- artigo 21: vencimento (art. 21, LU) – letra a certo termo da vista: Em regra, 01 ano (artigo 22), contado da emissão.

O credor da letra deverá observar o prazo dos artigos 21 e 22 da Lei Uniforme, no

que dispoe o seguinte:

Art. 21 - A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio , pelo portador ou até por um simples detentor.

Art. 22 - O sacador pode em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo. Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em domicílio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista. O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada data. Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador.

Page 27: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Qualquer letra poderá ser apresentada até o vencimento, por portador ou

detentor. Nesta oportunidade, o sacado deverá dar ou não ou aceite, devolvendo o

título ao seu portador. Nas letras pagáveis a certo termo da vista, começará a contar

o prazo de vencimento.

- regramento do aceite pelo sacador: Poderá o sacador, porém, diminuir ou aumentar este prazo, fixando um período mínimo e máximo para a apresentação da letra.

Cabe observar ainda que o sacador pode estabelecer prazos mínimo ou máximo

para apresentação da letra para aceite, sacando-a com o seguinte texto:

Por esta única via de letra de câmbio, pagará à Fulana de tal ou à sua ordem, a quantia de R$1.000,00 (mil reais), apresentável em até 30 dias do saque.

Ou:

Por esta única via de letra de câmbio, pagará à Fulana de tal ou à sua ordem, a quantia de R$1.000,00 (mil reais), apresentável a partir de 30 dias do saque.

Também é possível ao sacador inserir cláusula não aceitável, proibindo a

apresentação do documento antes do vencimento ou de uma determinada data.

Por esta única via de letra de câmbio, pagará à Fulana de tal ou à sua ordem, a quantia de R$1.000,00 (mil reais), não apresentável antes do vencimento.

- regramento do aceite por endossatário O endossatário poderá reduzir o prazo para apresentação da letra com vencimento a certo termo da vista. Não poderá, no entanto, aumentar este prazo, tampouco poderá estipular sua apresentação para aceite caso o sacador tenha inserido cláusula não aceitável na letra.

De acordo com o artigo 23 da Lei Uniforme, o prazo máximo de apresentação da

letra com vencimento a certo termo da vista é de um ano, prazo que pode ser

aumentado ou reduzido pelo sacador. Endossantes posteriores somente poderão

reduzir, mas não aumentar este prazo.

Page 28: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Art. 23 - As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano das suas datas. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um prazo maior. Esses prazos podem ser reduzidos pelos endossantes.

- artigo 69 – modificações no texto da letra

Eventuais alteraçõesno texto da letra, por exemplo, pelaredução do prazo da

letra, vinculará endossantes e avalistas posteriores à alteração, não alcançando aqueles

que realizaram atos antes da modificação.

Art. 69 - No caso de alteração do texto de uma letra, os signatários posteriores a esta alteração ficam obrigados nos termos do texto alterado; os signatários anteriores são obrigados nos termos do termos do texto original.

5.3. Cláusula não aceitável

- o sacador impede a apresentação da cártula para aceite

Pela cláusula não aceitável, o sacador proíbe a apresentação da letra de câmbio ao

sacado antes do dia designado para o seu vencimento. Sua utilidade é preservar os

coobrigados do título contra a antecipação do vencimento, que decorreria de

eventual recusa.

5.4. Local gráfico do aceite

- lateral esquerda da letra (questões gráficas) - artigo 25, LU – basta o sacado assinar o anverso da letra

Não há regramento quanto ao local a ser dado o aceite, sendo que a praxe no

Brasil é de opô-lo no lado esquerdo do título, em local indicado. Entretanto, o

sacado/aceitante poderá oporsua assinatura em qualquer lugar da letra, esclarecendo

a natureza do ato com a expressão “aceito” ou equivalente.

A mera assinatura do sacado no anverso do título é considerada aceite, e no verso

será considerado endosso apenas no caso de o sacado ser ao mesmo tempo tomador

da letra.

Art. 25 - O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado

Page 29: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista, ou quem deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por estipulação especial, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se o portador exigir que a data seja a da apresentação. A falta de data, o portador, para conservar os seus direitos de recurso contra os endossantes e contra o sacador, deve fazer constatar essa omissão por um protesto feito em tempo útil.

5.5. Data do aceite

Via de regra, não é indispensável a colocação da data do aceite, mas pode ser

necessário na hipótese de letra com cláusula não aceitável ou com vencimento a

contar da vista.

O portador da letra poderá levá-la a protesto no caso de falta de data do aceite,

preservando seus direitos contra endossantes e avalistas do título. De acordo com o

artigo 35 da Lei Uniforme, na falta do protesto, deve ser interpretado que foi dado o

aceite no último dia do prazo para apresentação.

5.6. Não obrigatoriedade

O aceite não é obrigatório, estando o sacado livre para a realização do ato ou

não.

Vale observar que a assinatura do sacado com um risco traçado equivale à recusa

(artigo 29, da lei uniforme).

Art. 29 - Se o sacado, antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como recusado. Salvo prova em contrário, a anulação do aceite considera-se feita antes da restituição da letra. Se porém, o sacado tiver informado por escrito o portador ou qualquer outro signatário da letra de que a aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu aceite.

Devedor sacado: também não é obrigado a dar o aceite.

Page 30: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

a. Acidente de trânsito: A colide em B. B emite uma letra em favor de C, tendo como sacado A. C consulta A para saber se A aceita a letra, que se recusa. C deverá cobrar de B a letra, e A não tem nada a ver com a história.

5.7. Efeitos da recusa: vencimento antecipado do título.

Exemplo: A emite hoje, 25 de março, em favor de B uma letra, indicando C

como sacado, com vencimento em 01 de outubro. Em 01 de abril, B procura C para

o aceite, e C recusa. B poderá, então, cobrar de A o valor do título.

5.8. Aceite puro e simples/aceite modificativo

O aceite é, em regra, puro e simples, mas pode ser dado pelo sacado com

alterações ou limitação.

O aceite limitativo

o artigo 26 da Lei Uniforme autoriza ao sacado a limitar o ato a uma parte da

importância sacada, sem que isso implique a recusa do título..

Art. 26 - O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite.

Além disso, o artigo 27 preceitua que na letra cujo local de pagamento é diverso

do domicílio do sacado, este poderá designar pessoa que deve pagar a letra ou ainda

outro domicílio onde poderá ser efetuado o pagamento.

Art. 27 - Quando o sacador tiver indicado na letra um lugar de pagamento diverso do domicílio do sacado, sem designar um terceiro em cujo domicílio o pagamento se deva efetuar, o sacado pode designar no ato do aceite a pessoa que deve pagar a letra. Na falta desta indicação, considera-se que o aceitante se obriga, ele próprio, a efetuar o pagamento no lugar indicado na letra. Se a letra é pagável no domicílio do sacado, este pode, no ato do aceite, indicar, para ser efetuado o pagamento um outro domicílio no mesmo lugar.

Page 31: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

2. Recusa parcial do Aceite

a. Aceite limitativo (art. 26, LEI UNIFORME) i. O sacado aceita pagar somente até um determinado valor

ii. Exemplo: A ordena que C pague 100 à B. C aceita pagar somente 80. (ACEITO ATÉ 80)

iii. EFEITO: vencimento antecipado – B cobra 100 à A, de imediato, e no vencimento, A poderá cobrar 80 de C.

b. Aceite modificativo i. É uma recusa parcial, aceitando o valor total do título, mas em

condições diversas (ACEITE CONDICIONAL) ii. Em data diversa. iii. Aceite domiciliado: o aceite que modifica o local do

pagamento (aceito, na praça de São Paulo, no endereço Rua A, 100).

Page 32: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

6. Transferência do título: Endosso

6.1. Conceito

É o ato responsável pela transferência do crédito a outro sujeito de direito, resguardando o primeiro nas hipóteses de insolvência do devedor originário, bem como de eventuais vícios anteriores, na criação e circulação do documento.

6.1.1. Endossante

Endossante é quem transfere o título mediante Endosso.

6.1.2. Endossatário

É quem passa a ser titular do título de crédito endossado.

Obs.: A primeira endossante será sempre a tomadora.

6.1.3. Efeitos do Endosso

i. Transferência do título de crédito ii. Vinculação do endossante ao pagamento

Os títulos de crédito são considerados bens móveis, por analogia ao regime

jurídico destes bens. Isso implica dizer que é na existência física do título que ele

perfaz a representação do crédito, como decorrência da cartularidade.

Outrossim, tal equiparação no remete a consequências jurídicas práticas, podendo

tais títulos serem objeto de usufruto (art. 1.225, IV, do código civil) ou ainda de

dação em pagamento, forma alternativa de cumprimento das obrigações (art. 358,

do código civil), por meio da qual o credor do título de crédito entrega o mesmo

em cumprimento a uma obrigação que corresponde a um preço.

Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.

A regra do artigo 895, dessa forma, constitui uma unidade conceitual entre a

cártula e a obrigação nela contida, de maneira que tais elementos são inseparáveis

nos títulos de crédito. Não é possível alienar direitos nela inscritos sem a sua efetiva

constrição ou entrega.

Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa.

Page 33: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Não é possível, portanto, visualizar um título de crédito separado dos direitos

nele inscritos. A transferência dos direito é a transferência do próprio título.

6.2. Endosso e cessão de crédito. Títulos à Ordem e Não à ordem

A relação entre endosso e cessão de direitos é de gênero e espécie. Isto é, a cessão

de direitos abrange o contrato de cessão regulamentado pelos artigos 286 e seguintes

do código civil e o endosso, regulamentado pelas normas cambiárias.

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

- instrumento público ou particular, desde que obedeça aos requisitos do artigo

654, §1º: lugar, qualificação das partes, data e objetivo, detalhamento do objeto de

transferência

Esta diferença se verifica principalmente pelo regime simplificado do endosso, em

contraposição ao outro instituto. Por exemplo, para que tenha validade em relação a

terceiros, a cessão civil de créditos deve ser celebrada por meio de instrumento

público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1º do artigo 654,

ou seja, indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e cio

outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos

poderes conferidos.

- notificação do devedor (art. 290)

Além disso, por um lado, o devedor do crédito transferido deverá ser notificado

para que o ato tenha eficácia em relação ao mesmo, devendo este se declarar ciente

por escrito, conforme exigência do artigo 290.

Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.

- pagamento ao credor originário (art. 292)

Page 34: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Por outro, este mesmo devedor se desobriga do pagamento da prestação devida

se o fez ao credor originário antes da notificação.

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.

- oposição de exceções pessoais (art. 294)

Some-se, como já visto, que, ao contrário do estatuído no artigo 294 do Código

Civil, o devedor não pode opor ao enclossatário, como o devedor pode fazê-lo em

relação ao cessionário do crédito (em sentido estrito), as exceções que lhe

competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da

cessão, tinha contra o cedente. Assim, se houve vício no negócio jurídico que deu

origem ao crédito objeto de cessão, o devedor poderá opor esta circunstância contra

o cessionário.

- Cláusula à ordem e Cláusula não à ordem (art. 15, segunda alínea, LEI

UNIFORME).

A cláusula à ordem permite a transferência de um título de crédito mediante

endosso.

A cláusula não à ordem impede a circulação do título de crédito mediante

endosso, alterando o regime de circulação do Título de Crédito. Assim, a

transferência se dá apenas por cessão civil de créditos. São duas as consequencias:

- Endossante: responsabilidade pela solvência, sendo vedado ao devedor opor

exceções pessoais contra terceiro perante o endossatário

- Cedente: responde apenas pela existência do crédito, salvo estipulação em contrário

(art. 296)

- Obs.: só faz sentido falar de clausula à ordem e não à ordens nos títulos

nominativos.

Page 35: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

- Obs.4: o endosso praticado em título com cláusula não à ordem, ou praticado após

protesto por falta de pagamento (ou após transcorrido o prazo), terá efeiro de cessão

civil.

“Aos 27 de abril de 2015, pagará por esta Única via de Letra, a Ana Maria ou à

sua ordem a quantia de R$ 2.500,00”

“Aos 27 de abril de 2015, pagará por esta Única via de Letra, à Clarisse, não à

ordem”

6.3. Vedação de cláusula não à ordem (art. 890)

artigo 890, do código civil: o código civil veda a inserção de cláusula impeditiva

do endosso nos títulos de crédito, lembrando, porém, que a lei especifica as regras

aplicáveis em cada título.

A regra também aduz que o devedor não pode se opor à circulação do título,

norma que, igualmente, pode ser excepcionada, e mesmo, relativizada por

mandamento judicial, por meio de liminar para limitar a circulação do título.

Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.

6.4. Cláusula sem garantia (art. 15, da lei uniforme e artigo 904, do

código civil)

É permitido ao endossante inserir a cláusula “sem garantia”, eximindo-se, dessa

maneira da responsabilidade pelo crédito transferido.

Obs. Art. 914, CC. Inverte a regra. Presume a cláusula não à ordem. Aplica-se a Lei

Uniforme, art. 15.

Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente endossada.

Page 36: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título. § 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário. § 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.

Vale lembrar que as relações obrigacionais são diáticas, isto é, visualizadas dois a

dois. Assim, em razão da autonomia da obrigação cambial, o devedor de título

(aceitante, emitente, endossante ou avalista) não poderá alegar defesa (exceção)

fundada em direito pessoal de alguém estranho a esta relação. Apenas os direitos que

ele possui contra o seu credor, o portador do título, poderá ser oposto como matéria

de defesa.

Além disso, é permitido que o devedor oponha exceções contra os aspectos

formais do título, ou seja, ausência de um dos seus elementos ou a falsidade do

mesmo. É o que acontece, por exemplo, no caso de falsificação daassinatura do

endossante ou avalista, etc. Assim, o endossatário terá que suportar o risco de ter

havido a falsidade da assinatura do devedor, sendo este terceiro estranho à relação

havida entre o portador e o falsificador ou portador posterior.

Art. 17 - As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.

Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas relações pessoais que tiver com o portador, só poderá opor a este as exceções relativas à forma do título e ao seu conteúdo literal, à falsidade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de representação no momento da subscrição, e à falta de requisito necessário ao exercício da ação.

2. Classificação a. Quanto à identificação do endossatário

6.5. Endosso em Branco e título ao portador

1. Assinatura do credor no verso 2. Assinatura do credor no verso ou anverso, sob a

expressão “pague-se”

Page 37: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

O título ao portador indica que a simples tradição, isto é, a entrega efetiva do

documento a outra pessoa a legitima como credora da cambial.

A emissão de títulos ao portador é limitada pelas leis específicas, não sendo

possível, de uma forma geral, a emissão de título sem a indicação do beneficiário ou

credor – ressalvada a possibilidade do artigo 891, para preenchimento pelo portador

de boa-fé.

A letra de câmbio, neste sentido, não pode ser emitida sem esta anotação,

ressalvando que nada impede que o portador de boa-fé preencha os campos do

título emitido em branco para poder exercer o direito de cobrança.

Cabe observar que em razão do princípio da autonomia, o emitentede título de

crédito fica sujeito à circulação do instrumento, em relação à qual ele não pode se

opor, tendo em vista a cambiariedade dos títulos de crédito, isto é, a característica de

negociabilidade das cambiais. Nada importa quais sejam as circunstâncias da emissão,

sendo válido o título emitido mesmo com animus ludendi, por brincadeira ou

chiste, desde que o portador esteja de boa-fé.

O sacador,portanto, assume um risco no momento em que emite um título em

branco, da mesma maneira que os endossantes que fazem o título circular sem a

indicação do beneficiário correm um risco ainda maior decorrente da circulação da

cambial.

ii. Endosso em preto 1. Assinatura do credor no verso ou anverso, sob a

expressão “pague-se à Doralice”.

Cabe observar que o endosso sempre é dado na totalidade, nunca de forma

parcial. Neste sentido, o artigo 12 da lei Uniformedeclara ser nulo o endosso parcial.

Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é nulo. O endosso ao portador vale como endosso em branco.

Page 38: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

6.6. Endosso translatício e endosso impróprio

iii. Endosso translatício - transfere a titularidade do crédito ao endossatário.

iv. Endosso impróprio

Por meio do endosso impróprio, lança-se na cambial um ato que torna legítima

a posse do endossatário sobre o documento, sem que ele se torne credor ou titular

da cambial.

6.7. Endosso mandato (art. 917, do Código Civil e art. 18, da Lei

Uniforme):

O endosso-mandato é o ato apropriado para o endossante imputar a outra

pessoa a tarefa de cobrança do crédito representado pelo título.

“Pague-se, por procuração, à Doralice”.

Art. 18 - Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvremente), "para cobrança" (pour encaissement), "Por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador.

Os co-obrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao endossante.

O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário.

Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída. § 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu. § 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o endosso-mandato. § 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceções que tiver contra o endossante.

Page 39: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

É importante esclarecer que pelo endosso mandato não se transfere a titularidade

da cambial, mas apenas transfere alguns direitos relativos ao título de crédito.

- Endosso translatício por mandatário

O endossatário-mandatário, portanto, não pode transferir o título por meio de

endosso, já que não é titular da cártula: se não possui direitos sobre o crédito, não

poderá transferí-lo. Isso não significa que não poderá realizar novo endosso-

mandato, configurando um substabelecimento, salvo disposição em contrária.

- legitimidade para cobrança

O endossante-mandante, preservando a titularidade sobre o crédito da cambial,

não perde a legitimidade para cobrança (execução) do título. Caso o devedor não

realize o pagamento, tornando-se inadimplente, poderá o endossante mandante

promover a execução do título, mesmo com a presença de endosso-mandato.

O endossante-mandante poderá moldar os efeitos do mandato, por exemplo,

vedando o substabelecimento. Poderá, igualmente, limitar no tempo o mandato,

declarando a validade do ato até uma certa data, ou por um certo prazo.

Não será válida, porém, cláusula de endosso parcial, seja no endosso translatício

ou no endosso-mandato. O endossatário mandatário somente poderá cobrar a

totalidade do valor, não uma parte.

- endosso mandato e cláusula não à ordem

Cláusula não à ordem veda a transferência do crédito por meio de endosso, mas

isss não quer dizer que não poderá a cártula ser objeto de endosso-mandato.

6.7.1. Endosso-caução:

O endosso-caução é o ato próprio para instituir penhor sobre um título de

crédito.

Art. 1.451. Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de cessão, sobre coisas móveis.

Art. 1.452. Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Registro de Títulos e Documentos.

Page 40: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Como a garantia pignoratícia se constitui, via de regra, pela efetiva tradição da

coisa empenhada (CC, art. 1.451), faz-se necessária a entrega da letra de câmbio ao

credor (caucionado), sem que se transfira a titularidade do crédito representado pela

cambial.

“Pague-se, em garantia, à Doralice”

As obrigações do credor pignoratício estão indicadas no artigo 1.459 do código

civil, que são:

Art. 1.459. Ao credor, em penhor de título de crédito, compete o direito de: I - conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o detenha; II - usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos, e os do credor do título empenhado; III - fazer intimar ao devedor do título que não pague ao seu credor, enquanto durar o penhor; IV - receber a importância consubstanciada no título e os respectivos juros, se exigíveis, restituindo o título ao devedor, quando este solver a obrigação.

Art. 1.460. O devedor do título empenhado que receber a intimação prevista no inciso III do artigo antecedente, ou se der por ciente do penhor, não poderá pagar ao seu credor. Se o fizer, responderá solidariamente por este, por perdas e danos, perante o credor pignoratício. Parágrafo único. Se o credor der quitação ao devedor do título empenhado, deverá saldar imediatamente a dívida, em cuja garantia se constituiu o penhor.

O credor pignoratício (endossatário-caucionado) deverá cobrar o título no seu

vencimento, mas somente poderá reter o valor correspondente à obrigação garantida

se isso tiver sido ajustado com o endossante-caucionário. No vencimento da

obrigação, em regra, poderá reter o valor e entregar o restanteao endossante.

Devem ser observadas, ademais, as regras dos artigo 1.459 e 1.460, do Código

civil, devendo o devedor do título caucionado realizar o pagamento ao credor

pignoratício, se tiver conhecimento do penhor. Também vale observar que a

quitação dada pelo credor do títuloimplica o imediato pagamento da obrigação

garantida.

Page 41: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

6.7.2. O princípio da inoponibilidade no endosso impróprio

Mandato – o executado poderá opor as exceções que possui contra o

endossante-mandante, justamente pelo fato de que o endossatário-mandatário atua

em nome do endossante-mandante;

Caução – o executado não poderá opor exceções contra o endossatário

caucionado as exceções que possuir contra o endossante caucionário, salvo

provando a má-fé.

7. Aval

7.1 Conceito

O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar

título de crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado).

7.1.1 Avalista

É quem fornece a garantia sobre o crédito

7.1.2 Avalizado

É quem é garantido pelo aval. Sempre um devedor do título, que pode ser o

sacador, aceitante ou endossante.

7.2 Classificação

7.2.1 Aval antecipado – art. 14, do Decreto 2.044/08.

O aval pode ser concedido de forma antecipada, isto é, antes do aceite ou do

endosso do título.

Ex.: Clarisse não conhece Berenice, e por isso não sabe se ela tem condições de

dar o aceite. Clarisse exige, então, que Alice peça a Doralice, sua sócia, que avalize o

título.

Page 42: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

7.2.2 Aval Parcial (art. 30, LEI UNIFORME)

É possível o aval parcial, isto é, a garantia somente é dada em relação à parte do

valor do título.

7.3 Características

O avalista assume, perante o credor do título, uma obrigação autônoma, mas

equivalente à do avalizado.

O aval representa garantia dada em favor de devedor da letra de câmbio. Ele é

autônomo e equivalente à obrigação do avalizado.

7.3.1 Autonomia (autonomia substancial)

A existência, validade e eficácia do aval não dependem da obrigação avalizada.

Ex.: se o avalizado é incapaz, ou a assinatura é falsa, o aval continua sendo válido

e eficaz.

Eventuais direitos do avalizado não se estendem ao avalista.

Ex.: o avalizado obtém direito à postergação do vencimento em Recuperação

Judicial. O avalista terá que pagar se for cobrado no vencimento.

Exceções pessoais do avalizado não podem ser opostas pelo avalista

7.3.2 Equivalência (art. 32, LEI UNIFORME): o avalista é

devedor “da mesma maneira” que o avalizado.

Todos os podem exercer o direito de crédito contra o avalizado,

também podem contra o avalista.

Todos os que podem ser acionados em regresso pelo avalizado,

também podem pelo avalista (se for o caso).

Page 43: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Obs: Da equiparação do aval à obrigação avalizada não se segue a mesma

extensão da obrigação.

Ex.: avalizado recebe benefício em recuperação judicial (abatimento). O Avalista

não terá direito ao mesmo desconto, podendo ser demandado. Nesse caso, ele

poderá ingressar na recuperação judicial apenas para receber o valor menor.

7.4 Forma

Assinatura do avalista, no anverso;

Assinatura, sob a expressão “por aval”, no verso ou anverso; - AVAL

EM BRANCO

Assinatura, no verso ou anverso, sob a expressão “por aval de

Berenice”. – AVAL EM PRETO

No caso da letra de câmbio, o avalizado no aval em branco é o sacador (LEI

UNIFORME, art. 31).

7.5 Avais simultâneos e sucessivos

7.5.1 Avais simultâneos

Nos avais simultâneos, todos os que assinaram (em branco ou em preto), por

aval, o anverso do título, são devedores cambiários de mesma categoria (solidários

cambiais).

Se um dos avalistas simultâneos for cobrado, poderá cobrar do outro a metade,

ou do avalizado, o montante integral.

7.5.2 Avais sucessivos

É o aval do aval. Neste caso, não há nenhum tipo de solidariedade entre eles.

"Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não

sucessivos" (Súmula 189 do STF).

Page 44: Material de Apoio de Direito Cambiário - 1a Avaliação

Em relação à letra de câmbio, essa regra não vale, já que o aval em branco é dado

sempre ao sacador.

Na verdade, só faz sentido a definição em relação à Duplicata (o avalizado é o

devedor cuja assinatura está acima da do avalista.