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Publicação da Clínica PROMOVI - Saúde e Reabilitação voltada para a saúde na terceira idade • Ano I • # 1 • Julho a Setembro de 2012 Perda de memória não é apenas coisa da idade É comum considerar normais os problemas de esquecimento na ve- lhice. Afinal, com o passar dos anos, muitas das funções de nosso orga- nismo vão diminuindo, entre elas a memória. Mas não é assim que deve- mos encarar o problema. A perda de memória pode não acusar algo grave, como também pode estar ligada ao uso de alguns medicamentos, a do- enças como o Mal de Alzheimer, ao estresse ou até à depressão. Quanto mais cedo se identificar as causas, mais chances de solucionar o proble- ma com o tratamento adequado. De acordo com a geriatra Drª Alini Ponte, os esquecimentos devem chamar a atenção quando são frequentes e começam a atra- palhar as atividades do cotidiano. “Se o dia foi estressante e a pessoa esqueceu a chave do carro ou dei- xou de pagar uma conta, é normal. Mas quando o idoso sabia de cor o telefone da família inteira e dos amigos, mas agora não lembra nem o número da própria casa, deve- mos encaminhá-lo para diagnóstico e tratamento”, explica a médica. “Temos pressa em investigar esses casos a fim de evitar possíveis com- plicações futuras”, alerta. Além de procurar um médico para investigar as causas da perda de memória, algumas atividades são bem-vindas para estimular a mente: Leia: o cérebro se modifi- ca com a experiência e a leitura é considerada o melhor exercício para a memória. Saia da rotina: realize atividades diferentes e que mexem com a mente. Pergunte! Quanto mais você ouvir algo dife- rente, e que seja a resposta a uma dúvida, maior será sua capacida- de de raciocínio. Cuide-se: tenha uma alimentação balanceada, que contenha Omega-3, vitamina B e antioxidantes. Controle a pressão arterial e o diabetes. Se você fuma, pare! E faça atividades físicas. Atividades que estimulam o cérebro são sempre importantes. Não revertem perdas de memória no caso da Doen- ça de Alzheimer, mas contribuem para melhoras cognitivas, principalmente quando o problema ainda não é relacio- nado a doenças. Maria da Consolação, 78 anos, é um exemplo de quem busca estimular a mente. Faz caminhada, vai ao banco, mercado e acessa a internet. “Também sempre tenho na bolsa pala- vras cruzadas e jogos de memó- ria”, conta. Ela ainda toca teclado e cria partitu- ras num programa de computador. E dá boas dicas: “ler muito e aprender outro idioma”. Leia bastante, participe de jogos que estimulem o raciocínio e continue ativo

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Publicação da Clínica Promovi - Saúde e Reabilitação voltada para a saúde na terceira idade - Ano I - #1 - Julho a Setembro de 2012

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Page 1: Ma+s Idade

Publicação da Clínica PROMOVI - Saúde e Reabilitação voltada para a saúde na terceira idade • Ano I • # 1 • Julho a Setembro de 2012

Perda de memória não é apenas coisa da idadeÉ comum considerar normais os

problemas de esquecimento na ve-lhice. Afinal, com o passar dos anos, muitas das funções de nosso orga-nismo vão diminuindo, entre elas a memória. Mas não é assim que deve-mos encarar o problema. A perda de memória pode não acusar algo grave, como também pode estar ligada ao uso de alguns medicamentos, a do-enças como o Mal de Alzheimer, ao estresse ou até à depressão. Quanto mais cedo se identificar as causas, mais chances de solucionar o proble-ma com o tratamento adequado.

De acordo com a geriatra Drª Alini Ponte, os esquecimentos

devem chamar a atenção quando são frequentes e começam a atra-palhar as atividades do cotidiano. “Se o dia foi estressante e a pessoa esqueceu a chave do carro ou dei-xou de pagar uma conta, é normal. Mas quando o idoso sabia de cor o telefone da família inteira e dos amigos, mas agora não lembra nem o número da própria casa, deve-mos encaminhá-lo para diagnóstico e tratamento”, explica a médica. “Temos pressa em investigar esses casos a fim de evitar possíveis com-plicações futuras”, alerta.

Além de procurar um médico para investigar as causas da perda

de memória, algumas atividades são bem-vindas para estimular a mente: Leia: o cérebro se modifi-ca com a experiência e a leitura é considerada o melhor exercício para a memória. Saia da rotina: realize atividades diferentes e que mexem com a mente. Pergunte! Quanto mais você ouvir algo dife-rente, e que seja a resposta a uma dúvida, maior será sua capacida-de de raciocínio. Cuide-se: tenha uma alimentação balanceada, que contenha Omega-3, vitamina B e antioxidantes. Controle a pressão arterial e o diabetes. Se você fuma, pare! E faça atividades físicas.

Atividades que estimulam o cérebro são sempre importantes. Não revertem perdas de memória no caso da Doen-ça de Alzheimer, mas contribuem para melhoras cognitivas, principalmente quando o problema ainda não é relacio-nado a doenças. Maria da Consolação, 78 anos, é um exemplo de quem busca estimular a mente. Faz caminhada, vai ao banco, mercado e acessa a internet. “Também sempre tenho na bolsa pala-

vras cruzadas e jogos de memó-ria”, conta. Ela ainda toca

teclado e cria partitu-ras num programa de computador. E dá boas dicas: “ler muito e aprender outro idioma”.

Leia bastante, participe dejogos que estimulem o raciocínio e continue ativo

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EXPEDIENTE

Grupos de idosos combatem isolamento socialPor causa do recente e rápi-

do envelhecimento da população brasileira, o país ainda se mostra despreparado para cuidar bem de seus velhos. Por isso, são comuns os casos de maus tratos e de isola-mento social, muitas vezes dentro do próprio lar. Quem é idoso conhe-ce bem a situação de estar em casa apenas na condição de ouvinte, sem ter com quem conversar.

O ideal seria mudar esse quadro com a conscientização dos jovens, que serão os idosos dos próximos anos. Mas enquanto esta não é a realidade, alternativas ajudam a diminuir os efeitos do isolamento, entre elas as atividades em grupo. O fisioterapeuta e gerontólogo Dr. Fábio Falcão cita algumas dinâ-micas. “Podemos realizar atividades físicas, como os exercícios de alon-gamento, além de ações lúdicas e de raciocínio. Entre elas, temos al-guns jogos e as oficinas de memória e arte”, destaca. Segundo Dr. Fábio, além do combate ao isolamento so-cial e a redução da possibilidade de um quadro depressivo, todas essas atividades permitem a interação en-tre os idosos e afastam o sentimen-to de desvalorização que pode ser

MAIS IDADE é uma publicação trimestral da Clínica PROMOVI.

Conselho Editorial: Dr. Fábio Falcão (CREFITO-7 / 36.710-F), Drª Alini M. Orathes Ponte Silva (CRM 21398-BA) e Marta Caldas.

Projeto gráfico, editoração e tratamento de imagens: Quatro Linhas [email protected]

Jornalista Responsável: Francisco Ribeiro (DRT/BA 3540) [email protected]

Impressão: Gráfica Santa Bárbara.

Tiragem: 1000 exemplares.

E-mail: [email protected].: (71) 3237-0666www.promovi.com.br

causado pela ausência do convívio com familiares e antigos amigos.

A terapeuta ocupacional Fabiana Carvalho acrescenta que as ações em grupo levam o idoso a se reco-nhecer com suas qualidades, seu papel social e história de vida. “Por uma série de razões, com o pas-sar dos anos, eles perdem alguns contatos e deixam de integrar gru-pos familiares, de trabalho ou lazer. Por isso, há uma necessidade de fazê-los participar de novos grupos e ajudá-los a se encontrar naqueles que mais lhes agradem”, explica.

Dona Auristela França, 80 anos, participa de um grupo para idosos no Centro Terapêutico e de Convivência Social PROSPERIDADE, que funcio-na na Clínica PROMOVI, no Centro Médico da Graça. Para ela, os prin-cipais atrativos são o ambiente diver-tido e a possibilidade de interagir com novos amigos. “É importante fazer parte de um grupo porque nos des-contrai e podemos nos soltar mais”, conta. A amiga, Dona Dulce Alvin, 87 anos, destaca a mudança no astral. “Acho ótimo, pois a convivência sem-pre melhora nosso estado de espírito. Às vezes estamos um pouco tristes e saímos daqui bem melhores”, diz.

O ambiente descontraído é uma das marcas do Centro Terapêutico e de Convivência Social PROSPERIDADE

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Julho a Setembro de 2012

No PROSPERIDADE os idosos participam de encontros semanais com terapeuta ocupacional, fisio-terapeutas e outros profissionais. Eles trabalham as capacidades cognitivas e o lado psicoemocional de cada participante em grupos de até 15 idosos. São realizadas oficinas de memória, cine debate, mostra de talentos, palestras, jo-gos e confraternizações.

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Basta de violência contra os idosos

O aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade vêm tornando o Brasil um país cada vez mais velho. Já são mais de 20 milhões de bra-sileiros na terceira idade, sendo 1,5 milhão na Bahia. A projeção é de 63 milhões de idosos vivendo no Brasil em 2050.

Esse aumento reflete também a grande quantidade de atos de vio-lência contra a pessoa idosa. E a maioria é praticada por familiares. Na Bahia, entre janeiro e junho, foram registradas mais de 300 de-núncias. E desde que a Delegacia do Idoso foi criada, em 2006, já são

Idosos de Salvador pediram paz no Dia de Combate à Violência Contra a Pessoa Idosa, realizado em junho

Fotos: Francisco Ribeiro

mais de 16 mil queixas. Os números preocupam, pois apenas 16% dos atos costumam ser denunciados.

Capacitação – Uma maneira de combater os maus tratos é a capa-citação dos cuidadores de pessoas idosas. Afinal, o ato de cuidar de um idoso exige dedicação e paciência. Porém, esse trabalho nem sempre

é feito por pessoas capacitadas e, consequentemente, o risco

de violência aumenta.A Clínica PROMOVI ofe-

rece o Curso de Instrução Técnica para Cuidadores, ministrado por profissio-nais especializados. “Já

instruímos cerca de 100 cuidadores em 12 turmas

de, no máximo, 15 alunos para que o aproveitamento e ren-

dimento sejam melhores”, explica Marta Caldas, diretora administrativa da Clínica. Darci Duarte, 52 anos, participou do curso e reforça a ne-cessidade de instrução. “Aprendi a me comunicar bem não apenas com os idosos, como também com outras pessoas. Temos que estar ap-tos a cuidar devidamente deles, pois necessitam de tratos especiais. No curso aprendemos a ouvir os idosos e eles têm muito a nos ensinar”, diz.

A sensibilização é uma das princi-pais formas de enfrentar a violência, mas o combate também deve ser fei-to por meio de denúncias. Saiba onde denunciar: Delegacia do Idoso - Tel: (71) 3117-6080 | Ministério Públi-co Estadual - Tel: (71) 3103-6545 | Disque Denúncia - (71) 3235-0000 (Salvador) e 181 (interior).

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Exemplo de prevenção e saúde

Há mais de dez anos, Dona Jacyra vemcuidando muito bem do corpo e da mente

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Dona Jacyra Vieira do Nasci-mento completa mais um aniver-sário no dia 7 de outubro. Há 83 anos, ela nasceu na cidade de Rio Real, próximo à Jandaíra e Man-gue Seco, na fronteira entre Bahia e Sergipe. Filha de Arnaldo Vieira e Maria Oliveira, ela teve seis irmãos. Com apenas nove anos perdeu a mãe e mudou-se para Estância, em Sergipe, para estudar. Era início dos anos 40 e, após seu pai se mudar para Porto Seguro, teve que ajudar a cuidar dos irmãos mais novos. “Eu trabalhava na Associação Co-mercial de Estância durante o dia e estudava à noite”, lembra.

Com 23 anos foi morar em Sal-vador, onde se casou, nove anos depois, com José Hilton Requião, então técnico de lubrificação e petróleo da antiga Atlantic. Jacyra também trabalhou, por quase dez anos, na Companhia Brasileira Ex-portadora, no bairro do Comércio. O casal teve quatro filhos: Eduardo, Silvana, Ana Cristina e Roberto. E já são três os netos: Ana Clara (16), Eduardo Filho (14) e Elena (9).

Há 16 anos, Sr. José Hilton fa-leceu e Dona Jacyra tem se dedi-cado não apenas aos netos, mas também à própria saúde. “Eu pra-ticava caminhada e, há dez anos, comecei a fazer fisioterapia pre-ventiva”, conta. De acordo com Dr. Fábio Falcão, fisioterapeuta de Dona Jacyra, ela iniciou o acom-panhamento com um quadro de tontura. Após resolver o problema, foi instruída a fazer um trabalho preventivo para ter mais qualidade de vida. Até hoje, ela segue rigoro-samente todas as orientações. “Em dez anos fazendo exercícios de for-

ça, alongamentos, treino de equilí-brio e coordenação motora, Jacyra se mostra com uma capacidade funcional de uma pessoa de 60 a 65 anos. É um exemplo a ser se-guido, pois avança na idade com sua autonomia e independência preservadas”, explica Falcão. Ela também participa das atividades do PROSPERIDADE, entre elas a oficina de memória. “Estou gos-tando bastante e digo para todo mundo fazer o mesmo. Quando sentimos algo errado, devemos combater no início, quando é mais fácil”, aconselha Dona Jacyra.

CURTASPERFIL - Dona Jacyra Vieira do Nascimento

Uma pesquisa que estudou o genoma de 1.795 islandeses descobriu uma mutação genética que protege contra a Doença de Alzheimer e a perda de capacidade de aprendizagem causada pelo envelhecimento, segundo estudo publicado pela revista científica “Natu-re”. A mutação foi descoberta em um gene chamado APP que funciona como uma defesa natural do cérebro. Essa mutação reduziria em até 40% a for-mação da substância conhecida como proteína amiloide em idosos saudáveis. Esta proteína se acumula e forma pla-cas no cérebro, provocando o surgi-mento da Doença de Alzheimer.

A Associação Brasileira de Neuropsi-quiatria Geriátrica (ABNPG) realizará em 6, 7 e 8 de setembro, o XIII Fó-rum Brasileiro de Neuropsiquiatria Geriátrica, no Hotel Pestana, em Sal-vador. O evento terá a presença de renomados profissionais da área da geriatria e gerontologia, neurologia e psiquiatria, cujo interesse comum são as doenças neuropsiquiátricas no envelhecimento. O evento tem o apoio das Sociedades Brasileiras de Geriatria e Gerontologia, de Neurolo-gia e de Psiquiatria e é voltado para médicos, residentes, estudantes e profissionais gerontólogos.

Já está em fase final de análise pela Comissão de Assuntos Sociais do Se-nado Federal o Projeto de Lei nº 284 de 2011, que dispõe sobre a regula-mentação da profissão de cuidador de pessoa idosa. A proposta, de autoria do senador Waldemir Moka (PMDB--MS), estabelece obrigações e direitos trabalhistas para esses trabalhadores, estimados em mais de 200 mil no País.

Pesquisa descobre avanços no combate à Doença de Alzheimer

XIII Fórum de Neuropsiquiatria Geriátrica

Projeto de Lei aguarda votação pararegulamentar profissão de cuidador

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