a varação nr o pr r o ma composo m xos orna s co i

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A variação entre o pretérito mais- que-perfeito simples e composto em textos jornasticos Kellen Cozine M a r t in s 1 ntrodução No sist ema verbal do por t uguês, a expressão de a n t eriorid a de a um pon t o de ref erên c i a p assa do es, canonicamente, associada às formas verbais pretérito mais- I que-per f ei t o simples (PMQPS, correspondendo à desinên ci a -r a ) e pret éri t o mais-que-per f ei t o c ompost o (PMQPC , c orrespondendo às perí f r ases ter ou haver + p ar t i c ípio p assa do) . Segundo Corôa (2005: 50) , sen t en ças c omo Eu t inha escri to a cart a quando ele me telefonou e Eu (j á) escrevera a cart a quando ele me telefonou são equivalen t es, vist o que a mbas rel ata m um even t o oc orrido a n t es de ou t ro even t o ta mbém j á oc orrido qu a ndo do momen t o d a fal a. Investigações anteriores ( cf. Coan, 1997; 2003) constatam a ausência da variante simples de PMQP n a fal a in f ormal , indi ca ndo um esta do-de-coisas (Es C) em momen t o tempor al a n t erior à ocorrênci a de um out ro Es C também passado. Segundo Coa n (op. c i t . ) , n a fal a, a vari ação se estabelec e en t re a vari a n t e PMQPC e a va ri a n t e pre t éri t o per f ei t o simples (PPS) , que en t r a em c ompet i ção c om a vari a n t e c omposta n a expressão de p assa do do p assa do. No en ta n t o , a va ri a ç ã o en t re a f orma s imples e a perí f r as e de pre t éri t o- ma i s- que- per f ei t o pode s er at esta d a n a mod a lid a de esc ri ta do por t uguês br as ileiro c on t empor â neo , prin c ip a lmen t e nos s eus regi st ros ma i s f orma i s. E ss a va ri a ç ã o é f o c a liz a d a , nes t e a r t igo , s ob o pri s ma dos press us pos t os t eóri c o- me t odológi c os d a So c iolinguí s t i c a V a ri a c ioni s ta . Segundo essa perspect iva, a língu a é ineren t emen t e vari ável , ou sej a, dispõe 1 Mest re em Linguí st i c a pel a Uni versid a de Feder al do Rio de Ja neiro.

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Page 1: A varação nr o pr r o ma composo m xos orna s co I

A variação entre o pretérito mais-que-perfeito simples ecomposto em textos jornalísticosKellen Cozine Martins1

ntroduçãoNo sistema verbal do português, a expressão de

anterioridade a um ponto de referência passado está,canonicamente, associada às formas verbais pretérito mais-I

que-perfeito simples (PM QPS, correspondendo à desinência -ra) e pretéritomais-que-perfeito composto (PM QPC , correspondendo às perífrases ter ouhaver + particípio passado). Segundo Corôa (2005: 50), sentenças como Eutinha escrito a carta quando ele me telefonou e Eu (já) escrevera a carta quando eleme telefonou são equivalentes, visto que “ambas relatam um evento ocorridoantes de outro evento também já ocorrido quando do momento da fala”.Investigações anteriores (cf. Coan, 1997; 2003) constatam a ausência da variantesimples de PM QP na fala informal, indicando um estado-de-coisas (EsC) emmomento temporal anterior à ocorrência de um outro EsC também passado.Segundo Coan (op. cit.), na fala, a variação se estabelece entre a variantePM QPC e a variante pretérito perfeito simples (PPS) , que entra emcompetição com a variante composta na expressão de passado do passado.

No entanto, a variação entre a forma simples e a perífrase depretérito-mais-que-perfeito pode ser atestada na modalidade escrita doportuguês brasileiro contemporâneo, principalmente nos seus registrosmais formais. Essa variação é focalizada, neste artigo, sob o prisma dospressuspostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista.Segundo essa perspectiva, a língua é inerentemente variável, ou seja, dispõe

1 Mestre em Linguística pela U niversidade Federal do Rio de Janeiro.

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Máquina de escrever
https://doi.org/10.35520/diadorim.2011.v8n1a7975
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Artigos Inéditos

de duas ou mais formas alternantes (variantes) para expressar o mesmo

“significado referencial”. Acrescenta-se que o caráter ordenado e sistemático

da variação pode ser depreendido a partir do exame de grupos de fatores de

natureza interna (isto é, de ordem fonológica, morfossintática ou semântico-discursiva) e externa, sejam aqueles relacionados ao falante, sejam os oriundosdo uso concreto da língua em situações reais de comunicação.

O nosso objetivo é discutir a sistematicidade da variação entre asduas formas canônicas de expressão de EsC passado anterior a outro,focalizando os contextos que tendem a conservar a variante PM QPS em

oposição àqueles considerados propulsores da expansão da variantePM Q PC na escrita midiát ica , represen tada por diferen tes gênerosdiscursivos veiculados em jornais e revistas de grande circulação no estado

do Rio de Janeiro. Partimos da hipótese de que a variante PM QPS é maisrestrita a gêneros discursivos mais formais e / ou monitorados, isto é, que

exijam maior grau de atenção e de planejamento linguístico.O artigo está organizado da seguinte forma: em primeiro lugar,

apresentamos nosso objeto de investigação e caracterizamos a amostra de

escrita utilizada; em segundo lugar, examinamos os resultados do tratamentoestatístico das variantes em análise, focalizando os contextos de resistência davariante PM QPS. Em seguida, encontram-se a conclusão e as referências.

1. Fenômeno variável em estudoNa modalidade falada, Coan (1997; 2003) constata, a partir da análise

da comunidade de fala de Florianópolis, a ausência da variante PM QPS,expressando EsC passado anterior à outro. No entanto, diferentemente do

que se poderia esperar, o espaço deixado pela variante PMQPS não é ocupado

in teiramen te pela var ian te composta . Para lelamen te à progressivaimplementação da variante PMQPC, a autora destaca a incidência significativada variante PPS expressando a mesma função.

Evidências fornecidas por um estudo da mudança em tempo

aparente2 e em tempo real3 (cf. Coan , 1997; 2003) atestam que a variação

entre as formas verbais PM QPS, PM QPC e PPS constitui um processo de

2 O estudo da mudança em tempo aparente toma como base a distribuição de varianteslinguísticas em diferentes faixas etárias. Pesquisas sociolinguísticas mostram que gruposetários mais jovens tendem a liderar mudanças, que podem, gradativamente, se espalhar

na comunidade através de sucessivas gerações.3 O estudo da mudança em tempo real pode ser de longa duração (comparando

estágios passados da l íngua) ou de curta duração. Para esse último caso, Labov (op .cit.) propõe a con jugação de dois tipos de estudo que permitem a observação de doisestados da língua em uma mesma comunidade de fala (estudo de tendência) ou no

próprio indivíduo (estudo de painel) .

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mudança em que a forma PM QPS vai decrescendo e cedendo lugar àsvariantes PM QPC e PPS. Em sua análise diacrônica, Coan (2003) apontaque a forma verbal PM QPS, originária do latim (amaveram) , era a formapreferencial para codificar anterioridade a um EsC passado. No entanto,entre os séculos X VI e X VII , há uma redução acentuada dessa variante,que se acelera entre os séculos X VII a X X . Paralelamente à reduçãoprogressiva da variante PM QPS, há aumento gradual da variante PM QPCe comportamento estável da variante PPS. Essa mudança atinge um estágioavançado no português brasileiro contemporâneo, em que a variação fica,praticamente, restrita às variantes PM QPC e PPS.

De acordo com Coan (op . cit.) , fatores de ordem estrutural esoc ia l in tervêm no con trole da var iação en tre PM Q PC e PPS namodalidade falada. No que tange aos aspectos linguísticos, os advérbiosjá, não e nunca, forma verbal de imperfeito ou forma verbal não-flexionada noponto de referência, bem como ponto de referência pressuposto e casos decomplementação e encadeamento discursivo levam ao emprego da variantePM QPC . Dentre as variáveis externas, destaca-se a idade do falante: avariante composta tende a ocorrer na fala de indivíduos de 25 a 49 anos( .70) e de mais de 50 anos ( .59) , indicando aumento da variante PPS emgrupos etários mais jovens (05 e 06 anos e de 07 a 14 anos) .

Não obstante, na escrita contemporânea, é atestada a ocorrênciada variante PM QPS, alternando não apenas com a variante PM QPC , mastambém com a variante PPS, em gêneros discursivos caracterizados pelomaior grau de formalidade e planejamento linguístico (cf. Martins, 2010) ,como mostram os exemplos a seguir:

(1) H á dois anos, sua ex mulher Tatum O ’Neil declarou que o jogador usaraesteróides no final de sua carreira desportiva (Extra, 13 / 01 / 04).

(2) Pessoas ligadas ao traficante garantiram que ele não tinha dado ordenspara o fechamento do comércio no Complexo do Jacarezinho e doComplexo do Alemão, onde ele era chefe do tráfico de drogas ( OPovo, 07 / 01 / 04) .

(3) ( ...) funcionários do Desipe, entre eles 21 agentes penitenciários,apontaram Marcus como o guarda que facilitou a entrada de trêsarmas em Bangu I ( ...) ( O Globo, 25 / 09 / 02) .

Este artigo restringe-se à alternância entre as variantes canônicasde localização de um EsC passado anterior a outro, ou seja, a alternância

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entre as variantes PM QPS e PM QPC , com o propósito de identificar oscontextos de resistência da variante sintética de mais-que-perfeito namodalidade escrita. O s dados submetidos à análise nesta pesquisa fazemparte de duas amostras da modalidade escrita. A primeira amostra compõeo “Corpus de Discurso Jornal ístico” que integra o Banco de Dados doPrograma de Estudos sobre o Uso da L íngua (PE U L) . Essa amostra éconstituída de textos representativos dos gêneros crônicas, reportagens,cartas de leitores e editoriais, extraídos dos jornais O Globo, Jornal do Brasil,Extra e Povo de edições publicadas entre agosto de 2002 e fevereiro de2004. A segunda amostra é constituída de textos coletados do acervoonline composto por edições anteriores das revistas Época e Caros Amigos.Dada a maior extensão do acervo das revistas, foi necessário limitá-lo, deform a a comp a t ib i l izá- lo com o n úmero de tex tos jor n a l íst icosselec ion ados . Ass im , op tou -se por restr ingir o corpus de revist a ,selecionando aleatoriamente, um con junto de textos publicados no anode 20094, representativos dos gêneros entrevistas e reportagens.

A escolha por trabalhar com a linguagem de jornais direcionadosa um público-alvo diferenciado se justifica pelo fato de que textosjornal ísticos são mais formais, requerem maior grau de monitoramento,o que pode favorecer a ocorrência da variante PM QPS. A composição deum corpus variado que inclui diferentes gêneros e tipos de jornais e revistasnos permite abranger de forma mais satisfatória o fenômeno linguísticoem foco, à medida que esse procedimento nos permite comparar diversoscontextos, a fim de verificar se as formas variantes (PM QPS e PM QPC)também se compor tam de modo diferenc iado de acordo com aspeculiaridades dos diferentes gêneros discursivos analisados e conformeo público-alvo dos jornais e revistas considerados.

De acordo com os pressupostos da Sociolinguística (Weinreich ,Labov & H erzog, 1968; Labov, 1972; 1994) , procedemos à investigaçãodas variantes, considerando tanto os aspectos morfossintáticos comosemântico-discursivos que podem explicar a persistência da variantePM QPS na escrita. No plano morfossintático, investigamos o efeito dasvariáveis tipo sintático da oração, pessoa verbal e tipo morfológico do verbo principale do ponto de referência. No con junto de variáveis semântico-discursivas,encontram-se: tipo e tempo verbal do ponto de referência, advérbio da situaçãoe tipo de verbo principal e do ponto de referência. Além das variáveis linguísticas

4 Vale esclarecer que a pequena diferença na data das duas amostras não comprometea análise, visto que essa pesquisa não está interessada em depreender a trajetória dasvariantes em estudo.

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apontadas, levamos em conta, também , a influência das variáveis gênerodiscursivo e tipo de jornal ou revista. U ma vez que buscamos identificar oscontextos que conservam a variante sintética de PM QP na escrita, tomamosesta variante como valor de aplicação (em oposição à variante perifrástica)para expressar tempo passado anterior a outro.

2. As motivações da variação entre PM Q PS e PM Q PC na escritajornalística

A análise dos dados corrobora a nossa hipótese inicial de que avariante PM QPS ocorre em contextos mais circunscritos, caracterizadospor maior grau de monitoramento e / ou formalidade. Ainda assim, a baixafrequência dessa variante, como mostra o Gráfico 1, indica que, se, porum lado, a escrita apresenta uma tendência mais conservadora, retendoformas em desuso na fala, por outro lado, incorpora mudanças que semanifestam na língua.

A análise multivariacional permitiu identificar a relevância dosseguintes grupos de fatores para a ocorrência da variante PM QPS na escritamidiática: pessoa verbal, advérbio da situação, tipo sintático da oração e correlaçãogênero e veículo.

Consideremos, primeiramente, o grupo pessoa verbal, para o qualforam arrolados os seguintes fatores:

(4) 1ª pessoa do singular:Eu nunca tivera sapatos, mas com Allende no governo, tive (CarosAmigos, setembro de 2009) .

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(5) 3ª pessoa do singular:H á dois anos, sua ex-mulher T atum O ’Neill declarou que o jogadorusara esteróides no final de sua carreira desportiva (Extra, 13 / 01 /04).

(6) 1ª pessoa do plural:Q uando mostramos H enrique com apenas uma irmã na série, algunshistoriadores d isseram que nós ‘estupidamen te havíamos nosesquecido de que ele tinha duas’ (Época, 17 / 10 / 2009, edição nº596).

(7) 3ª pessoa do plural:O diretor do Sin tusp (sindicato dos T raba lhadores da USP) ,Claudionor Brandão, um dos detidos, recebeu a informação de quedois diretores do sindicato haviam sido presos (Caros Amigos, junhode 2009) .

A hipótese referente a esse grupo é a de que a variante PM QPSocorra mais frequentemente com a 1ª pessoa ou com a 3ª pessoa dosingular e seja desfavorecida na 3ª pessoa do plural, em decorrência daconvergência entre as desinências de pretérito-mais-que perfeito simplese pretérito perfeito simples. Nesse sentido, o emprego da variante PM QPCna 3ª pessoa do plural permitiria desfazer a ambiguidade entre as duasreferências temporais.

N o en t a n to , os resu l t a dos a fer idos n a a n á l ise est a t íst ic acontradizem essa hipótese, como mostra a tabela 1:

T abela 01: Pessoa verbal e o uso do PM QPS em oposição aoPM QPC em textos jornal ísticos

5 Não foram encontradas ocorrências da variante PM QPS na primeira pessoa do plural.Nesse contexto, observaram-se apenas 6 ocorrências da variante PM QPC .

5

Fatores Aplic. / Total % Peso 3ª pessoa do plural 31/61 51 .72 3ª pessoa do singular 58/202 29 .54 1ª pessoa do singular 1/42 2 .09 Total 90/305 29 Input: 0,16

Significância: 0,010

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O s resultados da tabela 1 apontam o favorecimento da variantePM QPS na 3ª pessoa, principalmente do plural ( .72) e, a seguir, do singular( .53) . O presente estudo evidencia, portanto, que os usuários não levam

em conta a interpretação menos transparente da desinência de 3ª pessoade plural, contradizendo, assim , uma explicação funcional da variação,ou seja, o fato de que a necessidade de preservação do significado poderiafavorecer o emprego de uma dada variante linguística (Scherre, 1988) .Nesse sen t ido , a tendênc ia aqui verif icada se a l inha à que já foi

depreendida em outros estudos, como exemplo, Koshal ( (1979) apudLabov (1994)); Guy (1991); Scherre (1988) .

Dentre as diversas evidências contrárias à hipótese funcionalista,cita-se o estudo de Scherre (1988) sobre a concordância nominal no

português brasileiro. A autora mostra que marcas de plural tendem aocorrer mais significativamente em contextos onde outra marca de plural

já está presente do que quando há ausência de marcas prévias de plural.Esse resultado contradiz a hipótese funcionalista de que “quando há umainformação adicional de plural presente no discurso, uma dada marca de

plural é mais provável de ser omitida do que quando não há tal informação

adicional” (Guy, 1981:190 apud Scherre, 1988:291) .O grupo advérbio da situação considera os fatores a seguir:

(8) Advérbio já:O Chelsea eliminou o Sttugart com empate em 0 a 0, os ingleses jáhaviam vencido por 1 a 0 ( O Globo, 10 / 03 / 04) .

(9) Advérbio nunca:O grupo inicial havia dobrado: agora eram cerca de 200 famintosdebaixo de um sol inclemente de quase meio-dia. Eu nunca tinhavisto tantas pessoas juntas com fome ( O Globo, 02 / 11 / 02) .

(10) Advérbio não:O s médicos e as enfermeiras que não tinham adoecido estavam

exaustos (Época, 12 / 06 / 2009, edição nº 578) .

(11) Sintagma preposicional de tempo:À tarde, no entanto, os camelôs voltaram a ocupar as calçadas da Rua daGlória: Já na Praça Luiz de Camões, por volta de 17h30m, um grupo

fumava maconha no mesmo local onde pela manhã fora preso Ricardo

de O liveira Sousa dos Santos, de 19 anos ( O Globo, 23 / 10 / 02).

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U m outro aspecto que explica a resistência da forma PM QPS namod a l i d a de esc r i t a é a n a t ureza s i n t á t ico -sem â n t ic a d a o ra ç ão .Considerando o tipo sintático da oração em que se encontra a forma de

pretérito-mais-que-perfeito, temos as seguintes possibilidades:

(13) Oração coordenada:

O Santana usado pelos bandidos era roubado e já tinha sido usadoem vários assaltos no bairro (JB , 23 / 10 / 02) .

(14) Oração absoluta /período simples:

Com um gol de perna esquerda aos 32 minutos do segundo tempo

de jogo sobre o Real Sociedad, o brasileiro sacramentou a classificação,do Lyon, pela primeira vez, para as quartas-de-final da competição.No primeiro jogo, na Espanha8, o time francês vencera por 1 a 0 ( O

Globo, 10 / 03 / 04) .

(15) Oração principal:Temendo a violência do Rio, alguns parentes da corretora de imóveisJuçara Dias Menez já tinham decidido se mudar para Cabo Frio ( ...)(Extra, 04 / 06 / 03) .

(16) Oração relativa:

O músico recebeu ÉPO CA para falar do assalto que sofrera na semanapassada, na T ijuca, bairro do Rio de Janeiro onde mora. (Época, 07 /

03 / 2009, edição nº 564) .

(17) Oração adverbial:O hola ndês fora p re ter ido porque se recusara a fazer fo tospromocionais ( O Globo, 05 / 03 / 04)

(18) Oração completiva de verbo:

Pessoas ligadas ao traficante garantiram que ele não tinha dado ordenspara o fechamento do comércio no Complexo do Jacarezinho e do

8 O jogo em questão entre o time espanhol Real Sociedad e o time francês Lyon ocorrerana Espanha em 25 / 02 / 04. O segundo jogo entre esses times ocorreu em 09 / 03 / 04

na cidade de Lyon , na França. Em ambos os jogos o time francês vencera por 1 a 0.No entanto, não há no texto informação explícita de que esses times se enfrentaram

em um segundo jogo e que este ocorreu na França. Segundo Coan (2000, p . 06) ,denomina-se conhecimento pragmático esse “conjunto de informações (conhecimentode mundo e da situação, crenças) não verbalizadas, mas partilhadas por falante e

ouvinte, e inferidas no ato da comunicação”.

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conclusão pode ser precipitada, já que os textos representativos dessegênero estão restritos aos jornais JB e O Globo. Além disso, no caso dascrônicas d’O Globo, a maioria das formas de PM QPS ocorre em textos deum autor em particular, o que dificulta excluir a interferência de umfator individual, estil ístico12.

Os resultados relativos às cartas de leitores devem ser consideradoscom cautela, por duas razões: a) o escasso número de dados associado aopeso relativo mais alto e b) a concentração das ocorrências em apenasdois dos jornais analisados (JB e O Globo) . Podemos suspeitar, porém ,que a maior incidência da variante PM QPS em cartas de leitores seja umreflexo da represen tação do próprio leitor sobre a necessidade demonitoramento da linguagem em textos públicos. No entanto, não háevidências suficientes para atestar essa tendência, visto que tais cartas sãogeralmente modificadas pela edição para se adequarem ao uso padrão.

Nas notícias / reportagens, verifica-se interferência do tipo de jornalou revista no emprego das variantes de codificação de PM QP. Not ícias /reportagens d’O Globo ( .86) e da Época ( .70) favorecem significativamentea variante PM QPS, o que pode estar fortemente relacionado à tendênciaconservadora do jornal e da revista em questão, tendo em vista seu opúblico alvo. H á variabilidade no uso da variante PM QPS nas reportagensda Caros Amigos ( .50) e desfavorecimento nas reportagens do Extra ( .21)e nas do Jornal do Brasil ( .19) .

Particularizam-se os textos do jornal O Povo pela ausência davariante PM QPS em todos os gêneros discursivos analisados. Essa tendênciapode estar associada ao fato de que o jornal supracitado se destina a umpúblico-alvo mais popular, estando, por essa razão, mais propício àincorporação de var ian tes l inguíst icas ma is recorren tes na fa la e ,provavelmente, mais próximas da linguagem utilizada pelos seus leitores.

ConclusãoA análise aqui apresentada focalizou a variação linguística entre as

formas verbais canônicas de expressar anterioridade a um EsC passado,com o propósito de identificar, no âmbito da escrita, os contextos demanutenção da variante pretérito mais-que-perfeito simples. Os resultados

12 Na oposição entre variantes canônicas, do total de 16 ocorrências da variante PM QPScodificando anterioridade a um ponto de referência passado em crônicas d’O Globo,12 casos foram encontrados, particularmente, nas crônicas escritas por Luis FernandoVeríssimo . Vale menc ionar ainda que , das 12 ocorrênc ias da varian te PM QPSencontradas nas crônicas de Veríssimo, 8 casos se encontram em uma crônica, emparticular, intitulada “A russa do Maneco”.

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mostram que essa variante, em desuso na modalidade falada, perde,significativamente, espaço para a variante pretérito mais-que-perfeitocomposto, mesmo em registros escritos caracterizados pelo maior grau demonitoramento, como os discursos jornalísticos. Isso implica dizer que se,por um lado, a escrita formal tende a ser mais susceptível a prescriçõesgramaticais e a conservar formas linguísticas em vias de desaparecimento,por outro lado, também implementa a mudança linguística.

Salienta-se que os contextos linguísticos de resistência da variantePM QPS na escrita jornal ística parecem estar associados à presença decircunstanciadores temporais (advérbios, sintagmas preposicionais ouorações adverbiais de referência temporal ) . Essa tendência pode estarrelac ion ada à necessidade de re forç ar , através do aux í l io dessescircunstanciadores, a referência temporal de passado do passado, umavez atestado o caráter pouco usual da variante no sistema linguístico doportuguês brasileiro.

Ressalta-se, também , a relevância das variáveis gênero discursivo etipo de jornal e revista. É no gênero crônica do Jornal do Brasil (100%) e d’OGlobo ( .89) que a variante PM QPS tende a ocorrer mais significativamente.Observou-se que a variante PM QPS tende a ser empregada em reportagensveiculadas em suportes de mídia impressa mais elitizada ( jornal O Globo eas revistas Época e Caros Amigos) , direcionados a um público-alvo que,pressupostamente, domina o cânone gramatical.

Mantendo cautela em razão do pequeno número de dados,menciona-se, ainda, a inclinação ao uso da variante em questão nas cartasde leitores do Jornal do Brasil e d’O G lobo ( .55) , o que pode estarrelacionado à tentativa por parte do leitor de aproximar sua escrita amodelos pressupostamente mais adequados ao meio jornal ístico.

Mencione-se, finalmente, que não foram encontradas ocorrênciasda variante PM QPS nos gêneros discursivos do jornal O Povo, de modoque o referido jornal parece ser o que mais se aproxima dos padrões damodalidade falada.

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ResumoEste artigo focaliza a variação entre as formas verbaisde pretérito mais-que-perfeito simples e composto naexpressão de um estado-de-coisas passado anterior aoutro, sob a perspectiva teórica da SociolinguísticaV a r i a c i o n is t a . N osso o b j e t ivo é i n ves t iga r , n amodal idade escrita do português con temporâneo ,representada por diferentes textos jornal ísticos, oscontextos gerais de resistência da variante pretéritomais-que-perfeito simples, em desuso na modalidadefalada. Mostramos que o uso dessa variante tende aestar significativamen te relacionado à presença decircunstanciadores temporais. Demonstramos, também,a relevância das variáveis gênero discursivo e veículo.Palavras-chave: Variação; pretérito mais-que-perfeito;escrita; gênero discursivo.

AbstractT his article focuses on the variation between simpleand compound pluperfect tenses, used to expressaction completed prior to a specific or implied pastt ime , b ased o n t h e t h eore t ic a l -me t h odo logic a lp resu p pos i t io ns o f Soc io l i ngu ist ics . We a im toinvestigate, in written language, the general contextsof resistance of the simple variant, which is out of usein spoken language. We show that the use this variantis related to the presence of adverbs, prepositionalphrases or subordinate clauses which express time. Wealso demonstrate the relevance of the discoursivegenres and types of newspapers and magazines.Keywords: Var iation; p luper f ect tense; wr ittenlanguage; discoursive genres.

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