mariana maurey fonseca afonso -...

45
MARIANA MAUREY FONSECA AFONSO Análise de risco visando à prevenção de contaminação cruzada em uma planta de formulação de inseticidas e fungicidas Lorena 2015

Upload: lengoc

Post on 13-Feb-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MARIANA MAUREY FONSECA AFONSO

Análise de risco visando à prevenção de contaminação

cruzada em uma planta de formulação de inseticidas e

fungicidas

Lorena

2015

MARIANA MAUREY FONSECA AFONSO

Análise de risco visando à prevenção de contaminação cruzada em uma planta de

formulação de inseticidas e fungicidas

Trabalho de Graduação apresentado à Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo

como requisito parcial para a conclusão de

Graduação do curso de Engenharia Industrial

Química.

Área de concentração: Garantia da Qualidade

Orientador: Prof. MSc. Antônio Carlos da Silva

Lorena - SP

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS

DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

Chefia Técnica de Serviço de Biblioteca

Escola de Engenharia de Lorena

R

Afonso, Mariana Maurey Fonseca.

Análise de risco visando à prevenção de contaminação cruzada em

uma planta de formulações de inseticidas e fungicidas / Mariana Maurey

Fonseca Afonso; Orientador Professor MSc. Antônio Carlos da Silva. Lorena

- 2015.

Trabalho de Graduação apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Engenheira

Industrial Química.

TERMO DE PERMISSÃO DE USO DE INFORMAÇÕES

Através deste termo, nós da EMPRESA BASF S.A., declaramos que estamos de

acordo com a utilização das informações desta empresa no Trabalho de Conclusão de

Curso intitulado “ANÁLISE DE RISCO VISANDO À PREVENÇÃO DE CONTAMINAÇÃO

CRUZADA EM UMA PLANTA DE FORMULAÇÃO DE INSETICIDAS E FUNGICIDAS”

desenvolvido pela aluna MARIANA MAUREY FONSECA AFONSO, a ser apresentado à

Escola de Engenharia de Lorena no primeiro semestre de 2015.

Guaratinguetá, 18 de junho de 2015

Nome: Juliana Del Tio

Cargo: Engenheira de Garantia da Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente

Aos meus pais e familiares,

por todos ensinamentos essenciais em minha vida.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado o dom da vida e

permitido que eu viesse ao mundo em uma família estruturada e

acolhedora que é a base da minha vida.

Aos meus pais, Andréia e Francisco, por todo o empenho prestado visando

minha educação e desenvolvimento, sempre me ensinando e me

aconselhando para que eu pudesse tomar as decisões corretas em minha

vida.

A minha irmã, Marina Maurey, por ter sido uma companheira em todos os

momentos da minha vida e estar sempre ao meu lado.

Ao meu namorado, Matheus Seabra, e aos meus familiares, por sempre

estarem ao meu lado me dando força e me auxiliando em tudo que

necessito.

Ao meu orientador, Professor Antônio Carlos da Silva, por todo apoio e

dedicação à realização deste trabalho.

Ao Marcelo, Juliana, Michael e Thamiris da BASF, por todo apoio em meu

desenvolvimento profissional e pelo auxílio que foi de extrema importância

para a elaboração deste trabalho.

Aos meus colegas de faculdade, que sempre me auxiliaram na hora dos

estudos e foram de extrema importância na minha formação como pessoa.

Às minhas amigas, que sempre foram muito importantes em minha vida na

hora do lazer e nos momentos ruins, sempre me dando todo o apoio

possível.

RESUMO

AFONSO, M. M. F. Análise de risco visando a prevenção de contaminação

cruzada em uma planta de formulação de inseticidas e fungicidas. 2015. f 43.

Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Industrial Química) – Escola de

Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

Os defensivos agrícolas fazem parte de um grupo de produtos indispensáveis à

sobrevivência de centenas de espécies de culturas vegetais e, sem a introdução

desses produtos, as perdas decorrentes de pragas seriam incalculáveis. Com a

evolução da produtividade agrícola e o aumento da demanda por alimentos, a

indústria de defensivos agrícolas está crescendo cada vez mais e as empresas

buscam a cada dia melhorar a qualidade e eficácia de seus produtos. A formulação de

diferentes tipos de produtos em uma mesma planta produtiva está se tornando cada

vez mais comum dentro das fábricas, porém essa prática vem acompanhada de

alguns riscos, como por exemplo, o risco de contaminação por impurezas residuais de

outros produtos utilizados no processo produtivo. Essa contaminação pode ocasionar

diversas consequências para as empresas, desde a perda da produção, até mesmo a

perda da reputação perante o mercado consumidor. Visando garantir a qualidade e

eficácia dos seus produtos algumas empresas de defensivos agrícolas buscam

alternativas para prevenir essa contaminação, através da análise de risco de

contaminação cruzada através do limite máximo permissível de um contaminante no

produto seguinte. Este trabalho visa avaliar a situação de uma planta de formulações

de inseticidas e fungicidas de uma grande indústria química, através de uma análise

de risco de contaminação cruzada.

Palavras-chave: Contaminação. Impurezas. Inseticida. Fungicida. Análise de risco.

Algumas pessoas podem pensar que já que nas últimas semanas, no mês

passado e nos últimos dois anos não ocorreram nenhum incidente de

contaminação, não precisam ser lembrados o tempo todo sobre a Prevenção de

Contaminação. Errado! Tal incidente pode ocorrer a qualquer momento. O maior

inimigo da Prevenção de Contaminação é – assim como da segurança – a

complacência (WELTER, WOLFGAN, 2008)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de resultados de NOEL para diferentes culturas ...................... 15

Figura 2 – Contaminação nas folhas de uva ............................................................ 15

Figura 3 – Taxa de aplicação e NOEL de um ingrediente ativo para diferentes culturas 17

Figura 4 – Exemplo de matriz de níveis de limpeza (ARIL) ...................................... 17

Figura 5 – Matriz de contaminação cruzada para armazenamento .......................... 18

Figura 6 - Depósito de produto em uma conexão de transferência .......................... 21

Figura 7 - Linhas e mangueira de conexão .............................................................. 22

Figura 8 - Armazenamento de matéria prima de maneira incorreta ......................... 22

Figura 9 - Armazenamento de matéria prima de maneira correta ............................ 23

Figura 10 - Identificação correta do produto ............................................................. 23

Figura 11 - Modelo de check list de análise de risco ................................................ 25

Figura 12 – Matriz de probabilidade ......................................................................... 25

Figura 13 – Matriz de Severidade ............................................................................. 26

Figura 14 – Matriz de risco operacional .................................................................... 26

Figura 15 – Índice de risco de operabilidade ............................................................ 26

Figura 16 – Cronograma de reuniões ....................................................................... 28

Figura 17 – Análise de risco de contaminação cruzada ........................................... 31

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9

2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 11

3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 12

3.1. Objetivo geral ..................................................................................................... 12

3.2. Objetivos específicos .......................................................................................... 12

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 13

4.1. A indústria de agrotóxicos no Brasil ................................................................... 13

4.2. Porque precisamos dos agrotóxicos? ................................................................. 13

4.3. O que é contaminação cruzada e sua importância ............................................. 14

4.4. Determinação dos níveis de limpeza .................................................................. 14

4.4.1. Princípios ..................................................................................................... 14

4.4.2. Cálculo do nível de limpeza ......................................................................... 16

4.4.3. ARIL – Matriz dos níveis de limpeza ............................................................ 17

4.4.4. Matriz de contaminação cruzada para armazenamento .............................. 18

4.5. Caso real de contaminação - Nível de limpeza incorreto ................................... 19

4.6. Fatores chave a serem considerados na avaliação do risco de contaminação da

unidade de produção ................................................................................................... 20

5. METODOLOGIA ....................................................................................................... 24

5.1. Metodologia de pesquisa .................................................................................... 24

5.2. Método de trabalho utilizado ............................................................................... 24

6. DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 28

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 41

ANEXO A – ARIL da planta de formulações de inseticidas e fungicidas ......................... 43

9

1. INTRODUÇÃO

Desde a Revolução Verde, nos anos de 1950, o processo tradicional de

produção agrícola sofreu drásticas mudanças, com o desenvolvimento e a inserção

de novas tecnologias, visando a produção extensiva de commodities agrícolas.

Estas tecnologias envolvem, em sua maioria, o uso extensivo de agrotóxicos, com o

objetivo de controlar doenças e pragas, e aumentar a produtividade.

Pode-se entender por agrotóxico, os termos como defensivos agrícolas,

pesticidas ou agroquímicos.

De acordo com a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989:

[...] Art. 2º Para os efeitos desta Lei consideram-se:

I - agrotóxicos e afins:

a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou

biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no

armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas

pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de

outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e

industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da

fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos

considerados nocivos. [...]

Os agrotóxicos também podem ser divididos em diferentes classes de uso:

Acaricidas: produtos destinados ao controle de ácaros;

Fungicidas: produtos cuja principal finalidade é eliminar fungos tanto das

culturas quanto das sementes. O fungicida é um tipo específico de agrotóxico

que controla doenças causadas por fungos por meio de inibir ou matar

especificamente o fungo causador da doença.

Herbicidas: produtos destinados a eliminar ou impedir o crescimento de ervas

daninhas, são comumente utilizados para substituir a capina manual;

Inseticidas: produtos destinados a eliminar insetos;

Raticidas: produtos cuja principal finalidade é eliminar ratos, toupeiras,

esquilos e camundongos;

10

Controladores de crescimento: utilizados para controlar o crescimento de

determinada cultura de modo a atingir o tamanho de interesse.

As indústrias produtoras de agrotóxicos devem garantir que na formulação de

diferentes produtos, sejam eles de diferentes classes ou não, todas as medidas

preventivas sejam tomadas para que não haja o risco de contaminação por

impurezas residuais do processo.

A contaminação de produtos com impurezas residuais é uma questão

potencial e área de interesse de qualquer síntese química, formulação e unidade de

embalagem multi-propósito. A contaminação pode resultar em efeitos adversos em

cultivos sensíveis e tratados, ou em espécies não visadas, podendo desencadear

questões regulamentares. Os incidentes podem também manchar a reputação e a

imagem de toda a indústria.

Visto que a fabricação de diferentes tipos de produtos para proteção de

cultivos em uma mesma planta tem sido uma prática cada vez mais comum, o

presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise de risco de contaminação

cruzada em um site formulador de agrotóxicos do tipo inseticidas e fungicidas de

acordo com as boas práticas do MSCSG (Grupo de Coordenação de Manufatura &

Cadeia de Abastecimento, grupo do ECPA (Associação Europeia de Proteção de

Cultivos) envolvido em questões de manufatura e política de cadeia de

abastecimento que afetam a indústria) visando prevenir incidentes de contaminação

por impurezas residuais que levem a perda de produção, perda de clientes e até

mesmo que levem a prejudicar a imagem de empresa.

11

2. JUSTIFICATIVA

A análise de risco é fundamental para se alcançar a qualidade do produto,

bem como garantir a segurança da empresa e do cliente.

Atualmente temos um mercado bastante competitivo para os produtos

agrotóxicos e clientes exigentes, pois as pragas e doenças estão cada vez mais

resistentes. Manter a qualidade do produto é fundamental para se consolidar nesse

mercado e garantir que seus produtos sejam eficazes.

Os produtos agrotóxicos são utilizados desde pequenas plantações até

grandes latifúndios, com centenas de hectares, portanto um incidente de

contaminação pode levar a perda de toda a safra e causar grandes prejuízos para o

cliente, levando a sérias ações judiciais contra a empresa e manchando o nome da

mesma perante o mercado consumidor.

12

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

O objetivo desta monografia é realizar uma análise de risco de contaminação

cruzada, visando determinar o grau de risco existente, e possíveis pontos de

melhoria da segurança quanto ao risco de contaminação cruzada.

3.2. Objetivos específicos

A análise de risco de contaminação cruzada tem por objetivo específico

avaliar a situação presente de uma planta de formulações de produtos inseticidas e

fungicidas e verificar se há a necessidade da criação de um plano de medidas de

acordo com os riscos identificados e a melhor forma de controlá-los.

13

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. A indústria de agrotóxicos no Brasil

A indústria de defensivos agrícolas surgiu, em nível mundial, após a Primeira

Guerra Mundial, porém as primeiras unidades produtivas de agrotóxicos no Brasil

datam de meados da década de 1940, sendo que a efetiva constituição do parque

industrial desses produtos no país ocorreu na segunda metade dos anos 1970,

notadamente após 1975 com a instituição do Programa Nacional dos Defensivos

Agrícolas (TERRA, 2008).

Os agrotóxicos são considerados extremamente importantes no modelo de

desenvolvimento da agricultura do país. O Brasil é o maior consumidor de

agrotóxicos no mundo (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014).

Anualmente são consumidas 2,5 milhões de toneladas de agrotóxicos no

mundo, enquanto no Brasil esse consumo tem sido superior a 300 mil toneladas

anualmente, representando um aumento de cerca de 700% nos últimos 40 nos

enquanto a área agrícola cresceu 78% neste período (AGEITEC, 2015).

4.2. Porque precisamos dos agrotóxicos?

Desde que o homem iniciou o cultivou de plantas para sua alimentação,

surgiu a necessidade de proteger as culturas contra pragas e doenças. O nível de

sofisticação dessa proteção veio aumentando com o passar do tempo, até chegar no

que se conhece hoje, como indústria de agrotóxicos (ECPA, 2014).

O mercado não aceita grãos, legumes, verduras ou frutas que estejam

severamente atacados por insetos, bactérias ou fungos, esses agentes causam

características indesejáveis de sabor e visual aos alimentos e também podem

causar sérias intoxicações alimentares (CULTIVANDO, 2015).

Ao manter as culturas livres de doenças e pragas, os pesticidas ajudam a

garantir o abastecimento alimentar seguro e previsível da população já que as

perdas de colheitas devido à pragas e doenças estão entre 30 e 50%, dependendo

da cultura cultivada (ECPA, 2014).

14

4.3. O que é contaminação cruzada e sua importância

Define-se contaminação cruzada como: “A presença de uma impureza que

não faz parte da fórmula registrada, ou do manual de formulações, em um

produto” (BASF, 2015).

A análise de risco de contaminação cruzada é importante para qualquer

negócio que envolva a síntese de ingredientes ativos, formulações e envase dos

produtos de proteção ao cultivo, pois um acidente de contaminação pode gerar

consequências imediatas e de longo alcance, não somente para o cliente, mas

também para toda a empresa que desta forma, terá sua reputação prejudicada

(SNEL, 2014).

4.4. Determinação dos níveis de limpeza

Em uma planta de formulações multi-propósito é necessário que entre as

trocas de campanha ocorra uma limpeza dos sistemas. Depois de realizada a

limpeza, são feitas análises laboratoriais que indicam a quantidade de resíduo do

produto que estava sendo formulado, que ainda ficou no sistema. Para que não

ocorra a contaminação cruzada, é necessário que os níveis de limpeza para

mudança de produto sejam respeitados e para isso temos o ARIL – Acceptable

Residual Impurity Level) (BASF, 2015).

O nível de limpeza exigido para uma mudança de produto é a indicação

primária de um risco envolvido na mudança, ou seja, quanto mais baixo o ARIL,

maior o risco de um incidente de contaminação, caso o processo de limpeza falhe.

Além disso, mais trabalho, tempo e custos de uma limpeza intensiva serão

necessários para alcançar os níveis mais baixos de ARIL exigidos (SNEL, 2014).

4.4.1. Princípios

O nível de efeito não observável (NOEL) é a mais alta taxa em gramas de

ingrediente ativo por hectare, na qual o ingrediente ativo não tem efeito observável

em uma determinada espécie testada (SNEL, 2014).

A figura 1 ilustra os resultados dos experimentos feitos com um único

ingrediente ativo testado em diferentes culturas. Pode-se observar que a mais alta

taxa em gramas de ingrediente ativo por hectare na qual não se observa efeitos em

nenhuma das culturas é 0,1, portanto este é o NOEL do o ingrediente ativo testado

para o produto que é aplicado nas culturas testadas (BASF, 2015).

15

Figura 1 – Exemplo de resultados de NOEL para diferentes culturas

Fonte: BASF, 2015

Os NOELs do ingrediente ativo anterior em todos os cultivos nos quais o

produto posterior foi registrado devem ser levados em especial consideração no

cálculo do nível de limpeza. Deve-se utilizar o mais baixo NOEL para o cultivo mais

sensível ao ingrediente ativo anterior (SNEL, 2014).

A figura 2 mostra a diferença das folhas de uva tratadas com fungicida sem

contaminação e folhas de uva tratadas com fungicida contaminado com 50 ppm de

ingrediente ativo.

Figura 2 – Contaminação nas folhas de uva

Fonte: acervo da autora

Além disso, a Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA) lançou

diretrizes sobre os Níveis de Contaminação Significantes do Ponto de Vista

16

Toxicológico (TSLCs) do produto anterior no produto posterior na Comunicação do

Regulamento de Pesticidas (PRN) 96-8, datada de 31 de outubro de 1996 (SNEL,

2014).

Para qualquer negócio que envolva a síntese de ingredientes ativos,

formulação e embalagem dos produtos de proteção de cultivo, um acidente de

contaminação pode gerar consequências de longo alcance, não somente para a

própria empresa, como também para seus clientes (SNEL, 2014).

4.4.2. Cálculo do nível de limpeza

Depois de obtidos os valores de NOEL é possível calcular o ARIL, através da

seguinte equação:

Nível de limpeza em ppm = (106 x NOEL) / (FS x RA) Equação 1

em que:

RA: Taxa de Aplicação Máxima do produto posterior em grama ou ml do

produto formulado / ha.

NOEL: Nível de Efeito Não observável em grama i.a./ha do ingrediente ativo

anterior no cultivo mais sensível em que o produto posterior está registrado.

FS: Fator de Segurança varia de 2 a 10. Cada cliente novo define o valor de

SF com base na política de gestão de risco de empresa (SNEL, 2014).

A figura 3 ilustra as diversas taxas de aplicação do produto nas diferentes

culturas, bem como os valores de NOEL para cada uma dessas mesmas culturas.

Com o valor máximo de taxa de aplicação e o valor mínimo de NOEL é possível

calcular o ARIL:

ARIL ATIVO A / PRODUTO 1 = (1 000 000 x 0,1) (2 x 3500) = 14,3 ppm

17

Figura 3 – Taxa de aplicação e NOEL de um ingrediente ativo para diferentes culturas

Fonte: o autor

4.4.3. ARIL – Matriz dos níveis de limpeza

Depois de calculados os níveis de limpezas para os diversos cruzamentos

entre produtos e ingredientes ativos, é possível montar a tabela, conforme mostrado

na figura 4:

Figura 4 – Exemplo de matriz de níveis de limpeza (ARIL)

ARIL [ppm]

Ativ

o A

Ativ

o B

Ativ

o C

Ativ

o D

Ativ

o E

Ativ

o F

Produto 1 Ativo A

N.A. N.A. 10 139 104 52 Ativo B

Produto 2 Ativo A

N.A. 1000 N.A. 1000 1000 1000 Ativo C

Produto 3 Ativo D 10 250 250 N.A. 1000 1000

Produto 4 Ativo E 100 63 250 1000 N.A. 1000

Produto 5 Ativo F 1000 1000 1000 1000 104 N.A.

Produto 6 Ativo F 1000 1000 1000 1000 104 N.A.

Fonte: o autor

18

A análise de risco de contaminação cruzada é conduzida para a unidade de

produção e os produtos nela formulados. Isso inclui todos os produtos, os

requerimentos de limpeza e capabilidades, layout da unidade de produção, práticas

de segregação e manufatura (SNEL, 2014). Uma mudança em qualquer um desses

itens, bem como mudanças no processo, mudanças de tecnologia, falhas ou

incidentes, deve-se sempre conduzir uma reavaliação no risco de contaminação

(SNEL, 2014).

O primeiro passo na análise de risco é solicitar ao laboratório biológico da

empresa ou contratado a matriz de níveis de limpeza para verificar quão crítico é a

planta que será analisada.

Através de experimentos e análises em todas as culturas as quais

determinado produto é aplicado, o laboratório chega aos valores de NOEL e então

calcula-se o ARIL (BASF, 2015).

4.4.4. Matriz de contaminação cruzada para armazenamento

Figura 5 – Matriz de contaminação cruzada para armazenamento

MATRIZ DE CONTAMINAÇÃO

CRUZADA ARMAZENAMENTO

Ativ

os F

un

gic

ida

s

Ativ

os In

setic

ida

s

Maté

rias p

rima

s

Fu

ng

icid

as

P

rod

uto

ac

ab

ad

o

Ins

etic

ida

Pro

du

to a

cab

ad

o

x x x x x

Ativos Fungicidas x 1 1 3 3 3

Ativos Inseticidas x 1 3 3 3

Matérias primas x 1 2 2

Fungicidas Produto acabado x 1 1

Inseticida Produto acabado x 1

É permitido armazenamento conjunto

É necessária separação física É necessária segregação física

Fonte: BASF, 2015

19

Entende-se por separação o armazenamento de produtos separando em

diferentes partes do mesmo local.

Entende-se por segregação o armazenamento de produtos segregando-os

em diferentes locais com uma parede entre eles que vai até o teto como barreira.

Na figura 5 é mostrada a matriz de contaminação cruzada para

armazenamento a qual deve ser seguida a risca, tanto no armazém, quando na

planta produtiva. Nesta etapa é fundamental prevenir a contaminação cruzada, pois

é neste momento em que as matérias primas, ingredientes ativos e produtos

acabados podem entrar em contato e causar um incidente de contaminação.

4.5. Caso real de contaminação - Nível de limpeza incorreto

Este caso real de contaminação cruzada foi retirado do manual

CONTAMINATION PREVENTION IN THE MANUFACTURE OF CROP

PROTECTION PRODUCTS (SNEL, 2014).

Milhares de hectares de soja não germinaram. Toda a soja teve contato com

um fungicida de tratamento de sementes para proteger de doenças. A planta de

formulação de fungicidas recebeu ordens para fabricar dois tipos de fungicidas para

soja: um fungicida foliar que pertence à família “azol” e um fungicida para tratamento

de sementes.

O fungicida de tratamento de sementes contém um corante forte, fazendo

com que o processo de limpeza seja difícil e demore muito tempo (o corante fica

preso nas paredes dos equipamentos). Traços do corante, quando não totalmente

removido dos equipamentos, vão colorir todas as formulações brancas do fungicida

foliar, causando um desvio da qualidade. Portanto, a formulação do fungicida foliar

foi programada antes da formulação do fungicida para tratamento de sementes.

A hipótese de que o erro tenha sido cometido aqui – como um fungicida foi

produzido depois de outro fungicida diferente, deveria ter sido aplicado o ARIL, que

no caso era <1000 ppm para esses dois fungicidas.

A causa raiz foi investigada:

Depois da limpeza, seguinte da produção do fungicida foliar, a concentração

de impureza residual não pôde ser medida devido a problemas no

equipamento analítico. Apesar disso a produção do fungicida para tratamento

de sementes foi iniciada imediatamente, sem esperar que o equipamento

fosse reparado.

20

Desde as ordens de produção, foi decidido sem aprovação da gerência,

diminuir o número de ciclos de limpeza, pois os dois produtos seriam

aplicados em soja.

O estoque completo de fungicida para tratamento de sementes foi analisado e

constatado um nível de contaminante “azol” em mais de 6000 ppm.

Essa falha resultou em uma série de reclamações e perdas financeiras para a

empresa.

4.6. Fatores chave a serem considerados na avaliação do risco de

contaminação da unidade de produção

Uma "unidade de produção" é uma combinação de equipamentos usados na

manufatura de um produto a qualquer hora. Ela pode ser utilizada para múltiplos

produtos em sequência. Uma indústria de manufatura consiste em unidades

múltiplas de produção. A separação de unidades de produção é um elemento-chave

na Prevenção de Contaminação (SNEL, 2014).

De acordo com o manual ECPA – EUROPEAN CROP PROTECTION

ASSOCIATION Contamination Prevention in the Manufacture of Crop Protection

Products, SNEL 2014, alguns fatores devem ser especialmente considerados ao se

realizar uma análise de risco de contaminação cruzada, são eles:

Conhecer quais ingredientes ativos serão manipulados na fábrica, e em qual

unidade de produção bem como o nível de impureza residual aceitável para

cada ingrediente ativo (ARIL);

O design e lay out da unidade de produção devem ser planejados para

facilitar a limpeza, desinfecção e desmontagem dos equipamentos bem como

evitar o acúmulo de produto em tubulações ou equipamentos, como mostrado

na figura 6;

21

Figura 6 - Depósito de produto em uma conexão de transferência

Fonte: acervo da autora

Procedimentos por escrito de forma clara e implementados com consistência

para os processos de mudança de produto, métodos de limpeza e liberação

de produto;

Treinamentos para colaboradores das unidades produtivas quanto aos riscos

de contaminação cruzada, bem como aos procedimentos que devem ser

seguidos para limpeza e liberação de produto;

Instalações e pessoal qualificado para as análises químicas referentes aos

níveis de traço de impurezas residuais na própria fábrica ou em laboratórios

contratados reconhecidos;

Identificação completa e permanente das instalações, incluindo de partes

móveis como mangotes, bombas, mangueiras de conexão, frascos de

amostras e ferramentas de limpeza para que sejam dedicadas as formulações

apenas de uma classe de agroquímico. A figura 7 mostra um exemplo de

identificação correta de linhas de mangueiras de conexão;

22

Figura 7 - Linhas e mangueira de conexão

Fonte: acervo da autora

Disposição de armazenamento de matérias primas, especialmente

ingredientes ativos, de acordo com as regras de segregação por classes de

produtos (fungicidas / inseticidas) para que não haja contaminação. A figura 8

mostra um exemplo de armazenamento incorreto de matéria prima,

desrespeitando as regras de segregação e a figura 9 mostra um exemplo de

armazenamento correto de matéria prima, de acordo com as regras de

contaminação cruzada.

Figura 8 - Armazenamento de matéria prima de maneira incorreta

Fonte: acervo da autora

23

Figura 9 - Armazenamento de matéria prima de maneira correta

Fonte: acervo da autora

Procedimentos em caso de derrame, escape de produto ou matéria prima

devido a danos nos containers ou embalagens;

Em caso de reutilização de materiais a decisão por reutilizar ou não deve ser

feita de acordo com os limites de contaminação e se a decisão for por

reutilizar o material este deve conter identificação clara, como mostrado na

figura 10, obedecer a procedimento de reutilização de material não conforme

e documentação completa do lote.

Figura 10 - Identificação correta do produto

Fonte: acervo da autora

24

5. METODOLOGIA

5.1. Metodologia de pesquisa

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi usado o método de natureza

aplicada, uma abordagem qualitativa, pesquisa-ação.

Uma pesquisa pode ser definida como pesquisa-ação quando houver uma

ação efetiva por parte das pessoas envolvidas no processo investigativo

(BALDISSERA, 2001).

A pesquisa-ação exige uma relação entre os pesquisadores e pessoas

envolvidas no estudo da realidade do tipo participativo/coletivo. Não se trata de um

simples levantamento de dados mas sim exige a participação dos pesquisadores no

processo de conhecer e manter todos os cuidados necessários para que haja a

reciprocidade e complementariedade por parte das pessoas implicadas que têm algo

a dizer ou a fazer (BALDISSERA, 2001).

A pesquisa-ação como método pode agregar diversas técnicas de pesquisa.

Utiliza-se de técnicas de coleta e interpretação de dados, intervenção na solução de

problemas e organização de ações, trabalha com a dimensão coletiva e interativa

através de dinâmicas de grupo (BALDISSERA, 2001).

5.2. Método de trabalho utilizado

A metodologia escolhida para realizar o projeto consiste em uma ferramenta

que garante que todos os perigos sejam identificados e avaliados. Foi utilizada uma

tabela, como mostrado na figura 11, com os campos “perigo”, “causa”,

“consequência”, “medidas preventivas”, “recomendações” e dois campos para

“probabilidade”, “severidade” e “risco”.

Primeiramente foram listados todos os perigos relevantes para contaminação

cruzada que devem ser analisados em uma planta de formulações de diferentes

fungicidas e inseticidas. Listados os perigos, foram identificadas as causas e

consequências de cada um e finalmente foram avaliados de acordo com seu grau de

probabilidade e severidade. Para identificar a probabilidade foi utilizada a matriz

mostrada na figura 12 e para identificar a severidade foi utilizada a matriz mostrada

na figura 13. Depois de identificadas as probabilidades e severidades, utilizando a

tabela mostrada na figura 14 é possível encontrar o índice de risco operacional de

cada perigo.

25

Posteriormente, foram listadas as medidas preventivas de cada perigo que

são adotadas atualmente na planta e mais uma vez foram avaliados os índices de

probabilidade, severidade e risco, porém dessa vez levando em consideração as

medidas que foram identificadas.

Figura 11 - Modelo de check list de análise de risco

Fonte: o autor

Figura 12 – Matriz de probabilidade

Probabilidade

0 Aconteceu uma vez ou mais por ano

1 Aconteceu uma vez em dez anos

2 Quase aconteceu (aproximadamente uma vez em cem anos) - near miss

3 Nunca aconteceu, mas é plausível de acontecer (aproximadamente uma vez a cada mil anos)

4 Não é plausível (menos de uma chance a cada dez mil anos)

Fonte: BASF, 2015

26

Figura 13 – Matriz de Severidade

Severidade

1 Problemas na qualidade do produto resultando em custos acima de $600k

Potencial extremo dos clientes receberem produto contaminado acima do ARIL

2 Problemas na qualidade do produto resultando em custos entre $150k - 600k

Grande potencial de contaminação acima do ARIL

3 Problemas na qualidade do produto resultando em custos entre $15k - $150k

Potencial moderado de contaminação acima do ARIL

4 Problemas na qualidade do produto resultando em custos entre $1k - $15k

Pequenas chances de contaminação acima do ARIL

5 Problemas na qualidade do produto resultando em custos entre $1 - $1,000

Improvável que o ARIL será excedido

Fonte: BASF, 2015

Figura 14 – Matriz de risco operacional

Matriz de risco operacional

Severidade 1 Critico

2 Severo

3 Sério

4 Moderado

5 Insignificante Probabilidade

0 1 1 2 2 2

1 1 1 2 3 4

2 1 2 3 4 4

3 2 3 3 4 4

4 3 3 4 4 4

Fonte: BASF, 2015

A figura 15 nos mostra como uma empresa agroquímica de grande porte

visualiza esses riscos de acordo com o grau com que foram avaliados:

Figura 15 – Índice de risco de operabilidade

Índice de risco de operabilidade

Classe Medidas de redução

1 Indesejável - São requeridas as aprovações do nível hierárquico mais alto de qualidade e do biólogo regional)

2 Indesejável - São requeridas as aprovações do nível hierárquico mais alto de qualidade e do biólogo regional)

3 Aceitável - com controles de engenharia e administrativos

4 Aceitável - sem necessidade de medidas

Fonte: BASF, 2015

27

Comparando os resultados de grau de risco antes e depois das medidas

preventivas adotadas, foi possível avaliar se os perigos identificados estão sendo

controlados com ações eficazes suficientes para diminuir os riscos de uma

contaminação cruzada por impurezas residuais, garantindo assim a qualidade e

eficácia dos produtos formulados.

28

6. DESENVOLVIMENTO

A análise de risco de contaminação cruzada é um método de avaliação de

riscos que exigiu a participação de pessoas responsáveis da área produtiva e da

área de garantia da qualidade por se tratar de um tema complexo que exige diversos

tipos de conhecimentos.

Para que esse método fosse eficaz, foram realizadas diversas reuniões entre

produção e qualidade de acordo com o cronograma, demonstrado na figura 16:

Figura 16 – Cronograma de reuniões

Calendário - DEZEMBRO

DOM SEG TER QUA QUI SEX SAB

1 2 3 4 5 6

7 8 9 10 11 12 13

14 15 16 17 18 19 20

21 22 23 24 25 26 27

28 29 30 31

Datas das reuniões

Fonte: o autor

A primeira definição feita foram os pontos mais críticos de uma planta

produtiva, se tratando de contaminação cruzada, que seriam avaliados na análise,

são eles:

• Recebimento e estocagem de matérias primas no armazém e na planta

produtiva

• Processo produtivo

O recebimento e estocagem de matérias primas na planta produtiva é um

ponto crítico a ser analisado, pois ele se trata do local onde todas as matérias primas

que serão manuseadas ficarão estocadas até o momento em que serão utilizadas na

produção, desta forma pode haver algum tipo de contaminação entre elas

29

comprometendo a qualidade do produto final. Esta contaminação pode ocorrer

devido a diversos fatores, como avarias nas embalagens e estocagem de diferentes

matérias primas umas sobre as outras.

Pode-se dizer que a produção é em si o ponto mais crítico de todo o

processo, pois se trata do manuseio das matérias primas, produção de diversos

produtos em sequencia, produção de dois produtos simultaneamente em linhas

diferentes, contato das matérias primas com pessoas e empilhadeiras que podem

carregar impurezas para diferentes locais e retirada de amostras, que devem ser

armazenadas corretamente de acordo com procedimento operacional.

Deve-se levar em consideração todas as atividades executadas no

recebimento e estocagem das matérias primas, bem como no processo produtivo e o

consequente perigo de contaminação cruzada decorrente dessas atividades. Para

cada perigo se define a causa, consequência e as medidas preventivas existentes

para garantir que não haja contaminação em nenhuma etapa.

A etapa de limpeza entre as trocas de produtos nos sistemas produtivos

também é de extrema importância, de forma que o procedimento de limpeza e check

lists devem ser cumpridos à risca, item a item, garantindo a execução de todas as

atividades de forma a assegurar que o sistema atenda os limites de contaminantes

residuais para a próxima produção.

O treinamento de todos os colaboradores envolvidos no processo produtivo é

um requisito essencial para a garantia da qualidade do produto, pois a maioria dos

erros que podem vir a acontecer são de origem humana.

Também é importante seguir à risca a matriz de contaminação cruzada de

estocagem de produtos acabados, matérias primas e ativos, conforme figura 5.

Toda empresa deve possuir por meio de um programa computacional uma

rastreabilidade dos lotes de matérias primas e ativos que foram usados em cada

formulação. Esse é um item muito importante como evidência objetiva para o caso

de realização de auditorias, bem como caso ocorra uma contaminação, é possível

saber a origem do lote, fornecedor, data de validade, tempo de armazenamento,

destino, entre outras características importantes para a investigação desta não

conformidade.

A figura 17 foi elaborada levando-se em consideração todos esses aspectos

em conjunto com a análise do ANEXO A que nos revela a criticidade da planta em

relação ao nível de limpeza que deve ser atingido nas trocas de campanha.

30

Depois da elaboração da análise de risco feita na figura 17, pode-se analisar

os dados e percebe-se que todos os perigos listados tiveram o seu grau de risco

reduzido em uma unidade após serem identificadas as medidas preventivas que a

planta de formulações adota, desta maneira, diminuindo o perigo de uma

contaminação cruzada ocorrer.

Pode-se também perceber que um novo estudo poderá revelar algumas

medidas que ainda poderão ser adotadas e desta maneira, no futuro esses graus de

riscos poderão ser ainda mais reduzidos.

31

Figura 17 – Análise de risco de contaminação cruzada

Unidade: Planta de Formulação de Inseticida e Fungicida Objetivo: Avaliar os riscos e definir medidas preventivas para as possíveis causas de contaminação do produto final. A contaminação pode ocorrer no (1) recebimento e estocagem de matérias primas no armazém e na planta produtiva / (2) Processo produtivo Ativos: Vide planilha de ARIL Parâmetro: Contaminação

1. Recebimento e estocagem de matérias primas no armazém e na planta produtiva.

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

1.1 Contaminação de matéria prima por amazenagem em local inadequado (não seguindo os níveis de separação)

• Erro operacional no momento da armazenagem

• Contaminação entre as matérias primas armazenadas

2 2 2

• Treinamento de contaminação cruzada realizado de forma bienal; • Segregação física no depósito respeitando os itens de contaminação cruzada; • Paletes de matérias primas diferentes não são sobrepostos.

3 2 3

• Reforçar com os colaboradores a regra de separação dos ativos e seus inertes – separar por fileiras matérias primas de cada produto e seu respectivo ativo.

1.2 Falta de qualificação da mão de obra: conhecimento dos produtos manuseados

• Falta de treinamento para novos colaboradores e reciclagem para colaboradores antigos

• Armazenagem inadequada das matérias primas na produção

2 2 2

• Integração de novos colaboradores com sistema de padrinho; • Treinamento operacional efetuado bienal;

3 2 3

1.3 Exposição ao produto (vazamentos, avarias etc)

• Vazamento de embalagens devido a movimentação das matérias primas (ex.: avaria causada pelo garfo de empilhadeira ou queda do material)

• Contaminação do material ou de outras matérias primas ou contaminação do colaborador

1 3 2

• Procedimento da unidade para recolhimento do material e limpeza; • Todo e qualquer vazamento de pequenas proporções são recolhidos e destinados à incineração (citado no plano de emergência da unidade); • Plano de emergência para grandes vazamentos;

2 3 3

32

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

1.4 Utilização de matéria prima fora da especificação

• Falha na identificação de matérias primas fora da especificação

• Envio de matéria prima fora da especificação para a produção

2 2 2

• Procedimento para tratamento e identificação de produtos não conforme; • Bloqueio no SAP de material não conforme impedindo a movimentação; • Verificação do fracionador quanto à liberação da matéria prima no sistema;

3 2 3

1.5 Contaminação de matéria prima durante estocagem no interior da unidade

• Vazamento que atinja embalagem de outra matéria prima; • Contaminação de matéria prima através do pallet contaminado; • Estocagem não seguindo as regras de segregação; • Identificação errônea de tambores contendo solvente de limpeza; • Contaminação de matéria prima através da embalagem de fracionamento.

• Contaminação da produção utilizando a matéria prima contaminada

2 2 2

• Existe procedimento para contenção de vazamentos na unidade. Caso seja identificada contaminação de outras embalagens pela que vazou, é feita uma avaliação, sendo que o material pode ser incinerado ou utilizado, dependendo do risco; • Existe procedimento para carregamento e transporte de matérias primas dos depósitos até a unidade; • Não são armazenados materiais diferentes no mesmo pallet ou na mesma pilha (um pallet diretamente sobre o outro; • Solvente orgânico de limpeza da linha é identificado e armazenado em tambores, segundo procedimento. • Substituição semanal de embalagens utilizadas na atividade de fracionamento.

3 2 3

• Durante o fracionamento de ativo não pode haver inerte na sala de fracionameto;

33

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

1.6 Contaminação de matéria prima durante estocagem na área externa do banho-maria

• Vazamento que atinja embalagem de outra matéria prima; • Contaminação de matéria prima através do pallet contaminado;

• Possível contaminação durante a produção utilizando a matéria prima contaminada.

2 2 2

• Treinamento de contaminação cruzada realizado de forma bienal; • Segregação física no banho-maria respeitando os itens de contaminação cruzada; • Materiais iguais podem ser estocados em pilhas. Materiais diferentes são estocados em pilhas diferentes; • Existe procedimento para carregamento transporte de matéria primas dos depósitos até a unidade; • Existe procedimento para contenção de vazamentos na unidade. Caso seja identificada contaminação de outras embalagens pela que vazou, o supervisor é contatado. É feita avaliação, sendo que o material pode ser incinerado ou utilizado, dependendo do risco.

3 2 3

1.7 Contaminação na movimentação de matérias-primas

• Utilização de equipamento de movimentação contaminado (empilhadeiras e paleteiras)

• Possível contaminação durante a produção utilizando a matéria prima contaminada.

2 2 2

• As empilhadeiras são inspecionadas pelos operadores em caso de contaminação com pó (ativos); • Utilização de empilhadeiras elétricas e manuais dedicadas nos pisos.

3 2 3

• Revisar procedimento de utilização de empilhadeira reforçando o cuidado com a limpeza do equipamento.

34

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

1.8 Contaminação de matéria prima durante recebimento/descarregamento.

• Acoplamento de caminhão / isocontainer no tanque incorreto; • Utilização de mangote incorreto no descarregamentos de matérias primas

• Utilização de matéria prima errada da produção; • Contaminação de matéria prima durante recebimento/descarregamento.

2 2 2

• Pessoal do descarregamento é treinado no procedimento; • Não é autorizado descarregamento de tancado sem documentação do setor de recebimento; • Utilizar os mangotes adequados, de acordo com a identificação, para transferência de material. Os mangotes somente podem ser utilizados para o material identificado (mangotes dedicados).

3 2 3

1.9 Contaminação de matéria prima durante estocagem na tancagem .

• Contaminação de matéria prima através da tubulação de transferência para os reatores.

• Possível contaminação durante a produção utilizando a matéria prima contaminada

2 2 2 • Tubulações e bombas são dedicadas para cada matéria prima.

3 2 3

35

2. Produção

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

2.1 Contaminação de produto por produto da campanha anterior nos vasos/linhas de produção

• Não descontaminação na troca de campanha; • Falha na limpeza para troca de campanha; • Seguir procedimento de limpeza incorreto; • Não possuir métodos adequados para a análise de resíduos na limpeza e no produto final; • Iniciar novo produto sem o resultado de análise da água de limpeza ou não seguindo o resultado obtido;

Contaminação de produto pelo ingrediente ativo do produto anterior.

2 2 2

• Existe procedimento de mudança de campanha, registro em check list e análise de contaminação cruzada da água de limpeza/solvente de limpeza pelo laboratório; • Foram revisados a tabelas de ARIL, com base em testes biológicos; • O treinamento de reciclagem sobre o tema de contaminação cruzada é ministrado a cada 2 anos; • Amostras não retornam do laboratório para o processo; • Existem procedimento e treinamento interno da área para a identificação e reutilização de solvente de limpeza.

3 2 3

36

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

2.2 Contaminação de produto por outro produto ou matéria prima sendo processado na mesma unidade

• Falha em operação de válvulas quando mais que um produto estiver no mesmo circuito simultaneamente; • Contaminação durante manipulação de ingrediente ativo pó (adição nas capelas) • Sistema de exaustão comum entre os vasos e filtros; • Adição incorreta de matérias primas (entre diferentes produtos)

• Contaminação de produto pelo ingrediente ativo de outro produto.

2 2 2

• Os sistemas de formulação são separados. A única interligação entre eles é nos tanques • A adição de ativos dos sistemas são separados fisicamente, existem garagens de capelas dedicadas para cada sistema; • Existe procedimento de inspeção de exaustão e saturação dos filtros; • O sistema de exaustão e filtros é dedicado para cada capela; • Resíduos de exaustão são enviados para incineração; • A adição de matérias primas é abordada em treinamentos internos da área e está em procedimentos. • Conforme procedimento de descontaminação, as capelas de adição são lavadas visando impedir contaminação entre produtos subseqüentes no mesmo sistema.

3 2 3

37

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

2.3 Contaminação de produto por resíduos de outro produto em tambores/embalagens de matérias primas utilizados em campanhas anteriores de outro produto.

• Contaminação de MP através de sua utilização na formulação de um produto (p. ex. através do pescador da bomba) e posterior incorporação em outro produto. • Contaminação de matéria prima durante fracionamento.

• Contaminação de produto pelo ingrediente ativo de outro produto

2 2 2

• As formulações são calculadas otimizando as quantidades, a fim de usar embalagens completas dos ingredientes ativos; • Demais materiais inertes, no caso de saldos, as embalagens são fechadas, identificadas e enviadas ao armazém, conforme procedimento; • Existe uma equipe especifica na unidade que realiza o fracionamento e identificação das embalagens

3 2 3 • Durante o fracionamento de ativo não pode haver inerte na sala de fracionameto.

2.4 Contaminação de produto por resíduos de outro produto em solventes de limpeza reutilizados

• Utilização de solvente de limpeza contaminado com ingrediente ativo de um produto para formulação de outro produto

• Contaminação de produto pelo ingrediente ativo de outro produto

2 2 2 • Solventes de limpeza de formulações não são reutilizados.

3 2 3

38

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

2.5 Contaminação de produto pela reutilização de tambores/IBCs

• Adição de produto com ingrediente ativo diferente do desejado; • Produto a ser reprocessado apresentando contaminação cruzada.

• Contaminação do produto por ingrediente ativo de outro produto

2 2 2

• Não são re-utilizados tambores nos processos de formulação. Existe apenas um ingrediente ativo que vem envasado em tambores e estes são descartados após a utilização. • No caso de precisar armazenar algum produto para reprocesso, são utilizados novas embalagens que são descartadas após o uso.

3 2 3

• Preparar um procedimento para regras básicas de reenvase para reprocesso na unidade.

2.6 Contaminação de produtos através da movimentação de pessoas nas unidades com vestimentas/ calçados contaminados

• Transporte de ingrediente ativo de uma formulação para outra através do calçado ou vestimenta.

• Possível contaminação de entre produtos

2 2 2

• Existem procedimentos de operação que dizem que em caso da roupa ser contaminada durante formulação, o operador deve trocar de vestimenta. • No momento da adição de ingredientes ativos é utilizado um macacão como EPI, que é descartado após a operação.

3 2 3

2.7 Contaminação de produto devido ao retorno de amostras

• Amostra ser retornada para vaso contendo produto com ingrediente ativo diferente devido a erro operacional

• Contaminação do produto pelo ingrediente ativo da amostra

3 2 3 • Nenhuma amostra retorna para a unidade produtiva sendo descartadas para incineração.

4 2 3

39

Perigo Causa Consequência P Os R Medias preventivas P Os R Recomendações

2.8 Contaminação de produto através do trânsito de empilhadeiras

• Contaminação do garfo da empilhadeira com ingrediente ativo e posterior contaminação de outro produto através do garfo; • Transporte de ingrediente ativo através dos pneus ou da própria estrutura da empilhadeira de uma área para outra.

• Possível contaminação do produto com ingrediente ativo de outro produto.

2 2 2

• As empilhadeiras não têm contato direto com o produto final e apenas com as embalagens de ingrediente ativo; • O uso de empilhadeiras na unidade produtiva ocorrerá de forma dedicada a cada piso; • As empilhadeiras são inspecionadas pelos operadores em caso de contaminação com pó (ativos);

3 2 3

• Revisar procedimento de utilização de empilhadeira reforçando o cuidado com a limpeza do equipamento (não utilizar empilhadeira com o garfo sujo).

2.9 Contaminação de produto pela utilização de matéria-prima incorreta

• Adição de AI de um produto erroneamente no vaso de formulação de outro produto (através da capela de adição) • Ingrediente ativo rotulado erroneamente ou enviado erroaneamento pelo armazém

• Contaminação do produto por outro ingrediente ativo

2 2 2

• Todas as MP são identificadas no recebimento, conforme procedimento interno da unidade e logística de fabrica. • As folhas de marcha contem os números de lotes e materiais utilizados em cada carga. • Os sapistas, fracionadores e operadores checam todas as matérias primas antes de utilizá-las

3 2 3

Fonte: o autor

40

7. CONCLUSÃO

Considerando o trabalho que foi realizado, demonstrou-se que a ferramenta

funcionou de forma eficaz e, desta maneira, foi possível ter uma visão global dos

níveis dos riscos presentes na planta produtiva avaliada.

A análise permitiu verificar que a questão da contaminação cruzada vem

sendo tratada nesta planta de formulações com bastante severidade.

Com base nos resultados finais da análise de risco, pode-se concluir que o

risco de ocorrer uma contaminação cruzada entre fungicidas e inseticidas nesta

planta de formulações é bastante baixo, e apesar da redução obtida com as medidas

atuais, os riscos podem ser reduzidos ainda mais para diminuir a probabilidade de

uma contaminação ocorrer.

É importante que a filosofia de Prevenção de Contaminação faça parte da

política de empresa, não permitindo que as equipes se tornem complacentes e que

ocorra atalhos nas atividades. Além disso, a prevenção de contaminação deve

sempre estar incluída nos novos projetos e análises críticas de qualquer modificação

de processo para garantir que novas operações ou instalações não venham a

causar problemas futuros de contaminação cruzada.

41

REFERÊNCIAS

APS – The American Phytopathological Society

Disponível em: <http://www.apsnet.org/about/Pages/default.aspx>

Acesso em: 08 out. 2014

BALDISSERA, A. Pesquisa-ação: Uma metodologia do “conhecer” e do

“agir” coletivo. Pernambuco: Universidade Federal de Pernambuco, 2001.

BASF – Procedimentos internos de prevenção à contaminação cruzada

Última revisão: Jan. 2015

BNDES – BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO

Disponível em:

<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/A

rquivos/conhecimento/bnset/set2403.pdf>

Acesso em: 26 set. 2014

BRASIL. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a

experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o

armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a

importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o

registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de

agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Diário

Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 12

jul. 1989. Seção 1, p.11459.

CULTIVANDO – Por que são usados os agrotóxicos?

Disponível em:

http://www.cultivando.com.br/alimentacao_e_saude_agrotoxicos_por_que_sa

o_usados.html

Acesso em: 26.05.2015

ECPA – EUROPEAN CROP PROTECTION ASSOCIATION

42

Disponível em: http://www.ecpa.eu/

Acesso em: 16 out. 2014

AGEITEC – Agência Embrapa de Informação Tecnológica

Disponível em:

<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agricultura_e_meio_ambiente/a

rvore/CONTAG01_40_210200792814.html>

Acesso em: 26.05.2015

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.

Disponível em: <http://www.mma.gov.br/seguranca-quimica/agrotoxicos>

Acesso em: 08 out. 2014

SNEL, M. ECPA – EUROPEAN CROP PROTECTION ASSOCIATION.

Contamination Prevention in the Manufacture of Crop Protection

Products, 2014, 137p.

TERRA, F. H. B. A história da indústria de agrotóxicos no Brasil: das

primeiras fábricas na década de 1940 aos anos 2000. Minas Gerais:

Universidade Federal de Uberlândia, 2008.

43

ANEXO A – ARIL da planta de formulações de inseticidas e fungicidas

ARIL Tradename For. Nat. Common Name Conc. Unit IA

Ativ

o 1

Ativ

o 2

Ativ

o 3

Ativ

o 4

Ativ

o 5

Ativ

o 6

Ativ

o 7

Ativ

o 8

Ativ

o 9

Ativ

o 1

0

Ativ

o 1

1

PRODUTO A SC I Ativo 2 240 g/l 1.000 NaN 1.000 1.000 333 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO B SC I Ativo 1 30 g/l NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

Ativo 6 30 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO C SC I Ativo 11 150 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 333 1.000 1.000 1.000 833 1.000 NaN

PRODUTO D EC I Ativo 1 100 g/l NaN 1.000 1.000 1.000 833 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO E SC I Ativo 1 100 g/l NaN 1.000 1.000 1.000 100 1.000 1.000 1.000 500 1.000 1.000

PRODUTO F SC I Ativo 1 60 g/l NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO G SC I Ativo 1 75 g/l NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN

Ativo 11 75 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 PRODUTO H SC F Ativo 8 500 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 111 1.000 1.000 NaN 556 1.000 1.000

PRODUTO I EC F Ativo 10 250 g/l 825 1.000 1.000 1.000 250 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000

PRODUTO J SE F Ativo 5 50 g/l 550 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000

Ativo 10 133 g/l 550 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO K SE F Ativo 5 62,5 g/l 413 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000

Ativo 10 85 g/l 413 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO L SC F Ativo 5 160 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000

Ativo 10 260 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

PRODUTO M SC F Ativo 3 500 g/l 275 1.000 NaN NaN 368 1.000 1.000 714 714 1.000 1.000

Ativo 4 100 g/l 275 1.000 368 1.000 1.000 714 714 1.000 1.000

PRODUTO N SL F Ativo 9 90 g/l 1.000 1.000 1.000 1.000 250 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000 1.000

PRODUTO O EC F Ativo 5 50 g/l 688 1.000 1.000 1.000 NaN 1.000 NaN 1.000 833 NaN 1.000

Ativo 7 50 g/l 688 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 833 1.000

Ativo 10 81 g/l 688 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 833 1.000

PRODUTO P SC F Ativo 7 167 g/l 1.000 892 1.000 892 167 1.000 NaN 833 446 NaN 1.000

Ativo 10 333 g/l 1.000 892 1.000 892 167 1.000 833 446 1.000