mariana de azevedo pinto - ufba · sistema de informação governamental do programa mais médicos,...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MARIANA DE AZEVEDO PINTO
ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo
acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação
governamental do Programa Mais Médicos
SALVADOR
2017
MARIANA DE AZEVEDO PINTO
ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo
acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação
governamental do Programa Mais Médicos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação, do
Instituto de Ciência da Informação, da
Universidade Federal da Bahia, como requisito
parcial para aprovação no Curso de Mestrado
Acadêmico.
Linha de pesquisa: produção, circulação e
mediação da informação.
Orientadora: Profª. Drª. Lídia Maria Batista
Brandão Toutain
SALVADOR
2017
P659 Pinto, Mariana de Azevedo
Entropia informacional e desinformação – um estudo acerca da orga
nização da informação aplicada no sistema de informação do Programa
Mais Médico./ Mariana de Azevedo Pinto.- Salvador, 2017.
111f. : i l.
Orientadora: Prof.Dra. Lídia Maria Brandão Toutain
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal da Bahia, Instituto de
Ciência da Informação, 2017.
1.Organização da informação.2.Desinformação. 3.Sistema de infor-
mação.4. Programa Mais Médico.I.Universidade Federal da Bahia, Insti-
tuto de Ciência da Informação. II. Titulo.
CDU: 007
MARIANA DE AZEVEDO PINTO
ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo acerca da
organização da informação aplicada no sistema de informação governamental do
Programa Mais Médicos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal da Bahia (PPGCI/UFBA), como requisito parcial para obtenção do
titulo de Mestre em Ciência da Informação.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Dra. Lídia Maria Batista Brandão Toutain
Doutora em Filosofia Universidade Federal da Bahia – UFBA
Orientadora
____________________________________
Prof. Dr. José Cláudio Alves de Oliveira Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Membro titular interno
____________________________________
Profª. Dra. Maria Carolina Santos de Sousa
Doutora em Difusão do Conhecimento
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Membro titular externo
Salvador da Bahia, 27de julho de 2017
MARIANA DE AZEVEDO PINTO
ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO –
um estudo acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação do
Programa Mais Médicos.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, do
Instituto de Ciência da Informação, da Universidade Federal da Bahia (PPGCI/UFBA), como
requisito parcial para a aprovação no curso de Mestrado em Ciência da Informação.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. Lídia Maria Batista Brandão Toutain – Orientadora
Doutora em Filosofia
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Prof. Dr. José Cláudio Alves de Oliveira
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Prof. Dra. Maria Carolina Santos de Sousa
Doutora em Difusão do Conhecimento
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Àqueles que acreditam na leitura enquanto
atividade fértil.
AGRADECIMENTOS
Ao companheiro e fiel amigo Aloísio Rocha, principal incentivador dessa trajetória que venho
trilhando junto à vida acadêmica.
À família, em especial, minha mãe, Inailde de Azevedo, e ao irmão, Danilo Azevedo, pelo
amparo em todos os momentos de minha vida.
Ao PPGCI/UFBA, professores, corpo técnico-administrativo, pela oportunidade de ingresso
nesse programa e por me permitir desenvolver o caminho da pesquisa, fornecendo-me os
suportes técnicos e arcabouços teóricos necessários.
Aos colegas de curso, que me possibilitaram, a partir da interação dentro e fora das salas de
aula, a ampliação do meu olhar sobre o mundo.
À CAPES, por me conceder bolsa de estudo, a qual viabilizou, durante esse período, o
desenvolvimento desse trabalho.
À banca examinadora, profª. Drª Maria Carolina e prof. Drº José Cláudio pela atenção
dispensada na leitura e contribuições realizadas ao trabalho.
À minha orientadora, Lídia Brandão, por me auxiliar com suas vastas bagagens na execução
desse trabalho.
Nenhum homem é uma ilha isolada; cada
homem é uma partícula do continente, uma
parte da terra; se um torrão é arrastado para o
mar, a Europa fica diminuída.
(John Donne)
AZEVEDO PINTO, Mariana de. Entropia informacional e desinformação - um estudo acerca da organização
da informação aplicada no Sistema de Informação do Programa Mais Médicos. 111 f. il. 2017. Dissertação
(Mestrado) Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.
RESUMO
O objetivo do presente trabalho é estudar a organização da informação realizada no
sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da
Informação e de sua subárea Organização da Informação (OI). O problema desse estudo trata
do excesso de informação presente na rede sobre o Programa e como os agentes de
informação trabalharam a organização desses volumes e seus próprios dados para atender às
demandas de seus usuários dentro de seu sistema de informação, nesse caso, um website.
Entre os conceitos abordados no estudo, estão discussões sobre Entropia Informacional,
Desinformação, Sistemas e Redes de Informação, conceitos transversais à organização da
informação. No que tange ao rigor científico, trata-se de uma pesquisa descritiva, um estudo
de caso, com abordagem qualitativa e aplicação básica. Como métodos, foram utilizadas as
pesquisas documental e bibliográfica. No trabalho, a pesquisa documental consistiu na coleta
e seleção de documentos produzidos pelas redes e sistema do Governo. Adotou-se, como
técnicas, a clipagem e a recuperação documentos, via o motor de busca do Google. As
aplicações dessas técnicas tiveram por objetivo traçar um panorama das informações sobre o
Programa na rede, avaliar o nível de aproveitamento dessas notícias no sistema e na
construção de documentos para o usuário no website. A pesquisa bibliográfica subsidiou
teoricamente as análises, apresentando os instrumentos, técnicas e tendências existentes na
área da Organização da Informação e suas possíveis e corretas aplicações em sistemas de
informação. A aplicação de questionários semiestruturados com os usuários, todos gestores
de saúde da esfera estadual, também foi realizada. A aplicação teve por finalidade coletar
informações, verificar determinadas características de organização da informação, presentes
ou não, no website, bem como avaliar o nível de satisfação dos usuários quanto ao sistema e
sua organização. Pode-se afirmar, observando os resultados encontrados, que o potencial
existente no sistema não foi de imediato explorado pela gestão do Programa, o que repercutiu
na ampliação e disseminação de notícias falsas, hoax e prejuízos ao Mais Médicos e sua
consolidação. Entretanto, no estudo, são apresentados possíveis instrumentos da OI que
podem auxiliar na superação dessas deficiências no modelo de organização de sistema do
Mais Médicos, e que ainda podem vir a servir a outros agentes de informação de sistemas,
como instrumentos de organização da informação, atingindo o seu objetivo de minimizar os
riscos de entropia e de desinformação em sistemas de informação.
Palavras-chave: Organização de Informação; Desinformação; Sistema de Informação;
Programa Mais Médicos.
AZEVEDO PINTO, Mariana. Information entropy and . Disinformation - a study on the organization of
information in the Program Mais Médicos. 111 f. il. 2017. Thesis (MS) - Institute of Information Science,
Federal University of Bahia, Salvador, 2017.
ABSTRACT
The objective of this work is to study the organization of information carried out in the
governmental information system of the Mais Médicos Program, based on Information
Science and its Information Organization (OI) subarea. The problem with this study is the
excess information present in the network about the program and how information agents
worked to organize those volumes and their own information to meet the demands of their
users within their information system, a website. Among the concepts addressed in the study
are discussions on informational entropy, information systems, information networks,
concepts transversal to the organization of information. Regarding the scientific rigor, the
research is a descriptive research, a case study, with a qualitative approach and basic
application. As methods were used documentary and bibliographic research. In the work, the
documentary research consisted in the collection and selection of documents produced by the
networks and government system. It was adopted as techniques to clipping and retrieving
documents via the Google search engine. The applications of these techniques were designed
to outline the information about the program in the network, to evaluate the level of use of
these news in the system and in the construction of documents for the user on the website.
The bibliographical research theoretically subsidized the analyzes presenting the instruments,
techniques and tendencies existing in the area of Information Organization and their possible
and correct applications in information systems. The application of semi-structured
questionnaires with the users, all health managers of the state sphere, was also performed. The
purpose of the application was to collect information, verify certain information organization
characteristics present or not, on the website, as well as evaluate the users' level of satisfaction
with the system and its organization. It can be affirmed from the results found that the
potential in the system was not immediately exploited by the management of the program,
which has repercussions in the expansion and dissemination of false news, hoax and losses to
the program and its consolidation, however, in the study, are presented possible instruments
of OI that can help overcome these deficiencies in the model of system organization of Mais
Doctors, and also that they can also serve to other agents of systems information as
instruments of organization of the information in which it confers its objective to minimize
the risks of entropy and disinformation in information systems.
keywords: Information Organization. Disinformation. Information system. Mais Médicos
Program.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Etapas do processo de indexação. ........................................................................... 35
Figura 2 – Atividades de entradas, processamentos e saídas Sistema de Informação. ............. 39
Figura 3 – Modelo dinâmico de sistemas de informação. ........................................................ 41
Figura 4 – Índices estaduais de quantos médicos por mil habitantes. ...................................... 53
Figura 5 – Website do Programa Mais Médicos no ano de 2013 ............................................. 62
Figura 6 – Tela principal website do Programa Mais Médicos no ano de 2015 ...................... 63
Figura 7 – Seção de Busca Seguimentada site PMM ............................................................... 65
Figura 8 – Seção notícias site PMM ......................................................................................... 66
Figura 9 – Métodos de busca sistema PMM............................................................................. 67
Figura 10 –Perguntas Frequentes ............................................................................................. 68
Figura 11 – Sistemas de Tags site PMM .................................................................................. 69
Figura 12 – Área de imprensa site PMM .................................................................................. 69
Figura 13 – Seção depoimentos site PMM ............................................................................... 70
Figura 14 – Seção Apoio ao médico site PMM ........................................................................ 70
Figura 15 – Seção Apoio ao gestor site PMM .......................................................................... 71
Figura 16 – Resultado de busca termo programa mais médicos no Google........................... 101
Figura 17 – Resultado de busca termo mais médicos no Google ........................................... 101
Figura 18 – Resultado de busca termo médicos cubanos no Google ..................................... 101
Figura 19 – Programa Mais Médicos manifestações oposicionistas ao programa ................. 102
Figura 20 – Charges sobre o Programa Mais Médicos ........................................................... 102
Figura 21 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos I ............................................. 103
Figura 22 – Memes retirados das redes sociais sobre o programa ......................................... 104
Figura 23 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos II ............................................ 104
Figura 24 – Manifestações contra o Programa Mais Médicos ............................................... 105
Figura 25 – Manchetes de jornais online sobre o programa Mais Médicos .......................... 105
Figura 26 – Manchetes de jornais online sobre o Programa Mais Médicos II ....................... 106
Figura 27 – Charge retirada de jornal online sobre regime de trabalho do médico cubano ... 106
Figura 27 – Programa Mais Médicos polêmicas envolvendo o programa ............................. 107
Figura 29 – Tela recuperada menu documentos site PMM .................................................... 110
Figura 30 – Tela Editais site PMM ......................................................................................... 110
Figura 31 – Tela Informes site PMM ..................................................................................... 111
Figura 32– Sistema de Gerenciamento de Programa- SGP site PMM ................................... 111
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AB Atenção Básica
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AI Arquitetura da Informação
BRAPCI Base de Dados em Ciência da Informação
CDD Classificação Decimal de Melvin Dewey
CFM Conselho Federal de Medicina
e –Governo Governo Eletrônico
EIS Executive Information System
ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação
ESF Equipe de Saúde da Família
Fiocruz Instituto Oswaldo Cruz
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
LISA Library and Information Science Abstracts
MEC Ministério da Educação
MIS Management Information Systems
MP Medida Provisória
MS Ministério da Saúde
OC Organização do conhecimento
OI Organização da Informação
OMS Organização Mundial de Saúde
PISUS Programa de Interiorização do Sistema Único de Saúde
PITS Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde
PMM Programa Mais Médicos
PNAB Política Nacional de Atenção Básica
PROVAB Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica
SGP Sistema de Gerenciamento de Programas
SIE Sistemas de informação Estratégicos
SIG Sistemas de informações Gerenciais
SIO Sistemas de Informação Operacionais
SRI Sistemas de Recuperação de Informação
SUS Sistema Único de Saúde
TICS Tecnologias de comunicação
UBS Unidades Básicas de Saúde
UFBA Universidade Federal da Bahia
UNISIT World Information System for Science and Technology
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
RSS Really Simple Syndication
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Síntese das Teorias da Verdade. ........................................................................... 23
Quadro 2 – Estágios de Indexação .......................................................................................... 36
Quadro 3 – Classificações dos sistemas segundo LAUDON e LAUDON (1999) ................. 40
Quadro 4 – Quadro comparativo dos sistemas PMM nos anos de 2013 e 2015 ..................... 72
Quadro 5 – Programa Mais Médicos clipping de notícias parcial realizado em jornais no
período de 01 de junho de 2013 a 20 de março de 2017 ........................................................ 108
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 O PROBLEMA DA VERDADE: Entropia informacional e Desinformação ................ 19
3 ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO ........................................................................... 26
4 SISTEMAS E REDES DE ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO ............................. 38
5 MEDOTOLOGIA DE PESQUISA .................................................................................... 46
5.1 Operacionalização da pesquisa e coleta de dados .............................................................. 48
5.2 Análise e tratamento dos dados .......................................................................................... 50
6 PANORAMA DA SAÚDE NO BRASIL ........................................................................... 52
6.1 O Programa Mais Médicos ................................................................................................. 55
6.1.1 Panorama informacional e implantação programa Mais Médicos .................................. 58
6.1.2 Programa Mais Médicos: descrição do processo de organização da informação
encontrados ............................................................................................................................... 61
6.1.3 Sistema de informação do Programa Mais Médicos na perspectiva da Organização da
Informação ................................................................................................................................ 73
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 87
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 91
APÊNDICE A – Questionário PMM - Avaliação do sistema pelo usuário ....................... 98
APÊNDICE B – Formulário de Entrevista - Diretor da Atenção Básica ........................ 100
ANEXO A – Resultados encontrados no motor de busca Google termo a termo .......... 101
ANEXO B – Notícias sobre o Programa Mais Médicos .................................................... 102
ANEXO C – Apresentação do website do Programa Mais Médicos fase inicial do
Programa ............................................................................................................................... 110
14
1 INTRODUÇÃO
Segundo Robredo (2003), os avanços da internet, majoritariamente advindos nas I e II
Guerras Mundiais, trouxeram, para a sociedade e às organizações, mudanças no modelo de
produção e organização da informação e do conhecimento. O autor segue afirmando que,
diante da explosão da informação gerada por esses avanços, uma modificação quanto à
diversidade de protagonistas existentes para produção e consumo da informação também foi
desencadeada. Até então, explica o autor, a fase que antecedeu o período pré-guerra conduzia
quase que exclusivamente a responsabilidade pelos processos de produção, organização e
mediação da informação aos profissionais da informação, a exemplo de bibliotecários,
arquivistas e aos meios de comunicação comandados por profissionais de mídia.
No cenário coorporativo e das relações sociais cotidianas menos formais, a mudança
transcorrida na rede direcionou visibilidade a uma pluralidade de indivíduos não
necessariamente dotados de competência técnica-informacional. Isto fez com que estes
passassem a produzir e mediar a informação em suas redes e em diversos sistemas de
informações coletivos por conta própria. O que antes se apresentava à sociedade como uma
mudança positiva - o fato de todos os indivíduos poderem produzir e acessar informação -,
atualmente, tem suscitado, por parte dos profissionais da informação, uma série de
preocupações que envolvem o volume produzido de informações pelo usuário; o nível de
entropia existente na rede; e, consequentemente, o não tratamento e organização das
informações nesses ambientes. Entre os anos de 2013 e 2015, vivenciei a experiência de atuar
como comunicóloga na Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Enquanto agente de
informação, cotidianamente, deparava-me com esse enorme volume de informação, o qual
atrapalhava o meu trabalho de organizar a informação para dispor ao cidadão que buscava-a.
O volume de informação produzido nas redes – a maior parte dele oriunda de quem não tinha
um conhecimento específico sobre o universo –; o grande nível de desorganização dessas
mesmas informações; e o alto potencial para desinformar pessoas funcionaram como uma
barreira ao meu processo de trabalho e também de meus colegas de profissão. Observando o
contexto e as práticas internas de organização da informação, vi-me detentora de uma
inquietude para melhorar aquele cenário de informações dispersas. Gostando da pesquisa,
busquei aprofundamentos em relação à temática de Organização das Informações em sistemas
de informação, especialmente os governamentais que se utilizavam da internet. Na Ciência da
Informação, dentro da subárea de Organização da Informação, encontrei um possível
15
horizonte de pesquisa e sobre ele me debrucei para compreender os fenômenos da
Organização da Informação e, assim, desenvolver um estudo que pudesse auxiliar agentes de
informação quanto à organização da informação em sistemas para minimizar os impactos
decorrentes de volume de informação na rede.
Pelas suas redes humanas e pela internet, através de e-mails, chats, blogs, redes sociais
e sites jornalísticos, o volume e a velocidade de transmissão de informação produzidas desses
sujeitos - agora também agentes de informação - competiam, no novo ambiente, com os dos
agentes de informação, pelo caráter de descompromisso e por não estarem majoritariamente
orientados para a organização da informação e geração do conhecimento ao indivíduo, mas
sim, segundo Carvalho (2001), por conduzir muitos indivíduos para um fenômeno inverso, e,
sob o ponto de vista de geração do conhecimento, muito danoso. Este fenômeno inverso e
pouco discutido cientificamente se configura como o fenômeno da desinformação que gera
como alguns de seus produtos o Hoax.
Segundo o dicionário americano Meriam Webster (2016), por desinformação, entende-
se a ação de suprimir uma informação, minimizando ou maximizando, com essa ação, o seu
efeito. Um dos estudiosos que abordam a temática da desinformação, no país, Carvalho
(2001) classifica a desinformação como uma ação que pode ser observada a partir de dois
aspectos: o da desinformação que afeta o indivíduo pela ignorância e da desinformação
elaborada de modo estratégico. O uso de informações falsas, advindas da prática produtiva
forjada de documentações e amparadas por testemunhos e evidências falsas, traz à tona o
aspecto da desinformação pelo aspecto da estratégia. O desconhecimento sobre um assunto
pelo seu mínimo de dado ou informação, associado à escassez de letramento e de um suporte
organizado para esclarecimento, incorpora o aspecto da desinformação pela ignorância do
sujeito.
Na contemporaneidade, muitos são os produtos e as formas de desinformação. O hoax,
por exemplo, é um desses elementos que muito pode afetar o indivíduo, tanto sob o aspecto da
ignorância quanto pelo aspecto da estratégia. Isto porque é um recurso de desinformação de
alto nível e que atinge principalmente os ansiosos por informação. CARVALHO (2001.p.5).
Descrito por Carvalho (2001) como uma armadilha, um embuste, um artifício para
mascarar uma verdade ou simplesmente para justificar ações premeditadas, a produção de
hoaxes tem como objetivos: a coleta de dados para roubo de informações utilizadas em
diferentes fins; a publicização de falsos conhecimentos sobre um conteúdo de caráter
científico para torná-lo verdadeiro; a sua utilização como um recurso político para introdução
16
de valores; uma estratégia de manipulação social; e como recurso para prejudicar a imagem
de pessoas públicas, pessoas comuns ou instituições públicas e privadas de forma reversível
ou não. Segundo Lopes (2016), o hoax possui conteúdos advindos de práticas comunicativas
físicas, aparentemente sem propósitos, e trazem em sua essência conteúdos capazes de gerar
empatia nas vítimas. São produzidos estrategicamente por indivíduos e instituições e
endereçados a pessoas carentes ou ansiosas por informação e que não sabem onde buscar
corretamente.
O hoax, assim como outros recursos são, de acordo com o autor, um dos muitos
produtos de desinformação produzidos na rede e que, em sua maioria, afeta empresas que
possuem ambientes caóticos de organização da informação.
No ponto de vista das políticas e ações governamentais, é comum ver supostos agentes
de informação, buscando ferramentas e mecanismos de combate ao problema da
desinformação. A Ciência da Informação pode se fundamentar como um importante
instrumento de apoio no combate do fenômeno da desinformação e de outros tipos de
fenômenos como o da entropia informacional. Essa contribuição ocorre, especialmente, por
meio da subárea da Organização da informação ou estudo referente guiado para as práticas
profissionais de organização mantidas por essas instituições.
Posto o problema da nossa pesquisa e a importância nuclear vislumbrada na área de
Organização da Informação para o estabelecimento de pontes entre a produção e o uso da
informação na esfera coorporativa e, ainda somada à experiência já exposta da pesquisadora,
adquirida no âmbito governamental junto aos processos de comunicação, na Secretaria de
Saúde do Estado, dentro da Diretoria de Atenção Básica, pensou-se o desenvolvimento desse
estudo.
Na busca por conhecer o processo teórico-metodológico adotado para melhoria da
organização da informação em sistemas governamentais, optou-se pela análise de um cenário
organizacional em que a informação se encontrava, pela celeridade de produção e pela própria
demanda de seus usuários, continuamente, em estágio entrópico. Assim sendo, observando o
cenário de entropia das informações, durante a execução da política governamental do
Programa Mais Médicos, escolheu-se como universo de análise o website do Programa Mais
Médicos para o Brasil, do Governo Federal.
A decisão por estudar a organização da informação aplicada em um sistema de
informação da esfera governamental se apoia pela hipótese de que problemas de entropia
informacional, dispersão da informação e de desinformação podem ser minimizados com a
17
organização das informações nos sistemas, especialmente, quando estes se referem a sistemas
governamentais que possuem a grande responsabilidade de gerenciar e produzir informações,
quase que de forma pedagógica, para disseminá-la a grandes e variados públicos.
Sendo assim, como objetivo geral de pesquisa, definiu-se estudar a organização da
informação no sistema de informação governamental (website) do Mais Médicos, programa
do Governo Federal. Como objetivos específicos, definiram-se:
Promover a discussão teórica dos conceitos de dúvida, entropia informacional e
desinformação; hoax; organização da informação e redes; e sistemas de
informação;
Identificar e descrever o sistema de organização do programa Mais Médicos e a
situação de saúde pública no país, no que tange à Atenção Básica e à formação
de médicos no país;
Monitorar notícias veiculadas sobre o Programa Mais Médicos, no período de 1
de julho de 2013 a 20 de março de 2017, em jornais de circulação nacional,
Facebook e no website do programa e avaliar o volume de aproveitamento
dessas notícias na produção e organização dos documentos disponíveis no
website oficial;
Selecionar indicadores da organização da informação que medem a diminuição
da entropia da informação e admitem as menores e maiores perdas de
informação do programa.
Para o estudo, partiu-se da premissa de que a informação é um importante
combustível de alimentação para a sociedade e governos e quando estes não desenvolvem em
seu staff uma política para organização da informação, encontram-se mais vulneráveis ao
efeito da entropia informacional e da desinformação. Já no aspecto que tange ao rigor
científico, o estudo trata de uma pesquisa descritiva, especificamente, de um estudo de caso
com aplicação básica e abordagem qualitativa. Adota, como método, a pesquisa documental
com a realização de clipagem de notícias, seleção de documentos e conteúdos produzidos
pelas redes e dispostas em sistemas do governo. Como instrumento, utiliza questionários
semiestruturados, que são direcionados aos gestores de saúde do Estado da Bahia e que
também são usuários do sistema. Esses questionários buscam analisar o nível de satisfação
desses atores em relação ao SI e às informações por ele disponibilizadas e organizadas; além
de determinadas características presentes ou não no sistema.
18
O estudo foi dividido em sete capítulos, que buscaram responder algumas questões
norteadoras de pesquisa, a exemplo de ‘Sobre o que consiste o processo de organização da
informação na Ciência da Informação?’, ‘Como realizar o processo de organização da
Informação?’ e outras que serão expostas durante a metodologia. No primeiro, encontra-se a
introdução, com a delimitação da situação-problema, premissa, o objetivo geral, seguido dos
objetivos específicos. Do capítulo segundo ao quarto, aborda-se o embasamento teórico
utilizado para o desenvolvimento da pesquisa. O segundo se refere aos conceitos científicos e
filosóficos sobre verdade e certeza, entropia informacional e desinformação. O terceiro
capítulo aborda a organização da informação, apresentando seus objetivos, métodos e os
novos instrumentos para organizar a informação. Em seguida, no quarto capítulo, apresentam-
se os conceitos de sistemas e redes de informação, e as redes e sistema do Programa Mais
Médicos, utilizados pela pesquisadora para o estudo. No quinto capítulo, apresenta-se a
metodologia. No sexto, traça-se um panorama da saúde no Brasil e se analisa a organização
das redes de sistemas a partir dos dados coletados. Por fim, o sétimo capítulo traz as
considerações gerais desses resultados, sob a perspectiva da organização da informação,
conjuntamente com as reflexões sobre as ausências e presenças encontradas no sistema em
seu propósito de fundamentar conhecimento a partir da organização da informação.
19
2 O PROBLEMA DA VERDADE: Entropia informacional e Desinformação
Segundo Matner em Cotrim (2010), o indivíduo inicia seu processo de busca por
informação a partir da dúvida. Diante dessa, o sujeito analisa e constrói a “documentação”
para desenvolver o seu conhecimento e o que irá dispor à humanidade.
No discurso do método, Descartes (1637) expõe que a dúvida se apresenta como
elemento substantivo para fundamentação do conhecimento. Na ausência de convicção sobre
determinado assunto, a dúvida, com sua estranheza e questionamento, surge como elemento
motivador à busca da verdade e consequente aquisição do conhecimento.
Na Antiga Grécia, filósofos e pensadores duvidavam da existência divina. A dúvida
permitiu a estes a superação de pensamentos mitológicos e abertura para a construção de
novos pensamentos. A supremacia dos deuses, até então única crença, deu lugar ao uso da
razão, e isso permitiu emergir outros conhecimentos. Assim, sucedeu-se com outros
pensadores nas mais diversas áreas do conhecimento, a exemplo dos Pré-Socráticos e seus
estudos sobre o universo e os fenômenos da natureza; dos Sofistas, com seus estudos acerca
da educação para formação e para a cidadania; de Platão, com a defesa pelo mundo das ideias
como lugar de essências para todas as coisas; e do filosófico Aristóteles e seu conceito de
alma inteligível, matéria e forma. Todos, por meio da dúvida, tentaram chegar à descoberta
de sua própria existência enquanto substância pensante. A dúvida, o desejo pela verdade, foi
para os filósofos da antiguidade um fator importante e de grande motivação para exploração e
organização de novos e antigos conhecimentos.
Matner citado em Cotrim (2010), coloca que discutir a organização da informação
perpassa o estágio da dúvida. Segundo o autor, a dúvida questiona o conhecimento, a forma
como as coisas são percebidas e como são capazes de clarear nossa compreensão e nossas
ideias sobre determinado pensamento, fato ou conhecimento. Na visão do autor, a dúvida,
pretende questionar como as coisas são recebidas para se buscar explicações e sentidos
diferentes para os fatos e temas que estão postos e que, até então, não se têm informação e
conhecimentos detidos.
Aos indivíduos, a dúvida dificilmente se apresenta como uma atividade fácil. Isto
porque muitos indivíduos dispõem em seu entorno de pouca informação, ou, quando estes as
encontram essas estão organizadas de modo insatisfatório para que o indivíduo ou grupo
possa alcançar as respostas necessárias para a resolução ou o esclarecimento de suas dúvidas.
20
No Dicionário de Filosofia, de Abbagnano (2000), o autor Gregório, coloca-nos diante
de conceitos importantes que se sobressaem ao contexto de resolução de uma
dúvida/problema. Trata-se dos conceitos de certeza e verdade. Segundo o autor, um dos
primeiros questionamentos feitos pela filosofia é se as coisas são exatamente como parecem.
O autor acredita na presença de uma dualidade que consiste na aparência das coisas e a sua
verdadeira realidade. Segue seu pensamento, explicando que quando falamos de aparência,
implicamos em conduzir nosso objeto a algo diferente dele mesmo – da sua realidade. Na
ótica do autor, quando aproximamos o objeto da aparência, debruçamo-nos sobre o seu valor
cognoscitivo e de percepção, partindo para um ponto de vista mais epistemológico. O autor
segue afirmando que a aparência é o aspecto das coisas quando as percebemos e que quando
abordamos o problema, a partir de um prisma ontológico ("aquilo que é"), encontramos,
segundo ele, a própria realidade.
A distinção entre a aparência e a realidade é o que, segundo o autor, nos permitirá
compreender o problema da verdade e nos fará alcançar o conhecimento.
No Dicionário de Filosofia, a palavra verdade quer dizer desvelamento e
desocultação. Neste sentido, a verdade é entendida como autenticidade, e seu inverso –
inautenticidade -, consistindo, portanto, na aparência.
De acordo com Abbagnano (2000), a verdade na filosofia é categorizada sob dois
prismas: o das verdades formais e das verdades de fato. As verdades formais ou verdades de
razão, estudadas pelo matemático e filósofo Gottfried Leibniz e por Immanuel Kant,
consistem em proposições tidas como verdadeiras e dificilmente falsas, em que a verdade
delas não depende da experiência.
O segundo tipo de verdade, as “verdades de fato”, investigado por Immanuel Kant, são
as verdades informativas, não necessariamente verdadeiras, mas que dependem dos fatos e da
experiência.
No passado, muitas teorias tentaram corresponder, à verdade e à certeza, conceitos e
formas de organizar a informação para transformá-la em conhecimento. Segundo BRASCHE
E CAFÉ (2010, p.91) “o objetivo do processo de organização da informação é possibilitar o
acesso ao conhecimento contido na informação”, ou seja, a verdade contida na informação.
Em diferentes perspectivas, a verdade foi pensada e organizada ao longo dos tempos. Ora a
verdade se organizava, partindo da experiência do sujeito, ora refletindo numa projeção
mental sobre sua realidade, ora emergindo do interesse comum de um grupo, ora do
agrupamento do discurso.
21
Segundo Carvalho (2010), esses modos de organizar a verdade refletem muito
decisivamente nos modos de organizar as informações. O problema da verdade está na
capacidade de ofertar informações que irão auxiliar o indivíduo e a humanidade na sua
construção do conhecimento, para que possam distinguir, de forma competente, o que é
aparência (inverdade) e o que representa a realidade (verdade). E isso se dá, muitas vezes, por
meio das disciplinas.
Segundo Simor (2006), quatro teorias foram amplamente utilizadas pela Filosofia para
auxiliar organizadores de informação quanto aos parâmetros para se organizar a informação e
auxiliar o homem a alçá-la para o mais próximo da verdade. São elas: Teoria da
Correspondência, Teoria da Coerência da verdade, Teoria Pragmática e Teoria Verdade como
Redundância.
A Teoria da Correspondência, formulada em 1912, por Russell, tem, de acordo com
Lynch (2001), como um de seus defensores Aristóteles (1969). A verdade se expressa, na
teoria, por um juízo mental diante da realidade. Consiste em uma propriedade do enunciado
ou de nossas crenças sobre o mundo. Segundo Simor (2006), “Todo enunciado tem
necessariamente que se referir a um fato no mundo para que nessas circunstâncias os termos
que compõem o enunciado tenham o valor de verdade ou falsidade”. SIMOR (2006, p.26).
Lynch (2001, p. 9) descreve três aspectos que devem ser considerados para avaliação
acerca da verdade ou falsidade, na teoria: 1. O portador-de-valor-de-verdade (suas crenças, os
pensamentos, as ideias, juízos, sentenças, asserções, expressões vocais e proposições); 2. A
“realidade” à qual corresponde o portador-de-valor-de-verdade; e 3. A correspondência (ou
seja, qual a relação entre o portador-de-valor-de-verdade e a realidade). Nesta teoria, a
verdade ou falsidade se mostram correlativas com o fato no mundo.
A Teoria da Coerência da Verdade, de David Hilbert (1862-1943) e Gottlob Frege
(1848-1925), dispõe que a verdade não faz referências ao mundo exterior, e sim às
propriedades presentes no discurso. “É a ausência de contradição interna no discurso que
nos permite declarar que ele é verdadeiro”. LÉONHARDT, (2009. p.5). Assim sendo, uma
proposição é verdadeira se mantém coerência com as demais proposições as quais faz parte e
esta, de forma isolada, não deverá contradizer o conjunto a qual faz parte
Abe (1991) explica
O cientista, enquanto tal recebe um conjunto de sentenças que são aceitas como
verdadeiras, que devem ser coerentes (não encerram contradições) e aspirar à
maximalidade: isto é, o pesquisador sempre procura conjuntos coerentes maximais
de sentenças. Sempre que uma parte de nosso sistema de crenças não funciona bem,
22
devemos procurar modificá-lo, comparando-se sentenças entre si, de modo a se
obter um novo sistema que seja coerente e, se possível, maximal. (p.6)
Para Abe (1991), a verdade é um sistema que requer tanto coerência quanto amplitude.
A realidade é um todo unificado e coerente. A busca e formulação de um conhecimento irão
requerer, segundo o autor, reajustes constantes de crenças objetivando um conjunto de crenças
tão amplo quanto a consistência permita. Usual às ciências no construto de um conhecimento,
a teoria da verdade, como coerência, possibilita saber se uma proposição é verdadeira,
coerente em relação ao seu conjunto. Contudo, não possibilita concluir se o conjunto a que
pertence é verdadeiro ou falso.
Na Teoria Pragmática, buscou-se a formulação de condições de verdade, para quem
busca ou agrupa o verdadeiro. A busca pela verdade deve, segundo a teoria, considerar a
experiência.
Trata da experiência, segundo Borges Filho e Ghiraldelli Jr (2011)
[..] .não se trata aqui de experiência somente como experimento, nem se trata aqui
de experiência como experiência sensível. Trata-se de experiência no sentido mais
amplo possível: experiência de vida, experiência psíquica, experiência de um povo
ou de um tempo, e também experiência científica, de laboratório. Então, cada
homem ou mulher que quer saber da verdade, deve olhar para a experiência, ou seja,
deve olhar para a conduta dos bípedes sem penas. E é mais útil de se acreditar em
um enunciado sobre o qual temos consenso do que sobre um enunciado que não
possui defensores, que está longe do consenso daqueles que julgamos razoável. (p.7)
Na Teoria Pragmática, o consenso é um elemento importante na aproximação com a
verdade. Borges Filho e Ghiraldelli Jr (2011) esclarecem que
Uma frase que está mais próxima do consenso nos leva a colocar as fichas nela; mas
uma frase que está mais distante do consenso nos faz, de modo a seguir o que é mais
útil, a nos afastar dela. É nesse sentido específico que a verdade é o útil. (p. 7)
A base da teoria no consenso desloca a organização da informação, segundo os
autores, para uma reflexão de verdade partilhada. A comunicação entre os sujeitos não
perpassa uma formulação particular do indivíduo, mas de seu coletivo. Por basear-se no
consenso entre seus interlocutores, a verdade acaba sendo também uma questão exclusiva de
acordo entre esses. NOZICK (2003) esclarece a teoria, afirmando que uma proposição é
verdadeira se houver vantagem prática em sustentá-la. “Aquilo que precisamos não é uma
23
verdade perfeitamente completa, mas uma crença verdadeira o quanto basta para oferecer
resultados mais desejáveis quando a seguimos numa ação”. NOZICK (2003.p.26).
Na Teoria Verdade como Redundância, também conhecida como Teoria
Deflacionária, do matemático e filosófo Frank Ramsey Plumpton, a verdade é uma questão
linguística e discursiva. Segundo Costa (2007), a teoria trabalha a verdade na lógica do texto,
como uma informação sem redundância, sem excesso ou com deficiência de informação e tem
como universo a busca das palavras corretas para alcance da eficiência.
Abaixo, trouxemos um quadro-síntese dessas teorias e suas principais abordagens de
verdade.
Quadro 1 – Síntese das Teorias da Verdade.
TEORIA ABORDAGEM DE VERDADE
Teoria da Correspondência Verdade deve se referir a um fato no mundo
Teoria da Coerência da verdade Ausência de contradição interna no discurso
Teoria Pragmática Verdade é o consenso entre seus interlocutores
Teoria Verdade como Redundância A verdade é uma questão linguística e discursiva
Fonte: Elaborado pela autora
As quatro teorias estudadas propõem modelos para se organizar a informação
baseados na verdade. Nelas, nota-se o esforço desprendido para se formular parâmetros de
organização da informação e conteúdo para que o indivíduo possa alcançar o discernimento
sobre o verdadeiro e o falso. Segundo Barreto (2002), a verdade, quando tratada sob o viés
científico, é altamente complexa e dependente de diferentes aspectos, como, por exemplo,
uma validação espaço-tempo. Assim, também ocorre quando se pensa a Organização da
Informação para fundamentar uma verdade. Há variações de ordem temporal, exigências de
ordem lógica e de coerência em sua condução. Desse modo, os valores e objetivos para quem
organiza uma verdade serão também determinantes para fundamentar o modelo de
organização.
Shannon e Weaver (1948), Brillouin (1962) e Saracevic (1996) colocam que
informação compõe um elemento contributivo à verdade, não por fazê-la aparente, mas por
ser a informação um elemento redutor de incertezas. Se reduz as incertezas, logo se infere que
a informação remonta aproximação com a certeza e, logo, com a verdade. Sobre certeza,
Brillouin (1962) coloca que a certeza traz consigo o sentimento de segurança sobre
24
determinado assunto. Por consequência, a informação, por atribuir algum estado de certeza,
também pode ser capaz de permitir ao indivíduo certo grau de segurança e estabilidade.
Como falamos a organização da informação para a verdade remonta a diferentes
aspectos, um deles, talvez o principal, parte da coerência na condução do processo de
organização. Sobre a coerência nessa condução do processo de organização da informação,
partindo das mudanças impulsionadas pelo viés tecnológico, tem-se um momento de
competições mercadológicas e políticas muito intensificados, em que a formatação e a
condução no trato da informação poucas vezes favorecem as instituições, indivíduos e
poderes. Cada vez mais, atores e instituições estão sendo conduzidos a reflexões na ordem de
sobre como lidar com o volume de informações produzidas, interna e externamente, e sobre
como dispor este volume de informação, para proporcionar a segurança ao usuário e seu
público-alvo, e assim permitir-lhes o alcance da verdade e evitar a ampliação da entropia pela
ansiedade do usuário.
Segundo Rifkin (1980), entropia é um estado de incerteza. É toda a energia em um
sistema isolado que se move do estado ordenado para o estado desordenado. Pode-se
compreender, por entropia, um fenômeno necessário do conhecimento. No contexto da
informação, a entropia se associa à quantidade de informação existente na fonte e no canal por
onde esta informação circula.
O conjunto de informações buscadas com a dúvida pode tanto equilibrar o sistema
com fornecimento da segurança ou desequilibrar o sistema com a ampliação da incerteza.
Segundo Shannon (1948), tudo irá depender dos dados que são disponibilizados no sistema e
do quanto eles estão organizados para uso do indivíduo nos canais ou pelas fontes de
informação. Quanto maior a desorganização dessa fonte, segundo a Teoria da Informação
(1948), maior a entropia e sua incerteza quanto a determinado fenômeno.
No domínio da Ciência da Informação, área que debruçamos nosso estudo, tem-se,
segundo Braga (1995), contribuições técnicas-conceituais importantes de dois possíveis
momentos em que se pode dedicar a equilibrar a entropia: um na ordem do canal e outro na
ordem da mensagem e de seu conteúdo. O primeiro momento, do equilíbrio da entropia,
relaciona a informação e os aparatos tecnológicos numa lógica que envolve organização de
fluxo de dados. Historicamente, os primeiros estudos que abordam organização dos fluxos de
dados via canal foi realizado em 1948, a partir da Teoria da Informação de Shannon e
Weaver.
25
Essa perspectiva de estudo na teoria relaciona as telecomunicações a princípios da
termodinâmica. No enfoque teórico, tem-se que a informação é apenas uma probabilidade,
uma incerteza, uma imprevisibilidade, a qual encontra retirada de seu suporte físico e passa a
ser transportada, também por outros canais, como o ar. Nessa lógica, a informação é
quantificável e a entropia é medida pela perda ou incompletude da informação, desde sua
saída da fonte, passando pelo canal, até sua chegada ao receptor final. Na ótica, a entropia
pode ser equilibrada observando a capacidade do canal em receber o fluxo de informação.
Sendo assim, quanto menor o peso da informação, mais incompleta ela se encontrará, logo,
menos organizada em sua transferência pelo canal (portanto terá uma maior entropia).
Quanto menor a entropia, maior o peso da informação, menor será a taxa de perda da fonte e
mais completa a informação se apresentará, assim sendo, mais organizada em sua
transferência pelo canal.
Dessa primeira perspectiva dos estudos para se evitar a entropia, derivam algumas
técnicas de organização da informação e disciplinas utilizadas para confecção e otimização de
sistemas de informação, no que tange à eficiência do canal, como por exemplo, as técnicas de
recuperação da informação, por meio da utilização de métodos booleanos, operadores e
descritores lógicos e a disciplina da Arquitetura da Informação.
A segunda perspectiva de entropia se refere ao processo de produção e transmissão da
informação e pode ser evidenciada pelo conteúdo da mensagem. O processo ganho de uma
nova informação pode representar, de acordo com Costa (2007), tanto o aumento da entropia
(desordem/incerteza) quanto sua diminuição (ordem/certeza). Quanto mais correta, elaborada
e precisa for a ordem dos dados transmitidos na mensagem, pelos agentes de informação, no
sistema frente à realidade, mais as ações de organização do fluxo informacional serão bem-
sucedidas. Aos agentes de informação dos sistemas, caberá, para Costa (2007), a
responsabilidade de dispor da informação organizada, suficientemente consistente e
disponível, a fim de conduzir o indivíduo a um estado de diminuição de sua entropia e de
maior equilíbrio sobre o seu saber. Desse modo, quanto maior o potencial técnico-
metodológico de organização das informações no canal (sistema) e maior a instrumentação da
fonte de informação, respeitando os aspectos cognitivos - que envolverão o sujeito quando
estes acessarem os objetos informacionais, ali presentes e organizados no sistema - maior
será, para o autor, a segurança da informação e menores são as possibilidades deste indivíduo
ser submetido a incertezas sobre as informações e a desinformações.
26
3 ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
A Organização da Informação (OI) surgiu enquanto uma subárea da Ciência da
Informação, a partir de 1876, sob influência da Classificação Decimal de Melvin Dewey -
CDD e da obra Rules for a Dictionary Catalog de Cutter. Esta subárea compreende a
organização de “um conjunto de objetos informacionais para arranjá-los, sistematicamente,
em coleções como bibliotecas, museus, arquivos, tanto tradicionais quanto eletrônicos”.
BRASCHER E CAFÉ (2010, p.6).
Na Ciência da Informação, a organização da informação tem como berço a
biblioteconomia e é abordada sob duas vertentes: como um espaço investigativo e como uma
atividade operacional. Na primeira vertente de espaço investigativo, segundo Brascher e Café
(2010), tem-se o fornecimento da fundamentação teórica e metodológica para o tratamento de
informações. A segunda compreende as determinações do fazer profissional relacionado ao
tratamento das informações.
Muitas são as propostas conceituais, os objetivos e as técnicas do processo de OI
encontradas na literatura. Para nosso estudo, tomamos, inicialmente, o referencial teórico de
um importante autor: Raganathan (1931). Ele é tido como o grande teórico acerca dos estudos
da área.
Ranganathan, em The five laws of library Science (1931), define 5 leis para se pensar a
organização da informação no ambiente físico das bibliotecas. Segundo a tradução de Rizzi
(2016), são elas: 1. Os livros são para usar; 2. A cada leitor o seu livro; 3. A cada livro o seu
leitor; 4. Poupe o tempo do leitor; 5. A biblioteca é um organismo em crescimento. As cinco
leis tratam do momento histórico no qual os livros não eram acessíveis à maioria da
população e que o autor acreditava ser este um instrumento de uso universal e não somente
para o uso restrito.
Para Ranganathan, todo livro poderia servir a alguém e os processos de Organização
da Informação nos ambientes físicos e nos objetos informacionais poderiam facilitar a
mediação entre o conteúdo existente no livro e o leitor. O autor acreditava na organização da
informação enquanto atividade e fazer operacional, que poderia promover uma otimização no
tempo de busca do material, reduzindo, deste modo, a perda do tempo do profissional e do
leitor. Acreditava na biblioteca como um ambiente vivo e em constante crescimento para o
conhecimento.
27
Com o crescimento de portais na internet na atualidade, como meio de acesso a
informações, as leis e diretrizes criadas por Ranganathan passaram, segundo Gomes (2006),
por uma reformulação, entretanto, continuam a se fundamentar como diretrizes de
organização e mediação da informação, uma vez que ainda hoje determinam os modelos e as
técnicas de classificação existentes e sistemas informatizados.
Svenonius (2000); Taylor (2004); Joudrey (2008); Brascher e Café (2010), Kuramoto
(2006) e Barité (2001) são outros autores na atualidade que abordam a temática da
Organização da Informação e que tomamos como referencial teórico para nosso estudo. A
visão comum a esses autores é de que, cada vez mais, a sociedade e instituições dependem da
informação para desenvolverem seus conhecimentos e habilidades. Assim sendo, o processo
de organização da informação deve existir para auxiliar o indivíduo em sua tomada de
decisão, sem que este perca seu tempo e o interesse por conhecer determinado assunto.
Entre os principais objetivos da organização da informação, destacamos os apontados
por Brascher e Café (2010): para as autoras, “o principal objetivo da Organização da
Informação é o de possibilitar o acesso ao conhecimento contido na informação”. (p.5).
Já Taylor e Joudrey (2008) colocam que organizar a informação trata do cumprimento
de procedimentos, como:
Identificar a existência de todos os tipos de recursos informacionais assim
que eles estiverem disponíveis;
identificar trabalhos contidos nestes recursos informacionais ou partes deles;
agrupar sistematicamente esses recursos informacionais em coleções de
bibliotecas, arquivos, museus, arquivos da internet, e outros tipos similares de
repositórios;
produzir listas desses recursos informacionais preparadas de acordo com
regras padronizadas para citação;
oferecer nome, título, assunto e outro acesso útil para esses recursos
informacionais;
oferecer os meios de localização de cada recurso informacional ou uma cópia
dele. ( p. 5-7).
O processo de descrição da informação, para alcance desses objetivos, é de
fundamental importância, uma vez que, de acordo com Brascher e Café (2010), o acesso ao
conhecimento se dá, por meio da informação registrada, da descrição física do objeto e do
conteúdo das suas unidades informacionais.
O processo de descrição física e de conteúdo dos objetos informacionais, desenvolvido
pela OI, resulta, segundo Brascher e Café (2010, p. 92), na Representação da Informação.
Segundo as autoras, essas representações da informação são construídas por meio de
28
linguagens específicas que podem tanto descrever a informação quanto discorrer sobre
documento (suporte físico).
As autoras colocam os processos de organização da informação como todos os
processos aplicáveis a objetos físicos e a unidades de informação – também chamados de
objetos informacionais. Desse modo, pode-se conceber por unidade de informação
organizável, textos, imagem, registros sonoros, representações cartográficas e páginas web.
Logo, a elaboração de resumos, a catalogação, a classificação, a indexação e o
estabelecimento de elos são processos de organização da informação que também podem ser
aplicados em ambientes virtuais, como é o caso do estudo em questão.
Brascher e Café (2010) e Kuramoto (2006) apontam diferenças entre a Organização do
conhecimento e a Organização da Informação. Nesse estudo, não trabalharemos a
Organização do Conhecimento. A quem se debruça a estudar a temática, trouxemos apenas
uma breve diferenciação entre a OC e a OI e seguiremos com nosso foco na OI.
A organização e a sistematização cognitiva do conhecimento, a organização dos
conceitos, bem como a construção de sistemas de organização do conhecimento aplicados a
unidades do pensamento, trata, segundo Brascher e Café (2010, p. 25), de atividades da
Organização do Conhecimento. Já a descrição de documentos, seus conteúdos, características
e objetivos, e a organização dessas descrições, a fim de tornar esses documentos e suas partes
acessíveis a pessoas que os procuram ou que procuram por mensagens neles contidas, tratam
da Organização da Informação,
Ainda de acordo com Brascher e Café (2010):
Esses dois processos produzem, consequentemente, dois tipos distintos de
representação: a representação da informação, compreendida como o conjunto de
atributos que representa determinado objeto informacional e que é obtido pelos
processos de descrição física e de conteúdo, e a representação do conhecimento, que
se constitui numa estrutura conceitual que representa modelos de mundo, os quais,
permitem descrever e fornecer explicações sobre os fenômenos que observamos.
(p.6)
Dessa forma, num consolidado conceitual, pode-se entender que contemplam a OI,
para autores como Hjorland (2008k), Brascher e Café (2010) e Kuramoto (2006), todo tipo de
método de indexação, resumo, catalogação, classificação, gestão de arquivos, bibliografia e a
criação de bases de dados bibliográficas e textuais para a recuperação da informação. Embora
áreas distintas, a OI e OC refletem uma relação de extrema dependência uma sobre a outra,
29
principalmente quando consideramos as novas experiências para a construção do saber. Cada
vez mais, a aquisição do conhecimento tem demandado que a informação se encontre
organizada. Embora as duas áreas sejam importantes e complementares, à consolidação do
conhecimento, em virtude dos desdobramentos do nosso estudo, ressaltamos novamente que
daremos foco apenas no estudo da OI.
A temática do grande fluxo de informação e a necessidade das organizações
fortalecerem a Organização da Informação em seus sistemas e redes é tratada por Braga
(2010) no artigo “O excesso de informação - a neurose do século XXI”.
Segundo o autor, uma vez que se tornou possível acessar informações sobre quase
tudo no mundo e estabelecer contato direto com as fontes de informações, o excesso de
informação se tornou um desafio às instituições, no tocante à organização das informações, a
fim de evitar a desinformação ou ansiedade no usuário em rede.
O autor segue afirmando que o excesso de informações, ao invés de embasar o
conhecimento e auxiliar a tomada de decisão, tem causando enormes prejuízos às instituições
e às pessoas, pois tem realizado uma dispersão do conteúdo informacional e isto tem gerado
conclusões mal fundamentadas e decisões equivocadas por parte dos usuários e empresas.
Braga (2010) considera que, por haver informação demais na rede e pouco tempo de
processamento, o próprio usuário demanda a mediação desses conteúdos para não se
atrapalhar em seu processo de aquisição do conhecimento. Fato também notado por Belkin
(1980), citado por Sayão (1996):
Quando um usuário inicia uma busca, ele não sabe com exatidão o que pretende
procurar, criando uma espécie de angústia, amenizada somente no momento em que
navega pela base. Esse estado transitório o autor chama de “estado anômalo de
conhecimento”, ou seja, o alto grau de indefinição do usuário em relação ao assunto
que procura, sendo o seu desejo de informação altamente nebuloso antes de
consolidar a busca. (p. 32)
Logo, fica evidente que o processo de organização da informação, além do suporte de
organização (físico), é também altamente dependente do recurso humano e do seu fazer
operacional dos chamados agentes de informação.
Nesse sentido, diante de uma capacidade técnica e expertise, os agentes que organizam
a informação conseguem atingir um nível de detalhamento da informação documental para
fundamentar um conhecimento mais aprofundado e dispô-lo ao usuário, auxiliando-o a dirimir
esse problema da ansiedade e o sentimento de impotência que este tem sobre o não saber algo,
30
uma vez que são apresentadas melhores condições de busca para que o espaço de tempo da
sua angústia seja menor ou até inexistente.
Braga (2010) considera que na atualidade a busca por se mostrar antenado com as
coisas do mundo faz com que o indivíduo fique impossibilitado, pela ansiedade, de obter e
avaliar os conteúdos que são, de fato, fundamentais e verídicos para formulação de um senso
crítico sobre determinado assunto. Nesse caso, absorve e produz do supérfluo e do
fundamental e isto se torna um grande problema para as empresas.
“ O viciado em informação precisa saber tanto sobre a nova tecnologia de aparelhos
de mp3 quanto o resultado do campeonato mundial de ping-pong, tanto sobre as
oscilações da bolsa em Kuala Lumpur quanto à nova safra de desenhos animados do
Cartoon Network, independente da necessidade real de saber tais coisas”.
AZEVEDO (2002. p.12)
Por não saber buscar a informação corretamente ou, ainda, não encontrar agentes de
informação formais ou instrumentos de informações satisfatoriamente organizados, o
indivíduo acaba por se submeter ao vício informacional. Nessa lógica, a informação obtida
sempre será proveniente de diversas fontes e nunca será suficiente. Quanto mais informações
soltas o indivíduo obtiver, mais ficará sabendo da existência de novas fontes e isso
desencadeará uma precocidade no ciclo de maturação da informação, podendo levar o
indivíduo a afetar outros indivíduos pela desinformação.
Ao realizarem o seu processo de trabalho de forma correta, os agentes e gestores de
sistemas promovem uma diminuição do “empilhamento de informações” dos usuários
ansiosos, facilitam seu trabalho de fornecer informação para transformá-la em conhecimento e
ampliam os seus leques para tomada corretas de decisões.
Outro fator de grande importância para as organizações no que tange ao atendimento
de seu público, além dos agentes de informação, trata-se, segundo Rabello (2006), da escolha
e desenvolvimento de modelos e ferramentas estratégicas de organização, gerenciamento da
informação, que possam vir a servir a instituições e seus membros, interna e externamente,
nos sistemas.
Ilustram metodologias de organização da informação, os modelos de gerenciamento
Sistêmico e Emergente, os quais estudaremos adiante.
No Modelo Sistêmico, o processo de organização da informação, adotado pelos
agentes, “consiste na demanda de informação, na produção de documentos e/ou análise
linguística destes, tradução (quando pertinente), catalogação, e, posteriormente, a consulta dos
31
usuários e especialistas,” para, então, sistemas serem elaborados e o estoque de informação
ser disponibilizado. BORKO (1968, p. 72).
Rabello (2010) explica que no modelo sistêmico
Os profissionais da informação buscam sustentar, a priori, os seguintes padrões: a)
conhecimento prévio das fontes de interesse ao usuário, mediante uma intervenção
seletiva; b) definição do modelo de intermediação, com critérios previamente
estabelecidos; e c) definição prévia dos objetivos da mediação da informação,
apontando para supostas predições de resultados. (p.23)
Souza citado em Carvalho; Lucas; Gonçalves (2010) destacam os bibliotecários e os
processos de ordenação do conhecimento - registrados para fins de guarda, arquivamento e
recuperação com uma intervenção seletiva das fontes - como pontos importantes do modelo.
Na atualidade, em que se desenvolvem múltiplos canais de comunicação e há a
existência assídua da virtualidade, os processos de organização e gerenciamento da
informação, pautados na priorização de documentos utilizados via modelo sistêmico, possuem
uma dificuldade maior quanto à concepção, principalmente, pela dificuldade de definição do
público-alvo.
Rabello (2010) esclarece que:
a ideia de controle imaginada no .modelo sistêmico” se dissipa pela dificuldade
imposta de definir conceitualmente um público-alvo, o qual fará uso da informação.
Nesse ambiente, a dificuldade de projeção daquele que será o usuário da informação
remete à existência de um modelo distinto do “tradicional”, ou seja, um modelo que
admite a existência de uma “audiência não planejada”, de difícil controle.
RABELLO (2010. p.3)
Segundo Rapetti (2007), entre uma das propostas de metodologias de organizar a
informação atuais é a Folksonomia, conceito que será visto adiante. A folksonomia faz parte
do modelo emergente, um modelo que prioriza o usuário. O modelo emergente inicia a
organização da informação pelo processo de escuta do usuário e de suas necessidades para,
então, depois preocupar-se com a seleção das fontes e do documento capaz de atendê-lo em
sua necessidade.
De acordo com Ferreira (1995), tanto o modelo emergente como o modelo sistêmico
são baseados na classificação do conhecimento e adotam técnicas de organização da
informação como a Taxonomia (hierarquização e categorização) e o método de classificação.
Como cada vez mais o usuário se utiliza do ambiente da internet para se informar, as
necessidades de interação e de agilidade na organização das informações disponíveis
32
conduzem as organizações para: uma ideia de utilização de classificações mais ágeis, capaz de
utilizar instrumentos lógicos e linguísticos mais complexos de controle dos processos de
representação e que acompanhe o ritmo demandado pelos usuários e pela sociedade. Nesse
contexto, “há a possibilidade de uso de linguagens naturalmente e artificialmente
construídas”, NAVARRO (1996, p. 97).
De acordo com Maculan, et al, (2009), pela incapacidade natural dos agentes de
informação cobrirem e competirem com todo conteúdo produzido em rede, essas linguagens,
naturalmente e artificialmente construídas, teriam a finalidade de descrever sinteticamente
conteúdos documentais, auxiliando assim os usuários e gestores de informação na
organização das informações em seus sistemas.
As taxonomias que servem de instrumento para a organização e recuperação de
informação em empresas e instituições são algumas dessas linguagens. Num sentido
ampliado, define-se a taxonomia, “como a criação da estrutura (ordem) e dos rótulos (nomes)
que ajudam a localizar a informação relevante”, MARTINEZ et al, (2004, p.106).
Segundo Figueiredo (2006), as taxonomias devem atender a diferentes objetivos e
facilitar a compreensão e exploração do conteúdo. Para Campos e Gomes (2008), as
taxonomias se apresentam como vantagens aos gestores e aos usuários de sistemas, em
virtude de sua flexibilidade e pela possibilidade de organização e recuperação de informação,
através da navegação simplificada, pois comportam, em uma só estrutura, todos os dados. “As
taxonomias podem ainda ser utilizadas como instrumento de organização intelectual, atuando
como um mapa conceitual dos tópicos explorados em um SRI; além de fornecerem um novo
mecanismo de consulta em portais institucionais, através de navegação”. CAMPOS E
GOMES (2008, p. 22).
Segundo Maculan, et al (2009), o aproveitamento real das características da
taxonomia, como instrumento de organização da informação em um sistema, só é possível
mediante o respeito a algumas condicionantes, a fim de garantir tanto a integridade da
informação quanto de seu processo de recuperação. O termo está, para os autores, entre um
dos aspectos mais importantes de serem preservados.
Ainda de acordo com as autoras, a escolha do termo no sistema ou documento deve se
preocupar com a comunicabilidade, com vistas à linguagem do usuário; com sua utilidade,
uma vez que se trata da representação do conteúdo de um documento ou um conjunto de
documentos; e com a compatibilidade do termo junto a sua área.
33
Segundo Lara (1993), citada em Fujita e Souza (2014), “a organização e a recuperação
da informação em qualquer sistema de informação envolvem o processo de comunicação
documentária que enreda a codificação e a decodificação dos conteúdos informacionais”
(p.29). Estes têm, por finalidade, criar representações e disponibilizar a informação tratada
para recuperação. Nessa perspectiva, a concretização dessa comunicação implica na adoção
de um sistema de diferentes práticas e técnicas documentais de trato intelectual e mecânico da
informação.
Pela incapacidade de organizar todo o universo de conteúdo da internet, muitos
gestores de sistema de informação têm empregado instrumentos de organização da
informação que se utilizam do usuário. É o caso da Folksonomia. O termo Folksonomia
refere-se à “classificação popular”.
De acordo com Maculan, et al (2009), essa classificação se apoia no processo de
etiquetagem: “Nesse processo, o usuário atribui tags (etiquetas) de maneira intuitiva a
determinado conteúdo da Web, como fotografias digitais, vídeos, textos, músicas, referências,
links, entre outros, ( p.8)”.
Os sistemas que adotam a folksonomia têm como benefícios a utilização da linguagem
natural do usuário para representar, organizar e recuperar conteúdos informacionais.
Segundo Lopes (2002), um dos problemas muito comuns encontrados nos SI, e que
geram desinformação, referem-se às buscas nos sistemas. O autor explica que, geralmente,
nas bases de dados dos sistemas, os campos de título e resumo são registrados pelos agentes
de informação com termos de indexação baseados em Linguagem Controlada. Ocorre que o
processo de recuperação da informação pelo usuário no SI, quando realizado, ocorre por meio
do da Linguagem Natural. Desse modo, o usuário, ao tentar buscar uma informação no SI,
pela diferença entre a linguagem que foi indexada pelos agentes (Linguagem Controlada) e a
que o usuário fez uso para buscar ( Linguagem Natural), não consegue recuperar o dado da
forma esperada. Sistemas que adotam a folksonomia podem contribuir para minimizam riscos
como esses e a desinformação, uma vez que promovem o processo inverso: coletam a
indexação via Linguagem Natural e, posteriormente, as elenca via Linguagem Controlada.
Diante dessa possibilidade de estabelecimento de regras entre as linguagens controlada e
natural, torna-se, segundo com LOPES (2002.p. 42), “possível o encontro entre uma pergunta
formulada e a informação armazenada em uma base de dados”.
A polissemia e sinonímia, por exemplo, possíveis de ocorrer com o uso de
folksonomia, repercutem em inconsistências no vocabulário de sistemas de informação que se
34
baseiam em linguagem natural, mas são aspectos que, com a utilização de instrumentos como
os tesauros e Linguagem Controlada poderiam, segundo a autora, auxiliar no preenchimento
do espaço entre usuários e máquinas e proporcionar a consistência terminológica, amenizando
os problemas citados de recuperação da informação.
Nessa lógica, quando o usuário tentar realizar, por meio de seu vocabulário, o processo
de recuperação da informação, e o sistema observar irregularidades semânticas no processo de
descrição do usuário, o próprio sistema recomendará uma representação vocabular, garantindo
o controle terminológico da temática ou da área em questão e evitará a perda de informação.
Em todos os processos de recuperação de documento, inclusive no processo de
recuperação do documento via linguagem baseada em Folksonomia, ou Linguagem
Controlada, o processo de indexação se apresenta como um importante indicador de garantia
da eficiência de um sistema de informação. Por ser de fundamental importância ao processo
de Organização da Informação, discutiremos, agora, esse indicador.
Segundo o sistema internacional World Information System for Science and
Technology (UNISIST, 1981), o processo de indexação consiste na ação de descrever e
identificar um documento de acordo com seu assunto. No Brasil, a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT, 92), é a instituição que rege a normatização para diferentes setores,
produtos e serviços e define a indexação pelo ato de identificar e descrever o conteúdo de um
documento com termos representativos dos seus assuntos.
Tanto na literatura internacional quanto na nacional especializada, ao ato de indexar
são apontados um número variado de etapas. A NBR 12676/1992 elenca 3 etapas para o
processo de indexação;
Etapa 1. O exame do documento e estabelecimento de seu conteúdo;
Etapa 2. A identificação dos conceitos presentes no assunto;
Etapa 3. A tradução desses conceitos nos termos da linguagem de indexação.
Na Figura 1, o processo de indexação em suas três etapas conforme estabelece a NBR
12676/1992 é trazido.
35
Figura 1 – Etapas do processo de indexação.
Fonte: NBR 12676/Associação Brasileira de Normas Técnicas-1992
A etapa 1, de exame do documento e estabelecimento de seu conteúdo, é também
conhecida como análise de assunto, análise de conteúdo, análise temática ou análise
documentária, e pode ser concebida como o processo de extrair conceitos capazes de traduzir
a essência do documento.
Segundo Fujita e Sousa (2014), a compreensão do conteúdo, nesta etapa, tem
dependência com a forma que o documento assume, se gráfica, se não gráfica, se impressa, se
não impressa, por exemplo. Para as autoras, a compreensão do assunto se dá pela leitura e esta
deve considerar, para a indexação, partes tidas como importantes no documento, a exemplo de
título e subtítulo, resumo, sumário, introdução, ilustrações, diagramas, tabelas e seus títulos
explicativos, palavras ou grupos de palavras em destaque e referências bibliográficas.
A realização da indexação, apenas pelo título ou partes isoladas do documento, não é
recomendada e infere em uma forma negativa de se indexar, uma vez que, para elas, estas, de
forma isolada, podem não expressar o verdadeiro conteúdo do documento.
A etapa 2 de identificação dos conceitos é quando o indexador deverá selecionar
termos que expressem o conteúdo do documento. “A escolha de tais conceitos deve obedecer
a categorias importantes da cobertura do documento, sendo: o fenômeno, o processo, as
propriedades, as operações, o material, o equipamento, etc, FUJITA E SOUSA (2014, p. 24)”.
Nessa etapa, as autoras afirmam não ser necessário ao indexador o acréscimo de todos os
termos que este escolheu em seu processo examinatório, sendo apenas necessária a escolha
dos termos que este julga atender ao objetivo para o qual o documento foi indexado. As
autoras acrescentam que ao fazer a escolha dos conceitos, o indexador deve ter em mente a
36
função de recuperação da informação e levar em consideração os conceitos apropriados para a
comunidade usuária e, quando necessário, mudar os instrumentos de indexação. Isso, com
base no retorno dado pelos usuários.
Chaumier (1988) acrescenta que a escolha dos conceitos a serem representados deve
se basear na aplicação pelas regras da seletividade e exaustividade. Na primeira, seletividade,
só devem ser relacionados os conceitos que representam as informações do documento de
interesse ao usuário e, na segunda, exaustividade, todos os conceitos úteis devem ser
relacionados.
A terceira e última etapa consiste na tradução desses conceitos em termos da
linguagem de indexação, direcionando a tradução dos assuntos selecionados para
instrumentos de indexação verbais. Esses instrumentos “podem ser representados por tesauros
e listas de cabeçalhos de assunto, dentre outros instrumentos simbólicos, onde os conceitos
são representados por símbolos de classificação, FUJITA E SOUSA (2014, p, 25).”
O quadro abaixo traz a discriminação realizada do processo de indexação em cada um
dos três estágios.
Quadro 2 – Estágios de Indexação
Fonte: FUJITA E SOUSA (2014)
37
Sobre a indexação, Fujita e Sousa (2014) ressaltam, ainda, a importância do texto para
o profissional indexador. Esclarecem que, sobre o texto, o indexador deve manter uma
interação de dois níveis: de apropriação terminológica e de apropriação conceitual. A
familiaridade possuída pelo indexador via apropriação da terminologia e descritores de suas
enciclopédias particulares permite a este incorporar novas informações aos sistemas, formular
expressões de busca, estabelecer diálogos interdisciplinares, sem, portanto, conduzir este
profissional ao entendimento do conjunto de que trata o texto. A Apropriação conceitual fará
o indexador conhecer, mais especificamente, os conceitos e interfaces que os descritores
apresentam em áreas distintas do conhecimento. Quando bem executada nesses dois níveis, a
indexação subsidiará o usuário a obter, nos sistemas de informação, de forma eficaz e
adequada, todo pedido do dado informacional, repelindo a presença de ruídos e silêncios e o
fenômeno da desinformação.
Esses processos visam garantir que não haja incoerência sobre o que foi procurado e o
que se encontrou, “ou ainda inibir a sensação de frustração do usuário sobre saber da
existência de um determinado documento e não encontrá-lo”. CHAUMIER (1988, p.74).
38
4 SISTEMAS E REDES DE ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Na literatura científica, são muitas as definições encontradas para determinar a ideia de
sistemas de informação (SI). Num ponto de vista genérico, "[...] o termo sistema traz de
imediato a ideia de um todo orgânico, governado por leis próprias, que definem a sua
estrutura e o seu funcionamento e o dirigem a um fim determinado”. SANTOS (1999, p. 47).
Na Ciência da Informação, as definições para sistemas são encontradas sob duas
perspectivas: as que tratam as questões de recuperação da informação (SRI); e as que se
voltam para procedimentos que constituem um sistema em sua completude. Na primeira
perspectiva, o sistema é tido como dispositivo que se propõe a buscar documentos de uma
base de dados, em resposta a uma solicitação do usuário, de forma que o conteúdo dos
documentos corresponda às suas necessidades de informação,
TURBAN:MCLEAN:WETHERBE (1996). Na segunda perspectiva, sistemas de informação
são definidos “como um dispositivo que trata a representação, armazenamento, organização e
acessos ao item de informação, KURAMOTO (2006, p. 25)”.
Para Kuramoto (2006), no que diz respeito à organização da informação, a primeira
definição trazida de sistema evidencia apenas a interface de busca em detrimento de outros
processos e proponentes que existem num sistema, enquanto que a segunda se mostra capaz
de deduzir que uma coleção de documentos, antes de ser disponibilizada para consulta, passa
por um processo de construção da representação e de organização por agentes de informação.
Num sistema, segundo Kuramoto (2006), o objeto a ser recuperado não é a
informação, e sim o documento, ideia também defendida por Ferneda (2003). Para o autor,
“os sistemas não recuperam informações e sim textos e/ou documentos que podem ser
utilizados como informação em potencial. FERNEDA (2003, p. 72)”.
Conforme pode ser visualizado na Figura 2, todos os Sistemas de Informação, que
podem ou não ser informatizados, incluem atividades de entradas, processamentos e saídas.
39
Figura 2 – Atividades de entradas, processamentos e saídas Sistema de Informação.
Fonte: Turban: Mclean:Wetherbe,1996.
Segundo TURBAN: MCLEAN:WETHERBE (1996), a atividade da entrada ou
(input) consiste na captação e agrupamento dos dados primários e é onde o sistema recebe
entradas (inputs) ou insumos para poder operar. TURBAN: MCLEAN:WETHERBE, (1996,
p.29) esclarecem que a entrada de um sistema é tudo o que o sistema importa ou recebe de seu
mundo exterior. Para a etapa de entrada, Barbalho (2002) aponta três habilidades a serem
adotadas pelo agente de informação para o bom desempenho do sistema. São as habilidades
técnicas, humanas e conceituais.
a habilidade técnica capacita o profissional para utilizar os conhecimentos, técnica e
equipamentos necessários para a recuperação da informação; a habilidade humana,
representa a capacidade necessária para lidar com qualquer tipo de usuário, e a
habilidade conceitual, representa a capacidade de conhecer o ambiente
informacional como um todo. BARBALHO (2002, p.13)
A segunda atividade, a de processamento, consiste na conversão dos dados em saídas
úteis. Em linhas gerais, nessa atividade:
os dados são submetidos a atividades de processamento como cálculo, comparação,
separação, classificação e resumo. Estas atividades organizam, analisam e
manipulam dados, convertendo-os assim em informação para os usuários finais. A
informação é transmitida de várias formas aos usuários finais e colocada à
disposição deles na atividade de saída. WAKULICZ (2016, p.27)
40
Desse modo, os dados, quando entram no sistema, convertem-se em produtos
(documentos) que por meio de equipamentos (suportes informatizados como computador) ou
não) o usuário poderá fazer uso.
A última atividade do sistema, a de saída ou (output), envolve a transferência de
elementos produzidos por um processo de transformação até seu destino final e gera, como
possíveis produtos, relatórios, gráficos, cálculos, etc.
Composto por software, hardware, bancos de dados, telecomunicações, pessoas e
procedimentos, os sistemas informatizados são, na atualidade, os modelos de sistemas que
mais vem sendo utilizados pelas instituições. Rezende e Abreu (2003) esclarecem a
preferência pelo uso desses sistemas informatizados afirmando que estes estão configurados
para coletar, manipular, armazenar e processar dados em informação em volumes e
velocidades cada vez maiores para atender as demandas dos usuários e das empresas.
Laudon e Laudon (1999) classificam os sistemas em três níveis: operacional,
gerencial e estratégico. O quadro abaixo apresenta a classificação trazida por Laudon e
Laudon (1999) dos sistemas e suas atividades.
Quadro 3 – Classificações dos sistemas segundo LAUDON e LAUDON (1999)
TIPOS DE SISTEMAS ATIVIDADES
Sistemas de Informação Operacionais
(SIO) ou Sistemas de Apoio às
operações de Processamento de
Transações
Auxiliar com o controle dos dados, o quadro funcional das
organizações quanto às operações de funcionamento harmônico das
unidades do departamento.
Sistemas de informações Gerenciais
(SIG) ou sistemas de Apoio à gestão
Organizacional ou Sistemas Gerenciais -
MIS (management information systems)
Abarcar o processamento de grupo de dados e transações
operacionais, convertendo-as em grupos de informações para
auxílio à gestão
Sistemas de informação Estratégicos
(SIE) ou Sistema de Informação
Executivo ou Sistemas de Suporte à
Decisão Estratégica, em inglês são
conhecidos pela sigla EIS (executive
information system)
Processar o grupo de dados das atividades operacionais e transações
gerenciais, convertendo-as em informações estratégicas.
Fonte: LAUDON e LAUDON (1999)
Segundo Laudon e Laudon (1999); e Rezende (2005), os tipos de classificação de
sistemas variam de acordo com o nível de detalhamento para a tomada de decisão pelo
41
usuário que dele se utiliza. Nos SIO, as informações são apresentadas no menor nível,
contemplando os componentes básicos de funcionamento operacional dos departamentos ou
órgãos. Nos SIG, os dados são agrupados e apresentados ao corpo gestor num nível
intermediário para tomada de decisões e nos SIE, trabalham com os dados num nível macro,
filtrando dados das operações organizacionais, considerando os ambientes internos e externos,
visando auxiliar o processo de tomada de decisão da alta administração.
Na atualidade, principalmente nas organizações, os sistemas de informação buscam
acompanhar seus públicos e, cada vez mais, segundo LAUDON e LAUDON (1999), as funções dos
SI vêm sendo ampliadas e adaptadas ao usuário.
Um dos modelos na atualidade que tem ganhado destaque trata do modelo proposto
por Rezende (2005), chamado Modelo Dinâmico (ilustrado na Figura 3)
Figura 3 – Modelo dinâmico de sistemas de informação.
Fonte: REZENDE, (2005, p. 25)
Rezende (2005) aponta, como ponto favorável desse modelo de sistema Dinâmico, a
adoção de uma base de dados única. O autor segue afirmando que a seleção dos dados de
entrada nessa base única é realizada de forma muito criteriosa pelos agentes de informação,
perpassando o levantamento, a triagem, a análise e avaliação das necessidades dos dados para
que essas ações possam permitir uma sinergia de informações e uma ampliação da
inteligência organizacional e da competitividade nos diversos setores da organização. A
42
adoção de uma base de dados única em um sistema facilita, para o autor, a comunicação
interna e externa da instituição e inibe possíveis divergências pela duplicidade de dados.
Logo, funciona como indicador de organização de sistemas.
Bazzotti e Gracia (2012. p.6) acreditam que os sistemas de informação, de forma
estruturada, dão condições para que as empresas reajam às mutações do mercado e se sintam
alicerçadas por um processo decisório, forte o suficiente para garantir a resolução dos
problemas.
Em um sistema, as atividades de organização da informação – a fim de garantir essa
integridade - ocorrem com maior frequência nos processos de entrada e processamento dos
dados. Nesse sentido, recursos de organização da informação já estudados, como indexação,
taxonomias e o uso de vocabulários controlados - bem como demais metodologias e técnicas
presentes na área organização da informação que podem auxiliar gestores e sistemas quanto à
recuperação precisa e coerente de um documento - devem ser executados nessas fases.
Em razão da metodologia do Modelo Dinâmico envolver uma base de dados única,
capaz de evitar duplicidade e inconsistência de dados, o modelo é tido como ideal para as
organizações. Entretanto nem sempre - por razões que envolvem por exemplo, desde a cultura
organizacional e aspectos como custo com profissionais especializados e aquisições de
hardwares e softwares as organizações, especialmente - as de cunho governamental fazem
desse modelo a sua realidade.
Para Sayão (2002), dentro do contexto organizacional, o que se nota é a presença de
vários subsistemas e redes não integrados. Por não estarem integrados, ou ainda, serem
informais esses sistemas acabam por não garantir eficiência e eficácia aos processos de
recuperação da informação interno e externo à organização e promovem a dispersão do
usuário para outros sistemas e redes de informação. Essa capacidade de dispersão do usuário,
causada por informações desencontradas presentes nesses sistemas não oficiais, pode gerar
fenômenos como o da desinformação.
Apesar da eficiência de um sistema não ser medida por sua capacidade de
informatização, na atualidade, as vantagens ofertadas pelo processo de automatização têm, no
contexto das organizações, feito com que as instituições busquem esse processo de forma
cada vez mais constante. Assim sendo, o processo de organizar a informação que antes já
perpassava a preocupação maior com o processo de organizar o documento tem, também, para
CÉDON (2005, p.26), mostrado a necessidade para se pensar a organização do sistema a
partir da sua estrutura.
43
Em relação à estrutura dos sistemas de Informação, ZWIES (2000) coloca que a
Arquitetura de informação (AI) tem desempenhado um importante papel de auxílio aos
usuários e organizações, e os websites são exemplos disso. Não discutiremos AI nesse estudo.
Apenas destacaremos que, “ao desenvolver metodologias e desenhos de navegação para
sistemas informatizados, a AI viabiliza os fluxos das informações no sistema, o que por sua
vez implica numa facilidade de acesso e navegação para usuário no sistema”. ZWIES (2000.
p. 123).
Outro elemento que tem destaque no processo de organização da informação nos SI
são as redes de informação. Dentro da amplitude de conceituações para redes que destacam
abordagens biológicas, tecnológicas e sociais, em nosso estudo, tomamos como arcabouço
teórico as autoras Vieira (2005) e Marteleto (2007), que destacam os aspectos sociais da rede.
Na Ciência da Informação, o conceito de rede é tido por Marteleto (2007) como
transversal, uma ferramenta de análise e um conceito operatório-metodológico dos estudos da
informação, comunicação e afins.
Vieira (2005), numa visão complementar a Marteleto (2007), define rede como um
conjunto de sistemas de informação descentralizados, intercomunicantes, formados por
unidades funcionais independentes, com serviços e funções inter-relacionados, cuja interação
é presidida por acordos de cooperação e adoção de normas comuns. “Uma rede de
informação é um grupo de unidades e serviços de informação voltados para um interesse
comum [...] um arranjo formal que reúne várias organizações engajadas para a consecução de
objetivos comuns, buscando a troca de informações, materiais e/ou serviços”. KATZ (1997,
p.5).
Vieira (2005) e Marteleto (2007) consideram a unidade básica de formação de uma
rede o relacionamento mínimo entre três indivíduos, a chamada tríade. A díade, relação entre
dois indivíduos, apesar de ser apontada por alguns autores como possível unidade elementar, é
pouco utilizada. Complementando a discussão proposta pelas autoras, sobre a unidade de
formação da rede, Forsé (2002) esclarece que a díade depende da “pura individualidade” de
cada um dos seus membros, pois se um dos indivíduos que a compõe desaparece, a relação
entre eles desaparece.
Segundo Marteleto (2007) e Vieira (2005), no estudo das redes, os produtores de
conhecimentos não trabalham de forma isolada. Mantêm, entre si, relacionamentos que
podem ser duradouros ou não. Tudo irá depender dos objetivos delineados durante a
construção da rede. Independente da duração dessa relação, as autoras acreditam que as redes
44
possuem, em si, o acordo de cooperação, o intercâmbio e serviços de informações e a
conectividade como seus elementos intrínsecos. Assim sendo, os indivíduos em rede sempre
buscarão se movimentar no sentido de reunir e criar novos conhecimentos. Por ser
“relacional- reticular”, e estar baseada em banco de dados e no que se autodenomina de “neo-
arquivo”, a concepção de rede, para as autoras, “introduz um novo momento de organização
do saber, pois realiza uma abertura para ver a cultura, os sentidos, a ideologia, o desejo, a
política, a sabedoria, enquanto elementos inscritos nos atos e processos de informar, conhecer
e comunicar, envolvidos nas teias, fluxos e dispositivos textuais, imagéticos, tecnológicos”.
MARTELETO (2007, p.8).
BAREL; CAUQUELIN (1993, p. 274), assim como MARTELETO (2007) e VIEIRA
(2005), acreditam que a rede possui, em sua estrutura, uma interconexão instável, cuja
variabilidade obedece a alguma regra de funcionamento. Essa regra de funcionamento é
denominada de regime de informação. Nas redes governamentais, objeto de nossa análise, as
estruturas de funcionamento das redes e sistemas seguem os regimes de informação de ordem
do governo e, portanto, devem operar seguindo as bases e orientações as quais este determina
em sua política de informações.
Na esfera governamental brasileira, esses interesses são regidos pelas Políticas de
Informação com diretrizes formuladas pelo Programa da Sociedade da Informação, a partir do
Livro Verde (Sociedade, 2000). Segundo Ferreira (2003), entre os objetivos estabelecidos no
Livro Verde, adotado enquanto diretriz para os estados, destaca-se o de promover o uso das
tecnologias de comunicação-TICS nos campos econômico e social, a fim de ampliar a
infraestrutura de informação e de serviços, facilitando amplo acesso da população à
informação produzida pelo governo e disponível em websites por meio do Governo Eletrônico
(e-Governo).
A aplicação do sistema de rede pelos governos tem sido uma atitude cada vez mais
constante. Segundo BALANÇO E LEONY (2006, p. 9), “os gestores do governo têm se
voltado para ampliar as ações do governo em benefício da cidadania por meio da prestação de
serviços e oferta de informações”. Seja horizontalmente, dentro da mesma esfera de governo,
ou verticalmente, entre as diversas esferas (federal, estadual e municipal), e, respeitando a
política de informações macro estabelecidas, “cada órgão vêm desenvolvendo e apresentando
um modo singular de produção informacional ao atendimento do público interno via rede
intranet, ou por meio de um link externo, e principalmente, por meio de websites”,
BALANÇO E LEONY (2006, p. 3).
45
Fachin e Blattmann (2011) definem website como um conjunto de arquivos de
computador, armazenados através de CD-ROM ou rede local, que devem facilitar o acesso
posterior, pela internet, do usuário a texto, diagramas, imagens, animação, som, vídeo,
programas, entre outros. No desenvolvimento de páginas website, a mensagem a ser
transmitida deve ser, para os autores, a base do trabalho dos agentes de informação. Sendo
assim, as páginas devem ser estruturadas e desenvolvidas com a utilização de elementos
gráficos e com base em conceitos ergonômicos de forma a transmitir clara e inequivocamente
a mensagem desejada, observando a adoção de alguns critérios que se fundamentam enquanto
processo de organização, “como o estabelecimento de uma “gramática, de um estilo,
diagramação, indicações sobre os vínculos, figuras e o credenciamento da autoridade
responsável ”. FACHIN E BLATTMANN (2011, p.6).
Desse modo, sabendo do que se trata o sistema estudado, e como a organização das
informações deve ser pelos agentes de informações estruturada, seguimos com a apresentação
da metodologia do trabalho e com o estudo do Programa Mais Médicos e a tentativa de
manter a informação de maneira concentrada, organizada para a fundamentação do
conhecimento por meio de um Sistema de Informação.
46
5 MEDOTOLOGIA DE PESQUISA
GIL (2008. p.7) define como método “o conjunto de procedimentos intelectuais e
técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. Segundo o autor, o objetivo do método é o
de fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa, sobretudo na obtenção,
processamento e validação dos dados pertinentes à problemática que está sendo investigada.
(Gil, 2008, p.15).
Como são muitos os métodos existentes na atualidade, a escolha de um em detrimento,
ou, em conjunto a outro, dependerá do objeto que se quer investigar e do que se pretende
descobrir com a sua aplicação. Em nosso processo formal e sistemático de desenvolvimento
do método científico, escolheu-se, como objetivo de pesquisa, estudar o processo de
organização da informação, aplicado ao sistema de informação do Programa Mais Médicos
para o Brasil, que se configura como um website.
No alcance do objetivo geral, definiu-se, enquanto objetivos específicos:
a) Promover a discussão teórica dos conceitos de dúvida, entropia informacional e
desinformação, organização da informação e redes e sistemas de informação;
b) Identificar e descrever o sistema de organização do programa Mais Médicos e a
situação de saúde pública no país no que tange à Atenção Básica e a formação de médicos;
c) Monitorar notícias veiculadas sobre o Programa Mais Médicos, a partir de 1 de
julho de 2013 a 20 de março de 2017, em jornais de circulação nacional, Facebook e no
website do programa e avaliar o volume de aproveitamento dessas notícias na produção e
organização dos documentos disponíveis no website oficial do Programa;
d) Selecionar indicadores da organização da informação que medem a diminuição da
entropia da informação e admitem as menores e maiores perdas de informação do programa.
Baseando-nos nas definições e distinções levantadas por Lakatos & Marconi (2001),
tem-se, do ponto de vista metodológico, o enquadramento de nosso trabalho no que confere a
seus objetivos, como um trabalho do tipo documental descritivo. Segundo Lakatos & Marconi
(2001), a resolução e melhoria nos processos e contextos encontram, na descrição e
observação dos problemas, o seu norte. Desse modo, acreditamos que o valor da pesquisa
descritiva é centrado na ideia de que problemas e práticas podem ser resolvidos e melhorados
por meio da descrição e análise de observações objetivas.
47
Deste modo, nossa pesquisa tanto assume a forma de levantamento como também se
trata de um estudo e análise de caso. Para Santos (2002), constitui-se um estudo de caso “um
tipo de pesquisa no qual um fenômeno ou situação individual é estudado em profundidade
para obter uma compreensão ampliada sobre outros casos, fenômenos ou situações similares”.
SANTOS (2002, p.6).
Na ótica do autor, os estudos de caso detalham o fenômeno para facilitar sua
compreensão, sem necessariamente, ambicionar a realização de testes ou construção de
modelos teóricos. De acordo com o autor, a capacidade de explorar processos sociais, à
medida que eles se desenrolam nas organizações, sem pleitear teorizações, permite firmar
uma análise mais consolidada acerca do contexto, dos processos, das ações e significados
construídos e manifestados nas organizações. Isto porque a investigação realizada é feita de
forma exaustiva, com amplitude e pormenorização do conhecimento da realidade e dos fatos
pesquisados, sem, necessariamente, partir de um modelo teórico inicial e muitas vezes
equivocado.
Yin (2001) complementa a informação, lembrando-nos que, no estudo de caso, o
fenômeno real não possui ainda limites claramente bem definidos entre o fenômeno e o
contexto, limites passíveis de serem conhecidos, inicialmente não por meio de teorizações,
mas, sim, pelo processo descritivo. Diferente do que se costuma pensar da pesquisa de estudo
de caso, uma vez que alguns autores questionam a utilização dos estudos de caso único, por
considerarem como de pouca base para generalização científica, o autor considera os “estudos
de caso como generalizáveis a proposições teóricas, justificando que essa generalização se
fundamenta de uma forma analítica, não sendo apenas generalizáveis quanto às questões que
envolvem as populações ou universos, o que ele denomina generalização estatística”. Yin
(2001.p, 78).
Postos estas questões, e, aparados na ótica de Yin (2001) e de Santos (2002), tem-se
que a esse tipo de pesquisa compreende uma natureza de pesquisa básica, em que a promoção
da ciência é realizada a partir de generalização analítica e não estatística de um fenômeno
real. Buscou-se contribuir à melhoria e práticas dos outros processos de organização da
informação, sem, entretanto, interferir sobre essa realidade ou pleitear formulações teóricas,
possibilidade que não se mostra nula a estudos subsequentes, uma vez que este levantamento
pode vir a dar subsídios para formulação de bases de dados a serem utilizadas em outras
pesquisas. Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. Nesta
abordagem, “estuda-se as coisas em seu cenário natural para buscar compreender e interpretar
48
o fenômeno em termos de quais os significados que as pessoas atribuem a ele”. DENZIN E
LINCOLN (2000, p.1).
Define-se universo de pesquisa como o todo pesquisado, do qual se extrai uma
parcela que será examinada e que recebe o nome de amostra, STEVENSON (1981, p.22). A
pesquisa tem como universo o Programa Mais Médicos, mais especificamente seu sistema de
informação - um website, que seria, portanto, a amostra da pesquisa. A escolha pela amostra
ocorreu por características não probabilísticas e por conveniência, em virtude da população de
trabalho não poder ser enumerada.
O trabalho foi apoiado no modelo de pesquisa bibliográfica e documental. Como
coloca Lakatos (2001), é papel da pesquisa bibliográfica buscar conhecer e analisar as
contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou
problema e isso se dá através do levantamento de referências teóricas já analisadas e
publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos. Contemplam
essas publicações, desde informativos avulsos, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses e materiais cartográficos.
5.1 Operacionalização da pesquisa e coleta de dados
A pesquisa bibliográfica realizada se operacionalizou em fases: a fase 1 consistiu na
recuperação de periódicos nacionais e internacionais do campo da Ciência da Informação e da
Filosofia. Buscou-se, junto ao Portal de Periódicos da Capes e da LISA (Library and
Information Science Abstracts); nos repositórios institucionais da Universidade Federal da
Bahia (UFBA) e IBICT, bem como de outras instituições; além dos anais do (Encontro
Nacional de pesquisa em Ciência da Informação - Enancib, especialmente junto ao GT2
(organização e representação do conhecimento); na Base de Dados em Ciência da
Informação- BRAPCI. Foram recuperadas, ainda, publicações avulsas, livros, monografias,
dissertações e teses acerca do tema Organização da informação.
Utilizando-nos, em português, das palavras-chave: Organização da Informação,
Organização da Informação na Web, Tendências de organização da informação,
Desinformação, Entropia informacional, sistemas e redes de informação e em inglês, das
palavras-chave: Organization of Information, Organization of Information on the Web,
Current information organization, Disinformation, information entropy, Information systems,
information networks, o aporte teórico foi levantado.
49
No viés filosófico, a pesquisa bibliográfica consistiu no estudo proposto por Decartes
e MATNER de verdade e certeza presente em seu livro o Discurso do Método, situado no
Capítulo 2.
Devido ao tema “Mais Médicos” ser atual, a recuperação bibliográfica sobre o
programa e a situação de saúde no país se deu a partir dos portais eletrônicos do Ministério da
Saúde (MS) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e através dos cadernos informativos
da Atenção Básica.
O passo seguinte, denominado em nosso estudo de fase 2, consistiu no levantamento
documental, por meio da técnica de clipping de notícias.
Clipping é um processo que consiste no monitoramento constante de
matérias jornalísticas, para que sejam coletadas aquelas que fazem
menção a uma determinada empresa. Com essas informações
devidamente organizadas, é possível elaborar relatórios que auxiliam a
empresa a disseminar informações de forma mais planejada, além de
serem fundamentais para toda a gestão da informação (Silva, 2015, p.
33).
Manualmente e online, com auxílio da ferramenta Google Alerts foi realizada, nos
motores de busca, dois processos de monitoramento.
O primeiro processo, iniciado em julho de 2013, fase de implantação do programa,
envolveu o monitoramento do programa em diversos canais de mídia digital. Todos os dados,
propositalmente, foram coletados, sem tratamento analítico, a partir das palavras-chave:
Programa Mais Médicos, Mais Médicos, Médicos Cubanos. Os termos tentaram simular o
comportamento de busca dos usuários junto aos motores de busca - pensou-se a observação, e
descrição do cenário a partir do usuário comum em busca de informações do programa
(perspectiva envolta de entropia). Buscando identificar um cenário da saúde no país, coletou-
se, também, outros dados junto às organizações Mundial da Saúde (OMS) e Pan-Americana
da Saúde (OPAS). Os resultados obtidos foram agrupados pelos critérios de convergências e
ineditismo de conteúdo, divergências e complementaridades, sendo o resultado da tabulação
um quadro compositivo que subsidiou o retratamento, tanto da situação de saúde no país
quanto sobre o cenário do programa.
O segundo processo de clipagem envolveu os sistemas, páginas de internet e
documentos oficiais do programa, tais como portarias, editais, cartilhas, folders, manuais,
relatórios e materiais informativos do programa. Essa etapa permitiu fundamentar
observações sobre como ocorreu o processo de organização dessas informações junto às redes
e sistemas de informação do Programa, verificando a incorporação, ou não, dessas
50
informações dentro dos documentos e website oficial. Nessa etapa, o processo de clipping se
desenrolou desde o momento de implantação do programa, em julho de 2013, até a fase de
conclusão desse estudo, em março de 2017.
Paralelamente às etapas citadas, realizou-se o mapeamento do sistema, culminando,
também, com uma coleta de dados visando a aplicação de um questionário com questões
abertas. A escolha por este instrumento se deu em razão da facilidade de envio, baixo custo e
maior facilidade de transcrição e consolidação dos dados. Este questionário foi destinado,
através de correio eletrônico, ao diretor de Atenção Básica do Estado da Bahia, à
Coordenação de Apoiadores Institucionais dos municípios baianos - que abrange a gestão de 9
Regiões de Saúde no Estado (os 417 municípios) -, à Comissão Coordenadora Estadual do
Programa Mais Médicos na Bahia- EESP/SESAB e a técnicos operacionais do programa no
estado.
As questões, todas abertas, que compuseram o questionário, tinham o objetivo de dar
ciência, levantar opiniões e expectativas, bem como medir a satisfação desses usuários sobre
as situações vivenciadas no processo de organização da informação, as quais as leituras
realizadas e a análise do sistema não permitiram evidenciar.
5.2 Análise e tratamento dos dados
Após esse levantamento bibliográfico, foram realizadas as devidas leituras e seleção
das fontes representativas dos aspectos que envolvem o problema e objetivo de pesquisa.
Selecionou-se as principais obras e teorias para formular o arcabouço teórico e realizar,
mediante modelo de análise baseado na tabulação de quadro teórico da área, a composição do
referencial teórico da pesquisa e um cruzamento entre os respectivos conceitos estabelecidos
do que se compreende por organização da informação e as práticas desenvolvidas e
encontradas no universo do Programa e Sistema estudado. A análise dos dados foi
fundamentada a partir de algumas questões norteadoras de pesquisa, como: Sobre o que
consiste o processo de organização da informação na Ciência da Informação? Como realizar
o processo de organização da Informação em suporte digitais? Como ele pode se mostrar
efetivo dentro de um contexto organizacional? Quais as implicações do processo de
organização da informação na condução de outro processo como a entropia informacional ou
desinformação? Quais as tendências na atualidade de organização da informação?
51
Para chegar aos objetivos propostos na investigação, a análise dos dados obtidos foi
realizada diante de uma leitura crítica acerca da área OI. As informações, advindas das
leituras da área de Organização da Informação e da clipagem foram condensadas em tabelas e
quadros no Microsoft Office Excel e comparadas a documentos oficiais do Programa Mais
Médicos, a fim de gerar indicadores de análise para organização da informação nas redes e
sistema. As respostas dos questionários foram qualitativamente analisadas e utilizadas a partir
da extração de fragmentos ou totalidade de resposta como meio de elucidação de
determinados dados não aparentes envolvendo a pesquisa.
52
6 PANORAMA DA SAÚDE NO BRASIL
Conhecer as práticas de organização da informação e o cenário informacional de
implantação do programa Mais Médicos perpassa o conhecimento sobre a realidade da
situação de saúde do país, especialmente no que se refere à Atenção Básica, área de atuação
do Programa Mais Médicos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o sistema público de saúde do Brasil. Foi
promulgado na Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, a partir das
intervenções preconizadas pelo Movimento da Reforma Sanitária. Ao SUS, é incubida a
tarefa de garantir acesso integral, universal e gratuito dos serviços de saúde à população.
Conforme dados extraídos do portal online do Ministério da Saúde, na atualidade, o Sistema
Único de Saúde beneficia cerca de 180 milhões de brasileiros, realizando, nas esferas
municipal, estadual e federal, as quais tem representação e governabilidade, por ano, o
equivalente a 2,8 bilhões de atendimentos, que vão desde procedimentos simples a
atendimentos de alta complexidade, como cirurgias e transplantes.
De acordo com BRASIL (2013), no SUS, a Atenção Básica (AB) ou Primária é a
principal porta de entrada do usuário. Seu objetivo é orientar sobre a prevenção de doenças,
solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves para níveis de
atendimento superiores em complexidade. Segundo consta nas publicações da área e no portal
do MS, é no atendimento básico que se solucionam cerca de 80% dos problemas de saúde da
população.
No país, as diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica (Pnab), formuladas pela
portaria Nº 648/GM/MS de 28 de março de 2006, revogada pela Portaria Nº 2.488/GM/MS de
2011, é que regem a Atenção Básica. A Pnab determina que a organização da AB se dá por
meio de projetos como a Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Como estratégia, a Saúde da Família busca o melhor uso na utilização dos níveis
assistenciais produzindo a positivação nos indicadores de saúde das populações as quais são
por ela assistidas. De acordo com a Pnab, a ESF, deve ser composta, minimamente, por um
médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de
saúde, podendo com uma equipe ampliada, contar com um dentista, um auxiliar de
consultório dentário e um técnico em higiene dental.
Como a maioria dos sistemas universais de saúde, o SUS, especialmente na AB,
enfrenta algumas deficiências em sua operacionalização. Uma das comumente apontadas é a
deficiência de médicos nas ESF, dentro das Unidades Básicas de Saúde.
53
Estudos divulgados pelos gestores do SUS e pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), no ano de 2012, apontavam que o Brasil possuía, em média, 1,826 médicos para cada
mil habitantes. Quanto à demanda por médicos, a média preconizada pela OMS é de 2,5
médicos por mil habitantes.
Países latino-americanos, como Argentina (3,2), Uruguai (3,7), Cuba (6,7), Canadá
(2,0), Reino Unido (2,7), Portugal (3,9) e Espanha (4,0) se utilizam de um sistema universal
para saúde equivalente ao do Brasil, mas possui médias superiores às nacionais.
Dados do Portal da Saúde e do Conselho Federal de Medicina (CFM) trazem a
realidade da distribuição dos médicos no território.
No ano de 2012, conforme se pode notar na figura abaixo,
Figura 4 – Índices estaduais de quantos médicos por mil habitantes.
Fonte: Portal da Saúde - 2012
22 estados apresentavam média inferior à nacional, que é de 1,826 por mil habitantes.
No tocante ao retrato da infraestrutura das unidades de saúde, em especial das
Unidades Básicas de Saúde (UBS), dados do Ministério da Saúde mostram uma realidade
muito diversa.
A falta de espaço físico; o difícil acesso a áreas rurais, indígenas, quilombolas e
fronteiriças; e a regiões periféricas de grandes cidades, bem como a falta de materiais,
54
equipamentos e insumos de trabalho são apontados como grandes problemas da Saúde
Pública no país, principalmente, no que tange ao problema da infraestrutura e fixação dos
médicos em UBS remotas.
Um estudo de 2013, realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) - instituição
destaque em Ciência e Tecnologia em Saúde da América Latina -, revelou o perfil dos
médicos formados no país.
A pesquisa trouxe, no tocante à formação médica, que os médicos formados no país
são, na maioria, do sexo feminino; brancos; vindos de escola privada; nunca trabalharam; que
possuíam pais com formação em nível superior; e que estes ganhavam mais de 10 salários
mínimos. Segundo a pesquisa, a “cada 100 alunos formandos em medicina, apenas 5%
manifestavam o desejo de trabalhar em cidades pequenas e apenas 20% gostariam de atuar em
clínica geral ou programa de saúde da família. A pesquisa revelou, ainda, que a escolha
profissional está associada à origem socioeconômica do recém-formado, sendo que as
especialidades por eles valorizadas estão conectadas mais às tecnologias do que às
humanidades.
Segundo o Ministério da Saúde, no que se refere ao número de vagas e formação dos
médicos nos cursos de medicina, o país apresentava, em 2012, a média de 0,8 vagas por dez
mil habitantes, o correspondente a 65% da demanda do mercado de trabalho. Esse
quantitativo demonstra uma formação inferior à necessidade de criação anual de empregos na
área da saúde tanto nos setores público e privado.
No ano de 2013, as Diretrizes Curriculares Nacionais propostas pelo Ministério da
Educação (MEC), em conjunto com o Ministério da Saúde, previram uma nova formação
médica. Até o ano de 2012, o currículo do profissional médico, para o Conselho Federal de
Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde, não atendia as necessidades atuais da população,
pois dotava apenas de conhecimentos e habilidades técnicas e não focava os aspectos
humanos e de relacionamento.
A experiência do estudante no SUS e a formação universitária humanista, a partir da
elevação da carga horária dos cursos da rede pública e privada do país de 6 para 8 anos de
duração, permitiria para o Ministério da Saúde, que estes fundamentassem, não somente para
tratar das doenças (medicina curativa), mas também tratar do paciente por meio de um olhar
voltado ao seu contexto de vida e da chamada medicina preventiva.
Partindo desse panorama de saúde, o Governo, por meio do Ministério da Saúde e da
Educação e de acordos internacionais com instituições de saúde, estudou a criação de um
55
programa que englobasse ações corretivas a essas deficiências. Nesse sentido, criou-se o
Programa Mais Médicos.
6.1 O Programa Mais Médicos
O programa Mais Médicos para o Brasil é uma política pública instituída pela Medida
Provisória nº 621 e sancionado na Lei nº 12.871, em 22 de outubro de 2013, pela presidente
Dilma Rousseff, sob a gestão conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação. Com o
slogan: Mais Médicos: mais saúde para os Brasileiros o programa tem como instrumentos
normativos:
Medida Provisória nº 621, de 8 de julho de 2013, que institui o “Programa Mais
Médicos” e dá outras providências;
Portaria Interministerial Nº 1.369, de 8 de Julho de 2013, que dispõe sobre a
implementação do “Projeto Mais Médicos para o Brasil”;
Edital nº 38, de 8 de julho de 2013, que trata da adesão do Distrito Federal e dos
Municípios no projeto mais médicos para o Brasil;
Edital nº 39, de 8 de julho de 2013 - que trata da adesão de médicos ao projeto mais
médicos para o Brasil;
Decreto nº 8.040, de 8 de julho de 2013 – que institui o Comitê Gestor e o Grupo
Executivo do Programa Mais Médicos e dá outras providências;
Republicação MP 621- Republicação do inciso II do caput do artigo 4º da MP 0-DOU
de 09/07/2013;
Portaria Normativa nº 14 de 09 de julho de 2013, que dispõe sobre os procedimentos
de adesão das instituições federais de educação superior ao Projeto Mais Médicos e dá
outras providências;
PORTARIA INTERMINISTERIAL N. 1.493, de 18 de julho de 2013 - que altera a
Portaria Interministerial nº 1.369/MS/MEC, de 8 de julho de 2013;
EDITAL Nº 40, de 18 de julho de 2013- que realiza alteração do Edital de Adesão do
Distrito Federal e dos Municípios no Projeto Mais Médicos para o Brasil;
EDITAL N. 41, de 18 de julho de 2013- que realiza alteração do edital de adesão de
médicos ao Projeto Mais Médicos para o Brasil;
56
Entre os objetivos descritos do programa, pela Lei nº 12.871- artigo 1º (BRASIL
2013), estão o provimento e fixação de médicos em áreas prioritárias para o SUS, com
consequente diminuição das desigualdades de saúde; fortalecimento dos serviços da Atenção
Básica; aprimoramento da formação médica no país, com uma maior experimentação no
campo de prática médica; inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do
SUS; fortalecimento da educação permanente; promoção da troca de conhecimentos e
experiências entre profissionais da saúde brasileiros e médicos formados em instituições
estrangeiras; aperfeiçoamento dos médicos para atuação nas políticas públicas de saúde do
País e na organização e funcionamento do SUS; estímulo a realização de pesquisas aplicadas
ao SUS.
Entre as ações a serem adotadas para o alcance desses objetivos, a MP 621/13 discrimina.
I - reordenação da oferta de cursos de medicina e vagas para
residência médica, priorizando regiões de saúde com menor relação de
vagas e médicos por habitante e com estrutura de serviços de saúde
em condições de ofertar campo de prática suficiente e de qualidade
para os alunos; II - estabelecimento de novos parâmetros para a
formação médica no País; e III - promoção, nas regiões prioritárias do
SUS, de aperfeiçoamento de médicos na área de atenção básica em
saúde, mediante integração ensino-serviço, inclusive por meio de
intercâmbio internacional. Lei nº 12.871- artigo 2º- (BRASIL, 2013)
Em suma, o programa tem como finalidade formar recursos humanos na área médica
para o Sistema Único de Saúde (SUS) para levá-los a regiões onde não existem profissionais.
Para isso, o programa prevê ações como o investimento em infraestrutura dos hospitais e
unidades de saúde, o aumento do número de vagas de medicina e de residência médica no país
e a inclusão de um novo período no currículo da graduação para atuação, por dois anos, na
Rede Pública de Saúde.
No Brasil, iniciativas anteriores ao PMM - como os programas de Interiorização das
Ações de Saúde e Saneamento (PIASS - 1976); de Interiorização do Sistema Único de Saúde
(PISUS - 1993); o de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS - 2001), e, em 2011, de
Valorização dos Profissionais da Atenção Básica (PROVAB) - tentaram promover a
interiorização dos profissionais para diminuir a escassez da categoria, mas, segundo a
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde (MS), não
ocorreu na dimensão necessária para suprir a demanda dos municípios.
57
Quando foi lançado, no ano de 2013, o programa funcionava a partir da publicação de
editais periódicos, destinados a dois públicos. O primeiro, aos gestores municipais com perfil
de prioridade para o SUS, ou seja, os municípios com:
20% de população em extrema pobreza, Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) baixo/muito baixo,
Regiões de alta vulnerabilidade de capitais, regiões metropolitanas e G100
(grupo que reúne cidades brasileiras com mais de 80 mil habitantes, baixa
renda e alta vulnerabilidade socioeconômica);
Municípios que participam do Programa de Valorização do Profissional da
Atenção Básica (PROVAB);
Área de atuação de Distrito Sanitário Especial Indígena; e) Municípios com
cobertura da Atenção Básica abaixo do necessário.
Através do Sistema de Gerenciamento de Programas (SGP), os gestores dos
municípios elegíveis realizavam seu cadastro e manifestavam o interesse em receber médicos.
Após recebida as demandas municipais, o Ministério da Saúde lançava, então, o segundo
edital, que era destinado à prospecção dos profissionais médicos interessados em oferecer a
força de trabalho nesses municípios. A seleção dos médicos do programa ocorria mediante a
priorização dos seguintes critérios:
1. Formação médica em instituições de educação superior brasileiras, ou com diploma
revalidado no país, incluindo-se também aposentados.
2. Médicos brasileiros formados em instituições estrangeiras, com habilitação para o
exercício da Medicina no exterior.
3. Médicos estrangeiros com habilitação para exercício da Medicina no exterior, ou
conhecidos como, médicos intercambistas.
4. Médicos cubanos advindos do acordo de Cooperação entre Brasil e Cuba
intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da
Saúde (OPAS/OMS).
A proposta inicial de remuneração dos médicos no programa consistia no pagamento
integral, pelo Ministério da Saúde, de uma bolsa-formação com valor mensal de R$ 10.000,00
(dez mil reais), pelo prazo máximo de 36 (trinta e seis) meses. Para os médicos cooperados, o
repasse do valor da bolsa era feito diretamente ao governo cubano e este se encarregava de
58
pagar, ao profissional, cerca de 25% a 40%, sendo o residual da bolsa revertido para o
Sistema de Saúde de cubano.
6.1.1 Panorama informacional e implantação programa Mais Médicos
Segundo Rua (2010), citado em Santos (2015) “as políticas públicas acontecem em um
ambiente de tensão e de alta densidade política, notório por abrigar relações de poder
problemáticas entre diversos atores políticos com também diversos interesses”. SANTOS
(2015. p. 17). Por se configurar como uma política pública na área da Saúde, a implantação
de um programa impacta, diretamente, a sociedade a que este se destina. No caso do
Programa Mais Médicos, o público incorporado abrange quase toda a totalidade da população,
visto que planos privados de saúde também se utilizam de recursos do SUS. Sendo assim,
tem-se como público-alvo do programa: a Sociedade Civil, gestores da Saúde dos municípios,
Estados e Federação, profissionais médicos, estudantes de medicina e demais integrantes das
equipes da Saúde da família.
Ainda sobre a área, ressalte-se que, a Saúde, é uma das áreas com maior repasse
monetário de recursos federais no país. Historicamente, em muitos países, a formação médica
provê ao indivíduo uma série de prestígios os quais outras formações profissionais não
preveem na sociedade. Assim sendo, a implantação do programa, somada ao momento
político que se aproximava do pleito presidencial e a própria condição do médico na
sociedade, poderia evidenciar ainda mais essas tensões. Governo, partido oposicionista e
classes médicas, como os conselhos Federal e Estadual de Medicina, abrigam, no cenário de
implantação da política do Mais Médicos, interesses, por hora, aparentemente distintos,
análise esta possível de ser verificada mediante monitoramento das informações nos meios de
comunicações e nos respectivos portais oficiais de informação dessas entidades.
O desdobramento das tensões envolvendo esses atores repercutiu na produção de um
grande volume de notícias e informações na mídia, internet e redes humanas. Isso favoreceu a
produção de uma atmosfera entrópica e desfavorável à produção de conhecimento, acabando
por se apresentar, do ponto de vista do Governo, como um desafio urgente a ser superado, no
que tange à organização dessas informações.
Visando conhecer o ambiente no qual os cidadãos e gestores se viram expostos,
simulamos o comportamento do usuário em busca de informações para equilibrar seu estado
de entropia. Realizamos uma busca de informações na web, por meio de dois processos: um
59
de monitoramento, via clipagem de notícias, manual e online, utilizando a ferramenta de
alertas Google Alerts, e por meio de consulta em motores de busca, digitando os termos
programa mais médicos; médicos cubanos; e mais médicos.
Algumas notícias recuperadas no processo de clipagem, em sítios e portais de
imprensa virtuais não oficiais, foram produzidas no ano de implantação do programa – 2103 -
e se encontram no Anexo A deste trabalho.
Na fase de sua implantação, compreendida entre o período de 1 de junho e 31 de
dezembro de 2013, foram recuperados, com os termos programa mais médicos, mais médicos,
médicos cubanos, o total de 582.000 resultados (quinhentos e oitenta dois mil).
Para o termo programa mais médicos (figura 16 do anexo), foram encontrados
166.000 (cento e sessenta e seis mil) resultados.
Para o termo mais médicos, (figura 17 do anexo) foram encontrados 135.000 (cento e
trinta e cinco mil) resultados.
Para o termo médicos cubanos (figura 18 do anexo) foram encontrados médicos
cubanos 281.000 (duzentos e oitenta e mil) resultados.
No consolidado desse monitoramento via clipagem de notícias, tem-se, como
panorama informacional sobre o programa, o seguinte percentual:
87% das notícias com caráter depreciativo;
13% das notícias com caráter apreciativo.
As manchetes que tratam da depreciação do Programa apresentam as principais
informações:
O Programa como um viés eleitoreiro;
A tentativa de implantação do comunismo no país;
A rivalidade entre médicos brasileiros e estrangeiros, no tocante a posto de
trabalho;
Inviabilização e atraso da implantação da chamada de profissionais para o
Programa Mais Médicos, pela classe médica brasileira;
Questionamentos à qualidade técnica e à dificuldade de comunicação dos
cubanos;
Acusações contra o programa e o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
relativas à atração de médicos cubanos para trabalho em regime de escravidão,
já que, por imposição do governo cubano, os médicos recebem seus salários
60
por intermédio de convênio com a Organização Pan-americana de Saúde, de
forma diferenciada dos colegas de classe;
Boatos de que as prefeituras estariam demitindo médicos para contratar outros
do Programa, a fim de aliviarem as folhas de pagamento dos municípios;
Formação precária dos médicos cubanos e a incapacidade destes para atender
pacientes com a realidade brasileira;
Afirmações de que não são necessários mais médicos e sim uma política de
redistribuição dos profissionais, ao longo do território nacional; Acusações
afirmando que o Programa ia contra as leis trabalhistas, uma vez que os
médicos não teriam carteira assinada e nem seriam considerados servidores
públicos;
Questionamentos envolvendo a liberação do processo de revalidação do
diploma;
Sinalizações contra a inconstitucionalidade da ampliação da duração do curso
de Medicina, uma vez que configuraria num serviço civil compulsório para
médicos;
Dúvidas dos prefeitos sobre os médicos cubanos;
Críticas às condições de trabalho dos médicos brasileiros.
As manchetes que retratam os aspectos favoráveis do programa trazem, como principais
informações:
A ampliação no número de médicos no país e consequente qualidade da assistência à
população;
Maior investimento na infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde;
Ampliação do tempo de formação profissional e no número de vagas no curso de
medicina;
Melhor distribuição de médicos no território, priorizando regiões remotas e de maior
vulnerabilidade social.
A clipagem dessas manchetes depreciativas e favoráveis pode ser vista por meio de
algumas imagens selecionadas no Anexo B deste trabalho.
61
Tendo em vista:
O cenário de implantação do Programa e os constantes posicionamentos e embates de
caráter negativista sobre a iniciativa, principalmente pela categoria médica,
representada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM);
O fluxo informacional acentuado, gerado a partir da contestação desta classe e dos
partidos políticos de oposição, em veículos de cobertura nacional;
A realidade numérica de apenas 13% de notícias positivas, inferior aos 87% de
notícias negativas encontradas no consolidado.
Pode-se concluir que seria estratégico, por parte do Governo, pensar a organização de um
sistema de informação, a fim de expandir a formação de opinião da população sobre o
programa, no que tange aos aspectos positivos.
Em virtude dos resultados majoritariamente negativos encontrados nos principais
instrumentos de informação na atualidade, como os motores de busca, redes sociais e
imprensa, e da dispersão veloz dessas informações feita nesses canais, o público se viu
carente de um canal formal de informação sobre o Programa, que fosse de responsabilidade
do governo. A construção de um site e/ou menu exclusivo foi a iniciativa pensada pela gestão
do Programa para tratar as questões encontradas no contexto de consolidação. Vamos, então,
conhecê-lo.
6.1.2 Programa Mais Médicos: descrição do processo de organização da informação
encontrados
O sistema de informação escolhido pela pesquisadora para estudar as questões de
organização da informação, por agentes de informação governamentais, foi o website do
Programa Mais Médicos.
Este ambiente virtual, gerenciado pelo Ministério da Saúde e acessado pelo endereço
http://www.maismedicos.saude.gov.br, foi disponibilizado ao público em dois momentos e
layouts distintos: na fase de implantação da iniciativa, em 2013, e na operacionalização do
programa no ano, de 2015.
Em 2013, ano da implantação do programa, o website disponibilizado (ver figura 5)
possuía, na estrutura de diagramação, um layout simples, contendo os seguintes elementos
imagéticos e textuais: um background (fundo de página) branco, a marca do programa, quatro
62
fotografias, nas quais figuram a imagem de um médico e de um paciente, seguida de outras
três fotografias, em tamanho menor de pacientes, passando por aparente atendimento clínico.
Figura 5 – Website do Programa Mais Médicos no ano de 2013
Fonte: Print screen da tela inicial do website do Programa - Ano 2013
Como elementos textuais, o website apresenta, na tela principal, 5 (cinco) menus em
que estão destacadas, em caixa alta, as palavras INFORMAÇÕES, ACESSE O SISTEMA,
EDITAIS/RESULTADOS, CONSULTAR MÉDICOS E INFORME DE RENDIMENTOS.
Nestas áreas do portal, por meio de hiperlink, cada palavra em caixa alta se conecta à uma
página com conteúdo imagético-textual ou, como ocorre nos menus CONSULTAR
MÉDICOS e INFORME DE RENDIMENTOS, a um outro sistema elaborado pelo Ministério
(sistemas chamados sistemas interoperáveis).
No que compete à presença de conteúdo, na fase de implantação do Programa,
quadrimestre que compreende o período de outubro 2013 a janeiro 2014, no menu
INFORMAÇÕES, não foi registrada a presença de nenhum conteúdo.
No menu DOCUMENTOS (vide figura 29, figura 30 e figura 31, na seção de Anexos
C), é apresentada, no sistema, uma relação de itens, a exemplo de portarias, editais e informes,
com uma divisão cronológica.
Todos os documentos presentes na seção são exibidos na página com descrição de
conteúdo em formato de resumos. Quando não estão presentes, os resumos nesta área são
disponibilizados por hiperlinks e/ou para download de arquivo para indicações de acesso e
leitura aos documentos discriminados na página.
63
Em outra fase do programa, no ano de 2015, um outro website ficou disponível para o
público na internet. Abaixo, na Figura 6, apresentamos esse novo layout.
Figura 6 – Tela principal website do Programa Mais Médicos no ano de 2015
Fonte: Print screen website maismedicos.gov.br – Ano 2015
No novo website, um maior volume de informação está disponível. Textualmente e
imageticamente, a organização dos dados se encontra ergonomicamente mais favorecida em
virtude de uma maior quantidade de elementos.
No que se refere ao layout do website, têm-se como elementos:
Um background (fundo de página) branco;
Uma logo do programa, banners, fotos;
Boxes direcionados para cada público-alvo;
Presença de mapas com seus respectivos ícones informativos.
64
Como elementos textuais, nota-se a presença de 8 (oito) menus dispostos em formato
dropdown (menu suspenso), em que se destacam as palavras MAIS MÉDICOS, POLÍTICA
DE ATENÇÃO BÁSICA, MÉDICO, CIDADÃO, ESTUDANTE, GESTOR, NOTÍCIAS, SOBRE
O SITE.
No menu MAIS MÉDICOS, há as subseções Conheça o Programa; Adesões e
inscrições- SGP; Resultados para o país, consulta por cidade; Consultar médicos;
Legislação; Depoimentos; Linha do tempo; e Perguntas Frequentes.
Na primeira seção, são apresentados resumos com informações relativas ao Programa,
os objetivos, os resultados obtidos no SUS, após a implantação, seguido da apresentação
sobre as frentes nas quais a ação vem atuando. Nessa seção e na seção Resultado para o país,
observa-se a presença de textos e resumos em formato de tópicos; e a indicação, via
hiperlinks, de leituras complementares para os usuários, a exemplo da indicação “ Encontre
mais informações no livro Programa Mais Médicos - Dois anos: mais saúde para os
brasileiros”. Observa-se, ainda, neste campo, a ocorrência de recursos imagéticos, como
banners e fotografias, contendo imagens de médico e do público, envolvido e atendido pelo
programa.
No sistema, as seções Adesões e inscrições- SGP e Consulta por cidade, consultar
médicos tratam de sistemas com interoperabilidade, ou seja, dialogam com outros sistemas do
Ministério ou sistemas internos do Programa. O SGP - Sistema de Gerenciamento de
Programa -, figura 32 na seção Anexo C, é de acesso exclusivo para médicos e gestores
municipais de Saúde, não sendo aberto para visualização de todos.
As seções, Consulta por Cidade e Consultar médicos, figura 7, trazem um
direcionamento do usuário para uma página externa denominada de Mapa de Atuação. Nessa
área, por meio de categorias de interesse especificadas pelo sistema, pesquisas temáticas
podem ser realizadas pelo usuário. Os resultados recuperados pela busca são expressos em
forma de texto e de ícones que, sinalizados com cores diferenciadas, sintetizam a
decodificação do resultado encontrado na categoria.
65
Figura 7 – Seção de Busca Seguimentada site PMM
Fonte: Print screen tela Mapa de atuação website maismedicos.gov.br – Ano 2015
66
A seção DOCUMENTO, no website, respeita uma ordem cronológica quanto à
disposição de seus itens. Há a descrição do conteúdo documental, com elaboração de
resumos para todos os documentos presentes na página.
A seção NOTÍCIAS, figura 8, traz notícias do programa organizadas por meio de
manchetes, de forma resumida. A organização deste material segue ordem cronológica do
acontecimento. Percebe-se uma divisão e sinalização para leitura do usuário, acerca das
notícias mais lidas e sobre os conteúdos mais acessados.
Figura 8 – Seção notícias site PMM
Fonte: Print Screen da tela de notícias do website do Programa Mais Médicos – Ano 2015.
As notícias antigas são arquivadas e indexadas em modo de biblioteca e se encontram
dispostas para acesso, a qualquer momento, por intermédio de um campo específico de
67
recuperação que se utiliza de palavras-chave. A busca das notícias (figura 9) pode ser feita de
forma dedutiva e amigável, via interface montada de busca, sem a necessidade de
conhecimento técnico por parte do usuário, de operadores ou descritores lógicos ou métodos
booleanos. Há um campo em que se recuperam todas as palavras escritas, qualquer palavra
escrita, ou a frase exata descrita. Há, também, a possibilidade de filtrar a quantidade de
resultados a serem exibidos.
Figura 9 – Métodos de busca sistema PMM
Fonte: Print screen da tela campo de busca website maismedicos.gov.br – Ano 2015
Ainda na seção NOTÍCIAS, por meio da opção ordenação, é possível realizar a
escolha de organização da informação recuperada por categoria ou por ordem alfabética.
Na seção PERGUNTAS FREQUENTES, o aproveitamento do volume de notícias
veiculadas, através de rede social ou imprensa, também é notado no modelo de organização
da informação efetuado pelo sistema de informação do PMM.
Nota-se que esse aproveitamento das notícias foi feito, considerando os diferentes
públicos do programa, uma vez que na seção Perguntas Frequentes há a presença de abas e
boxes exclusivos para cada grupo, conforme pode ser visualizado na figura 10.
68
Figura 10 – Perguntas Frequentes
Fonte: Print screen da tela Perguntas Frequentes website maismedicos.gov.br – Ano 2015
Conforme estudamos na revisão de literatura da Organização da Informação, foi
averiguado que há sútil realização de folksonomia, ou seja, etiquetagem de conteúdo por parte
dos usuários. Conforme se pode perceber pela figura 11.
69
Figura 11 – Sistemas de Tags site PMM
Fonte: Print screen de pesquisa no campo busca no website maismedicos.gov.br – Ano 2015
Quanto à organização da informação no SI, foram também observadas:
A realização do credenciamento da autoridade responsável pelo canal;
A apresentação de dispositivos de relacionamento e comunicação para usuário
junto ao corpo gestor;
A disponibilização de canais de comunicação, como redes sociais, telefones de
contato, ouvidoria para o cidadão e um ambiente específico para o tratamento
com a imprensa. (figuras 12).
Figura 12 – Área de imprensa site PMM
Fonte: Print screen tela Area de imprensa website maismedicos.gov.br – Ano 2015
70
Dentro do sistema, também foi observada a presença de frases afirmativas e uma
extensa criação de espaços de natureza elucidativa e com características de validação sobre o
Programa. É o caso dos espaços DEPOIMENTOS (figura 13), que apresenta o resultado de
uma pesquisa da Universidade Federal de Minas - UFMG, em parceria com o Instituto e
Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas- IPESP; e das áreas APOIO AO MÉDICO e
APOIO AO GESTOR (figura 14 e 15).
Figura 13 – Seção depoimentos site PMM
Fonte: Print screen tela depoimentos no website maismedicos.gov.br – Ano 2015
Figura 14 – Seção Apoio ao médico site PMM
Fonte: Print screen tela Apoio ao médico no website maismedicos.gov.br – Ano 2015
71
Figura 15 – Seção Apoio ao gestor site PMM
Fonte: Print screen tela Apoio ao gestor no website maismedicos.gov.br – Ano 2015
Tanto a Seção APOIO AO MÉDICO quanto a Seção de APOIO AO GESTOR
trouxeram documentos transversais de apoio à fundamentação do conhecimento do Programa
Saúde da Família, como as políticas de Alimentação e Nutrição e da Atenção Básica, entre
outras. Os espaços trazem, também, instrumentos para uso no processo de trabalho, a exemplo
de aporte teórico e bibliográfico, existentes nas unidades de informação, exemplificadas pelas
bibliotecas do SUS.
A indicação, via ícone no topo do sistema, para as redes sociais oficiais do Governo -
Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, etc. - também tiveram lugar na organização do
sistema. Outro dispositivo que aparece no sistema de informação governamental é o RSS
(REALLY SIMPLE SYNDICATION).
O RSS é uma assinatura em que o usuário interessado passa a receber as atualizações
realizadas pelo site, automaticamente.
No aspecto da acessibilidade, há a organização do espaço de informação para usuários
que são portadores de deficiências visuais.
Concluída a apresentação pormenorizada dos sistemas, trouxemos, abaixo, um quadro
síntese e comparativo dos sistemas e de seus elementos.
72
Quadro 4 – Quadro comparativo dos sistemas PMM nos anos de 2013 e 2015
SI PMM – 2013
SI PMM – 2015
Público-alvo indefinido;
Sem resumos (menus, documentos), a
organização é por ordem cronológica,
muitas ausências de documento;
Sem indicação de leituras
complementares
Sem pesquisa temática e campo de
recuperação de conteúdo por palavra-
chave;
Sem seção de notícias;
Sem modo biblioteca para armazená-
las;
Sem filtros para a quantidade de
resultados exibidos;
Não há realização de Folksonomia;
Não realiza credenciamento de
autoridade responsável;
Não existem dispositivos de
relacionamento e comunicação
usuário - gestor;
Não possui ambiente para tratamento
com a imprensa;
Sem acessibilidade.
Público-alvo definido;
Resumo (menus e documentos),
organização é por ordem cronológica,
sem ausências de documentos;
Há indicação de leituras;
Pesquisa temática para o usuário por
categoria de interesse e por ordem
alfabética;
Seção notícia;
Aproveitamento e arquivamento das
notícias antigas, categorização para
usuário como mais lidas, mais
recentes, etc;
Ícones sintetizadores de resultados e
possibilidade de filtrar quantidade de
resultados recuperados;
Campo para recuperação por
palavras-chaves com opções de
palavra escrita, qualquer palavra
escrita ou frase exata escrita;
RSS;
Folksonomia sútil;
Credenciamento de autoridade;
Dispositivo relacionamento usuário e
gestor;
Ambiente imprensa;
Acessibilidade.
Fonte: Desenvolvido pela autora com dados extraídos da análise dos sistemas ano
2017
73
6.1.3 Sistema de informação do Programa Mais Médicos na perspectiva da Organização
da Informação
Como vimos por nossa revisão de literatura, muitos são os aspectos que devem ser
destacados na organização de um Sistema de Informação. Eles envolvem a política de
indexação; a identificação da organização à qual estará vinculado o sistema; a identificação da
clientela a que se destina o sistema; e os recursos humanos, materiais e financeiros
disponíveis.
A partir das observações feitas no Sistema de Informação e da coleta de dados, junto
ao portal da transparência do Ministério da Saúde, e, após aplicação dos questionários com
gestores e usuários do sistema, constatou-se:
1) Sobre os fatores ligados ao indexador adotada pelas redes do programa em seu
sistema de informação:
As notícias relativas ao programa, inicialmente, não passaram por um processo de
seleção e eram indexadas aleatoriamente, sem uma padronização adequada de termos. Assim,
a indexação era realizada por profissionais destreinados ou sem competência técnica
informacional para documentação e com a ausência da utilização de uma metodologia e
instrumentos adequados. Estes fatores impactavam, pelo desconhecimento do assunto, na
precisão da recuperação da informação no sistema de informação do Programa Mais Médicos
e ampliava a dispersão desses conteúdos para outras mídias externas.
Com a percepção do corpo gestor acerca das deficiências existentes no sistema
anterior, e por este não atender a proposta de informar o público-alvo do programa, um novo
layout e processo de organização das informações foi desenvolvido.
No novo layout, as notícias relativas ao Programa superam os fatores que antes
interferiam na qualidade do processo indexatório, uma vez que passam pelo processo de
clipagem e são indexadas com o uso de um vocabulário controlado, com preocupação de
estabelecimento de palavras-chave e etiquetas (as tags).
Nota-se o emprego de metodologia e instrumentos manuais e online apropriados para
esses processos, tanto em ambientes físicos como digitais, além de profissionais treinados
com equipe interdisciplinar, a exemplo de bibliotecários, analistas de tecnologia de assuntos
(sanitaristas) e comunicólogos, condição que veio a facilitar a recuperação de documentos.
74
Notícias, notas, áudios, vídeos, fotografias e imagens publicadas em meios de
comunicação impressos e eletrônicos possuem, de acordo com os agentes de informação do
Ministério, tratamentos específicos e orientados à estrutura do documento e o seu conteúdo.
Nos sistemas internos, a entrada de dados da situação de saúde dos municípios com
médicos do programa é constante, segundo agentes de Ministério, sempre observando as
necessidades de informação dos usuários; a experiência do usuário com informações
divulgadas em outras mídias; e a capacidade de compreensão e leitura. A rede do Ministério
da Saúde esclarece que são realizados constantes monitoramentos e filtragem desses dados, a
fim de evitar a duplicidade dos mesmos, o que sinaliza a utilização, por parte do Programa de
um sistema com base no modelo dinâmico, de Rezende (2005).
2) Sobre os fatores de indexação ligados ao documento adotado pelas redes do
Programa em seu sistema de informação
Percebe-se, na primeira fase de organização das informações, muita dispersão de
documentos. Existem ausências de documentos entre as sequências numéricas não havendo
sinalização de onde este documento pode ser encontrado, fora do website.
No novo layout, a ausência de documentos é menor, porém, conforme apuramos com a
aplicação do questionário, para alguns usuários ainda existem muitas faltas.
“No site só havia informações gerais e as portarias, decretos leis,
mas não as informações detalhadas relativo as supervisões e visitas o
que dificultava a identificação precoce de problemas e
consequentemente a resolução por parte da CCE”
Do ponto de vista do Sistema de gerenciamento de programas - que não pôde ser
acessado, em virtude de seu direcionamento exclusivo para gestores - verificou-se, através dos
gestores entrevistados, que não há emissão de relatórios para tomada de decisões sobre o
programa definida.
Pelo prisma de não gestores, nota-se, na apresentação dos documentos do Programa,
um maior respeito às sequências numéricas e de produção dos materiais, bem como aos
fundamentos da OI, em objetos físicos e digitais.
Observando o conteúdo temático, foram realizadas, tanto na versão inicial do sistema
quanto na atual, intervenções no que se refere ao documento e à elaboração de tópicos ou de
resumos. Essas alterações, por sua vez, trouxeram ou resultaram em uma aparente
75
transformação positiva para os usuários, do ponto de vista da organização dos documentos no
sistema.
Em função de diversos documentos apresentarem base jurídica, observou-se, como
fora apontado por Maculan, et al (2009), uma preocupação em ambos os modelos de
organização dos sistemas com a utilização da linguagem - esta sempre simples e respeitando o
uso natural pelo usuário. Na segunda constituição do sistema, o uso de elementos de
linguagem mista (verbal e não verbal), bem como outros recursos de comunicação, dentre
imagens, desenhos e símbolos associativos, mostrou-se mais comum em relação ao sistema
anterior.
3) Sobre os fatores de indexação ligados à linguagem documental adotada pelas
redes do programa em seu sistema de informação:
Considerando os critérios de especificidade, ambiguidade e imprecisões - na fase
inicial, por não haver campos específicos para a realização de busca via termos no sistema de
informação -, considera-se que os documentos não foram descritos de modo a permitir a
recuperação de forma precisa pelo termo. Os preceitos elencados por Chaumier (1988) de
exaustividade e seletividade não foram corretamente utilizados, no primeiro estágio do
website.
Ao usuário de websites que possuíam um conhecimento para comandos de buscas
mais avançados, podia-se perceber muita ambiguidade e imprecisão na recuperação de
determinados documentos ou arquivos.
No atual sistema, a partir da reestruturação realizada no ano de 2015, nota-se a
presença de campos de busca específicos e há um maior controle da recuperação de
documento, no que diz respeito à ambiguidade e à qualidade vocabular de entrada dos dados.
Percebe-se uma maior qualidade quanto à estrutura de busca e isso se dá também a
partir da oferta de instrumentos auxiliares de busca, junto às bases de dados.
4) Sobre os fatores de indexação ligados ao processo adotado pelas redes do
programa em seu sistema de informação durante as duas fases:
76
Quanto ao tipo de indexação, considerando a definição da ABNT (1992) como sendo o
processo que consiste na ação de descrever e identificar um documento de acordo com seu
têm-se:
A presença das indexações que descrevem os documentos de modo manual e
automática por extração e por atribuição;
A indexação por extração identificada realiza as seleções dos termos de recuperação
no sistema, restringindo-se ao contexto do próprio documento, sendo que os critérios
utilizados para representar esses materiais são dependentes de critérios institucionais
da ordem do Ministério da Saúde.
Aqui também entram as variantes da verdade estudadas em Lynch (2001).
A verdade, entendida como consenso de grupos com termos baseados nesse acordo;
A verdade pela experiência do agente de informação, como elemento de escolha do
termo indexado no sistema;
A verdade como redundância, perfazendo uma questão linguística para escolha do
termo.
Considerando a indexação, há, ainda, a seleção do termo a ser indexado a partir do fato no
mundo.
Em virtude do volume de documentos publicados e disponíveis, e da dificuldade de
indexação manual conseguir contemplar essa demanda, a indexação também é realizada por
meio da atribuição automática. Nessa indexação, são utilizados elementos externos ao
documento que variam, desde a elaboração de cálculos matemáticos e estatísticos de
frequência de palavras, a atribuições de pesos para os termos encontrados nos documentos,
como, também, a utilização de técnicas de indexação conhecidas pela OI, tal qual o stemming
(redução das palavras a uma normalizada ou a seu radical), Stop words ( remoção de palavras
insuficientes para representar o conteúdo), entre outras apontadas pelos agentes, porém mais
específicas dentro do escopo da Ciências tecnológicas.
5) Sobre os fatores de indexação ligados aos fatores ambientais e estrutura adotada
pelas redes do programa em seu sistema de informação:
No sistema inicial, nota-se uma tímida tentativa de preservação do acervo documental
digital, mas, ainda, com muita perda documental, em virtude de os documentos serem
77
disponibilizados, somente, por meio de hiperlinks quebrados ou repositórios digitais
desativados.
No novo modelo de sistema, há uma maior preocupação com essa memória e
preservação do acervo documental digital, uma vez que estes estão hospedados de dois modos
no banco de dados do sistema: em formato de leitura PDF e por de hiperlink.
6) No que confere ao ruído, desinformação, equilíbrio da entropia e o tempo de
resposta do sistema
Em Teoria da Informação, Shannon e Weaver (1948) trazem que o ruído pode ser
diminuído, tanto com a redundância na mensagem quanto pela utilização correta do canal no
que compete à capacidade para suportar determinada carga informacional.
Desse modo, no momento inicial, o programa não realizou uma adequada organização
de seu sistema para evitar o ruído pelo canal e pela mensagem, uma vez que o sistema inicial
apresentou, na construção, pouco embasamento com técnicas que auxiliassem o usuário, em
seus diferentes tempos, a encontrar as informações que buscavam para construção de juízos
acerca do programa e o contexto de atuação na sociedade.
As informações sobre o PMM, no reduto governamental, não foram encontradas de
imediato após a respectiva implantação, somente sendo possível a localização de conteúdos
que tratassem do programa, por meio de materiais soltos, sem a credibilidade fortalecida para
concorrer com a confiança mantida pela grande imprensa e pela classe médica.
Registra-se que, anterior à sua implantação, o Programa ainda não possuía um sistema
estruturado para todos os públicos, (gestores municipais de saúde, médicos, estudantes de
medicina e população). Os motores de busca nas redes sociais e institucionais internas
(quando o caso da gestão) eram a principal forma de obter informações, à época.
Foi colhido o depoimento do diretor da Atenção Básica da Bahia, o também usuário
do sistema de informação do PMM José Cristiano Soster. Ao ser questionado sobre as
dificuldades encontradas com a fixação do profissional integrante da iniciativa, no território; e
no convencimento do gestor sobre a certificação e qualificação dos médicos do Programa -
tendo em vista as constantes críticas elaboradas e direcionadas à iniciativa pela imprensa e
correntes oposicionistas ao governo -; pôde-se perceber, pelo destaque feito, que a dificuldade
de comunicação relatada também se relacionava pela formatação inicial do sistema.
78
“As dificuldades acorriam em diferentes tempos. No início, existia uma resistência
da Gestão e da População, ao meu ver, induzido pelos meios de comunicação e pela
categoria médica, relacionada a dificuldade de comunicação, este posicionamento
estava direcionado aos médicos estrangeiros (Intercambistas Individuais e
Cooperados), o que foi ultrapassada facilmente com a atuação dos médicos. Quanto
aos médicos Brasileiros, a dificuldade que víamos estava relacionada ao histórico de
prática destes profissionais, visto que gestores e usuários achavam que os
profissionais brasileiros iriam continuar atendendo sem examinar, não cumprir a
carga horária e exigirem benefícios financeiros para além do que é estabelecido no
programa. Posterior a este momento, já em um momento de implementação,
verificou-se a dificuldade de alguns gestores em garantir as condicionalidades
estabelecidas em portaria (alimentação e moradia), o que foi resolvido com ação de
orientação e Apoio Institucional. Após isto, houve um ataque midiático de falsas
denúncias e informações, referente a evasão dos profissionais e sua capacidade
técnica, principalmente direcionada aos médicos cubanos. Trecho da entrevista
com José Cristiano Soster (Maio/2015)
A importância de um sistema de informação pensar e discutir as demandas de
informação, com constantes atualizações para todos os públicos, a fim de diminuir e não
potencializar os ruídos, mostra-se nítida. Dessa maneira, num primeiro momento, ao sistema
não foi atribuída tal importância, uma vez que o tempo de resposta aos fatores externos
permitiam a ampliação dos ruídos e da desinformação, sendo apenas, com a elaboração do
segundo sistema, que foram preconizadas determinadas ações com esses prismas.
Pensando nos procedimentos descritos por Taylor e Joudrey (2008), no processo de
organização da informação, os agentes de informação conseguiram promover o cumprimento
de procedimentos, tais como a identificação dos recursos informacionais, quando disponíveis.
As informações veiculadas em redes sociais e imprensa foram devidamente
selecionadas, analisadas e categorizadas nos repositórios, arquivos ou coleções nas seções
NOTÍCIAS e PERGUNTAS FREQUENTES e isto se mostrou como um ponto importante do
sistema, na busca pelo equilíbrio da entropia e minimização do impacto da desinformação
sobre o programa, junto ao usuário. Esses fatores demonstram ser impossível a organização
das informações em um sistema com vistas à minimização de ruídos e desinformação, sem o
estudo de seu público.
79
7) Análise dos dados aplicados via questionário aos gestores de saúde e
respectivos resultados.
Em razão de o sistema atender a demandas de informação de diferentes segmentos
sociais, optamos por realizar o recorte de entrevistas apenas com o plano da gestão estadual,
uma das redes que têm a responsabilidade pelo repasse das informações do programa aos 417
municípios do estado baiano.
Estes gestores trazem, como representações, o diretor da Atenção Básica, José
Cristiano Soster; a coordenadora Comissão Estadual do Programa Mais Médicos na Bahia e
Representação EESP/Sesab, Marília Santos Fontoura; a coordenadora de Apoio Institucional
dos municípios baianos no âmbito da Atenção Básica, Kally Cristina Soares Silva; e dois
técnicos operacionais do programa no estado, Anderson Freitas de Santana; o outro não quis
se identificar. Com a aceitação do termo de anuência, seguimos transcrevendo, na íntegra ou
por meio de fragmentos, as colocações por eles realizadas.
O questionário foi construído de 14 questões, sendo 7 delas fundamentadas
teoricamente sobre o processo de organização das informações, concernentes a área de OI.
Essas questões visam obter entendimento sobre o sistema quanto à especificidade na
aplicação do termo; e conveniência da informação: se exata, se completa, se concisa, se
relevante e se estruturalmente bem ofertada. Pretende, ainda, averiguar a capacidade de
equilibrar o estado de entropia do usuário. (Ver anexo os apêndices A e B). Seguimos com as
questões:
QUESITO 1. Acerca dos meios e endereços eletrônicos mais utilizados para busca
de informação sobre o programa em sua fase de implantação:
40% dos entrevistados mencionaram o website como um sistema principal de
busca por informações sobre o programa;
40% dos entrevistados informaram que utilizavam como principal canal de
informação o e-mail da coordenação, whatsapp ou e-mail pessoal para obter
informações do programa.
Abaixo, transcrevemos uma das falas representativas dos 40 % acima mencionados.
80
“Era mais comum a comunicação direta com os representantes do MS por e-
mail. Enviavam todo os documentos e informações”.
QUESITO 2. Acerca, especificamente, o website do programa ter representado um
instrumento e busca de informações sobre o programa:
80% dos entrevistados afirmaram que não utilizam o sistema para buscar informações
sobre o programa, mas que a buscam via outros sistemas internos.
20% afirmaram “Sim” e quando acessavam era pra buscar alguma portaria ou
documento.
A coleta de informação, referente aos quesitos 1 e 2 do questionário, nos conduz a
quatro possíveis reflexões: uma sobre a importância das redes informação para tratar as
questões do programa em sua fase de implantação; outra à uma percepção para a existência de
um sistema de informação oficial deficiente e incapaz de atender a demanda interna, no que
tange ao planejamento e estratégia; outra que remonta à centralização das informações em
pequenos grupos; e, por último, uma que envolve a questão da cultura institucional
acostumada a funcionar com esse modus operandi para informação.
QUESITO 3. No que compete à conveniência da informação no sistema. Entende-
se, aqui, por conveniência, a informação disponível e atualizada.
Quando questionados se o website do PMM atendeu satisfatoriamente às demandas
informacionais, enquanto usuário do sistema e gestor (a) de saúde, obteve-se:
50% de respostas sim, em que o sistema atendeu.
50% de respostas negativas, em que o sistema não atendeu.
Abaixo duas dessas respostas transcritas.
“Não atendia. As informações de maior interesse eram produzidas
por supervisores médicos que visitavam os médicos nos municípios,
mas usavam um sistema próprio do MEC e nós da CEE, embora
responsáveis pelo acompanhamento do PMM na Bahia, não tínhamos
acesso aos relatórios desse sistema. O mesmo acontecia com o
sistema usado pelas referências descentralizadas do MS. Nem a CCE
81
tinha acesso nem os ministério tinha acesso ao sistema um do outro.
Cada um usava suas informações, sem, contudo, cruzar ou
compartilhar. Este era e continua sendo um dos maiores problemas: a
comunicação e interação entre os atores e instituições. Eu, como
membro da EESP, conduzia de certa forma o chamado componente
pedagógico do PMM, mais especificamente o curso de especialização,
que, embora fosse ofertado por instituições fora do estado, nos
enviavam relatórios que eram apresentados na CCE.”
“Sim. As informações eram atualizadas, confiáveis e condutoras,
considerando os diversos atores envolvidos no Programa.”
Ressalte-se que no que trata das observações levantadas durante o período da pesquisa
diante os depoimentos colhidos, o sistema apresentou muita instabilidade de conteúdo,
principalmente no aspecto técnico-operacional. Muitas informações não foram encontradas
em virtude de links desatualizados. Com certa frequência, a situação era reportada ao corpo
gestor do sistema, via fale conosco, entretanto, durante o monitoramento realizado de um
pouco mais de um ano e meio, o problema continuou persistindo.
QUESITO 4. No que compete à exatidão da informação no sistema (a informação
livre de erros), quando questionados se o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas
demandas informacionais:
40% dos entrevistados afirmaram que sim,
20% que não eram exatas
40% não quiseram ou não souberam responder. Abaixo algumas das respostas
submetidas.
“Não. Como dissemos, as informações eram centralizadas em
sistemas próprios dos ministérios da Saúde e da Educação e
recebíamos quando solicitávamos algumas informações, mas não se
tinha acesso aos dados produzidos pelas supervisões e visitas aos
municípios. No site, só havia informações gerais e as portarias,
decretos e leis, mas não as informações detalhadas relativas às
supervisões e visitas. Isso dificultava a identificação precoce de
problemas e consequentemente a resolução por parte da CCE. Apesar
disso, a boa relação e interação com os tutores Supervisores que
atuavam na Bahia, mas eram ligados ao MEC, facilitava e
acabávamos, juntos, resolvendo as questões. Da mesma forma, a boa
relação com as referencias do MS e a participação destes na CCE
82
terminavam por minimizar essa falta de "diálogo" entre os sistemas
usados pelo PMM ou mesmo a falta de acesso direto aos relatórios
gerados pelo sistema.”
“Enquanto gestora, o que o site mais contribuiu como fonte de
informação foi a disponibilidade das apresentações e vídeos dos
técnicos da SEGETS/MS sobre os regramentos legais do Programa e
instruções para secretários municipais”.
Sobre os 40 % dos usuários que não souberam ou quiseram opinar, quando
questionados sobre as razões de não quererem opinar, estes apontaram a falta de
conhecimento sobre o assunto.
Assim sendo, em virtude desses 40 % descritos que não souberam ser um quantitativo
grande na pesquisa, não temos como precisar se o sistema é exato na ótica dos gestores.
QUESITO 5. No que compete à precisão da informação no sistema (Informação
com um grau de precisão apropriado aos dados em questão, informação com grau de precisão
suficiente para a tomada de decisão com segurança). Quando questionados sobre se o sistema
de informação atendia satisfatoriamente esse quesito
80% afirmaram que sim, a informação era precisa no sistema
20% que a informação não era precisa no sistema
Abaixo, algumas das respostas submetidas:
“Sim, pois trazia o modelo lógico do Programa, bem como esclarecia
seus objetivos e finalidades.”
“De certa forma, sim, porém conseguíamos informações precisas de
forma indireta, a partir dos sujeitos, sejam eles tutores do PMM
ligados ao MEC, referências descentralizadas ligadas ao MS ou,
mesmo através do consultor da OPAS, mas NÃO através da página ou
site do PMM ou dos sistemas que usavam. Havia uma certa
centralização das informações por parte dos ministérios envolvidos no PMM. O que se conseguia era através da pessoa e não do site ou
da página.”
83
QUESITO 6. No que compete a ser completa a informação no sistema (ou seja, a
informação incluir tudo o que o usuário precisa saber sobre a situação ou problema em
questão), quando questionados se o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas
demandas informacionais. 100% da população entrevistada informou como resposta NÃO
para este quesito. Abaixo, algumas respostas submetidas:
“Enquanto usuária percebi que faltou detalhamentos com linguagem
apropriada aos beneficiários do Programa.”
“ Não. As informações vinham ou eram produzidas por sistemas
diferentes (o do MEC, o do MS, o das Universidades que ofertavam os
cursos), de forma fragmentada sendo difícil ter uma visão global de
todos os componentes do PMM. Era preciso solicitar relatórios dos
representantes, para depois tentar fazer essa analise global, o que
quase nunca se conseguia a nível da Comissão Coordenadora
Estadual do PMM. Fazíamos mediação, garantíamos através da
SESAB infraestrutura para os acolhimentos, cursos introdutórios,
fazíamos mediação pra equacionar problemas demandados pelos
gestores municipais ou pelos médicos, porém sempre através de e-
mail e da estrutura da SESAB .”
Observa-se, diante das respostas do quesito 4 e das respostas do quesito 6, que há, por
parte dos entrevistados, confusões nos discursos, uma vez que 40 % dos entrevistados
consideraram exatas as informações nos sistemas, mas, no quesito 6, 100% dos entrevistados
apontaram para a não completude das informações no sistema. Questionados sobre isso, os
entrevistados colocaram que as informações eram exatas no contexto trazido pelo texto, mas
esse material poderia ser expandido para uma visão global sobre o que ocorria com o
Programa, nos diferentes cenários da Atenção Básica, e imprensa para, aí, ser considerada
mais completa. Essa afirmação remonta ao poder de informação existente em outras fontes.
Para o usuário, a informação só se mostraria completa caso incorporasse o que o mundo
exterior, como a imprensa, mídias sociais, entre outros, estavam reportando como notícia.
QUESITO 7. No que compete à concisão da informação no sistema (Informação
que não inclui elementos desnecessários ao usuário; Informação objetiva e específica para a
necessidade do usuário), quando questionados se o website do PMM atendeu
satisfatoriamente a demandas informacionais:
84
50% da população entrevistada informou que sim atendeu e
50% que não atendeu.
Abaixo, algumas respostas submetidas:
“Não. Pela falta de acesso ou disponibilização de informações
importantes sobre o funcionamento ou contexto de funcionamento do
PMM nos municípios. Eram fragmentadas em diferentes ministérios
que pareciam concorrer entre si.”
“Sim. As informações eram sintéticas, contudo resguardavam o
imprescindível.”
No que compete à relevância da informação no sistema (tem influência direta na
situação de tomada de decisão), o website atendeu satisfatoriamente as demandas
informacionais, enquanto usuária e gestor (a) de saúde?
50% acredita ser satisfatório esse quesito.
50% acredita não ser.
Abaixo, algumas respostas e suas justificativas:
“Sim. Pois enquanto site oficial, muitas vezes, o conteúdo era
utilizado como elemento comprobatório das decisões tomadas pelo
Estado.”
“Para a CCE, não. Pela falta de acesso e por parte dos gestores
municipais, acredito que não eram satisfatória,s visto que os
problemas e demandas eram variadas e em geral não eram previstas
no sistema.”
QUESITO 8. No que compete à forma apropriada da informação no sistema, o
nível de detalhes e o formato da apresentação são selecionados e adequados para cada
necessidade específica do usuário.
100% dos entrevistados afirmaram que o sistema não atendeu satisfatoriamente
esse quesito.
Abaixo, algumas respostas submetidas:
85
“Considero que o detalhamento foi insuficiente. Que as vezes exigia
acessar outras fontes de informações.”
Quando questionados sobre o quesito interface com o usuário, em uma escala “muito
bom/bom/regular/ruim”:
20% dos entrevistados afirmaram ser boa,
20% ruim
60% não souberam opinar.
“Considero o site bom, por corresponder às demandas dos vários
atores do Programa Mais Médicos ( Médicos, supervisores,
coordenadores de Atenção Básica, Secretários de Saúde).”
“Acredito que ruim, porque os gestores municipais e médicos sempre
recorriam a CCE.”
QUESITO 9. Quando questionados sobre se consideram que o modo de organização
das informações no sistema auxiliou no combate a desinformação junto aos públicos
gestores de saúde, população, profissional de saúde, profissionais médicos e estudantes os
entrevistados responderam:
20% que sim,
20% que não
60% não responderam.
Abaixo algumas respostas submetidas.
“Sim, considero. Mas entendo que deveria ser mais ilustrativo e
menos cartorial.”
“Não, porque como já disse o PMM usava e usa diversos sistemas
que não dialogam não são "amigáveis", cada um gerenciado por uma instituição diferente (MS, MEC e universidades e ainda tinha o
consultor da OPAS que usava formas e estrategias de
acompanhamento própria através de excel e compartilhava com
membros da CCE) O programa embora de origem interministerial,
funciona ou funcionava com cada Ministério detendo pra si as
informações que não circulavam nem circulam livremente”
86
Observada a satisfação do usuário quanto à organização das informações no sistema,
mediante os critérios determinados da área de organização da informação, seguimos com o
nosso último quesito de análise, que trata da incorporação das novas tendências de
organização da informação que não partem, exclusivamente, dos agentes de informação, mas,
sim, dos usuários.
No que confere à utilização do usuário no processo de organização das informações
no sistema:
O sistema e website utilizou-se muito pouco de instrumentos contemporâneos para se
pensar a organização da informação junto ao usuário no universo da internet. Na seção
PERGUNTAS FREQUENTES, observa-se alguns fluxos específicos para captar as
etiquetagens dos usuários acerca dos assuntos retratados do programa. Muitos termos e tags
presentes nos motores de busca levam mais o direcionamento da temática do Mais Médicos
para Blog da Saúde e não para o próprio sistema. Há subutilização do usuário no aspecto
folksômico. A utilização do usuário no sistema ocorre mais por meio do processo de
monitoramento, via rede, do que para ele esta sendo produzido como notícia.
87
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que trata a definição; o escopo da área Organização da Informação; os quesitos e
os autores estudados; e a opinião coletada junto aos usuários dos sistemas, via questionário;
observou-se, com o estudo, ainda muita deficiência no sistema no tocante à presença da
maioria dos elementos de OI. A organização do sistema, principalmente em sua primeira fase,
não processou nem tratou do volume de informações produzido na rede, tão pouco produziu
conteúdos próprios para o seu público-alvo: esses gestores de saúde, população, profissionais
da saúde e médicos. A quantidade de informação não oficiais encontradas na internet, a partir
do monitoramento via motor de busca do Google e a clipagem de notícias sobre o programa
em jornais de circulação nacional, mostraram um cenário de confusão do conhecimento, no
qual o Programa estava inserido e isso prejudicou o Governo, profissionais e pessoas que
buscavam informações para minimizar suas dúvidas sobre o Mais Médicos. A inicial
inexistência de um portal oficial; a criação desse portal, mas com a suscetível
indisponibilidade de acesso a repositório institucional oficial e a seus conteúdos, em virtude
de links quebrados e documentos faltantes; a circulação e produção massiva de notícias e
elementos como o hoax, somadas ao despreparo dos agentes de informação, já verificado, fez
com que muitos usuários sentissem dificuldade para obtenção de informações fidedignas
sobre o programa e isso acabou por acarretar um amplo cenário de desinformação sobre a
iniciativa e o potencial de suas propostas. Entre as deficiências encontradas no processo de
organização da informação, ressalta-se a inadequada atividade do processo de indexação. Na
primeira fase, foi verificada uma indexação aleatória, sem a devida extração dos termos
representativos do documento, o que trouxe ruídos e ausências na recuperação documental.
No entanto, durante a etapa de conclusão desse estudo, notou-se melhoras nos processos de
organização da informação no website do programa Mais Médicos, no que se refere ao
quesito. É possível que os anseios dos usuários que desejavam ser bem servidos de boas
informações para a tomada de decisões, bem como o próprio entendimento do governo e de
seus agentes, tenham promovido a mudança no processo indexatório, uma vez que este
incorporou novos elementos humanos e tecnológicos e passou a ser realizado de modo
automático e também manual, respeitando os elementos representativos dos termos, a
linguagem natural do usuário e também o regime de informação institucional da ordem do
governo. Essas mudanças garantiram uma maior celeridade no ritmo de organização e no
aproveitamento de um número maior de notícias e informações pelo usuário dentro do
website.
88
Sem, contudo, quantificar essa organização das informações no sistema, mas diante
das análises colhidas por meio dos indicadores de avaliação, qualitativamente, podemos dizer
que o modelo de organização na segunda fase do programa, no ano de 2015, apresentou
melhorias significativas para o usuário e também para o agente de informação e seu processo
trabalho, visto que, lembrando das palavras de Sayão (1996), muitas vezes, o usuário não sabe
o que procura e só ameniza sua ansiedade navegando pela base de dados. Desse modo, na
construção dos documentos a serem hospedados no website, nos resumos e no processo
indexatório, ao fornecer resultados completos e precisos ao usuário, ele também estará
promovendo a diminuição da ansiedade do seu público-alvo. Como já dito, a ansiedade do
público-alvo, na primeira fase, não foi amenizada, pois os resultados encontrados, ao
digitarmos termos representativos do programa, não nos levaram ao website. Entretanto,
nota-se, pelo monitoramento efetuado no sistema, que da sua fase inicial até a finalização
desse estudo, mais de 90% dos “caminhos de dúvida” sobre o programa encontram,
atualmente, na busca de termos via motores de busca do Google, respostas recuperadas no
sistema oficial do programa Mais Médicos. Esta “mineração direcionada” para o sistema pode
representar, como vimos, o investimento realizado pela gestão do programa/sistema na
modelação dos dados, desde a fase inicial até o modelo de sistema que vigora, atualmente, na
internet. Sabemos que hoje muitas instituições realizam pagamentos aos motores de buscas,
entretanto, na análise, pôde-se perceber que a recuperação das informações nesses motores
ocorreu de modo espontâneo e isto é um aspecto muito positivo para quem trabalha
organizando informações no sistema.
Apesar das análises no website demonstrarem significativa melhoria da primeira para a
segunda fase, é importante ressaltar os seguintes pontos críticos encontrados: 1) a necessidade
de melhor tratar o processo de organização da informação atrelada à conjuntura exterior onde
o usuário está inserido. Aos estudarmos a Organização e suas teorias, vimos a importância do
usuário e de seu contexto para o processo. No primeiro website, principalmente, mas também,
no segundo, os documentos são elaborados sem a escuta das demandas de seus usuários e sem
incorporar elementos de sua realidade. Como vimos, em ambientes digitais em que a
audiência facilmente é transitória, o documento deve ser elaborado para o usuário de acordo
com o fato no mundo. O respeito a essa recomendação da organização da informação não foi
visto na primeira fase. Somente na segunda, com a incorporação de espaços específicos para
abrigar notícias produzidas por agentes externos ao programa é que foi possível perceber a
execução desse item. Muitas informações foram incorporadas em documentos
89
disponibilizados no site. Da análise desse ponto crítico, não se pode inferir - em virtude de
lidarmos com um meio altamente político - se as alterações de tratamento e organização na
primeira fase foram efetuadas de maneira intencional, a fim de evitar desgastes e conflitos
políticos, uma vez que a primeira fase de implantação representou um momento de pleito
eleitoral presidencial. Outro ponto crítico que destacamos na análise: 2) é a subutilização do
usuário como recurso de Organização da Informação. Como vimos, com o estudo da
Folksonomia, muitos governos utilizam o usuário como elemento folksonômico para o
sistema, por meio da associação de sua Linguagem Natural de etiquetagem.
Como sugestão desse estudo e para novos estudos e modelos de pesquisas; aos
agentes de informação governamentais e de esferas corporativas gerais; e, também, à Ciência
da Informação está a utilização, de forma mais massiva, do usuário. A realização de um
aprofundamento nos modelos e conceitos de organização da informação utilizados em
sistemas governamentais estrangeiros, onde é muito comum a adoção extensiva dos serviços
de usuários para adaptá-los à realidade nacional, pode se mostrar muito interessante. A
associação entre a Linguagem Controlada presente nos Tesauros e de domínio dos agentes de
informação e Linguagem Natural do usuário pode representar um elemento potente aos
sistemas e agentes de informação, no tocante à Organização de suas informações.
Outro elemento que elencamos como potentes na observação do sistema do Mais
Médicos e que dizem respeito a um dos objetivos específicos determinados por este estudo, é
a seleção de indicadores da organização da informação que medem a diminuição da entropia
da informação e admitem as menores e maiores perdas de informação do programa. Da
análise, destacamos os seguintes indicadores: 1) a indexação utilizada na segunda fase,
realizada mediante respeito a uma ordem conceitual e terminológica, a fim de promover
eficiência acerca do dado recuperado; 2) A construção de um sistema com adoção de banco de
dados único, com a finalidade de manter a informação de maneira concentrada e íntegra para
os usuários, o que evitou, potencialmente, as chances de indisponibilidade de conteúdos, a
duplicidade dos dados ou, ainda, a inconsistência desses; 3) A promoção no uso das
Tecnologias de Comunicação e Informação (TICS), que ampliou a infraestrutura e uso de
serviços de informação, uma vez que a informação, através desses suportes, eram mais fáceis
de serem acessadas e transmitidas; 4) O monitoramento das informações, via motores de
busca pelos agentes de informação e a incorporação qualificada desses dados nos sistemas; 5)
O investimento em material humano qualificado para a gerir e dispor estoques de informação
nos sistemas de informação; 6) O uso da estrutura das redes como fonte de informação 7) A
90
utilização do usuário e seu contexto e de sua linguagem, como instrumento de organização da
informação no sistema por meio da Folksonomia.
Todos potentes no que se refere à OI, os elementos acima elencados podem servir,
assim como foi no estudo de caso do Programa Mais Médicos, a outros agentes de informação
e para diminuir a entropia e a desinformação. O que também é importante destacar sobre o
processo de organização no estudo é que somente observamos 1) o desenvolvimento de uma
política de organização de dados, com utilização de Tecnologias de Comunicação e
Informação (TICS); e 2) o acompanhamento desses elementos-sistemas e agentes de
informação - de modo a beneficiar a organização; em um momento em que a desinformação e
entropia já se encontravam em estágio muito crítico. O que, como agentes de informação,
devemos pensar é que, independente de um programa estar envolto numa atmosfera de
notícias falsas e entrópicas, seus sistemas devem ser construídos - não para enfrentamento de
situações caóticas já existentes, como foi o caso do Mais Médicos – na concepção inicial, a
fim de já ser dotado de um nível de organização tão consistente que não permita que
informações esporádicas e ocasionais geradas no âmbito externo, por agentes de
desinformação, consigam promover prejuízos e estragos à credibilidade do conhecimento
institucional já construído e consolidado. A Organização da Informação, quando bem
executada, além de favorecer a apresentação de condições para o conhecimento dentro do
sistema que foi organizado, deve estabelecer um vínculo de credibilidade que relaciona agente
de informação/sistema/usuário, favorecendo o que se chama de estado anômalo de
conhecimento. Mesmo ainda sendo difícil verificar o teor de organização e tratamento
aplicáveis à avaliação de um sistema e de sua qualidade - tanto pela novidade que isso
representa em vias tecnológicas quanto pela própria insuficiência de parâmetros elaborados no
construto das ciências que o abarcam para tal - no que tange à área de Organização da
Informação, um sistema baseado em website, (apesar de não se estabelecer como um
instrumento resolutivo para todo o problema da desinformação existente na rede, porque isso
também perpassa por uma gama de outros fatores, que também já foram institucionalizados na
sociedade, como por exemplo, a cultura social e organizacional), quando planejado e
organizado, estruturalmente, com a adoção de simples técnicas vocabulares utilizadas, como
escolha de palavras-chave, a elaboração de resumos para os documentos, a cobertura de
assuntos, a seleção e aquisição dos documentos-fonte; e por seu conteúdo; pode, em conjunto
com técnicas aplicáveis à organização da informação, ser uma potente ferramenta de combate
a muitos problemas no estudo levantados.
91
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98
APÊNDICE A – Questionário PMM - Avaliação do sistema pelo usuário
Esse questionário tem por objetivo coletar informações dos usuários do Sistema de
informação (website) do Programa Mais Médicos- PMM (plano dos gestores) a fim de avaliar
determinadas características de organização da informação presentes ou não nesse sistema. As
respostas aqui contidas serão utilizadas na sua totalidade ou parcialmente na pesquisa de
mestrado que avalia a Organização da Informação no sistema PMM. Seu preenchimento é
direcionado. Desse modo, entende-se o seu preenchimento como uma autorização automática
para publicação de seu conteúdo na pesquisa.
1. Nome
2. Função no PMM
3. Enquanto gestor (a), durante a fase de implantação do programa quais foram os
meios/endereços eletrônicos para busca de informações do Programa?
4. O website do programa representou para você gestor um instrumento e busca de
informações sobre o programa? Se positivo, comente brevemente sua experiência nas
navegações?
5. Durante a fase de implantação do programa, o PMM vivenciou vários embates de ordem
midiática e envolvendo a classe médica, enquanto gestor(a), como você analisa a organização
do sistema (website do programa) para trabalhar essas informações ?
6. No que compete a conveniência da informação no sistema (entende-se aqui por
conveniência) a informação disponível quando necessária e não desatualizada quando estiver
disponível) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas informacionais
enquanto usuário do sistema e gestor (a) de saúde? Justifique.
7. No que compete a exatidão da informação no sistema (Corresponde à realidade que a
informação representa; livre de erros) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas
demandas informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.
8. No que compete a precisão da informação no sistema (Informação com um grau de
precisão apropriado aos dados em questão. Informação com grau de precisão suficiente para a
tomada de decisão com segurança. Ser ) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas
demandas informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.
99
9. No que compete a ser completa a informação no sistema (Informação que inclui tudo o que
o usuário precisa saber sobre a situação (problema) em questão. ) o website do PMM atendeu
satisfatoriamente as suas demandas informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde?
Justifique.
10. No que compete a concisão da informação no sistema (Informação que não inclui
elementos desnecessários ao usuário. Informação objetiva e específica para a necessidade do
usuário.) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas informacionais
enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.
11. No que compete a relevância da informação no sistema (Tem influência direta na situação
de tomada de decisão.) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas
informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.
12. No que compete a forma apropriada da informação no sistema (O nível de detalhes e o
formato da apresentação são selecionados e adequados para cada necessidade específica do
usuário.) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas informacionais
enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique
13. Quanto à interface com o usuário, em uma escala “muito bom/bom/regular/ruim o sistema
mostrou-se eficiente? Comente.
14. Você considera que o modo de organização das informações no sistema auxiliou no
combate a desinformação junto aos públicos gestores de saúde, população, profissional de
saúde, profissionais médicos e estudantes? Comente
100
APÊNDICE B – Formulário de Entrevista - Diretor da Atenção Básica
1. Qual o cenário da Saúde, no que compete a quantidade/distribuição de médicos, vivenciado
pela Atenção Básica antes da instituição do Programa Mais Médicos?
2. Com a fixação do Médico do Programa no território, qual foi a maior dificuldade
encontrada pela gestão (DAB), no convencimento do gestor sobre a certificação e qualificação
dos médicos do Programa, visto as constantes críticas elaboradas e direcionadas ao programa
pelas entidades médicas?
3. Quais foram os argumentos levantados pela classe médica acerca da habilidade técnica e
formação dos médicos cubanos do PMM em relação a dos médicos nacionais?
4. Algum gestor municipal relatou algum receio por parte da ESF em trabalhar com o
profissional do programa?
5. Algum gestor municipal relatou algum receio por parte da população em ser atendido pelo
profissional do programa?
6. Em sua visão, as Redes e o Sistema de informação (website) do PMM estavam prontas para
atender, em tempo hábil, as necessidades informacionais do programa à população?
7. Em sua visão, as Redes e o Sistema de informação (website) do PMM estavam prontas a
atender as necessidades informacionais do programa, no âmbito dos gestores estaduais?
101
ANEXO A – Resultados encontrados no motor de busca Google termo a termo
Figura 16 – Resultado de busca termo programa mais médicos no Google
Fonte: Google – Ano 2016
Figura 17 – Resultado de busca termo mais médicos no Google
Fonte: Google – Ano 2016
Figura 18 – Resultado de busca termo médicos cubanos no Google
Fonte: Google – Ano 2016
102
ANEXO B – Notícias sobre o Programa Mais Médicos
Figura 19 – Programa Mais Médicos manifestações oposicionistas ao programa
Fonte: Folha de São Paulo versão online - Ano 2013
Figura 20 – Charges sobre o Programa Mais Médicos
Fonte: Jornal Folha de São Paulo verso online- Ano 2013
103
Figura 21 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos I
Fonte: Portal Brasil – Ano 2015
104
Figura 22 – Memes retirados das redes sociais sobre o programa
Fonte: Facebook – ano 2013
Figura 23 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos II
Fonte: Sindimed- Ano 2013
105
Figura 24 – Manifestações contra o Programa Mais Médicos
Fonte: Jornal Folha de São Paulo – Ano 2013
Figura 25 – Manchetes de jornais on-line sobre o programa Mais Médicos
Fonte : Jornal o Globo – Ano 2013
106
Figura 26 – Manchetes de jornais on-line sobre o Programa Mais Médicos II
Fonte: Jornal Folha de São Paulo- Ano 2013
Figura 27 – Charge retirada de jornal on-line sobre regime de trabalho do médico cubano
no programa Mais Médicos II
Fonte : Uol Blog- Ano 2013
107
Figura 28 – Programa Mais Médicos polêmicas envolvendo o programa I
Fonte : Google - Ano 2013
108
Quadro 5 – Programa Mais Médicos clipping de notícias parcial realizado em jornais no
período de 01 de junho de 2013 a 20 de março de 2017
Nº MANCHETE FONTE DATA DE
PUBLICAÇÃO
1 O desmonte do Mais Médicos
Carta Capital 24/11/2016
2
Governo tira bônus de brasileiros e quer
'punir' quem deixar Mais Médicos
Folha Uol 8/11/2016
3
Cuba quer ganhar 30% a mais por
profissionais do Mais Médicos
Blog do Fernando
Rodrigues 25/08/2016
4 Mais Médicos: fraudes e menos atendimentos
Jornal Campo Grande
News
14/03/2017
5
Governo Temer quer menos estrangeiros no
Mais Médicos
Revista Exame 16/05/2016
6 As falhas do Mais Médicos
Estadão 9/03/2015
7
Mais Médicos Completa Três Anos ainda Sob
Ataque
Portal Brasil de Fato 5/07/ 2016
8 CFM Divulga Posição Oficial
Site Conselho Federal de
Medicina 21/08/2013
9
Os números do Mais Médicos: pirotecnia
eleitoral x verdade dos fatos
Site Terra 29/04/2016
10
Professor e médico considera Mais Médicos
“uma loucura”
Site Setor Saúde 30/04/2014
11
Saúde da Família: governo cria 329 equipes
para atendimento básico
Correio Brasiliense 15/02/2017
12
Mais Médicos proíbe prefeituras de demitir
profissionais já contratados
Carta Capital 31/08/2013
13
Mais Médicos estimula a criação de cursos de
medicina
Jornal A Tarde 22/07/2014
14 Sistema de saúde demanda ação a curto prazo
Jornal do Campus 2/09/2013
15 Mais Médicos + Golpe = menos médicos
Portal Brasil 247 30/03/2016
16
Retrospectiva 2013: a polêmica em torno do
programa Mais Médicos
Portal da Câmara 18/12/2013
Continua
109
Quadro 5 – Programa Mais Médicos clipping de notícias – continuação
Nº MANCHETE FONTE
DATA DE
PUBLICAÇÃO
17 Serra critica o programa Mais Médicos
Jornal Estadão 16 /07/2013
18
Mas afinal o que é o Programa Mais
Médicos?
Revista Capitolina 6/11/2015
19
Opinião: Programa Mais Médicos é
paliativo midiático do governo
Folha de São Paulo 29/03/2014
20
Estado de S. Paulo critica fortemente o
programa Mais Médicos
Portal Setor Saúde 10/08/2015
21 Programa Mais Médicos: "Justiça Social"
para quem? Portal Migalhas 7/03/2014
22 Carta de Apoio à Vinda de Médicos para o
Brasil
Site Fórum Social pelos
Direitos Humanos e
Integração dos Migrantes
no Brasil
27/07/2013
23 Associação médica diz que Brasil quer
trazer a ‘escória
Site da Câmara dos
Deputados 15/05/2013
24
Médicos cubanos no Brasil são espiões
comunistas, afirma escritor
Portal notícias
Epochtimes 28/08/2013
25
Mais Médicos: acordo com Cuba foi
mascarado
Portal da Band 18/05/2015
26
Médicos cubanos: governo petista revoga a
Lei Áurea e institui o trabalho escravo no
País
Jornal Opção 31/08/2013
27
A saúde publica no Brasil e os médicos
cubanos
Portal Pragmatismo
Político 27/08/2013
28 Por que os médicos cubanos assustam
Portal de Notícias 04/07/2013
29
Programa Internacionalista Médicos
Cubanos é indicado ao Nobel da Paz
Portal Pravda 09/08/2015
30 MPT entra com ação na Justiça contra o
Mais Médicos Agência Brasil 27/03/2014
31
Mais Médicos: ministro da Saúde nega
privilégio ao governo de Cuba
Jornal O Globo 23/03/2015
Fonte: Desenvolvido pela autora a partir de clipagem da imprensa
110
ANEXO C – Apresentação do website do Programa Mais Médicos fase inicial do Programa
Figura 29 – Tela recuperada menu documentos site PMM
Fonte: Print screen tela documentos website do Programa Mais Médicos-Ano 2013.
Figura 30 – Tela Editais site PMM
Fonte: Print screen tela editais website do Programa Mais Médicos-Ano 2013
111
Figura 31 – Tela Informes site PMM
Fonte: Print screen tela informes website do Programa Mais Médicos-Ano 2013.
Figura 32– Sistema de Gerenciamento de Programa- SGP site PMM
Fonte: Print screen tela SGP do Programa Mais Médicos-Ano 2015.