mariana de azevedo pinto - ufba · sistema de informação governamental do programa mais médicos,...

113
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO MARIANA DE AZEVEDO PINTO ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos SALVADOR 2017

Upload: others

Post on 10-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

MARIANA DE AZEVEDO PINTO

ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo

acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação

governamental do Programa Mais Médicos

SALVADOR

2017

Page 2: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

MARIANA DE AZEVEDO PINTO

ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo

acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação

governamental do Programa Mais Médicos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência da Informação, do

Instituto de Ciência da Informação, da

Universidade Federal da Bahia, como requisito

parcial para aprovação no Curso de Mestrado

Acadêmico.

Linha de pesquisa: produção, circulação e

mediação da informação.

Orientadora: Profª. Drª. Lídia Maria Batista

Brandão Toutain

SALVADOR

2017

Page 3: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

P659 Pinto, Mariana de Azevedo

Entropia informacional e desinformação – um estudo acerca da orga

nização da informação aplicada no sistema de informação do Programa

Mais Médico./ Mariana de Azevedo Pinto.- Salvador, 2017.

111f. : i l.

Orientadora: Prof.Dra. Lídia Maria Brandão Toutain

Dissertação (Mestrado) Universidade Federal da Bahia, Instituto de

Ciência da Informação, 2017.

1.Organização da informação.2.Desinformação. 3.Sistema de infor-

mação.4. Programa Mais Médico.I.Universidade Federal da Bahia, Insti-

tuto de Ciência da Informação. II. Titulo.

CDU: 007

Page 4: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

MARIANA DE AZEVEDO PINTO

ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO - um estudo acerca da

organização da informação aplicada no sistema de informação governamental do

Programa Mais Médicos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da

Universidade Federal da Bahia (PPGCI/UFBA), como requisito parcial para obtenção do

titulo de Mestre em Ciência da Informação.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Profª. Dra. Lídia Maria Batista Brandão Toutain

Doutora em Filosofia Universidade Federal da Bahia – UFBA

Orientadora

____________________________________

Prof. Dr. José Cláudio Alves de Oliveira Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Membro titular interno

____________________________________

Profª. Dra. Maria Carolina Santos de Sousa

Doutora em Difusão do Conhecimento

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Membro titular externo

Salvador da Bahia, 27de julho de 2017

Page 5: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

MARIANA DE AZEVEDO PINTO

ENTROPIA INFORMACIONAL E DESINFORMAÇÃO –

um estudo acerca da organização da informação aplicada no sistema de informação do

Programa Mais Médicos.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, do

Instituto de Ciência da Informação, da Universidade Federal da Bahia (PPGCI/UFBA), como

requisito parcial para a aprovação no curso de Mestrado em Ciência da Informação.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Lídia Maria Batista Brandão Toutain – Orientadora

Doutora em Filosofia

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Prof. Dr. José Cláudio Alves de Oliveira

Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Prof. Dra. Maria Carolina Santos de Sousa

Doutora em Difusão do Conhecimento

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Page 6: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

Àqueles que acreditam na leitura enquanto

atividade fértil.

Page 7: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

AGRADECIMENTOS

Ao companheiro e fiel amigo Aloísio Rocha, principal incentivador dessa trajetória que venho

trilhando junto à vida acadêmica.

À família, em especial, minha mãe, Inailde de Azevedo, e ao irmão, Danilo Azevedo, pelo

amparo em todos os momentos de minha vida.

Ao PPGCI/UFBA, professores, corpo técnico-administrativo, pela oportunidade de ingresso

nesse programa e por me permitir desenvolver o caminho da pesquisa, fornecendo-me os

suportes técnicos e arcabouços teóricos necessários.

Aos colegas de curso, que me possibilitaram, a partir da interação dentro e fora das salas de

aula, a ampliação do meu olhar sobre o mundo.

À CAPES, por me conceder bolsa de estudo, a qual viabilizou, durante esse período, o

desenvolvimento desse trabalho.

À banca examinadora, profª. Drª Maria Carolina e prof. Drº José Cláudio pela atenção

dispensada na leitura e contribuições realizadas ao trabalho.

À minha orientadora, Lídia Brandão, por me auxiliar com suas vastas bagagens na execução

desse trabalho.

Page 8: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

Nenhum homem é uma ilha isolada; cada

homem é uma partícula do continente, uma

parte da terra; se um torrão é arrastado para o

mar, a Europa fica diminuída.

(John Donne)

Page 9: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

AZEVEDO PINTO, Mariana de. Entropia informacional e desinformação - um estudo acerca da organização

da informação aplicada no Sistema de Informação do Programa Mais Médicos. 111 f. il. 2017. Dissertação

(Mestrado) Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é estudar a organização da informação realizada no

sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da

Informação e de sua subárea Organização da Informação (OI). O problema desse estudo trata

do excesso de informação presente na rede sobre o Programa e como os agentes de

informação trabalharam a organização desses volumes e seus próprios dados para atender às

demandas de seus usuários dentro de seu sistema de informação, nesse caso, um website.

Entre os conceitos abordados no estudo, estão discussões sobre Entropia Informacional,

Desinformação, Sistemas e Redes de Informação, conceitos transversais à organização da

informação. No que tange ao rigor científico, trata-se de uma pesquisa descritiva, um estudo

de caso, com abordagem qualitativa e aplicação básica. Como métodos, foram utilizadas as

pesquisas documental e bibliográfica. No trabalho, a pesquisa documental consistiu na coleta

e seleção de documentos produzidos pelas redes e sistema do Governo. Adotou-se, como

técnicas, a clipagem e a recuperação documentos, via o motor de busca do Google. As

aplicações dessas técnicas tiveram por objetivo traçar um panorama das informações sobre o

Programa na rede, avaliar o nível de aproveitamento dessas notícias no sistema e na

construção de documentos para o usuário no website. A pesquisa bibliográfica subsidiou

teoricamente as análises, apresentando os instrumentos, técnicas e tendências existentes na

área da Organização da Informação e suas possíveis e corretas aplicações em sistemas de

informação. A aplicação de questionários semiestruturados com os usuários, todos gestores

de saúde da esfera estadual, também foi realizada. A aplicação teve por finalidade coletar

informações, verificar determinadas características de organização da informação, presentes

ou não, no website, bem como avaliar o nível de satisfação dos usuários quanto ao sistema e

sua organização. Pode-se afirmar, observando os resultados encontrados, que o potencial

existente no sistema não foi de imediato explorado pela gestão do Programa, o que repercutiu

na ampliação e disseminação de notícias falsas, hoax e prejuízos ao Mais Médicos e sua

consolidação. Entretanto, no estudo, são apresentados possíveis instrumentos da OI que

podem auxiliar na superação dessas deficiências no modelo de organização de sistema do

Mais Médicos, e que ainda podem vir a servir a outros agentes de informação de sistemas,

como instrumentos de organização da informação, atingindo o seu objetivo de minimizar os

riscos de entropia e de desinformação em sistemas de informação.

Palavras-chave: Organização de Informação; Desinformação; Sistema de Informação;

Programa Mais Médicos.

Page 10: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

AZEVEDO PINTO, Mariana. Information entropy and . Disinformation - a study on the organization of

information in the Program Mais Médicos. 111 f. il. 2017. Thesis (MS) - Institute of Information Science,

Federal University of Bahia, Salvador, 2017.

ABSTRACT

The objective of this work is to study the organization of information carried out in the

governmental information system of the Mais Médicos Program, based on Information

Science and its Information Organization (OI) subarea. The problem with this study is the

excess information present in the network about the program and how information agents

worked to organize those volumes and their own information to meet the demands of their

users within their information system, a website. Among the concepts addressed in the study

are discussions on informational entropy, information systems, information networks,

concepts transversal to the organization of information. Regarding the scientific rigor, the

research is a descriptive research, a case study, with a qualitative approach and basic

application. As methods were used documentary and bibliographic research. In the work, the

documentary research consisted in the collection and selection of documents produced by the

networks and government system. It was adopted as techniques to clipping and retrieving

documents via the Google search engine. The applications of these techniques were designed

to outline the information about the program in the network, to evaluate the level of use of

these news in the system and in the construction of documents for the user on the website.

The bibliographical research theoretically subsidized the analyzes presenting the instruments,

techniques and tendencies existing in the area of Information Organization and their possible

and correct applications in information systems. The application of semi-structured

questionnaires with the users, all health managers of the state sphere, was also performed. The

purpose of the application was to collect information, verify certain information organization

characteristics present or not, on the website, as well as evaluate the users' level of satisfaction

with the system and its organization. It can be affirmed from the results found that the

potential in the system was not immediately exploited by the management of the program,

which has repercussions in the expansion and dissemination of false news, hoax and losses to

the program and its consolidation, however, in the study, are presented possible instruments

of OI that can help overcome these deficiencies in the model of system organization of Mais

Doctors, and also that they can also serve to other agents of systems information as

instruments of organization of the information in which it confers its objective to minimize

the risks of entropy and disinformation in information systems.

keywords: Information Organization. Disinformation. Information system. Mais Médicos

Program.

Page 11: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas do processo de indexação. ........................................................................... 35

Figura 2 – Atividades de entradas, processamentos e saídas Sistema de Informação. ............. 39

Figura 3 – Modelo dinâmico de sistemas de informação. ........................................................ 41

Figura 4 – Índices estaduais de quantos médicos por mil habitantes. ...................................... 53

Figura 5 – Website do Programa Mais Médicos no ano de 2013 ............................................. 62

Figura 6 – Tela principal website do Programa Mais Médicos no ano de 2015 ...................... 63

Figura 7 – Seção de Busca Seguimentada site PMM ............................................................... 65

Figura 8 – Seção notícias site PMM ......................................................................................... 66

Figura 9 – Métodos de busca sistema PMM............................................................................. 67

Figura 10 –Perguntas Frequentes ............................................................................................. 68

Figura 11 – Sistemas de Tags site PMM .................................................................................. 69

Figura 12 – Área de imprensa site PMM .................................................................................. 69

Figura 13 – Seção depoimentos site PMM ............................................................................... 70

Figura 14 – Seção Apoio ao médico site PMM ........................................................................ 70

Figura 15 – Seção Apoio ao gestor site PMM .......................................................................... 71

Figura 16 – Resultado de busca termo programa mais médicos no Google........................... 101

Figura 17 – Resultado de busca termo mais médicos no Google ........................................... 101

Figura 18 – Resultado de busca termo médicos cubanos no Google ..................................... 101

Figura 19 – Programa Mais Médicos manifestações oposicionistas ao programa ................. 102

Figura 20 – Charges sobre o Programa Mais Médicos ........................................................... 102

Figura 21 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos I ............................................. 103

Figura 22 – Memes retirados das redes sociais sobre o programa ......................................... 104

Figura 23 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos II ............................................ 104

Figura 24 – Manifestações contra o Programa Mais Médicos ............................................... 105

Figura 25 – Manchetes de jornais online sobre o programa Mais Médicos .......................... 105

Figura 26 – Manchetes de jornais online sobre o Programa Mais Médicos II ....................... 106

Figura 27 – Charge retirada de jornal online sobre regime de trabalho do médico cubano ... 106

Figura 27 – Programa Mais Médicos polêmicas envolvendo o programa ............................. 107

Figura 29 – Tela recuperada menu documentos site PMM .................................................... 110

Figura 30 – Tela Editais site PMM ......................................................................................... 110

Figura 31 – Tela Informes site PMM ..................................................................................... 111

Figura 32– Sistema de Gerenciamento de Programa- SGP site PMM ................................... 111

Page 12: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AB Atenção Básica

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AI Arquitetura da Informação

BRAPCI Base de Dados em Ciência da Informação

CDD Classificação Decimal de Melvin Dewey

CFM Conselho Federal de Medicina

e –Governo Governo Eletrônico

EIS Executive Information System

ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação

ESF Equipe de Saúde da Família

Fiocruz Instituto Oswaldo Cruz

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

LISA Library and Information Science Abstracts

MEC Ministério da Educação

MIS Management Information Systems

MP Medida Provisória

MS Ministério da Saúde

OC Organização do conhecimento

OI Organização da Informação

OMS Organização Mundial de Saúde

PISUS Programa de Interiorização do Sistema Único de Saúde

PITS Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde

PMM Programa Mais Médicos

PNAB Política Nacional de Atenção Básica

PROVAB Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica

SGP Sistema de Gerenciamento de Programas

SIE Sistemas de informação Estratégicos

SIG Sistemas de informações Gerenciais

SIO Sistemas de Informação Operacionais

SRI Sistemas de Recuperação de Informação

SUS Sistema Único de Saúde

Page 13: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

TICS Tecnologias de comunicação

UBS Unidades Básicas de Saúde

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNISIT World Information System for Science and Technology

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

RSS Really Simple Syndication

Page 14: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese das Teorias da Verdade. ........................................................................... 23

Quadro 2 – Estágios de Indexação .......................................................................................... 36

Quadro 3 – Classificações dos sistemas segundo LAUDON e LAUDON (1999) ................. 40

Quadro 4 – Quadro comparativo dos sistemas PMM nos anos de 2013 e 2015 ..................... 72

Quadro 5 – Programa Mais Médicos clipping de notícias parcial realizado em jornais no

período de 01 de junho de 2013 a 20 de março de 2017 ........................................................ 108

Page 15: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

2 O PROBLEMA DA VERDADE: Entropia informacional e Desinformação ................ 19

3 ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO ........................................................................... 26

4 SISTEMAS E REDES DE ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO ............................. 38

5 MEDOTOLOGIA DE PESQUISA .................................................................................... 46

5.1 Operacionalização da pesquisa e coleta de dados .............................................................. 48

5.2 Análise e tratamento dos dados .......................................................................................... 50

6 PANORAMA DA SAÚDE NO BRASIL ........................................................................... 52

6.1 O Programa Mais Médicos ................................................................................................. 55

6.1.1 Panorama informacional e implantação programa Mais Médicos .................................. 58

6.1.2 Programa Mais Médicos: descrição do processo de organização da informação

encontrados ............................................................................................................................... 61

6.1.3 Sistema de informação do Programa Mais Médicos na perspectiva da Organização da

Informação ................................................................................................................................ 73

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 87

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 91

APÊNDICE A – Questionário PMM - Avaliação do sistema pelo usuário ....................... 98

APÊNDICE B – Formulário de Entrevista - Diretor da Atenção Básica ........................ 100

ANEXO A – Resultados encontrados no motor de busca Google termo a termo .......... 101

ANEXO B – Notícias sobre o Programa Mais Médicos .................................................... 102

ANEXO C – Apresentação do website do Programa Mais Médicos fase inicial do

Programa ............................................................................................................................... 110

Page 16: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

14

1 INTRODUÇÃO

Segundo Robredo (2003), os avanços da internet, majoritariamente advindos nas I e II

Guerras Mundiais, trouxeram, para a sociedade e às organizações, mudanças no modelo de

produção e organização da informação e do conhecimento. O autor segue afirmando que,

diante da explosão da informação gerada por esses avanços, uma modificação quanto à

diversidade de protagonistas existentes para produção e consumo da informação também foi

desencadeada. Até então, explica o autor, a fase que antecedeu o período pré-guerra conduzia

quase que exclusivamente a responsabilidade pelos processos de produção, organização e

mediação da informação aos profissionais da informação, a exemplo de bibliotecários,

arquivistas e aos meios de comunicação comandados por profissionais de mídia.

No cenário coorporativo e das relações sociais cotidianas menos formais, a mudança

transcorrida na rede direcionou visibilidade a uma pluralidade de indivíduos não

necessariamente dotados de competência técnica-informacional. Isto fez com que estes

passassem a produzir e mediar a informação em suas redes e em diversos sistemas de

informações coletivos por conta própria. O que antes se apresentava à sociedade como uma

mudança positiva - o fato de todos os indivíduos poderem produzir e acessar informação -,

atualmente, tem suscitado, por parte dos profissionais da informação, uma série de

preocupações que envolvem o volume produzido de informações pelo usuário; o nível de

entropia existente na rede; e, consequentemente, o não tratamento e organização das

informações nesses ambientes. Entre os anos de 2013 e 2015, vivenciei a experiência de atuar

como comunicóloga na Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Enquanto agente de

informação, cotidianamente, deparava-me com esse enorme volume de informação, o qual

atrapalhava o meu trabalho de organizar a informação para dispor ao cidadão que buscava-a.

O volume de informação produzido nas redes – a maior parte dele oriunda de quem não tinha

um conhecimento específico sobre o universo –; o grande nível de desorganização dessas

mesmas informações; e o alto potencial para desinformar pessoas funcionaram como uma

barreira ao meu processo de trabalho e também de meus colegas de profissão. Observando o

contexto e as práticas internas de organização da informação, vi-me detentora de uma

inquietude para melhorar aquele cenário de informações dispersas. Gostando da pesquisa,

busquei aprofundamentos em relação à temática de Organização das Informações em sistemas

de informação, especialmente os governamentais que se utilizavam da internet. Na Ciência da

Informação, dentro da subárea de Organização da Informação, encontrei um possível

Page 17: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

15

horizonte de pesquisa e sobre ele me debrucei para compreender os fenômenos da

Organização da Informação e, assim, desenvolver um estudo que pudesse auxiliar agentes de

informação quanto à organização da informação em sistemas para minimizar os impactos

decorrentes de volume de informação na rede.

Pelas suas redes humanas e pela internet, através de e-mails, chats, blogs, redes sociais

e sites jornalísticos, o volume e a velocidade de transmissão de informação produzidas desses

sujeitos - agora também agentes de informação - competiam, no novo ambiente, com os dos

agentes de informação, pelo caráter de descompromisso e por não estarem majoritariamente

orientados para a organização da informação e geração do conhecimento ao indivíduo, mas

sim, segundo Carvalho (2001), por conduzir muitos indivíduos para um fenômeno inverso, e,

sob o ponto de vista de geração do conhecimento, muito danoso. Este fenômeno inverso e

pouco discutido cientificamente se configura como o fenômeno da desinformação que gera

como alguns de seus produtos o Hoax.

Segundo o dicionário americano Meriam Webster (2016), por desinformação, entende-

se a ação de suprimir uma informação, minimizando ou maximizando, com essa ação, o seu

efeito. Um dos estudiosos que abordam a temática da desinformação, no país, Carvalho

(2001) classifica a desinformação como uma ação que pode ser observada a partir de dois

aspectos: o da desinformação que afeta o indivíduo pela ignorância e da desinformação

elaborada de modo estratégico. O uso de informações falsas, advindas da prática produtiva

forjada de documentações e amparadas por testemunhos e evidências falsas, traz à tona o

aspecto da desinformação pelo aspecto da estratégia. O desconhecimento sobre um assunto

pelo seu mínimo de dado ou informação, associado à escassez de letramento e de um suporte

organizado para esclarecimento, incorpora o aspecto da desinformação pela ignorância do

sujeito.

Na contemporaneidade, muitos são os produtos e as formas de desinformação. O hoax,

por exemplo, é um desses elementos que muito pode afetar o indivíduo, tanto sob o aspecto da

ignorância quanto pelo aspecto da estratégia. Isto porque é um recurso de desinformação de

alto nível e que atinge principalmente os ansiosos por informação. CARVALHO (2001.p.5).

Descrito por Carvalho (2001) como uma armadilha, um embuste, um artifício para

mascarar uma verdade ou simplesmente para justificar ações premeditadas, a produção de

hoaxes tem como objetivos: a coleta de dados para roubo de informações utilizadas em

diferentes fins; a publicização de falsos conhecimentos sobre um conteúdo de caráter

científico para torná-lo verdadeiro; a sua utilização como um recurso político para introdução

Page 18: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

16

de valores; uma estratégia de manipulação social; e como recurso para prejudicar a imagem

de pessoas públicas, pessoas comuns ou instituições públicas e privadas de forma reversível

ou não. Segundo Lopes (2016), o hoax possui conteúdos advindos de práticas comunicativas

físicas, aparentemente sem propósitos, e trazem em sua essência conteúdos capazes de gerar

empatia nas vítimas. São produzidos estrategicamente por indivíduos e instituições e

endereçados a pessoas carentes ou ansiosas por informação e que não sabem onde buscar

corretamente.

O hoax, assim como outros recursos são, de acordo com o autor, um dos muitos

produtos de desinformação produzidos na rede e que, em sua maioria, afeta empresas que

possuem ambientes caóticos de organização da informação.

No ponto de vista das políticas e ações governamentais, é comum ver supostos agentes

de informação, buscando ferramentas e mecanismos de combate ao problema da

desinformação. A Ciência da Informação pode se fundamentar como um importante

instrumento de apoio no combate do fenômeno da desinformação e de outros tipos de

fenômenos como o da entropia informacional. Essa contribuição ocorre, especialmente, por

meio da subárea da Organização da informação ou estudo referente guiado para as práticas

profissionais de organização mantidas por essas instituições.

Posto o problema da nossa pesquisa e a importância nuclear vislumbrada na área de

Organização da Informação para o estabelecimento de pontes entre a produção e o uso da

informação na esfera coorporativa e, ainda somada à experiência já exposta da pesquisadora,

adquirida no âmbito governamental junto aos processos de comunicação, na Secretaria de

Saúde do Estado, dentro da Diretoria de Atenção Básica, pensou-se o desenvolvimento desse

estudo.

Na busca por conhecer o processo teórico-metodológico adotado para melhoria da

organização da informação em sistemas governamentais, optou-se pela análise de um cenário

organizacional em que a informação se encontrava, pela celeridade de produção e pela própria

demanda de seus usuários, continuamente, em estágio entrópico. Assim sendo, observando o

cenário de entropia das informações, durante a execução da política governamental do

Programa Mais Médicos, escolheu-se como universo de análise o website do Programa Mais

Médicos para o Brasil, do Governo Federal.

A decisão por estudar a organização da informação aplicada em um sistema de

informação da esfera governamental se apoia pela hipótese de que problemas de entropia

informacional, dispersão da informação e de desinformação podem ser minimizados com a

Page 19: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

17

organização das informações nos sistemas, especialmente, quando estes se referem a sistemas

governamentais que possuem a grande responsabilidade de gerenciar e produzir informações,

quase que de forma pedagógica, para disseminá-la a grandes e variados públicos.

Sendo assim, como objetivo geral de pesquisa, definiu-se estudar a organização da

informação no sistema de informação governamental (website) do Mais Médicos, programa

do Governo Federal. Como objetivos específicos, definiram-se:

Promover a discussão teórica dos conceitos de dúvida, entropia informacional e

desinformação; hoax; organização da informação e redes; e sistemas de

informação;

Identificar e descrever o sistema de organização do programa Mais Médicos e a

situação de saúde pública no país, no que tange à Atenção Básica e à formação

de médicos no país;

Monitorar notícias veiculadas sobre o Programa Mais Médicos, no período de 1

de julho de 2013 a 20 de março de 2017, em jornais de circulação nacional,

Facebook e no website do programa e avaliar o volume de aproveitamento

dessas notícias na produção e organização dos documentos disponíveis no

website oficial;

Selecionar indicadores da organização da informação que medem a diminuição

da entropia da informação e admitem as menores e maiores perdas de

informação do programa.

Para o estudo, partiu-se da premissa de que a informação é um importante

combustível de alimentação para a sociedade e governos e quando estes não desenvolvem em

seu staff uma política para organização da informação, encontram-se mais vulneráveis ao

efeito da entropia informacional e da desinformação. Já no aspecto que tange ao rigor

científico, o estudo trata de uma pesquisa descritiva, especificamente, de um estudo de caso

com aplicação básica e abordagem qualitativa. Adota, como método, a pesquisa documental

com a realização de clipagem de notícias, seleção de documentos e conteúdos produzidos

pelas redes e dispostas em sistemas do governo. Como instrumento, utiliza questionários

semiestruturados, que são direcionados aos gestores de saúde do Estado da Bahia e que

também são usuários do sistema. Esses questionários buscam analisar o nível de satisfação

desses atores em relação ao SI e às informações por ele disponibilizadas e organizadas; além

de determinadas características presentes ou não no sistema.

Page 20: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

18

O estudo foi dividido em sete capítulos, que buscaram responder algumas questões

norteadoras de pesquisa, a exemplo de ‘Sobre o que consiste o processo de organização da

informação na Ciência da Informação?’, ‘Como realizar o processo de organização da

Informação?’ e outras que serão expostas durante a metodologia. No primeiro, encontra-se a

introdução, com a delimitação da situação-problema, premissa, o objetivo geral, seguido dos

objetivos específicos. Do capítulo segundo ao quarto, aborda-se o embasamento teórico

utilizado para o desenvolvimento da pesquisa. O segundo se refere aos conceitos científicos e

filosóficos sobre verdade e certeza, entropia informacional e desinformação. O terceiro

capítulo aborda a organização da informação, apresentando seus objetivos, métodos e os

novos instrumentos para organizar a informação. Em seguida, no quarto capítulo, apresentam-

se os conceitos de sistemas e redes de informação, e as redes e sistema do Programa Mais

Médicos, utilizados pela pesquisadora para o estudo. No quinto capítulo, apresenta-se a

metodologia. No sexto, traça-se um panorama da saúde no Brasil e se analisa a organização

das redes de sistemas a partir dos dados coletados. Por fim, o sétimo capítulo traz as

considerações gerais desses resultados, sob a perspectiva da organização da informação,

conjuntamente com as reflexões sobre as ausências e presenças encontradas no sistema em

seu propósito de fundamentar conhecimento a partir da organização da informação.

Page 21: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

19

2 O PROBLEMA DA VERDADE: Entropia informacional e Desinformação

Segundo Matner em Cotrim (2010), o indivíduo inicia seu processo de busca por

informação a partir da dúvida. Diante dessa, o sujeito analisa e constrói a “documentação”

para desenvolver o seu conhecimento e o que irá dispor à humanidade.

No discurso do método, Descartes (1637) expõe que a dúvida se apresenta como

elemento substantivo para fundamentação do conhecimento. Na ausência de convicção sobre

determinado assunto, a dúvida, com sua estranheza e questionamento, surge como elemento

motivador à busca da verdade e consequente aquisição do conhecimento.

Na Antiga Grécia, filósofos e pensadores duvidavam da existência divina. A dúvida

permitiu a estes a superação de pensamentos mitológicos e abertura para a construção de

novos pensamentos. A supremacia dos deuses, até então única crença, deu lugar ao uso da

razão, e isso permitiu emergir outros conhecimentos. Assim, sucedeu-se com outros

pensadores nas mais diversas áreas do conhecimento, a exemplo dos Pré-Socráticos e seus

estudos sobre o universo e os fenômenos da natureza; dos Sofistas, com seus estudos acerca

da educação para formação e para a cidadania; de Platão, com a defesa pelo mundo das ideias

como lugar de essências para todas as coisas; e do filosófico Aristóteles e seu conceito de

alma inteligível, matéria e forma. Todos, por meio da dúvida, tentaram chegar à descoberta

de sua própria existência enquanto substância pensante. A dúvida, o desejo pela verdade, foi

para os filósofos da antiguidade um fator importante e de grande motivação para exploração e

organização de novos e antigos conhecimentos.

Matner citado em Cotrim (2010), coloca que discutir a organização da informação

perpassa o estágio da dúvida. Segundo o autor, a dúvida questiona o conhecimento, a forma

como as coisas são percebidas e como são capazes de clarear nossa compreensão e nossas

ideias sobre determinado pensamento, fato ou conhecimento. Na visão do autor, a dúvida,

pretende questionar como as coisas são recebidas para se buscar explicações e sentidos

diferentes para os fatos e temas que estão postos e que, até então, não se têm informação e

conhecimentos detidos.

Aos indivíduos, a dúvida dificilmente se apresenta como uma atividade fácil. Isto

porque muitos indivíduos dispõem em seu entorno de pouca informação, ou, quando estes as

encontram essas estão organizadas de modo insatisfatório para que o indivíduo ou grupo

possa alcançar as respostas necessárias para a resolução ou o esclarecimento de suas dúvidas.

Page 22: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

20

No Dicionário de Filosofia, de Abbagnano (2000), o autor Gregório, coloca-nos diante

de conceitos importantes que se sobressaem ao contexto de resolução de uma

dúvida/problema. Trata-se dos conceitos de certeza e verdade. Segundo o autor, um dos

primeiros questionamentos feitos pela filosofia é se as coisas são exatamente como parecem.

O autor acredita na presença de uma dualidade que consiste na aparência das coisas e a sua

verdadeira realidade. Segue seu pensamento, explicando que quando falamos de aparência,

implicamos em conduzir nosso objeto a algo diferente dele mesmo – da sua realidade. Na

ótica do autor, quando aproximamos o objeto da aparência, debruçamo-nos sobre o seu valor

cognoscitivo e de percepção, partindo para um ponto de vista mais epistemológico. O autor

segue afirmando que a aparência é o aspecto das coisas quando as percebemos e que quando

abordamos o problema, a partir de um prisma ontológico ("aquilo que é"), encontramos,

segundo ele, a própria realidade.

A distinção entre a aparência e a realidade é o que, segundo o autor, nos permitirá

compreender o problema da verdade e nos fará alcançar o conhecimento.

No Dicionário de Filosofia, a palavra verdade quer dizer desvelamento e

desocultação. Neste sentido, a verdade é entendida como autenticidade, e seu inverso –

inautenticidade -, consistindo, portanto, na aparência.

De acordo com Abbagnano (2000), a verdade na filosofia é categorizada sob dois

prismas: o das verdades formais e das verdades de fato. As verdades formais ou verdades de

razão, estudadas pelo matemático e filósofo Gottfried Leibniz e por Immanuel Kant,

consistem em proposições tidas como verdadeiras e dificilmente falsas, em que a verdade

delas não depende da experiência.

O segundo tipo de verdade, as “verdades de fato”, investigado por Immanuel Kant, são

as verdades informativas, não necessariamente verdadeiras, mas que dependem dos fatos e da

experiência.

No passado, muitas teorias tentaram corresponder, à verdade e à certeza, conceitos e

formas de organizar a informação para transformá-la em conhecimento. Segundo BRASCHE

E CAFÉ (2010, p.91) “o objetivo do processo de organização da informação é possibilitar o

acesso ao conhecimento contido na informação”, ou seja, a verdade contida na informação.

Em diferentes perspectivas, a verdade foi pensada e organizada ao longo dos tempos. Ora a

verdade se organizava, partindo da experiência do sujeito, ora refletindo numa projeção

mental sobre sua realidade, ora emergindo do interesse comum de um grupo, ora do

agrupamento do discurso.

Page 23: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

21

Segundo Carvalho (2010), esses modos de organizar a verdade refletem muito

decisivamente nos modos de organizar as informações. O problema da verdade está na

capacidade de ofertar informações que irão auxiliar o indivíduo e a humanidade na sua

construção do conhecimento, para que possam distinguir, de forma competente, o que é

aparência (inverdade) e o que representa a realidade (verdade). E isso se dá, muitas vezes, por

meio das disciplinas.

Segundo Simor (2006), quatro teorias foram amplamente utilizadas pela Filosofia para

auxiliar organizadores de informação quanto aos parâmetros para se organizar a informação e

auxiliar o homem a alçá-la para o mais próximo da verdade. São elas: Teoria da

Correspondência, Teoria da Coerência da verdade, Teoria Pragmática e Teoria Verdade como

Redundância.

A Teoria da Correspondência, formulada em 1912, por Russell, tem, de acordo com

Lynch (2001), como um de seus defensores Aristóteles (1969). A verdade se expressa, na

teoria, por um juízo mental diante da realidade. Consiste em uma propriedade do enunciado

ou de nossas crenças sobre o mundo. Segundo Simor (2006), “Todo enunciado tem

necessariamente que se referir a um fato no mundo para que nessas circunstâncias os termos

que compõem o enunciado tenham o valor de verdade ou falsidade”. SIMOR (2006, p.26).

Lynch (2001, p. 9) descreve três aspectos que devem ser considerados para avaliação

acerca da verdade ou falsidade, na teoria: 1. O portador-de-valor-de-verdade (suas crenças, os

pensamentos, as ideias, juízos, sentenças, asserções, expressões vocais e proposições); 2. A

“realidade” à qual corresponde o portador-de-valor-de-verdade; e 3. A correspondência (ou

seja, qual a relação entre o portador-de-valor-de-verdade e a realidade). Nesta teoria, a

verdade ou falsidade se mostram correlativas com o fato no mundo.

A Teoria da Coerência da Verdade, de David Hilbert (1862-1943) e Gottlob Frege

(1848-1925), dispõe que a verdade não faz referências ao mundo exterior, e sim às

propriedades presentes no discurso. “É a ausência de contradição interna no discurso que

nos permite declarar que ele é verdadeiro”. LÉONHARDT, (2009. p.5). Assim sendo, uma

proposição é verdadeira se mantém coerência com as demais proposições as quais faz parte e

esta, de forma isolada, não deverá contradizer o conjunto a qual faz parte

Abe (1991) explica

O cientista, enquanto tal recebe um conjunto de sentenças que são aceitas como

verdadeiras, que devem ser coerentes (não encerram contradições) e aspirar à

maximalidade: isto é, o pesquisador sempre procura conjuntos coerentes maximais

de sentenças. Sempre que uma parte de nosso sistema de crenças não funciona bem,

Page 24: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

22

devemos procurar modificá-lo, comparando-se sentenças entre si, de modo a se

obter um novo sistema que seja coerente e, se possível, maximal. (p.6)

Para Abe (1991), a verdade é um sistema que requer tanto coerência quanto amplitude.

A realidade é um todo unificado e coerente. A busca e formulação de um conhecimento irão

requerer, segundo o autor, reajustes constantes de crenças objetivando um conjunto de crenças

tão amplo quanto a consistência permita. Usual às ciências no construto de um conhecimento,

a teoria da verdade, como coerência, possibilita saber se uma proposição é verdadeira,

coerente em relação ao seu conjunto. Contudo, não possibilita concluir se o conjunto a que

pertence é verdadeiro ou falso.

Na Teoria Pragmática, buscou-se a formulação de condições de verdade, para quem

busca ou agrupa o verdadeiro. A busca pela verdade deve, segundo a teoria, considerar a

experiência.

Trata da experiência, segundo Borges Filho e Ghiraldelli Jr (2011)

[..] .não se trata aqui de experiência somente como experimento, nem se trata aqui

de experiência como experiência sensível. Trata-se de experiência no sentido mais

amplo possível: experiência de vida, experiência psíquica, experiência de um povo

ou de um tempo, e também experiência científica, de laboratório. Então, cada

homem ou mulher que quer saber da verdade, deve olhar para a experiência, ou seja,

deve olhar para a conduta dos bípedes sem penas. E é mais útil de se acreditar em

um enunciado sobre o qual temos consenso do que sobre um enunciado que não

possui defensores, que está longe do consenso daqueles que julgamos razoável. (p.7)

Na Teoria Pragmática, o consenso é um elemento importante na aproximação com a

verdade. Borges Filho e Ghiraldelli Jr (2011) esclarecem que

Uma frase que está mais próxima do consenso nos leva a colocar as fichas nela; mas

uma frase que está mais distante do consenso nos faz, de modo a seguir o que é mais

útil, a nos afastar dela. É nesse sentido específico que a verdade é o útil. (p. 7)

A base da teoria no consenso desloca a organização da informação, segundo os

autores, para uma reflexão de verdade partilhada. A comunicação entre os sujeitos não

perpassa uma formulação particular do indivíduo, mas de seu coletivo. Por basear-se no

consenso entre seus interlocutores, a verdade acaba sendo também uma questão exclusiva de

acordo entre esses. NOZICK (2003) esclarece a teoria, afirmando que uma proposição é

verdadeira se houver vantagem prática em sustentá-la. “Aquilo que precisamos não é uma

Page 25: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

23

verdade perfeitamente completa, mas uma crença verdadeira o quanto basta para oferecer

resultados mais desejáveis quando a seguimos numa ação”. NOZICK (2003.p.26).

Na Teoria Verdade como Redundância, também conhecida como Teoria

Deflacionária, do matemático e filosófo Frank Ramsey Plumpton, a verdade é uma questão

linguística e discursiva. Segundo Costa (2007), a teoria trabalha a verdade na lógica do texto,

como uma informação sem redundância, sem excesso ou com deficiência de informação e tem

como universo a busca das palavras corretas para alcance da eficiência.

Abaixo, trouxemos um quadro-síntese dessas teorias e suas principais abordagens de

verdade.

Quadro 1 – Síntese das Teorias da Verdade.

TEORIA ABORDAGEM DE VERDADE

Teoria da Correspondência Verdade deve se referir a um fato no mundo

Teoria da Coerência da verdade Ausência de contradição interna no discurso

Teoria Pragmática Verdade é o consenso entre seus interlocutores

Teoria Verdade como Redundância A verdade é uma questão linguística e discursiva

Fonte: Elaborado pela autora

As quatro teorias estudadas propõem modelos para se organizar a informação

baseados na verdade. Nelas, nota-se o esforço desprendido para se formular parâmetros de

organização da informação e conteúdo para que o indivíduo possa alcançar o discernimento

sobre o verdadeiro e o falso. Segundo Barreto (2002), a verdade, quando tratada sob o viés

científico, é altamente complexa e dependente de diferentes aspectos, como, por exemplo,

uma validação espaço-tempo. Assim, também ocorre quando se pensa a Organização da

Informação para fundamentar uma verdade. Há variações de ordem temporal, exigências de

ordem lógica e de coerência em sua condução. Desse modo, os valores e objetivos para quem

organiza uma verdade serão também determinantes para fundamentar o modelo de

organização.

Shannon e Weaver (1948), Brillouin (1962) e Saracevic (1996) colocam que

informação compõe um elemento contributivo à verdade, não por fazê-la aparente, mas por

ser a informação um elemento redutor de incertezas. Se reduz as incertezas, logo se infere que

a informação remonta aproximação com a certeza e, logo, com a verdade. Sobre certeza,

Brillouin (1962) coloca que a certeza traz consigo o sentimento de segurança sobre

Page 26: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

24

determinado assunto. Por consequência, a informação, por atribuir algum estado de certeza,

também pode ser capaz de permitir ao indivíduo certo grau de segurança e estabilidade.

Como falamos a organização da informação para a verdade remonta a diferentes

aspectos, um deles, talvez o principal, parte da coerência na condução do processo de

organização. Sobre a coerência nessa condução do processo de organização da informação,

partindo das mudanças impulsionadas pelo viés tecnológico, tem-se um momento de

competições mercadológicas e políticas muito intensificados, em que a formatação e a

condução no trato da informação poucas vezes favorecem as instituições, indivíduos e

poderes. Cada vez mais, atores e instituições estão sendo conduzidos a reflexões na ordem de

sobre como lidar com o volume de informações produzidas, interna e externamente, e sobre

como dispor este volume de informação, para proporcionar a segurança ao usuário e seu

público-alvo, e assim permitir-lhes o alcance da verdade e evitar a ampliação da entropia pela

ansiedade do usuário.

Segundo Rifkin (1980), entropia é um estado de incerteza. É toda a energia em um

sistema isolado que se move do estado ordenado para o estado desordenado. Pode-se

compreender, por entropia, um fenômeno necessário do conhecimento. No contexto da

informação, a entropia se associa à quantidade de informação existente na fonte e no canal por

onde esta informação circula.

O conjunto de informações buscadas com a dúvida pode tanto equilibrar o sistema

com fornecimento da segurança ou desequilibrar o sistema com a ampliação da incerteza.

Segundo Shannon (1948), tudo irá depender dos dados que são disponibilizados no sistema e

do quanto eles estão organizados para uso do indivíduo nos canais ou pelas fontes de

informação. Quanto maior a desorganização dessa fonte, segundo a Teoria da Informação

(1948), maior a entropia e sua incerteza quanto a determinado fenômeno.

No domínio da Ciência da Informação, área que debruçamos nosso estudo, tem-se,

segundo Braga (1995), contribuições técnicas-conceituais importantes de dois possíveis

momentos em que se pode dedicar a equilibrar a entropia: um na ordem do canal e outro na

ordem da mensagem e de seu conteúdo. O primeiro momento, do equilíbrio da entropia,

relaciona a informação e os aparatos tecnológicos numa lógica que envolve organização de

fluxo de dados. Historicamente, os primeiros estudos que abordam organização dos fluxos de

dados via canal foi realizado em 1948, a partir da Teoria da Informação de Shannon e

Weaver.

Page 27: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

25

Essa perspectiva de estudo na teoria relaciona as telecomunicações a princípios da

termodinâmica. No enfoque teórico, tem-se que a informação é apenas uma probabilidade,

uma incerteza, uma imprevisibilidade, a qual encontra retirada de seu suporte físico e passa a

ser transportada, também por outros canais, como o ar. Nessa lógica, a informação é

quantificável e a entropia é medida pela perda ou incompletude da informação, desde sua

saída da fonte, passando pelo canal, até sua chegada ao receptor final. Na ótica, a entropia

pode ser equilibrada observando a capacidade do canal em receber o fluxo de informação.

Sendo assim, quanto menor o peso da informação, mais incompleta ela se encontrará, logo,

menos organizada em sua transferência pelo canal (portanto terá uma maior entropia).

Quanto menor a entropia, maior o peso da informação, menor será a taxa de perda da fonte e

mais completa a informação se apresentará, assim sendo, mais organizada em sua

transferência pelo canal.

Dessa primeira perspectiva dos estudos para se evitar a entropia, derivam algumas

técnicas de organização da informação e disciplinas utilizadas para confecção e otimização de

sistemas de informação, no que tange à eficiência do canal, como por exemplo, as técnicas de

recuperação da informação, por meio da utilização de métodos booleanos, operadores e

descritores lógicos e a disciplina da Arquitetura da Informação.

A segunda perspectiva de entropia se refere ao processo de produção e transmissão da

informação e pode ser evidenciada pelo conteúdo da mensagem. O processo ganho de uma

nova informação pode representar, de acordo com Costa (2007), tanto o aumento da entropia

(desordem/incerteza) quanto sua diminuição (ordem/certeza). Quanto mais correta, elaborada

e precisa for a ordem dos dados transmitidos na mensagem, pelos agentes de informação, no

sistema frente à realidade, mais as ações de organização do fluxo informacional serão bem-

sucedidas. Aos agentes de informação dos sistemas, caberá, para Costa (2007), a

responsabilidade de dispor da informação organizada, suficientemente consistente e

disponível, a fim de conduzir o indivíduo a um estado de diminuição de sua entropia e de

maior equilíbrio sobre o seu saber. Desse modo, quanto maior o potencial técnico-

metodológico de organização das informações no canal (sistema) e maior a instrumentação da

fonte de informação, respeitando os aspectos cognitivos - que envolverão o sujeito quando

estes acessarem os objetos informacionais, ali presentes e organizados no sistema - maior

será, para o autor, a segurança da informação e menores são as possibilidades deste indivíduo

ser submetido a incertezas sobre as informações e a desinformações.

Page 28: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

26

3 ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

A Organização da Informação (OI) surgiu enquanto uma subárea da Ciência da

Informação, a partir de 1876, sob influência da Classificação Decimal de Melvin Dewey -

CDD e da obra Rules for a Dictionary Catalog de Cutter. Esta subárea compreende a

organização de “um conjunto de objetos informacionais para arranjá-los, sistematicamente,

em coleções como bibliotecas, museus, arquivos, tanto tradicionais quanto eletrônicos”.

BRASCHER E CAFÉ (2010, p.6).

Na Ciência da Informação, a organização da informação tem como berço a

biblioteconomia e é abordada sob duas vertentes: como um espaço investigativo e como uma

atividade operacional. Na primeira vertente de espaço investigativo, segundo Brascher e Café

(2010), tem-se o fornecimento da fundamentação teórica e metodológica para o tratamento de

informações. A segunda compreende as determinações do fazer profissional relacionado ao

tratamento das informações.

Muitas são as propostas conceituais, os objetivos e as técnicas do processo de OI

encontradas na literatura. Para nosso estudo, tomamos, inicialmente, o referencial teórico de

um importante autor: Raganathan (1931). Ele é tido como o grande teórico acerca dos estudos

da área.

Ranganathan, em The five laws of library Science (1931), define 5 leis para se pensar a

organização da informação no ambiente físico das bibliotecas. Segundo a tradução de Rizzi

(2016), são elas: 1. Os livros são para usar; 2. A cada leitor o seu livro; 3. A cada livro o seu

leitor; 4. Poupe o tempo do leitor; 5. A biblioteca é um organismo em crescimento. As cinco

leis tratam do momento histórico no qual os livros não eram acessíveis à maioria da

população e que o autor acreditava ser este um instrumento de uso universal e não somente

para o uso restrito.

Para Ranganathan, todo livro poderia servir a alguém e os processos de Organização

da Informação nos ambientes físicos e nos objetos informacionais poderiam facilitar a

mediação entre o conteúdo existente no livro e o leitor. O autor acreditava na organização da

informação enquanto atividade e fazer operacional, que poderia promover uma otimização no

tempo de busca do material, reduzindo, deste modo, a perda do tempo do profissional e do

leitor. Acreditava na biblioteca como um ambiente vivo e em constante crescimento para o

conhecimento.

Page 29: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

27

Com o crescimento de portais na internet na atualidade, como meio de acesso a

informações, as leis e diretrizes criadas por Ranganathan passaram, segundo Gomes (2006),

por uma reformulação, entretanto, continuam a se fundamentar como diretrizes de

organização e mediação da informação, uma vez que ainda hoje determinam os modelos e as

técnicas de classificação existentes e sistemas informatizados.

Svenonius (2000); Taylor (2004); Joudrey (2008); Brascher e Café (2010), Kuramoto

(2006) e Barité (2001) são outros autores na atualidade que abordam a temática da

Organização da Informação e que tomamos como referencial teórico para nosso estudo. A

visão comum a esses autores é de que, cada vez mais, a sociedade e instituições dependem da

informação para desenvolverem seus conhecimentos e habilidades. Assim sendo, o processo

de organização da informação deve existir para auxiliar o indivíduo em sua tomada de

decisão, sem que este perca seu tempo e o interesse por conhecer determinado assunto.

Entre os principais objetivos da organização da informação, destacamos os apontados

por Brascher e Café (2010): para as autoras, “o principal objetivo da Organização da

Informação é o de possibilitar o acesso ao conhecimento contido na informação”. (p.5).

Já Taylor e Joudrey (2008) colocam que organizar a informação trata do cumprimento

de procedimentos, como:

Identificar a existência de todos os tipos de recursos informacionais assim

que eles estiverem disponíveis;

identificar trabalhos contidos nestes recursos informacionais ou partes deles;

agrupar sistematicamente esses recursos informacionais em coleções de

bibliotecas, arquivos, museus, arquivos da internet, e outros tipos similares de

repositórios;

produzir listas desses recursos informacionais preparadas de acordo com

regras padronizadas para citação;

oferecer nome, título, assunto e outro acesso útil para esses recursos

informacionais;

oferecer os meios de localização de cada recurso informacional ou uma cópia

dele. ( p. 5-7).

O processo de descrição da informação, para alcance desses objetivos, é de

fundamental importância, uma vez que, de acordo com Brascher e Café (2010), o acesso ao

conhecimento se dá, por meio da informação registrada, da descrição física do objeto e do

conteúdo das suas unidades informacionais.

O processo de descrição física e de conteúdo dos objetos informacionais, desenvolvido

pela OI, resulta, segundo Brascher e Café (2010, p. 92), na Representação da Informação.

Segundo as autoras, essas representações da informação são construídas por meio de

Page 30: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

28

linguagens específicas que podem tanto descrever a informação quanto discorrer sobre

documento (suporte físico).

As autoras colocam os processos de organização da informação como todos os

processos aplicáveis a objetos físicos e a unidades de informação – também chamados de

objetos informacionais. Desse modo, pode-se conceber por unidade de informação

organizável, textos, imagem, registros sonoros, representações cartográficas e páginas web.

Logo, a elaboração de resumos, a catalogação, a classificação, a indexação e o

estabelecimento de elos são processos de organização da informação que também podem ser

aplicados em ambientes virtuais, como é o caso do estudo em questão.

Brascher e Café (2010) e Kuramoto (2006) apontam diferenças entre a Organização do

conhecimento e a Organização da Informação. Nesse estudo, não trabalharemos a

Organização do Conhecimento. A quem se debruça a estudar a temática, trouxemos apenas

uma breve diferenciação entre a OC e a OI e seguiremos com nosso foco na OI.

A organização e a sistematização cognitiva do conhecimento, a organização dos

conceitos, bem como a construção de sistemas de organização do conhecimento aplicados a

unidades do pensamento, trata, segundo Brascher e Café (2010, p. 25), de atividades da

Organização do Conhecimento. Já a descrição de documentos, seus conteúdos, características

e objetivos, e a organização dessas descrições, a fim de tornar esses documentos e suas partes

acessíveis a pessoas que os procuram ou que procuram por mensagens neles contidas, tratam

da Organização da Informação,

Ainda de acordo com Brascher e Café (2010):

Esses dois processos produzem, consequentemente, dois tipos distintos de

representação: a representação da informação, compreendida como o conjunto de

atributos que representa determinado objeto informacional e que é obtido pelos

processos de descrição física e de conteúdo, e a representação do conhecimento, que

se constitui numa estrutura conceitual que representa modelos de mundo, os quais,

permitem descrever e fornecer explicações sobre os fenômenos que observamos.

(p.6)

Dessa forma, num consolidado conceitual, pode-se entender que contemplam a OI,

para autores como Hjorland (2008k), Brascher e Café (2010) e Kuramoto (2006), todo tipo de

método de indexação, resumo, catalogação, classificação, gestão de arquivos, bibliografia e a

criação de bases de dados bibliográficas e textuais para a recuperação da informação. Embora

áreas distintas, a OI e OC refletem uma relação de extrema dependência uma sobre a outra,

Page 31: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

29

principalmente quando consideramos as novas experiências para a construção do saber. Cada

vez mais, a aquisição do conhecimento tem demandado que a informação se encontre

organizada. Embora as duas áreas sejam importantes e complementares, à consolidação do

conhecimento, em virtude dos desdobramentos do nosso estudo, ressaltamos novamente que

daremos foco apenas no estudo da OI.

A temática do grande fluxo de informação e a necessidade das organizações

fortalecerem a Organização da Informação em seus sistemas e redes é tratada por Braga

(2010) no artigo “O excesso de informação - a neurose do século XXI”.

Segundo o autor, uma vez que se tornou possível acessar informações sobre quase

tudo no mundo e estabelecer contato direto com as fontes de informações, o excesso de

informação se tornou um desafio às instituições, no tocante à organização das informações, a

fim de evitar a desinformação ou ansiedade no usuário em rede.

O autor segue afirmando que o excesso de informações, ao invés de embasar o

conhecimento e auxiliar a tomada de decisão, tem causando enormes prejuízos às instituições

e às pessoas, pois tem realizado uma dispersão do conteúdo informacional e isto tem gerado

conclusões mal fundamentadas e decisões equivocadas por parte dos usuários e empresas.

Braga (2010) considera que, por haver informação demais na rede e pouco tempo de

processamento, o próprio usuário demanda a mediação desses conteúdos para não se

atrapalhar em seu processo de aquisição do conhecimento. Fato também notado por Belkin

(1980), citado por Sayão (1996):

Quando um usuário inicia uma busca, ele não sabe com exatidão o que pretende

procurar, criando uma espécie de angústia, amenizada somente no momento em que

navega pela base. Esse estado transitório o autor chama de “estado anômalo de

conhecimento”, ou seja, o alto grau de indefinição do usuário em relação ao assunto

que procura, sendo o seu desejo de informação altamente nebuloso antes de

consolidar a busca. (p. 32)

Logo, fica evidente que o processo de organização da informação, além do suporte de

organização (físico), é também altamente dependente do recurso humano e do seu fazer

operacional dos chamados agentes de informação.

Nesse sentido, diante de uma capacidade técnica e expertise, os agentes que organizam

a informação conseguem atingir um nível de detalhamento da informação documental para

fundamentar um conhecimento mais aprofundado e dispô-lo ao usuário, auxiliando-o a dirimir

esse problema da ansiedade e o sentimento de impotência que este tem sobre o não saber algo,

Page 32: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

30

uma vez que são apresentadas melhores condições de busca para que o espaço de tempo da

sua angústia seja menor ou até inexistente.

Braga (2010) considera que na atualidade a busca por se mostrar antenado com as

coisas do mundo faz com que o indivíduo fique impossibilitado, pela ansiedade, de obter e

avaliar os conteúdos que são, de fato, fundamentais e verídicos para formulação de um senso

crítico sobre determinado assunto. Nesse caso, absorve e produz do supérfluo e do

fundamental e isto se torna um grande problema para as empresas.

“ O viciado em informação precisa saber tanto sobre a nova tecnologia de aparelhos

de mp3 quanto o resultado do campeonato mundial de ping-pong, tanto sobre as

oscilações da bolsa em Kuala Lumpur quanto à nova safra de desenhos animados do

Cartoon Network, independente da necessidade real de saber tais coisas”.

AZEVEDO (2002. p.12)

Por não saber buscar a informação corretamente ou, ainda, não encontrar agentes de

informação formais ou instrumentos de informações satisfatoriamente organizados, o

indivíduo acaba por se submeter ao vício informacional. Nessa lógica, a informação obtida

sempre será proveniente de diversas fontes e nunca será suficiente. Quanto mais informações

soltas o indivíduo obtiver, mais ficará sabendo da existência de novas fontes e isso

desencadeará uma precocidade no ciclo de maturação da informação, podendo levar o

indivíduo a afetar outros indivíduos pela desinformação.

Ao realizarem o seu processo de trabalho de forma correta, os agentes e gestores de

sistemas promovem uma diminuição do “empilhamento de informações” dos usuários

ansiosos, facilitam seu trabalho de fornecer informação para transformá-la em conhecimento e

ampliam os seus leques para tomada corretas de decisões.

Outro fator de grande importância para as organizações no que tange ao atendimento

de seu público, além dos agentes de informação, trata-se, segundo Rabello (2006), da escolha

e desenvolvimento de modelos e ferramentas estratégicas de organização, gerenciamento da

informação, que possam vir a servir a instituições e seus membros, interna e externamente,

nos sistemas.

Ilustram metodologias de organização da informação, os modelos de gerenciamento

Sistêmico e Emergente, os quais estudaremos adiante.

No Modelo Sistêmico, o processo de organização da informação, adotado pelos

agentes, “consiste na demanda de informação, na produção de documentos e/ou análise

linguística destes, tradução (quando pertinente), catalogação, e, posteriormente, a consulta dos

Page 33: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

31

usuários e especialistas,” para, então, sistemas serem elaborados e o estoque de informação

ser disponibilizado. BORKO (1968, p. 72).

Rabello (2010) explica que no modelo sistêmico

Os profissionais da informação buscam sustentar, a priori, os seguintes padrões: a)

conhecimento prévio das fontes de interesse ao usuário, mediante uma intervenção

seletiva; b) definição do modelo de intermediação, com critérios previamente

estabelecidos; e c) definição prévia dos objetivos da mediação da informação,

apontando para supostas predições de resultados. (p.23)

Souza citado em Carvalho; Lucas; Gonçalves (2010) destacam os bibliotecários e os

processos de ordenação do conhecimento - registrados para fins de guarda, arquivamento e

recuperação com uma intervenção seletiva das fontes - como pontos importantes do modelo.

Na atualidade, em que se desenvolvem múltiplos canais de comunicação e há a

existência assídua da virtualidade, os processos de organização e gerenciamento da

informação, pautados na priorização de documentos utilizados via modelo sistêmico, possuem

uma dificuldade maior quanto à concepção, principalmente, pela dificuldade de definição do

público-alvo.

Rabello (2010) esclarece que:

a ideia de controle imaginada no .modelo sistêmico” se dissipa pela dificuldade

imposta de definir conceitualmente um público-alvo, o qual fará uso da informação.

Nesse ambiente, a dificuldade de projeção daquele que será o usuário da informação

remete à existência de um modelo distinto do “tradicional”, ou seja, um modelo que

admite a existência de uma “audiência não planejada”, de difícil controle.

RABELLO (2010. p.3)

Segundo Rapetti (2007), entre uma das propostas de metodologias de organizar a

informação atuais é a Folksonomia, conceito que será visto adiante. A folksonomia faz parte

do modelo emergente, um modelo que prioriza o usuário. O modelo emergente inicia a

organização da informação pelo processo de escuta do usuário e de suas necessidades para,

então, depois preocupar-se com a seleção das fontes e do documento capaz de atendê-lo em

sua necessidade.

De acordo com Ferreira (1995), tanto o modelo emergente como o modelo sistêmico

são baseados na classificação do conhecimento e adotam técnicas de organização da

informação como a Taxonomia (hierarquização e categorização) e o método de classificação.

Como cada vez mais o usuário se utiliza do ambiente da internet para se informar, as

necessidades de interação e de agilidade na organização das informações disponíveis

Page 34: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

32

conduzem as organizações para: uma ideia de utilização de classificações mais ágeis, capaz de

utilizar instrumentos lógicos e linguísticos mais complexos de controle dos processos de

representação e que acompanhe o ritmo demandado pelos usuários e pela sociedade. Nesse

contexto, “há a possibilidade de uso de linguagens naturalmente e artificialmente

construídas”, NAVARRO (1996, p. 97).

De acordo com Maculan, et al, (2009), pela incapacidade natural dos agentes de

informação cobrirem e competirem com todo conteúdo produzido em rede, essas linguagens,

naturalmente e artificialmente construídas, teriam a finalidade de descrever sinteticamente

conteúdos documentais, auxiliando assim os usuários e gestores de informação na

organização das informações em seus sistemas.

As taxonomias que servem de instrumento para a organização e recuperação de

informação em empresas e instituições são algumas dessas linguagens. Num sentido

ampliado, define-se a taxonomia, “como a criação da estrutura (ordem) e dos rótulos (nomes)

que ajudam a localizar a informação relevante”, MARTINEZ et al, (2004, p.106).

Segundo Figueiredo (2006), as taxonomias devem atender a diferentes objetivos e

facilitar a compreensão e exploração do conteúdo. Para Campos e Gomes (2008), as

taxonomias se apresentam como vantagens aos gestores e aos usuários de sistemas, em

virtude de sua flexibilidade e pela possibilidade de organização e recuperação de informação,

através da navegação simplificada, pois comportam, em uma só estrutura, todos os dados. “As

taxonomias podem ainda ser utilizadas como instrumento de organização intelectual, atuando

como um mapa conceitual dos tópicos explorados em um SRI; além de fornecerem um novo

mecanismo de consulta em portais institucionais, através de navegação”. CAMPOS E

GOMES (2008, p. 22).

Segundo Maculan, et al (2009), o aproveitamento real das características da

taxonomia, como instrumento de organização da informação em um sistema, só é possível

mediante o respeito a algumas condicionantes, a fim de garantir tanto a integridade da

informação quanto de seu processo de recuperação. O termo está, para os autores, entre um

dos aspectos mais importantes de serem preservados.

Ainda de acordo com as autoras, a escolha do termo no sistema ou documento deve se

preocupar com a comunicabilidade, com vistas à linguagem do usuário; com sua utilidade,

uma vez que se trata da representação do conteúdo de um documento ou um conjunto de

documentos; e com a compatibilidade do termo junto a sua área.

Page 35: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

33

Segundo Lara (1993), citada em Fujita e Souza (2014), “a organização e a recuperação

da informação em qualquer sistema de informação envolvem o processo de comunicação

documentária que enreda a codificação e a decodificação dos conteúdos informacionais”

(p.29). Estes têm, por finalidade, criar representações e disponibilizar a informação tratada

para recuperação. Nessa perspectiva, a concretização dessa comunicação implica na adoção

de um sistema de diferentes práticas e técnicas documentais de trato intelectual e mecânico da

informação.

Pela incapacidade de organizar todo o universo de conteúdo da internet, muitos

gestores de sistema de informação têm empregado instrumentos de organização da

informação que se utilizam do usuário. É o caso da Folksonomia. O termo Folksonomia

refere-se à “classificação popular”.

De acordo com Maculan, et al (2009), essa classificação se apoia no processo de

etiquetagem: “Nesse processo, o usuário atribui tags (etiquetas) de maneira intuitiva a

determinado conteúdo da Web, como fotografias digitais, vídeos, textos, músicas, referências,

links, entre outros, ( p.8)”.

Os sistemas que adotam a folksonomia têm como benefícios a utilização da linguagem

natural do usuário para representar, organizar e recuperar conteúdos informacionais.

Segundo Lopes (2002), um dos problemas muito comuns encontrados nos SI, e que

geram desinformação, referem-se às buscas nos sistemas. O autor explica que, geralmente,

nas bases de dados dos sistemas, os campos de título e resumo são registrados pelos agentes

de informação com termos de indexação baseados em Linguagem Controlada. Ocorre que o

processo de recuperação da informação pelo usuário no SI, quando realizado, ocorre por meio

do da Linguagem Natural. Desse modo, o usuário, ao tentar buscar uma informação no SI,

pela diferença entre a linguagem que foi indexada pelos agentes (Linguagem Controlada) e a

que o usuário fez uso para buscar ( Linguagem Natural), não consegue recuperar o dado da

forma esperada. Sistemas que adotam a folksonomia podem contribuir para minimizam riscos

como esses e a desinformação, uma vez que promovem o processo inverso: coletam a

indexação via Linguagem Natural e, posteriormente, as elenca via Linguagem Controlada.

Diante dessa possibilidade de estabelecimento de regras entre as linguagens controlada e

natural, torna-se, segundo com LOPES (2002.p. 42), “possível o encontro entre uma pergunta

formulada e a informação armazenada em uma base de dados”.

A polissemia e sinonímia, por exemplo, possíveis de ocorrer com o uso de

folksonomia, repercutem em inconsistências no vocabulário de sistemas de informação que se

Page 36: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

34

baseiam em linguagem natural, mas são aspectos que, com a utilização de instrumentos como

os tesauros e Linguagem Controlada poderiam, segundo a autora, auxiliar no preenchimento

do espaço entre usuários e máquinas e proporcionar a consistência terminológica, amenizando

os problemas citados de recuperação da informação.

Nessa lógica, quando o usuário tentar realizar, por meio de seu vocabulário, o processo

de recuperação da informação, e o sistema observar irregularidades semânticas no processo de

descrição do usuário, o próprio sistema recomendará uma representação vocabular, garantindo

o controle terminológico da temática ou da área em questão e evitará a perda de informação.

Em todos os processos de recuperação de documento, inclusive no processo de

recuperação do documento via linguagem baseada em Folksonomia, ou Linguagem

Controlada, o processo de indexação se apresenta como um importante indicador de garantia

da eficiência de um sistema de informação. Por ser de fundamental importância ao processo

de Organização da Informação, discutiremos, agora, esse indicador.

Segundo o sistema internacional World Information System for Science and

Technology (UNISIST, 1981), o processo de indexação consiste na ação de descrever e

identificar um documento de acordo com seu assunto. No Brasil, a Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT, 92), é a instituição que rege a normatização para diferentes setores,

produtos e serviços e define a indexação pelo ato de identificar e descrever o conteúdo de um

documento com termos representativos dos seus assuntos.

Tanto na literatura internacional quanto na nacional especializada, ao ato de indexar

são apontados um número variado de etapas. A NBR 12676/1992 elenca 3 etapas para o

processo de indexação;

Etapa 1. O exame do documento e estabelecimento de seu conteúdo;

Etapa 2. A identificação dos conceitos presentes no assunto;

Etapa 3. A tradução desses conceitos nos termos da linguagem de indexação.

Na Figura 1, o processo de indexação em suas três etapas conforme estabelece a NBR

12676/1992 é trazido.

Page 37: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

35

Figura 1 – Etapas do processo de indexação.

Fonte: NBR 12676/Associação Brasileira de Normas Técnicas-1992

A etapa 1, de exame do documento e estabelecimento de seu conteúdo, é também

conhecida como análise de assunto, análise de conteúdo, análise temática ou análise

documentária, e pode ser concebida como o processo de extrair conceitos capazes de traduzir

a essência do documento.

Segundo Fujita e Sousa (2014), a compreensão do conteúdo, nesta etapa, tem

dependência com a forma que o documento assume, se gráfica, se não gráfica, se impressa, se

não impressa, por exemplo. Para as autoras, a compreensão do assunto se dá pela leitura e esta

deve considerar, para a indexação, partes tidas como importantes no documento, a exemplo de

título e subtítulo, resumo, sumário, introdução, ilustrações, diagramas, tabelas e seus títulos

explicativos, palavras ou grupos de palavras em destaque e referências bibliográficas.

A realização da indexação, apenas pelo título ou partes isoladas do documento, não é

recomendada e infere em uma forma negativa de se indexar, uma vez que, para elas, estas, de

forma isolada, podem não expressar o verdadeiro conteúdo do documento.

A etapa 2 de identificação dos conceitos é quando o indexador deverá selecionar

termos que expressem o conteúdo do documento. “A escolha de tais conceitos deve obedecer

a categorias importantes da cobertura do documento, sendo: o fenômeno, o processo, as

propriedades, as operações, o material, o equipamento, etc, FUJITA E SOUSA (2014, p. 24)”.

Nessa etapa, as autoras afirmam não ser necessário ao indexador o acréscimo de todos os

termos que este escolheu em seu processo examinatório, sendo apenas necessária a escolha

dos termos que este julga atender ao objetivo para o qual o documento foi indexado. As

autoras acrescentam que ao fazer a escolha dos conceitos, o indexador deve ter em mente a

Page 38: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

36

função de recuperação da informação e levar em consideração os conceitos apropriados para a

comunidade usuária e, quando necessário, mudar os instrumentos de indexação. Isso, com

base no retorno dado pelos usuários.

Chaumier (1988) acrescenta que a escolha dos conceitos a serem representados deve

se basear na aplicação pelas regras da seletividade e exaustividade. Na primeira, seletividade,

só devem ser relacionados os conceitos que representam as informações do documento de

interesse ao usuário e, na segunda, exaustividade, todos os conceitos úteis devem ser

relacionados.

A terceira e última etapa consiste na tradução desses conceitos em termos da

linguagem de indexação, direcionando a tradução dos assuntos selecionados para

instrumentos de indexação verbais. Esses instrumentos “podem ser representados por tesauros

e listas de cabeçalhos de assunto, dentre outros instrumentos simbólicos, onde os conceitos

são representados por símbolos de classificação, FUJITA E SOUSA (2014, p, 25).”

O quadro abaixo traz a discriminação realizada do processo de indexação em cada um

dos três estágios.

Quadro 2 – Estágios de Indexação

Fonte: FUJITA E SOUSA (2014)

Page 39: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

37

Sobre a indexação, Fujita e Sousa (2014) ressaltam, ainda, a importância do texto para

o profissional indexador. Esclarecem que, sobre o texto, o indexador deve manter uma

interação de dois níveis: de apropriação terminológica e de apropriação conceitual. A

familiaridade possuída pelo indexador via apropriação da terminologia e descritores de suas

enciclopédias particulares permite a este incorporar novas informações aos sistemas, formular

expressões de busca, estabelecer diálogos interdisciplinares, sem, portanto, conduzir este

profissional ao entendimento do conjunto de que trata o texto. A Apropriação conceitual fará

o indexador conhecer, mais especificamente, os conceitos e interfaces que os descritores

apresentam em áreas distintas do conhecimento. Quando bem executada nesses dois níveis, a

indexação subsidiará o usuário a obter, nos sistemas de informação, de forma eficaz e

adequada, todo pedido do dado informacional, repelindo a presença de ruídos e silêncios e o

fenômeno da desinformação.

Esses processos visam garantir que não haja incoerência sobre o que foi procurado e o

que se encontrou, “ou ainda inibir a sensação de frustração do usuário sobre saber da

existência de um determinado documento e não encontrá-lo”. CHAUMIER (1988, p.74).

Page 40: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

38

4 SISTEMAS E REDES DE ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Na literatura científica, são muitas as definições encontradas para determinar a ideia de

sistemas de informação (SI). Num ponto de vista genérico, "[...] o termo sistema traz de

imediato a ideia de um todo orgânico, governado por leis próprias, que definem a sua

estrutura e o seu funcionamento e o dirigem a um fim determinado”. SANTOS (1999, p. 47).

Na Ciência da Informação, as definições para sistemas são encontradas sob duas

perspectivas: as que tratam as questões de recuperação da informação (SRI); e as que se

voltam para procedimentos que constituem um sistema em sua completude. Na primeira

perspectiva, o sistema é tido como dispositivo que se propõe a buscar documentos de uma

base de dados, em resposta a uma solicitação do usuário, de forma que o conteúdo dos

documentos corresponda às suas necessidades de informação,

TURBAN:MCLEAN:WETHERBE (1996). Na segunda perspectiva, sistemas de informação

são definidos “como um dispositivo que trata a representação, armazenamento, organização e

acessos ao item de informação, KURAMOTO (2006, p. 25)”.

Para Kuramoto (2006), no que diz respeito à organização da informação, a primeira

definição trazida de sistema evidencia apenas a interface de busca em detrimento de outros

processos e proponentes que existem num sistema, enquanto que a segunda se mostra capaz

de deduzir que uma coleção de documentos, antes de ser disponibilizada para consulta, passa

por um processo de construção da representação e de organização por agentes de informação.

Num sistema, segundo Kuramoto (2006), o objeto a ser recuperado não é a

informação, e sim o documento, ideia também defendida por Ferneda (2003). Para o autor,

“os sistemas não recuperam informações e sim textos e/ou documentos que podem ser

utilizados como informação em potencial. FERNEDA (2003, p. 72)”.

Conforme pode ser visualizado na Figura 2, todos os Sistemas de Informação, que

podem ou não ser informatizados, incluem atividades de entradas, processamentos e saídas.

Page 41: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

39

Figura 2 – Atividades de entradas, processamentos e saídas Sistema de Informação.

Fonte: Turban: Mclean:Wetherbe,1996.

Segundo TURBAN: MCLEAN:WETHERBE (1996), a atividade da entrada ou

(input) consiste na captação e agrupamento dos dados primários e é onde o sistema recebe

entradas (inputs) ou insumos para poder operar. TURBAN: MCLEAN:WETHERBE, (1996,

p.29) esclarecem que a entrada de um sistema é tudo o que o sistema importa ou recebe de seu

mundo exterior. Para a etapa de entrada, Barbalho (2002) aponta três habilidades a serem

adotadas pelo agente de informação para o bom desempenho do sistema. São as habilidades

técnicas, humanas e conceituais.

a habilidade técnica capacita o profissional para utilizar os conhecimentos, técnica e

equipamentos necessários para a recuperação da informação; a habilidade humana,

representa a capacidade necessária para lidar com qualquer tipo de usuário, e a

habilidade conceitual, representa a capacidade de conhecer o ambiente

informacional como um todo. BARBALHO (2002, p.13)

A segunda atividade, a de processamento, consiste na conversão dos dados em saídas

úteis. Em linhas gerais, nessa atividade:

os dados são submetidos a atividades de processamento como cálculo, comparação,

separação, classificação e resumo. Estas atividades organizam, analisam e

manipulam dados, convertendo-os assim em informação para os usuários finais. A

informação é transmitida de várias formas aos usuários finais e colocada à

disposição deles na atividade de saída. WAKULICZ (2016, p.27)

Page 42: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

40

Desse modo, os dados, quando entram no sistema, convertem-se em produtos

(documentos) que por meio de equipamentos (suportes informatizados como computador) ou

não) o usuário poderá fazer uso.

A última atividade do sistema, a de saída ou (output), envolve a transferência de

elementos produzidos por um processo de transformação até seu destino final e gera, como

possíveis produtos, relatórios, gráficos, cálculos, etc.

Composto por software, hardware, bancos de dados, telecomunicações, pessoas e

procedimentos, os sistemas informatizados são, na atualidade, os modelos de sistemas que

mais vem sendo utilizados pelas instituições. Rezende e Abreu (2003) esclarecem a

preferência pelo uso desses sistemas informatizados afirmando que estes estão configurados

para coletar, manipular, armazenar e processar dados em informação em volumes e

velocidades cada vez maiores para atender as demandas dos usuários e das empresas.

Laudon e Laudon (1999) classificam os sistemas em três níveis: operacional,

gerencial e estratégico. O quadro abaixo apresenta a classificação trazida por Laudon e

Laudon (1999) dos sistemas e suas atividades.

Quadro 3 – Classificações dos sistemas segundo LAUDON e LAUDON (1999)

TIPOS DE SISTEMAS ATIVIDADES

Sistemas de Informação Operacionais

(SIO) ou Sistemas de Apoio às

operações de Processamento de

Transações

Auxiliar com o controle dos dados, o quadro funcional das

organizações quanto às operações de funcionamento harmônico das

unidades do departamento.

Sistemas de informações Gerenciais

(SIG) ou sistemas de Apoio à gestão

Organizacional ou Sistemas Gerenciais -

MIS (management information systems)

Abarcar o processamento de grupo de dados e transações

operacionais, convertendo-as em grupos de informações para

auxílio à gestão

Sistemas de informação Estratégicos

(SIE) ou Sistema de Informação

Executivo ou Sistemas de Suporte à

Decisão Estratégica, em inglês são

conhecidos pela sigla EIS (executive

information system)

Processar o grupo de dados das atividades operacionais e transações

gerenciais, convertendo-as em informações estratégicas.

Fonte: LAUDON e LAUDON (1999)

Segundo Laudon e Laudon (1999); e Rezende (2005), os tipos de classificação de

sistemas variam de acordo com o nível de detalhamento para a tomada de decisão pelo

Page 43: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

41

usuário que dele se utiliza. Nos SIO, as informações são apresentadas no menor nível,

contemplando os componentes básicos de funcionamento operacional dos departamentos ou

órgãos. Nos SIG, os dados são agrupados e apresentados ao corpo gestor num nível

intermediário para tomada de decisões e nos SIE, trabalham com os dados num nível macro,

filtrando dados das operações organizacionais, considerando os ambientes internos e externos,

visando auxiliar o processo de tomada de decisão da alta administração.

Na atualidade, principalmente nas organizações, os sistemas de informação buscam

acompanhar seus públicos e, cada vez mais, segundo LAUDON e LAUDON (1999), as funções dos

SI vêm sendo ampliadas e adaptadas ao usuário.

Um dos modelos na atualidade que tem ganhado destaque trata do modelo proposto

por Rezende (2005), chamado Modelo Dinâmico (ilustrado na Figura 3)

Figura 3 – Modelo dinâmico de sistemas de informação.

Fonte: REZENDE, (2005, p. 25)

Rezende (2005) aponta, como ponto favorável desse modelo de sistema Dinâmico, a

adoção de uma base de dados única. O autor segue afirmando que a seleção dos dados de

entrada nessa base única é realizada de forma muito criteriosa pelos agentes de informação,

perpassando o levantamento, a triagem, a análise e avaliação das necessidades dos dados para

que essas ações possam permitir uma sinergia de informações e uma ampliação da

inteligência organizacional e da competitividade nos diversos setores da organização. A

Page 44: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

42

adoção de uma base de dados única em um sistema facilita, para o autor, a comunicação

interna e externa da instituição e inibe possíveis divergências pela duplicidade de dados.

Logo, funciona como indicador de organização de sistemas.

Bazzotti e Gracia (2012. p.6) acreditam que os sistemas de informação, de forma

estruturada, dão condições para que as empresas reajam às mutações do mercado e se sintam

alicerçadas por um processo decisório, forte o suficiente para garantir a resolução dos

problemas.

Em um sistema, as atividades de organização da informação – a fim de garantir essa

integridade - ocorrem com maior frequência nos processos de entrada e processamento dos

dados. Nesse sentido, recursos de organização da informação já estudados, como indexação,

taxonomias e o uso de vocabulários controlados - bem como demais metodologias e técnicas

presentes na área organização da informação que podem auxiliar gestores e sistemas quanto à

recuperação precisa e coerente de um documento - devem ser executados nessas fases.

Em razão da metodologia do Modelo Dinâmico envolver uma base de dados única,

capaz de evitar duplicidade e inconsistência de dados, o modelo é tido como ideal para as

organizações. Entretanto nem sempre - por razões que envolvem por exemplo, desde a cultura

organizacional e aspectos como custo com profissionais especializados e aquisições de

hardwares e softwares as organizações, especialmente - as de cunho governamental fazem

desse modelo a sua realidade.

Para Sayão (2002), dentro do contexto organizacional, o que se nota é a presença de

vários subsistemas e redes não integrados. Por não estarem integrados, ou ainda, serem

informais esses sistemas acabam por não garantir eficiência e eficácia aos processos de

recuperação da informação interno e externo à organização e promovem a dispersão do

usuário para outros sistemas e redes de informação. Essa capacidade de dispersão do usuário,

causada por informações desencontradas presentes nesses sistemas não oficiais, pode gerar

fenômenos como o da desinformação.

Apesar da eficiência de um sistema não ser medida por sua capacidade de

informatização, na atualidade, as vantagens ofertadas pelo processo de automatização têm, no

contexto das organizações, feito com que as instituições busquem esse processo de forma

cada vez mais constante. Assim sendo, o processo de organizar a informação que antes já

perpassava a preocupação maior com o processo de organizar o documento tem, também, para

CÉDON (2005, p.26), mostrado a necessidade para se pensar a organização do sistema a

partir da sua estrutura.

Page 45: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

43

Em relação à estrutura dos sistemas de Informação, ZWIES (2000) coloca que a

Arquitetura de informação (AI) tem desempenhado um importante papel de auxílio aos

usuários e organizações, e os websites são exemplos disso. Não discutiremos AI nesse estudo.

Apenas destacaremos que, “ao desenvolver metodologias e desenhos de navegação para

sistemas informatizados, a AI viabiliza os fluxos das informações no sistema, o que por sua

vez implica numa facilidade de acesso e navegação para usuário no sistema”. ZWIES (2000.

p. 123).

Outro elemento que tem destaque no processo de organização da informação nos SI

são as redes de informação. Dentro da amplitude de conceituações para redes que destacam

abordagens biológicas, tecnológicas e sociais, em nosso estudo, tomamos como arcabouço

teórico as autoras Vieira (2005) e Marteleto (2007), que destacam os aspectos sociais da rede.

Na Ciência da Informação, o conceito de rede é tido por Marteleto (2007) como

transversal, uma ferramenta de análise e um conceito operatório-metodológico dos estudos da

informação, comunicação e afins.

Vieira (2005), numa visão complementar a Marteleto (2007), define rede como um

conjunto de sistemas de informação descentralizados, intercomunicantes, formados por

unidades funcionais independentes, com serviços e funções inter-relacionados, cuja interação

é presidida por acordos de cooperação e adoção de normas comuns. “Uma rede de

informação é um grupo de unidades e serviços de informação voltados para um interesse

comum [...] um arranjo formal que reúne várias organizações engajadas para a consecução de

objetivos comuns, buscando a troca de informações, materiais e/ou serviços”. KATZ (1997,

p.5).

Vieira (2005) e Marteleto (2007) consideram a unidade básica de formação de uma

rede o relacionamento mínimo entre três indivíduos, a chamada tríade. A díade, relação entre

dois indivíduos, apesar de ser apontada por alguns autores como possível unidade elementar, é

pouco utilizada. Complementando a discussão proposta pelas autoras, sobre a unidade de

formação da rede, Forsé (2002) esclarece que a díade depende da “pura individualidade” de

cada um dos seus membros, pois se um dos indivíduos que a compõe desaparece, a relação

entre eles desaparece.

Segundo Marteleto (2007) e Vieira (2005), no estudo das redes, os produtores de

conhecimentos não trabalham de forma isolada. Mantêm, entre si, relacionamentos que

podem ser duradouros ou não. Tudo irá depender dos objetivos delineados durante a

construção da rede. Independente da duração dessa relação, as autoras acreditam que as redes

Page 46: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

44

possuem, em si, o acordo de cooperação, o intercâmbio e serviços de informações e a

conectividade como seus elementos intrínsecos. Assim sendo, os indivíduos em rede sempre

buscarão se movimentar no sentido de reunir e criar novos conhecimentos. Por ser

“relacional- reticular”, e estar baseada em banco de dados e no que se autodenomina de “neo-

arquivo”, a concepção de rede, para as autoras, “introduz um novo momento de organização

do saber, pois realiza uma abertura para ver a cultura, os sentidos, a ideologia, o desejo, a

política, a sabedoria, enquanto elementos inscritos nos atos e processos de informar, conhecer

e comunicar, envolvidos nas teias, fluxos e dispositivos textuais, imagéticos, tecnológicos”.

MARTELETO (2007, p.8).

BAREL; CAUQUELIN (1993, p. 274), assim como MARTELETO (2007) e VIEIRA

(2005), acreditam que a rede possui, em sua estrutura, uma interconexão instável, cuja

variabilidade obedece a alguma regra de funcionamento. Essa regra de funcionamento é

denominada de regime de informação. Nas redes governamentais, objeto de nossa análise, as

estruturas de funcionamento das redes e sistemas seguem os regimes de informação de ordem

do governo e, portanto, devem operar seguindo as bases e orientações as quais este determina

em sua política de informações.

Na esfera governamental brasileira, esses interesses são regidos pelas Políticas de

Informação com diretrizes formuladas pelo Programa da Sociedade da Informação, a partir do

Livro Verde (Sociedade, 2000). Segundo Ferreira (2003), entre os objetivos estabelecidos no

Livro Verde, adotado enquanto diretriz para os estados, destaca-se o de promover o uso das

tecnologias de comunicação-TICS nos campos econômico e social, a fim de ampliar a

infraestrutura de informação e de serviços, facilitando amplo acesso da população à

informação produzida pelo governo e disponível em websites por meio do Governo Eletrônico

(e-Governo).

A aplicação do sistema de rede pelos governos tem sido uma atitude cada vez mais

constante. Segundo BALANÇO E LEONY (2006, p. 9), “os gestores do governo têm se

voltado para ampliar as ações do governo em benefício da cidadania por meio da prestação de

serviços e oferta de informações”. Seja horizontalmente, dentro da mesma esfera de governo,

ou verticalmente, entre as diversas esferas (federal, estadual e municipal), e, respeitando a

política de informações macro estabelecidas, “cada órgão vêm desenvolvendo e apresentando

um modo singular de produção informacional ao atendimento do público interno via rede

intranet, ou por meio de um link externo, e principalmente, por meio de websites”,

BALANÇO E LEONY (2006, p. 3).

Page 47: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

45

Fachin e Blattmann (2011) definem website como um conjunto de arquivos de

computador, armazenados através de CD-ROM ou rede local, que devem facilitar o acesso

posterior, pela internet, do usuário a texto, diagramas, imagens, animação, som, vídeo,

programas, entre outros. No desenvolvimento de páginas website, a mensagem a ser

transmitida deve ser, para os autores, a base do trabalho dos agentes de informação. Sendo

assim, as páginas devem ser estruturadas e desenvolvidas com a utilização de elementos

gráficos e com base em conceitos ergonômicos de forma a transmitir clara e inequivocamente

a mensagem desejada, observando a adoção de alguns critérios que se fundamentam enquanto

processo de organização, “como o estabelecimento de uma “gramática, de um estilo,

diagramação, indicações sobre os vínculos, figuras e o credenciamento da autoridade

responsável ”. FACHIN E BLATTMANN (2011, p.6).

Desse modo, sabendo do que se trata o sistema estudado, e como a organização das

informações deve ser pelos agentes de informações estruturada, seguimos com a apresentação

da metodologia do trabalho e com o estudo do Programa Mais Médicos e a tentativa de

manter a informação de maneira concentrada, organizada para a fundamentação do

conhecimento por meio de um Sistema de Informação.

Page 48: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

46

5 MEDOTOLOGIA DE PESQUISA

GIL (2008. p.7) define como método “o conjunto de procedimentos intelectuais e

técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. Segundo o autor, o objetivo do método é o

de fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa, sobretudo na obtenção,

processamento e validação dos dados pertinentes à problemática que está sendo investigada.

(Gil, 2008, p.15).

Como são muitos os métodos existentes na atualidade, a escolha de um em detrimento,

ou, em conjunto a outro, dependerá do objeto que se quer investigar e do que se pretende

descobrir com a sua aplicação. Em nosso processo formal e sistemático de desenvolvimento

do método científico, escolheu-se, como objetivo de pesquisa, estudar o processo de

organização da informação, aplicado ao sistema de informação do Programa Mais Médicos

para o Brasil, que se configura como um website.

No alcance do objetivo geral, definiu-se, enquanto objetivos específicos:

a) Promover a discussão teórica dos conceitos de dúvida, entropia informacional e

desinformação, organização da informação e redes e sistemas de informação;

b) Identificar e descrever o sistema de organização do programa Mais Médicos e a

situação de saúde pública no país no que tange à Atenção Básica e a formação de médicos;

c) Monitorar notícias veiculadas sobre o Programa Mais Médicos, a partir de 1 de

julho de 2013 a 20 de março de 2017, em jornais de circulação nacional, Facebook e no

website do programa e avaliar o volume de aproveitamento dessas notícias na produção e

organização dos documentos disponíveis no website oficial do Programa;

d) Selecionar indicadores da organização da informação que medem a diminuição da

entropia da informação e admitem as menores e maiores perdas de informação do programa.

Baseando-nos nas definições e distinções levantadas por Lakatos & Marconi (2001),

tem-se, do ponto de vista metodológico, o enquadramento de nosso trabalho no que confere a

seus objetivos, como um trabalho do tipo documental descritivo. Segundo Lakatos & Marconi

(2001), a resolução e melhoria nos processos e contextos encontram, na descrição e

observação dos problemas, o seu norte. Desse modo, acreditamos que o valor da pesquisa

descritiva é centrado na ideia de que problemas e práticas podem ser resolvidos e melhorados

por meio da descrição e análise de observações objetivas.

Page 49: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

47

Deste modo, nossa pesquisa tanto assume a forma de levantamento como também se

trata de um estudo e análise de caso. Para Santos (2002), constitui-se um estudo de caso “um

tipo de pesquisa no qual um fenômeno ou situação individual é estudado em profundidade

para obter uma compreensão ampliada sobre outros casos, fenômenos ou situações similares”.

SANTOS (2002, p.6).

Na ótica do autor, os estudos de caso detalham o fenômeno para facilitar sua

compreensão, sem necessariamente, ambicionar a realização de testes ou construção de

modelos teóricos. De acordo com o autor, a capacidade de explorar processos sociais, à

medida que eles se desenrolam nas organizações, sem pleitear teorizações, permite firmar

uma análise mais consolidada acerca do contexto, dos processos, das ações e significados

construídos e manifestados nas organizações. Isto porque a investigação realizada é feita de

forma exaustiva, com amplitude e pormenorização do conhecimento da realidade e dos fatos

pesquisados, sem, necessariamente, partir de um modelo teórico inicial e muitas vezes

equivocado.

Yin (2001) complementa a informação, lembrando-nos que, no estudo de caso, o

fenômeno real não possui ainda limites claramente bem definidos entre o fenômeno e o

contexto, limites passíveis de serem conhecidos, inicialmente não por meio de teorizações,

mas, sim, pelo processo descritivo. Diferente do que se costuma pensar da pesquisa de estudo

de caso, uma vez que alguns autores questionam a utilização dos estudos de caso único, por

considerarem como de pouca base para generalização científica, o autor considera os “estudos

de caso como generalizáveis a proposições teóricas, justificando que essa generalização se

fundamenta de uma forma analítica, não sendo apenas generalizáveis quanto às questões que

envolvem as populações ou universos, o que ele denomina generalização estatística”. Yin

(2001.p, 78).

Postos estas questões, e, aparados na ótica de Yin (2001) e de Santos (2002), tem-se

que a esse tipo de pesquisa compreende uma natureza de pesquisa básica, em que a promoção

da ciência é realizada a partir de generalização analítica e não estatística de um fenômeno

real. Buscou-se contribuir à melhoria e práticas dos outros processos de organização da

informação, sem, entretanto, interferir sobre essa realidade ou pleitear formulações teóricas,

possibilidade que não se mostra nula a estudos subsequentes, uma vez que este levantamento

pode vir a dar subsídios para formulação de bases de dados a serem utilizadas em outras

pesquisas. Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. Nesta

abordagem, “estuda-se as coisas em seu cenário natural para buscar compreender e interpretar

Page 50: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

48

o fenômeno em termos de quais os significados que as pessoas atribuem a ele”. DENZIN E

LINCOLN (2000, p.1).

Define-se universo de pesquisa como o todo pesquisado, do qual se extrai uma

parcela que será examinada e que recebe o nome de amostra, STEVENSON (1981, p.22). A

pesquisa tem como universo o Programa Mais Médicos, mais especificamente seu sistema de

informação - um website, que seria, portanto, a amostra da pesquisa. A escolha pela amostra

ocorreu por características não probabilísticas e por conveniência, em virtude da população de

trabalho não poder ser enumerada.

O trabalho foi apoiado no modelo de pesquisa bibliográfica e documental. Como

coloca Lakatos (2001), é papel da pesquisa bibliográfica buscar conhecer e analisar as

contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou

problema e isso se dá através do levantamento de referências teóricas já analisadas e

publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos. Contemplam

essas publicações, desde informativos avulsos, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,

monografias, teses e materiais cartográficos.

5.1 Operacionalização da pesquisa e coleta de dados

A pesquisa bibliográfica realizada se operacionalizou em fases: a fase 1 consistiu na

recuperação de periódicos nacionais e internacionais do campo da Ciência da Informação e da

Filosofia. Buscou-se, junto ao Portal de Periódicos da Capes e da LISA (Library and

Information Science Abstracts); nos repositórios institucionais da Universidade Federal da

Bahia (UFBA) e IBICT, bem como de outras instituições; além dos anais do (Encontro

Nacional de pesquisa em Ciência da Informação - Enancib, especialmente junto ao GT2

(organização e representação do conhecimento); na Base de Dados em Ciência da

Informação- BRAPCI. Foram recuperadas, ainda, publicações avulsas, livros, monografias,

dissertações e teses acerca do tema Organização da informação.

Utilizando-nos, em português, das palavras-chave: Organização da Informação,

Organização da Informação na Web, Tendências de organização da informação,

Desinformação, Entropia informacional, sistemas e redes de informação e em inglês, das

palavras-chave: Organization of Information, Organization of Information on the Web,

Current information organization, Disinformation, information entropy, Information systems,

information networks, o aporte teórico foi levantado.

Page 51: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

49

No viés filosófico, a pesquisa bibliográfica consistiu no estudo proposto por Decartes

e MATNER de verdade e certeza presente em seu livro o Discurso do Método, situado no

Capítulo 2.

Devido ao tema “Mais Médicos” ser atual, a recuperação bibliográfica sobre o

programa e a situação de saúde no país se deu a partir dos portais eletrônicos do Ministério da

Saúde (MS) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e através dos cadernos informativos

da Atenção Básica.

O passo seguinte, denominado em nosso estudo de fase 2, consistiu no levantamento

documental, por meio da técnica de clipping de notícias.

Clipping é um processo que consiste no monitoramento constante de

matérias jornalísticas, para que sejam coletadas aquelas que fazem

menção a uma determinada empresa. Com essas informações

devidamente organizadas, é possível elaborar relatórios que auxiliam a

empresa a disseminar informações de forma mais planejada, além de

serem fundamentais para toda a gestão da informação (Silva, 2015, p.

33).

Manualmente e online, com auxílio da ferramenta Google Alerts foi realizada, nos

motores de busca, dois processos de monitoramento.

O primeiro processo, iniciado em julho de 2013, fase de implantação do programa,

envolveu o monitoramento do programa em diversos canais de mídia digital. Todos os dados,

propositalmente, foram coletados, sem tratamento analítico, a partir das palavras-chave:

Programa Mais Médicos, Mais Médicos, Médicos Cubanos. Os termos tentaram simular o

comportamento de busca dos usuários junto aos motores de busca - pensou-se a observação, e

descrição do cenário a partir do usuário comum em busca de informações do programa

(perspectiva envolta de entropia). Buscando identificar um cenário da saúde no país, coletou-

se, também, outros dados junto às organizações Mundial da Saúde (OMS) e Pan-Americana

da Saúde (OPAS). Os resultados obtidos foram agrupados pelos critérios de convergências e

ineditismo de conteúdo, divergências e complementaridades, sendo o resultado da tabulação

um quadro compositivo que subsidiou o retratamento, tanto da situação de saúde no país

quanto sobre o cenário do programa.

O segundo processo de clipagem envolveu os sistemas, páginas de internet e

documentos oficiais do programa, tais como portarias, editais, cartilhas, folders, manuais,

relatórios e materiais informativos do programa. Essa etapa permitiu fundamentar

observações sobre como ocorreu o processo de organização dessas informações junto às redes

e sistemas de informação do Programa, verificando a incorporação, ou não, dessas

Page 52: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

50

informações dentro dos documentos e website oficial. Nessa etapa, o processo de clipping se

desenrolou desde o momento de implantação do programa, em julho de 2013, até a fase de

conclusão desse estudo, em março de 2017.

Paralelamente às etapas citadas, realizou-se o mapeamento do sistema, culminando,

também, com uma coleta de dados visando a aplicação de um questionário com questões

abertas. A escolha por este instrumento se deu em razão da facilidade de envio, baixo custo e

maior facilidade de transcrição e consolidação dos dados. Este questionário foi destinado,

através de correio eletrônico, ao diretor de Atenção Básica do Estado da Bahia, à

Coordenação de Apoiadores Institucionais dos municípios baianos - que abrange a gestão de 9

Regiões de Saúde no Estado (os 417 municípios) -, à Comissão Coordenadora Estadual do

Programa Mais Médicos na Bahia- EESP/SESAB e a técnicos operacionais do programa no

estado.

As questões, todas abertas, que compuseram o questionário, tinham o objetivo de dar

ciência, levantar opiniões e expectativas, bem como medir a satisfação desses usuários sobre

as situações vivenciadas no processo de organização da informação, as quais as leituras

realizadas e a análise do sistema não permitiram evidenciar.

5.2 Análise e tratamento dos dados

Após esse levantamento bibliográfico, foram realizadas as devidas leituras e seleção

das fontes representativas dos aspectos que envolvem o problema e objetivo de pesquisa.

Selecionou-se as principais obras e teorias para formular o arcabouço teórico e realizar,

mediante modelo de análise baseado na tabulação de quadro teórico da área, a composição do

referencial teórico da pesquisa e um cruzamento entre os respectivos conceitos estabelecidos

do que se compreende por organização da informação e as práticas desenvolvidas e

encontradas no universo do Programa e Sistema estudado. A análise dos dados foi

fundamentada a partir de algumas questões norteadoras de pesquisa, como: Sobre o que

consiste o processo de organização da informação na Ciência da Informação? Como realizar

o processo de organização da Informação em suporte digitais? Como ele pode se mostrar

efetivo dentro de um contexto organizacional? Quais as implicações do processo de

organização da informação na condução de outro processo como a entropia informacional ou

desinformação? Quais as tendências na atualidade de organização da informação?

Page 53: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

51

Para chegar aos objetivos propostos na investigação, a análise dos dados obtidos foi

realizada diante de uma leitura crítica acerca da área OI. As informações, advindas das

leituras da área de Organização da Informação e da clipagem foram condensadas em tabelas e

quadros no Microsoft Office Excel e comparadas a documentos oficiais do Programa Mais

Médicos, a fim de gerar indicadores de análise para organização da informação nas redes e

sistema. As respostas dos questionários foram qualitativamente analisadas e utilizadas a partir

da extração de fragmentos ou totalidade de resposta como meio de elucidação de

determinados dados não aparentes envolvendo a pesquisa.

Page 54: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

52

6 PANORAMA DA SAÚDE NO BRASIL

Conhecer as práticas de organização da informação e o cenário informacional de

implantação do programa Mais Médicos perpassa o conhecimento sobre a realidade da

situação de saúde do país, especialmente no que se refere à Atenção Básica, área de atuação

do Programa Mais Médicos.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o sistema público de saúde do Brasil. Foi

promulgado na Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, a partir das

intervenções preconizadas pelo Movimento da Reforma Sanitária. Ao SUS, é incubida a

tarefa de garantir acesso integral, universal e gratuito dos serviços de saúde à população.

Conforme dados extraídos do portal online do Ministério da Saúde, na atualidade, o Sistema

Único de Saúde beneficia cerca de 180 milhões de brasileiros, realizando, nas esferas

municipal, estadual e federal, as quais tem representação e governabilidade, por ano, o

equivalente a 2,8 bilhões de atendimentos, que vão desde procedimentos simples a

atendimentos de alta complexidade, como cirurgias e transplantes.

De acordo com BRASIL (2013), no SUS, a Atenção Básica (AB) ou Primária é a

principal porta de entrada do usuário. Seu objetivo é orientar sobre a prevenção de doenças,

solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves para níveis de

atendimento superiores em complexidade. Segundo consta nas publicações da área e no portal

do MS, é no atendimento básico que se solucionam cerca de 80% dos problemas de saúde da

população.

No país, as diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica (Pnab), formuladas pela

portaria Nº 648/GM/MS de 28 de março de 2006, revogada pela Portaria Nº 2.488/GM/MS de

2011, é que regem a Atenção Básica. A Pnab determina que a organização da AB se dá por

meio de projetos como a Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Como estratégia, a Saúde da Família busca o melhor uso na utilização dos níveis

assistenciais produzindo a positivação nos indicadores de saúde das populações as quais são

por ela assistidas. De acordo com a Pnab, a ESF, deve ser composta, minimamente, por um

médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de

saúde, podendo com uma equipe ampliada, contar com um dentista, um auxiliar de

consultório dentário e um técnico em higiene dental.

Como a maioria dos sistemas universais de saúde, o SUS, especialmente na AB,

enfrenta algumas deficiências em sua operacionalização. Uma das comumente apontadas é a

deficiência de médicos nas ESF, dentro das Unidades Básicas de Saúde.

Page 55: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

53

Estudos divulgados pelos gestores do SUS e pela Organização Mundial de Saúde

(OMS), no ano de 2012, apontavam que o Brasil possuía, em média, 1,826 médicos para cada

mil habitantes. Quanto à demanda por médicos, a média preconizada pela OMS é de 2,5

médicos por mil habitantes.

Países latino-americanos, como Argentina (3,2), Uruguai (3,7), Cuba (6,7), Canadá

(2,0), Reino Unido (2,7), Portugal (3,9) e Espanha (4,0) se utilizam de um sistema universal

para saúde equivalente ao do Brasil, mas possui médias superiores às nacionais.

Dados do Portal da Saúde e do Conselho Federal de Medicina (CFM) trazem a

realidade da distribuição dos médicos no território.

No ano de 2012, conforme se pode notar na figura abaixo,

Figura 4 – Índices estaduais de quantos médicos por mil habitantes.

Fonte: Portal da Saúde - 2012

22 estados apresentavam média inferior à nacional, que é de 1,826 por mil habitantes.

No tocante ao retrato da infraestrutura das unidades de saúde, em especial das

Unidades Básicas de Saúde (UBS), dados do Ministério da Saúde mostram uma realidade

muito diversa.

A falta de espaço físico; o difícil acesso a áreas rurais, indígenas, quilombolas e

fronteiriças; e a regiões periféricas de grandes cidades, bem como a falta de materiais,

Page 56: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

54

equipamentos e insumos de trabalho são apontados como grandes problemas da Saúde

Pública no país, principalmente, no que tange ao problema da infraestrutura e fixação dos

médicos em UBS remotas.

Um estudo de 2013, realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) - instituição

destaque em Ciência e Tecnologia em Saúde da América Latina -, revelou o perfil dos

médicos formados no país.

A pesquisa trouxe, no tocante à formação médica, que os médicos formados no país

são, na maioria, do sexo feminino; brancos; vindos de escola privada; nunca trabalharam; que

possuíam pais com formação em nível superior; e que estes ganhavam mais de 10 salários

mínimos. Segundo a pesquisa, a “cada 100 alunos formandos em medicina, apenas 5%

manifestavam o desejo de trabalhar em cidades pequenas e apenas 20% gostariam de atuar em

clínica geral ou programa de saúde da família. A pesquisa revelou, ainda, que a escolha

profissional está associada à origem socioeconômica do recém-formado, sendo que as

especialidades por eles valorizadas estão conectadas mais às tecnologias do que às

humanidades.

Segundo o Ministério da Saúde, no que se refere ao número de vagas e formação dos

médicos nos cursos de medicina, o país apresentava, em 2012, a média de 0,8 vagas por dez

mil habitantes, o correspondente a 65% da demanda do mercado de trabalho. Esse

quantitativo demonstra uma formação inferior à necessidade de criação anual de empregos na

área da saúde tanto nos setores público e privado.

No ano de 2013, as Diretrizes Curriculares Nacionais propostas pelo Ministério da

Educação (MEC), em conjunto com o Ministério da Saúde, previram uma nova formação

médica. Até o ano de 2012, o currículo do profissional médico, para o Conselho Federal de

Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde, não atendia as necessidades atuais da população,

pois dotava apenas de conhecimentos e habilidades técnicas e não focava os aspectos

humanos e de relacionamento.

A experiência do estudante no SUS e a formação universitária humanista, a partir da

elevação da carga horária dos cursos da rede pública e privada do país de 6 para 8 anos de

duração, permitiria para o Ministério da Saúde, que estes fundamentassem, não somente para

tratar das doenças (medicina curativa), mas também tratar do paciente por meio de um olhar

voltado ao seu contexto de vida e da chamada medicina preventiva.

Partindo desse panorama de saúde, o Governo, por meio do Ministério da Saúde e da

Educação e de acordos internacionais com instituições de saúde, estudou a criação de um

Page 57: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

55

programa que englobasse ações corretivas a essas deficiências. Nesse sentido, criou-se o

Programa Mais Médicos.

6.1 O Programa Mais Médicos

O programa Mais Médicos para o Brasil é uma política pública instituída pela Medida

Provisória nº 621 e sancionado na Lei nº 12.871, em 22 de outubro de 2013, pela presidente

Dilma Rousseff, sob a gestão conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação. Com o

slogan: Mais Médicos: mais saúde para os Brasileiros o programa tem como instrumentos

normativos:

Medida Provisória nº 621, de 8 de julho de 2013, que institui o “Programa Mais

Médicos” e dá outras providências;

Portaria Interministerial Nº 1.369, de 8 de Julho de 2013, que dispõe sobre a

implementação do “Projeto Mais Médicos para o Brasil”;

Edital nº 38, de 8 de julho de 2013, que trata da adesão do Distrito Federal e dos

Municípios no projeto mais médicos para o Brasil;

Edital nº 39, de 8 de julho de 2013 - que trata da adesão de médicos ao projeto mais

médicos para o Brasil;

Decreto nº 8.040, de 8 de julho de 2013 – que institui o Comitê Gestor e o Grupo

Executivo do Programa Mais Médicos e dá outras providências;

Republicação MP 621- Republicação do inciso II do caput do artigo 4º da MP 0-DOU

de 09/07/2013;

Portaria Normativa nº 14 de 09 de julho de 2013, que dispõe sobre os procedimentos

de adesão das instituições federais de educação superior ao Projeto Mais Médicos e dá

outras providências;

PORTARIA INTERMINISTERIAL N. 1.493, de 18 de julho de 2013 - que altera a

Portaria Interministerial nº 1.369/MS/MEC, de 8 de julho de 2013;

EDITAL Nº 40, de 18 de julho de 2013- que realiza alteração do Edital de Adesão do

Distrito Federal e dos Municípios no Projeto Mais Médicos para o Brasil;

EDITAL N. 41, de 18 de julho de 2013- que realiza alteração do edital de adesão de

médicos ao Projeto Mais Médicos para o Brasil;

Page 58: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

56

Entre os objetivos descritos do programa, pela Lei nº 12.871- artigo 1º (BRASIL

2013), estão o provimento e fixação de médicos em áreas prioritárias para o SUS, com

consequente diminuição das desigualdades de saúde; fortalecimento dos serviços da Atenção

Básica; aprimoramento da formação médica no país, com uma maior experimentação no

campo de prática médica; inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do

SUS; fortalecimento da educação permanente; promoção da troca de conhecimentos e

experiências entre profissionais da saúde brasileiros e médicos formados em instituições

estrangeiras; aperfeiçoamento dos médicos para atuação nas políticas públicas de saúde do

País e na organização e funcionamento do SUS; estímulo a realização de pesquisas aplicadas

ao SUS.

Entre as ações a serem adotadas para o alcance desses objetivos, a MP 621/13 discrimina.

I - reordenação da oferta de cursos de medicina e vagas para

residência médica, priorizando regiões de saúde com menor relação de

vagas e médicos por habitante e com estrutura de serviços de saúde

em condições de ofertar campo de prática suficiente e de qualidade

para os alunos; II - estabelecimento de novos parâmetros para a

formação médica no País; e III - promoção, nas regiões prioritárias do

SUS, de aperfeiçoamento de médicos na área de atenção básica em

saúde, mediante integração ensino-serviço, inclusive por meio de

intercâmbio internacional. Lei nº 12.871- artigo 2º- (BRASIL, 2013)

Em suma, o programa tem como finalidade formar recursos humanos na área médica

para o Sistema Único de Saúde (SUS) para levá-los a regiões onde não existem profissionais.

Para isso, o programa prevê ações como o investimento em infraestrutura dos hospitais e

unidades de saúde, o aumento do número de vagas de medicina e de residência médica no país

e a inclusão de um novo período no currículo da graduação para atuação, por dois anos, na

Rede Pública de Saúde.

No Brasil, iniciativas anteriores ao PMM - como os programas de Interiorização das

Ações de Saúde e Saneamento (PIASS - 1976); de Interiorização do Sistema Único de Saúde

(PISUS - 1993); o de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS - 2001), e, em 2011, de

Valorização dos Profissionais da Atenção Básica (PROVAB) - tentaram promover a

interiorização dos profissionais para diminuir a escassez da categoria, mas, segundo a

Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde (MS), não

ocorreu na dimensão necessária para suprir a demanda dos municípios.

Page 59: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

57

Quando foi lançado, no ano de 2013, o programa funcionava a partir da publicação de

editais periódicos, destinados a dois públicos. O primeiro, aos gestores municipais com perfil

de prioridade para o SUS, ou seja, os municípios com:

20% de população em extrema pobreza, Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) baixo/muito baixo,

Regiões de alta vulnerabilidade de capitais, regiões metropolitanas e G100

(grupo que reúne cidades brasileiras com mais de 80 mil habitantes, baixa

renda e alta vulnerabilidade socioeconômica);

Municípios que participam do Programa de Valorização do Profissional da

Atenção Básica (PROVAB);

Área de atuação de Distrito Sanitário Especial Indígena; e) Municípios com

cobertura da Atenção Básica abaixo do necessário.

Através do Sistema de Gerenciamento de Programas (SGP), os gestores dos

municípios elegíveis realizavam seu cadastro e manifestavam o interesse em receber médicos.

Após recebida as demandas municipais, o Ministério da Saúde lançava, então, o segundo

edital, que era destinado à prospecção dos profissionais médicos interessados em oferecer a

força de trabalho nesses municípios. A seleção dos médicos do programa ocorria mediante a

priorização dos seguintes critérios:

1. Formação médica em instituições de educação superior brasileiras, ou com diploma

revalidado no país, incluindo-se também aposentados.

2. Médicos brasileiros formados em instituições estrangeiras, com habilitação para o

exercício da Medicina no exterior.

3. Médicos estrangeiros com habilitação para exercício da Medicina no exterior, ou

conhecidos como, médicos intercambistas.

4. Médicos cubanos advindos do acordo de Cooperação entre Brasil e Cuba

intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da

Saúde (OPAS/OMS).

A proposta inicial de remuneração dos médicos no programa consistia no pagamento

integral, pelo Ministério da Saúde, de uma bolsa-formação com valor mensal de R$ 10.000,00

(dez mil reais), pelo prazo máximo de 36 (trinta e seis) meses. Para os médicos cooperados, o

repasse do valor da bolsa era feito diretamente ao governo cubano e este se encarregava de

Page 60: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

58

pagar, ao profissional, cerca de 25% a 40%, sendo o residual da bolsa revertido para o

Sistema de Saúde de cubano.

6.1.1 Panorama informacional e implantação programa Mais Médicos

Segundo Rua (2010), citado em Santos (2015) “as políticas públicas acontecem em um

ambiente de tensão e de alta densidade política, notório por abrigar relações de poder

problemáticas entre diversos atores políticos com também diversos interesses”. SANTOS

(2015. p. 17). Por se configurar como uma política pública na área da Saúde, a implantação

de um programa impacta, diretamente, a sociedade a que este se destina. No caso do

Programa Mais Médicos, o público incorporado abrange quase toda a totalidade da população,

visto que planos privados de saúde também se utilizam de recursos do SUS. Sendo assim,

tem-se como público-alvo do programa: a Sociedade Civil, gestores da Saúde dos municípios,

Estados e Federação, profissionais médicos, estudantes de medicina e demais integrantes das

equipes da Saúde da família.

Ainda sobre a área, ressalte-se que, a Saúde, é uma das áreas com maior repasse

monetário de recursos federais no país. Historicamente, em muitos países, a formação médica

provê ao indivíduo uma série de prestígios os quais outras formações profissionais não

preveem na sociedade. Assim sendo, a implantação do programa, somada ao momento

político que se aproximava do pleito presidencial e a própria condição do médico na

sociedade, poderia evidenciar ainda mais essas tensões. Governo, partido oposicionista e

classes médicas, como os conselhos Federal e Estadual de Medicina, abrigam, no cenário de

implantação da política do Mais Médicos, interesses, por hora, aparentemente distintos,

análise esta possível de ser verificada mediante monitoramento das informações nos meios de

comunicações e nos respectivos portais oficiais de informação dessas entidades.

O desdobramento das tensões envolvendo esses atores repercutiu na produção de um

grande volume de notícias e informações na mídia, internet e redes humanas. Isso favoreceu a

produção de uma atmosfera entrópica e desfavorável à produção de conhecimento, acabando

por se apresentar, do ponto de vista do Governo, como um desafio urgente a ser superado, no

que tange à organização dessas informações.

Visando conhecer o ambiente no qual os cidadãos e gestores se viram expostos,

simulamos o comportamento do usuário em busca de informações para equilibrar seu estado

de entropia. Realizamos uma busca de informações na web, por meio de dois processos: um

Page 61: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

59

de monitoramento, via clipagem de notícias, manual e online, utilizando a ferramenta de

alertas Google Alerts, e por meio de consulta em motores de busca, digitando os termos

programa mais médicos; médicos cubanos; e mais médicos.

Algumas notícias recuperadas no processo de clipagem, em sítios e portais de

imprensa virtuais não oficiais, foram produzidas no ano de implantação do programa – 2103 -

e se encontram no Anexo A deste trabalho.

Na fase de sua implantação, compreendida entre o período de 1 de junho e 31 de

dezembro de 2013, foram recuperados, com os termos programa mais médicos, mais médicos,

médicos cubanos, o total de 582.000 resultados (quinhentos e oitenta dois mil).

Para o termo programa mais médicos (figura 16 do anexo), foram encontrados

166.000 (cento e sessenta e seis mil) resultados.

Para o termo mais médicos, (figura 17 do anexo) foram encontrados 135.000 (cento e

trinta e cinco mil) resultados.

Para o termo médicos cubanos (figura 18 do anexo) foram encontrados médicos

cubanos 281.000 (duzentos e oitenta e mil) resultados.

No consolidado desse monitoramento via clipagem de notícias, tem-se, como

panorama informacional sobre o programa, o seguinte percentual:

87% das notícias com caráter depreciativo;

13% das notícias com caráter apreciativo.

As manchetes que tratam da depreciação do Programa apresentam as principais

informações:

O Programa como um viés eleitoreiro;

A tentativa de implantação do comunismo no país;

A rivalidade entre médicos brasileiros e estrangeiros, no tocante a posto de

trabalho;

Inviabilização e atraso da implantação da chamada de profissionais para o

Programa Mais Médicos, pela classe médica brasileira;

Questionamentos à qualidade técnica e à dificuldade de comunicação dos

cubanos;

Acusações contra o programa e o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha,

relativas à atração de médicos cubanos para trabalho em regime de escravidão,

já que, por imposição do governo cubano, os médicos recebem seus salários

Page 62: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

60

por intermédio de convênio com a Organização Pan-americana de Saúde, de

forma diferenciada dos colegas de classe;

Boatos de que as prefeituras estariam demitindo médicos para contratar outros

do Programa, a fim de aliviarem as folhas de pagamento dos municípios;

Formação precária dos médicos cubanos e a incapacidade destes para atender

pacientes com a realidade brasileira;

Afirmações de que não são necessários mais médicos e sim uma política de

redistribuição dos profissionais, ao longo do território nacional; Acusações

afirmando que o Programa ia contra as leis trabalhistas, uma vez que os

médicos não teriam carteira assinada e nem seriam considerados servidores

públicos;

Questionamentos envolvendo a liberação do processo de revalidação do

diploma;

Sinalizações contra a inconstitucionalidade da ampliação da duração do curso

de Medicina, uma vez que configuraria num serviço civil compulsório para

médicos;

Dúvidas dos prefeitos sobre os médicos cubanos;

Críticas às condições de trabalho dos médicos brasileiros.

As manchetes que retratam os aspectos favoráveis do programa trazem, como principais

informações:

A ampliação no número de médicos no país e consequente qualidade da assistência à

população;

Maior investimento na infraestrutura das Unidades Básicas de Saúde;

Ampliação do tempo de formação profissional e no número de vagas no curso de

medicina;

Melhor distribuição de médicos no território, priorizando regiões remotas e de maior

vulnerabilidade social.

A clipagem dessas manchetes depreciativas e favoráveis pode ser vista por meio de

algumas imagens selecionadas no Anexo B deste trabalho.

Page 63: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

61

Tendo em vista:

O cenário de implantação do Programa e os constantes posicionamentos e embates de

caráter negativista sobre a iniciativa, principalmente pela categoria médica,

representada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM);

O fluxo informacional acentuado, gerado a partir da contestação desta classe e dos

partidos políticos de oposição, em veículos de cobertura nacional;

A realidade numérica de apenas 13% de notícias positivas, inferior aos 87% de

notícias negativas encontradas no consolidado.

Pode-se concluir que seria estratégico, por parte do Governo, pensar a organização de um

sistema de informação, a fim de expandir a formação de opinião da população sobre o

programa, no que tange aos aspectos positivos.

Em virtude dos resultados majoritariamente negativos encontrados nos principais

instrumentos de informação na atualidade, como os motores de busca, redes sociais e

imprensa, e da dispersão veloz dessas informações feita nesses canais, o público se viu

carente de um canal formal de informação sobre o Programa, que fosse de responsabilidade

do governo. A construção de um site e/ou menu exclusivo foi a iniciativa pensada pela gestão

do Programa para tratar as questões encontradas no contexto de consolidação. Vamos, então,

conhecê-lo.

6.1.2 Programa Mais Médicos: descrição do processo de organização da informação

encontrados

O sistema de informação escolhido pela pesquisadora para estudar as questões de

organização da informação, por agentes de informação governamentais, foi o website do

Programa Mais Médicos.

Este ambiente virtual, gerenciado pelo Ministério da Saúde e acessado pelo endereço

http://www.maismedicos.saude.gov.br, foi disponibilizado ao público em dois momentos e

layouts distintos: na fase de implantação da iniciativa, em 2013, e na operacionalização do

programa no ano, de 2015.

Em 2013, ano da implantação do programa, o website disponibilizado (ver figura 5)

possuía, na estrutura de diagramação, um layout simples, contendo os seguintes elementos

imagéticos e textuais: um background (fundo de página) branco, a marca do programa, quatro

Page 64: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

62

fotografias, nas quais figuram a imagem de um médico e de um paciente, seguida de outras

três fotografias, em tamanho menor de pacientes, passando por aparente atendimento clínico.

Figura 5 – Website do Programa Mais Médicos no ano de 2013

Fonte: Print screen da tela inicial do website do Programa - Ano 2013

Como elementos textuais, o website apresenta, na tela principal, 5 (cinco) menus em

que estão destacadas, em caixa alta, as palavras INFORMAÇÕES, ACESSE O SISTEMA,

EDITAIS/RESULTADOS, CONSULTAR MÉDICOS E INFORME DE RENDIMENTOS.

Nestas áreas do portal, por meio de hiperlink, cada palavra em caixa alta se conecta à uma

página com conteúdo imagético-textual ou, como ocorre nos menus CONSULTAR

MÉDICOS e INFORME DE RENDIMENTOS, a um outro sistema elaborado pelo Ministério

(sistemas chamados sistemas interoperáveis).

No que compete à presença de conteúdo, na fase de implantação do Programa,

quadrimestre que compreende o período de outubro 2013 a janeiro 2014, no menu

INFORMAÇÕES, não foi registrada a presença de nenhum conteúdo.

No menu DOCUMENTOS (vide figura 29, figura 30 e figura 31, na seção de Anexos

C), é apresentada, no sistema, uma relação de itens, a exemplo de portarias, editais e informes,

com uma divisão cronológica.

Todos os documentos presentes na seção são exibidos na página com descrição de

conteúdo em formato de resumos. Quando não estão presentes, os resumos nesta área são

disponibilizados por hiperlinks e/ou para download de arquivo para indicações de acesso e

leitura aos documentos discriminados na página.

Page 65: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

63

Em outra fase do programa, no ano de 2015, um outro website ficou disponível para o

público na internet. Abaixo, na Figura 6, apresentamos esse novo layout.

Figura 6 – Tela principal website do Programa Mais Médicos no ano de 2015

Fonte: Print screen website maismedicos.gov.br – Ano 2015

No novo website, um maior volume de informação está disponível. Textualmente e

imageticamente, a organização dos dados se encontra ergonomicamente mais favorecida em

virtude de uma maior quantidade de elementos.

No que se refere ao layout do website, têm-se como elementos:

Um background (fundo de página) branco;

Uma logo do programa, banners, fotos;

Boxes direcionados para cada público-alvo;

Presença de mapas com seus respectivos ícones informativos.

Page 66: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

64

Como elementos textuais, nota-se a presença de 8 (oito) menus dispostos em formato

dropdown (menu suspenso), em que se destacam as palavras MAIS MÉDICOS, POLÍTICA

DE ATENÇÃO BÁSICA, MÉDICO, CIDADÃO, ESTUDANTE, GESTOR, NOTÍCIAS, SOBRE

O SITE.

No menu MAIS MÉDICOS, há as subseções Conheça o Programa; Adesões e

inscrições- SGP; Resultados para o país, consulta por cidade; Consultar médicos;

Legislação; Depoimentos; Linha do tempo; e Perguntas Frequentes.

Na primeira seção, são apresentados resumos com informações relativas ao Programa,

os objetivos, os resultados obtidos no SUS, após a implantação, seguido da apresentação

sobre as frentes nas quais a ação vem atuando. Nessa seção e na seção Resultado para o país,

observa-se a presença de textos e resumos em formato de tópicos; e a indicação, via

hiperlinks, de leituras complementares para os usuários, a exemplo da indicação “ Encontre

mais informações no livro Programa Mais Médicos - Dois anos: mais saúde para os

brasileiros”. Observa-se, ainda, neste campo, a ocorrência de recursos imagéticos, como

banners e fotografias, contendo imagens de médico e do público, envolvido e atendido pelo

programa.

No sistema, as seções Adesões e inscrições- SGP e Consulta por cidade, consultar

médicos tratam de sistemas com interoperabilidade, ou seja, dialogam com outros sistemas do

Ministério ou sistemas internos do Programa. O SGP - Sistema de Gerenciamento de

Programa -, figura 32 na seção Anexo C, é de acesso exclusivo para médicos e gestores

municipais de Saúde, não sendo aberto para visualização de todos.

As seções, Consulta por Cidade e Consultar médicos, figura 7, trazem um

direcionamento do usuário para uma página externa denominada de Mapa de Atuação. Nessa

área, por meio de categorias de interesse especificadas pelo sistema, pesquisas temáticas

podem ser realizadas pelo usuário. Os resultados recuperados pela busca são expressos em

forma de texto e de ícones que, sinalizados com cores diferenciadas, sintetizam a

decodificação do resultado encontrado na categoria.

Page 67: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

65

Figura 7 – Seção de Busca Seguimentada site PMM

Fonte: Print screen tela Mapa de atuação website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Page 68: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

66

A seção DOCUMENTO, no website, respeita uma ordem cronológica quanto à

disposição de seus itens. Há a descrição do conteúdo documental, com elaboração de

resumos para todos os documentos presentes na página.

A seção NOTÍCIAS, figura 8, traz notícias do programa organizadas por meio de

manchetes, de forma resumida. A organização deste material segue ordem cronológica do

acontecimento. Percebe-se uma divisão e sinalização para leitura do usuário, acerca das

notícias mais lidas e sobre os conteúdos mais acessados.

Figura 8 – Seção notícias site PMM

Fonte: Print Screen da tela de notícias do website do Programa Mais Médicos – Ano 2015.

As notícias antigas são arquivadas e indexadas em modo de biblioteca e se encontram

dispostas para acesso, a qualquer momento, por intermédio de um campo específico de

Page 69: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

67

recuperação que se utiliza de palavras-chave. A busca das notícias (figura 9) pode ser feita de

forma dedutiva e amigável, via interface montada de busca, sem a necessidade de

conhecimento técnico por parte do usuário, de operadores ou descritores lógicos ou métodos

booleanos. Há um campo em que se recuperam todas as palavras escritas, qualquer palavra

escrita, ou a frase exata descrita. Há, também, a possibilidade de filtrar a quantidade de

resultados a serem exibidos.

Figura 9 – Métodos de busca sistema PMM

Fonte: Print screen da tela campo de busca website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Ainda na seção NOTÍCIAS, por meio da opção ordenação, é possível realizar a

escolha de organização da informação recuperada por categoria ou por ordem alfabética.

Na seção PERGUNTAS FREQUENTES, o aproveitamento do volume de notícias

veiculadas, através de rede social ou imprensa, também é notado no modelo de organização

da informação efetuado pelo sistema de informação do PMM.

Nota-se que esse aproveitamento das notícias foi feito, considerando os diferentes

públicos do programa, uma vez que na seção Perguntas Frequentes há a presença de abas e

boxes exclusivos para cada grupo, conforme pode ser visualizado na figura 10.

Page 70: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

68

Figura 10 – Perguntas Frequentes

Fonte: Print screen da tela Perguntas Frequentes website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Conforme estudamos na revisão de literatura da Organização da Informação, foi

averiguado que há sútil realização de folksonomia, ou seja, etiquetagem de conteúdo por parte

dos usuários. Conforme se pode perceber pela figura 11.

Page 71: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

69

Figura 11 – Sistemas de Tags site PMM

Fonte: Print screen de pesquisa no campo busca no website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Quanto à organização da informação no SI, foram também observadas:

A realização do credenciamento da autoridade responsável pelo canal;

A apresentação de dispositivos de relacionamento e comunicação para usuário

junto ao corpo gestor;

A disponibilização de canais de comunicação, como redes sociais, telefones de

contato, ouvidoria para o cidadão e um ambiente específico para o tratamento

com a imprensa. (figuras 12).

Figura 12 – Área de imprensa site PMM

Fonte: Print screen tela Area de imprensa website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Page 72: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

70

Dentro do sistema, também foi observada a presença de frases afirmativas e uma

extensa criação de espaços de natureza elucidativa e com características de validação sobre o

Programa. É o caso dos espaços DEPOIMENTOS (figura 13), que apresenta o resultado de

uma pesquisa da Universidade Federal de Minas - UFMG, em parceria com o Instituto e

Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas- IPESP; e das áreas APOIO AO MÉDICO e

APOIO AO GESTOR (figura 14 e 15).

Figura 13 – Seção depoimentos site PMM

Fonte: Print screen tela depoimentos no website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Figura 14 – Seção Apoio ao médico site PMM

Fonte: Print screen tela Apoio ao médico no website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Page 73: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

71

Figura 15 – Seção Apoio ao gestor site PMM

Fonte: Print screen tela Apoio ao gestor no website maismedicos.gov.br – Ano 2015

Tanto a Seção APOIO AO MÉDICO quanto a Seção de APOIO AO GESTOR

trouxeram documentos transversais de apoio à fundamentação do conhecimento do Programa

Saúde da Família, como as políticas de Alimentação e Nutrição e da Atenção Básica, entre

outras. Os espaços trazem, também, instrumentos para uso no processo de trabalho, a exemplo

de aporte teórico e bibliográfico, existentes nas unidades de informação, exemplificadas pelas

bibliotecas do SUS.

A indicação, via ícone no topo do sistema, para as redes sociais oficiais do Governo -

Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, etc. - também tiveram lugar na organização do

sistema. Outro dispositivo que aparece no sistema de informação governamental é o RSS

(REALLY SIMPLE SYNDICATION).

O RSS é uma assinatura em que o usuário interessado passa a receber as atualizações

realizadas pelo site, automaticamente.

No aspecto da acessibilidade, há a organização do espaço de informação para usuários

que são portadores de deficiências visuais.

Concluída a apresentação pormenorizada dos sistemas, trouxemos, abaixo, um quadro

síntese e comparativo dos sistemas e de seus elementos.

Page 74: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

72

Quadro 4 – Quadro comparativo dos sistemas PMM nos anos de 2013 e 2015

SI PMM – 2013

SI PMM – 2015

Público-alvo indefinido;

Sem resumos (menus, documentos), a

organização é por ordem cronológica,

muitas ausências de documento;

Sem indicação de leituras

complementares

Sem pesquisa temática e campo de

recuperação de conteúdo por palavra-

chave;

Sem seção de notícias;

Sem modo biblioteca para armazená-

las;

Sem filtros para a quantidade de

resultados exibidos;

Não há realização de Folksonomia;

Não realiza credenciamento de

autoridade responsável;

Não existem dispositivos de

relacionamento e comunicação

usuário - gestor;

Não possui ambiente para tratamento

com a imprensa;

Sem acessibilidade.

Público-alvo definido;

Resumo (menus e documentos),

organização é por ordem cronológica,

sem ausências de documentos;

Há indicação de leituras;

Pesquisa temática para o usuário por

categoria de interesse e por ordem

alfabética;

Seção notícia;

Aproveitamento e arquivamento das

notícias antigas, categorização para

usuário como mais lidas, mais

recentes, etc;

Ícones sintetizadores de resultados e

possibilidade de filtrar quantidade de

resultados recuperados;

Campo para recuperação por

palavras-chaves com opções de

palavra escrita, qualquer palavra

escrita ou frase exata escrita;

RSS;

Folksonomia sútil;

Credenciamento de autoridade;

Dispositivo relacionamento usuário e

gestor;

Ambiente imprensa;

Acessibilidade.

Fonte: Desenvolvido pela autora com dados extraídos da análise dos sistemas ano

2017

Page 75: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

73

6.1.3 Sistema de informação do Programa Mais Médicos na perspectiva da Organização

da Informação

Como vimos por nossa revisão de literatura, muitos são os aspectos que devem ser

destacados na organização de um Sistema de Informação. Eles envolvem a política de

indexação; a identificação da organização à qual estará vinculado o sistema; a identificação da

clientela a que se destina o sistema; e os recursos humanos, materiais e financeiros

disponíveis.

A partir das observações feitas no Sistema de Informação e da coleta de dados, junto

ao portal da transparência do Ministério da Saúde, e, após aplicação dos questionários com

gestores e usuários do sistema, constatou-se:

1) Sobre os fatores ligados ao indexador adotada pelas redes do programa em seu

sistema de informação:

As notícias relativas ao programa, inicialmente, não passaram por um processo de

seleção e eram indexadas aleatoriamente, sem uma padronização adequada de termos. Assim,

a indexação era realizada por profissionais destreinados ou sem competência técnica

informacional para documentação e com a ausência da utilização de uma metodologia e

instrumentos adequados. Estes fatores impactavam, pelo desconhecimento do assunto, na

precisão da recuperação da informação no sistema de informação do Programa Mais Médicos

e ampliava a dispersão desses conteúdos para outras mídias externas.

Com a percepção do corpo gestor acerca das deficiências existentes no sistema

anterior, e por este não atender a proposta de informar o público-alvo do programa, um novo

layout e processo de organização das informações foi desenvolvido.

No novo layout, as notícias relativas ao Programa superam os fatores que antes

interferiam na qualidade do processo indexatório, uma vez que passam pelo processo de

clipagem e são indexadas com o uso de um vocabulário controlado, com preocupação de

estabelecimento de palavras-chave e etiquetas (as tags).

Nota-se o emprego de metodologia e instrumentos manuais e online apropriados para

esses processos, tanto em ambientes físicos como digitais, além de profissionais treinados

com equipe interdisciplinar, a exemplo de bibliotecários, analistas de tecnologia de assuntos

(sanitaristas) e comunicólogos, condição que veio a facilitar a recuperação de documentos.

Page 76: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

74

Notícias, notas, áudios, vídeos, fotografias e imagens publicadas em meios de

comunicação impressos e eletrônicos possuem, de acordo com os agentes de informação do

Ministério, tratamentos específicos e orientados à estrutura do documento e o seu conteúdo.

Nos sistemas internos, a entrada de dados da situação de saúde dos municípios com

médicos do programa é constante, segundo agentes de Ministério, sempre observando as

necessidades de informação dos usuários; a experiência do usuário com informações

divulgadas em outras mídias; e a capacidade de compreensão e leitura. A rede do Ministério

da Saúde esclarece que são realizados constantes monitoramentos e filtragem desses dados, a

fim de evitar a duplicidade dos mesmos, o que sinaliza a utilização, por parte do Programa de

um sistema com base no modelo dinâmico, de Rezende (2005).

2) Sobre os fatores de indexação ligados ao documento adotado pelas redes do

Programa em seu sistema de informação

Percebe-se, na primeira fase de organização das informações, muita dispersão de

documentos. Existem ausências de documentos entre as sequências numéricas não havendo

sinalização de onde este documento pode ser encontrado, fora do website.

No novo layout, a ausência de documentos é menor, porém, conforme apuramos com a

aplicação do questionário, para alguns usuários ainda existem muitas faltas.

“No site só havia informações gerais e as portarias, decretos leis,

mas não as informações detalhadas relativo as supervisões e visitas o

que dificultava a identificação precoce de problemas e

consequentemente a resolução por parte da CCE”

Do ponto de vista do Sistema de gerenciamento de programas - que não pôde ser

acessado, em virtude de seu direcionamento exclusivo para gestores - verificou-se, através dos

gestores entrevistados, que não há emissão de relatórios para tomada de decisões sobre o

programa definida.

Pelo prisma de não gestores, nota-se, na apresentação dos documentos do Programa,

um maior respeito às sequências numéricas e de produção dos materiais, bem como aos

fundamentos da OI, em objetos físicos e digitais.

Observando o conteúdo temático, foram realizadas, tanto na versão inicial do sistema

quanto na atual, intervenções no que se refere ao documento e à elaboração de tópicos ou de

resumos. Essas alterações, por sua vez, trouxeram ou resultaram em uma aparente

Page 77: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

75

transformação positiva para os usuários, do ponto de vista da organização dos documentos no

sistema.

Em função de diversos documentos apresentarem base jurídica, observou-se, como

fora apontado por Maculan, et al (2009), uma preocupação em ambos os modelos de

organização dos sistemas com a utilização da linguagem - esta sempre simples e respeitando o

uso natural pelo usuário. Na segunda constituição do sistema, o uso de elementos de

linguagem mista (verbal e não verbal), bem como outros recursos de comunicação, dentre

imagens, desenhos e símbolos associativos, mostrou-se mais comum em relação ao sistema

anterior.

3) Sobre os fatores de indexação ligados à linguagem documental adotada pelas

redes do programa em seu sistema de informação:

Considerando os critérios de especificidade, ambiguidade e imprecisões - na fase

inicial, por não haver campos específicos para a realização de busca via termos no sistema de

informação -, considera-se que os documentos não foram descritos de modo a permitir a

recuperação de forma precisa pelo termo. Os preceitos elencados por Chaumier (1988) de

exaustividade e seletividade não foram corretamente utilizados, no primeiro estágio do

website.

Ao usuário de websites que possuíam um conhecimento para comandos de buscas

mais avançados, podia-se perceber muita ambiguidade e imprecisão na recuperação de

determinados documentos ou arquivos.

No atual sistema, a partir da reestruturação realizada no ano de 2015, nota-se a

presença de campos de busca específicos e há um maior controle da recuperação de

documento, no que diz respeito à ambiguidade e à qualidade vocabular de entrada dos dados.

Percebe-se uma maior qualidade quanto à estrutura de busca e isso se dá também a

partir da oferta de instrumentos auxiliares de busca, junto às bases de dados.

4) Sobre os fatores de indexação ligados ao processo adotado pelas redes do

programa em seu sistema de informação durante as duas fases:

Page 78: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

76

Quanto ao tipo de indexação, considerando a definição da ABNT (1992) como sendo o

processo que consiste na ação de descrever e identificar um documento de acordo com seu

têm-se:

A presença das indexações que descrevem os documentos de modo manual e

automática por extração e por atribuição;

A indexação por extração identificada realiza as seleções dos termos de recuperação

no sistema, restringindo-se ao contexto do próprio documento, sendo que os critérios

utilizados para representar esses materiais são dependentes de critérios institucionais

da ordem do Ministério da Saúde.

Aqui também entram as variantes da verdade estudadas em Lynch (2001).

A verdade, entendida como consenso de grupos com termos baseados nesse acordo;

A verdade pela experiência do agente de informação, como elemento de escolha do

termo indexado no sistema;

A verdade como redundância, perfazendo uma questão linguística para escolha do

termo.

Considerando a indexação, há, ainda, a seleção do termo a ser indexado a partir do fato no

mundo.

Em virtude do volume de documentos publicados e disponíveis, e da dificuldade de

indexação manual conseguir contemplar essa demanda, a indexação também é realizada por

meio da atribuição automática. Nessa indexação, são utilizados elementos externos ao

documento que variam, desde a elaboração de cálculos matemáticos e estatísticos de

frequência de palavras, a atribuições de pesos para os termos encontrados nos documentos,

como, também, a utilização de técnicas de indexação conhecidas pela OI, tal qual o stemming

(redução das palavras a uma normalizada ou a seu radical), Stop words ( remoção de palavras

insuficientes para representar o conteúdo), entre outras apontadas pelos agentes, porém mais

específicas dentro do escopo da Ciências tecnológicas.

5) Sobre os fatores de indexação ligados aos fatores ambientais e estrutura adotada

pelas redes do programa em seu sistema de informação:

No sistema inicial, nota-se uma tímida tentativa de preservação do acervo documental

digital, mas, ainda, com muita perda documental, em virtude de os documentos serem

Page 79: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

77

disponibilizados, somente, por meio de hiperlinks quebrados ou repositórios digitais

desativados.

No novo modelo de sistema, há uma maior preocupação com essa memória e

preservação do acervo documental digital, uma vez que estes estão hospedados de dois modos

no banco de dados do sistema: em formato de leitura PDF e por de hiperlink.

6) No que confere ao ruído, desinformação, equilíbrio da entropia e o tempo de

resposta do sistema

Em Teoria da Informação, Shannon e Weaver (1948) trazem que o ruído pode ser

diminuído, tanto com a redundância na mensagem quanto pela utilização correta do canal no

que compete à capacidade para suportar determinada carga informacional.

Desse modo, no momento inicial, o programa não realizou uma adequada organização

de seu sistema para evitar o ruído pelo canal e pela mensagem, uma vez que o sistema inicial

apresentou, na construção, pouco embasamento com técnicas que auxiliassem o usuário, em

seus diferentes tempos, a encontrar as informações que buscavam para construção de juízos

acerca do programa e o contexto de atuação na sociedade.

As informações sobre o PMM, no reduto governamental, não foram encontradas de

imediato após a respectiva implantação, somente sendo possível a localização de conteúdos

que tratassem do programa, por meio de materiais soltos, sem a credibilidade fortalecida para

concorrer com a confiança mantida pela grande imprensa e pela classe médica.

Registra-se que, anterior à sua implantação, o Programa ainda não possuía um sistema

estruturado para todos os públicos, (gestores municipais de saúde, médicos, estudantes de

medicina e população). Os motores de busca nas redes sociais e institucionais internas

(quando o caso da gestão) eram a principal forma de obter informações, à época.

Foi colhido o depoimento do diretor da Atenção Básica da Bahia, o também usuário

do sistema de informação do PMM José Cristiano Soster. Ao ser questionado sobre as

dificuldades encontradas com a fixação do profissional integrante da iniciativa, no território; e

no convencimento do gestor sobre a certificação e qualificação dos médicos do Programa -

tendo em vista as constantes críticas elaboradas e direcionadas à iniciativa pela imprensa e

correntes oposicionistas ao governo -; pôde-se perceber, pelo destaque feito, que a dificuldade

de comunicação relatada também se relacionava pela formatação inicial do sistema.

Page 80: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

78

“As dificuldades acorriam em diferentes tempos. No início, existia uma resistência

da Gestão e da População, ao meu ver, induzido pelos meios de comunicação e pela

categoria médica, relacionada a dificuldade de comunicação, este posicionamento

estava direcionado aos médicos estrangeiros (Intercambistas Individuais e

Cooperados), o que foi ultrapassada facilmente com a atuação dos médicos. Quanto

aos médicos Brasileiros, a dificuldade que víamos estava relacionada ao histórico de

prática destes profissionais, visto que gestores e usuários achavam que os

profissionais brasileiros iriam continuar atendendo sem examinar, não cumprir a

carga horária e exigirem benefícios financeiros para além do que é estabelecido no

programa. Posterior a este momento, já em um momento de implementação,

verificou-se a dificuldade de alguns gestores em garantir as condicionalidades

estabelecidas em portaria (alimentação e moradia), o que foi resolvido com ação de

orientação e Apoio Institucional. Após isto, houve um ataque midiático de falsas

denúncias e informações, referente a evasão dos profissionais e sua capacidade

técnica, principalmente direcionada aos médicos cubanos. Trecho da entrevista

com José Cristiano Soster (Maio/2015)

A importância de um sistema de informação pensar e discutir as demandas de

informação, com constantes atualizações para todos os públicos, a fim de diminuir e não

potencializar os ruídos, mostra-se nítida. Dessa maneira, num primeiro momento, ao sistema

não foi atribuída tal importância, uma vez que o tempo de resposta aos fatores externos

permitiam a ampliação dos ruídos e da desinformação, sendo apenas, com a elaboração do

segundo sistema, que foram preconizadas determinadas ações com esses prismas.

Pensando nos procedimentos descritos por Taylor e Joudrey (2008), no processo de

organização da informação, os agentes de informação conseguiram promover o cumprimento

de procedimentos, tais como a identificação dos recursos informacionais, quando disponíveis.

As informações veiculadas em redes sociais e imprensa foram devidamente

selecionadas, analisadas e categorizadas nos repositórios, arquivos ou coleções nas seções

NOTÍCIAS e PERGUNTAS FREQUENTES e isto se mostrou como um ponto importante do

sistema, na busca pelo equilíbrio da entropia e minimização do impacto da desinformação

sobre o programa, junto ao usuário. Esses fatores demonstram ser impossível a organização

das informações em um sistema com vistas à minimização de ruídos e desinformação, sem o

estudo de seu público.

Page 81: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

79

7) Análise dos dados aplicados via questionário aos gestores de saúde e

respectivos resultados.

Em razão de o sistema atender a demandas de informação de diferentes segmentos

sociais, optamos por realizar o recorte de entrevistas apenas com o plano da gestão estadual,

uma das redes que têm a responsabilidade pelo repasse das informações do programa aos 417

municípios do estado baiano.

Estes gestores trazem, como representações, o diretor da Atenção Básica, José

Cristiano Soster; a coordenadora Comissão Estadual do Programa Mais Médicos na Bahia e

Representação EESP/Sesab, Marília Santos Fontoura; a coordenadora de Apoio Institucional

dos municípios baianos no âmbito da Atenção Básica, Kally Cristina Soares Silva; e dois

técnicos operacionais do programa no estado, Anderson Freitas de Santana; o outro não quis

se identificar. Com a aceitação do termo de anuência, seguimos transcrevendo, na íntegra ou

por meio de fragmentos, as colocações por eles realizadas.

O questionário foi construído de 14 questões, sendo 7 delas fundamentadas

teoricamente sobre o processo de organização das informações, concernentes a área de OI.

Essas questões visam obter entendimento sobre o sistema quanto à especificidade na

aplicação do termo; e conveniência da informação: se exata, se completa, se concisa, se

relevante e se estruturalmente bem ofertada. Pretende, ainda, averiguar a capacidade de

equilibrar o estado de entropia do usuário. (Ver anexo os apêndices A e B). Seguimos com as

questões:

QUESITO 1. Acerca dos meios e endereços eletrônicos mais utilizados para busca

de informação sobre o programa em sua fase de implantação:

40% dos entrevistados mencionaram o website como um sistema principal de

busca por informações sobre o programa;

40% dos entrevistados informaram que utilizavam como principal canal de

informação o e-mail da coordenação, whatsapp ou e-mail pessoal para obter

informações do programa.

Abaixo, transcrevemos uma das falas representativas dos 40 % acima mencionados.

Page 82: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

80

“Era mais comum a comunicação direta com os representantes do MS por e-

mail. Enviavam todo os documentos e informações”.

QUESITO 2. Acerca, especificamente, o website do programa ter representado um

instrumento e busca de informações sobre o programa:

80% dos entrevistados afirmaram que não utilizam o sistema para buscar informações

sobre o programa, mas que a buscam via outros sistemas internos.

20% afirmaram “Sim” e quando acessavam era pra buscar alguma portaria ou

documento.

A coleta de informação, referente aos quesitos 1 e 2 do questionário, nos conduz a

quatro possíveis reflexões: uma sobre a importância das redes informação para tratar as

questões do programa em sua fase de implantação; outra à uma percepção para a existência de

um sistema de informação oficial deficiente e incapaz de atender a demanda interna, no que

tange ao planejamento e estratégia; outra que remonta à centralização das informações em

pequenos grupos; e, por último, uma que envolve a questão da cultura institucional

acostumada a funcionar com esse modus operandi para informação.

QUESITO 3. No que compete à conveniência da informação no sistema. Entende-

se, aqui, por conveniência, a informação disponível e atualizada.

Quando questionados se o website do PMM atendeu satisfatoriamente às demandas

informacionais, enquanto usuário do sistema e gestor (a) de saúde, obteve-se:

50% de respostas sim, em que o sistema atendeu.

50% de respostas negativas, em que o sistema não atendeu.

Abaixo duas dessas respostas transcritas.

“Não atendia. As informações de maior interesse eram produzidas

por supervisores médicos que visitavam os médicos nos municípios,

mas usavam um sistema próprio do MEC e nós da CEE, embora

responsáveis pelo acompanhamento do PMM na Bahia, não tínhamos

acesso aos relatórios desse sistema. O mesmo acontecia com o

sistema usado pelas referências descentralizadas do MS. Nem a CCE

Page 83: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

81

tinha acesso nem os ministério tinha acesso ao sistema um do outro.

Cada um usava suas informações, sem, contudo, cruzar ou

compartilhar. Este era e continua sendo um dos maiores problemas: a

comunicação e interação entre os atores e instituições. Eu, como

membro da EESP, conduzia de certa forma o chamado componente

pedagógico do PMM, mais especificamente o curso de especialização,

que, embora fosse ofertado por instituições fora do estado, nos

enviavam relatórios que eram apresentados na CCE.”

“Sim. As informações eram atualizadas, confiáveis e condutoras,

considerando os diversos atores envolvidos no Programa.”

Ressalte-se que no que trata das observações levantadas durante o período da pesquisa

diante os depoimentos colhidos, o sistema apresentou muita instabilidade de conteúdo,

principalmente no aspecto técnico-operacional. Muitas informações não foram encontradas

em virtude de links desatualizados. Com certa frequência, a situação era reportada ao corpo

gestor do sistema, via fale conosco, entretanto, durante o monitoramento realizado de um

pouco mais de um ano e meio, o problema continuou persistindo.

QUESITO 4. No que compete à exatidão da informação no sistema (a informação

livre de erros), quando questionados se o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas

demandas informacionais:

40% dos entrevistados afirmaram que sim,

20% que não eram exatas

40% não quiseram ou não souberam responder. Abaixo algumas das respostas

submetidas.

“Não. Como dissemos, as informações eram centralizadas em

sistemas próprios dos ministérios da Saúde e da Educação e

recebíamos quando solicitávamos algumas informações, mas não se

tinha acesso aos dados produzidos pelas supervisões e visitas aos

municípios. No site, só havia informações gerais e as portarias,

decretos e leis, mas não as informações detalhadas relativas às

supervisões e visitas. Isso dificultava a identificação precoce de

problemas e consequentemente a resolução por parte da CCE. Apesar

disso, a boa relação e interação com os tutores Supervisores que

atuavam na Bahia, mas eram ligados ao MEC, facilitava e

acabávamos, juntos, resolvendo as questões. Da mesma forma, a boa

relação com as referencias do MS e a participação destes na CCE

Page 84: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

82

terminavam por minimizar essa falta de "diálogo" entre os sistemas

usados pelo PMM ou mesmo a falta de acesso direto aos relatórios

gerados pelo sistema.”

“Enquanto gestora, o que o site mais contribuiu como fonte de

informação foi a disponibilidade das apresentações e vídeos dos

técnicos da SEGETS/MS sobre os regramentos legais do Programa e

instruções para secretários municipais”.

Sobre os 40 % dos usuários que não souberam ou quiseram opinar, quando

questionados sobre as razões de não quererem opinar, estes apontaram a falta de

conhecimento sobre o assunto.

Assim sendo, em virtude desses 40 % descritos que não souberam ser um quantitativo

grande na pesquisa, não temos como precisar se o sistema é exato na ótica dos gestores.

QUESITO 5. No que compete à precisão da informação no sistema (Informação

com um grau de precisão apropriado aos dados em questão, informação com grau de precisão

suficiente para a tomada de decisão com segurança). Quando questionados sobre se o sistema

de informação atendia satisfatoriamente esse quesito

80% afirmaram que sim, a informação era precisa no sistema

20% que a informação não era precisa no sistema

Abaixo, algumas das respostas submetidas:

“Sim, pois trazia o modelo lógico do Programa, bem como esclarecia

seus objetivos e finalidades.”

“De certa forma, sim, porém conseguíamos informações precisas de

forma indireta, a partir dos sujeitos, sejam eles tutores do PMM

ligados ao MEC, referências descentralizadas ligadas ao MS ou,

mesmo através do consultor da OPAS, mas NÃO através da página ou

site do PMM ou dos sistemas que usavam. Havia uma certa

centralização das informações por parte dos ministérios envolvidos no PMM. O que se conseguia era através da pessoa e não do site ou

da página.”

Page 85: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

83

QUESITO 6. No que compete a ser completa a informação no sistema (ou seja, a

informação incluir tudo o que o usuário precisa saber sobre a situação ou problema em

questão), quando questionados se o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas

demandas informacionais. 100% da população entrevistada informou como resposta NÃO

para este quesito. Abaixo, algumas respostas submetidas:

“Enquanto usuária percebi que faltou detalhamentos com linguagem

apropriada aos beneficiários do Programa.”

“ Não. As informações vinham ou eram produzidas por sistemas

diferentes (o do MEC, o do MS, o das Universidades que ofertavam os

cursos), de forma fragmentada sendo difícil ter uma visão global de

todos os componentes do PMM. Era preciso solicitar relatórios dos

representantes, para depois tentar fazer essa analise global, o que

quase nunca se conseguia a nível da Comissão Coordenadora

Estadual do PMM. Fazíamos mediação, garantíamos através da

SESAB infraestrutura para os acolhimentos, cursos introdutórios,

fazíamos mediação pra equacionar problemas demandados pelos

gestores municipais ou pelos médicos, porém sempre através de e-

mail e da estrutura da SESAB .”

Observa-se, diante das respostas do quesito 4 e das respostas do quesito 6, que há, por

parte dos entrevistados, confusões nos discursos, uma vez que 40 % dos entrevistados

consideraram exatas as informações nos sistemas, mas, no quesito 6, 100% dos entrevistados

apontaram para a não completude das informações no sistema. Questionados sobre isso, os

entrevistados colocaram que as informações eram exatas no contexto trazido pelo texto, mas

esse material poderia ser expandido para uma visão global sobre o que ocorria com o

Programa, nos diferentes cenários da Atenção Básica, e imprensa para, aí, ser considerada

mais completa. Essa afirmação remonta ao poder de informação existente em outras fontes.

Para o usuário, a informação só se mostraria completa caso incorporasse o que o mundo

exterior, como a imprensa, mídias sociais, entre outros, estavam reportando como notícia.

QUESITO 7. No que compete à concisão da informação no sistema (Informação

que não inclui elementos desnecessários ao usuário; Informação objetiva e específica para a

necessidade do usuário), quando questionados se o website do PMM atendeu

satisfatoriamente a demandas informacionais:

Page 86: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

84

50% da população entrevistada informou que sim atendeu e

50% que não atendeu.

Abaixo, algumas respostas submetidas:

“Não. Pela falta de acesso ou disponibilização de informações

importantes sobre o funcionamento ou contexto de funcionamento do

PMM nos municípios. Eram fragmentadas em diferentes ministérios

que pareciam concorrer entre si.”

“Sim. As informações eram sintéticas, contudo resguardavam o

imprescindível.”

No que compete à relevância da informação no sistema (tem influência direta na

situação de tomada de decisão), o website atendeu satisfatoriamente as demandas

informacionais, enquanto usuária e gestor (a) de saúde?

50% acredita ser satisfatório esse quesito.

50% acredita não ser.

Abaixo, algumas respostas e suas justificativas:

“Sim. Pois enquanto site oficial, muitas vezes, o conteúdo era

utilizado como elemento comprobatório das decisões tomadas pelo

Estado.”

“Para a CCE, não. Pela falta de acesso e por parte dos gestores

municipais, acredito que não eram satisfatória,s visto que os

problemas e demandas eram variadas e em geral não eram previstas

no sistema.”

QUESITO 8. No que compete à forma apropriada da informação no sistema, o

nível de detalhes e o formato da apresentação são selecionados e adequados para cada

necessidade específica do usuário.

100% dos entrevistados afirmaram que o sistema não atendeu satisfatoriamente

esse quesito.

Abaixo, algumas respostas submetidas:

Page 87: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

85

“Considero que o detalhamento foi insuficiente. Que as vezes exigia

acessar outras fontes de informações.”

Quando questionados sobre o quesito interface com o usuário, em uma escala “muito

bom/bom/regular/ruim”:

20% dos entrevistados afirmaram ser boa,

20% ruim

60% não souberam opinar.

“Considero o site bom, por corresponder às demandas dos vários

atores do Programa Mais Médicos ( Médicos, supervisores,

coordenadores de Atenção Básica, Secretários de Saúde).”

“Acredito que ruim, porque os gestores municipais e médicos sempre

recorriam a CCE.”

QUESITO 9. Quando questionados sobre se consideram que o modo de organização

das informações no sistema auxiliou no combate a desinformação junto aos públicos

gestores de saúde, população, profissional de saúde, profissionais médicos e estudantes os

entrevistados responderam:

20% que sim,

20% que não

60% não responderam.

Abaixo algumas respostas submetidas.

“Sim, considero. Mas entendo que deveria ser mais ilustrativo e

menos cartorial.”

“Não, porque como já disse o PMM usava e usa diversos sistemas

que não dialogam não são "amigáveis", cada um gerenciado por uma instituição diferente (MS, MEC e universidades e ainda tinha o

consultor da OPAS que usava formas e estrategias de

acompanhamento própria através de excel e compartilhava com

membros da CCE) O programa embora de origem interministerial,

funciona ou funcionava com cada Ministério detendo pra si as

informações que não circulavam nem circulam livremente”

Page 88: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

86

Observada a satisfação do usuário quanto à organização das informações no sistema,

mediante os critérios determinados da área de organização da informação, seguimos com o

nosso último quesito de análise, que trata da incorporação das novas tendências de

organização da informação que não partem, exclusivamente, dos agentes de informação, mas,

sim, dos usuários.

No que confere à utilização do usuário no processo de organização das informações

no sistema:

O sistema e website utilizou-se muito pouco de instrumentos contemporâneos para se

pensar a organização da informação junto ao usuário no universo da internet. Na seção

PERGUNTAS FREQUENTES, observa-se alguns fluxos específicos para captar as

etiquetagens dos usuários acerca dos assuntos retratados do programa. Muitos termos e tags

presentes nos motores de busca levam mais o direcionamento da temática do Mais Médicos

para Blog da Saúde e não para o próprio sistema. Há subutilização do usuário no aspecto

folksômico. A utilização do usuário no sistema ocorre mais por meio do processo de

monitoramento, via rede, do que para ele esta sendo produzido como notícia.

Page 89: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

87

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que trata a definição; o escopo da área Organização da Informação; os quesitos e

os autores estudados; e a opinião coletada junto aos usuários dos sistemas, via questionário;

observou-se, com o estudo, ainda muita deficiência no sistema no tocante à presença da

maioria dos elementos de OI. A organização do sistema, principalmente em sua primeira fase,

não processou nem tratou do volume de informações produzido na rede, tão pouco produziu

conteúdos próprios para o seu público-alvo: esses gestores de saúde, população, profissionais

da saúde e médicos. A quantidade de informação não oficiais encontradas na internet, a partir

do monitoramento via motor de busca do Google e a clipagem de notícias sobre o programa

em jornais de circulação nacional, mostraram um cenário de confusão do conhecimento, no

qual o Programa estava inserido e isso prejudicou o Governo, profissionais e pessoas que

buscavam informações para minimizar suas dúvidas sobre o Mais Médicos. A inicial

inexistência de um portal oficial; a criação desse portal, mas com a suscetível

indisponibilidade de acesso a repositório institucional oficial e a seus conteúdos, em virtude

de links quebrados e documentos faltantes; a circulação e produção massiva de notícias e

elementos como o hoax, somadas ao despreparo dos agentes de informação, já verificado, fez

com que muitos usuários sentissem dificuldade para obtenção de informações fidedignas

sobre o programa e isso acabou por acarretar um amplo cenário de desinformação sobre a

iniciativa e o potencial de suas propostas. Entre as deficiências encontradas no processo de

organização da informação, ressalta-se a inadequada atividade do processo de indexação. Na

primeira fase, foi verificada uma indexação aleatória, sem a devida extração dos termos

representativos do documento, o que trouxe ruídos e ausências na recuperação documental.

No entanto, durante a etapa de conclusão desse estudo, notou-se melhoras nos processos de

organização da informação no website do programa Mais Médicos, no que se refere ao

quesito. É possível que os anseios dos usuários que desejavam ser bem servidos de boas

informações para a tomada de decisões, bem como o próprio entendimento do governo e de

seus agentes, tenham promovido a mudança no processo indexatório, uma vez que este

incorporou novos elementos humanos e tecnológicos e passou a ser realizado de modo

automático e também manual, respeitando os elementos representativos dos termos, a

linguagem natural do usuário e também o regime de informação institucional da ordem do

governo. Essas mudanças garantiram uma maior celeridade no ritmo de organização e no

aproveitamento de um número maior de notícias e informações pelo usuário dentro do

website.

Page 90: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

88

Sem, contudo, quantificar essa organização das informações no sistema, mas diante

das análises colhidas por meio dos indicadores de avaliação, qualitativamente, podemos dizer

que o modelo de organização na segunda fase do programa, no ano de 2015, apresentou

melhorias significativas para o usuário e também para o agente de informação e seu processo

trabalho, visto que, lembrando das palavras de Sayão (1996), muitas vezes, o usuário não sabe

o que procura e só ameniza sua ansiedade navegando pela base de dados. Desse modo, na

construção dos documentos a serem hospedados no website, nos resumos e no processo

indexatório, ao fornecer resultados completos e precisos ao usuário, ele também estará

promovendo a diminuição da ansiedade do seu público-alvo. Como já dito, a ansiedade do

público-alvo, na primeira fase, não foi amenizada, pois os resultados encontrados, ao

digitarmos termos representativos do programa, não nos levaram ao website. Entretanto,

nota-se, pelo monitoramento efetuado no sistema, que da sua fase inicial até a finalização

desse estudo, mais de 90% dos “caminhos de dúvida” sobre o programa encontram,

atualmente, na busca de termos via motores de busca do Google, respostas recuperadas no

sistema oficial do programa Mais Médicos. Esta “mineração direcionada” para o sistema pode

representar, como vimos, o investimento realizado pela gestão do programa/sistema na

modelação dos dados, desde a fase inicial até o modelo de sistema que vigora, atualmente, na

internet. Sabemos que hoje muitas instituições realizam pagamentos aos motores de buscas,

entretanto, na análise, pôde-se perceber que a recuperação das informações nesses motores

ocorreu de modo espontâneo e isto é um aspecto muito positivo para quem trabalha

organizando informações no sistema.

Apesar das análises no website demonstrarem significativa melhoria da primeira para a

segunda fase, é importante ressaltar os seguintes pontos críticos encontrados: 1) a necessidade

de melhor tratar o processo de organização da informação atrelada à conjuntura exterior onde

o usuário está inserido. Aos estudarmos a Organização e suas teorias, vimos a importância do

usuário e de seu contexto para o processo. No primeiro website, principalmente, mas também,

no segundo, os documentos são elaborados sem a escuta das demandas de seus usuários e sem

incorporar elementos de sua realidade. Como vimos, em ambientes digitais em que a

audiência facilmente é transitória, o documento deve ser elaborado para o usuário de acordo

com o fato no mundo. O respeito a essa recomendação da organização da informação não foi

visto na primeira fase. Somente na segunda, com a incorporação de espaços específicos para

abrigar notícias produzidas por agentes externos ao programa é que foi possível perceber a

execução desse item. Muitas informações foram incorporadas em documentos

Page 91: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

89

disponibilizados no site. Da análise desse ponto crítico, não se pode inferir - em virtude de

lidarmos com um meio altamente político - se as alterações de tratamento e organização na

primeira fase foram efetuadas de maneira intencional, a fim de evitar desgastes e conflitos

políticos, uma vez que a primeira fase de implantação representou um momento de pleito

eleitoral presidencial. Outro ponto crítico que destacamos na análise: 2) é a subutilização do

usuário como recurso de Organização da Informação. Como vimos, com o estudo da

Folksonomia, muitos governos utilizam o usuário como elemento folksonômico para o

sistema, por meio da associação de sua Linguagem Natural de etiquetagem.

Como sugestão desse estudo e para novos estudos e modelos de pesquisas; aos

agentes de informação governamentais e de esferas corporativas gerais; e, também, à Ciência

da Informação está a utilização, de forma mais massiva, do usuário. A realização de um

aprofundamento nos modelos e conceitos de organização da informação utilizados em

sistemas governamentais estrangeiros, onde é muito comum a adoção extensiva dos serviços

de usuários para adaptá-los à realidade nacional, pode se mostrar muito interessante. A

associação entre a Linguagem Controlada presente nos Tesauros e de domínio dos agentes de

informação e Linguagem Natural do usuário pode representar um elemento potente aos

sistemas e agentes de informação, no tocante à Organização de suas informações.

Outro elemento que elencamos como potentes na observação do sistema do Mais

Médicos e que dizem respeito a um dos objetivos específicos determinados por este estudo, é

a seleção de indicadores da organização da informação que medem a diminuição da entropia

da informação e admitem as menores e maiores perdas de informação do programa. Da

análise, destacamos os seguintes indicadores: 1) a indexação utilizada na segunda fase,

realizada mediante respeito a uma ordem conceitual e terminológica, a fim de promover

eficiência acerca do dado recuperado; 2) A construção de um sistema com adoção de banco de

dados único, com a finalidade de manter a informação de maneira concentrada e íntegra para

os usuários, o que evitou, potencialmente, as chances de indisponibilidade de conteúdos, a

duplicidade dos dados ou, ainda, a inconsistência desses; 3) A promoção no uso das

Tecnologias de Comunicação e Informação (TICS), que ampliou a infraestrutura e uso de

serviços de informação, uma vez que a informação, através desses suportes, eram mais fáceis

de serem acessadas e transmitidas; 4) O monitoramento das informações, via motores de

busca pelos agentes de informação e a incorporação qualificada desses dados nos sistemas; 5)

O investimento em material humano qualificado para a gerir e dispor estoques de informação

nos sistemas de informação; 6) O uso da estrutura das redes como fonte de informação 7) A

Page 92: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

90

utilização do usuário e seu contexto e de sua linguagem, como instrumento de organização da

informação no sistema por meio da Folksonomia.

Todos potentes no que se refere à OI, os elementos acima elencados podem servir,

assim como foi no estudo de caso do Programa Mais Médicos, a outros agentes de informação

e para diminuir a entropia e a desinformação. O que também é importante destacar sobre o

processo de organização no estudo é que somente observamos 1) o desenvolvimento de uma

política de organização de dados, com utilização de Tecnologias de Comunicação e

Informação (TICS); e 2) o acompanhamento desses elementos-sistemas e agentes de

informação - de modo a beneficiar a organização; em um momento em que a desinformação e

entropia já se encontravam em estágio muito crítico. O que, como agentes de informação,

devemos pensar é que, independente de um programa estar envolto numa atmosfera de

notícias falsas e entrópicas, seus sistemas devem ser construídos - não para enfrentamento de

situações caóticas já existentes, como foi o caso do Mais Médicos – na concepção inicial, a

fim de já ser dotado de um nível de organização tão consistente que não permita que

informações esporádicas e ocasionais geradas no âmbito externo, por agentes de

desinformação, consigam promover prejuízos e estragos à credibilidade do conhecimento

institucional já construído e consolidado. A Organização da Informação, quando bem

executada, além de favorecer a apresentação de condições para o conhecimento dentro do

sistema que foi organizado, deve estabelecer um vínculo de credibilidade que relaciona agente

de informação/sistema/usuário, favorecendo o que se chama de estado anômalo de

conhecimento. Mesmo ainda sendo difícil verificar o teor de organização e tratamento

aplicáveis à avaliação de um sistema e de sua qualidade - tanto pela novidade que isso

representa em vias tecnológicas quanto pela própria insuficiência de parâmetros elaborados no

construto das ciências que o abarcam para tal - no que tange à área de Organização da

Informação, um sistema baseado em website, (apesar de não se estabelecer como um

instrumento resolutivo para todo o problema da desinformação existente na rede, porque isso

também perpassa por uma gama de outros fatores, que também já foram institucionalizados na

sociedade, como por exemplo, a cultura social e organizacional), quando planejado e

organizado, estruturalmente, com a adoção de simples técnicas vocabulares utilizadas, como

escolha de palavras-chave, a elaboração de resumos para os documentos, a cobertura de

assuntos, a seleção e aquisição dos documentos-fonte; e por seu conteúdo; pode, em conjunto

com técnicas aplicáveis à organização da informação, ser uma potente ferramenta de combate

a muitos problemas no estudo levantados.

Page 93: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

91

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução coordenada e revista por Alfredo

Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ABE, Jair Minoro. Verdade pragmática. Vol.5. Nº12. São Paulo Maio/agosto. 1991.

ALMEIDA, Carlos C. de; BASTOS, Flavia Maria; BITTENCOURT, Fernando. Uma leitura

dos fundamentos histórico-sociais da Ciência da Informação. Revista Eletrônica Informação e

Cognição, Marília, v. 6, n. 1, p. 68-89, 2007.

AMSTEL, Frederick Van. Folksonomia: vocabulário descontrolado, anarquitetura da

informação ou samba do crioulo doido. São Paulo, p. 15, 2007. Disponível em:

<http://www.encontroai.org/viewabstract.php?id=34&cf=1>.

ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. Fundamentos da Classificação. Encontros Bibli: revista

eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação. Florianópolis, v. 11, n.22, 24 p. 2006.

Disponível em:

<http://www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/09/pdf_9fd7425fb6_0011878.pdf>.

ARAÚJO, C. Nozick e o Estado. In OLIVEIRA, M.A; AGUIAR, O; SAHAD, L. F. N. A. S.

(Org.) Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 1992. NBR 12676: métodos para

análise de documentos: determinação de seus assuntos e seleção de termos de indexação. Rio

de Janeiro, 1992. 4 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12676: informação e

documentação: indexação. Rio de Janeiro, 1992.

AZEVEDO. F A. Quando proibir é divulgar e informar é censurar. Observatório da Imprensa.

2002.

BALANÇO, P. A. F.; LEONY, Maria das Graças Sá. Informação como Instrumento de

Inteligência na área Fiscal: Estudo de Caso na SEFAZ.Ba. Salvador, 2006.

BARBALHO, Célia Regina Simonetti. Gestão baseada nas competências. Amazonas: [s.n.],

2002.

BAREL, Y. ; CAUQUELIN, A. Concepts transversaux. In.: SFEZ, Lucien. Dictionnaire

critique de la communication. Paris : Presses Universitaires de France, 1993. p.179-290, v.1.

BARITÉ, M. Organización del Conocimiento: un nuevo marco teórico-conceptual en

Bibliotecología y Documentación. In: CARRARA, Kester. (Org.). Educação, universidade e

pesquisa. Marília, 2001. p.35-50.

Page 94: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

92

BARRETO, A. A. O tempo e o espaço da Ciência da Informação. Transinformação. V.14,

nº1. janeiro/junho. 2002.

BAZZOTTI, Cristiane; GARCIA, Elias. A importância do sistema de informação gerencial

para tomada de decisões. (2007). Disponível em e-

revista.unioeste.br/index.php/csaemrevista/article/view/368. Último acesso em 25 outubro

2016.

BORGES FILHO, J. N ; GHIRALDELLI JR, P. Teorias de Verdade - Brevíssima Introdução.

Universidade Estadual Paulista (UNESP - Marília). 2011.

BOCCATO, V. R. C. Organização e gestão da inovação em processos e produtos

informacionais para a comunicação na UFSCar. São Carlos: [S.n.t.], 2010.

BORKO, H. Information Science: What is it? American. 1968. (Tradução Livre).

BRAGA, Dr. Ryon. O excesso de informação – A neurose do Século XXI. 2006. Disponível

em: Acesso em: 03 abril. 2015.

BRAGA, Gilda Maria. Informação, ciência da informação: breves reflexões em três tempos.

Ciência da Informação, Brasília, v.24. n.1, p-84-88, jan./abril 1995.

BRASCHER; M.; CAFÉ, L. Organização da informação ou organização do conhecimento?

In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO –

ENANCIB, 9., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: ECA/USP, ENANCIB, 2008.

BRASCHER, M.; CARLAN, E. Sistemas de organização do conhecimento: antigas e novas

linguagens. In: ROBREDO, J.; BRASCHER, M. (Org.). Passeios pelos bosques da

informação: estudos sobre representação e organização da informação e do conhecimento.

Brasília: IBICT, 2010

BRASIL, 2013a. Lei 12.871/2013. Dispõe sobre o Programa Mais Médicos para o Brasil.

Brasília, 2013 (DOC.6 ).

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2488 de 21 de Outubro de 2011. Política Nacional

de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da

Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes

Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em: www.saude.mt.gov.br/.../2488-%5B5046-

041111-SES-MT%5D.pdf.

BRASIL. Constituição (1988). República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal

BRILLOUIN, L. Science and information theory. 2. ed. New York: Academic Press, 1962.

Page 95: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

93

CAMPOS, Maria Luiza de A.; GOMES, Hagar Espanha. Taxonomia e classificação: o

princípio de categorização. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, v. 9, n. 4,

ago. 2008. Disponível em: http://www.datagramazero.org.br/ago08/Art_01.htm

CARVALHO, Olavo de. O que é desinformação. 2001 disponível em

www.olavodecarvalho.org/semana/desinf.htm. último acesso em 06/09/2016

CARVALHO, Kátia. Disseminação da Informação e informação de inteligência

organizacional. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v. 2, n. 3, jun. 2001.

Disponível em: http://www.dgz.org.br. Acesso em 20 de janeiro de 2016

CARVALHO, Lidiane dos Santos; LUCAS, Elaine R. de Oliveira; GONÇALVES, Lucas

Henrique. Organização da informação para recuperação em redes de produção e colaboração

na web. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 15, n. 1, p. 71-

86, jan./jun. 2010. Disponível em: <

http://revista.acbsc.org.br/index.php/racb/article/view/698/pdf_19>. Acesso em: 10 abr.,

2016.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CENDÓN, Beatriz Valadares. Sistemas e redes de informação. In: Oliveira, Marlene de

(Coord.). Ciência da informação e biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação.

Minas Gerais: UFMG, 2005, p. 61-96.

CHAUMIER, J. Indexação: conceito, etapas e instrumentos. Trad. José Augusto Chaves

Guimarães. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v.21, n.1/2,

p.63-79, jan./jun. 1988.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM - Brasil). Pareceres. Brasília, 2012.

COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia - História e Grandes Temas. 17ª edição. 2013.

COSTA, C.F. Teorias da verdade. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2007.

DECARTES, René. Discurso do Método. 1967. [Tradução: Maria Ermandina Galvão].-São

Paulo: Martins Fontes,1996.

DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. (Editores). Handbook of qualitative research. 2

Ed.. Thousand Oaks, Califórnia: Sage Publications. 2000.

ESTEBAN NAVARRO, Miguel A. El marco disciplinar de los lenguajes documentales: la

Organización del Conocimiento y las ciencias sociales. Scire, Zaragoza, n. 2, v. 1, p. 93107, en.-jun. 1996.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: saraiva. 2001

Page 96: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

94

FERNEDA, E. Recuperação de informação: análise sobre a contribuição da Ciência da

Computação para a Ciência da Informação. 2003. Tese (Doutorado em Ciências da

Comunicação). Escola de Comunicação e Artes – USP, São Paulo, 2003.

FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto. NOVOS PARADIGMAS E NOVOS USUÁRIOS DE

INFORMAÇÃO. Ciência da Informação - Vol 25, número 2, 1995.

FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. Organização do conhecimento: algumas considerações

para o tratamento temático da informação. In: CARRARA, Kester. (org.). Educação,

Universidade e Pesquisa. Marília: Unesp-Marília-Publicações; São Paulo: FAPESP, 2001. p.

29-34.

GHIRALDELLI JR. Teorias de Verdade - Brevíssima Introdução. Universidade Estadual

Paulista (UNESP - Marília). 2000A.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social - 6. ed. - São Paulo: Atlas. 2008.

GOMES, H. E.; MOTTA; D. F. da; CAMPOS, M. L. de A. Revisitando Ranganathan: a

classificação na rede. 2006.

HJORLAND, B. What is knowledge organization (KO)? Disponível em:

http://www.db.dk/bh/lifeboat_ko/CONCEPTS/knowledge_organization.htm

KURAMOTO, Hélio. NAVES, Madalena M. Lopes Organização da informação: princípios e

tendências (2006). Briquet de Lemos/Livros. 2006. ISBN 8585637307.142p.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia

científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane Price. Sistemas de informação. 4. ed. LTC: Rio de

Janeiro,1999.

LE COADIC, Yves François. A Ciência da Informação. tradução de Maria Yêda F. S. de

Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996.

LOPES, H,G. E-farsas.com- Hoax. Disponível em http://www.e-farsas.com/. 2016.

LYNCH, M. P. The nature of truth: classic and contemporary perspectives. Massachusetts:

The MIT Press, 2001.

LÉONHARDT, Jean-Louis. Verdade-correspondência e verdade-coerência. École n.s. des

mines Saint-Etienne. 2009.

Page 97: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

95

MACULAN, Benildes C. M. dos S. and Assis, Juliana de and Alves, Alan V. and Pereira,

Fernanda Taxonomia, folksonomia, acessibilidade e usabilidade: proposta de interseção na

área de organização do conhecimento, com foco na recuperação de informação. 2009. In

Seminário em Ciência da Informação, Londrina, 27 a 29 de setembro de 2009.

MARCONDES, C. H. e SAYÃO, L.F. Documentos digitais e novas formas de cooperação

entre sistemas de informação em C&T. Ci. Inf., Brasília, v. 31, n. 3, p. 42-54, set./dez. 2002.

MARTELETO, Regina Maria; SILVA, Antonio Braz de Oliveira. Redes e capital social: o

enfoque da informação para o desenvolvimento local. Revista Ciência da Informação,

Brasília, v.33, n.3, p.41-49, set./dez. 2007.

MATTELART, Armand. História da sociedade da informação. São Paulo: Loyola, 2001.

NAVARRO, Esteban Miguel A. El marco disciplinar de los lenguajes documentales: la

Organización del Conocimiento y las ciencias sociales. Scire, Zaragoza, n. 2, v. 1, p. 93107,

en.-jun. 1996.

NORUZI, Alireza. Folksonomies: why do we need controlled vocabulary? E- prints in

Library and Information science, 2006. p.7. Disponível em: <http://eprints.rclis.org/archive/

00011286/>.

O GLOBO. Fernandes, L. Médicos são orientados a pedir votos de pacientes contra Dilma.

Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/medicos-sao-orientados-pedir-votos-de-

pacientes-contra-dilma-10365142. Acesso em janeiro de 2015.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Índices estaduais de médico por mil habitante.

2012.

PORTAL MAIS MEDICOS. Brasília, 2013.

PORTAL MAIS MEDICOS. Brasília, 2015.

RABELLO, R. Guimarães, José Augusto Chaves A relação conceitual entre conhecimento e

documento no contexto da Organização do Conhecimento: elementos para uma reflexão.

2006. In VII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), Marília-

SP, 19 - 22 nov. 2006.

RANGANATHAN. S. R. The five laws of library Science. 1931. Ed. 1 (1931). Philosophy of

Library Classification (1973).

RAPETTI, Luciano. Folksonomia: Organização e uso da informação na web. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. 2007. Disponível em

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/18728/000667018.pdf?sequence=1.

Acesso em 23 outubro 2016.

REZENDE, D. A. Sistemas de Informação e de Conhecimentos para contribuir na gestão

municipal. Produto & Produção, vol.8, n.3,p.45-61, out. 2005.

Page 98: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

96

REZENDE, D. A; ABREU, A.F. Tecnologia da Informação aplicada a sistemas de

informação empresariais. 3ed. São Paulo: Atlas. 2003.

RIFKIN, Jeremy. Entropy: A New World View. 1980. Disponível em

https://philpapers.org/rec/RIFEAN. último acesso em 04/05/2017.

RIZZI. I.R. F. As Cinco Leis da Biblioteconomia no Brasil. 2016.

ROBREDO, Jaime.Da Ciência da Informação revisitada: aos sistemas humanos de

informação. Brasília, DF: Thesaurus, 2003. Thesaurus, 2003.

SANTOS. Tipos de pesquisa. UFPR. 2002. Disponível em >

http://www.ergonomia.ufpr.br/Tipos%20de%20Pesquisa.pdf. Último acesso 04/05/2017.

SANTOS. M. Programa Mais Médicos: Estrutura do Programa Mais Médicos e

Implementação do Projeto Mais Médicos para o Brasil. Belo Horizonte. 2015.

SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectiva da

Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.

SAYÃO, Luís Fernando. Bases de dados: a metáfora da memória científica. Ciência da

Informação, Brasília, v.25, n.3, 1996.

SHANNON, C. E. The mathematical theory of communication. 1948.

SIMOR, Fabiano. Teoria da Correspondência em B. Russel. 2006. Disponível em >

http://lifephilosophic.blogspot.com.br/2009/09/teoria-da-correspondencia-em-b-russell.html.

último acesso em 04/05/2017.

SVENONIUS, E. The intellectual foundations of information organization. Cambridge: The

MIT Press, c2000. 255p.

TAYLOR, A. G; JOURDREY, D.N. The organization of the information . 3.ed. Westport:

Libraries Unlimited, 2008. 513 p.

UNISIST. Indexing principies. Paris, UNESCO.1981.

VIEIRA. Redes de Informação e Comunicação. In:__ Redes de ICT e a Participação

Brasileira. Brasília:IBICT/SEBRAE, 2005.

WAKULICZ, Gilmar Jorge. Sistemas de informações gerenciais Santa Maria: Universidade

Federal de Santa Maria. 2016. Disponível em

Page 99: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

97

http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_cooperativismo/quinta_etapa/arte_sistemas_informaco

es_gerenciais.pdf. Último acesso em 04/05/2017.

YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. (2Ed.). Porto Alegre: Bookman.

2001.

ZWIES, Richard. Observations on the American Society for Information Science Summit

2000 Meeting: Defining Information Architecture. Bulletin of the American Society for

Information Science. jun./jul. 2000.

Page 100: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

98

APÊNDICE A – Questionário PMM - Avaliação do sistema pelo usuário

Esse questionário tem por objetivo coletar informações dos usuários do Sistema de

informação (website) do Programa Mais Médicos- PMM (plano dos gestores) a fim de avaliar

determinadas características de organização da informação presentes ou não nesse sistema. As

respostas aqui contidas serão utilizadas na sua totalidade ou parcialmente na pesquisa de

mestrado que avalia a Organização da Informação no sistema PMM. Seu preenchimento é

direcionado. Desse modo, entende-se o seu preenchimento como uma autorização automática

para publicação de seu conteúdo na pesquisa.

1. Nome

2. Função no PMM

3. Enquanto gestor (a), durante a fase de implantação do programa quais foram os

meios/endereços eletrônicos para busca de informações do Programa?

4. O website do programa representou para você gestor um instrumento e busca de

informações sobre o programa? Se positivo, comente brevemente sua experiência nas

navegações?

5. Durante a fase de implantação do programa, o PMM vivenciou vários embates de ordem

midiática e envolvendo a classe médica, enquanto gestor(a), como você analisa a organização

do sistema (website do programa) para trabalhar essas informações ?

6. No que compete a conveniência da informação no sistema (entende-se aqui por

conveniência) a informação disponível quando necessária e não desatualizada quando estiver

disponível) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas informacionais

enquanto usuário do sistema e gestor (a) de saúde? Justifique.

7. No que compete a exatidão da informação no sistema (Corresponde à realidade que a

informação representa; livre de erros) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas

demandas informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.

8. No que compete a precisão da informação no sistema (Informação com um grau de

precisão apropriado aos dados em questão. Informação com grau de precisão suficiente para a

tomada de decisão com segurança. Ser ) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas

demandas informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.

Page 101: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

99

9. No que compete a ser completa a informação no sistema (Informação que inclui tudo o que

o usuário precisa saber sobre a situação (problema) em questão. ) o website do PMM atendeu

satisfatoriamente as suas demandas informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde?

Justifique.

10. No que compete a concisão da informação no sistema (Informação que não inclui

elementos desnecessários ao usuário. Informação objetiva e específica para a necessidade do

usuário.) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas informacionais

enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.

11. No que compete a relevância da informação no sistema (Tem influência direta na situação

de tomada de decisão.) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas

informacionais enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique.

12. No que compete a forma apropriada da informação no sistema (O nível de detalhes e o

formato da apresentação são selecionados e adequados para cada necessidade específica do

usuário.) o website do PMM atendeu satisfatoriamente as suas demandas informacionais

enquanto usuária e gestor (a) de saúde? Justifique

13. Quanto à interface com o usuário, em uma escala “muito bom/bom/regular/ruim o sistema

mostrou-se eficiente? Comente.

14. Você considera que o modo de organização das informações no sistema auxiliou no

combate a desinformação junto aos públicos gestores de saúde, população, profissional de

saúde, profissionais médicos e estudantes? Comente

Page 102: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

100

APÊNDICE B – Formulário de Entrevista - Diretor da Atenção Básica

1. Qual o cenário da Saúde, no que compete a quantidade/distribuição de médicos, vivenciado

pela Atenção Básica antes da instituição do Programa Mais Médicos?

2. Com a fixação do Médico do Programa no território, qual foi a maior dificuldade

encontrada pela gestão (DAB), no convencimento do gestor sobre a certificação e qualificação

dos médicos do Programa, visto as constantes críticas elaboradas e direcionadas ao programa

pelas entidades médicas?

3. Quais foram os argumentos levantados pela classe médica acerca da habilidade técnica e

formação dos médicos cubanos do PMM em relação a dos médicos nacionais?

4. Algum gestor municipal relatou algum receio por parte da ESF em trabalhar com o

profissional do programa?

5. Algum gestor municipal relatou algum receio por parte da população em ser atendido pelo

profissional do programa?

6. Em sua visão, as Redes e o Sistema de informação (website) do PMM estavam prontas para

atender, em tempo hábil, as necessidades informacionais do programa à população?

7. Em sua visão, as Redes e o Sistema de informação (website) do PMM estavam prontas a

atender as necessidades informacionais do programa, no âmbito dos gestores estaduais?

Page 103: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

101

ANEXO A – Resultados encontrados no motor de busca Google termo a termo

Figura 16 – Resultado de busca termo programa mais médicos no Google

Fonte: Google – Ano 2016

Figura 17 – Resultado de busca termo mais médicos no Google

Fonte: Google – Ano 2016

Figura 18 – Resultado de busca termo médicos cubanos no Google

Fonte: Google – Ano 2016

Page 104: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

102

ANEXO B – Notícias sobre o Programa Mais Médicos

Figura 19 – Programa Mais Médicos manifestações oposicionistas ao programa

Fonte: Folha de São Paulo versão online - Ano 2013

Figura 20 – Charges sobre o Programa Mais Médicos

Fonte: Jornal Folha de São Paulo verso online- Ano 2013

Page 105: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

103

Figura 21 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos I

Fonte: Portal Brasil – Ano 2015

Page 106: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

104

Figura 22 – Memes retirados das redes sociais sobre o programa

Fonte: Facebook – ano 2013

Figura 23 – Manchete favorável ao Programa Mais Médicos II

Fonte: Sindimed- Ano 2013

Page 107: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

105

Figura 24 – Manifestações contra o Programa Mais Médicos

Fonte: Jornal Folha de São Paulo – Ano 2013

Figura 25 – Manchetes de jornais on-line sobre o programa Mais Médicos

Fonte : Jornal o Globo – Ano 2013

Page 108: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

106

Figura 26 – Manchetes de jornais on-line sobre o Programa Mais Médicos II

Fonte: Jornal Folha de São Paulo- Ano 2013

Figura 27 – Charge retirada de jornal on-line sobre regime de trabalho do médico cubano

no programa Mais Médicos II

Fonte : Uol Blog- Ano 2013

Page 109: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

107

Figura 28 – Programa Mais Médicos polêmicas envolvendo o programa I

Fonte : Google - Ano 2013

Page 110: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

108

Quadro 5 – Programa Mais Médicos clipping de notícias parcial realizado em jornais no

período de 01 de junho de 2013 a 20 de março de 2017

Nº MANCHETE FONTE DATA DE

PUBLICAÇÃO

1 O desmonte do Mais Médicos

Carta Capital 24/11/2016

2

Governo tira bônus de brasileiros e quer

'punir' quem deixar Mais Médicos

Folha Uol 8/11/2016

3

Cuba quer ganhar 30% a mais por

profissionais do Mais Médicos

Blog do Fernando

Rodrigues 25/08/2016

4 Mais Médicos: fraudes e menos atendimentos

Jornal Campo Grande

News

14/03/2017

5

Governo Temer quer menos estrangeiros no

Mais Médicos

Revista Exame 16/05/2016

6 As falhas do Mais Médicos

Estadão 9/03/2015

7

Mais Médicos Completa Três Anos ainda Sob

Ataque

Portal Brasil de Fato 5/07/ 2016

8 CFM Divulga Posição Oficial

Site Conselho Federal de

Medicina 21/08/2013

9

Os números do Mais Médicos: pirotecnia

eleitoral x verdade dos fatos

Site Terra 29/04/2016

10

Professor e médico considera Mais Médicos

“uma loucura”

Site Setor Saúde 30/04/2014

11

Saúde da Família: governo cria 329 equipes

para atendimento básico

Correio Brasiliense 15/02/2017

12

Mais Médicos proíbe prefeituras de demitir

profissionais já contratados

Carta Capital 31/08/2013

13

Mais Médicos estimula a criação de cursos de

medicina

Jornal A Tarde 22/07/2014

14 Sistema de saúde demanda ação a curto prazo

Jornal do Campus 2/09/2013

15 Mais Médicos + Golpe = menos médicos

Portal Brasil 247 30/03/2016

16

Retrospectiva 2013: a polêmica em torno do

programa Mais Médicos

Portal da Câmara 18/12/2013

Continua

Page 111: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

109

Quadro 5 – Programa Mais Médicos clipping de notícias – continuação

Nº MANCHETE FONTE

DATA DE

PUBLICAÇÃO

17 Serra critica o programa Mais Médicos

Jornal Estadão 16 /07/2013

18

Mas afinal o que é o Programa Mais

Médicos?

Revista Capitolina 6/11/2015

19

Opinião: Programa Mais Médicos é

paliativo midiático do governo

Folha de São Paulo 29/03/2014

20

Estado de S. Paulo critica fortemente o

programa Mais Médicos

Portal Setor Saúde 10/08/2015

21 Programa Mais Médicos: "Justiça Social"

para quem? Portal Migalhas 7/03/2014

22 Carta de Apoio à Vinda de Médicos para o

Brasil

Site Fórum Social pelos

Direitos Humanos e

Integração dos Migrantes

no Brasil

27/07/2013

23 Associação médica diz que Brasil quer

trazer a ‘escória

Site da Câmara dos

Deputados 15/05/2013

24

Médicos cubanos no Brasil são espiões

comunistas, afirma escritor

Portal notícias

Epochtimes 28/08/2013

25

Mais Médicos: acordo com Cuba foi

mascarado

Portal da Band 18/05/2015

26

Médicos cubanos: governo petista revoga a

Lei Áurea e institui o trabalho escravo no

País

Jornal Opção 31/08/2013

27

A saúde publica no Brasil e os médicos

cubanos

Portal Pragmatismo

Político 27/08/2013

28 Por que os médicos cubanos assustam

Portal de Notícias 04/07/2013

29

Programa Internacionalista Médicos

Cubanos é indicado ao Nobel da Paz

Portal Pravda 09/08/2015

30 MPT entra com ação na Justiça contra o

Mais Médicos Agência Brasil 27/03/2014

31

Mais Médicos: ministro da Saúde nega

privilégio ao governo de Cuba

Jornal O Globo 23/03/2015

Fonte: Desenvolvido pela autora a partir de clipagem da imprensa

Page 112: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

110

ANEXO C – Apresentação do website do Programa Mais Médicos fase inicial do Programa

Figura 29 – Tela recuperada menu documentos site PMM

Fonte: Print screen tela documentos website do Programa Mais Médicos-Ano 2013.

Figura 30 – Tela Editais site PMM

Fonte: Print screen tela editais website do Programa Mais Médicos-Ano 2013

Page 113: MARIANA DE AZEVEDO PINTO - Ufba · sistema de informação governamental do Programa Mais Médicos, a partir da Ciência da Informação e de sua subárea Organização da Informação

111

Figura 31 – Tela Informes site PMM

Fonte: Print screen tela informes website do Programa Mais Médicos-Ano 2013.

Figura 32– Sistema de Gerenciamento de Programa- SGP site PMM

Fonte: Print screen tela SGP do Programa Mais Médicos-Ano 2015.