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Presidenciais’21: eleições dias 23 e 24 de janeiro Pela Pátria… Votar, votar! Seis meses para obter agendamento no Consulado de Paris 05 Accs de Ricardinho e Bruno Coelho faz história no futsal francês 14 Conferência na Embaixada sobre Presidência da UE 08 Luís Brito Câmara: Não há esperas no Consulado de Lyon Edition nº 415 | Série II, du 20 janvier 2021 Hebdomadaire Franco-Portugais GRATUIT EDITION FRANCE LusoJornal 06 03 PUB PUB 09 Maria Luísa Attali lança livro sobre interrupção voluntária de gravidez Cabo Verde: Emanuel Barbosa faz balanço do Governo do MpD 07

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  • Presidenciais’21: eleições dias 23 e 24 de janeiro

    Pela Pátria…Votar, votar!

    Seis meses para obteragendamento no Consulado de Paris

    05

    Accs de Ricardinho e Bruno Coelho faz história no futsal francês

    14

    Conferência na Embaixada sobrePresidência da UE

    08

    Luís Brito Câmara: Não há esperas no Consulado de Lyon

    Edition nº 415 | Série II, du 20 janvier 2021Hebdomadaire Franco-Portugais

    GRATUITEDITION FRANCE

    Luso

    Jorn

    al

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    09

    Maria Luísa Attali lançalivro sobre interrupçãovoluntária de gravidez

    Cabo Verde: EmanuelBarbosa faz balanço doGoverno do MpD

    07

  • LUSOJORNAL02 OPINIÃO

    Nos dias 23 e 24 de janeiro vão terlugar as eleições para o Presidenteda República e nas quais os Portu-gueses residentes no estrangeiro vãopoder participar.Este direito que assiste aos Portu-gueses residentes no estrangeiro depoderem votar nas eleições Presi-denciais é o fruto de um longo com-bate no qual estive envolvido e cujaprimeira batalha foi ganha em 1997.Outros avanços foram conseguidosnomeadamente na justificação doslaços efetivos ao país exigidos pelaLei. Mas, para mim, a principal bata-lha está longe de estar ganha, tendoa ver com a metodologia do exercíciodo direito de voto que, relembro, naseleições para o Presidente da Repú-blica, tal como nas eleições para oParlamento Europeu, é exclusiva-mente presencial.Aqueles que têm estado atentos aesta questão devem ter reparado, talcomo eu, com alguma surpresa, quevários candidatos e algumas forçaspolíticas estão agora preocupadascom as dificuldades que os Portu-gueses residentes no estrangeiro vão

    ter para poderem votar neste atoeleitoral. Esta é uma preocupação le-gítima pois não podemos exigir queo eleitor percorra centenas ou milha-res de quilómetros apenas parapoder exercer o seu direito de voto.No entanto, à exceção do candidatoMarcelo Rebelo de Sousa, deviamtodos reconhecer que a propostaque o Grupo Parlamentar do PSDapresentou na última legislaturapara uniformizar a metodologia devoto nos círculos da emigração paratodas as eleições, associando o votopor correspondência ao voto pre-sencial, ao ser chumbada na Assem-bleia da República, nomeadamentepor setores políticos que agora sur-gem preocupados dando como razãoa pandemia da Covid-19, não permi-tiu resolver definitivamente estaquestão que limita de forma decisivaa participação eleitoral dos Portu-gueses residentes no estrangeiro.Convém referir que, com ou sempandemia, o problema subsiste.Acresce, que a promessa de desdo-bramento de mesas nos círculos daemigração era para os mais atentos

    um simples anúncio pois se não foipossível concretizá-lo em eleiçõesanteriores, como seria agora emtempo de pandemia? Tenho paramim que era totalmente desneces-sário este criar de expectativas entreos Portugueses residentes no estran-geiro.Assim, é importante que as Comuni-dades portuguesas prossigam o seucombate nesta área pois se em de-mocracia o voto é a voz do povo, comesta metodologia restritiva para oexercício do seu direito de voto, a suavoz dificilmente terá alcance.No entanto, o momento que vivemosé extremamente exigente e esta elei-ção ganha, como tal, uma importân-cia decisiva tendo em conta que ostempos que se avizinham para Por-tugal, para a Europa e para o Mundonão serão certamente os mais fáceis.Assim, e apesar de todas contingên-cias e restrições impostas pelas dife-rentes autoridades dos países emque residem as nossas Comunida-des, é fundamental que os Portugue-ses residentes no estrangeiropossam contribuir para a escolha do

    futuro Presidente da República dePortugal.As nossas Comunidades viram nosúltimos cinco anos, o Professor Mar-celo Rebelo de Sousa, integrar asproblemáticas dos Portugueses resi-dentes no estrangeiro nas preocupa-ções do todo nacional sendo umPresidente que deu um enorme con-tributo para a efetiva aproximaçãoentre Portugal e a sua diáspora.O futuro Presidente da República,que pessoalmente desejo que sejanovamente o Professor Marcelo Re-belo de Sousa, terá de dar continui-dade a esta nova forma de entenderPortugal iniciada no mandato presi-dencial que agora está a terminar.O dever de todos os cidadãos queamam a democracia e defendem aliberdade é o de irem votar. Nos cír-culos da emigração não será fácilcumprir este importante propósito,mas estou certo de que muitos dosPortugueses residentes no estran-geiro tudo farão, face a todos os obs-táculos, para afirmarem, com o seuvoto, que fazem parte integrante deum país repartido pelo mundo.

    Eleições Presidenciais - A importância de votarOpinião de Carlos Gonçalves, Deputado (PSD), pelo círculo eleitoral da Europa

    20 janvier 2021

    A participação de André Ventura nacampanha eleitoral é um espetáculoindecente e insultuoso. A democraciae os democratas não podem pactuarcom a violência permanente contraas pessoas, contra as minorias, contraclasses sociais, contra o Estado e assuas instituições, contra a Constitui-ção da República.Sim, André Ventura é um perigo paraa democracia e para a coesão danossa sociedade.O candidato do Chega, que professaa mesma ideologia extremista queoutros partidos congéneres na Eu-ropa, viola permanentemente de ma-neira grosseira a Constituição daRepública, mente e manipula com amaior das canduras, ignora os con-textos para fazer acusações que sãouma distorção da realidade, e certa-mente que iniciaria as “limpezas” deque tanto gosta de falar em partidospolíticos, sindicatos e outras organi-zações, fazendo eco das práticas dasditaduras.Também afirma que nunca seria oPresidente de todos os portugueses,sobretudo de alguns menos afortu-nados com a vida, pertencentes a de-terminadas classes sociais, ou decertas origens étnicas ou religiosas,embora não se saiba que tipo de“limpezas” lhes estariam destinadasse por acaso viesse a ocupar algumcargo que lhe desse esse poder.É totalmente inaceitável que no de-bate com Marcelo Rebelo de Sousatenha mais uma vez violado a Cons-

    tituição ao usar de forma abusivauma foto de um grupo de sete pes-soas do Bairro da Jamaica, sem ne-nhum respeito pelos homens,mulheres e até uma criança que es-tavam com o Presidente, que as visi-tou na sequência de acontecimentosde violência policial.As imagens que então ficaram co-nhecidas eram bem evidentes sobreo abuso da violência que alguns po-lícias exerceram sobre um grupo depessoas indefesas, incluindo umamãe que queria proteger o filho. Foiessa circunstância que levou o Pre-sidente a visitar o bairro e a encon-trar-se com essas pessoas origináriasde países africanos de expressãoportuguesa.O candidato do Chega, travestido dejusticeiro e mestre na arte da mani-pulação, está claramente apostadoem despertar os sentimentos maisbásicos de algumas pessoas que seidentificam com o racismo, xenofobiae a violência que exala, não hesi-tando em desconsiderar outros sereshumanos menos afortunados social-mente, e por isso exibiu aquela fotode forma insultuosa para quem é De-putado e candidato ao mais altocargo da nação.Ao mostrar a fotografia disse comtoda a impunidade que se tratava deuma foto com “a bandidagem”. Dizeristo de pessoas que não se conhece,tenham ou não cadastro, e que cer-tamente não será o caso da criança,é uma vergonha para quem quer ser

    Presidente da República e tem umcargo eletivo no Parlamento. É ina-ceitável que o candidato André Ven-tura faça uma demonstração tãoabusivamente xenófoba e racistaatravés da televisão, que inclui nes-ses comentários infelizes umacriança, violando de forma grosseiraa Constituição da República emmuitos dos seus artigos.Basta citar o art. 26º para ilustrar afalta de condições para o candidatoda extrema-direita continuar a suacampanha, porque jamais poderiarespeitar a Constituição. Diz o refe-rido artigo no ponto 1 que “A todossão reconhecidos os direitos à iden-tidade pessoal, ao desenvolvimento,

    à personalidade, à capacidade civil, àcidadania, ao bom nome e reputa-ção, à imagem, à palavra, à reserva daintimidade privada e familiar e à pro-teção legal contra quaisquer formasde discriminação”.Aquilo que Ventura faz é espezinharsem escrúpulos cada um destes mui-tos preceitos constantes neste artigo.Quem o autorizou a utilizar a fotocom todas aquelas pessoas para lheschamar bandidos? Que autoridadetem para destruir o bom nome e re-putação de todas aquelas pessoas,incluindo de uma criança? Quem oautorizou a destruir a reserva de in-timidade privada e familiar das pes-soas na foto, mostrada para centenasde milhar de pessoas em todo o país?Isto é verdadeiramente ignóbil e umaforma de fascismo que não se coa-duna com os valores humanistas dePortugal nem pelo respeito da Cons-tituição e da Lei. Aquilo que faz não éser politicamente incorreto. É não terescrúpulos, utilizando vidas de pes-soas como meios para atingir os seusfins com objetivos eleitorais e de pro-moção pessoal.André Ventura não tem condiçõescontinuar como candidato à Presi-dência da República nem tão poucocomo Deputado, por estar a fazerincitação ao ódio, contra o que es-tabelece o art.º 240 do Código Penal,ao rotular de forma infundada umgrupo de pessoas de origem afri-cana como bandidos. Saia de cenasenhor Ventura!

    Saia de cena Senhor VenturaOpinião de Paulo Pisco, Deputado (PS), pelo círculo eleitoral da Europa

    LusoJornal. Le seul journal franco-portugais d’information | Édité parLusoJornal Editions SAS. N°siret: 52538833600014 | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: António Marrucho, Carla Fernandes,Daniel Marques, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Fátima Sampaio, Jean-Luc Gonneau (Fado), João Pinharanda, Jorge Campos (Lyon), Jorge Mendes Constante, Lia Gomes, Manuel André (Albi),Manuel Dias, Manuel Martins, Marco Martins, Mário Cantarinha, Nuno Gomes Garcia, Padre Carlos Caetano, Patrícia Guerreiro (Lyon), RDAN, Vítor Oliveira | Les auteurs d’articles d’opinion prennentla responsabilité de leurs écrits | Agence de presse: Lusa | Photos: António Borga, Luís Gonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: CorelioPrinting (Belgique) | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: janvier 2021 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

    Presidenciais’21:Veja as entrevistas/vídeo que fizemos aoscandidatos

    Os Portugueses residentes no es-trangeiro também podem votarpara as eleições Presidenciais,que, nas Comunidades, vão terlugar nos dias 23 e 24 de janeiro.Desde que foram oficializadas ascandidaturas, o LusoJornal con-tactou todos os candidatos paralhes propor uma entrevista-vídeona nossa plataforma de strea-ming. Decidimos dar o mesmotratamento a todos e fizemosuma grelha de perguntas, tam-bém idêntica para todos.Decidimos tratar de assuntosque não foram abordados du-rante a campanha eleitoral eque dizem respeito aos Portu-gueses residentes no estran-geiro: desde a metodologia devoto e a representação da emi-gração no Parlamento portu-guês, até às comemorações do10 de Junho, passando pelo en-sino da língua portuguesa noestrangeiro, pelos serviços con-sulares e pela pouca visibilidadeque os Portugueses residentesno estrangeiro ainda têm emPortugal.No momento em que escrevemosestas linhas, já entrevistámosTiago Mayan Gonçalves, MarisaMatias, João Ferreira, VitorinoSilva e Marcelo Rebelo de Sousa.Ainda esperamos entrevistarantes do fim da campanha, AnaGomes e André Ventura.Para além destas entrevistas,temos também falado com osmandatários dos candidatos paraas Comunidades. Esperamos terfeito um bom trabalho de cober-tura jornalística.Seria impossível transcrever paraa edição em papel do LusoJornaltodas as entrevistas, mas todaspodem ser vistas no site do Luso-Jornal.Sugerimos aos nossos leitoresque visionem os vídeos, quefaçam a boa escolha e que votem.Sobretudo votem. Porque…“quem não vota, não conta”!

    Vejam em lusojornal.com

    Por Carlos PereiraDiretor do LusoJornal

    Lusa / José Fernandes

  • LUSOJORNAL DESTAQUE 03

    O Tribunal Constitucional (TC) admitiusete candidaturas às eleições para aPresidência da República, que se dis-putam em 24 de janeiro.Apesar de terem sido aceites setecandidatos, nos boletins de voto, daresponsabilidade da Comissão Nacio-nal de Eleições, constam oito nomes.O primeiro é o do militar EduardoBaptista que foi aceite no sorteio noTC para estabelecer a ordem dosnomes no boletim de voto mas cujacandidatura foi rejeitada ontem porapresentar várias irregularidades.Segue-se, pela ordem sorteada peloTribunal Constitucional para os bole-tins de votos, um breve retrato dossete candidatos presidenciais:

    Marisa MatiasMarisa Isabel dos Santos Matias, 44anos, é socióloga e eurodeputadaeleita pelo Bloco de Esquerda (BE)desde 2009, partido de que é diri-gente, integrando a Mesa Nacional ea Comissão Política.Após encabeçar a lista bloquista à Câ-mara Municipal de Coimbra, em 2005,foi eleita eurodeputada quatro anosdepois (“número 2”), tendo sido ree-leita em 2014 e 2019, já como cabeçade lista.Em 2016, foi candidata às Presiden-ciais, tendo ficado no terceiro lugar,com 10,12% dos votos, o melhor resul-tado de sempre de uma mulher nestetipo de sufrágio.Anunciou a sua candidatura em 09 desetembro de 2020 e conta com oapoio do seu partido, o BE.

    Marcelo Rebelo de SousaMarcelo Nuno Duarte Rebelo deSousa, 72 anos é professor catedráticode direito jubilado, foi comentadorpolítico na rádio e na televisão e é oatual Chefe do Estado.Entre 1996 e 1999, Rebelo de Sousa foipresidente do PSD, partido que apro-vou no final de setembro uma moçãode apoio à sua recandidatura. O CDS-

    PP também decidiu apoiar a recandi-datura do Presidente da República.Deputado à Assembleia Constituinteem 1975, Secretário de Estado da Pre-sidência do Conselho de Ministros doVIII Governo Constitucional e Ministrodos Assuntos Parlamentares (entre1981 e 1982), o “afilhado” do antigoPresidente do Conselho Marcello Cae-tano, presidiu também às Assem-bleias municipais de Cascais eCelorico de Basto.Assumiu a chefia do Estado em 09 demarço de 2016, depois de ter sidoeleito à primeira volta com 52% dosvotos expressos, e só em 07 de de-zembro assumiu publicamente a re-candidatura para novo mandato decinco anos, após meses de “tabu”.

    Tiago Mayan GonçalvesTiago Mayan Gonçalves, 43 anos, é ad-vogado e um dos fundadores do par-tido Iniciativa Liberal. Foi Presidentedo Conselho de Jurisdição do partido,cargo que deixou no último Con-gresso, mantendo-se como militantede base.Foi militante do PSD e esteve envol-vido nas campanhas e movimento“Porto, o Nosso Partido”, que elege-

    ram Rui Moreira para presidir àquelaautarquia, sendo membro suplenteda Assembleia da União de Fregue-sias de Aldoar, Foz do Douro e Nevo-gilde por este movimento.Anunciou a candidatura em 25 dejulho de 2020 e conta com o apoio daIniciativa Liberal.

    André VenturaAndré Claro Amaral Ventura, 37 anos,é professor universitário, Presidentedo partido Chega e Deputado desde2019, ano em que o partido se candi-datou pela primeira vez a eleições le-gislativas e elegeu um parlamentar.Foi militante do PSD e candidato poreste partido à Câmara Municipal deLoures, em 2017, quando afirmaçõespolémicas sobre a comunidade ci-gana provocaram a rutura da coliga-ção com o CDS-PP no município.Já com Rui Rio como Presidente doPSD, chegou a promover uma recolhade assinaturas com vista a um con-gresso extraordinário para destituir olíder, mas acabou por sair do partidopara fundar o Chega, constituído emabril de 2019.Entretanto, em outubro, o Chega jun-tou-se à coligação pós-eleitoral com-posta por PSD, CDS-PP e PPM, bemcomo a Iniciativa Liberal, para garantir

    uma solução governativa na RegiãoAutónoma dos Açores.O representante da extrema-direitaparlamentar o primeiro a pré-anun-ciar a sua candidatura a Presidente daRepública, em 29 de fevereiro.

    Vitorino SilvaVitorino Francisco da Rocha e Silva(conhecido como Tino de Rans), 49anos, é calceteiro e foi Presidente daJunta de Freguesia de Rans (Penafiel)entre 1994 e 2002, eleito pelas listasdo PS.Ficou conhecido a nível nacional porum discurso que fez no XI Congressodo Partido Socialista, em 1999, quepôs os militantes a rir e terminou comum abraço ao então Secretário-geralAntónio Guterres, agora Secretário-geral das Nações Unidas.Nas eleições autárquicas de 2009,concorreu como independente à Câ-mara Municipal de Valongo e, em 2017,à de Penafiel.Há cinco anos foi candidato a Presi-dente da República, tendo conse-guido 3,28% dos votos, e em 2019fundou o partido RIR (Reagir, Incluir,Reciclar), tendo anunciado a segundacandidatura a Belém em 13 de setem-bro, no Porto.

    João FerreiraJoão Manuel Peixoto Ferreira, 42 anos,é biólogo, eurodeputado e vereadorna Câmara Municipal de Lisboa.Foi promovido no XXI Congresso Na-cional do PCP, em novembro, em Lou-res, à Comissão política do ComitéCentral comunista, após ser o cabeça-de-lista pela CDU (PCP, “Os Verdes” eAssociação Intervenção Democrática)nas Europeias2019 e Europeias2014 e,por Lisboa, nas Autárquicas2017 e Au-tárquicas2013.No Parlamento Europeu, João Ferreiraé vice-Presidente do Grupo Confede-ral da Esquerda Unitária Europeia/Es-querda Verdes Nórdica (GUE/NGL).Foi o PCP que anunciou, em 12 de se-tembro, a sua candidatura a Belém,tendo, entretanto, recolhido igual-mente o apoio do Partido Ecologista“Os Verdes”.

    Ana GomesAna Maria Rosa Martins Gomes, 66anos, é jurista e diplomata, tendo-sedestacado como chefe da missãoportuguesa na Indonésia durante oprocesso de independência deTimor-Leste.Atualmente, é militante de base doPS, partido pelo qual foi eurodepu-tada entre 2004 e 2019 e no qualchegou a integrar o órgão restrito dadireção, o Secretariado Nacional,durante a liderança de Ferro Rodri-gues (2003-2004).O PS decidiu que a orientação paraas eleições presidenciais será a li-berdade de voto, sem indicação decandidato preferencial, com AnaGomes a recolher apoios de figurassocialistas como o histórico ManuelAlegre, o antigo eurodeputado Fran-cisco Assis, o Ministro das Infraestru-turas e Habitação, Pedro NunoSantos, ou o Secretário de Estadodos Assuntos Parlamentares, DuarteCordeiro.Anunciou a candidatura a Presidenteda República em 08 de setembro econta com o apoio dos partidos PANe Livre.

    Eleição tem lugar nos dias 23 e 24 de janeiro

    20 janvier 2021

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    Quem são os candidatos às eleições Presidenciais?

  • LUSOJORNAL04 DESTAQUE

    No fim de semana passado, durantetrês dias, decorreu nos postos con-sulares o exercício de voto anteci-pado, mas esta modalidade édiscriminatória e apenas se aplica a“eleitores recenseados em territórionacional” e deslocados no estran-geiro.A norma do nº 2 do artigo 70º-B daLei Eleitoral do Presidente da Repú-blica prevê as situações em que épermitido aos cidadãos recenseadosno território nacional e deslocadosno estrangeiro exercer antecipada-mente o direito de voto no estran-geiro: “Podem ainda votar antecipa-damente os eleitores recenseados noterritório nacional (…) Quando deslo-cados no estrangeiro, por inerênciado exercício de funções públicas” ou“(…) por inerência do exercício defunções privadas”.Esta modalidade do voto anteci-pado no estrangeiro foi pensadapara as situações em que os eleito-res recenseados no território nacio-nal se encontram temporariamentedeslocados no estrangeiro e nãopara os eleitores que residam no es-trangeiro.Resumindo, um Português recen-seado em Bragança, que esteja tem-porariamente em Paris, pode votarno Consulado de Portugal duranteestes três dias. Mas um Portuguêsrecenseado em Paris que esteja, porrazões profissionais em Bruxelas,não pode votar naquela cidade por-que lhe é vedada esta possibilidade.

    Voto em mobilidade também discrimina emigrantesTambém o voto em mobilidade édiscriminatório. Com as alteraçõespromovidas pela Lei Orgânica nº3/2018, a Lei Eleitoral do Presidenteda República deixou de prever ovoto antecipado por razões profis-sionais no território nacional, pas-

    sando a estar prevista a modalidadedo voto antecipado em mobilidade,sendo que todos os eleitores recen-seados no território nacional passa-ram a poder exercer antecipada-mente o direito de voto, sem neces-sidade de invocar e comprovar razãojustificativa.O próprio cidadão Marcelo Rebelode Sousa tinha feito inscrição para ovoto antecipado em Lisboa, emborareservando a possibilidade de votarem Celorico de Basto no dia daseleições, onde está recenseado.“Eu, se votar, votarei em Lisboa, naReitoria da Universidade, mas devodizer que guardo sempre a hipótesede votar em Celorico de Basto”, disseo Presidente numa entrevista na se-

    mana passada. Celorico de Basto,terra natal da sua avó Joaquina, nointerior do distrito de Braga, é olugar onde Marcelo Rebelo de Sousatenciona terminar a sua campanhaeleitoral, como fez há cinco anos, eonde costuma votar.Mas, se um cidadão recenseado emCelorico de Basto pode pedir paravotar “em mobilidade” em Lisboa,um cidadão recenseado em Bor-deaux, não pode pedir para votar“em mobilidade” em Lyon!Dos 230 Legisladores no Parlamentoportuguês, apenas dois estão recen-seados no estrangeiro. Talvez sejaessa a razão deste “esquecimento”dos emigrantes nas modalidades devotação.

    Por Carlos Pereira

    Voto em mobilidade também não abrange emigrantesHá 11 locais devoto em FrançaOs emigrantes portugueses vãovotar em 23 e 24 de janeiro na elei-ção do Presidente da República em171 mesas instaladas em 150 servi-ços consulares de mais de 70 países,segundo informação oficial. EmFrança vão estar abertas 15 mesasde voto em 11 cidades diferentes.“Esta eleição no estrangeiro terá 171mesas de voto em 150 serviços con-sulares, número que representa umaumento de 30% relativamente aonúmero de mesas de voto constituí-das em 2016”, que foi de 121, se-gundo informação divulgada peloMinistério dos Negócios Estrangei-ros.Locais de votação em FrançaConsulado Geral de Portugal emParis (5 mesas de voto)Consulado Honorário de Portugalem OrléansConsulado Honorário de Portugalem ToursConsulado Geral de Portugal emLyonConsulado Honorário de Portugalem Clermont-FerrandConsulado Geral de Portugal emMarseilleConsulado Honorário de Portugalem AjaccioConsulado Honorário de Portugalem NiceConsulado Geral de Portugal emBordeauxVice-Consulado de Portugal emToulouseConsulado Geral de Portugal emStrasbourgOs eleitores de Nantes devem irvotar a Tours e os eleitores de Lillee Reims devem ir votar a Paris. Oseleitores de Dijon e de Grenobledevem ir votar a Lyon e os eleitoresde Bayonne devem ir votar a Bor-deaux. Os eleitores residentes nosDOM/TOM franceses devem apa-nhar o avião e vir votar a Paris!

    Há mais 85.426eleitores na emigração do que nas Legislativas de 2019O número total de eleitores inscritosnos cadernos eleitorais no estran-geiro é de 1.550.063, segundo umainformação do Ministério da Admi-nistração Interna (MAI), o que repre-senta 85.426 eleitores a mais do quenas eleições legislativas de outubrode 2019. Nas eleições legislativas de2019 havia oficialmente 1.464.637eleitores.Relativamente às presidenciais de2016, regista-se um aumento de1.208.536 de eleitores. O aumentodo número de eleitores recensea-dos deve-se, em grande medida, aorecenseamento eleitoral automá-tico dos emigrantes com Cartão decidadão válido, que decorre de umamudança à lei, feita em 2018.

    20 janvier 2021

    As eleições presidenciais estão àporta e os Portugueses residentes emFrança vão poder votar nos Consula-dos da área da sua residência. Com orecenseamento automático mais de1 milhão e meio de Portugueses resi-dentes no estrangeiro vão podervotar!Se não sabe se está inscrito e em queConsulado deve votar, basta verificarno site do Ministério da Administra-ção Interna com o seu número de Bi-lhete de Identidade ou Cartão deCidadão e a sua data de nascimento.É fácil e rápido.https://www.recenseamento.mai.gov.pt/Não deixe passar e exerça o seu di-reito de voto!No Consulado-Geral de Paris, 5 mesasacolherão os votantes da área deParis e dos inscritos nos cadernosdos antigos Consulados do Havre, deLille, de Nogent-sur-Marne, Reims,Rouen e Versailles.Como o voto para as Presidenciais épresencial contrariamente ao votopara as Legislativas que é por corres-pondência, os Portugueses destasáreas distantes têm que se deslocara Paris porque a razão avançada éque não é possível «dividir» os ca-

    dernos eleitorais. A solução seria adesmaterialização dos cadernos. Nãose compreende que ainda não tenhasido feita desde as últimas eleições!Outras soluções existem como o votoeletrónico, mas isso para alguns é umbicho de sete cabeças porque assimlhes convém!Isto só mostra um certo «desprezo»ou desinteresse pelo voto dos Portu-gueses no estrangeiro, porque dizemque é um voto negligente. Isto é ina-ceitável por parte das entidades go-vernamentais que sejam de Direitaou de Esquerda.Com o recenseamento automático, 1milhão e meio de votantes no estran-geiro, a Comunidade portuguesa re-presenta uma força importante quenós devemos exercer. Por isso de-vemo-nos mobilizar e ir votar paramostrar o peso eleitoral apesar dosobstáculos.Compreende-se que isto possa de-sencorajar muitos, mas se queremosque as coisas mudem, só nós é que opodemos fazer. Assim aconteceu como recenseamento automático e a lutasó ainda agora começou. Muitas e ou-tras reivindicações podem ser feitas,como o aumento do número de De-

    putados na Assembleia, mas só vo-tando é que se pode mudar as coisas.

    PS/Paris apoiaAna GomesA Secção do PS de Paris-Île-de-France apoia a militante e camaradasocialista Ana Gomes. O Partido So-cialista deixa a liberdade de voto aosseus militantes, mas a Secção consi-dera que por uma questão de cama-radagem e não só, porque é umacandidata que tem um percurso lau-dável como Embaixadora, que con-tribuiu para a Independência deTimor Leste, merece o nosso apoio.Alguns acham que ela é muito críticacom alguns membros ligados ao Par-tido Socialista, mas se nós queremosser exigentes com os outros, temosque ser exigentes com nós próprios.Mas sobretudo e acima de tudo oque nos motiva é a barragem aocandidato populista André Ventura.Um populista perigoso da estirpe deum Trump, de um Bolsonaro ou deum Erdogan, que a primeira medidaque anuncia é mudar a Constituição

    para se manter no poder pela forçae ser o Presidente só de alguns! Umpaís que viveu 48 anos sob a dita-dura deve combater estes indiví-duos nostálgicos do tempo da outrasenhora.Um candidato que teve o despudorde se mostrar ao lado de uma Ma-rine Le Pen num país de emigraçãocom um terço de Portugueses (5 mi-lhões) no estrangeiro, é uma provo-cação inadmissível.Portugal, contrariamente ao que al-guns pretendem, continua a ser umpaís massivamente de emigração enão de imigração. Em Portugal, osestrangeiros são uma pequena mi-noria e não são os responsáveis portudo o que vai mal. Só os politiquei-ros incompetentes sem medidaspara resolver os problemas é quetentam encontrar bodes expiatórios.Mas o cúmulo é quando emigrantesportugueses apoiam este candidatoesquecendo como foram ou são tra-tados no país onde vivem. Deus noslivre da perca de memória e daperca de autoestima!Portanto, por todas estas razões emuitas outras mais, não se esque-çam de ir votar.

    Eleição para o Presidente da República 2021Opinião de António Oliveira, Secretário-Coordenador da Secção do PS de Paris-Île-de-France

    Voto antecipado é discriminatório e sóse aplica a eleitores em Portugal

    Lusa / Rui Minderico

  • LUSOJORNAL COMUNIDADE 05

    O atraso de seis meses para a reali-zação do Cartão do Cidadão no Con-sulado Geral de Portugal em Paris é“a maior preocupação” do Cônsul-geral Carlos Oliveira já que acontecenuma “situação complicadíssima”de pandemia em França.“É uma situação complicadíssima eeventualmente haverá necessidadede reforçar os meios humanos, masnos dias com mais gente nós pode-mos ter no máximo 600 pessoas noConsulado. Não podemos ir contraisto, porque senão estamos a ir con-tra as regras sanitárias”, afirmou oCônsul-geral de Paris, Carlos Oliveira,em entrevista à Lusa.Segundo o diplomata, mesmo umreforço de funcionários não garanteum atendimento mais rápido. “Esta-mos num dilema, enquanto a situa-ção da Covid não for ultrapassada,

    não nos interessa ter aqui 100 fun-cionários para receber 10 mil pes-soas”, acrescentou.Os atrasos nos atendimentos e mar-cações devido aos sucessivos confi-

    namentos não foram as únicas con-sequências da pandemia.Chegado à capital francesa no pri-meiro confinamento, Carlos Oliveiratomou a decisão de fazer um desdo-

    bramento das equipas de funcioná-rios consulares o que tem permitidocontinuar a atender público apesarde já ter havido casos de Covid-19.“Tivemos aqui casos de Covid e, sem

    desdobramento, teríamos fechado.Houve aqui muitas perturbaçõesque não passaram para fora e queafetaram os serviços”, disse o Cônsul,referindo que tem havido “umaenorme entrega” por parte dos fun-cionários consulares.O Consulado recebe diariamenteuma centena de pedidos urgentesda Comunidade aos quais tenta darresposta. “Nós criámos um sistemade urgência que se mantém. As pes-soas dirigem-se a nós e passámos ater respostas padrão. As urgênciassão filtradas dessa maneira e nóstratamos delas”, explicou o Cônsul.No entanto, e devido às restriçõessanitárias, o diplomata ainda não vêfim aos longos períodos de esperapara obter documentos portuguesese outros serviços consulares. “Se istose mantiver, não há milagres e não éagora que vamos conseguir encurtaro prazo”, concluiu.

    Por Catarina Falcão, Lusa

    Segundo o Cônsul-Geral Carlos Oliveira

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    O Presidente do Business Dévelop-pement Group France Portugal(BDGFRPT), Vítor Oliveira, reuniu nopassado dia 13 de janeiro com Ro-main Lazare, “Chargé de Dévelop-pement de la Fédération Françaisedu Bâtiment (FFB)”, e com JulienPoinas “Délégué de la Région Occi-tanie du Pôle Habitat de la FFB”.A evolução, o impacto da criseCovid-19 e o ecossistema de empre-sas propriedade de Portugueses oulusodescendentes na região Occi-taine foram alguns dos temas abor-dados.“Foi possível abordar a problemáticado impacto da pandemia nas empre-sas, na sua atividade e na forma

    como o setor sofre indiretamentecom uma quebra no setor da aviação,e que de certa forma está bastante li-gado à economia e à vida empresa-rial da cidade e da região” diz aoLusoJornal Vítor Oliveira.“A identificação, aproximação e ajudaàs empresas são algumas das priori-dades elencadas para 2021. A apre-sentação de diversas atividades porparte da delegação da FFB para o anoem curso, permitirá um relaciona-mento próximo com os diversos ato-res empresariais da região” confirmao Presidente do BDGFRPT. A delega-ção fará diversas reuniões durante oano de 2021, “respeitando as normassanitárias em vigor” e diversas video-

    conferências com os parceiros porforma a acompanhar cada situação.Segundo Vítor Oliveira, a adesão doecossistema de empresas proprie-dade de lusodescendentes ou dePortugueses à FFB notou um cresci-mento em 2020, “sendo que em 2021é uma das prioridades daquela ins-tituição fazer crescer este mesmo nú-mero”.O BDGFRPT colabora com a delega-ção da FFB institucionalmente, com oobjetivo de “aumentar o relaciona-mento e a rede de empresas de ori-gem portuguesa da região comacesso aos serviços disponibilizadospor esta, bem como o peso e poderempresarial deste cluster”.

    Toulouse: Business Développement Group FrancePortugal reuniu com a Fédération Française du Bâtiment

    20 janvier 2021

    Seis meses de espera para ter um Cartão do Cidadão no Consulado de Paris

  • LUSOJORNAL06 COMUNIDADE

    Numa “entrevista-vídeo” ao LusoJor-nal, o Cônsul Geral de Portugal emLyon garantiu que não há listas de es-pera naquele posto consular. “Prati-camente é possível reservar de umdia para o outro, aqui não temos lis-tas de espera” garantiu Luís Brito Câ-mara.Luís Brito Câmara chegou a Lyon emsetembro de 2017 para assumir a fun-ção de Cônsul Geral de uma regiãocom 16 “departamentos” francesas,“com uma área geográfica tão grandecomo Portugal continental e comuma Comunidade portuguesa queestimamos entre 250 a 280 mil Por-tugueses”.Para além da região de Lyon, há con-centrações importantes de Portugue-ses em Grenoble, Dijon, Saint Etienne,Clermont-Ferrand, Annecy, Chambéry,Dôle e Mâcon.Em março, os Consulados portugue-ses em França encerraram durantedois meses, “embora no fundo nóscontinuámos abertos. Não podemosdizer que encerrámos, porque está-vamos abertos, mas só para acolheremergências consulares natural-mente, por exemplo uma pessoa quedesaparece, uma pessoa que precisade um passaporte urgente para via-jar,… tivemos sempre aqui uma per-manência” explica ao LusoJornal.Depois deste confinamento, foi intro-duzido o agendamento online. “Jáexistia, mas as pessoas não aderirammuito. Agora aderiram facilmente”explica o Cônsul Geral na entrevistaao LusoJornal.“Assim nós conseguimos saber quan-tas pessoas é que nós vamos ter noConsulado por dia. E para mais, se fi-zerem um agendamento para terça-feira às 10h00 da manhã, sabem quenesse dia e a essa hora, serão recebi-dos. Pode demorar 5 a 10 minutos,mas é atendido logo”. Mas garantetambém que, quem for ao Consuladosem marcação, pode ser atendido, sóque tem de esperar que todas asmarcações passem à frente. “É quasecomo ir ao médico. Se vamos ao mé-dico e não marcamos consulta,temos que esperar que o médicotenha uma vaga para responder. Aquié a mesma coisa”.Segundo Luís Brito Câmara, os uten-tes do Consulado perceberam que“isto não é para irritar as pessoas, épara proteger os utentes e a minhaprincipal preocupação é de continuara acolher todos os utentes. Foram in-troduzidas medidas sanitárias, aspessoas têm de limpar as mãos comgel, têm de usar máscara, a sala deespera tem uma capacidade para 40ou 50 pessoas que desta vez limitá-mos a 10, porque o que nós quere-mos é mesmo proteger os nossosutentes. Nós não queremos que osPortugueses venham cá e saiamdaqui doentes e os nossos funcioná-rios também não devem ficar doen-tes”. Porque, diz Luís Brito Câmara, se

    tal acontecer “temos mesmo de en-cerrar o posto”.

    Permanênciasconsulares sãopara manterQuando chegou a Lyon, Luís Brito Câ-mara multiplicou por dois o númerode Permanências consulares. Atual-mente essas Permanências estãosuspensas, mas já depois do primeiroconfinamento, ainda houve Perma-nências em setembro e outubro.“Tentámos manter as Permanênciasaté não podermos mais” explica LuísBrito Câmara. “Para 2021 já temos ummapa com a calendarização das 28Permanências consulares. Neste mo-mento já temos um plano feito, játemos datas, já sabemos em que diavamos, normalmente à sexta-feira,mas naturalmente aguardamos aaprovação de Lisboa”.O Consulado Geral de Portugal emLyon faz Permanências consularesnas cidades mais distantes e comgrande concentração de Portugueses,como por exemplo Dijon, Grenoble,Annecy, Chambéry ou Dôle. Em cadauma das Permanências, dois funcio-nários do Consulado deslocam-separa praticar atos consulares, evi-tando que os utentes tenham defazer centenas de quilómetros até aoPosto consular.O Cônsul Geral chamou a atençãopara a possibilidade de serem feitosmuitos documentos a partir de casa,sem ser necessário ir ao Consulado.“No nosso site internet, temos uns30 ou 40 documentos que podem

    ser pedidos à distância”.

    Edifício do antigoConsulado deClermont ainda não foi vendidoDepois do encerramento do Consu-lado de Portugal em Clermont-Fer-rand, estão naquela cidade duasfuncionárias do Consulado de Lyon,numa “presença permanente”, a fun-cionar nos escritórios do Cônsul ho-norário de Portugal, Isidore Fartaria.Mas o edifício do antigo Consuladoainda não foi vendido. Está vazio, oCônsul Geral diz que não está aban-donado porque faz a manutenção,mas acabou por nunca ter sido ven-dido. “O edifício pertence ao Estadoportuguês. O Ministério dos NegóciosEstrangeiros está a ver aquilo quepode fazer com o edifício, junto doMinistério das Finanças, em Portugal,e eu naturalmente sou o último nacadeia hierárquica. O caso está a serbem acompanhado pelas autorida-des portuguesas”.Luís Brito Câmara enalteceu o factode ter “funcionários competentes ededicados” e interrogado sobre o im-pacto da pandemia de Covid-19 naComunidade portuguesa, diz ter con-tactado os Presidentes de associa-ções portuguesas da região. “Quandoeu cheguei cá, disseram que haviacerca de 130, talvez no fundo hajaumas 80”.“O meu objetivo foi telefonar-lhespara perguntar como é que eles es-tavam, dar-lhes algum alento” disse

    ao LusoJornal. “Há milhares de pes-soas envolvidas nas atividades asso-ciativas, são grupos folclóricos,sócios,… Infelizmente, este ano,desde março que as atividades asso-ciativas estão adiadas”.Segundo Luís Brito Câmara, algumasassociações apresentaram candida-tura aos subsídios da Direção Geraldos Assuntos Consulares e Comuni-dades Portuguesas (DGACCP) para oano 2021.

    Uma mensagemde esperançaHabitualmente, Luís Brito Câmara diz-se próximo da Comunidade portu-guesa e participa nas atividadesassociativas. “A minha maior reve-lação quando aqui cheguei foi acomponente humana. A nossa Co-munidade é extremamente dinâ-mica e está muito bem integrada. Éuma Comunidade que é conside-rada como exemplar” disse ao Lu-soJornal. “Os Franceses receberambem os Portugueses, os Portugue-ses chegaram cá muitas vezes ape-nas com a roupa do corpo, fugindo deuma ditadura e conseguiram cons-truir aqui uma vida melhor para si epara os seus filhos e netos”.Antes de concluir a entrevista, LuísBrito Câmara deixou uma “mensa-gem de esperança”: “Eu faço umapelo às pessoas, para não se des-moralizarem. Espero que em 2021 avacina vá ajudar a sair dessa situação.Eu sou um otimista, todos os Portu-gueses que eu tenho encontradoaqui, desde 2017, são autênticos he-róis, e os heróis nunca vão abaixo”.

    Por Carlos Pereira

    Entrevista ao Cônsul Geral Luís Brito CâmaraMinistra Suzi Barbosadiz que vai apoiar mais as Comunidadesguineenses noestrangeiroQuestionada sobre as Comunida-des guineenses no estrangeiro,que muitas vezes se queixam defalta de assistência, a Ministra dosNegócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, disse queprometeu, está a cumprir e que oEstado vai “estar mais presente”.“Nós queremos acompanhar anossa diáspora porque a diás-pora, quando está fora, uma dasgrandes dificuldades que temmuitas vezes é aceder à docu-mentação”, disse, sublinhandoque o Governo quer que os Gui-neenses se sintam protegidos eque tenham uma representaçãodo seu país.Suzi Barbosa lembrou que aGuiné-Bissau não é um Estadorico e que não consegue estarpresente em todos os países, masque está a alargar a rede consularpara tentar estar presente emtodos os países que tenham Co-munidades de guineenses. “Issovai mostrar que o Estado estárealmente preocupado com adiáspora, que quer estar presentee quer acompanhar para que fa-cilitem a sua integração”, disse.“Entendemos que a Guiné-Bissautem muito a ganhar com uma di-plomacia ativa e dinâmica e quetraga benefícios para o país, por-que a diplomacia tem de ser, so-bretudo, uma forma de ajudar aodesenvolvimento do país”, afir-mou Suzi Barbosa. “O objetivo écaptar investimentos, dar aten-ção à nossa Comunidade na diás-pora, porque uma Comunidadena diáspora assistida vai ter con-dições e confiança de investir noseu país”, alegou.Para a chefe da diplomacia gui-neense, o acompanhamento dosemigrantes através da rede con-sular “é um sinal de que o Go-verno se preocupa, está próximo,sendo uma garantia de que osgovernantes realmente se preo-cupam com eles”.Questionada sobre se a renova-ção e adoção de uma nova diplo-macia virada para os emigrantesguineenses não tardou a ser im-plementada, Suzi Barbosa afir-mou que “nunca é tarde”.“Dentro das possibilidades foi omais rápido que foi possível,tendo em conta a situação dapandemia de Covid-19 que nãotornou fácil organizar a aberturadeste Consulado-geral e tambémporque temos limitações finan-ceiras e administrativas, masmesmo assim fizemos o esforçode concretizar a promessa e abrira primeira representação consu-lar”, explicou.

    Consulado Geral de Portugal em Lyonnão tem lista de espera para tratar dedocumentos

    20 janvier 2021

  • LUSOJORNAL COMUNIDADE 07

    Emanuel Barbosa, o Deputado doMpD que representa os Cabo-verdia-nos residentes na Europa deu umaentrevista ao LusoJornal para fazer obalanço da atual legislatura e do pro-grama do Governo em matéria de Co-munidades e afirma que “nãoobstante estarmos apenas há 4 anosno Governo, conseguimos fazer muitomais do que o PAICV fez em 15 anos.Isso é um facto que pode ser medido,não é conversa fiada”. E Emanuel Bar-bosa acrescenta que “eu costumo de-safiar o PAICV no Parlamento para queapresente em concreto o que fez du-rante 15 anos em favor das Comuni-dades e eles ficam embaraçadosporque não têm muito para apresen-tar a não ser os programas que elesmuito vangloriam que são o ‘Mata So-dadi’ ou o ‘Cabo Verde no Coraçon’”.Afirmando que o seu Partido é deCentro-Direita, Emanuel Barbosa dizque quando o MpD chegou ao Go-verno encontrou muitos problemas.“Pouco a pouco fomos resolvendoesses problemas. Resolvemos o pro-blema da partidarização das nossasEmbaixadas e da sua relação com asassociações da diáspora. Elas tinhamuma lógica eleitoralista e nós enten-demos que a nossa Embaixada é paraprestar um serviço de qualidade aosCabo-verdianos e para representar anação cabo-verdiana”.Respondendo à acusação feita no Lu-soJornal pelo Deputado Francisco Pe-reira (PAICV) de que o atual Governonomeou 8 Embaixadores “políticos”em vez de recorrer a Embaixadores decarreira, Emanuel Barbosa diz que“não é por aí que há partidarização.Tem a ver com atitude” e exemplificaque “eu penso que é um orgulho queCabo Verde seja apresentado nos Es-tados Unidos por alguém que foi Pri-meiro Ministro de Cabo Verde. O Dr.Carlos Veiga é alguém de uma dimen-são tal que jamais poria em causa onome de Cabo Verde por questões deíndole partidária” e deu também oexemplo do MpD ter nomeado paraEmbaixador na Suíça “alguém que foimembro do Governo do PAICV. Entãoisso é partidarizar? Não. Nós escolhe-mos os melhores para representarCabo Verde e esperamos que todosos que foram escolhidos, represen-tam Cabo Verde da melhor maneira,com isenção, não instrumentalizandoa nossa Comunidade com questõespartidárias. É claro que nós desparti-darizámos todos os assuntos que têma ver com a nossa diáspora” afirma.

    Serviços consularesmelhoraram muitoDurante a entrevista ao LusoJornal,Emanuel Barbosa disse que os servi-ços consulares prestados à Comuni-dade melhoraram bastante. Citandoum estudo, diz que os utentes passa-vam cerca de 4 horas nas Embaixadasantes de serem atendidos e agora,com o agendamento online, não es-

    peram mais de meia hora e afirma atéque o atendimento dura em média 6minutos. A aplicação está em ativi-dade para já em França, nos EstadosUnidos e em Portugal, “nos paísescom número mais expressivo deCabo-verdianos”.“Quando chegámos ao Governo, aemissão do Passaporte chegava a de-morar praticamente um ano. Hoje, emsituações normais, demora 10 dias”afirma Emanuel Barbosa. “Isso re-solve um problema fundamental por-que temos de ter consciência que oPassaporte, para um emigrante cabo-verdiano, não é um documento deviagem, é um documento necessário,imprescindível por exemplo para a re-novação do seu título de residência.Sem este documento, cai numa situa-ção irregular, o que tem implicaçõesvárias, nomeadamente na questão daintegração de que todos nós falamos”.Mas o Deputado também destaca ofacto de ter sido criado o “Consuladoonline” que permite, “a partir de casae à distância de um clique”, praticarvários atos consulares, como renovara Carta de condução, solicitar Certi-dões de nascimento, pedir o Registocriminal ou pedir Prova de emigran-tes. “Esta é também uma forma de fa-cilitar a vida da nossa diáspora” dizEmanuel Barbosa ao LusoJornal.

    Renovação alfandegária veiofacilitar a vida das pessoasTambém o Estatuto do investidor daDiáspora é uma mais-valia queEmanuel Barbosa pretende desta-car, e que trouxe benefícios fiscaispara quem investe no país. “Nóssomos um país que está sempre nabusca de investimento direto es-trangeiro, quando temos aqui um

    universo de emigrantes cabo-ver-dianos que podem investir em CaboVerde. Mas não tínhamos nenhummecanismo, não tínhamos nenhumquadro legal para este efeito”.A questão relacionada com a Alfân-dega - que Emanuel Barbosa consi-dera como “uma matéria crónica” - éoutro dos assuntos que o Deputadodo MpD quer destacar.“Os emigrantes têm essa prática deenviar pequenas encomendas paraos familiares em Cabo Verde, mashavia um bicho de sete cabeças parase conseguir passar as pequenas en-comendas. Levava muito tempo ehavia aqui uma discriminação. Unspagavam um preço mais alto, outrospagavam um preço mais baixo, nãohavia critérios claros e toda a gente sequeixava que se pagava muito” ex-plica ao LusoJornal. “Neste momento,o Governo colocou uma taxa fixa de4.000 escudos ou 5.500 escudos, se-gundo se trata de bens alimentíciosou outros bens. Antes pagava-se 30%do valor avaliado de cada encomendae cada encomenda podia ser avaliadaaté 100.000 escudos, isto é, podíamospagar até 30.000 escudos. Neste mo-mento, o máximo que se paga são5.500 escudos”.Para além de deixar de haver surpre-sas, porque “quando um emigrantemanda uma encomenda para CaboVerde sabe exatamente o que vaipagar”, Emanuel Barbosa diz tambémque esta reforma “afasta a tentaçãode corrupção”. Outra vantagem é quese paga a mesma coisa em todas asilhas.Receber uma encomenda é agoramuito mais célere porque o controloé feito por scanner. “Isto veio introdu-zir um novo elemento de respeitopela dignidade humana. Antiga-mente, as pequenas encomendaseram abertas aos olhos de toda agente que estava ali presente, para sever aquilo que estava na encomenda.Hoje isso acabou, a pequena enco-menda passa pelo scanner, vê que

    não há nada ilícito, não há droga, nemarmas, nem munições, e passa” ex-plica Emanuel Barbosa. “Nesse mo-mento, segundo as estatísticas queforam apresentadas pela Alfândega,só 1,7% das pequenas encomendassão abertas, sobretudo por saíremfora do formato”.O Deputado do MpD destaca ainda ofacto de ter sido aberta uma delega-ção alfandegária em Santa Catarina,um conselho da ilha de Santiago commuitos emigrantes em França.

    Ministério das Comunidades foi uma má experiênciaEmanuel Barbosa diz que a criação deum Ministério das Comunidades, “nasvésperas das eleições de 2011, teve opropósito de ganhar votos na diás-pora” e considera que “o Ministérionão conseguiu adaptar-se às neces-sidades da diáspora, continuou comesse perfil de captar votos. Foi umamá experiência” disse ao LusoJornal.“Um Ministério dedicado às nossasComunidades, não conseguiu fazermais do que colocar de pé programascomo o ‘Mata Sodadi’ ou ‘Cabo Verdeno Coraçon’, que devem ser umacompetência das associações. O Mi-nistério estava a rivalizar com as as-sociações e não conseguiu trazervalor acrescentado ao que já se fazia”disse o Deputado na entrevista-vídeoao LusoJornal. “Hoje, com o Ministrodos Negócios Estrangeiros e Comuni-dades emigradas, temos muito maisganhos, o que mostra que só a formanão chega, é necessário dar conteúdoe o que foi feito com o Governo doMpD, não obstante não termos umMinistério separado, traz ganhos con-cretos, efetivos, que nos orgulham atodos”.

    Emanuel Barbosa lembra a aberturade um Consulado de Cabo Verde emNice, que serve todo o sul da França,mas também Cabo-verdianos daSuíça e da Itália, mas lembra tambéma elevação do Consulado de SãoTomé para a categoria de Embaixada,e a abertura de uma Embaixada naGuiné-Bissau, “um país irmão, masque não tinha uma Embaixada nossa”.

    O MpD ganhou as eleiçõesConfrontado com críticas da líder doPAICV, Janira Hopffer Almada, sobre ofacto de já não haver um Plano estra-tégico nacional para as Comunidades,nem o Observatório de migrações, eque o Conselho das Comunidadesnão esteja a funcionar, Emanuel Bar-bosa reage dizendo que “o Conselhodas Comunidades foi aprovado na le-gislatura passada, entretanto o PAICVnunca cuidou de o implementar. Issoé estranho e vai agora reivindicar queseja este Governo a implementar oque eles não implementaram?”O Deputado diz que é prioridade doMpD “reestruturar o Conselho das Co-munidades para cumprir o que estána Constituição e não ser um instru-mento de um Partido nem do Go-verno, porque foi assim que foidesenhado pelo PAICV. Estava bas-tante governamentalizado, bastantepartidarizado” confessa.“O PAICV não pode ter a pretensão deestar na oposição e querer que o MpDgoverne com os planos e com as po-líticas do PAICV, sobretudo se não re-sultaram” lembra Emanuel Barbosa.“Quem ganhou as eleições em 2016foi o MpD, fomos nós que fomos su-fragados, foi o Programa do Governodo MpD que foi aprovado na Assem-bleia e portanto as balizas de gover-nação são as do MpD. Não podemosagora exigir que sigamos os planos doPAICV que não deram resultados eque fizeram inclusivamente o PAICVperder as eleições. Nós queremoscontinuar a governar, mas vamos go-vernar com os nossos planos, com asnossas medidas políticas, que creioestão a dar satisfação aos nossosemigrantes. Vamos ser avaliados nodia 18 de abril e nessa altura a nossadiáspora dirá a sua verdade. Creio quevamos ser bem avaliados porque defacto fizemos muitas coisas para anossa diáspora, tentámos compreen-der quais são os anseios, as necessi-dades, não estamos a fazer apenaspor fazer, mas queremos de factoconseguir ter impacto na vida daspessoas”.Emanuel Barbosa acrescentamesmo que “nós não estamos aquipreocupados com planos megaló-manos, com coisas esotéricas, nósqueremos formas mesmo peque-nas, mas que tenham impacto navida das pessoas, que melhorem avida das pessoas”.

    Leia a entrevista completa em: lusojornal.com

    Por Carlos Pereira

    Cabo Verde: eleições legislativas a 18 de abril

    Deputado Emanuel Barbosa diz que o MpD revolucionou as Embaixadas de Cabo Verde

    20 janvier 2021

  • LUSOJORNAL08 COMUNIDADE

    O Embaixador de Portugal emFrança, Jorge Torres Pereira, organi-zou na semana passada, na Embai-xada portuguesa, uma conferênciasob o mote “Tempo de Agir: por umaretoma justa, verde e digital”, paramarcar o início da Presidência por-tuguesa do Conselho da União eu-ropeia. Assistiram à conferênciaalguns Embaixadores de países daUnião Europeia em Paris e está dis-ponível no LusoJornal.O “sucesso” da Presidência portu-guesa vai influenciar a Presidênciafrancesa do Conselho da União Eu-ropeia que vai começar no início de2022, levando a França a apoiar “a200%” as ambições lusas à frente doprojeto europeu. “Somos muito so-lidários convosco e apoiamos a200% a Presidência portuguesa [...]Estamos comprometidos, Portugue-ses e Franceses, num desafio quenão é como os outros. Enfrentamosa crise de uma geração, é uma provapara a Europa e um teste à sua ca-pacidade de reagir e projetar as suasambições para o future”, disse o Em-baixador François Delattres, Secretá-rio-geral do Ministério dos Negócios

    Estrangeiros francês.Entre as prioridades da Presidênciaportuguesa, François Delattres subli-nhou ainda “o combate pela EuropaSocial” e uma nova fase da relaçãoentre a Europa e outros parceiros,como os Estados Unidos com a novaadministração Biden.Logo no início da conferência, JorgeTorres Pereira apresentou as priori-

    dades da Presidência portuguesa.“Isto interesse aos Embaixadoresdos outros Estados-membros emposto em Paris” explicou o Embaixa-dor português ao LusoJornal, “mastambém queria mostrar o ângulo dasociedade civil e das pessoas quepensam sobre estas questões, daí oconvite a Enrico Letta, o antigo Pri-meiro-Ministro italiano que é o Pre-

    sidente de um instituto de relaçõesinternacionais de Sciences-Po e quetem escrito e pensado sobre o pro-jeto europeu”.Enrico Letta ressalvou que Portugalterá um papel “essencial” devido aomomento em que acontece estaPresidência e na relação da UniãoEuropeia com o exterior. “O início doano mostra um mundo que está amudar, que está a redescobrir omultilateralismo, com o que sepassa nos Estados Unidos e tambémas grandes mudanças na Ásia. [...]Um país global como Portugal, esempre do lado do multilateralismo,vai fazer com que a Europa seja cadavez mais um protagonista neste pro-cesso”, indicou.Outro desafio que também será co-locado a Portugal nos próximosmeses é a regularização do mercadodigital na Europa, um ponto em quemesmo os grandes grupos têm difi-culdade em combater os gigantesamericanos, relatou por seu ladoEnrique Martínez, Presidente dogrupo FNAC-Darty e que participouno debate. “Falamos há muitotempo da discriminação que existe

    e sobre os benefícios fiscais conce-didos aos grupos americanos e aosquais nós, empresas europeias, nãotemos acesso. Isso cria uma dife-rença enorme e é urgente agir comrapidez”, alertou.Jorge Torres Pereira justificou o con-vite a Enrico Martinez por ser “muitoimportante abordar o relançamentoeconómico, particularmente porqueestamos interessados na transiçãodigital ecológica e queríamos ter umrepresentante da economia real, umgrande empresário, que é o Presi-dente da Fnac-Darty, ainda por cimaum amigo de Portugal e que esteve,há uns anos atrás, à frente da FnacPortugal”.Portugal assumiu a sua quarta Pre-sidência do Conselho da União eu-ropeia no dia 1 de janeiro, a qual seestenderá durante o primeiro se-mestre de 2021, sucedendo à Alema-nha e antecedendo a Eslovénia, sobo lema “Tempo de agir: por uma re-cuperação justa, verde e digital”.O debate foi moderado pela corres-pondente em Paris da “Político”, RymMomtaz.

    “Tempo de Agir: por uma retoma justa, verde e digital”

    O Embaixador de Portugal em Paris,Jorge Torres Pereira, recebeu, na Em-baixada, o Ministro da Europa e dosNegócios Estrangeiros de França,Jean-Yves Le Drian, num encontrocom os Embaixadores dos Estados-Membros da União Europeia.O Embaixador português sintetizouas prioridades da Presidência portu-guesa do Conselho da União Euro-peia, destacando a necessidade dereforçar o pilar social da União e depôr em prática tão rapidamentequanto possível o Plano de Recupe-

    ração aprovado para fazer face àcrise económica causada pela pan-demia. Sublinhou que o Plano pre-para, ao mesmo tempo, a Europapara os desafios climático e digital.O Ministro Jean-Yves Le Drian, na suaintervenção, saudou as prioridadesmencionadas, nas quais França serevia, apoiando os esforços da Pre-sidência portuguesa na sua prosse-cução.Recordou que, em 2022, a Françapresidirá ao Conselho da União, quecontinuará estes objetivos, com vista

    a uma Europa mais resiliente, anco-rada no seu modelo social e demo-crático.O Ministro francês recordou aindaque o ano de 2020, a saída do ReinoUnido da União, a pandemia daCovid-19 e os eventos mais recentesmostraram que o progresso não é ir-reversível nem pode ser dado poradquirido. A estes desafios junta-vam-se outros igualmente impor-tantes, como a transformação digitale ecológica, que exigem uma Europamais forte e unida.

    O Embaixador de Portugal em Parisvai acompanhar a Presidência portu-guesa do Conselho da União Euro-peia com encontros e conferênciasna Embaixada portuguesa, dirigidassobretudos aos Embaixadores dosdiferentes Estados-membros, emfunções na capital francesa. “Eu já fizcircular pelos meus colegas, no finalde dezembro, um calendário deeventos que queria organizar du-rante a Presidência da União euro-peia e é uma das expectativas dosChefes de missão dos outros paísesque estão colocados na capital” ex-plicou Jorge Torres Pereira ao Luso-Jornal.

    O Embaixador português em Françaquer organizar reuniões com mem-bros do Governo francês, uns dias

    antes dos marcos mais importantesda Presidência portuguesa. “Já es-crevi aos membros do Governo

    francês a esse respeito” confirmouao LusoJornal. Por exemplo, antesda Cimeira social no Porto, JorgeTorres Pereira quer organizar umareunião na Embaixada com a Minis-tra francesa do Trabalho, do Em-prego e da Inserção Elisabeth Borne.“Gostaria de ter aqui os membrosdo Governo francês que respondamàs cinco grandes áreas da Presidên-cia portuguesa, o social, o digital, overde, o global e a resiliência, masainda ter a oportunidade de ter aquiinterlocutores para as questões dosoceanos, dos mares,… acaba por seruma cadência de duas reuniões pormês”.Jorge Torres Pereira também temum programa de atividades cultu-

    rais. “Estou particularmente satis-feito com o facto de uma série deartistas portugueses contemporâ-neos terem respondido ao desafiode contribuírem com uma obra queficará exposta na Embaixada du-rante este semestre” disse ao Luso-Jornal, mostrando uma primeiraobra de José Guimarães, numa dassalas da Embaixada portuguesa.Também Joana Vasconcelos vai “re-volucionar” a sala principal da Em-baixada, com uma linha demobiliário que foi desenhada porela.“Eu gostaria que esta Embaixadafosse um pouco a Casa da Presidên-cia durante este semestre” referiuem declarações ao LusoJornal.

    Por Carlos Pereira

    Conferência na Embaixada em Paris marcou“Pontapé de saída” da Presidência portuguesa da UE

    Jean-Yves Le Drian esteve na Embaixada de Portugal

    Embaixada de Portugal em Paris quer ser a “Casa da Presidência” da UE durante este semestre

    LusoJornal / Mário Cantarinha

    20 janvier 2021

    LusoJornal / Mário Cantarinha

  • LUSOJORNAL CULTURA 09

    L’interruption volontaire de grossesse(IVG) a été légalisée en France en 1975.Pourtant, c’est un droit qu’il faut en-core défendre, car il reste fragile, et iln’est pas encore respecté dans tousles pays. Par ailleurs, l’IVG peut repré-senter pour beaucoup de femmes unévénement douloureux, et doit êtreaccompagné par la parole. C’est cetteconstatation qui a amené six profes-sionnelles de santé - gynécologue,psychanalyste, psychologue et sage-femme - à participer à l’écriture dulivre «Histoires d’IVG, histoires defemmes», publié par les Éditions Vui-bert, le 19 janvier.Luisa Attali, co-auteure de «Histoiresd’IVG, histoires de femmes», nous aparlé du livre, mais aussi de ses ra-cines portugaises.Maria Luísa Attali est Docteur en Psy-chopathologie et Psychanalyse, Psy-chologue clinicienne, Psychanalyste,Pôle de Gynécologie-Obstétrique auCHU de Strasbourg. Elle est égale-ment Chercheur Associé au CRPMS,Université Paris VII Diderot, Membreexpert de la Commission orthogéniedu Collège National des Gynéco-logues - Obstétriciens de France, etMembre du comité de pilotage del’Observatoire de l’IVG de Strasbourg.

    Parlez-nous de vos origines portu-gaises.Ma mère est née à Tomar, et monpère est de la région de Viseu, d’unpetit village qui s’appelle Granjal. Ilsse sont rencontrés en France. Mamère était Vice-Consul du Portugal àStrasbourg. Je suis née à Strasbourg,où je me suis marié à un Français.Mon nom de jeune fille est Araújo.

    La Loi Veil a 46 ans. Aujourd’hui lesfemmes sont engagées dans d’au-tres combats - PMA (procréationmédicalement assistée), GPA (ges-tation pour autrui), parité… Pour-quoi ce livre revient-il sur un droit

    acquis il y a si longtemps?Je pense que s’il y a de nouveauxcombats qui apparaissent, le droit àl’IVG médicalisée est un combat etune bataille qui est bien loin d’êtreacquise. Il faut savoir que toutes les8 minutes il y a une femme qui meurtd’un avortement clandestin dans lemonde. Et chaque année, il y a 45.000décès de femmes, suite à un avorte-ment illégal. Grace à Simone Veil - età tous les hommes qui l’ont soutenueà l’Assemblée - c’est un droit qui a étévoté. Mais avoir été voté ne veut pasdire qu’il est acquis! C’est un droit ex-trêmement fragile. Et c’est une ba-taille constante qui a lieu un peupartout, aux États-Unis, comme enEspagne, en Amérique Latine ou enAsie. Il y a des pays où ce droit étaitacquis, mais il ne l’est plus!

    Votre livre «Histoire d’IVG, histoiresde femmes» est paru hier, le 19 jan-vier. A qui s’adresse-t-il?Ce livre s’adresse, en pied d’égalité,aux professionnels de Santé, maisaussi à toute femme et tout hommequi n’a pas forcément un pied dans lesecteur de la Santé, mais qui peut sesentir sensibilisé à ce domaine-là.

    Vous dites que ça s’adresse à toutefemme et tout homme. Pourtant,votre livre s’intitule «Histoires d’IVG,histoires de femmes»…Oui. Il y a un chapitre sur les hommescar, comme le dit souvent un des co-auteurs, que j’aime beaucoup, et quinous a fait la préface, le Pr. IsraëlNisan, mon grand Maître à penser,«Les hommes ne sont pas des passa-gers clandestins». Et je pense quec’est vraiment important. C’est-à-direque si la femme est «la première pa-tiente» du gynécologue et de la sage-femme, dans ces situations-là,l’homme est aussi notre patient. Leshommes ont des choses à dire, et ilsont un vécu. Ils vivent l’avortement àleur façon. Dans la loi, il s’agit d’abordd’une décision à deux, mais - évi-

    demment - la décision finale relèvede la femme. L’homme est souventdiabolisé. Il y a quelques années,c’était la mode des reportages sur lesmamans adolescentes, et le garçonétait diabolisé, montré commequelqu’un qui ne s’intéressait pas àla grossesse de sa copine. Alorsqu’un jeune homme de 17 ans a toutà fait le droit de ne pas se sentir prêtà être père! Je pense qu’il est très im-portant de sortir de cette vision, deces préjugés médiatiques sur leshommes! Les hommes ont besoinsouvent de se sentir des piliers en-vers leur compagne, et donc je pensequ’il est très important de les accom-pagner aussi, lorsque c’est possible.Chaque fois que c’est possible, lecouple participe à la consultation età la décision à prendre. Et dans lesfaits, une fois sur deux, le choix del’IVG se fait en couple.

    Comment vous est venue l’idéed’écrire ce livre?En fait, j’avais écrit - avec le Pr. IsraëlNisand et une amie gynécologue -sur l’IVG, et cela m’a ouvert les portesde l’écriture sur ces sujets-là. J’avais

    été étonnée des réactions! Quand oncommence à écrire, on a souventenvie de continuer, et en plus, je mesentais un peu frustrée d’avoir étéréduite à un certain nombre depages… Donc, comme je participais àun groupe de réflexion avec des col-lègues et amies, et je trouvais telle-ment passionnant ce qui s’y disait,les témoignages de ces femmes, leséchanges, j’ai eu envie de fairequelque chose de tout ça.

    Avez-vous un message que vousvoudriez laisser à ceux et celles quimilitent contre l‘IVG?En fait, ils se trompent un peu de ba-taille. Ils se disent du côté de la vie,mais les anti-IVG (que j’appelle lesanti-choix), ne se situent pas force-ment du côté de la vie. Je voudraisévoquer ici le coté religieux: L’avorte-ment n’est pas interdit par la religion.«Tu ne tueras point» veut dire quel’on ne doit pas tuer son semblable,qui est déjà présent parmi nous, surTerre. D’autre part, être du côté de lavie, c’est être surtout du côté de la viedes femmes. Être du côté de la viedes femmes c’est être du côté de la

    liberté d’être femme, la liberté dechoisir. Et ça aussi, c’est ce qu’on aenvie de montrer dans ce livre. Au-cune femme ne fait un avortement lecœur léger. C’est une souffrance. Maisc’est une souffrance dont il faut tirerquelque chose de positif.

    Dans ce livre vous essayez, enmême temps de déculpabiliser lesfemmes…Complètement. Il faut les déculpabi-liser, et leur donner des pistes, àelles, mais aussi à tous les profes-sionnels de Santé. Il faut pouvoirfaire d’un évènement difficile, uneforce.

    Vous envisagez la traduction de vosœuvres?Non seulement j’envisage une tra-duction, mais je rêve d’une traduc-tion! Je pense que le Portugal en abesoin, et en plus, je suis extrême-ment attachée à ce pays! Au Portugal,certaines situations sont très ques-tionnables. Et aussi pour l’entretienpsychologique, ça pose question.C’est pour ça que j’aurais rêvé de tra-duire mes livres en portugais.

    Par Manuel Dias

    Maria Luísa Attali est l’une des co-auteurs du livre

    Já perdi a conta das crónicas em quefui obrigado a dizer-vos que poucohavia para dizer. Uma prolongadaestada em Portugal, entre o Natal eos primeiros e múltiplos trabalhosde janeiro, permitiu-me, por razõesprofissionais ou curiosidade cultural,ver um conjunto de exposições, defilmes e de peças de teatro, em Lis-boa, no Porto, em Amarante e Faro.Programei poder trazer aqui aovosso conhecimento notícia dessesfactos culturais, na esperança deque, numa possível ida a qualquerdestas cidades, pudessem ver al-guns deles ou os pudessem reco-mendar a familiares e amigos emviagem. O interessante suplementarera poder falar-vos de uma reali-dade que França não conhecia, porestarem os teatros, os cinemas e as

    exposições fechadas desde meadosde dezembro e assim nos promete-rem que vão continuar.O interesse era poder falar de uma“exceção portuguesa” que afinal, in-felizmente, terminou a semana pas-sada com o desencadear dosegundo confinamento decretadoem Portugal.O impasse em que me encontravaachou porém uma saída aqui, emFrança, em Paris. E assim posso, aoinvés de me queixar do vazio quenos rodeia, falar de uma coisa querealmente aconteceu: um espetá-culo único, a experiência de umquase ensaio-geral para uma estreiae para início de uma carreira públicaque não vai acontecer brevementemas, ainda assim, uma realidadeque apenas no quadro de uma apre-

    sentação profissional tem possibili-dades de acontecer.O espetáculo (de dança, vocal eplástico) é “Macchabée”, a interpreteé Alice Martins e a coreógrafa MagdaKachouche.Percorrendo três salas muito diver-sas nos espaços culturais de Mainsd’OEuvres, em Saint-Ouen, às portasde Paris, a bailarina vai desenvol-vendo (ou desdobrando) uma per-sonagem. Os gestos, guarda-roupa evocalizações iniciais situam-nanuma transição entre o animal e amáquina, um incerto futuro tecnoló-gico e um indeterminado primiti-vismo. A cada mudança de sala apersonagem ganha humanidade,passa da expressão gutural e mecâ-nica à voz humana, abandona osgestos descoordenados, deixa de

    rastejar (uma solução tão comum nadança contemporânea), vai-se liber-tando de pesados fragmentos doseu fato, ganha sofisticação, ro-deando-se de adereços de cena (deuns risíveis óculos cor-de-rosa a umsofisticado toucado plástico e refle-tor) e musicais.Na sala final, a única claramenteadaptada à pratica da dança e tea-tro, a bailarina joga (penso que estaparte deveria ou poderia ter sidomais bem explorada) com dois ovoscozidos (que descasca, desfaz e emparte come), ensaia uma caricaturada masculinidade, despe-se (pudi-camente protegida pela obscuri-dade) e, reaproveitando todas aspeças de roupa que foi retirando etodos adereços que foi usando,compõe no chão um corpo ao

    mesmo tempo que recita em portu-guês (tradução de um texto da co-reógrafa e de Noémie Monier quenecessita ser mais trabalhada) umpoema que nos descreve e percorreos significados desse mesmo corpo,desse cadáver feminino (como agrafia do substantivo em francês nosindica) onde os olhos, a voz, a perdado rosto, definem e explicitam a du-reza e dificuldade do nosso con-fronto (do confronto da bailarina)com o mundo.Bon courage para o Novo Ano, boasescolhas culturais e até para a se-mana.

    Esta crónica é difundida todas as se-manas, à segunda-feira, na rádioAlfa, com difusão antes das 7h00,9h00, 11h00, 15h00, 17h00 e 19h00.

    “Macchabée” com Alice Martins em Saint OuenOpinião de João Pinharanda, Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em França

    IVG : En parler pour en sortir avec le livre «Histoires d’IVG, histoires de femmes»

    20 janvier 2021

  • LUSOJORNAL10 CULTURA

    Francisco da Conceição é um escritorlusodescendente, nascido no Nortede França, cujos pais são origináriosdos contrafortes da Serra da Estrela,Covilhã e Gouveia.Francisco da Conceição concedeu aoLusoJornal uma entrevista-vídeo nasemana passada.Inspirado que foi pelas músicas queouviu durante a sua infância e ado-lescência, os primeiros escritos deFrancisco da Conceição foram can-ções, seguidas de novelas. O gostopela música levou-o a frequentardurante 7 anos o Conservatório,onde, para além do canto, aprendeua tocar guitarra.Em 2007 editou um álbum com o tí-tulo «Les fous d’amour», tendo sidotambém ele o autor e compositor.Produziu-se como cantor em bares erestaurantes de Lille.Este trabalho foi realizado em com-plemento do seu emprego, durante17 anos, até 2013, de Conselheiro naagência para o emprego ANPE.

    A ideia de escrever o seu primeiro ro-mance surgiu-lhe no ano seguinte,em 2014, romance que acabou porser editado em 2016 com o título«Les blessures des anges». A perso-nagem principal deste romancechama-se Ângelo. Ângelo vive emSanto André, uma cidade nos arre-dores de São Paulo, no Brasil. Viveuma vida banal até ao dia em que éconvidado a uma festa que vai trans-

    formar completamente a sua vida,que passa a ser ritmada entre o Bra-sil e a Europa. «La blessure desanges» conta a história de uma vidaordinária que se transforma emdrama. O autor convida-nos a umaviagem ao interior de nós mesmos,ao encontro dos nossos medos quenos puxam, por vezes, a agir de umaforma intensa.Perante o acolhimento dos leitores e

    leitoras, Francisco da Conceiçãolança-se na escrita de um segundoromance que edita em julho de 2018com o título «Comme un parfumd’éternité». Livro que vai consagrarFrancisco da Conceição como um es-critor de talento, título que acaba deser reeditado em outono último nacoleção «J’ai lu».Este romance foi coroado com trêsprémios: prémio literário da cidadede Somain em dezembro de 2018,prémio literário da Feira do Livro Ba-paume em março de 2019 e PrémioLiterário do Lion’s Club Internationalpara Hauts-de-France em junho de2020.Testemunho da qualidade deste livroé o facto de ser motivo de estudo emliceus.Este segundo romance de Franciscoda Conceição conta-nos a história deduas mulheres que exploram os ca-minhos do passado. Caroline, 35anos, é uma jovem romancista quetambém se dedica a escrever biogra-fias com base nos testemunhos deresidentes em lares. Num destes

    lares, Carolina trava conhecimentocom Marie, de 87 anos. Caroline aindanão sabe, mas a idosa vai levá-la àslágrimas e abalar as suas certezascom a história da sua emocionantevida. De acontecimentos felizes a fi-nais trágicos, de aventuras amorosasa contratempos dolorosos, a escritoraé arrebatada por um agitado séculoXX, que a levará de Paris, em Belle-ville, às tabernas de Lille, passandopelas duas guerras e pelos loucosanos 20.Francisco da Conceição escreve ro-mances, mas também participa eanima desde setembro de 2015,workshops em escolas, em mediate-cas e no LAM de Villenneuve d’Ascq(Museu de Arte Bruta, Moderna eContemporânea). Ensina crianças aescrever... canções!Francisco da Conceição está atual-mente a escrever o seu terceiro ro-mance que espera editar na próximaentrada literária, último trimestre de2021. Mas também sonha em ser edi-tado no seu segundo país, o país dosseus pais, Portugal.

    Por António Marrucho

    Escritor e animador cultural

    «Horizon», le nouveau et troisièmeroman d’António de Sousa, relateen parallèle la vie de deux adoles-cents dans les années soixante-dix.Au Portugal, Toni vit avec sa grand-mère, dans un petit village au cen-tre du Portugal. Le climat politiqueet social y est pollué par la suspi-cion, la délation et la répression im-posées par la dictature Salazaristeen place. En France, Clara vit en exilavec sa mère dans une maison, enrégion parisienne, où réside aussiun ex-capitaine recherché, commeelles, par la police politique portu-gaise.Avec ce roman, très bien construit,l’auteur nous plonge dans l’am-biance et dans le contexte de l’épo-que, plus particulièrement sur les

    tenants et aboutissants de la révo-lution des œillets au Portugal. Lesmultiples personnages, pour cer-tains contre la dictature, pour d’au-tres pour, sont ainsi utilisés pourque le lecteur apprenne, ou redé-couvre, ce moment historique. Lesrécits sont plus que crédibles. L’au-teur cultive l’ambiguïté sur ce quiest autobiographique ou pas.Même s’il s’articule autour de la ré-volution des œillets, le roman anéanmoins une dimension univer-selle d’actualité. Car c’est l’histoirede deux adolescents dont la vie estsuspendue aux évènements politi-ques et sociaux, et qui veulent s’enextraire, cherchant par métaphoreun autre horizon.L’approche psychologique des per-

    sonnages et l’atmosphère de ten-sion permanente qui les entoure enfont un roman psychologique à sus-pense, mais singulier. Car l’art del’auteur est de nous faire croire queles multiples personnages élargis-sent l’intrigue, alors que, peu à peu,on découvre des liens entre eux,comme lors d’un assemblage depuzzle.Mais, au final, Toni et Clara ont-ilsun lien entre eux? Que deviendront-ils? A vous de le découvrir dans ceroman à lire d’un trait.

    «Horizon»d’António de Sousa236 pagesÉditions Mers du Sudwww.antonio-de-sousa.com

    La Fondation Gulbenkian renforceson programme d’aide à la visibilitéde la création portugaise en Francepour la seconde année consécutive.La Délégation en France de la Fon-dation ouvre le 15 février 2021 ladeuxième édition de son appel àcandidatures destiné aux projetsd’expositions de/ou avec des ar-tistes portugais en France.Ouvert jusqu’au 30 avril 2021, cetappel est destiné aux institutionsartistiques (musées, centres d’arts,fondations, associations, biennaleset festivals, etc.) souhaitant présen-ter des artistes portugais au sein deleur programmation.

    Il concerne toutes les disciplinesdes arts visuels.Ce dispositif d’aide à la réalisationd’exposition vise à soutenir la visi-bilité de la création portugaise surle territoire français, un objectif aucœur de la mission de la FondationGulbenkian depuis sa création en1956.Au fil des années, cette dernière acontribué à promouvoir et faciliterla circulation et la mobilité de cen-taines d’artistes au sein de presti-gieuses institutions à l’international.Lors de la première édition de l’ap-pel, la Fondation a décerné unesubvention à huit institutions lau-

    réates pour des projets présentésdurant l’année 2020-2021:• la Villa Arson pour sa carteblanche à João Fiadeiro et ViolaineLochu;• le Centre Photographique d’Île-de-France qui présentera une exposi-tion monographique de l’artisteSandra Rocha;• In Extenso - lieu d’art contempo-rain pour le projet “Tools for Living”,une exposition monographique del’artiste Andreia Santana;• le Festival CIRCULATION(S) pourson Focus Portugal au sein de l’édi-tion 2021 du Festival;• le Creux de l’enfer pour une expo-

    sition monographique de l’artisteFrancisco Tropa, - «Mur mur»;• le Centre d’art contemporain LeLait pour l’exposition «Langages tis-sés» de l’artiste Isabel Carvalho;• l’Ecole nationale supérieure d’artsde Paris-Cergy/ Centre d’art Ygrecpour une exposition de l’artiste An-gela Ferreira, «Structures et gestes -Indépendance Cha Cha & #Bucket-systemMustFall»;• l’Institut National d’Histoire de l’Art(INHA) pour une exposition collec-tive intitulée «Résistance VisuelleGénéralisée» avec, entre autres, desœuvres des artistes Filipa César, Fer-nando Calhau, Ana Hatherly ou en-

    core Daniel Barroca.La Saison France-Portugal qui se dé-roulera de février à octobre 2022 si-multanément dans les deux payssera également l’occasion d’une vi-sibilité accrue de l’art contemporainportugais en France.

    Calendrier du concours:Le 15 février 2021: ouverture de l’appelLe 30 avril 2021 (à 23h59): clôture des candidaturesD’avril à mai 2021: étapes de sélectionJuin 2021: annonce des lauréats

    La Fondation Gulbenkian lance la 2ème édition de son appel à projets d’exposition

    Francisco da Conceição: um autor lusodescendente a descobrir

    «Horizon» le troisième roman d’António de Sousa

    20 janvier 2021

  • LUSOJORNAL CULTURA 11

    Na sequência da publicação do livro“Na senda dos soldados da freguesiade Palaçoulo - Miranda do Douro1914-1918», o LusoJornal entrevistoua autora deste trabalho, Celina MariaBusto Fernandes, livro no qual evocaa participação de um grupo de sol-dados, de um batalhão, da região deMiranda do Douro, na I Guerra mun-dial em terras da Flandres francesa.Foram dois anos de trabalho duranteos quais Celina Busto “viveu com 15homens e as suas histórias”.Foram quinze os soldados da fregue-sia de Palaçoulo que em 1917 embar-caram para Brest e daí para a frenteda batalha, na Flandres.Estávamos no dia 7 de abril de 1917quando o Regimento de Infantaria 10(RI 10) de Bragança recebeu a ordemde mobilização de um Batalhão. 1.229homens começaram a embarcar às3h45 do dia 22 de abril de 1917. Ossoldados mirandeses, dos quais fa-ziam parte os 15 soldados da fregue-sia de Palaçoulo, vão assim entrarprogressivamente naquela que ficouconhecida como a Grande Guerra.Celina Busto, grande conhecedorasobre a participação de Portugal na IGuerra mundial, pelas visitas aoNorte de França, pela recolha de do-cumentação, entrevistas de familia-res dos 15 soldados, decide passar,

    em 2018, à fase seguinte: a escrita.Vão ser dois anos de histórias pararecriar, de forma escrita, as recorda-ções, as conversas que devem serimortalizadas, 100 anos depois doArmistício. Era importante recolherpedaços de conversas, recolher do-cumentação junto de filhos daqueles

    que foram os “representantes” deuma freguesia, em terras de França,terras de batalha.“Na senda dos soldados da freguesiade Palaçoulo - Miranda do Douro1914-1918”, podemos dizer que co-meça a ser pensado, a ser traba-lhado, na mente de Celina Busto, no

    momento em que, ao abrir uma ga-veta, encontra algo cujo destino, àpriori, seria o lixo. Trata-se de um parde óculos, um mapa, uma agenda, afotografia de um soldado,…A curiosidade de Celina Busto con-duziu a uma descoberta: estes benspertenciam a Francisco do RosárioFernandes, bisavô do seu marido etrisavô da sua filha. Celina Busto des-cobre uma história, e a partir desteprimeiro relato, 14 outros surgiram,15 soldados a lembrar, a homena-gear, a não esquecer. Para tal, a formaescolhida pela autora foi a edição,em dezembro de 2020, deste livroque ao mesmo tempo serve de tes-temunho do que viveram os 55 milsoldados do Corpo ExpedicionárioPortuguês (CEP).Os 15 soldados que participaram naBatalha de La Lys, todos eles acaba-ram por regressar a Portugal, con-tudo nem todos regressaram nomesmo momento, tanto mais que al-guns deles foram feitos prisioneiros.“Na senda dos soldados da freguesiade Palaçoulo” é um livro que se lêquase como um romance. Nele sãoevocados os acontecimentos princi-pais da participação do CEP naGrande Guerra, seguimos também,quase, o dia a dia do Regimento deInfantaria 10. Na parte final do livro,Celina Busto lembra os 144 soldadosdo concelho de Miranda do Douro

    que participaram na Grande Guerra,com dados biográficos de cada umdeles.“Na senda dos soldados da freguesiade Palaçoulo - Miranda do Douro1914-1918” de Celina Busto, um traba-lho de formiga, editado neste in-verno de 2020, que nos faz lembrar,imaginar, o quanto estes homens so-freram em terras de França. Sofri-mentos que muitos dos 55 milsoldados nunca evocaram aos seusfilhos, aos seus familiares e amigos,contudo, são histórias que, fruto dapaixão de gente como Celina Busto,acabam por renascer um século de-pois.O livro tem edição de autor.Celina Busto, professora de profis-são, não faz aqui a sua primeira ex-periência de escritora, porque jáeditou “Ecos do Passado, Vozes doPresente - Literatura Oral e Tradicio-nal dos Concelhos de Vinhais e Cha-ves” e “As Minas de Ervedosa1906-1969”. Dois livros de história re-gional, dois livros de recolha dedados e de memórias que, sem aação de Celina Busto, teriam segu-ramente desaparecido.

    “Na senda dos soldados da fregue-sia de Palaçoulo - Miranda do Douro1914-1918”pode ser adquirido juntoda autoraMail: [email protected]

    Por António Marrucho

    Um livro de Celina Busto Fernandes

    O realizador terceirense David Pi-nheiro Vicente começa em março,em Paris, uma residência artísticadurante a qual irá escrever “A Casado Vento”, um filme sobre “a históriade Portugal” e “várias pessoas acrescer”.A ideia para a sua primeira longa-metragem já vem a ser “escrita háalgum tempo”, mas David PinheiroVicente foi um dos seis selecionadospara uma residência artística da Ci-néfondation, do Festival de Cannes,onde, de março a julho do próximoano, o realizador vai poder dedicar-se a tempo inteiro à escrita destaobra.“É muito difícil saber” que formaterá o filme, porque ainda não é “umobjeto concluído”, explica à Lusa orealizador, mas adianta que “tem aver com a história de Portugal”.A história versa sobre “essa vivênciade Portugal” e “muitas histórias fa-miliares” que “influenciam sempre”o autor. “E há sempre uma partetambém sobre crescer e um lado‘coming of age’. Neste caso, é a his-tória de várias pessoas a crescer”,concretiza.Em foco estarão os períodos antes edepois do 25 de Abril de 1974, e a “re-lação com as colónias portuguesase com o período de descolonização

    ou pós-colonial”.É um tema que o fascina, “e espe-cialmente agora”, quando se vive“uma época em que há muitas pes-soas a pensar sobre isso e muitosfantasmas que têm também vindoao de cima de alguma forma, e quecolocam cada vez mais questões”que interessam a Pinheiro Vicente.Os temas políticos são também omote para a história de crescimentodas personagens. “Penso que é im-portante para mim tentar perceberde onde é que vem um determinadotipo de ideias, e quando é que elassão instauradas na pessoa – quandoé que uma pessoa passa a acreditar

    naquilo em que acredita”, explica ocineasta de 24 anos.O filme olha para o passado, masparte do presente, já que o pano-rama político atual surge “indireta-mente”: “Influencia tudo, porquesuscita muitas discussões e come-çamos a indagar sobre isso, ou a in-dagarmos especialmente sobre aforma como as pessoas recebem oucomo discutem e legitimam umcerto tipo de ideias, um certo tipo dediscursos”.Também o crescimento, tema que játinha abordado em filmes anterio-res, vem de um espaço de autoco-nhecimento. “Claro que, como tenho

    24 anos, as épocas que eu conheçomelhor da vida, ou aquilo de queposso falar, são as de uma pessoamais nova, porque é sobre esse pe-ríodo que posso refletir agora. Sóquando ultrapassamos é que conse-guimos olhar de fora. Para mim émuito mais natural, se calhar, perce-ber melhor ou contar a história deum adolescente do que uma outrapessoa”.David Pinheiro Vicente é o segundoportuguês a ser escolhido pela Ciné-fondation, depois de, em 2016, NunoBaltasar, realizador da curta-metra-gem "Doce Lar", ter sido selecionadopara esta residência.

    Esta iniciativa tem por objetivoapoiar jovens cineastas em início decarreira, nomeadamente através deresidências artísticas bianuais, emcurso desde 2000, destinadas ao de-senvolvimento de primeiros proje-tos.David Pinheiro Vicente nasceu nailha Terceira, nos Açores, estudou Ci-nema e Estética, na Escola Superiorde Teatro e Cinema, foi Diretor dearte de várias curtas-metragens eséries de televisão, e assistente dacineasta Salomé Lamas, realizadorade documentários como “El Dorado”e “Terra de Ninguém”.“O Cordeiro de Deus”, uma coprodu-ção luso-francesa selecionada esteano para as competições do Indie-Lisboa e do Festival de Cannes, é asegunda curta-metragem do realiza-dor, depois de “Onde o Verão Vai(Episódios da Juventude)”, filme deescola que teve estreia mundial em2018, no festival de cinema de Ber-lim, na competição Berlinale Shorts.Esta ‘curta’ foi entretanto exibida emmais de 40 festivais, recebeu men-ções honrosas em San Sebastian eTel Aviv, assim como o prémio demelhor ‘curta’ no Festival de Vila doConde, em 2018. O canal Arte-ZDF in-cluiu-a na sua programação. “O Cor-deiro de Deus” foi adquirido paraexibição em televisão e ‘online’ pelocanal Arte France.

    Por Inês Linhares Dias, Lusa

    «Na senda dos soldados da freguesia de Palaçoulo Miranda do Douro 1914-1918»

    David Pinheiro Vicente em Paris para escreverfilme sobre história e crescimento

    20 janvier 2021

  • LUSOJORNAL12 CULTURA 20 janvier 2021

    Na terça-feira, dia 10 de novembro, noLiceu Internacional de Saint Germain-en-Laye, na sala da Secção Portu-guesa, houve um encontro virtual do10º ano com o autor e arqueólogoNuno Gomes Garcia.O autor português trabalhou na áreada Arqueologia e da História durantealguns anos. Após um certo tempotrabalhando nessa área, iniciou-se naliteratura e escreveu alguns romancescomo “O Homem domesticado”, “ODia em que o Sol se Apagou”, “O sol-dado Sabino” ou o conto “O Sobrinho”,sendo este último o ponto de partidapara a conversa com o escritor.O conto que serviu de base ao encon-tro à distância levou à abordagem devárias questões. O autor é muito en-gajado na luta pela igualdade de gé-nero (considera-se feminista poisdeveria existir igualdade total entrehomens e mulheres) e na luta contrao racismo e a xenofobia. O conto “OSobrinho” levou, por exemplo, a queo escritor relembrasse aos alunos, du-rante a conversa, que falar de “raças”não faz sentido do ponto de vista bio-lógico, que o termo “racismo”, nummundo ideal, não deveria sequer exis-tir, pois as “raças” são uma “criação ar-tificial de origem sociocultural”.O objetivo do autor, quando escreveu“O Sobrinho”, foi, mais do que sensi-bilizar, conscientizar o leitor sobre asociedade em que vivemos, para queo leitor não viva numa “bolha” e tomeconsciência dos problemas geradospela xenofobia e pelo racismo. Temostodos que ter uma intervenção na so-ciedade, o que Nuno Gomes Garciatambém chamou “política cidadã”,porque vivemos em Democracia.Quando algo sucede nas nossasvidas, nós, dentro das nossas “bo-lhas”, não nos damos sempre contada realidade. É nesse momento que olivro e o papel do escritor se tornamimportantes, embora nunca que-rendo ensinar, mas sim conscientizar,a Literatura permite “ao leitor sair dasua ‘bolha’ e olhar ao seu redor”.O escritor até brincou dizendo que os“livros eram por isso tão importantesquanto as batatas”, numa alusãotanto literal (precisamos todos de nosalimentarmos com comida) quanto fi-gurada (precisamos da literatura quenos alimenta o espírito, a literatura

    aqui representada pelo seu contocuja intriga se desenvolve em tornode vários vegetais)!O conto foi escrito com o auxílio devárias analepses e prolepses (as his-tórias dos dois protagonistas mistu-ram-se para se encontrarem no finaldo conto). Segundo Nuno Gomes Gar-cia esse é o estilo da sua escrita, o es-critor reconheceu que várias obrassuas são escritas dessa forma.Quando lhe perguntámos se não lheparecia que as analepses e as prolep-ses podiam deixar o leitor confuso,ele disse �