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UNIVERSIDADE DE COIMBRA: UNIVER(SC)IDADE desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade 29 e 30 de Novembro de 2007, Coimbra. Encontro organizado pelo Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal Maria Ramalho 1 Maria de Magalhães Ramalho Arqueologia da Arquitectura: o desvendar do percurso histórico de um edifício Maria de Magalhães Ramalho Divisão de Arqueologia Preventiva e de Acompanhamento – IGESPAR.IP Seminário “Univer(s)cidade – desafios e propostas de uma candidatura a Património da Humanidade” Templo de Diana – Évora, 1939, Arquivo DGEMN

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA: UNIVER(SC)IDADEdesafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade

29 e 30 de Novembro de 2007, Coimbra. Encontro organizado pelo Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal

Maria Ramalho

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Maria de Magalhães Ramalho

Arqueologia da Arquitectura:

o desvendar do percurso histórico de

um edifício

Maria de Magalhães Ramalho Divisão de Arqueologia Preventiva e de Acompanhamento – IGESPAR.IP

Seminário “Univer(s)cidade – desafios e propostas de uma candidatura a Património da Humanidade”

Templo de Diana – Évora, 1939, Arquivo DGEMN

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Intervenção em Património Arquitectónico - um processo em evolução

Paço dos Duques de Bragança

Antes e depois da intervenção DGEMN 1960

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Viollet-le-Duc . Foto de Nadar

“Com a teoria de Viollet-le-Ducnão há saber ou engenho capazes de salvar as obras de arte do arbítrio; e o arbítrio énesse caso uma falsificação, uma ratoeira aos vindouros e mentira aos contemporâneos”.

Gabriel Pereira

1847-1911

Casa do Infante – PortoAntes e depois do restauro

Boletim DGEMN 1961

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“Restituiu-se à parede mutilada a primitiva unidade, consolidando-a, como convinha, com betão armado,

que em seguida se encobriu por meio de um adequado revestimento de cantaria”.

Boletim da DGEMN nº 40-43 – Sé Catedral do Porto, 1945-46

Antes Depois

Ao poucos vai surgindo um novo olhar…

Mas… o caminho ainda élongo…

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Mosteiro de St.ª Maria do Bouro antes e depois da intervenção

A manutenção parcial da estratigrafia do edifício

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Projectos de intervenção como o da Torre de Belém são exemplos de uma nova abordagem mas…

“Nova Conservação” (Folha nº 1 )

Falta ainda olhar verdadeiramente para a

Arquitectura como documento histórico, como “guardiã da

memória”

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Mosteiro de Santa Clara-a-Velha de CoimbraFoto Artur Corte-Real

A maior parte do património arquitectónico é igualmente património arqueológico, ou seja, passível de ser abordado pela metodologia arqueológica.

A Arqueologia da Arquitecturacomo método científico éactualmente a forma mais rigorosa para descodificar a história oculta dos edifícios antigos

Arquitectura como centro de interesse de uma multiplicidade

de disciplinas

Arqueologia da Arquitectura nasce em Itália em meados dos anos 70 no âmbito da grande tradição de restauro e do desenvolvimento da Arqueologia Medieval

T. Mannoni, G. P. Brogiolo e R. Parentiem Itália surgem como principais impulsionadores deste novo método científico

Foto “Diálogos de edificação” - CRAT

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Método de Harris

A estratigrafia em geologia

Stratum (latim) + graphia (grego)

A “escrita” ou registo dos estratos”

Sequência de acções e actividades de origem natural ou humana acumuladas em estratos dentro de determinados períodos de espaço e tempo

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O objecto de estudo da Arqueologia da Arquitectura é:

“A arquitectura estratificada”

Torre de Montarrenti(Siena) segundo Parenti

“Arqueologia da Arquitectura” método de análise oriundo da arqueologia aplicado ao património arquitectónico

• O método estratigráfico em arqueologia consiste na análise dos diferentes estratos ao nível do subsolo;

• No edificado são também reconhecíveis “processos de estratificação ao nível dos paramentos” - demolições, reconstruções, sobreposições etc.

Igreja de Melque e edifício histórico em Siena

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Ao nível do edificado

A estratigrafia surge como resultado das acções construtivas ou destrutivas, quer sejam naturais ou intencionais, que tiveram lugar ao longo da história do edifício, determinando a forma como ele surge aos nossos olhos na actualidade.

Construção original

Reconstruções Destruições

Edifício actual

Os estratos no terreno e os “estratos” no edificado

Leitura estratigráfica da Portaria do Mosteiro de Tibães segundo Luís Fontes (Univ. Minho)

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O EDIFÍCIO VISTO COMO UM TODO !

Arqueologia aplica-se quer ao que se encontra a cotas negativas (subsolo) como a cotas positivas (edificado).

A arqueologia do edificado tem a vantagem de não ser destrutiva (salvo excepções), pode aplicar-se apenas ao que está à vista, enquanto que a arqueologia de escavação implica a destruição sucessiva de estratos.

Catedral de S. Pedro de Geneve durante campanha arqueológica

Além da análise estratigráfica, será necessáriopromover a interdisciplinaridade de modo a alcançarum conhecimento completo do edifício:

documental

1. Investigação históricaiconográfica

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Interpretação estratigráfica dos rebocos do “Cuarto Real de S. Domingo” - Granada

Antonio Almagro.

2. Análises geológicas (ex: proveniência das pedras);

3. Análises físico-químicas de diferentes tipos de materiais:

• argamassas

• rebocos

• madeira

• pintura mural, etc.

Foto: J. Aguiar

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4. Estudo de métodos e técnicas construtivas

As técnicas construtivas constituem hoje um critério fundamental de análise histórica das construções em termos de atribuição cronológica, cultural e estilística

Elaboração de Tipologias:

• Elementos decorativos;•Elementos construtivos;•Métodos e técnicas de construção

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O reconhecimento das marcas que permanecem no tempo e que nos falam de antigos métodos de construção

O manejo da pedra e os instrumentos utilizados

Tipologia dos aparelhos e do talhe da pedra

Da descoberta dos utensílios até ao próprio gesto ...

S. Román de Tobillas (Pais Basco)

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Manejo da pedra em estaleiro

Exemplos de marcas de andaimes

Ermida do Castelo de Paderne

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O estudo das marcas de canteiro

Uma marca em forma de chave na igreja de S. Germain-des-Prés

Tipologia de marcas de canteiros da Bélgica e do Norte da França segundo Jean-Loius Van Belle

Pedra de traçaria do Convento de S. Francisco de Santarém

O estudo da traçaria

Como se projectava nos estaleiros de obra - As “salas de risco”

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A análise das formas de construir leva-nos a um conhecimento mais aprofundado sobre a organização laboral, condições de trabalho, etc. ou seja:

à história social da arquitectura

Do estaleiro ao indivíduo...

Outras marcas….

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Análise de patologias (sismos, problemas estruturais etc)

O papel da Arqueologia da Arquitectura no reconhecimento de outras marcas…

A relação do arqueólogo com o projecto de engenharia

Exemplo da Catedral de Vitória (País Basco)

O método

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Na leitura estratigráfica são individualizadas as Unidades Estratigráficas(UE) = entidades mínimas que, no caso da leitura dos paramentos podem ser :

• Construtivas (aparelho, argamassas, rebocos, etc.);

• Destrutivas (interfaces de destruição, marcas de sismos, etc).

Cada UE é descrita individualmente em fichas e desenhos de campo:

1. Descrição exaustiva;

2. Estabelecimento de relações entre diferentes UE (anterior, posterior, contemporânea);

3. As UE são posteriormente agrupadas em:

• Actividades (exemplo: colocação de telhado novo, restauro de revestimentos, etc);

• Etapas (períodos cronológicos – cronologia absoluta ou relativa).

OBJECTIVO: reconstituir a sequência temporal do edifício – o seu

percurso histórico

Metodologia de trabalho:

1. Recolha documental e iconográfica;

2. Levantamentos gráficos;

3. Análise do edificado sobre os levantamentos;

4. Preenchimento de fichas de cada Unidade Estratigráfica;

5. Levantamento fotográfico;

6. Análises;

7. Elaboração de diagrama final (actividades, etapas).

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1. Recolha documental e iconográfica;

Planta de Mazagão

Jerónimos, queda da torre em 1878. In BellemReguengo da Cidade

Levantamentos em 3D com fotografia2. Levantamentos gráficos como base de análise do edificado

Igreja N.ª S.ª de la Asunción– Alava. Imagem GIAA-UP/EHU

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A Fotogrametria

Aqueduto de Segovia

A utilização de programas como o CAD com ligação a Bases de DadosCatedral de Plama de Maiorca

Exemplo:

1. Levantamento campo; 2. elaboração da planimetria; 3. preparação de Base de Dados

Igreja St.ª Maria de Castro- Rebeca Blanco

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Os ortofotomapas (fotografia rectificada, ou seja, uma fotografia onde são corrigidos os efeitos de perspectiva de projecção central fotográfica e das distorções provocadas pela inclinação da fotografia e modulado do terreno).

Ermida do Castelo Paderne - Albufeira

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha registo datraçaria.e desenhos/Arquivo IPPAR

Levantamento gráfico simplificado a diversas escalas

Castelo de Castelo de Vide

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Casa Rural da Vila Romana de Milreu – Estoi - Faro

Palazzo Gritti Badoer em Veneza - Arquitecto Francesco Doglioni

Análise sobre levantamento fotográfico simples

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Leitura de paramentos com base em registos fotográficos antigos

Estudo de Leo Wevers – Castelo da Amieira do Tejo

Exemplos de como se faz este registo

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Análise do edificado sobre os levantamentos gráficos (fotogrametria)

Numeração de Unidades Estratigráficas

S. Gião da Nazaré – estudo de Luís CaballeroZoreda/IPPAR

1. Registo dos diferentes rebocos nos levantamentos gráficos;

2. Recolha de amostras;

3. Análises físico-químicas.

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As fichas de campo

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Preenchimento de fichas de UES. Gião da Nazaré – ficha de Luís Caballero Zoreda

S. Gião da Nazaré – estudo de Luís Caballero Zoreda/IPPAR

Questões de cronologia:A matriz, o registo das Actividades e das Etapas históricas.As cronologias relativas (etapas) e as absolutas (com datações precisas)

ACTIVIDADES ETAPAS

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Indicadores cronológicos

Cronologias absolutas e cronologias relativasOs fósseis funcionam como indicadores cronológicos na Paleontologia tal como alguns elementos arquitectónicos funcionam para a Arqueologia da Arquitectura

Da entidade mínima (Unidade Estratigráfica) àvisão global do edifício e da sua história

Processo de síntese (etapas históricas)

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Principais dificuldades na aplicação da Arqueologia da Arquitectura:

1. Complexidade do edifício (ocultação da sua estratigrafia por rebocos; grande número de alterações, etc);

2. Registos gráficos deficientes;

3. Equipas reduzidas. A importância do domínio da análise estratigráfica mas também do conhecimento das técnicas construtivas (arquitectos e arqueólogos em diálogo interdisciplinar).

E não são poucas…

Exemplos:

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Sé-Catedral de Idanha-a-Velha.

Do edifício....

aos pormenores...

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Idanha-a-Velha segundo Luís Caballero Zoreda

O registo das Actividades

Matriz de Idanha (L. Caballero Zoreda)

A elaboração de diagrama (com cronologias relativas e absolutas)

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Idanha-a-Velha segundo L. Caballero Zoreda

Hipóteses de reconstituição do edifício original

Outros exemplos de reconstituições:

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Patio del Crucero - Alcázar de Sevilha. Projecto Antonio Almagro

Exemplo de reconstituições em 3D com base na análise arqueológica efectuada

Como se tem desenvolvido a Arqueologia da Arquitectura em

Portugal

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29 e 30 de Novembro de 2007, Coimbra. Encontro organizado pelo Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal

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Início da campanha, 2001Fotos /IPPAR

Foi no âmbito de projectos de reabilitação promovidos pelo IPPAR que se iniciou a aplicação da Arqueologia da Arquitectura

Projecto pioneiro de Arqueologia da Arquitectura em Portugal (2001)Igreja de S. Gião da NazaréCoordenação do arqueólogo espanhol Luís Caballero Zoreda

Projectos de Arqueologia da Arquitectura da responsabilidade da Universidade do Minho no âmbito de acções promovidas pelo IPPAR

Mosteiro de Tibães

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Outros Projectos do IPPAR

Castelo de Vide

Levantamento manual dos paramentos no antigo paiol do Castelo

Casa Rural de MilreuLevantamento dos alçados interiores

Organização de Seminários pelo IPPAR

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Publicação de artigos na Revista Estudos/Património – IPPAR

Nºs 3, 9 e 10

Outros projectos em curso

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Outros importantes projectos:Intervenções arqueológicas que revelaram a história esquecida dos edifícios…

Monte Mosteiro- Mértola

Fortaleza da Luz - Cascais

Laboratório Chimico-Coimbra

Tantos edifícios esquecidos, tantas histórias por contar…

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Um novo olhar é urgente !

Mosteiro de S. Bento de Avis

Mosteiro Cisterciense de S. Pedro das Águias

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Convento S. Francisco-Santarém

Castelo de Belmonte

Castelo da Amieira do Tejo

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Para o desenvolvimento desta metodologia em Portugal é necessário:

• Formação adequada (componente universitária);• Reformulação das leis existentes de modo a garantir um

conjunto de boas práticas quando se trata de intervir em edifícios históricos;

• Aposta em intervenções que tenham por base o conhecimento histórico do edifício;

• Suporte financeiro;• Divulgação do método.

PROECTO DE REABILITAÇÃO DO PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO

Alguns princípios :

- Promover uma base de conhecimento sólida do edifício de modo a que esta seja o ponto de partida do projecto;

- Desenvolver a interdisciplinaridade;

- Valorizar a história do edifício e não só a obra nova;

- Preservar tanto quanto possível a arquitectura estratificada.

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Parede do Palazzo Bizarrini (Feltre)– ensaios estratigráficos, reconhecimento das EU

Estudo e intervenção do Arquitecto FrancescoDoglioni (Instituto Universitário de Veneza)

Arquitectura estratificada – o papel do arquitecto restaurador

O conhecimento determina o projecto e não o projecto que determina o futuro do edifício

Necessidade de estabelecer um compromisso entre os novos usos e o respeito pelo valor do edifício.

Palazzo Bizarrini durante a intervenção de restauro – manutenção das marcas da história, a valorização da arquitectura estratificadaProjecto de Francesco Doglioni

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Palazzo Bizarrini após a intervenção de restauro

Um edifício que fala, que conta histórias...

Um edifício “mudo”

Convento de S. Francisco de Beja durante a fase de reconversão em pousada

A intervenção arquitectónica em estruturas estratificadas deverá manter o carácter, “a alma” do edifício e a sua capacidade expressiva.

Permitir aos visitantes um diálogo directo com o património sem necessidade de uma constante interpretação, de uma permanente “mise en scéne”.

Nada mais interessante para o visitante que uma arquitectura onde é possível reconhecer um lugar

habitado pela história, pela memória e pelo tempo...

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A arquitectura estratificada possuiu um carácter particular, facilmente reconhecível e este carácter excepcional relaciona-se directamente com aspectos como:

cor, texturas, luzes, sombras – uma comunicação que se estabelece com o indivíduo – o conhecimento sensível ligado à força expressiva do lugar... emoção, imaginação...

Conservar esses aspectos deverá ser então um dos objectivos primordiais de qualquer projecto de intervenção em edifícios históricos e é aqui que a Arqueologia da Arquitectura surge mais uma vez como uma ferramenta

imprescindível.

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Arqueologia da Arquitectura representa um desafio inovador ao propor abordar o edifício histórico em toda a sua

complexidade, compreender a sua história pessoal única e irrepetível de uma forma integrada, conjugando os dados

históricos e arqueológicos, os estudos de patologias, comportamentos estruturais, caracterização de materiais construtivos, etc., possibilitando assim o conhecimento

profundo do passado dos edifícios através de um método coerente, objectivo e sistemático, método este testado

desde há anos pela arqueologia e que tem vindo a revelar resultados extraordinários.

ALGUMA BIBLIOGRAFIA SOBRE ARQUEOLOGIA DA ARQUITECTURA:

CABALLERO ZOREDA e ESCRIBANO VELASCO, Luís e Consuelo (eds.) - Arqueologia de la Arquitectura. El método arqueológico aplicado al proceso de estudio y de intervención en edificios históricos, Actas, Junta de Castilla y León, Burgos. 1996;

Revista de Arqueología de la arquitectura, ISSN: 1695-2731, Periodicidad: Anual, editada por la Universidad del País Vasco y el Consejo Superior de Investigaciones Científicas, CSIC: Instituto de Historia (Inicio: 2002 - 4 volumes);

Revista Archeologia dell`Architettura, (supplemento ad “Archeologia Medievale”, XII), Edt. All`Insegna del Giglio, Firenze (vários volumes);Archéologie du Bati, Editions Errance, 2005;

AZKARATE, A., CÁMARA, L., LASAGABASTER, J. I., LATORRE, P., Plan Director para la restauración de la catedral de Santa María de Vitoria-Gasteiz, Vitoria, 2001;

CABALLERO, Luís Caballero; SÁEZ Fernando Lara – La iglesia Mozárabe de Santa Lúcia del Trampal Alcuéscar (Cáceres). Arqueologia e Arquitectura. Ed. Junta de Extremadura, 1999;

2ª Bienal de la Restauración monumental (Vitoria-Gasteiz, 21-24 de noviembre de 2002), Vitoria-Gasteiz, 2004;

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