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Maria Borralheira Comece perguntando aos estudantes se todos conhecem em linhas gerais a história clássica da Cinderela, seja por terem lido um livro ou visto um filme. Provavelmente, a maioria responderá afirmativamente. Desafie-os a, oralmente, fazerem o re- conto da história e anote um breve re- sumo das partes principais, inclusive quando não houver consenso. Esta é uma boa oportunidade para falar sobre as variações de registro dessas histórias muito antigas ao redor do mundo em função do contexto e do destinatário preferencial. Uma versão muito conhecida de Cinderela é a de Walt Disney, que foi adaptada de Charles Perrault, conside- rado o pai da literatura infantil, no sécu- lo XVII, mas elas não são as únicas. Convide-os, então, a lerem o livro Maria Borralheira, de Rosana Rios. Preparação para a leitura Autor: Rosana Rios Ilustrações: Mateus Rios Gênero: narrativa/contos de fadas Temas transversais: Pluralidade cultural - relações sociais Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, História, Artes Palavra-chave: fada Uma das narrativas mais conhecidas de todos os tempos, apre- senta uma garota que é maltratada pela madrasta e que, graças a um sapatinho, se torna princesa. A versão contada neste livro é diferente daquela: aqui a protagonista tem uma vaquinha mágica, há três velhinhas que se revelam fadas, três dias de festa na igreja, além de transformações bizarras. Este livro pertence à Coleção Quem foi que disse, que apresenta um conto de fadas bastante conhecido contado de outros pontos de vista. Cinderela ou Gata Borralheira são duas formas de nomear o mais popular conto de fadas da humanidade. A versão mais conhecida é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada num conto italiano chamado La gatta cenerentola ("A gata borralheira"). Os Irmãos Grimm, no século XVIII, também registraram, na Alemanha, uma história semelhante à de Charles Perrault. Leia em voz alta a apresentação do livro, grafada em itálico, e convide-os a conhe- cerem uma nova versão desse conto no livro Maria Borralheira, de Rosana Rios. Roteiro de leitura | Maria Borralheira © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br

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Maria Borralheira

Comece perguntando aos estudantes se todos conhecem em linhas gerais a história clássica da Cinderela, seja por terem lido um livro ou visto um filme. Provavelmente, a maioria responderá afirmativamente.

Desafie-os a, oralmente, fazerem o re-conto da história e anote um breve re-sumo das partes principais, inclusive quando não houver consenso. Esta é uma boa oportunidade para falar sobre

as variações de registro dessas histórias muito antigas ao redor do mundo em função do contexto e do destinatário preferencial.

Uma versão muito conhecida de Cinderela é a de Walt Disney, que foi adaptada de Charles Perrault, conside-rado o pai da literatura infantil, no sécu-lo XVII, mas elas não são as únicas.

Convide-os, então, a lerem o livro Maria Borralheira, de Rosana Rios.

Preparação para a leitura

Autor: Rosana Rios

Ilustrações: Mateus Rios

Gênero: narrativa/contos de fadas

Temas transversais:Pluralidade cultural - relações sociais

Abordagem interdisciplinar:Língua Portuguesa e Literatura, História, Artes

Palavra-chave: fada

Uma das narrativas mais conhecidas de todos os tempos, apre-senta uma garota que é maltratada pela madrasta e que, graças a um sapatinho, se torna princesa. A versão contada neste livro é diferente daquela: aqui a protagonista tem uma vaquinha mágica, há três velhinhas que se revelam fadas, três dias de festa na igreja, além de transformações bizarras. Este livro pertence à Coleção Quem foi que disse, que apresenta um conto de fadas bastante conhecido contado de outros pontos de vista.

Cinderela ou Gata Borralheira são duas formas de nomear o mais popular conto de fadas da humanidade. A versão mais conhecida é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada num conto italiano chamado La gatta cenerentola ("A gata borralheira"). Os Irmãos Grimm, no século XVIII, também registraram, na Alemanha, uma história semelhante à de Charles Perrault.

Leia em voz alta a apresentação do livro, grafada em itálico, e convide-os a conhe-

cerem uma nova versão desse conto no livro Maria Borralheira, de Rosana Rios.

Roteiro de leitura | Maria Borralheira

© Edelbra Editora | www.edelbra.com.br

Peça que retomem o conto, destacando vocábulos e expressões desconhecidas.

Depois, inicie a análise do texto, apro-ximando o leitor da estrutura da obra, de sua composição e organização in-terna. Pergunte: Quais são os persona-gens principais? Há uma protagonista? Quem? Qual o papel da madrasta e das irmãs? E da vaquinha? O que acontece na história? É possível identificar os prin-cipais acontecimentos? Em que tempo e em que lugar se passa a história de Maria Borralheira? Algum elemento no texto escrito permite identificar o tem-po ou o espaço? E nas ilustrações? Peça que os alunos se atenham à história narrada até a p. 23.

Mostre a capa do livro e peça que des-crevam o que veem. Questione: o que aparece em primeiro plano? Observe o destaque do sapato e da flor, grandes em relação aos pés da menina; mais ao fundo, assinale o castelo e a lua, bem menores... Refira que a ilustração reve-la uma escolha do ilustrador, seu ponto de vista. Nas artes visuais, o ponto de vista corresponde ao lugar em que uma pessoa se coloca para observar uma pintura, uma cena, uma obra.

Desafie-os a imaginarem a cena de ou-tro ponto de vista, com o ilustrador pró-ximo do castelo: como seria o desenho?

Na literatura, também é possível iden-tificar o ponto de vista, ou o ângulo a partir do qual o leitor se conecta com a história, geralmente conduzido pelo narrador. Retome o desenho da capa do livro e pergunte: por que a ilustrado-ra escolheu colocar em primeiro plano o sapato e não o castelo?

Questione-os: no conto Maria Borralheira, quem narra a história na primeira parte do livro (até a p. 23)? É possível identificar o narrador? Auxilie-os a identificarem um narrador onis-ciente, em 3ª pessoa, característico dos contos de fadas (ele sabe tudo, des-creve sentimentos e pensamentos das personagens, e pode até contar coisas que acontecem em dois locais ao mes-mo tempo). Por exemplo, sabe quais são os pensamentos da madrasta, do príncipe, das fadinhas, da vaquinha, das irmãs, mas olha todos os aconteci-mentos “de fora”, sem participar deles. O que acontece quando o ponto de vis-ta muda? E se a madrasta contasse a sua versão da história? E se o príncipe contasse a versão dele? E as irmãs? Já pensaram nisso? O que mudaria?

Para prosseguir o estudo do texto, divi-da a turma em quatro grupos. Atribua, a cada um, uma das partes do livro, com as tarefas que seguem. Avise-os de que, ao final, em grande grupo, apre-sentarão aos demais suas descobertas.

Estudo do textoLeitura e compreensão geral do texto

Convide-os a pensar sobre o título do conto. Por que a autora escolheu este tí-tulo? Este esforço de compreensão quali-fica a leitura e torna o leitor mais sensível, mais atento aos elementos da história.

Proponha então uma conversa que re-tome a narrativa. De que trata a história? Qual a diferença entre a história narrada nesse livro e a que vocês já conheciam? Como começa essa história? Era uma vez? Há muitos anos? Um certo dia? Quem são os personagens? O que acon-tece com eles? Há acontecimento má-gico? Qual? Em que lugar aconteceu a história? (em castelos, na floresta, casa, na rua...). Esse momento oportuniza os alunos a trocarem as primeiras impres-sões a respeito da leitura, relacionando o lido com sua história de leitor.

Se necessário, auxilie-os a recuperar os elementos do conto, como personagens (pai presente, a mãe ausente (morte),

a vaquinha encantada, a madrasta e as duas filhas), as tarefas impossíveis dadas pela madrasta e as provas de caráter (ani-mais famintos, casa pobre e desarruma-da), o auxílio mágico e a recompensa (os sapatinhos dourados, a estrela de ouro na testa e os raios de ouro que lhes saíam pela boca), a vingança de Maria enganan-do as meias-irmãs, as festas na igreja, a presença do príncipe e do rei, os vestidos fantásticos (flores, peixinhos e estrelas), a perda do sapatinho, o casamento.

Fale sobre a autora do texto que leram e mostre como ela se descreve em rela-ção à história (leia com eles a p. 46 do livro). Proceda da mesma forma em rela-ção à ilustradora, Lúcia Brandão. Faça-os notar que ambas são brasileiras e con-temporâneas e que, portanto, marcas do meio onde vivem e de sua época podem aparecer no texto, assim como ocorreu com as versões dos Irmãos Grimm e de Charles Perrault. Exemplifique.

Roteiro de leitura | Maria Borralheira

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Resposta ao texto

Desafie os alunos a escreverem uma nova versão do conto Maria Borralheira (se desejarem, podem partir de algu-ma das versões escolhidas na etapa an-terior). Proponha que planejem antes como se desenvolverá a escrita.

O planejamento poderá ser feito de for-ma coletiva: enquanto os alunos expres-sam suas ideias, registre-as no quadro. Comente-as e faça as adequações ne-cessárias para orientá-los a: pensar no tema da história; criar personagens ou novas versões dos personagens existen-tes; atribuir qualidades e defeitos a cada personagem; inventar nomes comuns da

sua região; imaginar o lugar onde a his-tória ocorrerá; quais serão os problemas/dificuldades/tarefas que o personagem principal enfrentará; criar um elemento mágico (ou um personagem) que auxi-liará na resolução do problema; pensar na maneira como o protagonista conse-guirá vencer as dificuldades e como ter-minará a história.

Lembre-se: escrever é reescrever. Um texto nunca está pronto na sua primeira redação. Acompanhe e problematize as diferentes etapas da produção. Ao final, promova um encontro de contação das versões produzidas.

1) Com a palavra, Maria: Quem narra essa parte da história? Há alguma mudança no modo como são apresentados os fatos? E os sentimentos da protagonista, eles coincidem com a percepção do narrador onisciente da primeira versão da história? Ficamos sabendo de alguma coisa que não havia sido dita antes? Através da fala de Maria podemos conhecer um pouco mais de sua personalidade?

2) Com a palavra, a madrasta: Quem narra essa parte da história? Há alguma mudança no modo como são apresentados os fatos? E os sentimentos da personagem narradora, eles coincidem com a percepção do narra-dor onisciente da primeira versão da histó-ria? Ficamos sabendo de alguma coisa que não havia sido dita antes? Através da fala da madrasta podemos conhecer um pouco mais de sua personalidade?

3) Qual a origem dessa história? De onde surgiu Maria Borralheira? Que histórias influenciaram a autora? Há mais de uma versão da Cinderela ou Gata Borralheira? Por que elas são consideradas “versões”? Elas têm algumas diferenças? E semelhan-ças? É importante para o leitor saber que a história foi recontada e adaptada em vá-rios países e épocas? Por quê? Faça me-diações durante o trabalho do grupo de forma a assegurar que infiram que uma

versão adapta ou recria um objeto narra-tivo original.

4) Peça que esse grupo pesquise na bi-blioteca da escola e, com o auxílio da bi-bliotecária, identifique diferentes versões de Cinderela disponíveis, especialmente aquelas citadas por Rosana Rios. Sugira que as leiam e depois, em grande grupo, apresentem esses livros para os colegas, incentivando-os a ler e a escolher a versão que mais lhes agrade.

Retome com eles a questão do ponto de vista, esclarecendo que o narrador só vê as coisas a partir de sua própria per-cepção; compreende só aquilo que con-segue ver. Observe que, quando há um narrador-personagem, como na segun-da e terceira partes, relacionado com os eventos, a história fica mais pessoal e o leitor se envolve, se identifica com ele. Questione: por que Rosana Rios

teria achado importante mostrar outros ângulos da história? Um único narrador poderia dar a conhecer ao leitor todos esses ângulos? A narrativa com ponto de vista alternado permite ao leitor to-mar contato com a história a partir de diferentes pontos de vista, compará-los e então tirar suas próprias conclusões sobre o que está sendo narrado.

Autoras do roteiroAna Mariza Filipouski e Diana Marchi

Roteiro de leitura | Maria Borralheira

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