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MARIA ANTONIA CAMARGO BERNARDI CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA CONTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA CADERNO PEDAGÓGICO LONDRINA 2008

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MARIA ANTONIA CAMARGO BERNARDI

CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA

CONTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA

CADERNO PEDAGÓGICO

LONDRINA

2008

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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Governo do Estado do Paraná

Secretaria de Estado da Educação do Paraná

Núcleo Regional de Londrina

Universidade Estadual de Londrina

Programa de Desenvolvimento Educacional

AUTORIA

Maria Antonia Camargo Bernardi

ORIENTADOR

Hernán Ramiro Ramirez

ÁREA DE ATUAÇÃO

História

LONDRINA

2008

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Maria Antonia Camargo Bernardi

Área PDE: História

NRE: Londrina

Professor Orientador: Prof. Dr. Hernán Ramiro Ramírez

IES vinculada: Universidade Estadual de Londrina - UEL

Escola de Implementação: Colégio Estadual Profª Maria José Balzanelo Aguilera

Público objeto da intervenção: 1º Ano Ensino Médio

Tema: O CONHECIMENTO HISTÓRICO E A LUTA CONTRA O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO. Título : CONCEPÇÕES SOBRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE LONDRINA.

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho é resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional promovido

pelo Governo do Estado do Paraná, que tem como proposta a reaproximação dos profissionais

da educação básica com os centros acadêmicos. Num primeiro momento, desenvolvemos e

apresentamos o Projeto de Pesquisa. Este é o momento de apresentar o Caderno Pedagógico

produzido para a implementação do projeto na escola.

A pretensão deste Caderno Pedagógico é demonstrar que o conhecimento –

analisado, refletido e reelaborado – é um dos pontos de partida para ajudar a compreender as

diferenças e a minimizar atitudes que geram preconceito e discriminação.

Para aqui discutir o tema preconceito e discriminação escolhemos refletir sobre

conceitos de palavras e fatos históricos e registrar um pouco da história do negro em

Londrina.

Maria Antonia Camargo Bernardi *

* Licenciada em História pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Administração, Supervisão e Orientação Educacional. Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1 - O CONHECIMENTO NO COMBATE AO PRECONCEI TO E A

DISCRIMINAÇÃO .................................................................................................................... 7

CAPÍTULO 2 – DE UM GRANDE CONTINENTE PARA UM PAÍS

CONTINENTAL ........................................................................................................................ 33

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO / METODOLOGIA.................................................................... 42

CRONOGRAMA DE AÇÕES .................................................................................................. 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 44

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INTRODUÇÃO

Quando pensamos em trabalhar a questão do preconceito e da discriminação racial

nos deparamos com o seguinte fato: O homem é um ser cultural. Todas as suas noções e

interpretações de mundo são resultados das construções do meio em que vive. Isto inclui as

palavras que utilizamos para nos comunicar.

Percebemos também que preconceitos e discriminações podem ser resultantes de

interpretações superficiais ou mal elaboradas, muitas vezes ocasionadas pela falta de

conhecimento aprofundado dos conceitos das palavras que utilizamos para explicar, descrever

ou comunicar um fato, uma idéia. Aliado a isso está uma falta de vivência mais próxima e

real da contribuição de um grupo social na formação da sociedade em que vivemos.

Então, como apresentar e discutir temas, carregados de ideologias, com jovens que

demonstram pouco conhecimento dos significados das palavras utilizadas para a comunicação

dessas idéias, desses fatos? Ou ainda, como fazer um grupo se sentir integrado a uma

sociedade que pouco divulga e valoriza, e muitas vezes até desconhece, a sua contribuição na

formação da mesma?

A intenção deste trabalho, então, é proporcionar ao aluno uma análise e reflexão

sobre os conceitos, idéias e o significado básico das palavras que utilizamos para expressá-los.

Acreditamos que assim estaremos colaborando para uma interpretação da história onde não

haja distinção entre a contribuição de qualquer grupo social. Além disso, poderá ajudar a

evitar generalizações que muitas vezes levam aos preconceitos e as discriminações.

Vivemos numa sociedade pluralista, que legalmente garante a liberdade e a igualdade

de diretos para todos os indivíduos. Dessa maneira, os textos e as atividades deste caderno

pedagógico propõem, a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, dos conhecimentos a

respeito das diferenças e sobre alteridade, e tendo como base conceitos e fatos históricos

analisar e refletir sobre as diferentes formas de interpretação e as diferentes maneiras de

pensar e agir dos seres humanos no tempo e espaço.

Com essa proposta queremos colaborar para a percepção de que as diferenças físicas,

a maneira de ser e de agir de cada indivíduo e de cada cultura são diferentes. Assim como é

diferente, essencial e interdependente tudo que está na natureza. E é isso que torna cada ser

humano único e especial.

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Este caderno pedagógico esta estruturado didaticamente, com textos introdutórios

que permitem uma reflexão sobre a importância do conhecimento para a compreensão de

idéias e comportamentos dos indivíduos e dos diferentes grupos sociais que compõe a

sociedade. Os textos e atividades do primeiro capítulo pretendem estimular a reflexão sobre

conceitos e fatos históricos. Nos textos e atividades do segundo capítulo, registramos um

pouco da participação do negro na construção da história de Londrina. Sabendo da

importância e necessidade da inclusão de todos os grupos sociais para melhor reconstruir a

história, escolhemos este grupo social, pois são poucos os registros oficiais da sua

participação na construção da história da nossa cidade.

Todas as atividades que acompanham os textos, acreditamos, colaboram para a

compreensão dos temas trabalhados. As atividades que compõe o segundo capítulo tratam da

participação do negro na construção da história de Londrina. Mas, com as devidas alterações

podem se adequar a qualquer outro grupo social ou espaço geográfico.

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CAPÍTULO 1

O CONHECIMENTO NO COMBATE AO PRECONCEITO E A DISCRI MINAÇÃO

Estamos vivendo no século XXI, onde a mídia aliada à tecnologia dá possibilidade

de acesso ao conhecimento a um grande número de pessoas. Mesmo assim preconceito e a

discriminação ainda estão presentes na nossa sociedade. Como desejamos uma sociedade

mais justa e igualitária é importante que estes temas constem nas pautas das pesquisas e

análises daqueles que produzem e transmitem o conhecimento. Seja qual for o foco do estudo

acreditamos que deve sempre pretender esclarecer, encontrar novas propostas ou reformular

as que já estão postas, sempre com muita análise e reflexão. Buscando minimizar estas

práticas nocivas. Pois, como afirmam Coll et al. (2000, p.15) “A construção do conhecimento

na escola, exige com freqüência – ou, na verdade, quase sempre – uma ajuda pedagógica do

professor, e isso tanto quando se trata de aprendizagem de fatos e conceitos como da

aprendizagem de valores, atitudes e normas”.

Este trabalho, primeiro, tem a pretensão de mostrar que o conhecimento, analisado,

refletido e reelaborado, é um dos pontos de partida para a solução deste problema. O

conhecimento aqui referido não é somente aquele produzido nos bancos escolares ou nos

centros acadêmicos e de pesquisas. É também aquele conhecimento transmitido através de

canais de socialização como a família, as relações sociais, os meios de comunicação, etc. E

nem é preciso um conhecimento elaborado. Conceitos básicos de palavras ou um fato

histórico podem servir de ponto de partida para debates e reflexões.

Sabemos também que preconceito ou racismo não é inerente só às pessoas

analfabetas ou que não tiveram acesso ao conhecimento acadêmico. Na história temos

exemplos de pessoas extremamente bem informadas que levantaram esta bandeira e

demonstraram este sentimento de rejeição ao outro com muita veemência. E isto não é

privilégio só do passado. Ainda hoje não é raro encontrarmos atitude semelhante se repetindo.

Vale lembrar que as nossas maneiras de pensar e agir são resultados da apropriação de formas

culturais de ação e de pensamento (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 61). E mais, os estudos de

Coll et. al. (2000, p. 39) nos dizem que:

Os conhecimentos prévios [...] são construções pessoais dos alunos, ou seja, foram elaborados de modo mais ou menos espontâneo na sua interação cotidiana com o mundo [...]. Da mesma forma, a sua interação com as

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pessoas proporciona-lhes conhecimentos para interpretar os desejos, intenções e sentimentos dos demais. Formam-se assim conhecimentos ou idéias prévias que, embora costumem ser incoerentes do ponto de vista científico, não têm porque sê-lo do ponto de vista do aluno [...]. Além disso, os conhecimentos dos alunos são bastante estáveis e resistentes à mudança, muitas vezes persistindo apesar de muitos anos de instrução científica.

Estudos históricos e sociológicos demonstram que em muitos momentos a

humanidade tem praticado atos discriminatórios, muitas vezes levada pelo etnocentrismo.

Numa reportagem publicada na Revista Super Interessante (KENSKI, 2003, p. 46)

encontramos um exemplo curioso: “Os índios Urubus, que habitam o vale do Pindaré, no

Maranhão, acreditam que quase todos os homens vieram da madeira, só que eles vieram das

boas, enquanto que seus vizinhos se originaram das podres”.

Então, quando nos referimos ao conhecimento como um ponto de partida, estamos

considerando-o como um instrumento para abrir discussões sobre o tema. Tanto para aqueles

que já têm certo domínio científico sobre ele, quanto para aqueles que não possuem. E então,

a partir dele, possam refletir e aprimorar ou mudar suas posições. Porém, é oportuno dizer,

somente aqueles que acreditam que todo conhecimento tem que estar ao alcance e a serviço de

toda sociedade concordaram com esta afirmação. Isto porque sempre existiram e ainda

existem aqueles que manipulam o conhecimento para atender a propósitos particulares ou de

grupos hegemônicos.

Veja o que Coll et al. (2000, p. 32), afirma sobre aprendizagem significativa:

[...] o que aprendemos é o produto da informação nova interpretada à luz daquilo que já sabemos. Não basta somente reproduzir informação nova, também é preciso assimilá-la ou integrá-la aos nossos conhecimentos anteriores. Somente assim compreendemos e adquirimos novos significados ou conceitos. Deveremos lembrar que ao falar da aquisição de conceitos dizíamos que compreender era traduzir algo para as próprias idéias ou palavras. Aprender significados é modificar as minhas idéias como consequência da sua interação com a nova informação”.

Num segundo momento, pretendemos refletir sobre discriminação racial. Para isso

escolhemos o negro. Sabemos que o negro não é o único grupo que sofre com o preconceito e

a discriminação, mas ao longo da história tem sido um dos grupos sociais que está sempre

sendo alvo dessas manifestações. Nesta etapa o objetivo é demonstrar que em todos os setores

da nossa sociedade a participação negra se fez e se faz presente. Isso porque para qualquer ser

humano é extremamente importante se ver como personagem de uma construção histórica que

continua dando resultados positivos, se sentir integrante dessa sociedade na mesma condição

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de igualdade e respeitabilidade. Partimos de um princípio popular que diz que “geralmente

não se valoriza aquilo que não se conhece”. Então, queremos fazer deste trabalho um veículo

para levar este conhecimento a comunidade escolar e a sociedade como um todo.

Discutir estes temas nesta seqüência tem a intenção de permitir ao leitor perceber que

conceitos são construídos e descontruidos dentro das sociedades e, portanto, compreender que

eles mudam ao longo do tempo e podem ter significados diferentes de acordo com o contexto

em que foram elaborados e/ou utilizados. Acreditamos que esta é uma forma de evitar

generalizações que muitas vezes podem levar a construção de idéias preconceituosas e a

discriminação.

Desta forma, ao chegar à segunda parte do trabalho, acreditamos que o leitor terá

possibilidades de fazer uma interpretação mais justa da participação do negro na formação da

sociedade londrinense. Quando dizemos mais justa, nos referimos a uma interpretação da

história onde não haja distinção entre a participação deste ou daquele grupo de pessoas. Afinal

todos somos sujeitos históricos que contribuímos para a construção do presente que aí está e

seremos responsáveis pelo futuro que está sendo delineado.

A maneira que escolhemos para discorrer sobre o assunto é fazendo uma análise

daquilo que mais usamos para nos comunicar, ou seja, as palavras, e do poder que elas têm de

transmitir vários significados dependendo da sua colocação numa frase; da sua entonação; da

carga de emotividade do momento. Enfim do contexto em que ela for utilizada.

Para evitar as armadilhas do mal entendido temos que fazer uso de uma habilidade

que, acreditamos, é inerente ao ser humano: a busca do conhecimento.

ATIVIDADE:

1) PARA INÍCIO DE CONVERSA:

A) Apresentar para os alunos uma parte da história dos pioneiros de Londrina e algumas

fotos sem identificação, onde aparecem personagens negros e brancos. Os alunos

deverão identificar qual foto representa qual pioneiro e justificar sua escolha.

(Objetivo da atividade: Verificar que critério os alunos utilizaram para relacionar a foto

com o pioneiro).

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B) Segundo os seus conhecimentos, descreva a participação dos negros na construção da

sociedade brasileira e da sociedade londrinense.

(Objetivo da atividade: Observar que tipo de conhecimento os alunos tem sobre o

assunto e como eles percebem esta participação).

TEXTO 1 - ANALISANDO CONCEITOS

Quando pensamos em explicar ou desmistificar idéias, acreditamos que um dos

caminhos é o do conhecimento. E o instrumento que mais utilizamos para divulgá-lo são as

palavras. São com as palavras que comunicamos os fatos e expressamos quase tudo que

pensamos e sentimos. E o que pensamos e sentimos hoje não é produto somente do agora,

mas também de uma herança que recebemos. Então, precisamos refletir: que influências e

práticas cotidianas de vida levaram as pessoas a este ou aquele tipo de comportamento? E

como esses comportamentos estão sendo repassados, recebidos e repetidos pelas novas

gerações?

Além de refletir sobre as influências que recebemos da nossa história de vida não

podemos deixar de pensar que o receptor dessas mensagens, dependendo do seu

conhecimento, pode ter uma interpretação precária, errada e até distorcida das palavras que

comunicam a idéia. Consequentemente poderá elaborar um conceito nestas mesmas condições

e, portanto, com grandes possibilidades de construir preconceitos. Observe o que Coll et al

(2000, p. 37) diz:

Além de requerer que o material que o aluno estuda tenha uma estrutura conceitual explícita, é conveniente que, no caso de textos ou discursos expositivos, a terminologia e o vocabulário empregado não sejam excessivamente inovadores, nem difíceis para o aluno. Além do problema conceitual - dificuldades para atribuir significados a termos conhecidos - enfrentaríamos um problema terminológico ou de vocabulário. Sem dúvida, os alunos devem ir adquirindo um certo vocabulário específico das matérias, mas essa aprendizagem deve ser progressiva, evitando que sejam introduzidas em um mesmo material muitos termos novos, já que assim seria mais difícil que o aluno estabelecesse relações significativas entre eles e, portanto, impediria a sua compreensão.

Mas não é só isso. Também existe o que aqui talvez possamos denominar de “jogos

de palavras”. Que, explicando melhor, é fazer uso das palavras com um propósito intencional

de manipular, de acordo com interesses particulares, uma idéia que se quer estabelecer.

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Começaremos então, pelo que consideramos ser uma das faces do preconceito e da

discriminação: a ignorância. E se queremos usar as palavras como um artifício para combatê-

los, o primeiro passo é tomar conhecimento do seu significado básico. E isso nem é tão difícil

assim, basta acessar um dicionário que está disponível em qualquer biblioteca escolar.

Vamos lá: Ignorância/ignorante/ignorar: Qualidade ou estado de ignorante. / Que

ignora, desconhece... Pessoa iletrada... / Não saber, não ter conhecimento... Estranhar,

censurar.

O significado desta palavra que aqui tem relevância é o que se refere a não saber, não

ter conhecimento... Estranhar, censurar. É comum o ser humano temer aquilo que não

conhece. E por temer costuma estranhar, censurar, criticar negativamente. Até constrói mitos

em torno deste desconhecido para explicar ou justificar suas atitudes.

E o que seria mito? Voltemos à biblioteca:

Para Carneiro (1995, p. 5) Mito é uma “representação deturpada de fatos ou

personagens reais que, repetida constantemente, leva a elaborar uma interpretação falsa de um

momento histórico ou de um grupo. O mito induz a acreditar numa realidade que não é a

verdadeira”.

No Dicionário Luft (2000) encontramos esta definição: Narrativa alegórica; fábula;

lenda. / Representação exagerada de fatos ou personagens reais pela imaginação popular. /

Pessoa ou fato assim representado. / Idéia ou coisa falsa, irreal.

Na antiguidade muitos povos se utilizavam dessa mistura de poesia e forma de

pensamento para compreender o Universo e a condição humana.

Mitos podem ser construídos o tempo todo. E muitas vezes, são utilizados de forma

pejorativa para se referir as crenças comuns de diversas comunidades. Até acontecimentos

históricos podem se transformar em mitos. Veja este caso: alguns historiadores e sociólogos

brasileiros diziam que o índio brasileiro não teria sido conquistado nem derrotado, mas sim

“incorporado” à nação. E também apresentam a escravidão no Brasil como suave e enfatizam

que os negros recebiam dos senhores um tratamento humano. A idéia de uma escravidão

“suave” acabou por reforçar o mito da democracia racial, que ainda hoje mascara o racismo

no Brasil.

ATIVIDADE:

1) AGORA É COM VOCÊ:

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A) Pesquise nas bibliotecas, na internet e em qualquer outra fonte histórica de sua

preferência. Selecione algumas imagens e textos que descrevam os castigos aplicados

aos escravos, analise e dê sua opinião: Será que a escravidão no Brasil era realmente

“suave”?

- Sugestão de sites:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o

http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Slavery_in_Brazil?uselang=pt

http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br/bco_imagens/escravos/violencia.htm

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.terrabrasileira.net/folclore/orige

ns/africana/castigo2.jpg&imgrefurl=http://www.terrabrasileira.net/folclore/origens/afric

ana/escravo.html&usg=__Ln-43A8r-

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Perceberam?! O conhecimento seja ele “manipulado” ou não, a ignorância, a

censura, o pré-julgamento, ou leitura superficial que se faz de qualquer situação ou fato

podem dar origem a preconceitos e discriminações. Se entendermos que cada indivíduo,

influenciado pela sua cultura, tem seu jeito de ser, de viver e a sua maneira de se expressar e,

se não nos fecharmos às múltiplas possibilidades, inerentes ao desenvolvimento cientifico e

cultural, fica fácil compreender que existem diferentes formas de contar uma mesma história.

Devemos estar abertos para analisar essas diversas interpretações. O conhecimento,

ou seja, a pesquisa, a experimentação, a análise e a reflexão, são os pontos de partida para o

respeito e a compreensão das diferenças. Portanto, um dos caminhos para o fim do

preconceito e da discriminação, tão importante para o estabelecimento da igualdade de

direitos entre os indivíduos. Afinal somos todos diferentes. Não só nas características físicas,

mas também no modo como construímos idéias e conceitos.

ATIVIDADE:

1) PARA REFLETIR:

A) As imagens abaixo são representações de tudo que existe na natureza.

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Observe e diga: O que as torna agradáveis aos olhos? Porque é necessária essa

diversidade?

(Objetivo da atividade: Levar a reflexão de que a diversidade faz parte da natureza.

Que isso é necessário, é bom e gostamos disso. Então por que não pode ser assim

também com todos nós seres humanos? Trabalhar a idéia da interdependência dos

seres na natureza, da importância de todas as espécies, da diferença…).

Vegetação Frutas

Animais Fenômenos Naturais B) Observe estas imagens:

São impressões digitais, certo?! O que as torna única e exclusiva? São as suas diferenças ou as

suas semelhanças?

(Objetivo da atividade: Refletir sobre alteridade, sobre as diferenças que nos distingue e

nos dão personalidade...).

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C) “Novos olhares”: Os alunos deverão fotografar diversas pessoas, da comunidade ou não.

(objetivo da atividade: Observar e refletir sobre a diversidade que nos cerca. O material

vai compor uma exposição no encerramento do projeto).

TEXTO 2 - O PRECONCEITO: MANIFESTAÇÕES E RESISTÊNCI AS

Vamos, agora, refletir um pouco sobre o conceito de cultura e de preconceito.

Procurando a letra “c” no dicionário não é difícil encontrar a definição de cultura. E

lá está registrado: “Conjunto de experiências humanas (conhecimentos, costumes,

instituições, etc.) adquiridas pelo contato social e acumuladas pelos povos através dos

tempos”.

Agora, pulando para a letra “p” já vamos perceber que preconceito nada mais é que

“Juízo antecipado, sem fundamento; prevenção”. E não paramos aí, pois outras explicações

para esta palavra se apresentam: Carneiro (1995, p. 6) nos afirma que são “conceitos ou

opiniões formados antecipadamente, sem conhecimento dos fatos. É uma idéia pré-concebida

e desfavorável a um grupo racial, étnico, religioso ou social. Implicam aversão e ódio

irracional contra outras raças, credos, religiões, etc.”.

O preconceito se apresenta de diversas formas. Como estamos trabalhando também

com a questão da participação do negro para a formação da sociedade londrinense, vamos a

um exemplo de preconceito racial que é repassado em idéias como essa: “Todo negro é adepto

a feitiçarias”.

Isso é para demonstrar que muitas idéias sofreram ou sofrem perseguições. Em

muitos lugares pessoas são impedidas de divulgarem e até de viverem suas doutrinas. Atitudes

como esta vem se repetindo ao longo do tempo. Ocorreu com o cristianismo na antiguidade:

De acordo com as narrativas do Novo Testamento, Jesus teria nascido em Belém, no Reino da Judéia, província do Império Romano, Profetas hebreus haviam anunciado a vinda do Messias (ou Cristo, em grego), que libertaria esse povo da dominação e imporia ao mundo o Reio de Jeová [...] Os pobres, os oprimidos e os escravos foram, em particular, atraídos pela vida e o exemplo de Jesus Cristo. A nova fé ensinava que o valor das pessoas não dependia de seu nascimento, talento ou posição social [...]. Isso despertou a desconfiança das autoridades locais e, também, romanas [...] Os hebreus desconfiavam que Ele fosse realmente o Messias e os romanos viam-no como uma ameaça ao poder constituído, Jesus acabou preso, condenado e crucificado [...] Como os cristãos se recusavam a reconhecer o caráter divino

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do imperador romano, foram duramente perseguidos pelo governo de Roma [...] (FIGUEIRA, 2003, p.65).

E com os negros africanos, que para manter sua tradição religiosa tiveram que

utilizar de alguns artifícios para fugir das perseguições de seus senhores, que pela força

pretendiam obrigá-los a negar suas crenças, sua cultura. Os artifícios mais utilizados são: o

“sincretismo”, que basicamente é associar duas religiões em um único culto, com suas

simbologias e doutrinas mescladas, e a “dissimulação religiosa”. Para compreender esta

prática vamos recorrer ao conceito da palavra dissimular, que é: Encobrir, disfarçar, fingir.

Encobrir-se, ocultar-se. Não revelar sentimentos ou desígnios; fingir. Ou seja, um meio de ter

uma vida (no caso, manter uma prática religiosa) diferente do que se podem saber ou se

possam controlar.

ATIVIDADE:

1) PARA SABER MAIS:

A) Pesquise e reflita. Em seguida defina, ilustre e dê exemplos sobre:

- O que é sincretismo?

- O que é dissimulação religiosa?

- Religiões de matriz africana e suas formas de manifestações.

- Quem foi Luisa Mahin?

*Sugestão de sites:

http://orixas.com.br/portal3/index.php?option=com_content&task=view&id=12

http://www.rollins.edu/Foreign_Lang/Russian/geno15.jpg

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_dos_Navegantes

http://www.cabocloarruda.hpg.com.br/teca/ogum.htm

http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/rev_males.html

http://www.jornalorebate.com.br/site/index.php/Quais-mulheres-negras-sao-heroinas-e-

simbolos-das-lutas-anti-racista-e-anti-racialista-do-MNS.html

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2543.html

* Sugestão de leitura:

Revista História Viva – ano II – nº. 20 – junho 2005

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Com esses dois exemplos queremos demonstrar como grupos sociais podem impor suas idéias

a outros grupos. Isto se dá por questões políticas, econômicas, sociais e etnocêntricas. Esses

grupos hegemônicos se fecham para o diferente, impedindo que ele se manifeste.

Em todas essas situações está presente o preconceito. Que não podemos deixar de

afirmar é movido também por mais ou menos grau de ignorância, pois estranha e censura tudo

o que não lhe é semelhante.

Quando se discute religiões não é difícil perceber que comportamento

preconceituoso ainda é perceptível nos dias de hoje, principalmente com aquelas de matriz

africana. Isto porque no imaginário coletivo da sociedade brasileira as práticas religiosas de

matriz africana muitas vezes são consideradas sinônimas de magia negra. Enquanto

educadores e educadoras não se dispuserem a aprofundar seus conhecimentos e discutir com

os alunos sobre do tema, despidos de “achismos” ou etnocentrismos que sugere, por exemplo,

que religião certa é só aquela que os europeus nos trouxeram, cuja matriz é judaico-cristã, as

religiões “diferentes”, no caso, as de origem africana, podem continuar na marginalização.

TEXTO 3 - A MÍDIA E O PRECONCEITO

Hoje em dia a tecnologia é uma ferramenta importantíssima para transmissão de

conhecimento. Por isso deveria estar a serviço de todos, já que atinge grande número de

pessoas de diferentes origens ou crenças. No entanto, também por interesse econômico,

político, social e etnocêntrico, muitas vezes manipula ou não reflete sobre o conhecimento

produzido e transmitido, possibilitando a construção de uma idéia falsa sobre uma civilização

inteira. Com isso, involuntariamente ou não, contribui para a afirmação do preconceito. Entre

eles o preconceito racial. Em sua obra Schmidt (2002, v. 1, p. 98) nos afirma que:

Nos filmes do cinema e da tevê, os atores que representam os antigos egípcios geralmente são brancos e até de olhos azuis. Entretanto, os verdadeiros egípcios eram povos africanos de pele escura [...] Infelizmente durante muito tempo o preconceito racial dos europeus modernos contra os negros impediu muitas pessoas de perceber quem eram os verdadeiros criadores da maravilhosa civilização egípcia antiga [...].

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ATIVIDADE:

1) PARA SABER MAIS:

A) Assista aos filmes:

- “Cleópatra” (1963 – Direção Joseph L. Mankiewicz – 192 min.)

Sinopse: Conheça a vida de Cleópatra, desde sua ascensão com o marido Julio

César até seu declínio ao lado de Marco Antônio.

- “Cleópatra” (1934 – Direção: Cecil B. DeMille)

Sinopse: O filme narra a ascensão e o declínio de Cleópatra, e sua luta para

Defender o império das ambições políticas e territoriais de Roma, e seus

relacionamentos com os dois homens mais poderosos da terra em sua época.

B) Observe as imagens e leia os textos veiculados nos sites sugeridos e busque mais

informações na biblioteca.

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-egipcia/antigo-egito-6.php

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Egipto

http://www.ceha-madeira.net/escravos/escravo1.htm#africa

http://i.ehow.com/images/GlobalPhoto/Articles/2159991/cleopatra-main_Full.jpg

http://www.livius.org/a/1/greeks/cleopatra_ii_rmo.JPG

http://superego.colunas.entretenimento.globo.com/702cleopatra.jpg

marissabidilla.blogspot.com/2007/11/cle

www.kingtutone.com/tutankhamun/life/

http://marconegro.blogspot.com/2005/07/luiza-mahin-lider-da-revolta-dos-mals.html

C) Agora, analise as características físicas das atrizes que protagonizam os filmes

com as descrições feitas, pelos historiadores, dos antigos egípcios e registre suas

conclusões.

TEXTO 4 – UMA IDÉIA... MUITAS INTERPRETAÇÕES!

Todos nós, seres humanos, pensamos e formulamos idéias, que podem ficar em um

pequeno universo, como pode se transformar numa grande teoria e passar a influenciar um

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grande número de pessoas. Quando isso acontece, a distância entre o seu autor e aquele que

ouve ou lê, pode gerar interpretações “tortuosas” se não for levada em consideração o

contexto em que foi elaborada. Este contexto não se refere somente ao tempo e espaço, mas

também a diversas outras influências políticas, econômicas, sociais e religiosas que seu autor

recebe do meio em que vive. Além disso, são comuns interpretações “construídas” com o

objetivo de defender interesses e privilégios de pequenos grupos dominantes ou aquelas

vulgarizadas com o objetivo de facilitar sua compreensão pelo grande público. Peter Lee faz a

seguinte reflexão (BARCA, 2003, p. 21):

A História – na escola ou na academia – não é tanto senso comum como aparenta ser. É verdade que, enquanto ciência, a história tem os seus termos próprios, muitas vezes enquadrados em teorias, embora grande parte do discurso histórico utilize uma linguagem corrente. Contudo, a mudança de sentidos através do tempo faz com que essa linguagem se torne altamente enganadora.

Por isso, nos temas discutidos em todo e qualquer espaço educacional e

principalmente na educação formal, devemos trabalhar os conceitos contextualizados das

palavras utilizadas para explicar uma ideologia ou um fato histórico. E até verificar se nossos

alunos sabem o significado das palavras conceito e conceituar. E, como já sabemos, para isso

nem precisamos ir tão longe, basta abrir o dicionário. Então vamos lá:

- Conceito: Definição / Idéia / Opinião; reputação.

- Conceituar: Definir; ajuizar; opinar.

Isto se faz necessário para que os fatos não sejam mal interpretados e não dê

oportunidade para generalizações com o uso da definição dos termos fora de contexto e/ou

deturpados. Aqui, emprestamos as idéias de Coll et. al (2000, p. 27), para referendar:

Os conceitos não são conhecidos de modo “tudo ou nada”, mas podem ser entendidos em níveis diferentes [...]. Enquanto a aprendizagem de fatos somente admite diferenças “quantitativas” [...], a aprendizagem de conceitos caracteriza-se pelos matizes qualitativos (não se trata tanto de se o aluno o compreende ou não, mas de como o compreende). A compreensão não é algo branco ou preto, como a reprodução de um nome ou de um dado, mas admite muitos tons de cinzas intermediários.

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E não podemos nos esquecer também do que diz Amos Alcott: “O verdadeiro

professor defende seus alunos contra sua própria influência”.

TEXTO 5 - CONTEXTUALIZANDO UM FATO HISTÓRICO

ATIVIDADE:

1) PRIMEIRO É COM VOCÊ:

A) Escreva o que você sabe sobre a origem da escravidão e, em seguida, descreva as

características de um escravo.

Quando nos referimos a conceitos deturpados, podemos citar como exemplo as

inúmeras aulas sobre escravidão. Não só a escravidão no Brasil, mas a escravidão em

qualquer tempo e lugar. Sempre que o tema é anunciado em sala de aula, não é raro perceber

o desconforto de muitos alunos negros temendo comparações e piadinhas de seus colegas de

pele branca, inadvertidamente ligando o assunto a cor da pele. Mas, se conhecermos a história

e os conceitos das palavras que utilizamos para contá-la, facilmente essa idéia pode ser

desconstruída. Veja essa narrativa, ela demonstra que escravidão é uma dos males antigos da

sociedade:

[...] em muitas sociedades africanas havia diferenças de classes sociais. As famílias aristocráticas chefiavam o Estado, comandavam os exércitos, detinham privilégios materiais. Por baixo, as famílias de camponeses e até escravos. É claro que os povos da África não se sentiam “africanos” ou “negros”. Esses conceitos só surgiram mais tarde, basicamente nos séculos XIX e XX, na luta contra os europeus que escravizaram e colonizaram o continente. Para os africanos antigos, o que existiam eram povos diversos, cada qual com suas próprias culturas, seus próprios sistemas de governo. Esses povos podiam ser rivais porque disputavam territórios, rotas comerciais, regiões mineradoras. O resultado [...] as guerras. Os prisioneiros de guerra podiam se tornar escravos [...] (SCHMIDT, 2005, p.77).

Então, falar de escravos requer primeiro ver se o aluno conhece realmente o conceito

da palavra. E mais, se é capaz de perceber as diferenças de conceito desta palavra ao longo do

tempo e no contexto de cada sociedade. Isso porque a escravidão moderna, que os europeus

impuseram nas colônias da América, foi diferente da antiga escravidão grega e romana. A

escravidão nos reinos e cidades-Estado africanas também apresentou características

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particulares. Vamos ao conceito básico da palavra escravo e escravidão, recorrendo ao

dicionário Luft:

- ESCRAVO: a) Que(m) está sujeito a um senhor, como propriedade dele./

Que(m) está inteiramente sujeito as outrem ou a alguma coisa.

- ESCRAVIDÃO: Estado ou condição de escravo; servidão; submissão; falta de

liberdade. Regime social em que se sujeita o indivíduo, explorando sua força para fins

econômicos.

Veja que na explicação destes conceitos, encontrados nesta referência bibliográfica

ou em outras sérias e bem embasadas, em nenhum momento, faz-se menção a cor da pele.

Então, ao abordar fatos históricos que tratam da escravidão, desde a antiguidade até

os dias de hoje, é de fundamental importância observar se o aluno sabe que escravidão,

primeiramente, está ligada a dominação (vencedor escraviza o vencido) e a questão da dívida

(o devedor não tendo como saldar seu compromisso entrega ao seu credor, seu último bem, a

força de seu trabalho. Ou seja, trabalha de graça para pagar sua dívida). Observem alguns

fatos que exemplificam isso:

A origem da escravidão humana perde-se no tempo e se acha ainda oculta pela poeira dos séculos que envolvem a própria historia do homem sobre a terra. E a luz do saber humano ainda não se projetou sobre o primeiro escravo, se branco ou negro, se asiático, africano ou europeu. Admite-se, todavia, que surgiu a escravidão do homem com as primeiras lutas e teve origem no direito da força que foi corporificando e se espalhando entre os homens isolados, destes às famílias, às tribos e por fim, às nações e aos estados organizados. A ferocidade do vencedor exaltada sobre o vencido fora a causa potencial da escravidão do homem desde a mais remota antiguidade, desde os assírios, os egípcios, os judeus, negros e romanos e bem assim os demais povos da mais alta antiguidade, adotaram a escravidão e legislaram sobre ela, sobretudo os romanos que coibiram os abusos que se cometiam à sombra dos usos e costumes dos demais povos, estabelecendo princípios do modo de ser escravos, estes princípios constituíram um grande avanço em prol da liberdade humana, mas tarde duas poderosas forças vieram modificar os modos de ser escravos; o advento do Cristianismo e a evolução natural do direito. (A ESCRAVIDAO, 2008). As guerras puderam ser um instrumento de enriquecimento de algumas sociedades. O povo derrotado tinha que pagar tributos aos vencedores. Ou seja, devia entregar parte do que produzia (comida, tecidos, objetos) e trabalhar para os novos senhores. Algumas vezes, os derrotados tinham que trabalhar e viver integralmente em favor dos vencedores, ou seja, tinham se transformados em escravos [...] (SCHMIDT, 2005, p. 9). [...] muitas cidades-Estado gregas tinham escravos. Geralmente, os escravos eram bárbaros, ou seja, não gregos. Os piratas atacavam cidadezinhas na costa de outros territórios e capturavam seus habitantes como escravos. Depois vendiam as pessoas. O amo (dono) do escravo tinha plenos poderes sobre ele. Poderia castigá-lo do jeito que quisesse. Poderia até matá-lo. O

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escravo era desprezado e considerado um “não homem”. [...] (SCHMIDT, 2005, p. 28). [...] Durante séculos, Roma quase não teve escravos. Quando começaram as grandes conquistas, os inimigos derrotados foram transformados em cativos e levados para Roma. Também havia bandos de piratas que atacavam cidades litorâneas do Mediterrâneo, para conseguir escravos que seriam vendidos para os romanos. [...] milhares de escravos eram originários da Europa, tinham a pela branca, como por exemplo, os gregos e os gauleses (antepassados dos franceses) [...]. (SCHIMIDT, 2005, p. 35).

Os textos citados deixam claro, brancos ou negros poderiam se tornar escravos.

Esses fatos demonstram a dominação de um grupo sobre o outro. E isto nos remete

também a discriminação. E para não correr o risco de interpretações superficiais, vamos ao

conceito da palavra:

- DISCRIMINAÇÃO: Ação ou efeito de discriminar. / discernimento. / Distinção;

separação

E agora, alguns exemplos de preconceito e discriminação ao longo da história:

- NA ANTIGUIDADE:

A) Quando surgem o Estado e as diferenças sociais:

A PROPRIEDADE PRIVADA E O MACHISMO: Milhares de anos foram passando e a economia começou a se transformar. A agricultura com canais de irrigação, o artesanato de metais, o comércio e a guerra eram atividades masculinas. As mulheres fiavam tecidos, faziam cestos de vime, cuidavam das crianças. Sem que ninguém tivesse decidido, as atividades masculinas tornaram-se economicamente mais importantes. A guerra e o comércio realizado pelos homens enriqueciam uma aldeia muito mais do que o artesanato de cestos produzidos pelas mulheres. Com isso, as mulheres foram perdendo sua posição de igualdade com os homens [...] e [...] aos poucos umas famílias foram ficando ricas enquanto outras empobreciam. A propriedade deixava de ser comum para se tornar particular: as famílias ricas tinham mais terras, mais dinheiro, mais escravos. O poder do líder da família ficou tão forte que tudo passou a ser propriedade dele, inclusive as mulheres [...]. A partir do momento em que o trabalho feminino foi se reduzindo ao lar e que os homens se tornaram os chefes incontestáveis da família, as mulheres se tornaram quase propriedades do marido [...]. (SCHMIDT, 2002, p.71).

B) No Egito, a grande civilização negra:

A formação do Estado na sociedade hebraica foi bem diferente do que ocorrera até então. Se o Egito teve um grande Estado centralizado [...] entre

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os hebreus vigoravam cidades independentes e autônomas, sem grande força política, embora tenham experimentado, durante curto período, a centralização do poder, com a Monarquia Hebraica. Enfim, a situação política era de indefinição, em uma região cheia de conflitos. Por volta de 1800 a.C., as tribos hebraicas, vitimadas pela fome em razão de uma grande seca, migraram para o Egito, onde foram escravizadas [...]. (MORAES, 2005, p. 29).

- NA ATUALIDADE:

Trabalho escravo atinge cerca de 40 mil pessoas no Brasil, diz OIT A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que entre 25 mil e 40 mil pessoas estejam em situação de trabalho escravo no Brasil. De acordo com os dados divulgados na última semana, a Ásia é o continente que lidera o ranking, com quase dez milhões de trabalhadores nessa situação de exploração. A América Latina está em segundo lugar, com 1,3 milhões de pessoas. Ainda de acordo com a OIT, as situações de trabalho escravo também afetam pessoas que migram da América Latina para Europa, América Central, Estados Unidos e Canadá. Ao menos 250 mil desses trabalhadores são vítimas de tráfico de pessoas. A pesquisa mostrou também que 56% da exploração econômica forçada atingem mulheres e crianças, e que 98% desse grupo também sofrem com a exploração sexual. (TRABALHO..., 2008).

TEXTO 6 - CONHECIMENTO: PARA LIBERTAR OU PARA OPR IMIR?!

Não podemos deixar de observar que, infelizmente, já na antiguidade procurava-se

produzir explicações (conhecimento) para “justificar” esta injusta exploração do homem pelo

homem.

Na obra de Bento (2005, p. 24) encontramos as seguintes citações:

Segundo Aristóteles, havia homens que, por natureza, estavam predestinados a serem livres e a comandar; e outros, a serem escravos, a serem comandados. Também Platão registrou suas impressões a respeito do assunto: No quinto livro da República, ele afirmou: A nossos jovens mais valentes e melhores, além de outras honras e recompensas, será permitida maior variedade de uniões, porque pais dessa natureza deverão ter o maior número de filhos possível.

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Nessas citações é perceptível também a existência da falsa idéia construída (já que

nas sociedades primitivas todos eram considerados iguais) de diferenças naturais entre os

homens.

Essa idéia (conhecimento produzido) vai ressurgir na Europa mais tarde. Em 1758, o

botânico sueco Carolus Linnaeus - o criador do atual sistema de classificação dos seres vivos -

deu à humanidade o nome cientifico do Homo Sapiens e a dividiu em quatro subespécies: os

vermelhos americanos, “geniosos, despreocupados e livres”; os amarelos asiáticos, “severos e

ambiciosos”; os negros africanos, “ardilosos e irrefletidos”, e os braços europeus,

evidentemente, “ativos, inteligentes e engenhosos”. Estava aberta a discussão sobre a

existência de raças humanas e o valor de cada uma. No século XIX essas idéias foram

reforçadas pelas diversas teorias de alguns pensadores da época.

Teoria...?! Calma! Vamos ao significado da palavra registrada no dicionário Luft:

Princípios gerais de uma ciência ou arte. / Principio geral, plausível ou cientificamente

aceitável, proposto para explicar fatos ou eventos observados. / Especulação; hipótese. /

Utopia.

Voltemos ao assunto. Entre estes teóricos podemos destacar:

a) Charles Darwin (1809-1882): Em “A origem das espécies” (1859), defende a

tese da evolução das espécies biológicas com base na sobrevivência dos mais capazes. Suas

idéias inspiraram outra teoria, o Darwinismo social, que substituiu os organismos vivos pelos

grupos sociais em conflito.

b) Arthur de Gobineau (1816-1882): A sua obra “Ensaio sobre as desigualdade das

raças humanas” (1853/1855), deu origem ao Arianismo: doutrina que justifica a desigualdade

entre os homens e adverte contra o cruzamento das raças.

c) Lewis Henry Morgan (1818-1881). Afirmava a existência de uma espécie

humana única, que se desenvolve em ritmo desigual e com diferentes formas de organização

(estágios de civilização), variando das mais simples as mais complexas. E que o ponto

máximo do progresso humano teria sido atingido pela cultura ocidental. Distingue três

estágios de evolução humana: selvageria, barbárie e civilização.

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d) Francis Galton (1822-1911). Suas idéias deram origem a Eugenia. Do grego: eu

(bom) e gênesis (geração). Defendia a necessidade de o Estado formular um plano com o

objetivo de selecionar jovens aptos a procriarem os mais capazes.

Todas essas teorias foram responsáveis por uma avalanche de ações

preconceituosas e discriminatórias na Europa imperialista que passou a se considerar diferente

e superior ao resto do mundo. E esta ideologia servia a seus propósitos. Nesse momento o

racismo toma corpo. E para entender melhor esta ideologia, observe os conceitos a ela

atribuídos:

Para Carneiro (1995, p. 6), racismo é muito mais que apenas discriminação ou

preconceito racial, é uma doutrina que afirma haver relação entre características raciais e

culturais e que algumas raças são, por natureza, superiores a outras. As principais noções

teóricas do racismo moderno derivam de idéias desenvolvidas por Arthur de Gobineau. O

racismo deforma o sentido científico do conceito de raça, utilizando-o para caracterizar

diferenças religiosas, lingüísticas e culturais.

Bento (2005, p. 25) define como uma ideologia que defende a hierarquia entre

grupos humanos, classificando-os em raças inferiores e raças superiores.

E no dicionário Luft, encontramos a seguinte definição: Doutrina dos que pregam a

superioridade de certas raças humanas.

A teoria da existência de raças “virou moda” e até artigo de exportação na Europa

desta época. Mas a história mostra que a discriminação racial já existia muito antes disso.

Agora que já sabemos o significado da palavra discriminação, vamos refletir sobre o

significado do termo discriminação racial:

Carneiro (1995, p. 6) coloca como sendo um tratamento desfavorável dado a uma

pessoa ou grupo com base em características raciais ou étnicas. Por exemplo, impedir uma

pessoa de assumir um emprego por não ser branca é um ato de discriminação.

A Revista Super Interessante (abr., 2003, p. 46) define como uma ideologia que está

ligada à dominação de um grupo sobre o outro.

Como podemos perceber, discriminação é uma ação, uma atitude de exclusão,

restrição ou preferência baseada na “raça”, cor, origem étnica ou nacionalidade.

Muitos fatos históricos retratam manifestações de discriminação racial ao longo dos

tempos. Eis alguns exemplos:

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A palavra "bárbaro" provem do grego antigo, βάρβαρος, e significa "não grego". Era como os gregos designavam os estrangeiros, as pessoas que não eram gregas e aqueles povos cuja língua materna não era a língua grega. Principiou por ser uma alusão aos persas, cujo idioma gutural os gregos entendiam como "bar-bar-bar". Os romanos também passaram a ser chamados de bárbaros pelos gregos. Porém, foi no Império Romano que a expressão passou a ser usada com a conotação de "não-romano" ou "incivilizado". O preconceito perante os povos que não compartilhavam os mesmos hábitos e costumes é natural dos habitantes dos grandes centros econômicos, sociais e culturais, e caracteriza-se pelo etnocentrismo. Atualmente, a expressão "bárbaro" significa não civilizado, brutal ou cruel. Era um termo pejorativo que não condizia com a realidade pois, apesar de não compartilharem de alguns aspectos da cultura romana e não falarem o latim, tais povos tinham cultura e costumes próprios. (POVO BÁRBARO, 2008).

- Século XV: As expedições pela América e África levam os europeus a conhecer povos

diferentes, que eles não hesitam em escravizar, criando um intenso comércio de negros no

Atlântico.

- Século XVI: Para os exploradores do Novo Mundo que chegavam ao Brasil, os índios eram

seres desalmados, que poderiam ser usados para qualquer fim. Isso só mudou em 1537,

quando o Papa Paulo III editou uma bula afirmando que os índios descobertos na América

tinham alma.

- Século XIX: Surge a Ku Klux Klan, um marco da intolerância racial nos EUA, que

promovia assassinatos e atos terroristas contra negros. Continua a existir até hoje.

Philip Sheridan: general autor da frase “índio bom é índio morto”, que ilustra

o genocídio de milhões de índios promovido por desbravadores norte-americanos durante a

marcha para o oeste.

- Século XX: Adolph Hitler. O governante nazista comanda a morte de 06 milhões de judeus.

O objetivo era eliminá-los da Europa e abrir caminho para a criação de uma raça alemã

superior a todas as outras.

“Em 1948 a África do Sul cria um regime de segregação entre brancos e negros,

o APARTHEID. Ruas, bancos de praça e até banheiros eram de uso exclusivo de cada grupo”.

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Em 1955, Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar em um

ônibus para uma mulher branca e foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um

boicote aos ônibus de Montgomery, para protestar contra a segregação racial em vigor no

transporte.

Este tipo de situação, felizmente, despertada nas consciências ilustradas práticas para

o estabelecimento da igualdade entre as pessoas. Neste caso, inspirou Martin Luther King Jr.,

ativista negro, que nos Estados Unidos lutou pelo direito do voto, pelo fim da segregação

racial, das discriminações no trabalho, e outros direitos civis básicos. King tinha como

princípio o protesto não violento para defender suas idéias. Ele dizia: “Eu tenho um sonho. O

sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor da pele”.

ATIVIDADE:

1) PARA REFLETIR:

A) Leia o texto abaixo e ouça a música “Racismo é Burrice” de Gabriel - O

Pensador, disponível no site: http://letras.terra.com.br/gabriel-pensador/137000/

e registre suas conclusões.

“O VENDEDOR DE BALÕES”

Um homem bem velhinho vendia balões numa quermesse. Evidentemente era um

bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos ares, atraindo desse

modo, uma multidão de jovens compradores.

Havia ali perto um menino que observava atentamente o vendedor de balões e, é

claro, estava também apreciando os balões.

Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um azul; depois um amarelo

e finalmente um branco. Todos foram subindo cada vez mais até sumirem de vista. O menino,

de olhar atento, seguia a cada um. Ficava imaginando mil coisas... Uma coisa o aborrecia, o

homem não soltava o balão preto. Então, aproximou-se do vendedor de balões e lhe

perguntou:

- Se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?

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O vendedor de balões sorriu para o menino, arrebentou a linha que prendia o balão

preto e, enquanto ele se elevava nos ares, disse:

- Não é a cor, filho. É o que está dentro dele que o faz subir.

2) PARA SABER MAIS:

A) Faça uma pesquisa e descubra

- Quem foi Zumbi?

- Quem foi Martin Luther King

- Quem foi Malcon X

- Qual o objetivo da Conferência de Durban?

B) Pesquise, troque idéias com seus colegas e estabeleça a diferença entre preconceito

e discriminação.

TEXTO 7 - CIÊNCIA X PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO

ATIVIDADE:

1) PRIMEIRO É COM VOCÊ:

A) Explique, de acordo com seus conhecimentos, o que determina a cor da nossa pele.

(Objetivo da atividade: Observar os conhecimentos dos alunos sobre a melanina e

como funciona este pigmento na definição da cor da pele e a influência do clima para

a sua atuação no organismo. Isto para abrir debate sobre características externas dos

seres humanos que são também resultantes das condições ambientais).

B) Cada uma das figuras do grupo “A” pertence a seres humanos de diferentes etnias.

Observe e as relacione com as afirmativas do grupo “B”. Em seguida justifique sua

escolha.

(Objetivo da atividade: Ajudar na reflexão de que somos todos iguais e que a cor da

pele não determina superioridade ou inferioridade / caráter / etc.; na percepção de que

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a composição do corpo humano é a mesma, independente da cor da pele; observar

que nos transplantes de órgãos/medula na maioria das vezes as pessoas compatíveis

são diferentes externamente mas muito semelhantes internamente).

GRUPO “A”

( ) ( )

( ) ( ) GRUPO “B”

A) Representante dos orientais, cujos olhos são amendoados e a pele tem a tonalidade

amarelada.

B) Representantes da região central do continente africano cuja pele é da cor negra.

C) Representantes dos habitantes da Europa ocidental cuja pele é da cor branca.

D) Representantes dos nativos da América (índios) cuja pele tem a cor avermelhada.

- JUSTIFICATIVA DA RESPOSTA:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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Os seres humanos vivem em sociedade. E essas sociedades são formadas por

pequenos grupos sociais. Para formarem esses grupos a primeira prerrogativa são as

semelhanças. Crianças, adolescentes e até muitos adultos que não aprofundaram seus

conhecimentos ou têm dificuldade de assimilar novas idéias, conservam o hábito de não

gostar nem aceitar o que é diferente deles mesmos. E aí a discriminação e o preconceito vão

se mantendo.

Se não podemos acabar definitivamente com o preconceito, a discriminação e o

racismo, certamente existem possibilidades de minimizar essas práticas. E, com certeza todas

elas passam pelo caminho da educação, e da eterna busca do conhecimento que sempre tem

nos apresentado novos estudos, novas teorias.

Eis um exemplo de como o conhecimento, atualizado (re-conceituado), refletido

(estabelecendo-se relações, neste caso, entre sol e vida) pode ajudar a acabar com

preconceitos:

Ao contrário dos chimpanzés e demais primatas, o homem não possui cabelo por todo o corpo. A adaptação provavelmente surgiu por volta de 1,6 milhão de anos atrás para esfriar o corpo de alguns de nossos primeiros ancestrais, que começaram a se tornar mais ativos e fazer longas caminhadas. Uma mudança levou a outra: células que produziam melanina, antes restritas a algumas partes descobertas, se espalharam por toda epiderme. Além de tornar a pele escura, a melanina absorve os raios ultravioletas do sol e faz com que percam energia. Os cientistas acreditavam que este traço havia evoluído para evitar cânceres de pele, mas a teoria esbarra no fato de que esse mal costuma surgir em idade avançada [...] e portanto dificilmente alteraria a evolução. Até que em 1991, Nina Joblonski encontrou estudos que mostravam que pessoas de pele clara, expostas a forte luz solar tinha níveis muito baixo de folato. A deficiência dessa substância em mulheres grávidas pode levar a graves problemas de coluna em seus filhos. Além disso o folato é essencial em atividades que envolvam a proliferação rápida de células, como a produção de espermatozóides. Nos ambientes próximos a linha do equador, a pele negra era uma boa forma de manter o nível de folato no corpo. Enquanto os humanos modernos estavam restritos á África, a melanina funcionava bem para todos. [...] a descoberta de novas ferramentas e o crescimento da população tornou a África pequena demais [...] os homens modernos chegaram a Ásia e a Oceania e depois á Europa e a América. Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear demais os raios ultravioletas [...] que tem um papel essencial no organismo [...] a tendência então foi que as populações que migraram para as regiões menos ensolaradas desenvolvessem pele mais clara para aumentar a absorção dos raios ultravioletas. Em regiões intermediárias, o truque evolutivo foi o bronzeamento - uma camada temporária de melanina para proteger o folato em épocas de sol [...], ou seja, a cor da pele é apenas uma forma de regular nutrientes. (KENSKI, 2003, p.42-50).

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Pesquisas científicas recentes e atualizadas já comprovaram que as antigas teorias

sobre a existência de diferentes raças humanas estavam erradas e que os todos os seres

humanos pertencem a uma única espécie - a espécie humana. Mas a idéia de raça ainda está

presente. Por isso, na sala de aula ou em qualquer espaço educacional o papel dos educadores

não é apenas o de informar. Vai além. Esta na responsabilidade de contribuir para a

atualização, para a análise e reflexão sobre antigas e novas idéias e na formação de cidadãos

autônomos, pois “Sem a educação autônoma os nossos alunos tornam-se ecos das receitas

ensinadas e aprendidas. Tornam-se incapazes de dizer o diferente.” (ALVES, 1994, p. 27).

Aquele que não acredita nisso com certeza estará contribuindo para a reprodução de

idéias e atitudes que já foram descartadas por novas pesquisas e, consequentemente estará

perpetuando antigos preconceitos.

As palavras de Piaget são bastante oportunas neste momento, ele diz que

“conhecimento pressupõe organização da experiência num sistema de relações [...] E que o

adolescente já consegue pensar sobre seu próprio pensamento” (FONTANA; CRUZ, 1997, p.

45). Ora, então se a ciência já comprovou a relação entre a vida e o calor do sol, por exemplo,

não fica difícil a reflexão e a compreensão de que a cor da pele dos seres humanos não é fator

para classificá-los em inferiores e superiores. Mas é sim uma reação natural de defesa do

organismo humano.

Por isso reafirmamos, o caminho da igualdade e da liberdade é o conhecimento. Mas

um conhecimento compartilhado. Não aquele conhecimento produzido e guardado para si

unicamente, reproduzindo de certa forma a prática dos sofistas gregos que chegavam a cobrar

caro de quem quisesse aprender suas técnicas de falar em público e manipulavam a linguagem

para convencer as pessoas de que coisas absurdas eram “verdadeiras”. O conhecimento deve

estar a serviço e ao alcance de toda sociedade. E conhecimento só se constrói com análise,

com reflexão, com troca de idéias. Isso sugere a necessidade das diferenças. E seu

combustível são os acontecimentos do passado que devem ser revistos não apenas como fatos

ou informações para serem memorizadas e reproduzidas, mas como experiências que devem

ser analisadas e até utilizadas, porque não, como alavancas para novas possibilidades, novas

construções.

ATIVIDADE:

1) PARA REFLETIR:

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A) VÍDEO: (slides em Power Point): “Paradigma”

Sinopse: Desenho animado que conta uma experiência cientifica com cobaias. Cada

vez que uma se atreva a pegar comida todas são castigadas o grupo então espanca a

que se atreveu e esta desiste. Uma a uma as cobaias vão sendo trocadas até formar

um grupo totalmente novo que repete o comportamento inicial sem saber por quê.

(objetivo da atividade: Colaborar para a percepção de que fatos e comportamentos

devem ser investigados, analisados. Esta investigação que leva ao conhecimento, a

liberdade, ao respeito e compreensão de que idéias e comportamentos podem ser

revistos, reelaborados, modificados. Que devemos aprender a conviver com as

diferenças, sejam elas quais forem.

B) Agora que você assistiu ao vídeo, tire suas conclusões e escreva sobre o tema.

Considerações feitas, podemos afirmar que o conhecimento liberta porque colabora

para o reconhecimento do direito a igualdade e do respeito as diferenças. Essa liberdade a que

me refiro não é somente aquela dos grilhões. É a liberdade do aceitar e se sentir aceito, de

respeitar e se sentir respeitado. Do sentir-se parte de um universo de diferenças naturais,

físicas e ideológicas, necessárias para a vida e para o desenvolvimento da sociedade. Nós só

aprendemos e evoluímos com a diferença. Por isso precisamos aprender a conviver

harmoniosamente. Ghandy provavelmente sabia disso quando afirmou: "Não quero que minha

casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas. Quero

que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade

possível”.

A igualdade e a liberdade que devemos promover, então, é aquela que passa antes

pelas mentalidades, que abre horizontes, que leva luz a escuridão da ignorância, que

proporciona um encontro com a autonomia, com a capacidade de tornar-se produtor de novas

idéias e não mero consumidor e reprodutor de velhas idéias. Que permite a convivência e

tornem realidade as palavras de Nelson Mandela: "Sonho com o dia em que todos levantar-se-

ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”

Não podemos negar que para essas análises e reflexões são necessárias algumas

discussões sobre o conceito de valores, moral e ética. Eis aí outros temas polêmicos. Como já

citamos anteriormente, conceitos podem ter diferenças de uma pessoa para outra dependendo

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da influência que recebeu na sua trajetória de vida. No entanto, somos professores, um dos

protagonistas da escola e, conforme diz Vygotsky:

Na escola [...] a professora acompanha a criança [...] analisa as situações para e com a criança [...]. A criança, por sua vez, raciocina com a professora. [...] Nessas situações compartilhadas com a professora, a criança aprende significados, modos de agir e de pensar e começa a elaborá-las. Ela também re-significa e reestrutura significados, modos de agir e de pensar [...] (apud FONTANA; CRUZ, 1997, p. 66).

As análises e estudos de Piaget também nos dão respaldo. Veja o que ele afirma: “Ao

agir sobre o meio o individuo incorpora a si elementos que pertencem ao meio. Através desse

processo de incorporação, denominado por ele de assimilação, as coisas e os fatos do meio

são inseridos em um sistema de relações e adquirem significação para o individuo.”

(FONTANA; CRUZ, 1997, p. 45). Continuando refletindo sobre Piaget, acreditamos que

idéias e conceitos podem ser modificados quando são apresentados aos indivíduos novos

conhecimentos. Principalmente na adolescência, quando nossos alunos já não têm mais

necessidade de estar diante dos objetos concretos ou de operar sobre eles para relacioná-los.

Pois já são capazes de pensar abstratamente e as operações mentais podem ser aplicadas

também em hipóteses formuladas em palavras. Isso facilita a comunicação. Sendo assim, fatos

históricos, imagens, vídeos, depoimentos, atividades teóricas e práticas são ótimos

instrumentos para introduzir os temas preconceito e discriminação e proporcionar reflexão

sobre a igualdade de direitos e o respeito às diferenças. E mais, colabora para que cada um se

coloque na situação do outro. O que em muito pode ajudar na percepção de que o que é bom e

ruim de se receber, consequentemente será de se oferecer ao outro.

E, para reforçamos essa idéia, vamos mais uma vez refletir sobre algumas palavras

de Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua

origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender e, se podem

aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

Ora, se existem pessoas capazes de manipular palavras, conceitos, imagens, para

construir uma falsa idéia sobre um determinado povo ou grupo social. Não seremos nós

capazes também de usar desses mesmos instrumentos (palavras, conceitos, imagens) para

desmistificar e esclarecer? O conhecimento, antes de ser usado para matar, segregar ou para a

guerra, deve ser usado para a vida, para unir, para a igualdade e igualmente por todos. Enfim,

contribuir para a construção da paz.

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CAPÍTULO 2

DE UM GRANDE CONTINENTE PARA UM PAÍS CONTINENTAL

ATIVIDADE:

1) PRIMEIRO É COM VOCÊ:

A) Testando seu conhecimento:

- Analise as personagens das fotos e identifique em que país ou continente elas

nasceram e vivem.

(Objetivo da atividade: Refletir sobre a diversidade do continente africano).

País: _______________ País: ____________ País: __________________ Continente: __________ Continente: _______ Continente: _____________

Com essas reflexões em mente, vamos para a segunda parte deste caderno. Ou seja,

fazer um levantamento da participação do negro na formação da nossa sociedade. Este tema é

oportuno porque esses nossos ancestrais, cuja grande maioria veio da chamada África

Ocidental e Centro-Ocidental, apesar de ser personagem importante da história brasileira,

ainda sofre com o preconceito e a discriminação.

Sabendo que todos os seres humanos, indistintamente, produzem história, vamos

conhecer um pouco da África, local de origem do negro. Pois, verificar a contribuição de um

grupo social para uma determinada sociedade, requer pelo menos um pouco de conhecimento

da sua origem e do modo em que foi inserido nela.

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TEXTO 1 - APRESENTANDO UM POUCO A ÁFRICA

ATIVIDADE:

1) AGORA É COM VOCÊ:

A) Localize no Mapa Mundi o continente africano.

B) Pesquise e cite quantos e quais são os países africanos e faça um breve resumo das

características políticas, econômicas, sociais e culturais de cada um deles.

(Objetivo da atividade: Para que se perceba a diversidade existente no continente

africano).

Apesar de parecer óbvio demais, acho pertinente observar se os nossos alunos têm a

idéia de que a África não é um espaço geográfico onde todos possuem os mesmos costumes,

tradições, língua. Essa idéia, muitas vezes, faz com que muitos a confundam com um país.

Quando na verdade a África é um grande continente que abriga diversos povos com hábitos e

tradições diferentes.

É oportuno dizer que o continente africano é considerado o “berço da humanidade e

do conhecimento”. Isso porque foi na África que, há milhões de anos, surgiram nossos

ancestrais que impulsionados por um grande fluxo migratório povoaram todo o planeta. Ali

também foram encontrados os primeiros centros culturais da humanidade.

Achados arqueológicos comprovam estes fatos e muitas outras descobertas e

conhecimentos produzidos pelos africanos. Como por exemplo:

a) a cerca de 20.000a.C. já existia um sistema de numeração mais antigo do que a matemática grega; b) O verdadeiro pai da Medicina, Imhotep, já aplicava conhecimentos de fisiologia, anatomia e drogas curativas em seus pacientes; c) O povo Haya, há 2000 a.C. produzia aço a 400 graus Celsius (temperatura superior a dos fornos europeus do século 19); d) O papiro de Rhind (1650 a.C.) indica que os egípcios sabiam o valor da constante geométrica PI muito antes de Arquimedes (250 a.C.) e as propriedades do triângulo retângulo antes de Pitágoras (sec. 6 a.C.). (ÁFRICA, 2005).

Foi na África que nasceu uma das mais antigas civilizações da humanidade; a

civilização egípcia. Localizada no extremo norte do continente, mantiveram alguns contatos

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com povos da Europa e principalmente da Ásia, sendo dominados, sucessivamente por gregos

e romanos.

O deserto do Saara funcionou como uma espécie de cordão de isolamento,

impedindo o contato dos povos que habitavam o centro sul da África com a Ásia.

A partir do século VIII essa situação começou a mudar. Querendo expandir sua

religião, os islamitas atravessaram o Saara e encontraram uma enorme diversidade de povos

com diferentes formas de vida.

Os primeiros povos a tomar contato com os grandes impérios africanos foram os

árabes. A cor da pele, o modo de vestir, as tradições políticas, a quantidade de ouro: tudo isso

impressionava os árabes. Eles nomeavam os lugares visitados a partir das características que

mais lhes chamavam a atenção. Assim As cidades da costa oriental foram denominadas

suahilis, que em árabe quer dizer “cidades costeiras”; já a região do império de Gana foi

denominada “país do ouro”, devido à grande abundância desse metal.

Durante a expansão marítima do final do século XV e início do século XVI, os

primeiros contatos entre europeus e africanos foram amistosos: estabelecimento de relações

comerciais, permissão de reequipagem de navios europeus que seguiam para Ásia, fixação e

missões religiosas, etc.

Alguns líderes africanos - como o rei do Baixo Congo - chegaram até a se converter

ao cristianismo e enviarem jovens nobres para estudar na Europa.

Como podemos observar, o continente africano era formado por diferentes povos,

grandes Impérios, Reinos e Estados muito bem organizados.

São os descendentes deste povo que ajudaram e ainda estão ajudando a escrever a

nossa história.

Fica uma pergunta: como os africanos chegaram ao nosso continente, ao nosso país?

Vamos ver isso resumidamente. Buscando o enriquecimento pessoal ou o

fortalecimento de seus Estados diante dos inimigos, esses poderosos europeus e africanos

estabeleceram relações que alteraram profundamente o cenário africano. Nenhum dos lados

envolvidos estava interessado no aprofundamento das relações culturais, políticas ou

religiosas: interessava apenas o contato comercial. E, como já citamos anteriormente, a

escravidão de negros ou brancos, era uma prática nas civilizações antigas.

Foi então, que pelas águas do Oceano Atlântico, a partir do século XV, os

portugueses estabeleceram o comércio de escravos africanos. No início do século XVI, este

tráfico se voltou para o continente americano, incluindo o Brasil. Por conta dessa imigração

forçada, o Brasil ganhou uma herança cultural incalculável. A herança africana está presente

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no dia-a-dia, tanto na comida, nos costumes, quanto na dança, na música, na arte, nas

características físicas.

O tráfico de escravos é considerado um dos maiores processos de genocídios da

humanidade. De acordo com pesquisadores, entre os séculos XVI e XIX, chegaram ao

continente cerca de 11 milhões de africanos. Estima-se que 40% dessa diáspora vieram para o

Brasil. Eis aí mais duas palavras pouco usadas no nosso dia-a-dia e que, portanto, é

importante verificar seu significado:

- GENOCÍDIO: Crime cometido com a intenção de destruir um grupo humano nacional,

racial, étnico ou religioso.

- DIÁSPORA: Dispersão de povos por motivos religiosos ou políticos. Neste caso,

acrescentaria outro motivo que não consta no dicionário e que é uma verdade no mundo

moderno: o econômico.

Vamos agora conhecer um pouco sobre a participação do negro na história da nossa

região.

TEXTO 2 - A PARTICIPAÇÃO DO NEGRO NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA DE

LONDRINA.

ATIVIDADE:

1) AGORA É COM VOCÊ:

A) Pesquise em bibliotecas (livros, jornais, etc.), faça entrevistas e registre a

participação do negro na construção da história de Londrina.

(Objetivo da atividade: Fazer levantamento da participação do negro na história de

Londrina. Essa atividade vai contribuir para completar a segunda parte do projeto.

A intenção é estimular a produção do conhecimento no espaço escolar e demonstrar

que todos nós, indistintamente, participamos e contribuímos na construção da

história).

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2) PARA REFLETIR:

A) Analise a foto e registre suas conclusões.

Para esta atividade apresentaremos aos alunos uma foto publicada no jornal

“Folha de Londrina” em 13/09/2002. Retrata um desfile da AROL, ocorrido em

Londrina no dia 13/05/1961, contra a discriminação racial.

(Objetivo da atividade: Demonstrar para os alunos como os negros, desde o

início, tem sido personagem atuante na história de Londrina e que devemos

sempre estar explicitando, atuando e lutando contra injustiças e a favor da

igualdade e da fraternidade).

A sociedade paranaense construída nos séculos XVIII e XIX era escravocrata,

baseada na exploração da força de trabalho representada primeiramente pelos índios e mais

tarde pelos africanos e seus descendentes.

Pelo fato da escravidão ter sido pequena no Paraná, a Campanha Abolicionista

seguiu no mesmo sentido. Porém, a partir de 1880, a consciência de abolição da escravidão

aumenta. E os escravos também lutaram muito para conquistar sua liberdade, fugindo ou

tentando comprar sua Carta de Alforria.

É freqüente afirmar que o índio e os negros não tiveram participação importante na

formação da população paranaense. Esta afirmativa deve ser contestada. Em diversos setores

da economia paranaense a presença negra esta registrada. Segundo Schmidt (1996, p. 44) o

escravo africano trabalhava na colheita do mate, criação de gado, cultivo de lavoura de

subsistência extração de madeira, trabalho doméstico, transporte de cargas e mercadorias,

construção e abertura de caminhos e estradas e alugando seus serviços nas cidades ou

executando ofícios de artesanato.

Decretada a abolição, houve uma substituição do escravo pelo imigrante.

O Norte Novo do Paraná começou a atrair brasileiros de outras regiões e imigrantes

de vários países. Poucas regiões registraram ocupação tão acelerada. Muitos fatores ajudaram

esse desenvolvimento. Entre eles, os especialistas citam a qualidade das terras. Por volta de

1860, mineiros e paulistas, atraídos pela terra fértil, chegaram ao norte do Paraná com a

intenção de plantar café e criar gado. Essas mesmas terras atraíram empresas particulares que

começaram a planejar a colonização. As terras foram divididas em glebas. Estradas de ferro e

de rodagem foram construídas e passaram a ligar o Norte do Paraná ao Estado de São Paulo.

A fronteira se expandiu e surgiram novas cidades.

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Neste contexto, o governo paranaense também passou a vender lotes de terras de sua

propriedade para pessoas interessadas e para companhias colonizadoras. Dentre elas se

destacou a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), que sob o comando de Arthur

Hugh Miller Thomas, deu inicio a colonização do desconhecido sertão dos rios Tibagí e Ivaí e

o primeiro passo para a fundação do que viria a ser a cidade de Londrina. Então, em 03 de

dezembro de 1934 foi criado o Município de Londrina, pelo decreto nº 2.519 e, em 10 de

dezembro de 1934, o Dr. Joaquim Vicente de castro foi empossado como primeiro prefeito da

cidade.

Em 1935, a presença negra é marcada com a chegada de um jovem negro, Cypriano

Manoel, funcionário desta Companhia e oficialmente motorista particular de Arthur Thomas.

Em pouco tempo Cypriano passou a ser importante liderança comunitária, organizando um

grupo de pessoas que se reunia com nome informal de Clube Quadrado. Na década de 40,

Cypriano fundou a Associação Princesa Isabel, como primeira organização genuinamente

negra, com a finalidade de fortalecer a união do grupo e promover o desenvolvimento de uma

nova classe social emergente.

A maioria dos negros que vieram para Londrina na época da colonização trabalhou

como saqueiro de café. Eram trabalhadores braçais, mas tinham bons salários. Tinham

dinheiro no bolso, mas não tinham espaço para atuação social.

Com o argumento que o Brasil vivia uma democracia racial, o então prefeito Antonio

Fernandes Sobrinho (1955/59) incentivou Manoel Cypriano a transformar a associação de

negros em uma organização de operários. Cypriano alterou o estatuto da entidade para

Associação Recreativa Operária de Londrina - AROL. Com a mudança de denominação,

recebeu da prefeitura a doação de um grande lote de terras na Vila Nova para a construção da

sede da entidade. Funcionando como clube social, a associação virou “point” dos negros da

cidade para reuniões dominicais e grandes bailes, sempre em trajes sociais, exigência de

Cypriano. A Associação deu origem ainda à primeira escola de samba de Londrina, Unidos da

Vila Nova, na década de 1950.

Durante décadas a associação foi o elo da comunidade negra na cidade. Só acabou

nos anos 60, com o Golpe Militar (1964). Naquela época a AROL tinha uma participação de

comunistas muito presentes. Uma das primeiras coisas que os militares fizeram foi perseguir

as organizações de operários. Este fato e a morte de Cypriano levaram ao fim a associação.

Outro personagem negro que se destacou no início da história de Londrina foi o

Médico baiano, Justiniano Clímaco da Silva, um dos primeiros profissionais da área, chegou a

Londrina em 1938, cinco anos depois de se diplomar pela Universidade Federal da Bahia.

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Ficou conhecido como “Doutor Maravilha” - aquele que só fazia o bem. No entanto além

desse tratamento existe outro do qual gostava muito: “Doutor Preto”. Foi como ele ficou

conhecido e consagrado.

Filho de pai carpinteiro e mãe doméstica, Doutor Preto sempre estudou a noite e

trabalhou durante o dia. Ainda no tempo do colégio se mantinha dando aulas particulares para

adultos. Depois de se formar em ciências e Letras, conseguiu ser nomeado professor de

matemática. Foi dando aulas em ginásios que Clímaco pôde se formar em medicina.

Em 1947, como o quinto mais votado de todo o Estado do Paraná, Clímaco foi eleito

deputado estadual.

Palavras de Clímaco registradas na Folha de Londrina (13/05/1980, p. 4-9):

É preciso ter consciência que a raça negra esta começando a se desenvolver, tanto no Brasil como no mundo inteiro. O futuro do negro no Brasil, no meu entender, deve melhorar muito, mas para isso não podemos ser pessimistas e nos fazer de vítimas. A inteligência não depende de raças. É uma questão de valor individual. Cada um tem seu lugar, com cautela e sempre em frente.

Clímaco não se queixava de preconceitos e diz que sempre foi muito respeitado. Ele

diz que apenas um incidente marcou sua adolescência:

Estava assistindo uma aula de inglês e o mestre insistia comigo para que colocasse o lápis na boca, para pronunciar a palavra “book”. Por julgar absolutamente desnecessário, não fiz e acabei sendo mandado para fora da sala. O professor enraivedecido com a minha recusa gritava em altos brados: “sou descendente de bárbaros e nada tenho a ver com a raça negra, quero distância dela.” Contrariado com essa ofensa, procurei o diretor do colégio e contei o ocorrido. O professor foi advertido e eu deixei de estudar inglês, pois naquela época havia opção também para o alemão. (NEGRITUDE, 1980, p. 4-9).

Acreditamos ser oportuno citar este episódio na vida do Dr. Clímaco, porque vem de

encontro com o que expomos no texto 06 do primeiro capítulo deste trabalho. Observem que

o professor de inglês discrimina os negros e se julga superior por ser descendente de bárbaros.

Por falta de conhecimento histórico ou talvez pela falta de análise e reflexão, este professor

foi tão preconceituoso quanto foram os romanos com os bárbaros, seus antepassados, na

antiguidade.

Voltemos à história do negro em Londrina. Também no judiciário os negros tiveram

representante: o advogado e economista Oscar do Nascimento. Nascido em 1929 na cidade de

Coroados (interior de São Paulo), chegou a Londrina aos cinco anos de idade. Filho de

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agricultores se formou em duas faculdades por esforço e decisão do pai, que faleceu quando

ele tinha 16 anos. Oscar conta que iniciou o curso de Economia na Universidade Federal do

Paraná em 1953 e o curso de Direito na Universidade Estadual de Londrina, em 1961. Nessa

época, ele lembra sua luta pelo desenvolvimento da raça negra e da movimentação em torno

da Associação Recreativa e Beneficente Princesa Isabel e da AROL: “Foi realizado o primeiro

carnaval de rua com escolas de samba, concurso de Miss AROL... Foi uma época bastante

ativa para a sociedade negra no trabalho contra o preconceito. Na minha avaliação, foi a fase

áurea do movimento negro em Londrina”. (SEGLIN, 2002a, p.6).

Nas diferentes religiões os negros também vêm marcando presença com distinção.

Entre muitos, citamos: o reverendo Jonas Dias Martins, primeiro pastor da Igreja

Presbiteriana Independente, pioneiro no pensamento de que a igreja precisava ter extensão

social, criando a Unifil e o Hospital Evangélico; e a mãe de santo Vilma Santos de Oliveira,

conhecida como Yá Mukumbi, que atua no movimento negro há mais de 25 anos. Nascida em

jacarezinho (norte do Paraná), chegou a Londrina com apenas um ano de idade junto com a

mãe (o pai morreu quando ela tinha 11 dias de vida). A história na luta junto à comunidade

negra começou cedo. Ainda criança acompanhava os familiares que militavam no movimento

da AROL. Aos 12 anos se iniciou no Umbanda e, aos 17, passou para o Candomblé. Aos 26

se tornou mãe de santo. A partir desse período começou a militância direta no movimento

negro local. Desenvolveu o Pró-Ranti, projeto de extensão da Universidade Estadual de

Londrina, em benefício da comunidade negra da nossa cidade e integrou o Conselho

Municipal dos Direitos da Mulher. Na opinião de Vilma Oliveira, a luta da comunidade negra

tem avançado e conseguido atingir muitos pontos favoráveis.

Esta é uma pequena amostra da participação do negro na história de Londrina. Já no

processo de criação do município, como todos os outros grupos que se estabeleceram na nossa

cidade, os negros tem se empenhado na construção do seu espaço, sua identidade e de

proporcionar visibilidade a tudo isso. E nessa ativa atuação política e social a AROL,

enquanto existiu, cumpriu muito bem seu papel. Promoveu eventos sociais para a integração

de seus associados e também se preocupou com a educação das crianças abrindo escolas em

sua sede.

Este trabalho não termina aqui. Ainda há muito a ser investigado e registrado. Mas,

como mencionamos anteriormente, é nossa intenção estimular a produção do conhecimento

no espaço escolar. Desse modo, fará parte das atividades dos alunos a continuação da

pesquisa que contribuirá para complementar esta narrativa.

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ATIVIDADE:

1) AGORA É COM VOCÊ:

A) “I MOSTRA HISTÓRICA”:

Os alunos deverão elaborar um “Painel Histórico” com as diversas personalidades

negras que participaram e participam da construção da história e da cultura

londrinense. Este painel será resultado da pesquisa feita pelos alunos com o

tema: “A participação do Negro na história de Londrina”.

(Objetivo da atividade: Todos nós participamos da construção da história que aí

está. E se não está registrada, como historiadores/professores de história devemos

apresentá-la, ajudar o aluno a perceber. Esta atitude é um dos caminhos para

percepção da importância de todos, indistintamente, na sociedade).

B) “I MOSTRA DA DIVERSIDADE”: Exposição de fotos, tiradas pelos alunos,

de pessoas (da comunidade ou não) demonstrando as suas diferenças.

(Objetivo da atividade: Demonstrar a diversidade que nos cerca).

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ESTRATÉGIAS DE AÇÃO/METODOLOGIA

Para a implementação do projeto utilizaremos a seguintes estratégias de ação e

metodologia:

a) Apresentação do projeto à classe;

b) Aula expositiva, leitura, atividades e análise de textos e imagens contidos no

Caderno Pedagógico produzido;

c) Pesquisas para fazer o levantamento da participação do negro na história de

Londrina. Essa atividade vai contribuir para complementar a parte do projeto que se refere à

participação do negro na construção da história de Londrina. A intenção é estimular a

produção do conhecimento no espaço escolar;

d) Produção de material, pelos alunos, das suas impressões sobre o tema estudado;

e) Exposição de material produzido pelos alunos.

Acreditando que a ação é mais um artifício para garantir o aprender, as atividades

têm o propósito de colaborar com os alunos na compreensão de que somos interdependentes e

vivemos todos num mesmo planeta. Que estamos precisando de mais análise e reflexão sobre

igualdade de direitos e respeito às diferenças para encontrar caminhos que possam levar a

harmonia entre os povos.

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CRONOGRAMA DE AÇÕES

MESES ATIVIDADES 2009

Mar

Abr

Ma i

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Apresentação do projeto aos alunos

X

Leitura, análise, reflexão de textos

X

x

x

Aula expositiva / debates

X

x

x

Execução das atividades propostas

X

x

x

Pesquisas

x

x

Análise de filmes e imagens diversas

X

x

x

Produção do material para exposição

x

x

Exposição dos trabalhos produzidos

x

Conclusão do Artigo Científico

x

x

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REFERÊNCIAS

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ALMEIDA, Idalto José. Presença negra em Londrina: história da caminhada de um povo. Londrina: Atrito Art, 2004.

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