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Ambiente MARÇO DE 2017 | N.° 62 AS LEIS DA NATUREZA DA UE SÃO ADEQUADAS AOS SEUS OBJETIVOS Revista da Direção-Geral do Ambiente Ambiente para os Europeus

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Ambiente

MARÇO DE 2017 | N.° 62

AS LEIS DA NATUREZA DA UE SÃO

ADEQUADAS AOS SEUS

OBJETIVOS

Revista da Direção-Geral do Ambiente

Ambientepara os Europeus

Editorial

Esta edição de Ambiente para os Europeus traz notícias relativas aos resul-tados da avaliação das nossas leis da natureza. As Diretivas Aves e Habitats são dois atos legislativos pioneiros da UE, e formam o alicerce das políticas de proteção da natureza. Mas quão bem funcionam?

Nos últimos dois anos, a Comissão Europeia levou a cabo uma avaliação extensa, o chamado «balanço de qualidade», com uma consulta pública que atraiu um número recorde de 552 000 contribuições de cidadãos de toda a Europa. A sua conclusão, publicada em dezembro de 2016, é a de que estas leis conferiram uma proteção vital à vida selvagem e aos habitats, e que são adequadas aos seus objetivos. Contudo, há grandes desafios relacionados com a sua aplicação. A Comissão está agora a trabalhar num plano de ação para melhorar a forma como estas regras são aplicadas, de forma a garantir que fazem realmente a diferença para a natureza, as pessoas e a economia.

Um ano após o ambicioso Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, exa-minamos quais os progressos alcançados. O acordo, no âmbito do qual os paí-ses se comprometeram a limitar o aquecimento global a menos de 2 ºC acima dos valores pré-industriais, entrou em vigor em tempo recorde, em novembro de 2016. Isto aconteceu pouco antes da Conferência sobre o Clima, em Mar-raquexe (COP22), onde se assistiu a uma determinação renovada em cumprir os objetivos de Paris. A UE continua a liderar os esforços a nível mundial para pôr em prática o ambicioso acordo.

Ainda nesta edição, conversámos com os membros da delegação da UE que estiveram na recente Conferência das Partes na CITES, a convenção internacio-nal para controlo do comércio ilegal de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção. O encontro foi considerado «decisivo» ao acordar medidas mais duras para combater o tráfico. Por último, centrámo-nos na nova agenda para uma melhor proteção dos recursos oceânicos mundiais e em Essen, a Capital Verde da Europa 2017. Como sempre, há notícias dos próximos acontecimen-tos, atividades e publicações no domínio do ambiente.

ÍndiceEditorial 2

O balanço de qualidade demonstra que as leis da natureza da UE são adequadas aos seus objetivos 3

UE deixa a sua marca numa conferência da CITES que foi um «ponto de viragem» 4

A União Europeia lidera a implementação dos compromissos climáticos acordados em Paris 6

Bem-vindos a Essen, Capital Verde da Europa 2017 8

A premiada Quinta da Joaninha mostra de que forma a diversão pode manter-se sustentável 10

Visão a longo prazo para um futuro sustentável 11

Uma política integrada da UE para o Ártico 12

Cuidar melhor dos nossos oceanos 13

Jovens europeus voluntariam-se para a proteção da natureza 14

Publicações, Agenda 15

Breves 16

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08 11

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Ambiente para os Europeushttp://ec.europa.eu/environment/efe/homepage_pt

INFORMAÇÃO EDITORIALAmbiente para os Europeus é uma revista trimestral publicada pela Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia. Está disponível em alemão, búlgaro, checo, espanhol, estónio, francês, grego, inglês, italiano, lituano, polaco, português e romeno. Assinatura grátis. Pode assinar a revista em linha através do seguinte endereço: http://ec.europa.eu/environment/efe/subscribe_ptChefe de red: Gilles LarocheCoordenador: Barbara SteffnerPara mais informações, contacte a Unidade de Comunicação:http://ec.europa.eu/environment/contact/form_en.htmInformação e documentos: http://ec.europa.eu/environment/contact/form_en.htmPágina Internet da revista Ambiente para os Europeus:http://ec.europa.eu/environment/efe/homepage_pt

AMBIENTE EM LINHAQuer saber o que é que a União Europeia está a fazer para proteger o meio ambiente, o que são políticas integradas de produtos ou como obter o «rótulo ecológico»? Descubra isto e muito mais na página Internet da DG Ambiente:http://ec.europa.eu/environment/index_en.htm

ADVERTÊNCIAA Comissão Europeia, ou qualquer pessoa agindo em seu nome, não pode ser responsabilizada pela utilização das informações contidas nesta publicação ou por quaisquer erros que, não obstante os cuidados na sua preparação e a sua constante verificação, possam ter ocorrido.

Impresso em papel reciclado certificado com o «rótulo ecológico» para papel gráfico. (http://ec.europa.eu/environment/ecolabel)

Luxemburgo: Serviço das Publicaçõesda União Europeia, 2017ISSN 1831-5798 (versão impressa)ISSN 2363-1260 (versão ePUB)ISSN 2363-1260 (versão PDF)© União Europeia, 2017© Capa: Johannes Kassenberg, iStock/AndreValadao; p. 3: iStock/Mantonature; p. 4: Comissão Europeia; p. 7: iStock/yangphoto; p. 8: Johannes Kassenberg; p. 10: Comissão Europeia; p. 11: iStock/franckreporter; p. 12: iStock/pum_eva; p. 13: Ian McDonnell; p. 14: Comissão Europeia

Reprodução autorizada mediante indicação da fonte.Interdita a reprodução de imagens.Printed in Belgium

REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | N.° 62 3

» NATUREZA E BIODIVERSIDADE

O balanço de qualidade demonstra que as leis da natureza da UE são adequadas aos seus objetivosDe acordo com uma avaliação extensa realizada pela Comissão, as populações de aves, outras espécies protegidas e habitats naturais da Europa estariam numa situação muito pior sem a proteção das Diretivas Aves e Habitats. Embora as diretivas sejam adequadas aos seus objetivos, a sua aplicação tem de ser melhor e mais unifor-me. Tendo em conta estas conclusões, a Comissão Europeia está agora a preparar um plano de ação, a ser publicado em 2017, que propõe medidas exaustivas para melhorar substancialmente a proteção da natureza no terreno.

A Diretiva Aves protege todas as espécies de aves selva-gens da UE. Mais de 1200 espécies e subespécies, bem como 231 tipos de habitats naturais, são protegidos pela Diretiva Habitats.

O recente «balanço de qualidade» da Comissão Europeia examinou o desempenho destas duas diretivas relativas à natureza tendo em conta cinco critérios: eficácia, eficiên-cia, pertinência, coerência e valor acrescentado da UE.

Com base num extenso diálogo com partes interessadas, incluindo uma consulta pública em linha de 12 semanas, que recebeu um recorde de 552 000 respostas, a avaliação con-cluiu que as diretivas estabeleceram uma base mais sólida para a proteção da natureza do que a que existia anterior-mente na Europa. Isto resultou em melhorias significativas no estado das espécies e habitats protegidos, onde têm sido realizadas ações com objetivos adequados.

Além disso, o estudo indica que a rede Natura 2000 de zonas protegidas da UE, que abrange quase um quinto da área terrestre e 6 % das zonas marinhas da UE, abriga uma elevada percentagem de espécies que suscitam preocupa-ção em termos de conservação e que não são enumeradas pelas diretivas.

A avaliação também confirmou que as diretivas relativas à natureza têm impulsionado um aumento do financiamento na natureza e uma maior participação de partes interessa-das, tornando-as intervenientes importantes para alcançar o objetivo principal da Estratégia de Biodiversidade da UE de acabar com a perda de biodiversidade até 2020.

No entanto, a avaliação concluiu que ainda não é possível prever quando será atingido o objetivo global das diretivas, de alcançar um estatuto de conservação favorável das espécies e habitats protegidos. Realçou, além disso, que continuam a existir desafios importantes, incluindo a falta de fundos, a gestão ineficaz dos locais Natura 2000, a falta de integra-ção das políticas, as lacunas de conhecimento e a escassa participação por parte do público e das partes interessadas.

Dinheiro bem gastoOs custos de conformidade estimados para a criação, a pro-teção e a gestão dos locais Natura 2000 são de, pelo menos, 5,8 mil milhões de euros anuais. Não obstante, estes custos são suplantados pelos múltiplos benefícios que a rede confere, que se estima que cheguem aos 200-300 mil milhões de euros anuais. Por exemplo, as Diretivas Aves e Habitats estão a ajudar a impulsionar as economias locais através da criação de postos de trabalho e do turismo, especialmente nas zonas rurais.

Contudo, o apoio financeiro da UE à agricultura e à silvi-cultura, os principais usos da terra nos locais Natura 2000, poderiam ser mais bem aproveitados no sentido da conse-cução dos objetivos das diretivas. Além disso, é essencial o fortalecimento da colaboração com grupos de partes inte-ressadas, como os agricultores e as comunidades rurais, os pescadores, o setor industrial e também as autoridades nacionais, regionais e locais, para uma melhor aplicação das regras relativas à natureza no terreno.

Mais informações

» Balanço de qualidade das Diretivas Aves e Habitats: http://ec.europa.eu/environment/nature/legislation/fitness_check/index_en.htm

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» ENTREVISTA

UE deixa a sua marca numa conferência da CITES que foi um «ponto de viragem»

A CITES é um acordo global que tem por objetivo acabar com o tráfico ilegal de plantas e animais selvagens. Na última reunião da Conferência das Partes, em Joanesburgo, a União Europeia parti-cipou, pela primeira vez, como membro de pleno direito com pleno direito de voto. Os membros da Delegação da UE na CITES descrevem a sua experiência em Joanesburgo e o que os motiva a proteger as nossas espécies ameaçadas.

O tráfico de vida selvagem está em terceiro lugar a nível mundial em termos de valor, apenas atrás do comércio ile-gal de armas e de estupefacientes. O problema do comércio de animais e plantas selvagens é um problema mundial e, por isso, as soluções também o devem ser. A CITES (Conven-ção das Nações Unidas sobre o Comércio Internacional das Espécies Selvagens da Fauna e da Flora Ameaçadas de Extin-ção) é o fórum que permite levar esta tarefa a bom termo.

A última Conferência das Partes (COP) trianual, que decorreu em Joanesburgo, África do Sul, de 24 de setembro a 5 de outu-bro de 2016, reviu o progresso e chegou a acordo sobre o esta-tuto de proteção das espécies ameaçadas. A UE aderiu à CITES como 181.ª parte, em julho de 2015, mas esta foi a primeira vez que participou como signatário por direito próprio – com os direitos de voto que isso implica.

Hans Stielstra, Helene Perier e Gaël de Rotalier, da Dire-ção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, fizeram parte da Delegação da UE.

Esta é a primeira vez que a UE participou na COP da CITES como membro de pleno direito. Que diferença isso fez?

Hans Stielstra: Apesar de sempre ter existido uma Delegação da UE na COP, a adesão plena significa que agora podemos votar. Como representamos 28 Estados-Membros, temos 28 votos – por isso, é difícil uma votação ser aprovada sem o apoio da UE. Outra diferença tangível é que agora temos mais visibilidade e reconhecimento porque falamos a par-tir do centro da sala, uma vez que já não estamos entre os observadores.

O que acontece num dia da COP da CITES?

Hans Stielstra: Temos de acordar cedo! Entre as 8h00 e as 9h00 temos uma reunião de coordenação da UE, onde che-gamos a acordo sobre as últimas alterações aos assuntos a abordar. Depois, é realizada a sessão oficial até ao meio--dia. Antes da votação, há muita interação e debates com as outras partes. Entre as 12h00 e as 14h00 é, oficialmente, o intervalo para o almoço, mas este tempo é geralmente passado em grupos de trabalho ou em tarefas de coorde-

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nação adicionais. De seguida, entre as 14h00 e as 17h00, são reiniciadas as sessões oficiais, seguidas por mais grupos de trabalho, eventos paralelos, entre outros. Por isso, o dia não oficial termina por volta das 20h00 ou 21h00.

Como é que as tarefas da Delegação da UE e as dos Estados--Membros se articulam?

Gaël de Rotalier: Temos grupos de trabalho com colegas dos Estados-Membros, na sua maioria dos ministérios do ambiente e de autoridades científicas. No total, somos cerca de 100 pessoas a trabalhar em posições conjuntas sobre, por exemplo, o marfim e os chifres de rinoceronte, as espécies de plantas e de madeira, os répteis e anfíbios, as espécies marinhas, os leões e os pangolins, assim como sobre ques-tões relacionas com a aplicação da lei e a caça aos troféus.

Quais são as questões mais importantes na COP? Como é que as decisões tomadas vão ajudar a luta pela preser-vação dos elefantes, rinocerontes, tubarões ou da madeira tropical?

Gaël de Rotalier: Em maio de 2016, o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime publicou o seu primeiro relatório sobre o crime contra a vida selvagem. Neste docu-mento destacou o palissandro como sendo o produto mais traficado do mundo. No passado, não existia uma base regulamentar que permitisse apreender a madeira com ori-gem na América Central e no Sudeste Asiático com destino à China. Atualmente, todas as 300 espécies de palissandro estão sujeitas a restrições comerciais. Isto significa que é obrigatório ter uma autorização – e os traficantes já não podem transacionar espécies de madeira abatida ilegal-mente como sendo legalizada.

Hans Stielstra: Outro grande sucesso é a proteção do pan-golim, que está a ser caçado e traficado pela sua carne e escamas, que são depois utilizadas na medicina tradicio-nal asiática. Agora, com todas as oito espécies de pangolim incluídas no anexo 1 da CITES, o animal possui o nível mais elevado de proteção, com proibição total em todo o comércio.

O que os motiva neste trabalho?

Hans Stielstra: A CITES fornece resultados tangíveis: cada vez mais animais e plantas estão a ser protegidos, e isso é recompensador.

Helene Perier: Na proteção das espécies, as informações e os pareceres científicos são levados a sério. O sistema de votação, em vez do consenso, significa que podem ser tomadas decisões ambiciosas.

A 17.ª COP foi aclamada como um «ponto de viragem». Sen-tem-se mais otimistas sobre a possibilidade de proteger espécies ameaçadas através da cooperação internacional?

Hans Stielstra: A proteção do palissandro é importante por-que este comércio vale centenas de milhões de euros a nível mundial. Mostra que a CITES pode lidar com grandes indús-trias económicas, como a madeireira e a piscatória.

Helene Perier: Na COP, todas as nossas propostas foram aprovadas por grandes maiorias. Penso que isto reflete um consenso mundial crescente sobre a proteção da vida selvagem. Existe um espírito de cooperação saudável entre os países importadores e exportadores, assim como uma abordagem consensual. Além disto, a ajuda da UE em ter-mos de desenvolvimento de capacidades a países terceiros está a dar os seus frutos.

Qual foi o ponto alto da 17.ª COP?

Hans Stielstra: Quando votámos pela primeira vez – com 28 votos representando os Estados-Membros. Foi um momento importante.

Quais são agora as três ações de acompanhamento mais importantes?

Helene Perier: Temos de converter as decisões tomadas na COP em legislação! Traduzi-las para o nosso quadro jurí-dico levará cerca de três a quatro meses. Temos também de continuar a colaborar com o secretariado da CITES, por exemplo, na preparação da reunião do Comité Permanente da CITES, em 2017.

Gaël de Rotalier: Temos de fazer o seguimento com os países terceiros para continuar a desenvolver a boa colaboração evi-denciada na COP. Existirá um esforço significativo em termos de desenvolvimento de capacidades juntamente com o nosso departamento de cooperação para o desenvolvimento. Por isso, nos próximos meses temos de pôr isto em prática e aju-dar os países terceiros com a implementação.

Mais informações

» http://ec.europa.eu/environment/cites/events_en.htm

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» AÇÃO CLIMÁTICA

A União Europeia lidera a imple-mentação dos compromissos climáticos acordados em Paris A União Europeia (UE) desempenhou um papel crucial na mediação do primeiro acordo univer-sal e juridicamente vinculativo a nível mundial em matéria de clima, em Paris, em dezembro de 2015. Hoje, a UE continua a liderar os esforços globais para cumprir o acordo ambicioso, o pri-meiro grande acordo multilateral do século XXI.

O Acordo de Paris define um plano global destinado a colocar o mundo no caminho certo para evitar alterações climáticas perigosas, mantendo o aquecimento global a bem menos de 2 °C acima dos níveis pré-industriais, e para envidar esfor-ços para limitar o aumento a 1,5 °C.

De forma a alcançar este objetivo, é exigido aos países que submetam planos nacionais abrangentes de ação climática. A UE foi a primeira grande economia a apresentar o seu com-promisso – um objetivo de redução de emissões domésticas de, pelo menos, 40 % até 2030. Até à data, 190 países – representando 97 % das emissões globais – apresentaram os seus planos.

A UE e outros países desenvolvidos vão continuar a apoiar a ação climática para a redução de emissões e para o aumento da resiliência ao impacto das alterações climá-ticas nos países em desenvolvimento, prosseguindo a sua meta atual coletiva de mobilizar 100 mil milhões de dólares anuais até 2020 e alargando esta meta até 2025, quando um novo objetivo será definido.

O Acordo de Paris tornou-se lei internacional em 4 de novem-bro de 2016, 30 dias após a ratificação pela UE ter viabili-zado a sua adoção. Tal significou que a primeira reunião das partes do Acordo de Paris poderia ocorrer durante a Confe-rência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas em Marraquexe, que decorreu entre 7 e 18 de novembro.

Aproveitar o impulsoA conferência de Marraquexe (COP22), apelidada de «COP de ação e implementação», propôs-se a demonstrar que os compromissos feitos em Paris estavam a ser postos em prá-tica e a agir como catalisador de mais medidas, aprovei-tando o impulso do último ano. A Proclamação de Ação de Marraquexe cimenta a vontade política para combater as alterações climáticas, enviando uma mensagem de união

global e de determinação continuada para cumprir os obje-tivos de Paris.

Miguel Arias Cañete, comissário da UE responsável pela Ação Climática e pela Energia, disse que o progresso em Marra-quexe foi a prova mais clara de que o mundo está a avançar em termos de ação climática global. «A mensagem é clara: vamos apoiar o Acordo de Paris, vamos defender o Acordo de Paris e vamos implementar o Acordo de Paris», disse ele. «A transição global para a energia limpa veio para ficar e a Europa continuará a liderar o caminho para uma economia mais sustentável e competitiva».

Em Marraquexe, os países realizaram progressos no manual de Paris – os elementos essenciais que irão orientar a implementação do acordo. Isto inclui um sistema comum de transparência e responsabilidade e um compromisso para que haja um encontro a cada cinco anos, de forma a definir metas de ação climática mais ambiciosas, conforme é exi-gido pela ciência.

Os países desenvolvidos apresentaram um roteiro que dispo-nibiliza maior previsibilidade e transparência sobre as ações que estão a adotar para alcançar a meta de financiamento anual de 100 mil milhões de dólares. Além disso, afirmaram o seu apoio para medidas de solidariedade destinadas a aju-dar os países em desenvolvimento na consecução dos seus objetivos. Tal inclui iniciativas de desenvolvimento de capa-cidades destinadas a reforçar as competências e os conheci-mentos especializados necessários para implementar planos domésticos de ação climática.

Os Estados-Membros da UE demonstraram o seu compro-misso continuado para ajudar os países mais vulneráveis

A transição global para a energia limpa veio para

ficar e a Europa continuará a liderar o caminho para

uma economia mais susten- tável e competitiva.

Miguel Arias Cañete, comissário da UE responsável pela Ação Climática e pela Energia

aos impactos das alterações climáticas, prometendo mais de 90 % do montante total atualmente disponível ao abrigo do Fundo de Adaptação da ONU. A UE disponibiliza aos países em desenvolvimento o maior montante de dinheiro público para ação climática. Em 2015, a UE e os seus Esta-dos-Membros disponibilizaram 17,6 mil milhões de euros aos países em desenvolvimento para combaterem as alte-rações climáticas.

Fora do processo da ONU, também houve desenvolvimentos na redução de emissões na aviação e navegação, assim como um acordo sobre o abandono progressivo de gases de hidro-fluorocarbonetos, responsáveis pelo aquecimento global.

Promover a transição hipocarbónicaOs esforços da UE para cumprir a sua promessa feita em Paris começaram ainda antes da conferência de Paris com uma proposta, em julho de 2015, para rever o regime de comércio de licenças de emissão da UE, o principal instru-mento de políticas da UE para a redução de emissões.

Em complemento, a Comissão Europeia apresentou um pacote de medidas, em julho de 2016, para acelerar a mudança na direção hipocarbónica em todos os setores da economia euro-peia, propondo metas vinculativas, para 2021-2030, de emis-são de gases com efeito de estufa para os Estados-Membros, para os setores de transporte, construção, agricultura, resíduos e uso da terra e silvicultura.

O pacote Energia Limpa para todos os Europeus foi lançado em novembro de 2016 para impulsionar a eficiência energé-tica e as energias renováveis, modernizar os mercados ener-géticos, preservar a competitividade da Europa e fornecer benefícios significativos para os consumidores, contribuindo

para os esforços da UE no sentido de liderar a revolução global de energia limpa. Além disso, a Comissão também apresentou planos para a governação fiável e transparente da União da Energia, de forma a ajudar a UE a cumprir os seus objetivos políticos em matéria de clima e energia.

«Tendo liderado a ação no domínio do clima a nível mun-dial nos últimos anos, a Europa está agora a dar o exemplo, ao criar as condições para emprego, crescimento e investi-mento sustentáveis», disse Maroš Šefčovič, vice-presidente da União da Energia. «Estas medidas vão dotar os cidadãos e as empresas com os meios que lhes permitirão aproveitar ao máximo a transição para uma energia limpa».

Iniciativas como esta colocam a UE na vanguarda da imple-mentação do Acordo de Paris. No entanto, o trabalho árduo ainda agora começou. Será necessária a dedicação contínua de todos os atores, incluindo governos, empresas e cidadãos, para alcançar um ambiente sustentável para as gerações atuais e futuras, de forma a assegurar um futuro seguro e sustentável para o planeta e para os seus cidadãos.

Mais informações

» Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas – Acordo de Paris: http://unfccc.int/paris_agreement/items/9485.php

» Ação climática da UE: http://ec.europa.eu/clima/index_pt

» Acordo de Paris: http://ec.europa.eu/clima/policies/international/negotiations/paris_pt

7REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | N.° 62

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» RUÍDO E SAÚDE NOS MEIOS URBANOS

Bem-vindos a Essen, Capital Verde da Europa 2017

Em 2017, Essen passa a ser o palco central da promoção de uma vida urbana ambiental-mente sustentável na Europa. O prémio «Capital Verde da Europa» reconhece o seu incrível êxito no tratamento do legado ambiental de uma economia outrora dominada pelo carvão e pelo aço e a sua transição para uma cidade verde «adequada à vida».

«A cidade de Essen abraçou a transformação, abandonando o seu passado industrial pesado para se tornar numa cidade mais limpa e verde», observou o júri do prémio Capital Verde da Europa 2017. O júri sublinhou o surpreendente desempe-nho ambiental da cidade em 12 indicadores que abrangem aspetos tão variados como o desempenho energético, a bio-diversidade, as zonas urbanas verdes, a produção e gestão de resíduos e as medidas de adaptação ou atenuação asso-ciadas às alterações climáticas.

Localizada no coração da zona do Ruhr, na Renânia do Nor-te-Vestefália, Alemanha, Essen era uma cidade mineira, um centro de poder industrial. Hoje, o setor dos serviços e das finanças emprega cerca de 80 % da população ativa e a cidade recebe cerca de 140 000 trabalhadores pendu-

lares por dia. O investimento na transição verde da cidade está a ajudar a criar novos empregos mais verdes. Essen estabeleceu para si própria o objetivo de criar 20 000 postos de trabalho no setor ambiental até 2035.

Cidades para os cidadãosA visão de Essen é a de uma cidade próspera, economica-mente sustentável, resistente às alterações climáticas e com um ambiente saudável. Os espaços amplos e verdes – cria-dos em parte através da regeneração de zonas industriais – ocupam mais de metade do território da cidade.

A água desempenha um papel central no percurso de Essen e do Ruhr no sentido do desenvolvimento sustentável. Parte do seu sistema inovador e bem concebido de gestão das águas, as zonas verdes ajudam a absorver a chuva, evitando as cheias e repondo as reservas de águas subterrâneas. Uma das principais obras previstas consiste em planos de desen-volvimento para limitar o volume das águas pluviais que entram no sistema combinado de esgotos.

Outro exemplo é a conversão do rio Emscher, que atravessa a zona norte da cidade. Este foi, durante muito tempo, utili-zado como um canal aberto de águas residuais e conside-rado biologicamente morto. O rio foi recuperado graças a um grande investimento na sua infraestrutura, que envolveu a construção de centenas de quilómetros de esgotos subter-râneos fechados. Estão em curso obras para devolver as suas margens à natureza e à comunidade. A qualidade da água melhorou consideravelmente e os peixes voltaram ao rio.

Durante o seu ano como Capital Verde da Europa 2017, Essen planeia iniciar uma série de iniciativas para melhorar a qualidade de vida da cidade e para trazer a sustentabili-dade para o centro dos seus programas de desenvolvimento.

Hoje, Essen é a cidade mais verde da Renânia do Norte-

Vestefália, graças ao esforço de muitos cidadãos para

promover e cultivar zonas verdes na nossa cidade.

Thomas Kufen, presidente da Câmara de Essen

REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | N.° 62 9

Soluções vencedoras para uma década verdeO prémio é, em primeiro lugar e acima de tudo, uma homenagem aos cidadãos de Essen, afirmou o pre-sidente da Câmara, Thomas Kufen, durante a apresentação do programa de Essen Capital Verde.

Presidente Kufen, o que significa este prémio para a cidade de Essen?

Com este título, podemos mostrar que a nossa cidade há anos que leva a cabo projetos sustentáveis. Mas não queremos descansar à sombra dos louros. Gostaríamos de prosse-guir, com os cidadãos de Essen, os patrocinadores, os embaixadores e outros intervenientes da nossa socie-dade, na via de uma cidade viável. Em 2017, começa a «década verde»

para a cidade. Em 2018, será encer-rada a última mina de carvão da nossa região. Em 2020, serão con-cluídas a reconstrução e restauração do Emscher e, em 2027, iremos con-correr à Exposição Internacional de Horticultura.

De que forma os residentes partici-param na transformação da cidade?

Hoje, Essen é a cidade mais verde da Renânia do Norte-Vestefália, graças ao esforço de muitos cidadãos para promover e cultivar zonas verdes na nossa cidade e graças à sua dedi-cação ao longo das últimas décadas. Foi por isso que foi especialmente importante envolvê-los neste ano especial. Estão a ser financiados quase 200 projetos de cidadãos que cumprem determinados critérios. Além disso, há cooperação entre dife-rentes grupos de interesse na cidade: atividades de voluntariado, pequenos jardineiros, jardineiros comunitários, jardineiros paisagísticos, a associa-ção de agricultores, e muito mais.

Que aspetos da abordagem da sua cidade são particularmente inova-dores?

Essen conseguiu dominar a mudança estrutural de forma a tornar-se na

terceira cidade mais verde da Ale-manha. No início do século XX, os urbanistas estavam já a promover o desenvolvimento verde da cidade. Juntamente com diversas partes interessadas, estão a ser promovi-das e postas em prática medidas de desenvolvimento urbano que têm um impacto positivo em Essen enquanto cidade para viver. O prémio também significa que os objetivos ambientais estão interligados e têm de ser alcan-çados, que é o que pretendemos.

De que forma está Essen a conven-cer outras cidades a promover uma vida urbana ecológica?

Parte do programa irá incluir forma-ções e congressos de especialistas, tanto a nível nacional como interna-cional. Estamos a trabalhar de perto com a UE, com os governos federal e estaduais e com organizações e associações locais para promover a sustentabilidade em toda a região, na Alemanha e na Europa. Desta forma, esperamos iniciar conver-sações e estimular a inovação e as ideias verdes, bem como uma vida urbana ecológica.

O programa da cidade para 2017 é também visto como uma celebração que assinala o progresso alcançado na sua tran-sição verde, juntamente com o lançamento de novos proje-tos para reforçar a dinâmica atual. Muitos destes projetos foram sugeridos pelos residentes em resposta a dois con-vites à apresentação de propostas. Estes estão agrupados em cinco áreas temáticas: transporte, consumo, espaços verdes, formação e emprego, e a vida entre os rios da cidade.

Promover a mudançaO prémio «Capital Verde da Europa» é atribuído a uma cidade que esteja na vanguarda da vida urbana ecológica. Para além de ser uma fonte de inspiração, o perfil de cidade vencedora melhora a sua reputação, tornando-a num local atrativo para visitar, para trabalhar e para viver.

No entanto, os candidatos ao prémio têm algo mais em comum: todos coordenaram a sua abordagem ao planea-mento urbano ligando diferentes departamentos, unindo-os numa visão partilhada e melhorando, dessa forma, o pro-cesso de planeamento urbano da cidade.

Nove cidades foram premiadas com este título desde a sua criação em 2010. A vencedora de 2016, Liubliana, na Eslo-vénia, irá agora ceder o título a Essen.

Mais informações

» https://www.essengreen.capital

» http://ec.europa.eu/environment/europeangreencapital/

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» INDÚSTRIA E TECNOLOGIA

A premiada Quinta da Joaninha mostra de que forma a diversão pode manter-se sustentável

A Quinta da Joaninha, situada no sul da Hungria, é um parque de lazer com uma característica diferente. Oferecendo uma grande diversidade de atrações para adultos e crianças, satisfaz 80 % das suas necessidades energéticas a partir de fontes sustentáveis. Uma das suas caracte-rísticas mais originais é permitir que os visitan-tes «paguem» uma parte do bilhete de entrada em lixo doméstico reciclável, como papel ou plás-tico, incentivando as pessoas a compreender o valor dos recursos e o significado da economia circular. Esta abordagem pioneira valeu aos seus proprietários um dos prémios europeus do ambiente para as empresas 2016-2017.

O princípio número um da quinta «Katica Tanya» é o res-peito pelo ambiente. Situada nas colinas do Transdanúbio, esta área de 125 acres oferece aventuras de todos os tipos, desde cartes a pedal até trilhas com cordas. Cerca de 65 000 pessoas visitam anualmente a quinta para aprender a cui-dar de ovinos, bovinos, porcos e cavalos, para participar em workshops de artesanato tradicional ou para obter acon-selhamento sobre vida sustentável. O parque está aberto durante todo o ano e, uma vez por mês, acolhe um desfile de cavaleiros medievais. O parque de campismo, a zona de merendas e os albergues permitem que as famílias apro-veitem ao máximo a sua estadia.

A missão da quinta é clara: «ajudar as pessoas a redescobrir formas de usufruir e apreciar as maravilhas da nossa natu-reza e ambiente – respirando ar fresco, conhecendo animais

domésticos, aprendendo os hábitos dos nossos antepassa-dos... toda a equipa da quinta acredita que a experiência é o melhor professor e que o ensino e a aprendizagem podem e devem ser divertidos».

«Criamos atrações que não consomem energia», explica o fundador e proprietário János Handó. «Caso o façam, somos nós quem a fornece a partir de fontes renováveis como painéis solares e biomassa. O nosso objetivo é propor-cionar diversão às pessoas de uma forma sustentável.

«Dediquei algum tempo ao entendimento do que fazemos com o nosso planeta, e as perspetivas não são excelentes», acrescenta. «O futuro da minha filha é da maior importância para o trabalho que desenvolvo.»

Negócio ecológicoA Quinta da Joaninha oferece 15 postos de trabalho ecológi-cos numa das áreas menos desenvolvidas da Europa. O seu restaurante oferece pratos caseiros típicos da região 365 dias por ano. A inovação contínua é um princípio fundamental na Quinta da Joaninha: encontrar novas atrações que moti-vem os visitantes a voltarem várias vezes. «Esperamos cons-truir o primeiro hotel do mundo com saldo nulo em temos energéticos», declara Handó. «Toda a energia consumida será proveniente de fontes locais de energias renováveis.»

A Quinta da Joaninha foi a vencedora do cobiçado Prémio de Gestão para Micro e Pequenas Empresas, uma das seis catego-rias do sistema de atribuição bienal de prémios para as empre-sas da UE, que apresenta empresas que assumem a liderança no domínio da ecoinovação. Escolhidas de entre 148 candida-turas pré-selecionadas por um júri internacional, as empresas vencedoras receberam os seus prémios em outubro de 2016, numa cerimónia realizada em Taline, Estónia.

«Felicito todos os vencedores, pois são os verdadeiros agen-tes da mudança», disse o comissário da UE responsável pelo Ambiente, Karmenu Vella. «Deixemo-nos inspirar pelas suas soluções inovadoras.»

Mais informações

» Sítio da Katica Tanya: http://www.katicatanya.hu/nyelv/en

» Prémios europeus do ambiente para as empresas: http://ec.europa.eu/environment/awards/about_ebae.html

» Premiados da edição de 2016-2017: http://ec.europa.eu/environment/awards/index.html

REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | N.° 62 11

» QUESTÕES INTERNACIONAIS

Visão a longo prazo para um futuro sustentável O desenvolvimento sustentável abrange todos os aspetos da vida, desde o crescimento das populações, passando pelas alterações climáticas, travar a perda de biodiversidade, até à migração e emprego dos jovens. Uma comunicação da Comissão Europeia descreve a visão a longo prazo para um futuro europeu verdadeiramente sustentável.

A nova comunicação é uma resposta à Agenda para o Desen-volvimento Sustentável 2030 – o primeiro quadro global com objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) univer-salmente aplicáveis – acordada entre os chefes de Estado nas Nações Unidas, em setembro de 2015.

«A sustentabilidade é uma marca europeia» e a visão glo-bal subjacente aos ODS – tomar medidas para as pessoas, o planeta e a prosperidade – está plenamente em consonân-cia com a agenda a longo prazo da Europa. Na verdade, um leque alargado de políticas e legislação, assim como as prio-ridades atuais da Comissão, estão a contribuir para os esfor-ços empreendidos pela União Europeia (UE) para alcançar os 17 objetivos definidos na Agenda 2030.

Por exemplo, a Diretiva-Quadro «Água» da UE é essencial para cumprir o ODS 6, relativo a água potável e saneamento, mas também o ODS 3 (saúde de qualidade e bem-estar) e o ODS 11 (cidades e comunidades sustentáveis). De igual forma, as diretivas «Aves» e «Habitats» são fulcrais para o ODS 14 (vida subaquática) e para o ODS 15 (vida terrestre). Por fim, o plano de ação para a economia circular será deter-minante para alcançar o ODS 12, relativo à produção e ao consumo sustentáveis.

São necessárias mais medidasApesar da contribuição das diferentes políticas da UE para os ODS, são necessárias mais medidas e o empenho das partes interessadas em todos os domínios de intervenção, de forma a implementar a Agenda 2030 «em parceria com todos os intervenientes».

Será necessário realizar um esforço maior para integrar os ODS em projetos e iniciativas transversais, de forma a colo-car a economia europeia e mundial numa trajetória mais sustentável. Para que tal aconteça, uma monitorização efi-ciente irá assegurar que as políticas terão em consideração os três pilares do desenvolvimento sustentável – social, ambiental e económico – e darão elementos de prova para uma avaliação pós-2020 dos progressos alcançados pela UE na consecução os ODS.

O documento de trabalho da Comissão intitulado «Ação europeia para a sustentabilidade» fornece um levantamento detalhado sobre o modo como as políticas e a legislação europeias abordam atualmente os objetivos de sustentabi-lidade global. Este documento demonstra o historial da UE em termos de desenvolvimento económico, coesão social, democracia e gestão ambiental – tal como consagrado nos tratados da UE.

Mais informações

» Comunicação: Próximas etapas para um futuro sustentável na Europa: http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:52016DC0739&from=PT

» Levantamento: Ação europeia para a sustentabilidade: https://ec.europa.eu/europeaid/sites/devco/files/swd-key-european-actions-2030-agenda-sdgs-390-20161122_en.pdf

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Combater o carbono negro Nas últimas décadas, a região tem aquecido quase ao dobro da taxa média mundial. É especialmente sus-cetível às emissões de poluentes climáticos de vida curta como o carbono negro, que resulta sobretudo da combustão incompleta de combustíveis fósseis, biocombustíveis e biomassa. Os poluentes de carbono negro enegrecem a neve e o gelo, alimentando ciclos de etroação que aceleram e intensificam os impactos das alterações climáticas.

Para fazer face ao problema, a Comissão Europeia financiará uma iniciativa destinada a reduzir as emis-sões de carbono negro no Ártico (1,5 milhões de euros) ao abrigo do seu Instrumento de Parceria. O projeto visa reforçar a cooperação internacional no combate às emissões de carbono negro. Dará início a um processo de definição de compromissos e metas para as princi-pais fontes de carbono negro que podem afetar a região, incluindo a queima de gás, o aquecimento doméstico e a navegação marítima.

» AÇÃO CLIMÁTICA

Uma política integrada da UE para o ÁrticoFoi adotada uma nova política integrada da UE para o Ártico. Centra-se no reforço da coope-ração internacional, no combate às alterações climáticas, no reforço da proteção do ambiente e na promoção do desenvolvimento sustentável nesta região de enorme importância ambiental e económica.

O Ártico é extremamente sensível à atividade humana e ao impacto das alterações climáticas, com vastíssimas repercussões para o seu papel de regulador do clima da Terra, incluindo dos padrões climáticos na Europa.

Adotada pela Comissão Europeia e pela alta-representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, a proposta

de política orientará a ação da UE na região do Ártico, inten-sificando o compromisso existente através de 39 ações cen-tradas em três objetivos políticos principais:

• proteger e preservar o Ártico, e apoiar a investigação para fazer face aos impactos ambientais e às alterações climá-ticas;

• promover a utilização sustentável dos recursos e o desen-volvimento económico em conjunto com as pessoas que vivem na região;

• reforçar a cooperação internacional através do compro-misso e diálogo com os Estados do Ártico, as populações indígenas e outros parceiros.

A importância da investigação, da ciência e da inovação será refletida nestes domínios prioritários, apoiando projetos que visam reforçar a cooperação, combater as alterações climá-ticas (ver caixa) e assegurar a utilização sustentável dos recursos.

Segundo Karmenu Vella, comissário da UE responsável pelo Ambiente, pelos Assuntos Marítimos e pelas Pescas: «Da mesma forma que os nossos comportamentos se repercu-tem no Ártico, também o Ártico tem um impacto sobre nós, influenciando os padrões climáticos do globo, bem como os nossos oceanos, ecossistemas e biodiversidade local. Se é certo que o desenvolvimento humano é inevitável, não é menos verdade que está nas nossas mãos fomentá-lo

de forma sustentável, respeitando plenamente o modo de vida de quem vive na região e protegendo o seu recurso mais valioso: ambiente».

A UE, com três Estados do Conselho Ártico entre os seus membros (Dinamarca, Finlândia e Suécia), constitui um importante destino para os recursos e bens da região do Ártico. Por conseguinte, muitas das políticas e leis da UE têm implicações para essa região e para as pessoas que lá vivem. Nos últimos anos, vários Estados-Membros emitiram documentos nacionais estratégicos relativos ao Ártico. Este facto torna a adoção de uma estratégia integrada da UE para a região ainda mais importante para assegurar a coe-rência com as políticas nacionais e gerar o melhor valor acrescentado da ação da UE.

Mais informações

» Política da UE para o Ártico: https://eeas.europa.eu/arctic-policy/eu-arctic-policy_en

» Uma nova política integrada da UE para o Ártico: http://europa.eu/rapid/press-release_IP-16-1539_pt.htm

REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | N.° 62 13

» ÁGUA, MEIO MARINHO E ZONAS COSTEIRAS

Cuidar melhor dos nossos oceanosOs oceanos, que constituem 70 % do nosso planeta, encontram-se ameaçados pela po-luição, a pesca ilegal, a pirataria e o tráfico de seres humanos. Dez milhões de toneladas de lixo são depositadas anualmente nos ocea-nos – o equivalente à carga de um camião por minuto. Um simples pedaço de plástico demora séculos a decompor-se. Com uma nova agenda para os oceanos, a UE pretende assegurar que os nossos oceanos são seguros, limpos e geri-dos de forma sustentável, bem como reforçar a governação internacional dos oceanos.

Na sequência da adoção da comunicação sobre a governa-ção internacional dos oceanos, em novembro de 2016, a Alta Representante da UE e a Comissão Europeia apresentaram uma lista de ações que podemos e devemos levar a cabo em prol dos oceanos.

Karmenu Vella, comissário responsável pelo Ambiente, pelos Assuntos Marítimos e pelas Pescas, disse: «Se os nos-sos oceanos não estiverem em bom estado, a nossa eco-nomia irá adoecer. Os desafios marítimos mundiais exigem soluções mundiais. Estou empenhado em trabalhar intensa-mente no sentido de definir o papel da Europa na governa-ção internacional dos oceanos, em prol de uma economia azul sustentável».

A agenda inclui 14 conjuntos de ações em três domínios prio-ritários: 1) aperfeiçoar o quadro internacional de governação dos oceanos; 2) reduzir a pressão humana sobre os oceanos e criar as condições para uma economia azul sustentável; e 3) reforçar a investigação e os dados sobre os oceanos à escala internacional.

Tendo em conta que 60 % dos oceanos se encontram fora das fronteiras da jurisdição nacional, a cooperação interna-cional é crucial. As normas internacionais em vigor em maté-ria de oceanos precisam de ser aperfeiçoadas e melhor aplicadas nas zonas situadas além da jurisdição nacional a fim de libertar os oceanos da pirataria e do tráfico de seres humanos, bem como protegê-los contra acidentes marítimos e catástrofes ambientais.

Os oceanos são reguladores climáticos vitais, absorvendo 25 % do CO2 produzido. Albergam ecossistemas frágeis, tais como recifes costeiros, que procuraremos proteger e restaurar. A UE comprometeu-se a reservar 10 % das suas águas para o esta-belecimento de zonas protegidas até 2020. Através de proje-tos de geminação, de fundos destinados à investigação e do intercâmbio de boas práticas, envidaremos esforços no sentido de ampliar tais reservas marinhas em todo o mundo.

Luta contra o mar de plástico

Para lutar contra o «mar de plástico», a Comissão irá atua-lizar as regras em matéria de eliminação de resíduos apli-cáveis aos navios, bem como procurar estratégias globais eficazes para os resíduos plásticos e os microplásticos. Em consonância com o plano de ação para a economia circu-lar, iremos desenvolver uma nova estratégia sobre os plás-ticos em 2017 com vista a reduzir o lixo marinho em, pelo menos, 30 % até 2020.

Finalmente, temos de promover uma melhor compreensão dos nossos oceanos e melhorar o conhecimento científico. O nosso objetivo é criar uma rede mundial de dados mari-nhos acessíveis a todos.

A 5 e 6 de outubro de 2017, a UE irá acolher em Malta a pró-xima conferência internacional «Os nossos oceanos». A con-ferência oferecerá a primeira oportunidade de fazer o ponto da situação e determinar se já podemos assinalar como con-cluídas algumas das ações da nossa lista.

Mais informações

» Comunicação conjunta sobre a governação internacional dos oceanos: https://ec.europa.eu/maritimeaffairs/sites/maritimeaffairs/files/join-2016-49_pt.pdf

» http://ourocean2016.org/#event

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» NATUREZA E BIODIVERSIDADE

Jovens europeus voluntariam-se para a proteção da natureza

Muitos jovens europeus estão preocupados com o futuro do meio ambiente. O Corpo Europeu de Solidariedade, um novo programa de volun-tariado da UE, vai oferecer aos jovens europeus a oportunidade de transformarem a sua paixão e boa vontade em ação significativa.

O Corpo Europeu de Solidariedade foi lançado em dezembro de 2016. Dá aos jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos a oportunidade de contribuir para causas que lhes estejam próximas, ao mesmo tempo que desen-volvem novas competências que podem levar ao mercado de trabalho. Baseia-se em programas existentes da UE para os jovens, e também na mobilização de redes estabelecidas de intervenientes europeus no domínio do emprego, da edu-cação e da sociedade civil.

A vertente ambiental do Corpo Europeu de Solidariedade é importante. Até dezembro de 2018, cerca de 2000 jovens irão ter a oportunidade de ajudar numa das mais de 27 000 áreas protegidas da rede Natura 2000, com o apoio do pro-grama LIFE da UE. As colocações terão a duração de dois a seis meses. Os voluntários terão os seus custos de deslo-cação, seguro, alimentação e alojamento pagos, e receberão também um pequeno subsídio.

«O Corpo Europeu de Solidariedade irá criar oportunidades para os jovens que queiram contribuir de forma significativa para a sociedade e manifestar a sua solidariedade – algo que o mundo e a nossa União Europeia precisam de ver mais fre-quentemente», afirmou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, durante o lançamento do Corpo. «Para mim, esta foi sempre a essência do que é a União Europeia.

Não são os Tratados nem os interesses industriais ou econó-micos que nos unem, mas os nossos valores, e aqueles que trabalham como voluntários estão a viver os valores euro-peus dia após dia». A Comissão pretende recrutar 100 000 jovens para o Corpo até 2020.

Experiência de emprego verdeO voluntariado ambiental é uma tradição europeia, que tes-temunha o forte apoio à conservação da natureza. No Reino Unido, mais de 300 000 voluntários por ano trabalham para o British Trust for Conservation Volunteers (Voluntários do Fundo Britânico para a Conservação) e, na Eslováquia, o volun-tariado ambiental representa 13,3 % do voluntariado total.

Para além das competências práticas e da experiência que os jovens voluntários irão adquirir, que lhes dará uma van-tagem no mercado de trabalho, o novo programa também inclui uma vertente ocupacional conducente à formação, a um programa de aprendizagem ou a um contrato de traba-lho. A economia verde europeia já inclui cerca de 4,4 milhões de empregos ligados a ecossistemas saudáveis, muitos deles em locais da Natura 2000.

No futuro, o Corpo de Solidariedade poderá estender-se a outras áreas ambientais, como a água, os resíduos, o ar e a eficiência na utilização dos recursos: todos eles setores em crescimento na economia verde europeia.

Todos aqueles que estejam interessados em trabalhar como voluntários, podem candidatar-se aqui: http://europa.eu/youth/SOLIDARIty_pt

Mais informações

» Corpo Europeu de Solidariedade: http://europa.eu/youth/SOLIDARIty_pt

» http://europa.eu/youth/solidarity/FAQ_pt

Aqueles que trabalham como voluntários estão a viver os valores europeus

dia após dia.Presidente da Comissão Europeia,

Jean-Claude Juncker

Agenda

Dia Mundial da Água22 de março

As Nações Unidas e os seus países membros dedicam este dia, reconhecido mundialmente, à aplicação das recomendações da ONU e à promoção de atividades concretas nos seus países dedicadas aos recursos hídricos do mundo. » http://www.unwater.org/campaigns/world-

water-day/en/

Semana Verde da UE29 de maio-2 de junho

Este ano, a Semana Verde tem por tema «Empregos verdes para um futuro mais verde». Decisores políticos, líderes ambientalistas e partes interessadas oriundos de toda a União Europeia vão reunir-se nesta conferência de alto nível organizada pela Direção-Geral do Ambiente da Comissão. O programa irá examinar de perto as políticas ambientais da UE que estão a criar empregos verdes e a contribuir para um crescimento económico sustentável e socialmente responsável na UE, sublinhando a necessidade de novos tipos de competências verdes em vários setores profissionais. Ao mesmo tempo, serão realizados por toda a Europa eventos e ações de parceiros, sendo o público em geral convidado a participar «virtualmente» num amplo leque de atividades em linha e nas redes sociais. » http://www.eugreenweek.eu

Fórum Mundial da Economia Circular 20175 e 6 de junho, Helsínquia, Finlândia

Especialistas e decisores políticos irão juntar-se neste evento revolucionário para apresentar e debater as melhores soluções globais de economia circular, concebidas para conferir uma vantagem competitiva às empresas, criar mais valor e gerar novos empregos e um novo crescimento à escala mundial. » http://www.sitra.fi/en/events/circular-economy/

world-circular-economy-forum-2017

Salvo indicação em contrário, as publicações podem ser obtidas gratuitamente na EU Bookshop em https://bookshop.europa.eu

Publicações

Rios e lagos nos municípios europeusDesafios passados e futuros Este relatório explora questões relacionadas com a gestão hídrica dos rios e lagos, bem como a forma como os municípios europeus desenvolvem estratégias e medidas para lidar com os principais desafios que enfrentam relativamente às suas águas de superfície interiores. A publicação da Agência Europeia do Ambiente também exemplifica medidas, estratégias e iniciativas específicas relativas à recuperação dos lagos e dos rios, à proteção contra cheias, à ges-tão das águas pluviais e às melhorias na qualidade da água nos municípios europeus, sublinhando as lições aprendidas e inspirando ações futuras. (Disponível em inglês) » https://bookshop.europa.eu/en/rivers-and-lakes-in-cities-pbTHAL

16025/?CatalogCategoryID=h2YKABstrXcAAAEjXJEY4e5L

Manual sobre a aplicação da legislação ambiental da UE Criado como uma ferramenta útil de planeamento e orientação para todos os Estados-Membros, mas, em especial, para os países candi-datos, o manual apresenta um quadro de planeamento e conselhos passo-a-passo sobre as abordagens, medidas e atividades específi-cas que podem contribuir para garantir uma aplicação da legislação ambiental da UE eficaz e nos termos da lei. (Disponível em inglês) » https://bookshop.europa.eu/en/handbook-on-the-

implementation-of-eu-environmental-legislation-pbKH0616004/?CatalogCategoryID=h2YKABstrXcAAAEjXJEY4e5L

O estado das cidades europeias 2016: cidades lideram os esforços para construir um futuro melhor Com base num manancial de novos dados, o relatório revela as últi-mas tendências demográficas, económicas, sociais e ambientais das cidades europeias e analisa o seu desempenho tendo em conta as prioridades da Agenda Urbana da UE e o Objetivo de Desenvolvi-mento Sustentável Urbano 2030 das Nações Unidas. O estudo pro-cura apoiar uma elaboração de políticas urbanas mais apoiada em factos, tanto dentro como fora da Europa, e inclui ações e projetos da UE que promovem o desenvolvimento urbano ao nível das cidades.

» https://bookshop.europa.eu/en/the-state-of-european-cities-2016-pbKN0616214/

Qualidade do ar na Europa – Relatório de 2016Este resumo e análise atualizado da qualidade do ar na Europa baseia-se em dados de 2014 e analisa a evolução e os progres-sos alcançados entre 2000 e 2014 no sentido do cumprimento dos requisitos das diretivas relativas à qualidade do ar. O relatório também apresenta estimativas das tendências em termos de con-centrações, dos efeitos da poluição atmosférica na saúde e do seu impacto nos ecossistemas.

» http://www.eea.europa.eu/publications/air-quality-in-europe-2016

ISSN 1977-8449

EEA Report No 28/2016

Air quality in Europe — 2016 report

Handbookon the Implementation

of EU Environmental Legislation

HANDBOOK ON THE IMPLEMENTATION OF EU ENVIRONMENTAL LEGISLATION

The State ofEuropean Cities 2016Cities leading the way to a better future

The State of European Cities 2016 PRINT.indd 1 15/11/16 18:21

ISSN 1977-8449

EEA Report No 26/2016

Rivers and lakes in European citiesPast and future challenges

REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | N.° 62 15

Jovens europeus voluntariam-se para a proteção da natureza

Breves

Novas regras da UE para lutar contra o «assassino invisível»

A nova legislação, que entrou em vigor no final de 2016, visa reduzir em quase 50 % os impactos negativos da poluição atmosférica – tais como as doenças respiratórias e a morte prematura – até 2030. A poluição atmosférica mata mais de 450 000 pessoas por ano na Europa, mais de dez vezes o número de mortes em acidentes na estrada. A nova Diretiva Valores-Limite Nacionais de Emissão (VNE) baseia-se numa proposta da Comissão que estabelece limites mais rígidos rela-tivamente aos cinco principais poluentes identificados na Europa: o dióxido de enxofre, o amoníaco, os compostos orgânicos voláteis, os óxidos de azoto e as partículas finas. A diretiva, que é um pilar central do Programa Ar Limpo para a Europa mais abrangente, irá também trazer benefícios significativos para a qualidade de ecossistemas e ajudar a fazer face aos efeitos das partículas nocivas que provocam alterações climáticas, tais como o carbono negro.

» http://europa.eu/rapid/press-release_IP-16-4358_pt.htm

Folha Verde da Europa 2017

Essen não é única cidade distinguida este ano pelo seu empenho numa maior sustentabilidade. Foi atribuído um outro prémio a uma cidade portuária na costa oeste da Irlanda: Galway detém o título de Folha Verde da Europa 2017. A cidade deu ênfase ao seu objetivo de «crescer e desenvolver-se de uma forma sustentável e que vá ao encontro, da melhor forma possível, das necessidades ambientais da cidade e da região no seu conjunto». Uma das áreas em que Galway sobressai é a dos transportes sustentáveis, tendo desenvolvido um novo plano a longo prazo de gestão inte-grada de transportes com a Autoridade Nacional dos Transportes da Irlanda.

O prémio «Folha Verde da Europa» foi criado em 2014 para as pequenas cidades com 20 000 a 100 000 habitantes. Recompensa a dedicação para a obtenção de melhores resultados ambien-tais, com especial ênfase nos esforços que geram crescimento verde e novos empregos e nos esforços para promover a consciencialização e o envolvimento ambientais dos cidadãos.

» http://ec.europa.eu/environment/europeangreencapital/europeangreenleaf/

Factos

As empresas da UE e a economia circular

• 73 % das PME levaram a cabo atividades relacionadas com a economia circular nos últimos 3 anos

• A atividade mais comum é a minimização dos resíduos (>33 %)

• A atividade menos comum é o replaneamento da utilização da água (não planeada em >70 %)

• 36 % investiriam em atividades futuras relacionadas com a economia circular

• 63 % das PME autofinanciaram as suas atividades de economia circular

• Apenas 33 % das empresas estão a par da existência de incentivos financeiros através de progra-mas governamentais

• As fontes alternativas de financiamento mais conhecidas são o capital de risco (31 %) e o mercado de capitais (31 %)

KH-AD

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