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Mara Vanessa Camacho Fernandes Carcinoma da Tireóide 2011/2012 Março, 2012

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Mara Vanessa Camacho Fernandes

Carcinoma da Tireóide

2011/2012

Março, 2012

2

Mara Vanessa Camacho Fernandes

Carcinoma da Tireóide

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Cirurgia Geral

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Professor Doutor António Taveira Gomes

Professor associado convidado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Março, 2012

Segundo as normas da revista: Arquivos de Medicina.

3

4

5

Agradecimentos

Agradeço ao Professor Doutor António Taveira Gomes, orientador deste projeto de

opção, pela disponibilidade, orientação, críticas e sugestões que muito contribuíram para o meu

enriquecimento a nível pessoal e científico.

6

Lista de Abreviaturas

CT – Carcinoma da Tireóide

CMT – Carcinoma Medular da Tireóide

CDNMT – Carcinoma Diferenciado Não Medular da Tireóide

CPT – Carcinoma Papilar da Tireóide

CFP – Carcinoma Folicular da Tireóide

MEN II – Neoplasias endócrinas múltiplas tipo II

CDNMFT – Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide

PAF – Polipose Adenomatosa Familiar

SC – Síndrome de Cowden

HAD – Hereditariedade Autóssomica Cominante

CMv-CPT – Subtipo Cribiforme-Morular do Carcinoma Papilar da Tireóide

AF – Adenoma Folicular

BMN – Bócio Multinodular

MNA – Múltiplos Nódulos Adenomatosos

CC – Complexo de Carney

SW – Síndrome de Werner

fCPT – Carcinoma Papilar Familiar da Tireóide

7

Lista de Figuras

Figura 1: Frequência com que ocorre Carcinoma Diferenciado Não Medular da Tireóide no

contexto de doença hereditária versus esporádica (adaptado de Alsanea et al (13)

).

8

Lista de Tabelas

Tabela 1: Caraterísticas clínicas que podem sugerir a presença de patologia hereditária.

Tabela 2: Carcinoma Diferenciado Não Medular da Tireóide associado a outras Síndromes

Tumorais Familiares (adaptado de Cameselle et al (28)

).

Tabela 3: Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide sem associação a outas

Síndromes Familiares (adaptado de Nosé et al (2)

)

Tabela 4: Comparação entre caraterísticas clínicas nos doentes com Carcinoma Diferenciado

Não Medular Familiar da Tireóide em estudos publicados ao longo dos anos (adaptado de

Robenshtok et al (3)

).

9

Índice

Resumo ....................................................................................................................................... 10

Abstract ....................................................................................................................................... 11

Introdução .................................................................................................................................. 12

Objetivo ...................................................................................................................................... 14

Métodos ...................................................................................................................................... 15

Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide ............................................... 16

História Familiar ..................................................................................................................... 18

Caraterísticas Clínicas .............................................................................................................. 19

Agressividade e Recorrência .................................................................................................... 20

Síndromes Familiares associados ............................................................................................. 21

A. Síndromes tumorais familiares com carcinoma diferenciado não medular da tireóide. ... 21

Polipose Adenomatosa Familiar .............................................................................. 21

Síndrome de Cowden .............................................................................................. 22

Complexo de Carney ............................................................................................... 23

Síndrome de Werner ............................................................................................... 23

B. Carcinoma diferenciado não medular familiar da tireóide sem associação a outras

síndromes ............................................................................................................................ 24

Carcinoma Papilar Familiar da Tireóide ............................................................... 24

Discussão .................................................................................................................................... 25

Conclusão ................................................................................................................................... 29

Referências bibliográficas......................................................................................................... 31

Anexos ........................................................................................................................................ 35

10

Resumo

As neoplasias epiteliais malignas primárias da tireóide podem ser divididas em

neoplasias com origem nas células foliculares, designadas de Carcinoma Diferenciado Não

Medular da Tireóide e neoplasias com origem nas células C, denominadas Carcinoma Medular.

Em ambos os casos podem ocorrer em contexto esporádico ou familiar.

O Carcinoma Diferenciado Não Medular da Tireóide inclui dois subtipos principais:

Carcinoma Papilar e Carcinoma Folicular.

O Carcinoma Medular Familiar pode ocorrer isoladamente ou no contexto de neoplasias

endócrinas múltiplas tipo II. A alteração genética que predispõe a esta forma é a mutação do

oncogene RET no cromossoma 10q11.2.

O Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide é raro. Por definição, a

forma familiar engloba pelo menos dois familiares afetados pela patologia, na ausência de outra

síndrome familiar. Os genes responsáveis pela doença ainda não foram totalmente identificados

e o tipo de hereditariedade também não está esclarecido.

Neste trabalho abordámos o Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tiróide

como uma entidade clínica distinta. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica numa base

eletrónica de dados, PUBMED, e selecionados artigos sobre o tema.

O Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da tiróide pode ser mais agressivo e

apresentar pior prognóstico. Nos casos familiares as lesões são frequentemente multifocais,

incidem em idade mais precoce, metastizam frequentemente para gânglios linfáticos e

apresentam maior recorrência.

É importante o desenvolvimento de estudos genéticos que permitam identificar as

alterações subjacentes. Na sua ausência, a identificação clínica de uma forma familiar de

carcinoma da tiróide é a única forma de conseguir o tratamento atempado.

Palavras-chave: carcinoma não medular familiar da tiróide; carcinoma familiar da tiróide;

carcinoma papilar; carcinoma folicular.

11

Abstract

Thyroid neoplasms corresponding to primary epithelial tumors can be divided into:

tumors that originate in the follicular cells and tumors originating from C cells, named

medullary thyroid carcinoma.

Although the majority is sporadic, familial forms have been described in recent years.

Thyroid carcinomas derived from follicular cells are divided into two major subtypes: papillary

carcinoma and follicular carcinoma, designated Nonmedullary Thyroid Carcinomas.

Medullary thyroid carcinoma may presents as pure familial syndrome or inherent in

multiple endocrine neoplasia type II. These tumors are associated with a RET gene mutation on

chromosome 10q11.2.

Familial nonmedullary thyroid carcinoma is rare. A familial case of nonmedullary

thyroid cancer is defined as a patient with two or more first-degree relatives with thyroid cancer

of follicular cell origin in the absence of another familial syndrome. The genetic inheritance

remains unknown. In this paper we aim to characterize hereditary nonmedullary thyroid as a

distinct clinical entity. We performed a review of the literature using an electronic bibliographic

database (PUBMED) and selected papers on this topic.

Familial nonmedullary thyroid cancer can present a more aggressive phenotype of

thyroid cancer and display poor prognosis. It is more often multifocal, occurs at a younger age,

with a predisposition for lymph nodes metastasis, extrathyroidal invasion and has higher

recurrence rate than its sporadic counterpart.

It is important to developing genetic studies and the clinician must also be aware of an

underlying familial thyroid cancer in the presence of certain features in order to allow the

correct treatment.

Keywords: familial nonmedullary thyroid carcinoma; familial thyroid carcinoma, papillary

carcinoma; follicular carcinoma.

12

Introdução

O carcinoma da tireóide (CT) é o sétimo cancro mais frequentemente diagnosticado nas

mulheres (1)

. É notório o aumento da sua incidência, sendo que nos Estados Unidos são

documentados cerca de 33 550 novos casos por ano (2,3)

. É mais frequente no sexo feminino e

aparece, sobretudo, em idades mais jovens (2)

.

As neoplasias epiteliais primárias da tireóide podem ser divididas em duas categorias

principais: tumores com origem nas células foliculares (95% são deste tipo) e tumores com

origem nas células parafoliculares, células C produtoras de calcitonina (cerca de 5% dos

tumores) (2,4,5)

. Os tumores derivados das células C são denominados de Carcinoma Medular da

Tireóide (CMT).

Os tumores malignos com origem nas células foliculares, designados de Carcinoma

Diferenciado Não Medular da Tireóide (CDNMT), encontram-se divididos em 2 subtipos

principais: Carcinoma Papilar da Tireóide (CPT) e Carcinoma Folicular da Tireóide (CFP) (1,2,6)

.

O tipo histológico mais frequente é o papilar (80%), sendo o carcinoma folicular mais raro

(15%) (2,4,7)

.

Quer o carcinoma diferenciado não medular da tireóide quer o carcinoma medular pode

ocorrer em contexto esporádico ou familiar.

Quando ocorre em contexto de hereditariedade, o carcinoma medular da tireóide

engloba cerca de 25% dos casos e pode ocorrer isoladamente ou como parte integrante de

neoplasias endócrinas múltiplas tipo II (MEN- II). A alteração genética que predispõe à forma

familiar do CMT é a mutação do oncogene RET no cromossoma 10q11.2. Pela sua elevada

prevalência, a presença de história familiar deve ser pesquisada em todos os doentes com CMT

(7,8).

Uma vez que a genética dos tumores familiares derivados das células C é bem

conhecida e a relação genótipo-fenótipo está bem estabelecida, a abordagem do CMT não foi

incluída nos objetivos deste trabalho.

13

O CDNMT é a neoplasia endócrina mais frequente (2,7)

. No entanto, e em contraste com

a história familiar nos doentes com CMT, a presença de hereditariedade nestes tumores só agora

começou a ganhar relevo. A grande maioria ocorre de forma esporádica (7)

; no entanto, estima-se

que aproximadamente 5% surja em contexto de história familiar (3,7,9)

. Com o aumento da

incidência de CT, a existência de uma forma familiar tornou-se mais evidente. Estudos

populacionais com mais de uma geração em estudo comprovam que o CDNMT constitui uma

verdadeira síndrome hereditária (10)

.

14

Objetivo:

O objetivo deste trabalho centra-se em abordar a forma familiar do carcinoma

diferenciado não medular da tireóide como uma entidade clínica distinta, procurando carateriza-

la nomeadamente em relação à sua prevalência e incidência, caraterísticas clinico-histológicas,

síndromes familiares que podem estar associados, meios de diagnóstico, agressividade,

prognóstico e tratamento.

15

Métodos

Foi realizada uma pesquisa numa base bibliográfica eletrónica de dados, PUBMED,

com o correspondente em português aos temas: carcinoma não medular familiar da tireóide e

carcinoma familiar não-medular da tireóide, tendo sido dado preferência a artigos de revisão.

Os artigos identificados foram escolhidos pelos abstract’s, e nestes foram aplicados os

seguintes critérios de inclusão/exclusão:

Critérios inclusão:

a) Artigos escritos em português ou inglês;

b) Artigos sobre Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide;

c) Publicados desde Janeiro de 1997 até Dezembro de 2011;

d) Artigos com demonstração clara dos parâmetros descritos nos objetivos.

Critérios exclusão:

a) Artigos sem abstract disponível;

b) Artigos sobre Carcinoma Medular da Tireóide;

c) Artigos sobre Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide com

mutações identificadas, excepto quando associado a outra síndrome familiar conhecida.

Dos resultados da pesquisa foi identificado um total de 105 artigos, dos quais 40 foram

incluídos neste trabalho.

16

Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide

O carcinoma diferenciado não medular familiar da tireóide (CDNMFT) é raro, (11)

contabilizando apenas 5% de todos os CT (3,7,9,11)

. No entanto, estudos recentes demonstram que

a sua incidência tem vindo a aumentar devido ao seguimento médico mais cuidado e ao maior

recurso a exames diagnósticos, permitindo a deteção precoce de pequenos nódulos que de outra

forma poderiam passar despercebidos (12)

.

No estudo de Moses et al encontrou-se uma alta prevalência de CDNMFT entre os

doentes: 8,8% entre todos os CT e 9,4% entre os casos de CPT (10)

.

A figura 1, adaptada de Alsanea and Clark (13)

, pretende ilustrar a frequência relativa

com que pode surgir CDNMT em contexto familiar e esporádico, segundo os dados do National

Cancer Database na Califórnia (Anexo 1)

.

Na última década o CDNMFT tem sido reconhecido como uma entidade clínica distinta.

Inicialmente a forma familiar era apenas descrita como parte integrante de síndromes familiares

como a Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) ou a Síndrome de Cowden (SC). Foi descrita

pela primeira vez, sem associação a outras síndromes, em 1955 por Robinson and Orr (14,15,16)

,

em dois gémeos monozigóticos de 24 anos ambos com nódulos palpáveis na tireóide e forma

histológica de CPT já metastizada aos gânglios linfáticos (2,7)

. Desde então, têm vindo a ser

realizados uma série de estudos incluíndo doentes com CDNMT onde dois ou mais familiares

são afetados por neoplasias da tireóide, demonstrando-se um risco 3 a 10 vezes superior de se

encontrar CDNMT nos familiares de primeiro grau dos pacientes com neoplasia diferenciada da

tireóide (9,14,17,18)

.

A definição de forma familiar de CDNMT é dada pela presença de dois ou mais

familiares de primeiro grau com o diagnóstico de CDNMT, na ausência de outra síndrome

familiar (14,19)

ou exposição a fatores que predisponham a CT (3)

. Como a prevalência de CT na

população em geral é elevada, alguns autores consideram que quando dois familiares são

diagnosticados com CDNMT existe uma probabilidade de 53% de se tratar de uma forma

17

familiar e que quando são três elementos afetados, esta probabilidade aumenta para 99% (1,9,16)

.

Assim, com apenas dois familiares afetados estaremos mais provavelmente na presença de um

caso esporádico. A probabilidade de se tratar de uma forma hereditária de CDNMT aumenta

com o número de familiares envolvidos (20)

.

O tipo de hereditariedade, contudo, ainda não está esclarecido. Baseando-se em estudos

familiares com três ou mais indivíduos com diagnóstico de CDNMT, na transmissão entre

indivíduos do sexo masculino, na percentagem de homens afetados quando comparado com a

forma esporádica e na transmissão horizontal entre irmãos, crê-se tratar-se de hereditariedade

autossómica dominante (HAD) com penetrância incompleta (1,3,11,21)

e expressão variável

(14,22,23,24). No entanto, são necessários mais estudos genéticos para sedimentar esta afirmação.

Visto que há poucas condições clínicas próprias, mesmo quando vários membros da

família são afetados e por não existirem ainda testes genéticos específicos, a forma familiar não

é facilmente distinguível da esporádica (25,26)

. Surge por vezes a dúvida se os casos de CDNMFT

descritos têm realmente uma componente genética, ou ocorrem devido a fatores ambientais ou

ainda se podem ser simplesmente atribuídos à elevada prevalência de CT na população em

geral.

Como é sabido, os principais fatores de risco para desenvolver CT são o défice ou

excesso de iodo (principalmente no desenvolvimento de CFT) e a exposição a agentes

carcinogéneos como a radiação ionizante (sobretudo para desenvolver CPT) (1,6)

. Os indivíduos

sujeitos a este tipo de radiação adquirem alterações que podem aumentar a predisposição para

desenvolver CT, pelo que alguns autores defendem que doentes com história prévia de

exposição a este agente não devem ser incluídos nos estudos de CDNMFT.

Por outro lado, como não está ainda esclarecido se o CDNMFT ocorre apenas devido a

herança genética ou se se trata de uma combinação entre fatores genéticos e ambientais, outros

autores admitem que a exposição a baixas doses de radiação não deve excluir de todo o

diagnóstico de CDNMFT (19)

.

Histologicamente, as formas esporádica e familiar também não são facilmente

diferenciadas. Porém a forma familiar pode apresentar estroma trabecular com oxifília

18

caraterístico (19)

e quando associada á PAF, o subtipo cribiforme-morular pode elucidar o seu

diagnóstico (2,5,19,27)

.

Embora raro, o CDNMFT é uma entidade clínica distinta e as suas caraterísticas devem

ser esclarecidas. Assim, o presente trabalho foi elaborado numa série de tópicos que focam os

aspetos mais importantes referidos em diferentes estudos realizados sobre o CDNMT no

contexto familiar.

História Familiar

Como já foi referido, não existem ainda testes genéticos que nos permitam distinguir a

forma esporádica da familiar, mas existem caraterísticas que nos podem alertar para a presença

de uma componente hereditária.

Quando os carcinomas são detetados em indivíduos do sexo masculino é mais

provavelmente um caso familiar; no entanto, tal como acontece na forma esporádica, as

mulheres são geralmente o grupo mais afectado (11,27)

.

A tabela 1

pretende demonstrar, de forma resumida, algumas caraterísticas

clinicopatológicas que podem traduzir hereditariedade (Anexo 2)

.

Embora não exista consenso entre estudos (23, 28)

, alguns demonstraram que o CDNMFT

é frequentemente multifocal e é diagnosticado em idades mais jovens (25,26)

. Assim, segundo

alguns autores, a presença de 3 ou mais familiares afetados (16,20,29)

, idade jovem aquando do

diagnóstico, sexo masculino, tumores de grandes dimensões, bilaterais e multifocais, apontam

para uma maior probabilidade de se tratar de um caso hereditário (2,6,7,24)

.

Como já foi referido, o risco familiar de um doente com CDNMT vir a apresentar

doença é 5 a 10 vezes superior ao da população geral, e este aumenta quando o familiar é de

primeiro grau, como por exemplo, um irmão ou ainda maior entre irmãs, sobretudo nos casos de

CPT (1,9,19)

.

Quando comparamos a primeira com a segunda geração (pais-filhos), de doentes com

CDNMFT verifica-se que a sua apresentação difere ligeiramente. A segunda geração é

geralmente diagnosticada em idade mais precoce e os tumores têm um maior grau de

19

multifocalidade (11)

. Capezone et al (17)

encontraram nos indivíduos da segunda geração maior

número de indivíduos do sexo masculino afetados, tumores em estadios mais avançados e pior

prognóstico.

Temos assim o chamado fenómeno de antecipação genética, onde a sintomatologia de

uma doença genética se manifesta em idade mais precoce na geração seguinte e onde uma maior

agressividade dos sintomas é também notória (11,17,30)

.

Resumindo, podem ser apontadas como principais caraterísticas para se suspeitar de

neoplasia familiar da tireóide (31)

:

Idade jovem;

Incidência de géneros quase idêntica (embora com mais mulheres afetadas);

História familiar de nódulos tiroideus ou de carcinoma da tireóide;

Tumores multifocais;

Bilateralidade;

Existência de uma lesão percursora (como hiperplasia das células C no CMT);

Ao suspeitar-se de uma forma familiar, toda a informação que se possa recolher junto

do doente é importante. Deve questionar-se sobre a história clínica completa, enfatizando

sintomas locais e regionais (dor, disfagia, dispneia), exposição prévia a radiação, história

familiar de patologia tiroideia benigna ou maligna e sobre história pessoal ou familiar conhecida

de outra síndrome familiar que pode aparecer combinada com CDNMFT (19)

.

Caraterísticas Clínicas

Além da história familiar, não existem grandes diferenças entre as caraterísticas clínicas

ou histológicas do CDNMT quando comparamos a forma esporádica com a familiar.

O CDNMFT está associado a uma maior incidência de condições benignas, como o

adenoma folicular, o bócio multinodular (32)

e a tiroidite de Hashimoto (19,26,30)

. Musholt et al (24)

propuseram que o diagnóstico de bócio multinodular em 3 familiares de primeiro ou segundo

20

grau de um paciente com CPT constitui um critério primário para o diagnóstico de CDNMFT

(19). Está descrito que cerca de 36-57% dos doentes com CDNMFT tem história pregressa ou

familiar de patologia benigna da tireóide (26,30)

.

A bilateralidade e multinodolaridade são critérios que também ocorrem com mais

frequência nesta forma (1,16,21,33)

.

Um estudo retrospetivo a doentes com CDNMFT tratados entre 1980-1994 na

Califórnia revelou que a incidência de multifocalidade era cerca de 90%, que a bilateralidade

ocorria em 43% dos casos, que a metastização ao nível dos gânglios linfáticos e invasão local se

verificava em 57% e que a taxa de recorrência era cerca de 50% (33)

.

Agressividade e Recorrência

A maioria dos estudos é ainda pouco clara no que toca a este assunto.

Estudos multicêntricos afirmam que a forma familiar é mais agressiva e tem maior taxa

de recorrência pelo facto de aparecer em idades mais jovens e ser frequentemente multifocal,

aconselhando por isso uma abordagem e tratamento mais dirigidos (19)

. O facto de metastizar

frequentemente para os gânglios linfáticos e de invadir estruturas locais traduzem a sua maior

agressividade (19)

. Num estudo caso-controlo retrospetivo multicêntrico (25)

, o CDNMFT é

considerado como mais agressivo, com uma taxa de recorrência de 44% comparado com o

grupo de controlo. O tempo livre de doença seria também mais curto.

Por outro lado, em estudos menores demonstra-se que esta forma não apresenta pior

prognóstico quando comparada com a esporádica, pelo que a necessidade de vigilância não será

necessário nos familiares de pacientes afetados (28)

.

Loh K-C (34)

na sua revisão da literatura de 1955 a 1996 não encontrou evidências de se

tratar de uma forma mais agressiva quando comparada com a forma esporádica. Por outro lado,

Sippel et al (19)

que reviram a literatura de 1996 a 2008 demonstraram maior agressividade e

tempo livre de doença mais curto.

Quanto ao prognóstico as opiniões divergem igualmente. Estudos que demonstram o

CDNMFT como mais agressivo também lhe atribuem pior prognóstico. A recorrência está

21

também associada a um prognóstico menos favorável. Cerca de 1/3 dos doentes com carcinoma

da tireóide recorrente irão falecer desta doença (19)

.

Verifica-se ainda que nos estudos em que os doentes são divididos pelo número de

familiares afetados as diferenças são mais evidentes: doentes com 3 ou mais familiares afetados

apresentam pior prognóstico (16,25)

. Os fatores preditores de mau prognóstico são assim, o

número de familiares com CDNMT e a presença de metástases locais e à distância (25,34,35)

.

Síndromes Familiares associados

O CDNMT engloba um grupo heterogéneo de doenças, podendo ser dividido em dois

principais com base em características clinico-patológicas que foram já descritas previamente

(idade jovem ao diagnóstico, a multicentricidade e a bilateralidade). O primeiro, A, é

constituído por um conjunto de síndromes familiares onde o CDNMT aparece como uma

componente minor, e não como tumor principal. O segundo grupo, B, é formado por um

conjunto de tumores familiares, onde a neoplasia da tireóide, nomeadamente o

CDNMT/CDNMFT, é predominante (2,4,5,7,8,29,31,36)

.

A. Síndromes Tumorais Familiares com Carcinoma Diferenciado Não

Medular da Tireóide

Neste grupo o CDNMT surge no contexto de outra síndrome familiar. Na base destas

síndromes está provavelmente um gene responsável por aumentar o risco de desenvolver

CDNMT. São exemplos: a Polipose Adenomatosa Familiar, a Síndrome de Cowden, o

Complexo de Carney e a Síndrome de Werner, entre outros.

Polipose Adenomatosa Familiar

Trata-se de uma doença familiar causada por mutações germinativas no gene APC, cuja

principal manifestação é o desenvolvimento de pólipos adenomatosos no cólon e reto.

22

Das manifestações extracólicas pode salientar-se o CPT que ocorre em cerca de 2-12%

dos doentes com PAF (3,12)

. A baixa incidência de neoplasia da tireóide nestes doentes sugere

que esta ocorre devido a suscetibilidade genética (12)

.

Histologicamente tem geralmente uma apresentação própria: variante cribiforme-

morular do CPT (CMv-CPT). De entre os doentes com CPT na PAF, cerca de 90% apresentam

este subtipo histológico (2)

, pelo que, em todos os doentes onde esta histologia está presente deve

ser investigado se esta síndrome aparece subjacente. É frequentemente bilateral, atinge

sobretudo jovens, é 10 vezes mais frequente em mulheres e apresenta prognóstico semelhante ao

CPT clássico (12)

.

Algumas caraterísticas celulares e nucleares como núcleos claros, crescimento nuclear e

over-lapping que aparecem nas formas esporádicas, são muito raras nas formas familiares, o que

permite alertar para a possibilidade de se estar na presença de uma síndrome familiar (4,5,7,8,29)

.

Devido á baixa incidência de CPT nos doentes com FAP, não estão padronizados

exames de rotina, como ecografia ou TC cervical (12)

.

Síndrome de Cowden (SC)

Caraterizada pela presença de múltiplos hamartomas. É causada por um conjunto de

mutações germinativas inativantes no gene supressor tumoral PTEN.

A patologia tiroideia maligna é a segunda manifestação mais frequente e afeta

principalmente as células foliculares (12,37)

. O CFT é encontrado em 5 a 10% dos pacientes (37)

. É

multicêntrico e crê-se que a lesão percursora seja o adenoma folicular (AF) tratando-se de um

critério major para o diagnóstico de SC, enquanto a presença de bócio multinodular (BMN) ou

de múltiplos nódulos adenomatosos (MNA) representam critérios minor. O CPT é mais raro

mas também pode ocorrer (2)

.

Assim, a presença de doença tiroideia benigna multinodular e bilateral como AF ou

BMN deve alertar o médico para a existência de uma possível síndrome subsequente como o SC

e, tendo em conta que se trata de uma síndrome familiar, é importante o estudos dos respetivos

familiares (2,4,8,29)

. A elevada incidência de patologia tiroideia nos doentes com SC determina

23

que estes devem ser submetidos a ecografia cervical de rotina, devendo ser ponderada

tiroidectomia quando a ecografia ou a biópsia são inconclusivas (12)

.

Complexo de Carney (CC)

É uma doença autossómica dominante que se carateriza por hiperpigmentação cutânea e

pela presença de várias neoplasias endócrinas como tumores da hipófise, tumores adrenais e

neoplasias da tireóide. Geralmente apresenta-se com doença multinodular (MNA) ou AF e o

CPT e CFT podem surgir em cerca de 15% dos doentes (2,7,8,29)

.

Uma vez que a presença de nódulos tiroideus é frequente, a ecografia de rotina pode ser

importante na identificação precoce de CDNMT nestes doentes (12)

.

Síndrome de Werner (SW)

É uma doença rara, autossómica recessiva, que se inicia frequentemente na 3ª década,

caraterizada por uma mutação no gene WRN. Estas mutações estão especificamente

relacionadas com malignidade como melanomas, sarcomas e CDNMT (5)

.

A patologia tiroideia surge nos pacientes mais jovens (≈ 34 anos). Na população

japonesa existe um risco 3 vezes superior de desenvolver CFT comparado com a população em

geral. Nos doentes caucasianos encontramos apenas CPT (4,5,7)

.

A elevada prevalência de CT nesta síndrome predispõe a que o exame físico e ecografia

de rotina estejam preconizados nestes doentes (12)

.

O CDNMT nos doentes com alguma destas síndromes familiares foi considerado como

sendo mais agressivo em comparação com a forma esporádica. É importante que o clínico

anteveja a possibilidade de que, na presença de CDNMT o doente possa apresentar outra

síndrome subjacente ou vice-versa, uma vez que o CDNMT pode ser a apresentação inicial

destas síndromes (12)

.

24

B. Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide sem associação

a outras síndromes

Este grupo inclui as famílias onde o CDNMT é o principal tumor, sem outras síndromes

familiares associadas. Nele estão incluídos o CPT familiar (fCPT), CPT variante de células

oxifílicas e o BMN familiar (37)

. Nestes, o tipo histológico mais frequente é também o CPT.

Carcinoma Papilar Familiar da Tireóide

Ao longo dos anos, tem sido descrito casos familiares nos doentes com CPT, sendo que

este aparece frequentemente em pais-filhos, irmãos e em outros familiares de 1º grau (22)

. Ao

analisar várias famílias com CPT, verifica-se que cerca de 3,5-10% dos doentes têm pelo menos

um familiar de 1º grau com diagnóstico de CPT (37)

.

Um subtipo de fCPT é o microcarcinoma papilar. Nas famílias com CPT este subtipo é

descrito como mais agressivo. Numa revisão da literatura, Harach et al verificaram que de um

total de 33 famílias com microcarcinomas papilares, 15% apresentavam metástases regionais e

3% metástases à distância (37)

. É também duas vezes mais frequente nas neoplasias MEN-II em

comparação com a população em geral (31)

.

A Tabela 2 e 3 resumem as caraterísticas principais acabadas de referir, como o tipo de

patologia tiroideia, de ambos os subgrupos A e B respectivamente (Anexo 3 e 4 respetivamente)

:

25

Discussão

Na revisão da literatura realizada pode verificar-se que as caraterísticas do CDNMFT

não estão totalmente esclarecidas. Embora existam vários estudos sobre o tema há uma certa

dificuldade em estudar a forma familiar do CDNMT, por um lado por ser relativamente rara,

tornando-se difícil agrupar vários casos para um estudo, e por outro pela dificuldade em obter-se

a história clínica dos respetivos familiares (38)

.

A existência de hereditariedade é apoiada pelo facto de existir transmissão

vertical entre gerações, transmissão horizontal entre irmãos e uma percentagem elevada

de indivíduos do sexo masculino afetados (17,18,19,34). Também a presença do fenómeno de

antecipação genética, isto é, na segunda geração o CDNMT se manifestar mais

precocemente e em estadio mais avançado (31, 32), parece ser sugestivo da forma familiar.

Existe alguma controvérsia e os diferentes estudos não obtêm resultados idênticos

quanto a determinados tópicos como caraterísticas clínicas, agressividade e prognóstico do

CDNMFT. Esta secção do trabalho tenta focar, resumidamente, as várias conclusões sobre as

caraterísticas mais importantes.

No maior estudo feito a 6458 doentes (26)

, onde foram identificados 258 casos de

CDNMFT, chegou-se à conclusão que a idade ao diagnóstico (49 anos) não era diferente da

encontrada na forma esporádica. O tamanho entre formas também não apresentava diferenças.

Os tumores multifocais eram mais frequentes nos doentes com CDNMFT (42%) e estes

apresentavam frequentemente BMN (41% versus 29% na esporádica).

No que respeita à agressividade, por ser geralmente multifocal e estar associado a

metastização aos gânglios linfáticos e invasão de estruturas locais, alguns autores consideram-

no como uma forma mais agressiva e com maior taxa de recorrência comparada com os tumores

esporádicos (14, 19, 26)

.

Contudo outros estudos contradizem esta opinião. O estudo de Robenshtok et al (3)

demonstrou que o CDNMFT é geralmente diagnosticado mais cedo (≈ 5anos) e que para além

26

desta caraterística, a apresentação clínica, o prognóstico, tratamento a adoptar e o tempo livre de

doença não diferem da forma esporádica. Este estudo fez a comparação entre diferentes estudos

realizados ao longo dos anos que confrontavam vários parâmetros entre as duas formas. A

tabela 4 (Anexo 5)

procura resumir os resultados obtidos nestes estudos.

A meta-análise realizada em 1997 por Loh K-C (34)

revelou que a forma familiar não

seria mais agressiva em comparação com a esporádica. Um estudo caso-controlos (28)

não

encontrou diferenças entre as formas no que respeita à invasão, metastização à distância e tempo

livre de doença. Uchino et al (26)

demonstraram que a recorrência local era maior na forma

familiar, mas em termos de sobrevivência e de ocorrência de metástases à distância não existiam

diferenças evidentes.

A discrepância entre os resultados pode ser explicada pelo facto de na maioria

dos estudos serem incluídos doentes com apenas 2 familiares afetados, e como foi

referido, há probabilidade de se se tratar de um caso esporádico, o que pode traduzir nos

resultados um comportamento menos agressivo (20). Uma outra razão prende-se com o facto

de ainda não serem conhecidos os genes responsáveis pelo CDNMFT que poderiam explicar a

existência de um defeito genético responsável por um fenótipo mais/menos agressivo (3)

.

Assim, verificamos que existe alguma concordância em certos aspetos: doentes com a

forma familiar CDNMT são diagnosticados com idade ligeiramente inferior, apresentam

frequentemente doença tiroideia benigna e frequentemente multifocal. Maior agressividade, pior

prognóstico e maior taxa de recorrência podem, por vezes, aparecer associados a esta forma.

A importância de determinar as caraterísticas do CDNMFT e se este é realmente

mais agressivo quando comparado com a forma esporádica suscita algumas dúvidas.

Por exemplo, é necessário estudar todos os familiares de primeiro grau dos doentes com

CDNMT? Quem deve ser estudado? Com que idade se deve iniciar o rastreio? Como

deve ser feito o estudo? O exame físico é suficiente ou devem ser realizados exames

imagiológicos? Quem necessita ou beneficia de tratamento mais agressivo?

27

Quanto aos indivíduos que devem ser estudados, Sippel et al (19) admitem que

todos os doentes, com pelo menos um familiar de primeiro grau com diagnóstico de

CDNMT, devem ser questionados sobre a sua história clínica e familiar (estruturar a

árvore genealógica da família pode ser importante para mais facilmente identificar e

quantificar familiares afetados) (27). O exame físico completo também deve ser realizado.

A ecografia cervical deve ser utilizada para esclarecer eventuais casos duvidosos.

Nos doentes com CT multifocal diagnosticado ou BMN, mesmo sem familiares

afetados, deve ser realizada ecografia cervical, visto que estas condições clínicas estão

presentes com alguma frequência nos doentes com CDNMFT.

Na presença de 2 ou mais familiares com CDNMT a história clínica completa

deve ser sempre questionada e o exame físico e a ecografia cervical devem ser

realizados. Se forem negativos, é recomendado o follow-up anual destes doentes (19)

.

Quando são detetados nódulos à palpação em adultos jovens ou indivíduos do

sexo masculino, estes devem ser avaliados com ecografia cervical e biópsia dos

respetivos nódulos (27).

Assim, não existindo nenhum teste genético para estudar a componente

hereditária do CDNMT, a ecografia cervical tem um papel importante no seu

diagnóstico (19), permitindo identificar precocemente os casos familiares (30)

. Através

deste exame uma elevada incidência de CPT assintomático foi detetada nos familiares

de doentes com CDNMFT, demonstrando a importância do rastreio ecográfico (39)

.

Como se verificou, o CDNMFT não surge sempre na mesma idade, pelo que se

considera que o rastreio deve ser iniciado cerca de 5-10 anos mais cedo em relação à

idade de diagnóstico do primeiro familiar identificado (19)

.

Quanto ao tratamento a ser utilizado, alguns autores admitem que os doentes

com história familiar positiva de CDNMT, pela elevada disseminação intraglandular e

28

metastização linfática, devem ser submetidos a uma terapia mais agressiva como

tiroidectomia total com dissecção cervical profiláctica (19,20,33,40)

, diminuindo assim a

recorrência deste tumor. O estudo de Ito et al (35)

demonstrou que os doentes com

CDNMFT não submetidos a tiroidectomia total apresentavam maior recorrência na

tireóide remanescente, pelo que o tratamento recomendado é idêntico ao dos tumores

esporádicos.

Em contraste com estes, outros estudos (28,34)

que chegaram a conclusão que a

agressividade não difere entre formas, assumem que não haverá necessidade de se

submeter os doentes a tratamentos radicais.

29

Conclusão

Da realização deste trabalho podemos concluir que a forma familiar do CDNMT é rara,

contabilizando cerca de 5% dos tumores. O tipo de hereditariedade parece ser autossómico

dominante.

A maior dificuldade em distinguir a forma esporádica da familiar prende-se com o facto

de além de rara e praticamente indistinta histologicamente da forma esporádica, ainda não são

conhecidos os genes responsáveis pela patologia (excepto em alguns casos de CPT variante de

células oxifílicas).

Os critérios primários de definição propostos por Musholt et al (24)

assentam na presença

de pelo menos 2 familiares de primeiro grau afetados por CDNMT ou um doente com CPT com

pelo menos 3 familiares de primeiro ou segundo grau com BMN. Como critérios secundários

admite CT diagnosticado antes dos 35 anos, presença multifocalidade ou bilateralidade, grande

crescimento tumoral, presença de metástases e patologia tiroideia em jovens. A predisposição

hereditária para CPT é considerada se se cumprir qualquer um dos critérios primários, ou 1

critério primário e 3 secundários.

O CDNMT pode aparecer associado a outras síndromes familiares como a

Polipose Adenomatosa Familiar, a Síndrome de Cowden, o Complexo de Carney ou a

Síndrome de Werner pelo que, a história clínica e familiar completa deve ser sempre

questionada e o seu diagnóstico deve ser excluído nos doentes com patologia tiroideia.

Alguns estudos chegaram á conclusão que as principais caraterísticas clínicas do

CDNMFT são a idade jovem ao diagnóstico, a multicentricidade e bilateralidade, a capacidade

de invasão local, de atingimento de tecidos extra-tiroideus e de metastizar aos gânglios

linfáticos, a elevada recorrência, a histologia específica e a patologia tiroideia benigna de base

(como tiroidite, hiperplasia nodular e BMN). Baseando-se nestas características, bem como no

diagnóstico em indivíduos do sexo masculino, o clínico deve estar alerta para a possibilidade de

30

se tratar de um caso hereditário. E, como há possibilidade de ser efectivamente mais agressivo,

os doentes devem ser seguidos regularmente e a tiroidectomia total deve ser ponderada.

Para concluir, é importante o desenvolvimento de estudos genéticos que permitam

identificar as alterações subjacentes. Na sua ausência, a identificação clínica de uma forma

familiar de carcinoma da tiróide é a única forma de conseguir o tratamento atempado.

31

Referências

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hereditary nonmedullary thyroid cancer. Thyroid 2009; 19(12):1343-9.

35

Anexos

Anexo 1:

Figura 1: Frequência com que ocorre Carcinoma Diferenciado Não Medular da Tireóide no

contexto de doença hereditária versus esporádica (adaptado de Alsanea et al (13)

).

Abreviaturas: CPT: Carcinoma Papilar da Tireóide; CFP: Carcinoma Folicular da Tireóide.

Neoplasia da Tireóide

CPT Carcinoma das

células de Hϋrthle

CFP Carcinoma

Anaplásico

Esporádico

(80,7%)

Familiar

(4,3%)

Isolado

(4,2%)

Complexo de

Carney

(muito raro)

Síndrome de

Werner

(muito raro)

Síndrome de

Cowden

(muito raro)

Síndrome

de Gardner

(0,1%)

Familiar

(0,1%)

Esporádico

(0,4%)

Esporádico

(0,4%)

Familiar

(raro)

36

Anexo 2:

Tabela 1: Caraterísticas clínicas que podem sugerir a presença de patologia hereditária.

Sugestivo

de Doença

Familiar

História Clínica

Idade jovem; Sexo masculino.

História Familiar

Tiroidite; Hiperplasia Multinodular; Carcinomas da

Tireóide.

Achados Patológicos

Morfologia específica (bilateral, multinodular);

Outros tumores; Tiroidite subjacente.

37

Anexo 3:

Tabela 2: Carcinoma Diferenciado Não Medular da Tireóide associado a outras Síndromes

Tumorais Familiares (adaptado de Cameselle et al (28)

).

Síndrome Familiar Hereditariedade Patologia Tiroideia mais

frequente

Polipose Adenomatosa

Familiar

HAD CPT multifocal; CMv-CPT

Síndrome de Cowden HAD AF multifocal, BMN, CPT,

CFT

Complexo de Carney HAD AF multifocal, BMN, CFT,

CPT

Síndrome de Werner HAR CPT, CFT

Abreviaturas: HAD: Hereditariedade Autossómica Dominante; CPT: Carcinoma Papilar da

Tireóide; CMv-CPT: Subtipo Cribiforme-Morular do Carcinoma Papilar da Tireóide; AF:

Adenoma Folicular; BMN: Bócio Multinodular; CFT: Carcinoma Folicular da Tireóide; HAR:

Hereditariedade Autossómica Recessiva.

38

Anexo 4:

Tabela 3: Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide sem associação a outas

Síndromes Familiares (adaptado de Nosé et al (2)

).

Síndrome Familiar Patologia Tiroideia mais frequente

fCPT CPT; Microcarcinoma papilar

fCPT variante de células oxifílicas CPT multicêntrico, com oxifilia

BMN Familiar CPT, CFT (+ raro)

Abreviaturas: fCPT: Carcinoma Papilar Familiar da Tireóide; CPT: Carcinoma Papilar da

Tireóide; BMN: Bócio Multinodular; CFT: Carcinoma Folicular da Tireóide;

39

Anexo 5:

Tabela 4: Comparação entre caraterísticas clínicas nos doentes com Carcinoma Diferenciado

Não Medular Familiar da Tireóide em estudos publicados ao longo dos anos (adaptado de

Robenshtok et al (3)

).

Loh

1997 (34)

Alsanea

2000 (27)

Uchino

2002 (26)

Maxwel

2004 (28)

Triponez

2006 (16)

Ito

2009 (35)

Robenshtok

2010 (3)

CDNMFT (n) 178 48 258 24 139 273 67

≥ 3 familiares

afectados

- 29% 16% - 53% 6,6% 37%

Famílias (n) 87 38 154 - - - 46

Sexo feminino 55% - 88% 80% 53% - 90%

Idade (média) 30-39 39 49 54 40,8 - 43

Tamanho do

tumor (mm)

- 28 19,8 - - - 18

CPT 91% 93% - 91% 86% - 88,8%

Multifocalidade 49% - 40% 50% - 46% 79%

Bilateralidade - - - - - 10% 55%

Atingimento

linfático

- 48% 26% - - - 41%

Metástases no

diagnóstico

5% 4% - 5% - - 5%

Recorrência

local/persistência

29% 44% 16% 4,5% - 9% 32%

Metástases à

distância

10% - 5,4% - - - 8,6%

Abreviaturas: CDNMFT: Carcinoma Diferenciado Não Medular Familiar da Tireóide; CPT:

Carcinoma Papilar da Tireóide;

40

Anexo 6:

Normas de publicação segundo a revista Arquivos de Medicina

O texto deve ser limitado a 5000 palavras, excluindo referências e tabelas, e apresentar

um máximo de 5 tabelas e/ou figuras (total). As revisões quantitativas devem ser organizadas

em introdução, métodos, resultados e discussão/conclusão. As revisões devem apresentar

resumos não estruturados em português e em inglês, com um máximo de 250 palavras cada,

devendo ser estruturados no caso das revisões quantitativas.

Formatação dos Manuscritos

A formatação dos artigos submetidos para publicação nos ARQUIVOS DE MEDICINA

deve seguir os “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”.

Todo o manuscrito, incluindo referências, tabelas e legendas de figuras, deve ser redigido a dois

espaços, com letra a 11 pontos, e justificado à esquerda. Aconselha-se a utilização das letras

Times, Times New Roman, Courier, Helvetica, Arial, e Symbol para caracteres especiais.

Devem ser numeradas todas as páginas, incluindo a página do título.

Devem ser apresentadas margens com 2,5 cm em todo o manuscrito. Devem ser

inseridas quebras de página entre cada secção. Não devem ser inseridos cabeçalhos nem

rodapés.

Deve ser evitada a utilização não técnica de termos estatísticos como aleatório, normal,

significativo, correlação e amostra. Apenas será efectuada a reprodução de citações, tabelas ou

ilustrações de fontes sujeitas a direitos de autor com citação completa da fonte

Unidades de medida

Devem ser utilizadas as unidades de medida do Sistema Internacional (SI), mas os

editores podem solicitar a apresentação de outras unidades não pertencentes ao SI.

41

Nomes de medicamentos

Deve ser utilizada a Designação Comum Internacional (DCI) de fármacos em vez de

nomes comerciais de medicamentos. Quando forem utilizadas marcas registadas na

investigação, pode ser mencionado o nome do medicamento e o nome do laboratório entre

parêntesis.

Abreviaturas

Devem ser evitados acrónimos e abreviaturas, especialmente no título e nos resumos.

Quando for necessária a sua utilização devem ser definidos na primeira vez que são

mencionados no texto e também nos resumos e em cada tabela e figura, excepto no caso das

unidades de medida.

Página do título

Na primeira página do manuscrito deve constar:

1) O título (conciso e descritivo);

2) Um título abreviado (com um máximo de 40 caracteres, incluindo espaços);

3) Os nomes dos autores, incluindo o primeiro nome (não incluir graus académicos ou títulos

honoríficos);

4) A filiação institucional de cada autor no momento em que o trabalho foi realizado;

5) O nome e contactos do autor que deverá receber a correspondência, incluindo endereço,

telefone, fax e e-mail;

6) Os agradecimentos, incluindo fontes de financiamento, bolsas de estudo e colaboradores que

não cumpram critérios para autoria;

7) Contagem de palavras separadamente para cada um dos resumos e para o texto principal (não

incluindo referências, tabelas ou figuras).

42

Autoria

Como referido nos “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical

Journals”, a autoria requer uma contribuição substancial para:

1) Concepção e desenho do estudo, ou obtenção dos dados, ou análise e interpretação dos dados;

2) Redacção do manuscrito ou revisão crítica do seu conteúdo intelectual;

3) Aprovação final da versão submetida para publicação.

A obtenção de financiamento, a recolha de dados ou a supervisão geral do grupo de

trabalho, por si só, não justificam autoria. É necessário especificar na carta de apresentação o

contributo de cada autor para o trabalho. Esta informação será publicada.

Agradecimentos

Devem ser mencionados na secção de agradecimentos os colaboradores que

contribuíram substancialmente para o trabalho mas que não cumpram os critérios para autoria,

especificando o seu contributo, bem como as fontes de financiamento, incluindo bolsas de

estudo.

Resumos

Os resumos de artigos de investigação original, publicações breves, revisões

quantitativas e séries de casos devem ser estruturados (introdução, métodos, resultados e

conclusões) e apresentar conteúdo semelhante ao do manuscrito.

Os resumos de manuscritos não estruturados (revisões não quantitativas e casos

clínicos) também não devem ser estruturados. Nos resumos não devem ser utilizadas referências

e as abreviaturas devem ser limitadas ao mínimo.

Palavras-chave

Devem ser indicadas até seis palavras-chave, em portugês e em inglês, nas páginas dos

resumos, preferencialmente em concordância com o Medical Subject Headings (MeSH)

43

utilizado no Index Medicus. Nos manuscritos que não apresentam resumos as palavras-chave

devem ser apresentadas no final do manuscrito.

Introdução e Objetivo

Deve mencionar os objetivos do trabalho e a justificação para a sua realização. Nesta

secção apenas devem ser efectuadas as referências indispensáveis para justificar os objetivos do

estudo.

Métodos

Nesta secção devem descrever-se:

1) A amostra em estudo;

2) A localização do estudo no tempo e no espaço;

3) Os métodos de recolha de dados;

4) Análise dos dados.

As considerações éticas devem ser efectuadas no final desta secção.

Análise dos dados

Os métodos estatísticos devem ser descritos com o detalhe suficiente para que possa ser

possível reproduzir os resultados apresentados. Sempre que possível deve ser quantificada a

imprecisão das estimativas apresentadas, designadamente através da apresentação de intervalos

de confiança. Deve evitar-se uma utilização excessiva de testes de hipóteses, com o uso de

valores de p, que não fornecem informação quantitativa importante. Deve ser mencionado o

software utilizado na análise dos dados.

Considerações éticas e consentimento informado

Os autores devem assegurar que todas as investigações envolvendo seres humanos

foram aprovadas por comissões de ética das instituições em que a investigação tenha sido

desenvolvida, de acordo com a Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial

44

(www.wma.net). Na secção de métodos do manuscrito deve ser mencionada esta aprovação e a

obtenção de consentimento informado, quando aplicável.

Resultados

Os resultados devem ser apresentados, no texto, tabelas e figuras, seguindo uma

sequência lógica. Não deve ser fornecida informação em duplicado no texto e nas tabelas ou

figuras, bastando descrever as principais observações referidas nas tabelas ou figuras.

Independentemente da limitação do número de figuras propostos para cada tipo de artigo, só

devem ser apresentados gráficos quando da sua utilização resultarem claros benefícios para a

compreensão dos resultados.

Apresentação de dados numéricos

A precisão numérica utilizada na apresentação dos resultados não deve ser superior à

permitida pelos instrumentos de avaliação. Para variáveis quantitativas as medidas apresentadas

não deverão ter mais do que uma casa decimal do que os dados brutos. As proporções devem

ser apresentadas com apenas uma casa decimal e no caso de amostras pequenas não devem ser

apresentadas casas decimais. Os valores de estatísticas teste, como t ou χ2, e os coeficientes de

correlação devem ser apresentados com um máximo de duas casas decimais. Os valores de p

devem ser apresentados com um ou dois algarismos significativos e nunca na forma de p=NS,

p<0,05 ou p>0,05, na medida em a informação contida no valor de P pode ser importante. Nos

casos em que o valor de p é muito pequeno (inferior a 0,0001), pode apresentar-se como

p<0,0001.

Tabelas e figuras

As tabelas devem surgir após as referências. As figuras devem surgir após as tabelas.

Devem ser mencionadas no texto todas as tabelas e figuras, numeradas (numeração árabe

separadamente para tabelas e figuras) de acordo com a ordem em que são discutidas no texto.

Cada tabela ou figura deve ser acompanhada de um título e notas explicativas (ex. definições de

45

abreviaturas) de modo a serem compreendidas e interpretadas sem recurso ao texto do

manuscrito.

Cada tabela ou figura deve ser apresentada em páginas separadas, juntamente com o

título e as notas explicativas. Nas tabelas devem ser utilizadas apenas linhas horizontais. As

figuras, incluindo gráficos, mapas, ilustrações, fotografias ou outros materiais devem ser criadas

em computador ou produzidas profissionalmente. As figuras devem incluir legendas. Os

símbolos, setas ou letras devem contrastar com o fundo de fotografias ou ilustrações. A

dimensão das figuras é habitualmente reduzida à largura de uma coluna, pelo que as figuras e o

texto que as acompanha devem ser facilmente legíveis após redução. As figuras, criadas em

computador ou convertidas em formato eletrónico após digitalização devem ser inseridas no

ficheiro do manuscrito. Os gráficos não deverão ter cores. As legendas, símbolos, setas ou letras

devem ser inseridas no ficheiro da imagem das fotografias ou ilustrações.

Discussão/Conclusão

Na discussão não deve ser repetida detalhadamente a informação fornecida na secção

dos resultados, mas devem ser discutidas as limitações do estudo, a relação dos resultados

obtidos com o observado noutras investigações e devem ser evidenciados os aspectos

inovadores do estudo e as conclusões que deles resultam. É importante que as conclusões

estejam de acordo com os objectivos do estudo, mas devem ser evitadas afirmações e

conclusões que não sejam completamente apoiadas pelos resultados da investigação em causa.

Referências

As referências devem ser listadas após o texto principal, numeradas consecutivamente

de acordo com a ordem da sua citação. Os números das referências devem ser apresentados

entre parêntesis. Não deve ser utilizado software para numeração automática das referências.

Pode ser encontrada nos “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical

Journals” uma descrição pormenorizada do formato dos diferentes tipos de referências.

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Anexos

Material muito extenso para a publicação com o manuscrito, designadamente tabelas

muito extensas ou instrumentos de recolha de dados, poderá ser solicitado aos autores para que

seja fornecido a pedido dos interessados.”

Conflitos de interesse

Os autores de qualquer manuscrito submetido devem revelar no momento da submissão

a existência de conflitos de interesse ou declarar a sua inexistência. Essa informação será

mantida confidencial durante a revisão do manuscrito pelos avaliadores externos e não

influenciará a decisão editorial mas será publicada se o artigo for aceite.

Autorizações

Antes de submeter um manuscrito aos ARQUIVOS DE MEDICINA os autores devem

ter em sua posse os seguintes documentos que poderão ser solicitados pelo corpo editorial:

- Consentimento informado de cada participante;

- Consentimento informado de cada indivíduo presente em fotografias, mesmo quando forem

efectuadas tentativas de ocultar a respectiva identidade;

- Transferência de direitos de autor de imagens ou ilustrações;

- Autorização para utilização de material previamente publicado;

- Autorizações dos colaboradores mencionados na secção de agradecimentos.