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151 Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, SP - CEP 13278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 30 de junho de 2011 Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional Kelly Christina Lacerda Evangelista Fonseca Liliam V. de P. C. Silveira Jaqueline Bento P. Pacheco Curso: Biomedicina FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS Trabalho apresentado no 10º Congresso Nacional de Iniciação Científica – CONIC. RESUMO O diagnóstico precoce do câncer do colo uterino é de grande relevância, já que a cura é possível na maioria dos casos, por isso a necessidade de se fazer o rastreamento através do exame citopatológico ou de Papanicolaou em mulheres com vida sexual ativa. Este tem por objetivo investigar a prevalência de lesões precursoras do câncer de colo do útero em mulheres atendidas pela Unidade de Saúde e Ações da Mulher e do Adolescente da Cidade de Anápolis-GO. Os dados foram obtidos através de pesquisa no banco de dados da Unidade e o período analisado foi entre julho de 2008 e julho de 2009. Das 4.821 amostras analisadas, encontrou-se 2% (100) de citologias com diagnóstico positivo. Dentre estas 79% (79) foram de NIC I, 14% (14) de NIC II, 4% (4) de NIC III, 2% (2) de carcinoma invasor e 1% (1) de adenocarcinoma in situ. A faixa etária mais acometida foi a de 40 a 49 anos com um índice de prevalência de 7,467 mulheres a cada 1.000. Dos 79 casos positivos para NIC I houve sugestão de presença do vírus do HPV em 73 deles. Em virtude da importância do tema e escassez de pesquisas nessa área com a população desta região, este trabalho poderá servir de subsídio para eventuais ações na área social, educacional e sanitária da cidade, afim de que problemas graves de ordem pública possam ser sanados ou evitados gerando uma qualidade de vida a sua população. Palavras-Chave: colpocitologia; câncer de colo uterino; neoplasias cervicais. ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE Vol. 13, N. 17, Ano 2010 PREVALÊNCIA DAS NEOPLASIAS INTRA-EPITELIAIS CERVICAIS EM MULHERES ATENDIDAS PELA UNIDADE DE AÇÕES E SAÚDE DA MULHER E DO ADOLESCENTE DA CIDADE DE ANÁPOLIS, GO

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Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, SP - CEP 13278-181 [email protected] [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Publicação: 30 de junho de 2011

Trabalho realizado com o incentivo e fomento da Anhanguera Educacional

Kelly Christina Lacerda Evangelista Fonseca Liliam V. de P. C. Silveira Jaqueline Bento P. Pacheco

Curso: Biomedicina

FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

Trabalho apresentado no 10º Congresso Nacional de Iniciação Científica – CONIC.

RESUMO

O diagnóstico precoce do câncer do colo uterino é de grande relevância, já que a cura é possível na maioria dos casos, por isso a necessidade de se fazer o rastreamento através do exame citopatológico ou de Papanicolaou em mulheres com vida sexual ativa. Este tem por objetivo investigar a prevalência de lesões precursoras do câncer de colo do útero em mulheres atendidas pela Unidade de Saúde e Ações da Mulher e do Adolescente da Cidade de Anápolis-GO. Os dados foram obtidos através de pesquisa no banco de dados da Unidade e o período analisado foi entre julho de 2008 e julho de 2009. Das 4.821 amostras analisadas, encontrou-se 2% (100) de citologias com diagnóstico positivo. Dentre estas 79% (79) foram de NIC I, 14% (14) de NIC II, 4% (4) de NIC III, 2% (2) de carcinoma invasor e 1% (1) de adenocarcinoma in situ. A faixa etária mais acometida foi a de 40 a 49 anos com um índice de prevalência de 7,467 mulheres a cada 1.000. Dos 79 casos positivos para NIC I houve sugestão de presença do vírus do HPV em 73 deles. Em virtude da importância do tema e escassez de pesquisas nessa área com a população desta região, este trabalho poderá servir de subsídio para eventuais ações na área social, educacional e sanitária da cidade, afim de que problemas graves de ordem pública possam ser sanados ou evitados gerando uma qualidade de vida a sua população.

Palavras-Chave: colpocitologia; câncer de colo uterino; neoplasias cervicais.

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE

Vol. 13, N. 17, Ano 2010

PREVALÊNCIA DAS NEOPLASIAS INTRA-EPITELIAIS CERVICAIS EM MULHERES ATENDIDAS PELA UNIDADE DE AÇÕES E SAÚDE DA MULHER E DO ADOLESCENTE DA CIDADE DE ANÁPOLIS, GO

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1. INTRODUÇÃO

Nos países em desenvolvimento e com baixas condições socioeconômicas o câncer de colo

uterino é muito frequente e na maioria das vezes o diagnóstico precoce não é realizado

(D’OTTAVIANO-MORELLI et al., 2004). Na rede pública de saúde, verifica-se que das

mulheres que possuem mais de 20 anos de idade somente 15% realizam o exame de

Papanicolaou, sendo que, pela importância do diagnóstico esta frequência não é

considerada satisfatória (ETLINGER et al., 2009).

No Brasil, assim como em vários países, o câncer de colo uterino é frequente e

representa um grave problema, principalmente em regiões com dificuldade para atuar em

prevenção, diagnóstico e tratamento (PAIVA et al., 2009). Além disso, está associado a

uma das maiores causas de morte na população feminina mundial (PEDROSA et al.,

2008).

Este tipo de doença pode ser evitada, possuindo uma característica importante

em seu prognóstico, que é o fato de ser de progressão lenta, com isso, existem várias

maneiras de controle e tratamento (DERCHAIN; FILHO; SYRJANEN, 2005). Em relação

ao tratamento, a detecção precoce das lesões intra-epiteliais escamosas (SIL) associadas ao

desenvolvimento de câncer uterino é fundamental, já que na maioria dos casos obtém-se

cura (AMARAL et al., 2006).

O rastreamento das SIL é feito através da colpocitologia oncológica ou exame de

Papanicolaou sendo o método de escolha para esse diagnóstico (PINHO; MATTOS, 2002).

Pode-se considerar o screening, de câncer uterino como sendo uma medida preventiva,

onde estudos demonstram que toda lesão para chegar a um carcinoma invasor passa por

vários estágios e estas lesões podem ser diagnosticadas através do exame de Papanicolaou

e tratadas com sucesso se identificadas precocemente (MS, 2002).

Quando se analisa a evolução da doença, percebe-se que os casos que chegam a

NIC III, estágio classificado como precursor do câncer, evoluíram de um epitélio sem

displasia ou com neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) I, estágio considerado leve

(NADAL; MANZIONE, 2006).

Atualmente, nota-se que a frequência de câncer uterino vem aumentando entre

as mulheres mais jovens, porém a faixa etária entre 45 e 49 anos ainda é a mais acometida

(MENDONÇA et al., 2008).

Alguns fatores de risco devem ser levados em conta quanto à prevalência do

câncer uterino tais como, o início precoce da atividade sexual, vários parceiros sexuais,

frequência de coito, multiparidade, menarca precoce, má higiene genital (MURTA et al.,

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1999) e ainda o uso de contraceptivo oral, baixa ingestão de vitamina A e C, o fumo e

baixo nível socioeconômico (MS, 2002).

O Papilomavírus Humano (HPV) é o fator de risco mais importante para o

desenvolvimento do câncer cervical, porque está intimamente ligado à origem do

carcinoma de colo uterino. Além disso, regiões como vagina, vulva e ânus também podem

ser infectados (SILVA et al., 2009). No início da década de 80, após análises de biópsias em

pacientes que receberam diagnóstico de câncer, detectou-se a presença dos tipos 16 e 18

do HPV (ROSA et al., 2009).

Sabe-se que a prevenção e o diagnóstico precoce são importantes para que haja

sucesso no tratamento, mas atualmente obstáculos precisam ser vencidos, e estes são

considerados como graves problemas de saúde pública. Fatores como cultura,

comportamento e baixo nível socioeconômico acabam interferindo na adesão do paciente

ao exame preventivo, lembrando que o próprio sistema público de saúde precisa ser

sistematizado de maneira a atender a população de forma satisfatória (OLIVEIRA;

PINTO, 2007).

O exame considerado padrão ouro para o diagnóstico do câncer uterino é

conhecido como Papanicolaou. Sendo assim, o investimento neste tipo de prevenção é

primordial em virtude da possibilidade de cura quando diagnosticado precocemente

(ETLINGER et al., 2009).

Em virtude de ser um grave problema de saúde pública e estar associado a

elevados índices de morbidade e mortalidade na população feminina o câncer de colo

uterino merece atenção especial em relação às ações básicas de saúde (PAIVA et al., 2009).

Sendo assim conhecer o número de casos e a gravidade dos mesmos é importante, no

sentido de direcionar ações efetivas que possam diminuir a prevalência da doença.

Pela importância do tema e a escassez de pesquisas nessa área com a população

desta região, este trabalho poderá servir de subsídio para eventuais ações na área social,

educacional e sanitária da cidade, afim de que problemas graves de ordem pública

possam ser sanados ou evitados gerando uma qualidade de vida a sua população.

2. OBJETIVO

Estimar a prevalência das neoplasias intra-epiteliais cervicais (NIC) e do carcinoma

invasivo do colo uterino em mulheres atendidas pela Unidade de Ações e Saúde da

Mulher e do Adolescente (UASMA) da cidade de Anápolis, com base no diagnóstico

citopatológico.

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Determinar a prevalência das alterações celulares (NIC I, NIC II, NIC III e

Carcinoma invasor) nas amostras cervicais das mulheres.

Identificar a faixa etária das mulheres mais acometidas pelas alterações celulares

e determinar a periodicidade com que as mulheres procuram o serviço de atendimento da

UASMA para realização do exame citopatológico.

3. METODOLOGIA

O estudo foi realizado na Cidade de Anápolis, Goiás, com mulheres atendidas pela

Unidade de Ações e Saúde da Mulher e do Adolescente (UASMA) da referida cidade.

Tratou-se de pesquisa retrospectiva, onde foram avaliados os resultados dos

exames citopatológicos de todas as mulheres que procuraram atendimento na UASMA no

período entre julho de 2008 e julho de 2009, esse período foi escolhido porque se trata de

uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso que se iniciou em julho de 2009.

Analisaram-se as informações no banco de dados da unidade, onde foram

verificados os resultados referentes aos exames citológicos, observando a idade da

paciente e o resultado da citologia.

Para a análise dos dados obtidos foi utilizado o programa Microsoft Office Excel

2007 para a construção dos gráficos e tabelas permitindo assim a tabulação dos resultados.

4. DESENVOLVIMENTO

O câncer de colo uterino é considerado como um dos mais comuns entre as mulheres de

todo o mundo, ocupando assim o segundo lugar em relação aos outros tipos de cânceres

feminino (ETLINGER et al., 2009).

O número de mortes por consequência de câncer uterino invasivo é elevado e

cerca de 231 mil mulheres morrem todos os anos como resultado da doença e em grande

parte estas mulheres são moradoras de países em desenvolvimento estabelecendo relação

entre situação sócio-econômica com instalação da doença (ROSA et al., 2009).

A pesquisa se baseou na busca ativa de resultados de exames citopatológicos no

caderno de anotações diárias da UASMA e neste possuam exatamente os resultados

apresentados nos laudos expedidos pelos laboratórios de análise citopatológicos que

prestavam esse serviço para a Unidade.

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O método utilizado para a realização do exame de citologia oncótica baseou-se na

coloração por Papanicolaou, que é constituída pelos corantes Orange G6, EA (eosina,

verde luz ou verde brilhante e pardo de Bismarck) e hematoxilina (QUEIROZ; LIMA,

2000).

A técnica de coloração Papanicolaou Modificada consiste em várias etapas e

diversos tipos de substâncias que incluem: álcool a 50%, água destilada, hematoxilina,

água corrente, ácido clorídrico a 25%, álcool a 95%, Orange, eosina, álcool absoluto e xilol,

cada uma com tempo de imersão e sequência determinados (QUEIROZ; LIMA, 2000).

5. RESULTADOS

Participaram da análise 4.821 mulheres, entre todas as amostras, 2% (100) encontraram-se

positivas para algum tipo de lesão celular de baixo ou alto grau. Quando realizada a

prevalência na amostra foram encontrados por tipo de alteração os seguintes resultados,

79% (79) de NIC I, 14% (14) de NIC II, 4% (4) de NIC III, 2% (2) casos de carcinoma

invasor e 1% (1) de adenocarcinoma in situ (Figura 1).

Figura 1. Gráfico da distribuição do número de casos alterados entre as mulheres atendidas

pela UASMA no período entre julho de 2008 e julho de 2009.

As participantes da pesquisa foram distribuídas por faixa etária e encontrou-se a

maior frequência percentual entre a faixa etária de 40 a 49 anos, representando 28, 77% do

total geral da amostra de 4.821 mulheres, conforme Figura 2.

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Figura 2. Gráfico da distribuição das pacientes participantes da pesquisa por faixa etária.

Distribuíram-se as amostras positivas por faixa etária com o intuito de verificar o

número de casos por idade e a maior incidência encontrada foi entre as que estavam na

faixa de 40 a 49 anos, com 30 casos de NIC I nestas idades (Figura 3).

Não é comum alta incidência de casos entre mulheres desta faixa etária, isto

porque estudos revelam que o NIC I é mais frequente entre adolescentes e mulheres

jovens. Em estudo realizado por Silva e colaboradores (2009), verificou-se um índice de

44% de casos positivos para NIC I na faixa etária entre 15 e 25 anos.

Nesta pesquisa pode-se observar maior incidência de NIC I em praticamente

todas as faixas etárias, reforçando a importância do rastreamento do câncer de colo

uterino em todas as mulheres sexualmente ativas, já que a detecção precoce destas

alterações podem evitar a evolução de possíveis lesões malignas (OLIVEIRA; PINTO,

2007).

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Gráfico 3. Distribuição dos casos positivos por faixa etária.

Foram distribuídas as amostras por faixa etária e quando apurado o índice de

prevalência dos casos positivos para cada 1.000 mulheres, observou-se que a faixa etária

mais acometida pela doença foi a que estava entre 40 e 49 anos de idade, onde 36

mulheres com alterações celulares foram detectadas, com índice de prevalência de 7,467

mulheres a cada 1.000 (Figura 3).

Percebeu-se neste caso que à medida que a idade aumentou, houve o surgimento

de casos de carcinoma invasor e adenocarcinoma in situ, confirmando então a evolução da

doença quando esta não é detectada precocemente e tratada.

Semelhantemente a este resultado, estudo realizado em Campinas, São Paulo,

também revelou que à medida que a idade aumentou, detectou-se também maiores

índices de prevalência para carcinoma invasor (D’OTTAVIANO – MORELLI et al., 2004).

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a Índice por 1.000 habitantes

b Entre parênteses: número de mulheres com casos comprovados em uma amostra de 4.821 mulheres.

Gráfico 4. Prevalência de câncer do colo uterino em mulheres atendidas pela UASMA por faixa etária.

Analisaram-se os resultados positivos da amostra e apurou-se o índice de

prevalência de casos em relação ao estágio em que se encontravam as neoplasias e

conforme a tabela 1 encontrou-se maior prevalência de NIC I com índice de 16, 39

mulheres em cada 1.000 mulheres que compõem o estudo.

Tabela 1. Prevalência dos casos de câncer de colo do útero em mulheres atendidas na UASMA por estágio da doença.

16,39a (79) b

2,90a (14) b

0,83a (4) b

0,41a (2) b

0,21a (1) b

Prevalência de câncer do colo do útero em mulheres atendidas na UASMA -2008/2009

NIC INIC IINIC IIICarcinomaAdenocarcinoma

a índice por 1.000 mulheres. b entre parênteses: número de mulheres com casos comprovados.

*Cálculos realizados com a população da amostra pesquisada. Estimativa de mulheres acima de 13 anos.

O índice de prevalência das NIC em relação à população feminina da cidade de

Anápolis foi de 66,18 mulheres a cada 100.000 para NIC I, 11,73 para NIC II, 3,35 para NIC

III, 1,68 para carcinoma invasivo e 0,84 para adenocarcinoma in situ, observa-se com isto

que à medida que as lesões evoluem diminuem os casos (Figura 5).

Resultados semelhantes foram encontrados em estudo realizado por Veiga e

colaboradores (2006) em mulheres atendidas pelos postos municipais de saúde, de janeiro

de 1998 a agosto de 2005, onde os diagnósticos para NIC I foram de 38,6%, 10,7% para

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NIC II/III e 1,4% para câncer, demonstrando também um decréscimo da incidência à

medida que a doença evoluiu.

Observa-se também esse decréscimo na prevalência da pesquisa realizada por

D’Ottaviano – Morelli e colaboradores (2004), no rastreamento citológico na região de

Campinas, São Paulo, onde as prevalências por 100.000 mulheres foram: 354 para NIC I,

255 para NIC II, 141 para NIC III e 24 para carcinoma invasivo.

a Índice por 100.000 habitantes.

b Entre parênteses: número de mulheres com casos comprovados. *Cálculos com a população de mulheres do município de Anápolis estimada pelo IBGE para o ano de 2009.

Estimativa de mulheres acima de 13 anos.

Figura 5. Prevalência das neoplasias de colo do útero em ralação as mulheres.

De posse dos dados foi possível fazer a identificação dos casos de NIC,

carcinomas e adenocarcinomas com a presença de sinais que caracterizam e sugerem a

infecção pelo vírus do HPV, sabendo que este tem participação na gênese do câncer de

colo uterino, verificou-se que em 73 casos de NIC I houve a sugestão de presença do vírus

e à medida que a doença evoluiu diminuiu-se a incidência de efeitos citopáticos que

caracterizam o vírus do HPV nas células (Figura 6).

Das 100 amostras com diagnóstico positivo para NIC, carcinoma invasivo ou

adenocarcinoma in situ, 74% (74) obtiveram laudos emitidos com sugestão de presença do

vírus do HPV. Resultados semelhantes foram encontrados por Noronha e colaboradores

(1999), em Belém do Pará, em 228 amostras analisadas, que apresentaram prevalência de

65,8% dos resultados com presença de HPV.

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Figura 6. Resultados de citologia positiva associados à sugestão de presença do vírus do HPV.

O estudo avaliou o período com que as mulheres realizavam o exame preventivo

de Papanicolaou e as informações foram obtidas através de respostas dadas pelas próprias

pacientes no ato do cadastro na UASMA, sendo perguntado a elas qual a data da última

prevenção realizada.

Mediante estas informações a pesquisa detectou que, a maioria das mulheres, ou

seja, 82,89% fizeram o seu retorno para realização do exame de prevenção dentre o

período de três anos (Figura 7).

O Instituto Nacional de Câncer orienta que, inicialmente o exame de prevenção

deverá ser feito a cada ano e a partir do momento que dois resultados consecutivos

apresentarem normais (em um intervalo de um ano), a mulher poderá repetir o exame a

cada três anos. Quando o resultado é positivo para algum tipo de alteração celular deve-se

orientar a paciente a retornar em prazos diferenciados de acordo com a lesão e sua

gravidade para acompanhamento e tratamento adequado (MS, 2002).

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Figura 7. Período em que as mulheres fizeram a última citologia.

Os resultados encontrados nesta pesquisa revelam a importância do

rastreamento e detecção precoce de alterações precursoras de câncer de colo uterino, já

que estas quando percebidas rapidamente podem ser tratadas e curadas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo buscou levantar dados que pudessem revelar a situação das mulheres atendidas

pela UASMA no período entre julho de 2008 e julho de 2009, com isso pretendia-se obter o

índice de prevalência das alterações celulares capazes de desenvolver doença e de câncer.

Mediante os resultados percebeu-se que na amostra somente 2% possuíam

citologia com resultado positivo para algum tipo de alteração e isso demonstra que dentre

a população estudada o índice é baixo devido ao acompanhamento que há no sentido de

prevenir e tratar essas alterações.

Quando se trata de câncer de colo uterino o rastreamento é de suma importância,

já que este irá interromper através de condutas médicas a história natural da doença,

gerando assim sucesso no desfecho dos casos.

Sabe-se que o HPV está intimamente ligado a evolução de lesões benignas em

malignas e neste estudo verificou-se que, mesmo não utilizando o padrão ouro para a

detecção do mesmo e sim observação de efeitos citopáticos gerados pela presença do

vírus, na maioria dos casos de NIC I houve também a presença sugestiva de HPV,

confirmando sua ligação ao surgimento deste tipo de alteração.

Sugere-se que estudos futuros sejam realizados a fim de comparar os resultados

citopatológicos com histopatológicos e também utilização de exames específicos para a

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detecção do vírus HPV e seus tipos para que se confirmem os diagnósticos e revelem

realidades ainda não conhecidas.

PARECER DE APROVAÇÃO DE COMITÊ

Pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Anhanguera Educacional S/A –

CEP/AESA - em . 01/04/2010 por meio do parecer: 050/2010.

REFERÊNCIAS

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DERCHAIN, S. F. M.; FILHO A. L.; SYRJANEN, K. J. Neoplasia intra-epitelial cervical: diagnóstico e tratamento. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 7, p. 425-433, 2005.

D'OTTAVIANO-MORELLI, M. G. L. et al. Prevalence of cervical intraepithelial neoplasia and invasive carcinoma based on cytological screening in the region of Campinas, São Paulo, Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, fev. 2004.

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MENDONÇA, V. G. et al. Mortalidade por câncer do colo do útero: características sociodemográficas das mulheres residentes na cidade de Recife, Pernambuco. Rev. Bras.Ginecol. Obstet. v. 30, n. 5, p. 248-55, 2008.

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