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manual de procedimentos administrativos

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  • 1. MANUAL DE PROCESSOS E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DAS INSTITUIES MILITARES DO ESTADO DE MINAS GERAIS (MAPPA) BELO HORIZONTE - MG 2012

2. RESOLUO CONJUNTA N. 4.220, DE 28 DE JUNHO DE 2012. Cria o Manual de Processos e Procedimentos Administrativos das Instituies Militares de Minas Gerais (MAPPA), visando proteo dos direitos dos militares e o interesse pblico da Administrao Militar e o reconhece como Trabalho Tcnico-Profissional. O CORONEL PM COMANDANTE-GERAL DA POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no uso da competncia que lhe confere o art. 6, inciso VI e XI, do R-100, aprovado pelo Decreto-Lei n 18.445, de 15 de abril de 1977, Resoluo n 3.425, de 18 de junho de 1998, que dispe sobre Trabalho Tcnico-Profissional na Corporao, O CORONEL BM COMANDANTE-GERAL DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS, no uso da competncia que lhe confere o artigo 6, da Lei Complementar Nr 54, de 13 de dezembro de 1999 - LOB, c/c artigo 97 da Lei n. 14.310, de 19 de junho de 2002, que dispe sobre o Cdigo de tica e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais, e, CONSIDERANDO QUE: I a Lei n. 14.310 de 19 de junho de 2002, que dispe sobre o Cdigo de tica, aplica-se de forma igualitria e indistinta s Instituies Militares do Estado de Minas Gerais; II no decorrer dos trabalhos de reviso do MAPPAD (PMMG) e MATEPPAD (CBMMG), realizados por comisses no mbito das instituies, constatou-se a necessidade de uniformizao de procedimentos e comportamentos administrativos, com vistas aplicao das normas previstas na Lei n. 14.310 de 19 de junho de 2002, que dispe sobre o Cdigo de tica; III a necessidade de padronizao de procedimentos das Administraes das instituies militares, em face do desenvolvimento do Sistema de Procedimentos Administrativos Disciplinares Integrados PADI; IV a necessidade de harmonizao de procedimentos da administrao das instituies militares em face das potenciais apreciaes das matrias no mbito do Poder Judicirio. RESOLVE: Art. 1. Fica aprovado e reconhecido como Trabalho Tcnico- Profissional o Manual de Processos e Procedimentos Administrativos das Instituies Militares do Estado de Minas Gerais (MAPPA), haja vista ser obra de interesse para as atividades da PMMG e do CBMMG, da autoria dos seguintes oficiais: Cel PM Hebert Fernandes Souto Silva, Cel BM Cludio Vincio Serra Teixeira, Cel PM Eduardo Csar Reis, Cel PM QOR Valter Braga do Carmo, Ten-Cel PM Nerivaldo Izidoro Ribeiro, Ten-Cel PM Jlio Czar Rachel de Paula, Ten-Cel BM Orlando Jos Silva, Maj PM Paulo Roberto de Medeiros, Maj PM Wanderlcio Ferraz dos Santos, Maj PM Vitor Flvio Lima Martins, Maj PM Cludio Mrcio Pogianelo, Maj BM Cludio Roberto de Souza, Cap PM Luiz Otvio Vieira e Cap PM Maurcio Jos de Oliveira. Art. 2. A APM, por meio do Centro de Pesquisas e Ps-Graduao, dever adotar as providncias decorrentes. Art. 3. Esta Resoluo entra em vigor na PMMG e no CBMMG em 60 (sessenta) dias contados da data de sua publicao. Art. 4. Revogam-se as disposies em contrrio, especialmente: I na PMMG, a Resoluo n. 3666/02MAPPAD/PM; Resoluo n. 3880/06PAE; as Decises Administrativas nmeros 01 a 19, 21, 23, 24, 27, 29, 31, 34 a 39, 42-CG; a Deciso Administrativa n. 37, somente a sua parte final no que se refere ao CEDMU; as Instrues de Recursos Humanos (IRH) nmeros 212/01, 217/01, 234/02 e 310/04-DRH; as Instrues de Corregedoria nmeros 01/05 e 02/09; o Boletim Tcnico Informatizado da DRH n. 01/10; os Ofcios Circulares DRH n. 001/03 e n. 437/04; II no CBMMG a Resoluo n. 215/06MATEPPAD; Resoluo n. 284/08 (extino do PAE); Resoluo n. 301/08 (prazos regulamentares e prescrio da ao disciplinar) e Resoluo n. 407/11. Belo Horizonte, 28 de junho de 2012. 3. CONCEITOS E DEFINIES ABERTURA termo que se usa no incio do Processo Administrativo. ABRIR VISTA na terminologia do Direito Processual, significa exame ou ao de ver para examinar ou ter cincia. Geralmente, utiliza-se a expresso vista dos autos e, por isso, pode ser compreendida como a diligncia que se faz mister, aps a terminao ou o encerramento de outros atos processuais, a fim de que sejam esses atos levados ao conhecimento dos interessados, que podem falar sobre eles, opinando ou impugnando-os. AD HOC trata-se de termo jurdico em latim, que significa a nomeao de algum para realizao de determinado ato. A traduo literal significa "para isto", "para esta finalidade". muito utilizado para nomeao de advogado para o ru que comparece audincia sem procurador. AO DISCIPLINAR o ato formal da Administrao indicando que tomou conhecimento de fato, em tese, tido como transgresso disciplinar, atravs de queixa, relatrio reservado, portaria ou documento similar. ACUSADO pessoa sobre quem recai a acusao de um delito ou de conduta avessa ao ordenamento normativo disciplinar. AMPLA DEFESA a garantia constitucional assegurada a todo acusado em processo judicial ou administrativo e compreende: a) a cincia da acusao; b) vista dos autos na repartio; c) a oportunidade para o oferecimento de contestao e provas, a inquirio e as reperguntas de testemunhas e a observncia do devido processo legal; d) o direito de interpor recurso disciplinar na seara administrativa, o direito de recorrer est alicerado na garantia da ampla defesa, como uma de suas decorrncias; e) o direito de notificao; f) a oportunidade para prestar esclarecimentos sobre a imputao e os respectivos fatos geradores; g) a possibilidade de arguir suspeies e impedimentos; h) a apresentao de razes de defesa, por escrito; i) a franquia aos locais de onde ocorrem os trabalhos apuratrios junto ao processo disciplinar, a fim de poder, o acusado, inquirir, reinquirir e contraditar testemunhas; j) a oportunidade para requerer todas as provas em direito admitidas e arrolar testemunhas; k) a possibilidade de ter, o acusado, vista sobre os pedidos de exames periciais formalizados pelo encarregado ou pela Comisso Processante, podendo, no interesse de sua defesa, acrescentar quesitos; l) o ensejo para arguir prescrio. AOS COSTUMES expresso usada na assentada de inquirio de testemunhas na qual se revela o grau de parentesco, afinidade ou interesse no caso, entre o depoente, o indiciado e/ou a vtima. ANULAO tambm conhecida como invalidade. o desfazimento do ato por razes de ilegalidade. Suas principais caractersticas so: a) atinge o ato em sua origem, produzindo efeitos retroativos data em que foi emitido (ex tunc); b) pode ser feita pela prpria administrao ou pelo judicirio; c) deve observar o princpio do contraditrio quando afetar interesses de terceiros. A ROGO assinatura de terceira pessoa idnea que substitui a do declarante/depoente, quando este no sabe, no quer ou no pode assinar o respectivo termo. AUTO pea escrita, de natureza judicial ou administrativa, constitutiva do processo/procedimento que registra a narrao minuciosa, formal e autntica de determinaes ordenadas pela autoridade competente. AUTOS peas pertencentes ao processo judicial ou administrativo. Constitui-se de petio, documentos, termos de audincias, certides, sentena etc. Conjunto ordenado das peas de um processo. AUTUAO termo lavrado pelo sindicante/escrivo para reunio da portaria e demais peas que a acompanham e que deram origem ao processo/Procedimento Administrativo Disciplinar e, em regra, inserida em sua capa. AUTUAR - consiste na colocao de capa na portaria inicial e documentos que a acompanham, aps despachada. Indica-se na capa a natureza da ao e os nomes do autor e do ru. 4. AUTORIZAO DE DESCONTOS EM VENCIMENTOS consiste no ato voluntrio do servidor em ressarcir dano causado em viatura ou em outro bem pblico, formalizado em impresso prprio. CANCELAMENTO DE PUNIO o ato administrativo vinculado que torna sem efeito punio aplicada a um militar sem nenhuma outra punio, decorridos 05 (cinco) anos de efetivo servio, a contar da data da publicao da ltima transgresso. CAPACIDADE TCNICA a qualificao obtida em cursos e treinamentos especficos por militar ou outrem, que o torne habilitado para manusear, usar, reparar, vistoriar, fornecer laudo ou parecer, em utenslio, objeto, equipamento, pea etc., utilizado(s) pelas IME. Peritos, em regra, devem ser possuidores de curso superior especfico. CARTA PRECATRIA documento pelo qual um rgo judicial demanda a outro a prtica de ato processual que necessita ser realizado fora dos limites de sua competncia territorial. Diz-se simplesmente precatria. Hoje tanto pode ser solicitada por carta como por telegrama, telefone, e-mail e outros. A carta precatria deve conter todos os elementos que so indicados para sua formao: a) a indicao da autoridade deprecada e da deprecante; b) a designao dos lugares, de onde e para onde expedida; c) o inteiro teor da documentao de origem e do respectivo despacho; d) os quesitos a serem respondidos; e) observar a forma apropriada para sua elaborao. A carta precatria o instrumento que serve para indicar o ato, cuja prtica se requisita de outra autoridade. Serve a vrios fins: audio de pessoas, notificao, apreenso ou qualquer outra medida processual, que no possa ser executada na localidade em que tramita o processo/procedimento administrativo. No deve ser utilizada, em regra, em relao aos acusados em geral. CASO FORTUITO causa de justificao, pois decorre de um acontecimento da natureza, como enchentes, terremotos, doenas e outros, que esto fora do controle da pessoa. COAO IRRESISTVEL - existe quando h o emprego da fora fsica ou de grave ameaa para obrigar o sujeito a praticar um crime. Pode ser, assim, fsica (vis corporalis ou vis absoluta), quando o coator emprega meios que impedem o agente de desistir porque seu movimento corpreo ou sua absteno do movimento (na omisso) esto submetidos fisicamente ao coator, ou moral (vis compulsiva) quando a fora fsica ou a grave ameaa no eliminam a fora do coacto, mas o obrigam a praticar a ao pelo temor de que ela se repita e por no lhe sobrarem foras para resistir. 10 CONTRADITA DE TESTEMUNHA - ato pelo qual uma das partes envolvidas no processo requer a impugnao da oitiva de 01 (uma) testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeio. So casos de contradita: amizade ntima, inimizade capital, parentesco, interesse pessoal no processo. O momento processual para que a contradita seja requerida logo aps a qualificao da testemunha que se pretende impugnar. CONTRADITRIO significa a oportunidade para contestar, impugnar ou contradizer as alegaes da parte contrria no curso do processo. Consiste na faculdade de manifestar o ponto de vista ou argumentos prprios, diante de fatos, documentos ou pontos de vista apresentados por outrem. A cada ato acusatrio cabe a contraposio pelo acusado, com os meios e recursos necessrios ao Processo Disciplinar. Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, so assegurados o contraditrio e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Consideraes: a) informao geral implica o direito de obter conhecimento dos fatos baseados na formao do procedimento e de todos os demais documentos, provas e dados que surgirem em seu curso. Em decorrncia desse direito, no se podem invocar fatos que no constem do expediente formal, porque deles no tiveram cincia prvia os sujeitos, tornando-se impossvel a reao; b) audincia das partes consubstanciada na possibilidade de manifestar o prprio ponto de vista sobre fatos, documentos, interpretaes e argumentos apresentados pela Administrao e por outros sujeitos. Insere-se a o direito de apresentar/produzir provas e o direito a um prazo suficiente para o preparo de observaes a serem contrapostas; c) motivao demonstrar a influncia de determinado fato ou documento na deciso final. Alm disso, propicia reforo da transparncia administrativa e do respeito legalidade, facilitando, tambm, o controle sobre as decises tomadas. DANO MATERIAL o prejuzo material causado em bem pblico, pela deteriorao ou inutilizao, mormente em virtude de negligncia, imprudncia ou impercia. DATIVO o termo dativo utilizado para designar defensor nomeado pela administrao, encarregado ou em comisso, para fazer a defesa de um ru em processo, quando a pessoa no constituiu um defensor. Embora alguns doutrinadores denominem o defensor dativo de defensor ad hoc, o melhor entendimento de que este atua em eventualidade e o dativo em continuidade. DECORO DA CLASSE trata-se de uma repercusso do valor dos indivduos e das classes 5. profissionais. No se trata do valor da organizao, e sim da classe de indivduos que a compem. DEGRAVAO consiste em transcrever, textualmente, a gravao da fala de 01 (uma) ou mais pessoas. DELEGAO atribuio de poderes para instaurao de processo/procedimento administrativo, que poder ser retomada, tornando insubsistente o ato que a outorgou, por razes legais ou administrativas. DILIGNCIAS aes levadas a efeito para apurao do fato que motivou o processo/procedimento administrativo. So os atos praticados visando elucidao das circunstncias, da autoria e materialidade da falta cometida. ENCARREGADO nome genrico que se atribui ao militar a quem se destinou a portaria ou o despacho para instaurao do procedimento ou do processo. ENTREVISTA trata-se de uma conversao informal entre o encarregado e qualquer pessoa, na busca de elementos de prova. ESCRIVO o militar designado para executar os trabalhos de digitao e as demais providncias. o responsvel pela esttica, formalizao e guarda dos autos. Ao Escrivo tambm pode ser dada a misso de levantar subsdios, realizar diligncias complementares e esclarecedoras. ESCREVENTE pessoa designada para os trabalhos de digitao, pela autoridade delegante, 11 quando o encarregado/escrivo do processo/procedimento administrativo no possuir essa habilidade. ESTADO DE NECESSIDADE - considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importncia, seja consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente no fosse legalmente obrigado a arrostar o perigo. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL - a causa de excluso da ilicitude que consiste na realizao de um fato tpico, por fora do desempenho de uma obrigao imposta por lei, nos exatos limites dessa obrigao. Em outras palavras, a lei no pode punir quem cumpre um dever que ela impe. EXAME estudo, pesquisa ou averiguao de um estado de coisa. FORA MAIOR causa de justificao, pois decorre de um fator humano, como greve sem aviso, assalto, sequestro e outros, que est fora do controle da pessoa. GRAU DE SIGILO gradao atribuda classificao de um documento sigiloso, de acordo com a natureza de seu contedo e tendo em vista a convenincia de limitar sua divulgao s pessoas que tm necessidade de conhec-lo. HONRA PESSOAL sentimento de dignidade prpria, como o apreo e o respeito de que objeto, ou se torna merecedor o indivduo, perante os concidados. IDONEIDADE bom conceito social (moral e profissional), que torna uma pessoa digna de credibilidade; honesto; justo; verdadeiro; correto. IMPEDIMENTO situao existente que obsta a participao de determinada pessoa no processo/procedimento administrativo. INFORMANTE testemunha da qual a lei no exige compromisso de dizer a verdade em seu depoimento. INQUIRIO - tomada de depoimento de testemunhas. INTERROGATRIO audio do militar acusado no processo/Procedimento Administrativo Disciplinar. JUNTADA ato atravs do qual o encarregado faz a anexao, ao processo, de documentos vindos s suas mos e que interessam ao processo/procedimento administrativo. LEGTIMA DEFESA - entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. LIBELO ACUSATRIO exposio escrita e articulada que pesa em desfavor do militar, constituindo- se em instrumento formal de imputao de fatos, em processo/Procedimento Administrativo Disciplinar. LICENA na linguagem administrativa, significa o afastamento autorizado do cargo ou do emprego, ou concesso de no trabalhar nele, durante curto perodo, fixado ou determinado na autorizao ou concesso. a iseno de fazer aquilo que se estava obrigado a fazer. MEMRIA documento com grau de sigilo reservado, no qual so registrados fatos, em ordem cronolgica, sobre determinado assunto, sem identificao de sua fonte. MILITAR DIRETAMENTE INTERESSADO aquele que tenha sido prejudicado e possua razes de interesse em queixar-se do ato pessoal que repute injusto. NOTIFICAO o ato emanado pelo encarregado do qual se d conhecimento ao acusado da prtica de ato ou de algum fato objeto de apurao, que tambm de seu interesse, a fim de que possa usar das medidas legais ou das prerrogativas que lhe sejam asseguradas por lei, geralmente para comparecimento em local, data e horrio determinados. 6. NOVOS ARGUMENTOS qualquer circunstncia no analisada ou considerada na aplicao da sano. PEREMPTRIO ininterrupto, decisivo, definitivo. PERCIA exame tcnico procedido por perito, retratado atravs de laudo pericial. PERITO tcnico designado para examinar e dar parecer sobre assunto de sua especialidade. Perito ad hoc aquele, com habilitao tcnica, designado pelo encarregado para atuar em determinado processo/procedimento. PODER DISCIPLINAR o poder disciplinar tem origem e razo de ser no interesse e na necessidade de aperfeioamento progressivo do servio pblico. Pode ser conceituado como a fora inerente Administrao Pblica de apurar irregularidades e infligir sanes s pessoas adstritas ao regime disciplinar dos rgos e servios pblicos. PORTARIA/DESPACHO DE INSTAURAO documento atravs do qual a autoridade designa e delega competncia a um ou mais militares para elaborar processos/procedimentos administrativos. PRAZO perodo de tempo estipulado para determinado ato ou para a realizao de um trabalho. Prazo prprio aquele que deve ser rigorosamente observado, sob pena de causar nulidade do processo/procedimento administrativo. So os prazos normalmente destinados defesa ou que, se inobservados, podem causar-lhe prejuzos. Prazo imprprio aquele que, se inobservado, no causa prejuzo ao acusado. So os prazos normalmente destinados Administrao ou elaborao de determinados procedimentos. Sua inobservncia pode gerar responsabilidade para quem deixa de cumpri-lo. PRECLUSO - perda da faculdade de praticar algum ato processual (por exemplo: ato de recorrer - escoado o prazo legal, sem a interposio do recurso cabvel, d-se precluso, isto , perda da faculdade de recorrer; apresentao de rol de testemunhas o momento correto at no prazo da apresentao da defesa prvia). PRESCRIO perda de um direito em face do no exerccio, no prazo legal, da ao que o assegurava. a perda do poder-dever de investigar ou de punir da Administrao, pelo no exerccio da pretenso punitiva durante certo tempo. Constitui-se um dos modos de extino da punibilidade. PRINCPIO DA VERDADE MATERIAL OU DA LIBERDADE DA PROVA deve ser a busca incessante do encarregado pela verdade real dos fatos. Todas as provas admitidas em direito podero ser utilizadas nos processos/procedimentos administrativos. O encarregado deve conhecer de novas provas que caracterizem a licitude, ilicitude ou inexistncia do fato apurado em qualquer tempo do procedimento. PROCEDIMENTO equivale a rito, ou seja, como o processo se realiza em cada caso. de se ressaltar que existe procedimento sem processo, mas no existe processo sem procedimento. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO modalidade de processo ou de investigao administrativa de rito mais clere ou de carter meramente investigativo, com o intuito de apurar conduta infracional, antitica ou passvel de recompensa. PROCESSO ADMINISTRATIVO o conjunto de iniciativas da Administrao, que envolvam o servidor, ou funcionrio pblico, possibilitando-se a ampla defesa, incluindo o contraditrio, antes da edio do ato final, absolutrio ou condenatrio, depois de analisar-lhe a conduta que, por ao ou omisso, teria configurado ilcito penal, administrativo, funcional ou disciplinar. Para se efetivar demisso ou reforma disciplinar do servidor pblico, obrigatria a realizao de Processo Administrativo Disciplinar. PRORROGAO exprime, originariamente, o aumento de tempo, a ampliao do prazo, o espaamento do tempo que se encontra prestes a extinguir, para que certos atos possam continuar sem soluo de continuidade. Pressupe prazo ou espao de tempo que no se extinguiu nem se findou, e que ampliado, dilatado, aumentado, antes que se finde ou se acabe. PROVAS conjunto de elementos que promovem o convencimento da certeza da existncia do fato e sua autoria. QUALIFICAO dados que individualizam uma pessoa; utilizada no incio de cada tomada de declaraes/depoimentos. Deve conter nome completo, nacionalidade, naturalidade, idade, filiao, estado civil, profisso, residncia, posto ou graduao e Unidade em que serve, semilitar, dentre outros dados. QUERELADO aquele contra quem formulada a Queixa Disciplinar. QUERELANTE OU QUEIXOSO aquele que formula a Queixa Disciplinar, por sentir-se diretamente atingido por ato pessoal que repute irregular ou injusto. QUESITOS perguntas previstas em legislao para cada caso especfico, alm de outras julgadas convenientes pelo encarregado, complementadas pela defesa, nos processos/Procedimentos Administrativos Disciplinares, a serem feitas aos peritos. RAZES ESCRITAS DE DEFESA o documento que possui as provas que contradizem a(s) 7. acusao(es) imposta(s) ao acusado. Nele, o militar produz a sua defesa, sendo-lhe propiciado o exerccio do contraditrio. RECORRENTE aquele que pleiteia a reforma da deciso administrativa. RECORRIDO trata-se da autoridade que emanou o ato que se pretende reformar. RECURSO DISCIPLINAR o meio hbil para propiciar ao militar o exame de deciso interna pela prpria Administrao, por razes de mrito e legalidade. REINQUIRIO ato de reperguntar a uma pessoa inquirida anteriormente, sobre fato que no ficou esclarecido. RELATRIO documento final do processo/procedimento administrativo, no qual seu encarregado descreve minuciosamente o fato apurado e emite seu parecer final. REMESSA ato de entrega dos autos, aps o seu trmino, autoridade delegante. REQUISIO pedido formulado pelo encarregado do processo/procedimento administrativo, solicitando a uma autoridade o comparecimento de pessoas, fornecimento de documentos, materiais, ou ainda, outras providncias necessrias realizao de seus trabalhos. RESIDUAL aquilo que resta de qualquer substncia; resto; que remanesce; restante, remanente; aquilo que sobeja ou resta. Comportamento que, isoladamente, configura uma transgresso disciplinar, independente do delito cometido. O antigo conceito de subjacente (que jaz ou est por baixo; que no se manifesta, mas est oculto ou subentendido. Comportamento que, interrelacionadamente, configura uma transgresso disciplinar, mas no se integra ao tipo penal), est contido, para fins deste manual, no conceito de transgresso disciplinar residual. RESPONSABILIDADE PECUNIRIA obrigao de satisfazer, responder por uma pecnia (dvida, dinheiro). REVELIA no comparecimento do acusado perante a comisso ou autoridade processante. Descumprimento da notificao, pelo acusado, deixando de comparecer s audincias regularmente marcadas. A figura da revelia decorre, assim, da ausncia do acusado aos atos processuais. REVOGAO o ato administrativo discricionrio pelo qual a Administrao extingue um ato vlido, por razes de convenincia e oportunidade. SANO DISCIPLINAR o ato administrativo que pode exprimir ordenao, imposio, pena ou congnere, que se dispe em norma legal, objetivando o carter preventivo e educativo e s pode ser aplicado pelas autoridades competentes. SINDICNCIA modalidade de Processo Administrativo utilizada na apurao de atos e fatos que envolvam servidores da Instituio, antecedendo eventual aplicao de sano no demissionria ou reformatria, bem como para a adoo de outras providncias cveis, criminais ou administrativas mais gravosas. SINDICANTE o militar encarregado de realizar uma Sindicncia. SINDICADO o militar (acusado) submetido a apurao atravs de Sindicncia. SOBRESTAMENTO paralisao temporria de processo ou ato jurdico, em decorrncia da existncia de alguma questo prejudicial. SOLUO deciso da autoridade delegante/convocante, vista da concluso das apuraes. SUSPEIO situao que compromete a imparcialidade da apurao realizada. O encarregado/membro da comisso, ou outra pessoa que tenha legtimo interesse no feito, deve declarar tal circunstncia, para que a autoridade competente providencie o saneamento da irregularidade ou tome outra medida que o caso requeira. TERMO documento que formaliza os atos praticados no curso do processo/procedimento administrativo. TERMO DE ABERTURA DE VISTA documento formal, atravs do qual se abre oportunidade de defesa ao(s) acusado(s), com prazo definido, para apresentao de suas razes escritas de defesa/alegaes de defesa. TESTEMUNHA pessoa chamada a depor em processo/procedimento administrativo, por saber algo que possa esclarecer melhor o fato apurado. VISTORIA FINAL ltima avaliao feita por profissional com capacidade tcnica comprovada, em bem pblico, a fim de aprovar ou no a sua condio de uso. CAPTULO I DO PROCESSO DISCIPLINAR 8. Seo I Da definio Art. 1 Processo Disciplinar o instrumento pelo qual a Administrao Militar apura as faltas ou irregularidades que o militar estadual venha a praticar, sendo o meio necessrio para a imposio de sano disciplinar. 1 Processo o conjunto de atos coordenados para a obteno de deciso sobre uma controvrsia no mbito judicial ou administrativo e obrigatrio, respectivamente, aplicao de pena judicial ou sano administrativa. 2 Procedimento o modo de realizao do processo, ou seja, o rito processual, as etapas a serem observadas para a sua elaborao. Especialmente, neste manual, tambm a denominao das apuraes administrativas meramente investigatrias que antecedem instaurao de investigaes criminais ou de processos administrativos e que viabilizam a concesso de recompensa. Seo II Dos princpios do processo disciplinar Art. 2 O Processo Disciplinar apresenta os seguintes princpios norteadores: I legalidade objetiva: o processo disciplinar h que se embasar em uma norma legal, especfica, sob pena de invalidade, conforme previsto no inciso II do art. 5 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil (CRFB); II oficialidade: ainda que provocado por particular, a movimentao do processo disciplinar cabe Administrao; III verdade material: a Administrao pode valer-se de quaisquer provas, desde que obtidas licitamente, em busca da verdade dos fatos; IV informalismo: dispensa forma rgida para o processo disciplinar, salvo se expressamente prevista em norma especfica. A forma necessria, mas flexvel; V garantia de defesa: decorre dos princpios constitucionais insculpidos na Constituio da Repblica Federativa do Brasil (CRFB), notadamente nos incisos LIV e LV do seu art. 5, que tratam da ampla defesa, do contraditrio e do devido processo legal; VI razovel durao do processo: assegura a todos, nos mbitos judicial e administrativo, a razovel durao do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitao, conforme inciso LXXVIII do art. 5 da CRFB; VII impessoalidade: impe ao administrador que s pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como o objetivo do ato, de forma impessoal, conforme o caput do art. 37 da CRFB; VIII moralidade: determina que no bastar autoridade o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, respeitar os princpios ticos de razoabilidade e justia, conforme disposto no caput do art. 37 da CRFB; IX publicidade: faz-se pela publicao do ato em Boletim ou Dirio Oficial, para conhecimento do pblico em geral. A regra, pois, que a publicidade somente poder ser excepcionada quando o interesse pblico ou a lei assim o determinar, conforme disposto no caput do art. 37 da CRFB; X eficincia: impe Administrao Militar e a seus agentes a persecuo do bem comum, por meio do exerccio de suas competncias, de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia, e sempre em busca da qualidade, primando pela adoo dos critrios legais e morais necessrios para a melhor utilizao possvel dos recursos pblicos, de maneira a evitar desperdcios e garantir uma maior rentabilidade social devendo considerar que, quando mera formalidade burocrtica for um empecilho realizao do interesse pblico, o formalismo deve ceder diante da eficincia, estando consagrado no art. 37, caput, CRFB; XI motivao: a autoridade militar deve apresentar as razes que a levaram a tomar a sua deciso. A motivao uma exigncia do Estado de Direito, ao qual inerente, entre outros direitos dos administrados, o direito a uma deciso fundada, motivada, com explicitao dos motivos. Seo III Das fases do processo disciplinar 9. Art. 3 O processo disciplinar apresenta, em regra, 5 (cinco) fases distintas: I instaurao: formaliza-se pela portaria ou pelo despacho inicial da autoridade competente e encerra-se com a autuao da portaria. importante que a pea inicial descreva os fatos de modo a delimitar o objeto da controvrsia s partes interessadas, bem como dar justa causa instaurao da apurao; II instruo: a fase de elucidao dos fatos, com a efetiva produo de provas que possibilitem uma correta deciso da autoridade competente. Rege-se pelo devido processo legal, sendo assegurado ao militar a cincia da acusao, a oportunidade para oferecer e contestar provas, bem como o total acompanhamento do processo pessoalmente ou por procurador; III defesa: complementa aquela realizada no curso da instruo do processo e formaliza-se, quando existente, na elaborao das razes escritas de defesa; IV relatrio: deve conter, obrigatoriamente, a descrio sinttica do processo, observado o seu histrico processual, bem como a norma violada, do militar tido como autor/responsvel, e, sumariamente, da conduta antitica perpetrada, sendo esse relatrio uma descrio bastante analtica da instaurao do processo, a sequncia da instruo probatria, mediante a integrao descritiva dos atos e dos termos que dela constarem, e, finalmente, a anlise das alegaes finais da defesa, bem como a proposta fundamentada da justificao/absolvio ou da aplicao de sano disciplinar; V julgamento: a deciso motivada e fundamentada, proferida pela autoridade competente, observando os prazos legais, sobre o objeto do processo, com base na acusao, na defesa e nas provas existentes nos autos. Com o julgamento, que a ltima fase, encerra-se o processo disciplinar. Seo IV Das causas de justificao ou de absolvio da transgresso disciplinar Art. 4 Nos casos em que o encarregado do processo/procedimento administrativo, a autoridade delegante, o CEDMU, o acusado ou seu defensor verificarem a possibilidade de aplicao de um dos incisos previstos no art. 19 do CEDM (causas de justificao) ou por aplicao subsidiria em uma das alneas contidas no art. 439 do CPPM ou art. 386 do CPP (causas de absolvio), poder-se- fundamentar o pedido ou o arquivamento dos autos. Art. 5 As causas de justificao ou de absolvio, sempre que possvel, devem ser verificadas, antes da formalizao da comunicao do fato, no levantamento inicial, na defesa preliminar ou em sede de Relatrio de Investigao Preliminar (RIP), conforme o caso, objetivando dar subsdios deciso da autoridade competente, sem necessidade de desenvolver o devido processo legal. Art. 6 So causas de justificao que motivam e fundamentam o parecer e/ou o julgamento e possibilitam, legalmente, arquivar os autos, sem responsabilizao do 23 investigado/acusado: I haver motivo de fora maior ou caso fortuito, plenamente comprovado; II evitar mal maior, dano ao servio ou ordem pblica; III ter sido cometido o fato tpico transgressional: a) na prtica de ao meritria; b) em estado de necessidade; c) em legtima defesa prpria ou de outrem; d) em obedincia a ordem superior, desde que manifestamente legal; e) no estrito cumprimento do dever legal; f) sob coao irresistvel. Art. 7 So causas de absolvio que motivam e fundamentam o parecer e/ou o julgamento e possibilitam, legalmente, arquivar os autos, sem responsabilizao do investigado/acusado: I estar provada a inexistncia do fato ou no haver prova da sua existncia; II no constituir o fato transgresso disciplinar; III no existir prova de ter o acusado concorrido para a transgresso disciplinar; IV estar provado que o acusado no concorreu para a transgresso disciplinar; V existir circunstncia que exclua a ilicitude do fato ou a culpabilidade ou imputabilidade do acusado; VI no existir prova suficiente para o enquadramento disciplinar; VII estar extinta a punibilidade. Seo V Da carga de processos e procedimentos Art. 8 Fotocpias de autos completos podero ser fornecidas, s expensas do requerente, sempre 10. que o interesse for apenas dele. 1. Quando o militar tiver constitudo advogado ou lhe for nomeado defensor, os autos devero ser repassados ao advogado/defensor, mediante recibo. 2. Se o militar estiver realizando a autodefesa, poder obter, a princpio, carga dos autos do processo/procedimento administrativo, o qual ficar sua disposio na repartio militar, uma vez que este no possui a qualificao e os direitos legais a que esto sujeitos os profissionais da advocacia. 3. Quando houver prazo comum, somente em conjunto ou mediante prvio ajuste entre as partes envolvidas, atravs de petio ou termo nos autos, podero estes sair da SRH ou equivalente, ressalvada a obteno de cpias, para a qual cada acusado ou procurador poder retir-los, mediante recibo, devendo devolv-los at o final do expediente administrativo do mesmo dia. 4. Os autos de PAD/PADS e PAE somente podero ser entregues em carga nas mos do defensor constitudo pelo acusado, bem como uma cpia digitalizada do processo dever ser, obrigatoriamente, providenciada e mantida sob guarda da Administrao, antes de sua sada da Unidade. Art. 9 O Chefe da SRH ou equivalente, ou militar protocolista, devidamente responsvel pela atividade, dever registrar a retirada e a devoluo dos autos, mediante carga em livro prprio e ainda no Sistema Informatizado (onde houver), devendo o servidor militar solicitar ao advogado ou estagirio a exibio da carteira profissional. 1. Sempre que os autos forem entregues para carga, o responsvel pelo ato providenciar a colheita da assinatura do detentor provisrio do documento, com o alerta alusivo aos delitos descritos no art. 316 (supresso de documento) do Cdigo Penal Militar (CPM) e art. 314 (extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento) do Cdigo Penal (CP). 2. Sero sempre anotados o nome, endereo, telefone e o nmero de inscrio na OAB do advogado ou estagirio ou o nome e nmero de polcia do militar que retirou o processo. 3. Ao receber os autos em devoluo, o responsvel pelo ato, antes de dar baixa na carga, dever proceder conferncia de suas folhas e peas, vista do interessado. 4. O responsvel pelo ato dever fazer comunicao autoridade competente, quando for ultrapassado o prazo para a devoluo dos autos SRH, secretaria ou cartrio e, em se tratando de advogado ou estagirio, a OAB ser imediatamente comunicada. Art. 10. A SRH ou seo equivalente dever, continuamente, proceder auditoria voltada ao controle de prazos dos processos/procedimentos que se encontrarem fora da seo, comunicando qualquer irregularidade autoridade competente para adoo das medidas cabveis. Art. 11. Quando existirem no processo documentos originais de difcil restaurao ou ocorrerem circunstncias relevantes que justifiquem a permanncia dos autos na SRH, Secretaria ou Cartrio, a autoridade competente providenciar a sua entrega por meio de fotocpia, devendo ser observado as recomendaes contidas no art. 8 desta Resoluo. Art. 12. proibida a reteno de documentos de identidade ou da carteira de identidade profissional do advogado, estagirio, de militar ou civil, pela Administrao. Seo VI Da extrao de cpias parciais ou integrais de processos e procedimentos Art. 13. Se o militar necessitar de qualquer informao ou certido, esta lhe ser fornecida gratuitamente, obedecendo ao previsto nas alneas a e b do inciso XXXIV do art. 5 da Constituio Federal. Art. 14. Em se tratando de transgresses residuais decorrentes de Inqurito Policial Militar (IPM), Inqurito Policial (IP), Auto de Priso em Flagrante (APF) ou autos de processo judicial, a administrao dever providenciar fotocpia de inteiro teor ou de parte da documentao, conforme o fato a ser apurado, para subsidiar o processo disciplinar que dela ser instaurado. Art. 15. Fotocpias de autos podero ser fornecidas, s expensas do requerente, sempre que o interesse for apenas dele, inclusive para fins de recurso em qualquer instncia e em qualquer esfera. Nas demais circunstncias, o nus ser da Administrao. Art. 16. autorizada ao militar acusado (autodefesa), defensor militar, advogado ou estagirio regularmente habilitado, atravs de procedimento prprio, a retirada de autos da SRH, Secretaria ou cartrio da Unidade, para a extrao de cpias reprogrficas de peas processuais, sendo que o interessado dever devolv-los at o final do expediente administrativo do mesmo dia. Pargrafo nico. Devero ser observadas as orientaes previstas na seo anterior no que se refere ao registro, retirada e devoluo de autos na Administrao. CAPTULO II 11. DOS PROCESSOS DISCIPLINARES SIGILOSOS Art. 17. Os processos disciplinares de qualquer natureza, em todas as suas fases, so pblicos, conforme dispe o inciso LX, art. 5 da CF/88, bem como os exoneratrios, podendo receber grau de sigilo RESERVADO, desde que motivados pela autoridade militar competente, quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Art. 18. Os processos/procedimentos sigilosos devero tramitar pela administrao militar com cautela e com o mximo de reserva, assim como devem estar, sempre que possvel, em envelope lacrado, quando em circulao, somente sendo permitido o acesso ao teor dos autos aos interessados ou a quem a autoridade militar competente determinar. Art. 19. Nos casos previstos no art. 17 deste manual, o encarregado, de iniciativa, poder solicitar autoridade militar competente a decretao do sigilo necessrio para viabilizar a continuidade de seu trabalho. Art. 20. A publicao da portaria de processo/procedimento disciplinar sigiloso deve, em regra, ocorrer ao seu final, juntamente com sua soluo, para no prejudicar as apuraes, excetuando-se os casos em que esta se fizer necessria por expressa previso legal. Art. 21. A qualquer tempo, o processo/procedimento poder deixar de ser pblico ou sigiloso, devendo a autoridade militar competente motivar o ato, fundamentando as causas de sua classificao 1. So consideradas situaes que, em regra, requerem o grau do sigilo na documentao, conforme previsto no art. 17 desse manual: I cujo conhecimento irrestrito ou divulgao possam acarretar risco segurana da sociedade e do Estado; II necessrios ao resguardo da inviolabilidade, da intimidade da vida privada, da honra e da imagem das pessoas; III que possam comprometer, efetivamente, os aspectos de hierarquia e disciplina. 2. Cabe aos responsveis pela custdia franquear o acesso aos processos/procedimentos sigilosos, observadas as restries estabelecidas neste manual. 3. Os responsveis pela custdia de processos/procedimentos sigilosos esto sujeitos legislao pertinente, s normas referentes ao sigilo profissional e ao Cdigo de tica da Instituio. 4. O processo/procedimento classificado como sigiloso ser identificado pelo encarregado em sua capa, bem como em todas as suas folhas, e no sistema informatizado, pela Administrao Militar, com a expresso RESERVADO. 5. Os processos e procedimentos sigilosos, aps a determinao de arquivamento definitivo, devero ser remetidos SRH, ou seo equivalente, sendo indevida a criao de arquivos distintos nas Segundas Sees das Unidades, haja vista que as pastas funcionais dos militares j so protegidas pelo sigilo, de acesso restrito. Art. 22. O processo/procedimento sigiloso obedecer s mesmas formalidades do processo pblico, ressalvados os procedimentos regulados neste captulo. Pargrafo nico. O lanamento da portaria no Sistema Informatizado, para obteno do nmero sequencial de controle, dever ser procedido regularmente, mas sem especificao de informaes sobre seu contedo. O texto ser substitudo pela palavra RESERVADO, at a soluo final. Art. 23. Os documentos de inteligncia, tais como Informao, Apreciao, Informe, Pedido de Busca, Ordem de Busca, Relatrio de Agente e Memria, no podero ser juntados aos autos de processos disciplinares. Pargrafo nico. Na hiptese de existirem dados imprescindveis investigao nos documentos listados neste artigo, o encarregado dever solicitar do setor de inteligncia a transformao desses documentos em ofcio, relato de conjuntura ou outro cuja juntada aos autos seja permitida, assinado pela Autoridade competente, o qual, se necessrio, receber o grau de sigilo adequado. Art. 24. Haver casos em que se tornaro necessrias a soluo do processo ou procedimento e a juntada dos seus autos a outro processo ou procedimento de carter pblico. Nesses casos, a autoridade delegante ou superior dever elaborar ato de desclassificao do grau de sigilo, por intermdio de despacho, sendo esta a atividade pela qual a autoridade responsvel pela classificao o tornar ostensivo e acessvel consulta pblica. Art. 25. A classificao, desclassificao ou reclassificao do grau de sigilo de um processo ou procedimento requer a publicao de despacho administrativo para essa finalidade. A mesma portaria (mesmo nmero), com a atual classificao sigilosa, ser publicada em Boletim adequado ao seu novo grau de sigilo. Pargrafo nico. A insero de um documento com grau de sigilo no processo/procedimento disciplinar impe o mesmo grau de sigilo aos autos, desde que observadas as orientaes contidas 12. nos artigos 17 e 21 deste manual. Art. 26. Alm do previsto neste captulo, aplicam-se, no que couber, as disposies constantes em documentos normativos da Instituio que regulam a salvaguarda de dados, informaes, documentos, reas, instalaes e materiais sigilosos. CAPTULO III DO DEVER DE COMUNICAR E INVESTIGAR Art. 27. dever de todos os integrantes da Instituio Militar Estadual zelar pela manuteno da disciplina, cumprindo e fazendo cumprir as normas e os princpios da tica militar. Art. 28. Todo militar que presenciar ou tomar conhecimento da prtica de transgresso disciplinar ou qualquer outro ato irregular dever levar o fato ao conhecimento da autoridade competente por meio de Comunicao Disciplinar ou Relatrio Reservado, observando-se os requisitos legais acerca de cada documento. 1. Transgresso disciplinar toda ofensa concreta aos princpios da tica e aos deveres inerentes s atividades da IME em sua manifestao elementar e simples, objetivamente especificada no Cdigo de tica e Disciplina dos Militares (CEDM). 2. Ato irregular toda conduta, ainda que no tipificada objetivamente no CEDM, contrria s normas ou justia. Art. 29. A autoridade competente que presenciar ou tomar conhecimento da prtica de ato irregular ou transgresso disciplinar dever adotar, de imediato, no mbito de suas atribuies e competncia, as medidas necessrias instaurao de processo ou procedimento administrativo adequado. 1. Caso no tenha competncia legal para apurar os fatos, dever remeter toda a documentao autoridade competente, em regra, no prazo de 05 (cinco) dias teis, excetuando-se os casos em que o Cdigo de tica e Disciplina dos Militares (CEDM) e esta Resoluo estipularem prazo diverso. 2. A inobservncia do prazo regulamentar para elaborao da comunicao de ato irregular ou do seu processamento no mbito da Administrao, ensejar verificao de eventual responsabilidade por quem lhe deu causa, mas no inviabilizar o processamento do fato perante a Administrao. Art. 30. A comunicao deve ser clara, concisa e precisa, contendo os dados capazes de identificar as pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e a hora da ocorrncia, alm de caracterizar as circunstncias do fato, sem se tecer comentrios e opinies pessoais. 1. Visando facilitar o processamento dos fatos perante a Administrao, recomendado que na comunicao sejam includos, sempre que houver, o rol de testemunhas e as demais provas pertinentes. 2. A falta de testemunhas no fator impeditivo para que o fato seja comunicado, bem como no causa que implique, necessariamente, o arquivamento do feito por insuficincia de provas. Art. 31. As notcias que contiverem indcios de autoria e/ou materialidade de crime militar devero ser objeto de portarias de Inqurito Policial Militar (IPM), e aquelas que contiverem somente indcios de transgresso disciplinar ensejaro processos ou procedimentos administrativos decorrentes. 1. Se do fato alegado restarem indcios de autoria e materialidade de crime militar e transgresso disciplinar autnomos e desconexos entre si, a autoridade militar competente, observada a convenincia administrativa, poder instaurar, concomitantemente, o IPM e o processo ou procedimento administrativo adequado espcie. 2. Havendo dvidas sobre a autoria e/ou materialidade do fato noticiado, poder a autoridade competente determinar a realizao de uma investigao preliminar, que ser consolidada no Relatrio de Investigao Preliminar (RIP). 3. A adoo das providncias de polcia judiciria militar, ou seja, priso em flagrante/lavratura de APFD (Auto de Priso em Flagrante Delito) ou instaurao de IPM, guardam prioridade em relao s providncias administrativo-disciplinares em face da 28 transgresso residual ao crime militar praticado, que ser processada, em regra, aps a concluso do procedimento administrativo criminal. Art. 32. A Comunicao Disciplinar, a Queixa Disciplinar e o Relatrio Reservado, elaborados em meio eletrnico institucional, tero validade perante a Administrao quando o prprio Sistema puder certificar eletronicamente a sua autoria. Art. 33. Toda comunicao ou notcia que traga indcios de transgresso disciplinar comprovadamente prescrita2 dever ser arquivada, por intermdio de despacho administrativo motivado e fundamentado, da autoridade competente, que far publicar o ato em Boletim. Art. 34. As folhas que integram os autos da apurao sero numeradas cronologicamente, devendo, sempre que possvel, ser utilizado carimbo para os despachos, com o objetivo de conferir maior celeridade e praticidade ao procedimento, observando-se as orientaes normativas que regulam o 13. assunto. Seo I Da comunicao disciplinar (CD) e seu processo (PCD) Art. 35. A Comunicao Disciplinar (CD) a formalizao escrita, feita e assinada por militar possuidor de precedncia hierrquica3 em relao ao comunicado, dirigida ao comandante, diretor ou chefe do comunicante, acerca de ato ou fato contrrio disciplina militar. 1. A CD ser encaminhada diretamente pelo comunicante ou pela Administrao autoridade militar competente. 2. Sendo o comunicante a autoridade competente para sancionar disciplinarmente o militar transgressor, pelo princpio da imparcialidade do julgador, fica impedido de apreciar a documentao, devendo encaminh-la autoridade imediatamente superior, para as providncias de direito. 3. Se a autoridade competente vislumbrar, de imediato, alguma causa prvia de justificao e/ou absolvio, especificada nos artigos 6 e 7 deste manual, devidamente demonstrada por documentos juntados CD, formalizar diretamente o ato motivado e fundamentado de arquivamento de toda a documentao, sem necessidade de instaurao de processo regular e de manifestao do CEDMU. 4. A documentao a que se refere o pargrafo anterior dever, sempre que possvel, ser juntada CD antes do seu encaminhamento autoridade competente. 5. A ausncia de dados ou a existncia de erros de escrita na CD (erros materiais) no caracterizam nulidade do ato, mas mera irregularidade, a qual poder ser sanada pelo prprio comunicante, pela Administrao ou pelo encarregado da apurao, antes ou durante a tramitao da documentao. 6. Devero ser observadas as orientaes gerais deste Captulo, que antecedem presente seo, cabendo Administrao primar pela sua observncia. Art. 36. Recebida a CD, caso a autoridade competente no vislumbre, de imediato, causa prvia de justificao ou absolvio, designar, no prazo de 10 (dez) dias teis, por meio de Despacho, um encarregado para a elaborao do Processo de Comunicao Disciplinar (PCD). 1. A instaurao ocorrer por intermdio de Despacho da autoridade militar, at o nvel mnimo de Comandante de Peloto ou equivalente. 2. Em sendo instaurado por comandante de frao descentralizada ou destacada, este dever solicitar, previamente, por qualquer meio, o nmero do procedimento SRH/Secretaria ou equivalente na Unidade. 3. A autoridade que mandou instaurar o PCD, no sendo competente para solucion-lo, dever encaminh-lo autoridade competente, relacionada no art. 45 do CEDM, no prazo de 05 (cinco) dias teis. 4. Todos os PCD sero lanados, registrados e controlados no sistema informatizado de recursos humanos das IME, os quais recebero a numerao fornecida pelo Sistema, aos moldes do que ocorre com as portarias de processos disciplinares diversos. Art. 37. O encarregado do PCD adotar as seguintes providncias: I abrir vista ao comunicado, mediante a elaborao do Termo de Abertura de Vista (TAV), para que apresente suas alegaes de defesa por escrito, no prazo de 05 (cinco) dias teis; II recebidas as alegaes de defesa e, verificando a existncia de causa de justificao e/ou absolvio, propor o arquivamento do PCD, mediante relatrio sucinto e motivado; III recebidas as alegaes de defesa, verificando a ocorrncia de transgresso disciplinar por parte do comunicado, e no havendo necessidade de audio de testemunhas e/ou produo de outras provas, seja pela confisso do comunicado ou pela ausncia de requerimento de produo de provas, confeccionar relatrio sucinto e motivado, tipificando a transgresso; IV recebidas as alegaes de defesa e havendo necessidade de audio de testemunhas e/ou produo de outras provas, em decorrncia de pedido da defesa ou vislumbradas pelo encarregado, este dever: a) ouvir as testemunhas, sendo primeiro as do processo e, em seguida, as indicadas pela defesa, ambas limitadas ao nmero mximo de 03 (trs); realizar a notificao do acusado para, caso queira, acompanhar a audio de testemunhas e a nfase na produo ou juntada de provas materiais e documentais; b) inexistindo, ao final da apurao, causa de justificao e/ou absolvio, dever abrir nova vista ao comunicado, para a apresentao de Razes Escritas de Defesa (RED) final, no prazo de 05 (cinco) dias teis, elaborando, aps, relatrio sucinto e motivado, tipificando a transgresso ou propondo o arquivamento dos autos, especificando a respectiva causa de justificao e/ou absolvio vislumbrada; 14. c) existindo, ao final da apurao, alguma causa de justificao e/ou absolvio, sem abrir vista ao comunicado, produzir relatrio final sucinto e motivado, propondo o arquivamento dos autos. Pargrafo nico. Nos casos em que a defesa solicitar diligncias, dever o encarregado, tambm, desenvolver outras que se fizerem necessrias busca da verdade real. Art. 38. Recebendo a autoridade os autos do PCD, poder retorn-los ao encarregado, para diligncias complementares, ou adotar as seguintes providncias: I na hiptese do inciso II do artigo anterior, concordando com o parecer do encarregado, arquivar os autos, por meio de despacho administrativo motivado e publicado, sem remessa prvia ao CEDMU; II nas hipteses dos incisos III e IV do artigo anterior, concordando com o parecer do encarregado, dever encaminhar os autos ao CEDMU, para posterior soluo (enquadramento, arquivamento ou discordncia); III determinar a instaurao de processo ou procedimento administrativo adequado nos casos em que a convenincia administrativa assim o exigir, sem necessidade de remessa prvia ao CEDMU. Art. 39. O prazo para elaborao do PCD ser de 15 (quinze) dias corridos, contados da data do recebimento da documentao pelo encarregado, prorrogveis por 10 (dez) dias corridos, a pedido ou por determinao da autoridade competente, no se computando os prazos destinados defesa. Pargrafo nico. Em casos excepcionais e devidamente motivados, poder haver renovao e sobrestamento dos prazos especificados neste artigo. Art. 40. A autoridade competente, para solucionar o PCD, dever faz-lo no prazo de 10 (dez) dias teis. Art. 41. Recusando-se, ou no sendo possvel ao comunicado, sem motivo justificado, apresentar as alegaes de defesa ou RED final, dever o encarregado, ou a autoridade competente, designar um defensor ad hoc. Em sendo justificado o motivo, ser-lhe- renovado o prazo de defesa. Art. 42. Antecedendo quaisquer das situaes anteriores, para casos complexos e/ou em que haja conflito entre comunicao e queixa ou convenincia administrativa, poder a autoridade competente determinar a instaurao de um Relatrio de Investigao Preliminar (RIP) ou uma Sindicncia Administrativa Disciplinar (SAD). Art. 43. O Chefe da Seo de Recursos Humanos (SRH), ou equivalente na Unidade, identificando qualquer irregularidade de forma ou de mrito no PCD, dever adotar medidas de assessoramento necessrias ao seu saneamento e ao seu regular trmite, antes mesmo do encaminhamento da documentao ao CEDMU. Art. 44. Na CD, em que pese possvel, no haver necessidade de se mencionar os incisos e artigos da norma violada, fazendo constar apenas a descrio da conduta antitica praticada pelo militar comunicado. 1. A tipificao equivocada por parte do comunicante no inviabilizar a tramitao e apurao da CD. 2. Na hiptese de a conduta noticiada na CD, eventualmente, no se amoldar a uma das transgresses disciplinares objetivamente previstas no CEDM, tal fato no constituir, por si s, conduta irregular por parte do comunicante. 3. O superior que, isoladamente, presenciar prtica de transgresso disciplinar, dever confeccionar a CD. 4. Se 02 (dois) ou mais superiores hierrquicos ao militar transgressor presenciarem a prtica de transgresso disciplinar, caber ao de maior precedncia definir quem ir elaborar a CD. Art. 45. O militar que redigir a CD dever assin-la e identificar-se de forma legvel, fazendo constar, alm de sua Unidade militar, o seu nome, posto/graduao e nmero de polcia, de forma legvel. Art. 46. A CD dever ser apresentada no prazo de 05 (cinco) dias teis, contados da observao ou do conhecimento do fato, sendo que a inobservncia deste prazo no acarreta a inviabilidade do seu processamento perante a Administrao Militar, mas to somente a eventual responsabilizao daquele que inobservou o prazo, sem motivo justo. Art. 47. A Autoridade Militar que receber a CD, caso no tenha competncia legal para apurar o fato, dever encaminh-la autoridade competente, dentro de 05 (cinco) dias teis, sendo que a inobservncia deste prazo no acarreta inviabilidade do seu processamento perante a Administrao Militar, mas to somente, a eventual responsabilidade daquele que inobservar o prazo. Art. 48. Quando o fato disciplinar envolver militares de Unidades distintas, na condio de autores, coautores ou partcipes, sendo todos lotados no mesmo Comando Intermedirio, ser feito o devido encaminhamento da documentao referida autoridade. 1. Na situao descrita no caput deste artigo, ser confeccionada uma comunicao disciplinar em face de cada militar envolvido no fato, de forma a individualizar as condutas. 2. No caso de fato disciplinar envolvendo militar (autor, coautor ou partcipe) lotado em uma mesma Unidade, sendo os demais envolvidos (vtima, testemunha ou comunicante) lotados em Unidades 15. distintas, a CD ser solucionada, em regra, pelo Comandante do transgressor. Art. 49. A Administrao dever estabelecer controle da CD, por nmero de protocolo, registrando toda a sua tramitao, inclusive do processo decorrente. Art. 50. Aplicam-se complementarmente, no que couber, ao Processo de Comunicao Disciplinar, as orientaes relativas SAD. Seo II Da queixa disciplinar (QD) e seu processo (PQD) Art. 51. A Queixa Disciplinar (QD) a notcia interposta pelo militar (querelante), diretamente atingido por ato pessoal praticado por militar possuidor de precedncia hierrquica (querelado) que repute irregular ou injusto, dirigida ao Comandante, Diretor ou Chefe do querelante. Pargrafo nico. Para o exerccio do direito de queixar-se, deve o querelante ser atingido por ato pessoal que repute irregular ou injusto, de forma a causar-lhe prejuzo fsico, material ou psicolgico. Art. 52. A Queixa Disciplinar decorrente de sua finalidade, no podendo a Administrao, em regra, se envolver de ofcio na pendncia. Pargrafo nico. Por ser de carter personalssimo, atingindo o foro ntimo e sendo faculdade do querelante, deve ser indeferida e arquivada a QD encaminhada de forma extempornea, sem justo motivo devidamente comprovado. Caso esta apresente notcia de crime, improbidade administrativa ou qualquer outra conduta de maior gravidade, dever ser recebida para instaurao de processo ou procedimento administrativo adequado espcie. Art. 53. A apresentao da QD dever ocorrer no prazo mximo de 05 (cinco) dias teis, contados da observao ou do conhecimento do fato. Pargrafo nico. Caso a autoridade que receber a Queixa Disciplinar no tenha competncia legal para apurar os fatos, dever remeter toda a documentao autoridade competente, no prazo de 03 (trs) dias. Art. 54. Aplicam-se QD, nos aspectos formais e de mrito, as orientaes e o modelo de Relatrio pertinente CD, o seu rito e os demais aspectos alusivos ao devido processo legal, inclusive no que tange as alegaes de defesa. Art. 55. Por deciso da autoridade superior competente e desde que haja solicitao do querelante, este poder ser afastado da subordinao direta do militar contra quem formulou a QD, at que esta seja decidida. Art. 56. A instaurao do PQD ocorrer por intermdio de Despacho da autoridade militar, at o nvel mnimo de Comandante de Peloto ou equivalente. 1. Em sendo instaurado por comandante de frao descentralizada ou destacada, este dever solicitar, previamente, por qualquer meio, o nmero do procedimento SRH/Secretaria ou equivalente na Unidade. 2. A autoridade que mandou instaurar o PQD, no sendo competente para solucion-lo, dever encaminh-lo autoridade competente, relacionada no art. 45 do CEDM, no prazo de 05 (cinco) dias teis. 3. Todos os PQD sero lanados, registrados e controlados no sistema informatizado de recursos humanos das IME, os quais recebero a numerao fornecida pelo sistema, aos moldes do que ocorre com as portarias de processos disciplinares diversos. Seo III Da transgresso disciplinar residual (TDR) e seu processo Art. 57. Transgresso Disciplinar Residual (TDR) toda conduta antitica aflorada no decorrer da apurao de infrao penal, atravs de Autos de Priso em Flagrante (APF), Inqurito Policial Militar (IPM), Inqurito Policial (IP), Processos Judiciais (PJ) ou outros documentos correlatos encaminhados administrao militar. Pargrafo nico. As transgresses disciplinares residuais sero indicadas pelo encarregado da investigao ou pela Administrao, devendo, em ambos os casos, ser especificadas no relatrio e/ou no ato de homologao/avocao da soluo pela autoridade delegante. Art. 58. Quando se tratar de transgresso disciplinar residual ao IPM ou APF, devero ser adotadas as 16. seguintes providncias: I no relatrio do IPM/APF, verificar se o encarregado especificou o fato e tipificou as possveis transgresses disciplinares residuais afloradas, assim como as causas de justificao ou absolvio; II na avocao/homologao da Soluo do IPM, constar a(s) transgresso(es) disciplinar(es) residual(ais), em tese, cometida pelo militar investigado, com suas respectivas tipificaes. No caso da Administrao, de ofcio ou em concordncia com o encarregado, verificar que existiu causa de justificao ou absolvio, constantes dos artigos 6 e 7 deste manual, dever constar essa circunstncia no referido ato; III tirar fotocpia dos autos do IPM em seu inteiro teor ou, conforme convenincia administrativa, de partes da documentao que demonstrem a transgresso disciplinar residual praticada; IV remeter o IPM/APF JME; V elaborar portaria de processo disciplinar adequado (SAD/PAD/PADS), em conformidade com a natureza da transgresso disciplinar residual aflorada no IPM/APF. 1. Nos casos de menor complexidade, que envolva apenas um militar acusado ou por convenincia administrativa, a autoridade competente poder determinar a apurao da transgresso disciplinar residual nos moldes do Processo de Comunicao Disciplinar, definido neste manual. 2. Na hiptese do pargrafo anterior, os processos sero lanados, registrados e controlados no sistema informatizado de recursos humanos das IME, os quais recebero a numerao fornecida pelo Sistema, aos moldes do que ocorre com o PCD e PQD. Art. 59. Para transgresso disciplinar residual ao Inqurito Policial (comum), processo judicial ou outros documentos correlatos, a Administrao Militar dever adotar, no que for pertinente, as providncias recomendadas no artigo anterior. Pargrafo nico. Toda vez que a administrao constatar que um militar foi indiciado, denunciado, sentenciado em sede de inqurito policial, processo judicial ou outros instrumentos correlatos, por fato ainda no conhecido, dever diligenciar no sentido de obter cpia total ou parcial dos autos, para fins de adoo das medidas administrativas alusivas a eventual transgresso disciplinar residual. Art. 60. Os termos de audio contidos no processo ou procedimento criminal podero ser aproveitados na SAD/PAD/PADS/PAE, desde que o encarregado elabore novo termo no qual a pessoa confirme ou retifique os dizeres do termo anterior, com oportunidade de se acrescentar outras informaes necessrias elucidao dos aspectos disciplinares. 1. No processo disciplinar, alm das testemunhas limitadas defesa, dever o encarregado ouvir as pessoas que efetivamente conheam ou tenham participao direta ou indireta na transgresso disciplinar imputada ao militar. 2. As pessoas ouvidas no processo ou procedimento criminal que no interessarem ao processo disciplinar sero desconsideradas, no podendo servir para motivar o relatrio e a soluo do processo decorrente da TDR. Art. 61. As TDR, de materialidade e autoria definidas nos autos do processo ou procedimento criminal, ofensivas honra ou ao decoro da classe, pela sua natureza e gravidade, so suficientes para subsidiar a submisso do militar ao PAD/PADS/PAE, devendo a cpia dos autos instruir a portaria desse processo. Pargrafo nico. A eventual alegao de cerceamento de defesa no obsta a instaurao do PAD/PADS/PAE, haja vista que a ampla defesa e o contraditrio sero assegurados, em sua plenitude, no curso desses processos. Seo IV Do relatrio reservado (RR) Art. 62. O Relatrio Reservado possui a finalidade de levar ao conhecimento da autoridade competente fatos ou atos (notcias) contrrios moralidade ou legalidade, praticados por militar possuidor de precedncia hierrquica ao relator. Art. 63. O uso do RR no se presta para que o subordinado fiscalize o superior hierrquico, uma vez que o poder disciplinar e o dever de fiscalizar decorrem sempre do superior em relao ao subordinado. O relatrio reservado deve ser utilizado nos casos da prtica de condutas que afetem os Princpios da Moralidade e da Legalidade, em face da gravidade da conduta do superior. Art. 64. O militar que presenciar ou tomar conhecimento de ato ou fato contrrio moralidade (atos de improbidade administrativa) ou legalidade (infraes penais comuns e militares), praticado por outro militar possuidor de precedncia hierrquica encaminhar o RR autoridade imediatamente superior ou Corregedoria da IME. 1. O RR ser motivado, devendo ser claro, conciso e preciso, bem como constar os meios para 17. demonstrar os fatos e as demais provas que dispuser. 2. A moralidade, como princpio legal a ser observado por todo e qualquer agente pblico, especialmente o militar estadual, deve ser entendida como um conjunto de regras de conduta de honestidade, retido, equilbrio, justia, respeito dignidade do ser humano, boa-f, ao trabalho e tica das instituies. 3. A legalidade, princpio indispensvel que deve balizar a conduta do administrador pblico, permite ao militar fazer o que estiver expressamente autorizado em lei e nas demais espcies normativas, pois na administrao pblica s permitido fazer o que a lei autoriza, diferentemente da esfera particular, em que ser permitida a realizao de tudo o que a lei no probe. Art. 65. O prazo para apresentao do RR de 05 (cinco) dias teis, iniciado a partir da observao ou do conhecimento do fato, sendo que a inobservncia deste prazo no acarreta 47 inviabilidade de processamento desse RR perante a Administrao Militar, mas to somente a eventual responsabilidade daquele que inobservou o prazo. Art. 66. O RR ser dirigido e encaminhado ao Comandante, Diretor ou Chefe do relator, ou autoridade imediatamente superior da Unidade onde est lotado o relator ou ao Corregedor, que adotar as demais medidas administrativas que o caso requerer. Art. 67. A Autoridade Militar que receber o relatrio reservado, caso no tenha competncia legal para apurar o fato, dever encaminh-lo autoridade competente, no prazo de 05 (cinco) dias teis, sendo que a inobservncia desse prazo no acarreta a inviabilidade do seu processamento perante a Administrao Militar, mas to somente a eventual responsabilizao daquele que inobservou o prazo, sem motivo justo. Art. 68. Por deciso da autoridade superior competente, e desde que haja solicitao do relator, ou por convenincia administrativa, este poder ser afastado da subordinao direta do militar contra quem produziu o relatrio, at que o processamento seja decidido, ficando-lhe assegurado que, preliminarmente sua soluo, nenhuma medida administrativa correlata ao fato relatado poder ser aplicada em seu desfavor. Art. 69. Ao relator assegurada a no retaliao por parte do denunciado ou outra autoridade, entretanto, a tomada de medidas administrativas em desfavor do denunciante estar condicionada veracidade do fato denunciado. No sendo verdica, poder responder o denunciante nas esferas penal, cvel e administrativa. Art. 70. A autoridade contra a qual for elaborado relatrio reservado poder, justificadamente, solicitar o afastamento do militar relator autoridade competente ou ao Corregedor, que avaliar o pedido e o decidir motivadamente, ouvindo, antes, se for o caso, o relator. Art. 71. Recebido o RR, a autoridade competente poder determinar esclarecimentos formais por parte do militar acusado ou determinar a instaurao de RIP. 1. Nos casos em que o RR for subsidiado com provas consistentes de autoria e materialidade do desvio de conduta relatado, a Administrao instaurar SAD ou IPM, conforme o caso. 2. Se a autoridade competente vislumbrar que o fato noticiado j foi devidamente apurado e solucionado por meio do processo/procedimento adequado, formalizar diretamente por ato motivado e fundamentado, arquivando toda a documentao, sem necessidade de instaurao de nova apurao. CAPTULO IV DAS ALEGAES E NOTCIAS EM GERAL Art. 72. As alegaes e notcias em geral so as reclamaes que chegam ao conhecimento da Administrao Militar oriundas de civis, autoridades pblicas ou privadas, ou por qualquer outro meio de comunicao, tais como notcias de jornais, rdios, revistas, entre outros, narrando que foram vtimas ou que terceiros teriam sido, direta ou indiretamente, atingidos por atos irregulares: crime, contraveno penal, transgresso disciplinar ou quaisquer outros praticados por militares. Art. 73. Diante da notcia ou alegao de irregularidade, cabe autoridade competente verificar a sua veracidade ou no. Deve-se ter o cuidado de no expor o militar contra quem a alegao foi apresentada, a qualquer tipo de constrangimento. Art. 74. A Autoridade Militar que receber a notcia ou a alegao, caso no tenha competncia legal para apurar a transgresso, dever encaminh-la autoridade competente dentro de 05 (cinco) dias teis, sendo que a inobservncia deste prazo no acarreta inviabilidade de processamento dessa transgresso perante a Administrao Militar, mas to somente eventual responsabilizao daquele que inobservou o prazo, sem justo motivo devidamente comprovado. Art. 75. As notcias ou alegaes por meio de ofcios oriundos do pblico civil, de autoridades pblicas 18. ou privadas ou qualquer outro meio (notcias de jornais, revistas etc) devem ser registradas e controladas pela SRH, Seo de Inteligncia da Unidade ou equivalente, permitindo a elaborao de estatsticas e um efetivo acompanhamento dos casos. Pargrafo nico. O controle ser realizado por meio de sistema informatizado, cuja numerao ser fornecida por controle nico da IME. Art. 76. Sempre que possvel, devero ser juntados alegao ou notcia documentos probatrios da ocorrncia do fato. Art. 77. Constatado que o acusado, na alegao ou notcia, no integrante da IME, dever ser encaminhado Ouvidoria de Polcia ou ao rgo prprio ao qual pertencer o possvel autor. Art. 78. Dever ser providenciada a resposta ao rgo ou ao reclamante/vtima do resultado da apurao, ou das providncias adotadas para o caso. Art. 79. As alegaes que contiverem indcios de crime militar e atos de improbidade (autoria e materialidade definidas) devero servir para motivar e fundamentar as portarias de IPM. Aquelas que contenham somente indcios de transgresso disciplinar, atos de improbidade ou de crime comum serviro para motivar e fundamentar despachos de RIP ou portarias de processos administrativos, conforme o caso. 1. Se do fato alegado restarem indcios de autoria e materialidade de crime militar, ato de improbidade e transgresso disciplinar, a autoridade militar poder instaurar, concomitantemente, IPM e o processo ou procedimento administrativo adequado. 2. Havendo dvidas acerca da autoria ou materialidade da conduta disciplinar, do crime comum ou ilcito civil, dever a autoridade competente determinar a realizao de um levantamento inicial ou de um RIP, conforme as circunstncias do fato. Art. 80. Quando o fato narrado no configurar indcios de crime, improbidade ou transgresso disciplinar, a reclamao ser motivadamente arquivada, conforme causa evidente de justificao e/ou absolvio, elencada nos artigos 6 e 7 deste manual. Art. 81. Em todas as Unidades da respectiva IME, at o nvel de Companhia Independente, dever existir um setor especfico, de preferncia na P/5 ou B/5 da Unidade, para atender ao pblico em geral, no que se refere coleta e formalizao de reclamaes contra militares que cometam atos irregulares. Pargrafo nico. O local de audio dever possibilitar discrio e reserva ao reclamante/denunciante. Art. 82. A seo responsvel pela oitiva formal do reclamante, se for o caso, dever expedir ofcio de encaminhamento Delegacia de Polcia com circunscrio, solicitando sua submisso a Exame de Corpo de Delito, nos casos em que a pessoa alegar ter sofrido agresses fsicas por parte de militares estaduais. Pargrafo nico. Dispensa-se o encaminhamento Delegacia de Polcia nos casos em que referida providncia j tiver sido adotada pela parte interessada. Art. 83. Os funcionrios responsveis pelas audies devero ter acesso, para fins de pesquisa, aos sistemas de informaes institucionais (SISCON, INFOSEG, CICOP, CAD, SIRH, SIGP, dentre outros), possibilitando esclarecimentos quanto situao do acusado e do prprio reclamante. Pargrafo nico. No possuindo acesso aos sistemas, o funcionrio responsvel pela audio dever solicitar informaes Seo especfica da Unidade. Art. 84. Devero ser colhidos os dados completos do reclamante (vtima, representante legal, testemunha ou outro envolvido no fato), tais como nome, filiao, CI, CPF, endereo residencial com CEP, telefones para contato, profisso, estado civil, grau de escolaridade, fazendo constar tambm, se militar, o nmero, posto/graduao e Unidade em que serve (conforme modelo referencial). Art. 85. O militar responsvel pela audio, alm da qualificao do reclamante, deve fazer constar o mximo de informaes possveis no Termo de Declaraes, tais como a descrio dos militares envolvidos, nome, idade real ou aparente, as caractersticas fsicas, Unidade do militar acusado, viaturas envolvidas no caso, com seus respectivos prefixos, marca/modelo dos veculos, local, data e horrio dos fatos, dados das testemunhas que presenciaram ou tomaram conhecimento do ocorrido, informaes sobre o tipo de fardamento dos militares na ocasio, individualizando as aes, nmero do REDS, se lavrado, e outros aspectos relevantes, conforme modelo referencial. 1. O militar responsvel pela audio far constar se o reclamante j comunicou o fato a outros rgos pblicos ou imprensa e se houve registro do fato em Boletim de Ocorrncia. Em sendo o caso, citar o nmero, a natureza, a data e o local do registro. 2. No caso de leses, informar se j foi medicado ou submetido a Exame de Corpo de Delito bem e como os dados sobre o atendimento mdico, tais como o nome do hospital, o nmero da ficha de atendimento, o horrio, a data, os dados do profissional que atendeu a vtima e as informaes sobre o seu atual estado de sade. 19. 3. Caso o reclamante esteja acompanhado de seu advogado, constar o nome e o nmero do registro na OAB, colhendo tambm a assinatura dele no termo ou, se acompanhado por outra pessoa, seus dados de identificao. 4. Caso o reclamante seja criana ou adolescente e se faa acompanhar de seus pais ou responsveis, citar, no termo, o nome e os dados pessoais do acompanhante e ainda colher a assinatura deste. Aos menores de 14 (quatorze) anos no se deferir o compromisso de dizer a verdade. Art. 86. A alegao colhida por meio da ficha de atendimento dever ser assinada pelo reclamante, seu responsvel legal, se houver, e pelo responsvel pela coleta das informaes. Art. 87. Todo cuidado e ateno devem ser dispensados ao reclamante, que dever ser bem recebido e orientado, alm de proporcionar a ele a certeza de que sua alegao ser efetivamente verificada. Art. 88. O reclamante deve ser orientado sobre as previses legais referentes a denncias infundadas, concitando-o a falar somente a verdade dos fatos que estiver denunciando, sob pena de responder por crime de denunciao caluniosa5. Pargrafo nico. A admoestao no deve proporcionar ao reclamante, constrangimento ou sensao de ameaa, que possa reduzir assim sua inteno de levar os fatos ao conhecimento da administrao pblica. Art. 89. Quando houver alegaes contra oficial, estas devero ser, preferencialmente, reduzidas a termo e, em regra, acompanhadas por outro oficial. Art. 90. O reclamante no presta depoimento mas, sim, declaraes, figurando, na Ficha de Atendimento, como reclamante. Art. 91. As tcnicas de investigao, preconizadas em normas prprias, devero ser usadas durante as audies, naquilo que for pertinente, para se obter todas as informaes necessrias a subsidiar futuras apuraes e confirmar, ou no, a veracidade da alegao. Art. 92. Nas declaraes firmadas pelo reclamante, devem-se, aps registrar o que a pessoa falou espontaneamente (tcnica da espontaneidade), fazer questionamentos complementares (tcnica da induo), para no restar dvidas quanto ao cabal contedo das alegaes. Art. 93. A Ficha de Atendimento, juntamente com os demais documentos apresentados pelo reclamante, dever ser protocolizada e encaminhada para a seo prpria, Seo de Recursos Humanos (SRH) ou equivalente, mediante recibo. Seo I Da denncia annima Art. 94. Denncia Annima, tambm chamada de delao apcrifa, a informao transmitida por meio de comunicaes disponveis, sem identificao do denunciante, ou seja, a produo de documento sem autoria. Art. 95. A CF/88 prev, em seu artigo art. 5, inciso IV, a vedao do anonimato na manifestao do pensamento, buscando assim impedir a consumao de abusos no exerccio da liberdade de manifestao de pensamento e na formulao de denncias apcrifas ou annimas. Art. 96. A CF/88, ao exigir a identificao do autor da denncia, visou, com tal medida, possibilitar que eventuais excessos decorrentes do teor da denncia sejam tornados passveis de responsabilizao, tanto na esfera civil quanto no mbito penal e/ou administrativo. Art. 97. Apesar desse argumento, a Administrao Pblica tem o dever de verificar a procedncia do fato irregular que chegar ao seu conhecimento, uma vez que, pelos postulados da legalidade, impessoalidade e da moralidade administrativa, possui o dever de verificar se a denncia procede ou no. Art. 98. A denncia annima, perante a Administrao Pblica, no pode ser desconsiderada por absoluto, pois ela legitima a autoridade a exercer o poder/dever de verificar a sua veracidade, haja vista tratar-se de uma forma de conhecimento de possvel irregularidade. Ressalta-se que no se deve instaurar processo regular diretamente de uma denncia annima. Pargrafo nico. Devido ao eventual risco de ameaas e coaes por parte de militares estaduais envolvidos em fatos infracionais ou de improbidade, no se pode impedir que pessoas levem anonimamente a conduta ilegal ou imoral ao conhecimento das autoridades competentes. Art. 99. A denncia annima deve ser registrada e controlada pela SRH, Seo de Inteligncia da Unidade ou equivalente, permitindo a elaborao de estatsticas e um efetivo acompanhamento dos casos. Pargrafo nico. O controle ser realizado por meio de sistema informatizado, cuja numerao ser fornecida por controle nico da IME. 20. Art. 100. Diante da denncia annima, devem ser observados, prioritariamente, os seguintes procedimentos: I realizar Levantamento Inicial (LI) nos casos em que os indcios de autoria e/ou materialidade, alm de insuficientes, demonstrem necessidade de se obter elementos que justifiquem a instaurao de RIP ou processo/procedimento regular adequado; II instaurar um RIP, nos casos em que os indcios de autoria e/ou materialidade forem mais consistentes, porm insuficientes, ainda, para se instaurar o processo/procedimento regular (SAD ou IPM). 1. Caso no procedam os fatos narrados na denncia annima, esta dever ser arquivada, nos termos dos artigos 6 e 7 deste manual, ou demandar acompanhamento pela autoridade competente, bem como ensejar outras medidas administrativas que o caso requeira. 2. O Levantamento Inicial (LI), a critrio da autoridade competente, ser realizado pela Seo de Inteligncia ou por militar possuidor de precedncia hierrquica em relao ao investigado. 3. Para confeco do Levantamento Inicial, no h maiores formalidades, bem como o seu resultado poder ser apresentado por meio de relatrio ou qualquer outro documento que registre o(s) fato(s) averiguado(s). 4. O Levantamento Inicial poder ser utilizado para outras situaes em que referida medida se mostrar mais conveniente, a critrio da autoridade competente. Art. 101. Durante o levantamento inicial, ou mesmo durante os trabalhos do RIP, deve-se ter o cuidado de no ensejar exposio pblica do militar investigado. Art. 102. Obtendo, em decorrncia de investigao preliminar, a confirmao do fato denunciado anonimamente, estar a autoridade competente legitimada a determinar que se instaure um processo/procedimento disciplinar especfico ou Inqurito Policial Militar, conforme o caso. Art. 103. Na portaria do processo a ser instaurado, depois de confirmada, preliminarmente, a veracidade dos fatos, torna-se desnecessrio constar que sua origem decorreu de denncia annima, mas, sim, do levantamento inicial, RIP ou de qualquer prova que lhe d sustentao. Art. 104. Ressalta-se que nos casos de requisies judiciais ou oriundas do Ministrio Pblico decorrentes de denncias annimas, em regra, deve a autoridade militar instaurar de imediato a investigao criminal ou outro procedimento administrativo requisitado. Neste caso, nota-se que toda a documentao j passou pelo crivo do Ministrio Pblico e/ou Poder Judicirio restando, to somente, autoridade militar, acatar a requisio. Pargrafo nico. Na hiptese desse artigo, poder a autoridade militar, excepcional e motivadamente, solicitar melhores esclarecimentos autoridade requisitante, caso esteja muito evidente a ausncia de justa causa para se proceder a investigao criminal. CAPTULO V DO RELATRIO DE INVESTIGAO PRELIMINAR (RIP) Seo I Da finalidade Art. 105. A finalidade do Relatrio de Investigao Preliminar (RIP) buscar informaes ou provas preliminares, visando confirmar ou no a existncia de indcios acerca da procedncia das alegaes do pblico externo, da representao ou de outro documento obtido por intermdio de qualquer pessoa, ou mesmo aflorado na mdia ou meio eletrnico, capaz de possibilitar a instaurao do procedimento adequado para apurar os fatos. 1. Ser dispensado, em regra, o RIP para a transgresso disciplinar residual ao Auto de Priso em Flagrante (APF), Inqurito Policial Militar (IPM), Inqurito Policial (IP) ou processo judicial, considerando que os indcios acerca da sua existncia j se encontram nos autos da investigao ou do processo criminal, devendo-se instaurar o processo disciplinar adequado apurao da falta. 2. Ser dispensado, tambm, em regra, para a Comunicao Disciplinar, Queixa Disciplinar e Relatrio Reservado em razo da finalidade do RIP. Art. 106. O RIP, elaborado de maneira oportuna, subsidiar a autoridade militar competente, quanto eventual necessidade de instaurao do processo ou procedimento administrativo adequado, ou mesmo buscar elementos que demonstrem a desnecessidade da mencionada providncia. 1. Havendo elementos suficientes que indiquem a autoria e materialidade da conduta imputada ao militar, sem prvia causa de justificao ou de absolvio, deve a autoridade instaurar, imediatamente, o processo/procedimento administrativo disciplinar adequado ou IPM, conforme a natureza da acusao, sem necessidade do RIP. 21. 2. Tem natureza de instruo preliminar e investigativa, cuja finalidade precpua evitar a instaurao de portarias e despachos de processos regulares, sem que haja elementos de convico suficientes da ocorrncia do fato e de sua autoria. Seo II Da instaurao Art. 107. A instaurao ocorrer por intermdio de despacho da autoridade militar, at o nvel mnimo de Comandante de Peloto ou equivalente, com numerao prvia fornecida pelo controle interno da IME, preservando-se, em regra, a identificao do(s) acusado(s) e demais envolvidos. 1. Caso seja instaurado por comandante de frao descentralizada ou destacada, este dever solicitar, previamente, por qualquer meio, o nmero do procedimento secretaria da Unidade. 2. No despacho de Instaurao do RIP, sempre que possvel, deve constar se o investigado Oficial ou Praa e a Unidade qual pertena, sem citar seu nome, nmero de polcia, posto/graduao ou qualquer dado que possibilite sua imediata identificao. 3. A autoridade militar que mandar instaurar o RIP no precisa, necessariamente, deter poder hierrquico sobre o(s) militar(es) envolvido(s), bastando que exera comando, direo ou chefia no local onde o fato ocorrer, sendo, no mnimo, comandante de peloto. 4. Excepcionalmente, sendo necessrio instaurar o RIP em dias em que no haja expediente administrativo (finais de semana, feriados e outros), o nmero de controle do procedimento dever ser solicitado no primeiro dia til subsequente, sem prejuzos para o imediato incio das investigaes. Art. 108. O encarregado do RIP dever ser militar da ativa ou inativo convocado ou designado para o servio ativo, possuidor de precedncia hierrquica em relao ao investigado. Art. 109. O RIP poder ter origem em documentos regulares, annimos, apcrifos ou qualquer outro que contenha notcia de transgresso disciplinar, crime ou contraveno penal que demande, efetivamente, necessidade de investigao preliminar. 1. Nos casos em que a documentao que comunicar a prtica de desvio de conduta de militar j vier instruda com provas que demonstrem a efetiva existncia do fato e sua autoria, sem prvia causa de justificao ou absolvio, a autoridade militar competente far proceder instaurao do processo ou procedimento regular adequado espcie, sem necessidade do RIP. 2. Quando a documentao que comunicar a prtica de desvio de conduta de militar vier instruda com provas que demonstrem a efetiva existncia do fato e sua autoria, com prvia causa de justificao ou absolvio, deve a autoridade competente formalizar diretamente o ato de arquivamento, sem necessidade de instaurao de RIP ou qualquer outro processo ou procedimento regular. Seo III Da instruo Art. 110. A instruo do RIP dever ser feita sem obedincia s formalidades exigidas para o processo disciplinar regular, devendo o seu encarregado observar, em regra, a seguinte sequncia: I ater-se busca de provas que indiquem possvel autoria e materialidade do fato investigado; II priorizar a busca de provas materiais e/ou documentais; III sendo necessrio, entrevistar pessoas, devendo proceder s respectivas qualificaes, questionando-as sobre o fato investigado, para posterior sntese formal, relatando e oferecendo seu parecer autoridade competente, com suas concluses, no relatrio; IV em situaes mais graves, em que no puder obter provas materiais alusivas ao fato, proceder coleta de termos de declaraes ou depoimentos formais no procedimento, anexando-os ao relatrio do RIP, limitando-se, em regra, a formalizar a(s) oitiva(s) do(s) reclamante(s) ou da(s) vtima(s) e de 01 (uma) ou 02 (duas) testemunhas presenciais do episdio; V para as demais pessoas que presenciaram ou tomaram conhecimento do fato, bastam as suas qualificaes e a sntese da entrevista no RIP, deixando-se as eventuais formalizaes dos termos de suas oitivas para ocasio futura, no processo regular que vier a ser instaurado; VI so provas que, se existirem, devem ser juntadas pelo encarregado, no RIP: documentos pblicos e particulares em geral, REDS, BOS, escalas de servio, fotografias, recortes de jornais e revistas, matrias de internet e de bancos de dados informatizados, DVD, CD, e-mails impressos, fitas de vdeo ou quaisquer outros que forem possveis obter legalmente, conforme o caso; VII dever proceder realizao de outras diligncias necessrias busca de provas suficientes que 22. subsidiem a instaurao de processo regular ou demonstrem, de forma inequvoca, que o fato (acusao) no procede (inexistncia de autoria e/ou materialidade), ou se deu mediante causa de justificao ou absolvio; VIII no caso de restar provado que a acusao no procede ou que no existem provas para instaurar processo ou procedimento regular em desfavor do investigado, o encarregado dever primar por demonstrar as referidas circunstncias, propiciando elementos de convico para a autoridade competente arquivar o RIP. Pargrafo nico. Na hiptese de arquivamento do RIP, este dever ser instrudo, em regra, com as seguintes provas que demonstrem a causa de justificao e/ou absolvio vislumbrada: I documentos e/ou provas materiais especificadas no inciso VI deste artigo; II termo de declarao e/ou depoimento formal, especialmente de testemunha idnea e/ou vtima /reclamante; III outros, conforme o caso. Art. 111. O RIP dever ser instrudo, sequencialmente, na seguinte ordem: I despacho da autoridade designando o encarregado do procedimento; II documentao que deu origem ao despacho do RIP; III documentos obtidos pelo encarregado do RIP e eventuais Termos de Declaraes ou Depoimentos; IV outras provas necessrias ao procedimento; V relatrio do RIP; VI ofcio de remessa do encarregado. Art. 112. Encerrado o RIP, em qualquer hiptese, este dever ser encaminhado autoridade competente para instaurar o processo/procedimento regular ou arquiv-lo, mediante elaborao do ato de soluo decorrente. 1. Restando indcios razoveis de autoria e materialidade de transgresso ou crime, dever a autoridade militar competente determinar a instaurao do processo/procedimento administrativo adequado apurao dos fatos. 2. No caso de crime militar, o meio para apurao do fato ser o IPM. Aflorando transgresso residual, o instrumento adequado para se propiciar a ampla defesa e o contraditrio , em regra, a Sindicncia Administrativa Disciplinar (SAD). Art. 113. Restando indcios da prtica de infrao penal comum, o RIP dever ser encaminhado ao Ministrio Pblico da Comarca, caso o fato no tenha sido registrado em Boletim de Ocorrncia ou no se encontre a cargo da autoridade policial competente, e sua cpia dever subsidiar instaurao de processo disciplinar por transgresso residual, nos termos deste manual. Art. 114. Constatado tratar-se de crime militar, a instaurao de Inqurito Policial Militar ser, em regra, pela autoridade militar com circunscrio no local dos fatos apontados como crime, conforme exterioriza, expressamente, o art. 10, a, do CPPM, ainda que haja a participao de militares de outras Unidades. 1. Ao final do IPM, restando transgresso residual a ser imputada a militares de Unidades ou de Regies distintas, no sendo a autoridade militar competente para iniciar processo disciplinar e sancionar os transgressores, dever encaminhar cpia dos autos da investigao quela que detiver, concomitantemente, poder para a adoo das medidas administrativas disciplinares em face de todos os envolvidos, nos termos do CEDM. 2. A transgresso residual, conforme a gravidade, dever dar ensejo instaurao de PAD/PADS ou de sindicncia. Art. 115. Constatados indcios de autoria e materialidade de transgresso disciplinar, o RIP dever subsidiar a instaurao do processo disciplinar adequado. Art. 116. Em razo do RIP possuir natureza eminentemente investigatria, fica vedada a elaborao de Termo de Abertura de Vista (TAV) ao militar investigado, durante sua elaborao e/ou ao final dela. Seo IV Do relatrio Art. 117. O encarregado do RIP far um minucioso exame de todo o apurado com base nas provas obtidas e confeccionar o relatrio, conforme modelo referencial, apresentando concluso com proposta de arquivamento ou subsdios para que a autoridade competente determine a instaurao de processo/procedimento regular especfico. 1O relatrio dever ser construdo aps a investigao prtica, devendo ser devidamente numerado e 23. rubricado. 2. As provas produzidas no RIP devem ser inseridas nos autos, na ordem cronolgica de sua produo, antes do Relatrio, sem necessidade do termo de juntada. Art. 118. Elaborado o relatrio conclusivo, o procedimento dever ser encaminhado autoridade que determinou sua instaurao, para demais medidas que se fizerem necessrias. Seo V Do julgamento Art. 119. A autoridade que mandou instaurar o RIP, no sendo competente para solucion-lo, dever encaminhar o procedimento autoridade compe