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INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS- ICN CURSO DE GEOGRAFIA (BACHARELADO) ANA PAULA DA SILVA MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE VESPASIANO-MG Alfenas / MG 2011 Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 – Alfenas/MG – CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS- ICN

CURSO DE GEOGRAFIA (BACHARELADO)

ANA PAULA DA SILVA

MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE

VESPASIANO-MG

Alfenas / MG

2011

Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 – Alfenas/MG – CEP 37130-000

Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063

ANA PAULA DA SILVA

MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE

VESPASIANO-MG

Trabalho de conclusão de Curso para obtenção do título de Bacharel

em Geografia pela Universidade Federal de Alfenas – Minas Gerais.

Área de concentração: Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento.

Orientador: Prof. Drº Fernando Shinji Kawakubo.

Alfenas/ MG

2011

ANA PAULA DA SILVA

MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE

VESPASIANO-MG

A banca examinadora abaixo- assinada, aprova o

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Bacharel em Geografia pela

Universidade Federal de Alfenas- MG.

Área de Concentração: Sensoriamento

Remoto e Geoprocessamento

Aprovado em Alfenas, 21 de novembro de 2011.

Profº. Drº. Fernando Shinji Kawakubo

________________________________

Instituição: Universidade Federal de Alfenas-MG

Profº. MSc. Ericson Hideki Hayakawa

________________________________

Instituição: Universidade Federal de Alfenas-MG

Profª Drª Rúbia Gomes Morato

________________________________

Instituição: Universidade Federal de Alfenas-MG

Dedico a Deus, a minha Família,

meus amigos e todos que me

apoiaram na realização

desse trabalho.

AGRADECIMENTOS

Fruto de uma trajetória acadêmica este trabalho contou com o auxilio de vários

personagens.

Primeiramente agradeço a Deus por ter me proporcionada a oportunidade de

desenvolver este trabalho. Obrigada a Maria Amélia dos Santos Silva e Antônio Luiz da Silva

por me apoiarem nessa trajetória mesmo que de longe. Obrigada aos meus irmãos Douglas A.

da Silva e Paulo Cezar da Silva, aos meus amigos de Vespasiano, Roger, Rafael e tantos

outros por torcerem sempre por mim.

Aos meus mestres por transmitirem os seus conhecimentos e me instruírem. Obrigada

professor Fernando Shinji Kawakubo, por primeiramente aceitar me orientar e confiar em

meu potencial de desenvolver projeto, iniciação cientifica e esse trabalho, além de transmitir

seu conhecimento e experiência. Obrigada a professora Rúbia Gomes Morato por sempre ser

prestativa me auxiliando na execução dos meus trabalhos.

Aos meus amigos da graduação em especial às integrantes da República Geólatras, a

Mária, Camila, Diely, Mayara, Ana Luiza e a Ana Lia, obrigada pelas trocas de informações e

aprendizados que foram fundamentais para meu amadurecimento tanto profissionais como

pessoal. Meu sincero obrigada a Natalia e outros amigos não menos importantes pelos

momentos de descontração e discussões sobre a ciência geográfica no decorrer desses anos.

Agradeço ainda ao Felipe Della Torre por me auxiliar, por sempre estar comigo todos

esses anos e pelo apoio incondicional e essencial na minha vida.

Em fim meus sinceros agradecimentos a Universidade Federal de Alfenas- MG e a

todos que me auxiliaram na trajetória da minha graduação.

“O verdadeiro conhecimento vem de dentro.”

(Sócrates)

RESUMO

O reflexo do crescimento populacional nas cidades brasileiras afeta a qualidade de vida da

população que necessita de infra-estrutura, de políticas socioeconômicas e ambientais para

proporcionar um planejamento eficaz e satisfatório. O geoprocessamento e sensoriamento

remoto consistem em instrumentos eficazes de apoio ao planejamento urbano. A integração

destes instrumentos permite aprimorar, por exemplo, o mapeamento da densidade

demográfica. Mapeamento este, fundamental para planejamento urbano e ambiental.

Tradicionalmente, a densidade demográfica é mapeada utilizando os valores de população

presentes nos setores censitários e dividindo pela sua área abrangida pelo setor. O problema

desta abordagem é que muitas vezes, este procedimento de calculo da densidade demográfica

mascara a verdadeira densidade populacional, pois mesmo as áreas não–residenciais são

incluídas no calculo. O objetivo deste trabalho é desenvolver um método alternativo para

calculo da densidade demográfica utilizando os dados do censo em conjunto com as técnicas

de interpretação de imagens de satélite. A área selecionada para o desenvolvimento do

trabalho localiza-se na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), mais especificamente

no município de Vespasiano. O conhecimento aprimorado e aprofundado da distribuição da

população no espaço é de suma importância para a análise socioeconômica e ambiental, para

o planejamento urbano e também para a qualidade de vida da população. Assim quando a

análise da densidade demográfica é feita na escala do município, as heterogeneidades

existentes nela não são evidenciadas. Esta generalização causa muitas vezes ideias distorcidas

da distribuição da população na área urbana. Para uma descrição mais realista da densidade

populacional da área urbana, um método denominado de dasimétrico pode ser empregado. O

método dasimétrico consiste em discriminar áreas urbanas residenciais, das áreas urbanas não

residenciais, com a finalidade de realizar a aplicação da densidade demográfica mais precisa

de um determinado local. As primeiras etapas do trabalho consistiram na análise dos dados do

setor censitário. Na segunda etapa criação de um mapa de uso urbano indicando as áreas

residências, industriais, de lazer, de uso agrícola etc. Por fim, na terceira etapa, as áreas

residências foram combinadas com os dados do setor censitário com a finalidade de calcular a

densidade demográfica.

ABSTRACT

The reflection of population growth in the Brazilian cities affects the quality of life of the

population that needs infrastructure, socioeconomic and environmental policy to provide an

efficient and satisfactory planning. The GIS and remote sensing instruments consist in an

effective support to urban planning. The integration of these tools allows you to upgrade, for

example, the mapping of population density. This mapping is fundamental to urban and

environmental planning. Traditionally, the population density is mapped using the values

present in the population census and dividing by the area covered by the sector. The problem

with this approach is that often this procedure for calculating the density masks the true

population density, because even the non-residential areas are included in the calculation. The

objective of this work is to develop an alternative method for calculating the density using

census data in conjunction with the techniques of satellite images interpretation. The area

selected for the development of the work is the metropolitan region of Belo Horizonte (MG),

specifically in the municipality of Vespasiano. Enhanced and deepened knowledge of

population distribution in space is of paramount importance for the socioeconomic and

environmental analysis for urban planning and also to the quality of life. So when the analysis

of density is made in the scale of the city, the heterogeneity existing in it are not seen. This

generalization often causes distorted ideas of population distribution in urban areas. For a

more realistic description of the urban population density, a method called dasimétric can be

applied. The method consists in discriminating dasimétric urban residential, urban non-

residential areas, in order to achieve the application of more accurate density for a given

location. The first stages of work consisted in the analysis of data from census tract. In the

second step creation of a map indicating the use of urban residential areas, industrial,

recreational, agricultural use etc… Finally, in the third step, the residential areas were

combined with data from the census tract in order to calculate the density.

SUMÁRIO

1. INTRUDUÇÃO ............................................................................................................... 10

2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ................................................................................. 13

2.1. DADOS DO IBGE ........................................................................................................ 13

2.2. SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO ................................. 13

2.3. FOTOINTERPRETAÇÃO E PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGNES ...... 14

2.4. OPERAÇÕES DE ANÁLISE GEOGRÁFICA ......................................................... 15

2.5. O SIG SOFTWARE ILWIS ...................................................................................... 15

2.6. DENSIDADE DEMOGRÁFICA E O MÉTODO DASIMÉTRICO ........................ 15

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 17

3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO: .................................................... 17

3.2. MATERIAIS .............................................................................................................. 19

3.3. MÉTODOS ................................................................................................................ 19

4. RESULTADOS E DICUSSÕES .................................................................................... 22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 27

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 28

10

1. INTRUDUÇÃO

O problema do crescimento desordenado das cidades afeta a maioria dos municípios

brasileiros. A falta de planejamento urbano e de infra-estrutura tem trazido para a sociedade

prejuízos econômicos, políticos e ambientais.

Metodologias de análise por meio de geoprocessamento e sensoriamento remoto são

instrumentos valiosos de apoio ao planejamento urbano e ambiental.

Segundo Camara e Davis (2001), o Geoprocessamento consiste em utilização de técnica

matemáticas e computacionais para tratamento da informação geográfica, a qual é utilizada

como base para outras áreas como o Planejamento Urbano e Regional. Já o Sensoriamento

Remoto pode ser definido como a obtenção e análise de informações sobre materiais (naturais

ou não), objetos ou fenômenos na superfície da terra a partir de dispositivos situados à

distância dos mesmos (CRÓSTA; 1992).

Uma área importante do Sensoriamento Remoto é o processamento digital de imagens

(PDI), que consiste num conjunto de procedimentos computacionais que tem a finalidade de

facilitar a identificação e extração da informação contida nas imagens de satélite. Informações

relacionadas a diferentes tipos de usos e cobertura vegetal (LIU, 2006) e extração de

parâmetros biofísicos (JENSEN, 2009) são alguns exemplos tratados no processamento

digital de imagens.

Até a poucos anos atrás, as pesquisas relacionadas a área urbana utilizando

sensoriamento remoto orbital era bastante limitada do ponto de vista espacial. Os estudos

intra-urbanos eram feitos quase que exclusivamente utilizando fotografias aéreas de grande

escala obtidas por câmeras métricas (MORATO et.al. 2010). Em função da baixa resolução

fornecida pelos sistemas Landsat-5 TM (30 metros) e Landsat-7 ETM+ (com 15 metros na

banda pancromática), a maioria das pesquisas eram voltadas para o mapeamento da cobertura

vegetal urbana utilizando NDVI (FORESTI, 1992) e identificação da expansão urbana (LIU,

2006).

Com o lançamento de novos sistemas sensores de alta resolução, um novo paradigma é

observado na pesquisa urbana. Em 1999, o satélite Ikonos-2 foi lançado, fornecendo aos

usuários do sensoriamento remoto, imagens com resolução de 1 metro no modo pancromático

e 4 metros no modo multi-espectral (www.spaceimaging.com.br). No ano de 2001 a empresa

DigitalGlobe (www.digitalglobe.com) lançou o primeiro satélite comercial com detalhe

submétrico, o QuickBird, com resolução de 0.65 m no pancromático e 2.62 m no modo

11

multiespectral. Mais recentemente, a mesma empresa lançou o primeiro satélite de alta

resolução com 8 bandas espectrais – 0.46 m no modo pancromático e 1.85 metros no modo

multiespectral. O satélite comercial de maior resolução espacial é o Geoeye-1 com 0.5 m no

pancromático e 1.64 m no multiespectral (www.geoeye.com).

As imagens de alta resolução espacial são valiosas para a pesquisa urbana, pois

permitem que sejam feitas as mensurações mais precisas de ruas, detalhes de construções,

monitoramento do tráfego e a expansão do uso de solos urbanos (LIU, 2006).

Cada vez mais a acessibilidade e disponibilidade das imagens de satélite de alta

resolução vêm aumentando, isso proporciona imagens de custos mais baixos, o que viabiliza a

utilização das mesmas (SANTOS, CASTRO, RIBEIRO, 2011).

A integração das imagens de alta resolução com as técnicas de análise espacial por

meio de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) possui várias aplicações, dentre elas,

permite aprimorar, por exemplo, o mapeamento da densidade demográfica. Mapeamento este,

fundamental para planejamento urbano e ambiental.

A densidade demográfica, revelada através do censo demográfico representa a

distribuição da população no espaço e suas características. As informações reveladas pelo

censo consistem em uma fonte de dados relevante, pois é através desses dados que o governo

federal transfere recursos para os municípios com a finalidade de subsidiar políticas públicas

de saúde, educação, habitação, e representação política (IBGE, 2003).

Tradicionalmente, a densidade demográfica é mapeada utilizando os valores de

população presentes nos setores censitários e dividindo pela sua área abrangida pelo setor. O

problema desta abordagem é que muitas vezes, este procedimento de calculo da densidade

demográfica mascara a densidade populacional real, pois mesmo as áreas não–residenciais

são incluídas no calculo (chamado neste trabalho de efeito de suavização).

Um método alternativo para cálculo da densidade demográfica é o método

dasimétrico. A metodologia dasimétrica propõe uma descrição mais realista, em que as

áreas/taxas são modificadas de acordo com o critério de homogeneidade obtido por meio de

informações complementares (MORATO et al, 2010).

Dessa forma o trabalho propõe a utilização do método dasimétrico para o calculo da

densidade demográfica para de diminuir o efeito de suavização. A finalidade do trabalho é de

contribuir com os estudos populacionais e de planejamento urbano dentro de uma temática

que aborda o desenvolvimento de metodologias de integração de dados espaciais aplicadas a

análise da distribuição geográfica da população na escala intra-municipal. A área selecionada

12

foi o município de Vespasiano (MG), localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte

(RMBH).

13

2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

2.1. DADOS DO IBGE

O censo demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é uma

fonte de dados importante para diversas áreas do conhecimento. Por meio das informações

reveladas pelo censo,o governo federal transfere os recursos para o município para subsidiar

políticas públicas de saúde, educação, habitação e representação política. Na Geografia, os

dados do censo são utilizados em pesquisas de Cartografia, Geografia Regional, Geografia

Urbana, Geografia da Saúde, Geografia Econômica, Geografia Agrícola, Geomarketing, entre

outras (SOUZA; MORATO, 2010).

Desde 1872 o IBGE realiza as pesquisas de censo demográfico. O censo é realizado de

dez em dez anos, onde são contatos os habitantes do território nacional e aplicado um

questionário como forma de revelar as condições de vida da população brasileira. Dois

questionários são aplicados: o questionário básico válido para todos os domicílios, e o

questionário da amostra aplicada em um décimo dos domicílios.

Os seguintes procedimentos são adotados pelo IBGE na elaboração do censo: (1)

definição de uma data referência, que no caso do censo de 2010, foi do dia 31 de julho a 1 de

agosto do mesmo ano; (2) por meio de concurso público são contratados os recenseadores e

feito o treinamento; (3) Em todos os domicílios particulares e coletivos são realizadas as

entrevistas de coleta de dados dos respectivos moradores; (4) os dados do censo coletados são

subdivididos em quatro categorias: pessoas, educação, domicílios e responsável pelo

domicílio, totalizando mais de 500 variáveis; (5) após a divisão, os dados são classificados e

armazenados em banco de dados geográficos e disponibilizados para distintas análises.

2.2.SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO

O Sensoriamento Remoto e o Geoprocessamento são instrumento de auxilio a gestão

pública.

14

As metodologias de análise por meio do geoprocessamento e sensoriamento remoto consistem

em instrumentos valiosos de apoio a análise e ao planejamento, auxiliando monitoramento do

crescimento e a dinâmica das cidades (GONÇALVES; PEREIRA e SOUZA, 2005).

Segundo Rodrigues (1990) e Medeiros (1999) Geoprocessamento é o conjunto de

tecnologias que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para a coleta e tratamento de

informações geográficas espaciais. As áreas que se servem das tecnologias de

Geoprocessamento têm, em comum, o interesse da expressão espacial, da localização, ou

distribuição, ou ainda a distribuição espacial de seus atributos.

O Sensoriamento Remoto pode ser entendido como um conjunto de atividades que

permite a obtenção de informações dos objetos que compõem a superfície terrestre sem a

necessidade de contato direto com os mesmos (MORAES, 2002).

De forma mais específica, o sensoriamento remoto é definido como a utilização de

modernos sensores, equipamentos para processamento de dados. Equipamentos de

transmissão de dados, aeronaves, espaçonaves etc., com o objetivo de estudar o ambiente

terrestre através do registro e da analise das interações entre energia da radiação

eletromagnética e os elementos componentes da superfície terrestre em suas mais diversas

manifestações (NOVO 1988 apud HAYAKAWA, 2007).

Dessa forma o Geoprocessamento juntamente com o Sensoriamento Remoto consiste

em instrumentos estratégicos de levantamento de informações para auxiliar o planejamento e

monitoramento urbano.

2.3.FOTOINTERPRETAÇÃO E PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGNES

A interpretação das imagens permite seu mapeamento. Uma técnica de análise das

imagens é através de interpretação visual, ou seja, o elemento humano desempenha um papel

de identificar os elementos presentes na imagem (Crósta 1992)

Para a interpretação de imagens utiliza-se as chaves de interpretação, segundo Ceron e

Diniz (1996) as chaves de interpretação (cor, textura, forma, tamanho e entre outras) são

elementos de identificação e descrição das classe apresentadas na imagens.

O processamento digital de imagens consiste em corrigir as distorções das imagens, realçar

alvos e fazer a classificação das imagens. (LIU, 2006). Ainda segundo Crósta (1992) o

processamento digital de imagens é um instrumento que facilita a identificação e extração de

alvos das imagens

15

2.4.OPERAÇÕES DE ANÁLISE GEOGRÁFICA

O SIGs tem a função de realizar análises espaciais. Tais funções utilizam os atributos

espaciais e não espaciais das entidades gráficas armazenadas na base de dados espaciais e

buscam fazer simulações através de modelagens, sobre os fenômenos do mundo real, seus

aspectos ou parâmetros (MEDEIROS, 1999).

Em análise geográfica os espaços geográficos podem ser modelados em dois modelos:

os modelos de campos e objetos. Segundo Medeiros (1999), os modelos de campos e os

modelos objetos podem ser definidos como:

O modelo de campos enxerga o espaço geográfico como uma superfície contínua,

sobre a qual variam os fenômenos a serem observados segundo diferentes

distribuições. Por exemplo, um mapa de vegetação descreve uma distribuição que

associa a cada ponto do mapa um tipo específico de cobertura vegetal, enquanto um

mapa geoquímico associa o teor de um dado mineral a cada ponto.

O modelo de objetos representa o espaço geográfico como uma coleção de entidades

distintas e identificáveis. Por exemplo, um cadastro espacial dos lotes de um

munícipio identifica cada lote como um dado individual, com atributos que o

distinguem dos demais. Igualmente, poder-se-ia pensar como objetos os rios de uma

bacia hidrográfica ou os aeroportos de um estado.

As operações de analise geográfica apresentam assim dois tipos de dados a serem analisados.

Segundo Worboys (1995) são os geo campo, que correspondem a grandezas distribuídas

espacialmente como tipo de solo, topografia e teor de minerais, e os geo- objetos que são

individualizáveis e tem identificação com elementos do mundo real, como lotes num cadastro

urbano.

2.5. O SIG SOFTWARE ILWIS

O ILWIS (Integrated Land and Water Information System) é um software gratuito

desenvolvido pelo International Institute for Geo-Information Science and Earth Ibservation

(ITC) da Holanda. Consiste em um SIG que permite a entrada de dados, edição e

manipulação de arquivos vetoriais e matriciais. O software IlWIS possui funções de

processamento digital de imagens.

2.6. DENSIDADE DEMOGRÁFICA E O MÉTODO DASIMÉTRICO

16

O cálculo tradicional da densidade demográfica é feito dividindo o número de

população pela área. A ideia da densidade é revelar concentrações e vazios urbanos muitas

vezes não revelados por números absolutos. Por envolver a variável área, o cálculo da

densidade pode considerar diferentes critérios, como setores censitários, subprefeituras,

municípios, Estados, regiões e até países, variando de acordo com a escala de análise.

O termo dasimétrico foi utilizado pela primeira vez pelo geógrafo russo Tian-Shansky,

que desenvolveu um mapa de densidade populacional da Rússia publicado na década de 1920

(BIELECKA, 2005).

A metodologia dasimétrica propõe uma descrição mais realista, em que as áreas/taxas

são modificadas de acordo com o critério de homogeneidade obtido por meio de informações

complementares (MORATO et al, 2010). Os mapas dasimétricos utilizam informações

auxiliares para a redefinição das áreas. Assim, um mapa de densidade demográfica não é feito

levando-se em consideração toda a área do polígono original, mas apenas as áreas

efetivamente habitadas, evitando-se represas e parques, por exemplo.

Esta abordagem tende a melhor o resultado do mapeamento, pois aumenta as

concentrações urbanas em locais habitados, e reduz, portanto, o efeito indesejado da

suavização espacial comum nos métodos tradicionais.

17

3. METODOLOGIA

3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO:

A área de estudo corresponde o município de Vespasiano, que se localiza a 28 km da porção

norte da cidade de Belo Horizonte (BH), Minas Gerais. Localizada entre as coordenadas

19º39’S - 19º47’S e 43º53’W- 43º 59’W (FIGURA 1).

Figura 1- Mapa de localização do Município de Vespasiano/MG

O município faz parte da Região Metropolitana de BH (RMBH). Vespasiano possui uma área

de 71,180 km² e população aferida de 104527 habitantes, sendo 100% urbana (IBGE, 2011). A

tabela 1 ilustra o crescimento da população do município de Vespasiano e da RMBH entre os

anos de 1991 e 2010.

Fonte: Google Earth (2009/2010) Elaboração: SILVA, A.P 2011

18

Tabela1 - Evolução da População do Município de Vespasiano-MG e da RMBH Entre os

Anos de 1991 e 2010.

Anos População total da

RMBH

População total do Município de

Vespasiano-MG

1991 3.522.907 54.868

1996 - 60.409

2000 4.357.942 76.422

2007 5.068.368 94.191

2010 5.413.627 104.527

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011.

O código atribuído pelo IBGE no município de Vespasiano é o 3171204. O município possui 61

setores censitários (FIGURA 2). Sua densidade demográfica média é de 1.468,49 hab./km² (IBGE,

2010).

Figura 2 - Mapa dos Setores Censitários do Município de Vespasiano/MG

A economia está ligada aos setores de serviço, comércio e da indústria, principalmente

cimenteira e metalúrgica. A expansão da cidade se dá principalmente nas áreas próximas a

Linha Verde (MG-10), rodovia que liga o município à capital. A Linha Verde também é um

19

acesso rápido ao Aeroporto Internacional de Confins (Aeroporto Tancredo Neves), e ao

Centro Administrativo do Estado.

O município possui altitude média de 693m. com cobertura vegetal característica do cerrado.

Vespasiano está inserida na bacia do Ribeirão da Mata, sub-bacia do Rio das Velhas, afluente

do Rio São Francisco. Em sua geologia apresenta grande abundância de rochas calcárias com

presença frequente de aquíferos Cársticos.

3.2. MATERIAIS

Foram utilizados como materiais cartográficos:

Cartas topográficas; (TABELA 2).

Tabela 2- Base Cartográfica Utilizada.

Materiais Cartográficos Articulação Escala Ano Executor

Carta Topográfica de Belo

Horizonte

SE-23-Z-C-VI-3 1:50 000 1979 IBGE

Carta Topográfica de Lagoa

Santa

SE-23-Z-C-VI-1 1:50 000 1985 IBGE

Dados dos setores censitários do IBGE (2000), resultados do Universo do Censo 2000;

Imagens de alta resolução obtidas do Google Earth (2009/2010)

Sistema de Informação Geográfica ILWIS 3.4 Open

3.3. MÉTODOS

Este trabalho foi dividido em três etapas. A primeira etapa consistiu na análise dos dados

do setor censitário. Na segunda etapa, foi gerado um mapa de uso urbano indicando as áreas

residências, industriais, de lazer, de uso agrícola etc. Por fim, na terceira etapa, as áreas

residências foram combinadas com os dados do setor censitário com a finalidade de calcular a

densidade demográfica.

A primeira etapa do trabalho consistiu na aquisição das imagens de alta resolução.

Essas imagens foram adquiridas do Google Earth e salvas em formato Tif. Em seguida,

essas imagens foram importadas para o Sistema de Informação Geográfica IWIS. O SIG

20

ILWIS possui implementado em sua estrutura rotinas de processamento digital de

imagens e de analise espacial.

As imagens foram corrigidas geometricamente utilizando como base cartográfica as cartas

de 1: 50000 do IBGE, assim como a base de dados por setor censitário. O

georreferenciamento foi feito por meio de pontos de controle (Tie Points) identificados nas

bases cartográficas e na imagem. Tomou-se o cuidado de distribuir pontos homólogos por

toda a imagem. A qualidade do georrefenciamento foi verificada de maneira qualitativa,

sobrepondo os vetores cartográficos sobre a imagem. Em seguida, as imagens foram

reamostradas com interpolador vizinho mais próximo com espaçamento de 1.0 metros. A

etapa final desse processo consistiu na mosaicagem das imagens.

Na segunda etapa, a interpretação do uso da terra e da cobertura vegetal foi feita de

maneira visual, seguindo os elementos de reconhecimento da fotointerpretação. A

confirmação dos distintos usos foi realizada a partir do trabalho de campo.

Foram definidas 4 classe no mapeamento, subdivididas em subclasses. (TABELA 3).

Tabela 3 – Classes e Subclasses do Mapeamento do Uso da Terra e Cobertura Vegetal

Classes Subclasses

Natural Campo Sujo; Mata; Rede Hidrográfica

Uso Agrícola Agricultura; Eucalipto

Uso Residencial e Serviços Áreas de Lazer; Residencial 1; Residencial 2

Uso Industrial Industrial; Mineração

A classe de Uso Residencial e Serviços foi subdividida em Residencial 1 que corresponde

a área habitada consolidada e em Residencial 2 que corresponde a loteamentos recentes, ou

seja áreas de expansão urbana do município.

Na última etapa do trabalho, foram gerados mapas de densidade populacional. Foram

realizadas operações de seleção espacial. Para a execução de este procedimento,

primeiramente foi realizado operações de geo-objeto, para calcular a densidade demográfica

tradicional a partir dos dados do censo 2000 para a geração do mapa.

Em seguida foram utilizados os dados do censo 2000 relacionados com o mapa de uso da terra

e da cobertura vegetal para gerar o mapa dasimétrico. Foram realizadas operações de geo-

campo mais operações de geo-objetos onde os polígonos censitários foram convertidos para o

21

formato matricial adotando mesmos parâmetros cartográficos e geométricos do mapa de uso

da terra. Em seguida, os dois mapas, foram combinados e excluídos os “vazios urbanos”. A

população registrada em cada setor censitário foi transferida para a área residencial. Por fim,

confeccionou-se o mapa dasimétrico, dividindo o valor da população pela área residencial.

22

4. RESULTADOS E DICUSSÕES

O mosaico abrangendo todo o município de Vespasiano é ilustrado na Figura 3. O

georeferenciamento e o mosaico das imagens foram considerados satisfatórios para os

objetivos deste trabalho - que não requer alta precisão no posicionamento. Alguns

problemas foram observados na execução do mosaico, como incompatibilidade das

imagens com a base cartográfica (em função da diferença de escala) e distorções

provenientes da forma como as imagens foram capturadas do Google Earth. Apesar destes

problemas, o procedimento mostrou-se válido para a execução deste trabalho.

Figura 3: Mosaico do Município de Vespasiano/MG

Fonte: Google Earth (2009/2010) Elaboração: SILVA, A. P. 2010

23

A partir do mosaico foi possível gera o mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal, gerado a

partir do fotointerpretação do mosaico. A Figura 4 ilustra o Mapa de Uso da Terra e da

Cobertura Vegetal. Conforme pode ser observado no mapeamento, a classes Campo Sujo e

Residencial 1 são dominantes. As áreas industriais localizam-se na porção norte do município.

Figura 4: Mapeamento do Uso da Terra e Cobertura Vegetal do Município de Vespasiano. As classes

Residencial 1 e Residencial 2 corresponde as áreas residenciais consolidadas e em expansão, respectivamente.

24

O mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal é de suma importância para o planejamento

urbano e ambiental, uma vez que este distinguiu as diferentes classes identificadas no mapa.

O conhecimento dos diferentes usos no território facilita a gestão.

Dois mapas de densidade populacional foram gerados: método tradicional Figura 5 e

dasimétrico Figura 6.

Figura 5: Mapa de Densidade Demográfica (Tradicional)

25

Figura 6: Mapa Dasimétrico (Censo + Mapa de Uso)

Conforme pode ser observado, os intervalos adotados de densidade populacional

foram os mesmos para os dois mapas para facilitar a comparação. O mapa de densidade

tradicional, o qual a população total é dividida pela área abrangida pelo setor, considera

que a população é distribuída igualmente ao longo de todo o setor censitário, o que na

realidade não acontece. No método tradicional observa-se o “efeito de suavização”, pois é

considerada toda a área do setor censitário, mascarando, portanto, tanto a concentração

quanto os “vazios urbanos”.

O mapa dasimétrico foi gerado a partir de combinação de informações obtidas do

censo com o mapa de uso da terra e cobertura vegetal. O mapa populacional dasimétrico

26

vem a corrigir este erro, evidenciando apenas as áreas realmente habitadas. O resultado da

dasimetria foi mais perceptível nos setores maiores.

No método dasimétrico o efeito de suavização é minimizado, pois a densidade é calculada

apenas nas áreas habitadas.

27

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia aplicada se mostrou eficaz para os objetivos de aplicar uma técnica

alternativa para o cálculo da densidade demográfica. O mapa de uso da terra e cobertura

vegetal evidenciou os diferentes usos no município. Esse tipo de mapeamento foi relevante,

pois foi a partir dos dados designados de uso do solo que foi descriminado o uso residencial,

ou seja, as áreas habitadas. O mapa dasimétrico corrigiu o efeito de suavização, comum nos

métodos tradicionais de calculo de densidade demográfica, e evidenciou de maneira mais

realista a distribuição da população. Esse tipo de abordagem é importante para o planejamento

urbano.

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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA

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