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  • Julio Jacobo Waiselfisz

    MAPA DA VIOLNCIA 2013

    Homicdios e Juventude no Brasil

    Rio de Janeiro

    2013

  • MAP A DA VIOLNCIA 2013 | Homicdios e Juventude no Brasil

    3

    Crditos:

    Autor: Julio Jacobo Waiselfisz

    Diagramao e Editorao: Juliana Pisaneschi

    Reviso: Iara Maria da Silva Beolchi

    Capa: Miriam Duarte Teixeira

  • MAP A DA VIOLNCIA 2013 | Homicdios e Juventude no Brasil

    4

    ndice

    INTRODUO .................................................................................................................. 5

    1. NOTAS TCNICAS E FONTES ......................................................................................... 7

    2. MARCOS DA MORTALIDADE JUVENIL ........................................................................ 12

    2.1. Evoluo da mortalidade violenta: 1980/2011. ................................................................................ 13

    2.2. Significao dos quantitativos. ........................................................................................................ 20

    3. HOMICDIOS NAS UF .................................................................................................. 23

    3.1. UF: Homicdios na Populao Total. ................................................................................................. 23

    3.2. UF: Homicdios na Populao Jovem................................................................................................ 23

    4. HOMICDIOS NAS CAPITAIS ........................................................................................ 40

    4.1. Capitais: Homicdios na Populao Total. ......................................................................................... 40

    4.2. Capitais: Homicdios Juvenis. ........................................................................................................... 51

    5. HOMICDIOS NOS MUNICPIOS. ................................................................................. 55

    6. HOMICDIOS: COMPARAES INTERNACIONAIS ........................................................ 62

    7. OS NOVOS PADRES DA VIOLNCIA HOMICIDA......................................................... 64

    7.1. Disseminao da violncia. .............................................................................................................. 64

    7.2. Interiorizao da violncia............................................................................................................... 65

    7.3. Deslocamento dos polos dinmicos. ................................................................................................ 67

    8. QUESTES DE GNERO E DE RAA/COR .................................................................... 69

    8.1. Gnero. .......................................................................................................................................... 69

    8.2. Raa/Cor. ........................................................................................................................................ 83

    9. FATORES EXPLICATIVOS. ............................................................................................ 90

    9.1 Dos novos padres da violncia........................................................................................................ 90

    9.2 Entraves institucionais. .................................................................................................................... 93

  • MAP A DA VIOLNCIA 2013 | Homicdios e Juventude no Brasil

    5

    INTRODUO

    Estamos voltando ao tema da juventude. Esse retorno no novo. J o fizemos

    em muitas ocasies, a partir de diversas perspectivas e de mltiplos recortes. Foi assim

    com a srie de quatro estudos agrupados genericamente sob o ttulo Juventude,

    Violncia e Cidadania, realizada em fins da dcada de 1990 pela UNESCO, focando a

    situao especfica dos jovens a partir de pesquisas de campo em quatro grandes

    capitais: Braslia, Curitiba, Rio de Janeiro e Fortaleza. Tambm foi quando decidimos

    construir um ndice de Desenvolvimento Juvenil, seguindo os caminhos do ndice de

    Desenvolvimento Humano, para expressar as condies e as dificuldades de nossa

    juventude de aceder a benefcios sociais considerados bsicos, como educao,

    sade, trabalho e renda. Nesse campo, foram divulgados dois relatrios, um em 2004 e

    outro em 2006. Nesta longa srie, tambm devemos contar dois trabalhos elaborados

    com foco no Estatuto e Campanha do Desarmamento 2003/2004: o primeiro Mortes

    Matadas por Armas de Fogo e um posterior Vidas Poupadas.

    Por ltimo, a j longa srie de Mapas da Violncia. Desde 1998, ano que veio

    luz o primeiro, com dados que cobriam 1979/1996 at o atual, foram ao todo 21 mapas,

    incluindo aqui quatro cadernos complementares. Todos eles tiveram, seja como ator

    principal, seja como coadjuvante privilegiado, a nossa juventude.

    No primeiro dessa srie de Mapas destacavamos: A realidade dos dados

    expostos coloca em evidncia mais um de nossos esquecimentos. Jovens s

    aparecem na conscincia e na cena pblica quando a crnica jornalstica os tira do

    esquecimento para nos mostrar um delinquente, ou infrator, ou criminoso; seu

    envolvimento com o trafico de drogas e armas, as brigas das torcidas organizadas ou

    nos bailes da periferia. Do esquecimento e da omisso passa-se, de forma fcil,

    condenao, e dai medeia s um pequeno passo para a represso e punio 1

    Hoje, h 15 anos do primeiro e muitos mapas depois surge, quase por

    necessidade, uma pergunta aparentemente simples: ser que avanamos? Melhorou o

    panorama da violncia letal que nos levou a elaborar esse primeiro mapa, e que j

    olhvamos naquela poca com uma mistura de alarme, indignao e preocupao?

    Vejamos:

    1 WAISELFIS, J.J. Mapa da Violncia. Os Jovens do Brasil. Brtaslia. UNESCO/Instituto Ayrton

    Senna: 1998.

  • MAP A DA VIOLNCIA 2013 | Homicdios e Juventude no Brasil

    6

    A taxa de homicdios da populao total, que em 1996 ltimos dados

    desse primeiro mapa - era de 24,8 por 100mil habitantes, cresceu para 27,1

    em 2011.

    A taxa de homicdios juvenis, que era de 42,4 por 100mil jovens foi para

    53,4.

    A taxa total de mortes em acidentes de transporte que em 1996 era de 22,6

    por 100mil habitantes cresceu para 23,2. A dos jovens, de 24,7 para 27,7.

    Tambm os suicdios passaram de 4,3 para 5,1 na populao total e entre

    os jovens, de 4,9 para 5,1.

    No parece haver muitos motivos para festejar; pelo contrrio. A situao que j

    era inaceitvel quando elaboramos o primeiro mapa, agravou-se ainda mais. Foi

    precisamente a grande preocupao com os ndices alarmantes de mortalidade de

    nossa juventude que nos levou a traar o primeiro desses mapas e continuar depois

    com os outros estudos e projetos. Hoje, com grande pesar, vemos que os motivos

    ainda existem e subsistem, apesar de reconhecer os avanos realizados em diversas

    reas. Contudo, so avanos ainda insuficientes diante da magnitude do problema.

    Mais que acabados e frios estudos acadmicos, os mapas constituem

    chamados de alerta. Nosso propsito contribuir, de forma corresponsvel e

    construtiva, para o enfrentamento da violncia por parte da sociedade brasileira.

    Colocado de maneira simples, pretendemos fornecer informao sobre como morrem

    nossos jovens por causas que a Organizao Mundial da Sade qualifica como

    violentas. Todavia, ntido que estamos lidando com a violncia letal, isto , a violncia

    em seu grau extremo que representa s a ponta visvel do iceberg de muitas outras

    formas de violncia que campeiam cotidianamente nossa sociedade.

  • MAP A DA VIOLNCIA 2013 | Homicdios e Juventude no Brasil

    7

    1. NOTAS TCNICAS E FONTES

    Em 1979, o Ministrio da Sade MS iniciou a divulgao dos dados do

    Subsistema de Informao sobre Mortalidade SIM - cujas bases foram utilizadas

    como fonte principal para a elaborao do presente estudo.

    Pela legislao vigente no Brasil (Lei n 15, de 31/12/73, com as alteraes

    introduzidas pela Lei n 6.216, de 30/06/75), nenhum sepultamento pode ser feito sem

    a certido de bito correspondente. Essa certido deve ser expedida por Cartrio de

    Registro Civil vista de declarao ou atestado mdico ou, na falta de mdico na

    localidade, por duas pessoas qualificadas que tenham presenciado ou constatado a

    morte. Essas declaraes so coletadas posteriormente pelas Secretarias Estaduais de

    Sade, que as compatibiliza e depura, para enviar posteriormente ao Ministrio da

    Sade.

    A declarao, normalmente, fornece dados relativos idade, sexo, estado civil,

    profisso, naturalidade e local de residncia da vtima. A legislao determina

    igualmente, que o registro do bito seja sempre feito no lugar do falecimento, isto ,

    no local da ocorrncia do fato Visando o interesse de isolar reas ou locais de

    "produo" de violncia, utilizou-se no presente trabalho este ltimo dado, o do local de

    ocorrncia, para a localizao espacial dos bitos. Isso, porm, no deixa de trazer

    problemas que, no formato atual da certido de registro, so inevitveis. So situaes

    em que o incidente causante do bito aconteceu em local diferente do lugar de

    falecimento. Ou seja, feridos em incidentes que so levados para hospitais de outros

    municpios, ou at de outros estados, aparecem contabilizados no local do

    falecimento.

    Outra informao re