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1 / 51 2.3 Formação Modular – 762: Trabalho Social e Orientação Saúde - necessidades individuais em contexto institucional Inês Mendes 3548 50 Horas

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2.3 Formação Modular – 762: Trabalho Social e Orientação

Saúde - necessidades individuais em contexto institucional Inês Mendes

3548 50 Horas

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Objetivos ………………………………………………………………………………………………..…………………………………….…. pág. 3

Introdução ……………………………………………………………………………………………………………………………………….. pág. 4

I Fundamentos Teóricos …………………………………………………………………………………………….…..…………….…. pág. 5

1. Cuidados de higiene ………………………………………………………………………………………..……………………. pág. 5

Cuidados parciais ………………………………………………………………………………………………………….. pág. 7

Cuidados totais …………………………………………………………………………………………………………….. pág. 16

2. Higiene geral ………………………………………………………………………………………………………………………… pág. 20

Limpeza e desinfecção dos espaços e instalações ……………………………………….……..…….….. pág. 21

Limpeza e desinfecção dos equipamentos e materiais ……………………………….………………... pág.25

3. Medidas de promoção do bem-estar …………………………………………………………………………..……….. pág. 27

Limpeza e desinfecção individual e colectiva ……………………….………………………..…………….. pág. 30

Prevenção das úlceras de pressão …………………………………..…………………………...……………... pág. 31

Prevenção do risco de acidentes ………………………………………………………………………………….. pág. 33

Prevenção do isolamento e imobilismo da pessoa idosa ………………………….………………….. pág. 35

Utilização de meios de primeiros socorros ………………………………………………..……… ………… pág. 36

Adequação de ementas …………………………………………………………………………………….. ……….. pág. 42

Distribuição e fornecimento das refeições ………………………………………………………… ……….. pág. 42

Acompanhamento de refeições …………………………………………………………..……………… .…….. pág. 42

4. Geriatria - práticas profissionais …………………………………………………………………………………………. pág. 47

Observação participativa do quotidiano ……………………………………………………..……………... pág. 47

Análise e compreensão das situações observadas …………………………………….……………….. pág. 49

Referências Bibliográficas …………………………………………………………………………………………………..…………. pág. 51

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Objectivos Gerais

Executar os cuidados de higiene totais e parciais da pessoa idosa.

Executar as medidas de higiene geral relativas ao meio ambiente que envolve a pessoa idosa.

Executar as medidas de promoção do bem-estar da pessoa idosa.

Reconhecer a realidade das Instituições de apoio à pessoa idosa.

Objectivos específicos

Promover o conhecimento global acerca da higienização biopsicossocial da pessoa idosa;

Orientar para potenciais medidas de promoção de be, estar para a pessoa idosa;

Promover o conhecimento acerca das instituições de apoio à pessoa idosa.

Conteúdos Programáticos:

Cuidados de higiene Cuidados parciais Cuidados totais

Higiene geral Limpeza e desinfecção dos espaços e instalações Limpeza e desinfecção dos equipamentos e materiais

Medidas de promoção do bem-estar Limpeza e desinfecção individual e colectiva Prevenção das úlceras de pressão Prevenção do risco de acidentes Prevenção do isolamento e imobilismo da pessoa idosa Utilização de meios de primeiros socorros Adequação de ementas Distribuição e fornecimento das refeições Acompanhamento de refeições Situações de emergência

Geriatria - práticas profissionais Observação participativa do quotidiano Análise e compreensão das situações observadas

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Introdução

Higiene é um ramo da medicina que visa prevenção da doença.

A noção de higiene não estava presente na cultura da humanidade há alguns séculos

atrás. Os povos de origem europeia, por exemplo, não tinham o hábito de asseio que temos

nos nossos dias. Nos séculos XIX e XX, a descoberta de que vários micróbios causam doenças,

tornou a higiene fundamental para a manutenção da saúde.

A higiene pessoal é essencial para o bem-estar físico e mental, promovendo a saúde e

prevenindo a doença. A pele constitui o maior órgão corporal, desempenhando funções

importantes e vitais. Torna-se importante, pois, assegurar a sua integridade. A idade influencia

o estado da pele tornando-se mais seca, fina e frágil. Assim, no idoso, banhos demasiado

frequentes podem contribuir para a secura da pele e devem ser evitados, sendo mais

aconselháveis hidratações frequentes, com loções corporais adequadas. Para muitos idosos

um banho total três vezes por semana é o adequado. No entanto a frequência óptima

depende das necessidades individuais.

A descoberta de que vários micróbios causam doenças, fez com que a higiene se

tornasse fundamental. A limpeza do corpo, das roupas, dos utensílios e das habitações,

diminuiu sensivelmente o risco de infecção por fungos, bactérias e vírus.

Durante o envelhecimento e a doença, a capacidade de nos auto-cuidarmos diminui e a

carência de cuidados de higiene aumenta, como tal, o cuidador deve contribuir para conservar

a saúde e o bem-estar do idoso, prestando bons cuidados de higiene.

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I Fundamentos Teóricos

1. Cuidados de Higiene

Existem várias formas de prestar os cuidados de higiene ao idoso, todas elas eficazes, respeitando

sempre a sua privacidade. Temos o banho total ou parcial no leito, no duche ou na banheira.

Antes de determinar qual o tipo d banho adequado deve ser avaliado o grau de ajuda necessário, que

inclui acuidade visual, capacidade para se sentar sem apoio, capacidade de preensão, amplitude de

movimento dos membros, capacidade cognitiva e tolerância do idoso à actividade. Deve, também, atender-se

às preferências do idoso relativamente à hora do dia, produtos a usar, frequência e tipo de banho.

A lavagem de todas a partes do corpo é mais fácil na banheira ou no duche. No entanto, a segurança é

a principal preocupação e os idosos têm de ter força, mobilidade e capacidade mental adequadas de forma a

serem prevenidos acidentes.

A escolha do tipo de banho também depende da motivação do idoso naquele momento. Pode haver

dias em que não quer ir ao wc, optando-se por um banho no leito, ou haver dias em que se sente capaz e com

vontade de ir ao WC, podendo, assim, alternar-se o banho no leito e no wc. É sensato referir que o banho no

leito é uma necessidade humana essencial para a pessoa que requer repouso absoluto ou com problemas de

mobilidade, como por exemplo quando ocorrem fracturas.

Smeltzer & Bare, 2005, referem ainda que, em contexto hospitalar ou institucional, qualquer pessoa

internada necessita de algum tipo de banho. A escolha é, quase sempre, uma decisão do cuidador deve ser

considerada a força, as condições e o grau de dependência.

Então, a HIGIENE é um conjunto de meios e regras que procuram garantir o bem-estar físico e mental,

promovendo a saúde e prevenindo a doença. Na vida quotidiana, satisfazemos as nossas próprias

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necessidades, no entanto durante o envelhecimento e durante a doença, a capacidade de nos auto-cuidarmos

diminui e a carência de cuidados de higiene aumenta. Desta forma, durante a prestação de cuidados de

higiene adequados ao Idoso e o seu consequente conforto físico e mental, deverão ser respeitados alguns

aspectos:

1) Proporcionar higiene e conforto, promovendo a saúde e prevenindo a doença;

2) Avaliar grau de dependência;

3) Favorecer independência/autonomia (não substituir quando o Idoso tem capacidade para realizar

determinada tarefa, incentivar ao auto-cuidado);

4) Observar todo o corpo, avaliando a integridade cutânea;

5) Promover a integridade cutânea (secar todas as pregas cutâneas e espaços interdigitais, aplicar creme

e massajar todo o corpo, etc.);

6) Promover mobilização passiva e activa;

7) Promover uma relação interpessoal com Idoso e Família (por exemplo: identificar-se, explicar

procedimento, incentivar a colaborar);

8) Não impor nova rotina, se possível atender à vontade do Idoso e aos seus hábitos (por exemplo: hora e

frequência do banho);

9) Verificar condições ambientais (temperatura, iluminação e ventilação);

10) Respeitar privacidade, dignidade e valores culturais do Idoso;

11) Assegurar as regras de segurança para o Idoso e para o Cuidador (grades e barras de protecção,

tapetes antiderrapantes, não deixar o idoso sozinho, não deixar que tranque a porta, utilizar luvas,

atender à ergonomia, etc.);

12) Estimular auto-estima e auto-imagem do Idoso (utilizar espelho, pentear, barbear, cuidar das unhas,

etc.);

13) Atentar ao material invasivo do Idoso (sonda nasogástrica, algálias, soros, catéteres, pensos, drenos,

etc.);

14) Preparar todo o material anteriormente;

15) Iniciar higiene propriamente dita, pela cabeça em direcção aos pés, partindo da parte mais limpa para

a mais suja;

16) Utilizar material de uso pessoal e se possível descartável;

17) Promover trabalho em equipa, integrando o Idoso e Família na mesma;

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18) Se surgirem dúvidas, problemas ou alterações comunicar à família ou outro elemento responsável da

Equipa;

19) Atender a salubridade do meio envolvente do Idoso.

A quebra da capacidade individual para promover a sua própria higiene, pode estar associada a vários

factores, tais como:

A. Cansaço fácil, dispneia (falta de ar) ou astenia (fraqueza);

B. Alterações da consciência e mobilidade;

C. Alterações da percepção e sensibilidade;

D. Dor;

E. Indicação médica.

Cuidados Parciais

Os cuidados de higiene parciais, entendem-se como os cuidados específicos a cada parte do corpo a

ter em conta. Também podem ser chamados cuidados de higiene parciais à higiene de parte do corpo,

frequentemente a regiões com secreção abundante e maior carência de higiene (cara, mãos, axilas e genitais).

Cabelo

Os cuidados básicos dos cabelos incluem: observar, lavar, escovar, pentear e cortar. Atender a alguns

aspectos importantes:

1) Reunir o material necessário: luvas, bacia, caneca, toalhas ou resguardo, produtos de higiene do Idoso,

pente, escova, tesoura, secador, etc.;

2) Se possível lavar cabelo no chuveiro;

3) Observar alterações do couro cabeludo (lesões, parasitas, etc.);

4) Aplicar produtos do idoso;

5) Respeitar hábitos do Idoso (frequência de lavagem, no caso dassenhoras a ida ao cabeleireiro, etc.);

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6) Massajar couro cabeludo com as pontas dos dedos;

7) Se possível manter o cabelo do Idoso curto, cortando se necessário e houver consenso;

8) Considerar cabeleiras postiças;

9) Lavar o cabelo no leito:

Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, possuindo enumeras funções, entre elas:

Protecção física e imunitária;

Protecção da desidratação;

Regulação da temperatura corporal (por exemplo, sudação);

Funções metabólicas (por exemplo a luz solar faz com que o organismo produza Vitamina D);

Órgão dos sentidos (tacto).

Como tal a higiene de toda a superfície corporal é indispensável, tendo em conta alguns detalhes:

Produtos utilizados: em Idosos semi-dependetes, sem alterações da pele pode-se utilizar sabão, sabonete ou gel

de banho convencional, no entanto em idosos dependentes deverá ser utilizado sabão hipoalergénico, pois tem

menor potencial de provocar alergias, promove higiene e não carece de passar por água limpa. Poder-se-á

aplicar cremes ou óleos, dando preferência ao creme hidratante. Não utilizar pós (talco), pois impedem os poros

da pele de respirar.

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Observação: verificar alterações de toda a pele, desde feridas por traumatismos ou pressão, alergias,

desidratação, alterações da pigmentação, da temperatura, sensibilidade, etc.

Relação Interpessoal: durante o banho dever-se-á reunir condições para promover um momento agradável, de

diálogo com o Idoso (evitar falar apenas com o outro elemento que presta cuidados, esquecendo o

Idoso),conversando sobre situações positivas e do interesse do Idoso.

Orelhas e Ouvidos

A sujidade nos ouvidos e orelhas pode provocar ulceração e infecção, pelo que também devem ser considerados

determinados aspectos importantes na sua higiene:

1. Durante o banho lavar com água e sabão as orelhas, não esquecendo aparte posterior da mesma;

2. Preparar material necessário: luvas, toalhetes, algodão, cotonetes, etc.;

3. .Utilizar toalhete, algodão ou cotonete, mas sem introduzir no ouvido, pois pode traumatizar o tímpano e o

objectivo é retirar a sujidade e não introduzi-la no ouvido;

4. Observar presença de cerúmen (cera);

5. Observar alterações;

6. Considerar próteses auditivas.

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Olhos (lavagem ocular)

Os olhos devem ser lavados durante o banho, com água (alguns produtos podem provocar irritação), no entanto

por vezes é necessário promover uma higiene particular, em caso de excesso de secreção ocular. A limpeza dos olhos

deve ser realizada com compressas, utilizando o soro fisiológico. Sendo necessária uma compressa para cada olho.

1. Reunir o material necessário: luvas, compressas e soro fisiológico;

2. Com uma compressa embebida em soro fisiológico, passar suavemente no olho de dentro para fora, a fim

de limpar todas as secreções existentes;

3. Repetir o procedimento no outro olho, utilizando nova compressa;

4. Observar alterações do olho, considerar conjuntivites e irritações, etc.;

Boca: prótese, dentes e língua (higiene oral)

A higiene oral deverá ser realizada idealmente após cada refeição e sempre que necessário. Os objectivos da

higiene oral centram-se na necessidade de manter a boca limpa e húmida, ajudar a conservar os dentes e mucosa oral,

remover restos alimentares, massajar as gengivas, estimular a circulação e prevenir complicações. Prestar atenção

especial a Idosos com presença de sonda nasogástrica ou necessidade de aspiração de secreções, tendem a apresentar

maior acumulação de sujidade na boca e maior desidratação da mucosa oral.

Pelo que é fundamental a higiene cuidada da mesma. Dever-se-á trocar o adesivo de fixação da sonda

nasogástrica diariamente, após o banho. Se o Idoso for capaz de se auto-cuidar, deverá ser realizada supervisão e, se

necessário ensino.

Caso contrário, deverão ser seguidas as seguintes instruções:

1. Reunir todo o material: luvas, escova de dentes ou espátula com compressa, pasta dentífrica, anti-séptico

oral, copo, bacia, toalha, resguardos, palhinha, vaselina ou pomadas.

2. Posicionar o Idoso, de preferência sentado, ou em decúbito lateral (de lado) se Idoso inconsciente;

3. Associar, no copo, o anti-séptico e a água em partes iguais;

4. Se possível pedir ao Doente para gargarejar com o líquido previamente preparado (podendo utilizar a

palhinha), relembrando que não podedeglutir.

5. Embeber a espátula envolvida com compressa ou escova de dentes na mesma solução preparada

anteriormente;

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6. Realizar a limpeza da língua do idoso, movendo-a de um lado para o outro para evitar provocar o vómito.

Não esquecer de limpar também as partes laterais, inferior e palato (céu da boca), além das gengivas;

7. No caso do Idoso possuir prótese dentária, esta deve ser retirada e lavada (água morna), escova e pasta de

dentes, devendo-se lavar a boca normalmente como anteriormente foi referido; colocar prótese dentária

em locais adequados (não embrulhar em lenços ou outro material).

8. Hidratar os lábios do Idoso com vaselina ou outro produto semelhante.

9. No caso de Idosos semi-dependentes, promover uma correcta higiene oral, aconselhando escovar os

dentes após as refeições, lavando todas as faces dos dentes, língua, gengivas, palato e parte interna das

bochechas, em movimentos circulares, utilizando uma escova com cerdas suaves. Pode também ser

aconselhada a utilização do fio dentário.

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Mãos, Pés e Unhas

Os Idosos costumam apresentar sérios problemas nas mãos e pés, devido a alterações circulatórias,

deformidades ósseas, diabetes, etc. Os objectivos principais da sua higiene são: prevenir a infecção ou inflamação,

evitar traumatismo devido a unhas encravadas, longas ou ásperas, evitar a cumulação de sujidade, etc.

Os cuidados a ter em conta são:

1. Preparar material necessário: luvas, bacia, esponja, toalhas, sabão, tesoura ou corta-unhas, creme, óleo,

vaselina, etc.

2. Durante o banho, lavar com água e sabão, introduzir as mãos e os pés do Idoso na bacia de água

(posteriormente trocar de água), lavando especialmente as unhas e espaços interdigitais, assim como ter o

cuidado de secar bem os mesmos;

3. Hidratar com creme, óleos ou aplicar vaselina nos locais de maior calosidade (por exemplo os calcanhares);

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4. Cuidar das unhas, corta-las ou lima-las se necessário (cortando de forma recta e não muito próximo da

pele), amolecendo-as previamente em água morna;

5. Observar as alterações dos pés, mãos e unhas, verificando presença de lesões cutâneas;

6. Não cortar calosidades (pode provocar hemorragia);

7. Considerar micoses (usar instrumentos de uso pessoal ou desinfecta-los).

Cuidados Perineais

A higiene perineal refere-se à limpeza dos genitais externos e região circundante, que normalmente é realizada

durante o banho. No entanto, em Idosos dependentes, há necessidade de realizar os cuidados perineais várias vezes ao

dia. Este facto deve-se a situações como: infecções genitourinárias, incontinência fecal e urinária, secreções excessivas,

irritações ou escoriações, presença de algália, cirurgia perineal, etc. O Períneo está localizado entre as coxas e estende-

se desde o topo dos ossos pélvicos até ao ânus, contendo as estruturas anatómicas sensíveis, relacionadas com a

sexualidade, eliminação e reprodução.

Os cuidados perineais são providenciados com a finalidade de prevenir a infecção, promover a saúde e conforto.

Devido a existência de vários orifícios no períneo, esta é uma área vulnerável a entrada de microrganismos patogénicos.

Para a realização dos cuidados perineais dever-se-á:

1. Reunir material necessário: luvas, bacia, aparadeira, urinol, dispositivo urinário, saco colector, esponjas,

toalhas, resguardos, cremes, sabão, fralda, pomadas, etc.;

2. Questionar o Idoso se pretende urinar ou evacuar antes de proceder a higiene perineal. Colocar urinol ou

aparadeira, se necessário.

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3. Colocar o Idoso em decúbito dorsal (barriga para cima), se possível com pernas flectidas, lavar a região de

eliminação urinária e posteriormente, colocar o Idoso de decúbito lateral (de lado) para proceder a higiene

da região de eliminação intestinal.

a) Homem: começar a lavar com movimentos circulares pela pontado pénis, puxando o prepúcio para

baixo e lavando a glande, posteriormente o pénis e o escroto (não esquecer de voltar a colocar o

prepúcio na sua posição normal, nomeadamente em casode Idoso não circuncisado); a estimulação

da glande pode provocar erecção, pelo que este procedimento deverá ser realizado com respeito

pela privacidade do Idoso e num ambiente de descontracção;

b) Mulher: lavar da frente para trás (do meato urinário para orifício vaginal e posteriormente para a

região anal), prestando atenção à sujidade acumulada entre os lábios, utilizando uma mão para

afastar os lábios e outra para lavar; poder-se-á utilizar uma esponja ou uma caneca de água para

conseguir obter maior eficácia.

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4. Lavar da zona limpa para a zona suja;

5. Promover a privacidade do Idoso;

6. Observar alterações;

7. Atender ao Idoso algaliado: que apresenta um risco de infecção aumentado, pelo que devem ser

tomadas as devidas precauções, tais como:

a. Algaliação deverá ser realizada por Enfermeiro;

b. Manter o saco colector abaixo do nível da bexiga (para a urina não refluir novamente);

c. Não desadaptar saco da algália, excepto se o saco se romper e for necessário substituir;

d. Despejar a urina do saco colector várias vezes ao dia (2 a 3 vezes e sempre que necessário);

e. Observar as características da urina e a quantidade (urina concentrada, urina com sangue ou

coágulos, etc.);

f. Verificar se a algália ou tubo do saco colector não fica dobrada ou a traumatizar alguma parte

do corpo do Idoso;

g. Considerar perdas extra-algália e Idosos que não usam saco colector;

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8. Ponderar colocação de dispositivo urinário: que é uma película fina de borracha, que se encaixa no

pénis, semelhante a um preservativo, mas com orifício na extremidade, para ser conectado ao saco

colector.

Cuidados totais

Banho no leito = O banho no leito, providencia-se quando o Idoso é totalmente dependente ou

quando há uma restrição do exercício. Se o Idoso for semi-dependente e seja necessário o

banho no leito, deve-se providenciar o material e auxilia-lo na higiene.

1. Reunir todo o material: luvas, bacia, esponjas, toalhas, lençóis, pijama, camisa, calças, produtos de

higiene (sabão, cremes, perfumes, etc.),fralda, cadeirão, material de higiene parcial, tesoura,

compressas, saco para lixos e roupa suja, etc.;

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2. Dobrar a roupa limpa adequadamente e coloca-la numa cadeira naordem pela qual vai ser utilizada;

3. Respeitar todos os aspectos anteriormente referidos;

4. Identificar-se e explicar procedimento;

5. Desimpedir a área de trabalho e adapta-la ao procedimento;

6. Lavar as mãos, calçar luvas e avental (mudar de luvas e lavar as mãossempre que necessário);

7. Oferecer urinol ou aparadeira;

8. Posicionar o Idoso em decúbito dorsal;

9. Preparar a bacia com água morna;

10. Despir o Idoso, ocultando as áreas do corpo que não estão a ser higienizadas (se decidir lavar o cabelo,

não deve despir logo o Idoso);cobrir as partes do corpo limpas com roupa limpa;

11. Utilizando uma esponja com sabão, lavar a cara, as orelhas, o pescoço, o tórax, os braços (começar

pelo membro mais afastado), as mãos, as axilas, a região infra-mamária, o abdómen (especial atenção

ao umbigo),as pernas, os pés.

12. Trocar a água da bacia;

13. Lavar a região perineal (região de eliminação urinária);

14. Posicionar o Idoso em decúbito lateral direito ou esquerdo (deacordo com a sua preferência);

15. Lavar a região posterior do corpo: a nuca, as costas, as nádegas, aregião perineal (região de eliminação

intestinal);

16. Aplicar pomadas na região perineal, se necessário;

17. Desentalar o lençol de baixo sujo, do seu lado e dobra-lo em direcção aoIdoso;

18. Colocar o lençol de baixo limpo, realizando metade da cama,efectuando já os cantos do seu lado;

19. Colocar resguardos e fralda limpos (se necessário);

20. Posicionar o Idoso no decúbito lateral oposto, rolando para o lado em que já tem roupa limpa;

21. Retirar a roupa suja do lado contrário e fazer a cama desse mesmo lado;

22. Esticar o lençol e resguardo, certificando que não ficam dobras por baixo do Idoso;

23. Fechar fralda;

24. Aplicar cremes;

25. Vestir o Idoso;

26. Posicionar o Idoso;

27. Colocar lençol de cima, cobertor e coberta, fazendo os cantos da parte inferior da cama;

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28. Preparar o cadeirão (se realizar levante não necessita de proceder ao ponto 26 e 27, antes do mesmo);

29. Realizar levante (transferir Idoso para cadeira/cadeirão);

30. Realizar os cuidados de higiene parciais necessários;

31. Arrumar e limpar o meio envolvente:

32. Lavar as mãos.

Banho no chuveiro

O banho no chuveiro pode ser realizado pelo Idoso semi-dependente e independente. O Idoso pode

deambular até ao WC ou em cadeira de rodas. Durante o banho pode permanecer sentado em cadeira (ou

outro apoio semelhante) ou apoiado em barras laterais de segurança (na posição vertical).O princípio básico

consiste em respeitar os aspectos já descritos, somando alguns: não deixar o Idoso sozinho no WC, nem

deixar que ele tranque aporta, levar todo o material necessário para o WC, auxiliar o Idoso a lavar-se e secar-

se, auxiliar o Idoso a vestir-se no WC ou colocar um roupão e vestir posteriormente no quarto.

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Banho na banheira

O banho na banheira pode ser realizado por Idosos semi-dependentes e independentes, existem várias

ajudas técnicas. O princípio básico é promover a higiene, de acordo com todos os aspectos que já falamos,

sendo que neste caso, a questão de segurança deverá ser reforçada, pois é no banho que ocorrem

frequentemente as quedas. Talvez por esse motivo seja preferido o banho no chuveiro, com auxílio de barras

de protecção e com cadeira.

Aspectos importantes na higiene do idoso

Promover uma relação interpessoal e agradável com o idoso durante o banho.

Respeitar a sua vontade, privacidade e integridade.

Retirar todos os objectos das mãos que possam ferir o idoso

Usar um par de luvas para cada idoso e lavar SEMPRE as mãos antes e depois de cada higiene, de

forma a evitar infecções.

Começar os cuidados de higiene sempre das partes mais limpas para as partes mais sujas, (da cabeça

para os pés)

Observar o corpo e detectar todas as feridas que possam ter

Ter atenção à fragilidade da pele, tanto ao lavar como a secar o corpo.

Ter especial cuidado nos movimentos com idosos dependentes quer seja da cama para a cadeira, ou

para o local do chuveiro, devendo desviar-se tudo o que possa magoá-los.

Retirar sempre as placas dentárias e lavá-las ou incentivar o idoso a limpá-las. Estas só devem ser

colocadas depois da limpeza da boca, que nunca deve ser deixada para trás, mesmo em pessoas sem

dentes, para se evitar infecções.

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2. Higiene Geral

Definições Básicas:

Aeróbio: é um organismo que necessita de oxigénio para sobreviver.

Anaeróbio: é um organismo que vive em atmosfera com pouca tensão de oxigénio, e que não

sobrevive quando o oxigénio está presente.

Portador: é um indivíduo que carrega um microorganismo causador de algum tipo de infecção sem,

contudo, apresentar sintomas de infecção.

Colonização: presença do microorganismo sem causar resposta imunológica, uma vez que não há

qualquer dano ao organismo humano.

Os agentes infecciosos penetram no corpo humano através de uma porta de entrada, e localizam-se

em determinados órgãos até serem eliminados através de uma porta de saída.

a) Via Digestiva: os agentes penetram através da boca, pelos alimentos, água, utensílios de cozinha, ovos

de lombrigas, bactérias de diarreia infecciosa, vírus da hepatite, cistos, amebas e outros, por exemplo:

fórmulas lácteas, mamadeiras e bicos.

b) Via Respiratória: os agentes infecciosos são inalados através do nariz, penetrando no corpo, portanto,

através do processo de respiração. Exemplos: bacilo da tuberculose (TB), vírus da gripe, vírus do

sarampo, bactéria da coqueluche e da difteria e outros. Nos procedimentos invasivos: nebulização,

anestesia gasosa, traqueostomia, aspiração traqueal, entubação e assistência ventilatória.

c) Pele: os agentes infecciosos penetram também devido ao contacto da pele com o solo ou a água que

os contenham. Exemplos: através da picada de insectos, agulhas e instrumentos contaminados pela

tricotomia (nos preparos pré operatórios).

d) Vias Genital e Urinária: os agentes infecciosos penetram através do aparelho geniturinário. Exemplos:

Genital (contacto directo com pessoas contaminadas, ex: bactérias da sífilis e da gonorréia, etc.) e

Urinário (através de procedimentos como cateterismo vesical, irrigações).

e) Via ocular: através do contacto de gotículas ou aerossóis infectados com a mucosa ocular.

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Modos de Transmissão de Infecção:

Contacto: ocorre contacto do hospedeiro com a fonte que pode ser:

Indirecto: mãos-material-paciente.

Directo: mãos-paciente.

Gotículas: é a passagem do agente infeccioso da fonte ao hospedeiro através de gotículas oronasais (fala,

tosse, espirro). Estas gotículas podem se depositar a curta distância (1 a 1,5 metros) na conjuntiva, mucosa

oral ou nasal do susceptível.

Aéreo: Maneira de transmissão mais comum em infecções virais. Ocorre pela disseminação de núcleos de

gotículas oronasais ressecadas (tosse, espirro) e matérias particuladas (poeira, descamação de pele, pus, etc)

que permanecem suspensos no ar por longos períodos.

Ex.: rubéola, varicela, sarampo, meningite.

Vectores: Insectos e roedores (ratos) que carregam em suas patas microorganismos. Não existem trabalhos

conclusivos que comprovem a ligação da IH com insectos e roedores, mas a associação deste modo de

transmissão é relacionada a limpeza hospitalar.

Veículo Comum: ocorre a transmissão do agente infeccioso da fonte a vários hospedeiros através de um

veículo comum. Ex: alimentos, sangue e hemoderivados, fluidos intravenosos e drogas, mãos.

Limpeza e Desinfecção dos Espaços e Instalações

A Higienização: objectivos e etapas

Durante o processo de fabrico de alimentos, verifica-se a acumulação dum conjunto de materiais

indesejáveis, entre os quais restos de alimentos, corpos estranhos, substâncias químicas do processo, e

microrganismos. Esta situação pode resultar do processo de produção normal, como é o caso da adesão de

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restos de alimentos às superfícies de trabalho, ou de anomalias no processo, como por exemplo, as

resultantes de contaminação por deficiente manutenção dos equipamentos ou de contaminação ambiental.

Estes materiais indesejáveis, são habitualmente designados de “resíduos” ou “sujidade”.

Dentro dos materiais indesejáveis mencionados, deve ser dada especial atenção à eliminação e

controlo dos microrganismos, sobretudo dos microrganismos causadores de doenças (patogénicos) e dos que

causam a deterioração do produto.

A higienização deverá, assim, assegurar a eliminação das sujidades visíveis e não visíveis e a destruição

de microrganismos patogénicos e de deterioração até níveis que não coloquem em causa a saúde dos

consumidores e a qualidade do produto. Deverá ser respeitada a integridade das superfícies de trabalho e

deverá haver o cuidado de eliminar qualquer químico utilizado no processo de higienização. Dependendo do

processo de fabrico, do tipo de produto, do tipo de superfícies e do nível de higiene requerido, a higienização

pode ser efectuada apenas através de uma limpeza (L), ou de uma limpeza seguida de desinfecção (L+D).

Higienização = Limpeza (L) ou Limpeza + Desinfecção (L+D)

O processo de limpeza consiste essencialmente na eliminação de restos de alimentos e outras

partículas que ficam sobre as superfícies enquanto que a desinfecção consiste na destruição ou remoção dos

microrganismos. Especialmente no caso da desinfecção química, a limpeza deve, em grande parte das

situações, preceder a desinfecção para que esta seja eficaz, pois os restos dos alimentos interferem com os

agentes de desinfecção presentes tanto nas superfícies como na atmosfera dos locais de trabalho e dos

equipamentos.

O processo de limpeza inicia-se com um primeiro enxaguamento para a remoção de partículas de

sujidade e de alguns microrganismos (que são arrastados com os outros resíduos). Numa segunda etapa,

aplica-se o detergente, o qual vai actuar sobre as partículas de sujidade que se encontram aderidas,

diminuindo a sua ligação às superfícies. Numa terceira etapa dá-se o enxaguamento para a remoção completa

das partículas entretanto libertadas, do detergente aplicado e uma vez mais de alguns microrganismos. No

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caso de ser necessário realizar desinfecção, aplica-se o desinfectante (actua sobre os microrganismos) (quarta

etapa), seguido de enxaguamento para remoção completa dos desinfectantes (quinta etapa, dispensável para

alguns tipos de desinfectantes). Por fim, realiza-se a secagem, que tem como finalidade a remoção da água

em excesso, de modo a evitar que a humidade residual favoreça o crescimento de microrganismos.

A Limpeza

A Limpeza, tal como referido anteriormente, consiste essencialmente na eliminação de restos de

alimentos e outras partículas. Este processo pode ser concretizado através de uma acção física (ex.: varrer,

escovar, etc.), química (utilização de detergentes) ou mecânica (bombas de água de alta pressão, etc.) sobre

uma determinada superfície. Na indústria alimentar, a maioria dos procedimentos passam por uma acção

conjunta da utilização de agentes químicos (detergentes), auxiliados pela acção mecânica, pelo que neste

capítulo, far-se-á particular referência aos detergentes.

A Desinfecção

A seguir à limpeza, a desinfecção é usada para reduzir o número de microrganismos viáveis, por

remoção ou destruição e para prevenir o crescimento microbiano durante o período de produção. Este

processo pode ser alcançado mediante a aplicação de agentes ou processos (químicos ou físicos) a uma

superfície limpa. A desinfecção é especialmente requerida em superfícies húmidas, as quais oferecem

condições favoráveis ao crescimento de microrganismos.

Tipos de Desinfecção = Existem essencialmente 3 tipos de desinfecção: desinfecção por calor,

desinfecção por radiação e desinfecção química.

- A desinfecção por intermédio do calor é um bom método pois não é corrosivo e destrói todos

os tipos de microrganismos. No entanto, apresenta a limitação de não poder ser utilizada em

superfícies sensíveis ao calor, e de ser relativamente cara. Este tipo de desinfecção é eficaz se

assegurarmos que a temperatura atinge toda a superfície a desinfectar e durante o tempo

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necessário para a destruição dos microrganismos (apresenta bons resultados em circuitos

fechados).

- A desinfecção por radiação é um processo mais usado em hospitais e laboratórios e não tanto

na indústria alimentar. Os restos de alimentos e outras sujidades absorvem a radiação tendo

um efeito protector sobre os microrganismos.

- A desinfecção que recorre à utilização de produtos químicos é a que se encontra mais

generalizada na indústria alimentar. Na prática, não existem desinfectantes universais, pelo

que é preciso algum cuidado na escolha e aplicação dos desinfectantes.

TIPOS DE LIMPEZA

Numa instituição serão realizadas limpezas e desinfecções de acordo com as necessidades das áreas

específicas.

a) Limpeza diária: É aquela realizada diariamente utilizando água, sabão e fricção mecânica, após a

retirada do lixo.

b) Limpeza concorrente: É aquela realizada nas dependências, durante a ocupação dos pacientes.

Deve-se: - retirar o lixo e resíduos em saco plástico, recolher jornais e revistas;

- recolher a roupa suja em saco plástico e encaminhá-la para lavandaria;

- retirar o pó dos móveis com pano húmido. Secar com pano seco e limpo;

- passar pano húmido com água e sabão no chão, após, secar com pano limpo e seco;

- limpar o banheiro;

- organizar a unidade.

c) Limpeza terminal: É aquela realizada após alta do paciente, transferência, óbito. Utiliza-se água, sabão

e desinfectante. Compreende a limpeza de superfícies horizontais, verticais e a desinfecção do

mobiliário. O uso de soluções desinfectantes é restrito ao mobiliário, mesas auxiliares, colchões,

macas, focos, bancadas, etc..., o seu uso é desnecessário em pisos, paredes e tectos.

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Limpeza e Desinfecção dos Equipamentos e Materiais

É fundamental que o profissional responsável pelo reutilização de materiais esteja habilitado a definir

criteriosamente a que processo submeter cada tipo de artigo e a seleccionar os desinfectantes específicos.

Falhas dessas indicações implicam graves riscos para os pacientes, assim como para os profissionais que

entram em contacto com os artigos e superfícies e para o meio ambiente.

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Classificação dos equipamentos e Materiais

Artigos Críticos = São os objectos que entram em contacto com o sistema vascular ou com tecidos

estéreis. Estes artigos devem ser esterilizados.

Artigos Semi-críticos = São aqueles artigos que entram em contacto com membranas mucosas intactas

ou com pele lesada. É recomendado que artigos semi-críticos sejam submetidos à desinfecção de alto

nível. Estes materiais de preferência devem sofrer enxagúe com água estéril e secagem com ar

comprimido. A maioria dos artigos de fisioterapia respiratória são classificados como semi-críticos.

Artigos Não Críticos = Artigos que entram em contacto apenas com a pele íntegra. Podem ser

submetidos à desinfecção de baixo nível.

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3. Medidas de Promoção de Bem-estar

Para muitos autores, entre eles Paúl e Fonseca

(2005), em Portugal só no momento actual é que a

problemática da velhice começa a ganhar

relevante impacto social, na medida em que nos

estamos a deparar com fortes baixas de natalidade

e de mortalidade, verificando-se um aumento

significativo do número de idosos no conjunto da

população total do país. Este facto tem vindo a

constituir-se num dos maiores desafios para a

saúde pública contemporânea, tornando-se

fundamental pensar e agir sobre as condições de

vida deste grupo-alvo da população.

Por outro lado, o cuidado às pessoas idosas com alguma incapacidade ou dependência, historicamente

atribuído aos familiares descendentes e desenvolvido no espaço privado do domicílio, foi sendo transferido

para a responsabilidade das instituições (Figueiredo, 2007).

Esta problemática coloca questões específicas que influenciam, quer o bem-estar físico, quer o bem-estar

psicológico, a nível das condições de vida dos idosos na actualidade. É consensual que, nas sociedades

ocidentais contemporâneas, a capacidade de adaptação, o apoio familiar e, sobretudo, a qualidade da

instituição são factores relevantes para que os indivíduos idosos mantenham um determinado grau de

autonomia e de independência, tendo em vista a aceitação progressiva da dependência que vai surgindo com

o envelhecimento (Brouchon-Schweitzer, Quintard, Nouissier e Paulhan, 1994; Barros, 2004; Oliveira, 2005;

Tomasini & Alves, 2007).

A institucionalização tem um impacte na qualidade de vida das pessoas dado que provoca alterações

nas rotinas diárias (higiene e alimentação e outros) e pode comprometer alguns aspectos relevantes da vida

tais como a prática de actividades lúdicas e de lazer. Estas promovem a estimulação física, sensorial e socio

emocional, de forma a alcançar um bem-estar biopsicossocial do idoso, sendo por demais importante a sua

manutenção à medida que a idade avança. Conhecer o impacte da institucionalização, sobre cada um destes

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aspectos, possibilita planear e implementar acções e direccionar estratégias no suporte social que levam a

prevenção e promoção da saúde, resultando na melhoria da qualidade de vida.

QUALIDADE DE VIDA

A noção de qualidade de vida, para a maioria das pessoas saudáveis, refere-se a conceitos como a

riqueza, lazer, autonomia, liberdade, isto é, tudo o que está relacionado com um quotidiano agradável. Mas a

noção de qualidade de vida para uma pessoa doente, já é relativa e depende do nível de satisfação em função

das suas possibilidades actuais, condicionada pela doença e tratamento, dependendo também das suas

expectativas face a estes factores.

A qualidade de vida tornou-se um objectivo prioritário dos cuidados de saúde, tanto a nível da

prevenção de doenças, obtenção de cura ou alívio dos sintomas bem como, o prolongamento da vida humana

o que tem ganho grande importância na pesquisa clínica, tendo em vista o resultado da doença e o

tratamento (Ferreira, 1994). Ao longo da história, o conceito de qualidade de vida tem sido destinado a

diversas áreas como a sociologia, economia, política, psicologia e saúde, que atribuem ao termo múltiplos

significados, relacionados com o conhecimento e valores individuais ou colectivos divergentes em diferentes

épocas, locais e histórias (Holmes, 2005).

Inicialmente, qualidade de vida era considerada como oportunidade de aquisição de bens materiais.

Posteriormente, foi apresentada como forma de avaliação do desenvolvimento económico de determinada

sociedade e, mais tarde, como medida de desenvolvimento social.

DEFINIÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE

A qualidade de vida relacionada com a Saúde é uma parte da qualidade de vida geral do indivíduo, e pode ser

definida como constituída pelos componentes da qualidade de vida de um indivíduo relacionada com a saúde,

doença e terapêutica.

Devem ser incluídos os seguintes aspectos:

- sintomas produzidos pela doença ou tratamento;

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- funcionalidade física;

- aspectos psicológicos;

- aspectos sociais;

- aspectos familiares;

- aspectos laborais;

- económicos.

Todos eles estão inter-relacionados e influenciam-se mutuamente (Patrick e Berger, 1990). Segundo

Secchi e Strepparava (2001), a qualidade de vida relacionado com a Saúde é um constructo multidimensional,

composto por vários domínios: físico; psicológico; social e espiritual, sendo influenciado pelo tipo de

personalidade do doente e pelos seus aspectos cognitivos. É também um constructo subjectivo, relacionado

com a atribuição que o doente faz em relação à sua doença, sendo dinâmico e que muda ao longo do tempo.

O termo qualidade de vida relacionado com a Saúde tem sido utilizado com objectivos semelhantes à

conceptualização mais geral. No entanto, inclui aspectos mais directamente associados às doenças ou às

intervenções em saúde (Saes, 1999).

O avanço científico do mundo desenvolvido e os grandes problemas da humanidade contemporânea

tornam indispensável o estudo da qualidade das condições de vida das comunidades e os estilos de vida dos

indivíduos para entender e proteger a saúde e a felicidade do homem, no sentido de nos aproximarmos de

uma existência digna, saudável, livre, com equidade, moral e feliz, através da interacção do homem com o

meio ambiente. É um conceito multidimensional, subjectivo e individual, mas pode ser descrita de uma forma

funcional, tendo por base a percepção que cada doente tem sobre as suas capacidades em quatro grandes

dimensões: bem-estar físico e actividades quotidianas; bem-estar psicológico; relações sociais e sintomas.

(Pimentel, 2006).

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Limpeza e desinfecção individual e colectiva

A higiene e a ordem são elementos que concorrem decisivamente para a sensação de bem-estar,

segurança e conforto dos profissionais, pacientes e familiares. O aparecimento de infecções no ambiente

institucional pode estar relacionado ao uso de técnicas de limpezas inadequadas, descontaminação de

superfícies e de instrumentos incorrectos e manuseio do lixo sem protecção adequada.

Devido ao uso incorrecto das práticas e rotinas de trabalho se faz necessário estabelecer o

aperfeiçoamento de técnicas eficazes de controle e prevenção as infecções hospitalares que vão gerar

garantias de protecção ao trabalhador durante a execução de suas tarefas.

Os cuidadores de instituições de apoio ao idoso devem:

Manter perfeita higiene pessoal (banho diário, cabelos limpos, penteados e presos, unhas

limpas e aparadas);

Usar uniforme limpo;

Usar equipamento de protecção individual (EPI) quando recomendado;

Lavar as mãos com água e sabão após o uso do sanitário, antes da alimentação, ao iniciar e

terminar as actividades.

Lavagem das mãos:

A lavagem das mãos sempre foi o ponto chave do controle de infecções. A lavagem simples das mãos é

o procedimento individual mais importante na prevenção das infecções. Deve ser realizada após os

procedimentos de limpeza.

Técnica de Lavagem Correta das Mãos:

Abrir a torneira.

Molhar as mãos e aplicar o sabão de preferência líquido.

Friccionar as mãos com sabão durante 15 segundos.

Enxaguar as mãos.

Enxugar as mãos com papel toalha.

Fechar a torneira com o papel toalha já utilizado.

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Amostra da Técnica de Lavagem de Mãos

Prevenção das úlceras de pressão

As úlceras de pressão são feridas que resultam da irritação da pele e em consequência da falta de

irrigação sanguínea nesse local, conduzindo à morte dos tecidos.

As úlceras pressão podem ocorrer por um excesso de pressão ou fricção numa determinada região da

pele contra uma saliência óssea, podendo muitas vezes encontrar-se dissimuladas por baixo de calosidades.

Geralmente começa por ser apenas um ponto vermelho na pele que não reverte com o alívio da

pressão ou então uma pequena “bolha” de água que evoluem rapidamente para feridas graves, se não se

actuar desde cedo.

Locais onde é mais frequente surgirem úlceras de pressão:

Retirar anéis, pulseiras e relógios;

Lavar todas as superfícies, o dorso, a região palmar, entre os dedos e ao redor das unhas;

Para completar: lavar os antebraços;

Secar com papel toalha.

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Pessoas que não conseguem se movimentar e ficam acamadas ou sentadas por muito tempo na

mesma posição podem apresentar feridas conhecidas por escaras ou úlcera de pressão. Estas feridas podem

ocorrer em qualquer parte do corpo onde tenha saliência óssea mas são mais comuns nas nádegas,

calcanhares e nas regiões laterais da coxa. Se a pessoa não tem controle da urina e fezes e tem dificuldades

para ter uma boa alimentação o problema pode se agravar no entanto certas medidas podem ser usadas para

diminuir o problema:

1. A pele deverá ser limpa no momento que se sujar. Evite água quente e use um sabão suave para não

causar irritação ou ressecamento da pele. A pele seca deve ser tratada com cremes hidratantes de uso

comum.

2. Evite massagens nas regiões de proeminências ósseas se observar avermelhamento, manchas roxas ou

bolhas pois isto indica o início da escara e a massagem vai causar mais danos.

3. Se a pessoa não tem controle da urina use fraldas descartáveis ou absorventes e troque a roupa assim

que possível. O uso de pomadas como hipoglós também ajuda a formar uma barreira contra a

umidade.

4. O uso de um posicionamento adequado e uso de técnicas corretas para transferência da cama para

cadeira e mudança de decúbito podem diminuir as feridas causadas por fricção. A pessoa precisa ser

erguida ao ser movimentada e nunca arrastada contra o colchão.

5. As pessoas que não estão se alimentando bem precisam receber uma complementação alimentar para

que não fique com deficiências que podem levar a pele a ficar mais frágil. Consulte um profissional

sobre o uso de suplementos como sustacal, sustagem etc.

6. A mudança de posição ou decúbito deve ser feita pelo menos a cada duas horas se não houver contra-

indicações relacionadas às condições gerais do paciente. Um horário por escrito deve ser feito para

evitar esquecimentos.

7. Travesseiros ou almofadas de espuma devem ser usadas para manter as proeminências ósseas (como

os joelhos) longe de contacto directo um com o outro. Os calcanhares devem ser mantidos levantados

da cama usando um travesseiro debaixo da panturrilha ou barriga da perna.

8. Quando a pessoa ficar na posição lateral deve-se evitar a posição directamente sobre o fémur.

9. A cabeceira da cama não deve ficar muito tempo na posição elevada para não aumentar a pressão nas

nádegas, o que leva ao desenvolvimento da úlcera de pressão.

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10. Se a pessoa ficar sentada em cadeira de rodas ou poltrona use uma almofada de ar, água ou gel mas

nunca use aquelas almofadas que tem um orifício no meio (roda d´água) pois elas favorecem o

aumento da pressão e a presença da ferida.

11. Use aparelhos como o trapézio, ou o forro da cama para movimentar (ao invés de puxar ou arrastar) a

pessoa que não consegue ajudar durante a transferência ou nas mudanças de posição.

12. Use um colchão especial que reduz a pressão como colchão de ar ou colchão d’água. O colchão caixa

de ovo aumenta o conforto mas não reduz a pressão. Para a pessoa que já tem a úlcera o adequado é

o colchão de Ar ou água.

13. Evite que a pessoa fique sentada ininterruptamente em qualquer cadeira ou cadeira de rodas. Os

indivíduos que são capazes, devem ser ensinados a levantar o seu peso a cada quinze minutos, aqueles

que não conseguem devem ser levantados por outra pessoa ou levados de volta para a cama.

14. Diariamente deve-se examinar a pele da pessoa que pode ter escaras para observar. Se apresentar

início de problema não deixar a pessoa sentar ou deitar encima da região afectada e procurar

descobrir a causa do problema para que não agrave.

15. Para tratamento da úlcera é preciso uma avaliação do profissional do estágio da ferida porém em

todos os casos lave somente com soro fisiológico ou água, não use sabão, sabonete, álcool, mertiolate,

mercúrio cromo , iodo (povidine). Não deixe a pessoa deitada ou sentada encima da ferida, veja se as

medidas de prevenção citadas acima estão sendo colocadas em prática.

Prevenção do risco de acidentes

A expressão “lar, doce lar”, parece perder algum sentido quando se verifica que todos os anos,

aproximadamente 30% das pessoas com 65 ou mais anos sofre de quedas em casa e que estes valores sobem

para 50% a partir dos 80 anos, aumentando também a gravidade das consequências deste tipo de acidentes.

As quedas são a principal causa de acidentes nos idosos, ocorrem maioritariamente em casa e são

responsáveis por 70% das mortes acidentais neste grupo etário, sendo as consequências das quedas a 6ª

causa de morte nos idosos! As quedas nos idosos podem provocar uma série de danos físicos, como

traumatismos de tecidos moles e fracturas ósseas, declínio funcional e muitas vezes a morte.

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Estes acidentes podem ainda afectar a qualidade de vida dos idosos através de consequências

psicossociais, provocando sentimentos de medo, fragilidade, desesperança, perda de controlo e receio de

passar a ser dependentes de terceiros. O sentimento de medo e falta de confiança constituem muitas vezes o

ponto de partida para uma progressiva deterioração do estado global do idoso através da redução da

mobilidade, função e diminuição das actividades sociais e recreativas.

Principais causas de quedas dos idosos em casa

Ao contrário do que se pensou no passado, os acidentes não devem ser atribuídos a actos divinos, nem

encarados como algo de inevitável, onde a prevenção passa apenas por rezar e tornar-se uma melhor pessoa.

Actualmente compreende-se a etiologia dos acidentes como as interacções entre o Homem e o Ambiente,

podendo existir factores de risco inerentes a cada um.

Existem factores extrínsecos, que se referem ao próprio ambiente casa/instituição, como móveis, tapetes,

degraus, corrimões mal colocados e, ainda, os pisos lisos e escorregadios.

Os factores de risco intrínsecos ao idoso incluem aspectos relacionados com o envelhecimento, doenças

crónico-degenerativas e comportamentos adoptados pelos idosos, que muitas vezes sobrestimam as suas

capacidades acrescendo o risco de queda.

Ou seja, deve-se adaptar ao meio às próprias incapacidades que o envelhecimento acarreta,

nomeadamente as incapacidades de locomoção, isto para que alguns riscos sejam diminuídos

consideravelmente.

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Prevenção do isolamento e imobilismo da pessoa idosa

Pode surgir uma diminuição da capacidade funcional, comprometendo a saúde e a qualidade de vida

do idoso. É normalmente acompanhado por uma série de modificações nos diferentes sistemas do organismo.

Podemos então considerar as seguintes modificações, a onde pode provocar o isolamento e o imobilismo:

Alterações das amplitudes articulares

Diminuição da força muscular

Alterações da coordenação

Défices no equilíbrio

Dores generalizadas

Diminuição acuidade visual e auditiva

Alteração de humor

Uma das medidas para fazer face ao imobilismo e ao isolamento é a actividade física e/ou o exercício

físico. Onde a actividade física pode ser definida como movimentos corporais, produzidos pelos músculos

esqueléticos que resulta em gastos energéticos maior do que em repouso. E o exercício físico é definido como

toda actividade física planeada, estruturada e repetida que tem por objectivo a melhoria e a manutenção da

saúde.

ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL

A actividade física regular é altamente benéfica para redução da imobilidade no idoso, pois contribui

para a sua maior autonomia e independência. Proporciona uma melhor qualidade de vida influenciando de

modo positivo as actividades da vida diária, assim como, outras intervenções lúdicas.

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Utilização de meios de primeiros socorros

Queimaduras

Por contacto com fogo, objectos quentes, água fervente ou vapor;

O cuidador DEVE:

a. se as roupas estiverem em chamas, evitar que a pessoa corra; b. se necessário, colocar a pessoa no chão, cobrindo-a com cobertor, tapete ou casaco, ou fazê-la rolar

no chão; • c. secar o local delicadamente com um pano limpo ou chumaços de gaze; d. cobrir o ferimento com compressas de gaze; e. manter a região queimada mais elevada do que o resto do corpo, para diminuir o inchaço; • dar

bastante líquido para a pessoa ingerir se estiver consciente.

O cuidador NÃO DEVE:

a. tocar a área afectada com as mãos; b. nunca furar as bolhas; c. tentar retirar pedaços de roupa grudados na pele. Se necessários recorte em volta da roupa que esta

sobre a região afectada; d. usar manteiga, pomada, creme dental ou qualquer outro produto doméstico sobre a queimadura; e. cobrir a queimadura com algodão; f. usar gelo ou água gelada para resfriar a região.

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Contacto com substâncias químicas.

a. retirar as roupas da vítima tendo o cuidado de não queimar as próprias mãos; b. lavar o local com água corrente por 10 minutos, enxugar delicadamente e cobrir com curativo limpo e

seco; c. procurar ajuda médica imediata.

Corpo estranho nos Olhos

a. não deixe a vítima esfregar ou apertar os olhos; b. pingue algumas gotas de soro fisiológico ou de água morna no olho atingido; c. se isso não resolver, cubra os 2 olhos com compressas de gaze, sem apertar; d. se o objecto estiver dentro do olho, não tente retirá-lo; e. cubra os 2 olhos;

Corpo estranho na Deglutição

a. nunca tente puxar os objectos da garganta ou abrir a boca para examinar o seu interior; b. deixe a pessoa tossir com força; c. este é o recurso mais eficiente quando não há asfixia; d. se a pessoa não consegue tossir com força, falar ou chorar, é sinal de que o objecto está obstruindo as

vias respiratórias, o que significa que há asfixia; Quando existe asfixia:

deve posicionar-se de pé, ao lado e ligeiramente atrás da vítima;

a cabeça da pessoa deve estar mais baixa que o peito;

em seguida, dê 4 pancadas fortes no meio das costas, rapidamente com a mão fechada; a sua outra mão deve ser colocada sobre o peito do paciente;

se o paciente continuar asfixiado, fique de pé, atrás, com seus braços ao redor da cintura da pessoa. coloque a sua mão fechada com o polegar para dentro, contra o abdome da vítima, ligeiramente acima do umbigo e abaixo do limite das costelas; agarre firmemente seu pulso com a outra mão e exerça um rápido puxão para cima; repita, se necessário, 4 vezes numa sequência rápida;

procure auxílio médico.

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Envenenamento

Você pode provocar vómitos:

se a vítima estiver consciente;

apenas nos casos de ingestão de medicamentos, plantas, comida estragada, álcool, bebidas

alcoólicas.

Você NˆO deve provocar vómitos:

se a vítima estiver inconsciente;

se a substância ingerida for corrosiva ou derivada de petróleo como removedor, gasolina,

querosene, polidores, ceras, graxas, soda cáustica, água sanitária, etc.

Observação: a indução ao vómito é feita através da ingestão de uma colher de sopa de óleo de

cozinha e um copo de água, ou estimulando a garganta com o dedo.

Convulsões

O cuidador deve observar os seguintes sinais:

a. perda súbita de consciência,

b. salivação excessiva;

c. movimentação brusca e involuntária dos músculos;

d. enrijamento da mandíbula, travando os dentes;

e. pode apresentar arroxeamento dos lábios e extremidades devido à dificuldade de respiração

f. pode ocorrer relaxamento dos esfíncteres com perda de urina e fezes.

Afastar a vítima de lugar que ofereça perigo, como fogo, piscina etc;

retirar objectos pessoais e aqueles que estiverem ao seu redor que possam feri-la, como

óculos, gargantilhas, pedras etc; •

proteger a cabeça, deixando-a agitar-se à vontade;

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proteger a língua, colocando uma trouxinha de pano (não forçar se os dentes estiverem

travados);

retirar próteses quando houver;

afrouxar as roupas, se necessário;

observar a respiração durante e após a crise convulsiva;

procurar socorro médico.

Observação:. Não se deve deitar água ou oferecer algo para cheirar durante a crise.

Paragem Cardiorrespiratória

a. Observar se o paciente está consciente, perguntando se está tudo bem.

b. Tentar palpar pulso em artérias, principalmente as carótidas, que se situam ao lado da traqueia no

pescoço (localizar inicialmente a cartilagem tireóide, também conhecida como maça-de-adão, e depois

mover lateralmente os dedos, até conseguir palpar o pulso carotidiano).

c. Observar a ausência de movimentos respiratórios, olhando para o peito se há ou não movimento do

tórax;

d. Observar ainda se unhas e lábios estão roxos, pupilas dilatadas e fixas, e manchas arroxeadas em todo

o corpo.

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O que fazer quando uma pessoa está em parada cardíaca?

Deve-se proceder às manobras iniciais de ressuscitação cardíaca denominadas de Suporte Básico de

Vida. Lembre-se que você deve agir rapidamente, pois o cérebro suporta somente até 4 minutos sem

oxigenação adequada.

Inicialmente, você deve colocar a vítima de costas em local plano e duro (no chão, por exemplo) e

iniciar, imediatamente, enquanto providencia a equipe de Resgate, as 3 etapas do Suporte Básico de Vida:

1. Abertura de vias aéreas

a primeira manobra a ser executada no suporte básico de vida.

ajoelhe-se próximo à cabeça da vítima.

coloque uma mão no queixo e outra na testa da vítima, estendendo a cabeça.

nos pacientes com suspeita de traumatismo da coluna cervical (vítima de afogamento, choque

eléctrico, acidentes), esta manobra não deverá ser executada pelo risco de lesão da medula

espinhal.

Nesta situação:

- realizada apenas a abertura da boca, sem a extensão da cabeça.

- durante todo o procedimento, uma mão deverá ficar situada sempre no queixo para manter

as vias aéreas livres.

2. Ventilação

- Use o polegar e o indicador da mão que estava sobre a testa para fechar o nariz da vítima e impedir

que o ar escape.

- Inspire profundamente e coloque a “boquilha” na boca da vitima.

- Sopre o ar dentro da boca da vítima, sem deixar escapar o ar.

- Caso não seja palpado pulso carotidiano, deverá ser iniciada a massagem cardíaca externa:

você deverá estar situado de joelhos, junto ao tórax do paciente.

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o local correto da aplicação da massagem cardíaca externa é encontrado palpando-se o

encontro das ultimas costelas no centro do peito, até encontrar o esterno (osso central do

tórax); neste local, são colocados dois dedos transversos e, acima deste ponto, uma das mãos é

posicionada sobre o esterno e a outra sobre esta; os dedos não deverão estar em contacto com

o tórax.

o cuidador, com os braços estendidos, deverá produzir uma depressão do esterno. A

compressão do esterno é ocasionada pelo peso do movimento do tórax do socorrista.

deverá ser evitada a compressão torácica fora do esterno, pelo risco de que se o peito da

vítima está subindo.

observe se o peito desce, mostrando que o ar insuflado está saindo do pulmão.

repita rapidamente a manobra uma vez e observe se o paciente respira espontaneamente e se

apresenta batimentos, palpando o pulso carotidiano.

caso não exista respiração espontânea repetir a ventilação por “boquilha”.

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Adequação de ementas / Distribuição e fornecimento das refeições /

Acompanhamento de refeições

O idoso institucionalizado constitui, quase sempre, um grupo privado de seus projectos, pois se encontra

afastado da família, da casa, dos amigos, das relações nas quais sua história de vida foi construída. Pode-se

associar a essa exclusão social as marcas e sequelas das doenças crónicas não transmissíveis, que são os

motivos principais de sua internação, inclusive nas Instituições de Longa Permanência.

A nutrição, a saúde e o envelhecimento estão relacionados entre si, por isso o envelhecimento

saudável está relacionado à manutenção de um estado nutricional adequado e à alimentação equilibrada

(AMADO et al., 2007, p.366). A alimentação balanceada e equilibrada propicia um aumento na qualidade de

vida dos seres humanos. Assim sendo, para a manutenção de um bom estado nutricional, torna-se necessário

ingerir, diariamente, uma quantidade ideal de energia e nutrientes para suprir as necessidades energéticas

(OLIVEIRA, 2008). O alimento é o combustível para o corpo exercer suas capacidades funcionais. É composto

por nutrientes que indicam sua composição química. Estes são: proteínas, hidratos de carbono.

(açúcares), lipídios (gordura), vitaminas, sais minerais, fibras e água (MONTOVANI, p.167).

O envelhecimento saudável exige a adopção de um estilo de vida que inclua alimentação equilibrada

acompanhada de actividade física e A alimentação é uma actividade básica para a sobrevivência, sendo

influenciada por inúmeros factores: aspectos socioculturais, idade, estado físico e mental, situação económica

e estado geral de saúde. As alterações morfofisiológicas, funcionais, comportamentais e psicossociais, podem

comprometer o estado nutricional do idoso, interferindo desde a aquisição e preparo dos alimentos, como

também a utilização dos nutrientes pelo organismo (SOUZA, 2009, citado por SILVA, p128). O cuidado

nutricional ultrapassa as orientações restritamente relacionadas à alimentação, devendo dar-se muita

atenção ao ambiente em que o idoso está inserido.

O idoso institucionalizado, seja incapaz ou não, requer cuidado e atenção seja por enfermeiros,

cuidadores ou, ainda, por outras pessoas que estejam ligadas a eles. Toda equipe deve estar ciente dos

potenciais problemas odontológicos no idoso e da importância da higiene bucal diária, principalmente à

medida que as condições debilitantes sistémicas se agravam (IACOPINO, 1997; REYNOLDS, 1997, citado por

SHINKAI & CURY, 2000, p.1102). A mastigação é indispensável para uma boa nutrição do idoso, porquanto o

processo de digestão tem seu início na cavidade oral. Com o envelhecimento, os hábitos de mastigação se

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modificam acentuadamente devido ao aparecimento frequente de cáries e doenças periodontais, à ausência

de dentes e às próteses inadaptadas total ou parcialmente ou em estado precário de conservação. Em razão

disso, o consumo de carnes, frutas e vegetais frescos se torna mais difícil e os idosos tendem a consumir

alimentos mais macios, pobres em fibras, vitaminas e minerais (CAMPOS et al., 2000, p.160). Logo, a ementa

deve ser adequada aos idosos institucionalizados, tanto nas condições nutricionais como nas condições para a

mastigação e deglutição para o idoso.

Alterações naturais nos mecanismos de defesa do organismo ou dificuldades no processo de mastigação e

deglutição podem tornar a pessoa idosa mais susceptível a complicações decorrentes do consumo de

alimentos, o que reforça a necessidade de cuidados diários para preparar refeições seguras.

Planejar as refeições e utilizar medidas corretas durante o preparo dos alimentos pode contribuir

para a satisfação com a alimentação, evitando riscos de acidentes e danos à saúde, principalmente para quem

já se encontra em idade mais avançada, e, ao mesmo tempo, permite atender aos princípios de uma

alimentação saudável. Assegurar a participação da pessoa idosa no planejamento da alimentação diária e no

preparo das refeições possibilita o maior envolvimento com a alimentação. Assim, cria-se uma condição

propícia para discutir a necessidade de eventuais mudanças nos procedimentos associados à compra, ao

armazenamento, à higiene pessoal e ao preparo dos alimentos a fi m de facilitar o seu dia-a-dia e favorecer

uma alimentação segura.

Cuidados na compra dos alimentos

Os cuidados com a aquisição dos alimentos iniciam-se com a elaboração da Lista de Compras. No momento da

compra, ao observar os produtos, deve-se escolher aqueles:

• De procedência segura;

• Que apresentem características próprias nos aspectos de aparência, cor, cheiro e textura;

• Que estejam dentro do prazo de validade;

• Com embalagens não danificadas;

• Sem sinais de degelo, como cristais de gelo ou água dentro da embalagem (para produtos congelados);

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• Que estejam armazenados em temperaturas adequadas: entre 0°C e 5°C para alimentos refrigerados e

inferior a -18°C para os congelados.

Estar atento às outras informações do rótulo do alimento é também um procedimento indicado para:

• Identificar produtos específicos para este grupo populacional;

• Conhecer melhor a composição nutricional dos produtos;

• Identificar os seus ingredientes;

• Obter informação quanto à forma de conservação;

• Preparar o alimento adequadamente;

• Aprender novas receitas;

• Utilizar os serviços de atendimento ao consumidor – SAC;

• Comparar produtos similares, de diferentes marcas;

• Fazer a melhor escolha de acordo com orçamento disponível.

Cuidados no preparo das refeições

O ambiente onde as refeições são preparadas precisa estar limpo, incluindo a superfície de trabalho,

os utensílios que serão utilizados e os equipamentos. A área de preparo deve estar livre de objectos

desnecessários, como os decorativos.

A organização, nesse momento, pode garantir espaço adequado para o manuseio dos alimentos,

diminuir esforço físico e mental e evitar acidentes. Outro cuidado é quanto à qualidade da água usada tanto

para beber quanto para higienizar e preparar os alimentos, que deve ser tratada, fervida ou filtrada.

Ao preparar as refeições, algumas medidas especiais são necessárias para atender aos princípios de

uma alimentação saudável:

• Dar preferência a alimentos menos gordurosos, optar por leite e derivados com menor teor de gordura,

remover as gorduras visíveis das carnes e usar óleos vegetais para cozinhar os alimentos;

• Não abusar da adição de açúcar, sal e pimenta, nem do uso de enlatados, embutidos e doces;

• Variar os alimentos que compõem o cardápio, incluindo alimentos regionais e de safra, e a forma de

prepará-los (cozinhar, assar e grelhar, usar diferentes cortes para frutas, legumes, verduras e carnes). É

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importante também não acrescentar muita água ao cozimento e evitar que os alimentos permaneçam

cozinhando por muito tempo, o que poderia levar à perda de nutrientes;

• Incentivar preparações com cereais integrais ou o uso de produtos feitos com farinha integral (pães,

bolos, etc.). Outros alimentos ricos em fibras (frutas, legumes e verduras) devem ser utilizados no

cardápio;

• Utilizar receitas que favoreçam o consumo de frutas, legumes e verduras, combinando esses itens, por

exemplo, nas saladas;

• Planejar as refeições do dia de modo a favorecer o fornecimento adequado de nutrientes ao corpo,

manter o peso saudável, por meio de uma alimentação acessível e segura.

Quando a pessoa idosa apresentar limitações para mastigar e engolir, a forma de preparo, a

consistência, a textura, o tamanho dos alimentos e a quantidade que é levada à boca devem ser adaptados ao

grau de limitação apresentado. Nesses casos, moer, ralar, picar em pedaços menores podem ser alternativas

viáveis para facilitar o planeamento das refeições e o consumo, evitando a recusa da refeição e complicações

como engasgo, aspiração ou asfixia durante a ingestão dos alimentos.

Medidas associadas ao consumo das refeições

A atenção a essas medidas visa deixar a pessoa idosa mais disposta para alimentar-se com prazer. A maioria

dessas medidas não requer investimento financeiro, depende mais da disposição das pessoas em realizar

algumas mudanças que podem fazer a diferença para toda a família ou para os moradores de uma instituição

de longa permanência. Por exemplo: optimizar os recursos existentes como móveis, utensílios de mesa e de

cozinha, elementos de decoração, dentro de um planeamento adequado da alimentação para a pessoa idosa.

Quando algum investimento é necessário, deve-se avaliar os benefícios para as pessoas idosas,

estabelecendo prioridades e considerando também o tempo e a disponibilidade financeira. É importante

envolver a pessoa idosa nessas decisões. Fazer as refeições em local agradável

O ambiente onde a refeição é consumida deve:

• Estar limpo;

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• Ser arejado;

• Apresentar boa luminosidade;

• Ter mobiliário resistente e adequado: mesa com cantos arredondados, de preferência, cadeira com dois

braços, sendo a altura da mesa compatível com a altura das cadeiras e da pessoa idosa;

• Ter espaço livre para a circulação das pessoas.

Usar tonalidades de cores que favoreçam boa reflexão de luz para o local de refeições, visto que o

declínio visual é comum nas pessoas idosas. Para tornar esse ambiente ainda mais atractivo, usar elementos

de decoração é uma opção viável, mas deve haver moderação para não desviar a atenção da pessoa idosa da

alimentação.

Distribuir a alimentação diária em cinco ou seis refeições:

Durante o dia, três refeições básicas devem ser feitas: desjejum, almoço e jantar, intercaladas com dois ou

três pequenos lanches: colação (lanche leve pela manhã), lanche da tarde e ceia (lanche nocturno leve). Esta

distribuição estimula o funcionamento do intestino e evita que se coma fora de hora.

É importante estabelecer horários regulares para as refeições, com intervalos para atender às

peculiaridades da fisiologia digestiva da pessoa idosa, considerando que sua digestão é mais lenta. O ajuste

dos horários de refeição contribui para garantir o fornecimento de nutrientes e energia, maior conforto e

apetite para a pessoa idosa.

Orientações para auxiliar a autonomia da Pessoa Idosa

Na montagem da mesa da refeição deve-se evitar o excesso de estímulo visual para não desviar a

orientação e a percepção visual da pessoa idosa de sua alimentação, facilitando a sua participação activa no

ato de alimentar-se. Essa montagem deve ser adaptada na medida em que forem detectadas limitações que

dificultam a autonomia da pessoa idosa, de forma a incentivar o seu convívio à mesa.

Promover o contraste, pois quando há contraste de cor entre talheres, prato e toalha de mesa, a

pessoa idosa terá mais facilidade para identificar esses utensílios, conferindo-lhe maior autonomia no ato de

comer. É indicada, principalmente, para quem já apresenta declínio de visão ou da capacidade mental ou

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limitação na coordenação motora. As toalhas de mesa devem ser preferencialmente com uma única

tonalidade de cor, sem estampas ou bordados.

Por fim, seleccionar os utensílios mais adequados. Os utensílios que a pessoa idosa com limitações

deve usar para comer ou beber apresentam características especiais para a sua segurança. A confecção dos

utensílios deve ser com material inquebrável e de fácil higienização. É necessário ainda ter atenção com a

questão da empunhadura, o que significa que é preciso verificar se a pessoa idosa tem facilidade para pegar o

utensílio e levá-lo à boca.

Em síntese, devem ser usados utensílios resistentes e que sejam fáceis de segurar. Os utensílios

utilizados frequentemente pela pessoa idosa precisam estar dispostos em local de fácil acesso para garantir

maior autonomia e participação dessas pessoas nas diversas refeições do dia.

4. Geriatria – Práticas Profissionais

Observação participativa do quotidiano

A observação participante, que muitas vezes é também designada por trabalho de campo, caracteriza-

se pela inserção do observador no grupo observado. Se o cuidador faz parte integrante de um grupo e

aproveita essa situação para o observar, estamos numa situação de participação-observação. A observação-

participação tanto pode ser uma participação distanciada e ligeira, como uma participação mais profunda e

mais integrada. A observação participativa acaba por ser os registos feitos diariamente aquando um cuidado

prestado à pessoa idosa.

Registar é oriundo do termo latino Registru, isto é, enumerar certos factos por escrito. Assim, de

acordo com esta definição, registar é escrever determinados factos, que se entendam como significativos para

tal, de forma a conferir-lhe autenticidade.

Os registos do cuidador têm como finalidade descrever a situação de um utente e quais os cuidados

que lhe foram prestados.

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Thora Cron define-os como sendo relatórios escritos que indicam o trabalho efectuado,

nomeadamente:

Os problemas solucionados pela equipa de enfermagem;

Comportamentos específicos do utente;

Quais as intervenções que foram prestadas ao utente;

As repostas dos utentes a intervenções;

As observações do cuidador.

Devemos ter presente que: A qualidade de vida do utente, presente e futura, depende, sem grande medida,

deste factor: os registos do cuidador, muitas vezes esquecidos, são fundamentais na qualidade de assistência

ao utente.

Importância dos registos por parte do cuidador

Em contexto institucional os registos são importantes não apenas por uma mas por várias razões em

conjunto. Importância dos registos do cuidador na qualidade dos cuidados prestados:

Contribuem para proporcionar conhecimento sobre anteriores intervenções de outros

cuidadores, independentemente do local onde o utente foi assistido.

Ajuda no estabelecimento do diagnóstico médico e de enfermagem aquando uma patologia ou

circunstância súbita.

Auxilia a compreender a conduta do utente.

Obter uma visão da evolução física e mental do utente, após hora/dia ou semana/mês...

Fundamenta decisões e intervenções do cuidador.

Individualiza os cuidados.

Assegura a continuidade dos cuidados e a identificação das necessidades do utente.

Avalia os cuidados e o consequente impacto na evolução do paciente através da comparação

dos registos sequenciais.

Determina as responsabilidades – porque permite avaliar a qualidade dos cuidados prestados.

Como elaborar registos

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Escrever sempre com letra legível, e se a instituição não emitir directrizes em contrário, escrever com

caneta de tinta preta, visto ser mais legível em fotocópias ou microfilme.

Registar as ocorrências por ordem cronológica.

Registar observações tendo sempre por base a isenção de julgamentos ou conclusões sem bases

concretas.

Escrever todas as informações de forma precisa, concisa e clara.

Devem constar a data e hora de todas as observações.

Devemos evitar o uso de abreviaturas que não sejam compreensíveis quer pelos outros enfermeiros

quer pelos outros profissionais de saúde.

Após a admissão devemos fazer, logo que possível, todos os registos inerentes a esse facto.

Registar a medicação que se administrou e, se não administrou, justificando qual o motivo.

Nunca escrever antecipadamente, nem deixar registos importantes para o final do turno.

Registar claramente qualquer ocorrência adversa ou medidas tomadas pelo cuidador e respectiva

resposta do utente.

Registar todos os tratamentos e sempre que e sempre que se preste assistência aos doentes.

Análise e compreensão das situações observadas

Os registos fornecem um leque de dados preciosos para a continuidade do processo, e como meio de

comunicação que são apresentam os conhecimentos pertinentes através de uma forma lógica e explícita que

permitem avaliar a qualidade dos cuidados prestados.

Existem dez finalidades essenciais dos registos para a compreensão das situações observadas:

Comunicar.

Determinar responsabilidades.

Colher dados.

Individualizar os cuidados.

Integrar diversos aspectos do utente.

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Assegurar a continuidade dos cuidados.

Avaliar o utente para novas intervenções / modificações de cuidados.

Permitir uma protecção legal.

Para que a intervenção não sofra quebras na sua qualidade com o passar dos turnos e dos dias é

imperioso que o cuidador desenvolva um sistema de registos que contemple todas as fases do seu processo

de atendimento ao utente e família.

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Berger, Louise (1995) – Cuidados de enfermagem em gerontologia. In Berger, Louise; MAILLOUX-POIRIER, Danielle – Pessoas idosas: uma abordagem global: processo de enfermagem por necessidades Lisboa: Lusodidacta, 1995. ISBN 972-95399-8-7. p. 11-19.

Jerónimo, L. (2008, Janeiro). Velhice e envelhecimento: da antiguidade aos nossos dias. Cidade Solidária, pp.30-33.

Manual Merk - Biblioteca Médica (Edição online para a familia). Consultado a 20 de Outubro de 2012.

Zimerman, G. (2000). Velhice: aspectos biopsicossociais. São Paulo: ARTMED.