manual resolução 3.721 - risco de crédito

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Apresentação 11

Agradecimentos 12

Introdução 13

1. Risco e Governança Corporativa 17

2. Gestão de Capital 19

3. Resolução 3.721

Abrangência 22

Escopo 22

Defi nição de Risco de Crédito 22

Destinatários da Resolução 23

Fatores Críticos 24

Base Legal 25

4. Estrutura de Gerenciamento de Risco de Crédito

Pontos de Atenção 29

Fluxo do Comitê de Risco 30

Etapas do Ciclo de Crédito 31

Fatores Críticos 32

Atribuições 33

Recursos Humanos 34

Responsabilidades 35

5. Transparência e Disponibilização de Dados 36

6. Uso de Sistemas Internos de Risco

Internal Ratings Based – IRB 37

Passos para Implementação 39

Dossiê de Candidatura 39

Considerações Finais 40

Pesquisa dos Estágios da Gestão de Risco - Deloitte 41

Importância do Banco de Dados - Serasa Experian 49

Compêndio de Normativos 51

SUMÁRIO

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Agradecemos aos nossos parceiros convidados, Deloitte Touche Tohmatsu e Serasa Experian.

PATROCÍNIO

PATROCÍNIO |

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gerenciamento de risco de crédito.

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UM NOVO MOMENTO DO CRÉDITO

Adentramos um período que muitos analistas consideram como o limiar de uma nova etapa do sistema econômico mundial. Não se preveem retrocessos nas práticas consagradas pela globalização, seja no comércio, seja na procura de maior produtividade industrial, seja no movimento de capitais.

Entretanto, reconhece-se que alguns limites foram alcançados, e a crise de 2008, desdobrada pela atual crise da zona do euro, encarregou-se de demonstrá-los a nível internacional. É natural que nessa conjuntura venham à tona com vigor redobrado reivindicações deixadas à margem dos movimentos macroeconômicos, como as de defesa do meio ambiente, e a demanda renovada de esforços de gestão adequada e de ampliação de normatização imperativa.

O novo ambiente deve também abrir novos horizontes de investimento para absorção do desemprego, que atingiu níveis insuportáveis em muitos países.

O Brasil contabiliza alguns trunfos econômicos alcançados no passado recente que, todavia, não constituem um salvo conduto para a nova travessia. A preservação dos ganhos obtidos , ao contrário, impõe a adesão aos novos preceitos e acuidade no desbravamento dos novos caminhos.

Grande parte do sucesso brasileiro na superação dos piores efeitos das crises internacionais deveu-se à atuação de seu sistema fi nanceiro e, em particular, ao volume e qualidade do crédito colocado à disposição de empresas e famílias.

A celebração do mercado interno como alavanca de manutenção das taxas positivas de crescimento, no passado recente e no futuro que se estende até 2015, praticamente unânime por analistas e pelo Governo, tem no crédito o seu mais fi rme aliado. O estoque de crédito da economia brasileira ultrapassou 49% do PIB em 2011, que signifi cou um incremento de 19% em relação aos 12 meses anteriores. Desse total prevaleceu o crédito imobiliário, que avançou 44,5%. Para o ano de 2012, quando a moderada política fi scal é alçada à estratégica posição de permitir o rebaixamento dos juros primários, pode-se antever a expansão desses valores. Tanto os bancos públicos quanto os privados deverão responder ao rebaixamento dos juros básicos e estendê-los a todas as operações, aumentando o volume de crédito ofertado.

É nessas condições que o gerenciamento de risco de crédito assume importância crescente na atividade de fi nanciamento.

Apesar do crescente endividamento das famílias em 2011, a inadimplência, de resto já esperada, não alcançou limites alarmantes.

Nada indica para este ano de 2012 uma piora de situação. No entanto, com o esperado aumento da demanda de crédito, é oportuna uma revisão dos seus preceitos de gerenciamento de risco.

Como se sabe, é a Resolução 3.721 do Conselho Monetário Nacional, de 30 de abril de 2009, que enfeixa esses preceitos. O documento Basileia III avançou sobre as disposições originais , e o Banco Central do Brasil, seguindo sua tradição, empenhou-se no acatamento e difusão da nova normatização, visando o aumento da segurança nas operações de crédito.

A ABBC, a cuja associação estão fi liadas mais de 80 instituições, conta entre as suas atribuições facilitar a divulgação das novas normas para que sejam objeto, quando cabível, de eleição por parte dos competentes colegiados executivos, e auxiliar na adoção do sistema e procedimentos que se traduzem em requisito obrigatório por parte do Banco Central para a adequada gestão de risco de crédito.

Nessas condições, a ABBC julgou ser este o melhor momento para difundir os elementos técnicos e de gestão contidos na Resolução 3721 do CMN, cujo texto se encontra em anexo, com análise e comentários julgados oportunos em face da referida conjuntura .

Atenciosamente,

ABBC | DIRETORIA

APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO |

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Nossos agradecimentos são dedicados principalmente aos profi ssionais da Comissão de Gestão Riscos e Compliance da ABBC – Associação Brasileira de Bancos, por sua dedicação e contribuição para elaboração deste trabalho.

Merecem nosso especial reconhecimento os participantes do Grupo de Trabalho formado especifi camente para a criação deste manual.

Somos gratos também ao Sr. Roberto Capalbo, por ter participado ativamente na composição dos capítulos, e a todos que contribuíram indiretamente para que esta obra se tornasse realidade.

Finalmente, vale destacar que a presente “Contribuição à Aplicação da Resolução 3.721” é leitura recomendada para todos os que estejam interessados na compreensão dos conceitos e procedimentos ligados à gestão de risco de crédito, visando sua aplicação específi ca em instituições fi nanceiras de pequeno a médio porte.

Everton P. S. Gonçalves

Assessor Econômico

Carolina Gladyer Rabelo

Coordenadora de Estudos e Pesquisas

AGRADECIMENTOS

| AGRADECIMENTOS

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Em sua origem, o documento do Acordo de Capital de Basiléia destaca como objetivo central o estabelecimento de um melhor equilíbrio competitivo entre as instituições fi nanceiras com presença internacional e o reforço da es-tabilidade do sistema bancário global. O documento International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards de 1.988 caracterizou-se como um importante passo para aproximar os conceitos de capital regulamen-tar e econômico. Mais especifi cadamente, na redução da diferença entre o exigido pelos órgãos de supervisão e o avaliado pelas instituições fi nanceiras como capaz de absorver as perdas não esperadas e preservar os recursos dos acionistas, depositantes e credores.

No que se refere ao capital regulamentar, o acordo determinou dois níveis (tiers) de capital. O primeiro seria cons-tituído do capital próprio das instituições, mais provisões e elementos com características similares. Já o segundo, incluía instrumentos que tivessem comportamento semelhante ao capital, como por exemplo, a emissão de títulos de dívida subordinada.

Nesse primeiro momento, o Comitê de Basiléia focou apenas o risco de crédito. Isto é a estipulação de reservas para a cobertura de perdas com o não cumprimento das obrigações das contrapartes das instituições fi nanceiras nas suas operações de empréstimos e fi nanciamentos. Apesar do avanço, o acordo demonstrou algumas defi ciências, como:

• Não abordar outros tipos de risco como o de mercado, operacional e de liquidez;

• Pouca granularidade, com o uso de apenas quatro classes de risco;

• Ao não contemplar a redução do fator de risco, quando utilizadas garantias e colaterais, não incentivava a utiliza-ção de técnicas de mitigação;

• Caráter pró-cíclico na alocação de capital.

Posteriormente, em 1.996, o Comitê de Basiléia publicou a primeira emenda ao acordo, acrescentando ao capital regulamentar uma nova parcela que serviria para cobrir perdas com o risco de mercado. Através do documento Amendment to the Capital Accord to Incorporate Market Risks especifi cou-se o tratamento a ser adotado pelos ban-cos na determinação do capital necessário para cobrir os riscos incorridos com as oscilações de preços das taxas de juros, câmbio, ações e commodities.

Ao abrir uma janela para que as próprias instituições estipulassem o seu capital mínimo conforme os números cal-culados pelos seus modelos internos de avaliação de risco, a emenda apresentou um avanço adicional em direção da aproximação do capital regulamentar ao econômico. No ano de 2.000, foi publicado o texto Sound Practices for Managing Liquidity in Banking Organisations que continha as orientações e princípios para uma correta administra-ção do risco de liquidez.

Contudo, a ampliação do leque de negócios com produtos mais complexos e estruturados (dada a capacidade ino-vadora ilimitada nas atividades bancárias), da liberalização dos mercados e da globalização fi nanceira impuseram a necessidade de uma ampla revisão das recomendações contidas no primeiro acordo.

Essa diversifi cação, acompanhada pelo rápido desenvolvimento de técnicas sofi sticadas e pelo amadurecimento dos processos de gestão de risco, difi cultava em muito as tarefas de regulação e supervisão até então desenvolvi-das. Tal tendência tornou imperiosa uma revisão do acordo, a fi m de que aproximasse ainda mais as abordagens de capital e regulamentar, o que acabaria levando ao International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards: a Revised Framework, que se tornou conhecido como o Acordo de Basiléia II.

Nessa nova estrutura conceitual passaram a ser tratados três tipos de risco: de crédito, mercado e liquidez. Possi-bilitou-se, ainda, que na mensuração dos riscos, as instituições fi nanceiras optassem pela forma mais adequada às suas especifi cidades. Assim, foram estabelecidas pelo menos duas abordagens alternativas: uma padronizada, para

INTRODUÇÃO |

INTRODUÇÃO

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instituições menos sofi sticadas, e outra que faculta, às que tenham melhores condições, a implantação de sistemas de gerenciamento mais avançados com a utilização de modelos internos.

Para garantir maior segurança e confi abilidade ao sistema fi nanceiro internacional, as novas diretrizes foram fun-damentadas em três pilares, a saber:

O primeiro padrão refere-se ao requerimento mínimo de capital, proporcional aos ativos ponderados ao risco, tan-to o de crédito quanto o de mercado. Incluiu-se também a cobertura do risco operacional. Os métodos de cálculo do coefi ciente de capital utilizados tomam como base as probabilidades de perdas nos portfólios.

O Pilar II defi niu e ampliou o papel do órgão supervisor. Nessas novas diretrizes, caberia à autoridade fazer a avalia-ção da qualidade da gestão de riscos, da efi ciência das informações geradas na defi nição das estratégias operacio-nais e apontar as medidas necessárias para a consideração de outros fatores de risco não especifi cados no acordo.

Por fi m, o terceiro pilar deve servir como estímulo à disciplina de mercado mediante uma maior abertura das infor-mações dos bancos. Simultaneamente ao incentivo à adoção de modelos internos as instituições fi nanceiras, mes-mo as de pequeno e médio porte – sem atuação internacional, devem ter políticas e procedimentos adequados ao seu porte e ao mercado atual, aderindo também a essa disciplina que impõe, moral e legalmente, a necessidade de divulgação das metodologias e dos procedimentos utilizados na gestão de risco, de forma que tanto investidores como depositantes possam compreender a relação entre o perfi l de risco e capital adotado por cada instituição.

No que tange ao risco de crédito, o documento Principles for the Management of Credit Risk do Comitê de Basiléia estabelece que para que se tenha uma efetiva gestão de risco, sejam cumpridos os seguintes princípios:

ABORDAGENS MÚLTIPLAS PARA

CÁLCULO DO CAPITAL MÍNIMO

MELHORIA DO EXAME

DO ÓRGÃO SUPERVISOR

MAIOR TRANSPARÊNCIA

PARA O MERCADO

DISCIPLINA

DE MERCADO

REVISÃO DO

ÓRGÃO SUPERVISOR

REQUERIMENTO MÍNIMO

DE CAPITAL

Taxa Adequada de Capital do BIS

8% dos ativos ponderados de risco

No Brasil é considerado 11%

AAmbiente adequado de risco de crédito

A alta administração deve ter a responsabilidade por aprovar periodicamente (pelo menos 1 vez ao ano) as estratégias e políticas de crédito.

A alta administração deve ter a responsabilidade por implementar as estratégias de risco de crédito defi nidas pelo Conselho e desenvolver políticas e procedimentos para identifi car, mensurar, monitorar e controlar o risco de crédito.

As empresas devem identifi car e gerenciar o risco de crédito inerente aos produtos e atividades. Também devem garantir que todos estes riscos estejam sob controle dos procedimentos de gerenciamento de riscos.

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BProcesso robusto para concessão de crédito

Operar sob critérios bem defi nidos e confi áveis para concessão de crédito. Estes critérios devem incluir uma clara indicação do nicho de mercado, compreensão das contrapartes envolvidas e capacidade de pagamento.

Estabelecer processo formal de limites de crédito para oindivíduos, contrapartes e grupos relacionados às contrapartes.

As empresas devem identifi car e gerenciar o risco de crédito inerente aos produtos e atividades. Também devem garantir que todos estes riscos estejam sob controle dos procedimentos de gerenciamento de riscos.

Possuir um processo claramente estabelecido para aprovação de novas operações de crédito, bem como alteração, renovação e refi nanciamento das operações existentes.

Todas as prorrogações de crédito devem ser cuidadosamente analisadas e autorizadas sob base de exceção.

CProcesso adequado paraadministração, mensuração e monitoramento de crédito

Possuir um sistema que permita a administração gerir os vários tipos de risco nas suas carteiras de crédito.

Desenvolver e utilizar um sistema interno de classifi cação do risco para gestão do risco de crédito.

Possuir sistemas de informação e técnicas de análise que possibilitem à administração mensurar o risco de crédito inerente em suas atividades.

Sistema para monitoramento da composição geral e qualidade das carteiras de crédito.

Considerar potenciais mudanças futuras nas condições econômicas quando são avaliadas as condições de crédito de suas carteiras.

DEstruturade controles adequadapara riscode crédito

Possuir um sistema de avaliação independente da gestão de risco de crédito, e os resultados destas avaliações devem ser reportadas para a alta administração.

Garantir que o processo de concessão de crédito é administrado corretamente e a exposição ao risco de crédito estão em níveis consistentes com padrões e limites internos.

Possuir sistema para identifi cação e ação precoce contra deterioração dos créditos.

Para se adequar aos requerimentos da supervisão, as empresas devem possuir um sistema efi caz para identifi car, mensurar, monitorar e controlar o risco de crédito, como parte do gerenciamento do risco de crédito.

EPapel daSupervisão

INTRODUÇÃO |

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No que se refere à experiência brasileira na implantação das diretrizes estabelecidas para a gestão do risco de cré-dito, a Resolução 3.721/09 estabelece um padrão qualitativo mínimo para as funções e atribuições das estruturas que fazem a gestão desse fator de risco. Ela defi ne o conceito de Gestão de Risco de Crédito (GRC) e descreve os aspectos que requerem decisões por parte da alta administração da instituição fi nanceira. Assim, em linha com a natureza e complexidade dos seus produtos e operações, acredita-se que as instituições possam maximizar a rela-ção risco x retorno dos ativos e manter uma boa qualidade da carteira de crédito.

O presente trabalho destina-se não só aos profi ssionais da área de gestão de risco, mas também, a todos os envolvi-dos no processo de concessão de crédito, auditoria, incluindo a alta administração, a fi m de estabelecer um elo real de aplicabilidade no dia-a-dia das instituições e não apenas o simples cumprimento de uma norma.

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1. O termo stakeholder designa uma pessoa, grupo ou entidade, com interesses legítimos nas ações e desempenho de uma organização, cujas decisões possam afetar, direta ou indiretamente, nos resultados dos primeiros interessados. Inclui-se na conceitação de stakeholder: os funcionários, gestores, pro-prietários, fornecedores, clientes, credores, Estado (enquanto entidade fi scal e reguladora), sindicatos e diversas outras pessoas ou entidades relacionadas.

2. O problema de agência passa a existir no instante em que o agente, que deve sempre atuar no melhor interesse do principal, passa a atuar em seu próprio interesse. Os “confl itos de agência” nas empresas são estabelecidos a partir da delegação das competências para tomadas de decisão. Os administradores, por terem objetivos pessoais divergentes do “principal”, passam a decidir em prol de seus interesses particulares em detrimento do melhor benefício daque-les. É nesse sentido que as melhores práticas de governança corporativa surgem como resposta a esse confl ito.

Embora a governança corporativa das instituições fi nanceiras não fosse a responsável direta pela crise ocorrida em 2007/08, a ausência de mecanismos efetivos de controle de risco contribuiu signifi cativamente para que os riscos fossem subestimados. Uma das mais importantes lições de toda a turbulência diz respeito à necessidade de enten-dimento sobre os motivos pelas quais os mecanismos de governança das instituições fi nanceiras não funcionaram a contento.

Entende-se, aqui, como “governança corporativa” o conjunto de princípios e mecanismos que orientam as relações entre acionistas, gestores, funcionários, entre outros stakeholders1 de uma companhia. O seu papel tem adquirido relevância no contexto da gestão empresarial em decorrência da amplifi cação do problema de agência2, caracteri-zado pela separação cada vez mais acentuada entre a propriedade e a gestão das instituições.

De forma mais direta, o objetivo da boa governança é o de mitigação de riscos, inerentes aos naturais confl itos de interesse entre o principal e os agentes, com o intuito de reduzir a possibilidade de mau-emprego ou o desvio dos recursos dos investidores. Essas ações devem contribuir para a ampliação da efi ciência na utilização dos recursos, culminando na melhoria do desempenho econômico-fi nanceiro das empresas e facilitando o acesso ao capital.

A correção do chamado problema de agência derivou na construção de estruturas que visam o alinhamento da função objetivo dos gestores e acionistas. Como por exemplo, a instituição de conselhos de administração, a cria-ção de comitês de auditoria e a implantação de sistemas de controles internos. Contudo, as soluções encontradas para contornar a distorção implicam em uma elevação nos custos de observância das corporações. Desta forma, cabe a cada instituição encontrar o balanço mais adequado entre as vantagens e desvantagens.

Devido à natureza sistêmica e por gerarem externalidades impondo custos e benefícios aos outros setores da eco-nomia, as instituições fi nanceiras são concessões públicas reguladas que, em sua governança corporativa devem levar em conta a estabilidade do segmento.

Ainda que busquem maximizar os ganhos em termos de bem-estar, as atividades envolvidas na intermediação fi nanceira devem ser delimitadas pela mitigação do risco sistêmico para que a sociedade não seja obrigada a arcar com os prejuízos inerentes às eventuais intervenções do setor público para o saneamento de instituições privadas.

Por isso, os bancos são, em geral, companhias mais complexas e mais regulamentadas do que as outras. As insti-tuições fi nanceiras são submetidas a um maior controle governamental e são obrigadas a seguir legislações mais rígidas, o que faz com que muitos dos mecanismos de governança que poderiam funcionar em corporações não fi nanceiras não sejam perfeitamente aplicáveis aos bancos.

O tema governança corporativa é de essencial importância na gestão de riscos. Na indústria bancária, o grande desafi o diz respeito à busca de boas práticas, que permitam a devida identifi cação, mensuração, e gerenciamento de riscos, tendo como consequência, a obtenção de ganhos sustentáveis.

O estabelecimento de políticas, processos, procedimentos, controles e ferramentas adequadas à característica de cada instituição deve exigir o envolvimento efetivo de todos os níveis hierárquicos na gestão de riscos.

1RISCO E GOVERNANÇA CORPORATIVA

RISCO E GOVERNANÇA CORPORATIVA |

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Falhas na governança corporativa resultam na diminuição da capacidade dos bancos no que tange à administração de riscos e também na segurança de qualidade de suas operações fi nanceiras, o que afeta a confi ança e a saúde do sistema fi nanceiro, tornando-o mais vulnerável, inclusive às crises econômicas. Desta forma, há um duplo benefício das boas práticas de governança corporativa nos bancos: de um lado, resultados positivos para a instituição e para o setor bancário; e de outro, o desenvolvimento econômico do país.

Estratégias

de Negócios

Valor aos

Acionistas

Gestão de

Riscos

Controles

Internos

Governança

Corporativa

de Riscos

Governança Corporativa

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Com o objetivo de reforçar a estabilidade e solidez do sistema, o Conselho Monetário Nacional (CMN) emitiu a Re-solução 3.988/11 que objetiva incentivar as melhores técnicas de gestão e avaliação de riscos. A regulamentação obriga as instituições fi nanceiras a desenvolverem processos de apuração de capital de acordo com o seu perfi l estratégico e de risco e que permitam o planejamento adequado para as necessidades futuras de capital. Contudo, a gestão de capital tem duas diretrizes: a econômica e a regulamentar.

O capital regulamentar representa um limite de alavancagem arbitrado pelos supervisores bancários, expresso no nível mínimo de reservas exigido para cobrir eventuais perdas e preservar as condições de que as instituições possam honrar os seus compromissos com os seus depositantes e credores. Os supervisores esperam assegurar que as estratégias e as avaliações internas de sufi ciência de capital das instituições fi nanceiras sejam efi cazes e que possam garantir o cumprimento dos coefi cientes mínimos de capital regulatório.

A origem do termo capital econômico advém dos anos 70, quando o BankersTrust criou o conceito Risk Adjusted Return on Capital para medir a lucratividade das suas transações. O capital econômico representa uma medida potencial de capital que a instituição deve dispor para se proteger de perdas não esperadas, evitando qualquer interrupção das suas atividades. Assim, independentemente do enfoque, a gestão de capital das instituições fi nan-ceiras deve ser compatível com todos os riscos presentes em seus negócios. Para tanto, é imprescindível que sejam utilizados métodos efi cientes para a mensuração dos riscos e do capital.

GESTÃO DE CAPITAL

No que tange ao risco de crédito, a Resolução 3.721, no seu artigo 4º VI , prevê que o nível do Patrimônio de Re-ferência (PR) seja compatível ao nível de risco de crédito assumido pelas instituições fi nanceiras. As estruturas de gestão de risco devem dispor de condições adequadas para que haja o controle e se possa informar à alta admi-nistração o volume desse patrimônio e do capital alocado para a cobertura do risco nas operações de crédito. A aplicação desse requisito da resolução necessariamente implica no entendimento da Resolução 3.444/07 e da Resolução 3.490/08.

Dentre os motivos para que o banco possua adequada avaliação interna do requerimento de capital, podemos destacar:

Possuem metas de capital

escolhidas e bem fundamentadas

Realizam testes de estresse rigorosos

voltados parao futuro

Efetuam planejamento de capital para

assegurar que o grupo possui capital

sufi ciente para os próximos anos

Avaliam o perfi l de risco da instituição

baseada em critérios e estimações de

capital requerido para cobertura de riscos

Requerimentos

de capital

futuro

(crescimento,

investimentos,

dividendos,

entre outros)

Preparação

para perdas

inesperadas

(fl exibilidade

na gestão de

capital)

Metas de

avaliação

externa,

reputação,

metas

estratégicas

GESTÃO DE CAPITAL |

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A Resolução 3.444/07, que defi ne o PR, o decompõe em dois níveis. O Capital Nível I é apurado pelo somatório do pa-trimônio líquido, das contas de resultado credoras e do depósito em conta vinculada para suprir defi ciência de capital, excluídos os valores correspondentes a: saldos das contas de resultado devedoras, reservas de reavaliação, reservas para contingências e especiais de lucros relativas a dividendos obrigatórios não distribuídos, ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate e ações preferenciais com cumulatividade de dividendos, créditos tributários, ati-vo permanente diferido, deduzidos os ágios pagos na aquisição de investimentos, saldo dos ganhos e perdas não realizados decorrentes do ajuste ao valor de mercado dos títulos e valores mobiliários classifi cados na categoria “títulos disponíveis para venda” e dos instrumentos fi nanceiros derivativos utilizados para hedge de fl uxo de caixa.

O Nível II do PR é apurado mediante a soma dos valores correspondentes às reservas de reavaliação, às reservas para contingências e às reservas especiais de lucros relativas a dividendo obrigatórios não distribuídos, acrescida dos valores correspondentes a: instrumentos híbridos de capital e dívida, instrumentos de dívida subordinada, ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate e ações preferenciais com cumulatividade de dividendos emitidos por instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (BC) e o saldo dos ganhos e perdas não realizados decorrentes do ajuste ao valor de mercado dos títulos e valores mobiliários classifi cados na categoria “títulos disponíveis para venda” e dos instrumentos fi nanceiros derivativos utilizados para hedge de fl uxo de caixa.

Já a Resolução 3.490/07 regulamenta que as instituições fi nanceiras devam manter o seu PR em montante superior ao Patrimônio de Referência Exigido (PRE). Esse por sua vez deve ser calculado com base no somatório das parcelas refe-rentes às exposições ponderadas pelo fator de risco (PEPR), à variação dos preços das ações (PACS) e de mercadorias (PCOM), em ouro e sujeitas à variação cambial (PCAM), à variação de taxa de juros na carteira de negociação (PJUR) e, adicionalmente, no risco da taxa de juros implícito na carteira estrutural das instituições (RBAN).

Vale lembrar que a regulamentação brasileira para o requerimento de capital para as operações de crédito trabalha com as seguintes premissas: não considera a utilização de ratings divulgados por agências externas de classifi cação de risco de crédito; aplica à maioria das instituições fi nanceiras a abordagem padrão simplifi cada. Contudo, faculta às instituições a utilização de abordagens mais avançadas.

A base legal do modelo padronizado simplifi cado (MPS) para a apuração da parcela do PRE referente às exposições sujeitas ao risco de crédito (PEPR) é dada pela Circular 3.360/07 e pelo Comunicado 18.365/09. De acordo com os normativos, essa parcela deve ser no mínimo igual ao resultado da multiplicação do coefi ciente de capital (11%) pelo somatório dos produtos das exposições pelos respectivos fatores de ponderação de risco.

Norma

Descrição

Principais

Aspectos

Resolução 3.490 de 29.08.2007 Circular 3.360 de 12.09.2007

Manutenção permanente do valor do Patrimônio de Refe-rência (PR) compatível com os riscos de sua atividade

Cálculo da parcela do Patrimônio de referência Exigido (PRE) referente às exposições ponderadas por fator de risco (PEPR)

O Patrimônio de Refrência Exigido (PRE) deve ser calculado considerando, no mínimo, a soma das seguintes parcelas:

PEPR

- exposições ponderadas pelo fator de ponderação de risco a elas atribuído;

PCAM

- risco de exposições em ouro, em moeda estrangeira e em operações sujeitas à variação cambial;

PJUR

- parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação de taxas de juros e classifi cadas na carteira de ne-gociação;

PCOM

- risco das operações sujeitas à variação do preço de ações e classifi cadas na carteira de negociação;

PACS

- risco das operações sujeitas à variação do preço de ações e classifi cadas na carteira de negociação;

POPR

- parcela referente ao risco operacional.

Manter PR sufi ciente para fazer face ao risco de taxa de ju-ros das operações não incluídas na carteira de negociação.

Considera-se exposição:

• Aplicação de recursos em bens e direitos;

• Gasto ou a despesa registrados no ativo;

• O compromisso de crédito não cancelável;

• A prestação de aval, fi ança, coobrigação ou qualquer ou-tra modalidade de garantia pessoa;

• Derivativo de crédito;

• Ganho potencial futuro, decorrente de derivativos;

• Adiatamento concedido, incusive o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC).

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DIFERENÇAS ENTRE O CAPITAL REGULATÓRIO E O CAPITAL ECONÔMICO

• Políticas e Estratégias - A consideração do capital regulatório tem como principal fi nalidade, a sua adequação para atender os requisitos da supervisão, enquanto a do capital econômico tem a ampliação da sua dimensão, ser-vindo como ferramenta de planejamento, de medida de performance e de precifi cação das operações.

• Organização e Governança - Ambos devem ser gerenciados e coordenados pela estrutura de gestão de riscos.

• Mensuração e Metodologia -

Risco de Crédito: há similaridade na captura e a apuração dos parâmetros.

Risco de Mercado: gestão de ativos e passivos pode ser capturada pelo conceito de capital econômico.

Risco Operacional: o capital regulamentar tem infl uenciado avanços na mensuração dos riscos operacionais que por sua vez já estão sendo utilizados na abordagem de capital econômico.

Agregação de Riscos: ao contrário do capital econômico, o regulamentar não considera o efeito de diversifi cação de riscos, não considerando a correlação entre as diversas categorias de riscos.

• Dados e Sistemas – Há elevada sobreposição de informações para riscos de crédito nas diferentes necessidades de acompanhamento, análise estratifi cada, apurações, garantias e mitigadores, exigindo qualidade de modelagem e complexidade das ferramentas e sistemas.

Circular 3360, de 12.09.2007 | Procedimentos para cálculo do PRE

ExposiçõesFator de Ponderação

de Risco (FPR)

0%

20%

35%

50%

• Operações com os organismos multilaterais de Desenvolvimento (EMD) listados na Circular 3360 (Ex: Banco Mun-dial, BID, FMI, etc.) e cuja câmara de liquidação seja contraparte central.

• Operações com vencimento em até três meses, em moeda nacional, realizadas com insttuições autoizadas a funcio-nar pelo BACEN, com as quais não sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas.

• Financiamentos para aquisição de imóvel residencial ou alienação fi duciária do imóvel fi nanciado, cujo contrato seja infeior a 50% do valor de avaliação da garantia.• Certifi cados de Recebíveis Imobiliários (CRI) com lastro nas operações de fi nanciamento de imóvel descritas acima.

• Operações com instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN, com as quais não sejam elaboradas demonstra-ções contábeis em bases consolidadas.• Operações com governos centrais de países estrangeiros e respectivos bancos centrais, desde que respeitadas as condições da Circular 3360.• Operações com instituições fi nanceiras sediadas nos países aderentes às consições da Circular 3360.• Operações de crédito com câmaras ou restadores de serviços de compensação e de liquidação.• Financiamentos para aquisição de imóvel residencial ou alienação fi duciária do imóvel fi nanciado, cujo contrato esteja entre 50% e 80% do valor de avaliação da garantia.• Certifi cados de Recebíveis Imobiliários (CRI) com lastro nas operações de fi nanciamento de imóvel descritas acima e instituídas dentro do regime fi duciário.• Certifi cados de Recebíveis Imobiliários (CRI) com lastro nas operações de fi nanciamento de imóvel cujo contrato esteja até 50% do valor de avaliação da garantia e não tenham sido instituídas dentro do regime fi duciário.• Financiamentos para a construção de imóveis.• Operações de crédito concedidas ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

75%Operações de varejo:

• Contraparte seja pessoa natural ou pessoa jurídica de direto privado de pequeno porte (receita bruta anual até R$ 2,4 milhões;• Instrumento fi nanceiro típico de varejo;• Valor das operações com uma mesma contraparte inferior a 0,2% (dois décimos por cento) do montante das operações de varejo;• Valor das operações com uma mesma contraparte inferior a R$ 400 mil.

100%• Exposições para as quais não haja FPR especifíco estabelecido.• Exposições relativas a aplicações em cotas de fundos de investimento.

300% • Exposições realtivas aos créditos tributários não excluídos para fi ns do cálculo do Patrimônio de Referência (PR).

Mitigador de RiscoA utilização de instrumento mitigador de risco de crédito faculta a aplicação de FPR específi co à parcela da ex-posição coberta pelo respectivo instrumento, devendo ser aplicado à parcela remanescente da exposição o FPR correspondente às suas características originais.

GESTÃO DE CAPITAL |

Page 22: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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ABRANGÊNCIA

Visando estabelecer aderência ao ambiente regulatório, há que se entender claramente que todas as instituições autorizadas a funcionar pelo BC, exceto as empresas de consórcio, devem possuir uma estrutura composta por um grupo de áreas e processos que visem entender, controlar, gerir e coordenar os riscos de crédito envolvidos nas ati-vidades operacionais das entidades fi nanceiras, não só individualmente, mas também nas posições consolidadas pelo “conglomerado”.

Pelo artigo 3º, a determinação da implantação da estrutura de Gerenciamento de Risco de Crédito deve atingir todas as empresas fi nanceiras e não fi nanceiras que possuam exposição direta ou indireta sobre riscos de crédito e que possam vir a afetar o fl uxo de caixa ou o patrimônio da instituição líder, a exemplo de: Bancos (sejam estes múltiplos ou em cada um de seus seguimentos, Comercial ou Investimentos), Corretora de valores, D.T.V.M., Asset Management, Seguradoras, Empresas de Previdência, Securitizadoras, Fundos e Empresas de Propósito Específi co, Administradoras de Cartão de Crédito, Promotoras de Vendas (desde que possuam operações ou atividades que acarretem risco de crédito de forma indireta), Empresas de Investimento, dentre outras instituições.

ESCOPO

A instalação desta estrutura de gestão é legal e mandatória (obrigatória). Sua abrangência é destinada a todas as empresas que, de forma consolidada, direta ou indiretamente incorram em risco de crédito. Para que se torne efetiva, é necessário que possua um “patrocinador” consciente e atuante, que participe da alta administração da instituição ou do conglomerado e tenha peso político para disseminar as políticas, ações e cultura a todos os níveis hierárquicos. Adicionalmente, a governança corporativa aplicada em cada instituição deve assegurar que haja au-tonomia e responsabilidade das áreas de gestão de risco. A base jurídica para tais afi rmações encontra-se no artigo 1º, parágrafos 1º e 2º da resolução.

DEFINIÇÃO DE RISCO DE CRÉDITO

Risco de Crédito é defi nido pelo artigo 2º como a possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao não cumpri-mento de suas respectivas obrigações fi nanceiras nos termos pactuados, pelo tomador ou contraparte, à desvalori-zação do contrato de crédito decorrente da deterioração na classifi cação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação.

A defi nição de risco de crédito compreende: o risco da contraparte, que se traduz como a possibilidade de não cumprimento, por determinada contraparte, de obrigações relativas à liquidação de operações que envolvam a negociação de ativos fi nanceiros, incluindo aquelas relativas à liquidação de instrumentos fi nanceiros derivativos; o risco país, visto como a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações fi nanceiras nos termos pactuados por tomador ou contraparte localizada fora do País, em decorrência de ações realizadas pelo governo do país onde localizado o tomador ou contraparte; e ainda o risco de transferência, que é a possibilidade de ocorrência de entraves na conversão cambial dos valores recebidos.

3RESOLUÇÃO 3.721

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DESTINATÁRIOS DA RESOLUÇÃO

A “Estrutura de Gestão de Riscos de Crédito”, referenciada no artigo 1º da Resolução, é item de cumprimento obri-gatório. Sua abrangência contempla todas as operações que estejam sujeitas ao risco de crédito, tanto as que com-ponham a carteira de negociação, bem como as que não são contempladas nessa modalidade, como as posições estruturais e eventuais operações que sirvam como proteção contra o risco de mercado ou de fl uxo de caixa dessas exposições (hedging)3.

As exposições provenientes desta estrutura, após a reconciliação com os dados contábeis, constituirão a base de cálculo do capital regulamentar, ou a parcela referente às exposições ponderadas pelo fator de ponderação de risco a elas atribuído (PEPR), conforme ponderadores de risco e metodologias determinadas pela Circular 3.360/07, para o MPS, atualmente em vigor.

O trabalho produzido pela estrutura deverá permitir que haja o total conhecimento e controle do risco de crédito incorrido que permita a prevenção de perdas e a prevenção de perdas associadas ao risco de crédito e o provisio-namento (alocação de capital) para cobrir essas possíveis perdas.

Em linha com o seu porte e a complexidade das suas operações, cada instituição deve optar pela melhor abor-dagem na avaliação do seu capital regulamentar. Com base nos seus riscos, custos de observância, controles e limitações de alavancagem, deverá decidir cumprir as condições simples de adequação (modelo simplifi cado) ou deverá por segurança, pelos benefícios na efi ciência operacional e na otimização de alocação de capital, seguir por condições mais sofi sticadas, como por exemplo, as apontadas pelo Comunicado 18.365/09 para utilização das abordagens baseadas na classifi cação interna das exposições de risco de crédito.

Na prática, muito embora se esteja falando de risco de crédito, é essencial que a Estrutura de Gestão de Risco faça parte de um processo consistente e integrado de administração de riscos, independentemente do porte da insti-tuição. Essa integração deve abraçar todas as áreas e processos que estejam envolvidos na gestão de riscos, quer sejam legais, de mercado, liquidez, operacional, ou outros fatores.

3. Segundo os normativos, são elegíveis à classifi cação na carteira de negociação, as operações com instrumentos fi nanceiros e mer-cadorias, inclusive derivativos, detidas com a intenção de negociação ou destinadas a hedge de outros elementos da carteira de negociação, e que não estejam sujeitas à limitação da sua negociabilidade.

RESOLUÇÃO 3.721 |

Risco dacontraparte

Risco datransferência

Risco país

Garantias

Contratos

Possibilidade de não cumprimento, por determinada contraparte, de obrigações relativas à liquidação de operações que envolvam a negociação de ativos fi nanceiros, incluindo aquelas relativas à liquidação de instrumentos fi nanceiros derivativos.

Possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações fi nanceiras nos ter-mos pactuados por tomador ou contraparte localizada fora do País, em decorrência de ações realizadas pelo governo do país onde localizado o tomador ou contraparte.

Possibilidade de ocorrência de entraves na conversão cambial dos valores recebidos.

Possibilidade de ocorrência de desembolsos para honrar avais, fi anças, coobrigações, com-promissos de crédito ou outras operações de natureza semelhante.

Possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações fi nanceiras nos ter-mos pactuados por parte intermediadora ou convenente de operações de crédito.

Page 24: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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Áreas como de Análise e Concessão de Crédito, Controles Internos, Compliance, Auditoria Interna, ou que (depen-dendo de cada instituição) estejam interconectadas a esse sistema de gestão de riscos, devem sempre estar em linha e participar na discussão e estabelecimento de políticas, bem como estar aparelhadas com ferramentas, siste-mas e processos, que possibilitem alinhamento perfeito com a estratégia da administração de risco.

Deve-se, também, observar que o organograma funcional e a qualifi cação dos profi ssionais envolvidos neste con-junto de áreas, sejam condizentes com as suas obrigações e deveres. Como apontado no artigo 12º, há a necessida-de de indicação de um diretor para quem sejam imputadas responsabilidades no caso de intervenção e liquidação das instituições fi nanceiras, conforme apontam as leis 6.024/74 e 9.447/97. Assim, a alta administração é a principal responsável na condução de todas essas equipes, tendo que assumir a liderança do processo, pois o benefício fi nal obtido é representado por um aproveitamento mais efi ciente do capital. Evidenciadas essas boas práticas na estrutura, o número de apontamentos por parte das auditorias independentes, dos órgãos supervisores, das fi sca-lizações certamente será bem menor, o que implicará na redução de custos no atendimento rotineiro e periódico a essas entidades.

FATORES CRÍTICOS

• Para que as atividades da estrutura de gestão de risco sejam exercidas com sucesso, é imprescindível que o depar-tamento de riscos possua uma linha de reporte que preserve a sua independência. Não menos importante, é que se tenha uma integração da gestão de riscos (Mercado, Liquidez, Operacional e Crédito) e que os objetivos sejam encampados e incentivados pela alta administração. Suas responsabilidades são apontadas em todos os manuais de boas práticas, legislações sobre o assunto e inclusive na própria Resolução 3.721/09.

• Assim, a boa gestão do risco de crédito deve envolver a participação ativa de outras unidades, como as de audi-toria interna, controles internos, compliance, de análise e concessão de crédito, fi nanças, controladoria, recursos humanos, jurídico, dentre outras. É salutar que todas participem da discussão e aprovação das políticas que cons-tituem os normativos internos das instituições e também contribuam para a disseminação da cultura de risco para todos os níveis hierárquicos.

GESTÃO INTEGRADA DE RISCOS

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BASE LEGAL

RESOLUÇÃO 3.721, de 30 de Abril de 2009.

Dispõe sobre a implementação de estrutura e gerenciamento do risco de crédito

O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o Conselho Monetário Nacional, em sessão realizada em 30 de abril de 2009, com base nos arts. 4º, inciso VIII, da referida lei, 2º, inciso VI, 8º e 9º da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, e 20 da Lei nº 4.864, de 29 de novembro de 1965, na Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.132, de 26 de outubro de 1983, na Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.524, de 24 de setembro de 2007, e no art. 6º do Decreto-lei nº 759, de 12 de agosto de 1969,

RESOLVEU:

Art. 1º As instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem implementar estrutura de gerenciamento do risco de crédito compatível com a natureza das suas operações e a com-plexidade dos produtos e serviços oferecidos e proporcional à dimensão da exposição ao risco de crédito da instituição.

Parágrafo 1º - A estrutura a que se refere o “caput” deve possibilitar o gerenciamento contínuo e integrado do risco de crédito, tanto das operações classifi cadas na carteira de negociação, de que trata a Resolução nº 3464, de 26 de junho de 2007, quanto das operações não classifi cadas na carteira de negociação.

Parágrafo 2º - O disposto nesta resolução não se aplica às administradoras de consórcio, cuja estrutura de gerenciamento do risco de crédito seguirá as normas editadas pelo Banco Central do Brasil no exercício de sua competência legal.

Defi nição de Risco de Crédito

Art. 2º Para os efeitos desta resolução, defi ne-se o risco de crédito como a possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações fi nanceiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da deterioração na classifi cação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação.

Parágrafo único - A defi nição de risco de crédito compreende, entre outros:

I - o risco de crédito da contraparte, entendido como a possibilidade de não cumprimento, por determinada con-traparte, de obrigações relativas à liquidação de operações que envolvam a negociação de ativos fi nanceiros, incluindo aquelas relativas à liquidação de instrumentos fi nanceiros derivativos;

II - o risco país, entendido como a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações fi nan-ceiras nos termos pactuados por tomador ou contraparte localizada fora do País, em decorrência de ações reali-zadas pelo governo do país onde localizado o tomador ou contraparte, e o risco de transferência, entendido como a possibilidade de ocorrência de entraves na conversão cambial dos valores recebidos;

III - a possibilidade de ocorrência de desembolsos para honrar avais, fi anças, coobrigações, compromissos de crédi-to ou outras operações de natureza semelhante;

IV - a possibilidade de perdas associadas ao não cumprimento de obrigações fi nanceiras nos termos pactuados por parte intermediadora ou convenente de operações de crédito.

Escopo

Art. 3º A estrutura de gerenciamento do risco de crédito deve permitir a identifi cação, a mensuração, o controle e a mitigação dos riscos associados a cada instituição individualmente e ao conglomerado fi nanceiro, conforme

25RESOLUÇÃO 3.721 |

Page 26: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF), bem como a identifi cação e o acompa-nhamento dos riscos associados às demais empresas integrantes do consolidado econômico-fi nanceiro, defi nido na Resolução nº 2723, de 31 de maio de 2000, com a alteração introduzida pela Resolução nº 2743, de 28 de junho de 2000.

Estrutura de Gerenciamento de Risco de Crédito

Art. 4º A estrutura de gerenciamento do risco de crédito deve prever:

I - políticas e estratégias para o gerenciamento do risco de crédito claramente documentadas, que estabeleçam limites operacionais, mecanismos de mitigação de risco e procedimentos destinados a manter a exposição ao risco de crédito em níveis considerados aceitáveis pela administração da instituição;

II - adequada validação dos sistemas, modelos e procedimentos internos utilizados para gestão do risco de crédito;

III - estimação, segundo critérios consistentes e prudentes, das perdas associadas ao risco de crédito, bem como comparação dos valores estimados com as perdas efetivamente observadas;

IV - procedimentos para a recuperação de créditos;

V - sistemas, rotinas e procedimentos para identifi car, mensurar, controlar e mitigar a exposição ao risco de crédito, tanto em nível individual quanto em nível agregado de operações com características semelhantes, os quais de-vem abranger, no mínimo, as fontes relevantes de risco de crédito, a identifi cação do tomador ou contraparte, a concentração do risco e a forma de agregação das operações;

VI - adequação dos níveis de Patrimônio de Referência (PR), de que trata a Resolução nº 3444, de 28 de fevereiro de 2007, e de provisionamento compatíveis com o risco de crédito assumido pela instituição;

VII - avaliação das operações sujeitas ao risco de crédito, que leve em conta as condições de mercado, as perspectivas ma-croeconômicas, as mudanças em mercados e produtos e os efeitos de concentração setorial e geográfi ca, entre outros;

VIII - avaliação adequada quanto à retenção de riscos em operações de venda ou de transferência de ativos fi nanceiros;

IX - mensuração adequada do risco de crédito de contraparte advindo de instrumentos fi nanceiros derivativos e demais instrumentos fi nanceiros complexos;

X - estabelecimento de limites para a realização de operações sujeitas ao risco de crédito, tanto em nível individual quanto em nível agregado de grupo com interesse econômico comum e de tomadores ou contrapartes com ca-racterísticas semelhantes;

XI - estabelecimento de critérios e procedimentos claramente defi nidos e documentados, acessíveis aos envolvidos no processo de concessão e gestão de crédito, para:

a) análise prévia, realização e repactuação de operações sujeitas ao risco de crédito;

b) coleta e documentação das informações necessárias para a completa compreensão do risco de crédito envol-vido nas operações;

c) avaliação periódica do grau de sufi ciência das garantias;

d) detecção de indícios e prevenção da deterioração da qualidade de operações, com base no risco de crédito;

e) tratamento das exceções aos limites estabelecidos para a realização de operações sujeitas ao risco de crédito;

XII - classifi cação das operações sujeitas ao risco de crédito em categorias, com base em critérios consistentes e passíveis de verifi cação, segundo os seguintes aspectos:

a) situação econômico-fi nanceira, bem como outras informações cadastrais atualizadas do tomador ou contraparte;

b) utilização de instrumentos que proporcionem efetiva mitigação do risco de crédito associado à operação;

c) período de atraso no cumprimento das obrigações fi nanceiras nos termos pactuados;

XIII - avaliação prévia de novas modalidades de operação com respeito ao risco de crédito e verifi cação da adequa-ção dos procedimentos e controles adotados pela instituição;

XIV - realização de simulações de condições extremas (testes de estresse), englobando ciclos econômicos, altera-ção das condições de mercado e de liquidez, inclusive da quebra de premissas, cujos resultados devem ser consi-derados quando do estabelecimento ou revisão das políticas e limites;

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Page 27: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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XV - emissão de relatórios gerenciais periódicos para a administração da instituição, acerca do desempenho do gerenciamento do risco em decorrência das políticas e estratégias adotadas;

XVI - práticas para garantir que exceções à política, aos procedimentos e aos limites estabelecidos sejam relatadas apropriadamente;

XVII - documentação e armazenamento de informações referentes às perdas associadas ao risco de crédito, inclu-sive aquelas relacionadas à recuperação de crédito.

Parágrafo 1º - As políticas e as estratégias para o gerenciamento do risco de crédito de que trata o inciso I devem ser aprovadas e revisadas, no mínimo anualmente, pela diretoria da instituição e pelo conselho de administração, se houver, a fi m de determinar sua compatibilidade com os objetivos da instituição e com as condições de mercado.

Parágrafo 2º - A documentação relativa à implementação da estrutura de gerenciamento de risco de crédito e às políticas e estratégias adotadas deve ser mantida na instituição à disposição do Banco Central do Brasil.

Parágrafo 3º - Os sistemas, rotinas e procedimentos de que trata o inciso V devem ser reavaliados, no mínimo, anualmente.

Art. 5º As instituições mencionadas no art. 1º devem manter quantidade sufi ciente de profi ssionais tecnicamente qualifi cados em suas áreas de concessão de crédito e intermediação de títulos, valores mobiliários e derivativos.

Art. 6º A diretoria da instituição e o conselho de administração, se houver, devem assegurar-se de que a estrutura remuneratória adotada não incentive comportamentos incompatíveis com um nível de risco considerado pruden-te nas políticas e estratégias de longo prazo adotadas pela instituição.

Transparência

Art. 7º A descrição da estrutura de gerenciamento do risco de crédito deve ser evidenciada em relatório de acesso público, com periodicidade mínima anual.

Parágrafo 1º - O conselho de administração ou, na sua inexistência, a diretoria da instituição deve fazer constar do relatório mencionado no “caput” sua responsabilidade pelas informações divulgadas.

Parágrafo 2º - As instituições mencionadas no art. 1º devem publicar, em conjunto com as demonstrações con-tábeis, resumo da descrição de sua estrutura de gerenciamento do risco de crédito, indicando a localização do relatório citado no “caput”.

Unidade Responsável pelo Gerenciamento de Risco de Crédito

Art. 8º A atividade de gerenciamento do risco de crédito deve ser executada por unidade específi ca nas institui-ções de que trata o art. 1º.

Parágrafo 1º - A unidade a que se refere o “caput” deve ser segregada das unidades de negociação e da unidade executora da atividade de auditoria interna, de que trata o art. 2º da Resolução nº 2554, de 24 de setembro de 1998, com a redação dada pela Resolução nº 3056, de 19 de dezembro de 2002.

Parágrafo 2º - Os sistemas e modelos utilizados na gestão do risco de crédito devem ser adequadamente compre-endidos pelos integrantes da unidade de que trata o “caput”, mesmo que desenvolvidos por terceiros.

Art. 9º Admite-se a constituição de uma única unidade responsável:

27RESOLUÇÃO 3.721 |

Page 28: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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I - pelo gerenciamento do risco de crédito do conglomerado fi nanceiro e das respectivas instituições integrantes;

II - pelas atividades de identifi cação e acompanhamento do risco de crédito das empresas nãofi nanceiras inte-grantes do consolidado econômico-fi nanceiro.

Art. 10 Admite-se a constituição de uma única unidade responsável pelo gerenciamento do risco de crédito de sistema cooperativo de crédito localizada em qualquer entidade supervisionada pelo Banco Central do Brasil inte-grante do respectivo sistema.

Disposições Finais

Art. 11 O disposto no art. 10 aplica-se à unidade responsável pelo gerenciamento do risco operacional, de que tra-ta a Resolução nº 3380, de 29 de junho de 2006, e à unidade responsável pelo gerenciamento do risco de mercado, de que trata a Resolução nº 3464, de 2007.

Art. 12 As instituições mencionadas no art. 1º devem indicar diretor responsável pelo gerenciamento do risco de crédito.

Parágrafo 1º - Para fi ns da responsabilidade de que trata o “caput”, admite-se que o diretor indicado desempenhe outras funções na instituição, exceto as relativas à administração de recursos de terceiros e realização de operações sujeitas ao risco de crédito.

Parágrafo 2º - Para as instituições integrantes de conglomerado que tenham optado pela constituição de estrutura única de gerenciamento de risco nos termos do art. 9º apenas a instituição na qual está localizada a mencionada estrutura deve indicar diretor responsável.

Art. 13 A estrutura de gerenciamento do risco de crédito deverá ser implementada até 29 de outubro de 2010, observado o seguinte cronograma:

I - até 30 de outubro de 2009: indicação do diretor responsável e defi nição da estrutura organizacional para im-plementação do gerenciamento do risco de crédito;

II - até 30 de abril de 2010: defi nição da política institucional, dos processos, dos procedimentos e dos sistemas necessários à sua efetiva implementação;

III - até 29 de outubro de 2010: efetiva implementação da estrutura de gerenciamento de risco de crédito.

Parágrafo único - As defi nições mencionadas nos incisos I e II deverão ser aprovadas pela diretoria das institui-ções de que trata o art. 1º e pelo conselho de administração, se houver.

Art. 14 O Banco Central do Brasil poderá:

I - determinar a adoção de controles e procedimentos adicionais, estabelecendo prazo para sua implementação, caso entenda inadequado ou insufi ciente o gerenciamento do risco de crédito implementado pelas instituições mencionadas no art. 1º;

II - imputar limites operacionais mais restritivos à instituição que deixar de observar, no prazo estabelecido, a determinação de que trata o inciso I.

Art. 15 Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2009.Henrique de Campos Meirelles

Presidente

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Risco de

crédito

PONTOS DE ATENÇÃO

Boas práticas de governança corporativa sugerem uma estrutura de gerenciamento de risco de crédito diretamen-te subordinada à alta administração da instituição, a fi m de que a autonomia necessária seja garantida.

A Resolução 3.721 determina a indicação de um diretor responsável pelo gerenciamento de risco de crédito. Admi-te-se que o diretor exerça outras funções na instituição, contudo, para evitar que haja confl itos de interesse, a nor-mativa reforça a necessidade de que tal estrutura seja independente das áreas responsáveis nos processos decisó-rios de crédito e/ou operações sujeitas ao risco de crédito, tais como: Área de Crédito, Área Comercial e Tesouraria.

Ainda que as atribuições das áreas de Análise e Concessão de Crédito e Gestão de Risco de Crédito devam ser inde-pendentes, operacionalmente precisam trabalhar como equipes, interligadas pelas políticas internas e aplicação das atividades descritas nos manuais.

Como já apontado, cabe a cada instituição fi nanceira, dependendo do seu porte, produtos e serviços que ofereça, do grau de complexidade das suas operações, optar por um modelo de gestão do risco de crédito simplifi cado ou avançado, adequando sua estrutura às especifi cidades próprias.

ETAPAS DE UM PROCESSO DECISÓRIO DE CRÉDITO

A ampla abrangência do artigo 4º da Resolução 3.721, possibilita o entendimento das principais etapas do proces-so decisório de concessão, acompanhamento e gestão do risco de crédito das exposições.

4 ESTRUTURA DE GERENCIAMENTODE RISCO DE CRÉDITO

ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO |

POLÍTICAS E PROCEDIMENTOS

ESTRUTURA DE COMITÊS

Modelos de crédito

Aprovação

de crédito

Processamento

Acompanhamento

ComercialCliente Liquidação

Cobrança

Recuperação

Bases de dados de

crédito

Compliance/ Controles Internos

Auditoria Interna

“Fronteiras” de segregação

Page 30: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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Essa estrutura deve cercar-se de ferramentas, corpo profi ssional e sistema de informação capaz de suportá-la, mi-nimamente, na geração de informações determinadas pelo Banco Central e requisitadas pela alta administração. Da mesma forma, esse sistema de informação deve ser adequado ao grau de sofi sticação e exposição ao risco da instituição. Quanto mais qualifi cada a gestão, mais efi ciente será a alocação de capital. Assim, maiores serão as possibilidades de se obter resultados econômicos sustentáveis.

Assim sendo, o processo decisório deverá contemplar as seguintes condições:

• Deve ter condições de maior controle, dimensionamento e identifi cação dos riscos de crédito;

• Deve manter foco na gestão das carteiras;

• Deve ter ferramentas que possibilitem desenvolver inteligência, sistemas e modelos de acompanhamento para tomadas de decisão assertivas;

• Deve ter gestão efetiva, que permita o cálculo das provisões, alocações e reservas de capital.

FLUXO DO COMITÊ DE RISCO

A alta administração deve estabelecer estratégias de gestão, que determine os limites de exposição adequados ao perfi l de risco aceito e compreendido pelos acionistas, observados os limites legais estabelecidos.

Para tanto, as políticas devem ser transparentes, discutidas por todas as áreas envolvidas no Comitê de Risco de Crédito. Tais regras devem ser utilizadas em atendimento às rotinas operacionais, subsidiando as atividades envol-vidas nos canais de concessão de crédito, desde o momento da proposta, passando pela avaliação e concessão, até serem contabilizadas na carteira de ativos do conglomerado.

Os membros do Comitê devem discutir e aprovar as políticas, metodologias de apuração e métodos de acompanha-mento das exposições, existentes nos diferentes tipos de ativos, bem como avaliar os impactos no âmbito do conglo-merado econômico-fi nanceiro. Adicionalmente, a alta administração deve chancelar tais procedimentos adotados.

Através de ferramentas adequadas, confi áveis e baseadas nos modelos e metodologias aprovados, os limites de ex-posição estabelecidos devem ser monitorados continuamente. Os modelos de acompanhamento e a metodologia de apuração devem ser facilmente interpretáveis aos funcionários que tenham acesso aos relatórios e os utilizem como ferramenta de trabalho.

A alta administração deve ter uma postura pró-ativa, oferecendo suporte às recomendações do Comitê de Gestão de Risco de Crédito. Como recíproca, o comitê deve propor iniciativas à alta administração, bem como todas as áreas envolvidas no fl uxo de concessão de crédito, no que diz respeito às: ferramentas, controles, processos de gerenciamento do risco do tomador e do risco das carteiras, e ações de cobrança e recuperação.

As estratégias de cobrança, os métodos de monitoramento e mensuração, as métricas de recuperação, bem como a execução das políticas, estarão sob a responsabilidade de áreas especifi cas. Todavia, todos os procedimentos deverão ser geridos e orientados pelo Comitê de Risco de Crédito e ser submetidos à área de Auditoria.

Page 31: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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ETAPAS DO CICLO DE CRÉDITO

Concessão

Para que uma estrutura de gerenciamento de risco de crédito possa atuar, há necessidade que os riscos sejam evi-denciados, a fi m de que possam ser monitorados, relatados e gerenciados. A área de análise e concessão de crédito recebe, processa e encaminha a demanda, de forma a dar início à etapa de gestão.

A área de análise e concessão, apesar de ser independente e segregada da estrutura de gerenciamento dos riscos, constitui o suporte básico de qualidade e segurança dos riscos de crédito dentro do conglomerado; é a primeira etapa envolvida no processo decisório.

Tal área deve estar preparada não só para as rotinas normais de análise de cadastros, balanços e demonstrações fi nanceiras da contraparte, mas também necessita estar munida de ferramentas, políticas e modelos totalmente harmônicos em relação às outras áreas envolvidas na gestão de risco.

A área de crédito deve utilizar modelos estatísticos, como credit score e análises econômico-fi nanceiras de empre-sas, em consonância com as regras de classifi cação especifi cadas nas políticas.

Finalmente, para que a análise, concessão e monitoramento dos limites de crédito sejam efi cazes, se faz necessário que nas políticas haja a defi nição das alçadas e responsabilidades de cada executor.

Formalização

Os responsáveis pela formalização devem verifi car a documentação, os contratos e suas garantias, bem como de-vem emitir relatórios adequados para uma boa análise interpretativa. Ademais, esta estrutura de formalização deve ser isenta e desvinculada da área comercial.

O processo de formalização é iniciado na apuração e elaboração de dados cadastrais, mediante confi rmação documen-tal. Após, ocorre a inserção dos dados nos sistemas operacionais, sendo as informações contabilizadas. A área jurídica deve avaliar de forma contínua o desenvolvimento da operação, garantindo que a esta esteja de acordo com os precei-tos predefi nidos no contrato celebrado. Isso também se refere às garantias que constituem a segurança da operação.

Monitoramento

Deve-se reavaliar continuamente o crédito, de forma que eventuais alterações do comportamento e performance dos clientes permitam identifi car a deterioração da capacidade de pagamento. Isso pode ser realizado através de políticas similares a do “Conheça seu Cliente” e de relatórios periódicos gerenciais de visita.

Os procedimentos adotados pela área de monitoramento devem estar alinhados com as técnicas e princípios utili-zados na prevenção e controle de lavagem de dinheiro e fi nanciamento ao terrorismo. Finalmente, o setor de moni-toramento deve garantir que os limites de crédito estabelecidos sejam cumpridos. Ressalta-se que esses processos devem estar previstos nas políticas previamente discutidas e aprovadas.

Além disso, devemos ressaltar a Resolução 2.682/99, que estabelece de forma mandatória esse monitoramento. Polí-ticas de análise de crédito devidamente amparadas pela avaliação econômica, fi nanceira e patrimonial dos clientes e dos conglomerados econômicos, devem classifi car a carteira de crédito da instituição de maneira consolidada, esta-

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belecendo assim, os ratings classifi catórios. Quando a entidade não possui claramente esta metodologia de avaliação, a resolução orienta que a classifi cação por rating ocorra de acordo com a pontualidade dos clientes.

Portanto, a conciliação entre o modelo interno de avaliação e a Resolução 2.682/99 deve estar de forma clara e consistente nos relatórios e nas evidências de controle.

Ainda nessa fase, deve ter-se uma defi nição clara de critérios de cobrança, visando pleno acompanhamento de vencimentos e atrasos. Procedimentos de cobrança devem ser defi nidos nas políticas internas e podem contem-plar em seu rol: notifi cações, protestos cartoriais, cobranças extrajudiciais e judiciais, bem como acordos, sendo que neste último caso, outras áreas de conhecimento técnico devem ser envolvidas, como o departamento jurídico e de formalização.

Perdas e Inadimplência

Quando uma ou mais operações entram em posição real de risco (inadimplência) os modelos de monitoramento e relatórios de controle devem proporcionar a avaliação e interpretação desse risco, tanto quanto os valores em ex-posição, os limites tomados e em aberto (com e sem possibilidade contratual de uso), a posição de deterioração da situação econômico-fi nanceira das partes envolvidas e ainda uma trajetória comportamental que elenque dados desde a análise na concessão e sua evolução até o estágio atual.

Recuperação

As políticas discutidas e aprovadas devem incluir os processos, procedimentos e as áreas envolvidas, na tentativa de recuperação de créditos inadimplidos ou em estágio de perda.

Esse controle deve ser estabelecido mediante a utilização de relatórios comportamentais, contábeis e fi nanceiros, que apontem os percentuais de recuperação (com ou sem garantias), mitigadores de riscos e apuração de seus custos diretos (valores efetivamente perdidos) e indiretos (ações necessárias na tentativa de recuperação).

FATORES CRÍTICOS

• A área de análise e concessão de crédito funciona como a porta de entrada para os modelos de risco de crédito, orbitando constantemente na estrutura de gestão do risco, em si.

• Sua interação com as políticas, critérios, ferramentas e modelos de gestão de risco de crédito, deve ser harmônica face à área de gestão de riscos de crédito, pois ao analisar e conceder um crédito, este deve nascer inteiramente ligado às políticas e aos modelos que serão acompanhados pela área de gestão.

• Não basta ter políticas, e estabelecer regras na condução e gestão dos riscos de créditos existentes nas empresas que compõem o conglomerado. Há que se estabelecer na análise e concessão do crédito, processos e ações que preparem de forma organizada, as evidências e bases de dados que serão utilizadas pelas áreas de gestão de riscos de crédito, controles internos e auditoria.

• Como ponto chave de partida para estabelecer qualidade dos ativos tem-se o desenvolvimento de uma área bem estruturada, com analistas experientes, treinados tanto nas análises fi nanceiras, patrimoniais, conjunturais, como sócio-econômicas.

• Por meio de critérios consistentes e prudentes, a estimação das perdas associadas ao risco de crédito e a compa-ração dos valores estimados com as perdas efetivas devem garantir a proteção do patrimônio das instituições e o cumprimento das exigências legais.

• Em termos de redução consistente da exposição ao risco de crédito das operações ativas, deve-se observar de forma atenta e focada a mitigação direta dos níveis de inadimplência.

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• De acordo com os preceitos de Basiléia II, as técnicas de mitigação de risco exercem uma função essencial no cálculo de requerimento de capital. Os instrumentos e técnicas de mitigação de risco de crédito devem sempre ser avaliados, ampliados e melhorados.

• Assim, a gestão e acompanhamento dos modelos (em produção) visam garantir estabilidade e poder preditivo.

• Nunca esquecer a Resolução 2.682/99, pois estabelecer qualidade e categorias dos riscos dos ativos ainda é a ma-neira mais simples de acompanhamento, não só quanto ao nível de atraso, mas também quanto à qualidade dos clientes e suas garantias, face às situações no mundo microeconômico em que se estabeleceram.

ATRIBUIÇÕES

Aprovação e Revisão de Políticas de Gestão de Risco de Crédito

Com a edição da Resolução 2.554/98, fortaleceu-se a importância do tema dos controles internos. Aprofundou-se então, a necessidade que as políticas operacionais fossem documentadas e estruturadas. O compêndio das políti-cas é o arcabouço dos mecanismos de autorregulamentação das instituições, oportunamente discutido e aprova-do por todas as áreas de um conglomerado e sua alta administração, de forma que a cultura de gestão de risco e controles seja disseminada em todos os níveis hierárquicos da instituição.

Cabe a cada instituição fi nanceira a decisão de manter estruturas separadas, ou não, de políticas que possibilitem a interação entre todas as empresas do conglomerado, sem que apresente confl itos de interesse ou de gestão.

No que tange à estrutura de gestão de risco de crédito, suas políticas e procedimentos, tais como a análise e con-cessão do crédito, sua mitigação, recuperação de eventuais perdas, sistemas, ferramentas e demais ações práticas e operacionais, essas devem ser acompanhadas e no mínimo anualmente aprovadas pela alta administração da instituição líder do conglomerado ou aquela que estiver sendo a responsável frente aos órgãos supervisores.

A estrutura deve garantir que as políticas institucionais sejam claras, abrangentes e bem documentadas, de forma a estabelecer inequivocamente os limites operacionais, os mitigadores de riscos, as regras de repactuação das operações, as formas de coleta das informações necessárias para a devida compreensão do risco, visando garantir uma avaliação periódica do grau de sufi ciência das garantias, a detecção de indícios e a prevenção da deterioração da qualidade do crédito.

Em suma, as principais atribuições da estrutura são as seguintes:

• Documentação organizada com as estratégias e políticas, para os limites operacionais, de mitigação de risco, de recuperação de crédito, e de exceções. Estabelecer critérios, responsabilidades e alçadas, no processo e procedimento.

• Estimação das perdas associadas à exposição de risco e a comparação com as perdas efetivamente observadas;

• Gerenciamento das exposições ao risco, de maneira individual ou agregada;

• Cálculo das provisões adequado aos riscos de crédito contabilizados.

Ferramentas, Sistemas, Modelos e Procedimentos Operacionais

Para que a Estrutura de Gestão de Risco de Crédito e todas as áreas envolvidas no processo possam atender às atribuições elencadas, devem ser desenvolvidos sistemas e ferramentas adequados ao grau de sofi sticação de cada instituição.

Se necessário, consultorias especializadas podem auxiliar na criação de projetos estruturados e focados na gestão de riscos de crédito.

As ferramentas, sistemas, modelos e procedimentos operacionais devem permitir as seguintes ações:

• Analisar o impacto das mudanças de condições de mercado, dos cenários macroeconômicos, dos efeitos das concentrações setoriais no portfólio de crédito;

ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO |

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• Realizar testes de estresse, que levem em conta o comportamento dos ciclos econômicos, as alterações das condições de mercado e liquidez, cujos resultados devem ser considerados na política estratégica de negócios;

• Padronizar a classifi cação das operações, com base nos mitigadores de risco, acompanhando a performance da carteira;

• Manter interação direta com a unidade de riscos de mercado, com plataformas tecnológicas que suportem a formação e manutenção de bases de dados históricas de desempenho, com possibilidade de extração de dados; a geração de relatórios de produção e estratégicos, que tenham indicadores chave de desempenho, que conte-nham sinais de alerta e modelos compatíveis às exigências de Basiléia; atendimento às normas de Compliance;

• Gerir a mitigação direta do risco de inadimplência, permitindo uma alocação de capital mais efi ciente e uma precifi cação adequada das carteiras;

• Identifi car na transferência ou venda de ativos fi nanceiros quais operações há, ou não, retenção substancial de riscos;

• Criar rotinas que permitam a apuração dos riscos em operações mais complexas.

RECURSOS HUMANOS

A área de Recursos Humanos deve auxiliar a estrutura da gestão do risco de crédito, viabilizando que o quadro de colaboradores esteja capacitado tecnicamente – através de programas de educação continuada, com rotinas de reciclagem de conhecimento –, e que a remuneração esteja de acordo com as responsabilidades assumidas, visan-do às práticas de mercado.

Com o objetivo de adequar o arcabouço regulatório às boas práticas bancárias internacionais, o CMN através da Resolução 3.921/10, especifi cou as diretrizes para a defi nição das políticas de remuneração dos administradores. Tais políticas devem permitir o fortalecimento dos mecanismos de governança corporativa e serem compatíveis com uma prudente fi losofi a de gerenciamento de riscos.

O normativo é aplicável às instituições fi nanceiras e demais companhias autorizadas a funcionar pelo Banco Cen-tral, exceto: cooperativas de crédito, sociedades de crédito ao micro-empreendedor e à empresa de pequeno porte.

A resolução tem como principais objetivos:

• Alinhar as políticas de remuneração com os riscos assumidos pelas instituições fi nanceiras;

• Desestimular comportamentos capazes de levar a exposição ao risco das instituições fi nanceiras para níveis impróprios no curto, médio e longo prazo;

• Atribuir remuneração adequada aos administradores das áreas de controles internos e de gestão de riscos.

Destaca-se que a norma autoriza o BC a solicitar, em qualquer tempo, que a instituição fi nanceira demonstre que os incentivos proporcionados no âmbito de seu sistema de remuneração de administradores levem em consideração os aspectos de gestão de riscos, de adequação de capital e liquidez.

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35ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE CRÉDITO |

• Defi nição do apetite ao risco e das estratégias para risco de crédito• Diretor responsável pelo gerenciamento de risco de crédito• Acompanhamento sistemático da exposição

Alta Administração

Estrutura

de Comitês

Unidade de

Gerenciamento de

Risco de Crédito

Unidade de

Validação

Controles Internos/

Compliance

Auditoria Interna

• Decisões colegiadas• Níveis de alçada para aprovação de riscos acima dos limites estabelecidos• Acompanhamento da exposição

• Identifi cação, mensuração e controle• Desenvolvimento de metodologias, padrões e modelos• Geração de relatórios gerenciais e executivos• Segregação para manutenção da independência

• Validação independente dos modelos quantitativos utilizados para mensuração da exposição• Segregação para manutenção da independência

• Defi nição do marco de controles internos• Validação da estrutura de controles internos associada aos processos de crédito e degerenciamento de risco de crédito• Segregação para manutenção da independência

• Revisão independente do processo de gerenciamento de risco de crédito considerandoaspectos qualitativos e quantitativos• Segregação para manutenção da independência

RESPONSABILIDADES

Dentro do processo de Gestão do Risco de Crédito, cada área deve assumir algumas responsabilidades, de acordo com os seus níveis de ação e atuação, conforme segue:

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O processo de transparência é de fundamental importância para as instituições fi nanceiras. O Pilar III do segundo acordo de Basiléia refere-se ao papel da disciplina de mercado que implicou em um aumento das responsabilida-des de credores, depositantes e investidores na imposição de limites operacionais. Assim, as diretrizes do acordo estabelecem as exigências para a disponibilização de dados, de forma a aumentar as oportunidades de que os stakeholders possam exercer pressão sobre as instituições.

Assim, é cada vez mais necessário que as instituições fi nanceiras disponibilizem informações contábeis de alta qua-lidade, transparentes e comparáveis, que sejam compreendidas por reguladores, analistas fi nanceiros, investidores, auditores, contabilistas e demais usuários, independentemente de sua origem e localização.

Os bancos e as grandes instituições fi nanceiras devem divulgar ao público, regularmente, informações qualitativas e quantitativas referentes à gestão de riscos e à adequação de capital às exposições. Conforme a Circular 3.477/09, as informações devem ser divulgadas no próprio site da instituição.

Dentro da política de divulgação de informações, algumas peculiaridades devem ser observadas, a saber:

• Especifi cação das informações a serem divulgadas;

• Sistema de controles internos aplicados ao processo de divulgação de informações;

• Estabelecimento de processo contínuo de confi rmação da fi dedignidade das informações divulgadas e da ade-quação do seu conteúdo;

• Critérios de relevância utilizados para divulgação de informações, com base nas necessidades de usuários ex-ternos para fi ns de decisões de natureza econômica.

Apesar da elevação dos custos de observância para atender os requisitos mencionados, existem pontos positivos na aplicação destes, pois diminui a assimetria das informações e melhora a compreensão do perfi l de risco das instituições, o que pode possibilitar o aumento nos níveis da concorrência.

Contudo, a abertura e transparência das informações implicam em alguns pontos polêmicos, tais como: a obrigação de fornecimento de informações confi denciais estratégicas, eventuais distorções em relação aos dados disponibili-zados com base em critérios distintos, e uma maior complexidade dos relatórios, o que difi culta a comparabilidade.

No que se refere à Resolução 3.721, em seu artigo 7º, é expressa a obrigatoriedade da divulgação da estrutura de gerenciamento de risco. A publicidade deve ser efetuada através de um relatório, de cunho público e com periodi-cidade anual. Deve especifi car a responsabilidade do Conselho de Administração, e na falta deste, da Diretoria – no que se refere à verossimilhança das informações divulgadas.

Quanto ao conteúdo do relatório periódico, é desejável que alguns requisitos sejam atendidos:

• Descrição resumida das operações de crédito da instituição;

• Resumo explicativo da estratifi cação dos níveis de risco aplicados às operações;

• Metodologia aplicada para a avaliação da exposição ao risco e da perda esperada associada;

• Resumo explicativo das hipóteses assumidas na aplicação de testes com cenários de estresse;

• Monitoramento utilizado na avaliação de performance das garantias.

5 TRANSPARÊNCIA E DISPONIBILIZAÇÃO DE DADOS

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Independentemente do porte e da abrangência de atuação da instituição, suas atividades, políticas, processos, procedimentos e sistemas devem ser devidamente implantados, e aplicados adequadamente às diversas áreas e níveis hierárquicos, a fi m de que seja devidamente coordenada a gestão de risco de crédito.

As instituições que apresentarem efetivo controle e aderência à resolução em foco, já estarão cumprindo e satisfa-zendo às expectativas dos supervisores legais, acionistas, investidores e clientes.

Porém, as instituições de maior porte – ou que detenham operações de maior complexidade, maior gama de pro-dutos, atuação internacional, ou ainda, importância sistêmica –, podem e devem se candidatar ao estabelecimento de controles internos mais rigorosos, a fi m de garantir e salvaguardar o seu patrimônio.

Internal Ratings Based - IRB

O Acordo de Basiléia II revisou a abordagem para avaliação do risco de crédito, que além da alternativa padroniza-da, admite a utilização de alternativas mais avançadas, baseadas em classifi cações internas de risco, comumente, denominadas Internal Ratings Based (IRB).

A Abordagem IRB é fundamentada na estimativa de perdas não esperadas, que servirão como base para deter-minar a exigência de capital cujo cálculo ainda dependerá dos seguintes parâmetros: Exposição no Momento do Descumprimento (EAD); Probabilidade de Descumprimento (PD); Perdas Dado o Descumprimento (LGD); Prazo Efetivo de Vencimento (M).

Ainda dentro do IRB, as instituições podem optar por um estágio mais básico (foundation) ou por um mais avan-çado (advanced). No primeiro, as instituições só são responsáveis pelo cálculo da probabilidade de inadimplência enquanto os outros parâmetros são defi nidos pelo órgão supervisor. Já no estágio mais avançado, os bancos são responsáveis pela defi nição de todos os parâmetros.

Por meio do Comunicado 18.365/09, o BC facultou a utilização das abordagens mais avançadas. Para fi m da PEPR, cabe ao regulador estabelecer as regras de cálculo para cada uma das categorias de exposição, relativas à aborda-gem IRB e ao tratamento das estruturas de securitização.

O modelo IRB é aplicado às exposições não classifi cadas na carteira de negociação e às de negociação sujeitas ao risco de contraparte. As exposições não apuradas pela metodologia continuarão a ser apuradas no formato padro-nizado com a aplicação dos fatores de ponderação de risco defi nidos pelo BC. Pelo IRB, as operações devem ser se-gregadas nas categorias: entidades soberanas, instituições fi nanceiras, varejo, participações societárias e atacado.

O BC, através do edital nº 37, colocou em audiência pública uma minuta que dispõe sobre a utilização de sistemas internos de risco de crédito que se valem da abordagem supramencionada. A regulamentação proposta estabele-ce requisitos específi cos de governança, atribuindo responsabilidades ao Conselho de Administração ou a um co-mitê específi co – por ele designado, bem como para a alta administração das instituições. É também exigida a com-provação de que os referidos sistemas tenham o seu uso integrado às atividades de concessão e acompanhamento de crédito, de forma contínua e abrangente, garantindo o alinhamento das práticas de gerenciamento de risco.

Vale destacar que as instituições fi nanceiras não devem preocupar-se apenas em cumprir os requisitos mínimos es-tabelecidos pelo supervisor bancário. Mas, também, devem ponderar as vantagens e desvantagens para a adesão da abordagem IRB. Como contrapartida do evidente aumento do custo operacional, o valor empregado pode se tornar um investimento, trazendo benefícios em termos de efi ciência operacional. Com isso, as instituições terão melhores condi-ções para administrar o seu capital com base em conceitos mais apurados de risco, gerando mais valor aos acionistas.

Assim sendo, seguem fatores a observar na decisão pela Abordagem IRB:

6 USO DE SISTEMAS INTERNOSDE RISCO DE CRÉDITO

USO DE SISTEMAS INTERNOS DE RISCO DE CRÉDITO |

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Fatores Internos

• Aprimoramento das funções de gestão de informações gerenciais;

• Melhora da efi ciência comercial (agilidade, confi abilidade e objetividade na tomada de decisões);

• Maior efi ciência nos processos (economia de custos);

• Fortalecimento estratégico da área de gestão de risco;

• Ampliação da integração entre as áreas de Controladoria e Riscos;

• Integração do capital na gestão, aprimorando o equilíbrio entre rentabilidade e risco;

• Alinhamento da gestão de desempenho face aos riscos assumidos.

Fatores Externos

• Melhoria da competitividade;

• Atendimento às expectativas do Banco Central (regulador) para a melhoria da gestão de riscos;

• Ampliação da percepção do mercado, mediante avaliação de risco junto às agências de rating, o que pode reduzir os custos de captação.

Plano de Implantação

Defi nição por parte da IF de utilização do IRB, estrutura e recursos alocados para cumprimento do objetivo e governança do projeto:

Auto-avaliação(Self assessment)

Dossiê de Candidatura

Diagnóstico antecipado dos gaps existentes e estabelecimento de plano de ação visando a mitigar o risco de comprometimento do cronograma de entrada do conglomerado no IRB, frente aos principais requisitos:

Conjunto de documentações a ser entregue ao BACEN atestando cumprimento dos requerimentos mínimos, completude e adequação da IF aos requisitos normatizados para Gestão do Risco de crédito, tendo como principais vertentes:

Geral:• Descrição detalhada das empresas integrantes do grupo fi nanceiro, atividades, nível de conso-lidações contábeis, importância e exposições atuais;• Governança interna com descrição dos papéis e responsabilidades, função das áreas envolvidas na gestão e controle de riscos e Comitês estabe-lecidos;• Área responsável pelo desenvolvimento e vali-dação de modelos internos;• Plano estratégico e recursos materiais, TI, recur-sos humanos e auditoria envolvidos para execu-ção do projeto.

Pilar 1:• Requisitos específi cos a serem aplicados a cada categoria e sub-categoria de ativos e unidades de negócios;• Percentual de exposições com cobertura de ga-rantias e condições de tratamento do IRB;• Exposições com modelos desenvolvidos e sis-temas utilizados;• Mecanismos de verifi cação da veracidade e in-tegridade das informações.

Pilar 2:• Planos para tratamento de exposições não in-clusas no Pilar 1;• com base nos riscos;• Processo de cálculo de capital;• Concentrações de exposições e análise de cenários.

Pilar 3:• Gaps entre as informações atualmente publica-das e as necessárias futuramente.

• Critérios e sistemas para segregação das expo-sições não classifi cadas ba carteira de negocia-ção e carteira de negociação sujeita ao risco de crédito da contraparte;• Classifi cação das exposições segundo crité-rios, limites de valores e categorias defi nido pelo normativo:

• entidades soberanas,• Varejo: residencial, crédito rotativo de varejo qualifi cado, demais exposições de varejo• participações societárias,• Atacado: exposições de pessoa física não en-quadradas no Varejo e SME (pequenas e médias empresas), fi nanciamentos especializados.

• Captura de informações necessárias ao cálculo dos parâmentros de riscos: PD (probabilidade e Descumprimento); EAD (exposição no momento do descumprimento) e M (prazo efetivo de ven-cimento);• Segregação e classifi cação das exposições den-tro dos limites fi xados• Critérios de renegociação por categoria e sub-categoria;• Testes de estresse;• Provisionamento e cálculo do capital.

Governança e atribuição de

responsabilidades

Governança

Sistemas

Políticas eProcedimentos

Processos e Controle Interno

}Modelos

Testes de usoCálculo do Capital

Qualitativa

QuantitativaValidação e Auditoria

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Passos para uma adequada implantação do modelo IRB:

• Estabelecimento da estratégia de implementação em acordo com as defi nições legais e mandatórias, que subli-nhe os benefícios estratégicos, operacionais e mercadológicos, com base em estudos de impacto quantitativo;

• Defi nição de um plano de trabalho, contendo o mapeamento de todos os processos;

• Dimensionamento dos recursos necessários e avaliação da estrutura organizacional compatível;

• Designação de um responsável para coordenação e gestão das áreas envolvidas, que reporte a evolução dos projetos;

• Patrocínio e participação da alta administração.

A transição do modelo básico de gestão do risco de crédito para o modelo IRB, requer o cumprimento de alguns requisitos adicionais:

• Emissão de relatórios gerenciais periódicos, acerca do desempenho da gestão do risco em decorrência das políticas e estratégias adotadas;

• Documentação e armazenamento de informações referentes às perdas associadas ao risco de crédito, inclusive aquelas relacionadas à recuperação de ativos;

• Administração do risco de forma ampla e estratégica através da geração de Indicadores – Chave de gestão;

• Construção de banco de dados analítico para preparação para os modelos avançados.

USO DE SISTEMAS INTERNOS DE RISCO DE CRÉDITO |

TIPOS DE ABORDAGENS

IRB Avançada: exposições classifi cadas como “ Soberano”, “IF”, “ Varejo” e “Atacado”

IRB Básica: exposições classifi cadas como “ Soberano”, “IF” e “Atacado”

Simplifi cadaVaRPD/L GD

exposições classifi cadascomo “participações societárias”

Classifi cação Interna - IRBFórmula do supervisor exposições de “securitização”

Requisitos

Decisão:

Modelos/ parâmetros de Riscos Validação Qualitativa

PD - Probabilidade de Descumprimento

EAD - Exposição no Momento do Descumprimento

LGD - Perda Dado o Descumprimento

M - Prazo Efetivo de Vencimento

Validação Quantitativa

Metodologias consistentes amparadas em decisões, estratégia de gestão, políticas e procedimentos.

Integração dos parâmetros de risco à estrutura de gerenciamento de risco, com utilização conjunta dos limites defi nidos para medir,

monitorar e controlar as exposiçõesMensuração,

considerando

características

do tomador e

da operação:

Infraestrutura tecnólogica e controles compatíveis com acomplexidade dos produtos e dimensão das exposições

Validação do processo de estimativasinterna dos parâmetros de riscos

Avaliação conservadora de novos produtose negócios em descontinuação

Quantidade sufi ciente de profi ssionais tecnicamente qualifi cadosEquipe

Documentação

Documentação descritiva adequada e atualizada sobre todos os aspectos relevantes dos sistemas, abrangendo no mínimo: políticas e estratégias adotadas, fundamentação teórica, meto-dologias de avaliação, mensuração e monitoramento, tratamento de novos produtos, segmentação de carteira e critérios de clas-sifi cação, defi nições internas de atraso, perda, descumprimento, controles internos, rotinas operacionais, relatórios de avaliação e riscos, histórico de alterações em sistemas.

O uso das abordagens IRB para

alguma categoria de exposição,

implica na adoção, em parte

ou no todo, para a categoria

de “participações societárias”

e especifi camente no caso do

Atacado, para a subcategoria de

“fi nanciamento especializado”

Dossiê de Candidatura

O Dossiê de Candidatura deve reunir todas as documentações necessárias à comprovação e cumprimento dos normativos, e é a base para a análise do Banco Central para aceitação da insti-tuição fi nanceira aos modelos IRB.

Em particular, será necessária a vali-dação interna dos modelos e sistemas de tecnologia da informação, no que se refere à abrangência, consistência e adequação ao perfi l de risco das expo-sições das instituições fi nanceiras.

De modo a conseguir a aprovação por parte do supervisor, algumas etapas devem ser observadas, conforme ilus-trado a seguir:

Page 40: Manual Resolução 3.721 - Risco de Crédito

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A primeira consideração diz respeito à criação de um amplo entendimento sobre os conceitos discutidos em todo documento. No que diz respeito à aplicação das recomendações que envolvem a gestão de risco de crédito e dos mecanismos de governança corporativa, há necessidade de maior envolvimento do corpo diretivo.

Há que se adquirir a capacidade de identifi car, consolidar e medir riscos, tanto do ponto de vista regulamentar, quanto do ponto de vista econômico. Sublinha-se a importância de um acompanhamento rigoroso do capital econômico para fazer frente às eventuais perdas oriundas e não esperadas das operações de crédito. Sem o enten-dimento prévio desses conceitos básicos pelos principais agentes envolvidos, a efi ciência do processo de gestão de capital pode restar comprometida.

A segunda refere-se à difi culdade em obter uma gestão integrada de risco, que simultaneamente contemple os riscos de crédito, mercado, liquidez, gestão de ativos e passivos, operacional e estratégico. Da mesma forma, se faz necessária uma melhor coordenação da gestão do capital econômico e regulatório.

Sob o ponto de vista de capital econômico, apesar dos avanços tecnológicos e das modelagens, a alocação de capi-tal para riscos de crédito ainda não se encontra no mesmo estágio que o tratamento do risco de mercado, porque há grandes difi culdades na obtenção e sistematização dos dados.

Vale comentar que, no caso brasileiro, a possibilidade de utilização de modelos internos para alocação de capital para operações de crédito ainda se encontra na fase consultiva.

A terceira diz respeito ao monitoramento contínuo da evolução do capital requerido por unidade e/ou produtos e serviços que servirá de base para o acompanhamento e comparação do retorno adicionado ao acionista por uni-dade e/ou produto e serviço. Para tal, há que se defi nir internamente algum Índice de Efi ciência, compatível com o tamanho e complexidade de cada instituição. Esse indicador mediria o retorno com base na combinação de alguns parâmetros, como capital regulamentar alocado ou o risco assumido. Logicamente, esse tipo de análise apresenta algumas difi culdades práticas, contudo cada instituição deve desenvolver e implantar suas próprias metodologias, voltadas aos seus interesses específi cos, e adaptadas à sua própria realidade.

A capacidade de cada instituição em estabelecer e padronizar internamente algum Índice de Efi ciência como sen-do sua medida de retorno adicionado ao acionista é importante para um processo de alocação de capital com pró--atividade. Isto faz parte do processo de aprendizado mencionado no primeiro parágrafo desta seção.

Salienta-se que nenhum Índice de Efi ciência é perfeito, invariavelmente apresentando vantagens e desvantagens em relação a outros índices. Uma vez escolhido o indicador, várias utilidades posteriores à sua adoção são criadas, como por exemplo, uma medição de forma padronizada da gratifi cação de executivos e ainda decisões de investi-mento de capital em certas unidades, em detrimento de outras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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PESQUISA DOS ESTÁGIOSDA GESTÃO DE RISCO - DELOITTE

A pesquisa, que abaixo será descrita, fornece uma avaliação de um grupo de instituições fi nanceiras associadas à ABBC – Associação Brasileira de Bancos, no que diz respeito ao atual estágio e aos principais desafi os do gerencia-mento de risco de crédito.

A recente crise fi nanceira, o acirramento competitivo no mercado de crédito e o endurecimento nas diretrizes traçadas pelos reguladores têm como refl exo o aumento da importância das áreas de gestão de risco das instituições fi nanceiras.

O questionário aplicado a essa amostra abordou os principais aspectos da Resolução 3.721 e adicionalmente con-templou outros fatores que possam subsidiar as instituições fi nanceiras em futuras discussões como, por exemplo, implantação de modelos internos. Essa pesquisa inclui respostas de aproximadamente 30 instituições fi nanceiras que possuem o seguinte perfi l:

Um dos temas abordados foi o da governança corporativa. Como destacado nesse caderno, esse aspecto é de suma importância para que o funcionamento efi ciente da estrutura de gerenciamento de risco de crédito. Adicionalmen-te, avaliou-se outros pontos como metodologias, ferramentas, comunicação, reporte, modelos internos e alocação de capital de forma a ampliar a discussão sobre a estrutura de gerenciamento de risco de crédito.

Houve um amplo consenso entre as instituições participantes da pesquisa sobre a importância da governança para o gerenciamento de risco de crédito. Aproximadamente, 94% dos executivos responderam que existem nas respectivas instituições fi nanceiras a segregação das atividades unidades de negociação, da unidade executora da atividade de auditoria interna com as atividade de gerenciamento do risco de crédito

Outro aspecto abordado foi o da responsabilidade do diretor de risco de crédito. Conforme a Resolução 3.721, admite-se que o diretor indicado desempenhe outras funções na instituição, exceto as relativas à administração de recursos

Comercial

Financeira

Múltiplo

Tipo de Instituição Tipo de Administração

Privada

Pública

Tipo de Capital Líquido (em reais mil) Patrimônio líquido da Instituição fi nanceira/

conglomerado em reais mil (R$):

Estrangeiro

Misto

NacionalDe 5.000.000 a 10.000.000

De 1.000.000 a 5.000.000

De 500.000 a 1.000.000

Abaixo de 500.000

PESQUISA DOS ESTÁGIOS DA GESTÃO DE RISCO - DELOITTE |

Tipo de Administração

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de terceiros e realização de operações sujeitas ao risco de crédito. Diante desse cenário, 71% das instituições fi nan-ceiras sinalizaram o cumprimento desse aspecto na norma. Adicionalmente, 70% das respostas apontaram que os diretores de risco de crédito são também responsáveis pelos gerenciamentos de riscos de mercado e operacional.

A estrutura de gerenciamento de riscos de crédito é segregada das atividades unidades de negociação, concessão de crédito e da unidade executora da atividade de auditoria interna?

O diretor de risco de crédito desempenha outras funções na instituição?

Caso positivo, o diretor de risco de crédito desempenha que tipo de função na instituição?

Em linha, aos questionamentos feitos anteriormente, a pesquisa se aprofundou na estrutura da área de geren-ciamento de risco de crédito abordando a dedicação exclusiva e a quantidade de profi ssionais envolvidos neste processo nas instituições fi nanceiras.

Não

Sim

Função com envolvimento no processo de crédito

Função com envolvimento no processo de gestão de riscos (operacional e mercado)

Outras

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Quantos profi ssionais se dedicam exclusivamente às atividades da estrutura de gerenciamento de risco de crédito?

A pesquisa também abordou as principais difi culdades das instituições fi nanceiras na estruturação da área de ge-renciamento de risco de crédito e os executivos apontaram os seguintes aspectos:

• Identifi cação/Contratação de profi ssionais capacitados

• Custos elevados

• Insufi ciência de base de dados

• Sistemas e processos inadequados

A estrutura de gerenciamento do risco de crédito deve prever, conforme a Resolução 3.721, as políticas e estraté-gias para o gerenciamento do risco de crédito claramente documentadas, que estabeleçam limites operacionais, mecanismos de mitigação de risco e procedimentos destinados a manter a exposição ao risco de crédito em ní-veis considerados aceitáveis pela administração da instituição. Adicionalmente, as políticas e as estratégias para o gerenciamento do risco de crédito devem ser aprovadas e revisadas, no mínimo anualmente, pela diretoria da instituição e pelo conselho de administração, se houver, a fi m de determinar sua compatibilidade com os objetivos da instituição e com as condições de mercado. Os questionamentos realizados aos executivos e as respectivas res-postas sobres os aspectos mencionados acima foram:

A instituição possui estratégia de Risco de Crédito defi nida e formalizada?

De 1 a 3

De 4 a 6

De 7 a 10

de 11 a 20

Mais de 20

Defi nida, porém não formalizada

Não

Sim

PESQUISA DOS ESTÁGIOS DA GESTÃO DE RISCO - DELOITTE |

Os profi ssionais da estrutura de risco de crédito são destinados exclusivamente às atividades desta área?

nais se dedicam exclusivamente às atividad

m abordou as principais dificuldades das i

g

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Adicionalmente, a estrutura de risco de crédito e o processo de crédito estão formalizados e atualizados em 94% das instituições fi nanceiras associadas a ABBC conforme gráfi co abaixo:

A estrutura de risco de crédito e o processo de crédito estão formalizados e atualizados?

Conforme abordado nesse manual, a formalização de critérios e procedimentos não está somente focada somente na política de gerenciamento de risco de crédito, mas também em outros aspectos como por exemplo:

• Recuperação de créditos.

• Avaliação das operações sujeitas ao risco de crédito.

• Avaliação prévia de novas modalidades de operação e de novos mercados em relação ao risco de crédito.

• Práticas adotadas para garantir que exceções à política, procedimentos e limites estabelecidos sejam relatadas apropriadamente.

• Relatório de acesso público.

• Processo de concessão e gestão de crédito.

• Classifi cação das operações sujeitas ao risco de crédito em categorias.

• Critérios para estimativa das perdas associadas ao risco de crédito.

• Avaliação periódica do grau de sufi ciência das garantias.

• Detecção de indícios e prevenção da deterioração da qualidade de operações, com base no risco de crédito.

• Tratamento das exceções aos limites estabelecidos para a realização de operações sujeitas ao risco de crédito.

Qual a periodicidade de revisão/atualizaçãodas políticas de gerenciamento de risco?

Qual a periodicidade mínima na divulgaçãodas informações e relatórios?

Anualmente ou menos

Bianualmente

Somente quando ocorrem alterações

Ainda não foram emitidos

Mensal

Semanal

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A estruturação dos relatórios é de suma importância para a divulgação efi ciente do processo de risco de crédito e deve abordar entre outros aspectos:

Sob a ótica de percepção de impacto da Resolução 3.721 nas instituições fi nanceiras participantes da pesquisa, aproximadamente 52% dos executivos apontaram um aumento da infl uência da área de risco de crédito na orga-nização enquanto que para 48% não houve alteração.

Desde a publicação da resolução a infl uência da área de risco de crédito na organização:

A participação efetiva da Alta Administração para a disseminação da cultura de risco dentro das instituições fi nan-ceiras foi um dos aspectos abordados na pesquisa de Gerenciamento de Risco de Crédito da ABBC. O gráfi co abaixo demonstra o grau de participação da Alta Administração:

Aumentou

Aumentou signifi cativamente

Manteve-se

Baixo

Elevada

Razoável

PESQUISA DOS ESTÁGIOS DA GESTÃO DE RISCO - DELOITTE |

Ser Tempestivos

Risco datransferência

Risco país

• Gerenciamento de riscos é uma disciplina proativa - tempo deteriora o valor dos relatórios de risco• Relatórios devem ser tempestivos e refl etir as posições atuais

• Gerenciamento de riscos não é uma ciência exata - relatórios de risco devem possuir nível razoá-vel de precisão (complexidade em função de limitações teóricas/práticas)• Relatórios devem ser o mais precisos possível de forma a assegurar a credibilidade

• Gerenciamento de riscos envolve uma grande quantidade de variáveis - relatórios de risco devem consti-tuir uma ferramenta para análise e tomada de decisões objetivas sobre os aspectos mais relevantes• Relatórios devem destacar informações relevantes como: concentração, tendências, evolução, rela-ção risco x retorno.

Risco paísSer Razoavelmente

Precisos

Risco datransferência

Destacar Aspectos

Relevantes

Incluir Comentários

Explicativos

Ser Concisos

• Inclusão de comentários e notas explicativas enfatizando os principais aspectos observados• Concisão e objetividade nos comentários - sem prejudicar a tempestade do relatório

• Relatórios executivos com informação esencial• Informação analítica mediante necessidade de drill down das informações

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Nesta pesquisa, os gestores foram questionados sobre a participação da Alta Administração em reuniões envol-vendo o assunto de risco de crédito. Aproximadamente nas 90% das instituições fi nanceiras participantes, a Alta Administração está envolvida em reuniões com esse tema.

A alta administração participa de reuniões envolvendo o assunto de risco de crédito?

O percentual reduz para 65 % em relação à visão da área de Risco de Crédito como fonte geradora de vantagem competitiva.

A área de risco de crédito é vista como fonte geradora de vantagem competitiva?

Em relação ao tema “Lançamentos de Novos Produtos”, aproximadamente 80% das instituições responderam que há o envolvimento da área de Risco de Crédito.

Há a participação da área de Risco de Crédito no processo de lançamento de todos os novos produtos?

O envolvimento da área de Risco de Crédito neste tema deve contemplar entre outros aspectos:

• Defi nição de política corporativa, defi nindo o processo, papéis e responsabilidades.

• Envolvimento da área de gerenciamento de riscos na aprovação prévia de novos produtos e modalidades que gerem risco de crédito.

p

l d d

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

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47

• Simulações para estimação do impacto das futuras operações na exposição de risco de crédito e capital regulatório.

• Defi nição de mecanismos para controlar as novas operações de acordo com as estratégias defi nidas, incluindo estrutura de limites e alçadas.

• Acompanhamento dos negócios gerados em relações as estimativas e planejamento.

• Formalização dos passos executados para aprovação do novo produto / modalidade.

Conforme mencionado anteriormente, outros aspectos foram contemplados na pesquisa:

• Garantias

• Base de Dados

• Reavaliação dos sistemas, rotinas e procedimentos

• Modelos Internos

Em relação aos mitigadores de riscos, os executivos responderam que aproximadamente 70 % das instituições utilizam as garantias prestadas como mitigadores do capital regulatório.

Anualmente

Bianualmente

Mensalmente ou menos

Nunca

Trianualmente ou mais

Não

Sim

Adicionalmente, as instituições fi nanceiras participan-tes da pesquisa de Gerenciamento de Risco de Crédito avaliaram a periodicidade de avaliação periódica do grau de sufi ciência das garantias.

Mais da metade (55%) das instituições fi nanceiras par-ticipantes responderam que não possuem uma base de dados implantada com a documentação e arma-zenamento de informações referentes às perdas asso-ciadas ao risco de crédito, incluindo às relacionadas à recuperação de crédito.

Não

Sim

PESQUISA DOS ESTÁGIOS DA GESTÃO DE RISCO - DELOITTE |

stadas como mitigadores do capital reg

tuições financeiras participan- Mais

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A pesquisa questionou os executivos participantes sobre a adequada validação dos sistemas, modelos e procedi-mentos internos sob a ótica da participação da auditoria ou unidade de validação e a periodicidade de reavaliação dos mesmos. Os resultados obtidos foram:

Não

Sim

Em paralelo ao questionamento mencionado anteriomente, os executivos apontaram na pesquisa da ABBC que as principais ferramentas utilizadas na gestão de risco de crédito são:

• Datawarehouse

• Pacote Offi ce

• Sistemas de mercado

• Sistemas próprios

Conforme descrito nesse manual, a adoção de modelos internos produz os seguintes benefícios:

• Maior efi ciência nos processos (economia de custos)

• Fortalecimento estratégico da área de gestão de risco;

• Ampliação da integração entre as áreas de Controladoria e Riscos;

• Integração do capital na gestão, aprimorando o equilíbrio entre rentabilidade e risco;

• Alinhamento da gestão de desempenho face aos riscos assumidos.

• Melhoria da competitividade;

• Atendimento às expectativas do Banco Central (regulador) para a melhoria da gestão de riscos;

• Melhor percepção do mercado, mediante avaliação de risco junto às agências de rating, o que pode reduzir os custos de captação.

O cronograma de Auditoria e/ou Validação incluematividades na área de Risco de Crédito?

Qual a periodicidade de reavaliação dos sistemas, rotinas e procedimentos?

Anualmente

Bianualmente

Semestralmente

Somente quandoocorrem alterações

Em relação à intenção de utilização futura de modelos internos para a apuração do capital regulatório de risco de crédito, uma parcela expressiva de executivos manifestou o não interesse na aplicação de abordagens mais avançadas, ou ainda que boa parte das insti-tuições considere que os benefícios superam os custos de implantação.

Não

Sim

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Como foi possível observar, as Resoluções do Banco Central que tratam da normatização de Basiléia no Brasil en-fatizam fortemente a importância do uso e pleno conhecimento sobre os modelos internos de classifi cação de risco, sejam de clientes pessoa física – consumidores ou sócios de empresas, ou pessoa jurídica. Para a construção de modelos de PD, LGD ou EAD com o máximo de assertividade, os dados são a fonte fundamental e devem ser tratados com o máximo de rigorosidade e diligência.

Aliados das instituições fi nanceiras, os bancos de dados caminham bem ao lado da produtividade. Quando traba-lhados da maneira correta, eles provêm as informações que rentabilizam todo o sistema corporativo e que apoiam o ciclo de negócios. Um bom banco de dados oferece desde o mapeamento do relacionamento com clientes e for-necedores, até a construção de robustos e confi áveis modelos de escoragem, na realização de estudos analíticos da carteira, opera na segmentação e ações de marketing ou mesmo de recuperação de créditos, auxilia na criação de novos produtos, enfi m, a lista de oportunidades geradas a partir de um banco de dados bem delineado é infi nda, e seu uso reforça o compromisso da instituição com o processo de melhoria contínua.

Motivos como esses são os direcionadores das organizações na realização de grandes investimentos para a cons-trução, blindagem e manutenção de seus valorosos bancos de dados. Alguns cuidados essenciais devem ser em-pregados para evitar armadilhas, como por exemplo, a construção de bases completas, porém pouco funcionais ou de baixa performance, que tenham difi culdade de acesso ou que possuam informações não-relevantes ou in-coerentes. Cada vez mais envoltas nessa realidade, as instituições fi nanceiras miram ao uso dos dados de forma massiva e já fl ertam até com o uso de dados não-estruturados (informações provenientes da internet, como das redes sociais, por exemplo) para algumas iniciativas internas.

Auditorias e controle de qualidade são fundamentais na manutenção de uma base de dados confi ável, pois, sobre-tudo, tais atitudes serão geradoras de um “porto seguro” para a construção dos modelos de classifi cação de risco que serão validados junto ao Banco Central do Brasil, dentro do processo regulatório da Resolução 3.721.

Outrossim, é sabido que a completeza e qualidade de dados são grandes geradores de diferencial competitivo. Permitem que os modelos de classifi cação de risco tenham alta assertividade e qualquer percentual extra na ca-pacidade de discriminar os bons dos maus clientes traduz-se em ganhos fi nanceiros para a instituição, que podem variar de alguns milhares a muitos milhões de Reais, dependendo da carteira escorada.

Uma tendência que vem se consolidando é a de mesclar os dados internos com dados de mercado (provenien-tes de birôs), para a construção de modelos de classifi cação de risco mais assertivos. Parte-se do princípio que a instituição conhece o relacionamento da empresa, sócios ou dos consumidores consigo e que isso pode ser com-plementado por informações do birô, que conhece o relacionamento desses com o mercado de uma forma geral.

Dentro das resoluções que regem as recomendações de Basiléia no Brasil, é permitido que os modelos internos de classifi cação de risco possuam informações de fontes externas, desde que essas não sejam variáveis dominantes do modelo interno. Também é importante destacar que a fonte externa (o birô, por exemplo) deve estar preparada no atendimento dos requerimentos das resoluções de Basiléia, provendo à instituição fi nanceira segurança na valida-ção dos modelos perante o regulador. Isso é possível a partir de disponibilização de relatórios de monitoramento dos modelos e de documentação técnica específi ca, em linha com as recomendações legais.

IMPORTÂNCIA DO BANCO DE DADOSSERASA EXPERIAN

IMPORTÂNCIA DO BANCO DE DADOS SERASA EXPERIAN |

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ALTAIMPORTÂNCIA

MÉDIAIMPORTÂNCIA

BAIXAIMPORTÂNCIA

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RESOLUCAO 2.554, 24 de setembro de 1998.Dispõe sobre a implantação e implementação de sistema de controles internos

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31.12.64, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 24.09.98, tendo em vista o disposto no art. 4º, inciso VIII, da refe-rida Lei, nos arts. 9º e 10 da Lei nº 4.728, de 14.07.65, e na Lei nº 6.099, de 12.09.74, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.132, de 26.10.83,

RESOLVEU:

Art. 1º Determinar às instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil a implantação e a implementação de controles internos voltados para as atividades por elas desenvolvi-das, seus sistemas de informações fi nanceiras, operacionais e gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares a elas aplicáveis. Parágrafo 1º Os controles internos, independentemente do porte da instituição, devem ser efetivos e consisten-tes com a natureza, complexidade e risco das operações por ela realizadas. Parágrafo 2º São de responsabilidade da diretoria da instituição: I - a implantação e a implementação de uma estrutura de controles internos efetiva mediante a defi nição de ati-vidades de controle para todos os níveis de negócios da instituição; II - o estabelecimento dos objetivos e procedimentos pertinentes aos mesmos; III - a verifi cação sistemática da adoção e do cumprimento dos procedimentos defi nidos em função do disposto no inciso II.

Art. 2º Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem prever: I - a defi nição de responsabilidades dentro da instituição; II - a segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de forma a que seja evitado o confl ito de interesses, bem como meios de minimizar e monitorar adequadamente áreas identifi cadas como de potencial confl ito da espécie; III - meios de identifi car e avaliar fatores internos e externos que possam afetar adversamente a realização dos objetivos da instituição; IV - a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o correspondente nível de atuação, o acesso a confi áveis, tempestivas e compreensíveis informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades; V - a contínua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da instituição; VI - o acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de forma a que se possa avaliar se os ob-jetivos da instituição estão sendo alcançados, se os limites estabelecidos e as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo cumpridos, bem como a assegurar que quaisquer desvios possam ser prontamente corrigidos; VII - a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em especial para os manti-dos em meio eletrônico. Parágrafo 1º Os controles internos devem ser periodicamente revisados e atualizados, de forma a que sejam a eles incorporadas medidas relacionadas a riscos novos ou anteriormente não abordados.

Parágrafo 2º A atividade de auditoria interna deve fazer parte do sistema de controles internos.

COMPÊNDIO DE NORMATIVOS

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Parágrafo 3º A atividade de que trata o parágrafo 2º, quando não executada por unidade específi ca da própria instituição ou de instituição integrante do mesmo conglomerado fi nanceiro, poderá ser exercida: I- por auditor independente devidamente registrado na Comissão de Valores Mobiliários - CVM, desde que não aquele responsável pela auditoria das demonstrações fi nanceiras; II - pela auditoria da entidade ou associação de classe ou de órgão central a que fi liada a instituição; III - por auditoria de entidade ou associação de classe de outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central, mediante convênio, previamente aprovado por este, fi rmado entre a entidade a que fi liada a instituição e a entidade prestadora do serviço.

Parágrafo 4º No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida por unidade própria, deverá essa estar direta-mente subordinada ao conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.

Parágrafo 5º No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida segundo uma das faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, deverá o responsável por sua execução reportar-se diretamente ao conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.

Parágrafo 6º As faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, incisos II e III, somente poderão ser exercidas por coo-perativas de crédito e por sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades corretoras de câmbio e sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários não integrantes de conglomerados fi nanceiros.

Art. 3º O acompanhamento sistemático das atividades relacionadas com o sistema de controles internos deve ser objeto de relatórios, no mínimo semestrais, contendo: I - as conclusões dos exames efetuados; II- as recomendações a respeito de eventuais defi ciências, com o estabelecimento de cronograma de saneamento das mesmas, quando for o caso; III- a manifestação dos responsáveis pelas correspondentes áreas a respeito das defi ciências encontradas em veri-fi cações anteriores e das medidas efetivamente adotadas para saná-las.

Parágrafo único. As conclusões, recomendações e manifestação referidas nos incisos I, II e III deste artigo: I - devem ser submetidas ao conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria, bem como à auditoria externa da instituição; II - devem permanecer à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo de 5 (cinco) anos. Art. 4º Incumbe à diretoria da instituição, além das responsabilidades enumeradas no art. 1º, parágrafo 2º, a pro-moção de elevados padrões éticos e de integridade e de uma cultura organizacional que demonstre e enfatize, a todos os funcionários, a importância dos controles internos e o papel de cada um no processo. Art. 5º O sistema de controles internos deverá estar implementado até 31.12.99, com a observância do seguinte cronograma: I - defi nição das estruturas internas que tornarão efetivos a implantação e o acompanhamento correspondentes - até 31.01.99; II - defi nição e disponibilização dos procedimentos pertinentes - até 30.06.99. Parágrafo único. A auditoria externa da instituição deve fazer menção específi ca, em seus pareceres, à observân-cia do cronograma estabelecido neste artigo.

Art. 6º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a: I - determinar a adoção de controles adicionais nos casos em que constatada inadequação dos controles imple-mentados pela instituição;

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II - imputar limites operacionais mais restritivos à instituição que deixe de observar determinação nos termos do inciso I no prazo para tanto estabelecido; II - baixar as normas e adotar as medidas julgadas necessárias à execução do disposto nesta Resolução, incluindo a alteração do cronograma referido no art. 5º. Art. 7º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de setembro de 1998 Gustavo H. B. Franco

Presidente

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RESOLUÇÃO 2.682, 21 de dezembro de 1999.Dispõe sobre critérios de classifi cação das operações de crédito e regras para

constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHOMONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 21 de dezembro de 1999, com base no art. 4º, incisos XI e XII, da c=tada Lei,

RESOLVEU:

Art. 1º Determinar que as instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem classifi car as operações de crédito, em ordem crescente de risco, nos seguintes níveis: I - nível AA; II - nível A; III - nível B; IV - nível C; V - nível D; VI - nível E; VII - nível F; VIII - nível G; IX - nível H. Art. 2º A classifi cação da operação no nível de risco correspondente é de responsabilidade da instituição detentora do crédito e deve ser efetuada com base em critérios consistentes e verifi cáveis, amparada por informações inter-nas e externas, contemplando, pelo menos, os seguintes aspectos: I - em relação ao devedor e seus garantidores: a) situação econômico-fi nanceira; b) grau de endividamento; c) capacidade de geração de resultados; d) fl uxo de caixa; e) administração e qualidade de controles; f ) pontualidade e atrasos nos pagamentos; g) contingências; h) setor de atividade econômica; i) limite de crédito;

II - em relação à operação: a) natureza e fi nalidade da transação; b) características das garantias, particularmente quanto à sufi ciência e liquidez; c) valor. Parágrafo único. A classifi cação das operações de crédito de titularidade de pessoas físicas deve levar em conta, também, as situações de renda e de patrimônio bem como outras informações cadastrais do devedor. Art. 3º A classifi cação das operações de crédito de um mesmo cliente ou grupo econômico deve ser defi nida con-siderando aquela que apresentar maior risco, admitindo-se excepcionalmente classifi cação diversa para determi-nada operação, observado o disposto no art. 2º,inciso II. Art. 4º A classifi cação da operação nos níveis de risco de que trata o art. 1º deve ser revista, no mínimo:

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I - mensalmente, por ocasião dos balancetes e balanços, em função de atraso verifi cado no pagamento de parcela de principal ou de encargos, devendo ser observado o que segue: a) atraso entre 15 e 30 dias: risco nível B, no mínimo; b) atraso entre 31 e 60 dias: risco nível C, no mínimo; c) atraso entre 61 e 90 dias: risco nível D, no mínimo; d) atraso entre 91 e 120 dias: risco nível E, no mínimo;e) atraso entre 121 e 150 dias: risco nível F, no mínimo;f ) atraso entre 151 e 180 dias: risco nível G, no mínimo; g) atraso superior a 180 dias: risco nível H; II - com base nos critérios estabelecidos nos arts. 2º e 3º:a) a cada seis meses, para operações de um mesmo cliente ou grupo econômico cujo montante seja superior a 5% (cinco por cento) do patrimônio líquido ajustado; b) uma vez a cada doze meses, em todas as situações, exceto na hipótese prevista no art. 5º. Parágrafo 1º As operações de adiantamento sobre contratos de câmbio, as de fi nanciamento à importação e aque-las com prazos inferiores a um mês, que apresentem atrasos superiores a trinta dias, bem como o adiantamento a depositante a partir de trinta dias de sua ocorrência, devem ser classifi cados, no mínimo, como de risco nível G. Parágrafo 2º Para as operações com prazo a decorrer superior a 36 meses admite-se a contagem em dobro dos prazos previstos no inciso I. Parágrafo 3º O não atendimento ao disposto neste artigo implica a reclassifi cação das operações do devedor para o risco nível H, independentemente de outras medidas de natureza administrativa. Art. 5º As operações de crédito contratadas com cliente cuja responsabilidade total seja de valor inferior a R$50.000,00 (cinqüenta mil reais) podem ter sua classifi cação revista de forma automática unicamente em função dos atrasos consignados no art. 4º, inciso I, desta Resolução, observado que deve ser mantida a classifi cação origi-nal quando a revisão corresponder a nível de menor risco. Parágrafo 1º O Banco Central do Brasil poderá alterar o valor de que trata este artigo. Parágrafo 2º O disposto neste artigo aplica-se às operações contratadas até 29 de fevereiro de 2000, observados o valor referido no caput e a classifi cação, no mínimo, como de risco nível A. Art. 6º A provisão para fazer face aos créditos de liquidação duvidosa deve ser constituída mensalmente, não podendo ser inferior ao somatório decorrente da aplicação dos percentuais a seguir mencionados, sem prejuízo da responsabilidade dos administradores das instituições pela constituição de provisão em montantes sufi cientes para fazer face a perdas prováveis na realização dos créditos: I - 0,5% (meio por cento) sobre o valor das operações classifi cadas como de risco nível A; II - 1% (um por cento) sobre o valor das operações classifi cadas como de risco nível B; III - 3% (três por cento) sobre o valor das operações classifi cadas como de risco nível C; IV - 10% (dez por cento) sobre o valor das operações classifi cados como de risco nível D; V - 30% (trinta por cento) sobre o valor das operações classifi cados como de risco nível E; VI - 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor das operações classifi cados como de risco nível F; VII - 70% (setenta por cento) sobre o valor das operações classifi cados como de risco nível G; VIII - 100% (cem por cento) sobre o valor das operações classifi cadas como de risco nível H.

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Art. 7º A operação classifi cada como de risco nível H deve ser transferida para conta de compensação, com o cor-respondente débito em provisão, após decorridos seis meses da sua classifi cação nesse nível de risco, não sendo admitido o registro em período inferior.

Parágrafo único. A operação classifi cada na forma do disposto no caput deste artigo deve permanecer registrada em conta de compensação pelo prazo mínimo de cinco anos e enquanto não esgotados todos os procedimentos para cobrança. Art. 8º A operação objeto de renegociação deve ser mantida, no mínimo, no mesmo nível de risco em que estiver classifi cada, observado que aquela registrada como prejuízo deve ser classifi cada como de risco nível H. Parágrafo 1º Admite-se a reclassifi cação para categoria de menor risco quando houver amortização signifi cativa da operação ou quando fatos novos relevantes justifi carem a mudança do nível de risco. Parágrafo 2º O ganho eventualmente auferido por ocasião da renegociação deve ser apropriado ao resultado quando do seu efetivo recebimento. Parágrafo 3º Considera-se renegociação a composição de dívida, a prorrogação, a novação, a concessão de nova operação para liquidação parcial ou integral de operação anterior ou qualquer outro tipo de acordo que implique na alteração nos prazos de vencimento ou nas condições de pagamento originalmente pactuadas. Art. 9º É vedado o reconhecimento no resultado do período de receitas e encargos de qualquer natureza relativos a operações de crédito que apresentem atraso igual ou superior a sessenta dias, no pagamento de parcela de principal ou encargos. Art. 10. As instituições devem manter adequadamente documentadas sua política e procedimentos para con-cessão e classifi cação de operações de crédito, os quais devem fi car à disposição do Banco Central do Brasil e do auditor independente. Parágrafo único. A documentação de que trata o caput deste artigo deve evidenciar, pelo menos, o tipo e os níveis de risco que se dispõe a administrar, os requerimentos mínimos exigidos para a concessão de empréstimos e o processo de autorização. Art. 11. Devem ser divulgadas em nota explicativa às demonstrações fi nanceiras informações detalhadas sobre a composição da carteira de operações de crédito, observado, no mínimo: I - distribuição das operações, segregadas por tipo de cliente e atividade econômica; II - distribuição por faixa de vencimento; III - montantes de operações renegociadas, lançados contra prejuízo e de operações recuperadas, no exercício. Art. 12. O auditor independente deve elaborar relatório circunstanciado de revisão dos critérios adotados pela ins-tituição quanto à classifi cação nos níveis de risco e de avaliação do provisionamento registrado nas demonstrações fi nanceiras.

Art. 13. O Banco Central do Brasil poderá baixar normas complementares necessárias ao cumprimento do dispos-to nesta Resolução, bem como determinar: I – reclassifi cação de operações com base nos critérios estabelecidos nesta Resolução, nos níveis de risco de que trata o art. 1º; II - provisionamento adicional, em função da responsabilidade do devedor junto ao Sistema Financeiro Nacional;

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III - providências saneadoras a serem adotadas pelas instituições, com vistas a assegurar a sua liquidez e adequa-da estrutura patrimonial, inclusive na forma de alocação de capital para operações de classifi cação considerada inadequada; IV - alteração dos critérios de classifi cação de créditos, de contabilização e de constituição de provisão; V - teor das informações e notas explicativas constantes das demonstrações fi nanceiras; VI - procedimentos e controles a serem adotados pelas instituições. Art. 14. O disposto nesta Resolução se aplica também às operações de arrendamento mercantil e a outras opera-ções com características de concessão de crédito. Art. 15. As disposições desta Resolução não contemplam os aspectos fi scais, sendo de inteira responsabilidade da instituição a observância das normas pertinentes. Art. 16. Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de março de 2000, quando fi carão revogadas as Resoluções nºs 1.748, de 30 de agosto de 1990, e 1.999, de 30 de junho de 1993, os arts. 3º e 5º da Circular nº 1.872, de 27 de dezembro de 1990, a alínea “b” do inciso II do art. 4º da Circular nº 2.782, de 12 de novembro de 1997, e o Comunicado nº 2.559, de 17 de outubro de 1991.

Brasília, 21 de dezembro de 1999 Armínio Fraga Neto

Presidente

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RESOLUCAO 3.444, 28 de fevereiro de 2007.Defi ne o Patrimônio de Referência (PR)

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 28 de fevereiro de 2007,com base no art. 4º, incisos VI, VIII, XI e XXXI da referida lei, no art. 20, § 1º, da Lei nº 4.864, de 29 de novembro de 1965, na Lei nº6.099, de 12 de setembro de 1974, alterada pela Lei nº 7.132, de 26 de outubro de 1983, na Lei nº 10.194, de 14 de fe-vereiro de 2001,alterada pela Lei nº 11.110, de 25 de abril de 2005, e no art. 7º do Decreto-lei nº 2.291, de 21 de novembro de 1986,

RESOLVEU:

Defi nição e Apuração do Patrimônio de Referência Art. 1º O Patrimônio de Referência (PR), para fi ns da verifi cação do cumprimento dos limites operacionais das instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, exceto as socie-dades de crédito ao microempreendedor, consiste no somatório do Nível I e do Nível II.

§ 1º O Nível I do PR é apurado mediante a soma dos valores correspondentes ao patrimônio líquido, aos saldos das contas de resultado credoras e ao depósito em conta vinculada para suprir defi ciência de capital, constitu-ído nos termos do art. 2°, § 4°, da Resolução nº 3.398, de 29 de agosto de 2006, excluídos os valores correspon-dentes a: I - saldos das contas de resultado devedoras; II - reservas de reavaliação, reservas para contingências e reservas especiais de lucros relativas a dividendos obri-gatórios não distribuídos; III - ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate e ações preferenciais com cumulatividade de dividendos; IV - créditos tributários defi nidos nos termos dos arts. 2º da 4º da Resolução nº 3.059, de 20 de dezembro de 2002; V - ativo permanente diferido, deduzidos os ágios pagos naaquisição de investimentos; VI - saldo dos ganhos e perdas não realizados decorrentes do ajuste ao valor de mercado dos títulos e valores mobiliários classifi cados na categoria “títulos disponíveis para venda” e dos instrumentos fi nanceiros derivativos utilizados para hedge de fl uxo de caixa. § 2º O Nível II do PR é apurado mediante a soma dos valores correspondentes às reservas de reavaliação, às reservas para contingências e às reservas especiais de lucros relativas a dividendos obrigatórios não distri-buídos, acrescida dos valores correspondentes a: I - instrumentos híbridos de capital e dívida, instrumentos de dívida subordinada, ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate e ações preferenciais com cumulatividade de dividendos emitidos por instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil; II - saldo dos ganhos e perdas não realizados decorrentes do ajuste ao valor de mercado dos títulos e valores mobiliários classifi cados na categoria “títulos disponíveis para venda” e dos instrumentos fi nanceiros derivativos utilizados para hedge de fl uxo de caixa. § 3º Para fi ns da apuração do PR, a dedução dos valores de que trata o § 1º, incisos V e VI, e o acréscimo de que trata o § 2º, inciso II, referem-se a valores constituídos a partir da data da entrada em vigor desta resolução. Art. 2º Para as instituições integrantes de conglomerado fi nanceiro, a apuração do PR deve ser efetuada em bases consolidadas, utilizando-se os critérios do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - Cosif.

Parágrafo único. As instituições integrantes de conglomerado fi nanceiro e de consolidado econômico-fi nanceiro devem calcular o valor do PR de forma consolidada, tanto para o conglomerado fi nanceiro quanto para o consoli-dado econômico- fi nanceiro.

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Art. 3º A partir de 2 de julho de 2007, deve ser deduzido do PR o saldo dos ativos representados pelos seguintes instrumentos de captação emitidos por instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil: I - ações; II - instrumentos híbridos de capital e dívida e instrumentos de dívida subordinada; III - demais instrumentos fi nanceiros autorizados pelo Banco Central do Brasil a integrar o Nível I do PR, na forma do art. 12, e o Nível II do PR, na forma do art. 13, § 3º. § 1º A dedução de que trata o caput deve ser efetuada também na hipótese de aquisição ou participação indireta de conglomerado fi nanceiro, por meio de instituição não-fi nanceira integrante do respectivo consoli-dado econômico-fi nanceiro. § 2º Deve ser deduzida do PR parcela do valor aplicado em cotas de fundo de investimento, proporcionalmente à participação, na carteira do fundo, dos instrumentos de captação mencionados no caput.

Art. 4º Deve ser deduzido do PR o valor correspondente a dependência ou a participação em instituição fi nan-ceira no exterior em relação às quais o Banco Central do Brasil não tenha acesso a informações, dados e docu-mentos sufi cientes para fi ns da supervisão global consolidada. Art. 5º Deve ser deduzido do PR eventual excesso dos recursos aplicados no Ativo Permanente em relação aos percentuais estabelecidos nos arts. 3º e 4º da Resolução nº 2.283, de 5 de junho de 1996, com a redação dada pela Resolução nº 2.669, de 25 denovembro de 1999. Art. 6º Os recursos entregues ou colocados por terceiros à disposição das instituições mencionadas no art. 1º, para fi ns da realização de operações ativas vinculadas, de que trata a Resolução nº 2.921, de 17 de janeiro de 2002, não são elegíveis para integrar o Nível II do PR. Núcleo de Subordinação Art. 7º O contrato ou documento que amparar a operação de captação mediante instrumentos de dívida subor-dinada ou instrumentos híbridos de capital e dívida deve conter capítulo específi co, denominado Núcleo de Subordinação, composto por: I - cláusulas que permitam evidenciar o atendimento de todos os requisitos de que tratam os arts. 8º, no caso de instrumentos híbridos de capital e dívida, e 9º, no caso dos instrumentos de dívida subordinada; II - cláusula estabelecendo ser nula qualquer outra, no contrato ou outro documento acessório, que prejudique o atendimento dos requisitos de que tratam os arts. 8º, no caso de instrumentos híbridos de capital e dívida, e 9º, no caso de instrumentos de dívida subordinada; III - cláusula estabelecendo que o aditamento, alteração ou revogação dos termos do Núcleo de Subordinação dependem de prévia autorização do Banco Central do Brasil; IV - resumo da operação, contendo as seguintes informações: a) natureza da captação; b) montante captado; c) estrutura do fl uxo de desembolsos relativos ao pagamento de amortizações e encargos. § 1º Nas operações de captação cujos termos sejamdefi nidos por mais de um contrato ou documento, o Núcleo de Subordinação deve conter a transcrição de todas as cláusulas dos contratos ou instrumentos acessó-rios da operação que estabeleçam sua subordinação ao instrumento principal.

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§ 2º O aditamento, a alteração e a revogação dos termos do Núcleo de Subordinação, de que trata o caput, somente podem ocorrer quando verifi cadas condições de negócio que, a critério do Banco Central do Brasil, justifi quem a pretensão da instituição. Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida Art. 8º Para integrar o Nível I e o Nível II do PR, os instrumentos híbridos de capital e dívida, de que trata o art. 1º, devem atender os seguintes requisitos: I- ser nominativos, quando emitidos no Brasil e, quando emitidos no exterior, sempre que a legislação local assim o permitir;II - ser integralizados em espécie; III - ter caráter de perpetuidade, não podendo prever prazo de vencimento ou cláusula de opção de recompra pelo emissor; IV - ter o seu pagamento subordinado ao pagamento dos demais passivos da instituição emissora, na hipótese de sua dissolução; V - estabelecer sua imediata utilização na compensação de prejuízos apurados pela instituição emissora quando esgotados os lucros acumulados, as reservas de lucros e as reservas de capital; VI - prever a obrigatoriedade de postergação do pagamento de encargos enquanto não distribuídos os dividen-dos relativos às ações ordinárias referentes ao mesmo exercício social; VII - prever a obrigatoriedade de postergação de qualquer pagamento de encargos, caso a instituição emissora esteja desenquadrada em relação aos limites operacionais ou o pagamento crie situação de desenquadramento; VIII - ter o resgate ou a recompra, ainda que realizado indiretamente, por intermédio de pessoa jurídica ligada ao emissor com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico- fi nanceiro, condicionado à autorização do Banco Central do Brasil; IX - não podem ser resgatados por iniciativa do credor; X - não podem ser objeto de qualquer modalidade de garantia; XI - não podem ser objeto de seguro, por meio de quaisquer instrumentos ou estrutura de seguros que obri-guem ou permitam pagamentos ou transferência de recursos, direta ou indiretamente, da instituição emissora ou de pessoa jurídica a ela ligada com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nan-ceiro para o detentor do instrumento e que comprometam a condição de subordinação expressa neste artigo. § 1º Na hipótese de colocação no exterior, os instrumentos híbridos de capital e dívida, de que trata o art. 1º, devem conter cláusula elegendo foro onde sejam reconhecidos os requisitos para o instrumento, na solução de eventuais disputas judiciais. § 2º A permissão para recompra ou resgate dos instrumentos híbridos de capital e dívida autorizados a integrar o Nível I e o Nível II do PR pode ser concedida, desde que a instituição emissora não esteja desenquadrada em relação aos limites operacionais e a recompra ou resgate não crie situação de desenquadramento.

§ 3º O resgate ou a recompra dos instrumentos híbridos de capital e dívida autorizados a integrar o Nível I e o Nível II do PR, ainda que realizado indiretamente, por intermédio de pessoa jurídica ligada ao emissor com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, somente pode ser permitido nas seguintes hipóteses: I - emissão de novos instrumentos híbridos de capital e dívida, em montante equivalente ao dos instrumentos recomprados ou resgatados e em condições mais favoráveis relativas ao pagamento de encargos; ou II - condições de negócio que, a critério do Banco Central do Brasil, justifi quem a pretensão da instituição. § 4º Deixam de integrar o Nível I e o Nível II do PR os valores referentes aos instrumentos híbridos de capital e dívida recomprados, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual com-ponha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro.

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§ 5º Os prazos e condições estabelecidos para a recompra ou resgate de instrumentos híbridos de capital e dívi-da aplicam-se também à resilição do contrato ou documento que amparar a operação de captação. § 6º Os valores relativos à recolocação no mercado de instrumentos híbridos de capital e dívida recomprados, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico- fi nanceiro, podem voltar a integrar o Nível I e o Nível II do PR mediante comunicação ao Banco Central do Brasil. Instrumentos de Dívida Subordinada Art. 9º Para integrar o Nível II do PR, os instrumentos de dívida subordinada, de que trata o art. 1º, devem atender os seguintes requisitos: I - ser nominativos, quando emitidos no Brasil e, quando emitidos no exterior, sempre que a legislação local assim o permitir;II - ser integralizados em espécie; III - ter prazo efetivo de vencimento de, no mínimo, cinco anos, não podendo prever o pagamento de amorti-zações antes de decorrido esse período; IV - ter o seu pagamento subordinado ao pagamento dos demais passivos da instituição emissora, na hipó-tese de sua dissolução; V - prever a obrigatoriedade de postergação de qualquer pagamento de encargos, amortizações ou resgate, caso a instituição emissora esteja desenquadrada em relação aos limites operacionais ou o pagamento crie situa-ção de desenquadramento; VI - ter a recompra ou o resgate antecipado, ainda que realizado indiretamente, por intermédio de pessoa jurí-dica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, condicionado à autorização do Banco Central do Brasil; VII - não podem ser resgatados por iniciativa do credor;VIII - não podem ser objeto de qualquer modalidade de garantia; IX - não podem ser objeto de seguro, por meio de quaisquer instrumentos ou estrutura de seguros que obri-guem ou permitam pagamentos ou transferência de recursos, direta ou indiretamente, dainstituição emissora ou de pessoa jurídica a ela ligada com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou conso-lidado econômico-fi nanceiro para o detentor do instrumento e que comprometam a condição de subordinação expressa neste artigo. § 1º Na hipótese de colocação no exterior, os instrumentos de dívida subordinada devem conter cláusula elegen-do foro onde sejam reconhecidos os requisitos para o instrumento, na solução de eventuais disputas judiciais. § 2º A permissão para recompra ou resgate antecipado dos instrumentos de dívida subordinada autorizados a in-tegrar o Nível II do PR pode ser concedida, desde que a instituição emissora não esteja desenquadrada em relação aos limites operacionais e o pagamento não crie situação de desenquadramento. § 3º Nos primeiros cinco anos da data da autorização, o resgate ou a recompra dos instrumentos de dívida subordinada autorizados a integrar o Nível II do PR, ainda que realizado indiretamente, por intermédio de pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, somente pode ser permitido nas seguintes hipóteses: I - emissão de novos instrumentos de dívida subordinada, com prazo efetivo de vencimento maior ou igual ao prazo remanescente dos instrumentos recomprados ou resgatados, em montante equivalente ao desses e em condições mais favoráveis; II - condições de negócio que, a critério do Banco Central do Brasil, justifi quem a pretensão da instituição.

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§ 4º Deixam de integrar o Nível II do PR os valores referentes aos instrumentos de dívida subordinada recompra-dos, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglome-rado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro. § 5º Os prazos e condições estabelecidos para a recompra ou resgate de instrumentos de dívida subordinada apli-cam-se também à resilição do contrato ou documento que amparar a operação de captação. § 6º Os valores relativos à recolocação no mercado de instrumentos de dívida subordinada recomprados, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nan-ceiro ou consolidado econômico- fi nanceiro, podem voltar a integrar o Nível II do P mediante comunicação ao Banco Central do Brasil e desde que o prazo remanescente efetivo para o vencimento seja superior a cinco anos. § 7º Para os instrumentos de dívida subordinada emitidos com cláusula de opção de compra por parte do emis-sor, combinada ou não com modifi cação de seus encargos fi nanceiros caso não exercida a referida opção, a data prevista para o exercício da opção será considerada como o prazo efetivo de vencimento de que trata o caput, inciso III. Ações Preferenciais Emitidas com Cláusula de Resgate Art. 10. Para integrar o Nível II do PR, as ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate, de que trata o art. 1º, devem atender os seguintes requisitos: I - ter prazo mínimo de resgate de cinco anos; II - prever a obrigatoriedade de postergação do pagamentodo resgate, caso a instituição emissora esteja desenquadrada emrelação aos limites operacionais ou o pagamento crie situação dedesenquadramento; III - ter a recompra ou o resgate antecipado, ainda que realizado indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, con-dicionado à autorização do Banco Central do Brasil; IV - não podem ser resgatadas por iniciativa do investidor. § 1º O resgate ou a recompra das ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate, ainda que realizado indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, somente pode ser permitido, antes de decorridos cinco anos da emissão, na hipótese de condições de negócio que, a critério do Banco Central do Brasil, justifi quem a pretensão da instituição. § 2º Deixam de integrar o Nível II do PR os valores referentes às ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate recompradas, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro. § 3º Os valores relativos à recolocação no mercado de ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate recompradas, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, podem voltar a integrar o Nível II do PR me-diante comunicação ao Banco Central do Brasil e desde que o prazo remanescente para o resgate seja superior a cinco anos. Ações Preferenciais com Cumulatividade de Dividendos Art. 11. Para integrar o Nível II do PR, as ações preferenciais com cumulatividade de dividendos, de que trata o art. 1º, devem atender os seguintes requisitos: I - permitir a postergação do pagamento de encargos, caso a instituição emissora esteja desenquadrada em rela-

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ção aos limites operacionais ou o pagamento crie situação de desenquadramento; II - ter o resgate ou a recompra, ainda que realizado indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emis-sora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico- fi nanceiro, condicionado à autorização do Banco Central do Brasil. § 1º O resgate ou a recompra das ações preferenciais com cumulatividade de dividendos, ainda que realizado in-diretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, somente pode ser permitido, antes de decorridos cinco anos da emissão, na hipótese de condições de negócio que, a critério do Banco Central do Brasil, justifi quem a pretensão da instituição. § 2º Deixam de integrar o Nível II do PR os valores referentes às ações preferenciais com cumulatividade de dividendos recompradas, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro. § 3º Os valores relativos à recolocação no mercado das ações preferenciais com cumulatividade de dividendos recompradas, ainda que indiretamente, por pessoa jurídica ligada à instituição emissora com a qual componha conglomerado fi nanceiro ou consolidado econômico-fi nanceiro, podem voltar a integrar o Nível II do PR me-diante comunicação ao Banco Central do Brasil. Autorização para o Nível I Art. 12. O Banco Central do Brasil pode autorizar a inclusão de valores efetivamente integralizados correspon-dentes a instrumentos híbridos de capital e dívida para integrar o Nível I do PR. § 1º São elegíveis para integrar o Nível I do PR apenas os instrumentos híbridos de capital e dívida que atendam os requisitos de que trata o art. 8º, incisos I a V e VII a XI, caput, e prevejam o não pagamento dos respectivos encargos enquanto não distribuídos os dividendos relativos às ações ordinárias referentes ao mesmo exercício social e a não cumulatividade dos encargos não pagos. § 2º Os valores correspondentes a instrumentos híbridos de capital e dívida autorizados a compor o Nível I do PR estão limitados a 15% (quinze por cento) do total do Nível I do PR. § 3º Para fi ns da autorização de que trata o caput, a instituição deve submeter o Núcleo de Subordinação, de que trata o art. 7º, ao Banco Central do Brasil, que considerará, entre outros elementos, a estrutura do pagamento de encargos. Autorização para o Nível II Art. 13. Os valores efetivamente integralizados referentes às ações preferenciais com cumulatividade de dividen-dos, ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate, instrumentos de dívida subordinada e instrumentos hí-bridos de capital e dívida somente podem integrar o Nível II do PR mediante autorização do Banco Central do Brasil. § 1º Para fi ns da autorização para que os instrumentos de dívida subordinada ou instrumentos híbridos de capi-tal e dívida integrem o Nível II do PR, a instituição deve submeter o Núcleo de Subordinação, de que trata o art. 7º, ao Banco Central do Brasil, que considerará, entre outros elementos, o prazo efetivo de vencimento e a estrutura do pagamento de amortizações e encargos.

§ 2º Para fi ns da apuração do Nível II do PR, do valor dos instrumentos híbridos de capital e dívida deve ser dedu-zido o valor dos respectivos instrumentos utilizado na apuração do Nível I do PR.

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§ 3º O Banco Central do Brasil pode autorizar a inclusão de outras operações para integrar o Nível II do PR, equiparando-as aos instrumentos de dívida subordinada, desde que atendam os requisitos de subordinação estabelecidos no art. 9º. Limites Art. 14. Ao PR de que trata o art. 1º aplicam-se os seguintes limites: I - o montante do Nível II fi ca limitado ao valor do NívelI; II - o montante das reservas de reavaliação fi ca limitado a25% (vinte e cinco por cento) do valor do Nível I; III - o valor das ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate com prazo original de vencimento inferior a dez anos, acrescido do valor dos instrumentos de dívida subordinada, fi ca limitado a 50% (cinqüenta por cento) do valor do Nível I. § 1º Sobre os valores dos instrumentos de dívida subordinada e das ações preferenciais emitidas com cláu-sula de resgate autorizados a integrar o Nível II do PR será aplicado redutor, observado o seguinte cronograma: I - de 20% (vinte por cento), do sexagésimo mês ao quadragésimo nono mês anterior ao do respectivo vencimento; II - de 40% (quarenta por cento), do quadragésimo oitavo mês ao trigésimo sétimo mês anterior ao do respectivo vencimento; III - de 60% (sessenta por cento), do trigésimo sexto mês ao vigésimo quinto mês anterior ao do respectivo vencimento; IV - de 80% (oitenta por cento), do vigésimo quarto mês ao décimo terceiro mês anterior ao do respectivo vencimento; V - de 100% (cem por cento), nos doze meses anteriores ao respectivo vencimento. § 2º O limite de que trata o caput, inciso III, aplica-se aos valores dos instrumentos de dívida subordinada e das ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate após a aplicação do redutor de que trata o § 1º. Art. 15. Qualquer menção a Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) em normativos divulgados pelo Banco Central do Brasil, referente a limites operacionais, permanece dizendo respeito à defi nição de PR estabelecida nesta resolução. Art. 16. O Banco Central do Brasil disciplinará os procedimentos a serem observados para fi ns da obtenção das autorizações de que trata esta resolução. Art. 17. O Banco Central do Brasil poderá determinar que os valores das ações preferenciais com cumulatividade de dividendos, das ações preferenciais emitidas com cláusula de resgate, dos instrumentos de dívida subordi-nada e dos instrumentos híbridos de capital e dívida e demais operações autorizadas nos termos dos arts. 12 e 13, § 3º, sejam desconsiderados para fi ns da apuração do PR, caso constatado o não atendimento dos requisitos estabelecidos nesta resolução. Art. 18. O Banco Central do Brasil observará os procedimentos estabelecidos na Resolução nº 2.837, de 30 de maio de 2001, para fi ns da autorização para compor o Nível II do PR, para as captações efetuadas pelas instituições fi nanceiras e demais instituições por ele autorizadas a funcionar até a data da entrada em vigor desta resolução. Art. 19. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 20. Fica revogada a Resolução nº 2.837, de 30 de maio de 2001.

Brasília, 28 de fevereiro de 2007.Henrique de Campos Meirelles

Presidente

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RESOLUÇÃO 3.490, 29 de agosto de 2007.Dispõe sobre a apuração do Patrimônio de Referência Exigido (PRE).

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 29 de agosto de 2007, tendo em vista o disposto no art. 4º, incisos VIII e XI, da referida lei, na Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, no art. 20 da Lei nº 4.864, de 29 de novembro de 1965, na Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.132, de 26 de outu-bro de 1983, e na Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, com a alteração dada pela Lei nº 11.110, de 25 de abril de 2005, no art. 6º do Decreto-lei nº 759, de 12 de agosto de 1969, e no Decreto-lei nº 2.291, de 21 de novembro de 1986,

RESOLVEU: Art. 1º As instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, com exceção das sociedades de crédito ao microempreendedor e das instituições mencionadas no art. 1° da Resolução nº 2.772, de 30 de agosto de 2000, devem manter, permanentemente, valor de Patrimônio de Referência (PR), apu-rado nos termos da Resolução nº 3.444, de 28 de fevereiro de 2007, compatível com os riscos de suas atividades.

Art. 2º O valor do PR deve ser superior ao valor do Patrimônio de Referência Exigido (PRE), que deve ser calculado considerando, no mínimo, a soma das seguintes parcelas:

PRE = PEPR + PCAM + PJUR + PCOM + PACS + POPR, em que: PEPR = parcela referente às exposições ponderadas pelo fator de ponderação de risco a elas atribuído; PCAM = parcela referente ao risco das exposições em ouro, em moeda estrangeira e em operações sujeitas à varia-ção cambial;

PJUR, parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação de taxas de juros e classifi cadas na carteira de negociação, na forma da Resolução nº 3.464, de 26 de junho de 2007, onde n = número das diferentes parcelas relativas ao risco das operações sujeitas à variação de taxas de juros e classifi cadas na carteira de negociação; PCOM = parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação do preço de mercadorias (commodities); PACS = parcela referente ao risco das operações sujeitas à variação do preço de ações e classifi cadas na carteira de negociação, na forma da Resolução nº 3.464, de 2007; POPR = parcela referente ao risco operacional.

§ 1º O cálculo do PRE deve incluir as exposições de dependências no exterior.

§ 2º Para as instituições integrantes de conglomerado fi nanceiro, nos termos do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - Cosif, o valor do PRE deve ser calculado de forma consolidada.

§ 3º Para as instituições integrantes de conglomerado fi nanceiro e do consolidado econômico-fi nanceiro, o valor do PRE deve ser calculado de forma consolidada, tanto para o conglomerado fi nanceiro quanto para o consolidado econômico-fi nanceiro. § 4º Para as cooperativas singulares de crédito que não possuam qualquer exposição cambial e que apresentem, no encerramento de dois exercícios sociais consecutivos, ativo total igual ou inferior a R$5.000.000,00 (cinco milhões de reais), é facultado o cálculo do PRE no exercício seguinte com base apenas nas parcelas PEPR e POPR, conside-radas nulas todas as demais.

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PJUR =i =1

n

PJUR i

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Art. 3° As instituições mencionadas no art 1° devem manter também PR sufi ciente para fazer face ao risco de taxa de juros das operações não incluídas na carteira de negociação, na forma da Resolução nº 3.464, de 2007.

Parágrafo único. Os critérios mínimos para a mensuração e a avaliação desse risco serão estabelecidos pelo Banco Central do Brasil.

Art. 4º Os processos e os controles relativos à apuração do PRE constituem responsabilidade de diretor responsável por gerenciamento de risco da instituição.

§ 1º As instituições mencionadas no art. 1° devem manter atualizada no Banco Central do Brasil a indicação do diretor responsável pelo gerenciamento de risco da instituição.

§ 2º Para fi ns da responsabilidade de que trata o caput, admite-se que o diretor indicado desempenhe outras fun-ções na instituição, exceto a relativa à administração de recursos de terceiros e de operações de tesouraria.

Art. 5º O Banco Central do Brasil poderá, a seu critério, determinar à instituição: I -redução do grau de risco das exposições; II - aumento do valor do PRE.

Art. 6º O Banco Central do Brasil estabelecerá: I - procedimentos e parâmetros para o cálculo das parcelas do PRE; II -diretrizes voltadas para a avaliação e para o gerenciamento dos riscos das instituições fi nanceiras e demais insti-tuições por ele autorizadas a funcionar.

Art. 7º Qualquer citação a Patrimônio Líquido Exigido (PLE), em normativos divulgados pelo Banco Central do Bra-sil, passa a dizer respeito à defi nição de PRE estabelecida no art. 2º.

Art. 8º As instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem evidenciar informações mínimas relativas às parcelas do PRE defi nidas no art. 2º.

Parágrafo único. O Banco Central do Brasil defi nirá as informações mínimas, a periodicidade e os instrumentos de divulgação para a realização da evidenciação descrita no caput.

Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de julho de 2008, quando fi carão revogados: I - o inciso I do art. 1º da Resolução nº 2.283, de 5 de junho de 1996, o Regulamento anexo IV da Resolução nº 2.099, de 17 de agosto de 1994, o art. 3º da Resolução nº 2.686, de 26 de janeiro de 2000, e o art. 7° da Resolução nº 2.828, de 30 de março de 2001; II - as Resoluções nºs 2.472, de 26 de fevereiro de 1998, 2.692, de 24 de fevereiro de 2000, e 2.891, de 26 de setembro de 2001.

Parágrafo único. As citações e o fundamento de validade de normativos, com base nas normas ora revogadas, pas-sam a ter como referência esta resolução.

Brasília, 29 de agosto de 2007. Alexandre Antonio Tombini

Presidente, substituto

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RESOLUCAO 3.921Dispõe sobre a política de remuneração de administradores das instituições fi nanceiras

O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o Conselho Monetário Nacional, em sessão realizada em 25 de novembro de 2010, com base no art. 4º, inciso VIII, da citada lei,

RESOLVEU:

Art. 1º As instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, exceto as cooperativas de crédito e as sociedades de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte, de-vem implementar e manter política de remuneração de administradores em conformidade com o disposto nesta resolução.

§ 1º O disposto nesta resolução não se aplica às administradoras de consórcio, que seguirão as normas editadas pelo Banco Central do Brasil no exercício de sua competência legal.

§ 2º Para fi ns do disposto nesta resolução, consideram-se:I - administradores:a) os diretores estatutários e os membros do conselho de administração das sociedades anônimas; eb) os administradores das sociedades limitadas;

II - remuneração: o pagamento efetuado em espécie, ações, instrumentos baseados em ações e outros ativos, em retribuição ao trabalho prestado à instituição por administradores, compreendendo remuneração fi xa, represen-tada por salários, honorários e comissões, e remuneração variável, constituída por bônus, participação nos lucros na forma do § 1º do art. 152 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e outros incentivos associados ao desem-penho.

Política de remuneração

Art. 2º A política de remuneração de administradores deve ser compatível com a política de gestão de riscos e ser formulada de modo a não incentivar comportamentos que elevem a exposição ao risco acima dos níveis conside-rados prudentes nas estratégias de curto, médio e longo prazos adotadas pela instituição.

Art. 3º A remuneração dos administradores das áreas de controle interno e de gestão de riscos deve ser adequada para atrair profi ssionais qualifi cados e experientes e ser determinada independentemente do desempenho das áreas de negócios, de forma a não gerar confl itos de interesse.

Parágrafo único. As medidas do desempenho dos administradores das áreas de controle interno e de gestão de ris-cos devem ser baseadas na realização dos objetivos de suas próprias funções e não no desempenho das unidades por eles controladas ou avaliadas.

Art. 4º As instituições que efetuarem pagamentos a título de remuneração variável a seus administradores devem levar em conta, quanto ao montante global e à alocação da remuneração, os seguintes fatores, entre outros:

I - os riscos correntes e potenciais;II - o resultado geral da instituição, em particular o lucro recorrente realizado;

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III - a capacidade de geração de fl uxos de caixa da instituição;IV - o ambiente econômico em que a instituição está inserida e suas tendências; eV - as bases fi nanceiras sustentáveis de longo prazo e ajustes nos pagamentos futuros em função dos riscos assu-midos, das oscilações do custo do capital e das projeções de liquidez.

Parágrafo único. Para efeito desta resolução, considera-se lucro recorrente realizado o lucro líquido contábil do período ajustado pelos resultados não realizados e livre dos efeitos de eventos não recorrentes controláveis pela instituição.

Art. 5º No pagamento de remuneração variável a administradores, devem ser considerados, no mínimo, os seguin-tes critérios:I - o desempenho individual;II - o desempenho da unidade de negócios;III - o desempenho da instituição como um todo; eIV - a relação entre os desempenhos mencionados nos incisos I, II e III e os riscos assumidos.

Art. 6º A remuneração variável pode ser paga em espécie, ações, instrumentos baseados em ações ou outros ativos, em proporção que leve em conta o nível de responsabilidade e a atividade do administrador.

§ 1º No mínimo 50% (cinquenta por cento) da remuneração variável deve ser paga em ações ou instrumentos ba-seados em ações, compatíveis com a criação de valor a longo prazo e com o horizonte detempo do risco.

§ 2º As ações, instrumentos baseados em ações ou outros ativos utilizados para pagamento da remuneração de que trata o caput devem ser avaliados pelo valor justo.

§ 3º Para as instituições que não possuam ações negociadas no mercado e que não emitam instrumentos baseados em ações, os pagamentos de que trata o § 1º devem tomar como base a variação ocorrida no valor contábil de seu patrimônio líquido, livre dos efeitos das transações realizadas com os proprietários.

Art. 7º No mínimo 40% (quarenta por cento) da remuneração variável deve ser diferida para pagamento futuro, crescendo com o nível de responsabilidade do administrador.

§ 1º O período de diferimento deve ser de, no mínimo, três anos, e estabelecido em função dos riscos e da atividade do administrador.

§ 2º Os pagamentos devem ser efetuados de forma escalonada em parcelas proporcionais ao período de diferi-mento.

§ 3º No caso de redução signifi cativa do lucro recorrente realizado ou de ocorrência de resultado negativo da insti-tuição ou da unidade de negócios durante o período de diferimento, as parcelas diferidas ainda não pagas devem ser revertidas proporcionalmente à redução no resultado.

Art. 8º Contratos com cláusulas de pagamentos excedentes aos previstos na legislação, vinculados ao desligamen-to de administradores, devem ser compatíveis com a criação de valor e com a gestão de risco de longo prazo.

Art. 9º A garantia de pagamento de um valor mínimo de bônus ou de outros incentivos a administradores somente pode ocorrer em caráter excepcional, por ocasião da contratação ou transferência de administradores para outra

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área, cidade ou empresa do mesmo conglomerado, limitada ao primeiro ano após o fato que der origem à garantia.

Art. 10. O conselho de administração é responsável pela política de remuneração de administradores, devendo supervisionar o planejamento, operacionalização, controle e revisão da referida política.

Comitê de remuneração

Art. 11. As instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, que atuem sob a forma de companhia aberta ou que sejam obrigadas a constituir comitê de auditoria nos termos da regulamentação em vigor, devem instituir, até a data da realização da primeira assembleia geral ou reunião de sócio que ocorrer após 1º de janeiro de 2012, componente organizacional denominado comitê de remuneração.

§ 1º Aplica-se o disposto no caput às instituições referidas no art. 1º que façam parte de conglomerado fi nanceiro integrado por instituição que atue sob a forma de companhia aberta ou que seja obrigada a constituir comitê de auditoria nos termos da regulamentação em vigor.

§ 2º As instituições referidas no art. 1º que venham a preencher os requisitos para constituição do comitê de remu-neração, após 1º de janeiro de 2012, deverão constituí-lo até 30 de abril do ano subsequente ao do preenchimento dos requisitos.

§ 3º A extinção do comitê de remuneração somente poderá ocorrer se:I - a instituição deixar de apresentar as condições contidas no caput e no § 1º deste artigo; eII - o comitê cumprir suas atribuições relativamente aos exercícios em que foi exigido o seu funcionamento.

§ 4º O Banco Central do Brasil poderá determinar a reconstituição do comitê de remuneração em situações excep-cionais, desde que devidamente justifi cadas.

Art. 12. Os conglomerados fi nanceiros podem constituir comitê de remuneração único, por meio das instituições líderes, para o cumprimento das atribuições e responsabilidades previstas nesta resolução, relativamente às insti-tuições que os compõem.

Parágrafo único. Exercida a faculdade prevista no caput, as instituições que integram o conglomerado deverão, cada uma, ratifi car a decisão por ocasião da primeira assembleia geral que realizar ou do primeiro ato societário que resultar em alteração do contrato social.

Art. 13. O comitê de remuneração deve: I - reportar-se diretamente ao conselho de administração;II - ser composto por, no mínimo, três integrantes, com mandato fi xo, vedada a permanência de integrante no comitê por prazo superior a dez anos;III - ter na sua composição pelo menos um membro não administrador; eIV - ter na sua composição integrantes com as qualifi cações e a experiência necessárias ao exercício de julgamento competente e independente sobre a política de remuneração da instituição, inclusive sobre as repercussões dessa política na gestão de riscos.

§ 1º O número de integrantes, os critérios de nomeação, de destituição e de remuneração, o tempo de mandato e as atribuições do comitê de remuneração devem constar do estatuto ou contrato social dainstituição.

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§ 2º Cumprido o prazo máximo previsto no inciso II do caput, o integrante do comitê de remuneração somente pode voltar a integrar tal órgão na mesma instituição após decorridos, no mínimo, três anos.

§ 3º Compete ao conselho de administração da instituição assegurar que os membros do comitê de remuneração cumpram os requisitos exigidos por esta resolução.

Art. 14. São responsabilidades do comitê de remuneração, além de outras estabelecidas no estatuto ou contrato social da instituição: I - elaborar a política de remuneração de administradores da instituição, propondo ao conselho de administração as diversas formas de remuneração fi xa e variável, além de benefícios e programasespeciais de recrutamento e desligamento;II - supervisionar a implementação e operacionalização da política de remuneração de administradores da institui-ção;III - revisar anualmente a política de remuneração de administradores da instituição, recomendando ao conselho de administração a sua correção ou aprimoramento;IV - propor ao conselho de administração o montante da remuneração global dos administradores a ser submetido à assembleia geral, na forma do art. 152 da Lei nº 6.404, de 1976;V - avaliar cenários futuros, internos e externos, e seus possíveis impactos sobre a política de remuneração de ad-ministradores;VI - analisar a política de remuneração de administradores da instituição em relação às práticas de mercado, com vistas a identifi car discrepâncias signifi cativas em relação a empresas congêneres, propondo os ajustes necessários; e VII - zelar para que a política de remuneração de administradores esteja permanentemente compatível com a polí-tica de gestão de riscos, com as metas e a situação fi nanceira atual e esperada da instituição e com o disposto nesta resolução.

Art. 15. O comitê de remuneração deve elaborar, com periodicidade anual, no prazo de noventa dias, relativamente à database de 31 de dezembro, documento denominado “Relatório do Comitê de Remuneração”, contendo, no mínimo, as seguintes informações:I - descrição da composição e das atribuições do comitê de remuneração;II - atividades exercidas no âmbito de suas atribuições no período;III - descrição do processo de decisão adotado para estabelecer a política de remuneração;IV - principais características da política de remuneração, abrangendo os critérios usados para a mensuração do desempenho e o ajustamento ao risco, a relação entre remuneração e desempenho, apolítica de diferimento da remuneração e os parâmetros usados para determinar o percentual de remuneração em espécie e o de outras formas de remuneração;V - descrição das modifi cações na política de remuneração realizadas no período e suas implicações sobre o perfi l de risco da instituição e sobre o comportamento dos administradores quanto à assunção de riscos; eVI - informações quantitativas consolidadas sobre a estrutura de remuneração dos administradores, indicando:a) o montante de remuneração do ano, separado em remuneração fi xa e variável e o número de benefi ciários;b) o montante de benefícios concedidos e o número de benefi ciários;c) o montante e a forma de remuneração variável, separada em remuneração em espécie, ações, instrumentos baseados em ações e outros;d) o montante de remuneração que foi diferida para pagamento no ano, separada em remuneração paga e remu-neração reduzida em função de ajustes do desempenho da instituição;e) o montante de pagamentos referentes ao recrutamento de novos administradores e o número de benefi ciários;f ) o montante de pagamentos referentes a desligamentos realizados durante o ano, o número de benefi ciários e o maior pagamento efetuado a uma só pessoa; e

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g) os percentuais de remuneração fi xa, variável e de benefícios concedidos, calculados em relação ao lucro do período e ao patrimônio líquido.

§ 1º A instituição deve manter o documento de que trata o caput deste artigo à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo mínimo de cinco anos.

§ 2º O Banco Central do Brasil, no âmbito de suas atribuições, pode exigir informações adicionais àquelas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo.

§ 3º Exercida a faculdade prevista no art. 12, o Relatório do Comitê de Remuneração deverá apresentar as informa-ções defi nidas no caput deste artigo para cada uma das entidades do conglomerado.

Art. 16. As instituições mencionadas no art. 1º que não estejam obrigadas a constituir comitê de remuneração de-vem elaborar relatório anual, no prazo de noventa dias, relativamente à data-basede 31 de dezembro, contendo, no mínimo, as informações indicadas nos incisos III e IV do art. 15.

Parágrafo único. O documento de que trata o caput deverá ser mantido à disposição do Banco Central do Brasil pelo prazo mínimo de cinco anos.

Disposições geraisArt. 17. O Banco Central do Brasil poderá solicitar, a qualquer tempo, que a instituição demonstre que os incentivos proporcionados no âmbito de seu sistema de remuneração de administradores levam em consideração adequada-mente os aspectos de gestão de riscos, adequação de capital e liquidez.

Art. 18. O Banco Central do Brasil poderá determinar as medidas necessárias para compensar qualquer risco adi-cional resultante da inadequação da política de remuneração de administradores implementada pela entidade, inclusive a revisão da referida política ou a ampliação do requerimento de capital.

Art. 19. No caso de instituições que não possuam conselho de administração, as referências desta resolução àquele conselho devem ser entendidas como feitas à diretoria da instituição.

Art. 20. Fica o Banco Central do Brasil autorizado a baixar as normas complementares e a adotar as medidas que se fi zerem necessárias ao cumprimento desta resolução.

Art. 21. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012.

São Paulo, 25 de novembro de 2010.

Henrique de Campos MeirellesPresidente

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RESOLUCAO 3.988, 30 de junho de 2011.Dispõe sobre a implementação de estrutura de gerenciamento de capital

O Banco Central do Brasil, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o Conselho Monetário Nacional, em sessão realizada em 30 de junho de 2011, com base nos arts. 4º, inciso VIII, da referida Lei, 2º, inciso VI, 8º e 9º da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, e 20 da Lei nº 4.864, de 29 de novembro de 1965, na Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.132, de 26 de outubro de 1983, na Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.524, de 24 de setembro de 2007, e no art. 6º do Decreto-Lei nº 759, de 12 de agosto de 1969,

RESOLVEU:

Art. 1º As instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil obriga-das a calcular o Patrimônio de Referência Exigido (PRE) naforma estabelecidano caput do art. 2º da Resolução nº 3.490, de 29 de agosto de 2007, devem implementar estrutura de gerenciamento de capital compatível com a natureza das suas operações, a complexidade dos produtos e serviços oferecidos, e a dimensão de sua exposição a riscos. Parágrafo único. O disposto nesta Resolução não se aplica às administradoras de consórcio, que seguirão as nor-mas editadas pelo Banco Central do Brasil no exercício de sua competência legal. Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, defi ne-se o gerenciamento de capital como o processo contínuo de: I - monitoramento e controle do capital mantido pela instituição; II - avaliação da necessidade de capital para fazer face aos riscos a que a instituição está sujeita; e III - planejamento de metas e de necessidade de capital, considerando os objetivos estratégicos da instituição. Parágrafo único. No gerenciamento de capital a instituição deve adotar uma postura prospectiva, antecipando a necessidade de capital decorrente de possíveis mudanças nas condições de mercado. Escopo Art. 3º A estrutura de gerenciamento de capital deve abranger todas as instituições do conglomerado fi nancei-ro, conforme o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif ). Parágrafo único. A estrutura de gerenciamento de capital deve considerar também os possíveis impactos no capital do conglomerado fi nanceiro oriundos dos riscos associados às demais empresas integrantes do conso-lidado econômico-fi nanceiro, defi nido na Resolução nº 2.723, de 31 de maio de 2000. Estrutura de gerenciamento de capital Art. 4º A estrutura de gerenciamento de capital deve prever, no mínimo: I - mecanismos que possibilitem a identifi cação e avaliação dos riscos relevantes incorridos pela instituição, inclu-sive aqueles não cobertos pelo PRE; II - políticas e estratégias para o gerenciamento de capital claramente documentadas, que estabeleçam mecanis-mos e procedimentos destinados a manter o capital compatível com os riscos incorridos pela instituição; III - plano de capital abrangendo o horizonte mínimo de três anos; IV - simulações de eventos severos e condições extremas demercado (testes de estresse) e avaliação de seus impactos no capital; V - relatórios gerenciais periódicos sobre a adequação do capital para a diretoria e para o conselho de adminis-tração, se houver; e VI - Processo Interno de Avaliação da Adequação de Capital (Icaap).

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Plano de capital Art. 5º O plano de capital, mencionado no inciso III do art. 4º, deve ser consistente com o planejamento es-tratégico e prever, no mínimo: I - metas e projeções de capital; II - principais fontes de capital da instituição; e III - plano de contingência de capital. Parágrafo único. Na elaboração do plano de capital devem ser consideradas, no mínimo: I - ameaças e oportunidades relativas ao ambiente econômico e de negócios; II - projeções dos valores de ativos e passivos, bem como das receitas e despesas; III - metas de crescimento ou de participação no mercado; e IV - política de distribuição de resultados. Icaap Art. 6º O Icaap, mencionado no inciso VI do art. 4º, deve ser implementado pelas instituições que: I - possuam ativo total superior a R$100.000.000.000,00 (cem bilhões de reais); II - tenham sido autorizadas a utilizar modelos internos de risco de mercado, de risco de crédito ou de risco ope-racional; ou III - sejam integrantes de conglomerado fi nanceiro, nos termos do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif ), que possua ativo total superior a R$100.000.000.000,00 (cem bilhões de reais) e seja composto por pelo menos um banco múltiplo, comercial, de investimento, de desenvolvimento, de câmbio ou caixa econômica. § 1º Ficam dispensados de implementar o Icaap os bancos cooperativos, as cooperativas de crédito, as associa-ções de poupança e empréstimo, as companhias hipotecárias, as agências de fomento, as sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, as sociedades corretoras de câmbio, as sociedades distribuidoras de títulos e va-lores mobiliários, as sociedades de arrendamento mercantil, as sociedades de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte, as sociedades de crédito, fi nanciamento e investimento, as sociedades de crédito imobiliário, bem como as demais instituições que não se enquadrem no disposto nos incisos I a III. § 2º O Banco Central do Brasil estabelecerá os procedimentos e parâmetros para o Icaap. Transparência Art. 7º A descrição da estrutura de gerenciamento de capital deve ser evidenciada em relatório de acesso público, com periodicidade mínima anual. § 1º O conselho de administração ou, na sua inexistência, a diretoria da instituição, deve fazer constar do relatório mencionado no caput sua responsabilidade pelas informações divulgadas. § 2º As instituições mencionadas no art. 1º devem publicar, em conjunto com as demonstrações contábeis, re-sumo da descrição de sua estrutura de gerenciamento de capital, indicando o endereço de acesso público do relatório citado no caput. § 3º As instituições sujeitas ao disposto na Circular nº 3.477, de 24 de dezembro de 2009, devem disponibilizar o relatório citado no caput juntamente com as informações divulgadas conforme o estabelecido na referida Circular. Governança Art. 8º As políticas e as estratégias para o gerenciamento de capital de que trata o inciso II do art. 4º, bem como o plano de capital de que trata o art. 5º, devem ser aprovados e revisados, no mínimo anualmente, pela diretoria

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da instituição e pelo conselho de administração, se houver, a fi m de determinar sua compatibilidade com o plane-jamento estratégico da instituição e com as condições de mercado. Parágrafo único. A diretoria da instituição e o conselho de administração, se houver, devem ter uma compreensão abrangente e integrada dos riscos que podem impactar o capital. Art. 9º Admite-se a constituição de uma unidade única responsável: I - pelo gerenciamento de capital do conglomerado fi nanceiro e das respectivas instituições integrantes; e II - pela avaliação de possíveis impactos no capital oriundos dos riscos associados às empresas não fi nan-ceiras integrantes do consolidado econômico-fi nanceiro. Parágrafo único. Admite-se a constituição de uma unidade única responsável pelo gerenciamento de capital de sistema cooperativo de crédito, desde que localizada em entidade supervisionada pelo Banco Central do Brasil integrante do respectivo sistema. Art. 10. As instituições mencionadas no art. 1º devem indicar diretor responsável pelos processos e controles relativos à estrutura de gerenciamento de capital. § 1º Para fi ns da responsabilidade de que trata o caput, admite-se que o diretor indicado desempenhe outras funções na instituição, exceto as relativas à administração de recursos de terceiros. § 2º Para as instituições integrantes de conglomerado que tenham optado pela constituição de unidade única de gerenciamento de capital nos termos do art. 9º, apenas a instituição na qual está localizada a mencionada unidade deve indicar diretor responsável. Art. 11. O processo de gerenciamento de capital deve ser avaliado periodicamente pela auditoria interna. Disposições fi nais Art. 12. A estrutura de gerenciamento de capital deve estar implementada até 30 de junho de 2013, observado o seguinte cronograma: I - até 31 de janeiro de 2012: indicação do diretor responsável e defi nição da estrutura organizacional para implementação do gerenciamento de capital; II - até 30 de junho de 2012: defi nição da política institucional, dos processos, dos procedimentos e dos sistemas necessários à sua efetiva implementação;III - até 31 de dezembro de 2012: efetiva implementação da estrutura de gerenciamento de capital, com exceção do Icaap, mencionado no inciso VI do art. 4º; e IV - até 30 de junho de 2013: efetiva implementação do Icaap, mencionado no inciso VI do art. 4º, observado o disposto no art. 6º. Parágrafo único. As defi nições mencionadas nos incisos I e II do caput deverão ser aprovadas pela diretoria e pelo conselho de administração, se houver, das instituições mencionadas no art. 1º. Art. 13. Caso a avaliação da necessidade de capital pela instituição fi nanceira aponte para um valor acima do PRE, a instituição deve manter capital compatível com os resultados das suas avaliações internas. Art. 14. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 30 de junho de 2011.

Alexandre Antonio Tombini Presidente do Banco Central

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CIRCULAR 3.360, 12 de setembro de 2007.Estabelece os procedimentos para o cálculo da parcela do Patrimônio de Referência Exigido (PRE) referente

às exposições ponderadas por fator de risco (PEPR), de que trata a Resolução nº 3.490

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, em sessão realizada em 12 de setembro de 2007, com base no disposto nos arts. 10, inciso IX, com a renumeração dada pela Lei nº 7.730, de 31 de janeiro de 1989, e 11, inciso VII, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e tendo em vista o disposto no art. 6º da Resolução nº 3.490, de 29 de agosto de 2007,

DECIDIU:

Art. 1º A parcela do Patrimônio de Referência Exigido (PRE) referente às exposições ponderadas por fator de risco (PEPR), de que trata a Resolução nº 3.490, de 29 de agosto de 2007, deve ser, no mínimo, igual ao resultado da seguinte fórmula: PEPR = F x EPR, onde: F = 0,11 (onze centésimos); EPR = somatório dos produtos das exposições pelos respectivos Fatores de Ponderação de Risco (FPR). § 1º Para a apuração do EPR, considera-se exposição: I - a aplicação de recursos fi nanceiros em bens e direitos e o gasto ou a despesa registrados no ativo; II - o compromisso de crédito não cancelável incondicional e unilateralmente pela instituição; III - a prestação de aval, fi ança, coobrigação ou qualquer outra modalidade de garantia pessoal do cumprimento de obrigação fi nanceira de terceiros, incluindo o derivativo de crédito em que a instituição atue como receptora do risco; IV - o ganho potencial futuro, decorrente de operações com instrumentos fi nanceiros derivativos, incluindo ope-rações de swap, operações a termo e posições compradas em opções; V - qualquer adiantamento concedido pela instituição, inclusive o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). § 2º Para a apuração do valor da exposição devem ser deduzidos os respectivos adiantamentos recebidos, provi-sões e rendas a apropriar. § 3º Não são consideradas exposições as cotas de classe subordinada de Fundos de Investimento em Direitos Cre-ditórios (FIDC) e demais modalidades de retenção substancial de riscos e benefícios, decorrentes de operações de venda ou de transferência de ativos fi nanceiros, os quais permaneçam, na sua totalidade, registrados no ativo da instituição, nos termos da regulamentação em vigor. § 4º Para as cooperativas de crédito singulares não fi liadas a cooperativas centrais de crédito, o fator F é de 0,15 (quinze centésimos). § 5º Na hipótese de utilização da faculdade prevista no art. 2º, § 4º, da Resolução nº 3.490, de 2007, as coope-rativas singulares de crédito ali referidas devem adicionar 0,02 (dois centésimos) ao fator F. Itens Patrimoniais Art. 2º O valor da exposição relativa à aplicação de recursos fi nanceiros em bens e direitos e ao gasto ou à despesa registrados no ativo, de que trata o art. 1º, § 1º, inciso I, deve ser determinado segundo os critérios estabelecidos no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - Cosif. § 1º O valor da exposição relativa ao risco de crédito da contraparte decorrente de operação com instrumento fi nanceiro derivativo, incluindo a compra ou a venda de moeda estrangeira ou de ouro não realizada no mercado

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à vista, deve corresponder ao seu valor de reposição, quando positivo. § 2º O valor da exposição relativa a operação de arrendamento mercantil fi nanceiro deve corresponder ao valor do respectivo contrato. Art. 3º Nas operações a liquidar de compra ou venda de moeda estrangeira, de ouro ou de títulos e valores mobiliários no mercado à vista, o cálculo do EPR deve considerar: I - a exposição relativa ao risco de crédito da contraparte, no caso de operação de venda; II - a exposição relativa ao ativo objeto da operação e aexposição relativa ao risco de crédito da contraparte, no caso deoperação de compra. § 1º O valor da exposição relativa ao ativo objeto deve corresponder ao valor contábil do ativo. § 2º O valor da exposição relativa ao risco de crédito da contraparte deve ser determinado mediante a multiplica-ção do valor da operação pelo Fator de Conversão em Crédito de Operações a Liquidar (FCL), observado que, na hipótese de a operação ter como referencial: I - taxa de juros ou índice de preços, o FCL é de 0,5% (cinco décimos por cento); II - taxa de câmbio ou ouro, o FCL é de 1% (um por cento); II - preço ou índice de ações, o FCL é de 6% (seis por cento); IV - outros que não os referidos nos incisos I a III, o FCLé de 10% (dez por cento). § 3º O ativo objeto ou os recursos fi nanceiros que tenham sido entregues antecipadamente são considerados operações de adiantamento. Art. 4º Nas operações de empréstimo de ativos e operações de arrendamento mercantil operacional, o cálcu-lo do EPR deve considerar a exposição relativa ao ativo objeto da operação e a exposição relativa ao risco de crédito da contraparte. § 1º O valor da exposição relativa ao ativo objeto e o valor da exposição ao risco de crédito da contraparte em operação de empréstimo de ativos devem corresponder ao valor contábil do ativo. § 2º O valor da exposição relativa ao risco de crédito da contraparte em operação de arrendamento mercantil operacional deve corresponder ao valor presente das contraprestações a serem pagas pelo arrendatário. § 3º O valor da exposição relativa ao ativo objeto em operação de arrendamento mercantil operacional deve corresponder ao valor do ativo objeto, determinado segundo os critérios estabelecidos no Cosif, deduzido o valor da exposição relativa ao risco de crédito da contraparte na respectiva operação, apurado segundo o § 2º. Art. 5º Nas operações compromissadas, o cálculo do EPR deve considerar: I - a exposição relativa ao risco de crédito da contraparte, no caso de operação de compra com compro-misso de revenda; II - a exposição relativa ao ativo objeto da operação e a exposição relativa ao risco de crédito da contraparte, no caso de operação de venda com compromisso de recompra. § 1º O valor da exposição relativa ao ativo objeto deve corresponder ao valor contábil do ativo.

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§ 2º O valor da exposição relativa ao risco de crédito da contraparte deve corresponder ao valor: I - fi nanceiro da revenda, no caso de operação de compra com compromisso de revenda; II - contábil do ativo objeto da operação, no caso de operação de venda com compromisso de recompra. Compromissos Art. 6º O valor da exposição relativa ao compromisso de crédito não cancelável incondicional e unilateral-mente pela instituição, de que trata o art. 1º, § 1º, inciso II, deve ser determinado mediante a multiplicação do valor do compromisso assumido, deduzida eventual parcela já convertida em operação de crédito, pelo respectivo Fator de Conversão em Crédito (FCC). Parágrafo único. O FCC deve corresponder a: I - 20% (vinte por cento), na hipótese de compromisso de crédito com prazo original de vencimento de até um ano; II - 50% (cinqüenta por cento), na hipótese de compromisso de crédito com prazo original de vencimento superior a um ano. Garantia Prestada Art. 7º O valor da exposição relativa à prestação de aval, fi ança, coobrigação ou qualquer outra modalidade de garantia pessoal do cumprimento de obrigação fi nanceira de terceiros, de que trata o art. 1º, § 1º, inciso III, deve corresponder ao valor do aval, fi ança, coobrigação ou da modalidade de garantia prestada pela instituição, deduzida eventual parcela já honrada. Derivativos Art. 8º O valor da exposição relativa ao ganho potencial futuro decorrente de operação com instrumento fi nan-ceiro derivativo, de que trata o art. 1º, § 1º, inciso IV, deve ser determinado mediante a multiplicação do valor de referência da operação pelo respectivo Fator de Exposição Potencial Futura (FEPF). § 1º O FEPF deve corresponder ao maior entre os valores relativos a cada referencial ativo e passivo da ope-ração com instrumento fi nanceiro derivativo, conforme o prazo remanescente. § 2º No caso de operações que prevejam liquidações dos valores referentes a ajustes periódicos, com respectiva atualização dos seus termos e conversão do seu valor de mercado a zero, o prazo remanescente deve ser conside-rado até a data de liquidação seguinte, limitando-se o FEPF ao valor mínimo de 0,5% (cinco décimos por cento) em operações com prazo remanescente maior do que um ano. § 3º Os valores relativos aos referenciais “taxa de juros” e “índice de preços” são de 0% (zero por cento), 0,5% (cinco décimos por cento) e 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), para o prazo remanescente da operação menor do que um ano, de um a cinco anos e maior do que cinco anos, respectivamente. § 4º Os valores relativos aos referenciais “taxa de câmbio” e “ouro” são de 1% (um por cento), 5% (cinco por cento) e 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento), para o prazo remanescente da operação menor do que um ano, de um a cinco anos e maior do que cinco anos, respectivamente. § 5º Os valores relativos ao referencial “ações” são de 6% (seis por cento), 8% (oito por cento) e 10% ( dez por cento), para o prazo remanescente da operação menor do que um ano, de um a cinco anos e maior do que cinco anos, respectivamente. § 6º Os valores relativos a outros referenciais que não os mencionados nos §§ 1º a 4º são de 10% (dez por cento), 12% (doze por cento) e 15% (quinze por cento), para o prazo remanescente da operação menor do que um

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ano, de um a cinco anos e maior do que cinco anos, respectivamente. Adiantamentos Art. 9º O valor da exposição relativa à concessão dequalquer adiantamento pela instituição, inclusive o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), de que trata o art. 1º, § 1º, inciso V, deve corresponder ao valor adiantado. Ponderação 0% Art. 10. Deve ser aplicado Fator de Ponderação de Risco (FPR) de 0% (zero por cento) às seguintes exposições: I - valores mantidos em espécie, em moeda nacional; I - valores mantidos em espécie, nas moedas estrangeiras emitidas pelos países de que trata o art. 13, inciso II, bem como exposições que tenham como ativo objeto as referidas moedas estrangeiras; III - aplicações em ouro ativo fi nanceiro e instrumento cambial, bem como exposições que tenham como ativo objeto o ouro ativo fi nanceiro e instrumento cambial; IV - operações com o Tesouro Nacional e com o Banco Central do Brasil, compromissos de crédito não canceláveis incondicional e unilateralmente pela instituição, assumidos perante as referidas entidades, bem como exposi-ções que tenham como ativo objeto os títulos por elas emitidos; V - operações com os seguintes organismos multilaterais e Entidades Multilaterais de Desenvolvimento (EMD), compromissos de crédito não canceláveis incondicional e unilateralmente pela instituição, assumidos perante as referidas entidades, bem como as garantias a elas prestadas e exposições que tenham como ativo objeto os títulos e valores mobiliários por elas emitidos: Grupo Banco Mundial, compreendendo o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), e a Corporação Financeira Internacional (CFI); b) Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); c) Banco Africano de Desenvolvimento (BAD); d) Banco para o Desenvolvimento Asiático (BDA); e) Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (Berd); f ) Banco Europeu de Investimento (BEI); g) Fundo Europeu de Investimento (FEI); h) Banco Nórdico de Investimento (BNI); i) Banco de Desenvolvimento do Caribe (BDC); j) Banco de Desenvolvimento Islâmico (BDI); l) Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (BDCE); m) Banco para Compensações Internacionais (BCI); n) Fundo Monetário Internacional (FMI); VI - adiantamentos de contribuições ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Ponderação 20% Art. 11. Deve ser aplicado FPR de 20% (vinte por cento) às seguintes exposições: I - depósitos bancários à vista, em moeda nacional; II - depósitos bancários à vista, em moeda estrangeira emitida pelos países de que trata o art. 13, inciso II; III - direitos resultantes da novação das dívidas do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), de que trata a Lei nº 10.150, de 21 de dezembro de 2000; IV - operações com vencimento em até três meses, em moeda nacional, realizadas com instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, com as quais não sejam elaboradas

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demonstrações contábeis em bases consolidadas, desde que não estejam submetidas a regime especial; V - direitos representativos das seguintes operações de cooperativas: a) aplicação de recursos de cooperativa de crédito singular na respectiva central, inclusive depósitos relativos à centralização fi nanceira; b) operação de crédito de cooperativa central em favor de singular fi liada, decorrente de repasses; c) aplicação de recursos de cooperativa central no banco cooperativo do qual detenha participação acionária, inclusive títulos de responsabilidade ou coobrigação desse banco e depósitos com ou sem emissão de certifi cado. Parágrafo único. As disposições do inciso V não se aplicam às participações societárias entre as instituições nele referidas. Ponderação 35% Art. 12. Deve ser aplicado FPR de 35% (trinta e cinco por cento) às seguintes exposições: I - fi nanciamentos para aquisição de imóvel residencial, novo ou usado, garantido por hipoteca, em primeiro grau, ou alienação fi duciária do imóvel fi nanciado, cujo valor contratado seja inferior a 50% (cinqüenta por cento) do valor de avaliação da garantia, na data da concessão do crédito; II - fi nanciamentos garantidos por hipoteca, em primeiro grau, de imóvel residencial, novo ou usado, cujo valor contratado seja inferior a 50% (cinqüenta por cento) do valor de avaliação da garantia, na data da concessão do crédito; III - certifi cados de recebíveis imobiliários, com lastro nos fi nanciamentos citados no inciso I, sobre os quais tenha sido instituído regime fi duciário nos termos dos arts. 9º a 15 da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997. Ponderação 50% Art. 13. Deve ser aplicado FPR de 50% (cinqüenta por cento) às seguintes exposições: I - operações com instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, com as quais não sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas, desde que não es-tejam submetidas a regime especial, bem como exposições que tenham como ativo objeto os títulos e valores mobiliários por elas emitidos; II - operações com governos centrais de países estrangeiros e respectivos bancos centrais, bem como exposições que tenham como ativo objeto os títulos e valores mobiliários por elas emitidos, em relação aos quais não tenha sido verifi cado, nos últimos cinco anos, pelo menos um entre os seguintes eventos: a) suspensão de qualquer pagamento relativo a obrigação externa; b) alteração unilateral dos termos contratuais relativos ao pagamento de obrigação externa; c) moratória ou qualquer outra modalidade de recusa de aceitação da validade de obrigação externa; d) antecipação, por força do exercício de cláusula contratual, do vencimento de obrigação externa; III - operações com instituições fi nanceiras sediadas nos países de que trata o inciso II, com as quais não sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas, desde que não estejam submetidas a regime espe-cial ou similar no exterior; IV - operações de crédito com câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação, de que trata a Lei nº 10.214, de 27 de março de 2001, considerados sistemicamente importantes nos termos da regulamentação em vigor; V - fi nanciamentos para aquisição de imóvel residencial, novo ou usado, garantido por hipoteca, em primeiro

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grau, ou alienação fi duciária do imóvel fi nanciado, cujo valor contratado seja superior a 50% (cinqüenta por cento) e inferior a 80% (oitenta por cento) do valor de avaliação da garantia, na data da concessão do crédito; VI - fi nanciamentos garantidos por hipoteca, em primeiro grau, de imóvel residencial, novo ou usado, cujo valor contratado seja inferior a 80% (oitenta por cento) do valor de avaliação da garantia, na data da concessão do crédito; VII - certifi cados de recebíveis imobiliários, com lastro nos fi nanciamentos citados no inciso V, sobre os quais tenha sido instituído regime fi duciário nos termos dos arts. 9º a 15 da Lei nº 9.514, de 1997; VIII - certifi cados de recebíveis imobiliários, com lastro em fi nanciamentos habitacionais garantidos por alienação fi duciária do imóvel fi nanciado, cujo valor contratado seja inferior a 50% (cinqüenta por cento) do valor de ava-liação da garantia, na data da concessão do crédito, e sobre os quais não tenha sido instituído regime fi duciário nos termos dos arts. 9º a 15 da Lei nº 9.514, de 1997; IX - fi nanciamentos para a construção de imóveis,garantidos por alienação fi duciária ou por hipoteca, em primeirograu, desde que adotado o instituto do patrimônio de afetação, de quetrata a Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004; X - operações de crédito concedidas ao FGC. Ponderação 75% Art. 14. Deve ser aplicado FPR de 75% (setenta e cinco por cento) às exposições relativas às operações de varejo. § 1º Consideram-se de varejo, para fi ns do disposto nesta circular, as operações que tenham as seguintes ca-racterísticas, cumulativamente: I - como contraparte, pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado de pequeno porte; II - assumam a forma de instrumento fi nanceiro destinado às contrapartes citadas no inciso I; III - valor das operações com uma mesma contraparte inferior a 0,2% (dois décimos por cento) do montante das operações de varejo; IV - valor das operações com uma mesma contraparte inferior a R$400.000,00 (quatrocentos mil reais). § 2º Devem ser considerados, para fi ns do disposto no § 1º: I - como única contraparte, qualquer pessoa, natural ou jurídica, ou grupo de pessoas agindo isoladamente ou em conjunto, representando interesse econômico comum; II - de pequeno porte, a contraparte com receita bruta anual inferior a R$2.400.000,00 (dois milhões e quatro-centos mil reais). § 3º Não devem ser consideradas, para fi ns do disposto no § 1º, as exposições às quais sejam aplicados os FPR de 35% (trinta e cinco por cento) e de 50% (cinqüenta por cento). § 4º Para fi ns de verifi cação dos limites de que trata o § 1º, incisos III e IV, o valor de todas as operações com uma contraparte deve ser considerado sem a aplicação de FCC e sem a dedução de provisão. Ponderação 100%

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Art. 15. Deve ser aplicado FPR de 100% (cem por cento) às exposições para as quais não haja FPR específi co esta-belecido e às exposições relativas a aplicações em cotas de fundos de investimento. Parágrafo único. Para as exposições relativas a aplicações em cotas de fundos de investimento, é facultada a apli-cação de FPR equivalente à média dos FPR aplicáveis às operações integrantes da carteira do fundo, como se fossem realizadas pela instituição aplicadora, ponderados pela participação relativa de cada operação no valor total da carteira. Créditos Tributários Art. 16. Deve ser aplicado FPR de 300% (trezentos por cento) às exposições relativas aos créditos tributários de que trata a Resolução nº 3.059, de 20 de dezembro de 2002, com as alterações introduzidas pela Resolução nº 3.355, de 31 de março de 2006, não excluídos para fi ns do cálculo do Patrimônio de Referência (PR), de que trata a Resolução nº 3.444, de 28 de fevereiro de 2007. Operações Compromissadas Art. 17. Para fi ns da aplicação do FPR à exposição relativa ao risco de crédito da contraparte decorrente de operação compromissada, equipara-se a operação compromissada a: I - operação de crédito, considerando-se o objeto da operação como instrumento mitigador de risco de crédito, no caso de operação de compra com compromisso de revenda; II - operação de empréstimo de títulos, considerando-se os recursos fi nanceiros recebidos como instrumento mi-tigador de risco de crédito, no caso de operação de venda com compromisso de recompra.

Aval, Fiança e Coobrigação Art. 18. Deve ser aplicado à exposição decorrente da prestação de aval, fi ança, ou qualquer outra modalidade de garantia pessoal o FPR aplicável à operação de crédito com a mesma contraparte. Apuração Art. 19. Para efeito da apuração da PEPR, não devem ser consideradas: I - as exposições decorrentes de operações interdependências e demais operações realizadas com instituições ligadas com as quais sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas; II - as exposições relativas aos ativos deduzidos do PR, de que trata a Resolução nº 3.444, de 2007, segundo o disposto na regulamentação em vigor, inclusive os créditos tributários excluídos, nos termos do art. 2º da Re-solução nº 3.059, de 2002, com as alterações introduzidas pela Resolução nº 3.355, de 2006, para fi ns de cálculo do nível I do PR; III - as exposições relativas ao risco do ativo objeto decorrente de aplicações em ações e mercadorias (commodi-ties), cobertas, respectivamente, pelas parcelas PACS e PCOM integrantes do PRE calculado nos termos da Resolu-ção nº 3.490, de 2007; IV - as exposições relativas às operações com instrumentos fi nanceiros derivativos em que a instituição atue exclu-sivamente como intermediadora, não assumindo quaisquer direitos ou obrigações para com as partes; V - as exposições ao risco de crédito da contraparte decorrentes de operações liquidadas em sistemas de liquida-ção de câmaras de compensação e de liquidação autorizados pelo Banco Central do Brasil, interpondo-se a câmara como contraparte central, nos termos da Lei nº 10.214, de 2001, e regulamentação em vigor. Mitigadores de Risco Art. 20. A utilização de instrumento mitigador de risco de crédito faculta a aplicação de FPR específi co à parcela da exposição coberta pelo respectivo instrumento, devendo ser aplicado à parcela remanescente da exposição o FPR correspondente às suas características originais.

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§ 1º O instrumento mitigador de risco de crédito não pode ser de responsabilidade de instituição ligada com a qual sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas, devendo atender aos seguintes requisitos: I - todos os direitos e obrigações decorrentes devem estar formalizados em contrato específi co; II - o risco de crédito do instrumento mitigador não pode ter correlação positiva relevante com o risco de crédito da exposição; III - a contraparte que proporciona a mitigação não pode ser instituição com a qual sejam elaboradas demons-trações contábeis em bases consolidadas. § 2º Para fazer uso da faculdade prevista no caput a instituição deve: I - assegurar-se de que o contrato possui sustentação legal em todos os foros relevantes; II - adotar procedimentos que assegurem o exercício tempestivo dos direitos previstos no contrato; III - monitorar e controlar os riscos de degradação da garantia fornecida pelo instrumento mitigador. § 3º São considerados instrumentos mitigadores de risco de crédito: I - aval, fi ança ou qualquer outra modalidade de garantia pessoal, e coobrigação em cessão de créditos; II - derivativos de crédito em que a instituição atue como contraparte transferidora do risco; III - acordos para a compensação e liquidação de obrigações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN), nos termos da Resolução nº 3.263, de 24 de fevereiro de 2005, desde que a instituição tenha condições de determinar, a qualquer tempo, o respectivo montante de ativos e obrigações, de maneira a monitorar e controlar a exposição resultante do acordo; IV - operações ativas vinculadas, realizadas segundo o disposto na Resolução nº 2.921, de 17 de janeiro de 2002; V - depósitos à vista, depósitos a prazo, depósitos de poupança, em ouro ou em títulos públicos federais que atendam, cumulativamente, aos seguintes requisitos: a) no caso de depósitos, sejam mantidos na própria instituição e no caso de ouro ou títulos públicos federais, na própria instituição ou custodiados em seu nome; b) tenham por fi nalidade exclusiva a constituição de garantia para as operações a que se vinculem; c) estejam sujeitos à movimentação, exclusivamente, por ordem da instituição depositária; d) estejam imediatamente disponíveis para a instituição depositária, no caso de inadimplência do devedor ou de necessidade de realização da garantia prestada. Art. 21. Deve ser aplicado FPR de 0% (zero por cento) à parcela de exposição coberta pelos seguintes instrumen-tos mitigadores de risco de crédito: I - operações ativas vinculadas, de que trata a Resolução nº 2.921, de 2002; II - garantia prestada pelo Tesouro Nacional ou pelo Banco Central do Brasil; III - garantia prestada pelos organismos multilaterais e EMD mencionadas no art. 10, inciso V; IV - acordo para a compensação e liquidação de obrigações no âmbito do SFN, nos termos da Resolução nº 3.263, de 2005; V - garantia prestada por fundos ou quaisquer outros mecanismos de cobertura do risco de crédito insti-tuídos pela Constituição Federal ou lei federal, por lei do Distrito Federal, estadual ou municipal, ou criados por organismos ofi ciais ou privados, desde que os recursos garantidores das operações estejam disponíveis ou aplicados em ativos de liquidez imediata e segregados em montante equivalente ao das garantias prestadas pelos referidos fundos ou mecanismos, de modo a cobrir, de imediato, eventualinadimplência por parte do respectivo tomador; VI - garantia prestada pelo Fundo de Garantia para Promoção daCompetitividade (FGPC), criado pela Lei nº 9.531, de 10 de dezembro de 1997, a operações de fi nanciamento realizadas por instituições fi nanceiras, inclusive pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com recursos próprios e da Agência Especial de

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Financiamento Industrial (Finame); VII - depósitos à vista, depósitos a prazo, depósitos de poupança, em ouro ou em títulos públicos federais de que trata o art. 20, § 3º, inciso V.

§ 1º Para as operações incluídas em acordo para a compensação e liquidação de obrigações no âmbito do SFN, nos termos da Resolução nº 3.263, de 2005, a parcela da exposição coberta pelo instrumento mitigador corresponde ao montante compensado pelo valor das obrigações em relação à contraparte no referido acordo. § 2º As condições de liquidez e segregação estabelecidas no inciso V não se aplicam aos fundos instituídos pela Constituição Federal ou lei federal que contem com aporte de recursos da União. § 3º A exposição coberta pelo instrumento mitigador de risco de que trata o inciso VII deve ser objeto de prévia autorização por parte do conselho de administração, se houver, ou da diretoria da instituição, caso seu valor seja igual ou superior a 5% (cinco por cento) do PR da instituição. Art. 22. Deve ser aplicado FPR de 50% (cinqüenta por cento) à parcela de exposição coberta pelos seguintes instrumentos mitigadores de risco: I - garantia das instituições de que trata o art. 13, incisos I e III; II - garantia dos países e bancos centrais de que trata o art. 13, inciso II; III - depósito de títulos emitidos pelas entidades de que trata o art. 13, incisos I, II e III, que atendam, cumulativa-mente, aos seguintes requisitos: a) sejam mantidos na própria instituição ou custodiados em seu nome; b) tenham por fi nalidade exclusiva a constituição de garantia para as operações a que se vinculem; c) estejam sujeitos a movimentação, exclusivamente, por ordem da instituição depositária; d) estejam imediatamente disponíveis para a instituição depositária, no caso de inadimplência do devedor ou de necessidade de realização da garantia prestada; IV - derivativos de crédito, segundo o disposto na Circular nº 3.106, de 10 de abril de 2002, em que a instituição atue como contraparte transferidora do risco de crédito. Parágrafo único. No caso de o derivativo de crédito possuir prazo de vencimento inferior ao do ativo subjacen-te, o FPR deve ser aplicado à exposição ajustada (Pa), obtida da seguinte maneira: Pa = P x (PRP/PRA), onde: Pa = parcela de exposição ajustada pelos prazos de vencimento; P = parcela de exposição garantida contratualmente; PRP = valor mínimo entre o PRA e o prazo remanescente do derivativo de crédito (em dias úteis); PRA = valor mínimo entre 1.260 e o prazo remanescente do ativo subjacente (em dias úteis). Art. 23. As instituições devem encaminhar ao Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro e Ges-tão da Informação (Desig), na forma a ser por ele estabelecida, relatório detalhando a apuração da parcela PEPR. Parágrafo único. Devem ser mantidas à disposição do Banco Central do Brasil, pelo prazo de cinco anos, as informações utilizadas para a apuração da parcela PEPR.

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Art. 24. Para fi ns do disposto no art. 6º da Resolução nº 3.490, de 2007, o Banco Central do Brasil pode deter-minar, a seu critério, valores superiores para F e para os FPR, compatíveis com o grau de risco das exposições da instituição. Art. 25. Qualquer menção ao Ativo ponderado pelo risco (Apr), de que trata o Anexo IV à Resolução nº 2.099, de 17 de agosto de 1994, em normativos editados pelo Banco Central do Brasil, passa a dizer respeito ao EPR, de que trata o art. 1º. Art. 26. Esta circular entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de julho de 2008, quando fi carão revogados: I - o art. 1º e o Anexo (Tabela de Classifi cação dos Ativos) da Circular nº 2.568, de 4 de maio de 1995, o art. 3º da Circular nº 2.801, de 4 de fevereiro de 1998, os arts. 1º, 3º e 4º da Circular nº 2.810, de 18 de março de 1998, os arts. 1º, 3º e 4º da Circular nº 2.934, de 4 de outubro de 1999, o art. 3º da Circular nº 2.984, de 15 de junho de 2000, os §§ 2º e 3º do art. 3º da Circular 3.106, de 10 de abril de 2002, e o art. 7º da Circular nº 3.233, de 8 de abril de 2004; II - as Circulares nºs 2.669, de 28 de fevereiro de 1996, 2.706, de 18 de julho de 1996, 2.770 e 2.771, ambas de 30 de julho de 1997, 2.779, de 29 de outubro de 1997, 2.784, de 27 de novembro de 1997, 2.793, de 17 de dezembro de 1997, 2.829, de 12 de agosto de 1998, 2.916, de 6 de agosto de 1999, 3.019, de 20 de dezembro de 2000, 3.031, de 10 de maio de 2001, 3.054, de 9 de agosto de 2001, 3.140, de 31 de julho de 2002, 3.168, de 11 de dezembro de 2002, 3.196, de 17 de julho de 2003, 3.203, de 4 de setembro de 2003, 3.216, de 16 de dezembro de 2003, e 3.294, de 30 de setembro de 2005. Parágrafo único. As citações e o fundamento de validade de normativos editados com base nas normas ora revo-gadas, passam a ter como referência esta circular.

Brasília, 12 de setembro de 2007.Alexandre Antonio Tombini

Diretor

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CIRCULAR 3.477, 24 de dezembro de 2009.Dispõe sobre a divulgação de informações referentes à gestão de riscos, ao Patrimônio de Referência Exigido (PRE),

de que trata a Resolução 3.490 à adequação do Patrimônio de Referência (PR), de que trata a Resolução 3.444

A Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, em sessão realizada em 23 de dezembro de 2009, com base no disposto nos arts. 10, inciso IX, e 11, inciso VII, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e tendo em vista o dis-posto no parágrafo único do art. 8º da Resolução nº 3.490, de 29 de agosto de 2007,

DECIDIU: Art. 1º As informações relativas à gestão de riscos, ao Patrimônio de Referência Exigido (PRE), de que trata a Reso-lução nº 3.490, de 29 de agosto de 2007, e à adequação do Patrimônio de Referência (PR), defi nido nos termos da Resolução nº 3.444, de 28 de fevereiro de 2007, devem ser divulgadas pelas seguintes instituições: I -bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de câmbio e caixas econômicas; II -instituições integrantes de conglomerado fi nanceiro, nos termos do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif ), ou de consolidado econômico-fi nanceiro, compostos por pelo menos uma das institui-ções mencionadas no inciso I; e III -instituições obrigadas a constituir comitê de auditoria, conforme o disposto no art. 10 do Regulamento anexo à Resolução nº 3.198, de 27 de maio de 2004. § 1º A divulgação deve ser realizada com detalhamento adequado ao escopo e à complexidade das operações e à sofi sticação dos sistemas e processos de gestão de riscos, observado que diferenças relevantes entre as informa-ções previstas nesta circular e outras informações divulgadas pela instituição devem ser esclarecidas.

§ 2º As instituições devem possuir política formal de divulgação de informações aprovada pelo conselho de admi-nistração ou, na sua inexistência, pela diretoria, que inclua: I -a especifi cação das informações a serem divulgadas; II -o sistema de controles internos aplicados ao processo de divulgação de informações; III - o estabelecimento de processo contínuo de confi rmação da fi dedignidade das informações divulgadas e da adequação do seu conteúdo; e IV -os critérios de relevância utilizados para divulgação de informações, com base nas necessidades de usuários externos para fi ns de decisões de natureza econômica.

Art. 2º A divulgação de informações de que trata esta circular deve ser feita em bases consolidadas para as institui-ções integrantes de conglomerado fi nanceiro e do consolidado econômico-fi nanceiro. Art. 3º Devem ser divulgados aspectos qualitativos para cada uma das estruturas de gerenciamento de risco, in-cluindo: I -descrição dos objetivos e políticas de gerenciamento de riscos, com estratégias e processos utilizados; II -descrição do processo estruturado de comunicação e informação de riscos e dos sistemas de mensuração utili-zados pela instituição; e III -políticas de hedge e de mitigação de risco, e estratégias e processos utilizados para o monitoramento contínuo da efetividade dos hedges e dos instrumentos de mitigação.

Parágrafo único. Devem ser considerados, no mínimo, os riscos de crédito, operacional, de liquidez e de mercado, destacando-se o risco de taxa de juros das operações não classifi cadas na carteira de negociação.

Art. 4º Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas ao PR: I -informações simplifi cadas sobre os prazos de vencimento e condições dos instrumentos que compõem o Nível I e o Nível II do PR;

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II -valor do Nível I do PR, detalhado segundo seus componentes, conforme art. 1º, § 1º, da Resolução nº 3.444, de 2007; III -valor do Nível II do PR, detalhado segundo seus componentes, conforme art. 1º, § 2º, da Resolução nº 3.444, de 2007; IV -valor das deduções do PR, conforme arts. 3º, 4º e 5º da Resolução nº 3.444, de 2007; V -valor total do PR; e VI -restrições ou impedimentos relevantes, existentes ou possíveis, à transferência de recursos entre as instituições consolidadas.

Art. 5º Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas ao PRE e à adequação do PR: I -valor da parcela PEPR do PRE, segmentado pelos fatores de ponderação de risco (FPR), de acordo com os arts. 11 a 16 da Circular nº 3.360, de 12 de setembro de 2007; II -valores das parcelas PJUR[1] , PJUR[2], PJUR[3], PJUR[4], PACS, PCOM e PCAM do PRE, calculadas conforme as Circulares ns. 3.361, 3.362, 3.363, 3.364, 3.366 e 3.368, todas de 12 de setembro de 2007, e 3.389, de 25 de junho de 2008; III -valor da parcela POPR do PRE, calculada conforme a Circular nº 3.383, de 30 de abril de 2008; IV -valor total do PRE; V -índice de Basileia (IB), apurado de acordo com a seguinte fórmula:

, em que:

EPR = somatório dos produtos das exposições pelos respectivos FPR, apurado conforme a Circular nº 3.360, de 2007;

F = fator aplicável ao EPR, nos termos da Circular nº 3.360, de 2007;

PJUR = PJUR[1] + PJUR[2] + PJUR[3] + PJUR[4];

VI -montante do PR apurado para cobertura do risco da taxa de juros das operações não classifi cadas na carteira de negociação; e VII -descrição da metodologia adotada para avaliar a adequação do PR, incluindo os riscos não abrangidos pelas parcelas do PRE.

Art. 6º Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas às exposições a risco de crédito, de que trata a Circular nº 3.360, de 2007: I -valor total das exposições e valor da exposição média no trimestre; II -percentual das exposições dos dez maiores clientes em relação ao total das operações com característica de concessão de crédito; III -montante das operações em atraso, bruto de provisões e excluídas as operações já baixadas para prejuízo, se-gregado nas seguintes faixas: a) atraso até 60 dias; b) atraso entre 61 e 90 dias; c) atraso entre 91 e 180 dias; e

IB =

EPR +F1

{ .( PCAM + PJUR + PCOM + PACS + POPR ) {PR . 100

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d) atraso acima de 180 dias; IV -fl uxo de operações baixadas para prejuízo no trimestre; e V -montante de provisões para perdas relativas às exposições de que trata o caput.

Parágrafo único. As informações de que trata o inciso I devem ser segmentadas por: I -FPR de acordo com os arts. 10 a 16 da Circular nº 3.360, de 2007; II -países e regiões geográfi cas com exposições signifi cativas; e III -setor econômico.

Art. 7º Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas aos instrumentos mitigadores do risco de crédito: I -descrição das políticas e metodologias de avaliação e mensuração dos instrumentos mitigadores, incluindo a avaliação do seu risco de concentração; e II -valor total mitigado pelos instrumentos defi nidos nos arts. 20 a 22 da Circular nº 3.360, de 2007, segmentado por tipo de mitigador e pelos FPR, conforme art. 6º, parágrafo único, inciso I.

Art. 8º Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas ao risco de crédito de contraparte: I -descrição da metodologia para estabelecer limites às exposições sujeitas ao risco de contraparte; II -descrição dos métodos e políticas para assegurar a efi cácia das garantias e defi nir as provisões relativas às ope-rações de crédito, no caso de serem distintas das provisões regulamentares mínimas; III -valor nocional dos contratos sujeitos ao risco de crédito de contraparte, incluindo derivativos, operações a liqui-dar, empréstimos de ativos, operações compromissadas, segmentado da seguinte forma: a) valores relativos a contratos a serem liquidados em sistemas de liquidação de câmaras de compensação e de liquidação, nos quais a câmara atue como contraparte central; e b) valores relativos a contratos nos quais não haja a atuação de câmaras de compensação como contraparte cen-tral, segmentados entre contratos sem garantias e contratos com garantias; IV - valor positivo bruto dos contratos sujeitos ao risco de crédito de contraparte, incluindo derivativos, operações a liquidar, empréstimos de ativos, operações compromissadas, desconsiderados os valores positivos relativos a acordos de compensação, conforme defi nidos na Resolução nº 3.263, de 24 de fevereiro de 2005; V - valores positivos relativos a acordos para compensação e liquidação de obrigações, conforme defi nidos na Resolução nº 3.263, de 2005; VI -valor das garantias que atendam cumulativamente aos seguintes requisitos: a) sejam mantidas ou custodiadas na própria instituição; b) tenham por fi nalidade exclusiva a constituição de garantia para as operações que se vinculem; c) estejam sujeitas à movimentação, exclusivamente, por ordem da instituição depositária; e d) estejam imediatamente disponíveis para a instituição depositária no caso de inadimplência do devedor ou de necessidade de sua realização; VII -exposição global líquida a risco de crédito de contraparte, defi nida como a exposição a risco de crédito de contraparte líquida dos efeitos dos acordos para compensação e do valor das ga-rantias defi nidos nos incisos V e VI; VIII -percentual das exposições a risco de crédito coberto pelo valor nocional dos hedges efetuados por meio de derivativos de crédito; e IX -valor nocional de derivativos de crédito segregado por tipo de operação, conforme a Circular nº 3.106, de 10 de abril de 2002, detalhado da seguinte maneira: a) derivativos de crédito mantidos na carteira da instituição, separados por “risco recebido” ou “risco transferido”; e b) derivativos de crédito utilizados para fi ns de intermediação, separados por “risco recebido” ou “risco transferido”.

Art. 9º Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas às operações de venda ou transferência de ativos

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fi nanceiros e às operações com títulos ou valores mobiliários oriundos de processo de securitização, incluindo aquelas estruturadas por meio de derivativos de crédito: I -descrição sucinta das políticas e objetivos relacionados à cessão de crédito e às operações com títulos ou valores mobiliários oriundos de processo de securitização; II -fl uxo das exposições cedidas no trimestre com transferência substancial dos riscos e benefícios; III -saldo das exposições cedidas sem transferência nem retenção substancial dos riscos e benefícios; IV -saldo das exposições cedidas com retenção substancial dos riscos e benefícios; V -fl uxo das exposições cedidas no trimestre com retenção substancial dos riscos e benefícios, que foram baixadas para prejuízo; e VI - valor total das exposições decorrentes da aquisição de títulos ou valores mobiliários oriundos de processo de securitização, destacando aquelas eventualmente estruturadas por meio de derivativos de crédito, segmentadas da seguinte forma: a) tipo de título ou valor mobiliário oriundo de processo de securitização; b) tipo de crédito, título ou valor mobiliário que lastreia a emissão; e c) classe do título ou valor mobiliário, no que se refere à subordinação dessa às demais, para efeito de resgate.

§ 1º Para fi ns do disposto neste artigo, considera-se processo de securitização a operação que compreenda os seguintes estágios: I - originação de créditos ou de títulos e valores mobiliários; II - cessão dos créditos ou títulos e valores mobiliários a instituições, empresas ou entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional; e III - emissão, por parte das instituições, empresas ou entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional, de títulos e valores mobiliários, que podem assumir a forma de quotas, certifi cados ou títulos, com expressa vincula-ção aos créditos ou títulos e valores mobiliários adquiridos.

§ 2º Para fi ns do disposto nos incisos II a V do caput deste artigo, devem ser utilizadas as defi nições da Resolução nº 3.533, de 31 de janeiro de 2008.

Art. 10. Deve ser divulgado o valor total da carteira de negociação por fator de risco de mercado relevante, seg-mentado entre posições compradas e vendidas.

Art. 11. Devem ser divulgadas as seguintes informações relativas às operações não classifi cadas na carteira de negociação: I - descrição sucinta das políticas e metodologias de mensuração do risco de taxa de juros e de ações; e II - premissas utilizadas para o tratamento de liquidação antecipada de empréstimos e de depósitos que não pos-suam vencimento defi nido.

Art. 12. Devem ser divulgados, no mínimo, o total da exposição a instrumentos fi nanceiros derivativos por categoria de fator de risco de mercado, segmentado entre posições compradas e vendidas, segregado da seguinte maneira: I - operações com instrumentos fi nanceiros derivativos realizadas por conta própria com contraparte central, sub-divididas em realizadas no Brasil e no exterior; II - operações com instrumentos fi nanceiros derivativos realizadas por conta própria sem contraparte central, sub-divididas em realizadas no Brasil e no exterior;

§ 1º Para efeito da apuração do valor das exposições em derivativos com características não lineares, deve ser con-siderada a variação do preço do derivativo em relação à variação do preço do ativo objeto (delta) multiplicada pela quantidade de contratos e pelo seu tamanho.

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§ 2º A segregação por fator de risco de mercado de que trata o caput corresponde, no mínimo, à classifi cação nas seguintes categorias: I -taxa de juros; II -taxa de câmbio; III -preço de ações; e IV -preço de mercadorias (commodities).

Art. 13. Devem ser divulgadas informações adicionais que a instituição julgue relevantes, de forma a assegurar a apropriada transparência de sua gestão e mensuração de riscos, bem como da adequação do seu PR.

Parágrafo único. O Departamento de Supervisão de Bancos e Conglomerados Bancários (Desup) ou o Departa-mento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias (Desuc) poderá determinar a divulgação de informações adicionais às previstas nesta circular.

Art. 14. As informações de que trata esta circular devem ser atualizadas com a seguinte periodicidade mínima: I -anual, para as informações de natureza qualitativa, ou quando houver alteração relevante; e II -trimestral, relativamente às datas-base de 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, para as informações de natureza quantitativa. Parágrafo único. A atualização das informações deve ser feita no prazo máximo de sessenta dias para as datas-base de 31 de março, 30 de junho e 30 de setembro, e de noventa dias para a data-base de 31 de dezembro.

Art. 15. As informações de que trata esta circular devem estar disponíveis em um único local, de acesso público e de fácil localização, no sítio da instituição na internet.

§ 1º As informações devem estar disponíveis juntamente com as relativas à estrutura de gestão de risco, de acordo com o disposto nos arts. 4º da Resolução nº 3.380, de 29 de junho de 2006, 6º da Resolução nº 3.464, de 26 de junho de 2007, e 7º da Resolução nº 3.721, de 30 de abril de 2009.

§ 2º A instituição deve publicar, em conjunto com as demonstrações contábeis, a localização das informações no sítio da instituição na internet.

§ 3º A instituição deve disponibilizar as informações referentes, no mínimo, aos cinco últimos anos, acompanhadas de avaliação comparativa e de explicação para as variações relevantes, observado que: I - fi ca dispensada a divulgação das informações para datas-base anteriores a 31 de dezembro de 2009; II - a divulgação das informações para datas-base anteriores a 31 de dezembro de 2010 deve ser feita até 1º de abril de 2011; e III - a informação de que trata o inciso VI do art. 5º deve ser divulgada a partir da data-base de 31 de dezembro de 2011.

Art. 16. O diretor indicado nos termos do art. 4º da Resolução nº 3.490, de 2007, é responsável pelas informações de que trata esta circular.

Art. 17. Esta circular entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de dezembro de 2009. Alexandre Antonio Tombini Alvir Alberto Hoff mann Diretor Diretor

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COMUNICADO 18.365, 22 de abril de 2009Comunica orientações preliminares relativas à utilização das abordagens baseadas

em classifi cação interna de exposições segundo o risco de crédito, para fi ns da apuração

da parcela PEPR do Patrimônio de Referência Exigido (PRE).

Conforme divulgado por meio dos Comunicados nºs 12.746, de 9 de dezembro de 2004, e 16.137, de 27 de se-tembro de 2007, a Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, tendo em conta as recomendações do Comitê de Supervisão Bancária de Basiléia contidas no documento “Convergência Internacional de Mensuração e Padrões de Capital: Uma Estrutura Revisada”, conhecido por Basiléia II, facultará às instituições de maior porte, com atuação internacional e participação signifi cativa no Sistema Financeiro Nacional, a utilização de abordagem avançada, com base em classifi cação interna de exposições segundo o risco de crédito (IRB), de acordo com o cronograma previsto.

2. Este comunicado tem o objetivo de divulgar conceitos e orientações necessárias à formação de bases de dados pelas instituições interessadas em fazer uso dessa faculdade. Para fi ns do emprego das referidas abordagens na apuração da parcela referente às exposições ponderadas pelo fator de ponderação de risco a elas atribuído (PEPR) do Patrimônio de Referência Exigido (PRE), de que trata a Resolução nº 3.490, de 29 de agosto de 2007, o Banco Central do Brasil estabelecerá as regras de cálculo para cada uma das categorias de exposição descritas neste co-municado, com base nas metodologias previstas nos capítulos III e IV da Parte II do documento Basiléia II, relativos, respectivamente, às abordagens IRB e ao tratamento das estruturas de securitização.

ESCOPO

3. As abordagens IRB aplicam-se às exposições, defi nidas no art. 1º, § 1º, da Circular nº 3.360, de 12 de setembro de 2007, não classifi cadas na carteira de negociação, segundo os critérios es-tabelecidos na Circular nº 3.354, de 27 de junho de 2007, e as classifi cadas na carteira de negociação e sujeitas ao risco de crédito de contraparte.

4. As exposições em relação às quais não for apurada a parcela PEPR mediante o emprego das abordagens IRB conti-nuarão a receber o tratamento estabelecido na Circular nº 3.360, de 2007, para fi ns da apuração da referida parcela.

CATEGORIAS DE EXPOSIÇÃO

5. As exposições às quais forem aplicadas as abordagens IRB devem ser segmentadas nas seguintes categorias: “entidades soberanas”, “instituições fi nanceiras”, “varejo”, “participações so-cietárias” e “atacado”.

6. A categoria “entidades soberanas” abrange as exposições a governos centrais de países estrangeiros e respec-tivos bancos centrais, aos organismos multilaterais e a Entidades Multilaterais de Desenvolvimento (EMD) de que trata o art. 10 da Circular nº 3.360, de 2007.

7. A categoria “instituições fi nanceiras” abrange as exposições a instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil com as quais não sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas, as exposições a instituições fi nanceiras sediadas no exterior com as quais não sejam elaboradas demonstrações contábeis em bases consolidadas, bem como as expo-sições que tenham como ativo objeto títulos e valores mobiliários emitidos pelas instituições acima mencionadas e as exposições a organismos multilaterais e EMD não relacionados no art. 10 da Circular nº 3.360, de 2007.

8. A categoria “varejo” abrange as exposições a pessoas naturais e pessoas jurídicas com receita bruta anual inferior a R$2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais), geridas de forma não individualizada e que assumam a forma

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de instrumentos fi nanceiros tipicamente voltados para o varejo, bem como as exposições relativas a empréstimos e fi nanciamentos com garantia de imóvel residencial. A categoria “varejo” divide-se nas seguintes subcategorias: I - residencial, compreendendo os empréstimos e fi nanciamentos com garantia de imóvel residencial, independen-temente do valor da exposição, limitados a uma unidade residencial por contraparte; II - crédito rotativo de varejo qualifi cado, compreendendo exposições não-garantidas e de caráter rotativo realizadas com pessoas naturais, cujo valor agregado por contraparte seja inferior a R$40.000,00 (quarenta mil reais) e que exibam baixas volatilidades nas taxas de perdas em comparação com a média histórica da subcategoria demais exposições de varejo identifi cada no inciso III, especialmente nas faixas de baixa Probabilidade de Descumprimento; III - demais exposições de varejo não enquadradas nas subcategorias anteriores.

9. As exposições classifi cadas na categoria “varejo”, exceto no caso do parágrafo 8, inciso I, devem obedecer ao limite para o valor das operações com uma mesma contraparte estabelecido no art. 14 da Circular nº 3.360, de 2007.

10. A categoria “participações societárias” abrange a aquisição de ações ou quotas de empresas não integrantes do próprio consolidado econômico-fi nanceiro, com exceção dos instrumentos de captação aptos a integrar o Ní-vel I do Patrimônio de Referência (PR), defi nido na Resolução nº 3.444, de 28 de fevereiro de 2007, de instituições fi nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil não integrantes do próprio conglomerado fi nanceiro.

11. A categoria “atacado” abrange as exposições a pessoas naturais e jurídicas que não se enquadrem nas catego-rias acima e divide-se nas seguintes subcategorias: I -exposições a pessoas naturais e a pequenas e médias empresas (PME), compreendendo as exposições a pessoas jurídicas de direito privado com receita anual inferior a R$48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais); II -exposições em empréstimos especializados, compreendendo “fi nanciamento de projetos”, “fi nanciamento de objetos específi cos”, “fi nanciamento de mercadorias transacionáveis (commodities)”, “empreendimentos imobiliá-rios geradores de receita” e “empreendimentos imobiliários comerciais de alta volatilidade”; III -demais exposições de atacado não classifi cadas nas categorias anteriores.

12. As exposições relacionadas a operações de recebíveis adquiridos das categorias varejo e atacado poderão ser destacadas para tratamento distinto das demais exposições dessas categorias, devendo ser considerados tanto o risco de crédito quanto o risco de deterioração do ativo subjacente.

13. Para as exposições não classifi cadas nas categorias anteriores deverão ser aplicados os Fatores de Ponderação de Risco (FPR) previstos na Circular nº 3.360, de 2007.

PARÂMETROS DE RISCO

14. As abordagens IRB utilizam os seguintes parâmetros de risco: Probabilidade de Descumprimento (PD), Perda Dado o Descumprimento (LGD), Exposição no Momento do Descumprimento (EAD) e Prazo Efetivo de Vencimento (M).

15. Para as exposições classifi cadas na categoria “varejo”, o descumprimento é defi nido como a ocorrência de pelo menos um dos eventos a seguir: I - a instituição fi nanceira considera que o tomador ou contraparte não irá honrar integralmente a obrigação em questão sem que a instituição fi nanceira recorra a ações tais como a execução de garantias prestadas; II - a obrigação está em atraso há mais de 180 dias, para as exposições de varejo relativas a fi nanciamentos habitacionais, ou há mais de noventa dias para as demais exposições de varejo.

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16. Para as exposições classifi cadas nas demais categorias, o descumprimento é defi nido como a ocorrência de pelo menos um dos eventos a seguir: I - a instituição fi nanceira considera que o tomador ou contraparte não irá honrar integralmente ao menos uma obrigação sem que a instituição fi nanceira recorra a ações tais como a execução de garantias prestadas; II - ao menos uma obrigação do tomador ou contraparte perante a instituição fi nanceira está em atraso há mais de noventa dias.

17. Os indicativos de que um tomador ou contraparte específi ca não irá honrar integralmente suas obrigações incluem: I - a instituição fi nanceira, por iniciativa própria e independentemente de exigência regulamentar, deixa de apro-priar rendas relativas à exposição; II - a instituição fi nanceira, por iniciativa própria e independentemente de exigência regulamentar, reconhece con-tabilmente deterioração signifi cativa da qualidade do crédito; III - a instituição fi nanceira vende, transfere ou renegocia os direitos de crédito com perda econômica relevante, devido à deterioração signifi cativa da qualidade do crédito; IV - a instituição fi nanceira pede a falência ou toma outra providência similar em relação ao tomador ou contrapar-te, com base no descumprimento de obrigações de crédito nas condições pactuadas; V - o tomador ou contraparte solicita qualquer tipo de medida judicial que limite, atrase ou impeça o cumprimento de obrigações nas condições pactuadas; VI -foi determinado em relação ao tomador ou contraparte qualquer tipo de medida judicial que limite, atrase ou impeça o cumprimento de obrigações nas condições pactuadas.

18. As obrigações relativas a contas garantidas e exposições similares são consideradas em atraso a partir do dia em que o saldo devedor excede o limite pactuado.

19. O parâmetro PD é defi nido como a média de longo prazo das taxas de descumprimento para o horizonte tem-poral de um ano dos tomadores de uma determinada classe de risco de crédito (rating) ou grupo homogêneo de risco (pool).

20. O parâmetro EAD corresponde ao valor da exposição da instituição fi nanceira perante o tomador ou contraparte no momento da concretização do evento de descumprimento, bruto de provisões. Para as exposições registradas no ativo, a estimativa do parâmetro EAD não pode ser inferior ao respectivo saldo contábil no momento da apuração.

21. O parâmetro LGD corresponde ao percentual, em relação ao parâmetro EAD observado, da perda econômica decorrente do descumprimento, cuja apuração deve levar em conta todos os fatores relevantes, inclusive descontos concedidos para recuperação do crédito, e todos os custos diretos e indiretos associados à cobrança da obrigação.

22. Os valores apurados dos parâmetros LGD e EAD devem contemplar um ciclo econômico completo e ser iguais ou superiores à média ponderada de longo prazo dos percentuais de perda dado o descumprimento e dos valores das exposições no momento do descumprimento, respectivamente. A ponderação deverá ser feita por meio da taxa de descumprimento ou do número de descumprimentos, de maneira consistente e adequada às característi-cas dos períodos em questão. No caso de as perdas possuírem características de ciclicidade, os parâmetros LGD e EAD devem refl etir períodos de conjuntura econômica adversa.

23. O Banco Central do Brasil estabelecerá, para as categorias “entidades soberanas”, “instituições fi nanceiras” e “atacado”, os valores dos parâmetros LGD e EAD a serem utilizados na abordagem IRB básica, bem como, para a ca-tegoria “participações societárias”, os valores do parâmetro LGD a serem utilizados na abordagem PD/LGD, prevista no capítulo III do documento Basiléia II.

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24. O parâmetro M, limitado ao valor mínimo de um ano e máximo de cinco anos, deverá corresponder ao prazo fi nal das operações ou, a critério da instituição, ser calculado por meio da seguinte fórmula:

, onde:

t = período de tempo, em anos;

FC = Fluxo de Caixa (principal, juros e taxas previstos em contratos) com pagamento previsto para o período t.

25. O valor mínimo de um ano para o parâmetro M não se aplica às operações compromissadas e aos empréstimos de títulos, devendo corresponder ao maior valor entre um dia e a maturidade efetiva. As operações elegíveis a essa exceção devem ser avaliadas diariamente e possuir garantias cuja execução e liquidação sejam imediatas em caso de descumprimento.

BASES DE DADOS 26. Os períodos mínimos de cobertura dos dados nas abordagens IRB, exceto durante o período de transição, para emprego das referidas abordagens são os seguintes: I -para as exposições classifi cadas na categoria “varejo”, as estimativas dos parâmetros PD, LGD e EAD devem considerar dados relativos, no mínimo, aos cinco anos anteriores; II -para as exposições classifi cadas na categoria “participações societárias”, as estimativas do parâmetro PD empregadas na abordagem PD/LGD devem considerar dados relativos, no mínimo, aos cinco anos anteriores; III -para as demais exposições as estimativas do parâmetro PD devem considerar dados relativos, no mínimo, aos cinco anos anteriores e as estimativas dos parâmetros LGD e EAD devem considerar dados relativos, no mínimo, aos sete anos anteriores, compreendendo, preferencialmente, um ciclo econômico completo.

27. Admite-se a utilização de bases de dados externas e classifi cações externas de exposições segundo o risco de crédito como fonte complementar de informações nas estimativas dos parâmetros de risco, desde que seja demonstrada a compatibilidade dos dados com os fatores de risco aos quais estão sujeitas as exposições próprias.

28. É admitida a utilização de modelos desenvolvidos por terceiros como parte do processo de classifi cação interna de exposições segundo o risco de crédito. O uso de tais modelos está condicionado à validação de seu uso, segun-do os mesmos requisitos para validação do uso de sistemas desenvolvidos internamente, devendo ser observados os seguintes princípios: I -o nível de integração dos modelos ao processo de classifi cação interna de exposições deve ser adequadamente documentado; II -o grau de compreensão das implicações do uso dos modelos deve ser demonstrado; III -a adequação dos modelos à natureza das exposições e à metodologia adotada no processo de classifi cação interna de exposições deve ser comprovada; IV -o desempenho dos modelos e a integridade dos dados utilizados no processo de classifi cação interna de expo-sições devem ser periodicamente revisados.

29. Os sistemas internos para classifi cação de exposições segundo o risco de crédito, incluindo as estimativas dos parâmetros de risco, devem integrar a estrutura de gerenciamento do risco de crédito implementada nos termos

M =

t * FCt

FCtt

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da regulamentação em vigor e o seu emprego deve amparar as decisões e procedimentos decorrentes das políticas e estratégias de gestão adotadas. Não será admitido o emprego de sistemas internos para classifi cação elaborados para a fi nalidade exclusiva de apuração da parcela PEPR do PRE.

ESTRUTURA DOS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Categorias “Atacado”, “Entidades Soberanas” e “Instituições Financeiras”

30. Para as categorias “atacado”, “entidades soberanas” e “instituições fi nanceiras”, os sistemas internos de classifi ca-ção de risco devem proporcionar distribuição equilibrada das exposições, sem que haja uma excessiva concentra-ção em determinadas classes de risco, considerando duas dimensões: I -o risco de descumprimento do tomador ou contraparte, associado ao parâmetro PD; II -fatores específi cos da operação, associados ao parâmetro LGD.

Dimensão relativa ao Risco de Descumprimento do Tomador ou Contraparte

31. A dimensão de risco de descumprimento do tomador ou contraparte, de que trata o inciso I do parágrafo 30, deve proporcionar a distribuição das exposições em, no mínimo, oito classes de risco das quais sete classes devem corresponder às exposições em que não é verifi cado descumprimento e uma classe deve corresponder às expo-sições em que é verifi cado descumprimento. Cada classe determinada deverá estar associada a uma estimativa específi ca do parâmetro PD.

32. O número de classes de risco referentes à dimensão do risco de descumprimento do tomador ou contraparte deve ser compatível com a diversifi cação da carteira de crédito, de forma a evitar concentrações em determinadas classes. Concentrações signifi cativas devem ser justifi cadas por evidências empíricas que comprovem a razoável homogeneidade dos tomadores ou contrapartes ali classifi cados com relação ao parâmetro PD.

33. Quanto mais diversifi cada for a carteira de crédito, maior deverá ser o número de classes, a fi m de refl etir ade-quadamente suas características.

34. As diferentes exposições relativas a um mesmo tomador ou contraparte devem ser classifi cadas em uma mes-ma classe de risco, independentemente de diferenças nas características de suas respectivas operações, exceto nas seguintes hipóteses: I -para o tratamento do risco país, conforme suas exposições sejam denominadas em moeda local ou moeda es-trangeira; e II -para tratamento de exposições com garantia fi dejussória que impliquem alteração da classifi cação de risco.

Dimensão relativa a Fatores Específi cos da Operação 35. A dimensão relativa a fatores específi cos da operação, de que trata o parágrafo 30, inciso II, deve considerar os fatores específi cos relativos à operação que podem infl uenciar a magnitude das perdas, como a presença de ga-rantias reais, o tipo de produto fi nanceiro, entre outros. Essa dimensão deverá refl etir exclusivamente o parâmetro LGD, salvo no caso de emprego da abordagem IRB básica, em que poderão ser utilizados fatores que refl itam con-juntamente características da operação e dos tomadores ou contrapartes como, por exemplo, as perdas esperadas. 36. O número de classes de risco referentes à dimensão relativa a fatores específi cos da operação deve ser sufi cien-te para evitar que exposições com grande diferença do parâmetro LGD sejam agrupadas em uma mesma classe. Os critérios utilizados para segregação das classes devem ser amparados em evidências empíricas.

Categoria “Varejo” 37. Para as exposições classifi cadas na categoria “varejo”, os sistemas internos de classifi cação de exposições segun-

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do o risco de crédito devem permitir a associação de cada exposição a um grupo homogêneo de risco, identifi cado com base nos seguintes critérios: I -características de risco do tomador ou contraparte; II -características de risco da exposição, incluindo o tipo de produto e existência de garantias, entre outros; III -atraso nas operações associadas às exposições.

38. A distribuição das exposições da carteira de varejo deve propiciar uma diferenciação signifi cativa de riscos e evitar concentrações em determinados grupos homogêneos. Concentrações signifi cativas devem ser justifi cadas por evidências empíricas que comprovem a razoável homogeneidade dos tomadores ou contrapartes e das ope-rações ali classifi cadas. Adicionalmente, deve-se assegurar que o número de exposições em determinado grupo homogêneo é sufi ciente para permitir a mensuração e validação das suas características de perdas. 39. Para cada grupo homogêneo deverão ser estimados os parâmetros PD, LGD e EAD, sendo possível que diferen-tes grupos homogêneos compartilhem estimativas idênticas desses parâmetros. 40. Excepcionalmente, o Banco Central do Brasil poderá dispensar o tratamento individualizado exigido para al-gumas das exposições classifi cadas na subcategoria PME, da categoria “atacado”, permitindo sua inclusão em um grupo homogêneo de risco, desde que a gestão dessas exposições seja feita de forma não individualizada, conse-quentemente compatível com o tratamento dispensado à categoria “varejo”.

PERIODO DE TRANSIÇÃO

41. Para as exposições classifi cadas nas categorias “atacado”, “entidades soberanas” e “instituições fi nanceiras”, o emprego da abordagem IRB avançada não estará condicionado ao emprego prévio da abordagem IRB básica. 42. No momento da solicitação de autorização para utilizar as abordagens IRB para apuração da parcela PEPR do PRE, a instituição fi nanceira precisará comprovar: I -a utilização, há pelo menos um ano, de sistemas internos de classifi cação de risco e estimação de parâmetros, alinhados com os requerimentos mínimos para utilização de modelos internos de risco de crédito para fi ns da apuração da parcela PEPR; II -a estimação dos parâmetros utilizados nas abordagens IRB para, no mínimo, 80% (oitenta por cento) das exposições do escopo de aplicação ponderadas pelos respectivos Fatores de Ponde-ração de Risco (FPR) estabelecidos na III -a elaboração de plano que contemple a im-plementação, no prazo de cinco anos, das abordagens IRB para todas as exposições relevantes do escopo de aplicação ponderadas pelos respectivos FPR. 43. Excepcionalmente, para o primeiro período de candidaturas à autorização de uso das abordagens IRB, os perí-odos mínimos de cobertura dos dados serão os seguintes: I -para as exposições classifi cadas na categoria “varejo”, as estimativas dos parâmetros PD, LGD e EAD devem utilizar dados relativos aos três anos anteriores; II -para as exposições classifi cadas nas categorias “atacado”, “instituições fi nanceiras”, “entidades soberanas” e “participações societárias”, as estimativas do parâmetro PD devem utilizar da-dos relativos aos três anos anteriores; III -para as exposições classifi cadas nas categorias “atacado”, “instituições fi nanceiras” e “entidades soberanas”, as estimativas dos parâmetros LGD e EAD devem utilizar dados relativos aos cinco anos anteriores.

Brasília, 22 de abril de 2009. Alexandre Antonio Tombini Antonio Gustavo Matos do Vale Diretor Diretor, substituto

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