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Manual de Direito do Trabalho Desportivo

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Mauricio de Figueiredo Corrêa da VeigaAdvogado formado pela Universidade Católica de Petrópolis; Pós-Graduado em Direito e Processo do Trabalho

(UCAM-RJ) e Especialista em Direito Empresarial do Trabalho (FGV-RJ); Membro fundador da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD); Membro do IAB; Auditor do Tribunal Pleno do STJD da CBTE; Procurador-Geral do

STJD da CBTARCO; Presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB-DF e Sócio fundador do escritório Corrêa da Veiga advogados.

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EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-003 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br Junho, 2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índice para catálogo sistemático:

Todos os direitos reservados

Versão impressa — LTr 5478.2 — ISBN 978-85-361-8840-9 Versão digital — LTr 8942.8 — ISBN 978-85-361-8846-1

Veiga, Mauricio de Figueiredo Corrêa da

Manual de direito do trabalho desportivo / Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga. — São Paulo : LTr, 2016.

Bibliografia.

1. Atleta profissional — Brasil 2. Contratos de trabalho 3. Esportes — Leis e legislação I. Título.

16-02830 CDU-34:796.06(81)

1. Direito do trabalho desportivo : Direito desportivo 34:796.06(81)

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Agradecimentos

A Deus pelo dom da vida e por ser tão generoso comigo.

Para as muito amadas Alice, Gabriela e Carolina.

À Viviane, parceira fundamental para a realização dos meus sonhos.

Aos meus pais, Aloysio e Maria Helena, exemplos de integridade, generosidade e responsáveis pelos alicerces desta caminhada que é o viver, sempre em busca da felicidade.

Aos meus irmãos Mariana e Matheus.

Aos meus afilhados Duda e Miguel.

À equipe do Corrêa da Veiga Advogados.

Aos membros da Academia Nacional de Direito Desportivo.

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Sumário

Prefácio — João Oreste Dalazen ................................................................................................................11

Introdução .........................................................................................................................................................13

1. Aspectos Gerais e Princípios do Direito Desportivo .......................................................................15

1.1. Princípios do Direito Desportivo ...............................................................................................................15

1.2. Princípio da Autonomia Desportiva ..........................................................................................................18

1.3. Autonomia das Entidades Desportivas .....................................................................................................19

1.4. O Esporte, o Estado e a Sociedade ............................................................................................................21

2. Legislação Desportiva ..............................................................................................................................22

2.1. Legislação Desportiva no Brasil ................................................................................................................22

2.1.1. Primeiro período (1932 — 1945) ......................................................................................................22

2.1.2. Segundo período (1946 — 1988) ......................................................................................................24

2.1.3. Terceiro período (a partir de 1988) ..................................................................................................30

3. Do Contrato de Trabalho ........................................................................................................................33

3.1. Contrato de Trabalho...................................................................................................................................33

3.2. Contrato Especial de Trabalho Desportivo (CETD) ................................................................................33

3.3. Sujeitos do Contrato de Trabalho ..............................................................................................................35

3.4. Vínculo de Emprego e Vínculo Desportivo .............................................................................................36

3.5. Renovação do Contrato de Trabalho .........................................................................................................36

3.5.1. Renovação Automática ......................................................................................................................37

3.5.2. Renovação Unilateral “Contrato de Gaveta” .................................................................................38

3.6. Atividade do Menor .....................................................................................................................................39

3.7. Suspensão do Contrato de Trabalho ........................................................................................................47

3.8. Cessão Temporária dos Atletas Profissionais ...........................................................................................53

3.9. Aspectos Disciplinares (poder disciplinar do empregador) ..................................................................55

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3.10. Seguro do Atleta Profissional ...................................................................................................................56

3.11. Cláusula indenizatória desportiva ..........................................................................................................61

3.12. Cláusula compensatória desportiva ........................................................................................................66

3.13. Contrato de Trabalho do Atleta no Direito Comparado ......................................................................67

3.13.1. Portugal .............................................................................................................................................67

3.13.2. Espanha .............................................................................................................................................69

3.13.3. Argentina...........................................................................................................................................70

3.13.4. Outros Países ....................................................................................................................................70

4. Da Extinção do Contrato de Trabalho ................................................................................................72

4.1. Rescisão Contratual .....................................................................................................................................72

4.2. Rescisão Indireta do Contrato de Trabalho ..............................................................................................73

4.3. Justa Causa ....................................................................................................................................................74

5. Conflitos Individuais e Coletivos Decorrentes do Contrato de Trabalho do Atleta Profissional ..................................................................................................................................................81

5.1. Acesso à Justiça .............................................................................................................................................81

5.2. Competência da Justiça do Trabalho.........................................................................................................82

5.3. Arbitragem ....................................................................................................................................................84

5.4. Mediação .......................................................................................................................................................84

6. Princípios de Direito do Trabalho com Aplicação Restrita no Direito Desportivo ............86

6.1. Considerações iniciais .................................................................................................................................86

6.2. Direito ao Trabalho como Direito Fundamental .....................................................................................87

6.3. Princípio da Continuidade da relação de emprego ...............................................................................89

6.4. Princípio isonômico .....................................................................................................................................90

6.5. Limitação da Jornada Laboral ....................................................................................................................91

6.6. Princípio da Liberdade ................................................................................................................................92

6.6.1. O Caso Leandro Amaral versus Vasco da Gama ............................................................................93

6.6.2. O Caso Oscar versus Internacional e São Paulo .............................................................................94

6.6.3. O Caso Santos versus Leandro Damião ...........................................................................................95

6.7. Teoria do Adimplemento Substancial do Contrato ...............................................................................102

6.8. Princípio da Unicidade Contratual .........................................................................................................105

6.8.1. Precedentes do Tribunal Superior do Trabalho ..........................................................................106

6.8.1.1. O Caso Maurinho versus Cruzeiro ......................................................................................106

6.8.2. Hipóteses em que a Justiça do Trabalho afasta a unicidade contratual ..................................112

6.8.3. Autonomia dos Contratos de Trabalho.........................................................................................113

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7. Responsabilidade dos Dirigentes das Entidades de Prática Desportiva e de Administração do Desporto ................................................................................................................................................116

7.1. Introdução ...................................................................................................................................................116

7.2. Pessoas Jurídicas de Direito Privado .......................................................................................................116

7.3. Desconsideração da Personalidade Jurídica ..........................................................................................116

7.4. A Desconsideração da Personalidade Jurídica e o Novo CPC (Lei n. 13.105/2015) .........................117

7.5. Sistema Brasileiro do Desporto ................................................................................................................118

7.6. Responsabilidade do Dirigente Desportivo à luz da Lei Pelé .............................................................118

7.7. Responsabilidade do Dirigente Desportivo à luz da Lei n. 13.155/2015 ............................................122

7.8. Responsabilidade Criminal do Dirigente Desportivo ..........................................................................124

7.9. Conclusões ..................................................................................................................................................124

8. Direitos Trabalhistas do Atleta Profissional ................................................................................126

8.1. Jornada de Trabalho ..................................................................................................................................126

8.2. Viagens ........................................................................................................................................................128

8.3. Adicional Noturno .....................................................................................................................................128

8.4. Períodos de Concentração.........................................................................................................................130

8.5. Repouso Semanal Remunerado ...............................................................................................................131

8.6. Férias ............................................................................................................................................................131

8.6.1. Antecedentes históricos ..................................................................................................................132

8.6.2. Férias do Atleta Profissional ...........................................................................................................134

8.7. Décimo terceiro salário ..............................................................................................................................135

8.8. FGTS .............................................................................................................................................................136

8.9. Salário e Remuneração ..............................................................................................................................137

8.10. Luvas ..........................................................................................................................................................138

8.11. Bicho ...........................................................................................................................................................145

9. Direito de Imagem ......................................................................................................................................149

9.1. Conceito do Direito de Imagem ...............................................................................................................149

9.2. Origem e Antecedentes Históricos ..........................................................................................................150

9.3. Previsão Legal .............................................................................................................................................151

9.4. Jurisprudência ............................................................................................................................................152

9.5. Direito Comparado ....................................................................................................................................154

9.6. A Questão da Competência em Razão da Matéria ................................................................................157

9.7. Ocorrência de Fraudes. Aspectos práticos ..............................................................................................158

9.8. O Caso Alexandre Pato versus Corinthians e São Paulo .......................................................................160

9.9. Limitação do valor do contrato de cessão do uso da imagem do atleta introduzido pela Lei n. 13.155/2015 ....................................................................................................................................................162

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10. Direito de Arena ......................................................................................................................................164

10.1. Conceito de Direito de Arena .................................................................................................................164

10.2. Questões polêmicas anteriores à alteração legislativa ........................................................................165

10.3. Alterações introduzidas pela Lei n. 12.395/2011 ..................................................................................165

10.4. A Verdadeira História do Acordo Judicial que fixou em 5% o Percentual do Direito de Arena (Princípio da Autonomia Coletiva da Vontade) .....................................................................................167

10.5. Jogadores que estão no Banco de Reservas ..........................................................................................171

10.6. O Direito de Arena e o Árbitro de Futebol ...........................................................................................172

11. Meio Ambiente do Trabalho ................................................................................................................177

11.1. Necessidade de se proteger o atleta .....................................................................................................177

11.2. Hipóteses de lesões mais frequentes .....................................................................................................177

11.2.1. Lesão dos tendões ..........................................................................................................................178

11.2.2. Lesões ósseas ..................................................................................................................................178

11.2.3. Lesões musculares .........................................................................................................................178

11.2.4. Concussão e Encefalopatia Traumática Crônica (ETC) ............................................................179

11.3. Outros tipos de patologias que podem ser desenvolvidas pelo atleta .............................................181

11.3.1. Depressão ........................................................................................................................................181

11.3.2. Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ...........................................................................................182

12. Negociação Coletiva ..............................................................................................................................184

12.1. Negociação coletiva como forma de solução de conflitos de natureza desportivo-trabalhista ....184

12.2. Parcelas que podem ser objeto de negociação coletiva .......................................................................187

12.3. Negociação coletiva em matéria trabalhista desportiva .....................................................................187

12.4. A visão do STF sobre os limites da autonomia negocial coletiva ....................................................188

13. Legislação Previdenciária Aplicável ................................................................................................192

13.1. Atleta profissional é segurado obrigatório da Previdência Social? ...................................................192

13.2. Acidente de trabalho ................................................................................................................................193

13.3. Previsão de Criação de um Sistema Especial de Previdência do Atleta Profissional ....................194

13.4. Jurisprudência trabalhista .......................................................................................................................197

14. Responsabilidade Civil do Clube Empregador ...............................................................................200

14.1. Diferença entre responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva ........................................200

14.2. A atividade do atleta profissional pode ser considerada como sendo de risco? ............................202

14.3. Teoria da assunção do risco ....................................................................................................................204

Referências Bibliográficas .........................................................................................................................207

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Prefácio

Constitui verdadeiro truísmo afirmar a importância social, econômica, recreativa e jurídica do futebol profissional no Brasil. Dentre as diversas modalidades esportivas, decerto o futebol profissional concentra praticamente toda a atenção da população brasileira. É a grande paixão nacional. Foi e sempre será um símbolo primordial de nossa identidade cultural.

Lembro-me de que o saudoso professor José Martins Catharino, em obra clássica, descreveu-o até como arte popular:

“O futebol brasileiro, admirável reflexo do que somos como povo, é criador, artístico, teatral e coreográfico. Produzido coletivamente, mas à base do talento individual, que chega com alguns às raias da genialidade, à criação de jogadas verdadeiras obras-primas (Domingos, Romeu, Leô-nidas, Heleno, Ademir, Nilton Santos, Garrincha, Pelé e outros foram ou são mais que artesões do futebol.”(1)

É curioso e até irônico, no entanto, constatar quão desproporcional está a literatura jurídica sobre direito desportivo em cotejo com a notável relevância que algumas práticas assumiram em nossa socie-dade, a exemplo do futebol profissional. Desafortunadamente, apresenta-se diminuta e ainda incipiente, em termos relativos, a literatura sobre direito desportivo, não obstante existam algumas obras clássicas e pioneiras.

A presente publicação, portanto, antes de tudo, merece ser celebrada, por justos motivos, como um esforço admirável para desbravar uma temática pouco ou insuficientemente explorada na doutrina brasileira.

Ao receber o honroso convite para este prefácio, naturalmente dispus-me a examinar o trabalho de forma detida.

Confesso que foi com emoção e imensa satisfação que percorri e li, página por página, o conteúdo da obra. O esforço não foi vão. Ao contrário. Da leitura do livro, ficou-me a firme convicção de cuidar-se de uma obra de singular qualidade.

A simples leitura do sumário já sinaliza a sua importância teórica e prática, tantos e tão diversifi-cados são os enfoques sobre o atualíssimo tema.

Trata-se, sem dúvida, de obra abrangente e ambiciosa. À luz da sucessiva legislação federal de regência, o livro aborda a vastíssima gama de temas do Direito Desportivo, com o foco centrado na atuação e vinculação jurídica do atleta profissional de futebol.

A atuação do atleta profissional de futebol, como se sabe, suscita uma vasta e multifária problemá-tica no âmbito do Direito do Trabalho, precisamente por se cuidar de um contrato especial de emprego.

O ilustre autor, contudo, propondo-se a analisá-la em suas distintas e complexas facetas, atravessa--lhe os umbrais com proficiência e galhardia.

(1)  Contrato de emprego desportivo no direito brasileiro. São Paulo: LTr, 1969. p. 27.

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Além de consistente, a obra é vazada em linguagem clara e objetiva. Permeada por proveitosas referências jurisprudenciais e pelo confronto, aqui e acolá, com o direito comparado, encanta igualmente pela didática da exposição.

Apesar de cuidar-se de obra técnica, propicia leitura extremamente agradável, inclusive porque ilustrada pela narrativa de vários litígios envolvendo atletas profissionais de futebol, cujo conhecimento, de resto, revela-se sobremodo útil.

O trabalho é fruto da larga experiência do Dr. Maurício Correa da Veiga, haurida em alguns lustros de exercício da advocacia trabalhista, em particular da intensa militância no Tribunal Superior do Trabalho.

Ademais, não se pode olvidar também que o autor provém de estirpe das mais ilustres: é filho do eminente jurista e preclaro Ministro Aloysio Correa da Veiga, o que, por si só, basta para credenciar a publicação.

Nesta perspectiva, é com enorme júbilo e desvanecimento que apresento à comunidade jurídica esta auspiciosa e animadora obra, seguro de que, a par de preencher um grande vácuo, será extremamente proveitoso lê-la e consultá-la.

Brasília, 1º de maio de 2016.

Ministro Joao Oreste Dalazen Decano do Tribunal Superior do Trabalho.

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Introdução

É sempre muito gratificante poder falar sobre temas que envolvem duas paixões: o direito e o es-porte. A união de ambos é uma combinação mágica, que desperta aquelas mesmas sensações de uma competição esportiva, com disputas e teses muito acirradas. Assim como o futebol, o Direito do Traba-lho Desportivo, guardadas as devidas proporções, também desperta paixões, e suas interpretações e conclusões, muitas das vezes, não se baseiam apenas em definições cartesianas.

A Lei Pelé é a responsável por disciplinar a atividade do atleta profissional, na medida em que a Consolidação das Leis do trabalho (CLT) traz disposições que são incompatíveis com a Lex Sportiva. Daí porque a aplicação da CLT no contrato de trabalho do atleta se dará, sempre, de forma subsidiária. Na omissão da lei especial — a Lei Pelé —, mesmo assim, a aplicação da CLT será possível quando não houver incompatibilidade com os preceitos nela estabelecidos.

Infelizmente em menos de uma década de vigência a Lei Pelé vem sendo constantemente reformu-lada e já sofreu quase dez alterações.

Já é tempo de uma revisão abrangente por meio da criação de uma Lei do Desporto Brasileiro que contemple não apenas a relação jurídica de emprego do atleta profissional, mas que também alcance a regulação da prática desportiva e de normas de defesa e proteção do torcedor.

No presente livro são trazidos conceitos e princípios básicos de Direito do Trabalho Desportivo que deveriam ser estudados por acadêmicos de Direito por meio de uma disciplina autônoma nas Uni-versidades do Brasil.

O meu primeiro contato com o Direito do Trabalho Desportivo se deu no ano de 2002 quando eu trabalhava no escritório Bosisio & Maués, banca especializada em direito do trabalho e que tinha à frente dois ilustres advogados que se tornaram meus amigos, além de terem contribuído para a minha formação como profissional, o Doutor Carlos Eduardo Bosisio e o Doutor Henrique Cláudio Maués.

Foi naquela época que o escritório passou a defender o Clube de Regatas Flamengo perante a Jus-tiça do Trabalho. Não havia uma quantidade muito expressiva de ações trabalhistas (principalmente considerando que naquela época advogávamos para inúmeras empresas, com um volume aproximado de 20.000 processos no escritório). Contudo, os processos movidos em face do clube eram muito inte-ressantes e pitorescos.

A primeira contestação que eu fiz para o clube dizia respeito a um pedido de equiparação salarial entre o médico responsável pelo time de futebol e o reclamante, responsável pelo departamento médico do time de basquete. O autor da ação não se conformava em receber salário quase cinco vezes inferior ao do modelo e em razão disso alegava discriminação, afinal ambos eram médicos das equipes do clube. Todavia, o paradigma era um renomado médico que inclusive prestava serviços para a seleção brasileira de futebol, fato este que, por si só, já seria suficiente para fulminar o pedido. A ação foi julgada impro-cedente em todas as instâncias.

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Apesar de todo o glamour que envolve a atividade do atleta profissional, existem dados preocupantes que demonstram a necessidade de uma proteção especial para este tipo de empregado.

De acordo com Jones Rossi e Leonardo Mendes Junior(1), “abaixo da linha do oceano” se esconde uma realidade sem nenhum atrativo, na qual o padrão é conviver com salário de fome, pago quase sempre com atraso. Maratonas de jogos expõem os atletas a constantes lesões que podem encurtar a carreira e, quando estão nas categorias de base, há relatos de abuso sexual. Ainda de acordo com os autores mencionados, dos 30.784 jogadores registrados no Brasil, 82% recebem, no máximo, 2 salários mínimos, enquanto o salário médio base do brasileiro é de 3,3 salários mínimos. Além disso, apenas 2% dos jogadores recebem mais do que 12,4 mil reais por mês.

Conforme mencionado, a CLT não traz dispositivos necessários para solucionar as intrincadas questões que envolvem o contrato de trabalho de atleta e seu clube empregador. Atualmente, até mesmo a Lei Pelé é omissa em vários pontos, conforme será tratado no presente livro, no qual tive a ousadia de sugerir algumas previsões de alteração legislativa.

O surgimento de entidades destinadas ao estudo do Direito do Trabalho Desportivo têm dado uma maior notoriedade ao tema. Refiro-me especialmente à Academia Nacional de Direito Desportivo, que foi criada em Brasília no dia 23 de setembro de 2013 e muito tem contribuído para o aprimoramento da legislação desportiva no Brasil. Até o momento a ANDD já realizou sete JURISPORTS, tendo em vista o evento realizado em abril, em Ribeirão Preto, e em diversas cidades brasileiras, com a finalidade de debater temas caros ao Direito do Trabalho Desportivo, fazendo com que o juiz do trabalho se interesse ainda mais pelo tema e dedique especial atenção às causas jusdesportivas que não podem ser tratadas como causas comuns de empregados e patrões.

Além disso, a ANDD realizou em março de 2016, o seu primeiro evento internacional, tendo em vista o evento realizado em Roma. O JURISPORTS-Roma, com a finalidade de interagir com juristas do trabalho da Itália e compartilhar experiências.

Certamente o Direito Desportivo atravessa um momento especial, e muitos conceitos e princípios estão sendo debatidos com a finalidade de resguardar essa especial relação de trabalho, contribuindo, inclusive, para a realização do espetáculo da melhor maneira possível.

Particularmente eu me sinto realizado em poder escrever e falar sobre o tema ora em debate. As inúmeras palestras que tive o privilégio de proferir me propiciaram conhecer diversos pontos de todo o Brasil, fazer novos amigos e interagir com realidades distintas. De igual forma, tive a oportunidade de fazer o lançamento dos meus outros livros, todos editados pela LTr, no Brasil, em Portugal e na Itália.

Destaco a importância das discussões travadas no âmbito da Academia que proporcionaram a busca por alternativas e melhores soluções para essas delicadas questões que envolvem o contrato de trabalho do atleta profissional.

A relevância da prática desportiva se manifesta com notoriedade suficiente a atrair uma audiência, sem dúvida, de grandes proporções. Razão pela qual espero que a presente obra contribua.

Tudo isso recomenda um especial aprimoramento das instituições voltadas para esse fim.

É um privilégio continuar a escrever sobre o assunto e, neste momento, apresentar um Manual de Direito do Trabalho Desportivo, razão pela qual espero que a presente obra contribua para uma reflexão sobre o estudo de um tema tão polêmico no despertar de paixões.

(1)  ROSSI, Jones; JÚNIOR, Leonardo Mendes. Guia politicamente incorreto do futebol. São Paulo: Leya, 2014. p. 260.

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