manual de combate a incendios

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MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE MARQUES DE LEO

CBINC D-001

8a Edio 2000

MARINHA DO BRASIL CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE M ARQUES DE LEO

MANUAL DE COMBATE A INCNDIO CBINC D-001

8a Edio 2000

Centro de Adestramento Almirante Marques de Leo. C387m Manual de Combate a Incndio / Centro de Adestramento Almirante Marques de Leo. - 8. ed. - Rio de Janeiro : O Centro, 2000. [ 102 ]p. :il.

CBINC-D-001

1. Navios - Incndios e preveno de incndios a bordo. 2. Combate a incndio a bordo. I. Ttulo.

CDD 20. ed. 623.865

VEDADA A REPRODUO COMERCIAL. PUBLICAO REGISTRADA

TOTAL

OU PARCIAL DESTE

MANUAL COM

FIM

NO

ESCRITRIO

DE

DIREITOS AUTORAIS DO

MINISTRIO DA CULTURA SOB O NMERO 143.968 - LIVRO 233 FOLHA 23.

Manual de Combate a Incndio

SUMRIO PGINAS

CAPTULO 1 - A COMBUSTO, FENMENOS SECUNDRIOS E MTODOS DE TRANSMISSO DE CALOR 1.1 - Natureza do Fogo........................................................................... 1-1

1.2 - O Combustvel ............................................................................... 1-1 1.3 - O Comburente................................................................................ 1.4 - A Temperatura............................................................................... 1.5 - Extino por Quebra da Reao em Cadeia................................... 1.6 - Mtodos de Transmisso de Calor................................................. 1-2 1-2 1-3 1-4

1.7 - Intensidade da Combusto.............................................................. 1-6 1.8 - Exploso........................................................................................ 1.9 - Combusto Espontnea................................................................. 1.10 - Eletricidade Esttica..................................................................... 1.11 - A Dinmica do Incndio a Bordo................................................. 1-6 1-6 1-7 1-7

CAPTULO 2 - CLASSIFICAO DOS INCNDIOS E DOS AGENTES EXTINTORES 2.1- Classificao dos Incndios............................................................. 2.2 - Agentes Extintores......................................................................... 2.3 - Cuidados com os Agentes Extintores............................................. 2.4 - Medidas Preventivas...................................................................... 2.5 - Principais Causas de Incndio a Bordo........................................... 2-1 2-1 2-5 2-7 2-9

2.6 - Perigos Adicionais com o Navio em Perodo de Reparos............... 2-9 2.7 - Perigos Adicionais quando em Combate......................................... 2-10

CAPTULO 3 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM GUA COMO AGENTE EXTINTOR 3.1 - Rede de Incndio............................................................................. 3.2 - Tomadas de Incndio...................................................................... 3.3 - Vlvulas.......................................................................................... 3-1 3-1 3-2

8 a edio

Sumrio - 1

Manual de Combate a Incndio

3.4 - Mangueiras de Incndio............................................................... 3.5 - Esguicho Universal e Aplicadores................................................ 3.6 - Esguichos Variveis......................................................................

3-2 3-6 3-8

3.7 - Esguichos de Cortina de gua (waterwall) e de Ataque (Firefighter).............................................................................................. 3.8 - Sistema de Borrifo......................................................................... 3-10 3-11

3.9 -Canho de gua............................................................................. 3-13

CAPTULO 4 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR 4.1 - A Espuma como Agente Extintor.................................................. 4.2 - Equipamentos para Produo de Espuma...................................... 4.3 - Estaes Geradoras de Espuma..................................................... 4.4 - Misturador Entrelinhas.................................................................. 4.5 - Esguicho NPU.............................................................................. 4.6 - Esguicho FB 5X e FB 10X........................................................... 4.7 - Misturador Tipo FW................................................................. 4.8 - Esguicho Universal para Neblina de Alta e com Aplicador para Neblina de Baixa Velocidade......................................................... 4-8 4-1 4-2 4-3 4-4 4-5 4-6 4-7

CAPTULO 5 - OUTROS EQUIPAMENTOS E INSTALAES 5.1 - Equipamentos que Utilizam o CO2 como Agente Extintor............. 5-1 5.2 - Equipamentos que Utilizam o Halon como Agente Extintor........... 5-2 5.3 - Dispositivo de Duplo Agente.......................................................... 5.4 - Equipamentos que Utilizam Gases Inertes..................................... 5.5 - Sistemas de Deteco de Incndio.................................................. 5.6 - Sistema Fixo de P Qumico......................................................... 5-5 5-6 5-6 5-7

CAPTULO 6 - EXTINTORES PORTTEIS 6.1 - Generalidades............................................................................... 6.2 - Extintores a gua......................................................................... 6.3 - Extintores a Espuma..................................................................... 6.4 - Extintores a Bixido de Carbono (CO2)........................................ 6-1 6-1 6-3 6-4

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Sumrio - 2

Manual de Combate a Incndio

6.5 - Extintores a P Qumico............................................................... 6.6 - Extintores a Halon......................................................................... 6.7 - Extintores a P Seco (para Metais Combustveis)........................ 6.8 - Outros Recursos........................................................................... 6.9 - Identificao dos Extintores Portteis.......................................... CAPTULO 7 - EQUIPAMENTOS DE PROTEO E SEGURANA 7.1 - Generalidades............................................................................... 7.2 - Roupas de Proteo...................................................................... 7.3 - Mscaras contra Gases Irritantes e Txicos.................................. 7.4 - Mscaras com Tambor-Gerador de Oxignio................................ 7.5 - Mscaras com Ampolas de Ar Comprimido................................. 7.6 - Mscara para Escape de Emergncia.............................................

6-5 6-6 6-7 6-7 6-8

7-1 7-1 7-3 7-4 7-5 7-6

7.7 - Cmera de Imagem Trmica (TIC - Thermal Image Camera)........................... 7-7 7.8 - Capacete de Proteo (STH - Slim Tank Helmet)......................... 7-7

7.9 - Oxmetro (Medidor de Taxa de Oxignio)..................................... 7-7 7.10 - Explosmetro.................................................................................. 7.11 - Lmpada de Segurana.................................................................. 7-8 7-8

CAPTULO 8 - ORGANIZAO E FAINA DE COMBATE A INCNDIO 8.1 - Requisitos Bsicos......................................................................... 8.2 - Organizao do Controle de Avarias.............................................. 8.3 - Grupos de Reparos........................................................................ 8.4 - Alarme de Incndio........................................................................ 8.5 - Turma de Ataque Rpido no Mar (TAR)....................................... CAPTULO 9 - TTICAS E TCNICAS DE COMBATE A INCNDIO 9.1 - Tcnicas de Combate a Incndios Classe A................................ 9.2 - Tipos de Ataque.............................................................................. 9.3 - Descompresso e Entrada Forada ou Compulsria....................... 9.4 - Tcnicas no Ataque Indireto........................................................... 9.5 - Tcnicas de Combate a Incndios Classe B................................ 9.6 - Tcnicas de Combate a Incndios Classe C................................ 9.7 - Preparao para a Entrada em um Compartimento........................ 9-1 9-1 9-4 9-5 9-6 9-8 9-8 8-1 8-2 8-2 8-10 8-12

8 a edio

Sumrio - 3

Manual de Combate a Incndio

9.8 - Processo de Abertura do Acesso e Entrada em um Compartimento................... 9-9 9.9 - Observaes e Recomendaes........................................................ 9-13 9.10 - Adestramento................................................................................. 9-14

CAPTULO 10 - DOUTRINA DE COMBATE A INCNDIO EM PRAAS DE MQUINAS 10.1 - Introduo................................................................................. 10.2 - Definies.................................................................................. 10.3 - Grande Vazamento de leo........................................................ 10.4 - Aes em um Grande Vazamento de leo com Incndio.......... 10.5 - Controle da Fumaa...................................................................... 10.6 - Isolamento do Compartimento.................................................... 10.7 - Reentrada no Compartimento..................................................... 10.8 - Esgoto do Compartimento......................................................... 10.9 - Remoo da Fumaa e Teste de Atmosfera................................ 10-1 10-1 10-3 10-4 10-9 10-10 10-13 10-16 10-16

CAPTULO 11 - INSTALAES DE TERRA 11.1 - Introduo................................................................................. 11.2 - O Efeito de Chamin............................................................... 11.3 - O Prdio e suas Principais Deficincias..................................... 11.4 - Proteo contra Incndio............................................................ 11.5 - Treinamento e Superviso.......................................................... 11-1 11-1 11-2 11-2 11-3

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Sumrio - 4

Manual de Combate a Incndio

PREFCIO

A Poltica Bsica da Marinha (PBM), preconiza a capacitao do pessoal para a absoro adequada da constante evoluo tecnolgica, entre um dos seus objetivos principais com vista ao preparo do Poder Naval. Os sofisticados meios navais e o progresso da tecnologia exigem que, para a segurana operativa e eficcia de combate, as tripulaes dos navios se mantenham atualizadas suas tcnicas e processos referentes ao emprego dos meios. Consciente dessa realidade, o Centro de Adestramento Almirante Marques de Leo (CAAML) elaborou o Manual de Combate a Incndio, com base nas tcnicas de extino das vrias classes de incndio, adequando o seu contedo incorporao de novas Unidades Navais e aos processos da modernizao dos meios da Marinha do Brasil utilizao de modernos equipamentos. Esta publicao se divide em onze captulos, dispostos na ordem das aulas do Projeto Especfico do Curso de Combate a Incndio deste Centro. Adicionalmente, foram inseridos assuntos complementares relacionados ao Curso Expedito de Combate a Incndio Avanado para a Marinha Mercante.

ANTONIO ALBERTO MARINHO NIGRO Capito-de-Mar-e-Guerra Comandante

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Captulo 1A COMBUSTO, FENMENOS SECUNDRIOS E MTODOS DE TRANSMISSO DE CALOR

1.1 - NATUREZA DO FOGO

H fogo quando h Combusto. Combusto - uma reao qumica que ocorre com a presena do combustvel, do comburente, da temperatura de ignio, com desprendimento de luz e calor. Combustvel - todo material capaz de entrar em combusto: madeira, papel, pano, estopa, tinta, alguns metais etc. Comburente - todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustvel, capaz de faz-lo entrar em combusto. O oxignio o comburente mais facilmente encontrado na natureza. Temperatura de Ignio - a temperatura necessria para que a reao qumica ocorra entre o combustvel e o comburente, produzindo gases capazes de entrarem em combusto. Para facilitar a compreenso, costuma-se representar os elementos bsicos da combusto por um tringulo equiltero, conhecido por tringulo do fogo (Fig. 1.1).

Fig.1.1 - Tringulo do Fogo

1.2 - O COMBUSTVEL Dentre as diversas classificaes que podemos atribuir aos combustveis, interessam ao nosso estudo as seguintes: - Quanto ao estado fsico. Slidos (carvo, madeira, plvora, etc.); Lquidos (gasolina, lcool, ter, leo de linhaa, etc.) e Gasosos (metano, etano, etileno, butano, etc.). - Quanto volatividade.8a edio 1-1

Volteis - so os combustveis que, nas condies normais de temperatura e presso, desprendem vapores capazes de se inflamarem (lcool, ter, benzina, etc.) e No-volteis - so os combustveis que desprendem vapores inflamveis aps aquecimento acima da temperatura ambiente (leo combustvel, leos lubrificantes, leo de linhaa, etc.), considerando as condies normais de presso. - Quanto presena do comburente. Com comburente (plvoras, cloratos, nitratos, celulide e metais combustveis, tais como: ltio, zircnio, titnio, etc.) e Sem comburente (madeira, papel, tecidos, etc.). 1.3 - O COMBURENTE Comburente o elemento qumico que se combina com o combustvel, possibilitando a combusto. Na grande maioria dos casos, o comburente o oxignio. O oxignio existe no ar atmosfrico em uma quantidade aproximada de 21%. Normalmente, no ocorre chama quando a concentrao de oxignio no ar inferior a 16%. Por isso, o primeiro mtodo bsico de extino de incndios o abafamento, que consiste em reduzir a quantidade de oxignio para abaixo do limite de 16% (Fig 1.2).

Fig.1.2 - Extino por abafamento pela retirada do comburente

1.4 - A TEMPERATURA Os vapores emanados de um combustvel inflamam-se na presena do comburente, a partir de determinada temperatura. Ponto de Fulgor: a temperatura mnima na qual um combustvel desprende gases suficientes para serem inflamados por uma fonte externa de calor, mas no em quantidade suficiente para manter a combusto. A chama aparece, porm logo se extingue, no mantendo a combusto (Fig. 1.3). Ponto de Combusto: a temperatura do combustvel, acima da qual, ele desprende gases em quantidade suficiente para serem inflamados por uma fonte externa de calor e continuarem queimando, mesmo quando retirada esta fonte. Ponto de Ignio: a temperatura necessria para inflamar os gases que estejam se desprendendo de um combustvel, s com a presena do comburente.8a edio 1-2

Fig.1.3 - Determinao do ponto de fulgor

Retirando-se a temperatura, no teremos fogo. Assim, o segundo mtodo bsico de extino de incndios o resfriamento. o mtodo mais antigo de se apagar incndios, sendo seu agente universal a gua. O resfriamento consiste em reduzirmos a temperatura de um combustvel abaixo da temperatura de ignio, ou da regio onde seus gases esto concentrados, extinguindo o fogo. Raciocinando com o tringulo do fogo, isto consiste em afastar o lado referente temperatura de ignio. Com apenas dois lados (combustvel e comburente), no h fogo (Fig. 1.4).

Fig. 1.4 - Extino por resfriamento pela retirada da temperatura

Cabe ressaltar que somente por resfriamento podem ser extintos os incndios de combustveis que tenham comburente em sua estrutura ntima (plvora, celulide, metais combustveis, etc.). Esses incndios no podem ser extintos por abafamento.1.5 - EXTINO POR QUEBRA DA REAO EM CADEIA

Atualmente vem sendo considerado um novo processo de extino de incndios, em que determinadas substncias so introduzidas na reao qumica da combusto com o propsito de inibi-la. Neste caso no h abafamento ou resfriamento. Apenas criada uma condio especial (por um agente que atua em nvel molecular) em que o combustvel e o comburente perdem, ou tm em muito reduzida, a capacidade de manter a cadeia da reao. A reao s permanece interrompida enquanto houver a efetiva presena do agente extintor. Assim, requer que ele seja ali mantido at o natural resfriamento da rea, ou que se proceda o resfriamento por um dos meios conhecidos.

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1-3

Considerada a afinidade qumica entre o combustvel e o comburente como mais uma condio para a existncia do fenmeno da combusto, o tringulo do fogo evolui para o quadriltero do fogo (Figs. 1.5 e 1.6).

Fig.1.5 - O quadriltero do fogo

Fig.1.6 - Tringulo do fogo e a interao entre seus lados

Para os efeitos prticos deste manual, vamos considerar que o quarto lado (Reao em Cadeia) do quadriltero do fogo seja a interao entre os trs lados do nosso tringulo. 1.6 - MTODOS DE TRANSMISSO DE CALOR H trs mtodos de transmisso de calor: Irradiao, Conduo e Conveco. O estudo desses mtodos permite a visualizao de vrios fenmenos peculiares aos incndios, principalmente no que diz respeito a sua propagao. Irradiao - a transmisso de calor que se processa sem a necessidade de continuidade molecular entre a fonte calorfica e o corpo que recebe calor. a transmisso de calor que acompanha geralmente a emisso de luz (Fig. 1.7). O caso tpico de calor radiante o calor do Sol.

Fig.1.7 - Transmisso de calor por irradiao

Conduo - a transmisso de calor que se faz de molcula para molcula, atravs de um movimento vibratrio que as anima e permite a comunicao de uma pra outra (Fig. 1.8).

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1-4

Fig.1.8 - Transmisso de calor por conduo atravs da antepara comum entre dois compartimentos

As anteparas e pisos que limitam os compartimentos incendiados atingem temperaturas que ultrapassam a de ignio da maioria dos materiais encontrados a bordo. por isto que, quando ocorre um incndio em um compartimento, devem ser inspecionados imediatamente os compartimentos adjacentes, principalmente os que ficam acima. Todo material existente nesses compartimentos deve ser retirado ou afastado das anteparas, ao mesmo tempo em que estas devem ser resfriadas, visto que a prpria tinta que as reveste se inflama com facilidade. Conveco - o mtodo de transmisso de calor caracterstico dos lquidos e gases. Consiste na formao de correntes ascendentes no seio da massa fluida, devido ao fenmeno da dilatao e conseqente perda de densidade da poro de fluido mais prximo da fonte calorfica (Fig. 1.9).

Fig.1.9 - A conveco transportando o ar aquecido, gases e fumaa atravs do navio

Pores mais frias ocupam o lugar prximo fonte calorfica, antes ocupado pelas pores que subiram, formando-se assim o regime contnuo das correntes de conveco. Quanto ao aspecto da propagao de incndios, a conveco pode ser responsvel pelo alastramento de incndios a compartimentos bastante distantes do local de origem do fogo. Em edifcios, este fenmeno se d atravs dos poos dos elevadores ou vos de escadas,8a edio 1-5

atingindo muitos andares acima de onde est ocorrendo o incndio, especialmente onde houver portas ou janelas abertas que permitam a passagem da coluna ascendente de gases aquecidos. A legislao que rege a construo civil determina que as escadas internas, de acesso aos pavimentos de um prdio, sejam isoladas por portas prova de fogo, de forma a evitar tais efeitos. Nos navios, essas correntes de conveco ocorrem atravs dos dutos de ventilao que, por esse motivo, devem ter suas vlvulas de interceptao fechadas nas sees que atravessam a rea incendiada. Muitas vezes, devido a falta dessa providncia, incndios aparentemente inexplicveis, longe do foco principal, podero se formar e inutilizar todo o trabalho de extino realizado no compartimento no qual o fogo se originou. 1.7 - INTENSIDADE DA COMBUSTO conhecido por intensidade da combusto o volume de chamas que se desprende de um incndio. Naturalmente, um palito de fsforo apresentar uma intensidade de combusto muito menor do que uma pilha de lenha, devido menor quantidade de combustvel. Alm da quantidade de combustvel, devemos, tambm, considerar a rea superficial do combustvel, porque a concentrao da mistura combustvel e ar (oxignio) produzir uma intensidade de combusto maior ou menor em funo dessa mistura. Assim, quanto maior a rea superficial, maior ser a concentrao da mistura ar/combustvel e, em conseqncia, maior ser a intensidade da combusto. A concentrao do comburente outro fator que devemos considerar. o que se observa quando um incndio est ocorrendo com pequena intensidade num ambiente confinado (onde a concentrao de oxignio j atingiu nveis reduzidos) e uma porta bruscamente aberta. Subitamente, sob o impacto do aumento da concentrao de oxignio ambiente, o fogo se reanima e aumenta de intensidade. 1.8 - EXPLOSO H combustveis que, por sua altssima velocidade de queima e enorme produo de gases, quando inflamados dentro de um espao confinado, produzem o fenmeno da exploso. Os explosivos, tais como o TNT, a nitroglicerina e outros mais, apresentam enorme perigo quando ameaados por um incndio. A providncia imediata a tomar ser sempre afastlos das proximidades do fogo ou alagar com gua os paiis onde se encontram armazenados. 1.9 - COMBUSTO ESPONTNEA Certos materiais orgnicos, em determinadas circunstncias, podem, por si s, entrar em combusto. Entre as substncias mais suscetveis de combusto espontnea destacam-se a alfafa, o carvo, o leo de peixe, o leo de linhaa, os tecidos impregnados de leo, os8a edio 1-6

vernizes, o leo de milho, o leo de semente de algodo, certos fertilizantes orgnicos e inorgnicos, as misturas contendo nitratos e material orgnico, o feno, os ps metlicos, o leo de pinho, a juta, o sisal, o cnhamo, a madeira e a serragem. Os materiais fibrosos tornam-se particularmente perigosos quando impregnados com leos animais ou vegetais. Embora seja um fenmeno pouco falado, a combusto espontnea mais comum do que se poderia pensar. Ela ocorre freqentemente durante o vero, quando h longos perodos sem chuva, nos terrenos cobertos pelo capim nos morros do Rio de Janeiro. 1.10 - ELETRICIDADE ESTTICA Eletricidade esttica o acmulo de potencial eltrico de um corpo em relao a outro, geralmente em relao terra. Forma-se, na grande maioria dos casos, por atrito, sendo praticamente impossvel de ser eliminada. A providncia que pode ser tomada impedir o seu acmulo antes que atinja potenciais perigosos (capazes de fazer produzir uma fasca), aterrando-se o equipamento a ela sujeito; isto , ligando-se a carcaa do equipamento terra, por meio de um condutor. Quase todos os equipamentos esto sujeitos a atrito e, portanto, a formao de eletricidade esttica. A fasca da descarga eltrica, em si, nada de mau apresenta. Apenas, havendo combustveis ou misturas explosivas nas proximidades, que se pode temer um sinistro. Por isso mesmo, no transporte e manuseio de lquidos volteis que devero ser tomados maiores cuidados. Antigamente, os caminhes-tanque transportadores desses lquidos levavam correntes na parte traseira que, ao se arrastarem pelo cho, descarregavam a eletricidade esttica formada. Modernamente, no se usam mais tais correntes. Antes de ser iniciada a faina de carga ou descarga do lquido, o chassis do caminho ligado terra por um fio metlico. As mangueiras, que descarregam lquidos e gases combustveis, devem ser dotadas de bocal metlico que, por sua vez, deve ser conectado eletricamente ao tanque receptor antes de ser iniciada a descarga. Evita-se, assim, que a eletricidade esttica gerada pelo atrito do fluido com a mangueira possa originar uma centelha entre o bocal e o tanque. 1.11- A DINMICA DO INCNDIO A BORDO Os incndios a bordo podem ser separados em quatro diferentes estgios: Fase inicial; Fase de desenvolvimento; Incndio desenvolvido e Fase de queda de intensidade. - Fase Inicial A temperatura mdia do compartimento ainda no est muito elevada, e o fogo est localizado prximo ao foco do incndio. As altas temperaturas concentram-se prximas ao foco do incndio, e a fumaa proveniente da combusto forma uma camada quente apenas na parte superior do compartimento. Caso no ocorra a8a edio 1-7

extino do incndio poder ocorrer o ROOLOVER, que o fenmeno no qual os gases da combusto no queimados no incndio misturam-se ao ar e se inflamam na parte superior do compartimento devido alta temperatura naquela rea. - Fase de Desenvolvimento a fase de transio entre a fase inicial e a do incndio totalmente desenvolvido. Ocorre em um perodo relativamente curto de tempo e pode ser considerado um evento do incndio. Trata-se do momento no qual a temperatura da camada superior de fumaa atinge 600C . A caracterstica principal desta fase o repentino espalhamento das chamas a todo o material combustvel existente no compartimento. Este fenmeno conhecido pelo nome de "flashover". A sobrevivncia do pessoal que esteja no local improvvel. - Incndio Desenvolvido Todo o material do compartimento est em combusto, sendo a taxa de queima limitada pela quantidade de oxignio remanescente. Chamas podem sair por qualquer abertura, e os gases combustveis na fumaa se queimam assim que encontram ar fresco. O acesso a esse incndio praticamente impossvel, sendo necessrio um ataque indireto ao mesmo. Incndios em praas de mquinas ou provocados pelo impacto de armamento inimigo atingem este estgio rapidamente. - Fase de Queda de Intensidade Quase todo o material combustvel j foi consumido e o incndio comea a se extinguir. Aps a extino do incndio, em casos especficos, pode ocorrer o fenmeno do reaparecimento. Em um incndio que tenha se extinguido por ausncia de oxignio, como por exemplo, em um compartimento estanque que tenha sido complemente isolado, vapores combustveis podem estar presentes. Quando ar fresco admitido nessa atmosfera rica em vapores combustveis / gases explosivos e com temperatura prxima de ignio, os trs elementos do tringulo do fogo estaro novamente presentes e pode ocorrer uma exploso.

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1-8

Manual de Combate a Incndio

Captulo 2CLASSIFICAO DOS INCNDIOS E DOS AGENTES EXTINTORES

2.1 - CLASSIFICAO DOS INCNDIOS Com a finalidade de facilitar a seleo dos melhores mtodos de combate a um

incndio, optou-se por dividi-los em quatro classes principais, a saber: Classe A so os que se verificam em materiais fibrosos ou slidos, que formam brasas e deixam resduos. So os incndios em madeira, papel, tecidos, borracha e na maioria dos plsticos. Classe B so os que se verificam em lquidos inflamveis (leo, querosene, gasolina, tintas, lcool etc.) e tambm em graxas e gases inflamveis. Classe C so os que se verificam em equipamentos e instalaes eltricas, enquanto a energia estiver alimentada. Classe D so os que se verificam em metais (magnsio, titnio e ltio).

2.2 - AGENTES EXTINTORES Agente extintor qualquer material empregado para abafar ou resfriar as chamas, oriundas de uma combusto, proporcionando sua extino. Os agentes extintores de uso mais difundidos a bordo so: gua; Espuma; CO2 ; Vapor; P Qumico; Halon e Soluo Aquosa de Carbonato de Potsio (APC). GUA o agente extintor de uso mais comum, sendo utilizado sob trs formas bsicas: Jato Slido, Neblina de Alta Velocidade e Neblina de Baixa Velocidade. O Jato Slido consiste em um jorro de gua, lanado alta presso, por meio de um esguicho com orifcio circular de descarga. Sob esta forma, a gua atinge o material incendiado com violncia e penetra fundo em seu interior. o meio por excelncia para a extino de incndios classe A, onde o material tem de ser bem encharcado de gua para garantir a extino total do fogo e impedir seu ressurgimento (Fig. 2.1).

Fig. 2.1 Jato Slido

Em alguns casos, como incndios em colches e travesseiros, conveniente que o material seja mergulhado na gua garantindo-se, assim, que no permaneam brasas no seu interior.

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Manual de Combate a Incndio

As neblinas, tanto de alta como de baixa velocidade, consistem no borrifamento da gua por meio de pulverizadores especiais. A gua, assim aplicada sob a forma de gotculas, tem aumentada, em muito, sua superfcie de contacto com o material incendiado, propiciando um rpido decrscimo da temperatura no ambiente em que ocorre o fogo (extino por resfriamento). As neblinas podem ser utilizadas para auxiliar a extino de incndios classe A, reduzindo as chamas superficiais e permitindo que as equipes se aproximem mais do foco do incndio, o que facilitar sua extino definitiva com jato slido. As neblinas, na ausncia de espuma, so altamente eficientes na extino de incndios classe B, onde o jato slido no tem a menor ao extintora; pelo contrrio, aumenta o vulto dos incndios pelo turbilhonamento que provoca no seio do lquido inflamado (Fig. 2.2 e 2.3).

Fig. 2.2 Neblina de alta velocidade

Fig. 2.3 Neblina de baixa velocidade

A gua, especialmente a gua salgada, boa condutora de eletricidade e no deve, portanto, ser utilizada na extino de incndios classe C. No entanto, na total ausncia de agentes extintores adequados, ela poder ser usada, sob a forma de neblina de alta velocidade, devendo-se manter uma distncia de pelo menos dois metros dos equipamentos eltricos. Desta forma, so menores os riscos de choque eltrico para o pessoal envolvido na faina. A gua, sob qualquer das trs formas em que empregada, extingue incndios por resfriamento, isto , diminuindo a temperatura das substncias abaixo de sua temperatura de ignio. No entanto, quando se joga gua sobre uma substncia em combusto, parte desta gua se transforma em vapor. O vapor, como veremos adiante, tem uma ao de abafamento. Dizemos, ento, que a gua extingue incndios principalmente por resfriamento e, secundariamente, por abafamento. ESPUMA um agente extintor especfico para incndios para classe B. Na MB (Marinha do Brasil) h dois tipos de espuma: Qumica e Mecnica. Ambos os tipos de

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Manual de Combate a Incndio

espuma atuam da mesma forma, flutuando sobre a superfcie do lquido inflamado e isolando-o da atmosfera (Fig. 2.4). Espuma Qumica Normalmente encontrada em extintores portteis. Espuma Mecnica Empregada para produo de grandes volumes de espuma por meio de equipamentos que misturam proporcionalmente o lquido gerador com ar e gua. A gua entra com aproximadamente 85% (em peso) na composio da espuma, tendo um efeito secundrio na extino do incndio. Conclumos ento que a espuma extingue o incndio principalmente por abafamento e, secundariamente , por resfriamento.

Fig. 2.4 Espuma

CO2 Por ser o CO2 um gs inerte, isto , um gs que no alimenta a combusto, ele empregado como agente extintor por abafamento, criando, ao redor do corpo em chamas, uma atmosfera rica em CO2 e, por conseguinte, pobre em oxignio. O CO2 tambm um gs mau condutor de eletricidade e, por isso, especialmente indicado para incndios classe C. Na Marinha, atualmente, o CO2 o agente extintor por excelncia para extintores portteis, sendo empregado em incndios das classes B e C. VAPOR O vapor de gua pode ser utilizado como agente extintor, por abafamento. Evidentemente, por sua temperatura normalmente elevada, no tem nenhuma ao de resfriamento. Usa-se o vapor para extinguir incndios classe B, principalmente em pores de praas de caldeiras e praas de mquinas de navios a vapor, quando esses incndios se mostram insensveis a outros mtodos. O uso de vapor obriga ao isolamento do compartimento, que fica inoperante.

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P QUMICO SECO Na MB os trs tipos mais utilizados so : P Qumico Seco (PQS), Bicarbonato de Potssio (PKP) e P Seco (MET L X). P Qumico Seco (PQS) empregado para combate a incndios em lquidos inflamveis, (classe B) podendo ser utilizado tambm em incndios de equipamentos eltricos energizados (classe C). (PKP) um agente extintor base de bicarbonato de potssio, muito eficiente na extino de incndios em lquidos inflamveis em forma pulverizada e em gases inflamveis, atacando a reao em cadeia necessria para sustentar a combusto. Pode ser utilizado para combater incndios classe C. Em incndios classe C, deixar resduos de difcil remoo. O PKP pode ser empregado para o combate a incndio em copas, cozinhas, dutos, fritadeiras e chapas quentes. P Seco (MET-L-X) empregado exclusivamente no combate a incndios em metais combustveis (classe D).

HALON O halon pode ser encontrado em extintores portteis e sistemas fixos. Quando liberado, o halon forma uma nuvem de gs, com aspecto incolor, inodoro e com densidade cinco vezes maior que a do ar. Ele extingue o fogo atravs do mtodo da quebra da reao em cadeia. Existem dois tipos: o halon 1211 e o 1301. O BCF (Halon 1211) o agente ideal para a extino de incndios em mdulos de motores e turbinas. O BCF mais txico que o Halon 1301, no podendo ser usado em um compartimento ainda guarnecido.

SOLUO AQUOSA DE CARBONATO DE POTSSIO O Aqueous Potassium Carbonate (APC) usado a bordo de alguns navios para extinguir incndios em leos comestveis e gorduras em geral, nas fritadeiras, ventilaes da cozinha e dutos de extrao. A tcnica freqentemente usada no combate a fogo de gorduras lquidas, envolvendo leos e banhas no-saturadas de origem animal ou vegetal, a aplicao de soluo alcalina como o APC, que em contato com a superfcie em chamas, gera uma espuma parecida com a do sabo, impedindo o contato do ar com a superfcie em chamas. A espuma leve de sabo contm vapor e causa bolhas de CO2 e glicerina que flutuam na superfcie do leo em chamas.

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2.3 - CUIDADOS COM OS AGENTES EXTINTORES Todos os agentes extintores apresentam efeitos secundrios sobre o material ou sobre o pessoal, requerendo cuidados adicionais para sua seleo e emprego, de forma que sejam evitados acidentes, ou que o material venha sofrer danos maiores do que aqueles que j possam haver sofrido pela ao do fogo. GUA Requer providncias efetivas quanto ao esgoto. Fainas prolongadas podem causar a reduo da reserva de flutuabilidade por excesso de peso da gua embarcada, bem como dar origem formao de superfcie livre, banda permanente ou reduo de estabilidade por acrscimo de peso alto. Quando utilizada em jato slido, pode avariar equipamentos frgeis, tais como equipamentos eletrnicos. Reduz a resistncia de isolamento de equipamentos e circuitos, principalmente em se tratando de gua salgada. Pode originar acidentes se, sob a forma de jato slido, for dirigida sobre o pessoal curta distncia, principalmente se atingir o rosto. Se dirigida sobre equipamentos eltricos energizados, pode causar choque eltrico ao pessoal que guarnece a mangueira. ESPUMA Sendo condutora de eletricidade, pode causar acidentes se utilizada contra equipamentos eltricos energizados. Reduz a resistncia de isolamento de equipamentos e circuitos eltricos e eletrnicos. Alguns tipos possuem propriedades corrosivas sobre diversos materiais. Produz irritao na pele e, principalmente, nos olhos.

CO2 Pode causar acidentes por asfixia quando utilizado em ambientes fechados e sem ventilao. Pode causar queimaduras na pele e principalmente nos olhos, em face de sua baixa temperatura, se dirigido curta distncia sobre o pessoal. A descarga das ampolas de CO2 pode dar origem a formao de cargas de eletricidade esttica. No indicada, portanto, a utilizao das ampolas de CO2 para

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saturao de ambientes onde existam misturas inflamveis, mas apenas para combate a incndios j em evoluo. AGENTES EM P Os produtos empregados na sua composio so no-txicos. Entretanto a descarga de grandes quantidades pode causar uma dificuldade temporria de respirao, durante e imediatamente aps a descarga, podendo tambm interferir seriamente com a visibilidade. Podem dar origem a maus contatos e baixas de isolamento em equipamentos eltricos e eletrnicos. VAPOR Requer a retirada de todo o pessoal do compartimento. Submete todos os equipamentos contidos no compartimento a uma temperatura elevada. HALON Os agentes halogenados apresentam baixa toxidez quando armazenados em condies normais, ditadas pelos fabricantes. O Halon 1301, numa concentrao entre 5 e 7%, no causar efeito danoso caso a exposio seja de at cinco minutos. Em uma concentrao entre 7 e 10 % por um perodo de um minuto, alguns sintomas se fazem notar, como perda da coordenao motora e reduo da acuidade mental sem, contudo, incapacitar a pessoa. Para concentrao acima de 10%, durante um minuto de exposio, a pessoa ficar totalmente incapacitada. Se o perodo for maior que um minuto, ocorrer o desmaio e possivelmente a morte. Para o Halon 1211, em uma concentrao de at 4%, aceitvel a permanncia no ambiente por cinco minutos, no mximo. Em concentrao de 4 a 5%, o mximo aceitvel um minuto de permanncia. Acima de 5%, recomendvel evitar qualquer contacto ou exposio ao agente. Se alguma pessoa sofre os efeitos de ter respirado o Halon, deve ser removida para um local de ar fresco at que uma pessoa qualificada d o devido socorro mdico. Quando um incndio extinto por um agente qualquer derivado de hidrocarbonetos halogenados, alguns cuidados devem ser tomados, pois, alm dos subprodutos comuns oriundos da combusto, o Halon se decompe a 5000 C (9000 F), formando diversos elementos txicos entre os quais cido clordrico, cido fluordrico e cido

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bromdrico. Esses subprodutos so altamente nocivos vida humana, podendo causar a morte quase instantaneamente. Portanto, sabendo-se que o halon foi utilizado para extinguir incndio em um compartimento, para se efetuar a reentrada, ser obrigatoriamente necessrio o uso de um equipamento autnomo de respirao, observando-se um tempo mnimo de quinze minutos aps ter sido comprovada a extino do incndio pela reduo da temperatura no compartimento. 2.4 - MEDIDAS PREVENTIVAS Considerando-se que, na prtica, a ecloso de um incndio a bordo no pode ser definitivamente impedida, especialmente em situaes de guerra, necessrio que se adotem providncias no s de preveno de incndios, mas tambm aquelas que venham a atenu-lo, quando ele for inevitvel. Algumas dessas providncias fazem parte das prprias normas de construo naval, enquanto outras se fazem intimamente ligadas doutrina do Controle de Avarias CAV, cabendo ao pessoal de bordo zelar pelo seu cumprimento. de responsabilidade do Encarregado do CAV, dos Encarregados de Diviso, dos Fiis de CAV de Diviso e do pessoal de servio fiis de CAV e patrulhas a deteco e correo de irregularidades observadas que venham a apresentar risco de incndio a bordo. Uma adequada preveno de incndio deve incluir, conforme j visto, a limitao da presena de materiais combustveis a bordo, bem como o controle daqueles que podem ser introduzidos para o atendimento de determinadas convenincias ou exigncias do servio, observadas ainda as situaes de guerra e de paz. As providncias de preveno e limitao de incndios a bordo, no que diz respeito ao material inflamvel, abordadas nas diversas publicaes de Controle de Avarias, podem, ento, ser resumidas em cinco aspectos bsicos: Eliminao do material desnecessrio operao do navio O navio deve ter conhecimento dos riscos decorrentes da existncia desse material e de material estranho a bordo, sua localizao e das medidas especiais a serem tomadas caso ocorra alguma avaria, confeccionando, para tal, uma lista de inflamveis. Todo material introduzido a bordo deve ser relacionado e a sua localizao informada ao Encarregado do Controle de Avarias ENCCAV. A faina de preparar o navio para o combate deve prever a utilizao dessa lista de inflamveis, para que estes sejam removidos de bordo, ou sejam reduzidas as suas quantidades.

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Especificao do material de bordo O projeto das unidades navais deve prever a mnima utilizao de equipamentos e acessrios compostos por materiais combustveis. Limitao da quantidade de materiais inflamveis ao mnimo necessrio operao em vista Essa limitao ser mais fcil de ser planejada em tempo de paz, quando a durao de cada comisso pode ser estimada com rigor. Armazenamento e proteo do material combustvel No armazenar, se possvel, material combustvel acima da linha dgua, inclusive no convs principal. Quando no puder ser evitado o armazenamento de material combustvel no convs principal ou superestrutura, o mesmo dever ser acondicionado e posicionado de forma que possa ser lanado facilmente ao mar. Dever, tambm, ficar localizado o mais a r possvel, a fim de que a fumaa e as chamas, no caso de incndio, no venham a interferir com a manobra do navio. essencial que no seja deixado nenhum combustvel voltil nas proximidades das aspiraes dos compartimentos de mquinas. Os locais adequados para armazenar material combustvel so os compartimentos localizados abaixo da linha dgua. Para aumentar a proteo devem ser usados compartimentos localizados junto ao casco e o material dever ser armazenado afastado das anteparas, para evitar o perigo de calor irradiado no caso de incndio no compartimento adjacente. Todos os combustveis lquidos, particularmente aqueles que desprendem vapores altamente inflamveis ou explosivos, devem ser guardados em recipientes prprios com tampa hermtica. A armazenagem de lquidos inflamveis tais como tintas, vernizes, leos e graxas deve ser feita em compartimento apropriado, com ventilao forada. A armazenagem de materiais nos dutos de descarga de gases de Praas de Mquinas deve ser proibida. Deve-se ter especial ateno ao material dos invlucros de sobressalentes, geralmente feitos de material combustvel. Logo que possvel esses sobressalentes devem ser desempacotados para serem armazenados e os invlucros jogados fora. Manuteno do navio nas suas melhores condies de resistncia ao fogo Pode ser alcanado atravs:8 edio 2-8

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da realizao de freqentes inspees, de modo a manter os riscos de incndio reduzidos ao mnimo e do contnuo endoutrinamento da tripulao quanto necessidade de manter o navio seguro, o que alcanado atravs do adestramento individual, por equipes e para os quartos de servio e de notas em Plano de Dia.

2.5 - PRINCIPAIS CAUSAS DE INCNDIO A BORDO Podemos afirmar, com segurana, que o mais eficiente mtodo de combater incndios evitar que eles tenham incio. Excetuados, evidentemente, os incndios originados por danos em combate, a grande maioria de ocorrncias de fogo a bordo derivada de falhas humanas, pela noobservncia dos cuidados na utilizao do material, pela manuteno deficiente dos equipamentos e pelo desconhecimento das precaues de segurana. As principais causas de incndios a bordo de navios, segundo dados estatsticos de fontes oficiais, so as seguintes: cigarros e fsforos atirados em locais imprprios; trapos e estopas embebidos em leo ou graxa; acmulo de gordura nas telas e dutos de extrao da cozinha; servios com equipamento de solda eltrica ou oxi-acetileno; poro com acmulo de leo ou lixo; vasilhames destampados contendo combustveis volteis; uso desnecessrio de materiais combustveis; instalaes e equipamentos eltricos deficientes; materiais inflamveis ou combustvel de bordo, tais como leos, graxas, tintas, solventes etc., armazenados indevidamente; presena de vazaments em sistemas de leo combustvel e lubrificante; partes aquecidas de mquinas prximas a redes de leo; uso de ferramentas manuais ou eltricas em tanques no devidamente

desgaseificados, ou nos compartimentos adjacentes a esses tanques; fritadores eltricos superaquecidos e descuido com lmpadas desprotegidas.

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2.6 - PERIGOS ADICIONAIS COM O NAVIO EM PERODO DE REPARO Os principais perigos adicionais com o navio em perodo de reparo so os seguintes: grande quantidade de fainas de corte e solda simultneas e falta de controle e superviso durante esse tipo de servio; numerosos painis energizados e cabos eltricos com muitas emendas; existncia de grande quantidade de acessrios de CAV retirados, afetando a estanqueidade do navio, prejudicando o estabelecimento da condio de fechamento do material; guarnio reduzida a bordo e interrupo de comunicaes interiores, com conseqente demora na disseminao do alarme; realizao de obras e servios em compartimentos, prejudicando o trnsito de homens e o acesso a acessrios e sistemas de CAV e rede de incndio, sistemas de esgoto, comandos distncia, sistemas fixos de extino de incndios, etc. em reparo, ou operando com restries. 2.7 - PERIGOS ADICIONAIS QUANDO EM COMBATE Os principais perigos adicionais quando em combate so os seguintes: ondas de calor e deslocamento de ar devido s exploses externas e internas; estilhaos aquecidos; alagamentos progressivos, com grande quantidade de leo combustvel, entrando em contato com as superfcies aquecidas; centelhas de equipamentos eltricos avariados, superaquecimento e ignio de isolamento trmico e eltrico; rompimento de trechos de redes de sistemas vitais; baixas de pessoal e interrupo momentnea ou permanente de energia eltrica ou comunicaes, em parte ou em todo o navio.

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Captulo 3EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM GUA COMO AGENTE EXTINTOR

3.1 - REDE DE INCNDIO A rede de incndio consiste em um sistema de canalizaes que alimenta tomadas de incndio e sistemas de borrifo. Em um navio, costuma, tambm, alimentar a rede sanitria e a de resfriamento das mquinas auxiliares. A fim de assegurar a mxima proteo rede de incndio contra avarias de combate, sempre que possvel, as suas canalizaes e bombas ficam localizadas na parte mais protegida do navio. No convs principal, procura-se reduzir ao mnimo o nmero de canalizaes horizontais. A presso da rede de incndio da ordem de 150 libras/pol. 2, sendo que necessria uma presso mnima de 70 libras/pol. 2 no terminal das mangueiras para a operao de quase todos os equipamentos produtores de espuma. 3.2 - TOMADAS DE INCNDIO As tomadas de incndio a bordo so instaladas nas canalizaes horizontais da rede de incndio ou nas extremidades das derivaes verticais. Nos contratorpedeiros ou navios maiores essas tomadas so de 2" de dimetro reduzidas, quando necessrio, para 1". Nesses navios, as tomadas podero ser duplas. Nos navios menores, salvo algumas excees, todas as tomadas so de 1". A localizao das tomadas de incndio obedece aos seguintes critrios: nos contratorpedeiros ou navios maiores so posicionadas de modo que qualquer ponto do navio possa ser alcanado com duas mangueiras de 15,25 m (50 ps). Nos navios menores, so dispostas de modo que se possa alcanar qualquer ponto do navio com uma mangueira de 15,25 m (50 ps) de comprimento. As tomadas do convs principal ficam elevadas de 0,30 m do piso e dispostas horizontalmente. Em alguns navios, as tomadas de incndio podem ter um ralo especial que permite sua limpeza automtica (Fig. 3.1). Tais ralos tm a descarga com dimetro igual ao da tomada onde so instalados. As vantagens do emprego desses ralos so de fcil compreenso. A rede de incndio est sujeita a incrustaes diversas e, com a trepidao do navio e os choques provocados pelas exploses e disparos da artilharia, esses corpos soltam-se da rede e vo obstruir os esguichos e pulverizadores, caso no sejam retirados pelo ralo. Recomenda-se abrir e fechar

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periodicamente os ralos, com a mxima presso na rede, de modo a descarregar as incrustaes que estejam em incio de formao. Havendo oportunidade, as sees da rede de incndio devem ser retiradas para inspeo e limpeza.

Fig. 3.1 - Ralo auto-limpvel

3.3 - VLVULAS As vlvulas normalmente instaladas na rede de incndio so as de interceptao, redutora e de segurana. As vlvulas de interceptao so encontradas na prpria rede e nas suas derivaes verticais ou horizontais. Tm por finalidade permitir a segregao da rede em partes independentes e, o isolamento de sees avariadas, visando o reparo e o contorno. Algumas dessas vlvulas podem ser manobradas distncia. Em qualquer ocasio, a rede deve estar na condio de fechamento estabelecida, e isto dever ser do perfeito conhecimento do pessoal do CAV. Esse pessoal deve tambm ter exato conhecimento das manobras a executar para prontamente isolar ou restabelecer a alimentao de qualquer parte da rede. Quando necessrio, as bombas portteis so utilizadas para alimentar partes segregadas da rede de incndio. As vlvulas redutoras so instaladas nas derivaes da rede de incndio que alimentam a rede sanitria. A presso normal da rede sanitria de 35 lb/pol. 2, sendo as vlvulas redutoras ajustadas para esse valor. As vlvulas de segurana instaladas na rede sanitria, em geral, disparam com uma presso 10% acima da prevista. 3.4 - MANGUEIRAS DE INCNDIO As mangueiras adotadas na Marinha so as de borracha e lona dupla nos dimetros de 1", 2", 2" e 3" . As sees so de 15,25 m (50 ps) de comprimento, com unio macho em uma extremidade e fmea na outra. Ao ser feita referncia a uma seo de mangueira, fica estabelecido que se trata desse comprimento padro de 15,25 m.

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O revestimento interno de borracha liso, para reduzir ao mnimo as perdas por atrito. As figuras 3.2 e 3.3 mostram uma tomada de 2" situada no convs principal e em uma das cobertas do navio. No segundo caso, torna-se sempre necessrio o emprego da reduo especial Y, onde ficaro permanentemente ligadas uma ou duas sees de 1". Mesmo em convs aberto, a manipulao das mangueiras de 2" sob presso bastante difcil. Elas so mais utilizadas para dar maior extenso a linhas de mangueiras, alimentando duas outras de 1" com emprego de uma reduo em Y. Navios dotados com estaes de alta capacidade para gerao de espuma utilizam tambm mangueiras de 3". As mangueiras devem ser colhidas como mostram as figuras 3.2 e 3.3. Quando ao lado da tomada h dois suportes para mangueiras, cada uma com duas sees, em geral, somente uma das mangueiras fica ligada, como na figura 3.3.

Fig. 3.2 Tomada de incndio no convs

Fig. 3.3 - Tomada de incndio cobertas abaixo

As mangueiras s devem ser pressurizadas, aps levadas o mais prximo possvel do local de incio do ataque, pois mais fcil seu manuseio enquanto sem presso.

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As mangueiras, aps terminada a preparao, so pressurizadas e o equipamento testado. Quando houver a necessidade de se estender longas linhas de mangueiras, devido s rupturas da rede de incndio ou existncia de grande quantidade de fumaa, deve-se estender linhas de mangueiras de 2". Apenas prximo rea sinistrada so colocadas redues em Y para adaptar linhas de mangueira de 1". Quando as mangueiras forem aduchadas em cabides especiais ou nos paiis, o seguinte procedimento dever ser obedecido: estende-se a mangueira no convs, dobra-se as mesmas, at que a unio macho, vindo por cima, chegue a cerca de 1,20 m da extremidade fmea. Colhe-se ento a mangueira, enrolando-a a partir da extremidade do seio. Ao terminar a aducha, a unio fmea estar por fora e, no fim da segunda volta, a unio macho estar com a rosca devidamente protegida (Fig. 3.4).

Fig. 3.4 - Como aduchar a mangueira

A figura 3.5 mostra a forma de transportar a mangueira e a figura 3.6, a forma correta de fazer seu lanamento.

Fig. 3.6 - Lanando a mangueira Fig. 3.5 - Transporte da mangueira

As mangueiras devero ser conservadas limpas, no sendo, porm, indicado lav-las, a no ser no caso de ficarem sujas de leo ou graxa (estes produtos atacam a borracha).

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Nesses casos, devero ser lavadas com gua doce, escova macia e sabo ou detergente neutro. No utilizar escova de arame ou qualquer produto abrasivo. Aps a lavagem, as mangueiras devero ser bem enxaguadas e postas a secar estendidas, preferencialmente ao sol. Todas as mangueiras devero ser inspecionadas semanalmente, a fim de se verificar a presena de umidade. Devem ser retiradas dos seus suportes, pelo menos uma vez por ms e novamente colhidas, de modo que as dobras no fiquem no mesmo ponto em que se encontravam. A parte inferior da mangueira, quando no cabide, deve ficar pelo menos a 15 cm do piso. A unio dupla fmea utilizada especialmente para unir duas mangueiras ligadas tomada de incndio (que tm rosca macho), para efeito de contorno da rede. A reduo em Y empregada para o desdobramento de uma mangueira de 2" em duas de 1"; ou para permitir que duas mangueiras de 1" sejam conectadas a uma tomada de 2" (Fig. 3.7).

Fig. 3.7 - Redues e unies

As unies so confeccionadas em bronze, o que as torna naturalmente dotadas de certa resistncia corroso. Isso porm no dispensa a limpeza e proteo, por um lubrificante adequado. As unies no devem sofrer choques que possam deforma-las ou causarem mossas aos seus fios de rosca. As unies macho so mais sujeitas avaria nos fios de rosca, j a unio fmea tende ao emperramento do seu anel deslizante. A limpeza das unies no visa o aspecto esttico e, portanto, no devem ser utilizados materiais abrasivos para limpeza, no propsito de polir os amarelos. As roscas devem ser protegidas por uma leve camada de graxa macia (do tipo utilizado para rolamentos), com o cuidado de evitar que o lubrificante atinja as partes de lona e borracha. A graxa deve ser substituda sempre que se verifique indcios de ressecamento ou aderncia de poeira.

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As unies fmeas possuem em seu interior um anel de borracha que responsvel pela perfeita vedao. importante que essa junta seja mantida no alojamento e que esteja sempre em bom estado, sem sinais de ressecamento. Ao ser efetuada a limpeza e a lubrificao dos fios de rosca, retire a junta para exame e recoloque-a no lugar antes de aplicar o novo lubrificante. A graxa no deve atingir a junta de borracha. 3.5 - ESGUICHO UNIVERSAL E APLICADORES Um dos tipos de esguicho adotado na Marinha o universal. O esguicho universal, fornecido nas dimenses de 1" e 2", possui uma vlvula de trs posies, comandada por uma alavanca, e dois orifcios de descarga. Mediante manobra da alavanca, o esguicho poder produzir um jato slido pelo orifcio superior, ou uma cortina de neblina pelo orifcio inferior, onde se adapta um bico pulverizador (Fig. 3.8).

Fig. 3.8 - Esguicho universal - posies da alavanca

Os jatos de gua produzidos pelo esguicho universal devem obedecer a determinadas caractersticas. Estas so padronizadas, quanto forma, consistncia e alcance. Quando tal no acontecer, deve-se verificar se existe alguma coca, dobra ou amassamento na mangueira ou obstruo no orifcio de descarga. Se no for constatada nenhuma dessas irregularidades, possvel que a presso na tomada esteja baixa. Isso pode ser conseqncia de obstruo no ralo. Se a limpeza do ralo no melhorar a situao, devese passar imediatamente as mangueiras para outra tomada. Outro ponto a ser considerado a queda de presso causada pela excessiva extenso da linha de mangueira, ou pelo grande nmero de mangueiras derivando de uma s tomada. As tomadas de incndio so, a bordo, posicionadas de modo que tais fatos no ocorram. Porm, caso julgado necessrio esses arranjos podem ser utilizados, porm devem ser pesadas suas vantagens e desvantagens, tendo em vista que abaixo de determinados limites de presso, os equipamentos tm o seu rendimento muito reduzido, ou mesmo tornam-se inoperantes. Com a alavanca na posio avanada, o esguicho estar fechado e, na posio oposta, para trs, produzir o jato slido. Com a alavanca na posio intermediria, vertical, a

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descarga ser pelo orifcio inferior, em forma de neblina de alta ou baixa velocidade, conforme o pulverizador adotado. Para a produo de neblina de alta velocidade utilizado um pulverizador de alta velocidade, que fica normalmente preso ao esguicho por um pequeno fiel de corrente. Para obteno de neblina de baixa velocidade, retira-se o pulverizador de alta velocidade, colocando-se em seu lugar um aplicador, onde existe um pulverizador de baixa velocidade (Fig.3.9). Qualquer desses acessrios se adapta rapidamente ao esguicho por acoplamento tipo baioneta.

Fig. 3.9 Aplicadores

A neblina, em qualquer dos casos, produzida por pequenos orifcios abertos em direo convergente que, subdividindo o jato, provocam o entrechoque das partculas de gua. A presso necessria para produzir neblina em qualquer dos tipos de pulverizador a mesma, 70 lb/pol.2. Para se obter melhores resultados, porm, a presso dgua no esguicho dever ser prxima de 100 lb/pol. 2. A neblina de baixa velocidade produzida por orifcios menores e de tal maneira dispostos que a gua fica dividida em partculas muito pequenas e com alcance reduzido. O pulverizador de baixa velocidade no conectado diretamente ao esguicho, mas ao tubo aplicador. Existem trs tipos de aplicadores: 1" de dimetro, 1,2 m (4 ps) de comprimento e ponta recurvada de 60. 1" de dimetro, 3,0 m (10 ps) de comprimento e ponta recurvada de 90. 1" de dimetro, 3,6 m (12 ps) de comprimento e ponta recurvada de 90.

Os dois primeiros so utilizados com esguicho de 1", e o terceiro com o esguicho de 2". Comparando-se a neblina de alta velocidade com a de baixa, verifica-se que a de baixa possui menor alcance e maior difuso das partculas de gua. Assim, a neblina de baixa, pela maior difuso, apresenta mais facilidade de absoro de calor. Em ambos os tipos de neblina, porm, seus efeitos so, em maior ou menor grau, os de resfriamento e8 edio 3- 7

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abafamento. O efeito de abafamento obtido quando as partculas de gua, ao absorverem o calor, transformam-se em vapor. Este, por sua vez, atua como agente abafador. Ambos os tipos de neblina podem ser empregados no combate ao fogo. Os aplicadores de neblina de baixa velocidade, deixaram de ser usados na proteo das Turmas de Incndio, aps a entrada em servio do esguicho varivel que , tambm capaz de produzir neblina para a linha de proteo. Os aplicadores ainda so teis para aplicao de neblina por cima de obstculos que eventualmente impeam a passagem do pessoal para combater as chamas a menor distncia. Podem, tambm, ser introduzidos em compartimentos incendiados, atravs de furos abertos nos pisos e anteparas, quando no houver possibilidade de penetrao do pessoal no compartimento para combate s chamas. 3.6 ESGUICHOS VARIVEIS Os esguichos variveis, denominao derivada do ingls VARI NOZZZLES so equipamentos empregados para a proteo do pessoal e no combate a incndio. Os primeiros modelos desse tipo apresentam um anel de controle de vazo que pode ser regulado em 60, 95 ou 125 gales por minuto (gpm). Esses esguichos no produzem jato slido, apenas neblinas de espuma em diversos formatos e dbitos. Devido a seu uso ser especfico para a produo de espuma, cujo agente a ESPUMA FORMADORA DE PELCULA AQUOSA AFFF (AQUEOUS FILM FORMING FOAM), esses esguichos receberam o nome de esguicho AFFF. Por apresentar o recurso de controle do dbito de espuma (60, 95 ou 125 gpm), os esguichos AFFF passaram a ser conhecidos, tambm, como esguichos de vazo varivel (Fig. 3.10).

Fig. 3.10 - Esguicho de Vazo Varivel

Com o aprimoramento das tcnicas e o surgimento de novas necessidades, os esguichos AFFF receberam duas alteraes:

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possibilidade de produzir jato slido; e vazo constante, pr-designada de 95 ou 125 gpm.

Os esguichos com anel regulador foram alterados e passaram a ser fornecidos apenas com 95 gpm ou 125 gpm, ambos de 1". O esguicho de 2" fornecido somente em 250 gpm. Os esguichos de 95 gpm devero ser utilizados nas praas de mquinas, em mangueiras simples com misturador entrelinha ou estao geradora, ou nos dispositivos de duplo agente. Os esguichos de 125 gpm devero ser utilizados nos convos e hangares. Com essas alteraes introduzidas nos esguichos, eles perderam a propriedade de controlar o dbito. Passaremos a cham-los, ento, de esguicho varivel para distingui-lo dos demais esguichos em uso na MB (Fig. 3.11 e 3.12).

Fig. 3.11 - Esguicho AFFF com punho e gatilho

Fig. 3.12- Esguicho Varivel com Neblina e Jato Slido

As principais diferenas entre os modelos existentes dizem respeito existncia ou no de punho e quanto sua confeco em lato ou plstico, ou seja, no afetam seu funcionamento. Todos apresentam o mesmo princpio. O difusor dispe de um movimento de aproximao e afastamento do corpo do esguicho pela rotao de uma luva roscada na extremidade de sada. Esse movimento permite uma variao da forma dada neblina, desde um leque de 110 at jato slido (alguns ainda no tm jato slido, apenas uma neblina com um leque menor). O fechamento, em sua maioria, feito por uma alavanca, porm, em alguns desses esguichos, pode-se fechar a gua pela luva roscada do difusor. O esguicho varivel (de 1" ou 2") foi introduzido na Marinha com o recebimento de novos navios provenientes da Marinha Norte-Americana. Esse esguicho praticamente substituiu o esguicho universal naquela Marinha e, como conseqncia, eliminou o uso do aplicador de neblina. Uma grande vantagem possibilitar a produo de espuma,8 edio 3- 9

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quando usando um esguicho varivel de 1" a 95 gpm associado a um misturador entrelinha (de 1"). O esguicho varivel produz padres desde jato slido at neblina larga (cone de 90 a 110, dependendo do fabricante), passando por neblina estreita (cone de 30) e neblina mdia (cone de 60), semelhante neblina de alta velocidade. CARACTERSTICAS DO ESGUICHO VARIVELDIMENSO PRESSO VAZO (GPM) ALCANCE (FT)VAZO (GPM) ALCANCE (FT) DIMETRO DA BASE DO CONE, NO MXIMO ALCANCE (FT) VAZO (GPM) ALCANCE (FT) DIMETRO DA BASE DO CONE, NO MXIMO ALCANCE (FT)

1 50 JATO SLIDO

1 60

1 7077 70 77 28 5

65 70 58 68 NEBLINA ESTREITA 64 70 25 25 5 5

NEBLINA LARGA 64 11 17 70 11 16 77 11 15

GPM - Gales por minuto FT - Ps TABELA 3.1 3.7 - ESGUICHOS DE CORTINA DE GUA (WATERWALL) E DE ATAQUE (FIREFIGHTER) Os esguichos de cortina de gua e de ataque so semelhantes ao esguicho varivel. O de cortina de gua empregado para a proteo do pessoal envolvido na faina e possui uma vazo de cerca de 45 ton/h (Fig. 3.13).

Fig. 3.13 - Esguichos de ataque (Firefighter) e de cortina de gua (Waterwall)

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3.8 - SISTEMA DE BORRIFO So de diversos tipos os sistemas de borrifo existentes. Sero descritos a seguir, em linhas gerais, os comumente empregados nos navios da MB e outros de emprego geral. Destinam-se, genericamente, a proteger reas contra o fogo e, quando operando automaticamente, possuem a vantagem de atuar logo no incio do incndio, impedindo assim que o fogo alcance maiores propores. A bordo, o tipo mais antigo de sistema fixo de borrifo consiste em uma derivao da rede de incndio e se destina proteo dos paiis de munio, praas de municiamento, etc. Entre a rede de incndio e os compartimentos protegidos existe uma vlvula de interceptao, normalmente aberta e travada por um cadeado. A seguir, h uma vlvula com comando distncia, pela qual se faz a operao do sistema. Logo aps essa vlvula, h um dispositivo que permite o teste de operao da rede. A rede de borrifo pode ser constituda por simples tubulaes perfuradas em espaos regulares, ou dispor de pulverizadores especiais. Em alguns navios mais modernos, a rede de borrifo pode ser operada automaticamente, sendo a vlvula de controle atuada por um sistema de servo-comando, sensvel ao aumento de temperatura. Sistemas semelhantes, de operao manual, dotados de controle local e comando distncia, so instalados nos hangares dos navios aerdromos ou outros locais onde o manuseio de gasolina ou outros inflamveis torne a rea potencialmente perigosa. Podem ser dotados de pulverizadores destinados a formao de neblina de baixa velocidade, ou de pulverizadores do tipo chuveiro, destinados a formar uma cortina de gua. No caso dos hangares, as redes de borrifo so dispostas transversalmente, de forma a facilitar a limitao da rea incendiada. Um sistema muito utilizado, tanto a bordo como em instalaes de terra, o que utiliza os chuveiros automticos. A rede de borrifo, nesse caso, mantida sob presso no compartimento a proteger. Os chuveiros entram em ao independentemente, quando sensibilizados pelo calor. Assim, somente entram em operao aqueles pulverizadores prximos ao fogo. No instante em que qualquer chuveiro acionado, o fluxo da gua na rede faz soar o alarme do sistema. Tal sistema tem como vantagem, alm da pronta ao de combate ao fogo, logo em seu incio, o fato de somente serem utilizados os pulverizadores necessrios, o que evita prejuzos adicionais gerados pelo alagamento generalizado do compartimento. A ao do alarme, na maior parte das vezes, informar

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da necessidade de ser fechada a gua, visto que o incndio propriamente dito j deve ter sido debelado. As Fragatas Classe NITERI, por exemplo, empregam esse sistema em paiis de munio, praas de carregamento e outros paiis de armamento. A rede de borrifo mantida carregada com gua doce atravs de uma mangueira flexvel, procedente da rede de aguada, no propsito de reduzir os problemas de corroso. As Fragatas possuem, ainda, sistemas manuais de borrifo no paiol de tintas e de outros inflamveis. Os chuveiros automticos so conhecidos como "SPRINKLERS". Basicamente, consiste em uma vlvula que mantida na posio de fechada atravs de um elemento sensvel ao calor. O rompimento desse elemento permite a abertura da vlvula, cuja descarga se faz sob forma de borrifo. O tipo mais conhecido possui como elemento sensvel uma ampola de vidro. A ampola contm um lquido cuja expanso faz com que ela se rompa ao ser atingida a temperatura nominal de funcionamento (Fig. 3.14).

Fig. 3.14 - Chuveiro automtico com elemento sensvel tipo ampola de vidro

Outros tipos de chuveiros podem utilizar ligas metlicas de baixo ponto de fuso como elemento sensvel (fusvel). O rompimento dessa pea por ocasio do aumento de temperatura faz operar o sistema (Fig. 3.15).

Fig. 3.15 - Chuveiro automtico com elemento sensvel, tipo fusvel

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3.9 - CANHO DE GUA Os navios de socorro e rebocadores so dotados de canhes de gua, que servem para prestar auxlio a navios sinistrados.

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Captulo 4EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR.

4.1 - A ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR

A espuma o agente indicado para extino de incndios classe B, em especial os de grande vulto. Como j visto, a espuma extingue incndios por abafamento. O jato de espuma deve ser dirigido para uma antepara, de onde ela escorrer para a superfcie do lquido inflamado. Nunca deve-se dirigir o jato diretamente sobre as chamas. Quando o incndio for em lquidos derramados, como pode ocorrer no convs de um navio, torna-se mais eficiente represar o lquido com a prpria espuma, empurrando-a aos poucos sobre o lquido inflamado. H, tambm, a possibilidade de se empregar a neblina de espuma, altamente eficiente nesses tipos de incndio. A produo de espuma pode se processar de dois modos: Qumico (resultante da reao qumica de dois elementos em contato com o ar) e Mecnico (obtido pela mistura forada de gua e lquido gerador). A espuma qumica mais consistente que a espuma mecnica; seu emprego mais eficaz nos combustveis leves (gasolina, por exemplo). Por outro lado, a espuma mecnica, sendo mais fluida, contorna obstculos com maior facilidade, sendo, mais indicada para incndios em praas de caldeiras e de mquinas, ou onde a superfcie do lquido em chamas for interrompida por muitos obstculos. Pode-se empregar os dois tipos de espuma simultaneamente para combater um incndio. O lquido gerador da espuma mecnica, quando misturado com gua, prov trs vantagens na extino de fogo: uma pelcula formada na superfcie do combustvel impedindo que este desprenda vapores de hidrocarbonetos; a camada de espuma efetivamente isola o oxignio da superfcie do combustvel; e a gua contida na espuma permite contornar obstculos, dando mais flexibilidade ao combate ao incndio. A principal finalidade do uso de espuma em CBINC a extino de incndios em combustveis ou na maioria dos lquidos inflamveis, tendo excelentes caractersticas de penetrao alm de ser superior gua na extino de incndios da classe "B", por sua caracterstica de resfriamento e abafamento.

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A espuma pode ser obtida de vrias formas, dependendo do material existente nas diversas classes de navios. Borrifo de pores, borrifo de teto ou lanamento de espuma usando FB 5X/NPU, como adequado, tambm so outras formas de utilizar a espuma, fazendo a selagem dos vapores combustveis e prevenindo o ressurgimento do incndio. Pelo menos uma das linhas de mangueira para combate a incndio classe B deve ser com espuma, a menos que a mesma tenha se esgotado, quando ento deve ser utilizada gua em neblina de alta velocidade, tomando o devido cuidado para no romper a pelcula de espuma produzida anteriormente. Os esguichos FB 5X e NPU no conferem proteo ao homem, devendo ser utilizada, conforme a situao, outra linha de mangueira com neblina de alta ou baixa velocidade. Os esguichos do tipo varivel produzem espuma e do proteo ao mesmo tempo. A espuma mecnica, de uso mais comum na MB, obtida pela simples mistura do agente espumante (lquido gerador) com gua, a qual agitada em presena do ar. Para produo de espuma mecnica, na MB, so empregados basicamente dois tipos de lquido gerador: o mais antigo e difundido aquele tradicionalmente conhecido como Aerofoam, o outro, de uso mais recente, e que apresenta algumas vantagens quanto ao desempenho, o AFFF, tambm conhecido como gua leve. A espuma, de um modo geral, constituda, em peso, de cerca de 85% de gua e cerca de 90% em volume de ar ou CO2. H dois tipos bsicos de lquido gerador para espuma mecnica de acordo com a percentagem em que os mesmos devem ser utilizados: os a 3% e os a 6%. Na MB, de um modo geral, utilizado o segundo tipo.4.2 - EQUIPAMENTOS PARA PRODUO DE ESPUMA

Para produo de espuma h um grande nmero de equipamentos prticos e eficientes. Os de uso mais comum na Marinha so os seguintes: - Para espuma qumica extintores portteis.

- Para espuma mecnica esguicho varivel; esguichos de cortina dgua e de ataque; esguicho NPU (Navy Pick-Up Unity) com tubo de aspirao; esguicho FB 5X e FB 10X;

esguicho universal para neblina de alta e com aplicador para neblina de baixa velocidade;

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misturador tipo FW; estaes geradoras de espuma e misturador Entrelinhas.

4.3 - ESTAES GERADORAS DE ESPUMA

Locais de grande risco de incndios classe B, tais como os existentes a bordo de navios aerdromos, exigem recursos de maior vulto para gerao de espuma. Estaes centrais, de alta capacidade, produzem a mistura gua-lquido gerador, que canalizada para os canhes e as tomadas de incndio especiais localizadas em diversos pontos de bordo, especialmente no hangar, convo e praas de mquinas (Fig. 4.1). As caractersticas bsicas de uma das estaes existentes na MB so as seguintes: um tanque com capacidade para armazenagem e pronta utilizao do lquido gerador de espuma;. um filtro instalado entre a rede de incndio e a estao;. uma vlvula de tipo especial, instalada entre o filtro e o misturador. Ela pode ser aberta por uma vlvula piloto acionada por solenide; um misturador e uma bomba de recalque de gua que eleva a presso da rede de incndio.

Fig. 4.1 - Estao Geradora de Espuma

- Operao da Estao Quando o equipamento produtor de espuma de alta capacidade posto a funcionar, todas as bombas de incndio devero ser utilizadas, para assegurar o mximo suprimento de gua. A presso na entrada do misturador dever ser mantida entre 100 e 150 lb/pol. 2. Uma presso mnima de 70 lb/pol.2 necessria nos esguichos de espuma para que se produza espuma com a consistncia desejada para o combate a incndios. As8 edio 4-3

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estaes de espuma so projetadas para suprir quatro esguichos de 2" ou dois de 3", operando simultaneamente. Os esguichos so do tipo varivel ou NPU. Podem existir recursos para acionamento remoto do sistema junto das tomadas de espuma. As mangueiras devem estar conectadas s vlvulas, para pronta utilizao. As estaes fixas produtoras de espuma devem ser sempre guarnecidas em postos de combate e de vo, por no mnimo trs homens. To logo a estao entre em funcionamento ser iniciada a alimentao do tanque com lquido gerador e isto dever ser mantido de forma contnua. Caso o seu funcionamento se prolongue por muito tempo dever der providenciado reforo de pessoal. necessrio que se mantenha constante vigilncia sobre o indicador de nvel do tanque, para mant-lo convenientemente abastecido. Se for considerado que todas as bombonas de reserva de lquido gerador possam vir a ser consumidas antes da extino do incndio, o encarregado do CAV dever ser avisado, para que ordene um novo suprimento. A utilizao das mangueiras de espuma , de modo geral, idntica das mangueiras de incndio. Para maior facilidade de manuseio, as mangueiras devero ser primeiramente estendidas no convs e s depois disso que devero ser submetidas presso.4.4 - MISTURADOR ENTRELINHAS

Este tipo de misturador apresenta grande vantagem de poder ser instalado fora do limite primrio de fumaa, o que facilita o abastecimento contnuo de lquido gerador, sem que os homens tenham a necessidade de usar equipamento de proteo (Fig. 4.2).

Fig. 4.2 - Misturador Entrelinhas

Se o conjunto for de 1", podem ser utilizadas no mximo trs sees de mangueira nessa linha, podendo ser empregada com a elevao mxima de um convs. Se a linha estiver em convs inferior ao do misturador, podem ser utilizadas at cinco sees de mangueira.8 edio 4-4

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O misturador entrelinhas foi projetado para ser utilizado com esguicho de mesmo dbito e perde eficincia caso a mangueira a qual estiver conectado possua redues ou cocas. Devem trabalhar com presso de 100 psi na sua entrada . O conjunto americano, utilizado com mangueiras de 1", possui seu misturador entrelinhas (Inline AFFF Eductor 95 gpm) e esguicho varivel (Vary-Nozzles 95 gpm) compatveis. Sua operao contnua requer cerca de cinco gales de AFFF concentrado por minuto. O conjunto ingls, utilizado com mangueiras de 2", nas Fragatas Classe GREENHALGH, usa misturador (Portable Inline Inductor - FBU 5X - 50 gpm) Fig. 4.3 e o esguicho FB 5X (50 gpm) tambm compatveis entre si. O misturador deve ainda trabalhar em linhas de mangueira de mesma dimenso, ou seja, um misturador de 2", no podendo ser utilizado em uma linha de mangueira de 1", pois as presses envolvidas na reduo no permitem o funcionamento (arrastamento do lquido gerador) do mesmo.

Fig. 4.3 - Misturador Entrelinhas FBU 5X

4.5 - ESGUICHO NPU

O esguicho do tipo NPU um aparelho simples e de grande eficincia. Destina-se a introduzir ar na mistura gua-lquido gerador, para formar espuma mecnica. Pode ser usado, para este fim, com qualquer tipo de misturador entrelinhas instalado antes dele. Pode, tambm, fazer o duplo papel de misturador e introdutor de ar, utilizando-se um tubo de aspirao a ele conectado. Neste caso, no se usa o misturador entrelinhas. A produo de espuma praticamente contnua, pois, esgotada uma lata de lquido gerador, rapidamente pode ser retirado o tubo de aspirao e substituda a lata. Cada recipiente com capacidade de 5 gales tem a durao de um minuto e meio e produz cerca de 3.000 litros de espuma (presso da gua 100 lb/pol.2) (Fig. 4.4).4-5

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Fig. 4.4 - Esguicho NPU

4.6 - ESGUICHO FB 5X E FB 10X

Esses equipamentos operam com gua da rede de incndio e so usados para misturar gua e AFFF na correta proporo, bem como provocar a reao da mistura para produzir espuma mecnica. O AFFF, que no txico nem corrosivo, fornecido em recipientes de 20 litros. - FB 5X O FB 5X (Fig. 4.5) um esguicho leve que produz, aproximadamente, 50 gales (225 litros) de espuma por minuto, com a presso de 80 lb/pol. 2 da rede de incndio. Para aspirao de AFFF dos recipientes de 20 litros, acopla-se o tubo de aspirao dotado de engate rpido. O fornecimento contnuo de espuma com a presso de 80 lb/pol. 2 consome 12 litros do agente por minuto, de modo que recipientes sobressalentes devero sempre estar posicionados para pronto uso nas imediaes do incndio. O FB 5X pode ser usado em conjunto com sistemas fixos de espuma nas praas de mquinas para conduzir a espuma de conveses superiores para locais onde possa se espalhar sobre a superfcie do leo em chamas nos pores. importante mencionar que as tomadas desses sistemas devero estar sempre fechadas quando este no estiver em uso. O FB 5X pode ser operado atravs de misturador entrelinhas, pelo fechamento do tubo de aspirao. - FB 10X O esguicho FB 10X (Fig. 4.6), aplicado nos locais onde se necessita alta produo de espuma. Este equipamento produz cerca de 450 litros (100 gales) de espuma por minuto. Cada tomada de incndio prevista para seu uso deve portar um edutor (tipo entrelinhas) afixado antes do acoplamento da mangueira. O dispositivo de aspirao do AFFF preso ao corpo do edutor e possui uma vlvula de corte rpido. O edutor aspira e passa a mistura de AFFF e gua atravs de mangueiras para o FB 10X onde recebe o ar antes de ser lanado pelo esguicho. Para produzir uma8 edio 4-6

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espuma de qualidade aceitvel, a presso mnima na rede de incndio dever ser de 70 lb/pol. 2. Quando em uso contnuo, esse equipamento consome

aproximadamente 25 litros de AFFF por minuto, de modo que prudente manter-se suplemento disponvel nas proximidades. Uma alavanca na extremidade de sada do esguicho opera um conjunto de defletores, com os quais possvel optar, dependendo da situao, por um jato de espuma de maior alcance ou por um lanamento em leque, de menor alcance. Os recipientes de AFFF devero ser estocados em armrios nas proximidades de cada tomada de incndio designada para o uso do FB 10X.

Fig. 4.5 - Esguicho FB 5X

4.6 Esguicho FB 10X

4.7 - MISTURADOR TIPO FW

um misturador destinado a operar em srie com a linha de mangueira, aspirando o lquido gerador por arrastamento, semelhana de outros equipamentos j vistos. Destina-se produo de espuma mecnica e possui uma vlvula para graduao da percentagem do lquido aspirado (Fig. 4.7). Esta vlvula graduada de 1% a 6% e deve ser ajustada de acordo com a tabela abaixo: CLASSEDE I NCNDIO

AGENTE EXTINTOR

GRADUAODA VLVULA

A B B B

gua (jato slido) gua (neblina) Espuma a 3% Espuma a 6%

1 2 3, 4 ou 5 5 ou 6

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Fig. 4.7 - Misturador tipo "FW"

Observa-se que o misturador no introduz o ar. Este acrescentado na mistura gualquido em outra parte da linha, depois do misturador (em um esguicho NPU, por exemplo).4.8 - ESGUICHO UNIVERSAL PARA NEBLINA DE ALTA E COM APLICADOR PARA

NEBLINA DE BAIXA VELOCIDADE Quando utilizado qualquer misturador entrelinhas, h necessidade de introduo suplementar do ar para a produo de espuma mecnica, o que, como j visto, pode ser feito pelo esguicho NPU. No entanto, se utilizado um esguicho universal com aplicador e pulverizador de baixa velocidade, possvel obter uma neblina de espuma capaz de extinguir incndios classe "B" de pequeno vulto. Essa espuma no uma espuma perfeita, pois a introduo do ar se faz apenas na descarga do pulverizador de baixa velocidade. , no entanto, um processo de fortuna, do qual possvel lanar mo na falta do equipamento adequado.

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Captulo 5OUTROS EQUIPAMENTOS E INSTALAES

5.1- EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM O CO2 COMO AGENTE EXTINTOR - Sistemas fixos de CO2 Os sistemas fixos de CO2 so instalados a bordo com a finalidade de saturar, com esse gs, a atmosfera no interior dos compartimentos que, normalmente, apresentam maior risco de incndio. Exceto no que se refere s manobras para descarga do gs e s suas dimenses, as ampolas de CO2, empregadas nos sistemas fixos, so semelhantes s ampolas dos extintores portteis. As instalaes fixas de CO2 podem ser de dois tipos: o de mangueira em sarilho e o de descarga direta distncia. Mangueira em sarilho O tipo de mangueira em sarilho (Fig. 5.1), consiste em duas ampolas ligadas a uma seo de mangueira especial para CO2, colhida em um sarilho e com um difusor na extremidade. Prximo ao difusor h uma vlvula que controla a descarga do gs.

Fig. 5.1 - Instalao fixa de CO 2, tipo mangueira em sarilho

Descarga direta O tipo de descarga direta (Fig. 5.2) consiste em duas ou mais ampolas que descarregam para uma canalizao que leva o CO2 aos compartimentos protegidos pelo equipamento. Um cabo de arame vai do mecanismo de disparo das vlvulas das ampolas at uma caixa para partida distncia, com tampa de

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vidro, localizada fora do compartimento onde se encontram as ampolas. Para descarregar o CO2 necessrio quebrar o vidro e puxar a alavanca. Em algumas instalaes, existem alavancas para descarga de CO2 em cada ampola; em outras, apenas duas ampolas so comandadas pelo cabo de arame, e as demais so abertas por vlvulas automticas de presso. De um modo geral, as diferenas encontradas de um fabricante para outro so pequenas. Antes de empregar o CO2 como agente abafador deve ser verificado se todas as aberturas do compartimento esto fechadas e se as ventilaes esto paradas (ou se pararo automaticamente ao se abrir o CO2). Uma vez iniciada a descarga das ampolas, esta no mais poder ser interrompida. No tipo de mangueira em sarilho, a vlvula prxima do difusor, como no caso dos extintores portteis, permite uma interrupo temporria, mas a vedao no ser perfeita e s ser conseguida aps a substituio do selo da ampola.

Fig. 5.2 - Sistema de Descarga Direta

5.2- EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM O HALON COMO AGENTE EXTINTOR Em condies normais, o gs halon incolor, possui alta densidade (cinco vezes a do ar), inodoro, possui baixo ponto de ebulio e baixa viscosidade, no deixa resduos quando usado e no corrosivo. Por estas caractersticas, o halon recomendado para proteo a Centros de Processamento de Dados (CPD), painis de controle automatizados e todas as fontes de incndio classe C que requeiram um agente limpo para extino de incndio. O halon um composto qumico formado basicamente de cloro, flor e carbono. Existem diversos tipos para aplicaes distintas e especficas como por exemplo: o Halon 1211, e o Halon 1301.

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Esses agentes extinguem o fogo pela inibio qumica da combusto, pois esses gases tm a propriedade de suprir ou isolar os elementos qumicos envolvidos nas reaes, rompendo assim a cadeia do fogo. - Emprego do Halon Na Marinha do Brasil, o agente normalmente utilizado o Halon 1301. O Halon 1211, conhecido como BCF, usado apenas em extintores portteis ou, em casos especiais, como dispositivos simples para proteo de invlucros de equipamentos e cabines com equipamentos eletrnicos. Por sua vez, o Halon 1301 tem aplicao bem mais abrangente, podendo ser empregado de duas maneiras: inundao total e aplicao local. Inundao total o sistema instalado para proteo de grandes reas como, por exemplo, praas de mquinas, compartimentos de lquidos inflamveis, hangares e paiis de tinta. O sistema de extino por inundao total pode ser disposto a bordo de duas maneiras: estao central de halon bancada local A instalao de um ou de outro sistema depende do espao disponvel, quantidade e volume dos compartimentos a serem protegidos e da distncia entre estes compartimentos. A estao central de halon composta de um compartimento onde esto instaladas todas as ampolas com redes que se encaminham para os diversos compartimentos a serem protegidos (Fig. 5.3).

Fig. 5.3 - Sistema de Estao Central de Halon

O sistema de aplicao local utilizado para proteo de equipamentos como por exemplo: geradores, turbinas, painis e tambm computadores. Este modo de instalao, tambm conhecido como modular, diferenciado dos demais pelo uso de um difusor para cada ampola.

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- Vantagens do Halon para instalaes em estao central, requer menor espao ocupado pelas ampolas, em comparao com o CO2 apresenta baixo nvel de toxidez. classificado como o menos txico dos agentes halogenados. Em caso de um disparo acidental num compartimento onde no exista fogo, o pessoal pode ser exposto a uma concentrao de 5 a 7%, por at dez minutos, contudo o compartimento dever ser, obrigatoriamente, evacuado. descarrega normalmente entre dez e vinte segundos, resultando na rpida extino do incndio se comparado com os dois minutos de descarga do CO2; baixa percentagem por volume necessrio do agente extintor quando comparado com o CO2; quando aplicado em inundao total extremamente dispersivo e capaz de penetrar eficazmente em locais onde outros agentes no atuam satisfatoriamente; por ser um agente limpo, no requer limpeza aps seu uso. no condutor eltrico; no corrosivo; e no afeta a estabilidade de navios quando aplicado, em comparao com a utilizao de gua. - Desvantagens do Halon no apresenta efeito de resfriamento; alto custo; as facilidades para recarga ainda so limitadas, comparativamente com o CO2; ineficaz em incndios de classe D; no utilizado em incndios classe A, pois, apesar de extinguir as chamas, no resfria o material, mantendo o potencial para reativao do incndio e necessria a parada, antes da descarga, de todos os motores de combusto interna que aspiram diretamente do compartimento protegido. Essa aspirao pelos motores pode reduzir significativamente a quantidade do agente descarregado no ambiente, reduzindo ou anulando o efeito extintor. Por outro lado, foi constatado que o Halon excita os motores de combusto interna, ao contrrio do CO2, que provoca a parada dos motores por falta de oxignio. O emprego do Halon encontra-se em desuso, porm ainda utilizado em algumas Organizaes da Marinha.5-4

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5.3 - DISPOSITIVO DE DUPLO AGENTE O dispositivo de duplo agente unio de um esguicho AFFF com um esguicho de p qumico (PKP) presos por uma barra de ferro, que os mantm afastados 8" um do outro. A nica diferena entre as duas configuraes de agentes duplos mostrado na figura 5.4 em relao ao formato, pois operam da mesma maneira.

Fig. 5.4 - Dispositivo de Duplo Agente

Este equipamento utilizado para combate a incndio em praas de mquinas. A vantagem dessa unio a extino das chamas pelo PKP e a manuteno do abafamento da fonte pelo AFFF. A figura 5.5 mostra uma seo reta dos esguichos de p qumico (PKP) e espuma mecnica (AFFF) com os quais feito o dispositivo de mangueira de duplo agente.

Fig. 5.5 - Corte lateral dos Esguichos de Duplo Agente

O esguicho de p qumico controla a descarga do agente PKP. O agente entra pela parte traseira do corpo do esguicho e conduzido para uma cavidade na parte central do mesmo. O fluxo de p qumico parado nessa posio pela vlvula de fechamento, quando o esguicho estiver na posio fechado. Quando o gatilho de disparo acionado, a mola comprimida e o cilindro da vlvula libera a sede. Esse movimento abre a cavidade, e o p qumico liberado para fluir atravs da extremidade cnica, formando a nuvem de PKP. O gatilho deve ser

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totalmente comprimido para assegurar-se de que o fluxo de agente extintor seja aproximadamente 1 kg por segundo. Quando o gatilho liberado, a mola atua no cilindro, empurrando-o contra a sede, interrompendo o fluxo de p qumico atravs do esguicho. O esguicho AFFF tambm possui um gatilho para lanamento de espuma. O esguicho dever ser de 1" com vazo de 95 gpm. A mistura do lquido gerador AFFF com gua do mar feita no misturador da estao geradora. A gerao da espuma feita na prpria sada do esguicho AFFF. A ao qumica do PKP no interfere na qualidade do lenol de espuma formado pelo AFFF. A figura 5.6 mostra um esquema simplificado do dispositivo de duplo agente instalado nas praas de mquinas de alguns navios da MB.

Fig. 5.6 - Esquema da instalao do Duplo Agente

5.4 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM GASES INERTES Recebem o ttulo de gases inertes todos aqueles que no sejam combustveis ou comburentes, ou seja, no participam de qualquer forma do fenmeno da combusto. Entre eles destacam-se o bixido de carbono e o nitrognio. Os navios-aerdromos so normalmente dotados de instalaes especficas para o armazenamento de nitrognio. Esse gs utilizado a bordo, preventivamente, para tornar inerte o sistema de combustvel de aviao. 5.5 - SISTEMAS DE DETECO DE INCNDIO Permitem que princpios de incndios sejam, com presteza, informados por intermdio de um sinal de alarme. No acionam qualquer sistema automtico de extino de incndio, mas apenas indicam a existncia e o local, ou rea, do fogo.

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O sistema MINERVA, por exemplo, instalado nas Fragatas Classe NITERI, consiste basicamente em detectores instalados em vrios compartimentos (exceto hangar e sanitrios), que se ligam ao Console do Controle de Avarias situado no Centro de Controle da Mquina. Qualquer dos detectores, quando atuado, faz soar no painel um alarme sonoro, acompanhado de um alarme visual. Os detectores instalados a bordo so de dois tipos: o sensvel fumaa e a gases de combusto em geral, e o sensvel ao calor. O primeiro instalado em praticamente todos os compartimentos, enquanto que o segundo encontrado nas cozinhas. 5.6 - SISTEMA FIXO DE P QUMICO O p qumico