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A CULTURA DA AMORA

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Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura da Amora

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 436266/18

ISBN: 978-989-8319-21-0

Distribuição Gratuita

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ÍndiceIntrodução

1 - Origem

2 - Taxonomia e Morfologia

3 - Requisitos Edafoclimáticos3.1 - Clima

3.1.1 - Temperatura3.1.2 - Precipitação3.1.3 - Humidade Relativa3.1.4 - Vento

3.2 - Solos

4 - Ciclo Biológico4.1 - Floração4.2 - Frutificação

5 - Tecnologias de Produção5.1 - Produção de amora ao ar livre5.2 - Produção de amora em túnel (cultura protegida)

5.2.1 - Produção precoce5.2.2 - Produção tardia

6 - Sistemas de Produção

7 - Material Vegetal7.1 - Variedades

8 - Particularidades do Cultivo8.1 - Escolha da parcela8.2 - Preparação do terreno8.3 - Sistemas de suporte8.4 - Plantação8.5 - Desenho de plantação8.6 - Fertilização8.7 - Rega8.8 - Poda

8.8.1 - Variedades eretas sem sistema de suporte8.8.2 - Variedades conduzidas em sistema de suporte

9 - Pragas e Doenças

10 - Colheita

11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Bibliografia

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Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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Introdução

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Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima�,inserida na operação 2.1.4 � Ações deinformação, com o objetivo de reunir, di-vulgar e disseminar informação técnica,organizacional e de mercados, valorizandoo ambiente e o clima, foi definido comometa a elaboração de um conjunto de ele-mentos nos quais se inclui o presente�Manual de Boas Práticas para CulturasEmergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar os agen-tes do setor agrícola, em particular os associ-ados da AJAP, de um conhecimento maisaprofundado sobre 15 culturas emergentesaliadas às boas práticas agrícolas.

A cultura da amora insere-se no referidoconjunto de culturas consideradas emer-gentes, o qual foi aferido através da rea-lização de inquéritos a nível nacional, porparte dos técnicos da AJAP, junto de or-ganismos e instituições de referência dosetor, tendo em conta a atual conjuntura,ou seja, considerando as culturas que sedestacam pela componente de inovaçãoaliada à rentabilidade da exploração agrícola,aumentando assim a competitividade dosetor.

Para a elaboração deste manual, foramconsultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura da amora.

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1 - Origem

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1 - Origem

Sendo um dos géneros mais diversos doreino vegetal são atribuídas diferentesorigens consoante as espécies, as quais seencontram dispersas pela Euro Ásia eAmérica do Norte. Inicialmente colhida nanatureza, a seleção das espécies silvestrescom melhor aptidão teve início em meadosdo século XIX e a produção comercial apenasno século XX.

A presença das espécies silvestres emdiferentes países aliada à sua capacidadede se adaptar a diferentes zonas temdificultado o trabalho de classificação dasespécies, estimando-se que existam entre600 a 800 espécies de amora, distribuídaspor todos os continentes.

Na Península Ibérica este cenário repete-se,existindo um grande número de espéciessilvestres, encontrando-se a nível nacionala maioria no Norte e Centro do país. A pro-dução em Portugal tem ainda poucaexpressão, sendo em 2016, segundo dadosdo INE, a superfície ocupada de 120 hectares,a maioria concentrados no Sudoeste Alente-jano, com uma produção de 752 toneladas.

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Distribuição das zonas de produção de pequenos frutos

Fonte: Anuário Vegetal 2006

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2 - Taxonomia e Morfologia

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2 - Taxonomia e Morfologia

A amora pertence à família das Rosáceas,

género Rubus L., que se encontra divididoem 12 sub-géneros. O sub-género ao qualpertencem as amoras é o Eubatus, sendoeste extremamente variável, complexo eheterogéneo.

Existem inúmeras espécies de amoras emPortugal, ocorrendo na forma selvagem edispersa em orlas e clareiras, sebes decampos e caminhos, sendo a variedadeRubus ulmifloius a que assume considera-velmente maior expressão no nosso país.

A hibridação natural de espécies selvagenscontribuiu para a multiplicidade de varie-dades existentes e forneceu o material apartir do qual foi possível obter as variedadesutilizadas atualmente em plantações. Odesenvolvimento de novas cultivares ébastante semelhante ao das framboesas.

Em termos de morfologia as amoras podemincluir arbustos sublenhosos ou plantasrasteiras herbáceas, perenes, sendo fre-quentemente classificadas em eretas, semi--eretas e prostradas.

Tal como nas framboesas, possuem umsistema radicular fasciculado e relativamentesuperficial. Cerca de 70% do peso total dosistema radicular ocupa os primeiros 25 cmdo solo e cerca de 20% ocupa os 25 cm se-

guintes. É a partir do sistema radicular, oqual constitui a parte perene da planta, quesurgem todos os anos novos lançamentos.Estes, tal como nas framboesas não remon-tantes, são bianuais, ou seja, a frutificaçãoocorre no segundo ano, após um primeiroano de crescimento vegetativo.

As flores da maioria das variedades atuaisde amora são hermafroditas e autoférteis,surgindo, como referido, nos ramos desegundo ano, sendo as inflorescênciasterminais e laterais. Os frutos são formadospor um aglomerado de drupéolas, de corvermelha, preta ou preta-azulada, variandode peso e tamanho consoante as varieda-des. São bastante delicados, devendo o seumanuseamento ser limitado ao mínimoindispensável.

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

Considera-se o clima ótimo para a culturada amora o temperado marítimo, de invernoameno e verão suave. É igualmente benéficoa ausência de precipitação excessiva durantea época de frutificação.

A região Norte de Portugal apresenta ascondições naturalmente mais favoráveispara a produção de amora, aliado à ocor-rência de invernos frios e chuvosos que as-seguram as necessidades em horas de friopara a indução e diferenciação floral, semque se verifiquem temperaturas excessiva-mente baixas passíveis de provocar danosna cultura.

Nas restantes zonas do país as condiçõesmenos favoráveis, decorrem da ocorrênciade verões caracterizados por elevadastemperaturas e baixa humidade relativa.

Assim, a escolha de variedades mais adap-tadas às condições climáticas de cada região,o recurso à produção em cultura protegidae a utilização de lançamentos de segundoano, tratados em câmara frigorífica, permi-tem ultrapassar os constrangimentos climá-ticos de algumas das regiões produtoras epermitir a produção fora da época.

Face ao exposto, optou-se por efetuar umabreve descrição dos requisitos edafo-climáticos, sendo abordado mais adiante

os diferentes aspetos relativos à produçãoem cultura protegida, uma vez que se tratada tipologia de produção mais adequada àscondições da maioria das regiões do nossopaís.

3.1 - Clima

As condições climáticas tal como as carac-terísticas do solo são fatores fundamentais,principalmente quando o sistema de culturaadotado é ao ar livre.

Podem considerar-se os seguintes fatoresclimáticos que mais influenciam a adaptaçãoe a produtividade da cultura: temperatura,precipitação, humidade relativa e vento.

3.1.1 - Temperatura

Quanto à temperatura, é necessário ter emconta as necessidades de horas de frioinvernal (temperatura inferior a 7,2°C), paraa quebra de dormência, que no caso dasamoras, em comparação com outras cultu-ras perenes de climas temperados, são con-sideradas baixas, entre 200 a 600 horasdependendo das variedades. Apesar de nãose encontrar descrito para todas as varie-dades quais as necessidades em horas defrio, considera-se que as variedades eretase algumas semi-eretas possuem normal-mente maiores necessidades em horas defrio, enquanto que as variedades prostradasapresentam geralmente necessidades emhoras de frio mais baixas.

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Por outro lado, as temperaturas não podemser excessivamente baixas de modo a nãocausar danos às plantas. Em geral, as amorasnão resistem a temperaturas tão baixascomo as framboesas, sendo que tempera-turas muito baixas são passíveis de causardanos.

A ocorrência de geadas tardias durante aprimavera, podem originar perdas na produ-ção ao causar danos nos gomos florais, flo-res e frutos.

3.1.2 - Precipitação

A distribuição regular da precipitação émuito benéfica para a cultura. Ao invés,a ocorrência de períodos de precipitaçãoabundante durante o inverno, determinaencharcamento, podendo ocorrer danosnas plantas e até mesmo levar à sua mortedevido à asfixia radicular.

A ocorrência de precipitação excessivadurante a época de frutificação e na fasede colheita também não é benéfica poispode prejudicar a qualidade dos frutos,resultando em frutos malformados.

3.1.3 - Humidade Relativa

À semelhança das framboesas, a humi-dade relativa é um fator importante naprodução de amoras e no desenvol-vimento adequado dos frutos. De facto,

para valores baixos de humidade relativa,os frutos podem não atingir as dimen-sões desejadas e, valores elevados, podemlevar ao aparecimento de infeções fún-gicas nos frutos e nos lançamentos, paraalém de diminuir o tempo de vida destes.

3.1.4 - Vento

A exposição a ventos fortes e persis-tentes pode provocar danos nos lança-mentos, em particular no inverno. No ve-rão, a ocorrência de ventos fortes e secospode afetar a qualidade e tamanho dosfrutos.

Assim, sempre que possível, devemescolher-se locais abrigados, sendo autilização de sistemas de suporte umaopção aconselhável uma vez que, paraalém das vantagens ao nível da facilitaçãoda realização das operações culturais edo aumento da produtividade, permiteproteger as plantas da ação dos ventos.

3.2 - Solos

Embora as amoras se adaptem a umavasta gama de tipos de solos, os solosfranco-arenosos são os mais indicadospara a instalação da cultura, uma vez quea drenagem é um fator muito importantenesta cultura. Assim, solos com camadasimpermes ou lençóis freáticos próximosda superfície não são indicados.

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Em solos com maior teor de argila, pode-rá haver a necessidade de se instalar acultura em camalhões o que permite au-mentar o volume de solo explorável pelasraízes e, por outro lado, diminuir a humi-dade na zona destas.

Assim, solos franco-arenosos, profundos,férteis, com elevado teor de matéria or-gânica (entre 2 a 4%), com boa drenageme ao mesmo tempo boa capacidade deretenção de água, e pH entre 6,0 a 6,5são os que apresentam as condiçõesideais para a produção de amoras.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

A maioria das amoras não necessita maisde 1.000 horas de frio. Apenas nas regiõesdo litoral e do Sul poderão surgir situa-ções de falta de frio para a quebra dadormência. De uma forma prática pode--se afirmar que as variedades prostradasnecessitam de menos frio que as eretas.(Pedro B. Oliveira, 2017)

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4 - Ciclo Biológico

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4 - Ciclo Biológico

Apesar dos mecanismos envolvidos naregulação da indução e diferenciação floralnão serem totalmente conhecidos, sabe-seque os dias curtos e as baixas temperaturas(inferiores a 5°C) que ocorrem no outonoinduzem a entrada em endodormência. Aquebra de dormência acontece apenasquando estiverem satisfeitas as neces-sidades em horas de frio, as quais variamconsoante as variedades, podendo igual-mente ser influenciadas pelas condiçõesambientais locais.

Dependendo do tipo de amora, os novoslançamentos podem surgir a partir da toiçaou de gomos da raiz. No caso de amoras dotipo prostrado e semi-ereto, os lançamentossurgem unicamente a partir da raiz, en-quanto que no caso de amoras do tipo eretoos lançamentos podem formar-se quer apartir da toiça, quer a partir de gomos daraiz. Sendo plantas bianuais, lançamentosdo ano e de segundo ano vão coexistir namesma planta.

4.1 - Floração

A maioria das variedades de amora utilizadasatualmente possui flores hermafroditas,autoférteis. Dessa forma, a polinização nãodepende dos insetos, mas pode beneficiarda ação quer destes (especialmente dasabelhas), quer do vento, no sentido em que

ajudam na uniformização da dispersão dopólen. Pelo contrário, em relação ao carácterautofértil, a autopolinização pode originarfrutos pequenos ou malformados.

No início da Primavera, depois de satisfeitasas necessidades em horas de frio, ocorre aquebra de dormência, tendo início a ger-minação dos ramos de fruto no segundoano, a partir dos gomos axilares do primeiroano de crescimento. O desenvolvimentodas inflorescências decorre durante as 4 a5 semanas seguintes, variando o númerode flores por inflorescência consoante asvariedades.

A duração da floração depende do tipo deamora, do tipo de inflorescências e do nú-mero de flores, podendo ocorrer diferençasna ântese entre inflorescências num mesmoramo. Assim, no caso das amoras do tiposemi-ereto, apesar da rebentação dos ramosde fruto ser uniforme ao longo dos lança-mentos de segundo ano, a floração começapelas inflorescências localizadas na partedistal dos lançamentos, progredindo basipe-talmente. As diferenças na rebentaçãopodem chegar a 15 dias, podendo a floraçãoter uma duração superior a 5 semanas.

4.2 - Frutificação

O fruto da amora é constituído por umagregado de drupéolas que se encontramunidas por um recetáculo comum. Uma vezocorrida a polinização, a maturação demora

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entre 35 a 45 dias, com cerca de 85% dotamanho final do fruto sendo adquirido nosúltimos dias de maturação. É fundamentalnesta fase fornecer a quantidade adequadade água e que a radiação solar não seja umfator limitante, de modo que os frutosdesenvolvam tamanho e sabor.

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5 - Tecnologias de Produção

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5 - Tecnologias de Produção

As tecnologias de produção na cultura daamora variam segundo a região produtora,o tipo de amora, o mercado de destino e onível de mecanização adotado. No entanto,tem-se verificado uma evolução nas tecno-logias de produção no sentido da obtençãode ganhos de produtividade, qualidade dosfrutos e de resposta às necessidades de mer-cado (através da diversificação da época decolheita).

As amoras utilizadas atualmente em Por-tugal apresentam características semelhan-tes às framboesas não remontantes, ouseja, a frutificação apenas ocorre após umano de crescimento vegetativo e de umperíodo de dormência durante o inverno.Os lançamentos, como referido, são bianu-ais, com os lançamentos do primeiro anoapenas com crescimento vegetativo (primo-

canes), diferenciando-se no segundo anopara a produção de frutos (floricanes).

Para as condições existentes em Portugal,a produção de amora em cultura protegidatem sido cada vez mais uma opção, sendofeita por isso, apenas uma breve referênciaà cultura de amora ao ar livre.

5.1 - Produção de amora ao ar livre

Apesar de se considerar que a cultura daamora se adapta praticamente a todas asregiões do país, o norte do território apre-senta uma vocação natural para a cultura,

devido aos invernos frios e chuvosos.

Nas restantes regiões, os invernos amenose as elevadas temperaturas aliadas a baixahumidade relativa no verão, faz com queseja necessário adotar técnicas de cultivo eescolher variedades mais adaptadas a estascondições. De uma forma geral, em termosde necessidades de horas de frio, considera--se que as cultivares eretas e algumas semi--eretas tem normalmente maiores neces-sidades em horas de frio, sendo por isso,mais indicadas para a região norte. Aocontrário, as cultivares prostradas, apre-sentando menores necessidades em horasde frio, são mais indicadas para as restantesregiões produtoras.

Em produção ao ar livre, poderá ser conve-niente, caso se verifiquem intensidadesluminosas elevadas, a instalação de redesde sombra, desde o vingamento dos frutosaté ao final da colheita, com o objetivo dese minimizar os problemas de escaldão dosfrutos, embora a suscetibilidade a esteproblema dependa das variedades.

5.2 - Produção de amora em túnel(cultura protegida)

A técnica de produção de amora em túneltem sido cada vez mais uma opção emPortugal, permitindo proteger a cultura doselementos climáticos adversos e alterarépocas de produção, fazendo coincidir aépoca de produção com os picos de preçodo mercado.

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Dessa forma, conseguem-se tambémprodutividades maiores, quando com-parada com a produção de amora ao arlivre, devido precisamente à minimizaçãoou eliminação dos danos causados pelosfatores climáticos, como o vento e a chuvae à consequente diminuição da incidênciade ataques de algumas pragas e doenças.

O recurso a esta técnica, aliada à escolhade variedades de produção precoce outardia, permite antecipar ou adiantar aépoca de produção uma ou duas semanas.Assim, é possível atrasar o fim do períodoprodutivo, através da proteção contra aschuvas de outono ou, pelo contrário, an-tecipar a entrada em produção através dacolocação dos túneis no fim do repousovegetativo.

5.2.1 - Produção precoce

Como foi referido, é possível antecipar aentrada em produção da cultura da amora,através da utilização de cobertura da plan-tação com túneis de plástico, depois desatisfeitas as necessidades em horas de frio.

A produção precoce através do sistema deLong canes (lançamentos do segundo ano)é um sistema muito semelhante ao utilizadoem framboesas e consiste na antecipaçãoda entrada em produção da amora, atravésda utilização de Long canes tratadas pelo

frio em câmara frigorífica e instaladas no iní-cio do inverno em cultura protegida (túneis).

5.2.2 - Produção tardia

Produção tardia pelo sistema de Long canes

A produção tardia de amoras pelo siste-ma de Long canes, consiste, como referi-do, numa técnica semelhante à utilizadaem framboesas, em que se recorre aplantas tratadas pelo frio, sendo posteri-ormente plantadas em túnel em datasdiferentes (junho/julho), de modo a ob-ter-se uma produção tardia e escalonadade amoras.

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O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Na produção precoce em culturaprotegida, nas regiões do Sul de Portugal,é possível eliminar os lançamentos doano durante o período de colheita e efe-tuar o corte de todos os lançamentos,vegetativos e produtivos, no final dacolheita. Esta operação é possível dadoque ainda existe tempo para que a plantase renove completamente até à suaentrada em dormência. Esta forma demaneio da cultura é também utilizadacomo forma de controlar o vigor exces-sivo de uma plantação.(Pedro B. Oliveira, 2017)

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Produção tardia através da poda dos ramosde fruto

Os efeitos no atraso da produção deamoras, através da realização de podas,variam consoante as variedades. No en-tanto, nalgumas variedades é possível,através da realização de podas, obter-semais uma produção no outono, atravésda realização desta técnica.

Assim, é possível obter-se uma segundacolheita, por vezes com prejuízo da pro-dutividade e qualidade dos frutos, sendotambém uma técnica muito exigente emmão de obra e, portanto, a sua viabili-dade está dependente dos preços demercado.

Produção tardia com cultivares de amoraremontantes

A utilização de variedades remontantesde amora, poderia permitir, tal como nocaso de variedades remontantes de fram-boesa, a realização de duas colheitas porano, uma nos lançamentos de segundoano (floricanes), e outra nos lançamentosde primeiro ano (primocanes), sem queverificassem efeitos negativos na pro-dutividade.

É, no entanto, necessário o desenvol-vimento de variedades remontantes

adaptadas às condições do nosso país,através de programas de melhoramentoe de unidades de demonstração, umavez que atualmente existem variedadespromissoras, mas cujo potencial produ-tivo ainda não foi demonstrado para ascondições do nosso país.

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6 - Sistemas de Produção

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6 - Sistemas de Produção

Como já referido anteriormente, os sistemasde produção adotados em Portugal neces-sitam ter em conta, para além das questõesdiretamente relacionadas com os aspetosagronómicos, como produtividade e quali-dade do fruto, as questões de mercado,aliado ao facto da grande maioria da produ-ção de amora se destinar ao mercado deexportação, mercado este, fortementeconcorrencial.

Assim, torna-se fundamental conseguircolocar a produção em períodos em que aoferta dos outros produtores mundiais sejamenor, estando estes períodos relati-vamente bem definidos, como se podeverificar no quadro abaixo.

Em Portugal, o pico de produção concen-tra-se tradicionalmente em meses poucointeressantes em termos de preços demercado. Em particular no Sul do país,é possível alargar o calendário de produ-ção de amora para épocas mais rele-vantes do ponto de vista do mercado.Tal como na cultura da framboesa, é pos-sível, com recurso a Long canes e a tec-nologias de produção, alterar o ciclobiológico das plantas, permitindo deslo-car épocas de produção para períodosmais favoráveis em termos de preços demercado.

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* corresponde a meados de maio

* corresponde a meados de maio

UK

México

Portugal

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Quadro síntese dos períodos de oferta de amora no mercado mundial

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

País

Fonte: Vários

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7 - Material Vegetal

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7 - Material Vegetal

De entre as variedades melhoradas exis-tentes atualmente, encontramos variedadescom espinhos e sem espinhos (inermes),sendo esta uma característica desejável,pelas vantagens que apresenta ao nível dacolheita e da minimização de danos nosfrutos. Apesar desta importante caracterís-tica, as variedades de amora são normal-mente classificadas de acordo com os hábi-tos de crescimento dos lançamentos em:

- Variedades prostradas � produzem novoslançamentos a partir da base da toiça,sendo necessário um sistema de suportepara os vigorosos lançamentos do ano(primocanes), que estas variedades pro-duzem, de modo a permitir a realizaçãodas operações culturais e colheita. No se-gundo ano, surgem os ramos produtivos(floricanes), responsáveis pela produçãode frutos. Os frutos destas variedadessão geralmente muito saborosos, aro-máticos e com sementes pequenas. Sãotambém, normalmente, menos firmes,não suportando longas distâncias detransporte, apresentando um tempo devida inferior, pelo que são maiorita-riamente usadas para o mercado detransformação. Exemplos: Siskiyou,

Metolius, Onyx, Newberry;

- Variedades semi-eretas � tal como nasvariedades prostradas, os novos

lançamentos surgem a partir da base datoiça, embora apresentem, nestas varie-dades, um diâmetro e firmeza maior,permitindo que, ao invés de ficaremdepositados no solo, fiquem arqueados.Em relação aos frutos, estas variedadesproduzem frutos mais firmes e com mai-or tempo de vida, sendo indicados predo-minantemente para o mercado em frescoe para exportação, uma vez que suportamelhor o transporte. Exemplos: Chester

Thornless, Loch Ness, Hull Thornless;

- Variedade eretas � produzem lança-mentos bastante vigorosos, com umcrescimento que se aproxima da vertical,chegando a atingir 4 m de altura. Aocontrário das variedades anteriores,nestas os novos lançamentos tanto po-dem surgir da base da toiça como de go-mos das raízes, tal como acontece naframboesa. Em relação aos frutos, apre-sentam características tal como descritopara as variedades semi-eretas, sendopor isso, indicadas para o mercado emfresco e para exportação. Exemplos:Navacho, Ouachita, Tupi, Apache, Osage.

Atualmente em Portugal apenas sãoutilizadas variedades não remontantes,embora já existam variedades comerciaisde amora remontante noutras regiõesprodutoras. A variedade PrimeArk 45 apre-senta-se como muito promissora, embo-ra seja ainda necessária a demonstraçãoda sua adaptação às condições do nosso

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país. Apesar de ser ainda prematurodeterminar o impacto destas cultivares, éexpectável que parte substancial dos produ-tores, no futuro, introduza amoras remon-tantes na sua produção, atendendo às se-guintes características: crescimento em áre-as que disponibilizam poucas ou nenhumashoras de frio e permitirem a manipulaçãode todo o ciclo produtivo.

7.1 - Variedades

De seguida referem-se algumas variedadesque atualmente apresentam interesse nãosó a nível comercial como também para ascondições do nosso país:

- Loch Ness - variedade semi-ereta semespinhos, com canas a atingir cerca de 3m. Produz frutos de bom tamanho e bomsabor, de cor preta e brilhantes. Colheitaa partir de final de agosto;

- Chester - variedade sem espinhos, produzfrutos de bom tamanho e de alta quali-dade que amadurecem no início atémeados de agosto. O fruto tem um bomsabor quando está completamente ma-duro e não suaviza ou perde a sua corpreta brilhante no tempo quente. Asplantas são vigorosas;

- Natchez - variedade recente do programade melhoramento da Universidade deArkansas. Variedade sem espinhos compotenciais de produção muito elevados.

Frutos muito grandes e de bom sabor,podem ser colhidas durante um períodode 3-5 semanas;

- Ouachita - variedade sem espinhos comfrutos de boa qualidade e bom sabor. Aplanta possui lançamentos muito eretose vigor intermédio;

- Dirksen Thornless - variedade semi-eretasem espinhos, que apresenta grandevigor e fácil cultivo. A produção decorreentre julho até setembro, produzindofrutos de grande calibre.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Sendo a escolha da variedade um dosfatores mais importantes para o suces-so da cultura, esta deve ser muito es-clarecida e não ficar dependente dadisponibilidade de plantas no vivei-rista. (Pedro B. Oliveira, 2017)

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8 - Particularidades do Cultivo

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8 - Particularidades do Cultivo

Em Portugal a cultura da amora é bastanterecente, encontrando-se dispersa um poucopor todo o país, representando uma áreaainda bastante reduzida.

As elevadas necessidades de mão de obraaliada ao facto de se tratar de um produtode elevado valor acrescentado, traduz-seem áreas de produção de pequena dimen-são associadas a empresas, na sua maioriado tipo familiar, embora já existam em Por-tugal, empresas de maior dimensão, princi-palmente no Sul do país.

Embora as amoras silvestres ao ar livre sejamainda responsáveis pela maior área de pro-dução a nível mundial, a cultura protegidaganha cada vez mais expressão, pelas vanta-gens que apresenta, explanadas anterior-mente.

Em Portugal, o método de propagação maisutilizado pelos produtores consiste na aqui-sição anual de Long canes obtidas a partirda propagação por cultura de tecidos, per-mitindo este processo, apesar dos custoselevados, obter uma produção mais homo-génea.

8.1 - Escolha da parcela

Na escolha da parcela devem ter-se emconta as considerações referidas anteri-ormente, no que se refere ao tipo de soloe à exposição da plantação. Devem-se evitarlocais onde nos 4 a 5 anos anteriores foramcultivadas solanáceas (tomate, batata,beringela, etc.), potenciais hospedeiros depragas que poderão afetar a cultura. Damesma forma, a existência de amoras silves-tres próximas do local da plantação poderepresentar locais de permanência depragas e doenças e, portanto, devem sereliminadas.

Por outro lado, tendo em conta que a culturapode ser realizada em vasos, a qualidadedo solo deixa de ser um fator limitante naescolha da parcela. Na eventualidade dacultura ser instalada num solo poucofavorável, os nutrientes podem ser forne-cidos através da fertirrega, possibilitando a

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O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Não são muitos os viveiros que pos-suem as variedades que os produtoresambicionam produzir. No entanto, asplantas adquiridas para plantação,devem sempre ser obtidas em vivei-ristas registados, não sendo recomen-dada a multiplicação com rebentos deplantas já instaladas e em produção.(Pedro B. Oliveira, 2017)

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sua produção em zonas excecionais para acultura em termos de clima, mas com solospouco favoráveis como no SudoesteAlentejano ou no Algarve.

8.2 - Preparação do terreno

Na preparação do terreno, poderá ser neces-sário realizar trabalhos de nivelamento demodo a facilitar o movimento de máquinase a operação de colheita, assim como a dre-nagem, para que não se verifiquem zonasde encharcamento. No caso de solos maispesados ou pouco profundos, pode sernecessário instalar a cultura em camalhões,o que permite aumentar o volume de soloexplorável pelas raízes e diminuir a humi-dade na zona destas. Por outro lado, a mobi-lização do solo promove a descompactaçãoe o arejamento do solo, tratando-se de umaoperação importante para a cultura daamora a realizar antes da plantação.

Antes da plantação devem também serrealizadas análises de solo para se deter-minar o nível de pH, alguns nutrientes ematéria orgânica, com o objetivo de se ob-terem recomendações de correção e fer-tilização necessárias à cultura.

Nesta altura podem ser instalados o sistemade rega e a estrutura de suporte das plantas.A necessidade de uma estrutura de suporteprende-se com o facto dos lançamentos severgarem, podendo mesmo quebrar casonão tenham suporte. Permite igualmente

que as operações culturais se processemcom maior facilidade e conduz a aumentosde produtividade. Os diferentes tipos desuporte para a amora são descritos mais àfrente.

A escolha da orientação das linhas deplantação deve ter em conta não apenas ainterceção solar (preferência da orientaçãonorte-sul), mas também o declive do terrenocom o possível impacto na erosão do soloe os ventos dominantes, com impacto aonível do processo de transpiração dasplantas.

O controlo de infestantes na linha pode serfeito com recurso a sistema de mulching oucom cobertura com tela na linha, emborase no primeiro caso é necessário ir repondoa camada devido à degradação do materialque compõe o mulch, no segundo é necessá-rio para que a tela não limite o crescimentode novos rebentos.

Na entrelinha, o controlo de infestantespode ser realizado através do enrelvamento,natural ou semeado, sendo necessáriorealizar o seu controlo através de cortescom alfaia do tipo corta-mato, operaçãonecessária para que não ocorra competiçãocom a amora. Da mesma forma é frequenteo aparecimento de rebentos na entrelinha,que devem ser retirados, sob pena de ocor-rer obstrução do deslocamento de pessoale máquinas.

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Conforme já mencionado, é cada vez maisfrequente a produção da amora em túneispor forma a antecipar ou atrasar a produção.

8.3 - Sistemas de suporte

Existem vários sistemas de condução paraa amora e, apesar dos vários tipos de amorasterem diferentes hábitos de crescimentonecessitando de mais ou menos suporte, amaioria vai beneficiar da sua instalação, emespecial as do tipo semi-ereto e prostrado.

Assim, as amoras do tipo ereto, possuindolançamentos vigorosos, podem ser cultiva-das sem sistema de suporte, embora a suainstalação permita manter os lançamentosmais ordenados, facilitando as operaçõesdentro da plantação. No caso das amorasdo tipo semi-ereto e prostrado, é necessárioa instalação de um sistema de suporte.

Atualmente consideram-se os sistemas desuporte em eixo horizontal ou em eixo ver-tical, e dentro deste último, pode ainda ser

de espaldeira simples ou espaldeira dupla.

O sistema de suporte de eixo horizontal é uti-lizado para as amoras do tipo prostrado delançamentos pouco quebradiços, emboraseja um sistema que requer muita mão deobra.

O sistema de suporte de eixo vertical emespaldeira simples é mais frequentementeusado em amoras sem espinhos (inermes)apresentando como vantagem o seu baixocusto e facilidade de instalação e, comomaior desvantagem, a menor exposição àradiação, principalmente na base dos lan-çamentos.

Fonte: Workshop Ponte da Barca

Plantação de amora sob túnel

Sistema de suporte em eixo horizontal

Fonte: Amora. Tecnologias de Produção (INIAV 2013)

Sistema de condução em eixo vertical, espaldeira simples

Fonte: Amora. Tecnologias de Produção (INIAV 2013)

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O sistema de eixo vertical em espaldeiradupla, em �V� ou duplo �T�, semelhanteao sistema de suporte utilizado na culturade framboesa, permite ultrapassar as des-vantagens apresentadas pelo sistemaanterior. Por um lado, ao permitir a separa-ção dos lançamentos vegetativos dos fru-tíferos, facilita as operações culturais decolheita e poda e, por outro, ao melhoraras condições de exposição solar dos lança-mentos, permite um aumento do vigor doslançamentos vegetativos. Por esta via, ve-rificam-se aumentos na produtividade e naqualidade dos frutos.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

No caso de serem plantadas amoras aculeadas, deve sempre ser escolhido osistema de suporte em �V� uma vez que permite a separação dos lançamentosvegetativos e frutíferos. A disposição dos lançamentos no sistema de suportedeve ser iniciada o mais cedo possível para evitar serem danificados.(Pedro B. Oliveira, 2017)

Sistema de condução em eixo vertical, sistema em "V"

Fonte: Amora. Tecnologias de Produção (INIAV 2013)

Esquema ilustrativo dos sistemas em duplo "T" e "V"

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8.4 - Plantação

Como referido, no nosso país, o método depropagação mais utilizado pelos produtoresconsiste na aquisição anual de Long canes

obtidas a partir da propagação por culturade tecidos. Existem, no entanto, outros tiposde propágulos.

Tipos de propágulos usados:

- Plantas de 1 ano (Long canes)

- Plantas frescas em vasos

- Plantas obtidas por mergulhia de ponta

A plantação deve ser realizada com as plan-tas em dormência, devendo o produtor tero cuidado de obter as plantas de viveiroscertificados, isentas de vírus e doenças.

8.5 - Desenho de plantação

A distância entre plantas na linha varia como tipo de variedade, o sistema de conduçãoe a dimensão das máquinas a utilizar nasoperações culturais, devendo ser a seguinte:

- Variedades prostradas - entre 1,2 e 1,8 m

- Variedades eretas - entre 0,6 e 1,2 m

- Variedades semi-eretas - entre 1,5 e 1,6 m

A distância entre linhas, independentementedo tipo de amora deve variar entre os 2,5 a3 m.

Uma vez escolhida a distância entre-linhas, deve ter-se em atenção a alturaatingida pelas plantas na linha, de modoa que não ocorra ensombramento entreplantas de linhas diferentes.

8.6 - Fertilização

A fertilização da amora deve fazer-seantes da plantação, de modo a ajustar onível de pH, matéria orgânica e incorpo-ração de outros nutrientes como o fós-foro e o potássio. A planta da amora émuito exigente em potássio, especial-mente durante a frutificação, sendonecessário em anos de grande produçãoter atenção a sintomas de carência comoatrasos no crescimento, necrose e clorosemarginal, e queda prematura das folhas.

O pH deve situar-se entre 6,0 e 6,5. Se ovalor de pH for inferior a 6,0, o fósforo

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Fonte: Amora. Tecnologias de Produção (INIAV 2013)

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torna-se indisponível e o alumínio e o man-ganês podem tornar-se tóxicos para aplanta. Os sintomas de carência de fósforosão a presença de áreas vermelhas oupretas nas folhas mais velhas e respetivaqueda prematura. Estes sintomas sãoanálogos a outras carências devendo serfeita uma análise de solo antes de seproceder à fertilização.

Os valores apontados para os teores defósforo e potássio numa fertilização préplantio em solos de textura média são de8 mg/kg e 41 mg/kg respetivamente. Aadubação azotada deve ser realizadaatravés de sulfato de amónio que, paraalém de constituir uma boa fonte de azotoem solos ácidos, também fornece a quan-tidade de enxofre necessária à planta.

Após a instalação da cultura, a fertilizaçãode macro e micronutrientes deve ter emconsideração os resultados das análisesfoliares ou de solo, as quais devem ser ela-boradas regularmente com uma perioci-dade mínima de três anos. As análisesfoliares só devem ser realizadas após afrutificação. A fertilização, em termos defósforo e potássio, deve ser elaborada deacordo com os resultados das análises aosolo.

A aplicação de azoto deve ser incorporadana camada superficial do solo ao longo dalinha de plantação, seguida de uma regapara permitir a deslocação do adubo para

a zona radicular. Durante o primeiro anode cultura deve ser repartida em três mo-mentos, distanciados de um mês, com aaplicação de 5 a 10 g de azoto por planta,sendo a primeira aplicação feita duassemanas após a plantação.

Nos restantes anos de cultura devem seraplicados entre 10 a 15 g de azoto por plan-ta, no início do crescimento dos lançamen-tos do ano e no final dos meses de maio ejunho. As quantidades mencionadas de-vem ser, como já referido, validadas atra-vés de análises de solo.

8.7 - Rega

A definição das dotações e frequências derega deve ter em consideração o clima, asvariedades, o tipo e a capacidade de reten-ção de água do solo e a presença, ou au-sência, de uma cobertura no solo. A utiliza-ção de coberturas no solo diminui a evapo-transpiração das plantas conduzindo aouso mais eficiente de água.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Deve ser dada muita atenção à aduba-ção azotada na amora uma vez queirá condicionar de forma muito impor-tante a qualidade do fruto. Deve serreduzida a adubação azotada após ovingamento do fruto até ao final dacolheita. (Pedro B. Oliveira, 2017)

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As necessidades de água na cultura deamora também dependem do estado ve-getativo da planta, sendo que durante afase de crescimento vegetativo as neces-sidades rondam os 25 a 50 mm de águapor semana, enquanto que durante o vin-gamento dos frutos até à colheita as neces-sidades de água semanais encontram-seentre 50 e 70 mm de água, devendo ser ofornecimento de água contínuo. Emperíodos mais quentes ou ventosos deveaplicar-se as mesmas quantidades de águaque durante a frutificação.

O aumento das necessidades de águadesde o vingamento até à colheita estádiretamente relacionado com o aumentodo tamanho dos frutos. Este processoocorre através de um aumento do tama-nho celular e não de uma divisão dascélulas, estando assim dependente daquantidade de água disponível. A falta deágua durante este período leva à produçãode frutos com menor calibre e a lança-mentos do ano débeis, afetando a produ-tividade da cultura tanto no ano em queocorre o stress hídrico como no seguinte.

Devido ao seu sistema radicular as amorasapenas requerem humidade nos primeiros25 cm de profundidade do solo, onde seencontra a principal área de distribuiçãoradicular. Assim sendo, as plantas de amorareagem melhor a regas em que a linha deplantação é mantida húmida sem que hajarega na entrelinha.

O sistema de rega mais recomendado é ogota-a-gota, devido ao fornecimento deágua ocorrer diretamente na superfície dosolo que rodeia as plantas, não sendoaplicada água nas entrelinhas. As principaisvantagens desde sistema são uma maioreficiência do uso de água, diminuindo asperdas por evapotranspiração, a diminui-ção de ocorrências de apodrecimento eproblemas fitossanitários nas folhas e nosfrutos, e a possibilidade de realizar fertir-rigações na cultura.

No sistema gota-a-gota é aconselhada umarega diária entre uma a duas horas, noperíodo de crescimento vegetativo. Du-rante as épocas de maior calor ou durantea fase de amadurecimento dos frutos afrequência de rega deve ser aumentada.

8.8 - Poda

Os principais objetivos da poda das plan-tas de amora são o controlo do tamanhoda planta, a disposição dos lançamentos,o estímulo de crescimento de lançamen-tos de segundo ano e a eliminação dosramos menos vigorosos ou débeis,melhorar o controlo fitossanitário, ascondições das operações culturais e con-sequentemente a produtividade. A podapode ter dois propósitos distintos, a elimi-nação de partes da planta ou a conduçãoda cultura, que permite desenvolver umaestrutura que suporte a produção e ex-pandir a área foliar da cultura.

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Para a elaboração de uma poda eficaz énecessário ter em consideração os hábi-tos de crescimento das plantas, principal-mente em relação à perenidade da toiçae do sistema radicular, enquanto que oslançamentos têm um crescimento bienal.Estes podem emergir na toiça (varieda-des postradas e semi-eretas) ou na toiçae nos gomos da raiz (variedades eretas).

8.8.1 - Variedades eretas sem sistema desuporte

A poda deve ser efetuada de forma aque o crescimento dos lançamentosanuais seja feito numa largura média nalinha de 45 cm, de modo a formar sebescontínuas. Os lançamentos que cresçamfora da largura definida devem sereliminados tanto na poda de verão comodurante a poda de inverno.

Na poda de verão os ramos com alturaentre 0,9 e 1,2 metros devem ser despon-tados de modo a eliminar a dominânciaapical, fortificando os ramos, aumentadoa sua capacidade de suporte do peso daprodução do ano seguinte, e estimulandoa produção de lançamentos secundários.

No final do inverno deve ser elaboradauma poda de modo a encurtar os lança-mentos secundários para comprimentosentre os 30 e 45 cm. Ao longo do ano, apar da eliminação de ramos pouco vi-

gorosos e de segundo ano (após a colhei-ta), deve ser feita uma poda que permitao crescimento de novos lançamentos, ea manutenção da densidade de lança-mentos na linha, que deve ser de 13 a 20lançamentos por metro linear.

8.8.2 - Variedades conduzidas em sistemade suporte

Espaldeira Dupla

O sistema de condução em espaldeiradupla é adotado para cultivares eretasou semi-eretas e a poda deve ser feitacortando os ramos que cresçam para láde 20 cm do último arame do sistema desuporte, devendo ser cortados à alturadesse arame. No final do crescimentodeve ser realizado o corte dos lança-mentos secundários, de modo a evitar oenraizamento das pontas caso atinjamo solo, e eliminar os lançamentos do anopouco vigorosos ou que emergiramtarde.

Durante o inverno deve ser feita a sele-ção de 5 a 8 lançamentos fortes e doslançamentos secundários inseridosparalelamente à linha, que devem serencurtados a 15 nós ou cerca de 30 a 40cm, eliminado os restantes lançamentosprimários e secundários.

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Espaldeira Simples

O sistema de condução em espaldeirasimples é habitualmente utilizado emvariedades prostradas e deve permitir olivre crescimento dos lançamentos doano junto ao solo e encostados à linha.Só após a colheita é que devem ser sele-cionados entre 6 a 10 lançamentos doano que serão atados e distribuídos pelasvárias fiadas de arames e despontadosentre os 1,8 e 2,4 m de comprimento.Durante o inverno devem ser encurtadosos lançamentos secundários entre 30 a45 cm de comprimento.

A poda pode afetar a produtividade dasplantas, sendo esta diretamente pro-porcional ao número de gomos deixadosnos lançamentos frutíferos. Quanto me-nor for a quantidade de gomos nos lan-çamentos menor é a produção, mas mai-or é a qualidade dos frutos. A severidadeda poda também tem influência na con-centração e na duração da maturaçãodos frutos. Uma maior concentração decolheita pode ser obtida com uma podamenos severa devido à formação deinflorescências menores.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Dadas as enormes diferenças vegetativasdas amoras (vigor, tipo de crescimento,número de lançamentos primários porplanta, dominância apical, época dediferenciação floral e floração) a podadeve sempre ser adaptada devendo-seevitar podar todas as variedades da mes-ma maneira. As variedades com elevadadominância apical devem ser despon-tadas o mais tarde possível. Pelo contrá-rio as variedades com pouca dominânciaapical podem ser despontadas cedo parafavorecer a formação de ramos secun-dários. (Pedro B. Oliveira, 2017)

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9 - Pragas e Doenças

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9 - Doenças e Pragas

As principais doenças e pragas que afetam a amora são:

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Inimigos (Nome vulgar)

ácaros

afídeos

cochonilha

lagartas

tripes

drosófila da asa manchada

Nome científico

Pragas

Tetranychus urticae

(Tetranychidae, Acarida)Acalitus essigi (Hassan)(Eriophyidae, Acarida)

Aphis gossypii GloverAphis ruborum (Bormer)Aphis spiraecola PatchBrachycaudus prunicola (Kaltenbach)Myzus persicae Sulzer(Aphididae, Hemiptera)

Coccus hesperidum Linnaeus

(Coccidae, Hemiptera)

Spodoptera littoralis BoisduvalSpodoptera exigua (Hubner)Chrysodeixis chalcites (Esper)(Noctuidae, Lepidoptera)

Frankliniella ocidentalis PergandeThrips sp.(Thripidae, Thysanoptera)

Drosophils suzukii (Matsumura)(Drosophila, Diptera)

Código OEPP (Bayer)

TETRUR

ACEIES

APHIGOAPHIRBAPHISI

APPEPRMYZUPE

COCCHE

SPODLILAPHEG

PLUSCH

FRANOCTHRISP

DROSSU

Inimigos (Nome vulgar)

podridão cinzenta

Nome científico

Doenças

Botryotinia fuckeliana (de Bary) Whetzel

Anamorfo: Botrytis cinerea Pers.

Código OEPP (Bayer)

BOTRCI

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS:

Muita atenção aos ataques de ácaros eriofídeos, Acalitus essigi (Hassan). São ácarosque por serem de reduzidas dimensões os produtores não lhes dedicam muita atenção.No entanto, quando os estragos são visíveis, podem comprometer toda a produção.Os afídeos são outra praga chave na cultura da amora principalmente em culturaprotegida. (Pedro B. Oliveira, 2017)

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10 - Colheita

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10 - Colheita

A colheita das amoras deve ser realizadadurante a manhã aproveitando as tem-peraturas frescas, uma vez que a presençade temperaturas elevadas causa perdas decor e desidratação dos frutos.

A colheita deve ser efetuada quando osfrutos estão totalmente pretos, e de acordocom as condições de firmeza, teor de sólidossolúveis e acidez titulável pretendidas. Apelicula deve estar brilhante para permitirque os frutos suportem o tempo de trans-porte e de armazenamento. Os frutos nãodevem ser colhidos parcialmente madurosnem húmidos.

A colheita pode ser manual, para o consumoem fresco, ou mecânica, para utilização in-dustrial. A colheita manual deve ser realizadadiretamente para os recipientes finais,embalagens com cerca de 150 g. A colheitamecânica deteriora os frutos e pode levara perdas de cerca de 20 a 40%. Se o armaze-namento for feito a granel as camadas nãodevem exceder os 5 cm de altura.

Após a colheita os frutos devem ser pré--refrigerados com ar forçado a 5oC durante4 horas. A utilização de água deve ser evita-da, por esta danificar os tecidos de proteçãodos frutos, aumentando a ocorrência depodridões. O armazenamento deve serrealizado em câmaras refrigeradas a 0oC

com uma humidade relativa entre 90 a 95%e no máximo durante 5 dias.

O armazenamento incorreto devido àausência de frio ou a problemas nas câmarasde refrigeração, como a falta de humidaderelativa, leva à ocorrência de danos fisioló-gicos: alterações na cor, sabor e aroma dosfrutos, desidratação ou aparecimento depodridões.

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

As questões relacionadas com a preservaçãoambiental, manutenção da biodiversidade,sustentabilidade no uso dos recursos na-turais e responsabilidade social, impulsi-onadas por uma cada vez maior conscien-cialização/exigência por parte dos consumi-dores, têm sido os grandes motores do cres-cimento da agricultura biológica e da produ-ção integrada.

Em Portugal, a produção de amoras temainda uma fraca expressão, sendo de 120hectares a área dedicada a amora, segundodados de 2016 do INE. Segundo o INE eresultado do Recenseamento Agrícola de2009, a área de frutos de pequena baga emModo de Produção Biológico era inferior a9 hectares.

No que se refere à Produção Integrada, umdos constrangimentos decorre da já referidafraca expressão que a cultura ainda tem nonosso país, pelo que não existem produtosfitofarmacêuticos homologados, existindosim autorizações, ao abrigo dos usos meno-res para a utilização de alguns produtosfitofarmacêuticos.

No entanto, sendo notório o crescenteinteresse por parte dos consumidores, emque ao aumento do consumo de amoras se

associa um estilo de vida saudável, a opçãopor sistemas de agricultura mais susten-táveis, como o Modo de Produção Biológicoe Produção Integrada podem ser opçõescada vez mais interessantes.

Por outro lado, a obtenção de certificaçãoem Modo de Produção Biológico ou Produ-ção Integrada, permite acrescentar valor,uma vez que os mercados do Norte da Euro-pa são muito sensíveis, impondo por vezesa certificação como condição de entradados produtos.

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Bibliografia

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