herbicidas uso de pré-emergentes na cultura da soja...uso de herbicidas com diferentes mecanismos...

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1 Edição 24 | Setembro 2019 1 INTRODUÇÃO No mercado brasileiro, a soja se destaca como a atividade agrícola com maior participação no mercado de Defensivos Agrícolas, seguida pelo milho, citros, ca- na-de-açúcar e algodão, o que apresenta uma correlação intrínseca com a área de cultivo anualmente no país. O uso de herbicidas reduz a interferência das plantas daninhas, principalmen- te no início do ciclo da cultura, período que é responsável pelas maiores perdas na cultura. Um aspecto importante é quando a população de plantas daninhas pre- sentes são espécies de difícil controle após a emergência, ou quando as plantas daninhas são indesejáveis durante todo o ciclo da cultura, especialmente áreas destinadas para campos de produção de sementes. Algumas vantagens podem ser obtidas com o uso dos herbicidas, como: eco- nomia de trabalho, tempo e energia, maior rendimento de colheita e redução no custo de secagem de grãos. Praticamente, todos os herbicidas devem ser aplicados em um momento par- ticular para que sejam maximizados seus efeitos. Portanto, conhecer o produto é essencial para o uso adequado e racional do controle químico. 2 IMPORTÂNCIA DO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA A planta daninha é qualquer ser vegetal que cresce onde não é desejado. Quando crescem antes ou juntamente com as culturas agrícolas, interferem no seu desenvolvimento reduzindo a produção. Competem por água, luz, CO 2 , nu- trientes e exercem inibição química sobre o desenvolvimento das plantas, conhe- cido como “alelopatia”. Estima-se que as perdas ocasionadas às culturas agrícolas pela interferência das plantas daninhas no Brasil sejam em torno de 20 a 30%. Além da redução, Por Thiago Polles Desenvolvimento de Mercado - Paraná e Sul do MS HERBICIDAS Uso de pré-emergentes na cultura da soja a qualidade é depreciada pela contaminação de sementes e outras partes das plantas. Também comprometem por hospedarem pra- gas e doenças antes de infestarem as próprias culturas. Assim, o controle de plantas daninhas con- siste na adoção de certas práticas agrícolas que resultam na redução da infestação, mas não sua completa eliminação. Atualmente, o Controle Químico é o mais uti- lizado e teve seu início pouco antes do século XX. Esse tipo de controle obedece ao princípio de que certos produtos químicos são capazes de controlar plantas daninhas, e o mais importan- te eles podem controlar apenas alguns tipos de plantas daninhas, sem injuriar as outras, deno- minados herbicidas. Atualmente, no Brasil há 50 princípios ativos herbicidas efetivamente em uso. Quando usados corretamente, desempenham seu papel com efi- ciência, sendo ferramentas indispensáveis para a agricultura. 3 CULTURA DA SOJA VS. PLANTAS DANINHAS As principais consequências da interferência exercida pelas plantas daninhas em lavouras de soja é a redução da produtividade de grãos e a dificuldade na colheita. Nas últimas décadas, o controle de plantas daninhas tem sido realizado basicamente por controle químico, facilitado pela soja tolerante ao Glifosato.

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    Edição 24 | Setembro 2019

    1 INTRODUÇÃO

    No mercado brasileiro, a soja se destaca como a atividade agrícola com maior participação no mercado de Defensivos Agrícolas, seguida pelo milho, citros, ca-na-de-açúcar e algodão, o que apresenta uma correlação intrínseca com a área de cultivo anualmente no país.

    O uso de herbicidas reduz a interferência das plantas daninhas, principalmen-te no início do ciclo da cultura, período que é responsável pelas maiores perdas na cultura. Um aspecto importante é quando a população de plantas daninhas pre-sentes são espécies de difícil controle após a emergência, ou quando as plantas daninhas são indesejáveis durante todo o ciclo da cultura, especialmente áreas destinadas para campos de produção de sementes.

    Algumas vantagens podem ser obtidas com o uso dos herbicidas, como: eco-nomia de trabalho, tempo e energia, maior rendimento de colheita e redução no custo de secagem de grãos.

    Praticamente, todos os herbicidas devem ser aplicados em um momento par-ticular para que sejam maximizados seus efeitos. Portanto, conhecer o produto é essencial para o uso adequado e racional do controle químico.

    2 IMPORTÂNCIA DO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA

    A planta daninha é qualquer ser vegetal que cresce onde não é desejado. Quando crescem antes ou juntamente com as culturas agrícolas, interferem no seu desenvolvimento reduzindo a produção. Competem por água, luz, CO2, nu-trientes e exercem inibição química sobre o desenvolvimento das plantas, conhe-cido como “alelopatia”.

    Estima-se que as perdas ocasionadas às culturas agrícolas pela interferência das plantas daninhas no Brasil sejam em torno de 20 a 30%. Além da redução,

    Por Thiago PollesDesenvolvimento de Mercado - Paraná e Sul do MS

    HERBICIDASUso de pré-emergentes na cultura da soja

    a qualidade é depreciada pela contaminação de sementes e outras partes das plantas.

    Também comprometem por hospedarem pra-gas e doenças antes de infestarem as próprias culturas.

    Assim, o controle de plantas daninhas con-siste na adoção de certas práticas agrícolas que resultam na redução da infestação, mas não sua completa eliminação.

    Atualmente, o Controle Químico é o mais uti-lizado e teve seu início pouco antes do século XX. Esse tipo de controle obedece ao princípio de que certos produtos químicos são capazes de controlar plantas daninhas, e o mais importan-te eles podem controlar apenas alguns tipos de plantas daninhas, sem injuriar as outras, deno-minados herbicidas.

    Atualmente, no Brasil há 50 princípios ativos herbicidas efetivamente em uso. Quando usados corretamente, desempenham seu papel com efi-ciência, sendo ferramentas indispensáveis para a agricultura.

    3 CULTURA DA SOJA VS. PLANTAS DANINHAS

    As principais consequências da interferência exercida pelas plantas daninhas em lavouras de soja é a redução da produtividade de grãos e a dificuldade na colheita. Nas últimas décadas, o controle de plantas daninhas tem sido realizado basicamente por controle químico, facilitado pela soja tolerante ao Glifosato.

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    No entanto, com o uso frequente dessa molécula, algumas espécies acabaram sendo selecionadas, tornando-se resisten-tes, como: Capim-amargoso, Buva e Azevém. Outra situação de-corrente são as plantas voluntárias de milho, resistente a essa molécula.

    Nesse contexto, algumas estratégias devem ser adotadas para o correto Manejo Integrado de Plantas Daninhas, visando di-minuir os riscos e surgimento de biótipos resistentes a diferentes mecanismos de ação dos herbicidas.

    A cultura da soja apresenta em boa parte do seu ciclo, o melhor controle das plantas daninhas, podendo chegar a 80%. Porém, isso só ocorre após o fechamento das linhas de semeadura, cau-sando sombreamento sobre as entrelinhas. Para os outros 20%, a cultura não apresenta esse mesmo potencial, necessitando do manejo correto dessas plantas daninhas, iniciando antes mesmo da sua semeadura até o fechamento das entrelinhas pela cultura. Com isso, é fundamental que a cultura tenha durante a sua emer-gência ausência de plantas daninhas.

    Uma das ferramentas do controle químico, a fim de diminuir os problemas de “matocompetição” inicial com a cultura da soja, é a utilização de herbicidas residuais, ou seja, os Pré-emergentes.

    a. Uso de Herbicidas – Época de AplicaçãoQuando aplicados ao solo, são absorvidos pelas raízes ou es-

    truturas subterrâneas antes, durante ou imediatamente após a emergência.

    De modo geral, segue a época de aplicação de herbicidas:

    Pré-emergentes (PRÉ):Os herbicidas como Imazaquim e Trifluralina tem sido aplicado

    após a semeadura da cultura da soja – Plante/Aplique, no Sistema de Plantio Direto, mas antes que ocorra a emergência da cultura e das plantas daninhas. No entanto, a sua eficiência depende muito da disponibilidade de água no solo, uma vez que atuam no proces-so de germinação das sementes ou crescimento radicular.

    Os herbicidas inibidores da enzima Acetolactato Sintase (ALS) determinaram uma nova geração de produtos para a agricultura. Os primeiros inseridos na agricultura brasileira foram o Imazaquim e o Chlorimuron-ethyl, para o controle de dicotiledôneas na cultu-ra da soja.

    De grande versatilidade, capazes de solucionar muitos pro-blemas de controle de plantas daninhas, além da baixa toxicida-de ao homem e animais, e favorável compatibilidade com o meio ambiente, esses produtos têm sucesso garantido. Tal processo é explicado pela ausência da enzima ALS no homem e animais e por ser efetivos em baixas doses.

    Inibidores do crescimento de plantas, a germinação das se-mentes não é afetada, porém, raízes e caules de plântulas são se-veramente afetados, por inibir a mitose. São produtos sistêmicos, acumulando nos meristemas ou pontos de crescimento, provo-cando clorose seguida de necrose.

    Antigamente, alguns herbicidas necessitavam de operações mecânicas para obter uma melhor eficiência no controle de plan-tas daninhas, especialmente a Trifluralina. Essa prática era ne-cessária devido à baixa solubilidade, fotodegradação, volatilidade do herbicida e necessidade do contato com as plântulas antes ou durante a emergência. No entanto, a NORTOX foi a única Empresa que aprimorou a formulação da Trifluralina, diminuindo os proble-mas de fotodegradação e volatilidade da molécula, permitindo

    melhores resultados no controle de plantas daninhas sem a ne-cessidade de incorporação ao solo e sendo ferramenta essencial no sistema de Plantio Direto como Pré-emergente, gerando maior residual no controle de gramíneas.

    4 PLANTAS DANINHAS RESISTENTES

    O fenômeno de resistência de plantas daninhas aos herbicidas já é um fato no Brasil.

    No entanto, é importante definir primeiramente o que é resis-tência. Existem três principais respostas das plantas daninhas à aplicação de herbicidas, são elas:a. Suscetibilidade: Quando a planta é morta por uma determina-

    da dose de um herbicida.b. Tolerância: É a capacidade de uma planta em tolerar um herbi-

    cida aplicado em uma dose normal de uso.c. Resistência: É o desenvolvimento, através de pressão de

    seleção de plantas daninhas resistente a herbicidas, e são consideradas plantas com mudanças genéticas em respos-ta a seleção imposta pelos herbicidas usados em dosagens recomendadas.A incidência da resistência de plantas daninhas tem ocorrido

    em áreas onde o uso do mesmo herbicida persiste por vários anos, como prática comum. Desta maneira, devido a pressão natural de seleção, as plantas daninhas tornam-se dominantes, estabele-cendo o problema.

    Portanto, cuidado e conhecimento deste potencial problema devem ser exercitados, como forma de prevenção e inevitável ris-co a agricultura. Uma das formas de evitar o problema é alternar o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, fazer apli-cações sequenciais, rotação de culturas, o acompanhamento das populações de plantas daninhas e uso de herbicidas com período residual (Pré-emergentes).

    Plantas Daninhas Resistentes a Inibidores da EPSP sintase (Glyphosate)

    O intenso uso da molécula Glyphosate na cultura da Soja (OGM) contribuiu significativamente com a seleção de plantas daninhas resistentes. Praticamente, em todo país há presença de espécies resistentes a essa molécula. No entanto, nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, em áreas agrícolas com o cultivo da soja, espécies como Conyza bona-riensis (Buva), Digitaria insularis (Capim-amargoso) e Lolium mul-tiflorum (Azevém) tem causado grandes perdas de produtividade devido a disseminação de plantas daninhas resistentes nas áreas agrícolas.

    Devido ao aumento das áreas com problemas de Biótipos re-sistentes ao Glifosato e a outros mecanismos de ação, houve a necessidade de novas pesquisas para a avaliação e comporta-mento de moléculas no controle desses biótipos. Uma das solu-ções mais eficazes para esse problema é a volta dos Herbicidas Residuais, ou seja, o uso dos Pré-emergentes no sistema Plante/Aplique na cultura da soja.

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    5 USO DE HERBICIDAS RESIDUAIS (PRÉ-EMERGENTES)

    a. Inibidores ALS – ImazaquimEsses herbicidas podem movimentar-se tanto no xilema quan-

    to no floema. Seu efetivo controle das plantas daninhas, aplicados em Pré ou em Pós-emergência movem da superfície da folha ou da raiz para dentro da célula.

    Quando usados no solo, a principal via de penetração do herbi-cida nas plantas é o sistema radicular. Ao passo que, se usado em Pós-emergência, as folhas são naturalmente a principal via.

    A entrada do Herbicida Imazaquim nas raízes não é tão limi-tada como na folha, já que a última existem algumas barreiras que afetam a absorção. A razão pela absorção pelas raízes é a baixa presença de substâncias lipídicas ou ausência de cutícula nos pontos de absorção. Esse ponto de maior absorção de água e herbicidas – chamados pelos das extremidades das raízes – trans-portado pelo fluxo de massa durante a transpiração, através do xilema.

    Mecanismo de Ação:A enzima ALS, presente predominantemente em tecidos jo-

    vens de plantas, é uma das que regula preliminarmente duas ro-tas metabólicas que dão origem a três aminoácidos. Na rota que catalisa valina e leucina, a ALS catalisa a condensação de duas moléculas de piruvato para produzir o ácido acetotactato. Após algumas reações, é produzido o ácido cetoisovalérico, o qual já é o substrato para a formação da valina e outras reações para a pro-dução da leucina.

    Plantas sensíveis com esses herbicidas tem seu crescimento retardado ou inibido em poucas horas, porém, os sintomas físicos podem levar alguns dias para aparecer, e a morte ocorrer apenas após algumas semanas.

    Os tecidos meristemáticos são os primeiros afetados. Folhas jovens tornam-se cloróticas inicialmente, murchando e necrosan-do. Estes efeitos são espalhados para o restante da planta. Por-tanto, o efeito final da deficiência de aminoácidos essenciais para o metabolismo da síntese de proteínas, comandadas pelo DNA, levam a planta a um déficit proteico que interfere no sistema enzi-mático e constituição estrutural.

    Outros sintomas são a inibição da divisão celular e elongação de células de raízes e folhas jovens dentro de 3 horas após a apli-cação. Também, reduzem a taxa de transporte de fotossintatos, acumulando açúcares nas folhas, devido a não formação de de-terminadas proteínas.

    Possui como característica no controle de um largo espectro de folhas largas de ciclo anual.

    Seletividade:A base para a seletividade desses herbicidas é a habilidade

    que as culturas e/ou espécies toleram à aplicação de uma dose específica, enquanto plantas daninhas sensíveis são injuriadas ou mortas.

    Exemplo como o Imazetapir também tem o seu mecanismo de seletividade para as culturas tolerantes devido ao metabolismo para os metabólitos não tóxicos, sendo inativo para a cultura da soja. Já o Imazaquim é rapidamente metabolizado na soja e em

    muitos materiais. Plantas daninhas susceptíveis, o grau de susce-tibilidade depende da velocidade que o Imazaquim é metaboliza-do, mais susceptível a planta daninha.

    (Constantin, J. et al), entre os anos 2018/2019, no Município de Mandaguaçu/PR, realizou a campo a aplicação do Imazaquim Ultra Nortox para avaliação de seletividade de duas cultivares de soja – DM 6563 IPRO e Msoy 6410 IPRO.

    Abaixo, na tabela 1, segue os tratamentos realizados com as moléculas Imazaquim e Diclosulam aplicados na Pré-emergência (Plante/Aplique) ou combinados com o Glifosato WG aplicado na pós-emergência da cultura da soja em duas cultivares: Msoy 6410 IPRO e Don Mario 6563 IPRO.

    Tabela 01. Tratamentos realizados com as moléculas Imazaquim, Diclosulam e Glifosato em duas cultivares de soja para avaliação da seletividade.

    Tratamentos Aplicação Pré-emer-gência (Plante/Aplique)Pós-emergência

    (V2/V3)Pós-emergência

    (V4/V5)Pós-emergência

    (V5/V6)

    Trat. 1 Imazaquim Ultra (1,0 l/ha) - - -

    Trat.2 Diclosulam(42 g/ha) - - -

    Trat. 3 Imazaquim Ultra (1,0 l/ha) -Glifosato WG(1,0 kg/ha) -

    Trat. 4 Diclosulam(42 g/ha) -Glifosato WG(1,0 kg/ha) -

    Trat. 5 Imazaquim Ultra (1,0 l/ha)Glifosato WG(1,0 kg/ha) -

    Glifosato WG(1,0 kg/ha)

    Trat. 6 Diclosulam(42 g/ha)Glifosato WG(1,0 kg/ha) -

    Glifosato WG(1,0 kg/ha)

    No gráfico 1, no tratamento 1 com a aplicação do Imazaquim Ultra Nortox não houve interferência na produtividade quando aplicado isolado na Pré-emergência da cultura. No entanto, a mo-lécula Diclosulam reduziu a produtividade em 3,82 sc/ha. Quando houve a aplicação do Glifosato WG na Pós-emergência, houve a redução da produtividade quando combinado com essas molécu-las. Porém, nos tratamentos 4 e 6 (Diclosulam), as reduções foram de 6,91 a 9,89 sc/ha.

    Com isso, considerando a sensibilidade da cultivar Msoy 6401 IPRO a inibidores de ALS, o Imazaquim não interferiu negativa-mente na produtividade e tendo maior seletividade comparado ao Diclosulam. Quando combinado com uma ou duas aplicações do Glifosato, há maiores perdas em produtividade.

    Gráfico 01. Teste de seletividade dos Herbicidas Imazaquim Ultra Nortox e Diclosulam na cultiva de soja Msoy 6410 IPRO.

    Referente ao Gráfico 2, a cultivar DM 6563 IPRO apresentou menor sensibilidade a Inibidores de ALS, especialmente ao Ima-zaquim Ultra Nortox.

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    Gráfico 02. Teste de seletividade dos Herbicidas Imazaquim Ultra Nortox e Diclosulam na cultivar de soja Don Mario 6563 IPRO.

    Portanto, como descrito nos gráficos 1 e 2, a utilização do Imazaquim Ultra Nortox – Plante/Aplique – isolado ou combinado com uma ou duas aplicações em pós-emergência do Glifosato WG, resultou na seletividade para as duas cultivares de soja avaliada.

    b. Inibidores da Formação de Microtúbulos – TrifluralinaAs Dinitroanilinas é um exemplo do grupo químico de herbici-

    das que se ligam à tubulina, proteína mais importante na forma-ção dos microtúbulos. Esse complexo trifluralina-tubulina inibe a polimerização dos microtúbulos, levando a desconfiguração física e perda da função. Consequências: o fuso mitótico não ocorre, causando alinhamento e separação dos cromossomos durante a mitose. Esses microtúbulos não irão exercer a função na formação da parede celular. Assim, os sintomas ocorridos são dos entumeci-mentos de extremidades das raízes, que ocorre nos tecidos meris-temáticos uma vez que não se dividem e se alongam.

    Assim, causam a paralisação do crescimento das raízes e par-te aérea das plântulas, ocorrendo a morte delas. Esse herbicida possui resistência a lixiviação no solo e altamente eficiente no controle de gramíneas.

    Modo de ação:Considerados como inibidores da mitose, especificamente na

    formação dos microtúbulos. A trifluralina foi um dos herbicidas mais utilizados na agricultura no Brasil para o controle de plantas daninhas, especialmente gramíneas.

    A trifluralina, como seu efeito, não se envolve necessariamen-te na inibição da germinação das sementes, mas sim a causa da inibição do desenvolvimento radicular apresentando sintomas como: entumecimento nas extremidades das raízes sensíveis, ocasionadas pela paralisação da divisão celular e alongamento celular, embora a expansão celular ainda se aumenta.

    6 RESULTADOS AGRONÔMICOS

    A cada safra e com o aumento de biótipos resistentes nas áreas agrícolas, especialmente para o cultivo da soja, a preocupação tem se tornado ainda maior para os agricultores. Medidas para o con-trole dessas plantas daninhas tem sido tomada de forma imediata e sem sucesso para ele. Para o sucesso no controle dessas plantas daninhas de difícil controle, é importante a adoção de algumas práticas como: rotação do mecanismo de ação dos herbicidas e

    principalmente o uso de herbicidas residuais, exemplo: Herbicidas Pré-emergentes.

    Em trabalho desenvolvido por CONSTANTIN, J. Et.al, com a fi-nalidade de avaliar o controle de Milho voluntário e Corda-de-viola com os Inibidores de ALS Imazaquim Ultra Nortox e Diclosulam, observou que ambas as moléculas entregaram controles acima de 90%.

    Gráfico 03. Controle de Milho Voluntário (Zea mays) após aplicações do Imazaquim Ultra Nortox em Pré-emergência simulado uma chuva de 20 mm aos 0, 10 e 20 dias após a aplicação.

    No gráfico 3, para o controle de Milho voluntário (Zea mays), o produto Imazaquim Ultra Nortox e a molécula Diclosulam aplica-dos na Pré-emergência (Plante/Aplique) em três diferentes umi-dades no solo (zero, 10 e 20 dias de seca), o Imazaquim Ultra Nor-tox aplicado nas doses de 0,8, 1,0 e 1,2 L/ha entregou o controle de 93,75 a 98,75%, avaliado 28 dias após a aplicação.

    Para o controle de Corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), grá-fico 4, o Imazaquim Ultra Nortox aplicado em Pré-emergência em três diferentes umidades no solo nas doses de 0,8, 1,0 e 1,2 L/ha obteve controle entre 93,25 a 99%, 28 dias após aplicação.

    Gráfico 04. Controle de Corda-de-viola (Ipomoea grandifolia) após aplicações do Ima-zaquim Ultra Nortox em Pré-emergência simulado uma chuva de 20 mm aos 0, 10 e 20 dias após a aplicação.

    Assim, o Imazaquim Ultra Nortox aplicado nas doses de 0,8, 1,0 e 1,2 L/ha na Pré-emergência da cultura da soja em três diferen-tes umidades do solo (Zero, 10 e 20 dias de seca) apresentou con-trole sobre o Milho voluntário e Corda-de-viola similar ao padrão Diclosulam, na dose de 42 g/ha. Mesmo com 50% de cobertura do solo (palhada de milho), 20 dias de seca, e diferentes doses, não houve variação do controle com o Imazaquim Ultra Nortox.

    No entanto, outras duas espécies de plantas daninhas que tem resultado em grandes perdas de produtividade na cultura da

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    soja e suas expansões em território nacional tem sido significa-tivo, é o Capim-amargoso (Digitaria insularis) e a Buva (Conyza bonariensis). Com isso, em trabalho desenvolvido no município de Maringá/PR, 2018, avaliou-se a performance da Trifluralina Gold Nortox sobre o controle de Buva.

    Como graminicída de amplo espectro, a Trifluralina possui controle efetivo sobre algumas plantas daninhas latifolicidas de sementes pequenas, exemplo o Caruru. Abaixo seguem os Gráfi-cos 5 e 6, onde a Trifluralina foi aplicada em Pré-emergência da cultura em três condições de umidade no solo com cobertura de 25% de palhada.

    Gráfico 05. Performance da Trifluralina Gold Nortox no controle de Buva (Conyza sp.) após aplicação em pré-emergência com 25% de cobertura de palha no solo e simulado uma chuva de 20 mm aos 0, 3 e 7 dias após aplicação - Maringá/PR, 2018. 14 Dias Após Emergência

    No gráfico 5, a redução de emergência da Buva (Conyza sp.) foi de 87 a 93% na dose de 3,0 L/ha de Trifluralina Gold Nortox para zero e três dias sem molhamento (20 mm) sobre uma cobertura de 25% de palhada de milho quando avaliado 14 DAE.

    Gráfico 06. Performance da Trifluralina Gold Nortox no controle de Buva (Conyza sp.) após aplicação em pré-emergência com 25% de cobertura de palha no solo e simulado uma chuva de 20 mm aos 0, 3 e 7 dias após aplicação - Maringá/PR, 2018. 14 Dias Após Emergência

    Depois de 21 DAE, a redução de emergência da Buva (Conyza sp.) foi de 80 a 84% na dose de 3,0 L/ha de Trifluralina Gold Nortox para zero e três dias sem molhamento (20 mm) sobre uma cobertura de 25% de palhada de milho. No entanto, mesmo com sete dias sem molhamento, a redução foi de 80% para essa dose.

    Com isso, mesmo com 25% de palhada de milho e até sete dias sem molhamento, a aplicação da Trifluralina Gold Nortox em Pré-emergência da cultura da soja reduz o banco de sementes de Buva (Conyza sp.).

    Para o controle de Capim-amargoso (Digitaria insularis), em trabalho realizado por CONSTANTIN, J. et al, Maringá/PR – 2016 em três épocas de molhamento (20 mm de chuva) e com cinco níveis de palha de cobertura do solo, o controle do Capim-amargoso pela Trifluralina Gold Nortox foi entre 92 a 100%. No gráfico 7, a Trifluralina Gold Nortox aplicada em Pré-emergência na dose de 3,0 L/ha apresentou controle acima de 92%.

    Gráfico 07. Performance da Trifluralina Gold Nortox no controle de Capim-amargoso (Digitaria insularis) após aplicação em pré-emergência em cinco níveis de cobertura de palha no solo e simulado uma chuva de 20 mm aos 0, 3 e 7 dias após aplicação - Maringá/PR, 2016. 28 Dias Após Emergência

    Assim, a Trifluralina Gold Nortox aplicado em Pré-emergên-cia na dose de 3,0 L/ha nos cinco níveis de palhada sobre o solo obteve controle acima de 92% em três épocas de molhamento, mostrando sua eficácia no controle desta planta daninha de difícil controle e sendo uma importante ferramenta para o Manejo de Plantas Daninhas de Difícil controle.

    Em experimento realizado na CPA COPACOL, pelos profissio-nais MADALOSSO, Tiago e ROY, J. M. T., na safra 2018/2019, com o objetivo no controle do Capim-amargoso em função do uso de pré-emergentes, conclui que os melhores tratamentos foram os que receberam a Trifluralina em Pré-emergência.

    Abaixo, no gráfico 8, em comparação com os herbicidas Pré-e-mergentes (Plante/Aplique) posicionados para a cultura da soja, a Trifluralina Gold Nortox obteve 89,3% de controle de Capim--amargoso 35 DAA (Dias Após Aplicação), seguido S-Metolacloro 81,5%, Flumioxazina + Imazetapir 45%, Diclosulam 38,8% e Sul-fentrazone + Diuron com 28,3%.

    Gráfico 08. Controle de Capim-amargoso (Digitaria insularis) em função da aplicação de diferentes herbicidas na cultura da soja – Cafelândia/PR, 2019.

    Portanto, com a vinda da Biotecnologia, a fim de favorecer o manejo de plantas daninhas com o uso do Glifosato na Pós-emer-gência da cultura da soja, houve o surgimento de biótipos resis-

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    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    RODRIGUES, BENEDITO NOEDI. Guia de Herbicidas, 5ª Edição. Londrina, 2005.

    LEITE, CÉLIO ROBERTO FERREIRA. Aspectos fisiológicos, bioquímicos e agronômicos dos herbicidas inibidores da enzima ALS (AHS). Londrina, 1998.

    LORENZI, HARRI. Manual de Identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. 6ª Edição. Nova Odessa/SP. 2006.

    SILVEIRA, RUBEM DE OLIVEIRA JÚNIOR, CONSTANTIN, JAMIL e INOUE, MIRIAM HIROKO. Biologia e Manejo de Plantas Daninhas. Curitiba/PR. 2011.

    tentes a essa molécula. No entanto, a cada safra, novos casos de resistência a moléculas de herbicidas surgem, principalmente a resistência cruzada, onde herbicidas de diferentes mecanismos de ação não apresentam mais eficácia no controle, exemplo Buva e Capim-amargoso.

    Com isso, é importante a adoção do Manejo Integrado de Plan-tas Daninhas como ferramenta eficaz no controle, rotacionando herbicidas de diferentes mecanismos de ação e uso dos residuais. Também, com o objetivo diminuir o banco de sementes e princi-palmente a cultura emergir primeiro, obtendo maiores produtivi-dades e lucratividade aos agricultores.

    Assim, o Imazaquim Ultra Nortox e Trifluralina Gold Nortox são importantes ferramentas a serem utilizadas na Pré-emergência da cultura da soja, apresentando seletividade a cultura, redução no banco de sementes proporcionando maior residual e maior produtividade, sendo eficaz no controle dessas plantas daninhas e plantas voluntárias como o milho.