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Page 1: A CULTURA DO MIRTILO€¦ · Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo Introdução No âmbito da candidatura “Pensar Global pela Competitividade, Ambiente

MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

A CULTURA DO MIRTILO

Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

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A CULTURA DO MIRTILO

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Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura do Mirtilo

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 436268/18

ISBN: 978-989-8319-20-3

Distribuição Gratuita

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8.4 - Desenho de plantação

8.5 - Fertilização

8.6 - Rega

8.7 - Poda

9 - Pragas e Doenças

9.1 - Pragas

9.2 - Doenças

10 - Colheita

11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Bibliografia

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Introdução

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima�,inserida na operação 2.1.4 � Ações de infor-mação, com o objetivo de reunir, divulgare disseminar informação técnica, organi-zacional e de mercados, valorizando oambiente e o clima, foi definido como metaa elaboração de um conjunto de elementosnos quais se inclui o presente �Manual deBoas Práticas para Culturas Emergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar os agen-tes do setor agrícola, em particular os asso-ciados da AJAP, de um conhecimento maisaprofundado sobre 15 culturas emergentesaliadas às boas práticas agrícolas.

A cultura do mirtilo insere-se no referidoconjunto de culturas consideradas emer-gentes, o qual foi aferido através da reali-zação de inquéritos a nível nacional, porparte dos técnicos da AJAP, junto de organis-mos e instituições de referência do setor,tendo em conta a atual conjuntura, ou seja,considerando as culturas que se destacampela componente de inovação aliada à renta-bilidade da exploração agrícola, aumen-tando assim a competitividade do setor.

Para a elaboração deste manual, foramconsultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura do mirtilo.

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1 - Origem

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1 - Origem

O mirtilo é uma planta com uma grandeexpressão geográfica não existindo, ainda,consenso sobre a origem das espéciespertencentes ao género Vaccinium, ao qualo mirtilo pertence. Enquanto uns estudosapontam que das 450 espécies existentes67% provêm da Ásia e do Pacífico e 26% daAmérica do Norte, outros apontam que ocontinente americano possui cerca de 75%das espécies de mirtilo, sendo que destas40% têm origem na América do Norte.

A domesticação desta cultura tem poucomais de 80 anos tendo evoluído, principal-mente em climas temperados nomeada-

mente na América do Norte, Europa e Ásia.Grande parte das variedades comerciaisatualmente produzidas foram obtidasatravés da hibridação de diferentes espéciesnorte-americanas.

Em Portugal existem algumas variedadesautóctones na Serra do Gerês, Vaccinium

myrtilluss e Vaccinium vitisidae, na ilha daMadeira, Vaccinium padifolium, e no arqui-pélago dos Açores, Vaccinium cilandraceum

que apesar de não ser uma espécie comes-tível é uma cultura protegida por integrar adieta do priolo.

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2 - Taxonomia e Morfologia

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2 - Taxonomia e Morfologia

O mirtilo é uma planta frutífera que pertenceà família das Ericaceae, subfamília dasVaccinoiodae, género Vaccinium. Dentrodeste género existem cerca de 450 espéciescom uma grande disparidade de aspeto edimensões que vão desde apenas algunscentímetros de altura da V. macrocarpum,planta rastejante que produz ramos quepodem atingir os 2 m de comprimento,passando pelo V. myrtillus da Europa comcaules herbáceos e que não ultrapassa os0,5 m, até ao V. ashei do Sul dos EstadosUnidos, arbusto que atinge facilmente os10 m de altura.

As plantas do mirtilo são caducifólias, deporte arbustivo ou rasteiro. O seu sistemaradicular é superficial composto por raízesde suporte, que podem alcançar até 1 m deprofundidade, e raízes finas, fibrosas e sempelos radiculares, que se distribuem nosprimeiros 30 a 40 cm de profundidade eque asseguram a absorção de água enutrientes do solo através de uma simbiosecom hifas ou micorrizas em troca de foto-assimilados.

Na planta do mirtilo o sistema vascular dasraízes e da parte aérea não se encontratotalmente interligado. Vários estudoscomprovam que se a água e os nutrientesforem distribuídos de um dos lados daplanta, só esse lado se desenvolverá, sendonecessária uma distribuição uniforme daágua e nutrientes em torno da planta.

Os ramos têm origem em gomos da coroaonde o sistema vascular apresenta umaestrutura morfológica intermédia entresistema vascular das raízes e dos ramos.Estes ramos constituem a parte estruturalda planta e têm normalmente entre 15 a 50cm de comprimento, existindo ainda ramoslaterais que se formam a partir de gomospresentes nas axilas das folhas.

As flores dos mirtilos reúnem-se em inflo-rescências compostas por 6 a 14 flores,sendo que o número de flores por gomofloral está dependente da posição do gomono ramo. Os gomos distais são os que apre-sentam maior número de flores e este dimi-nui à medida que aumenta a distância àextremidade do ramo. Isto acontece por adiferenciação dos gomos florais ocorrer deforma basípeta, levando a que os gomosda extremidade dos ramos tenham maistempo para se diferenciarem.

Os frutos são botanicamente denominadosde pseudobagas, por serem provenientesde um ovário ínfero. A cor do fruto é influen-ciada pela presença de pruína, uma ceraepicuticular que produz o efeito glaucoresponsável pela cor azul típica dos mirtilos.Esta camada cerosa forma uma barreira àperda de água, impedindo o murchamentodas bagas.

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima

O mirtilo adapta-se a diversos climas, tantoem zonas húmidas como secas e tanto ainvernos muito rigorosos como a verõesmuito quentes, desde que sejam escolhidasas variedades que melhor se adaptem aoclima de cada região.

Os fatores climáticos afetam a cultura dediferentes formas consoante a fase de de-senvolvimento da planta, determinando oseu potencial de produção. Durante a fasede dormência o fator mais importante é atemperatura e na fase vegetativa são, a parda temperatura, a precipitação, a exposi-ção solar e o vento.

3.1.1 - Temperatura

As necessidades em horas de frio (tempe-raturas inferiores a 7,2 oC), variam consoanteas variedades de mirtilo, considerando-seque durante o repouso vegetativo a plantanecessita de um período de dormência quevaria entre 150 a valores superiores a 1.000horas de frio, para que ocorra a completa di-ferenciação dos gomos florais e se atinja umbalanço hormonal que permita superar adormência, tendo início um novo ciclo vege-tativo.

Caso não sejam atingidas as horas de frionecessárias durante o repouso vegetativo,podem ocorrer atrasos na rebentação dosgomos e redução na floração, diminuindo aprodutividade e a qualidade dos frutos. Sepelo contrário, a planta cumpre antecipa-damente a exigência em frio, a floração inicia--se no final do inverno, tornando-se suscetívelaos estragos causados pelas geadas.

Na fase vegetativa, temperaturas superioresa 30oC com elevada exposição solar podemlevar à morte das folhas, principalmente emcultivares de crescimento vegetativo acele-rado, e a situações de stress hídrico, em queas raízes não conseguem absorver água su-ficiente para compensar as perdas por trans-piração levada a cabo pelas folhas.

Após a floração, temperaturas altas exercemum papel fundamental no vingamento ecrescimento do fruto. Se durante esta faseas temperaturas permanecerem baixas

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

No processo de escolha das variedades,deve ter-se em conta a temperaturamáxima que se faz sentir na região,evitando variedades sensíveis ao stresshídrico, pois a atividade da planta nãocessa, a raiz não tem capacidade deabsorção ocorrendo necroses nas folhase nas pontas dos lançamentos jovens.(Eng.º Silvério Quelhas, 2017)

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durante várias horas causam necrose nogineceu.

A qualidade do fruto está positivamenterelacionada com um fotoperíodo longo e aocorrência de temperaturas noturnasfrescas, durante a fase de maturação.

3.1.2 - Precipitação

O período desde o início da frutificação atéà colheita é o mais exigente em termoshídricos. Em média, as necessidades hídricasdo mirtilo são aproximadamente 35 litrosde água por planta por semana ou cerca de2 a 6 litros de água por dia. O mirtilo é umaplanta pouco tolerante ao encharcamento,sendo, por outro lado, tolerante a curtosperíodos de stress hídrico.

3.1.3 - Exposição solar

O mirtilo é uma planta que necessita de umaboa exposição solar, devendo as linhas deprodução ser orientadas de norte para sulpara que esta seja máxima, diminuindo orisco de danos pela geada. Para além disso,a exposição solar tem um impacto positivona maturação dos frutos reduzindo o teorde acidez, aumentando o teor de açúcar,promovendo melhores aromas e acelerandoa maturação, promovendo assim a anteci-pação da colheita.

Contudo, em regiões onde a incidência solare as temperaturas são elevadas, como é o

caso de Portugal, deve diminuir-se aexposição solar, de modo a reduzir o stresshídrico e os danos causados pelo sol, atravésde técnicas de sombreamento.

3.1.4 - Vento

O mirtilo não suporta ventos fortes, prin-cipalmente durante a fase vegetativa, emque a planta é vulnerável a ventos frios tar-dios que possam ocorrer após a aberturadas flores. Assim sendo, a plantação deveser feita em locais abrigados e, caso nãoseja possível, deve ser protegida com auxíliode abrigos.

3.2 - Solos

A planta do mirtilo prefere solos arenososou franco arenosos, ácidos, com pH entre4 e 5,5, arejados, bem drenados, ricos emmatéria orgânica e permeáveis, não supor-tando solos encharcados.

Os solos arenosos ou franco arenosos per-mitem não só a penetração das raízes finase fibrosas dos mirtilos no solo, como tam-bém a presença dos fungos que vivem emsimbiose com as raízes, facilitando a absor-ção de água pelas raízes. O mirtilo podebeneficiar da existência de 20 a 30% departículas argilosas no solo que favorecema retenção de água no verão e promovemuma melhor fixação das raízes ao solo. Nasregiões mediterrânicas, solos arenososclaros têm tendência a aquecer chegandoa atingir temperaturas superiores a 20oC.

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Nestes casos pode recorrer-se ao empalha-mento com casca de pinheiro, serraduras,polietileno, etc., como forma de ensombra-mento do solo para manter as temperaturasna faixa ótima de crescimento das raízes.

A preferência do mirtilo por solos ácidosremonta ao habitat natural das espéciesutilizadas no melhoramento, em que ossolos eram turfosos. Estes solos são extre-mamente ricos em matéria orgânica e pHbaixo, o que é coerente com a fraca capaci-dade de penetração das raízes e com oestabelecimento de simbioses com fungos.

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4 - Ciclo Biológico

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4 - Ciclo Biológico

O ciclo biológico do mirtilo divide-se em doismomentos principais: a fase de dormênciaou repouso vegetativo, e a fase de atividadevegetativa. A fase de repouso tem início nooutono e termina na primavera. A fase deatividade vegetativa divide-se em três fasesprincipais: o crescimento vegetativo, afloração e a frutificação, tendo início naprimavera e terminando quando a plantaentra em dormência.

Durante os primeiros dois anos deve serfavorecido o crescimento da planta, atravésda remoção dos botões florais. A planta domirtilo atinge a sua produtividade máximaao fim de 6 a 8 anos, apresentando uma pro-dução média de 2 kg por planta, o que equi-vale a cerca de 9 a 10 ton/ha, para uma densi-dade de aproximadamente 4.100 plantas/ha.

4.1 - Fase de dormência

A fase de dormência é o período duranteo qual cessa o crescimento da planta porcompleto. No mirtilo este período ocorreem duas fases, a primeira, no início dooutono quando o crescimento dos ramoscessa, bem como a atividade não visívelno interior dos gomos florais. Esta fasede repouso é gradual e pode durar algu-mas semanas. Durante esta fase as plan-tas respondem cada vez menos aos estí-mulos externos.

Na segunda fase, a planta entra numperíodo de repouso profundo durante oqual a parte aérea não responde a qual-quer alteração dos estímulos externos.Durante esta fase, os ramos têm de estarsujeitos a um certo número de horasabaixo de 7 oC para poderem retomar ocrescimento. Este número de horas de

Dormência

CrescimentoVegetativo

Floração

Formaçãodos frutos

Maturação

Diferenciaçãofloral

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Ciclo anual da planta do mirtilo

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

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frio varia consoante a variedade e a parteda planta, uma vez que os gomos floraisnecessitam de menos horas de frio queos gomos vegetativos.

O número de horas de frio necessárias àquebra da dormência de uma planta demirtilo tem que ocorrer antes do fim doinverno. Na escolha das cultivares a plan-tar numa determinada localização, deveatender-se cuidadosamente às suas ne-cessidades de frio para aproveitar, ao má-ximo, o potencial produtivo das plantas.

4.2 - Fase de atividade vegetativa

Como referido anteriormente, a fasevegetativa compreende três fases: ocrescimento vegetativo, a floração e afrutificação. O crescimento vegetativotem início na primavera, com a rebenta-ção dos gomos e termina no final do ve-rão, com o crescimento dos ramos. A flo-ração, que ocorre de forma basípeta, po-de durar entre 7 a 14 dias dependendoda variedade. A frutificação que ocorredurante 2 a 3 meses após a floração,terminando com a maturação completados frutos e respetiva colheita.

4.2.1 - Sistema radicular

As raízes são a única parte da planta quenão apresentam um verdadeiro períodode repouso, crescendo sempre que atemperatura do solo esteja entre 6 e16oC. A partir dos 16o C de temperaturado solo o crescimento radicular abranda,sendo que para valores superiores a 22oCo crescimento das raízes cessa.

As raízes do mirtilo, independentementede outras condições, apresentam doispicos de crescimento e um período decrescimento lento. Os picos de cresci-mento coincidem com o vingamento dosfrutos e com a diferenciação floral, en-quanto que o período de crescimentolento coincide com o crescimento e matu-ração dos frutos.

a) coroab) ramo principalc) ramo de renovaçãod) ramo podadoe) ramo lateral do ano com gomos vegetativos e florais

Fonte: A planta de Mirtilo. Morfologia e fisiologia.Divulgação Agro 556, 2007.

Planta dormente

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4.2.2 - Ramos

Os ramos do mirtilo têm normalmenteentre 15 a 50 cm de comprimento, depen-dendo do vigor da planta, e apresentamentre dois a três fluxos de crescimento,dependendo das condições climáticas edas disponibilidades de água e nutrientes.

O crescimento dos ramos cessa quandoos dias se tornam mais curtos e as tem-peraturas diminuem, normalmente, apartir de meio de agosto ou início de se-tembro. Estas condições promovem a di-ferenciação floral de alguns gomos, queocorre de forma distinta nos vários ramos.

A existência de chuvas outonais, regastardias abundantes, fertilizações tardiascom azoto ou podas demasiado precocesem condições amenas podem levar àprolepsis, rebentação de gomos no finaldo verão ou início do outono. Este fenó-meno leva a que os ramos não vinguemo suficiente, podendo ser queimadospelo frio invernal.

4.2.3 - Gomos

Os gomos da planta do mirtilo formam--se na axila das folhas, existindo doistipos de gomos, os vegetativos ou folia-res que originam os ramos, e os floraisformados após a diferenciação floral.

A diferenciação floral ocorre de formabasípeta, iniciando-se nos gomos da ex-tremidade distal e prosseguindo emdireção à base da planta. Este fenómenoocorre quando as temperaturas noturnascomeçam a descer e os dias a encurtar,tendo início em agosto e podendo esten-der-se durante os meses de setembro eoutubro.

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

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O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

No pico de crescimento das raízes deveser aplicada matéria orgânica líquida (porexemplo à base de Leonardita), para esti-mular o processo e ajudar a disponibilizaralguns elementos existentes no solo eque estão a ser necessários à planta.(Eng.º Silvério Quelhas, 2017)

a) gomo vegetativob) gomo floral

Fonte: A planta de Mirtilo. Morfologia e fisiologia.Divulgação Agro 556, 2007.

Ramo lateral dormente

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Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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4.2.4 - Floração

A floração dos mirtilos ocorre de formabasípeta e dura cerca de 7 a 14 dias, tendoas variedades mais precoces períodos defloração mais extensos que as tardias,por começarem a florir a temperaturasmais baixas que estas.

A antese das flores ocorre de forma basí-peta, sendo o botão floral da extremi-dade o primeiro abrir, tendo a espessurado ramo influência na precocidade daantese, uma vez que as flores dos ramosmais finos são as primeiras a abrir.

As flores dos mirtilos, apesar de seremautoférteis, têm características que

desfavorecem a autopolinização e promo-vem a polinização cruzada. As flores sãoaromáticas e possuem glândulas necta-ríferas na base do estigma, promovendoa visita de pequenos insetos que pene-tram na corola e de outros insetos comoabelhas e vespas. Quando um inseto pe-netra na corola encontra os estigmas ondedeposita o pólen que recolheu noutra flor,encontrando de seguida as anteras car-regadas de pólen e por fim o néctar.

Nas variedades Highbush e Rabbiteye oestigma das flores permanece recetivodurante cerca de 8 dias após a antese.No entanto, três dias após a antese ovingamento pode decrescer de formaacentuada, levando a que 3 a 6 dias apósa antese a fecundação se torne poucoprovável de acontecer.

4.2.5 - Frutificação

O processo de crescimento e maturaçãodas bagas ocorre durante cerca de 2 a 3meses, variando consoante as cultivares,as condições atmosféricas e o vigor daplanta. O processo de crescimento e matu-ração das bagas ocorre em três fases dis-tintas. Na primeira fase, que ocorre duran-te cerca de um mês, dá-se uma rápidadivisão celular e um aumento do tamanhodas células, conduzindo a um rápidoaumento do volume da baga. A segundafase é caracterizada por um pequenoaumento do tamanho da baga e pelodesenvolvimento e amadurecimento dosembriões no interior das sementes.

Ramo lateral em flor

Fonte: A planta de Mirtilo. Morfologia e fisiologia.Divulgação Agro 556, 2007.

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

Durante a terceira fase, com uma duraçãode 16 a 26 dias, é quando ocorre o maiorcrescimento da baga e a maturação. Du-rante esta fase ocorre o amolecimento dostecidos, a diminuição do teor em clorofilae o aumento do teor em antocianinas, efei-to que leva à mudança de cor da baga. Nes-ta fase ocorre também o aumento do teorde açúcar e de outros componentes solúveise a diminuição da acidez e da respiraçãocelular, que decresce lentamente.

As fases de crescimento ocupam, respeti-vamente, 60%, 30% e 10% do tempo de fruti-ficação, sendo que a segunda fase dependedo tamanho das bagas, uma vez que embagas grandes é relativamente mais curtaque em bagas pequenas. A dimensão dosfrutos depende da dimensão dos ramos,uma vez que ramos grossos produzemfrutos maiores, podendo este facto estarrelacionado com uma maior capacidade defornecimento de água e nutrientes ao fruto.

Fonte: Revue suisse Vitic. Arboric. Hortic. Vol 27 (1): 17-20, 1995

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Estados fenológicos da planta de mirtilo

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5 - Tecnologias de Produção

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

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5 - Tecnologias de Produção

Atualmente em Portugal as tecnologiasde produção diferem consoante a regiãoem que se encontram. Na zona norte dopaís a cultura do mirtilo é produzida aoar livre, enquanto que na zona sul a pro-dução é feita em cultura protegida. Atual-mente têm sido estudadas novas tecno-logias de cultivo que permitam uma mai-or distribuição da cultura e da época decolheita em Portugal. Os estudos vãodesde a produção em cultura protegida,alterando as datas de abertura da cober-tura dos túneis, a tecnologias de produ-ção em substrato ou vaso e à utilizaçãode frio artificial para satisfazer as necessi-dades de algumas variedades.

5.1 - Cultura ao ar livre

A cultura do mirtilo, devido aos seus re-quisitos edafoclimáticos adapta-se bemà região norte de Portugal podendo serexplorada em cultura ao ar livre com bai-xos custos de investimento. Em culturasao ar livre são normalmente utilizadasvariedades Northern Highbush. A épocaprodutiva ocorre de maio a agosto e osfrutos podem ser utilizados para o mer-cado em fresco ou para processamentoindustrial.

5.2 - Cultura protegida

O mirtilo em cultura protegida pode serobtido recorrendo a estufas, túneis

baixos ou altos, ou a redes de proteção.Esta tecnologia de produção é utilizadaem países com temperaturas baixas parapromover culturas precoces, sendo umadas desvantagens a falta de polinizadoresdurante a floração precoce. Contudo, seo plástico for estendido antes da iniciaçãoda coloração do fruto, em vez de promo-ver uma colheita precoce, vai promoverum atraso na época de colheita. As prin-cipais desvantagens deste tipo detécnicas de cultivo são o custo de instala-ção e manutenção, principalmente narenovação de plásticos e na utilização demão de obra para a abertura e fecho dascoberturas, e o aumento da humidadeatmosférica no interior das estruturas.

Em Portugal foram conduzidos estudossobre a data de abertura e fecho das co-berturas na zona do sudoeste alentejano.O estudo incidiu no fecho da coberturaem janeiro, após as necessidades de frioestarem satisfeitas, e a reabertura dacultura entre março a abril, no início damaturação dos frutos. Estas datas deabertura e fecho da cobertura da culturapermitiram a antecipação de um mês dacolheita, sendo realizada entre abril ejunho, a criação de um segundo fluxo deprodução, entre o final de agosto e se-tembro com produtividades de no máxi-mo metade das primeiras, e um terceiroperíodo produtivo, durante novembro adezembro, com produtividades muitobaixas.

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5.3 - Produção em túneis elevados

A produção em túneis elevados consisteem estruturas cobertas com plástico eventiladas naturalmente. Este tipo deinstalação permite a alteração do micro-clima da cultura e a proteção das condi-ções ambientais adversas ao crescimentoe a extensão da época produtiva. Emvariedades normais e tardias há umaantecipação de 5 a 6 semanas da datade colheita, enquanto que em variedadesprecoces a antecipação é de, apenas, 2a 4 semanas. As técnicas culturais sãosemelhantes às utilizadas em culturas aoar livre e permitem o aumento da produ-tividade e qualidade, uma utilização deágua e fertilizantes mais eficiente e adiminuição da erosão do solo e da pre-sença de infestantes e pragas na cultura.

5.4 - Produção em substrato

A produção de mirtilo em substrato ouvaso é uma técnica de cultivo em faseinicial de estudo. A necessidade de recor-rer a esta tecnologia de cultivo está nabaixa disponibilidade de condições desolo ideais para o crescimento e desen-volvimento das plantas. Esta tecnologiade cultivo permitirá facilitar as operaçõesculturais e a colocação das plantas emcâmaras frigoríficas, onde através daexposição ao frio artificial é possívelmanipular o ciclo produtivo da cultura,estando também este método em fase

de estudo. Os estudos já realizados de-monstram a existência de um grandepotencial de manipulação do ciclo produ-tivo das plantas, mas realçam a neces-sidade de um estudo mais aprofundadosobre estas tecnologias de cultivo.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

A produção em vaso, comparativamentecom a cultura em solo, apesar do inves-timento inicial, permite um desenvol-vimento da planta muito mais rápido oque permite atingir a produtividade má-xima também muito mais rápido. Na cul-tura em vaso é necessário um controlomuito mais rigoroso em termos de regae fertilização, requerendo conhecimen-tos técnicos maiores.(Eng.º Silvério Quelhas, 2017)

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6 - Sistemas de Produção

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

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6 - Sistemas de Produção

Conforme já referido anteriormente, ossistemas de produção adotados emPortugal têm visado, para além dasquestões diretamente relacionadas comos aspetos agronómicos (a produtividadee a qualidade do fruto), as questões demercado, por a grande maioria da produ-ção de mirtilo se destinar ao mercado deexportação, mercado este, fortementeconcorrencial.

Assim, torna-se fundamental conseguirdirecionar a produção para períodos emque a oferta de outros produtores mun-diais seja menor, estando estes períodosrelativamente bem definidos, como sepode verificar no quadro abaixo:

Portugal apresenta condições climáticasque favorecem a produção de mirtilo emduas épocas particularmente favoráveis,a produção precoce de primavera (abril/maio) e a produção tardia (setembro).Nestas duas épocas conseguimos evitarem parte a concorrência de países doNorte da Europa, permitindo a exporta-ção de cerca de 80% da produção nacio-nal para países como Holanda, Bélgica eFrança.

Apesar do ainda baixo consumo demirtilo no nosso país, as empresas inter-nacionais a produzir em Portugal reco-nhecem as condições ótimas de produ-ção para o mercado de exportação, res-pondendo à crescente procura peloproduto.

Chile

Marrocos

Espanha

França

Polónia

Roménia

Holanda

Argentina

Portugal

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

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7 - Material Vegetal

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

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7 - Material Vegetal

A escolha do material vegetal deve serfeita consoante o tipo de solo e clima.Devem ser escolhidas plantas de altaqualidade, saudáveis, vigorosas, livresde vírus e com um sistema radicular bemdesenvolvido, o que permite uma maiorresistência em situações de stress.

A propagação das plantas de mirtilo podeser feita através de sementes, propa-gação sexuada, ou por enxertia ou esta-quia, propagação assexuada. A formamais utilizada é a estaquia através doenraizamento de estacas lenhosas, reti-radas durante o repouso invernal, ou deestacas herbáceas, retiradas durante aprimavera, que é quando apresentammaior facilidade de enraizamento. Asplantas matriz devem estar em bom es-tado fitossanitário e sem carências nu-tricionais, uma vez que plantas com defi-ciência mineral produzem material vege-tal de má qualidade.

7.1 - Variedades

As variedades de mirtilo dividem-se emtrês grandes grupos consoante o númerode horas de frio necessárias para a que-bra do repouso vegetativo:

- Variedades Northern Highbush: maisde 800 horas de frio

- Variedades Southern Highbush: menosde 600 horas de frio

- Variedades Rabbiteye: 400 a 600 horasde frio

Em Portugal as variedades mais utilizadassão as Northern Highbush, na zona centronorte, e Southern Highbush, nas zonasa sul do Tejo, onde algumas variedadesRabbiteye também têm sido utilizadas.A utilização de variedades SouthernHighbush e Rabbiteye tem tido um inte-resse crescente por necessitarem demenos horas de frio.

As variedades de mirtilo Rabbiteyeapresentam uma maior tolerância aocalor e ao stress hídrico e têm baixasnecessidades de frio. Estas variedadesproduzem bagas avermelhadas, frutosácidos e com baixo poder de conserva-ção. O arbusto pode atingir entre dois aquatro metros de altura. Em Portugalsão utilizadas as cultivares Powder blue,Columbus e Sky blue.

As variedades de mirtilo Northern High-bush, vulgarmente conhecido comomirtilo gigante, é o grupo mais plantadoem todo o mundo. Apresenta porte ar-bustivo com mais de dois metros dealtura. Como referido anteriormente, amaioria destas variedades necessitam de

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acumular durante o repouso vegetativoentre 800 a 1.000 horas de frio (nalgunscasos valores superiores a 1.000 horas defrio), para ter um abrolhamento e umafloração adequada. Na Tabela 1 encontram--se as características de algumas cultivaresdeste grupo, com expressão em Portugal.

As variedades de mirtilo SouthernHighbush são caracterizadas por seremarbustos altos, resistentes a doenças e

necessitarem de menores quantidadesde frio durante o repouso vegetativo,entre 150 a 600 horas. Este tipo de culti-vares apresentam melhores desem-penhos em planaltos, solos pobres emmatéria orgânica, mas são exigentes emágua e necessitam de sistemas de dre-nagem eficientes. Na Tabela 2 estão ascaracterísticas de algumas cultivares des-te grupo, com expressão em Portugal.

CultivarNorthern Highbush

Duke

Spartan

Bluecrop

Bluegold

Goldtraube

Legacy

*sem dados

Tabela 1 - Variedades Northern Highbush utilizadas em Portugal

Fruto Arbusto

Tamanhodo fruto

Grande

Muito Grande

Grande

Médio - Grande

Pequeno - Médio

Médio - Grande

Sabor

Doce

Doce

Doce

Muito Doce

Doce

Agri Doce

Tamanhoem adulto

1,2 m a 1,8 m

1,2 m a 1,8 m

1,2 m a 1,8 m

0,9 m a 1,5 m

1,5 m a 2,0 m

1,2 m a 1,8 m

Formado arbusto

Entroncado e ereto

Ereto

Ereto e aberto

Compacto

Ereto e aberto

Aberto e ramoso

Corde outono

Laranja e Amarelo

Amarelo e Laranja

Vermelho

Amarelo

Laranja e Vermelho

Vermelho vivo

Horasde frio

800 a 1000

1000

800 a 1000

1000

*

700 a 800

CultivarSouthern Highbush

O'Neal

Sharpblue

Misty

Tabela 2 - Variedades Southern Highbush utilizadas em Portugal

Fruto Arbusto

Tamanhodo fruto

Grande

Médio

Médio - Grande

Médio

Sabor

Doce

Doce

Agri Doce

Tamanhoem adulto

1,2 m a 1,8 m

1,5 m a 1,8 m

1,2 m a 1,8 m

1,5 m a 1,8 m

Formado arbusto

Entroncado e ereto

Ereto

Ereto e ramoso

Corde outono

Laranja e Bordô

Verde

Verde azuladoe Bordô

Horasde frio

400 a 500

200

150 a 300

Fonte: Mirtilusa

Fonte: Mirtilusa

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8 - Particularidades do Cultivo

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8 - Particularidades do Cultivo

8.1 - Escolha da parcela

A escolha da parcela deve ter em consi-deração o número de horas de frio (tem-peraturas inferiores a 7oC), durante osmeses de dezembro a fevereiro, a fre-quência e intensidade de geadas e adireção e intensidade dos ventos daregião. Deve ter-se em consideração ohistórico da parcela, em especial as zonasde encharcamento.

Antes da preparação do terreno devemser feitas análises completas de fertili-dade e textura do solo, bem como à águade rega.

8.2 - Preparação do terreno

O solo deve começar a ser preparado noverão anterior à plantação retirandotodas as ervas daninhas existentes noterreno. Após a destruição das ervasdaninhas deve ser efetuada uma lavoura,seguida de correção orgânica com pos-terior gradagem para regularizar e soltaro terreno. As mobilizações de solo devemser feitas a uma profundidade de até 50cm e sem inversão de camadas.

Para que a correção do solo seja a ade-quada, deve ser feita uma análise ao solo,de modo a fazer as correções de nutri-entes e de matéria orgânica adequadas

às necessidades da planta. O pH do solodeve ser ácido, com valores entre 4,5 e5,5, sendo que se for necessário baixaro pH deve ser feita uma aplicação deenxofre 6 meses antes da plantação. Sepor outro lado, for necessário subir o pHdeve ser feita uma calagem com apli-cação de calcário ou similar. Não é acon-selhável a incorporação de estrumes ouchorumes com salinidade elevada.

Se o solo for deficiente em matéria orgâ-nica podem ser incorporadas matériasorgânicas, como turfa ou agulhas depinheiro, no solo a uma profundidade de10 a 15 cm, ao longo da linha plantação,e com uma altura de 15 cm, o que propor-cionará às raízes um bom ambiente parase desenvolverem.

Na entrelinha deve optar-se pelo enrel-vamento, pois permite uma maior mo-bilidade no decorrer das operações cul-turais e favorece a instalação de insetospolinizadores.

É também necessário avaliar a capaci-dade de drenagem do terreno. Se a áreade plantação possuir uma boa drenagem,a plantação pode ser feita após o nivela-mento do solo. Por outro lado, se o solonão tiver uma boa capacidade de drena-gem deve remover-se o excesso de águae instalar a cultura em camalhões. Os ca-malhões devem ter dimensões apro-priadas para o desenvolvimento das raí-

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zes com cobertura em material vegetalou tela plástica, que possibilite a incor-poração de matéria orgânica. O cama-lhão deverá ser efetuado, de preferência,consoante a orientação do declive doterreno.

Devido às suas características morfoló-gicas, a planta do mirtilo não necessitada instalação de sistemas de suporte anão ser em plantações em vaso, onde éindispensável a utilização de espaldeirassimples com uma fiada de arames,devendo ser instaladas aquando da pre-paração do terreno. Contudo, a utilizaçãode espaldeiras simples com duas fiadasde arames na cultura do mirtilo tem sidoestudada e os principais resultados apon-tam para uma maior facilidade na con-dução dos arbustos e na optimização dosrendimentos da colheita mecânica.

8.3 - Plantação

A época do ano para plantação dependedas condições do local onde a parcelaestá localizada. Nas regiões de climatemperado, o começo do Inverno é operíodo ideal para a plantação: logo apósa queda das folhas e enquanto ainda háatividade radicular. A presença de chuvasinvernais após a plantação ajudará a ummelhor estabelecimento da planta eadaptação do sistema radicular ao novomeio. As plantas devem ser observadasde modo a garantir que as chuvas não

as levantam do solo, nem que o ventoas tombe.

Por outro lado, nas regiões onde osinvernos são severos, com temperaturasinferiores a -8oC e com possibilidade decongelamento do solo, a plantação sódeve ser efetuada na Primavera, devendoregar-se bem o solo e retirar-se as ervasdaninhas, para que não haja competiçãocom as plantas de mirtilo.

A plantação do mirtilo realiza-se para umperíodo de 25 a 30 anos, pelo que é im-portante uma boa instalação da cultura.Antes de colocar as raízes no solo, deveverificar-se a sanidade e humidade dasraízes, embebendo-as em água senecessário.

Devem abrir-se covas em linha reta oucom armação de camalhões, comdimensões de 30x30x30 cm. Aquandoda plantação deve descompactar-se otorrão que envolve as raízes, mas sem odesfazer e, se necessário, podar as raízesexcedentárias. As plantas não devem sermuito enterradas, devendo existir umespaço entre o sistema radicular e ocaule. Quando tapado o buraco, devepressionar-se um pouco a terra em redore regar bem, de modo a que a água atinjao sistema radicular completo.

Em solos pobres em matéria orgânica, aadição de 25 litros de turfa por planta

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tem uma influência positiva no cres-cimento e na produção da planta. Comoa turfa é ácida, tem a capacidade de reterágua contribuindo para o melhoramentoda estrutura do solo.

8.4 - Desenho de plantação

Os compassos da exploração vão desde0,8 a 1,5 metros na linha e 2,5 a 3,0 metrosna entrelinha, podendo variar consoanteo tipo de topografia, o tipo de terreno, apluviosidade e o tipo de maquinaria quese utiliza na manutenção da cultura.

8.5 - Fertilização

A fertilização deve ser planeada deacordo com os resultados de análisesfoliares e de solo. As análises foliarespermitem aferir que quantidades deminerais e nutrientes precisam de seracrescentadas, enquanto que as análisesde solo permitem planear a fertilizaçãode fundo. Realizada a primeira análiseantes da plantação, as análises subse-quentes de solo devem repetir-se a cadatrês ou quatro anos.

O azoto (N) é o elemento mais impor-tante, não podendo faltar durante a fasede crescimento da planta. Este deve seraplicado aquando da plantação na formade amónia (NH4), que por ser maissolúvel é menos tóxica que na forma de

nitrato (NO3), através da utilização defertilizantes de reação ácida e isentosde cloro. Se necessário podem ser acres-centadas doses muito pequenas de ácidonítrico (NHO3) para diminuir o pH.

A adubação azotada deve ser dividida,devendo a primeira aplicação coincidircom a abertura dos gomos florais e a se-gunda com a época de floração (Tabela3). Se feita gradualmente deve ser inter-rompida após o mês de julho para prepa-rar as plantas para o repouso vegetativo.

Tal como o azoto, o fósforo e o potássiodevem ser adicionados duas vezes aoano, consoante o resultado das análises(Tabela 4). Os fertilizantes devem seraplicados em toda a área, preferencial-mente a lanço e incorporados a 20 cmde profundidade do solo. A aplicação

Ano

1 º

9º em diante

2ª Aplicação

5,0

7,5

7,5

10,0

15,0

17,5

22,5

27,5

30,0

Tabela 3 - Necessidades de azoto anuais da planta do mirtilo

Azoto (N) g/planta

1ª Aplicação

5,0

7,5

7,5

10,0

15,0

17,5

22,5

27,5

30,0

Fonte: Serrado F. et al., 2008

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destes nutrientes não deve ser feitadurante a fase de crescimento dasplantas, uma vez que ainda devem estardisponíveis da adubação de fundo.

Os macronutrientes secundários, Cálcio(Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) sãonecessários em menores quantidades ecom pouca regularidade. Os micro-nutrientes Boro (B), Cobre (Cu), Ferro(Fe) e Molibdénio (Mo) são usados emquantidades mínimas só sendo incor-porados quando existe algum sintomade deficiência.

8.6 - Rega

Desde da plantação e ao longo dosprimeiros 4 a 5 anos de cultura, o mirtilotem uma exigência de água regular paraque se desenvolva e frutifique normal-mente. Durante a fase de frutificação anecessidade de água é crítica. Um perío-do seco de 8 a 15 dias pode pôr em causa

o rendimento da plantação, e após acolheita a falta de água pode condicionara produção do ano seguinte.

Durante os períodos de maior calor énecessária uma supervisão das partesterminais dos ramos, sendo que quandoestes começam a murchar é sintoma defalta aguda de água. Pode ser necessárioregar a cultura duas vezes ao dia, deven-do-se ter em conta que esta é uma espé-cie sensível ao excesso de água.

A recomendação geral é que cada plantareceba em média 35 mm de água por se-mana, contudo as necessidades de águadependem do tipo de solo, quantidadede matéria orgânica e da idade da planta.

O sistema de rega mais utilizado é o gota--a-gota, que permite um abastecimentode água diretamente nas raízes, manten-do o arbusto seco, reduzindo os proble-mas de incidências de fungos em condi-ções de humidade. Apesar de duranteos três primeiros anos ser suficiente umalinha de rega, à medida que as plantascrescem é necessário adicionar uma se-gunda linha, de modo a alcançar umamaior área de absorção. O espaçamentodos gotejadores deve ser entre 0,3 a 0,5 mconsoante a textura do solo, de modo apermitir uma distribuição uniforme deágua no solo mantendo-o húmido, masnão encharcado.

Resultado

da Análise

Muito baixo

Baixo

Médio

Alto

Muito alto

Fósforo (P)

kg/ha

90

60

30

0

0

Fonte: DRAP Centro

Potássio (K)

kg/ha

90

60

30

0

0

Tabela 4 - Necessidades de fósforo e potássio anuais da plantado mirtilo

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8.7 - Poda

A poda dos mirtilos consiste na elimi-nação de ramos, de modo a equilibrar aparte aérea da planta, com o desen-volvimento das raízes e a produção defrutos. Quanto maior for a quantidadede ramos, maior será a quantidade defrutos, mas com qualidade inferior.Outro objetivo da poda é a abertura docentro da planta.

Tendo em consideração que a época depoda pode afetar o período de floraçãona primavera seguinte, esta deve serrealizada entre dezembro e fevereiro,durante o período de repouso vegetativoe consoante as condições climatéricasexistentes. A poda numa exploração demirtilos divide-se em duas fases: a podade formação, quando as plantas sãojovens, e a poda de manutenção, cujaintensidade aumenta com a maturaçãoda planta.

A poda de formação tem como principalobjetivo promover o crescimento daplanta. Durante o primeiro ano devepromover-se o crescimento das raízese, entre o segundo e o quinto ano deexploração, deve ser promovido ocrescimento de arbustos saudáveis. Napoda de primeiro ano devem sereliminados ramificações finas e débeissituadas até 30 cm do solo e devem serescolhidos 3 a 4 ramos que assegurema formação de ramos vigorosos. Develimitar-se o número de gomos floraisentre 2 a 30, para que a maior atividadede crescimento se verifique nas raízes.No segundo ano, a poda dos ramos, deveser feita a cerca de 40 a 50 cm de altura,para permitir a formação de pernadasque assegurarão a produção durante osanos seguintes, retirando os ramosbaixos, doentes e partidos. As cultivarescom dificuldade de emissão de varasdevem ser mantidas com ramos deinserção baixa.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

Nas plantações atuais o sistema de regaé composto por duas linhas de tubo gota--a-gota, sendo a fertilização realizada porfertirrigação. Este sistema tem o incon-veniente de potenciar mais o desen-volvimento da Phytophthora.(Eng.º Silvério Quelhas, 2017)

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Na poda de manutenção deve remover--se os ramos fracos, doentes, mortos oumuito baixos nas hastes principais, des-pontar os ramos mais fracos, podar osramos secos e os que se desenvolveramno interior da copa. A partir do sexto anodeve cortar-se entre 1 a 4 dos ramos princi-pais. O corte deve ser feito anualmente

removendo sempre os ramos mais velhose devendo ser executado num ângulo ligei-ramente acima do solo. Uma vez que osramos com mais de cinco anos são menosprodutivos, a não remoção dos ramos maisvelhos ou uma fertilização inadequada,poderá resultar num insuficiente númerode lançamentos a surgir na base da planta.

Poda na plantação do arbusto Poda do arbusto durante 2-5 primeiros anos no campo

Poda do arbusto adulto

Fonte: Serrado F. et al., 2008

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9 - Pragas e Doenças

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9 - Pragas e Doenças

9.1 - Pragas

As principais pragas que afetam o mirtilo são:

Inimigos (Nome vulgar)

afídeos

scutigerela

drosófila de asas manchadas

Nome científico

Pragas

Myzus persicae

Scutigerella immaculata

Drosophila suzukii

Código OEPP (Bayer)

MYZUPE

SCUTIM

DROSSU

9.2 - Doenças

As principais doenças que afetam a cultura do mirtilo são:

Inimigos (Nome vulgar)

podridão radicular

podridão agárica

fusariose

pestalotiopsis

truncatella

cancros

podridão cinzenta

ferrugem

antracnose

oídio

phomopsis

alternaria Sp.

Nome científico

Doenças

Phytophthora cinnamomiPhytophthora citrophthoraPhytophthora nicotinaePhytophthora palmivora

Armillaria melleaArmillaria ostoyaeArmillaria gallica

Fusarium oxysporumFusarium solaniFusarium prolifetarum

Pestalotiopsis sp.

Truncatella angustata

Botryosphaeria dothideaBotryosphaeria corticIs

Botrytis cinerea

Naohidemyces vaccinii

Colletotrichum gloeosporioides

Erysiphe vaccinii

Phomopsis vaccinii

Alternaria tenuissima

Código OEPP (Bayer)

PHYTCNPHYTCOPHYTNNPHYTPL

ARMIMEARMLOBARMLBU

FUSAOXFUSASUFUSAPF

PESPCL

BRMLAC

BOTSDOBOTSDO

BOTRCI

NAOHVA

GLOMCI

MCRSVA

DIAPVA

ALTETE

Sendo a cultura do mirtilo ainda rela-tivamente recente em Portugal, não existeainda um conhecimento extenso sobre aspragas e doenças que a afetam. É poisfundamental o acompanhamento fitos-

sanitário das plantações de modo a iden-tificar atempadamente as incidências eseveridade dos ataques visando uma ade-quada atuação no que se refere aos meiosde luta a aplicar.

Fonte: DeFrancesco & Murray, 2011

Fonte: DeFrancesco & Murray, 2011

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Para cada uma destas pragas e doençastanto o diagnóstico como os trata-mentos deverão ser elaborados por téc-nicos especializados na cultura, dadoque consoante as características climáti-cas e edáficas das explorações, as reco-mendações de tratamento poderão variar.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

Atualmente em Portugal a Phytophthora

será um dos principais problemas nosnovos pomares devido a más drenagens,incorreta orientação de plantação, mápreparação do camalhão, tipo de solo evariedades mais suscetíveis à doença,por vezes já infetadas do viveiro.(Eng.º Silvério Quelhas, 2017)

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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10 - Colheita

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10 - Colheita

O período de colheita varia entre duas acinco semanas dependendo da idade daplantação, sendo que, quanto mais velhafor, maior é a produção e mais prolongadoé o período de colheita. Em média o mirtiloentra em produção comercial ao quartoano após a plantação e atinge o seu augeentre o sétimo e o oitavo ano, com cercade 9 a 10 ton/ha. Atingindo esta produti-vidade, mantém-se estável desde quecorretamente acompanhada e tratada. EmPortugal, a colheita ocorre entre meadosde abril a inícios de setembro, consoantea idade das plantações e as variedades.

A colheita deve ser realizada durante ashoras mais frescas do dia, colocando osfrutos diretamente na embalagem decomercialização, em locais protegidos dosol e refrigerados. Os frutos devem ser co-lhidos com o mesmo grau de maturaçãoe cuidadosamente de modo a preservar apruína.

A colheita deve ser efetuada semanal-mente, no máximo de três a sete dias, deacordo com a variedade e as condições cli-matéricas. No pico de produção a colheitamanual exige cerca de 20 pessoas/ha.

O estado de maturação dos frutos deveter em consideração o período entre acolheita e o consumo, evitando a colheita

de frutos submaduros e sobremaduros.Os frutos sobremaduros não podem serexpedidos para grandes distâncias semque existam perdas elevadas, enquantoque os submaduros não atingem a matu-ração organolética desejada e obtêm fracovalor comercial. As características de matu-ração à data de colheita devem ser o maisperto das apresentadas na Tabela 5.

A colheita deve ser realizada de modo aque não ocorram danos mecânicos nofruto, por choque com embalagens, de-vendo ser evitado o empilhamento exces-sivo de caixas, a utilização de ferramentasou queda de frutos. Não devem ser co-lhidos frutos molhados, devendo ser evi-tada a colheita logo após a ocorrência dechuvas fortes. Frutos sujos ou com podri-dões devem ser eliminados.

Características

Peso (g)

Sólidos solúveis totais (SST)

Acidez titulável (AT) (% ácido cítrico)

Relação SST/AT

Firmeza (libras / Força)

Valor médio

1,0-2,07

13-14

0,4-0,5

36,0-37,0

9,0-19,0

Tabela 5 - Caraterísticas do fruto maduro

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

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Fonte: Gonçalves, 2015

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

As questões relacionadas com a preser-vação ambiental, manutenção da bio-diversidade, sustentabilidade no uso dosrecursos naturais e responsabilidade social,impulsionadas por uma cada vez maiorconsciencialização/exigência por parte dosconsumidores, têm sido os grandes moto-res do crescimento da agricultura biológicae da produção integrada.

Em Portugal, a produção de mirtilo temainda uma fraca expressão, sendo de 1.325hectares a área dedicada ao mirtilo,segundo dados de 2015 do GPP. Segundoo INE e resultado do Recenseamento agrí-cola de 2009, a área de frutos de pequenabaga em Modo de Produção Biológico erainferior a 9 hectares.

No que se refere à Produção Integrada,um dos constrangimentos decorre da járeferida fraca expressão que a cultura ain-da tem no nosso país, pelo que não exis-tem produtos fitofarmacêuticos homolo-gados, existindo sim autorizações, ao abri-go dos usos menores para a utilização dealguns produtos fitofarmacêuticos.

No entanto, sendo notório o crescenteinteresse por parte dos consumidores, emque ao aumento do consumo de mirtilose associa um estilo de vida saudável, a

opção por sistemas de agricultura maissustentáveis, como o Modo de ProduçãoBiológico e Produção Integrada podemser opções cada vez mais interessantes.

Por outro lado, a obtenção de certificaçãoem Modo de Produção Biológico ou Produ-ção Integrada, permite acrescentar valor,uma vez que os mercados do Norte daEuropa são muito sensíveis e exigentes,impondo por vezes a certificação comocondição de entrada dos produtos.

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Mirtilo

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Bibliografia

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Bibliografia

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