ficha mirtilo
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Modelo - 4 DRAPN
PORTUGUS MIRTILO
ESPANHOL ARNDANO
FRANCS MYRTILLE NOME VULGAR
INGLS BLUEBERRY
Famlia: Ericaceae
Gnero: Vaccinium CLASSIFICAO
CIENTIFICA Espcie: Vaccinium corymbosum
MIRTILO
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O MIRTILO
INFORMAO TCNICA PARA O SEU CULTIVO
Nos ltimos anos tem-se assistido a um interesse crescente em produes
agrcolas que constituem inovaes face s produes tradicionais. Este interesse
prende-se com a necessidade de diversificar a oferta, apostando em produtos de
que se espera um bom retorno em termos econmicos.
Destas inovaes o mirtilo , sem dvida, aquele que mais se tem
destacado por se esperarem preos de mercado bastante aliciantes, sobretudo
porque se trata de um produto destinado aos mercados do Norte da Europa que o
valorizam bastante (e que exigem tambm critrios de qualidade bastante altos).
Nesta corrida a este oiro azul tem havido alguma precipitao por parte de
alguns agricultores, muitas vezes influenciados por promessas tentadoras, o que
tem conduzido a desaires de vria ordem.
A realizao desta ficha pretende fornecer algum conhecimento sobre as
necessidades e o comportamento da planta, para que esse entusiasmo inicial no
esbarre, ao fim de pouco tempo, na dificuldade, por falta de conhecimentos e
experincia, em conduzir o pomar com vista obteno daquilo que deve ser o seu
fim: uma boa produo
ORIGEM
O mirtilo um fruto silvestre que consumido desde a Pr-Histria. Em
Portugal a espcie vaccinium myrtillus aparece espontaneamente na Serra do
Gers, em Trs os Montes e na Serra da Estrela. Fazem ainda parte da flora
endmica do nosso pas o V. padifolium, o V. uliginosum e o V. cylindraceum, sendo
o fruto consumido pelas populaes e muitas vezes conhecido por uva do mato ou
uva do monte.
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As plantas que hoje em dia so utilizadas na produo comercial no tm
origem na espcie europeia mas sim na originria da Amrica do Norte, o
Vaccinium corymbosum ou mirtilo grande do norte, que atravs de sucessivas
hibridaes deu origem a mais de 100 variedades desta planta.
VARIEDADES
No melhoramento gentico realizado tentou adaptar-se o cultivo do mirtilo a
diferentes condies, sobretudo climticas, pelo que se obtiveram variedades com
necessidades de horas de frio que variam numa escala que vai das 100 s 1 200
horas. Da que a classificao das variedades comerciais de mirtilo seja feita em
funo do nmero de horas de frio (temperatura igual ou inferior a 7 C)
necessrios durante o perodo de repouso vegetativo dando origem a dois grandes
grupos:
Variedades de Norte necessitam de mais de 800 horas de frio para
ocorrer a diferenciao floral necessria frutificao (variedades normalmente
utilizadas a norte do Mondego):
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Nome Porte poca Produo
Duke cerca de 2 metros maio a junho
Patriot 1,8 metros fim de maio a junho
Draper cerca de 1,6 metros maio a junho
Bluecrop 2 metros junho a incio de julho
Goldtraube 1,8 metros junho e julho
Ozarkblue 2,2 metros fim de junho a julho
Variedades do Sul so adaptadas a zonas com menos de 800 horas
anuais de temperatura abaixo dos 7 C durante o inverno:
Nome Porte poca Produo
ONeal cerca de 1,6 metros maio a junho
Misty 1,8 metros fim de maio a junho
Quando se decide iniciar a plantao de um pomar uma das decises mais
complexas prende-se portanto com a eleio da variedade a adquirir. Esta escolha
deve assentar numa srie de condies, nomeadamente:
O nmero de horas de frio da zona de cultivo;
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A poca de maturao, uma vez que existem cultivares desde muito
precoces a tardias, dependendo do nicho de mercado que se pretende ocupar;
O destino da fruta, que poder ser para consumo em fresco ou para a
indstria. Este pressuposto vai condicionar a escolha do tipo de fruto que se
pretende: de maiores dimenses para o consumo direto ou mais pequenos e de
cultivares mais produtivas para transformao;
Existem ainda outros fatores a ter em conta como por exemplo a resistncia
dos frutos manipulao, a resistncia a pragas e doenas, a adaptabilidade a
colheita mecanizada, etc
De uma forma geral aconselha-se diversificar o nmero de variedades
presentes no pomar, para evitar a concentrao da colheita e alargar o perodo de
oferta de fruta. Por outro lado, apesar de se tratar de uma espcie auto-frtil, sabe-
se que a diversificao de variedades permite a polinizao cruzada originando um
aumento da produtividade e qualidade dos frutos.
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SOLOS
O mirtilo um fruto silvestre que aparece espontaneamente nos matos de
terrenos frteis e com alguma humidade. Em cultivo devemos fornecer condies
prximas das naturais que incluem portanto solos ricos em matria orgnica
(superior a 5%) e com um pH dentro da zona do cido (inferior a 5,5).
Diz-se que esta planta mais sensvel ao excesso de gua do que sua falta
pelo que necessrio um solo com boa drenagem, embora no devamos descurar
as necessidades da planta em gua no perodo de vero, que corresponde fase de
maior desenvolvimento vegetativo.
PLANTAO
Preparao do Solo
O primeiro passo consiste em efetuar uma colheita de solo para anlise, para
averiguar da necessidade de proceder a correo do pH e fornecer em adubao de
fundo os nutrientes que se detetem deficientes. Por exemplo, se o pH do solo for
inferior a 4 convir efetuar uma calagem e, se os nveis de fsforo e potssio se
situarem abaixo das 150 ppm, estes elementos devero ser fornecidos ao solo em
adubao de fundo, antes da plantao.
Quanto matria orgnica, para nveis inferiores a 3% necessrio fornecer
estrume em quantidades de cerca de 30 a 60 t/ha.
As operaes de preparao do solo propriamente ditas devem comear no
fim do vero, incio do outono, com uma subsolagem. Esta operao
especialmente importante em reas de incultos, em que, para alm do
destroamento de matos, necessrio proceder descompactao e arejamento do
solo. De seguida pode ser feita a lavoura para enterrar os fertilizantes, seguida
duma fresagem antes do incio da plantao. Estas operaes de mobilizao
devem ser realizadas com o solo em perodo de sazo que corresponde a um
estado de humidade mais seco do que hmido, de forma a diminuir os riscos de
compactao.
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Plantaco
A plantao dever se efetuada no Outono, uma vez que a actividade
radicular comea muito antes do desenvolvimento da parte area. Assim, aquando
da rebentao, teremos j a planta bem adaptada e em condies de dar origem a
bons gomos.
Depois de preparado o terreno poder ser iniciada a plantao, ou em solo
nivelado, ou armado em camalhes, especialmente se houver uma drenagem
deficiente.
De seguida procede-se marcao e abertura de covas, de cerca de 30 cm,
conforme o compasso pretendido. Na regio so utilizados compassos que vo de 2
a 3 metros na entrelinha por 0,75 a 1 metro entre plantas na linha.
As plantas devem ser adquiridas envasadas, com dois anos, em viveiristas
que ofeream garantias de qualidade, pelo que se aconselha efetuar a encomenda
com um ano de antecedncia. Na altura da plantao, descompactar o torro que
envolve as razes, sem o desfazer, e podar as razes excedentrias.
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A planta, depois de tirada do vaso no deve ser muito enterrada, mas deve-se
ter o cuidado de aconchegar bem a terra em redor do tronco.
Cobertura do solo
A cobertura do solo normalmente restringe-se linha de plantao e tem
como objetivo o controlo de infestantes. No entanto, este sistema trs ainda outras
vantagens como sejam uma maior racionalizao na gesto da gua e a melhoria
da estrutura do solo, especialmente no caso do mulching orgnico.
Na cobertura do solo com tela necessrio efetuar um corte ou ento utilizar
um queimador para abrir o orifcio de plantao. A tela um material que implica
um investimento razovel mas oferece uma boa proteo contra ervas invasoras e
tem uma grande longevidade.
No mulching orgnico utilizam-se materiais orgnicos, normalmente casca de
pinheiro, numa camada com uma espessura de cerca de 20 cm. Este material tem
um tempo de vida til muito inferior tela.
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Na entrelinha dever ser mantido um enrelvamento, natural ou semeado, que
diminui a compactao do solo, combate a eroso nas zonas declivosas e funciona
como adubao verde, uma vez que se devem realizar cortes frequentes a fim de
evitar a competio com a cultura em termos de gua e nutrientes. Depois da
passagem da mquina, capinadeira por exemplo, a erva cortada permanece sobre o
terreno contribuindo assim para aumentar o teor do solo em matria orgnica.
REGAS
A gesto da rega muito importante nesta cultura uma vez que ela sensvel
ao stress hdrico mas no tolera o encharcamento.
A aplicao de gua deve fazer-se de forma a que se mantenham hmidos os
primeiros 30-40 cm do solo que a zona onde se encontram a maior parte das
razes e portanto onde maior a absoro.
Foto: Luis E. C. Antunes
O sistema de rega localizada o sistema mais utilizado, no s porque se
obtm uma melhor eficincia de rega, mas tambm porque permite regar com uma
frequncia elevada e com pequenos caudais, o que se coaduna com as
necessidades hdricas da planta. D ainda a possibilidade da aplicao simultnea
de fertilizantes desde que se disponha do dispositivo de fertirrigao.
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FERTILIZAO
A recomendao de fertilizao deve ser feita sempre com base na analise de
solo e/ou foliar que deve ser realizada regularmente, pelo menos de 3 em 3 anos.
Os resultados laboratoriais vo-nos permitir conhecer o estado do pH do solo e os
nutrientes essenciais como azoto, fsforo, potssio e magnsio.
A planta do mirtilo pouco exigente em termos nutricionais, sendo mesmo
sensvel a altos contedos em sais, e particularmente a determinadas formulaes,
como o caso dos cloretos, da a necessidade de se fazer uma fertilizao racional.
De uma forma geral, para um bom desenvolvimento da planta, e garantia de
uma boa produo, as adubaes azotadas devem ser concentradas na fase de
abertura dos gomos florais e no perodo de plena florao, reforando tambm
nesta ultima fase a adubao em potssio. As aplicaes de fsforo so mais
importantes na fase de ps-colheita.
De qualquer forma, as doses de fertilizantes a aplicar devem ser sempre
baixas e repartidas, da a importncia da utilizao da fertirrigao como forma de
veicular os nutrientes.
PODA
Obter plantas bem formadas, com uma parte area equilibrada com o
desenvolvimento das razes fundamental para ter um pomar saudvel e com bom
rendimento de frutos durante 25 a 30 anos.
O objetivo e intensidade da poda variam conforme a fase da vida da planta
pelo que dividimos em:
Poda de formao
Normalmente as plantas so compradas com dois anos, tendo j sofrido uma
poda, em que foram selecionados os trs/quatro ramos mais vigorosos. Em campo
o agricultor deve limitar-se a eliminar os ramos dbeis situados at 30 cm do solo e
os que cresam para o interior e que iro comprometer o bom arejamento da copa
do arbusto. A poda efectuada sobre os ramos de 40 cm de altura para que deem
origem aos ramos primrios que garantem a produo nos anos seguintes. Esta
poda efetuada quando a planta est em dormncia, entre Novembro e principio
de maro.
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Durante os dois primeiros anos deve ser feita poda em verde com a
eliminao de todas as flores e frutos para permitir um bom desenvolvimento
vegetativo das plantas e, a partir da, efectuar apenas uma monda razovel,
quando de tal houver necessidade, se a florao for muito abundante, para garantir
um bom calibre dos frutos.
Poda de manuteno
Deve continuar a ter-se a preocupao de manter a boa formao da copa,
pelo que convm eliminar os ramos interiores e os muito baixos.
Os ramos mais fracos devem ser despontados, podando-os sobre um bom
lanamento lateral jovem que ir garantir a produo. No esquecer que os gomos
florais, que so os que vo dar origem ao fruto, se concentram na parte terminal do
ramo.
Com o objetivo de garantir uma boa produo convm proceder renovao
anual dos ramos tendo em considerao que a produo ocorre sobre ramos do ano
anterior e que as pernadas com mais de 5 anos perdem o interesse produtivo.
PRODUO E COLHEITA
O mirtilo entra em produo comercial cerca do 4 ano e a produtividade vai
aumentando at a planta atingir o mximo no 8 ano, estabilizando a partir da.
A colheita e ps-colheita do fruto so as operaes mais delicadas na
produo comercial e delas depende em grande parte o sucesso da explorao.
Para colher a totalidade dos frutos de uma planta poder ser necessrio
efetuar 8 passagens, dado que em cada passagem apenas devem ser colhidos os
frutos em timo estado de maturao. A colheita manual, cuidada, controlando o
estado de maturao, o tamanho, a sujidade do bago e o estado sanitrio dos
frutos. Esta operao deve ser efetuada em horas de menor calor (com
temperaturas inferiores a 22 C) e quando os frutos j no estejam molhados.
medida que forem sendo colhidos, os frutos devem ser colocados
directamente nas embalagens de comercializao, para sofrerem o mnimo de
manuseamento possvel dada a sensibilidade das bagas que foram colhidas no
momento exato de maturao.
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Para garantir a manuteno da qualidade da fruta colhida tem que se recorrer
a tecnologia de ps-colheita, como seja o frio, com uma pr-refrigerao que deve
ser efecuada nas primeiras 4 horas aps a colheita. As bagas sujeitas a pr-
refrigerao podem ser consumidas at trs semanas armazenadas em condies
de temperatura prximas dos 0 C e uma humidade relativa de mais de 90%.
Senhora da Hora, Setembro de 2013
Isabel Barrote
(Eng Agrnoma)