mantos de aparecida: religião, política e identidade ... · ... na primeira fase do governo...

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Mantos de Aparecida: religião, política e identidade nacional Fuviane Galdino Moreira INTRODUÇÃO Esta pesquisa despontou-se da curiosidade por sabermos o motivo de as esculturas sacras serem vestidas, e quais seriam os usos e as funções dessas vestimentas, tanto para a Igreja Católica quanto para a sociedade laica, de um modo geral. Historicamente, Trexler (1991, tradução nossa), também nos questiona acerca disso, ao pontuar que a prática de se vestir as imagens esculpidas de forma humana, mesmo as de esculturas pintadas, é ainda um dos assuntos mais negligenciados da história das artes visuais. A escolha neste estudo pela escultura de Nossa Senhora Aparecida se deve, sobretudo, ao caráter histórico-social que ela apresenta como padroeira “mestiça” de um país que, desde a proclamação como república, em 1889, reacendeu o desejo de reestabelecer a construção de uma nação. Albert-Llorca (1994, tradução nossa), admite que ao se celebrar uma santa como padroeira, é a própria identidade da nação, cidade ou região que é exaltada. Pensar na relação da Igreja Católica com o Estado a partir da imagem de Aparecida é adentrar a Virgem Maria num contexto político-religioso, em que a partir de sua vestimenta, portadora das bandeiras do Brasil e do Vaticano, testemunha e legitima a ligação entre essas duas instituições: Igreja e Estado. A inserção de Maria no discurso político de uma sociedade também ocorreu em outros momentos históricos. Como explicita Delfosse (2012 apud FIGUERAS, 1999, tradução nossa), grande parte dos historiadores da arte destacam a integração da iconografia mariana no exercício de legitimação de poderes na Idade Média, reforçando, assim, determinadas autoridades. Aparecida absorve e reflete o poder político no Brasil. Apesar de ter sido encontrada desde 1717, essa escultura foi aclamada como padroeira do Brasil somente a partir do dia 31 de maio de 1931, na cidade do Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil. Vale salientar que isso ocorreu na primeira fase da Era Vargas, no período inaugural do Governo Provisório (1930- 1934), quando se punha em ascensão a Ação Católica Brasileira. Nessa agitada ambiência Doutoranda em Artes Visuais, na área de História e Teoria da Arte, e linha de Pesquisa Imagem e Cultura, do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Mantos de Aparecida: religião, política e identidade nacional

Fuviane Galdino Moreira

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa despontou-se da curiosidade por sabermos o motivo de as esculturas sacras

serem vestidas, e quais seriam os usos e as funções dessas vestimentas, tanto para a Igreja

Católica quanto para a sociedade laica, de um modo geral. Historicamente, Trexler (1991,

tradução nossa), também nos questiona acerca disso, ao pontuar que a prática de se vestir as

imagens esculpidas de forma humana, mesmo as de esculturas pintadas, é ainda um dos

assuntos mais negligenciados da história das artes visuais.

A escolha neste estudo pela escultura de Nossa Senhora Aparecida se deve, sobretudo, ao

caráter histórico-social que ela apresenta como padroeira “mestiça” de um país que, desde a

proclamação como república, em 1889, reacendeu o desejo de reestabelecer a construção de

uma nação. Albert-Llorca (1994, tradução nossa), admite que ao se celebrar uma santa como

padroeira, é a própria identidade da nação, cidade ou região que é exaltada.

Pensar na relação da Igreja Católica com o Estado a partir da imagem de Aparecida é adentrar

a Virgem Maria num contexto político-religioso, em que a partir de sua vestimenta, portadora

das bandeiras do Brasil e do Vaticano, testemunha e legitima a ligação entre essas duas

instituições: Igreja e Estado. A inserção de Maria no discurso político de uma sociedade

também ocorreu em outros momentos históricos. Como explicita Delfosse (2012 apud

FIGUERAS, 1999, tradução nossa), grande parte dos historiadores da arte destacam a

integração da iconografia mariana no exercício de legitimação de poderes na Idade Média,

reforçando, assim, determinadas autoridades.

Aparecida absorve e reflete o poder político no Brasil. Apesar de ter sido encontrada desde

1717, essa escultura foi aclamada como padroeira do Brasil somente a partir do dia 31 de

maio de 1931, na cidade do Rio de Janeiro, que era a capital do Brasil. Vale salientar que isso

ocorreu na primeira fase da Era Vargas, no período inaugural do Governo Provisório (1930-

1934), quando se punha em ascensão a Ação Católica Brasileira. Nessa agitada ambiência

Doutoranda em Artes Visuais, na área de História e Teoria da Arte, e linha de Pesquisa Imagem e Cultura, do

Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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política em que o chefe do País governava provisoriamente por meio de decretos, Maria atua

na cena patriótica desta nação.

Ressaltamos que a aproximação da Igreja católica com o poder secular em tempos de

inquietudes políticas foi algo recorrente em território europeu. Conforme Delfosse (2012,

tradução nossa), na Europa, do pós-Concílio de Trento, a Virgem Maria sustentou o poder dos

príncipes católicos, emprestando-lhes apoio em meio às atribulações ou garantindo a

autoridade dos poderes aos chefes locais. Assim, não é de se surpreender acerca da onda de

consagrações à Maria, que se espalhou de Estado para Estado, no Continente americano.

O “sustento” buscado em Maria também ocorre no Brasil, num laço estabelecido entre Vargas

e o Cardeal D. Sebastião Leme. Diante da busca pela retomada dos seus fiéis por parte da

Igreja Católica, e em face da necessidade de se unificar para melhor governar ou controlar o

Brasil no período pós-revolução de 1930, concordamos com Silva (2012: 2) que, afirma isto:

“[...] o estado precisava manter o espírito cristão, e Getúlio Vargas precisava ser visto como

Pai da nação em uma perspectiva cristã”.

Quando citamos o início do, então, governo de Getúlio Vargas, referimo-nos a uma sociedade

legalmente laica, diante da promulgação da Constituição de 1891, advinda com a proclamação

da República de 1889. Com essa Constituição, sobreveio o fim do sistema de padroado1 e,

com isso, uma potencial e aparente perda da hegemonia da Igreja Católica na esfera política

do país. O fim ilusório dessa quebra de ligação entre Estado e Igreja na República, trouxe

consequências para o catolicismo: instituiu-se o casamento civil, entregaram-se os cemitérios

para as prefeituras, decretou-se o fim do ensino religioso nas escolas públicas, assim como se

determinou o não pagamento do salário do Clero pelo Estado (SILVA, 2012).

Desse modo, investigamos neste trabalho como a figura de Aparecida, por meio do seu

vestuário, aparece como representante de duas instituições que outrora haviam sido

segmentadas. Visto que essa cisão ideológica pode ter contribuído para as mudanças na

ornamentação dos mantos de Aparecida, a Virgem assume na política uma função de

fundamental afirmação do apoio da Igreja ao Estado, e vice-e-versa.

1 “O padroado era um ‘instituto jurídico’ pelo qual o papa concedia aos reis direitos e privilégios sobre a Igreja

(negócios eclesiásticos) e recebia, através de obrigações dos monarcas, recursos e proteção para os seus

trabalhos” (LUSTOSA, 1992, p. 17).

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1 APARECIDA: PADROEIRA DO BRASIL NO GOVERNO DE GETÚLIO VARGAS

O Decreto de constituição de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, como padroeira do

Brasil foi assinado em 16 de julho de 1930, pelo Papa PIO XI, mas a cerimônia oficial de

proclamação de Aparecida como padroeira deste país só vai ocorrer em 31 de maio de 1931.

Quanto à data de celebração da festa dessa padroeira, ocorreu, inicialmente, no dia da

Imaculada Conceição, em 08 de dezembro. Para Giumbelli (2011), essa data era dedicada à

Nossa Senhora da Conceição, a padroeira oficial do Brasil antes da República, por se tratar da

padroeira de Portugal e de seus domínios desde 1646. Frisa-se que Aparecida, por suas

características iconográficas, também corresponde a essa devoção, sendo chamada de Nossa

Senhora da Conceição Aparecida.

A segunda data desse tipo de evento foi o 5º domingo da Páscoa; em seguida, passou a ser 8

de setembro, por ser a data católica da natividade de Maria, “[...] provocando uma associação

com a comemoração da independência política (a ponto de, em 1939, a Igreja deslocar o dia

de Aparecida para o dia 7 de setembro)” (GIUMBELLI, 2011: 42). Foi somente na assembleia

geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1953, que ficou decidido

que a festa seria definitivamente celebrada no dia 12 de outubro desse ano, mesmo dia do

Descobrimento da América, como permanece até os dias atuais.

Assim, o olhar que contempla a imagem de escultura de Nossa Senhora Aparecida, e, mais

precisamente, do seu vestuário, não se resume a apreender somente o que concerne à sua

autoria, datação, técnica e iconografia, sem deixar de reconhecer a importância desses

saberes. Indo para além da imagem que se vê, percebemos uma multiplicidade de movimentos

históricos, antropológicos, e às vezes, psicológicos que se interpõem no decurso entre o visto

e o vivido.

Na história da arte precedente, o retrato era explicado, por exemplo, como gênero das belas

artes, advindo do Renascimento, diante do triunfo do humanismo, do indivíduo e das novas

técnicas miméticas. Warburg, entretanto, cruza marcas de diferentes tempos, quando pontua, a

partir desse tipo de representação, práticas pagãs antigas, formas litúrgicas medievais cristãs,

além dos contextos sociais artísticos e intelectuais do século XV italiano. Em Warburg,

conforme explicita Didi-Huberman (2013: 35):

[...] a imagem – a começar por aqueles retratos de banqueiros florentinos,

que Warburg interrogava com particular fervor – deveria ser considerada,

portanto, numa primeira aproximação, o que sobrevive de uma população de

fantasmas.

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Esses fantasmas corresponderiam a traços que mal são visíveis, mas que estão intrínsecos aos

detalhes da própria imagem, nos reportando para outros tempos, de outras histórias. “Haveria

assim uma dinâmica interna das imagens, um tempo que lhe é próprio” (DI GIOVANNI,

2014: 1), “no detalhe de uma moda do vestuário, uma fivela de cinto, uma circunvolução

particular de um coque feminino” (DIDI-HUBERMAN, 2012: 35).

Diante disso, observando o vestuário de Aparecida, antes, durante e depois do período em que

a escultura foi considerada padroeira, na primeira fase do governo provisório de Getúlio

Vargas (1930-1934), verificamos que o Manto de Aparecida não é o mesmo que conhecemos

hoje, conforme fotografias expostas abaixo, portando as bandeiras do Brasil e do Vaticano.

Por isso, a importância de um breve entendimento desse governo.

Em novembro de 1930, Getúlio Vargas2 tornou-se presidente provisório do Brasil. Ao tomar

posse como governante provisório, em 1930, Vargas iniciará um processo de reunificação da

relação entre Igreja e Estado neste país. Assim, esse presidente contou com o apoio de Dom

Sebastião Leme, que, em 1930, teria aconselhado o Presidente Washington Luís a renunciar

espontaneamente à Presidência da República (VASCONCELOS, 2015). Dessa forma, esse

cardeal conseguiu de Vargas o compromisso de que a Igreja sempre fosse ouvida em assuntos

que envolvessem a fé e a moral. “Dom Leme desponta na liderança do episcopado com o

desafio de fazer emergir a rescristianização no Brasil” (VASCONCELOS, 2015: 297).

2 O primeiro período do governo de Getúlio Vargas se estende de 1930 a 1945. Nascido em 1883, no Rio Grande

do Sul, Vargas se ingressou na carreira militar, mas depois passou a estudar direito. Em 1924 se tornou deputado

federal; e em 1926 passou a ser ministro da Fazenda no governo de Washington Luiz. Em 1928, tornou-se

governador do Rio Grande do Sul. (SKIDMORE, 1992).

Figura 1 – Imagem de Nossa Senhora Aparecida: frente, sem manto.

Figura 2 – Imagem de Nossa Senhora Aparecida: e frente, com o manto.

Fonte: Alves (2005:132).

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É interessante notar que quase 100 anos antes desses acontecimentos, na Constituição

brasileira de 1824, mantinha-se o regime de união entre o Império e a Igreja Católica, o que

conferia ao catolicismo o status de religião do Estado. Os clérigos eram funcionários do Rei

para negócios eclesiásticos (TORRES, 1968).

No entanto, com a passagem para o sistema republicano, deu-se o fim do sistema de

padroado. Houve, então, uma quebra formal da ligação existente entre a Igreja Católica e o

Estado. O governo federal ficou proibido de criar leis, regulamentos ou atos administrativos

sobre religião; deu-se liberdade religiosa aos indivíduos e às igrejas que possuíssem uma

mesma comunhão; e cada igreja passou a ter domínio sobre os seus bens (MARIA, 1981).

Bandeira (2000) afirma que é na Constituição de 1934 que a igreja católica faz reivindicações

diante da ameaça de perda de poder no, então, Estado laico. Solicita-se: o ensino religioso nas

escolas públicas; a não aprovação do divórcio; e o financiamento (pelo Estado) das obras da

Igreja. Algumas dessas solicitações foram atendidas na nova Carta Magna Nacional ou

Constituição de 1937.

Conforme Bandeira (2000), a Constituição de 1937 reconheceu o casamento religioso para

efeitos civis, assim como o voto de religiosos nas eleições civis, dentre outras questões

reivindicadas pela igreja católica em 1934. Ameaçada de perder seus fiéis com a crise da fé

em relação às suas doutrinas a partir da proclamação da República, que inaugurou um período

de laicização, a Igreja Católica agora recuperava formalmente a sua hegemonia religiosa. No

entanto, essa perda ficou mais na aparência do que no que se verificou de fato, como se verá.

Esse período laico será absorvido pelo catolicismo como elemento estimulador de novas

acomodações entre religião e política, mediadas pela sutileza simbólica das vestes de

Aparecida. As fotografias mais antigas dessa escultura nos mostram que a presença das

bandeiras do Brasil e do Vaticano só vai ocorrer após o ano de 1931, quando a imagem é

considerada padroeira brasileira.

Nesse ensejo, coloca-se como símbolo de hibridização étnica uma padroeira “mestiça” (pela

cor escurecida da escultura) numa ambiência de busca pela identidade nacional, acenando

para um cenário favorável diante da aparente perda de fiéis pela igreja católica, nos primeiros

anos da república. Em 31 de maio de 1931, a pedido do Cardeal D. Sebastião Leme, a imagem

de escultura de Nossa Senhora Aparecida foi levada ao Rio de Janeiro, e aclamada Rainha do

Brasil por mais de um milhão de pessoas.

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2 DEVOÇÃO À PARECIDA DIANTE DA AÇÃO CATÓLICA BRASILEIRA

O início do movimento da Ação Católica no Brasil está em consonância com uma nova

ambiência político-social, de rompimento com a antiga metrópole – Portugal. Além disso,

promove uma inserção do leigo nas diretrizes da igreja católica, amenizando a incisiva

hierarquia até então existente. Na citação a seguir, Souza (2006: 48) explica mais atentamente

essa relação:

O papel inicial da Ação Católica Brasileira foi a defesa dos valores e

princípios por parte dos leigos católicos no campo da atuação política.

Tendo o intelectual Alceu Amoroso Lima como principal colaborador leigo

do Cardeal do Rio de Janeiro, D. Sebastião Leme (1882-1942) efetivamente

surge em 1933 a Liga Eleitoral Católica e em 1935 a Ação Católica

Brasileira, tendo com Alceu como primeiro presidente.

Consta no Suplemento... (1940:193) que parte do catolicismo colocava-se, naquele contexto

de Estado laico no Brasil, como uma religião social no ataque, visando a um confronto em

dois planos: religioso e político-econômico. No plano religioso, espreitava o protestantismo e

o espiritismo; no plano político-econômico, punha o comunismo (socialismo) sob suspeita:

No Brasil, a Igreja não sofre perseguições cruentas como em vários países.

Mas quem dirá que ela aqui não tem inimigos? A propaganda protestante e

espírita tem recrudescido. Não faltam sectários que trabalham contra o clero

e a favor do divorcio e até a favor do comunismo. Por isso, os Bispos têm

exortado os fiéis a precaverem-se contra esses inimigos e a sua propaganda

insidiosa, e a oporem a ela a propaganda da Imprensa e Ação Católica.

Nesse ensejo, sabe-se que a Ação Católica Brasileira, aliando-se à ditadura, ocupou um

cenário estratégico durante o Estado Novo. A abertura da participação do laico nas

determinações da igreja culminou com a necessidade de tornar o povo mais próximo de sua

pátria, por meio do estabelecimento de uma padroeira “mestiça” e que, posteriormente teria

em seu manto a presença das bandeiras do Brasil e do Vaticano, como acontece até hoje, em

2017.

Quanto ao movimento supracitado, a igreja católica, em crise diante das recentes forças

republicanas, busca uma aproximação com esses novos poderes, estruturando-se dentro do

modelo de romanização. De todo modo, Alves (2005: 61) assinala que “[...] tais

possibilidades já vinham sendo criadas na Europa desde o final do século XIX” e após a

Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sobretudo na Itália. Para Lustosa (1992: 101):

Toda ação católica pastoral estava à espera de um redimensionamento,

preocupação presente não só na Igreja do Brasil, mas muito viva na Europa,

onde, com o pontificado de Pio XI (1922-1939), se abre capítulo novo para a

comunidade eclesial, mobilizando fiéis com a organização do movimento

sócio-cristão chamado ‘Ação Católica.

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Antes de sua inserção nesse contexto de inquietudes políticas e religiosas, a imagem de

Aparecida nos surge envolta num enredo de perdidos e achados que se pode assim resumir:

essa escultura de terracota foi achada no Rio Paraíba em 1717, por 3 pescadores: Domingos

Alves Garcia, João Alves e Felipe Pedroso (ALVES, 2005); e (PENNA, 2009),e permaneceu

como fora encontrada até 1946.

A imagem de escultura de Aparecida mede 36 cm de altura, sem o pedestal, e tem 2, 550kg,

conforme Brustoloni (1998). Já comprovado por peritos, a Aparecida era originalmente

policromada, com traços de rostidade de etnia branca: rosto e mão de pele branca, com manto

azul escuro e forro vermelho granada, cores oficiais, conforme determinação de Dom João IV,

do ano de 1646, com as quais se deviam ornar as imagens tituladas como Imaculada

Conceição.

Nesse ensejo, não se têm notícias, ainda, sobre a presença de complementos vestimentares

para a escultura antes de 1750. “Manto e Coroa da Imagem já constam de um inventário da

Capela do ano de 1750, documento conservado no Arquivo da Cúria Metropolitana de

Aparecida” (BRUSTOLONI, 1998: 18). Em 4 de janeiro desse ano, foi feito inventário que

enumera diversas alfaias e preciosidades depostas aos pés de Aparecida. Em 25, também

desse mesmo mês e ano, foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora Aparecida, e pouco

tempo depois, começaram as visitas oficiais da Autoridade eclesiástica.

Tem-se em consideração que a própria estrutura da escultura é dotada de vestimenta, mas que

pela inclusão do manto, trata-se, portanto, de uma peça inteira, de terracota, que teve uma

complementação de vestes.

Conforme Böing (2007), em 08 de dezembro de 1868 essa escultura recebeu da princesa

Isabel um manto de veludo azul, com 21 brilhantes que representavam a capital e as 20

províncias do Império. Em 1884, Aparecida recebeu uma coroa de ouro, cravejada de

brilhantes, 24 diamantes maiores e 16 menores.

A escultura de Aparecida com um manto de ornamentações diferenciadas das que existem

atualmente e da que é apresentada na descrição feita por Boing, acerca do manto recebido da

princesa Isabel, segue ilustrada como o que teria sido a primeira foto realizada em 1869, pelos

fotógrafos franceses Robin e Favreau.

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No museu da Basílica de Aparecida, podemos encontrar o manto utilizado na Coroação de

Aparecida, em 1904, conforme mostra a Fotografia a seguir.

Também são apresentadas por Brustoloni (1981), duas fotografias de Aparecida (sem o manto

e com o manto) de 1929, tiradas por André Benotti, como podemos ver nas figuras expostas a

seguir:

Figura 3 – Primeira foto da Imagem, tirada pelos fotógrafos franceses Robin e Favreau, 1869.

Fonte: (BRUSTOLONI, 1981).

Figura 4 – Manto mais antigo, usado da imagem original de Nossa Senhora Aparecida, na

coroação da Imagem, em 1904. Exposto no museu da Basílica.

Fonte: Os mantos... (Acesso em: 17 dez. 2015).

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Sabe-se também que a escultura oficial de Aparecida passou por uma intervenção de

restauração no ano de 1946, realizada pelo Pe. Alfredo Morgado. No segundo restauro, já

realizado em 1950 pelo Pe. Humberto Pieroni, da Comunidade Redentorista de Aparecida,

temos sinais da presença de um manto, tendo em vista o relato de que a cabeça da escultura se

desprendera na troca do manto, em 7 de setembro daquele ano (BRUSTOLONI,1998).

Numa terceira restauração de Aparecida, em 1978, foi apresentado um relatório ao Arcebispo

de Aparecida, que afirmava que pela cor e qualidade do barro empregado, sendo de terracota,

a escultura teria sido feita por artista seguramente paulista. Assim, alguns estudiosos a

atribuem a Frei Agostinho de Jesus, discípulo do santeiro e monge beneditino, Frei Agostinho

da Piedade, provavelmente esculpida na primeira metade do século XVII.

O Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto mais os peritos Maria Bardi, Dr. João Marino e a

restauradora Maria Helena Chartuni (BRUSTOLONI, 1998) concluem, por vestígios de

policromia encontrados na imagem, que ela adquiriu a cor que hoje conserva (castanho

brilhante), por ter ficado muitos anos submersa no lodo das águas, e, posteriormente, por ter

sido exposta ao lume e à fumaça dos candeeiros, das velas e tochas, ainda quando se

encontrava localizada em oratório particular dos pescadores e na capelinha de Itaguaçu, onde

teria ficado durante os 28 anos, antes de ser exposta à veneração pública.

Acerca disso, suscitamos a reflexão se já neste período a escultura portava algum tipo de

manto.

Figura 5 – Imagem de Aparecida, sem manto.

Figura 6 – Imagem de Aparecida, com manto.

Fonte: Brustoloni (1981).

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3 VIRGEM “MESTIÇA” E A IDENTIDADE NACIONAL

De acordo com Ortiz (2006), o conceito de nação se refere a uma maneira de organização da

sociedade que associa grupos de características variadas dentro de um mesmo território

geográfico, a fim de formar uma unidade moral, mental e intelectual. Para Anderson (2008:

32), o conceito de nação está mais vinculado a algo ficcional “[...] uma comunidade política

imaginada”. Como reconhece esse último autor, as mudanças ocorridas nas religiões

confeririam aos nacionalismos certas soluções seculares para a sua consolidação e

continuidade que, antes nas cidades antigas, eram reivindicadas pelas crenças religiosas

pagãs, panteístas, maniqueístas ou monoteístas, como as investigou Coulanges (2006).

O Brasil surge sob a égide católica de seus colonizadores, mas não sem conflitos. É bom

lembrar que em 1759, uma série de cheques de interesses entre a nobreza de Portugal, seus

colonos e os religiosos católicos, levou o Marquês de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil.

E já no final do século XIX, prolongando-se para os primeiros anos do século XX, após a

proclamação da Republica, o Brasil passa por um processo de laicidade formal. No entanto,

adota a Aparecida como padroeira do Brasil em 1931. A consolidação do país católico, no

século XX se dá em uma nova ditadura civil-militar imposta a partir de 1964. Assim, em 1965

se inicia uma peregrinação da imagem pelas capitais dos Estados, começando por Belo

Horizonte (MG). Em 1967, celebrou-se o jubileu dos 250 anos do encontro da imagem

(BRUSTOLONI, 1998).

Quanto à fotografia a seguir, corresponde a 1972, em plena ditadura, referente à peregrinação

de Aparecida para a Catedral da Sé (SP), durante o Ano Marial. Podemos observar que as

bandeiras do Brasil e do Vaticano ainda não fazem parte da ornamentação do vestuário dessa

escultura nesse período.

Acerca disso, é importante frisar que como não há ainda documentos escritos sobre quando as

bandeiras começaram a vestir a padroeira do Brasil, este estudo também é feito a partir da

observação das fotografias dessa imaginária.

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No que concerne à presença de bandeiras nas vestimentas das esculturas sacras, de um modo

geral, Trexler (1991) nos diz que em tempos passados esse ornamento poderia ser encontrado

facilmente nas imagens de Nossa Senhora durante o período medieval. A Virgem podia ser

representada como uma espécie de mensageira oficial do Medievo, tal como os servos,

igualmente revestidos com os brasões de seus senhores. Essas bandeiras teriam

frequentemente pertencido ao inimigo capturado no campo de batalha. Seria uma forma de

humilhar os grupos vencidos, afetando seu machismo, ao vestir uma “mulher” com a sua

bandeira.

Pensando-se sobre essa relação de poder que é conferida à imagem, a partir do manto e da

Coroa, citamos Alves (2005), que destaca que a coroa, no discurso eclesiástico, sugeriria que

a Igreja aprova o culto de veneração à Imagem e reconhece os milagres que ela realizou.

Ainda diz que desde a Idade Média a Coroa é símbolo de poder. Para Freedberg (1992, p.

118) “[...] as pessoas enfeitam, lavam ou coroam imagens porque todos esses atos são

sintomas de uma relação entre imagem e espectador baseada na atribuição de poderes que

transcendem o aspecto puramente material do objeto”.

Dentro do discurso que aqui propomos, as bandeiras nacionais e pontificiais, respectivamente

presentes na vestimenta em questão, constroem uma evidente união do conceito de nação por

meio da re-ligação entre o Estado e a Igreja Católica.

O próprio manto que cobre a Virgem Maria nos remonta ao início do Cristianismo. Já na

Idade Média, o manto compunha o vestuário das pessoas. Conforme Eneida Bonfim (2002:

25):

Figura 7 – Imagem de N. Sra. Aparecida na Catedral da Sé-SP- 1972.

Fonte: Santuário Nacional. Acervo do Centro de Documentação e Memória “Pe. Antão Jorge –

CSrR”.

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A sobreveste mais comum e que nunca saiu de moda desde a Idade Média foi

a capa, usada por todas as classes sociais. Era análoga ao manto, essa uma

peça especial na indumentária medieval, usado em ocasiões solenes, restrito

aos nobres e grandes senhores de ambos os sexos.

Logicamente, pensando na necessidade de identificação do fiel com a sua devoção religiosa,

assim como na ascensão do poder devocional católico-cristão diante do poder das grandes

monarquias, essa vestimenta se alarga a proporções coletivas que incluem a Virgem Maria e

os Santos. De um modo geral, ressaltamos que essa veste também tinha a função de abrigo e

de proteção da pessoa que a vestia. Na Imaginária sacra, pode obter uma função para além de

solene e sacerdotal.

Admitimos que a ligação do homem com uma imagem na qual ele busque uma identificação

devocional, considerando-a mediadora entre si e o divinal, torna-se, identitária. Nessa relação,

o devoto, ora manifesta, ora oculta toda sorte de vícios inconfessáveis, que permeiam a pátria,

a família, religião, os desejos e preconceitos.

Na acomodação desses elementos, em suas contradições e resoluções, a fé e o patriotismo

sedimentam uma nação, silenciando umas vozes em detrimento de outras. E a figura feminina,

ainda que alumiada pela aura sacra, tem potência para suscitar e serenar esses sentimentos. É

interessante pontuar, de acordo com Bomfim (2002: 40), que as poucas referências à Virgem

Maria no texto Vicentino, mostram-na adornada, “‘como mui fermosa aparência’, ‘vestida

como Rainha’”.

Também concordamos com essa autora quando nos diz que “Assim como se viu com

referência à Virgem Maria, a necessidade de parecer bem pelo enfeite existe, o que muda é o

plano em que este se insere”, seja espiritual, seja material (BONFIM, 2002: 42-43).

Desse modo, as identidades podem ser comunicadas pelo vestuário, seguindo padrões

estéticos do vestir. Logo, tipos de tecidos e propriedades da veste que comunicam a

identidade podem ser alterados a partir de transformações econômicas, estéticas, e como

ressaltamos aqui, políticas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa sobre os mantos da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a partir de suas

características ornamentais e simbólicas, relacionadas aos discursos religiosos, políticos e

sociais, enuncia um campo brasileiro e latino-americano que nos conecta com a relevância das

vestimentas das imagens cristãs, a fim de compreendermos a função que desempenham, no

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caso, a identitária, diante da Ação Católica e do Governo nacionalista de Getúlio Vargas. O

manto de Aparecida acarreta uma simbologia de identificação espacial no âmbito popular.

Essa discussão nos permite entender a contribuição das imagens sacras, neste trabalho, mais

precisamente, de suas vestimentas, para se pensar no mundo e nos seus modos de organização

social. Assim, refletimos os modos de funcionamento das imagens. O vestuário como símbolo

de poder da Igreja e do Estado medeia essa articulação religiosa, política e social, aplainando

conflitos e acomodando as contradições nessa busca pelo estabelecimento de uma nação.

Na década de 1930, na primeira fase da Era Vargas, a Igreja restabeleceu o catolicismo

brasileiro que se via formalmente enfraquecido pela, então, proclamada configuração de uma

sociedade laica. Como ícones mediadores, os emblemas que se inscrevem no manto de Nossa

Senhora Aparecida, supomos, constituíram elementos mediadores entre dois pólos: de um

lado, o sentimento patriótico laico e popular, proposto pelo Estado naquele período histórico;

de outro lado, a busca da bem-aventurança celestial, propugnada pela Igreja Católica no

Brasil, em face das inquietudes políticas e sociais daquele momento histórico.

O fato de se atribuir o status de “mestiça” à Imagem de Nossa Senhora Aparecida, assim

como as transformações do vestuário dessa padroeira brasileira certamente ainda tem muito a

revelar em nossas pesquisas.

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