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619 MANEJO DE INSETOS E OUTROS FITÓFAGOS

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MANEJO DE INSETOS E OUTROSFITÓFAGOS

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FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE ADULTOS DA LAGARTA-BOIADEIRA, Nymphula spp. (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE), EM

ARROZ IRRIGADO Eduardo Rodrigues Hickel1

Palavras-chave: ecologia, dinâmica populacional, manejo de pragas, Oryza sativa.

INTRODUÇÃO A lagarta-boiadeira é praga frequente do arroz irrigado no Brasil, principalmente em

sistema de cultivo pré-germinado. Duas espécies ocorrem nas lavouras, sendo que Nymphula depunctalis (Guenée 1854) parece prevalecer sobre Nymphula indomitalis (Berg 1876), embora no campo seja difícil a diferenciação visual entre as espécies.

Os adultos da lagarta-boiadeira são pequenas mariposas de 15mm de envergadura e cor predominante branca. Quando molestadas, apresentam um vôo lento por entre as plantas e em curtas distâncias, pousando normalmente com as asas abertas numa folha. Embora voem durante o dia, as mariposas são de hábito noturno, período em que se alimentam e reproduzem (PATHAK, 1977; LITSINGER et al., 1994). As lagartas estão adaptadas à vida aquática e vivem em águas paradas, respirando mediante brânquias traqueais filamentosas. Não ocorrem livres sobre as folhas, mas sempre encerradas num cartucho confeccionado com a própria folha do arroz e com o qual sobem nas plantas para se alimentar das folhas. Assim, é no estágio larval que o inseto é prejudicial à produção do cereal (HEINRICHS, 1994; PRANDO, 2002).

O ciclo de vida de N. depunctalis completa-se em cerca de 33 dias, sendo o período larval em torno de 22 dias e o pupal de sete dias. A incubação dos ovos completa-se em quatro dias. A longevidade de adultos é curta, de 2 a 3 dias apenas, podendo as fêmeas serem mais longevas (LITSINGER et al., 1994).

Não há registro, no Brasil, da flutuação populacional de adultos de Nymphula spp. no período de cultivo do arroz; o que dificulta o desenvolvimento e a adoção de novas estratégias para o manejo da praga (WAY, 2003), como também a racionalização da aplicação de inseticidas na água de irrigação (HEINRICHS & BARRION, 2004).

As mariposas da lagarta-boiadeira apresentam fototropismo positivo, o que viabiliza o emprego de armadilhas luminosas para os estudos de flutuação populacional. Assim, objetivou-se monitorar a atividade de vôo dos adultos de Nymphula spp. com armadilhas luminosas, para conhecer a flutuação populacional e determinar as épocas de maior ocorrência nas lavouras.

MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido por três anos consecutivos, na Estação Experimental da

Epagri em Itajaí, SC, numa quadra de arroz irrigado, de 0,15 ha (quadra C1), situada na margem oeste da principal área experimental da Estação. Esta quadra limita-se ao norte, sul e leste com outras quadras de arroz e a oeste com o leito seco original do Rio Itajaí Mirim. O sistema de cultivo adotado foi o pré-germinado. As semeaduras ocorreram em 19/09/2008, 23/09/2009 e em 27/08/2010 e não foram utilizados inseticidas nesta quadra. Nas duas safras iniciais utilizou-se a cultivar SCS114 Andosan e na última a linhagem SC446.

Três armadilhas luminosas, modelo “Luiz de Queiroz” com luz negra (T10 20W BLB), foram instaladas em tripés de madeira, sendo duas posicionadas na quadra de arroz e uma fora, numa pequena elevação, a cerca de 10m da borda da quadra. As armadilhas na quadra foram posicionadas ao lado da taipa, uma a meia distância do maior comprimento da 1 Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970, Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5224, e-mail: [email protected].

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quadra (taipa centro) e a outra no canto nordeste. Para limitar a entrada de insetos maiores, uma tela de náilon (5,0 x 2,5mm de malha) foi colocada circundando as aletas das armadilhas. Na safra 2010/11, a armadilha fora da quadra foi posicionada na taipa da quadra F8, distante 350m à nordeste da quadra C1.

A partir de 30/07/2008 até 31/04/2011, as armadilhas foram ligadas das 16:00 às 9:00h uma vez por semana e quinzenalmente de maio a agosto. Os insetos atraídos foram aprisionados em sacos plásticos de 10L, fixados no funil coletor da armadilha, de onde posteriormente efetuou-se a triagem e contagem dos adultos de Nymphula spp. Com o registro das contagens estabeleceu-se a flutuação populacional, bem como os eventuais períodos de maior ocorrência de adultos no campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A flutuação populacional de adultos da lagarta-boiadeira é apresentada na Figura 1.

De maneira geral, para as três safras acompanhadas, o crescimento populacional passou a ser contínuo a partir do segundo decêndio de setembro, decaindo somente entre fevereiro e março. Nos meses de maior temperatura, entre de dezembro e fevereiro ocorreram as maiores populações de mariposas. A maior coleta absoluta, numa única armadilha, foi de 674 mariposas, em 28 de janeiro de 2008, na posição “canto nordeste”. Apesar de ter havido lacunas nas séries temporais, é possível supor que a sequência de eventos nestas lacunas tenha sido similar àquela observada nas outras safras. As coletas fora da quadra tiveram o mesmo padrão das coletas na quadra de arroz (Figura 1), evidenciando a ampla capacidade de dispersão dos indivíduos, conforme relatam Heinrichs & Barrion (2004).

O período de maior ocorrência de adultos da lagarta-boiadeira nas lavouras resulta de populações larvais que se desenvolveram nos meses de novembro e dezembro, quando, de maneira geral, as plantas de arroz estavam no estágio que melhor supre as necessidades nutricionais das lagartas (LITSINGER et al., 1994). Isto possibilitou uma alta viabilidade de indivíduos e consequentemente altas populações. Desse modo, as lavouras semeadas tardiamente, após 15 de novembro para Santa Catarina, estarão sujeitas à maior pressão de infestação por lagarta-boiadeira.

Heinrichs & Barrion (2004) reportam comportamento populacional similar para N. depunctalis na Costa do Marfin (África), porém com as maiores populações ocorrendo entre outubro e novembro. Estas populações maiores, ocorrendo mais cedo, estão relacionadas com o período de cultivo do arroz na África Ocidental.

Embora a população de mariposas decresça com a chegada do frio hibernal, ela não desaparece por completo, como ocorre com a bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae (Costa Lima), outra praga do arroz irrigado (HICKEL, 2009). Uma pequena população permanece ativa e indivíduos são capturados mesmo na entressafra do arroz. Isto, a exemplo do que ocorre nas Filipinas (Asia) (PATHAK, 1977), talvez denote a falta de diapausa como estratégia de sobrevivência ao inverno, contudo estudos específicos para confirmar esta hipótese ainda são necessários.

A gama de hospedeiros alternativos, reportados para N. depunctalis e N. indomitalis (PATHAK, 1977; HEINRICHS & BARRION, 2004), pode ser um fator contributivo para a suposta ausência de diapausa nestas espécies. Desta forma, a falta sazonal de plantas de arroz não seria impeditiva para a sucessão de gerações destes insetos.

Outro forte indicativo para a ausência de diapausa é a flutuação populacional com incremento inicial contínuo e posterior decaimento contínuo de indivíduos e que, normalmente, resultam da sobreposição de gerações do inseto (KNELL, 1998). A princípio, esta característica na flutuação populacional seria incompatível com a baixa longevidade dos adultos da lagarta-boiadeira, reportada por Pathak (1977) e Litsinger et al. (1994), portanto, é possível que em condições naturais a longevidade dos indivíduos seja maior do que aquela observada em laboratório.

Segundo Hickel et al. (2007), as flutuações populacionais em que há acúmulo contínuo de indivíduos na população são as mais adequadas para o estabelecimento de

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níveis populacionais para a tomada de decisão de controle, pois torna-se razoavelmente previsível o alcance destes níveis. Assim, para a lagarta-boiadeira, será possível estabelecer, em estudos futuros, os níveis de ação e de dano econômico para o manejo da praga em arroz irrigado.

CONCLUSÃO A flutuação populacional de adultos da lagarta-boiadeira caracteriza-se pelo

incremento inicial contínuo e posterior decaimento contínuo de indivíduos ao longo do tempo.

Adultos da lagarta-boiadeira ocorrem com maior intensidade nas lavouras de arroz irrigado, em sistema pré-germinado, entre os meses de dezembro e fevereiro.

AGRADECIMENTOS À Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa

Catarina - Fapesc, pelo suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HEINRICHS, E.A. (ed). Biology and management of rice insects. New Delhi: Wiley Eastern, 1994. 779p. HEINRICHS, E.A.; BARRION, A.T. Rice-feeding insects and selected natural enemies in West Africa. Biology, ecology, identification. Los Baños: IRRI - WARDA, 2004. 242p. HICKEL, E.R. Flutuação populacional de adultos da bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae), em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6., 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009. HICKEL, E.R.; HICKEL, G.R.; VILELA, E.F.; et al. Por que as populações flutuam erraticamente? Tantos e tão poucos... E suas implicações no manejo integrado de pragas. Revista de Ciências Agroveterinárias, v.6, n.2, p.149-161, 2007. KNELL, R.J. Generation cycles. Trends in Ecology and Evolution, v.15, p.186-190, 1998. LITSINGER, J.A.; BANDONG, J.P.; CHANTARAPRAPHA, N. Mass rearing, larval behaviour and effects of plant age on the rice caseworm, Nymphula depunctalis (Guenée) Lepidoptera: Pyralidae. Crop Protection, v.13, p.494-502, 1994. PATHAK, M.D. Insect pests of rice. Los Baños: IRRI, 1977. 68p. PRANDO, H.F. Manejo de pragas em arroz irrigado. In: EPAGRI. A cultura do arroz irrigado pré-germinado. Florianópolis, 2002. 273p. WAY, M.O. Rice arthropod pests and their management in the United States. In: SMITH, C.W.; DILDAY, R.H. (ed.). Rice. Origin, history, technology, and production. Hoboken: John Wiley & Sons, 2003. p.437:456.

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Figura 1. Flutuação populacional de adultos de Nymphula spp. em Itajaí, SC (escala logarítmica). Safras 2008/09 a 2010/11..

20/08 17/09 15/10 12/11 10/12 07/01 04/02 04/03 01/04 29/04 27/050,1

1

10

100

1000

0

Safra 2010/11

Inse

tos

(no )

Tempo (dia)

20/08 17/09 15/10 12/11 10/12 07/01 04/02 04/03 01/04 29/04 27/050,1

1

10

100

1000

0

Safra 2009/10

Inse

tos

(no )

20/08 17/09 15/10 12/11 10/12 07/01 04/02 04/03 01/04 29/04 27/050,1

1

10

100

1000

0

Safra 2008/09

- Taipa centro - Canto nordeste - Fora da quadra

Inse

tos

(n0 )

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EFEITO DO MANEJO DO SOLO EM PÓS-COLHEITA SOBRE A POPULAÇÃO DO PERCEVEJO-DO-COLMO Tibraca limbativentris

Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) EM ARROZ IRRIGADO

PAZINI, Juliano de Bastos¹; BOTTA, Robson Antônio²; SILVA, Fernando Felisberto da³.

Palavras-chave: Percevejo-do-colmo do arroz, resteva do arroz irrigado, controle mecânico

INTRODUÇÃO

O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae), é considerado uma das principais pragas da cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil, em especial, na Fronteira Oeste do estado do Rio Grande do Sul. Este inseto ocorre nas fases vegetativa e reprodutiva da cultura, provocando os sintomas conhecidos por “coração morto” e “panícula-branca”, respectivamente. Visto que o inseto ataca preferencialmente plantas situadas em pontos da lavoura não irrigados, a Fronteira Oeste apresenta maior incidência desta praga, pois a maioria de suas lavouras são implantadas em áreas inclinadas, o que exige maior proximidade entre as taipas, resultando, assim, numa maior população de plantas favoráveis ao inseto (ARROZ IRRIGADO, 2010).

Em períodos pós-colheita os adultos do percevejo-do-colmo permanecem inicialmente na resteva do arroz, porém, quando esta seca, dispersam-se a procura de refúgios próximos a lavoura, a fim de passar o período de entressafra (outono/inverno) em hibernação. Estratégias de manejo pós-colheita estão sendo adotados nas diferentes regiões orizícolas, como por exemplo, a eliminação de restos culturais, que apresenta resultados satisfatórios na redução da infestação remanescente em áreas anteriormente infestadas pelo percevejo-do-colmo.

Na Fronteira Oeste o preparo de verão ou preparo antecipado da área logo após a colheita é observado em várias áreas produtoras. Como vantagens são citadas pelos orizicultores a maior agilidade no momento da semeadura, respeitando a época recomendada, e a boa estruturação das taipas em função das chuvas de outono e inverno. Porém, esta técnica, quando realizada através de implementos que revolvem o solo e a palha e dependendo da sua intensidade poderia também ser considerada como uma forma de controle mecânico/cultural da forma pré-hibernante do percevejo do colmo dentro da lavoura. Dessa forma, o presente experimento objetiva verificar como diferentes formas de manejo de resíduos culturais (resteva) da cultura do arroz irrigado influenciam na redução populacional pré-hibernante do percevejo-do-colmo.

MATERIAL E MÉTODOS O presente experimento foi realizado em uma lavoura comercial de arroz irrigado no município de Itaqui-RS, com 7,84 ha, cultivada com a variedade IRGA 417, no ano agrícola de 2010/11.

Os tratamentos, em número de quatro e dispostos em delineamento blocos ao acaso com quatro repetições foram compostos por uma passada de grade aradora; duas passadas de grade aradora; duas passadas de grade aradora mais uma passada de grade niveladora; e um tratamento controle (testemunha) em uma área livre de manejo. Cada parcela abrangeu uma área de 1300 m².  

1 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, Rua Luiz Joaquim de Sá Britto, s/n, Bairro Promorar, CEP: 97650-000, e-mail: [email protected]. 2 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, e-mail: [email protected]. 3 Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, e-mail: [email protected].

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Os pontos amostrais foram determinados de acordo com uma grade regular pré-estabelecida (grid), com auxílio de um GPS que registrava a localização dos pontos, num total de 21 amostras eqüidistantes (10 m) em cada repetição, totalizando 84 amostras por tratamento. Em cada ponto era lançado um quadro de 0,5 x 0,5 m que auxiliava na obtenção das amostras. As plantas inseridas no quadro eram examinadas visualmente para verificar o número de ninfas e adultos do percevejo-do-colmo. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) para verificação da significância entre os tratamentos pelo teste F e a comparação entre as suas médias foi realizada pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro, através do software estatístico Assistat (SILVA & AZEVEDO, 2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos através dos diferentes manejos aplicados

sobre resteva de arroz comumente utilizado na região, foi possível observar que o controle de adultos e ninfas do percevejo-do-colmo no tratamento com duas passadas de grade aradora mais uma passada de grade niveladora mostrou-se muito eficiente, quer para o controle de adultos quer para o controle de adultos+ninfas, que os dois primeiros tratamentos, testemunha e uma passada de grade aradora, respectivamente.

No entanto, não houve diferença significativa quando comparado ao tratamento que consistia em duas passadas de grade aradora (Tabela 1). Este manejo, envolvendo duas passadas com grade aradora sobre a resteva, parece ser o indicado para a redução populacional desta praga, quando analisado sua fase adulta e em conjunto com a fase jovem, pois além da redução populacional da praga, que segundo Link et al (1998) é um fator fundamental na subtração da infestação subseqüente, confere uma redução nos custos, simplesmente pelo fato de eliminar o uso da grade niveladora.

Entretanto, quando se aplica a análise estatística separadamente para a fase jovem do inseto, isto é, para as ninfas, o manejo recomendado é o que consiste em duas passadas com grade aradora mais uma de grade niveladora (Tabela 1). Isso pode ser explicado pelo fato de que a segunda grade aradora não seja eficiente para um completo destorroamento do solo, sendo possível que as ninfas, devido ao seu tamanho reduzido, utilizam-se de espaços entre os torrões para refúgio, tornando-se necessário no manejo o incremento de uma grade niveladora para otimizar a redução populacional das ninfas de percevejo-do-colmo.

Tabela 1: Número médio de adultos e ninfas de percevejo-do-colmo submetido a diferentes sistemas de manejo na resteva do arroz irrigado, UFP, Itaqui, RS, 2011.

Tratamentos Adultos Ninfas Adultos + ninfas

Testemunha 1,32 a* 0,37 a 1,69 a

Uma passada de grade aradora 0,67 b 0,45 a 1,13 ab

Duas passadas de grade aradora 0,10 c 0,48 a 0,59 bc

Duas passadas de grade aradora + uma passada de grade niveladora 0,03 c 0,02 b 0,05 c

CV (%) 64,71 47,13 44,21

Teste F** 12.1151 7.4464 13.5668 * Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade (p < 0,05). ** Valores significativos ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01).

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CONCLUSÃO O manejo da resteva do arroz irrigado, realizado no mínimo com duas passadas

com grade aradora sobre a resteva, é importante na redução da população pré-hibernante do percevejo-do-colmo, pois os níveis de infestação em safras futuras poderão ser diminuídos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARROZ IRRIGADO: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado; XXVIII Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado. Bento Gonçalves: SOSBAI, 2010. 188 p.

LINK, D. Controle de Tibraca limbativentris, pós-colheita em arroz irrigado. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 6, Goiânia, 1998. Anais... Goiânia: EMBRAPA-ARROZ E FEIJÃO, 1998. p. 347-349.

SILVA, F. de A. S. e; AZEVEDO, C. A. V. de. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.1, p71-78, 2002.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

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EFICIÊNCIA DE CONTROLE DO INSETICIDA ALTACOR 350 WG EM DOIS HORÁRIOS DE PULVERIZAÇÃO SOBRE A LAGARTA-DA-

PANÍCULA PSEUDALETIA SP. EM ARROZ IRRIGADO

Thais Fernanda Stella de Freitas1, Jaime Vargas de Oliveira2, Melissa Terra3 Palavras-chave: Pseudaletia sp.; Oryza sativa; eficiência de controle

INTRODUÇÃO Vários insetos-praga da lavoura de arroz têm o hábito de passar algum período

do dia nas partes mais baixas do dossel, seja pela preferência alimentar ou por algum fator ambiental. No caso das lagartas, a grande maioria das espécies evita a exposição à radiação solar, subindo para atacar as folhas a partir do final da tarde ou em dias nublados. Para as espécies Pseudaletia spp., na cultura do arroz irrigado, este hábito é particularmente importante, pois não consomem a lâmina foliar como as demais espécies de lagartas, apenas cortam pedaços das ráquis das panículas, derrubando os grãos e impossibilitando a sua colheita. Estas mesmas espécies comportam-se de modo diferente em outras culturas; em trigo, aveia e em algumas pastagens como o azevém, as lagartas Pseudaletia spp. são predominantemente desfolhadoras. MUNDSTOK (1999) e GASSEN (1984) citam que estas lagartas esporadicamente consomem aristas e as espigas do trigo.

Esta particularidade de comportamento na cultura do arroz irrigado possivelmente influencia a eficiência dos produtos utilizados para controle, pois atacam as lavouras predominantemente na fase de maturação dos grãos, quando as folhas estão extremamente lignificadas e muito pouco palatáveis. Assim, o consumo foliar é mínimo, o torna improvável o controle pela ação sistêmica de inseticidas.

Pulverizações devem ser feias preferencialmente no final da tarde ou no início da manhã, quando as condições climáticas normalmente são mais favoráveis. No caso específico da lagarta-da-panícula em arroz irrigado, o hábito de passar a maior parte do dia protegida nas partes baixas do dossel pode dificultar o contato com as moléculas de inseticida, como um efeito “guarda-chuva”. Este fator, aliado ao mínimo consumo foliar, que diminui a eficiência pela de ação sistêmica de inseticidas, pode ser uma razão para ineficiência de muitas pulverizações realizadas pelos produtores.

Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do horário da pulverização para controle da lagarta-da-panícula em arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em uma lavoura comercial no município de Mostardas -

RS, com infestação natural de lagarta-da-panícula. A cultivar utilizada foi IRGA 422 CL. A pulverização foi feita com um avião de uma empresa de aviação agrícola local, com volume de calda de 30 L ha-1, no dia 16 de abril de 2010. O inseticida utilizado na avaliação foi o Altacor 350 WG (chlorantraniliprole), na dose de 50 g p.c. ha-1. Foram realizados três tratamentos, sendo uma testemunha e dois horários de pulverização, 06:00 h e 18:00 h. O delineamento experimental foi completamente casualizado, com 4 repetições. A área de cada parcela foi de 100 m2, dentro das quais foram avaliados 4 pontos de 4m2 As avaliações foram realizadas 24 e 48 horas após as pulverizações. A eficiência de controle

                                                                                                                         1  Eng.  Agr.,  M.Sc.,  IRGA,  Estação  Experimental  do  Arroz,  Av.  Bonifácio  Carvalho  Bernardes,  1494,  Cachoeirinha,  RS.  CEP  94930-­‐030.  thais-­‐[email protected]  2  Eng.  Agr.,  M.Sc.,  IRGA  jaime-­‐[email protected]  3  Eng.  Agr.,  IRGA  [email protected]  

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foi calculada pela fórmula de Abbott, e os resultados foram submetidos a análise de variância e ao teste de Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira avaliação, 24 horas após a realização de cada pulverização, média

do tratamento realizado às 18:00 h foi de 86% de eficiência, superior ao tratamento realizado as 6:00 h, que teve eficiência de 58% conforme Tabela 1. Na avaliação seguinte, 48 horas após a as pulverizações, a eficiência do tratamento realizado às 18:00 h foi de 96 %, também superior a do tratamento realizado as 6:00 h, que foi de 71,5 %.

Tabela 1 - Eficiência (%) do inseticida Altacor 350 WG no controle de lagarta-da-panícula em dois horários de pulverização. Mostardas, RS, 2010.

Horário de pulverização

Lag .vivas Eficiência (%) Lag .vivas Eficiência (%)

24 h 48 h

Testemunha 21 - 21 -

06:00 h 9 57 b 6 72 b

18:00 h 3 86 a 1 96 a

A maior eficiência de controle da pulverização realizada as 18:00h é

possivelmente devida ao maior contato do inseto com o inseticida, uma vez que, neste horário, as lagartas estão migrando para a parte superior do dossel para iniciar o ataque às panículas.

Para as demais culturas em que a espécie é de importância econômica, como trigo, não são feitas alusões sobre controle noturno nas recomendações técnicas. Entretanto, vale ressaltar que o hábito alimentar em arroz irrigado é diferenciado, o que demanda maior atenção e cuidado durante as pulverizações, a fim de evitar maiores prejuízos para os produtores e necessidade de novas aplicações.

CONCLUSÃO

A eficiência de controle do inseticida Altacor 350 WG para lagarta-da-panícula é

maior no final da tarde que no início da manhã.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, College Park, v. 18, p. 265-266, 1925. GASSEN, D. N. Insetos associados à cultura do trigo no Brasil. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1984. 39p. (circular técnica, 03).

MUNDSTOCK, C. M. 1999. Planejamento e Manejo Integrado da Lavoura do Trigo. Porto Alegre, cap. 18, p. 155-162, 1999.  

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AVALIAÇÃO DO CONTATO DIRETO DA CALDA DE PULVERIZAÇÃO NO PERCEVEJO-DO-COLMO EM SÍTIOS DE HIBERNAÇÃO

Thais Fernanda Stella de Freitas1; Jaime Oliveira2

INTRODUÇÃO

Conhecer a ecologia das pragas que atacam o arroz é fundamental para gerar

estratégias de manejo, tanto no período de cultivo quanto nos meses de entressafra. Algumas das espécies estão “ativas” durante o inverno, como as lagarta da folha e da panícula, pois atacam as culturas da estação fria também. Outras, como a bicheira-da-raiz e os percevejos do colmo e do grão, nos meses de temperatura e luminosidade baixa e de pouca disponibilidade de alimento entram em diapausa ou hibernação. Sabendo quais são os locais preferidos para hibernar, é possível utilizar algumas alternativas para dificultar a sobrevivência das pragas durante este período, ou eliminá-las do local.

Apesar de causar prejuízo econômico até o período de enchimento de grãos, o percevejo-do-colmo costuma permanecer na lavoura até a colheita. A partir de abril, a maioria da população de percevejos abandona os quadros da lavoura em busca de plantas que ofereçam proteção contra inimigos naturais e fatores ambientais, como a geada, durante o período de hibernação. Uma planta abundante no Estado, e que é muito utilizada por várias espécies de insetos para hibernar, é o Andropogon sp., o capim rabo-de-burro. Em trabalhos anteriores, conduzidos por Oliveira (2005) já foram encontrados até 105 insetos em uma única planta.

Outro local importante de hibernação é dentro do quadro da lavoura, especialmente quando o manejo da palha ou o preparo do solo não é realizado logo após a colheita. Além da soca oferecer alimento por alguns dias, a resteva oferece abrigo contra as adversidades do inverno, assim como o capim rabo-de-burro.

Uma estratégia recomendada é a limpeza das áreas próximas à lavoura, como as bordaduras, estradas, canais de irrigação e de drenagem e, beiras de estrada, que costumam ser infestadas com plantas interessantes para hibernação dos insetos, além da destruição da resteva logo após a colheita. Na ausência destas plantas, o que seria conseguido com roçadas e com o preparo antecipado do solo, os insetos ficariam sem alternativas de hibernação, procurando outros sítios mais distantes. Além da limpeza das áreas próximas à lavoura, a pulverização de inseticidas nos sítios de hibernação é uma prática utilizada por muitos produtores, embora não seja recomendada. Alguns realizam pulverizações específicas para atingir os insetos, e outros adicionam inseticidas às caldas de dessecação. Neste sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência da pulverização em atingir diretamente o percevejo-do-colmo refugiado em sítios de hibernação, proporcionados pelo capim rabo-de-burro e pela resteva-de-lavoura.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na Estação Experimental do Arroz, em

Cachoeirinha, RS. Os tratamentos constituíram em dois sítios de hibernação: 1) taipa com plantas de capim rabo-de-burro e 2) resteva de lavoura. Nos dois locais, foi pulverizada uma calda preparada com 20 L de água e 50 mL de corante vermelho da marca “xadrez”, utilizando um pulverizador costal, com caminhamento simulando o de uma dessecação. A

                                                                                                                         1  Eng.  Agr.,  M.Sc.,  IRGA,  Estação  Experimental  do  Arroz,  Av.  Bonifácio  Carvalho  Bernardes,  1494,  Cachoeirinha,  RS.  CEP  94930-­‐030.  thais-­‐[email protected]  2  Eng.  Agr.,  M.Sc.  IRGA.  jaime-­‐[email protected]  

630

aplicação dos tratamentos foi feita no dia 12 de julho, e as avaliações foram realizadas 24 horas após. As avaliações foram realizadas em 3 parcelas de 1 m2 em cada tratamento, contando-se o número de percevejos atingidos e não atingidos pelo corante. A comparação dos resultados foi feita pelo teste do Qui quadrado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 mostra o número total de percevejos corados (atingidos pelo corante)

e não corados (não atingidos pelo corante) em cada tratamento. Nas plantas de rabo-de-burro, 8 dos 36 percevejos encontrados estavam corados, o que representa 22,22%. Na resteva de lavoura, 24 dos 90 percevejos encontrados estavam corados, representando 26,7 % do total, foram atingidos pela calda de pulverização.

Tabela 1 - Número de percevejos-do-colmo atingidos e não atingidos pela calda de pulverização em dois sítios de hibernação.

Corados Não corados Total % corados

Capim Rabo-de-burro

8 ns 28 36 22,22

Resteva 24 66 90 26,7

Os resultados não diferem pelo teste de Qui quadrado ao nível de 5% de

significância, mostrando que o percentual de percevejos atingidos pela calda de pulverização é semelhante nos dois sítios de hibernação. Apesar de não haver parâmetros estabelecidos para comparação, pode-se supor que a eficiência da pulverização de inseticidas nos sítios de hibernação será baixa, pois atingirá diretamente menos de 30% dos insetos presentes, quando em capim rabo-de-burro ou em resteva de lavoura. Dessa forma, a pulverização de inseticidas no sítios de hibernação não é eficiente para atingir os percevejos, e a prática do “cheirinho” (pulverização de inseticidas, geralmente em sub-dose, antes do plantio em ou em outros momentos sem confirmar a necessidade), há muito tempo condenada pelo impacto sobre organismos não-alvo, deve ser coibida também por não atender ao objetivo.

CONCLUSÕES

A calda de pulverização atinge diretamente menos de 30% dos percevejos-do-

colmo refugiados em sítios de hibernação proporcionados pelo capim rabo-de-burro e pela resteva da lavoura.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, J. V.de; DOTTO, G.M.; SANTOS, J.L.R dos. Levantamento populacional do

percevjo Tibraca limbativentris (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) na região da depressão central do Rio Grande do Sul. In: Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, IV; Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, XXVI. Santa Maria. Anais... Santa Maria: Ed Orium , v.2, 2005. p 103-104.  

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EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES NO DESENVOLVIMENTO INICIAL E NO PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE ARROZ IRRIGADO

Thais Fernanda Stella de Freitas1; Jaime Vargas de Oliveira2

Palavras Chave: thiamethoxam; bicheira-da-raíz; oryza sativa

INTRODUÇÃO

O tratamento de sementes com defensivos, como inseticidas e fungicidas, é uma prática que vem sendo recomendada na cultura do arroz irrigado com vistas a obtenção de efeitos sinérgicos no desenvolvimento de plantas. São chamados de efeitos fitotônicos, pois, independente da presença do organismo alvo, sementes tratadas com tais produtos teriam vantagens no estabelecimento como velocidade de emergência, vigor, maior sistema radicular. Tais atributos poderiam se refletir em maior rendimento de grãos. O inseticida Cruiser 350 FS (thiamethoxam) é uma nova alternativa para controle da bicheira-da-raíz (Oryzophagus oryzae) sendo recomendado na dose de 300 a 400mL por 100kg por SOSBAI 2010. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito fitotônico do inseticida Cruiser 350 FS recomendado para controle da bicheira-da-raiz de sementes no desenvolvimento inicial e no rendimento de grãos de arroz irrigado, sozinho e em mistura com o inseticida Standak 250 FS (fipronil) .

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados 2 experimentos na Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), sendo um a campo e um em câmara B.O.D. Em todos foi utilizada a cultivar IRGA 424, avaliando os seguintes tratamentos: 1) testemunha 2) 100 mL Cruiser 100 kg sementes-1 3) 200 mL Cruiser 100 kg sementes-1 4) 300 mL Cruiser 100 kg sementes-1; 5) 100 mL Cruiser + 200 mL Standak 100 kg sementes-1 6) 100 mL Cruiser +120 mL Standak 100 kg sementes-1 e 7) 120 mL Standak 100 kg sementes-1. Todas as sementes foram tratadas com o fungicida Maxim XL (fludioxonil + metalaxil M), 200 mL 100 kg sementes-1, inclusive o tratamento testemunha. O primeiro experimento foi instalado a campo, em duas épocas de semeadura; a primeira no dia 20 de outubro e a segundo no dia 13 de novembro de 2009, em área sob a cobertura de 2 Mg ha-1 de matéria seca de azevém. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, dispostos em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As épocas de semeadura foram locadas nas parcelas principais, e os tratamentos de sementes nas sub-parcelas. A densidade de semeadura utilizada foi de 100 kg ha-1, com adubação de base de 300 kg ha-1 de uma fórmula 5-20-20 e 120 kg ha-1 de N em cobertura. As demais práticas de manejo foram realizadas conforme as recomendações técnicas para a cultura (SOSBAI, 2007). Os parâmetros avaliados foram:

1) Índice de Velocidade de Emergência (IVE), proposto por Maguire (1962), onde

IVE= (Gi/Ni)

G = número de plantas emergidas em cada contagem N = número de dias da semeadura a cada contagem.

                                                                                                                         1  Eng.  Agr.,  M.Sc.,  IRGA,  Estação  Experimental  do  Arroz,  Av.  Bonifácio  Carvalho  Bernardes,  1494,  Cachoeirinha,  RS.  CEP  94930-­‐030.  thais-­‐[email protected]  2  Eng.  Agr.,  M.Sc.  IRGA.  jaime-­‐[email protected]  

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2) População inicial de plantas: número de plantas por m-2 aos 21 dias após a emergência (D.A.E);

3) estatura de plantas aos 21 D.A.E.: medida da base das plantas, rente ao solo, até a ponta da folha mais alta; 4) estádio de desenvolvimento aos 21 D.A.E.: número de folhas completamente desenvolvida, segundo a escala de Counce et al.

(2000); 5) rendimento de grãos, colhido em 8 m2 e extrapolado para kg ha-1, a 13% de

umidade; 6) componentes de rendimento. O segundo experimento foi realizado em câmara B.O.D. para avaliação de sistema

radicular. Foram testados os mesmos 7 tratamentos, em delineamento completamente casualizado, com quatro repetições. Durante todo o experimento, as plantas estiveram submetidas a temperatura de 20oC e fotoperíodo de 12h. Cada unidade amostral consistiu em um copo plástico (300mL) preenchido com cristais de poliacrilamida para sustentação das plântulas e solução nutritiva. Em cada copo foram colocadas 15 sementes, e logo após a emergência foi realizado desbaste para uniformizar a população em 10 plantas por unidade amostral. A instalação do experimento foi no dia 09 de abril de 2010. Os parâmetros avaliados foram estatura de plantas, comprimento de raiz, matéria seca da parte aérea e matéria seca de raiz. Os resultados foram submetidos à análise de variância e, quando foi alcançada a significância estatística, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Experimento de campo

O desenvolvimento inicial de plantas foi afetado apenas pela época de semeadura, não havendo diferença entre os tratamentos de sementes avaliados, conforme a Tabela 1. A população inicial de plantas aos 21 D.A.E. e o índice de velocidade de emergência foram menores na primeira época de semeadura, provavelmente devido às menores temperaturas do solo e do ar. Já os parâmetros estatura de plantas e número de folhas completamente expandidas foram superiores na primeira época de semeadura.

Tabela 1 – População inicial (plantas m-2), índice de velocidade de emergência

(IVE), estatura de plantas (cm) e número de folhas completamente desenvolvidas aos 21 dias após a emergência de plantas de arroz irrigado, em duas épocas de semeadura e submetidas a sete tratamentos de sementes.

Tratamento População inicial

IVE Estatura Num folhas

Época 1 137 B 5,17 B 17,4 A 4,35 A Época 2 167 A 7,09 A 13,8 B 3,11 B TS (mL.100kg sementes-1) Testemunha 142 ns 5,63 ns 15,46 ns 3,75 ns Cruiser 100 mL 144 5,99 15,08 3,75 Cruiser 200 mL 156 6,11 15,97 3,75 Cruiser 300 mL 157 5,86 15,57 3,71 Cruiser 100mL+Standak 200mL 152 6,17 16,15 4,00 Cruiser 100mL+Standak 120mL 148 5,55 15,17 3,50 Standak 120 mL 166 6,71 16,57 3,85

633

O rendimento de grãos e os componentes de rendimento foram afetados apenas pela época de semeadura, como apresentado na Tabela 2. O rendimento foi superior na época de semeadura antecipada em aproximadamente 2.600 kg ha-1. O componente de rendimento que explica a diferença é a esterilidade de espiguetas, que atingiu 13,55 % na segunda época de semeadura, superior ao da primeira, que foi de 6,26 %. Os demais componentes foram semelhantes nas duas épocas. Para nenhum parâmetro houve diferença entre tratamento de sementes.

Tabela 2 - Rendimento de grãos (kg ha-1) e componentes de rendimento de arroz irrigado em duas épocas de semeadura, submetido a sete tratamentos de sementes.

Tratamento Rendimento de grãos (kg ha-1)

Panículas m-2

Grãos panícula-1

Esterili-dade (%)

Peso de 100

grãos (g) Época Època 1 11.393,7 a 79,75 a 77,43 a 6,26 b 2,70 a Época 2 8.783,3 b 81,50 a 74,23 a 13,55 a 2,49 a TS Testemunha 9.980 ns 76,00 ns 74,85 ns 8,58 ns 2,65 ns Cruiser 100 mL 10.053 81,12 70,37 10,68 2,60 Cruiser 200 mL 10.475 79,62 78,37 8,70 2,57 Cruiser 300 mL 10.005 79,00 76,00 9,91 2,63 Cruiser 100mL+Standak 200mL 10.427 77,12 76,62 10,24 2.60 Cruiser 100mL+Standak 120mL 10.257 88,50 81,75 9,91 2,54 Standak 120 mL 9.837 82,43 72,71 10,29 2,58

Experimento em B.O.D.

A emergência das plântulas ocorreu dia 15 de abril, 6 dias após a instalação do experimento, e as avaliações foram realizadas no dia 28 de abril, portanto 13 dias após a emergência. No momento da avaliação as plantas estavam no estádio de desenvolvimento V2, ou seja, com duas folhas completamente expandidas.

Para estatura de plantas e matéria seca da parte aérea, não houve diferença entre os tratamentos, conforme a Tabela 3.

Para o parâmetro comprimento de raiz, todos os tratamentos, exceto Cruiser 300 ml por 100kg sementes-1 diferem da testemunha. o tratamento testemunha foi igual ao Cruiser 300 mL por 100kg sementes-1, e ambos diferem apenas da mistura Cruiser 100mL+Standak 120 mL por 100 kg sementes-1.

Para matéria seca de raízes, todos os tratamentos, exceto Cruiser 100 mL por 100 kg sementes-1, diferem da testemunha. o tratamento com 120 mL Standak e a mistura de 100 mL Cruiser com 120 mL Standak 100 kg sementres-1 foram superiores a testemunha ao tratamento 100 mL Cruiser 100 kg sementes-1.

As diferenças observadas no sistema radicular, em condições controladas, não suportam a hipótese de efeito fitotônico, pois não se refletiram em nenhum dos parâmetros avaliados no experimento a campo.

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Tabela 3 - Comprimento (cm) e matéria seca (g) de raízes e estatura (cm) e matéria seca de parte aérea (g) de plantas de arroz irrigado submetidas a sete tratamentos de sementes.

Tratamento Comprimen-to de raiz

(cm)

Matéria seca de raízes (g)

Estatura (cm)

Matéria seca da parte aérea

(g) Testemunha 7,33 c 0,075 c 16,38 ns 0,082 ns Cruiser 100 mL 9,58 ab 0,082 bc 16,44 0,081 Cruiser 200 mL 9,39 ab 0,090 ab 16,20 0,077 Cruiser 300 mL 8,21 bc 0,095 ab 17,13 0,095 Cruiser 100mL+Standak 200mL 9,38 ab 0,092 ab 15,74 0,080 Cruiser 100mL+Standak 120mL 10,33 a 0,097 a 15,90 0,090 Standak 120 mL 9,88 ab 0,0975 a 16,32 0,092

CONCLUSÕES

Existe efeito do tratamento de sementes de arroz irrigado com o inseticida Cruiser 350 FS, sozinho ou em mistura com Standak 250 FS, sob o desenvolvimento inicial de raízes, quando avaliado em B.O.D. Entretanto, não existe efeito do tratamento de sementes com o inseticida Cruiser 350 FS, sozinho ou em mistura com Standak 250 FS, sobre população inicial, produtividade de grãos ou qualquer componente de rendimento de grãos de arroz irrigado, não suportando a hipótese de haver efeito fitotônico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A. J. A uniform, objective, and adaptative system for expressing rice development. Crop Science, Madison, v.40, n.2, p.436-443, 2000. MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Sci., Madison, v. 2, n. 2, p. 176-177, 1962. SOCIEDADE SUL BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO – SOSBAI. Arroz irrigado: Recomndações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., Pelotas, 2007. Anais. Pelotas, 2007. 164p.

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PICO POPULACIONAL DE Tibraca limbativentris STAL., 1860 (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA SUA FASE CRÍTICA DE

OCORRÊNCIA EM CULTIVAR PRECOCE DE ARROZ IRRIGADO NA REGIÃO DA FRONTEIRA OESTE, RS

Robson Antonio Botta1; Juliano de Bastos Pazini2; Fernando Felisberto da Silva3

Palavras-chave: insecta, controle de insetos, arroz irrigado, IRGA 417.

INTRODUÇÃO O arroz é cultivado na maioria das regiões do país, sob diversos ecossistemas,

devido ao clima, relevo e outros fatores, a cultura exige diferentes sistemas de cultivo, no Brasil são utilizados dois sistemas, sendo esses o arroz irrigado por inundação e de terras altas, em ambos os cultivos existem insetos-praga que causam danos econômicos a cultura de até 30% (MARTINS, et al. 2009). Na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul o sistema usado para o cultivo é por inundação e uma das principais pragas é o percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris), que ocorre a partir da fase de perfilhamento (V3), causando o sintoma denominado “coração morto”, podendo ir à fase reprodutiva (R9), onde provoca o surgimento da “panícula branca”. O inseto localiza-se preferencialmente na base dos colmos, local próprio para alimentação e reprodução, passando por um período de hibernação durante o outono-inverno.

O controle desta praga é feito por meio de inseticidas químicos, através de aplicação via aérea. Não existem muitas informações sobre o deslocamento deste inseto no interior da lavoura, durante a safra. Para minimizar os danos deste inseto é necessário conhecer seus hábitos, realizando um manejo eficiente do percevejo-do-colmo do arroz.

As cultivares precoces de arroz por serem as primeiras lavouras visitadas pelos adultos pós-hibernantes estão entre as que apresentam os maiores danos causados por este inseto. Contudo, este tipo de cultivar permite ao agricultor, estabelecer, no planejamento da lavoura, o escalonamento adequado no plantio e, principalmente, na colheita, com base na sua realidade de infra-estrutura de máquinas, mão-de-obra, capacidade de secagem, transporte, entre outras (GOMES & MAGALHÃES JR., 2004), o que as tornam uma boa opção para o orizicultor.

Diante da situação o objetivo deste estudo é avaliar a época de ocorrência do pico populacional do percevejo-do-colmo, em cultivar de arroz irrigado de ciclo precoce, na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em lavoura comercial de arroz irrigado, cultivar IRGA

417 (ciclo precoce) localizada no município de Itaqui/RS (29°07'30"S e 56°33'10"O), Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul. A área amostrada foi de 7,84 ha, a cultura foi instalada e conduzida segundo as recomendações técnicas, exceto aplicação de inseticida, no ano agrícola 2010/11.

As amostragens ocorreram quinzenalmente com início na fase de perfilhamento prolongando-se até o final da fase reprodutiva. Para as amostragens, foi elaborada uma grade regular pré-estabelecida (na forma de grid), com auxílio de GPS de mão, composta

1 Graduando do curso de agronomia, Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui, Avenida Luiz Joaquim de Sá Brito, Itaqui - RS, 97650-000, [email protected]. 1 Graduando do curso de agronomia, Universidade Federal do Pampa, e-mail: [email protected]. 1 Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui, e-mail: [email protected].

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de pontos equidistantes 10 m, totalizando 695 pontos amostrais. Para avaliar a ocorrência do percevejo-do-colmo, em cada ponto era lançado um quadro de metal, medindo 0,25 m2, a contagem das ninfas e adultos presentes nas plantas foi efetuada através do método visual, anotando-os em planilha de campo, juntamente com o número do ponto correspondente.

Foram avaliados o número de ninfas e adultos, a fenologia das plantas e os dados climáticos (umidade relativa, temperatura do ar e precipitação pluviométrica). Os dados da fenologia das plantas eram tomados pela observação visual das plantas conforme a escala de Counce et al. (2000). Os dados climáticos foram adquiridos através da estação climatológica instalada no campus da UNIPAMPA em Itaqui.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período amostral a população de ninfas sempre foi superior à população

de adultos. Este fato indica que estas ninfas podem ser os primeiros descendentes dos adultos pós-hibernantes que ingressaram na lavoura nos período inicial do perfilhamento, o qual, muitas vezes não é percebido pelo orizicultor.

Já a população de adultos na safra iniciou um aumento populacional apenas na fase final de florescimento aos 106 dias após a emergência (DAE) (nove dias antes da maturação) indo até aos 130 (DAE) (15 dias após a maturação), quando iniciou a colheita da safra. Esta população pode se caracterizar como a de adultos pré-hibernantes que se deslocarão para os sítios de hibernação no outono/inverno e iniciarão a migração para as lavouras na safra seguinte, na primavera/verão, considerando os dados biológicos da praga, apresentados por Prando et al., (1993) e Silva et al., (2004), nos quais o início de uma nova geração de indivíduos e o final do ciclo de vida dos primeiros insetos, seria em torno de 60 dias, numa temperatura de 26 °C.

Durante esta safra as ninfas atingiram um pico populacional aos 84 (DAE) na fase inicial do florescimento (oito dias após o florescimento).

Em relação aos dados climáticos não se verificou uma correlação direta entre o número de insetos e as variáveis, umidade relativa, temperatura e precipitação.

A fase de florescimento aparece como sendo a fase crítica para o aumento populacional do percevejo-do-colmo do arroz, fornecendo indicativos para a intensificação do monitoramento, seja o de ninfas (na fase inicial do florescimento), visando evitar os danos na safra em vigor ou o de adultos (na fase final do florescimento), visando à redução populacional dos adultos pré-hibernantes. Outro aspecto a ser observado é que o primeiro estágio a ser analisado no monitoramento é o estádio ninfal dos percevejos e não o adulto, quando considerarmos apenas a sua fase crítica de controle (V3 a R9), o contrário deve ocorrer no início da emergência das plantas, quando o ingresso dos adultos hibernantes é que deve ser contido. Esta informação é útil, pois, o orizicultor, ao condicionar-se a procurar pelos adultos na fase inicial da cultura (adultos pós-hibernantes) pode deixar de verificar a presença das ninfas quando a planta estiver na fase de perfilhamento, época em que os estes adultos não estão mais presentes, pois já completaram seu ciclo de vida. Deste modo, somente serão verificados os adultos descentes desta população inicial, época em que provavelmente já ocorreram danos significativos provocados pelas ninfas.

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Figura 1: Pico populacional de ninfas e adultos de Tibraca limbativentris associada à fenologia da cultivar de arroz irrigado IRGA 417 no período crítico de controle (V3 a R9). Itaqui/RS, 2010/11. * As setas indicam os picos populacionais.

CONCLUSÃO Podemos concluir que o pico populacional de ninfas e adultos na cultivar precoce de

arroz irrigado IRGA 417 se dá na fase de florescimento, sendo que para as ninfas é na fase inicial e para os adultos é na fase final, não havendo influência pontual das condições climáticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, J.F. da S.; BARRIGOSSI, J.A.F.; OLIVEIRA, J.V. de; Cunha, U.S. da. Situação do manejo integrado de insetos-praga na cultura do arroz no Brasil. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009. 40 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 290).

Silva, F. F. da et al. Distribuição espacial e dispersão de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) na cultura do arroz irrigado por inundação no Planalto da Campanha do Rio Grande do Sul; Comunicado Técnico (no prelo).

ARROZ IRRIGADO: Recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado; XXVIII Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado. Bento Gonçalvez: SOSBAI, 2010. 188 p.

SANTOS, D. DOS; SIQUEIRA, D. L. DE; PICANÇO, M. C. Flutuação populacional de espécies de cigarrinhas transmissoras da clorose variegada dos citros (cvc) em Viçosa – MG. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 27, n. 2, p. 211-214, 2005.

GOMES, A.S.; MAGALHÃES JR., A.M. Arroz irrigado no sul do Brasil. Brasília: Embrapa-

638

Informação Tecnológica. 2004. 899p.

PRANDO, H.F., H. KALVELAGE & R.A. FERREIRA. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Brasileira de Entomologia. 37: 335-339. 1993.

SILVA, C.C.A., D.M. CORDEIRO, R. LAUMANN, M.C.B. MORAES, J.A. BARRIGOSSI & M. BORGES. Ciclo de vida e metodologia de criação de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Heteroptera: Pentatomidae) para estudos de ecologia química. Brasília, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 16p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento). 2004.

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PROSPECÇÃO DE ÓLEOS E EXTRATOS DE PLANTAS BIOATIVAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS DO ARROZ IRRIGADO

Eduardo Rodrigues Hickel1; Klaus Konrad Scheuermann2; Andrey Martinez Rebelo3

Palavras-chave: bicheira-da-raiz, percevejo-do-grão, manejo de pragas, Oryza sativa.

INTRODUÇÃO Uma das questões mais prementes do cultivo do arroz irrigado, está ligada ao

possível impacto ambiental negativo que as lavouras proporcionam. Esta suspeita advém não somente da água barrenta, que por vezes chega inadvertidamente nos rios, mas também pelo uso intensivo de agrotóxicos, principalmente herbicidas e inseticidas. No caso do uso de inseticidas, este poderia ser mais adequado se os produtores observassem os preceitos do manejo integrado de pragas (MIP) ou, mais recentemente, da produção integrada de arroz irrigado (PIA).

A implementação do MIP nas lavouras de arroz irrigado ainda não é uma realidade, embora os segmentos responsáveis pela pesquisa científica insistam que esta é a alternativa mais racional para o combate às pragas (INSETOS…, 2009; MARTINS & CUNHA, 2007). Excluindo-se a falta de conscientização dos agricultores, um dos fatores que dificulta a implementação do MIP é a falta de alternativas viáveis aos inseticidas organossintéticos. Assim, faz-se necessário, entre outros, prospectar produtos alternativos para o controle de pragas do arroz, para reduzir, ou mesmo suprimir, o emprego dos inseticidas organossintéticos nas lavouras. Neste aspecto, o uso de óleos ou extratos vegetais poderia ser uma estratégia valiosa, para a intercalação de princípios ativos preconizada no MIP (ALMEIDA et al., 2004; PEREIRA et al., 2008).

Diversos autores já prospectaram o efeito inseticida de extratos vegetais, alguns obtendo sucesso parcial ou total nos ensaios laboratoriais ou de campo (GONÇALVES et al., 2001; TAGLIARI et al., 2003; ALMEIDA et al., 2005; BERLITZ et al., 2005; PEREIRA et al., 2008). Contudo, a gama de produtos ainda passíveis de teste é grande, pois diversas plantas, quer da flora nativa ou exótica, têm compostos bioativos com possível poder inseticida. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi prospectar a ação inseticida de óleos essenciais e extratos vegetais de eucalipto (Eucalyptus citriodora), melalêuca (Melaleuca alternifolia), aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius) e confrei (Symphytum officinale) para o controle da bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae (Costa Lima), e do percevejo-do-grão, Oebalus poecilus (Dallas).

MATERIAL E MÉTODOS Obtenção dos óleos e extratos Folhas de eucalipto, melalêuca, aroeira-da-praia e confrei foram coletadas nos

cultivos experimentais da Estação Experimental da Epagri em Itajaí, SC, entre nove e onze horas, no mês de maio de 2010. Após a desidratação em local sombreado, por 24 horas, amostras de 250g de cada material foram retiradas para o processamento.

Os óleos foram extraídos por arraste a vapor de água (hidrodestilação), em balão volumétrico sobre manta aquecida, conectado a um “clevenger” e a um condensador para resfriamento do vapor e posterior separação do óleo e do hidrolato.

Os extratos foram obtidos por maceração em solução hidroalcoólica de folhas trituradas, previamente secas em estufa com ar forçado a 50°C. A maceração foi feita em

1 Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970 Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5224, e-mail: [email protected]. 2 Eng. agr., Dr., e-mail: [email protected]. 3 Farmaceutico, MSc., e-mail: [email protected].

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um funil de separação, por 7 dias, em temperatura ambiente e ao abrigo da luz. Em seguida o extrato foi filtrado e concentrado em evaporador rotativo a 50°C.

Óleos essenciais foram obtidos de eucalipto, melalêuca e aroeira-da-praia e seus respectivos hidrolatos. Já o extrato foi obtido somente de confrei. Os óleos, hidrolatos e extrato foram então armazenados em frascos âmbar e conservados a -21ºC até o momento dos testes para verificar a ação inseticida. Nestes testes, todos estes produtos foram diluídos a 0,6% em água destilada, sendo que para as soluções oleosas adicionou-se o monoleato de sorbitano polioxietileno (Tween 80 PS), como surfactante, na proporção de 1:1 (v/v). Água destilada foi adotada como tratamento testemunha e Tween a 0,6% e resíduo de solução extratora a 0,6% como controles “branco”.

Bioensaios de avaliação da ação inseticida Os insetos foram obtidos de populações naturais em quadras de arroz irrigado na

Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI), SC, entre novembro e dezembro de 2010. Adultos da bicheira-da-raiz (gorgulho-aquático) foram coletados manualmente e do percevejo-do-grão com rede de varredura.

Em laboratório, grupos de seis gorgulhos foram acondicionados em placas de petri forradas com papel filtro e pulverizados com 110µL/repetição de cada um dos tratamentos em teste (ensaio de efeito de contato para o gorgulho-aquático). Grupos de dez percevejos foram acondicionados em caixas germbox forradas com papel filtro umedecido e com uma panícula de capim-arroz (Echinochloa spp.), pulverizada com 110µL/repetição de um dos tratamentos (ensaio de efeito de contato/ingestão e repelência para o percevejo-do-grão). Neste caso, não foi possível atingir diretamente os percevejos com o jato pulverizado, devido a intensa mobilidade dos mesmos.

Os experimentos foram realizados com cinco repetições, em delineamento completamente casualizado, e o número de insetos mortos foi avaliado aos 1, 2, 3, 5 e 7 dias após a aplicação dos tratamentos. No ensaio do percevejo-do-grão também foi observado algum comportamento anormal, que denotasse repelência do tratamento.

Para o gorgulho-aquático, o possível efeito de ingestão ou repelente foi avaliado em arenas de múltipla escolha, num delineamento em blocos ao acaso. Para tal, bandejas plásticas (60 x 40 x 9cm) foram utilizadas (Figura 1).

Figura 1. Arena de múltipla escolha construída em bandeja plástica para os bioensaios de

repelência ou ação de ingestão para o gorgulho-aquático O. oryzae.

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Cada bandeja recebeu dez caixas germbox (uma por tratamento), cada uma com um quadrículo de 4 x 4cm de mudas de arroz com 30 dias de idade, previamente pulverizadas com 44µL de um dos tratamentos em teste. Estas caixas foram dispostas aleatoriamente em posições pré-fixadas, sendo posteriormente repletas de água destilada, o que deixava submerso todo o torrão de terra das mudas. Em seguida, cada bandeja foi enchida com água destilada, até o nível d’água atingir as bordas das caixas germbox, criando assim uma arena onde os gorgulhos podiam nadar entre as caixas e dentro das caixas, sem contudo misturar a água com possíveis resíduos provenientes das mudas pulverizadas. Cento e vinte gorgulhos foram liberados em cada arena, que foi tampada com uma bandeja igual, para evitar a fuga de indivíduos. Cada tratamento foi repetido cinco vezes e aos 1, 2, 3, 5 e 7 dias após a aplicação dos tratamentos contou-se o número de insetos mortos e o de insetos em repouso nas plantas.

Outro ensaio similar em arena também foi montado, porém colocando-se as cinco repetições de cada tratamento na mesma arena e liberando-se 50 gorgulhos por arena. Neste caso, objetivou-se evitar que possíveis vapores exalados dos tratamentos confundisse a resposta dos insetos. Aos 1, 2, 3, 5 e 7 dias após a aplicação dos tratamentos contou-se o número de insetos mortos e o de insetos em repouso nas plantas.

Os resultados foram submetidos a análise de variância e, quando alcançada a significância estatística, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Duncan ao nível de 5% de probabilidade, sendo as taxas de mortalidade corrigidas pela fórmula de Abbott.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve efeito dos tratamentos na mortalidade do gorgulho-aquático (F = 0,89;

p = 0,5435) ou do percevejo do grão (F = 0,56; p = 0,8245) nos ensaios de efeito de contato ou contato/ingestão. Também não houve efeito notável de repelência ou mortalidade por ingestão nos ensaios em arenas (F = 1,02; p = 0,4437). Ou seja, os óleos e hidrolatos de eucalipto, melalêuca e aroeira-da-praia e o extrato de confrei, todos em solução a 0,6%, não foram tóxicos, quer para o gorgulho-aquático ou para o percevejo do grão (Tabela 1).

Embora contrariando as expectativas, este era um resultado possível neste tipo de prospecção, em que pouco se conhece dos possíveis efeitos destes produtos em outros alvos. A seleção destas plantas bioativas para os bioensaios de controle de pragas residiu no fato de as mesmas estarem sendo testadas para o controle de doenças do arroz irrigado na EEI, com relativo sucesso nos ensaios in vitro. Tabela 1. Número médio de insetos mortos aos sete dias após a aplicação dos respectivos tratamentos, nos ensaios de controle com óleos e extratos vegetais.

Tratamento Número de insetos mortos Gorgulho-aquático

em placa de Petri Percevejo-do-grão em caixa germbox

Gorgulho-aquático em arena1

Óleo de eucalipto 0,2 0,0 3,0 Óleo de melaleuca 0,0 0,0 2,4 Óleo de aroeira 0,4 0,2 4,4 Extrato de confrei 0,0 0,2 2,0 Hidrolato de eucalipto 0,0 0,2 2,4 Hidrolato de melaleuca 0,0 0,2 0,8 Hidrolato de aroeira 0,0 0,0 3,2 Tween 0,2 0,0 1,6 Resíduo de solução extratora 0,2 0,0 3,0 Testemunha (água) 0,2 0,2 2,8

1/ Resultado do ensaio com um único tratamento por arena.

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Almeida et al. (2005), testando o controle de Sitophilus zeamais Mots. com extratos hidroalcoólicos de sete espécies vegetais, não selecionou o extrato de eucalipto para prosseguimento dos testes, devido a resultados inferiores comparativamente. Contudo, outros estudos demonstraram o efeito de óleos essenciais de espécies de eucalipto sobre alguns coleópteros como Acanthoscelides obtectus (Say) (PAPACHRISTOS & STAMOPOULOS, 2004), Zabrotes subfasciatus (Boh.) e Callosobruchus maculatus (F.) (BRITO et al., 2006). Da mesma forma, Pereira et al. (2008) também obtiveram efeito inseticida do óleo essencial de melalêuca sobre C. maculatus, contudo só nas duas maiores dosagens testadas por esses autores. Assim, além da forma de aplicação dos óleos e extratos, a dose a que são submetidos os insetos também é fator importante nos estudos de controle. No presente trabalho, a dose foi fixada em 0,6% pois esta seria uma dose praticável em condições de campo (equivalente a 120ml/ha) para uma eventual prospecção do controle de pragas do arroz irrigado.

CONCLUSÃO Os óleos e hidrolatos de eucalipto, melalêuca e aroeira-da-praia e o extrato de

confrei, em solução a 0,6%, não são tóxicos e tampouco têm efeito repelente para o gorgulho-aquático e para o percevejo do grão.

AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina -

Fapesc, pelo suporte financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, S. A.; ALMEIDA, F. A. C.; SANTOS, N. R.; et al. Atividade inseticida de extratos vegetais sobre Callosobruchus maculatus (Fabr., 1775) (Coleoptera: Bruchidae). Revista Brasileira de Agrociência, v.10, n.1, p.67-70, 2004. ALMEIDA, F.A.C.; PESSOA, E.B.; GOMES, J.P. et al. Emprego de extratos vegetais no controle das fases imatura e adulta do Sitophilus zeamais. Agropecuária Técnica, v.26, p.46-53, 2005. BERLITZ, L.D.; SEBBEN, A.; OLIVEIRA, J.V. et al. Toxicidade do extrato aquoso de Melia azedarach para Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Orium, 2005. p.126-128. BRITO, J. P.; OLIVEIRA, J. E. M.; DE-BORTOLI, S. A. Toxicidade de óleos essenciais de Eucalyptus spp. sobre Callosobruchus maculatus (Fabr., 1775) (Coleoptera: Bruchidae). Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 6, n. 1, p. 96-103, 2006. GONÇALVES, M.E.C.; OLIVEIRA, J.V.; BARROS, R. et al. Efeito de extratos vegetais sobre estágios imaturos e fêmeas adultas de Mononychellus tanajoa (Boandar) (Acari: Tetranychidae). Neotropical Entomology, v.30, p.305-309, 2001. INSETOS e outros fitófagos. In: REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Porto Alegre: Sosbai, 2010. p.119-135. MARTINS, J.F.S.; CUNHA, U.S. Situação do sistema de controle químico do gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) na cultura do arroz no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 25p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 215). PAPACHRISTOS, D. P.; STAMOPOULOS, D.C. Fumigant toxicity of three essential oils on the eggs of Acanthoscelides obtectus (Say) (Coleoptera: Bruchidae). Journal of Stored Products Research, v. 40, n. 5, p. 517-525, 2004. PEREIRA, A.C.R.L.; OLIVEIRA, J.V.; GONDIM Jr., M.V.C; et al. Atividade inseticida de óleos essenciais e fixos sobre Callosobruchus maculatus (Fabr., 1775) (Coleoptera: Bruchidae) em grãos de caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.]. Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 3, p. 717-724, 2008. TAGLIARI, M.S; KNAAK, N.; OLIVEIRA, J.V. et al. Potencial inseticida de extratos de plantas medicinais à lagarta-militar, Spodoptera frugiperda (Lep., Noctuidae). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3., 2003, Balneário Camboriú. Anais... Itajaí: Epagri, 2003. p.369-371. .

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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E DISPERSÃO DE Tibraca limbativentris STAL, 1860 (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO POR INUNDAÇÃO NO PLANALTO DA CAMPANHA DO RIO GRANDE DO SUL Fernando Felisberto da Silva1; José Francisco da Silva Martins2; José Alexandre Freitas Barrigossi3; Nereu Carpes Meus4; Cleiton José Ramão5; Leandro Homrich Lorentz6; Robson Antonio Botta7

Palavras-chave: manejo de pragas, controle, agregação, percevejo-do-colmo, Oryza sativa,

INTRODUÇÃO Tibraca limbativentris, conhecido como percevejo-do-colmo do arroz, pode ocorrer

nas fases vegetativa e reprodutiva da cultura, quando provoca os sintomas conhecidos por coração morto e panícula branca, respectivamente. O inseto preferencialmente se estabelece em plantas situadas em pontos não atingidos pela lâmina de água. Por esse motivo, sua incidência é maior em lavouras implantadas em terrenos inclinados, predominantes no Planalto da Campanha (Fronteira Oeste) do Rio Grande do Sul. Nesse tipo de lavoura, há maior proximidade das taipas, sobre as quais o arroz também é semeado, portanto, maior população de plantas em condições favoráveis ao inseto (MARTINS et al., 2009).

O padrão de distribuição espacial de um organismo é a descrição de como está disperso no espaço (BINNS et al., 2000). Tratando-se do Manejo Integrado de Pragas (MIP), um padrão de amostragem que não coincide com o padrão de distribuição espacial do inseto, pode acarretar erros na estimativa da sua população pelos processos de monitoramento. Estimativas básicas das populações são necessárias à compreensão da dinâmica da população de uma espécie praga e à tomada de decisão relativa ao acompanhamento e previsão de níveis da abundância e de distribuição de pragas (DENT, 2000). O arranjo espacial de populações de insetos enquadra-se em padrões que podem ser do tipo aleatório, uniforme ou agregada (RICKLEFS, 2003).

A distribuição de uma espécie é uma adaptação ao habitat e pode determinar a dispersão e conseqüentemente, a densidade. É o alcance geográfico e ecológico da espécie, definido pela presença de habitats adequados, engloba todas as áreas ocupadas durante o ciclo de vida. Já a dispersão caracteriza a distância entre os indivíduos, representa a heterogeneidade do ambiente e as interações sociais. Isso, determina padrões de distribuição espacial, formando densos agregados em manchas, distribuições aleatórias e uniformes. A disposição dos organismos no espaço é uma característica ecológica da espécie, resultante do nascimento, morte e migração de indivíduos (TOLEDO et al., 2006), sendo a distribuição espacial a forma como os indivíduos de uma população se dispersam em seu habitat.

O conhecimento dos tipos de distribuição espacial é importante por vários motivos: conhecer a etologia da espécie de inseto; aperfeiçoar os sistemas de amostragens e, conseqüentemente, o processo de MIP, entre outras. O modelo de dispersão no habitat pode ser diferente entre as espécies e entre as populações da mesma espécie. A variação desse modelo de distribuição espacial pode estar associado a fatores ambientais ou

1 Eng. Agr., Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa – Campus Itaqui, Avenida Luiz Joaquim de Sá Brito, Itaqui - RS, 97650-000, [email protected]. 2 Eng. Agr., Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, [email protected]. 3 Eng. Agr., Pesquisador, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]. 4 Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected]. 5 Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected]. 6 Eng. Agr., Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa – Campus São Gabriel, [email protected]. 7 Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected].

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E DISPERSÃO DE Tibraca limbativentris STAL, 1860 (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA CULTURA DO AR-ROZ IRRIGADO POR INUNDAÇÃO NO PLANALTO DA CAMPANHA

DO RIO GRANDE DO SUL

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genéticos da população. A determinação desses padrões de arranjo é obtida por meio de índices de dispersão e distribuição teórica de freqüências (BARBOSA, 1992).

Em estudos sobre a distribuição de insetos há necessidade de conhecer as distribuições de freqüências dos indivíduos de cada espécie, em cada cultura envolvida, adotando critérios adequados de amostragem para estimar os parâmetros populacionais (BARBOSA, 1992). Inicialmente, a área a ser estudada deve ser dividida em várias segmentos ou quadrados (grades) de igual tamanho e, posteriormente, descrito o modelo de ocupação da área pelos indivíduos da população, como uma distribuição de freqüência em cada quadrado (KUNO, 1991). Os parâmetros dessas distribuições podem ser ajustados aos dados, utilizando o método de máxima verossimilhança, e a qualidade do ajuste pode ser avaliada por meio da estatística χ² (BINNS ET AL., 2000). É necessário que mais de um índice seja estudado antes de qualquer inferência sobre a distribuição espacial de uma determinada espécie de inseto (RABINOVICH, 1980).

Desta forma o experimento, teve o objetivo de avaliar modelos de distribuição espacial e de dispersão de adultos, ninfas e posturas do percevejo-do-colmo, em lavoura de arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na safra 2009/10, em lavoura de arroz irrigado da

cultivar IRGA 417, com aproximadamente 10 ha, localizada na Fazenda Pitangueira, no município de Itaqui/RS (29°07'30"S e 56°33'10"O). Durante a execução do experimento nenhuma aplicação de inseticida foi realizada. Três levantamentos da população do inseto foram realizadas, do final da fase vegetativa até após a colheita do arroz, adotando a escala fenológica de COUNCE et al. (2000). O primeiro levantamento ocorreu no estádio V11, que corresponde à formação do colar na 11ª folha do colmo principal. Este estádio é o indicado como sendo o de ocorrência e para o controle do percevejo do colmo, ou seja, entre V4 a R4, estádios compreendidos no período entre o início do perfilhamento e a floração (ARROZ IRRIGADO, 2010). O segundo levantamento foi realizado na fase de maturação, em R6, estádio correspondente ao de grão pastoso. O último levantamento foi realizado na soca de arroz, uma semana, após a colheita.

Para a execução dos levantamentos, estabeleceu-se previamente uma grade regular com pontos geoposicionados por meio de GPS de mão, conforme recomendação adaptada de Kuno (1991). A distância entre pontos na grade foi de 50 m, totalizando 81 pontos aptos, ou seja, que não coincidiram com canais de irrigação ou pontos não cultivados. Em cada ponto lançou-se uma estrutura de metal medindo 0,5 x 0,5 m (0,25 m²), onde foi verificado visualmente a presença de ovos, ninfas e adultos do percevejo.

Para a análise dos dados, foram elaboradas tabelas de distribuição de freqüências e calculadas a média (m) e a variância (s²) para os três levantamentos. Para o cálculo dos índices de dispersão e distribuição foi utilizado o software Krebs/WIN 0.94 (KREBS, 1999), que também indicou a melhor ajuste dos dados por meio do Teste de qui-quadrado (χ²), comparando o total das freqüências observadas na área amostral, com as freqüências esperadas (YOUNG & YOUNG , 1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando os conceitos de dispersão e distribuição espacial (TOLEDO et al.,

2006) os resultados dos levantamentos indicaram que na fase final de perfilhamento, a população de adultos de T. limbativentris se ajustou à distribuição de Poisson (χ²= 2,2970; p= 0,317; m= 0,75309), ou seja, do tipo aleatória, indicando uma provável movimentação do inseto na lavoura. As ninfas apresentaram distribuição Binominal negativa (χ²= 5,1037; p= 0,1640; m= 0,96296; k = 0,35863). Como tanto os insetos adultos como as ninfas causam danos às plantas de arroz, considerou-se o somatório dos indivíduos dessas duas fases, o que resultou num conjunto ajustado à distribuição Binominal negativa (χ²= 7,6191; p=

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0,1790; m= 1,716; k= 1,0204). Durante a fase reprodutiva (maturação), somente o somatório dos indivíduos das

fases adulta e ninfal indicou ajuste à distribuição Binominal Negativa (χ²= 3,6128; p= 6060; m= 1,6173; k= 0,59836). Após a colheita, os insetos adultos mudaram da distribuição aleatória para a agregada na soca das plantas de arroz, portanto, com ajuste à distribuição Binominal Negativa (χ² = 1,0010; p = 0,317; m = 0,49383; k = 0,85961). Ainda nesse período, a mesma distribuição foi constatada para o somatório de adultos e ninfas, (χ² = 1,5083; p = 0,219; k = 0,5137). Os valores de k foram próximos à zero, configuram uma distribuição mais agregada e distante da aleatoriedade. Em relação as demais fases de desenvolvimento do inseto e da planta não ocorreram ajustes às distribuições. A definição da distribuição mais provável foi realizada apenas com base nos valores de χ², sendo que valores maiores indicam que o ajuste à distribuição não é preciso, considerando uma dada probabilidade, conforme possibilidade colocada por Binns et al. (2000) e segundo algoritmo apresentado em Krebs (1999).

Outros ajustes simultâneos, de menor intensidade, foram observados. Um para adultos na fase de perfilhamento, à distribuição Binominal negativa, ou seja, agregada (χ²= 1,6288; p= 0,202) e outro após a colheita do arroz, à distribuição Poisson, tanto adultos (χ²= 1,2225; p= 0,269) como para o somatório de adultos e ninfas (χ²= 3,7892; p= 0,150). Nesse sentido, estudo sobre a distribuição espacial de Oebalus poecilus em sitio de hibernação indicou que, em certas ocasiões de constatação de uma distribuição aleatória, também pode ocorrer o ajuste simultâneo à Poisson, como ao modelo binomial negativo, tendo este fato sido atribuído ao número reduzido de insetos coletados, o que poderia explicar estas simultaneidades (SANTOS et al., 2004).

Conforme o conhecimento atual sobre a forma de estabelecimento do percevejo-do-colmo nos arrozais, há dois modelos de distribuição espacial: ao acaso ou aleatória (Poisson), no qual os insetos entram nas lavouras logo após a hibernação e agregada (binomial negativa), no qual a população inicial é acrescida dos descendentes. Os resultados foram semelhantes aos obtidos por Costa & Link (1992), sem, no entanto, considerar os dados de ingresso na lavoura visto que estes não foram registrados.

Os índices de dispersão variância/média (I) e Morisita (Iδ) indicaram uma distribuição do tipo agregada, com valores acima da unidade, tanto para adultos como para ninfas e em todas as épocas de amostragem. Observa-se que ambos os índices foram elevados no caso das ninfas no período final do perfilhamento (I = 4,19 e Iδ = 4,3157) e na maturação (I = 3,51 e Iδ = 3,0273), indicando uma maior agregação para esta fase de vida nestes períodos, do que nos adultos (I = 1,31 e Iδ = 1,4164, no perfilhamento e I = 1,34 e Iδ = 1,9161, na maturação). Este fato mostra uma tendência deste inseto apresentar distribuição agregada durante a época recomendada para o seu controle, principalmente as ninfas, servindo de indicativo para a realização do plano de amostragem, com o fim de estimar a densidade populacional como também a distribuição espacial na da lavoura após a colheita, no caso da manutenção da soca. Esses resultados também evidenciam a necessidade de registrar durante os levantamentos, tanto dados sobre ninfas como de adultos, pois esses podem apresentar padrões de distribuição espacial diferenciados quando considerados separadamente. Não foi possível o cálculo da dispersão e distribuição espacial das posturas, devido à baixa freqüência observada.

Não existe um índice que satisfaça, na maioria dos casos, a todas as condições (RABINOVICH, 1980). Portanto, para escolher o índice mais adequado, deve-se ter um conhecimento geral sobre a disposição dos insetos e uma idéia da variabilidade das áreas quanto ao número, tamanho das amostras e densidade média.

CONCLUSÃO A informação obtida no primeiro ano de estudo, é indicativa de uma distribuição

agregada de adultos e de ninfas de Tibraca limbativentris [no final da fase de perfilhamento das plantas de arroz (época recomendada para o controle desse inseto)] e na soca (um

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possível sítio de hibernação).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, J. C. A amostragem seqüencial, p. 205-211. In: Fernandes, O. A., Correia, A. C. B., de BORTOLI, S. A. (ed.). Manejo integrado de pragas e nematóides. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 253 p. BINNS, M. R.; NYROP, J.P.; VAN DER WERF, W. Sampling and monitoring in crop protection: the theoretical basis for developing practical decision guides. Guildford & King’s Lynn: Biddles Ltd., 2000. 284p. COSTA, E.C.; LINK, D. Dispersão de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em arroz irrigado. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil. v.21, p.197-202, 1992. COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A.J. A uniform, objective, and adaptative system for expressing rice development. Crop Science, Madison. v.40, p.436-443, 2000. DENT, D. Insect pest management. Cambridge: University Press, 2000. 2nd ed. 410p. KREBS C.J. Ecological methodology. New York: Harper and Hall, 1989. 654p KUNO, E.. Sampling and analysis of insect populations. Annual Review of Entomology 36: 285-304, 1991. MARTINS, J.F. da S.; BARRIGOSSI, J.A.F.; OLIVEIRA, J.V. de; Cunha, U.S. da Cunha. Situação do manejo integrado de insetos-praga na cultura do arroz no Brasil. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009. 40 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 290). RABINOVICH, J.E. Introducción a la ecología de poblaciones animales. México: Compania editorial continental, 1980. 313 p. RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2003. 470 p. SANTOS R.S.S., REDAELLI, L.R., DIEFENBACH, L.M.G., ROMANOWSKI, H.P., PRANDO, H.F., ANTOCHEVIS R.C. Distribuição especial de Oebalus poecilus (Dallas, 1851) (Hemiptera: Pentatomidae) durante a hibernação. Entomotropica 19(2):91-100. 2004. TOLEDO, F., R. de; BARBOSA, J., C.; YAMAMOTO, P. T. Distribuição espacial de Toxoptera citricida (Kirkaldy) (Hemiptera: Aphididae) na cultura de citros. Revista Brasileira de Fruticultura, v.28, n.2, p. 194-198, 2006. YOUNG, L. J.; YOUNG, J.H. Statistical ecology: a population perspective. Boston: Kluwer Academic Publishers, 1998. 565p.

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Eficiência de Inseticidas Aplicados em Dois Horários para o Controle do Percevejo-do-Colmo Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera:

Pentatomidae) na Cultura do Arroz-Irrigado Juliano Bastos Pazzini1; Nereu Carpes Meus2; Robson Antonio Botta3; Fernando Felisberto da Silva4.

Palavras-chave: controle químico, tecnologia de aplicação, percevejo-do-colmo do arroz,

agrotóxicos.,

INTRODUÇÃO Algumas espécies de insetos e outros fitófagos que ocorrem na cultura do arroz

irrigado nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina possuem potencial para atingir níveis populacionais de dano econômico e causar perdas de produtividade da ordem 15 % a 30 %. O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris é considerado uma das pragas mais importantes da cultura do arroz, especialmente de várzea úmida (Martins et al., 2000) e o segundo inseto de importância econômica da cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil (SOSBAI, 2010).

O percevejo-do-colmo é altamente prejudicial à cultura do arroz no Brasil (FERREIRA et al., 1986), principalmente em cultivos irrigados por inundação. Em altas infestações este inseto provoca perdas consideráveis de produção, principalmente, se o ataque ocorrer nas fases de pré-floração e formação dos grãos (COSTA & LINK, 1992).

Na entressafra, o percevejo-do-colmo hiberna na base de plantas, de diversas espécies, junto à superfície do solo, onde há maior umidade (LINK et al., 1997). Migrando aos novos arrozais, localiza-se também na base das plantas de arroz, entre os colmos, preferencialmente onde não há formação de lâmina d’água de irrigação, estando o solo apenas saturado (BOTTON et al., 1996), característica encontrada na superfície das taipas nas lavouras da região Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Nesses locais, ocorrem condições de umidade e temperaturas propícias ao desenvolvimento do inseto (MARTINS & LIMA, 1994).

Devido ao hábito de estabelecer-se e manter-se, predominantemente, entre os colmos, à base das plantas, nem sempre as infestações são percebidas na época mais recomendável para a adoção de medidas de controle (FERREIRA et al., 1997).

O maior problema associado ao percevejo-do-colmo é o fato do controle ser efetuado, por meio de inseticidas químicos, sem considerar princípios do manejo integrado de pragas. As pulverizações atingem, principalmente, adultos no topo das plantas de arroz, mas não atingem grande quantidade de ninfas, protegidas entre os colmos, na base dessas plantas (MARTINS et al., 2009). Associado a este fato tais aplicações de inseticidas geralmente são realizadas em horários em que as condições tanto climatológicas como fisiológicas da planta de arroz, no caso dos sistêmicos, não são as mais favoráveis.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de inseticidas, aplicados em horários diferentes do dia, no controle do percevejo-do-colmo.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na safra 2010/11, em lavoura comercial de arroz da

cultivar IRGA 417, localizada na Fazenda Pitangueira, no município de Itaqui/RS (29°07'30"S e 56°33'10"O). O sistema de plantio utilizado foi de cultivo mínimo com taipas

1 Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, – Campus Itaqui, Avenida Luiz Joaquim de Sá Brito, Itaqui - RS, 97650-000, [email protected]. 2 Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected]. 3 Acad. Curso de Agronomia, Universidade Federal do Pampa, [email protected]. 4 Eng. Agr. Professor Adjunto, Universidade Federal do Pampa, [email protected].

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niveladas. Antecipadamente a aplicação dos tratamentos avaliou-se a ocorrência de infestação do percevejo-do-colmo na lavoura, principalmente a presença de ninfas. O experimento foi montado sobre as taipas, testando 4 tratamentos: Lambda-Cialotrina (50g/L; 150 ml/ha); Tiametoxam (250g/L; 125 g/ha) e Tiametoxam+L-Cialotrina (141g/L+106g/L; 175 ml/ha) em dois horários de aplicação (7h:30min; 16h:30min), formando um fatorial 4 x 2. O delineamento foi blocos ao acaso, com quatro 4 repetições dispostos em taipas lado a lado. A aplicação dos tratamentos foi feita com o auxílio de pulverizador costal com pressão constante (mantida por CO2 comprimido) equipado com uma barra contendo 4 bicos (marca Teejet), com jato num ângulo de 110° e pressão de 0,2 galões americanos por minuto numa pressão de trabalho de 40 PSI, usando a vazão de 150 L/ha, numa altura de aplicação de 40 cm acima das plantas. Durante a instalação do experimento a cultura encontrava-se no estádio entre emborrachamento e emissão da panícula (R2 – R3). As parcelas tinham 5m de comprimento sobre as taipas que têm em média 0,5m de largura. Entre parcelas foi deixado um espaço de 2m para não haver deriva do produto aplicado. As contagens de ninfas e adultos foram realizadas nos dois metros centrais da parcela. Após a aplicação foram feitas amostragens em intervalos de 7 dias, encerrando aos 21 DAA (dias após aplicação). A avaliação da eficiência dos inseticidas foi feita baseada na Fórmula de Henderson -Tilton (Mortalidade (%) = 100 x (1 – Ptantes x Pcdepois/Ptdepois x Pcantes), onde: Pcantes = população nos tratamentos antes da aplicação; Ptantes = população na testemunha antes da aplicação; Pcdepois = população nos tratamentos depois da aplicação; Ptdepois = população na testemunha depois da aplicação. Este método de avaliar a eficiência de controle de insetos é recomendado para infestação ou indivíduos vivos e população desuniforme, como foi o caso do percevejo-do-colmo, que tem como característica distribuição agregada (SILVA et. al, no prelo). A análise de variância foi feita utilizando o programa ASSISTAT Versão 7.6 beta (SILVA & AZEVEDO, 2002), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma análise geral dos dados obtidos após realizada a análise de variância, mostrou

significâncias, pela estatística F (p ≤ 0,01), para os fatores inseticidas, dias após a aplicação (DAA) e estágio de desenvolvimento do inseto. As interações significativas ocorreram apenas entre os períodos do dia e os inseticidas e DAA e estágio de desenvolvimento.

Considerando o número médio final de percevejos, tanto nas fases adulta como ninfal, destacam-se reduzindo a população, considerando os periodos manhã e tarde, os inseticidas: Tiametoxam, Lambda-cialotrina e Tiametoxam+Lambda-cialotrina. O inseticida Tiametoxam reduziu as populações nas aplicações realizadas em ambos os períodos do dia, já quando em associação com Lambda-cialotrina, somente no período da tarde ele obteve efeitos negativos na população. Da mesma forma, Lambda-cialotrina apresentou tais efeitos, no entanto, somente no período da manhã. Estes efeitos negativos evidenciam-se e podem ser atribuídos aos inseticidas uma vez que a testemunha, sem aplicações, manteve-se inalterada, independente dos períodos (Tabela 1).

Analisando-se os períodos do dia de forma isolada, quando aplicados os inseticidas pela manhã observou-se que o Tiametoxam, conforme mencionado anteriormente, obteve a maior redução populacional do inseto. Os demais inseticidas mostraram-se intermediários, não diferindo da testemunha. Na parte da tarde, os melhores efeitos inseticidas foram verificados novamente com o Tiametoxam e o Tiametoxam+Lambda cialotrina.

Quando associamos os dados da redução populacional do inseto aos da eficiência de controle calculada por Henderson-Tilton, podemos verificar se esta redução é considerada eficiente ou não. Este método de cálculo é utilizado para infestação ou indivíduos vivos e população desuniforme, como é o caso do percevejo-do-colmo.

TABELA 1 – Número médio final de Tibraca limbativentris (ninfa + adulto) encontrados nos diferentes períodos de aplicação dos tratamentos. Fazenda Pitangueira – Itaqui-RS.

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Inseticidas Período Manhã Tarde

Tiametoxam 0,52* b A 0,83 b A Lambda-cialotrina 1,12 ab B 2,18 a A

Tiametoxam + L. - cialotrina 1,12 ab A 0,25 b B Testemunha 1,79 a A 1,08 a A Media Geral 1,14 a A 1,08 b A

*Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas para colunas e minúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

Nos testes de eficiência de controle deve-se separar os insetos em teste de acordo

com a fase de desenvolvimento que se encontram, uma vez que podem haver respostas diferenciadas do inseticida, já que os insetos apresentam variações fisiológicas e morfológicas em função destas fases.

O Tiametoxam, apesar de se destacar reduzindo a população dos percevejos apresentou baixa eficiência de controle, pela parte da manhã (Tabela 2). Quando em associação à Lambda-cialotrina obteve controle somente até os 7 DAA. Lambda-cialotrina apresentou eficiência de controle aos 14 DAA, porém não atingiu o controle desejado. Já o Tiametoxam+Lambda-cialotrina apresentou controle satisfatório aos 7 DAA. Estes dados concordam com (MAZIERO et al. (2009) e FARIAS (2006) que obtiveram eficiências de controle somente nas primeiras avaliações em experimentos com Piezedorus guildini.

No período da tarde o Tiametoxam apresentou eficiência satisfatória de controle somente aos 21 DAA, a Lambda-cialotrina aos 14 DAA e quando em associação destes inseticidas aos 7 e aos 21 DAA (Tabela 2).

Pelos resultados apresentados verifica-se que o controle quando realizada a aplicação dos inseticidas pela parte da manhã não apresenta um residual elevado, provavelmente devido às condições de maior presença de orvalho que pode ter infuenciado negativamente a absorção dos inseticidas neonicotinóides, devido ao escorrimento. É interessante ainda comentar que no experimento observou-se que a populção de ninfas foi maior do que a de adultos e o neonicotinóide foi mais eficiente na sua redução populacional do que o piretróide.

TABELA 2 – Eficiência de inseticidas (%), aplicados em períodos diferentes do dia, no controle do percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris) baseado na fórmula de Henderson-Tilton. Fazenda Pitangueira-Itaqui, RS.

Tratamentos Manhã

7 DAA* 14 DAA 21 DAA Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos

Tiametoxam 43,8 0 50 L-cialotrina 0 65,7 0

Tiametoxam + L-cialotrina 94,2 7,7 53,8 Testemunha 0 0 0

Tratamentos Tarde

7 DAA 14 DAA 21 DAA Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos

Tiametoxam 55 78,6 92,5 L-cialotrina 0 82,4 76,9

Tiametoxam + L-cialotrina 80 71,4 100 Testemunha 0 0 0

*DAA: dias após a aplicação. Assim o neonicotinóide, por ser sistêmico, comporta-se como um i.a. eficiente no

niveladas. Antecipadamente a aplicação dos tratamentos avaliou-se a ocorrência de infestação do percevejo-do-colmo na lavoura, principalmente a presença de ninfas. O experimento foi montado sobre as taipas, testando 4 tratamentos: Lambda-Cialotrina (50g/L; 150 ml/ha); Tiametoxam (250g/L; 125 g/ha) e Tiametoxam+L-Cialotrina (141g/L+106g/L; 175 ml/ha) em dois horários de aplicação (7h:30min; 16h:30min), formando um fatorial 4 x 2. O delineamento foi blocos ao acaso, com quatro 4 repetições dispostos em taipas lado a lado. A aplicação dos tratamentos foi feita com o auxílio de pulverizador costal com pressão constante (mantida por CO2 comprimido) equipado com uma barra contendo 4 bicos (marca Teejet), com jato num ângulo de 110° e pressão de 0,2 galões americanos por minuto numa pressão de trabalho de 40 PSI, usando a vazão de 150 L/ha, numa altura de aplicação de 40 cm acima das plantas. Durante a instalação do experimento a cultura encontrava-se no estádio entre emborrachamento e emissão da panícula (R2 – R3). As parcelas tinham 5m de comprimento sobre as taipas que têm em média 0,5m de largura. Entre parcelas foi deixado um espaço de 2m para não haver deriva do produto aplicado. As contagens de ninfas e adultos foram realizadas nos dois metros centrais da parcela. Após a aplicação foram feitas amostragens em intervalos de 7 dias, encerrando aos 21 DAA (dias após aplicação). A avaliação da eficiência dos inseticidas foi feita baseada na Fórmula de Henderson -Tilton (Mortalidade (%) = 100 x (1 – Ptantes x Pcdepois/Ptdepois x Pcantes), onde: Pcantes = população nos tratamentos antes da aplicação; Ptantes = população na testemunha antes da aplicação; Pcdepois = população nos tratamentos depois da aplicação; Ptdepois = população na testemunha depois da aplicação. Este método de avaliar a eficiência de controle de insetos é recomendado para infestação ou indivíduos vivos e população desuniforme, como foi o caso do percevejo-do-colmo, que tem como característica distribuição agregada (SILVA et. al, no prelo). A análise de variância foi feita utilizando o programa ASSISTAT Versão 7.6 beta (SILVA & AZEVEDO, 2002), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma análise geral dos dados obtidos após realizada a análise de variância, mostrou

significâncias, pela estatística F (p ≤ 0,01), para os fatores inseticidas, dias após a aplicação (DAA) e estágio de desenvolvimento do inseto. As interações significativas ocorreram apenas entre os períodos do dia e os inseticidas e DAA e estágio de desenvolvimento.

Considerando o número médio final de percevejos, tanto nas fases adulta como ninfal, destacam-se reduzindo a população, considerando os periodos manhã e tarde, os inseticidas: Tiametoxam, Lambda-cialotrina e Tiametoxam+Lambda-cialotrina. O inseticida Tiametoxam reduziu as populações nas aplicações realizadas em ambos os períodos do dia, já quando em associação com Lambda-cialotrina, somente no período da tarde ele obteve efeitos negativos na população. Da mesma forma, Lambda-cialotrina apresentou tais efeitos, no entanto, somente no período da manhã. Estes efeitos negativos evidenciam-se e podem ser atribuídos aos inseticidas uma vez que a testemunha, sem aplicações, manteve-se inalterada, independente dos períodos (Tabela 1).

Analisando-se os períodos do dia de forma isolada, quando aplicados os inseticidas pela manhã observou-se que o Tiametoxam, conforme mencionado anteriormente, obteve a maior redução populacional do inseto. Os demais inseticidas mostraram-se intermediários, não diferindo da testemunha. Na parte da tarde, os melhores efeitos inseticidas foram verificados novamente com o Tiametoxam e o Tiametoxam+Lambda cialotrina.

Quando associamos os dados da redução populacional do inseto aos da eficiência de controle calculada por Henderson-Tilton, podemos verificar se esta redução é considerada eficiente ou não. Este método de cálculo é utilizado para infestação ou indivíduos vivos e população desuniforme, como é o caso do percevejo-do-colmo.

TABELA 1 – Número médio final de Tibraca limbativentris (ninfa + adulto) encontrados nos diferentes períodos de aplicação dos tratamentos. Fazenda Pitangueira – Itaqui-RS.

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controle de ninfas e o piretóide para adultos. Este fato deve-se em grande parte ao comportamento do inseto que, na fase ninfal movimenta-se pouco e permanece agregado próximo ao local da postura, ou seja, próximos à base das plantas, com difícil acesso pelos i.a. com característica de contato e não-sistêmicos. Os adultos, por sua vez, apresentam maior movimentação nas plantas e podem entrar em contato com os protudos não-sistêmicos depositados na superfície das plantas. Quando estes dois inseticidas são utilizados em conjunto, porém em concentrações reduzidas do neonicotinóide e aumentadas do piretóide na formulação, observamos um efeito sinérgico de controle. Ainda, associado a este fato, observamos que no período da tarde obtivemos as maiores eficiências.

CONCLUSÃO Aplicações de Tiametoxam+Lambda-cialotrina são eficientes no controle de adultos

e ninfas de Tibraca limbativentris, recomendando-se que sejam realizadas no turno da tarde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTTON, M. et al. Biologia de Tibraca limbativentris (Stal, 1860) sobre plantas de arroz. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v.25, n.1, p.21-26, 1996. COSTA, E.C. & D. LINK. Avaliação de danos de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em arroz irrigado. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil. 21: 187-195. 1992. FARIAS, J. R. et al.; Eficiência de Tiametoxam + Lambda-cialotrina no controle do percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii (WESTWOOD, 1837) (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) e seletividade para predadores na cultura da soja. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.13, n.2, p. 10-19. 2006. FERREIRA, E. et al. Resistência de arroz ao percevejo do colmo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.21, n.5, p.565-569, 1986. FERREIRA, E. et al. O percevejo do colmo na cultura do arroz. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1997. 43p. (EMBRAPA -CNPAF. Documentos, 75). LINK, D. et al. Alguns locais de hibernação do percevejo da haste do arroz, Tibraca limbativentris na região central do Rio Grande do Sul, Brasil. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 22., 1997, Balneário Camboriú. Anais... Itajaí : EPAGRI, 1997. p.322-324. MARTINS, J. F. da S. et al. Situação do manejo integrado de insetos-praga da cultura do arroz no Brasil. Pelotas-RS: Embrapa Clima Temperado, 2009. MARTINS, J.F. da S.; et al. Controle de insetos na cultura do arroz irrigado. In: GUEDES, J. C.; COSTA, I. D. (Ed), Bases e técnicas do manejo de insetos. Santa Maria: Pallotti, 2000. MARTINS, J.F. da S.; LIMA, M.G.A. de. Fungos entomopatogênicos no controle do percevejo-do-colmo do arroz Tibraca limbativentris Stal.: Virulência de isolados de Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. e Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v.23, n.1, n.39-44, 1994. MAZIERO, H.; et. al.; Volume de calda e inseticidas no controle de Piezodorus guildinii (Westwood) na cultura da soja. Ciência Rural, v.39, n.5, 2009. SILVA, F. de A. S. e; AZEVEDO, C. A. V. de. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.1, p71-78, 2002.

Inseticidas Período Manhã Tarde

Tiametoxam 0,52* b A 0,83 b A Lambda-cialotrina 1,12 ab B 2,18 a A

Tiametoxam + L. - cialotrina 1,12 ab A 0,25 b B Testemunha 1,79 a A 1,08 a A Media Geral 1,14 a A 1,08 b A

*Médias seguidas pela mesma letra maiúsculas para colunas e minúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

Nos testes de eficiência de controle deve-se separar os insetos em teste de acordo

com a fase de desenvolvimento que se encontram, uma vez que podem haver respostas diferenciadas do inseticida, já que os insetos apresentam variações fisiológicas e morfológicas em função destas fases.

O Tiametoxam, apesar de se destacar reduzindo a população dos percevejos apresentou baixa eficiência de controle, pela parte da manhã (Tabela 2). Quando em associação à Lambda-cialotrina obteve controle somente até os 7 DAA. Lambda-cialotrina apresentou eficiência de controle aos 14 DAA, porém não atingiu o controle desejado. Já o Tiametoxam+Lambda-cialotrina apresentou controle satisfatório aos 7 DAA. Estes dados concordam com (MAZIERO et al. (2009) e FARIAS (2006) que obtiveram eficiências de controle somente nas primeiras avaliações em experimentos com Piezedorus guildini.

No período da tarde o Tiametoxam apresentou eficiência satisfatória de controle somente aos 21 DAA, a Lambda-cialotrina aos 14 DAA e quando em associação destes inseticidas aos 7 e aos 21 DAA (Tabela 2).

Pelos resultados apresentados verifica-se que o controle quando realizada a aplicação dos inseticidas pela parte da manhã não apresenta um residual elevado, provavelmente devido às condições de maior presença de orvalho que pode ter infuenciado negativamente a absorção dos inseticidas neonicotinóides, devido ao escorrimento. É interessante ainda comentar que no experimento observou-se que a populção de ninfas foi maior do que a de adultos e o neonicotinóide foi mais eficiente na sua redução populacional do que o piretróide.

TABELA 2 – Eficiência de inseticidas (%), aplicados em períodos diferentes do dia, no controle do percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris) baseado na fórmula de Henderson-Tilton. Fazenda Pitangueira-Itaqui, RS.

Tratamentos Manhã

7 DAA* 14 DAA 21 DAA Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos

Tiametoxam 43,8 0 50 L-cialotrina 0 65,7 0

Tiametoxam + L-cialotrina 94,2 7,7 53,8 Testemunha 0 0 0

Tratamentos Tarde

7 DAA 14 DAA 21 DAA Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos Ninfas + Adultos

Tiametoxam 55 78,6 92,5 L-cialotrina 0 82,4 76,9

Tiametoxam + L-cialotrina 80 71,4 100 Testemunha 0 0 0

*DAA: dias após a aplicação. Assim o neonicotinóide, por ser sistêmico, comporta-se como um i.a. eficiente no

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EFEITO DO INSETICIDA CLORANTRANILIPROLE SOBRE Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE)

EM AGROECOSSISTEMA DE VÁRZEA Anderson D. Grutzmacher1; Deivid A. Magano2; Marcelo Zimmer3; Nassan F. Guimarães4; Franciele S. De Armas5

Palavras-chave: Toxicidade, Parasitóide de ovos, Antranilamida, Controle químico, Manejo

Integrado de Pragas

INTRODUÇÃO O arroz é um dos alimentos mais importantes para a nutrição humana, sendo a

base alimentar de mais de três bilhões de pessoas no mundo, sendo o segundo cereal mais cultivado no planeta, ocupando uma área de aproximadamente 158 milhões de hectares (REUNIÃO..., 2010).

Na região Sul do Estado do Rio Grande do Sul, em solos de várzea, onde o arroz irrigado se desenvolve em grandes áreas, a cultura do milho tem assumido grande importância como alternativa no sistema de rotação de culturas, auxiliando principalmente no controle de plantas daninhas (PORTO et al., 1998). No entanto, o uso de inseticidas tem sido intensificado, em função do estabelecimento, a manutenção e desenvolvimento de pragas polífagas como a lagarta-do-cartucho do milho Spodoptera frugiperda, que está presente nas duas culturas (GRUTZMACHER et al., 2000).

O inseticida clorantraniliprole apresenta registro na cultura do arroz somente para o curculionídeo Oryzophagus oryzae, fato que também se verifica na cultura do milho para lagartas desfolhadoras, como para S. frugiperda. Entretanto, a dosagem recomendada do produto comercial difere significativamente entre elas, o que pode causar efeitos secundários sobre inimigos naturais, como o parasitóide de ovos do gênero Trichogramma. Esses parasitóides são altamente efetivos, pois impedem a eclosão do hospedeiro antes que qualquer dano seja causado à planta e são encontrados espontaneamente em arroz irrigado na Índia, onde posturas da Scirpophaga incertulas (Lepidoptera: Pyralidae) são realizadas sobre as folhas do arroz causando em plantas o sintoma de coração-morto (RANI et al., 2007). Além disso, sob o ponto de vista de tolerância a inseticidas, os parasitóides de ovos mostram-se particularmente promissores, uma vez que todos os estágios imaturos desses parasitóides se desenvolvem sob a proteção do córion do ovo hospedeiro, o que é extremamente importante para o estabelecimento e manutenção das populações do parasitóide a campo durante a safra agrícola. Assim Polaszek et al. (2002) relataram a existência de parasitóides do gênero Trichogramma, na cultura do arroz irrigado em Bangladesh, identificando uma nova espécie desses parasitóides (Trichogramma zairi), e então realizaram estudos de taxonomia e biologia deste inimigo natural.

Diante dessa realidade o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do inseticida clorantranilipole sobre Trichogramma pretiosum, para os produtos registrados nas culturas do arroz irrigado e do milho, baseando-se na metodologia proposta pela “International Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants” (IOBC).

MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos nos Laboratórios de Manejo Integrado de

1 Prof. Dr., Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitossanidade-LabMIP- Campus Universitário s/n, Pelotas-RS, CEP 96.010-900 [email protected] 2 Eng. Agr., Universidade Federal de Pelotas, LabMIP, [email protected] 3 Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected] 4 Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected] 5 Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected]

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Pragas (LabMIP) da UFPel conforme metodologia estabelecida pela IOBC para Trichogramma de acordo com Hassan et al. (2000). O material biológico utilizado nos experimentos foi constituído pelo parasitóide T. pretiosum. A criação foi mantida em laboratório, utilizando-se ovos inviabilizados, sob lâmpada germicida do hospedeiro Anagasta kuehniella, à temperatura de 25±1ºC, umidade relativa do ar de 70±10% e fotofase de 14 horas.

Os inseticidas [produto comercial (ingrediente ativo - g ou mL p.c.ha-1 - cultura registrada)] avaliados foram: Altacor (chlorantraniliprole - 85,7 - arroz irrigado), Premio (chlorantraniliprole - 50 - milho), Karate 50 CS (lambdacialotrina - 150 - arroz irrigado), Ampligo (lambdacialotrina + chlorantraniliprole - 150 - milho) e Lannate BR (metomil - 600 - padrão de toxicidade/milho). Além dos inseticidas testados, também foi utilizada uma testemunha negativa (ausência de inseticida). Os parasitóides foram expostos a resíduos secos dos inseticidas pulverizados sobre placas de vidro, na máxima dosagem recomendada para uso a campo para controle de lagartas desfolhadoras e outros insetos fitófagos das culturas do arroz irrigado e/ou milho cultivado em agroecossistema de várzea.

Os testes de toxicidade foram conduzidos, em laboratório, sob as mesmas condições meteorológicas usadas na criação do parasitóide, expondo-se adultos de T. pretiosum a resíduos secos dos compostos inseticidas. A exposição foi feita em placas quadrangulares de vidro de 130 mm de lado, pulverizadas com os agrotóxicos. As aplicações foram realizadas através de pulverizadores manuais, que proporcionaram um depósito de calda de 1,75±0,25 mg.cm-2 na placa de vidro.

Para a liberação dos parasitóides, no interior das gaiolas, foram utilizados tubos de emergência, sendo que cada um deles (ampola de vidro transparente de 120 mm de comprimento por 20 mm de diâmetro em uma das extremidades e 7 mm na outra), continha um círculo de cartolina (10 mm de diâmetro), com 250±50 ovos de A. kuehniella previamente parasitados. Aproximadamente 24 horas após a emergência, os tubos contendo os adultos de T. pretiosum foram conectados às gaiolas de contato (com as placas de vidro), seis horas após a pulverização, permitindo a entrada dos insetos no interior da gaiola. Seis horas após a retirada dos tubos de emergência, cartões contendo três círculos de 10 mm de diâmetro com 450±50 ovos inviabilizados de A. kuehniella por unidade, e alimento foram oferecidos em sobreposição às 24 (três cartões), 48 (dois cartões) e 96 (um cartão) horas após pulverização, para serem parasitados por T. pretiosum. A partir do número de ovos parasitados e número de fêmeas no interior da gaiola, obteve-se o número médio de ovos parasitados por fêmea de T. pretiosum, para cada tratamento.

Foram utilizadas quatro repetições para cada tratamento, sendo cada gaiola de contato considerada uma unidade experimental no delineamento inteiramente casualizado. Os dados obtidos foram testados quanto à normalidade e, submetidos à análise de variação, sendo as médias dos tratamentos comparadas com a testemunha de cada experimento pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro. As reduções, no número médio de ovos parasitados, em função dos produtos testados foram corrigidas pela fórmula RP = (1 - Rt/Rc)*100, onde RP é a porcentagem de redução no parasitismo, Rt é o valor do parasitismo médio para cada produto e Rc o parasitismo médio observado para o tratamento testemunha (negativa) (HASSAN et al., 2000). Com base nas porcentagens de reduções no parasitismo, os inseticidas foram classificados segundo a IOBC em: 1) inócuo (<30%); 2) levemente nocivo (30-79%); 3) moderadamente nocivo (80-99%) e 4) nocivo (>99%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de ovos parasitados por fêmea no período de 24 horas, a razão sexual e o

número de parasitóides por ovo oriundo de fêmeas de T. pretiosum, foram influenciados significativamente pelos inseticidas testados. O número de ovos parasitados e a razão sexual estão dentre os parâmetros biológicos mais comumente afetados, ocasionados por efeitos

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secundários de exposição aos inseticidas (FOERSTER, 2002). Um importante parâmetro que valida os testes de seletividade com adultos de

parasitóides de ovos é o número de ovos parasitados por fêmea, executados seguindo a metodologia do IOBC. Analisando o número médio de ovos parasitados por fêmea para a testemunha, que ficou em torno de 32 ovos parasitados por fêmea, verificaram-se valores bem superiores àqueles definidos pela IOBC, de 15 ovos parasitados por fêmea para Trichogramma cacoeciae (Hymenoptera: Trichogrammatidae). De acordo com os dados observados na Tabela 1, os inseticidas enquadrados nas classes 2 (Altacor e Ampligo) e 4 (Karate Zeon 50 CS e Lannate BR) requerem testes subseqüentes, com estágios imaturos do parasitóide no interior do ovo do hospedeiro alternativo, de persistência biológica em casa de vegetação e ainda testes a campo em lavouras de arroz irrigado e de milho a fim de obter resultados conclusivos sobre a seletividade dos mesmos a esta espécie de Trichogramma. Somente o inseticida Premio pode ser considerado seletivo e não necessita de novos testes, podendo ser considerado com seletividade do tipo fisiológica ao parasitóide, sendo uma das grandes vantagens desse produto que apresenta um mecanismo de ação diferenciado em relação aos produtos convencionais que atuam no sistema nervoso, atuando chlorantraniliprole sobre a musculatura dos insetos, o que pode ser uma importante ferramenta no manejo da resistência aos inseticidas convencionais atualmente utilizados no controle de insetos praga da cultura do arroz irrigado.

Não obstante, esse produto em função de sua especificidade, não apresenta riscos de intoxicação aguda aos aplicadores, podendo inclusive vir a ser incluído nas recomendações técnicas da cultura do arroz irrigado, desde que seja solicitado o registro ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visto que o registro e conseqüente uso de novos inseticidas piretróides está vetado após a irrigação por inundação. Tabela 1- Número médio de fêmeas por gaiola e efeito de inseticidas utilizados nas culturas do arroz irrigado

e do milho sobre o número (±EP) de ovos parasitados por fêmeas, redução (%) na capacidade de parasitismo de adultos de Trichogramma pretiosum e classificação de toxicidade segundo IOBC em condições de laboratório (temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10%, fotofase de 14 horas). Pelotas-RS. 2010-2011.

Formulação comercial

DC1 Número de fêmeas por

gaiola2

Ovos parasitados por fêmea2

RP(%)3 Classes4

Testemunha ----- 148,18 ± 15,35 ns

32,14 ±3,38 a ----- -----

Premio 50 155,6 ± 14,16 23,44 ± 3,21 a 27,07 1 Altacor

85,7

175,33 ± 13,78

9,79 ± 2,10 b

69,53

2

Ampligo

150 195,60 ± 17,90 9,33 ± 2,95 b 70,98 2

Karate Zeon 50 CS 150 186,48 ± 17,70 0,32 ± 0,04 c 99,01 4 Lannate BR

600

136,83 ± 13,50

0,00 ± 0,00 c

100,00

4

1DC = Dosagem da formulação comercial (g ou mL.ha-1); 2Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro; 3RP = Redução do parasitismo comparado com a testemunha; 4Classes da IOBC/WPRS para teste de toxicidade sobre adultos de Trichogramma: 1=inócuo (<30%), 2=levemente nocivo (30-79%), 3=moderadamente nocivo (80-99%), 4=nocivo (>99%).

Verificando o desempenho desses dois produtos comerciais a base de chlorantraniliprole foi possível inferir diferenças relativas contidas em suas formulações que podem ser cruciais para a diferença entre as classes de seletividade entre os mesmos ao parasitóide, visto que o produto Altacor é mais concentrado (350 g/L) que o produto Premio (200 g/L). Do ponto de vista da formulação, Altacor possui grânulos dispersíveis em água enquanto que o inseticida Premio possui suspensão concentrada, o que pressupõe que os ingredientes inertes contidos na formulação de Altacor podem ter levado a redução no parasitismo. Outra questão a ser abordada é que a dosagem de Altacor indicada para a cultura do arroz irrigado, que é quase

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duas vezes maior que a indicada para a cultura do milho, causando o enquadramento do produto na classe 2. Evidentemente maiores estudos deverão ser efetuados a fim de elucidar os fatos acima expostos. As Antranilamidas vêm a ocupar um importante nicho no combate as pragas da cultura do arroz irrigado, principalmente no que tange á lepidópteros pragas, como dos gêneros Spodoptera e Mythimna (= Pseudaletia), que apresenta além de escassos produtos registrados, os quais apresentam alta toxicidade e grandes riscos à saúde humana. Assim Oliveira et al. (2009), realizaram ensaios de campo com o inseticida Altacor e observaram que na faixa de 40-50 mL ha-1 foi capaz de controlar com 95% de eficiência 48 horas após a aplicação do tratamento, para a lagarta-da-panícula (Pseudaletia). Este fato reforça a extensão de registro de Altacor para o controle de lepidópteros praga na cultura do arroz Irrigado. Já o inseticida Ampligo apesar de ser um produto com formulação suspensão concentrada tem a presença de um piretróide junto da formulação que proporciona uma ação de choque aos insetos, inclusive para os inimigos naturais. O produto Karate Zeon 50 CS tem esse efeito de choque acentuado em função da elevada concentração do piretróide lambdacialotrina presente neste produto, o que ocasionou uma alta mortalidade dos parasitóides.

CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos nos testes de toxicidade inicial em laboratório, com

as respectivas dosagens indicadas dos inseticidas para as culturas do arroz irrigado e do milho, conclui-se que Premio é inócuo (classe 1), Altacor e Ampligo são levemente tóxicos (classe 2), Karate Zeon 50 CS e Lannate BR são nocivos (classe 4) à T. pretiosum.

AGRADECIMENTOS A FINEP pela infra-estrutura de laboratórios, a CAPES, ao CNPq e a FAPERGS

pela concessão de bolsas de estudos aos envolvidos no projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOERSTER, L.A. Seletividade de inseticidas a predadores e parasitóides. In: PARRA, J.R.P. et al. (eds.). Controle Biológico no Brasil: parasitóides e predadores. São Paulo: Manole, 2002. cap.6, p.95-114. GRUTZMACHER, A.D.; MARTINS, J.F.S.; CUNHA, U.S. Insetos-pragas das culturas do milho e sorgo no agroecossistema de várzea. In: PARFITT, J.M.B. Produção de milho e sorgo em várzea. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2000. p.87-101. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 74). HASSAN, S. A.; HALSALL, N.; GRAY, A. P.; KUEHNER, C.; MOLL, M.; BAKKER, F.M.; ROEMBKE, J.; YOUSEF, A.; NASR, F.; ABDELGADER, H. A laboratory method to evaluate the side effects of plant protection products on Trichogramma cacoeciae Marchal (Hym., Trichogrammatidae). In: CANDOLFI, M.P.; BLUMEL, S.; FORSTER, R.; BAKKER, F. M.; GRIMM, C.; HASSAN S. A.; HEIMBACH, U.; MEAD-BRIGGS, M. A.; REBER, B.; SCHMUCK, R.; VOGT, H. (eds.): 2000: Guidelines to evaluate side-effects of plant protection products to non-target arthropods. IOBC/WPRS, p.107-119. OLIVEIRA, J.V. de; FREITAS, T.F.S.; BARROS, J.; DOTTO, J.; FREITAS, J.P.; CREMONESE, J. Controle químico da lagarta-da-panícula Pseudaletia spp. (Lepidoptera: Noctuidae) em arroz irrigado no Rio Grande do Sul In: 6. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2009, Porto Alegre-RS. Anais - CD ROM. Porto Alegre-RS: IRGA e SOSBAI, 2009. v. 1 (Manejo de Insetos). p. 23-25. POLASZEK, A.; RABBI M.F.; ISLAM, Z.; BUCKLEY, Y.M. Trichogramma zahiri (Hymenoptera: Trichogrammatidae) an egg parasitoid of the Rice hispa Dicladispa armigera (Coleoptera: Chrysomelidae) in Bangladesh. Bulletin of Entomological Research, v. 92, p. 529-537, 2002. PORTO, M.P.; SILVA, S.D.A.; WINKLER, E.I.G.; SILVA, C.A.S.; PARFITT, J.M.B. Milho em várzeas de clima temperado na região sul do Brasil: Cultivares e manejo de solo e água. Pelotas: Embrapa-CPACT, 1998. 31p. (Embrapa-CPACT. Circular Técnica, 6). RANI, U.P.; KUMARI, S.I.; SRIRAMAKRISHMA,T.; SUDHAKAR, T.R. Kairomones extracted from Rice Yellow Stem Borer and their Influence on egg parasitization by Trichogramma japonicum Ashmead. Journal of Chemistry Ecology, v. 33, p.59-73, 2007. REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves, RS. Arroz irrigado: recomendações técnicas para o sul do Brasil. Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188 p.

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TOXICIDADE DO INSETICIDA ALTACOR SOBRE Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) EM ARROZ

IRRIGADO Anderson D. Grutzmacher1; Deivid A. Magano2; Marcelo Zimmer3; Luiz F. Paulus4; Leandro R. Krüger5

Palavras-chave: Manejo Integrado de Pragas, Parasitóide de ovos, Antranilamida, Controle

químico, Sub-dosagens

INTRODUÇÃO O cultivo de arroz irrigado, praticado na região Sul do Brasil contribui, em média,

com 54% da produção nacional, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro. Em Santa Catarina, o plantio por meio do sistema pré-germinado responde pelo segundo lugar na produção do grão irrigado, com 800 mil toneladas anuais segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011). No entanto, insetos podem causar danos á cultura, desde a semeadura á época de formação dos grãos (FRITZ et al., 2008). Dentre os noctuídeos prejudiciais à cultura do arroz irrigado destacam-se Mythimna (= Pseudaletia) sequax e Mythimna (= Pseudaletia) adultera, denominadas de lagarta-da-panícula, devido ao hábito de cortar as panículas, na época da colheita, provocando significativa perda de cachos, podendo causar drástica redução de produtividade.

Apesar de relatos de sua presença há anos na cultura do arroz irrigado, entre outros insetos praga de importância econômica (BIEZANKO, 1974), o aumento crescente de sua população, vem preocupando produtores e pesquisadores ligados a orizicultura, visto que não existem, até o momento, inseticidas registrados no MAPA para o controle eficiente desse inseto. Em ensaios realizados por Oliveira et al. (2009) em lavouras comerciais, a utilização do inseticida Altacor (chlorantraniliprole), mostrou uma alta eficiência quando aplicado nas dosagens de 40 a 75 g p.c. ha-1, no entanto esse inseticida, apresenta registro somente para o curculionídeo Oryzophagus oryzae com uma dosagem de 85,7 g p.c. ha-1

(REUNIÃO..., 2010). Em estudos preliminares de seletividade de inseticidas á Trichogramma pretiosum, realizados no LaBMIP-UFPel, verificaram que na dosagem registrada o inseticida Altacor (chlorantraniliprole), mostrou-se levemente tóxico á esses inimigos naturais o que mostrou causar efeitos secundários sobre essa espécie. Esses parasitóides são altamente efetivos, pois impedem a eclosão do hospedeiro antes que qualquer dano seja causado à planta e são encontrados espontaneamente em arroz irrigado na Índia, onde posturas da Scirpophaga incertulas (Lepidoptera: Pyralidae) são realizadas sobre as folhas do arroz causando em plantas o sintoma de coração-morto (RANI et al., 2007). Polaszek et al., (2002) relataram a existência de parasitóides do gênero Trichogramma, na cultura do arroz irrigado em Bangladesh, identificando uma nova espécie desses parasitóides (Trichogramma zahiri), e então realizaram estudos de taxonomia e biologia deste inimigo natural, o que motivou a conduzir esse ensaio.

Diante dessa realidade o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do inseticida chlorantranilipole sobre T. pretiosum, na dosagem registrada (85,7 g p.c. ha-1 ) e três sub-dosagens, aplicando a metodologia de seletividade proposta pela “International Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants” (IOBC).

1 Prof. Dr., Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitossanidade-LabMIP- Campus Universitário s/n, Pelotas-RS, CEP 96.010-900, [email protected] 2 Eng. Agr., Universidade Federal de Pelotas, LabMIP, [email protected] 3 Técnico em agropecuária, Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected] 4 Acâdemico da Agronomia da FAEM-UFPel, [email protected] 5Msc., Eng. Agr., Bolsista DTI/CNPq, [email protected]

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MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos nos Laboratórios de Manejo Integrado de

Pragas (LabMIP) da UFPel conforme metodologia estabelecida pela IOBC para Trichogramma de acordo com Hassan et al. (2000). O material biológico utilizado nos experimentos foi constituído pelo parasitóide T. pretiosum. A criação foi mantida em laboratório, utilizando-se ovos inviabilizados, sob lâmpada germicida do hospedeiro Anagasta kuehniella, à temperatura de 25±1ºC, umidade relativa do ar de 70±10% e fotofase de 14 horas.

Os inseticidas [produto comercial (ingrediente ativo - g ou mL p.c.ha-1 )] avaliados foram: Altacor (chlorantraniliprole - 85,70, 42,85, 21,42 e 10,71 ), e Lannate BR (metomil – 1.000 - padrão de toxicidade). Além dos inseticidas testados, também foi utilizada uma testemunha negativa (ausência de inseticida). Os parasitóides foram expostos a resíduos secos dos inseticidas pulverizados sobre placas de vidro, na máxima dosagem recomendada para uso a campo para controle de lagartas e outros insetos fitófagos da cultura do arroz irrigado.

Os testes de toxicidade foram conduzidos, em laboratório, sob as mesmas condições meteorológicas usadas na criação do parasitóide, expondo-se adultos de T. pretiosum a resíduos secos dos compostos inseticidas. A exposição foi feita em placas quadrangulares de vidro de 130 mm de lado, pulverizadas com os agrotóxicos. As aplicações foram realizadas através de pulverizadores manuais, que proporcionaram um depósito de calda de 1,75±0,25 mg.cm-2 na placa de vidro.

Para a liberação dos parasitóides, no interior das gaiolas, foram utilizados tubos de emergência, sendo que cada um deles (ampola de vidro transparente de 120 mm de comprimento por 20 mm de diâmetro em uma das extremidades e 7 mm na outra), continha um círculo de cartolina (10 mm de diâmetro), com 250±50 ovos de A. kuehniella previamente parasitados. Aproximadamente 24 horas após a emergência, os tubos contendo os adultos de T. pretiosum foram conectados às gaiolas de contato (com as placas de vidro), seis horas após a pulverização, permitindo a entrada dos insetos no interior da gaiola. Seis horas após a retirada dos tubos de emergência, cartões contendo três círculos de 10 mm de diâmetro com 450±50 ovos inviabilizados de A. kuehniella por unidade, e alimento foram oferecidos em sobreposição às 24 (três cartões), 48 (dois cartões) e 96 (um cartão) horas após pulverização, para serem parasitados por T. pretiosum. A partir do número de ovos parasitados e número de fêmeas no interior da gaiola, obteve-se o número médio de ovos parasitados por fêmea de T. pretiosum, para cada tratamento.

Foram utilizadas quatro repetições para cada tratamento, sendo cada gaiola de contato considerada uma unidade experimental no delineamento inteiramente casualizado. Os dados obtidos foram testados quanto à normalidade e, submetidos à análise de variação, sendo as médias dos tratamentos comparadas com a testemunha de cada experimento pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro. As reduções, no número médio de ovos parasitados, em função dos produtos testados foram corrigidas pela fórmula RP = (1 - Rt/Rc)*100, onde RP é a porcentagem de redução no parasitismo, Rt é o valor do parasitismo médio para cada produto e Rc o parasitismo médio observado para o tratamento testemunha (negativa) (HASSAN et al., 2000). Com base nas porcentagens de reduções no parasitismo, os inseticidas foram classificados segundo a IOBC em: 1) inócuo (<30%); 2) levemente nocivo (30-79%); 3) moderadamente nocivo (80-99%) e 4) nocivo (>99%).

657

RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de ovos parasitados por fêmea é um importante parâmetro que valida os

testes de seletividade com adultos de parasitóides de ovos, executados seguindo a metodologia do IOBC. Analisando o número médio de ovos parasitados por fêmea para a testemunha, que ficou em torno de 29,05 ovos parasitados por fêmea (Tabela 1), verificaram-se valores bem superiores àqueles definidos pela IOBC, de 15 ovos parasitados por fêmea para Trichogramma cacoeciae (Hymenoptera: Trichogrammatidae). O número de ovos parasitados por fêmea no período de 24 horas, a razão sexual e o número de parasitóides por ovo oriundo de fêmeas de T. pretiosum, foram influenciados significativamente pelos inseticidas testados. O número de ovos parasitados e a razão sexual estão dentre os parâmetros biológicos mais comumente afetados, ocasionados por efeitos secundários de exposição aos inseticidas (FOERSTER, 2002).

Como é possível constatar na Tabela 1, as referidas sub-dosagens não oferecem riscos a sobrevivencia de T. pretiosum, nem tampouco provocam reduções consideráveis na taxa de parasitismo. Entretanto é importante salientar que dentre as dosagens testadas, que ainda não possuem registro para a cultura do arroz irrigado, para lepidópteros, a sub-dosagem que apresenta 42,85 g p.c. ha-1 poderia vir a ser registrada para o controle de M. sequax e M. adultera, pois de acordo com Oliveira et al. (2009) dosagens no intervalo de 40 a 50 g.ha apresentaram controle de aproximadamente 95% e nessa faixa o inseticida mostrou-se inócuo a T. pretiosum.

Tabela 1- Número médio de fêmeas por gaiola e efeito de inseticidas utilizados nas culturas do arroz irrigado

e do milho sobre o número (±EP) de ovos parasitados por fêmeas, redução (%) na capacidade de parasitismo de adultos de Trichogramma pretiosum e classificação de toxicidade segundo IOBC em condições de laboratório (temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10%, fotofase de 14 horas). Pelotas-RS. 2010-2011.

Formulação comercial

DC1 Número de fêmeas por

gaiola2

Ovos parasitados por fêmea2

RP(%)3 Classes4

Testemunha ----- 216,95 ± 3,29 ns

29,05 ±3,27 a ----- -----

Altacor 10,71 247,57 ± 14,67 23,99± 2,26 a 17,42 1 Altacor

21,42

224,92 ± 24,75

30,72±1,60 a

0,00

1

Altacor

42,85 187,19 ± 11,19 28,24± 7,61a 2,79 1

Altacor 85,70 167,30 ± 12,85 9,47±3,48 b 67,40 2 Lannate BR

1.000

178,89 ± 13,50

0,00 ± 0,00 b

100,00

4

1DC = Dosagem da formulação comercial (g ou mL.ha-1); 2Médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro; 3RP = Redução do parasitismo comparado com a testemunha; 4Classes da IOBC/WPRS para teste de toxicidade sobre adultos de Trichogramma: 1=inócuo (<30%), 2=levemente nocivo (30-79%), 3=moderadamente nocivo (80-99%), 4=nocivo (>99%).

Em função da seletividade de Altacor nas faixas testadas é coerente a solicitação de expansão de registro desse produto para Mythimna sp. e para outras espécies lepidóptero-praga, visto que sua aplicação, nas faixas testadas garante o controle eficaz sem prejudicar os inimigos naturais, visto que o gênero Trichogramma é reconhecido internacionalmente como padrão de toxicidade, sendo o mais suscetível dos inimigos naturais. Esse trabalho sugere que mais estudos devem ser realizados com relação a outra importante espécie que ataca o arroz como a lagarta-da-folha do arroz Spodoptera frugiperda, que poderia vir a substituir produtos como os piretróides que tem sua aplicação proibida junto á água de irrigação, sendo uma alternativa no manejo integrando destas pragas.

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CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos nos testes de toxicidade inicial em laboratório, com

as respectivas dosagens é possível inferir que nas dosagens de 42,85, 21,42 e 10,71 g p.c. ha-1 são enquadrados na classe 1 sendo inócuos a T. pretiosum. Na dosagem de registro de 85,70 g p.c. ha-1, é verificada classe 2, sendo levemente nocivo. O inseticida Lannate BR mostra-se nocivo (classe 4) à T. pretiosum.

AGRADECIMENTOS A FINEP pela infra-estrutura de laboratórios, a CAPES, ao CNPq e a FAPERGS

pela concessão de bolsas de estudos aos envolvidos no projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIEZANKO, C.M.; RUFFINELLI A.; LINK, D. Plantas y otras sustancias alimenticias de las orugas de lo lepidopteros uruguaios. Revista do Centro Ciências Rurais, v.4, p.107-148,1974. FOERSTER, L.A. Seletividade de inseticidas a predadores e parasitóides. In: PARRA, J.R.P. et al. (eds.). Controle Biológico no Brasil: parasitóides e predadores. São Paulo: Manole, 2002. cap.6, p.95-114. FRITZ, L.L.; HEINRICHS, E. A.; PANDOLFO, M.; SALLES,S. M. DE; OLIVEIRA, J. V.; FIUZA, L. M. Agroecossistemas orizícolas irrigados: insetos-praga, inimigos naturais e manejo integrado. Oecologia Brasiliensis, v.12, n.4, 2008. HASSAN, S. A.; HALSALL, N.; GRAY, A. P.; KUEHNER, C.; MOLL, M.; BAKKER, F.M.; ROEMBKE, J.; YOUSEF, A.; NASR, F.; ABDELGADER, H. A laboratory method to evaluate the side effects of plant protection products on Trichogramma cacoeciae Marchal (Hym., Trichogrammatidae). In: CANDOLFI, M.P.; BLUMEL, S.; FORSTER, R.; BAKKER, F. M.; GRIMM, C.; HASSAN S. A.; HEIMBACH, U.; MEAD-BRIGGS, M. A.; REBER, B.; SCHMUCK, R.; VOGT, H. (eds.): 2000: Guidelines to evaluate side-effects of plant protection products to non-target arthropods. IOBC/WPRS, p.107-119. MAPA – MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUARIA E ABASTECIMENTO disponível em: http://www.agricultura.gov.br/portal/page/portal/Internet-MAPA/pagina-inicial/vegetal/culturas/arroz Data de acesso: 19/05/2011. OLIVEIRA, J.V. de; FREITAS, T.F.S.; BARROS, J.; DOTTO, J.; FREITAS, J.P.; CREMONESE, J. Controle químico da lagarta-da-panícula Pseudaletia spp. (Lepidoptera: Noctuidae) em arroz irrigado no Rio Grande do Sul In: 6. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2009, Porto Alegre-RS. Anais - CD ROM. Porto Alegre-RS: IRGA e SOSBAI, 2009. v. 1 (Manejo de Insetos). p. 23-25. POLASZEK, A.; RABBI M.F.; ISLAM, Z.; BUCKLEY, Y.M. Trichogramma zahiri (Hymenoptera: Trichogrammatidae) an egg parasitoid of the Rice Hispa Dicladispa armigera (Coleoptera: Chrysomelidae) in Bangladesh. Bulletin of Entomological Research, v. 92, p. 529-537, 2002. RANI, U.P.; KUMARI, S.I.; SRIRAMAKRISHMA,T.; SUDHAKAR, T.R. Kairomones extracted from Rice Yellow Stem Borer and their Influence on egg parasitization by Trichogramma japonicum Ashmead. Journal of Chemistry Ecology, v. 33, p.59-73, 2007. REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 28., 2010, Bento Gonçalves, RS. Arroz irrigado: recomendações técnicas para o sul do Brasil. Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188 p.

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CONTROLE QUÍMICO DA LAGARTA-DA-PANÍCULA (Pseudaletia spp.) EM ARROZ IRRIGADO

Diego Dalla Favera1, Francis Sartori Maffini2, Marlon Tagliapietra Stefanello3, Lucas Foggiato4, Nédio

Rodrigo Tormen5, Mauro Braga6

Palavras Chave: Oryza sativa L., inseticidas, produtividade

INTRODUÇÃO A lagarta-da-panícula tem ocorrência recente e, atualmente, é considerada a segunda praga em importância na cultura do arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Existem duas espécies, Pseudaletia adultera e Pseudaletia sequax, sendo a última predominante. Na safra 2008/09 mais de 40% da área orizícola do estado apresentou ataques de Pseudaletia spp. (MARTINS et al., 2009). A praga ataca as plantas de arroz desde o início da fase de emissão das panículas até poucos dias antes da maturação. No inicio do seu desenvolvimento, as lagartas se alimentam das folhas. Nos últimos instares, as mesmas atacam as panículas, cortando-as, podendo causar danos na produtividade que, segundo Oliveira et al. (2005), podem chegar a 20%. Como é um problema recente, ainda não foi estabelecido um sistema eficaz para o manejo do inseto. A alternativa mais utilizada pela maioria dos orizicultores tem sido a aplicação de inseticidas. Entretanto, até o momento inexistem inseticidas registrados para o controle da praga em arroz, mas sim em outras culturas em que a mesma ocorre, como no trigo. Assim, há desinformação sobre tópicos relevantes como doses, épocas de aplicação, seletividade a inimigos naturais, entre outros. Dessa forma, o presente trabalho objetivou avaliar o controle de Pseudaletia spp. com diferentes inseticidas e doses e o dano provocado pela praga à cultura do arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Phytus em Restinga Seca/RS na safra agrícola 2010/2011. A cultura foi estabelecida em área sob sistema de cultivo convencional. Foi utilizada a cultivar Puitá INTA CL a uma densidade de sementes visando uma população de 300 plantas.m-2 e um espaçamento entre linhas de 0,17m. Utilizou-se como adubação de base 300 kg.ha-1 da fórmula 08-25-20 (N-P-K), e adubação de cobertura 300 kg.ha-1 de uréia.

O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. Foram testados seis tratamentos: 1. testemunha (sem aplicação); 2. chlorantraniliprole (17,5 g.ha-

1); 3. diflubenzurom (19,20 g.ha-1); 4. diflubenzurom (24,00 g.ha-1); 5. diflubenzurom (28,80 g.ha-1); 6. diflubenzurom (33,60 g.ha-1). A aplicação foi realizada com um pulverizador costal pressurizado a CO2, utilizando-se barra de 6 pontas tipo leque XR11002 (200 kPa e 1,5 m.s-

1), proporcionando vazão de 150 L.ha-1. A aplicação foi realizada no início da emissão das panículas (5 % de panículas emitidas).

Foi avaliado o número de lagartas-da-panícula por m-2, aos 0, 2, 4, 7, 10 e 14 dias após a aplicação (DAA) e a produtividade da cultura. As unidades experimentais apresentavam 60 m-2 de área total e 32 m-2 de área útil. Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey (p ≤ 0,05) para a comparação das médias através do

                                                                                                                         1 Eng. Agrônomo, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Bolsista CAPES, UFSM, Rua Serafim Valandro, 464, Bloco C, Apto 205, 97010480, Santa Maria – RS, [email protected]. 2 Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected]. 3 Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected]. 4 Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected]. 5 Graduando em Agronomia, UFSM, [email protected]. 6 Pesquisador de Entomologia, Instituto Phytus, [email protected].

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software PlotIt versão 3.2. Antes da análise, os dados do número de indivíduos de Pseudaletia spp. por metro quadrado foram transformados com a equação 5,0+X .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O nível de infestação de Pseudaletia spp. na área permitiu a diferenciação entre a testemunha e os tratamentos inseticidas. Estes reduziram significativamente o número de indivíduos de Pseudaletia spp. por metro quadrado e incrementaram a produtividade do arroz em relação à testemunha não tratada. Desde a primeira avaliação, realizada aos 2 DAA, foram observadas reduções significativas no número de indivíduos de Pseudaletia spp. nos tratamentos com aplicação de inseticida em relação à testemunha (Tabela 1). Todos os tratamentos inseticidas apresentaram eficácia de 100% (controle de todos os indivíduos) na última avaliação (14 DAA). No entanto, isso foi alcançado em momentos distintos nos diferentes tratamentos. No tratamento com chlorantraniliprole (17,5 g.ha-1), 100% de controle foi observado somente na última avaliação (14 DAA). O mesmo ocorreu com os tratamentos com diflubenzurom (19,20 e 24,00 g.ha-1). Já nas doses 28,80 e 33,60 g.ha-1, o diflubenzurom controlou todos os indivíduos desde as avaliações realizadas aos 10 e 7 DAA, respectivamente. Eficácias de controle da praga superiores a 80% foram observadas em todos os tratamentos inseticidas desde a avaliação realizada aos 4 DAA.

Incrementos na produtividade em relação à testemunha de 11,14 a 20,28% foram obtidos com os tratamentos inseticidas (Figura 1). No entanto, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os mesmos. A produtividade no tratamento com diflubenzurom aumentou gradativamente com a utilização das doses 19,20, 24,00 e 28,80 g.ha-1. Já com o uso da maior dose (33,60 g.ha-1) houve redução da produtividade, a qual não diferiu significativamente da testemunha. Os dados obtidos concordam com os obtidos por Oliveira et al. (2009), onde danos de 7 a 20 % na produtividade foram observados pelo ataque de Pseudaletia spp. em arroaz irrigado. No presente trabalho, entretanto, não foi observado ataque de lagartas as panículas, mesmo no tratamento testemunha. Isto ocorreu pelo fato da população de lagartas estar muito baixa próximo ao final do ciclo da cultura, devido, provavelmente, ao término do ciclo da praga e a não ocorrência de nova infestação. Na testemunha, entretanto, foi observada severa desfolha. Tabela 1 – Número de indivíduos de lagarta-da-panícula do arroz (Pseudaletia spp.) por m-2

em função de diferentes inseticidas e doses. Restinga Seca, 2011.

Tratamentos (dose em g.ha-1)

Lagartas.m-2 0

DAA* 2

DAA Efic.** 4 DAA Efic. 7

DAA Efic. 10 DAA Efic. 14 DAA Efic.

1. testemunha (-) 2,38 a 4,00 b*** 0 10,50 d 0 10,00 c 0 11,25 c 0 17,50 b 0

2. chlorantraniliprole (17,5) 2,42 a 1,75 ab 56 2,00 bc 81 0,75 ab 93 0,50 ab 96 0,00 a 100

3. diflubenzurom (19,2) 2,26 a 1,25 ab 69 1,50 ab 86 0,50 a 95 0,50 a 96 0,00 a 100

4. diflubenzurom (24,0) 2,18 a 0,50 a 88 1,75 b 83 0,50 a 95 0,25 a 98 0,00 a 100

5. diflubenzurom (28,8) 2,35 a 1,50 ab 63 1,50 ab 86 0,25 a 98 0,00 a 100 0,00 a 100

6. diflubenzurom (33,6) 2,41 a 0,25 a 94 0,50 a 95 0,00 a 100 0,00 a 100 0,00 a 100

C.V. 12,85 30,01 11,81 13,49 17,69 11,41

* DAA: Dias após a aplicação. ** Efic: Eficácia de controle em percentagem (%). *** Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).

661

Figura 1: Produtividade da cultura do arroz irrigado (kg.ha-1) em função do controle de

Pseudaletia spp. com diferentes inseticidas e doses. Restinga Seca, 2011. * Médias seguidas por mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).

CONCLUSÕES

Os inseticidas chlorantraniliprole (17,50 g.ha-1) e diflubenzurom (todas as doses) apresentaram-se eficazes no controle da Pseudaletia spp. O aumento da dose de Diflubenzurom resultou em controle mais rápido da praga.

Não foram observadas diferenças significativas na produtividade do arroz irrigado entre os tratamentos com os inseticidas chlorantraniliprole (17,50 g.ha-1) e diflubenzurom (todas as doses) utilizados no controle de Pseudaletia spp.

A lagarta Pseudaletia spp., apesar de somente ter atacado as folhas, causou danos de até 20% na produtividade do arroz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, J.F.S; BARRIGOSSI, J.A.F; OLIVEIRA, J.V.; CUNHA, U.S. Situação do Manejo Integrado de Insetos-praga na Cultura do Arroz no Brasil. Embrapa Clima Temperado. Pelotas, RS, 2009. Disponível em:   http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/ 26425/1/documento-290.pdf. Acesso em 25/05/2011. OLIVEIRA, J. V. de; FIUZA, L.M; FREITAS, J. P. de; DOTTO,G. Lavoura sob ataque:lavouras de arroz irrigado do R S enfrentam violento ataque de lagartas. Cultivar, Pelotas, n.70, p. 20-23, 2005. OLIVEIRA, J. V. de; FREITAS, T. F. S. de; BARROS, J. I. de; DOTTO, J.; FREITAS, J. P. de; CREMONESE, J. Controle químico da lagarta-da-panícula Pseudaletia spp. (Lepidoptera: Noctuidae) em arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO., 6., 2009. Disponível em: http://www.irga.rs.gov.br/uploads/anexos/4.4.2_Contro.pdf. Acesso em 25/05/2011.

C.V.: 4,7 %

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EFEITO DA SUPRESSÃO DA INUNDAÇÃO NA POPULAÇÃO LARVAL DE Oryzophagus oryzae E PRODUTIVIDADE DA

CULTIVAR DE ARROZ BRS QUERÊNCIA José Francisco da Silva Martins1; Ana Paula Schneid Afonso da Rosa2; Maria Laura Turino Mattos3; Crislaine Alves Barcellos de Lima4; Germano Tessmer Büttow5; Guilherme Mathias Strieder6; Leano Franklin da Silva7

Palavras-chave: Oryza sativa, bicheira-da-raiz, prática cultural, controle físico

INTRODUÇÃO Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto bastante

frequente na cultura do arroz irrigado por inundação no Sul do Brasil, podendo reduzir em até 18% a produtividade (MARTINS; PRANDO, 2004). Como o inseto possui hábito aquático, o manejo da água de irrigação exerce influência marcante na sua dinâmica populacional. O inseto adulto (gorgulho-aquático) pode danificar grande quantidade de plântulas, principalmente de arroz pré-germinado (FERREIRA LIMA, 1951). São as larvas (bicheira-da-raiz), porém, que causam os danos mais severos. O controle predominantemente é efetuado por meio de inseticidas químicos, destacadamente em áreas extensas de cultivo (MARTINS; CUNHA, 2007). Em pequenas lavouras (≤ 10 ha) e em áreas de produção de arroz orgânico, porém, a aplicação de inseticidas não raramente é substituída pela supressão de irrigação, visando o controle direto de larvas ou criar condições para que as plantas se recuperem dos danos às raízes. Apesar da “retirada de água” ser apontada como uma possível alternativa para reduzir a população de larvas (MARTINS; PRANDO, 2004) e serem realizados vários estudos sobre o manejo da água de irrigação do arroz (GOMES et al., 2008), há escassez de informação sobre o papel dessa prática como método de controle do inseto.

Nos Estados Unidos da América a retirada temporária da água (HEISLER et al., 1992; THOMPSON et al., 1994) e o retardamento da inundação de arrozais (RICE et al., 1999) foram indicados como redutores dos danos do gorgulho-aquático Lissorhoptrus oryzophilus. O retardamento da inundação baseia-se no fato da oviposição em plantas de arroz apenas ocorrer em condições de inundação, sendo estratégico expô-las ao inseto somente quando mais desenvolvidas e, portanto, potencialmente mais tolerantes ao dano das larvas. No Brasil, foi considerado que em arrozais extensos a retirada de água, mesmo reduzindo a população larval de O. oryzae é inviável, devido ao fato de não evitar perdas significativas de produtividade; ademais, pode ainda facilitar a infestação por plantas daninhas e por insetos de hábitos subterrâneos, além de aumentar os custos de produção, devido à necessidade de reposição da água nas lavouras (MARTINS et al., 1977). Porém, em pequenas lavouras bem niveladas (sem poças de água), é considerado que a “drenagem” possa reduzir os danos do inseto (MARTINS; PRANDO, 2004). Estudos recentes indicaram estreita relação entre o decréscimo da população larval de O. oryzae e o aumento do período de supressão da inundação; evidenciaram ser possível reduzir a população do inseto interrompendo a irrigação por um período de até 10 dias, sem provocar perdas de produtividade de arroz (MARTINS et al., 2008; MARTINS et al., 2009). Como há o interesse de alguns orizicultores em manter a supressão da inundação como método de

1 Eng. Agrônomo, Dr., Embrapa Clima Temperado, BR 392, km 78, CP 403, CEP 96.000-970, Pelotas - RS, [email protected]. 2 Eng. Agrônoma, Dra., Embrapa Clima Temperado, [email protected]. 3 Eng. Agrônoma, Dra., Embrapa Clima Temperado, [email protected]. 4 Bióloga, UFPel-FAEM/Pós-graduação, [email protected]. 5 Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected]. 6 Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected]. 7 Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].

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controle de O. oryzae, principalmente em pequenas lavouras, foi realizado esse trabalho com o objetivo de estudar o efeito da supressão da irrigação, por um período de até 20 dias, na população larval do inseto e produtividade da cultivar BRS Querência.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado na Embrapa Clima Temperado, Estação Experimental

Terras Baixas, Capão do Leão - RS, no sistema convencional de cultivo, num Planossolo Háplico, adubado na base com 300 Kg.ha-1 da fórmula 5-20-20. Seis tratamentos, com seis repetições, foram avaliados no delineamento de blocos casualizados: manutenção de parcelas com lâmina de água permanente e tratadas com o inseticida carbofurano (T1); manutenção de parcelas com lâmina de água permanente, sem tratamento químico (T2); eliminação da lâmina de água das parcelas por um período de 5 (T3), 10 (T4), 15 (T5) e 20 dias (T6) dias, a partir de 35 dias pós-inundação (35 DAI).

A seguinte metodologia foi utilizada: (a) semeadura (27/10/10), em parcelas com 10,5m2, consistindo de 11 fileiras de plantas com 5m de comprimento (espaçadas 17,5cm), da cultivar BRS Querência, na densidade de 100 sementes viáveis/metro linear, sendo as parcelas cercadas por taipas, para controle da entrada e saída da água de irrigação; (b) inicio da irrigação por inundação, em 07/12/10, aos 25 dias pós-emergência das plântulas de arroz, formando uma lâmina de água de 15cm; (c) aplicação de nitrogênio (45 kg.ha-1) em cobertura, em todas as parcelas, 20 dias pós-inundação (20 DAI); (d) aos 35 DAI (11/01/11), avaliação da população larval em todas as parcelas, por meio de quatro amostras-padrão de solo e raízes, com ± 0,10m de altura e 0,10m de diâmetro (duas retiradas na 1ª fileira de plantas e duas na 11ª fileira), aplicação de carbofurano granulado (400 g.ha-1) nas parcelas do tratamento T1 e drenagem total da água das parcelas dos tratamentos T3, T4, T5 e T6; (e) aos 40, 50, 55 e 60 DAI, reposição da água respectivamente nas parcelas dos tratamentos T3, T4, T5 e T6, reavaliando simultaneamente a população larval nessas parcelas e nas parcelas dos tratamentos T1 e T2; (f) colheita de grãos nos quatro metros centrais da 2ª à 10ª fileira de plantas, correspondendo a uma área de 6,3m2.(

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). Com base na homogeneidade de variâncias (teste de Hartley) os dados sobre número de larvas foram transformados em √ x + 0,5.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A avaliação da população larval de O. oryzae aos 35 DAI (antes da retirada de água

das parcelas) indicou uma uniformidade de infestação entre as parcelas a receber os diferentes tratamentos, correspondendo a uma média geral de 6,4 larvas/amostra (F= 0,08 ns; CV= 16,8%), próximo ao nível de infestação mínimo (5 larvas/amostra) indicativo da necessidade de adoção de medidas de controle (REUNIÃO..., 2010). Essa uniformidade da infestação inicial entre as parcelas proporcionou uma maior segurança à interpretação de que as diferenças quanto à população do inseto, detectadas no transcurso do experimento, foram decorrentes dos efeitos dos tratamentos de supressão da irrigação.

O número de larvas/amostra registrado em cada data de reposição da água, nas parcelas mantidas constantemente inundadas e tratadas com o inseticida carbofurano (T1), foi nulo; ao contrário, o número de larvas/amostra (N) registrado em cada uma dessas datas, nas parcelas mantidas sempre com água e sem tratamento químico (T2), foi superior (16,2 ≤ N ≤ 21,9), porém, sem diferenças significativas (Tabela 1). O número de larvas/amostra, registrado nas mesmas datas, nas parcelas dos tratamentos de supressão da irrigação (T3, T4, T5 e T6) foi significativamente inferior ao detectado nas parcelas mantidas sempre com água (T2). Apesar do grau variável de redução da população do inseto exercido pelos tratamentos de supressão da irrigação (53,8% a 84,9%), apenas ocorreu diferença significativa entre o maior e o menor número de larvas/amostra, inerentes aos tratamentos de supressão por 5 (T3) e 15 (T5) dias, respectivamente, enquanto que o mais provável seria

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detectar a menor infestação nas parcelas onde a irrigação foi suprimida por 20 dias (T6 ). Tabela 1. População larval de Oryzophagus oryzae em plantas da cultivar de arroz BRS Querência mantidas sob inundação constante (com água) ou a diferentes períodos de supressão da irrigação (sem água). Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS. 2011

Número de larvas/amostra de solo e raízes Períodos de supressão C/água e c/inseticida1,2 C/água e s/inseticida1,2 S/água e s/inseticida2 Redução (%)3 05 dias 0 a A 16,8 a B 7,8 a C - 53,8 10 dias 0 a A 20,6 a B 5,8 ab C - 67,2 15 dias 0 a A 21,9 a B 3,3 b C - 84,9 20 dias 0 a A 16,2 a B 4,8 ab C - 70,4 1Nível de infestação nas parcelas sob regime constante de inundação, com (T1) e sem inseticida (T2), registrado simultaneamente ao nível de infestação nas parcelas dos tratamentos T3, T4, T5 e T6, após 5, 10, 15 e 20 dias de supressão da inundação, respectivamente. 2Médias com letras iguais (minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal) não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). 3Diferença= [(Nx - Ny)/Nx] x 100, sendo Nx e Ny o número de larvas/amostra inerente ao tratamento com água e sem inseticida (T2) e ao correspondente tratamento de supressão da irrigação, respectivamente.

Não ocorreram perdas significativas de produtividade da cultivar BRS Querência, quando a irrigação foi suprimida por um período de até 15 dias (Tabela 2). Em estudos anteriores, com a cultivar BRS 7 “Taim” (MARTINS et al., 2008) e a linhagem CNA 10758 (MARTINS et al., 2009), não foram detectadas perdas significativas quando a irrigação foi interrompida por até 10 dias, sendo os demais períodos de supressão estudados de 20, 30 e 40 dias. O fato da cultivar BRS Querência não ter a produtividade reduzida, quando exposta à supressão da irrigação por mais de 10 dias, comparativamente à cultivar e à linhagem estudadas anteriormente, indica que pode haver uma resposta diferenciada de genótipos de arroz a esse tipo de estresse hídrico. Apesar de no período total de supressão da irrigação (12 a 31/01/11), o acumulado de chuva ter sido de 51,8 mm (Tabela 3), a distribuição dessa durante a aplicação de cada tratamento (T3; T4; T5; T6) pouco interferiu nos resultados do experimento, pois tanto a infestação larval de O. oryzae (Tabela 1) quanto a produtividade da cultivar BRS Querência (Tabela 2) tendeu a decrescer com a duração dos tratamentos.

Tabela 2. Efeito de períodos de supressão da irrigação na produtividade da cultivar BRS Querência. Embrapa Clima Temperado. Pelotas - RS. 2011.

Produção de grãos Tratamentos (Kg/ha)2 Redução (%)3 S/supressão e c/inseticida (T1)1 7472 ab - 1,9 S/supressão e s/inseticida (T2)2 7620 a - C/supressão por 05 dias (T3) 7418 ab - 2,7 C/supressão por 10 dias (T4) 7168 ab - 5,9 C/supressão por 15 dias (T5) 6913 ab - 9,0 C/supressão por 20 dias (T6) 6469 b - 15,1 1Tratamentos testemunhas, com (c) e sem controle do inseto (s). 2Médias com letras iguais não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05). 3Diferença= [(Px - Py)/ Px] x 100, sendo Px a produção de grãos do tratamento sem supressão da irrigação e sem inseticida (T2) e Py a produção dos demais tratamentos (T3; T4; T5; T6).

Tabela 3. Precipitação pluviométrica nos períodos de supressão da irrigação da cultivar BRS Querência. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. 2011.

Períodos de supressão/precipitação pluviométrica (mm)1 Modalidade 1 a 5 dias (12 a 16/01/11) 6 a 10 dias (17 a 21/01/11) 11 a 15 dias (22 a 26/01/11) 16 a 20 dias (27 a 31/01/11) Diária 0 0 0 0 0 9,6 0 0,4 2,4 0,2 3,2 0 0 0 27,8 0 0,4 0 0 7,6 Acumulada 0 0 0 0 0 9,6 9,6 10,0 12,4 12,6 15,8 15,8 15,8 15,8 43,6 43,6 44,0 44,0 44,0 51,6 1Dados correspondentes ao período de 20 dias pós-drenagem das parcelas experimentais (12 a 31 de jan./2011), retirados do Boletim agroclimatológico: Estação Agroclimatológica de Pelotas - RS, Convênio Embrapa/UFPel/INMET.

Destaca-se que a produtividade da cultivar BRS Querência obtida nas parcelas mantidas sempre com lâmina de água e sem tratamento químico (T2), expostas a uma infestação média de 18,9 larvas de O. oryzae/amostra (Tabela 1), foi significativamente igual à produtividade das parcelas mantidas com lâmina de água permanente e tratadas com inseticida (T1). Tal fato pode indicar que essa cultivar possui determinado grau de resistência

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ao inseto, provavelmente do tipo tolerância (MARTINS; CUNHA, 2007). Com base nos resultados desse experimento sugere-se a realização de novos

estudos sobre a capacidade de genótipos de arroz em suportar simultaneamente o ataque de larvas de O. oryzae e diferentes períodos de supressão da irrigação.

CONCLUSÃO A supressão da irrigação da cultivar BRS Querência é promissora para o controle da

bicheira-da-raiz, evidenciando não resultar em risco de perda de produtividade quando praticada por período de até 15 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MARTINS, J. F. da S., BERTELS, A.; DITTRICH, R. C. Métodos de aplicação de inseticidas no controle da bicheira do arroz Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 12, p. 41-48, 1977.

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MARTINS, J.F. da S.; CUNHA, U.S. da; NEVES , M.B. das; MACKEDANZ, V.; VINHAS, M.R.; MATTOS, M.L.T.; AFONSO, A.P.S. Influência de períodos de supressão da irrigação por inundação da cultura do arroz (Oryza sativa) na população do gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) e produção de grãos. In: XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 2008, Uberlândia- MG. Resumos. Uberlândia -MG: SEB, 2008. CD Rom.

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RICE, W. C.; CROUGHAN, T. P.; RING, D. R.; MUEGGE, M. A.; STOUT, M. J. Delayed flood for management of rice water weevil (Coleoptera: Curculionidae). Environmental Entomology, College Park, v. 28, n. 6, p. 1130-1135, 1999.

THOMPSON, R. A.; QUISENBERRY, S. S.; TRAHAN, G. B.; HEAGLER, A. M.; GIESLER, G. Water management as a cultural control tactic for the rice water weevil (Coleoptera: Curculionidae) in southwest. Journal of Economic Entomology, v. 87, n. 1, p. 224-230, 1994.

666

INFLUÊNCIA DO DIÂMETRO DE AMOSTRAS DE SOLO E RAÍZES NA AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO LARVAL DE Oryzophagus oryzae EM

CULTIVARES DE ARROZ Márcio Bartz das Neves1; Crislaine Alves Barcellos de Lima2; José Francisco da Silva Martins3; Anderson Dionei Grützmacher4; Germano Tessmer Büttow5; Leano Franklin da Silva 6; Guilherme Mathias Strieder7

Palavras-chave: Oryza sativa, bicheira-da-raiz, gorgulho-aquático, monitoramento

INTRODUÇÃO Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) é um dos insetos

mais frequentes na cultura do arroz irrigado por inundação no Sul do Brasil, podendo causar perdas na produtividade de até 18% (MARTINS; PRANDO, 2004). Em determinadas circunstâncias, o inseto adulto, conhecido por gorgulho-aquático, pode destruir uma quantidade expressiva de plântulas, principalmente em cultivos de arroz pré-germinado (FERREIRA LIMA,1951). Entretanto, são as larvas, conhecidas por bicheira-da-raiz, que podem causar os danos mais severos à cultura. Essas, ao cortarem as raízes de arroz reduzem a absorção de nutrientes e, consequentemente, prejudicam o desenvolvimento das plantas (MARTINS; CUNHA, 2007).

Várias práticas culturais podem reduzir os danos causados por O. oryzae, incluindo a limpeza de canais de irrigação, a eliminação de restos culturais, o aplainamento do solo, a adubação nitrogenada em cobertura, que promove a recuperação de raízes danificadas, o uso de cultivares resistentes e a aplicação de inseticidas químicos (MARTINS et al., 2004).

A aplicação de inseticidas é ainda o método mais utilizado para o controle de O. oryzae podendo ser efetuado por meio do tratamento de sementes, pulverização foliar ou distribuição direta na água de irrigação (BOTTON et al., 1999). O controle químico, porém, na maioria das vezes é praticado sem base no monitoramento prévio da população do inseto nos arrozais (MARTINS; CUNHA, 2007).

O monitoramento da população larval de O. oryzae, que deve ser praticado a partir do décimo dia pós-inundação da lavoura e se necessário repetido a intervalos de cinco a sete dias, até ao início de diferenciação das panículas, é importante pois possibilita que inseticidas somente sejam aplicados quando for atingido o nível populacional de controle econômico (REUNIÃO..., 2010).

Há escassez de informação sobre métodos tanto para o monitoramento da população larval de O. oryzae em lavouras de arroz como para levantamentos em áreas experimentais. O método que tem sido mais utilizado para ambos os fins é uma adaptação da técnica aplicada à espécie Lissorhoptrus oryzophilus Kuschel (TUGWELL; STEPHEN, 1981), consistindo da coleta de amostras-padrão de solo e raízes por meio de uma seção de cano de PVC com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, aprofundada ± 8,5cm no solo; de imediato à coleta as amostras são agitadas sob água em uma peneira com fundo de tela de náilon (malha de 1mm2), para liberação e contagem das larvas (MARTINS; CUNHA, 2007). Dois fatores críticos podem interferir na mensuração do nível de infestação larval por meio dessa técnica de amostragem, o diâmetro e a centralização do amostrador em relação ao eixo vertical das plantas de arroz. Ambos os fatores poderão ocasionar uma maior ou menor captura de larvas, dependendo do grau de sobreposição do amostrador ao universo

1Eng. Agrônomo. MsC., Bolsista Embrapa Clima Temperado/UFPel-FAEM, BR 392, km 78, CP 403, CEP 96001-970, [email protected]. 2 Bióloga, MsC, UFPel-FAEM, Pós-graduação, [email protected]. 3 Eng. Agrônomo, Dr., Embrapa Clima Temperado, [email protected]. 4 Eng. Agrônomo., Dr., Depto. de Fitossanidade, UFPel-FAEM, [email protected]. 5 Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected]. 6 Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected]. 7 Acadêmico de Agronomia, UFPel-FAEM, [email protected].

667

de distribuição espacial dessas ao entorno do eixo vertical das plantas. Devido à alta variabilidade freqüentemente detectada entre os dados de população

larval de O. oryzae, nos levantamentos em lavouras de arroz e em áreas experimentais, torna-se necessário aperfeiçoar o método de amostragem utilizado para ambos os fins. Assim sendo, esse trabalho objetivou definir um diâmetro para amostras de solo e raízes que possibilite a coleta de um maior número de larvas estabelecidas no sistema radicular das plantas de arroz, conferindo uma maior precisão aos resultados obtidos.

MATERIAL E MÉTODOS Um experimento foi instalado em 15/10/09 na Estação Experimental Terras Baixas,

Embrapa Clima Temperado, Capão do Leão - RS, no sistema de cultivo convencional (REUNIÃO..., 2010), no delineamento de parcelas subsubdivididas com doze repetições. Duas cultivares (IRGA 424 e BRS Querência), dois arranjos de plantas (contíguas, sem espaçamento dentro da fileira, e espaçadas 20 cm) e dois diâmetros de amostra (10 cm e 15 cm), foram avaliados em nível de parcela, subparcela e subsubparcela, respectivamente.

A semeadura, em linha (120 sementes viáveis/m), foi realizada em parcelas de 5,25 m2 (1,05 m x 5 m), com seis fileiras de plantas espaçadas 17,5 cm. A irrigação por inundação foi efetuada 30 dias pós-emergência das plantas (29/11/09), sendo mantida uma lâmina uniforme de água, de 15 cm. Imediatamente pós-inundação foi feito um desbaste na 1ª, 2ª e 3ª ou na 4ª, 5ª e 6ª fileira de planta de cada parcela, para estabelecer o espaçamento de 20 cm entre plantas, sendo as três fileiras restantes mantidas intactas.

Aos 37 dias pós-irrigação (DAI) foram retiradas oito amostras de solo e raízes nas fileiras de plantas centrais (2ª ou 5ª) de cada subparcela (quatro com 10 cm de diâmetro e quatro com 15 cm de diâmetro), registrando: número de larvas de O. oryzae (conforme método descrito por Martins; Cunha (2007) e de perfilhos/amostra; distância entre o ponto de fixação das raízes à base das plantas de arroz e o ponto de corte pelas larvas. O ponto de corte foi determinado visualmente pela coloração amarronzada típica do tecido lesionado pelas larvas, nas raízes de quatro perfilhos/amostra.

Os dados obtidos foram transformados em √ x + 0,5 e submetidos à análise de variância (ANOVA), por meio do programa estatístico “ASSISTAT” versão 7.5 (SILVA, 2008), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO As cultivares BRS Querência e IRGA 424 diferiram significativamente quanto ao

número de larvas de O. oryzae apenas em amostras com 10 cm de diâmetro retiradas em fileiras com plantas espaçadas; nesse tipo de arranjo de plantas não ocorreu interação significativa entre as cultivares e o diâmetro das amostras, em relação ao número de larvas; ocorreu, porém, para a cultivar IRGA 424 na condição de plantas contíguas, sendo o número de larvas maior em amostras com 15 cm de diâmetro (Tabela 1).

Na condição de plantas espaçadas, a não interação entre cultivares e diâmetro de amostras, quanto ao número de larvas de O. oryzae, pode decorrer da maior facilidade de centralizar um amostrador, tanto de 10 cm como de 15 cm de diâmetro, na superfície do solo em torno do “eixo vertical” das plantas de arroz. Essa melhor centralização aumenta a probabilidade de abranger a área com raízes de maior concentração de larvas. Ao contrário, na condição de plantas contíguas, haveria dificuldade para coincidir um amostrador de 10 cm de diâmetro com o “eixo vertical” das plantas, o que justificaria o maior número de larvas/amostra de 15 cm de diâmetro (Tabela 1).

Evidencia-se que quanto maior o grau de sobreposição do amostrador com a área de distribuição espacial das larvas de O. oryzae ao entorno da base das plantas de arroz maior será a probabilidade de captura. Nesse sentido foi constatado que apesar da maioria das larvas, tanto na cultivar BRS Querência (> 90%) como na IRGA 424 (> 80%), concentraram-se nas raízes a uma distância de 5 cm da base das plantas, essas foram

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encontradas até a distância de 8 cm, portanto, ultrapassando a área de abrangência de um amostrador de 10 cm de diâmetro (Tabela 2). Tabela 1. Número de larvas de Oryzophagus oryzae em amostras de solo e raízes de 10 cm e 15 cm de diâmetro retiradas 37 dias pós-irrigação de plantas das cultivares BRS Querência e IRGA 424, dispostas em fileiras, espaçadas 20 cm ou de forma contígua. Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS. 2011.

Número de larvas/4 amostras de solo e raizes1 Plantas espaçadas Plantas contíguas Média geral Cultivar 10 cm 15 cm 10 cm 15 cm 10 cm 15 cm Média

BRS Querência 27,7 b A 34,8 a A 33,3 a A 40,6 a A 30,5 a A 37,7 a A 34,1 a IRGA 424 46,1 a A 46,7 a A 30,0 a B 52,7 a A 38,1 a B 49,7 a A 43,9 a Média 36,9 A 40,7 A 31,5 B 46,6 A 34,3 B 43,7 A - 1Médias com letras iguais, minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal, não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 2. Número e frequência de cortes causados às raízes de arroz por larvas de Oryzophagus oryzae a diferentes distâncias da base das plantas das cultivares BRS Querência e IRGA 424, registrados 37 dias pós-inundação. Embrapa Clima Temperado. Pelotas - RS. 2011.

BRS Querência IRGA 424 Distância de corte N1 D (%)1 C (%)1 N D (%) C (%)

1 cm 40 16,4 16,4 74 15,6 15,6 2 cm 48 19,7 36,1 76 16,0 31,6 3 cm 55 22,5 58,6 100 21,1 52,7 4 cm 48 19,7 78,3 81 17,1 69,8 5 cm 33 13,5 91,8 62 13,1 82,9 6 cm 15 6,2 98,0 42 8,9 91,8 7 cm 4 1,6 99,6 27 5,7 97,5 8 cm 1 0,4 100 12 2,5 100 Total 244 100 100 474 100 100

1Número de raízes cortadas (N),Porcentagem direta (D) e cumulativa (C) de raízes cortadas.

Os resultados sobre influência do diâmetro de amostradores de solo e raízes na quantidade capturada de larvas de O. oryzae, portanto, estariam indicando que dependendo da cultivar de arroz utilizada e/ou do arranjo das plantas na lavoura há necessidade de alterar a área de abrangência da amostra de modo a obter dados que melhor representem o nível infestação do inseto. Nesse contexto, existe conhecimento de que a densidade e a distribuição das plantas na lavoura exercem efeito significativo na densidade populacional e distribuição espacial de insetos, sendo que o tamanho de unidades amostrais, resistência varietal, entre outros, são fatores que devem ser considerados (MUEGGE, 1996).

Ocorreu diferença significativa entre os diâmetros de amostra quanto ao número de perfilhos/amostra, sendo em média maior nas amostras com 15 cm de diâmetro (Tabela 3), sem que isso tenha implicado necessariamente num maior número de larvas/amostra, conforme constatado no caso das cultivares BRS Querência e IRGA 424. A cultivar BRS Querência, apesar de conter um número significativamente maior de perfilhos/amostra de 15 cm de diâmetro na condição de plantas contíguas (Tabela 3), não apresentou diferença significativa no número de larvas/amostra na mesma condição (Tabela 1). Da mesma forma, a cultivar IRGA 424, com um número significativamente maior de perfilhos/amostra de 15 cm de diâmetro, na condição de plantas espaçadas 20 cm (Tabela 3), não apresentou diferença significativa quanto ao número de larvas/amostra na mesma condição (Tabela 1). Possivelmente, além do número de perfilhos nas amostras, outros fatores podem determinar a captura de um maior ou menor número de larvas, como a distribuição espacial de insetos (LIAO, 2005) e o grau de precisão da amostra.

Os resultados do experimento evidenciam que o amostrador com 15 cm de diâmetro pode tornar a avaliação da infestação larval de O. oryzae mais precisa, principalmente em fileiras com plantas contíguas. A princípio, o uso desse amostrador é mais adequado a trabalhos de pesquisa que demandem a retirada de um menor número de amostras, pois apesar de conferir uma maior precisão aos dados obtidos, pode tornar a visualização e a

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contagem de larvas mais demoradas, em decorrência de um maior volume de solo e de raízes das amostras.

Tabela 3. Número de perfilhos em amostras de solo e raízes de 10 cm e 15 cm de diâmetro retiradas 37 dias pós-irrigação de plantas das cultivares BRS Querência e IRGA 424, dispostas em fileiras, de forma contígua ou espaçadas 20 cm. Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS. 2011.

Número de perfilhos/amostras de solo e raizes1 Plantas espaçadas Plantas contíguas Média geral Cultivar 10 cm 15 cm 10 cm 15 cm 10 cm 15 cm Média

BRS Querência 15,5 a A 17,8 b A 13,8 b B 24,1 b A 14,7 a B 21,0 b A 17,9 b IRGA 424 17,9 a B 24,9 a A 17,8 a B 29,2 a A 17,9 a B 27,1 a A 22,5 a Média 16,7 B 21,4 A 15,8 B 26,7 A 16,3 B 24,1 A - 1Médias com letras iguais, minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal, não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

CONCLUSÃO

Amostradores com 15 cm de diâmetro são mais propícios à coleta de larvas de O. oryzae, principalmente em fileiras de plantas contíguas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOTTON, M.; CARBONARI, J.J.; MARTINS, J.F. da S. et al. Eficiência de métodos de aplicação de inseticidas no controle de Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae), na cultura do arroz irrigado. Pesquisa Agropecuária Gaúcha,v.5, p.71-75, 1999.

FERREIRA LIMA, A.D. O bicho do arroz. Boletim Fitossanitário, Rio de Janeiro, v. 5, p. 49-53, 1951.

LIAO, C. T.; CHEN, C. C. Spreading, seasonal migration and population fluctuations of the rice water weevil (Lissorhoptrus oryzophilus) (Coleoptera: Curculionidae) in central Taiwan. Plant Protection Bulletin, v. 47, p.305 – 318, 2005.

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TUGWELL, W.P.; STEPHEN, F.M. Rice water weevil seasonal abundance, economic levels and sequential sampling plant. Fayetteville: Agricultural Experiment Station, 1981. 16p. (Bulletin n. 849).

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TRATAMENTO DE SEMENTES COM INSETICIDAS NO CONTROLE DE Oryzophagus oryzae EM ARROZ IRRIGADO

Francis Sartori Maffini1, Gerson Dalla Corte2, Mauro Braga3, Marlon Tagliapietra Stefanello4, Juliano

Daniel Uebel5, Felipe Frigo Pinto6

Palavras-chave: Oryza sativa, bicheira-da-raiz, controle químico.

INTRODUÇÃO O cultivo do arroz está presente em todas as Regiões brasileiras com cerca de

2.750.000 hectares plantados, destacando-se a Região Sul, responsável atualmente por 74,1% da produção total deste cereal (IBGE, 2011). A produtividade da lavoura de arroz é afetada por diversos fatores, dentre os quais a ocorrência de insetos praga assume importância cada vez maior.

A bicheira da raiz (Oryzophagus oryzae) (Coleoptera: Curculionidae) está entre as pragas mais importantes da cultura (CARBONARI et al., 2000), estando presente em cerca de 25% da área cultivada com arroz irrigado no Rio Grande do Sul e causando perdas anuais de produção da ordem de 10 a 30% (MARTINS, 1990; MARTINS et al., 2004). Essa praga é tipicamente encontrada em áreas de arroz irrigado por inundação. Os gorgulhos destroem o coleóptilo, a radícula e também plântulas após a semeadura, enquanto que as larvas perfuram e cortam as raízes das plantas mais desenvolvidas. No sistema convencional de plantio, somente as larvas (bicheira-da-raíz) tem importância como praga, por danificarem o sistema radicular das plantas, provocando atraso no desenvolvimento e morte de plantas em áreas de tamanho variável nas lavouras. Essas larvas se não devidamente controladas podem reduzir de 10% a 18% a produtividade da cultura (MARTINS et al., 2007).

A limpeza dos canais de irrigação, eliminação de restos da cultura e aplainamento do solo são práticas que ajudam a reduzir a população do inseto (MARTINS & BOTTON, 1996). Ainda assim, predomina a aplicação de inseticidas como medida de controle desses insetos-pragas (MARTINS et al., 1996; MARTINS et al., 2004). As principais formas de utilização do controle químico tem sido via tratamento de sementes, pulverização foliar após a inundação ou aplicação direta de produtos granulados na lâmina de água de irrigação. Dentre esses métodos, a aplicação via tratamento de sementes tem se destacado, por apresentar menor custo e maior segurança ambiental em relação as demais.

Com isso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes inseticidas e doses via tratamento de sementes no controle de O. oryzae em arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Phytus, em Restinga

Seca/RS, durante a safra 2010/11, utilizando a cultivar Puitá INTA CL. Utilizou-se como adubação de base 300 kg.ha-1 da fórmula 05-20-30 (N-P-K) e adubação de cobertura 300 kg.ha-1 de uréia. A cultura foi estabelecida em área de cultivo sob sistema de semeadura convencional, com espaçamento entre linhas de 0,17 m e densidade de 300 pl.m-2. O                                                                                                                          1 Acadêmico do Curso de Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do CNPq, UFSM, Departamento de Defesa Fitossanitária, CEP 97.105-900, Santa Maria, RS. E-mail: [email protected] 2 Eng. Agr. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected] 3 Pesquisador de Entomologia, Instituto Phytus, E-mail: [email protected] 4 Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM, E-mail: [email protected] 5 Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM, E-mail: [email protected] 6 Acadêmico do Curso de Agronomia, UFSM, E-mail: [email protected]

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delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com parcelas de 6 m de largura por 10 metros de comprimento e quatro repetições. Os tratamentos e as doses estudadas são apresentados na Tabela 1.

Foi avaliado o número de larvas por amostra aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias após a inundação (DAI). A contagem de larvas foi realizada adaptando a técnica descrita por Tugwell & Stephen (1981), onde foram retiradas três amostras de cada unidade experimental utilizando amostrador cilíndrico de PVC de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, aprofundado 8 cm no solo. Após isso as amostras foram agitadas e submersas em água numa peneira com fundo de tela de náilon com malha de 1mm2, para separar as larvas das raízes e do solo e facilitar a contagem das larvas. Para análise estatística, os dados numéricos de larvas de O. oryzae (X) foram transformados em (X + 0,5)^1/2 e a análise estatística dos dados foi efetuado utilizando o software PlotIt versão 3.2, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Tabela 1 - Inseticidas e doses testados no tratamento de sementes de arroz para o controle da bicheira da raiz, Restinga Seca - RS, 2011.

Tratamentos Dose i.a (g.100 kg de sem-1)

1 testemunha - 2 fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico 25,0 + 22,5 + 2,5 3 fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico 37,5 + 33,75 + 3,75 4 fipronil 37,5 5 tiametoxam 105,0 6 tiametoxam + lambda cialotrina 63,0 + 11,4 7 tiametoxam + lambda cialotrina 94,5 + 17,1 8 tiametoxam + lambda cialotrina 126,0 + 22,8 9 tiametoxam + lambda cialotrina 157,5 + 28,5

RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância dos dados mostrou haver diferença significativa entre os

tratamentos nas avaliações aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias após a inundação (DAI) (Tabela 2). Os inseticidas testados reduziram a infestação com O. oryzae em relação à testemunha (sem controle) em todas as avaliações, demonstrando assim ação inseticida sobre a praga.

Nas avaliações realizadas até os 40 DAI não houve diferença entre inseticidas estudados, exceto para a menor dose de fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (tratamento 2) aos 10 DAI, que apresentou controle inferior aos demais tratamentos. O incremento de 50% na dose de fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico provocou redução de 81% no número de larvas de O. oryzae, mostrando que a elevação de dose desse produto melhora a eficiência de controle da praga. Grutzmacher et al. (2008), estudando a viabilidade do tratamento de sementes de arroz com inseticidas verificou que a aplicação de fipronil na dose 62,5 g de i.a.100 kg-1 apresentou controle de O. oryzae próximo a 100%. O melhor controle observado por esses autores em relação ao presente estudo provavelmente esteja relacionado à dose utilizada, que foi 66 e 150% superiores às doses testadas nesse trabalho.

A aplicação de 37,5 g.100 kg de sem-1 de fipronil isoladamente apresentou controle semelhante ao obtido quando associado à piraclostrobina e tiofanato metílico na maior dose, sinalizando não haver efeito dos mesmos sobre O. Oryzae. Esse resultado era esperado, uma vez que os dois últimos são fungicidas.

Não foi observada diferença no controle de O. oryzae entre os tratamentos com tiametoxam e tiametoxam + lambda-cialotrina até os 40 DAI; aos 50 DAI, porém, o tratamento que continha apenas tiametoxam apresentou elevação no número de larvas de

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O. oryzae, mostrando a perda de residual após esse período. Estudando a eficiência de neonicotinóides no controle de larvas de O. oryzae, COSTA et al. (2003) observaram que tiametoxam na dose de 105 g de i.a.100kg-1 de sementes apresentou eficiência superior a 80%, em avaliação realizada 72 dias após a aplicação dos tratamentos.

Nos tratamentos com tiametoxam + lambda-cialotrina o residual persistiu até os 50 DAI, exceto para a menor dose (63,0 + 11,4 g.100 kg de sem-1), que apresentou menor controle em relação as demais doses do mesmo produto nessa avaliação. Houve incremento no controle de O. oryzae elevando-se a dose de tiametoxam + lambda-cialotrina de 63,0 + 11,4 g.100 kg de sem-1 para 94,5 + 17,1 g.100 kg de sem-1 na avaliação aos 50 DAI. A elevação das doses acima desse patamar não resultou em melhor controle da praga em nenhuma das avaliações, mostrando ser desnecessária.

Tabela 2 – Número médio de larvas de O. oryzae por amostra, aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias após a inundação (DAI), submetidas à aplicação de diferentes inseticidas via tratamento de sementes. Restinga Seca - RS, 2011.

Tratamentos2 Número médio de larvas por amostra

10 DAI Efic %3 20 DAI Efic % 30 DAI Efic % 40 DAI Efic % 50 DAI Efic %

T1 7.25 c1 0,0 5.5 c 0,0 4.75 c 0,0 7 c 0,0 4.75 d 0,0

T2 1 b 86,20 0.75 ab 86,36 1 ab 78,94 0.75 a 89,28 2.75 cd 42,10

T3 0 a 100,0 0.5 a 90,90 0.25 a 94,73 0.5 a 92,85 0.5 ab 89,47

T4 0 a 100,0 0.25 a 95,45 0.25 a 94,73 0.25 a 96,42 0.75 ab 84,21

T5 0 a 100,0 0 a 100,0 0.25 a 94,73 0 a 100,0 4.66 cd 18,94

T6 0 a 100,0 0 a 100,0 0.25 a 94,73 1 ab 85,71 1.75 b 63,15

T7 0 a 100,0 0 a 100,0 0.25 a 94,73 0.5 a 92,85 0.25 a 94,73

T8 0 a 100,0 0 a 100,0 0 a 100,0 0.25 a 96,42 0.25 a 94,73

T9 0 a 100,0 0 a 100,0 0 a 100,0 0.25 a 96,42 0.25 a 94,73

CV % 14,21 17,43 21,95 20,55 18,81 1 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p<0,05). 2Tratamentos: 1 – testemunha; 2 - fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (25,0 + 22,5 + 2,5 g.100 kg de sem-1 de i.a); 3 - fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (37,5 + 33,75 + 3,75 g.100 kg de sem-1 de i.a.); 4 – fipronil (37,5 g.100 kg de sem-1 de i.a); 5 – tiametoxam (105,0 6 g.100 kg de sem-1 de i.a); 6- tiametoxam + lambda cialotrina (63,0 + 11,4; 7 g.100 kg de sem-1 de i.a) 7- tiametoxam + lambda cialotrina (94,5 + 17,1g.100 kg de sem-1 de i.a); 8 - tiametoxam + lambda cialotrina (126,0 + 22,8g.100 kg de sem-1 de i.a); 9 - tiametoxam + lambda cialotrina(157,5 + 28,5g.100 kg de sem-1 de i.a). 3 Efic %: eficácia de controle em porcentagem (%).

CONCLUSÃO

A aplicação de fipronil + piraclostrobina + tiofanato metílico (37,5 + 33,75 + 3,75 g.100 kg de sem-1) e fipronil (37,5 g.100 kg de sem-1), foram eficientes no controle da bicheira-da-raiz.

A aplicação de tiametoxam + lambda-cialotrina foi eficiciente a partir da dose (94,5 + 17,1 g.100 kg de sem-1) em todas aferições.

A associação de lambda-cialotrina ao tiametoxam nas maiores doses aumentou o período residual de controle da bicheira-da-raiz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3., REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 25., 2003. Balneário Camboriú. Anais. Itajaí: EPAGRI, 2003. p.348-349. GRÜTZMACHER, A.D. et al. Viabilidade da antecipação do tratamento de sementes de arroz com inseticidas em relação à data de semeadura no controle de Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae). Ciência Rural. 2008, vol.38, n.7, pp. 1830-1835. IBGE, Indicadores do IBGE: Estatística da Produção Agrícola. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, fevereiro de 2011. Disponível em www.ibge.com.br MARTINS, J.F. da S. Problemática da bicheira-da-raiz no Rio Grande do Sul. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 4., Goiânia, 1990. Resumos. Goiânia: EMBRAPA/CNPAF, 1990. p.29. MARTINS, J.F. da S. et al. Efeito de inseticidas no tratamento de sementes e na água de irrigação no controle de Oryzophagus oryzae (Costa Lima) em arroz irrigado. Revista Brasileira de Agrociência, v.2, n.1, p.27-32, 1996. MARTINS, J.F. da S.; BOTTON, M. Controle de insetos da cultura do arroz. In: PESKE, S.T. et al. Produção de arroz irrigado. Pelotas: UFPel, 1996. p.273-299. MARTINS, J.F. da S. et al. Descrição e manejo integrado de insetos-pragas em arroz irrigado. In: GOMES, A.S.; MAGALHÃES Jr., A.M. (Ed), Arroz irrigado no sul do Brasil. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, 2004, p.635-675. MARTINS, J.F. da S. et al. Efeito de doses de inseticidas aplicadas às sementes de arroz no controle do gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5., 2007, Pelotas, RS. Anais... Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2007. vol. 2, p. 45-47. TUGWELL, N.P.; STEPHEN, F.M. Rice water weevil seasonal abundance, economic levels, and Sequential sampling plants. Fayetteville: Agricultural Experiment Station, 1981. 16p. (Bulletin, 849).

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CONTROLE QUÍMICO DO PULGÃO-DA-RAIZ Rhopalosiphum rufiabdominale, EM ARROZ IRRIGADO

Jaime Vargas de Oliveira1; Thais Fernanda Stella de Freitas2; Sintia da Costa Trojan2; Gustavo Cantori Hernandes2

Palavras-chave: insetos, inseticidas, eficiência, danos.

INTRODUÇÃO O pulgão-da-raiz é encontrado em lavouras de arroz irrigado, na região da Fronteira

Oeste do Estado desde os anos 80, causando preocupação aos orizicultores(OLIVEIRA,1987). Nas últimas safras, a sua população tem aumentado e ocorrido em outras regiões como na Campanha e na Planície Costeira Externa.

Os pulgões hibernam nas plantas daninhas encontradas no interior e nas bordas de lavouras, das seguintes espécies vegetais : roseta (Soliva pterosperma), capim-arroz (Echinochloa colonum), paspalum (Paspalum sp), arroz espontâneo e arroz vermelho (Oryza sativa), (arroz-vermelho), e o capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis), (SULZBACH et al.,2005).

Estes insetos ocorrem na lavoura antes da irrigação, principalmente nas taipas, formando colônias nas raízes, onde sugam a seiva. As plantas atacadas apresentam clorose nas folhas e logo toda a parte aérea fica alaranjada, posteriormente ocorre redução na estatura e morte (OLIVEIRA, et al., 2010).

Quando do início da irrigação principalmente nas taipas, o pulgão-da-raiz, é encontrado acima do colo da planta, pois sobem para fugir da água, porém após uma semana, as partes da lavoura com lâmina de água alta, a sua população diminui.

Como não existem produtos registrados para o controle do pulgão-da-raiz em arroz irrigado foi realizado este trabalho com o objetivo de determinar o comportamento de alguns inseticidas neste inseto-praga.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado a campo em lavoura comercial no município de

Uruguaiana na safra 2010/2011. O preparo do solo foi no sistema do cultivo mínimo. A cultivar empregada foi IRGA 424, semeada na densidade de 100 kg ha-1, adotando-se o espaçamento de 17,5 cm entre as linhas. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com 4 repetições. As unidades experimentais mediram 20m2 de área (4,0 x 5,0 m).

As sementes foram tratadas um dia antes da semeadura. Os tratamentos inseticidas foram: Cruiser 350 FS+Standak 250 FS, nas doses de 50+120, 100+120 e 150+120 mL/100kg de semente; Gaucho 600 FS+Standak 250 FS, nas doses de 80+120 mL/100kg de semente e o Standak 250 FS, na dose de 120 mL/100kg de semente. A testemunha não recebeu produto químico.

As avaliações para determinar o número de pulgões de cada parcela, foram realizadas aos 30 e 55 dias, após a emergência das plantas. Os pulgões foram contados em 4 sub-amostras com solo e plantas por parcelas, em áreas de 0,5x1,0 m, com área total de 0,5 m2. Como o solo estava muito seco, as plantas foram arrancadas com uma pá e colocadas sobre plásticos onde foram contados no campo os pulgões.

1Eng. Agr., Instituto Rio Grandense do Arroz, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP 94930-030. E-mail: [email protected] 2 Eng. Agr., Instituto Rio Grandense do Arroz

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O número médio de pulgões por amostra foi de 28 na primeira avaliação e 25 na

segunda, nas parcelas testemunha. Os resultados foram analisados estatisticamente através da análise de variância,

sendo as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. A eficiência dos inseticidas foi calculada pela fórmula de Abbott (1925).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme a Tabela 1, os resultados obtidos mostram que o inseticida Cruiser 350FS+Standak 250FS, nas doses de 50+120, 100+120 e 150+120 mL/100kg semente e o Gaucho 600FS+Standak 250FS, nas doses de 80+120 mL/100kg semente e 120 mL/100kg semente, são eficientes no controle do pulgão-da-raiz, em arroz irrigado, apresentando controle superior a 96%, diferindo estatisticamente da testemunha

Quanto ao Cruiser 350FS+Standak 250FS, na dose de 50+120 mL/100kg semente, na avaliação realizada aos 55 dias após a semeadura, houve uma pequena re-infestação, porém a eficiência continuou elevada demonstrando um bom controle do pulgão.

Em relação ao Standak 250FS, nas dose de 120 mL/100kg semente, os resultados obtidos nas duas leituras mostram que este inseticida não é eficiente no controle do pulgão-da-raiz, pois os resultados não diferiram estatisticamente da testemunha.

Durante a realização dos tratamentos não se verificou efeito fitotóxico dos inseticidas sobre as plantas de arroz irrigado. Tabela 1. Doses de produtos em tratamento das sementes, percentuais de controle do pulgão-da-raiz e rendimento de grãos em arroz irrigado. IRGA, Uruguaiana, RS, 2011.

Tratamentos Dose Avaliações(% controle)

mL/100kg semente

    N2 40das1 N 55das

Cruiser 350FS+Standak 250 FS

50+120 0 100 a 1 96 a3

Cruiser 350FS+Standak 250 FS

100+120 0 100 a 0 100 a

Cruiser 350FS+Standak 250 FS

150+120 0 100 a 0 100 a

Gaucho 600FS+Standak 250 FS

80+120 0 100 a 0 100 a

Standak 250FS 120 29 0 b 23 9 b

6. Testemunha -- 28 0 b 25 0 b

CV (%) -- -- 51 -- 46

CONCLUSÕES

Nas condições em que foi realizado o estudo, conclui-se que o inseticida Cruiser

350FS nas doses de 50, 100 e 150 mL/100kg e o Gaucho 600FS, são eficientes no controle do pulgão-da-raiz, em arroz irrigado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide, J. Econ. Entomology, Maryland, v. 18, 265 – 67, 1925. OLIVEIRA, J.V. de. Caracterização e controle dos principais insetos do arroz irrigado. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, v.40, p.17-24, 1987 OLIVEIRA, J.V. de; FREITAS, T.F.S. de; FIUZA, L.M.; MENEZES, V.G; DOTTO, G. Insetos-praga associados à cultura do arroz irrigado. IRGA, Estação Experimental do Arroz, Cachoeirinha, 2010. Boletim Técnico, 8. SULZBACH, F; MAZIERO, H; GUARESCHI, A; GUEDES, J.V.C. Plantas hospedeiras de Rhopalosiphum rufiabdominae (Sasaki) (HEMIPTERA: APHIDIDAE) In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXVI REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 4, 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria, Editora Orium, 2005.p. 117-119.

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AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DO PERCEVEJO-DO-COLMO Tibraca limbativentris (HEM; PENTATOMIDAE) EM ARROZ

IRRIGADO Jaime Vargas de Oliveira1; Thais Fernanda Stella de Freitas2; Jaceguay I. de Barros3; Jose Patricio de Freitas4; Jorge Cremonese5.

Palavras-chave: insetos, inseticidas, eficiência, danos.

INTRODUÇÃO O percevejo-do-colmo, pelo aumento da população, e devido aos danos causados,

está entre os principais insetos-praga do arroz irrigado no Estado do RS. As regiões mais atacadas são: a Fronteira Oeste, Depressão Central, Litoral Sul e Planície Costeira Interna (OLIVEIRA et al., 2005).

Segundo Link et al. (2007), as maiores infestações do Tibraca limbativentris, ocorreram em lavouras de coxilha ou de primeiro ano de cultivo, devido ao número elevado de percevejos hibernantes nas proximidades.

Este inseto vem para a lavoura após a emergência das plantas, distribuindo-se por toda a área. Durante o dia tem como hábito localizar-se na parte inferior da planta, dificultando a sua determinação (OLIVEIRA et al., 2010).

O dano caracteriza-se pela morte parcial ou total da folha central, sendo conhecido como o sintoma do “coração morto” e na fase reprodutiva ocorre a formação da panícula branca ou espiguetas estéreis (GALLO et al., 2002).

Devido a expressão deste inseto e como existem poucos produtos registrados para seu controle foi realizado este estudo, com o objetivo de avaliar os inseticidas mais eficientes no controle do percevejo-do-colmo.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado a campo, na Subestação da Barragem do Capané do

IRGA, em Cachoeira do Sul na safra agrícola. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 4 repetições, cada parcela mediu 3 x 5 m, totalizando 15 m2.

O preparo do solo foi no sistema de cultivo mínimo, sendo semeada a cultivar IRGA 424, na densidade de 100 kg ha-1.

Os tratamentos foram 6, sendo que o Voliam Flexi 300 SC (Clorantraniliprole + tiametoxan),em 3 doses de 200, 300 e 400 mL ha-1, o Engeo Pleno 247 SC (Tiametoxan+lambdacialotrina), na dose de 200 mL ha-1, e o inseticida Actara 250 WG ( tiametoxan), na dose de 150 g ha-1 empregado como padrão e uma testemunha não tratada.

Todos os tratamentos inseticidas foram aplicados com um pulverizador costal propelido a CO2, regulado com pressão de 3,5 MPa equipado com 4 bicos, tipo jato leque, eqüidistantes 0,5 m, com um volume de calda de 150 L ha-1.

As avaliações para determinar a eficiência de cada tratamento foram realizadas 1, 2 e 7 dias da aplicação dos produtos, quando as plantas encontravam-se no estádio de grão em massa firme. O número médio de percevejos por parcela na testemunha foi de 13 na primeira avaliação, 11 na segunda e 11 na terceira.

1Engo. Agro. M. Sc., EEA/Instituto Rio Grandense do Arroz. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. CEP 94930-030. e-mail: [email protected] 2Enga. Agra. M. Sc., EEA/IRGA, e-mail: [email protected] 3Engo. Agro. IRGA, e-mail: [email protected] 4Engo. Agro. IRGA, e-mail: [email protected] 5Téco. Agrla. IRGA, e-mail: [email protected]

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O rendimento de grãos foi obtido pela colheita de 2,5 x 2,5 m, com 5 m2 de área útil

de cada parcela, sendo os resultados expressos em t ha-1 e a umidade corrigida para 13 %. A eficiência dos inseticidas foi calculada pela fórmula de Abbott (1925). Os dados

foram submetidos à análise da variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas condições em que foi realizado o estudo verificou-se que nas três avaliações, os

tratamentos inseticidas diferiram significativamente do tratamento testemunha, conforme Tabela 1.

Quanto ao controle, na primeira avaliação realizada 1 dia após a aplicação dos produtos, o Voliam Flexi 300 SC nas doses de 300 e 400 mL ha-1 , o Engeo Pleno 247 SC e o Actara 250 WG, apresentaram controle superior a 85 %, demonstrando boa eficiência. Porém o Voliam Flexi 300 SC na dose de 200 mL ha-1 apresentou baixa eficiência, com controle inferior a 80 %.

Na segunda avaliação novamente o Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400 mL ha-1, apresentou 90 % e 98 % de controle respectivamente, demonstrando uma melhor eficiência em relação a primeira avaliação. Porém este inseticida, na dose de 200 mL ha-1, o controle não foi o esperado ficando abaixo do mínimo desejado, inferior a 80 %. Quanto ao Engeo Pleno 247 SC, a eficiência não diferiu estatisticamente do inseticida padrão Actara 250 WG, e ambos apresentaram um bom controle do percevejo. Tabela 1. Avaliações, número de percevejos, eficiência agronômica e rendimento de grãos, no controle do percevejo-do-colmo, na Subestação da Barragem do Capané, IRGA, Cachoeira do Sul, RS, 2011.

Tratamentos

Avaliações e % controle Rendimento de grãos

Doses N1 12 N2 22 N3 72

g ou mL ha-1

un % un % un % t ha-1

1.Actara 250 WG 150 1,0 a3 92 1,5 b 86 1,0 b 90 10,61 a

2.Voliam Flexi 300SC 200 3,0 b 78 2,5 c 77 1,5 b 86 10,30 a

3.Voliam Flexi 300SC 300 2,0 ab 85 1,0 b 90 1,0 b 90 10,72 a

4.Voliam Flexi 300SC 400 1,0 a 92 0,25a 98 100 a 100 11,03 a

5.Engeo Pleno 247SC 200 2,0 ab 85 1,5 b 86 1,5 b 86 10,42 a

6.Testemunha -- 13 c 0 11 d 0 11 c 0 10,20 a

CV % -- 7,7 -- 8,5 -- 6,6 -- 8,8

1Número médio de percevejos m-2; 2Dias após a aplicação dos tratamentos

3Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5 % de probabilidade.

Na terceira avaliação todos os tratamentos inseticidas controlaram eficientemente o percevejo-do-colmo. Porém o Voliam Flexi 300 SC, na dose de 400 mL ha-1, a eficiência foi de 100 %, ocorrendo diferença estatística em relação ao tratamento padrão.

Os percentuais de controle do Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400 mL ha-1

responderam ao aumento da dose, aspecto verificado nas três avaliações.

679

Quanto ao rendimento de grãos, não houve diferença estatística entre os

tratamentos inseticidas e a testemunha, porém o Actara 250 WG, o Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400 mL ha-1 apresentaram produtividade superior a 400 kg em relação à testemunha.

Com a aplicação dos inseticidas não se verificou efeito fitotóxico dos mesmos às plantas de arroz irrigado.

CONCLUSÕES

Nas condições em que foi realizado o estudo, conclui-se nas três avaliações os inseticidas Voliam Flexi 300 SC, nas doses de 300 e 400 mL ha-1 , Actara 250 WG, e o Engeo Pleno 247 SC, são eficientes no controle do percevejo, Tibraca limbativentris em arroz irrigado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABOTT, W.S. A method of computing the efetivenes of an insecticide, J. Econ. Entomology, Maryland, v. 18, 265 – 67, 1925. GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba;FEALQ, 2002. LINK,D.; DOTTO, LINK, F.M.; RAMOS, J.P. de. Nivel de infestação de Tibraca limbativentris na colheita do arroz irrigado, safra 2005/06. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5, e REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 27, Pelotas, 2007. Anais...Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2007. p.94-96. OLIVEIRA, J.V. de.; DOTTO, G.M.; SANTOS,J.L.R. Levantamento populacional do percevejo Tibraca limbativentris (Hemiptera: Pentatomidae) na região da Depressão Central do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO E XXVI REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 4, 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria, Editora Orium, 2005.p. 75-76. OLIVEIRA, J.V. de; FREITAS, T.F.S.DE; FIUZA, L.M; MENEZES, V.G; DOTTO,G. Insetos-praga associados à cultura do arroz irrigado. IRGA, Estação Experimental do Arroz, Cachoeirinha, 2010. Boletim Técnico, 8.

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DANOS CAUSADOS POR PERCEVEJOS DA PANÍCULA EM GRÃOS DE ARROZ NO ESTADO DO TOCANTINS

Daniel de Brito Fragoso1; Expedito Alves Cardoso2; Carlos Martins Santiago3; José Alexandre de Freitas Barrigossi4; Mabio Chrisley Lacerda5

Palavras-chave: Orizicultura, Entomologia, MIP

INTRODUÇÃO No Brasil, o arroz é uma das mais importantes culturas anuais, ocupando posição

de destaque do ponto de vista econômico e social, constituindo se em elemento básico para a população brasileira. A área cultivada na safra 2010/2011 foi de 2,866 milhões de hectares com uma projeção de colheita de 13,461 milhões de toneladas e com um consumo estimado de 12,6 milhões de toneladas (BRASIL, 2011). Atualmente, o país dispõe das melhores e mais eficientes tecnologias de cultivo desse grão, que sob os pontos de vista econômico e ambiental, são adotadas em lavouras de diferentes perfis, espalhadas no território nacional.

Localizado numa região de clima tropical, o Estado do Tocantins é o terceiro maior produtor nacional de arroz irrigado e sua produção representa 50% da região norte do Brasil, sendo este, atualmente o estado considerado como o mais promissor para a expansão orizícola irrigada do país, devido à grande oferta de extensas áreas de várzea, cujos tipos e características dos solos e condições de hidromorfismo tornam-se aptos ao cultivo irrigado por inundação (COELHO et al., 2006).

Entre os insetos pragas de maior importância econômica para a cultura do arroz, no Brasil, estão os percevejos fitófagos Oebalus poecilus (Dallas 1851) e Oebalus ypsilongriseus (Dee Geer, 1773) (Hemiptera: Pentatomidae) que durante a fase reprodutiva das plantas se alimentam do conteúdo leitoso das panículas, ocasionando perdas quantitativas e qualitativas na massa de grãos (BARRIGOSSI, 2009). No Estado do Tocantins, semelhantemente ao que ocorre em outras regiões produtoras de arroz, estas espécies, sob determinadas condições favoráveis, também causam sérios prejuízos, sendo consideradas como insetos-praga de importância primária.

O objetivo deste trabalho foi avaliar materiais (linhagens/cultivares) de arroz quanto à resistência ao ataque de percevejos do gênero Oebalus sugadores das espiguetas e efeitos da alimentação destes insetos sobre o rendimento e grãos inteiros.

MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi realizado no Complexo de Ciências Agrárias - CCA, da Fundação

Universidade do Tocantins, localizado no centro Agrotecnológico de Palmas, latitude 10°12’46”-S, longitude 48°21’37”-W, altitude de 230m e temperatura média anual de 26ºC.

O preparo do solo realizado foi o sistema convencional, consistindo de duas arações e um nivelamento. A adubação de plantio constituiu de 240 kg.ha-1 da fórmula N-P-K (5-25-15+Zn). Após 30 dias foi realizada adubação de cobertura usando como fonte de nitrogênio sulfato de amônia na dose 125 kg.ha-1 o equivalente a 25 kg de N.ha-¹.

Cada parcela foi constituída de seis linhas de cinco metros, espaçadas 0,30 m, onde foram semeadas a mão 100 sementes por metro. O delineamento experimental

1 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, Quadra 103 Sul, Av. JK ACSO 1, Conjunto 1, Lote 17, 1º piso, 77015-012 – Palmas - TO, e-mail: [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS AGRO, e-mail: [email protected]. 3 Técnico em Agropecuária, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected]. 4 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected]. 5 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].

681

adotado foi o de blocos casualizados, com oito tratamentos (linhagens/cultivares) e cinco repetições. Os materiais de arroz utilizados foram cedidos pelos Programa de Melhoramento Genético de arroz da Embrapa Arroz e Feijão e da Organização Estadual de Pesquisa Agropecuária do Estado do Tocantins – UNITINS AGRO.

Para coleta de dados, foi utilizada uma ficha de campo para registro semanal da ocorrência dos percevejos dos grãos em cada genótipo, que foi monitorado a partir da emissão de 5% das panículas. Rede entomológica de varredura foi usada para coleta dos insetos, sendo estes acondicionados em potes de plástico tipo sorvete (250 ml), contendo álcool 70% e levados para o laboratório para triagem, identificação e quantificação.

A colheita foi realizada quando os grãos apresentaram 18% de conteúdo de água. Os grãos foram pesados e a umidade determinada utilizando o aparelho GEHAKA modelo G600. O rendimento ou renda (grãos descascados) foi determinado em amostras de 100 gramas de grãos de cada linhagem/cultivar submetidas ao descascamento em engenho de provas marca Suzuki

Para avaliar a atividade alimentar dos insetos foram colhidas panículas formando três repetições. De cada repetição, foram amostradas 40 panículas, onde foram determinados a porcentagem de panículas cheias e vazias, número de bainhas de estilete, ou sinais de alimentação, por espigueta e porcentagem de grãos com bainhas (BOWLING, 1979).

A presença de bainhas de estilete nas espiguetas foi detectada utilizando o método da fucsina ácida. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade no programa Sisvar 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados sobre bainhas de estiletes, rendimento de grãos e grãos inteiros são

apresentados na Tabela 1. Analisando os resultados se observa que houve diferenças de ataques entre as linhagens e cultivares. Os materiais que sofreram maiores ataque dos percevejos das panículas foram a cultivar BRS Curinga, seguido das linhagens Unitins Agro 06 e BRA 01506. Por outro lado, os materiais menos atacados pelos os percevejos foram BRA 02601, BRA 01596, BRS Primavera e BRA 032051.

O genótipo BRA 02601 e a cultivar BRS Curinga da Embrapa Arroz e Feijão, respectivamente, apresentaram menor e maior ataque de percevejos dos grãos, quantificado pelo número de bainhas de estiletes de percevejos presentes em suas glumas.

Com relação a cultivar BRS Curinga, que apresentou maior ataque de percevejos dos grãos, também teve menores valores de rendimento e grãos inteiros, que podem estar correlacionados com o maior número de bainhas de estiletes encontrados neste trabalho. Tabela 1. Bainhas de estiletes em glumas de arroz, rendimento e grãos inteiros de linhagens/cultivares de arroz com ataque de percevejos dos grãos do gênero Oebalus sob condições de campo.

Linhagens/Cultivares Bainhas de estiletes (%) Rendimento (g) Grãos inteiros

(%) BRA 01506 13,6 ± 0,8 b 51,2 ± 1,0 a 29,8 ± 1,2 b BRA 01596 5,5 ± 0,4 bc 66,8 ± 0,8 a 45,9 ± 5,8 a BRA 02601 2,0 ± 0,3 c 63,5 ± 0,4 a 42,6 ± 5,9 a BRA 032051 6,6 ± 1,1 b c 65,6 ± 2,0 a 35, 4 ± 3,5 bc BRS Curinga 27,7 ± 3,2 a 37,2 ± 3,4 b 22,1 ± 4,0 c BRS Primavera 5,7 ± 0,6 bc 65,9 ± 5,9 a 43,7 ± 5,9 a Unitins Agro 03 8,9 ± 1,2 bc 63,5 ± 6,5 a 44,4 ± 4,4 a Unitins Agro 06 15,5 ± 1,4 b 63,4 ± 3,9 a 44,4 ± 8,7 a

*Médias para cultivares seguida da mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente

682

entre si (Tukey, 5%). Nos últimos anos, tem sido abundante a ocorrência de percevejos das panículas

nas áreas produtoras de arroz do Estado do Tocantins, o que tem demandado o emprego de mais de uma aplicação por safra agrícola para o controle destes insetos. Segundo Barrigossi (2009), os percevejos dos grãos do gênero Oebalus ocorrem em todas as regiões produtoras de arroz no Brasil. As espécies principais são Oebalus poecilus (Dallas, 1851) e Oebalus ypslongriseus (De Geer, 1773). Embora as duas espécies possam ocorrer simultaneamente no ambiente de várzeas, O. ypslongriseus ocorre preferencialmente no ambiente de terras altas e O. poecilus predomina em ambiente irrigado (FERREIRA et al., 2001). Segundo esses autores, com relação aos danos e prejuízos decorrente do ataque, adultos e ninfas a partir do segundo ínstar, alimentam-se da parte aérea das plantas, sendo mais prejudicial quando ele ocorre nas panículas, em cujas glumas o ataque pode ser identificado pelas bainhas de estilete ou sinais de alimentação deixados pelo inseto.

Segundo Barrigossi (2009), o ataque logo após a fertilização das flores resulta na formação de espiguetas totalmente vazias, conforme observado no presente trabalho para a cultivar BRS Curinga. Quando a alimentação do percevejo se dá na fase leitosa, além de provocar a remoção parcial ou total do conteúdo da espigueta (perda quantitativa), a injúria provocada pela alimentação favorece a ação de micro-organismos que, associados às suas picadas, contribuem para aumentar a incidência de manchas nos grãos e reduzir o poder germinativo das sementes. Ataque nas fases subsequentes resulta na formação de espiguetas mais leves e manchadas, que depois de beneficiadas apresentam o endosperma com manchas nos pontos picados, onde geralmente quebram durante o beneficiamento. Quando não quebram apresentam manchas de tamanho variável, reduzindo o valor comercial do produto.

CONCLUSÃO Conforme verificado no presente trabalho ataques em maior intensidade dos

percevejos das panículas afetam significativamente o rendimento e qualidade dos grãos, fato observado para algumas das cultivares estudadas. Também se conclui que ocorreram diferenças significativas de ataque dos percevejos em função dos genótipos e cultivares, fato este que merece ser aprofundado para uso nos programas de melhoramento genético de arroz da Embrapa Arroz e Feijão e da UNITINS AGRO na busca de resistência varietal, componente importante para o manejo integrado dos percevejos da panícula do arroz.

AGRADECIMENTOS

À Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural – UNITINS AGRO, da Fundação Universidade do Tocantins, pela cessão da área do Centro de Pesquisa AgroAmbiental, onde foi realizado o experimento, aos seus técnicos e pesquisadores pelo apoio na montagem e avaliações. Ao Programa de Melhoramento Genético de Arroz da Embrapa Arroz e Feijão pela disponibilização das linhagens e cultivares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRIGOSSI, J.A.F. Manejo do Percevejo da Panícula em Arroz Irrigado. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2009. 8 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular técnica, 79). BOWLING, C.C. The stylet sheat as an indicator of feeding activity of the rice stink bug. Journal of Economic Entomology, Lanhan, v. 72, n. 2, p.259-260. 1979 BRASIL. Companhia Nacional de Abastecimento. Balanço de oferta e demanda. Disponível em http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/1demanda_brasileira.pdf. Acessado em mai 2011.

683

COELHO, M.R.; SANTOS, H.G.; OLIVEIRA, R.P; MORAIS, J.F.V. Solos In: SANTOS, A.B.; STONE, L.F.; VIEIRA, N.R.A. A Cultura do Arroz no Brasil. Embrapa arroz e feijão. 2006. p.161-208. FERREIRA, E.; BARRIGOSSI, J.A.F.; VIEIRA, N.R. de A. Percevejo das panículas do arroz: fauna heteroptera associada ao arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001. 27 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular técnica, 43).

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RESISTÊNCIA A INSETICIDAS PIRETRÓIDES EM POPULAÇÕES DE Sitophilus zeamais (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) COLETADAS

EM UNIDADES ARMAZENADORAS DE ARROZ NO ESTADO TOCANTINS

Daniel de Brito Fragoso1; Expedito Alves Cardoso2; César Auguste Badji3; José Alexandre de Freitas Barrigossi4; Mabio Chrisley Lacerda5

Palavras-chave: Entomologia, Manejo de resistência, Tocantins

INTRODUÇÃO

No Brasil, estima-se que em média 20% da produção de grãos seja perdida anualmente no processo de colheita e pós-colheita (BRAGA et al., 2010). Grande parte das perdas pós-colheita é atribuída a problemas fitossanitários, sendo que apenas os insetos-praga de produtos armazenados podem ser responsáveis por cerca de 10%, ou seja, um montante em torno de 15 milhões de toneladas considerando a safra de 2010/11 estimada em 150 milhões de toneladas (BRASIL, 2011).

As espécies de insetos-praga de produtos armazenados em sua maioria, com destaque para as traças e carunchos, são pragas cosmopolitas e sob determinadas condições favoráveis responsáveis por perdas variáveis, que podem chegar a totalidade da massa de grãos armazenada. Por ser mais simples e rápido de controlá-los, os insetos de grãos armazenados têm sido extensivamente combatidos com métodos químicos há décadas, principalmente em áreas tropicais, devido à falta de aplicabilidade de outros métodos alternativos de controle e das condições climáticas serem favoráveis ao desenvolvimento dessas espécies durante todo o ano.

O uso frequente de inseticidas para proteção de grãos armazenados contra insetos tem resultado no desenvolvimento da resistência aos vários grupos de compostos usados e consequentemente levado a ocorrência de falhas no seu controle (FRAGOSO et al., 2003; RIBEIRO et al., 2003).

Resistência a inseticidas, definida como a capacidade de indivíduos de uma determinada espécie de organismo sobreviver a uma dosagem anteriormente letal, é um fenômeno que tem crescido em importância em todo mundo, desde do primeiro relato ocorrido em 1914, e exponencialmente a partir de 1940 com a síntese e grande uso dos inseticidas organo-sintéticos.

Atualmente, há registros de mais de 600 espécies de artrópodes resistentes e em algumas destas como Myzus persica, Leptinotarsa decemlineata e Plutella xylostella o problema é de tamanha gravidade porque elas se tornaram resistentes a praticamente todos os grupos de inseticidas disponíveis.

Sitophilus zemais (Coleoptera: Curculionidade) é praga primária interna de grande importância, pois pode apresentar infestação cruzada, ou seja, infestar sementes no campo e também no armazém, onde penetra profundamente na massa de sementes. Apresenta elevado potencial de reprodução e possui muitos hospedeiros, como arroz, trigo, milho, cevada, triticale e aveia. Tanto larvas como adultos são prejudiciais e atacam sementes inteiras. A postura é feita dentro da semente; as larvas, após se desenvolverem, empupam e se transformam em adultos. Os danos decorrem da redução de peso e de qualidade física e

1 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, Quadra 103 Sul, Av. JK ACSO 1, Conjunto 1, Lote 17, 1º piso, 77015-012 – Palmas - TO, e-mail: [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS AGRO, e-mail: [email protected]. 3 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, UFRPE, e-mail: [email protected]. 4 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Entomologia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected]. 5 Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitotecnia, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected].

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fisiológica da semente. O Estado do Tocantins tem um grande potencial agrícola, com extensas áreas

propícias à prática da agricultura e, vem se destacando no cenário nacional como grande produtor de grãos, principalmente arroz, segunda cultura em área plantada, encontrando-se já instalados grandes complexos de armazenagem e beneficiamento. Nas unidades armazenadoras tocantinenses o uso de inseticidas para o controle preventivo ou curativo de insetos-praga é uma prática comum, o que levanta a suspeita das populações já terem desenvolvido resistência aos inseticidas usados em seu controle.

Nesse contexto, informações sobre resistência a inseticidas para esta espécie são necessárias e úteis para implementação de programas de manejo de resistência a inseticidas.

MATERIAL E MÉTODOS

Insetos do gênero Sitophilus foram coletadas em unidades armazenadoras de grãos de arroz, em diferentes localidades do Estado do Tocantins e nos municípios de Balsas-MA e Luis Eduardo Magalhães – BA, que fazem parte da fronteira e que tem expressão na produção de grãos. As populações de insetos coletadas foram mantidas em condições de laboratório, na ausência de inseticidas, sob condições constantes de temperatura e umidade relativa do ar (25±1ºC e 70±5% UR), usando-se grãos de milho como substrato alimentar. Um número mínimo de 500 insetos foram considerados para o estabelecimento inicial de cada população. As populações de Sete Lagoas (MG) e Jacarezinho (PR) foram usadas como padrão de suscetibilidade e resistência aos inseticidas piretróides. Cerca de 20 indivíduos de cada população foram dissecados para análise da genitália e todos foram identificados como sendo da espécie Sitophilus zeamais.

Bioensaios foram conduzidos seguindo a metodologia usada por Guedes et al. (1995). Para isto, foram utilizado frascos cilíndricos de vidro cor âmbar de 20 mL de volume. Para determinação de faixa de resposta foram feitas cinco concentrações (1mg.mL-1, 10-1mg. mL-1, 10-2 mg. mL-1,10-3mg. mL-1, 10-4mg. mL-1, 10-5 mg. mL-1) do princípio ativo dos inseticidas deltametrina e permetrina. Acetona (PA) foi usada como solvente. 0,5 ml de cada concentração foi pipetado e colocado em cada frasco previamente identificado com pincel para transparência. Depois desta etapa, os frascos foram transferidos para um agitador rotacionado tipo “rotor-torque” para promover a volatilização da acetona e a impregnação uniforme do inseticida por toda a área interna dos frascos. Em seguida 20 indivíduos adultos não sexados foram colocados em cada frasco, sendo avaliada a mortalidade com o tempo de exposição de 24 horas.

A mortalidade foi avaliada considerando inseto morto, aquele com incapacidade de andar quando tocado pelas cerdas de um pincel de ponta redonda tipo filete. Os dados de mortalidade foram submetidos à análise de próbite para determinação das concentrações letais com propobabilidade de causarem mortalidade a 50 e 95% dos indivíduos expostos, nas CL50 e CL95, respectivamente. Este procedimento estatístico disponibiliza os valores de Concentrações Letais (CL) com probabilidade de causar morte de 1 (CL1) a 99% (CL99) dos indivíduos expostos. A concentração letal com probabilidade de causar morte de 95% dos indivíduos expostos (CL95) determinada na população-padrão de susceptibilidade foi usada para o estudo de detecção de populações resistentes, por ser uma CL de referência comumente usada em outros trabalhos de varredura de resistência. Para esta etapa, foram utilizados 5 frascos, onde foram colocados 20 indivíduos em cada frasco, totalizando 100 indivíduos expostos para cada população. Estes bioensaios primeiramente foram realizados com a população susceptível, em seguida a CL95 obtida para cada inseticida foi usada nas demais populações, com a finalidade de discriminar as populações resistentes. Os dados de mortalidade dos ensaios discriminatórios foram submetidos ao teste Z unilateral com correção de continuidade com a finalidade de estimar a diferença mínima significativa entre as populações testadas e a população-padrão de susceptibilidade, segundo a metodologia proposta por Roush e Muller (1986).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores das CL95 para os inseticidas deltametrina e permetrina foram 0,648µg.cm-2 e 3,028µg.cm-2, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Parâmetros toxicológicos das curvas de concentração-mortalidade dos inseticidas permetrina e deltametrina para população padrão de susceptibilidade (Sete Lagoas) de Sitophilus zeamais

Inseticida N Inclinação ± EPM

CL50 (IC 95%) µg i.a.cm-2

CL95 (IC 95%) µg i.a.cm-2

X2 Prob.

Permetrina 100 0,46 ± 0,04 0,49 (0,40-0,57) 3,028 (2,37-4,14) 3,43 0,63

Deltametrina 100 0,48 ± 0,03 0,08 (0,06-0,09) 0,64 (0,47-0,97) 4,17 0,38 N = número de insetos usados nos bioensaios de concentração-mortalidade; EPM = erro padrão da média; CL = concentração letal; IC = intervalo de confiança; X2 = Qui-quadrado.

Os dados obtidos pelos testes discriminatórios são apresentados na Tabela 2 e mostram seis casos de resistência aos inseticidas deltametrina e permetrina do grupo dos piretróides. Tabela 2. Mortalidade das populações de Sitophilus zeamais pelas concentrações discriminatórias dos inseticidas

População Número de

insetos/bioensaio de varredura

Mortalidade (%) aos inseticidas

Deltametrina Permetrina Aparecida do Rio Negro – TO 100 100 100 Balsas – MA 100 83 99 Dueré –TO 100 47* 99 Figueirópolis –TO 100 93 98 Formoso do Araguaia - TO 100 71* 93 Guaraí –TO 100 87 100 Gurupi –TO 100 100 100 Jacarezinho – PR1 100 71* 81* Lagoa da Confusão – TO 100 60* 100 Palmas – TO 100 80 99 Pedro Afonso – TO 100 68* 100 Sete Lagoas – MG2 100 100 99

1 = população-padrão de resistência a piretróides e DDT; 2 = população-padrão de suscetibilidade em estudos de resistência a inseticidas; * = Mortalidade significativamente diferente da mortalidade na população-padrão de susceptibilidade pelo teste Z a 95% de Probabilidade.

A população de Jacarezinho-PR apresentou resistência a todos os piretróides testados. Esta população é considerada como população-padrão de resistência a inseticidas piretróides e DDT em estudos desenvolvidos desde sua coleta no início da década de 90 por Guedes et al. (1995) e confirmado em Fragoso et al. (2003) e Ribeiro et al. (2003).

As populações coletadas nos municípios tocantinenses de Dueré, Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pedro Afonso apresentaram resistência ao inseticida deltametrina, que apresentaram taxas de mortalidade variando de 47 a 71%. Na população coletada no município de Dueré foi encontrado maior grau de resistência, 47% de mortalidade dos indivíduos expostos a CL95.

O inseticida deltametrina é o princípio ativo mais usado em pulverizações dos grãos de arroz na esteira, durante o processo de estocagem nas unidades armazenadoras do Estado do Tocantins, e portanto, com base em relatos de falhas de controle por parte de

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gerentes de unidades armazenadoras de grãos, era esperado a detecção de populações resistentes. Os primeiros relatos de populações de S. zeamais resistentes a piretróides foram feitos por Guedes et al. (1995) que detectaram a existência de resistência ao inseticida deltametrina. Ribeiro et al. (2003) também encontraram populações resistente a este produto. Porém, nesses estudos não foram contempladas populações do Estado do Tocantins.

Os municípios de Lagoa da Confusão e Dueré se localizam na região Sudoeste do Estado a qual apresenta a maior produção de arroz irrigado e é onde se encontra as unidades armazenadoras com maior capacidade de estocagem. Já o município de Pedro Afonso se destaca na produção de arroz de terras altas.

Este fato observado é importante para o Estado do Tocantins pela crescente produção de arroz e a magnitude da resistência detectada estar em estágios considerados baixos a moderados. Por outro lado, estes resultados confirmam os relatos de falhas de controle e serve como sinal de alerta para a problemática deste crescente fenômeno, exigindo programa de manejo de resistência em insetos-praga de grãos armazenados, por meio de práticas preventivas e integração dos métodos de controle e da rotação de princípios ativos.

CONCLUSÃO

Conclui-se que os resultados obtidos foram coerentes com os objetivos do proposto estudo, que foi de detectar populações de Sitophilus zeamais resistentes a inseticidas em populações coletadas nas unidades armazenadoras. As informações geradas são úteis para orientação e escolha das táticas de controle dessa praga e podem reduzir prejuízos causados por ela, por meio das estratégias de manejo da resistência, entre elas diminuição da pressão de seleção por meio da rotação de princípios ativos.

AGRADECIMENTOS

À Diretoria de Pesquisa Agropecuária e Desenvolvimento Rural – UNITINS AGRO, da Fundação Universidade do Tocantins, Laboratório de Entomologia, aos seus técnicos e pesquisadores pelo apoio na montagem e avaliações dos bioensaios. Ao Macroprograma 3 - Desenvolvimento Tecnológico Incremental - Chamada 06/2006 OEPAs, pelo apoio financeiro para execução do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BIOATIVIDADE DOS HIDROLATOS DE Artemisia absinthium, Malva sp. e Tanacetum vulgare, NO CONTROLE DE Spodoptera frugiperda. Neiva Knaak1; Shana Letícia Felice Wiestr2; Lídia Mariana Fiuza3

Palavras-chave: Hidrolato; lagarta-da-folha; óleos essenciais.

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais importantes, constituindo-se o

alimento básico de grande parte da população mundial. O Brasil produziu em média 13 milhões toneladas de arroz na safra 2010/2011, sendo o Rio Grande do Sul considerado o maior produtor (CONAB, 2010). A perda estimada na produção vegetal, por ação dos insetos, varia entre 10 e 30% para as principais culturas (FERRY et al., 2004). Na cultura do arroz, diversas espécies de insetos são consideradas prejudiciais em diferentes fases do ciclo, sendo a ordem Lepidoptera aquela que apresenta o maior número de insetos-praga (FERREIRA & MARTINS, 1984; GALLO et al., 2002). A família Noctuidae, pertencente a esta ordem, destaca-se pela grande quantidade de insetos-praga ocorrentes na lavoura de arroz, principalmente Spodoptera frugiperda, a qual se alimenta de plantas jovens, antes da inundação definida dos arrozais, consumindo-as completamente, podendo atingir, em determinados anos agrícolas, níveis populacionais elevados, destruindo totalmente a lavoura (MARTINS & BOTTON, 1998). Devido aos danos que os produtos químicos podem causar no ambiente como um todo, o estudo de plantas com propriedades inseticidas e repelentes reforça a necessidade da utilização de recursos renováveis e rapidamente degradáveis. Estas vantagens são atribuídas ao emprego de substâncias extraídas de plantas silvestres quando comparadas ao emprego dos produtos sintéticos, já que estas são compostas da associação de vários princípios ativos, de fácil acesso e baixo custo (ROEL, 2001).

Embora a maioria dos estudos tenha sido realizada com extratos ou óleos essenciais, outros métodos de extração ou produtos podem ser utilizados, como o hidrolato, líquido resultante do processo de extração de óleo essencial por arraste a vapor, o qual apresenta geralmente compostos voláteis hidrossolúveis (LAVABRE, 1993) e possui grande quantidade de princípios ativos como ácidos, aldeídos e aminas. Hidrolatos obtidos de plantas aromáticas geralmente apresentam de 0,05 a 0,20 g de óleo essencial por litro (TESKE & TRENTINI, 1997).

Dessa forma, o presente trabalho objetivou avaliar os hidrolatos de Artemisia absinthium, Malva sp. e Tanacetum vulgare no controle de lagartas de S. frugiperda (Lepidoptera:Noctuidae).

MATERIAL E MÉTODOS As lagartas de Spodoptera frugiperda foram coletadas em lavouras de arroz irrigado

do Rio Grande do Sul e mantidas em dieta de Poitout & Bues (1970), na Sala de Criação de Insetos no Laboratório de Microbiologia e Toxicologia na Unisinos. O ciclo biológico foi desenvolvido em condições controladas (25 ± 2°C, fotoperíodo de 12 horas e 70% de Umidade Relativa).

Para obtenção dos hidrolatos de A. absinthium, Malva sp. e T. Vulgare, as plantas foram submetidas ao método de hidrodestilação, utilizando um equipamento de Clevenger (CLEVENGER, 1928) adaptado. Durante o período em que o sistema permaneceu em

1 Doutora em Biologia, PPG em Biologia – Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, RS, email: [email protected]. 2 Estudante de Biologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo. 3 Doutora em Agronomia, PPG em Biologia – Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo e Instituto Riograndense do Arroz Irrigado – IRGA, Cachoeirinha, RS.

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ebulição (2 horas), os vapores de água e as substâncias voláteis oriundas da planta foram conduzidos ao condensador adaptado ao aparelho, permitindo a destilação contínua destes através do sistema fechado e vaso-comunicante. Dessa maneira, o óleo essencial da planta e o respectivo hidrolato, caracterizado como a fração aquosa contendo o óleo essencial emulsionado, acumularam-se gradualmente no reservatório do aparelho. Os óleos voláteis e os hidrolatos gerados em cada extração foram coletados separadamente e armazenados em recipientes de vidros, de cor âmbar, hermeticamente fechados, a 4ºC.

Nos bioensaios foram aplicados 10 µL dos tratamentos com hidrolatos de A. absinthium, Malva sp. e T. vulgare em secções de folhas de arroz (1 cm de diâmetro), acondicionadas em mini-placas de acrílico, contendo ágar-ágar, onde 30 lagartas foram individualizadas. Para cada ensaio foram realizadas três repetições, totalizando 90 lagartas avaliadas por tratamento. No controle, o volume das suspensões dos tratamentos (10 µL) foi substituído por água destilada esterilizada. Os ensaios foram mantidos em câmara climatizada a 25ºC, 70% de UR e fotoperíodo de 12h. A mortalidade foi avaliada no 2º, 5º e 7º dia após a aplicação dos tratamentos, sendo em seguida corrigida pela fórmula de Abbott (1925).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da letalidade de lagartas de Spodoptera frugiperda foram

correspondentes a 1, 19 e 42% de mortalidade corrigida para os tratamentos com os hidrolatos de Tanacetum vulgare, Artemisia absinthium e Malva sp., respectivamente. Tagliari et al. (2010) avaliando extratos de M. silvestris, A. absinthium e T. vulgare, obtidos pela maceração das plantas, encontraram MC de 5, 8 e 15%, respectivamente, em lagartas de S. frugiperda, quando avaliado até o 7º dia após a aplicação dos tratamentos. Porém, quando avaliado a MC acumulada até o desenvolvimento total da fase larval, encontraram MC de 21, 31 e 90% para a maceração de A. absinthium, T. vulgare e M. silvestris, respectivamente. Dessa forma, os hidrolatos provocaram maior mortalidade em lagartas de S. frugiperda. Isso pode indicar o caminho para busca de um novo produto para a utilização no Manejo Integrado de Pragas (MIP), pois normalmente o hidrolato é considerado subproduto, sendo posteriormente descartado. Além disso, os hidrolatos podem ser obtidos em grandes quantidades e são potencialmente bioativos, podendo substituir os óleos essenciais, já que estes tem um baixo rendimento e consequentemente custos elevados de produção.

Em termos gerais, a seleção de plantas com atividade inseticida é baseada quase exclusivamente nos efeitos letais. Todavia, deve-se considerar que nem sempre a mortalidade do inseto deve ser o objetivo principal, pois exige maior dose, consequentemente maior quantidade de matéria prima vegetal. Dessa maneira, o objetivo almejado deve ser reduzir e ou impedir o crescimento populacional da praga, seja por efeitos fisiológicos, alterações no comportamento sexual, ou outros fatores correlacionados (SILVA, 2010).

CONCLUSÃO Dessa forma, pode se concluir que dentre os hidrolatos testados na presente

pesquisa, Malva sp. destacou-se com uma mortalidade corrigida de 42%, merecendo ser alvo de novas pesquisas, as quais vão depender da disponibilidade das espécies vegetais e de todo o conjunto que envolve a detecção dos produtos bioativos, além da síntese química dos ingredientes ativos e a elucidação do sítio-alvo da molécula inseticida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W. S. A. Method of computing the effectiveness insecticides. J. Econom. Entomol., n. 18, 1925,

p. 265-267. CLEVENGER, J.F. Apparatus for volatile oil determination. American Perfumer and Essential Oil Review,

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1928. CONAB-Companhia Nacional de Abastecimento. 2010. Acompanhamento da safra 2009/10- 11º

Levantamento de Avaliação da Safra de 2009/10, Agosto de 2010. Disponível em <http:/www.conab.gov.Br> Acesso em Agosto de 2010.

FERREIRA, Evane; MARTINS, J. F. S. Insetos prejudiciais ao arroz no Brasil e seu controle. Goiânia: Embrapa, 1984.

FERRY, N.; EDWARDS, M. G.; GATEHOUSE, J. A.; GATEHOUSE, A. M. R. Plant insect interactions: molecular approaches to insect resistance. Current Opinion in biotechnology, USA, v. 15, 2004, p. 155-161.

GALLO, Domingos; NAKANO, Octavio; SILVEIRA NETO, Sinval; CARVALHO, Ricardo Pereira Lima; BAPTISTA, Gilberto Casadei; BERTI FILHO, Evoneo; PARRA, José Roberto Postali; ZUCCHI, Roberto Antonio; ALVES, Sérgio Batista; VENDRAMIN, José Djair; MARCHINI, Luis. Carlos; LOPES, João Roberto Spotti; OMOTO, Celso. Métodos de controle de pragas. São Paulo: FEALQ, 2002.

LAVABRE, M. Aromaterapia: a cura pelos óleos essenciais. Rio de Janeiro: Record, 1993. MARTINS, J. F. S.; BOTTON, M. Controle de insetos da cultura do arroz. In: PESKE S. T.; NEDEL, J. L.;

BARROS, A. C. S. A. (Orgs.). Produção de arroz irrigado. Pelotas: UFPEL, 1998, p. 273-300. POITOUT, S.; BUES, R. Élevage de plusieurs espéces de Lépidopteres Noctuidae sur milieu artificiel

riche et surmilieu simplifié. Annales de Zoologie Ecologie Animale, n. 2, 1970, p. 79-91. ROEL, Antônia R. Utilização de plantas com propriedades inseticidas: uma contribuição para o

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TAGLIARI, Marinez Salete; KNAAK, Neiva; FIUZA, Lidia Mariana. Efeito de extratos de plantas na mortalidade de lagartas de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). Arquivos do Instituto Biológico, v. 77, n. 2, 2010, p. 259-264.

TESKE, M; TRENTINI, A. M. M. Herbarium: Compêndio de Fitoterapia. 2. ed. Curitiba: Herbarium Laboratório Botânico, 1995.

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AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE ARROZ AO ATAQUE DE Diatraea saccharalis (FABR., 1794) (LEPIDOPTERA:

PYRALIDAE) Jacqueline Barbosa Nascimento1; Mabio Chrisley Lacerda2; Tereza Cristina de Oliveira Borba 3 Raquel Neves de Mello4; José Alexandre de Freitas Barrigossi 5; José Francisco da Silva Martins 6

Palavras-chave: broca-do-colmo, cultivares e arroz

INTRODUÇÃO A broca-do-colmo Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Pyralidae)

ataca diversas espécies de plantas da família Poaceae, tais como arroz, aveia, cana-de-açúcar, milho, sorgo, trigo dentre outras. Está distribuída desde o sul dos Estados Unidos da América até a Argentina, tendo origem neste continente (MARTINS, 1983).

Na cultura do arroz (Oryza sativa), esta praga pode provocar perdas econômicas em lavouras irrigadas e de terras altas, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Os danos ocasionados às plantas de arroz são conhecidos como “coração-morto” e panícula-branca, sintomas característicos das fases vegetativa e reprodutiva da cultura, respectivamente (FERREIRA, 2002).

Devido ao comportamento da broca-do-colmo em alojar-se no interior do colmo, os sintomas característicos do ataque de D. saccharalis à cultura do arroz se tornam visíveis somente quando severos danos são causados às plantas. O seu controle é feito por meio de produtos químicos, porém a utilização de variedades resistentes vem sendo uns dos métodos de controle mais viáveis para controle da praga porque não onera os custos de produção e é seguro para o ambiente (FERREIRA et al., 2004).

Este trabalho teve como objetivo analisar a resistência ao ataque de lagartas D. Saccharalis nos acessos de arroz pertencentes do Banco Ativo de Germoplasma da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de Pesquisa em Arroz e Feijão).

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na Estação Experimental da Embrapa Arroz e Feijão,

localizada no município de Santo Antônio de Goiás, GO, no período de janeiro a junho de 2010. Os acessos de arroz estudados abrangeram linhagens e cultivares brasileiras (LCB), linhagens e cultivares introduzidas (LCI) e variedades tradicionais (VT) que são possíveis fontes de resistência à broca-do-colmo, as chamadas “Canelas de Ferro” (CF). Estas últimas são variedades locais de arroz que foram coletadas no Estado do Maranhão.

A resistência de arroz à D. saccharalis foi estudada em casa telada utilizando delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Cada acesso nas repetições foi infestado com 20 indivíduos de broca-do-colmoneonatos de D. saccharalis. Trinta dias após a infestação, as plantas de arroz foram cortadas rente ao solo, e as amostras levadas ao laboratório de Entomologia onde os colmos foram examinados, e os sinais de ataque da broca e o peso das lagartas sobreviventes foram determinados. Os dados referentes ao peso médio de lagartas, diâmetro interno do colmo e percentagem de

1 Doutoranda em Agronomia, Univesidade Federal de Goiás, Rodovia Goiânia-Nova Veneza, km zero. Campus Samambaia, Goiânia, GO, [email protected]. 2 Eng. Agrônomo, Doutor em Fitotecnia, Pesquisador, Embrapa Arroz e Feijão, e-mail: [email protected]. 3 Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, Pesquisadora, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, e-mail: [email protected]. 4 Doutora em Agronomia, Pesquisadora, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, [email protected] 5 Doutor em Entomologia Agrícola, Pesquisador, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, [email protected] 6 Doutor em Entomologia, Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, [email protected]

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ataque foram submetidos à analise de variância e as médias foram comparadas pelo teste LSD, a 5% de significância (SAS INSTITUTE, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os acessos diferiram pouco quanto ao peso de D. saccharalis, onde as lagartas

mais pesadas foram encontradas em duas variedades tradicionais “Canela de Ferro” (CA 780099 CA 790164). O maior valor de diâmetro interno do colmo foi encontrado em duas variedades tradicionais “Canela de ferro” (CA 790164 e CA 980007) que apresentaram 3,18 mm (Tabela 1). A porcentagem de ataque nos acessos de arroz analisados variou de 45% (Bonança) a 95% (Canela de Ferro – CA 790167) (Figura 1).

Tabela 1. Peso médio de lagartas (PML) e diâmetro interno do colmo (DIC) em plantas de 34 acessos de arroz submetidos à infestação artificial com D. saccharalis. Santo Antônio de Goiás, GO. 2010.* Acesso PML (g) Acesso DIC (mm) CF (CA 780099) 0.0986 a CF (CA 980007) 3.18 a Soberana 0.0883 abc CF (CA 790164) 3.18 a CF (CA 790164) 0.0862 ab CF (CA 790167) 3.11 ab CF (CA 790217) 0.0751abcd CF (CA 780099) 3.06 ab CF (CA 980023) 0.0738 abcd C F (CA 980023) 3.04 ab IAC 47 0.0710 abcde CF (CA 790216) 3.04 ab Ti Ho Hung 0.0689 abcde CF (CA 790309) 2.97 abc IR 40 0.0674 abcde CF (CA 220025) 2.93 abcd CF (CA 790216) 0.0670 abcdef CF (CA 790367) 2.89 abcd CF (CA 810064) 0.0657 abcdef CF (CA 810064) 2.89 abcd CF (CA 790167) 0.0649 abcdef CF (CA 220241) 2.82 abcd CF (CA 790309) 0.0631 abcdef Ti Ho Hung 2.82 abcd CF (CA 220241) 0.0572 abcdefg C.F. (CA 790217) 2.80 abcd Carajás 0.0547 bcdefg Caiapó 2.67 abcde CF (CA 790367) 0.0547 bcdefg C.F. (CA 810055) 2.55 abcdef IR 42 0.0540 bcdefg Confiança 2.53 abcdef C 409 0.0537 bcdefg IAC 47 2.51 abcdef IAC 201 0.0535 bcdefg

Canastra 2.46 abcdef

TKM 6 0.0522 bcdefg

Carisma 2.39 abcdefg CF (CA 980007) 0.0520 bcdefg

TKM 6 2.39 abcdefg

CF (CA 810055) 0.0487 bcdefg

CF (CA 220268) 2.37 abcdefg Canastra 0.0463 bcdefg

IR 42 2.36 abcdefg

CF (CA 220268) 0.0451 bcdefg

Bonança 2.33 abcdefg IR 13429-109-2.2.1 0.0448 bcdefg

Patnai 6 2.26 bcdefgh

Carisma 0.0434 cdefg

IR 13429-109-2.2.1 2.26 bcdefgh Guarani 0.0396 defg

Carajás 2.25 bcdefgh

Su Yai 20 0.0391 defg

C 409 2.24 bcdefgh Caiapó 0.0385 defg

Primavera 2.11 cdefghi

Confiança 0.0369 defg

IAC 201 2.05 defghi CF (CA 220025) 0.0356 defg

Soberana 1.78 efghi

Patnai 6 0.0331 defg

IR 40 1.67 fghi Primavera 0.0301 efg

Guarani 1.48 ghi

Chiang an Tsao Pai Ku 0.0248 fg

Chiang an Tsao Pai Ku 1.35 hi Bonança 0.0163 g

Su Yai 20 1.30 i

* Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste LSD, a 5 % de probabilidade.

Segundo Hosseini et al. (2010), o diâmetro do colmo é considerado um dos caracteres quantitativos relacionados a suscetibilidade de cultivares de arroz à broca-do-colmo Chilo suppressalis (Walker) em experimentos sob condições naturais de infestação. Os autores observaram que as plantas mais atacadas foram aquelas que apresentaram os maiores diâmetros do colmo. A presença de colmos mais espessos facilita o

693

desenvolvimento e o movimento das lagartas, logo os resultados obtidos corroboram com as observações de Ntanos e Koutroubas (2000) e Rubia-Sanchez et al. (1998). Algumas cultivares, como Taichung 16 e Chianan 2, são conhecidas por serem rejeitadas pelas mariposas de D. saccharalis para oviposição. Nas resistentes, as lagartas sofrem alta mortalidade, são menores e apresentam menor taxa de crescimento populacional (FERREIRA et al., 2001). Os acessos introduzidos TKM 6 e Su Yai 20 utilizados neste estudo foram identificadas nos últimos 25 anos, como resistentes ao dano de D. saccharalis (KHAN et al., 1991). Porém ainda não foram identificadas fontes com alto grau de resistência, sendo mais comum a identificação de cultivares suscetíveis ou com resistência moderada. Assim, quando submetidas a um ataque severo de broca-do-colmo, as cultivares consideradas resistentes podem sofrer algum dano (PATHAK e KHAN, 1994). Selvi et al. (2002) avaliando a resposta do dano de cultivares de arroz à broca-amarela-do-colmo S. incertulas, sob condições artificiais de infestação, observaram que a cultivar TKM 6 mostrou-se moderadamente resistente ao dano desta broca-do-colmo.

Acessos de arroz

IAC

47Pa

tnai

6Su

Yai

20Ti

Ho

Hung

TKM 6

IR 4

2

IR 1

3429

-109

-2.2

.1IR

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IAC

201

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A 22

0025

)

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A 22

0241

)

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A 22

0268

)Gua

rani

CF (C

A 78

0099

)

CF (C

A 79

0164

)

CF (C

A 79

0167

)

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A 79

0216

)

CF (C

A 79

0217

)

CF (C

A 79

0309

)

CF (C

A 79

0367

)

CF (C

A 81

0055

)

CF (C

A 81

0064

)

CF (C

A 98

0007

)

CF (C

A 98

0023

)

% d

e co

lmos

ata

cado

s

040

50

60

70

80

90

100

Figura 1. Percentagem de colmos atacados por D. saccharalis nos diferentes acessos de arroz.

As VT “Canelas de Ferro” são materiais genéticos conservados por pequenos agricultores, podendo ser cultivadas em sistema irrigado ou de sequeiro. Estes acessos de arroz favoreceram um maior crescimento e desenvolvimento de lagartas de D. saccharalis. Porém, a variabilidade genética das “Canelas de ferro” deve ser bem mais explorada e futuramente estes acessos serem utilizados para constituir novas fontes de genes de inestimável valor para os programas de melhoramento de arroz no País, principalmente para a resistência a insetos-praga.

CONCLUSÃO A utilização das LCI e das VT pode ser uma alternativa para aumentar a base

genética dos acessos de arroz brasileiros, permitindo o surgimento de novas combinações

694

alélicas e adaptações a ambientes específicos, o que pode proporcionar, por exemplo, uma redução da vulnerabilidade a insetos-praga.

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695

TOXICIDADE DE DIFERENTES EXTRATOS DE Maytenus ilicifolia Mart. Ex Reiss À LAGARTAS DE Spodoptera frugiperda (J.E.SMITH, 1797)

D’Incao, M.P.1; Soares, P.2; Quadros, B.C.3; Oliveira, J. V. de4, Fiuza, L.M.5

Palavras-chave: cancorosa, bioinseticidas, lagarta da folha, extratos vegetais ,

INTRODUÇÃO O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de arroz irrigado, chegando a

6,909 mil toneladas safra de 2009/10 (MAPA, 2010). Os danos causados pelo ataque de insetos considerados pragas provocam grandes reduções na produtividade das monoculturas de arroz e milho, onde se destaca o lepidóptero Spodoptera frugiperda (J.E.SMITH, 1797) (lagarta-do-cartucho-do-milho ou lagarta militar), como uma das principais pragas da fase vegetativa. S. frugiperda é um lepidóptero polífago, amplamente distribuído nas Américas, sendo encontrado do sul do Canadá ao sul da América do Sul (Uruguai e Argentina) (ASHLEY ET AL, 1989).

O método mais utilizado para o combate desta praga ainda é o químico, devido ao baixo custo e a facilidade de obtenção, além da alta taxa de eliminação de ovos e lagartas. Apesar da disponibilidade de diversos produtos a base de agentes de biocontrole e tecnicas alternativas para o controle de pragas de lavoura, como utilização de extratos vegetais, sua utilização ainda é restrita, muitas vezes por não se conhecer por completo o seu efeito. A crescente preocupação da sociedade em relação aos efeitos colaterais dos agrotóxicos, como toxicidade para os aplicadores, poluição ambiental e a presença de resíduos nos alimentos, tem incentivado os pesquisadores a desenvolverem estudos com táticas de controle alternativo de pragas, como o uso de inseticidas de origem vegetal (BRAND ET AL, 2007; PEREIRA ET AL, 2008; AGARWAL ET AL, 2001; LIMA ET AL, 2008; RIZWAN-UL-HAQ ET AL 2009). Estes princípios ativos são resultantes do metabolismo secundário das plantas, sendo acumulados em pequenas porções no tecido vegetal (GONZAGA ET AL, 2008).

A interação inseto-planta tem sido uma das áreas mais estudadas na ecologia química, trazendo grandes ganhos e perspectivas interessantes para o desenvolvimento de biopesticidas vegetais. Essas interações envolvem numerosos metabólitos secundários que podem vir a interferir no comportamento, crescimento e/ou desenvolvimento dos insetos (SIMÕES ET AL, 2007; RHARRABE ET AL, 2010).

A Cancorosa (Maytenus ilicifolia) é um arbusto perene da família Celastraceae, cujas folhas são amplamente utilizadas na medicina popular, em forma de chá, para o tratamento de úlceras e gastrites. As folhas de M. ilicifolia apresentam em sua composição química básica terpenos de diversas ordens (monoterpenos, diterpenos, triterpenos, sesquiterpenos), alcalóides, taninos, flavonóides, entre outros (ALONSO, DESMARCHELIER, 2007; SANTOS-OLIVEIRA ET AL, 2009; MOSSI ET AL, 2010; RADOMSKI, BULL, 2010 E RADOMSKI ET AL, 2008). Fonseca et al (2007) relatam propriedades inseticidas para o gênero Maytenus.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar o potencial inseticida da Cancorosa frente a S. frugiperda.

MATERIAL E MÉTODOS Criação do Insetos: As colônias de insetos da espécie S. frugiperda, oriundas das culturas de milho e

1 Doutoranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, Av. Unisinos, 950 – Bairro Cristo Rei – cep 93.022-000, [email protected] . 2 Mestranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, [email protected] . 3 Graduanda em Biologia, Unisinos, [email protected]. 4 Mestre em Entomologia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, [email protected] 5 Doutora em Agronomia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA e Unisinos, [email protected]

696

arroz, são criadas em condições controladas (25°C, 70%U.R. e 12h de fotofase) na Sala de Criação de Insetos, junto ao Laboratório de Microbiologia da UNISINOS. As lagartas são alimentadas com dieta artificial de Poitout (POITOUT, BUES, 1970), sendo as crisálidas separadas por sexo e os adultos obtidos, acondicionados em gaiolas, com solução glicosada e substrato de oviposição. Os ovos obtidos são acondicionados em caixas Gerbox com dieta artificial, até 3 dias após a eclosão, quando as lagartas são individualizadas em potes plásticos com dieta para evitar o canibalismo.

Material Vegetal e Extratos: Folhas de Maytenus ilicifolia foram coletadas no Campus da Universidade do Vale

do Rio dos Sinos - UNISINOS (29°47’47,90” de latitude Sul e 51°09'24,93” de longitude Oeste), sempre no inicio da manhã, observando-se a ausência de chuva, floração e frutificação.

Os extratos vegetais foram obtidos por maceração das folhas com nitrogênio líquido até a obtenção de um pó homogêneo. A ressuspensão deste foi realizada com quatro diferentes solventes para a extração dos compostos secundários, em uma proporção de 1w:5v (5 ml de solvente para cada grama de pó vegetal) e mantidos a 4°C por 24h, sendo posteriormente filtrados com papel filtro esterilizado. O extrato obtido após a filtragem foi dividido em ependorfs e mantido a -18°C. Os solventes utilizados foram: água destilada estéril em temperatura ambiente (extrato aquoso a frio), água destilada estéril a 80°C (extrato aquoso por decocção), álcool etílico a 70% (extrato etanólico) e solução tampão para extração de proteínas (50mM Tris-HCl pH8,0; 1mM EDTA pH8,0; 5% Glycerol v:v; 1mM DTT; 0,1% Triton) (extrato protéico).

Bioensaios: Foram utilizadas lagartas de 1° ínstar, mantidas individualmente em mini-placas de

acrílico (35mm de diâmetro), contendo uma fina camada de gel de ágar-ágar e um disco foliar de soja perene (Neonotonia wightii), com 18mm de diâmetro, por 48h. Em cada disco foliar foi depositado 50µL de extrato. Os valores de mortalidade observados após a exposição foram corrigidos pela Fórmula de Abbott (ABBOTT, 1925). Foram feitos dois tratamentos controle: um com o solvente utilizado na elaboração do extrato vegetal (quando este não era água destilada estéril) e outro com água destilada autoclavada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos bioensaios realizados é possível observar que os extratos aquoso por

decocção e etanólico apresentaram maior mortalidade corrigida, 46,7% e 55,6%, respectivamente. Os extratos aquoso a frio e protéico apresentaram mortalidade corrigida de 4,4% e 11,1%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1: Mortalidade corrigida de Spodoptera frugiperda após 48h de exposição a

quatro diferentes extratos de Maytenus ilicifolia Extratos Mortalidade Corrigida (%)

Aquoso a Frio 4,4 Aquoso por Decocção 46,7

Etanólico 55,6 Protéico 11,1

Os resultados observados indicam a presença de flavonas e flavonóis nos extratos

de folhas de M. ilicifolia, pois estes compostos secundários são pouco solúveis em água, o que justifica o resultado obtido no extrato aquoso a frio (ZUANAZZI, MONTANHA, 2007).

A mortalidade obtida no extrato por decocção seria explicado pela presença de mono e sesquiterpenóides que são extraidos com aquecimento do solvente (GERSHENZON, CROTEAU, 1991). Estes terpenóides apresentam atividade inseticida através da inibição da

697

acetilcolinesterase, interferindo no crescimento, pois impedem a ecdise, além de possuir efeito deterrente. Mossi et al (2010) observaram apresença do monoterpenóide limoneno nas folhas de M. ilicifolia o que reforça esta teoria. A descrição química da espécie M. ilicifolia publicada por Alonso & Desmarchelier (2007) e Xavier & D’Angelo (1996) também corroboram com esta teoria, pois indicam que os compostos fenólicos que predominam nas folhas desta espécie são os quercetinas e kaempferol, que são dois flavonóides da classe das flavonas e flavonóis. A presença de flavonóides é relatada também por Santos-Oliveira (2009) e Radomski & Bull (2010).

A mortalidade relativamente baixa observada no extrato protéico pode indicar que a toxicidade de M. Ilicifolia se deve a presença de metabólitos secundários não protéicos.

CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos na presente pesquisa podemos concluir que a

cancorosa (Maytenus ilicifolia) possui potencial inseticida para o controle à Spodoptera frugiperda. Ainda são necessários mais estudos quanto ao mecanismo de ação, efeitos subletais e perfil bioquímico dos extratos.

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699

EFICIÊNCIA DE EXTRATOS VEGETAIS DE Euphorbia pulcherrima NO CONTROLE DE Spodoptera frugiperda (Lepidoptera, Noctuide).

Soares, P.1;Quadros, B. C.²; D’Incao, M.P.³; Oliveira, J. V. de4; Fiuza, L. M5.

Palavras-chave: Controle biológico, Lagarta-da-folha, Bico-de-papagaio, Extratos vegetais.

INTRODUÇÃO As culturas do milho e do arroz irrigado apresentam significativa importância sócio-

econômica para o Estado do Rio Grande do Sul (RS). A ação de insetos tem sido um dos principais fatores que reduzem a produtividade dos híbridos e cultivares atualmente utilizados. Neste contexto, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) tem assumido grande importância devido aos danos causados às plantas (GRÜTZMACHER ET AL., 2000; MAETINS ET AL. 2004).

No milho, S. frugiperda é conhecida por lagarta-do-cartucho. As lagartas maiores se instalam preferencialmente no cartucho da planta, podendo também atacar a espiga (GRÜTZMACHER ET AL., 2000). Na cultura do arroz irrigado, ataca preferencialmente o capim-arroz (Echinochloa spp.) passando à cultura após a eliminação dessa invasora por herbicidas. O ataque ao arroz se caracteriza pelo corte das plântulas rente ao solo e dependendo do nível populacional, a destruição da lavoura pode ser total (MARTINS ET AL., 2004). Entre as técnicas de controle de insetos, destaca-se a aplicação de agrotóxicos, que, no inicio da década de 40, se tornou a principal forma de controle dessas pragas (Holz et al., 2009.)

O uso destes produtos, sem alternância com outros, causa desequilíbrio nos ecossistemas, como: a eliminação de insetos não-alvo, explosões populacionais, por eliminação de inimigos naturais, e perda de eficácia destes praguicidas mediante seleção de populações resistentes. Adiciona-se a isto também, o acúmulo de resíduos nos alimentos e intoxicação dos operadores. Assim, medidas de controle que causem menor impacto ambiental são de primordial importância, o que vem estimulando o ressurgimento do uso de plantas inseticidas como promissora ferramenta para controle de insetos (BORGONI & VENDRAMIM, 2003). O estudo de plantas com potencial atividade inseticida, repelente e deterrente é importante para descobrir novas moléculas ativas, que poderão ser isoladas das plantas ou sintetizadas, ou então uma molécula-protótipo para modificações estruturais visando, por exemplo, obter um composto mais ativo (D’INCÃO, 2008).

Estes estudos tem se desenvolvido e o emprego de substâncias inseticidas extraídas de plantas tem inúmeras vantagens, quando comparado com o uso de produtos sintéticos. Segundo Parra (1991), além de produtos diretamente envolvidos nas funções primárias, como: a fotossíntese, respiração e crescimento, as plantas contém ou produzem uma grande variedade de outros compostos que passaram a ser chamados de substâncias secundarias.

O Bico-de-papagaio, também conhecido como flor-de-natal ou poinsétia, é uma planta da família das Euphorbiaceae que possuem distribuição predominantemente pantropical, originária do México, incluindo cerca de 300 gêneros e 6000 espécies. No Brasil ocorrem cerca de 70 gêneros e 1000 espécies, representando uma das principais famílias da flora brasileira. Incluem diversas espécies de interesse econômico, onde destaca-se a

. 1 Mestranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, [email protected] . ²Graduanda em Biologia, Unisinos, [email protected]. ³Doutoranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, Av. Unisinos, 950 – Bairro Cristo Rei – cep 93.022-000, [email protected] 4 Mestre em Entomologia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, [email protected] 5 Doutora em Agronomia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA e PPG em Biologia, UNISINOS, [email protected]

700

seringueira. Essas plantas são de hábito perene e utilizadas como ornamentais, evidentemente por possuírem flores não vistosas, o aspecto ornamental é dado pelas brácteas e folhagens, onde incluem-se neste grupo o bico-de-papagaio. O látex destas plantas é cáustico e podem ocorrer acidentes quando em contato com as mucosas, principalmente dos olhos (SOUZA, 2008).

Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial inseticida de Euphorbia pulcherrima às lagartas de Spodoptera frugiperda.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no laboratório de Microbiologia e Toxicologia da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos, de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Os insetos utilizados nos experimentos foram obtidos da criação massal mantida em laboratório, em condiçõescontroladas: temperatura de 25°C, umidade relativa de 60% e fotofase de 12 horas.

O material vegetal foi coletado no Campus da Unisinos (29°47’47,90” de latitude Sul e 51°09'24,93” de longitude Oeste), dentro do seu ciclo vegetativo, e os metabólitos secundários foram extraídos das folhas das plantas de Bico-de-papagaio (E. pulcherrima), que foram maceradas com nitrogenio líquido (-196°C). Após a maceração, o pó das folhas foi diluido com diferentes solventes, na proporção de 1g/5ml (1w:5v) para a extração dos metabólidos secundários. Os solventes utilizados para as extrações foram água destilada autoclavada fria (temperatura ambiente), água destilada autoclavada a quente (Decocção, 80°C por 30 min.), etanol 70% e solução tampão para extração de proteínas (50Mm Tris-HCl, pH8,0, 1mM EDTA pH8,0, 5% Glycerol v:v, 1mM DTT, 0,1% Triton). Os extratos foram armazenados por 24 horas a 4°C e posteriormente filtrados. Os extratos obtidos foram acondicionados em eppendorfs e mantidos a -18°C.

Para os bioensaios, os extratos foram descongelados e mantidos a 4°C. Em placas de acrílico de 35 mm, contendo uma base de Ágar- Ágar e um disco de folhas de soja-perene (Neonotonia wightii) de 18 mm de diâmetro, foram aplicados 50µL do extrato vegetal. As lagartas utilizadas foram de 1º ínstar e os bioensaios foram mantidos em incubadora tipo B.O.D. (25°C, 70% U.R e 12h luz), sendo a mortalidade observada durante 48 horas. No controle foi utilizada água destilada autoclavada e etanol 70% em substituição dos tratamentos. A mortalidade observada foi corrigida pela fórmula de Abbott (1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados dos bioensaios revelaram que a mortalidade das lagartas de Spodoptera

frugiperda foi maior no extrato etanólico em comparação aos extratos aquosos a frio e quente (Figura 1), inferindo-se que os flavonóides, como por exemplo, os terpenóides, componentes presentes nestes extratos têm ação inseticida. Isso também foi confirmado quando a mortalidade no extrato aquoso a frio foi superior ao extrato aquoso por decocção, pois alguns tipos de flavonóides sofrem hidrólise ao serem aquecidos, desconfigurando a referida molécula. (VARRICCHIO, 2009; ZUANAZZI e MONTANHA, 2007).

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EA -­‐F EA -­‐Q EE EP

Figura 1. Mortalidade Corrigida de lagartas de 1º instar de Spodoptera frugiperda submetidas aos tratamentos com extratos de Euphorbia pulcherrima (EA-F: Extrato Aquoso Frio; EA-Q: Extrato Aquoso Quente; EE: Extrato Etanólico; EP: Extrato Protéico).

De acordo com os dados ilustrados na Figura 1, a maior mortalidade dos insetos-

alvo foi observada no tratamento com o extrato protéico, indicando que o ingrediente ativo inseticida de E. pulcherrima corresponde aos polipeptídeos de possíveis reservas protéicas.

Os dados bibliográficos mostram que as plantas apresentam elevado potencial à produção de compostos secundários, que geralmente, estão relacionados com seus mecanismos de defesa. Dentre essas substâncias pode-se mencionar: os compostos fenólicos e polifenólicos; quinonas; flavonóides; taninos; cumarinas; terpenóides; alcalóides; lectinas; polipeptídeos; e outros (HOLZ ET. AL. 2009).

O látex que é produzido nos laticíferos de E. pulcherrima, possui em sua composição química triterpenos e éster-diterpênicos. Os terpenóides constituem uma das mais diversificadas classes de compostos químicos caracterizadas em extratos vegetais. Estes são responsáveis por uma grande diversidade de esqueletos hidrocarbônicos potencializando as interações fisiológicas e ecológicas das plantas. Essa grande variedade de estruturas também possibilita diferentes ações, tais como, defesa contra insetos, herbívoros e fitopatógenos (SIQUEIRA ET AL, 2003).

CONCLUSÃO Com base nos resultados preliminares dos bioensaios, os extratos protéicos de E.

pulcherrima apresentam elevado potencial tóxico às lagartas de S. frugiperda, sendo ainda necessários estudos do perfil dessas proteínas e dos demais metabólitos secundários sintetizados pelo Bico-de-papagaio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abbott, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticida. J. Econ. Entomol., 18, 265 – 267, 1925. Borgoni, P. C. e Vendramin, J. D. 2003. Bioatividade de Extratos Aquosos de Trichilia spp. sobre Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Milho. Revista Neutropical Entomology 32(4): 665 – 669. D’Incao, M. P. 2009. Influência de extrato de saponina de Passiflora alata Dryander (Passifloraceae) no desenvolvimento larval de Heliconius erato phyllis, Heliconius ethilla narcaceae (Nymphalidae) e Spodoptera frugiperda (Noctuidae) (Lepidoptera). Dissertação de Mestrado em Biologia Animal, UFRGS, 48p. Grützmacher, A.D.; Martins, J.F.S.; Cunha, U.S. 2000. Insetos-pragas das culturas do milho e sorgo no

702

agroecossistema de várzea. In: PARFITT, J.M.B. (ed.), Produção de milho e sorgo em várzea. Pelotas: Embrapa Clima Temperado,p. 87-102. Holz, A. M. et. al. 2009. Produtos Naturais no controle de Pragas. In. Tópicos especiais em produção vegetal I. Cap. 14. 1.ed. – Alegre, ES: UFES, Centro de Ciências Agrárias,. 528 p. Martins, J.F.S.; Grützmacher, A.D.; Cunha, U.S. 2004. Descrição e manejo integrado de insetos-praga em arroz irrigado. In: GOMES, A. da S.; MAGALHÃES JR., A.M. (Ed.), Arroz irrigado no Sul do Brasil. Brasília: Embrapa informação tecnológica. p.635-676. Parra, J.R.P. 1991. Consumo e utilização de alimento por insetos. In: PANIZZI, A.R.; PARRA, J.R.P. (Ed.) Ecologia nutricional de insetos e suas implicações no manejo de pragas. São Paulo: Manole, p. 9-65. Pouitout, S.; Bues, R. Élevage de plusieurs espèces de Lépidoptères Noctuidae sur mitieu artificiel riche et sur milieu simplifié. Ann. Ecol. Anim., 2: 79-91, 1970. Siqueira, S.S. 2003. Determinação de compostos de massa molecular alta em folhas de plantas da Amazônia. Revista Química Nova, vol 26, No. 5, 633-640. Souza, V.C. 2008. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas do Brasil, baseado em APGII. 2. Ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. P. 703 VARRICCHIO, M.C.B.N et. al. 2009. Efeito Adaptógeno e antitumoral de Euphorbia trucalli (Aveloz) em Mastologia. I Simpósio Medicina Complementar em Mastologia. Zuanazzi, J.A.S.; Montanha, J.A. Flavonóides. In: Simões, C. M. O. [org.]; Schenkel, E. P. [org.]; Gosmann, G. [org.]; de Mello, J. C. P. [org.]; Mentz, L. A. [org.]; Petrovick, P. R. [org.]. Farmacognosia – da planta ao medicamento. 6° edição. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. 1102 pp.

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INTERAÇÃO ENTRE Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), Campoletis flavicincta (Ashmead)

(Hymenoptera: Ichneumonidae) e Bacillus thuringiensis kurstaki HD1, EM LABORATÓRIO.

Silvia Martins de Salles1; Fernanda Pavani1; Jaime Vargas de Oliveira2; Lidia Mariana Fiuza1,2 Palavras-chave: Spodoptera frugiperda, Campoletis flavicincta, Bacillus thuringiensis kurstaki

INTRODUÇÃO O Arroz irrigado possui grande importância econômica no RS, sendo a produtividade média da safra 2010/2011 de 7.600 kg/ha (CONAB, 2011). Porém, alguns fatores são responsáveis pela redução da produtividade, onde se destacam os insetos-praga que reduzem o potencial dos cultivares atualmente disponível. S. frugiperda tem recebido atenção especial quanto ao desenvolvimento de métodos de controle que reduzam a aplicação de inseticidas, principal forma de controle utilizada pelos produtores, utilização essa que tem se mostrado um fator importante no desequilíbrio dos agroecossistemas. Isso provoca fenômenos como ressurgência e seleção de populações de insetos-praga resistentes, maior impacto sobre as populações de inimigos naturais, incidência de pragas secundárias e novas espécies de pragas, além de outros fatores que se associam, inclusive, à saúde animal e humana. Diversas publicações relatam que o uso indiscriminado de pesticidas químicos, elimina, junto às espécies prejudiciais, seus inimigos naturais, encontrados na lavoura de arroz. (VELLOSO et al, 1999; LILJESTHRÖM et al, 2002; RAFIKOV & BATHAZAR, 2005). A atividade biológica dos inimigos naturais tem sido pesquisada, sendo que nesse grupo, o parasitóide C. flavicincta tem se mostrado promissor como agente de controle de S. frugiperda (CRUZ et al, 1997). No controle biológico, o entomopatógeno Bacillus thuringiensis, que contém genes cry, os quais codificam proteínas Cry inseticidas, que formam inclusões cristalinas durante a esporulação bacteriana. No trabalho de Schnepf et al. (1998) são relatados que muitas cepas de B. thuringiensis classificam-se em diferentes subespécies, sendo a maioria ativa insetos da ordem Lepidóptera, mas ainda há poucos dados de pesquisa sobre o impacto das proteínas Cry em organismos não-alvo, como por exemplo, os inimigos naturais das pragas. Nesse sentido, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a interação tritrófica entre S. frugiperda, C. flavicincta e B. thuringiensis kurstaki HD1, em laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS A coleta para obtenção dos parasitóides foi realizada na Estação Experimental do IRGA, em Cachoeirinha, RS, no ano agrícola 2010/2011, em área de cultivo de milho. No referido período três amostragens foram realizadas, para obtenção do numero necessário de parasitóides para dar inicio a criação artificial, as lagartas de S. frugiperda coletadas foram transportadas para o Laboratório de Microbiologia e Toxicologia na UNISINOS e mantidas em câmara climatizada a 25±2 °C, fotofase 14h, sendo alimentadas com dieta de Poitout (Poitout & Bues, 1974). até a fase de crisálidas, as quais permaneceram até a emergência dos adultos ou dos parasitóides. Casais de C. flavicincta emergidos no mesmo dia foram individualizados em gaiolas, contendo glicose a 10% como substrato de alimentação. Os casais foram mantidos B.O.D e após 24h foram ofertadas 30 largartas de 2°ínstar de S. frugiperda, alimentadas com dieta de Poitout. Para avaliação da interação entre S. frugiperda, C. flavicincta e Bt. kurstaki HD1 as lagartas de S. frugiperda foram expostas aos seguintes tratamentos: (1) sem parasitismo e sem infecção por Bt. kurstaki (controle); (2)

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infecção por Bt. kurstaki; (3) parasitismo por C. flavicincta e (4) parasitismo e infecção por Bt. kurstaki . Para cada tratamento foram utilizadas 30 lagartas, com três repetições, totalizando 360 lagartas avaliadas. Na obtenção dos insetos para o tratamento (3) e (4), lagartas com três dias de idade foram expostas aos parasitóides em gaiolas, onde permaneciam por 24 horas. Após este período foram infectados por Bt. kurstaki tanto um lote destas lagartas (tratamento quatro) quanto um lote de lagartas com quatro dias de vida, não exposto ao parasitismo, somente a infecção por Bt. kurstaki (tratamento dois). A exposição das lagartas por Bt. kurstaki foi realizada em placas de acrílico, com dieta de Poitout. O mesmo procedimento foi adotado nos tratamentos (1) e (3), porém substituindo a cepa de Bt. kurstaki por água destilada. As lagartas de todos os tratamentos permaneceram durante sete dias expostas a cepa Bt. kurstaki ou não. Sendo avaliadas diariamente e o número de lagartas mortas, vivas, e, estas, quando em pré- pupa ou parasitadas, foram registradas. As placas de acrílico com as lagartas foram mantidas em câmara tipo B.O.D. ( 25C°, 12 horas de fotofase e 70 % de umidade relativa), no laboratório de Microbiologia e Toxicologia da Unisinos. A mortalidade entre os tratamentos foi submetida a Anova One Way.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O percentual de mortalidade das lagartas em cada tratamento, considerando a média das repetições, está representado na Figura 1. No controle, a mortalidade foi inferior a 10%. No tratamento realizado com Bt kurstaki a mortalidade obtida foi de 21,2 %, já as lagartas submetidas apenas ao parasitismo por C. flavicincta apresentaram 42,2%. A maior mortalidade foi alcançada no tratamento realizado com Bt kurstaki e o parasitóide, simultaneamente, totalizando 48,8 %. Resultados semelhantes foram encontrados por Dequech et al. (2003) que citam a obtenção de maior mortalidade em lagartas de S. frugiperda pela utilização simultânea de outra cepa bacteriana, B. thuringiensis aizawai (produto XenTari®) e o parasitóide C. flavicincta, sendo menor o controle quando o produto comercial (Bt aizawai) e o parasitóide (C. flavicincta) foram aplicados isoladamente.

Figura 1. Mortalidade de lagartas de segundo instar de Spodoptera frugiperda (%) submetidas ao parasitismo por Campoletis flavicincta e a infecção pela cepa de Bacillus thuringiensis kurstaki HD1. ( F= 11, 3; gl= 3, 11; p > 0,05)

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CONCLUSÃO

Os resultados desse estudo, realizado em laboratório, revelaram maior mortalidade das lagartas 2º instar de S. frugiperda, quando utilizados simultaneamente B. thuringiensis kurstaki HD1 e o parasitóide C. flavicincta, inferindo uma interação positiva entre os agentes de controle biológico, a qual poderá ser aplicado no Manejo Integrado de Pragas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dequech, Sônia. Campoletis flavicincta (HYMEMOPTERA; ICHNEUMONIDAE): ocorrência criação e interação com Spodoptera frugiperda ( LEP., NOCTUIDAE) e Bacillus thuringiensis aizawai. 2002. 79f. Tese (Doutorado em Fitotecnia, área de concentração fitossanidade. Programa de Pós -graduação em fitotecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2008. Lilgesthrom, G. ; Minervino , E. ; Castro, D. & Gonzáles, A. La comunidad de ãranas del cultivo de soja em la provincia de Buenos Aires, Argentina. Neotropical Entomology , 31: 197-210, 2002. Poitout, S.; Bues. R. Élevage des chenilles de vint huit espèces de lépidoptères Noctuidae et deux espèces d’Arctiidae sur milieu artificiel simple. Particularités de l’élevage selon les espèces. Annales Zoologie Ecologie Animaux, 6:431–441, 1974.

Rafikov, M. and Balthazar J.M. Optimal pest control problem in population dynamics. Applied Mathematics and Computation, 24:65-81, 2005. Schnepf, E. ; Van Rie, J.; Leredus, D.; Baum J. ; Feitelson J. ; Zeigler, D. R. ; Dean D.H. Bacillus thuringiensis and Its Pesticidal Crystal Proteins. Microbiology and molecular biology reviews, Vol. 62, No. 3. p. 775–806 1998. Silvio I. P.; Airton C. P S. ; Carlos R. B. Comparativo de área, produtividade e produção.Companhia Nacional de Abastecimento , Porto Alegre ano , n. maio 2011. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/11_05_12_10_34_30_graos_-_boletim_maio-2011..pdf > Acesso em: 1 jun. 2011. Veloso, A. H. P. P.; R. L. O. Rigitano; G.A. Carvalho & C. F. Carvalho. Efeitos de compostos reguladores de crescimento de insetos sobre larvas e adultos de Chrysoperla externa (Hagen ,1861)( Neuroptera : Chrysopidae). Revista ciência e Agrotecnologia, 23: 96-101, 1999. 1 Mestranda em Biologia, PPG-Biologia Unisinos, [email protected] ²Graduanda em Biologia, Unisinos ,[email protected] 4 Mestre em Entomologia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, [email protected] 5 Doutora em Agronomia, Instituto Riograndense do Arroz – IRGA e PPG em Biologia, UNISINOS, [email protected]

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EFICIÊNCIA DO INSETICIDA CHLORANTRANILIPROLE (ALTACOR) NO CONTROLE DA BICHEIRA-DA-RAIZ, Oryzophagus oryzae, EM

ARROZ IRRIGADO, SISTEMA DE CULTIVO PRÉ-GERMINADO Eduardo Rodrigues Hickel1; Domingos Sávio Eberhardt2; Altair Fernando Bizzi3

Palavras-chave: manejo integrado de pragas, controle químico, Oryza sativa,

INTRODUÇÃO A bicheira-da-raiz, nome comum atribuído às larvas do gorgulho-aquático

Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae), é considerada uma das pragas mais prejudiciais da cultura do arroz irrigado. Em Santa Catarina, onde predomina o sistema de cultivo pré-germinado, os adultos podem causar danos em sementes pré-germinadas nos primeiros dias após a semeadura, contudo as larvas é que são mais prejudiciais, pois atacam o sistema radicular das plantas durante os primeiros meses de cultivo (PRANDO, 2002).

Os inseticidas granulados, a base de carbofuran, propiciam resultado satisfatório no controle das larvas, porém estes inseticidas são normalmente aplicados quando o sistema radicular já está sendo danificado. Outros agravantes desta prática são os riscos de contaminação ambiental, pela aplicação do produto diretamente na água de irrigação, e a alta toxicidade à fauna bentônica das áreas alagadas (PRANDO, 2002; NAKAGOME et al., 2005; GRÜTZMACHER et al., 2007).

O tratamento de sementes com inseticida a base de fipronil, também tem propiciado resultados satisfatórios de controle desta praga, contudo seu emprego é preventivo, antes da ocorrência do inseto na lavoura (MARTINS & CUNHA 2007; PRANDO et al., 2007). Desta forma, seria conveniente dispor de outras modalidades de produtos e formas de aplicação, para incrementar o manejo integrado da bicheira-da-raiz no sistema de cultivo pré-germinado.

A pulverização foliar de inseticidas poderia ser uma alternativa interessante, visto poder ser feita na época de aplicação de herbicidas. Em tese, por esta modalidade de aplicação se atingiria os insetos adultos e, eventualmente, as larvas neonatas que ainda estão na bainha foliar. Contudo, a pouca área foliar das plantas, na da época de aplicação dos herbicidas no sistema de cultivo pré-germinado, pode ser um fator impeditivo ao emprego de inseticidas. Prando (2005), utilizando esta modalidade de aplicação de inseticidas, não obteve controle satisfatório com produtos que se mostraram eficientes em outros sistemas de cultivo, onde as plantas estavam mais crescidas (OLIVEIRA & BARROS, 2001; DOMINGUES et al., 2005). Não obstante, o advento de novos inseticidas pode tornar viável esta modalidade de aplicação no sistema pré-germinado.

O ingrediente ativo chlorantraniliprole, presente na formulação comercial Altacor (350WG), já é empregado com sucesso, em pulverização foliar, para o controle da bicheira-da-raiz no sistema de cultivo convencional de arroz irrigado. Assim, objetivou-se neste trabalho avaliar a eficiência do chlorantraniliprole (Altacor), em diferentes métodos de aplicação, no controle da bicheira-da-raiz, em cultivo de arroz irrigado, no sistema pré-germinado.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Epagri de Itajaí, SC,

1 Eng. agr., Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, 88301-970, Itajaí, SC, fone: (47) 3341-5224, e-mail: [email protected]. 2 Eng. agr., MSc., Epagri/Estação Experimental de Itajaí, [email protected]. 3 Eng. agr., MSc., DuPont do Brasil, e-mail: [email protected].

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durante a safra 2010/11. A cultivar utilizada foi a SCS 116 Satoru, semeada em 03 de dezembro de 2010 na densidade de 120 kg.ha-1. O sistema de cultivo adotado foi o pré-germinado conforme preconizado pela EPAGRI (2005).

O delineamento experimental foi em blocos casualizados com oito tratamentos e quatro repetições (Tabela 1). As unidades experimentais, com 10m2 (2 x 5m), foram isoladas com lâminas de PVC e ruas de um e dois metros de largura entre as mesmas foram deixadas, para que não houvesse interferência entre os tratamentos. O tratamento Standak foi adotado como padrão para a modalidade ‘tratamento de sementes’; o tratamento Actara foi o padrão para ‘pulverizado com herbicida’; e o Furadan como padrão de controle para todo o experimento. Tabela 1. Tratamentos, doses, datas e modalidades de aplicação adotadas no experimento de eficiência do inseticida chlorantraniliprole.

Tratamento Formulação Dose por ha Data Modalidade Testemunha - - - - Altacor (TS) 350WG 100g pré-plantio tratamento de sementes Standak 250SF 200mL pré-plantio tratamento de sementes Altacor (90) 350WG 90g 17/12/20101 pulverizado com herbicida Altacor (120) 350WG 120g 17/12/2010 pulverizado com herbicida Actara 250WG 150g 17/12/2010 pulverizado com herbicida Furadan 50G 10kg 20/12/20102 espalhado a lanço na água Altacor (Bz) 350WG 90g 20/12/2010 benzedura com herbicida

1/ 14 dias após a semeadura. 2/ 17 dias após a semeadura.

O tratamento de sementes foi executado uma semana antes da hidratação das sementes. Um dia antes da aplicação dos tratamentos pulverizados com os herbicidas Ricer (180 mL.ha-1) + Basagran 600 (2.000 mL.ha-1), a água de irrigação da quadra foi retirada e reposta logo em seguida à aplicação. Foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a CO2, com quatro bicos leque 11002, calibrado para uma vazão de 200L.ha-1. Na aplicação em benzedura com o herbicida Ricer (180 mL.ha-1), caracterizada pela distribuição da calda diretamente na lâmina d’água, o tratamento foi aspergido na parcela com uma seringa de injeção, sem agulha, na razão de 40L.ha-1.

A avaliação de eficácia dos tratamentos ocorreu em 11/01/2011 e 31/01/2011 (aos 39 e 59 dias após a semeadura, respectivamente) por meio da contagem de larvas nas raízes. Para tal, quatro plantas por parcela foram suavemente arrancadas do solo e lavadas individualmente em peneira plástica circular (200mm de diâmetro), para liberação das larvas das raízes e do solo. O número de larvas por amostra foi transformado em (x + 0,5)0,5 e submetido a análise de variância e, quando alcançada a significância estatística, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade, sendo o percentual de controle obtido pela fórmula de Abbott.

A estimativa de produtividade foi obtida com a colheita de uma área útil de 6m2 em cada parcela (descontando-se 0,25m2 para análise dos componentes do rendimento), sendo os valores corrigidos para 13% de umidade. Os valores de produtividade foram submetidos à análise da variância e, quando alcançada a significância estatística, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do experimento estão apresentados na Tabela 2. Na primeira

contagem de larvas, aos 39 dias da semeadura, a população larval estava relativamente baixa, embora a quadra onde o experimento foi instalado tivesse recebido uma alta população de adultos (estimada por exame visual), logo nos primeiros dias após a

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reinundação. Na segunda contagem, os valores obtidos para população larval estavam mais elevados, refletindo uma infestação tardia da praga ou mesmo uma reinfestação. A praxe, neste tipo de trabalho, é não haver diferença marcante entre amostragens consecutivas, embora estas não sejam efetuadas com intervalos de tempo superiores a 20 dias, como no caso do presente experimento (e.g. OLIVEIRA & BARROS, 2001; DOMINGUES et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005; ARNEMANN et al., 2007; GRÜTZMACHER et al., 2007).

Os tratamentos com Altacor, quer pulverizados ou em benzedura proporcionaram controle satisfatório da população larval, aferido nas duas datas de contagem de larvas. Os tratamentos Altacor (TS), Standak e Actara não tiveram desempenho satisfatório de controle na primeira amostragem de larvas, porém o Altacor (TS) e o Standak não permitiram o posterior aumento da população larval. A baixa eficiência do Actara em controlar a população larval de O. oryzae pode ser atribuída à dose insuficiente para tal, conforme já mostraram Oliveira et al. (2005) e Amilibia & Oliveira (2007); embora a dose de 150g.ha-1 seja aquela de registro no Ministério da Agricultura (AGROFIT, 2011). No caso do tratamento Furadan, o crescimento da população larval pode ter sido conseqüência da perda de residual do produto (SCHMITT et al., 1984).

Tabela 2. Contagens de larvas e percentual de controle da bicheira-da-raiz em diferentes datas de amostragem e produtividade de arroz irrigado, de acordo com os tratamentos para controle da praga.

Tratamento Amostragem em 11/01/2011 Amostragem em 31/01/2011 Produtividade1

Larvas/amostra1 Controle (%) Larvas/amostra1 Controle (%) (kg.ha-1) Testemunha 2,1 b - 13,1 bc - 4.996 a Altacor (TS) 0,7 ab 64 0,6 a 96 6.845 b Standak 2,0 b 3 4,3 ab 67 7.745 b Altacor (90) 0,0 a 100 0,4 a 97 6.821 b Altacor (120) 0,0 a 100 0,2 a 98 7.155 b Actara 250WG 0,4 ab 79 15,6 c 0 7.117 b Furadan 50G 0,1 a 97 11,0 bc 16 6.885 b Altacor (Bz) 0,1 a 97 0,9 ab 93 7.289 b CV (%) 46,0 15,6 7,7

1/ Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste Tukey (p ≤ 0,05).

A produtividade, de uma maneira geral ficou aquém do potencial da cultivar, contudo todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha, onde a produtividade foi baixa (Tabela 2). Esta situação pode ser resultante da época tardia de plantio, sendo agravado pela ocorrência de baixas temperaturas no período reprodutivo

Com relação ao efeito do controle da praga na produtividade, também é relativamente comum, neste tipo de trabalho, a igualdade de tratamentos com relação à produtividade (MARSCHALEK et al., 2007). Neste caso, é possível supor que a infestação tardia ou reinfestação das parcelas (caso dos tratamentos Actara 250WG e Furadan 50G) não debilitou as plantas o suficiente para prejudicar a produtividade. A princípio, houve recuperação ao dano tardio, devido as plantas já estarem melhor enraizadas e perfilhadas quando ocorreu a reinfestação. Isto não aconteceu com as plantas do tratamento Testemunha, que sofreram ataque desde o início do cultivo, e não se recuperaram da mesma forma a este dano inicial, conforme argumentam Oliveira & Fiuza (2005).

CONCLUSÃO O inseticida chlorantraniliprole (Altacor) é eficiente no controle da bicheira-da-raiz,

O. oryzae, em arroz irrigado, sistema de cultivo pré-germinado, tanto na modalidade em pulverização com herbicida, como em tratamento de sementes ou em benzedura com herbicida.

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AGRADECIMENTOS

Aos assistentes de pesquisa Geovane Porto e Samuel Batista dos Santos pelo empenho e dedicação, auxiliando na condução do experimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROFIT. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit. Acesso em: 19/05/2011. AMILIBIA, E.; OLIVEIRA, J.V. Controle químico de larvas da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae) em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5., 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.97-98. ARNEMANN, J.A.; GUEDES, J.V.C.; COSTA, E.C., et al. Eficiência de Curbix 200SC, em duas épocas de aplicação, no controle de Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae) em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5., 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.99-101. DOMINGUES, L.S.; COSTA, E.F.; FRANÇA, J.A.S., et al. Eficiência agronômica de diferentes produtos e doses para o controle de larvas de Oryzophagus oryzae (Col.; Curculionidae) na cultura do arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Editora Orium, 2005. p.69-71. EPAGRI. Sistema de produção de arroz irrigado em Santa Catarina: (Pré-germinado). Florianópolis, 2005. 87p. (Epagri. Sistemas de Produção, 32). GRÜTZMACHER, A.D.; GRÜTZMACHER, D.D.; ROMAN, R., et al. Eficiência do inseticida ethiprole (Curbix 200SC) em pulverização foliar no controle da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) na cultura do arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5., 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 108-111 p. MARSCHALEK, R.; PRANDO, H.F.; STUKER, H., et al. Avaliação da tolerância de genótipos de arroz ao Oryzophagus oryzae sob condições de campo por dois anos em Santa Catarina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5., 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. v.1. p.171-173. MARTINS, J.F.S.; CUNHA, U.S. Situação do sistema de controle químico do gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae (Costa Lima) (Coleoptera: Curculionidae) na cultura do arroz no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 25p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 215). NAKAGOME, F.K.; RESGALLA JR., C.; NOLDIN, J.A. Toxicidade aguda de herbicidas e inseticidas utilizados em arroz irrigado sobre microscutáceo (Daphnia magna) e peixe (Danio rerio). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Editora Orium, 2005. v.2, p.99-100. OLIVEIRA, J.V.; BARROS, J.I. Controle químico da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Costa Lima, 1936) em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2., 2001, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: IRGA, 2001. p.455-457. OLIVEIRA, J.V.; FIUZA, L.M. Interferência da época de controle de larvas da bicheira-da-raiz Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae) em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Editora Orium, 2005. p.99-100. OLIVEIRA, J.V.; FREITAS, J.P.; CREMONESE, J.L. Controle químico de adultos de Oryzophagus oryzae (Coleoptera: Curculionidae) em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Editora Orium, 2005. p.52-53. PRANDO, H.F. Estudo da eficiência de inseticidas granulados (GR) e de solução concentrada (SC) para o controle da bicheira-da-raiz (Oryzophagus oryzae) em arroz irrigado, sistema de cultivo pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Editora Orium, 2005. p.84-86 PRANDO, H.F. Manejo de pragas em arroz irrigado. In: EPAGRI. A cultura do arroz irrigado pré-germinado. Florianópolis, 2002. p.175-201. PRANDO, H.F.; RIFFEL, C.T.; RAMPELOTTI, F.T. Estudo do período residual de Standak 250FS (fipronil) no controle da bicheira-da-raiz em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5., 2007, Pelotas. Anais... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. p.67-69. SCHMITT, A.T.; NOLDIN, J.A.; ISHIY, T. Resíduos de carbofuran na cultura de arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 13., 1984, Balneário Camboriú. Anais... Florianópolis: Empasc, 1984. p.317-322.

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DURAÇÃO DE ESTÁGIOS IMATUROS DE Glyphepomis spinosa CAMPOS & GRAZIA, 1998, EM ARROZ IRRIGADO

Tavvs Micael Alves1, José Alexandre Freitas Barrigossi2

Palavras-chave: Oryza sativa, bioecologia, desenvolvimento, Pentatomidae

INTRODUÇÃO O percevejo-pretinho, Glyphepomis spinosa Campos & Grazia, 1998 (Heteroptera:

Pentatomidae) pode ser encontrado se alimentando de plantas de arroz irrigado em vários estados brasileiros. A espécie possui o maior tamanho do gênero e as fêmeas são maiores do que os machos. O comprimento dos machos é de 7,35mm (6,81 - 7,87mm) e das fêmeas de 7,76mm (7,13 – 8,12mm). A largura do abdome dos machos é de 4,08mm (3,77 - 4,43mm) e das fêmeas é de 4,45mm (4,18 – 4,67mm). A coloração geral é dorsalmente negra, ventralmente ferrugínea com faixas laterais mais claras e superfície do corpo glabra. Os ângulos umerais do pronoto são aguçados (CAMPOS; GRAZIA, 1998).

A ocorrência e o tamanho de sua população têm sido observados com maior frequência nos últimos anos. No entanto, a bioecologia, importância econômica e fatores que afetam sua dinâmica populacional ainda não foram registrados na literatura. O objetivo deste trabalho foi determinar o tempo de desenvolvimento e sobrevivência de estágios imaturos de G. spinosa, em casa de vegetação.

MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido em laboratório e casa de vegetação na Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO (16º 28’S, 49º 17’W, 823m altitude média). As massas de ovos utilizadas no experimento foram obtidas a partir de colônia mantida em casa de vegetação. Periodicamente, a população foi combinada com insetos coletados durante o verão em lavouras de arroz do Tocantins, munícipios de Formoso do Araguaia (49º 32'W 11º 48'S) e Lagoa da Confusão (10º 01'S 49º 58'W). Os insetos adultos e ninfas permaneceram se alimentando de plantas de arroz, variedade Jaçanã, cultivadas em vasos plásticos. Os estágios de desenvolvimento foram separados mantendo-se 10-20 casais adultos ou 80-90 ninfas dentro dos vasos cobertos por gaiolas de nylon. As posturas foram removidas diariamente para evitar o parasitismo dos ovos. Em 24/10/2008, foram coletadas e transferidas 30 posturas (375 ovos) para placas de Petri (9 x 1,5 cm) forradas com papel filtro e umedecidos com água destilada. As massas de ovos foram observadas individualmente e mantidas em laboratório (25 ± 2ºC, 75 ± 0,6%UR, 13h fotoperíodo). Durante os primeiros dias das ninfas, foi difícil determinar o número preciso sem perturbá-las e induzir mortalidade natural. Por isso, as ninfas de primeiro instar foram observadas cuidadosamente, sem contato direto e com auxílio de lupa. A partir da emergência da primeira ninfa do segundo instar, todas pertencentes da mesma postura foram transferidas com pincel para plantas de arroz, variedade Jaçanã. Em casa de vegetação, as plantas foram mantidas em vasos de plástico (25 cm de diâmetro e 20 cm de altura) cobertos por gaiola de nylon até a emergência dos percevejos adultos. Dentro do local de estudo, a umidade e a temperatura foram registradas de hora em hora por meio de um registrador termohigrógrafo (Reed 8829TM). Apesar das condições ambientais serem suficientemente homogêneas, foi garantido aleatorização dos vasos sobre as bancadas, de forma que qualquer tendência não controlada fosse evitada.

                                                                                                                         1 Mestrando em Agronomia, Universidade Federal de Goiás. Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO-462, C.P. 179, Santo

Antônio de Goiás, GO. [email protected] 2 Pesquisador Ph.D, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]

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As inspeções e contagens foram realizadas diariamente para determinação da sobrevivência e tempo de desenvolvimento em todos os estádios. As ninfas observadas do lado de fora das gaiolas foram recolocadas próximo às raízes das plantas. Durante as avaliações, caules e folhas de cada planta foram minuciosamente observados à procura das ninfas. O número de indivíduos mortos ou perdidos foi registrado. A presença de exúvias foi fundamental para confirmação dos registros de ecdise das ninfas. Na emergência dos adultos foi realizada a sexagem através da genitália (CAMPOS; GRAZIA, 1998). A sobrevivência foi obtida pela diferença percentual entre o número de indivíduos vivos de dois estádios consecutivos. A razão sexual foi determinada dividindo o número de fêmeas pelo número total de adultos que emergiram das posturas. As medidas de tendência central e de variabilidade foram obtidas usando os procedimentos PROC GLM e PROC Univariate (SAS INSTITUTE INC., 2006). Os gráficos foram construídos com auxílio do software SigmaPlot 10.0 (SYSTAT SOFTWARE INC., 2004). As médias estão acompanhadas de seu correspondente erro padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os registros do termohigrógrafo foram transferidos mensalmente para planilhas digitais. A temperatura média do período em estudo foi de 26,68 ± 0,20 ºC e a umidade relativa média do ar foi de 74,65 ± 0,77 % (Figura 1).

Figura 1. Médias aritméticas simples dos registros diários da temperatura ( ) e umidade relativa do ar ( ) durante o período de estudo (24/10/2008 a 09/12/2008) com estágios imaturos de Glyphepomis spinosa Campos & Grazia, 1998. As linhas são ligadas pela média diária registrada de hora em hora por termohigrógrafo (Reed 8829™).

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A duração média de desenvolvimento do primeiro instar até o estágio adulto foi de 32,18 dias, passando obrigatoriamente por cinco instares no estágio ninfal (Tabela 1). A maior parte desse tempo foi gasto no quarto e quinto instar (58%). A menor duração ocorreu no primeiro instar e a maior duração no quinto instar. O segundo e o terceiro instares tiveram tempos semelhantes no ciclo de vida. Os percevejos da família Pentatomidae tendem a seguir este padrão de desenvolvimento (PRANDO et al., 1993; GREVE et al., 2003). Tabela 1. Duração média, em dias, dos estádios imaturos de Glyphepomis spinosa. Instar Duração ± erro padrão Mínimo - Máximo Primeiro 2,77 ± 1,14 1,0 - 5,5 Segundo 5,84 ± 1,39 3,4 - 9,5 Terceiro 4,85 ± 1,26 3,2 - 9,6 Quarto 6,81 ± 0,92 5,4 - 9,2 Quinto 11,91 ± 4,06 8,7 - 25,0

Nos primeiros três dias após a eclosão dos ovos, as ninfas permaneceram

agregadas sobre os córios e não se alimentaram. A partir do segundo instar, as ninfas se dispersam em busca de alimento. No início do estágio ninfal, os indivíduos não se dispersam muito e tendem a ficar próximos do local de eclosão dos ovos. Ao longo dos últimos dois instares tornam-se mais capazes de explorar outras plantas. Consequentemente, o dano poderá ser maior em estádios mais avançados.

Houve eclosão de ovos e emergência de ninfas e adultos durante diversos períodos do dia. Este fenômeno, caracterizado pela não ritimicidade, também ocorre com o principal percevejo da cultura do arroz irrigado, Tibraca limbativentris Stal, 1860 (BOTTON et al., 1996). De 375 ovos acompanhados foram obtidos 132 adultos, sendo 65 machos e 67 fêmeas. Portanto, não há desvios significativos a favor de um dos sexos e a razão sexual esperada para população de G. spinosa está em torno de 0,50 (1 fêmea: 1 macho). Na emergência dos adultos, semelhantes distribuições entre os sexos são comuns aos demais animais com reprodução sexuada.

A maior taxa de mortalidade ocorreu no estágio incubatório, 31% (0,31) dos ovos não eclodem (Tabela 2). No entanto, 35,2% conseguem chegar ao estágio adulto. A escala “log” representa os dados da população de maneira a visualizar as taxas per capita de mudança, em vez de absolutas mudanças numéricas. No primeiro instar há a menor mortalidade (0,02) de toda fase imatura. No estágio ninfal, a taxa per capita de mortalidade tende a sofrer pequenos acréscimos até o quinto instar. Portanto, em estádios mais avançados do desenvolvimento, espera-se que um menor número de percevejos possa se tornar adulto.

Tabela 2. Número absoluto de indivíduos vivos, sobrevivência e mortalidade percentual e taxa per capita de mortalidade expressa pela transformação logarítmica de G. spinosa.

Classe Indivíduos vivos Sobrevivência (%) Taxa de mortalidade

Taxa per capita de mortalidade

x nx lx qx Log (nx) - Log (nx+1) Ovo (x0) 12,5 100,00 0,31 0,16 I instar 8,57 68,60 0,05 0,02 II instar 8,13 65,00 0,06 0,03 III instar 7,63 61,00 0,09 0,04 IV instar 6,97 55,80 0,15 0,07 V instar 5,9 47,20 0,25 0,13 Adulto 4,4 35,20 - -

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CONCLUSÃO O tempo médio de desenvolvimento da fase ninfal de Glyphepomis spinosa foi de 32,18 dias e a sobrevivência foi de 51,34%, em casa de vegetação.

AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

pelas bolsas de iniciação científica e de pós-graduação. À Josélia Grazia (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) pela identificação da espécie. Aos técnicos do laboratório de entomologia da Embrapa Arroz e Feijão, Edmar Cardoso de Moura e José Francisco pela assistência nos experimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTTON, M.; MARTINS, J. F. S.; LOECK, A. E.; ROSENTHAL, M. d'Á. Biologia de Tibraca limbativentris Stal sobre Plantas de Arroz. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 25, n. 1, p. 21-26, 1996.

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PRANDO, H. F.; KALVELAGE, H.; FERREIRA, R. A. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Brasileira de Entomologia, v. 37, n. 2, p. 335-339, 1993.

SAS INSTITUTE INC. Base SAS® 9.1.3 procedures guide. 2nd. Cary, NC: SAS Institute Inc., 2006.

SYSTAT SOFTWARE INC. SigmaStat. Versão: 3.1 for Windows. Point Richmond, CA. INSO Corporation, 2004.

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INTERAÇÕES DOS ÓLEOS ESSENCIAIS COM Bacillus thuringiensis aizawai, NO CONTROLE DE Spodoptera frugiperda

Neiva Knaak1; Shana Letícia Felice Wiest2; Tiago Finger Andreis3; Jaime Vargas de Oliveira4; Lidia Mariana Fiuza5

Palavras-chave: Lagarta-da-folha; Xentari®; óleos essenciais; interações.

INTRODUÇÃO Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797), conhecida na fase larval como “lagarta-

da-folha”, é um inseto-praga de grande importância agrícola no Brasil, pois ataca algodão, alfafa, amendoim, arroz, aveia, batata, batata doce, cana-de-açúcar, hortaliças, milho, soja e trigo, sendo mais comum em gramíneas (POLANCZYK & ALVES, 2005). Nas lavouras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul ocorrem diferentes insetos-praga, sendo que este lepidóptero da família Noctuidae é considerado um dos principais (OLIVEIRA & FREITAS, 2009). S. frugiperda tem recebido atenção especial quanto ao desenvolvimento de métodos de controle que reduzem a aplicação de inseticidas químicos, principal forma de controle utilizada pelos agricultores. Porém, o uso contínuo desses produtos tem sido considerado indesejável devido aos efeitos negativos, tais como: desenvolvimento de resistência dos insetos a estes produtos, aparecimento de novas pragas ou ressurgência das existentes; desequilíbrios biológicos; efeitos prejudiciais aos animais e inimigos naturais; além dos elevados custos de aplicação dos produtos (KOGAN, 1998).

Uma das alternativas de controle é o uso de entomopatógenos, como a bactéria Bacillus thuringiensis, a qual tem sido a mais utilizada e estudada no controle de insetos, sendo responsável por 90% do mercado mundial de bioinseticidas (PRATISSOLI et al., 2006). Da mesma forma, as plantas com propriedades inseticidas aparecem como importante alternativa de controle que pode ser utilizado no manejo de S. frugiperda. Estas são fontes naturais de substâncias inseticidas, as quais podem ser produzidas pelo vegetal em resposta a ataque de insetos (REGNAULT-ROGER, 1997; CARLINI et al., 1997).

Uma forma de incrementar a eficácia de entomopatógenos é utilizá-los em conjunto com inseticidas químicos ou outros agentes de controle biológico. Esta interação baseia-se no princípio de que os inseticidas convencionais ou agentes de controle biológico atuam como estressantes dos insetos, levando-os a adquirir ou ativar doenças infecciosas, tornando-o mais suscetível às toxinas do B. thuringiensis (POLANCZYK & ALVES, 2005).

Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os óleos essenciais de Artemisia absinthium L., Tanacetum vulgare L., Ruta graveolens L. e Mentha sp. L. com B. thuringiensis aizawai, no controle de lagartas de S. frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae).

MATERIAL E MÉTODOS As lagartas de S. frugiperda foram coletadas em lavouras de arroz irrigado do Rio

Grande do Sul e mantidas em dieta de Poitout e Bues (1970) na Sala de Criação de Insetos do Laboratório de Microbiologia e Toxicologia, na Unisinos. O ciclo biológico foi desenvolvido em condições controladas (25 ± 2°C, fotoperíodo de 12 horas e 70% de Umidade Relativa).

Os óleos essenciais de A. absinthium, T. vulgare, R. graveolens e Mentha sp. foram submetidas ao método de hidrodestilação, utilizando um equipamento adaptado de

1 Doutora em Biologia, PPG em Biologia - Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, RS, email: [email protected]. 2 Estudante de Biologia, Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, email: [email protected] 3 Estudante de Biologia, Unisinos, Av. Unisinos, 950, São Leopoldo, email: [email protected] 4 Mestre em entomologia, Instituto Riograndense do Arroz Irrigado – IRGA, Cachoeirinha, RS, email: [email protected] 5 Doutora em Agronomia, PPG em Biologia – Unisinos - Av. Unisinos, 950, São Leopoldo e Instituto Riograndense do Arroz Irrigado – IRGA, Cachoeirinha, RS. Email: [email protected]

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Clevenger (MING et al. 1996). Os óleos foram armazenados em recipientes de vidro, de cor âmbar, hermeticamente fechados e conservados a -4ºC. O crescimento do isolado de B. thuringiensis aizawai (Bta), oriundo do produto comercial Xentari®, foi realizado em meio usual glicosado, durante 48h, a 28 ± 2°C e 180 rpm. Em seguida, o material foi centrifugado e as suspensões bacterianas padronizadas em 1.109 céls./mL. Os óleos essenciais das plantas medicinais foram diluídos a 2% em acetona.

Os tratamentos, com lagartas de 1º instar de S. frugiperda, foram: (a) acetona, (b) Bta, (c) 2% óleo A. absinthium, (d) 2% óleo T. vulgare, (e) 2% óleo R. graveolens, (f) 2% óleo Mentha sp., (g) Bta + A. absinthium, (h) Bta + T. vulgare, (i) Bta + R. graveolens, (j) Bta + Mentha sp. Nos tratamentos foram aplicados 10 µL dos produtos em secções de folhas de arroz (1 cm de diâmetro), acondicionadas em mini-placas de acrílico, contendo papel filtro umedecido, onde 30 lagartas foram individualizadas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições, totalizando 2880 lagartas avaliadas nos ensaios das interações. No controle, o volume das suspensões dos tratamentos (10 µL) foi substituído por acetona. Os ensaios foram mantidos em câmara climatizada a 25ºC, 70% de UR e fotoperíodo de 12h. A mortalidade foi avaliada no 2º, 5º e 7º dia após a aplicação dos tratamentos, sendo em seguida corrigida pela fórmula de Abbott (1925).

Os valores de mortalidade obtidos foram submetidos à Análise de Variância e teste de Tukey (P<0,05) para comparação entre as médias. Para avaliação do grau de interação entre os entomopatógenos foi utilizada terminologia de acordo com Polanczyk e Alves (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente estudo verificou-se uma interação sinérgica de B. thuringiensis aizawai

com os óleos essenciais de R. graveolens e Mentha sp. (Fig. 1), demonstrando que o óleo essencial destas plantas estimulam a ação do entomopatógeno. Da mesma forma, Knaak et al. (2010) avaliaram a ação da interação de vários extratos vegetais com Xentari® no intestino médio de S. frugiperda, demonstrando que os efeitos histopatológicos de Z. officinale, R. graveolens e B. genistelloides, no intestino médio de S. frugiperda foram mais intensos quando comparados aos extratos de P. alliacea e C. citratus, os quais apresentaram uma interação positiva com Xentari®, acelerando o processo de destruição das células intestinais, o que representa uma redução do tempo letal da espécie alvo S. frugiperda.

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Figura 1 – Dados da interação de Bacillus thuringiensis aizawai (Bta) com os óleos

essenciais (2%) de Mentha sp., Artemisia. absinthium, Tanacetum vulgare e Ruta graveolens, às lagartas de 1º ínstar de Spodoptera frugiperda.

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No estudo da interação entre os produtos do entomopatógeno B. thuringiensis e os óleos essenciais, verificou-se um antagonismo quando aplicado B. thuringiensis aizawai x T. vulgare e A. absinthium (Fig. 1). A inibição da ação do B. thuringiensis pode ser explicada pela própria diminuição da ingestão do alimento tratado ou a competição entre os entomopatógenos pelo hospedeiro (GLARE E O’CALLAGHAM, 2000). Esse tipo de efeito pode ser esperado quando interagem agentes de naturezas distintas (BENZ, 1971).

O antagonismo, de acordo com Benz (1971) pode ter várias causas, onde destacam-se pequenas doses de um determinado inseticida que pode ter efeito repelente ou diminuir a atividade do inseto, com isso ele não entra em contato com quantidades letais do inseticida ou do patógeno. Outra causa seria o patógeno ter capacidade de degradar metabolicamente a molécula do inseticida, impedindo ou diminuindo sua ação sobre o inseto e a utilização de doses sub-letais do inseticida, que pode produzir no inseto um aumento nas taxas metabólicas e um consequente aumento na resposta imune ao patógeno.

De acordo com Novan (1992), a utilização de extratos vegetais reduz a alimentação do inseto através de seus aleloquímicos, o que otimiza a atividade inseticida do microrganismo, resultando em um maior índice de mortalidade.

Em termos gerais, a seleção de plantas com atividade inseticida é baseada quase exclusivamente nos efeitos letais. Todavia, deve-se considerar que nem sempre a mortalidade do inseto deve ser o objetivo principal, pois exige maior dose, consequentemente maior quantidade de matéria prima vegetal. Sendo assim, busca-se a redução do desenvolvimento ou do crescimento populacional da praga, seja por efeitos fisiológicos, alterações no comportamento sexual e outros fatores correlacionados (SILVA, 2010).

CONCLUSÃO A associação dos métodos químico e biológico de controle de pragas é importante

na redução do número de aplicações dos produtos fitossanitários, garantindo maior economia nos custos de produção e menor impacto ambiental. Dessa forma, os óleos de R. graveolens e Mentha sp. em associação com B. thuringiensis aizawai, potencializam o entomopatógeno em estudo, sendo promissores no Manejo Integrado de Pragas do inseto-alvo.

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