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Page 1: Manejo da cultura do Milho · Manejo da cultura do Milho 3 O milho é uma planta do grupo C 4 , altamente eficiente na utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade

Sete Lagoas, MGDezembro, 2006

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ISSN 1679-1150

Autores

José Carlos CruzPhD. Manejo de Solos

Embrapa Milho e Sorgo, Cx.Postal 151, CEP 35.701-970 Sete

Lagoas, MG Correio eletrônico:[email protected]

Israel A. Pereira FilhoM.Sc. Fitotecnia

[email protected]

Ramon Costa AlvarengaDSc. Manejo de Solos

[email protected]

Miguel M. Gontijo NetoD.Sc. Zootecnia

[email protected]

João Herbert M. VianaDSc. Solos e Nutrição de Plantas.

[email protected]

Maurílio Fernandes de OliveiraDS.c Solos e Fisico-química

Ambiental [email protected]

Derli P. SantanaPhD. Gênese e

Classificação de [email protected]

Dentre os cereais cultivados no Brasil, o milho é o mais expressivo, com cerca de 40,8milhões de toneladas de grãos produzidos, em uma área de aproximadamente 12,55milhões de hectares (CONAB, 2006), referente a duas safras, normal e safrinha. Porsuas características fisiológicas, a cultura do milho tem alto potencial produtivo, játendo sido obtida produtividade superior a 16 t ha-1, em concursos de produtividade demilho conduzidos por órgãos de assistência técnica e extensão rural e por empresasprodutoras de semente. No entanto, o nível médio nacional de produtividade é muitobaixo, cerca de 3.250 kg ha-1, demonstrando que os diferentes sistemas de produçãode milho deverão ser ainda bastante aprimorados para se obter aumento naprodutividade e na rentabilidade que a cultura pode proporcionar.

Condições Climáticas

O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela água,temperatura e radiação solar ou luminosidade. A cultura do milho necessita que osíndices dos fatores climáticos, especialmente a temperatura, precipitação pluviométricae fotoperíodo, atinjam níveis considerados ótimos, para que o seu potencial genético deprodução se expresse ao máximo.

Temperatura

A temperatura possui uma relação complexa com o desempenho da cultura, uma vezque a condição ótima varia com os diferentes estádios de crescimento edesenvolvimento da planta.

A temperatura da planta é basicamente a mesma do ambiente que a envolve. Devido aesse sincronismo, flutuações periódicas influenciam os processos metabólicos queocorrem no interior da planta. Nos momentos em que a temperatura é mais elevada, oprocesso metabólico é mais acelerado e, nos períodos mais frios, o metabolismo tendea diminuir. Essa oscilação metabólica ocorre dentro dos limites extremos toleradospela planta de milho, compreendidos entre 10ºC e 30ºC. Abaixo de 10ºC, por períodoslongos, o crescimento da planta é quase nulo e, sob temperaturas acima de 30ºC,também por períodos longos, durante a noite, o rendimento de grãos decresce, emrazão do consumo dos produtos metabólicos elaborados durante o dia. Temperaturasnoturnas elevadas, por longos períodos, causam diminuição do rendimento de grãos eprovocam senescência precoce das folhas.

A temperatura ideal para o desenvolvimento do milho, da emergência à floração, estácompreendida entre 24 e 30ºC. Comparando-se temperaturas médias diurnas de 25ºC,21ºC e 18ºC, verificou-se que o milho obteve maior produção de matéria seca e maior

Manejo da cultura do Milho

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rendimento de grãos na temperatura de 21ºC. A quedado rendimento sob temperaturas elevadas se deve aocurto período de tempo de enchimento de grãos, emvirtude da diminuição do ciclo da planta.

A planta de milho precisa acumular quantidadesdistintas de energia ou simplesmente unidadescalóricas necessárias a cada etapa de crescimento edesenvolvimento. A unidade calórica é obtida através dasoma térmica necessária para cada etapa do ciclo daplanta, desde o plantio até o florescimento masculino.O somatório térmico é calculado através dastemperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºCe 10ºC, respectivamente, as temperaturas referenciaispara o cálculo. Com relação ao ciclo, as cultivares sãoclassificadas em normais ou tardias, semiprecoces,precoces e superprecoces. As cultivares normaisapresentam exigências térmicas correspondentes a890-1200 graus-dias (G.D.), as precoces, de 831 a 890e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essasexigências calóricas se referem ao comprimento dasfases fenológicas compreendidas entre a emergência eo início da polinização. Dos materiais existentes, hoje,no mercado, 25,25% são classificados comohiperprecoces e superprecoces. As cultivaresclassificadas como precoces representam 65% e ascultivares semiprecoces e normais representam 14,75% das opções de mercado, respectivamente.

Umidade do Solo

O milho é uma cultura muito exigente em água.Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde asprecipitações vão desde 250 mm até 5000 mm anuais,sendo que a quantidade de água consumida pelaplanta, durante seu ciclo, está em torno de 600 mm. Oconsumo de água pela planta, nos estádios iniciais decrescimento, num clima quente e seco, raramenteexcede 2,5 mm/dia. Durante o período compreendidoentre o espigamento e a maturação, o consumo podese elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se atemperatura estiver muito elevada e a umidade do armuito baixa, o consumo poderá chegar até 10 mm/dia.

A ocorrência de déficit hídrico na cultura do milho podeocasionar danos em todas as fase. Na fase docrescimento vegetativo, devido ao menor elongamentocelular e à redução da massa vegetativa, há umadiminuição na taxa fotossintética. Após o déficithídrico, a produção de grãos é afetada diretamente,pois a menor massa vegetativa possui menorcapacidade fotossintética. Na fase do florescimento, aocorrência de dessecação dos estilos-estigmas(aumento do grau de protandria), aborto dos sacosembrionários, distúrbios na meiose, aborto dasespiguetas e morte dos grãos de pólen resultarão emredução no rendimento. Déficit hídrico na fase deenchimento de grãos afetará o metabolismo da planta eo fechamento de estômatos, reduzindo a taxafotossintética e, conseqüentemente, a produção defotossimilados e sua translocação para os grãos.

Fotoperíodo

Dentre os componentes climáticos que afetam aprodutividade do milho, está o fotoperíodo,representado pelo número de horas de luz solar, o qualé um fator climático de variação sazonal, mas que nãoapresenta muita variação de ano para ano. O milho éconsiderado uma planta de dias curtos, emboraalgumas cultivares tenham pouca ou nenhumasensibilidade às variações do fotoperíodo.

Um aumento do fotoperíodo faz com que a duração daetapa vegetativa aumente e proporcione também umincremento no número de folhas emergidas durante adiferenciação do pendão e do número total de folhasproduzidas pela planta.

Nas condições brasileiras, o efeito do fotoperíodo naprodutividade do milho é praticamente insignificante.

Radiação Solar

A radiação solar é um dos parâmetros de extremaimportância para a planta de milho, sem a qual oprocesso fotossintético é inibido e a planta é impedidade expressar o seu máximo potencial produtivo.Grande parte da matéria seca do milho, cerca de 90%,provém da fixação de CO

2 pelo processo fotossintético.

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3Manejo da cultura do Milho

O milho é uma planta do grupo C4 , altamente eficiente

na utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% daintensidade luminosa, por períodos longos, atrasa amaturação dos grãos ou pode ocasionar até mesmoqueda na produção.

Em uma pesquisa em que se avaliou a produção desementes, verificou-se que o milho semeado emoutubro teve redução na produtividade e no rendimentode sementes beneficiadas, quando comparado com asemeadura em março, que apresentou 60% a mais naprodutividade e maiores valores no rendimento debeneficiamento nas peneiras 24, 22 e 20 e menores napeneira 18 e no resíduo final. Essa diferença foiatribuída ao fato de o período de enchimento de grãosdo milho semeado em outubro ter ocorrido no mês dejaneiro, quando se constatou um longo período comalta nebulosidade, com grande freqüência de chuvasdurante o dia, ou seja, com redução na radiaçãofotossinteticamente ativa, necessária para implementaro processo fotossintético.

Época de Semeadura

O período de crescimento e desenvolvimento é afetadopela umidade do solo, temperatura, radicação solar efotoperíodo. A época de plantio é função dessesfatores, cujos limites extremos são variáveis em cadaregião agroclimática. A época de semeadura maisadequada é aquela que faz coincidir o período defloração com os dias mais longos do ano e a etapa deenchimento de grãos com o período de temperaturasmais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar.Isto, considerando satisfeitas as necessidades de águapela planta. Trabalho de pesquisa mostra que asépocas em que o rendimento de grãos foi maior e maisestável foram aquelas em que os estádios dedesenvolvimento de quatro folhas totalmentedesenvolvidas e a floração ocorreram sob boascondições de água no solo. Nas condições tropicais,devido à menor variação da temperatura e docomprimento do dia, a distribuição de chuvas é quegeralmente determina a melhor época de semeadura.

No Sul do Brasil, o milho geralmente é plantado deagosto a setembro e, à medida que se caminha para osestados do Centro Oeste e Sudeste, a época desemeadura varia de outubro a novembro. Resultados depesquisa mostram que atraso na época de plantio alémdos meses de setembro - outubro resultam em reduçãono ciclo da cultura e no rendimento de grãos. A épocade semeadura afeta várias características da planta,ocorrendo um decréscimo mais acentuado no númerode espigas por planta (prolificidade) e no rendimento degrãos. Segundo ainda esse autor, vários resultados daliteratura mostram que o atraso na semeadura poderesultar em perdas que podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa tendência pode ser revertida se não houverdéficit hídrico e, ocorrer um redução na temperatura doar, nos meses de fevereiro - março.

Por ser plantado no final da época recomendada, omilho safrinha tem sua produtividade bastante afetadapelo regime de chuvas e por fortes limitações deradiação solar e temperatura, na fase final de seu ciclo.Além disso, como o milho safrinha é plantado após umacultura de verão, a sua data de plantio depende daépoca do plantio dessa cultura e de seu ciclo. Assim, oplanejamento do milho safrinha começa com a culturado verão, visando liberar a área o mais cedo possível.Quanto mais tarde for o plantio, menor será o potenciale maior o risco de perdas por seca e/ou geadas.

Hoje, com os avanços nos trabalhos na área declimatologia, o Brasil já tem um Zoneamento Agrícola(elaborado pelo Ministério da Agricultura Pecuária eAbastecimento) que fornece informações sobre asépocas de plantio de milho tanto na safra como nasafrinha, com menores riscos, para quase todo o país.

Nas regiões onde não ocorrem geadas, o plantio domilho poderá ser feito o ano todo, mas o agricultordeverá levar em consideração as alterações no ciclo dacultura, que afetarão a época de colheita e,conseqüentemente, o calendário agrícola, podendoafetar a época de plantio de culturas subseqüentes,como mostrado na Tabela 1. Além disso, o potencialprodutivo pode variar de acordo com as condiçõesclimáticas resultantes da época de plantio.

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Tabela 1. Variação do ciclo da cultura de milhoem função da época de plantio, para a produçãode milho verde.

de profundidade, para se beneficiarem do maior teor deumidade do solo.

No sistema plantio direto, onde há sempre um acumulode resíduos na superfície do solo, especialmente emregiões mais frias, a cobertura morta retarda aemergência, reduz o estande e, em alguns casos,pode até causar queda no rendimento de grãos dalavoura, dependendo da profundidade em que asemente foi colocada. A Tabela 2 mostra o efeito daprofundidade de semeadura sobre a emergência, ovigor e a duração do período de emergência na culturado milho.

Contrário a uma crença popular, a profundidade desemeadura tem influencia mínima na profundidade dosistema radicular definitivo, que se estabelece logoabaixo da superfície do solo.

Tabela 2. Percentagem de emergência, vigor eduração do período de germinação de sementesde milho, em diferentes profundidades.

Cultivar

Época de

semeadura

Normal Precoce Super precoce

05 de fevereiro 124 117 108

05 de março 134 129 127

06 de abril 145 140 138

05 de maio 139 138 137

08 de junho 138 133 131

09 de junho 146 134 125

12 de agosto 124 119 118

08 de setembro 125 118 115

07 de outubro 115 112 106

08 de novembro 116 112 107

09 de dezembro 115 115 112

Fonte: Sans et al. citados por Pereira Filho & Cruz(1993 ).

Experimento com milho irrigado, realizado no RioGrande do Sul, mostrou que os rendimentos de grãosforam, em média, 15 e 48% inferiores na semeadurade agosto e dezembro, respectivamente, em relação àde outubro. Essas diferenças foram atribuídas aalterações na quantidade de radiação solar disponível,em decorrência da época de plantio. No plantio emdezembro, a alta percentagem de plantas estéreispode também ter contribuído para o baixo rendimentode grãos.

Profundidade de Semeadura

A profundidade de semeadura está condicionada aosfatores temperatura do solo, umidade e tipo de solo. Asemente deve ser colocada numa profundidade quepossibilite um bom contato com a umidade do solo.Entretanto, a maior ou menor profundidade desemeadura vai depender do tipo de solo. Em solosmais pesados, com drenagem deficiente ou comfatores que dificultam o alongamento do mesocótilo,dificultando a emergência de plântulas, as sementesdevem ser colocadas entre 3 e 5 cm de profundidade.Já em solos mais leves ou arenosos, as sementespodem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm

Profundidade Emergência Vigor1 Duração

média

( cm ) ( % ) ( dias )

2.5 100.0 3.0 8.0

5.0 97.5 3.0 10.0

7.5 97.5 3.0 12.0

10.0 80.0 2.5 15.0

12.5 32.5 0.7 18.0

1Vigor aos 22 dias após semeadura. Notas: 3.0 para omáximo vigor a zero para mínimo vigor.

Densidade de plantio

A densidade de plantio, ou estande, definida como onúmero de plantas por unidade de área, tem papelimportante no rendimento de uma lavoura de milho, umavez que pequenas variações na densidade têm grandeinfluência no rendimento final da cultura.

O milho é a gramínea mais sensível à variação nadensidade de plantas. Para cada sistema de produção,existe uma população que maximiza o rendimento de

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grãos. A população ideal para maximizar o rendimentode grãos de milho varia de 30.000 a 90.000 plantas.ha-

1, dependendo da disponibilidade hídrica, da fertilidadedo solo, do ciclo da cultivar, da época de semeadura edo espaçamento entre linhas. Vários pesquisadoresconsideram o próprio genótipo como principaldeterminante da densidade de plantas. O aumento dadensidade de plantas até determinado limite é umatécnica usada com a finalidade de elevar o rendimentode grãos da cultura do milho. Porém, o número ideal deplantas por hectare é variável, uma vez que a planta demilho altera o rendimento de grãos de acordo com ograu de competição intra-específica proporcionado pelasdiferentes densidades de planta.

O rendimento de uma lavoura aumenta com a elevaçãoda densidade de plantio, até atingir uma densidadeótima, que é determinada pela cultivar e por condiçõesexternas resultantes de condições edafoclimáticas dolocal e do manejo da lavoura. A partir da densidadeótima, quando o rendimento é máximo, aumento nadensidade resultará em decréscimo progressivo naprodutividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto,variável para cada situação e, basicamente, depende detrês condições: cultivar, disponibilidade hídrica e do nívelde fertilidade de solo. Qualquer alteração nessesfatores, direta ou indiretamente, afetará a densidadeótima de plantio.

Além do rendimento de grãos, o aumento da densidadede plantio também afeta outras características daplanta. Dentre essas características, merecemdestaque a redução no número de espigas por planta(índice de espigas) e o tamanho da espiga. O diâmetrodo colmo também é reduzido e há maiorsusceptibilidade ao acamamento e ao quebramento.Além disso, é reconhecido que pode haver um aumentona ocorrência de doenças, especialmente as podridõesde colmo, com o aumento na densidade de plantio.Esses aspectos podem determinar o aumento deperdas na colheita, principalmente quando esta émecanizada. Por essas razões, às vezes deixa-se derecomendar densidades maiores, que, embora, emcondições experimentais, apresentem maiores

rendimentos, não são aconselhadas em lavourascolhidas mecanicamente.

A densidade de plantio, dentre as técnicas de manejocultural, é um dos parâmetros mais importantes.Geralmente, a causa dos baixos rendimentos de milhoé o baixo número de plantas por área. Entretanto, paraque haja um aumento da produtividade, é necessárioque vários outros fatores, como o nível de fertilidade dosolo, o nível de umidade e as cultivares estejam emconsonância com o número de plantas por área. Emtermos genéricos, verifica-se que cultivares precoces(ciclo mais curto) exigem maior densidade de plantio,em relação a cultivares tardias, para expressarem seumáximo rendimento. A razão dessa diferença é quecultivares mais precoces, geralmente, possuemplantas de menor altura e menor massa vegetativa.Essas características morfológicas determinam ummenor sombreamento dentro da cultura, possibilitando,com isso, menor espaçamento entre plantas, paramelhor aproveitamento de luz. Mesmo dentre os gruposde cultivares (precoces ou tardias), há diferençasquanto à densidade ótima de plantio.

Uma análise de mais de 270 cultivares de milhocomercializadas na safra 2006/07 mostra que asvariedades são indicadas para plantios com densidadesvariando de 40.000 a 50.000 plantas por hectare, o queé coerente com o menor nível de tecnologia dossistemas de produção empregados pelos agricultoresque usam esse tipo de cultivar. As faixas de densidadesmais freqüentemente recomendadas para os híbridosduplos variam de 45 a 55, havendo casos derecomendação até de 65 mil plantas por ha. Para oshíbridos triplos e simples, é freqüente a densidade de50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos derecomendação de até 80 mil plantas por ha. Deve serressaltado, entretanto, que apenas 23 cultivares sãorecomendadas com densidades de plantio igual oumaior do que 70 mil plantas por hectare. A maioria dasempresas já está recomendando densidades de plantioem função da região, da altitude e da época de plantio.Além disso, já existem empresas recomendando adensidade em função do espaçamento, o que

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representa uma evolução. Dados de pesquisa mostramvantagens do espaçamento reduzido (45 a 50 cm entrefileiras) comparado ao espaçamento convencional (80 a90 cm), especialmente quando se utilizam densidadesde plantio mais elevadas.

O surgimento de novas cultivares de milho de ciclo maiscurto, estatura reduzida, menor número de folhas efolhas mais eretas aumentou o potencial de resposta dacultura à densidade de plantas.

O aumento e o arranjo da população de plantas podemcontribuir para a correta exploração do ambiente e dogenótipo, com conseqüências no aumento dorendimento de grãos. O arranjo de plantas,basicamente, pode ser manipulado através dealterações na densidade de plantas e no espaçamentoentre fileiras.

A interceptação da radiação fotossinteticamente ativapelo dossel exerce grande influência sobre o rendimentode grãos da cultura do milho, quando outros fatoresambientais são favoráveis. Uma forma de aumentar ainterceptação de radiação e, consequentemente, orendimento de grãos, é através da escolha adequada doarranjo de plantas. Teoricamente, o melhor arranjo deplantas de milho é aquele que proporciona distribuiçãomais uniforme de plantas por área, possibilitandomelhor utilização de luz, água e nutrientes.

Atualmente, a redução no espaçamento entre linhas e oaumento da densidade de plantio é uma realidade nacultura de milho, no Brasil, encontrando-se, nomercado, inclusive, plataformas adaptáveis àscolhedoras que realizam a colheita em espaçamentosde até 0,45 m.

Com relação à disponibilidade hídrica e àdisponibilidade de nutrientes, observa-se que adensidade deve ser aumentada sempre que essesfatores forem otimizados, para que seja atingido omáximo rendimento de grãos.

Em situações de áreas irrigadas, ou quando não hárestrições hídricas, é aconselhável usar o limitesuperior da faixa da densidade recomendada. Um fator

importante quando se usa alta densidade de plantio éassegurar-se de que a cultivar usada apresenta granderesistência ao acamamento e ao quebramento.

De forma análoga ao suprimento hídrico, quanto maiorfor a disponibilidade de nutrientes para as plantas, sejapela fertilidade natural do solo ou por adubação, maiorserá a densidade para se alcançar o máximorendimento. As interações mais freqüentes entre o nívelde fertilidade e a densidade de semeadura se dãoprincipalmente com a adubação nitrogenada.

Espaçamento entre fileiras

Ainda é muito variado o espaçamento entre fileiras demilho nas lavouras, embora seja nítida a tendência desua redução.

Entre as vantagens potenciais da utilização deespaçamentos mais estreitos, podem ser citados oaumento do rendimento de grãos, em função de umadistribuição mais eqüidistante de plantas na área,aumentando a eficiência de utilização de luz solar,água e nutrientes, melhor controle de plantas daninhas,devido ao fechamento mais rápido dos espaçosdisponíveis, diminuindo, dessa forma, a duração doperíodo crítico das plantas daninhas, redução daerosão, em conseqüência do efeito da coberturaantecipada da superfície do solo, melhor qualidade deplantio, através da menor velocidade de rotação dossistemas de distribuição de sementes e maximizaçãoda utilização de plantadoras, uma vez que diferentesculturas, como, por exemplo, milho e soja, poderão serplantadas com o mesmo espaçamento, permitindomaior praticidade e ganho de tempo. Tem sido tambémmencionado que os espaçamentos reduzidos permitemmelhor distribuição da palhada de milho sobre asuperfície do solo, após a colheita, favorecendo osistema de plantio direto.

Diversos trabalhos têm mostrado tendência de maioresproduções de grãos em espaçamentos mais estreitos(45 e 50 cm), principalmente com os híbridos atuais,que são de porte mais baixo e arquitetura mais ereta.Essa redução no espaçamento resulta também emmaior peso de grãos por espiga. Esse comportamento

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se deve aos milhos atuais terem características deporte mais baixo, melhor arquitetura foliar e menormassa vegetal, o que permite cultivos mais adensadosem espaçamentos mais fechados. Devido a essascaracterísticas, esses materiais exercem menoresíndices de sombreamento e captam melhor a luz solar.

Uma avaliação de diferentes cultivares de milho,espaçamento e densidade de plantio mostrou que orendimento de grãos cresceu com o aumento dadensidade de plantio, em ambos os espaçamentos(reduzido e normal), demonstrando que poderia seaumentar ainda mais a produtividade, com aumento nadensidade de plantio; entretanto, no espaçamento de0,50 m entre fileiras, a produtividade apresentou maiorampliação quando se passou de 40.000 plantas. ha-1

para 77.500 plantas.ha-1 do que no espaçamento de0,80 m, indicando que a redução de espaçamento émais vantajosa quando se utilizam maiores densidadesde plantio, comprovando mais uma vez que o benefíciodas linhas mais estreitas aumenta à medida queaumenta a população de plantas

Quando se pensa em diminuir o espaçamento entrelinhas e/ou aumentar a densidade de plantas por área,a escolha do híbrido deve ser criteriosa. Geralmente,os híbridos ou as variedades de porte alto e ciclo longoproduzem bastante massa e quase sempre nãoproporcionam um bom arranjo das plantas dentro dalavoura e, por essa razão, já no início do crescimento,é prejudicada a captação da luz. Os híbridos de menorporte, mais precoces, desenvolvem pouca massavegetal, com menor quantidade de auto-sombreamento, o que proporciona maior penetraçãoda luz solar. Essas plantas permitem cultivo emmenores espaçamentos e maiores densidades.

Uma das dificuldades para o uso de espaçamentosmais estreitos eram as colheitadeiras, que, muitasvezes, não se adaptavam a essa situação. No entanto,hoje, com a evolução do parque de máquinas agrícolas,esse problema já não existe.

O Milho em Sistema de Plantio Direto

Em termos de modernização da agricultura brasileira, autilização do sistema de plantio direto é uma realidadeinquestionável e a participação da cultura do milho emsistemas de rotação e sucessão (safrinha) de culturas,para assegurar a sustentabilidade de sistemas deplantio direto, é fundamental. A área plantada nosistema de plantio direto tem aumentado rapidamente,no Brasil, principalmente nos últimos anos. Estima-seque, hoje, o sistema de plantio direto cubra mais de 25milhões de hectares, ou seja, cerca de 50% da áreacom culturas anuais no país. O sistema de plantiodireto consolidou-se como uma tecnologiaconservacionista, largamente aceita entre osagricultores, havendo sistemas adaptados a diferentesregiões e aos diferentes níveis tecnológicos, do grandeao pequeno agricultor que usa a tração animal. Requercuidados na implantação, mas, depois de estabelecido,seus benefícios se estendem não apenas ao solo e,conseqüentemente, ao rendimento das culturas e àcompetitividade dos sistemas agropecuários, mas,também, devido à drástica redução da erosão, reduz opotencial de contaminação do meio ambiente e dá aoagricultor maior garantia de renda, pois a estabilidadeda produção é ampliada, em comparação aos métodostradicionais de manejo de solo. Por seus efeitosbenéficos sobre os atributos físicos, químicos ebiológicos do solo, pode-se afirmar que o plantio diretoé uma ferramenta essencial para se alcançar asustentabilidade dos sistemas agropecuários.

A cultura do milho tem a vantagem de deixar umagrande quantidade de restos culturais que, uma vezbem manejados, podem contribuir para reduzir a erosãoe melhorar o solo. Dessa forma, sua inclusão em umesquema de rotação é fundamental. A sustentabilidadede um sistema de produção não está apoiada apenasem aspectos de conservação e preservação ambiental,mas também nos aspectos econômicos e comerciais.

Rotação de Culturas

A rotação envolvendo as culturas da soja e do milhomerece especial atenção, devido às extensas áreas que

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essas duas culturas ocupam e ao efeito benéfico emambas as culturas (Tabela 3). Nessa rotação, como seobserva na Tabela 1, o milho plantado após a sojaproduziu cerca de 9% mais e a soja plantada após omilho produziu 5 e 15% mais, quando comparadoscom os plantios contínuos.

Existem experimentos demostrando os efeitosbenéficos do milho se estendem até o segundo ano dasoja plantada após a rotação (Tabela 4). Nesseexemplo, a soja produziu 20,3% mais no primeiro anoapós o milho e 10,5% no segundo. Essa diferença foiatribuída, além da menor incidência de pragas edoenças, à maior quantidade de nutrientes deixadospela palha do milho, principalmente o potássio, no quala soja é exigente. Na escolha de uma rotação deculturas, especial atenção deve ser dada às exigênciasnutricionais das espécies escolhidas e à suacapacidade de extrair nutrientes do solo, no que a sojae milho se complementam satisfatoriamente.

Tabela 3. Efeito da rotação soja milho sobre orendimento dessas culturas.

Na implantação e na condução de um sistema eficientede plantio direto, é indispensável que o esquema derotação de culturas promova, na superfície do solo, amanutenção permanente de uma quantidade mínima depalhada, que nunca deverá ser inferior a 2,0 t ha-1 dematéria seca. Como segurança, recomenda-se quesejam adotados sistemas de rotação que produzam,em média, 6,0 t/ha/ano ou mais de matéria seca. Acultura do milho, de ampla adaptação a diferentescondições, tem ainda a vantagem de deixar uma grandequantidade de restos culturais, que, uma vez bemmanejados, podem contribuir para reduzir a erosão emelhorar o solo.

No sul do Brasil, devido às condições climáticas maisfavoráveis, há maiores opções de rotação de culturas,envolvendo tanto as culturas de verão como as deinverno. No Brasil Central, as condições climáticas,com quase total ausência de chuvas entre os meses demaio e agosto, dificultam a existência de cultivos deinverno, exceto em algumas áreas com microclimaadequado ou com agricultura irrigada. Essa situaçãodificulta ou deixa poucas opções para oestabelecimento de culturas comerciais ou mesmoculturas de cobertura, isto é, culturas cuja finalidadeprincipal é aumentar o aporte de restos culturais sobrea superfície do solo, exigindo que estas tenhamcaracterísticas peculiares, como um rápidodesenvolvimento inicial e maior tolerância à seca.

Rotação Rendimento (kg ha-1)

Milho após milho 9.680 (100%) 6.160 (100%)

Milho após soja 10.520 (109%) 6.732 (109%)

Soja após soja 3.258 (100%) 2.183 (100%)

Soja após milho 3.425 (105%) 2.517 (115%)

Fonte: Adaptado de Cruz (1982) e de Muzilli(1981),citado por Derpsch (1986)

Tratamentos 1987/88 1988/89 1989/90 1990/91 1991/92 1992/93 1993/94 Média

kg ha-1

1º ano após milho 1.838 3.366 3.980 1.883 4.456 4.691 2.746 3.280

2º ano após milho 1.499 3.234 3.730 1.716 4.340 3.979 2.589 3.012

Sem milho 1.440 3.180 3.724 1.136 3.663 3.565 2.378 2.727

Tabela 4. Rendimento de grãos de soja, em kg ha-1, no primeiro e segundo anos após milho,comparado ao rendimento da soja sem rotação, conduzidos em sistema de plantio direto.

Adaptado de Ruedell (1995)

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9Manejo da cultura do Milho

Culturas de Cobertura

No início do sistema de plantio direto, é importantepriorizar a cobertura e o perfil de fertilidade do solo,principalmente se as áreas apresentarem certo grau dedegradação. Durante o seu crescimento edesenvolvimento, as espécies de cobertura contribuemefetivamente para a proteção do solo, bem como para amanutenção de seus resíduos vegetais (palhada) nasuperfície do solo. A cobertura vegetal (viva ou morta)representa a essência do SPD, pois tem efeito nainterceptação das gotas de chuva, evitando o impactodireto sobre a superfície do solo, reduzindo adesagregação das partículas, que é a fase inicial doprocesso erosivo, reduz a velocidade de escorrimentodas enxurradas, melhora ou mantém a capacidade deinfiltração de água, reduzindo o efeito da desagregaçãodo solo e evitando o selamento superficial, provocadopela obstrução dos poros com partículas finasdesagregadas. Além disso, protege o solo da radiaçãosolar, diminui sua variação térmica, reduz a evaporaçãode água e favorece o desenvolvimento demicroorganismos, além de ajudar no controle de plantasdaninhas.

Dentre as espécies utilizadas como cultura decobertura, algumas merecem destaque, por seusbenefícios físico-químicos ao solo, entre elas a aveia-preta, a ervilhaca-peluda e o nabo-forrageiro, comoplantas antecessoras de inverno.

As culturas de milho e da aveia integradas e de formaplanejada, no sistema de rotação, proporcionam altopotencial de produção de fitomassa, com elevadarelação C/N, garantindo a manutenção de cobertura dosolo, dentro da quantidade mínima preconizada e pormaior tempo de permanência na superfície.

Diversos trabalhos de pesquisa relatam o efeito deculturas de cobertura sobre a produtividade e a respostaà adubação nitrogenada, na cultura do milho. O usogeneralizado do sistema de plantio direto e de culturasde cobertura, no sul do País, criou a necessidade derecomendação da adubação nitrogenada para a culturado milho adaptada a esse novo cenário.

Em regiões de clima tropical, temperatura e umidadeelevadas favorecem a rápida decomposição dosresíduos vegetais, dificultando a formação de umacamada adequada de cobertura morta. Além doaumento na velocidade de decomposição do materialvegetal, provocada pelas altas temperaturas, as culturasanuais não produzem quantidade suficiente defitomassa, sendo rapidamente metabolizada pelosmicrorganismos do solo. Sem cobertura, o solo seadensa mais facilmente, retém menor quantidade deágua, atinge facilmente altas temperaturas e fica maissuscetível à erosão, comprometendo o sistema.Portanto, na seleção de espécies destinadas àcobertura do solo em SPD, deve-se levar emconsideração a quantidade e a qualidade dos resíduosvegetais, bem como sua capacidade de reciclagem denutrientes, com impacto direto nos atributos químicos,físicos e biológicos do solo e na resposta das culturassubseqüentes em SPD.

Pesquisa com várias opções de rotação de culturas deverão (safra normal) e de safrinha, na região de RioVerde, GO, mostrou que as maiores produtividade demilho ocorrem sobre as palhadas de algodão, girassol,guandu e nabo forrageiro, enquanto que, para a culturada soja, as melhores respostas foram sobre aspalhadas de milho, aveia, sorgo e milheto.

Hoje, sistemas de integração lavoura-pecuária,envolvendo culturas e forrageiras, principalmente asbraquiárias, apresentam essas condições erepresentam uma excelente alternativa envolvendo acultura do milho e o sistema em plantio direto.

Um exemplo é o Sistema Santa Fé. Nesse sistema,quando as condições climáticas permitem, cultivam-seseqüencialmente uma a duas culturas solteiras por anoe uma última, a safrinha, consistindo de um consórciode uma cultura com uma gramínea forrageira. Aexploração agrícola, nessas condições, caracteriza-sepor um cultivo solteiro no início da estação chuvosa,seja soja, milho, ou arroz, e um cultivo de safrinha demilho ou sorgo associado a uma forrageira, comumentea Brachiaria brizantha. Geralmente, utiliza-se comocultura de safrinha o milho, sorgo ou milheto, também

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em plantio direto. Como resultado, tem-se, a partir dosegundo ano ou mais de cultivo, solos agricultáveiscorrigidos, com altos níveis de fertilidade e fisicamenteestruturados. Essas áreas, inicialmente de fertilidadecomprometida, passam a apresentar altos teores dematéria orgânica, baixos níveis de acidez e elevadainfiltração de água no solo, em relação às áreas ondeainda se utilizam práticas de cultivo tradicionais. Outroenfoque do Sistema Santa Fé é sua implantação anual,em regiões onde as condições climáticas não permitema safrinha, consistindo no cultivo consorciado deculturas anuais como milho, sorgo e milheto, comespécies forrageiras, principalmente as braquiárias, emáreas agrícolas, em solos parcial ou devidamentecorrigidos. As práticas que compõem o sistemaminimizam a competição precoce da forrageira, evitandoredução do rendimento das culturas anuais, permitindo,após a colheita destas, uma produção forrageiraabundante e de alta qualidade para a alimentaçãoanimal, além de palhada em quantidade e qualidadepara a realização do plantio direto na safra seguinte.Este assunto será melhor discutido em capítulo sobreintegração lavoura-pecuária.

Milho Safrinha x Sistema de PlantioDireto

A implantação do milho safrinha, no final do períodochuvoso, deixa o agricultor na expectativa de ocorrênciade déficit hídrico durante o ciclo da cultura. Assim, todaestratégia de manejo do solo deve levar emconsideração propiciar maior quantidade de águadisponível para as plantas. Nesse caso, sempre quepossível, deve-se optar pelo sistema de plantio direto,pois oferece maior rapidez nas operações,principalmente no plantio realizado simultaneamente à

colheita, permitindo o plantio o mais cedo possível.Além disso, um sistema de plantio direto, comadequada cobertura da superfície do solo, permitirá oaumento da infiltração da água no solo e a redução daevaporação, com conseqüente aumento no teor de águadisponível para as plantas. Em algumas áreas deplantio direto, já se constatou aumento do teor dematéria orgânica do solo, afetando a curva de retençãode umidade e aumentando ainda mais o teor deumidade para as plantas.

Embora exista uma grande diversidade de preparo deáreas para o cultivo do milho na segunda safra,predomina o emprego do plantio direto permanente(PDP) ou temporário (PDT), visando antecipar aimplantação do milho “safrinha”. No preparo diretotemporário, realiza-se a semeadura direta do milho“safrinha” e o preparo convencional para a soja. Nessecaso, no verão, tem sido freqüente o preparo comgrades.

Em áreas com grande infestação de plantas daninhas,no momento da colheita da soja, e quando o agricultornão dispõe de máquina para semeadura direta, utiliza-se o preparo com grades, no outono-inverno. Umadesvantagem da grade aradora é que ela provoca grandepulverização do solo. Alem disso, o uso da gradecontinuamente, no verão e na safrinha, por anossucessivos, pode provocar a formação do “pé-de-grade”,uma camada compactada logo abaixo da profundidadede corte da grade, a 10-15 cm. Essa camada reduz ainfiltração de água no solo, o que, por sua vez, iráfavorecer maior escorrimento superficial e,conseqüentemente, a erosão do solo e a redução daprodutividade do milho safrinha (Tabela 5).

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Considerações Gerais

A cultura do milho, por sua versatilidade, adapta-se adiferentes sistemas de produção. Devido à grandeprodução de fitomassa de alta relação C/N, a cultura éfundamental em programas de rotação de culturas emsistemas de plantio direto. Embora apresente altopotencial de produção, comprovado nos concursos deprodutividade e por agricultores que utilizam alto níveltecnológico, o rendimento de milho, no Brasil, ainda émuito baixo. Levando, ainda, em consideração aqualidade e o potencial da semente de milhodisponível, com predominância dos híbridos simples,verifica-se que é fundamental um aperfeiçoamento dossistemas de produção para que esses materiaispossam expressar ao máximo seu potencial genético,alcançando altas produtividades em sistema deprodução sustentáveis.

Literatura Consultada

ARGENTA, G.; SILVA, P. R. F. da; SANGOI, L. Arranjode plantas em milho : análise do estado-da-arte.Ciência Rural, Santa Maria, v. 31, n. 6, p. 1075-1084,2001.

COELHO, A. M.; CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A.Rendimento do milho no Brasil: chegamos ao máximo?Informações Agronômicas, Piracicaba, n.101, março.2003. Encarte Técnico.

CONAB. Acompanhamento da safra 2005/2006 -Quinto levantamento. [Brasília, DF.], abr. 2006. 28 p.

CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A. Hora da escolha.Cultivar, Grandes Culturas, Pelotas, v. 7, n. 77, set.2005. Milho. Caderno Técnico Cultivar, Pelotas, n. 77, p.4-11, set. 2005. Encarte.

CRUZ, J. C.; PERREIRA FILHO, I. A.; ALVARENGA, R.C.; SANTANA, D. P. Plantio direto e sustentabilidadedo sistema agrícola. Informe Agropecuário, BeloHorizonte, v. 22, n. 208, p. 13-24, jan/fev. 2001.

Manejo do solo Rendimento de grãos

Safra de soja Safrinha de milho

kg ha-1 % Kg ha-1 %

Grade aradora/ Grade aradora 2.579 78 4.678 77

Esc. mais niveladora/G. niveladora 3.130 94 5.404 89

Esc. + G. niveladora/ semeadura napalha

3.144 95 5.682 94

Sistema plantio direto. 3.310 100 6.046 100

Tabela 5. Rendimento de grãos da soja e do milho “safrinha”`, em latossolo roxo, em Tarumã, SP, no anoagrícola 1995/96, após dez anos de implantação de sistemas de manejo do solo.

Fonte: De Maria et al. (1999)

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Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Milho e SorgoEndereço: MG 424 Km 45 Caixa Postal 151 CEP35701-970 Sete Lagoas, MGFone: (31) 3779 1000Fax: (31) 3779 1088E-mail: [email protected] edição1a impressão (2006): 200 exemplares

Presidente: Antônio Álvaro Corsetti PurcinoSecretário-Executivo: Cláudia Teixeira GuimarãesMembros: Carlos Roberto Casela, Flávia FrançaTeixeira, Camilo de Lelis Teixeira de Andrade,José Hamilton Ramalho, Jurandir Vieira Magalhães

Editoração eletrônica: Tânia Mara Assunção Barbosa

Comitê depublicações

Expediente

CircularTécnica, 87

DERPSCH, R. Rotação de culturas; plantio direto econvencional. São Paulo: Ciba- Geigy, 1986. Nãopaginado.

DUARTE,A.P.; CRUZ,J.C. Manejo do solo e semeadurado milho safrinha. In : SEMINÁRIO NACIONAL DEMILHO SAFRINHA, 6., CONFERENCIA NACIONAL DEPOS COLHEITA SAG-MERCOSUL, 2., SIMPOSIO EMARMAZENAGEM DE GRÃOS DO MERCOSUL, 2.,2001, Londrina. Valorização da produção econservação de grãos no MERCOSUL - A cultura domilho safrinha. Londrina : IAPAR, 2001. p. 45-71.

FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção demilho. Guaiba: Agropecuária, 2000. 360 p.

PEREIRA FILHO I. A.; CRUZ, J. C. Práticas culturaisdo milho. In: EMBRAPA. Serviço de Produção deInformação (Brasília, DF). Recomendações técnicaspara o cultivo do milho. Brasília, DF, 1993. p.113-127.

RUEDELL, J. Plantio direto na região de Cruz Altas.Cruz Alta: FUNDACEP-FECOTRIGO, 1995.134 p.Convênio FUNDACEP/BASF.

SANGOI, L. Understanding plant density effects onmaize growth and development: na important issue tomaximize grain yield. Ciência Rural, Santa Maria, v.31, n. 1, p. 159-168, 2000.