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1 MAIS Modulo Agroclimático Inteligente e Sustentável Adaptando a agropecuária à mudança do clima Manual de capacitação - Conceitos e princípios Agosto, 2016

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MAIS

Modulo Agroclimático Inteligente e Sustentável

Adaptando a agropecuária à mudança do clima

Manual de capacitação - Conceitos e princípios

Agosto, 2016

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Autores

Esclarecimento

Este   manual   é   exclusivamente   de   suporte   teórico   de   apresentação   dos   critérios   gerais.   Foram  desenvolvidas  manuais,  planilhas  e  folhas  de  calculo  especificas  para  coadjuvar  nos  cálculos  e  no  desenho  e   implementação   do  MAIS   nas   diferentes   linhas   produtivas.   Para   garantir   uma   correta   execução,   essas  ferramentas  adicionais   são   fornecidas   somente  depois  da  participação  no  curso  de  capacitação  sobre  o  MAIS.  

Foto de capa: Jorge Henrique Macedo

About the Multilateral Investment Fund

O Fundo Multilateral de Investimentos é o laboratório de inovação para o desenvolvimento do Grupo do Banco Interamericano. Faça experiências de alto risco para testar novos modelos para atrair e inspirar o setor privado para resolver os problemas de desenvolvimento econômico na América Latina e no Caribe. A MIF aborda a pobreza ea vulnerabilidade com foco em empresas emergentes e pequenos produtores agrícolas que tenham a capacidade de crescer e criar oportunidades econômicas. Saiba mais em www.fomin.org

Copyright © Banco Interamericano de Desenvolvimento. Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons IGO 3.0 Atribuição-NãoComercial-SemDerivações (CC BY-NCND 3.0 IGO) (http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/3.0/igo/legalcode) e pode ser reproduzida com atribuição ao BID e para qualquer finalidade não comercial. Nenhum trabalho derivado è permitido. Qualquer controvèrsia relativa à utilização de obras do BID que não possa ser resolvida amigavelmente será submetida à arbitragem em conformidade com as regras da UNCITRAL. O uso do nome do BID para qualquer outra finalidade que não a atribuição, bem como a utilização do logotipo do BID serão objetos de um contrato por escrito de licença separado entre o BID e o usuário e não está autorizado como parte desta licença CC-IGO.Note-se que o link fornecido acima inclui termos e condições adicionais da licença. As opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a posição do Banco Interamericano de Desenvolvimento, de seu Conselho de Administração, ou dos países que eles representam.

Daniele Cesano, Ph.D., Eng. Ambiental Email: [email protected]

Marcelo Bastos, Eng. Agrônomo Email: [email protected]

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Conteúdo

1. A estratégia de resiliência climática do Adapta Sertão ............................................................................................. 5

2. O que é o MAIS? ...................................................................................................................................................................... 11

3. Os níveis de organização do produtor dentro do MAIS ........................................................................................... 14

3.1 Nível 1: produtor com baixo nível de resiliência. ...................................................................................... 15

3.2 Nível 2: produtor com nível médio de resiliência ..................................................................................... 18

3.3 Nível 3: produtor com alto nível de resiliência ........................................................................................... 18

4. Como implementar o MAIS do Adapta Sertão ............................................................................................................ 19

4.1 Passo 1 – Engajamento do produtor ............................................................................................................. 19

4.2 Passo 2 – Balanceamento da ração e orçamento forrageiro ................................................................. 19

4.3 Passo 3 – Orçamento hídrico ............................................................................................................................ 20

4.4 Passo 4 – Compartilhamento dos resultados com o produtor e plano de implantação ............ 20

4.5 Passo 5 – Plano de armazenamento das forragens .................................................................................. 21

4.6 Exercício 1 ................................................................................................................................................................ 22

4.7 Exercício 2 ............................................................................................................................................................... 23

5. Como implementar o plano de recaatingamento numa propriedade rural com sistema MAIS do Adapta Sertão .............................................................................................................................................................................. 24

5.1 Passo 1 – Engajamento do produtor ............................................................................................................. 24

5.2 Passo 2 – Criação do plano operacional de recaatingamento nas propriedades rurais ............. 24

5.3 Passo 3 – Implantação ......................................................................................................................................... 25

5.4 Registro das lições aprendidas apos 18 meses de implementação de áreas piloto ..................... 35

5.5 Exercício ................................................................................................................................................................... 36

Anexos .......................................................................................................................................................................................... 38

Agradecimentos ........................................................................................................................................................................ 68

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ANEXO 1 – Tecnologias do MAIS para produtor com baixo nível de resiliência climática .............................. 38

1.1 SEMI-CONFINAMENTO DOS ANIMAIS ........................................................................................................... 39

1.2 REFLORESTAMENTO DO BIOMA CAATINGA ............................................................................................... 40

1.3 ARMAZENAMENTO DE ÁGUA E ORÇAMENTO HÍDRICO ......................................................................... 41

1.4 RAÇÃO BALANCEADA ......................................................................................................................................... 42

1.5 PALMA FORRAGEIRA: NUTRIÇÃO E ARMAZENAMENTO BIO-HÍDRICO .............................................. 43

1.6 BALANÇA ANALOGICA OU DIGITAL PENDURÁVEL ESCALA ATÉ 100 KG COM GANCHO ........... 44

1.7 KIT DE BAIXO CUSTO PARA DESSALINIZAR, FILTRAR E CLORAR .......................................................... 45

1.8 ENFARDADORA MANUAL .................................................................................................................................. 46

1.9 PICADORA-FATIADORA CONJUGADA ........................................................................................................... 47

1.10 KIT DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ..................................................................................................................... 48

1.11 MOTOCULTIVADOR COM IMPLEMENTOS E CARRETINHA ..................................................................... 49

1.12 KIT DE BAIXO CUSTO PARA O REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA CINZA E NEGRA .......................... 50

1.13 ROÇADORA LATERAL SEMI PROFISSIONAL ................................................................................................. 51

1.14 SELADORA Á VÁCUO PARA ARMAZENAMENTO DE FORRAGENS ....................................................... 52

ANEXO 2 – Tecnologias do MAIS para produtor com nível médio de resiliência climática ............................ 53

2.1 ANIMAIS COM BOA GENÉTICA ......................................................................................................................... 54

ANEXO 3 – Tecnologias do MAIS para produtor com alto nível de resiliência climática ................................. 55

3.1 ORDENHADORA MECÂNICA COM BALDE AO PÉ ...................................................................................... 56

3.2 RESFRIADORES DE LEITE DE PEQUENO PORTE .......................................................................................... 57

ANEXO 4 – Linha de base da produção .............................................................................................................................. 58

ANEXO 5 – Planejamento da propriedade ........................................................................................................................ 65

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1. A estratégia de resiliência climática do Adapta Sertão O Adapta Sertão é uma rede de organizações cujo objetivo é desenvolver, aplicar, aprimorar e

disseminar práticas e estratégias para adaptar o agricultor da região semiárida à mudança do clima. Até hoje as cooperativas que participam da rede são:

• COOAP – Cooperativa Agroindustrial Pintadas Ltda, Pintadas, Bahia

• COODAPI – Cooperativa de Desenvolvimento Agropecuário de Ipirá, Bahia

• COOPSERTÃO – Cooperativa Ser do Sertão, Pintadas, Bahia

• COOPOFITE - Cooperativa Polivalentes Filhos da Terra, Pé de Serra, Bahia

• COOMAI - Cooperativa de agric. Familiares de Mairi, Mairi, Bahia

• COOPAITA – Cooperativa Agroindustrial de Itaberaba, Itaberaba, Bahia

O MAIS é o Modulo Agroclimático Inteligente e Sustentável que foi desenvolvido pela rede Adapta Sertão e constitui o modelo produtivo de referencia para resiliência climática. A experiência pratica do Adapta Sertão ao longo do tempo tem demonstrado que para garantir a resiliência climática no nível local é necessário atuar em 3 eixos divididos em 8 linhas de ação,

Tabela 1. Os 3 eixos do Adapta Sertão para resiliência climática e as 8 linhas de ação

Eixos estruturantes Eixos atuantes Eixos institucionalizantes

Sistema produtivo MAIS

Agro industrialização dos produtos através de agroindústrias para agregação de valor, diversificação das receitas e aumento do ciclo de vida do produto

Pesquisa cientifica e desenvolvimento para melhorar as áreas que precisam de aprimoramento

Acesso ao crédito para o financiamento do MAIS

Fortalecimento de organizações produtivas (cooperativas, associações ou empresas privadas) nas áreas de gestão e negocio

Dialogo com a politica publica e fortalecimento do empreendedorismo para o desenvolvimento de programas adequados para resiliência climática

Assistência técnica para garantir a correta implementação do MAIS

Fortalecimento do acesso ao mercado e comercialização dos produtos

O MAIS é o modelo produtivo que vem sendo implementado nas propriedades rurais pela assistência técnica, empresas produtivas ou cooperativas associadas ao Adapta Sertão para tornar o produtor mais resiliente à mudança do clima. E’ importante evidenciar aqui que este manual apresenta somente os princípios e conceitos do sistema produtivo MAIS que é a primeira linha de ação dentro do primeiro eixo. Outros manuais técnicos explicam de forma mais detalhada a implementação do MAIS de acordo com a linha produtiva trabalhada.

Para uma efetiva disseminação do MAIS, é necessário criar as condições que consigam implementar todas as tecnologias do MAIS para que o(a) produtor(a) seja realmente fortalecido, a partir da produção até a industrialização e comercialização dos produtos. Para cumprir com a sua missão e para uma efetiva implementação, o Adapta Sertão propõe uma integração dos oitos eixos listados na Tabela 1. O Adapta Sertão tem trabalhado principalmente com cooperativas, mas cada organização produtiva que queira adotar o MAIS como linha principal do seu processo produtivo precisa trabalhar necessariamente também as outras vertentes para garantir a sustentabilidade do seu empreendimento no médio e longo

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prazo. A relação entre os oitos aspectos é mostrada na figura de baixo. Cada aspecto é também descrito brevemente logo em seguida.

As cooperativa identificam os agricultores mais adequados e comprometidos para receber assistência técnica e treinamento no sistema MAIS. Uma vez que os agricultores concordam com os planos de produção e contratos de fornecimento, as cooperativas indicam esses agricultores ao banco rural local para receber um empréstimo para financiar o sistema MAIS. As cooperativas também podem vender os implementos que compõem o MAIS para esses agricultores através de parcerias específicas com fornecedores de tecnologia. Através do MAIS, a produção dos agricultores se torna menos suscetível a choques climáticos. Os mesmos produtores conseguem fornecer volumes mais constantes de produtos às cooperativas. Essas em seguida, processam os produtos em pequenas agroindústrias e os vendem para os mercados locais, regionais e institucionais. Os agricultores são, então, capaz de pagar seu empréstimo mais facilmente e gerar sua renda a partir do que eles produzem. Ações de pesquisa ajudam a desenvolver e sistematizar o conhecimento e melhorar todo o processo. Diálogos com formuladores de políticas publicas ajudam criar uma melhor estrutura para sustentar e difundir o modelo. Nesta forma, a mudança climática não é apenas uma ameaça comum, mas também uma oportunidade comum para o desenvolvimento de novos negócios e para melhorar programas existentes.

Figura 1. A relação entre as oito vertentes do Adapta Sertão. Pesquisa e politicas publicas são ações que pertencem ao eixo institucionalizante, sendo paralelo as outras ações que são mais aplicadas.

Eixos estruturantes

1. O sistema produtivo MAIS. O MAIS é o sistema produtivo de resiliência climática do Adapta Sertão cujos fundamentos são descritos neste manual. O sistema MAIS tem tecnologias inovadoras como ponto de partida. Para operar com eficiência, o MAIS precisa das tecnologias (ou pelo menos uma parte delas) descritas no ANEXO 1 – Tecnologias do MAIS. Idealmente, o MAIS é implementado nas propriedades dos(as) produtores(as) através do suporte de técnicos de organizações produtivas como por exemplo entidades de assistência técnica ou cooperativas agropecuárias capacitadas especificadamente no dimensionamento do MAIS. Outro objetivo associado é a adaptação de tecnologias que permitam o uso e/ou tratamento

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de recursos naturais presentes para benefício do agricultor, como por exemplo fontes de águas com alto conteúdo se sais minerais, antes inviável para este. O MAIS quebra este paradigma, trazendo tecnologias inovadoras diretamente para a agricultura familiar, e quando for possível através de lojas agropecuárias montadas nas cooperativas de produção locais que se tornam revendas locais. Um ponto fundamental do MAIS é a preservação da caatinga e a recomposição de pasto num sistema iLPF (integração Lavoura Pecuária Floresta) pelos benefícios econômicos que traz para o produtor em termos de serviços ambientais: armazenamento de água, recomposição e proteção do solo, criação de um microclima, contribuição à formação de chuva, aumento da produtividade agrícola e sequestro de carbono. O objetivo principal é a busca das características ambientais e microclimáticas originais locais, amenizando os impactos da mudança climática e assim possibilitando a permanência do processo produtivo local. A recomposição natural diminui também a pressão antrópica ao meio ambiente, gerando produtos agrícolas e pecuários sustentáveis, conservando o meio ambiente. Em síntese, com isso, pretende-se reduzir a elevação da temperatura local, possibilitar o aumento da pluviosidade local e da sua melhor distribuição e perenização dos rios. O outro objetivo principal relacionado é criar a cultura da preservação e do correto uso e manejo do meio ambiente, em favor do agricultor.

2. Acesso ao crédito para o financiamento do MAIS . Nem sempre o(a) produtor(a) dispõe dos recursos financeiros necessários para adquirir as tecnologias do MAIS. O acesso a financiamento e crédito se torna neste caso um passo fundamental no processo de implementação do MAIS. O Adapta Sertão colabora diretamente com bancos e cooperativas de crédito para ampliar a disponibilidade de crédito tanto para os agricultores quanto para as cooperativas de produção. O objetivo principal é acesso rápido e desburocratizado do crédito. As cooperativas de crédito e bancos conseguem financiar o produtor se apoiando à cooperativa de produção local que identifica e escolhe os produtores com maior potencial e comprometimento com a cooperativa. O objetivo deste vertente é fazer que o crédito chegue ao produtor, gerando riqueza local e melhoria na qualidade de vida, evitando, junto a todos os fatores já expostos, evasão em massa para grandes centros urbanos.

3. Assistência técnica para garantir a correta implementação do MAIS. Para a implementação do MAIS é necessário que o produtor entenda vários conceitos como “orçamento forrageiro”, “orçamento hídrico”, “planejamento da propriedade”, “estabilização e otimização da produção”, “armazenamento de forragens”. Além disso, o produtor precisa entender o uso de várias tecnologias que o ajudam no dia a dia e aplicar o crédito da melhor forma possível para a implementação do MAIS. Tudo isso precisa de tempo e de assistência técnica especializada para acompanhar o produtor ao longo do tempo até atingir a meta de produção desejada e torná-lo mais resiliente à mudança do clima através da criação de estoques estratégicos. O MAIS é dimensionado e implementado a partir de uma análise da propriedade. O(a) produtor(a) define os próprios objetivos, se relacionando com os técnicos das cooperativas de produção que o(a) ajudam entender qual é o melhor caminho para otimizar e estabilizar a produção tanto nos períodos chuvosos quanto nos períodos de estiagem. Por isso é necessário que os técnicos participem de um treinamento especifico para que possam entender os fundamentos científicos do MAIS, adquirir experiência prática através de módulos de capacitação e auxiliar o produtor na aplicação do crédito para uma correta implementação do MAIS. A capacitação é voltada para os técnicos das cooperativas de produção, técnicos das cooperativas de crédito e gestores das cooperativas de crédito e de produção. A programação dos módulos de capacitação é listada nas três tabelas de baixo.

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Tabela 2. Modulo de capacitação do MAIS para técnicos de campo

Número do módulo

Módulo de capacitação Duração

T1 Introdução geral sobre mudanças climáticas e impactos para a agricultura e pecuária da região semiárida

1 dia

T2 Introdução sobre cooperativas e cooperativismo 1 dia

T3 Introdução sobre o sistema MAIS e as tecnologias de suporte 1 dia

T4 Visita de campo para propriedades com o MAIS 2 dias

T5 Diagnostico das propriedades e linha de base 1 dia

T6 O planejamento da propriedade com o sistema MAIS: teoria 1 dia

T7 O planejamento da propriedade: prática com exercícios 1 dia

T8 Exercícios com discussão 1 dia

T9 Acompanhamento técnico para elaboração e implementação de 3 projetos MAIS

1 mês

Tabela 3 Modulo de capacitação do MAIS para técnicos das cooperativas de crédito.

Número do modulo

Modulo de capacitação Duração

F1 Introdução geral sobre mudanças climáticas na região semiárida: quais os possíveis impactos para as cooperativas de crédito?

1 dia

F2 Introdução sobre o sistema MAIS e as tecnologias de suporte 1 dia

F3 Visita de campo para propriedades com o MAIS 2 dias

F4 Análise de viabilidade das tecnologias do MAIS 1 dia

F5 Financiando o MAIS: teoria e prática 2 dias

F6 Acompanhamento técnico para o financiamento de 3 projetos MAIS 1 mês

Tabela 4. Modulo de capacitação do MAIS para gestores das cooperativas de produção e de crédito.

Número do modulo

Modulo de capacitação Duração

F1 Introdução geral sobre mudanças climáticas na região semiárida: quais os possíveis impactos para as cooperativas de crédito e de produção?

1/2 dia

F2 Introdução sobre o sistema MAIS: as tecnologias de suporte, os benefícios econômicos e para produção e o arranjo institucional necessário para a implementação

1/2 dia

F3 Análise de viabilidade das tecnologias do MAIS 1 dia

F4 Visita de campo para propriedades com o MAIS 2 dias

F5 Disseminação do MAIS pelas cooperativas de crédito e de produção: teoria e prática

1 dia

F6 Gestão de risco da carteira de investimento do MAIS (somente para cooperativa de crédito): teoria e prática

2 dias

F6 Acompanhamento técnico para a implementação do arranjo institucional necessário para o financiamento e implementação dos projetos MAIS

1 mês

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Eixos atuantes

4. Industrialização dos produtos. A industrialização é um passo fundamental para agregar valor à produção. Neste tema o objetivo principal é a industrialização local da produção agrícola, por unidades de processamento ligadas as organizações produtivas. A industrialização da produção tem inumeráveis vantagens: agrega valor ao produto, consegue atingir mais mercados consumidores, diminui a sensibilidade de oscilação de demanda de produtos perecíveis, permite o aumento da produção ao garantia absorção dos produtos agrícolas, gera mais segurança de investimento por parte dos agricultores, ao saber que sua produção está comprada parcialmente ou totalmente, e cria polos de desenvolvimento local para novos produtos. O MAIS foi concebido como ferramenta para fortalecer a produção de base. Quando isso acontece, as cooperativas agrícola e agropecuárias se fortalecem porque os próprios cooperados conseguem produzir alimentos em maior quantidade e com mais qualidade para a industrialização. O MAIS é implementado a partir das necessidades reais das cooperativas locais para viabilizar a produção das seguintes linhas produtivas (sistemas produtivos MAIS especifico por cada linha):

• Leite bovino

• Carne ovina

• Fruta e hortaliças

5. Fortalecimento de organizações produtivas (cooperativas, associações ou empresas privadas). A metodologia de resiliência climática pode ser aplicada por todas as organizações produtivas, embora a coalizão Adapta Sertão tenha trabalhado principalmente com cooperativas agropecuárias. O MAIS é implementado na melhor forma possível quando são as organizações produtivas locais que organizam todo o processo de implementação identificando os produtores mais adequados, pois isso implica que ha uma coordenação para melhorar o sistema agropecuário local. O fortalecimento das organizações produtivas é visto como elo fortalecedor da agricultura de pequena escala, mas com eficiência e alta modernidade. O fomento do cooperativismo, por exemplo, aumenta ao mesmo tempo a renda e a qualidade de vida do agricultor. A gestão cooperativista com visão empreendedora e empresarial pode ser o fomento da sanidade econômico-financeira das pequenas propriedades rurais do semiárido. Os passos para a implementação do MAIS pelas organizações produtivas são:

a. Definição da meta de produção. A organização produtiva elabora as próprias metas de produção para atingir o volume necessário para operar a agroindústria acima do ponto de equilíbrio dela;

b. Capacitação. Os técnicos da organização produtiva recebem a capacitação especifica sobre o MAIS, descrita neste manual;

c. Engajamento dos produtores. Depois de serem capacitados, os técnicos discutem junto com a diretoria da organização produtiva quais seriam os cooperados que deveriam receber o sistema MAIS. A escolha depende de vários fatores como meta de produção da cooperativa, avaliação do cooperado, avaliação técnica do cooperado, potencial de produção da propriedade. Nesta fase é também envolvida a cooperativa de crédito local ou o banco local para saber se o produtor esta qualificado para receber financiamento (investimento);

d. Elaboração de projetos MAIS. Depois da escolha, o técnico da organização produtiva elabora o projeto de produção do cooperado usando os princípios do MAIS descritos neste manual;

e. Financiamento do MAIS. O produtor recebe o financiamento do banco para implementar o MAIS através de uma compra “casada” com a organização produtiva (ou seja, quando isso é possível é a organização produtiva que fornece as tecnologias diretamente para o produtor a partir do projeto elaborado);

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f. Implementação do MAIS. O MAIS é implementado na propriedade do produtor através do acompanhamento do técnico;

g. Comercialização. O produtor recebe orientação técnica por um período mínimo de um ano e comercializa a produção através da organização produtiva ;

6. Fortalecimento do acesso ao mercado e comercialização dos produtos. O processo de comercialização tem duas vertentes:

a. Comercialização de tecnologias e insumos. O objetivo principal é a criação de canais de comercialização, entre venda e compra coletiva, para os produtores, a fim de reduzir valores de compra e conseguir melhores preços de venda. As tecnologias mais inovadoras e eficientes atualmente não chegam à agricultura familiar da região semiárida, pois esse tipo de agricultura não é considerada pelos fabricantes de tecnologia como um mercado lucrativo no curto prazo devido a descapitalização do(a) pequeno(a) produtor(a) e sua intensa capilarização, necessitando investimento e abertura de novas frentes de venda e serviço. As cooperativas do Adapta Sertão foram capacitadas para comercializar as tecnologias do sistema MAIS através da criação de uma loja especializada. Essa loja opera em parceria com fabricantes e fornecedores de tecnologias apropriadas para ajudar o produtor familiar se adaptar á mudança do clima.

b. Comercialização de alimentos. Na medida que os(as) produtores(as) beneficiados(as) pelo MAIS conseguem produzir mais alimentos, o processo de comercialização deste produto é feito diretamente pela organização produtiva. O produtor que se associou á cooperativa e recebeu o sistema MAIS irá fornecer produtos para a organização produtiva na base do plano desenvolvido durante a etapa anterior. A comercialização acontece aproveitando tanto os mercados institucionais quanto os mercados de varejo. E’ também fomentado o contato salutar entre o produtor e o consumidor, gerando aumento da ligação benéfica de uma relação ganha-ganha entre os elos da cadeia produtiva.

Eixos institucionalizantes

7. Pesquisa cientifica e desenvolvimento. O MAIS é um sistema flexível e inteligente por definição, e por isso está sempre se atuando e melhorando. O Adapta Sertão trabalha com várias instituições de pesquisa para avaliar o MAIS, os benefícios que traz para o produtor e para incluir tecnologias que sejam realmente viáveis e sustentáveis dentro do eixo da adaptação á mudança do clima. Esta avaliação é rigorosa, sendo baseada no monitoramento ao longo do tempo do desempenho dos(as) produtores(as) beneficiados(as) como o MAIS. Os dados são analisados cientificamente pelos parceiros acadêmicos e os resultados deste monitoramento são publicados em jornais científicos nacionais e internacionais. Os aprendizados são incluídos no MAIS.

8. Dialogo com a politica publica e fortalecimento do empreendedorismo. Uma das principais preocupações do Adapta Sertão tem sido melhorar a qualidade e alocação dos recursos associados as inúmeras políticas públicas criadas para dar resposta a problemática da convivência com o semiárido. Ao longo da experiência desses anos, foi possível verificar que há desconexão entre as políticas e programas e o resultado dessa ineficiência é o agravamento dos problemas socioambientais. O Adapta Sertão usa os resultados da pesquisa cientifica e as evidencias de trabalhar com sistemas produtivos inovadores para política publica e através de diálogos intra-setoriais ao nível local, estadual e federal. Existem também casos nos quais o fortalecimento do empreendedorismo local pode suprir a uma deficiência de politicas publicas adequadas.

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2. O que é o MAIS? O MAIS (Modulo Agroclimático Inteligente e Sustentável) é um sistema produtivo agroclimático

inovador que foi planejado e desenvolvido pela rede de cooperativas Adapta Sertão (www.adaptasertão.net) através da colaboração e parceria com entidades de pesquisa (Embrapa Semiárido; Embrapa Caprinos e Ovinos; IR-PS/Universidade da Califórnia San Diego; Centro Clima/UFRJ), ONG ambientalistas (A Caatinga, REDEH) e visitas para produtores inovadores como o Eduardo Emidio dos Santos no município de Riachão do Jacuípe, Bahia e Sérgio Machado Maciel, Agricultor do Povoado de Gia, Fazenda Canavieira, Município de Uibaí, Bahia

O MAIS tem como objetivo fornecer conhecimento, capacitações e ferramentas tecnológicas para ajudar o agricultor da região semiárida a se adaptar à mudança do clima. Isso se dá através de um aumento da sua eficiência de produção e capacidade de armazenar alimentos numa base agroecológica de conhecimento regionalizado e cooperativista.

A pesquisa feita pela rede Adapta Sertão1 mostrou que nos quatorze municípios da Bacia do Jacuípe, interior da Bahia, onde a rede está localizada, houve uma diminuição de 300 mm de chuva e um aumento médio da temperatura de 1.75 °C durante os últimos 50 anos (1962-2012). Outras pesquisas recentes que estudaram a mudança do regime de chuva e aumento da temperatura confirmam estes resultados. Isso significa que é necessário planejar a produção agrícola e pecuária na perspectiva de um futuro com menos chuva em comparação ao passado.

Tabela 5. Aumento da temperatura máxima e diminuição das temperatura nos 14 municípios da Bacia do Jacuípe. Dados: INMET

Período 1962-2012 Aumento Temp

Max (C) Diminuição chuva (mm)

Ipirá 2.075 350

Serra Preta 2.05 300

Baixa Grande 2.1 300

Pintadas 2.025 300

Pé de Serra 20.5 400

Riachão do Jacuípe 2.075 350

Capela do Alto Alegre 2.025 500

Nova Fatima 2.075 300

Gavião 2.1 350

Várzea da Roça 2.05 300

1 Publicado em:

Burney et al, 2014: Climate change adaptation strategies for smallholder farmers in the Brazilian Sertão. Climatic Change, September 2014, Volume 126, Issue 1-2, pp 45-59;

Cesano D. et al, 2012: Mudanças climáticas no semiárido da Bahia e estratégias de adaptação da coalizão Adapta Sertao para a agricultura familiar. Inclusao Social, Vol 6, No 1, pp 88-104, Jul/dez 2012”

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Várzea do Poço 2.025 400

Mairi 2.025 350

Quixabeira 2.025 400

São José do Jacuípe 2.075 350

Depois de muita pesquisa, experimentação de campo e visitas técnicas nas unidades demonstrativas de agricultores baianos com vários níveis de desenvolvimento e inovação, o Adapta Sertão desenvolveu o MAIS. O MAIS surge de uma reflexão profunda para incluir o novo cenário climático no planejamento da produção agrícola e pecuária da região semiárida. De fato, cada bioma brasileiro está sendo afetado por uma mudança, seja falta ou excesso de chuva, que precisa de tecnologias e estratégias inovadoras de adaptação. O MAIS nesta perspectiva é um sistema pioneiro, pois olha à mudança do clima como oportunidade para fortalecer o cooperativismo, a pecuária e a agricultura regional. O foco do MAIS na região semiárida é buscar uma solução para a tendência atual de diminuição de chuva e aumento das temperaturas.

• O MAIS é MODULAR pois serve para o(a) agricultor(a) armazenar alimentos para manter vacas de leite em lactação com bezerros e ovinos/caprinos para passar um mínimo de 3 ano de seca garantindo pelo menos cerca de 2 salários mínimo per mês2. O modulo mínimo para pecuária são 10 vacas em lactação, 6 vacas solteiras e 2 novilhas gestantes ou 80 matrizes com 2 reprodutores, com área total de 18 Hectares. Para olericultura o modulo é 300 m2 (22 m x 14 m) por 1 cada salario mínimo. Na medida em que o(a) produtor(a) adquire conhecimento, o módulo pode ser expandido para mais animais e/ou para aumentar o período de segurança alimentar do rebanho.

• O MAIS é AGROCLIMÁTICO pois foi concebido para adaptar o agricultor familiar à mudança do clima e enfrentar períodos de estiagens prolongadas.

• O MAIS é INTELIGENTE pois é um sistema flexível e adaptável à realidade do agricultor. Além disso, na medida em que novos conhecimentos e tecnologias comprovam aumentar a capacidade adaptativa do(a) produtor(a), elas vêm automaticamente incorporada no MAIS.

• O MAIS é SUSTENTAVEL pois se baseia nos princípios da agroecologia e reflorestamento para respeitar a capacidade produtiva de acordo com cada bioma, produzir alimentos saudáveis com cultivos agrícolas não dependentes de produtos químicos, valorizar sementes e materiais genéticos adaptados ao clima, solo e todas as condições ambientais locais, inclusive recomposição de pasto com sistema iLPF. O reflorestamento vem buscar a recomposição do cursos d’água, sua perenização, a recomposição da fauna local e o retorno das chuvas, pois por pesquisas feitas pelo próprio Adapta Sertão no semiárido, há uma relação positiva com alta correlação estatística entre ocorrência de chuva e presença de caatinga conservada.

2 Salario minimo em 2016: R$ 880 (cerca de USD$ 300, Março de 2016).

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Figura 2. Esquema de implementação do MAIS numa propriedade rural com os implementos.

O agricultor precisa se preparar gradualmente para estiagens mais prolongadas, armazenando alimentos para garantir a segurança alimentar do seu próprio rebanho por um período mínimo de 3 anos, pois os choques climáticos estão se intensificando a cada ano. Mas o MAIS introduz muitos conceitos inovadores que precisam também de um tempo para ser assimilados. O primeiro passo para o(a) agricultor(a) é se estruturar para entender como enfrentar o primeiro período de seca com um número limitado de animais. Na medida em que o(a) produtor(a) entende os pré-requisitos para se tornar mais resiliente ao novo cenário climático, ele(a) irá se organizar, aplicando os princípios e tecnologias do MAIS para uma área maior e/ou para um maior número de animais, chegando na segurança alimentar e hídrica para os 3 anos.

Além disso, o MAIS deve ser implementado nos períodos de pluviosidade boa ou regular, pois é uma medida preventiva à seca. Este aspecto é de fundamental importância, pois o produtor rural poderá se adaptar à mudança do clima somente se preparando e reservando alimentos nos anos ou períodos mais produtivos.

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3. Os níveis de organização do produtor dentro do MAIS As estratégias adotadas durante a implementação do MAIS são divididas em três níveis, de

acordo com o grau de resiliência do produtor à mudança do clima.

Tabela 6. Custo das tecnologias do MAIS

TECNOLOGIAS DO MAIS (ano base: 2013) Valor mínimo (R$) Valor máximo

(R$)

Produtor com baixo nível de resiliência climática (ver ANEXO 1)

R$ 23,660 (não inclui custo de

reflorestamento)

R$ 157,000 (não inclui custo

de reflorestamento)

SEMI-CONFINAMENTO DOS ANIMAIS R$3,000 R$50,000

REFLORESTAMENTO DO BIOMA CAATINGA R$ 300/Ha R$ 1000/Ha

ARMAZENAMENTO DE ÁGUA E ORÇAMENTO HÍDRICO R$8,000 R$60,000

RAÇÃO BALANCEADA - -

PALMA FORRAGEIRA: NUTRIÇÃO E ARMAZENAMENTO BIO-HÍDRICO

R$ 8000/Ha R$ 24000/Ha

BALANÇA ANALOGICA OU DIGITAL PENDURÁVEL ESCALA ATÉ 100 KG COM GANCHO

R$60 R$500

KIT DE BAIXO CUSTO PARA DESSALINIZAR, FILTRAR E CLORAR

R$500 R$1,500

ENFARDADORA MANUAL R$500 R$2,500

PICADORA-FATIADORA CONJUGADA R$1,800 R$6,000

KIT DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA R$ 1000 (500 m2) R$ 10000 (até 1

Ha) MOTOCULTIVADOR COM IMPLEMENTOS E

CARRETINHA R$5,000 R$15,000

KIT DE BAIXO CUSTO PARA O REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA CINZA E NEGRA

R$1,000 R$3,000

ROÇADORA LATERAL SEMI PROFISSIONAL R$900 R$2,500 SELADORA Á VÁCUO PARA ARMAZENAMENTO DE

FORRAGENS R$2,000 R$6,000

Produtor com nível médio de resiliência climática (ver ANEXO 2)

R$ 3000/animal R$ 10000/animal

ANIMAIS COM BOA GENÉTICA R$ 3000/animal R$ 10000/animal

Produtor com alto nível de resiliência climática (ver ANEXO 3)

R$ 8000 R$ 18000

ORDENHADORA MECÂNICA COM BALDE AO PÉ R$5,000 R$10,000

RESFRIADORES DE LEITE DE PEQUENO PORTE R$3,000 R$8,000

TOTAL R$38,660 R$173,000

Obs: o valor nao inclui o custo dos animais e do reflorestamento

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3.1 Nível 1: produtor com baixo nível de resiliência. Neste nível, o(a) produtor(a) não é resiliente a mudança do clima pois não consegue produzir alimentos o ano todo em quantidade suficiente para alimentar o rebanho de forma adequada por falta de conhecimento, recursos naturais, financeiros ou implementos. Os animais produzem bem abaixo do próprio potencial, sobretudo durante a estação seca. O maior desafio para o produtor deste nível é a produção e o armazenamento de alimentos. Outro objetivo também importante é ter acesso a água para o consumo animal, estando esta reservada em tanques, no próprio alimento in natura (palma forrageira) ou processado (silagem). Para produtores com baixo nível de resiliência, o MAIS propõe as seguintes intervenções com a finalidade principal de aumentar a produção e o armazenamento de alimento e água para o rebanho. Olhar na fichas técnica do ANEXO 1 – Tecnologias do MAIS para produtor com baixo nível de resiliência climática no final do manual:

1. Preservação ambiental. Para ter acesso ao MAIS do Adapta Sertão é necessário preservar uma área mínima equivalente a 20% da área total (com proteção por cerca), e manejo sustentável da área a partir do segundo ano (só extrativismo, sem entrada de animais). Esta área é reflorestada usando sementes e mudas da caatinga e tendo como foco as frutíferas, madeiras nativas, plantas forrageiras e por fim melíferas, sobretudo aquelas que estão já em risco de extinção. Isso valoriza a área preservada que pode gerar benefícios. As áreas são geo-referenciadas com GPS e monitoradas por fotos e imagens de satélite desde o inicio do projeto. Em caso de estiagem prolongada, a área preservada pode ser usada para beneficiar de forma sustentável algumas das plantas forrageiras presentes na área.

2. Recomposição de pasto com iLPF (integração Lavora Pecuária Floresta). O sistema de integração entre pecuária (pasto) e floresta vem para reduzir a sensibilidade de produção de forragens a sistema de pasto em monocultivo. Esse sistema já é bastante usado em outros biomas como cerrado, floresta amazônica e atlântica. Na Caatinga vemos ainda poucos exemplos de aplicação desse conceito. O principal benefício deste método é a contínua formação de carbono pela ciclagem de nutrientes das espécies de árvores nativas e a proteção do solo pelo acúmulo de matéria orgânica, principalmente folhas, na superfície do solo e no período de falta de chuva durante o ano. As principais caraterísticas são descritas na tabela de baixo.

Tabela 7. Premissas e benefícios do iLPF no sistema MAIS.

PREMISSAS BENEFICIOS

a) O sistema deverá ser rentável no curto, médio e longo prazo;

a) Maior longevidade do pasto, permanecendo por mais tempo em condição de ser ofertado ao rebanho, por estar verde e/ou macio, isso pode dobrar a capacidade de uso do pasto, não na lotação deste, mas no tempo..

b) As espécies forrageiras usadas terão tolerância a sombreamento, com possível resposta de aumento de produtividade sob sombreamento parcial.

b) Melhor conservação do solo devido à redução da velocidade de escoamento da água na superfície do solo;

c) A espécie forrageira cactácea Opuntia fícus indica Mill (Palma forrageira) não responde positivamente a sombreamento, também não diminui seu crescimento por isso.

c) Maior ciclagem de nutrientes do solo, devido à captação de nutrientes em camadas do solo não exploradas pelos cultivos forrageiros;

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d) O sistema buscará uso de conjunto de espécies para produção de madeira para serraria, madeira para carvão, madeira para estacas, madeira para produção de móveis, forragens para caprinos/ovinos/bovinos, nitrogênio para o solo e flores com potencial melífero.

d) Deposição de matéria orgânica no solo, devido à deposição de folhas pelas árvores caducifólias;

e) O sistema buscará plantio em nível. e) Redução da evapotranspiração, devido à redução da velocidade de ventos;

f) O sistema buscará máxima luminosidade para a espécie cactácea

f) Melhoria do ganho de peso animal devido ao aumento do conforto térmico;

g) Melhoria dos índices reprodutivos do rebanho devido ao aumento do conforto térmico;

h) Diminuição de gastos devido a menor necessidade de reforma dos pastos;

i) Produção de madeira, mel e fruta

j) Produção de forragens com alto valor proteico com potencial de fenação;

k) Potencial aumento da lotação das pastagens devido ao aumento da fertilidade do solo e produtividade do pasto;

O tempo de recuperação estimado de uma população de árvores, para formar árvores com copas que se tocam é de 6 anos no método de regeneração assistida com plantio de árvores (não haverá fechamento da floresta); de 10 a 15 anos no método de regeneração natural, onde há fechamento total da área; e de 15 a 20 anos no método de regeneração assistida com plantio de palma com pasto e árvores, onde também espera-se fechamento total da área. Todos os detalhes para a implementação do sistema iLPF estão no capítulo referente a iLPF nos manuais do MAIS CORDEIRO e do MAIS LEITE.

3. Mecanização da produção. O uso das pequenas máquinas e implementos de produção listadas no ANEXO 1 – Tecnologias do MAIS - é necessário para diminuir o trabalho manual do(a) produtor(a) e aumentar a eficiência produtiva. A razão da necessidade de mecanizar a produção surge da constatação que o produtor familiar na região semiárida continua a produzir, colher, carregar e armazenar manualmente o alimento para seu rebanho. Isso torna o trabalho muito desgastante, cansativo e ineficiente em relação ao uso do recurso mão-de-obra. Uma das principais razões da baixa taxa de armazenamento de alimentos na região semiárida é justamente a falta de acesso a tecnologias que ajudem o produtor produzir e armazenar mais alimentos e com eficiência. A mecanização da produção é uma das principais medidas de resiliência climática do MAIS.

4. Orçamento forrageiro e hídrico para 10 vacas em lactação, 8 solteiras e 2 novilhas ou 80 matrizes com 2 reprodutores. A finalidade desta ação é a definição da necessidade hídrica a forrageira do rebanho a partir da disponibilidade de alimentos na propriedade e olhando no aumento da variabilidade climática. Os principais pontos são:

a. Plantio de palma forrageira, produção de forragens no sequeiro, recomposição de pasto em sistema iLPF. A divisão das áreas de forma indicativa é indicada na tabela de baixo:

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Tabela 8. Área do sistema de produção MAIS.

Área necessária para segurança alimentar, MAIS Leite e MAIS Cordeiro (Ha)

Área necessária no MAIS Horta: 300 m2

Palma adensada 1,5-1,8 Produção Unidade de venda

Produção/corte ou colheita semanal

Buffel para feno 4,0-5,0 Alface crespa/lisa

pé 133

Sorgo para silagem

1,2-2,0 Coentro molho 100

Buffel pasto 7,0-7,5 Cebolinha molho 30

Maternidade 0,5 Rúcula molho 12

Centro de manejo

0,5 Pimentão conjunto de 4 pimentões pq.

30

Área necessária produtiva total

14,7-17,3 Tomate kg 11

Área de reserva legal

2,9-3,5 Couve molho de 15 folhas

11

Área total da propriedade

17,6 – 20,8 Salsa molho 10

a. Quando for possível, produzir forrageiras em pequenos lotes irrigados (gotejamento

enterrado e aspersão) tanto com água sem sais quanto com água carregada de sais (salobra) para aumentar a eficiência do uso da terra.

i. Uso da água de pequenos açudes, poços e cacimbas; ii. Tratamento da água salobra com sistemas de desativação iônica de baixo

custo antes de ser usada para irrigação; iii. Reciclagem da água provinda dos lares, inclusive de sanitários, povoados e

cidades para irrigação eficiente de palma e forragem; iv. Recomendações de boas práticas para diminuir o risco de

salinização/sodificação do solo b. Elaboração de uma ração balanceada. Uso de uma ração balanceada tanto para o

período seco quanto para o período chuvoso, para o estádio de lactação e fora de lactação e com complementação energética e proteica.

c. Diversificação de produtos. A diversificação de cultivos no tempo e no espaço para reduzir a dependência de um cultivo e a propagação de pragas e patógenos específicos.

d. Armazenamento físico da água. E’ necessário fazer uma estimativa do consumo hídrico do rebanho, incluindo anos com pluviosidade abaixo da media. E’ possível que o(a) produtor(a) não tenha toda a água suficiente para garantir a autossuficiência hídrica do rebanho ao longo do ano ou nos períodos de estiagens prolongadas. Neste caso é

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necessário explorar opções para viabilizar a segurança hídrica do rebanho. Algumas estratégias a serem exploradas são:

v. Uso do abrandador para dessalinizar água de cacimba e poços com custo baixo;

vi. Construção de cisterna calçadão; vii. Construção /ampliação de açudes e reservatórios;

5. Semi-confinamento do gado. Durante os primeiros três anos, período em que o agricultor precisar construir a estrutura de semi-confinamento.

6. Análise química das águas e do solo. A finalidade das análises é planejar o uso da terra para proporcionar melhor relação benefício/custo entre aporte de recursos de fertilidade e produtividade agrícola. A análise da água é para identificar tratamentos necessários para seu uso.

7. Sistemas conservacionistas do solo e de adubação e fertilização orgânica. Sistemas conservacionistas consistem no uso de técnicas especificas como curvas de nível, a manutenção de serrapilheira sobre o solo, enriquecimento do solo com composto orgânico, fertilização com preparações ricas em nutrientes através de recursos naturais e sempre que possível local, uso de protetores e repelentes de insetos e microrganismos que não agridam o meio ambiente.

3.2 Nível 2: produtor com nível médio de resiliência Uma vez que o produtor consiga produzir alimentos em quantidade suficiente para manter o rebanho, além de conservar o meio ambiente, trabalhar-se-á a melhoria genética do animal. De fato é necessário primeiro conseguir estabilizar a produção de alimentos em quantidade suficiente durante o ano todo para aumentar a produtividade de leite e carne. A estratégia neste caso é usar animal com melhor carga genética, tanto comprado quanto produzido com fertilização artificial usando sêmen de boa qualidade.

3.3 Nível 3: produtor com alto nível de resiliência O produtor avançado é aquele que conseguiu segurar alimentação para o rebanho nos anos de estiagens prolongada e procura uma maior rentabilidade através de leite de maior qualidade. Com este produtor, O MAIS propõe as seguintes atividades adicionais:

8. Ordenha mecanizada. Para os produtores que têm uma capacidade produtiva e um grau de organização maior, usa-se a ordenha mecanizada;

9. Resfriamento do leite. O uso de pequenos sistemas de resfriamentos de leite na propriedade do produtor (por exemplo, de 300 a 1000 litros) é essencial para melhorar ainda mais a qualidade do leite;

10. Auto-gerenciamento da unidade produtiva. O produtor passa a ter em mãos ferramentas para gestão de rentabilidade do seu negócio. O técnico de campo passa a ter um papel um pouco diferente, representando principalmente somente um assessor para melhorias.

Todo o processo para levar o produtor do nível 1 até o nível 3 é feito através de capacitações especificas e programas de monitoramento da propriedade. A estimativa é que o produtor consiga ir do nível 1 ao nível 3 no período de 3 a 5 anos.

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4 Como implementar o MAIS do Adapta Sertão Esta secção explica os passos necessários para implementar o MAIS.

4.1 Passo 1 – Engajamento do produtor 1. VISITA TÉCNICA. Engajamento do produtor. As seguintes atividades serão necessárias

durante uma primeira visita ao produtor; a. O primeiro passo é visitar um produtor que tenha já implementado o MAIS e tenha

conseguido um desenvolvimento bem superior à média dos agricultores da região. b. Depois é necessário refletir junto com o produtor individualmente. O que ele(a)

gostou mais dessa visita? O que ele(a) acha que pode melhorar na propriedade a partir da experiência deste produtor? O técnico terá que elaborar o projeto a partir da resposta do produtor porque é por aqui que o produtor tem abertura para mudar. Exemplos:

i. Produtor: “Pecebi que estou desperdiçando muitos alimentos”. Técnico: “Então vamos elaborar uma ração balanceada para você não desperdiçar e ter mais lucro”

ii. Produtor: “Gostei do cultivo de palma”. Técnico: “Então vamos dimensionar o seu cultivo de palma para começar manter os animais em 1 ano de seca com uma ração balanceada. Depois você pode expandir, mas vamos começar devagar para entender como é que funciona.”

c. Gravar as informações do ANEXO 4 – Linha de base da produção. Essas informações servem para entender a propriedade e os objetivos de produção do produtor. Algumas das perguntas do ANEXO 4 – Linha de base da produção são listadas aqui embaixo. Para a lista completa, por favor conferir o Anexo:

i. Quais são os alimentos e forrageiras que ele tem dentro da propriedade (medir a área e/ou o número ou plantas)?

ii. Qual é ração que ele fornece para os animais durante o período seco e o período chuvoso?

OBS: o produtor terá que fornecer as quantidades de produtos que ele fornece para o balanceamento da ração. Por exemplo: 2 kg de soja, 3 kg de milho e 20 kg de palma e 10 kg de capim por dia. OBS: Caso o produtor não saiba especificar, tente fazer este cálculo junto com ele, preparando a ração “padrão” que ele fornece e pesando as quantidades.

iii. Quantos litros de leite produz o animal por dia hoje? iv. Quantos litros de leite poderia produzir se tivesse uma ração balanceada?

d. Definir e marcar junto com o produtor: i. As forrageiras com a qual ele quer trabalhar. Não pode ser mais que seis

alimentos. ii. A área onde ele/ela quer produzir forragem com irrigação.

iii. A área onde ele/ela quer produzir forragem no sequeiro. iv. A área de reserva legal. v. OBS: as áreas certas tanto de forragens quanto de reserva serão marcadas

com GPS somente depois do cálculo de balanceamento da ração, mas é importante que o produtor dê essas respostas para começar pensar sobre esses assuntos.

4.2 Passo 2 – Balanceamento da ração e orçamento forrageiro O segundo passo é o balanceamento da ração:

1. Balanceamento da ração. Geralmente a maior parte das respostas é, ou pode estar ligada diretamente à alimentação animal como descrito no exemplo acima. Então, se o produtor não

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estiver muito ciente dos princípios da alimentação animal, o técnico necessitará fazer uma ligação clara entre produção de leite e carne com alimentação usando exemplos simples. Exemplo: “Se o homem comer somente milho e feijão, ele vai ficar desnutrido. Os animais são exatamente a mesma coisa. Se a alimentação não for balanceada, eles não produzem muito leite. Se der a quantidade de proteína além do necessário, eles não vão usar e vão a desperdiçar, o que é um prejuízo”.

2. Uma ração balanceada durante o ano todo. Idealmente o animal teria que comer sempre a mesma ração balanceada ao longo do ano para manter a biologia do rúmen estável e portanto sua capacidade de conversão de fibra em energia. Porém nem sempre isso é possível e assim temos que ter como meta a menor variação possível, determinado principalmente por dois fatores, i) a presença de produção de forragem (ex:pasto) que depende de luminosidade, temperatura e regime hídrico e ii) custo de diferentes tipos de alimento para animais em produção ou não. Quando se altera os componentes do alimento dos ruminantes, existirá um período de readaptação, que pode reduzir a produtividade do leite e o ganho de carne; esse período que pode durar até semanas. No módulo MAIS LEITE, teremos 5 variações de alimentação, a saber: i) bezerro, ii) novilha, iii) vaca seca, iv) vaca em lactação período seco e v) vaca em lactação em período chuvoso. No módulo MAIS CORDEIRO teremos separação em três partes do ano para matrizes e borregas, i) a pasto exclusivo ; ii) a pasto suplementado, e iii) confinado.; já para borregos e reprodutores, somente para ambiente confinado. Em ambos os casos teremos essas variações para anos sem pasto e com pasto.

3. Elaboração da ração balanceada. Usar a planilha fornecidas nos módulos MAIS Leite e MAIS Cordeiro para:

a. Elaborar a ração balanceada a partir dos alimentos que o produtor tem dentro da propriedade. Não vamos usar mais que seis alimentos

i. Palma ii. Forragem energética (capim) via pasto, feno ou silagem

iii. Concentrado energético (ex: farelo de milho, farelo de trigo, etc) iv. Concentrado energético (ex: farelo de soja, torta de licuri, torta de cevada,

etc)

4. Dimensionamento das áreas. As planilhas descritas acima fazem o dimensionamento das áreas nas respectivas abas descritas como “módulo”. Cada modulo tem uma área especifica de forragem para garantir a segurança alimentar do animal.

5. Apresentar os resultados para os produtores. Usar os resultados e imprimir numa folha para discussão com os produtores usando o ANEXO 2, lembrando aqui que os benefícios são diretos e indiretos. Os diretos são o aumento da eficiência produtiva de leite e carne e a melhoria da condição nutricional do animal, permitindo crias melhores, maior longevidade produtiva e menor sensibilidade a doenças e intempéries; indiretas como a redução do desperdício de alimento fornecido erroneamente e redução de trabalho das pessoas envolvidas na atividade produtiva, tanto em cultivar a terra quanto em cortar e fornecer ao rebanho.

4.3 Passo 3 – Orçamento hídrico 6. Orçamento hídrico. O terceiro passo é calcular a necessidade hídrica dos animais. Usar a

planilha na folha “Orçamento hídrico”. a. E’ importante entender a disponibilidade de água do produtor. Caso o produtor não

tenha uma disponibilidade hídrica suficiente, será necessário entrar com pedido na prefeitura para ampliar os açudes ou construir poço ou uma cisterna.

4.4 Passo 4 – Compartilhamento dos resultados com o produtor e plano de implantação

7. VISITA TÉCNICA. Resultados no anexo 2 e plano de implementação. Usando a planilha do ANEXO 5 – Planejamento da propriedade, será necessário discutir todos os resultados com o

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produtor. Usando sempre o ANEXO 5 – Planejamento da propriedade, será necessário elaborar um plano de implantação deixando o produtor sugerir por onde ele quer começar a criação/alteração das áreas. Nesta etapa é necessário definir as áreas e medí-las com o GPS.

8. Durante a implementação do MAIS é muito provável que o técnico tenha que voltar para a propriedade mais de uma vez para esclarecer duvidas, fazer capacitações especificas sobre o uso da tecnologias e consertar eventuais problemas que surgirem

4.5 Passo 5 – Plano de armazenamento das forragens O plano de armazenamento das forragens será uma etapa especifica do projeto e precisará de um planejamento especifico e detalhado. Aqui na lista abaixo estão alguns dos pontos principais que terão que ser discutidos nos detalhes numa fase avançada do projeto. O plano de armazenamento de forragens será o foco de uma capacitação detalhada.

VISITA TÉCNICA. Plano de armazenamento. Durante uma visita técnica será necessário elaborar um plano de armazenamento na base dos seguintes pontos:

a. Enfatizar a necessidade de armazenar alimentos na forma de feno ou silagem, armazenando palma in natura, ou armazenando fibra na forma de pasto reservado.. Conversar com o produtor para que ele/ela entenda.

i. O desperdício de alimentos ao deixar o gado solto no pasto sem uma metodologia de manejo.. Sabe-se que há grande perda de pasto por pisoteio, morte de capim por excesso de resíduos e não aproveitamento integral do capim produzido por hábito alimentar seletivo de pastoreio.

ii. A necessidade do confinamento em alguns períodos do ano ou em anos sem pasto algum. Durante o período de confinamento o animal reduz seu gasto energético pois se movimenta menos, o que leva a engorda/produção com mais facilidade. Também há dificuldades advindas do confinamento como questões relacionadas a stress, incidência de doenças e problemas entomopatogênicos, devido principalmente a falta de conhecimento de manejo e dimensionamento de estruturas para sistema confinado. No caso do projeto, parte do período que houver chuva e pasto formado, estimado em 4 meses por ano, o rebanho será manejado a pasto, com sistema de rotação de pastos. Na metodologia do MAIS Leite será feito piqueteamento para reserva de pasto, (pasto diferido) com complementação de feno e palma, para período seco do ano. Já no caso so MAIS Cordeiro, 8 meses serão a pasto, sendo 4 desses com suplementação e os 4 meses restantes do ano confinando todo o rebanho.

iii. As tecnologias fornecidas pelo projeto foram pensadas especificadamente para viabilizar o armazenamento dos alimentos.

b. Metodologia de armazenamento: O produtor poderá fazer uso de equipamentos para formação de fardos de feno enfardadora manual de fardos (13 kg) e/ou lonas plásticas pretas de polietileno de espessura de até 150 micra para fazer silos envelopados sobre o solo, metodologia mais prática e usual feita pelos produtores locais. A recomendação do projeto é a confecção dos fardos e silos em sistema de trabalho comunitário, principalmente pela necessidade de realizar ambas as operações em curto período de tempo a partir do momento que se iniciou o processo, para manter ao máximo a qualidade nutricional do alimento..

c. Cálculo da quantidade de kg de feno ou silagem necessários para garantir a alimentação animal para suportar de 2 a 3 anos de estiagem e como garantir o armazenamento. No caso de silos, recomendamos a uso de silos sobre o solo, em sistema envelopado, dividido em unidades de 10 metros de comprimento por 3 metros de largura e 1 metro de altura coberto de camada de terra por cima, para fins de conservação. Para feno há a possibilidade de armazenamento em galpão, caso o produtor já o tenha, ou em sistema envelopado com a mesma lona usada para silagem,

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fechado por todos os lados, para abrigo contra a água. No feno, em todos os casos, há o problema de ataque de ratos.

4.6 Exercício 1 Dados iniciais Vamos instalar o sistema produtivo “Adapta Sertão” num produtor que separou cinco animais com as seguintes características: Animais

-­‐ São 5 vacas de leite com 6 anos de idade e com 5 bezerros (equivalência de 7 animais) -­‐ Peso médio dos animais: 400-450 Kg -­‐ Todas estão entre o começo (até 3 meses) e no meio (até 6 meses) da lactação -­‐ O produtor conseguiu tirar até 13 litros/dia, mas conseguiu chegar neste nível uma vez só. O

agricultor que vendeu o animal conseguia tirar até 15 litros/dia. -­‐ Hoje o produtor tira na media 5 l/dia por animal

Alimentação

-­‐ A ração que o produtor fornece hoje para o animal é: Cana picada, 29 Kg/dia/animal Silagem de milho, 22 Kg/dia/animal Leucena feno (NDT: 52%; PB: 19%; MS: 88%), 3 Kg/dia/animal Capim buffel. Não tem área irrigada e consegue fornecer o ano todo. 43 Kg/dia/animal

-­‐ Vamos estimar que o custo de produção de cada alimento deste seja de 0.05 R$/Kg (roçar, combustível, diárias, desgaste do material, etc...)

Disponibilidade hídrica

-­‐ Ele tem um poço com capacidade muito baixa, de 5000 litros/dia, e que funciona somente 6 meses por ano. Ele usa 80% desta água para irrigar o pasto

-­‐ Ele não tem açudes -­‐ Ele teria um recurso para construir uma cisterna de 52000 litros, mas somente se for necessário

Quesitos

-­‐ Balancear a ração usando os critérios do modelo produtivo do Adapta Sertão para que ele consiga ter o maior lucro possível no final do mês

-­‐ Calcular as áreas necessárias para a implementação do sistema -­‐ Calcular o orçamento hídrico -­‐ Incluir todos os dado nas planilhas do Anexo 2 para apresentar para o produtor -­‐ Use as produtividade de baixo para o dimensionamento das áreas

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Tabela 9.

ALIMENTOS  PRODUÇÃO  POR  HECTARE  POR  CICLO  (Kg/Ha/Ciclo)   CORTES  POR  ANO  (Cortes/ano)  

Cana  de  açucar  (irrigada)   120.000   1  Silagem  de  milho   20.000   1  Feno  de  leucena   2.272   2  Capim  buffel  sequeiro   2.025   3  Farelo  de  algodão   1.0   1  Farelo  de  soja   1.0   1  Silagem  de  abacaxi   30.000   1  Silagem  de  parte  aérea  de  mandioca   5.000   1  Palma  adensada   300,000.0   1  

4.7 Exercício 2 Dados iniciais Vamos instalar o sistema produtivo “Adapta Sertão” num produtor que separou 5 animais com essas caraterísticas: Animais

-­‐ São 5 vacas de leite com 5 anos de idade e 5 bezerros -­‐ Peso médio dos animais: 500 Kg -­‐ Todas estão entre 6 meses e 9 meses da lactação -­‐ O produtor conseguiu tirar até 20 litros/dia, -­‐ Hoje o produtor tira na media 10 litros/dia por animal

Alimentação

-­‐ A ração que o produtor fornece hoje para o animal é: o Palma 30, Kg/dia/animal o Silagem de folha de mandioca, 10 Kg/dia/animal o Gérmen de milho 2 kg/dia/animal o Farelo de soja 2 kg/dia/animal o Feno de Tifton 10 kg/dia/animal. Tem área irrigada e consegue fornecer até 20

kg/dia/animal se precisar. -­‐ Vamos estimar que o custo de produção de cada alimento deste seja de 0.05 R$/Kg (roçar,

combustível, diárias, desgaste do material, etc...) Disponibilidade hídrica

-­‐ Ele tem um poço de 5.000 l/h de água com sais e utiliza 100 % para irrigação. Também tem uma cacimba de 5000 l/dia para o gado. Tem um açude de 20 m x 20 m x 1,5 m profundidade média.

-­‐ Ele irriga 5 mm dia para o tifton, será que está fazendo certo ? Vale a pena irrigar ? Quesitos

-­‐ Balancear a ração usando os critérios do modelo produtivo do Adapta Sertão para que ele consiga ter o maior lucro possível no final do mês

-­‐ Calcular as áreas necessárias para a implementação do sistema -­‐ Calcular o orçamento hídrico -­‐ Incluir todos os dado nas planilhas do Anexo 2 para apresentar para o produtor -­‐ Use as produtividade da tabela do exercício 1 para o dimensionamento das áreas, fazer um

cálculo com silagem de abacaxi e outro com silagem de folhas de mandioca.

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5 Como implementar o plano de recaatingamento numa propriedade rural com sistema MAIS do Adapta Sertão

O plano de recaatingamento ou preservação florestal de um mínimo de 20% da área do(a) produtor(a) é uma condição necessária para que ele(a) possa ter acesso ao MAIS, as capacitações e a assistência técnica. Essa secção explica como implementar o plano de conservação ambiental dentro do MAIS.

5.1 Passo 1 – Engajamento do produtor Este passo visa a transformação interna dos valores do agricultor, quebrando paradigmas trazidos de gerações e criando questionamentos internos para provocar a mudança de perspectiva e da geração de atitude conservacionista. As ações para isso são:

a) Palestras nas comunidades sobre os seguintes assuntos:

i. Percepções de alteração do clima local, principalmente temperatura, volume de chuvas, distribuição das chuvas, recorrência de períodos de estiagem prolongada e perenização de cursos d’água.

ii. Disseminação de publicações cientificas e dados mostrando os impactos nas comunidades sobre impactos criados pela alteração do clima na agricultura e pecuária, principalmente em relação ao sucesso obtido nos cultivos, variação na produção de leite ou carne. O Adapta Sertão fornece as ferramentas de comunicação necessárias.

iii. Relações intrínsecas da destruição da CAATINGA com a alteração local co clima, usando a memória dos mais antigos sobre chuvas e rios.

iv. Disseminação de informação sobre os importantíssimos serviços ambientais e ecossistêmicos da caatinga e a necessidade de preservação do bioma. Exemplo: aumento da infiltração de agua no subsolo; perenização da vazão de rios e nascentes; contribuição na formação de nuvens e chuva; aumento da disponibilidade de agua no subsolo; melhoria na qualidade da agua subterrânea; proteção contra a erosão e lavagem de solo; amenização das temperaturas; aumento da fertilidade do solo; produção de vários tipos de arvores forrageiras para os animais; proteção da biodiversidade e sequestro de carbono para mitigar os efeitos da mudança climática.

b) Conversa com cada família agricultora, realizada pelo técnico do projeto, na casa do produtor rural, sobre o assunto da alteração do clima e da importância do meio ambiente para o fornecimento dos serviços ambientais listados acima. Nessa conversa é feita um aprofundamento da pesquisa e uma leitura do resumo das informações obtidas pela pesquisa do Adapta Sertão sobre mudança climática e do impacto desta sobre a produção de leite no território do Jacuípe, em comparativo com o estado da Bahia.

5.2 Passo 2 – Criação do plano operacional de recaatingamento nas propriedades rurais Esse plano visa criar um plano de recaatingamento de povoados a partir das propriedades rurais envolvidas com o sistema MAIS do Adapta Sertão. O objetivo é juntar o maior número possível de propriedades rurais com recomposição para criação de corredores verdes. O apoio das cooperativas e outras entidades locais podem ajudar também no planejamento das áreas. O tempo de aplicação será contínuo.

A metodologia concebida está embasada nas seguintes ações:

a) criação de módulos de repovoamento por semeadura com uma área determinada, espaçados e alocados de acordo com a formação de corredores ou talhões compartilhados;

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b) recomposição de comunidades, permitindo a convivência de aves e animais,

c) colocação proposital de restos vegetais e madeira seca para atrair insetos e pássaros,

d) enriquecimento de áreas já povoadas por espécies arbóreas e arbustivas por mudas, de essências de importância forrageira, frutíferas e madeiras de alta qualidade;

e) semeadura de espécies primárias para formação rápida de dossel;

f) recomposição de banco de sementes;

g) criação de corredores ecológicos e blocos de conservação inter propriedades;

h) uso de plantas fixadoras de nitrogênio de ciclo anual junto a semeadura de espécies arbóreas;

i) uso de tecnologias diversas para diminuir o risco de insucesso (gel no plantio de mudas e na semeadura, inoculante para sementes de leguminosas, nutrição com pó de rocha fosfatada junto ao inoculante, sulcação em nível entre outros);

5.3 Passo 3 – Implantação A implantação da área de recaatingamento nas propriedades dos(as) produtores(as) com sistema MAIS do Adapta Sertão seguirá as seguintes atividades:

a) Levantamento com GPS para marcação da área que será reservada para recomposição. Essa marcação será a comprovação do agricultor com a vertente conservacionista do projeto. Alguns piquetes deverão ser usados para delimitar esta área. A área determinará o arranjo, a forma, a posição dos núcleos de repovoamento. Os critérios de importância de localização são:

• Próximo a uma área de caatinga, mesmo degradada, a uma distância de 50 metros. Para promover também o reflorestamento da distância entre as duas áreas.

Figura 3. Critérios de localização

• Ao lado de outros núcleos, no sentido de caminhamento de outra área de caatinga. Para formar um corredor ecológico, por onde os animais

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Figura 4. Critérios de localização

• Nos terrenos ao lado da calha de um rio/riacho, para proporcionar infiltração de água que alimentará o rio/riacho. Nesse caso serão necessários vários núcleos de reflorestamento.

Figura 5. Critérios de localização

• Próximo a casa e ao curral, para proporcionar conforto térmico. De preferência cercando dois lados tanto da casa quanto do curral.

Figura 6. Critérios de localização

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Figura 7. Reflorestamento próximo a áreas com mata

Fonte:http://www.siebertambiental.com.br/site/modules/fotos/public- photo.php?photoId=1#photoNav

Figura 8. Formação de corredor florestal

Fonte: http://dukeenergybr.wordpress.com/tag/rio-paranapanema/

Área preferencial para iniciar reflorestamento

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Figura 9. Recomposição mata junto a corpos hídricos

Fonte:http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/meio-ambiente/conteudo.phtml?id=1350894&tit=Uma-decada-de-sustentabilidade

a) Levantamento botânico das espécies remanescentes na área para fins de repovoamento seletivo, enriquecendo com espécies com menor frequência, mas respeitando a população de cada espécie dentro do bioma caatinga original.

b) Implantação da área por semeadura. Para cada tarefa (4356m2) requisitada a ser reflorestada, será criado um núcleo de 1000 m2, em forma quadrada, com linhas de semeadura ou plantio espaçadas a cada 2 metros. Todas as linhas serão alocadas em concordância ao nível do terreno. O sulco será enriquecido com fertilizante orgânico compostado (5 litros por metro de sulco) e gel para hidratação das sementes (2 litros por metro de sulco). Em situações onde somente foi feita semeadura, o projeto não poderá entrar com mudas neste mesmo momento, pois o índice de mortalidade sem irrigação, por experiência local, chega aos 100%. Assim, em tais áreas, somente após o fechamento do dossel, que levará em média 5 anos, será possível o plantio de mudas para o seu enriquecimento. A expectativa de recomposição da Caatinga até sua plenitude de espécies e povoamento é de 15 a 20 anos. O comprimento total de sulcos por núcleo será dividido pela quantidade de espécies pioneiras para saber o comprimento que será semeado por cada espécie.

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Figura 10. Modelo de plantio

Figura 11. Modelo de formação do sulco

Tabela 10. Espécies para uso em semeadura

Nome popular Nome científico Características

Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tul. Folhas para alimentação animal;

Coronha ou erva de São João

Acacia farnesiana Flores com alto potencial melífero;

Juazeiro Ziziphus joazeiro Folhas e frutos para alimentação animal com alto potencial melífero

Jurema branca Mimosa artemisiana Flores com alto potencial melífero;

Jurema preta Mimosa tenuiflora Folhas e frutos para alimentação animal com alto potencial melífero

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Mulungu Erythrina velutina Willd. Rápido crescimento;

Pau Ferro ou Jucá

Caesalpinia ferrea Mart. Ex

Tul. var. ferrea

Madeira de boa qualidade, flores com alto potencial melífero;

Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Benth. Crescimento rápido, madeira para estacas;

Tabela 11. Densidade de sementes por metro de sulco e consumo de semente por núcleo

Nome popular

Nome científico Quantidades de sementes por metro de sulco (s/m)

Peso de 1000 sementes (g)

Consumo semente em 1 núcleo (g/núcleo)

Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tul. 5 237,05 75

Coronha Acacia farnesiana 5 131,58 41

Juazeiro Ziziphus joazeiro 5 581,40 183

Jurema branca

Mimosa artemisiana 5 44,50 14

Jurema preta Mimosa tenuiflora 5 11,00 10 (mínimo)

Mulungu Erythrina velutina Willd. 5 498,20 157

Pau Ferro Caesalpinia ferrea Mart. Ex

Tul. var. férrea

5 172,33 54

Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Benth.

5 45,45 14

Feijão de Porco

Canavalia ensiformis 5 1100 2750

TOTAL GERAL EM GRAMAS POR NÚCLEO (espécies nativas) 549

TOTAL GERAL EM GRAMAS POR NÚCLEO (adubo verde) 2750

Junto a semeadura das espécies pioneiras, usando uma densidade de 5 sementes por metro de sulco, também será semeada a espécie conhecida como feijão de porco (Canavalia ensiformis) para promover enriquecimento de nitrogênio, a ser fixado do nitrogênio atmosférico. O peso de 1000 sementes de feijão de porco é de 1100 gramas. Tais sementes serão inoculadas com bactérias da estirpe Rhizobim tropici, e também receberão um “encapamento” com termofosfato, a fim de melhorar o processo de enraizamento.

a) Implantação da área por enriquecimento. Em área que já contem caatinga, mesmo que não esteja com todas as suas espécies, tanto em diversidade quanto em quantidade, será enriquecida pelo plantio de mudas de espécies secundárias e clímax, com foco em espécies com potencial forrageiro, frutífero, melífero e madeireiro, dentro do dossel. O projeto prevê, por levantamento em informações de pesquisa, que serão adicionadas 277 mudas por núcleo, espaçadas a cada 1,8 metros entre mudas e 2,0 metros entre linhas, em sistemas implantados por semeadura de pioneiras. Em áreas parcialmente conservadas, a quantidade de mudas por

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módulo, (500 m2) será a mesma, mas o plantio não terá uma regra de espaçamento mas, sim de “encaixe” em áreas de clareira e áreas sub arbórea. As espécies usadas e suas respectivas quantidades dependerão de prévio levantamento botânico da área a ser recomposta. Para cada muda plantada, serão semeadas duas sementes de feijão de porco na cova, para fixação de nitrogênio e proteção de insolação.

Tabela 12. Espécies usadas para o enriquecimento de áreas degradadas.

Nome popular Nome científico Posição Características

Angico Anadenathera colubrina

(Vell.) Brenan var. cebil

(Griseb.) Altshul

Sob sombra Madeira de boa qualidade, folhas para alimentação animal;

Aroeira Myracrodruon urundeuva

Allemão

Em clareira Madeira de ótima qualidade;

Cajueiro Anacardium occidentale L. Em clareira Frutífera

Canafístula Senna spectabilis Em clareira Flores com alto potencial melífero;

Catanduva Piptadenia moniliformis Em clareira Folhas para alimentação animal, flores com alto potencial melífero;

Copaíba Copaifera langsdorffii Desf. Sob sombra Flores com alto potencial melífero, madeira de boa qualidade;

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Sob sombra Flores com alto potencial melífero, madeira de boa qualidade;

Pau mocó Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

Sob sombra Flores com potencial melífero na estação seca;

Seriguela Spondias purpurea L. Em clareira Frutífera

Tamboril Enterolobium contortisiliquum Em clareira Flores com alto potencial melífero, madeira de boa qualidade;

Umbuzeiro Spondias tuberosa L. Em clareira Frutífera

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Tabela 13. População de espécies, densidade de mudas e uso de gel com composto.

Nome popular Nome científico Quantidades de mudas por núcleo

Peso de gel já hidratado por cova (ml) e volume de composto (litros)

Angico Anadenathera colubrina

(Vell.) Brenan var. cebil

(Griseb.) Altshul

25 500/2

Aroeira Myracrodruon urundeuva

Allemão

25 500/2

Cajueiro Anacardium occidentale L. 25 500/2

Canafístula Peltophorum dubium 25 500/2

Catanduva Piptadenia moniliformis 25 500/2

Copaíba Copaifera langsdorffii Desf. 25 500/2

Pereiro Aspidosperma pyrifolium 25 500/2

Pau mocó Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

25 500/2

Seriguela Spondias purpurea L. 25 500/2

Tamboril Enterolobium contortisiliquum 25 500/2

Umbuzeiro Spondias tuberosa L. 25 500/2

a) Outras medidas também serão tomadas para a eliminação do processo de degradação, as quais são:

• Retirada do acesso de animais na área a ser reflorestada; • Instalação de cerca no perímetro da mesma área, sendo esta convencional ou elétrica; • Fazer um aceiro com largura de 5 metros em volta da área em reflorestamento;

b) Bem como medidas para recomposição da fauna e do banco de sementes presente no solo; as quais são:

• Transplante de solo sob área de caatinga para as entre linhas do núcleo, este solo carrega muitas sementes;

• Colocação concentrada em 4 pontos do núcleo, de serrapilheira, troncos, galhos para o abrigo de insetos e pequenos animais.

• Instalação de 5 poleiros artificiais, para atração de aves.

c) Plantio de espécies arbóreas para sombreamento ameno sobre a área de capineira para leguminosas, a fim de promover redução de temperatura abaixo da copa e para criar camada de folhas sob o solo, reduzindo perda de água por evaporação e degradação da microflora e fauna do solo por ação direta da incidência dos raios solares. O plantio será por mudas, seguindo espaçamento 10 x 10 m ou 12 x 10 m. A espécie usada será Enterolobium contortisiliquum (tamboril) e seguirá o mesmo procedimento de plantio de mudas para os núcleos de enriquecimento.

d) Plantio de mudas de gravatá (Neoglasiovia variegata) conhecido acumulador de água natural por ser uma bromélia em sistema de núcleo em uma área concentrada de 5 m x 5m dentro do

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núcleo. A função desta planta é a atração de animais e insetos. A função do plantio nesse núcleo é para a formação e disseminação de mudas, de forma natural.

e) Construção de pequenas barragens na calha do rio, que funcionarão como micro reservatórios. Com distância de 20 metros entre elas e com um volume aproximado de 50 m3 por reservatório.

f) Em todos os casos, é recomendado, por experiência do próprio projeto, o plantio de palma, numa densidade de 5000 plantas por hectare, para evitar que o produtor deixe o rebanho entrar na área.

Figura 12. Localização de micro barragens

Fonte: gentilmente cedida pelo agricultor Abelmanto em Riachão do Jacuípe

Calha do rio

Micro açude

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Figura 13. Dimensões relativas de micro barragens

Fonte: gentilmente cedida pelo agricultor Abelmanto em Riachão do Jacuípe

a) Plantio de palma dentro da área de recaatingamento. É uma medida que visa aumentar a segurança do produtor em ter alimento nas épocas de longa estiagem. Esta palma não é calculada dentro do projeto, pois seu acesso é mais difícil e o plantio não é em sistema intensivo. Quanto mais o produtor puder fazer o plantio de palma dentro da área de caatinga, previamente cercada, melhor.

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5.4 Registro das lições aprendidas apos 18 meses de implementação de áreas piloto

Tabela 14.

Fase Resultado obtido

Lição aprendida Modificações possíveis para mitigação de riscos

Planejamento e

monitoramento de reflorestamento

Sucesso com metodologia alternativa

Produtor não quis seguir metodologia de cercar e isolar área, por considerá-la produtiva. Não entendeu que área de preservação de flora e fauna deve ser isolada e de vegetação densa, para proteção da fauna. Mesmo o produtor tendo devastado a área reflorestada em 2014, está plantando árvores por toda a área, porem espaçadas a 5 metros e distribuídas aleatoriamente.

Maior trabalho em sensibilizar sobre a importância da manutenção de áreas cercadas e isoladas.

Plantio de palma forrageira dentro da área de reflorestamento, para coibir o produtor de deixar os animais entrarem na área.

Fazer o CAR da propriedade e através do documento de PPRA, forçar compromisso do produtor.

Assistência técnica monitora também a área de reflorestamento

Planejamento e

monitoramento de reflorestamento

Insucesso Produtor deixou rebanho entrar na área cercada pois era onde havia restado um pouco de pasto, mostrando que reflorestar sem nenhum mecanismo inibidor gerará insucesso.

Plantio de palma forrageira dentro da área de reflorestamento, para coibir o produtor de deixar os animais entrarem na área.

Fazer o CAR da propriedade e através do documento de PPRA, forçar compromisso do produtor.

Assistência técnica monitora também a área de reflorestamento

Planejamento e

monitoramento de reflorestamento

Insucesso parcial Fazer reflorestamento em área muito distante da sede da propriedade pode gerar insucesso, devido a dificuldade de monitoramento e cuidado. No caso específico, o vizinho deixou entrar rebanho de bovinos na área reservada e os animais pisotearam as mudas e plantas recém brotadas.

Fazer implantação sem custo ao produtor pode gerar insucesso, pois ele não se esforçará para proteger e cuidar

No planejamento, colocar a área inicial de reflorestamento perto da sede, para facilitar cuidado e monitoramento.

Fazer o CAR da propriedade e através do documento de PPRA, forçar compromisso do produtor.

Em algum momento cobrar o material usado, ou mão de obra utilizada.

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Planejamento e

monitoramento de reflorestamento

Sucesso com ritmo menor que o esperado

Semear depois de período bem quente pode não promover germinação total no mesmo ano, atrasando em um ano a germinação e aumentando o risco de diminuição da população.

As mudas pegaram muito bem, mas demandaram trabalho em molhá-las pelo produtor.

A disciplina em manter a área fechada garantiu o sucesso da ação, essa disciplina foi orientada pela determinação do produtor em ver a área reflorestada, com uma grande consciência ecológica.

Apos ver sucesso, o produtor se animou e começou expandir a áreas a ser reflorestada

O trabalho de conscientização faz a diferença na hora que não há mais fiscais na área.

A mulher tem grande papel de incentivadora da manutenção da área.

O plantio de pequena quantidade iniciais de mudas (menos que 50 unidades) possibilitou que todas fossem cuidadas, podendo mostrar sucesso que incentiva para expandir a área.

5.5 Exercício Dados iniciais Vamos instalar o modelo de recatingamento do “Adapta Sertão” num produtor que tem 15 tarefas de terra, com a seguinte característica: Área produtiva

-­‐ 7 tarefas de pasto degradado Buffel; -­‐ 3 tarefas de palma plantio convencional -­‐ 3 tarefas de mandioca (para farinha)

Área “preservada”

-­‐ 2 tarefas de caatinga não conservada A caatinga não está cercada e o gado entra na área, não há novas mudas crescendo, provavelmente pela entrada de animais. Existe basicamente catingueira, pereiro e meia tarefa somente com algaroba. Quesitos Veja o desenho abaixo representando a propriedade:

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-­‐ Calcular a quantidade de área que será preservada -­‐ Determinar a disposição da área a ser reflorestada -­‐ Determinar a posição do(s) núcleo(s) levando em consideração:

Criar corredor ecológico ou grande núcleo Melhorar o clima próximo a casa Minimizar o uso de cercas, considerando que toda a propriedade já é isolada por cerca

com os vizinhos -­‐ Determinar qual área será transferida para recatingamento, pasto, mandioca ou palma e

escrever a razão. -­‐ Calcular a quantidade de sementes de cada espécie florestal e do adubo verde -­‐ Calcular a quantidade de mudas para enriquecimento, para cada espécie -­‐ Calcular quantidade de fertilizante orgânico e de gel -­‐ Determinar como será manejada a área com algaroba, sendo essa exótica a Caatinga e

sabidamente redutora de diversidade. Use as espécies das tabelas mostradas neste manual do sistema produtivo.

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ANEXO 1 – Tecnologias do MAIS para produtor com baixo nível de resiliência climática

Este anexo apresenta de forma esquemática todas as tecnologias que são utilizadas dentro do MAIS para produtores de baixa resiliência climática.

Neste nível, o(a) produtor(a) não é resiliente a mudança do clima pois não consegue produzir alimentos o ano todo em quantidade suficiente para alimentar o rebanho de forma adequada por falta de conhecimento, recursos naturais, financeiros ou implementos. Os implementos e estratégias aqui propostas diminuem o trabalho manual, aumentam a eficiência do trabalho e ajudam estruturar a propriedade para que o produtor consiga produzir e armazenar mais alimentos. O objetivo é produzir e armazenar alimentos para o produtor conseguir enfrentar até três anos de seca.

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Ficha da Tecnologia

1.1 SEMI-CONFINAMENTO DOS ANIMAIS PARA PASTEJO ROTACIONADO

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Descritivo:

O semi-confinamento é o sistema de criação de animais em lotes, onde os animais ficam com acesso somente ao curral e a piquetes para pastejo. A água e os alimentos são fornecidos em pequenos tanques e cochos. O semi-confinamento tem muitas vantagens: i)aumenta a eficiência de uso do pasto, pois o pisoteio dos animais degrada o pasto e diminui o aproveitamento das forragens num mínimo de 30%; ii)diminui o gasto energético do animal que engorda com mais rapidez ou usa a energia mais produtivamente (por exemplo para produção de leite); iii) permite balancear a ração para manter os animais com a mesma produção de leite ou ganho de carne o ano todo; iv) permite uma gestão mais fácil dos animais, por estarem todos reunidos, facilitando por exemplo acompanhamento de cio, doenças, vacinação entre outras atividades.

Para ter acesso ao módulo produtivo MAIS do Adapta Sertão é necessário semi-confinar obrigatoriamente os animais mais produtivos, visando acelerar a engorda, otimizando o processo produtivo e estabilizando a produção de leite o ano todo de acordo com os objetivos do(a) produtor(a) e o uso da propriedade.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

O confinamento diminui o risco de degradação da caatinga, aumenta a eficiência da propriedade, aumenta o ganho produtivo do animal, sendo ele carne ou leite, permite uma criação com respeito ao bem estar do animal, e aumenta a produtividade do trabalho do(a) agricultor(a). Tudo isso traz vantagens econômicas e ambientais de grande importância para o produtor e ao meio ambiente.

Preço (estimativas, 2013):

Cerca com arame e madeira: R$ 5 a R$ 10 por metro linear dependendo do material

Cerca elétrica: R$ 2 a R$ 5 por metro linear dependendo do modelo e material

Garantia:

3 meses a 1 ano, dependendo do fabricante

Empresas / modelo:

N/D

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Ficha da Tecnologia

1.2 REFLORESTAMENTO DO BIOMA CAATINGA

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Descritivo:

O bioma Caatinga fornece vários benefícios ambientais de importância fundamental para a agricultura. Infelizmente a importância da preservação e recuperação da caatinga é ainda ignorada ou subestimada. A presença de densa vegetação em vários estratos permite a infiltração de água no subsolo e a disponibilidade de água no subsolo para perenizar a vazão de rios e nascentes que hoje são efêmeros, contribui na formação de nuvens e chuva, protege contra a erosão e lavagem de solo, ameniza as temperaturas. A Caatinga oferece árvores e arbustos com potencial forrageiro, melífero, para madeira, para frutas e também com potencial medicinal. Protege a biodiversidade e sequestra o carbono para mitigar os efeitos da mudança climática.

Para ter acesso ao módulo produtivo MAIS do Adapta Sertão é necessário preservar obrigatoriamente um mínimo de 20% da área como reserva legal.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

Para recomposição vegetal de áreas desmatadas, o Adapta Sertão usa a metodologia de nucleação. A área a ser recomposta é dividida em lotes de 500 a 1000 m2. O reflorestamento é feito usando uma quantidade de mudas ou semente proporcional à densidade de biodiversidade local. O uso de mudas ou semente depende do tipo de recomposição.

Para maiores informações sobre a metodologia de recomposição vegetal adotada pelo Adapta Sertão, consultar o manual de implementação do MAIS na pagina www.adaptasertao.net

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque a recomposição vegetal e a proteção do bioma caatinga ajuda a amenizar e reverter os impactos da mudanças do clima na região. Sem caatinga e cobertura vegetal, o semiárido irá rapidamente se tornar um deserto.

Preço (estimativas, 2013):

Aprox. R$ 500,00 entre sementes e mudas a cada 5 hectares de nucleação

Garantia:

N/D

Empresas / modelo:

N/D

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Ficha da Tecnologia

1.3 ARMAZENAMENTO DE ÁGUA E ORÇAMENTO HÍDRICO

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Descritivo:

A água é um dos recursos naturais mais importantes para agricultura e agropecuária, pois ela é um elemento fundamental na produção vegetal e animal. Na região semiárida a pluviosidade é baixa e irregular e a evapotranspiração é muito alta, gerando um déficit hídrico na maior parte do ano. O armazenamento físico da água no semiárido vem feito de várias formas: cisterna calçadão, cisterna de enxurrada, cisterna de água de telhado, cacimba, poço tubular, açude, barragem, barragem subterrânea. Essas são as principais tecnologias usadas para o armazenamento físico da água e cada uma delas tem sua função especifica.

É importante entender a quantidade de água necessária para garantir a sobrevivência dos animais ao longo do ano e em época de estiagem prolongada também. Por esta razão é necessário calcular o que é a quantidade de água necessária a ser armazenada na propriedade para garantir uma boa produtividade dos animais, incluindo eventuais perdas por evaporação e transpiração e estiagens prolongadas. O orçamento hídrico pode ser também usado para calcular a quantidade de água necessária para produzir alimentos (forragens, hortaliças, fruta, etc) durante o ano.

A partir do orçamento hídrico é quantificado o volume das infraestruturas hídricas necessárias para armazenar a água.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

Com a diminuição da chuva e o aumento das temperaturas na região semiárida pela mudança climática, é necessário armazenar muito mais água em relação ao passado. Todas as infraestruturas hídricas servem para este propósito, mas algumas têm mais capacidade para atender a demanda hídrica que outras, como poços tubulares ou açudes e barragens de médio e grande porte.

Preço (estimativas, 2013):

O valor varia em dependência do tamanho da infraestrutura, a partir de R$ 8000 para cisternas maiores (calçadão) até 50 ou 60 mil reais ou mais para açudes acima de 500 horas máquina, R$ 10000 a R$ 15000 um poço tubular (60 metros profundidade) pronto para bombear água.

Garantia:

N/D

Empresas / modelo:

N/D

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Ficha da Tecnologia

1.4 RAÇÃO BALANCEADA

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Descritivo:

A dieta de cada tipo de animal e de cada etapa fisiológica da sua vida é diferente. Para maximizar o ganho de peso e chegar próximo ao limite físico-genético de produção de leite do animal é necessário formular rações balanceadas que tenham em consideração a correta proporção de alimentos (volumosos, proteicos e energéticos). Este balanceamento se dá através de cálculos considerando o peso e raça do animal, idade, clima, disponibilidade de alimentos, custo dos insumos e objetivos de produção.

O MAIS do Adapta Sertão usa uma metodologia de cálculo específica para planejar a produção da propriedade de acordo com estes parâmetros, estabelecendo as proporções entre os alimentos e suas quantidades, de forma a obter um valor nutricional próximo ao ideal.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

O balanceamento da ração tem como objetivo a maximização da eficiência do uso dos insumos para diminuir os custos e os gastos excessivos com comida. Quando a ração não é balanceada é fácil que o produtor forneça uma quantidade de comida abaixo ou acima do ideal. No primeiro caso isso diminui o ganho de peso e/ou a produção de leite; no segundo caso o alimento (e portanto dinheiro) é desperdiçado pois o animal pode assimilar com eficiência somente uma quantidade máxima de alimentos por dia.

A mudança climática impacta na segurança alimentar local diminuindo a produção de alimentos. Por esta razão é essencial que o animal seja alimentado na perspectiva do maior custo-benefício possível.

Preço (estimativas, 2013):

N/D

Garantia:

N/D

Empresas / modelo:

N/D

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Ficha da Tecnologia

1.5 PALMA FORRAGEIRA: NUTRIÇÃO E ARMAZENAMENTO BIO-HÍDRICO

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Descritivo:

A palma forrageira (Opuntia ficus-indica L.) e ́ uma das principais alternativas para alimentação de caprinos, ovinos e bovinos no semiárido brasileiro. A palma é uma cactácea. As cactáceas são plantas capazes de absorver, reter e controlar a perda de água, mesmo em situações de pouca oferta de água devido as suas adaptações morfológicas e fisiológicas adquiridas ao logo de centenas de milhares de anos. Isso significa que em período de estiagem a palma continua seu crescimento, mas de maneira lenta, sem impactar de forma repentina no conteúdo de água. Ela surge como alternativa ao armazenamento físico da água, pois ela contém 90% de água e consegue controlar a perda de água pela transpiração, o que não ocorre em tanques a céu aberto.

A palma forrageira é talvez a estratégia mais eficiente que existe hoje de armazenamento de água numa forma vegetal ( ). Um hectare de palma adensada, por exemplo, contém a mesma quantidade de água de 6 cisternas calçadão (300 mil litros).

O uso da palma forrageira é uma tecnologia obrigatória na implementação do MAIS do Adapta Sertão pela enorme contribuição à segurança alimentar e hídrica do rebanho.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

A produção de forragem no semiárido brasileiro e ́ comprometida pelo baixo índice pluviométrico e pela ausência ou má ́ distribuição das chuvas durante grande parte do ano. Os pesquisadores apontam que com a mudança do clima este cenário é destinado a piorar. Devido a esta oscilação na oferta de alimentos e água para o rebanho, a atividade agropecuária da região e ́ impactada negativamente. A palma forrageira surgiu como estratégia de armazenamento biofísico de água para amenizar essa situação, representando também uma excelente fonte alternativa de alimentos com bom coeficiente de digestibilidade da matéria seca, com boa produtividade nos períodos de estiagem também. Se a palma for fornecida, o consumo de água de uma vaca cai de 100 litros/dia para 40 litros/dia.

Preço (estimativas, 2013):

1 Hectare de palma adensada: R$ 16 a R$ 20 mil

Garantia:

N/D

Empresas / modelo:

N/D

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Ficha da Tecnologia

1.6 BALANÇA ANALOGICA OU DIGITAL PENDURÁVEL ESCALA ATÉ 100 KG COM GANCHO

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Descritivo:

Balança tipo relógio com ponteiro ou com display digital, sistema interno mecânico, portátil tipo gancho, sem cinta de pesagem, em caixa metálica lacrada, faixa de pesagem de 1 a 100 kg, menor subdivisão de escala de 1 kg, acompanha 2 ganchos em aço galvanizado, molas internas com tratamento anti ferrugem, visor em acrílico. Sendo digital, possuir botão de tara.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

O uso da balança é necessário para poder pesar a produção agrícola, pesar animais de pequeno porte e verificar o ganho de peso, pesar a alimentação que é fornecida aos animais e a adubação fornecida a lavoura. Com isso ele pode criar uma referência para comparar diferentes ações e manejos adotados.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque ajuda no processo produtivo adotado pelo agricultor. Com o monitoramento proporcionado por esta tecnologia, o(a) produtor(a) consegue entender melhor o próprio desempenho, eficiência, rentabilidade, erros que tem cometido e avaliar qual a melhor opção a ser executada.

Preço (estimativas, 2013):

R$ 80 a R$ 200 dependendo do modelo

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Selovac: www.agrozootec.com.br

Tecmaq: www.balancascauduro.com.br

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Ficha da Tecnologia

1.7 KIT DE BAIXO CUSTO PARA DESSALINIZAR, FILTRAR E CLORAR

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Descritivo:

O sistema de dessalinização por abrandamento usa um processo químico de baixo custo para tornar águas com altas concentrações de sais (carbonatos e bicarbonatos de cálcio e magnésio) palatável a animais e não danosas ao solo, quando usadas para irrigação. O mecanismo utiliza um sistema eletrolítico para tornar as moléculas dos sais inertes, possibilitando assim a capacidade de floculação e sedimentação dos mesmos. Para o fornecimento para animais, a água deverá ser filtrada, tratada pelo abrandador, sedimentada por 12 horas e clorada. Para o uso em irrigação, basta que a água passe pelo filtro e pelo abrandador. A capacidade do abrandador em inativar os sais gira em torno de 57% a 61%

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

Várias pesquisas apontam que durante os últimos 50 anos o volume anual de precipitação em várias regiões do semiárido diminuiu entre o 20% e 30% enquanto as temperaturas medias aumentaram mais que 1°C. Por causa desta mudança, a probabilidade das secas e de períodos de estiagens mais prolongados está aumentando a cada ano. Isso implica automaticamente em uma diminuição de disponibilidade tanto de água de chuva quanto de água do subsolo, por causa de um menor volume de chuvas e temperaturas maiores. Por isso, o uso de águas de menor qualidade, como águas salobras ou carregadas de sais, torna-se uma medida necessária para melhorar a convivência com a provável intensificação dos períodos secos.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque possibilita o uso de águas para suprir as necessidades hídricas dos animais e para irrigar cultivos agrícolas que não poderiam ser usadas pelo alto conteúdo de sais. A mudança do clima está diminuindo a disponibilidade de água e por isso é necessário usar águas de qualidade inferior

Preço (estimativas, 2013):

Sistema de filtragem com caixa de água e tubulação: R$ 3000, para 1500 litros água tratada para suprir necessidade de 5 animais adultos. Sistema de redução de sais da água para irrigação: R$ 1000

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

BRINE - ESPECIALIZO

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1.8 ENFARDADORA MANUAL

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Descritivo:

A enfardadora é usada para fazer fardos de feno pela prensagem e amarro, ambos serviços manuais. Os fardos geralmente tem um peso variável entre 10 a 15kg, medindo mais ou menos 40cm x 45cm x 65 cm. A enfardadora é uma prensa que consegue compactar as forragens, podendo chegar numa produção média de até 100 fardos por dia ou mais. Idealmente este equipamento tem a sua melhor aplicação quando tiver 2 ou 3 pessoas trabalhando ao mesmo tempo. Por isso, a enfardadora manual é um implemento ideal para ser compartilhado entre agricultores(as) vizinhos(as). Uma vaca come normalmente 5 kg de feno por dia. No sistema produtivo MAIS do Adapta Sertão são necessário 5 dias de trabalho de 2 a 3 homens para enfardar o feno necessário para alimentar 5 vacas durante o ano todo.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

A enfardadora ajuda no armazenamento de forragens, pois os fardos diminuem em mais que 90% o volume de armazenamento das forragens seca. O feno é também a maneira mais eficiente de transportar forragens e fornecer capim para os animais, pois no pasto há perdas de até 50%, dependendo do tipo de capim.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque com o uso desta tecnologia, o(a) produtor(a) consegue armazenar mais alimentos para os períodos secos e de estiagem num espaço menor. Além disso, se o animal for confinado e for somente fornecido feno, não teria perda de forragens na pastagem. Essa perda pode chegar até 50%, o que compromete a viabilidade da criação animal em época de seca e estiagem.

Preço (estimativas, 2013):

R$ 2.200,00-R$ 2.700,00

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Laboremus: http://www.laboremus.com.br/linha-de-forrageiras-conjugadas.html

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Ficha da Tecnologia

1.9 PICADORA-FATIADORA CONJUGADA

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Descritivo:

A Picadora-fatiadora conjugada tem a vantagem de fatiar palma, picar capim e plantas com grãos úmidos (milho, sorgo, etc) grãos pela ação de um único motor já integrante ao equipamento. A trituração é um passo essencial na preparação da ração animal. A produção varia de acordo com a marca e modelo mas uma picadora-fatiadora pode processar de 1.000 até 10.000 Kg de forragens por hora. Capim e palma geralmente têm uma produtividade maior por hora de processamento em comparação aos grãos devido ao menos grau de dureza. Pode ser acionada por motor elétrico e diesel. Potência do motor: 3 a 15 CV (depende do modelo e velocidade de processamento)

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

A picadora-fatiadora conjugada corta e tritura forragens com uma velocidade muito maior em comparação ao trabalho manual. Seu benefício vem de realizar essas ações de maneira muito rápida, com baixo custo de operação. Sua manutenção deve ser feita cuidadosamente e a troca de implementos poderá ser um custo futuro, mas não frequente.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque diminui o trabalho manual de fatiar palma e também porque tritura forragens para o armazenamento e para a alimentação dos animais. Com essa tecnologia, o(a) produtor(a) consegue armazenar (ensilar) mais alimentos para os períodos secos e de estiagem, associado ao uso de máquinas para ensacar silagem a vácuo ou pelo uso de silos horizontais tipo “trincheira”..

Preço (estimativas, 2013):

R$ 1.800,00 a R$ 6.000,00 dependendo do modelo e potência.

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Laboremus: http://www.laboremus.com.br/linha-de-picadora-fatiadoras-conjugadas.html

Trapp: http://www.trapp.com.br/pt/produtos/rural

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1.10 KIT DE IRRIGAÇÃO LOCALIZADA

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Descritivo:

Em áreas onde a água é escassa ou cara, a irrigação localizada representa a melhor solução técnica e econômica. No método da irrigação localizada, a água é aplicada no sistema radicular das plantas por emissores pontuais (gotejadores), lineares (tubo poroso ou "tripa") ou por área (micro aspersores). Sistemas de irrigação localizada chegam ter eficiências na faixa de 80-95%, sendo os métodos mais eficientes em relação ao uso da água..

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

O uso da água para irrigação é um fator fundamental para conseguir produzir durante o ano todo. A região semiárida tem um déficit hídrico durante a maior parte do ano. Devido à falta de água, é essencial usar este recurso com eficiência. A irrigação localizada é a opção ideal para região semiárida.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque diminui o consumo de água e permite alta eficiência de distribuição com pouca mão de obra necessária. Com essa tecnologia, o(a) produtor(a) consegue produzir mais alimentos com o mesmo volume de água se comparado com outros sistemas de irrigação menos eficientes.

Preço (estimativas, 2013):

Sistema de irrigação para 5.000 m2: R$ 1,500,00 a R$ 2,500,00 para os tubos gotejadores; R$ 500,00 para tubulação; R$ 400,00 a R$ 2.500,00 para a bomba, dependendo do modelo e combustível (eletricidade, gasolina ou diesel). Como regra geral, 1 hectare custa na faixa de R$ 5.000,00 a R$ 10.000,00, dependendo do modelo de bomba e irrigação. Quanto menor a área, maior é o custo proporcional.

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Netafim: www.netafim.com.br Naan Dan Jain: http://www.naandanjain.com.br Azud: www.azud.com.br

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1.11 MOTOCULTIVADOR COM IMPLEMENTOS E CARRETINHA

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Descritivo:

Máquina cultivadora, sulcadora, carpinadora, tracionadora, acoplada inicialmente com rodas e pneus, mas com ponto para acoplamento de implementos a serem tracionados. Motor a diesel ou gasolina, sendo o motor a diesel mais resistente e com consumo menor de combustível. Potência do motor entre 5 e 10 CV. Peso entre 60 e 90 kg. Deve estar acompanhada por uma carretinha com assento para o transporte de cargas até 500 kg.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

O motocultivador faz trabalhos de cultivo, revolvimento do solo, sulcação, tração de implementos e transporte de cargas até 500 kg dentro da propriedade. Seu benefício vem da execução dessas ações de maneira muito rápida, com baixo custo de operação. Sua manutenção deve ser feita cuidadosamente e a troca de implementos poderá ser um custo futuro, mas não frequente. O motocultivador deve ser acompanhado por uma carretinha para o transporte de forragens cortadas e outros insumos dentro da propriedade.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque diminui o trabalho manual. Com esta tecnologia, o(a) produtor(a) consegue aumentar a eficiência do uso do seu trabalho, priorizando atividades como planejamento, estocagem de alimento, comercialização, entre outras.

Preço (estimativas, 2013):

Motocultivador: R$ 3.500,00 a R$ 12.000,00; Carretinha: R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00.

Total: R$ 4.500,00 a R$ 13.500,00 dependendo do modelo, potência e implementos.

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Branco: http://www.branco.com.br/produtos/motocultivadores/

Toyama: http://www.toyama.com.br/categorias.asp?cod_categoria=46

Buffalo: http://www.buffalo.com.br/?link=categorias&id=22

Carretinha Motocultivador

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1.12 KIT DE BAIXO CUSTO PARA O REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA CINZA E NEGRA

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Descritivo:

Em áreas onde a água é escassa ou cara, a reciclagem das águas cinzas (torneiras) e negras (banheiros) junto com irrigação localizada representa uma excelente solução técnica e econômica de baixo custo para pequenos cultivos. O uso ideal desta água é para cultivo de palma forrageira ou de frutíferas. Não é aconselhado o uso desta água para produção de hortaliças por causa da alta carga bacteriológica que pode comprometer a saúde humana.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

A reciclagem das águas é de fundamental importância em áreas com baixa disponibilidade hídrica. A região semiárida tem déficit hídrico durante a maior parte do ano. Devido à falta de água, é essencial usar este recurso com eficiência. A reciclagem das águas para irrigação é uma opção ideal para região semiárida para o cultivo de palma ou frutíferas.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque reusa um recurso escasso e tão importante como a água. Com desta tecnologia, o(a) produtor(a) consegue produzir mais alimentos e/ou forragens reutilizando a água com irrigação localizada.

Preço (estimativas, 2013):

O sistema é composto por um conjunto de 3 tambores para biodigestão, decantação, filtragem, tubulação e mangueiras de gotejamento. Estimativa: R$ 700,00 a R$ 1.500,00.

Garantia:

N/D

Empresas / modelo:

N/D. E’ um sistema de fácil instalação que aproveita tecnologias disponíveis localmente.

Sistema de reaproveitamento da água cinza e negra em Pé de Serra, Bahia

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1.13 ROÇADORA LATERAL SEMI PROFISSIONAL

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Descritivo:

A roçadora lateral é um equipamento usado na agricultura para cortar capim e vários tipos de forragens. É um equipamento de uso fácil e de alta praticidade.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

A roçagem é a “colheita” das forragens. Este equipamento diminui de até 90% o tempo de roçagem em comparação com o corte manual.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque diminui o trabalho manual e aumenta o rendimento e o resultado. . Com esta tecnologia, o(a) produtor(a) consegue aumentar a eficiência do uso do seu trabalho, priorizando atividades como planejamento, estocagem de alimento, comercialização, entre outras

Preço (estimativas, 2013):

R$ 900 a R$ 3500 dependendo do modelo e potencia

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Toyama: http://www.toyama.com.br/categorias.asp?cod_categoria=7

Stihl: http://www.stihl.com.br/Produtos-STIHL/roçadeiras/01526/Agropecuário.aspx

Husqvarna: http://www.husqvarna.com/br/products/husqvarna-brushcutters-for-homeowners/

Roçadora lateral

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Ficha da Tecnologia

1.14 SELADORA Á VÁCUO PARA ARMAZENAMENTO DE FORRAGENS

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Descritivo:

A seladora á vácuo serve para o armazenamento anaeróbico de forragens. As forragens trituradas são armazenadas em sacos plásticos de 20 a 100 litros com espessura mínima de 200 micras, e selados á vácuo com a seladora antes do armazenamento num deposito fechado e protegido. O armazenamento á vácuo garante a qualidade das forragens por um período mínimo de 6 meses e sem mudar as suas características alimentares e conteúdo hídrico. Esta tecnologia é mais segura que o silo horizontal tipo “trincheira”, que pode rasgar com facilidade por ser no ambiente externo, comprometendo assim o armazenamento da inteira silagem. Além disso o armazenamento no vácuo é mais práticos pois aproveita-se somente os sacos correspondente á quantidade de forragens realmente necessária naquele período. Os sacos plásticos podem ser reutilizados varias vezes se forem abertos com cuidado e na parte mais periférica. O armazenamento no saco plástico é viável economicamente somente se armazenar uma volume de alimentos substancial.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

O armazenamento á vácuo das forragens é uma tecnologia segura e prática para armazenar uma grande quantidade de forragens. Através do armazenamento de alimentos durante o período chuvoso é possível se preparar para o período seco ou para uma estiagem prolongada.

Por que é uma tecnologia de adaptação á mudança do clima? Porque ajudar no processo de armazenamento de alimentos. Através desta tecnologia, o(a) produtor(a) consegue armazenar mais alimentos para os períodos secos e de estiagem e num espaço menor.

Preço (estimativas, 2013):

R$ 1.800,00 a R$ 6.000,00 dependendo do modelo e potência

Garantia:

6 meses

Empresas / modelo:

Selovac: http://www.selovac.com.br/produtos/camaras-simples

Tecmaq: http://www.tecmaq.com.br

Armazenamento no vácuo

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ANEXO 2 – Tecnologias do MAIS para produtor com nível médio de resiliência climática Neste nível, o(a) produtor(a) consegue já produzir e armazenar alimentos para que o rebanho consiga enfrentar até três anos de seca. Então o objetivo do produtor neste nível é a busca de um aumento de produtividade através do melhoramento genético dos próprios animais.

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2.1 ANIMAIS COM BOA GENÉTICA

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Descritivo:

A necessidade nutricional de animais com boa genética ou genética ruim é praticamente a mesma. A única diferença é a produtividade. Animais com genéticas boas conseguem ganhar peso e produzir muito mais leite que animais com genética ruim.

Não é aconselhado o uso de animais caros e de boa genética se o(a) produtor(a) não consegue fornecer uma ração balanceada durante o ano todo, pois o investimento muito provavelmente não será recompensado.

No MAIS, animais com boa genética são introduzidos somente depois que o(a) produtor(a) consiga armazenar alimentos em quantidade suficiente para garantir a segurança alimentar do próprio rebanho por um período de 3 anos de estiagens. Isso significa que o(a) produtor(a) precisa primeiro produzir e armazenar alimentos em quantidade suficiente para garantir uma alimentação balanceada o ano todo, inclusive durante períodos de estiagens prolongadas de até 3 anos. Geralmente isso se dá reestruturando o próprio rebanho, diminuindo o numero de animais mas melhorando a genética.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

Quando o produtor consegue garantir a segurança alimentar do próprio rebanho para aguentar até três anos de estiagens, é mais lucrativo ter animais com boa genética que animais com genética ruim, pois o gasto em termos de insumo e trabalho será o mesmo mas os resultados serão bem superiores. Isso permite que o produtor consiga ter mais receitas e poupar recursos para compensar nos períodos de estiagens prolongadas.

Vale a pena aqui ressaltar a importância de investir em genética somente depois que o produtor tenha assegurado a segurança alimentar do rebanho por um período de três ano.

Preço (estimativas, 2013):

Vaca de leite: R$ 4000 a R$ 10.000 ou mais dependendo da caraterística (matriz, etc)

Cabra: R$ 1000 a R$ 3000 ou mais dependendo da caraterística (matriz, etc)

Ovelha: R$ 1000 a R$ 3000 ou mais dependendo da caraterística (matriz, etc)

Garantia:

N/D

Empresas / modelo:

N/D

Animais com boa genética

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ANEXO 3 – Tecnologias do MAIS para produtor com alto nível de resiliência climática

Neste nível, o(a) produtor(a) consegue já produzir e armazenar alimentos para que o rebanho consiga enfrentar até três anos de seca e otimiza a sua produção através de animais de boa genética. Então o objetivo do produtor neste nível é a busca de um aumento de produtividade através do aumento da qualidade da produção.

E’ importante respeitar, neste nível, todos os padrões e recomendações de higiene animal e da ordenha.

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3.1 ORDENHADORA MECÂNICA COM BALDE AO PÉ

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Descritivo:

Em termos de qualidade do leite, a diferença que há entre o leite ordenhado manualmente e o ordenhado mecanicamente é a assepsia usada em um método e outro. Nenhum dos dois métodos é indicativo de leite de alta qualidade, mas com a ordenhadora mecânica se reduzem os riscos de contaminhação. A higiene em qualquer dos métodos é essencial. A escolha pela ordenha mecânica é baseada em informações como infraestrutura da propriedade, número de animais, produtividade animal (kg/dia de leite) e número de funcionários. Em caso de alta produtividade, baixa disponibilidade de mão de obra atrelada a um alto custo, será necessário considerar o método pela ordenha mecânica.

Geralmente indica-se o uso da ordenha mecânica quando já houver uma estrutura que garanta a higiene da ordenha e a produção media diária seja acima de 50-60 litros.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

Dependendo do volume de produção, a ordenha manual é uma das atividades mais cansativas e demoradas na produção agrícola, além de gerar um risco de contaminação muito grande. Com uma ordenha mecânica o(a) produtor(a) poderá poupar tempo e energia para se dedicar a outras atividades mais importantes como a gestão do rebanho, controle de produção, controle de sanidade e nutrição dos animais.

Preço (estimativas, 2013):

R$ 5.000,00 a R$ 8.000,00 dependendo do tamanho e do modelo.

Garantia:

3 meses a 1 ano, dependendo do fabricante.

Empresas / modelo:

Sulinox: www.sulinox.com ; Fockink: www.fockink.ind.br ; Racaforte: www.racaforte.com.br ; www.delaval.com.br ;

A ordenhadora

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3.2 RESFRIADORES DE LEITE DE PEQUENO PORTE

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Descritivo:

O resfriamento de leite em pequenos resfriadores (até 1000 litros) nas propriedades rurais aumenta a conservação do leite e traz vantagens como a redução de custos de transporte (a coleta não tem que ser obrigatoriamente diária), redução de risco de perder leite por descarte pelo laticínio, maior flexibilidade de processamento de derivados, cooperação em armazenamento entre 2 a 3 produtores vizinhos que tenham a mesma qualidade de produção e assepsia. Possibilita, também, mais flexibilidade nos horários de ordenha e recolha na propriedade. Isto leva a uma melhor qualidade de vida do produtor e reduz o tempo e do custo do transporte.

Em última análise, tudo isso resulta em aumento do valor pago do leite ao produtor, devido a sua melhor qualidade e a transferência de riscos e custos fixos de armazenamento. A melhor qualidade asséptica e organoléptica de leite possibilita ao laticínio a fabricação de uma maior gama de produtos e de uma melhoria na qualidade de toda a cesta de produtos.

Função como tecnologia de adaptação á mudança do clima:

Com temperaturas altas, como na área dos trópicos, é difícil garantir um leite de boa qualidade, pois o processo de ordenha, espera e transporte pode demorar bem mais que 2 horas. A mudança climática tem tornado isso mais difícil com a elevação da temperatura. A evidência deste fato é que a maior parte do leite hoje produzido na região semiárida é usada ou no processo de pulverização (leite em pó) ou no processo de longa conservação (UHT). Produtos de maior valor agregado como queijos frescos de alto padrão e leite pasteurizados não são produzidos na região de forma legalizada.

O uso de resfriadores ameniza estes impactos, trazendo mais qualidade e controle ao processo produtivo e permite às cooperativas e produtores diversificarem a produção.

Preço (estimativas, 2013):

R$ 3.000,00 a R$ 8.000,00 dependendo do tamanho e do modelo

Garantia:

3 meses a 1 ano, dependendo do fabricante

Empresas / modelo:

Sulinox: www.sulinox.com ; Fockink: www.fockink.ind.br ; Racaforte: www.racaforte.com.br ; De Laval: www.delaval.com.br

Um resfriador de leite de pequeno porte

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ANEXO 4 – Linha de base da produção

1. Explicar o modelo produtivo do Adapta Sertão; 2. Mostrar os resultados da experiência do AS com produção de leite e carne no folheto explicativo; 3. Fazer as perguntas olhando na propriedade e conferindo as informações; 4. Explicar que após a implementação do projeto, o produtor terá um período de monitoramento de 2 anos onde será comparada a produção dele antes do projeto, que é a linha de base aqui descrita, e depois do projeto. Isso é para avaliar junto com o produtor o que deu certo, o que deu errado e eventuais melhorias. 5. Desenhar a área no modelo enviado. Esse desenho será necessário depois para fazer o projeto para o produtor; 1 – Informações do técnico responsável pela elaboração

Nome Completo:

Nº CPF:

Formação:

2 – Descrição da familia

Local de Realização Município:

Comunidade:

Nome dos componentes da família

Endereço da fazenda

Data de Realização:

3 - Reflorestamento

Você foi selecionado. Você está disposto em participar do projeto sabendo que o reflorestamento é obrigatório? (sim/não)

Responder sim ou não. Tem que ser 20%. O produtor terá que assinar um contrato antes de receber a tecnologia onde ele se compromente a proteger a área identificada. Se ele/a não quiser 20% tudo de uma vez, terá que ter um mínimo, por exemplo 5% ou 10%, chegando em 20% com 5% a mais cada ano. Ou será cercada a área preservada ou os animais. Melhor cercar os animais porque faz parte do sistema produtivo Adapta Sertão.

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Qual a área que você està disposto a proteger?

Indicar o tamanho inicial e como fará para chegar aos 20%

Nesta área não será permitido o gado entrar. Este é um requerimento do projeto. O projeto ajudará com mudas de forrageiras e frutiferas nativas para ter um aproveitamento sustentável da caatinga. você concorda com este requerimento?

responder sim ou não

O confinamento ou semi-confinamento é uma condição do projeto. Você tem curral para confinamento? Se não, vai fazer quando?

Explcar que o confinamento precisa de muita sanidade para dar certo

responder sim ou não e definir um plano de ação Se nao tiver condição de confinamento colocar a possibilidade de fazer um sistema de piquetes

Tirar fotos da área a ser protegida de diversos ângulos.

tirar 5 fotos

4 - Bovinos (cows)

Ano com chuva boa (year w good rain)

Ano com chuva média (year w average rain)

Ano com pouca chuva (Período de seca) - (drought)

Período seco (dry period)

Período chuvoso (rainy period)

Período seco (dry period)

Período chuvoso (rainy period)

Período seco (dry period)

Período chuvoso (rainy period)

Quantos animais você tem em função do regime de chuva?

Quantos litros leite/dia o seu rebanho produz na média?

Quantos animais você acha que a sua propriedade suporta ter?

Qual a produção média de uma vaca de leite na sua propriedade

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(l/dia/vaca)?

Escolher as 5 vacas com maior potencial de produção. Essa serão as vacas com as quais iremos trabalhar no projeto.

Vaca_______________ Raça_______________ Idade______________

_____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia

Vaca_______________ Raça_______________ Idade______________

_____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia

Vaca_______________ Raça_______________ Idade______________

_____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia

Vaca_______________ Raça_______________ Idade______________

_____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia

Vaca_______________ Raça_______________ Idade______________

_____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia

você faz diferenciação de alimentação entre animais com boa genetica e genetica ruim? Porque?

Que tipo de alimentação você fornece para os animais de boa genetica? Qual a mistura?Quantas vezes por dia? Qual a quantidade?

Que tipo de alimentação você fornece para os animais de genetica ruim? Qual a mistura?Quantas vezes por dia? Qual a quantidade?

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5 - Caprinos (estimativa média)

Ano com chuva boa (year w good rain)

Ano com chuva média (year w average rain)

Ano com pouca chuva (Período de seca) - (drought)

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - Período seco

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - Período chuvoso

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - Período seco

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - Período chuvoso

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - Período seco

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - Período chuvoso

Raça predominante_______ Idade______________

Raça predominante_______ Idade______________

_____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia ____L/dia

Quantas matrizes tem e quantas crias tem por ano?

Que tipo de alimentação você fornece para os caprinos? Qual a mistura? Quantas vezes por dia? Qual a quantidade?

6 - Ovinos (estimativa média)

Ano com chuva boa (year w good rain)

Ano com chuva média (year w average rain)

Ano com pouca chuva (Período de seca) - (drought)

Ganho de peso/mes (Kg/mes) –ou leite (litros/dia) Período seco

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - –ou leite (litros/dia Período chuvoso

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - –ou leite (litros/dia Período seco

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - –ou leite (litros/dia Período chuvoso

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - –ou leite (litros/dia Período seco

Ganho de peso/mes (Kg/mes) - –ou leite (litros/dia Período chuvoso

Raça predominante_______ Idade______________

Quantas matrizes tem e quantas crias tem por ano?

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Que tipo de alimentação você fornece para os caprinos? Qual a mistura? Quantas vezes por dia? Qual a quantidade?

7 - Outros animais

Qua animais voce cria amais? Quantos sao?

Que tipo de alimentação você fornece para estes animais e quanto por dia?

8 - Tecnologias: descrever todas as tecnologias da propriedade e as vistoriar

Estado da tecnologia (nova, em uso, em uso precario, em desuso) e comentários

área da propriedade como um todo

área já preservada

Irrigação

Curral para confinamento, área ?

Perguntas referentes ao curral

1. É coberto? 2. Tem comedouro individual? É coberto? 3. Apresenta aspecto limpo? 4. Tem local especifico para ordenha? 5. Tem ordenhadora mecânica?

Tem energia elétrica?

Uso de palma - área plantada (tarefas)

Uso de palma adensada - área plantada (tarefas)

Milho Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______

Feijao Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______;

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Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Forragem:__________ Descrever:__________;Produção____ Kg/ano; área:_______; Pés:_________

Tem bomba de água?

Tem roçadora? Quando comprou e a potência ?

Tem triturador? Quando comprou e a potência ?

Tem micro-trator ou moto cultivador? Quando comprou e a potência ?

Tem carretinha? Quando comprou? Ter carroça a tração animal? Tem reboque para moto? Tem transporte para produçao?

Tem cacimba? L/hr

Tem poço? L/hr

Tem açude? Tamanho

Estrutura para armazenamento de

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feno (fardos)

Estrutura para silagem

9 - Irrigação usando as águas cinzas e pretas

Apresentar o projeto de reutilização das águas para o agricultor; avaliar a viabilidade de coleta e uso.

Estimar o consumo de água diário da família (l/dia)

Discutir com o produtor o uso potencial desta água tratada com palma forrageira e/ou produção de fruta.

10 - Prioridades do produtor

Qual a visão do produtor sobre a sua propriedade? O que ele quer fazer? O que ele quer produzir?

Qual a meta de produção de carne ou leite que ele queria atingir? Por exemplo, litros/dia; quantidade de animais; etc

Tem algo especifico que o produtor queira experimentar?

Espaço aberto para observações, aspirações e desejos que o produtor tenha.

Se o produtor for homem, qual a visao da mulher da propriedade? O que ela queria fazer, ter?

11 - Croqui da area

Fazer croquei da area

12. Assinaturas

Assinatura produtora Assinatura produtor Assinatura técnico

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ANEXO 5 – Planejamento da propriedade Este anexo tem como objetivo a gravação de todos os dados necessários para orientar o produtor organizar a própria área de acordo com o sistema MAIS do Adapta Sertão.

Composição da ração balanceada, período SECO E CHUVOSO.

Alimento Quantidade (Kg/dia/animal) Comentários    

       

           

       

Venda de leite

Valor ração não balanceada (R$/dia/animal)

R$_________ por dia por animal

Valor ração balanceada (R$/dia/animal)

R$_________ por dia por animal

Diferença de custo entre ração (R$/animal/dia)

R$_________ por dia por animal

Valor positivo indica diminuição de custo com a ração balanceada. Valor negativo indica aumento de custo com a ração balanceada

Produção de leite sem balanceamento -- produção atual (l/dia/animal)

________Litros/dia por animal

Produção de leite com balanceamento, estimativa (l/dia/animal)

________Litros/dia por animal

Valor do leite (R$/l) __________ R$/dia Lucro com balanceamento (R$/dia) R$________ por dia por animal

Valor positivo: ganho. Valor negativo: perda

Lucro sem balanceamento (R$/dia)

R$__________por dia por animal Valor positivo: ganho. Valor negativo: perda

Diferença diária de lucro (R$/animal/dia) R$___________ por dia por animal

Valor positivo indica quanto o produtor vai ganhar amais com uma ração balanceada. Valor negativo indica a perda do produtor com uma ração balanceada.

Diferença mensal de lucro (R$/animal/mes) R$___________ por dia por animal

Valor positivo indica quanto o produtor vai ganhar amais com uma ração balanceada. Valor negativo indica a perda do produtor com uma ração balanceada.

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Venda de carne

CARNE Valor médio da carne (R$/Kg)

Quantidade de carne total vendida - todos os animais (kg)

RECEITA TOTAL (R$)

CUSTO DA RAÇÃO POR ANIMAL (R$/animal/dia)

OUTROS CUSTOS (R$/animal/dia)

Números de dias com ração (R$/animal/dia)

Número de animais abatidos

CUSTO TOTAL (R$/animal/dia)

LUCRO (R$)

Área das forragens

Alimento Área (m2) Quantidade de sementes (kg)

   

               

       

   

Orçamento hídrico

CONSUMO DE ÁGUA DISPONIBILIDADE HÍDRICA

Consumo anual total de água, rebanho (Litros)

Disponibilidade total de água, açudes (Litros)

Evaporação anual dos açudes (Litros)

Disponibilidade total de água, poço (Litros)

Disponibilidade total de água, cisterna (Litros)

TOTAL

BALANÇO (litros/ano)

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Plano de implementação da área produtiva

1.

2.

3.

4.

5.

Planejamento padrão núcleo semeadura

1. Cercar a área e marcar os núcleos, posição e alinhamento das valas (sulcos); Preparar o composto;

2. Sulcar, trazer composto para a área, separar as sementes, separar o gel;

3. Inocular o feijão de porco, espalhar composto, hidratar o gel, espalhar gel;

4. Semeadura;

5. Cobrir a vala; Colocar poleiros artificiais; Trazer galhos/troncos podres ou mortos para a área; Trazer terra de superfície de Caatinga

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Agradecimentos

Este manual é o resultado de um longo processo de pesquisa e experimentação de campo feita através das atividades das cooperativas ligadas ao Adapta Sertão:

• COOAP – Cooperativa Agroindustrial Pintadas Ltda, Pintadas, Bahia

• COODAPI – Cooperativa de Desenvolvimento Agropecuário de Ipirá, Bahia

• COOMAI - Cooperativa de agric. Familiares de Mairi, Mairi, Bahia

• COOPAITA – Cooperativa Agroindustrial de Itaberaba, Itaberaba, Bahia

• COOPOFITE - Cooperativa Polivalentes Filhos da Terra, Pé de Serra, Bahia

• COOPSERTÃO – Cooperativa Ser do Sertão, Pintadas, Bahia

O desenvolvimento do MAIS contou com a colaboração de varias pessoas, entidades e organizações que queríamos agradecer para ter inspirado o caminho da rede Adapta Sertão:

• Eduardo Emídio dos Santos, agricultor do município de Riachão do Jacuípe, Bahia

• Emilio Lévre La Rovere, Centro Clima/Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ

• Evandro Holanda, Octavio Rossi de Moraes e Selmo Francisco Alves, Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral, Ceará

• Ewerton Torres, Olavo Vieira e equipe da Associação Caatinga, Crateús, Ceará e da Reserva Natural Serra das Alma, Crateús, Ceará

• Jennifer Burney, IR-PS/Universidade da Califórnia San Diego, USA

• Sérgio Machado Maciel, agricultor do Povoado de Gia, Fazenda Canavieira, Município de Uibaí, Bahia

• Tadeu Voltolini e Francislene Angelotti, Embrapa Semiárido, Petrolina

• Thais Corral, REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano, Rio de Janeiro , RJ

Queríamos agradecer as seguintes organizações para o suporte financeiro ao longo do tempo:

• CDKN/The Climate and Development Knowledge Network

• CNPq

• Fundo Clima, Ministério do Meio Ambiente, Brasil

• Fundo Nacional de Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Brasil

• Proadapt/Fundo Multilateral de Investimento/Banco Interamericano de Desenvolvimento

• UBA/Agencia de Meio Ambiente, Alemanha