magnitude das multas fiscais no brasil … · aprendeste muito, eu sim, mas ... sendo destacadas...

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO MAGNITUDE DAS MULTAS FISCAIS NO BRASIL POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO MANOEL DE ABREU FEITOZA ORIENTADORA: LUCIANA LIMA MARIALVES DE MELO MACAPÁ 2008

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ

CURSO DE DIREITO

MAGNITUDE DAS MULTAS FISCAIS NO BRASIL POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO

MANOEL DE ABREU FEITOZA

ORIENTADORA: LUCIANA LIMA MARIALVES DE MELO

MACAPÁ

2008

MANOEL DE ABREU FEITOZA

MAGNITUDE DAS MULTAS FISCAIS NO BRASIL POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO

Monografia apresentada à Coordenação do curso de Direito do Centro de Ensino Superior do Amapá como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito Lato Sensu, sob a orientação da Professora Luciana Lima Marialves de Melo.

MACAPÁ

2008

MAGNITUDE DAS MULTAS FISCAIS NO BRASIL POSSIBILIDADES DE REDUÇÃO

MANOEL DE ABREU FEITOZA

Aprovada em ____/____/_____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Luciana Lima Marialves de Melo

Orientadora

Instituição

_________________________________________________

Nome Completo

Titulação

Instituição

_________________________________________________

Nome Completo

Titulação

Instituição

CONCEITO FINAL: _____________________

Agradecimentos

Nessa minha caminhada primeiramente agradeço

ao ser supremo pela minha saúde e perseverança,

à minha querida esposa, Bel e filhos, Thalita e

Manoel, ao meu irmão Délcio e filhos, pela

paciência nos meus momentos de crise; à minha

tia Lurdinha e sogra Valdomira Costa Rosal pela

consideração como filho, aos meus primos, com

uma especial atenção a Tatá, Rubão e Eliezer,

por acreditar em mim, à professora e orientadora

Luciana Melo, aos Professores Vicente Manoel,

Milton Correa e Veronice Ribeiro pelo apoio e

encorajamento contínuos nas pesquisas, e aos

demais Mestres da casa, pelos conhecimentos a

mim transmitidos, aos servidores do CEAP e à

Diretoria do curso de graduação da Universidade

pelo apoio institucional e pelas facilidades

oferecidas.

“Os saberes para que tem, são poucos na vida”.

Rosendo A. Feitoza - meu pai

“in memorian”

Seus ensinamentos, conselhos e experiência de vida a mim

transmitido, valeram muito, muito, mesmo!!!!!!!!!

Pedro Rosal – meu sogro

“in memorian”

“Nadamos, nadamos e chegamos do outro lado, mas tu não

aprendeste muito, eu sim, mas continuamos sempre amigos”.

Altamir S. Cavalcante ( Papi )-Amigo de Infância

“in memorian”

RESUMO

A presente tese objetiva desenvolver um estudo sobre os elevados percentuais de multas que

são aplicados no Brasil quando do atraso dos tributos ou contribuições e aquelas por omissões

de rendimentos e por falta de entrega no prazo certo de informações dentre outras imposições

restritivas de direitos. É analisado o instituto da denuncia espontânea e suas controvérsias,

juntamente com as posições dos doutrinadores e do fisco sobre a definição das multas se

punitivas ou indenizatórias para efeitos de aplicação daquele instituto. É abordada a forma

como iniciou a tributação no mundo, sendo enfatizada a evolução da cobrança dos impostos

por cada período, por exemplo: cobrança de impostos no Egito, Grécia, Roma, Idade Média,

Idade Moderna, Idade Contemporânea e por fim a evolução das cobranças de impostos no

Brasil, sendo destacadas todas as constituições desde 1824 até a constituição de 1988. Na

seqüência, é feito exposição acerca do Sistema Tributário Nacional com destaque para a

íntima relação do Sistema tributário com o Orçamento e a Ciência das Finanças. É dada

ênfase sobre a forma atual das cobranças de multas por espécie, multa de mora, multa

acessória e multa de ofício, sendo analisada cada uma tanto na visão dos doutrinadores como

as posições do fisco. Em seguida é abordado sobre as controvérsias da Denuncia Espontânea

entre o fisco e os doutrinadores dando destaque que a mesma não deve ser interpretada

somente de forma literal (artigo 138 do CTN). E no sentido de que se o fisco aceitar em todos

as formas a denuncia espontânea não gera nenhum prejuízo, pois os tributos são atualizados e

adicionados com os juros; é ainda dada ênfase sobre as diferenças entre a Denuncia

Espontânea com a Anistia, Processo de Consulta e Elisão Fiscal. Em seguida é explicado

sobre os princípios da Capacidade Contributiva, Proporcionalidade e Razoabilidade ao aplicar

as sanções tributárias, evitando o caráter de confisco. Sobre esta tese é comentado sobre as

necessidades de redução das multas fiscais tanto de ofício quanto pelo atraso de recolhimentos

e pelo descumprimento das obrigações acessórias, sendo que às multas de oficio serão

escalonadas por tipo de infrações; e em relação a determinadas situações como, contrabando,

desvio de recursos públicos, narcotráfico etc, o fisco se posicionará de forma mais

contundente aplicando inclusive o confisco e finalmente criar normas regulamentares que

uniformiza procedimentos fiscais com relação ao instituto da denuncia espontânea.

PALAVRAS CHAVE: Anistia, Capacidade Contributiva, Confisco, Denuncia Espontânea, Elisão Fiscal, Tributos.

ABSTRACT

This thesis intent to develop a study about the high percentage of mulct charged in Brazil

when there’s a delay to pay imposts or duties and those for omission of income or not

presenting the data on time, among others imposed to restriction of rights. It’s analyzed the

voluntary denouncement and its controversies, with the position of the specialists and the

public revenue about the definition of mulcts, if they are charged to punish or to indemnity.

There’s a explanation on how the assessments began in the world, specially how the exact of

imposts was developed in every epoch, like: in Egypt, Greek, Rome, Middle Age, Early

Modern, Modern, and also the exact of impost in Brazil since the Constitution of 1824 until

the on of 1988. After, there´s a exposition about the national system that imposes duties

(Sistema Tributário Nacional) emphasizing the relation between the duty system with the

budget and the Financial Science. Emphasis is given on the current way the mulcts are

defined, according to the specialists in this field and the public revenue. After, that the text

approach the controversy between voluntary denouncement, public revenue and the

specialists, emphasizing that it cannot be understood only literally (ART. 138 do CNT). It

means that if the public revenue accepts all kinds of voluntary denouncement, it will not

make any loss, since the imposts are updated and interests are added to it. It also emphasizes

the differences between the voluntary denouncement, the amnesty, the consulting process and

the legal process of paying less impost. Soon after, it presents the principles of contributive

capacity, proportionality and reasonability to put the sanctions into practice, but avoid the

confiscation. About the thesis is explains the necessity to reduce the many types of mulcts. It

means that every mulct will be settled according to the infraction. There will be confiscation

in such situations as smuggling, defalcation of state-owned wealth, drug dealings, etc. And at

last, to institute regulative rules that unify the proceedings of inspection in regard to the

institute of voluntary denouncement.

KEY WORDS: Amnesty, Contributive Capacity, Confiscation, legal process of paying less

impost, Imposts, Voluntary Denouncement.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 16

1. HISTÓRICO DOS TRIBUTOS NO CONTEXTO GLOBAL E COMO 18

ORIGINOU NO BRASIL.

1.1. Histórico da tributação no mundo 18

1.1.1 Surgimento dos tributos no Egito 19

1.1.2 Surgimento dos impostos na Grécia 19

1.1.3 Surgimento dos tributos em Roma 19

1.1.4 Surgimento dos impostos na Idade Média 20

1.1.5 Consolidação da cobrança dos Impostos na Idade Moderna 21

1.1.6 Consolidação da cobrança dos Impostos na Idade Contemporânea com fortes

influências da Fisiocracia, do Liberalismo e Socialismo 21

1.1.7 Síntese da origem e finalidade dos impostos no mundo por Aline M. Setenta 23

1.1.8 Pensamento de Adam Smith sobre a Cobrança de impostos 24

1.1.9. Avaliação crítica das posições de Aline Maron e Adam Smit aos dias atuais 24

1.2 Histórico da Tributação no Brasil 25

1.2.1 Primeiros Tributos cobrados no periodo colonial 25

1.2.2 Chegada da familia Real ao Brasil 26

1.2.3 Constituição do Império 27

1.2.4 Primeiras Normas que traçam os fundamentos do Direito Tributário Nacional 27

1.2.5 Instituição e finalidade dos primeiro Imposto de Renda no Brasil 28

1.2.6 Reformas do Tesouro 28

1.2.7 Mudanças do Regulamento das Alfândegas 28

1.2.8 Primeira Constituição da República 28

1.2.9 Primeiras Tributações sobre salários na concepção do Imposto de Renda 29

1.2.10 Instituição do Imposto de Renda proporcional a renda com alíquotas

progressivas 29

1.2.11 Constituição de 1934 29

1.2.12 Constituição de 1937 30

1.2.13 Constituição de 1946 30

1.2.14 Constituição de 1967 e Emenda Constitucional de 1969 31

1.2.15 Constituição de 1988 32

2. FINALIDADE DA ARRECADAÇÃO DOS TRIBUTOS NO BRASIL 34

2.1. Finalidade da arrecadação dos tributos e orçamento 34

2.1.1 Sistemática da arrecadação de Receitas e peculiaridades 34

2.2 do Orçamento 36

2.2.1 Origem e características do Orçamento no Brasil 36

2.2.2 Rotinas do Orçamento Geral do Brasil 37

2.2.3 Plano Plurianual 37

2.2.4 Lei de Diretrizes Orçamentária 38

2.2.5 Lei de Orçamento Anual 38

2.3 Das disposições Constitucionais acerca do Sistema Tributário, Finanças Públicas e

Orçamento. 39

2.3.1 Sistemáticas de Receitas e despesas 39

2.4 Análise crítica acerca do Sistema Tributário e Orçamento 39

2.4.1 Avaliação dos comentários de Aline Maron, sobre o Sistema Tributário e

Orçamento 40

2.4.2 Carga tributária no Brasil. 41

3. FORMA ATUAL DE COBRANÇAS DAS MULTAS FISCAIS, EM MORA,

ADMINISTRATIVAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES

ACESSÓRIAS E DE OFÍCIO. 43

3.1. Possui a forma de punição 43

3.2. Dispositivos da multas de mora e outras implicações impeditivas do contribuinte

relacionada ao débito fiscal. 49

3.3. Dispositivos das multas administrativas por descumprimento de obrigações

acessórias e suas espécies 52

3.3.1 – Espécies de Obrigações Acessórias e as multas correspondentes pelo

inadimplemento. 52

3.4 Dispositivos das multas de ofício ou ex-offício 56

4. CONTROVÉRSIAS ENTRE O FISCO E OS DOUTRINADORES SOBRE A

DENÚNCIA ESPONTANEA CONTIDA NO ARTIGO 138 DO CÓDIGO

TRIBUTÁRIO NACIONAL 60

4.1. Doutrinadores e estudiosos 60

4.1.1 Idéias dos doutrinadores e estudiosos sobre a denúncia espontânea no Código

Tributário Nacional 60

4.1.2 O fisco não pode retrancar-se e interpretar de forma literal a denúncia

espontânea 62

4.1.3. O fisco não perde aceitando a denúncia espontânea 64

4.1.4 Do cumprimento das obrigações acessórias na denúncia espontânea 67

4.1.5 Prudência do Instituto da denúncia espontânea 69

4.1.6 Exoneração das multas ao aplicar a denúncia espontânea não afeta a obrigação

tributária 70

4.2 Supremacia do Código Tributário Nacional em Matéria Tributária 71

4.3 Posição do fisco acerca da denúncia espontânea 72

4.3.1 A multa segundo o fisco tem o caráter de indenização e não traduz em

punição 72

4.3.2 Críticas aos entendimentos do fisco 74

4.4 Parcelamento da multa na denuncia espontânea 76

4.5 As diferenças das características jurídicas da denúncia espontânea em relação à

Anistia, Elisão Fiscal e ao Processo de Consulta 82

4.5.1 Denúncia espontânea e anistia 82

4.5.2 Denuncia espontânea e Elisão Fiscal 83

4.5.3 Denuncia Espontânea e Processo de Consulta 84

4.6 O lançamento por homologação aplica-se à denúncia espontânea 85

4.7 De forma lenta a Receita Federal do Brasil já começa incentivar o Instituto da

denúncia espontânea na prática. 86

5. EMPREGO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA , PROPORCIONALIDADE E

RAZOABILIDADE NA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES TRIBUTÁRIAS, PODEM

EVITAR PERFEITAMENTE O CARÁTER DE CONFISCO 88

5.1. Capacidade Contributiva 88

5.2. Princípios da razoabilidade e proporcionalidade 90

5.2.1 Razoabilidade e proporcionalidade para efeitos tributários 90

5.3 Imposição de multas elevadas e outras formas de imposição restritivas de bens

podem ensejar confisco 92

5.3.1. Posição de Doutrinadores que não concordam que as multas não caracterizam

confisco quando aplicadas com percentuais elevados 92

6. GRADUAÇÃO DAS MULTAS 97

6.1 Porque reduzir os percentuais das multas fiscais pela Receita Federal do Brasil para

não dar o caráter de confisco 97

6.1.1 Critérios propostos para escalonar as multas fiscais por espécies. 100

6.1.1.1 - Pagamento da multa pelo atraso ou em parcelamento 100

6.1.1.2 Multas de Ofício através de auto de infração ou notificação de

Lançamento deverão seguir uma escala por tipo de infração 100

6.1.1.3 Percentual de 20% para Execução de Dívidas na PFN deve ser

extinto. 101

6.2 Proposições para eliminar as controvérsias sobre o artigo 138 do CTN – Denuncia

Espontânea 102

6.3. Confisco de bens móveis e imóveis. 102

6.3.1. Quando se aplica o confisco 102

6.4. Benefícios que poderão advir com as mudanças permanentes das multas e outros

incentivos que o fisco poderá criar para efeitos do cumprimento das obrigações

tributárias e fiscais. 103

6.4.1 Incentivos para recolhimentos antecipados 103

6.4.2 Benefícios 104

CONSIDERAÇÕES FINAIS 105

REFERÊNCIAS 107

ANEXOS 113

Anexo 01 Constituição de 1824 114 Anexo 02 Constituição de 1891 115 Anexo 03 Constituição de 1934 117 Anexo 04 Constituição de 1937 121 Anexo 05 Constituição de 1946 125 Anexo 06 Constituição de 1967 129 Anexo 07 EC 01 de 1969 134 Anexo 08 Constituição de 1988 139 Anexo 09, Espécies de tributos no Brasil 152 Anexo 10, Lei 4729/65 156 Anexo 11, Lei 8137/90 159 Anexo 12, Decreto 3000/99 166 Anexo 13, Normas impositivas de multas Acessórias 177 Anexo 14, Decreto 70.235/72 186 Anexo 15, Regulamento Aduaneiro 203 Anexo 16, Regulamento do IPI 226 Anexo 17, Lei 4.502/64 241 Anexo 18, IN MPS/SRP 3 de 2005 278

Anexo 19, Códigos de Receita 284 Anexo 20, Passivo Tributário - Brasil Relativos a tributos da União SRB 298 Anexo 21, Modelo de Notificação de Lançamento – Pessoa Física 302

SIGLAS

ADCT - Atos das Disposições Constitucionais Transitórias

ADIN - Ação Direta de Inconstitucionalidade

CADIN – Cadastro Nacional de Inadimplentes

CF – Constituição Federal

CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

CTN – Código Tributário Nacional

CTN – Código Tributário Nacional

DACON - Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais

DARF – Documento de Arrecadação Federal

DBF - Declaração de Benefícios Fiscais

DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Federais

DCIDE - Declaração de parcela da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de combustíveis das contribuições do PIS/PASEP e COFINS.

DJU – Diário da Justiça

DERC - Declaração de Rendimentos pagos a consultores por Organismos Internacionais

DEREX - Declaração sobre utilização dos Recursos em Moeda estrangeira decorrentes do recebimento de Exportação

DIF – BEBIDAS - Declaração Especial de Informações Fiscais relativas à Tributação de Bebidas

DIF - PAPEL-Declaração Especial de Informações ao controle de Papel Imune

DIMOB - Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias

DITR - Declaração do Imposto Territorial Rural

DNF - Demonstrativos de Notas Fiscais

DPREV - Declaração sobre a opção de Planos Previdenciários

DOI - Declaração de Operação Imobiliária

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IN/SRF - Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados

IE - Imposto de Exportação

II - Imposto de Importação

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

IUMP – Imposto Único sobre Minerais do País

IRPJ - Imposto de Renda Pessoa Jurídica

IRPF - Imposto de Renda Pessoa Física

LDO – Lei de diretrizes orçamentárias

LOA – Lei orçamentária anual

MF - Ministério da Fazenda

MP - Medida Provisória

OGU – Orçamento geral da União

PAES – Parcelamento Especial

PAEX – Parcelamento Excepcional

PFN - Procuradoria da Fazenda Nacional

PPA – Plano plurianual

REFIS – Programa de Recuperação Fiscal

REsp – Recurso Especial

RIR - Regulamento do Imposto de Renda

SRB - Secretaria da Receita Federal do Brasil

SRF - Secretaria da Receita Federal

SRP - Secretaria da Receita Previdência

STF - Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

TRF – Tribunal Regional Federal

16

INTRODUÇÃO

O propósito deste trabalho é levantar a tese para a redução das multas fiscais hoje

cobradas pela Receita Federal do Brasil devido às condições favoráveis macros- econômicas

do país, aliadas com as controvérsias existentes entre a aplicação do Instituto da Denuncia

Espontânea prevista no artigo 138 do Código Tributário Nacional pela Receita Federal do

Brasil em Relação à corrente majoritária dos doutrinadores e vários julgados nos Conselhos

de Contribuintes, Julgados do Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça e

Julgados nos Juízos monocráticos e a aplicação dos vários princípios constitucionais que a

nosso ver e por outros doutrinadores estudiosos do Direito Tributário estão sendo violados.

Não poderíamos de pronto iniciar a tese sem antes levar ao conhecimento do leitor de

forma sintética sobre como surgiu à cobrança de impostos no mundo, evolução e finalidades

em cada época e chegando aos dias atuais.

Iniciamos o trabalho tecendo breves comentários acerca da evolução histórica da

origem e cobrança dos tributos. E para isto nada melhor do que fazer também um retrospecto

de como iniciou no Brasil. Todos os históricos estão abordados nos capítulos iniciais.

O leitor terá a oportunidade de ao ler esses capítulos poder comparar o passado com a

realidade atual no que tange a filosofia impositiva da cobrança dos impostos e os meios

empregados pelos entes arrecadadores.

Este trabalho visa não somente ao público leigo, mas todos os profissionais que lidam

com as questões aliadas ao Direito Tributário, uma vez que, relacionamos todas aquelas

situações vinculadas à tese que vai desde a história da tributação além dos princípios que

regem sobre a forma de tributação, tais como: a Legalidade, razoabilidade, capacidade de

contribuição, proporcionalidade, progressividade, dentre outros.

A metodologia empregada para desenvolvimento do presente foi o interpretativo da

Constituição Federal, Código Tributário Nacional, Leis e Medida Provisória, Decretos,

Instruções Normativas, análises críticas e posicionamento dos diversos doutrinadores acerca

do tema, experiências de Auditores Fiscais da Receita Federal, nas áreas de Tributação,

cobrança e Fiscalização.

Ainda nesta sistemática de buscar maiores informações e chegar num posicionamento

comum sobre os atos legais e interpretá-los sobre os assuntos em voga tomamos como base as

interpretações Teleológicas e as Sistêmicas por aproximar mais de um consenso entre os

doutrinadores e julgados nos tribunais sobre o Sistema Tributário Brasileiro e além do mais

ser coerente com uma tributação justa considerando as peculiaridades de cada exigência fiscal

17

em relação a aquelas normas, especialmente no que relaciona aos princípios constitucionais.

Não deixamos de lado também aquelas interpretações literais por serem diretas do Código

Tributário Nacional.

Foi com base nisso que tomamos a iniciativa de explorar alguns pontos bastante

polêmicos entre as imposições do fisco ao poder de tributar e as doutrinas e julgados dos

tribunais em relação aos atuais percentuais das multas fiscais (em mora, de ofício e pelo

descumprimento das obrigações acessórias); os vários questionamentos doutrinários e

judiciais acerca da denuncia espontânea contida no artigo 138 do Código Tributário

Nacional; comparativo dos atuais percentuais das multas acima mencionada em relação

aos princípios da Razoabilidade, Proporcionalidade e a Capacidade Contributiva. (grifo

nosso).

Na abordagem dos temas acima principalmente com relação às multas foram

destacados alguns tributos devido às especificidades dos mesmos no Sistema tributário,

Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto de Importação, Imposto de Exportação e as

Contribuições Previdenciárias

Dado as exposições em cada capítulo e considerando várias interpretações doutrinárias

e judiciais e o momento atual da política econômica e fiscal no Brasil e ainda considerando os

princípios constitucionais e a hegemonia do Código Tributário Nacional em relação às demais

normas tributárias, e em razão do elevado volume do Passivo Tributário hoje existente, foi

defendido que as multas fiscais devam ser reduzidas e que as elas sejam graduadas tomando

como referência o tipo de infração especificamente às de ofício.

Ainda foram destacadas algumas situações que podem ser aplicadas o confisco aos

bens dos contribuintes e que a Receita Federal será o Órgão principal para confiscar devido as

suas atribuições ao poder de tributar, arrecadar e fiscalizar.

18

1. HISTÓRICO DOS TRIBUTOS NO CONTEXTO GLOBAL E COMO ORIGINOU NO BRASIL.

1.1. Histórico da Tributação no Mundo

A origem dos tributos é muito antiga. Supõe-se que as primeiras manifestações

tributárias foram espontâneas e feitas em forma de presentes aos líderes tribais por seus

serviços prestados à comunidade.

Todos os históricos através de documentos ou livros que tratam do assunto, também

enfatizam que os tributos surgiram como uma espécie de indenizações de guerra, em que os

povos vencidos, em sinal de submissão ao povo vencedor, tinham que efetuar pagamentos em

ouro, escravos ou por qualquer outra forma, inclusive a vida.

Conforme estudos da Escola de Administração Fazendária – ESAF (2005) é

encontrado alguns documentários que tratam da origem dos tributos, os quais relatam que o

texto mais antigo encontrado e que retrata a cobrança de tributos na antiguidade foi uma placa

de 2.350 ac., em escrita cuneiforme (escrita antiga em forma de cunha, da época dos assírios,

persas e medas), que descreve as reformas empreendidas pelo rei Urukagina na cidade-estado

de Lagash, localizada na antiga Suméria, entre os Rios Tigre e Eufrates. Esse documento

relata a cobrança de impostos extorsivos e leis opressivas e já nesse lapso temporal

empregava-se o confisco de bens para o rei.

E outros historiadores ainda enfatizam a enorme relevância da cobrança dos impostos

para a civilização humana onde fica evidente em razão do longo tempo de existência. Por

exemplo: Tabletes de barro datados de 4000 A.C. encontrados na Mesopotâmia são os

documentos escritos mais antigos que se conhece. Sendo essa região conhecida como o berço

da civilização. E o mais antigo desses documentos refere-se aos impostos. Nessa era, os

Sumérios além de entregar parte dos alimentos que produziam ao governo, eram obrigados

trabalhar para o rei. Outros eram empregados na colheita ou para retirar lama dos canais da

cidade (esses eram os que tinham mais sorte). Os menos afortunados eram obrigados a entrar

no exército, onde poderiam morrer. Os mais ricos mandavam escravos para trabalhar em seu

lugar. Depois, com a invenção da moeda, passaram a pagar em dinheiro.

19

1.1.1 Surgimento dos tributos no Egito.

Junto aos Egípcios as evidências indicam que, em 3000 A.C. os faraós coletavam

impostos em dinheiro ou em serviços, várias vezes por ano. Os escribas (interpretes das Leis)

eram temidos, pois, eram responsáveis por determinar a dívida de cada um. O controle era tão

rigoroso que fiscalizavam até o consumo de óleo de cozinha pelas residências, já que essa era

uma substância tributada. Os impostos eram mais altos para estrangeiros. Há fortes indícios

nesse período que os hebreus acabaram como escravos para pagar dívidas tributárias.

1.1.2 Surgimento dos impostos na Grécia.

Na Grécia (século VII ac.), institui-se o tributo administrado pelo estado, como o

conhecemos hoje. À custa do trabalho escravo e dos tributos pagos pelos cidadãos

estrangeiros que inclusive eram obrigados aos serviços militares, os gregos construíram uma

das maiores civilizações do mundo antigo. Interessante acrescentar que nesta época havia até

cobrança de impostos sob os (a) profissionais do sexo (prostitutas).

1.1.3 Surgimento dos tributos em Roma.

Ainda neste lapso temporal vamos encontrar no povo Romano a cobrança de impostos,

tais como: Importação de Mercadorias (portorium) e pelo consumo geral de qualquer bem.

Esses tributos eram pagos pelas províncias e pelos cidadãos, os quais foram de fundamental

importância para fortalecimento do império, exército e conquistas de novas terras.

Em 167 a.c. Roma se tornou tão rica à custa dos povos conquistados que suspendeu

até a cobrança de impostos sobre os seus cidadãos. Indo mais além, pois, distribuía pão e

outros produtos gratuitamente na cidade como forma de partilhar a riqueza. Como o império

era muito grande, terceirizaram a coleta de impostos. Os publicani ou fiscais adiantavam

dinheiro ao governo pelo direito de recolher impostos e, depois, tratavam de recuperar o

investimento acrescido de juros, custos de coleta e, naturalmente, algum lucro. Ainda assim,

calcula-se que menos de 10% do Produto Interno Bruto - PIB do império era cobrado em

impostos. Isso porque os gastos do governo eram limitados. Mais ou menos 50% do

orçamento eram exclusivamente destinados ao exército. Já nessa época pode ser constatado o

primeiro sistema de previdência da história da humanidade, que garantia aos legionários 13

20

anos de salário se os mesmos cumprissem 25 anos de serviço. O restante era destinado a

custear despesas relativas à política governamental como: construção de estradas, portos e

mercados e à manutenção do sistema legal.

Aqui fica uma amostra das características mais consistentes na coleta de impostos ao

longo da história da humanidade ocorrida em Roma. O valor recolhido é o limite de quanto o

governo pode gastar e não da percepção sobre quanto é justo tirar de cada cidadão. Afinal, os

romanos, que se consideravam donos dos povos conquistados, cobravam-lhes menos do que

muitos governos cobram hoje daqueles a quem deveriam servir.

Isto é algo extraordinário, legítimo e coerente com vários princípios hoje existentes

nos ordenamentos jurídicos tributários (racionalidade, proporcionalidade, capacidade

contributiva, legalidade etc.), e que são frontalmente ignorados pelos governantes do mundo

inteiro servindo de carapuça para que esses possam perfeitamente seguir tais exemplos de

como aplicar considerando os limites constitucionais da finalidade e consistência na criação

dos tributos.

1.1.4 Surgimento dos impostos na Idade Média

Na Idade Média (Feudalismo), período após a queda do Império Romano que vingou

de 476 a 1453, os camponeses também chamados de servos pagavam pesados tributos aos

senhores feudais e ainda estabeleciam relação hereditária de dependência denominada de

vassalagem em troca de proteção. Os senhores da Terra ainda tinha o direito de prender ou

matar o servo caso não pagassem os tributos devidos.

Na Inglaterra, a concentração do poder real levou a uma revolta e à criação de um dos

mais importantes documentos legais da história: a Magna Carta. Cansados dos altos impostos

cobrados pelo rei João para financiar guerras mal sucedidas no exterior os barões uniram-se

em revolta e, em 1215, obrigaram-no a aceitar limitações sobre seu próprio poder, em especial

seu direito de cobrar impostos.

De 1300 a 1700, os reinos se consolidam e tornam nações. A partir do século XV, no

ápice da Renascença, os tributos se multiplicavam na proporção em que as atividades da

sociedade se diversificavam. Diante dessas complexidades econômicas e mutações com que

passavam as diversas nações que dominavam o comércio internacional, havia a necessidade e

criação de teorias econômicas e novas formas de controle da arrecadação dos impostos. A

evolução do comércio entre as nações leva à instituição de tarifas de importação e exportação.

21

Ressurgem os impostos sobre a venda de produtos específicos como os que existiam na Roma

antiga. E aumentam os conflitos por causa dos impostos.

1.1.5 Consolidação da cobrança dos Impostos na Idade Moderna.

A Idade Moderna predomina o sistema político o Absolutismo que abrange mais de

três séculos (1453 a 1789). Nesse sistema a sociedade estruturava-se em Castas. A Nobreza e

o Clero eram as classes que detinham o poder e não recolhiam qualquer tributo. Nessa época o

estado obtinha os recursos através da arrecadação de pesados impostos sobre os comerciantes

(burgueses) e os trabalhadores (camponeses e artesãos). Foi ainda nesse período que ocorreu

um exemplo bastante significativo na história ligada às questões econômicas, sociais e

tributárias no governo de Luiz IV (Estado Nacional da França). No Sistema Tributário

predominava o despotismo “L’Etat c’est moi (o estado sou eu). Onde tinha por slogan:

“Quero que o clero reze, que o nobre morra pela pátria e que o povo pague.”

1.1.6. Consolidação da cobrança dos Impostos na Idade Contemporânea com fortes

influências da Fisiocracia, do Liberalismo e Socialismo.

Numa seqüência bastante desigual e desproporcional continuou a forma e modalidade

de cobranças de impostos no início da Idade Contemporânea e foi aí que encontramos dois

importantes acontecimentos na história: a Revolução Francesa em 1789, que teve como um

dos principais causadores as pesadas tributações em que o povo era submetido para a

manutenção do poder francês e a Independência dos Estados Unidos que teve como principal

foco, as causas dos pesados impostos que a coroa Britânica impunha as suas colônias na

América.

A Revolução Industrial do século XVIII aumenta ainda mais a complexidade da

economia e as teorias em torno de sua organização. É nessa época, chamada de Iluminismo,

que surgem algumas bases ideológicas que hoje representam à esquerda e a direita das

correntes políticas do mundo. De um lado surgem os fisiocratas, um grupo de filósofos

franceses liderados por François Quesnay que defendia a liberdade econômica dos indivíduos,

inclusive no que se refere à cobrança de impostos. A influência da fisiocracia sobre o

liberalismo moderno é inegável.

22

O pai do liberalismo, Adam Smith, lançou suas idéias no livro A Riqueza das Nações

em 1776 para fortalecer as idéias de Quesnay. A essência da doutrina popularizada por Smith

e outros, como Jeremy Bentham e John Stuart Mill, é a crença de que as leis naturais tendem a

produzir o progresso e, por isso, deveriam governar a sociedade. Isto quer dizer que os

liberais acreditavam que a economia e a sociedade deveriam operar livremente com um

mínimo de intervenção do Estado. Poliram o termo laissez-faire (“deixe fazer”, em francês)

para explicar qual deveria ser a postura dos governos frente à economia e obviamente para a

cobrança dos impostos.

Nem tudo acerca das idéias do liberalismo à época foi um mar de rosas porque

permanecia ainda uma realidade dos baixos salários e péssimas condições de trabalho dos

primeiros operários industriais e aí surgiu uma corrente de pensamento contrária ao

liberalismo clássico: o socialismo. Um dos primeiros expoentes desses ideais foi François

Babeuf um revolucionário francês que, não satisfeito com a igualdade política conquistada

pela Revolução Francesa, conspirou para derrubar o governo e fundar um sistema que

promovesse, também, a igualdade econômica. Ele foi decapitado em 1797, mas o movimento

que fundou desenvolveu e espalhou-se pela Itália e Alemanha. Seus seguidores começaram a

usar as palavras comunismo e socialismo para descrever a filosofia finalmente publicada em

1848 por Karl Marx e Friedrich Engels, com o título Manifesto Comunista. Para o socialista,

propriedades e meios de produção devem ser controlados pelo governo que, então, distribuirá

a riqueza de maneira igualitária.

Ainda no apogeu das reformas política francesa precisamente em 1798, temos um fato

Histórico na Inglaterra que foi a Instituição do primeiro Imposto de Renda, com a finalidade

primordial de arrecadar fundos e defender o país contra as forças do imperador Napoleão, que

ameaçava invadi-lo.

O primeiro programa de seguridade social surgiu na Alemanha em 1889 justamente

para combater o Partido Socialista. Previa aposentadoria para todos os trabalhadores e

benefícios para os doentes ou incapacitados. Mais tarde, seriam criados auxílios de

desemprego. Programas idênticos a esses foram adotados por outros países. Em 1924, o Chile

se tornou o primeiro país latino-americano a instituir um programa similar. Um pouco mais

tarde surgiu à idéia de dar a toda a população acesso a cuidados médicos. A medicina

socializada surgiu na Inglaterra em 1948. Hoje, o sistema de saúde de países como o Canadá

praticamente é de responsabilidade do poder público. Para financiar programas sociais como

23

esses, os governos tiveram que elevar a carga tributária para aumentar a arrecadação. Daí a

coerência da instituição ordenada de tributos.

1.1.7 Síntese da origem e finalidade dos impostos no mundo por Aline Maron Setenta.

Para melhor sintetizar este trabalho rebuscamos ainda nos escritos de Setenta (2007),

um comentário crítico e que relata os acontecimentos históricos mais contundentes da história

sobre a cobrança de impostos.

O homem reuniu-se em grupos e parcela da produção econômica foi destinada pela sociedade ao poder central a fim de que este satisfizesse suas necessidades coletivas. O aglomerado humano à medida que se tornava mais denso passava a exigir do poder central maiores demandas e maiores dispêndios ao erário público e para cumprir essas exigências eram necessários recursos levantados junto aos componentes do próprio grupo social ou de grupos subjugados. Desta forma originou-se a prestação compulsória, dando origem ao tributo que se conhece hoje. Por isso, mesmo antes do surgimento do Estado na sua concepção moderna, a tributação já era fundamental às sociedades organizadas.

As primeiras imposições tributárias, entretanto, possuíam o estigma da arbitrariedade e da injustiça e assim permaneceram até fins da Idade Média. A história de Robin Hood um personagem mítico inglês, um fora-da-lei aos tempos do Rei Ricardo Coração de Leão, ilustra bem a época em que os aldeões da Europa feudal eram massacrados pelos coletores de impostos e o herói era aclamado por roubar o dinheiro arrecadado e devolver ao povo. Assim, somente após a Revolução Francesa e o advento do Estado moderno, é que se lançaram as bases do Estado Democrático de Direito e a arrecadação passou a ter uma significação próxima à atual.

Após o advento do Estado representativo o tributo se fixou como instrumento de receita para a manutenção do aparato estatal e realização dos objetivos traçados constitucionalmente. A imposição tributária tornou-se indispensável ao Estado, à sua existência e atuação e consolidou-se ainda, como instrumento dos Estados de economia capitalista como o Brasil, no sentido de amenizar as desigualdades provocadas por este cruel sistema econômico, garantindo aos cidadãos acesso a direitos fundamentais básicos como saúde, educação e segurança. Atualmente, a tributação é regida por um conjunto de princípios e normas, por um ramo autônomo do Direito Público denominado Direito Tributário. Esse ramo do direito tem o tributo como objeto e cuida do surgimento, da fiscalização e da arrecadação da imposição tributária. A relação entre o governo central e o cidadão deixou de ser uma relação de poder, de força, e passou a constituir uma relação jurídica com base exclusivamente na lei e sendo limitado o exercício do poder de tributar do Estado. Assim, no mundo contemporâneo, é unânime a idéia de que a vida em sociedade demanda a arrecadação de tributos em prol da própria sociedade, sendo essa a função genuína da tributação: a promoção do bem comum.

24

1.1.8 Pensamento de Adam Smith sobre a Cobrança de impostos.

O grande pensador e filósofo Adam Smith em 1776, publicou em sua obra clássica, A

Riquesa das Nações, alguns preceitos da tributação coerente: justiça, simplicidade e

neutralidade e ainda os princípios que norteiam a exigências de impostos1:

- Um sistema tributário é justo quando todos, do mais pobre ao mais rico, contribuem em proporção direta à sua capacidade de pagar. O princípio da progressividade está implícito na definição – quem ganha mais deve contribuir com uma parcela maior do que ganha menos já que dispõe de maior renda disponível, renda que não está associada a seu sustento básico ou sobrevivência. - Um sistema tributário simples é relativamente fácil e barato para o contribuinte calcular e pagar quanto deve. A mesma facilidade tem o governo para fiscalizar se o contribuinte pagou o que devia. - O sistema tributário não deve influenciar a evolução natural da economia. Ou seja, não deve influir na competitividade e nas decisões das empresas e tampouco no comportamento do consumidor/contribuinte. ( Neutralidade).

1.1.9 Avaliação crítica das posições de Aline Maron e Adam Smit aos dias atuais.

Levamos ao conhecimento do leitor acerca dessas frases bem enfatizadas por Adam

Smith porque se aplicam perfeitamente aos dias atuais principalmente ao modelo de

tributação Brasileiro, quando veremos nos capítulos seguintes sobre alguns dos princípios

concernentes à capacidade contributiva e a forma proporcional de imposição tributária.

Exigências essas que em muitos casos na atual estrutura do Sistema Tributário Brasileiro

maltrata à Constituição.

Da exposição acima é fácil demonstrar também as diversas formas de cobrança de

tributos cuja finalidade variava desde a obtenção de recursos para manutenção: de festas,

guerras, aumentar o poderio de dominação sobre os mais fracos (manutenção do poder),

controle externo (comércio exterior), confisco de bens etc. Coerência sobre a existência de

tributos pode ser constatada no império Romano onde se via uma destinação para o social;

1 Segundo Adam Smith (Inquérito sobre a natureza e as causas da Riquesa das Nações) 2. ed. Trad. Luis Cristóvão de Aguiar: Fund. Calouse Gulbenkian.1989.vol.II p.485-489) quatro são os princípios que devem nortear a exigência dos impostos em geral:qualidade, certeza, conveniência de pagamento e economia na cobrança, assim definidos. A) qualidade: os súditos de todos os Estados devem contribuir para a manutenção do governo, quando possível, em proporção das respectivas capacidade, isto é, em proporção do rédito que respectivamente usufruem sob a proteção do Estado; b) certeza: o imposto que todo indivíduo é obrigado a pagar deve ser certo e não arbitrário; c) conveniência de pagamento: todo imposto deve ser lançado no tempo ou modo mais provável de ser conveniente para o contribuinte o pagar; d) economia na cobrança: todo imposto deve ser arquitetado tão bem que tire o mínimo possível do bolso das pessoas.

25

após a Revolução Francesa, Independência do Estados Unidos, Revolução Industrial, os

estudos de Adam Smith, surgimento das idéias comunistas e socialistas é que surgiram leis

que propiciaram mais coerência nos diversos tipos de tributação inclusive destinadas às

questões sociais.

O resumo acima de Aline M. Setenta retrata perfeitamente essas sequências de

acontecimentos históricos sobre a cobrança de impostos no mundo e finaliza como um freio

abs: “à vida em sociedade necessita da arrecadação de tributos em beneficio dela mesmo

sendo essa função genuína de tributação: a promoção do bem comum”. Esta conclusão nada

mais é do que um alerta ao estado democrático de direito de poder exercer a sua competência

de tributar e seguir as imposições (princípios) contidas na constituição no que tange a

instituição de tributos assim como aplicar as receitas provenientes da arrecadação dos mesmos

como foi também prevista nela retornando à sociedade através de programas sociais de forma

efetiva e permanente.

1.2. Histórico da tributação no Brasil.

1.2.1 Primeiros tributos cobrados no período colonial.

Os primeiros ensaios e forma de tributação no Brasil ocorreram no período 1500/1532

com a exploração e extração do Pau-Brasil onde a Coroa Portuguesa considerava como seu

monopólio e quando autorizavam outros a explorá-lo cobrava-se o Quinto, ou seja, a quinta

parte do produto vendido (pau-brasil). Também se cobrava o quinto sobre alguns metais e

pedras preciosas comercializados à época, como o Ouro, Prata, Cobre, pérola, etc.

No espaço temporal de 1530 a 1548 foram criadas as capitanias hereditárias sob o

domínio da coroa portuguesa no Brasil e divididas em 15 partes nas áreas litorâneas sendo

administrados por donatários (nobres) e chefe superior ou provedores que eram também

Juízes de Alfândega (burocratas) e militares. Aí surgem as primeiras repartições tributárias

denominadas Provedorias da Fazenda Real que tinham a função também de aduana e cobrava

vários tributos cuja arrecadação tinha certa destinação conforme esquema a seguir:

26

Rendas do Real Erário - Português Rendas do Donatátio – Capitão Mor e Governador

Monopólio do comércio do Pau-brasil Exploração de moendas d´água e de qualquer outro engenho

Importação e exportação de especiarias e Drogas 10%

Direitos de passagem dos rios

Quinto (20%) sobre Pedras e metais preciosos

Quinto de 20% sobre o pau-brasil, especiarias e drogas

Dízimo – 10% sobre o pescado, colheita sobre os produtos da terra inclusive;

Dízimo de 2% sobre os metais e pedras preciosas que se encontrava na Capitania

Imposto sobre cada índio tornado como escravo

Redízima, 10% da Dízima ou 1% sobre a renda da Coroa Portuguesa.

Durante mais de 200 anos (1532 a 1763) além das taxas alfandegárias que eram

cobradas pelas provedorias existiam conforme relação acima à cobrança dos tributos sobre o

consumo que era arrecadado pelos rendeiros que à época tinham o poder de Polícia, caso o

contribuinte fosse devedor remisso com suas obrigações fiscais.

Temos um fato histórico em 1789 que foi a Inconfidência Mineira, decorrente da

opressiva política fiscal da Coroa Portuguesa por ocasião da coleta da Derrama. Daí a morte

de Francisco da Silva Xavier – Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira.

1.2.2 Chegada da Família Real ao Brasil.

Em 1808 foi criado o Conselho da Fazenda, subordinado ao Erário Régio no mesmo

ano da chegada da Família Real ao Brasil.

A chegada da Família Real no Brasil foi um marco na história porque teve influência

imediata na abertura dos portos ao comércio internacional. A despeito do esgotamento das

jazidas auríferas, as aduanas voltaram a crescer em número e em movimento.

A dependência política da Coroa portuguesa em relação a Inglaterra impôs uma

orientação que protegia excessivamente os comerciantes ingleses, favorecidos por uma tarifa

de 15%, enquanto todos os demais e os próprios portugueses pagavam 24% ad valorem. Esse

paradoxo somente foi totalmente corrigido em 1826, ano em que se venceu o prazo do tratado

firmado com a Inglaterra.

27

1.2.3 Constituição do Império.

No ano de 1824, houve a promulgação da Constituição Política do Império, previa que

caberia a um Tribunal denominado Tesouro Nacional estruturado por diversas estações

devidamente prevista em lei que deveriam regular a sua administração, arrecadação e

contabilidade, juntamente com as Tesourarias e Autoridades das Províncias do Império.

Cabendo privativamente a Câmara dos Deputados a instituição de impostos bem como

aprovação dos Orçamentos. (vide anexo, 01).

Ainda na referida constituição de 1824 encontra-se no artigo 1792, os primeiros

ensaios acerca dos princípios do imposto proporcional e a capacidade contributiva de quem o

suportasse.

Entre 1830 e 1832 houve a extinção do Erário Régio das Juntas e do Conselho da

Fazenda, substituídos pelo Tribunal do Tesouro Público e pelas Tesourarias Gerais. Criaram-

se as Mesas de Rendas e as Coletorias, ao mesmo tempo em que se aboliam numerosas

repartições locais pela ineficiência de arrecadação.

1.2.4 Primeiras Normas que traçam os fundamentos do Direito Tributário Nacional.

Foi com a decretação do Ato Adicional em 12/08/1834, que traçaram os limites e os

fundamentos do Direito Tributário Nacional. Desde então, sucederam-se as disposições que

criaram, alteraram e suprimiram tributos, modificando as competências tributárias.

Por exemplo, em 1845, o Ministro da Fazenda, Alves Branco, cria nova tarifa

aduaneira, esboçando um regime protecionista que pouco durou, mas constituiu um marco na

história econômica do Brasil.

2 Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. XV. Ninguém será exempto de contribuir pera as despezas do Estado em proporção dos seus haveres.

28

1.2.5 Instituição e finalidade do primeiro Imposto de Renda no Brasil.

O Império do Brasil em 1845 criou o primeiro Imposto de Renda, para financiar a

Guerra Farroupilha. Isto ocorreu devido à revolta do Rio Grande do Sul pela sua

Independência, porque havia uma pesada imposição tributária à época sobre o gado em pé e a

arroba sobre o charque que eram os principais produtos do Estado. Observa-se aqui a

extravagância do poder de tributar, nascimento de um imposto para combater uma Guerra

decorrente da elevada tributação de outros impostos (Boi em Pé e Charque).

1.2.6 Reformas do Tesouro.

A grande reforma do Tesouro, em 1850, se deu com a criação para centralizar a

administração tributária, a Diretoria Geral das Rendas Públicas - Órgão especializado em

administração tributária que com poucas modificações subsistiu até 1934, exceto a que em

1892 alterou a Diretoria das Rendas Públicas e em 1909 para Diretoria da Receita Pública.

1.2.7 Mudanças do Regulamento das Alfândegas.

Em 02 de agosto de 1876, o Regulamento das Alfândegas sofreu profundas alterações,

introduzidas pelo decreto n. 6.272. Foi esse diploma legal que serviu de base para a célebre

Consolidação das Leis das Alfândegas e Mesas de Rendas, mandada executar por uma

circular datada de 24 de abril de 1885.

1.2.8 Primeira Constituição da República.

No ano de 1891 é promulgada a 1a. Constituição da República dos Estados Unidos do

Brasil onde pode constatar no seu interior a estrutura do Sistema Tributário de forma bastante

descentralizada e de certa forma organizada com a definição dos impostos de competência da

União dos Estados assim como os limites de tributação e forma de destinação das receitas

dentre outros princípios constitucionais. (vide anexo 2).

29

1.2.9 Primeiras Tributações sobre o salário na concepção do Imposto de Renda.

Já que as Repartições de Arrecadação Tributária – Mesas de Rendas ou Coletorias

estavam de certa forma organizadas e na preocupação em obter recursos para o Tesouro foi

editada a Lei nº 2.919 de 31 de dezembro de 1914, que orçou a Receita Geral da República

dos Estados Unidos do Brasil para o exercício de 1915 e ao mesmo tempo criou-se o imposto

sobre vencimentos, ordenados recaindo as alíquotas mais alta ao Presidente da República,

senadores, deputados e ministros de Estado. A proposta do imposto sobre vencimentos

consistia em tributar tudo de forma que ninguém devia escapar da tributação. Sobre as

quantias que fossem efetivamente recebidas em cada mês por qualquer pessoa civil ou militar

que percebessem vencimentos, ordenados, soldo, diária, representação, gratificação de

qualquer natureza, porcentagens, quotas, pensões ou de inatividade, reforma, jubilação,

aposentadoria, disponibilidade, ou qualquer outro título pela prestação de serviços pessoais,

deveria recair conforme escalonamento a seguir:

De 100$ até 299$ mensais – 8%; De 300$ até 999$ mensais – 10%; De 1.000$ mensais ou mais – 15% Presidente da República, Senadores, Deputados e Ministros de Estados – 20%; Vice-Presidente da República - 8%.

1.2.10 Instituição do Imposto de Renda proporcional a Renda com aplicação de alíquotas

progressivas.

No ano de 1922 através da Lei 4.625 criou-se o Imposto de Renda com alterações pela

Lei Orçamentária nº 4.728 de 1923 que teve como premissa básica à facilidade de aplicação

com a imposição das alíquotas proporcional à renda, variando de 0,5% a 8,0%.

1.2.11 Constituição de 1934 e Reforma do Ministério da Fazenda.

Em 1934 houve a reformulação da 2a. Constituição no Período da República

dos Estados Unidos do Brasil onde pode constatar o aprimoramento do Sistema Tributário

Nacional à época incluindo os Municípios dentre outras atribuições ao poder também de

tributar. A União passou a ter competência para decretar impostos sobre o consumo; renda e

proventos de qualquer natureza dentro outros inclusive taxas telegráficas e postais e os

30

impostos nos territórios, ainda, que a constituição conferisse competência dos estados (vide

anexo 003).

Em 1934, o Ministro da Fazenda Oswaldo Aranha procedeu à radical reforma no

Ministério da Fazenda em sua estrutura administrativa, substituindo o Tesouro Nacional pela

Direção Geral da Fazenda Nacional, gigantesco órgão composto de Departamentos, um dos

quais era o de Rendas Aduaneiras, dando pela primeira vez uma direção especializada para as

alfândegas. Essa reforma, necessária do ponto de vista político, era bastante discutível sob o

lado técnico, pois importava na duplicação de órgãos de apoio e na inevitável rivalidade entre

os diversos Departamentos.

1.2.12 Constituição de 1937.

Com a Constituição de 1937, todas as questões relativas às atividades aduaneiras

ficaram privativamente na competência da União. Relativamente aos tributos as competências

basicamente ficaram inalteradas considerando à Constituição de 1934. (vide anexo 004).

1.2.13 Constituição de 1946.

Em 1946 houve diversas mudanças na competência ao poder de Tributar, por exemplo,

foi suprimida a competência da União para cobranças das taxas telegráficas e postais, por

outro lado deu competência para cobrar imposto sobre a produção, comércio e distribuição e

consumo e a importação e exportação de lubrificantes líquidos e gasosos, estendendo-se esse

regime, no que for aplicável aos Minerais do País e à Energia Elétrica sendo que este será

cobrada uma única vez. Está nos preceitos ainda dessa constituição a competência aos três

entes (estados, municípios e União) para quando for o caso poder cobrar a Contribuição de

Melhoria e Taxas diversas de serviços. E aos municípios cobrarem também impostos das

indústrias e profissões que até a Constituição de 1937, figurava na competência dos Estados.

O importante nessa constituição de 1946 foi à inclusão do artigo 202 que pela primeira

vez na história da tributação do Brasil foi dado uma maior atenção ao princípio da “capacidade

contributiva” e o “caráter pessoal sempre que possível” na instituição de qualquer tributo.

E em plena vigência desta Constituição foi criado o Código Tributário Nacional que

através da Lei 5.172 de 1966 regula com fundamento na Emenda Constitucional n. 18, de 1º

de dezembro de 1965, o Sistema Tributário Nacional e estabelece, com base no Artigo 5º,

31

inciso XV, alínea b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário aplicáveis à

União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva

legislação complementar, supletiva ou regulamentar. (vide anexo 005).

1.2.14 Constituição de 1967 e a Emenda Constitucional nº 01 de 1969.

Conforme podemos constatar nos referidos atos constitucionais uma das primeiras

preocupações foi manter a forma de tributação como vinha sendo executada pelo Código

Tributário Nacional mesmo sendo originado por uma Lei ordinária sob a égide da constituição

de 1946, muito embora os artigos 19, parágrafo 1º e o artigo 18 parágrafo 1º dos atos acima,

respectivamente, tenham imposto como marco inicial para estabelecer normas gerais de direito

tributário dentre outras competências uma Lei Complementar.3

Na constituição de 1967 assim como na Emenda Constitucional 01/1969 vamos

encontrar uma especificidade de alguns tributos como o Imposto Único sobre Minerais do País

– IUMP, Impostos sobre combustíveis e o Imposto sobre Energia Elétrica sendo tributado

somente uma única vez (artigo 22, parágrafo 5º) e na EC 01/1969 (art. 21, incisos VIII e IX).

O imposto Sobre Produtos Industrializados – I P I terá tributação considerando a seletividade

em função da essencialidade dos produtos, e não-cumulativo, abatendo-se, em cada operação,

o montante cobrado nas anteriores. Foi dada uma melhor redação ao Imposto sobre Circulação

de Mercadorias – ICM de competência dos Estados. Outros aprimoramentos no Sistema

Tributário podem ser observado, por exemplo, a contundência de alguma vedações ao poder

de tributar, como: instituir imposto sem lei, limitações ao tráfico de pessoas, o patrimônio, a

3 CF.1967. Artigo 19 - Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios arrecadar: § 1º - Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário, disporá sobre os conflitos de competência tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e regulará as limitações constitucionais do poder tributário. EC. 01.1969. Artigo. 18. Além dos impostos previstos nesta Constituição, compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, instituir: § 1º Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário, disporá sôbre os conflitos de competência nesta matéria entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e regulará as limitações constitucionais do poder de tributar.

32

renda ou os serviços uns dos outros; os templos de qualquer culto; o jornal e os periódicos,

assim como o papel destinado à sua impressão; patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos

políticos e de instituições de educação ou de assistência social, observados os requisitos da lei;

tributo que não seja uniforme em todo o país; dentre outras competências que podemos

constatar (vide anexo 06 e 07).

1.2.15 Constituição de 1988.

Pela primeira vez na história do país temos uma Constituição que primeiramente

demonstra a preocupação com os princípios que interferem em qualquer forma de imposição

tributária. A partir do artigo 145 como se pode constatar, inicia-se o Sistema Tributário

Nacional, primeiramente determinando o que cada ente tributante pode instituir em termos de

tributos, enaltece a exemplo da Emenda Constitucional 01/1969 a Lei Complementar para

dentre outras competências, o poder de estabelecer normas gerais em matéria de legislação

tributária de um modo geral. Aliás, é interessante acrescer que de acordo com o artigo 34 dos

Atos das Disposições Transitórias desta constituição, acolheu a Lei 5.172 de 1966,

denominado Código Tributário Nacional com status de Lei Complementar para definir as

normas gerais em legislação tributária então vigente desta constituição.

Em seguimento, a constituição a partir do artigo 150 limita o poder de tributar e

somente através de Lei pode instituir ou aumentar tributo; instituir tratamento desigual entre

os contribuintes; cobrar tributos relativos a fatos geradores antes da vigência da Lei; no

mesmo exercício de instituição ou de aumento com algumas exceções; antes de decorridos 90

dias; utilizar tributos com efeitos de confisco; estabelecer limitações ao tráfego de pessoas e

bens dentre outras limitações.

A partir do artigo 153, temos os impostos de competência da União onde hoje o

principal Órgão Tributador, arrecadador e Fiscalizador responsável é a Receita Federal do

Brasil cuja competência está nos preceitos das Portarias do Ministro da Fazenda –MF nº

95/2007, alterada pela Portaria MF nº 323/2007 e Portaria MF 23/2008.

No referido artigo conforme parágrafo 5º é uma inovação no contexto da constituição,

pois, até a constituição de 1967, o ouro era considerado um imposto vinculado à mineração

cuja denominação era de Imposto Único sobre Minerais. Todavia na presente constituição o

minério quando comercializado como ativo financeiro, sofre o gravame de Imposto Sobre

Operações Financeiras - IOF de competência da União e quando comercializado como

33

mercadoria, será tributado como Imposto sobre Mercadorias e Serviços – ICMS de

competência dos estados.

Importante acrescer que nesta constituição houve a supressão dos seguintes tributos

que era de competência da União e passou a ser base tributável do ICMS: Energia Elétrica,

Combustíveis e Lubrificantes e Impostos sobre Comunicações, além do metal citado acima. E

ainda a inclusão dos artigos 157 e 1584 que faz referências ao imposto de renda de

competência da união, mas, pode automaticamente ser incorporado como receita orçamentária

dos Estado ou Distrito Federal e Municípios, caso os rendimentos pagos por eles, suas

autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem.

Outro detalhe importante que ocorreu na presente constituição foi o acasalamento entre

a tributação e o orçamento constando num mesmo título (Da Tributação e do Orçamento),

exatamente para limitar o orçamento em relação à previsão de receita (ver maiores detalhes no

capítulo II e anexos 08 e 09).

4 CF.1988. Artigo 157. Pertence aos Estados e Distrito Federal I – O produto da arrecadação dos impostos da União sobre a renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem ou mantiverem. CF.1988. Artigo 158. Pertence aos Municípios. I - O produto da arrecadação dos impostos da União sobre a renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem ou mantiverem.

34

2. FINALIDADE DA ARRECADAÇÃO DOS TRIBUTOS NO BRASIL.

2.1 Finalidades da arrecadação dos tributos e Orçamento.

A receita pública sempre esteve ligada aos regimes econômicos que predominaram na

história da humanidade. Com o advento do capitalismo, as receitas públicas derivadas

passaram a ser a principal fonte de recursos do Estado. No histórico contido no capítulo I

desta tese, pode-se perceber que ao longo dos anos havia uma forma livre e desorganizada

muitas vezes sem qualquer vínculo de criarem impostos ou contribuições e que com os

acontecimentos principalmente da revolta do povo, o estado se conteve e somente em

situações mais organizadas é que criava os tributos e já observando as peculiaridades da

sociedade.

Com a evolução dos conceitos de Estado, os tributos passam a ter o objetivo em tese

de propiciar o bem-estar social. O tributo hoje desempenha papel fundamental como

instrumento de justiça social e de diminuição das diferenças econômicas entre classes. E é por

isso que recorremos à boa descrição de Ivo Zanoni5:

O cumprimento de obrigações tributárias representava um sinal tangível de submissão e servidão do indivíduo diante do Estado. Modernamente, entretanto, a doutrina variou fundamentalmente quanto à concepção do imposto que de simples meio para obter recursos passou a constituir-se em elemento essencial para a existência do Estado e a obtenção de suas finalidades.

2.1.1 Sistemática de arrecadação de receitas e peculiaridades.

A sistemática de tributação e cobranças de impostos e contribuições e às vezes

acrescidos das multas e correções monetárias não diferenciam de outros países. Neste aspecto

é óbvio afirmar que cada País apresenta características e origem peculiar considerando sua

realidade Social e pela forma e estrutura do sistema Tributário existente. Por exemplo: Alguns

países adotam a cobrança do Imposto sobre o Valor Agregado – IVA que no Brasil é bastante

5 Revista Jurídica do Ministério Público Catarinense. A Denuncia Espontânea Tributária e a exigência da multa

de mora. Atuação nº 1, set a dez/2003.

35

parecido com os tributos Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre a

Circulação de Mercadorias e Serviços. ICMS.

No Brasil cada Tributo tem uma finalidade com uma destinação específica e para isto

são arrecadados com a identificação no Documento de Arrecadação de Receitas Federais –

DARF de determinados Códigos Orçamentários (Rol anexo 19) pela Rede Bancária

autorizada e que automaticamente são repassados ao Caixa do Tesouro Nacional e em seguida

alocados para efeitos contábeis no Orçamento para os fins preconizados na Constituição

Federal. A codificação é estruturada por quatro dígitos e pode perfeitamente ser identificado

por tributo, por exemplo, Imposto de Renda das Pessoas físicas através de pagamentos em

quotas, a identificação orçamentária é através do código 0211; Imposto de Renda das Pessoas

Jurídicas com apuração pelo Lucro Real o código é 0220.

O importante nisto é que os tributos são cobrados pelos entes tributantes considerando

suas peculiaridades para financiamento da máquina administrativa do Estado para fazer valer

suas finalidades de ativar o Setor de Seguridade Social, Educacional, Saúde, Transportes,

Segurança e Soberania, Infra-estrutura e Saneamento, Turismo, Esportes e Laser, Construções

de Estradas, etc. E também para fomentar o desenvolvimento e proteção da Indústria

Brasileira e a ordem Econômica. Nestes últimos tópicos temos uma interferência Política

fiscal pelo poder executivo de forma imediata devido às condicionantes da economia nacional

e a política Social. Essa sistemática de intervenção é percebida pelo que está contido na

Constituição artigo 153, Parágrafos 1º e 3º, incisos I, II, III e IV. Com base nessas

prerrogativas constitucionais o poder executivo a qualquer momento e por iniciativa própria

pode interferir politicamente na economia desde que as circunstâncias sejam necessárias.6

6 CF. 1988. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

36

2.2 Do Orçamento no Brasil

O Orçamento público é um instrumento de planejamento e execução das Finanças

Públicas. Na atualidade o conceito está intimamente ligado à previsão das Receitas e fixação

das Despesas públicas. É um documento legal contendo a previsão de receitas e despesas de

um governo em um determinado exercício (geralmente um ano).

Dentre as diversas definições de Orçamento, buscamos o melhor conceito daquela

defendida por Aliomar Baleeiro exatamente porque mantém certa sintonia com os princípios e

exigências contidas na Constituição Brasileira 7

O orçamento é considerado o ato pelo qual o poder Legislativo prevê e autoriza ao

Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao

funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica

ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em Lei.

2.2.1 Origem e características do Orçamento no Brasil

Os estudos mais detalhados acerca do orçamento público vem desde à década de 1920

nos Estados Unidos embora podemos perceber que no Brasil já havia o emprego e filosofia do

planejamento para os gastos públicos desde a constituição do Império de 1824 no artigo 1728.

Na verdade o estudo acerca do orçamento público só foi possível devido à Revolução

Industrial. A partir desse período a gestão empresarial deu enormes saltos de qualidade,

propiciando o desenvolvimento de diversas técnicas de gestão e de elaboração do orçamento.

Fayol, em sua obra "Administração Industrial e Geral", já naquele lapso temporal defendia

que as empresas eram conjuntos de funções (técnicas, comerciais, financeiras, segurança,

contábil e administrativas). Com o desenvolvimento do pensamento empresarial e acadêmico,

para efetuar o acompanhamento e controle da Função Administrativa, era necessário

7 Uma Introdução à ciência das Finanças. 6. ed. Rio de Janeiro:Forense, 1969. p. 397. 8 CF. 1824. Art. 172. O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros Ministros os orçamentos relativos ás despezas das suas Repartições, apresentará na Camara dos Deputados annualmente, logo que esta estiver reunida, um Balanço geral da receita e despeza do Thesouro Nacional do anno antecedente, e igualmente o orçamento geral de todas as despezas publicas do anno futuro, e da importancia de todas as contribuições, e rendas publicas.

37

estabelecer mecanismos que proporcionassem bases seguras na condução das atividades

empresariais. Daí surgiram às regras e as técnicas orçamentárias que conhecemos: Orçamento

Tradicional, Orçamento Base Zero, Orçamento de Desempenho, Orçamento-Programa,

Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento, Sistema de Racionalização do

Orçamento, etc.

No Brasil a partir da Lei nº. 4.320/1964 e com o advento da Lei Complementar nº

101/2000, o orçamento ganhou mais contundência com a implementação do orçamento-

programa integrado aos sistemas de contabilidade pública.

No direito administrativo brasileiro, o orçamento público é um ato administrativo

através do qual o Poder Legislativo autoriza o Poder Executivo a executar determinada

despesa pública destinada a cobrir o custeio do Estado ou a seguir a política econômica do

país.

Na Constituição que será demonstrada com maiores detalhes nos tópicos seguintes, o

artigo 165 prevê três tipos de Orçamentos e obrigatoriamente terão que ser transformados em

Lei, por necessitar de aprovação do Congresso Nacional: Lei sobre o Plano Plurianual – PPA;

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei de Orçamentos Anuais – LOA.

2.2.2 Rotinas do Orçamento Geral no Brasil

O Orçamento Geral da União (OGU) inicia-se com um texto elaborado pelo Poder

Executivo e entregue ao Poder Legislativo para discussão, aprovação e conversão em lei. Se a

receita do ano for superior à estimada (estima-se através do produto da arrecadação de

impostos federais), o governo encaminha ai ao Congresso um projeto de lei pedindo

autorização para incorporar e executar o excesso de arrecadação. Se as despesas superarem as

receitas, o governo fica impossibilitado de executar o orçamento em sua totalidade, sendo

obrigado a cortar despesas. O Sistema de Planejamento Integrado, conhecido como Processo

de Planejamento-Orçamento, baseia-se no Plano Plurianual (PPA), na Lei das Diretrizes

Orçamentárias (LDA) e na Lei de Orçamentos Anuais (LOA).

2.2.3 Plano Plurianual

É um plano de médio prazo, através do qual se procura ordenar as ações que levem ao

atingimento de metas e objetivos fixados para o período de cinco anos ao nível do governo

38

federal e quatro anos em nível de governos estaduais e municipais. Nenhum investimento cuja

execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano

plurianual, sob pena de crime de responsabilidade.

As regras desse tipo de Orçamento estão previstas no artigo 165, parágrafo 1º que

estabelece que a Lei que instituir o Plano estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,

objetivos e metas da administração pública Federal para as despesas de capital e outras delas

decorrentes, e para as relativas aos programas de duração continuada

2.2.4 Lei de Diretrizes Orçamentárias

Orienta a elaboração do orçamento de forma a adequar às diretrizes e objetivos

estabelecidos no plano plurianual. Define as metas em termos de programas.

2.2.5. Lei de Orçamentos Anual

O OGU é composto pelo Orçamento Fiscal, Orçamento da Seguridade Social e

Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Federais. O Orçamento Fiscal: refere-se

aos três poderes e órgãos da administração direta e indireta. Já o Orçamento de Investimento

das Empresas Estatais Federais são concernentes às empresas em que o Estado detenha a

maioria do capital social com direito a voto. E o Orçamento da Seguridade Social são

relativos às entidades a ela vinculadas, fundos e fundações mantidas pelo poder público. Este

Orçamento está previsto no artigo 165, parágrafo 5º da CF.

Cabe a toda unidade da Administração Pública definir as prioridades de gasto, com

algumas limitações (constitucionais ou legais). A Constituição preceitua que a iniciativa das

leis do PPA, das Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento cabe ao Executivo. Assim, os

demais Poderes encaminham suas propostas orçamentárias que são consolidadas com a do

Executivo, que encaminha o Projeto de Lei ao Legislativo para emendas e aprovação. Nem

sempre o orçamento é cumprido na íntegra, devido a diversos fatores: arrecadação, pressões

políticas, calamidades naturais, comoções internas, dentre outras. Segundo estudos do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão perto de 93% do orçamento da União está

vinculado a algum programa ou diretriz. Dessa forma, a parcela de despesas discricionárias é

bem reduzida.

39

2.3. Das imposições Constitucionais acerca do Sistema Tributário, Finanças Públicas e Orçamento.

Na Constituição Brasileira há toda uma estrutura montada de exigências e limitações

para a realização de Receitas e Despesas no Título VI onde figura o Sistema Tributário e do

Orçamento, aliados com a ciência das Finanças Públicas; sendo subdividido na seguinte

ordem, Capítulo I, “Do Sistema Tributário Nacional, Seção I, Dos Princípios Gerais; Seção

II, Das Limitações do Poder de Tributar; Seção III, Dos Impostos de Competência da União;

Seção IV, Dos Impostos de Competência dos Estados e do Distrito Federal; Seção V, Dos

Impostos dos Municípios, Seção VI, Da Repartição das Receitas Tributárias; Capítulo II, Das

Finanças Públicas, Seção I, Normas Gerais; Seção II, Dos Orçamentos.

2.3.1 Sistemáticas de Receitas e Despesas

Vejam que todas as sistemáticas de obtenção de Receitas e realização de gastos terão

que serem previstos no Orçamento. E aí são encontrados vários princípios que nortearão tais

políticas em relação às Competências dos entes tributantes, limitações, capacidade e

proporcionalidade, legalidade de criação de Impostos e ou Contribuições, vedações do poder

de tributar, e em fim os critérios e formas da Repartição das Receitas por Tributos e ou

Contribuições e como deverão ser elaborado e estruturado o Orçamento da União como segue

do texto extraído da constituição de 1988, vide anexo 08.

2.4. Análise crítica acerca do sistema tributário e Orçamento

Ano após ano, entra governo, sai governo e a constituição às vezes é remendada para

dar espaço às idéias de iluminados oportunista que posteriormente desaparece do cenário e as

consequências das alterações são efetivamente prejudiciais à sociedade como um todo. Sobre

isto cabe mencionar os primeiros momentos de criação da CPMF (contribuição provisória

sobre movimentação financeira), cuja finalidade era para financiar o que a excelente carta

política traz em seu bojo, que é dar a saúde para quem não tem, de repente, “alguém”,

mencionou que o pagamento dos juros da dívida era mais importante e aí o desvio e depois, as

consequências: hospitais à míngua em todos os rincões do Brasil. Importante acrescer que

independente de criação ou não de outro tributo a constituição já contempla previsões no

40

orçamento para a saúde, por esse fato este setor sofreu dois golpes profundos, desvio do

orçamento originário e o desvio já comentado. Porém fica aqui uma crítica aos governantes no

que tange a liberalidade da criação a qualquer momento de tributos não esquecendo que além

da complexidade do sistema tributário nacional, o mesmo está enfermo exatamente pela falta

de combate ao principal mal que é o seu aprimoramento. Não adianta adicionar ao sistema

mais um tributo, porque mais adiante os recursos serão destinados para outras finalidades;

com a maioria dos tributos hoje existentes no Brasil não foi diferente no passado e sobre o

nosso comentário, a seguir traduzimos o que disse em seu texto, Setenta (2007):

Porém, em nosso país, essa idéia confronta com a realidade. A arrecadação tributária exigida não é compatível com a contrapartida dada à sociedade. A carga tributária imposta é muito maior do que o retorno dado pelo Estado à sociedade na promoção dos direitos fundamentais constitucionalmente assegurados. Essa distorção causa grande descontentamento aos contribuintes e a tributação passa a ser considerada uma prática perversa por parte do Estado, e não o fenômeno necessário a sua existência e em prol do próprio contribuinte. Abre-se um abismo entre o fenômeno da tributação e a realidade tributária no Brasil. Além desta desproporção a alta carga tributária causa enorme dano ao setor produtivo inviabilizando investimentos e estimulando a sonegação tida por vezes como única saída para a permanência no mercado. Acrescente-se a esse quadro os altos índices de corrupção e a má utilização do dinheiro público, o que eleva drasticamente o sentimento de insatisfação que a tributação causa nos brasileiros. Essa realidade, inclusive, estimula práticas ilícitas como a informalidade e os crimes tributários. A arrecadação de tributos não é prática a ser repelida, mas enaltecida pela sociedade. O ato de pagar o tributo deve estar sempre atrelado ao objetivo maior do bem comum causando no contribuinte satisfação no fato de contribuir em benefício da sociedade em que vive. As disparidades da realidade tributária brasileira não retiram do tributo seu caráter nobre e essencial, entretanto, o Sistema Tributário Nacional prescinde de mudanças na busca de uma tributação justa e eficiente e a população clama pelo acesso aos direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal.

Desta forma, o atual Sistema Tributário Nacional padece de graves injustiças e distorções e necessita de uma ampla reforma. A mudança depende de uma decisão política daqueles que elegemos como nossos representantes, portanto depende de nós.

2.4.1. Avaliação dos comentários de Setenta, sobre o Sistema Tributário e Orçamento.

A síntese protagonizada por Aline nada mais é do que um clamor sobre a complexidade do

Sistema Tributário Brasileiro como um todo e da desproporcionalidade da tributação vigente em

detrimento da capacidade contributiva do cidadão brasileiro, forma de tributação antecipada dos

assalariados sem uma contrapartida na tributação quando do ajuste da declaração ou da

complementação mensal do imposto.

41

Essas reflexões a nosso ver trás ainda um afunilamento na tributação dos mais variados

tributos sobre o consumo e que de forma concentrada são repassados para a produção, distribuição e

comércio e que a perdurar tal sistemática, tende a chegar a um confisco exatamente sobre uma

pequena parcela de contribuintes pagando as mais variadas espécies de tributos. O fato destes

possuírem mais recursos não necessariamente terão que contribuírem mais e mais. Urge sim uma

política pública controlada e efetiva na destinação de recursos considerando exclusivamente os limites

orçamentários específicos como está catalogado na Lei orçamentária. E o mais importante conforme

enfatizado acima há a necessidade de aprimorar o Sistema Tributário Brasileiro principalmente na

eliminação de tributos, redução de alíquotas e bases tributárias, consolidar as normas por regulamentos

de forma que não fique esparsas e destruir de vez com as divergências fiscal entre os entes da

federação dando uma uniformidade inclusive nos procedimentos das obrigações acessórias.

2.4.2. Carga Tributária no Brasil.

Sobre o caso é oportuno observar as estatísticas atuais sobre a carga tributária do país

que chegou algo próximo de 37% sobre o PIB no ano de 2007 e no primeiro trimestre de

2008, este volume atingiu o percentual de 38,9% segundo o IBPT (estudos, 16/06/2008).

Outros comentários a seguir.

Estudos do IBPT Segundo o Instituto brasileiro de planejamento tributário, 67% da arrecadação vem da

classe média.

De acordo com IBGE (2006), no primeiro trimestre de 2006 o PIB brasileiro ficou em

R$ 478,9 bilhões. No mesmo período, a carga tributária do País atingiu 40,69%, como mostra

estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT, 2007). A carga

tributária brasileira totalizou R$ 194,87 bilhões no mesmo período, contra R$ 180,67 bilhões

no primeiro trimestre de 2005. O crescimento nominal foi de R$ 14,20 bilhões.

42

O total arrecadado de tributos e contribuiçãoes no trimestre de 2008 foi de R$ 258,90

bilhões, contra R$ 221,75 bilhões do primeiro trimestre de 2007; Crescimento nominal foi de

16,75%;

A arrecadação total apresentou crescimento nominal de R$ 37,15 bilhões, sendo que

os tributos federais cresceram R$ 27,39 bilhões, os estaduais cresceram R$ 8,71 bilhões e os

municipais R$ 1,04 bilhão.

Nos últimos doze meses (abril de 2007 a março de 2008) a carga tributária é de

36,58% do PIB;

Imposto de Renda foi o tributo que mais cresceu (R$ 11,78 bilhões), seguido do ICMS

(R$ 7,74 bilhões) e do INSS (R$ 6,53 bilhões).

Com a desvantagem do Governo atual em 2007 pela negativa da Contribuição

Provisória sobre Movimentação Financeira- CPMF é algo histórico que deve ser levado em

consideração sobre o Sistema atual de Tributação no País. Não basta uma simples canetada na

aprovação de uma Medida Provisória e pronto vamos arrecadar 40 bilhões.

Chega de complexidade e desconfiança no sistema tributário como bem defendeu

Aline Setenta. A luz vermelha está acesa para: desburocratizar o sistema tributário, torná-lo

menos oneroso, aprimorar o sistema de cobranças e acompanhamento dos contribuintes e por

fim não instituir e ou aumentar tributos sem uma política de confiança e com aval da

Sociedade sob vigilância harmônica do Legislativo e Judiciário. Para se ter uma idéia, o país

possui atualmente 82 imposições tributárias das mais variadas possíveis: Impostos, Taxas,

Contribuições, Contribuições Parafiscais, vide anexo 09 que relaciona de forma

pormenorizada esses tributos.

43

3. FORMA ATUAL DE COBRANÇAS DAS MULTAS FISCAIS, EM MORA,

ADMINISTRATIVAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES

ACESSÓRIAS E DE OFÍCIO.

3.1 Possui a forma de punição.

As normas que disciplinam a aplicação na Legislação Tributária Federal se dividem

em dois tipos: aquelas impositivas que criam deveres e direitos e que estão relacionadas a

situações lícitas e aquelas cujas sanções atribuem penas aos que descumprirem os deveres

legais já estabelecidos.

Sobre o assunto acima reportamos o entendimento do ilustre Tributarista Sacha

Calmon Navarro Coelho. 9

As normas tributárias são do tipo impositivo ou endonormas,10 na terminologia cossiana, por isso possuem hipóteses de incidência constituídas, sempre, de fatos jurígenos lícitos, como v. gratia, “ter renda”, “ser proprietário de imóvel”, “ ter imóvel particular valorizado em virtude de obra pública”, “importar mercadorias” etc. Ademais, fatos lícitos que não acordo de vontade, pois a norma tributária é heterônima, ou seja, do tipo das que incidem independentemente da vontade do destinatário ( vale dizer, na formação da norma inexiste a bilateralidade; a norma tributária é a contratual. O dever do contribuinte é diverso do dever de um locatário, por exemplo). O ilícito tributário retrata o comportamento humano contrário ao prescrito nas normas tributárias basicamente: a) não pagar o tributo previsto em lei ou fazê-lo a menos; b) praticar atos vedados pela lei tributária ou deixar de praticar atos obrigatórios, segundo esta mesma lei.

Descrevendo o pensamento acima do ilustre jurista, por ato lícito é interessante buscar

os preceitos do artigo 150, inciso I da Constituição em que enaltece o princípio da legalidade

onde:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à

União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

9 Teoria e Prática das Multas Tributárias, 2ª. Edição, Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998, pág. 18 e19.

10 Paulo Lopo Saraiva. artigo publicado na Revista VOX LEGIS, Vol. 151, julho 1981 Enquanto Kelsen valoriza o ilícito e sua conseqüência jurídica - a sanção -, Cóssio, sem excluí-la, inclui, também, o lícito, na estrutura normativa, o que propicia apresentar as duas situações do comportamento humano frente à regra: o comportamento aceito, contido na endonorma e o não aceito, existente na perinorma. A teoria cossiana demonstra que a função do Direito não se resume, apenas, no punir a violação de suas normas, mas no estímulo e garantia de sua observância voluntária.

44

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

E a seguir trazemos do texto da Constituição comentada pelo STF sobre o artigo.

"O Estado não pode legislar abusivamente, eis que todas as normas emanadas do Poder Público — Tratando-se, ou não, de matéria tributária — Devem ajustar-se à cláusula que consagra, em sua dimensão material, o princípio do substantive due

process of law (CF, art. 5º, LIV). O postulado da proporcionalidade qualifica-se como parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais. Hipótese em que a legislação tributária reveste-se do necessário coeficiente de razoabilidade."(RE 200.844-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 16/08/02).

“O exercício do poder tributário, pelo Estado, submete-se, por inteiro, aos modelos jurídicos positivados no texto constitucional que, de modo explicito ou implícito, institui em favor dos contribuintes decisivas limitações à competência estatal para impor e exigir, coativamente, as diversas espécies tributárias existentes. Os Princípios Constitucionais Tributários, assim por representarem importante conquista político-jurídica dos contribuintes, constituem expressão fundamental dos direitos individuais outorgados aos particulares pelo ordenamento estatal. Desde que existem para impor limitações ao poder de tributar do estado, esses postulados tem por destinatário exclusivo o poder estatal, que se submete a imperatividade de suas restrições." (ADI 712-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 19/02/93).

Sobre este comentário e considerando a seqüência hierárquica do Sistema Tributário

Brasileiro o Código Tributário Nacional além de dar nitidez, forma e estrutura de como deve

ser o tributo, prevê exceções genéricas e específicas ao poder de tributar e ainda enfatiza o

princípio da legalidade em todos os níveis, ou seja, desde a instituição de tributos assim como

na aplicação de penalidades dentre outras situações concernentes a alterações, aumento e

diminuição do tributo como a seguir transcrito:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (grifo nosso) I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; (grifo nosso). VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

É patente nas observações que a norma jurídica tributária que institui a sanção tem

como foco um ato ilícito do contribuinte que é agir ou não agir em conformidade com os

preceitos legais de não pagar o tributo no prazo certo e não cumprir as regras formais de

prestar informações, prestar de formas incorretas, incompletas, simuladas (não emitir notas

fiscais; emiti-las na forma calçada; falsa; alienar mercadorias sem emissão de notas fiscais ou

45

documentos equivalentes, etc.). Esta norma é a Lei Ordinária ou ato equivalente como a

Medida Provisória, as quais não deverão disciplinar regras contrárias ao previsto no Código

Tributário Nacional inclusive sobre suas exceções.

No artigo 97, inciso V, do CTN observa-se que somente a Lei deve ditar regras com a

cominação de penas pelo descumprimento dos dispositivos nela previstos dentre outras além

da dispensa ou redução como bem definida no inciso VI. Mas, oportuno enfatizar que sempre

considerando os seus limites, ou seja, nunca indo além dos atos hierárquicos (o próprio CTN).

Pelo descumprimento das normas legais ainda reportamos ao artigo 161 do CTN onde:

Artigo 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária (grifo nosso).

E o artigo 113 dispõe:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Observa-se que não é somente o atraso no pagamento de tributos que será aplicada a

multa, mas também para todas aquelas situações em que o cidadão deixa de prestar

informações ao fisco ou o faz de forma inadequada, incompleta, simulada etc. Basta ver o

parágrafo 3º do artigo 113 em que pelo simples fato do descumprimento de uma obrigação

acessória será assegurada na lei uma penalidade pecuniária.

A partir daí pode-se perfeitamente concluir que o descumprimento das obrigações

principais e acessórias como prevista no ordenamento do Código Tributário Nacional nos dois

campos caracterizam uma ilicitude e que redunda em uma infração.

Neste raciocínio chegamos ao trinômio, Ilicitude - Infração - Sanção, onde esta

última é aplicada tanto a quem descumpriu a obrigação principal, ou seja, nas hipóteses de

não ter recolhido o tributo ou tê-lo feito fora do prazo legal ou a menor e para aquelas cuja

obrigação é ter o contribuinte feito o que era proibido fazer ou não ter feito o que era obrigado

a fazer ou prestar informações. Veja que a sanção nada mais é do que um tipo de multa que

será aplicada ao agente (contribuinte) pela infração cometida devido ao ato ilícito.

46

A lei ao criar as sanções na realidade quis resguardar os prazos à forma e as

características do tributo e o controle para que o contribuinte a contendo cumpra com as

obrigações também previstas na Lei denominadas Principais assim como às obrigações

acessórias e que em alguns casos podem até resultar em ações penais vinculadas ao Código

Penal Brasileiro.

Veja que nos casos acima tanto pela falta de pagamento assim como pelo

descumprimento de prestar informações, prestar de forma incorreta ou simulada ou omiti-lo

(obrigações acessórias), o principal objetivo na aplicação das sanções tributárias é de tutelar o

estado em receber os tributos e de impor deveres acessórios, no interesse da arrecadação e

fiscalização, visando evitar ao inadimplemento por parte do contribuinte de tais obrigações e

recorrer quando for o caso a lei penal.

É oportuno esclarecer que nesta análise não teceremos maiores comentários acerca dos

ilícitos penais exatamente pela diferença que há em relação ao Direito Administrativo nas

questões tributárias, embora em alguns casos a autoridade lançadora possa invocar um início

das regras penais através de representações para o Ministério Público como veremos mais

adiante. Assim dispõe a portaria Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB nº 665 de 24

de abril de 2008:

Art. 1º. Os auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil deverão formalizar

representação fiscal para fins penais, perante o Delegado ou Inspetor-Chefe da

Receita Federal do Brasil responsável pelo controle do processo administrativo-

fiscal, sempre que no exercício de suas atribuições de suas atribuições identificarem

situações que, em tese, configure crime relacionado com as atividades da Secretaria

da Receita Federal do Brasil.

Isto quer dizer que no direito positivo brasileiro possa constatar e que está bem

definida na legislação infraconstitucional a nosso ver, uma dualidade de aplicação à infração

tributária cuja prática acarreta tanto em uma sanção de natureza penal como uma

administrativa quase que instantaneamente.

Uma das principais diferenças marcante nessas sanções está nos ditames do artigo 5º,

incisos XXII, LIV e LXVII, da Constituição brasileira, em que quando houver sanções fiscais

pelo descumprimento do dever de pagar o tributo no prazo legal não enseja prisão civil e a

privação de direito, de impedir o exercício da profissão e afetar o direito de propriedade, in

verbis:

Artigo 5º CF. Inciso XXII. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

47

Inciso LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. inciso LXVII. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.

Nessa seqüência e para complementar o entendimento da dualidade em matérias

tributárias que possam ser aplicadas tanto às sanções administrativas como a penal,

recorremos aos preceitos da Lei 4.729 de 1965, que define as hipóteses que possam ocorrer os

crimes de sonegação fiscal e na Lei 8.137 de 1990, crimes contra a ordem tributária,

econômica e contra as relações de consumo. Nesses atos legais, é perfeitamente visível a

constatação dos crimes tributários que subdividem em: a) ilícitos penais relacionados à

apropriação indébita; b) sonegação fiscal mediante fraude e c) contrabando e descaminho

dentre outros fatos puníveis e intimamente ligados a estes (vide anexos, 10 e 11)

Nas hipóteses de crimes constantes das referidas Leis além do lançamento com a

cominação das sanções tributárias através da autuação tributária pela autoridade administrava

do fisco, o agente infrator ainda pode estar sujeito a uma representação criminal dirigida ao

Ministério Público pela constatação dos crimes relacionados e somente não será denunciados

caso aquele comprove o pagamento do crédito tributário na forma contida na Lei 9249 de

1995, artigo 34, regulamentado pelo artigo 983, parágrafo Único do Regulamento do Imposto

de Renda - RIR, aprovado pelo Decreto 3.000 de 1999. 11

É oportuno esclarecer que as normas Infraconstitucionais acima são omissas quanto a

outras formas de extinção do crédito tributário, que o próprio Código Tributário Nacional traz

com a mesma eficácia daquela modalidade no artigo 156, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência;

11 Lei 9249/95. (......). Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. Decreto 3000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda (......) Art. 983.Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia (Lei nº 9.249, de 1995, art. 34). Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso em 30 de dezembro de 1996, desde que não recebida à denúncia pelo juiz (Lei nº 9.430, de 1996, art. 83, parágrafo único).

48

VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Ainda sobre o assunto recordamos o disposto no artigo 151 do CTN como o

Parcelamento e os Recursos que podem perfeitamente ser aplicada de forma suspensiva

também aquela representação criminal até findar o pagamento no caso do primeiro e o litígio,

em obediência aos dispositivos constitucional do contraditório, da ampla defesa e do devido

processo legal e partir daí poder ter a certeza da verdade real e posteriormente exigir o crédito

ou perdimento do bem e aplicar contra o sujeito Passivo também a representação Criminal

para o Ministério Público nas hipóteses relacionadas das leis citadas.

Há que enfatizar sobre a distinção acima que se o fato ilícito constituir objeto de Lei

Penal e, portanto ser elevado à categoria de crime, não lhe tira o caráter de ilícito tributário.

Isto porque o ilícito penal é independente do ilícito administrativo e vice - versa. A distinção

que se estabelece é apenas de grau: o ilícito penal é mais grave que o ilícito administrativo

porque aquela pode perfeitamente transformar a multa em detenção.

Aliás, esta diferença fica um pouco ofuscada com relação à multa porque os

percentuais para efeitos dos crimes fiscais na esfera administrativa são pesadíssimas e atinge

em cheio o patrimônio do autuado. Sobre os valores omitidos serão apurados todos aqueles

tributos decorrentes da omissão com aplicação mínima de 75% em multa, chegando em

algumas situações ao perdimento dos bens nos casos de contrabando e descaminho. Observa-

se que a diferença entre ambas está nas ações restritivas de direito (possibilidade de prisão) na

esfera judicial enquanto no sentido administrativo, haverá um corte do bolo do patrimônio do

contribuinte que pode caracterizar até num confisco (todo o bolo) se apegarmos aos preceitos

dos princípios constitucionais (não confisco, proporcionalidade, capacidade contributiva e

razoabilidade).

Para esses ilícitos fiscais, há previsão somente nas legislações tributárias Federal,

Estaduais e Municipais onde as penas são aplicadas pelas autoridades administrativas dessas

mesmas esferas tanto às pessoas físicas como para as jurídicas.

É encontrado nos dizeres do mestre Sacha Calmon N. Coelho acerca do assunto

(1998, p. 51/53):

49

Na apuração, formalização e discussão das infrações fiscais e suas sanções, atua a Administração, com seus meios e instrumentos, apurando a realidade fática e aplicando penalidades. Diferentemente os crimes tributários são examinados e analisados pelos Órgãos do poder Judiário, sob inspiração dos primados do direito penal e com o emprego dos recursos inerentes ao Direito Processual Penal. Inobstante, é válido afirmar-se que alguns princípios do Direito Penal se aplicam à interpretação e à aplicação das infrações meramente tributárias, subsidiariamente. A maioria das legislações dos povos cultos isto prevê expressamente. E, mais, a imposição das multas fiscais nunca é ato solitário e irrecorrível. Os direitos de petição e ampla defesa se fundam em princípios constitucionais que exigem, já na esfera administrativa, um processo contencioso com produção de provas e possibilidade institucional de revisão dos “autos de infração” pela própria administração. Não basta aludir-se ao primado da legalidade, no que tange ao exame dos ilícitos tributários. É imprescindível que as infrações fiscais sejam estudadas segundo as determinações da teoria da tipicidade. Tal providência elimina as chamadas infrações presumidas, em que, por meio de singelos indícios, chega ao Fisco a considerar ocorridos fatos ilícitos, cominando multas e outras sanções administrativas. Finalmente independentemente das “instâncias administrativas de discussão do ilícito fiscal” (contencioso administrativo-tributário) tem o sujeito passivo infrator o direito de ir ao Poder Judiciário, sem qualquer empecilhos, para obter a devida prestação jurisdicional (due processo of Law). Não lhe deve exigir: a – que esgote, antes, a espera administrativa e b – que deposite a quantia litigada (garantia de instância).

Desta tese é patente que a multa por falta de pagamento ou pagamento a menor, de

Ofício sobre qualquer tributo e pelo descumprimento das obrigações acessórias na esfera

federal no âmbito da administração da Receita Federal do Brasil recai no trinômio, Ilicitude –

Infração – Sanção com o caráter sem qualquer dúvida de punição. Sofrendo agravantes no

conceito de representação ao Ministério Público para aquelas situações contidas nas Leis

4.729/65 e Lei 8.137/90 conforme já enfatizado.

E para melhor compreensão do assunto e que servirá de base para os capítulos

seguintes, fazemos uma exposição dos vários tipos de multas prevista na legislação fiscal no

âmbito Federal, especificamente aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal

do Brasil e que tem como base o artigo 97, inciso V do CTN.

3.2 Dispositivos da multas de mora e outras implicações impeditivas do contribuinte relacionada ao débito fiscal

Nesse subtítulo trataremos das formas e características de multas relativas a

pagamentos em atraso de tributos e contribuições na competência da Receita Federal do

Brasil. Fortalecendo o nosso entendimento que todas as espécies de multas tributárias

possuem o caráter de punição em decorrência de um ato ou fato delitivo da legislação fiscal.

Daí considerarmos a multa em mora e ou administrativa como uma punição ao contribuinte e

não um efeito indenizatório.

50

O Regulamento do Imposto Renda aprovado – RIR pelo Decreto 3000 de 1999 e de

acordo com o artigo 950, parágrafos 1º e 2º impõe a aplicação da multa de mora pelo atraso

no recolhimento dos impostos bem como das contribuições sociais (exceto as receitas

previdenciária) atualmente na proporção diária de 0,33%, tendo como início da contagem, a

partir do dia seguinte ao vencimento do débito, limitado a 20% do imposto ou contribuição

vencidos. Traduzindo os percentuais é oportuno esclarecer, que em um intervalo completo em

atraso de 30 dias, a multa traduz no percentual de 10% e no prazo de 60 dias, a multa chega

no topo de 20%. Todos esses limites com relação às multas originam-se da Lei 9.430 de 1996

conforme redação abaixo:

Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (grifo nosso). § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Pagamento em Quotas-Juros Art. 62.Os juros a que se referem o inciso III do art. 14 e o art. 16, ambos da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, serão calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao previsto para a entrega tempestiva da declaração de rendimentos. Parágrafo único. As quotas do imposto sobre a propriedade territorial rural a que se refere a alínea "c" do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, serão acrescidas de juros calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente àquele em que o contribuinte for notificado até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento.

Da análise acima percebe que o disposto na Lei 9.430 de 1996 aplica-se a todos os

tributos ou contribuições da União na competência da Receita Federal do Brasil, exceto as

contribuições previdenciárias que estão vinculados aos fundamentos da IN SRP nº 03 de

2005.

Outro fator importante e que merece ser esclarecido é com relação às peculiaridades

de alguns tributos cujas obrigações acessórias se divergem, e devem obedecer exclusivamente

às normas específicas, como o Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos

Industrializados vinculados a Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados. Porém,

sobre os recolhimentos em atraso dos tributos e contribuições reforço que se aplica o disposto

51

na referida Lei. Maiores detalhes sobre estas observações serão confeccionados nos tópicos

seguintes e constantes do anexo, 12.

Os débitos não recolhidos nos tempos certos serão ainda acrescidos dos juros

equivalentes à variação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia –

SELIC, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês

anterior ao do pagamento e no Regulamento do Imposto de Renda está no disposto do artigo

do 953, parágrafos 1º ao 5º e pela Lei nos preceitos do artigo 62.

Podemos constatar ainda no Regulamento do Imposto de Renda, medidas

contundentes e restritivas de direitos que impede o devedor em mora junto ao fisco federal

(todos os tributos e contribuições), agir de forma livre no que tange a determinadas

negociações com os órgãos públicos. Por exemplo, participar em Licitações Públicas, Leilões,

operações de créditos, etc. E há também outras medidas que são relativamente restritivas

como previsto no artigo 887, ver descrições a seguir:

Art. 884. Findos os prazos para pagamento, impugnação ou recurso, os contribuintes que não tiverem solvido seus débitos fiscais ou usado daqueles meios de defesa não poderão celebrar contrato com quaisquer órgãos da Administração Federal direta e Autarquias da União, nem participar de licitação pública promovida por esses órgãos e entidades, observado, nesta última hipótese, o disposto no art. 888 (Lei nº 154, de 1947, art. 1º, e Decreto-Lei nº 1.715, de 1979, artigos. 1º, inciso II, e 2º). Art. 887. É facultado às empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, criadas, instituídas ou mantidas pela União, deixar de contratar com pessoas que se encontrem em débito com a Fazenda Nacional (Decreto-Lei nº 1.715, de 1979, art. 4º). Art. 888. A existência de registro no Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal - CADIN há mais de trinta dias, constitui fator impeditivo para a celebração de quaisquer atos pelos órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta, para (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, artigos. 6º e 7º): I - realização de operações de crédito que envolvam a utilização de recursos públicos; II - concessão de incentivos fiscais e financeiros; III - celebração de convênios, acordos, ajustes ou contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos e respectivos aditamentos.

Outras medidas restritivas de direito podem ser constatadas como relacionadas no

artigo 889 deste regulamento, que proíbe o contribuinte em distribuir bonificações ou lucros a

seus acionistas ou cotistas se estiverem em débito com a fazenda nacional sem a

correspondente garantia:

Art. 889. As pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, não garantido, por falta de recolhimento de imposto no prazo legal, não poderão (Lei nº 4.357, de 1964, art. 32): I - distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas; II - dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou quotistas, bem como a seus diretores e demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos.

52

E finalmente o contribuinte que estiver em atraso ou não negociado os tributos ou

contribuições junto à Receita Federal do Brasil também ficará impedido de obter certidão

negativa de débito ou certidão positiva com efeitos de negativa, isto é o que está nos

dispositivos do artigo 877, conforme descrição:

Art. 877. A prova de quitação será feita por meio de certidão emitida, no âmbito de suas atribuições, pela Secretaria da Receita Federal ou pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (Lei nº 7.711, de 22 de dezembro de 1988, art. 1º, § 3º). § 1º A certidão será eficaz, dentro do seu prazo de validade e para o fim a que se destina, perante qualquer órgão ou entidade da Administração Federal, Estadual e Municipal, direta ou indireta (Decreto-Lei nº 1.715, de 22 de novembro de 1979, art. 1º, § 2º).

O Regulamento do Imposto de Renda neste trabalho serve como referencial para

demonstrar as espécies de multas previstas na Lei 9.430 de 1996, devido o mesmo conter a

maioria das obrigações acessórias e por estar relacionados com todos os tributos e

contribuições no que tange à contabilidade fiscal.

3.3 Dispositivos das multas administrativas por descumprimento de obrigações acessórias e suas espécies.

As multas que serão analisadas neste subtítulo referem-se à desobediência contida no

artigo 113, parágrafo 3º do Código Tributário Nacional que pelo simples fato do não

cumprimento de uma obrigação acessória redunda numa obrigação principal com a imposição

de uma pena pecuniária (multa) valorada dependendo da espécie de obrigação.

3.3.1 – Espécies de Obrigações Acessórias e as multas correspondentes pelo inadimplemento.

As espécies de obrigações são das mais variadas possíveis, como a obrigatoriedade de

apresentar Declarações do Imposto de Renda das pessoas jurídicas: Declarações Isentas,

Imunes e do Simples; Apuração pelo lucro Real, Presumido ou Arbitrado;

Declarações do Imposto de Renda das Pessoas Físicas;

Declarações de Retenções na Fonte – DIRF;

Declarações mensais e semestrais de Contribuições e tributos Federais – DCTF;

Declarações de Operações Imobiliárias – DOI;

Declarações de apuração das contribuições PIS e COFINS – DACON;

Declaração de Benefícios Fiscais – DBF;

53

Declaração de Dedução de Parcela da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

Incidente sobre a Importação e a Comercialização de Combustíveis das Contribuições para o

PIS/Pasep e Cofins – DCIDE;

Declaração de Rendimentos Pagos a Consultores por Organismos Internacionais (Derc).

Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do

Recebimento de Exportações (Derex).

Declaração Especial de Informações Fiscais relativas à Tributação de Bebidas DIF-Bebidas;

Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune DIF-Papel Imune;

Declaração Informações sobre Atividades Imobiliárias – DIMOB;

Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – DITR; Demonstrativo de Notas Fiscais – DNF; Declaração de Operação Imobiliária – DOI; Declaração sobre a Opção de Tributação de Planos Previdenciários – DPREV. A falta de entrega de qualquer documento relacionado acima tem como conseqüência

uma punição através da valoração de uma multa que pode ser especifica, pois, indica o valor

fixo pela irregularidade ou através de percentuais calculados sobre uma base ou a fixação de

um valor para cada grupo de “n” irregularidades. Exceto aquelas infrações que são fixadas por

valores mínimos, os percentuais variam de 0,1% até 20%. Ver a seguir algumas dessas

normas e Vide Anexo nº 13.

Declaração sobre a Opção de Tributação de Planos Previdenciários – DPREV. O descumprimento das obrigações previstas na IN SRF 673, de 01/09/2006, acarretará a aplicação de multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês calendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de apresentar a DPREV no prazo estabelecido.

Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF).

Art. 10. A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DCTF no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimada a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitar-se-á às seguintes multas:

54

II – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas.

Algumas multas conforme explicitado acima não podem ultrapassar o percentual de

20%, muito embora ela seja cobrada sobre o imposto devido na margem de 1% e 2% ao mês

de atraso, como é o caso das declarações do imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas

respectivamente. Nessas circunstâncias quando os contribuintes não terem imposto a recolher

há também uma imposição mínima para esses contribuintes, no caso de pessoas físicas a

multa inferior é de R$165,74, valor este que pode perdurar se aqueles percentuais sobre o

imposto devido for menores e para as pessoas jurídicas seguem a seguinte ordem:

Empresa que apuram o lucro Presumido ou Arbitrado, multa mínima R$500,00;

Empresas que apuram o lucro Real, multa mínima R$500,00;

Empresas Isentas e Imunes, multa mínima R$500,00;

Empresas do Simples, multa mínima R$200,00;

Empresas Inativas, multa mínima R$200,00;

Com referência aos valores mínimos relacionados segundo a legislação vigente e

considerando a forma de tributação através do lucro real, presumido e arbitrado, essas

importâncias podem ser aplicadas simultaneamente com o percentual de 2%, o que for maior

prevalecerá. E no tocante às empresas isentas ou imunes embora sejam isentas do imposto de

renda, todavia, não está isenta da multa caso esteja em atraso com a declaração e será cobrado

considerando o percentual de 2% dos tributos e contribuições informados ou o valor mínimo

acima, o que for maior será a multa.

Podemos ainda constatar outras multas acessórias tais como: não atendimento em

determinadas ocasiões de intimações emitidas pela autoridade fiscal no intuito de

esclarecimentos e requisições de documentos, embaraço a fiscalização, não prestar

informações aos seus empregados no que se refere ao comprovante de rendimentos conforme

imposição prescrita no Regulamento do Imposto de Renda como segue:

Art. 965. As pessoas físicas ou jurídicas que deixarem de fornecer aos beneficiários, dentro do prazo, ou fornecerem, com inexatidão, o documento a que se refere o art. 941, ficarão sujeitas ao pagamento de multa de quarenta e um reais e quarenta e três centavos, por documento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 86, § 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

Com relação às multas em espécies relativas ao descumprimento das obrigações

acessórias do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI e dos Impostos vinculados as

atividades Aduaneiras (Imposto de Importação e Imposto sobre as Exportações) as mesmas

55

estão previstas nos regulamentos respectivos conforme Decretos 4.544 DE 2002 e 4543 de

2002.

Nesses regulamentos vamos constatar que a maioria das multas exceto aquelas

concernentes ao atraso de pagamentos dos impostos como previstas na Lei 9.430 de 1996,

origina-se de lançamentos de ofício exatamente devido às peculiaridades dos referidos

impostos, pois toda movimentação comercial que redunda na tributação depende do controle,

fiscalização, licenciamentos etc, dos vários Órgãos da administração pública Federal, Estadual

e Municipal. Na legislação Federal no que tange a administração e fiscalização dos impostos,

as referidas normas legais prevêem algumas multas acessórias tais como:

No Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados:

Art. 504. A inobservância do disposto no art. 318 acarretará a imposição das seguintes penalidades (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72): I - multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, inciso I); II - multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, inciso II, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72) ; e III - multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, inciso III, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72). Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o ano-calendário em que as operações foram realizadas (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72). Art. 505. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 212 acarretará a aplicação da multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por mês-calendário, aos contribuintes que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 57). Art. 507. Serão punidos com a multa de R$ 31,65 (trinta e um reais e sessenta e cinco centavos), aplicável a cada falta, os contribuintes que deixarem de apresentar, no prazo estabelecido, o documento de prestação de informações a que se refere o art. 368 (Decreto-lei nº 1.680, de 1979, art. 4º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). Parágrafo único. As disposições do caput aplicam-se exclusivamente aos contribuintes do imposto não sujeitos ao disposto no art. 506. No Regulamento Aduaneiro: Art. 647. Aplica-se à empresa de transporte internacional que opere em linha regular, por via aérea ou marítima, a multa de (Lei nº 10.637, de 2002, art. 28 e parágrafo único): I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por veículo cujas informações sobre tripulantes e passageiros não sejam prestadas na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal; ou II - R$ 200,00 (duzentos reais) por informação omitida, limitada ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por veículo.

56

E as denominadas de casos especiais como aquelas constantes dos artigos 969 ao 973

do Regulamento do Imposto de Renda que elencamos apenas duas previstas nos artigos 969 e

970 in verbis:

Programas Especiais de Exportação Art. 969. Verificada a hipótese de que trata o art. 472, à empresa infratora aplicar-se-á a multa de até cinqüenta por cento sobre o valor do imposto, observado o disposto no art. 874, quando for o caso (Decreto-Lei nº 2.433, de 1988, art. 13, inciso II). Incentivo aos Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Agropecuário Art. 970. O descumprimento de qualquer obrigação assumida para obtenção dos benefícios de que tratam os arts. 490 a 508 acarretará a aplicação automática de multa de cinqüenta por cento do valor do imposto, observado o disposto no art. 874, quando for o caso e bem assim, a perda do direito à fruição dos benefícios ainda não utilizados (Decreto-Lei nº 2.433, de 1988, art. 13, e Lei nº 8.661, de 1993, art. 5º, incisos I e II).

As espécies de multas informadas nessa seqüência são aquelas que o contribuinte

utiliza-se de situações que os favorece através de incentivos fiscais previstos na legislação

tributária como, por exemplo, incentivos aos programas especiais de exportação, incentivos

às atividades artísticas e culturais, depreciação acelerada, atividades áudio visual etc.

Importante acrescer que pelas características das multas por descumprimentos das normas

sobre essas atividades serão aplicadas de ofício.

3.4 Dispositivos das multas de oficio ou ex-officio.

Nas multas por lançamento de ofício é que deparamos com os maiores problemas

exatamente pelos elevados percentuais aplicados sobre as diferenças lançadas no mínimo 75%

conforme podemos constatar nos artigos do RIR a seguir.

O que quer dizer lançamento de ofício para efeitos de cobrança da multa isolada ou

conjunta com o imposto ou tributo? É quando a autoridade lançadora competente utiliza-se de

todos os meios legais para executar as atividades fiscais exclusivamente vinculadas a um

litígio fiscal, através de diligências ou fiscalização.

Neste seguimento a autoridade além de ser competente (um Auditor Fiscal) terá que

seguir a risca todos as rotinas contidas no Decreto 70.235 de 1972, que trata do Processo

Administrativo Fiscal. Importante mencionar que no instante em que o auditor dá ciência ao

intimado para apuração dos fatos que em tese pode conter irregularidades contábeis e fiscais,

especificamente para aquele caso e desde que o procedimento fiscal não tenha expirado o

prazo ou houve prorrogação dos levantamentos, o contribuinte não pode em hipótese alguma

57

beneficiar da espontaneidade como prevista no artigo 138 do CTN (maiores detalhes ver

anexo 14).

Do Procedimento Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. § 1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. § 2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º, serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. § 3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo anterior, previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer. Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I - a qualificação do autuado; II - o local, a data e a hora da lavratura; III - a descrição do fato; IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de trinta dias; VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.

A sistemática assim como os percentuais sobre o lançamento de ofício para os tributos

sob a administração da Receita Federal do Brasil estão previstos na Lei 9.430 de 1996, com

exceção de algumas situações peculiares e inerentes aos tributos aduaneiros e ao Imposto

sobre Produtos Industrializados como aqueles prescritos na lei 4.502 de 1964 que prevê

inclusive com perda dos bens e multas específicas adicionais (vide anexos, 15, 16, 17.).

Na redação dos artigos vamos notar que em alguns casos o percentual acima poderá

duplicar em relação ao mínimo, artigo 957, inciso II se caso houver intuito de fraude por parte

58

do infrator como previsto nos artigos 71 a 73 da Lei 4.502 de 196412.

Regulamento do Imposto de Renda.

Art. 957. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44): I - de setenta e cinco por cento nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II - de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão exigidas (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 1º): I - juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago; II - isoladamente, quando o imposto houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III - isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto na forma do art. 106, que deixar de fazê-lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV - isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto, na forma do art. 222, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal, no ano-calendário correspondente. Art. 958. As disposições do artigo anterior aplicam-se, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de imposto decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 4º). Agravamento de Penalidade Art. 959. As multas a que se referem os incisos I e II do art. 957 passarão a ser de cento e doze e meio por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 2º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 70, I): I - prestar esclarecimentos; II - apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 265 e 266; III - apresentar a documentação técnica de que trata o art. 267. Débitos com Exigibilidade Suspensa por Medida Judicial Art. 960. Não caberá lançamento de multa de ofício na constituição do crédito tributário destinada a prevenir a decadência, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma do inciso IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 1966 (Lei nº 9.430, de 1996, art. 63). Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 63, § 1º).

12Lei 4.502/64. Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou

parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.

59

Redução da Penalidade Art. 961. Será concedida redução de cinqüenta por cento da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado, efetuar o pagamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei nº 8.218, de 1991, art. 6º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 3º). Parágrafo único. As reduções de que tratam este artigo e o art. 962 não se aplicam às multas previstas na alínea "a" dos incisos I e II do art. 964 (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, § 3º). Art. 962. Se houver impugnação tempestiva, a redução será de trinta por cento se o pagamento do débito for efetuado dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (Lei nº 8.218, de 1991, art. 6º, parágrafo único). Art. 963. Será concedida redução de quarenta por cento da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado, requerer o parcelamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 3º). § 1º Havendo impugnação tempestiva, a redução será de vinte por cento, se o parcelamento for requerido dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (Lei nº 8.383, de 1991, art.60, § 1º). § 2º A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam, implicará restabelecimento do montante da multa, proporcionalmente ao valor da receita não satisfeito (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, § 2º). § 3º A redução prevista neste artigo não se aplica às hipóteses da alínea "a" dos incisos I e II do art. 964 (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, § 3º).

Pelo que consta acima dos artigos e mais os contidos no Regulamento do Imposto

sobre Produtos Industrializados (anexo 16) e o Regulamento Aduaneiro (anexo 15) o fisco

cerca de todas as formas para poder receber em tempo certo os tributos e ainda prevê situações

que possam ensejar fraudes, falsificações de documentos, desvio de mercadorias e ou

contrabando, aplicando multas pesadíssimas e em algumas situações determinando o

perdimento de mercadorias concomitantemente acompanhado de multas tributárias e ainda

representando em tese criminalmente o agente titular do ilícito tributário. E pode ainda cassar

os regimes ou controles especiais estabelecidos em benefício de contribuintes ou de outras

pessoas obrigadas ao cumprimento dos dispositivos dos regulamentos Aduaneiro e do IPI (Lei

nº 4.502, de 1964, art. 66, inciso V).

60

4. CONTROVÉRSIAS ENTRE O FISCO E OS DOUTRINADORES SOBRE A DENUNCIA ESPONTANEA CONTIDA NO ARTIGO 138 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.

Sem dúvida o tema evidencia ao mundo jurídico uma polêmica que há muito vem se

debatendo sem ao menos ter uma solução pacífica pelo fisco em todas as esferas, pois esses

entes não reconhecem a Denuncia Espontânea, termo este explícito no artigo 138 da Lei

Complementar 5.172 de 1966, denominado, Código Tributário Nacional no que relaciona ao

pagamento em atraso antes da interferência da Autoridade Administrativa e com relação às

multas decorrentes das obrigações acessórias.

4.1 Doutrinadores e estudiosos

4.1.1 Idéias dos doutrinadores e estudiosos sobre a espontaneidade contida no Código Tributário Nacional.

Aqui teremos uma grande polêmica enfrentada pela sociedade brasileira onde

prevalece à posição do fisco contrário ao que está estabelecido na Lei 5.172 de 1966 – Código

Tributário Nacional sobre a Denuncia Espontânea.

Assim podemos ficar atentos para os comentários seguintes e comparados ao que

estabelece o artigo 138 do CTN:

Artigo 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

Vamos encontrar nas lições do mestre Geraldo Ataliba (In Fisco e Contribuinte, p.

666) acerca da Denuncia Espontânea o seguinte:

“É princípio processual tributário – também consagrado no Brasil, com profundas raízes do nosso espírito jurídico e nos mais sadios preceitos de moralidade administrativa – que, procurando o contribuinte espontaneamente as autoridades fiscais, para proceder a retificação em declarações anteriormente feitas, ou levar ao conhecimento da administração tributária atrasos, enganos, omissões, irregularidades e erros por ele mesmo cometidos, não fica por isso sujeito a nenhuma penalidade, excluindo-se a configuração do dolo, e dando ao contribuinte a prerrogativa de somente arcar com as conseqüências civis e administrativas, de caráter reparatório ou indenizatório previstas em Lei, para o caso.

61

A sistemática tributária, ao lado de inúmeras outras medidas de variada natureza – tendentes a facilitar a ação arrecadadora e tendo por finalidade estimular o comportamento do contribuinte, no sentido de cumprir suas obrigações tributárias – permite por esta forma, harmoniosa combinação técnica entre a persuasão e a coercibilidade, características sempre concomitantes do instrumento arrecadatório em que se constitui o Direito – no caso, por isso mesmo, tributário.”

Para uma análise criteriosa do artigo138 do CTN é importante entender e decifrar

algumas palavras chaves e no conjunto (junção do caput do artigo com o parágrafo único),

concluir o que quis dizer o legislador para que os contribuintes cumpram as exigências

Tributárias e fiscais ao utilizar esse instituto.

A palavra denunciar é importante, pois, ela pode ser de iniciativa própria do fisco

(denunciar, acusar) ou do contribuinte quando ele mesmo se denuncia nos preceitos contidos

no Código Tributário Nacional. Sua definição é comunicar, é informar, é levar ao

conhecimento, confessar, reconhecer segundo Aurélio (1975, p. 433) o que a ela deva, por lei,

ser comunicado ou informado.

Espontânea é a comunicação feita de vontade própria. Mas, além de ser espontânea,

deverá a denúncia ser tempestiva. Feita no tempo certo, antes da prática de qualquer ato pela

administração pública, relacionado com o objeto da denúncia a ser espontaneamente

apresentada.

A palavra Tempestiva é uma das principais condicionantes para que o contribuinte

mesmo fora do prazo no cumprimento da obrigação possa perfeitamente usufruir da previsão

legal da Denuncia Espontânea, que é atender as exigências tributárias antes da manifestação

do fisco (parágrafo único do artigo 138 do CTN).

E nos estudos da mestra Deslandes (1997. P. 13) há o seguinte enfoque sobre a figura

da espontaneidade:

A figura da espontaneidade deriva da aplicação, às modernas legislações tributárias da máxima de grande alcance político e já anteriormente divulgada pelos legistas medievais: “tanto mais prudente o rei que combina, ao reinar, a coerção com a persuasão”. Destarte, ao lado de dispositivos com fito intimidativo foram surgindo regras com objetivo nitidamente suasório, visando estimular a completa adequação dos comportamentos do contribuinte.

A espontaneidade passou a integrar o Direito Tributário como medida tendente a conciliar uma certa comodidade para o fisco e o incremento da arrecadação, através de estímulo ao cumprimento espontâneo de obrigações e deveres previstos em lei tributária, estímulo este enunciado pela exclusão de penalidades.

Com efeito, o produto financeiro das sanções, dispensado pelo fisco, é recuperado através da economia deste que poupará diligência, empenho e vigilância.

62

Ao comparar os dois textos bem analisados pelos mestres Geraldo Ataliba e

Deslandes, observa-se que a Denuncia Espontânea é tratada como uma exceção a qual tem

como premissa básica fazer com que o contribuinte sinta na obrigação de cumprir suas

obrigações na forma espontânea de qualquer jeito sem a necessidade da coercibilidade. Aliás,

este é uma das diretrizes da Receita Federal do Brasil que prevê uma “intensificação da

interação com a sociedade, por meio da educação fiscal e da facilitação do cumprimento

voluntário das obrigações tributárias” aliado com um dos objetivos gerais que é “promover o

atendimento de excelência ao contribuinte”. E nessa sequência de raciocínio e em

contrapartida, o fisco poderá obter resultados bastante positivos como: aumento e nivelamento

do potencial da arrecadação, atualizações de informações econômicos fiscais, diminuição de

custos e o mais importante, mudanças de comportamento dos contribuintes no cumprimento

das obrigações fiscais.

4.1.2 O fisco não pode retrancar-se e interpretar de forma Literal a Denuncia Espontânea.

Veja que as autoridades tributárias brasileiras não podem atar ou retrancar o artigo 138

CTN de forma literal a exemplo do artigo 111 deste mesmo Ato Legal fechando o cerco para

qualquer outra interpretação conforme descrito abaixo. A redação contida neste dispositivo

abre um precedente de cunho social e econômico ao permitir que o agente que cometeu o

ilícito de não pagar de forma regular o tributo e não ter atendido as obrigações acessórias

conforme já definidas anteriormente possa resolver as pendências sem despender de outros

recursos se não aqueles previstos no próprio artigo da denuncia. No caso de pagamento do

tributo, acrescido das atualizações e dos juros ou no atendimento de auto denunciar no que

tange ao das obrigações acessórias.

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Retiramos do texto do mestre Glauco B. M. Filho (2003. p. 40/42) a melhor forma que

julgamos ser a correta nesta tese para interpretar o artigo 138 do CTN, que é a Interpretação

Teleológica onde:

A interpretação teleológica ou finalística é a interpretação da norma a partir do fim (vantagem) social a que ela se destina, o que faz da norma um meio para atingir um fim, sendo que o meio será valorado pela sua aptidão para atingir o fim do modo mais efetivo possível de acordo com as circunstâncias dadas (pragmatismo

63

utilitarismo). Nessa premissa, o sentido literal do dispositivo ganha maleabilidade para se subordinar ao fim social colimado.

O fim social específico de uma norma é, em sentido amplo, uma ênfase da sociedade.

A humanização do Direito Penal proposta por C. Beccaria e assimilada pelo ocidente informa que na aplicação da norma penal havendo dúvida, deve-se preferir a interpretação que seja mais favorável ao réu (in dúbio pro reo). De modo semelhante, o Código Tributário Nacional (CTN) estabelece:

art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se de maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quando,

I) à capitulação legal do fato; II) à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou

extensão dos seus efeitos; III) III) à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV) IV) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

Interessante é o exemplo dado por Siches da estação rodoviária onde havia o aviso: É proibida a entrada de cães. Chega um homem com o Urso e insiste em entrar, alegando que a proibição se refere à entrada de cães, muito embora a entrada com um urso fosse mais aceitável ainda. Chegando, depois, um mutilado de guerra, cego, conduzido por um cãozinho, seu guia fiel, poderia ele ou não entrar no recinto? ( grifo nosso).

Pela interpretação Literal e pela lógica formal-dedutiva, o homem com o urso entra e o cego com o cãozinho, não. Pela lógica do razoável (Teleológica) aconteceria o inverso.

E, aliado com esta prudente interpretação jurídica que deve fortalecer o instituto da

denuncia espontânea, recorremos ainda à interpretação sistemática onde os agentes públicos

devem observar quando da aplicação das normas tributárias.

Assim o mestre Glauco (2003. p. 37/39) expõe sua tese acerca da interpretação

sistemática:

A interpretação sistemática é a interpretação da norma à luz das outras normas e do espírito (principiologia) do ordenamento jurídico, o qual não é a soma de suas partes (corpo), mas uma síntese (espírito) delas. A interpretação sistemática procura compatibilizar as partes entre si e as partes com o todo – é a interpretação do todo pelas partes e das partes pelo todo. È em razão da necessidade de interpretação sistemática que o Código Tributária Nacional estabelece: Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. É de grande importância a observação de Eduardo J. Couture sobre a sistematização do Direito, feita na sua abordagem acerca das exceções ao princípio da inércia no Direito Processual:

64

“Falar de colisão de texto com o princípio pareceria uma antinomia, porque não pode haver outro princípio senão o que surge dos textos. Se chegarmos, entretanto, à conclusão de que os princípios são extraídos de uma harmonização sistemática de todos os textos, levando em consideração suas sucessivas repetições, sua obstinadas e constantes reaparições, a tarefa interpretativa, nesse caso, deverá realizar-se mediante o predomínio do princípio, já que ele constitui a revelação de uma posição de caráter geral, assumida ao longo de um conjunto consistente de soluções particulares. A situação especial, então, deve ser interpretada como um afastamento do princípio e não como aplicação ou vigência do mesmo.”13

O professor José de Albuquerque Rocha assim se pronuncia sobre a interpretação sistemática:

“Portanto, a interpretação sistemática baseia-se no postulado fundamental da moderna teoria da ciência, segundo o qual não é possível o conhecimento das coisas isoladas. Conhecer é descobrir a relação entre as coisas.”14

Por todas as considerações acima se pode dizer que o Código Tributário Nacional -

CTN, ao prever a denúncia espontânea, está dando uma nova oportunidade ao contribuinte de

regularizar sua situação fiscal junto às repartições Tributárias fora do prazo, mas traz consigo

um alerta que é “antes de qualquer manifestação do fisco (parágrafo Único)” exonerando-

o das multas fiscais. Aqui reside ao que já foi enfatizado anteriormente sobre a tempestividade

ser primordial para o benefício da denuncia espontânea.

4.1.3 O fisco não perde aceitando a Denúncia Espontânea.

Nesta seqüência é importante apegar em alguns artigos do Código Tributário Nacional

que servirá de suporte para o desenvolvimento do estudo como segue.

O artigo 161 do mesmo diploma legal diz que:

Artigo 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.

Ao combinar os dois artigos e considerando os preceitos dos artigos 140, 141 e 113 do

CTN vamos ter uma lógica que é a aplicação legal de todos os meios para que o fisco possa

exigir e receber os tributos devidos acrescidos dos encargos legais caso haja inadimplemento,

seja qual for o motivo deste. Vejamos a redação:

13 Direito e Processo, cit., p. 44-45 14 ROCHA, José de Albuquerque. Teoria geral do processo, p. 72.

65

Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Nas redações dos artigos 138 e 161 do CTN fica patente que o fisco em tese nunca

deixará de receber o tributo inclusive com imposição dos juros e atualizações e aplicação das

penalidades por infração caso houver. Porém há de observar que no artigo 138 (A

responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração), prevê uma exceção à

regra que é o momento em que o contribuinte ou responsável de forma espontânea procura

regularizar-se pelo inadimplemento de sua obrigação principal ou acessória. Isto abre um

efeito legal que mesmo fora do prazo, mas antes de qualquer ato administrativo do fisco ou

mesmo um procedimento de início de fiscalização, exclui sua responsabilidade pela infração

cometida.

O procedimento administrativo mencionado no artigo (parágrafo único) está

intimamente relacionado com qualquer ato administrativo emitido pelo servidor competente

para representar a Repartição Fiscal e poder emitir Intimações de cobranças tanto pelo atraso

no pagamento dos tributos assim como pelo atraso no cumprimento de Obrigações

Acessórias, e nas situações em que sejam emitidos Termos próprios para Início de

Fiscalização, Diligências dentre outras situações que põem fim à espontaneidade.

O dispositivo legal que exige esta formalidade é o Decreto 70.235 de 06 de março de

1972, que no artigo 7º, dispõem que “o procedimento fiscal tem início com I - o primeiro ato

de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da

obrigação tributária ou seu preposto; II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros;

III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada”.

66

No referido ato detalha ainda no parágrafo 1º que “O início do procedimento exclui a

espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de

intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas”.

No parágrafo 2º do artigo 7º prevê que o prazo das correspondências de oficio pela

autoridade fiscal tem validade de 60 dias, prorrogável sucessivamente por igual período

inclusive por qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos para os

casos dos incisos I e II do caput do artigo. Observa-se que findo os prazos estabelecidos por

qualquer motivo da autoridade fiscal de que trata o presente sem que tenha concluído os

trabalhos fiscais, abre-se novamente a espontaneidade ao cidadão.

No caso de Intimações ou Notificações emitidas por autoridades administrativas

revestidas de competências ao poder de lançamento e administração tributária, estes

documentos geralmente são emitidos no intuito de cobrar o contribuinte através dos sistemas

de malhas de declarações (revisões de declarações, pessoas físicas e jurídicas), diferenças de

recolhimentos a menor ou débitos em contas correntes, atraso de declarações das várias

espécies, etc. Caso ocorram essas situações exclui a espontaneidade do contribuinte para

beneficiar-se do instituto da denuncia e os dispositivos legais que regem as modalidades de

intimações são os constantes do art. 23 do Decreto 70.235/1972, vide anexo 14.

A Infração contida no artigo 138 do CTN trata-se de situação em que o contribuinte

não atende no prazo estabelecido na Lei Tributária sua obrigação quer seja Principal ou

Acessória e não especifica em nenhum momento na Lei Complementar se multa de mora,

Oficio ou multas isoladas, denominadas administrativas. Portanto essa exceção, denominada

Denuncia Espontânea não pode somente ser aplicada em situações isoladas em que o fisco

aceita, porque não chegou ao seu conhecimento em tempo real, por exemplo, um contribuinte

que deixou de emitir uma nota fiscal em decorrência de uma venda e posteriormente a emiti

antes de qualquer procedimento administrativo. Deve sim reconhecer que qualquer tributo em

atraso e ou a apresentação de uma declaração fora do prazo, mas antes de qualquer intimação,

notificação e ou termo de inicio de fiscalização ou Diligência pelo fisco, sejam processados

sem qualquer penalidade contando que apesar do atraso, o tributo seja acrescido dos juros e as

atualizações no momento do efetivo recolhimento.

Quando o Contribuinte, a destempo, recolhe os tributos de forma voluntária, ele o faz

considerando a tributação imposta pela Lei, com aplicação das alíquotas correspondentes à

Renda, Receita ou faturamento já considerando uma tributação razoável e acrescida da

atualização e juros à época dos recolhimentos. Pergunta-se onde está o prejuízo para a União?

67

Veja que nessa seqüência de raciocínio o fisco não perde, porque está recebendo o

tributo na proporção do Lançamento estipulada na Lei à época do fato Gerador, com a

atualização até o dia do pagamento em atraso e com a remuneração do capital que é os juros.

Isto não quer dizer que haverá um aumento na inadimplência, mas sim um incentivo

para que os contribuintes de forma espontânea recolham os tributos ou cumprem com as

obrigações acessórias. Urge a necessidade de uma melhor gerência do fisco em tornar os

controles no acompanhamento pleno mais ágeis e próximos do fato gerador e do lançamento

dos contribuintes inadimplentes com o objetivo de evitar a continuidade daqueles contumazes

com base na evolução histórica fiscal e individual.

4.1.4 Do cumprimento das obrigações acessórias na Denuncia Espontânea.

No que relaciona às Obrigações Acessórias previstas no parágrafo 2º e 3º do artigo 113

do CTN quando é transformada em Obrigação Principal ao constituir a multa pecuniária

somente terá validade se o fisco assim manifestar através de qualquer ato administrativo

vinculado à obrigação específica. Se o contribuinte mesmo com atraso atender sua obrigação

no cumprimento previsto na Legislação Tributária, de prestar as informações positivas ou

negativas através dos formulários específicos e ou via sistema informatizado, a Obrigação

Principal (penalidade pecuniária) desta será ofuscada pela Denuncia espontânea.

Entende-se que se aplica a denuncia espontânea nas obrigações acessórias, pelo fato de

constar no propalado artigo a redação em sua primeira parte “A responsabilidade é excluída

pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso”. Esta frase pode dar a

conotação das seguintes interpretações extraídas do código: a)indicar que não apenas as

infrações concernentes ao não pagamento do tributo devido podem ser objeto de denúncia

espontânea, como também aquelas referentes às obrigações acessórias, ou deveres

instrumentais ou formais, tais como o atraso na entrega das declarações do imposto de renda;

e b) a segunda, demonstrar que, se a lei dispuser diferentemente, a responsabilidade pela

infração tributária poderá ser ilidida sem a efetuação do pagamento do tributo devido de

forma integral, restando para o contribuinte a saída da confissão da dívida e seu parcelamento,

sem a necessária imputação de multa moratória cumulada com juros

Isto quer dizer que a frase destacada complementa que nem todas as situações no

cumprimento de obrigações tributárias são principais. No caso do estudo deste subtítulo,

existem aquelas de interesse da fiscalização e da Arrecadação (acessórias), a qual nada mais é

68

do que prestar informações, emitir documentos fiscais e não informar dados falsos,

incompletos e simulações em documentos fiscais.

O assunto é bastante controvertido porque muitos doutrinadores divergem de posições

e nos julgados dos tribunais também não há unanimidade de julgamento desta matéria

específica. Mas atualmente nas 1a.e 2a. Seções do STJ há uma tendência pela manutenção da

aplicação de multas no descumprimento de obrigações acessórias mesmo que o contribuinte

apresenta a declaração com atraso, porém, na forma espontânea. A seguir demonstramos

vários julgados relativos ao tópico em exame.

EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ENTREGA DA

DECLARAÇÃO FORA DO PRAZO. MULTA MORATÓRIA. DENÚNCIA

ESPONTÂNEA. O atraso na entrega da declaração do imposto de renda não

constitui infração no sentido de ilícito tributário, e, deste modo, sujeito está o

contribuinte ao pagamento da multa moratória, prevista em lei (Lei n. 8.981, de

1995, art. 88). (TRF 1ª Região, 3ª Turma, AMS nº 1996.01553355, Rel. Dês. Fed.

Tourinho Neto, j. 15.04.1997, v.u., DJU 09.05.1997).

EMENTA: TRIBUTÁRIO – MULTA – IMPOSTO DE RENDA – ATRASO NA

ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS – LEI N. 8.981/91 –

INAPLICABILIDADE DO INSTITUTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA –

PRECEDENTES – RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

(STJ, 2ª Turma, REsp nº 426.991/MG, j. 28.05.2002, DJU 17.06.2002).

EMENTA: TRIBUTÁRIO – MULTA – IMPOSTO DE RENDA – ATRASO NA

ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS – LEI N. 9.532/97. 1. No

julgamento do REsp 250.567/SC, em 29/05/2001, a Primeira Seção entendeu ser

devida a multa prevista na Lei 8.981/95, por força do descumprimento de uma

obrigação acessória. 2. Aplicação do mesmo raciocínio jurídico em relação a Lei

9.532/97. 3. Recurso especial provido. (STJ, 2ª Turma, REsp n° 410.576/PR, j.

07.05.2002, DJU 24.06.2002).

EMENTA: TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA – ATRASO NA ENTREGA

DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS – LEI N. 8.981/91 E ART. 138 DO

CTN. 1. A imposição de multa por atraso na entrega da declaração de rendimentos,

prevista no art. 88 da Lei 8.981, está em testilha com o art. 138 do CTN. 2.

Imposição apenas de juros moratórios àquele que se atrasou no pagamento, com a

dispensa de sanção pelo não-cumprimento de obrigação acessória – art. 138 do CTN.

3. Recurso especial conhecido, mas improvido. (REsp nº 246.295/RS, 2ª Turma, Rel.

Min. Eliana Calmon, j. 04.04.2000, v.u., DJU 12.06.2000).

O artigo 138 do Código Tributário Nacional é mais abrangente como se imagina não

podendo ser interpretado somente de forma limitativa e específica. A manutenção deste

dispositivo dentro do código está intimamente ligado a qualquer obrigação legal prevista no

69

próprio código, no caso em comento é o artigo 113 que conceitua, “A obrigação tributária é

principal ou acessória”(grifo nosso) e no parágrafo 3º do artigo impõem que “A obrigação

acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal

relativamente à penalidade pecuniária”. Veja que este último trata-se da conversão de uma

obrigação acessória para principal – Multa, devido o descumprimento do dever legal da

primeira. Por que o contribuinte segundo os julgados dos Tribunais não poderiam usufruir de

tal instituo neste caso com a exoneração da multa? A penalidade exemplificada neste contexto

trata-se de sansão aplicada pelo descumprimento de um dever legal tributário e de interesse da

arrecadação e fiscalização.

Dessa exposição pode constatar que não há nenhum motivo jurídico fiscal que obsta o

contribuinte mesmo fora do prazo em cumprir suas obrigações fiscais e acessórias, utilizando-

se das prerrogativas da Denuncia Espontânea, mas antes de qualquer comunicação oficial da

autoridade administrativa relacionada com o caso especifico, sem o pagamento da multa.

Ocorrendo tal fato o artigo 138 do CTN, mascara o parágrafo 3º do artigo 113 do código.

4.1.5 Prudência do Instituto da Denuncia Espontânea.

A inteligência do Legislador em constar no Código Tributário Nacional o Instituto da

Denuncia Espontânea é algo inovador e fantástico porque já naquele lapso temporal em

complementar a Constituição Brasileira já existia um Sistema Tributário Complexo com uma

excessiva exigência das obrigações acessórias exatamente pelo número de tributos e forma de

tributação diferenciada e naturalmente prevendo uma evolução do quantitativo de

contribuintes e conforme se percebe a cada ano elevam de forma exponencial.

Pode-se concluir que de acordo com o Código constam somente exigências de um ato

positivo no sentido de exigir, o pagamento do tributo, obrigações de prestar informações em

prazos estabelecidos no caso a Legislação Tributária. Ao referir ao Instituto da denuncia

espontânea nos preceitos do artigo 138 do Código Tributário Nacional, o legislador quis abrir

uma exceção - única oportunidade do contribuinte para se regularizar mesmo fora do prazo.

Se assim não fosse, o que adiantaria constar tal instituto até os dias de hoje?

Neste raciocínio é óbvio que qualquer outra situação no cumprimento das obrigações

fiscais dentro de uma normalidade haverá uma espontaneidade do contribuinte que é diferente

da regra prevista no propalado artigo do CTN.

70

Com o fito de ilustrar exemplificamos este entendimento considerando as seguintes

situações:

1 - Um contribuinte recolhe um determinado tributo no prazo legal, há a ocorrência

de uma espontaneidade natural.

2 – um cidadão apresenta sua declaração dentro do prazo – acontece uma

espontaneidade natural.

3 – um cidadão paga o tributo com atraso, mas com atualização e juros, antes de

qualquer imposição pelo fisco, há uma espontaneidade legal considerando o artigo 138 CTN.

4 – um cidadão apresenta a declaração ou correções de informações fora do prazo, mas

antes da manifestação do fisco, há também um procedimento espontâneo também previsto no

artigo 138 do CTN.

Observe-se que em todas as situações acima há espontaneidade, a diferença entre as

duas primeiras em relação às últimas está nos limites das regras estabelecidas no artigo 138 do

Código Tributário Nacional.

Neste raciocínio fica patente que tanto a infração cometida pelo contribuinte ou

responsável pelo pagamento do tributo fora do prazo e o cumprimento de obrigações

acessórias também fora do prazo legal, ficam excluídas.

4.1.6 Exoneração das multas ao aplicar a denuncia espontânea não afeta a obrigação tributária.

Na análise dos artigos 113, 140, 141 e 161 do CTN constante deste título e da

exposição dos subtítulos relativos aos parágrafos anteriores é importante que fique patente

que as circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as

garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade, acrescido da

exceção do artigo 138 objeto desta tese não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.

Nessas circunstâncias o fisco não terá qualquer prejuízo quando o contribuinte

aproveita o instituto da denuncia espontânea em não recolher as multas pelo atraso no

pagamento dos tributos com os acréscimos das atualizações e ou juros e no cumprimento das

obrigações acessórias.

71

4.2 Supremacia do Código Tributário Nacional em Matéria Tributária.

O Código Tributário Nacional – CTN cuja origem é da Lei Ordinária 5.172 de 1966

ainda na vigência da constituição de 1946 em vigor hoje define todas as regras contidas no

Sistema Tributário com estatus de Lei Complementar, pois, este dispositivo legal foi acolhida

pela Constituição Federal de 1988 nos preceitos do artigo 34 dos Atos das Disposições

Constitucionais Transitórias – ADCT.15

A recepção do Código Tributário Nacional, sob este aspecto, deve ser vista com

reservas e adotada até onde não conflite com a Constituição de 1988, mormente no que tange

à competência tributária das pessoas políticas.

Diante das exigências contidas na Própria Constituição sobre como deve ser

estruturado o Sistema Tributário Nacional iniciando com uma Lei Complementar, esta torna,

portanto, a primeira norma dentre as demais a ser respeitada considerando os fundamentos do

artigo 146 da Constituição de 1988. 16

A menção a estes aspectos legais do Direito Tributário brasileiro é feita no intuito de

esclarecer que qualquer ato contrário a tais princípios ou institutos, tanto de parte do sujeito

ativo, como do sujeito passivo, podem ser classificados como ilícitos tributários, por ferirem

15 CF- 88 - ADCT. art. 34. O Sistema Tributário Nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido , até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.

16 CF - 88. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

72

não só a Lei em sentido estrito, mas a Lei em seu sentido mais genérico, em forma de

princípios constitucionais.

Toda e qualquer norma infraconstitucional, lei Ordinária, Medida Provisória, Decretos

dentre outras não podem sobrepor aos preceitos contidos em qualquer artigo do Código

Tributário Nacional especialmente ao assunto objeto desta tese que é a Denuncia Espontânea.

Aqui traduz numa obrigação crucial do estado – o dever de evitar penalizar o agente

infringente quando se utilizou o direito de ação no sentido de denunciar-se.

4.3 Posição do Fisco acerca da Denuncia Espontânea.

O fisco em todas as esferas posiciona no sentido de que mesmo que o contribuinte

utiliza-se do instituto da denuncia espontânea deva recolher os tributos em atraso,

independente de qualquer manifestação oficial acrescidos das multas de mora dos juros e da

atualização. Este entendimento está intimamente ligado ao que o fisco denomina-se de

recomposição da importância atrasada para o período presente e fazer valer a imposição da

denominada multa fiscal pela mora no descumprimento a destempo das obrigações de pagar

os tributos.

4.3.1 A multa segundo o Fisco tem o caráter de indenização e não traduz em punição.

Nesta defesa o fisco considera que a multa de mora tem o caráter indenizatório quando

o devedor não cumpre no prazo sua obrigação tributária mesmo que seja utilizando o instituto

da denuncia espontânea, demonstrando assim que ao aplicar a multa pelo atraso, esta possui

fato gerador autônomo ao contrário do artigo 138 do CTN que tem como objeto uma

responsabilidade decorrente de um ato infracional previsto nas normas tributárias e por isso

não alcançando a multa de mora que enfatiza ser compensatória e ser exigida com base no

artigo 161 do CTN.

Considera-se que o contribuinte ao descumprir a obrigação de pagar o tributo no dia

do vencimento não comete qualquer infração e por isso deva ser afastado qualquer análise

sobre o elemento subjetivo de culpa, e sendo esta irrelevante não há que se falar em punição;

não possuindo a multa de mora, pois, caráter penal, sendo devida exclusivamente pelo fato do

atraso na satisfação da obrigação;

73

A multa segundo o fisco é uma forma de indenizar o credor pelo fato do tributo ter

permanecido privado dos recursos atinentes à arrecadação durante certo lapso de tempo; e

ainda implica em quebra do princípio da isonomia. Nesse raciocínio o contribuinte pontual

com as suas obrigações tributárias teria tratamento semelhante a outro que paga fora do

vencimento.

Segundo Ivo Zanoni que defende em seus estudos a mesma posição do fisco acerca da

denuncia espontânea, assim comenta sobre o assunto: 17

A multa de mora é estabelecida na lei ordinária da pessoa política tributante, com caráter de sanção pecuniária acrescida ao valor do tributo não pago no prazo legal.

No entanto a genuína multa de mora não se confunde com a multa punitiva por falta de pagamento, aplicada pelo agente fiscal contra a pessoa do devedor do tributo, tratando-se esta última, de multa pela omissão de uma prestação obrigatória prevista em Lei. A multa por falta de pagamento também é proporcional ao valor do crédito tributário e tempo de atraso e é expressa em moeda corrente do país.

A multa desta espécie é excluída pela denúncia espontânea, porém é substituída pela multa de mora sempre que o pagamento se realizar após o vencimento do prazo limite estipulado em lei. Isto porque o pagamento extemporâneo do tributo é um procedimento irregular, é falta, é omissão sancionada, seguindo o mesmo raciocínio de ilicitude das demais infrações, quando previsto como infração na lei de competência da pessoa política tributante.

Uma vez não pago no prazo, a incidência da multa de mora é automática, não dependendo de autuação do agente fiscal, por pressupor o ato do pagamento extemporâneo.

O pagamento de tributos fora do prazo, sem a multa de mora, mesmo com a denúncia espontânea, como querem aqueles que compreendem a multa de mora como punitiva, retiraria a força coercitiva da norma fixadora de prazo, que cairia na completa ineficácia. É clássica a assertiva de que “a eficácia é uma condição de validade”, decorrendo daí que uma interpretação da norma que não traduz o comportamento prático adotado em função dela, ou está equivocada ou então indica que a norma não é válida. A postura de dispensa da multa de mora, no caso de denúncia espontânea, pode revelar-se tecnicamente incoerente, na medida em que sugere, de parte do obrigado, que pagar tributo no prazo não seria mais uma obrigação, mas uma faculdade. Os tributaristas que defendem a exclusão da multa de mora, em regra, consideram (sabendo-se inexistir tal repercussão prática) que o efeito da exclusão da multa de mora pela denúncia espontânea, seria de que os contribuintes em atraso com o pagamento de tributos supostamente viessem em massa acertar suas pendências com o fisco.

17 Artigo publicado na Revista Bonijuris nº 479, de out/2003 e na Revista Jurídica do Ministério Público Catarinense - Atuação nº 1, de setembro a dez/2003, XII Congresso Nacional do Fisco Estadual (FENAFISCO/2001).

74

A realidade mostra que freqüentemente os administradores das empresas, são pressionados tecnicamente a violar normas tributárias sempre que tal seja economicamente proveitoso e se é também verdade que “o direito tem poucas possibilidades de vingar quando entra em conflito direto com motivações de natureza lucrativa”15, é igualmente provável a possibilidade de outra reação, no sentido de que um maior número de contribuintes deixaria de pagar o tributo no prazo, ao premiar-se tal comportamento irregular com aplicação apenas remota e eventual de uma multa, no caso do agente fiscal conseguir detectar a falta e emitir a respectiva autuação.

Ao se aceitar a dispensa da multa de mora na denúncia espontânea, estaria instalada a anarquia tributária, e ninguém mais teria obrigação de pagar Tributo no prazo, vez que o aparato fiscal é diminuto frente ao número de contribuintes, ficando dificultada sobremaneira a própria existência do Estado, frente à facilidade. A orientação referida, que advoga a dispensa da multa de mora no contexto da denúncia espontânea, é insegura do ponto de vista legal. Até mesmo porque, como assegura Teubner, “o abandono da atual normativização das condutas, no sentido de expectativas de comportamento imperativas, poderia decerto, e por outro lado, produzir graves conseqüências para o funcionamento das normas jurídicas, cuja validade passaria assim a estar dependente do livre-arbítrio de seus próprios destinatários.

4.3.2 Críticas aos entendimentos do Fisco.

Enaltecemos o estudo do Mestre Ivo Zanoni sobre suas opiniões acerca do assunto

porque traz a baila um assunto bastante controvertido e pendente de solução no Sistema

Tributário brasileiro, mas não podemos concordar com suas posições porque, o fisco ao

receber os recolhimentos fora do prazo e considerando o Instituto da Denuncia Espontânea,

primeiramente irá receber o tributo considerando todas aquelas situações que fazem surgir o

fato gerador, lançamento, baseado numa tributação razoável, presumisse que aplicando o

princípio da capacidade contributiva do cidadão e o tributo em atraso será atualizado e

acrescidos dos juros. Neste caso não há tratamento isonômico entre aquele pontual e o

contribuinte que está utilizando o instituto da denuncia, como bem definida no artigo 138 do

CTN. Quem utilizar desse último instituto, irá recolher os tributos de forma atualizada e com

o acréscimo dos juros. Será que o contribuinte sempre quer recolher os seus impostos com

atraso nesta situação?

O mestre Ivo Zanoni pondera com muita propriedade que há diversas empresas que se

utiliza dos artifícios de postergar ao máximo os recolhimentos dos tributos em benefício de

obterem lucros fáceis, é verdade. Todavia, e diante desse quadro cabe ao fisco se modernizar

tecnologicamente e ter mais próximo o contribuinte no sentido de acompanhá-los tanto no

cumprimento das obrigações principais assim como no atendimento das obrigações acessórias

de forma sistemática e permanente (detalhamento no subitem 1.1.2). O cidadão ao cumprir

75

suas obrigações e considerando as prerrogativas de uma lei com status de Lei complementar

como é o Código Tributário Nacional em seu artigo 138, caput, não pode permanecer a

mercês do comodismo do fisco. É o que dar entender na exposição do mestre Zanoni.

Apresentamos diversos argumentos e comparativos doutrinários que consideram as

multas fiscais punitivas e com o fito de dar maior transparência e de forma bastante completa

e, no sentido de aprofundamento do presente estudo, extraímos do trabalho científico de

Felipe L. M. Barros, que descreve18

Hoje, todavia, a doutrina majoritária, bem como a própria jurisprudência, têm fixado que este tipo de multa é, em verdade, punitiva, devendo também ser abrangida pela excludente de responsabilidade do instituto da denúncia espontânea.

Interessante, neste sentido, é a lição de Sacha Calmon Navarro Coelho. O professor mineiro, para justificar a tese de que a multa moratória é punitiva, faz uma digressão ao Direito Civil, diferenciando a multa punitiva da multa compensatória:

[...] a multa punitiva visa a sancionar o descumprimento do dever contratual, mas

não o substitui, e a multa compensatória aplica-se para compensar o não-cumprimento do dever contratual principal, a obrigação pactuada, substituindo-a. Por isso mesmo, costuma-se dizer que tais multas são "início de perdas e danos". Ora, se assim é, já que a multa moratória do Direito Tributário não substitui a obrigação principal – pagar o tributo – coexistindo com ela, conclui-se que a sua função não é aquela típica da multa compensatória, indenizatória, do Direito Privado (por isso que seu objetivo é tão-somente punir). Sua natureza é estritamente punitiva, sancionante. (18)

Com idêntico pensar, e em abono aos defensores da exclusão da multa punitiva, encontramos os ensinamentos de Misabel Abreu Machado Derzi, que em suas notas de atualização à obra de Aliomar Baleeiro, tem assim lecionado (19):

Qualquer espécie de multa supõe a responsabilidade por ato ilícito. Assim, a multa moratória tem, como suporte, o descumprimento tempestivo do dever tributário. E, se a denúncia espontânea afasta a responsabilidade por infrações, é inconcebível a exigência do pagamento de multa moratória, como faz a Administração Fazendária, ao autodenunciante. Seria supor que a responsabilidade por infração estaria afastada apenas para outras multas, mas não para a multa moratória, o que é modificação indevida do art. 138 do CTN. Ao excluir a responsabilidade por infração, por meio da denúncia espontânea, o CTN não abre exceção, nem temperamentos.

Hugo de Brito Machado, quanto a este aspecto, é enfático, ao afirmar: Como a lei diz que a denúncia há de ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido, resta induvidoso que a exclusão da responsabilidade tanto se refere a infrações das quais decorra o não pagamento do tributo como as infrações meramente formais, vale dizer, infrações das quais não decorra o não pagamento do tributo. Inadimplemento de obrigações tributárias meramente acessórias.

18 BARROS, Felipe Luiz Machado. Denúncia espontânea: pressupostos de admissibilidade, requisitos de forma e imposibilidade de alteração do instituto pelas entidades tributantes. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 125, 8 nov.

76

O cumprimento de uma obrigação acessória fora do prazo legal configura nitidamente uma forma de denúncia espontânea da infração, e afasta, portanto, a responsabilidade do sujeito passivo. Assim, se alguém faz a sua declaração de rendimentos fora do prazo legal, mas o faz espontaneamente, porque antes de qualquer procedimento fiscal, nenhuma penalidade é cabível. Lei ordinária que estabelece o contrário é desprovida de validade, porque conflitante com o art. 138 do Código Tributário Nacional. (30)

Nesse pórtico, nada obstante entendermos cientificamente correta a classificação doutrinária entre infrações a obrigações tributárias e infrações a simples deveres instrumentais ou formais, segundo classificação de Paulo de Barros Carvalho, temos que tal divisão não foi absorvida pelo art. 138 do CTN que, ao prever a excludente de responsabilidade pela denúncia espontânea de infração, quis englobar todas as espécies de ilícitos tributário-administrativos, sendo, a título conclusivo, inadmissível qualquer alteração do instituto senão pela via adequada (lei complementar), não podendo o aplicador das normas, ou mesmo as entidades tributantes, criar obstáculos à fruição do direito de autodenunciação do contribuinte.

Pode-se constatar no texto que não há qualquer dúvida no que tange as interpretações

sobre as multas fiscais tanto das obrigações principais e quando o contribuinte deixa de

apresentar informações e declarações das diversas espécies existentes ou apresentadas com

determinadas incorreções conforme podemos relembrar quando se falou das obrigações

acessórias, apesar da forte resistência do fisco.

4.4. Parcelamento da multa na Denuncia Espontânea.

Para analisar com propriedade o item em evidência urge a necessidade de comparar

dois períodos, aquele em que antecedia Lei complementar 104 de 2001 que acrescentou ao

CTN o artigo 155-A, parágrafo 1º e na vigência deste ato.

Antes de referido dispositivo do CTN, havia correntes doutrinária e jurisprudencial que

pendiam para a defesa do crédito tributário denunciado de forma espontânea com acréscimo da

multa no caso de parcelamento e outras correntes que defendiam o contrário, o parcelamento

do crédito sem a multa. E com o fito de ilustrar melhor são relacionados a seguir vários

julgados que tomaram como referência para defender a inclusão da multa quando houver a

denuncia espontânea, a Súmula do TFR. 1 nº 208 e tida há época como ultrapassada por parte

da doutrina e órgãos judiciais como transcritos:

[...] quando há parcelamento do débito tributário, não deve ser aplicado o benefício

da denúncia espontânea da infração, uma vez que o cumprimento da obrigação foi

desmembrado e só será quitado quando satisfeito integralmente o crédito. O

parcelamento, pois, não é pagamento e a este não substitui, mesmo porque não há

presunção de que, pagas algumas parcelas, as demais, igualmente, serão adimplidas,

77

nos termos do art. 158 do CTN. (2ª Seção, REsp n° 284.189/SP, Rel. Min. Franciulli

Netto, j. 17.06.2002, v.u., noticiado no Informativo n° 139 do STJ).

EMENTA: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA

ESPONTÂNEA. PARCELAMENTO. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA.

IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N° 208 DO TFR. 1. O benefício da denúncia

espontânea da infração, previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional, não é

aplicável em caso de parcelamento do débito, porquanto a exclusão da

responsabilidade do contribuinte pelo referido dispositivo legal tem como condição

sine qua non o adimplemento integral da obrigação tributária. 2. Embargos

conhecidos e rejeitados. (1ª Seção, EREsp n° 166.911/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, j.

25.09.2002, v.u., DJU 28.10.2002).

E outros julgados inclusive internamente por outras turmas do STJ, no entanto, já se

posicionam contrário, esclarecendo que o parcelamento deve ser considerado como pagamento

e sem a multa para fins de denúncia espontânea:

EMENTA: TRIBUTÁRIO – DENÚNCIA ESPONTÂNEA – PARCELAMENTO – MULTA MORATÓRIA – AFASTAMENTO – PRECEDENTES (ERESP. 193.530/RS). – A eg. Primeira Seção do STJ já assentou o entendimento no sentido de que, não havendo procedimento administrativo em curso pelo não recolhimento do tributo e tendo sido deferido o pedido de parcelamento, está configurada a denúncia espontânea, que exclui a responsabilidade do contribuinte, tornando inexigível o pagamento da multa moratória. – Ressalva do ponto de vista do relator. – Recurso conhecido e provido. (STJ, 2ª Turma, REsp n° 237.841/CE, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 12.03.2002, v.u., DJU 13.05.2002).

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – TRIBUTÁRIO – PARCELAMENTO DO

DÉBITO E DENÚNCIA ESPONTÂNEA – DIVERGÊNCIA SUPERADA -

SÚMULA 168 DO STJ. É entendimento pacífico da egrégia Primeira Seção

deste Superior Tribunal de Justiça que restará configurada a hipótese de

denúncia espontânea prevista no artigo 138 do Código Tributário Nacional

quando houver parcelamento do débito, com a conseqüente exclusão da multa

moratória. Impende a aplicação, in specie, do verbete sumular n. 168, que

determina que "não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência

do Tribunal se firmou no sentido do acórdão embargado". Embargos de

Divergência rejeitados. Decisão por unanimidade.

Na fala de Poloni (Teresina, 1999) o mesmo faz referência a Hugo de Brito Machado

sobre o seu comentario sobre a denúncia espontânea e parcelamento que expressou: 19.

19 POLONI, Antonio S.. Denúncia espontânea, multa de mora e o parcelamento de débito . Jus Navigandi, Teresina, ano 3, n. 35, out. 1999.

78

"A rigor, nos termos do art. 138 do CTN, essa exclusão da responsabilidade depende, se devido tributo, do pagamento deste, ou do depósito do valor arbitrado pela autoridade competente se o valor do tributo depender de apuração. Cuida-se de norma cuja finalidade é estimular duas condutas, a saber, a denúncia espontânea da infração, e também o pagamento do tributo devido. A denúncia espontânea, sozinha, não realiza o suporte fático dessa norma. Não faz alcançada sua finalidade. Nada impede, porém, que o legislador de cada pessoa jurídica tributante preceitue diversamente, concedendo a exclusão da responsabilidade em face da denúncia espontânea da infração, com o pacto de parcelamento. É o que fez, por exemplo, o legislador maranhense, autorizando o Poder Executivo a conceder parcelamento de crédito tributário denunciado espontaneamente, sem a cobrança de multa moratória, desde que o requerente comprove sua liquidez negativa. Não obstante o recebimento do tributo seja o objetivo final, não se pode dizer seja desimportante a denúncia espontânea. Esta facilita o recebimento e induvidosamente merece estímulo. Instituí-lo é uma questão de política legislativa. Por cautela, porém, o legislador deve estabelecer que o não pagamento do tributo parcelado restabelece as penalidades excluídas pela denúncia espontânea".

Ainda em oposição à súmula supracitada pode-se constatar internamente no próprio

STJ à época várias outras decisões prolatadas e consagrando o entendimento da

inexigibilidade da multa moratória quando o pagamento da dívida estiver acompanhado de

parcelamento no momento da denúncia espontânea da infração tributária, desde que ausente

qualquer procedimento administrativo contra o contribuinte (Resp nº 190.408, e Resp nº

200.479, Embargos de Divergência no Recurso Especial nº 228.101/PR, Resp 251.214, Resp

263.122, Resp 247.095 e AGResp 359.181).

Porém com o advento da Lei complementar 104/2001, houve uma alteração no Código

Tributário. A partir desta reforma, foi incluído o art. 155-A no texto do CTN, transcrito a

seguir:

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1°. Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.

O que deve ser observado pelos defensores do direito bem como o fisco com a inclusão

do referido artigo ao Código Tributário Nacional é a importância indireta que se deu à

denúncia espontânea. Primeiramente o reconhecimento daquele instituto contido no referido

ato legal no artigo 138, pois, este não foi revogado e não sofreu qualquer alteração. Agora fica

mais do que evidente que a denúncia espontânea permanece com mais vigor e o mais

79

importante em qualquer situação, seja ele por homologação ou de qualquer forma desde que o

contribuinte atenda os preceitos do artigo 138 do CTN.

Ao analisar e comparar os dois artigos é perfeitamente identificável um conflito de

dispositivo dentro do próprio CTN, pois, o parágrafo 1º exige “que salvo disposição de lei em

contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas” isto

para impor que obrigatoriamente o devedor do crédito tributário seja ele de auto denúncia ou

não, caso deseje parcelar este débito será acrescido dos referidos consectários. Ora para o caso

do débito sem auto denúncia normal, porque assim, a norma legal vigente já prevê; mas quando

há a denuncia espontânea (caput do artigo 138), o contribuinte está utilizando desta

prerrogativa e com fulcro em uma norma inicial do Sistema Tributário Brasileiro (CTN).

A questão acima reside no pagamento se de forma integral ou parcelado, mesmo

havendo a denuncia. O novo dispositivo dar a entender que o contribuinte ao solicitar o

parcelamento não configura a denúncia espontânea. Isto não é o que está nos preceitos do

artigo 138 do CTN ao compararmos com os dizeres do artigo 155-A, parágrafo 1º Código

Tributário Nacional, à frase “Salvo disposição de lei em contrário”.

Neste último caso ao contrário a denuncia permanece, o parágrafo 1º do artigo 155-A

do CTN não restringe as prerrogativas integrais do artigo 138 do CTN. Por isso consideramos

um conflito entre esses dois dispositivos. O parágrafo 1º do artigo 155-A do CTN, apenas

fortalece, caso houver parcelamento do débito que este seja acrescido dos juros e da multa, mas

a denúncia espontânea permanece. É aqui que reside a polêmica e dá margem que mesmo

nessa situação o contribuinte possa perfeitamente parcelar o seu débito com ausência da multa,

porque no meio da negociação, fisco e contribuinte, pode haver a figura da denuncia

espontânea com fundamentos do artigo 138 do CTN. O novo artigo do CTN em seu parágrafo

1º não revogou, alterou ou impôs alguma exceção de forma direta ao artigo da denuncia

espontânea pelo contrário deu margem ao descrever “Salvo disposição de lei em contrário”.

Sobre este pensamento passamos aos comentários de Braga (12 fev. 2008), que

descreve:

A inclusão do art. 155-A e seus parágrafos no Código Tributário, pela LC 104/01, configurou apenas um conflito aparente de normas (antinomia normativa) entre a aplicação da multa de mora, prevista nos casos de parcelamento de débitos tributários e o instituto da denúncia espontânea, que exclui a incidência de penalidades no caso de cumprimento espontâneo das obrigações tributárias, desde que cumpridos os demais requisitos expressos no art. 138 do CTN. Neste caso, verificou-se que a interpretação sistemática deveria prevalecer, portanto, caso o contribuinte preencha os requisitos do art. 138 do CTN e efetue o pagamento

80

integral do crédito tributário, ficará isento da multa de mora, mas caso parcele seu débito ficará sujeito à multa moratória, nos termos do art 155-A, § 1º, do CTN.

Quanto à regularidade formal, apesar de inexistir no art. 138, do CTN, regra específica de forma a disciplinar a denúncia espontânea, esta deverá ser formulada de modo a se cumprirem eventuais exigências contidas na legislação específica de cada repartição ou órgão tributante, desde, é claro, que tais comandos não se configurem óbices intransponíveis ao exercício de direito subjetivo do autodenunciante de se livrar da imposição de multa por descumprimento da norma fiscal.

Verificou-se a impossibilidade de mitigação do art. 138, do CTN, por lei ordinária ou ato normativo secundário: o Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/1966), originariamente lei ordinária, foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 como lei complementar, sendo este o instrumento jurídico determinado pelo art. 146, III, da Magna Carta, para dispor sobre normas gerais em matéria tributária, não podendo o art. 138 do CTN, por isso, ser suplantado por normas hierarquicamente inferiores.

Há prudência neste comentário de Aline e da exposição acima porque o artigo 138 do

CTN está sendo objeto de modificação superficial, ou seja, de forma indireta sem que o

mesmo tenha sofrido qualquer alteração substancial na sua redação com a norma do mesmo

nível hierárquico.

Não obstante a perdurar essas exigências contidas na lei Complementar 104/2001 da

forma em que foi instituído o artigo 155-A, parágrafo 1º e relacionando-os com o artigo 138

também do CTN é perfeitamente contestável. Somente com uma alteração através de Lei

complementar deste último ou com a inclusão de um parágrafo ou parágrafos o conflito

poderá desaparecer.

Com o objetivo de acrescer o nosso entendimento trazemos do texto elaborado por

Thiago de Melo Cabral por que expõem com bastante clareza sua opinião, considerando ilegal

e inconstitucional o artigo 155-A em relação ao artigo 138, todos do Código Tributário

Nacional, conforme transcrito:

Segundo a posição de que a multa de mora deve ser excluída também no caso de parcelamento, o art. 155-A e o seu Parágrafo Único(16), ambos do Código Tributário Nacional, inclusos pela Lei Complementar 104/2001, são não só ilegais por entrarem em conflito com o art. 138, CTN, bem como inconstitucionais, pois esbarram no art. 150, II, da Constituição Federal. O disposto no artigo supra citado traz uma situação de total exclusão de possibilidade da denúncia espontânea e o que é pior, o seu caput delega à legislação específica a possibilidade de fazer ou não a exclusão da penalidade e o seu parágrafo único inclui multa. Portanto, o artigo 155-A e o § 1º, do CTN, entram em conflito com o que dispõe a denúncia espontânea, no Artigo 138, da mesma lei. É conflito interno de norma.

81

O doutrinador Ives Granda da Silva Martins, citado pelo autor Leandro Paulsen em seu livro, interpreta o art. 150, II, da Constituição Federal, que se refere ao princípio da igualdade, fazendo uma demonstração de equivalência entre sujeitos para o emprego deste princípio, como se transcreve trecho: “A equivalência é uma igualdade mais ampla, a que se poderia chamar de eqüipolência... A igualdade exige absoluta consonância em todas as partes, o que não é da estrutura do princípio da equivalência. Situações iguais na eqüipolência, mas diferentes na forma, não podem ser tratadas diversamente.... Os desiguais, em situações de aproximação devem ser tratados, pelo princípio da equivalência, de forma igual, em matéria tributária, visto que na igualdade absoluta, na equivalência, não existe, mas apenas a igualdade na equiparação de elementos... (PAULSEN, 2001, p. 176)” “O art. 155-A e o § 1º também são inconstitucionais, uma vez ferem o princípio da igualdade, esculpido no art. 150, II, da Constituição Federal, porque o art. 138, CTN, exclui a penalidade da multa de mora do contribuinte que paga de forma integral o tributo, através da denúncia espontânea, enquanto o que paga de forma parcelada mantém a penalidade da cobrança da multa de mora.”

O artigo 150, inciso II da Constituição em seu texto traz o seguinte, “sem prejuízo de

outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito

Federal e aos Municípios: instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem

em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou

função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,

títulos ou direitos”(grifo nosso). O importante que trazemos à presente análise é expressa

vedação genérica contida em nossa lei maior ao poder tributante.

No caso sob exame e conforme bem definido na constituição nenhum contribuinte

pode sofrer discriminação ao negociar o seu débito quando há regras gerais e legais para todos.

Não obstante o que se constata na imposição do artigo 155-A, parágrafo 1º em relação ao caput

do artigo 138 todos do CTN é exatamente uma afronta em relação à imposição constitucional

da vedação. E conforme já enfatizado anteriormente o teor do artigo 138 do CTN não sofreu

qualquer tipo de alteração ou exceção quando o contribuinte a utiliza.

Apesar de todas essas críticas temos decisões em vários julgados do STJ, que pendem

para defender o Artigo 155-A, inciso I, quando o contribuinte usufrui o instituto da denúncia

espontânea, conforme descrição extraída do texto do artigo de Barros (.2003)

Existem julgados do STJ que, ressalvado o anterior posicionamento, já

acenam para a nova realidade imposta pela LC n° 104/2001, de modo que

toda a jurisprudência deverá se firmar num só sentido: O Ministro José

Delgado, por exemplo, que na 1ª Turma conduzira votos no sentido de se

aceitar o parcelamento na confissão espontânea de dívida como fato

deflagrador dos benefícios do art. 138 do CTN (vide EDAGA n°

421.630/PR, j. 18.06.2002, v.u., DJU 19.08.2002), atualmente tem feito a

82

ressalva da Lei Complementar n° 104: EMENTA: TRIBUTÁRIO E

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. DENÚNCIA

ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. INEXIGIBILIDADE. LEI

COMPLEMENTAR N° 104/2001 (ART. 155-A, § 1° DO CTN).

INAPLICABILIDADE. 1. Agravo Regimental interposto pelo INSS

contra decisão que deu provimento ao recurso especial ofertado pela parte

agravada, determinando que se afaste a imposição da multa moratória em

caso de denúncia espontânea. 2. Procedendo o contribuinte à denúncia

espontânea de débito tributário em atraso, com o devido recolhimento do

tributo, ainda que de forma parcelada, é afastada a imposição da multa

moratória. Precedentes. 3. Da mesma forma, se existe comprovação nos

autos de que inocorreu qualquer ato de fiscalização que antecedesse a

realização da denúncia espontânea, deve-se excluir o pagamento da multa

moratória. 4. O art. 155-A, § 1°, do CTN, acrescido pela Lei

Complementar n° 104/2001, o qual estabelece que "o parcelamento do

crédito tributário não exclui a incidência de juros e multa", não se aplica

aos casos ocorridos antes da vigência da referida Lei. 5. Agravo

regimental não provido. (AgRg no Agravo de Instrumento n° 454.429/RS,

1ª Turma, j. 07.11.2002, v.u., DJU 25.11.2002).

Estes choques de opiniões de doutrinadores e julgados divergentes no mesmo

espaço do STJ e em juízos monocráticos, somente existe devido as normas existentes

que impõem penalidades sejam pelo descumprimento de obrigações principais ou

sejam pelo descumprimento de obrigações acessórias, paralelamente não existir

qualquer regra explicita ou menção ao artigo 138 do Código Tributário Nacional. Daí

a importância da revisão do ato legal de imposição de penalidades para que seja

reservado um espaço ao citado artigo em conexo com o artigo 97 do Código

Tributário.

4.5 – As diferenças das características jurídicas da denuncia espontânea em relação à Anistia, Elisão Fiscal, Processo de Consulta.

4.5.1 - Denúncia Espontânea e Anistia

Podemos constatar uma forte identidade no campo do Direito Tributário, pois há alguns

aspectos que afunilam entre ambas, no caso de eliminar a penalidade, pressupor a ocorrência

de uma infração e não eliminar o pagamento do tributo. Mas, a natureza jurídica é o

diferencial, pois, a denúncia espontânea tem a natureza de um direito subjetivo e é do próprio

83

contribuinte a responsabilidade pelo pagamento do tributo ou penalidade independente da

atuação do Estado enquanto a anistia depende de decisões políticas objetivas, resultantes de

várias nuanças de ordem econômica e financeira como, por exemplo, o desequilíbrio da

economia, dificuldades pecuniárias dos contribuintes e tem aplicação limitada porque o Código

Tributário Nacional prevê a exclusão somente de determinadas infrações fiscais conforme os

preceitos dos artigos 180 a 182 do CTN.20

4.5.2 – Denúncia Espontânea e Elisão Fiscal.

Tanto a Elisão Fiscal quanto a Denuncia Espontânea tem a mesma natureza jurídica, de

direito subjetivo público e também adiar o pagamento do tributo. A diferença se vê entre os

dois institutos quando é identificado o comportamento, em que na forma lícita o contribuinte

ao conhecer profundamente a legislação procura de todas as formas a retardar o fato gerador do

imposto ou de outra forma diminuir o máximo possível o pagamento do imposto, tudo isso nos

limites das normas, nestes termos estamos descrevendo a Elisão Fiscal

O inverso acontece na denuncia espontânea porque, há a existência de uma

irregularidade legal, um comportamento ilícito do contribuinte de não liquidar o tributo ou

cumprir nos prazos de prestar informações no tempo certo e também não retarda a ocorrência

do fato gerador (pode ocorrer na elisão). O atraso que acontece é aquele relacionado ao

pagamento do tributo ou de prestar informações. Acresço aqui neste último entendimento que o

cidadão apenas procura sanar faltas e irregularidades perante o fisco.

20 Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral; II - limitadamente: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

84

Sobre Elisão Fiscal trago neste trabalho o que Marins (2002. p. 32) transcreveu de

Albert Hensel:

(....) a elisão tributária não cuida da transgressão à norma fiscal imperativa, mas se configura pela adoção de formas lícitas para obter economia fiscal, já que nenhuma lei fiscal proíbe a utilização de uma via fiscal diversa daquela prevista pelo legislado.

No mesmo sentido, Thalita Feitoza em sua tese de Monografia (2008), assim descreve

sobre o assunto:

“A elisão fiscal deve ser conceituada, como uma forma encontrada pelo contribuinte para a adoção de condutas comissivas ou omissivas, lícitas, que possuem o intuito de evitar a realização do fato gerador da obrigação tributária, diminuindo o montante ou adiando o seu cumprimento”.

Veja nesta última análise que o contribuinte ao utilizar os meios da elisão fiscal está

buscando uma forma de pagar menos imposto ou não pagar ou adiar o fato gerador de forma

lícita. O contribuinte procura os pontos controvertidos na lei, que os favorece, ou seja, as falhas

na tributação.

4.5.3 Denuncia Espontânea e Processo de Consulta.

Encontramos no Código Tributário Nacional no artigo 161, parágrafo 2º, a seguinte

redação: “O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo

devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito”. 21

Isto significa dizer que o contribuinte ao formular sua consulta no Órgão competente

sobre uma matéria tributária que causa dúvida no entendimento (interpretação da legislação) e

com base nas regras contidas do Decreto 70.235/1972, artigos 46 a 58 (vide anexo 14) , após a

decisão irá recolher os tributos devidos, porém sem os acréscimos da multa e dos juros. Já a

denuncia espontânea é a comunicação de uma infração por descumprimento de uma obrigação

21 CTN Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.

85

tributária, seja acessória ou principal. Ambas se identificam quanto aos efeitos, pois, procuram

mascarar a aplicação de penalidades, sendo que por imposição do 161, parágrafo 2º, a consulta

ainda exclui os juros.

4.6 Lançamento por Homologação aplica-se à denuncia espontânea.

Mesmo de forma artificial nos parágrafos anteriores já destacamos que o instituto da

denuncia espontânea deve ser empregada em qualquer tipo de lançamento daqueles previsto no

Código Tributário Nacional, excluindo o lançamento de oficio que é manifestado pelo fisco

conforme bem esclarecido e determinado nos dizeres do parágrafo único do artigo 138 do

CTN.

Ao permanecer firme o artigo 138 no Código Tributário mesmo com o aparecimento

do artigo 155-A, parágrafo 1º, é interessante esclarecer que nesse entendimento embora

existam muitas controvérsias sobre a cobrança de multas (doutrinas e julgados) quando houver

a denúncia espontânea nos casos de lançamento por homologação, não resta dúvida de que seja

aplicada para qualquer tipo de lançamento isto porque este dispositivo legal já existia no

código. Exceção ao lançamento de Oficio como previsto no artigo 14922 do CTN, pois, aqui

reside à iniciativa do próprio fisco e desde que ocorra o que descreve o parágrafo único do

artigo em comento (138 CTN).

A despeito dessa tese esta interpretação não vem sendo aplicada uniformemente,

existindo fundadas controvérsias no próprio Judiciário conforme a seguir transcrito:

22 Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.

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TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA NOS

TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Nada

importa que o contribuinte tenha cumprido a obrigação acessória de declarar

mensalmente o tributo devido, nem que esta circunstância dispense o Fisco de

formalizar o lançamento tributário; nos tributos sujeitos a autolançamento, o

pagamento pode ser feito sem a multa enquanto o débito não for inscrito em dívida

ativa. Recurso especial conhecido e provido. (STJ., 2ª. Turma, um., REsp 169.738-

PR, rel. Min. Pargendler, out/98).

DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 DO CTN. MULTA MORATÓRIA.

LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. II – Nas hipóteses em que o

contribuinte declara e recolhe com atraso tributos por homologação, não se aplica o

benefício da denúncia espontânea e, por conseguinte, não excluí a multa moratória.

Precedentes: AgRg nos EREsp nº 636.064/SC, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de

05/09/05 e AgRg nos EREsp nº 638.069/SC, Rel. Min. TEORI ALBINO

ZAVASCKI, DJ de 13/06/05. (STJ, 1ª. T., REsp 707120/MG, Rel. Min. Francisco

Falcão, out/05).

De tudo isso é oportuno observar que o artigo 138 do CTN já convivia com os vários

tipos de lançamentos contidos no código, artigos 147, 148 e 15023 desde a edição dessa lei.

Daí nossa posição de não concordar com os doutrinadores bem como aos julgados contrários a

esta corrente.

4.7 De forma lenta a Receita Federal do Brasil já começa a incentivar o instituto da denuncia espontânea na prática.

Pode-se perceber que o Instituto da Denuncia Espontânea embora de forma lenta e

tímida vendo sendo absorvida e incentivada em algumas medidas orientadoras pela Receita

Federal do Brasil.

23 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

87

Como exemplo, a partir de 2006 o contribuinte, pessoa física ao acessar a internet ou

ao procurar uma repartição para averiguar a situação de sua Declaração de Renda é possível

retirar um extrato contendo informações de possíveis inconsistências e também esclarecendo e

orientando como proceder sobre as prováveis irregularidades encontradas. No passado não

muito distante tal sistemática era um tabu, exatamente pela má interpretação do referido

instituto, contida no Código Tributário Nacional e caracterizava uma irregularidade

administrativa.

Anteriormente (antes do Decreto 3000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda-

RIR), o contribuinte tanto pessoa física como jurídica somente poderia retificar sua declaração

de renda via processo administrativo que posteriormente era homologado ou não pela

autoridade administrativa competente, porém, hoje a qualquer momento o contribuinte pode

retificar a declaração sem qualquer interferência do fisco que cabe posteriormente homologar

ou não as informações retificadas. Neste aspecto falta ainda a referida autoridade reconhecer a

eliminação da multa caso na retificação haja prováveis diferenças a recolher.

88

5. EMPREGO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, PROPORCIONALIDADE e RAZOABILIDADE NA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES TRIBUTÁRIAS, PODEM EVITAR PERFEITAMENTE O CARATER DE CONFISCO.

5.1 Capacidade Contributiva.

Como o assunto em voga trata-se de situações em que o cidadão possa contribuir de

forma econômica atrelada a um fato fiscal em decorrência da Legislação tributária imposta

pelo estado, urge a necessidade de bem definir o conceito acima para chegarmos ao consenso

do que significa realmente, quando inclusive emprega-se a frase “justiça Fiscal”.

Primeiramente e no nosso entendimento acerca do assunto e de todas as leituras que

conseguimos pesquisar e procurar entender a forma de tributação e os meios empregados

pelos governantes para obtenção de recursos para financiar a máquina administrativa nos seus

diversos programas associados com o orçamento sempre percebe um certo descontrole e não

levando em conta na sua plenitude a frase “Capacidade Contributiva”, exceto e de forma

bastante tímida o Imposto de Renda. Pois aqui, o estado em tese e pela forma de tributação

aplica alguns princípios que achamos justíssimo para a cobrança do referido tributo são eles:

Razoabilidade, Proporcionalidade e Progressividade em decorrência da Capacidade

Contributiva do cidadão. Os demais tributos do Sistema Tributário Brasileiro não se

empregam de forma tão direta, apesar de que também não concordamos com a forma hoje de

tributação do imposto de renda, devido os critérios bastante subjetivos da Receita Federal, na

definição da Renda Líquida do cidadão, tabela progressiva somente com duas alíquotas e os

limites de isenções para efeitos de tributação.

Para que o estado realmente possa empregar de forma coerentemente o seu poder de

tributar com aplicação inclusive das leis que impõem sanções punitivas aos contribuintes

inadimplentes, sonegadores dentre outros adjetivos ligados às questões fiscais e com o fito de

aplicar a justiça fiscal na tributação são necessários estudos por setores no sentido de

conhecer os seus cidadãos por atividade econômica, considerar a região, a unidade da

federação e comparar com o nivelamento da estrutura tributária. Nesta ordem devemos

considerar todos os tributos dessa estrutura e não somente alguns.

Na Constituição Brasileira em seu primeiro artigo 145 do Título VI, “Da Tributação e

do Orçamento”, Capítulo I, “Do Sistema Tributário Nacional”, Seção I, “Dos Princípios

Gerais” de forma bastante contundente e reforça sobremaneira o dito acima:

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Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

[ ...]

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. (grifos nosso).

E no artigo 150, que:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [....] II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

No primeiro artigo destacado pode constatar as frases grifadas que sempre que

possível os tributos; este título está no plural, portanto deve abranger todos indistintamente

sob a administração tributária, cabendo esta graduá-los conforme sua faculdade de poder

efetivamente respeitar os direitos individuais nos termos da Lei que institui o tributo e o mais

importante à combinação do patrimônio, a renda e as atividades econômicas do cidadão.

O contido nos incisos II e IV do artigo 150 da CF, apenas reforça o artigo 145 e ainda

veda a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, através de suas faculdades não poder

dar tratamento desigual ou distinguir a ocupação profissional em razão de seus rendimentos,

títulos ou direitos. E ainda criar tributos com o intuito de confisco.

Na combinação dos dois artigos é importante analisar que há uma individualização

para o contribuinte quanto às frases “caráter pessoal”, “capacidade econômica”, “respeitar os

direitos individuais”. A junção das frases significa que o estado dotado dos poderes de

instituir tributos através de lei deve levar ao extremo na maioria dos tributos os dispositivos

desta lei considerando concomitantemente tais expressões sob pena do descumprimento

constitucional.

A expressão capacidade econômica está acima da capacidade contributiva. A

expressão contida em nossa lei maior no artigo 145, parágrafo 1º é uma força de expressão

pois, para poder contribuir urge a necessidade de uma capacidade maior que é a própria

capacidade econômica potencial, que em tese e obrigatoriamente o contribuinte deverá dispor

de um adicional (somatório de renda com disponibilidade financeira, patrimônio e outros

90

direitos) para poder contribuir para o estado. Este adicional é a sobra da capacidade

econômica (diferenças de suas necessidades de sobrevivência e conforto) que é a mesma

capacidade contributiva que em tese pode ficar a disposição do fisco para efeitos de tributação

e o mais importante, também considerando o volume dessas sobras para poder tributar de

forma razoável e progressiva e com o cuidado de obedecer aos limites para não caracterizar o

confisco como bem descreve a constituição da República.

Segundo Ataliba (São Paulo, 1991, p. 50) entende a “Capacidade econômica como

sendo a real possibilidade de diminuir-se patrimonialmente o contribuinte, sem destruir-se e

sem perder a possibilidade de persistir gerando riqueza como lastro de tributação”.

Conti (São Paulo, 1997. P.36), descreve que:

A capacidade contributiva é, pois, uma capacidade econômica específica – refere-se à aptidão para suportar determinada carga tributária.

Seu conceito abarca a questão da legitimidade da imposição tributária, pois só terá capacidade contributiva aquele indivíduo que esteja legitimamente colocado na situação de sujeição passiva de uma obrigação tributária, estabelecida em consonância aos ditames da justiça fiscal

Das observações acima na concepção da tributação pode-se chegar num consenso que

a capacidade contributiva do cidadão nada mais é do que a sobra da capacidade econômica

que pode ser disponibilizada ao fisco para ser tributada.

5.2 Princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

5.2.1 – Razoabilidade e proporcionalidade para efeitos tributários

No momento em que a nossa lei maior faculta a Administração Tributária à

competência de instituir os tributos observar os ditames do artigo 145, parágrafo 1º, é uma

determinação porque aqueles deverão ser graduados considerando a capacidade econômica.

Há que se observar ainda todas as limitações e vedações também previstas em tal Lei.

A partir dessa sequência é a vez do poder tributante utilizar-se da faculdade no sentido

de ao criar qualquer tributo observar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade,

obviamente seguindo rigorosamente os preceitos dessa Lei.

91

No Sistema tributário brasileiro importante salientar que tais princípios estão

intimamente aliados, pois quando o poder tributante ao instituir qualquer tributo terá que

determinar o quantum a ser exigido, seja por valor específico ou através de alíquotas, aqui

estamos falando da razoabilidade e quando é estipulado concomitantemente à base de cálculo

com as tabelas, alíquotas e valor, implícito está o princípio da Proporcionalidade.

Nesse sentido, Mello (2003, p. 238):

A rigor, o princípio da proporcionalidade não é senão faceta do princípio da

razoabilidade. (...) Posto que se trata de um aspecto específico do princípio da

razoabilidade, compreende-se que sua matriz constitucional seja a mesma. Isto é,

assiste nos próprios dispositivos que consagram a submissão da Administração ao

cânone da legalidade.

O princípio da proporcionalidade apesar de ter uma definição e um campo bastante

abrangente no mundo jurídico basta constatar as diversas doutrinas acerca do assunto. No

Direito Tributário é patente que ele serve de um parâmetro para limitar os poderes que detém

a competência segundo a Constituição Brasileira, para instituir, alterar ou editar normas de

controle dos tributos. Veja que quando se fala de um referencial para efeitos tributários, este

princípio inclusive avoca os demais princípios para que cada um seja considerado ou tenha

um papel na definição e edição das normas tributárias, muito embora nestes atos estejam

colocados de forma implícita.

Retiramos da fala de Farag (2001, p. 01) as seguintes indagações:

A doutrina constitucional moderna e o Supremo Tribunal Federal, nesse sentido,

determinam que não se deve analisar as leis somente sob a ótica do princípio da

reserva legal. O julgamento da questão deve ter como base o princípio da reserva

legal proporcional, que tem como pressuposto não somente a legitimidade dos meios

e dos fins a serem alcançados, mas também a necessidade de utilizar-se o meio

menos gravoso ao indivíduo para alcançar o fim almejado.

Com isso, não pode haver distorção entre a medida estabelecida em lei e o fim por

ela objetivado, determinando que o modo de combater e punir os ilícitos fiscais deve

ser disposto com penalidades que guardem adequação dos meios e dos fins, sob pena

de violação ao princípio da razoabilidade e a proporcionalidade.

Gilmar Mendes resume a questão:

"Portanto, a doutrina constitucional mais moderna enfatiza que, em se

tratando de imposição de restrições a determinados direitos, deve-se indagar

não apenas sobre a admissibilidade constitucional da restrição eventualmente

fixada (reserva legal), mas também sobre a compatibilidade das restrições

estabelecidas com o princípio da proporcionalidade."

92

Na análise deste princípio aplicado a multas fiscais, vislumbramos que uma lei que

estabeleça uma multa elevada para combater a sonegação fiscal deve ser graduada

em percentual proporcional ao seu objetivo de punir e reprimir o ato ilícito.

A questão ainda é importante em vista de que a não observância do princípio da

proporcionalidade na imposição das multas pode violar o direito à propriedade (18).

Devemos citar o RE nº 18.331(19):

"O poder de taxar não pode chegar à desmedida do poder de destruir, uma vez

que somente pode ser exercido dentro dos limites que o tornem compatível com

a liberdade do trabalho, comércio e da indústria e com o direito de

propriedade"

Dessa forma, constatado que o princípio da razoabilidade das leis se aplica às

normas que impõem penalidades fiscais, devemos discutir a questão do princípio do

não-confisco em relação aos aludidos comandos normativos.

Dessa exposição pode-se constatar que não basta somente a Lei impor as multas que

em tese irá combater a sonegação fiscal. Ela deve ser comedida no sentido de prever multas

que realmente não ponha em risco o patrimônio, renda ou outros direitos do contribuinte, sob

pena de haver o confisco.

5.3 Imposição de multas elevadas e outras formas de imposição restritivas de bens

podem ensejar confisco.

5.3.1. Posição de Doutrinadores que não concordam que as multas não caracterizam confisco

quando aplicadas com percentuais elevados.

Começamos pela posição daqueles doutrinadores que não concordam que as multas ou

outros meios de restrições a bens e direitos dos contribuintes hoje aplicadas no Brasil possa

caracterizar confisco.

Os principais motivos que levam a entender dessa forma é de que os tributos no plano

jurídico em sua hipótese de incidência derivam essencialmente de uma atividade licita e as

multas são originadas de atos ou fatos exclusivamente ilícitos. Prevalecendo esta distinção, o

artigo 150, inciso IV da Constituição deve prevalecer e ser interpretado de forma literal,

porque somente reporta ao termo tributos. Acrescentam ainda que na interpretação teleológica

ou finalística, o tributo tem o papel de suprir as finanças do estado, constituindo assim uma

93

receita ordinária e a multa não, existe somente para desestimular os atos ilícitos dos

contribuintes, constituindo assim uma receita extraordinária.

E para resumir essa tese trazemos ao texto o que disse em seus estudos sobre a

Natureza Confiscatória das Multas Fiscais, Machado (dezembro, 2000):

“Em síntese, qualquer que seja o elemento de interpretação ao qual se dê ênfase, a

conclusão será contrária à aplicação do princípio do não consfisco às multas fiscais.

Se prestigiarmos o elemento literal, temos que o artigo 150, inciso IV, refere-se

apenas aos tributos. O elemento teleológico não nos permite interpretar o

dispositivo constitucional de outro modo, posto que a finalidade das multas é

exatamente desestimular as práticas ilícitas. O elemento lógico sistêmico, a seu

turno, não leva a conclusão diversa, posto que a não confiscatoriedade dos tributos é

garantida para preservar a grantia do livre exercício da atividade econômica, e não é

razoável invocar-se qualquer garantia jurídica para o exercício da ilicitude”.

Se analisarmos puro e simplesmente o artigo da Constituição como está descrito

(artigo 150, inciso IV), obviamente chegaremos à interpretação de que os tributos não

poderão sofrer gravames da confiscabilidade. Aqui reside ao que os doutrinadores chamam de

interpretação literal.

Quando adentramos em outros dispositivos da nossa carta protetora vamos notar que

não é bem assim porque há outros princípios que precisam ser combinados com a imposição

do artigo o que, aliás, o caput destaca que “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao

contribuinte”. Esta frase é fortíssima porque aí podemos recorrer ao artigo 145 que apesar de

referir somente aos impostos, no parágrafo 1º, há diversas interferências em que cita como:

“sempre que possível, capacidade econômica, respeito aos direitos individuais e de acordo

com a lei, o patrimônio, os rendimentos e atividades econômicas”.

Neste seguimento ainda recorremos ao artigo 146, II da CF, que enfatiza a importância

da Lei Complementar que regulará as limitações Constitucionais ao poder de tributar (grifo

nosso). Neste ponto é interessantíssimo observar esta pequena frase.

Tributar é algo abrangente, porque a Administração Tributária terá a prerrogativa não

somente de criar o tributo, alterá-lo, suprimi-lo, terá competência de cobrá-lo inclusive com

multas, juros e atualizações se for o caso e estiver previsto em Lei conforme as prescrições

contidas nos artigos 97, incisos I, II, V, combinado com o artigo 161 do CTN.

Neste aspecto é interessante analisar que tanto a instituição, alteração de tributos e a

cominação de multas sobre este serão através de Lei, ora, veja que a multa ao ser criado por

um ato legal, obviamente deverá guardar certa coerência com o tributo, pois, este será

instituído considerando o princípio da razoabilidade, proporcionalidade com a capacidade

94

contributiva e além do mais em casos peculiares, levando em conta o princípio da

progressividade. Uma multa desproporcional criada seria considerada um absurdo e chegando

ao caso de confisco. O ponto crucial a ser observado nessa posição é a disponibilidade

econômica e patrimonial em potencial do cidadão e constante nos ditames da Constituição

Federal, para poder contribuir direta ou indiretamente ou não contribuir em algumas situações

quando da instituição dos tributos.

Algumas exceções da constituição e que corrobora com o pensamento acima é o que

está contido nos artigo 153 CF, que estabelece no parágrafo 3º que o Imposto sobre Produtos

Industrializados, será seletivo, em função da essencialidade do produto, isto quer dizer que

quanto mais essencial o produto terá uma alíquota menor; em igual sentido pode ser

observado ainda no parágrafo 4º, inciso II, que não incidirá o Imposto Territorial Rural sobre

pequenas glebas rurais. Este é o diferencial da disponibilidade econômica e a magnitude do

patrimônio.

Continuando neste raciocínio entendemos que um dos principais artigos do Código

Tributário Nacional que interpreta literalmente algumas situações constantes do Sistema

Tributário Nacional é o artigo 111 que prescreve:

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

Os questionamentos de que a multa não é tributo, e por isso não pode na sua

imposição observar os princípios tributários, é incorreto, uma vez que não se está tributando

atividade ilícita, mas somente verificando que na atividade de tributação os princípios de

proteção ao contribuinte devem obedecer a certas regras de maneira única e indivisível, sob

pena de violentar por via contrária a própria Constituição.

Fortalecendo esta exposição, recorremos a Di Pietro (1991, p. 148) que descreve:

Extrai-se da literatura jurídica especializada a noção de que o PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO DA RAZOABILIDADE deve servir de barreira limitativa à discricionariedade da Administração Pública, especialmente diante de casos em que ocorre a aplicação de “sanções desproporcionais ou inadequadas em relação às infrações praticadas”, algo que “ocorre no caso de penas pecuniárias, que devem ser fixadas em limites razoáveis, de modo a não assumir caráter confiscatório. Nem onerar excessivamente a atividade profissional exercida licitamente.”

95

Na Revista Dialética de Direito Tributário 20/34 ver o tema “As multas fiscais e o poder judiciário, por ARZUA (1997)”.

“Tributário. Multa. Caráter confiscatório. Constituição Federal, arts. 5º, XLVI e 154, IV. CTN, art. 157. I – A multa, a pretexto de desestimular a reiteração de condutas infracionais, não pode atingir o direito de propriedade, cabendo ao Poder Legislativo, com base no princípio da proporcionalidade, a fixação dos limites à sua imposição. II – Havendo margem na sua dosagem, a jurisprudência, com base no mesmo princípio, tem, no entanto, admitindo a intervenção da autoridade judicial. III – Hipótese em que a situação descrita nos autos, relativa à pretensão de afastamento da pena, não comporta reparação do Poder Judiciário. IV – Apela improvido” (Apelação Cível nº 95.01.07520-6/MG, 4ª Turma do TRF 1ª Região, DJU de 20.8.99, p. 341).

E na ADIN 1.075/1. Decisão do Pleno/STF: Art. 3º da Lei nº 8.846, de 21.11.94, que

previa que “Ao contribuinte, pessoas físicas ou jurídicas, que não houver emitido a nota fiscal,

recibo ou documento equivalente, na situação de que trata o art. 2º, ou não houver

comprovado a sua emissão, será aplicada a multa pecuniária de trezentos por cento sobre o

valor do bem objeto da operação ou do serviço prestado, não passível de redução, sem

prejuízo da incidência do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza e das

contribuições sociais”. Decisão: “O Tribunal, por votação majoritária, conheceu da ação

direta quanto ao art. 3º e seu parágrafo único da Lei nº 8.846, de 21.1.94, vencido o Relator

(Ministro Celso de Mello, Presidente), que dela não conhecia. Prosseguindo no julgamento do

pedido de medida cautelar, referente a essa norma legal, o Tribunal por votação unânime,

suspendeu, com eficácia “ex nunc”, até final julgamento da ação direta, a execução e a

aplicabilidade do art. 3º e seus parágrafo único da Lei nº 8.846, de 21.1.94. Ausentes,

justificadamente, os Ministros Sepúlveda Pertence e Maurício Corrêa. Plenário, 17.6.98, DJU

29.6.98, p. 41).

As multas não podem ficar à margem da legislação constitucional quando o fisco deva

aplicá-las, uma vez que sempre será exigida por uma infração às normas da legislação

tributária tanto no cumprimento das obrigações acessórias assim como nas obrigações do

pagamento dos impostos e contribuições, há um casamento, “imposto/contribuição/multa” e

“falta de informações ou informações inexatas/multa”.

Por tudo isto se chega ao denominador que, na edição de leis que estabelecem sanções

relativas ao não pagamento de tributos no prazo e de outros deveres formais, o legislador está

obrigado a observar os princípios das limitações ao poder de tributar, uma vez que a essência

de formação do vínculo jurídico está adstrita àqueles princípios, independentemente de, na

origem, o valor devido ser pela incidência de penalidade, tendo-se que ao final os valores

96

serão convertidos em obrigação principal com todas as garantias para o Fisco e para o

contribuinte (limitações constitucionais ao poder de tributar).

É patente neste raciocínio uma certa comodidade nas análises dos doutrinadores acerca

dos princípios constitucionais embora sejam contundentes. Ao mencioná-los, são tratados de

forma romântica, porém o que dispõem a constituição é uma imposição. Enquanto perdurar

essa forma de analisar, principalmente aos princípios que estão em discussão, o poder

tributante sempre levará vantagem. Urge nessa análise uma profunda reflexão de que os

princípios nada mais são do que uma imposição constitucional e assim devem ser tratados,

para não dar margem a outras interpretações. Muitas vezes o poder público ao editar a lei de

criação de certo tributo, majoração ou alteração não tomam como base o conjunto de

princípios exatamente pela forma literal de interpretar a nossa constituição.

97

6. GRADUAÇÃO DAS MULTAS FISCAIS

6.1 Porque reduzir os percentuais das multas fiscais pela Receita Federal do Brasil para

não dar o caráter de confisco.

No Sistema Tributário Brasileiro há medidas bastante radicais no sentido de aplicação

de multas e outras restrições de bens para quem comete infrações no cumprimento das

obrigações tributárias quer sejam principais ou acessórias e por não dizer também aqueles

atinentes à industrialização e ao comércio exterior.

É por essa razão e diante das exposições contidas nos capítulos antecedentes que

julgamos ser de vital importância uma reformulação na aplicação dessas multas

primeiramente pela antiguidade das normas que as impõem e se comparada com a atual

constituição muitas vezes pairam dúvidas das mais variadas possíveis em todos os poderes no

que relaciona a obediência de alguns princípios, como razoabilidade, proporcionalidade,

capacidade contributiva, não confiscalidade, etc. recaindo assim uma desconfiança no

contribuinte que demandam milhares de ações para o poder judiciário e muitas vezes deixam

de recolher exatamente pela magnitude desproporcional da sanção. Veja que aqui além da

demora nas decisões em todas as esferas geram custos elevadíssimos e perda de tempo.

Num país democrático de direito como o nosso isto é péssimo porque o principal

exemplo deveria partir do próprio poder executivo devido as suas prerrogativas constitucional

de executar as políticas públicas tomando como referência o Sistema Tributário no que tange

a cobrança de impostos de forma certeira e aplicação dos recursos derivados das receitas

públicas.

As multas fiscais embora sejam receitas derivadas a exemplo dos tributos e

contribuições não são significativas ou servem de parâmetro para efeitos de previsão na

elaboração do Orçamento Anual da União - LOA a não ser um indicador cumulativo do

excesso na arrecadação do Tesouro Nacional devido a sua excepcionalidade de arrecadação

no próprio período da execução orçamentária.

Esta análise visa primordialmente demonstrar que as atuais formas de tributar as

multas com os percentuais hoje empregados estão fora da realidade Econômica da grande

massa dos contribuintes, sejam eles Grandes, Médios Pequenos ou Micros.

Por exemplo: um contribuinte, Pessoa Física declarou a cifra de R$28.401,78 no ano

2007/2006, incluindo um dependente que recebeu também um rendimento declarado pela

98

fonte pagadora em torno de R$15.125,07. Este último rendimento o declarante não informou

em sua declaração gerando assim uma omissão pela não inclusão desta importância.

Conseqüentemente a Receita lançou o contribuinte em R$ 2.907,62, sendo que desta cifra o

contribuinte já teve retido o valor de R$ 524,65 gerando assim uma suplementação de

imposto no valor de R$ 2.382,97 que foi acrescido de multa em torno de 75% (R$ 1.787,97) e

juros (R$374,36). Neste exemplo podemos constatar várias atipicidades. Primeiramente a falta

de informação, pois, se o contribuinte não declarasse o dependente não geraria qualquer

tributação suplementar a não ser a tributação normal em cota de R$ 39,07. E se o dependente

declarasse separadamente considerando apenas o desconto padrão de 20% não seria tributado

devido o limite dos rendimentos. Observa-se que a renda omitida faz parte de uma renda

familiar que redundou numa tributação pesadíssima pela falta de coerência da legislação fiscal

e pior, com aplicação de uma multa em 75%. Neste exemplo que é real (vide anexo 21)

supomos que a tributação foi razoável, pergunta-se é razoável também a multa de 75%? Nessa

tese considerando a graduação da infração a multa seria de R$ 428,93 (18% x R$2.382,97).

Ao Longo dos últimos 35 anos, mesmo antes da Constituição de 1988, o Governo

sempre tem elevado a carga tributária do País sem ter o cuidado de administrar melhor e

programar um acompanhamento e aplicação de uma Política Tributária coerente com o

cenário daquele momento que é a cobrança dos tributos e contribuições. Esta é a razão crucial

do elevado Passivo Tributário e que obviamente a cada ano deixa um vago nas

disponibilidades de recursos que poderiam simplesmente suprir o aumento da carga

Tributária.

Em decorrência dessa sistemática da Política Fiscal, os Governos sempre recorreram

em aumentar os impostos e ou contribuições a uma posição cômoda como a que vimos na

votação no final de 2007 com a CPMF, através das prerrogativas dos projetos de leis, decretos

e Medidas Provisórias onerando sobremaneira os custos Brasil e além do mais um desgaste

anormal entre os partidos políticos, uma verdadeira queda de braço entre a situação e

oposição. E o clima para os derrotados é de uma perda irreparável se for governo, basta ver o

a contrapartida para aumento do IOF, IPI para alguns produtos.

Há um Volume hoje elevadíssimo de débitos na esfera Administrativa quanto na área

de Execução Fiscal e Judiciária. Para se ter uma idéia do descontrole acima o governo

esperava-se com a aprovação da CPMF, em torno de aproximadamente 40 bilhões de reais

anuais, ocorre que o passivo tributário beira 1 trilhão de reais (para ser preciso, R$976,78

bilhões de reais) inclusive as multas fiscais.

99

Isto hoje significa traduzir que este passivo é superior ao que a União arrecada

anualmente em mais de 45%. E comparando com o que o governo pretendia arrecadar com a

CPMF daria para financiar em 20 anos (800/40). Importante mencionar que excluímos desta

proporcionalidade R$ 176,00 bilhões por considerar essa proporção do passivo como parte

podre (18%), porque jamais a união terá em seu caixa devida à marginalização do

lançamento, isto é, lançamentos de pessoas laranjas e outros créditos irrecuperáveis.

Esta situação é uma realidade que incomoda, pois, aquela vultosa importância deixou

de ser recebida em grande parte exatamente nos lapsos temporais legais e ou de autuações

pela aplicação descomunal das multas moratórias, multas acessórias e de Ofícios e que hoje o

próprio poder tributante sente incapaz de receber por conta da defasagem do tempo decorrido,

pois, há processos de mais de 10 anos em cobrança, mesmo com os diversos incentivos

concedidos para a negociação dos débitos como: REFIS, PAEX, PAES com

aproximadamente R$146,94 bilhões negociados, gerando inclusive descontentamento aos

contribuintes contumazes. Além de provocar uma perspectiva entre os contribuintes para

novos incentivos futuros e assim elevando o Passivo Tributário para patamares insustentáveis

e como conseqüência, criando um círculo vicioso e programado para esperança de novos

planos de parcelamento, exemplo disso são os programas citados acima sobre parcelamento.

Estas informações foram extraídas da página da internete da Receita Federal no

endereço, WWW.receita.fazenda.gov.br, “em outros destaques, arrecadação, e sobre o

passivo tributário” (dados de agosto 2008 da Coordenação Geral de Previsão e Análise e

Coordenação Geral de Arrecadação e Cobrança). É vidente a complexidade para receber a

totalização desse passivo tributário exatamente pela dependência de situações que requer

trabalhos manuais e outras totalmente alheias à capacidade da Receita Federal. Somente dos

débitos que estão suspensos devido à falta de julgamento na esfera administrativa e subjudice

representam 56,0% do montante do passivo e para complicar ainda mais, adicionando estes

percentuais com aqueles dos parcelamentos especiais (para receber no mínimo em 10 anos)

chega-se a uma soma (56,0% + 15,04 %) de 71,04%. Restam apenas para cobrança final na

Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional (28,96%). Vide anexo 20.

Veja que a Receita Federal e a Procuradoria estão engessadas, pois, de todo o volume

que se poderia cobrar apenas 28,96% (R$ 282,87 bilhões) estão efetivamente sendo

administrados, através de cobranças, execuções, parcelamentos convencionais (60 meses) etc.

Esta análise visa primordialmente demonstrar e levar ao conhecimento das autoridades

tributárias que as atuais formas de tributar as multas nos percentuais empregados estão fora da

100

realidade Econômica da grande massa dos contribuintes, sejam eles: Grandes, Médios,

pequenos ou Micros. Já há uma tributação de certa forma considerada razoável para cada

tributo exigido, não havendo necessidades de multas elevadas pelas atipicidades nos

recolhimentos e omissões.

Não pretende este trabalho premiar os contribuintes inadimplentes e sonegadores em

hipótese alguma e sim sensibilizar as autoridades fiscais no sentido de alterar a legislação

fiscal no que tange a critérios para escalonar os tipos de infração para aplicação de multa

coerente com a realidade econômica do País e que não possa ultrapassar à casa de 35% para

multas de Ofício e 12% para as multas moratórias e para as multas por descumprimento de

Obrigações Acessórias deve ser adotada uma padronização de percentuais ou quantum

específicos que não caracterizem desarrazoados em relação às informações a serem prestadas

no interesses do fisco.

Apesar da previsibilidade do cumprimento das obrigações acessórias previstas no

artigo 113 do Código Tributário Nacional, reforçamos a idéia de que o não cumprimento de

tais informações não deva ser premiado com multas elevadíssimas, pois, pode perfeitamente

atingir o patrimônio tanto da pessoa física quanto a pessoa Jurídica, devido em grande parte

essas obrigações estar fora do processo produtivo. Apenas gerando custos adicionais sem

qualquer contrapartida que justifique, conforme já explicados. Há outros meios bastantes

contundentes de punir o contribuinte sem recorrer às pesadíssimas multas.

6.1.1 Critérios propostos para escalonar as multas fiscais por espécies

6.1.1.1 – Pagamento da multa pelo atraso ou em parcelamento

A multa não deverá ser superior a 4% ao mês ou fração, mais de 30 dias ou fração será

de 6%; mais de 60 dias será aumentada para 8% até o décimo mês; e a partir do 11º mês será

majorada pela alíquota de 12%. Esta multa refere-se ao atraso normal através de cobranças.

6.1.1.2 Multas de Ofício através de auto de infração ou notificação de Lançamento deverão

seguir uma escala por tipo de infração.

A - Multas por Infração Leve será aplicado à multa de 18%. Neste tipo de sanção

a Receita Federal deverá relacionar as diversas formas de infração que poderiam ser aplicada

101

a referida multa ao confeccionar o auto de infração ou notificação de lançamento. Por

exemplo:

1 – Contribuinte deixou de declarar uma ou mais fonte de renda, porém a(s) mesma(s) foi

submetida à tributação através de retenção na fonte pela Fonte pagadora;

2 – Contribuinte deixou de tributar as duas fontes, por estar abaixo do limite de isenção cada

uma, porém a fonte pagadora informou cada rendimento.

3 - Contribuinte deixou de lançar receita escriturada e contabilizada.

4- outros que estão informados ao fisco, porém não declarados.

B - Multas por infração mais grave será aplicada à multa de 25%. Para esses casos

serão relacionadas todas aqueles hipóteses que por ventura possa ocorrer como as enumeradas

a seguir:

1 - Notas fiscais emitidas, escrituradas e não declaradas;

2 – recibos de profissionais emitidos e não declarados

C - Multas por infração Gravíssima será aplicada o percentual de 35%.

1 – as infrações contidas no artigo 1º e 2º da Lei 8.137 de 1990;

2 – as infrações contidas no artigo 1º da Lei 4.729 de 1965;

3 – Situações prevista na Lei 4.502 de 1964 com similaridade das infrações destes dois

dispositivos legais.

Importante acrescentar que em todas as situações acima caso o contribuinte não atenda

as intimações ou tenta procrastinar a ação fiscal não haverá agravamento da multa, mas, será

aplicada uma multa por embaraço a fiscalização (obrigação acessória). Portanto nesta tese a

proposição é de eliminação de qualquer multa por agravamento. E a multa por lançamento de

ofício não será atualizada após os trintas dias da ciência do auto ou notificação.

6.1.1.3 Percentual de 20% para Execução de Dívidas na PFN deve ser extinto.

Ainda nessa seqüência de raciocínio seja qual for sua denominação e em razão das

diversas contradições entre os doutrinadores e estudiosos do Direito Tributário sobre o

encargo de 20% instituído pelo Decreto-lei nº 1025/69, pois, o mesmo grava o patrimônio do

executado quando do envio do débito para cobrança na Procuradoria da Fazenda Nacional,

ficando assim duplamente cobrada, sob a roupagem de custear a máquina arrecadatória

102

estatal, julgamos ser necessário eliminá-lo exatamente para folgar o contribuinte dos

gravames anteriormente impostos. No débito do contribuinte quando enviados para a

procuradoria da Fazenda Nacional já estão incluídos, os tributos, multas, juros e atualizações.

6.2 Proposições para eliminar as controvérsias sobre o artigo 138 do CTN – Denuncia

Espontânea.

As evidências das polêmicas acerca do assunto são muitas, pois, existem vários

julgados nos próprios Tribunais que se divergem, uns a favor da aplicação na íntegra da

denuncia espontânea, outros contra e aqueles que julgam parcialmente; e com relação aos

doutrinadores também não há unanimidade de entendimento, mas a corrente majoritária segue

pela denuncia espontânea e alguns pela parcialidade da aplicação deste instituto.

Nessa seqüência de entendimento só resta uma solução, Regulamentar o Instituto da

Denuncia Espontânea relacionando todas as situações que o contribuinte possa utilizar

considerando o artigo 138 do Código Tributário Nacional com abrangência para todos os

tributos e contribuições no cumprimento das obrigações fiscais e tributárias através de uma

Lei complementar ou alterá-lo de modo que não deixe nenhuma margem de dúvidas para seu

entendimento.

6.3. Confisco de bens móveis e imóveis.

6.3.1. Quando se aplica o confisco.

Para os contribuintes onde não há origem da Renda e for comprovado através de

trabalho fiscal conjunto com Ministério Público ou demandado pelo mesmo e com o aval do

Judiciário se for comprovada ser de desvio de verbas Públicas, Crime Organizado,

Narcotráfico, Contrabando, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro como o que está

previsto na Lei 9.613 de 1998 dentre outros similares não haverá multa, mas confisco dos

bens móveis e imóveis ou valores em espécies ou papéis de aplicações autênticas nos limite

do desvio da infração, sendo a Receita Federal do Brasil, responsável pela execução e

administração a exemplo dos demais tributos no âmbito Federal, inclusive transformando

imediatamente aqueles bens em receitas da união pelo valor de mercado através de uma

receita orçamentária específica ou realizando Leilão quando for o caso e não eximindo esta de

103

representar o MP sobre o crime fiscal independentemente de estar findo o processo nesses

casos.

Importante acrescer que em razão dessa sistemática de apurar e reverter imediatamente

os recursos provenientes das atividades irregulares acima para os cofres do tesouro é

necessário que seja acrescentado como exceção à constituição um adendo sobre tais casos

especialmente no artigo que trata do não confisco (artigo 150, inciso IV CF).

No que tange à legislação relativa ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI

legislação Aduaneira (Imposto de Importação e Imposto sobre as Exportações) aprovados

pelos Decretos 4.544 DE 2002 e DECRETO 4543 de 2002 e a Legislação Previdenciária

contida na IN-MPS/SRP nº 3 de 14/07/2005 respectivamente, aplicam-se a todas as regras

acima exceto aquelas peculiares e previstas nos citados decretos e Instrução Normativa

atinentes aos impostos e contribuições. A manutenção ainda de outras multas em alguns casos

relativos aos referidos tributos é devido as especificidade dos mesmos no Sistema Tributário

Brasileiro.

E ainda no que relaciona a procedimentos das restrições de bens (apreensão de

mercadorias), previstas nos regulamentos do IPI e Regulamento Aduaneiro, não deverá ser

aplicada qualquer multa adicional a não ser nas situações em que o infrator esteja pendente de

qualquer pagamento relacionado com o litígio.

6.4. Benefícios que poderão advir com as mudanças permanentes das multas e outros

incentivos que o fisco poderá criar para efeitos do cumprimento das obrigações

tributárias e fiscais.

6.4.1 Incentivos para recolhimentos antecipados

Na legislação atual há previsão dos contribuintes antecipar o imposto em algumas

ocasiões assim como a fonte pagadora reter os tributos e ou contribuições. Nestas

circunstâncias o contribuinte ao confeccionar sua declaração anualmente pelo ajuste e caso

tenha imposto a pagar deverá receber um incentivo no sentido de liquidar o restante à vista em

torno de 10%. Não se aplicando essa sistemática ao contribuinte que não teve pelo menos

40% de imposto retido ou contribuições antecipadas no ano calendário.

104

6.4.2. Benefícios

Nessa tese julgamos que os principais benefícios que possam ocorrer com a redução

das multas são:

Redução de custos uma vez que ficam proibidos planos de parcelamento como REFIS,

PAEX; Parcelamento Especial, Parcelamento Timemania RFB, Parcelamentos Parcelamento

Simplificado, dentro outros da mesma natureza. Deve prevalecer o parcelamento tradicional

não superior a 72 meses;

Mudanças de hábitos por parte dos contribuintes no sentido de regularizar-se com mais

freqüências os seus débitos e maior confiança nas Administrações Tributárias;

Redução drástica do Passivo Tributário hoje existente ou mantê-lo em nível administrável;

Probabilidade de elevar a arrecadação em médio prazo do principal;

Agilidade do Sistema de Cobranças;

Tributação razoável, multas razoáveis não muito diferentes daquelas aplicadas na iniciativa

privada, artigo 52, parágrafo 1º Lei da Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, Código de

Defesa do Consumidor – CDC (2%);

Mais disponibilidades de recursos para os contribuintes;

Diminuição das impugnações procrastinatórias e ações judiciais;

Evitar Prescrições Intercorrentes nos processos de execuções;

105

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema em estudo tem o propósito de levantar todas as questões ou quase todas no

sentido de levar ao conhecimento da sociedade brasileira o quanto é importante conhecer o

que se paga de imposto mesmo de forma extemporânea e quais implicações desse atraso e

quanto se recolhe para os cofres do estado de adicional (multa, juros e atualização).

Não obstante é também estudado o Instituto da Denuncia Espontânea contemplada no

artigo 138 do Código Tributário Nacional porque está intimamente relacionada com atrasos de

tributos e com as obrigações acessórias.

No presente trabalho vamos perceber claramente a posição do fisco em apegar aos

rigores da lei e de forma literal aplicar as multas hoje existentes assim como nas restrições de

bens (caso de apreensão de mercadoria) nas situações previstas nos regulamentos do Imposto

Sobre Produtos Industrializados e no Regulamento Aduaneiro. São identificadas outras

restrições ao contribuinte como: certidão negativa, impossibilidade de transacionar com

bancos oficiais, participar de leilões, se estiver em débito com a União.

Diante de tais situações foram comparados no presente trabalho as doutrinas e julgados

dos tribunais sobre as controvérsias tanto relacionadas com as interpretações das multas que o

fisco alega ser indenizatórias enquanto os julgados e doutrinadores as consideram como

multas com o caráter de ser punitivas. Vamos perceber ainda que em detrimento de sua

posição em considerar a multa como uma indenização o fisco não reconhece que as multas

decorrentes das obrigações acessórias sejam excluídas quando o contribuinte de forma

espontânea e antes da manifestação da autoridade tributária atenda as exigências fiscais.

Outro detalhe importante que deva relevar em conta no estudo é com relação os

percentuais das multas impostas aos contribuintes inadimplentes em mora e aquelas multas

decorrentes de notificação de lançamento ou auto de infração. Esta tese defende a redução de

forma plausível em obediência aos que está contido na constituição em relação aos princípios:

da razoabilidade, proporcionalidade, capacidade contributiva dentre outros intimamente

ligados à tributação.

Importante acrescer que este trabalho não pretende premiar os contribuintes

inadimplentes e sonegadores e sim escalonar os tipos de infração para uma aplicação de multa

coerente com a realidade econômica do País e que não possa ultrapassar à casa de 35% para

multas de ofício e 12% para as multas moratórias e para as multas por descumprimento de

obrigações acessórias tem que haver uma padronização de percentuais e para aqueles

106

contribuintes onde não há origem da Renda e se comprovada ser de desvio Público, Crime

Organizado, Narcotráfico, Contrabando dentre outros similares não haverá multa, mas

confisco, sendo a Receita Federal do Brasil, responsável pela aplicação execução e

administração a exemplo dos demais tributos no âmbito Federal.

Este trabalho dentre os problemas levantados espera sensibilizar o poder Público

tributante no sentido de realmente alterar as alíquotas ou formas de aplicação das multas

fiscais conforme demonstrado e alterar profundamente a sistemática de cobrança visando

primordialmente para que os contribuintes em situação irregular ou não através de algum

incentivo de redução de tributos possam de forma espontânea atualizar suas dívidas.

O principal ganho desse seguimento é o fator positivo para a União baixar o Passivo

Tributário ou mantê-lo em níveis suportáveis que hoje no Brasil é elevadíssimo em todas as

fases e com isso poder dispor de maiores recursos sem a necessidade de aumento da carga

tributária. Isto sem contar com a justiça fiscal que está abalada com a carga tributária nos

limites atuais sobre a Renda das Pessoas Físicas da classe média.

107

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27/12/2002.

109

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Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Diário Oficial [da] Republica

Federativa do Brasil. Brasília, DF, 02/05/2007.

______. Ministério da Fazenda. Portaria nº 323 de 19 de dezembro de 2007. Altera o Regimento

Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Diário Oficial [da] Republica

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21/12/20076.

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Diário Oficial [da] da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13/09/2001.

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Diário Oficial [da] da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 04/12/2007.

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Diário Oficial [da] da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 04/12/2007.

110

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113

ANEXOS

114

ANEXO 001

CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL DE 25 DE MARÇO DE 1824

ARTIGOS QUE TRATAM DA TRIBUTAÇÃO NO BRASIL

Art. 36. E' privativa da Camara dos Deputados a Iniciativa.

I. Sobre Impostos.

Da Fazenda Nacional.

Art. 170. A Receita, e despeza da Fazenda Nacional será encarregada a um Tribunal, debaixo de nome de 'Thesouro Nacional" aonde em diversas Estações, devidamente estabelecidas por Lei, se regulará a sua administração, arrecadação e contabilidade, em reciproca correspondencia com as Thesourarias, e Autoridades das Provincias do Imperio.

Art. 171. Todas as contribuições directas, á excepção daquellas, que estiverem applicadas aos juros, e amortisação da Divida Publica, serão annualmente estabelecidas pela Assembléa Geral, mas continuarão, até que se publique a sua derogação, ou sejam substituidas por outras.

Art. 172. O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros Ministros os orçamentos relativos ás despezas das suas Repartições, apresentará na Camara dos Deputados annualmente, logo que esta estiver reunida, um Balanço geral da receita e despeza do Thesouro Nacional do anno antecedente, e igualmente o orçamento geral de todas as despezas publicas do anno futuro, e da importancia de todas as contribuições, e rendas publicas.

Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.

XV. Ninguem será exempto de contribuir pera as despezas do Estado em proporção dos seus haveres.

115

ANEXO 002

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL ( DE 24 DE FEVEREIRO DE 1891)

Art 7º - É da competência exclusiva da União decretar:

1 º ) impostos sobre a importação de procedência estrangeira;

2 º ) direitos de entrada, saída e estadia de navios, sendo livre o comércio de cabotagem às mercadorias nacionais, bem como às estrangeiras que já tenham pago impostos de importação;

3 º ) taxas de selo, salvo a restrição do art. 9º, § 1º, nº I;

4 º ) taxas dos correios e telégrafos federais.

§ 1º - Também compete privativamente à União:

1 º ) a instituição de bancos emissores;

2º) a criação e manutenção de alfândegas.

§ 2º - Os impostos decretados pela União devem ser uniformes para todos os Estados.

§ 3º - As leis da União, os atos e as sentenças de suas autoridades serão executadas em todo o País por funcionários federais, podendo, todavia, a execução das primeiras ser confiada aos Governos dos Estados, mediante anuência destes.

Art 9º - É da competência exclusiva dos Estados decretar impostos:

1º.) sobre a exportação de mercadorias de sua própria produção;

2º.) sobre Imóveis rurais e urbanos;

3º.) sobre transmissão de propriedade;

4º.) sobre indústrias e profissões.

§ 1º - Também compete exclusivamente aos Estados decretar:

1º.) taxas de selos quanto aos atos emanados de seus respectivos Governos e negócios de sua economia;

2º.) contribuições concernentes aos seus telégrafos e correios.

§ 2º - É isenta de impostos, no Estado por onde se exportar, a produção dos outros Estados.

116

§ 3º - Só é lícito a um Estado tributar a importação de mercadorias estrangeiras, quando destinadas ao consumo no seu território, revertendo, porém, o produto do imposto para o Tesouro federal.

§ 4º - Fica salvo aos Estados o direito de estabelecerem linhas telegráficas entre os diversos pontos de seus territórios, entre estes e os de outros Estados, que se não acharem servidos por linhas federais, podendo a União desapropriá-las quando for de interesse geral.

Art 10 - É proibido aos Estados tributar bens e rendas federais ou serviços a cargo da União, e reciprocamente.

Art 11 - É vedado aos Estados, como à União:

1º.) criar impostos de trânsito pelo território de um Estado, ou na passagem de um para outro, sobre produtos de outros Estados da República ou estrangeiros, e, bem assim, sobre os veículos de terra e água que os transportarem;

2º.) estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos;

3º.) prescrever leis retroativas.

Art 12 - Além das fontes de receita discriminadas nos arts. 7º e 9º, é licito à União como aos Estados, cumulativamente ou não, criar outras quaisquer, não contravindo, o disposto nos arts. 7º, 9º e 11, nº 1.

Art 13 - O direito da União e dos Estados de legislarem sobre a viação férrea e navegação interior será regulado por lei federal.

Parágrafo único - A navegação de cabotagem será feita por navios nacionais.

Das Atribuições do Congresso

Art 34 - Compete privativamente ao Congresso Nacional:

1º) orçar a receita, fixar a despesa federal anualmente e tomar as contas da receita e despesa de cada exercício financeiro;

4º) regular a arrecadação e a distribuição das rendas federais;

5º) regular o comércio internacional, bem como o dos Estados entre si e com o Distrito Federal, alfandegar portos, criar ou suprimir entrepostos;

117

ANEXO 003

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 16 DE JULHO DE 1934

Art 5º - Compete privativamente à União:

(...)

X - criar e manter alfândegas e entrepostos;

Art 6º - Compete, também, privativamente à União:

I - decretar impostos:

a) sobre a importação de mercadorias de procedência estrangeira;

b) de consumo de quaisquer mercadorias, exceto os combustíveis de motor de explosão;

c) de renda e proventos de qualquer natureza, excetuada a renda cedular de imóveis;

d) de transferência de fundos para o exterior;

e) sobre atos emanados do seu Governo, negócios da sua economia e instrumentos de contratos ou atos regulados por lei federal;

f) nos Territórios, ainda, os que a Constituição atribui aos Estados;

II - cobrar taxas telegráficas, postais e de outros serviços federais; de entrada, saída e estadia de navios e aeronaves, sendo livre o comércio de cabotagem às mercadorias nacionais, e às estrangeiras que já tenham pago imposto de importação.

Art 8º - Também compete privativamente aos Estados:

I - decretar impostos sobre:

a) propriedade territorial, exceto a urbana;

b) transmissão de propriedade causa mortis ;

c) transmissão de propriedade imobiliária inter vivos , inclusive a sua incorporação ao capital da sociedade;

d) consumo de combustíveis de motor de explosão;

e) vendas e consignações efetuadas por comerciantes e produtores, inclusive os industriais, ficando isenta a primeira operação do pequeno produtor, como tal definido na lei estadual;

118

f) exportação das mercadorias de sua produção até o máximo de dez por cento ad

valorem , vedados quaisquer adicionais;

g) indústrias e profissões;

h) atos emanados do seu governo e negócios da sua economia ou regulados por lei estadual;

II - cobrar taxas de serviços estaduais.

§ 1º - O imposto de vendas será uniforme, sem distinção de procedência, destino ou espécie dos produtos.

§ 2º - O imposto de indústrias e profissões será lançado pelo Estado e arrecadado por este e pelo Município em partes iguais.

§ 3º - Em casos excepcionais, o Senado Federal poderá autorizar, por tempo determinado, o aumento do imposto de exportação, além do limite fixado na letra f do número I.

§ 4º - O imposto sobre transmissão de bens corpóreos, cabe ao Estado em cujo território se acham situados; e o de transmissão causa mortis , de bens incorpóreos, inclusive de títulos e créditos, ao Estado onde se tiver aberto a sucessão. Quando esta se haja aberto no exterior, será devido o imposto ao Estado em cujo território os valores da herança forem liquidados, ou transferidos aos herdeiros.

Art 9º - É facultado à União e aos Estados celebrar acordos para a melhor coordenação e desenvolvimento dos respectivos serviços, e, especialmente, para a uniformização de leis, regras ou práticas, arrecadação de impostos, prevenção e repressão da criminalidade e permuta de informações.

Art 11 - É vedada a bitributação, prevalecendo o imposto decretado pela União quando a competência for concorrente. Sem prejuízo do recurso judicial que couber, incumbe ao Senado Federal, ex officio ou mediante provocação de qualquer contribuinte, declarar a existência da bitributação e determinar a qual dos dois tributos cabe a prevalência.

Art 13 - Os Municípios serão organizados de forma que lhes fique assegurada a autonomia em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse; e especialmente:

II - a decretação dos seus impostos e taxas, a arrecadação e aplicação das suas rendas;

§ 2º - Além daqueles de que participam, ex vi dos arts. 8º, § 2º, e 10, parágrafo único, e dos que lhes forem transferidos pelo Estado, pertencem aos Municípios:

I - o imposto de licenças;

II - os impostos predial e territorial urbanos, cobrado o primeiro sob a forma de décima ou de cédula de renda;

119

III - o imposto sobre diversões públicas;

IV - o imposto cedular sobre a renda de imóveis rurais;

V - as taxas sobre serviços municipais.

Art 17 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - criar distinções entre brasileiros natos ou preferências em favor de uns contra outros Estados;

II - estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos;

III - ter relação de aliança ou dependência com qualquer culto, ou igreja sem prejuízo da colaboração recíproca em prol do interesse coletivo;

IV - alienar ou adquirir imóveis, ou conceder privilégio, sem lei especial que o autorize;

V - recusar fé aos documentos públicos;

VI - negar a cooperação dos respectivos funcionários no interesse dos serviços correlativos;

VII - cobrar quaisquer tributos sem lei especial que os autorize, ou fazê-lo incidir sobre efeitos já produzidos por atos jurídicos perfeitos;

VIII - tributar os combustíveis produzidos no País para motores de explosão;

IX - cobrar, sob qualquer denominação, impostos interestaduais, intermunicipais de viação ou de transporte, ou quaisquer tributos que, no território nacional, gravem ou perturbem a livre circulação de bens ou pessoas e dos veículos que os transportarem;

X - tributar bens, rendas e serviços uns dos outros, estendendo-se a mesma proibição às concessões de serviços públicos, quanto aos próprios serviços concedidos e ao respectivo aparelhamento instalado e utilizado exclusivamente para o objeto da concessão.

Parágrafo único - A proibição constante do nº X não impede a cobrança de taxas remuneratórias devidas pelos concessionários de serviços públicos.

Art 18 - É vedado à União decretar impostos que não sejam uniformes em todo o território nacional, ou que importem distinção em favor dos portos de uns contra os de outros Estados.

Art 19 - É defeso aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - adotar para funções públicas idênticas, denominação diferente da estabelecida nesta Constituição;

II - rejeitar a moeda legal em circulação;

120

III - denegar a extradição de criminosos, reclamada, de acordo com as leis da União, pelas Justiças de outros Estados, do Distrito Federal ou dos Territórios;

IV - estabelecer diferença tributária, em razão da procedência, entre bens de qualquer natureza;

V - contrair empréstimos externos sem prévia autorização do Senado Federal.

Art 50 - O orçamento será uno, incorporando-se obrigatoriamente à receita todos os tributos, rendas e suprimentos dos fundos e incluindo-se discriminadamente na despesa todas as dotações necessárias ao custeio dos serviços públicos.

§ 1º - O Presidente da República enviará à Câmara dos Deputados, dentro do primeiro mês da sessão legislativa ordinária, a proposta de orçamento.

§ 2º - O orçamento da despesa dividir-se-á em duas partes, uma fixa e outra variável, não podendo a primeira ser alterada senão em virtude de lei anterior. A parte variável obedecerá a rigorosa especialização.

§ 3º - A lei de orçamento não conterá dispositivo estranho à receita prevista e à despesa fixada para os serviços anteriormente criados. Não se incluem nesta proibição:

121

ANEXO 04

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937)

Art 13 O Presidente da República, nos períodos de recesso do Parlamento ou de dissolução da Câmara dos Deputados, poderá, se o exigirem as necessidades do Estado, expedir decretos-leis sobre as matérias de competência legislativa da União, excetuadas as seguintes:

c) orçamento;

d) impostos;

Art 15 - Compete privativamente à União: VIII - criar e manter alfândegas e entrepostos e prover aos serviços da polícia

marítima e portuária; Art 16 - Compete privativamente à União o poder de legislar sobre as seguintes

matérias: XIII - alfândegas e entrepostos; a polícia marítima, a portuária e a das vias fluviais;

Art 20 - É da competência privativa da União:

I - decretar impostos:

a) sobre a importação de mercadorias de procedência estrangeira;

b) de consume de quaisquer mercadorias;

c) de renda e proventos de qualquer natureza;

d) de transferência de fundos para o exterior;

e) sobre atos emanados do seu governo, negócios da sua economia e instrumentos ou contratos regulados por lei federal;

f) nos Territórios, os que a Constituição atribui aos Estados;

II - cobrar taxas telegráficas, postais e de outros serviços federais; de entrada, saída e estadia de navios e aeronaves, sendo livre o comércio de cabotagem às mercadorias nacionais e às estrangeiras que já tenham pago imposto de importação.

Art 23 - É da competência exclusiva dos Estados:

I - a decretação de impostos sobre:

a) a propriedade territorial, exceto a urbana;

122

b) transmissão de propriedade causa mortis ;

c) transmissão da propriedade imóvel inter vivos, inclusive a sua incorporação ao capital de sociedade;

d) vendas e consignações efetuadas por comerciantes e produtores, isenta a primeira operação do pequeno produtor, como tal definido em lei estadual;

e) exportação de mercadorias de sua produção até o máximo de dez por cento ad valorem , vedados quaisquer adicionais;

f) indústrias e profissões;

g) atos emanados de seu governo, e negócios da sua economia, ou regulados por lei estadual;

II - cobrar taxas de serviços estaduais.

§ 1º - O imposto de venda será uniforme, sem distinção de procedência, destino ou espécie de produtos.

§ 2º - O imposto de indústrias e profissões será lançado pelo Estado e arrecadado por este e, pelo Município em partes iguais.

3º - Em casos excepcionais, e com o consentimento do Conselho Federal, o imposto de exportação poderá ser aumentado temporariamente além do limite de que trata a letra e do nº I.

§ 4º - O imposto sobre a transmissão dos bens corpóreos cabe ao Estado em cujo território se achem situados; e o de transmissão causa mortis de bens incorpóreos, inclusive de títulos e créditos, ao Estado onde se tiver aberto a sucessão. Quando esta se haja aberto em outro Estado ou no estrangeiro, será devido o imposto ao Estado em cujo território os valores da herança forem liquidados ou transferidos aos herdeiros.

Art 24 - Os Estados poderão criar outros impostos. É vedada, entretanto, a bitributação, prevalecendo o imposto decretado pela União, quando a competência for concorrente. É da competência do Conselho Federal, por iniciativa própria ou mediante representação do contribuinte, declarar a existência da bitributação, suspendendo a cobrança do tributo estadual.

Art 25 - O território nacional constituirá uma unidade do ponto de vista alfandegário, econômico e comercial, não podendo no seu interior estabelecer-se quaisquer barreiras alfandegárias ou outras limitações ao tráfego, vedado assim aos Estados como aos Municípios cobrar, sob qualquer denominação, impostos interestaduais, intermunicipais, de viação ou de transporte, que gravem ou perturbem a livre circulação de bens ou de pessoas e dos veículos que os transportarem.

Art 26 - Os Municípios serão organizados de forma a ser-lhes assegurada autonomia em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse, e, especialmente:

123

a) à escolha dos Vereadores pelo sufrágio direto dos munícipes alistados eleitores na forma da lei;

b) a decretação dos impostos e taxas atribuídos à sua competência por esta Constituição e pelas Constituições e leis dos Estados;

Art 28 - Além dos atribuídos a eles pelo art. 23, § 2, desta Constituição e dos que lhes forem transferidos Pelo Estado, pertencem aos Municípios:

I - o imposto de licença;

II - o imposto predial e o territorial urbano;

III - os impostos sobre diversões públicas;

IV - as taxas sobre serviços municipais.

Art 32 - É vedado à União, aos Estados e aos Municípios:

a) criar distinções entre brasileiros natos ou discriminações e desigualdades entre os Estados e Municípios;

b) estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos;

c) tributar bens, rendas e serviços uns dos outros.

Parágrafo único - Os serviços públicos concedidos não gozam de isenção tributária, salvo a que lhes for outorgada, no interesse comum, por lei especial.

Art 34 - É vedado à União decretar impostos que não sejam uniformes em todo território nacional, ou que importem discriminação em favor dos, portos de uns contra os de outros, Estado.

Art 35 - É defeso aos Estados, ao Distrito Federal e, aos Municípios:

b) estabelecer discriminação tributária ou de qualquer outro tratamento entre bens ou mercadorias por motivo de sua procedência;

Art 67 - Haverá junto à Presidência da República, organizado por decreto do Presidente, um Departamento Administrativo com as seguintes atribuições:

a) o estudo pormenorizado das repartições, departamentos e estabelecimentos públicos, com o fim de determinar, do ponto de vista da economia e eficiência, as modificações a serem feitas na organização dos serviços públicos, sua distribuição e agrupamento, dotações orçamentárias, condições e processos de trabalho, relações de uns com os outros e com o público;

b) organizar anualmente, de acordo com as instruções do Presidente da República, a proposta orçamentária a ser enviada por este à Câmara dos Deputados;

124

c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na conformidade das suas instruções, a execução orçamentária.

Art 68 - O orçamento será uno, incorporando-se obrigatoriamente à receita todos os tributos, rendas e suprimentos de fundos, incluídas na despesa todas as dotações necessárias ao custeio dos serviços públicos.

Art 69 - A discriminação ou especialização da despesa far-se-á por serviço, departamento, estabelecimento ou repartição.

§ 1º - Por ocasião de formular a proposta orçamentária, o Departamento Administrativo organizará, para cada serviço, departamento, estabelecimento ou repartição, o quadro da discriminação ou especialização, por itens, da despesa que cada um deles é autorizado a realizar. Os quadros em questão devem ser enviados à Câmara dos Deputados juntamente com a proposta orçamentária, a título meramente informativo ou como subsídio ao esclarecimento da Câmara na votação das verbas globais.

§ 2º - Depois de votado o orçamento, se alterada a proposta do Governo, serão, na conformidade do vencido, modificados os quadros a que se refere o parágrafo anterior; e, mediante proposta fundamentada do Departamento Administrativo, o Presidente da República poderá autorizar, no decurso do ano, modificações nos quadros de discriminação ou, especialização por itens, desde que para cada serviço não sejam excedidas as verbas globais votadas pelo Parlamento.

Art 70 - A lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à receita prevista e à despesa fixada para os serviços anteriormente criados, excluídas de tal proibição:

a) a autorização para abertura de créditos suplementares e operações de crédito por antecipação da receita;

b) a aplicação do saldo ou o modo de cobrir o deficit .

125

ANEXO 05

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 18 DE SETEMBRO DE 1946)

Art 15 - Compete à União decretar impostos sobre:

I - importação de mercadorias de procedência estrangeira;

II - consumo de mercadorias;

III - produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e exportação de lubrificantes e de combustíveis líquidos ou gasosos de qualquer origem ou natureza, estendendo-se esse regime, no que for aplicável, aos minerais do País e à energia elétrica;

IV - renda e proventos de qualquer natureza;

V - transferência de fundos para o exterior;

VI - negócios de sua economia, atos e instrumentos regulados por lei federal.

§ 1º - São isentos do imposto de consumo os artigos que a lei classificar como o mínimo indispensável à habitação, vestuário, alimentação e tratamento médico das pessoas de restrita capacidade econômica.

§ 2º - A tributação de que trata o nº III terá a forma de imposto único, que incidirá sobre cada espécie de produto. Da renda resultante, sessenta por cento no mínimo serão entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, proporcionalmente à sua superfície, população, consumo e produção, nos termos e para os fins estabelecidos em lei federal.

§ 3º - A União poderá tributar a renda das obrigações da dívida pública estadual ou municipal e os proventos dos agentes dos Estados e dos Municípios; mas não poderá fazê-lo em limites superiores aos que fixar para as suas próprias obrigações e para os proventos dos seus próprios agentes.

§ 6º - Na iminência, ou no caso de guerra externa, é facultado à União decretar impostos extraordinários, que não serão partilhados na forma do art. 21 e que deverão suprimir-se gradualmente, dentro em cinco anos, contados da data da assinatura da paz.

Art 16 - Compete ainda à União decretar os impostos previstos no art. 19, que devam ser cobrados pelos Territórios.

Art 17 - A União é vedado decretar tributos que não sejam uniformes em todo o território nacional, ou que importem distinção ou preferência para este ou aquele porto, em detrimento de outro de qualquer Estado.

Art 19 - Compete aos Estados decretar impostos sobre:

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I - propriedade territorial, exceto a urbana;

II - transmissão de propriedade causa mortis ;

III - transmissão de propriedade imobiliária inter vivos e sua incorporação ao capital de sociedades;

IV - vendas e consignações efetuadas por comerciantes e produtores, inclusive industriais, isenta, porém, a primeira operação do pequeno produtor, conforme o definir a lei estadual;

V - exportação de mercadorias de sua produção para o estrangeiro, até o máximo de cinco por cento ad valorem , vedados quaisquer adicionais;

VI - os atos regulados por lei estadual, os do serviço de sua Justiça e os negócios de sua economia.

§ 1º - O imposto territorial não incidirá sobre sítios de área não excedente a vinte hectares, quando os cultive, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

§ 2º - Os impostos sobre transmissão de bens corpóreos (nºs iI e iII) cabem ao Estado em cujo território estes se achem situados.

§ 3º - O imposto sobre transmissão causa mortis de bens incorpóreos, inclusive títulos e créditos, pertence, ainda quando a sucessão se tenha aberto no estrangeiro, ao Estado em cujo território os valores da herança forem liquidados ou transferidos aos herdeiros.

§ 4º - Os Estados não poderão tributar títulos da dívida pública emitidas por outras pessoas jurídicas de direito público interno, em limite superior ao estabelecido para as suas próprias obrigações.

§ 5º - O imposto sobre vendas e consignações será uniforme, sem distinção de procedência ou destino.

§ 6º - Em casos excepcionais, o Senado Federal poderá autorizar o aumento, por determinado tempo, do imposto de exportação até o máximo de dez por cento ad valorem.

Art 20 - Quando a arrecadação estadual de impostos, salvo a do imposto de exportação, exceder, em Município que não seja o da Capital, o total das rendas locais de qualquer natureza, o Estado dar-lhe-á anualmente trinta por cento do excesso arrecadado.

Art 21 - A União e os Estados poderão decretar outros tributos além dos que lhe são atribuídos por esta Constituição, mas o imposto federal excluirá o estadual idêntico. Os Estados farão a arrecadação de tais impostos e, à medida que ela se efetuar, entregarão vinte por cento do produto à União e quarenta por cento aos Municípios onde se tiver realizado a cobrança.

127

Art 22 - A administração financeira, especialmente a execução do orçamento, será fiscalizada na União pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas, e nos Estados e Municípios pela forma que for estabelecida nas Constituições estaduais.

Parágrafo único - Na elaboração orçamentária se observará o disposto nos arts. 73 a 75.

Art 27 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações ao tráfego de qualquer natureza por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de taxas, inclusive pedágio, destinada exclusivamente à indenização das despesas de construção, conservação e melhoramento de estradas.

Art 28 - A autonomia dos Municípios será assegurada:

II - pela administração própria, no que concerne ao seu peculiar interesse e, especialmente,

a) à decretação e arrecadação dos tributos de sua competência e à aplicação das suas rendas;

§ 2º - Serão nomeados pelos Governadores dos Estados ou dos Territórios os Prefeitos dos Municípios que a lei federal, mediante parecer do Conselho de Segurança Nacional, declarar bases ou portos militares de excepcional importância para a defesa externa do País.

Art 29 - Além da renda que lhes é atribuída por força dos §§ 2.O e 4.11 do art. 15, e dos impostos que, no todo ou em parte, lhes forem transferidos pelo Estado, pertencem aos Municípios os impostos:

I - predial e territorial, urbano;

II - de licença;

III - de indústrias e profissões;

IV - sobre diversões públicas;

V - sobre atos de sua economia ou assuntos de sua competência.

Art 30 - Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar:

I - contribuição de melhoria, quando se verificar valorização do imóvel, em conseqüência de obras públicas;

II - taxas;

III - quaisquer outras rendas que possam provir do exercício de suas atribuições e da utilização de seus bens e serviços.

128

Parágrafo único - A contribuição de melhoria não poderá ser exigida em limites superiores à despesa realizada, nem ao acréscimo de valor que da obra decorrer para o imóvel beneficiado

Art 65 - Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República:

I - votar o orçamento;

II - votar os tributos próprios da União e regular a, arrecadação e a distribuição das suas rendas;

Art 73 - O orçamento será uno, incorporando-se à receita, obrigatoriamente, todas as rendas e suprimentos de fundos, e incluindo-se discriminadamente na despesa as dotações necessárias ao custeio de todos os serviços públicos.

§ 1º - A lei de orçamento não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa para os serviços anteriormente criados. Não se incluem nessa proibição:

I - a autorização para abertura de créditos suplementares e operações de crédito por antecipação da receita;

II - a aplicação do saldo e o modo de cobrir o déficit .

Art 202 - Os tributos terão caráter pessoal, sempre que isso for possível, e serão graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte.

Art 203 - Nenhum imposto gravará diretamente os direitos de autor, nem a remuneração de professores e jornalistas.

129

ANEXO 06

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1967

ACP nº 38, de 1868 ACP nº 39, de 1868 AIT nº 8, de 1968 AIT nº 10, de 1968 AIT nº 11, de 1968 AIT nº 12, de 1968 AIT nº 13, de 1968 AIT nº 15, de 1968 AIT nº 16, de 1968 AIT nº 17, de 1968 EMC 1, de 1969

Do Sistema Tributário

Art 18 - sistema tributário nacional compõe-se de impostos, taxas e contribuições de melhoria e é regido pelo disposto neste Capítulo em leis complementares, em resoluções do Senado e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, estaduais e municipais.

Art 19 - Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios arrecadar:

I - os impostos previstos nesta Constituição;

II - taxas pelo exercício regular do poder de polícia ou pela utilização de serviços públicos de sua atribuição, específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição;

III - contribuição de melhoria dos proprietários de imóveis valorizados pelas obras públicas que os beneficiaram.

§ 1º - Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário, disporá sobre os conflitos de competência tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e regulará as limitações constitucionais do poder tributário.

§ 2º - Para cobrança das taxas não se poderá tomar como base de cálculo a que tenha servido para a incidência dos impostos.

§ 3º - A lei fixará os critérios, os limites e a forma de cobrança, da contribuição de melhoria a ser exigida sobre. cada imóvel, sendo que o total da sua arrecadação não poderá exceder o custo da obra pública que lhe der causa.

§ 4º - Somente a União, nos casos excepcionais definidos em lei complementar, poderá instituir empréstimo compulsório.

§ 5º - Competem ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e Municípios; e à União, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se o Território não for dividido em Município, os impostos municipais.

§ 6º - A União poderá, desde que não tenham base de cálculo e fato gerador idênticos aos dos impostos previstos nesta Constituição, instituir outros além daqueles a que se referem os arts. 22 e 23 e que não se contenham na competência tributária privativa dos Estados,

130

Distrito Federal e Municípios, assim como transferir-lhes o exercício da competência residual em relação a determinados impostos, cuja incidência seja definida em lei federal.

§ 7º - Mediante convênio, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, delegar, uns aos outros, atribuições de administração tributária, e coordenar ou unificar serviços de fiscalização e arrecadação de tributos.

§ 8º - A União, os Estados e os Municípios criarão incentivos fiscais à industrialização dos produtos desolo e do subsolo, realizada no imóvel de origem.

Art 20 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - instituir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

II - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, exceto o pedágio para atender ao custo de vias de transporte;

III - criar imposto sobre:

a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) o patrimônio, a, renda ou os serviços de Partidos Políticos e de instituições de educação ou de assistência social, observados os requisitos fixados em lei;

d) o livro, os jornais e os periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão.

§ 1º - O disposto na letra a do n.º III é extensivo às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais, ou delas decorrentes; não se estende, porém, aos serviços públicos concedidos, cujo tratamento tributário é estabelecido pelo poder concedente no que se refere aos tributos de sua competência, observado o disposto no parágrafo seguinte.

§ 2º - A União, mediante lei complementar, atendendo, a relevante interesse social ou econômico nacional, poderá conceder isenções de impostos federais, estaduais e municipais.

Art 21 - É vedado:

I - a União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional, eu que importe distinção ou preferência em relação a determinado Estado ou Município;

II - à União tributar a renda das obrigações da dívida pública estadual ou municipal e os proventos dos agentes dos Estados e Municípios., em níveis superiores aos que fixar para as suas próprias obrigações e para os proventos dos seus próprios agentes;

131

III - aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou do seu destino.

Art 22 - Compete à União decretar impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - propriedade territorial, rural;

IV - rendas e proventos de qualquer natureza, salvo ajuda de custo e diárias pagas pelos cofres públicos;

V - produtos industrializados;

VI - operações de crédito, câmbio, seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

VII - serviços de transporte e comunicações, salvo os de natureza estritamente municipal;

VIII - produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos;

IX - produção, importação, distribuição ou consumo de energia elétrica;

X - extração, circulação, distribuição ou consumo de minerais do País.

§ 1º - O imposto territorial, de que trata o item III, mão incidirá sobre glebas rurais de área não excedente a vinte e cinco hectares, quando as cultive, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

§ 2º - É facultado ao Poder Executivo, nas condições e limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo dos impostos a que se referem os n.ºs I, II e VI, a fim de ajustá-los aos objetivos da política Cambial e de comércio exterior, ou de política monetária.

§ 3º - A lei poderá destinar a receita dos impostos referidos nos itens II e VI à formação de reservas monetárias.

§ 4º - Ô imposto sobre produto industrializado será seletivo, em função da essencialidade dos produtos, e não-cumulativo, abatendo-se, em cada operação, o montante cobrado nas anteriores.

§ 5º - Os impostos a que se referem os nºs VIII, IX, e X incidem, uma só vez, sobre uma dentre as operações ali previstas e excluem quaisquer outros tributos, sejam quais forem a sua natureza e competência, relativos às mesmas operações.

§ 6º - (Revogado pelo Ato Complementar nº 40, de 1968)

132

Art 23 - Compete à União, na iminência. ou no caso de guerra externa. instituir, temporariamente, impostos extraordinários compreendidos, ou não, na sua competência, tributária, que serão suprimidos gradativamente, cessadas; as causas que determinaram a cobrança.

Art 24 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal decretar impostos sobre:

I - transmissão, a qualquer título, de bens imóveis por natureza e acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como sobre direitos à aquisição de imóveis;

II - operações relativas à circulação de mercadorias, realizadas por produtores, industriais e comerciantes.

§ 1º - Pertence aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do Imposto de renda e proventos de qualquer natureza que, ele acordo com a lei federal, são obrigados a reter como fontes pagadoras de rendimentos do trabalho e dos títulos da sua dívida pública.

§ 2º - O imposto a que se refere o nº I compete ao Estado da situação do imóvel, ainda que a transmissão resulte de sucessão aberta no estrangeiro; sua alíquota não excederá os limites fixados em resolução do Senado Federal por proposta do Poder Executivo da União, na forma prevista em lei federal, e o seu montante será dedutível do imposto cobrado pela União sobre a renda auferida na transação.

§ 3º - O imposto a que se refere o n.º I não incide sobre a transmissão de bens Incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica nem sobre a fusão, incorporação, extinção ou redução do capital de pessoas jurídicas, salvo se estas tiverem por atividade preponderante o comércio desses bens ou direitos, ou a locação de imóveis.

§ 4º - A alíquota do imposto a que se refere o nº II será uniforme para todas as mercadorias; o Senado Federal, através de resolução tomada por iniciativa do Presidente da República, fixará as alíquotas máximas para as operações internas, para as operações interestaduais e para as operações de exportação para o estrangeiro.

§ 5º - O imposto sobre circulação de mercadorias é não-cumulativo, abatendo-se, em cada operação, nos termos do disposto em lei, o montante cobrado nas anteriores, pelo mesmo ou outro Estado, e não incidirá sobre produtos industrializados e outros que a lei determinar, destinados ao exterior.

§ 6º - Os Estados isentarão do imposto sobre circulação de mercadorias a venda a varejo, diretamente ao consumidor, dos gêneros de primeira necessidade que especificarem, não podendo estabelecer diferença em função dos que participam da operação tributada.

§ 7º - Do produto da arrecadação do imposto a que se refere o item II, oitenta por cento constituirão receita dos Estados e vinte por cento, dos Municípios. As parcelas pertencentes aos Municípios serão creditadas em contas especiais, abertas em estabelecimentos oficiais de crédito, na forma e nos prazos fixados em lei federal.

Art 25 - Compete aos Municípios decretar impostos sobre: '

133

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência tributária da União ou dos Estados, definidos em lei complementar.

§ 1º - Pertencem aos Municípios:

a) o produto da arrecadação do Imposto a que se refere o art. 22, n.º III, Incidente sobre os imóveis situados em seu território;

b.) o produto da arrecadação do imposto, de renda e proventos de qualquer natureza que, de acordo com a lei federal, são obrigados a reter como fontes pagadoras de rendimentos do trabalho e dos títulos da sua divida pública.

§ 2º - As autoridades arrecadadoras dos tributos a que se refere a letra a do parágrafo anterior farão entrega, aos Municípios, das importâncias recebidas que lhes pertencerem, à medida em que forem sendo arrecadadas, independentemente de ordem das autoridades superiores, em prazo não maior de trinta dias, a contar da data da arrecadação, sob pena de demissão.

Art 46 - Ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, cabe dispor, mediante lei, sobre todas as matérias de competência da União, especialmente:

os tributos, a arrecadação e distribuição de rendas;

134

ANEXO 07

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 1 DE 17 DE OUTUBRO DE 1969

Do Sistema Tributário

Art. 18. Além dos impostos previstos nesta Constituição, compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir:

I - taxas, arrecadadas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição; e

II - contribuição de melhoria, arrecadada dos proprietários de imóveis valorizados por obras públicas, que terá como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

II - contribuição de melhoria, arrecadada dos proprietários de imóveis beneficiados por obras públicas, que terá como limite total a despesa realizada.

§ 1º Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário, disporá sôbre os conflitos de competência nesta matéria entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os

.Municípios, e regulará as limitações constitucionais do poder de tributar.

§ 2º Para cobrança de taxas não se poderá tomar como base de cálculo a que tenha servido para a incidência dos impostos.

§ 3º Sòmente a União, nos casos excepcionais definidos em lei complementar, poderá instituir empréstimo compulsório.

§ 4º Ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em municípios competem, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios; e à União, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se o Território não for dividido em municípios, os impostos municipais.

§ 5º A União poderá, desde que não tenham base de cálculo e fato gerador idênticos aos dos previstos nesta Constituição instituir outros impostos, além dos mencionados nos artigos 21 e 22 e que não sejam da competência tributária privativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, assim como transferir-lhes o exercício da competência residual em relação a impostos, cuja incidência seja definida em lei federal.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - instituir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

135

II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais; e

III - instituir impôsto sôbre:

a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;

b) os templos de qualquer culto;

c) o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos e de instituições de educação ou de assistência social, observados os requisitos da lei; e

d) o livro, o jornal e os periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão.

§ 1º O disposto na alínea a do item III é extensivo às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes; mas não se estende aos serviços públicos concedidos, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar impôsto que incidir sôbre imóvel objeto de promessa de compra e venda.

§ 2º A União, mediante lei complementar e atendendo a relevante interêsse social ou econômico nacional, poderá conceder isenções de impostos estaduais e municipais.

Art. 20. É vedado:

I - à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional o implique distinção ou preferência em relação a qualquer Estado ou Município em prejuízo de outro;

II - à União tributar a renda das obrigações da dívida pública estadual ou municipal e os proventos dos agentes dos Estados e municípios, em níveis superiores aos que fixar para as suas próprias obrigações e para os proventos dos seus próprios agentes; e

III - aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou destino.

Art. 21. Compete à União instituir impôsto sôbre:

I - importação de produtos estrangeiros, facultado ao Poder Executivo, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar-lhe as alíquotas ou as bases de cálculo;

II - exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados, observado o disposto no final do item anterior;

III - propriedade territorial rural;

IV - renda e proventos de qualquer natureza, salvo ajuda de custo e diárias pagas pelos cofres públicos na forma da lei;

V - produtos industrializados, também observado o disposto no final do item I;

136

VI - operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valôres mobiliários;

VII - serviços de comunicações, salvo os de natureza estritamente municipal;

VIII - produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos ou gasosos e de energia elétrica, impôsto que incidirá uma só vez sôbre qualquer dessas operações, excluída a incidência de outro tributo sôbre elas; e

IX - a extração, a circulação, a distribuição ou o consumo dos minerais do País enumerados em lei, impôsto que incidirá uma só vez sôbre qualquer dessas operações, observado o disposto no final do item anterior.

X - transportes, salvo os de natureza estritamente municipal.

§ 1º A União poderá instituir outros impostos, além dos mencionados nos itens anteriores, desde que não tenham fato gerador ou base de cálculo idênticos aos dos previstos nos artigos 23 e 24.

§ 2º A União pode instituir:

I - contribuições, observada a faculdade prevista no item I deste artigo, tendo em vista intervenção no domínio econômico ou o interesse de categorias profissionais e para atender diretamente a parte da União no custeio dos encargos da previdência social.

II - empréstimos compulsórios, nos casos especiais definidos em lei complementar, aos quais se aplicarão as disposições constitucionais relativas aos tributos e às normas gerais do direito tributário.

§ 3º O impôsto sôbre produtos industrializados será seletivo em função da essencialidade dos produtos, e não-cumulativo, abatendo-se, em cada operação, o montante cobrado nas anteriores.

§ 4º A lei poderá destinar a receita dos impostos enumerados nos itens II e VI deste artigo à formação de reservas monetárias ou de capital para financiamento de programa de desenvolvimento econômico.

§ 5º A União poderá transferir o exercício supletivo de sua competência tributária aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

§ 6º O impôsto de que trata o item III deste artigo não incidirá sobre glebas rurais de área não excedente a vinte e cinco hectares, quando as cultive, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

§ 7º - A União divulgará, pelo Diário Oficial, até o último dia do mês subseqüente, os montantes de cada um dos impostos e contribuições, englobando os acréscimos arrecadados, bem como os valores transferidos aos Estados e Municípios.

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Art. 22. Compete à União, na iminência ou no caso de guerra externa, instituir, temporàriamente, impostos extraordinários compreendidos, ou não, em sua competência tributária, os quais serão suprimidos gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Art. 23. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sôbre:

I - transmissão, a qualquer título, de bens imóveis por natureza e acessão física e de direitos reais sôbre imóveis, exceto os de garantia, bem como sôbre a cessão de direitos à sua aquisição; e

II - operações relativas à circulação de mercadorias realizadas por produtores, industriais e comerciantes, imposto que não será cumulativo e do qual se abaterá, nos termos do disposto em lei complementar, o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. A isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação, não implicará crédito de imposto para abatimento daquele incidente nas operações seguintes.

III - propriedade de veículos automotores, vedada a cobrança de impostos ou taxas incidentes sobre a utilização de veículos.

§ 1º - Pertence aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do imposto a que se refere o item IV do art. 21, incidente sobre rendimentos do trabalho e de títulos da dívida pública por eles pagos, quando forem obrigados a reter o tributo.

§ 2º O imposto de que trata o item I compete ao Estado onde está situado o imóvel, ainda que a transmissão resulte de sucessão aberta no estrangeiro; sua alíquota não excederá os limites estabelecidos em resolução do Senado Federal por proposta do Presidente da República, na forma prevista em lei.

§ 3º O imposto a que se refere o item I não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação ou extinção de capital de pessoa jurídica, salvo se a atividade preponderante dessa entidade for o comércio desses bens ou direitos ou a locação de imóveis.

§ 4º Lei complementar poderá instituir, além das mencionadas no item II, outras categorias de contribuintes daquele imposto.

§ 5º - A alíquota do imposto a que se refere o item II será uniforme para todas as mercadorias nas operações internas e interestaduais, bem como nas interestaduais realizadas com consumidor final; o Senado Federal, mediante resolução tomada por iniciativa do Presidente da República, fixará as alíquotas máximas para cada uma dessas operações e para as de exportação.

§ 6º As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos fixados em convênios, celebrados e ratificados pelos Estados, segundo o disposto em lei complementar.

§ 7º O imposto de que trata o item II não incidirá sobre as operações que destinem ao exterior produtos industrializados e outros que a lei indicar.

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§ 8º - Do produto da arrecadação do imposto mencionado no item II, oitenta por cento constituirão receita dos Estados e vinte por cento, dos Municípios. As parcelas pertencentes aos Municípios aos serão creditadas em contas especiais, abertas em estabelecimentos oficiais de crédito. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 17, de 1980)

Art. 24. Compete aos municípios instituir impôsto sôbre:

I - propriedade predial e territorial urbana; e

II - serviços de qualquer natureza não compreendidos na competência tributária da União ou dos Estados, definidos em lei complementar.

§ 1º Pertence aos municípios o produto da arrecadação do impôsto mencionado no item III do artigo 21, incidente sôbre os imóveis situados em seu território.

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ANEXO 08

CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

TÍTULO VI Da Tributação e do Orçamento

CAPÍTULO I DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Seção I DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.

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Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Seção II DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

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c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; IV - utilizar tributo com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. § 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. § 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. § 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

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Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Seção III DOS IMPOSTOS DA UNIÃO Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º - O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; § 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. § 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; II - setenta por cento para o Município de origem. Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. Seção IV DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos

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II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores. § 1.º O imposto previsto no inciso I: I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior; IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal; § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores; III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais; VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele; VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual; IX - incidirá também: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;; b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios; X - não incidirá:

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a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º; d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita; XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos; XII - cabe à lei complementar: a) definir seus contribuintes; b) dispor sobre substituição tributária; c) disciplinar o regime de compensação do imposto; d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços; e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"; f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias; g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde ocorrer o consumo; II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino, mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas operações com as demais mercadorias; III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem; IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: a) serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto; ; b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência; ; c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.. § 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º, inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g.

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§ 6º O imposto previsto no inciso III: I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;. II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.. Seção V DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar; IV - § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: . I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e . II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. . § 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; II - compete ao Município da situação do bem. § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: . I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; . II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. . III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. Seção VI DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I. Art. 158. Pertencem aos Municípios: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; ; III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios;

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IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios: I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios; II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal. Art. 159. A União entregará: I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito por cento na seguinte forma: a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; ; II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados; III - do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo. § 1º - Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I, excluir-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto nos artigos. 157, I, e 158, I. § 2º - A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento do montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido. § 3º - Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso II, observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II. § 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada Estado, vinte e cinco por cento serão destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que se refere o mencionado inciso Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos. Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos: I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. Art. 161. Cabe à lei complementar:

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I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I; II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios; III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da liberação das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159. Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II. Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio. Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por Município; os dos Estados, por Município. CAPÍTULO II DAS FINANÇAS PÚBLICAS Seção I NORMAS GERAIS Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central. § 1º - É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. § 2º - O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Seção II DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

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§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. § 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. § 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional. § 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. § 9º - Cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. § 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. § 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

149

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. § 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. § 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. § 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. § 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo. § 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

150

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. § 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. § 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62. § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os artigos. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de débitos para com esta. Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrente; II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; II - exoneração dos servidores não estáveis. § 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal § 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço

151

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.

152

ANEXO 09

Espécies de Tributos, Contribuições e Taxas cobradas no Brasil

1. Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM - Lei 10.893/2004

2. Contribuição á Direção de Portos e Costas (DPC) - Lei 5.461/1968

3. Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT

- Lei 10.168/2000

4. Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), também

chamado "Salário Educação" - Decreto 6.003/2006

5. Contribuição ao Funrural

6. Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) - Lei

2.613/1955

7. Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT)

8. Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) - Lei

8.029/1990

9. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (SENAC) - Lei 8.621/1946

10. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos Transportes (SENAT) - Lei

8.706/1993

11. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) - Lei 4.048/1942

12. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR) - Lei 8.315/1991

13. Contribuição ao Serviço Social da Indústria (SESI) - Lei 9.403/1946

14. Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) - Lei 9.853/1946

15. Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP) - art. 9, I, da MP 1.715-

2/1998

16. Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST) - Lei 8.706/1993

17. Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados)

18. Contribuição Confederativa Patronal (das empresas)

19. Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Combustíveis - Lei

10.336/2001

20. Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Remessas Exterior - Lei

10.168/2000

21. Contribuição para a Assistência Social e Educacional aos Atletas Profissionais - FAAP -

Decreto 6.297/2007

153

22. Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda Constitucional

39/2002

23. Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional –

CONDECINE - art. 32 da Medida Provisória 2228-1/2001 e Lei 10.454/2002

24. Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição Confederativa

Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical Patronal)

25. Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição Confederativa

Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da CLT, e

a Confederativa foi instituída pelo art. 8, inciso IV, da Constituição Federal e é

obrigatória em função da assembléia do Sindicato que a instituir para seus associados,

independentemente da contribuição prevista na CLT)

26. Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS - Lei

Complementar 110/2001

27. Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)

28. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

29. Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA, CRECI,

CORE, etc.)

30. Contribuições de Melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de água, rede de esgoto, etc.

31. Fundo Aeroviário (FAER) - Decreto Lei 1.305/1974

32. Fundo de Combate à Pobreza - art. 82 da EC 31/2000

33. Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) - Lei 5.070/1966 com novas

disposições da Lei 9.472/1997

34. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

35. Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) - art. 6 da Lei

9.998/2000

36. Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização

(Fundaf) - art.6 do Decreto-Lei 1.437/1975 e art. 10 da IN SRF 180/2002

37. Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) - Lei

10.052/2000

38. Imposto s/Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

39. Imposto sobre a Exportação (IE)

40. Imposto sobre a Importação (II)

41. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)

154

42. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)

43. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)

44. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR - pessoa física e jurídica)

45. Imposto sobre Operações de Crédito (IOF)

46. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)

47. Imposto sobre Transmissão Bens Intervivos (ITBI)

48. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)

49. INSS Autônomos e Empresários

50. INSS Empregados

51. INSS Patronal

52. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)

53. Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor

Público (PASEP)

54. Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro

55. Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação - Lei

10.870/2004

56. Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou de

consumo nas atividades agropecuárias - Decreto-Lei 1.899/1981

57. Taxa de Coleta de Lixo

58. Taxa de Combate a Incêndios

59. Taxa de Conservação e Limpeza Pública

60. Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA - Lei 10.165/2000

61. Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos - Lei 10.357/2001, art. 16

62. Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais)

63. Taxa de Fiscalização da Aviação Civil - TFAC - Lei 11.292/2006

64. Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) - Lei 7.940/1989

65. Taxa de Fiscalização de Sorteios, Brindes ou Concursos - art. 50 da MP 2.158-35/2001

66. Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23

67. Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro - TFPC - Lei

10.834/2003

68. Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar - TAFIC - art. 12 da MP

233/2004

69. Taxa de Licenciamento Anual de Veículo

155

70. Taxa de Licenciamento, Controle e Fiscalização de Materiais Nucleares e Radioativos e

suas instalações - Lei 9.765/1998

71. Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal

72. Taxa de Pesquisa Mineral DNPM - Portaria Ministerial 503/1999

73. Taxa de Serviços Administrativos – TSA – Zona Franca de Manaus - Lei 9.960/2000

74. Taxa de Serviços Metrológicos - art. 11 da Lei 9.933/1999

75. Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP)

76. Taxa de Outorga e Fiscalização - Energia Elétrica - art. 11, inciso I, e artigos 12 e 13, da

Lei 9.427/1996

77. Taxa de Outorga - Rádios Comunitárias - art. 24 da Lei 9.612/1998 e nos art. 7 e 42 do

Decreto 2.615/1998

78. Taxa de Outorga - Serviços de Transportes Terrestres e Aquaviários - art. 77, incisos II e

III, a art. 97, IV, da Lei 10.233/2001

79. Taxas de Saúde Suplementar - ANS - Lei 9.961/2000, art. 18

80. Taxa de Utilização do MERCANTE - Decreto 5.324/2004

81. Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais)

82. Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE - Lei

9.718/1998

156

ANEXO 10

LEI Nº 4.729, DE 14 DE JULHO DE 1965.

Define o crime de sonegação fiscal e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art 1º Constitui crime de sonegação fiscal:

I - prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei;

II - inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública;

III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública;

IV - fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis.

V - Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer percentagem sôbre a parcela dedutível ou deduzida do impôsto sôbre a renda como incentivo fiscal. (Incluído pela Lei nº 5.569, de 1969)

Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vêzes o valor do tributo.

§ 1º Quando se tratar de criminoso primário, a pena será reduzida à multa de 10 (dez) vêzes o valor do tributo.

§ 2º Se o agente cometer o crime prevalecendo-se do cargo público que exerce, a pena será aumentada da sexta parte.

§ 3º O funcionário público com atribuições de verificação, lançamento ou fiscalização de tributos, que concorrer para a prática do crime de sonegação fiscal, será punido com a pena dêste artigo aumentada da têrça parte, com a abertura obrigatória do competente processo administrativo.

Art 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes previstos nesta Lei quando o agente promover o recolhimento do tributo devido, antes de ter início, na esfera administrativa, a ação fiscal própria. (Vide Lei nº 5.498, de 1968)

157

Parágrafo único. Não será punida com as penas cominadas nos arts. 1º e 6º a sonegação fiscal anterior à vigência desta Lei. (Revogado pela Lei nº 8.383, de 1991)

Art 3º Sòmente os atos definidos nesta Lei poderão constituir crime de sonegação fiscal.

Art 4º A multa aplicada nos têrmos desta Lei será computada e recolhida, integralmente, como receita pública extraordinária.

Art 5º No art. 334, do Código Penal, substituam-se os §§ 1º e 2º pelos seguintes:

§ 1º Incorre na mesma pena quem:

a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;

b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho;

c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;

d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou Industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.

§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos dêste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

§ 3º A pena aplica-se em dôbro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo".

Art 6º Quando se trata de pessoa jurídica, a responsabilidade penal pelas infrações previstas nesta Lei será de todos os que, direta ou indiretamente ligados à mesma, de modo permanente ou eventual, tenham praticado ou concorrido para a prática da sonegação fiscal.

Art 7º As autoridades administrativas que tiverem conhecimento de crime previsto nesta Lei, inclusive em autos e papéis que conhecerem, sob pena de responsabilidade, remeterão ao Ministério Público os elementos comprobatórios da infração, para instrução do procedimento criminal cabível.

§ 1º Se os elementos comprobatórios forem suficientes, o Ministério Público oferecerá, desde logo, denúncia.

§ 2º Sendo necessários esclarecimentos, documentos ou diligências complementares, o Ministério Público os requisitará, na forma estabelecida no Código de Processo Penal.

158

Art 8º Em tudo o mais em que couber e não contrariar os arts. 1º a 7º desta Lei, aplicar-se-ão o Código Penal e o Código de Processo Penal.

Art. 9º (Revogado pela Lei nº 8.021, de 1990)

Art 10. O Poder Executivo procederá às alterações do Regulamento do Impôsto de Renda decorrentes das modificações constantes desta Lei.

Art 11. Esta Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após sua publicação.

Art 12. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, em 14 de julho de 1965; 144º da Independência e 77º da República.

H. CASTELLO BRANCO

Milton Soares Campos

Octávio Bulhões

159

ANEXO 11

LEI Nº 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990.

Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I

Dos Crimes Contra a Ordem Tributária

Seção I

Dos crimes praticados por particulares

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

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I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Seção II

Dos crimes praticados por funcionários públicos

Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):

I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

CAPÍTULO II

Dos crimes Contra a Economia e as Relações de Consumo

Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:

I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante:

a) ajuste ou acordo de empresas;

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b) aquisição de acervos de empresas ou cotas, ações, títulos ou direitos;

c) coalizão, incorporação, fusão ou integração de empresas;

d) concentração de ações, títulos, cotas, ou direitos em poder de empresa, empresas coligadas ou controladas, ou pessoas físicas;

e) cessação parcial ou total das atividades da empresa;

f) impedimento à constituição, funcionamento ou desenvolvimento de empresa concorrente.

II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:

a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;

b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;

c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

III - discriminar preços de bens ou de prestação de serviços por ajustes ou acordo de grupo econômico, com o fim de estabelecer monopólio, ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência;

IV - açambarcar, sonegar, destruir ou inutilizar bens de produção ou de consumo, com o fim de estabelecer monopólio ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência;

V - provocar oscilação de preços em detrimento de empresa concorrente ou vendedor de matéria-prima, mediante ajuste ou acordo, ou por outro meio fraudulento;

VI - vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o fim de impedir a concorrência;

VII - elevar, sem justa causa, os preços de bens ou serviços, valendo-se de monopólio natural ou de fato.

VII - elevar sem justa causa o preço de bem ou serviço, valendo-se de posição dominante no mercado. (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.

Art. 5° Constitui crime da mesma natureza:

I - exigir exclusividade de propaganda, transmissão ou difusão de publicidade, em detrimento de concorrência;

II - subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço;

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III - sujeitar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de quantidade arbitrariamente determinada;

IV - recusar-se, sem justa causa, o diretor, administrador, ou gerente de empresa a prestar à autoridade competente ou prestá-la de modo inexato, informando sobre o custo de produção ou preço de venda.

Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso IV.

Art. 6° Constitui crime da mesma natureza:

I - vender ou oferecer à venda mercadoria, ou contratar ou oferecer serviço, por preço superior ao oficialmente tabelado, ao regime legal de controle;

II - aplicar fórmula de reajustamento de preços ou indexação de contrato proibida, ou diversa daquela que for legalmente estabelecida, ou fixada por autoridade competente;

III - exigir, cobrar ou receber qualquer vantagem ou importância adicional de preço tabelado, congelado, administrado, fixado ou controlado pelo Poder Público, inclusive por meio da adoção ou de aumento de taxa ou outro percentual, incidente sobre qualquer contratação. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, ou multa.

Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:

I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;

II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial;

III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo;

IV - fraudar preços por meio de:

a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;

b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;

c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;

163

d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;

V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais;

VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;

VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;

VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros;

IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;

Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.

CAPÍTULO III

Das Multas

Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.

Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa de valor equivalente a:

I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;

II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;

III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.

Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.

164

CAPÍTULO IV

Das Disposições Gerais

Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor.

Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:

I - ocasionar grave dano à coletividade;

II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;

III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.

Art. 13. (Vetado).

Art. 14. (Artigo revogado pela Lei nº 8.383, de 30.12.1991)

Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.

Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)

Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abastecimento e Preços, quando e se necessário, providenciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no mercado ou colapso no abastecimento.

Art. 18.. (Artigo revogado pela Lei nº 8.176, de 8.2.1991)

Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a ter a seguinte redação:

"Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

165

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa".

Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, passa a ter a seguinte redação:

"Art. 316. ............................................................

§ 1° Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza;

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa".

Art. 21. O art. 318 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, quanto à fixação da pena, passa a ter a seguinte redação:

"Art. 318. ............................................................

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa".

Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário e, em especial, o art. 279 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

Brasília, 27 de dezembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República.

FERNANDO COLLOR

Jarbas Passarinho

Zélia M. Cardoso de Mello

166

ANEXO 12

REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA – RIR, APROVADO PELO DECRETO 3000 DE 1999.

Artigos relativos a contribuintes em mora e informações referentes a multas por espécies.

Contribuintes em Mora

Art. 884. Findos os prazos para pagamento, impugnação ou recurso, os contribuintes que não tiverem solvido seus débitos fiscais ou usado daqueles meios de defesa não poderão celebrar contrato com quaisquer órgãos da Administração Federal direta e Autarquias da União, nem participar de licitação pública promovida por esses órgãos e entidades, observado, nesta última hipótese, o disposto no art. 888 (Lei nº 154, de 1947, art. 1º, e Decreto-Lei nº 1.715, de 1979, arts. 1º, inciso II, e 2º).

Art. 885. Não serão incluídos nas sanções do artigo anterior os que provarem, no prazo de 120 dias contados da data em que o ato se tornou irrecorrível na órbita administrativa, ter iniciado ação judicial contra a Fazenda Nacional para anulação ou reforma da cobrança fiscal, com o depósito da importância em litígio (Lei nº 154, de 1947, art. 1º).

Art. 886. No caso de já ter sido efetuado o depósito em dinheiro, realizado facultativamente na fase administrativa do processo fiscal, na Caixa Econômica Federal, à ordem da Secretaria da Receita Federal, na forma da legislação aplicável, esse depósito facultativo valerá para o fim da ação judicial, mas será convertido em renda se, no prazo de que trata o artigo anterior, não for feita a prova do início da mencionada ação (Lei nº 2.354, de 1954, art. 8º).

Art. 887. É facultado às empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, criadas, instituídas ou mantidas pela União, deixar de contratar com pessoas que se encontrem em débito com a Fazenda Nacional (Decreto-Lei nº 1.715, de 1979, art. 4º).

Parágrafo único. Para os efeitos previstos neste artigo, será divulgada, periodicamente, relação de devedores por créditos tributários devidos à Fazenda Nacional, na forma e condições estabelecidas pelo Ministro de Estado da Fazenda (Decreto-Lei nº 1.715, de 1979, art. 4º, parágrafo único).

Registro no CADIN

Art. 888. A existência de registro no Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal - CADIN há mais de trinta dias, constitui fator impeditivo para a celebração de quaisquer atos pelos órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta, para (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, arts. 6º e 7º):

I - realização de operações de crédito que envolvam a utilização de recursos públicos;

II - concessão de incentivos fiscais e financeiros;

167

III - celebração de convênios, acordos, ajustes ou contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos e respectivos aditamentos.

§ 1º Não se aplica o disposto no caput quando o devedor comprove que (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, art. 7º, § 1º):

I - ajuizada a ação, com o objetivo de discutir a natureza da obrigação ou o seu valor, tenha oferecido garantia idônea e suficiente ao juízo, na forma da lei;

II - esteja suspensa a exigibilidade do crédito objeto do registro, nos termos da lei.

§ 2º O devedor poderá efetuar depósito do valor integral do débito que deu causa ao registro no CADIN, na forma estabelecida pelo Poder Executivo, para assegurar a imediata suspensão do impedimento de que trata este artigo (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, art. 7º, § 2º).

§ 3º Na hipótese de o devedor não comprovar o pagamento ou a inexistência do débito, no prazo de trinta dias, a importância do depósito de que trata o parágrafo anterior será utilizada na quitação total ou parcial do débito, salvo a hipótese de ajuizamento de ação para discutir a natureza da obrigação ou seu valor (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, art. 7º, § 3º).

§ 4º Em caso de relevância ou urgência, e nas condições que estabelecerem, o Ministro de Estado da Fazenda e o Ministro de Estado sob cuja supervisão se encontre o órgão ou entidade credora poderão suspender, em ato conjunto, o impedimento de que trata este artigo (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, art. 7º, § 4º).

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica (Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, art. 6º, parágrafo único):

I - à concessão de auxílios a municípios atingidos por calamidade pública decretada pelo Governo Federal;

II - às operações destinadas à composição e regularização dos créditos e obrigações objeto de registro no CADIN, sem desembolso de recursos por parte do órgão ou entidade credora;

III - às operações relativas ao crédito educativo e ao penhor civil de bens de uso pessoal ou doméstico.

Proibição de Distribuir Rendimentos de Participações

Art. 889. As pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, não garantido, por falta de recolhimento de imposto no prazo legal, não poderão (Lei nº 4.357, de 1964, art. 32):

I - distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas;

II - dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou quotistas, bem como a seus diretores e demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos.

PENALIDADES E ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS

168

Art. 944. As multas e penas disciplinares de que trata este Título serão aplicadas pelas autoridades competentes da Secretaria da Receita Federal aos infratores das disposições do presente Decreto, sem prejuízo das sanções das leis criminais violadas (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, arts. 142 e 151, e Lei nº 3.470, de 1958, art. 34).

Art. 945. As multas proporcionais serão calculadas em função do imposto atualizado monetariamente, quando for o caso (Decreto-Lei nº 1.704, de 1979, art. 5º, § 4º, e Decreto-Lei nº 1.968, de 1982, art. 9º, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 1º, e Lei nº 8.981, de 1995, arts. 5º e 6º).

Art. 946. Qualquer infração que não a decorrente da simples mora no pagamento do imposto será punida nos termos dos dispositivos específicos deste Decreto (Decreto-Lei nº 1.736, de 1979, art. 11).

Art. 947. Os créditos da Fazenda Nacional decorrentes de multas ou penalidades pecuniárias aplicadas até a data da decretação da falência constituem encargos da massa falida, observado o disposto nos arts. 146, § 2º, e 875 (Decreto-Lei nº 1.893, de 16 de dezembro de 1981, art. 9º).

Art. 948. Estão sujeitas à multa de oitenta reais e setenta e nove centavos a duzentos e quarenta e dois reais e cinqüenta e um centavos, todas as infrações a este Decreto sem penalidade específica (Decreto-Lei nº 401, de 1968, art. 22, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso I, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

PAGAMENTO OU RECOLHIMENTO FORA DOS PRAZOS

Cálculo dos Juros e Multa de Mora

Art. 949. Os juros e a multa de mora serão calculados (Lei nº 8.981, de 1995, arts. 5º e 6º, Lei nº 9.249, de 1995, art. 1º, e Medida Provisória nº 1.770-46, de 1999, arts. 29 e 30):

I - em relação aos fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 1994, sobre o valor do imposto ou quota, atualizados monetariamente, observado o disposto no art. 874;

II - em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995, sobre o valor do imposto ou quota em Reais.

Multa de Mora

Art. 950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61).

§ 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 1º).

§ 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 2º).

169

§ 3º A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício.

Débitos com Exigibilidade Suspensa por Medida Judicial

Art. 951. A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até trinta dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o imposto (Lei nº 9.430, de 1996, art. 63, § 2º).

Residente ou Domiciliado no Exterior

Art. 952. Se as fontes ou os procuradores do contribuinte residente ou domiciliado no exterior efetuarem espontaneamente o recolhimento do imposto fora dos prazos, será cobrada a multa de mora de que trata o art. 950 (Lei nº 4.154, de 1962, art. 15, e Lei nº 5.421, de 25 de abril de 1968, art. 2º).

Juros de Mora

Fatos Geradores Ocorridos a partir de 1º de abril de 1995

Art. 953. Em relação a fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de 1995, os créditos tributários da União não pagos até a data do vencimento serão acrescidos de juros de mora equivalentes à variação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 84, inciso I, e § 1º, Lei nº 9.065, de 1995, art. 13, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 3º).

§ 1º No mês em que o débito for pago, os juros de mora serão de um por cento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 84, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 3º).

§ 2º Os juros de mora não incidem sobre o valor da multa de mora de que trata o art. 950 (Decreto-Lei nº 2.323, de 1987, art. 16, parágrafo único, e Decreto-Lei nº 2.331, de 28 de maio de 1987, art. 6º).

§ 3º Os juros de mora serão devidos, inclusive durante o período em que a respectiva cobrança houver sido suspensa por decisão administrativa ou judicial (Decreto-Lei nº 1.736, de 1979, art. 5º).

§ 4º Somente o depósito em dinheiro, na Caixa Econômica Federal, faz cessar a responsabilidade pelos juros de mora devidos no curso da execução judicial para a cobrança da dívida ativa.

§ 5º Serão devidos juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência, nos casos de que trata o art. 273.

Fatos Geradores Ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995 até 31 de março de 1995

170

Art. 954. Os juros de mora incidentes sobre os créditos tributários da União não pagos até a data do vencimento, decorrentes de fatos geradores ocorridos entre 1º de janeiro de 1995 e 31 de março de 1995, serão equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna, acumulada mensalmente a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês em que o débito for pago (Lei nº 8.981, de 1995, art. 84, § 5º, e Lei nº 9.065, de 1995, art. 13).

MULTAS DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO

Art. 957. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44):

I - de setenta e cinco por cento nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte;

II - de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.

Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão exigidas (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 1º):

I - juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago;

II - isoladamente, quando o imposto houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora;

III - isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto na forma do art. 106, que deixar de fazê-lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste;

IV - isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto, na forma do art. 222, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal, no ano-calendário correspondente.

Art. 958. As disposições do artigo anterior aplicam-se, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de imposto decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 4º).

Agravamento de Penalidade

Art. 959. As multas a que se referem os incisos I e II do art. 957 passarão a ser de cento e doze e meio por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 2º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 70, I):

I - prestar esclarecimentos;

171

II - apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 265 e 266;

III - apresentar a documentação técnica de que trata o art. 267.

Débitos com Exigibilidade Suspensa por Medida Judicial

Art. 960. Não caberá lançamento de multa de ofício na constituição do crédito tributário destinada a prevenir a decadência, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma do inciso IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 1966 (Lei nº 9.430, de 1996, art. 63).

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo (Lei nº 9.430, de 1996, art. 63, § 1º).

Redução da Penalidade

Art. 961. Será concedida redução de cinqüenta por cento da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado, efetuar o pagamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei nº 8.218, de 1991, art. 6º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 3º).

Parágrafo único. As reduções de que tratam este artigo e o art. 962 não se aplicam às multas previstas na alínea "a" dos incisos I e II do art. 964 (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, § 3º).

Art. 962. Se houver impugnação tempestiva, a redução será de trinta por cento se o pagamento do débito for efetuado dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (Lei nº 8.218, de 1991, art. 6º, parágrafo único).

Art. 963. Será concedida redução de quarenta por cento da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado, requerer o parcelamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, § 3º).

§ 1º Havendo impugnação tempestiva, a redução será de vinte por cento, se o parcelamento for requerido dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (Lei nº 8.383, de 1991, art.60, § 1º).

§ 2º A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam, implicará restabelecimento do montante da multa, proporcionalmente ao valor da receita não satisfeito (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, § 2º).

§ 3º A redução prevista neste artigo não se aplica às hipóteses da alínea "a" dos incisos I e II do art. 964 (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, § 3º).

INFRAÇÕES ÀS DISPOSIÇÕES REFERENTES À DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS

Art. 964. Serão aplicadas as seguintes penalidades:

I - multa de mora:

172

a) de um por cento ao mês ou fração sobre o valor do imposto devido, nos casos de falta de apresentação da declaração de rendimentos ou de sua apresentação fora do prazo, ainda que o imposto tenha sido pago integralmente, observado o disposto nos §§ 2º e 5º deste artigo (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, inciso I, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 27);

b) de dez por cento sobre o imposto apurado pelo espólio, nos casos do § 1º do art. 23 (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 49);

II - multa:

a) de cento e sessenta e cinco reais e setenta e quatro centavos a seis mil, seiscentos e vinte nove reais e sessenta centavos no caso de declaração de que não resulte imposto devido (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30);

b) de cem por cento, sobre a totalidade ou diferença do imposto devido, resultante da reunião de duas ou mais declarações, quando a pessoa física ou a pessoa jurídica não observar o disposto nos arts. 787, § 2º, e 822 (Lei nº 2.354, de 1954, art. 32, alínea "c").

§ 1º As disposições da alínea "a" do inciso I deste artigo serão aplicadas sem prejuízo do disposto nos arts. 950, 953 a 955 e 957 (Decreto-Lei nº 1.967, de 1982, art. 17, e Decreto-Lei nº 1.968, de 1982, art. 8º).

§ 2º Relativamente à alínea "a" do inciso II, o valor mínimo a ser aplicado será (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, § 1º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30):

I - de cento e sessenta e cinco reais e setenta e quatro centavos, para as pessoas físicas;

II - de quatrocentos e quatorze reais e trinta e cinco centavos, para as pessoas jurídicas.

§ 3º A não regularização no prazo previsto na intimação ou em caso de reincidência, acarretará o agravamento da multa em cem por cento sobre o valor anteriormente aplicado (Lei nº 8.981, de 1995, art. 88, § 2º).

§ 4º Às reduções de que tratam os arts. 961 e 962 não se aplica o disposto neste artigo.

§ 5º A multa a que se refere a alínea "a" do inciso I deste artigo, é limitada a vinte por cento do imposto devido, respeitado o valor mínimo de que trata o § 2º (Lei nº 9.532, de 1997, art. 27).

§ 6º As multas referidas nas alíneas "a" dos incisos I e II, e no § 2º deste artigo serão (Lei nº 9.532, de 1997, art. 27, parágrafo único):

I - deduzidas do imposto a ser restituído ao contribuinte, se este tiver direito à restituição;

II - exigidas por meio de lançamento notificado ao contribuinte.

173

INFRAÇÕES ÀS NORMAS RELATIVAS À PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES

Art. 965. As pessoas físicas ou jurídicas que deixarem de fornecer aos beneficiários, dentro do prazo, ou fornecerem, com inexatidão, o documento a que se refere o art. 941, ficarão sujeitas ao pagamento de multa de quarenta e um reais e quarenta e três centavos, por documento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 86, § 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

Art. 966. No caso de que trata o art. 929, serão aplicadas as seguintes multas (Decreto-Lei nº 1.968, de 1982, art. 11, §§ 2º e 3º, Decreto-Lei nº 2.065, de 1983, art. 10, Decreto-Lei nº 2.287, de 1986, art. 11, Decreto-Lei nº 2.323, de 1987, arts. 5º e 6º, Lei nº 7.799, de 1989, art. 66, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso I, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30):

I - de cinco reais e setenta e três centavos para cada grupo de cinco informações inexatas, incompletas ou omitidas, apuradas nos formulários ou outros meios de informações padronizados, entregues em cada período determinado;

II - de cinqüenta e sete reais e trinta e quatro centavos ao mês-calendário ou fração, independentemente da sanção prevista no inciso anterior, se o formulário ou outro meio de informação padronizado, for apresentado após o período determinado.

Parágrafo único. Apresentado o formulário ou a informação padronizada, fora de prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, ou se, após a intimação, houver a apresentação dentro do prazo nesta fixado, as multas cabíveis serão reduzidas à metade (Decreto-Lei nº 1.968, de 1982, art. 11, § 4º, e Decreto-Lei nº 2.065, de 1983, art. 10).

Art. 967. A falta de informação de pagamentos efetuados na forma do art. 930 sujeitará o infrator à multa de vinte por cento do valor não declarado ou de eventual insuficiência (Decreto-Lei nº 2.396, de 1987, art. 13, § 2º).

Art. 968. Às entidades, pessoas e empresas mencionadas nos arts. 928 e 939, que deixarem de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal, será aplicada a multa de quinhentos e trinta e oito reais e noventa e três centavos a dois mil, seiscentos e noventa e quatro reais e setenta e nove centavos, sem prejuízo de outras sanções legais que couberem (Decreto-Lei nº 2.303, de 1986, art. 9º, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso I, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

CASOS ESPECIAIS DE INFRAÇÃO

Programas Especiais de Exportação

Art. 969. Verificada a hipótese de que trata o art. 472, à empresa infratora aplicar-se-á a multa de até cinqüenta por cento sobre o valor do imposto, observado o disposto no art. 874, quando for o caso (Decreto-Lei nº 2.433, de 1988, art. 13, inciso II).

Incentivo aos Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Agropecuário

Art. 970. O descumprimento de qualquer obrigação assumida para obtenção dos benefícios de que tratam os arts. 490 a 508 acarretará a aplicação automática de multa de cinqüenta por cento do valor do imposto, observado o disposto no art. 874, quando for o caso

174

e bem assim, a perda do direito à fruição dos benefícios ainda não utilizados (Decreto-Lei nº 2.433, de 1988, art. 13, e Lei nº 8.661, de 1993, art. 5º, incisos I e II).

Incentivo à Atividade Audiovisual

Art. 971. Verificada a hipótese de que trata o art. 488, à empresa infratora aplicar-se-á a multa de cinqüenta por cento sobre o débito, observado o disposto no art. 874, quando for o caso (Lei nº 8.685, de 1993, art.6º, § 1º).

Incentivo a Atividade Cultural ou Artística

Art. 972. Na hipótese de dolo, fraude ou simulação, inclusive desvio de objeto, nos casos dos arts. 95, 96 e 483, será aplicada, ao doador e ao beneficiário, a multa correspondente a duas vezes o valor da vantagem recebida indevidamente (Lei nº 8.313, de 1991, art. 38).

Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

Art. 973. As microempresas e empresas de pequeno porte que aderirem ao SIMPLES estão sujeitas às mesmas penalidades previstas para as demais pessoas jurídicas (Lei nº 9.317, de 1996, art. 19).

Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

Art. 974. A ação ou omissão contrária às normas reguladoras do CNPJ sujeitará o infrator às normas e sanções previstas na Lei nº 5.614, de 1970.

Proibição de Distribuir Rendimentos de Participações

Art. 975. A inobservância do disposto no art. 889 acarretará multa que será imposta (Lei nº 4.357, de 1964, art. 32, parágrafo único):

I - às pessoas jurídicas que distribuírem ou pagarem bonificações ou remunerações, em montante igual a cinqüenta por cento das quantias que houverem pago indevidamente;

II - aos diretores e demais membros da administração superior que houverem recebido as importâncias indevidas, em montante igual a cinqüenta por cento destas importâncias.

Serventuários da Justiça

Art. 976. Será aplicada a multa de um por cento do valor do ato aos serventuários da Justiça responsáveis por Cartórios de Notas ou de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, pelo não cumprimento do disposto no art. 940 (Decreto-Lei nº 1.510, de 1976, art. 15, e § 2º).

Instituições Financeiras, Bolsas de Valores e Assemelhadas

Art. 977. Está sujeita à multa de oitocentos e vinte e oito reais e setenta centavos por dia útil de atraso a instituição que não prestar, nos prazos de que tratam o § 1º do art. 917 e parágrafo único do art. 918, as informações referidas nesses artigos (Lei nº 8.021, de 1990,

175

arts. 7º, § 1º, 8º, parágrafo único, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso I, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

Art. 978. A não observância do disposto no art. 931 sujeitará o infrator à multa equivalente a vinte e nove reais, por usuário omitido (Lei Complementar nº 70, de 1991, art. 12, § 3º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

Arquivos em Meios Magnéticos

Art. 980. A inobservância do disposto nos arts. 265 e 266, § 1º, acarretará a imposição das seguintes penalidades (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso I, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30):

I - multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos;

II - multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas;

III - multa equivalente a cento e quinze reais e vinte e sete centavos, por dia de atraso, até o máximo de trinta dias, aos que não cumprirem o prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal ou diretamente pelo Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional, para apresentação dos arquivos e sistemas.

Falsificação na Escrituração e Documentos

Art. 981. Verificado pela autoridade tributária, antes do encerramento do período de apuração, que o contribuinte omitiu registro contábil total ou parcial de receita, ou registrou custos ou despesas cuja realização não possa comprovar, ou que tenha praticado qualquer ato tendente a reduzir o imposto correspondente, inclusive na hipótese do art. 256, ficará sujeito à multa em valor igual à metade da receita omitida ou da dedução indevida, lançada e exigível ainda que não tenha terminado o período de apuração de incidência do imposto (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 7º, § 3º, e Lei nº 7.450, de 1985, art. 38).

CRIME DE FALSIDADE

Gerente de Instituição Financeira

Art. 982. Responderão como co-autores de crime de falsidade o gerente e o administrador de instituição financeira ou assemelhadas que concorrerem para que seja aberta conta ou movimentados recursos sob nome (Lei nº 8.383, de 1991, art. 64):

I - falso;

II - de pessoa física ou jurídica inexistente;

III - de pessoa jurídica liquidada de fato ou sem representação regular.

176

Parágrafo único. É facultado às instituições financeiras e às assemelhadas solicitar ao Secretário da Receita Federal a confirmação do número de inscrição no CPF ou no CNPJ (Lei nº 8.383, de 1991, art. 64, parágrafo único).

177

ANEXO 13

Normas impositivas de multas relativas ao não cumprimento de obrigações acessórias por espécie de infração, atraso na entrega de declarações ou

informações inexatas.

Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004

DACON

A Secretaria da Receita Federal (SRF) editou a Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, instituindo o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) em substituição ao Demonstrativo de Apuração da Contribuição para o PIS/Pasep não-cumulativo (DAPIS) instituído pela IN SRF nº 365, de 29/10/2003, ora revogada, e que não produziu efeitos.

Esse demonstrativo deve ser apresentado pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica até o último dia útil do mês subseqüente ao término do trimestre-calendário de referência, por meio de aplicativo a ser disponibilizado pela SRF na internet. Relativamente ao ano-calendário de 2003, o Dacon deve ser apresentado até o último dia útil do mês de março de 2004.

O sujeito passivo que deixar de apresentar o Dacon ou entregá-lo após o prazo estará sujeito à multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário. Caso o apresente com incorreções ou omissões, estará sujeito à multa de cinco por cento, não inferior a R$100,00, sobre o valor das transações comerciais ou das operações financeiras.

Instrução Normativa RFB nº 789, de 30 de novembro de 2007

Declaração de Benefícios Fiscais DBF

Art. 4o A DBF deverá ser apresentada até o último dia útil do mês de março, em relação ao ano-calendário imediatamente anterior, por intermédio da Internet, utilizando-se o Programa Receitanet, disponível no endereço mencionado no § 2º do art. 3º.

Parágrafo único. O Recibo de Entrega da DBF será gravado no disquete ou no disco rígido, após a transmissão.

Art.5o A não apresentação da DBF no prazo estabelecido no art. 4o ou a sua apresentação com incorreções ou omissões, acarretará a aplicação das seguintes penalidades:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega da Declaração ou de entrega após o prazo;

II - cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das informações omitidas, inexatas ou incompletas.

178

Instrução Normativa SRF nº 141, de 28 de fevereiro de 2002

Declaração de Dedução de Parcela da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Incidente sobre a Importação e a Comercialização de Combustíveis das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins (DCide-Combustíveis) – DCIDE.

Art. 4º A pessoa jurídica ficará sujeita às seguintes penalidades, previstas no art. 57 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário na hipótese de, no prazo estabelecido, deixar de apresentar a declaração e respectivas informações solicitadas;

II - cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor da receita de comercialização no mercado interno dos produtos referidos no art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 107, de 2001, no caso de informação omitida , inexata ou incompleta.

Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006

Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF).

Art. 10. A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DCTF no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimada a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitar-se-á às seguintes multas:

I – de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos impostos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega dessa declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º;

II – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas.

§ 1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não-apresentação, a data da lavratura do auto de infração.

§ 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas:

I – em cinqüenta por cento, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício;

II – em 25 %, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.

§ 3º A multa mínima a ser aplicada será de:

I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de pessoa jurídica inativa;

II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.

179

§ 4º Na hipótese do § 3º do art. 8º, será devida multa por atraso na entrega da DCTF, calculada na forma do caput, desde a data fixada para entrega de cada declaração.

§ 5º Na hipótese do § 4º do art. 8º, vencido o prazo, será devida multa por atraso na entrega da DCTF, calculada na forma do caput, desde a data fixada para entrega de cada declaração.

§ 6º As multas de que trata este artigo serão exigidas mediante lançamento de ofício.

§ 7º No caso dos órgãos públicos da administração direta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, as multas a que se refere este artigo serão lançadas em nome do respectivo ente da Federação a que pertençam.

Instrução Normativa RFB nº 788, de 30 de novembro de 2007

Declaração de Rendimentos Pagos a Consultores por Organismos Internacionais (Derc).

Art. 5o A não apresentação da Derc no prazo estabelecido no art. 4o ou a sua apresentação com incorreções ou omissões, acarretará a aplicação das seguintes penalidades:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega da Declaração ou de entrega após o prazo;

II - cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor dos pagamentos efetuados, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta.

Parágrafo único. A multa a que se refere o inciso I deste artigo tem, por termo inicial, o primeiro dia subseqüente ao fixado para a entrega da declaração e, por termo final, o dia da apresentação da Derc ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração.

Instrução Normativa SRF nº 726, de 28 de fevereiro de 2007

Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex).

Art. 9º A pessoa física ou jurídica que deixar de apresentar a Derex, ou que apresentá-la com incorreções ou omissões, sujeitar-se á a aplicação de multa de 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o valor correspondente aos recursos mantidos ou utilizados no exterior e não informados à SRF no prazo estabelecido no art. 8º, limitada a 15% (quinze por cento).

§ 1º A multa de que trata o caput será:

I - reduzida à metade, quando a informação for prestada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício;

II - duplicada, inclusive quanto ao seu limite, em caso de fraude.

180

§ 2º A multa de que trata o caput será exigida de acordo com o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 1972.

Art. 10. O valor base para cálculo das multas de que trata esta Instrução Normativa será convertido em Reais tomando-se por base a taxa de câmbio da moeda do país de localização dos recursos, fixada pelo Banco Central do Brasil para a venda, correspondente ao primeiro dia útil seguinte ao previsto para:

I - o ingresso no país ou a data da utilização indevida, na hipótese do art. 3º;

II - a entrega da Derex, na hipótese do art. 9º.

Parágrafo único. Caso a moeda do país de localização dos recursos não tenha cotação no Brasil, o seu valor será convertido em dólares dos Estados Unidos da América e, em seguida, em Reais.

Instrução Normativa SRF nº 325, de 30 de abril de 2003

Declaração Especial de Informações Fiscais relativas à Tributação de Bebidas (DIF-Bebidas).

Art. 2º A DIF-Bebidas deverá ser apresentada mensalmente, até o último dia útil do mês subseqüente ao da ocorrência dos fatos geradores, por intermédio da Internet, utilizando-se o Programa Receitanet, que está disponível no endereço referido no § 2º do art. 1º.

§ 1º A DIF-Bebidas deverá ser entregue em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de junho de 2003.

§ 2º O Recibo de Entrega será gravado no disquete ou no disco rígido, após a transmissão.

Art. 3º A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DIFBebidas no prazo estabelecido no artigo anterior, ou que apresentá-la com incorreções ou omissões, sujeitar-se-á às seguintes multas:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega da declaração ou de entrega após o prazo;

II - cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta.

§ 1º Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), os valores e o percentual referido neste artigo serão reduzidos em setenta por cento.

§ 2º Para aplicação da multa de que trata o inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e, como termo final, a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração.

181

§ 3º Sem prejuízo do disposto no caput, a falta de apresentação da DIF-Bebidas implicará ainda no cancelamento do registro especial de que trata o art. 1º do Decreto-lei nº 1.593, de 21 de dezembro de 1977, referente aos estabelecimentos da pessoa jurídica omissa sujeitos a esta obrigação.

Art. 4º A omissão de informações ou a prestação de informações falsas na DIF-Bebidas configura hipótese de crime contra a ordem tributária prevista no art. 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. Parágrafo único. Ocorrendo a situação descrita no caput, poderá ser aplicado o regime especial de fiscalização previsto no art. 33 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.

Instrução Normativa SRF nº 71, de 24 Agosto de 2001.

Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune (DIF-Papel Imune).

A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DIF-Papel Imune nos prazos fixados, ou que apresentá-la com incorreções ou omissões, estará sujeita às seguintes multas:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega da declaração ou de entrega após o prazo;

II - cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta.

A omissão de informações ou a prestação de informações falsas na DIF - Papel Imune configura hipótese de crime contra a ordem tributária prevista no art. 2º da Lei nº 8.137, de 1990, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

Instrução Normativa SRF nº 694, de 13 de dezembro de 2006

Declaração Informações sobre Atividades Imobiliárias - DIMOB

Multa por Atraso na Entrega

A pessoa jurídica ou equiparada que, estando obrigada, deixar de apresentar a Dimob no prazo estabelecido, sujeitar-se-á às seguintes multas:

1) R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega da Declaração ou de entrega após o prazo;

2) cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta

Instrução Normativa SRF nº 197, de 10 de setembro de 2002

Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – Dirf.

182

A falta de apresentação da Dirf no prazo fixado, ou a sua apresentação após o prazo, sujeita o declarante à multa de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na declaração, ainda que integralmente pago, limitada a vinte por cento.

Para efeito de aplicação da multa, é considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não-apresentação, da lavratura do auto de infração.

A multa é reduzida:

I - em 50%, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício;

II - em 25%, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.

A multa mínima a ser aplicada é de:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996;

II - R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.

Considera-se não entregue a declaração que não atenda às especificações técnicas estabelecidas pela SRF.

O sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação.

O declarante está sujeito a multa quando forem constatadas na Dirf as seguintes irregularidades, não sanadas no prazo fixado em intimação:

I - falta de indicação do número de inscrição no CPF ou no CNPJ;

II - indicação do número de inscrição no CPF de forma incompleta, assim entendido o que não contenha onze dígitos, sendo nove dígitos base e dois para a formação do dígito verificador (DV);

III - indicação do número de inscrição no CNPJ de forma incompleta, assim entendido o que não contenha quatorze dígitos, sendo oito dígitos base, quatro para a formação do número de ordem e dois para a formação do DV;

IV - indicação de número de inscrição no CPF ou no CNPJ inválido, assim entendido o que não corresponda ao constante no cadastro mantido pela SRF;

V - não indicação ou indicação incorreta de beneficiário;

VI - código de retenção não informado, inválido ou indevido, considerando-se:

183

a) inválido, o código que não conste da Tabela de Códigos de Imposto de Renda Retido na Fonte, vigente em 31 de dezembro do ano a que se referir a Dirf;

b) indevido, o código que não corresponda à especificação do rendimento ou ao beneficiário;

VII - beneficiário informado mais de uma vez por um mesmo declarante, sob um mesmo código de retenção;

VIII - outras irregularidades verificadas no preenchimento da Dirf.

O declarante será intimado a corrigir as irregularidades constatadas na declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência à intimação.

A não-correção das irregularidades, ou a sua correção após o prazo previsto, sujeita o declarante à multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez ocorrências.

A comprovação do recolhimento da multa não dispensa o declarante da reapresentação da Dirf corrigida.

O recolhimento das multas deve ser efetuado sob o código 2170 no caso de multa por atraso na declaração e no código 0381 no caso de multa por entrega de declaração com incorreções.

Instrução Normativa RFB nº 857, de 14 de julho de 2008

Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR)

Da Multa por Atraso na Entrega

Art. 8º A entrega da DITR após o prazo de que trata o art. 6º sujeita o contribuinte à multa de: I - 1% (um por cento) ao mês-calendário ou fração de atraso, calculada sobre o total do imposto devido, não podendo seu valor ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais), no caso de imóvel rural sujeito à apuração do imposto, sem prejuízo da multa e dos juros de mora devidos pela falta ou insuficiência do recolhimento do imposto ou quota; ou II - R$ 50,00 (cinqüenta reais), no caso de imóvel rural imune ou isento do ITR. Parágrafo único. A multa a que se refere este artigo tem, por termo inicial, o 1º (primeiro) dia subseqüente ao final do prazo fixado para a entrega da declaração e, por termo final, o mês da entrega da DITR.

Penalidades

A pessoa jurídica que deixar de apresentar o DNF nos prazos fixados, ou que apresentá-lo com incorreções ou omissões, será intimada a apresentar o demonstrativo original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal, e sujeitar-se-á às seguintes multas:

184

I. R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega do demonstrativo ou de entrega após o prazo;

II. cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Atenção:

1) Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), os valores e o percentual referido neste artigo serão reduzidos em setenta por cento;

2) Para aplicação da multa de que trata o inciso I, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega do demonstrativo e, como termo final, a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração;

3) O disposto neste tópico não prejudica outras multas ou penalidades que venham a ser instituídas por ato legal competente.

Instrução Normativa SRF nº 445, de 20 de agosto de 2004

Demonstrativo de Notas Fiscais (DNF).

Art. 4o A pessoa jurídica que deixar de apresentar o DNF no prazo estabelecido no artigo anterior, ou que apresentá-lo com incorreções ou omissões, sujeitar-se-á às seguintes multas:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, no caso de falta de entrega do demonstrativo ou de entrega após o prazo;

II - cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros, em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta.

§ 1º Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), os valores e o percentual referido neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. § 2º Para aplicação da multa de que trata o inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega do demonstrativo e, como termo final, a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. Art. 5o A omissão de informações ou a prestação de informações falsas no DNF configura hipótese de crime contra a ordem tributária prevista no art. 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

185

Parágrafo único. Ocorrendo a situação descrita no caput, poderá ser aplicado o regime especial de fiscalização previsto no art. 33 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Instrução Normativa SRF nº 473, de 23 de novembro de 2004. Declaração de Operação Imobiliária – DOI.

Art. 6º No caso de falta de apresentação ou apresentação da declaração após o prazo fixado, o Serventuário da Justiça sujeitar-se-á à multa de 0,1% ao mês-calendário ou fração, sobre o valor da operação, limitada a um por cento, observado o disposto no inciso III do § 2º deste artigo.

§ 1º A multa terá como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração;

§ 2º A multa de que trata o caput será:

I - reduzida à metade, caso a declaração seja apresentada antes de qualquer procedimento de ofício;

II - reduzida a setenta e cinco por cento, caso a declaração seja apresentada no prazo fixado em intimação;

III - no mínimo, R$ 20,00 (vinte reais).

§ 3º O Serventuário da Justiça que apresentar DOI com incorreções ou omissões será intimado a apresentar declaração retificadora, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, e sujeitar-se-á à multa de R$ 50,00 (cinqüenta reais) por informação inexata, incompleta ou omitida, que será reduzida em cinqüenta por cento, caso a retificadora seja apresentada no prazo fixado.

INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 673 DE 01 DESETEMBRO DE 2006

Declaração sobre a Opção de Tributação de Planos Previdenciários – DPREV.

O descumprimento das obrigações previstas na IN SRF 673, de 01/09/2006, acarretará a aplicação de multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês calendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de apresentar a DPREV no prazo estabelecido.

186

ANEXO 14

DECRETO Nº 70.235, DE 6 DE MARÇO DE 1972.

Dispõem sobre o processo administrativo fiscal e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o artigo

81, item III, da Constituição e tendo em vista o disposto no artigo 2° do Decreto-Lei n. 822,

de 5 de setembro de 1969, decreta:

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1° Este Decreto rege o processo administrativo de determinação e exigência dos

créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal.

CAPÍTULO I

Do Processo Fiscal

SEÇÃO I

Dos Atos e Termos Processuais

Art. 2º Os atos e termos processuais, quando a lei não prescrever forma determinada,

conterão somente o indispensável à sua finalidade, sem espaço em branco, e sem entrelinhas,

rasuras ou emendas não ressalvadas.

Parágrafo único. Os atos e termos processuais a que se refere o caput deste artigo

poderão ser encaminhados de forma eletrônica ou apresentados em meio magnético ou

equivalente, conforme disciplinado em ato da administração tributária. (Incluído pela Lei nº

11.196, de 2005)

Art. 3° A autoridade local fará realizar, no prazo de trinta dias, os atos processuais que

devam ser praticados em sua jurisdição, por solicitação de outra autoridade preparadora ou

julgadora.

Art. 4º Salvo disposição em contrário, o servidor executará os atos processuais no prazo

de oito dias.

SEÇÃO II

Dos Prazos

Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia do início e

incluindo-se o do vencimento.

Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no

órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato.

Art. 6º Revogado

187

SEÇÃO III

Do Procedimento

Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001)

I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o

sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto;

II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros;

III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada.

§ 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos

atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações

verificadas.

§ 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo

prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro

ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos.

Art. 8º Os termos decorrentes de atividade fiscalizadora serão lavrados, sempre que

possível, em livro fiscal, extraindo-se cópia para anexação ao processo; quando não lavrados

em livro, entregar-se-á cópia autenticada à pessoa sob fiscalização.

Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de

penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento,

distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com

todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à

comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste

artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único

processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova.

(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º, serão válidos, mesmo que

formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do

sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

188

§ 3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo anterior, previne a jurisdição

e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer. (Incluído pela Lei nº

8.748, de 1993)

Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação

da falta, e conterá obrigatoriamente:

I - a qualificação do autuado;

II - o local, a data e a hora da lavratura;

III - a descrição do fato;

IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável;

V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de

trinta dias;

VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de

matrícula.

Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e

conterá obrigatoriamente:

I - a qualificação do notificado;

II - o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação;

III - a disposição legal infringida, se for o caso;

IV - a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a

indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.

Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por

processo eletrônico.

Art. 12. O servidor que verificar a ocorrência de infração à legislação tributária federal e

não for competente para formalizar a exigência, comunicará o fato, em representação

circunstanciada, a seu chefe imediato, que adotará as providências necessárias.

Art. 13. A autoridade preparadora determinará que seja informado, no processo, se o

infrator é reincidente, conforme definição da lei específica, se essa circunstância não tiver

sido declarada na formalização da exigência.

Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento.

189

Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que

se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da

data em que for feita a intimação da exigência.

Parágrafo único. Na hipótese de devolução do prazo para impugnação do agravamento da

exigência inicial, decorrente de decisão de primeira instância, o prazo para apresentação de

nova impugnação, começará a fluir a partir da ciência dessa decisão. (Redação dada pela Lei

nº 8.748, de 1993) (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)

Art. 16. A impugnação mencionará:

I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;

II - a qualificação do impugnante;

III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as

razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os

motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados,

assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu

perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada

cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 1º Considerar-se-á não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de

atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões

injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a

requerimento do ofendido, mandar riscá-las. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provar-lhe-á

o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o

impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532,

de 1997)

a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de

força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

b) refira-se a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela

Lei nº 9.532, de 1997)

190

§ 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade

julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das

condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

§ 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão

nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de

segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art. 17. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente

contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a

requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las

necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o

disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 1º Deferido o pedido de perícia, ou determinada de ofício, sua realização, a autoridade

designará servidor para, como perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito

passivo a realizar o exame requerido, cabendo a ambos apresentar os respectivos laudos em

prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos trabalhos a serem

executados.(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 2º Os prazos para realização de diligência ou perícia poderão ser prorrogados, a juízo

da autoridade. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do

processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem

agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência,

será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar,

devolvendo-se, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria

modificada. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)

Art. 19. revogado

Art. 20. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, a designação de servidor para

proceder aos exames relativos a diligências ou perícias recairá sobre Auditor-Fiscal do

Tesouro Nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

Art. 21. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora

declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias,

para cobrança amigável. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

191

§ 1º No caso de impugnação parcial, não cumprida a exigência relativa à parte não

litigiosa do crédito, o órgão preparador, antes da remessa dos autos a julgamento,

providenciará a formação de autos apartados para a imediata cobrança da parte não

contestada, consignando essa circunstância no processo original. (Redação dada pela Lei nº

8.748, de 1993)

§ 2º A autoridade preparadora, após a declaração de revelia e findo o prazo previsto no

caput deste artigo, procederá, em relação às mercadorias e outros bens perdidos em razão de

exigência não impugnada, na forma do art. 63. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 3° Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago o crédito

tributário, o órgão preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o

processo à autoridade competente para promover a cobrança executiva.

§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplicar-se-á aos casos em que o sujeito passivo não

cumprir as condições estabelecidas para a concessão de moratória.

Art. 22. O processo será organizado em ordem cronológica e terá suas folhas numeradas

e rubricadas.

SEÇÃO IV

Da Intimação

Art. 23. Far-se-á a intimação:

I - pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição

ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no

caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532,

de 1997)

II - por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de

recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº

9.532, de 1997)

III - por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela

Lei nº 11.196, de 2005)

a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de

2005)

b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída

pela Lei nº 11.196, de 2005)

192

§ 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo, a

intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)

I - no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de

2005)

II - em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou

(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

III - uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de

2005)

§ 2° Considera-se feita a intimação:

I - na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal;

II - no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida,

quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

III - se por meio eletrônico, 15 (quinze) dias contados da data registrada: (Redação dada

pela Lei nº 11.196, de 2005)

a) no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída

pela Lei nº 11.196, de 2005)

b) no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; (Incluída pela Lei nº

11.196, de 2005)

IV - 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. (Incluído

pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos

a ordem de preferência. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 4º Considera-se domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo o do endereço postal,

eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal.

(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

§ 4o Para fins de intimação, considera-se domicílio tributário do sujeito passivo:

(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)

I - o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e

(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

II - o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que

autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

193

§ 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com

expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informar-lhe-á as

normas e condições de sua utilização e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração

tributária. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 7o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão intimados pessoalmente das decisões

do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da

Fazenda na sessão das respectivas câmaras subseqüente à formalização do acórdão.(Incluído

pela Lei nº 11.457, de 2007)

§ 8o Se os Procuradores da Fazenda Nacional não tiverem sido intimados pessoalmente

em até 40 (quarenta) dias contados da formalização do acórdão do Conselho de Contribuintes

ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda, os respectivos autos

serão remetidos e entregues, mediante protocolo, à Procuradoria da Fazenda Nacional, para

fins de intimação.(Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007)

§ 9o Os Procuradores da Fazenda Nacional serão considerados intimados pessoalmente

das decisões do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, do

Ministério da Fazenda, com o término do prazo de 30 (trinta) dias contados da data em que os

respectivos autos forem entregues à Procuradoria na forma do § 8o deste artigo. (Incluído pela

Lei nº 11.457, de 2007)

SEÇÃO V

Da Competência

Art. 24. O preparo do processo compete à autoridade local do órgão encarregado da

administração do tributo.

Art. 25. O julgamento do processo de exigência de tributos ou contribuições

administrados pela Secretaria da Receita Federal compete: (Redação dada pela Medida

Provisória nº 2.158-35, de 2001) (Vide Decreto nº 2.562, de 1998) e (Vide Medida Provisória

nº 232, de 2004)

I - em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de

deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal; (Redação dada pela

Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)

a) aos Delegados da Receita Federal, titulares de Delegacias especializadas nas

atividades concernentes a julgamento de processos, quanto aos tributos e contribuições

194

administrados pela Secretaria da Receita Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

(Vide Lei nº 11.119, de 2005)

b) às autoridades mencionadas na legislação de cada um dos demais tributos ou, na falta

dessa indicação, aos chefes da projeção regional ou local da entidade que administra o tributo,

conforme for por ela estabelecido. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)

II - em segunda instância, aos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda,

com a ressalva prevista no inciso III do § 1º. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)

§ 1° Os Conselhos de Contribuintes julgarão os recursos, de ofício e voluntário, de

decisão de primeira instância, observada a seguinte competência por matéria:

I - 1º Conselho de Contribuintes: Imposto sobre Renda e Proventos de qualquer

Natureza; Imposto sobre Lucro Líquido (ISLL); Contribuição sobre o Lucro Líquido;

Contribuições para o Programa de Integração Social (PIS), para o Programa de Formação do

Patrimônio do Servidor Público (PASEP), para o Fundo de Investimento Social, (Finsocial) e

para o financiamento da Seguridade Social (Cofins), instituídas, respectivamente, pela Lei

Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, pela Lei Complementar nº 8, de 3 de

dezembro de 1970, pelo Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, e pela Lei

Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, com as alterações posteriores; (Redação

dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

II - 2° Conselho de Contribuintes: Imposto sobre Produtos Industrializados; (Vide

Decreto nº 2.562, de 1998)

III - 3° Conselho de Contribuintes: tributos estaduais e municipais que competem à

União nos Territórios e demais tributos federais, salvo os incluídos na competência julgadora

de outro órgão da administração federal;

IV - 4° Conselho de Contribuintes: Imposto sobre a Importação, Imposto sobre a

Exportação e demais tributos aduaneiros, e infrações cambiais relacionadas com a importação

ou a exportação.

§ 2° Cada Conselho julgará ainda a matéria referente a adicionais e empréstimos

compulsórios arrecadados com os tributos de sua competência.

§ 3° O 4° Conselho de Contribuintes terá sua competência prorrogada para decidir

matéria relativa ao Imposto sobre Produtos Industrializados, quando se tratar de recursos que

versem falta de pagamento desse imposto, apurada em despacho aduaneiro ou em ato de

revisão de declaração de importação.

195

§ 4º O recurso voluntário interposto de decisão das Câmaras dos Conselhos de

Contribuintes no julgamento de recurso de ofício será decidido pela Câmara Superior de

Recursos Fiscais. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)

§ 5o O Ministro de Estado da Fazenda expedirá os atos necessários à adequação do

julgamento à forma referida no inciso I do caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.158-

35, de 2001)

Art. 26. Compete ao Ministro da Fazenda, em instância especial:

I - julgar recursos de decisões dos Conselhos de Contribuintes, interpostos pelos

Procuradores Representantes da Fazenda junto aos mesmos Conselhos;

II - decidir sobre as propostas de aplicação de equidade apresentadas pelos Conselhos de

Contribuintes.

Art. 26-A. A Câmara Superior de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda - CSRF

poderá, por iniciativa de seus membros, dos Presidentes dos Conselhos de Contribuintes, do

Secretário da Receita Federal ou do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, aprovar proposta

de súmula de suas decisões reiteradas e uniformes. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 1o De acordo com a matéria que constitua o seu objeto, a súmula será apreciada por

uma das Turmas ou pelo Pleno da CSRF. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 2o A súmula que obtiver 2/3 (dois terços) dos votos da Turma ou do Pleno será

submetida ao Ministro de Estado da Fazenda, após parecer favorável da Procuradoria-Geral

da Fazenda Nacional, ouvida a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.196, de

2005)

§ 3o Após a aprovação do Ministro de Estado da Fazenda e publicação no Diário Oficial

da União, a súmula terá efeito vinculante em relação à Administração Tributária Federal e, no

âmbito do processo administrativo, aos contribuintes. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 4o A súmula poderá ser revista ou cancelada por propostas dos Presidentes e Vice-

Presidentes dos Conselhos de Contribuintes, do Procurador-Geral da Fazenda Nacional ou do

Secretário da Receita Federal, obedecidos os procedimentos previstos para a sua edição.

(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 5o Os procedimentos de que trata este artigo serão disciplinados nos regimentos

internos dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais do

Ministério da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

SEÇÃO VI

Do Julgamento em Primeira Instância

196

Art. 27. Os processos remetidos para apreciação da autoridade julgadora de primeira

instância deverão ser qualificados e identificados, tendo prioridade no julgamento aqueles em

que estiverem presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou de elevado

valor, este definido em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº

9.532, de 1997)

Parágrafo único. Os processos serão julgados na ordem e nos prazos estabelecidos em

ato do Secretário da Receita Federal, observada a prioridade de que trata o caput deste artigo.

(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art. 28. Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito,

salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de

diligência ou perícia, se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua

convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias.

Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto

Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos

técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou

pareceres.

§ 1° Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos.

§ 2º A existência no processo de laudos ou pareceres técnicos não impede a autoridade

julgadora de solicitar outros a qualquer dos órgãos referidos neste artigo.

§ 3º Atribuir-se-á eficácia aos laudos e pareceres técnicos sobre produtos, exarados em

outros processos administrativos fiscais e transladados mediante certidão de inteiro teor ou

cópia fiel, nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

a) quando tratarem de produtos originários do mesmo fabricante, com igual

denominação, marca e especificação; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

b) quando tratarem de máquinas, aparelhos, equipamentos, veículos e outros produtos

complexos de fabricação em série, do mesmo fabricante, com iguais especificações, marca e

modelo. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais,

conclusão e ordem de intimação, devendo referir-se, expressamente, a todos os autos de

infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa

suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de

1993)

197

Art. 32. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de

cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito

passivo.

Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo,

dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão.

§ 1o No caso de provimento a recurso de ofício, o prazo para interposição de recurso

voluntário começará a fluir da ciência, pelo sujeito passivo, da decisão proferida no

julgamento do recurso de ofício. (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002)

§ 3o O arrolamento de que trata o § 2o será realizado preferencialmente sobre bens

imóveis. (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002)

§ 4o O Poder Executivo editará as normas regulamentares necessárias à

operacionalização do arrolamento previsto no § 2o. (Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002)

Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão:

I - exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total

(lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda.

(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

II - deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens cominada à infração

denunciada na formalização da exigência.

§ 1º O recurso será interposto mediante declaração na própria decisão.

§ 2° Não sendo interposto o recurso, o servidor que verificar o fato representará à

autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe imediato, no sentido de que seja observada

aquela formalidade.

Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância,

que julgará a perempção.

Art. 36. Da decisão de primeira instância não cabe pedido de reconsideração.

SEÇÃO VII

Do Julgamento em Segunda Instância

Art. 37. O julgamento nos Conselhos de Contribuintes far-se-á conforme dispuserem

seus regimentos internos.

§ 2º O órgão preparador dará ciência ao sujeito passivo da decisão do Conselho de

Contribuintes, intimando-o, quando for o caso, a cumprí-la, no prazo de trinta dias, ressalvado

o disposto no parágrafo seguinte.

198

§ 3º Caberá pedido de reconsideração, com efeito suspensivo, no prazo de trinta dias,

contados da ciência:

I - de decisão que der provimento a recurso de ofício;

II - de decisão que negar provimento, total ou parcialmente, a recurso voluntário.

Art. 38. O julgamento em outros órgãos da administração federal far-se-á de acordo com

a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo.

SEÇÃO VIII

Do Julgamento em Instância Especial

Art. 39. Não cabe pedido de reconsideração de ato do Ministro da Fazenda que julgar ou

decidir as matérias de sua competência.

Art. 40. As propostas de aplicação de equidade apresentadas pelos Conselhos de

Contribuintes atenderão às características pessoais ou materiais da espécie julgada e serão

restritas à dispensa total ou parcial de penalidade pecuniária, nos casos em que não houver

reincidência nem sonegação, fraude ou conluio.

Art. 41. O órgão preparador dará ciência ao sujeito passivo da decisão do Ministro da

Fazenda, intimando-o, quando for o caso, a cumprí-la, no prazo de trinta dias.

SEÇÃO IX

Da Eficácia e Execução das Decisões

Art. 42. São definitivas as decisões:

I - de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido

interposto;

II - de segunda instância de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o

prazo sem sua interposição;

III - de instância especial.

Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que

não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício.

Art. 43. A decisão definitiva contrária ao sujeito passivo será cumprida no prazo para

cobrança amigável fixado no artigo 21, aplicando-se, no caso de descumprimento, o disposto

no § 3º do mesmo artigo.

199

§ 1º A quantia depositada para evitar a correção monetária do crédito tributário ou para

liberar mercadorias será convertida em renda se o sujeito passivo não comprovar, no prazo

legal, a propositura de ação judicial.

§ 2° Se o valor depositado não for suficiente para cobrir o crédito tributário, aplicar-se-á

à cobrança do restante o disposto no caput deste artigo; se exceder o exigido, a autoridade

promoverá a restituição da quantia excedente, na forma da legislação específica.

§ 3° (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001)

a) (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001)

b) (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001)

§ 4° (Vide Medida Provisória nº 2.176-79, de 2001)

Art. 44. A decisão que declarar a perda de mercadoria ou outros bens será executada pelo

órgão preparador, findo o prazo previsto no artigo 21, segundo dispuser a legislação aplicável.

Art. 45. No caso de decisão definitiva favorável ao sujeito passivo, cumpre à autoridade

preparadora exonerá-lo, de ofício, dos gravames decorrentes do litígio.

CAPÍTULO II

Do Processo da Consulta

Art. 46. O sujeito passivo poderá formular consulta sobre dispositivos da legislação

tributária aplicáveis a fato determinado.

Parágrafo único. Os órgãos da administração pública e as entidades representativas de

categorias econômicas ou profissionais também poderão formular consulta.

Art. 47. A consulta deverá ser apresentada por escrito, no domicílio tributário do

consulente, ao órgão local da entidade incumbida de administrar o tributo sobre que versa.

Art. 48. Salvo o disposto no artigo seguinte, nenhum procedimento fiscal será instaurado

contra o sujeito passivo relativamente à espécie consultada, a partir da apresentação da

consulta até o trigésimo dia subseqüente à data da ciência:

I - de decisão de primeira instância da qual não haja sido interposto recurso;

II - de decisão de segunda instância.

Art. 49. A consulta não suspende o prazo para recolhimento de tributo, retido na fonte ou

autolançado antes ou depois de sua apresentação, nem o prazo para apresentação de

declaração de rendimentos.

Art. 50. A decisão de segunda instância não obriga ao recolhimento de tributo que

deixou de ser retido ou autolançado após a decisão reformada e de acordo com a orientação

desta, no período compreendido entre as datas de ciência das duas decisões.

200

Art. 51. No caso de consulta formulada por entidade representativa de categoria

econômica ou profissional, os efeitos referidos no artigo 48 só alcançam seus associados ou

filiados depois de cientificado o consulente da decisão.

Art. 52. Não produzirá efeito a consulta formulada:

I - em desacordo com os artigos 46 e 47;

II - por quem tiver sido intimado a cumprir obrigação relativa ao fato objeto da consulta;

III - por quem estiver sob procedimento fiscal iniciado para apurar fatos que se

relacionem com a matéria consultada;

IV - quando o fato já houver sido objeto de decisão anterior, ainda não modificada,

proferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte o consulente;

V - quando o fato estiver disciplinado em ato normativo, publicado antes de sua

apresentação;

VI - quando o fato estiver definido ou declarado em disposição literal de lei;

VII - quando o fato for definido como crime ou contravenção penal;

VIII - quando não descrever, completa ou exatamente, a hipótese a que se referir, ou não

contiver os elementos necessários à sua solução salvo se a inexatidão ou omissão for

escusável, a critério da autoridade julgadora.

Art. 53. O preparo do processo compete ao órgão local da entidade encarregada da

administração do tributo.

Art. 54. O julgamento compete:

I - Em primeira instância:

a) aos Superintendentes Regionais da Receita Federal, quanto aos tributos administrados

pela Secretaria da Receita Federal, atendida, no julgamento, a orientação emanada dos atos

normativos da Coordenação do Sistema de Tributação;

b) às autoridades referidas na alínea b do inciso I do artigo 25.

II - Em segunda instância:

a) ao Coordenador do Sistema de Tributação, da Secretaria da Receita Federal, salvo

quanto aos tributos incluídos na competência julgadora de outro órgão da administração

federal;

b) à autoridade mencionada na legislação dos tributos, ressalvados na alínea precedente

ou, na falta dessa indicação, à que for designada pela entidade que administra o tributo.

III - Em instância única, ao Coordenador do Sistema de Tributação, quanto às consultas

relativas aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal e formuladas:

201

a) sobre classificação fiscal de mercadorias;

b) pelos órgãos centrais da administração pública;

c) por entidades representativas de categorias econômicas ou profissionais, de âmbito

nacional.

Art. 55. Compete à autoridade julgadora declarar a ineficácia da Consulta.

Art. 56. Cabe recurso voluntário, com efeito suspensivo, de decisão de primeira

instância, dentro de trinta dias contados da ciência.

Art. 57. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício de decisão favorável ao

consulente.

Art. 58. Não cabe pedido de reconsideração de decisão proferida em processo de

consulta, inclusive da que declarar a sua ineficácia.

CAPÍTULO III

Das Nulidades

Art. 59. São nulos:

I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;

II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição

do direito de defesa.

§ 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente

dependam ou sejam conseqüência.

§ 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as

providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo.

§ 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a

declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato

ou suprir-lhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993)

Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo

anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o

sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do

litígio.

Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou

julgar a sua legitimidade.

CAPÍTULO IV

Disposições Finais e Transitórias

202

Art. 62. Durante a vigência de medida judicial que determinar a suspensão da cobrança,

do tributo não será instaurado procedimento fiscal contra o sujeito passivo favorecido pela

decisão, relativamente, à matéria sobre que versar a ordem de suspensão. (Vide Medida

Provisória nº 232, de 2004)

Parágrafo único. Se a medida referir-se a matéria objeto de processo fiscal, o curso deste

não será suspenso, exceto quanto aos atos executórios. (Vide Medida Provisória nº 232, de

2004)

Art. 63. A destinação de mercadorias ou outros bens apreendidos ou dados em garantia

de pagamento do crédito tributário obedecerá às normas estabelecidas na legislação aplicável.

Art. 64. Os documentos que instruem o processo poderão ser restituídos, em qualquer

fase, a requerimento do sujeito passivo, desde que a medida não prejudique a instrução e deles

fique cópia autenticada no processo.

Art. 65. O disposto neste Decreto não prejudicará a validade dos atos praticados na

vigência da legislação anterior.

§ 1° O preparo dos processos em curso, até a decisão de primeira instância, continuará

regido pela legislação precedente.

§ 2º Não se modificarão os prazos iniciados antes da entrada em vigor deste Decreto.

Art. 66. O Conselho Superior de Tarifa passa a denominar-se 4º Conselho de

Contribuintes.

Art. 67. Os Conselhos de Contribuintes, no prazo de noventa dias, adaptarão seus

regimentos internos às disposições deste Decreto.

Art. 68. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 6 de março de 1972; 151º da Independência e 84º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI

Antônio Delfim Netto

203

ANEXO 15

REGULAMENTO ADUANEIRO – RA, APROVADO PELO DECRETO 4543 de 2002.

DAS INFRAÇÕES

Art. 602. Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe

inobservância, por parte de pessoa física ou jurídica, de norma estabelecida ou disciplinada

neste Decreto ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá-lo

(Decreto-lei no 37, de 1966, art. 94).

Parágrafo único. Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração

independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, da natureza e da

extensão dos efeitos do ato (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 94, § 2o).

Art. 603. Respondem pela infração (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 95):

I - conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou

dela se beneficie;

II - conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que

decorra do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus

tripulantes;

III - o comandante ou o condutor de veículo, nos casos do inciso II, quando o veículo

proceder do exterior sem estar consignado a pessoa física ou jurídica estabelecida no ponto de

destino;

IV - a pessoa física ou jurídica, em razão do despacho que promova, de qualquer mercadoria;

e

V - conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência

estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de

pessoa jurídica importadora (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada

pela Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 78).

204

Parágrafo único. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos

de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto no inciso V

(Lei nº 10.637, de 2002, art. 27).

Das Espécies de Penalidades

Art. 604. As infrações estão sujeitas às seguintes penalidades, aplicáveis separada ou

cumulativamente (Decreto-lei nº 37, de 1966, art. 96; Decreto-lei nº 1.455, de 1976, arts. 23, §

1º, com a redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, art. 59, e 24; e Lei nº 9.069, de 1995, art.

65, § 3º):

I - perdimento do veículo;

II - perdimento da mercadoria;

III - perdimento de moeda; e

IV - multa.

Da Aplicação e da Graduação das Penalidades

Art. 605. A aplicação das penalidades a que se refere o art. 604, será proposta:

I - por Auditor-Fiscal da Receita Federal, nas hipóteses dos incisos I a IV; e

II - pelo titular da unidade aduaneira, na hipótese do inciso IV, quando a exigência se der por

meio de notificação de lançamento.

Art. 606. Compete à autoridade julgadora (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 97):

I - determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela

infração; e

II - fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais.

Art. 607. Quando a multa for expressa em faixa variável de quantidade, a autoridade fixará a

pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão de circunstância que

demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração, ou que importe agravar suas

205

conseqüências ou retardar seu conhecimento pela autoridade aduaneira (Decreto-lei no 37, de

1966, art. 98).

Art. 608. Apurando-se, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações diferentes,

pela mesma pessoa física ou jurídica, aplicam-se cumulativamente, no grau correspondente,

quando for o caso, as penalidades a elas cominadas (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 99).

Art. 609. Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a

cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido (Decreto-lei no 37, de 1966,

art. 100).

Art. 610. Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento, a quem cumprir

as obrigações acessória e principal (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 101):

I - de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de qualquer instância

administrativa, proferida em processo de determinação e exigência de créditos tributários ou

de consulta, em que o interessado seja parte; ou

II - de acordo com interpretação fiscal constante de ato expedido pela Secretaria da Receita

Federal.

Art. 611. Não caberá lançamento de multa de ofício na constituição do crédito tributário

destinada a prevenir a decadência, relativo aos tributos e contribuições de competência da

União, cuja exigibilidade houver sido suspensa por concessão de medida liminar em mandado

de segurança, ou por concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies

de ação judicial (Lei no 9.430, de 1996, art. 63, com a redação dada pela Medida Provisória no

2.158-35, de 2001, art. 70, e Lei no 5.172, de 1966, art. 151, incisos IV e V, este com a

redação dada pela Lei Complementar no 104, de 2001, art. 1o).

Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se, exclusivamente, aos casos em que a

suspensão da exigibilidade do crédito tenha ocorrido antes do início de qualquer

procedimento de ofício a ele relativo (Lei no 9.430, de 1996, art. 63, § 1o).

Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do

imposto e dos acréscimos legais, excluirá a imposição da correspondente penalidade

206

(Decreto-lei no 37, de 1966, art. 102, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1988,

art. 1o).

§ 1o Não se considera espontânea a denúncia apresentada (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 102,

§ 1o, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1988, art. 1o):

I - no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; ou

II - após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito,

praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração.

§ 2o A denúncia espontânea exclui somente as penalidades de natureza tributária (Decreto-lei

no 37, de 1966, art. 102, § 2o, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1988, art. 1o).

§ 3o Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por

espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador.

Art. 613. A aplicação da penalidade tributária, e seu cumprimento, não impedem a cobrança

dos tributos devidos nem prejudicam a aplicação das penas cominadas para o mesmo fato pela

legislação criminal e especial, salvo disposição de lei em contrário (Decreto-lei no 37, de

1966, art. 103).

Art. 614. A circunstância de uma pessoa constar como destinatária de remessa postal

internacional, com infração às normas estabelecidas neste Decreto, não configura, por si só, o

concurso para a sua prática ou o intuito de beneficiar-se dela.

Parágrafo único. A responsabilidade do destinatário independe de qualquer outra

circunstância ou prova nos casos de remessa postal internacional:

I - que tenha sido postada pela pessoa que conste como destinatária; ou

II - que tenha sido postada ou pleiteado o seu desembaraço, pelo destinatário, como bagagem

desacompanhada.

Art. 615. Somente quando proceder do exterior ou a ele se destinar, é alcançado pelas normas

de que tratam o Título II e os Capítulos I e III do Título III, deste Livro, o veículo

207

transportador assim designado e suas operações ali indicadas (Decreto-lei no 37, de 1966, art.

111).

Parágrafo único. Excluem-se da regra do caput os casos dos incisos V e VI do art. 617

(Decreto-lei no 37, de 1966, art. 111, parágrafo único).

Art. 616. Aplicam-se, no que couber, as disposições deste Livro a qualquer meio de transporte

vindo do exterior ou a ele destinado, bem assim a seu proprietário, condutor ou responsável, e

à documentação, à carga, aos tripulantes e aos passageiros (Decreto-lei no 37, de 1966. art.

113).

DO PERDIMENTO DO VEÍCULO

Art. 617. Aplica-se a pena de perdimento do veículo nas seguintes hipóteses, por

configurarem dano ao Erário (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 104, e Decreto-lei no 1.455, de

1976, art. 24):

I - quando o veículo transportador estiver em situação ilegal, quanto às normas que o

habilitem a exercer a navegação ou o transporte internacional correspondente à sua espécie;

II - quando o veículo transportador efetuar operação de descarga de mercadoria estrangeira ou

de carga de mercadoria nacional ou nacionalizada, fora do porto, do aeroporto ou de outro

local para isso habilitado;

III - quando a embarcação atracar a navio ou quando qualquer veículo, na zona primária, se

colocar nas proximidades de outro, um deles procedente do exterior ou a ele destinado, de

modo a tornar possível o transbordo de pessoa ou de carga, sem observância das normas

legais e regulamentares;

IV - quando a embarcação navegar dentro do porto, sem trazer escrito, em tipo destacado e

em local visível do casco, seu nome de registro;

V - quando o veículo conduzir mercadoria sujeita a perdimento, se pertencente ao responsável

por infração punível com essa penalidade; e

VI - quando o veículo terrestre utilizado no trânsito de mercadoria estrangeira for

desviado de sua rota legal sem motivo justificado.

208

§ 1º Aplica-se, cumulativamente ao perdimento do veículo, nos casos dos incisos II, III e VI,

o perdimento da mercadoria (Decreto-lei nº 37, de 1966, art. 104, parágrafo único, art. 105,

inciso XVII, e Decreto-lei nº 1.455, de 1976, art. 23, inciso IV e § 1º, este com a redação dada

pela Lei nº 10.637, de 2002, art. 59).

§ 2o Para efeitos de aplicação do perdimento do veículo, na hipótese do inciso V, deverá ser

demonstrada, em procedimento regular, a responsabilidade do proprietário do veículo na

prática do ilícito.

§ 3o A não-chegada do veículo ao local de destino configura desvio de rota legal e extravio,

para fins de aplicação das penalidades referidas no inciso VI deste artigo e no inciso XVII do

art. 618.

§ 4o O titular da unidade de destino comunicará o fato referido no § 3o à autoridade policial

competente, para efeito de apuração do crime de contrabando ou de descaminho.

DO PERDIMENTO DA MERCADORIA

Art. 618. Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por

configurarem dano ao Erário (Decreto-lei no- 37, de 1966, art. 105, e Decreto-lei nº1.455, de

1976, art. 23 e § 1º, com a redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, art. 59):

I - em operação de carga ou já carregada em qualquer veículo, ou dele descarregada ou em

descarga, sem ordem, despacho ou licença, por escrito, da autoridade aduaneira, ou sem o

cumprimento de outra formalidade essencial estabelecida em texto normativo;

II - incluída em listas de sobressalentes e de provisões de bordo quando em desacordo,

quantitativo ou qualitativo, com as necessidades do serviço, do custeio do veículo e da

manutenção de sua tripulação e de seus passageiros;

III - oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o processo utilizado;

IV - existente a bordo do veículo, sem registro em manifesto, em documento de efeito

equivalente ou em outras declarações;

209

V - nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso valor, encontrada na zona

de vigilância aduaneira, em circunstâncias que tornem evidente destinar-se a exportação

clandestina;

VI - estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento

necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado;

VII - nas condições do inciso VI, possuída a qualquer título ou para qualquer fim;

VIII - estrangeira, que apresente característica essencial falsificada ou adulterada, que impeça

ou dificulte sua identificação, ainda que a falsificação ou a adulteração não influa no seu

tratamento tributário ou cambial;

IX - estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de prova do pagamento dos

tributos aduaneiros;

X - estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no País, se não for

feita prova de sua importação regular;

XI - estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em

parte, mediante artifício doloso;

XII - estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo;

XIII - transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de outros gravames,

quando desembaraçada com a isenção referida nos arts. 140, 141, 142, 160, 161 e 187;

XIV - encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada, tratando-se de papel

com linha ou marca d’água, inclusive aparas;

XV - constante de remessa postal internacional com falsa declaração de conteúdo;

XVI - fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas aéreas internacionais

visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamento dos tributos aduaneiros ou quaisquer

normas estabelecidas para o controle das importações ou, ainda, a beneficiar-se de regime de

tributação simplificada (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 105, inciso XVI, com a redação dada

pelo Decreto-lei no 1.804, de 1980, art. 3o);

210

XVII - estrangeira, em trânsito no território aduaneiro, quando o veículo terrestre que a

conduzir for desviado de sua rota legal, sem motivo justificado;

XVIII - estrangeira, acondicionada sob fundo falso, ou de qualquer modo oculta;

XIX - estrangeira, atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem pública;

XX - importada ao desamparo de licença de importação ou documento de efeito equivalente,

quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na forma da legislação específica;

XXI - importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de permanência em

recinto alfandegado, nas hipóteses referidas no art. 574; e

XXII - estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação

do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante

fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.

§ 1º A pena de que trata este artigo converte-se em multa equivalente ao valor

aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida

(Decreto-lei nº1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 10.637, de

2002, art. 59).

§ 2º A aplicação da multa a que se refere o § 1º não impede a apreensão da mercadoria no

caso referido no inciso XX, ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no

território aduaneiro (Decreto-lei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 4º, com a redação dada pela Lei

nº 10.637, de 2002, art. 59).

§ 3o Considera-se falsa declaração de conteúdo, nos termos do inciso XII, aquela constante de

documento emitido pelo exportador estrangeiro, ou pelo transportador, anteriormente ao

despacho aduaneiro.

§ 4o Consideram-se transferidos a terceiro, para os efeitos do inciso XIII, os bens, inclusive

automóveis, objeto de:

I - transferência de propriedade ou cessão de uso, a qualquer título;

II - depósito para fins comerciais; ou

211

III - exposição para venda ou para qualquer outra modalidade de oferta pública.

§ 5º Para os efeitos do inciso XXII, presume-se interposição fraudulenta na operação de

comércio exterior a não-comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos

empregados (Decreto-lei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 2º, com a redação dada pela Lei nº

10.637, de 2002, art. 59).

Art. 619. Também será objeto da pena de perdimento, sem prejuízo de aplicação da multa

referida na alínea "b" do inciso II do art. 639, a mercadoria que, nos termos de lei, tratado,

acordo ou convenção internacional, firmado pelo Brasil, seja proibida de sair do território

aduaneiro, e cuja exportação for tentada (Lei no 5.025, de 1966, art. 68).

Art. 620. As mercadorias de importação proibida na forma da legislação específica serão

apreendidas, liminarmente, em nome e ordem do Ministro de Estado da Fazenda, para fins de

aplicação da pena de perdimento (Decreto-lei no 1.455, de 1976, art. 26).

Parágrafo único. Independentemente do curso do processo criminal, as mercadorias a que se

refere o caput poderão ser alienadas ou destinadas na forma deste Decreto (Decreto-lei no

1.455, de 1976, art. 26, parágrafo único).

Art. 621. A pena de perdimento da mercadoria será ainda aplicada aos que, em infração às

medidas de controle fiscal estabelecidas pelo Ministro de Estado da Fazenda para o

desembaraço aduaneiro, a circulação, a posse e o consumo de fumo, charuto, cigarrilha e

cigarro de origem estrangeira, adquirirem, transportarem, venderem, expuserem à venda,

tiverem em depósito, possuírem ou consumirem tais produtos, por configurar crime de

contrabando (Decreto-lei no 399, de 1968, arts. 2o e 3o e seu § 1o).

Parágrafo único. A penalidade referida no caput aplica-se, inclusive, pela inobservância de

qualquer das condições referidas no inciso I do art. 540, para o desembaraço aduaneiro de

cigarros (Lei no 9.532, de 1997, art. 50, parágrafo único).

Art. 622. Consideram-se como produtos estrangeiros introduzidos clandestinamente no

território aduaneiro, para efeito de aplicação da pena de perdimento, os cigarros nacionais

destinados a exportação que forem encontrados no País (Decreto-lei no 1.593, de 1977, art.

18).

212

§ 1o O disposto no caput, se observadas as formalidades previstas para cada operação, não se

aplica à (Decreto-lei no 1.593, de 1977, art. 8o, incisos I e II, e Lei no 9.532, de 1997, art. 39 e

§ 2o):

I - saída dos produtos, diretamente para uso ou consumo de bordo em embarcações ou

aeronaves de tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível;

II - venda, diretamente para lojas francas;

III - venda a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação, diretamente

para embarque ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial

exportadora; e

IV - venda em loja franca, na hipótese referida no § 1o do art. 425.

§ 2o A aplicação da penalidade referida no caput não prejudica a exigência de impostos e de

penalidades pecuniárias, na forma da legislação específica.

Art. 623. Aplica-se a pena de perdimento da mercadoria saída da Zona Franca de Manaus sem

autorização da autoridade aduaneira, quando ingressada naquela área com os benefícios

referidos no art. 453, por configurar crime de contrabando (Decreto-lei no 288, de 1967, art.

39).

Art. 624. O importador, depois de aplicado o perdimento da mercadoria considerada

abandonada na hipótese a que se refere o inciso XXI do art. 618, mas antes de efetuada a sua

destinação, poderá requerer a conversão dessa penalidade em multa equivalente ao valor

aduaneiro da mercadoria (Lei nº 9.779, de 1999, art. 19).

Parágrafo único. A entrega da mercadoria ao importador, na hipótese do caput, está

condicionada à comprovação do pagamento da multa e ao cumprimento das formalidades

exigidas para o respectivo despacho de importação, sem prejuízo do atendimento das normas

de controle administrativo (Lei no 9.779, de 1999, art. 19, parágrafo único).

Art. 625. Nos casos de dano ao Erário, se ficar provada a responsabilidade do operador de

transporte multimodal, sem prejuízo da responsabilidade que possa ser imputável ao

transportador, as penas de perdimento regulamentadas neste Decreto serão convertidas em

213

multas, aplicáveis ao operador de transporte multimodal, de valor equivalente ao do bem

passível de aplicação da pena de perdimento (Lei no 9.611, de 1998, art. 29).

Parágrafo único. No caso de perdimento de veículo, a conversão em multa não poderá

ultrapassar em três vezes o valor da mercadoria transportada, à qual se vincule a infração (Lei

no 9.611, de 1998, art. 29, parágrafo único).

DO PERDIMENTO DE MOEDA

Art. 626. Aplica-se a pena de perdimento da moeda nacional ou estrangeira, em espécie, no

valor excedente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou o equivalente em moeda estrangeira, em

poder de pessoa que ingresse no território aduaneiro ou dele saia (Lei nº 9.069, de 1995, art.

65 e § 1º, incisos I e II).

§ 1o O perdimento de moeda referido no caput não exclui a aplicação das sanções penais

previstas para a hipótese (Lei no 9.069, de 1995, art. 65, § 3o).

§ 2o O disposto neste artigo não se aplica na hipótese em que o porte do valor excedente esteja

autorizado em legislação específica (Lei no 9.069, de 1995, art. 65, § 1o, inciso III).

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 627 Os veículos e as mercadorias sujeitos à pena de perdimento serão guardados em

nome e ordem do Ministro de Estado da Fazenda, como medida acautelatória dos interesses

da Fazenda Nacional (Decreto-lei no 1.455, de 1976, art. 25).

DAS MULTAS NA IMPORTAÇÃO

Art. 628. Aplicam-se as seguintes multas, proporcionais ao valor do imposto incidente sobre a

importação da mercadoria ou o que incidiria se não houvesse isenção ou redução (Decreto-lei

no 37, de 1966, art. 106):

I - de cem por cento:

a) pelo não-emprego dos bens de qualquer natureza nos fins ou atividades para que foram

importados com isenção ou com redução do imposto;

214

b) pelo desvio, por qualquer forma, de bens importados com isenção ou com redução do

imposto;

c) pelo uso de falsidade nas provas exigidas para obtenção dos benefícios e incentivos

previstos neste Decreto; e

d) pela não-apresentação de mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro;

II - de setenta e cinco por cento, nos casos de venda não-faturada de sobra de papel não-

impresso (mantas, aparas de bobinas e restos de bobinas) (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 106,

§ 2o, alínea "a", com a redação dada pelo Decreto-lei no 751, de 1969, art. 4o);

III - de cinqüenta por cento:

a) pela transferência a terceiro, a qualquer título, de bens importados com isenção do imposto,

sem prévia autorização da unidade aduaneira, ressalvada a hipótese referida no inciso XIII do

art. 618;

b) pelo não-retorno ao exterior, no prazo fixado, de bens ingressados no País sob o regime de

admissão temporária;

c) pela importação, como bagagem, de mercadoria que, por sua quantidade e qualidade, revele

finalidade comercial; e

d) pelo extravio de mercadoria, inclusive o apurado em ato de vistoria aduaneira;

IV - de vinte por cento:

a) pela chegada ao País de bagagem e bens de passageiro fora dos prazos regulamentares,

quando sujeitos a tributação; e

b) nos casos de venda de sobra de papel não-impresso (mantas, aparas de bobinas e restos de

bobinas), salvo a editoras ou, como matéria-prima, a fábricas (Decreto-lei no 37, de 1966, art.

106, § 2o, alínea "b", com a redação dada pelo Decreto-lei no 751, de 1969, art. 4o);

V - de dez por cento:

215

a) pela inexistência da fatura comercial ou pela falta de sua apresentação no prazo fixado em

termo de responsabilidade;

b) pela apresentação da fatura comercial sem o visto consular, quando exigida essa

formalidade; e

c) pela comprovação, fora do prazo, da chegada da mercadoria ao local de destino, no caso de

trânsito aduaneiro; e

VI - de um a dois por cento, não podendo ser, no total, superior a R$ 36,66 (trinta e seis reais

e sessenta e seis centavos), pela apresentação da fatura comercial em desacordo com uma ou

mais de uma das indicações contidas no art. 497.

§ 1o No caso de papel com linhas ou marcas d’água, as multas a que se referem os incisos I e

III do caput serão de cento e cinqüenta por cento e de setenta e cinco por cento,

respectivamente (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 106, § 1o, com a redação dada pelo Decreto-

lei no 751, de 1969, art. 3o).

§ 2o No cálculo das multas a que se referem o inciso II e a alínea "b" do inciso IV do caput, e

o § 1o, será adotada a maior alíquota do imposto fixada para papel similar destinado à

impressão, sem linhas ou marcas d’água (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 106, §§ 1o e 2o, com

a redação dada pelo Decreto-lei no 751, de 1969, arts. 3o e 4o).

§ 3o A multa referida na alínea "b" do inciso III do caput não se aplica na hipótese de os bens

serem reexportados no prazo fixado no § 11 do art. 319.

§ 4o A multa referida na alínea "c" do inciso III do caput não se aplica no caso de o viajante

apresentar declaração de bagagem, da qual constem todos os bens e mercadorias, e manifestar

à fiscalização, de forma inequívoca, antes de qualquer ação fiscal, a pretensão de submetê-los

a despacho de importação.

§ 5o Para efeito da aplicação do disposto na alínea "d" do inciso III do caput, fica fixado o

limite de tolerância de cinco por cento para fins de exclusão da responsabilidade do

transportador, no caso de transporte de mercadoria a granel (Decreto-lei no 2.472, de 1988,

art. 10).

216

§ 6o A multa referida na alínea "d" do inciso III do caput terá como base o valor do imposto

de importação, calculado nos termos do art. 596 (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 112).

§ 7o A multa referida na alínea "c" do inciso V do caput aplica-se somente aos casos em que a

legislação específica atribua ao beneficiário do regime a obrigação de comprovar, perante a

unidade aduaneira de origem, a entrega da mercadoria na unidade aduaneira de destino.

§ 8o Simples enganos ou omissões na emissão da fatura comercial, corrigidos ou corretamente

supridos na declaração de importação, não acarretarão a aplicação da penalidade referida no

inciso VI.

Art. 629. Aplica-se, ainda, a multa de R$ 103,56 (cento e três reais e cinqüenta e seis

centavos) nos casos de (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 107, incisos II, III e IV, com a redação

dada pelo Decreto-lei no 751, de 1969, art. 5o):

I - registro ou comunicação à autoridade de tiragem maior que a real acima de cinco décimos

por cento para periódicos e de dois décimos por cento para livros, editados com papel

importado;

II - descumprimento das normas de escrituração de utilização do papel que forem

estabelecidas, em decorrência do disposto no inciso II do art. 150; e

III - inexatidão das quantidades declaradas no faturamento do papel isento, inutilizado.

Art. 630. As infrações relativas à bagagem de viajante serão punidas com as seguintes multas:

I - de duzentos por cento do valor dos bens trazidos como bagagem e desembaraçados com

isenção, quando forem objeto de comércio (Decreto-lei no 1.123, de 1970, art. 3o); e

II - de cinqüenta por cento do valor excedente ao limite de isenção, sem prejuízo do imposto

de importação devido, calculado na forma do art. 100, pela apresentação de declaração falsa

ou inexata de bagagem (Lei no 9.532, de 1997, art. 57).

§ 1o A multa referida no inciso I aplica-se aos bens vendidos ou colocados em comércio sob

qualquer forma.

217

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se também à bagagem de viajante procedente da Zona

Franca de Manaus ou das áreas de livre comércio.

Art. 631. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na

multa igual ao valor da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria

de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou

fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido

sem que tenha havido registro da declaração da importação no Siscomex, ou desacompanhada

de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso I, e

Decreto-lei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª).

Parágrafo único. A multa referida no caput não será exigida quando já tenha sido aplicada a

pena de perdimento do bem, caso em que será efetuada a conversão de que trata o § 1º do art.

618.

Art. 632. Aplica-se a multa de R$ 0,98 (noventa e oito centavos de real) por maço de cigarro,

por unidade de charuto ou de cigarrilha, ou por lote de sessenta quilos líquidos dos demais

produtos manufaturados apreendidos, na hipótese do art. 621, cumulativamente com o

perdimento da respectiva mercadoria (Decreto-lei no 399, de 1968, arts. 1o e 3o, § 1o).

Art. 633. Aplicam-se, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem

infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas (Decreto-lei no 37,

de 1966, art. 169 e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978,

art. 2o):

I - de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente

praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado (Medida Provisória no

2.158-35, de 2001, art. 88, parágrafo único);

II - de trinta por cento sobre o valor aduaneiro:

a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito

equivalente, inclusive no caso de remessa postal internacional e de bens conduzidos por

viajante, desembaraçados no regime comum de importação (Decreto-lei no 37, de 1966, art.

169, inciso I, alínea "b" e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de

1978, art. 2o); e

218

b) pelo embarque de mercadoria antes de emitida a licença de importação ou documento de

efeito equivalente (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169, inciso III, alínea "b" e § 6o, com a

redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o);

III - de vinte por cento sobre o valor aduaneiro:

a) pelo embarque da mercadoria depois de vencido o prazo de validade da licença de

importação respectiva ou documento de efeito equivalente, de mais de vinte até quarenta dias

(Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169, inciso III, alínea "a", item 2, e § 6o, com a redação dada

pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o); e

b) pelo descumprimento de outros requisitos de controle da importação, constantes ou não de

licença de importação ou documento de efeito equivalente, não compreendidos na alínea "a"

deste inciso, na alínea "b" do inciso II, e no inciso IV (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169,

inciso III, alínea "d" e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978,

art. 2o); e

IV - de dez por cento sobre o valor aduaneiro, pelo embarque da mercadoria, depois de

vencido o prazo de validade da licença de importação respectiva ou documento de efeito

equivalente, até vinte dias (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169, inciso III, alínea "a", item 1, e

§ 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o).

§ 1o Considera-se importada sem licença de importação ou documento de efeito equivalente, a

mercadoria cujo embarque tenha se efetivado depois de decorridos mais de quarenta dias do

respectivo prazo de validade (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169, § 1o, com a redação dada

pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o).

§ 2o As multas referidas neste artigo não poderão ser (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169, §

2o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o):

I - inferiores a R$ 137,60 (cento e trinta e sete reais e sessenta centavos); e

II - superiores a R$ 1.376,00 (um mil trezentos e setenta e seis reais) nos casos referidos na

alínea "b" do inciso II, na alínea "a" do inciso III, e no inciso IV, do caput.

219

§ 3o Salvo no caso do inciso I do caput, na ocorrência simultânea de mais de uma infração,

será punida apenas aquela a que for cominada a penalidade mais grave (Decreto-lei no 37, de

1966, art. 169, § 4o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o).

§ 4o A aplicação das penas referidas neste artigo (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 169, § 5o,

com a redação dada pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o):

I - não exclui o pagamento dos tributos devidos, nem a imposição de outras penas, inclusive

criminais, previstas em legislação específica; e

II - não prejudica a isenção de impostos de que goze a importação, salvo disposição expressa

em contrário.

§ 5o Não constituem infrações, para os efeitos deste artigo (Decreto-lei no 37, de 1966, art.

169, § 7o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 1978, art. 2o):

I - a diferença, para mais ou para menos, por embarque, não superior a dez por cento quanto

ao preço, e a cinco por cento quanto à quantidade ou ao peso, desde que não ocorram

concomitantemente;

II - os casos referidos na alínea "b" do inciso II, e nos incisos III e IV do caput, se alterados

pelo órgão competente os dados constantes da licença de importação ou documento de efeito

equivalente; e

III - a importação de máquinas e de equipamentos declarados como originários de

determinado país, que constituam um todo integrado, embora contenham partes ou

componentes produzidos em outros países que não o indicado na licença de importação ou

documento de efeito equivalente.

Art. 634. As infrações de que trata o art. 633 (Lei no 6.562, de 1978, art. 3o):

I - não excluem aquelas definidas como dano ao Erário, sujeitas à pena de perdimento; e

II - serão apuradas mediante processo administrativo fiscal, em conformidade com o disposto

no art. 684.

220

Parágrafo único. Para os efeitos do inciso I, as multas relativas às infrações administrativas ao

controle das importações somente poderão ser lançadas antes da aplicação da pena de

perdimento da mercadoria.

Art. 635. Para fins do art. 633 e para efeitos tributários, o embarque da mercadoria a ser

importada ou exportada considera-se ocorrido na data da emissão do conhecimento de carga

(Lei no 6.562, de 1978, art. 5o).

Art. 636. Aplica-se a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida

Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 84):

I - classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas

complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria;

ou

II - quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria

da Receita Federal.

§ 1o O valor da multa referida no caput será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu

cálculo resultar valor inferior (Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 84, § 1o).

§ 2o A aplicação da multa referida no caput não prejudica a exigência dos impostos, da multa

por declaração inexata de que trata o art. 645, e de outras penalidades administrativas, bem

assim dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 84, § 2o).

§ 3o A multa pela classificação incorreta será aplicada em relação a cada mercadoria que

necessite ser reclassificada, para o seu correto posicionamento na Nomenclatura Comum do

Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a

sua identificação.

§ 4o Na hipótese de a reclassificação a que se refere o § 3o repercutir em consolidação de duas

ou mais mercadorias em uma mesma classificação na Nomenclatura Comum do Mercosul, a

multa corresponderá:

I - a um por cento, aplicado sobre o somatório do valor aduaneiro das mercadorias

reclassificadas, quando resultar em valor superior a R$ 500,00 (quinhentos reais); ou

221

II - a R$ 500,00 (quinhentos reais), quando da aplicação de um por cento sobre o somatório

do valor aduaneiro das mercadorias reclassificadas resultar valor igual ou inferior a R$ 500,00

(quinhentos reais).

§ 5o A ocorrência simultânea dos casos referidos nos incisos I e II não implica cumulatividade

de multas, quando as incorreções recaírem sobre a mesma mercadoria.

Art. 637. Aplica-se ao importador a multa correspondente a um por cento do valor aduaneiro

da mercadoria, na hipótese de relevação da pena de perdimento de que trata o art. 655

(Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, art. 67 e parágrafo único).

Art. 638. No caso de mercadoria estrangeira atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde

ou à ordem pública, a que se refere o inciso XIX do art. 618, será ainda aplicada ao

responsável pela infração a multa de R$ 18,34 (dezoito reais e trinta e quatro centavos)

(Decreto-lei nº 37, de 1966, art. 109).

DAS MULTAS NA EXPORTAÇÃO

Art. 639. Aplicam-se ao exportador as seguintes multas, calculadas em função do valor das

mercadorias:

I - de sessenta a cem por cento no caso de reincidência, genérica ou específica, de fraude

compreendida no inciso II (Lei no 5.025, de 1966, art. 67 e alínea "a"); e

II - de vinte a cinqüenta por cento:

a) no caso de fraude, caracterizada de forma inequívoca, relativamente a preço, peso, medida,

classificação ou qualidade (Lei no 5.025, de 1966, art. 66 e alínea "a"); e

b) no caso de exportação ou tentativa de exportação de mercadoria cuja saída do território

aduaneiro seja proibida, considerando-se como tal aquela que assim for prevista em lei, ou em

tratados, acordos ou convenções internacionais firmados pelo Brasil, sem prejuízo da

aplicação da pena de perdimento da mercadoria (Lei no 5.025, de 1966, art. 68).

§ 1o Não constituirá infração a variação, para mais ou para menos, não superior a dez por

cento quanto ao preço e a cinco por cento quanto à quantidade da mercadoria, desde que não

ocorram concomitantemente (Lei no 5.025, de 1966, art. 75).

222

§ 2o Ressalvada a hipótese referida na alínea "b" do inciso II, a apuração das infrações de que

trata este artigo, quando constatadas no curso do despacho aduaneiro, não prejudicará o

embarque ou a transposição de fronteira das mercadorias, desde que assegurados os meios de

prova necessários.

Art. 640. A aplicação de penalidade decorrente de infrações de natureza fiscal ou cambial não

prejudica a imposição de sanções administrativas pela Secretaria de Comércio Exterior (Lei no

5.025, de 1966, art. 74).

Art. 641. Consumando-se a exportação das mercadorias com qualquer das infrações a que se

refere o art. 639, o procedimento fiscal instaurado poderá ser instruído, também, com

elementos colhidos no exterior (Lei no 5.025, de 1966, art. 76).

Art. 642. A imposição das penalidades de que trata o art. 639 não excluirá, quando verificada

a ocorrência de ilícito penal, a apuração da responsabilidade criminal dos que intervierem na

operação considerada irregular ou fraudulenta (Lei no 5.025, de 1966, art. 72).

Art. 643. Nos casos previstos neste Capítulo, a aplicação de multa pela autoridade aduaneira

sujeita-se à prévia manifestação da Secretaria de Comércio Exterior (Lei no 5.025, de 1966,

art. 74, parágrafo único).

Art. 644. Quando ocorrerem, na exportação, erros ou omissões que não caracterizem intenção

de fraude e que possam ser de imediato corrigidos, a autoridade aduaneira alertará o

exportador e o orientará sobre a maneira correta de proceder (Lei no 5.025, de 1966, art. 65).

DAS MULTAS COMUNS À IMPORTAÇÃO E À EXPORTAÇÃO

Art. 645. Nos casos de lançamentos de ofício, relativos a operações de importação ou de

exportação, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou a diferença

dos tributos ou contribuições de que trata este Decreto (Lei no 9.430, de 1996, art. 44):

I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento, de pagamento após o

vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de

declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso II; e

223

II - de cento e cinqüenta por cento, independentemente de outras penalidades administrativas

ou criminais cabíveis, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73

da Lei no 4.502, de 1964.

§ 1o As multas de que trata este artigo serão exigidas (Lei no 9.430, de 1996, art. 44, § 1o):

I - juntamente com o tributo ou contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos;

e

II - isoladamente, quando o tributo ou contribuição houver sido pago após o vencimento do

prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora.

§ 2o As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze

inteiros e cinco décimos por cento e de duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente,

nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para

prestar esclarecimentos (Lei no 9.430, de 1996, art. 44, § 2o, alínea "a", com a redação dada

pela Lei no 9.532, de 1997, art. 70, inciso I).

Art. 646. Aplicam-se ainda as seguintes multas (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 107, incisos I,

V, VI e VII, com a redação dada pelo art. 5o do Decreto-lei no 751, de 1969):

I - de R$ 103,56 (cento e três reais e cinqüenta e seis centavos), a quem, por qualquer meio ou

forma, desacatar agente do fisco ou embaraçar, dificultar ou impedir sua ação fiscalizadora;

II - de R$ 20,70 (vinte reais e setenta centavos) a R$ 41,40 (quarenta e um reais e quarenta

centavos), pela saída de embarcação ou outro veículo, sem estar autorizado; e

III - de R$ 10,35 (dez reais e trinta e cinco centavos) a R$ 20,70 (vinte reais e setenta

centavos):

a) por volume, pela falta de manifesto ou documento de efeito equivalente ou ausência de sua

autenticação, ou, ainda, falta de declaração quanto à carga; e

b) por infração deste Decreto, para a qual não seja prevista penalidade específica.

Art. 647. Aplica-se à empresa de transporte internacional que opere em linha regular, por via

aérea ou marítima, a multa de (Lei nº 10.637, de 2002, art. 28 e parágrafo único):

224

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por veículo cujas informações sobre tripulantes e passageiros

não sejam prestadas na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal; ou

II - R$ 200,00 (duzentos reais) por informação omitida, limitada ao valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais) por veículo.

Art. 648. Aplica-se, cumulativamente ao perdimento do veículo e da mercadoria, a multa de

R$ 1,83 (um real e oitenta e três centavos) a R$ 3,66 (três reais e sessenta e seis centavos), por

passageiro ou tripulante conduzido pelo veículo que efetuar a operação proibida, no caso do

inciso III do art. 617 (Decreto lei no 37, de 1966, art. 104, parágrafo único, alínea "b").

DA REDUÇÃO DAS MULTAS

Art. 649. Será concedida a redução de cinqüenta por cento da multa de lançamento de ofício,

ao contribuinte que, notificado, efetuar o pagamento integral do débito no prazo legal de

impugnação (Lei no 8.218, de 1991, art. 6o, e Lei no 9.430, de 1996, art. 44, § 3o).

Parágrafo único. Se houver impugnação tempestiva, a redução será de trinta por cento se o

pagamento do débito for efetuado dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira

instância (Lei no 8.218, de 1991, art. 6o, parágrafo único, e Lei no 9.430, de 1996, art. 44, §

3o).

Art. 650. Será concedida redução de quarenta por cento da multa de lançamento de ofício ao

contribuinte que, notificado, requerer o parcelamento do débito no prazo legal de impugnação

(Lei no 8.383, de 1991, art. 60, e Lei no 9.430, de 1996, art. 44, § 3o).

§ 1o Havendo impugnação tempestiva, a redução será de vinte por cento, se o parcelamento

for requerido dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (Lei no 8.383, de

1991, art. 60, § 1o, e Lei no 9.430, de 1996, art. 44, § 3o).

§ 2o A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam,

implicará restabelecimento do montante da multa proporcionalmente ao valor da receita não

satisfeito (Lei no 8.383, de 1991, art. 60, § 2o).

Art. 651. A redução de que trata este Capítulo não se aplica aos seguintes casos:

I - previsão de não-redução expressa em lei;

225

II - conversão da pena de perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria;

III - relevação da pena de perdimento mediante aplicação de multa; e

IV - lançamento de ofício da multa de mora.

DAS INFRAÇÕES PRATICADAS PELOS ÓRGÃOS

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 652. Constitui falta grave, praticada pelos chefes de órgãos da Administração Pública

direta ou indireta, promover importação ao desamparo de licença de importação ou

documento de efeito equivalente, quando exigível na forma da legislação em vigor (Decreto-

lei no 1.455, de 1976, art. 34).

§ 1o A apuração da irregularidade de que trata este artigo será efetuada mediante inquérito

determinado pela autoridade competente (Decreto-lei no 1.455, de 1976, art. 34, § 1o).

§ 2o O prosseguimento do despacho aduaneiro dos bens importados nas condições deste artigo

ficará condicionado à conclusão do inquérito a que se refere o § 1o (Decreto-lei no 1.455, de

1976, art. 34, § 2o).

Art. 653. Quando praticada por órgão da Administração Pública direta, a responsabilidade por

infração à legislação aduaneira recairá sobre o servidor que lhe deu causa, por ação ou por

omissão.

Parágrafo único. O Ministro de Estado da Fazenda determinará as providências a serem

adotadas pelas unidades aduaneiras na ocorrência de infrações na importação, que envolvam

órgãos da Administração Pública direta (Decreto-lei no 1.455, de 1976, art. 34, § 3o).

226

ANEXO 16

REGULAMENTO DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS/IPI

APROVADO PELO DECRETO 4544 DE 2002

DOS ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS

Vide Lei 9430 de 1996.

DAS PENALIDADES

Art. 473. As infrações serão punidas com as seguintes penas, aplicáveis separada ou cumulativamente, (Lei nº 4.502, de 1964, art. 66):

I - multa (Lei nº 4.502, de 1964, art. 66, inciso I);

II - perdimento da mercadoria (Lei nº 4.502, de 1964, art. 66, inciso II); e

III - cassação de regimes ou controles especiais estabelecidos em benefício de contribuintes ou de outras pessoas obrigadas ao cumprimento dos dispositivos deste Regulamento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 66, inciso V).

Art. 474. Compete à autoridade administrativa, atendendo aos antecedentes do infrator, aos motivos determinantes da infração e à gravidade de suas conseqüências efetivas ou potenciais (Lei nº 4.502, de 1964, art. 67):

I - determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator (Lei nº 4.502, de 1964, art. 67, inciso I); e

II - fixar, dentro dos limites legais, a quantidade da pena aplicável (Lei nº 4.502, de 1964, art. 67, inciso II).

Art. 475. A autoridade fixará a pena de multa partindo da pena básica estabelecida para a infração, como se atenuantes houvesse, só a majorando em razão das circunstâncias agravantes ou qualificativas, provadas no respectivo processo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª).

Art. 476. São circunstâncias agravantes (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, § 1º, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª);

I - a reincidência específica (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, § 1º, inciso I, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª);

II - o fato de o imposto, não destacado, ou destacado em valor inferior ao devido, referir-se a produto cuja tributação e classificação fiscal já tenham sido objeto de solução em consulta formulada pelo infrator (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, § 1º, inciso II, Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 48 a 50);

227

III - a inobservância de instruções dos AFRF sobre a obrigação violada, anotadas nos livros e documentos fiscais do sujeito passivo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, § 1º, inciso III, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª);

IV - qualquer circunstância, não compreendida no art. 477, que demonstre artifício doloso na prática da infração (Lei nº 4.502, de 1964, art. 69, § 1º, inciso IV, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª); e

V - qualquer circunstância que importe em agravar as conseqüências da infração ou em retardar o seu conhecimento pela autoridade fazendária (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, § 1º, inciso IV, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª).

Art. 477. São circunstâncias qualificativas a sonegação, a fraude e o conluio (Lei nº 4.502, de 1964, art. 68, § 2º, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 18ª).

Majoração da Pena

Art. 478. A majoração da pena obedecerá aos seguintes critérios:

I - nas infrações não-qualificadas (Lei nº 4.502, de 1964, art. 69, inciso I, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 19ª):

a) ocorrendo apenas uma circunstância agravante, exceto a reincidência específica, a pena básica será aumentada de cinqüenta por cento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 69, inciso I, alínea a, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 19ª); ou

b) ocorrendo a reincidência específica, ou mais de uma circunstância agravante, a pena básica será aumentada de cem por cento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 69, inciso I, alínea b, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 19ª); e

II - nas infrações qualificadas, ocorrendo reincidência específica ou mais de uma circunstância qualificativa, a pena básica será majorada de cem por cento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 69, inciso II, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 19ª).

§ 1º No caso de multa proporcional ao valor do imposto ou do produto, a majoração incidirá apenas sobre a parte do valor do imposto ou do produto, em relação à qual houver sido verificada a ocorrência de circunstância agravante ou qualificativa na prática da respectiva infração.

§ 2º Na hipótese do § 1º, o valor da pena aplicável será o resultado da soma da parcela majorada e da não alcançada pela majoração.

Art. 479. Caracteriza reincidência específica a prática de nova infração de um mesmo dispositivo, ou de disposição idêntica, da legislação do imposto, ou de normas contidas num mesmo Capítulo deste Regulamento, por uma mesma pessoa ou pelo sucessor referido no art. 132, e parágrafo único, da Lei nº 5.172, de 1966, dentro de cinco anos da data em que houver passado em julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior (Lei nº 4.502, de 1964, art. 70).

228

Art. 480. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária (Lei nº 4.502, de 1964, art. 71):

I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais (Lei nº 4.502, de 1964, art. 71, inciso I); e

II - das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente (Lei nº 4.502, de 1964, art. 71, inciso II).

Art. 481. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 72).

Art. 482. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas, naturais ou jurídicas, visando a qualquer dos efeitos referidos nos arts. 480 e 481 (Lei nº 4.502, de 1964, art. 73).

Art. 483. Apurando-se, num mesmo processo, a prática de mais de uma infração por uma mesma pessoa, natural ou jurídica, aplicar-se-ão cumulativamente as penas a elas cominadas (Lei nº 4.502, de 1964, art. 74).

Parágrafo único. As faltas cometidas na emissão de um mesmo documento ou na feitura de um mesmo lançamento serão consideradas uma única infração, sujeita à penalidade mais grave, dentre as previstas para elas.

Art. 484. As infrações continuadas, punidas de conformidade com os arts. 508 e 509, estão sujeitas a uma pena única, com o aumento de dez por cento para cada repetição da falta, não podendo o valor total exceder o dobro da pena básica (Lei nº 4.502, de 1964, art. 74 e § 1º, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 20ª).

§ 1º Se tiverem sido lavrados mais de um auto ou notificação de lançamento, serão eles reunidos em um só processo, para imposição da pena (Lei nº 4.502, de 1964, art. 74, § 3º).

§ 2º Não se considera infração continuada a repetição de falta já arrolada em processo fiscal de cuja instauração o infrator tenha sido intimado (Lei nº 4.502, de 1964, art. 74, § 4º).

Responsabilidade de mais de uma Pessoa

Art. 485. Se no processo se apurar a responsabilidade de mais de uma pessoa, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido (Lei nº 4.502, de 1964, art. 75).

Inaplicabilidade da Pena

Art. 486. Não serão aplicadas penalidades:

I - aos que, antes de qualquer procedimento fiscal, anotarem, no livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência, modelo 6, e comunicar ao órgão de

229

jurisdição qualquer irregularidade ou falta praticada, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 469, 470, 472, parágrafo único, inciso I, 490 e 513 (Lei nº 4.502, de 1964, art. 76, inciso I); e

II - aos que, enquanto prevalecer o entendimento, tiverem agido ou pago o imposto (Lei nº 4.502, de 1964, art. 76, inciso II):

a) de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado (Lei nº 4.502, de 1964, art. 76, inciso II, alínea a);

b) de acordo com interpretação fiscal constante de decisão, de primeira instância, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em instância única, em que for parte o interessado (Lei nº 4.502, de 1964, art. 76, inciso II, alínea b, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 48); ou

c) de acordo com interpretação fiscal constante de atos normativos expedidos pelas autoridades fazendárias competentes dentro das respectivas jurisdições territoriais (Lei nº 4.502, de 1964, art. 76, inciso II, alínea c).

Art. 487. A aplicação da pena e o seu cumprimento não dispensam, em caso algum, o pagamento do imposto devido, nem prejudicam a aplicação das penas cominadas, para o mesmo fato, pela legislação criminal (Lei nº 4.502, de 1964, art. 77).

Das Multas

Lançamento de Ofício

Art. 488. A falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal, a falta de recolhimento do imposto destacado ou o recolhimento, após vencido o prazo, sem o acréscimo de multa moratória, sujeitará o contribuinte às seguintes multas de ofício (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45):

I - setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido, ou que houver sido recolhido após o vencimento do prazo sem o acréscimo de multa moratória (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, inciso I, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45); ouII - cento e cinqüenta por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido, quando se tratar de infração qualificada (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, inciso II, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45).

§ 1º Incorrerão ainda nas penas previstas nos incisos I ou II do caput, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º):

I - os fabricantes de produtos isentos que não emitirem, ou emitirem de forma irregular, as notas fiscais a que são obrigados (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso I);

II - os que transportarem produtos tributados ou isentos, desacompanhados da documentação comprobatória de sua procedência (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso III);

III - os que possuírem, nas condições do inciso II, produtos tributados ou isentos, para venda ou industrialização (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso IV); e

230

IV - os que destacarem indevidamente o imposto na nota fiscal, ou o destacarem com excesso sobre o valor resultante do seu cálculo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso V).

§ 2º No caso dos incisos I a III do § 1º, quando o produto for isento ou a sua saída do estabelecimento não obrigar a destaque do imposto, as multas serão calculadas com base no valor do imposto que, de acordo com as regras de classificação e de cálculo estabelecidas neste Regulamento, incidiria sobre o produto ou a operação, se tributados fossem (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 2º).

§ 3º No caso do inciso IV do mesmo § 1º, a multa terá por base de cálculo o valor do imposto indevidamente destacado, e não será aplicada se o responsável, já tendo recolhido, antes de procedimento fiscal, a importância irregularmente destacada, provar que a infração decorreu de erro escusável, a juízo da autoridade julgadora (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 3º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 165).

§ 4º As multas deste artigo aplicam-se, ainda, aos casos equiparados por este Regulamento à falta de destaque ou de recolhimento do imposto, desde que para o fato não seja cominada penalidade específica (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 4º).

§ 5º A falta de identificação do contribuinte ou responsável não exclui a aplicação das multas previstas neste artigo e parágrafos, cuja cobrança, juntamente com a do imposto que for devido, será efetivada pela alienação da mercadoria a que se referir a infração, aplicando-se, ao processo respectivo, o disposto no § 4º do art. 513 (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 5º).

§ 6º As multas deste artigo aplicam-se, também, aos que derem causa a ressarcimento indevido de crédito de imposto (Lei nº 9.430, de 1996, arts. 44 a 46, e Lei nº 9.779, de 1999, art. 11).

§ 7º As multas a que se referem os incisos I e II do caput passam a ser de cento e doze e meio por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, se o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos e serão exigidas (Lei nº 9.430, de 1996, art. 46):

I - juntamente com o imposto, quando este não houver sido destacado nem recolhido; ou

II - isoladamente, nos demais casos.

Art. 489. As infrações cometidas pelo contribuinte do imposto durante o período em que estiver submetido a regime especial de fiscalização, de que trata o art. 464, serão punidas com a multa prevista no inciso II do caput do art. 488 independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis (Lei nº 9.430, de 1996, arts. 33, § 5º, e 44, inciso II).

Art. 490. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe for atribuído na nota fiscal, respectivamente (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, e Decreto-lei nº 400, de 1968, art. 1º, alteração 2ª):

I - os que entregarem a consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que

231

tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação no SISCOMEX, salvo se estiver dispensado do registro, ou desacompanhado de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso I, e Decreto-lei nº 400, de 1968, art. 1º, alteração 2ª); e

II - os que emitirem, fora dos casos permitidos neste Regulamento, nota fiscal que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem essa nota para qualquer efeito, haja ou não destaque do imposto e ainda que a nota se refira a produto isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso II, e Decreto-lei nº 400, de 1968, art. 1º, alteração 2ª).

§ 1º No caso do inciso I, a imposição da pena não prejudica a que é aplicável ao comprador ou recebedor do produto, e, no caso do inciso II, independe da que é cabível pela falta ou insuficiência de recolhimento do imposto em razão da utilização da nota (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, § 1º).

§ 2º A multa a que se refere o inciso I deste artigo aplica-se apenas às hipóteses de produtos de procedência estrangeira introduzidos clandestinamente no País ou importados irregular ou fraudulentamente.

Art. 491. Incorrerá na multa de cinqüenta por cento do valor comercial da mercadoria o transportador que conduzir produto de procedência estrangeira que saiba, ou deva presumir pelas circunstâncias do caso, ter sido introduzido clandestinamente no País, ou importado irregular ou fraudulentamente (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, § 2º).

Art. 492. A inobservância das prescrições do art. 266 e de seus § 1º e §3º, pelos adquirentes e depositários de produtos mencionados no mesmo dispositivo, sujeitá-los-á às mesmas penas cominadas ao industrial ou remetente, pela falta apurada (Lei nº 4.502, de 1964, art. 82).

Art. 493. Aos que descumprirem as exigências de rotulagem ou marcação do art. 214 ou as instruções expedidas pelo Secretário da Receita Federal, na forma prevista no parágrafo único do mesmo artigo, será aplicada a multa de R$ 196,18 (cento e noventa e seis reais e dezoito centavos) (Decreto-lei 1.593, de 1977, art. 32, e Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 30).

Art. 494. Será exigido do proprietário do produto encontrado na situação irregular descrita nos arts. 277 e 284 o imposto que deixou de ser pago, aplicando-se-lhe, independentemente de outras sanções cabíveis, a multa de cento e cinqüenta por cento do seu valor ( Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45, inciso II).

Parágrafo único. Se o proprietário não for identificado, considera-se como tal, para os efeitos deste artigo, o possuidor, transportador ou qualquer outro detentor do produto (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 18, § 2º).

Art. 495. Poderão ser aplicadas, a cada período de apuração do imposto incidente sobre os produtos classificados nas posições 22.02 e 22.03 da TIPI, as seguintes multas (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 38, incisos I e II):

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I - de cinqüenta por cento do valor comercial da mercadoria produzida, não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais):

a) se, a partir do décimo dia subseqüente ao prazo fixado para a entrada em operação do sistema, os equipamentos referidos no art. 278 não tiverem sido instalados em razão de impedimento criado pelo contribuinte; e

b) se o contribuinte não cumprir qualquer das condições a que se refere o § 2º do art. 278; e

II - no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), na hipótese de descumprimento do disposto no art. 279.

Art. 496. Serão ainda aplicadas as seguintes penalidades, na ocorrência de infrações relativas aos produtos do código 2402.20.00 da TIPI (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art.19):

I - aos fabricantes que coletarem, para qualquer fim, carteiras vazias: multa de duas vezes o valor do imposto sobre os cigarros correspondentes às quantidades de carteiras coletadas, calculado de acordo com a marca do produto, não inferior a R$ 99,72 (noventa e nove reais e setenta e dois centavos) (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 19, inciso I, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30);

II - os importadores do produto que não declararem em cada unidade tributada, na forma estabelecida neste Regulamento, a sua firma e a situação do estabelecimento (localidade, rua e número), o número de sua inscrição no CNPJ e outras indicações necessárias à identificação do produto: multa igual a cinqüenta por cento do valor comercial das unidades apreendidas, não inferior a R$ 196,18 (cento e noventa e seis reais e dezoito centavos) (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 19, inciso IV, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30);

III - aos que expuserem à venda o produto sem as indicações do inciso II, multa igual a cinqüenta por cento do valor das unidades apreendidas, não inferior a R$ 196,18 (cento e noventa e seis reais e dezoito centavos) independentemente da pena de perdimento destas (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 19, inciso V, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30);

IV - aos que derem saída ao produto sem o seu enquadramento na classe de preço de venda no varejo: multa de R$ 0,11 (onze centavos de real) por unidade tributada saída do estabelecimento (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 19, inciso VII, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30);

V - aos que derem saída a marca nova de cigarros sem prévia comunicação, ao Secretário da Receita Federal, de sua classe de preço de venda no varejo: multa de R$ 0,11 (onze centavos de real) por unidade tributada saída do estabelecimento (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 19, inciso IX, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30);

VI - O descumprimento do disposto no § 2º do art. 268 ensejará a aplicação de multa, não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), correspondente a cem por cento do valor comercial da mercadoria produzida no período de inoperância, sem prejuízo da aplicação das demais sanções fiscais e penais cabíveis (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 1-A, § 2º, e Lei nº 9.822, de 1999, art. 2º); e

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VII - A falta de comunicação de que trata o § 3o do art. 268 ensejará a aplicação de multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sem prejuízo do disposto no inciso VI (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 1-A, § 3º, e Lei nº 9.822, de 1999, art. 2º).

Art. 497. Apuradas operações com cigarros, tabaco em folha ou papel para cigarros, em bobinas, praticadas em desacordo com as exigências referidas neste Regulamento ou nos demais atos administrativos destinados a complementá-lo, aplicar-se-ão aos infratores as seguintes penalidades (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 15):

I - aos que derem saída ao produto sem estar previamente registrados, quando obrigados a isto, conforme o art. 267, ou aos que desatenderem o disposto no art. 300, ou, ainda, aos que derem saída a papel para cigarros em bobinas para estabelecimentos não autorizados a adquiri-lo: multa igual ao valor comercial da mercadoria (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 15, inciso I);

II - aos que, nas condições do inciso I, adquirirem e tiverem em seu poder tabaco em folha ou papel para cigarros em bobinas: multa igual ao valor comercial da mercadoria (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 15, inciso II);

III - aos que receberem ou tiverem em seu poder matérias-primas, produtos intermediários ou material de embalagem para a fabricação de cigarros para terceiros: multa igual ao valor comercial da mercadoria (Decreto-lei nº 1.593, de 1997, art.15, inciso II , e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 53, parágrafo único)

IV - aos que, embora registrados, deixarem de marcar o produto ou a sua embalagem na forma prevista no art. 282 ou nas instruções expedidas pelo Ministro da Fazenda de acordo com o art. 297, multa igual ao valor comercial da mercadoria, e quando se tratar de cigarros, de R$ 0,11 (onze centavos de real) por unidade tributada (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 15, inciso III, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

Art. 498. Apurada, em estabelecimento industrial de charutos, cigarros, cigarrilhas ou de fumo desfiado, picado, migado, em pó, ou em rolo e em corda, a falta da escrituração, nos assentamentos próprios, da aquisição do tabaco em folha ou do papel para cigarros em bobinas, aplicar-se-á ao estabelecimento infrator a multa igual a vinte por cento do valor comercial das quantidades não escrituradas (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 16).

Art. 499. Aplicam-se as seguintes penalidades, em relação ao selo de controle de que trata o art. 223, na ocorrência das infrações abaixo (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52):

I - venda ou exposição à venda de produtos sem o selo ou com o emprego do selo já utilizado: multa igual ao valor comercial do produto, não inferior a R$ 1.000,00 (um mil reais) (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso I, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52);

II - emprego ou posse do selo legítimo não adquirido diretamente da repartição fornecedora: multa de R$ 1,00 (um real) por unidade, não inferior a R$ 1.000,00 (um mil reais) (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso II, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52);

III - emprego do selo destinado a produto nacional, quando se tratar de produto estrangeiro, e vice-versa; emprego de selo destinado a produto diverso; emprego de selo não utilizado ou

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marcado como previsto em ato da SRF; emprego de selo que não estiver em circulação: consideram-se os produtos como não selados, equiparando-se a infração à falta de pagamento do imposto, que será exigível, além da multa igual a setenta e cinco por cento do valor do imposto exigido (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso III, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52);

IV - fabricação, venda, compra, cessão, utilização, ou posse, soltos ou aplicados, de selos de controle falsos: independentemente de sanção penal cabível, multa de R$ 5,00 (cinco reais) por unidade, não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), além da apreensão dos selos não utilizados e da aplicação da pena de perdimento dos produtos em que tenham sido utilizados os selos (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso IV, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52 ); e

V – transporte de produto sem o selo ou com emprego de selo já utilizado: multa igual a cinqüenta por cento do valor comercial do produto, não inferior a R$ 1.000,00 (um mil reais) (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso V, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52).

§ 1º Aplicar-se-á a mesma pena cominada no inciso II àqueles que fornecerem a outro estabelecimento, da mesma pessoa jurídica ou de terceiros, selos de controle legítimos adquiridos diretamente da repartição fornecedora (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, § 1º, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52).

§ 2º Aplicar-se-á ainda a pena de perdimento aos produtos do código 2402.20.00 da TIPI (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, § 2º, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52):

I – na hipótese de que tratam os incisos I e V do caput; e

II – encontrados no estabelecimento industrial, acondicionados em embalagem destinada a comercialização, sem o selo de controle.

§ 3º Para fins de aplicação das penalidades previstas neste artigo, havendo a constatação de produtos com selos de controle em desacordo com as normas estabelecidas pela SRF, considerar-se-á irregular a totalidade do lote identificado onde os mesmos foram encontrados (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, § 3º, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52).

Art. 500. Sujeita-se às penalidades previstas na legislação, aplicáveis às hipóteses de uso indevido de selos de controle, o importador que não efetivar a importação no prazo estabelecido no art. 290 (Lei nº 9.532, de 1997, art. 51).

Parágrafo único. As penalidades de que trata este artigo serão calculadas sobre a quantidade de selos adquiridos que não houver sido utilizada na importação, se ocorrer importação parcial (Lei nº 9.532, de 1997, art. 51, parágrafo único).

Art. 501. Será aplicada ao estabelecimento beneficiador a multa igual a cinqüenta por cento do valor comercial da quantidade, no caso de falta ou excesso do tabaco em folha, apurados à vista dos livros e documentos fiscais do estabelecimento beneficiador (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 17, e parágrafo único).

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Art. 502. Estarão sujeitos à multa de cinco vezes a pena prevista no art. 508 aqueles que simularem, viciarem ou falsificarem documentos ou a escrituração de seus livros fiscais ou comerciais, ou utilizarem documentos falsos para iludir a fiscalização ou fugir ao pagamento do imposto, se não couber outra multa maior por falta de lançamento ou pagamento do imposto (Lei nº 4.502, de 1964, art. 85, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 25ª).

Art. 503. Na mesma pena do art. 502 incorrerá quem, por qualquer meio ou forma, desacatar os AFRF ou embaraçar, dificultar ou impedir a sua atividade fiscalizadora, sem prejuízo de qualquer outra penalidade cabível por infração a este Regulamento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 85, parágrafo único, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 25ª).

Art. 504. A inobservância do disposto no art. 318 acarretará a imposição das seguintes penalidades (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72):

I - multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, inciso I);

II - multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, inciso II, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72) ; e

III - multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, inciso III, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72).

Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o ano-calendário em que as operações foram realizadas (Lei nº 8.218, de 1991, art. 12, e Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 72).

Art. 505. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 212 acarretará a aplicação da multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por mês-calendário, aos contribuintes que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 57).

Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante Pelo SIMPLES, a multa de que trata o caput será reduzida em setenta por cento (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art.57, parágrafo único).

Art. 506. O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitar-se-á às seguintes multas ( Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, art. 7º ):

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I - de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, inciso I) ;

II - de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF ou na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, inciso II); e

III – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, inciso III).

§ 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I e II do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não-apresentação, da lavratura do auto de infração (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 1º).

§ 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 2º):

I - à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício ( Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 2º, inciso I) ; e

II - a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 2º, inciso II).

§ 3º A multa mínima a ser aplicada será de (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 3º):

I- R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei nº 9.317, de 1996 (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 3º, inciso I); e

II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 3º,inciso II).

§ 4º Considerar-se-á não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela SRF (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 4º).

§ 5º Na hipótese do § 4º , o sujeito passivo será intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias, contado da ciência da intimação, e sujeitar-se-á à multa prevista no inciso I do caput, observado o disposto nos § 1º a § 3º (Lei nº 10.426, de 2002, art. 7º, § 5º).

Art. 507. Serão punidos com a multa de R$ 31,65 (trinta e um reais e sessenta e cinco centavos), aplicável a cada falta, os contribuintes que deixarem de apresentar, no prazo estabelecido, o documento de prestação de informações a que se refere o art. 368 (Decreto-lei nº 1.680, de 1979, art. 4º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

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Parágrafo único. As disposições do caput aplicam-se exclusivamente aos contribuintes do imposto não sujeitos ao disposto no art. 506.

Art. 508. As infrações para as quais não se estabeleçam, neste Regulamento, penas proporcionais ao valor do imposto ou do produto, pena de perdimento da mercadoria ou outra específica, serão punidas com a multa básica de R$ 21,90 (vinte e um reais e noventa centavos) (Lei nº 4.502, de 1964, art. 84, Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 24ª, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30).

Art. 509. A inobservância de normas prescritas em atos administrativos de caráter normativo será punida com a multa estabelecida no art. 508, se outra maior não estiver prevista neste Regulamento.

Art. 510. Em nenhum caso a multa aplicada poderá ser inferior à prevista nos arts. 508 e 509 (Lei nº 4.502, de 1964, art. 86, e Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 25ª).

Instituições Financeiras

Art. 511. A falta de apresentação dos elementos a que se refere o art. 438, ou sua apresentação de forma inexata ou incompleta, sujeita a pessoa jurídica à multa equivalente a dois por cento do valor das operações objeto da requisição, apurado por meio de procedimento fiscal junto à própria pessoa jurídica ou ao titular da conta de depósito ou da aplicação financeira, bem assim a terceiros, por mês-calendário ou fração de atraso, limitado a dez por cento, observado o valor mínimo de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) (Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 34).

§ 1º A multa de que trata este artigo será (Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 34, parágrafo único):

I - apurada considerando o período compreendido entre o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração até a data da efetiva entrega; e

II - majorada em cem por cento, na hipótese de lavratura de auto de infração.

§ 2º Na hipótese de lavratura de auto de infração, caso a pessoa jurídica não apresente a declaração, serão lavrados autos de infração complementares até a sua efetiva entrega (Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 34, parágrafo único).

Art. 512. As multas de lançamento de ofício serão reduzidas:

I - de cinqüenta por cento, quando o débito for pago no prazo previsto para a apresentação de impugnação (Lei nº 8.218, de 1991, art. 6º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 46, § 2º);

II - de trinta por cento, quando, proferida a decisão de primeira instância, e tendo havido impugnação tempestiva, o pagamento do débito for efetuado dentro de trinta dias da ciência daquela decisão (Lei nº 8.218, de 1991, art. 6º, parágrafo único, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 46, § 2º);

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III - de quarenta por cento, quando o sujeito passivo requerer o parcelamento do débito no prazo legal de impugnação (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 46, § 2º); ou

IV - de vinte por cento, quando, havendo impugnação tempestiva, o parcelamento do débito for requerido dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, § 1º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 46, § 2º).

Parágrafo único. A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam, implicará restabelecimento do montante da multa proporcionalmente ao valor da receita não satisfeito (Lei nº 8.383, de 1991, art. 60, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 46, § 2º).

Do Perdimento da Mercadoria

Art. 513. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerá na pena de perdimento o proprietário de produtos de procedência estrangeira, encontrados fora da zona aduaneira, em qualquer situação ou lugar, nos seguintes casos (Lei nº 4.502, de 1964, art. 87):

I - quando o produto, sujeito ou não ao imposto, tiver sido introduzido clandestinamente no País, ou importado irregular ou fraudulentamente (Lei nº 4.502, de 1964, art. 87, inciso I); ou

II - em relação a produto sujeito ao imposto, quando não houver sido registrada a declaração de importação no SISCOMEX, salvo se estiver dispensado do registro, ou quando estiver desacompanhado da Guia de Licitação, se em poder do estabelecimento importador ou licitante, ou de nota fiscal, se em poder de outros estabelecimentos ou pessoas, ou, ainda, quando estiver acompanhado de nota fiscal falsa (Lei nº 4.502, de 1964, art. 87, inciso II).

§ 1º Se o proprietário não for conhecido ou identificado, considerar-se-á como tal o possuidor ou detentor da mercadoria (Lei nº 4.502, de 1964, art. 87, § 1º).

§ 2º O fato de não serem conhecidas ou identificadas as pessoas a que se referem este artigo e seu § 1º não obsta a aplicação da penalidade, considerando-se a mercadoria, no caso, como abandonada (Lei nº 4.502, de 1964, art. 87, § 2º).

§ 3º A aplicação da penalidade independe de ser, ou não, o proprietário da mercadoria, contribuinte do imposto.

§ 4º Na hipótese do § 2º, em qualquer tempo, antes de ocorrida a prescrição, o processo poderá ser reaberto, exclusivamente para apuração da autoria, vedada a discussão de qualquer outra matéria ou a alteração do julgado, quanto à infração, à prova de sua existência, à penalidade aplicada e aos fundamentos jurídicos da condenação (Lei nº 4.502, de 1964, art. 87, § 3º).

§ 5º A falta de nota fiscal será suprida:

I - no caso de mercadoria usada, adquirida de particular, por unidade, para venda a varejo no estabelecimento adquirente, pelo recibo do vendedor em que se consignem os elementos de identificação pessoal deste (nome, endereço, profissão, documento de identidade e C.P.F.) e

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se especifique a mercadoria, acompanhada de declaração de responsabilidade, assinada pelo mesmo vendedor, sobre a entrada legal no País; ou

II - no caso de produto trazido do exterior como bagagem, em cujo desembaraço tenha sido pago o imposto, pelos documentos comprobatórios da entrada do produto no País e do pagamento do tributo devido por ocasião do respectivo desembaraço.

§ 6º As infrações mencionadas no art. 284, combinado com o inciso I deste artigo, e no inciso III do art. 496, serão apuradas em conformidade com o disposto no Decreto-lei nº 1.455, de 1976.

Art. 514. Sujeitar-se-ão também à pena de perdimento da mercadoria:

I - os que expuserem à venda os produtos do código 2402.20.00 da TIPI, e não declararem, em cada unidade tributada, na forma prevista neste Regulamento, a sua firma e a situação do estabelecimento (localidade, rua e número), o número de sua inscrição no CNPJ e outras indicações necessárias à identificação do produto, independentemente da multa do inciso III do art. 496 (Decreto-lei 1.593, de 1977, art. 19, inciso V);

II - os importadores de produtos do código 2402.20.00 da TIPI, que desatenderem qualquer das condições do inciso I do art. 291 (Lei nº 9.532, de 1997, art. 50, parágrafo único);

III - os vendedores ambulantes e os estabelecimentos que possuírem ou conservarem produtos das posições 71.02 a 71.04, 71.06 a 71.11, 71.13 a 71.16, 91.01 e 91.02 da TIPI, cuja origem não for comprovada, ou quando os que os possuírem ou conservarem não estiverem inscritos no CNPJ (Decreto-lei nº 34, de 1966, art. 22, parágrafo único); e

IV - os que aplicarem selos de controle falsos, incidindo a pena sobre os produtos em que os mesmos selos forem utilizados, independentemente da multa do inciso IV do art. 499 (Decreto-lei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso IV, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52).

Art. 515. A pena de perdimento, aplicada na hipótese a que se refere o art. 455, poderá ser convertida, a requerimento do importador, antes de ocorrida a destinação, em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria (Lei nº 9.779, de 1999, art.19).

Parágrafo único. A entrega da mercadoria ao importador, em conformidade com o disposto neste artigo, fica condicionada à comprovação do pagamento da multa e ao atendimento das normas de controle administrativo (Lei nº 9.779, de 1999, art.19, parágrafo único).

Outras Multas

Art. 516. O estabelecimento destinatário da nota fiscal emitida em desacordo com o disposto no art. 357, que receber, registrar ou utilizar, em proveito próprio ou alheio, ficará sujeito à multa igual ao valor da mercadoria constante do mencionado documento, sem prejuízo da obrigatoriedade de recolher o valor do imposto indevidamente aproveitado (Lei nº 9.493, de 1997, art. 7º).

Da Cassação de Regimes ou Controles Especiais

240

Art. 517. Os regimes ou controles especiais de pagamento do imposto, de uso de documentos ou de escrituração, de rotulagem ou marcação dos produtos ou quaisquer outros, quando estabelecidos em benefício dos contribuintes ou outras pessoas obrigadas ao cumprimento de dispositivos deste Regulamento, serão cassados se os beneficiários procederem de modo fraudulento, no gozo das respectivas concessões (Lei nº 4.502, de 1964, art. 90).

§ 1º É competente para determinar a cassação a mesma autoridade que o for para a concessão (Lei nº 4.502, de 1964, art. 90, parágrafo único).

§ 2º Do ato que determinar a cassação caberá recurso para a autoridade superior.

241

ANEXO 17

LEI No 4.502, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964.

Dispõe Sôbre o Impôsto de Consumo e reorganiza a Diretoria de Rendas Internas

Do Impôsto

CAPÍTULO I

Da Incidência

Art . 1º O Impôsto de Consumo incide sôbre os produtos industrializados compreendidos na Tabela anexa.

Art. 2º Constitui fato gerador do impôsto:

I - quanto aos produtos de procedência estrangeira o respectivo desembaraço aduaneiro;

II - quanto aos de produção nacional, a saída do respectivo estabelecimento produtor.

§ 1º Quando a industrialização se der no próprio local de consumo ou de utilização do produto, fora de estabelecimento produtor, o fato gerador considerar-se-á ocorrido no momento em que ficar concluída a operação industrial.

§ 2º O impôsto é devido sejam quais forem as finalidades a que se destine o produto ou o título jurídico a que se faça a importação ou de que decorra a saída do estabelecimento produtor.

§ 3o Para efeito do disposto no inciso I, considerar-se-á ocorrido o respectivo desembaraço aduaneiro da mercadoria que constar como tendo sido importada e cujo extravio ou avaria venham a ser apurados pela autoridade fiscal, inclusive na hipótese de mercadoria

sob regime suspensivo de tributação. (Incluído pela Lei nº 10.833, de 29 12 2003) (Vide Medida Provisória nº 320, 2006) Sem efeito.

Art . 3º Considera-se estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto.

Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considera-se industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo:

I - o consêrto de máquinas, aparelhos e objetos pertencentes a terceiros;

Il - o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto;

III - O preparo de medicamentos oficinais ou magistrais, manipulados em farmácias, para venda no varejo, diretamente e consumidor, assim como a montagem de óculos, mediante receita médica. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 1.199, de 1971)

242

IV - a mistura de tintas entre si, ou com concentrados de pigmentos, sob encomenda do consumidor ou usuário, realizada em estabelecimento varejista, efetuada por máquina automática ou manual, desde que fabricante e varejista não sejam empresas interdependentes, controladora, controlada ou coligadas. (Incluído pela Lei nº 9.493, de 1997)

Art . 4º Equiparam-se a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei:

I - os importadores e os arrematantes de produtos de procedência estrangeira;

II - as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comércio de produtos importados, industrializados ou mandados industrializar por outro estabelecimento do mesmo contribuinte; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

III - os que enviarem a estabelecimento de terceiro, matéria-prima, produto intermediário, moldes, matrizes ou modelos destinados à industrialização de produtos de seu comércio.

IV - os que efetuem vendas por atacado de matérias-primas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

V - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)

§ 1º O regulamento conceituará para efeitos fiscais, operações de venda e bens compreendidos no inciso IV dêste artigo. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 2º Excluem-se do disposto no inciso II os estabelecimentos que operem exclusivamente na venda a varejo. (Renumerado pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art. 5º Para os feitos do artigo 2º: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.133, de 1970)

I - considera-se saído do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial o produto: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.133, de 1970)

a) que fôr vendido por intermédio de ambulantes, armazéns gerais ou outros depositários; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.133, de 1970)

b) que, antes de entrar em estabelecimento do importador ou do arrematante de produtos de procedências estrangeira, seja, por êstes, remetido a terceiros, (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.133, de 1970)

c) que fôr remetido a estabelecimento diferente daquele que o tenha mandado industrializar pôr encomenda sem que o mesmo produto haja entrado no estabelecimento encomendante; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.133, de 1970)

d) que permanecer no estabelecimento decorridos 3 (três) dias da data da emissão da respectiva "nota fiscal. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.133, de 1970)

e) objeto de operação de venda, que for consumido ou utilizado dentro do estabelecimento industrial. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)

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II - não se considera saída do estabelecimento produtor:

a) a remessa de matéras-primas ou produtos intermediários para serem industrializados em estabelecimentos do mesmo contribuinte ou de terceiros, desde que o produto resultante tenha que retornar ao estabelecimento de origem;

b) o retôrno do produto industrializado ao estabelecimento de origem, na forma da alínea anterior, se o remetente não tiver utilizado, na respectiva industrialização, outras matérias-primas ou produtos intermediários por êle adquiridos ou produzidos, e desde que o produto industrializado se destine a comércio, a nova industrialização ou a emprêgo no acondicionamento de outros.

CAPÍTULO II

Das isenções

Art . 6º (Sumprimido pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art . 7º São também isentos:

I - os produtos exportados para o exterior, na forma das instruções baixadas pelo Ministério da Fazenda;

II - produtos industrializados pelas entidades a que se refere a artigo 31, inciso V letra b da Constituição Federal, quando exclusivamente para uso próprio ou para distribuição gratuita a seus assistidos tendo em vista suas finalidades, e desde que obtida declaração de isenção exigida no artigo 2º da Lei nº 3.193, de 4 de julho de 1957;

III - os produtos industrializados por estabelecimentos públicos e autárquicos federais, estaduais ou municipais, quando não se destinarem ao comércio;

IV - os produtos industrializados pelos estabelecimentos particulares de ensino, quando para fornecimento gratuito aos alunos;

V - as amostras de diminuto ou de nenhum valor comercial, assim considerados os fragmentos ou parte de qualquer mercadoria, em quantidade estritamente necessária para dar a conhecer sua natureza espécie e qualidade, para distribuição gratuita, desde que tragam, em caracteres bem visíveis, declaração neste sentido;

VI - as amostras dos tecidos de qualquer largura até 0,45m de comprimento para os tecidos de algodão estampado e 0,30m para os demais, desde que contenham impressa ou a carimbo a indicação "sem valor comercial" da qual ficam dispensadas aquelas até 0,25m e 0,15m;

VII - os pés isolados de calçados, quando conduzidos por viajantes dos respectivos estabelecimentos, como mostruários, desde que contenham, gravada no solado, a declaração "amostra para viajante";

VIII - as obras de escultura, quando vendidas por seus autores;

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lX - (Sumprimido pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

X e XI (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)

XII - o papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos, livros e músicas;

XIII e XIV (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)

XV - os caixões funerários;

XVI - os produtos de origem mineral, inclusive os que tiverem sofrido beneficiamento para eliminação de impurezas, através de processos químicos, desde que sujeitos ao impôsto único;

XVII - as preparações que constituem típicos inseticidas, carrapaticidas, herbicidas e semelhantes, segundo lista organizada pelo orgão competente do Ministério da Fazenda, ouvidos o Mnistério da Agricultura e outros órgãos técnicos;

XVIII - as embarcações de mais de 100 toneladas brutas de registro, excetuadas as de caráter esportivo e recreativo;

XIX - os barcos de pesca produzidos ou adquiridos pelas Colônias ou Cooperativas de Pescadores, para distribuição ou venda a seus associados;

Incisos XX a XXV foram revogados

XXVI - panelas e outros artefatos rústicos de uso doméstico fabricados de pedra ou de barro bruto, apenas umedecido e amassado, com ou sem vidramento de sal; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

XXVII - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)

XXVIII - chapéus, roupas e proteção, de couro, próprios para tropeiros; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

XXIX a XXXV, revogados.

XXXVI - material bélico, quando de uso privativo das Forças Armadas e vendido à União; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966) (Vide Lei nº 5.330, de 1967)

XXXVII - as aeronaves de uso militar, suas partes e peças, quando vendidas à União. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966) (Vide Lei nº 5.330, de 1967)

§ 1º No caso o inciso I, quando a exportação fôr efetuada diretamente pelo produtor, fica assegurado o ressarcimento, por compensação, do impôsto relativo às matérias-primas e produtos intermediários efetivamente utilizados na respectiva industrialização, ou por via de restituição, quando não for possível a recuperação pelo sistema de crédito.

245

§ 2º No caso do inciso XII, a cessão do papel só poderá ser feita a outro jornal, revista ou editora, mediante prévia autorização da repartição arrecadadora competente, respondendo o primeiro cedente por qualquer infração que se verificar com relação ao produto.

Art . 8º São ainda isentos do imposto, nos termos, limites e condições aplicáveis para efeito de isenção do imposto de importação, os produtos de procedência estrangeira:

I - importados pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e demais entidades que gozam de isenção tributária na forma da Constituição;

II - importados por missões diplomáticas e representações, no país de organismos internacionais de que o Brasil seja membro;

III - que constituírem a bagagem de passageiros e imigrantes;

IV - importados pelas sociedades de economia mista, nos termos expressos das leis pertinentes;

V - que constituírem equipamentos destinados a investimentos essenciais ao processo de desenvolvimento econômico do país, especialmente das regiões menos desenvolvidas;

VI - importados sob o regime de draw - back .

Parágrafo único. No caso da bagagem referida no inciso III dêste artigo, será entregue ao passageiros ou integrante, como comprovante, uma via da "declaração de bagagem" devidamente visada pela repartição ou funcionário que efetuar o desembaraço".

Art . 9º Salvo disposição expressa de lei, as isenções do imposto se referem ao produto e não ao respectivo produtor ou adquirente.

§ 1º Se a imunidade, a isenção ou a suspensão for condicionada à destinação do produto, e a este for dado destino diverso, ficará o responsável pelo fato sujeito ao pagamento do imposto e da penalidade cabível, como se a imunidade, a isenção ou a suspensão não existissem.; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

§ 2º Salvo comprovado intuito de fraude, se a mudança da destinação se der após um ano da ocorrência do fato gerador que obrigaria ao pagamento do impôsto se inexistisse a isenção, poderá o tributo ser recolhido sem multa antes do fato modificador da destinação, não sendo devido se, da ocorrência do fato gerador da mudança de destinação, tiverem decorridos mais de três anos.

§ 3º As isenções concedidas pela legislação vigente a emprêsas a instituições, públicas ou privadas, se restringem aos produtos por elas diretamente produzidos ou importados, para seu próprio uso.

CAPÍTULO III

Da Classificação dos Produtos

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Art . 10. Na Tabela anexa, os produtos estão classificados em alíneas, capítulos, subcapítulos, posições e incisos.

§ 1º O código numérico e o texto relativo aos capítulos e posições correspondem aos usados pela nomenclatura aprovada pelo Conselho de Cooperação Aduaneira de Bruxelas.

§ 2º As Posições não reproduzidas na Tabela correspondem a produtos não sujeitos ao impôsto.

§ 3º Quando uma posição figurar na Tabela com redação diferente da usada pela Nomenclatura de Bruxelas, entende-se que o nôvo texto restringe o conteúdo da referida posição.

Art . 11. A classificação dos produtos nas alíneas, capítulos, subcapítulos, posições e incisos da Tabela far-se-á de conformidade com as seguintes regras:

1ª o texto dos títulos de cada alínea, capítulo ou subcapítulo tem apenas valor indicativo, sendo a classificação determinada legalmente pelos dizeres das posições e incisos pelas Notas de cada uma das alíneas, capítulos e, supletivamente, pelas regras que se seguem.

2ª A menção de uma matéria numa determinada posição da Tabela entende-se como a ela se referindo, quer esteja em estado puro, quer misturada ou associada a outras. A emenção de um produto, como sendo de determinada matéria, a êle diz respeito, mesmo que constituído apenas parcialmente dessa matéria. A classificação de um produto, quando misturado ou composto de mais de uma matéria, será efetuada de acôrdo com a regra seguinte.

3ª Quando, aplicada a regra 2ª ou em qualquer outro caso, o produto possa ser incluído em duas ou mais posições, sua classificação efetuar-se-á, sucessiva e excludentemente, na ordem seguinte:

a) na posição em que tiver descrição mais específica;

b) na posição da matéria ou artigo que lhe conferir caráter essencial, quando o produto fôr misturado, composto de diferentes matérias ou constituído pela reunião de diversos artigos;

c) na posição que dê lugar a aplicação da alíquota mais elevada.

4ª Quando uma Nota de uma alínea ou capítulo previr a exclusão de certos produtos, fazendo referência a outras alíneas ou capítulos ou a determinadas posições, a exclusão alcançará, salvo disposição em contrário, todos os produtos incluídos nessas alíneas, capítulos ou posições, mesmo que a enumeração seja incompleta.

§ 1º A parte ou peça sem classificação própria na Tabela e identificável como pertencente a determinado produto, seguirá o regime do todo.

§ 2º Os conjuntos ou estojos de objetos sortidos quando acondicionados em um mesmo envoltório ou embalagem para assim serem vendidos no varejo, serão classificados na posição do objeto sujeito à alíquota mais elevada.

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§ 3º O recipiente, envoltório ou embalagem que, pelo seu alto valor, esteja em desproporção com o do produto que acondiciona, determinará a classificação dêste, sempre que isso importe na aplicação de alíquota mais elevada.

Art . 12. As Notas Explícativas da Nomenclatura referida no § 1º do artigo 10, atualizada até junho de 1966, constituem elementos de informação para a correta interpretação das Notas e do texto das Posições constantes da Tabela Anexa. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

CAPÍTULO IV

Do Cálculo do Impôsto

Art . 13. O impôsto será calculado mediante aplicação das alíquotas constantes da Tabela anexa sôbre o valor tributável dos produtos na forma estabelecida neste Capítulo.

Art. 14. Salvo disposição em contrário, constitui valor tributável: (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)

I - quanto aos produtos de procedência estrangeira, para o cálculo efetuado na ocasião do despacho;

a) o preço da arrematação, no caso de produto vendido em leilão;

b) o valor que servir de base, ou que serviria se o produto tributado fôsse para o cálculo dos tributos aduaneiros, acrescido de valor dêste e dos ágios e sobretaxas cambiais pagos pelo importador;

II - quanto aos produtos nacionais, o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)

§ 1º. O valor da operação compreende o preço do produto, acrescido do valor do frete e das demais despesas acessórias, cobradas ou debitadas pelo contribuinte ao comprador ou destinatário. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)

§ 2º. Não podem ser deduzidos do valor da operação os descontos, diferenças ou abatimentos, concedidos a qualquer título, ainda que incondicionalmente. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)

§ 3º. Será também considerado como cobrado ou debitado pelo contribuinte, ao comprador ou destinatário, para efeitos do disposto no § 1º, o valor do frete, quando o transporte for realizado ou cobrado por firma coligada, controlada ou controladora (Lei nº. 6.404) ou interligada (Decreto-Lei nº. 1.950) do estabelecimento contribuinte ou por firma com a qual este tenha relação de interdependência, mesmo quando o frete seja subcontratado. (Incluído pela Lei nº 7.798, de 1989)

§ 4º. Será acrescido ao valor da operação o valora das matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem, nos casos de remessa de produtos industrializados por encomenda, desde que não se destinem a comércio, a emprego na industrialização ou no

248

acondicionamento de produtos tributados, quando esses insumos tenham sido fornecidos pelo próprio encomendante, salvo se se tratar de insumos usados. (Incluído pela Lei nº 7.798, de 1989)

Art . 15. o valor tributável não poderá ser inferior:

I - ao preço corrente no mercado atacadista da praça do remetente, quando o produto fôr remetido a outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica ou a estabelecimento de terceiro incluído no artigo 42 e seu parágrafo único; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

II - a 90% (noventa por cento) do preço de venda aos consumidores, não inferior ao previsto no inciso anterior, quando o produto for remetido a outro estabelecimento da mesma empresa, desde que o destinatário opere exclusivamente na venda a varejo.; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

III - ao custo do produto, acrescido das margens de lucro normal da empresa fabricante e do revendedor e, ainda, das demais parcelas que deverão ser adicionadas ao preço da operação, no caso de produtos saídos do estabelecimento industrial, ou do que lhe seja equiparado, com destino a comerciante autônomo, ambulante ou não, para venda direta a consumidor. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 1.593, de 1977)

§ 1º e § 2º revogados

Parágrafo único. Nas transferências de produtos para estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, situado em outra unidade da Federação, o valor definido no inciso I dêste artigo não excederá o preço de venda daqueles, diminuido de percentagem não superior a 25% (vinte e cinco por cento), fixada pelo regulamento e, ainda, das despesas de transporte e seguro. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.199, de 1971)

Art . 16. Se a saída do produto do estabelecimento produtor ou revendedor se der a título de locação ou decorrer de operação a título gratuito, assim considerada também aquela que, em virtude de não transferir a propriedade do produto, não importe em fixar-lhe o preço, o impôsto será calculado sôbre o valor tributável definido nos incisos I e II do artigo anterior, consideradas as hipóteses nêles previstas.

Art . 17. Ressalvada a avaliação contraditória na forma do art. 109, o fisco poderá arbitrar o valor tributável ou qualquer dos seus elementos nos têrmos dos arts 14 e 15 quando sejam omissos ou não mereçam fé os documentos expedidos pelas partes, ou, tratando-se de operação a título gratuito, quando inexistir ou fôr de difícil apuração o valor previsto no artigo anterior.

Art . 18. Aplica-se ao cálculo do impôsto devido pela saída dos produtos de precedência estrangeira dos estabelecimentos importadores ou arrematantes, o disposto nos arts. 14, inciso II, 15, 16 e 17.

CAPÍTULO V

Do Lançamento e do Pagamento do Impôsto

Do Lançamento

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Art . 19. O impôsto será lançado pelo próprio contribuinte:

I) na guia de recolhimento;

a) por ocasião do despacho de produtos de procedência estrangeira, nos casos de importação e de arrematação em Ieilão;

b) antes do pagamento, no caso do art. 81;

II - na nota fiscal:

a) por ocasião da saída do produto do respectivo estabelecimento produtor, ressalvadas as hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do inciso II, do art. 5º;

b) no momento de conclusão da operação industrial, na hipótese do § 1º do art. 2º, e por ocasião do consumo ou da utilização do produto, da exposição à venda ou da venda, respectivamente, nos casos das alíneas " a ", " b " e " c " do inciso I, do artigo, 5º.

Parágrafo único. Quando, em virtude de contrato escrito ocorrer reajustamento de preços, o impôsto correspondente ao acréscimo de valor será lançado em nota-fiscal dentro de (três) 3 dias da data em que o reajustamento se efetivar. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art . 20. O lançamento consistirá na descrição da operação que o originar e do produto a que se referir, na classificação fiscal dêste no cálculo do impôsto devido e no registro de seu valor, em parcela destacada, na guia ou na nota fiscal em que deva ser efetuado.

Parágrafo único. O lançamento é de exclusiva responsabilidade do contribuinte.

Art . 21. A autoridade administrativa efetuará de ofício o lançamento mediante a instauração do processo fiscal, quando o contribuinte não o fizer na época própria ou fizer em desacôrdo com as normas desta lei.

§ 1º O lançamento considerar-se-á efetuado quando passar em julgado a decisão proferida no processo respectivo.

§ 2º Antes de qualquer iniciativa da autoridade, o contribuinte poderá corrigir a omissão ou êrro, comunicando o fato à repartição e procedendo, se fôr o caso, na forma do art. 81.

Art . 22. O lançamento regularmente homologado, ou o efetuado de ofício, será definitivo e inalterável ressalvados os casos de vício expressamente previstos na legislação reguladora do processo administrativo tributário.

Art . 23. Considera-se como não efetuado o lançamento:

I - quando feito em desacôrcto com as normas desta Seção;

II - quando realizado em documento considerado, por esta lei, sem valor legal;

III - quando o produto a que se referir fôr considerado como não identificado com o descrito nos documentos respectivos.

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Do Pagamento do Impôsto

Art . 24. O impôsto será recolhido por guia, ao órgão arrecadador competente, na forma estabelecida nesta lei e em regulamento.

Art. 25. A importância a recolher será o montante do impôsto relativo aos produtos saídos do estabelecimento, em cada mês, diminuído do montante do impôsto relativo aos produtos nêle entrados, no mesmo período, obedecidas as especificações e normas que o regulamento estabelecer. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.136, de 1970)

§ 1º O direito de dedução só é aplicável aos casos em que os produtos entrados se destinem à comercialização, industrialização ou acondicionamento e desde que os mesmos produtos ou os que resultarem do processo industrial sejam tributados na saída do estabelecimento. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.136, de 1970)

§ 2º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.433, de 1988)

§ 3º. O Regulamento disporá sobre a anulação do crédito ou o restabelecimento do débito correspondente ao imposto deduzido, nos casos em que os produtos adquiridos saiam do estabelecimento com isenção do tributo ou os resultantes da industrialização estejam sujeitos à alíquota zero, não estejam tributados ou gozem de isenção, ainda que esta seja decorrente de uma operação no mercado interno equiparada a exportação, ressalvados os casos expressamente contemplados em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)

Art . 26. O recolhimento do impôsto far-se-á:

I - antes da saída do produto da repartição que processar o despacho - nos casos de importação e de arrematação em leilão de produtos de procedência estrangeiro;

II - antes da saída do produto do respectivo estabelecimento produtor - no caso de devedor declarado remisso;

III - Até o último dia da quinzena do segundo mês subseqüente àquele em que houver ocorrido o fato gerador - nos demais casos, excetuado o disposto nos parágrafos dêste artigo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 326, de 1967)

§ 1º Os contribuintes do impôsto sôbre produtos industrializados das posições 22.02 (refrigerantes, etc.), 22.03 (cervejas), 25.23 (cimento etc.), 43.02 a 43.04 (peles, etc.) e 71.01 a 71.15 (pérolas, etc.), recolherão o tributo até o último dia da quinzena subseqüente ao mês em que houve ocorrido o fato gerador. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 326, de 1967)

§ 2º Os contribuintes do Imposto sobre Produtos Industrializados da Posição 24.02.00.00 (Fumo) da respectiva Tabela da Incidência, recolherão o tributo até o décimo dia da quinzena subseqüente àquela em que houver ocorrido a fato gerador. (Redação dada pela Lei nº 7.450, de 1985)

§ 3º Os contribuintes do Imposto sobre Produtos Industrializados das Subposições 87.02.01.00, 87.02.02.00, 87.02.05.00 e 87.02.06.00 da respectiva Tabela de Incidência recolherão o tributo até o último dia útil do mês seguinte àquele em que houver ocorrido o fato gerador. (Incluído pela Lei nº 7.450, de 1985)

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Art. 27. Quando ocorrer saldo credor de impôsto num mês, será êle transportado para o mês seguinte, sem prejuízo da obrigação de o contribuinte apresentar ao órgão arrecadador, dentro do prazo legal previsto para o recolhimento, a guia demonstrativa dêsse saldo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art . 28. Não será permitido o recolhimento do impôsto referente a uma quinzena sem que o contribuinte comprove, com relação à quinzena anterior, o pagamento efetuado, a existência de saldo credor ou a instauração de processo fiscal para apuração do débito.

Art . 29. O recolhimento espontâneo, fora do prazo legal, sòmente poderá ser feito com as multas previstas no art. 81 mediante requerimento-guia de modêlo oficial.

Art . 30. Ocorrendo devolução do produto ao estabelecimento produtor, devidamente comprovada, nos têrmos que estabelecer o regulamento, o contribuinte poderá creditar-se pelo valor do impôsto que sôbre êle incidiu quando da sua saída.

CAPÍTULO VI

Da Restituição

Art . 31. A restituição do impôsto ocorrerá:

I - no caso de pagamento indevido;

Il - quando houver impossibilidade de utilização de crédito pelo produtor, na hipótese prevista no § 1º do art. 7º.

Parágrafo único. A restituição processar-se-á a requerimento do contribuinte, na forma da legislação especial reguladora da matéria.

Art . 32. A restituição do impôsto indevidamente pago fica subordinada à prova, pelo contribuinte, de que o mesmo impôsto não foi recebido de terceiro.

Parágrafo único. O terceiro, que faça prova de haver pago o impôsto ao contribuinte nos têrmos dêste artigo, sub-roga-se no direito daquele à respectiva restituição.

Art . 33. A restituição total ou parcial do impôsto dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal que não se devam reputar prejudicadas pela causa assecuratória da restituição.

Dos Contribuintes e dos Responsáveis Tributários

CAPÍTULO I

Dos Contribuintes

Art . 34. É contribuinte do Impôsto do Consumo tôda pessoa natural ou jurídica de direito público ou privado que, por sujeição direta ou por substituição, seja obrigada ao pagamento do tributo.

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Art . 35. São obrigados ao pagamento do impôsto

I - como contribuinte originário:

a) o produtor, inclusive os que lhe são equiparados pelo art. 4º - com relação aos produtos tributados que real ou fictìciamente, saírem de seu estabelecimento observadas as exceções previstas nas alíneas " a "e " b " do inciso II do art. 5º.

b) o importador e o arrematante de produtos de procedência estrangeira - com relação aos produtos tributados que importarem ou arrematarem.

II - Como contribuinte substituto:

a) o transportador com relação aos produtos tributados que transportar desacompanhados da documentação comprobatória de sua procedência;

b) qualquer possuidor - com relação aos produtos tributados cuja posse mantiver para fins de venda ou industrialização, nas mesmas condições da alínea anterior.

c) o industrial ou equiparado, mediante requerimento, nas operações anteriores, concomitantes ou posteriores às saídas que promover, nas hipóteses e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 9.430, de 1996)

§ 1º Nos casos das alíneas a e b do inciso II deste artigo, o pagamento do imposto não exclui a responsabilidade por infração do contribuinte originário quando este for identificado, e será considerado como efetuado fora do prazo, para todos os efeitos legais. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 9.430, de 1996)

§ 2º Para implementar o disposto na alínea c do inciso II, a Secretaria da Receita Federal poderá instituir regime especial de suspensão do imposto. (Incluído pela Lei nº 9.430, de 1996)

CAPÍTULO II

Dos Responsáveis Tributários

Dos Sucessôres

Art . 36. a 38 (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Dos Terceiros Responsáveis

Art . 39. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

CAPÍTULO III

Da Capacidade Jurídica Tributária

Art . 40 A capacidade jurídica para ser sujeito passivo da obrigação tributária decorre exclusivamente do fato de se encontrar a pessoa nas condições previstas nesta lei e no seu

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regulamento, ou nos atos administrativos de caráter normativo destinados a completá-los, como dando lugar à referida obrigação.

Parágrafo único. São irrelevantes para excluir a responsabilidade de cumprimento da obrigação ou a decorrente de sua inobservância:

I - as causas que, de acôrdo com o direito privado, excluam ou limitem a capacidade jurídica das pessoas naturais;

Il - a irregularidade formal da cunstituição das pessoas jurídicas de direito privado e das firmas individuais, bastando que configurem uma unidade econômica ou profissional;

III - a inexistência de estabelecimento fixo, a sua clandestinidade ou a precariedade de suas instalações;

IV - a inabitualidade no exercício da atividade ou na prática dos atos que deem origem, à atributação ou à imposição da pena.

CAPÍTULO IV

Do Domicílio Fiscal

Art . 41. Para os efeitos de cumprimento da obrigação tributária e de determinação da competência das autoridades administrativas considera-se domicílio fiscal do sujeito passivo direto ou indireto:

I - se pessoa jurídica, de direito privado ou público, ou firma individual - o lugar de situação do seu estabebecimento ou repartição, ou, se houver mais de um ou de uma, ou daquele ou daquela que fôr responsável pelo cumprimento da obrigação tributária de que se tratar;

II - se comerciante ambulante - o lugar da sede principal de seus negócios ou, na impossibilidade de determinação, o local de sua residência habitual ou qualquer dos lugares em que exercer a sua atividade, quando não tiver residência certa ou conhecida;

III - se pessoa natural não compreendida nos incisos anteriores - o lugar da prática dos atos ou da ocorrência dos fatos que dêem origem à tributação ou à imposição de penalidade, ou, na sua falta ou dificuldade de determinação sucessivamente, pela ordem indicada, o local da sede habitual de seus negócios, e da sua residência habitual ou o lugar onde fôr encontrada.

Parágrafo único. O domicílio do fiador é o mesmo do devedor originário.

CAPÍTULO V

Das Firmas Interdependentes

Art . 42. Para os efeitos desta lei, considera-se existir relação de interdependência entre duas firmas:

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I - quando uma delas tiver participação na outra de quinze por cento ou mais do capital social, por si, seus sócios ou acionistas, bem assim por intermédio de parentes destes até o segundo grau e respectivos cônjuges, se a participação societária for de pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)

II - quando, de ambas, uma mesma pessoa fizer parte, na qualidade de diretor ou de sócio que exerçam funções de gerência, ainda que essas funções sejam exercidas sob outra denominação;

III - Quando uma delas tiver vendido ou consignado à outra, no ano anterior, mais de 20% (vinte por cento) no caso de distribuição com exclusividade em determinada área do território nacional, e mais de 50% (cinqüenta por cento), nos demais casos, do volume das vendas dos produtos tributados de sua fabricação, importação ou arrematação.

Parágrafo único. Considera-se ainda haver interdependência entre duas firmas, com relação a determinado produto:

I - quando uma delas fôr a única adquirente, por qualquer forma ou título inclusive por padronagem, marca ou tipo de um ou de mais de um dos produtos, industrializados, importados ou arrematados pela outra;

II - quando uma delas vender à outra produto tributado de sua fabricação, importação, ou arrematação, mediante contrato de comissão, participação e ajustes semelhantes.

Das Obrigações Acessórias

CAPÍTULO I

Da Rotulagem, Marcação e Contrôle dos Produtos

Art . 43. O fabricante é obrigado a rotular ou marcar seus produtos e os volumes que os acondicionarem, em lugar visível, indicando a sua firma ou a sua marca fabril registrada, a situação da fábrica produtora (localidade, rua e número) a expressão "Indústria Brasileira" e outros dizeres que forem necessários à identificação e ao contrôle fiscal do produto, na forma do regulamento.

§ 1º Os produtos isentos conterão ainda, em caracteres visíveis, a expressão - "Isento do Impôsto de Consumo" - e a marcação do preço de venda no varejo quando a isenção decorrer dessa circunstância; as amostras de produtos farmacêuticos, conterão a expressão "Amostra Grátis".

§ 2o As indicações do caput deste artigo e de seu § 1o serão feitas na forma do regulamento, podendo ser substituídas por outros elementos que possibilitem a classificação e controle fiscal dos produtos. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 3º O reacondicionador indicará ainda o nome do Estado ou país produtor, conforme o produto seja nacional ou estrangeiro.

§ 4º A rotulagem ou marcação será feita antes da saída do produto do respectivo estabelecimento produtor.

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§ 5º A indicação da origem dos produtos, consubstanciada na expressão "Indústria Brasileira" poderá ser dispensada em casos especiais, de conformidade com as normas que a esse respeito forem baixadas pelo Conselho Nacional do Comércio Exterior, para atender às exigências do mercado importador estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 6.137, de 1974)

Art . 44. Os rótulos de produtos fabricados no Brasil serão escritos exclusivamente em idioma nacional, excetuados apenas os nomes dos produtos e outras expressões que não tenham correspondência em português, desde que constituam, aquêles nomes, marcas registradas no Departamento Nacional da Propriedade Industrial.

§ 1º Esta disposição não se aplica aos produtos especificamente destinados a exportação, cuja rotulagen ou marcação poderá ser adaptada às exigências do mercado estrangeiro importador. (Renumerado do parágrafo único e alterado pelo Decreto-Lei nº 1.118, de 1970)

§ 2º Para os produtos destinados à Zona Franca de Manaus, prevalece o disposto no "caput" dêste artigo. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 1.118, de 1970)

Art . 45. É proibido:

I - importar, fabricar, possuir, - aplicar, vender ou expôr à venda, rótulos, etiquetas, cápsulas ou invólucros que se prestem a indicar, como estrangeiro, produto nacional, ou vice-versa;

II - importar produto estrangeiro com rótulo escrito, no todo ou em parte, em língua portuguêsa, sem mencionar o país de origem;

III - empregar rótulo que indique falsamente a procedência ou a qualidade do produto;

IV - adquirir, possuir, vender ou expor à venda produto rotulado, etiquetado ou embalado nas condições dos números anteriores.

Art . 46. O regulamento poderá determinar, ou autorizar que o Ministério da Fazenda, pelo seu órgão competente, determine a rotulagem, marcação ou numeração, pelos importadores, arrematantes, comerciantes ou repartições fazendárias, de produtos estrangeiros cujo contrôle entenda necessário, bem como prescrever, para estabelecimentos produtores e comerciantes de determinados produtos nacionais, sistema diferente de rotulagem, etiquetagem obrigatoriedade de numeração ou aplicação de sêlo especial que possibilite o seu contrôle quantitativo.

§ 1º O sêlo especial de que trata êste artigo será de emissão oficial e sua distribuição aos contribuintes será feita gratuitamente, mediante as cautelas e formalidades que o regulamento estabelecer.

§ 2º A falta de rotulagem ou marcação do produto ou de aplicação do selo especial, ou o uso de selo impróprio ou aplicado em desacordo com as normas regulamentares, importará em considerar o produto respectivo como não identificado com o descrito nos documentos fiscais.; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

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§ 3º O regulamento disporá sôbre o contrôle dos selos especiais fornecidos ao contribuinte e por êle utilizados, caracterizando-se, nas quantidades correspondentes: (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

a) como saída de produtos sem a emissão de nota-fiscal, a falta que fôr apurada no estoque de selos; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

b) como saída de produtos sem a aplicação do sêlo, o excesso verificado. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 4º Em qualquer das hipóteses das alíneas a e b , do parágrafo anterior, além da multa cabível, será exigido o respectivo impôsto, que, no caso de produtos de diferentes preços, será calculado com base no de preço mais elevado da linha de produção, desde que não seja possível identificar-se o produto e o respectivo preço a que corresponder o sêlo em excesso ou falta. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

CAPÍTULO II

Do Documentário Fiscal

SEÇÃO I

Das Notas Fiscais

Art. 47. É obrigatória a emissão de nota-fiscal em tôdas as operações tributáveis que importem em saídas de produtos tributados ou isentos dos estabelecimentos industriais ou dos estabelecimentos comerciais atacadistas, e ainda nas operações referidas nas alíneas a e b do inciso II do art. 5º. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art . 48. A nota fiscal obedecerá ao modêlo que o regulamento estabelecer e conterá as seguintes indicações mínimas:

I - denominação "Nota Fiscal" e número de ordem;

II - nome, endereço e número de inscrição do emitente;

III - natureza da operação;

IV - nome e enderêço do destinatário;

V - data e via da nota e data da saída do produto do estabelecimento emitente;

VI - discriminação dos produto pela quantidade, marca, tipo, modêlo, número, espécie, qualidade e demais elementos que permitam a sua perfeita identificação, assim como o preço unitário e total da operação, e o preço de venda no varejo quando o cálculo do impôsto estiver ligado a êste ou dêle decorrer isenção;

VII - classificação fiscal do produto e valor do impôsto sôbre êle incidente;

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VIII - nome e enderêço do transportador e forma de acondicionamento do produto (marca, numeração, quantidade, espécie e pêso dos volumes).

§ 1º Serão impressas as indicações do inciso I e a relativa à via da nota.

§ 2º A indicação do inciso VII, referente à classificação fiscal do produto, é obrigatória apenas para os contribuintes, e a relativa ao valor do lmpôsto é defesa àqueles que não sejam legalmente obrigados ao seu recolhimento.

§ 3º A nota fiscal poderá conter outras indicações de interêsse do emitente, desde que não prejudiquem a clareza do documento, podendo, inclusive, ser adaptada para substituir as faturas.

Art . 49. As notas fiscais serão numeradas em ordem crescente e enfeixadas em blocos uniformes, não podendo ser emitidas fora da ordem no mesmo bloco, nem extraídas de bloco nôvo sem que se tenha esgotado o de numeração imediatamente inferior.

§ 1º É permitido o uso simultâneo de duas ou mais séries de notas fiscais, desde que se distingam por letras maiúsculas em seriação alfabética impressa, facultado ao fisco, restringir o número de séries, quando usadas em condições que não ofereçam segurança de fiscalização.

§ 2º É obrigatório o uso de talonário de série especial para os fabricantes de produtos isentos e para os comerciantes de produtos de procedência estrangeira, contendo, respectivamente, impressa, em cada nota, a declaração - "Nota de Produto isento do lmpôsto de Consumo" - ou -"Nota de Produto Estrangeiro" -, com separação, ainda, no último caso, entre os produtos de importação própria e os adquiridos no mercado interno.

§ 3º A nota de produto estrangeiro a que se refere o parágrafo anterior conterá ainda, em coluna própria, a indicação do número do livro de registro de estoque e da respectiva fôlha, ou o número da ficha que o substituir, em que o produto tenha sido lançado na escrita fiscal do emitente.

§ 4º Também é obrigatório o uso de talonário da série especial e distinta para cada ambulante quando os fabricantes, importadores ou arrematantes realizarem vendas por êsse sistema.

Art . 50. As notas fiscais serão extraídas a máquina ou manuscritas a tinta ou lápis-tinta, por decalque a carbono ou em papel carbonado, no número de vias estabelecido pelo regulamento, devendo todos os seus dizeres e Indicações estar bem legível, inclusive nas cópias.

§ 1º O regulamento poderá permitir, com as cautelas e formalidades que estabelecer, o uso de notas fiscais emitidas mecânicamente ou datilografadas, inclusive pelo sistema de formulário contínuo em sanfonas, desde que, em qualquer caso, contenham todos os dizeres do modêlo oficial.

§ 2º A primeira via da nota acompanhará o produto e será entregue pelo transportador ao destinatário, que a reterá para exibição ao fisco quando por êste exigida, e a última via ficará prêsa ao bloco e arquivada em poder do emitente, também para efeito de fiscalização.

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§ 3º A primeira via da nota que acompanhar o produto deverá estar, durante o percurso do estabelecimento do remetente ao do destinatário, em condições de ser exibida aos agentes fiscais em qualquer instante, para conferência da mercadoria nela especificada e da exatidão do lançamento do respectivo impôsto.

§ 4º Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, depósito, agência ou representação da mesma pessoa, terá o seu talonário próprio.

Art . 51. É vedada a emissão de nota fiscal que não corresponda à saída efetiva do produto nela descrito do estabelecimento emitente, ressalvados os seguintes casos:

I. a saída de partes do produto desmontado, cuja unidade não possa ser transportada de uma só vez, desde que o impôsto, de acôrdo com as nomas desta lei, deva incidir sôbre o todo;

II. a saída ficta do produto, prevista no inciso I do art. 5º.

Parágrafo único. No caso do inciso I, será emitida, sem lançamento de impôsto, nota-fiscal relativa ao todo. Nas saídas parciais, emitir-se-ão as notas-fiscais correspondentes, aplicando-se sôbre o valor de cada remessa a alíquota, relativa ao todo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art . 52. Os talões de notas fiscais destinados a uso dos contribuintes e dos comerciantes de produtos estrangeiros serão autenticados, antes de sua utilização, mediante os processos e formalidades que o regulamento estabelecer.

Art. 53. Serão consideradas, para efeitos fiscais, sem valor legal, e servirão de prova apenas em favor do fisco, as notas fiscais que não satisfizerem as exigências dos incisos I, II, IV e V do artigo 48, bem como as que não contiverem, dentre as indicações exigidas no inciso IV, as necessárias à identificação e classificação do produto e ao cálculo do impôsto devido. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Da Guia de Trânsito

Art . 54. e 55(Suprimido pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

CAPÍTULO III

Da escrita fiscal

SEÇÃO I

Dos livros

Art . 56. Os contribuintes e outros sujeitos passivos que o regulamento indicar dentre os previstos nesta lei, são obrigados a possuir, de acôrdo com a atividade que exercerem e os produtos que industrializarem, importarem, movimentarem, venderem, adquirirem ou receberem, livros fiscais para o registro da produção, estoque, movimentação, entrada e saída

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de produtos tributados ou isentos, bem como para contrôle de impôsto a pagar ou a creditar e para registro dos respectivos documentos.

§ 1º O regulamento estabelecerá os modelos dos livros e indicará os que competem a cada contribuinte ou pessoa obrigada.

§ 2º Os livros conterão têrmos de abertura e de encerramento assinados pela firma possuidora e as fôlhas numeradas tipogràficamente, e serão autenticadas pela repartição fazendária competente, antes de sua utilização.

§ 3º O Ministério da Fazenda, por seu órgão competente, tomadas as necessárias cautelas, poderá autorizar, a título precário, o uso de fichas em substituição aos livros.

§ 4º Constituem instrumentos auxiliares da escrita fiscal do contribuinte e das pessoas obrigadas à escrituração, os livros da contabilidade geral, as notas fiscais, as guias de trânsito e de recolhimento do impôsto e todos os documentos, ainda que pertencentes ao arquivo de terceiros, que se relacionem com os lançamentos nela feitos.

§ 5º O Departamento de Rendas Internas poderá permitir, mediante as condições que estabelecer, e resguardada a segurança do contrôle fiscal, que, com as adaptações necessárias, livros ou elementos de contabilidade geral do contribuinte, substituam os livros e documentário fiscal previstos nesta lei. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art . 57. Cada estabelecimento, seja matriz, sucursal, filial, depósito, agência ou representante, terá escrituração fiscal própria, vedada a sua centralização, inclusive no estabelecimento matriz.

§ 1º Os livros e os documentos que servirem de base à sua escrituração serão conservados nos próprios estabelecimentos, para serem exibidos à fiscalização quando exigidos, durante o prazo de cinco anos ou até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, se esta verificar-se em prazo maior.

§ 2º Nos casos de transferência de firma ou de local, feitas as necessárias anotações, continuarão a ser usados os mesmos livros fiscais, salvo motivo especial que aconselhe o seu cancelamento e a exigência de novos, a critério do fisco.

§ 3º O prazo previsto no parágrafo 1º, dêste artigo, interrompe-se por qualquer exigência fiscal, relacionada com as operações a que se refiram os livros ou documentos, ou com os créditos tributários dêles decorrentes.

Da Escrituração

Art . 58. A escrituração dos livros fiscais far-se-á em ordem cronológica e com a necessária clareza, asseio e exatidão, de modo a não deixar dúvidas, devendo o movimento diário ser lançado dentro de três dias e encerrado nos prazos fixados nos respectivos modelos ou no regulamento desta lei.

§ 1º. Os dados constantes dos livros da escrita fiscal, quanto ao registro da produção, são sujeitos a tolerância de quebras admissíveis para cada espécie tributada, segundo critério que fôr determinado pelo órgão competente do Ministério da Fazenda.

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§ 2º. Em casos especiais, poderá o Ministério da Fazenda, por seu órgão competente, no interêsse da fiscalização, estabelecer a unidade de medida que deva ser utilizada para o registro da produção de determinados produtos.

Art . 59. O regulamento e os modelos oficiais estabelecerão as normas de autenticação, uso e escrituração dos livros e fichas, de forma a assegurar a maior clareza e exatidão dos lançamentos, o perfeito contrôle do pagamento do impôsto e os elementos necessários à organização da estatística da produção industrial

Parágrafo único. Poderá, ainda, o órgão competente do Ministério da Fazenda baixar normas complementares de escrituração, bem como alterar os modelos em uso, visando disciplinar as peculiaridades de cada caso com relação à atividade dos contribuintes e demais obrigados e à natureza dos produtos de sua indústria ou comércio.

CAPÍTULO IV

Das obrigações dos transportadores, Adquirentes e Depositários de Produtos

Das 0brigações dos Transportadores

Art . 60. Os transportadores não poderão aceitar despachos ou efetuar o transporte de produtos que não estiverem acompanhados dos documentos exigidos por esta lei ou por seu regulamento.

Parágrafo único. A proibição estende-se aos casos de manifesto desacôrdo entre os volumes e a sua descriminação nos documentos, à falta de descrição ou descrição incompleta que impossibilite ou dificulte a identificação dos volumes, e à falta de indicação do nome e enderêço do remetente ou do destinatário.

Art . 61. Os transportadores prestarão aos funcionários fiscais todo o concurso para facilitar-lhes o exame dos documentos e das mercadorias em despacho, já despachadas ou em trânsito, sendo pessoalmente responsáveis pelo extravio dos documentos que lhes tenham sido entregues pelo remetente dos produtos.

Parágrafo único. Se um mesmo documento se referir a produtos que devam ser transportados por mais de um veículo, o documento deverá acompanhar o primeiro veículo cabendo ao transportador a obrigação de fazer, nosmanifestos respectivos, anotações claras e precisas na forma que o regulamento estabelecer.

Das Obrigações dos Adquirentes e Depositários

Art . 62. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprêgo ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se êles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao sêlo de contrôle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se êstes satisfazem a tôdas as prescrições legais e regulamentares.

§ 1º Verificada qualquer falta, os interessados, a fim de se eximirem de responsabilidade, darão conhecimento à repartição competente, dentro de oito dias do recebimento do produto,

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ou antes do início do consumo ou da venda, se êste se der em prazo menor, avisando, ainda, na mesma ocasião o fato ao remetente da mercadoria.

§ 2º No caso de falta do documento fiscal que comprove a procedência do produto e identifique o remetente pelo nome e endereço, ou de produto que não se encontre selado, rotulado ou marcado quando exigido o selo de controle, a rotulagem ou a marcação, não poderá o destinatário recebê-lo, sob pena de ficar responsável pelo pagamento do imposto, se exigível, e sujeito às sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)

Art . 63. As pessoas mencionadas no artigo anterior são obrigadas a franquear, aos agentes do fisco, os seus estabelecimentos, depósitos, dependências e móveis, permitindo-lhes o mais amplo exame dos produtos, documentos e livros fiscais e comerciais.

Das Infrações e das Penalidades

CAPÍTULO I

Das Infrações

Art . 64. Constitui infração tôda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe em inobservância, por parte do sujeito passivo de obrigação tributária, positiva ou negativa, estabelecida ou disciplinada por esta lei, por seu regulamento ou pelos atos administrativos de caráter normativo destinados a complementá-los.

§ 1º O Regulamento e os atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigações nem definir frações ou cominar penalidades que não estejam autorizadas ou previstas em lei.

§ 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infrações independe da intenção do agente ou do responsável da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

Art . 65. As infrações serão apuradas mediante processo administrativo que terá por base o auto ou a representação, conforme a verificação da falta se dê no serviço externo de fiscalização ou no serviço interno das repartições.

CAPÍTULO II

Das Penalidades

Das Espécies de Penalidades

Art . 66. As infrações serão punidas com as seguintes penas, aplicáveis separada ou cumulativamente:

I - multa;

II - perda da mercadoria

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III - proibição de transformar com as repartições públicas ou autárquicas federais e com os estabelecimentos bancários controlados pela União;

IV - sujeição a sistema especial de fiscalização;

V - cassação de regimes ou contrôles especiais estabelecidos em benefício dos sujeitos passivos.

Da Aplicação e Graduação das Penalidades

Art . 67. Compete à autoridade julgadora, atendendo aos antecedentes do infrator, aos motivos determinantes da infração e à gravidade de suas conseqüências efetivas ou potenciais;

I - determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator;

II - fixar, dentro dos limites legais, a quantidade da pena aplicável.

Art. 68. A autoridade fixará a pena de multa partindo da pena básica estabelecida para a infração, como se atenuantes houvesse, só a majorando em razão das circunstâncias agravantes ou qualificativas provadas no processo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 1º São circunstâncias agravantes: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

I - a reincidência; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

II - o fato de o impôsto, não lançado ou lançado a menos, referir-se a produto cuja tributação e classificação fiscal já tenham sido objeto de decisão passada em julgado, proferida em consulta formulada pelo infrator; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

III - a inobservância de instruções dos agentes fiscalizadores sôbre a obrigação violada, anotada nos livros e documentos fiscais do sujeito passivo; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

IV - qualquer circunstância que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração, ou que importe em agravar as suas conseqüências ou em retardar o seu conhecimento pela autoridade fazendária. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 2º São circunstâncias qualificativas a sonegação, a fraude e o conluio. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art. 69. (Revogado pela Lei nº 11.488, de 2007)

Art . 70. Considera-se reincidência a nova infração da legislação do Impôsto do Consumo, cometida pela mesma pessoa natural ou jurídica ou pelos sucessores referidos nos incisos III e IV do artigo 36, dentro de cinco anos da data em que passar em julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior.

Parágrafo único. Diz-se a reincidência:

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I - genérica, quando as infrações são de natureza diversa;

II - específica, quando as infrações são da mesma natureza, assim entendidas as que tenham a mesma capitulação legal e as referentes a obrigações tributárias previstas num mesmo capítulo desta lei.

Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária:

I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais;

II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.

Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.

Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.

Art . 74. Apurando-se, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações pela mesma pessoa natural ou jurídica, aplicam-se cumulativamente, no grau correspondente, as penas a elas cominadas, se as infrações não forem idênticas ou quando ocorrerem as hipóteses previstas no art. 85 e em seu parágrafo.

§ 1º Se idênticas as infrações e sujeitas à pena de multas fixas, previstas no art. 84, aplica-se, no grau correspondente, a pena cominada a uma delas, aumentada de 10% (dez por cento) para cada repetição da falta, consideradas, em conjunto, as circunstâncias qualificativas e agravantes, como se de uma só infração se tratasse. (Vide Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 2º Se a pena cominada fôr a de perda da mercadoria ou de multa proporcional ao valor do impôsto ou do produto a que se referirem as infrações, consideradas, em conjunto, as circunstâncias qualificativas e agravantes, como se de uma só infração se tratasse. (Vide Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 3º Quando se tratar de infração continuada, em relação à qual tenham sido lavrados diversos autos ou representações, serão êles reunidos em um só processo, para imposição da pena.

§ 4º Não se considera infração continuada a repetição de falta já arrolada em processo fiscal de cuja instauração o infrator tenha sido intimado.

Art . 75. Se do processo se apurar a responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido.

Art . 76. Não serão aplicadas penalidades:

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I - aos que, antes de qualquer procedimento fiscal, procurarem espontâneamente, a repartição fazendária competente, para denunciar a falta e sanar a irregularidade, ressalvados os casos previstos no art. 81, nos incisos I e II do art. 83 e nos incisos I, Il e III do art. 87;

II - enquanto prevalecer o entendimento - aos que tiverem agido ou pago o impôsto:

a) de acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado;

b) de acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira instância, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em que o interessado fôr parte;

c) de acôrdo com interpretação fiscal constante de circulares instruções, portarias, ordens de serviço e outros atos interpretativos baixados pelas autoridades fazendárias competentes.

Art . 77. A aplicação da penalidade fiscal e o seu cumprimento não dispensam, em caso algum, o pagamento do impôsto devido, nem prejudicam a aplicação das penas cominadas para o mesmo fato pela legislação criminal, e vice versa.

Art . 78.O direito de impôr penalidade extingue-se em cinco anos, contados da data da infração.

§ 1º O prazo estabelecido neste artigo interrompe-se por qualquer notificação ou exigência administrativa feita ao sujeito passivo, com referência ao impôsto que tenham deixado de pagar ou à infração que haja cometido, recomeçado a correr a partir da data em que êste procedimento se tenha verificado.

§ 2º Não corre o prazo enquanto o processo de cobrança estiver pendente de decisão, inclusive nos casos de processos fiscais instaurados, ainda em fase de preparo ou de julgamento.

§ 3º A interrupção do prazo mencionado no parágrafo primeiro só poderá ocorrer uma vez.

Art. 79. O valor da multa será reduzido de 30% (trinta por cento), e o processo respectivo considerar-se-á findo administrativamente, se o infrator, conformando-se com a decisão de primeira instância, efetuar o pagamento das importâncias exigidas no prazo previsto para a interposição do recurso. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Parágrafo único. Perderá o infrator o direito à redução prevista neste artigo se procurar a via judicial para contraditar a exigência. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Das Multas

Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)

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I – a III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)

§ 1o No mesmo percentual de multa incorrem: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)

I - os fabricantes de produtos isentos que não emitirem ou emitirem de forma irregular, as notas fiscais a que são obrigados;

II - os remetentes que, nos casos previstos no artigo 54, deixarem de emitir, ou emitirem de forma irregular, a guia de trânsito a que são obrigados;

III - os que transportarem produtos tributados ou isentos, desacompanhados da documentação comprobatória de sua procedência;

IV - os que possuírem, nas condições do inciso anterior, produtos tributados ou isentos, para fins de venda ou industrialização;

V - os que indevidamente destacarem o impôsto na nota fiscal, ou o lançarem a maior.

§ 2º Nos casos do parágrafo anterior, quando o produto fôr isento ou a sua saída do estabelecimento não obrigar a lançamento, as multas serão calculadas sôbre o valor do impôsto que, de acôrdo com as regras de classificação e de cálculo estabelecidas nesta lei, incidiria se o produto ou a operação fôssem tributados.

§ 3º Na hipótese do inciso V do § 1º, a multa regular-se-á pelo valor do impôsto indevidamente destacado ou lançado, e não será aplicada se o responsável, já tendo recolhido, antes do procedimento fiscal, a importância irregularmente lançada, provar que a infração decorreu de êrro escusável, a juízo da autoridade julgadora, ficando, porém, neste caso, vedada a respectiva restituição.

§ 4º As multas dêste artigo aplicam-se, inclusive, aos casos equiparados por esta lei à falta de lançamento ou de recolhimento do impôsto, desde que para o fato não seja cominada penalidade específica.

§ 5º A falta de identificação do contribuinte originário ou substituto não exclui a aplicação das multas previstas neste artigo e em seus parágrafos, cuja cobrança, juntamente com a do impôsto que fôr devido, será efetivada pela venda em leilão da mercadoria a que se referir a infração, aplicando-se, ao processo respectivo, o disposto no § 3º, do artigo 87.

§ 6o O percentual de multa a que se refere o caput deste artigo, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será: (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

I - aumentado de metade, ocorrendo apenas uma circunstância agravante, exceto a reincidência específica; (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

II - duplicado, ocorrendo reincidência específica ou mais de uma circunstância agravante e nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

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§ 7o Os percentuais de multa a que se referem o caput e o § 6o deste artigo serão aumentados de metade nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

§ 8o A multa de que trata este artigo será exigida: (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

I - juntamente com o imposto quando este não houver sido lançado nem recolhido; (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

II - isoladamente nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

§ 9o Aplica-se à multa de que trata este artigo o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007)

Art . 81. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.736, de 1979)

Art . 82. A inobservância das prescrições do artigo 62 e de seus parágrafos, pelos adquirentes e depositários ali mencionados, sujeitá-los-á às mesmas penas cominadas ao produtor ou remetente dos produtos pela falta apurada, considerada, porém, para efeito de fixação e graduação da penalidade, o capital registrado daqueles responsáveis.

Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente: (Vide Decreto-Lei nº 326, de 1967)

I - Os que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido desacompanhado da nota de importação ou da nota-fiscal, conforme o caso; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 400, de 1968)

II - Os que emitirem, fora dos casos permitidos nesta Lei, nota-fiscal que não corresponda à saída efetiva, de produto nela descrito, do estabelecimento emitente, e os que, em proveito próprio ou alheio, utilizarem, receberem ou registrarem essa nota para qualquer efeito, haja ou não destaque do impôsto e ainda que a nota se refira a produto isento. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 400, de 1968)

§ 1º No caso do inciso I, a pena não prejudica a que fôr aplicável ao comprador ou recebedor do produto, e no caso do inciso II, é independente da que fôr cabível pela falta ou insuficiência de recolhimento do impôsto, em razão da utilização da nota, não podendo, em qualquer dos casos, o mínimo da multa aplicada ser inferior ao grau máximo da pena prevista no artigo seguinte para a classe de capital do infrator.

§ 2º Incorre na multa de 50% (cinqüenta por cento) do valor comercial da mercadoria o transportador que conduzir produto de procedência estrangeira que saiba, ou deva presumir pelas circunstâncias do caso, ter sido introduzido clandestinamente no país ou importado irregular ou fraudulentamente.

§ 3º (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)

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I - que receber, conservar, entregar a consumo ou consumir, sem registro nos livros ou fichas de contrôle quantitativos próprios, quando da entrada ou saída do estabelecimento; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 400, de 1968)

II - que emitir nota-fiscal sem algum dos requisitos legais ou regulamentares; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 400, de 1968)

III - que não o tiver marcado ou selado na forma prevista no regulamento ou em ato normativo. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 400, de 1968)

Art. 84. Os que praticarem infração a dispositivo desta Lei ou de seu Regulamento, para a qual não seja prevista pena proporcional ao valor do impôsto ou do produto, ou de perda da mercadoria, serão punidos com multas compreendidas entre os limites mínimo de Cr$ 20.000 (vinte mil cruzeiros) e máximo de Cr$ 500.000 (quinhentos mil cruzeiros) (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 1º O Regulamento disporá sôbre a aplicação das penalidades, fixando-lhes as penas básicas, conforme a gravidade da infração e o dispositivo infringido. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997)

§ 3º (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art. 85. Ficam sujeitos à multa de cinco vêzes o limite máximo da pena prevista no art. 84, aquêles que simularem, viciarem ou falsificarem documentos ou a escrituração de seus livros fiscais ou comerciais, ou utilizarem documentos falsos para iludir a fiscalização ou fugir ao pagamento do impôsto, se outra maior não couber por falta de lançamento ou pagamento do tributo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, por qualquer meio ou forma, desacatar os agentes do fisco, ou embaraçar, dificultar ou impedir a sua atividade fiscalizadora, sem prejuízo de qualquer outra penalidade cabível por infração a esta lei ou seu Regulamento. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Art 86. Em nenhum caso a multa aplicada poderá ser inferior ao limite mínimo previsto no art. 84. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 34, de 1966)

Da Perda da Mercadoria

Art . 87. Incorre na pena de perda da mercadoria o proprietário de produtos de procedência estrangeira, encontrados fora da zona fiscal aduaneira, em qualquer situação ou lugar, nos seguintes casos:

I - quando o produto, tributado ou não, tiver sido introduzido clandestinamente no país ou importado irregular ou fraudulentamente;

II - quando o produto, sujeito ao impôsto de consumo, estiver desacompanhado da nota de importação ou de leilão, se em poder do estabelecimento importador ou arrematante, ou de nota fiscal emitida com obediência a tôdas as exigências desta lei, se em poder de outros

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estabelecimentos ou pessoas, ou ainda, quando estiver acompanhado de nota fiscal emitida por firma inexistente.

III - quando o produto sujeito ao impôsto de consumo não tiver sido regularmente registrado nos livros ou fichas de contrôle quantitativo próprios, ou quando não tiver sido marcado e selado, na forma determinada pela autoridade competente.

§ 1º Se o proprietário não fôr conhecido ou identificado, considera-se como tal, para os efeitos deste artigo, o possuidor ou detentor da mercadoria.

§ 2º O fato de não serem conhecidas ou identificadas as pessoas a que se referem este artigo e o seu parágrafo 1º, não obsta a aplicação da penalidade, considerando-se, no caso, a mercàdoria como abandonada.

§ 3º Na hipótese do parágrafo anterior, em qualquer tempo, antes ocorrida a prescrição, o processo poderá ser reaberto exclusivamente para apuração da autoria, vedada a discussão de qualquer outra matéria ou a alteração do julgado quando à infração, a prova de sua existência, à penalidade aplicada e os fundamentos jurídicos da condenação.

§ 4º No caso do inciso II dêste artigo, a nota fiscal será substituída pela guia de trânsito se ocorre qualquer das hipóteses previstas no artigo 54.

Da Proibição de Transacionar

Art . 88. Os devedores, inclusive os fiadores, declarados remissos, são proibidos de transacionar, a qualquer título, com as repartições públicas ou autárquicas federais e com os estabelecimentos bancários controlados pela União.

§ 1º A proibição de transacinar, constante dêste artigo, compreende o recebimento de quaisquer quantias ou créditos que os devedores tiverem com a União e suas autarquias; a participação em concorrência, coleta ou tomada de preços; o despacho de mercadorias nas repartições fazendárias; a celebração de contratos de qualquer natureza, inclusive de abertura de crédito e levantamento de empréstimos nas Caixas Econômicas Federais e nos demais estabelecimentos bancários constituídos em autarquias federais ou controlados pela União; e quaisquer outros atos que importem em transação.

§ 2º A declaração de remisso será feito pelo órgão arrecadador local, após decorridos trinta dias da data em que se tornar irrecorrível, na esfera administrativa, a decisão condenatória desde que o devedor não tenha feito prova de pagamento da dívida ou de ter iniciado em juízo, a competente ação anulatória do ato administrativo, com o depósito da importância em litígio, em dinheiro ou em títulos da dívida pública federal na repartição arrecadadora de seu domicílio fiscal.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, a autoridade, sob pena de responsabilidade administrativa e penal fará a declaração nos 15 (quinze) dias seguintes ao término do prazo ali referido, publicando a decisão no órgão oficial ou, na sua falta, comunicado-a, para o mesmo fim, à repartição competente com sede na capital do Estado sem prejuízo da afixação em lugar visível do prédio da repartição".

Da Sujeição a Sistema Especial de Fiscalização

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Art . 89. O sujeito passivo que repetidamente reincidir em infração da legislação do impôsto de consumo poderá ser submetido, pelo órgão competente do Ministério da Fazenda, a regime especial de fiscalização.

Parágrafo único. O regime especial de fiscalização será disciplinado no regulamento desta lei.

Da Cassação de Regimes ou Contrôles Especiais

Art . 90. Os regimes ou contrôles especiais de pagamento do impôsto, de uso de documentos ou de escrituração, de rotulagem ou marcação dos produtos ou quaisquer outros, previstos nesta lei ou no seu regulamento, quando estabelecidos em benefício dos sujeitos passivos, serão cassados se os beneficiários procederem de modo fraudulento no gôzo das respectivas concessões.

Parágrafo único. É competente para a cassação a mesma autoridade que o fôr para a concessão, cabendo recurso à autoridade superior.

Da Fiscalização

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art . 91. A direção dos serviços de fiscalização do impôsto de consumo compete, em geral, ao Departamento de Rendas Internas.

Parágrafo único. A execução dos serviços incumbe, nos limites de suas jurisdições, aos órgão regionais do Departamento e aos seus agentes fiscalizadores.

Art . 92. Para efeito de fiscalização, serão os Estados divididos em circunscrições fiscais e estas em seções.

Art . 93. A fiscalização externa compete aos agentes fiscais do impôsto de consumo e nos casos previstos em lei, aos fiscais auxiliares de impostos internos.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a admissibilidade de denúncia apresentada por particulares nem a apreensão, por qualquer pessoa, de produtos de procedência estrangeira encontrados fora dos estabelecimentos comerciais e industriais, desacompanhados da documentação fiscal comprobatória de sua entrada legal no país ou de seu trânsito regular no território nacional.

Art . 94. A fiscalização será exercida sôbre tôdas as pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não que forem sujeitos passivos de obrigações tributárias previstas na legislação do impôsto de consumo, inclusive sôbre as que gozarem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.

Parágrafo único. As pessoas a que se refere êste artigo exibirão aos agentes fiscalizadores, sempre que exigido, os produtos, os livros fiscais e comerciais e todos os documentos ou papéis, em uso ou já arquivados, que forem julgados necessários à fiscalização

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e lhes franquearão os seus estabelecimentos, depósitos, dependências e móveis, a qualquer hora do dia ou da noite, se à noite estiverem funcionando.

Art . 95. Os agentes fiscalizadores que procederem a diligências de fiscalização lavrarão, além do auto de infração que couber, têrmos circunstanciados de início e de conclusão de cada uma delas, nos quais consignarão as datas inicial e final do período fiscalizado, a relação dos livros e documentos comerciais e fiscais exibidos e tudo mais que seja de interêsse para a fiscalização.

§ 1º Os têrmos a que se refere êste artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado, dêles se entregará, ao contribuinte ou pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pelo autor da diligência.

§ 2º Quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando seja necessário à efetivação de medidas acauteladoras do interêsse do fisco, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção, os agentes fiscalizadores, diretamente ou através das repartições a que pertencerem, poderão requisitar o auxílio da fôrça pública federal, estadual ou municipal.

Art . 96. Os agentes fiscais do impôsto de consumo e os fiscais auxiliares de impostos internos terão direito a portar armas para sua defesa pessoal, em todo o território nacional.

Parágrafo único. O direito ao porte de arma constará da carteira funcional que fôr expedida pela repartição a que estiver subordinado o funcionário.

Art . 97. Mediante intimação escrita são obrigados a prestar às autoridades fiscalizadoras tôdas as informações de que disponham com relação aos produtos, negócios ou atividades de terceiros:

I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;

II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e semelhantes;

III - as empresas transportadoras e os transportadores singulares;

IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;

V - os inventariantes;

VI - os síndicos, comissários e liquidatários;

VII - as repartições públicas e autárquicas federais as entidades paraestatais e de economia mista;

VIII - tôdas as demais pessoas naturais ou jurídicas cujas atividades envolvam negócios ligados ao impôsto de consumo.

Art . 98. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação para qualquer fim por parte da Fazenda Nacional ou de seus funcionários, de qualquer informação

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obtida em razão do ofício sôbre a situação econômica ou financeira e sôbre a natureza e o estado dos negócios ou atividades dos contribuintes ou de terceiros.

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo únicamente os casos de requisição do Poder Legislativo e de autoridade judicial no interêsse da Justiça e os de prestação mútua de assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e de permuta de informações entre os diversos setores da Fazenda Pública da União e entre estas e a dos Estados do Distrito Federal e dos Municípios.

CAPÍTULO II

Dos Produtos e Efeitos Fiscais em Situação Irregular

Art . 99. Serão apreendidas e apresentadas à repartição competente, mediante as formalidades legais, as mercadorias, rótulos, selos, notas fiscais e guias, em contravenção às disposições da legislação do impôsto de consumo, e tôdas as coisas móveis que forem necessárias à comprovação das infrações.

§ 1º Se não fôr possível efetuar a remoção das mercadorias ou objetos apreendidos, o apreensor, tomadas as necessárias cautelas, incumbirá da sua guarda ou depósito pessoa idônea ou o próprio infrator mediante têrmo de depósito.

§ 2º Salvo nos casos de infração punida com a pena de perda da mercadoria ou quando esta constituir a garantia da cobrança do crédito fiscal (§ 5º do art. 80), se a prova das faltas, existentes em livros ou documentos, fiscais ou comerciais, ou verificadas através dêles, independer da verificação da mercadoria será feita a apreensão, sòmente do documento que contiver a infração ou que comprovar a sua existência.

Art . 100. Havendo prova ou suspeita fundada de que as coisas a que se refere o artigo anterior se encontram em residência particular ou em dependência de estabelecimento comercial, industrial, profissional ou qualquer outra utilizada como moradia, todas as necessárias cautelas para evitar a sua remoção clandestina, será promovida a busca e apreensão judicial, se o morador ou detentor, pessoalmente intimado, recusar-se a fazer a sua entrega.

Art . 101. No caso de suspeita de estarem em situação irregular as mercadorias que devam ser expedidas nas estações de emprêsas ferroviárias, fluviais, marítimas ou aéreas, serão tomadas as medidas necessárias à retenção dos volumes pela emprêsa transportadora na estação do destino.

§ 1º As emprêsas a que se refere êste artigo farão imediata comunicação do fato ao órgão fiscalizador do lugar de destino e aguardarão, durante cinco dias úteis, as providências respectivas.

§ 2º Se a suspeita ocorrer na ocasião da descarga, a emprêsa transportadora agirá pela forma indicada no final dêste artigo e no seu parágrafo 1º.

Art . 102. As mercadorias de procedência estrangeira encontradas nas condições previstas no artigo 87 e nos seus incisos I, II e III, serão apreendidas, intimando-se imediatamente, o seu proprietário, possuidor ou detentor a apresentar, no prazo de 24 horas,

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os documentos comprobatórios de sua entrada legal no país ou de seu trânsito regular no território nacional, lavrando-se de tudo os necessários têrmos.

§ 1º Na hipótese de falta de registro da mercadoria nos livros ou fichas de contrôle quantitativo próprios, comprovada no ato da apreensão, ou quando a mercadoria estiver acompanhada de documentação que não atenda às exigências desta Lei, será dispensada a intimação preliminar prevista neste artigo.

§ 2º Verificando-se as hipóteses do parágrafo anterior, ou decorrido o prazo da intimação sem que sejam apresentados os documentos exigidos ou se êstes não satisfizerem aos requisitos legais, será lavrado o competente auto de infração, que servirá de base ao processo fiscal para a aplicação da penalidade de perda da mercadoria.

§ 3º Transitada em julgado a decisão condenatória, serão as mercadorias vendidas em leilão, competindo ao arrematante pagar o impôsto devido.

Art . 103. Ressalvados os casos previstos no artigo anterior e os de produtos falsificados, adulterados ou deteriorados, as mercadorias apreendidas poderão ser restituídas antes do julgamento definitivo do processo, a requerimento da parte, depois de sanadas as irregularidades que motivaram a apreensão e mediante depósito na repartição competente, do valor do impôsto e do máximo da multa aplicável, ou prestação de fiança idônea, quando cabível, ficando retidos os espécimes necessários ao esclarecimento do processo.

§ 1º Tratando-se de mercadoria de fácil deterioração, a retenção dos espécimes poderá ser dispensada, consignando-se minuciosamente no têrmo da entrega, com a assinatura do interessado, o estado da mercadoria e as faltas determinantes da apreensão.

§ 2º As mercadorias e os objetos que, depois do julgamento definitivo do processo, não forem retirados dentro de trinta dias, contados da data da intimação do último despacho, considera-se-ão abandonados e serão vendidos em leilão, recolhendo-se o produto dêste aos cofres públicos.

§ 3º Os produtos falsificados, adulterados ou deteriorados serão inutilizados, logo que a decisão do processo tiver passado em julgado.

Art . 104. Quando a mercadoria apreendida fôr de fácil deterioração, a repartição convidará o interessado a retirá-la, no prazo que fixar, observado o disposto no artigo anterior, sob pena de perda da mesma.

Parágrafo único. Desatendida a intimação ou nos casos de infração punida com a pena de perda da mercadoria, esta será imediatamente arrolada para leilão, procedendo-se, posteriormente, ao preparo e julgamento do processo que terá andamento preferencial, e conservando-se em depósito as importâncias arrecadadas, até final decisão.

Art . 105. As mercadorias e os objetos apreendidos que estiverem depositados em poder do negociante que vier a falir, não serão arrecadados na massa, mas removidos para outro local a pedido do chefe da repartição arrecadadora.

Art . 106. Os laudos do Laboratório Nacional de Análises e do Instituto Nacional de Tecnologia, nos aspectos técnicos de competência dêsses órgãos, serão adotados pela

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Administração, nos processos fiscais, como nas consultas, salvo se comprovada sua improcedência perante a autoridade julgadora.

CAPÍTULO III

Do Exame da Escrita Fiscal e Comercial

Art . 107. No interêsse da Fazenda Nacional os agentes fiscais do impôsto de consumo procederão ao exame da escrita geral das pessoas sujeitas à fiscalização referidas no artigo 97.

§ 1º No caso de recusa, o agente fiscalizador, diretamente, ou por intermédio da repartição, providenciará junto ao representante do Ministério Público para que se faça a exibição judicial dos livros e documentos sem prejuízo da lavratura do auto de infração que couber por embaraço à fiscalização.

§ 2º Se a recusa referir-se à exibição de livros comerciais registrados, procederá às providências previstas no parágrafo anterior, intimando com prazo não inferior a 72 horas, para que seja feita a apresentação, salvo se, estando os livros no estabelecimento fiscalizado, não apresentar, o responsável, motivo que justifique a sua atitude.

§ 3º Se pelos livros apresentados não se puder apurar convenientemente o movimento comercial do estabelecimento, colher-se-ão os elementos necessários através de exame de livros ou documentos de outros estabelecimentos que com o fiscalizado transacionem, ou nos despachos, livros e papéis de emprêsas de transporte, suas estações ou agências, ou noutras fontes subsidiárias.

Art . 108. Constituem elementos subsidiários para o cálculo da produção o correspondente pagamento do impôsto de consumo dos estabelecimentos industriais, o valor ou quantidade da matéria-prima ou secundária adquirida e empregada na industrialização dos produtos, o das despesas gerais efetivamente feitas, o da mão-de-obra empregada e o dos demais componentes do custo da produção, assim como as variações dos estoques de matérias-primas ou secundárias.

§ 1º Apurada qualquer diferença, será exigido o respectivo impôsto de consumo, que, no caso, de fabricante de produtos sujeitos a alíquotas diversas, será calculado com base na mais elevada quando não fôr possível fazer a separação pelos elementos da escrita do contribuinte.

§ 2º Apuradas, também, receitas cuja origem não seja comprovada, será sôbre elas, exigido o impôsto de consumo, mediante adoção do critério estabelecido no parágrafo anterior.

Art . 109. O funcionário que tiver de realizar exame de escrita convidará o proprietário do estabelecimento ou seu representante a acompanhar o exame ou indicar pessoa que o faça e, em caso de recusa, fará constar do processo essa ocorrência.

§ 1º Se o interessado, mesmo que tenha firmado por si ou por seu representante o auto ou têrmo respectivo, não se conformar com o resultado do exame, poderá requerer outro, indicando em seu requerimento, de forma precisa a discordância e as razões e provas que tiver, bem como o nome e enderêço do seu perito.

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§ 2º Deferido o pedido, o chefe da repartição designará outro funcionário para, como perito da Fazenda, preceder, juntamente com o perito indicado pelo interessado, a novo exame desde que ouvido o autor do procedimento, persista este em suas conclusões anteriores.

§ 3º Se as conclusões dos peritos forem divergentes, prevalecerá a que fôr coincidente com o exame impugnado não havendo coincidência, será nomeado, pela autoridade preparadora, funcionário do Ministério da Fazenda ou, na sua falta, de qualquer outro Ministério para desempatar.

§ 4º As disposições dos parágrafos anteriores aplicam-se, no que couberem, aos casos em que o contribuinte não concordar com o valor atribuído à mercadoria para efeito de cálculo do impôsto ou de aplicação da multa.

Art . 110. Salvo quando fôr indispensável à defesa dos interêsses da Fazenda Nacional, não serão apreendidos os livros da escrita fiscal ou comercial.

Disposições Finais e Transitórias

Art . 111. A atual Diretoria das Rendas Internas, do Ministério da Fazenda, passa a denominar-se Departamento de Rendas Internas, competindo-lhe especificamente:

I - dirigir, superintender, orientar e coordenar os serviços de aplicação das leis fiscais relacionadas com os impostos de consumo e sêlo, assim como os demais tributos não compreendidos nas atribuições das Diretorias de Rendas Aduaneiras e do Impôsto de Renda;

II - promover o contrôle e fiscalização da cobrança dos tributos incluídos no âmbito de sua competência;

III - fiscalizar as emprêsas autorizadas a realizar vendas de bens imóveis e mercadorias, por meio de sorteios, distribuição de prêmios, quinhões, bonificações e processos semelhantes;

IV - Interpretar as leis e regulamentos fiscais relacionados com suas atribuições, decidindo sôbre os casos omissos e baixando os atos esclarecedores;

V - Julgar:

a) em primeira instância, através de seus órgãos regionais - os processos fiscais, inclusive de consulta, relativo aos tributos incluídos no âmbito de sua competência, excetuados os referentes à falta de pagamento do impôsto de consumo verificada por ocasião do despacho de mercadoria estrangeira, os quais, com o rito aduaneiro em primeira instância, serão da competência da repartição que efetuar o despacho, de cuja decisão caberá recurso para o Segundo Conselho de Contribuintes;

b) em única instância, através de seu órgão central - as consultas relativas aos tributos de sua competência formuladas pelos órgãos centrais do Serviço Público e Autarquia Federal, das Sociedades de Economia Mista, controladas pela União, e das entidades de classe de âmbito nacional;

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c) em segunda e última instância através de seu órgão central - as consultas julgadas em primeira instância pelos seus órgãos regionais.

§ 1º A competência para o preparo dos processos referidos no inciso V dêste artigo será fixada em Regulamento.

§ 2º O Departamento de Rendas Internas contará, para o exercício de suas atribuições, com Delegacias e Inspetorias, regionais e seccionais, cuja competência, sede e jurisdição serão estabelecidas em Regimento aprovado por decreto do Poder Executivo.

§ 3º A medida em que forem sendo instalados os órgãos a que se refere o parágrafo anterior, passarão a integrar o Departamento de Rendas Internas os serviços de sua competência que estiverem a cargo das Recebedorias Federais, Delegacias Fiscais e Alfândegas.

Art . 112. Fica o Poder Executivo autorizado a criar as funções gratificadas necessárias à reestruturação do Departamento de Rendas Internas e a fixar-lhes os respectivos símbolos, observados os princípios de hierarquia e analogia de funções, assim como sua importância e complexidade.

Art . 113. Serão da competência do Diretor do Departamento de Rendas Internas a designação dos delegados e inspetores, regionais e seccionais, bem como a movimentação interna do pessoal lotado no mesmo Departamento.

Art 114. Atendendo às necessidades do serviço e respeitada a distribuição numérica de cada Estado, os Agentes Fiscais de Rendas Internas, dos níveis 18-E e 17-D, poderão ser lotados indistintamente nas capitais dos Estados de primeira categoria e categoria especial.

§ 1º O provimento por remoção será limitado a metade dos claros verificados para efeito de promoção.

§ 2º Fica assegurada aos atuais ocupantes dos cargos do nível 18-E a permanência no Estado da Guanabara, admitida, porém, a remoção a pedido ou por permuta.

§ 3º VETADO.

Art . 115. A expressão "firma", quando empregado em sentido geral nesta lei, compreende, além das firmas individuais, todos os tipos de sociedades, quer funcionem sob uma razão social ou sob uma designação ou denominação particular.

Art . 116. Salvo disposição em contrário, os prazos previstos nesta lei serão contados em dias corridos e, na sua contagem, excluir-se-á o dia do comêço e incluir-se-á o do vencimento. Se êste cair em domingo, feriado nacional ou local, ponto facultativo ou data em que, por qualquer motivo, não funcione a repartição onde deva ser cumprida a obrigação, o prazo considerar-se-á prorrogado até o primeiro dia útil subsequente.

Art . 117. Fica extinto o adicional de 10% (dez por cento) sôbre bebidas, de que tratam os Decretos-lei ns. 6.785, de 11 de agôsto de 1944 e 9.846, de 12 de setembro de 1946.

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Art . 118. É mantida a Junta Consultiva do Impôsto de Consumo, criada pelo Decreto-lei nº 7.404, de 22 de março de 1945.

Art . 119. Por ato do Ministro da Fazenda, o recolhimento quinzenal do impôsto, previsto no inciso III do artigo 26, poderá passar a mensal, a realizar-se na primeira quinzena do mês seguinte ao da saída dos produtos do estabelecimento produtor.

Parágrafo único. A medida poderá ser global, para todos os contribuintes, ou especial, para determinadas classes de produtos.

Art . 120. Continua em vigor, no que não tenha sido alterada expressamente por esta lei, a legislação relativa à série de classes do agente fiscal de impôsto de consumo e a classe de fiscal auxiliar de impostos internos, suas atribuições, direitos e deveres.

Parágrafo único. A série de classes de agente fiscal do impôsto de consumo passa a denominar-se "agente fiscal de rendas internas".

Art . 121. Ficam revogados, no que não tenham sido mantidos expressamente por esta lei, o decreto lei nº 7.404, de 22 de março de 1945, e as leis posteriores que o modificaram, ressalvadas as disposições referentes ao processo fiscal e as que se apliquem também a outros tributos ou disciplinem matéria estranha ao impôsto de consumo.

Parágrafo único. Até que seja instituído e implantado o cadastro geral dos contribuintes, continuará a ser exigida a patente de registro na forma da legislação atual, expedida, porém, gratuitamente.

Art . 122. Os que, em 1º de janeiro de 1965, possuírem estampilhas do imposto de consumo deverão recolhê-las, dentro de noventa dias, à repartição arrecadadora local, por meio de guia, para exame de sua legitimidade pela Casa da Moeda e posterior restituição de seu valor.

Art . 123. Na regulamentação desta lei o Poder Executivo disciplinará, de maneira clara e minuciosa, tôda a matéria relativa ao impôsto de consumo, sua arrecadação e fiscalização, instituirá os modelos de documento e livros fiscais, ou alterará os já existentes prescrevendo as normas necessárias à sua escrituração e a clareza e segurança de seus lançamentos; e adotará toda as cautelas de ordem fiscal tendentes a evitar a evasão do imposto.

Parágrafo único. Para fins exclusivamente estatísticos, poderá ainda o Poder Executivo, com relação à Tabela anexa, agrupar, de forma diferente, os capítulos nas alíneas, com ou sem alteração do número destas, e desdobrar as posições em novos incisos, sem ampliação do campo de incidência ou alteração das alíquotas do imposto.

Art . 124. VETADO.

Art . 125. Aos fabricantes, sujeitos ao pagamento do Impôsto de Consumo pelo sistema de selagem direta ou pelo sistema misto, de selagem direta e por guia, que já procederam no regime das leis anteriores, à dedução dos impostos pagos sôbre as matérias-primas que concorreram para produção de artigos de seu fabrico, fica assegurado o direito expresso no

277

artigo 5º da alteração 1º da Lei número 3.520, de 30 de dezembro de 1958, desde então até a data de início de vigência da presente lei.

Art . 126. Nos exercícios de 1965 a 1967, o imposto incidente sobre tecidos e confecções será devido na seguinte forma:

I - quanto aos produtos das posições 61.01 a 61.04; em 1965 e 1966 - 6% e, em 1967 8%.

II - quando aos das posições 50.09, 51.04 53.11 a 53.13; 54.05; 55.07 a 55.09e 56.07; em 1965 e 1966 - 12% e em 1967 - 11%.

Art . 127. Esta lei entrara em vigor, no dia 1º de janeiro de 1965, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 30 de novembro de 1964; 143º da Independência e 76º da República.

H. CASTELLO BRANCO

Octávio Gouveia de Bulhões

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ANEXO 18

INSTRUÇÃO NORMATIVA MPS/SRP Nº 3 DE 14 DE JULHO DE 2005 - DOU DE 15/07/2005 E ALTERAÇOES.

MULTAS APLICADAS ÀS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Art. 649. Por infração a qualquer dispositivo da Lei nº 8.212, de 1991, exceto no que se refere aos prazos de recolhimento de contribuições, da Lei nº 8.213, de 1991 e da Lei nº 10.666, de 2003, fica o responsável sujeito a multa variável, conforme a gravidade da infração, limitada a um valor mínimo e um valor máximo previstos no RPS e atualizados mediante Portaria Ministerial, aplicada da seguinte forma:

I - a partir do valor mínimo, limitada ao valor máximo estabelecido em Portaria Ministerial, para as infrações previstas no inciso I do art. 283 do RPS;

II - a partir de um décimo do valor máximo estabelecido em Portaria Ministerial, ao qual se limita, para as infrações previstas no inciso II do art. 283 do RPS;

III - no valor mínimo, por segurado não inscrito, para a infração prevista no § 2º do art. 283 do RPS;

IV - no valor mínimo, para as infrações para as quais não haja penalidade expressamente cominada, conforme o § 3º do art. 283 do RPS;

V - equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo, definido em função do número de segurados da empresa, pela não-apresentação da GFIP, conforme previsto no inciso I do art. 284 do RPS, observado o disposto nos § § 1º e 2º deste artigo;

VI - cem por cento do valor das contribuições sociais previdenciárias devidas e não declaradas, conforme disposto no inciso II do art. 284 do RPS, limitada aos valores previstos no inciso I do art. 284 do RPS, por competência, em face da apresentação de GFIP ou GRFP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores, seja em relação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, seja em relação ao valor que seria devido se não houvesse isenção ou substituição, observado o disposto nos § § 2º e 3º deste artigo;

VII - cinco por cento do valor mínimo, por campo com informação inexata ou incompleta ou por campo com omissão de informação na GFIP ou GRFP, não relacionada com os fatos geradores das contribuições sociais previdenciárias, conforme previsto no inciso III do art. 284 do RPS, limitada aos valores previstos no inciso I do art. 284 do RPS, por competência, observado o disposto no § 2º deste artigo;

VIII - cinqüenta por cento das quantias pagas ou creditadas a título de bonificação, dividendo ou participação nos lucros por empresa em débito com a Previdência Social, conforme previsto no art. 285 do RPS;

IX - entre os limites mínimo e máximo do salário de contribuição, como definido nas tabelas publicadas pelo MPS, por acidente de trabalho não comunicado dentro do prazo legal, conforme estabelecido no art. 286 do RPS, não se aplicando a multa nos casos de reconhecimento de nexo

279

técnico epidemiológico na forma do art. 21A da Lei nº 8.213, de 1991, conforme estabelece o § 5º do art. 22 da citada Lei, ambos acrescentados pela Lei nº 11.430, de 2006. (Nova redação dada pela IN

MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 1º A multa de que trata o inciso V do caput sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que a GFIP ou GRFP deveria ter sido entregue, até a data da lavratura do AI ou até a data em que houve a correção da falta sem que tenha ocorrido a denúncia espontânea.

§ 2º Para definição do multiplicador a que se refere o inciso V e apuração do limite previsto nos incisos VI e VII, todos do caput, serão considerados, por competência, todos os segurados a serviço da empresa, ou seja, todos os empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais verificados em procedimento fiscal, declarados ou não em GFIP.

§ 3º A contribuição não declarada a que se refere o inciso VI do caput corresponde à diferença entre o valor das contribuições sociais previdenciárias devidas e o valor das contribuições declaradas na GFIP, sendo que no cálculo do valor da multa a ser aplicada não serão consideradas as contribuições destinadas às outras entidades ou fundos.

§ 4º Consideram-se débitos, para fins da multa prevista no inciso VIII do caput, desde que não estejam com a exigibilidade suspensa, a NFLD e o AI transitados em julgado na fase administrativa, o LDC inscrito em dívida ativa, o valor lançado em documento de natureza declaratória não recolhido e a provisão contábil de contribuições sociais não recolhidas.

§ 5º O valor que seria devido se não houvesse isenção ou substituição previsto no inciso VI do caput refere-se à:

I - pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social em gozo de isenção das contribuições sociais; ou

II - empresa cujas contribuições incidentes sobre os respectivos fatos geradores tenham sido substituídas por outras.

Art. 650. Por infração aos incisos I e II do art. 6º, ao art. 10 e ao art. 12, todos da Lei nº 8.870, de 1994, fica o responsável sujeito à multa aplicada de acordo com os valores fixados no art. 287 do RPS, atualizados periodicamente mediante Portaria Ministerial, observado o disposto no inciso I do art. 647.

Art. 651. Por infração ao art. 7º da Lei nº 9.719, de 1998, fica o Órgão Gestor de Mão-de-Obra sujeito à multa aplicada de acordo com os valores fixados no art. 288 do RPS, atualizados periodicamente mediante Portaria Ministerial.

Art. 652. O valor-base da multa aplicada por infração a dispositivo da legislação previdenciária deverá ser o vigente na data da lavratura do AI, observados os critérios de sua gradação nos termos do art. 292 do RPS, se for o caso.

Art. 653. O limite máximo da multa é por ocorrência nas hipóteses previstas nos arts. 646 e 647 e por competência na hipótese prevista no art. 648.

280

Art. 654. Os valores mínimo e máximo da multa previstos nesta Subseção são estabelecidos periodicamente mediante Portaria Ministerial.

Subseção II

Circunstâncias Agravantes

Art. 655. Constituem circunstâncias agravantes da infração, das quais dependerá a gradação da multa, ter o infrator:

I - tentado subornar servidor dos órgãos competentes;

II - agido com dolo, fraude ou má-fé;

III - desacatado, no ato da ação fiscal, o agente da fiscalização;

IV - obstado a ação da fiscalização;

V - incorrido em reincidência.

§ 1º Caracteriza-se reincidência a prática de nova infração a dispositivo da legislação por uma mesma pessoa ou por seu sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrível administrativamente a decisão condenatória, da data do pagamento ou da data em que se configurou a revelia, referentes à autuação anterior. (Nova redação dada pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 2º O disposto no § 1º deste artigo não produz efeitos em relação à sucessão de pessoa física.

§ 3º Reincidência específica é a prática de nova infração ao mesmo dispositivo legal e reincidência genérica, a prática de nova infração de natureza diversa.

§ 4º Nas infrações referidas nos incisos I, II e III do art. 284, no art. 285 e nos incisos I e II do parágrafo único do art. 287, todos do RPS, a ocorrência de circunstância agravante não produz efeito para a gradação da multa; é, porém, impeditiva de sua relevação, mas não de sua atenuação, se for o caso.

§ 5º Para as infrações referidas no art. 288 do RPS, cometidas por OGMO, serão consideradas apenas as agravantes previstas nos incisos III, IV e V do caput deste artigo.

Subseção III

Circunstância Atenuante

Art. 656. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação do Auto-de-Infração. (Nova redação dada pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 1º A multa será relevada, ainda que não contestada a infração, se o infrator:

I - formular pedido dentro do prazo de impugnação e comprovar a correção da falta no prazo referido no caput; (Nova redação dada pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

281

a) (Revogado pela IN MPS/SRP nº 20, de 11/01/2007)

b) (Revogado pela IN MPS/SRP nº 20, de 11/01/2007)

II - for primário; e

III - não tiver incorrido em circunstância agravante.

§ 2º A multa será atenuada em cinqüenta por cento, se o infrator tiver corrigido a falta no prazo referido no caput.

§ 3º Não se aplica: (Nova redação dada pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

I - o disposto no § 1º deste artigo em relação à multa prevista no art. 286 do RPS; e (Incluído pela IN

MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

II - o disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo em relação à multa nos casos em que esta decorrer de falta ou insuficiência de recolhimento tempestivo de contribuições ou outras importâncias devidas nos termos do RPS, disciplinada nos arts. 496 a 498. (Incluído pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 4º Para fins de atenuação ou relevação da penalidade pecuniária, considera-se cada ocorrência, conforme descrito nos arts. 646 a 648, uma falta.

§ 5º A relevação ou a atenuação de que tratam os § § 1º e 2º será aplicada sobre o valor da multa correspondente a cada ocorrência para a qual houve correção da falta.

§ 6º (Revogado pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 7º Da decisão que atenuar ou relevar multa decorrente de Auto-de-Infração deverá ser interposto recurso de ofício ao CRPS, de acordo com o disposto na alínea “b” do inciso I do art. 366 do RPS, observado o disposto no § 8º. (Nova redação dada pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 8º Não se aplica o disposto no §7º à atenuação estabelecida como critério para fixação do valor da multa no ato da lavratura do respectivo auto, nos termos do inciso IX do art. 657. (Incluído pela IN

MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

§ 9º Não caberá recurso de ofício de decisões ou despachos-decisórios relativos a Auto-de-Infração com valores inferiores aos estabelecidos em ato do Ministro da Previdência Social, nos termos do § 2º do art. 366 do RPS. (Incluído pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007) § 10. Somente deverão ser interpostos recursos de ofício ao CRPS das decisões e despachos-decisórios proferidos em processos nos quais tenha sido instaurado o contencioso administrativo fiscal, observado o disposto no § 11. (Incluído pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007) § 11. Nos processos relativos a Auto-de-Infração em que não tenha sido instaurado o contencioso administrativo fiscal deverá ser dirigido recurso de ofício à autoridade hierarquicamente superior, desde que o valor total exonerado seja superior a vinte mil reais, nos termos do parágrafo único do art. 2º da Portaria MPS nº 158, de 2004. (Incluído pela IN MPS/SRP nº 23, de 30/04/2007)

Subseção IV

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Gradação das Multas

Art. 657. As multas serão aplicadas da seguinte forma:

I - a ausência de agravantes e de atenuante implica utilização dos valores mínimos estabelecidos, conforme o caso;

II - as agravantes previstas nos incisos I e II do art. 655 elevam a multa em três vezes;

III - as agravantes previstas nos incisos III e IV do art. 655 elevam a multa em duas vezes;

IV - a agravante prevista no inciso V do art. 655 eleva a multa em três vezes, a cada reincidência específica, e, em duas vezes, a cada reincidência genérica;

V - cada reincidência das infrações referidas no art. 288 do RPS, cometidas por órgão gestor de mão-de-obra, seja ela genérica ou específica, eleva a multa em duas vezes;

VI - cada reincidência de infração pela falta de comunicação de acidente do trabalho, seja ela genérica ou específica, eleva a multa em duas vezes;

VII - caso haja concorrência entre as agravantes previstas nos incisos I a IV do art. 655, prevalecerá aquela que mais eleve a multa;

VIII - caso haja concorrência entre a agravante prevista no inciso V e quaisquer das demais do art. 655, ambas serão consideradas na aplicação da multa;

IX - na ocorrência da circunstância atenuante, a multa será aplicada com atenuação de cinqüenta por cento;

X - caso haja concorrência entre atenuante e agravante, aplicam-se ambas.

§ 1º A caracterização da reincidência sempre se dará em relação a procedimentos fiscais distintos.

§ 2º Será considerada apenas uma reincidência, quando em um procedimento fiscal anterior tenham sido lavrados mais de um AI, independentemente de as decisões administrativas definitivas terem ocorrido em datas diferentes.

§ 3º Caso haja concorrência de reincidência genérica com reincidência específica, prevalecerá a específica.

§ 4º Na hipótese do inciso IX do caput, quando a atenuação for aplicada pelo AFPS, não cabe recurso de ofício para a autoridade imediatamente superior.

Subseção V

Fixação da Multa

Art. 658. Na ausência de agravantes, as multas serão aplicadas nos valores mínimos estabelecidos nos incisos I e II e § 3º do art. 283 e nos arts. 286 e 288, todos do RPS, conforme o caso.

283

Art. 659. Caso haja agravante, o valor da multa será obtido mediante a multiplicação do valor mínimo estabelecido pelos fatores de elevação previstos nos incisos II a X do art. 657.

§ 1º A partir da segunda reincidência, o valor total da multa será obtido mediante a multiplicação do seu valor-base pelo produto dos fatores de elevação previstos nos incisos IV a VI do art. 657.

§ 2º Quando a reincidência concorrer com qualquer outra agravante, aplicar-se-ão, distintamente, os respectivos fatores de elevação sobre o valor-base da multa, e os resultados serão somados para a obtenção do valor final da multa a ser aplicada.

§ 3º Se houver a materialização das infrações referidas nos arts. 646 a 648, exceto a prevista no § 2º do art. 648, a multa será calculada separadamente para cada ocorrência, devendo-se totalizar os valores obtidos em todas essas ocorrências para calcular o valor final da multa a ser aplicada.

§ 4º Se houver a materialização das demais infrações não referidas nos arts. 646 a 648, a multa será fixada por Auto de Infração, independentemente do número de ocorrências.