como os maus espÍritos enganam os doutrinadores

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COMO OS MAUS ESPRITOS ENGANAM OS DOUTRINADORES Seja por entusiasmo, seja por fascnio dos Espritos, ou seja por amor prprio, em geral o mdium (esclarecedor ou outro tipo qualquer ) levado a crer que os Espritos que se comunicam com ele so superiores; e isto tanto mais quanto mais os espritos, vendo sua propenso, no deixam de ornar-se com ttulos pomposos, conforme a necessidade e, segundo as circunstncias, tomam nomes de anjos, fazem o seu papel como atores vestindo ridiculamente a roupagem das pessoas que representam. Tirai-lhes a mscara e se tornam o que eram ridculos. isto que se deve saber fazer, tanto com os espritos, quanto com os homens. A DOUTRINAO* A Doutrinao, segundo Herculano Pires, a tcnica esprita de afastar os espritos obsessores atravs do esclarecimento doutrinrio. E continua: Foi criada e desenvolvida por Allan Kardec para substituir as prticas brbaras do Exorcismo largamente usadas na Antiguidade. O conceito do doente mental como possesso demonaca gerou a ideia de espancar o doente para retirar o Demnio do seu corpo. E prossegue Herculano Pires: Nas Religies, recorria-se a mtodos de expulso por meio de preces, objetos sagrados, como crucifixos, relquias, rosrios, teros, medalhas, gua benta, ameaas, xingos, queima de incensos e outros ingredientes, pancadas e torturas. As pesquisas espritas levaram Kardec a instituir e praticar intensivamente a Doutrinao como forma persuasiva de esclarecimento do obsessor e do obsedado atravs das Sesses de Desobsesso. Ambos necessitam de esclarecimento evanglico para superar os conflitos do passado. Afastada a ideia terrorista do Diabo esclarece ainda Herculano Pires obsessor e obsedado so tratados com amor e compreenso como criaturas humanas e no como algoz satnico e vtima inocente. Apegados matria e vida terrena, os obsessores necessitam sentir- se seguros no meio medinico, envolvidos nos fluidos e emanaes ectoplsmicas da sesso, para poderem conversar de maneira proveitosa com os espritos esclarecedores. Isso o que Herculano Pires fala sobre a Doutrinao, que se d, imprescindivelmente, com a participao dos espritos protetores. Orgulhoso e intil, e at mesmo prejudicial, ser o doutrinador que se julgar capaz de doutrinar por si mesmo fala, agora, Herculano Pires sobre o doutrinador, acrescentando: Sua eficincia depende sempre de sua humildade, que lhe permite compreender a necessidade de ser auxiliado pelos espritos bons. O doutrinador que no compreende esse princpio precisa de doutrinao e esclarecimento, para alijar de seu esprito a vaidade e a pretenso. S pode realmente doutrinar espritos quem tiver amor e humildade. E destaca nas suas concluses sobre o papel do doutrinador: o prprio doutrinador que se doutrina a si mesmo doutrinando os outros.

______________________________.*Texto resumido do livro Obsesso, o Passe, a Doutrinao PIRES, J Herculano. So Paulo SP, Editora Paidia 5 Ed. 1992.

HISTRIA DE UM DOUTRINADOR1

Este trabalho no tem a pretenso de um estudo completo e profundo sobre o papel do doutrinador ou mdium esclarecedor nas sesses de desobsesso para tratamento espiritual. apenas o modesto resultado de um esforo de pesquisa, no sentido de melhor orientar as atividades medinicas, oferecendo aos dirigentes de grupos medinicos, aos doutrinadores e aos mdiuns de uma forma geral um roteiro mais pedaggico para o desempenho de suas tarefas. E numa tentativa de ilustrao mais direta dos riscos, perigos, tentaes, arrastamentos, enfim, vantagens e desvantagens que se apresentam ao candidato ao dilogo com as sombras, escolhemos o captulo 12 do livro Os Mensageiros, no qual o Esprito Andr Luiz narra com grande lucidez a histria de um doutrinador contada por ele mesmo do outro lado da vida. Sob o ttulo A Palavra de Monteiro, vamos reproduzir, a seguir, os textos considerados mais elucidativos para o estudo a que se prope este trabalho de pesquisa: *** *** *** A entidade que Andr Luiz identifica pelo nome de Monteiro comea sua narrativa chamando a ateno para as dificuldades com que se defronta o Esprito quando em luta na carne, pela influncia do meio: "So tantas e tamanhas as exigncias dos sentidos em relao com o mundo externo, que no escapei, igualmente, a doloroso desastre". Mas, como? indaga Andr Luiz, sequioso de conhecimentos. que a multiplicidade de fenmenos e as singularidades medinicas reservam surpresas de vulto a qualquer doutrinador que possua mais raciocnios na cabea que sentimentos no corao. Em todos os tempos, o vcio intelectual pode desviar qualquer trabalhador mais entusiasta que sincero. E foi o que aconteceu comigo. Nessa conversa em grupo, em Nosso Lar, o ex-doutrinador na Terra repassa, com mincias emocionantes, os quadros mais amargos de sua experincia, no obstante o entusiasmo com que assumiu a delicada tarefa, sob o incentivo de sua me. Tinha sob seu controle direto mdiuns de efeito fsico, de psicografia e incorporao, participando de quatro reunies semanais s quais comparecia em regime de rigorosa assiduidade. Confesso que experimentava certa volpia na doutrinao aos desencarnados de condio inferior. Para todos eles tinha longas exortaes decoradas, na ponta da lngua depe. E revela que estimava enfrentar obsessores cruis para reduzi-los a zero, no campo da argumentao pesada, com a ideia criminosa de falsa superioridade. E compara: Acendia luzes para os outros, preferindo, porm, os caminhos escuros e esquecendo a mim mesmo. Por vezes, aps longa doutrinao sobre a pacincia, impondo pesadssimas obrigaes aos desencarnados, abria as janelas do grupo de nossas atividades doutrinrias, para descompor as crianas que brincavam inocentemente na rua. Todo esse procedimento lembrado por Monteiro nas suas lides de doutrinador, segundo ele mesmo, era uma coisa mnima comparado ao que ele aprontava na sua vida l fora, sobretudo no campo profissional. Raro o ms que no mandasse promissrias de clientes a protesto pblico. No adiantavam lamentaes, desculpas, pedidos de prazos. Passava os dias no escritrio estudando a melhor maneira de perseguir os clientes em atraso, entre preocupaes e observaes nem sempre muito retas, e, noite, l estava esbanjando lies de amor aos semelhantes, a pacincia e a2

doura, exaltando o sofrimento e a luta como estradas benditas de preparao para Deus. "Fora das sesses prticas, minha atividade doutrinria consistia em vastssimos comentrios dos fenmenos observados, duelos palavrosos, narraes de acontecimentos inslitos, crtica rigorosa dos mdiuns". E comenta, interrogativo: Como ensinar sem exemplo, dirigir sem amor? De volta ao plano espiritual, nessas condies, entidades perigosas e revoltadas aguardaram- no. Viu-se rodeado de seres malvolos que lhe repetiam muitas daquelas frases das sesses. Ironizavam, cobrando-lhe serenidade, pacincia e perdo s faltas alheias. E perguntavam-no por que no se desagarrava do mundo, estando j desencarnado? O certo que depois de muito sofrimento, medida que se foi desapegando mais do mundo fsico, irmos bondosos recolheram-no ao Nosso Lar. Mesmo assim permanecia descontente , alegando que havia fomentado as sesses de intercmbio na Terra e que se consagrara ao esclarecimento dos desencarnados, at que a benfeitora que ouvia por mais de duas horas seu rosrio de queixas, com pacincia evanglica, resolveu fechar o dilogo com esta sbia e sincera nota de esclarecimento maternal: Monteiro, meu amigo, a causa da sua derrota no complexa, nem difcil de explicar. Entregou-se voc excessivamente ao Espiritismo prtico, junto dos homens nossos irmos, mas nunca se interessou pela verdadeira prtica do Espiritismo, junto de Jesus nosso Mestre. E conclui, finalmente, o ex-doutrinador rigorista: Desde ento, minha atitude mudou muitssimo. *** *** ***

MANUAL DO DOUTRINADOR 1.Que doutrinador? O mdium doutrinador o companheiro que presta ao Esprito sofredor os primeiros socorros nos servios da enfermagem espiritual. , por excelncia, o mdium da palavra do Evangelho. Nas prelees que efetua a desencarnados e encarnados tem a funo de despertar conscincias com o seu verbo iluminado. Em ABC da Mediunidade, psicografado por Carlos A. Bacelli, o Esprito Odilon Fernandes diz textualmente: "Talvez o mdium doutrinador seja aquele que mais tenha necessidade de estudar e de aplicar a Doutrina na vida cotidiana". Hermnio Miranda, em seu Dilogo com as Sombras, aponta cinco qualidades ou aptides que considera bsicas para o doutrinador: 1) Formao doutrinria slida, com apoio doutrinrio nos livros da Doutrina; 2) Familiaridade com o Evangelho de Jesus; 3) Autoridade moral; 4) F; 5) Amor. E cita outras consideradas desejveis, importantes tambm, mas no to crticas: Pacincia, Sensibilidade, Tato, Energia, Humildade, Destemor (no ter Medo e ter Firmeza) e Prudncia.2. O candidato doutrinao deve se inibir a ponto de desistir da tarefa por se julgar incapaz em decorrncia das imperfeies que detm e da falta de conhecimento? Recorremos mais uma vez a Hermnio Miranda, para quem "ser doutrinador no ser santo". claro que deve se esforar, como qualquer esprita consciente do seu dever, para reunir pelo menos um mnimo de condies, sobretudo boa vontade e bom senso, para assumir, no grupo medinico, uma funo de liderana, o que impe,3

naturalmente, um crescente senso de responsabilidade. Deve ter aptides para o dilogo, mas tambm gostar de ouvir. Alm disso, uma boa soma de conhecimento que pode adquirir com o estudo, como tambm habilidade para abordar criaturasproblemas, que vai aumentando ao longo da experincia. claro que no pode ser uma pessoa leiga, mas no precisa tambm ser uma sumidade. Quanto s imperfeies, a tarefa surge certamente como meio para venc-las pela renncia e pela dedicao ao semelhante, pois, segundo ainda Hermnio Miranda, "no podemos esperar a perfeio para ajudar o irmo que sofre". 3. Como saber, ento, se algum est capacitado para ser doutrinador? Se o candidato rene as qualificaes j mencionadas e se manifesta, de fato, interesse em assumir a tarefa, tm-se os primeiros indcios de que a Casa Esprita poder contar, mais adiante, com mais um doutrinador. A verdade que essa uma das mais belas tarefas na reunio de desobsesso e que requer muita prudncia, discernimento e diplomacia. Que requer, principalmente, como j foi dito, o ascendente moral do que fala sobre aquele que ouve, que est sendo atendido sempre em circunstncias mais ou menos desfavorveis, pelas dificuldades com que ele prprio resiste geralmente assistncia. E esse ascendente moral faz com que a abordagem do Esprito pelo doutrinador proporcione ao enfermo as primeiras sensaes de serenidade, a idia de confiana, de que est diante de algum que lhe fala com autoridade e de quem emanam sinceridade, conhecimento e equilbrio. Eis o perfil de algum em condies de ser doutrinador. 4. Como comear o dilogo com o Esprito comunicante? Comear dizendo-lhe que seja bem-vindo, que no ambiente onde ele se encontra ou aonde ele foi trazido s tem pessoas amigas, empenhadas em fazer o bem indistintamente e dispostas a ouvi-lo. Caso se disponha a falar, desse dilogo fraterno poder surgir o entendimento capaz de nos conduzir harmonia e de fazer brotar resultados do interesse de todos os que ali se encontram imbudos do propsito sincero de ajudar, colaborar, enfim, contribuir para a paz e alegria de todos os filhos de Deus. Em seguida, aguardar em clima de real confiana e de vibraes positivas as reaes do visitante, para ento se situar em que linha de argumentao conduzir a conversa da em diante. Isso, claro, quando tratar-se de entidades que se disponham ao dilogo, colocando as suas pretenses ou descrevendo suas condies de sofrimento e dor, conforme o caso. 5. Como deve ser a argumentao do doutrinador? Deve utilizar uma argumentao lgica, clara, concisa, com base na Doutrina Esprita e, sobretudo, permeada de amor. No deve criticar, nem censurar, nem julgar, nem usar de franqueza excessiva. A medida justa para isto colocar-se o doutrinador na posio do comunicante, vivendo o seu drama e imaginando como seria o seu sofrimento. 6. Qual, ento, a imagem que o doutrinador deve ter do obsessor? Ele deve levar em considerao que os Espritos so seres humanos, com a nica diferena que no possuem mais o corpo de carne como ns encarnados. Mas4

atravessaram o portal do tmulo com os mesmos vcios ou virtudes que cultivaram quando encarnados. Por isso, ao tratar com um obsessor desencarnado, deve o esclarecedor utilizar toda uma psicologia de quem est tratando com pessoas problemticas que alimentam sentimentos conflitantes, fortes cargas de emoes desajustadas, tipo essa mesma clientela que enche os consultrios mdicos e busca alternativas nas religies, que lota os centros espritas, a procura de alvio e cura para os seus males. Tem ainda, em idnticas situaes, a enorme massa dos que se isolam e se fecham a qualquer possibilidade de mudana. No existe uma regra mgica ou uma norma rgida para se tratar com esses Espritos, alm da linguagem amorosa, mas o bom senso est a indicar que para cada caso deve haver um tipo apropriado de dilogo capaz de produzir os resultados desejados. No livro Libertao, Andr Luiz nos fala de uma experincia com trs ovoides, das quais, aumentando sua capacidade de percepo como o mdico que ausculta o enfermo em coma, conseguia ouvir no ntimo delas gemidos e frases inteiras como estas: Vingana! Vingana! No descansarei at o fim... Esta mulher infame me pagar!... Ou ento, gritos assim: Assassina! Assassina! O doutrinador deve ser esse irmo bondoso e diligente que procura identificar os Espritos enfermos nos ecos que partem do seu mais profundo ntimo. 7. Como agir o doutrinador quando surpreendido pela manifestao do seu prprio obsessor? "Neste caso" sugere Hermnio Miranda "a tarefa assume implicaes de natureza muito pessoal, para as quais o doutrinador tem que estar preparado". Consideramos sensata a sua orientao no sentido de que o doutrinador perseguido trate o seu obsessor com serenidade, equilbrio e humildade. Deve procurar sensibiliz-lo de que, como encarnado, no tem a noo exata dos males que eventualmente tenha causado. Mesmo assim, espera que ele possa perdo-lo, reconhecendo o esforo que agora empreende para se melhorar, a luta que trava contra suas imperfeies para no mais reincidir nos erros do passado. Embora limitado ainda por numerosos vcios, alimenta, porm, o sincero propsito de amar os que odiou e de trabalhar pelo progresso das vtimas da sua infeliz ignorncia. Deve mostrar a importncia do perdo e do arrependimento e, pelo exemplo, provar que verdadeiro tudo o que diz ao seu comunicante. Tudo isso, com muita simplicidade e sem resvalar, sob qualquer hiptese, para a presuno ou exibio de virtudes que no possui. Por a poder conseguir sensibilizar o antigo desafeto, a favor do qual tem o dever de orar e fazer tudo para ajud-lo a libertar-se da crislida de dio que ainda no conseguiu romper, considerando sempre a recomendao de Jesus no Evangelho de Mateus (5:44): "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam". 8. Como os Espritos encaram a doutrinao? Alguns comunicantes pensam encontrar-se em um julgamento e se sentem ofendidos porque se consideram vtimas e no rus. Da a importncia de faz-los compreender que no esto sendo julgados. Outros Espritos a tomam por insulto, ou por sermo que no lhes interessa. Outros sequer registram a palavra do doutrinador por estar com a mente obnubilada, incapaz de reagir positivamente a qualquer estmulo de despertamento. Esto como que hipnotizados pelas prprias criaes5

mentais em processos viciados de fixao, indiferentes a tudo quanto esteja fora desse campo magntico de influncia fludica em que respiram indefinidamente. Andr Luiz costuma compar-los a verdadeiros sonmbulos. 9. O doutrinador visado pelos Espritos inferiores? No somente ele, como os demais integrantes da equipe medinica. Os desencarnados que esto sendo atendidos no raro lhe acompanham os passos para verificar o seu comportamento e se h veracidade em tudo o que fala e aconselha. Encontram-se nele o exemplo, sentem-se encorajados modificao. No raro tambm lhe cobram os ensinos no praticados e se do por contentes quando conseguem v-lo em contradio, fazendo exatamente o contrrio de tudo aquilo que a sua condio de doutrinador ou de mdium exige. Por isso que Jesus admoestou os apstolos que encontrou dormindo ao voltar da orao no Getsmani, dizendo-lhes: "Vigiai e orai para no cairdes em tentao" ( Mt. 26:41). 10. E onde fica a assistncia dos bons Espritos? O doutrinador sempre auxiliado pela ao dos bons Espritos na doutrinao do obsessor e do obsedado. "Um instrutor de elevada condio hierrquica substituiu Alexandre junto da mdium, passando o meu orientador a inspirar diretamente o colaborador encarnado que dirigia a reunio", conta Andr Luiz sobre uma cena de doutrinao. E completa adiante, na descrio: "... fixei a minha ateno na palestra que se estabeleceu entre Marinho (desencarnado), incorporado em Otvia (mdium), e o doutrinador humano, orientado intuitivamente por Alexandre (instrutor desencarnado). 11. Qual o tempo necessrio para se preparar um doutrinador? Cremos que, como o mdium, o doutrinador ou mdium esclarecedor no tem um tempo especificado para ser preparado para a sua delicada e nobre tarefa de orientar os Espritos necessitados. O aprendizado, em Espiritismo, permanente, e quanto mais conhecimentos e crescimento moral conquistar, o lidador, mais ele estar preparado para a tarefa que lhe compete no acervo de imenso trabalho da Casa Esprita. O que h mais ou menos um espao de tempo em que ele ser preparado para abraar sua tarefa, participando dos cursos regulares e outros mais especficos, alm de estgios, para se tornar trabalhador dessa ou daquela rea de atendimento espiritual. claro que em tudo isso se deve levar em considerao o desembarao, a dedicao e conduta moral do trabalhador para a tarefa que ele deseja abraar. Agora, preparado mesmo o doutrinador somente estar depois de muitas reencarnaes que lhe possam garantir, de fato, a condio de verdadeiro esprita. 12. O uso de bebida alcolica tem influncia sobre o doutrinador? A orientao a mesma que se d aos mdiuns e espritas em geral. Mesmo os inocentes aperitivos devem ser evitados, tendo-se em mente que o mdium (e aqui o caso do mdium esclarecedor ou doutrinador) mdium as vinte e quatro horas do dia, todos os dias, desconhecendo o momento em que o plano espiritual necessitar do seu concurso. Alm do mais, quem bebe no tem condies morais para orientar Espritos nem encarnados alcolatras. E a autoridade do doutrinador sobre os obsessores, como j foi dito, est no seu ascendente moral.6

13. E quanto alimentao, h recomendaes especficas dos Espritos? A uma questo mais de foro ntimo. O prprio Mestre de Nazar nos informa pelo Evangelho que no o que entra pela boca que macula o homem, mas o que sai da boca, porque o que sai da boca de que est cheio o corao. Entretanto, o bom senso est a nos dizer que ningum deve se empanturrar para qualquer atividade, principalmente aquelas de natureza espiritual. aconselhvel uma alimentao mais leve para os dias de doutrinao. 14. Como se comportar diante dos Espritos que rejeitam a doutrinao? Em tudo deve prevalecer o bom senso. O doutrinador deixa a entidade falar, dizer a que veio, o que deseja e vai tentando conversar com ela, perguntando sem agresso, chamando o desencarnado meditao, compreenso, porm consciente de que nem sempre ser tarefa fcil ou imediata despertar- lhe a ateno. Como h pessoas encarnadas que tm dificuldade de aceitar as coisas por mltiplas razes e que, por isso, precisam de meses ou mesmo anos para mudar suas opinies ou abrir mo de determinados costumes e procedimentos, a mesma coisa acontece com muitos desencarnados que levaram para o alm-tmulo esse carter. Essa uma tarefa que requer muita pacincia, perseverana, alm de tato e habilidade, para a conduo ao bem de Espritos quase sempre muito perversos, endurecidos, astuciosos e rebeldes at o ltimo grau. 15. O doutrinador deve revelar a condio espiritual do comunicante? Essa questo de esclarecer o Esprito no primeiro encontro um ato de invigilncia e pode at contribuir para agravar o estado de perturbao e desespero da entidade. Dizer-se a algum que ele j morreu e esperar que esse algum receba essa informao com serenidade no fala ao bom senso. Pense como um encarnado receberia a informao seca e dura do mdico de que ele portador de um cncer ou de qualquer outra doena grave e que est em fase terminal! Os Espritos tambm so gente e necessitam igualmente de todas essas tcnicas da psicologia humana para receber determinadas informaes a seu respeito e a respeito daquilo que lhes interessa diretamente, que faz parte do seu mundo ntimo, da sua cultura. Algumas verdades devem ser reveladas em doses e com muita habilidade. 16. Quem deve falar mais, doutrinador ou comunicante? Muitas vezes, na nsia de ver as entidades esclarecidas e renovadas, o doutrinador se perde numa excessiva e cansativa cantilena, quase sempre improdutiva e exasperante at. recomendvel dispensar sempre os discursos durante a doutrinao, de modo a permitir que o comunicante possa expressar suas dificuldades, em razo das quais o doutrinador traar a linha do dilogo de forma objetiva e esclarecedora. Para tudo existe um meio termo, nem tanto terra, nem tanto ao mar diz a filosofia popular. 17. O doutrinador deve doutrinar de olhos fechados? No. O doutrinador deve estar em permanente estado de vigilncia, no s quanto aos seus prprios sentimentos e pensamentos, mas tambm quanto s suas suposies e intuies; quanto ao que contm nas entrelinhas do que diz o manifestante e sobretudo quanto ao que acontece sua volta e com os demais componentes do grupo. Deve, portanto, estar olhando para dentro e para fora, para enxergar tambm a sua prpria conduta no apenas durante o trabalho, mas no seu7

proceder dirio. sugestiva a resposta de Bartimeu, o Cego de Jeric, quando Jesus lhe pergunta: Que queres que eu te faa? E ele responde: Que eu veja (Marcos, 10:51). Atento a tudo, para comandar com segurana a sesso de desobsesso, deve ser uma das principais preocupaes do doutrinador. 18. At que ponto os Espritos rebeldes respeitam o doutrinador? Pela firmeza de sua postura, a confiana na colaborao dos dirigentes espirituais e, como j dissemos noutras oportunidades, pelo seu ascendente moral real e no aparente. Dependendo da seriedade da reunio, os dirigentes invisveis agem com toda presteza para coibir qualquer perturbao ou ameaa aos trabalhos. Conta-nos Andr Luiz que numa dessas reunies de socorro espiritual, um dos necessitados que tomara o mdium sob forte excitao quis agredir os componentes da mesa em tarefa de auxlio fraternal. "Antes, porm, que pusesse em prtica o sinistro desgnio, vi que os tcnicos de nosso plano trabalhavam ativos na composio de uma forma sem vida prpria, que trouxeram imediatamente, encostando-a no provvel agressor. Era um esqueleto de terrvel aspecto, que ele contemplou de alto a baixo, pondo-se a tremer, humilhado, esquecendo o triste propsito de ferir benfeitores". 19. E quando os Espritos lanam ameaas e desafios ao doutrinador? No aceitar a intimidao, pois sofremos apenas o que estiver em nossos compromissos espirituais. Isso no significa que devamos reagir provocao no mesmo tom. No deve o doutrinador ridicularizar qualquer bravata do obsessor, nem desafiar a ameaa, nem responder ironia com mofa, nem se intimidar. A prudncia a postura indicada. A ns, muitas vezes, eles poderiam vencer em razo das nossas prprias limitaes morais, mas a proteo da equipe espiritual, como j ficou provado por Andr Luiz, nos d o amparo e ascendncia momentnea, considerando-se o elevado objetivo da reunio. 20. Se o obsessor passa a acusar o doutrinador, a apontar suas falhas? Como Esprito imperfeito, a exemplo dos encarnados, ele procura explorar tambm as nossas imperfeies, os nossos defeitos. E na condio de desencarnado, ele nos observa com muito mais profundidade, podendo ter acesso inclusive s nossas falhas atuais e do nosso passado. Devemos manter a posio de humildade, se possvel mostrando-lhe que estamos em luta contra as nossas imperfeies e que merecemos todos ns, por esse tipo de esforo, inclusive ele se tambm desejar melhorar-se, estmulo e respeito. Com pacincia e sinceridade, ele terminar compreendendo. Jamais, porm, devemos exibir virtudes que no temos. 21. E quando o Esprito pe-se naquela gritaria, sem querer ouvir e mais para confundir o doutrinador? A gritaria e a confuso no conduzem a nada, a no ser ao clima de perturbao da reunio. Muitas vezes, mais uma manobra do obsessor ardiloso para desestabilizar emocionalmente o doutrinador e o restante do grupo, na nsia de impedir o xito da desobsesso. Se no houver condies de dilogo, prefervel que o dirigente da sesso pea o concurso dos bons Espritos para a retirada do irmo perturbador, at que ele possa voltar noutra oportunidade para uma nova tentativa de esclarecimento. Mas nunca devemos tentar venc-lo na discusso.8

22. Como agir quando o comunicante prope acordo, pacto, barganha, etc.? Simplesmente no aceitar. Mas faa isso sem deixar transparecer qualquer reao de censura ou indignao. No tente ludibri-lo com propostas, promessas, com objetivo de levar vantagem sobre o irmo astuto. Use sempre a sinceridade de propsitos, tentando persuadi-lo de que a nica proposta que atende aos interesses reais de ambas as partes aquela do Divino Mestre que nos aconselha o perdo aos inimigos e o amai-vos uns aos outros. 23. Como identificar se o Esprito est aceitando a doutrinao? Quando ele passa a ouvir, saindo do campo da rejeio pura e simples para o tom de arrependimento que o leva muitas vezes s lgrimas, quando no a pranto convulsivo. Nesse momento, o comunicante rebelde comea a ser alcanado no seu corao. H outros Espritos que denotam essa tendncia de aceitao do esclarecimento entregando-se a um silncio reflexivo entremeado de algumas perguntas refletindo o desejo de auxlio para a renovao. A essa altura, cabe ao doutrinador investir com todas as vibraes de amor fraternal, reforando suas palavras de estmulo ao irmo que comea a quebrar as algemas do jugo infeliz. 24. E se a entidade adotar o silncio total, recusando-se a falar? O doutrinador insiste amorosamente, utilizando algumas tcnicas da prpria psicologia social, como estmulo ao dilogo, ao mesmo tempo em que analisa pelas reaes fsicas do mdium se no se trata de alguma entidade que deixou o casulo fsico na condio de mudo, transportando para a erraticidade os condicionamentos do equipamento da fala. Se no fala por deciso prpria de no querer ouvir, para no ceder possibilidade de mudana de sua atitude mental pelo dilogo esclarecedor, aconselhvel que o doutrinador a deixe vontade, entregue ao socorro da equipe espiritual at que ela possa retornar com predisposies renovadas. 25. E como identificar se o Esprito de um mudo? O Esprito desencarnado difere do encarnado apenas pela falta do corpo fsico, mas o mesmo, com os mesmos sentimentos, as mesmas sensaes, os mesmos defeitos e virtudes. O Esprito que sofreu a prova da mudez na Terra, se no algum esclarecido, vai continuar se expressando por gestos, trejeitos, sinais, ou seja, com os mesmos recursos de que se utilizou como encarnado. Muitas vezes levado a essas reunies medinicas para receber o esclarecimento necessrio que o libertar desses condicionamentos temporrios. E nessa reunio, ns o identificaremos por esses sinais, pelo esforo que emprega para se fazer entendido. 26. Como identificar o sexo do Esprito comunicante? A identificao dos Espritos no uma coisa absolutamente necessria nas reunies medinicas, porque a prtica da caridade dispensa todas essas preocupaes de ordem secundria. Mas, para facilitar a comunicao e o dilogo, o doutrinador basta ficar atento linguagem do comunicante que logo o reconhecer se se trata de homem ou mulher, de jovem ou criana ou de velho. O Esprito que toma o instrumento medinico queixando-se, por exemplo, de que est "cansada" , s pode ser algum do sexo feminino. Ao que se proclama "revoltado" s podemos atribuir ao sexo masculino. E assim, com um pouco mais de ateno, o dirigente vai recolhendo9

do prprio Esprito um conjunto de informaes que permitam a sua identificao quanto ao sexo e a outros aspectos. A vivncia do trabalho de doutrinao vai habilitando o doutrinador para tudo isso. 27. O homossexual pode ser mdium e tambm doutrinar Espritos? Primeiro, preciso saber que o Espiritismo no alimenta qualquer tipo de censura ou preconceito, porque da sua essncia a Caridade. E como diz Emmanuel em Fonte Viva: "No troques a realidade pelas aparncias. Respeitemos cada realizao em seu tempo e cada pessoa no lugar que lhe devido". Mas ao responder certa vez a primeira parte desta pergunta feita por um homossexual, atravs de carta, Carlos Imbassahy explicou que "Mediunidade nada tem a ver com o comportamento social das criaturas". Logo, qualquer pessoa pode ser mdium, independente de todas essas situaes. Agora, trabalhar em desobsesso como mdium ou doutrinador, no problema de ser homossexual, bissexual, heterossexual ou transexual. O que preciso reunir algumas condies morais que deem ao mdium como ao doutrinador a autoridade real, e no aparente, sobre os Espritos obsessores com os quais vo tratar nas reunies medinicas. Do contrrio, eles no os respeitaro, como no respeitaro igualmente o polgamo, a adltera, o macho, o sabicho e outro qualquer que no renam essas condies morais que tais tarefas requerem e que garantem o equilbrio e o xito dessas atividades num templo esprita que desempenhe verdadeiramente a sua misso. Esta a resposta que temos dado aos que nos questionam o problema no Grupo Esprita, onde existe sem dvida uma frequncia altamente heterognea de todos os grupos sociais. No Manual para Orientao e Encaminhamento Espiritual, editado pela Federao Esprita do Estado de So Paulo - FEESP -, o autor Moacyr Petrone recomenda para esses casos o Tratamento Espiritual: conscientizao, reforma ntima, desobsesso, estudo da Doutrina, inclusive da Mediunidade, conforme o caso, e trabalhos em benefcio do prximo. 28. At quanto tempo uma gestante pode trabalhar como doutrinador ou mdium de um grupo de desobsesso? Vamos utilizar a orientao de Carlos Imbassahy, em Quem Pergunta Quer Saber Problemas da Mediunidade , acrescendo algumas informaes resultantes de experincias no Grupo Esprita e pesquisas nas Obras bsicas. Diz Imbassahy que, dependendo da gravidez e da natureza do trabalho medinico, ele recomenda que a gestante pare imediatamente. "Tratando-se, porm, de manifestaes meramente psicogrficas , at mesmo psicofnicas simples que no abalem a estrutura da mdium nem influenciem em sua gravidez, ela poder trabalhar enquanto sentir vontade, evitando sempre a influncia de Espritos perturbadores ou de atrasados que queiram ajuda". No GE, temos aconselhado a suspenso logo no incio da gestao, principalmente quando se trata de mdium de caractersticas fortes e que atue na rea da desobsesso. Na doutrinao, temos tido algumas experincias diferentes. Temos mdiuns que se sentiram muito bem nos trabalhos e que s se desligaram j pertinho do beb nascer. uma situao que depende muito das condies da gestante, do tipo de atividade que desenvolve e como desenvolve. Na parte da doutrinao, a coisa nos parece menos preocupante, mas de qualquer forma a nossa propenso para o afastamento, consultando sempre a situao de fato e o grau de conhecimento da gestante sobre o assunto.10

29. O que fazer o doutrinador quando a entidade parte para gritar improprios? Aconselhar o mdium a controlar a comunicao, pois compete ao mdium educado no Evangelho e moralizado conduzir civilizadamente o comunicante, na conformidade que indique o bom-senso. Conta-nos Andr Luiz como Celina, uma mdium disciplinada, comporta-se diante de uma situao dessas. A entidade "tentava gritar improprios, mas debalde. A mdium era um instrumento passivo no exterior, entretanto, nas profundezas do ser, mostrava as qualidades morais positivas que lhe eram conquista inalienvel, impedindo aquele irmo de qualquer manifestao menos digna". 30. Como orientar o Esprito que se queixa de dores, de trevas, que se confessa em desespero ou simplesmente ignora a sua situao? Sob o ttulo "Socorro Espiritual", Andr Luiz nos conta um caso de doutrinao que comea com o comunicante dizendo: Estou doente, desesperado!... Ao que responde o orientador: Sim, todos somos enfermos, mas no nos cabe perder a confiana. Somos filhos de nosso Pai Celestial que sempre prdigo em amor. E a mesma entidade d novo tom conversa: padre? Responde habilmente o doutrinador: No. Sou seu irmo. Reage a entidade, agressiva: Mentira. Nem o conheo ... Mas completa o dirigente sua frase anterior: Somos uma s famlia, `a frente de Deus. O dilogo continua, at que o enfermo rebelde comea a ceder ao tom amoroso e sincero da argumentao tranquila do doutrinador, prorrompendo em lgrimas. A essa altura, comenta Andr Luiz: Via-se, porm, com clareza, que no eram as palavras a fora que o convencia, mas sim o sentimento irradiante com que eram estruturadas". Vale observar ainda que o doutrinador evitou, apesar de provocado, revelar a sua cor religiosa para no criar constrangimentos ao comunicante. 31. E quando ele se diz preso e algemado, tolhido em suas foras, o que est acontecendo mesmo no plano espiritual, onde ele se encontra? claro que ele est sob o controle das entidades espirituais dirigentes e do prprio ambiente fludo adredemente preparado para esse fim. Mas mais uma vez Andr Luiz que nos socorre neste campo do esclarecimento, ao informar que esse aprisionamento de que o comunicante se queixa decorre frequentemente da conteno cautelosa do mdium. Porta-se, nesses casos, o enfermo como um doente controlado, qual se faz imprescindvel, queixando-se, por isso, das cadeias que o prendem. 32. Pode-se doutrinar o Esprito encarnado que comparea a uma sesso de desobsesso? Pelas informaes constantes do captulo referente a evocaes de pessoas vivas, em O Livro dos Mdiuns, pode-se concluir ser possvel falar a esse Esprito. So muitos os casos em que Espritos encarnados foram evocados, durante o sono. E pululam outros em que Espritos encarnados comparecem espontaneamente no apenas a reunies medinicas, mas a muitos outros tipos de eventos dos dois planos. A Literatura Esprita muito rica em narrativas sobre essas reunies entre encarnados e desencarnados. E esse intercmbio permanente um dos fundamentos bsicos do Espiritismo. Alm disso, somos todos ns encarnados alvos de longas e insistentes doutrinaes, durante11

o sono, pelos Espritos que se interessam por ns, Como os encarnados no gozam do mesmo grau de liberdade dos desencarnados, por estarem sob influncia pesada da matria, de volta ao corpo recordaro de uma doutrinao numa sesso de desobsesso a que eventualmente tenham comparecido nas condies mais ou menos como se recordam dos sonhos. Mas h casos de doutrinaes assim, como um narrado pelo Dr. Bezerra de Menezes no seu livro A Loucura sob Novo Prisma. Foi o de um Esprito encarnado que, ouvido numa dessas reunies de desobsesso naquela poca, recusou-se a perdoar um outro Esprito desencarnado num caso de obsesso de encarnado sobre desencarnado. 33. Como o doutrinador pode saber se certo Esprito que incorporou no mdium numa sesso de um encarnado e no de um desencarnado? preciso, primeiro, muita experincia e tambm muita ateno do doutrinador para os detalhes da conversa do comunicante, a fim de situ-lo na sua verdadeira condio espiritual. Ora, um comunicante que s fala de personagens e de situaes presentes, de locais onde vive, descrevendo cenrios, hbitos, vcios e projetando fatos como se falasse de algum que leva uma vida comum numa comunidade como um encarnado, d para comear a desconfiar, ficar de orelha em p. Pelo menos, nos primeiros momentos, ele pode estabelecer confuso em quem o ouve atentamente e deseja obter a sua identificao. Em sua respeitvel obra No Invisvel (2a. Parte, Cap. XII), Lon Denis conta que durante trs anos consecutivos pde o Esprito de um vivo manifestar-se, via incorporao, no grupo por ele dirigido em Tours. Durante esse tempo, no se conseguiu distingui-lo dos Espritos desencarnados que intervinham habitualmente nas sesses. "Os pormenores mais positivos nos eram, entretanto, por ele fornecidos acerca de sua identidade". Contava detalhes de sua vida, inclusive da preguia e da bebedeira com que se deleitava. "Tudo nele propsitos, recordaes, pesares nos dava a firme convico de estarmos tratando com um desencarnado". Eis que um membro do grupo tomou a si a iniciativa de pesquisar o fato e o descobriu vivendo ainda do mesmo jeito que contava nas incorporaes, na regio por ele mesmo indicada. "Todas as noites se deitava s primeiras horas e, desdobrado, chegava at o grupo reunido incorporando-se em um mdium a quem o prendiam laos de afinidade, cuja causa se nos conservou sempre ignorada". O Livro dos Mdiuns tem um captulo inteiro tratando da evocao de Espritos encarnados. 34. O doutrinador deve participar como esclarecedor de manifestaes fora do Centro Esprita? Excluindo-se, claro, as situaes de emergncia que podero levar eventualmente um doutrinador a ter que dialogar com um Esprito que se apossou de um mdium enfermo ou invigilante, em local imprprio e horrio inoportuno, o esclarecedor deve se resguardar de quaisquer envolvimentos com manifestaes dessa ordem fora do ambiente prprio da Casa Esprita. As mesmas orientaes que os Espritos responsveis do aos mdiuns valem para o esclarecedor, que detm sem dvida maior fatia de responsabilidade nesses servios de socorro espiritual, porque ele quem d o tom na orientao e conduo dos trabalhos. No deve, portanto, envolverse com qualquer atividade de coordenao medinica que no tenha o respaldo de uma instituio responsvel, a menos que se veja diante de uma emergncia como j foi dito.12

35. A doutrinao se destina exclusivamente aos obsessores e obsidiados? Alexandre, um dos mentores citados por Andr Luiz, ensina numa belssima pgina sobre doutrinao, referindo-se participao dos colaboradores terrenos nos programas de assistncia espiritual: "...valemo-nos do concurso de mdiuns e doutrinadores humanos, no s para facilitar a soluo desejada, seno tambm para proporcionar ensinamentos vivos aos companheiros envolvidos na carne, despertando-lhes o corao para a espiritualidade". E arremata com muita propriedade: "Ajudando as entidades em desequilbrio, ajudaro a si mesmos; doutrinando, acabaro igualmente doutrinados". 36. Como agir quando o mdium passa mal e no colabora para o desligamento da entidade comunicante? O doutrinador deve manter toda a tranquilidade e confiar plenamente na direo espiritual dos trabalhos. E o mdium deve estar devidamente orientado que no deve ceder ao descontrole da entidade comunicante, dominando qualquer sugesto principalmente de medo, de modo a no criar resistncia que provocam ingurgitamentos energticos e mal-estar. A dificuldade surge tambm quando o mdium no trabalha, pela sua elevao moral, as defesas energticas prprias, absorvendo a pesada carga fludica do obsessor. Quando o mdium est preparado, acontece como neste caso narrado por Andr Luiz: "O sofredor projetava de si estiletes de treva, que se fundiam na luz com que Celina-alma o rodeava, dedicada". Todavia, no dever tambm o mdium entregar-se totalmente ao envolvimento, a ponto de permitir a exacerbao nervosa, debruar-se sobre a mesa ou assumir comportamentos equivalentes de deseducao medinica. 37. E quando o mdium sente a entidade, mas no completa o transe, ou seja, bloqueia a comunicao, como agir o doutrinador? Cabe ao doutrinador orientar o sensitivo para no resistir onda mental que o alcana, ainda que acompanhada de fortes emoes e sensaes desconfortantes. Ela procede dos Espritos e dever ser canalizada sem bloqueios, porm com ateno, equilbrio e disciplina. Com a prtica e a dedicao, o sensitivo vai percebendo com facilidade o momento em que se processa a adeso do comunicante ao seu campo psquico, isto , o instante em que se d a ligao efetiva com o comunicante, consolidando a sintonia. Vejamos como Andr Luiz resume esse intrincado mecanismo, ao descrever uma cena de incorporao: "Qual se fora atrado por vigoroso m, o sofredor arrojou-se sobre a organizao fsica da mdium, colando-se a ela instintivamente". claro que Andr Luiz fala aqui de um mdium j experiente e devidamente habilitado. Agora, "quando a educao medinica deficiente ou viciosa, o intercmbio dificultado, faltando liberdade e segurana; o mdium reage exteriorizao perispirtica, dificulta o desligamento e quase sempre intervm na comunicao, truncando-a". Isto o que nos informa a coleo Mediunidade Estudos e Cursos, do Centro Esprita Allan Kardec de Campinas - SP. 38. Como o dirigente do grupo deve encarar o mdium rebelde, que no aceita crticas e discorda sempre das orientaes da direo? A Casa Esprita no local para rebeldia, uma vez que ns ingressamos nela com o objetivo firme de lutar contra as nossas imperfeies, assimilando e vivenciando as diretrizes do Evangelho renovador. Os Espritos no nos substituem no esforo que nos13

cabe de trabalharmos a nossa prpria transformao, vencendo vcios antigos e conquistando virtudes, inclusive a humildade. Eles nos ajudam, nos inspiram, nos falam pelos escaninhos da conscincia, mas deixam que caminhemos ao encontro da prpria dor quando nos revelamos rebeldes ou recusamos as suas orientaes. Nem doutrinador, nem mdium, nem trabalhador nenhum da Casa Esprita devem se rebelar contra os estatutos que disciplinam suas atividades. Em qualquer um dos casos aconselhvel que o trabalhador se afaste temporariamente das tarefas e se submeta inclusive a Tratamento Espiritual, pois provvel que esteja sob o assdio de inteligncias invisveis empenhadas em desestruturar o grupo e prejudicar o trabalho de socorro espiritual. No livro Ao e Reao, um instrutor esclarece a Andr Luiz sob um grupo de Espritos no admitidos em um templo espiritual: "Nossa instituio permanece de braos abertos provao e ao sofrimento, mas no rebeldia e ao desespero". 39. Como deve ser o relacionamento do doutrinador com o grupo? No Grupo Esprita, o dirigente da equipe de desobsesso tambm o doutrinador ou mdium esclarecedor, que conta geralmente com um auxiliar nos trabalhos de direo do grupo. O dirigente precisa ser, pois, algum em quem o grupo confie. Uma pessoa que represente para os encarnados a diretriz espiritual. Aquela que, na realidade, sustenta e orienta tudo o que ocorre. Ele o representante da direo existente na espiritualidade, o polo catalisador da confiana e da boa vontade de todos. No instante do esclarecimento, quando a entidade se comunica, ele, o mdium e toda a equipe, vivem um clima de expectativa, aguardando alguma coisa de alguma forma imprevisvel. Nessa hora, o doutrinador ser o polo catalisador de todas as emoes, nele se depositam todas as expectativas e confiana na conduo e xito dos trabalhos. A sua autoridade ou insegurana se refletir no grupo. "Para manter-se na altura moral necessria, o dirigente dispensar a todos os componentes do conjunto a ateno e o carinho idnticos quele que um professor reto e nobre cultiva perante os alunos", recomenda-nos Andr Luiz em Desobsesso. 40. Que se deve fazer para evitar a discrdia e a perturbao no grupo? Uma das tticas dos Espritos inferiores para alcanar os seus fins a desunio, pois sabem muito bem que podem facilmente dominar aquele que estiver sem apoio. Assim, so seus primeiros cuidados, quando querem apoderar-se de algum, inspirarlhe a desconfiana e o isolamento, a fim de que ningum possa desmascar-los. Estas so informaes contidas na Revista Esprita, julho-1859, pgina 197. Ao perceber essas ameaas, deve o orientador bem intencionado alertar o grupo, tomar precaues ou corrigir rumos, evitando o endeusamento de mdiuns e melindres de outros, como tambm avaliar a sua prpria postura para ver se no est colaborando, ainda que involuntariamente, para um clima de instabilidade da equipe. O Livro dos Mdiuns, na questo 331, nos d a seguinte orientao: "Uma reunio um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades so a resultante dos seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais fora ter, quanto mais homogneo for". 41. Como examinar o problema das substituies ou mudanas dos componentes da equipe medinica?14

Voltamos a Hermnio C. Miranda, em Dilogo com as Sombras, que fala de suas prprias experincias: "A admisso de um novo componente pode alterar profundamente a estrutura e os mtodos de trabalho da equipe, tanto num sentido como noutro, ou seja, tanto para o lado positivo, como para o negativo. O novo companheiro pode trazer um bom acervo de conhecimento e experincia e dar impulso s tarefas, revitalizando o grupo, trazendo uma contribuio construtiva, dinamizadora e eficiente. Se, porm, est mal preparado, infestado de frustraes, ou se deseja brilhar, poder com sua influncia aniquilar o grupo". Ele recomenda, portanto, serenidade na deciso que, a seu ver, somente deve ser acolhida se o novo componente no se revelar motivo de prejuzo para a equipe e aceitar o sistema de trabalho existente. O bom senso o norte seguro de todas essas providncias, uma vez que os Espritos no interferem nas deliberaes de alada dos trabalhadores encarnados. Agora, no aconselhvel que essas alteraes virem rotina a ponto de descaracterizar o grupo com a sua conseqente desarmonizao, apesar de ser importante e necessria a renovao, mas na forma de organizao e disciplina desejveis nessa delicada rea de desobsesso. Nos Domnios da Mediunidade, Andr Luiz quer saber de um dirigente espiritual se no grupo medinico sob a sua assistncia os mdiuns so invariavelmente os mesmos, ele responde: "Sim, contudo, em casos de impedimento justo, podem ser substitudos, embora nessas circunstncias se verifiquem, inevitavelmente, pequenos prejuzos resultantes de natural desajuste". 42. O que o doutrinador deve considerar um grupo produtivo nas tarefas de obsesso? o grupo que se apresenta bem harmonizado e que por isso mantm um bom desempenho, contribuindo para a eficcia das tarefas socorristas da Casa Esprita. Para que isso acontea, preciso evitar o personalismo e a curiosidade pura e simples. E como nos orienta O Livro dos Mdiuns, preciso que todos se confundam num s, com os pensamentos vibrando em unssono em torno de um mesmo objetivo. "Se os pensamentos divergem, disso resulta um choque de idias desagradveis para o Esprito e, por consequncia, nocivo manifestao". E essa mesma obra de Alan Kardec, a bblia dos mdiuns, que nos d esta belssima comparao: "Se um homem que deva falar numa assembleia sente que todos os pensamentos lhe so simpticos e benevolentes, a impresso que recebe reage sobre as suas prprias idias e lhe d mais inspirao. A unanimidade desse concurso exerce sobre ele uma espcie de ao magntica que decuplica seus meios; ao passo que a indiferena ou a hostilidade o perturba e o paralisa". 43. Como o doutrinador detecta se uma reunio de desobsesso corre riscos e como evit-los? Quando os mdiuns, despreparados, comeam a chegar desarmonizados, trazendo para o ambiente da reunio vibraes danosas, negativas, desequilibrantes, como nos informa a coleo Curso de Estudos Sobre Reunies Medinicas, do Centro Esprita Allan Kardec, de Campinas/SP. O pensamento vicioso dos componentes da equipe pode contaminar o recinto adredemente preparado pelos protetores espirituais. No s o dirigente, mas todos os componentes do grupo devem saber, atravs do estudo das obras bsicas e complementares, que, sendo fludica, a sala medinica pode sofrer alteraes causadas pelo pensamento dos Espritos (encarnados ou no) a ela15

vinculados. At certo ponto, os problemas, falhas e dificuldades podem ter seus efeitos controlados pelos tarefeiros do plano espiritual. Mas em condies mais graves de desequilbrio e despreparo, poder ocorrer um "colapso" nos circuitos vibratrios que defendem a reunio, abrindo brechas para o ingresso indisciplinado de Espritos perturbadores, com o consequente prejuzo para a sesso e seus participantes. Da a necessidade de ateno, vigilncia, experincia e conhecimento do dirigentedoutrinador quanto a todos esses fatores de riscos capazes de comprometer todo um trabalho de socorro espiritual. Isso prova a necessidade dos participantes do grupo manterem todas as suas expectativas voltadas para o trabalho medinico do dia, desde o instante em que despertar, redobrando a vigilncia, procurando a sintonia com o plano espiritual, atravs de um estado de prece, de pensamentos e atos equilibrados, abstendo-se de fumo, lcool e qualquer outro vcio. Essa preparao prvia ajudar muito na concentrao e segurana dos trabalhos. 44. Alm das preces de abertura e encerramento, conveniente o doutrinador fazer outras preces, no curso da reunio de desobsesso? O doutrinador pode recorrer prece a qualquer hora da reunio, mas apenas quando necessrio, para que o ambiente da desobsesso no se transforme naquelas cansativas ladainhas de rogativas e recomendaes repetitivas, que mais viciam e condicionam do que ajudam. O ambiente da reunio medinica deve ser de profundo silncio, e as preces, quando necessrias (para serem proveitosas) devem ser feitas em voz alta ou silenciosamente para contornar eventuais dificuldades no atendimento de algum Esprito em situao de grande sofrimento e revolta. A fora da corrente de pensamentos do grupo em prece pode funcionar como sedativo para certas entidades, bem como motivar a equipe para um envolvimento cada vez mais intenso com os trabalhos de socorro espiritual no ambiente. O doutrinador pode ainda, desde que isso no se revele uma coisa ociosa, pedir ao Esprito em desespero para que ore juntamente com ele e todo o grupo para sentir-se mais aliviado. Agora, as oraes mecanizadas, feitas aleatoriamente, so ociosas, no surtem o menor efeito, quando no raro at ajudam na irritao e agravamento do estado de perturbao do comunicante, como podem, tambm, interferir negativamente na concentrao da equipe. 45. O doutrinador precisa tocar nos mdiuns, forar a comunicao ou repreendlos? A orientao dos Espritos no sentido de que o dirigente somente toque no mdium em transe quando necessrio. Pelo menos, esta a orientao de Andr Luiz, que recomenda ainda muito tato psicolgico entre as providncias necessrias para manter o equilbrio da reunio. O termo repreenso no adequado para uma reunio de carter fraternal, mas cabe ao doutrinador ou dirigente, se julgar conveniente, abordar qualquer um dos componentes, desde que se trate do real interesse dos trabalhos. Alm disso, em O Livro dos Mdiuns, a orientao explcita de que, em reunies srias, deve partir do mdium a iniciativa de solicitar um exame crtico de suas comunicaes para escapar aos perigos da fascinao. Quanto a forar o mdium a produzir na reunio, isso despreparo para a delicada tarefa de orientador medinico. Tudo, na atividade medinica, deve se processar sem a induo, como forma de evitar a mistificao e a fraude. Pode e deve, entretanto, o esclarecedor, quando o mdium16

revelar dificuldades no intercmbio por problemas que no lhe sejam comuns, procurar orient-lo sem prejuzo dos trabalhos. Isso tarefa do doutrinador no seu relacionamento com o grupo. 46. O que fazer o doutrinador quando o grupo no est rendendo, apresenta um resultado escasso? Cabe ao dirigente da reunio estimular o grupo, destacando a responsabilidade dos seus componentes e a importncia das suas tarefas de assistncia aos necessitados. seu dever motivar. Se estiver ocorrendo problemas, dificuldades de integrao, conflitos, falta de adaptao de parte de um ou de alguns membros em relao ao grupo, cabe ao dirigente orientar amorosamente, mas com a sinceridade indispensvel, para que todos possam se dar conta dos seus deveres, quer como mdiuns ostensivos, quer como apoiadores que ajudam a sustentar o equilbrio vibratrio pela prece ntima e pela emisso dos bons pensamentos. Se houver algum caso de inadaptao, providenciar o remanejamento para outro grupo com o qual o mdium se afinize mais, ou orientar sobre a necessidade de tratamento, se for o caso. 47. Como o doutrinador deve agir em relao aos Espritos que interferem na reunio para dar conselhos que nada tm a ver com o objetivo programado? Nas reunies de desobsesso, os Espritos que devero se manifestar so aqueles que devam, pela lgica, estar de alguma forma vinculados ao paciente encarnado que est sendo alvo do tratamento. No Grupo Esprita, todas as reunies de desobsesso so programadas para dias especficos da semana, mediante entrevistas prvias com os pacientes, que aguardam, em tratamento de passe e em clima de preparao, o dia da desobsesso. Para melhor conduo do tratamento, a programao do Departamento Medinico j consegue reunir os pacientes numa sala de estudo do Evangelho, no mesmo horrio em que as reunies se processam nas suas respectivas salas, a portas fechadas, exceo, claro, dos tratamentos distncia. Por isso, so desaconselhveis as orientaes que no surjam no incio ou ao trmino da sesso, e s devero, segundo o bom senso, se relacionar com o tratamento. Alm disso, no se deve descurar da orientao segundo a qual os bons Espritos jamais aconselham coisas seno perfeitamente razoveis. Toda recomendao que se afaste da linha reta do bom senso ou das leis imutveis da natureza denota um Esprito pouco digno de confiana" (Revista Esprita, setembro-1859, pg. 257 Allan Kardec ). 48. O doutrinador deve fazer a aplicao de passes ou orientar que o seu auxiliar ou qualquer outro membro do grupo o faa, durante a reunio medinica? Que os mdiuns saiam da sua posio de concentrao, de recolhimento, para aplicar passes nos outros companheiros, isso no tem sentido. Agora, que o dirigente faa a aplicao ou determine que o seu auxiliar o faa, desde que no transforme essa prtica em rotina, no conhecemos qualquer orientao contrria, sobretudo se as circunstncias indicarem essa necessidade, como recurso destinado a desanuviar a situao de algum dos componentes envolvido por inesperado mal-estar. Se for algo mais grave que denote inclusive problema fsico repentino, o mdium deve ser retirado imediatamente do grupo e encaminhado ao atendimento adequado, inclusive mdico-hospitalar, se persistir o mal-estar. Sendo problema de obsesso, Ivonne Pereira, em Recordaes da Mediunidade, aconselha a suspenso temporria de qualquer labor medinico, para tratamento espiritual especfico.17

49. Como o doutrinador deve encaminhar o esclarecimento aos Espritos suicidas? O sofrimento desses irmos to intenso, eles se apresentam geralmente to enlouquecidos pelo infortnio, to dementados, que o orientador no tem como lhes oferecer algum esclarecimento num primeiro contato. Diz Suely Caldas Schubert que esses irmos "no necessitam tanto de doutrinao quanto de consolo. Cabe ao doutrinador socorr-los, aliviando-lhes os sofrimentos atravs do passe". Vejam um dos momentos da reunio de desobsesso em que a aplicao do passe recomendada, mas deve ser feita pelo prprio dirigente ou seu auxiliar. O esclarecimento poder ser ministrado em reunies sucessivas, medida tambm em que esses Espritos vo sendo orientados pelos benfeitores no plano espiritual onde se encontram. Todo o grupo deve vibrar com muito amor por esses irmos, direcionandolhes os pensamentos de bondade e de otimismo, para ajud-los na reabilitao. 50. E os que doutrinam, demonstrando conhecimento de causa, podem se considerar imunes a essas tramas obsessivas que tm levado ao suicdio, para espanto nosso, pessoas tidas como esclarecidas ou de f inabalvel? Geralmente, ensinamos para apreender. Naquele que ensina sob presuno de que nada tem a aprender, h mais orgulho do que conhecimento. E , exatamente, por essas brechas do orgulho, da vaidade, da presuno, da incria que alcanam sutilmente o nosso ntimo antigos adversrios que julgvamos sepultados nos sculos ou milnios. Alm disso, para se atribuir a um crente a condio de portador de f inabalvel, aconselhvel que se consulte antes o item 7, do Captulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que diz: "F inabalvel aquela que pode enfrentar a razo face a face e em todas as pocas da humanidade". Uma mensagem contida no livro Instrues Psicofnicas, psicografado por Chico Xavier, fala-nos de um irmo das lides espritas de Belo Horizonte que, em 1949, "como que minado por invencvel esgotamento, suicidou-se sem razes plausveis, trazendo com isso dolorosa surpresa a todos os seus amigos". Nessa sua mensagem, ele lembra sua condio de exmdium, ex-doutrinador, que consolou e foi consolado. Mas a dvida alcanou-o como um nevoeiro, levando-o a enredar-se nas malhas de velhos inimigos a lhe acenarem do pretrito. E esses adversrios sutilmente me impuseram lembrana o passado que se desenvolveu dentro de mim, fustigando-me os germes de boa vontade e f, assim como a ventania forte castiga a erva tenra. Resultado: a idia da autodestruio assomou-lhe a cabea e, apesar da relutncia, em dado instante a sua fraqueza transformou-se em derrota. A esta altura da mensagem, ele transfere ao leitor a idia de uma avaliao sobre o seu ato. "Dizer o que foi o suicdio para um aprendiz da f que abraamos, ou relacionar o tormento de um Esprito consciente da prpria responsabilidade tarefa que escapa aos meus recursos". um depoimento duro, mas que deve ser conhecido por todo mdium, doutrinador e espritas em geral. 51. Com quantos componentes e como deve funcionar uma equipe para trabalhos de desobsesso numa Casa Esprita? O padro de instituio esprita que escolhemos para roteiro deste nosso trabalho foi o Grupo Espirita, que tem no Estudo Sistematizado da Doutrina Esprita ESDE a sua escola de formao de trabalhadores espritas, inclusive para o Departamento Medinico. Todo mdium no GE tem que frequentar tambm o ESDE, alm dos cursos18

regulares de Desenvolvimento Medinico e de Educao Medinica. Para melhor atender s peculiaridades do GE, no campo especfico do Tratamento Espiritual, as equipes de desobsesso so em grande nmero, mas relativamente pequenas, atendendo tambm ao que nos recomenda O Livro dos Mdiuns, ao final da questo 334, 2a. Parte, Captulo XXIX: "...as reunies espritas devem visar em se multiplicarem em pequenos grupos antes que procurar se constiturem em grandes aglomeraes". O grupo de desobsesso considerado ideal no GE deve ser composto de dez membros: um dirigente esclarecedor, um adjunto, quatro mdiuns ostensivos e mais quatro de apoio. A durao da reunio de 1h40min. Antes, durante 20 minutos, deve haver uma reunio geral com todos os grupos para avisos, informaes e um rpido estudo do Evangelho. Em seguida, os grupos se distribuem para suas respectivas salas, onde se iniciam, ento, os trabalhos de desobsesso propriamente ditos. So, no total, duas horas de reunio e, ao final, mais uma geral de avaliao com os dirigentes dos grupos. Os pacientes em tratamento de desobsesso, em funo dos quais se renem os grupos, comparecem Casa Esprita, onde participam juntos num grupo do estudo do Evangelho, enquanto se realizam as reunies que lhes so destinadas. Findas as sesses de desobsesso, termina tambm a reunio de estudo do Evangelho com os pacientes. Eles so liberados e somente tomaro conhecimento dos resultados das sesses de desobsesso depois de avaliados pelos dirigentes dos grupos e pela coordenao geral do Departamento Medinico. Eles sero orientados a respeito em entrevistas especficas feitas por entrevistadores da Desobsesso. 52. Como o doutrinador deve abrir a reunio de desobsesso? No h uma norma rgida e genrica para a abertura desses trabalhos, registrandose pequenas diferenas de grupos para grupos. No Grupo Esprita Paulo e Estvo, onde os trabalhos de desobsesso so realizados a cargo de numerosos grupos, atendendo a uma programao previamente organizada, o dirigente, ao reunir a equipe para o incio dos trabalhos, expe rapidamente os objetivos da reunio, cita nome e endereo constantes de uma ficha pessoal do paciente que ser alvo do tratamento e abre o encontro com uma prece curta pedindo a proteo espiritual para o xito daquele cometimento. Se o dirigente no quiser proferir a prece, transfere a incumbncia para o dirigente- adjunto. Poder haver ou no manifestao inicial de algum orientador espiritual dos trabalhos, o que geralmente no temos, uma vez que so vrios grupos reunidos a um s tempo, em dias e horrios predeterminados, para pacientes tambm entrevistados e selecionados para os trabalhos de desobsesso. Feita a prece inicial, segue-se o silncio para a passividade dos mdiuns. 53. Que guia o doutrinador deve adotar para a prece do incio ou do fim da sesso de desobsesso? O Evangelho Segundo o Espiritismo, no seu captulo XXVIII, item 7, oferece um bom roteiro de preces para a abertura e trmino das sesses medinicas: "Ao Senhor Deus onipotente suplicamos que enviem, para nos assistirem, Espritos bons; que afaste os que nos possam induzir a erros, e nos conceda a luz necessria para distinguirmos da impostura a verdade. (...) Dai aos mdiuns (...) conscincia do mandato que lhes conferido e da gravidade do ato que vo praticar, a fim de que o faam com fervor e recolhimento precisos. Se em nossa reunio estiverem pessoas que tenham vindo impelidas por sentimentos outros que no os do bem, abri-lhes os olhos luz e19

perdoai-lhes, como ns lhes perdoamos, se trouxerem malvolas intenes. Pedimos especialmente ao Esprito (nominar ou no, como achar mais conveniente), nosso Guia Espiritual que nos assista e por ns vele". Estamos apenas oferecendo um modelo, mas a prece no precisa ser lida nem decorada. melhor que saia mesmo do improviso, da espontaneidade do corao confiante e fervoroso. A Prece de Ismlia", por exemplo, no captulo 24 de Os Mensageiros, uma das peas mais lindas na Literatura Esprita. 54. Como o doutrinador atender aos impositivos da direo espiritual da reunio, se ele no portador de nenhum recurso medinico? E quem pode afirmar isso, que o dirigente de uma reunio medinica no disponha dos canais de comunicao direta com os dirigentes espirituais, mesmo acreditando-se totalmente nulo em matria de mediunidade? A vivncia esprita nos mostra que essas pessoas que tm sobre os ombros to delicadas tarefas so geralmente mais mdiuns do que muitas outras que exibem qualidades medinicas ostensivas. O que pesa nesses compromissos so o conhecimento e as qualidades morais do doutrinador, os sentimentos de amor e a disciplina no desempenho dos seus deveres, que o colocam em perfeita sintonia com os dirigentes espirituais. Essas qualidades desenvolvem o campo da intuio, possibilitando-lhe registrar com muita preciso os pensamentos e orientaes dos condutores e demais participantes dos trabalhos no plano espiritual. 55. Como o dirigente deve tratar a questo dos mdiuns que faltam constantemente aos trabalhos de desobsesso? O dirigente deve orientar os participantes do grupo quanto presena deles nas reunies regulares, nos horrios certos e devidamente preparados, fazendo-os ver que o relaxamento dessas responsabilidades implicar prejuzos no campo do socorro espiritual aos necessitados que so previamente programados para o atendimento fraterno. a mesma coisa que mdicos e enfermeiros responsveis por determinados programas de cirurgias, em dias e horrios fixados pela direo do hospital, resolvessem no comparecer sem qualquer comunicado prvio que permitisse ao hospital adotar as substituies ou outras providncias cabveis para no prejudicar os pacientes nem comprometer os servios da instituio. A falta aos trabalhos de desobsesso s deve ocorrer por motivos justos e, mesmo assim, segundo orientao de Andr Luiz em Desobsesso, o trabalhador deve comunicar previamente sua ausncia ao dirigente, para evitar prejuzos e no estimular a indisciplina. Nos casos de falta sistemtica, recomendvel substituir o mdium por outro que queira assumir o compromisso. 56. E como avaliar tambm o doutrinador que no cumpre os horrios e falta com freqncia s sesses, obrigando a Casa a improvisar substitutos, de ltima hora? Vamos deixar que o Esprito Andr Luiz responda, em Conduta Esprita, essa questo que costuma afetar freqentemente as sesses medinicas e as prprias Casas Espritas. "Somente a forja do bom exemplo plasma a autoridade moral. Observar, por isso, rigorosamente o horrio das sesses, com ateno e assiduidade, fugindo de realizar sesses medinicas inopinadamente, por simples curiosidade ou ainda para atender a solicitao sem objetivo justo. Ordem mantida, rendimento avanado". bom que os candidatos a doutrinao ou doutrinadores j em atividade procurem refletir sobre essa orientao de Andr Luiz. E ainda a propsito, mais uma20

vez nos socorre Emmanuel, atravs de Fonte Viva: " indiscutvel a nossa imperfeio de seguidores da Boa Nova. Todavia, obedecendo ou administrando, ouvindo ou combatendo, indispensvel afinar o nosso instrumento pelo diapaso do Mestre, se no desejamos prejudicar-lhe as obras". Se por falta de assiduidade do doutrinador, o trabalho do grupo for comprometido, ele deve ser imediatamente substitudo, se no tiver a sensatez de ser o primeiro a tomar a iniciativa de pedir seu afastamento e recorrer orientao da Casa. 57. Qual deve ser a postura do doutrinador diante de manifestaes de risos, gracejos, lorotas, achaques, piadas ou outras situaes de hilaridade provocadas por Espritos brincalhes e galhofeiros nas sesses medinicas? No livro Devassando o Invisvel, conta a mdium Ivonne A. Pereira que certa feita, em desdobramento, ela se viu diante de uma falange de entidades dessa natureza, que obsidiavam uma sua parente de 10 anos. Ao ver as palhaadas, gestos e carantonhas dos infelizes, teve impulso de rir, no que foi imediatamente contida por seu mentor Charles, que a admoestou: Rir-se aplaudir, louvar seus atos e, portanto, afinar com eles... Haveria troca de vibraes... e de qualquer forma se estabeleceria o malefcio... Ser necessrio ao mdium como ao Esprito ( ela estava desdobrada), diante deles o domnio de toda e qualquer impresso e emoo, um equilbrio isolante traduza superioridade moral. E acrescenta Roque Jacinto, em Doutrinao: "Por maior o ridculo da posio ou da situao, da expresso ou do dito jocoso daqueles que nos procurem no intercmbio medinico, no devemos acolh-los como convites perturbadores, porque corremos o risco de desbaratar as energias concentradas para o atendimento caritativo". 58. O doutrinador deve permitir manifestaes depois de encerrados os trabalhos da reunio de desobsesso? "Parece uma coisa ilgica encerrar-se um trabalho de qualquer natureza e ele continuar se desenrolando", eis como se pronuncia a propsito Carlos Imbassahy. da maior importncia que doutrinador e mdium estejam atentos para no estimular manifestaes em locais e horrio inadequados. Os Espritos esclarecidos sabem se comunicar no instante e no local apropriados, evitando qualquer interferncia que no seja do legtimo interesse, necessidade e convenincia das sesses medinicas. So os Espritos desajustados que se aproveitam de mdiuns invigilantes para forar indisciplinas. Nesses casos, cabe ao doutrinador, "agindo com presteza e com discrio possveis , convidar o Esprito para se retirar, esperando o momento aconselhvel para expressar-se como necessita" eis recomendao do Esprito Odilon Fernandes, atravs do mdium Carlos A. Baccelli, na obra Mediunidade e Evangelho. Em O Livro dos Mdiuns, 2a. Parte, Questo 282, item 25, vamos encontrar a mesma orientao, se no for oportuna a manifestao do Esprito. 59. Quando o dirigente esclarecedor encerra a reunio de desobsesso no Plano Fsico significa tambm que os trabalhos estejam encerrados no Plano Espiritual? Nem sempre, porque, apesar de sintonizado conosco na disciplina benfica, o Plano Espiritual atende a nuanas que muitas vezes nem desconfiamos. Isso no significa, porm, que as manifestaes medinicas devam continuar aps o encerramento da21

sesso no nosso plano. A este propsito, J. Raul Teixeira nos ensina, em Correnteza de Luz, que "durante os labores desobsessivos, os Seareiros do Bem costumam levar para os locais de trabalho aparatos fludicos os mais variados para o atendimento de uma infinidade de problemas apresentados por desencarnados em tormenta. Muitos sofredores invisveis tm necessidade de permanecer no mesmo ambiente das reunies, aps a lide formal, sendo inmeras vezes atendidos de modo mais direto e profundo pelos componentes da equipe quando desdobrados pelo sono comum". E analisa, ento, Raul Teixeira: "Razo temos a para que os lidadores das reunies de desobsesso no se imiscuam em agitaes e folguedos desnecessrios, depois das tarefas, procurando manter seu ntimo clima de alegria e de paz at entregar-se ao repouso". Estas so o tipo da informao que o doutrinador deve lembrar aos componentes do grupo sempre que estiver encerrando uma reunio de desobsesso. bom insistir no esclarecimento de que o mdium deve estar sempre preparado para o socorro espiritual, a toda hora pode ser convocado a servir pelas equipes invisveis que agem em nome da Providncia Divina. 60. coerente que o doutrinador conduza os trabalhos de uma reunio de desobsesso com a presena apenas de um mdium de psicofonia ou psicografia no grupo? lamentvel que num grupo de l0 componentes, que o tamanho de cada equipe de desobsesso do GEPE, se chegue ao ponto de no se contar com o nmero mnimo de pelo menos dois mdiuns ostensivos e dois de apoio para no se ter que adiar uma reunio de socorro espiritual a encarnados e desencarnados em sofrimento. como um hospital que se obrigasse a suspender cirurgia de urgncia porque a equipe mdica escalada deixasse de comparecer e seria temeroso a direo improvisar diante da gravidade dos trabalhos previamente programados. Grupos medinicos com esse perfil devem ser imediatamente reformulados, porque no h o essencial: o compromisso com o trabalho. Se o trabalho est programado e aconteceu, como possvel, esse estranho imprevisto de ter comparecido apenas um mdium da equipe, dependendo da qualidade do mdium, o doutrinador pode e deve tentar o concurso de mais um ou dois que possam estar disponveis noutros grupos, para garantir a realizao da sesso nessas condies de emergncia. Temos exemplos de reunies com poucos mdiuns que foram mais produtivas do que outras mais bem servidas de mdiuns que pouco ou quase nada produziram. De qualquer forma, o que aqui est em observao o problema da falta de compromisso dos mdiuns e a necessidade de atendimento ao paciente programado para o socorro. Agora, sem mdiuns no h reunies medinicas. E sem as condies mnimas recomendveis, o doutrinador deve transferir o atendimento para uma prxima oportunidade. 61. Como enfrentar o problema das comunicaes simultneas? Embora pressionado por entidades aflitas que se assenhoram do aparelho medinico, ansiosas pelo socorro espiritual, o dirigente da reunio de desobsesso no deve permitir as comunicaes simultneas, ou seja: que mais de um mdium se manifeste a um s tempo. Nesses casos, o doutrinador deve esclarecer os mdiuns que, mesmo assediados pelas entidades enquanto um outro companheiro est em transe medinico, devem dialogar mentalmente com os pretensos comunicantes mais impacientes para que aguardem a sua vez, que sero fraternalmente atendidos. At22

mesmo o mdium que desfrute de um mais avanado estado de sonambulismo marcado pela inconscincia deve exercitar esse domnio indispensvel sobre o seu aparelho medinico para evitar comunicaes simultneas ou paralelas, bem como o descontrole emocional de qualquer entidade. Vejamos o que nos diz o Curso de Estudos sobre Mediunidade A Mediunidade e o Mdium do Centro Esprita Allan Kardec de Campinas - SP: "O mdium sempre responsvel pela boa ordem do desempenho medinico, mesmo na forma inconsciente, porque somente com a sua aquiescncia ou conivncia o comunicante pode agir (exceo feita aos casos de obsesso)". 62. E qual o nmero limite de comunicaes que o doutrinador deve permitir para cada mdium? O livro Desobsesso, ditado pelo Esprito Andr Luiz, oferece a seguinte resposta: "S se deve permitir a cada mdium duas passividades por reunio, eliminando com isso maior dispndio de energia e manifestaes sucessivas ou encadeadas, inconvenientes sob vrios aspectos. Em todas as circunstncias, o mdium a servio da desobsesso no se pode alhear da equipe em que funciona, conservando a convico de que dentro dela assemelha-se a um rgo no corpo, e que precisa estar no lugar que lhe prprio para que haja equilbrio e produo no conjunto". Se a equipe de mdiuns for maior do que o comum, por falta de espao fsico para o funcionamento de mais grupos, o mdium estar cumprindo seu dever com apenas uma comunicao e permitindo que os demais componentes participem tambm dos trabalhos. Agora, isso no uma regra puramente matemtica, pois dependendo do comunicante e da circunstncia da reunio, esse limite ideal ao equilbrio dos trabalhos e dos mdiuns pode ser ampliado para at trs manifestaes, em casos, por exemplo, em que a equipe medinica esteja desfalcada no seu corpo de mdiuns de psicofonia. 63. H alguma vantagem para a eficcia dos trabalhos no fato de ser o doutrinador tambm vidente? No bem vantagem o termo. H, possivelmente, uma maior confiana de parte do doutrinador e tambm do grupo quanto realidade do fenmeno medinico. Porm, como cada caso um caso, aquilo que, em determinadas circunstncias, possa ser encarado como fator aparentemente positivo em mediunidade, poder ser, na realidade, fator negativo. Isso porque a entidade que o doutrinador esteja, eventualmente, vendo naquele momento poder no ser aquela que est, de fato, se comunicando. Tambm, o vidente no v a hora que quer nem o que quer ver. Por outro lado, a entidade poder engan-lo, confundindo sua vidncia com o emprego da ideoplastia e outros recursos incontveis de que os Espritos embusteiros dispem para mistificar, disfarando a prpria aparncia. Essa vantagem que se presume, portanto, muito relativa e poder vir a ser at uma tremenda desvantagem, se o doutrinador vidente no aliar s suas precaues outras cautelas que a experincia recomenda para o delicado intercmbio entre os dois planos. O Curso de Estudos Sobre Reunies Medinicas, organizado pelo Centro Esprita Allan Kardec, de Campinas/SP, considera a vidncia na doutrinao como um bom instrumento para fornecer ao doutrinador informaes e detalhes que podem ajudar no seu trabalho. So necessrias, porm, as devidas cautelas que a prpria Doutrina Esprita nos recomenda tanto.23

64. Como, ento, o doutrinador pode perceber, por exemplo, um caso de mistificao no fenmeno medinico? O Esprito mistificador, ou seja, aquele que se diz ser o que no , com o objetivo determinado de enganar, fazendo-se passar por entidades, nomes respeitveis, que esto muito acima da sua condio espiritual, pode ser detectado e desmascarado pelo prprio contedo de sua conversa. No se pega um mentiroso facilmente na mentira pelas contradies, a insegurana e o tom de leviandade no que diz? Assim tambm se d com os desencarnados. Ao se defrontar com essas situaes, o doutrinador deve inclusive estimular a conversa, analisando psicologicamente o carter do comunicante, para ver se o que ele fala combina bem com o que ele afirma ser. O dirigente deve ter cuidado com os elogios, exaltaes de cunho pessoal que esse tipo de comunicante costuma lanar ao orientador e demais componentes do grupo de encarnados, como estratgia para alcanar o seu intento. Cabe ao doutrinador, ao perceber que se trata de mistificao, chamar o Esprito a responsabilidade, fazendo-o entender, com enrgica serenidade, que ele quem est tentando enganar-se, e convid-lo a modificar-se. bom que o dirigente se conscientize de que imprevisvel a engenhosidade do mistificador. 65. O doutrinador deve pedir informaes ou descries do que se passa no plano espiritual aos mdiuns videntes ou clarividentes presentes reunio? No h necessidade, para evitar que o grupo alimente ideias de insegurana quanto ao doutrinador, como tambm para no estimular vaidades entre mdiuns. Alm disso, o mdium clarividente pode registrar e isso muito comum quadros que reflitam to somente pensamentos do mentor ou do Esprito comunicante, sob cuja influncia magntica o mdium esteja espiritualmente submetido. Quer dizer, nessas condies, o que o mdium est vendo no so os quadros referentes ao andamento da reunio no plano espiritual, mas as situaes projetadas pelos pensamentos dos Espritos participantes, que ganham forma e mobilidade como se fossem cenas vivas, embora muitas vezes destoantes do quadro central da reunio. "Mediunidade sintonia e filtragem", conforme adverte Andr Luiz, acrescentando que "cada Esprito vive entre as foras com as quais se combina, transmitindo-as segundo as concepes que lhe caracterizam o modo de ser". Por isso que, muitas vezes numa sesso, comum ouvir de determinado mdium que est vendo situaes que nada tm a ver, aparentemente, com o motivo da reunio. Convm, portanto, ao dirigente esclarecedor no se apegar demasiadamente a esse tipo de informao, deixando que a sua boa f e a intuio sejam os recursos de rastreamento mais eficazes, ocupando o mdium somente naquilo que for realmente necessrio ao bom desempenho dos trabalhos. Isso no impede, porm, que o mdium que detenha uma informao que julgue importante no quadro geral da reunio faa-o com a devida preciso e discrio, em momento oportuno. 66. Como o doutrinador deve orientar os casos de desdobramento, para melhor utilizao desses recursos nos servios medinicos? Basta seguir as orientaes que Andr Luiz oferece, de forma abundante e clarssima quando narra as experincias, que acompanhou do lado espiritual, com o mdium Antnio Castro. Nessa operao, em que se desdobra tambm a participao da equipe espiritual, o mdium, orientado no plano material pelo dirigente da reunio24

Raul Silva, vai a uma colnia espiritual distante onde visita um companheiro recmdesencarnado da Casa Esprita, que de l se comunica com os irmos encarnados por seu intermdio. a, nessas circunstncias, que o desdobramento funciona como canal medinico. So emocionantes as cenas descritas pelo mdium viajante e mais ainda, a maneira como o grupo de encarnados recebe a mensagem falada do companheiro desencarnado de to longa distncia. E a isso que Andr Luiz refere-se como desdobramento em servio. So operaes, sem dvida, de grande valia para os trabalhos de socorro espiritual nos grupos de desobsesso responsveis, mas que precisam, por isso mesmo, de conhecimento e maturidade dos participantes. No pode servir simples curiosidade, e o mdium tem que receber bom adestramento. 67. Como o doutrinador distinguir mistificao de fraude? Mistificao a fraude do Esprito comunicante. Quer dizer, o Esprito desencarnado quem engana, quem blefa. J a fraude de iniciativa do mdium, que resolve enganar e o faz conscientemente", como nos informa M. B. Tamassia em Voc e a Mediunidade. Fala-se tambm da fraude inconsciente, aquela que o mdium praticaria sem o saber, em estado sonamblico. No caso da fraude consciente, h a inteno deliberada de ludibriar. De qualquer forma, deve o dirigente estar atento e procurar por todos os meios evit-la, porque ela traz grandes prejuzos para a Doutrina Esprita. 68. E nos casos de animismo, como o doutrinador deve se comportar? No animismo, a personalidade do mdium que se manifesta "com ou no lugar do Esprito", segundo tambm Tamassia. No primeiro caso, o mdium influencia com seus pensamentos na comunicao do Esprito. No segundo, o mdium, em transe anmico, d, inconscientemente, comunicao de seu prprio Esprito. Hermnio C. Miranda diz que "o bom mdium aquele que transmite to fielmente quanto possvel o pensamento do comunicante, interferindo o mnimo que possa no que este tem a dizer". E sugere de forma muito abalizada: "O cuidado que se torna necessrio ter na dinmica do fenmeno no colocar o mdium sob suspeita de animismo, como se o animismo fosse um estigma, e sim ajud-lo a ser um instrumento fiel, traduzindo em palavras adequadas o pensamento que lhe est sendo transmitido sem palavras pelos Espritos comunicantes". Esta a orientao que pode ser seguida pelo doutrinador. 69. Mas como o doutrinador pode diferenciar de uma forma bem prtica o fenmeno anmico do medinico, numa sesso esprita? No livro Palavras de Luz, o mdium Divaldo Pereira Franco d a seguinte resposta: "O doutrinador pode descobrir quando ocorre um ou outro fenmeno, se conviver com o mdium. Todos temos fixaes, vcios de linguagem. Havendo, no fenmeno medinico, repeties dos vcios de linguagem, e os modismos fazendo-se exaustivos, o fenmeno mais anmico do que medinico. Quando, no fenmeno, ocorrem ideias que no so habituais ao mdium, encadeadas, sem a contribuio do raciocnio, chegando prontas e enviadas em boa embalagem, o fenmeno medinico porque no foi resultado de uma elucubrao, de um trabalho da personalidade do sensitivo". Agora, nem sempre podemos definir com exatido quando o fenmeno est sendo coadjuvado por Espritos, valendo ressaltar que cabe ao prprio mdium, atravs do estudo e da experincia, auto avaliar-se no somente quanto a esse aspecto do25

animismo, mas igualmente quanto a todos os demais fatores que concorrem na delicada tessitura dos fenmenos espritas. 70. O que fazer o doutrinador se um mdium iniciante j comea logo transmitindo manifestaes bombsticas ou dissertaes mais ousadas que as atribui a Espritosguias, mentores ou a defuntos ilustrados? Deve acompanh-lo com interesse e critrio, para no desestimul-lo com opinies precipitadas, mas tambm no deve encoraj-lo aodadamente sem que antes tenha segurana de que ele no est sendo vtima de puro animismo nem de mistificao. Ele pode tambm est sendo treinado pelos Espritos para vos mais altos, ou seja, para tarefas medinicas de maior alcance. Por isso, o que esse iniciante tem a fazer ser orientado para o estudo da Doutrina e exerccio criterioso da mediunidade evangelizada, at que por ele mesmo descubra o rumo certo do seu potencial medinico e o coloque a servio da caridade. Lon Denis, em No Invisvel, categrico ao afirmar que "a mediunidade percorre fases sucessivas e que, no perodo inicial de desenvolvimento, o mdium sobretudo assistido por Espritos de ordem inferior, cujos fluidos ainda impregnados de matria se adaptam melhor aos seus e so apropriados a esse trabalho de bosquejo, mais ou menos prolongado, a que toda faculdade est sujeita". J. Raul Teixeira, grande missionrio do Espiritismo, fala na abertura do seu Correnteza de Luz da bateria de Espritos menores pela qual teve de passar sua mediunidade at encontrar-se com seu Amigo de Luz, o Esprito Camilo, condutor espiritual de sua misso. O bom senso, portanto, deve preceder a tudo. Todos temos de nos preparar, se quisermos servir. E, como diz Emmanuel em Alma e Corao, "toda necessidade exige socorro, mas, se o socorro aparece destrambelhado, a necessidade faz-se maior". 71. Como avaliar mdiuns repetitivos, cujas comunicaes, ao longo dessas sesses, se revelam geralmente improdutivos? Para Divaldo Franco, eles esto sendo vtimas de fenmenos anmicos ou de variaes da prpria mediunidade. E aconselha: "O mdium psicofnico que durante certo perodo no realize maiores progressos, deve passar a controlar suas manifestaes e a colaborar como mdium da caridade, de socorro pela prece, ajudando mentalmente aos que esto exercendo a faculdade ativa". E vejam o fecho desse raciocnio: "A sesso propriamente dita resultado do grupo de servidores passivos e ativos. Pessoas frias mediunicamente para colaborarem na realizao do fenmeno devem contribuir com sua vibrao mental". 72. O que o dirigente deve entender por compulso, no fenmeno medinico? Compulso, como o prprio nome indica, o envolvimento do mdium por fatores externos que o impulsionam para determinada direo. Na mistificao so os Espritos que engendram o engano; na fraude, so os prprios mdiuns; na compulso so o dirigente do trabalho, o pblico assistente, os hbitos reinantes, o meio onde vive o mdium, o desejo de obter comunicaes espetaculares, o envolvimento poltico, alm de outros fatores de ordem cultural. Quer dizer, o mdium levado por esse conjunto de influncias externas a direcionar suas manifestaes. Por isso que os doutrinadores devem evitar predispor o mdium para determinado rumo de comunicaes ao tratar com eles, antes das reunies, sobre assuntos que possam influenciar a sua conduta sensitiva nos trabalhos.26

73. O doutrinador pode ser mdium ostensivo? "Todos os componentes da equipe assumiro funes especficas", eis o que recomenda o Esprito Andr Luiz, no livro Desobsesso". Tambm, no prefcio de Grilhes Partidos, o Esprito Manoel Philomeno de Miranda define o perfil de uma equipe medinica chamando a ateno para o campo de ao especfico de mdiuns e doutrinadores. Mas no h, contudo, nenhuma recomendao indicando essa posio como proibio absoluta, at mesmo porque em Doutrina Esprita a razo, a lgica e o bom senso so da essncia dos seus ensinamentos. claro que cada pedra deve ter o seu lugar certo na construo. E na equipe medinica, cada componente participa do trabalho com o instrumento que lhe peculiar. Isso no significa dizer que a necessidade no possa alterar a posio de determinados componentes, para atender ao objetivo maior da sesso, que o socorro espiritual. Conta-nos a grande mdium Yvonne Pereira, falando de suas prprias experincias com desobsesses em Recordaes da Mediunidade: "Lembramo-nos aqui de um desses obsessores com o qual travamos conhecimento durante certos trabalhos para curas de obsesso, realizados na antiga Casa Esprita da cidade de Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais, o qual dizia, quando, presidindo ns as sesses, o exortvamos (o grifo proposital para mostrar que a mdium estava no s dirigindo a sesso como dialogando com a entidade, o que significa dizer que estava doutrinando) a abandonar a infeliz atitude de perseguidor do prximo, usando ento expresses quase integralmente idnticas s aqui lembradas". E transcreve todo o dilogo, por sinal o mais digno de um doutrinador consciente do seu papel, que manteve com a entidade. Fala, em seguida, sobre a transformao desse Esprito vingador e arremata: "A instruo doutrinria, o exemplo, a pacincia e o amor so, portanto, fatores indispensveis ao bom xito dos trabalhos de curas de obsesso". E ns aqui argumentamos: na falta de doutrinadores preparados, no h, por exemplo, como um mdium experimentado deixar de assumir a direo do grupo para a realizao dos trabalhos. Tambm, numa emergncia como negar atendimento aos necessitados alegando-se a falta de doutrinadores, se estiverem presentes mdiuns controlados em condies de dialogar com as entidades sem perigo de envolvimento emocional? O Projeto Manoel P. de Miranda - Reunies Medinicas - orienta no final do captulo que trata sobre essa questo que "havendo necessidades de servio, os Guias Espirituais podem modificar o campo de sintonia de um mdium de tal modo que ele passe a ser um doutrinador". Argumenta, porm, assumindo a responsabilidade da orientao, que se tal fato acontecer, "dar-se- de modo permanente e duradouro e, nesses casos, a pessoa mudar efetivamente de funo; nunca, porm, exercendo ambas simultaneamente". A verdade que os Espritos no se preocupam com esses detalhes de que o doutrinador, aquele que dialoga com os obsessores e os aconselha a renunciarem ao mal, no possa ser necessariamente um mdium. O item 5 da questo 254 de O Livro dos Mdiuns contm a seguinte pergunta: "No se pode combater a influncia dos maus Espritos moralizando-os?" Resposta: "Sim, o que no se faz e o que no preciso negligenciar em faz-lo; porque, frequentemente, uma tarefa que vos dada e que deveis cumprir caridosa e religiosamente." (O grifo nosso para chamar a ateno de que a resposta se dirige a todos ns indistintamente, mdiuns e no mdiuns, por ser um dever de caridade). E arremata: "Pelos sbios conselhos pode-se induzi-los ao arrependimento e apressar-lhes o adiantamento".

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74. Pode o doutrinador ser algum, por exemplo, analfabeto? Poder pode porque a ningum proibido orientar, aconselhar, esclarecer algum que est no erro e ajud-lo a encontrar o caminho do bem. Quantas mes, quantos pais iletrados no aconselham filhos tidos como sbios do mundo, mas que enfrentam grandes conflitos interiores e dificuldades morais de toda a sorte? No livro Jesus no Lar, o Esprito Neio Lcio nos diz, atravs da psicografia exemplar de Chico Xavier, que a sabedoria e o amor so as duas asas dos anjos que chegaram ao Trono Divino, "mas, em toda parte, quem ama segue frente daquele que simplesmente sabe". Contudo, nos esclarece Andr Luiz: "A cultura intelectual pode no ser condio fsica de nossa felicidade, no entanto, imperativo de engrandecimento de nossa alma". E enfatiza: "Quem no sabe ler, no sabe ver como deve". Quer dizer, o doutrinador ideal aquele que rene bondade e conhecimento. "De resto, o ascendente que o homem pode exercer sobre os Espritos est em razo da sua superioridade moral", orientanos O Livro dos Mdiuns, no final do item 5 da questo 254. 75. E quanto aos Espritos que se apresentem falando lnguas diferentes, de que o doutrinador no tenha qualquer conhecimento, como ento encarar o comunicante? Numa comunicao assinada conjuntamente pelos Espritos Erasto e Timteo, em O Livro dos Mdiuns, tem-se a seguinte explicao sobre a linguagem dos Espritos: "... Com efeito, nos comunicamos com os prprios Espritos encarnados, como com os Espritos propriamente ditos, unicamente pela irradiao do nosso pensamento. Nossos pensamentos no tm necessidade das vestes da palavra para serem compreendidos pelos Espritos". Mas tambm ns sabemos que logo que desencarnam, os Espritos no se libertam da linguagem articulada, como tambm dos gestos e expresses tais como cultivavam na Terra. Os hbitos e costumes dos grupos determinam a sua reunio em famlias e ncleos no Mundo Espiritual, onde civilizaes inteiras continuam na marcha evolutiva. Por isso, a preferncia dos Espritos errantes, ainda apegados crosta terrestre, por aglomeraes afins em cultura, lngua e nacionalidade. Assim como acontece aqui no Mundo Material, nessa condies, a comunicao se torna mais fcil. Com o tempo, medida que passam a faixas vibratrias menos densas, a telepatia vai sendo empregada com mais constncia, at atingir um est