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MOVIMENTO Ja^À-^--^Ê^-^^mmmÉAmm^mMs\m^a**^^ ^^^^**mmm ^^*^^\ ****** 'w^wMm Wlr I "V^^,JtAamW%àmA*mmf%Mmf I $AS GREVESl PflPPiiPFíã* I E AS TORTURAS\ ÊjfãMM M Ê_W_f M MM* / Entrevista com Lysáneas Maciel\^ m_W^J^^*^Mml^^^^ ^^ J . lt\ >•+*¦*: ;lv..-.- ¦-¦ :^IJNmm*jÊ, QmmmmXmT^' ^^ ^***^E*m \.\''''r'-íZa2BÈÊfflB^ \\y. ^^x^^sm ^^^^^_%mm_wÊ ^tm/«\ ^[ ^^_^_^_^_ú \WZiI Cl j I I J _m_r_\ *fc Manaus, Santarém, Macapá, Porto Velho, Rio Branco (via aérea) Cri _.<).n<> Edição semanal - nJ 157 - .1 de julho de I97H Crf I5,M '

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Page 1: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

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f.PCDISNIECon.ílho €diloriol

*!•"- „ f_;_r, tmi <__ i r-dO

NMWi^M Co-don. O.l

********* tm-aa 9m» */7/*»l7 2/6 lt)H|C_n,«lho d* »tdo<óo

*gu,-uldo _.l»o AC F«r,«,ro. ChKO P.ni»,

MM Andr»oto rlo.io fie Cur.olho fti„<_-

do P««o»o Ji_<o Morl.l... f-onoico Mari.y aMarco. Oom.l, Vourmo Aledo. » «t P«re,.o

Se^-o B*jO'<_\ue T»odo«.iro BragaDiretor te*p«n>4«el• -IWIO Cario, F..,„ro

[ditarOo.mu^o ffodng-je* Pereoo

ÍÍOAÇAO

Nacional

SOMO •'aulo Sérgio Suarquo d« Gvimac <_

d IO. . Mur.lo Cor.olt-O. G.lberto N Gal.ao,o\m 'odeo Aranfe» irepciereu Bicardo Kc.'*,

ino Corlo« Alberto SordenBerg Ad«l.o _k,'

gel )a,r Sor.n '»d,tOr.« contr.bu."te, £ f> '*>*ia M Supl.cy í«y"aldO P (•-* fír-io-dcMenr-qwe Cardoso ''ontiwo Wo*_ort p-_._

S.iger R-ordo 8u»r>o Pereira! de Souia Jo<« Me.reii_.-i Paivov (W-"ordc Leh- colabora

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Sau.rr>.,l_ editor —11(11.'•po-^m') •/lad.T.i»* Co'**c.J«o ftct»«.ju'r «,.»•« íuore» ** 5*l*r. I fr»d«,

Mar ¦ R,lo Medeiro f J,'rdo 1-etO. Al.»

j-u.-i Ai««. G-i^'1'cwi Apjí-ftio" Cut.kC rowo'#- rjlototodo/SM

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pe-dente,UiuJnno toldõo de Ot***na Arruda co,

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i0..n.ro. l»ondro <o»d«' lu'I íg/p-o Mc-.1 P«-ch«l, Moro *_*!.._ Car«_lrio VO"!

C.r.lo Garço, Mar-a íl.vob»'* V,..or, Mo' '_

da 'or Po-.^igtja-í Paulo £***al*o Soliet Gofne.Pt.c Svfo P,nh«.ro Paulo V ial PI,mo r*n-

EM °ob»on C de Catnorgo. P^#y G_*"a Sj'ange » £ir««««. S6nta Lujrt**. .a"-© ía.MoíC'o-k d< Souja Zulm.ro Taro-», Ara EiwlO*•" Pog-en-o *+-**o%tr\ o Rai-^e' V_*j a\

InttrnocMtnol'•a-rto d« Co'*_ilrx3 »eO'-or. f'0-ta D-e-g^ci'-•doior,. Iioko Soro_r>b«-g ?*-_¦¦_ Bondt.rc:*pV)na Ij«io Porto bj< Ve go •*-j<abo«'ado'e*

J d* SouIO 'corr»«po".<__-,t« Por.l. M6'iO

Cr-o-aofo* * _h í-:'5r*e-po--de*Me Va»¦* **Vo

to Pon, {«.'«ipo-d»—» P-j-no, ****** ¦*>

f ,Hg'a* -Orf-npor-_e*«»a Ber1 ¦"•¦>,. jvdy B*.'^'co'-«_po',.d««*a No*a Vor».

Art.

Az-^andr, So-^ar. -tocdcador, X»ca Mo'

I, João 8,<

Vjo d. O.

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g«i., lolo-ido Mviofc, Lj.i Carteio B'u^a d*?

oi ¦ vo.; /',••- Ag?st->ho G,l* Ar'o<)0Artkur |u<.a »^g.o<- . au>o » , t*****'"«!»'¦.

Recibo Mogatr-óe» Úmiê So--*! tod' g-e.

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ADMINISTÍAÇÂO

Antó_KJ Cartot ******** d.r.tor d. O

<Ó«l, F'o*rr,KO Mor»,gl,o ******** **!*'¦

*.. ArW-jr., M0'<_r. I fl«C O « O -¦< " tp .*

rnimO* Paulo Pcib.to ío-bo>o Can,o

Oar*** . Mor -ho i«'«ar.o »,o. Sui«t«

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Oporiam.nto Juridic.

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d. V.ndaiAntõr.o MtN rr-eU São Paulo Vc-a AiW1.0 r«ii», [Out* Ou*"-*, a p d. m»|« aho,,

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..Oi. O » P --, Sác Pouio

POLÍTICA

O que são as "reformas"...

Habeas CorpusHistórico - Surgiu na Inglaterra. No Brasil,

já estava previsto desde a Constituição de1824.

Atual Legislação - Foi abolido para os delitosde fundo político (Artigo 10 do AI-5).

As Reformas - O Habeas Corpus deverávoltar em toda a sua plenitude, sem restriçãoaos crimes previstos pela Lei de SegurariaNacional.

Mudanças - O Habeas Corpus reaparece em

sua forma originária.

Garantias da Magistratura

Histórico - Surgiram com a Revolução Fran-cesa. Sáo três: vitaliciedade, irremovibilidadee irredutibilidade. No Brasil, apareceu já naConstituição de 1824.

Atual Legislação - Pelo AI-5, foram abolidastodas as garantias da magistrtratura.

As Reformas - As garantias da raagistratu-ra deverão retornar em sua totalidade.

Mudanças - As garantias da magistraturareaparecem sob a mesma forma em que esta-vam ao tempo em que foram abolidas.

Direitos Políticos

Histórico Desde a nossa primeira Constitui-ção, foram regulados os direitos de ser votadoe de votar e de exercer mandato popular. Na é-poça da escravidão, era proibido aos escravoso exercíc o dos direitos políticos.

Atual Legislação - Pelo AI-5, o presidente daRepública pode suspender os direitos políticosde qualquer cidadão. A lei de segurança na-cionai também prevê pena acessória de sus-pensão dos direitos.

As Reformas - Cai o poder do presidente desuspender os direitos políticos.

Mudanças Continua a pena acessória desuspensão dos direitos políticos pela L.S..V,mas o presidente náo mais poderá suspenderdireitos políticos.

Mandatos Parlamentares

Histórico - Em todos os países civilizados (eno Brasil, até I9C8), a cassação de mandatosparlamentares pelo executivo só é permitidacom a concordância do parlamento.

Atual Legislação - Pelo AI-5, o presidente daRepública, após ouvir o Conselho de Seguran-ça Nacional, pode cassar mandatos parlamen-tares, sem o prévio consentimento do Congres-so.

* As Reformas - Desaparece o poder de cas-saçáo de mandatos pelo executivo.

Mudanças - O poder de cassação de manda-tos políticos paaaa para o Supremo TribunalFederal. Entretanto, basta que a denúnciaoferecida pelo procurador geral da Repúblicaseja aceita pelo STF para que de imediato, sejasuspenso o mandato parlamentar até o julga-mento final.

Banimento

Histórico - Náo existem antecedentes histo-ricos de tal instituto em nossa legislação.

Atual Legislação- Pelo AI-13, depois incorpo-rado pelo AI-14 rta Constituição, todos aqueles

que foram ou vierem a ser banidos do país náo

poderão regressar e náo terão reconhecidosseus direitos de cidadão brasileiro (passapor-te, registro de filhos, etc).

* As Reformas - Todos os banidos poderão re-tornar ao país e terão reconhecidos, no exte-rior.seus direitos de cidadão brasileiro. Po-

rem, a grande maioria dos banidos tem contrasi condenações na justiça militar. Caso retor-nem, seráo imediatamente presos para quecumpram suas penas.

Direito de greve

Historuo Surgiu na revolução industrial,porém restrito somente aos casos de "extrema

crueldade" e falta de pagamentos. No Brasil,só veio a ser regulamentado pela CLT (!• demaio de 19_4b9.

Atual Legislação Pela Lei 4.330/64, nãopode ser exercido por motivos políticos ou soli-dariedade. O ritual burocrático requer umprazo de aproximadamente 90 dias para queuma greve possa ser decretada. O empregadorpode recorrer ao Tribunal Regional do Traba-lho da decisão que decretou a greve, sendo jul-gada a decisão, que poderá ser revogada aqualquer momento.

As Reformas - Nada falam sobre o direitode greve.

Mudanças - Nenhuma.

Incomunicabilidade

Histórico Na lei penal brasileira, bem comona legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade para os detidos e detres dias. Na legislação do III Reich, o prazoera de oito dias.

Atual Legislação - Pela Lei de SegurançaNacional, decreto H98/69, o prazo é de 10 dias.Nos casos incursos no código penal comum oprazo é de 3 dias.

As Reformas Nada falam sobre incomuni-t-abilidade.

Mudanças Nenhuma.

... e o que pensam delasKrnesto (ieisel - presidente da Republica:"0

projeto cie reforma elimina do sistema legal« diplomas de exceção sem desarmar o Estado,

antes dotando-o dos instrumentos necessários adefesa da km ic-dadec asiegurando plenamente osdireitos e garantias individuais".

Euler Bentes Monteiro - general da reserva.um dos lideres da "Frente Nacional de Rede-mocratização":

"0-projtto apresentado pelo governo não insti-tucionaiiza um estado democrático. E. por jaconsiderá-k. assim nos termos em que ele era co-nhecido anteriormente, é que me inclui na Fren-Ct, no sentido de uma proposta alternativa".

Paulo Brossard - senador (MIJB-RS), líderdo MDB no senado:

"Aquilo que. no ano passado, seria um grande

passo dado pelo governo no sentido da sua recon-cilíação com a nação brasileira e que seria recebi-do pela oposição como uma conquista hoje não-lati^faz mais. Hoje. a nação não se satisfaz mais(om paliativos.

Fernando Henrique Cardoso - sociólogo,candidato a senador pelo MDB:

"Apenas algumas alterações no Habeas-

Corpus. na magistratura, mas não ha nenhumagarantia dc- um estado de direito. A essência doregime continua a mesma. Nâo há a legitimaçãoatravés do voto direto, não ha garantias reais emtermos de permanência cio estado de direito, náohouve Constituinte. E, além do mais, tudo vemcie cima pra baixo. Isso ocorreu, essas correçõesforam feitas por causa de muitas pressões quevèm vindo por ai, as pressões populares".

Gilvan Rocha - senador (MDB-SE):"0 nov<' pacote que ai está chegando permite

a continuidade do arbítrio, permite por ex«mploo DOI-CODI, permite uma esdrúxula emergén-cia a ser editada a bel-prazer do senhor Presidên-te da República, ouvindo somente funcionários

por ele escolhidos".

Leonel Brizola - ex-governador do RioCirande do Sul cassado em 1%4:

"Ouando os regimes arbitrários tomam medi-

das de abertura democrátine estão sempre cerca-dos de grande publicidade para ocultar as verda-deiras intenções".

Miguel Arraes - ex governador de Pernam-buno, cassado em 1964:

"A simple- abolição do Ai 5 náo representa ofim da repressão institucionalizada no Brasil. Naverdade, ele foi apenas substituído por outrosdispositivos institucionais que concedem 0 mes-mn poder autoritário"

Raimundo Faoro - presidente da Ordem dosAdvogados do Brasil:

As reforma*, mesmo que sejam aperfeiçoadas

pelo congresso naquilo em c^ue são insuficientes-não se rão um substitutivo da convocação de umaAssembléia Nacional Constituinte.

Dr. Paulo F.varisto Arns - Cardeal - Arce-bispo de São Paulo:

"Foi um progresso.mas as restrições aindaexistentes me impressionaram muito".

Alceu Amoroso Lima - intelectual católico:"Não

gosto de reformas que vêm de cima parabaixo"

Trechos do manifesto lançado em Belo Hori-zonte por trinta e duas entidades sindicais detodo o pais:

Mais uma vez e dado a divulgação um pacotede reformas com que se pretende, a revelia daconsulta a vontade popular, resolver os gravesproblemas im*tiluci<mai*.C sociais que afetam anação brasileira.

... Nos. trabalhadores, somos a maioria porquesomos d pOVO brasileiro Por isso mesmo nâo po-demos ser submetidos a políticas impostas porminorias. Querem«>s desempenhar a nossa mis-¦io num regime verdadeiramente democrático.Queremos um sindicalismo livre e autônomoQueremos reafirmar as autoridades que qualquer"reforma",

feita sem consulta a população e semconsiderar os anseios e atender aos interesses dostrabalhadores, não passa de uma nova forma deadiar a verdadeira solução do problema nacional.

Luís Inácio da Silva (Lula) - presidente doSindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo eDiadema (SP):"Essas

reformas anunciadas agora pelo gover-no são iguais a tantas outras. Mais uma vez o tra-balhador foi esquecido. Nelas não está incluídauma reformulação da lei sindical. A reforma quequeremos náo deve ser esperada, mas deve serfeita por nós. Não podemos mais nos limitar apedir, temos que começar a exigir, ja que a defesade nossos interesses deve partir de nós mesmos".

Aurélio Perez - um dos lideres do Movimen-to do Custo de Vida em São Paulo.

"Em pontos fundamentais, l reforma náo tra/

nada «lt- novo Dizem abolir 0 AI "

C «--.tabelei-err.a-, saK aguardas, que n«>s sabemos o que sàoe quepodem ser bem piores que o AI 5 0 exemplomais claro dtsao e a eleição que se realiza no sin-dicato dos metalúrgicos dc àioPaulo, onde ¦tr.Kidf e I corrupção permanecem soltas e nin-

guém toma providencias V.n acho que as retormas não mudam em nada a i -• m ,.. do regime

Diretoria da l nião Estadual dos EstudanU***de São Paulo:

"So podemos dizer que o regime terminou

quando tivermos uma anistia ampla e irrestrita.com o desmantelamento.de todo o aparato re

prassivo; q fim de todos os atos e leis de exceção.e a convocação dt uma Assembléia Constituintelivre, democrática e soberana".

tramava B«*njamin s«_*cretaria do ComitêBrasileiro pela Anistia (CBA);"A

depender dessas reformas, tudo continuaracomo está, pois elas só atendem a um mínimodos reclamos atuais de nossa sociedade. Vemoscrescer com ímpeto acampanhapor uma anistiaampla, geral e irrestrita para os perseguidos politicos, e. no presente, delineia-se. como o grandeassunto político, a questão do desmantelamentodos órgãos de tortura s da punição dos torturadores. tema» <jue fazem parte dos estatutos e doideário do CBA. As coisas não ficarác- como es-

tio, não poi mérito das reformas em questãomas, ao contrario, apesar delas".

Margarida Vieira secretária da Associa-ção dos Professores Iniversitarios de MinasOerais:

"O regime ditatorial possui uma Constituição

aprovada por um Congresso castrado e emendada seguidamente conforme as necessidades domomento Qualquer pessoa sabe que muito doque esta nesta Constituição e desrespeitado pelospróprios governantes. So para dar um exemplo.a Constituição proíbe a violação da correspon-

.dência e o controle de comunicações telefônicas.Outra reforma da Constituição, portanto, nàosignifica nada para quem conhece um pouco queseja da pratica anterior.

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O Brasil

De novo, o relatórioHugo Abreu

0 general Figueiredo, em campanha no Rio, perdeu a calma quando um estudante lhe perguntou sobre

as acusações ao seu grupo feitas pelo general Hugo Abreu

general

João Batiptis-ta Figueiredo, escolhido

pelo general Ernesto Geisel

para ser o próximo presidente da Re-

Íiública, vem se tornando cada vez mais

amoso. E sua fama é para uns de "uma

rude franqueza", para outros de vulgari-

dade e grosseria. Na semana passada,ele acrescentou mais uns pontos á essa

sua insólita cotação. Iniciando a campa-nha da Arena pelo Eatdo do Rio de Ja-

neiro e a sua própria campanha pelosEstados ele jogou uma sinuca desespera-da com um jornalista, convidou para to-

mar pinga a um carregador qàe não be-

bia e bateu boca com estudantes que lheforam levados pelo deputado Célio Bor-

ja. A conversa com os estudantes foi a

que mais provocou repercussão. E o diá-logo crítico foi o que ele travou com o es-tudante André Martins, irmão do ex-

presidente do DCE da Univerisade Fe-

deral do Rio de Janeiro, Franklin Ma-tins, hoje exilado. O estudante disse que

gostaria de perguntar sobre uma^ acusa-

ção feita, e o general concordou. "A aeu-

sação do Hugo Abreu - disse ele - de queo senhor era apoiado por grupos corrup-toe."Essa pergunta, Figueiredo perdeu o

controle e começou a responder de formaexaltada.

"Ele pode ter feito essa acusa-

ção nos jornais, mas ele nunca chegou

perto de mim para fazer essa acusação.Mesmo proque não chegaria à metadedo caminho. Eu não sou corrupto. Ja-mais me ligaria a qualquer grupo cor-rupto ou que fosse contra o interesse do

país. (...) Agora, os que quiserem meacusar, que venham na minna frente meacusar, ae cara" ...

Essa resposta provocou a reação do ge-neral Hugo Abreu no dia seguinte, quan-do emitiu nota se dizendo agredido e le-

vou o caso à consideração das autorida-des. Quando perguntado se 89 denúncias

sobre corrupção erem verdadeiras, Hugo

Abreu respondeu de uma forma sugesti-

va: "Não confirmo nem desminto. Ele

sabe se é verdade ou não".

0 chamado "Relatório Hugo Abreu"

que tanta ira despertou no general Fi-

gueiredo foi confirmado pela primeiravez pela revista Veja, em janeiro do ano

passado. Ao se demitir do cargo de chefe

da casa militar do presidente da Re-

pública, inconformado com a noemaçáo

de Figueiredo, o general Abreu deixou

com Geisel um minucioso relatório, com

documentação fotográfica, e>nde todos os

principais articuladores da campanha

de Figueiredo eram apontados como cor-

ruptos ou ligados a grupos estrangeirei.

As acusações de corrupção se dirigem

contra Mário Andreazza, Costa Cavai-canti, Antônio Carlos Magalhães, Hum-berto Barreto e dois filho» do general Fi-

gueiredo. Golbery do Couto e Silva e

Heitor Aquino Ferreira, secretário parti-cular de Geisel, os principais articulado-

res da candidatura Figueiredo, são aeu-

sados de serem homens a serviços de

grupos estrangeirei: Golbery como fun-

cionário da Dow Química e Heitor Aqui-

no como integrante do grupo de Daniel

Ludwig, dono de uma verdadeira sesraa-

ria na Amazônia, o projeto Jari (ver le-

genda da fe>to abaixo).Está ou não colejeada uma questão cie

corrupção do poder público? O relatório

Hugo Abreu, a esse respeito, apenas re-

corda um problema mais antigo e para o

qual o relatório é até irrelevante: é fácil-

mente demonstrável que Golbery e Qui-

no são velhos servidores do capital es-

trangeiro e. nesse caso, está de acordo

com oe interesses nacionais que eles de-

«empenhem, como hoje, papéis tão relê-

vantes no governo?

****''_^_m_\_m\ s^* ^^H á^_^_k_____W _m*^^m. }mmm_[_*mm

Figueiredo, eioltòde, ne èléAmmg com et estudante*: "ew nôo mu corrupto

Embora Golbery, Heitor e outros liga-

doe ao mesmo grupo tenham participado

de conspirações anteriores, â atividade

que maia caracteriza os dois como liga-

dos aos capitais internacionais é a dire-

ção do IPÊS Inatituto de Pesquisa e Es-tudos Sociais, e o IBAD, Instituto Brasi-

leiro de Ação Democrática, do periodo1962-1964 e cuja ação era dedicada a de-

sestabilizar o governo, mediante fundos

de empresas nacionais ligadas ao capital

estrangeiro, de empresas estrangeiras di-retamente e da CIA, através da embai-

xada americana. Fazia parte do grupotambém, como chefe de Heitor Aquino

no IPÊS, o general reformado Heitor de

Almeira Herrera, hoje diretor presidenteda AGGS, empresa que edita aa Listas

Telefônicas Brasileiras. Eaaa empresa,

por sua vez, era ligada por seus dmçen-

tes, ao Council of Américaa, instituição

que controlava os recursos financeiros de

empresários, canalizados para organiza-

ções e movimentos antijanguistas. O

£ residente do IPÊS por sua vez era o

anqueiro Joáo Batista Leopoldo Figuei-

redo, irmão do atual candidato, e atual-

mente diretor da Scania Vabis do Brasil.

Como se vè, as acusações de corrupçãolançadas contra o general Figueiredo

precisam ser vistas em toda a sua exten-sáo. Será que os fatos citados realmente

permitem caracterizar um grupo que seapossou do poder e que tem

"uma postu-

ra antinacional, ligada e a serviço de

grupos e interesses estrangeiros para oe

quais o sucessor já ungido pelo presiden-te serviria de instrumento

'. como diz o

jornalista Carlos Chagas?Essa é a questão relevante e o estudo

da evolução recente de nosso govemopode fornecer provas de sobra paraelucidá-la.

^___________L___ ma^W^^^^T^^^M em _J_T>* _éJH _____^^^^~ ^^^

___¦HH ^ÊÊ^Ê M^*Wmm_mmm m 9b ^tm H^vS ___¦ * —* *- * *WM

J ^_^_^_M m^r^^M me *^9m\ *m _â_M_\_^_^_\

' __*mm\ W^^^^^k m

_H^______ mm______k_l _____»

l^______________^_____________! L -9

Uma da* ocusaçõ«s da te-

latório Hugo Abreu «adi que

o major Hoitor Aquino, secre-

tário particular do presidente

Geisel e um do* maire* pro-

motores da candidatura Fi-

gueiredo, é um homem a tar-

viço do bilionório americano

Daniel Ludwig, dono da Na-

tional Bulk Carriert e do r*ro\a-

to Jari, uma verdadeira capi-

tania entre o Estado do Porá e

Amapá, com área de mais

de 3 milhões de hectares ve-

ia em Mo.imento. número

56. a tabela da página 1 3

É uma acusação seria e sua

base é a seguinte. Heitor

hofe autoqualificado de pro-

fessor foi o gerente dedica-

do do escritório em Belém do

projeto Jari e funcionava

como homem de confiança do

americano A foto mostro lud-

wig (de chapéu), Hmilor (apa-

recendo apenas parte do ros-

to; Robm Hotlie Mc Glohn de

costas de ternoj e um repor-

ter da antiga rev«sto Reaiida-

de de camisa branca, de cos-

to»), no aeroporto de Val-de-

Can» em Belém em l°71

Mc Glohn também é citado no

famoso relatório do ma|or

Velloso sobre a presença dos

estrangeiros no Amazônia

pois possui enormes glebas de

terra no Amazônia Nos epi-

sadios que envolvem a foto

Heitor era o encarregado de

receber Ludwig, que vinho

dos EUA. e tentou impedir os

repórteres de entrevistarem o

milionário que não gosta de

jornalistas

MOVIMENTO - 3/7/78

Page 4: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

O LANÇAMENTO DA FRENTE DE REDEMGCRATIZAÇÀQ EM SÀO PAULO

Uma noite de euforiaA Frente Nacional de Redemocratiza-

ção foi oficialmente lançada na noite da

última sexta feira, na Assembléia Legis-

iativ a de São Paulo, com a participaçãode inúmeros senadores, deputados, ve-

readores, prefeitos e um público superior

a 2.000 pessoas. As bases do MDB cons-

tituiam a maioria dos presentes, portan-do faixas de apoio à frente, e gritandocom grande entusiasmo os slogans do

programa partidário: Anistia, Consti-tuinte!

Compuseram a mesa senadores e de-

putados de diferentes estados, tanto da

Arena como do MDB: Ulisses Guima-

rães, Teotonio Vilela, Marcos Freire,

Tancredo Neves, Franco Montoro, Ge-

túlio Dias, Leite Chaves, Paulo Brossard

e o ex-ministro Severo Gomes. Sob

aplausos intensos, foram convidados

para também integrar a mesa o senador

arenista Magalhães Pinto e o generalEuler Bentes Monteiro.

O presidente da Mesa, deputado Na-

tal Gale, após ter lançado oficialmente

a "Frente",

chamou o primeiro orador,

um representante dos trabalhadores, o

presidente do Sindicato dos Metalúrçi-

cos de Santo André, Benedito Marcilio,

candidato a deputado federal pelo MDB

ás eleições de 78. Benedito Marcilio dis-

se que não estava aderindo formalmente

ao movimento, mas aue os trabalhado-

res apoiam a "Frente '

e também todos

aqueles que lutam pelos interesses reais

de todo povo brasileiro desde que assu-

mam claramente as legitimas bandeiras

populares: a conquista de uma anistia

ampla, geral e irrestrita, a convocação

de uma Assembléia Nacional Consti-

tuinte democrática e soberana; e plenodireito de ereve, o fim do arrocho sala-

.ui. a criação de uma Central Ünica dos

KNfQIWí pfcífc*L

QSR BWARPRA Ffo/Te?

Trabalhadores. Nessa nesma perspecti-

va falou um representante da União Es-tadual dos Estudantes de Sáo Paulo(UEE), -

quase impedido de se manifes-tar pela mesa afirmou ver na"Frente"

um fato positivo, mas que osestudantes náo a apoiam por exigiremdela uma definição cristalina de objeti-vos em favor dos trabalhadores e oprimi-dos. Disse ainda que deveria estar ali na-

quele momento era a União Nacionaldos Estudantes, que foi destruída pelogolpe militar de 64. Ao final de sua inter-vençáo, o público gritava em coro: UNE,UNE!

Ao todo foram mais de dez oradores ase manifestarem a favor da

"Frente", a

maioria do MDB: Paulo Brossard, Rob-son Marinho, Ulysses Guimarães, Fran-co Montoro, Fernando Henrique Cardo-so; da Arena falaram Teotonio Vilela,Magalhães Pinto; e ainda Severo Gomes

e o general Euler Bentes Monteiro. O

anúncio de que o governo havia proibidoo Rádio e a Televisão de transmitirem o

acontecimento provocou estrondosa vaia

por parte do público. Ulysses Guima-rães, antes mesmo de ler o seu discurso,fez um contundente improviso:

"a Fren-

te desnorteou o governo. A censura sig-nifíca a fraqueza desse governo, queteme as denúncias das prisões arbitra-rias, das torturas, dos assassinatos de

presos políticos, das cassa ções , por isso,

proíbe. Está fraco o governo e forte a

Frente". Por sua vez, Paulo Broesard, se

referiu à determinação oficial de que a"Frente"é

ilegal: "comopodem

falaremlegalidade aqueles que editaram o

'paço-

te de abril'? Como podem falar em lega-lidade aqueles que exercem o poder semo voto popular- Aqueles que depois de

tantos anos de poder arbitrário reduzi-ram o Brasil a escombros, como podem

falar em legalidade?"

Finalmente, foi anunciado o orador

mais esperado por todos: o general Eu-ler.

Durante seu discurso o general Euler,

abordou os pontos

elaborados pela con-vençáo do MDB, de forma ambígua e in-definida. Falou da dívida externa, daanistia, da liberdade sindical, da neces-sidade de uma maior liberdade para aorganização partidária, da instauraçãode uma democracia representativa. E,novamente, advertiu contra o perigo daradicalização política.

"Eu entrei na

Frente - disse Euler - para trazer a mi-nha contribuição e a minha proposta, e aminha proposta é de evitar o perigo deconfrontos pela radicalização. É a pazentre os brasileiros".

Ao final da manifestação, o encontro eum diálogo inesperado entre o ex-deputado (cassado) Lisáneas Maciel, queacaba de chegar ao Brasil, e o generalEuler.

"Admiro sua atitude, disse Lisa-

neas a Euler, náo porque o senhor é um

general de quatro estrelas, maa por cau-sa de seu compromisso prévio com o Es-tado de Direito e,

principalmente, com amobilização

popular. Porque a mobiliza-

çáo popular é aue vai dar o conteúdo quefalta á Frente' . Euler apertou a mão deLisáneas e disse que estava muito sensi-bilizado com aquelas palavras.

A impressão que se tinha pelo tom dosdiscursos, a euforia do público, as anali-ses feitas sobre o desmoronamento do re-

gime, inclusive a proposta de um gover-no de transição que convoque uma Cons-tituinte, era a de que, a opressão que seabateu sobre a nação durante estes 14anos, está com seus dias contados.(Paulo Maríz)

continuação da pág. 7

O mistériodas bombas

na PUC "as

mesmas tradicionais bom-

bas de gás lacrimogènio e de efeito mo-

ral" e que nenhum novo tipo de bomba

havia sido empregado. E em oficio diri-

gido ao ministro da Justiça, em 28 de se-

tembro do ano passado, o governadorPaulo Egidio confirmou a informação e

chegou ao acinte de elogiar a prudênciada polícia paulista:

"Mesmo quando

houve necessidade de confronto, a Poli-

cia se fez presente observando o respeito

devido à população, armada apenas comos recursos tradicionais de distúrbios,

isto é. gás lacrimogènio e água..."

Há duas hipóteses:em ambas os efeitos

são terríveis

Mas as coisas náo parecem tão sim-

pies. Preocupadas com os terríveis efei-tos causados pelas bombas nas estudan-tes, um grupo de mães conseguiu enviar

Sara a Suécia um pedaço da roupa car-

onizada de xaria Cristina Raduan e uminvólucro usado de uma bomba de gáslacrimogènio, encontrado na PUC após ainvasão da polícia. Na Europa, GeraldThomas, do escritório da Anistia Inter-nacional de Londres, acompanhou osexames que puderam ser feitos no mate-rial enviado. *

Segundo delcarações de Gerald Tho-mas, a Movimento, a análise químicadas roupas de Maria Cristina Raduan,feita por peritos em Estocolmo, concluiu

que o material usado é bem mais sério

que simples gás lacrimogènio e sugere

que além de um produto químico deno-

minado "Chemical

Mace ',

tenha sido

usado o fósforo branco e amarelo.

Juntando as informações fornecidas

por Gerald Thomas, na Europa, com as

pesauisas feitas nos Estados Unidos porMichael Klare, do Institue of PolicyStudies de Washington, pode-se cons-truir duas hipóteses sobre as origens das

queimaduras:1) Elas teriam sido provocadas sobre-

tudo por bombas de "efeito

moral" utili-zadas pela polícia Daulista. nas quais es-tava misturado o fósforo branco e amarelo-um componente presente em todas asmodernas e perigosas bombas químicas.O fósforo pode causar danos horríveis a

pessoas humanas, d esses danos podemainda ser mais graves, de acordo com o

perito inglês Julian Perry Robinsons, daScience Policy Research Unit, da Uni-versidade de Sussex, se a embalagemdas bombas tivesse algum defeito e dis-tribuíssem o pó ou fumaça em quantida-des não homogêneas. E isso teria ocorri-do com as bombas lançadas na PUC.

2) A outra hipótese é que a origem das

queimaduras seria o "Chemical

Mace"misturado nas bombas de gás lacrimogê-nio. Esse tipo de bomba já foi usado nosEstados Unidos, mas sua utilização parao controle de manifestações pela políciaacabou sendo proibida naquele país,desde 1971, por ser considerado de mate-nal perigoso: irrita os olhos e a pele, pro-voca opacidade ou arranhaduras na su-

perfície da córnea, causa prejuízo à tra-

quéia, bem como lesões na pele.

Não há dúvidas sobrea origem das bombas:

foram compradas nos EUA

O Brasil adquiriu nos Estados Unidos,em fins de 1975 e princípios de 1976,grandes quantidades de latas de gás CN,CM e CS, máscaras para pessoas que jo-gam esses gases e também equipamento

para a fabricação de agentes químicosque são usados para recarregar essas la-tas. Desses gases, o CS é o que mais

problemas causa. Ele é o gás ativo nacomposição do Mace que, por sua vez, é

uma mistura de agentes químicos queinclui o querosene e o CS. O CS penetrana pele e age sobre os nervos, paralisan-do temporariamente as pessoas. Masessa mistura de gases muitas vezes não ébem feita e em certas ocasiões, depen-dendo de variações bruscas de tempera-tura, se deteriora. Algumas pessoas nosEstados Unidos, que investigaram asmatérias publicadas na imprensa brasi-leira sobre a repressão na PUC, acham

que foi o próprio Mace que causou as

queimaduras. Nos Estados Unidos háregistro de diversos casos de cegueira,

provocados pelo uso do Mace.

O Mace é produzido nos Estados Uni-dos pela General Ordnance EquipmentCorp, de Pittsburgh, urna subsidiaria daSmith and Wesson. Segundo Klare, oExército brasileiro adquiriu, em 1976, daGeneral Ordnance, 1.326 latas de Che-mical Mace.

O fato é que, se náo se sabe com exati-dão se as queimaduras foram provoca-das por fósforo branco e amarelo ou peloMace, médicos que cuidaram das trêsestudantes mais atingidas declararam

que se tratavam de queimaduras "esqui-

sitas", diferentes das queimaduras pro-vocadas por fogo, eletricidade ou

produ-tos químicos conhecidos no Brasil. Elesdisseram que as lesões devem ter sidocausadas por algum produto químiconovo - cuja natureza exata, por enquan-to, só a polícia paulista pode esclarecer.

Não há, no entanto, dúvidas sobre aorigem desses produtos. Uma pesquisafeita em Washington revela que nos últi-mos anos os Estados Unidos vém fome-cèndo, ao Brasil em grande quantidade,diversos materiais usados para

"controle

de multidões" e equipamentos para lutacontra o

"terrorismo', além do equipa-

mento militar propriamente dito. Emalguns poucos casos os pedidos foramfeitos pelas próprias Polícias Militares,mas na maior parte das vezes oe embar-

quês foram destinados ao Exército brasi-leiro. ',

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Page 5: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

"Tortura não é caso de patologia,mas de governo'

Após uma ausência de 14 meaea doBrasil, o ex-depu tado cassa-do do MDB, Lysáneas Maciel, retor-nou ao país no ultimo dia 23. Nesta en-trevista a Vera Lúcia Maniolillo, deMovimento e Jorge Bastos Moreno, doJornal dr Hra.silia, ele fala daa grevesdos trabalhadores paulistas, da Fren-te Nacional de Redemocratização e da

punição aos torturadores.

"Os trabalhadoresvão fazer sentir seuprotesto contundente''

Pergunta - Depois desse longo

período de ausência do pais e voltandoagora, você acredita que a situação

mudou muito em relação à época em

que estava aqui?Lysãneas Maciel

- No momento, com os dados colhidos

no exterior e <>s rápidos contatos aqui no

Brasil, o que mais me tem impressiona-d», é a ampla movimentação da chama-

da Sociedade Civil. Tudo o que está

acontecendo e .. eme se pode observar

através da imprensa, da oposição sindi-

cal, dos movimentos estudantis, da Igre-

ja etc. representa, parece-me, largos se-

tores da sociedade brasileira.As greves por exempolo, mostram que

os trabalhadores, vão fazer sentir o seu

protesto, as suas reivindicações de ma-

neira contundente e organizada. As con-

diçúesdos trabalhadores sào o fator indi-

c at ivo. seguro do espirito de um sistema

e nesse particular o sistema esta conde-

nado.As greves em São Paulo revelaram

uma maturidade incrível das .lasses tra-

balhadoras, inclusive evitando a (onota-

çio política, uue muita gente estava in-terc-s«ada en. insinuar. Repeliram, ate a

meu ver com propriedade. a presença de'

-ÜeÇ-ÜW estranhos ac« seus movimen-tos. uWfeKt atemorizaram com o cerco

nas fábricas. A- greves nâo foram feitas

atravé»» cios sindicatos, que tém sido nõ

Brasil instrumentos espúrios da herança

fas» ista da Corte />«'/ Laiora de Musso-

hm O movimento foi feito realmente

através das organizações de base das

próprias fabricas e não através dos sindi-

catos que. cm as exceções de sempre,são comandados por p*-k-gos. Foi o basta

dos operários. ,.traves de um movimen-

to. inclusive considerado ilegal. »Mas ta-sas leis t?m que ser questionadas. Não

com o principio da rebeldia pura e sim-

pies. mas a lei náo tem nenhum caráter

sagrado. E c ssa lei que impede ao traba-

lhador de fazer as suas reivindicações,evidentemente, e uma lei semelhante a-

quelaa leis que existiam no Sul dos Esta-

dos Vnidos. que proibiam os cachorros e

os negros de freqüentarem os banheiros

chis est.-iç»">es ferroviárias.F.ss.-.s leis que estão ai esmagando a

classe trabalhadora tém que ser refor-

macias. Acabaram com a lei de greve, o

governo começou a ditar salários. De »S4

para ca »» governo avançou em todos ossetores das classes trabalhadoras, esma-

gando direitos, violando a constituição

no que tange aos direitos adquiridos devárias categorias. Portanto, os trabalha-dores estão no seu último estagio de re-sistencia. E o que fazer, senão cruzar os

braços, embora pacificamente, mas paradizer um basta ao governo? Portanto,

evidentemente que o movimento mais

importante da chamada Sociedade Civil

e a movimentação dos trabalhadores.

P - Você acha que o governo fez essa

mesma apreciação, de achar que as

greves de São Paulo são um aconteci-

mento ainda mais importante que a

Frente por exemplo? Em que medida

você vê uma ligação entre uma coisa e

outra?LM Eu acho que não há ligação. Ape-

nas .. governo teve a sabedoria suficiente

iÃ*m*f^^^e ?^_r'- W

LysôrMos iMocM

para não usar a repressão, talvez porquenão pudesse. A atitude do governo emrelação as classes trabalhadoras semprefoi de um paulatino e consciente esma-

gamem». Quando o governo instituiu o

Fundo de Garantia tirou a única garan-tia que o trabalhador tinha: a estabilida-de. Trabalhador não sáo braços que se

alugam, a estabilidade é um patrimôniofamiliar. 0 governo tirou essa lei por

que0São palavras textuais do sr. Roberto

Campos: "a

fim de atrair o capital es-t rangei ro sem os ônus e os encargos so-

ciais trabalhistas". Evidentemente, um

governo que tem esse tipode postura não

pode estar satisfeito com as greves deSa*. Paulo.

"A Frente não esgotao que deve ser

buscado profundamente''P - E sobre a candidatura militar?LM - Há muitos grupos que estão

querendo ignorar o fato porque são con-tra a Frente, são contra um fato concreto

que existe aí e que a gente tem queanalisá-lo, ou aceitá-lo mesmo que par-ciai mente, mas que não pode ser ignora-

do. Então em relação à candidatura mi-

litar no MDB, ouvido os companheiros,eu tranqüilamente admitiria a cândida-tura do general Euler, não

porque a sua

farda ou suas quatros estrelas lhes con-

firam uma qualificação eleitoral espe-

ciai, mas porque é um homem sério, na-

cionalista, bom administrador, mas

sobretudo, segundo as informações preli-minares que colhi, estaria disposto a as-

sumir compromissos democráticos, com-

promissos com as mudanças, inclusive

no que tange à alteração desse vicioso

processo que afasta o povo do processo

político. Farda náo é critério, mas tam-

bém náo è demérito, já que os müita/es,como os demais cidadãos, tém o direito

de participar do processo político em to-

das as suass gradações. Mas o que me

parece fundamental neste aspecto da

candidatura militar é que considero um

grave erro histórico e político manter-se

esta nação apenas na expectativa de um

general melhor.P - Como você vê a Frente Nacional

de Redemocratização?LM- Em relação ã Frente, a minha

primeira atitude é de ouvir, em primeirolugar, os verdadeiros representantes da

vontade popular e também os compa-

nheiros de luta. Mas. veja bem, aqueles

cuias atitudes, parlamentares ou náo,

nunca foram dúbias como e o caso do

deputado Francisco Pintq que sempre

estiveram ao lado dos interesses popula-res. Conscientes da provisoriedade dessa

articulação, vamos ouvir os companhei-

ros e os representantes diretos que mais

sofreram com o arbítrio e entào firmar

uma posição.No momento, ainda não tenho uma

idéia total do que representa uma arti-

culação que não saiu das massas traba-

lhadoras e portanto, não pode represen-

tar mais do eme uma parte, uma parte

pequena dos seus anseios. As pessoas

reunidas pela Frente, algumas com um

passivo democrático muito grande, temot ícas diferentes no que tange aos rumos

que a sociedade deve tomar. Evidente-mente, o que o sr. Magalhães Pinto pen-sa é totalmente o inverso daquilo quenós pensamos, o mesmo com o sr. SeveroOomes e assim por diante. Uma coisa écerta; a Frente, mesmo representandouma necessidade meramente episódica,exigida pelo momento político, náoesgo-ta o que realmente deve ser buscado em

profundidade pelas forças mais vivas daoposição. Mas acho-a válida, contudo,na medida que ela pode acelerar o pro-cesso de redemocratização, que não ex-

presse apenas os interesses de pessoas ou

grupos cuja ótica e cujo passivo não esti-veram afinados até agora com os verda-deiros anseios populares. E é preciso ter

cuidado, pois as generalidades democra-ticas normalmente obscurecem as neces-sidades reais de mudança. Isto é o queeu acho, no momento, em relação aFrente.

P - Você podia explicitar melhor

essa última frase?LM - Ultimamente a única alternati

va que se oferece ao país é esperar porum general melhor. Com a militarização

da politica e com a idéia de que houve

um fracasso geral da Sociedade Civil.

Sobretudo com o afastamento de Joào

Goulart, criou-se essa idéia de que só

uma candidatura militar resolve os nos-

sos problemas. E neste episódio da can-

didatura Euler, embora se trate de um

sujeito que tem um passado honesto, na-

cionalista. nos podemos também ingres-

sar nessa mesma ótica de que não vemos

outra alternativa para o país a não ser

um general. l'm general possivelmentemelhor. Isto. ao meu ver. é uma gravedistorção histórica e política. E é preciso

que se diga a este pais que os militares

não são nem mais honestos nem mais ca

pazes que os civis.P - No caso de marchar com a can-

didatura Euler, você colocaria algum

tipo de compromisso que ele deveria

assumir?LM - Estou informado de que o gene-

ral e capaz de assumir compromissos de-

mocraticos com a mudança que este paisesta exigindo. Desde H4 que quando há

crise, acontecem duas coisas: fortalece-

se a linha dura.-talvez seja a primeiravez que isso não va' ocorrer, mas ainda

nào se sabe e a segunda conseqüência é

o afastamento popular. Então, se Euler

parece estar disposto a restabelecer elei-

çôes diretas, a permitir a livre organdi-

/.ação sindical, e a participação do povoem todo o processo político e econômico

da nação. Esses compromissos já estào

sendo discutidos com ele - e as informa-

çÔCS que eu tenho e que ele os esta acei-

tando. Se ele vai cumprir ou náo, e pelo

passado dele tudo indica que sim, é ou-

tra etapa. Mas <> fato e que esses compa-

nheiros que estão ai batalhando, espe-

c íaimente companheiros como Francisco

Pinto, .larbas Vasconcelos. Airton Soa-

res e outros, eles estão cobrando os comDrí.m.ssos prévios antes que se fale docandidato Euler".

Fleury. o responsável

pela morte dediversos oposicionistasP - Qual sua posição a respeito da

anistia? Você_acha que os crimes con-tra os direitos humanos devem serapurados?

LM - A anistia tem que ser ampla. Aanistia e como a democracia, tem queser ampla e irrestrita. Porque de outraforma os juristas do sistema vào encon-trar através da manipulação dos mean-dros jurídicos inúmeras formas de cortaros seus efeitos. Outro aspecto da anistia_jue está ai um pouco conifundido: é preci-

so que se diga que anistia para nóa não é

perdão de crime. Aqueles que desrespeitaram os direitos humanos, os tortura-dores, eles cometeram crime, e nãoaqueles que lutam pelos interesses do

pais. aqueles que procuraram ficar sin-tonrzados com as necessidades das cias-ses oprimidas. Mas eu não acho que seja

prioritário a punição dos culpados, da-

queles que violaram os direitos huma-nos Eu não posso falar, entretanto, emnome das famílias dos torturadas, doudesaparecidos, dos que fatmnt mortos

pela repressão. Mas estou falando quenão é prioritário a discussão da punição,porque, julgados, todi» eles já foram, e oexemplo mais claro disso é o general Ed-nardo DAvila Melo. Ele nunca passoupor um tribunal regular, mas ele mesmo

já reconheceu que a história já o julgou.E preciso ter cuidado, não por se pensarque se vai provocar os torturadores, não

porque se vai provocar aqueles que fize-

ram vistas grossas, embora não partici-

passem da tortura diretamente, mas

tem a sua cota enorme de responsabili

dade. 0 revanchismo, o retomo da vio-

lencia sofrida e uma característica da-

quele que pratica a violência. Ele espera

uma reação semelhante e quando isso

não ocorre ele fica desconcertado. Uma

tentativa de revanche, uma tentativa de

justiça por parte de um familiar contra

esses torturadores e menos importante

do que a luta pelos oprimidos, desem penhada de uma forma náo violenta.

P - O sr. acha que diminuiu ua pau-co a tortura no Braail?

LM - Acho, diminuiu. Evidentemente que náo acabou, mas ha um certo cmt-trole da repressão. Ê so trabalhar em

Auditoria Militar que você fica sabendoos absurdos que se cometeram neste

pais. As vezes o pessoal achava que euestava exasperado na tribuna, mas eu

recebia no meu apartamento aqui em

Brasília as famílias que queriam os cor-1

pos das pessoas, queriam ter a certeza

da morte, a mesma situação das "'locas

de la Plaza de May*.". E o pessoal queria

que a gente usasse uma linguagem par-lamentar cm Ivahir Garcia, CfcntrdK

Sampai... homens que participaram di-

retamente na tortura. Existe até uma

confissão do deputado Ivahir. Eu estava

talando sobre o Esquadrão da Morte e

ele e o Cantídio defendendo o Fleury

Em determinado momento ele cometeu

um err... falando pela liderança- desig-

nado pelo José Bonifácio: "Éum

homem

muito digno o sr. delegado Fleury... Ain-

da mais. srs deputados, o delegado

Fleury e responsável pela eliminação

física de diversos inimigos do sistema''

Ai eu me fiz de besta, ne, e disse a ele."Gostaria

que V. Exa. repetisse!" Entàoo .J«»e Bonifácio tentou impedir, mas o

negocio foi registrado:"... é responsável

pela eliminação física de diversos inimi-

gos do sistema". E a confissão de que ele

matou e matou com pleno conhecimento

do governo. Isso não e responsabilidadede tipos patológicos como cel. Erasmo

Dias. não. Isso e responsabilidade do go-verno federal. Porque esses indivíduos, a

pretexto de serem garantidons da áreade segurança, tém impunidade para co-

meter crimes, e seus amigos mais chega-

dos. deputados, em nome da lidersnça.

talam 'responsável

pela eliminação físi-

ca..." Esse e o regime. Que pais é este.

ne. seu Francelino''

11) t> t>,-ru'ra! Eduardo D.Áiila Mello

fm comandante dn ll Exercito na época

da morte'do jornalista Wladimir Herzogna> dependências do DOI CODI, subor-

dinado an seu comando Logo depois,cnm a morte do operário Manoel Fiel Fi-

lho no mesmo OÕl-CODI, o general Ed

nardn pediu sua passa^m para a reser-

i a. sendo substituído pelo general Diler-

mando Comes Monteiro

MOVIMENTO - 3/7/78

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CASO HERZOG

A sentença não pode ser lida. E agora?O jurista Gofredo da Silva Telles qualifica o caso de "escandaloso". O advogado da família

Herzog se diz "decepcionado". A viúva do jornalista, Clarice Herzog,se diz "cansada", mas não vencida

Rivaldo Chinem

Clarice

Herzog, viúva do jorna-lista Vladimir Herzog, morto emdependências do Doi-Codi/São

Paulo em outubro de 75, diz que sua pri-meira reação após a última reviravoltano

"Caso Herzog", foi de desespero, rai-

va e sensação de impotência:A gente sabe que estão agindo ilegal*

mente e isso dá um cansaço enorme.Mas a coisa passa.

Clarice ficou sabendo pelos jornais daúltima segunda-feira. 26 de junho, diaem eme seria lida a sentença pora a açãomovida por Clarice e seus dois filhos me-nores. a fim de responsabilizar a União

pela morte de Vladimir. ocorrida dentrodaquele órgão de repressão do II Exerci-to. Diziam os jornais que o juiz João Go-mes Martins Filho, da 7" Vara Federalde São Paulo, estava impedido de ler suasentença, em virtude de um mandado desegurança do procurador-geral da Re-pública, impetrado no Tribunal Federalde Recursos. 0 ministro Jarbas Nobre,daquele Tribunal, havia acolhido alega-

ção do procurador-geral, de que a União"sofreria danos morais se a sentença do

juiz fosse lida".No começo - diz Clarice - eu achava

que eles nunca iriam deixar o processo

correr. Mas começou, e isso me deu forçanova. em termos de Justiça e de Poder.No IPM, eles partiam do pressuposto dese investigar as causas do

"suicídio",

não da morte do Vlado. Foi inédito, masimpedir que o juiz dé a sentença tam-bém é inédito, internacionalmente.Acho isso vergonhoso. Além de frustra-dor para o iuiz, faz a Justiça legitimarum estado de arbitrariedade. A desculpaé de que estáo preservando a imagem doBrasil, mas é o contrário. Acho que essaera a hora de mostrar que há uma aber-tura política e que estamos voltando aoEstaao de Direito.

"Escandaloso"Um caso sem precedentes - declarou

o advogado Samuel Mac Dowell de Fi-gueiredo, contratado pela viúva ClariceHerzog.

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^mà otmm* ***********

Clarice Herzog

Citando o professor Gofredo da SilvaTelles, que qualificou o caso de

"escan-

daloso", o advogado da família Herzogconfirmou que é esta, a

primeira vez em

que se declara a União '

como responsa-vel pela tortura e pela morte de um pre-so político". Diante da reviravolta, o ad-vogado Mac Dowell de Figueiredo se diz"profundamente

decepcionado". E ago-ra, com a aposentadoria compulsória dojuiz Joáo Gomes Martins Filho (atingiua idade limite de 70 anos); e com as fé-rias forenses de julho, o que acontecerácom os autos? O advogado da famíliaHerzog admite:

- Eles váo parar nas mãos de outro

juiz, que poderá achar as provas insufi-cientes, e então mandará reabrir o pro-cesso. Já existe um juiz para substituir odr. João Gomes, ou provavelmente no-mearão outro. Esperamos que não sejadesignado alguém especialmente paraeste caso.

A União, segundo Mac Dowell, não

poderia desconhecer a falta de funda-mento para o mandado que impetrou,"que mostra uma litigante de má-fé, en-

quadrada em quase todos os incisos doart. 17 do Código de Processo Civil". Oadvogado pretende agora entrar com um

pedido, para que o ministro JarbasNobre, do TFR. reconsidere a decisão.Teria sido mais

"decente", segundo Mac

Dowell. se a União levasse o caso para oSupremo Tribunal Federal, o que seria

possível graças ao "pacote

de abril". As-sim mesmo, diz o advogado, seria

"uma

solução imoral e ilegítima".

"Muitos Ubirajaras"

Até o fim do expediente do último dia26. o juiz João Gomes disse desconhecer0 teor do mandado de segurança, peloqual foi impedido de ler sua sentença

para O "Caso

Herzog". A leitura estavamarcada com um més de antecedência,depois que os advogados da família Her-zog desistiram dos depoimentos de An-tónio Mira Grancieri (investigador queinterrogou Vlado Herzog); e do capitãoUbirajara (que assinou a requisição deexame pericial no corpo do jornalistamorto). Os advogados desistiram dosdois interrogatórios porque, nas duas ve-zes em que foram chamados a depor pe-rante a Justiça, o primeiro estava sem-

pre "a

serviço"; e o segundo, conformealegação do Doi-Codi,

"náo consta de

nossa lista, mesmo porque existem mui-tos Ubirajaras no Exército brasileiro".

Ao conhecerem o mandado de segu-rança da União, contra a leitura da sen-tença do juiz, os advogados da famíliaHerzog enviaram pedido de impugnaçãopara Brasília, mas o Tribunal Federal deRecursos não se manifestou.

"A alegada

lesão moral à União", diziam os advoga-dos neste novo recurso, "na

realidade seconcretizou quando Vladimir Herzog foimorto nas dependências do Doi-Codi,depois de preso ilegalmente. A proce-dência da ação não irá punir o Estado,mas ao contrário redimi-lo".

* * V

* Samuel Mac Dowell

No TFR, o ministro Jarbas Nobre de-clarou que só responderá ao pedido

quando receber o parecer da subprocura-dofia da República. Para a União, por-tanto, os direitos em que a família Her-zog alicerça suas pretensões decorrem defatos julgados

"inexistentes" pela Justi-

ça Militar.Iaao porque a União determi-nou o arquivamento do IPM instaurado

para apurar a morte de Vladimir, a 25 deoutubro de 1975, após a conclusão doMinistério Público Militar, que decidiu

por "inexistência"

de qualquer crime.Assim, a União pretende atribuir forçamáxima exclusiva à decisão de arquiva-mento do IPM,

"atribuindo-lhe eficácia

de coisa julgada".Quinta-feira passada,

dia 29 de junho,foi o último dia do juiz João GomesMartins Filho como titular da 7' Vara daJustiça Federal. Ele é ex-deputado fede-ral pelo PSD (Partido Social Democráti-co), constituinte de 1946, e presidente daAssociação de Juizes Federais do Brasil.Aos amigos, o dr. João Gomes revelavacerta decepção. Alguns deles chegaram aouvi-lo falar que não estava saindo com-

pulsoriamente, mas "expulsoriamente";

e que era mais certo que logo revelaria asua decisão, embora não tivesse maisforça judicial.

- Enquanto eu for juiz, sou obrigado amanter o sigilo em torno da decisão. Nomomento em que deixar de ser juiz, agi-rei de acordo com a minha consciência.

ANISTIA

O incrível 864, eficiente como o AI-5Os movimentos pró-anistia, em sua luta pela revisão de punições

por motivos políticos, não podem esquecer-se dodecreto-lei 864, baixado pela Junta Militar em 69:

ele instituiu uma inédita no Brasil

Quando

se fala em revogar a "legis-

laçào excepcional", todo mundo selembra logo do AI-5. Ele é. realmen-

te. n principal instrumento do arbítrio; mas asua sombra foi baixado um verdadeiro cipoalde outros atos, emendas, leis e decretos igual-mente discricionário»'. Neste momento em.

que se clama por anistia, \ ttt» m desenterrar odecreto-lei 864 (de 12 de setembro de 1969),baixado pela .Junta Militar que sucedeu Cos-ta e Silva, 11 864 foi o responsável por um tipo

de |)iini(.io M*m precedentes na historia brasi-Icirn revi>K*Al .i anistia de 1961.

A anistia de 61, através do decreto-legislativo 18, foi uma das mais amplas jáconcedidas. Decretada para beneficiar direta-mente os ministros militares que tentaramimpedir a posse do vice-presidente João Gou-lart (após a renúncia de Jânio Quadros), e

para beneficiar também os revoltosos direitis-

tas de 1959 (a revolta de Aragarças), aquela

anistia alcançou, afinal, grande numero de

pessoas. De autoria do deputado MonsenhorArruda ("amara, e contando com a pressão

das forças progressistas do parlamento, o de-creto 18 determinou 0 compieto esquecimentode todos oa chamados crimes políticos desde1934, incluindo muitos ex-militares que parti-ciparam da Aliança Libertadora Nacional ouda insurreição de 1935. Alcançou ainda ex-militares e civis que participaram, mais tar-de, da campanha

"O Petróleo é Nosso", em

1952.

Onda de prisõesA campanha

"O Petróleo é Nosso" empol-

gou o País no primeiros anos da década de 50e acabaria vitoriosa com a lei 2004, que insti-tuiu o monopólio estatal do petróleo, após en-contrar grande apoio entre a corrente nacio-nalista das forças armadas. Não apenas o ge-neral Horta Barbosa imortalizou seu nome nacampanha patriótica; mas também grandenúmero de oficiais de patentes mais baixas,sargentos e cabos, se colocaram ao lado dosinteresses nacionais. Mas

"o importante éconstatar que a lei 2004, que criou a Pe-

trobrás, promulgada em outubro de 195.3, en-controu os seus mais ardentes defensores nacadeia, ou apagados e derrotados", como es-creva Nelson Werneck Sodré no livro"Petró-leo: Contratos de Risco e Dependência".

Os processos políticos, contra muitos de-fensores da campanha, haviam sido aberto*,em 1952. Alegavam contra eles o crime de"subversão",

principalmente no caso de sar-gentos e cabos das três forcas armadas, quetambém haviam defendido reivindicaçõescomo código de vencimentos e vantagens dosmilitares, ou a lei da estabilidade, mais tardeaprovados.

Por todo 0 país, centenas foram presos, atédurante 1 ano e meio sem julgamento. Muitostoram torturados. Ao final, quase todos «a

linNYKMM terminaram em ehMMviçõo*, mas ¦esmagadora maioria dos implicados foramexpulsos das forças armadas.

A anistia de 1961, então, permitiu que osex-militares - tanto os de .35 como os de 52 -

requeressem sua reversão aos postos corres-

pondentes. 0 decreto 18, porém, continha um

senão, a reversão ao serviayo ativo dependeriade um "despacho

favorável dos ministériosCompetente*, após o exame de cada caso". Eos despachos, geralmente, ou ii.h- eram favo-ráveis ou dormiam nas gavetas, obrigando osanistiados a requerer seus direitos na Justiça

A|m.^ o p4|M< di- i>4. os processos continuaram andando, e não foram poucos os que ain-da reverteram para a reserva, como é o casodo capitão Agildo Barata e do tenente Augus-to Olivier. ex-militares de 1935.

A situação não seria tolerada muito tempo

pelos militares vitoriosos em 1964. Eem 1969,o decreto-lei 864. estabelecendo que a anistianão mais dava direito a reversão ao serviçoativo, determinou ainda a suspensão de todosos processos em andamento, o que atingiu numerosos ex-militares de 1952. Eles ficaram nasituação de novos cassados, sem direito ne-nhum, nem sequer de recorrer a justiça. Osmovimentos pro anistia não devem esquecerse do decreto lei 864: não tem a mesma potencia de fogo de um Al 5, mas pune com amesma arbitrariedade. (R.R.M.)

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Este crime não foi pagoGravemente feridas pelas bombas que a repressão

usou para reprimir a manifestação na PUCde São Paulo em setembro do ano passado,

três estudantes prometem processar a policia,que não quer mais pagar o tratamento

Pitar

na dependência dos "senti-

mentos humanitários" da policiapaulista foi outro enorme risco

(jue correram as estudantes Maria ('ris-

tina Kaduan. Iria Visona e Oraziela Eu-

gênio Augusta, gravemente feridas na

noite tle 22 de setembro do ano passado,

quando ¦ polícia reprimiu uma manifes-tação estudantil na PUC de São Paulo e

invadiu o campus da universidade.

Maria Cristina, Iria e Graziela foram

as que mais sofreram oh efeitos das bom-

bas empregadas pela polícia e tiveram

de ser internadas em hospitais, pois es-

tavam com queimaduras de até 3" grauespalhadas pelo corpo. I>>go após a inva-

são da PUC, e diante do repúdio que se

levantou contra a violência da polícia, o

entâb secretário da Segurança Pública

de Sáo Paulo e hoje candidato a deputa-

dt) federal pela Arena paulista, coronel

F>asmo Dias, disse que a polícia assumi-

ria as despesas para o tratamento das es-

tudantes atingidas pelas bombas, não

porque se considerasse culpada pelos

fe-

rimentos e queimaduras, mas devido a"sentimentos

humanitários". Mas con-

forme mostraram as três estudantes em

entrevista na semana passada,esses"sentimentos humanitários" parecem

ser tão perigosos como suas bombas.

Segundo Maria Cristina, Iria e Gra-ziela, desde que o inquérito da invasão

da PUC. feito pela

Assembléia Legislati-va foi arquivado porodem do governadorPaulo Egidio, a secretaria de Segurança

começou a colocar dificuldades para pa-gar o tratamento médico a que até hoje -

mais de 9 meses depois que foram feri-das - estão submetidas. Maria Cristina

contou como foi recebida na secretaria

de Segurança, na última vez que esteve

lá:

Que bombas terríveis são essas que a

polícia paulista utilizou para reprimir a

manifestação estudantil na PUC de São

Paulo, na noite de 22 de setembro do ano

passado, e que causou horríveis queima-duras nas estudantes Maria Cristina Ra-

duan. Iria Visona e Graziela Eugênio

Augusta, que até hoje estão submetidas

a tratamento médico para se recupera-

rem?Ainda no ano passado, durante o fun-

cionamento da Comissão Especial de In-

quérito (CEI) aberta pela Assembléia

legislativa de São Paulo, vários depoi-

mentos tomados davam a entender queas bombas ulitlizadas pela repressão naPUC não eram simples bombas de gaslacrimogénio ou "de

efeito moral" que a

polícia vem utilizando nesses últimos

anos para reprimir manifestações pacifi-cas. As queimaduras sofridas pelas estu-

dantes e as descrições das testemunhas

deixaram a policia sob forte suspeita"A.s

bombas expeliam fumaças de co

res variadas laranja, branca, preta e

alem disso faziam-nos chorar e o nosso

corpo arder..." (depoimento do DCE da

USP)."'Os

policiais os perseguiram (aus es-

tudantes» histéricos, dando cacetadas t

jogando bombas que expeliam gas, ou-

trás que soltavam chamas e outras ainda

(jue espirravam outro liquido que quei-roava a pele... (depoimento do DCE daPUC."A

violência loi iniciada quando os

policiais começaram a atirar bombas

que expeliam gas e provocavam chamas

cm meio aos estudantes que se encontra-

vam em frente ao TUCA (Teatro da Uni-

^iu ftr 9 J^^flK^^^R '':iF£.*'*' f>:*jÊL^

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mt Wt- _ **L,%J^^B* ^Jt^m

Maria Cristina, Granela • Iria: ditpottat a protettar o Estado

"Nessa semana eu fui ate a Secretaria

levar os recibos da fisioterapia. Sob o

pretexto de que a administração havia

mudado - o coronel Erasmo Dias, o anti-

go secretario, tinha sido substituído peloseu assessor, coronel Bnío Viegas - o co-

ronel Orlando Rodrigues, assistente do

novo secretario, disse que o tratamentoestava se prolongando demais e nos fa-

lou para não voltarmos mais na secreta-

ria porque eles náo iriam pagar nada.

Disse também, que se a gente quisesse,ele pt>dia tentar arrumar para nós fisio-

terpia com os médicos do DOPS. Eu pedi

para o coronel me dar isso por escrito -

que a secretaria não ia mais pagar - mas

ele negou, ficou nervoso e pediu que nào

aparecêssemos mais lá". Na entrevista.

as estudantes acharam que a oferta do

coronel Orlando Rodrigues, para queelas fossem tratadas por médicos do

DOPS. foi uma "provocação".

E argu-

mentaram: "Não

vamos deixar que as

mesmas pessoas que jogaram as bombas

em nós venham agora tratar de nossas

lesões".

Maria Cristina Raduan, durante a re-

pressão policial á manifestação da PUC.

teve 30', de seu corpo atingido por quei-maduras de 1 a 3' graus, sobretudo o tó-

rax, abdômen, coxa e braço direitos. An-

tes de receber alta do hospital, em de-

zembro passado, foi operada cinco vezes,

pera enxertar tecidos nas partes queima-das. Continuou a fazer fisioterapia paraver se recuperava o movimento do braço

e da perna direita, que ficou mais fina

que a outra. Esta tambem fazendo beta-

terapia para. segundo ela, "curar

uma

carne esponjosa que se cria nos lugaresonde foram colocados tecidos para fazeros enxertos". Além disso, deverá ainda-,e submeter a cirurgias plásticas, parareconstituir as partes queimadas.

Iria Visona recebeu queimaduras de 1*

ate '¦'<

grau na perna esquerda, do joelhoate o pe. e depois das operações vinha

tambem fazendo tratamento de fisiote-

rapia e betaterapia. Já Graziela Eugênio

Augusta recebeu queimaduras na face

esquerda, nt. braço esquerdo, nas mãos e

no abdômen. Depois das operações, es-

tava fazendo radioterapia para recupe-

rar a mobilidade de uma das mãos. Ago-

ra. com a suspensão do pagamento por

parte da Secretaria de Segurança, estão

sem condições de prosseguir o tratamen-

to pois suas famílias não tém recursos e o

tratamento e caro. Cada sessão de fisio-

terapia e de bataterapia custa Cr$

500,00 e cada aplicação de radioterapia

Cr$ 1.000,00. Elas anunciaram que.através do advogado Mário Simas, da

Comissão de Justiça e Paz da Arquidio-

cese de Sáo Paulo, vão entrar com uma

ação judicial contra o Estado, por danos

morais e físicos. Disseram que também

Íiretendem

entrar em contato com os

jCEs da USP e da PUC, OAB. ABI e

Comitê Brasileiro da Anistia para tentar

reabrir a Comissão Especial de Inquérito

(CEI), instalada pela Assembléia Legis-

lativa de Sáo Paulo, que responsabilizou

o cortinei Erasmo Dias por crimes de

abuso de autoridade, violação de do-

micilio. atentado a incolumidade física

do cidadão, lesão do patrimônio de pes-soas naturais e jurídicas e violação dos

direitos e garantias individuais. O pro-cesso aberto pela CEI foi. no entanto, ar-

qiivado pelo governador Paulo Egidio.

O mistério dos bombas

que queimamNovas pistas sobre as bombas que a policia brasileira

está utilizando para reprimir manifestações

e que podem provocar queimaduras de 3o grau

PARA SUA FAMÍLIA *

TER SEGURANÇA...ff"%-

ERASMOMAS ¦-. . ^^^fl W^

Mt. \ m^m^m^mmm *¦ ¦ ^*t*mjam ^agM uH li M*Eí-W: Wm-, -*• ' «**t^t ii^Br^iiMP^ ^K^Kê^&mSm^ÈÈ w**^*

*^£FÍ I Ka/) l/j y*?3®WÈmÊài* ..xMP

ELE TEVE UM POUCODO INFERNO.

A propaganda de Erasmo * um do* inferno» qus ele provocou: Mana Cr.tt.na hotpitalixada por

couta dat que.madurai.

versidade Católica)..." (depoimento da

Associação dos professores da PUC).

Diante desses e de outros depoimentos,

a CEI da Assembléia Legislativa con-

clui: "quanto

as labaredas (provocadas

pelas bombasi. vistas por dezenas de pro-

fessores e alunos não foi possível a esta

CEI constatar a existência de algum

novo armamento anteriormente ainda

não utilizando, mas prevalece suspeitas

uue exigiriam a vistoria dos novos tipos

de bombas adquiridos pela Polícia Mili-

tar". E mais adiante: "As

queimadurasocasionadas pelas bombas sobre uma

das manifestantes (...) demonstram gra-vissimos ferimentos por ação continuada

de chamas previndas de "uma

bomba

preta que soltava faíscas" (depoimento)

A estudante Maria Cristina Raduan. a

mais atingida, confirmou na semana

passada a Movimento que seu estado de

saude logo após ter recebido as queim-duras se agravou bastante

"porque Oi

médicos não sabiam a ori. em das quei-

maduras e não fizeram as raspagens des-

de o começo". Disse ainda que e um ab-

surdo a policia afirmar que as bombas

utilizadas não produziam estilhaços pois"durante

as operações os médicos des-

cobriram estilhaços em minha pernaIsso agravou o caso porque esses estilha-

ços queimaram profundamente a parteinterior tia perna e foram apodrecendo la

.dentro' .

Diante- de todas essas evidências, o co-

ronel Erasmo Dias continuou sempre a

sustentar que a policia havia utilizado

Continua na p#. W

MOVIMENTO - 3/7/78

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?*:--:Ensaios Popularesi

Os Cientistas,a Ciência e os Trabalhadores

Este ensaio, com ligeiras modificações, foi vetado por três edições sucessivas. O objetivoda censura, como pode ficar claro para todos após a letirua do texto, foi o de

tentar impedir que se dissesse que os cientistas devem procurar servir aos trabalhadorese aproximar-se deles. É um tema muito atual, agora que se

aproxima a 30* Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Há o risco de continuarmos falan-do apenas para oe que já sabem. Achoque toa f*itmdo na noaam pedagogiauma direção popular. Pedagogia noduplo sentido - ensinar e aprender.Sem demagogia: quem faz pesquisa,como eu, vê o quanto não sabe.

A gente vive debatendo a falta deconsciência popular - mas não percebeque a massa popular tem uma cons-ciência dela, tem o seu jeitão, diferen-te do nosso. E nós intelectuais temos

que aprender com ela".sociólogo Fernando Henrique Car-

doso, entrevista à revist» Veja (3 deagostode 1977).

"Boa parte daa instituições acadê-

micas européias são feudos intelec-tuais; outras que conseguiram sair dofeudalismo caíram no burocratismo.(...) Nos países desenvolvidos, a Ciên-cia Social perdeu a ideologia e o senti-do de missão. Profissionalizou-se. In-felizmente, a ciência social na Améri-ca Latina, particularmente no Brasil,

parece tomar um rumo semelhante. Adespeito de ser muito mais criadorana atualidade que a européia e norte-americana, começa a profissionalizar-se e a burocratizar-se. Escrever um li-vro de tipo artesanal sobre a questãoagrária é uma tentativa de ser coeren-te con essas críticas e orientações.N*o necessito calcular precisamentequantos camponeses latino-americanos morreram enquanto euescrevia esse livro, que não teriammorrido se a estrutura agrária fossediferente. Foram milhões. No Brasil,foram centenas de milhares".

sociólogo Glaucio Ary Dillon Soa-res, pós-fácio de seu livro "A

QuestãoAgrária na América Latina", ZaharEditores, 1976.

Os

cientistas tèm facilidade em

perceber que a ciência é necessária para diminuir o sofrimento

dns trabalhadores e contribuir para o

progresso da humanidade. È com-

preensivel: isto destaca sua contribui-

vão. Mas nem todos reconhecem, tam-bem como o fazem F. H. Cardoso eCiam io A. D. Soares, que, se a humani-dade precisa da ciência para avançar nacompreensão e no domínio da natureza,e elevar a produtividade do trabalho.melhorar as condições de vida, combateras doenças, prevenir as calamidades na-turais: se precisa da ciência para com-

preenrier e dominar também as leis do

desenvolvimento social a ciência

precisou sempre não so de aprender comns trabalhadores, como também dosnvançits no trabalho produtivo e nas lu-tas mcmís para poder surgir e se desen-volver. Qualquer apreciação sumaria dahistoria das ciências deixa isso claro. Ossalte» no conhecimento científico ocorre-ram sempre em ligação com os saltos naestrutura econômica e política das socie-dade* Assim, a ciência deu seus primei-n*> passos na t ransição das comunidadesagrícolas primitivas para a sociedade di-vidida em classes, quando se constituf-ram os impérios agrícolas baseados nomodo de produção

"despõtico-

comunitário", como o do Egito; avançoumais quando surgiram os impériosescravistas-comerciais, como o grego e oromano; deu novos passos na época feu-dal. e ai é preciso considerar não só ofeudalismo europeu, mas também o

asiático; e acabou por conhecer uma ex-

pansão notável a medida que se consti-

tuia e kc consolidava a civilização capi-

(alista. K. portanto, falsa e pobre toda

concepção clu progresso cientifico como

se se tratasse dc- um problema pnramen-te intelectual mi técnico, que dependes-se apenas doa esforços individuais doscientistas, de sua aplicação num labora-te.rio e mesmo de seu isolamento maior

possível cias polemicas ideológicas e dosconflitos políticos de seu tempo. Ao con-trano. na raiz cie toda grande fase de

progresso científico esteve sempre ummovimento social mais amplo.

Ora. se o progresso das ciências e o desenvolvimento das sociedades, não po-dem dissociar se, ambos não podemtambém separar-se do progresso políti-co, No caso do desenvolvimento das so-c ledades. isto é claro. Rste desenvolvi-mento se faz a partir de condições econó-micas. que tornam necessárias e possí-veis as mudanças progressistas, as

quais, no entanto, so se realizam atravésda ação política das classes e camadassociais interessadas nessas mudanças. Eso com essas transformações políticas eeconômicas é que se reúnem as condi-

ções para um novo reflorescimento da ciên-cia e da cultura em geral. Quem se preo-cupa. portanto, com o progresso científi-CO, tem de preocupar-se com a criaçãode um quadro político e econômico que otorne viável.Em primeiro lugar, porquea ciência vive do questionamento, dacritica, cia controvérsia; seu alimento é aliberdade de pesquisa e debate, sem a

qual ela definha. Ora, seria ingênuoimaginar que possa ser assegurada a li-herdade de investigação científica sem.is demais liberdades democráticas. Emsegundo lugar, porque o regime político-econômico vigente condiciona os objeti-vos de pesquisa que são incentivados e

para os quais se concentram os recursos

públicos e privados. Todo padrão decrescimento econômico determina, porconseguinte, uma política científica ecultural, que resta saber se é a que me-lhor atende a defesa da independêncianacional e a elevação do nível de vidados trabalhadores e mesmo se é a quepossibilita o desenvolvimento jnais inten-so e criativo da ciência. Quem se empe-nha pelo progresso da ciência, não pode,portanto, limitar-se a suas investiga-cões imediatas ou a um simples inter-câmbio de informações entre especialis-tas, mas deve, acima de tudo, batalhar

por uma política científica que favoreçao desenvolvimento mais amplo das ciên-cias e faça com que elas se voltem paraassegurar a independência científica etecnológica do país e para melhorar o

padrão de vida dos trabalhadores. E este-é um dever a que os pesquisadores não

podem furtar-se, como cientistas e comocidadãos ou, mais precisamente, comocidadãos cientistas.

Ajuda mutua entrecientistas e trabalhadoresMas. na medida cm qüe busquem es-

>("- objetivos, ns cientistas se defrontarãocom o problema dc averiguar ern que ou-trás torças sociais poderão encontrarapoio Ora. na sociedade brasileira

atual, os trabalhadores cia cidade e doc ampo. especialmente os operários, sãoos mais interessados na libertação nacio-'nal. peln valor nue ela tem em si mesma.como forma cie acabar com toda opressão entre nações e com o desenvolvimen-to desigual entre os povos, | também porconstituir a lorma. nos países capitalistas dependentes como o nosso, de abrircaminho a construção de uma nova so-c íeclade. que elimine as desigualdadesde riqHeza e de conhecimento. Ora, paralevar adiante seus esforços nesse senti-do. os trabalhadores precisam, mais do

que nenhuma outra camada social, daciência e da ajuda dos cientistas, ate quetenha lim a distinção histórica entre otrabalho manual e o trabalho intelec-tual. Como na trabalhadores poderiamproduzir mais bens e serviços para me-lhorar siia^ condições de vida, e, ao mes-mo tempo, diminuir suas horas de traba-lho e suas tarefas mais cansativas sem oauxilio das ciências naturais? E como

poderiam descobrir a lorma de realizaressas transformações sociais e depois

participar da direção do Estado e do pia-nejamento e a administração da econo-mia sem o recurso as ciências sociais'.'Conforme as experiências históricas es-tão mostrando, uma nova sociedade, in-dependente e baseada na partilha igualde esforço* e benefícios, não pode serccliticacla. aem a participação ativa dostrabalhadores; e esta não se torna viável--em que os trabalhadores se esforcem

para elevar constantemente seu nível deconsciência política ede conhecimentoscient ilicos

( ontuclo. a reciproca e também verda-deira. Hoje. ciência e cientistas preci--am. acima de tudo, do apoio e das con-tnbuições dos trabalhadores, por seremestes os mais interessados no desenvolvi-mento irrestrito das ciências, tanto na-turais. quanto sociais, ("onformea histo-ria indica, cada modo de produção anta-gonuo ao surgir exigia o desenvolvimento cia ciéftcta; mas, por estarem baseadosna propriedade e nos interesses de umaminoria, acabavam por frear esse desen-volvimento. O capitalismo, baseado nabusca intrene de lucro para uma minoriade proprietários dos meios de produção,não pode fugir a esse destino.

Inicialmente, necessitando incrementar a produção e a mais-valia relativa eaperfeiçoar os meios de transporte de co-municaçâo para integrar os mercados, ocapitalismo promoveu uma grande ex-

pansão das ciências exatas e naturaisMas hoje, sua tendência principal, especialmente nos paises capitalistas dependentes ftade colocar ressalvas e barreiras aum progresso científico quetransborda cada vez mais do quadro apertado daorganização capitalista de produção e devida social. É nos trabalhadores, portanto, epie a ciência e os cientistas podemencontrar hoje seus amigos mais fiéis.Não só porque os trabalhadores precisamlutar, como os cientistas, por seus direitosdemocráticos e pela independência nacional, rnas ainda num sentido mais profundo Porque a própna ciência só corres

pondera às exigênc ias cada vez mais sérias que a história lhe fará, se deixar deapoiar se em círculos restritos de especialistas para transformar se num movimen10 de massa 0 progresso cientifico não

pode mais restringir se á formação decientistas e profissionais, a multiplicaçãodas investigaçóes cientificas ou ã eleva

çio de seu nível, mas deverá abrangera popularização de seus resultados

para que um número cada vez mais am

pio de trabalhadores comece a participarda elaboração e da aplicação dos conhecimentos científicos, com o que tanto o progresso da ciência quanto da sociedade seacelerarão consideravelmente

A SBPC ea popularização da ciência

Esta é uma tarefa árdua e para muitotempo É animador porém, ver como oscientistas começam a preocupar se comela. Ê claro que a popularização da ciência se faz. principalmente, através do sistema regular de ensino. Neste sentido, o

que os cientistas podem fazer é prestaruma atenção maior à política educacionale à necessidade de reformulação do ensino brasileiro. Por que, por exemplo, náoestimular uma maior participação de professores primários e secundários nos quadros da SBPC? Por que nào realizar sim

pósios ou mesas redondas sobre experiências de ensinodas ciências naturais e sociais nas escolas brasileiras9 Ao mesmotempo não se deve negligenciar as possibiüdades de popularização extra escolarda ciência Os cientistas através da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, por exemplo, náo poderiam editar umórgão voltado para a divulgação científica? Não poderia estimular seus sócios aescrever artigos de divulgação, sobre temas e sua especialidade e de interesse sociai mais relevante para jornais como osda imprensa alternativa? Nas reuniõesdos cientistas, como na grande reuniãoanual da SBPC, não poderiam ser previstos cursos e outras atividades para a popularizaçáo da ciência entre os trabalhadores e para interessados no debate dos

problemas da ciência e da comunidadecientífica?

A idéia básica a reter é que o progressotão necessário da ciência brasileira náo

pode mais ser desvinculado do movimento popular pela independência nacional e

pelo progresso social do pais «os dois seapoiam e enriquecem mutuamente. Naturalmente, para sair-se bem desse desafio,a SBPC precisa dinamizar suas atividadese lançar se com coragem no caminho daautonomia, da democratização interna eda aproximação às camadas populares.Pelo clima combativo e pelos resultados

positivos de sua 29* Reunião, em SâoPaulo, há motivos paraconfiar que ela oconsiga.

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ftflWltíffffífff

Hipócratesno altardo lucro

Carlos Manoel Magalhães

,-\ intransigência das dir. çõesdn-* hospitais que enfrentam ur,, es

de meduu- retidetúmjtene ir,)tnapenas de espirito de p*-rver*imidcdu umn tentativa de reeducc.r us

jovens medu os '

As duas iiiisas. pareie Ern

Hrnsilia. au demitir os bolsistas eabrir um cuncursn para médicosih upnrem 0 lunar dos grevistas. oaresjuinsaceis pelo Hospital-Escolade Snbradinhtt gastarão mat* dl-nheiro. pou ot salano» dos médico*

formados serão maiores, cnm todas ¦

narantias trabalhistas e terão me

nos medtcnslhora a disposiçãoTrata sc. nào ha outra explicação,de umn pirraça de uni re-.pon-.ai el

gue prefere arcar cnm maiores des-

pesas a atender ás justas reivindica-

ções Trata-se também, por outro

lado de agir exemplarmente paracalar quem reivindica uma repara-

t,ào de injustiça, para que os medit us residentes aprendam pela forçaa se cnmfxirtarem toma descia, porexempla tl diretor do Hospital da

Hase. de Hrastlta que. ao ser procurado pela imprensa, disse

"Resi

dente não da declarações paranin-ju, m. residente não fala"

Carlos Manoel de Msgslhães.adi obtido dns médicos residentes

du titula l'aulista de Medicina'cen a Movimento porque conside*

m lusto a t\'êu dos residentes em

met e

Na sus edição de 22 de junho.O Ratado de São Paulo" dedicou

um editorial so movimento dos

medicai residentes. Reconheceu o

que e impossível negar as suas reiv indicações sio justíssimas Mas

rondei»*! a «revê A matéria ter

mina com uma admo__tação "A-

lem de invocar a ("LT e Si leis do

mercado oa residentes médicos de-

veriam, lambem, lembrar -ss do

Juramento ds Hipócrates que faz

da medn o. antes de mais nada. 0servo da -ande do seu paciente 0"Estado ne^a an- médicos 0 direi

to de paralisai seus serviços

Caria aberta

aos

caloteirosContinuam lançando mão du

íi xtti alheia sem a menor contem

plaçâti denuncia a Movimento oc unhei ido escritor -loão Antônio Eo calote não e sô nacional aembai-xada do Hrasil na Argentina lançou

rm comento cum a Kditora Suda-

merica u ma coletânea de contos bra-

Mleims cujos direitos autorais ate

hoje não chegaram aos bolsos de

quem de direito, isto e. o autor

Joãn Antônio diz a Movimento queunu-va a M sentir um autor

"deli-

rante" |x»is. ate agora não tevenem orna prova material da exis-tencia tk) retendo livro o que seria

¦ in mi ma delicadeza de se esperar

da editora pirataSalomão, rei sábio e mulherengo,

diria que tudo que este sol cobre é

aflição do espirito e impunidade

Faz pouco, a onda do momento era

a aflição do futebol e fiquei saben-

do, entre os fragores, que um grafi-co de vinte anos de carreira perdeuuma das mãos. distraído, a ouvir

durante o trabalho a irradiação do

jogo do Brasil Depois dos jogos, as

depredações a restaurantes, bares e

botequins deram para virar praxeneste Rio de Janeiro

Knquanto isso, nossa seleção pererecava. Haviam transformado o

futebol num espetáculo asséptico,

pasteurizado, limpinho e absoluta

mente de nada Os arrouba indivi-

duais foram pra cucuia. a improvi-

sação acabou e nào se sassaricava

mais Garrincha, .lairzinho, Almir.

Tele não teriam vez na seleção poli-

Kssa espécie de crítica era pre-visível e os residentes anteciparama resposta nos manifestos em queexplicaram a população as razõesdo movimento. Há anos, nos seuscongresso i através de suas asso-nações, eles vém denunciando asituação insustentável a que estãosubmetidos Ha anos vêm esperan-do. pacientemente, que os órgãos

governamentais estabeleçam nor-mas corretas e justas para a resi-dência medica. Mas as autorida-des mantiveram-se surdas e omis-sas diante das reivindicações essenciais 0 atual movimento e as

greves em alguns hospitais foram,assim, uma < onsequéncia inevitá-vel dessa postura de indiferençados orgáos governamentais. Nessas

condições, recai sobre estes a res-

ponsabilidade por eventuais defi-t iene ias na assistência aos usuá-nos dos hospitais, decorrentes des-sas greves que surgiram como úm-ca saída, num quadro comprova-damente sem alternativas. (Note-s» us hospitais continuam contan-

dn com os médicos do corpo clinico

iwrmanente.l 0 editorial admitiu

que os residentes sáo vitimas deabusos e toram transformados em

mão de ohra barata esem direitos.Deveria ter constatado também

que se. agora, algumas dessas in-

justiças começam a ser corrigidas -

certos hospitais ja concederam ra-zoaveis aumentos nas

"bolsas" etala se de estudos em nivel minis-tenal para o reconhecimento dosdireitos trabalhistas - isso se deveexclusivamente à força e à en-vet-gadura do movimento. E se

não houvesse a greve, o "Estado"

una dado as honras de um edito-

nal a.s reivindicações dos residen-\•tes'' E teria rompido a cortina desilencio que seu noticiário, há me-ses. estendeu sobre o movimentosindical médico, desde a vitória dachapa adversaria das empresasmédicas? De certa forma, a pró-pria conduta do

"Estado" justifi-

ca. assim, a greve.Não seria demais registrar que 0

lornal. ao relatar as distorções daresidência médica, deixou deMontai um aspecto importante:elas \em prejudicando também os

pacientes, com os quais o jornaltanto parece se preocupar. Um re-sidente mal pago e que pode che-

gar a trabalhar '*6

horas consecuti-vas. não esta humanamente emcondições de prestar uma boa aseis-tencia 0 movimento dos residen-tes. em ultima análise, beneficia os

pacientes. Com o seu editorial, o"Estado" deu uma involuntáriacontribuição a causa dos jovensmédicos Para poder invocar Hipó-

crates e a ética, teve que destacar 0

tato de que os residentes efetiva-

mente dão atendimento profissio-nal aos pacientes, ou seja, prestamserviço aos hospitais. Ora, isso

destrui ¦ falácia - esgrimida, porexemplo, pela Santa Casa - de quese trata apenas de

"bolsistas" ge-

nerosamente agraciados com a

possibilidade de fazer um aprendi-

zado de especialização E é nessa

talai ia que se apoia a recusa ao re-

conhecimento do vinculo empre-

gaticio. 0 Estado" deu argumen-tos contra essa tese tão grata ac»

donos de hospitais. For vias traves-

sas. Hipócrates continua ajudandoos jovens médicos.

E ja que voltamos a mencionar o

sábio grego que ha 23 séculos lan-

çou as bases da ciência e da ética

meduas, lembremos que Hipocra-

tes esta sendo diariamente imola-

do no altar do lucro pelas empresas

eiitemisticamente denominadas de

medicina de grupo". Um simples

passar de olhos pelos inúmeros

processos de médicos na .Justiça do

Trabalho, por exemplcypermitiriaavaliar ate que ponto os médicos

patrões infringem a ética nas rela-

ções com seus colegas empregados,

para citar apenas um aspecto. Mas

desconfiamos que o "Estado" não

leve suas preocupações éticas táo

longe Afinal, ele queima incenso

no mesmn altar

JKSl _Üt_J_i_-*«•____ *» _f% ¦'

valente, biônica e correta. Agora,

nas modemidades, a coisa é na

base do pluripartido

Na faixa da literatura, o jogo

prossegue duro. difícil, desigual

Alem da ocupação maciça do livro

estrangeiro mal traduzido nas li-

vrarias, 0 autor nacional continua

um colecionador. De calotes, prin-cipalmente. Os tempos idos, nunca

esquecidos daquela marcha cama-

valesca que dizia que o cordão dos

puxa-sacos cada vez aumenta

mais poderão ser substituídos pelocordão dos caloteiros. Oficiais e

não

Aqui na terra, continuam lan-

çando mão do texto alheio sem a

menor contemplação. Ou diznida-

de. Ate hoje, dez anos após o lança-

mento. não recebi um centavo se-

quer pela inclusão do meu conto•Afinação tl* Arte de Chutar T*m-

pinhas" na antologia "Literatura

Brasileira em Curso", de Bloch

Editores. 0 livro, no entanto, vai

bem Está em sétima edição. Mas

recebi, dia desses, novidades equi-

valente A Rio Gráfica e Editora

lançou mão de um trecho meu de"Malagueta. Perus e Bacanaço",

e o incluiu numa dessas antolo-

gias vendidas em bancas de jornaise que se destinam ao uso nos cursos

supletivos. Claro que não me foi so-

licitada licença ou autorização e,

obviamente, minha editora, a Civi-

lização Brasileira, também não fi-

cou sabendo de nada.

Em oue Pais estamos0 A situa-

çào me lembra umas palavras ouvi-

das. certa vez. no Norte do Paraná,

da boca de um colonizador feroz e

determinado: mulher e terra é de

quem está em cima delas No tem-

tono das letras nacionais texto pa-

rece não ter dono. E de quem pega

primeiro.

Rapinantes ha e irresponsáveistambém, em quantidade A revista"Cultura", editada pelo MEC. em

Brasília, cuja direção é do senhor

Mozart Baptista Benquerer (nâo,

não se trata de nenhum dos per-sonagens do meu querido Afonso

Henriques de Lima Barreto em"Bruzundangas"), me encomen

dou em setembro passado, um tex-

to especial sobre a cidade do Rio de

Janeiro. Iria a revista homenageara cidade outrora dirá maravilhosa

Fiz o texto, umas treze laudas de

trinta linhas. Tudo as pressas, pois.me foi pedida urgência. No entan-

to, até hoje, nâo recebi a menor res-

posta. Nem me publicaram e nem

me pagaram a matéria. Vários tele-

fonemas meus ao MEC recebem,em uníssono, a justificativa:

"cal-

ma, governo é assim mesmo, gover-no é assim mesmo". Náo é uma

graça9

E. como não tenho nenhu-

ma prova por escrito da matéria, e

muito provável que um dia me

mandem reclamar com Estácio de

Sá ou com o bispo de Nova Iguaçu,

Dom Adriano Hipólito, que termi-

nou seqüestrado e abandonado nu.

no mato. em agosto de 1976, por

se

atrever a denunciar as mazelas da

Baixada Fluminense.

Quanto aos meus direitos na fil

magem de "Malagueta, Perus e Ba-

canaço" o calote prossegue. Até o

nome da obra mudaram, â minha

revelia Agora virou "0 Jogo da Vi-

da", título naturalmente bastantemais brilhante que o meu. Ah. ota-lento perpendicular de certos ci-

neastas brasileiros' E a acuidade

popular, que solerte*

Quem ameaçaa família deBechara Jalk?

Mesmo tendo fallhado 0 golpe do

detetive bechara de envolver a

Igreja nu rumorosa caso de seduçãode sua filha - ao se cer sem provasHnhnrn põs o rabo entre as pe-na* e retirou a queixa crime contraii padre Max Lin- ON advogados do

padre . onttnuarão fm frente no

prtttetmt matra o detetive por "de-

nurnKn.ào caluniosa' A petiçãodi: qm- a retirada da queixa crime11 m apenas demostrar

"o caráter

di tte impostor. que ha mais dedoi* meses i riminosamente hurrori-

M 0 *oi ledade com uma historia in-sana etti andnlnsa. exibicionista denuu- ata idades ilícitas de deteti-i e Diz ainda a petição que He-ihara • um

"falsário barato

por tir forjado gravações p m

i adido subreptn lamente domicilio

para furtar nuptmtm praias de que-un jilba fora deflorada peio padre.

i hegando. numa dessas o. anões aroubar uma carta dr> Papa

Muito a'em dos limites, tolera-

lei* do rtitarnholesco. 0 COSO de

auto promoção do detetue Hechara¦Jalk ent ult e muita- outras t itimas

alem da Igreja progressista, e da

desditosa filha e. também, comomostra a artigo de Moems Tosca-

no, d" Centro Hra.sileiro da Mulherdo Km de Janeiro, a repercussão do

raso para a* mulheres em geral,

mai* uma i cz no picadeiro de um

íina dc futrteas medievais

Quais foram os alvos contra os

quais o detetive Bechara assestou

is baterias do seu verbo ferino

e implacável0 Sem grande esforça

de iaMfifiaçao, vamos reconhecer

que tai personagem, ao mesmo

tempo em que insiste em se procla-mar católico, da provas de não

aceita muito tranqüilamente as

propostas de ação da Igreja renova-

da. pos-K.nciliar. o que 0 -ítuana

entre os adeptos da Igreja tradicio-

nal Embora possamos concordar

em que havia um certo exagero no

tratamento dado pelo Padre Max

as mvens que ele assistia espiritual-

mente, na-i pndeBMM negar que foi

esta tática de falar aos jovens a lin-

üuagem dns jovens que trouxe paradentro das igrejas as hostes juvenis

que ate tempos bem recentes, delas

tugiam aos primeiros sinais da ado-

lescencia. Assim, ao lançar suas

pertidas acusações contra o padre.o detetive não atingiu apenas o re-

prtwtltantS do clero, como abalouseriamente a própria instituição.

naquilo que hoje ela apresenta de

mais significativo, OU seja, seunimprnmissii não apena* com a 3*1-vacão das almas como também

com a dimensão temporal da vida

de seus assistidos. Na verdade, nào

apenas ao senhor Bechara mas a

muito mais gente faz mal esta Igre-

ia que enfrenta os leões do fansais-

mo de peito aberto, que clama con-

tra a tachada de papelão que mal

dislarça o estado lastimável de al-

numas instituições que tínhamos

turno intocáveis, ate agora.

Não raro. como neste caso. a

lyreia paga bem caro pelo compro-

miss.. assumido de lutar ao lado

dos oprimidos e dos injustiçados.

Mas não loi apenas a Igreja, atra

\es de um de seus representantes.

que se viu auredida neste lamenta-

vel episódio. Pensemos um poucono triste papel desempenhado pela

iovem Ana Mana e no lato de que>e o caso se tivesse passado com um

filho rapas, a reação do pai sena.

sem duvida, bem diferente e a his-lona seria contada de outra forma.Ni» haveria, por exemplo, um ver-dadeiro f Tribunal da Inquisiçãoconstituído por milhões de pessoasa especular sobre a virgindade doiovem. nem a julgar da oportunidade de se vir a condenar o padre porcrime de sedução e corrupção demenor Não se cogitaria, muitomenos, de levar o próprio filho aovexame de um exame de corpo-

delito no Instituto Médico Legal

para atestar sua possível perda davirgindade, nem se leriam manche-tes de jornal com declarações de

um quarto personagem assumindo.

quase diria, gloriosamente, as hon-

ras de ter sido ele o sedutor e não o

acusado inicial.Tudo isto nos leva a meditar se-

namente sobre o clima medieval e

machista, no pior sentido do termo,

que tantas jovens são obrigadas a

suportar ainda hoje no seio de sua

própria família, náo nos confins de

nossa terra, mas em centros urba-

nos tidos como desenvolvidos e ate

mesmo avançados demais...A himenolatria continua viva e.

por mais absurdo que possa parecer. persiste, em plena era espacial.n culto da membrana que em ou

trás épocas garantia ao senhor de

escravos a propriedade exclusiva desuas mulheres e lhes assegurava a

certeza da paternidade.Mais que todos os tratados já es

enfos acerca da emancipação damulher episódios como este no*

alertam para a necessidade perma-nente de lutarmos contra a sobrevi-vencia destes ranços paternalistasque ainda oj)nmem a mulher brasi-

leira Nào ajxnas a oprimem, como

principalmente lhe impedem quedesenvolva, na plenitude, suas potenciniidades de ser humano que so

acidentalmente e. em casos como

este «i por infelicidade nasceu

mulherMoema Toscano

Os 40 ladrõescontra oCirco Garcia

_-."-•><. prefeitura do Hio de-Janei

m c igual aquela estória dn Mi Ha

ha, o* /" ladrões Eles se julgamtitovai eis. poderosos e càoabusan-

dti du poro e tndu mundo fica cum

nudu dc protestar" - diz Antnlm(•arnn Ma* dessa vez não fiqueiniUidii. não -Ja estacamos ate m-*-

talados no local apresentando espe-

tm ulu. c < te* queriam nos tirar ita

gui".Foi n.n' essa convicção que (lar

c ia protestou na Justiça, com apoio

dos artistas circenses, do Sindicatorios Artistas e Técnica* em Eupetaculc«s de Diversão e a «"asa dt» Ar-

ristas. ganhando finalmente O di-

reito de permanecer no local em

que ja estava instalado.(iarcia tem notado que o circo

nacional esta sendo pretendo em

lavor dos grandes espetáculos es-

trangeiros. especialmente a partird< > m «senti> em que o Circo I

"hianv

invadiu <> mercado circense brasi

leiroAlem disso. Antolin (Iarcia de

num ia lambem os favores especiais

que o carco estrangeiro teria na im

l_.irt.icao de animais e materiais

para os shows. inclusive insenção

de ini-x>s!..s. enquanto um circo

brasileiro. MfSMB (iarcia. paraadouinr novos animais, e quase es

calpelado vivo pt-Um impostos aMan

deganos lederais estaduais e muni

tiimix Denise Cunha)

MOV_M-ENTO --.yi''?*-

Page 10: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

Sindicatos:os métodosde sempre

A recusa da Delegacia Regio-

nal do Trabalho (DRT) em sus-

pender as eleições realizadas na

semana passada para o Sindi-

cato dos Metalúrgicos de São

Paulo, demonstra que não será

fácil o caminho dos trabalhado-res para se organizarem e de-

fenderem os seus direitos. A

DRT prometeu examinar o re-

querimento de impugnação quea chapa-3, de oposição, apre*sentou, levantando detalhada-mente as irregularidades come-tidas pela atual direção, e ondese adverte que

"a omissão das •*

delegacias do trabalho significa Jcompactuar com a fraude elei- *toral". 1

A DRT no entanto explicou -|

que o pedido de impugnação "não

£tem efeito suspensivo", e queas denúncias serão apenas

"o- ^

portunamente" verificadas. Aseleições dessa forma prossegui-ram. para tranqüilidade do

principal acusado: o presidente

Joaquim dos Santos Andrade, o"super-pelego",

que também écandidato (já pela sexta vez) eestá há l4 anos no poder, tendoadquirido vasta experiência em"ganhar

eleições".Aparentemente seguro dos

seus métodos e de sua impuni-dade, a despeito do impressio-nante crescimento das forçasde oposição e agora das acusa-

ções de fraude, Joaquim per-maneceu tranqüilo. Na sextafeira, disse não ter comentáriosa fazer sobre o pedido de im-

pugnaçáo, declarando apenas

que isso "era um direito que ti-

nha a oposição".As denúncias de fraude no

entanto jà haviam sido anteci-

padas pela oposição, que co-nhece «Joaquim, e a lista dasmanobras usadas por ele é clarae impressionante, revelandouma cuidadosa preparação.Apenas numa urna, a de n? 120

(há no total 183'urnas), foramdesrespeitados diversos artigosda legislação vigente, já por siarbitrária e parcial.

As irregularidades aí verifi-

*^*Éfc-»S>"-______. _,' ' ~C*~ •'* "^v ;¦?

¦ W/M lÜ^ _^^_7__i__f 1

^____M____I mwÊmaÊÊKlÊmmÊKÊÊÊmm*

Joaquim Andrade: Knew how sm

cMas estão na lista do requeri-mento iunto com outras 40 ur-nas. Eles incluem: a não exi-

gencia de identificação por par-te da mesa dos votantes; a au -

sência de lacre nas urnas antese depois de chegarem ao localde votação; o itinerário da urnafoi proposital mente publicadoerrado para enganar os fiscaisda oposição, uma fábrica tendosido pulada no caminho; havianum dos locais de votaçãomaior número de cédulas quede votantes, e quando os fiscaisda oposição descobriram isso,foram agredidos pelos ocupan-tes da mesa.

O trabalho de impedir a fis-calização das urnas foi realiza-do sistematicamente pela cur-riola de Joaquim, embora esteseja o único recurso deixado

pela atual legislação à oposi-

ção, já que ela dá exclusividadeá direção de convocar os mesa-rios. A equipe de Joaquim, in-clusive as mesas, é compostade profissionais de eleições,contratados em número de 200

pessoas, esta semana, ao preçode 400 á 500 cruzeiros por dia.Na própria DRT, após a apre-

'ganhar *\m**-i**

sentação do requerimento, eles

se colocaram à porta da sala

impedindo que a oposição mos-trasse à imprensa que nas 65umas recolhidas havia quebrada inviolabilidade.

A propaganda feita por Joa-

quim inclusive nos carros quelevavam as umas e nos locaisde votação estendeu-se até o

próprio consultório médico do

sindicato. E também a políciafoi acusada de intimidar^ a

ameaçar, pela perseguição,membros da oposição sindical.Esses métodos entretanto não

são novos, embora este ano de-vido ao crescimento da oposi-

ção, a situação seja diferente do

passado, quando muitas vezesJoaquim concorreu sozinho.

Um antigo líder metalúrgicoconta que em 1967 estava nachapa do Joaquim:

"e nós ga-

nhamos. Mas eles ficaram anoite inteira queimando votos"

(da oposição). Ele continuacontando que em 65 o Joaquimchegou a usar carros da embai-xada americana, quando tam-bém foram dedurados de umavez 1.800 dos melhores elemen-tos da oposição.

Uma

vitória

do

movimento

comunitário

Km .'>"/ furte*chuva*caíram•«ihrt' Salvador, deixando inúmeras

l„.._,,;,. di-oiihrigada» l'r..(i--iunais

liberai-, t**>tuclante». moradores de

\*ari*m ponto. 'Ia «idade, religiosos

umi.im-sc então numa ação COIV

juntH cm -..«..rm mw desabrigados

('iinitvvuvn a—im. timidamente, a

tomar contornos uin movimento

aglutinador dc entidade*, primeirona (lefe*fl fie melhore* conaiçfies de

\ ida para a população, depois em

deles,, lambem da* liberdades de-

mot ratua-.O Trabalho Conjunto de Salva-

rlor CH 'Si,

ne*te* 7 anos. ¦madure-

reu fiilrti.t .uni.. sanas lutas: ainda

(¦ui 71. i|u,ind.. ,, desorganização do

vestibular ameaçou o- calouros da

1 niversiclnde Católica 'lf anulação

dc prov.w. vúriiis setores da comu-

nidade ujudariiiii "> estudante* em

nua vitória: em 75, os mesmos seto-res denunciaram, através de uma"Carta

a Comunidade", a prisãoarbitrária de profissionais liberais.estudantes e trabalhadores ligadosao MDB e assim por diante, até cul-

minar um més atrás com aconteci-

mentos sombrio*.

Imitando 1971. fortes chuvas

<airam sobre Salvador, causandodesmoronamentos com mortos e fe-

ridos. Ao mesmo tempo, com a des-

culpa de "preservar

a ordem publi-ra' . a policia dispersou uma pas-seata pacifica de

'1 mil estudantes

que pediam melhora dn ensino .

ÍTuiiffMJ caro dezenas de estudantes

feridos, populares ¦tingido* e

quebra-quebraRespondendo as calamidades, foi

convocada reunião geral no dia I

passado, que resolveu: no caso das

ihuvs*. formação de comissão de

representante de bairros, comissãofie assistência e encaminhamentofie baixo-assinado as autoridades.

exigindo a solução dos problemas;mi caso fia- violência*, abertura de

(ampanha entra todo tipo de vio-

léncia, principalmente a ria polícia.A seguir, os principais trechos da

"Carta de Princípios" do Trabalho

Conjunto de Salvador, aprovada em

assembléia geral:- Passamos dias difíceis: a alta

de custo de vida, o salário curto,

a expulsão da terra, a ameaça de

despejo das "invasões", a pouca

educação e saude, o péssimo

transporte, os altos aluguéis, en-

fim, as péssimas condições de

vida dos bairros populares.Quando reagimos, exigindo

nossos direitos, somos duramentereprimidos.

Lutamos pela conquista dos di-reitos fundamentajs do povo. As-

sim lutamos por boas condições

de trebalho, por aumentos sala-

riais, pela eliminação das horas

extra e na defesa da jornada de B

horas; por boas condições de ali-

mentação, saúde e assistencia

médica, educação, diversão, mo-

radia e transporte. Lutamos tam-

bém contra o aumento do custo de

vida contra a falta de emprego, a

expulsão dos camponeses de suasterras e a expulsão dos morado-

res das "invasões"

nas cidades, a

poluição e as péssimas condições

de higiene das ruas e da cidade.- Em conseqüência disso, luta-

mos contra a censura, contra as

perseguições e prisões daqueles

que defendem e lutam por esses

direitos, contra a violência poli-ciai, contra toda e qualquer for-

ma de tortura e pela anistia am-

pia, geral e irrestrita.

A "<"arta

de Princípios", acabade ser lançada no domingo 2 de ju-Iho aniversário da Independênciana Bahia. apon entrevista a im-

prema, concedida na véspera pelosrepresentantes do Trabalha Con-

junto de Salvador Marcos Luedy

Notícias

do

exílio:

medo

devoltar

Existem perto de 6 mil exilados

brasileira no exterior - informa asecretaria do Comitê Brasileiro

pela Anistia. Iramaya Benjamin,

de volta de viagem á Suécia, onde

foi visitar seus filhos exilados.

Em cada grande capital euro-

péia, diz Iramaya, há um Comitê

Brasileiro pela Anistia, formado

não so por brasileiros. Recentemen-

te, vários Comitês se mobilizaram

em campanha de apoio à greve de

fome dos presi» brasileiros. Em

cada cidade européia, oa Comitês

organizam um recenseamento doa

exilados, como vivem, sua situa-

çâo:Do total de exilados, metade

não tem aualauer problema aqui:

podem voltar legalmente. Mas os

consulados não dão passaporte aos

exilados e seus familiares. Os queimpetram mandado de segurança

tém conseguido, mas demora 6 me-

ses e custa 20 mil cruzeiros. E a ver-

dade é que muitos podem voltar,

mas não sentem segurança.

A maioria está em Paris (de 2.500

a 3 mil); há 500 na Suécia; e outros

espalhados por Inglaterra, Alemã-

nha, Portugal, Bélgica, Holanda,

União Soviética, Estados Unidos e

Canadá.Eu conheço mais exilados da

Suécia, finde estão meus filhos - diz

Iramaya, mãe de Cid de QueirozBenjamin, banido em 1971, e de

César, expulso do Brasil em fins de

76 após rumoroso processo.Na Suécia, os exilados traba-

lham e muitos também estudam:O Fernando Gabeira, que é ba-

nido, trabalha de jardineiro num

cemitério; o Ernesto Soto é cama-

reiro de hotel.

0 primeiro dos dois, Fernando

Gabeira, era jornalista, do Jornal

do Brasil; participou do seqüestro

do embaixador americano em 1969,

acabou preso e depois banido (tro-

cado por outro diplomata seques-

trado tempos depois). Em Paris, a

situação é pior: os exilados do lü

Mundo em geral recebem, pelomesmo trabalho, salário menor queos franceses.

Depois que o governo revogou o

banimento do Ricardo Zaratirri -

diz Iramaya - nós pretendíamos

promover ação popular entre os ba-

nidos (são 128). para que a pena de

todos também fosse revogada. Mas

agfira. com a reforma do sr. Portela,

de janeiro que vem em diante não

haverá mais banidos. Dependendo,

pode ser bom para o governo e ruim

para os banidos. Porque eles, sendo

banidos, tiveram também suspen-

sos os processfrs a que respondiam.

Agora, deixando de ser banidos, to-

dos os processos serão tocado! paraa frente, e ai poderá haver condena-

cões E na maioria df»s casos, con-

denacões muito altas

Luiz A. Palmeira.

lulacientistas e

politicagem

Lula penaria 0 bom-

Km recente viagem a Belo Hori-

conte, 'J dirigente sindical Luiz Ina-

no da Silva Lula. presidente do

Sindicato dos Metalúrgicos de São

Bernardo _ Diadema, afirmou quenão tem sofrido nenhuma

"pres-

sã..", em suas viagens pelo Brasil:

Se ii governo quer entender mi-

nhas viagens como forma de orga-

ruzar os trabalhadores, pode fazê-

Io A i lasse empresarial e dado o di-

reito de se reunir onde quiser, então

fiada mais justo do que começar-

mos a fazer o mesmo. Isso é o mini-mt). Se me for cerceado esse direito,então só me resta pegar o meu bonée dar o fora daqui."

Estranho, muito estranho•Já se sabe nos meios empresa-

riais: o ministro Reis Veloso, doPlanejamento, teria aceito a presi-dencia do Brasilinvest após deixaro ministério. Mas os empresários

que o acompanharam em recenteviagem ao Japão estáo achandomuito estranho: lá, Veloso partici-pou de reuniões daquele grupo fi-

nanceiro privado, "dando

aos japo-neses a impressão de que se tratava

de banco oficial que se encarregaria

de todas as operações de negóciosentre o Brasil e aquele país". E en-

tão? Ele já está trabalhando nosdois empregos?

Violência e Sociobiologia

Tudo pronto para a 30» Reunião

Anual da SBPC (Sociedade Brasi-

leira para o Progresso da Ciência).

O que se espera da SBPC? Tal

como ocorre com a Igreja, a entida-

de vem sendo porta-voz de uma opi-

niáo pública nacional sufocada e

cheia de anseios. Por isso, a 30* reu-

niáo pode ser vibrante e atual.

Ouem não se interessa, por exem-

pio, pela crise da Universidade,

pela violência, pelas relações Igre-

ja/Estadoou, por exemplo, pelaSo-ciobiologia, a nova ciência queainda é uma incógnita'' A reunião

realiza-se de 9 a 15 de julho, no

campus da Universidade de São

Paulo.Porcaria multinacional

O secretário da Agricultura do

Paraná, Paulo Carneiro, reconhe-

ceu náo saber como resolver - alem

de indenizar por quilo abatido - o

problema económico-social criado

pelo possível abate de porcos no

Estado (o Paraná tem o maior re-

banho suíno do País, com 4,8 mi-

lhões de cabeças). Os técnicos da

Associação de Crédito e Assistência

Rural do Paraná vêm admitindo

em seus comentários: "Náo

será

surpresa encontrar, dentro de pou-cos anos, a presença de multinacio-

nais no setor. Seja pela introdução

de nova raça de porco, seja pela in-

troduçáo de novo tipo de vacina,

seja até por sua própria participa-

ção na criação de porcos, sempre

em monopólios."

Prometeu, não cumpriu

Pelo rádio e televisão, o governa-dor pernambucano Moura Cavai-

canti vem fazendo "campanha

para o senado", prometendo entre-

gar mais de 40 mil casas popularesatravés da Cohab. Uma simples

consulta a relatório enviado ao di-

retor do Serviço de Estatística bas-

tou ao deputado Edgar Moury Fer-nandes (MDB), para de_moronar

as promessas: o plano

do governa-dor previa 80 mil casas ao final do

seu governo, mas até o ano passadosó entregou 3.093! O deputado fez a

denúncia no último dia 27 e criti-

cou também outra promessa ofi-

ciai, de entregar 20 mil lotes a

famílias de baixa renda,desafiando a bancada are-

nista na Assembléia a mostrar "a-

penas um" desses lotes prometidos.Eaydié diz náo

Interrogatórios na reitoria,

ameaças de demissões, eis a respos-

ta da Universidade de São Paulo

aos 1.500 funcionários (Sáo Paulo e

Ribeirão Preto) que, no último dia

2o, pararam de trabalhar: desde o

inicio de junho eles vinham, pacifi-tamente. reivindicando2Sf* deau-

mento de salários, que nos últimos

anos sofreram urna "defasagem

deaproximadamente _4.V>". No dia

28. uma comissão de 30 funciona-rios foi levar seu documento reivin-dicatorio ao Palácio dos Bandeiran-les. Mais de 2 mil df* 8 mil funcio-nários haviam assinado. Respostario governo:

"O (ioverno dn Estado

não concedera novos aumentos sa-

lanais este ano e não aceitará para-hsacões fio trabalho." No mesmo

dia. os funcionários foram até a As-sembléia. onde receberam do depu-

tado Natal Cale (MDB) promessade entrar ern contato com o gover-nador. para resolver o problema. Os

funcionários vão esperar a respostaoticial ate o dia 6 (prazo que indica-

ram em seu abaixo assinado). De-

pois, realizarão ax.setnbleia-geral

para deliberar possíveis paralisa-cões. 0 movimento tem u apoio da

Adusp (Aasociacio fios Docentes da

USP).

Page 11: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

GREVES

A luta pela democracia na fábricaAs greves facilitam a luta para que se abale a ditadura

que impera no interior da grande indústria

A

luta pelas comissões de fábrica, comissões de

delegados, operários escolhidos livremente

para representar.e ajudar a conduzir as lutas de

seus companheiros, tem sido um dos grandes objetivos

no nosso movimento operário. Hoje, especialmente, as

grandes greves operárias paulistas tornam essas comis-

soes uma necessidade ainda mais sentida e urgente

Ê uma luta difícil.Depois de ouvir as experiências de

mais de uma dezena de fábricas - especialmente da-

quelas nas quais os operários foram mais bem sucedi-

dos no atual movimento grevista - a conclusão que se

tira é de que as comissões de fábrica praticamente nao

existiam sm São Paulo, o maior centro •£¦£•**»'

leiro. Mesmo em períodos anteriores, neste regime mi^

itar ou antes dele, elas tiveram uma existência apenas

pa^ageirHu sobreviveram isoladamente em uma ou°utra

fábrica. Luís Inácio, o Lula, dirigente de um dos

mais ativos sindicatos paulistas, o dos metalúrgicos de

São Bernardo do Campo, onde tiveram inicio asjrevej

dá uma informação que mostra como as comissões ae

fábriw atada estão distantes: das 620 fábricas sob sua

umdiçáo, seu sidnicato só tem delegados sindica^em

12. "Temos 608 fábricas a descoberto . diz Lula^ L

note-se que o delegado sindical e um tino de represen-

tação muito mais deficiente e simples de se obter por-

que é nomeado pelo sindicato e gozaria de certa cober-

tUQuae5aas principais razões da náo existência dessas

comissões? Em primeiro lugar, o próprio sistema capi-

uíTsta de produção, particularmente o nosso modelo

capitalista dependente e combinado com o monopólio

da propriedade territorial. No sistema capitalista os

trabalhadores vivem sob as leis da competição e do n-

dividualismo. O regime ^ salanado corresponde a um

tipo de escravização em que o trabalhador vende deter-

minado número de horas de trabalho nasqua.s se colo-

ca à disposição das ambições e> regulamentos do patrão.

Para o patrão, é evidente, o idea! é ter o operário sem-

pre isolado, ameaçado ainda pelo desemprego e pela fo-

me, lutando com seus companheiros P^TrfnnZ

emprego ou alguma melhora dentro dele. Em nosso

país, onde o campo repele mao-de-obra e a industria

emprega pouca gente e o exército de desempregados e

sSSmpregados é muito grande o operário se encontra

em condições mais difíceis ainda para se contrapor ao

grande capitalista e para se organizar contra sua vonta-

de. , JOs empresários se empenham denodadamente para

impedir a união dos operários nas comissões de fabri-

«a Afinal essas comissões apontam claramente para

uma direção que nem de longe lhes interessa:.toje. os

operáríoa se unem em uma comissão que pode freare ii-

nritar o poder do capitalista dentro dli fáWa e desen-

w.ker tánçfee de regulamentação e discipline, dentro

la empresa, mas amanhã elas nao podem pretenderse

transformai em órgãos operários 9" PeUndamioW-

tUuir Oi grandes capitalistas _ comple-

lamente, em todas as suas funções de direção e adm-

"'Si antes de 1964 as comissões de fábrica sempre

foram severamente reprimida». Antes.^ golpemiliUr

u regime político era mais ou menos liberal, mas o sis-

tema soc.o-economico era W*^™*™""^™»

Houve muitas tentativas de formação de comitês ou

conselhos de fabrica" conta um ope rano ™is velho

•mas essas comissões náo foram bem sucedidas. Havia

greves freqüentes e as pessoas que se projetavam na sua

direção eram logo demitidas".

A partir de 1964, a situação ficou ainda mais difícil.

Com 0 regime policial que se instalou fora das «bncas.

a ditadura interna das fábricas se fortaleceu ma.s ain-

da "Hoje o que ocorre dentro das empresas e um ver

dldeiro 2.u3o de sítio", diz Lázaro Maciel, «fcretano

do sindicato doe metalúrticoe de Santo André Ate

para ir ao banheiro tem que se ter uma chapinha. Os

operários estáo sob controle absoluto .

Se não existe liberdade de fazer xixi, que dizer da li-

herdade de imprensa, de reunião de J^S&lSi

propaganda política? Qualquer folheto dentro da fabn-

ca é perseguido ferozmente, considerado clandestino e

subvereivo. Os quadros de aviso da fábrica sao pnvati-

vos da emprensa ou no máximo avisam os jogos de fute-

boi dos trabalhadores. Eleições e assembléias dentro

das fábricas, em condições normais sao inimagináveis.

Mesmo as eleições para as CIPASs, comissões internas

de prevenção de acidentes, náo se realizam normal-

mente embora previstas por lei.

EvidenTemente essa situação persiste enauanto os

operários estáo desunidos e no pais as.condiçoes sao

desfavoráveis a uma ampla mobilização e antes, ao

ccmtrário. facilitam a união do grande capita e de suas

famas repressivas. Hoje a situação e diferente. 0¦ regr-

me está acuado por um amplo ^tí^SL^S^.

e popular. Eo grande capital esta dividido. Diante dis-

i,...,,,, ..*..,*,,. *. et..,-** mg** t-'{-'\ ¦¦* m fA-^- *•-

¦MtatMtn ¦Ufa.* rn**. JSJtm-?«.,.f ttt**. i: **.* S*—4

^******* ^LÍfel_

Umo <omi»»õo à* fóbcka r**p*i*6* oo golp* do *mpt*%a

A Cia Metalúrgica Barbará

Tomamos conhecimento da demissão de um dos nos-

sos companheiros, Cleadon Silva, integrante da Oomis-

são Permanente eleita pelos trabalhadores e reconhecida

pela direção da empresa, na forma do acordo coletivo Tir-

mado no dia 7 de junho de lííTh

fcste fato demonstra que a í ia Metalúrgica Barbara

começa a desconsiderar o acordo, violando as cláusulas

sexta e sétima do mesmo.

Nos, da (omissão Permanente, refletindo o interesse

da maioria dos nossos companheiros da fabrica, solicita-

mos a imediata readmissão do companheiro integrante

desta comissão. m . .Consideramos que a C ia Metalúrgica Barbara tenta

nos atingir na principal e a mais importante conquista

que foi a formação de uma Comissão Permanente que re-

presente nossos interesses - e isto. achamos inaceitável.

Sem mais. aguardamos a imediata readmissão do

nosso companheiro.

A Comissão

so o quadro mais ou menos se inverte. Diante da mobi

lização e da disposição generalizada de luta de seus mi

lhares de operários concentrados em uma fabnca, dian

te das gTandes dificuldades para se empregar uma re-

pressão mais aberta, os empresários ate mesmo procu-

ram que se forme uma comissão de fábrica com a qual

possa negociar esperando controlar a insatisfação dos

trabalhadores.Ê o que tem acontecido. Os patrões confiam na sua

capacidade de discutir e impor soluções a um grupo de

uma ou algumas dezenas de operários rudes e^pouco

versados nas ciências jurídicas, contábeis, econômicas

e administrativas. Confiam que as condições de mobili-

zação ampla sejam superadas e se restabeleçam as con-

dições políticas favoráveis nas quais eles possam voltar

a uma política mais dura no inteiror de suas propneda-

des Na Massey-Ferguson, Metal Leve, MWM por

execiplo, entre a dezenal de fábricas pesquisadas, oe

próprios patrões pediram que se formassem comissões.

Para os operários, no entanto, trata-se de aproveitar

uma situação favorável e evitar que ela seja passageira

consolidando conquistas permanentes. Eles devem

perceber que a coníissão surge exatamente porque aeus

Companheiros se mobilizaram e a única garantia para

que ela continue existindo e a de que se constitua em

instrumento de organização dos trabalhadores: de ele-

vação de seu nível de consciência política, de sua capa-

cidade de união e. portanto, de sua força. As empre-

sas na maioria dos casos, tentam fazer com que a co-

missão seje um elemento de paralisação do propno mo-

vimento", diz um operário. Éle conta um CMoOjlM-

vo a esse respeito: na Siemens a greve foi levada de

ama fábrica para a outra por uma comissão nascida es^

pontáneamente entre os trabalhadores, a comissão era

portanto combativa. No entanto, ela acabou deeempe-

íihando um papel de contenção do movimente, pois

aprovou acordos sem ter realizado uma umea as-

Jmbléia com os trabalhadores. 'Q^o v°luram

~om os acordos feitos com a empresa foram mal recebi^

dos. Houve caso de operários quejogou um parafuso na

cabeça de membro da comissão ia—»-

A comissão de fábrica tem portento um papel desta-

cado na educação politica prática dos operários e isso

ficou evidente na, greves para os operários mais cons-

ciente*- Na Toshiba, onde trabalha o candidato da

oposição metalúrgica paulista a presidente do sindica-

to Anísio Oliveira a comissão consituida em torno dele

conseguiu fazer realizar quase uma dezena de as-

semhléia> dentro da fabrica.

Nessa altura das greves ha certamente dezenas de

comissões de fabnca formada, de uma forma ou de ou-

tra por iUfesOo dos chefes ou pelos próprios operários

e especificamente para conduzir as greves ou comobje-

mamais permanentes. Elas se ^™*"™JJ*

constituirão desde ya em instrumentos de ******

da democracia operaria que *J*^J*£52*Z

ranos adquiriram consciência de que M Çomiw>e que

nasceram das lutas presentes so se consolidara*, através

de nov^T lutas E elas já estão delineadas. Alguma,

fábrica, já começam o processo de demissão dos mais

destacados nevwtas Muitas delas, como e o caso da

metaíurgca*Barbara. como se pode ver na denuncia

S» operários publicada acima. «S^TSíSSSZâ

comissões as quais haviam assegurado.«tabihdad^por

dois anos. Isso enfraquece as comissões I^^

em oue elas não conseguem reagir, se desprestigiam

j

™,to aos próprio, operários, como e do interesse das

empresas.

Fica evidente também que a conquista efetiva das

comissões de fabrica depende de uma luta mais prolon-

gada e difícil que os trabalhadores não têm que derro-

tar apenas um ou outro patrão mas sim impor a todo*

eles o direito de organização dos trabalhadores dentro

das fábricas. "A

partir de janeiro do ano que vem nos

vamos começar a lutar pelo contrato coletivo de traba-

lho" diz o secretario do sindicato dos metalúrgicos de

Santo Amdré. "Dentro desse contrato, um item que nao

poderá ficar de fora de maneira alguma, será o da for-

mação de comissões por fabrica, com papel assinado,

firma reconhecida e tudo". Se vé dessa forma, que a

luta dos trabalhadores, embora pa.ta de questões eco-

nòmicasleva sempre a soluções políticas e. embora pa

reca se dirigir contra uma ou outra empresa em parti-

calar, acaba se tomando uma briga contra o conjunto

dos patrões e dos capitalistas. (RP/Sl)

A comissão diante do empresário. * ** :_ A**. caUdal vMtiarin f

Um operário que participa da comissão de

fábrica da Metal Leve, ^^^mV^TT*^

da íreve diretamente com Jose MindUn, o expe-

íiente empresário que já foi secretário £

Estedo no

íoverno de S. Paulo. A comissão foi formada por

wíestóo do próprio Mindlin e os seus integrantes

foAm i^dic.So.Ppelo. chefe, è* ***** èé ********;

O exemplo de uma t**gaci*ção não a*,************

aos operários, que na prática so conseguiu com um

IVJ£™Je ÍWfc - moetra como as comissões so

funcionam quando consultam os operários em as-

sembléias e decidem com base na opinião da maio-

ria:"Mindlin fez um discurso dizendo que isso era

uma união, que nem nós nem ele estsvamos ali

à tea que ele não colocava a greve como uma coisa

anormal, que pra ele era normal. Que nos deveria-

mTTerVr^izado uma comissão ante*.porque

com a comissão náo aconteceria isso. Porque vo-

cès sabem que máquina paradada P^u^nte-

ma tendo prejuízo vocês nao podem "*+*£**:

dos. E lá fora as coisas vao »ubir 30 ou *%.*•***

vocês compram hoje por 40. amanha vao comprar

por 60 ou 70".

Ele achou melhor discutir outras coisas pri-

v meiro: restaurante (teve gente que falou que tinha

minhoca no meio da salada), vestiário e outros

problemas e com tudo aquilo eles achando graça.

Eu já vi que tinha coisa no meio, so pra esfriar as

coisas. Quando foi a hora do salário, falaram de

cara que a proposta da gente nâo dava pra aceitar

Doraue era muito. Que o custo de vida sobe por cau-

sa do salário e que se dessem 20%, no mes que vem

o cuato de vida já estaria em 70%. A única coisa que

poderia taver era que d* *nt*cip*ç*o de 10% f»"Çf-

dida em junho. 5% entrasse como aalano. Aquilo

revoltou todo mundo. Ninguém aceitou. Depois dis-

seram quer os 10% de antecipação seria usado

como aumento de salário. E perguntou se estava

bom. Um começou a se conformar dizendo que

tínhamos de apoiar. Que o que a gente resolvesse

os outros tinham de aceitar. Dissemos que nao.

Que estávamos representando mais de 4 mil pes-

soas e nâo so a gente. Nos temos de resolver de ma-

neira que quando a gente Chegar la nao tenha

problemas, que eles vão apoiar.

Ate o meio dianão sabíamos que a firma tinfta

feito uma proposta de 10% a um dos membros da

comissão. Falamos, ja que esse companheiro acha-

Va bom o aumento, que ele fosse falarcom a turma

Ele pegou, chegou la e falou dos 10% pra turma.

Eles perguntaram se ele aceitava. Ele disse que

sim. Aí juntaram ele e quase bateram nele. ^

MOVIMENTO - V7/7811

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Economia e sociedade

Por que

pedem

democracia os

empresários?Oito empresários, em nome de

cinco mil membros da classe, assi-

naram e divulgaram documento

em que defendem a redemocrati-zação do pais e a necessidade de

ttovm prioridades na área econô-mica. Cláudio Bardella. Severo(íomes. ./ose Mindlin. AntonioF.rmirio de Moraes. PauloN illan -.

Paulo Vellinho. l.;u»in Setúbal e•lorge C.erdau .Joanpether. assinamo documento, que propõe no planopolítico:

'"desejamos exprimir nos-

sa concepção sobre os rumos do de-¦envolvimento econômico fundadona justiça Bocifll e amparado porinstituições políticas democráti-

cas. convencidos de que estes são.no essencial, os anseios mais geraisda sociedade brasileira".

No plano econômico, o docu-mento salienta a necesidade de sedarcnta-. ao desenvolvimento in-dustrial

"que deverá repousar

sobre a industria de base". E. ain-da:

"Sabemos •*»*• o almejadoequilíbrio entre os três protago-n.-t a-principais do processo de in-dustnalização esta longe de ser al-cançado. A empresa privada na-cional padece de fragilidade preo-cupante: a empresa pública esca-

pou dos contri 'les da sociedade; e aempresa estrangeira não está disci-

plinada por normas mais adequa-das e claras de atuação".

Alem dessas preocupayões, os

empresários que apoiam o mani-

testo |h.»|h.ciii revisãogeraldosiste-

ma tributário, de modo a corrigir

distorções criaria» pelos incentivos

tiscais e pelo Imposto de Renda.

(Jue ha por trás desse grupo tão

expressivo de empresários?

Na realidade, o impasse políticoe a crise econômica em curso têm

levado ao -racionamento setores

das classes dominantes que esta-

v am extremamente coesos duranteo

'"boom" da economia, sobretudo

entre 19_8 a 1974. quando a parti-lha do bolo atendia a todos. Hoje, o

empresariado mais lúcido sente anecessidade imperiosa de redefinirnlfíumas bases da economia paraque o processo de acumulação nãovenha a beneficiar apenas os gran-des grupos monopolistas ligados aocapital estrangeiro, que mesmocom a crise .-m,. obtendo lucroselevados

O grupo signatário do documen-

to também tem se caracterizado

por suas criticas ao capital finan-

ceiro. setor que vem obtendo lucros

extraordinários nos dois últimos

anos. apesar da crise. Diante da

lalta de liquidez do mercado e dastaxas de juros liberadas pelo gover-no. para desestimular os investi-

mentos e conter a inflai ão dentro

de sua política moneiarista ditada

pelos ministros da área econômica.

con o aval do Banco Mundial, osbancos vem obtendo desempenhosfabulosos, ate mesmo os estatais.Ia 1,1 visto os lucros do Banco doBrasil no ano passado: 6.5 bilhõesde cruzeiros.

Politicamente, este grupo de

empresários tem apoiado a abertu-ra democrática porque ela consti-fui. hoje. uma bandeira de luta co-

mun aos setores que anseiam asubstituição do governo Geisel por

outro capaz de remodelar as bases

da economia, de modo a superar o

impasse gerado pela ense. Isto não

quer dizer que a posição do grupoesteja definida de modo claro poruma candidatura de oposição. Al-

guns se alinham com Kuler. outros

com Magalhães. No tocante a Ma-

galhães, as restrições são maiores:

por seu passado e por ser um au-

têntico representante do capital fi-

nanceiro. Magalhães é mal aceito

por nomes exponenciais do grupode empresários que assinam o do-

cumento. Laerte>c luh.il.porexem-

pio. não nutre nenhuma simpatia

p>r Magalhães. E provável que a

inclinação do grupo seja pelo nomede Euler Bentes. alternativa mais

próximo de viabilizar uma maior

participação aos empresários nas

próximas remodelações da econo-

mia. que se fazem necessárias.

Por outro lado. crescem em São

Paulo as criticas à direção da Fe-

deração das Indústrias do Estado,

hoje nas mãos esclerosadas dt

Theobaldo de Nigris. 0 nome de

Lum Eulálio de Hticno Vidigal Fi-

lho cresce entre aqueles que criti-

cam a Fiesp. Mas Luís Eulalio se-

ria realmente um elemento reno-vador dentro da velha Fiesp0 Há

duvidas nesse sentido. Muitas á-

guas vão rolar até a próxima elei-

çáo para renovação da diretoria da

entidade, que ainda demorará dois

anos.

Luis Eulalio. atualmente com 39

anos. é vice-presidente da Cobras-

ma, a maior fabricante de vagões

ferroviários da América do Sul.Ocupa a presidência do SindicatoNacional da Indústria de Compo

nentes para Veículos Automotores(Sindipeças) e também tem vincu-los com o capital financeiro, sendo

membro do Conselho de Adminis-tração do Banco América do Sul.

(J.B.)

Procura-se

um homem de

2 milhõesAviso a todo» na de*empregadoa

do pais, ou aqueles que não conse-

guem viver cnm -eu- baixos sala-rios: a coisa e-ta preta, mas nemtudo esta perdido. l'ma grande em-

presa está procurando un diretorcomercial e promete a ele um mini-mo de 2 milhões de cru/eiros porano (o anuncio da oferta do empre-

go foi publicado na revista Veja da-emana passada! E de fato umatremenda oportunidade: 2 milhões

por ano dão mais de 166 tr.il men-•••almente ou 106 vezes n maior sala-lio mínimo do

pais por me-. luto e:se 106 trabalnadore- de -alario

mínimo -e reunissem. t'ize.--emuma cooperativa e arruma—em umrepresentante para assumir ri car-

go. ao final do més cada um recebe-ria seu salário de CrS 1.560.00.

0 duro, não ha duvida, vai -er atarefa de abiscoitar o emprego.Depreende-se do anúncio que o taldiretor, para provar que vale nomínimo 2 milhões por am>. tem desaber transar sobretudo com o gover-no. Por isso o anuncio esclarece

para só se apresentar quem tiver"alto

nível profissional, cultural e-ocial".

pOHUÚ bons "contatos"

na.«•fera privada e principalmente na

pública, pois o grande cliente dafirma é 0 governo.

Os

agrônomos:

erosão

e anistiaOs engenheiros agrônomos estão

convencidos de que podem dar inu -

meras contribuições nas questõesrelacionadas com o campo brasilei

ro. Seu permanente contato com o

homem do campo e seus problemas

lhe- permite afirmar, por exemplo,uue " credito agrícola tem provoca-fln |(ravcf distorções, romo o usode-nece--ario de fertilizantes eraimen-a- regiões. Ou quenexces-i\(investimento em pesquisa* de cul-tura- de exportação oca-iona enor-

me rettoce—o nó plantio de gênero-

para n mercad" interno, como n fei-

jão. marginalizado também em a>--istência técnica e crédito, F.-te- coutro- problema- ele- poderiamdiscutir, e darem valio-a- contri-huiçòe» para -u.i nolucio. Ma- n

caso c» uue ele- não -ão ouvidos.

NumaK-T.i éo principal motivo que le-

vou <>. engenheiros agrônomos dóParan.i a mudarem profundamented temário d" seu II Encontro Esta-dual. que se -realizará em londrina,i partir desta negunda-feira, pre--seguindo ate o dia ¦">. Alem do- tra-

dicionais tema- exclusivamente!.-( ni< i»s, ha\ era debate»-,

porexemplo, sobre "DenwM.-ratia.acan tDireitos Huinanu.-". Será a primei-ra '.(•/ em mai- de 10 ano-, que o-

agrônomos paranaenses discutirãoem conjunto que-tõe-. andentes da

i.ciiitH .1 nai ional Kran< i-c» l_emo-,

presidente do núcleo londrinensedi A—o. inião do- Agrônomo* doParaná, que promove " Kncontm.di/ia na semana passada

"A inten-

Cito é reabri! ri debate em tomo detema- que ti"- ultimei- ano- e«uve-

ram relegados a segundo plano. i>ormedo. preconceito

ou pre--ão a

nossa classe não tem sido ouvida eimportante- decisões -ão tomada-

unilateralmente nos alto- e-<a-lõe-* Pata K_d-.ii. Ma/ei Ponte presidente da Assim iaçio de Empresasde Planejamento do Paraná e c •«>r-

denador dos debates -obre demo-

cratização, "há

um ¦ » i . ¦ ¦ de

que prc( i-amo- participar da buscarle soluções e para isto precisamosde liberdades democráticas. Após14 ano- de abstenção, forçada, aconjuntura nacional exige nossa

participação".Na área agrícola, hoje, as princi

pais questões referentes a democrati/ação e direitos humanos tratam-se da posse da terra e do bóia-fria.São problemas que interessam vi-

vãmente a toda categoria, por afe-

tarem quase toda população do

campo, conforme Antonio Costa,

que cíxirdenará os debates sobre

posse da terra. "Sob

o pretexto demodernização agrícola, o atual sis-tema agrário vem promovendo acrescente marginalizaçio do ho-mem do camp.. O preço social quee-tamo- pagando por iaaoé exce-si-vãmente alto, pois e-tamos jogando. ada ve_t iii,ú- ii homem fora da ter-ra"

Também -erà<> debatido* na

problema- da independência nacio-

nal no setor de pesquisa* agrícolas,

ero-ão. umi de defensivo» químico-e de-matametit". alem de eleicõe-

diretas, revogação dos atos de exce-cão. habea--c c>t pu-, direito de ^re-ve c anistia (Roberto de Beuia)

70 milhões

de cruzeiros

em ação.-'. CRD. sociedade particular de

direito privado, nunca leve proble-ma cie dinheiro. (Instou na últimaCopa ('rs 70 milhões, o equivalente,. 1.1 r -edari- Volkswagen A CRI)

pod» im -eu- coire-. estava um

presente do governo. »"r_ "o

mi-lhões do leste

*I?H da Lrteca; mai-

Cri ".."

milhões -de um contratorom o I f.fK ique controla a- ea-der nei as de istuitança do governo);i» Crf _.*' rnilh*** da Adida- (ai,uao em dinheiro, pm- tudo foi pagoem material esportivo}.

Nadando em dinheiro, n almi-

rante Heleno Nunes, presidente daCRD, pn-M-nteou mai- de

"><) pes-

soas, eni re elas n brigadeiro -leroni-

mo Pa-to-. o .¦oniandante -Jovino

Pflvan, li ex deputado Mendonça

Falcão | outro- amigos, a maioria

acompanhada de parentes, corn

passagens pagas, hospedagem e até

carros alugados-.

A orgia não passou despercebida

na Câmara: o deputado JoséMaurício (MI)B-RJ). com apoio de

126 congressistas, pediu na semana

passada uma CPI (Comissão Parla-

mentar de Inquérito), para apurar

a real situação do futebol brasilei-

ro, a atuação da CBD e a aplicação

dos recursos da Loteria Esportiva.

Na Philco, as

grevistas que

fazem tricô

Entrando em sua oitava sema-

na, as greves continuam a se alas-trar por novas fábricas, novos ra-

mos industriais e novas cidade.No final da semana passada, onúmero de grevistas se elevava a211 mil, o número de fábricasatingidas a 171 e mais três rida-

des. além das 9 anteriores (verMovi ment o n' 155) conheciam omovimento paradista. Vm deta-

lhe das greves é a participaçãoativa das mulheres. E, na sema-na passada, Leda Beck e MariaAmélia Telles visitavam paraMovimento as grevistas da Phil-

co, a enorme indústria eletrônica

paulista onde as operárias fa-ziam tricô enquanto lutavam porum aumento de 25*7.. Depoimentode duas operárias:

"Nós somos 8 mil e 100 funciona-

rios Todos nos que somos horistas,estamos em greve. Mas até o pes-soai de escritório parou. Nos somos

. mil operárias. Uma calibradora

i_anha por hora: Cr$ 12,07 o quequer dizer um salário de mais oumenos Cr$ 2.600.00 por més. Masainda tem os descontos: INPS, etc.O peamal eme 11..bolha na linha e n

que ganha menos (pessoal da mon-(agem). Oanha 8. }."> a hora. A maiona (• mulher. O maior problema e amulher que tem filho. Não tem cre-

( he- e quando n filho adoece a gen-le nem pode laltar Quando faltaires vezes, eles mandam embora.(fiando nos adoec emo-, a Philco só

n cita atestado do medico da firma

que tem convênio t temos que en-t regar e— e atestado no mesmo dia

que ficamos doentes. Se náo. per-demos " dia e << domingo. No servi-.o médico interno é muito difícil de

ser atendido. Quando a gente chegacom uma dor de estômago, nós pe-dimos para ir ao medico e somos

obrigados a marcar hora para ser

atendido. Sc foi c imi muito grave,corremos o risco de morrer lá den-

tro da Philco mesmo.

A nossa principal reivindicação éo aumento de 2.V ,. Os diretores nos

fizeram uma proposta de \'V, masso isso não queremos. Ninguém de

nós concordou com a proposta Km

cada seção escolhemos 2 represen-

tantes para fazer parte da comissão

que se reúne com a diretoria.Outro pt"!". ii.a nosso é a condu-

ção Nós moramos em AE. Carva-

lho, outras moram em S. Miguel

Temos que chegam." hora F_ somos

nos os operários que temos que alu-

gar ônibus para chegar na hora certa. K cada um de nos paga Crf 4,00,

por viagem. E quem mora emOuaianazes. tem que pagar mais:

Crf5,00. Em cada seção tem queter operários encarregados de alu

gar ônibus

(lii-odo leu.he,oc i r-. | ...d»:.

ma -etn. >., pod. ir uma cez de

m,ndi.i i cein ut dc tarde

( eme. . om. çimi .i greve*1 Acha»

ii o- bom o exemplo da- outra-

t.ibi,. a- . |...i i--cc a. li.mu» '|iie

. ..iu gn-ve |ie.(|.ino- tein-e^uir um

.uniu nto l»'.--.i greve na., tem "ca-

beca Som-)» todo- re-pon-aveis

l>< li |*n-\< N.i I l.ua. ( begaino-c i dc . l.iiiio- ao o -I.Mirante. E deI.i no- grilamos qm reino- aumentodi Milmio K o.cc -.amo- trabalhari ii.|ii,iin ce h.ie e t-otwgilir o alimento

A l'hil« n |i.i_a muito mal. é ¦ queI».i»...i piiN me mino dn eletreemea\c- cep. i.ii i..- -empre tomo- muitounido- <¦ a_«ci,i ...in ,i _:re,( a nos.-auiic.iie i tn.iioi \o- trabalhai no- na

Hii.Hlagi io d. i.idio t> iigtirn 14111- pa-i.ilH'- ( illl lll.Illlo- ij.le ililV.illliiN

dc i,i/. ¦ : |_li i.idi..- p..r dia. K aPinico\ai dei\.,i de produ/.ier 1.4*1'.mio- lot Io ed,, '

.\. b.mio- que não.Poi isso \ ic» lei i|iic o..- dar aumen'"

poi c|in -i eli - nào derem, a lirm.i pod. ii % i.ilcii. i i. porque no-nao \ .iiii..- Voltai pua u trabalho."'

Mais de 200 mil grevistas:e crescendo

trabalhadoresX 1000

211.512

188.071 ¦*¦£

165JQ4 Wm |&É

12

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O MundoBOLÍVIA

Troca de FachadaAs eleições de domingo, dia 9, marcam um recuo ordenado dos militares bolivianos

aos quartéis com a evidente finalidade de não se comprometeremno desfecho de uma grave crise social

A

sociedade boliviana pertenceao que eufemisticamente se denomina país em vias de desen

volvimento.embora. se quiser ser objeti-vo, deva dizer que a Bolívia e um paiscom todas e cada uma das caracteristi-cas dos países latino-americanos mais

pobres e com menor possibilidade dereinverter, ao menos a curto prazo, estasituaçáo.

Atualmente, esta scx-iedade solidaria e ;tradicionalista ao mesmo tempo, se encontra imersa em uma campanha politi- jca pré-eleitoral que os analistas geralmente chamam de

"abertura deinocráti-

'

ca". Km meados do ano passado o gen.Hugo Banzer anunciou a

"contituciona- j

lização do regime", DO podai ha ja sete janos. A partir deste exato momento -

apesar das eleições terem sido anuncia L

das para 1980 - se produziu uma reativa

ção em toda a vida política, social e sindical do país, fato que obrigou as forçaiarmadas a adiantarem adrlinuiV para c

próximo dia 9 de julho.

"Ceder o governo

para conservar o poder"

Nao h,i chivnl.i de l|IM em toda lata evolução dos acontecimentos, principal-mento o abrupto adiantamento das elei-

ções, estiveram implicadas as situaçõesmais diversas, como por exemplo as

pressões do presidente Carter dos El'A esua política de direitos humanos, ouuma decisiva greve de fome de mais de1.200 mulheres emi««l pais, passandoainda pelas oscilações do preço do estanho e do petróleo no mercado internacio-

nal. X medida que se aprofunda nesta

realidade torna-se evidente que esta "a-

bertura democrática" tem muito que ver

com a proximidade de uma profundacrise de todo o projeto econômico que foiexclusivamente sustentado pelo governodas Forças Armadas.

Bastam uns poucos números para re-velar esta conclusão: não obstante o aumento sem

precedente do preço do esta-

nho, cerca de 400', deade 1971. e do pe-tróleo, de até 000', no mesmo período, asituaçáo financeira se mostra sombria, a

que se pode ver pelos seguintes indicadores: a queda abrupta cias exportações do

petróleo cru e afinal o impressionantecrescimento da divida externa, de l'S$500 milhões em 1971 para l'S$ 2,5 hi-lhões atualmente, o que força o desvio de

Guillermo Montero Vazquez

0*'---___H __________ -__¦-__________- ___¦___ ___l

4o dos rendimentos com as exporta-

ções para o seu pagamento em 1978.Tudo isso prenuncia uma forte desvalo-ií/.k.ii. do peso. ja

"aconselhada" pelo

luiiclo Monetário Internacional (FMI),iiin.i tinte alta no preço dos combustí-vei» .ite agora financiado, pelo Kstado,r |n'it.into uma agudizaçào do processomil.u u inario, que se devera acompa-nli.n. segundo receita do FMI, de umiongelanienld salarial.

Isto vem gerando uma sobrecarga detensões sociais no altiplano boliviano,as Forças Armadas em seu conjuntovêm-se na contingência de implementarum plano de recuo ordenado aos quar-téis. com acMclent» finalidade de nao secomprometerem com o desenlance dacrise social. Em -um. os setores da

"ros-

ca"boliviana, que é como se chama aquiá direita oligárquica, sentem que chegouo momento de

"ceder o governo para

conservar o poder". E isto torna-se mui-to claro quando se ouve o general Banzerdizer «inc

"queremos que as Forças Ar-

__________£___________________!¦._._-___¦- W ¦

_n EDIH___1b WmVMwtJm &w

^_____5555 -__-_-.---¦_----¦ **^~——^«- i«p

n

madas se retirem no momento oportunoe não quando estiverem desgastadas

pelo envolvimento político".Este processo que se abre, então, tem

uma característica fundamental: a in-tenção por parte do governo de evitar a

qualquer custo a formação e a participa-ção das verdadeiras correntes populares(através de decretos restritos, impedi-mentos legais, exílios políticos, etc). Noentanto tudo isto foi sendo vencido pelaforça da reação popular espontânea, queforçou a concessão de anistia geral, rea-ti vação da vida sindicai, etc.

Nesta situação, apenas resta ao gene-ral Banzer a eleição de um candidatooficial que de alguma forma lhe assegurea possibilidade de controle sobre as pró-ximas eleições. Equem melhor para este

cargo que o antigo ministro do interior

de seu próprio governo durante quatro

Como salvar o projetopró-imperialista

general .Juan Pereda Asbun e assim

Indo para desempenhar esta fun-

Kle será encarregado de continuar-atituc lonalmente" os projetos que a

*" pró-imperialista considera fun-

cntai-a. a ASber <> compromisso em

do Rrasil de todas as reservas de

iiltural. indispensáveis a um "de-

iKimento autônomo" do pais. A

uao de uma política demográfica,< mii«p tempo, parece iniciar-se com

a imigração de r.n mil colonos branco-i;n i-ta- ria Korlésia e da África do Sul.íMomorindo* nas melhore* terras e cli*;n./> lio fmis em truco <le U&$ MÜ uulhões A nberturn irrestrita oo capital es*irangetro p;ir.t .i exploração das reservaspetrolíferas cio pai- é aaséncis mesmacli --i inodelo Kni fin- de W78 mais de

18' ri« -t,i- reservai estarão em mãos dalio tf ItU Cu

L'm total de 13 candidateis que se

apresentaram num primeiro

momento a

disputa presidencial testemunham bem

o alto grau de politização do povo. 0«

candidatos, agora reduzidos a 9. repre

sentam todo um espectro político. Mas

somente três tém possibilidades consi-

(iiraveis: u general Juan Perecia Asbun.

l)on Herman Siles Zuazo e Victor Paz

Kstensoro.

Pereda Asbún é o candidato oficial e

continua negociando com todas as forças

da direita para que receba todos os votos

fora da esquerda. Com a Falange Sócia-

lista Boliviana a manobra já deu certo- o candidato •• FSB foi retirado em be-

nefício de Asbún. As negociações sáo

agora no sentido de que o Movimento

Nacionalista Revolucionário retire a

candidatura de Victor Paz Estensoro.

A principal força de esquerda se opon-

do ao candidato oficial será sem duvida

a Frente de l 'nidade

Democrática e Po-

pular í LT)P ), constituída pelo Movi-

mento Nacionalista Revolucionário deEsquerda de Don Hernan Siles Zuazo, ojMovimento de Esquerdas Revoluciona-

rias, o Partido Comunista Boliviano, o

Partido Socialista Boliviano, o Movi-

mento Nacional Camponês Tupaj Kata-

ri e o Movimento de Esquerda Nacional.

O Movimento Nacionalista Revolu-

cionário de Don Victor Paz Estensoro é o

terceiro em chances, cujo prestígio se ba-

seia, antes de mais nada. no prestígio de

seu velho líder popular e um dos realiza-

dores do movimento de 1952. Mas seu

prestígio parece um pouco ofuscado porvárias razões. Ninguém se esquece queos adeptos de Paz Estensoro apoiaram

Banzer em 1971, mesmo que depois ele

tenha sido excluído da "frente"

pela ex-

cessiva fascistização das Forças Arma-

das.

Finalmente, a Frente Revolucionaria

de Esquerda sob a direção do conhecido

e combativo líder mineiro Juan Lechin

apresenta-se sem chances eleitorais,

com o propósito exclusivo de marcar sua

presença simbólica nas eleições.

Os herdeiros da revolução bolivianaEntrevista com Jaime Paz Zamora, do Movimento de Esquerda Revolucionária da Bolívia

0 que mais lem preocupado a» ForvasArmada» bolivianaü e o apurecimeto defrente» de agrupamentos »* partido* tom

buses populares reais, como _ o caso dn

l'I)P. Isso torna-se evidente pela contra

propaganda que e distribuída toda noiteem La Paz por agentes policiais • funciona-

rios do Ministério do Interior, t) aKo prin-cipal dessa contra propaganda e o "comu-

nismo de Siles Zuazo". A l'DP vem sofren-do todo tipo de pressão em suas manifesta-

ções e atos públicos, chegando à represeãoviolenta da polícia e dos grupos de choqueda Falange Boliviana. A intimidação vaidesde o simples gas lacrimogènio as raja-das de metralhadoras. Ima das carac-teristicas da l'l)P e o predomínio dos qua-dros jovens na sua estrutura de decisão edireção. O MIR,que existiu 6 dos seus seteanos da clandestinidade tem. dentro do fe-nômeno de regeneração um papel impor-tante. Guillermo Montero, na Kohvia. en-trevistou para Movimento um dos trêsmembros do Comando Nacional do MIR, o

jovem Jaime Paz Zamora.

Movimento: Porque o candidato presi-dencial pela l'DP,Hernan Siles Zuazo con-sidera o seu partido, o MIR. como herdeiroda revolução na Bolívia?

Jaime Paz Zamora: Em nanai teoriza

çòh sobre a historia boliviana consideramos a

revniuçãu de 1902 tomo tendo objetivos revo-Im inflaria- autênticos, que destruiu um exer

cito, dc-truiu toda uma oligarquia mineira -

cs P.itinos. oa Hochachild, os Aramsyoa - fa-tos que sempre furam desprezados pela es-

querds marxista tradicional Apesar de usar-m.ps um instrumental marxista em nossasanalises, nos diferenciamos deles por nosso

programa. Todo nosso "que fazer" surge dire-

tamente da revolução de 1952, dentro desses

marco* e como continuação dela. Nada podera ser entendido na Bolívia se não se anali-

sa antes ¦ experiência popular já vivida. A re-

voiuçiu nacional de 52 tem duas vertentes: a

dt Banzer ( Perecia que usurpam a bandeira

dc uma saída nacionalista e n \nliu ...n.in.i

Pretendamos superar esse processo masatuando denlro dele. não negando-o ou

< riti«-..nd<i <i fora dmle, como fazem ob esquer*distas.

F. nesse sentido que Hernan Siles >e sente

plenamente identificado comncaM interpre-

tavã" ds realidade boliviana.

M: Como se caracteriza a l'l)P. da qualo MIR faz parte?

JPZ: A l'I)P e uma tentativa de formaruma grande frente de classes exploradas toprimidas do pais. *>nde entram campot..ses. mineiros e classes médias. Todas essaforças concordam que a l'DP é uma frenti

que vai alem do processo eleitoral de 9 de iu-Ino. E uma arma para a luta de hoje e deamanhã ou, como diz Hernan Siles. para a

paz e para a pierraM: Quer dizer com isso que o MIR des-

carta algum método de luta alem da fren-te?

JPZ: Não descartamos nenhum métodode luta. assim como 0 povo boliviano não descartou nunca nenhum método de luta possi-vei.

Ml Há perspectivas dc fn-ude nas elei-

ções?

| K'| l-.^/.-<,:''»i2 u mor a

JPZ: E fora dí duvida que essa pode sei

uma eleição Iraurlutetil _, mas isso nào vai ser

fácil de ser feito -pela ditadura Dtpoia, das

manifestações populares que realizamos em

Pntosi. onde colocamos ts mil pessoas nas

mas. em uma cidade df 80 mil hanitantes. ou

em Sucre. onde 10 mil ptSSOS- assistiram n<ü>so comício, quando ro dia anterior tinham jo-

gado tomates em Pereda. não vai ser fácil

para a ditadura fraudar as eleiçõo Se dizemum Pereda ganhou nesses lugares, o que você

acha que vai acontecer0

MOVIMENTO - V7/78 13

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Notas internacionais i

Tempestades

no Mar

VermelhoSe existe um lugar no mundo

que merece a alcunha de "jugular

do Ocidente" e o estreito de Bati ei

Mandeb: ali, Afnea e Oriente Me

dio quase estrangulam o Mar Ver-

melho. antes dele se emendar

com <• C.ollo de Aden e depm com 0

Oceano Indico. E por essa passa

gem estratégica que descem e so-

bem gigantescos petroleiros a caminho dos poços petrolíferos daArábia Saudita. Por alf também seatinge o coração do Egito e fecha-se a retaguarda de Israel.

Dos dois lados do estreito, o con-

flito e desestabilização atingemum ponto insuportável na ultimasemana: do lado oeste, um Djibutidividido em etnia» divemm (>>deraainda se manter como

"Estado

Tampão" entre a Etiópia e a So-

mália por muito tempo0 Mais um

pouco acima, na Eritréia, a ofensi-va etiope contra o povo eritreu pa-rece cada vez mais iminente Mas

foi justamente na parte mais entica do estreito de Bab ei Mandeb

que (| de»e.»tabili/aeão M deu RUM\ iolcntamente IU »emana pWH'chi: em menos cie 1> hi t.i» toram

eliminado» em dm» ehete» de Esta-

dn dn» anis lemen dn Sorte, pró-ocidental e do Sul, pró-soviético

Primeiro foi a vez do presidente Ahmed Ha«san El-Chashmi.num atentado rocambolesco atn-

buído ao presidente do lemen doSul. Salém Robaye Ali . Chashmi

foi morto quando recebia um en-viado do presidente Robaye: haviauma bomba dissimulada na malado emissário, que morreu tambémao abrir a pasta, oue conteria umamensagem pessoal de Robaye paraChashmi.!VIenos de 48 horas lepoi»era a vez de Robaye. Ele teria tentado dar um golpe de Estado paraassumir sozinho o poder no pais,encerrando umn disputa oelo podeique já se desenrolava a algum tem*

So. Preso, julgado sumariamente,

.obaye foi executado imediamen-te, passando a ocupar o postei deChefe de Pastado »eu primeiro mi-nistro. o pró-sovietieo Ali NaneiMohammed.

A contenda interna entre os partidarios de Robaye'.-o<de Nasser Mcentrava principalmente em torno de dois pontos: como reunificaros dois Iemens e como transformar

^a atual Frente Nacional em um

^^^^^^lÊMEN DO NORTE

sudáo ( *^§tl,iMEN °° w^e-úm

\ (CONGO* /{ku^J

OUlNIA JÊ-s^aW-X ¦

partido \inico Robave que-lia atenuar a convicção de fe sócia-hsta do lemen do Sul, de modo a

facilitai ¦ integração do pais com o

Norte, profundamente religioso 0secretario da Frente Nacional deLibere ação. Abdel Fattah Ismail

o principal inimigo de Robaye -

queria "uma aliança reagrupando

a classe operaria, os camponeses e,intelectuais e a pequena burguesia

para a realização das tarefa* na-

cionais e democráticas indi«pensaveis a passagem do pais ao MH-ialis-mo" Para o futuro, as divergén-

ciai seriam ainda maiores: Robaye

ia havia se pronunciado contra a

constituição ile un partido de van-

guarda da classe operária que su-

cederia I Frente, argumentando

que 0 lemen e um pais profundamente muçulmano Também ou-

tra fonte dl divergência era a apro-xim.ição l"m "iitms países Ro-have insistia cada vez mais em se

afastar da URSS e se aproximar•nais iia China, doe países Ociden-lata e árabe», enquanto Ismail de-rendia incondicionalmente o ali-nhamento com a URSS. Ne semana atrasada. Robaye teria sido demitido dc suas funções no birô

político da Frente de LibertaçãoNacional ¦ se recusando a .osislir areunião do dia seguinte que ratifi-, ar.a »ua demissão. Em vez disso,teria ordenado a seus seguidoresfiéis qu* bombardeassem 0 localda reunião do Comitê Central daFrente

Coin Abdel Fattah Ismail e AliNa>ser Mohammed no poder, a po-ttçéo soviética tua consolidada naregião, depois de um susto

passa-ceiro para a URSS. Nos últimostempos, a diplomacia soviéticatem sofrido não so sustos, mas

também seriqs revezes na região:

foram expulso» da Somália, onde

perderam as facilidades portuáriasde.Berbera; ainda nos últimos

dias. 12 militaresirac|inanos foram

executados sob a acusação de rea-

lixarem pn*elitismo pro-sovieticojustamente o Iraque, que nos últi-me* 20 anos tem sido o mais fiel

aliado soviético no Oriente Médio.Agora, o Iraque pensa inclusive eradiversificar a compra de »eu» ar-mamentos (90f; dele era adquiridona URSS) optando pelos aviõesfranceses de combate e teriam sido

realizadas sondagens - diz o Fina-ciai Times - por aviões brasileirosde treinamento.

Mas não param ai os comprome-tidos com o complicado xadrez

poliiuo-militar da região. Comosempre, as agências de notícia jáafirmam que os cubanos participa-ram ativamente do contra-golpe

que levou ao fuzilamento de Ro-bave. Irã e Arábia Saudita, doisbastiões do anticomunismo que fi-

nanciaram a aventura «omalianano deserto de Ogadem, já deixa-ram ciam que não aceitam mudan-

ça.» no status quo da região, embo-ra não lhes desgotasse caso umamudança levasse a um retrr>cessoda experiência socialista do lemendo Sul. E. como todo mundo pare-cemeten bedelho sem. menor ceri-monta, umliem a China se meteunas intrigas da região nos últimosmeses. O primeiro vicf-ministmchinês de assuntos estrangeiros vi-»itou o Kuwait e o ministro do ex-terior ftt Oman foi convidado e re-cebido em Pequim - que deixa ago-ra de apoiar a Frente de LibertaçãoNacional do Oman. em troca deuma simpatia mais generalizadano Mundo Árabe. (FC)

FrancoPsicografado

O governo espanhol bauou um decreto na semana passada de formamuito parerida com os métodos doex ditador Franco instituindo a revelia do parlamento um pacote demedidas visando a acabar com 0 terrorismo no pais basco, no norte daEspanha A edição do pacote - quevinha encontrando forte oposiçãodos parlamentares bascos justamente por seu conteúdo, também considerado franquista - seguiu se unediatamente a um atentado contra ochefe de polícia de Bilt.ao As medidas permitem a detenção por trêsdias sem mandado judicial, autorizaa escuta telefônica e a abertura decorrespondência.

Por coincidência ou náo. a decisãodo governo veio logo após a definição do anteprojeto da nova ronstituiçáo que, segundo os bascos nãoconcede autonomia real às minoriasnacionais, negando lhes o direito dedeterminar suas políticas sobre aspectos básicos como a ordem publica• as questões jurídicas e fiscais

Embora outras minorias inclusiveos catalães. tenham aceito a novacarta, o descontentamento basco indica que a questão nacional não estásolucionada na Espanha e terá queser reprimida à la Franco

Uma "solução

política"para aEritréia?

Numa decisão inesperada e sur-

preendente fogo MMi o anunciooe uma nfenuiva militar etiope de»n mil homena . dois dos principai» movimentos de libertação enireu» decidiram dia 29 ultimo mi-riar negociações con a Etiópia*tsbrr a <ii/ii if queatáo ds auiono-mi* cia Eritréia Os doía grupos aio

¦ i Frente de Libertação da Eritréia-( *n»elho revolucionário (FLE-CR)t i Frente INmutai ds Libertação.ta Entreis iKIM.K)

K.»t.t da rial» I ile grande impor-làncta numa questão que vem provotando polémiesa e divisões nas|x>»n'õe» progressista» devido apresença de cubanos na Etiópialoi precedida de uma separação de-lí nil iva dentro da FLK e no aban-dono (xt parte da FIM.K desuaexi-Iténeia cia independência imediata,cm t ro. a de uma su|x>sta promessade Addi» Abeba de cotu eder uma"eventual autonomia*1 i Eritréia,

A» riuan trentesuniram se agoranum ( ornando Político Conjunto e,mudando »ua» declarações de ha

< cn a de um mes, desmentiram aexistência de cubanos ou soviéticoslutando ao lado disí etíopes. Ao

Riesmo tempo se declararam as u-nua» representantes dus eritreus,lai handu de "dissidente"

a facçãodo KI.K dirigida por Saleh SabiK»tc- re»pondcu. acusando a URSSde "arrasar n movimento eritreu",por ter spiúado Ahmed Nalser daN.K CR, que esteve recentementeem Moscou

A decisão da» frentes, que se alir-ma ler »iclo ,,btida com a mediação

• ia 1'KSS ¦ ds Cuba, pareceaproximar »e da posição cubanade»!a ultima aobre a Eritréia, quedefende uma Hiluçio política (enao -militar I para o conflito", exigindn n

'reconhecimento do povo

inircii numa Ktiopim unida". (FD)

Napo/eõesà solta

O governo francês parece cadavez mais tomado de um espírito na-poleõnico. se metendo em atritosnas mais diversas partes do mun-do. Depondo diante de uma comis-são de assuntos estrangeiros da As-»embléia Nacional da França, o mi-nistro do exterior teve de explicar oenvolvimento francês desdeo Líbano até a pequena ilha de Co-mores. No sul do Líbano, forçasfrancesas sob a bandeira da ONUestão ajudando a "restituir

a or-dem" no país - o que significará,p<*isivelmente, a passagem de posi-

ções militares para os reacionários

cristãos libaneses. Perguntandosobre a participação de mercená-

rios franceses no recente golpe de

Estado em Comores, o cnancelerdisse nada ter a declarar nem nadaa fazer (1). Confirmou, no ent anto.

que havia recebido "privadamen-

te" em Paris um doei o participar»-tes da junta golpista em meados de

junho. Confirmou também que aintervenção francesa no Zaire foi

Êarticularmente financiada pelos

atados Unidos e por uma miste-riosa fonte

"não africana". Jé no

Tchad, diz o ministo, a França estáajudando a

"estabilizar a situação

do país" - isto é, combatendo mili-tarmente a Frente de Libertação doTchad (Frolinat) e apoiando o regi-me impopular vingente. No Saara,os franceses estão novamente con-tribuindo apenas humanitariamen-te para defender a vida dos técnicos

ei rangi iro» que trabalham nas

explorações de fosfsto (2).Finalmente, o ministro também

confirmou que Jonas Savimbi -

chefe de Um grupo pró-ocidentalque atua em Angola-a UNITA - es-teve em Paris recentemente,utilizando-se de documentos falseie.O ministro alega que não teve ne-nhum contato com Savimbi.

(I) Entrevistado pelo jornal LeMonde, umm, n\)m da nova juntagolpista de Comores confirmou a

participação de mercenários fran*ceses na deposição do governo pro-gressi.sta anterior Sf gundo 0 en-

trevistado, um notório mercenário

francês. Bob [knard. so participados trabalhos do Diretório 1'oliticoMilitar que dirige o pais

"ocasio-

nalmente"2) Um porta voz da Frente de Li-bertaçác) do Saara I l'nlt*nrn. ad-vertiu o governo francês que todocidadão (ram rs capturado no Saa*

ra será julgado como Mttrrnori»,Adverte também outros países doterceiro mundo para que pensembem antes de convidarem técnicos

franceses ¦ que seriam uma "fonte

potencial de intervenção " futura

Sos Paises onde estão os franceses,comenta o porta voz. ba**>tti quehaja acidente de trânsito emnlven-do franceses para que a França m-tervenha"

A esquadrilhada fumaçana Europa

A(Vi dos soldados americanos es-tacionados na Europa fumam ma-conha. 9'' são viciados sérios e nf,

lio poliv alentes, isto é, tomam dro-

gas e bebem abusivamente. A in-formação e de dois congressistasamericanos que chamaram a aten-

ção do presidente Carter para oeefeitos desastrosos que isso teriasobre a capacidade de luta dos sol-dados.

Segundo eles, o fenômeno já tena

propjrções comparáveis ao mesmo

problema ^urgido durante a guerracontra o Vietnã, dando crimo indica-dor da gravidade da situação o fatode que cerca de

"dua9 divisões" es-tariam atualmente

"incapacitadas

pelo abuso das drogas". Os dois

congressistas disseram também

que Carter pareceu-lhes muito

preocupado com a gravidade do as-•unto,

Guerra de

desaforos na

Indochina

A troca de acusações espantosas

está na ordem do dia na Indochina:

no dia 25 passado, a rádio Phnom

Penh, do Camboja, acusou o Vietnã

e a CIA de terem tentado várias ve-

zes derrubar o governo do KmerVermelho, na mais detalhada aeu-sação feita até agora pelos cambo-ianos. Segundo a rádio PhnomPenh, o Partido Comunista doVietnã já teria tentado dar o golpeno Camboja em setembro de 1975,abril de 1976, em setembro de 1976,novamente em abril de 1977 e outravez em setembro de 1977 e, final-mente, uma derradeira tentativaem maio passado.

Respondendo ás acusações doCamboja, os vietnamitas pergun-tam

"em editorial do jornal Nhan

Dan: "Será

que as autoridadescambojanas ficaram loucas9". Dizo jornal vietnamita que

"o povo

vietnamita caiu na gargalhada aosaber das acusações

' e perdendo

em seguida o humor levanta a aeu-sação de que

"o Camboja tem uma

administração fascista, cuja politi-ca nacional é um genocídio"

A China que apoia o Camboja

na contenda, chegou praticamenteao rompimento de relações comHanoi a propósito do repatnamento dos cidadãos de origem chinesa

que viviam no Vietnã - que são

apontados em Hanoi como "capi-

talistas" - qualificativo que é sur-

preendente agora, uma vez queeram justamente os bairros chine-.»es de Saigon (Cholon) onde era

maior a resistência ao governo fantoche antes da libertação. A China

acusou o Vietnã de "conluio" com

Formosa por ter. aparentemente,entregado uma certa quantidade dechineses vietnamitas a Formosa

Finalmente, a Albânia resolveuentrar também na troca de desaforos. apoiando o Vietnã Trata-se deuma alteração na punição albanesa:antes, a Albânia advertia que

"ne-

nhum comunista deveria tomar

partido nessa contenda" (entreVietnã e Camboja), considerando-auma disputa puramente nacionalista, indigna de receber posiciona-mento dos partidoa marxistas lem-nistas Agora. 0

'/.en l Popultit em

editorial conclama "Os imperiaiis-tas a tirarem as patas do Vietnã"

povo que conseguiu uma "vitória

heróica" contra o imperialismo, edenuncia as pressões estrangeirassobre os povos da Indochina. L'manovidade que chamou a atenção devários correspondentes e a denún-cia feita contra as superpotências

que usam "slogans

falaciosos" mas

que na prática agem ao contrárioAcontece que os slogans enumera-dos são precisamente os preferidosda China:

"Liberdade e indepen-

dencia para os povos", "Fornece-

mos ajuda sem interesse", "Respei-

tamos os direitos das nações". Se-

gundo a Albânia, as superpotênciasabusam sem reserva desses slogans.Se for exato o que insinua a declaração, pela primeira vez a Albâniacoloca a China no mesmo plano das"potências imf>crialistas" ou seja, aURSS e ELA

14

Page 15: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

Fundador:

Hubert Beuve-Méry

Diretor:

Jocqoes Fauvet

ADIÇÃO BRASILEIRA-

5, Rua daa Italiana

75427 PARIS — Codo* 09

CCP 4207 — 23 Paris

O XI CONGRESSO DA LIGA COMUNISTA IUGOSLAVA

Fraternas divergênciasFoi um Congresso essencialmente de continuidade para a

"via iugoslava" e

l mais que nunca"

contra o "imperialismo

colonialista e o hegemonismo"

0 décimo primeiro Congresso da LigaComunista da Iugoslávia (LCI) terminou

seus trabalhos no dia 23 de junho em presença do marechal Tito. Um Comitê Cen-trai de 165 membros, dos quais 96 novos,

foi eleito.0 Congresso foi qualificado como o da

"continuidade" e da

"unidade". Nâo hou-

ve voz discordante e a linha geral seguidadesde 74 foi reafirmada. A autogestão con-

tinua sendo no plano interno a orientaçãofundamental. Considerada como o sistemamais apropriado de

"busca da democracia

no socialismo e do socialismo na democra-cia", ela deve se estender a todas ativida-des sociais.

0 Congresso tomou decisões relativasao desenvolvimento social e politico, à cul-tura. ás ciências e ao ensino, e seus res-

ponsâveis conclamados a se inspirar nateoria marxista. Outras decisões referem-se aos quadros, que deverão exprimir, em

sua política, o caráter de "classe"

e levar

em consideração as proporções fixadas

para a representação dos povos e das na-

cionalidades.O Congresso reconhece a existência de

contradições dentro da sociedade socialista, exprimindo-as pela fórmula do

"plura

lismo dos interesses da autogestão". Mas

esta fórmula distingue-se do pluralismopolítico dos países ocidentais e do

"mono-

litismo" dos paises da Europa Oriental.

A?* \%.' ÍMk.^ 1

LmW Wm\*Tm\l ¦^^4fi/' *\ ll^^K^v

Quanto ao próprio partido, deverá permanecer fiel ao centralismo democrático.Deve aceitar a

"crítica construtiva" como

legitima, mas embora tenha sido defendi-do das acusações de querer

"comandar", fi-

cou esclarecido que não renunciará, enquan-to que

"força de vanguarda da classe traba-

lhadora".

A resolução adotada com referência à

politica externa testemunha a adesãoda Iugoslávia ao movimento nâo-alinhado. As dificuldades atuais deste movimento são atribuídas às

"ingerências

externas" e às "pressões

dos blocos". Nes-se sentido, os paises não alinhados foramconclamados a se opor

"mais do que nun-

ca" ao "imperialismo

colonialista"e ao"hegemonismo",

decidindo seus conflitosatravés de meios pacíficos (1).

No que toca as posições da Liga em rela-ção ao movimento trabalhista internacio-nal, as decisões do Congresso não fizerammais que lembrar o que já havia dito na e-

poça do Kominform, e mais tarde reiteroudiversas vezes, sobre a independência dos

partidos comunistas. Não foi feita qual-quer referência ao internacionalismo so-cialista ou à solidariedade política entre osdiversos PCs, solidariedade consideradaem Belgrado como um equívoco...

Os comunistas iugoslavos se pronunciaram pelo diálogo entre os partidos irmáos,mas respeitando a igualdade dos direitos eo princípio de náo-ingerência. Proclamaram mais uma vez, diante dos delegadosdo conjunto dos partidos comunistas, comos quais estiveram tanto tempo em conflilo, que a existência de um modelo ou deum centro do socialismo é uma concepção

condenada pela história, acrescentando

que é precisamente na diversidade dasvias seguidas por uns e outros que reside oseu futuro.

O Congresso procedeu ^ modificaçãodos estatutos da Liga, decidindo inserirum parágrafo especial sobre a eleição do

presidente Tito a presidência da Liga"sem limitação da duração do mandato

",

isto é, por toda a vida

dl Embora não tenha enviado represen

tante a Belgrado, seguindo uma determi

nação geral tomada anteriormente, o PCC'Partido Comunista Chinês) pronunciou se

favoravelmente a política iugoslava denão alinhamento e os esforços feitos pelaLiga Comunista Iugoslava para

"salva

guardar a unidade dos não alinhados edos países em luta pela conquista e a defe

sa de independência nacional"

A mensagem do Partido Comunista Chinês, emitida logo após o término dos trabalhos do Congresso da LCU, saúda também a sua

"aplicação dos princípios do

marxismo leninismo". ressaltando que aLCU de fato

"desenvolveu um sistema so

cialista e de autogestão condizentes comas condições prevalecentes na lugoslávia". A nota é terminada com umafelicitação à LCU por

"sua luta firme contra o

imperialismo e o hegemonismo"

OS PENSAMENTOS DO PRESIDENTE TITO"O

No n líitono que apresentou no dia 20df junho .*') congresso da Liga dos comu

mstiis riíi Iugoslávia, o marechal Tito tralou dos s< )',iiint»'S itens:

Relações internacionais

0 processo da détente se depara com"grandes

dificuldades". Certos eventos

lembram a época da guerra fria. A políti-ca de força e de ingerência nos assuntos

internos de outros paises persiste.Procura se mesmo

"abusar" dos direitos

humanos para fazer deles um elemento de

confronto dos blocos. Há sempre o risco

de irromper uma guerra mundial, se bem

que pareça evidente que o mundo não

pode se organizar pela guerra. O presi-dente Tito dirige um apelo as grandes potências, particularmente aos Estados Uni-

dos e à União Soviética. Ele preconiza ofortalecimento das Nações Unidas.

A Iugoslávia, país socialista indepen-dente e não alinhado, é um

"fator agente

influente das relações internacionais".

Sua cooperação com os países socialistas

é "muito

desenvolvida e fecunda", o mes

mo ocorrendo com os paises ocidentais.

Ela considera particularmente importan-

tes as relações com os seus vizinhos. Os

acordos de (Kintn com a Itália reforça

ram a cooperação e a confiança entre os

dois paises. Com alguns outros vizinhos,

colocam se questões litigiosas, especial

mente no que se refere à posição das mi

nonas nacionais iugoslavas nestes países.Aludindo brevemente aos rumores sobre

os perigos a que a Iugoslávia estaria ex

posta depois de seu desaparecimento, o

presidente Tito declarou: "As

diversas^es

peculaçóes sobre o futuro da Iugosla'via

são absurdas. Fia permanecerá como as

nações e nacionalidades a construíram".

movimento operário não pode aceitar um modelo universal de socialismo"

Situação do movimento

operário internacional

O principio de igualdade de direitos

deve reger as relações entre os partidoscomunistas que só são responsáveis perante a classe operária e o povo. O movi-

mento operário náo pode aceitar um "mo-

delo universal". A experiência concreta

de um partido náo tem significação paratodos.

"As tentativas de impor sua expe-

riéncia aos outros nào contribui para o é-

xito da luta pelos interesses da classe ope-

rária nem para a afirmação do socialismo

como processo mundial". A Liga também

náo aprova mais as tendências a "institu

cionalizar" as relações dentro do movi-

mento operário e progressista. Ela rejeita

um "centro

dirigente". A colaboração en-

tre os comunistas, os socialistas e os de-

mocratas sociais "em

certas questões"' éde interesse da classe operária.

O não-alinhamento

Nos anos precedentes este movimento

teve grande sucesso porque era unido.

Hoje ele está se confrontando com dificuldades e provas. Seus adversários, que o

presidente Tito não nomeou, esforçam se

para destruir sua unidade de açào, exercendo pressões sobre determinados paísesnâo alinhados ou ingerindo se em seus as

suntos internos, a fim de "quebrar"'

o mo

vimento e de subordina lo à política dosblocos". E este também o sentido das ten

tativas feitas para dividi los em progressistas e conservadores.

No sul da África é preciso liquidar os

bluartes do colonialismo e abolir a discri

minaçáo racial. No "chifre

da Afnca, os

conflitos armados devem terminar edeve-se encontrar uma solução negociada

para as questões litigiosas "incluindo-se

aí a Eritrea sem intervenção nem ingerên-

cia estrangeira". No Oriente Próximo, a

crise é muito perigosa. Israel deve se reti

rar de todos os teritórios ocupados e os

palestinos obter seu Estado nacional.

Relações econômicas

internacionais

Num munod em que a interdependén-

cia é crescente, é indispensável criar um

novo sistema de trocas econômicas para

preencher o fosso que aumenta efitre os

países desenvolvidos e em vias de desen

volvimento. Todavia, os paises desenvol

vidos náo manifestaram uma vontade

politica suficiente para concorrer, ainda

que não muito seriamente, para a solução

dos problemas econômicos mundiais nem

para renunciar á sua posição privilegiadae aos seus maiores interesses.

A situação

econômica iugoslava

Foram realizados consideráveis progresos durante os últimos anos", mas odesenvolvimento econômico deve ser"mais

estável e mais harmonioso" e nós

devemos ordenar melhor as relações den

tro de nossa própria economia. O paisorientou se para as produções dependem

tes das exportações: neste domínio deve

se operar "uma

transformação". 0 setor

regional do comércio exterior deve ser ob

jeto de uma analise pormenorizada. Este

comércio, neste momento, se faz em grande parte com os mercados ocidentais

onde "nós

encontramos sempre com

preensáo suficiente ";

nosso déficit em re-lação aos principais parceiros é

"por as

sim dizer intolerável".

O sistema políticoiugoslavo

"Nem tudo funciona perfeitamente no

sistema político iugoslavo". Certas difi

cuidades se explicam pela falta de expe

riéncia, pela persistência das antigas praticas, pelo atraso ideológico de uma partedos trabalhadores. E preciso igualmente

levar em consideração a ação dos elemen

tos "tecnocratas

e burocráticos", por trás

dos quais se dissimulam "o

inimigo de

classe, diversos elementos nacionalistas,

dogmáticos e anti autogestão" Estes de

vem ser combatidos por um constante de

senvolvimento da democracia socialista

baseada na autogestão. Os trabalhadores

têm direito a uma "informação

objetiva .Mas a Liga, e mais particularmente os comunistas, na imprensa, no rádio e na te/e

visão devem se opor a todas as tentativas

de "abusar"

dos mass media para fins"anti

autogestão'

0 presidente Tito se estendeu sobre osistema de defesa popular generalizado ea auto proteção social. Fle disse: Nossasforças armadas estão dispostas mais do

que nunca a enfrentar qualquer agressáloeventual. Nossos órgãos de segurançafrustraram todos os ataques de nossos inimigos, internos e externos". Finalmente,ele insistiu sobre a importância do ensinamento do marxismo, especialmente nasescolas, e sobre a necessidade de mantero centralismo democrático" que sera nofuturo

"o principal fundamento das rela

ções dentro da organização e de toda aüvidade da Liga"

MOVIMKNTO - 3/7/78

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£t~ifl*nitUM RELATÓRIO DA ANISTIA INTERNACIONAL SOBRE O URUGUAI

A tortura como forma de governoAo lado dos métodos"clássicos",é cada vez maior no Uruguai o usode médicos, psicólogos e psiquiatras

para tornar a tortura mais "eficaz" e sem marcas

Claire Brlfaet

De.de o golpe militar de 1973.noUru

mai a tortura é utilizada como forma oe

^•rí^^lortur.. lá «tü^dajOo mjw

ftlinpas" a "científicas"

qa* na Anentins

*m7Sm*Í*> * * V ******* ¦Aiitíal*ura-danaT qve organizou um re-atòrio do-

primenta sob o título "Psiquiatria, mediei-

na a *-"

Há alguns anos, a situação era seme-

lhante à da Argentina de hoje. desapareci-

mentos, sequestros, torturas clássicas,

mortes inexplicáveis. Agora, a tortura se

tornou tâo eficaz que poucas vozes chegam

ao mundo exterior para denunciar o sofri

mento dos presos uruguaios. Segundo da-

dos fornecidos pelo Comitê de Defesa dos

Presos Políticos, a partir de 1972 mais de

40 mil pessoas passaram pelas prisões e

campos de concentração do Uruguai. Em

cada cem habitantes, um já foi torturado,

num país de pouco menos de 3 milhões de

habitantes, onde existem sete mil presos

políticos - uma percentagem muito mais

alta até que a do Chile.

0 Comitê de Defesa e a Anistia Interna

cional lembraram de início as formas"clássicas" de tortura às quais os militares

uruguaios recorrem sistematicamente. En-

tre elas, as seguintes:

a "0 Plantão": o prisioneiro ou a prisio

neira - deve ficar de pé, sem beber, sem co

mer nem se mexer durante horas e até dias.

Quando lhes faltam forças, eles caem. Eles

são então levantados pelos cabelos e bati-

dos. Esse "tratamento"

produz principalmente inflamações e edemas nas pernas,perda dos sentidos, e às vezes delírios.

m "Telefone": Aplica se em cada orelha

do preso um fio elétrico. 0 torturador faz

passar a corrente ao meamo tempo em quedesfere cacetadas na altura das orelhas. O

resultado mais comum é a perfuração dostímpanos.

o "Eletricidade": os prisioneiros sào

amarrados a uma mesa de ferro, nus emolhados Aplica se-lhes uma corrente quepode chegar a 200 volts, de preferência nas

part*?s mais sensíveis: gengivas, cáries dentárias, lábios, olhos, órgãos genitais. Essalortura pode produzir, além de queimaduras graves, paradas cardíacas.

o "Submarino": mergulha se a cabeça

dos prisioneiros em um recipiente cheio deágua. de sangue e de fezes dos torturados.Quando o prisioneiro bebe bastante água, omédico ou a enfermeira do exército o reanima para evitar que morra. Existem duasvariantes desse método que pode provo-car principalmente enfarte e asfixia o submarino

"português" (a água do recipiente é

eletrificada) e o submarino "seco"

(a cabe

ça do torturado é coberta com uma sacola

ai 31 m^^^jjl^l*_\m\*s*****^^

de poheüleno até que ele fique asfixiado. As

vezes introduz se gaz no capuz).o "Cavalete": o prisioneiro é colocado

nu, sentado em uma barra de ferro, sem po-der tocar no chão, com os braços amarra-

dos um no outro. 0 cavalete é balançado

violentamente durante horas, o que provo-ca a dilaceração da zona genital e dá a sen-

sação de que se está sendo cerrado em

dois..."Bandeira": amarra-se o prisioneiro

pelos punhos, pelo polegar, ou pelos torno-zelos, sem que ele possa tocar no chão.

Bate se nele. Esse suplício pode durar vá-

rios dias."Pau de Arara": o prisioneiroé suspen

so pelos joelhos em uma barra de ferro,

com as mãos e os tornozelos amarrados, de

cabeça para baixo. Pouco a pouco seu cor-

po fica arroxeado. Ao fim de algumas horas

ele perde os sentidos.Mas a originalidade dos militares uru-

guaios está em nâo se contentarem com os

métodos clássicos. Eles buscam manter,

aos olhos da opinião pública internacional,

uma certa imagem"democratica" do Uru-

guai. Recorreram então cada vez mais aos

serviços" de médico* e de psicólogos, e os

uruguaios atualmente são especialistas na

arte da tortura psicológica. Segundo o rela-

tório do Comitê de Defesa, "todas as atitu-

des que o torturador deve tomar em rela-

ção à sua vítima sào indicadas por psicólogose psiquiatras"

Em primeiro lugar os torturadores recor-rem a algumas técnicas garantidas de

desmoralização": eles impõem sistemati-camente aos prisioneiros o uso do capuz

desde os momentos que se seguem à prisão,o que prolonga a situação de insegurança.Eles raspam a cabeça de todos os presos, o

que aumenta a sensação de despersonaliza-çáo. da mesma forma que a "numeração"

• o prisioneiro perde sua identidade. HÉ todoum sistema d e sanções, são previstas sessõesde cinema ou de esporte só para serem su-

primidas. Quanto às visitas dos parentes,elas sâo organizadas - quando nio sáo proi-bidas - de forma a aumentar a desmorali-zação do preso. Ele só pode ver sua familia

(uma pessoa de cada vez)através de um vi-

dro, e só pode falar por telefone. As conver-

sas são gravadas e ás vezes submetidas aos

psiquiatras da prisão que dessa forma po-dem

"acompanhar" o estado psicológico do

preso. Uma técnica clássica consiste na di-

fusão maciça de informações mentirosassobre a situação nacional ou internacional.

A tudo isso acrescentaram técnicas mais

sofisticadas como a audição obrigatóriados gritos de tortura. Trata-se de fazer com

que um preso reviva suas sessões de tortu

ra fazendo-o ouvir seus próprios gritos , ou

de fazê-lo tomar consciência prévia do

martirio ao qual será submetido. Carcerei-

ros e médicos desenvolveram também téc•nicas de privação sensorial, foram cons-

truldas câmaras de isolamento (islãs) total-

mente fechadas, sem janelas nem ventila-

ção. Os presos podem ficar nelas de um a

seis dias, até que percam a noção do tem-

po. Além disso os prisioneiros podem ser

privados do sono, acordados toda vez queadormecem, de forma a provocar alucina-

ções.Mas os métodos mais

"refinados" consis-

tem na utilização de drogas nas própriassessões de tortura ou a qualquer momento

(as drogas sâo muitas vezes misturadas na

comida ou na bebida). Os psicotrópicosmais utilizados são:

• 0 curare e seus dirivados com o taqui-

flaxil. A utilização do curare provocauma paralisia progressiva dos músculos,

inclusive os do sistema respiratório. Quan

do o preso está ameaçado de asfixia o mé-

dico o reanima para que a sessão possacontinuar. 0 taquiflaxil tem um efeito se-

melhante. Segundo o Comitê de Defesa, sob

o efeito dele o preso "torna-se um especta-

dor consciente de suá própria agonia.Total-

mente impotente, ele sente e vê os seus

membros se enrijecerem. Seus dedos, suas

mãos", suas pernas, seus othoe. seus lábios,

sua língua se paralisam. Ele saliva abun-

dantemente, a temperatura baixa, ele tem

fortíssimas dores de cabeça. Quando os

pulmões sáo atingidos, o médico intervém

passando lhe a máscara de oxigênio".• O Pentotal. Ele é utilizado justamente

em combinação com o curare o taquiflaxil.

Com efeito, seu uso provoca uma distensão

eufórica que se segue â asfixia. O preso não

controla mais o que diz. Contudo, os resul-

tados desse "soro da verdade" devem ter

sido insatisfatórios, pois eles eáo cada vezmenos utilizados.

• O Haloperidol, por sua vez, é muito uti-

lizado. Em altas doses ele provoca distúr

bios semelhantes aos da doença de Parkin-

son.

Finalmente, os torturadores uruguaios

recorrem â violência sexual, método clássi-

co que é utilizado contra homens e mulhe-res. Eles praticam também a tortura de pa-rentes próximos (pai, mãe, filhos, irmãos e

irmãs), na presença do preso, tornando-o"responsável". Os médicos, psiquiatras e

psicólogos torturadores estimularam o em-

prego de torturas múltiplas e simultâneas, a

fim de evitar a morte do detento. Com efei-

to, o relatório do Comitê diz: "provocando

vários tipos de dores diferentes consegue-

se distrair a atenção da vitima, o que fazcom que possa resistir mais, ao passo queuma mesma dor sentida de forma continua,

pode levar á morte".De modo geral, os técnicos da

"contra-

guerrilha" no Uruguai interessaram-semuito pelos recursos da neurofisiologia, da

psiquiatria e da farmacologia. Paralela-

mente, eles se empenhavam em desmente

lar os serviços de saúde que, organizados

de forma muito "social"sob o regime demo-

crático anterior, tinham tendências "popu-

lares" que nâo lhes eram convenientes. As-

sim, os profissionais da saúde forneceram

aos militares, desde a tomada do poder porestes, grandes contingentes de vitimas.

Dessa meneira a situação sanitária se de

gradou progressivamente desde vários anos

atrás, de uma forma que está sendo copia

da pelos militares argentinos. Mas certo

número de "experts",

médicos e psicólogoscolaboradores, foram recrutados pelas au-

toridades o que foi o bastante para esse ex

traordinário desenvolvimento da "tortura

limpa".Por que a integração de médicos ás equi-

pes de torturadores chegou a assumir tais

proporções? O professor S. Tomkiewicz, faz

as seguintes observações a esse respeito: "a

participação dos peritos, dos técnicos, dos

práticos altamente qualificados na luta

política e na repressão permite sofisticar e

aumentar a eficácia técnica e prática dessa

repressão. Ao mesmo tempo, ela fornece

armas ideológicas ao poder (...). Assim, os

pesquisadores que sustentam teorias de

desvios biológicos permitem "biologizar" a

luta política contra o poder; permite afir

mar que toda pessoa que se opõe ao Estado

é doente, biologicamente anormal ou in

trinsecamente perversa..."

! Que é El Infierno? Pra começar, um lu

gar que ainda não foi localizado. Compa-rando oo***» anotações e nossas conver-sa* ema outro» companheiro», chegamosá conclusão que existem pelo menos trésou quatro

"infernos". A tortura é pratica-da em casas particulares, nas prisões, emedifícios burocráticos, mas El Infierno éum lugar concebido unicamente comocentro de torturas (...). Meu número eracento e pouco. Um «lia fiquei aterrorizadoao ouvir chamar o número 345 (...).

No terceiro dia vieram até minha ca-

deira sem terem gritado meu número eme fizeram subir uma escada junto à pa-rede. Os degraus de tijolos amarelos erambastante gastos. Foi meu primeiro inteiro

gatório na sala de torturas. Eles iam "in

terrogar" um homem e eu tinha que assis-

tir para saber o que estava reservado

para mim. "Se você não falar vamos fazer

o mesmo com você, está ouvindo?"Eu sabia quem era o preso e o que eles

queriam dele. Sabia também que ele não

O inferno'El Infierno, no Uruguai, onde os presos são usados

como cobaias nos cursos de formação de torturadores,

segundo a Anistia Internacional

ia falar. Ele estava caldo no chão, gemen-do. Na noite anterior tinha sido suspenso

pelos braças e tinha tido "quebrado".

"Quebrar" podia significar qualquer coi-

sa. Ele podia ter sofrido aplicação de cho-

quês elétricos nos órgãos genitais ou emoutras zonas sensíveis, ou talvez tivessesido moldo de pancadas. Quando vocêdesmaia você é submetido ao

"submari-

no", isto é, mergulham sua cabeça numbalde de metal cheio de fezes, urina e á-

gua. O fedor é insuportável. Ele me contoutudo isso e outras coisas mais alguns me-ses mais tarde quando foi autorizado a

sentar no chão e a falar de vez em quan-do. Na verdade ele náo contou tudo, comotodos fazíamos. Nós náo tínhamos cora-

gem de revelar as coisas piores, as mais

humilhantes e as mais dolorosas. Dia

após dia, noite após noite, eles me tortu-raram dessa forma, e isso durante sessen-ta e trés dias. Sua força moral e física foi

tão grande que, quando foi transferido doInfierno ele foi utilizado como cobaia

em experiências. Um oficial, acompanha-do de alunos que deveriam ter aulas de"trabalhos

práticos", cuidava dele. El

Flaco (o magro) era a cobaia. O oficial co-meçava por mostrar as partes mais sensi-veis do corpo ás descargas elétricas (ór-

gáos genitais, rosto, axilas). Os alunos de-viam então se exercitar e aprender assima forma mais conveniente sem levar emconsideração o fato de que El Flaco podiasucumbir a qualquer momento. (...)

Eles nos torturaram durante todo o dia.

Eles pegavam as pessoas em grupos de.

trés ou quatro. Eles as levavam de volta

arrastando a» e as jogavam literalmente

no chão ou, se o prisioneiro estava am es-

tado muito grave, num colchão. Muitos

nem sequer gemiam mais, estavam desfa-tecidos. Os que ainda não tinham passadopelo suplício, como eu, morriam de medo.De tempos em tempos alguém emitia umfraco gemido. A companheira ficou solu-

çando um dia inteiro. Eles a tiraram da láao anoitecer. Pude ouvir um grito distante. Seus gritos eram cada ves mais fortes.Ela gritava de terror. Era uma mulher e amãe.

Eu a conhecia bastante. Ela estáagora na prisão de Punta de Rieles. Subi-Lamente, tudo parou. Eles pararam detorturar. Alguém correu. Houve cochi-cbos. A tortura havia cessado e os gritostambém. Passaram-se alguns instantes.Ouviu-se o ruído de um motor dando a

partida, afastando se e desaparecendo nadistância. Alguém tinha morrido. (...)

16 *:',-•¦- ii.itarnrfOM

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\£t iOenitlFEMINISMO

A proletária do proletárioTodo homem, se for oprimido,

encontrara alguém para oprimir e este alguém é sua mulher.

Ela é a proletária do proletário

Dominique Desanti

Feminismo e comunismo? Ou melhor:

feminismo dentro do comunismo? Entre os

dois movimentos, a tensão é muito antiga.

Antes de Marx. o.s socialistas utópi

cos" saint simonianos outorgavam uma

igualdade de origem aos dois sexos... mas

sem acreditar na possibilidade de dar "de

repente" direitos políticos às mulheres.

Fourier foi o primeiro a ver na mulher "o

futuro do homem", mas seus discípulos

acolheram Flora Tristan com uma reticên

cia extrema, Porque se ela convidava to

das as mulheres, incluindo as burguesas, a

lutar com os mais oprimidos, isto é. com

os trabalhadores (operários), ela também

as convidava para lutar dentro do comba

tt operário, pelos seus direitos Todo ho

mem, se for oprimido, encontra alguém

para oprimir, e este alguém é a sua mu

lher: ela I a proletária do proletário".Não fali; mos dos anarquistas

Proudhon, tendo dividido as mulheres en

tre "donas

de casa e cortesàs", levou os

militantes da anarquia a tentar fazer es

quecer seu sexo.

Não esqueçamos que em 1849, os advo

gados dos seus camaradas pediram aos

dois fundadores da primeira associação

docente, Pauline Roland e J^anne Deroin,

para náo tomarem a sua posição uma con

dição social como agitar a opinião dos re

publicanos a favor deste primeiro sindica

to, se ele era uma obra de mulheres"? O

mais estranho é elas terem aceitado o fato

e terem se deixado condenar como mili

tantes de base

Marx e Engels supuseram a igualdade

absoluta dos sexos, de início, a família se

ria bolida na sociedade futura Mas é ne

cessário antes, mudar a sociedade; quantoaos direitos específicos, eles senam exa

minados depois e instituídos náo brusca

mente: o homem novo iria, nessa confu

são, abolir o velho homem...

Quando Rosa Luxemburgo começou seu

combate no interior da II* Internacional,

ela rapidamente compreendeu, aceitou e

manteve este ponto de vista Quer fosse o

Bund judeu, 0 partido da Polônia e Lituâ

nia, reivindicando a independência nacio

nal, ou o feminismo, estas eram reivindi

cações "específicas

a serem discutidas

mais tarde Antes, a Revolução. Contudo,

as suas cartas mostram uma Rosa muito

consciente da dificuldade de se fazer acei

tar, ela, mulher, de se fazer ouvir como

teórica. Lênin, seu velho adversário da

Internacional, quando ela foi assassinada,

encontrou, para sua laudaçáo fúnebre,

uma comparação que fez a alegria dos psicanalistas: ela havia se enganado? Bem,

mas "Um

condor pode voar tão baixo

quanto uma galinha, mas uma galinhanáo pode voar tão alto quanto um con

dor". Rosa era "Um"

condor: a virilização

provava que ele a reabilitava. Rosa quezombava afetuosamente de sua amiga

Clara Zetkine, dirigente das mulheres so

cialistas: "Você

certamente fará a Revolu

çáo graças às suas mulheres" teria ela

conhecimentos, ela, a inflamada, desta es

tranha homenagem?

Quando Paul e Laura Lafargue, militan

tes da II* Internacional e do partido sócia

lista francês, se suicidaram em 1911 em

Paris, por estarem velhos e doentes e por

náo "pesarem"

mais no partido, Lénin

pronunciou ao Pai Lachase o seu elogio.

Todo o seu discurso é consagrado a Paul:

de Laura ele diz apenas que, filha de Karl

Marx, ela foi digna companheira e colabo-

radora ue seu marido. Ora. os Lafargue

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I Isi IBfl

sempre rnilitaram juntos, e ela. sem dúvi-

da, o fez na mesma medida que ele

Foi em Paris que Lénin conheceu Ines

Armand, militante bolchevique de origem

franco inglesa E.es se uniram - apesar

de, ainda hoje, singularmente, guardarmos silêncio sobre o assunto - devido a

um amor muito romântico. Ines

representou o em vários congressos e as

sembléias da Internacional. Durante a

guerra, na Suíça, ela teve um papel muito

importante mas sempre nos bastidores.

As vezes, ela nâo partilhava dos pontos de

vista de Ilich apenas testemunhos isola

dos sabiam disso Ela quis, durante anos,

em Paris, com Krupskaia, esposa oficial de

Lênin, publicar um jornal para as mulhe

res russas emigradas 0 grupo bolchevi

que opôs se a isso por muito tempo- porque as mulheres não podiam ler os jornaisbolcheviques. que eram feitos para seremlidos por todos? Enfim RABOTNITZ (ATrabalhadora) foi publicado: deficitário,

não foi subvencionado por muito tempo

pelos emigrados

Ines Armand fez o plano de um livro

sobre a condição feminina. Aí, ela opo»- s

livre união proletána baseada no amor ao

casamento burguês sem amor", ou protituição legalizada Lênin levanta o<

ombros e a sobrancelha por que a união

livre? Por que não "um

casamento proletário com amor?" Em resumo, porq;;*-chocar a opinião? Um dia, bem entendida

não haverá mais nem familia, nem Esta

do Enquanto se esperava por isso, o me

lhor era reforçar tanto um como o outro.I

nes Armand nunca chegou a publicar seu

livro leia morreu de cólera, na URSS em

1922,

Para Ciara Zetkini - que tomou partidoao lado dos bolcheviques, Lênin. depois

dos anos 20, escreveu uma carta famosa

A que serviam estas discussões sobre !;

herdade sexual? Por que um folheto a ess*'

respeito Iredigido em Viena por Ruth Eis

cher, futura e fugaz dirigente do partidoalemão)? Reduzir o ato de amor a um copo

de água que engolimos rapidamente

Nossa juventude está literalmente impa

ciente A carta e outros testemunhos de

monstram que para Lênin. cada pessoadispõe de um certo potencial de energia

aquela parte que gastamos no amor. tira

mos da Revolução iRobespierre era da

mesma opiniáol.

O feminismo sempre pareceu suspeito

porque eie sustem.onginariamente, a no

ção de que a divisáo em classes sociais

náo expnme tudo sobre a opressão. Raças

culturas étnicas, feminismo: é como se es

ses movimentos contivessem uma ameaça

contra a supremacia do combate socialis

ta. Isto. partindo do ponto que o socialis

mo é um conceito por demais violento

para admitir a coexistência de outras rei

vindicaçôes globais, em nome das desi

gualdades que ultrapassariam a luta pela

propriedade

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Quando Alexandra Kollontai a Vênus

vermelha dos bolcheviques quis proporuma espécie de constituição da condiçãr

feminina, incluindo a liberdade sexua:

fizemo !a compreender que a hora paraisso

"ainda náo havia chegado Em 1921

quando ela apresenta sua plataforma peiaOposição trabalhista, fica em minoria E

para afasta la cios órgàos de decisão, nos

ihe prometemos ela se tornaria a primeira mulher embaixadora (nos países escan

dmavos). Com a sua derrota, o feminismo

enfraqueceu se no partido bolchevique

Todavia, na tradição revplucionârid

russa, aquela dos niilistas, as mulheres as

sumiram, proporcionalmente o mesmo

número de atentados, suportaram tantas< ondenaçôes à morte e â detenção quantoseus camaradas

Hoje em dia. na URSS se a lei ja garantiu a igualdade de direitos para os dois s»1

xos, o feminismo, como reivindicação giobai, não é mais aceito do que a contesta

çào sindical As mulheres soviéticas raramente uJ tra passam os escalões médios das

profissões (majoritárias no ensino e na

medicina, poucas chegam à direção de hos

pitais e ao grau de professor titular nas

universidades) Quanto à direção do partido

Depois de 10 anos, nos países do Oci

dente, o feminismo, incontestavelmenteinfluenciou a opinião pública.Os partidos quese proclamam marxistas, ou simplesmente

da esquerda, além das lutas pela igualdade

de salário e de leis, reconheceram a reivindi

cação feminina em conjunto, o desejo das

mulheres de mudar seu papel social Conside

rando o feminismo "pequeno

burguês o

Partido Comunista Francês volta assim á

atitude clássica A mulher deve ser um mi

litante. assim como o homem A especificida

de fundamental? Vale mais considera la no

dia a dia, passo a passo, direito por direito E

quanto ao resto veremos...

MOVIMENTO - 3/7/78 17

Page 18: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

CulturaTEATRO

Do jeito operárioUm teatro simples e direto, aue fala da vida,

do trabalho e da luta do operário

Otávio lannnl

A

assembléia de operários me-

talúrgicos realizada no dia 23 de

junho de 1978, em São Paulo,

um operário fez a seguinte afirmação:"Não há democracia onde há ditadura

do patrão, da máquina e do sindicato

pelego". Essa afirmação sintetiza uma

*.isão política completa da condição

operária, uma visão política de classe.

Ela mostra como o operário tem clareza

! sobre os seus problemas e o modo de¦ resolvê-los: destruir a ditadura do pa-

trão, máquina e pelego, que são partes. da mesma engrenagem. Fazem parte da

! mesma estrutura de exploração econô-1

mica e dominação política que tomou

conta do País em 1964-78.

Essa colocação do operário metalúr-

gico permite muita discussão. Mas aqui,

agora, quero apenas discutir o proble-ma do sindicato pelego. E somente do

jeito que ele foi apresentado na peça O

Eníiana-Trouxa Tá Caindo. Esse texto foi

escrito por Tim Urbinati, com base em

entrevistas realizadas por ele com ope-

rários. Em seguida, à medida que foi sen-

do ensaiado, o escrito foi também sen-

do recriado pelos próprios operários

que trabalharam como atores. Inclusive

a encenação recriou-se com a contri-

buição dos operários-atores. Tanto as-

sim que resultou um trabalho coletivo,

o produto do trabalho coletivo, como

condição e momento do processo poli-

tico de criação artística. Há muita ma-

neira e jeito de começar a quebrar a di-

ladura do patrão, da máquina e do sin-dicato pelego. Pode-se começar pelo

peleguismo.

O Teatro: uma forma

de luta contra o

peleguismo( Ll >1

São principalmente três os aspectos

da peça que a tornam uma experiênci?

fundamental de teatro operário.

Primeiro, ela trabalha diretamente

um problema da vida operária. A peçacoloca diretamente a questãodo pele-

guismo no sindicato brasileiro dos anos

1964-78. Mostra como a burocracia sin-

dical, atrelada ao governo e a serviço

do patrão, não atende aos interesses dc

operário. Ao contrário, o operário apa-

rece ali, para a diretoria pelega. como

massa que precisa ser controlada, para

que o peleguismo tenha a proteção e a

cumplicidade do governo e do patrão.A nistória é simples, direta, cotidiana.

O operário metalúrgico Antônio é des-

pedido da fábrica, sem explicações.

Surpreende a mulher e a filha cheçan-

do em casa antes da hora, aborrecido,

irritado. Em seguida o seu companheiro

João vem buscá-lo para discutir o as-

sunto. Mas não vão discuti-lo na comis-

são de fábrica; seguem para o sindica-

to. Apesar do pessimismo de todos

sobre o sindicato pelego, decidem ii

até lá. Mas a diretoria está em festa,

inaugurando um busto do presidentedo sindicato, como homenagem que

ele se presta a si mesmo, pelos serviços

prestados à classe. "Estamos sempre a

reboque, mas os operários vamos con-

trolar . O presidente não quer inter-

romper a festa e enfrentar o problemade um operário. Depois de sentir a

pressão dos companheiros de Antônio,

mobilizados por )oão e pela comissão

da fábrica, o presidente do sindicato

diz que falará diretamente com o pa-trão e resolverá o assunto. Mas os ope-

rários não aceitam essa solução pater-nalista e pelega, na qual o presidenteresolve a questão como um problema

pessoal, de favor, individualizado. Exi-

gem que a diretoria do sindicato trans-

Forme a festa do busto numa as-

sembléia sindical. O presidente resiste

á idéia de acabar com a festa e exami-

nar o problema de um operário. Então

os operários propõem destituir a dire-

toria do sindicato para aue uma nova

diretoria examine o problema de Antô-

nio. A proposta vence de forma esma-

gadora. No mesmo instante, os líderes

surgidos na assembléia, durante o de-

bate, assumem a direção do sindicato e

passam a tratar do problema da demis-

são de Antônio, como um problemafundamental do sindicato dos metalúr-

ãicos. O peleguismo se esfarela diante

a ação conjugada dos operários cons-

cientes dos próprios interesses; cons-

cientes dos interesses adversos do pa-trão e do jeito oportunista e anti-operá-

rio da diretoria pelega.Segundo, a peça está construída de

tal modo que a história de Antônio pa-rece uma nistória sem importância, sem

novidade, comum. Não tem grandeporquê. Um operário demitido sem ex-

plicação, como muitos outros, inúme-

ros, nas fábricas de São Paulo e do Bra-

sil. Não parece um caso importante. E

uma realidade demais de comum, coti-

diana. Desimportante.

Só que parece imaginação. Do jeito

que está contada, ela parece fantasia.

Que nem teatro, no teatro. Aquilo ali é

meio verdade, meio invenção. E assim e

não é bem assim. A raiva e a inseguran-

ça estão muito poucas, comparadas

com as de verdade. Na realidade o

medo de perder o emprego - ainda

mais perdido - é grande.

"Foi só a gente se

unir, discutir, praresolver a questão"

Mas de repente a coisa muda. Aquela

história ali na frente, no palco que não

é bem palco, sai de lá e se mistura com

a gente. A gente é levado no meio da

história. E tem que tomar decisão: ou a

favor ou contra Antônio, o João, a co-

missão de fábrica ou a diretoria pelega.Não tem jeito.

Aquela fantasia mexeu

com a assistência, os outros operários,

todos os operários. Por isso é aue a as-

sembléia derruba a diretoria pelega. De

repente, a coisa muda. Aquela fantasia

é muita verdade verdadeira. E o proble-ma comum, desimportante, que ficou

importante, grande,desmedido. Parecia

um nada e ficou o principal, demais, de

todos. É isso ai. Aquele caso do Antônio

de repente derrubou a diretoria pele-

ga; os operários transformaram o sindi-

cato numa coisa que presta. Da gente.Parece até milagre. Mas pensando bem,

é o que a gente sempre quis. Não fez

antes porque não se mexia, tinha pre-guiça, medo, não sei. Foi só a gente se

unir, discutir, para resolver a questão. A

força do pelego foi para o cnão; sem

nem a gente bater. Foi só assoprar.

Terceiro, tem a fala da gente. Tudo o

que se diz na peça se diz do jeito certo

do operário. Não tem senão. E como é,

tem que ser, justo, direto, sem frescura

de fala. Falou está falado, dito, rédito, E

teatro mas não é teatro para os outros,

para distrair o patrão, seu funcionário,

capanga, intelecto ou não. E tudo fala-

do direto, direito, reto. Por isso é que o

operário entende; o que está lá na

frente e o que está escutando. Por isso

é que os operários que estão vendo e

escutando acabam se mexendo, com-

batendo, pelejando. Tanto assim que a

diretoria pelega cai de susto,numas-

soprão. Não precisa nem combater

combate combatido, de força. Tudo

isso fica facilidade, correto, certo, por-

que o teatro é o teatro da vida operária.

Enfrenta os problemas do operário de

frente, sem conversa, do jeito operário.

O teatro operário começa de modo

convincente quando trabalha direta-

mente um problema da vida operária.

Esse problema pode ser "fundamental"

ou "secundário", mas não deixa de ser

importante a preliminar de que, para

fazer um teatro operário de qualidade,

pode ser básico começar pela própria

vida do operário. A carestia, o terreno

«landestino, a (ondução, a falta de es-

( ola para os filhos, a doença, o acidente

de trabalho, o orçamento minguado, O

filho extraviado, O trabalho do dia. da

noite, extra, na tarefa, a fábrie a, o sindi-

(ato, o partido e outros, muitos são os

problemas nos quais se desdobra a vida

operária.

Mas a vida operária não se acaba na

vida operária. Ela vai-e-vem, abarcando

O operário e o patrão, 0 porteiro e o ca-

pata/, os ( ompanheiros e os policiais, o

salário e a produção.

O teatro operário pode ganhar um

significado político especial quando ele

trabalha a vida operária, ou um aspecto

dessa vida,realizandoduas coisas. Uma,

ajudar o operário a compreender a sua

situação, a sua condição de operário,

pelo conhecimento e confronto da sua

situação com a dos outros companhei-

ros: na mesma fábrica, no mesmo setor

e nos outros setores, na cidade e no

campo, no geral. E aí que o operário

tem mais ciência dos seus problemas,sem ficar misturando coisasque são de

operário com coisas que não são; que

vem de contrabando, pelo sindicato

pelego ou pelos intelectos do patrão.Outra, o teatro pode ganhar um signifi-

cado político especial se ajudar o ope-

rário a compreender o jeito e a maneira

de lutar para mudar a situação. Para is-

so, ele pode ajudar o operário a com-

preender, por exemplo, qual é a rela-

ção, a desproporção ou o despropósito

entre o que o operário ganha de salário

e o que ele produz de produção. O se-

gredo da situação operária, da sua ex-

ploracão, começa a ser compreendida

quando o operário compreende, direi-

to, direto, que entre o seu ganho e a

sua produção tem um despropósito de

diferença, que fica com o patrão.

Para compreender tudo isso, tudo

junto, o operário faz o que está fazen-

do: forma a comissão de fábrica, derru-

ba a diretoria pelega do sindicato, faz a

greve e conversa com o patrão

de igual

para igual; sem medo da policia nem

do governo." O patrão entende a gente

quando as máquinas estão paradas".

POESIA POPULAR

Patativa quero povo

livre

e independente

"Cante lá que *-u canto cá" é o títu-lo do novo livro do poeta popular Pata-tiva do Assaré, um dos mais conheci-dos em todo o Nordeste Poemas anti-

£os e novos foram reunidos e organi-zados pelo seu amigo Plácido Cidade,

que também prefaciou o livro, editado

pela Vozes, em cooperação com a Fun-

dação Padre Ibiapina e InstitutoCuItU*ral do Cariri. De acordo com Plácido, os

poemas de Patativa "oferecem

incom-

parável contribuição ao estudioso de

problemas humanos que pretendauma abordagem compreensiva da rea-

Iidade do sertão nordestino".

WÊm Ja "\_tJk^^^____^4_________\\\\\\\\_\

EU QUERO (Patativa do Assaré)

I

O poema "Ru

Quero", que publica-mos abaixo, e «.-ue foi recitado espe-

«ialmente para Movimento, em Forta-leza, pelo próprio Patativa, é uma das

melhores definições de seu projeto

para o povo, que aprendeu a amar no

cotidiano sofrido e em cada linha de

seus versos:

Quero um chefe brasileiro

Fiel, firme e justiceiroCapaz de nos proteger,Que do campo até a rua

O povo também possuaO direito de viver.

II

Quero paz e liberdade

Sossego e fraternidadeNa nossa pátria

natal,

Desde a cidade ao deserto

Quero o operário liberto

Da exploração patronal.lll

Quero ver do Sul ao Norte

O nosso cabloco forte

Trocar a casa de palhaPor confortável guarida,Quero a terra divididaPara quem nela trabalha.

¦V

Eu quero o agregado isento

Do terrível sofrimento

Do maldito cativeiro,

Quero ver o meu paisRico, ditoso e feliz

Livre do jugo estrangeiro.

V

A bem do nosso progresso

Quero o apoio do congresso

Sobre uma reforma agrária,

Que venha por sua vez

Libertar o camponês

Da situação precária.VI

Finalmente, meus senhores,

Quero ouvir entre os primoresDebaixo do céu de anil,As mais sonorosas notas

Do canto dos patriotasCantando a paz do Brasil.

18

Page 19: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

Um novo modo de produção?Quase 10 anos de pesquisas e reflexões

levaram Jacob Gorender a uma noua-e polêmica visão

da sociedade colonial brasileira

Qttet. <> f.ir.ttcr das transformações vio-

in >nin ,i\ mm i.iis v ptilitu .is profundas e/ue- o brasil ne-

, , .sil,!** (Joe, lasses mm i.iis deverão extü utar essa tran-

-,i/hlili/ii,iiõc,; ()in- (.iniinho tleverão Ifilhêrf

A* rt"*tm"t**tel> para est.is <¦ outras perguntas sej po-ilem *ei il.nl.is , mn om.i (rwnpreeemJo profunda iU-

ncisM. fi,h.,ii/n histtmcty Por isso, durante um bom

utii-Hi .1-' divt*rs.ts i orrentes th pensamento progres-\i*.tjs ln.isili-ira*. i-.ti.i-r.iin as voltas tom um intenso

ili h.tie si ilue ,i n.iture/.i ile nossa soe iedade colonial.

« feudal < tu feudal-escravistas, e orno afirmaram pon-i //>../.).< iifi' Nelson Weneck Sodré o Alberto Passos

t,ttintat.il**. capitalista,' onforme insinuou Caio Prado

It, t* < om ttrtiaram vários outros, sobretudo Fernando

IleniHHii- Cardoso c Paula Betgelman; ou dualista,

ttiiniul.it 2io i]ue /.i vslava presente na obra dv Celso

lun.ido, m.is tjue encontrou em jacijues Lambert seu

pi in, qi.il >,<>n/ador ,-:'

Nt***t4*s últimos and*, de grande obscurantismo

iiihin.il. a dis< ussão' teve forçosamente qui- esfriar

( ,k/.i imi pareceu se fecbar em sua posiçèo,

e

tjiiesi,,,, hi ou como t\u(> em estado letargia). Tema-

nu non*** niuparam a fiauta. Até que, neste ano, um

h\t,r\eio rt-.ii ender o delyate e causar, talvez, um dos

ni.inm-* inip.Kto-, já registrados na btstoriogratia bra-

sihii.i ( m volumoso c denso livro que não poupou,, um su,, ,it,'i.(/.i critica, as mais conceituadas teses

.nliii .i nnss,, Uinn.H.ão liistonca e de cu/as páginasenn ii7iii un i.i riov.1 tormulacão sobre o modo de pro-thn.il, itgfiuv no Hr.isilADlônia, a do escravismo co-

lonial.Si (, .tuhit tuto quer lazer desse livro um moino oe

l>iilt nu, .ts s, ti.iti,is Ao invés de procurar demonstrar

.i qu,ih*u<i piei ii om.i tose i>ré-("oncebida. ele se lan-

tou, c < .ni ,i mente .thert.i e uma solida tormação teori-

c ,i c iim hidt>Uiv,u a. eni hiis< ,i da verdade histórica. Se

M ,ipm\imt ,u dil.i i ui não, e muito Cedo part saber

I i i ilu. !.unhem. n.i opinião de Jacob Gorender, o

.mun i/i O Escravismo Colonial, para derivar de sua

ti *i ijti.ilquei />m./i-.í) poi itn o f não i<ue a poi itn j /bo

m i.i i -'/.i/i/i,i \.i serd.ide. toi ao longo tle uma iii-

ijine',1 nuli'.'uu i.i piiliiu.i (/uo ele a(it*UÍrÍU O lastro

i ont i iht.fl e a erudn ão c/i/o a e redenciam como um

tlt** m.ns eminentes pt-n-adi >res dt- esquerda no Brasil

l), i.iin. ,i Iimrit.M.ão intelectual de jacob (jorender

ii n min'11 puni a .ii .iilêuut a \a dé( ada tle 40, abando-

nm, ,, 1.11 uld.m/c •/(• Direito na Hahia, para ahstar-se

(uniu ioltinl.irio. na força Expedicionária Brasileira,

mdti i i mil Miei tí /.imimiui na Itália.

I), \i'l;.i da luritpa, ingressou no Partido Comunis-i.i. tom,uniu-se mais tarde membro de seu comitê

nn',.,1 < um de stHis mais brilhantes teóricos jamaist omltm i.i t, (utsn universitário tm 1967, por discor-

(/../ tia in 1'iii.it ãn dominante, rompeu com o PCB,

mii i pam, ipar imito com outros da fundação de uma

nii:.ini/.i( an (haniada Partido Comunista Brasileiro

Ki¦_(>/(/( lonano. fl que Un- instou, posteriormente^MU*** de piisán Di-sde i*ue rompeu com o PCB veio

,iir,,itlmet ttnhi as reflexões e as pesquisas que o leva-

mm .i |'M rever i»vm livro Sobre ele, jacob Corender

talou *i Jaime Pinsky v José Tadeu Arantes.

Movimento - Em seu livro, você atribui importân-

cia fundamental a duas categorias: a de modo de pro-dução e a de formarão social. Como você as define?

Jacob Gorender - Modo de produção e formaçãosocial são categorias centrais do materialismo histori-c o. O modo de produção é a base da sociedade, con-

forme está perfeitamente definido na obra de Marx,

repelidas vezes. Entretanto, o materialismo histórico

não se resume à categoria de modo de produção, já

que a sociedade não se resume à sua base econômica.

I indispensável uiii.i outr.i (ategona, d eie formarão s()

ciai capaz de dar uma idéia global da vida social, com-

preenclendo, além do modo de produção ou dos mo-

dos de piciduc ,i<>, também as dimensões super-

estruturais: a política, a ideologia,etc.

A ra/ão de eu ter escrito uma espécie de introdu-

(..ic. mcioclolouli ,i, (|(io ocupa um» cineoenta páginas

do meu livro, se deve a que exatamente esses concei-

tos de modo de produção e formação social, além de

outros problemas de caráter epistemológico, ligados à

teon.i do conhecimento social, ensejam mteiptci.i-

ções variadas. Ainda recentemente, foi lançado no

mere ado editorial brasileiro um manual de Marta Har-

necker, muito lido porque bastante didático, masque

difunde um conceito de modo de produção para mim

inaceitável. E um grande equivoco, por exemplo, que,

IP*1m»*mU Ir j I

f m9_j | rrm_

\ mim ww_______[ *2

\mm_^Jt* mmmm\ MM

ímt Wk' ~r r*-»'*m .S

1.^^ ma^m___m_W_____\Jacob Gorender

no conceito de modo de produção, se incluam jáníveis superestruturais, que a ideologia faça parte des-

se conceito.

O modo de produção é um conceito fundamen-

talmente de economia política, uma totalidade orgâ-

nica em que se congregam determinadas /orcas pro-dutivas e determinadas relações de produção |à o

conceito de formação social substitui o que se costu-

in.! (b.im.ii cm s()(iolo'4M de- societlade global

Só que, enquanto o conceito de sociedade giobal é

extremamente abstrato, náo tendo limites precisosno temno e no espaço, alem de se prestar a exercícios

lorm.titM.is, o conceito de formação social o perfeita-mente definido. Dizemos, por exemplo, formação so-

ciai capitalista e podemos ir além, dizendo formação

social capitalista norte-americana etc.

M - Que opiniões têm predominado, até o mo-

mento, no debate sobre a natureza da sociedade colo-

nial brasileira?

J.C. - Grosso modo, podemos dizer que, ao longo

deste últimos vinte anos, as interpretações correntes

mais importantes se agruparam em torno de três li-

nhas interpretativas: a de uma sociedade colonial teu-

dal, a de uma sociedade colonial de alguma forma ca-

pitalista e, por fim, uma terceira interpretação chama-

da dualista, que é uma espécie de justaposição das

duas linhas anteriores. No geral, a historiografia tem

girado em torno dessas três orientações. O que me le-

vou, justamente, a escrever este livro é o fato de que

eu divirjo dessas três linhas e apresento uma nova pro-

posta.M - O que o motivou a rejeitar essas três teses?

J.G. - A tese que eu defendo surgiu de uma pes-tmisei ,i qual me lancei sem nenhum ponto de vista for-macio a pnon. hvidentemente, quando comecei a tra-balhar, eu já tinha idéias sobre a sociedade colonial.Mas, desde o momento em que me pareceu que as te-

ses vigentes não eram satisfatórias, eu me propus re-

jeitar qualquer espécie de argumento de autoridade.

Minha pesquisa foi delineando que o que houve no

Brasil, eomo em outras partes da America, toi um

modo de produção específico, que não era nem o

modo de produção feudal, nem qualquer espécie de

capitalismo. Esse modo de produção específico eu

chamei de i m t.i\i*mo colonial.

Essa idéia - eu deixei claro no livro - não é uma

descoberta minha. Pelo menos dois autores já se refe-

riram a isso, com bastante clareza: o americano Euge-

ne Genovese e o brasileiro l un Cardoso O que me

parece é que, nesses dois autores, ainda náo há uma

comprovação suficiente sobre a especificidade desse

modo de produçáo Eoi nisso que eu me empenhei,

em trazer à luz essa especificidade. E o núcleo dela são

as leis do modo de produção. Se um modo de produ-i.m icm leis que Ibe são próprias, que são incontundi-

\.ns. ent,io ele v especifico. E, de fato, o escravismo co-

lonial tem leis que nao são i i eontr.ives em outros

modos de produção.

M - Quais seriam essas características específicas

do escravismo colonial?

|.G. O esperificej, o fundamentalmente especifico. no modo de produção escravista colonial são as suas

leis. Se eu me referir a cada uma dessas leis de maneira

sintética, eu farei uma simplificação que, talvez, seja

grosseira. Cada uma dessas leis implica uma funda-

mentação, tanto factual como teórica, que me parece,ainda é cedo para simplificar. Mas eu vou tentar, aqui,

estabelecer alguns marcos que possam delimitar o ter-

reno.

E necessário compreender que o escravo, como um

tipo social, não se vincula univocamente a um só

modo de produção. Ele deu origem a, pelo menos,

dois modos de produção. E a outras relações de pro-dução acessórias mais ou menos variáveis, como tem

ocorrido na história.

Lma relação de produção so se torna unívoca, no

que se refere a um modo de produção, quando se liea

a determinadas forças produtivas. Lm dos defeitos de

muitos historiadores que tratam dessa questão é que

eles só focalizam o modo de produção sob o ponto de

vista das relações de produção. Assim, se descobrem

assalariado, dinheiro, comércio, então o capitalismo es-

tara desde logo "demonstrado"

para eles. Da mesma

forma com relação ao feudalismo. Se descobrem

renda-trabalho, renda-produto, renda-dinheiro, o

feudalismo estará "provado"

para eles, _sem outras

considerações. O mesmo se dá com relação ao escra-

vo.

O escravo pode existir sob uma forma inteiramente

improdutiva, como escravo doméstico, e era isso que

predominava na escravidão oriental; pode existir num

escravismo patriarcal, ou seja, num escravismo que seia

basicamente de economia natural, aue não produza,no fundamental, para o mercado:e. finalmente, pode

existir, como ocorreu na época mo4efna, na América,

num escravismo colonial, ou seja,"num escravismo

que produzia fundamentalmente para o mercado.

para o mercado mundial, que era sy% razão de ser. Na

América Colonial, havia, também, uia setor de econo-

mia natural, mas este era um setoi^lée suporte, não

fundamental.

Basicamente, esse escravismo, quejtu denomino co-

lonial, nasceu e persistiu durante séçtrfos como um es-

cravismo mercantil, escravismo prqoütor de gênerostropicais para o mercado europeu.~~

M - Nesse caso, a diferença entre ©escravismo colo-

nial e o escravismo antigo seria determinada pelo des-

tino da produção?J.G. Sim, na medida em que o destino da produção

esta implícito na própria produção e é determinado

por suas leis específicas, aquelas leis que definem o

modo de produção.M - Mas, como é que o destino dos produtos pode

modificar a natureza do modo de produção?

JG - Náo se trata da produção de algo cujo destino é

decidido posteriormente. No escravismo colonial, em

particular no Brasil, quando se produzia o açúcai, porexemplo, esse açúcar já estava destinado ao mercado

europeu. Ele não podia ser consumido no Brasil, a não

ser numa pequeníssima proporção. Por conseguinte, a

própria produção já tinna como pressuposto o desti-no que o produto ia tomar. È diferente do que se pas-sa. pot exemplo, com um camponês que produza

para o >eu auto-abastecimento, e eventualmente, em

anos de boa safra, venda o excedente da produção. Ai,

a transformação do produto em mercadoria é ocasio-

nal No caso do escravismo colonial, a própria pro-

duçâo ia implica que se trata de um produto para ser

vendido. De outra maneira o que se faria com o açu-

car. eom o cate, com o algodão, nas quantidades em

nue eram produzidos no Brasil? Já há o pressupostooo mercado. O modo de produção já incorpora a si

mesmo o modo de circulação.

O que há de errôneo, a meu ver, na maneira de

abordar o problema por parte de alguns historiadores,

é partir da circulação para a produção quando eu

acno que se deve partir sempre da produção para a

circulaçk). O fundamental é a produção, é como ela

se realiza. O modo de circulação é um pressuposto do

modo de produção, |á está implícito nele embora se

trate de uma outra fase. Por que surgiu o modo de

produção escravista nos anos quinhentos? ^

MOVIMENTO - 2/7/78 tU

Page 20: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

Evidentemente, não teria surgido se já nao

houvesse um mercado que demandava cer-

tos gêneros. A Europa já consumia açúcar

q°uando o Brasil foi descoberto e passou a

consumir muito mais quando o Brasil pôde

nroduzir em quantidades maiores do que as

Ks atlânticas e mediterrâneas, que abaste-

ciam a Europa. E, claro, o consumo fo. au-

mentando na medida que surgiram novas

zonas produtoras nas Antilhas etc.

Mas o mercado, o fato de que a Europa

queria consumir açúcar,não explica que esse

2çCcar fosse produzido por escravos.A. já é

outro problema. Para ^solve-lo

notemos

que recorrer a outros elementos históricos e

Ibir a um outro plano teórico. Nós ternos

que considerar as forças produtiva com que

se produzia o açúcar, que tipo de técnica^

que instrumentos de produção etc em

empregados. E verificamos que esses mstru-

mentos* de produção, os engenhos eram

perfeitamente adequados a uma produção

com escravos. Com ess«es instrumentos de

produção, era barato produzir açúcar com

escravos; e produzi-lo nas Américas, por-

que, aqui, as «erras eram apropnàveis, po-

dendo ser ocupadas gratuitamente. A terra

não estava onerada pela renda feudal, como

acontecia na Europa. Evidentemente, nisto

influíram também outras condições., de or-

dem geográfica: clima, fertilidade do terre-

no, localização etc.

A minha perspectiva é a do modo de pro:

dução. Não basta que saibamos que algo vai

ser produzido para o mercado, porque, para

o mercado, vários modos de produção pro-

duzem. O antigo escravismo também pro-

duziu para o mercado. O mesmo com rela-

çáo ao feudalismo. E, também, no presente,

temos a pequena produção mercantil, que

não è capitalista e que produz para o merca-

do. Então, o fato de se produzir para o mer-

cado não é suficiente para se definir o modo

de produção. Ele precisa ser estudado em si

mesmo. É isso que eu procurei fazer.

M - Por que utiliza o termo colonial para

denominar um modo de produção, se o

conceito parece referir-se auma relação de

caráter eminentemente postiço?

JC - O conceito de colonial é,aqui, pura-

mente econômico, podendo referir-se a um

pais colonial também sob o aspecto político

como a um país politicamente independên-

te Creio que fui bastante didático quando

afirmei no meu livro que o significado eco-

nômico decolonialexplicita-se nos seçuintes

traços: economia voltada principalmente

para o mercado exterior, de que depende o

estímulo originário ao crescimento das tor-

ças produtivas; troca de gêneros agropecuá-

rios e/ou matérias-primas minerais por pro-

dutos manufaturados estrangeiros, com fo -

^participação de bens de consumo na pau-

ta das importações; fraco ou nenhum con-

trole sobre a comercialização no mercado

externo. Evidentemente, o colonial, ne*1"

fermos, pode se aplicar a outros modos de

produção, não somente ao escravista. Ha

outras economias coloniais.

No caso do escravismo colonial, trata-se

de um escravismo que não podia ter existido

senão como economia colonial. '«£*«'-»

oarte da sua natureza, era-lhe sitrinseca

Snte necessário. Pela razão de que, para ta-

STie maneira simplificada, esse escravismo

não podia, em nenhuma hipótese, pela sua

própria «estrutura, contar com um mercado

interno que absorvesse sua produção funda-

mental de gêneros tropicais. O grosso

dessa

produção só podia ser consumido pelo mer-

cado externo, e esse mercado, naquelas

condições, só podia ser metropolitano. í

SCi iSporta, também, a estruturai do mer-

cantibsrno, que era uma estrutura de merca-

dos fechados. O escravismo^colonialsó po-

dia funcionar em condições monopolistas.

Cada região produtora precisava contar com

o seu mercado exclusivo e, para tanto, preci-

sava ter uma metrópole. Por isso se falava no

"pacto colonial". Era um pacto de fato, em-

boca um pacto entre metrópole e colônia.

Era uma aliança entre o poder metropolita-

no, as classes dominantes da metrópole, e a

classe dominante colonial; no caso do Brasil,

a classe dos senhores de engenho e, depois,

também dos fazendeiros de café, de algo-

dà£í *? Atualmente, hi muita polêmica sobn

as condições em que se deu o fim da escravi-

«dão no ¦rasíl. O que a tese do esçravhmc

colonial pode trazer como esclarecimento i

JG - Não tenho condições, no momento,

de dar uma resposta global, porque me pa-

rece que isso exige pesquisa, tu não quis me

adiantar na minha obra a esse respeito, exa-

tamente para ser fiel ao método cientifico. E

evidente, porém, que o que eu escrevi serve

de ponto de partida, ao menos para mim,

para o estudo da Abolição e, também, para

estudo do modo de produção e da nova tor-

mação social que emergiram com o desapa-

recimento do» escravismo colonial.

A única coisa que eu posso adiantar é que

as maneiras, os processos abolicionistas nos

vários países escravistas da América tiveram

peculiaridades, diferenças. Os caminhos fo-

ram um tanto diversos, conforme o momen-

to em que isso se deu, conforme a metrópo-

le, conforme o Rrau de desenvolvimento das

forcas produtivas em cada pais. Então, o pro-

cesso de desaparecimento do escravismo

colonial no Brasil não é o mesmo que suce-

deu nas Antilhas, na lamaica, no Haiti ou no«

Estados Unidos.

Com o fim abrupto do tráfico «escravista,

por ato externo de uma potência como a In-

glaterra, ou o escravismo se reajustava, pas-

sando o pais a produzir seus próprios escra-

vós, como ocorreu nos Estados Unidos, cuja

população escrava aumentou após o térmi-

no do tráfico africano, ou, como no Brasil,

umas regiões passavam a abastecer outras

com a mao-de-obra escrava. Mas, nesse ca-

so, a população escrava ia declinando.

No Brasil, apesar de estar em declínio, a

população escrava nio desapareceu denmorte natural", mas

por meio de uma re-

voluçio social, como foi a Abolição.

JG - ^d^idíVÃboliçlo foi uma revo-

lução social. Com ela desapareceu um modo

de produção; desapareceram classes sociais:

a classe social do\escravos e a classe social

dos senhores de escravos. E a economia bra-

sileira tomou uma feição muito diferente da

que tinha anteriormente. |i antes de seu de-

saparecimento, o escravismo era uma bar-

reira ao desenvolvimento das forças produ-

tivas. O seu desaparecimento, sem duvida

alguma, abriu caminho ao desenvolvimento

capitalista no Brasil.

M - Intio, com a A^soemeralu no

Brasil uma formaçio social capitalista!

JG - Easa já é uma atirmaçao que eu nao

faço. Antfs da Abolição, já existiam nucleot

capitalistas. Isso a partir da segunda metade

do século XJX, sobretudo após 1870, quandocomeçaram a surgir fábricas, oficinas, empre-

sas com trabalho assalariado.

M - O que provaria a coexistência, nessa

época, de diferentes modos de produção no

Bras»?

JG - í claro. Já antes,porém, dessa épocade declínio do escravismo, havia essa coexis-tência. E evidente aue o modo de produçãocapitalista não poderia desenvolver-se en-

quanto perdurasse o escravismo.M - Você falou que ji antes do surgimen-

to do capitalismo havia, no Brasil, uma coe-

xistência de modos de produção. Nesse ca-

so, com que modo de produção o escravis-

mo coexistia?

JG - O modo de produção camponês, di-

gamos assim. Esse modo de produção, ba-

seado nos pequenos produtores. Já vinha se

adensando desde o século XVII. Os peque-

nos produtores eram, sobretudo, os agreRa-

dos, que estavam inclusos nos limites da

plarítagem, e os camponeses independên-

tes: posseiros e sitiantes.

M - A partir da existência desses agrega-

doa, Alberto Psssoa Guimarães chega a fa-

lar de um teudal escravismo. O que você

pensa dessa formulação?

|G - Eu creio que Alberto Passos Cuima-

rães fale de feudalismo ou de feudal-

escravismo não só a partir dos agregados,

como a partir da própria economia escravis-

ta. O fundamental para Alberto Passos Cui-

marães é o latifúndio. A propriedade atrtun-

diária da terra já bastaria, na visão dele para

definir um modo de produção feudal. Além

de outros fenômenos que vieram de Portu-

Sal

transplantados para o Brasil: o sistema de

istribuição da terra, o aparecimento de

uma renda da terra. Eu penso que isto tam-

bém não é consistente do ponto de vista

teórico, nem facutal.

M - Alguns autores afirmam que os vesti-

•ios remanescentes do escravismo e os do

feudalismo praticamente se confundem.

Com isso, sustentam a tese de que, com a

Abolição da escravatura, teria surgido no

Brasil uma formação social de «po semi-

feudal. O que você pensa disso?

JG - Isto também eu prefiro deixar em sus-

penso, porque é justamente um assunto que

pretendo investigar. Mas, uma conclusão a

qual eu não posso fugir depois da minha

pesquisa é que nio é a mesma coisa um ca-

pitalismo que surje do feudalismo e um capi-

taiismo que surja do escravismo. Há diferen-

ças importantes," realmente essenciais. Por

isso mesmo é que o desenvolvimento do ca-

pitalismo no Brasil não pode ser identificado

com o que ocorreu na Europa. Nio só pela

diferença de épocas, não só por causa da

presença aqui do imperialismo, mas devido

a própria história precedente, em particularaos processos de acumulação originária.

M - Você poderia apontar afam» «dos tra-

cos que esse modo de produção escravista

colonial teria legado i formaçio sodal con-

temporinea do Brasil?

JG - Eu cito um fato patente. No Brasil, o

regime de propriedade da terra foi sempre

alodial, isto é, a terra aqui nunca esteve vin-

culada ao ônus da renda feudal, aos encar-

gos senhoriais. Então, não foi preciso uma

revolução burguesa para tornar a terra pie-

namente alodial e alienàvel - sem o que não

poderia existir o capitalismo. A burguesia,

no Brasil, nào precisou enfrentar esse

problema; ela própria, ao nascer, já pôde se

tomar proprietária de terras

Nem Salazar pode destruir o homemA produção poética de Fernando Pessoa

mostra como a grande obra de arte pode ir além das imposições políticas e,

mesmo, das intenções de su autor.

O.C. Louzada Filho

Um

homem de direita, em cuja

obra poética possam estar presen-tes componentes irracionais cultua-

dos pelo fascismo salazarista, pode ser um

bom poeta? A pergunta

faz sentido, nesta

comemoração dos noventa anos do nasci-

mento de Fernando Pessoa. De início, é pre-

ciso deixar claro: Pessoa nunca chegou aos

limites atingidos por alguns colegas seus. O

romancista norueguês Knut Hamsun por

exemplo, era nazista e chegou a colaborar

com os invasores do seu pais. O poeta Ezra

Pound chegava a preear o anti-semitismo

em seus poemas e defendia Mussolini em

transmissões radiofônicas durante a Segun-

da Guerra.

O caso de Pessoa e mais complicado. Ou-

rante os anos 20 e 30 escreveu os poemas de

Mensagem, cujo misticismo servia como

louvaçao dos mitos arcaicos invocados pela

ditadura salazarista. Não se tratava do dis-

curso fascista, mas de poemas ligados ao

ocultismo. O culto de Pessoa às 'ciências

esotérica*»" o aproximava da posição sebas-

tianista, o culto irracional de um Portugal

voltado ao destino de defensor da já tãoci-

t.»da "civilização ocidental".

E retorna a questão: ainda assim, ou apesar

disso, Fernando Pessoa seria um grande

poetaf f, sem dúvida, E como se explica essa

contradição, já que o fascismo ê necessária-

mente mentira e, portanto, dificilmente an-

daria junto com a criação artística?

O mais correto é recorrer à obra - na qua1.i posição politica de qualquer autor está

sempre presente, mesmo como indicio ou

possibilidade esboçada - para tentar com-

preender essa contradição Tomemos, por

exemplo, um dos 35 Sonetos, que Pessoa es-

creveu em inglês, e nos quais está mais pre-

sente seu pensamento ocultista.

20

__L "*" ^m

SONETO XXVIII

Espraia-se em espuma a onda verde

Sobre a areia molhada. Eu olho, e cismo.

Não é isto o real, decerto 1 Algures

Se vè ser isto apenas aparência.

Céu, mar, esta vasta alegria externa,

Este peso de vida que sentimos,

Não é algo real, mas só um véu.

Real, só o que nisto não é isto.

Se nisto houver sentido, e se é vigília

Viver das coisas este sonho claro

Como de mais valor terei sonhar

E mais real o mundo imaginário,

Mas sonho pavoroso, atroz insulto,

Este sono da gente, o universo.

O poema e bonito. Ao mesmo tempo,

cortlèm uma-visão mística, idealista, çhegan-

do ao ponto - embora um poema não

"afir-

me" como faz um discurso - de negar a exis-

tência da realidade imediata em nome de al-

guma coisa que lhe está além e acima.

"Istc

- o que se ve - não é o real, só um véu. Há

jlgo além dessa simples aparência"

a: *, <¦ i.V'\fv,VwM

A colocação se filiaria ao pensamento de

direita mais radical: não existe o concreto,

mas alguma coisa indefinível além dele. Na

verdade, Fernando Pessoa fa muito longe

nesse raciocínio. Chegava a afirmar em seus

textos Filosóficos que "a

própria existência

do mundo é uma crença nossa. Nada nos

prova que existe uma coisa qualquer".

As caraminholas idealistas servem sempre

a quem é - concreta e realmente - dono do

poder. Na época de Pessoa, o fascismo sala-

zarista.

Mas, quando falamos do poema, estamos

tratando de uma obra de arte. E elas, guando

bem realizadas, têm a possibilidade de irerr

a-lém do que possa pretender seu autor.

Não é possível negar a qualidade da poe-

sia de Pessoa E o valor estético costuma re-

velar, além da forma e através dela, algumas

verdades universais.Mais uma vez, como as duas coisas se conci

h-m? , 1L .,A criação é uma forma de trabalho, (vias

uma forma específica. O poema, mesmo usa-

do como mercadoria que se vende sob a for-

ma de livro, revela sob a obra de arte, sua ca-

pacidade de até mesmo passar a perna em

quem o escreve.

O Soneto de um lado nega a realidade

imediata: "ela

é só um véu". Afirma que o

mundo é "sonho

pavoroso, atroz insulto".

Isso serviria ao pensamento de direita na

medida que nega o concreto que se encon-

tra à nossa frente, nosso dia a dia, nossa vida.

Embora, e desde já se possa lembrar que o

dia a dia possa, por vezes, ser realmente um"atroz

insulto".

Mas um poema tem significado necessà-

riamente ambíguo. Na sua leitura se reco-

nhece: "Não

é isso o real!" Diante do mar

da praia, das ondas: "Isso

é sò um véu" Exis-

te algo nisso que não é isso. Al - de certa for-

ma - a obra já vai mais longe: manifesta o

fato real do homem colocado diante da pai-

sagem, reconhecendo que a aparência que

vê manifesta alguma coisa mais. Sua simples

presença, carregada de tempo histórico, jáseria suficiente para mostrar que o devaneio

na praia "não

é bem isso", não se limita às

formas vistas."Toda ciência seria supérflua se a aparência

das coisas coincidisse diretamente com a

sua essência": a afirmação é de Marx. De

certa maneira, o soneto de Pessoa - entre

outras coisas, jà que um poema não se pode

resumir em uma única afirmação - também

diz isso. O momento de fascinação perante

o mar nos lembra que, para o homem, a rea-

lidade vai além do que é apenas e simples-

mente visto, como a ciência vai além da sim-

pies aparência. Ê como se o idealismo do

poeta {místico, esotérico, "oculista") o trais-

se no momento em que cria uma obra de ar-

te. A realidade é algo mais do aue se vê: a

obra de arte revela, ao nível estético, o que

de sua maneira os textos científicos também

fazem. Ai, sem a ambigüidade que um poesiatem, mas num discurso direto e claro.

Um poema bom não pode ser uma mani*

festação partidária.)á foi lembrado como ele

exige uma liberdade que não se coaduna

com a imposição de idéias, imposição que é

característica do discurso fascista.

Mas, nem o fascismo pode destruir a cria-

ção humana. O que Fernando P«essoa pensa-va politicamente

- e nessa área Salazar sai

perdendo - cai por terra diante de uma ma-

nifestação maior, a presença do homem no

mundo. E de sua capacidade de criar, ed*"

modificá-lo.

Page 21: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

cartas Abertas)//Somos cidadãos brasileiros,

sr. presidente, queira ou nãoTrês presos políticos escreveram aos presidente Geiselrelatando as torturas sofridas e não obtiveram resposta

//

Esta carta tem como objetivo, enca-minhar a Movimento cópia de carta en-viada por nós ao senhor presidente daRepública, da qual nio recebemos res-

posta até o presente momento, bem

como a divulgação da mesma na im-

prensa nacional, no sentido de maiordivulgação dos latos nela constantes.

Antônio Cunha LosadaInstituto Pena! de Mariante

Venãncio Ayres - 95.800 - RS

Pelos presos politicos do RS

Exmo. Sr. Presidente da República,General Ernesto Geisel

Reiterando os termos de cartas ante-riores, que foram enviadas à Vossa Ex-

celência, assim como ao General Rodri-

go Otávio, ministro do Supremo Tribu-nal Militar; ao Procurador Geral da Jus-tiça Militar, Milton Menezes Filho; aoPresidente do Supremo Tribunal Fede-ral, Carlos Thompson Flores; e ao Presi-

dente da Ordem dos Advogados doBrasil, Raymundo Faoro; e das quaisnão obtivemos resposta, nós, Antônio

Cunha Losada, José Losada e Sônia Ve-nâncio Cruz, todos presos no dia 17 de

outubro de 1973, e condenados a dezanos de prisão, exigimos de Vossa Exce-

lencia, como presidente desta nação eresponsável maior por tudo o que nela

acontece, providências imediatas quan-to à nossa situação de presos políticos, a

qual julgamos irregular.

Acnamos, em princípio, aue temoscondições de exigir

providências, jáque nós, Antônio e José Losada, fomostorturados durante 76 dias a contar dodia de nossa prisão nas dependênciasdo DOPS, na avenida Ipiranga, em Por-to Alegre, e nossa colega Sônia durante88 dias, no mesmo local. Passamos todoeste tempo encapuçados, dormindo no

chão, recebendo socos e pontapés, as-sim como choques elétricos nos órgãos

genitais, além de outras sevícias.

Nossa data de prisão foi alterada,

para que este período em que ficamos

presos no DOPS coincidisse com o pre-visto pela Lei de Segurança Nacional,

ou seja, 70 dias. Fomos acusados de par-ticipar de um assalto ao Banco Francês

e Brasileiro, agência da Avenida Assis

Brasil, em Porto Alegre, no dia 24 de

março de 1973.

Julgados pela 1* Auditoria da 3* Cir-

cunscrição Judicial Militar, no dia 11 de

julho de 1975, em Porto Alegre, nós Jo-sé Losada e Sônia Venãncio Cruz fomos

absolvidos por unanimidade. Eu,Antô-nio Losada, fui condenado a dez anos

de Drisão, baseando-se a promotoria naminha suposta

"colaboração com o Go-

verno João Goulart". Eu, Sônia, que tive

minha prisão preventiva relaxada apósnove meses, e que aguardava o

juíga-mento em liberdade, fui absolvida em1" Instância com elogios da promotoria.

Nenhuma das testemunhas do assaltoao banco, funcionários e agentes de se-

gurança, nos reconheceu como os as-saltantes. Os verdadeiros assaltantes,cinco integrantes do grupo Var-

Palmares que não estavam encapuça-

dos no momento do assalto, segundo

soubemos mais tarde, foram identifica-

dos pelas testemunhas, como constanos autos do nosso processo.

Mesmo assim, sem provas, fomos to-

dos condenados pelo Supremo Tribu-

nal Militar, no dia 24 de novembro de1976, e enquadrados no artigo 27 da Lei

de Segurança Nacional, que trata da"guerra

revolucionária". Interpusemos

recurso ao Supremo Tribunal Federal.

Passados 18 meses da nossa condena-

ção náo sabemos o que foi feito desterecurso. Completaremos no dia 17 de

outubro de 1978, cinco anos de prisãototalmente injusta, irregular e absurda.Apesar disto, a justiça, no caso o Supre-mo Tribunal Federal, não tem

"interes-

se" em rever o nosso processo, em jul-

gar o nosso recurso.Nós três, Excelentíssimo Senhor Pre-

sidente da República, queremos apenas

que se cumpra a lei. Queremos umnovo julgamento, previsto na lei de

nosso pais, e aue nos é negado. Quere-mos ver atendidos os nossos direitos de

cidadãos brasileiros que, queiram ou

não, ainda somos.

José LosadaSônia Venãncio Cruz

Antônio Cunha Losada

Instituto Penal de Mariante, municipiode Venãncio Aires.Presidio Feminino Madre Pelletier, Por-

to Alegre29 de maio de 1978.

O drible, a firula ea organização popular

O futebol não explicaas más-condições de vida do povo brasileiro.

Podemos torcer sossegados

No festejado primeiro número sem

censura de Movimento, foi o espaçodado ao futebol que me chamou espe-ciai atenção. Mais do que o espaço, me-rece atenção o conteúdo das notícias.Pela primeira vez vi intelectuais assumi-rem, com coragem, a ousadia de serem

torcedores, se indispondo contra a já co-nhecida versão do futebol como ópiodo povo, frase que o jogador Reinaldo

difundiu com sua entrevista ao Jornaldo Brasil.

Tanto Roberto Drummond como

Chico de Oliveira procuram

mostrar,

com suas indiscutíveis inteligências,

que a visão do futebol como ópio do

povo è uma distorção - na melhor hi-

pótese, um equívoco. Mas me parece

que exageraram pelo outro lado.

O futebol não explica baixos salários,

não faz entender a conjugação, em

mesmo bairro, da opulência com a mi-

séria, não justifica a esquistossomose, as

filas no* hospitais públicos, a ausência

de eleições livres, o transporte coleti-

vo escasso e ruim, a habitação cara,

pouca e má, a pirâmide, digo o obelis-co, de renda. Muito menos dá ao ho-mem a certeza de que através de taissofrimentos obterá o Reino dos Céus.

Por conseguinte, a vitória do selecio-nado brasileiro não deverá ser respon-sável pela permanência do que aindaexiste. Podemos torcer sem remorsos.

O futebol ea política

Porém, o futebol, como o circo naRoma antiga, como as festas de Alexan-dre nos países conquistados, como asaudições públicas e os desfiles na Ale-

manha nazista, como o box em alguns

paises socialistas, sáo ofertas de lazerdiversionistas, que distraem os olhos eos demais sentidos, redirecionam as

preocupações e reduzem as tensões.Não faz as vezes da religião, faz as vezes

do lazer; de um tipo específico de la-

zer.

O seu papel político é inegável,como

foi percebido por Mussoline na Copa

de 1934, por Hitler nas Olimpíadas de

1936, como o duelo enxadristico de Fis-

ener e Spasski transformou-se em pro-va de brilho entre potências, t a essên-

cia sutil, mas penetrante do sentimento

popular, t a razão porque um comenta-rista de futebol, no jogo Hungri» 4 X

Brasil 2, em 1954, referiu-se aos hífnga-

ros não como "os

jogadores"^;;mascomo

"os comunistas". Ouem viveu,

ouviu. Ou ainda o caso do Sr. Mário

Vianna, em 1970, a chamar o juizAbraham Klein de judeu, em tom enfa-

ticamente pejorativo. São revelações

expontâneas.Não poderá, porém o futebol ou

Qualquer arte ou lazer substituir a luta

o povo pela sobrevivência e melhores

condições de vida. Desde, entretanto,

que esta luta tenha a organização ne-

cessaria e suficiente clareza e mobiliza-

ção. Havendo isto, nada impedirá que o

povo saiba distinguir as coisas. Não ha-

vendo, fica difícil de um modo geral e a

luta pela sobrevivência passa a ser tão

individualista quanto torcer pelo

sele-

cionado com radinho de pilha colado

ao ouvido.Desejável seria que a arte de uma Na-

ção fosse o seu testemunho cabal. Não

é. Desejável também gue

todos soubés-

semos que não e'. Todos não sabemos.

Desejável que o poder político de

uma Nação não procurasse associar o è-xito em determinada arte com o seu

desempenho em outras áreas. Isto não

acontece. O poder associa cada gol,cada xeque-mate, cada nocaute, às

condições econômicas, culturais e poli-ticas. Deste modo, seja pelo menos rea-

lizado o possível: gue procuremos re-

conhecer o que de tato acontece e ten-

tar reduzir os seus maus efeitos. Escla-

recendo, como pudermos, que a partenão é o todo.E que talvez a parte êxito-

sa da Nação seja o último reduto da sua

autenticidade, a resistir aos maus tratos

e desmandos.Estou aliás bastante convencido disto.

Creio que o futebol é uma expressão

popular que não se havia até então dei-

xado peftetrar pelo sentimento colo-

nialista. Julgamo-nos os melhores, esti-vemos presentes em todas as Copas do

Mundo, desde 1930. De 10 Copas.con-

quistamos 3, fomos vice-campeões de

uma, e chegamos às finais de outras

duas. Retemos, com nossas três vitórias,

a Taça Jules Rimet, símbolo de todas as

Copas passadas e marco ainda não ai-

cançado por qualquer outro país dispu-tante Temos em cada grupo escolar,

em cada be*ra de praia, em cada terre-

no baldio, um campo de futebol e so-

mos identificados em todo mundo

como o país de Pele, a terra de Garrin-

cha, os ídolos mais completos e mais vi-

vos desse esporte, a despeito de Bec-

kenbauer e Cruiyff. A despeito ainda

dos novos teóricos, cultuamos, como

nosso, o drible, o "chapéu",

a firula, o

requebro, e dizemos - dizíamos mais, é

certo - que o adversário, principalmen-

te o europeu, é um cintura dura.

O ponta na pontae o lateral na lateral

Talvez se possa também dizer, ao fim

desta Copa/78, que a investida tecno-

crática,no único produto genuinamen-te brasileiro, fracassou. Porque náo há

mais dúvida de gue

as três primeirasridículas partidas do nosso selecionado

se deveram ao sentimento de inferiori-

dade, ao medo, à insegurança, a "des-

nacionalização" do jogador brasileiro,

tudo isto moculado pela súbita idéia

de que o padrão europeu é o modelo a

ser imitado, enfim, que, inferiores tee-

nológica e culturalmente, também in-

feriores nos tornamos naquela única

arte que executávamos, até então, com

reconhecida beleza. Entretanto, fracas-

sou a investida. A criatividade, o talento

improvisador, o drible fácil e algumas

vezes aparentemente inútil, o ponta na

ponta e o lateral na lateral, tudo retor-

nou na sensatez da crise. Nosso centro-

avante voltou a ser um homem paradoentre os beques, nosso lateral esquerdo

marcava o ponta direita adversário,

nossos zagueiros subiram tanto ao ata

que quanto subia o Nilton Santos há 20

anos e o Alemão, irmão do Manga, quechutava bola a gol do meio do campo.

Voltou o toque de bola, a roda de bo-

bo, o olé no adversário.Talvez tenha sido necessária a imi-

nência da desgraça futebolística nacio-

nal para que algumas pessoas percebes-sem que o culto aos padrões estrangei-

ros, próprio dos que entregam os nos-

sos valores, destrói até mesmo a con-

fiança cultivada em 48 anos de exibi-

ções internacionais quese sempre golo-riosas

Cláudio Roberto

R*o de Janeiro - RI

Chico Pinto, entre o

fundamental e o secundárioOs equívocos de um oposicionista baiano

sem régua nem compasso

Creio que, com o fim da censura, a

publicação no n° 155 do artigo de Chi-

co Pinto intitulado "Rejeitar

a Frente è

prova de incompetência" se dá justa-mente prenunciando a grande tribuna

de debates que Movimento poderá vir

a ser

Por isso desejaria registrar, com es-

panto, a guinada de 180 graus que o

outrora combativo Chico Pinto reali-zou. Pelo jeito, nestes anos de perse-

guições políticas, a Bahia não lhe deu

régua nem compasso. Ele já não sabe

medir o espaço político que se abre,

para as forças democráticas e popula-res, a partir da constituição da Frente

Nacional de (Re)democratização. As-

sim, os equívocos se tornam inúmera-

veis.

Uma ''Frente" denova qualidade

O primeiro deles: "a

pequena rea-

bertura existente atualmente foi cons-

truída com o esforço de cada um

Para ser verdadeira, haveria que se

ponderar nesta afirmação a diferença

entre o curso das lutas populares e o

terreno das dissidências que surgem

em mei^ 3o próprio "sistema"

em fun-

^1

B/SHF^^'' 4^m\

Eul*r B*n»«** e Mogolhoe» Pinto

ção da crise econômica e política com

que este se defronta, diferença sufi-ciente para delimitar dois campos deoposição ao regime com interesses pro-rios, diversos, muitas vezes contradito-rios: a oposição liberal e a oposição de-mocrática e popular A novidade ê queambas já são frentes parciais" e se bus-ca agora, entre elas, constituir uma"Frente"

de nova qualidade

MOVIMENTO - 3/7/78 21

Page 22: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

cartas AbertasQual será o eixo desta nova Frente? -

eis a questão principal. E aqui Chico

Pinto comete o segundo equivoco: ts-

te ainda não é o momento - diz - Dará

que cada uma das forças da sociedade

tome rumo próprio, isolando-se das

demais. O leque das oposições precisa

marchar em um só sentido e na mesma

direção, guardadas as diverge noas para

depois (. ) Compreendo a pressão

dos

que convivendo com os trabalhadores,

ibém da sua miséria (...) e, por isso

mesmo, cumpre edificar o socialismo

£ Mas (...) cada passo em falso repre-

senta retrocessos aue sacrificam, as ve-

zes, uma geração de trabalhadores. Por

aue, então, não somar forças pela rede-

mocratização? Não é isso que todos os

grupos, facções e partidos defendem

hoje como passo imediato para o pais?

Por que nâo ajudar a conquistá-la? Pou-

co importa que a burguesia também a

queira".I Para quem já defendeu, meses atras,

a necessidade urgente de constituição

de um Partido Socialista isto tem o sa-

bor de uma auto-crítica. Mas o que im-

porta agora é justamente que a burgue-

sia também quer a democracia, ou me-

lhor, a redemocratização. Porque a

oposição democrática e popular quer

efetivamente a democratização e nao o

mero restabelecimento do jogo formal

de poder que satisfaça a necessidade de

composição das várias trações da bur-

guesia, excluindo as classes trabalhado-

ras da política. Por isso é fundamental

que a unificação das forças oposicioms-

tas se dê em torno das reivindicações

democráticas (liberdade de organiza-

ção e expressão para os trabalhadores,

reforma agrária democrática, plena li-

berdade de organização partidária,

controle do capital internacional e do

grande capital monopolista nacional,

redirecionamento do setor produtivo

estatal de forma a satisfazer as deman-

das econômicas das grandes massas po-

pulares, etc), sem estancar nos limites

do liberalismo aue visa não o fim do re-

gime a serviço ao grande capital mono-

Íiolista

mas, sim, o tim de sua forma mi-

itar. Contra esta também lutam as for-

ças populares, mas a diferença é que a

oposição liberal pára por ai e a oposição

democrática, ao contrário, tem nesta

conquista o requisito para a continui-

dade de sua luta dirigida contra os fun-

damentos de classe do próprio regime.

Não há efetivamente pecado algum

em somar com a burguesia na luta con-

tra a forma militar do regime, mas parar

por aí é se colocar a reboque dela e ig-

norar a necessidade de criar condições

para o prosseguimento da luta de for-

ma autônoma e independente.

Parece, contudo, que o problema do

relacionamento com a burguesia é,

para Chico Pinto, mais moral do que

politico. Diz ele que, se o MDB tem o

Sr. Chagas Freitas, por que discriminar

agora o banqueiro Magalhães Pinto? Se

nos submetemos tanto tempo ao "líder

conservador" Ulisses Guimarães, por

que temer agora o General Euler?

Perguntamos nós: e de que serviu

toda a luta dos "autênticos"? Esquece-

se Chico Pinto que Chagas Freitas não é

um oposicionista e sempre foi um ade-

sista, que Magalhães Pinto sempre re-

presentou um "setor

liberal" atrelado

ao regime que só agora se perfila na

oposição. Esquece-se que, como fe-

deração de oposições", conviver com o

Sr. Ulisses Guimarães do MDB jamais

passou de uma forma de aliança com ot

liberais (aue urge repensar seu modo) e

que combatê-lo, como se fosse o "ini-

migo principal", sempre foi um equi-

voco aos autênticos que confundiram a

perspectiva de derrotar Ulisses Guima-

rães dentro do MDB com a possibilida-de de dissolver a hegemonia liberal a

nivel da sociedade como um todo.

Por que o seu critério é apenas mo-

ral, Chico Pinto diz a favor da Frente

Nacional pela redemocratiza-

ção: "estamos convivendo com outra

frente, do MDB, aue não é pior nem

melhor que a atual". Se elas sao iguais,

qual a novidade? Qual o passo à frente

que é possível realizar? No plano da

moral pequeno-burguesa certamente

nenhum... A questão está em somar ao

MDB a "OAB, ABI, Igrejas e maioria

dos diretórios estudantis' e "mais

dois

outros componentes: o militar e uma

defecção da Arena".

Mas, infelizmente, para Chico Pinto

parece que somar não é muito diferen-

té de se atrelar aos propósitos dos alia-

dos. A questão central - o que preten-dem eles e o que pretendemos nós - é

simplesmente escamoteada na descul-

pa rasteira de que é preciso "guardar

as

divergências para depois".

A lastimável perdade um soldado

Não. A luta pela democracia interessa

objetivamente aos trabalhadores e o re-

gime democrático não é senão uma de-

terminada correlação de forças entre a

burguesia e as classes trabalhadoras,

definindo um regime jurídico em que

estas últimas conquistam um terreno

mais adequado para lutar por seus inte-

resses específicos, conquistam enfim as

liberdades públicas e privadas que lhes

permitem melhor combater todas as for-

mas de opressão. Por isso a democracia

depende primeiramente do nível de

consciência e organização que as cias-

ses trabalhadoras sejam capazes de

atingir autonomamente e, pois, num

segundo momento, das alianças que

possam vir a estabelecer com outros se-

tores de classe contra o inimigo princi-

pai: o regime militar autoritário a servi-

ço do grande capital.

Comoinar estas duas necessidades a

cada momento histórico concreto, eis o

desafio que se coloca para os políticoscomprometidos com uma perspectivapopular de poder. Chico Pinto, ao abrir

mão do fundamental para se apagar en-

tusiasticamente ao secundário (ja havia

dito antes: "Euler

é mais democrata do

que eu"), se passa para as fileiras dos

aliados, abandonando a condição ante-

rior de representante - mesmo sem

mandato - dos interesses populares.Para nós, é sempre lastimável assistir a

perda de um soldado...

Cario» Alberto Dória

São Paulo - SP

ééNem dádiva, nem concessãoNovas cartas de leitores e amigos de Movimento

felicitando-nos pela retirada da censura prévia

//

# Solicito à Mesa Diretora na forma regi-

mental um voto de congratulações ao sema-

nário Movimento, órgão da imprensa inde-

pendente, por ter resi stido todos esses anos

contra a censura prévia,sem ter arriado as

bandeiras da liberdade e da democracia,

pois que mesmo sob o estrito controle da

nefasta censura oficial, procurou cumprir à

risca o seu papel de informar e defender os

interesses populares.Vereador Antônio Carlos - MDB

Câmara Municipal do Rio de janeiro - RI

SAUDAÇÕES MOVIMENTO FIM DE CEN-

SLRA PREVIA PT NOVA VITÓRIA LUTA Ll-

BERDADE DEMOCRÁTICA

Raimundo Oliveira

Rio de Janeiro - R\

- Minha gente e eu pensamos que pode-mos ter motivos para nossa alegria.

Portanto, parabéns a todos de Movimc/i-

lo.Parabéns pela garra, pelo espirito de luta e

decência até aqui. O pântano escuro e trai-

çoeiro parece, ficar pra tris.

Em campo aberto caminharemos com pas-sos mais largos e firmes. Ousamos exercer

nossos direitos um pouco mais.

Precauções com os "caçadores" tocaiados,

à espera de um vôo mais alto. Por enquanto-

ficamos assim: movimentando...

Sérgio Miyazawa

São Paulo - SP

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Page 23: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

Cartas Abertas• Os jornais Tribuna da Imprensa, OS.ío Pau/o - este da Cúria Metropolitanacie S.Paulo - e Movimento acabam dec onquistar 0 direito que lhes vinha sen-do negado pelo governo de serem edi-t«idos som censura prévia. Não se trata,obviamente, de nenhuma dádiva ouconcessão governamental, mas sim deconquista cie todos aqueles que lutam

pelo Estado de Direito Democrático noPaís, dentre os quais esses jornais, alia-dos à ABI (Associação Brasileira de Im-

prensa), Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais do Estado de S. Paulo, CNBB,OAB, MDB e demais representaçõesdos segmentos de oposição democráti-ca da sociedade nacional.

E, da mesma forma como passou aexercer a censura policialesca a essesórgãos independentes da imprensa na-r ional, o governo deixa de censurá-lossem quaisquer explicações, mesmo

porque nâo existem explicações con-vincentes

para os atos ue arbitrarieda-des cometidos sob o estado de exce-

ção em que vive mergulhada a NaçãoBrasileira.

Agora, espera-se também o levanta-mento da censura aos órgãos de im-

prensa representados pelas emissoras

de rádio e de televisão, sem o qual o

governo ainda não poderá anunciar a

prevalência dos princípios universal-mente consagrados da liberdade demanifestação e de expressão no País. E aimediala_ revogação da discriminatória"Lei

Fale ão" deve ser a próxima exigên-cia da consciência democrática nacio-nal.

Com o fim da censura prévia aos jor-nais Tribuna da Imprensa, O São Pauloe Movimento, a luta por democracia eliberdade ganha novo alento.

Movimento, O São Paulo e Tribuna

da Imprensa são jornais que, por certo,

da mesma forma como souberam en-

frentar e sobreviver sob a censura pré-via, saberão também vencer a auto-

censura, que se afigura sob o autorita-rismo do estado de exceção até mais

perniciosa que a própria censura go-vernamentaí, levando ao conhecimen-to de seus leitores todas as informações

que até aqui não puderam veicular.

(trecho do requerimento encami-

nhado e aprovado pela Câmara Muni-

cjpal)

Vereador Luiz Paulo Costa - MDBSão losé dos Campos - SP

ERRATANa edição anterior, n" 136, foram publica-

das algumas matérias com erros graves de

edição e produção. Assim:

No último parágrafo da nota "Várias:

pro-

testos e greves", página 6, onde se lè "...

jor-

nalistas paralisaram

os trabalhos durante 10

..nos ... , leia-se 10 horas;

No primeiro parágrafo da nota "Anistia

íaz as contas...", na mesma página, onde se

lê "...

os dados foram apresentados no pe-

núltimo sábado (16) pelo advogado do preso

político Eni Moreira...", leia-se "pela

advo-

gada do preso político, Eni Raymundo Mo-

reira, presidente do Comitê Brasileiro da

Anistia";

No segundo parágrafo da nota "Lvsáneas

veio ajudar...", ainda na página, onde se lê "...

O cassado Chico Pinto..." leia-se "Chico

Pin-

to, que perdeu o mandato por processo no

STF (a chamada "cassação

branca")";

Na Coluna do Chico Pinto, a versão corre-

ta do penúltimo parágrafo a» terceira colu-

na é a seguinte:"Creio

que há outra pergunta funda men-

tal a fazer. O Estado de direito burguês, a

democracia capitalista, interessa aos traba-

lhadores. Que fale quem tem autoridade

para fazê-lo: "As

objeções anarquistas, se-

gundo as quais nós retardaremos a revolu-

ção socialista a nos batermos açora pela re-

volução democrática, respondemos: não,

náo a retardaremos, mas daremos o primei-ro passo para ela com o único meio possivele através do único caminho seguro, precisa-mente através do caminho da república de-

mocratira. Quem deseja caminhar para o so-

cialismo por uma via que nâo seja a demo-

cracia politica chegará inevitavelmente a

(onclusões absurdas e reacionárias, tanto dc

ponto de vista econômico, quanto do pontede vista político...".

/^(M^V*USe minha assinatura de Movimento ainda não venetu, deve estar

por vencer. E é com satisfação que desejo renová-la. Aindamais agora que pressinto o jornal Mc.-... mento mais

fortalecido, pois poderá, com menos empecilho alcançar

seus objetivos, livre dos grilhões da censura prévia. Pormais um ano (e sempre) estaremos juntos na conquista denossa libertação e na firme disposição de não aceitartristes retornos. Avante!

Estou enviando anexo um cheque nominal no valor de

Cr$ 600,00, emitido em favor de Edição S/A.

Ao concluir reitero minhas

Saudações DemocráticasVANDER RODRIGUES

Arapongas • PR

Km^COrXmr Desejo recebeiuma assinatura de Movimento i

>"*N

\ \^^ (Nome ixx '.Endereço

IProfissâo

Idade '. |.Cidade j

|Estadoi/ \V. mmSR em nom».» de Edi-1v w ^^^r^^_ms_^^»Yi£:\

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America do Sol é o progra.n.i espe-

ciai dc musica latino-americana apre-

sentado pela Bandeirantes FM.

Astor Pia/zola, Mercedes Sosa, Vio-leta Parra, Victor Jarra, Inti lllimani,Los Chasques, Berugo Carâmbula eoutros.

-Todos reunidos para mostrar o nt-

mo, a mensagem, a palas ra. a luta e o

mo. imento musical latino americano.

Não perca: AMÉRICA DO SOL.

Bandeirantes FM. Domingo, as 19 ho

ras. Reapresenta.ao: ás quintas, meia-

noite especial

96.1 MH-MOVIMENTO - V7/7S 2.1

Page 24: m^a**^^ ^^^^**mmmmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1978_00157.pdfHistórico Na lei penal brasileira, bem como na legislação penal dos países mais civiliza-dos, a incomunicabilidade

Êl PODEROSOS! VÃO MAIS^DEVAGAR PRÓS HUMORjSTAS PO^ERJA^^CO^ANHAR[

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