[penal] 01.02. princípios do dir. penal

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Penal09. Conceito, Fontes e Princípios Sumário 1. Princípios do Direito Penal......4 1.1. Princípio da ofensividade ou lesividade........................4 1.2. Princípio da intervenção mínima............................5 1.2.1. - Características do princípio da intervenção mínima: 6 1.2.2. Princípio da Insignificância ou bagatela:. . .13 1.3. Princípio da materialização do fato 18 1.4. Princípio da legalidade.....22 1.4.1. Base legal..............22 1.4.2. Efeitos civis...........23 1.4.3. Medida de segurança.....23 1.4.4. Conceito................24 1.4.5. Fundamentos.............25 1.4.6. Conclusão...............27

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Princípios Do Dir. Penal

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Penal09. Conceito, Fontes e PrincípiosSumário

1. Princípios do Direito Penal....................................41.1. Princípio da ofensividade ou lesividade.......41.2. Princípio da intervenção mínima..................5

1.2.1. - Características do princípio da intervenção mínima:.............................................61.2.2. Princípio da Insignificância ou bagatela: 13

1.3. Princípio da materialização do fato............181.4. Princípio da legalidade................................22

1.4.1. Base legal...........................................221.4.2. Efeitos civis........................................231.4.3. Medida de segurança..........................231.4.4. Conceito.............................................241.4.5. Fundamentos......................................251.4.6. Conclusão...........................................27

1.5. Princípio da pessoalidade das penas ou intranscendência ou personalidade ou responsabilidade pessoal..........................................301.6. Princípio da presunção de inocência...........30

2. Conflito aparente de Normas...............................362.1. 1º Princípio da especialidade:.....................362.2. 2º Princípio da subsidiariedade:..................372.3. 3º Princípio da consunção (ou absorção):...43

2.3.1. - Hipóteses de consunção:..................44

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a) Crime progressivo...........................................44b) Ante factum impunível....................................45c) Post factum impunível....................................45

Gabarito......................................................................473. Alt+1 •.................................................................47

3.1. Alt+2 ►......................................................473.1.1. Alt+3 →.............................................47

1. Magistratura/AC/2008/CESPE – As proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem gravemente a direito de terceiros; como consequência, não podem ser concebidas como respostas puramente éticas aos problemas que se apresentam senão como mecanismos de uso inevitável para que sejam assegurados os pactos que sustentam o ordenamento normativo, quando não existe outro modo de resolver o conflito.

Oscar Emilio Sarrule. In: La crisis de legitimidas del sistema jurídico penal (Abolucionismo o justificación). Buenos Aires: Editorial Universidad, 1998, p.98.Em relação ao princípio da lesividade, tratado no texto acima, assinale a opção incorreta.A) De acordo com parte da doutrina, o tipo penal relativo ao uso de substância entorpecente viola apenas

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a saúde individual e não, a pública, em oposição ao que recomenda o princípio da lesividade.B) Exemplo de aplicação do princípio da lesividade foi a entrada em vigor da lei que aboliu o crime de adultério do ordenamento jurídico penal.C) Uma das vertentes do princípio da lesividade tem por objetivo impedir a aplicação do direito penal do autor, isto é, impedir que o agente seja punido pelo que é, e não pela conduta que praticou.D) Com base no princípio da lesividade, o suicídio não é uma figura típica no Brasil.1

- Pelo princípio da lesividade, é inconcebível a incriminação de uma conduta não lesiva ou geradora de ínfima lesão. Ou seja, o legislador só estaria credenciado a criar tipos penais capazes de causar lesão a bens jurídicos alheios. No caso do adultério, que deixou de ser crime com o advento da Lei 11.106/05, que revogou o art. 240 do CP e gerou abolitio criminis, deve-se levar em consideração o princípio intervenção mínima, na medida em que as regras previstas na legislação civil atinentes à matéria vinham se mostrando suficientes e apropriadas, sendo desnecessário, portanto, recorrer-se ao direito penal, que deve sempre ser visto, dada sua fragmentariedade, como última opção do legislador para diminuir conflitos na sociedade.

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1. Princípios do Direito Penal● Princípios relacionados com a missão fundamental do direito penal- Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos- Princípio da intervenção mínima

● Princípios relacionados com o fato do agente- Princípio da materialização do fato- Princípio da legalidade- Princípio da ofensividade ou lesividade

● Princípios relacionados com o agente do fato- Princípio da responsabilidade pessoal- Princípio da responsabilidade subjetiva- Princípio da culpabilidade- Princípio da igualdade (isonomia)- Princípio da presunção de inocência

● Princípios relacionados com a pena- Princípio da proibição da pena indigna- Princípio da humanidade ou humanização das penas- Princípio da proporcionalidade- Princípio da pessoalidade das penas- Princípio da vedação do bis in idem

2. Princípio da ofensividade ou lesividade

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- Para que ocorra o crime é indispensável lesão efetiva, concreta e relevante ou perigo de lesão ao bem jurídico.- Pelo princípio da lesividade, é inconcebível a incriminação de uma conduta não lesiva ou geradora de ínfima lesão. Ou seja, o legislador só estaria credenciado a criar tipos penais capazes de causar lesão a bens jurídicos alheios.- Uma das vertentes do princípio da lesividade tem por objetivo IMPEDIR A APLICAÇÃO DO DIREITO PENAL DO AUTOR, isto é, impedir que o agente seja punido pelo que é, e não pela conduta que praticou.- Com base no princípio da lesividade, o suicídio não é uma figura típica no Brasil.- De acordo com parte da doutrina, o tipo penal relativo ao uso de substância entorpecente viola apenas a saúde individual e não, a pública, em oposição ao que recomenda o princípio da lesividade.Obs: STF vem decidindo que porte de arma desmuniciada e incapaz de pronto municiamento não é crime.

2. ( ) OAB/CESPE/2006.3 – Relativamente a jurisprudência do STJ e do STF. A missão do direito penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes. Em decorrência disso, a

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intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenas os bens jurídicos mais importantes e em caso de lesões de maior gravidade.2

- Esta é a definição do princípio da fragmentariedade.

3. Princípio da intervenção mínima- O direito penal deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se SUBSIDIÁRIO e FRAGMENTÁRIO.- O direito penal é SELETIVO. O objeto do direito penal é, basicamente, o fato. Os fatos podem ser divididos em: Fatos da natureza – que não interessam ao direito penal; e fatos humanos, os quais podem ser desejados ou indesejados, e somente estes últimos ganham atenção do direito penal. Ainda assim, nem todos os fatos humanos indesejados interessam ao direito penal, graças ao princípio da intervenção mínima.3.1. Características do princípio da intervenção

mínima:1ª SUBSIDIARIEDADE: Norteia a intervenção em abstrato do direito penal. Para intervir, o direito penal deve AGUARDAR A INEFICÁCIA DOS DEMAIS DIREITOS, DEVE SER A ULTIMA RATIO. “O direito penal deve ser a derradeira trincheira no

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combate aos comportamentos humanos indesejados” – Paulo José da Costa Jr.2ª FRAGMENTARIEDADE: Norteia a intervenção no caso concreto, a punição aos crimes. Para intervir, o direito penal exige relevante e intolerável lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado. Pela fragmentariedade do direito penal deve proteger APENAS os BENS JURÍDICOS MAIS IMPORTANTES e em caso de LESÕES DE MAIOR GRAVIDADE. Ou seja, o direito penal não tutela todas as lesões.Ex.: Fumar em local público, apesar de a fumaça fazer mal, de ser incômoda para os que não fumam, o direito não proíbe esta conduta, com base no princípio da fragmentariedade (apenas bens jurídicos mais importantes e lesões de maior gravidade)Ex.: despenalização do adultério, percebe que é possível afirmar que o adultério causa lesão, entretanto, pelo princípio da fragmentariedade, o direito não mais tutela esta conduta como crime (apenas bens jurídicos mais importantes e lesões de maior gravidade). Deixando para a esfera civil possíveis danos.

Inf. STF – Art. 229 do CP e princípio da adequação social

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Não compete ao órgão julgador descriminalizar conduta tipificada formal e materialmente pela legislação penal. Com esse entendimento, a 1ª Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de condenados pela prática do crime descrito na antiga redação do art. 229 do CP [“Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja ou não intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.”]. A defesa sustentava que, de acordo com os princípios da fragmentariedade e da adequação social, a conduta perpetrada seria materialmente atípica, visto que, conforme alegado, o caráter criminoso do fato estaria superado, por força dos costumes. Aduziu-se, inicialmente, que os bens jurídicos protegidos pela norma em questão seriam relevantes, razão pela qual imprescindível a tutela penal. Ademais, destacou-se que a alteração legislativa promovida pela Lei 12.015/2009 teria mantido a tipicidade da conduta imputada aos pacientes. Por fim, afirmou-se que caberia somente ao legislador o papel de revogar ou modificar a lei penal em vigor, de modo que inaplicável o princípio da adequação social ao caso. HC 104467/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.2.2011. (HC-104467)

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3. ( ) Magistratura/TO/2007/CESPE – No que diz respeito ao entendimento do STJ acerca do princípio da insignificância e sua aplicação ao direito penal. O fato de o réu possuir antecedentes criminais impede a aplicação do princípio da insignificância.3

- O fato de o réu ser portador de antecedente criminais não obsta a aplicação do princípio da insignificância, que está condicionado a outros requisitos.4. ( ) Magistratura/TO/2007/CESPE – No que diz

respeito ao entendimento do STJ acerca do princípio da insignificância e sua aplicação ao direito penal. O pequeno valor da res furtiva, por si só, autoriza a aplicação do princípio da insignificância.4

- O pequeno valor da res furtiva não é motivo bastante para justificar a incidência do princípio. São requisitos necessários à incidência do princípio : mínima ofensividade da conduta. Nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica provocada.- Há de se fazer diferença entre o pequeno valor da res furtiva e a importância do objeto material para a vítima. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, para a aplicação do princípio da insignificância, também deve

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ser levada em consideração a condição econômica da vítima, o condição econômica da vítima, as circunstâncias e o resultado do crime para determinar se houve lesão relevante.5. ( ) Magistratura/TO/2007/CESPE – No que diz

respeito ao entendimento do STJ acerca do princípio da insignificância e sua aplicação ao direito penal. Uma quantidade mínima de cocaína apreendida, em hipótese alguma, pode constituir causa justa para trancamento da ação penal, com base no princípio da insignificância.5

- O STJ entende que a quantidade mínima de cocaína apreendida em hipótese alguma pode constituir causa justa para trancamento da ação pena, com base no princípio da insignificância.6. ( ) Magistratura/TO/2007/CESPE – No que diz

respeito ao entendimento do STJ acerca do princípio da insignificância e sua aplicação ao direito penal. São sinônimas as expressões "bem de pequeno valor" e "bem de valor insignificante", sendo a conseqüência jurídica, em ambos os casos, a aplicação do princípio da insignificância, que exclui a tipicidade penal.6

- Somente o bem de valor insignificante, preenchidos os demais requisitos, enseja a aplicação do princípio da insignificância. Bem de pequeno valor é aquele inferior

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a um salário mínimo. Art. 55, § 2º informar que Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.- Consoante entendimento do STJ, não se pode confundir bem de pequeno valor com bem de valor insignificante. O de valor insignificante exclui o crime em face da ausência de ofensa ao bem jurídico tutelado, com a aplicação do princípio da insignificância. Já o furto de bem de pequeno valor, eventualmente pode caracterizar o privilégio descrito no parágrafo 2º do artigo 155 do Código Penal, que prevê a possibilidade de pena mais branda, compatível com a pequena gravidade da conduta. Nesse sentido, consulte o REsp 746.854.7. ( ) Magistratura Federal/5ª Região/2005/CESPE –

A autoridade policial instaurou inquérito policial contra Manoel pela prática do crime de descaminho, por ter ingressado no território nacional com mercadoria estrangeira, iludindo o pagamento do respectivo imposto devido, avaliado em R$ 900,00. Nessa situação, de acordo com o entendimento do STJ, não é cabível a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela.7

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- O princípio da insignificância vem sendo amplamente reconhecido pelos juízes e tribunais no delito de descaminho.8. ( ) Analista Judiciário/STF/2008/CESPE – Acerca

do tratamento dado ao princípio da insignificância e seus consectários pela jurisprudência mais recente do STF. É cabível a aplicação do princípio da insignificância para fins de trancamento de ação penal em que se imputa ao acusado a prática de crime de descaminho.8

- Há no STF, precedentes de trancamento de ação penal em sede de habeas corpus em que se imputa ao paciente a prática do crime de descaminho, tendo em vista o princípio da insignificância.9. ( ) Analista Judiciário/STF/2008/CESPE – Acerca

do tratamento dado ao princípio da insignificância e seus consectários pela jurisprudência mais recente do STF. Em caso de habeas corpus impetrado perante o STF com a finalidade de ver trancada a ação penal pela prática de crime de furto, se o julgador verificar que o crime está prescrito, deverá analisar o pedido de aplicação do princípio da insignificância, o qual, por gerar atipicidade da conduta, é mais benéfico ao réu. Nesse caso, não cabe, então, falar-se em

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prejudicialidade do pedido principal pela ocorrência de extinção da punibilidade.9

- O juiz se reconhecer extinta a punibilidade, com base no que dispõe o art. 61 do CPP, deverá declará-lo de ofício, neste caso, o pedido de aplicação do princípio da insignificância restará prejudicado, consoante precedentes do STF.10. ( ) Analista Judiciário/STF/2008/CESPE – Acerca

do tratamento dado ao princípio da insignificância e seus consectários pela jurisprudência mais recente do STF. Uma vez aplicado o princípio da insignificância, que deve ser analisado conjuntamente com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado, a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material, é afastada ou excluída.10

- O princípio da insignificância, que constitui instrumento de interpretação restritiva do tipo penal, gera exclusão da tipicidade material.11. OAB/CESPE/2006.3 – O princípio da

insignificância considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, entre os quais não se inclui

A) a mínima ofensividade da conduta do agente.B) Nenhuma periculosidade social da ação.

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C) Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.

D) Expressividade da lesão jurídica provocada.11

- Quando da aplicação do princípio da insignificância, necessário se faz observar alguns requisitos, entre os quais a inexpressividade da lesão jurídica provocada, conforme tem entendido o STF, além dos requisitos contidos nas demais alternativas.12. ( ) Analista/TRE/BA/2010/CESPE – Em relação

ao direito penal e à remição da pena. Para a doutrina e jurisprudência majoritária, o princípio da insignificância, quando possível sua aplicação, exclui o crime, afastando a antijuricidade.12

- A incidência do princípio da insignificância (delito de bagatela) constitui causa supralegal de exclusão da tipicidade material. Não há, portanto, repercussão no campo da antijuridicidade.13. ( ) Analista/MPU/2010/CESPE – Julgue o

próximo item, relativo ao direito penal. De acordo com entendimento jurisprudencial, não se aplica o princípio da insignificância aos crimes ambientais, ainda que a conduta do agente se revista da mínima ofensividade e inexista periculosidade social na ação, visto que, nesse caso, o bem jurídico tutelado pertence a toda coletividade, sendo, portanto, indisponível.13

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- Os crimes ambientais comportam sim a aplicação do postulado da insignificância, segundo jurisprudência do STF. Ver informativo 430 do STF.14. ( ) CESPE / Procurador - FPH - SE / 2009 -

Acerca da jurisprudência do STJ quanto ao princípio da insignificância, julgue o item a seguir. O crime de responsabilidade praticado por prefeito não comporta aplicação do princípio da insignificância, pois desse agente público exige-se comportamento ético e moral. 14

- Este foi o entendimento do STJ acerca de crimes praticados por prefeitos. Pronunciou-se o STJ pela não aplicação do princípio da insignificância se o bem atingido for a Administração Pública. Segundo o julgado, busca-se resguardar não somente o ajuste patrimonial, mas a moral administrativa, ainda que o valor da lesão seja considerado ínfimo. Nesse sentido, atente-se ao HC 132.021/PB.15. ( ) CESPE / Juiz - TRF 1ª Região / 2009 - Ainda

que seja a nota falsificada de pequeno valor, descabe, em princípio, aplicar ao crime de moeda falsa o princípio da insignificância, pois, tratando-se de delito contra a fé pública, é inviável a afirmação do desinteresse estatal na sua repressão. 15

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- A preocupação do legislador neste tipo penal é a confiança que a sociedade deposita na moeda. Mesmo que a menor quantidade ou o menor valor das notas represente, de forma matemática, um menor prejuízo, não se pode quantificar o dano causado à sociedade. Assim, sendo o crime de moeda falsa um crime contra a fé pública, não se admite a aplicação do princípio da insignificância. 16. ( ) CESPE / Procurador - FPH -SE / 2009 - Acerca

da jurisprudência do STJ quanto ao princípio da insignificância, julgue o item a seguir. Não se aplica o referido princípio às condutas judicialmente reconhecidas como ímprobas, pois não existe ofensa insignificante ao princípio da moralidade. 16

- Entendeu o STJ que o princípio da moralidade está ligado ao conceito de boa administração, ao elemento ético, à honestidade, ao interesse público e à noção de bem comum.- Dessa forma, não se pode conceber que uma conduta ofenda “só um pouco” a moralidade. Se o bem jurídico protegido pela Lei de Improbidade é, por excelência, a moralidade administrativa, não há que se falar em aplicação do princípio da insignificância às condutas imorais. O Estado-juiz não pode concluir pela insignificância de uma conduta que atinge a moralidade

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e a probidade administrativas, sob pena de ferir o texto constitucional. Vide o REsp 892.818-RS.17. ( ) CESPE / Analista - EMBASA - BA / 2009 -

Segundo o STJ, no caso de crime de falsificação de moeda, a norma penal não busca resguardar somente o aspecto patrimonial, mas também, e principalmente, a moral administrativa, que se vê flagrantemente abalada com a circulação de moeda falsa. No entanto, a pequena quantidade de notas ou o pequeno valor de seu somatório é suficiente para quantificar como pequeno o prejuízo advindo do ilícito perpetrado, a ponto de caracterizar a mínima ofensividade da conduta para fins de exclusão de sua tipicidade.17

- A explicação da questão vai de encontro ao entendimento do STJ. O crime de moeda falsa é delito contra a fé pública e, ainda que seja a nota falsificada de pequeno valor, não cabe a aplicação do princípio da insignificância, causa supralegal de exclusão de ilicitude. O delito contra a fé pública descaracteriza a mínima ofensividade da conduta do agente.18. ( ) CESPE / Escrivão da Polícia Federal - DPF /

2009 - Para que se configure a legítima defesa, faz-se necessário que a agressão sofrida pelo agente seja antijurídica, contrária ao ordenamento jurídico, configurando, assim, um crime.18

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Não é necessário que a agressão sofrida pelo agente seja um crime, apenas que esta seja injusta. Por exemplo, aquele que defende um bem de valor irrisório que estava sendo subtraído por outra pessoa age em legítima defesa, mesmo que o fato não seja considerado crime pela aplicação do princípio da insignificância. Também pode agir em legítima defesa o proprietário do bem atingido por furto de uso.19. ( ) CESPE / Analista Judiciário -TRE-MA / 2009 -

É inadmissível a aplicação do princípio da insignificância aos delitos praticados contra a administração pública.19

- O tema abordado na questão é controvertido em nossos tribunais superiores. Existem decisões divergentes entre o STJ e o STF. O STF, no HC 87.478-PA, entendeu ser perfeitamente aplicável o principio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública. Já o STJ, no REsp. 655.946-DF, entendeu não ser aplicável. O CESPE segue o entendimento do STF, segundo o qual é admissível a aplicação do princípio da insignificância aos delitos praticados contra a Administração Pública.20. ( ) CESPE / Auditor - TCU / 2007 - Considere a

seguinte situação hipotética. João, empregado público do Metrô, apropriou-se indevidamente, em proveito próprio, de setenta bilhetes integração

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ônibus/metrô no valor total de R$ 35,00, dos quais tinha a posse em razão do cargo (assistente de estação) que ocupava nessa empresa pública. Nessa situação, de acordo com o entendimento do STJ, em face do princípio da insignificância, não ficou configurado o crime de peculato.20

- O Superior Tribunal de Justiça firmou posição no sentido de que é inaplicável ao crime de peculato o princípio da insignificância, haja vista a natureza do bem jurídico tutelado pela norma penal. Incidência da Súmula 83/STJ (STJ, REsp 1.060.082/PR, DJ 28.06.2010). 21. ( ) CESPE / Técnico Judiciário -TST / 2008 - A

diferença entre o furto privilegiado e o estelionato privilegiado consiste no fato de que, no primeiro, leva-se em conta o pequeno valor da coisa subtraída, enquanto, no segundo, considera-se o pequeno prejuízo suportado pela vítima.21

- A questão traz a correta distinção entre os dois tipos penais privilegiados. No crime de furto privilegiado, art. 155, §2° do CP, o criminoso deve ser primário e a coisa furtada de pequeno valor. No crime de estelionato, a figura privilegiada está no §1° do art. 171, tendo como elementos a primariedade do agente e o pequeno prejuízo suportado pela vítima no momento da consumação do delito.

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22. FCC - 2013 - MPE-SE - Analista – Direito. A ideia de insignificância penal centra-se no conceito:

a) formal de crime.b) material de crime.c) analítico de crime.d) subsidiário de crime.e) aparente de crime.- O princípio da insignificância exclui a tipicidade material do crime.- O princípio da insignificância é aplicado aos crimes em que a conduta do agente atinge o bem jurídico de forma tão desprezível que a lesão se torna insignificante (bagatela).- O crime é material pois se consuma com a alteração do resultado (subtrair). Ex.: um agente ir ao supermercado e furtar uma maçã ou um pó de café.

23. Com base no entendimento jurisprudencial acerca do princípio da insignificância, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Analisada em sede de tipicidade material, tem a finalidade de afastar do âmbito do Direito Penal fatos que, por sua pequenez jurídica, não devem fazer manifestar este ramo do ordenamento, de aplicação excepcional por vocação.

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b) Em tese, todos os crimes praticados sem violência ou grave ameaça, podem ser arguidos a luz da insignificância.

c) De acordo com o posicionamento mais atual do STF, a reincidência por si só não possui o condão de afastar necessariamente a possibilidade de manifestação da insignificância.

d) Na aplicação do princípio da insignificância, não se deve considerar o valor do objeto do delito e sim os aspectos subjetivos do fato, considerados relevantes para a análise.

e) Em tese seria possível a aplicação da insignificância em situações de prática de atos infracionais.

- A resposta é a letra “b” pois há crimes que mesmo sem violência ou grave ameaça não cabe o princípio da insignificância como nos casos de contrabando, tráfico de drogas, uso de drogas, falsificação de moeda.- a letra “d” é o novo entendimento do STF (2015) Na aplicação do princípio da insignificância, não se deve considerar o valor do objeto do delito e sim os aspectos subjetivos do fato, considerados relevantes para a análise

4. Princípio da insignificância4.1. Resumo - Não se aplica o princípio da insignificância ao:

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1. Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário)

2. Estelionato envolvendo FGTS 3. Estelionato envolvendo o seguro-desemprego 4. posse/porte de droga para consumo pessoal (art. 28

da Lei 11.343/2006).5. Contrabando.

4.2. Introdução- O princípio da insignificância ou bagatela em que não se reconhece a existência de justa causa para a propositura da ação penal em virtude de não haver interesse na movimentação da máquina judiciária, pois, neste caso, a lesão ao bem jurídico (patrimônio) é irrisória, ínfima, como, por exemplo, na subtração de uma folha, de uma rosa, de um alfinete etc.4.3. Origem, terminologia e previsão legal- Origem: Quem primeiro tratou sobre o princípio da insignificância no direito penal foi Claus Roxin em 1964.- Busca raízes no brocardo civil minimis non curat praetor (algo como “o pretor” – magistrado à época – não cuida de coisas sem importância).- Terminologia: Também é chamado de princípio da bagatela.

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- Previsão legal: O princípio da insignificância não tem previsão legal no direito brasileiro. Trata-se de uma criação da doutrina e da jurisprudência.

4.4. Natureza Jurídica- O princípio da insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material.Min. Gilmar Mendes: é um postulado hermenêutico voltado à descriminalização de condutas formalmente típicas.Min Celso de Mello: O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material.

4.5. Diferença de pequeno valor e valor insignificante

- Saliente-se, entretanto, que, apesar do valor econômico irrisório, o fato constituirá crime se o bem tiver valor afetivo (uma fotografia, uma lembrança etc.). Esta é também a opinião de Damásio E. de Jesus, Magalhães Noronha e Júlio F. Mirabete.

Atenção!- O PEQUENO VALOR da res furtiva não é motivo

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para a incidência do princípio da insignificância. O pequeno valor, eventualmente pode DIMINUIR (1/3 A 2/3) OU SUBSTITUIÇÃO DA PENA DE RECLUSÃO POR DETENÇÃO.

- O BEM INSIGNIFICANTE, preenchidos os demais requisitos, enseja a aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, EXCLUINDO O CRIME (especificamente exclui a tipicidade material).

- PEQUENO VALOR da coisa furtada (objetivo): Quando não passa de 1 SALÁRIO MÍNIMO. Art. 55, § 2º informar que Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.- O crime envolvendo pequeno valor NÃO AFASTA A TIPICIDADE MATERIAL NEM A TIPICIDADE DO CRIME.Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Atenção!BEM DE PEQUENO VALOR = menor que 1 salário mínimo - ou substitui a reclusão por detenção ou reduz

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de 1/3 a 2/3.

- Veja entendimento do STJ“bem de pequeno valor não é, necessariamente, bem insignificante. Trata-se de entendimento pacífico dos nossos tribunais superiores (STF: AI-AgR 691170, HC 94765. STJ: AgRG 98757, HC 21056, HC 53139, HC 89113). É preciso distinguir esses parâmetros: o valor do bem deve ser analisado em conjunto com a condição econômica da vítima. Outro ponto deve ser considerado: o valor do bem não é o único parâmetro a ser considerado para a aplicação da insignificância. Há hipóteses em que, embora pequeno, o valor, se analisado conjuntamente com outros fatores, não pode ser considerado ínfimo. Exemplificando: R$70,00 pode ser considerado pequeno valor, mas, para uma pessoa desempregada, nunca será ínfimo. Faz-se necessária e, indispensável, a avaliação do caso concreto.”

- STJ define que o princípio da insignificância não se aplica a furto de bens de pequeno valor. Não se pode aplicar o princípio da insignificância no caso de furto de bem de pequeno valor porque isso pode incentivar a prática de pequenos delitos."A subtração de bens cujo valor não pode ser considerado ínfimo não pode ser tido como um

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indiferente penal, na medida em que a falta de repressão de tais condutas representaria verdadeiro incentivo a pequenos delitos que, no conjunto, trariam desordem social"

Inf. STF – Rádio Comunitária Clandestina: Princípio da Insignificância e ExcepcionalidadeAnte o empate na votação, a Turma deferiu habeas corpus para, em face da atipicidade da conduta, cassar o acórdão proferido pelo STJ e restabelecer a sentença absolutória que aplicava o princípio da insignificância. Na espécie, os pacientes foram denunciados, por supostamente operarem rádio comunitária sem autorização legal, como incursos nas sanções do art. 183 da Lei 9.472/1997 [“Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação: Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o crime”]. Registrou-se que, nos termos da norma regulamentadora (Lei 9.612/98), o serviço de radiodifusão comunitária utilizado pela emissora seria de baixa potência — 25 watts e altura do sistema irradiante não superior a 30 metros — não tendo, desse modo, capacidade de causar interferência relevante nos demais meios de

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comunicação. Ressaltou-se a excepcionalidade do caso concreto e aduziu-se que a rádio era operada em pequena cidade no interior gaúcho, com cerca de dois mil habitantes, distante de outras emissoras de rádio e televisão e de aeroportos, o que demonstraria ser remota a possibilidade de causar algum prejuízo para outros meios de comunicação. Acresceu-se que, em comunidades localizadas no interior de tão vasto país, nas quais o acesso à informação não seria amplo como nos grandes centros, as rádios comunitárias surgiriam como importante meio de divulgação de notícias de interesse local, de modo que não se vislumbraria, na situação em apreço, reprovabilidade social da ação dos pacientes. Ademais, observou-se que fora pleiteada, ao Ministério das Comunicações, a autorização para execução do serviço de radiodifusão em favor da mencionada rádio. Concluiu-se que, em virtude da irrelevância da conduta praticada pelos pacientes e da ausência de resultado lesivo, a matéria não deveria ser resolvida na esfera penal e sim nas instâncias administrativas. Vencidos os Ministros Cármen Lúcia e Marco Aurélio que denegavam a ordem, tendo em conta a falta do licenciamento exigido para o serviço de radiodifusão comunitária e o teor de laudo pericial que teria concluído pela possibilidade de o funcionamento da referida rádio interferir em outras freqüências. O

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Min. Marco Aurélio salientava que o bem protegido seria da maior valia e a Min. Cármen Lúcia lembrava que algumas emissoras poderiam prestar desserviços, por exemplo, quando utilizadas por facções criminosas.HC 104530/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 28.9.2010. (HC-104530)

4.6. Tipicidade material- A tipicidade penal divide-se em: a)a) Tipicidade formal (ou legal): é a adequação

(conformidade) entre a conduta praticada pelo agente e a conduta descrita abstratamente na lei penal incriminadora.

b) Tipicidade material (ou substancial): é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo penal.

- Verificar se há tipicidade formal significa examinar se a conduta praticada pelo agente amolda-se ao que está previsto como crime na lei penal. - Verificar se há tipicidade material consiste em examinar se essa conduta praticada pelo agente e prevista como crime produziu efetivamente lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo tipo penal. - Primeiro se verifica se a conduta praticada pelo agente se enquadra em algum crime descrito pela lei penal.

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● Se não se amoldar, o fato é formalmente atípico.● Se houver essa correspondência, o fato é

formalmente típico.● Sendo formalmente típico, é analisado se a conduta

produziu lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico que este tipo penal protege.

● Se houver lesão ou perigo de lesão, o fato é também materialmente típico.

● Se não houver lesão ou perigo de lesão, o fato é, então, materialmente atípico.

4.7. Princípio da insignificância e tipicidade material

- Se o fato for penalmente insignificante significa que não lesou nem causou perigo de lesão ao bem jurídico. Logo, aplica-se o princípio da insignificância e o réu é absolvido por atipicidade material, com fundamento no art. 386, III, do CPP. - O princípio da insignificância atua, então, como um instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:III - não constituir o fato infração penal;

Ex.: João subtrai, para si, um pacote de biscoitos do supermercado, avaliado em 8 reais. A conduta do

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agente amolda-se perfeitamente ao tipo previsto no art. 155 do CP. Ocorre que houve inexpressiva lesão ao patrimônio do supermercado.

4.8. Aplicação do princípio da insignificância- O princípio da insignificância pode, em tese, ser aplicado para delitos de menor, médio ou alto potencial ofensivo, a depender da situação em concreto e do crime a que se refere.

4.9. Valor do bem x princípio da insignificância- O princípio da insignificância não é baseado apenas no valor patrimonial do bem. Além do valor econômico, deve-se analisar outros fatores que podem impedir a aplicação do princípio, como, por exemplo:a) O valor sentimental do bem (ex: uma bijuteria que

pertenceu a importante familiar falecido).b) a condição econômica da vítima (ex: furto de

bicicleta velha de uma vítima muito pobre);c) as condições pessoais do agente (ex: furto de

bombom no supermercado praticado por policial em serviço);

d) as circunstâncias do delito Ex1: furto mediante ingresso subreptício na residência da vítima, com violação da privacidade e tranquilidade pessoal desta;

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Ex1.: estelionato praticado por meio de saques irregulares de contas do FGTS. A referida conduta é dotada de acentuado grau de desaprovação pelo fato de ter sido praticada mediante fraude contra programa social do governo que beneficia inúmeros trabalhadoresEx3.: O modos operandi da prática delitiva – em que o denunciado quebrou o vidro da janela e a grade do estabelecimento da vítima – demonstra um maior grau de sofisticação da conduta a impedir o princípio.e) as consequências do delito Ex1: furto de bicicleta que era o único meio de locomoção da vítima.Ex2.: Não se aplica o princípio da insignificância ao delito de receptação qualificada no qual foi encontrado, na farmácia do réu. Exposto à venda, medicamento que deveria ser destinado ao fundo municipal de saúde.

4.10. Requisitos OBJETIVOS para aplicação do princípio (também chamados de VETORES):

- O Min. Celso de Mello (HC 84.412-0/SP) idealizou quatro requisitos objetivos para a aplicação do princípio da insignificância, sendo eles adotados pela jurisprudência do STF e do STJ. - O princípio da insignificância é desdobramento da fragmentariedade do princípio da intervenção mínima.

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- Requisitos para utilizar o princípio da insignificância (entendimento do STJ e STF):

RIMA/MARIa) Reduzido grau de reprovabilidade do

comportamento; (RGRC)b) Inexpressividade da lesão provocada. (ILP)c) Mínima ofensividade da conduta do agente;

(MOCA)d) Ausência/Nenhuma periculosidade social da ação;

(NPSA)Outra maneira do macete!!!

- Podemos chamar o macete também de MARIMínima Ofensividade da Conduta do AgenteAusência de periculosidade social da açãoReduzido grau de Reprovabilidade do comportamentoInexpressividade da lesão jurídica.

- O princípio da insignificância, que constitui instrumento de interpretação restritiva do tipo penal, gera EXCLUSÃO DA TIPICIDADE MATERIAL.- Tratam-se de requisitos objetivos, ou seja, não devem ser levados em consideração para apuração da insignificância, a reincidência ou os maus antecedentes do agente.

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Pergunta: Qual é a diferença entre cada um desses requisitos?Não sei. Acho que ninguém sabe ao certo. Os julgados que mencionam esses requisitos não explicam o que seja cada um deles, até porque alguns parecem se confundir. A doutrina critica esses critérios. Paulo Queiroz, por exemplo, afirma que esses requisitos ficam andando em círculos. Desse modo, não se preocupe em diferenciá-los. Decorá-los é suficiente.

4.11. Requisito SUBJETIVO para a aplicação do princípio da insignificância

- A 5ª Turma do STJ construiu tese de que, para a aplicação do princípio da insignificância, além do aspecto objetivo, deve estar presente também o requisito subjetivo. - Requisito subjetivo: O réu não pode ser um criminoso habitual.- Assim, caso o agente responda por outros inquérito policiais, ações penais ou tenha contra si condenações criminais, ele não pode ser beneficiado com a aplicação do princípio da insignificância por lhe faltar o requisito subjetivo.

Memorize!!!- Na aplicação do princípio da insignificância, não se deve considerar o valor do objeto do delito e sim

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os aspectos subjetivos do fato, considerados relevantes para a análise

4.12. Princípio da insignificância x réu reincidentePergunta: É possível a aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações penais?- Trata-se de tema ainda polêmico na jurisprudência do STF e do STJ, havendo decisões recentes nos dois sentidos. Não deveria, portanto, ser cobrado em provas objetivas. No entanto, em se tratando de concursos, tudo é possível, conforme veremos mais abaixo. Posição que eu penso ser a mais segura para as provas (até o presente momento): A existência de circunstâncias de caráter pessoal desfavoráveis, tais como o registro de processos criminais em andamento, a existência de antecedentes criminais ou mesmo eventual reincidência não são óbices, por si só, ao reconhecimento do princípio da insignificância.- Assim, em tese, É POSSÍVEL aplicar o princípio da insignificância para réus reincidentes ou que respondam a inquéritos ou ações penais. No entanto, existem muitos julgados do STF e do STJ que, no caso concreto, afastam esse princípio pelo fato do réu ser reincidente ou possuir diversos antecedentes de práticas

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delituosas, o que, segundo alguns Ministros, dá claras demonstrações de ser ele um infrator contumaz e com personalidade voltada à prática delitiva.- Nesses casos, aplicar o princípio da insignificância seria um verdadeiro incentivo ao descumprimento da norma legal, especialmente tendo em conta aqueles que fazem da criminalidade um meio de vida.- Desse modo, no caso concreto, a existência de antecedentes pode demonstrar a reprovabilidade e ofensividade da conduta, o que afastaria o princípio da bagatela. Nesse sentido, veja essa prova aplicada pelo CESPE:24. ( ) CESPE - Juiz Federal/TRF5 – 2011 - No caso

de o agente ser reincidente, não se aplica o princípio da insignificância para o reconhecimento da atipicidade material da conduta delituosa, pois deve-se evitar a fragmentação do delito em condutas que, isoladamente, sejam objetivamente insignificantes, mas que, analisadas em conjunto, fragilizem a segurança do ordenamento jurídico.22

- gabarito oficial: apontou esta assertiva como errada. Houve recurso de alguns candidatos contra essa questão, mas o CESPE não deu provimento, respondendo da seguinte forma: “Segundo a jurisprudência consolidada do STJ e também no Supremo Tribunal, a existência de

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condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância. Nesse sentido: STJ - HC 176.006/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julg ado em 04/11/2010, DJe 13/12/2010.” - Reitero, no entanto, que o tema é polêmico até mesmo porque essa assertiva considerada errada pelo CESPE está de acordo com alguns julgados do STJ, como é o caso do REsp 1206030/MG.

Cuidado!- O fato de o réu ser portador de ANTECEDENTE CRIMINAIS, REINCIDÊNCIA E MAUS ANTECEDENTES NÃO OBSTAM A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, que está condicionado a outros requisitos.

4.13. Descaminho x contrabando x princípio da insignificância

- O STF tem admitido aplicar o princípio da insignificância para o crime de descaminho.- O STF não aplica o princípio da insignificância para contrabando, ele não aceita que você cogite de quantificação no contrabando.

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- A lei 10.522 (Lei do CADIN) diz que Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).Lei 10.522, Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

- Entretanto, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional aumentou para R$ 20 mil o limite mínimo para se ajuizar execuções fiscais por débitos para com o Fisco. Até então, o valor era de R$ 10 mil. A mudança se deu a partir de estudos dirigidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) segundo os quais, em ações de execução de dívidas menores do que R$ 21,7 mil, a União dificilmente consegue recuperar valor igual ou superior ao custo do processo judicial.

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4.14. Diferença no caso de concursos da Defensoria ou MP:

- Se você estiver fazendo uma prova prática (exs: alegações finais, recurso) ou oral da Defensoria ou do Ministério Público, entendo que é recomendável, após expor a divergência existente na jurisprudência, posicionar-se defendendo a “tese institucional” e para isso precisará apresentar argumentos. Ei-los:É possível a aplicação do princípio da insignificância em favor de réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações penais?Defensoria: SIM Ministério Público: NÃOSe o fato é insignificante, é porque não há tipicidade material. Ora, não pode um fato ser considerado atípico para o réu se ele for primário e esse mesmo fato ser reputado como típico se o acusado for reincidente. Ou o fato é típico ou não é, não importando as condições pessoais do agente, considerando que estamos analisando o

Se o réu é reincidente em práticas delituosas essa circunstância revela clara demonstração de que ele é um infrator contumaz e com personalidade voltada à prática delitiva. A lei seria inócua se fosse tolerada a reiteração do mesmo delito, seguidas vezes, em frações que, isoladamente, não superassem certo valor tido por insignificante, mas o

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“fato” criminoso. Assim, para a incidência do princípio da insignificância, devem ser examinadas as circunstâncias objetivas em que se deu a prática delituosa, o fato em si, e não os atributos inerentes ao agente. Se forem analisadas as condições subjetivas do réu para se aplicar ou não o princípio da insignificância, estará sendo dada prioridade ao direito penal do autor em detrimento do direito penal do fato. As condições pessoais do autor somente devem ser aferidas quando da fixação da eventual e futura pena. Principais defensores dessa corrente: Ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes.

excedesse na soma. E mais: seria um verdadeiro incentivo ao descumprimento da norma legal, mormente tendo em conta aqueles que fazem da criminalidade um meio de vida. O princípio da insignificância não pode ser acolhido para resguardar e legitimar constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. O fato de haver outras condenações, ações penais ou inquéritos revela, assim, a reprovabilidade e ofensividade da conduta, vedando a aplicação da insignificância. Principais defensores dessa corrente:

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Ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Lewandowski

4.15. Princípio da insignificância após o trânsito em julgado

- O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória (HC 95570, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 01/06/2010)

4.16. Crimes contra a fé pública x princípio da insignificância

- Há uma divergência entre o STF e o STJ quando se refere aplicação do princípio insignificância aos crimes contra a fé pública (ex: falsificação de moeda).- Os entendimentos são:a) Para o STF: Decisões analisando a realidade

econômica do país; o princípio da insignificância aplica-se aos crimes contra a Administração Pública, inclusive descaminho (Art.334, CP)

b) Para o STJ: Decisões analisando a significância da lesão para a vítima. Não admite para os crimes contra a Administração Pública (porque, nesse

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caso, o bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa e não o patrimônio).

- Recentemente o STF entendeu casuisticamente que não há o preenchimento do requisito do reduzido grau de reprovabilidade para incidência do princípio da insignificância quando houver reincidência.

Inf. STF – Contrabando: princípio da insignificância e reincidênciaA 1ª Turma denegou habeas corpus em que se requeria a incidência do princípio da insignificância. Na situação dos autos, a paciente, supostamente, internalizara maços de cigarro sem comprovar sua regular importação. De início, assinalou-se que não se aplicaria o aludido princípio quando se tratasse de parte reincidente, porquanto não haveria que se falar em reduzido grau de reprovabilidade do comportamento lesivo. Enfatizou-se que estariam em curso 4 processos-crime por delitos de mesma natureza, tendo sido condenada em outra ação penal por fatos análogos. Acrescentou-se que houvera lesão, além de ao erário e à atividade arrecadatória do Estado, a outros interesses públicos, como à saúde e à atividade industrial interna. Em seguida, asseverou-se que a conduta configuraria contrabando e que, conquanto houvesse sonegação de tributos com o

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ingresso de cigarros, tratar-se-ia de mercadoria sob a qual incidiria proibição relativa, presentes as restrições de órgão de saúde nacional. Por fim, reputou-se que não se aplicaria, à hipótese, o postulado da insignificância — em razão do valor do tributo sonegado ser inferior a R$ 10.000,00 — por não se cuidar de delito puramente fiscal. O Min. Marco Aurélio apontou que, no tocante ao débito fiscal, o legislador teria sinalizado que estampa a insignificância, ao revelar que executivos de valor até R$ 100,00 seriam extintos. HC 100367/RS, rel. Min. Luiz Fux, 9.8.2011. (HC-100367)

- O STF entendeu que mesmo se o fato for cometido por militar em serviço é possível a aplicação do princípio da insignificância.

Inf. STF – Furto praticado por militar e princípio da insignificânciaAnte o empate na votação, a 2ª Turma deferiu habeas corpus para aplicar o princípio da insignificância em favor de policial militar acusado pela suposta prática do crime de furto (CPM, art. 240, caput, c/c art 9º, I). Na espécie, extraiu-se da denúncia que o paciente, fardado e no seu horário de serviço, subtraíra uma caixa de bombons de estabelecimento comercial e a colocara dentro do seu colete. O Min. Gilmar Mendes,

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redator para o acórdão, tendo em vista o valor do bem em comento, consignou possível a incidência do referido postulado. Aludiu que o próprio conceito de insignificância seria, na verdade, a concretização da idéia de proporcionalidade, a qual, no caso, teria se materializado de forma radical. O Min. Ayres Britto acrescentou que o modo da consumação do fato não evidenciaria o propósito de desfalcar o patrimônio alheio. Em divergência, os Ministros Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski denegavam a ordem, por entenderem que a reprovabilidade da ação não permitiria o reconhecimento do princípio da bagatela. Isso porque abstraíam o valor da mercadoria furtada e concentravam sua análise na conduta do agente, a qual colocaria em xeque a credibilidade da instituição a que pertenceria, porquanto, em virtude de seu cargo — incumbido da manutenção da ordem —, possuiria os deveres de moralidade e de probidade. HC 108373/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 6.12.2011. (HC-108373)

4.17. Outros casosAtenção!

- Os crimes AMBIENTAIS comportam a aplicação do postulado da INSIGNIFICÂNCIA, segundo jurisprudência do STF.

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- Para o STF mesmo UMA NOTA DE PEQUENO VALOR FALSIFICADA NÃO é possível a aplicação do princípio da insignificância.

4.18. Princípio da insignificância x sonegação de contribuição previdenciária.

- Para o STF os delitos previdenciários do art. 168 não comportam a aplicação do princípio da insignificância.

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos

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relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

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5. Princípio da materialização do fato- Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias – fatos (Direito Penal do Fato).Obs: Punição pelo que é, pelo que pensa ou pelo estilo de vida, seria Direito Penal do Autor, não admitido pelo direito penal brasileiro. Por tal motivo, a doutrina critica a contravenção penal da vadiagem.

Inf. STF – Corrupção de menores para prática de mendicância e “abolitio criminis”A 1ª Turma concedeu, de ofício, habeas corpus para trancar ação penal instaurada contra o paciente, pela suposta prática do crime de corrupção de menor (Lei 8.069/90, art. 224-B) e da contravenção penal de mendicância (Decreto-lei 3.688/41, art. 60). A defesa sustentava a abolitio criminis da imputação feita ao paciente, razão pela qual estaria extinta a punibilidade. Não obstante reconhecendo que a tese não teria sido aventada perante o STJ e que sua análise implicaria supressão de instância, considerou-se a particularidade do caso. Aduziu-se que o fato pelo qual estaria o paciente sendo processado seria corrupção de menores para a prática de mendicância. Entretanto, a partir da análise do art. 224-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, reputou-se que, para a consumação do

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delito nele previsto, far-se-ia necessário que o agente corrompesse ou facilitasse a corrupção de menor, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la. Assim, tendo em conta a revogação do art. 60 da Lei das Contravenções Penais pela Lei 11.983/2009, concluiu-se que a conduta do acusado não seria típica, visto que a mendicância perdera o status de infração penal.HC 103787/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.10.2010. (HC-103787)

25. ( ) OAB/CESPE/2008.2 – Com base nos princípios de direito penal na CF. o princípio básico que orienta a construção do direito penal é o da intranscendência da pena, resumido na fórumla nullum crimen, nulla poena, sine lege.23

- A fórmula, em latim, corresponde ao princípio da legalidade, contido no art. 1º do CP.26. ( ) OAB/CESPE/2008.2 – Segundo a CF, é

proibida a retroação de leis penais, ainda que estas sejam mais favoráveis ao acusado.24

- Art. 5º XL, da CF estabelece uma exceção à não retroatividade da lei penal, autorizando que a norma penal projete seus efeitos para o passado para beneficiar o réu.

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27. ( ) OAB/CESPE/2006.3 – Relativamente a jurisprudência do STJ e do STF. Segundo o princípio da legalidade, a elaboração das normas incriminadoras e das respectivas sanções constitui função exclusiva da lei.25

- Ver art. 5º XXXIX da CF e art. 1º do CP28. ( ) OAB/CESPE/2006.3 – Relativamente a

jurisprudência do STJ e do STF. O sistema constitucional brasileiro autoriza que se apliquem leis penais supervenientes mais gravosas a fatos delituosos cometidos em momento anterior ao da edição da lex gravior.26

- Ver art 5º XXXIX e XL da CF E art. 1º do CP.29. ( ) Analista/MPU/1999/CESPE – julgue o item a

seguir. Se Paulo for condenado, por sentença transitada em julgado, a cinco anos de reclusão por crime que uma lei posterior deixou de considerar ilícito penal, é correto afirmar que Paulo somente poderá se beneficiar da nova lei se já houver cumprido, ao menos, um terço da pena imposta.27

- Ocorreu no caso a chamada abolitio criminis, art. 2º, parágrafo único do CP, faz desaparecer todos os efeitos penais, principais e secundários, entretanto, os civis subsistem.30. ( ) Fiscal de Tributos/Rio

Branco/AC/2007/CESPE – A hierarquia entre a

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Constituição e o direito penal ocorre na medida em que as disposições deste somente valem e obrigam quando se prestem á realização dos fins constitucionais e prestigiem valores socialmente relevantes, que se prestam ao fim de possibilitar a convivência social, assegurar níveis mínimos, toleráveis, de violência, por meio da prevenção e repressão de ataques a bens jurídicos constitucionalmente relevantes.28

- O direito Penal deve ser concebido com o propósito de conferir proteção aos bens jurídicos mais importantes (princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos). É fundamental que o bem jurídico a receber a tutela do Direito Penal esteja em sintonia com os valores contemplados na CF.31. ( ) Fiscal de Tributos/Rio

Branco/AC/2007/CESPE – o princípio da estrita legalidade ou da reserva legal e o da irretroatividade da lei penal controlam o exercício do direito estatal de punir, ao afirmarem que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.29

- Ver art. 5º XXXIX e XL da CF e art. 1º do CP.32. ( ) Fiscal de Tributos/Rio

Branco/AC/2007/CESPE – O princípio da anterioridade, no direito penal, proíbe que uma lei

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penal seja aplicada a um delito cometido menos de um ano após a publicação da norma incriminadora que passou a prever o fato como criminoso.30

- O princípio da anterioridade prescreve que o fato deve ser posterior à entrada em vigor da lei. De outro modo: a lei penal deve entrar em vigor antes e só terá incidência a fatos ocorridos a partir dela. Se a lei for publicada e entrar em vigo na mesma data, os fatos ocorridos a partir de então estarão a ela submetidos (a lei terá aplicação)33. ( ) Fiscal de Tributos/Vila Velha/ES/2008/CESPE

– De acordo com os princípios constitucionais do direito penal e com as regras de aplicação da lei penal. Lei posterior que, de qualquer modo, favoreça o réu aplica-se a fatos anteriores, ainda que tais fatos já tenham sido julgados por sentença penal condenatória transitada em julgado.31

- Ver art. 5º XL, da CF e art. 2º p. único do CP.34. ( ) Procurador do Estado/PE/CESPE/2009 – A

respeito dos princípios constitucionais penais. Fere o princípio da legalidade, também conhecido por princípio da reserva legal, a criação de crimes e penas por meio de medida provisória.32

- O princípio da legalidade, consagrado nos art. 1º d CP e 5º, XXXIX da CF, prescreve que somente a lei, em seu sentido formal, pode descrever condutas criminosas

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e cominar penas; dessa forma, ficam excluídas outras formas legislativas, entre as quais a medida provisória. Ver art. 62, § 1º, I, b da CF.35. ( ) Advogado da União/AGU/CESPE/2009 – A

respeito da aplicação da lei penal, dos princípios da legalidade e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaço. O princípio da legalidade, que é desdobrado nos princípios da reserva legal e da anterioridade, não se aplica às medidas de segurança, que não possuem natureza de pena, pois a parte geral do Código Penal apenas se refere aos crimes e contravenções penais.33

- As medidas de segurança internação e tratamento ambulatorial, previstas no art. 96, I e II do CP, devem sim, obediência ao princípio da legalidade.36. ( ) OAB/CESPE/2008.2 – Ainda de acordo com o

que dispõe o CP. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória.34

- Ver art. 2º caput do CP. Observe que cessa a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, não se fala em cessar efeitos civis.37. (FCC - Auditor-fiscal tributário municipal –

prefeitura de são paulo – 2007). A regra que veda a interpretação extensiva das normas penais

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incriminadoras decorre do princípio constitucional da

A) culpabilidade. B) igualdade. C) legalidade. D) subsidiariedade. E) proporcionalidade.35

- A letra a está errada, pois o princípio da culpabilidade estabelece que para que uma pessoa seja condenada pela prática de um crime, deve ter agido com culpa (dolo ou culpa em sentido estrito). Entretanto, não se trata de um princípio constitucional do Direito Penal. Portanto a letra - A letra b está errada, pois o Princípio da igualdade está previsto no art. 5°, caput, da Constituição, mas não é um princípio do Direito Penal, nem guarda relação com a vedação à interpretação extensiva das normas penais incriminadoras. - A letra c está correta, pois como estudamos, a vedação à interpretação extensiva das normas penais incriminadoras decorre do postulado da Reserva Legal, que é subprincípio do Princípio da Legalidade, pois contraria a ideia de certeza e clareza da lei penal incriminadora. A afirmativa está correta! - A letra d está errada, pois o Princípio da subsidiariedade determina que o Direito Penal atue

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somente em caso de insuficiência dos outros ramos do Direito. Assim, se o problema puder ser resolvido através do Direito Administrativo, do Direito Civil, etc., não será cabível a aplicação do Direito Penal. Também não se trata de um Princípio Constitucional do Direito Penal. - A letra e está errada, pois O princípio da proporcionalidade não é um princípio próprio do Direito Penal, embora esteja implícito na Constituição. Não guarda relação com a vedação à interpretação extensiva das normas incriminadoras. Determina que as medidas tomadas pelo Poder Público (seja na edição de leis, edição de atos administrativos) seja pautada pela proporcionalidade, que significa, grosso modo, correlação entre os fins pretendidos e os meios utilizados, bem como necessidade da medida.

38. ( ) FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE DILIGÊNCIAS - Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato praticado pelo agente for definido como crime no tipo penal.36

- O tipo penal deve derivar de uma Lei em sentido estrito. Se o tipo penal derivar de Medida Provisória,

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Decreto, etc., haverá violação ao princípio da reserva legal.39. ( ) FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE

DILIGÊNCIAS - Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autor do delito acima do máximo previsto em lei, aplicando os costumes vigentes na localidade em que ocorreu.37

- Assim como não há crime sem lei anterior que o defina (princípio da anterioridade), também não há pena sem prévia disposição legal (também princípio da anterioridade), previstos no art. 1° do CP e no art. 5°, XXXIX da Constituição Federal. Desta forma, a aplicação de pena não prevista em lei, com base apenas nos costumes, além de ilegal é inconstitucional.40. ( ) FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE

DILIGÊNCIAS - Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito primário da norma incriminadora se a descrição do fato delituoso na norma penal for vaga e indeterminada.38

- A abrangência do preceito primário na norma penal incriminadora (a conduta a ser praticada pelo agente) deve ser clara e precisa, não comportando discricionariedade do Juiz, sob pena de violação ao

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princípio da reserva legal, que é subdivisão do princípio da legalidade, conforme estudamos.41. ( ) FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE

DILIGÊNCIAS - Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato não descrito como crime na lei penal, se esse fato for imoral, antisocial ou danoso à sociedade.39

- Esta chega a ser bizarra. Trata-se de alternativa que elenca hipótese clara e flagrante de violação ao festejado princípio da reserva legal.42. (FCC – 2007 – MPU – TÉCNICO

ADMINISTRATIVO) Em matéria penal, a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,

a) desde que o representante do Ministério Público não tenha apresentado a denúncia.

b) desde que a autoridade policial ainda não tenha instaurado inquérito policial a respeito.

c) ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

d) desde que ainda não tenha sido recebida a denúncia apresentada pelo Ministério Público.

e) desde que a sentença condenatória ainda não tenha transitado em julgado.40

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- A letra a está errada, pois a lei penal posterior mais benéfica se aplica, em qualquer caso, ainda que já tenha ocorrido o trânsito em julgado. O único limite é a extinção da punibilidade, através da qual já não existem mais efeitos decorrentes da punição, não havendo meios de se aplicar a lei nova mais benéfica. Falaremos mais disso na próxima aula. - A letra b está errada, pois Como disse a vocês, a aplicação da lei penal nova mais benéfica pode se dar ainda quando o processo se encontre em fase de execução penal, nos termos do art. 2°, § único do CP: Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado; - A letra c está errada, pois Esta é a previsão contida no art. 2°, § único do CP, como vimos. Frise-se que o STJ possui verbete de súmula (n° 611) determinando que, nos casos de processo já em fase de execução, compete ao Juiz da execução aplicar a lei nova mais benéfica, não ao Juiz que proferiu a sentença; - A letra d está errada, pois Nos termos do art. 2°, § único do CP; - A letra e está errada, pois Será aplicada ainda que a sentença condenatória já tenha transitado em julgado, nos termos do art. 2°, § único do CP, já transcrito;

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43. (FCC – 2007 – MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Dispõe o artigo 1º do Código Penal: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal". Tal dispositivo legal consagra o princípio da

a) ampla defesa. b) legalidade. c) presunção de inocência. d) dignidade. e) isonomia.41

- A letra a está errada, pois, Trata-se de descrição do princípio legal e também constitucional da legalidade, que, conforme se extrai da própria redação do artigo, divide-se em Princípio da anterioridade e da Reserva Legal, na medida em que a norma penal incriminadora deve ser prévia e prevista em Lei em sentido estrito (decorrente de ato do Poder Legislativo que obedeça ao processo legislativo previsto na Constituição, não servindo MP ou Decreto); - A letra b está correta, pois, como disse, trata-se de descrição do princípio legal e também constitucional da legalidade, que, conforme se extrai da própria redação do artigo, divide-se em Princípio da anterioridade e da Reserva Legal, na medida em que a norma penal

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incriminadora deve ser prévia e prevista em Lei em sentido estrito (decorrente de ato do Poder Legislativo que obedeça ao processo legislativo previsto na Constituição, não servindo MP ou Decreto); - A letra c está errada, pois, a presunção de inocência está ligada à impossibilidade de se considerar culpado o indivíduo que não possui contra si sentença penal condenatória transitada em julgado; - A letra d está errada, pois, o princípio da dignidade não está relacionado à descrição do enunciado da questão, estando previsto no art. 1°, III da CRFB/88; - A letra e está errada, pois, o princípio constitucional da isonomia determina que todos são iguais perante a lei, sem que possa ser legítima qualquer distinção arbitrária (que não se fundamente na necessidade de equalizar distorção fática existente); 44. (FCC – 2008 – TCE-SP – AUDITOR DO

TRIBUNAL DE CONTAS) O princípio constitucional da legalidade em matéria penal encontra efetiva realização na exigência, para a configuração do crime, de

a) culpabilidade. b) tipicidade. c) punibilidade. d) ilicitude.

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e) imputabilidade.42

- A letra a está errada, pois a culpabilidade está afeta a aspectos subjetivos do indivíduo, e não ao fato criminoso em si, à conduta prevista na lei. Veremos mais sobre isso na aula própria; - A letra b está correta, pois a tipicidade é a previsão de uma determinada conduta como crime. Assim, quando se faz a subsunção de uma norma penal incriminadora a uma conduta ocorrida no mundo físico, diz-se que se está a fazer o Juízo de tipicidade da conduta, a fim de se verificar se sobre ela recai previsão legal incriminadora. Portanto, a alternativa está correta; - A letra c está errada, pois a punibilidade é a existência de um Poder conferido ao Estado para aplicar a sanção penal no caso concreto. Deriva da conjugação de dois fatores: legal e fático. Não basta a previsão legal, pois deve haver a prática de uma conduta que nela se enquadre para que surja o Poderdever de punir, o jus puniendi; - A letra d está errada, pois a ilicitude é a contrariedade da conduta ao direito. Uma conduta pode ter previsão legal incriminadora(tipicidade) mas, no caso concreto, não ser contrária ao Direito, por estar acobertada por uma causa excludente da ilicitude, que estudaremos mais à frente;

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- A letra e está errada, pois a imputabilidade está ligada à possibilidade, ou não, de se aplicar ao agente, no caso concreto, a lei penal, em razão de fatores relacionados à sua capacidade de entendimento da ilicitude da conduta e de sua possibilidade de se comportar conforme o direito. Também estudaremos melhor este tema na aula própria. (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA) Relativamente aos princípios de direito penal, assinale a afirmativa incorreta. A) Não há crime sem lei anterior que o defina. B) Não há pena sem prévia cominação legal. C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da

anterioridade da lei penal. D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior

deixa de considerar crime. E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o

agente aplica-se aos casos anteriores.43

- O princípio da anterioridade da lei penal prevê que a lei incriminadora só pode atingir fatos praticados antes de sua vigência, por uma questão de lógica e de homenagem ao princípio da segurança jurídica. Assim, os brocardos nullum crimen sine lege, nulla poena sine lege, traduzem a necessidade de que a descrição do fato como crime bem como a previsão de pena, devem ser anteriores a ele. Além disso, tanto a Constituição como

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o Código Penal estabelecem a abolitio criminis, que é a hipótese de surgimento de uma lei que estabelece não ser mais crime determinado fato. Essa lei nova abolitiva retroagirá, pois milita em benefício do réu. Com relação à vedação da retroatividade da lei, quando estivermos diante de lei que cria fato típico, ou agrava a situação do réu, essa lei não retroagirá, nem mesmo em relação aos crimes hediondos, que também devem respeitar o princípio da anterioridade da lei penal. Assim, a alternativa correta é a letra C.45. (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE

POLICIA) Em matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que a lei penal não retroagirá mesmo que seja para beneficiar o réu.44

- A lei penal que for mais favorável ao réu deverá retroagir (ser aplicada a fatos cometidos anteriormente à sua vigência), nos termos do art. 5°, XL da Constituição: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;46. ( ) CESPE - Delegado de Polícia – SECAD/TO –

2008 - Considere que um indivíduo seja preso pela prática de determinado crime e, já na fase da execução penal, uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta na legislação

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anterior, em face do princípio da irretroatividade da lei penal.45

- Nesse caso, conforme estudamos, por ser a lei nova mais benéfica ao réu, ela terá aplicação mesmo aos crimes praticados antes de sua vigência, pelo princípio da retroatividade da lei mais benigna, nos termos do art. 5°, XL da Constituição: “XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;”

6. Princípio da legalidade / reserva legal- A lei tem que ser:a) escritab) estritac) certad) anterior

6.1. Conceito do Princípio da legalidadeConvenção Americana de Direitos Humanos

ARTIGO 9Princípio da Legalidade e da Retroatividade

Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a

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imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.- O princípio da legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. É uma verdadeira garantia contra o arbítrio estatal.CF, art. 5º XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Origem1ª corrente: O Princípio da legalidade remonta ao direito romano.2ª corrente: Adveio da Carta de João Sem Terra (1215).3ª corrente: Teve sua gênese no Iluminismo, sendo recepcionado pela Revolução Francesa.

6.2. Fundamentos1º Político: O poder punitivo não pode ser arbitrário. Exigência do Poder Executivo e do Poder Judiciário as leis formuladas abstratamente.2º Democrático: É desdobramento do fundamento político. Respeito à divisão de poderes e separação de funções. O parlamento, representante do povo, deve ser o responsável pela criação de crimes.3º Jurídico: Uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo.

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47. ( ) CESPE - delegado de polícia – polícia civil/PA – 2006 Julgue o item seguinte, com relação aos princípios constitucionais de direito penal. A vigente Constituição da República, obediente à tradição constitucional, reservou exclusivamente à lei anterior a definição dos crimes, das penas correspondentes e a conseqüente disciplina de sua individualização.46

- Essa afirmativa está correta, pois elenca, acertadamente, os princípios da legalidade e da individualização da pena como princípios explícitos da Constituição Federal.

6.3. Pressupostos para que o princípio da legalidade seja efetivamente uma garantia.

- Em resumo os pressupostos para que o princípio da legalidade seja efetivamente uma garantia são:1º Não há crime sem LEI: Lei em sentido estrito.2º Lei (em sentido estrito) ANTERIOR aos fatos que

busca incriminar3º Lei (em sentido estrito) ESCRITA:4º Lei (em sentido estrito) CERTA: 5º Lei (em sentido estrito) NECESSÁRIA:

Memorize!!!

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- O princípio da anterioridade tem como pressupostos:a) LEI EM SENTIDO ESTRITO;b) Lei ANTERIOR; Princípio da anterioridade,

irretroatividade ou retroatividade benéfica.c) Lei ESCRITA; não pode ter costume definindo

sanção penal incriminador nem prescrever conduta.d) Lei CERTA; a lei tem que ser taxatividade, não

pode ter incriminação vaga ou imprecisa.e) Lei NECESSÁRIA;f) Lei ESTRITA; não pode usar analogia para definir

conduta criminosa ou cominar sanção penal.

6.3.1. 1º Não há crime sem lei em sentido estrito- Não há crime sem LEI EM SENTIDO ESTRITO.- Pergunta: Medida Provisória (MP) pode criar crime? Não!!! MP é ato do Executivo com força normativa, porém não é lei em sentido estrito.- Pergunta: MP pode VERSAR SOBRE DIREITO PENAL NÃO INCRIMINADOR? Há duas correntes:1ª corrente (Munhoz Conde): MP não pode versar sobre direito penal incriminador ou não. Fundamento no art. 62, §1º, I, b da CF/88, que não diferencia direito penal incriminador ou não. (majoritária)CF/88 - Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas

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provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil.

2ª corrente (LFG e STF): A MP NÃO INCRIMINADORA É ADMITIDA.- O STF, no RE 254.818/PR, discutindo os efeitos benéficos da MP 1571/97 (que permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários com efeitos extintivo da punibilidade) proclamou sua admissibilidade em favor do réu. Em assim sendo, o STF admitiu MP em favor do réu. Senão vejamos:

MEMORIZE!!!a) MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE CRIAR

CRIME. Mesmo que a MP seja convertida em lei, a inconstitucionalidade não será convalidada.

b) Medida Provisória pode abolir crimes ou lhes restringir o alcance, extinguir ou abrandar penas ou ampliar os casos de isenção de pena ou de extinção de

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punibilidade (STF/LFG)

EMENTA: I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas reedições, com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, reiterado na reedição subseqüente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos na vigência das edições que o continham, por força da cláusula de "convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo.(RE 254818, Relator (a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 08/11/2000, DJ 19-12-2002 PP-00081 EMENT VOL-02096-07 PP-01480 RTJ VOL-00184-01 PP-00301)

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Obs: Outro caso importante foi a respeito da MP sobre o estatuto do desarmamento que ficou em vigor 5 anos regulando a matéria, sem ser questionada.- Pergunta: Resoluções do CNJ/CNMP/TSE podem criar crime? Não, pelos mesmos motivos já expostos com relação a MP. As Resoluções são atos normativos não legislativos, não são leis em sentido estrito.- Pergunta: Lei Delegada pode criar crime? Entende-se que a vedação à lei delegada versar sobre direito penal está implícita no inciso II, quando menciona direitos individuais, logo lei delegada não pode criar crimes.CF/88 - Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

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6.3.2. 2º Lei (em sentido estrito) anterior aos fatos que busca incriminar:

- Princípio da Anterioridade. Busca evitar a retroatividade da lei penal maléfica (se benéfica é possível).6.3.3. 3º Lei (em sentido estrito) escrita:- Busca evitar o costume incriminador (tratando-se de costume interpretativo é permitido).6.3.4. 4º Lei (em sentido estrito) certa:- A lei deve ser de fácil entendimento de modo a evitar ambiguidades, posto que isso acabaria por permitir arbitrariedades. Princípio da taxatividade ou determinação.Ex: Lei 7170/83 (Lei dos Crimes contra a Segurança Nacional).Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.

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Pergunta: O que seria ato de terrorismo? Conceito não é certo, não é claro e, por isso, o dispositivo fere o princípio da legalidade. - A doutrina majoritária entende que a parte do art. 20 que fala em atos de terrorismo não foi recepcionada, tendo em vista que não definiu o que seria atos de terrorismos, ferindo assim o princípio da taxatividade (a lei tem que ser certa, taxativa). Humberto Silva Franco.

6.3.5. 5º Lei (em sentido estrito) necessária:- É desdobramento do princípio da intervenção mínima e busca evitar a hipertrofia do direito penal.

6.4. Base legal do princípio da legalidadeCF/88, Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;CP, Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.CP, Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.Parágrafo único A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

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- Este princípio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece que uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes de sua prática não havia lei nesse sentido.- Pergunta: Seria princípio da legalidade ou princípio da reserva legal?1ª corrente: princípio da reserva legal é igual a princípio da legalidade.2ª corrente: princípio da legalidade não se confunde com princípio da reserva legal. O princípio da legalidade toma a expressão lei no sentido amplo, abrangendo todas as espécies normativas do art. 59, CF/88. Já reserva legal toma a expressão lei em seu sentido estrito, abrangendo somente LC e LO. Assim, o art. 5º, XXXIX CF/88, adotou o princípio da reserva legal.3ª corrente (majoritária): Princípio da legalidade = anterioridade + reserva legal. E assim, o CP teria adotado o princípio da legalidade porque junto com a reserva legal exigiu a anterioridade.Art. 1º, CP fala em crime. E quanto às contravenções? O artigo, na verdade, se refere à infração penal, aplicando-se subsidiariamente às contravenções.- O Princípio da Legalidade se divide em dois outros princípios, o

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a) da Reserva Legal e b) da Anterioridade da Lei Penal.

Memorize!!!Princípio da legalidade = anterioridade + reserva legal

6.5. Princípio da Reserva Legal- O princípio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer penas.- MEDIDA PROVISÓRIA, DECRETOS, e demais diplomas legislativos NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANÇÕES.- Desta forma, pode haver violação ao Princípio da legalidade sem que haja violação à reserva legal. Entretanto, havendo violação à reserva legal, isso implica necessariamente em violação ao princípio da legalidade, pois aquele é parte deste.- O princípio da reserva legal implica a proibição da edição de leis vagas, com conteúdo impreciso.

Memorize!!!- Princípio da reserva legal implica que:a) Apenas a lei em sentido estrito pode

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estabelecer condutas criminosas;b) É Proibida a edição de lei vagas ou com

conteúdo impreciso;c) em Segurança jurídica;Ex.: Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que atentem contra os bons costumes. Ora, alguém sabe definir o que são bons costumes? Não, pois se trata de um termo muito vago, muito genérico, que pode abranger uma infinidade de condutas. Assim, não basta que se trate de lei em sentido estrito (Lei formal), esta lei tem que estabelecer precisamente a conduta que está sendo criminalizada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade.

6.5.1. Normas penais em Branco- As normas penais em branco são aquelas que dependem de outra norma para que sua aplicação seja possível. Ex.: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes à comercialização, transporte, posse, etc., de substância entorpecente. Mas quais seriam as substâncias entorpecentes proibidas? As substâncias entorpecentes proibidas estão descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as normas penais em branco são legais, não violam o princípio da

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reserva legal, mas sua aplicação depende da análise de outra norma jurídica. - Mas a portaria da ANVISA não seria uma violação à reserva legal, por se tratar de criminalização de conduta por portaria? Não, pois a portaria estabelece quais são as substâncias entorpecentes em razão de ter sido assim determinado por lei, no caso, pela própria lei de drogas, que em seu art. 66, estabelece como substâncias entorpecentes aquelas previstas na Portaria SVS/MS n°344/98. Além disso, em razão da reserva legal, em Direito Penal é proibida a analogia in malam partem, que é a analogia em desfavor do réu. Assim, não pode o Juiz criar uma conduta criminosa não prevista em lei, com base na analogia. Ex.: João agride seu parceiro homossexual, Alberto. Nesse caso, houve a prática do crime de lesão corporal (art. 129 do Código Penal). Não pode o Juiz querer enquadrá-lo no conceito da Lei Maria da Penha, pois esta Lei é clara ao afirmar que só se aplica nos casos de agressão do homem para com a mulher. Aplicar a lei neste caso seria fazer uma analogia desfavorável ao réu, pois a Lei Maria da Penha estabelece punições mais gravosas que o art. 129 do Código Penal. Isso é vedado!

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6.5.2. Interpretação extensiva no direito penal- Com relação à interpretação extensiva, parte da Doutrina entende que é possível, outra parte entende que, à semelhança da analogia in malam partem, não é admissível. A interpretação extensiva difere da analogia, pois naquela a previsão legal existe, mas está implícita. Nesta, a previsão legal não existe, mas o Juiz entende que por ser semelhante a uma hipótese existente, deva ser assim enquadrada. - Entretanto, em provas objetivas recomendo vocês a optarem pela afirmativa que proíba também a interpretação extensiva em desfavor do réu, pois é uma posição que se coaduna mais com um Estado Democrático de Direito, pois se a conduta criminalizada não está clara, a ponto de haver necessidade de interpretação extensiva, já houve violação à reserva legal, pois como vimos, a Lei penal deve ser clara e precisa, de forma que a conduta incriminada seja facilmente verificável.

Não pode (professor CERS – 2015)- Analogia in malan parte (em prejuízo do reú)- Aplicação de regra geral de direito em prejuízo do réu- Aplicação de interpretação extensiva em prejuízo do réu- Aplicação de princípios genéricos em prejuízo do réu.

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- Tudo isso acima pode ser usado em favor do réu.

Não confunda!!!- Interpretação analógica em prejuízo do réu não pode- Analogia (em favor ou contra o réu) pode → exemplo seguido de fórmula genérica

48. ( ) Em Direito Penal, não se admite a instituição de crimes e a cominação de penas por normas consuetudinárias.47

- No Brasil não se tipifica crime por normas consuetudinárias.

6.5.3. Norma consuetudinária- No Brasil não se tipifica crime por normas consuetudinárias.- Norma Consuetudinária é o direito que surge dos costumes de uma certa sociedade, não passando por um processo formal de criação de leis, onde um poder legislativo cria leis, emendas constitucionais, medidas provisórias etc. No direito consuetudinário, as leis não precisam necessariamente estar num papel ou serem sancionadas ou promulgadas. Os costumes transformam-se nas leis.

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Não se tipifica crime por1. Norma consuetudinária2. Analogia3. Regras gerais do direito

6.6. Princípio da anterioridade da Lei penal - O princípio da anterioridade da lei penal estabelece que não basta que a criminalização de uma conduta se dê por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, à prática da conduta.

6.7. Efeitos civis x Princípio da legalidade- O art. 2º caput do CP diz que Observe que Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, entretanto, não se fala em cessar efeitos civis.- Portanto, os efeitos civil não cessam com lei penal posterior que deixar de considerar crime.

Memorize!!!- OS EFEITOS CIVIS NÃO CESSAM COM LEI PENAL POSTERIOR QUE DEIXAR DE

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CONSIDERAR CRIME.

6.8. Medida de segurança- Pergunta: Não há pena sem prévia cominação legal abrange medidas de segurança?1ª corrente: Não. Pois as medidas de segurança não têm finalidade punitiva, mas sim curativa.2ª corrente (majoritária): Sim. Pois também é espécie de sanção penal. Portanto, a medida de segurança tem que respeitar a legalidade e anterioridade. - Pergunta: O Art. 3º do CPM foi recepcionado pela CF/88?

Medidas de segurançaArt. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. - Esse dispositivo não foi recepcionado pela CF/88 . Respeita a Reserva Legal, mas não respeitou a Anterioridade (não fala em lei anterior).

6.9. Conclusão- O princípio da legalidade é o pilar do garantismo.- Garantismo é suplantar ao máximo o poder punitivo do Estado, dando ao cidadão o máximo de garantias. A legalidade, através dos vários aspectos tratados acima

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proporcionou a supressão gradativa do poder punitivo do Estado em virtude do agigantamento das garantias do cidadão.

- Aplicação pelo STF: a) Tentou-se, através de LO, estender o foro por prerrogativa de função para ex-autoridades e para atos de improbidade. O STF declarou a lei inválida por contrariar a CF, posto que a CF traz o rol de hipóteses de foro por prerrogativa de função e qualquer outra possibilidade só poderia ser adicionada via EC (no caso de atos de improbidade). No caso de estender essa prerrogativa de foro a ex-autoridades significa real afronta ao princípio da isonomia.b) A implantação de regime integralmente fechado para cumprimento de pena no caso de crime hediondo obedeceu os procedimentos legislativos mas, segundo o STF, ofendeu os princípios da isonomia (uma vez que se tortura – equiparado a hediondo - pode progredir, todos poderiam), individualização da pena, razoabilidade, dignidade da pessoa humana. Assim sendo, era exemplo de lei vigente violando inúmeras garantias constitucionais.

6.10. CN x Assembleias Legislativas → Crimes

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- As Assembleias Legislativas não podem criar crimes, apenas o CN pode criar crimes.

6.11. Formas de se declarar inválida uma lei penal:1ª Controle concentrado: a) Ação Direta: a lei é questionada diretamente perante o STF.b) STF analisa a lei em abstrato.c) Decisão tem efeito erga omnes.

2ª Controle difuso:a) Ação Indireta (ex: HC, recursos, etc.)b) A lei percorre outros tribunais antes de chegar ao STFc) STF analisa o caso concretod) Decisão com efeito inter partes

3ª Controle difuso abstrativizado:a) Ação Indireta: Lei percorre outros tribunais antes de chegar ao STF. STF analisa a lei em abstrato. Efeito erga omnes (STF dá os efeitos de Ação Direta. Foi dessa maneira que o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado. A questão chegou ao STF via HC, mas a decisão alcançou efeitos erga omnes).

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4ª Controle de convencionalidade: Controle difuso exercido em face de Tratados internacionais de direitos humanos com status supralegal. Obs: O controle feito em face de Tratados Internacionais de Direitos Humanos com status constitucional é Controle de Constitucionalidade.

6.12. Revogação de tipo penal x abolitio criminis- Revogação do tipo penal não se confunde com abolitio criminis.Ex.: Atentado violento ao pudor → houve a revogação do tipo penal, mas não houve abolitio criminis, pois o atentado violento ao pudor hoje é crime de estupro.- Abolitio criminis acontece quando a lei deixa de considerar a conduta criminosa. Ex.: adultério, sedução etc. - A abolitio criminis não torna a conduta lícita, ela apenas descriminaliza, não necessariamente legaliza. Ex.: adultério não é ilícito penal, mas é ilícito civil.- Na abolitio criminis cessam todos os efeitos penais (cumprimento da pena, reincidência), mas não revoga os efeito extrapenais (art. 91 e 92 do CP - Tornar certa a obrigação de indenizar, perda em favor da União de objeto do crime, perda da função pública, perda do poder familiar). Ex.: Pessoa é condenada e perde a função pública, se vier abolitio criminis ele não

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cumprirá mais a pena, entretanto, não terá seu cargo de volta.

49. ( ) Procurador do Estado/PE/CESPE – A respeito dos princípios constitucionais penais. A responsabilidade pela indenização do prejuízo que foi causado pelo condenado ao cometer o crime não pode ser estendida aos seus herdeiros, sem que, com isso, seja violado o princípio da personalidade da pena.48

- O princípio da pessoalidade, ou personalidade ou da responsabilidade pessoal, que prescreve que a pena não pode passar da pessoa do delinquente. Entretanto, a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens, pode, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5º XLV, CF).50. ( ) OAB/CESPE/2008.2 – Nenhuma pena passará

da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas até os sucessores e contra eles executadas, mesmo que ultrapassem o limite do valor do patrimônio transferido.49

- Ver art. 5º, XLV da CF

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51. OAB/CESPE/2006.2 – É cediço que a pena não pode passar da pessoa do condenado. Esse entendimento corresponde ao princípio da A) necessidade concreta da pena. B) intranscendência. C) suficiência. D) proporcionalidade.50

- Ver princípio da pessoalidade das penas.52. ( ) FGV-2008 -INSPETOR DE POLICIA - Em

matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que as penas privativas de liberdade poderão ser impostas aos sucessores do condenado.51

- Como vimos, em razão do princípio da intranscendência da pena, que veda a aplicação da pena à pessoa diversa daquela que cometeu o crime e que fora condenada, os sucessores do condenado não podem cumprir pena privativa de liberdade por este, embora a obrigação de reparar o dano e os reflexos patrimoniais da condenação, até o limite do patrimônio transferido pelo falecido aos herdeiros, nos termos do art. 5°, XLV da Constituição: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

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53. ( ) CESPE - Delegado de Polícia – Polícia Civil/PA – 2006. Julgue o item seguinte, com relação aos princípios constitucionais de direito penal. Em virtude do princípio da irretroatividade in pejus, somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado.52

- O princípio que veda a aplicação da pena a outra pessoa que não seja o condenado é o princípio da Intranscendência da Pena.54. ( ) CESPE - Delegado de Polícia – SECAD/TO –

2008. Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de pessoas, julgue o item abaixo. Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da intranscendência.53

- Essa afirmativa traduz quase que literalmente o disposto no art. 5°, XLV da Constituição que, como estudamos, descreve o Princípio da intranscendência da pena.

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7. Princípio da pessoalidade das penas ou intranscendência ou personalidade ou responsabilidade pessoal

CF/88, Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do PERDIMENTO DE BENS ser, nos termos da lei, ESTENDIDAS AOS SUCESSORES e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.- O princípio da intranscendência da pena não impede que os sucessores do condenado falecido sejam obrigados a REPARAR OS DANOS CIVIS causados pelo fato.Ex.: Roberto é condenado a 15 anos de prisão, e na esfera cível é condenado ao pagamento de R$ 100.000,00 (Cem mil reais) a título de indenização ao filho de Maurício. Durante a execução da pena criminal, Roberto vem a falecer. Embora a pena privativa de liberdade esteja extinta, pela morte do infrator, a obrigação de reparar o dano poderá ser repassada aos herdeiros, até o limite do patrimônio deixado pelo infrator falecido. Tecnicamente falando, os herdeiros não são responsabilizados pelo crime de

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Roberto, pois não respondem com seu próprio patrimônio, apenas com o patrimônio eventualmente deixado pelo de cujus.

- Pergunta: Este princípio é absoluto ou relativo?1ª corrente (Flávio Monteiro de Barros) – É relativo, pois admite exceção prevista na própria CF/88.- Confisco: O perdimento de bens pode passar para a pessoa do sucessor. - Confisco não é pena. É efeito da condenação, e por isso, pode ser transmitido. É assegurado à vítima do delito indenização civil e o estado pode confiscar o produto do crime (tais obrigações podem ser estendidas aos sucessores até o limite de seus quinhões hereditários).2ª corrente (Maioria: LFG, Mirabete, Paulo Queiroz, etc.) – É absoluto, não admite exceções. Ampara-se na Convenção Americana de Direitos Humanos.Artigo 5º - Direito à integridade pessoal3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. (não faz nenhuma ressalva)

55. (FCC / TJ-AP / Juiz de Direito Substituto / 2014) Desde o advento da Lei nº 8.072/1990, a vedação absoluta de progressão de regime prisional, originalmente instituída para os crimes hediondos

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ou assemelhados, comportou intenso debate acadêmico e jurisprudencial. Importantes vozes na doutrina desde logo repudiaram o regime integralmente fechado.

Mas o Pleno do Supremo Tribunal Federal, então, em dois julgados antológicos, afastou a pecha da inconstitucionalidade (HC 69.603/SP e HC 69.657/SP), posicionamento que se irradiou para as outras Cortes e, desse modo, ditou a jurisprudência do país por mais de 13 anos. Somente em 2006 o STF rediscutiu a matéria, agora para dizer inconstitucional aquela vedação (HC 82.959-7/SP).A histórica reversão da jurisprudência, afinal, fez com que se reparasse o sistema normativo. Editou-se a Lei nº 11.464/2007 que, pese admitindo a progressividade na execução correspondente, todavia lhe estipulou lapsos diferenciados. Todo esse demorado debate mais diretamente fundou-se especialmente em um dado postulado de direito penal que,portanto, hoje mais que nunca estrutura o direito brasileiro no tópico respectivo. Precipuamente, trata-se do postulado da:a) pessoalidade;b) legalidade;c) proporcionalidade;d) individualização;

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e) culpabilidade.54

- letra a – a pena não pode passar da pessoa do réu.- letra b – não a crime, nem pena sem lei anterior.- letra c – as consequências do delito tem que ter pena proporcionais.- letra d – resposta.- letra e – o princípio da culpabilidade ninguém pode ser incriminado quando há dolo ou culpa. É vedada a responsabilidade objetiva.

8. Princípio da individualização da PenaCF, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: - A individualização da pena é feita em três fases distintas: Legislativa, judicial e administrativa. - Na esfera legislativa, a individualização da pena se dá através da cominação de punições proporcionais à gravidade dos crimes, e com o estabelecimento de penas mínimas e máximas, a serem aplicadas pelo Judiciário, considerando as circunstâncias do fato e as características do criminoso. - Na fase judicial, a individualização da pena é feita com base na análise, pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos

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antecedentes do réu, etc. Nessa fase, a individualização da pena sai do plano meramente abstrato e vai para o plano concreto, devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as peculiaridades do caso (Tipo de pena a ser aplicada, quantificação da pena, forma de cumprimento, etc), tudo para que ela seja a mais apropriada para cada réu, de forma a cumprir seu papel ressocializador-educativo e punitivo. - Na terceira e última fase, a individualização é feita na execução da pena, a parte administrativa. Assim, questões como progressão de regime, concessão de saídas eventuais do local de cumprimento da pena e outras, serão decididas pelo Juiz da execução penal também de forma individual, de acordo com as peculiaridades de cada detento. - Por esta razão, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.078/90) que previa a impossibilidade de progressão de regime nesses casos, nos quais o réu deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado. O STF entendeu que a terceira fase de individualização da pena havia sido suprimida, violando o princípio constitucional.- Outra indicação clara de individualização da pena na fase de execução está no artigo 5°, XLVIII da

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Constituição, que estabelece o cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com as características do preso. Vejamos: Art. 5º, XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

56. ( ) Procurador do Estado/PE/CESPE – A respeito dos princípios constitucionais penais. Em razão do princípio da presunção de inocência, não é possível haver prisão antes da sentença condenatória transitada em julgado.55

- A súmula nº 9 do STJ estabelece que a prisão provisória não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência, consagrado no art. 5º LVII da CF.57. (FCC – 2009 – MPE-SE – TÉCNICO DO MP –

ÁREA ADMINISTRATIVA) O art. 5º, LVII, da Constituição Federal dispõe que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Nesse dispositivo constitucional está consagrado o princípio

a) da anterioridade da lei penal. b) da presunção de inocência. c) da legalidade. d) do contraditório.

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e) do juiz natural.56

- A letra a está errada pois o princípio da anterioridade determina que a lei penal incriminadora deve ser anterior ao crime; - A letra b está correta pois como estudamos, o princípio da presunção de inocência ou da presunção de não-culpabilidade implica a impossibilidade de que o acusado seja considerado culpado (para qualquer fim!) antes de ocorrer o trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória; - A letra c está errada pois o princípio da legalidade determina que a incriminação de uma conduta deve se dar por Lei, em sentido estrito, que seja prévia à prática da conduta, no que se divide em princípio da reserva legal e princípio da anterioridade da lei penal; - A letra d está errada pois o princípio do contraditório é um postulado processual penal (e do processo em geral) que implica a obrigatoriedade de se oportunizar a uma parte contraditar argumentos e provas produzidos pela outra parte, em homenagem ao princípio do devido processo legal. Estes princípios são mais ligados á área do Direito Processual Penal; - A letra e está errada pois o princípio do Juiz Natural também é outro princípio ligado ao Processo Penal, e determina que o Juízo competente para processar e julgar determinada demanda deve ter sido definido

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previamente à prática da conduta, mediante a aplicação de regras de definição abstratas e impessoais de competência;58. (FGV-2008-SENADO-ADVOGADO DO

SENADO) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, é correto afirmar que o indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal deve ser tratado como inocente, salvo quando preso em flagrante por crime hediondo, caso em que será vedada a concessão de liberdade provisória.57

- A discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da possibilidade, ou não, de decretação da liberdade provisória não guarda relação com o princípio da presunção de inocência de uma maneira direta, mas apenas reflexamente. A afirmativa está errada pois, ainda que fosse terminantemente proibida a liberdade provisória nestes casos, a existência de prisões processuais de natureza cautelar não ofende o princípio da presunção de inocência, pois o acusado não passa a ser considerado culpado, eis que não se cuida de prisão-pena (derivada de condenação), mas de prisão-não pena, que é modalidade de prisão que visa a um fim não punitivo, mas cautelar, de forma a assegurar a aplicação da lei penal, a instrução do processo, etc.

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59. (FGV-2008-SENADO-ADVOGADO DO SENADO) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, é correto afirmar que a presunção de inocência é incompatível com as prisões cautelares antes de transitada em julgado a sentença penal condenatória.58

- Conforme passado durante a aula, a existência de prisões de natureza cautelar não ofende, de maneira nenhuma, o princípio da presunção de inocência, por não se basearem em uma suposta culpa do acusado, mas na necessidade de mantê-lo custodiado em razão da possibilidade de restar frustrada a instrução processual, a aplicação da lei penal, etc.60. ( ) CESPE - Delegado de Polícia – Polícia

Civil/PA – 2006. Julgue o item seguinte, com relação aos princípios constitucionais de direito penal. O princípio da presunção de inocência proíbe a aplicação de penas cruéis que agridam a dignidade da pessoa humana.59

- O princípio da presunção de inocência (que é ligado ao Processo Penal) determina que nenhuma pessoa será considerada culpada antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória. A vedação à aplicação de penas cruéis decorre do princípio constitucional da limitação das penas.

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9. Princípio da presunção de inocência- Todos devem ser presumidos inocentes até o trânsito em julgado da sentença condenatória.CF/88, Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.- Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. - Mirabete: Para este autor a CF traz, na realidade, o princípio da presunção de não culpado, e não o princípio da presunção de inocência. Isso porque o sistema penal brasileiro adota o sistema de prisão temporária (provisória, preventiva), o que não se coaduna com a presunção de inocência, uma vez que tais prisões são decretadas antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Para Mirabete, se o Brasil quer implantar o princípio real da presunção de inocência é necessário abolir a prisão temporária.- A maioria da doutrina brasileira coloca a presunção de inocência e não culpa como sinônimos. Isso é possível graças a interpretação conjunta do art.5º, LVII, CF/88 e o art. 8º, 2, Convenção Americana de Direitos Humanos. Vejamos:

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Artigo 8º - Garantias judiciais2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...).

Obs: O Art. 594 do CPP, recentemente revogado pela Lei 11.719/08, já era considerado pelo STF como não recepcionado pela CF/88 por ferir o princípio da presunção de inocência ou não culpa:CPP, Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973) (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).- Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese.

- Pergunta: É possível execução provisória no processo penal? Antes de transitada em julgado a sentença

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condenatória, é possível executar a pena contra o condenado?2 situações:1ª situação: Condenado provisório preso: É possível execução provisória. Fundamentos:a) STF Súmula nº 716: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.b) Res. N. 19 do CNJ.

RESOLUÇÃO nº 19, de 29 DE AGOSTO DE 2006. Dispõe sobre a execução penal provisória. A PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições conferidas pela Constituição Federal, especialmente o que dispõe o inciso I do § 4° de seu artigo 103-B, e tendo em vista o decidido na sessão do dia 15 de agosto de 2006; CONSIDERANDO a necessidade de possibilitar ao preso provisório, a partir da condenação, o exercício do direito de petição sobre direitos pertinentes à execução penal, sem prejuízo do direito de recorrer; CONSIDERANDO que para a instauração do processo de execução penal provisória deve ser expedida guia de recolhimento provisório;

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CONSIDERANDO a necessidade de disciplinar o sistema de expedição de guia de recolhimento provisório; CONSIDERANDO o que dispõe o art. 2° da Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984; CONSIDERANDO, ainda, a proposta apresentada pela Comissão formada para estudos sobre a criação de base de dados nacional sobre a população carcerária; R E S O L V E : Art. 1° A guia de recolhimento provisório será expedida quando da prolação da sentença ou acordão condenatórios, ainda sujeitos a recurso sem efeito suspensivo, devendo ser prontamente remetida ao Juizo da Execução Criminal. § 1° Deverá ser anotada na guia de recolhimento expedida nestas condições a expressão "PROVISÓRIO", em sequência da expressão guia de;

recolhimento. § 2° A expedição da guia de recolhimento provisório será certificada nos autos do processo criminal. § 3° Estando o processo em grau de recurso, e não tendo sido expedida a guia de recolhimento provisório, às Secretarias desses órgãos caberá expedi-la e remetê-la ao juízo competente.Art. 2° Sobrevindo decisão absolutória, o respectivo órgão prolator comunicará imediatamente o fato ao

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juízo competente para a execução, para anotação do cancelamento da guia de recolhimento. Art. 3° Sobrevindo condenação transitada em julgado, o juízo de conhecimento encaminhará as peças complementares ao juízo competente para a execução, que se incumbirá das providências cabíveis, também informando as alterações verificadas à autoridade administrativa. Art. 4° Cada Corregedoria de Justiça adaptará suas Normas de Serviço às disposições desta resolução, no prazo de 180 dias. Art. 5° Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

- Pergunta: E se pendente somente RE ou RESP? Possível. Se já era possível na outra situação, com mais razão neste caso.2ª situação: Condenado provisório solto: Não admite execução provisória em virtude de ofensa ao princípio da presunção de inocência ou não culpa.- Pergunta: E se pendente somente RE ou RESP? 2 correntes:Com fundamento no art. 637 do CPP, admitia execução provisória.CPP, Art. 637.  O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os

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autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença.

a) Com fundamento na LEP (1984) e na CF (1988), ambos posteriores ao CPP (1941), não admite execução provisória porque ofende o princípio da presunção de inocência. Em assim sendo, o art. 637, CPP não tem aplicação para réu solto.- Solução: STF levou o caso ao Pleno e por 7x4 venceu a segunda corrente. Desta forma, não se admite a execução provisória de réu solto mesmo pendente RE ou REsp, pois não houve trânsito em julgado.Obs: Só não se tornou súmula vinculante porque não obteve 8 votos.

9.1. Exceções ao princípio da inocência- Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in dubio pro societate. Ex.: nas decisões de recebimento de denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas

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quanto à culpabilidade do réu, deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisões não há consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as provas necessárias à elucidação dos fatos.

9.2. Prisão provisória x princípio da inocência- A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois nesse caso não se trata de uma prisão como cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença condenatória seja cumprida. - Por exemplo: Se o réu está dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua prisão preventiva, o faz não por considerá-lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena.

9.3. Ponto polêmicos- Pontos importantes:a) Segundo o STJ Processos criminais

em curso e inquéritos policiais em

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face do acusado NÃO podem ser considerados maus antecedentes, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em relação a eles.

b) O STJ e o STF entendem que NÃO há necessidade de condenação penal transitada em julgado para que o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semi-aberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido CRIME DOLOSO ou FALTA GRAVE para que haja a regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenação criminal ou administrativa. A Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a Constituição;

c) Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime – Prevê a Lei 9.099/95 que em determinados crimes,

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de menor potencial ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo.

61. ( ) Procurador do Estado/PE/CESPE – A respeito dos princípios constitucionais penais. No Brasil vige, de forma absoluta, o princípio da vedação à pena de morte, inexistindo exceções.60

- O Código Penal Militar, em seus arts. 55 a 57, faz alusão à pena de morte, representando, portanto, exceção à regra contida no art. 5º, XLVII, a, da CF.62. ( ) OAB/CESPE/2008.2 – O princípio da

humanidade veda as penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, bem como as de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e as cruéis.61

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- o art. 5, XLVII, da CF. pelo princípio da humanidade, o Estado tem o dever de proporcionar tratamento digno aos condenados, assegurado respeito à integridade física e moral do preso (art. 5º XLIX da CF).63. ( ) Fiscal de Tributos/Rio

Branco/AC/2007/CESPE – A Constituição Federal veda de forma expressa a adoção de pena de morte, salvo nos casos de guerra declarada, as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e as cruéis.62

- Ver art. 5º, XLVII da CF.Art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;(...)XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

10. Princípio da humanidade das penasCF, Art. 5º, XLVII - não haverá penas:

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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;(...)XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;- A pena de morte em caso de guerra está direcionada precipuamente aos crimes militares. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;- Uma lei que preveja a pena mínima para um crime em 60 anos, por exemplo, estaria violando o princípio da vedação à prisão perpétua, por se tratar de burla do princípio

Cuidado!!!- Estas vedações são cláusulas pétreas!- Trata-se de direitos fundamentais do cidadão, que não podem ser restringidos ou abolidos por emenda

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constitucional. Desta forma, apenas com o advento de uma nova Constituição seria possível falarmos em aplicação destas penas no Brasil.

- Os princípios do Contraditório, da presunção de inocência, do Juiz Natural não são princípios do direito penal, mas do direito processual penal.

64. ( ) Analista/MPU/1999/CESPE – julgue o item a seguir. A afirmação de que se deve considerar crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente, estabelece um critério de diferenciação meramente quantitativa, entre essas infrações.63

- Conforme o art. 1º da Lei de introdução ao Código Penal, o que distingue as duas modalidades de infração penal é a pena cominada, já que não há entre elas nenhuma diferença ontológica.Lei 3.914, Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com

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a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

65. ( ) Ministério Público/TO/2006/CESPE – Sobre os princípios do direito penal, aplicáveis ao conflito aparente de normas. No conflito aparente entre os crimes de constrangimento ilegal e sequestro, aplica-se o princípio da especialidade, lex specialis derrogat generali, devendo, portanto, o agente responder apenas pelo crime de constrangimento ilegal, haja vista ser norma mais benéfica ao réu.64

- Trata-se de hipótese de incidência do princípio da subsidiariedade.66. ( ) Ministério Público/TO/2006/CESPE – Sobre os

princípios do direito penal, aplicáveis ao conflito aparente de normas. Considere que um indivíduo furte o som de um automóvel e posteriormente o venda a terceiro, que sabe da origem ilícita do bem. Nessa situação, o autor do furto responderá pelo furto e por participação na receptação.65

- O autor do furto somente responderá por este. Ao terceiro poderá ser atribuída responsabilidade pelo crime de receptação.67. ( ) 2012 CESPE DPE-SE Defensor Público. Com

base na interpretação da lei penal e no conflito

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aparente de normas penais, é correto afirmar que o princípio da especialidade, aplicado na solução do conflito aparente de normas penais, tem a finalidade específica de evitar o bis in idem e determina a prevalência da norma especial em comparação com a geral, ocorrendo apenas no confronto in concreto das leis que definem o mesmo fato.66

- O p. da especialidade revela que a norma especial afasta a incidência da norma geral. Ela na verdade evita o bis in idem, pois determina que haverá a prevalência da norma especial sobre a geral, sendo certo que a comparação entre as normas será estabelecida in abstrato. - Ademais, há relação de especialidade entre os tipos básicos e os tipos derivados, sejam qualificados ou privilegiados (ex: os furtos qualificados constituem preceitos especiais em relação ao furto simples). Portanto, a questão está errada.68. ( ) 2012 CESPE DPE-SE Defensor Público. Com

base na interpretação da lei penal e no conflito aparente de normas penais, é correto afirmar que entre o tipo penal básico e os derivados, sejam eles qualificados ou privilegiados, não há relação de especialidade, o que afasta a aplicação do princípio

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da especialidade na solução de conflito aparente de normas penais.67

- O princípio da especialidade revela que a norma especial afasta a incidência da norma geral. Ela na verdade evita o bis in idem, pois determina que haverá a prevalência da norma especial sobre a geral, sendo certo que a comparação entre as normas será estabelecida in abstrato.- Há relação de especialidade entre os tipos básicos e os tipos derivados, sejam qualificados ou privilegiados (ex: os furtos qualificados constituem preceitos especiais em relação ao furto simples). Portanto, a questão está errada.69. (VUNESP / TJ-SP / Juiz de Direito Substituto /

2013) O crime de dano (CP, art. 163), norma menos grave, funciona como elemento do crime de furto qualificad o pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa (CP, art. 155, § 4.º, inciso I). Nesta hipótese, o crime de dano é excluído pela norma mais grave, em função do princípio da:

a) especialidade:b) consunção;c) subsidiariedade tácita ou implícita:d) subsidiariedade expressa ou explícita.68

- letra a errado. - Pelo princípio da especialidade a lei especial derroga a lei geral. A lei é especial quando

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contém todos os requisitos típicos da lei geral e mais alguns específicos ou especializantes. Não é o caso- letra c correto. Há doutrina é pacífica dizendo que há no caso subsidiariedade tácita ou implícita.- A subsidiariedade tácita ou implícita diz que uma lei tem caráter subsidiário relativamente a outra (dita principal) quando o fato por ela incriminado é também incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum (mas abrangência diversa). A relação entre as normas (subsidiária e principal) é maior ou menor gravidade (e não de espécie e gênero como na especialidade). A lei subsidiária aparece como um “soldado de reserva”.- O professor disse que há doutrinadores que dizer que houve consunção. COMPLICADO!!!!

11. Conflito aparente de Normas- Conceito: O conflito aparente de leis penais ocorre quando a um só fato, aparentemente, duas ou mais leis vigentes são aplicáveis.- Requisitos:a) Fato único.b) Duas ou mais leis vigentes aparentemente aplicáveisc) Efetiva aplicação de apenas uma norma.

- Fundamentos:

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a) O direito é um sistema coerente, logo precisa resolver seus conflitos internos.b) Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime.Para saber qual das normas deve ser efetivamente aplicada ao fato concreto, dentre as aparentemente cabíveis, torna-se necessário recorrer aos princípios que solucionam a questão. São eles:- Princípios solucionadores:11.1. 1º Princípio da especialidade: - Pelo princípio da especialidade a LEI ESPECIAL DERROGA A LEI GERAL.- A lei é especial quando contém todos os requisitos típicos da lei geral e mais alguns específicos ou especializantes.- De acordo com o princípio da especialidade se, no caso concreto, houver duas normas aparentemente aplicáveis e uma delas puder ser considerada como especial em relação à outra, deve o julgador aplicar esta norma especial, de acordo com o brocardo lex specialis derrogat generali.

ART. 121, CP ART. 123, CPMatar alguém Matar alguém

Sujeito ativo próprioVítima própria

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Determinado momentoDesequilíbrio da gestanteTornam o art. 123 lei especial em relação à norma geral do art. 121.

Obs: Importante ressaltar que não se trata aqui de norma mais ou menos grave, visto que nem sempre a norma especial será mais grave que a geral.Ex.: homicídio e infanticídio, em que o infanticídio, embora seja menos grave, é especial em relação ao homicídio. Ao contrário, no caso de conflito entre o tráfico internacional de entorpecentes e o crime de contrabando, o tráfico é especial em relação ao contrabando e também mais grave.- Assim, para se avaliar a especialidade de uma norma em relação a outra, basta COMPARÁ-LAS ABSTRATAMENTE, SEM QUE SEJA NECESSÁRIO AVALIAR-SE O CASO CONCRETO. Basta, portanto, uma leitura dos tipos penais, para se saber qual deles é especial.

11.2. 2º Princípio da subsidiariedade (soldado de reserva)

- Uma lei tem caráter subsidiário relativamente a outra (dita principal) quando o fato por ela incriminado é

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também incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum (mas abrangência diversa). A relação entre as normas (subsidiária e principal) é maior ou menor gravidade (e não de espécie e gênero como na especialidade). A lei subsidiária aparece como um “soldado de reserva”.- Estatuto do desarmamento – disparo de arma de fogo é crime se não constituir infração penal mais grave.- De acordo com esse princípio, em havendo duas normas aplicáveis ao caso concreto, se uma delas puder ser considerada subsidiária em relação à outra, aplica-se a norma principal, denominada "primária", em detrimento da norma subsidiária. Aplica-se o brocardo lex primaria derrogat subsidiariae.- A subsidiariedade de uma norma não pode ser avaliada abstratamente. O intérprete deve analisar o caso concreto e verificar se, em relação a ele, a norma é ou não subsidiária. Aqui existe uma relação de conteúdo e continente, pois a norma subsidiária é menos ampla que a norma primária. Dessa forma, primeiro se deve tentar encaixar o fato na norma primária e, não sendo possível, encaixá-lo na norma subsidiária.- Difere da lei especial, onde se fala em características diferentes e especializantes e não em amplitude.

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- Assim, norma subsidiária é aquela que descreve um grau menor de violação de um bem jurídico, ficando absorvida pela lei primária, que é a que descreve um grau mais avançado dessa violação.- A subsidiariedade pode ser expressa (prevista em lei) ou tácita (implícita na lei).Ex: Estupro e constrangimento ilegal. Se não for possível a caracterização do fato como estupro, como no caso da mulher que constrange um homem a ter com ela conjunção carnal, tipifica-se o fato como constrangimento ilegal. Art. 132 (perigo para expor a vida e a saúde de outrem) e 307 (falsa identidade) CP – subsidiariedade expressa (...se não constituir crime mais grave).

70. ( ) Ministério Público/TO/2006/CESPE – Sobre os princípios do direito penal, aplicáveis ao conflito aparente de normas. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, ele é por este absorvido, aplicando-se o princípio da consunção, na modalidade antefactum não punível.69

- Observe a súmula 17 do STJ – quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

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71. ( ) Ministério Público/TO/2006/CESPE – Sobre os princípios do direito penal, aplicáveis ao conflito aparente de normas. Se um sujeito tem o dolo de causar lesão leve em outra pessoa, mas, após a consumação do ato, resolve causar-lhe lesões graves e, após a consumação desse crime, resolve ainda matar a vítima, também consumado o crime, haverá progressão criminosa, devendo o agente responder por todos os crimes em concurso material, haja vista a diversidade de desígnios70.

- A Progressão criminosa constitui hipótese de incidência do princípio da consunção. O caso narrado de fato trata da chamada progressão criminosa, que, entretanto, tem como consequência a absorção dos crimes de lesão leve e lesão grave pelo crime-fim o homicídio. Não há, pois por essa razão, que se falar em concurso material de crimes.72. ( ) Magistratura Federal/5ª Região/2005/CESPE –

Se a falsidade ou o uso de documento falso é o meio empregado para a prática do estelionato, de acordo com o entendimento do STF, o agente responde somente pelo crime de estelionato, com a absorção dos crimes de falsidade ou de uso de documento falso.71

- O agente que pratica as condutas de falsificar documento e de usá-lo deve responder por apenas um

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delito. Assim, a questão consistiria em saber em que tipo penal, se falsificação de documento público ou uso de documento falso, estaria incurso o paciente. Para o Min. Relator, seguindo entendimento do STF, se o mesmo sujeito falsifica documento e, em seguida, faz uso dele, responde apenas pela falsificação. Destarte, impõe-se o afastamento da condenação do pelo crime de uso de documento falso, remanescendo a imputação de falsificação de documento público. Ver item c) Post factum impunível. Este é o entendimento do STJ.73. ( ) CESPE / Estagiário - Defensoria -SP / 2008) O

princípio da consunção consiste na absorção do crime-fim pelo crime-meio.72

- No princípio da consunção, o crime-meio é absorvido pelo crime-fim. Por exemplo, o crime de furto (art. 155 do CP) consome o crime de invasão de domicílio (art. 150 do CP). Este é um meio para a prática daquele, que é uma violação maior do bem jurídico e, consequentemente, apenada mais gravemente. Evita-se, dessa forma, o bis in idem.74. ( ) CESPE / OAB / 2007 - O princípio da

consunção pressupõe a existência de um nexo de dependência das condutas ilícitas, para que se verifique a possibilidade de absorção da menos grave pela mais danosa. 73

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- No princípio da consunção ou absorção exige-se uma sucessão de fatos. Comparando-os, verifica-se a possibilidade do crime mais grave absorver os demais fatos menos lesivos. Na medida em que os delitos menores sejam meios ou componentes do crime mais grave, fica comprovada a dependência das condutas ilícitas. O legislador evita, assim, o bis in idem, respondendo o agente pelo crime mais danoso.75. ( ) CESPE / OAB / 2009.1 - Quem falsifica

determinado documento exclusivamente para o fim de praticar um único estelionato não responderá pelos dois delitos, mas apenas pelo crime contra o patrimônio. 74

- Por força do princípio da consunção, o crime-fim, estelionato, art.171 do CP, crime contra o patrimônio, absorve o crime-meio, falsidade documental, arts. 297 e 298 do CP. O Superior Tribunal de Justiça, na Súmula 17, já pacificou o entendimento dispondo que, quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.76. ( ) CESPE / Advogado - SGA - AC / 2008 -

Alberto, com intenção de ofender levemente a integridade física de Júlio, desferiu-lhe um soco no rosto. Após consumado o crime, Alberto decidiu causar na vítima lesões graves e assim o fez; logo em seguida, Alberto decidiu matar a vítima,

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consumando também este crime. Nessa situação, há progressão criminosa, devendo Alberto responder, apenas, por homicídio.75

- Há progressão criminosa quando existem múltiplas intenções por parte do agente, como no exemplo da questão. O dolo passa por uma série de mutações. Conforme o princípio da consunção ou da absorção, o fato mais gravoso absorve os demais, respondendo o agente apenas pelo resultado mais amplo, no caso, o homicídio.77. ( ) CESPE / Técnico Judiciário - TJDFT / 2008 -

Considere que Daniel, penalmente capaz, tenha subtraído um talonário de cheques em branco e que tenha utilizado uma de suas cártulas para adquirir mercadorias no comércio. Nessa situação, a conduta de Daniel caracteriza delito de estelionato.76

- Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, em sua Súmula 17, quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Em outras palavras, o crime-fim, estelionato, absorve o crime-meio, falsidade documental, por força do princípio da consunção. Daniel utilizou a falsidade da cártula do cheque (crime-meio) para enganar os comerciantes, obtendo mercadorias em prejuízo alheio (crime-fim).

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78. ( ) CESPE / Técnico Judiciário - TST / 2008 - Considere-se que Manoel, responsável penalmente, encontrou, em via pública, um talonário de cheques com quatro cártulas. Retirou uma cártula e rasgou as restantes, inutilizando-as. Posteriormente, dirigiu-se a um estabelecimento comercial e, mediante falsificação da assinatura do verdadeiro emitente, fez compras no valor de R$ 2.000,00. O cheque foi devolvido por contra-ordem do emitente, tendo o dono do estabelecimento comercial suportado o prejuízo. Nessa situação hipotética, a conduta de Manoel caracteriza o crime de furto mediante fraude.77

- A conduta de Manoel caracteriza o crime de estelionato, de acordo com a Súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça. Esta aduz que, quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Trata-se do princípio da consunção, no qual o crime-meio, falsidade documental, é absorvido pelo crime-fim, estelionato.79. ( ) CESPE / Auditor Fiscal - PM - Teresina / 2008

- O agente que falsifica documento público e, posteriormente, o utiliza responde pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso, uma vez que realizou ações autônomas e distintas.78

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- Aplicando-se o princípio da consunção, o crime-meio, falsificação de documento público, art. 297 do CP, deverá ser absorvido pelo crime-fim, uso de documento falso, art. 304 do CP. No entanto, é entendimento dos Tribunais Superiores que o uso do documento falso pelo próprio agente falsificador é mero exaurimento do crime de falsificação de documento público. 80. ( ) CESPE / Procurador - PM -Natal / 2008 - José

falsificou determinado documento público, usando-o em seguida. Nessa situação, José deve responder, em tese, pelos delitos de falsificação de documento público e uso de documento falso, em concurso material.79

- Utiliza-se o princípio da consunção, no qual há uma sucessão de condutas com existência de um nexo de dependência. Assim, o crime-meio é absorvido pelo crime-fim, ou seja, a falsificação de documento público, art. 297 do CP, será absorvida pelo uso de documento falso, art. 304 do CP. Porém, importante realçar a compreensão dos Tribunais Superiores ao apontar que o uso do documento falso pelo próprio agente falsificador é mero exaurimento do crime de falsificação de documento público.

Falsificação de documento público

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Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Uso de documento falsoArt. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

EstelionatoArt. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa

12. 3º Princípio da consunção (ou absorção):- Verifica-se a relação de consunção quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização de um crime previsto por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o crime (crime progressivo). É relação entre parte e todo; meio e fim.- A relação de consunção ocorre quando um fato definido como crime atua como fase de preparação ou de execução, ou, ainda, como exaurimento de outro crime

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mais grave, ficando, portanto, absorvido por este. Difere da subsidiariedade, pois nesta enfocam-se as normas (uma é mais ou menos ampla que a outra), enquanto na consunção enfocam-se os fatos, ou seja, o agente efetivamente infringe duas normas penais, mas uma deve ficar absorvida pela outra.

Inf. STJ – CONSUNÇÃO. PORTE ILEGAL. ARMA DE FOGO. Em habeas corpus, o impetrante defende a absorção do crime de porte ilegal de arma de fogo pelo crime de homicídio visto que, segundo o princípio da consunção, a primeira infração penal serviu como meio para a prática do último crime. Explica o Min. Relator que o princípio da consunção ocorre quando uma infração penal serve inicialmente como meio ou fase necessária para a execução de outro crime. Logo, a aplicação do princípio da consunção pressupõe, necessariamente, a análise de existência de um nexo de dependência das condutas ilícitas para verificar a possibilidade de absorção daquela infração penal menos grave pela mais danosa. Assim, para o Min. Relator, impõe-se que cada caso deva ser analisado com cautela, deve-se atentar à viabilidade da aplicação do princípio da consunção, principalmente em habeas corpus, em que nem sempre é possível um

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profundo exame dos fatos e provas. No entanto, na hipótese, pela descrição dos fatos na instrução criminal, na pronúncia e na condenação, não há dúvida de que o porte ilegal de arma de fogo serviu de meio para a prática do homicídio. Diante do exposto, a Turma concedeu a ordem para, com fundamento no princípio da consunção, excluir o crime de porte de arma de fogo da condenação do paciente. Precedentes citados: REsp 570.887-RS, DJ 14/2/2005; HC 34.747-RJ, DJ 21/11/2005, e REsp 232.507-DF, DJ 29/10/2001. HC 104.455-ES, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2010.

12.1. Hipóteses de consunção:12.1.1. Crime progressivo: - Crime progressivo se dá quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave, passa, necessariamente, por um crime menos grave. Ex: Para matar é preciso ferir. Apesar de haver lesão corporal e homicídio, irá responder somente pelo homicídio, uma vez que a lesão corporal é crime de passagem.CRIME PROGRESSIVO

PROGRESSÃO CRIMINOSA (Progressão criminosa em sentido estrito)

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O agente, desde o princípio, já quer o crime mais grave (quero matar, mas, para tanto, tenho que ferir).

O agente primeiro quer o crime menos grave (e o consuma) e depois delibera o crime de maior gravidade (quero ferir, mas depois da ofensa, resolvo matar)

Responde somente pelo crime mais grave

Responde somente pelo crime mais grave

12.1.2. Ante factum impunível: - O Ante factum impunível são fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave. São fatos-meio para fatos-fins. O crime meio ocorre, casualmente, para atingir o crime fim. - É um fato menos grave praticado pelo agente antes de um mais grave, como meio necessário à realização deste. A prática delituosa que serviu como meio necessário para a realização do crime fica por este absorvida por se tratar de crime-meio. O crime anterior integra a fase de preparação ou de execução do crime posterior e, por isso, não é punível. Ex.: subtrair uma folha de cheque em branco para preenchê-lo e, com ele, cometer um estelionato. O estelionato absorve o crime anterior de furto.Obs: Para ficar absorvido o crime meio, a doutrina exige lesão ao mesmo bem jurídico.

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- Na súmula 17 o STJ afirmou que nem todo falso fica absorvido pelo estelionato, só quando o documento falso se exaure naquele crime, não podendo mais ser utilizado, p ex, folha de cheque.Súmula 17 do STJ – quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

- O uso de documento falso é absorvido pelo crime de sonegação fiscal quando constitui meio/caminho necessário para a sua consumação.- Constitui mero exaurimento do delito de sonegação fiscal a apresentação de recibo ideologicamente falso à autoridade fazendária, no bojo de ação fiscal, como forma de comprovar a dedução de despesas para a redução da base de cálculo do imposto de renda de pessoa física.STJ. 5ª Turma. HC 131.787-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/8/2012.

12.1.3. Post factum impunível: - Post factum impunível Exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, por ele o agente não pode ser punido.- É o fato menos grave praticado contra o mesmo bem jurídico da mesma vítima após a consumação de um

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primeiro crime, e, embora constitua aquele um novo delito, é considerado como impunível, por ser menos grave que o anterior. Nesse caso aplica-se o princípio da consunção e o agente responde apenas pelo crime anterior (mais grave) praticado. Ex.: o sujeito subtrai uma bicicleta e depois a destrói. Nesse caso, a prática posterior de crime de dano fica absorvida pelo crime de furto.Falsificar um documento e despois praticar um estelionato com o documento (responde apenas pela falsificação)

Inf. STJ – USO. DOCUMENTO FALSO. FALSIFICAÇÃO. CRIME ÚNICO. Na hipótese, o ora paciente foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão e 90 dias-multa por falsificação de documento público e a dois anos e três meses de reclusão e 80 dias-multa por uso de documento falso, totalizando quatro anos e nove meses de reclusão no regime semiaberto e 170 dias-multa. Em sede de apelação, o tribunal a quo manteve a sentença. Ao apreciar o writ, inicialmente, observou o Min. Relator ser pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que o agente que pratica as condutas de falsificar documento e de usá-lo deve responder por apenas um delito. Assim, a questão consistiria em saber

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em que tipo penal, se falsificação de documento público ou uso de documento falso, estaria incurso o paciente. Para o Min. Relator, seguindo entendimento do STF, se o mesmo sujeito falsifica documento e, em seguida, faz uso dele, responde apenas pela falsificação. Destarte, impõe-se o afastamento da condenação do ora paciente pelo crime de uso de documento falso, remanescendo a imputação de falsificação de documento público. Registrou que, apesar de seu comportamento reprovável, a condenação pelo falso (art. 297 do CP) e pelo uso de documento falso (art. 304 do CP) traduz ofensa ao princípio que veda o bis in idem, já que a utilização pelo próprio agente do documento que anteriormente falsificara constitui fato posterior impunível, principalmente porque o bem jurídico tutelado, ou seja, a fé pública, foi malferido no momento em que se constituiu a falsificação. Significa, portanto, que a posterior utilização do documento pelo próprio autor do falso consubstancia, em si, desdobramento dos efeitos da infração anterior. Diante dessas considerações, entre outras, a Turma concedeu a ordem para excluir da condenação o crime de uso de documento falso e reduzir as penas impostas ao paciente a dois anos e seis meses de reclusão no regime semiaberto e 90 dias-multa, substituída a sanção corporal por prestação de serviços à comunidade e

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limitação de fim de semana. Precedentes citados do STF: HC 84.533-9-MG, DJe 30/6/2004; HC 58.611-2-RJ, DJ 8/5/1981; HC 60.716-RJ, DJ 2/12/1983; do STJ: REsp 166.888-SC, DJ 16/11/1998, e HC 10.447-MG, DJ 1º/7/2002. HC 107.103-GO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/10/2010.

- Para Francisco de Assis Toledo não seria exaurimento o art. 171, uma vez que são vítimas distintas.

12.2. Resumo- O que estiver em negrito é o que prevalece na CONSUNÇÃO/ABSORÇÃO:a) Falsificação + Estelionatob) Falsificação + Uso de documento Falsoc) Invasão + furtod) Crime + crime + crime + CRIME → Progressão

criminosae) Furto de bicicleta + destruição dela

- Quando o falso se exaure no estelionato sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

81. (FGV-2008-SENADO-ADVOGADO DO SENADO) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, é correto afirmar que

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Milita em favor do indivíduo o benefício da dúvida no momento da prolação da sentença criminal: in dubio pro réu.80

- Como vimos, um dos desdobramentos práticos do princípio da presunção de inocência é o benefício da dúvida que labora em favor do réu, pois cabe à acusação provar que acusado cometeu, de fato, o ato criminoso, pois somente prova cabal dessa autoria é que pode ilidir a presunção de não-culpabilidade do réu.

13. Outros Princípios13.1. Princípio da alteridade (ou lesividade)- Este princípio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que ele possa ser considerado crime em sua essência, ele deve causar lesão a um bem jurídico de terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL Não pune a autolesão. Assim, aquele que destrói o próprio patrimônio não pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente não pratica o crime de lesões corporais, etc.

13.2. Princípio da Adequação social - Prega que uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como crime, quando não afrontar o sentimento social de Justiça, não seria crime, em sentido material,

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por possuir adequação social (aceitação pela sociedade). É o que acontece, por exemplo, com o crime de adultério, que foi recentemente revogado. Atualmente a sociedade não entende mais o adultério como um fato criminoso, mas algo que deva ser resolvido entre os particulares envolvidos.

13.3. Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal

- Estabelece que nem todos os fatos considerados ilícitos pelo Direito devam ser considerados crimes mas somente aqueles que atentem contra bens jurídicos relevantes.13.4. Princípio do ne bis in idem- Por este princípio entende-se que uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Além disso, estabelece que uma pessoa não possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. 13.5. Princípio da proporcionalidade- Este princípio determina que as penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à gravidade do fato. - Mais que isso: Estabelece que as penas devem ser (previstas) de forma a dar ao infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto. Assim, se o CP previsse que o crime de homicídio teria como pena máxima dois anos de reclusão, e que o crime de furto

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teria como pena máxima quatro anos de reclusão, estaria, claramente, violado o princípio da proporcionalidade.

82. ( ) CESPE – 2012 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO - Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos da condenação criminal e de crimes contra a administração pública. É inaplicável o princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública, pois a punição do agente, nesse caso, tem o propósito de resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa.81

- A questão foi corretamente anulada pela Banca, pois há decisões judiciais em ambos os sentidos. Vejamos: RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE DESCAMINHO. DÉBITO TRIBUTÁRIO INFERIOR A R$ 10.000,00. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INVIABILIDADE. HABITUALIDADE NA PRÁTICA DA CONDUTA CRIMINOSA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO PROVIDO. 1. O Estado é o sujeito passivo do delito de descaminho, o que enseja a aplicação do princípio da insignificância,

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como causa supralegal de exclusão da tipicidade, apenas quando a conduta imputada na peça acusatória não chegou a lesar o bem jurídico tutelado, qual seja, a Administração Pública em seu interesse fiscal. (...) (REsp 1322847/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 15/08/2012) Em sentido contrário... AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PECULATO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. O entendimento firmado nas Turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública, ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo, uma vez que a norma visa resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1275835/SC, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA

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MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 01/02/2012) Assim, havendo jurisprudência dos Tribunais Superiores em sentido diametralmente oposto, não há como precisar se a afirmativa está correta ou errada. Portanto, a afirmativa foi corretamente ANULADA.

13.6. Princípio da insignificância (ou da bagatela) - As condutas que ofendam minimamente os bens jurídico-penais tutelados não podem ser consideradas crimes, pois não são capazes de lesionar de maneira eficaz o sentimento social de paz.- Imagine um furto de um pote de manteiga, dentro de um supermercado. Nesse caso, a lesão é insignificante, devendo a questão ser resolvida no âmbito civil (dever de pagar pelo produto furtado). Agora imagine o furto de um sanduíche que era de propriedade de um morador de rua, seu único alimento. Nesse caso, a lesão é grave, embora o bem seja do mesmo valor que anterior.- Tudo deve ser avaliado no caso concreto. Para o STF, os requisitos OBJETIVOS para a aplicação deste princípio são (MARI): a) Mínima ofensividade da conduta (MOCA); b) Ausência de periculosidade social da ação (APSA);

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c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento (RGRC)

d) Inexpressividade da lesão jurídica (ILJ). - O STJ, no entanto, entende que, além destes, existem ainda requisitos de ordem subjetiva que é: → Importância do objeto material do crime para a vítima, de forma a verificar se, no caso concreto, houve ou não, de fato, lesão; - Na verdade, esse requisito não passa de uma análise mais aprofundada do último dos requisitos objetivos estabelecidos pelo STF. - Sendo aplicado este princípio, não há tipicidade, eis que ausente um dos elementos da tipicidade, que é a TIPICIDADE MATERIAL, consistente no real potencial de que a conduta produza alguma lesão ao bem jurídico tutelado. Resta, portanto, somente a tipicidade formal (subsunção entre a conduta e a previsão contida na lei), o que é insuficiente. - Este princípio possui aplicação a todo e qualquer delito, e não somente aos de índole patrimonial, embora o STJ entenda não se aplicar aos crimes contra a administração pública, por se resguardar não só o patrimônio, mas a moralidade administrativa. O STF, no entanto, não rechaça absolutamente a hipótese, admitindo a aplicação deste princípio

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ainda quando se trate de crimes contra a administração pública, desde que presentes os requisitos citados.

Crime contra a administração públicaSTJ – entende que NÃO se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração

STF – NÃO RECHAÇA absolutamente a hipóteses de aplicar o princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública

Habeas Corpus. 2. Subtração de objetos da Administração Pública, avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta reais). 3. Aplicação do princípio da insignificância, considerados crime contra o patrimônio público. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida. (HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/04/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011)- Os Tribunais superiores não aceitam a aplicação deste princípio, ainda, no que se refere aos crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa.

Requisitos do princípio da insignificância

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a) Mínima ofensividade da condutab) Ausência de periculosidade social da açãoc) Reduzido grau de reprovabilidade da condutad) Inexpressividade da lesão jurídica

e) Importância do objeto material para a vítima (Apenas para o STJ)STF – aplicável aos crimes contra a administração pública. Mas para o STJ não se aplica.

13.7. Princípio da Intervenção Mínima- Tem como principais destinatários o legislador e, subsidiariamente, o operador do Direito. O primeiro é instado a não criminalizar condutas que possam ser resolvidas pelos demais ramos do Direito (Menos drásticos). O operador do Direito, por sua vez, é incumbido da tarefa de, no caso concreto, deixar de realizar o juízo de tipicidade material. - O Direito Penal é a última opção para um problema (Ultima ratio). Deste princípio derivam outros, como o da fragmentariedade (O Direito Penal só tutela os valores mais importantes da sociedade) e o da subsidiariedade (Direito Penal só atua quando todos os demais ramos do Direito se mostraram incapazes de

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solucionar o problema), adequação social, lesividade.Fragmentariedade → Cabe originariamente ao legislador, dizer quais bens jurídicos ele considera mais importantes e coloca-los sobre a órbita do direito penal. O direito não é usado para reger todos os bens jurídico, mas sim os mais importante, os mais relevantes e indispensáveis.

83. (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA) Em matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que os presos têm assegurado o respeito à sua integridade física, mas não à integridade moral.82

- Os presos têm direito tanto à integridade física quanto à integridade moral, conforme art. 5º XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;84. (FGV-2008- INSPETOR DE POLICIA) Em

matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que a Constituição não autoriza a criação de penas de trabalhos forçados.83

- A pena de trabalhos forçados, como vimos, é vedada expressamente pela Constituição, sendo vedado ao legislador ordinário instituí-la, pois se trata de cláusula pétrea da Constituição (imutável). Nos termos do art. 5°,

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XLVII, c da Constituição: XLVII - não haverá penas: (...) c) de trabalhos forçados;85. (CESPE - Delegado de polícia – polícia civil/PA –

2006) Julgue o item seguinte, com relação aos princípios constitucionais de direito penal. A decisão acerca da regressão de regime deve ser calcada em procedimento no qual sejam obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa, sendo, sempre que possível, indispensável a inquirição, em juízo, do sentenciado.84

- A regressão é a transferência do preso de um regime menos gravoso para outro regime de cumprimento de pena mais gravoso. Por ser medida de tamanha gravidade, sua aplicação depende do respeito ao contraditório e à ampla defesa, de forma que a aplicação do instituto da regressão só se efetive caso extremamente necessário, ouvindo-se o preso, em respeito ao princípio da individualização da pena, no que se refere à sua terceira etapa.

14. Subsidiariedade, Especialidade, Consunção e Alternatividade

- Trata-se da SECAS = SubsidiariedadeE = Especialidade

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C = ConsunçãoA = Alternatividade.

- Principio da Subsidiariedade = comprovado o fato principal, afasta se o subsidiário (Exemplo: Art. 307 - Falsa identidade)Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

- Princípio da Especialidade = lei geral será aplicada tão-somente quando uma norma de caráter mais específico sobre determinada matéria não se verificar no ordenamento jurídico. (Art. 12 CP).Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.- Princípo da Consunção = quando um crime de menor importância é absorvido pelo crime de maior importância, trata-se do antefato e pós-fato impuníveis.Princípo da Alternatividade = quando o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus variados núcleos. Ex: Art. 289 1§ Moeda Falsa: Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou

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exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa

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1 Letra B2 Verdadeiro3 Falso4 Falso5 Verdadeiro6 Falso7 Falso8 Verdadeiro9 Falso10 Verdadeiro11 Letra D12 Falso13 Falso14 Verdadeiro15 Verdadeiro16 Verdadeiro17 Falso18 Falso19 Falso20 Falso21 Verdadeiro22 Falso23 Falso24 Falso25 Verdadeiro26 Falso27 Falso28 Verdadeiro29 Verdadeiro30 Falso31 Verdadeiro32 Verdadeiro33 Falso34 Falso35 Letra C36 Falso37 Falso38 Falso39 Falso40 Letra C41 Letra B42 Letra B43 Letra C44 Falso45 Falso46 Verdadeiro47 Verdadeiro48 Falso49 Falso50 Letra B51 Falso52 Falso53 Verdadeiro54 Letra D55 Falso56 Letra B57 Falso58 Falso59 Falso60 Falso61 Verdadeiro62 Verdadeiro63 Verdadeiro

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64 Falso65 Falso66 Falso67 Falso68 Letra C69 Verdadeiro70 Falso71 Falso72 Falso73 Verdadeiro74 Verdadeiro75 Verdadeiro76 Verdadeiro77 Falso78 Falso79 Falso80 Verdadeiro81 Anulada82 Falso83 Verdadeiro84 Verdadeiro